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OLIMPÍADAS O SHOW NO HIPISMO DA NETA DA RAINHA ELIZABETH CAETANO,70: HISTÓRIAS CONTADAS PELOS AMIGOS ESCÂNDALO ABALA HIGH SOCIETY PAULISTANO ARAÚJO TAÍS Sucesso na novela das sete, ela fala de amor, carreira e da irmã, que ajudou no parto de seu filho E MAIS: “NUNCA FUI BOA EMPREGUETE” “O BRASIL É PRECONCEITUOSO” ”JOÃO TEM 1ANO E 2 MESES E AINDA PEGA O PEITO” istoegente.com.br CHEIA DE CHARME! OS 50 ANOS DA MORTE DE MARILYN, SEGUNDO GILBERTO BRAGA E MIGUEL FALABELLA Zezé Di Camargo DEFINE SEU MOMENTO: “TÔ SOLTEIRO, TÔ NA PISTA” 9 7 7 1 5 1 6 8 2 0 0 0 0 4 7 6 0 0 ISSN 1516 -8204 R$ 9,90 8/ago/2012 ano 13 n° 674

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ISTOÉ GENTE 674, Taís Araújo.

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Page 1: ISTOÉ GENTE 674

Olimpíadas o show no hipismo

da neta da rainha elizabeth

CaetanO,70: histórias contadas

pelos amigos

esCândalO abala high society

paulistano

ARAÚJOTAÍS

Sucesso na novela das sete, ela fala de amor, carreira e da irmã, que ajudou no parto de seu filho

e mais:

“NuNca fui boa empreguete”“o braSil é

precoNceituoSo””João tem 1aNo

e 2 meSeS e aiNda pega o peito”

istoegente.com.br

cheia de charme!

os 50 anos da morte de marilyn, segundo gilberto braga e miguel Falabella

Zezé di Camargodefine seu mOmentO:

“tô sOlteirO, tô na pista”

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8/ago/2012ano 13

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Amusa da comunidade

Capa

TAÍS ARAÚJO, a “empreguete” Penha da novela Cheias de Charme, da Globo, posa no morro carioca e fala do sucesso do folhetim classe C “sem pudor”, chama o Brasil de país preconceituoso, conta que ainda amamenta o filho, de 1 ano e 2 meses, e assume que, na cozinha, sabe no máximo fazer um risoto POR AnA CorA LimAfOtOS ALê DE SoUZA E FELiPE LESSA

EDIÇãO DE MODA ALE DUPrAT & roDriGo GrUnFELD

“A gente vive em um país muito preconceituoso. quero que meu filho tenha um Brasil melhor do que eu tive”

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Amusa da comunidade

Capa

TAÍS ARAÚJO, a “empreguete” Penha da novela Cheias de Charme, da Globo, posa no morro carioca e fala do sucesso do folhetim classe C “sem pudor”, chama o Brasil de país preconceituoso, conta que ainda amamenta o filho, de 1 ano e 2 meses, e assume que, na cozinha, sabe no máximo fazer um risoto POR AnA CorA LimAfOtOS ALê DE SoUZA E FELiPE LESSA

EDIÇãO DE MODA ALE DUPrAT & roDriGo GrUnFELD

“A gente vive em um país muito preconceituoso. quero que meu filho tenha um Brasil melhor do que eu tive”

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• Início de tarde do domingo na comunidade de Furnas, no Alto da Boa Vista, zona sul do Rio. Na casa de dona Pompéia, o televisor estava ligado, as crianças brincavam na cal-çada e o almoço estava pronto na mesa. Com a cervejinha na geladeira, claro. Tudo normal como sempre, não tivesse dona Pompéia es-piado pela janela e visto ali, bem na escadaria em frente de sua casa, uma das atrizes mais admiradas da dramaturgia brasileira da atu-alidade. Subindo os degraus, vestida de bran-co e cercada por um staff de 15 pessoas, Taís Araújo chegava de surpresa na comunidade.

Aos 33 anos, a atriz posava com exclusivi-dade para Gente, diante das lentes de Alê de Souza, como a capa da edição que comemo-ra o seu sucesso. Sua protagonista Penha, a empreguete cantora em Cheias de Charme, trama das 19h na Globo, é campeã de caris-ma no ar. Atônita, dona Pompéia – com a hospitalidade peculiar do carioca – logo puxa papo. O vizinho, seu Luís, ouviu a conversa. Subiu na laje de sua casa e viu a estrela a me-tros de distância. “Dona Taís, quer uma cer-vejinha?” A atriz sorri, agradece e diz que aquela hora seria melhor um café.

Dona Pompéia não perde a deixa e cinco minutos depois aparece no set com uma xíca-ra da bebida, quentinha. “Eu acho bárbaro, essa abordagem carinhosa, essa coisa de as pessoas acharem que a Penha é real, é aquela amiga fofa, gente boa. Sempre digo que a minha vaidade como atriz está em fazer os mais variados papéis e que eles brilhem mui-to mais do que eu”, garantiu Taís.

• Carisma • A empatia da atriz também alcança outras plateias. No mercado publicitário, ela anda em alta. O portfólio do ano está recheado de campanhas de moda e de cosméticos – que adoram valorizar os cachos de seus cabelos – e ganhará o acréscimo de uma ação de marke-ting da mineradora AngloGold Ashanti.

Taís foi eleita embaixadora do concurso mundial de designers da empresa por melhor representar o tema inspirador desta edição: a Brasilidade. Artistas da Índia, África do Sul, dos Emirados Árabes, além do Brasil, con-feccionaram as peças de ouro maciço usadas neste ensaio. “O design faz toda a diferença na hora de escolher uma joia, né? Sempre gostei de peças diferentes”, elogiou.

• Silhueta• O clima do ensaio transcorreu em alto-as-tral, sem estresse algum. Interrupções apenas para falar ao celular com o marido, o ator Lázaro Ramos, que ficou em casa com o fi-lho do casal, João Vicente. “Ele é um ótimo pai, faz tudo: troca fralda, dá banho, coloca para dormir, brinca, dá o almoço...”

Sobre o marido, aliás, ela é só elogios. “Faço questão de falar: ele é um parceiro. Acho que o homem tem um pudor em ajudar a mulher nessa questão de criar um filho, mas ele não. Se fosse casar de novo, seria com ele, com certeza”, derrete-se ela.

Dos reflexos da maternidade, só coisas boas. Incrível, mas ela continua com os mes-mos 52 quilos de antes da gestação. Taís jura que não faz dieta nem exercícios. “Fiz as contas e, se for malhar, perco o pouco tempo que tenho para ficar com meu filho”, conta ela, que anda em ritmo alucinante de grava-ções da novela. No set, apenas água, pão de queijo e o cafézinho de dona Pompéia. Taís reclama das pernas, mais finas, mas, que nada. Ela está em ótima forma.

• Nada empreguete• À vontade diante das câmeras, a atriz se sente em casa na comunidade. Nascida no subúrbio, no Méier, com a família toda em Curicica, na Baixada Fluminense, ela co-nhece bem o ambiente que envolve sua per-sonagem. “É um universo que tenho prazer em retratar e que eu conheço bem”, diz. Mas ela avisa que essa coisa de ser “empreguete” não é muito a praia dela na vida real. “Não sou muito boa não (risos). Sou melhor ge-rente de casa. E a única coisa que eu sei fazer bem de comida é risoto, mas... precisando a gente faz tudo. É só a necessidade. Preci-sando, eu caio dentro de uma faxina, eu lavo, faço outros pratos...” Na página 34, você confere mais da entrevista com a atriz, cheia de charme e de talento. • (COlAbOROu biAnCA ZArAmELLA)

“Não sou boa (empreguete) não. A única coisa que sei fazer bem de comida é risoto. Mas... precisando, a gente faz tudo. (...) Caio dentro de uma faxina, lavo, faço outros pratos”

AGRADECIMENtOS ESPECIAIS • PAULO VITOR ArAúJo E A ComUniDADE DE FUrnAS, no rio, Por TEr CEDiDo GEnTiLmEnTE A LoCAÇão E DADo o SUPorTE à EQUiPE.

PRODuÇãO • MARCO FRIGE E RENATO TELLES Na

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• Início de tarde do domingo na comunidade de Furnas, no Alto da Boa Vista, zona sul do Rio. Na casa de dona Pompéia, o televisor estava ligado, as crianças brincavam na cal-çada e o almoço estava pronto na mesa. Com a cervejinha na geladeira, claro. Tudo normal como sempre, não tivesse dona Pompéia es-piado pela janela e visto ali, bem na escadaria em frente de sua casa, uma das atrizes mais admiradas da dramaturgia brasileira da atu-alidade. Subindo os degraus, vestida de bran-co e cercada por um staff de 15 pessoas, Taís Araújo chegava de surpresa na comunidade.

Aos 33 anos, a atriz posava com exclusivi-dade para Gente, diante das lentes de Alê de Souza, como a capa da edição que comemo-ra o seu sucesso. Sua protagonista Penha, a empreguete cantora em Cheias de Charme, trama das 19h na Globo, é campeã de caris-ma no ar. Atônita, dona Pompéia – com a hospitalidade peculiar do carioca – logo puxa papo. O vizinho, seu Luís, ouviu a conversa. Subiu na laje de sua casa e viu a estrela a me-tros de distância. “Dona Taís, quer uma cer-vejinha?” A atriz sorri, agradece e diz que aquela hora seria melhor um café.

Dona Pompéia não perde a deixa e cinco minutos depois aparece no set com uma xíca-ra da bebida, quentinha. “Eu acho bárbaro, essa abordagem carinhosa, essa coisa de as pessoas acharem que a Penha é real, é aquela amiga fofa, gente boa. Sempre digo que a minha vaidade como atriz está em fazer os mais variados papéis e que eles brilhem mui-to mais do que eu”, garantiu Taís.

• Carisma • A empatia da atriz também alcança outras plateias. No mercado publicitário, ela anda em alta. O portfólio do ano está recheado de campanhas de moda e de cosméticos – que adoram valorizar os cachos de seus cabelos – e ganhará o acréscimo de uma ação de marke-ting da mineradora AngloGold Ashanti.

Taís foi eleita embaixadora do concurso mundial de designers da empresa por melhor representar o tema inspirador desta edição: a Brasilidade. Artistas da Índia, África do Sul, dos Emirados Árabes, além do Brasil, con-feccionaram as peças de ouro maciço usadas neste ensaio. “O design faz toda a diferença na hora de escolher uma joia, né? Sempre gostei de peças diferentes”, elogiou.

• Silhueta• O clima do ensaio transcorreu em alto-as-tral, sem estresse algum. Interrupções apenas para falar ao celular com o marido, o ator Lázaro Ramos, que ficou em casa com o fi-lho do casal, João Vicente. “Ele é um ótimo pai, faz tudo: troca fralda, dá banho, coloca para dormir, brinca, dá o almoço...”

Sobre o marido, aliás, ela é só elogios. “Faço questão de falar: ele é um parceiro. Acho que o homem tem um pudor em ajudar a mulher nessa questão de criar um filho, mas ele não. Se fosse casar de novo, seria com ele, com certeza”, derrete-se ela.

Dos reflexos da maternidade, só coisas boas. Incrível, mas ela continua com os mes-mos 52 quilos de antes da gestação. Taís jura que não faz dieta nem exercícios. “Fiz as contas e, se for malhar, perco o pouco tempo que tenho para ficar com meu filho”, conta ela, que anda em ritmo alucinante de grava-ções da novela. No set, apenas água, pão de queijo e o cafézinho de dona Pompéia. Taís reclama das pernas, mais finas, mas, que nada. Ela está em ótima forma.

• Nada empreguete• À vontade diante das câmeras, a atriz se sente em casa na comunidade. Nascida no subúrbio, no Méier, com a família toda em Curicica, na Baixada Fluminense, ela co-nhece bem o ambiente que envolve sua per-sonagem. “É um universo que tenho prazer em retratar e que eu conheço bem”, diz. Mas ela avisa que essa coisa de ser “empreguete” não é muito a praia dela na vida real. “Não sou muito boa não (risos). Sou melhor ge-rente de casa. E a única coisa que eu sei fazer bem de comida é risoto, mas... precisando a gente faz tudo. É só a necessidade. Preci-sando, eu caio dentro de uma faxina, eu lavo, faço outros pratos...” Na página 34, você confere mais da entrevista com a atriz, cheia de charme e de talento. • (COlAbOROu biAnCA ZArAmELLA)

“Não sou boa (empreguete) não. A única coisa que sei fazer bem de comida é risoto. Mas... precisando, a gente faz tudo. (...) Caio dentro de uma faxina, lavo, faço outros pratos”

AGRADECIMENtOS ESPECIAIS • PAULO VITOR ArAúJo E A ComUniDADE DE FUrnAS, no rio, Por TEr CEDiDo GEnTiLmEnTE A LoCAÇão E DADo o SUPorTE à EQUiPE.

PRODuÇãO • MARCO FRIGE E RENATO TELLES Na

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“A questão de ser protagonista

enche cada vez menos os meus olhos”

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“A questão de ser protagonista

enche cada vez menos os meus olhos”

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• Nascida no subúrbio carioca, Taís Araújo traz consigo a simplicidade no sorriso e no jeito de ser. Nesta entrevista à Gente, ela ga-rante que não liga para o glamour da profis-são, diz que anda sem tempo para cuidar do corpo – e mesmo assim, está em ótima for-ma, e revela que nunca imaginou ser prota-gonista de novela. Ela queria mesmo era viajar o mundo como embaixadora, diplo-mata, conhecendo novas culturas e tratando de questões polêmicas. Confira.

• Qual o segredo para a novela ter boa audiência?• É uma novela muito carismática e com per-sonagens carismáticos. Acho que teve uma identificação das pessoas que são emprega-das, não necessariamente domésticas. É uma novela que retrata sem pudor a classe C.

• E você ainda canta em cena!• Eu acho isso maravilhoso, as pessoas me considerarem uma cantora (risos). Soube até que existe uma campanha na internet para que o trio grave um disco. O canto e a coreo-grafia é uma demanda muito grande, dife-rente. Muitas vezes, eu saio do estúdio às 23h e vou para aula de canto ou ensaiar a dança.

• Esta é sua quarta protagonista em novelas. Você sonhava com isso quando era criança? • Imagina! Eu queria ser diplomata! Nem queria ser atriz (risos). Pensava em viajar o mundo, falar outros idiomas, conhecer novas culturas. Quando fiz Xica da Silva foi na épo-ca do vestibular (Taís é formada em jornalismo) e, então, decidi que queria representar. Mas pensava em ter papéis bons. Até hoje eu pen-so isso. A questão de ser a protagonista enche cada vez menos os meus olhos.

• O que você tem de empreguete? • Não sou muito boa. Sou melhor gerente de casa. Sei fazer risoto. A única coisa que eu sei

fazer bem de comida é risoto, mas... preci-sando a gente faz tudo. É só a necessidade. Precisando, eu caio dentro de uma faxina, eu lavo, eu faço outro pratos... enfim.

• Fora da tevê, você se envolve em discussões sociais, como o preconceito racial. Está sempre atenta?• Desde que nasci, né? Se não, em um país como esse, fica difícil. Um país superprecon-ceituoso, ainda é. No meu trabalho, falo mui-to disso. Não de levantar bandeira, mas de me posicionar, no meu comportamento... eu faço tudo muito pensado. A gente vive em um país muito preconceituoso. Eu tenho filho e quero que ele tenha um Brasil melhor do que eu tive para viver em todos os aspectos.

• Você nasceu de sete meses e dizem que a criança fica hiperativa. Você foi?• Fui uma criança ativa, não “capeta”. A mi-nha mãe conta coisas da minha irmã (Cláu-dia), engraçadas, que ela quebrava tudo na casa dos vizinhos. Eu era mais comportada.

• E seu filho, João Vicente, como é?• Normal, tranquilo. Está com 1 aninho e faz as gracinhas de crianças desta idade.

• E como é conciliar casa, trabalho e filho pequeno?• No início, fiquei assustada, mas não é nada diferente do que toda mulher faz. Existem milhões de mulheres que trabalham fora, cuidam da casa, dos filhos. E eu ainda tenho o privilégio de ter uma infraestrutura, pesso-as que me ajudam. Eu tenho uma vida muito privilegiada, não tenho como reclamar das demandas de ter uma família.

• Você pensa em ter mais filhos?• Penso sim, mas não agora.

• Sua relação com sua irmã é de parceria mesmo. Gostaria que o João

Vicente tivesse algo parecido com um irmão dele no futuro?• Ah, sim! Tenho uma relação incrível com a minha irmã. São sete anos de diferença entre nós. A Claudia é médica e fez o meu parto, junto com a Maria Cecília, minha obstetra.

• O que faz para manter a forma?• Nada! Parece mentira de artista, mas estou só trabalhando. Fiz as contas, e se eu for ma-lhar não vejo o meu filho. Passo muitas horas no Projac e se eu for malhar, vou perder o pouco tempo que tenho com ele. Agora, eu não como frituras, pão, queijo. De manhã, eu como ianhame, tapioca, tomo sucos. Meus problemas são os doces de festas de crianças, sabe? Nisso eu dou uma controlada (risos).

• A amamentação ajudou?• Ah, sim. Amamento até hoje. João vai fazer 1 ano e 2 meses dia 18 e ainda pega o peito. Foi sorte. A amamentação ajuda, mas tem mulher que não consegue.

• O que achou quando viu seu nome na lista das 25 mulheres mais bonitas da América Latina da revista People (2000)?• Achei graça (risos). Claro que eu não sou!

• Como “não sou”?• Porque não sou, gente! Tem um monte de mulher linda por aí. Acho engraçado porque a gente vem para essas fotos e vê uma arara de roupas incríveis, que você não tem no seu armário. Daí tem fotógrafo, cabelereiro, uma luz perfeita... Qualquer mulher com uma produção fantástica pode ficar incrível.

• Mas faz bem para o ego, não?• Claro que chegar aqui, sentar e sair linda e depois ainda se ver na revista é divertido. Eu entendo a fantasia que as pessoas fazem. Acho que isso vem da glamourização do ci-nema, daquelas divas hollywoodianas. Mas a realidade é outra. •

A intimidade da atriz TAÍS ARAÚJO, que sonhava em atuar no Itamaraty, teve a ajuda da irmã no parto de seu filho, João Vicente,

e garante que não se acha tão bonita assimPOR AnA CorA LimA

“Eu queria ser diplomata,não atriz”

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“Amamento até hoje. João vai fazer um 1 e 2 meses e ainda pega o peito”

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• Nascida no subúrbio carioca, Taís Araújo traz consigo a simplicidade no sorriso e no jeito de ser. Nesta entrevista à Gente, ela ga-rante que não liga para o glamour da profis-são, diz que anda sem tempo para cuidar do corpo – e mesmo assim, está em ótima for-ma, e revela que nunca imaginou ser prota-gonista de novela. Ela queria mesmo era viajar o mundo como embaixadora, diplo-mata, conhecendo novas culturas e tratando de questões polêmicas. Confira.

• Qual o segredo para a novela ter boa audiência?• É uma novela muito carismática e com per-sonagens carismáticos. Acho que teve uma identificação das pessoas que são emprega-das, não necessariamente domésticas. É uma novela que retrata sem pudor a classe C.

• E você ainda canta em cena!• Eu acho isso maravilhoso, as pessoas me considerarem uma cantora (risos). Soube até que existe uma campanha na internet para que o trio grave um disco. O canto e a coreo-grafia é uma demanda muito grande, dife-rente. Muitas vezes, eu saio do estúdio às 23h e vou para aula de canto ou ensaiar a dança.

• Esta é sua quarta protagonista em novelas. Você sonhava com isso quando era criança? • Imagina! Eu queria ser diplomata! Nem queria ser atriz (risos). Pensava em viajar o mundo, falar outros idiomas, conhecer novas culturas. Quando fiz Xica da Silva foi na épo-ca do vestibular (Taís é formada em jornalismo) e, então, decidi que queria representar. Mas pensava em ter papéis bons. Até hoje eu pen-so isso. A questão de ser a protagonista enche cada vez menos os meus olhos.

• O que você tem de empreguete? • Não sou muito boa. Sou melhor gerente de casa. Sei fazer risoto. A única coisa que eu sei

fazer bem de comida é risoto, mas... preci-sando a gente faz tudo. É só a necessidade. Precisando, eu caio dentro de uma faxina, eu lavo, eu faço outro pratos... enfim.

• Fora da tevê, você se envolve em discussões sociais, como o preconceito racial. Está sempre atenta?• Desde que nasci, né? Se não, em um país como esse, fica difícil. Um país superprecon-ceituoso, ainda é. No meu trabalho, falo mui-to disso. Não de levantar bandeira, mas de me posicionar, no meu comportamento... eu faço tudo muito pensado. A gente vive em um país muito preconceituoso. Eu tenho filho e quero que ele tenha um Brasil melhor do que eu tive para viver em todos os aspectos.

• Você nasceu de sete meses e dizem que a criança fica hiperativa. Você foi?• Fui uma criança ativa, não “capeta”. A mi-nha mãe conta coisas da minha irmã (Cláu-dia), engraçadas, que ela quebrava tudo na casa dos vizinhos. Eu era mais comportada.

• E seu filho, João Vicente, como é?• Normal, tranquilo. Está com 1 aninho e faz as gracinhas de crianças desta idade.

• E como é conciliar casa, trabalho e filho pequeno?• No início, fiquei assustada, mas não é nada diferente do que toda mulher faz. Existem milhões de mulheres que trabalham fora, cuidam da casa, dos filhos. E eu ainda tenho o privilégio de ter uma infraestrutura, pesso-as que me ajudam. Eu tenho uma vida muito privilegiada, não tenho como reclamar das demandas de ter uma família.

• Você pensa em ter mais filhos?• Penso sim, mas não agora.

• Sua relação com sua irmã é de parceria mesmo. Gostaria que o João

Vicente tivesse algo parecido com um irmão dele no futuro?• Ah, sim! Tenho uma relação incrível com a minha irmã. São sete anos de diferença entre nós. A Claudia é médica e fez o meu parto, junto com a Maria Cecília, minha obstetra.

• O que faz para manter a forma?• Nada! Parece mentira de artista, mas estou só trabalhando. Fiz as contas, e se eu for ma-lhar não vejo o meu filho. Passo muitas horas no Projac e se eu for malhar, vou perder o pouco tempo que tenho com ele. Agora, eu não como frituras, pão, queijo. De manhã, eu como ianhame, tapioca, tomo sucos. Meus problemas são os doces de festas de crianças, sabe? Nisso eu dou uma controlada (risos).

• A amamentação ajudou?• Ah, sim. Amamento até hoje. João vai fazer 1 ano e 2 meses dia 18 e ainda pega o peito. Foi sorte. A amamentação ajuda, mas tem mulher que não consegue.

• O que achou quando viu seu nome na lista das 25 mulheres mais bonitas da América Latina da revista People (2000)?• Achei graça (risos). Claro que eu não sou!

• Como “não sou”?• Porque não sou, gente! Tem um monte de mulher linda por aí. Acho engraçado porque a gente vem para essas fotos e vê uma arara de roupas incríveis, que você não tem no seu armário. Daí tem fotógrafo, cabelereiro, uma luz perfeita... Qualquer mulher com uma produção fantástica pode ficar incrível.

• Mas faz bem para o ego, não?• Claro que chegar aqui, sentar e sair linda e depois ainda se ver na revista é divertido. Eu entendo a fantasia que as pessoas fazem. Acho que isso vem da glamourização do ci-nema, daquelas divas hollywoodianas. Mas a realidade é outra. •

A intimidade da atriz TAÍS ARAÚJO, que sonhava em atuar no Itamaraty, teve a ajuda da irmã no parto de seu filho, João Vicente,

e garante que não se acha tão bonita assimPOR AnA CorA LimA

“Eu queria ser diplomata,não atriz”

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“Amamento até hoje. João vai fazer um 1 e 2 meses e ainda pega o peito”

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Tributo

Nos 50 anos de morte da atriz, Gente convidou Gilberto Braga e Miguel Falabella para contar o significado do mito que fascina até hoje• Na madrugada de 5 de agosto de 1962, o psicanalista Ralph Greenson quebrou o vidro da janela de uma mansão em Los Angeles para dar de cara com uma das maiores tragé-dias de Hollywood. Médico de Marilyn Monroe, ele invadiu o quarto trancado da atriz e a encontrou na cama, sem vida. Na me-sinha de cabeceira, dois vidros de barbitúricos praticamente vazios. A atriz tinha 36 anos e virava, então, uma lenda que já dura mais do que sua própria vida. Precisamente 50 anos. Ainda hoje, Marilyn deslumbra – como sím-bolo de beleza e sensualidade, mas também pela sua segunda camada, humana, de mulher triste, incompreendida e solitária. O interesse por suas biografias, fotos e diários nunca ces-sa. Em sua homenagem, Gente convidou os autores de novela Gilberto Braga e Miguel Falabella para falarem o que Marilyn significa para eles e para o mundo. •

Div

ulga

ção

“Sempre me vem esse sentimento secreto de que na verdade eu sou uma farsa”Marilyn Monroe

MarilynLembranças de

“Eu gostaria de ser uma boa atriz, uma atriz de verdade. E gostaria de ser

feliz, mas quem é feliz?”

Page 11: ISTOÉ GENTE 674

Tributo

Nos 50 anos de morte da atriz, Gente convidou Gilberto Braga e Miguel Falabella para contar o significado do mito que fascina até hoje• Na madrugada de 5 de agosto de 1962, o psicanalista Ralph Greenson quebrou o vidro da janela de uma mansão em Los Angeles para dar de cara com uma das maiores tragé-dias de Hollywood. Médico de Marilyn Monroe, ele invadiu o quarto trancado da atriz e a encontrou na cama, sem vida. Na me-sinha de cabeceira, dois vidros de barbitúricos praticamente vazios. A atriz tinha 36 anos e virava, então, uma lenda que já dura mais do que sua própria vida. Precisamente 50 anos. Ainda hoje, Marilyn deslumbra – como sím-bolo de beleza e sensualidade, mas também pela sua segunda camada, humana, de mulher triste, incompreendida e solitária. O interesse por suas biografias, fotos e diários nunca ces-sa. Em sua homenagem, Gente convidou os autores de novela Gilberto Braga e Miguel Falabella para falarem o que Marilyn significa para eles e para o mundo. •

Div

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“Sempre me vem esse sentimento secreto de que na verdade eu sou uma farsa”Marilyn Monroe

MarilynLembranças de

“Eu gostaria de ser uma boa atriz, uma atriz de verdade. E gostaria de ser

feliz, mas quem é feliz?”

Page 12: ISTOÉ GENTE 674

Tributo

Os amOres DA LOIRA

O primeiro casamento da sex symbol foi com o jogador de beisebol Joe DiMaggio (1), espécie de Pelé americano, aconteceu em 1954 e durou 9 meses.

A união com o dramaturgo Arthur Miller (2) aconteceu em 1956. Em 1961 se divorciaram.

O presidente norte-americano John Kennedy (3) foi o mais famoso dos inúmeros amantes da atriz. Ela também manteve relacionamento amoroso com o senador Bobby Kennedy, irmão de John.

EFE

A foto acima foi feita em 1961 pelo fotógrafo Douglas Kirkland. Abaixo, a atriz fazendo a própria maquiagem em 1952

AP

AFP

AP

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ção

O mitO em cenA

Alguns dos filmes estrelados por Marilyn Monroe:

Quanto Mais Quente Melhor (1959)

Os Homens Preferem as Loiras (1953)

Torrente de Paixão (1953)

Como Agarrar um Milionário (1953)

O Pecado Mora ao Lado (1955)

Foto

s Div

ulga

ção

“(As pessoas) Gostavam de me ver como uma starlet: sexy, frívola e tola”

Uma das mais famosas frases de Marilyn foi a resposta para a pergunta: “O que você usa na cama?” Ela disse: “Chanel nº5”

Por Gilberto Braga

“Minha primeira lembrança de Marilyn é do filme No Mundo da Fantasia (There’s no Business Like Show Business), eu devia ter 9 anos de idade, ela gostosérrima cantando ‘Heat Wave’. Daí em diante, vi tudo o que ela fez e li muito sobre sua vida. Seu melhor filme, no meu entender, é Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot), mas acho-a também inesquecível em A Malvada, Torren-te de Paixão, Os Homens Preferem as Loiras, O Pecado Mora ao Lado, Adorável Pecadora, Nunca Fui Santa e no teste de maquiagem para Something’s Got to Give, que não foi terminado, pertíssimo de sua morte, Marilyn belíssima, magra, soprando o cabelo e sorrindo para a câmera. Como pessoa, acho que foi muito infeliz. Dependente de barbitúricos, era uma excelente atriz que, acredito que por falta de inteligência, não aceitou a simplicidade e entregou-se a fantasias de ‘seriedade’ através de seu contato com o Actor’s Studio.”

1 2

3

“eRA umA exceLente AtRIz”

“A ImAgem DeLA me AssOmbROu”

Por Miguel Falabella

“Eu tenho uma curiosa lembrança de Marilyn. Para mim, antes de sabê-la estrela, foi um nome sussurrado por minha avó, com ar de espanto, quando eu voltava de um passeio pela praia, trazido por meu avô. Eu tinha cinco anos. ‘ A Marilyn Monroe morreu’, ela disse. Depois, houve um silêncio profundo, incômodo e, ao longo do dia, ouvi os familiares que contavam sua morte, uns para os outros, com profunda consternação. Acho que ouvi pela primeira vez a palavra suicídio nessa época. Não sabia que essas coisas existiam. Não sabia sequer o que era uma estrela, além daquelas que eu via nas noites da Ilha do Governador. Truman Capote escreveu um belo relato sobre ela em Música para Camaleões. Ele o chamou de ‘Uma Linda Criança’. Era assim que ele a via, atrás da máscara. Curiosamente, naquele agosto de muitos anos atrás, encolhido no sofá da sala, tendo a família à volta, solenes, ouvindo a notícia que era a manchete do telejornal, eu me lembro de guardar a imagem reticulada em preto e branco, a cadência infantil da voz. Uma criança morta, eu pensei e a imagem dela me assombrou durante um longo tempo.”

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Tributo

Os amOres DA LOIRA

O primeiro casamento da sex symbol foi com o jogador de beisebol Joe DiMaggio (1), espécie de Pelé americano, aconteceu em 1954 e durou 9 meses.

A união com o dramaturgo Arthur Miller (2) aconteceu em 1956. Em 1961 se divorciaram.

O presidente norte-americano John Kennedy (3) foi o mais famoso dos inúmeros amantes da atriz. Ela também manteve relacionamento amoroso com o senador Bobby Kennedy, irmão de John.

EFE

A foto acima foi feita em 1961 pelo fotógrafo Douglas Kirkland. Abaixo, a atriz fazendo a própria maquiagem em 1952

AP

AFP

AP

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O mitO em cenA

Alguns dos filmes estrelados por Marilyn Monroe:

Quanto Mais Quente Melhor (1959)

Os Homens Preferem as Loiras (1953)

Torrente de Paixão (1953)

Como Agarrar um Milionário (1953)

O Pecado Mora ao Lado (1955)

Foto

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ção

“(As pessoas) Gostavam de me ver como uma starlet: sexy, frívola e tola”

Uma das mais famosas frases de Marilyn foi a resposta para a pergunta: “O que você usa na cama?” Ela disse: “Chanel nº5”

Por Gilberto Braga

“Minha primeira lembrança de Marilyn é do filme No Mundo da Fantasia (There’s no Business Like Show Business), eu devia ter 9 anos de idade, ela gostosérrima cantando ‘Heat Wave’. Daí em diante, vi tudo o que ela fez e li muito sobre sua vida. Seu melhor filme, no meu entender, é Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot), mas acho-a também inesquecível em A Malvada, Torren-te de Paixão, Os Homens Preferem as Loiras, O Pecado Mora ao Lado, Adorável Pecadora, Nunca Fui Santa e no teste de maquiagem para Something’s Got to Give, que não foi terminado, pertíssimo de sua morte, Marilyn belíssima, magra, soprando o cabelo e sorrindo para a câmera. Como pessoa, acho que foi muito infeliz. Dependente de barbitúricos, era uma excelente atriz que, acredito que por falta de inteligência, não aceitou a simplicidade e entregou-se a fantasias de ‘seriedade’ através de seu contato com o Actor’s Studio.”

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“eRA umA exceLente AtRIz”

“A ImAgem DeLA me AssOmbROu”

Por Miguel Falabella

“Eu tenho uma curiosa lembrança de Marilyn. Para mim, antes de sabê-la estrela, foi um nome sussurrado por minha avó, com ar de espanto, quando eu voltava de um passeio pela praia, trazido por meu avô. Eu tinha cinco anos. ‘ A Marilyn Monroe morreu’, ela disse. Depois, houve um silêncio profundo, incômodo e, ao longo do dia, ouvi os familiares que contavam sua morte, uns para os outros, com profunda consternação. Acho que ouvi pela primeira vez a palavra suicídio nessa época. Não sabia que essas coisas existiam. Não sabia sequer o que era uma estrela, além daquelas que eu via nas noites da Ilha do Governador. Truman Capote escreveu um belo relato sobre ela em Música para Camaleões. Ele o chamou de ‘Uma Linda Criança’. Era assim que ele a via, atrás da máscara. Curiosamente, naquele agosto de muitos anos atrás, encolhido no sofá da sala, tendo a família à volta, solenes, ouvindo a notícia que era a manchete do telejornal, eu me lembro de guardar a imagem reticulada em preto e branco, a cadência infantil da voz. Uma criança morta, eu pensei e a imagem dela me assombrou durante um longo tempo.”

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Page 14: ISTOÉ GENTE 674

• Por Silviane Neno

Estilo Casa

14/01/2011 | 79

A cenógrafa no novo

apartamento no Itaim, no dia do

seu aniversário. A tela é de

Sergio Lopes. Chris arrematou

porque lembra o olhar da filha

Juliana

TEMPO de mudança

8/8/2012 | 79

A cenógrafa Chris Ayrosa faz da sua casa em São Paulo o melhor laboratório de suas ideias para decorar grandes festas. Ali, mudar e criar são as palavras de ordemRepoRtAgem Juliana FaddulFotoS Marcelo Navarro / Ag.IstoÉ

• Quando escreveu o poema “Não sinto mudar”, publicado em Cadernos de Termuco, Pablo Neruda sentia a necessidade de mu-dança. Constantemente. “As roseiras flo-rescem, as mulheres partem/cada dia há mais meninas para cada conselho/para cada cansaço para cada bondade”. As estrofes foram feitas sobre a sua mudança para Te-muco, mas podem muito bem ser adequa-das à cenógrafa Chris Ayrosa.

Há três anos morando num apartamento no bairro do Itaim, em São Paulo, Chris de-cidiu se mudar após a “síndrome do ninho vazio”. Suas duas filhas, Carol e Juliana, alça-ram voo próprio e Chris não conseguia su-portar as lembranças vendo o quarto vazio das meninas. “Falei para o Alcides, meu ma-rido: ‘Vamos para um lugar agora só nosso?’. Assim foi. A nova casa e seus 300 m2 coube-ram perfeitamente nos sonhos do casal. Dois dos quatro quartos foram demolidos para ampliar o espaço e permitir receber os ami-gos com ainda mais conforto.

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• Por Silviane Neno

Estilo Casa

14/01/2011 | 79

A cenógrafa no novo

apartamento no Itaim, no dia do

seu aniversário. A tela é de

Sergio Lopes. Chris arrematou

porque lembra o olhar da filha

Juliana

TEMPO de mudança

8/8/2012 | 79

A cenógrafa Chris Ayrosa faz da sua casa em São Paulo o melhor laboratório de suas ideias para decorar grandes festas. Ali, mudar e criar são as palavras de ordemRepoRtAgem Juliana FaddulFotoS Marcelo Navarro / Ag.IstoÉ

• Quando escreveu o poema “Não sinto mudar”, publicado em Cadernos de Termuco, Pablo Neruda sentia a necessidade de mu-dança. Constantemente. “As roseiras flo-rescem, as mulheres partem/cada dia há mais meninas para cada conselho/para cada cansaço para cada bondade”. As estrofes foram feitas sobre a sua mudança para Te-muco, mas podem muito bem ser adequa-das à cenógrafa Chris Ayrosa.

Há três anos morando num apartamento no bairro do Itaim, em São Paulo, Chris de-cidiu se mudar após a “síndrome do ninho vazio”. Suas duas filhas, Carol e Juliana, alça-ram voo próprio e Chris não conseguia su-portar as lembranças vendo o quarto vazio das meninas. “Falei para o Alcides, meu ma-rido: ‘Vamos para um lugar agora só nosso?’. Assim foi. A nova casa e seus 300 m2 coube-ram perfeitamente nos sonhos do casal. Dois dos quatro quartos foram demolidos para ampliar o espaço e permitir receber os ami-gos com ainda mais conforto.

Page 16: ISTOÉ GENTE 674

Formada em história pela USP, a cenógrafa pesquisa referências em dezenas de livros de arte

Estilo Casa

O casal tem um trato de mudar de casa há cada dez anos. O prazo estava quase com-pletando, quando decidiram por esta última mudança. Foram tardes sentados no chão da sala, ainda em construção, imaginando como a criatividade invadiria aquele lati-fúndio urbano. Uma das soluções foi tirar proveito do efeito de múltiplos espelhos. “Assim nunca nos sentimos sozinhos.” Outro acerto foi a sacada, coberta de vidro, que se transformou em sala de charuto e lei-tura. “Sempre gostei da vista de São Paulo, da marginal. Quisemos criar uma sensação da cidade entrando na casa.”

Se a ideia era receber bem, o resultado foi certeiro: uma ampla sala de jantar de oito lu-gares e uma banqueta onde cabem mais oito.

“A sorte é que o Alcides se interessa também por decoração e me ajuda muito. Ele adora palpitar.” No dia em que Gente foi à casa de Chris, ela fazia aniversário. Perfeccionista, a cenógrafa supervisionava cada detalhe, mes-mo os imperceptíveis aos olhos, digamos, leigos. “Você prefere os pratos Fendi?”, per-gunta Maysa, a funcionária. Chrys, nem pensa. “Não, não. Quero os que foram pre-sente de casamento da minha família.”

Naquele dia, a ocasião era mais do que es-pecial, mas, pelo menos uma vez por mês, a cenógrafa convoca os amigos e a família – que não é pequena – para alguns pequenos encontros em volta da mesa. “Sei que consigo receber confortavelmente 60 pessoas, mas prefiro reuniões menores.” Chris é expert em bolar surpresas para surpreender os convida-dos. “Acho que numa festa é necessário fazer algo que deixe as pessoas de queixo caído.” Ela lembra que no casamento da filha Juliana, contratou um tocador de acordeon e uma amiga cantou um fado. “Foi muito emocio-nante.” (Confira mais dicas de Chris Ayrosa para festas em www.istoegente.com.br)

O apartamento está sempre impecável, como se todo dia fosse festa: “Adoro um ambiente florido. Acho que dá cor e vida”. É a florista Jô Campos quem abastece a casa, sem intervalos, a cada dez dias. E ain-da que Chris passe o dia pensando no as-sunto, decorando e pensando em alterna-tivas criativas e divertidas para seus clientes, ela nunca parece cansar de estender o inte-resse no ambiente doméstico. “Nos fins de semana adoro mudar os objetos de lugar.” E começa tudo de novo. •

Acima, objetos que herdou da avó. Ao lado, escultura de Bia Doria. Abaixo, flores, flores e flores

8/8/2012 | 81

Para pegar a estrada nos fins de semana, Chris se diverte ao se vestir de motoqueira – mesmo se for de carona na garupa

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Formada em história pela USP, a cenógrafa pesquisa referências em dezenas de livros de arte

Estilo Casa

O casal tem um trato de mudar de casa há cada dez anos. O prazo estava quase com-pletando, quando decidiram por esta última mudança. Foram tardes sentados no chão da sala, ainda em construção, imaginando como a criatividade invadiria aquele lati-fúndio urbano. Uma das soluções foi tirar proveito do efeito de múltiplos espelhos. “Assim nunca nos sentimos sozinhos.” Outro acerto foi a sacada, coberta de vidro, que se transformou em sala de charuto e lei-tura. “Sempre gostei da vista de São Paulo, da marginal. Quisemos criar uma sensação da cidade entrando na casa.”

Se a ideia era receber bem, o resultado foi certeiro: uma ampla sala de jantar de oito lu-gares e uma banqueta onde cabem mais oito.

“A sorte é que o Alcides se interessa também por decoração e me ajuda muito. Ele adora palpitar.” No dia em que Gente foi à casa de Chris, ela fazia aniversário. Perfeccionista, a cenógrafa supervisionava cada detalhe, mes-mo os imperceptíveis aos olhos, digamos, leigos. “Você prefere os pratos Fendi?”, per-gunta Maysa, a funcionária. Chrys, nem pensa. “Não, não. Quero os que foram pre-sente de casamento da minha família.”

Naquele dia, a ocasião era mais do que es-pecial, mas, pelo menos uma vez por mês, a cenógrafa convoca os amigos e a família – que não é pequena – para alguns pequenos encontros em volta da mesa. “Sei que consigo receber confortavelmente 60 pessoas, mas prefiro reuniões menores.” Chris é expert em bolar surpresas para surpreender os convida-dos. “Acho que numa festa é necessário fazer algo que deixe as pessoas de queixo caído.” Ela lembra que no casamento da filha Juliana, contratou um tocador de acordeon e uma amiga cantou um fado. “Foi muito emocio-nante.” (Confira mais dicas de Chris Ayrosa para festas em www.istoegente.com.br)

O apartamento está sempre impecável, como se todo dia fosse festa: “Adoro um ambiente florido. Acho que dá cor e vida”. É a florista Jô Campos quem abastece a casa, sem intervalos, a cada dez dias. E ain-da que Chris passe o dia pensando no as-sunto, decorando e pensando em alterna-tivas criativas e divertidas para seus clientes, ela nunca parece cansar de estender o inte-resse no ambiente doméstico. “Nos fins de semana adoro mudar os objetos de lugar.” E começa tudo de novo. •

Acima, objetos que herdou da avó. Ao lado, escultura de Bia Doria. Abaixo, flores, flores e flores

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Para pegar a estrada nos fins de semana, Chris se diverte ao se vestir de motoqueira – mesmo se for de carona na garupa

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“Acho cafona quem sonha em atuar em Hollywood”

• Você passará por alguma mudança física?• Vou interpretar a Elis em várias fases da vida dela. Usarei perucas. O mais difícil será fazer o seu sorriso, que era marcante, com a gengiva aparecendo (risos). Dá medo. Tive até vonta-de de cortar o cabelo. Mas, por enquanto, não. Talvez eu corte no final dos ensaios. • As pessoas têm uma relação quase sagrada com Elis. O que ela representa para você? • Falar de mito nunca é fácil. Minha mãe (Na-zareh Ohana, montadora de filmes) me apre-sentou as músicas de Elis quando eu ainda era uma menina. Sou muito fã dela. Estou com uma gana enorme de fazer esse papel. As mú-sicas dela são maravilhosas. Apesar de eu can-tar, jamais teria coragem de regravar uma das maiores cantoras nacionais. Estou aprenden-do a cantar como ela, a fazer a voz dela. Sei que nunca serei parecida com a Elis. Mas quero ser capaz de emocionar o público. Se eu conseguir isso, já será um grande trabalho. • Está pronta para encarar as críticas? • Estou preparada para dizer que não sou a Elis. Não podem exigir que eu seja igual a ela. Mas farei o meu melhor. • A crítica negativa a abala?• Claro! Eu quero agradar. Se você fizesse essa pergunta para a Elis, talvez ela dissesse não ligar para as críticas. Mas para mim importa.

• Você estabeleceu uma idade para parar de fazer televisão?• Não me vejo trabalhando na tevê muito mais velha. Aos 75 anos, quero estar dirigindo meus filmes, fazendo outras coisas. A não ser que existam bons papéis para mim. A Fernan-da Montenegro nunca irá reclamar que falta papéis para atrizes mais velhas, por exemplo.

• Você é avó do Martin, de 7 anos, e ganhará mais um neto em dois meses. O que essa experiência trouxe para você? • Aprendi que amor pelo neto é igual ao amor pelo filho. Sou totalmente apaixonada pelo Martin. Seria capaz de me atirar na frente de um trem para salvá-lo, assim como faria o mesmo pela minha filha (Dandara, 28 anos). • Você sempre disse que tem uma relação muito próxima com a Dandara. Existe algo na educação dela que você não gostaria de ver repetido nos seus netos? • Acho que não. Eu e a Dandara pensamos diferente. Ela cria o Martin do jeito contrá-rio ao que foi criada. Eu e o pai dela acháva-mos que era importante ela estar sempre com a gente, em viagens, em trabalho e não ter uma vida regrada, de escola, horário para comer, dormir. Ela acha importante ter re-gras. É uma filha incrível e uma amiga ma-ravilhosa. Quando tenho um problema, ligo para ela. Às vezes, até levo uns puxões de orelha (risos).

Com mais de 30 anos de carreira, Cláudia Ohana se prepara para viver Elis Regina no teatro, sonho que tinha desde

1987. E fala da preparação para o trabalho, da relação com o namorado – o fotógrafo Yussef Kalume – e critica os atores

brasileiros que pensam em atuar no cinema americanoPOR Thaís BoTelho

fOtOS joão casTelano/ ag. IsToÉ

• Quando Cláudia Ohana assistiu a um musi-cal sobre Billie Holiday, em 1987, nos Estados Unidos, ela enxergou Elis Regina no palco. “Tive vontade de fazer um monólogo musical sobre a Elis contando a própria vida”, conta. Esse sonho ainda não se realizou. Mas agora, 25 anos depois, Cláudia se prepara para viver Elis em outro projeto. No musical Jair em Dis-parada, com direção-geral de Sebah Vieira, que contará a trajetória do cantor Jair Rodri-gues, a atriz interpretará Elis, grande amiga de Jair. “Estou lendo e vendo tudo sobre ela”, diz. Com a estreia do espetáculo prevista para 6 de setembro, no Teatro Brigadeiro, em São Pau-lo, Cláudia, 49 anos, tem se divido na ponte aérea entre o Rio, onde mora, e a capital pau-lista, para ensaiar a peça, – que também terá no elenco Zezé Motta e Luciano Quirino. Num bate-papo com Gente, ela conta como está se preparando, admite que se incomoda com crí-ticas, fala da chegada do segundo neto e do namorado, o fotógrafo Yussef Kalume. • Como tem sido a preparação para viver Elis Regina num musical?• Cláudia. Estou tremendo. Lendo tudo e vendo tudo sobre a Elis. Assisti a várias entre-vistas dela. Foi uma surpresa. Não conhecia a Elis falando. Ela tinha uma agressividade na fala, era corajosa, despojada. Estou estudando tudo. Ela era muito politizada, queria colocar os filhos em escola pública. Fiquei impressio-nada com a personalidade forte dela.

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“Acho cafona quem sonha em atuar em Hollywood”

• Você passará por alguma mudança física?• Vou interpretar a Elis em várias fases da vida dela. Usarei perucas. O mais difícil será fazer o seu sorriso, que era marcante, com a gengiva aparecendo (risos). Dá medo. Tive até vonta-de de cortar o cabelo. Mas, por enquanto, não. Talvez eu corte no final dos ensaios. • As pessoas têm uma relação quase sagrada com Elis. O que ela representa para você? • Falar de mito nunca é fácil. Minha mãe (Na-zareh Ohana, montadora de filmes) me apre-sentou as músicas de Elis quando eu ainda era uma menina. Sou muito fã dela. Estou com uma gana enorme de fazer esse papel. As mú-sicas dela são maravilhosas. Apesar de eu can-tar, jamais teria coragem de regravar uma das maiores cantoras nacionais. Estou aprenden-do a cantar como ela, a fazer a voz dela. Sei que nunca serei parecida com a Elis. Mas quero ser capaz de emocionar o público. Se eu conseguir isso, já será um grande trabalho. • Está pronta para encarar as críticas? • Estou preparada para dizer que não sou a Elis. Não podem exigir que eu seja igual a ela. Mas farei o meu melhor. • A crítica negativa a abala?• Claro! Eu quero agradar. Se você fizesse essa pergunta para a Elis, talvez ela dissesse não ligar para as críticas. Mas para mim importa.

• Você estabeleceu uma idade para parar de fazer televisão?• Não me vejo trabalhando na tevê muito mais velha. Aos 75 anos, quero estar dirigindo meus filmes, fazendo outras coisas. A não ser que existam bons papéis para mim. A Fernan-da Montenegro nunca irá reclamar que falta papéis para atrizes mais velhas, por exemplo.

• Você é avó do Martin, de 7 anos, e ganhará mais um neto em dois meses. O que essa experiência trouxe para você? • Aprendi que amor pelo neto é igual ao amor pelo filho. Sou totalmente apaixonada pelo Martin. Seria capaz de me atirar na frente de um trem para salvá-lo, assim como faria o mesmo pela minha filha (Dandara, 28 anos). • Você sempre disse que tem uma relação muito próxima com a Dandara. Existe algo na educação dela que você não gostaria de ver repetido nos seus netos? • Acho que não. Eu e a Dandara pensamos diferente. Ela cria o Martin do jeito contrá-rio ao que foi criada. Eu e o pai dela acháva-mos que era importante ela estar sempre com a gente, em viagens, em trabalho e não ter uma vida regrada, de escola, horário para comer, dormir. Ela acha importante ter re-gras. É uma filha incrível e uma amiga ma-ravilhosa. Quando tenho um problema, ligo para ela. Às vezes, até levo uns puxões de orelha (risos).

Com mais de 30 anos de carreira, Cláudia Ohana se prepara para viver Elis Regina no teatro, sonho que tinha desde

1987. E fala da preparação para o trabalho, da relação com o namorado – o fotógrafo Yussef Kalume – e critica os atores

brasileiros que pensam em atuar no cinema americanoPOR Thaís BoTelho

fOtOS joão casTelano/ ag. IsToÉ

• Quando Cláudia Ohana assistiu a um musi-cal sobre Billie Holiday, em 1987, nos Estados Unidos, ela enxergou Elis Regina no palco. “Tive vontade de fazer um monólogo musical sobre a Elis contando a própria vida”, conta. Esse sonho ainda não se realizou. Mas agora, 25 anos depois, Cláudia se prepara para viver Elis em outro projeto. No musical Jair em Dis-parada, com direção-geral de Sebah Vieira, que contará a trajetória do cantor Jair Rodri-gues, a atriz interpretará Elis, grande amiga de Jair. “Estou lendo e vendo tudo sobre ela”, diz. Com a estreia do espetáculo prevista para 6 de setembro, no Teatro Brigadeiro, em São Pau-lo, Cláudia, 49 anos, tem se divido na ponte aérea entre o Rio, onde mora, e a capital pau-lista, para ensaiar a peça, – que também terá no elenco Zezé Motta e Luciano Quirino. Num bate-papo com Gente, ela conta como está se preparando, admite que se incomoda com crí-ticas, fala da chegada do segundo neto e do namorado, o fotógrafo Yussef Kalume. • Como tem sido a preparação para viver Elis Regina num musical?• Cláudia. Estou tremendo. Lendo tudo e vendo tudo sobre a Elis. Assisti a várias entre-vistas dela. Foi uma surpresa. Não conhecia a Elis falando. Ela tinha uma agressividade na fala, era corajosa, despojada. Estou estudando tudo. Ela era muito politizada, queria colocar os filhos em escola pública. Fiquei impressio-nada com a personalidade forte dela.

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• A primeira vez que você posou nua, em 1985, ficou no imaginário das pessoas. Como você lida com isso?• Falam sobre meus pelos, né? Mas era da épo-ca. Isso me incomoda porque não ganhei qua-se nada. Eu fiz as fotos para a Playboy, nos Es-tados Unidos, para lançar o filme Erendira. Fui ingênua. Ganhei apenas cinco mil dólares. • Em 2008, você posou novamente para a mesma revista. Repetiria a dose?• A segunda vez ficou mais com a minha cara. Hoje, eu posaria nua para tirar onda. Por uma questão de vaidade. As pessoas di-zem que ainda estou muito bem.

Quando criança, você tinha coleção de cofrinhos e fazia de tudo para ganhar dinheiro. Alcançou estabilidade financeira?• É verdade, eu contava cada moedinha (risos). Mas ainda não alcancei a satisfação financeira. Não estou rica, vivo bem. Sempre investi mui-to em mim, viajei. Nunca pensei num patamar que eu precisava atingir. Hoje, com a idade, penso mais nisso. Antes, se não tinha comida congelada, eu comia miojo. • Arrependeu-se da escolha profissional?• Não. Mas sempre quis ser cantora. Não me achava boa atriz e não me sentia à vontade no palco. Melhorei quando fiz teatro. Ga-nhei maturidade como atriz. Na novela Rai-nha da Sucata, eu era um cabelo que andava.

• Muitos atores brasileiros falam de carreira internacional e Hollywood. Você tem esse sonho?• Não. Aliás, acho cafona quem sonha em atuar em Hollywood, mas tudo depende do projeto. Hollywood é tão cafona...

• Seu namoro com o fotógrafo Yussef Kalume fez você ter vontade de se casar novamente?• Estamos muito bem juntos. Se fosse impor-tante já teríamos nos casado. Um dia, talvez, possamos pensar nisso. Estamos juntos há um ano e sete meses e temos váras coisas em comum. Curtimos mato, cachoeira, filmes. Ele é uma pessoa muito linda e escreve poe-mas. Além de resolver problemas, brincamos juntos também. Relacionamento é isso. •

No Jockey Club do Rio de Janeiro, Ricardo Amaral acompanha a montagem do espaço onde acontecerão os seis “Bailes do Rio”, de 16 a 21 deste mês

“Hoje, eu posaria nua para tirar onda. Por uma questão de vaidade. As pessoas dizem que ainda estou muito bem”

CONFIRA GALERIA DE FOTOS DE CLÁUDIA OHANA EM

WWW.ISTOEGENTE.COM.BR

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ção

O hippie que queria ser cantor, criou um movimento cultural e virou ícone da música brasileira. CaetanO VelOsO completa 70 anos mais jovem e mais em vanguarda do que nuncaPOR Juliana Faddul fOtO Julia moraes/ ag. istoÉ

Homenagem

caetano

70 Em 2009, no

lançamento do filme sobre sua carreira

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O hippie que queria ser cantor, criou um movimento cultural e virou ícone da música brasileira. CaetanO VelOsO completa 70 anos mais jovem e mais em vanguarda do que nuncaPOR Juliana Faddul fOtO Julia moraes/ ag. istoÉ

Homenagem

caetano

70 Em 2009, no

lançamento do filme sobre sua carreira

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“Ele conseguiu algo raro: unir qualidade musical e literária. Se no rock, você tinha a guitarra do Jimi Hendrix e a poesia do Bob Dylan, Caetano conseguia, com maestria, fazer as duas coisas juntas”Maestro Julio Medaglia

“O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece”Verso de Caetano Veloso para a música “Força Estranha”

• Quando o conheceu, o maestro Julio Medaglia achou que era apenas mais um garoto querendo fazer música. Quem estava na plateia do teatro Paramount no festival de 1967 pode ter pensado que era apenas mais um hippie maluco. A censura no período da ditadura certamente o via como uma perigosa ameaça. Ele mesmo, o garoto, o hippie, o subversivo, de nome Caetano Veloso, achava que seria apenas um meni-no cuja sina era de nunca ser homem, em seu desafio particu-lar com o destino. Enganou-se. E os anos trataram de confir-mar o que estava reservado a ele: tornar-se um dos maiores nomes da cultura brasileira. Na terça-feira 7, Caetano com-pleta 70 anos mais jovem e mais vanguarda do que nunca. Faz parceria com bandas alternativas e mostra que o indie rock precisa ser moderno como ele foi há quatro décadas.

Inoxidável Caetano. “O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece”, escreveu ele para a música “Força Estranha”, quando tinha apenas 36 anos. Na época, ele introduzia a guitarra elétrica na música brasileira e criava o Movimento Tropicalista, questionando o comportamento da sociedade, e não chegava a dar pistas reais de suas ideias revolucionárias. “Quando ele me procurou para fazer o arranjo do disco Tropicália, achei que ele teria uma carreira convencional. Foi então que comecei a perceber que ele tinha projetos muito mais ambiciosos. Não sabia que aquela pessoa tranquila, modesta, teria coragem de fazer aquelas propostas musicais”, lembra o maestro Medaglia.

Essa ousadia em tempos de repressão foi seu trunfo. Além dela, Caetano conseguiu o diálogo – coisa de baiano, que adora uma conversa boa. O cantor promoveu o diálogo entre o pop e a revolução cultural que presenciara na Europa dos anos 60. Julio Medaglia destaca ainda outro diálogo importante. “Ele conseguiu algo raro: unir qualidade musical e literária. Se no rock, você tinha a guitarra do Jimi Hendrix e a poesia do Bob Dylan, Caetano conseguia, com maestria, fazer as duas coisas juntas. Não conheço ninguém que tenha feito com a mesma qualidade.”

• “Ele é lindo!”• A partir deste momento, Caetano passara a construir sua trilha para o protagonismo. E ganhou admiradores, muitos deles de quilate semelhante ao seu na música. Caso de Elza Soares, que o conheceu em um show que fez em São Paulo, nos anos 60. “Quem nos aproximou foi My John, João Gilberto. Não me lembro a data, mas foi muito especial. Vi que aquela figura chegou para dar uma renovação. A voz do

Homenagem

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Ontem e hoje, a postura e a personalidade tão presentes no trabalho do cantor Maria Bethânia, Guilherme Araújo, Gal Costa,

Gilberto Gil e Caetano: registro histórico de uma geração que mudou a música popular brasileira

Cheio de estilo, no final dos anos 60, com o eterno parceiro e amigo Gil

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“Ele conseguiu algo raro: unir qualidade musical e literária. Se no rock, você tinha a guitarra do Jimi Hendrix e a poesia do Bob Dylan, Caetano conseguia, com maestria, fazer as duas coisas juntas”Maestro Julio Medaglia

“O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece”Verso de Caetano Veloso para a música “Força Estranha”

• Quando o conheceu, o maestro Julio Medaglia achou que era apenas mais um garoto querendo fazer música. Quem estava na plateia do teatro Paramount no festival de 1967 pode ter pensado que era apenas mais um hippie maluco. A censura no período da ditadura certamente o via como uma perigosa ameaça. Ele mesmo, o garoto, o hippie, o subversivo, de nome Caetano Veloso, achava que seria apenas um meni-no cuja sina era de nunca ser homem, em seu desafio particu-lar com o destino. Enganou-se. E os anos trataram de confir-mar o que estava reservado a ele: tornar-se um dos maiores nomes da cultura brasileira. Na terça-feira 7, Caetano com-pleta 70 anos mais jovem e mais vanguarda do que nunca. Faz parceria com bandas alternativas e mostra que o indie rock precisa ser moderno como ele foi há quatro décadas.

Inoxidável Caetano. “O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece”, escreveu ele para a música “Força Estranha”, quando tinha apenas 36 anos. Na época, ele introduzia a guitarra elétrica na música brasileira e criava o Movimento Tropicalista, questionando o comportamento da sociedade, e não chegava a dar pistas reais de suas ideias revolucionárias. “Quando ele me procurou para fazer o arranjo do disco Tropicália, achei que ele teria uma carreira convencional. Foi então que comecei a perceber que ele tinha projetos muito mais ambiciosos. Não sabia que aquela pessoa tranquila, modesta, teria coragem de fazer aquelas propostas musicais”, lembra o maestro Medaglia.

Essa ousadia em tempos de repressão foi seu trunfo. Além dela, Caetano conseguiu o diálogo – coisa de baiano, que adora uma conversa boa. O cantor promoveu o diálogo entre o pop e a revolução cultural que presenciara na Europa dos anos 60. Julio Medaglia destaca ainda outro diálogo importante. “Ele conseguiu algo raro: unir qualidade musical e literária. Se no rock, você tinha a guitarra do Jimi Hendrix e a poesia do Bob Dylan, Caetano conseguia, com maestria, fazer as duas coisas juntas. Não conheço ninguém que tenha feito com a mesma qualidade.”

• “Ele é lindo!”• A partir deste momento, Caetano passara a construir sua trilha para o protagonismo. E ganhou admiradores, muitos deles de quilate semelhante ao seu na música. Caso de Elza Soares, que o conheceu em um show que fez em São Paulo, nos anos 60. “Quem nos aproximou foi My John, João Gilberto. Não me lembro a data, mas foi muito especial. Vi que aquela figura chegou para dar uma renovação. A voz do

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Ontem e hoje, a postura e a personalidade tão presentes no trabalho do cantor Maria Bethânia, Guilherme Araújo, Gal Costa,

Gilberto Gil e Caetano: registro histórico de uma geração que mudou a música popular brasileira

Cheio de estilo, no final dos anos 60, com o eterno parceiro e amigo Gil

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Caetano fez o palco e a música ficarem mais fortes. É um ser lindo!”

Elza tem ainda um motivo a mais para admirá-lo. Não por seu talento musical, mas por sua generosidade. Em meados da década de 80, a cantora entrou em crise com sua carreira e pensou em parar de cantar. Pela amizade que tem com o baiano, Elza foi até a sua casa pedir um conselho, conversar. E bateu na porta certa. “Ele me disse assim: ‘Uma abelha rainha não pode abandonar a colmeia’. Foram essas palavras que me deram todo o ânimo para não deixar de cantar”, relata. Logo depois, surgiria ‘Língua’, música que ela fez em parceria com o amigo, em 1985. “Caetano foi uma espécie de guru na minha vida. Ele é lindo!”

• Leãozinho• A mão que afaga também é a que dá a palmada. E o sangue do baiano tem pimenta e personalidade de sobra. Fernando Faro, produtor musical que lançou Caetano nos festivais da tevê na época, recorda de histórias onde o temperamento enérgico do cantor se impôs. Os dois se conheceram já em São Paulo, em um almoço na casa do produtor. Fernando notou Caetano na sala de estar, observando os livros na estante, e os ofereceu por empréstimo. Depois desse dia, tornaram-se colegas de trabalho e amigos. Não raro, eram vistos tomando cerveja depois da meia- noite no Patachou, um point da boemia paulistana nos anos 70. Em uma mesa daquelas, Caetano se irritou com Geraldo

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Vandré. Tudo para defender a amiga, Gal Costa. “Estávamos lá no bar e a Gal chegou cantando uma música. Assim que terminou, o Geraldo falou que tinha achado a canção uma m... Caetano logo rebateu: ‘Geraldo, me desculpe, mas não quero mais bem a você’. Ele tinha dessas coisas”, recorda.

Em outro momento, Caetano chegou a pedir que retirassem um espectador da plateia do programa Divino, Maravilhoso, da TV Tupi, no início dos anos 70. Ele se apresentava no palco com Orlando Silva e, no terceiro bis, ouviu um hippie implorar para que parassem de cantar. Caetano enfureceu-se. “Portaria! Guarda! Empurra esse cara para fora!”, gritava. “Foi engraçado”, diverte-se Fernando.

Além das relações nascidas em torno da profissão, Caetano goza de amizades vindas de outros círculos. Por intermédio de sua

ex-mulher e empresária Paula Lavigne ele conheceu a atriz Paula Burlamaqui. As duas Paulas contracenaram juntas na novela Explode Coração (1996) e desde então Bur-lamaqui se tornou amiga íntima de Caetano – mesmo com a separação dele de Lavigne, em 2004, após 19 anos de união e dois filhos: Zeca e Tom. “Ele adora falar. Conversar com Caetano é como ter uma aula. Você sempre aprende. A própria Paula (Lavigne) brinca que não precisou fazer faculdade porque foi casada com ele. Eu o amo muito. É uma honra ser sua amiga”, diz a atriz. •

Leia a partir do dia 7 deste mês o depoimento na íntegra destas e de outras personaLidades brasiLeiras a respeito de Caetano VeLoso em

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“A voz do Caetano fez o palco e a música ficarem mais fortes. É um ser lindo!” elza soares

Já grisalho nos anos 2000 dominando o palco

e a plateia em show

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