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XXX Jornada Acadêmica Integrada - JAI Universidade Federal de Santa Mara, 19 e 23 de Outubro de 2015 XXX Jornada Acadêmica Integrada O AGENTE MORAL SEGUNDO A PSICOLOGIA HUMANISTA Autor: Jonas Muriel Backendorf¹ Orientador: Flávio Williges² 1 Departamento de Filosofia, Universidade Federal de Santa Maria; 2 Departamento de Filosofia, Universidade Federal do Pampa O presente projeto tem como objetivos apresentar a visão de agente moral extraída da teoria humanista do pensador norte-americano Abraham Maslow e analisar, a partir da ótica do autor, a relação entre os fatores que compõem a nossa personalidade psicológica e o nosso comportamento moral cotidiano. Tal abordagem parte do pressuposto de que uma teoria moral que se pretenda realista precisa dar conta das particularidades constitutivas do agente, o que nos leva a crer que as principais teorias morais modernas, que abordam a ética como uma questão de decidir racionalmente, a partir de argumentos, qual a melhor coisa a ser feita são, no mínimo, limitadas. Isso porque, quando agimos moralmente, não somos simples cérebros calculadores. Somos pessoas complexas, dotadas de motivações (desejos, necessidades, aspirações, etc.) também complexas das quais não podemos simplesmente abrir mão para que nossas ações sejam consideradas boas ou moralmente apreciáveis. Maslow analisa, por exemplo, o modo como traços psicológicos mais baixos na hierarquia das necessidades humanas, como a insegurança, a carência de aceitação, de reconhecimento, de amor, etc., interferem no quadro geral da personalidade individual, o que implica necessariamente em interferências significativas nos julgamentos morais como um todo. Além disso, a abordagem de Maslow é emblemática devido à sua visão geral (compartilhada por todos os teóricos da Psicologia Humanista) em relação ao ser humano, a saber, à ideia de que há algo a que podemos chamar natureza ou essência humana (noção questionada por algumas correntes filosóficas) e essa natureza humana, quando encontra no meio social as condições adequadas para se desenvolver, é boa ou positiva, de modo que não caberia ao meio “ensinar” as pessoas a serem boas e auto-realizadas; sua própria constituição interna as direciona para tal, bastando que o meio ofereça aos indivíduos as ferramentas necessárias para o livre desabrochar dessa natureza intrínseca. A meta geral deste trabalho é o enriquecimento da compreensão sobre como se relacionam a nossa personalidade psicológica e o nosso comportamento moral e, a partir disso, a formulação de uma concepção concreta sobre os traços que definem o Eu moral e sobre a hipótese de se falar de um aperfeiçoamento desse Eu. BIBLIOGRAFIA FEIST, J., and FEIST, G. J. Teorias da personalidade. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. MASLOW, Abraham. Introdução à Psicologia do Ser. Rio de Janeiro: Eldorado, 1968. ________. La Personalidad Creadora. Barcelona: Editorial Kairós, 1999. ________. Motivación y Personalidad. Madrid: Días de Santos, 1991. NARVAEZ, D., and LAPSLEY, D. K. (Eds.). Personality, Identity, and Character: Explorations in Moral Psychology. New York: Cambridge University Press, 2009. PIAGET, J. O juízo moral na criança (1932). São Paulo: Summus, 1994. MACEDO, L. Cinco estudos de educação moral. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.

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XXX Jornada Acadêmica Integrada - JAI

Universidade Federal de Santa Mara, 19 e 23 de Outubro de 2015

XXX Jornada Acadêmica Integrada

O AGENTE MORAL SEGUNDO A PSICOLOGIA HUMANISTA

Autor: Jonas Muriel Backendorf¹

Orientador: Flávio Williges²

1Departamento de Filosofia, Universidade Federal de Santa Maria; 2Departamento de

Filosofia, Universidade Federal do Pampa

O presente projeto tem como objetivos apresentar a visão de agente moral extraída

da teoria humanista do pensador norte-americano Abraham Maslow e analisar, a partir da

ótica do autor, a relação entre os fatores que compõem a nossa personalidade psicológica e

o nosso comportamento moral cotidiano. Tal abordagem parte do pressuposto de que uma

teoria moral que se pretenda realista precisa dar conta das particularidades constitutivas do

agente, o que nos leva a crer que as principais teorias morais modernas, que abordam a

ética como uma questão de decidir racionalmente, a partir de argumentos, qual a melhor

coisa a ser feita são, no mínimo, limitadas. Isso porque, quando agimos moralmente, não

somos simples cérebros calculadores. Somos pessoas complexas, dotadas de motivações

(desejos, necessidades, aspirações, etc.) também complexas das quais não podemos

simplesmente abrir mão para que nossas ações sejam consideradas boas ou moralmente

apreciáveis. Maslow analisa, por exemplo, o modo como traços psicológicos mais baixos

na hierarquia das necessidades humanas, como a insegurança, a carência de aceitação, de

reconhecimento, de amor, etc., interferem no quadro geral da personalidade individual, o

que implica necessariamente em interferências significativas nos julgamentos morais como

um todo. Além disso, a abordagem de Maslow é emblemática devido à sua visão geral

(compartilhada por todos os teóricos da Psicologia Humanista) em relação ao ser humano,

a saber, à ideia de que há algo a que podemos chamar natureza ou essência humana (noção

questionada por algumas correntes filosóficas) e essa natureza humana, quando encontra

no meio social as condições adequadas para se desenvolver, é boa ou positiva, de modo

que não caberia ao meio “ensinar” as pessoas a serem boas e auto-realizadas; sua própria

constituição interna as direciona para tal, bastando que o meio ofereça aos indivíduos as

ferramentas necessárias para o livre desabrochar dessa natureza intrínseca. A meta geral

deste trabalho é o enriquecimento da compreensão sobre como se relacionam a nossa

personalidade psicológica e o nosso comportamento moral e, a partir disso, a formulação

de uma concepção concreta sobre os traços que definem o Eu moral e sobre a hipótese de

se falar de um aperfeiçoamento desse Eu.

BIBLIOGRAFIA

FEIST, J., and FEIST, G. J. Teorias da personalidade. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.

MASLOW, Abraham. Introdução à Psicologia do Ser. Rio de Janeiro: Eldorado, 1968.

________. La Personalidad Creadora. Barcelona: Editorial Kairós, 1999.

________. Motivación y Personalidad. Madrid: Días de Santos, 1991.

NARVAEZ, D., and LAPSLEY, D. K. (Eds.). Personality, Identity, and Character: Explorations in

Moral Psychology. New York: Cambridge University Press, 2009.

PIAGET, J. O juízo moral na criança (1932). São Paulo: Summus, 1994.

MACEDO, L. Cinco estudos de educação moral. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.