isolamento e caracterizaÇÃo de promotores … · expressão visando a posterior transformação...

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MARCOS BRANDALISE ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PROMOTORES TECIDO- ESPECÍFICOS DE RAIZ E FOLHA DE Coffea arabica BOTUCATU – SP 2007

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MARCOS BRANDALISE

ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PROMOTORES TECIDO-

ESPECÍFICOS DE RAIZ E FOLHA DE Coffea arabica

BOTUCATU – SP

2007

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MARCOS BRANDALISE

ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PROMOTORES TECIDO-

ESPECÍFICOS DE RAIZ E FOLHA DE Coffea arabica

Orientador: Prof. Dr.

Co-orientadora: Profa.

BOTUCA

20

Tese apresentada ao Instituto de Biociências

da Universidade Estadual Paulista – Campus

de Botucatu (SP), para obtenção do título de

Doutor em Genética

Ivan de Godoy Maia

Dr. Miriam Perez Maluf

TU – SP

07

1

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Dedicatória

A todos, que tornaram

possível a realização desse projeto

2

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Agradecimentos

A Sorte,

que sempre esteve ao meu lado;

3

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Aos meus Pais, Nelson e Silvia Brandalise, principalmente pela oportunidade e confiança;

Ao meu ilustríssimo orientador e grande amigo Dr. Ivan de Godoy Maia, pelos

ensinamentos de bancada e especialmente de vida. Foram 10 anos de trabalho

em conjunto sem sequer uma discussão ou desentendimento;

À Dra. Miriam Perez Maluf, pela confiança depositada e pelo bom humor do dia-a-

dia;

Ao Dr. Guerreiro de Oliveiro Filho, pela amizade e conselhos dados na hora do

café;

Aos Drs. Andrés Yunes e Edson Kamper, pela orientação de extrema importância

no exame de qualificação;

Ao meu grande amigo Raul Andrés Cernadas, pelos conselhos, ajudas, amizade,

vinhos e cervejas no final da tarde...

A minha querida esposa Fabiana, por aturar meu mau humor e impaciência, mas,

sobretudo por cuidar de nosso filho Antônio, para que eu pudesse finalizar essa

etapa de minha vida;

Ao LNLS, mais precisamente ao Dr. Celso Eduardo Benedetti, pela colaboração e

abertura das portas do seu laboratório;

A todos os amigos do Centro de Café Alcides Carvalho; Centro de Biologia

Molecular e Engenharia Genética - UNICAMP (CBMEG) e Instituto de Biociências

(UNESP);

Ao Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café.

4

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Epígrafe

“Tudo funciona,

até a hora que para de funcionar.” Marcos Brandalise

5

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Resumo

6

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Promotores são seqüências regulatórias capazes de direcionar a expressão

gênica para órgãos e tecidos específicos. A busca por seqüências promotoras

que regulam a expressão tecido-específica de genes é uma das prioridades para o

setor biotecnológico vegetal. No presente trabalho foram realizadas análises in

silico a partir das informações disponíveis no Banco de Dados do Projeto Genoma

Café, visando identificar genes com expressão tecido-especifica. Foram

selecionadas 13 e 15 etiquetas de seqüências expressas (EST) com expressão

específica em raiz e folha, respectivamente. A validação, via RT-PCR, dos

candidatos selecionados revelou a expressão tecido-específica de dois destes,

sendo um específico de folha e outro de raiz. As regiões imediatamente a

montante dos ESTs validados foram isoladas via genome walking e fragmentos de

2,0 kb (raiz) e ~0,9 kb (folha) foram obtidos. Vários elementos regulatórios foram

identificados em ambas seqüências amplificadas, incluindo elementos envolvidos

no controle da expressão tecido-específica e resposta a estresses. Os promotores

isolados foram fusionados ao gene repórter uidA e testados em experimentos de

expressão transiente em plântulas de café. Análises histoquímicas confirmaram a

funcionalidade e a órgão/tecido-especificidade da expressão modulada pelos

promotores isolados. Plantas de tabaco transformadas via Agrobacterium

tumefaciens com os cassetes acima descritos foram obtidas e análises

histoquímicas de gus revelaram que além de tecido-específicas, as seqüências

regulatórias investigadas são altamente induzidas por estresse biótico e abiótico.

7

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Abstract

8

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Promoters are crucial regulatory sequences that enable genes to be

transcribed in specific organs or tissues. Promoter sequences recovery, especially

those leading to tissue-specific expression, is of great interest in plant

biotechnology. In this study, an in silico analysis of the Brazilian Coffee Genome

Project Database was accomplished to identify genes with organ-specific

expression in coffee plant. Several ESTs showing root (13) and leaf-specific (15)

expression patterns were selected, but only two of them, one in root and the other

in leaf, were validated as being specific by RT-PCR experiments. The DNA regions

immediately 5’ to the validated ESTs were isolated by chromosome walking and

amplified fragments of 2,0 kb (root) and 0,9 kb (leaf) in length were obtained.

Several cis-regulatory elements were identified within the amplified sequences,

including those involved in the control of tissue-specificity and stress response.

The isolated promoters were transcriptionally fused to uidA reporter gene and

tested in transient expression assays using coffee seedlings. Gus histochemical

analyses confirmed the functionality and expected organ-specificity of the cloned

promoters. Transgenic tobacco plants transformed with Agrobacterium

tumefaciens bearing the corresponding cassettes were obtained and histochemical

analyses confirmed that besides tissue-specific expression, the investigated

regulatory sequences were also highly induced by biotic and abiotic stress.

9

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Lista de Tabelas

10

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Tabela. 1 Promotores isolados de café. ................43

Tabela 2. Listagem das bibliotecas, e seus respectivos

tecidos/tratamentos, geradas e seqüenciadas pelo projeto

Genoma Café. 46

Tabela 3. Listagem dos candidatos identificados via análise de

northern eletrônico, apresentado padrão de expressão

específico em raiz 81

Tabela 4. Listagem dos candidatos identificados via análise por

northern eletrônico, apresentando padrão de expressão

especifico em folha. 82

11

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Lista de Figuras

12

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Figura 1. Sintoma característico de folhas de Coffea arabica atacadas

com Bicho Mineiro.. ...........................................................................32

Figura 2. Sintoma característico de folhas de Coffea arabica

infectadas com a ferrugem alaranjada do cafeeiro (Hemileia

vastatrix). 33

Figura 3. Sintoma característico em raízes de Coffea arabica

infectadas com nematóides causadores de galhas da

espécie Meloidogyne spp. 36

Figura 4. Representação esquemática do vetor pRT103-Gus (~5 Kb)

que apresenta o gene repórter uidA (GUS) inserido entre os

sítios BamHI e NcoI sob o controle do promotor constitutivo

CaMV35S. 67

Figura 5. Ensaio de digestão parcial do vetor pRT103-Gus visando a

retirada do promotor constitutivo CaMV35S. 68

Figura 6. Representação esquemática dos cassetes de expressão

desenvolvidos para a análise funcional das regiões

promotoras amplificadas via genome walking (os promotores

não se encontram em escala). 69

Figura 7. Representação esquemática do plasmídeo pCAMBIA 1381

(Cambia) utilizado na construção dos cassetes de

expressão visando a posterior transformação estável de

tabaco empregando Agrobacterium tumefaciens. 72

13

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Figura 8. Amplificação por RT-PCR de um transcrito ubíquo

codificando actina. 84

Figura 9. Análise de RT-PCR revelando amplificação de transcrito específico de raiz. 85

Figura 10. Análise de RT-PCR revelando a amplificação de transcrito

específico de folha em Coffea arabica, variedade Mundo

Novo. 87

Figura 11. Análise por northern blot da acumulação do transcrito

específico de raiz em condições de estresse mecânico. 89

Figura 12. Gel de agarose contendo os produtos de amplificação

obtidos para o candidato específico de raiz empregando a

técnica de genome walking e a combinação dos oligos

AP1/GSP1 e AP2/GSP2. 90

Figura 13. Gel de agarose contendo os produtos de amplificação

obtidos para o candidato específico de folha empregando a

técnica de genome walking e a combinação dos oligos

AP1/GSP1 e AP2/GSP2. 91

Figura 14. Seqüência parcial de nucleotídeos do promotor específico

de folha analisado com auxílio do banco de dados do

PLACE. 94

14

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Figura 15. Esquema de localização dos elementos regulatórios

encontrados no promotor do gene com expressão específica

em folha por análise comparativa com banco de dados do

PLACE. 95

Figura 16. Localização dos elementos regulatórios encontrados no

promotor do gene com expressão específica em raiz por

análise comparativa com banco de dados do PLACE. 98

Figura 17. Ensaio de expressão transiente, via biobalística, em raiz e

folha de Coffea arabica. 99

Figura 18. Ensaio enzimático de Gus em folha de Coffea arabica

transformada via biobalística com o cassete de expressão

contendo o promotor específico de folha. 100

Figura 19. Expressão transiente de Gus em folha de Coffea arabica

transformada via biobalística com o cassete de expressão

contendo o promotor específico de folha. 101

Figura 20. Expressão transiente de Gus em raiz de Coffea arabica

transformada via biobalística com o cassete de expressão

contendo o promotor específico de raiz. 103

Figura 21. Ensaio histoquímico da atividade de ß-glucuronidase em

plântulas transgênicas de tabaco transformadas,

respectivamente, com os cassetes de expressão contendo

os promotores específicos de folha (A) e de raiz (B) isolados

de Coffea arabica. 105

15

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Figura 22. Ensaio histoquímico da atividade da β-glucuronidase em

discos foliares de tabacos transgênicos transformados com

o cassete de expressão contendo o gene uidA sob controle

do promotor específico de folha. 107

Figura 23. Ensaio histoquímico da atividade da β-glucuronidase em

folhas de tabacos transgênicos transformados com o

cassete de expressão contendo o gene uidA sob controle do

promotor específico de folha, em resposta a dano mecânico. 108

Figura 24. Ensaio histoquímico da atividade da β-glucuronidase em

raízes de tabacos transgênicos transformados com o

cassete de expressão contendo o gene uidA sob controle do

promotor específico de raiz em resposta ao ataque de

nematóides. 110

Figura 25. Ensaio histoquímico da atividade da ß-glucuronidase em

raízes de tabacos transgênicos transformados com o

cassete de expressão contendo o gene uidA sob controle do

promotor específico de raiz, em resposta ao ataque de

nematóides. 112

Figura 26. Ensaio histoquímico da atividade da ß-glucuronidase em

raízes de tabacos transgênicos transformados com o

cassete de expressão contendo o gene uidA sob controle do

promotor específico de raiz, em resposta ao ataque de

nematóides. 113

16

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Sumário

17

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Resumo 7

Abstract 9

Lista de Tabelas 11

Lista de Figuras 13

1. Introdução 24

1.1 Inovações tecnológicas 25

1.2 Café e a sua importância 27

1.3 Principais pragas e doenças do cafeeiro 31

1.3.1 Bicho Mineiro 31

1.3.2 Ferrugem Alaranjada do Cafeeiro 32

1.3.3 Nematóides 34

1.4 Melhoramento genético clássico X biotecnologia 36

1.5 Promotores constitutivos X tecido- específicos 39

1.6 Projeto Genoma Café 44

2. Objetivos 47

18

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3. Material e Métodos 49

3.1 Material Vegetal 50

3.2 Seleção in silico de ESTs com padrão de expressão órgão/tecido

- específico 50

3.3 Extração de RNA total de café 51

3.4 Quantificação do RNA e síntese de cDNA 53

3.5 Validação dos cDNAs obtidos 53

3.6 Confirmação da especificidade de expressão 54

3.7 Análise da indução da expressão do gene específico de raiz por

ferimento empregando northern blot 54

3.7.1 Marcação de sonda e hibridização da membrana 55

3.8 Isolamento e identificação das regiões promotoras 56

3.8.1 Isolamento de DNA total de folha de café 57

3.8.2 Amplificação das regiões promotoras por genome walking

(GW) 58

3.8.3 Isolamento, purificação e clonagem das regiões promotoras 59

3.8.4 Minipreparação de DNA plasmidial e seqüenciamento dos

insertos 61

3.8.5 Análise das seqüências e busca de domínios regulatórios 62

3.9 Análise funcional das regiões promotoras através de expressão

transiente em raiz e folha de Coffea arabica 63

3.9.1 Preparação das micropartículas 64

19

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3.9.2 Teste controle de biobalística e ensaio enzimático de Gus 65

3.9.3 Construção do cassete de expressão no vetor pRT103 – Gus 66

3.9.4 Ensaio de expressão transiente em folha e raiz de Coffea

arabica via biobalística 70

3.10 Construção do cassete de expressão em pCAMBIA-1381 visando

transformação estável em tabaco 71

3.11 Transformação de Agrobacterium tumefaciens cepa LBA4404 por

eletroporação e confirmação das células transformadas 73

3.12 Obtenção de plantas transgênicas de tabaco 74

3.13 Análise dos transformantes via PCR e ensaio enzimático de Gus 75

3.14 Análise da expressão do gene repórter uidA em plantas

transgênicas transformadas com o cassete de expressão

contendo o promotor específico de folha em resposta a dano

mecânico 77

3.15 Análise da expressão do gene repórter uidA em plantas

transgênicas transformadas com o cassete de expressão

contendo o promotor específico de raiz em resposta ao ataque de

nematóides 77

20

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4. Resultados 79

4.1 Seleção in silico de ESTs órgão/tecido – específicos 80

4.2 Extração e quantificação de RNA total de diferentes

órgãos/tecidos de Coffea arabica e de frutos em diferentes fases

de amadurecimento. Síntese e validação da integridade dos

cDNAs 83

4.3 Confirmação da especificidade de expressão dos candidatos

selecionados in silico 84

4.4 Análise da expressão do gene raiz-específico frente à injúria

mecânica 88

4.5 Isolamento e identificação de regiões promotoras 89

4.6 Seqüenciamento dos produtos de GW e obtenção dos consensos 91

4.7 Busca por elementos cis-regulatórios 92

4.7.1 Elementos cis-regulatórios presentes na região promotora do

candidato com expressão específica em folha 93

4.7.2 Elementos cis-regulatórios presentes na região promotora do

gene com expressão específica em raiz 96

4.8 Análise das regiões promotoras através de expressão transiente

do gene repórter uidA em raiz e folha de Coffea arabica 98

4.9 Análise de plantas de tabaco transgênicas 104

21

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4.10 Análise da indução da expressão do gene repórter uidA em

plantas transgênicas transformadas com o cassete contendo o

promotor específico de folha em resposta a dano mecânico 106

4.11 Análise da indução da expressão do gene repórter uidA em

plantas transgênicas transformadas com o cassete de expressão

contendo o promotor específico de raiz em resposta ao ataque de

nematóides 109

5. Discussão 114

5.1 ESTs órgão/tecido-específicos e a análise in silico 115

5.2 Candidato com expressão em folha 116

5.2.1 Caracterização dos elementos regulatórios e análise

funcional do promotor específico de folha 117

5.3 Candidato com expressão específica em raiz 120

5.3.1 Caracterização dos elementos regulatórios e análise

funcional do promotor específico de raiz 121

6. Conclusões e Perspectivas 125

7. Bibliografia 128

22

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1. Introdução

24

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1.1 Inovações tecnológicas

A biotecnologia tem se destacado nos últimos anos como uma inovação

tecnológica capaz de agregar riquezas a diferentes áreas do setor produtivo. No

setor agrícola e florestal, a produção de plantas geneticamente modificadas com

características específicas derivadas da biotecnologia é um processo altamente

promissor cujos produtos finais apresentam alto valor agregado e podem ser

aplicados diretamente na cadeia produtiva. Ciente de tais vantagens, algumas

empresas de cunho biotecnológico pautadas na produção de novos produtos para

a agricultura têm sido criadas no Brasil nos últimos anos. O desenvolvimento de

uma indústria de base genética capaz de prover insumos à produção agrícola é

não só imprescindível como altamente benéfico para o setor produtivo brasileiro.

Embora novas plantas derivadas da biotecnologia venham sendo adotadas

em diversos países, estamos atingindo 12 anos de cultivo de produtos

geneticamente modificados, a biotecnologia vegetal ainda é alvo de controvérsias

e polêmicas. Para que essa inovação tenha maior alcance e aceitação,

investimentos importantes em pesquisa básica precisam ser realizados a fim de

gerar ferramentas necessárias para a aceleração de sua aplicação e sobretudo,

para a superação de algumas de suas limitações técnicas. Esse desafio deve ser

encarado pelos diferentes setores envolvidos, incluindo as universidades e

institutos de pesquisa do setor público.

A presente tese está inserida nesse contexto e tem como principal meta

identificar seqüências promotoras capazes de direcionar a expressão de genes, de

25

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interesse agronômico, para órgãos/tecidos específicos da planta. Para tal, foram

utilizados os dados gerados no projeto de seqüenciamento de seqüências

expressas do café que contou com financiamento da diferentes entidades. Trata-

se, portanto de um trabalho de tese com enfoque acadêmico e aplicado.

Cabe ressaltar que por iniciativa do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e

Desenvolvimento do Café, que financiou o presente projeto, e, sobretudo pelo

potencial de utilização das seqüências promotoras aqui descritas e caracterizadas

em programas biotecnológicos, as mesmas estarão sendo protegidas por uma

patente. Como esse pedido está sendo processado, os dados relativos às

seqüências promotoras e nome dos genes utilizados no presente trabalho estão

sendo apresentados em confidencialidade.

26

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1.2 Café e a sua importância

O café é uma planta perene de porte arbustivo nativa do continente africano.

Sua chegada ao Brasil se deu em 1727 na cidade de Belém, sendo posteriormente

cultivado no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais em 1780. Até então o café era

considerado o maior produto gerador de riquezas, destacando-se como o mais

importante da história do Brasil.

Atualmente, a cafeicultura desempenha uma importante função na economia

nacional exercendo um grande papel gerador de divisas da ordem de 2 bilhões de

dólares anuais ou 26 milhões de sacas exportadas ao ano (Companhia Nacional do

Abastecimento – Conab). Com um mercado ainda em expansão, o agronegócio do

café gera, em todo mundo, recursos na ordem de 91 bilhões de dólares ao

comercializar 115 milhões de sacas que, em média, são produzidas. A cafeicultura

envolve ainda meio bilhão de pessoas desde a produção ao consumo final

representando cerca 8% da população mundial (Embrapa Café).

No início do século, o Brasil se destacava dentre os paises produtores de

café, sendo responsável por 80% das exportações mundiais. Entretanto e

infelizmente, a produção brasileira passou por um grande retrocesso até chegar

aos dias atuais. Apesar da acentuada redução da área cafeícola nas últimas

décadas e de diversos fatores que têm determinado oscilações na sua produção

total, dentre estes, fatores abióticos como seca e geada e, bióticos como pragas e

doenças (Gonçalves, 1999), o Brasil ainda ocupa uma posição dominante no

27

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mercado internacional, se destacando como maior produtor (contribuição de 30%

da produção mundial nas últimas safras) e exportador mundial de café, com

participação média de 25%. O agronegócio do café representa mais de 2,5 % do

valor total das exportações brasileiras além de gerar oito milhões de empregos diretos

e indiretos, sobressaindo-se como o setor que mais emprega no Brasil.

Anuário Estatístico Oficial Conab 2005/2006 revela que a produção

brasileira de café é de 40,62 milhões de sacas. Entretanto, quando essa é

comparada com a produção estimada em levantamento anterior publicado em

dezembro de 2005, que totalizou 43,58 milhões de sacas, uma redução de 6,8%

pôde ser observada. Essa redução representa um prejuízo de cerca de 800

milhões de reais para os produtores, sendo a mesma causada pela estiagem que

assolou as plantações de café nos períodos de floração e enchimento dos grãos.

O cafeeiro pertence ao subgênero Coffea, família Rubiacea, formado por cerca

de 100 espécies. Das espécies mais cultivadas no mundo, Coffea arabica L (café

Arábica) e Coffea canephora Pierre ex Froehner (café Robusta) são as mais

importantes economicamente. Coffea arabica L é uma espécie nativa do continente

africano, tendo como local de origem o sudoeste da Etiópia e do Sudão e o norte

do Quênia. Por apresentar uma qualidade da bebida superior quando comparada

com outras espécies, C. arabica destaca-se como a espécie mais cultivada,

representando cerca de 70% da produção mundial e 90% da produção na América

Latina. C. canephora por sua vez, apresenta como locais de origem a República

da Guiné, a Libéria, o Sudão e Uganda, respondendo por 30% do restante da

28

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produção mundial (Carneiro, 1997). Apesar de somente C. arabica e C. canephora

terem importância econômica ativa no mercado mundial, espécies selvagens

apresentam uma grande importância do ponto de vista adaptativo, sendo potentes

fontes de variabilidade genética. Tais espécies não cultivadas comercialmente

possuem características altamente vantajosas como resistência a doenças e

pragas, tolerância à seca e outras alterações ambientais (Fazuoli et al., 1999). Um

exemplo desta aplicação genética é a variedade Apoatã de C. canephora

(IAC2258), utilizada como porta enxerto de C. arabica devido à resistência a

nematóide (Fazuoli, 1981).

C. arabica é a única espécie alotetraplóide (2n = 4x = 44 cromossomos) do

gênero e predominantemente autofértil em aproximadamente 90% das flores,

enquanto que C. canephora e as outras espécies conhecidas do gênero Coffea são

diplóides (2n = 2x = 22 cromossomos) e autoincompatíveis, multiplicando-se

exclusivamente por fecundação cruzada (Fazuoli et al., 1999; Berthaud, 1980). Por

se tratar de uma cultura perene e de período juvenil longo, o melhoramento genético

do cafeeiro é lento, sendo necessária a implementação de técnicas que facilitem e

acelerem a obtenção, seleção e avaliação de materiais superiores. A diversidade

genética de cultivares de Coffea arabica L. é relativamente pequena e a sua

ampliação torna-se importante para o futuro do melhoramento do cafeeiro. O

potencial competitivo do país, no entanto, poderá crescer ainda mais com a

redução de custos de produção e também através do aumento da produtividade.

29

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Pragas e doenças são consideradas fatores limitantes para obtenção de

uma boa produção. Dentre as inúmeras doenças e pragas do café, destaca-se a

ferrugem alaranjada do cafeeiro causada pelo fungo biotrófico Hemileia vastatrix

(Carvalho e Fazuoli, 1993) e a lagarta do Bicho Mineiro (Leucoptera coffeella)

(Parra, 1985) afetando as folhas, e o nematóide Meloidogyne exígua sp. (Brown et

al., 1995) afetando as raízes.

Atualmente, a ferrugem e os nematóides atingem todas as regiões

cafeicultoras do Brasil e se não forem devidamente controladas podem causar

queda de até 45% na produção. O controle químico desses agentes tem se

mostrado eficiente, porém, além de representar cerca de 10 a 20% do custo total

de produção (Matiello et al., 1985; Vegro e Ferreira, 2000), pode levar ao

agravamento de outras doenças e pragas do cafeeiro devido à baixa seletividade,

e possibilitar por pressão de seleção, o surgimento de raças resistentes aos

produtos aplicados. Um dos maiores desafios tem sido encontrar métodos

eficientes de controle, com mínimo custo operacional e principalmente de baixo

impacto ambiental.

30

Page 32: ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PROMOTORES … · expressão visando a posterior transformação estável de tabaco empregando Agrobacterium ... 3.8.4 Minipreparação de DNA plasmidial

1.3 Principais pragas e doenças do cafeeiro

1.3.1 Bicho Mineiro

O Bicho-mineiro-do-cafeeiro (Leucoptera coffeella), é um lepidóptero

específico do gênero Coffea, afetando quase que todas as variedades comerciais

de Coffea arabica, muitas vezes de forma devastadora (Figura 1). Esta é

considerada uma das principais pragas da cultura no Brasil (Guerreiro et al.,

1990). No Estado de Minas Gerais, maior produtor brasileiro de café na atualidade

(49,5% da produção do país), essa praga quando não controlada chega a causar

danos de até 30% na produção.

A forma adulta do inseto realiza a postura na parte adaxial foliar e após a

eclosão dos ovos, as larvas penetram na região axial das folhas. As larvas se

alimentam exclusivamente do parênquima paliçádico, formando literalmente

galerias e/ou minas no tecido afetado. A injuria desencadeia uma resposta “imune”

inespecífica na planta, havendo aumento dos níveis de etileno, oxidação do tecido

atacado e conseqüentemente queda das folhas (Souza et al., 1998). Este

desfolhamento inesperado chega a causar grande redução no desenvolvimento do

sistema radicular e principalmente na atividade fotossintética da planta (Koronnova

e Veja, 1985).

Grandes avanços têm sido obtidos pela indústria de defensivos agrícolas,

entretanto a prevenção anual dessa praga chega a representar 15% do custo total

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de produção. Além de agir de forma inespecífica, em outros organismos não alvos,

o produto aplicado pode causar sérios danos ao meio ambiente.

Figura 1. Sintomas característicos em folhas de Coffea arabica atacadas pelo

bicho-mineiro-do-cafeeiro (Leucoptera coffeella).

1.3.2 Ferrugem Alaranjada do Cafeeiro

Uma das principais e a mais severa doença que afeta a cafeicultura

brasileira e mundial na atualidade é a ferrugem alaranjada do cafeeiro (Figura 2).

Esta é causada por um parasita biotrófico foliar obrigatório Hemileia vastatrix

(Berkeley e Boome). No Brasil são encontradas ao redor oito raças virulentas,

havendo, entretanto grande predominância de fungos da raça tipo II.

O primeiro sintoma da doença é observado normalmente no lado adaxial da

folha, caracterizando-se como manchas amarelo-alaranjadas. Após esporulação e

disseminação do fungo na planta, ocorre oxidação e conseqüentemente, morte

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Page 34: ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PROMOTORES … · expressão visando a posterior transformação estável de tabaco empregando Agrobacterium ... 3.8.4 Minipreparação de DNA plasmidial

dos tecidos foliares, havendo uma desfolha prematura e muitas vezes seca dos

ramos plagiotrópicos (ramos produtivos), prejudicando assim o crescimento,

florescimento, e conseqüentemente a produção do ano seguinte.

Esta doença quando não controlada adequadamente pode causar perdas

de até 40% da produção, enquanto que infestações mais severas podem provocar

a morte das plantas infectadas (Fernandez et al., 2004). Apesar de representar

cerca de 15% do custo total da produção, métodos de controle químico da doença

têm se mostrado eficiente. Entretanto, em alguns casos, o uso indiscriminado de

fungicidas não específicos, pode acarretar o surgimento de novas raças, além de

prejudicar de maneira drástica o meio ambiente. Mesmo com a ajuda dos

programas de melhoramento que lançaram cultivares resistentes ao patógeno,

novas raças fisiológicas do fungo têm ocasionado a quebra de resistência. Em

função disso, a durabilidade da resistência dos cultivares atuais é difícil de ser

prevista (Varzea et al., 2002).

Figura 2. Sintoma característico de folhas

de Coffea arabica infectadas com a

ferrugem alaranjada do cafeeiro (Hemileia

vastatrix).

1.1.1 Nematóides

33

Page 35: ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PROMOTORES … · expressão visando a posterior transformação estável de tabaco empregando Agrobacterium ... 3.8.4 Minipreparação de DNA plasmidial

1.3.3 Nematóides

Os nematóides formadores de galhas do gênero Meloidogyne spp. são

capazes de parasitar mais de 3000 espécies de plantas, sendo endoparasitas

sedentários obrigatórios. Quando não controlados adequadamente chegam a

causar grandes perdas à agricultura mundial (Abad et al., 2003). Sasser e

colaboradores, por exemplo, relatam que em 1987 esses microorganismos

geraram prejuízos da ordem de 100 bilhões de dólares ao agronegócio mundial.

Até então quinze espécies de Meloidogyne foram caracterizadas como parasitas

de café (López e Salazar, 1989; Campos et al., 1990; Eisenback e Triantaphyllou,

1991; Carneiro et al., 1996), destacando-se dentre essas a espécie M. Exígua,

considerada a mais importante e problemática para a cafeicultura de arábica,

principalmente pela sua ampla distribuição na América do Sul e Central (Anthony

et al., 2005).

Os fitonematóides formadores de galhas penetram no sistema radicular do

hospedeiro através do córtex, onde células parênquimatosas do xilema são

selecionadas para ancoragem e formação das células gigantes. Por uma

disfunção da maquinaria celular, gerada pelo parasitismo, as células gigantes são

multinucleadas, se desenvolvem normalmente em números reduzidos (de 5 a 7),

apresentando citoplasma denso e com grande concentração de organelas

celulares e pequenos vacúolos. Concomitantemente à formação das células

gigantes, ocorre hiperplasia e hipertrofia do tecido cortical, causando assim o

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Page 36: ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PROMOTORES … · expressão visando a posterior transformação estável de tabaco empregando Agrobacterium ... 3.8.4 Minipreparação de DNA plasmidial

sintoma de galha ou nódulo que caracteriza a doença (Williamson e Hussey,

1996). O fenótipo desenvolvido pelo parasitismo gera deformação do sistema

radicular bem como mau funcionamento no sistema de absorção e translocação

de água e nutrientes.

Muitos dos processos fisiológicos da planta hospedeira como respiração,

fotossíntese, absorção e translocação de água e nutrientes, balanço hormonal,

assim como deformação morfológica e anatômica podem ser afetados direta ou

indiretamente pelo parasitismo (Gonçalves e Silvarolla, 2001).

Estes parasitas de plantas são considerados uns dos maiores vilões da

agricultura na atualidade. Em 1987, chegaram a causar danos na ordem de

bilhões de dólares para o agronegócio de alimento e fibras (Christopher et

al.,1994). Nos E.U.A os nematóides causadores de galha chegam a causar perdas

de 1 bilhão de dólares por ano ao agronegócio da soja (Alkharouf et al., 2004).

Figura 3. Sintoma característico em raízes de Coffea arabica infectadas com

nematóides causadores de galhas da espécie Meloidogyne spp.

35

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1.4 Melhoramento genético clássico X biotecnologia

A crescente demanda mundial por alimentos de melhor qualidade e

principalmente livres de defensivos agrícolas, é um desafio que tem promovido um

avanço significativo em diversas áreas da produção vegetal. Dentre estas se

destaca o melhoramento genético vegetal (Borém, 1998).

O melhoramento genético de plantas visando melhorias agronômicas vem

sendo realizado pelo homem há milhares de anos utilizando-se de procedimentos

clássicos, funcionais, de cruzamentos controlados entre espécies. Entretanto, com

o advento da biologia molecular, somado ao desenvolvimento de técnicas

biotecnológicas avançadas, o melhoramento genético de plantas via engenharia

genética tornou-se uma ferramenta importante na obtenção de plantas

genotipicamente superiores em um curto espaço de tempo, sendo portanto de

grande interesse para o setor agrícola (Borém, 1998).

As novas tecnologias têm se destacado principalmente devido à

possibilidade de obtenção de resultados uniformes e direcionados para

características desejáveis. Dentre os inúmeros métodos biotecnológicos

mundialmente utilizados para o melhoramento, destaca-se como um dos mais

importantes, a produção de plantas geneticamente modificadas. A transgenia tem

permitido o melhoramento de genótipos selecionados por métodos convencionais

através da introdução de um ou poucos genes que, em muitos casos, são

encontrados em espécies distantes e que não poderiam ser transferidos via

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recombinação, o que acontece obrigatoriamente entre indivíduos sexualmente

compatíveis. Por outro lado, se fossem transferidos levariam anos para obtenção

do genótipo desejado.

Em se tratando do melhoramento de espécies perenes, mais precisamente

da espécie investigada na presente tese (Coffea arabica), diversos programas de

melhoramento vêm sendo conduzidos com intuito de introduzir características

agronômicas desejáveis à cultura, tais como resistência a pragas e doenças, além

de processos de aperfeiçoamento da qualidade de bebida, maturação de frutos,

arquitetura da planta, ect... Entretanto, apesar do sucesso desses programas, o

processo de melhoramento de café demanda muito tempo, espaço físico e gastos

elevados, sobretudo se considerarmos que desde as primeiras hibridações até a

obtenção de novos cultivares pode-se levar no mínimo 20 anos. Dois exemplos

práticos desse delongado, porém funcional, processo são os cultivares Obatã e

Catuaí, cujo programa de melhoramento estendeu-se de 1968 a 2000 e de 1950 a

1992, respectivamente.

Como relatado anteriormente, o gênero Coffea é composto por

aproximadamente 100 espécies, destacando-se Coffea arabica L como a mais

importante economicamente. Esta espécie é a única tetraplóide do gênero, sendo

o restante diplóide e na sua maioria auto-incompatível. Em casos como o do café,

a transferência de genes entre espécies de ploidia diferente requer uma série de

processos delicados, como por exemplo, a duplicação de material genético nas

células germinativas (tratamento com colchicina). Essa etapa pode ocasionar

muitas vezes ploidias indesejadas, como triplicação, e também conduzir a uma

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disfunção metabólica das células “injuriadas”. Além disso, a fase reprodutiva de

Coffea arabica ocorre normalmente uma vez ao ano, o que faz com que a

transferência de genes via melhoramento clássico fique restrita a esse período.

Nesse caso, a simples ocorrência de intempéries na fase de floração pode causar

abortamento das flores, fazendo com que o programa de melhoramento se

prolongue por ainda mais tempo.

O melhoramento de espécies perenes através da obtenção de organismos

geneticamente modificados tem sido apontado como uma alternativa ao

melhoramento clássico. Nesse contexto, a introdução via transgenia de

características desejáveis como a resistência a fatores bióticos e abióticos tende a

ser facilitada, uma vez que um grande número de genes envolvidos nessas

respostas ou induzidos por tais fatores em diferentes espécies tem sido

identificado e caracterizado. A disponibilidade de tais genes tem ampliado ainda

mais as possibilidades de manipulações por processos biotecnológicos.

Muitos destes genes têm sido identificados em projetos onde genomas

inteiros foram seqüenciados, como nos casos de Arabidopsis thaliana (Kaul et al.,

2000) e do arroz (Yu et al., 2002) ou em projetos nos quais foram seqüenciados

milhares de cDNAs oriundos de bibliotecas construídas a partir de diferentes

órgãos/tecidos e em diferentes condições de estresse, também conhecidos como

projetos ESTs (expressed sequence tags). Como exemplo do último caso, na área

vegetal destaca-se o projeto Café da Rede de Seqüenciamento financiado pelo

Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, Embrapa, CNPq e

FAPESP.

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Os projetos de seqüenciamento acima citados são de extrema importância,

entretanto sabe-se que a simples identificação de um gene não é garantia para a

sua utilização na obtenção de transgênicos. A produção eficiente de uma proteína

heteróloga em uma planta depende, por exemplo, da obtenção de altos níveis de

transcrição do gene introduzido e para isso promotores altamente ativos são

necessários (Rance et al., 2002).

1.5 Promotores constitutivos X tecido- específicos

O promotor é o processador central da regulação de um gene uma vez que

contém os sítios de ligação para os fatores de transcrição (TFs) e para a RNA

polimerase responsável pela transcrição gênica. Compreende por definição a

região 5' da seqüência a ser transcrita podendo se estender por algumas centenas

de pares de base (pb).

A região promotora de um gene eucarioto, em geral, possui uma seqüência

conservada (T/A)A(A/T) a aproximadamente 30 pb do ponto de início da

transcrição, a qual é comumente denominada TATA Box, e elementos promotores

proximais que estão localizados a aproximadamente 100 (CCAAT Box) e 200 pb

(GC Box) acima do ponto de início da transcrição (Stephen et al., 2003) Os

elementos contidos em tais seqüências normalmente determinam o ponto correto

de início da transcrição, bem como o local e o momento em que esse processo

biológico deverá ocorrer. Nesse contexto, a região mínima de seqüência contínua

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de DNA necessária para dirigir corretamente o início da transcrição de um gene

pela maquinaria de transcrição, que inclui o próprio ponto de início de transcrição

(+1) bem como cerca de 35 nucleotídeos acima e abaixo do mesmo, é

denominada promotor principal ou core promoter (Butler e Kadonaga, 2002).

Os processos que proporcionam a modulação transcricional são

extremamente complexos e ocorrem através de uma intricada rede de interações

envolvendo os elementos já citados e outros elementos localizados em regiões

mais distantes da região core (“enhancers” e “silencers”). Promotores apresentam

inúmeros sítios de ligação para fatores de transcrição específicos, que por sua vez

são ativados sob as mais diversas situações, tais como, estímulos endógenos

(auxinas, giberilinas, ácido salicílico, acido jasmônico, etc...) e estímulos exógenos

(luz, pressão, umidade, temperatura, etc...). A ação combinatória dos mesmos

determina a ativação ou repressão da expressão gênica.

Os promotores constituem, portanto, uma ferramenta chave em processos

biotecnológicos a fim de garantir que a expressão de um gene de interesse seja

efetiva e regulada. Dentre os promotores usualmente empregados na produção de

plantas geneticamente modificadas destacam-se o promotor 35S do Vírus do

Mosaico da Couve Flor (CaMV 35S), os promotores dos genes que codificam

respectivamente a nopalina sintetase (NOS) e octopina sintetase (OCS) de

Agrobacterium tumefaciens e o promotor do gene que codifica a ubiquitina (Ubi-1)

de milho. Apesar dos grandes avanços obtidos com o emprego desses

promotores, os padrões de expressão dos transgenes submetidos à regulação dos

mesmos são variados e baixos em alguns casos (Zheng e Murai, 1997; Green et

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al., 2002), não havendo garantia de expressão no órgão/tecido adequado

(Neuteboom et al., 2002).

O uso de promotores ubíquos, como os citados, determina a expressão do

produto gênico em todos os órgãos da planta, o que nem sempre é desejável.

Promotores como o CaMV 35S quando associados, por exemplo, a genes

utilizados para seleção de transformantes (tais como os que conferem resistência

a antibióticos) determinam, em geral, a expressão do produto gênico em todos os

tecidos da planta. Tal característica, desnecessária e indesejável em plantas

geneticamente modificadas destinadas, por exemplo, à alimentação animal e

principalmente humana, tende a diminuir a aceitação do produto final, ou de seus

derivados, pelos consumidores. Portanto, promotores tecido-específicos seriam de

grande importância nestes casos, e alguns estudos já vem sendo conduzidos com

esse propósito. Como exemplo podemos citar o trabalho realizado por Huang et al.

(2001) que desenvolveram em arroz, a partir da identificação de um promotor calo-

específico, um método de seleção de plantas transformadas que inviabiliza a

expressão do gene de resistência ao agente de seleção em outros órgãos/tecidos,

como por exemplo, no grão. Promotores com tais características permitem o

correto direcionamento da expressão dos genes de interesse evitando os efeitos

indesejáveis possivelmente derivados da expressão constitutiva em toda a planta.

Outro motivo de preocupação relativo ao uso de plantas geneticamente

modificadas refere-se à expressão de proteínas tóxicas como as utilizadas para o

controle de determinados insetos pragas. Muitos trabalhos relatam a eficiente

utilização da toxina Bt (de Bacillus thuringiensis) em plantas transgênicas no

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controle de pragas (Shu et al., 2000; Leroy et al., 2000, Nester et al., 2002).

Entretanto, tal metodologia pode fazer com que os insetos alvo adquiriram

resistência quando mantidos sob constante pressão de seleção (Meng et al.,

2004), o que normalmente acontece quando promotores constitutivos são

utilizados para expressão das proteínas heterólogas. Adicionalmente, a presença

da toxina em todas as partes da planta pode causar a insatisfação e até mesmo

repulsão do produto pelo consumidor.

Esses efeitos indesejados poderiam ser minimizados através do uso de

promotores órgão/tecido-específicos que, se possível, fossem responsivos a

determinados estímulos como, por exemplo, a um determinado estresse biótico.

Neste caso, a expressão do transgene seria limitada ao período de duração do

estímulo e principalmente direcionada para o local onde o estímulo foi produzido.

Promotores com tais características já têm sido isolados em diferentes espécies

vegetais (Park et al., 2000; Song et al., 2002; Wang et al., 2002) e até mesmo

sinteticamente construídos para este fim (Rushton et al., 2002). Um aspecto

limitante, nesses casos, refere-se às questões de propriedade intelectual que

restringem a utilização dos mesmos. Por outro lado, a disponibilidade de

promotores com padrões de expressão conhecidos e restritos a determinados

órgãos/tecidos é praticamente inexistente em café (Tabela 1).

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Tabela 1. Promotores isolados de café Promotor Produto do gene intacto Órgão/tecido Referência

11S** Proteína de reserva 11S Fruto/Sementes Marraccini et al.,

1999

NMT* N-metiltransferase Folha Satyanarayana et al., 2005

CcDH2* Dehidrina Fruto/Sementes Hinniger et al., 2006

rbcS1** Rubisco – subunidade menor Folha US Patent 7153953

Tub** Alfa-tubulina Ubíquo US Patent 6903247

OLE** Oleosina Fruto/Sementes WO/2007/005928

PAL** Fenilalanina amônia-liase Ubíquo US Patent 6441273

*Coffea canephora **Coffea arabica

A obtenção de plantas geneticamente modificadas com genes de interesse

agronômico (relacionados com resistência a pragas, doenças, seca, geada, etc...)

isolados de espécies selvagens de Coffea representa um avanço significativo, pois

permite acelerar drasticamente o processo de obtenção de novos cultivares.

Nesse contexto, o direcionamento da expressão dos genes de interesse para

determinados órgãos específicos da planta utilizando-se de promotores

tecido/órgão-específicos provenientes da própria espécie, constitui uma importante

ferramenta biotecnológica. Tal inovação viabiliza não só a construção de cassetes

de expressão compostos de subunidades (promotor e gene) pertencentes ao

gênero Coffea, mas também a obtenção de um padrão de expressão tecido-

específico altamente desejável tanto do ponto de vista de biossegurança como de

opinião pública. A busca por promotores com tais características tem sido uma

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prioridade em programas biotecnológicos que visam a produção e liberação

comercial de organismos geneticamente modificados.

1.6 Projeto Genoma Café

Em fevereiro de 2002, por iniciativa do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e

Desenvolvimento do Café (CBP&D-Café) (coordenado pela Embrapa Café), em

colaboração com a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP) e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, teve início o Projeto

Genoma Café. O banco de dados gerado é composto por aproximadamente 37

diferentes bibliotecas de ESTs (Tabela 2) oriundas de diversos órgãos/tecidos

(folhas, raízes, frutos, flores e ramos) de Coffea arabica, Coffea canephora e

Coffea racemosa, órgãos/tecidos estes sadios ou submetidos a condições de

estresse biótico e/ou abiótico (pragas, doenças, frio, calor, seca) em diversos

estágios de desenvolvimento. Foram seqüenciados 214964 ESTs sendo 130792

de C. arabica, 12381 de C. canephora e 10566 de C. racemosa. Após a

clusterização dos mesmos chegou-se a um valor total de 17982 contigs e 32155

singletons, resultando em aproximadamente 33000 diferentes seqüências (Vieira

et al., 2006). Buscas empregando a ferramenta Blast no Genbank do National

Center for Biotechnology Information (NCBI) revelou que cerca de 22% das

seqüências geradas não apresentaram similaridade significativa com seqüências

depositadas no banco (Vieira et al., 2006).

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Espera-se que as informações geradas a partir do projeto Genoma Café

possam viabilizar, com maior rapidez e eficiência, o desenvolvimento de

variedades tolerantes a estresse abióticos e principalmente resistentes ao ataque

de pragas e doenças.

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Tabela 2. Listagem das bibliotecas, e seus respectivos tecidos/tratamentos,

geradas e seqüenciadas pelo projeto Genoma Café. À direita encontram-se os

valores numéricos de reads seqüenciados por biblioteca.

Bibliotecas Características Números de reads válidos

AR1,LP1 Plântulas e folhas tratadas com ácido araquidônico 5664

BP1 Suspensão celular tratada com acibenzolar-S-methyl 12379

CB1 Suspensão celular tratada com acibenzolar-S-methyl e brassinosteróides 10311

CL2 Hipocótilos tratados com acibenzolar-S-methyl 11615

CS1 Suspensão celular tratada com NaCl 10803

EA1,IA1,IA2 Calos embriogênicos 9191

EB1 Embrião zigótico (fruto imaturo) 192

EC1 Calos embriogênicos de Coffea canephora 8050

EM1,SI3 Sementes em germinação 9201

FB1,FB2,FB4 Botão floral em diferentes estágios de desenvolvimento 23036

FR1,FR2 Botão floral + chumbinho + frutos em diferentes estágios de maturação 14779

FR4 Frutos (Coffea racemosa ) 7967

FV2 Frutos estágios 1,2 e 3 (Coffea racemosa ) 7195

CA1,IC1,PC1 Calo não embriogênico com e sem 2,4 D 12135

LV4,LV5 Folhas jovens dos ramos plagiotrópicos 15067

LV8,LV9 Folhas adultas dos ramos plagiotrópicos 11864

NS1 Raízes infectadas com nematóides 569

PA1 Calo embriogênico primário 2483

RM1 Folhas infectadas com bicho-mineiro e ferrugem 5567

RT3 Raízes 560

RT5 Raízes com acibenzolar-S-methyl 2311

RT8 Células em suspensão estressadas com alumínio 9119

RX1 Ramos infectados com Xylella spp. 9563

SH1 Folhas de plantas em estresse hídrico (Coffea canephora ) 368

SH2 Plantas em estresse hídrico (vários tecidos) 6824

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2. Objetivos

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O presente trabalho teve como objetivo isolar e caracterizar promotores

específicos de raiz e folha de Coffea arabica, ativados ou não sob condições de

estresse biótico (nematóide e ferrugem), empregando-se para tal as informações

do Banco de Dados do Projeto EST Genoma Café.

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3. Material e Métodos

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3.1 Material Vegetal

Em todos os experimentos descritos no presente trabalho foram utilizados

órgãos/tecidos vegetais da espécie Coffea arabica, variedade Mundo Novo,

material este susceptível a ferrugem, bicho mineiro e nematóide, variedade esta

pertencente ao Programa de Melhoramento do Instituto Agronômico de Campinas

(IAC). Os materiais vegetais foram mantidos no Centro de Análise e Pesquisa

Tecnológica do Agronegócio do Café "Alcides Carvalho" situado no IAC, onde

também foram realizadas todas as análises empregando os mesmos.

3.2 Seleção in silico de ESTs com padrão de expressão

órgão/tecido – específico

Os ESTs com padrão de expressão órgão/tecido-específico foram

selecionados in silico empregando-se o banco de dados do Genoma Café

(http://www.lge.ibi.unicamp.br/cafe/). Para tal foram utilizadas as ferramentas de

northern eletrônico disponíveis no site.

A identificação dos ESTs órgão/tecido-específicos foi feita comparando-se

os contigs presentes em dada biblioteca tecido-especifica com os contigs

presentes nas demais bibliotecas. Os contigs formados por reads provenientes

unicamente de uma determinada biblioteca e representado um determinado tecido

ou órgão foram considerados tecido-específicos. Tais contigs foram então

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analisados quanto à presença dos mesmos em bibliotecas oriundas de tecidos

submetidos a determinados estresses. Todos os ESTs selecionados e tidos como

tecido-específicos foram submetidos a análises de Blast no banco do NCBI

(http:www.ncbi.nlm.nih.gov.br) visando confirmação da identidade dos mesmos.

Após a fase de seleção in silico, a especificidade a um dado tecido foi confirmada

por meio da técnica de Transcrição Reversa (RT)-PCR utilizando-se

oligonucleotídeos específicos.

3.3 Extração de RNA total de café

Visando confirmar in vivo, via RT-PCR, a especificidade da expressão dos

ESTs selecionados nas análises in silico, o RNA total de diferentes órgãos/tecidos

de café foi extraído utilizando protocolo desenvolvido em nosso laboratório.

Amostras de flor, frutos em diferentes fases de desenvolvimento

(chumbinho, chumbão, verde, verde cana e maduro), folha sadia, folha atacada

com bicho mineiro, folha infectada com ferrugem, raiz sadia, raiz infectada com

nematóides, foram coletadas e mantidas à -80°C até o processo de extração ser

iniciado.

Aproximadamente 500 mg do tecido vegetal foi macerado em nitrogênio

líquido, com auxílio de um almofariz, juntamente com 5 ml de tampão de extração

(8 M Guanidina-HCl; 50 mM Tris-HCl pH 8; 20 mM EDTA pH 8; 2% PVP PM

40000 e 50 mM de β-mercaptoetanol) até a obtenção de um pó fino e

51

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homogêneo. O macerado foi então transferido para um tudo de centrifuga de 15 ml

e mantido no gelo até o completo descongelamento do mesmo. Em seguida foram

adicionados 5 ml de fenol: clorofórmio: álcool isoamílico, na proporção de

25:24:1(v/v), homogeneizando a solução por inversão por aproximadamente 30

segundos. Posteriormente as amostras foram centrifugadas a 10000g por 15

minutos a 4°C (todas centrifugações desse protocolo foram realizadas a 4°C).

Após centrifugação a fase superior foi coletada e transferida para um novo tubo de

15 ml e a extração repetida com a adição de 5 ml de fenol: clorofórmio: álcool

isoamílico (25:24:1, v/v) com subseqüente centrifugação a 10000g por 15 minutos.

A fase superior foi novamente coletada e lavada com 1 volume de clorofórmio:

isoamílico (24:1, v/v) até o completo desaparecimento de fase orgânica, sendo

que entre as lavagens o material foi centrifugado por 10000g por 15 minutos e a

fase superior coletada.

Com a fase aquosa livre de impurezas, o RNA foi precipitado com 0,2

volumes de acetato de sódio 1M e 1 volume de etanol absoluto gelado por 12

horas a 4°C. A amostra foi então centrifugada a 13000g por 30 minutos e o

sobrenadante descartado. O precipitado foi lavado duas vezes com 300 µl de

acetato de sódio 3M e uma vez com 1 ml de etanol 70% gelado. O precipitado foi

mantido à temperatura ambiente visando a completa evaporação do etanol, e logo

após, este foi ressuspendido em 100 µl de água estéril ultra pura.

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3.4 Quantificação do RNA e síntese de cDNA

Após extração, o RNA total foi analisado por eletroforese em gel

desnaturante de agarose 1% contendo formaldeído como agente desnaturante. O

gel foi corado com brometo de etídeo 0,1 µg/ml. Após verificação da integridade,

os RNAs foram quantificados em espectrofotômetro a 260 nm e 280 nm,

assumindo que A260=1,0 corresponde a 40 µg/ml de RNA. Após quantificação, 1

µg de RNA total foi tratado com DNAse I e utilizado para síntese dos cDNAs.

Os cDNAs foram sintetizados utilizando-se o kit ThermoScript TM RT-PCR

System (Invitrogen Life Technologies) conforme protocolo descrito pelo fabricante.

3.5 Validação dos cDNAs obtidos

Os cDNAs foram validados via RT-PCR utilizando oligonucleotídeos

específicos (actin-F: GACCTCACAGATCACCTCAT, actin-R:

GTAGTCTCGTGGATACCAGC) cujo alvo de amplificação é o gene ubíquo que

codifica actina em café. As reações foram realizadas empregando 0.5 µl de cDNA

em tampão de reação 1X contendo 1,5 mM MgCl2, 0,2 mM de cada dNTP, 0,1 µM

de cada oligonucleotídeo e 5 unidades (u) da enzima Taq DNA polimerase

(Invitrogen). As condições de ciclagem foram: desnaturação inicial a 94oC por 5

minutos, seguida de 30 ciclos de 94oC por 45 segundos, 52oC por 40 segundos de

polimerização a 72oC por 1 minuto.

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3.6 Confirmação da especificidade de expressão

A especificidade de expressão dos ESTs selecionados nas análises in silico

foi validada por PCR empregando-se alíquotas de cDNA dos diferentes

órgãos/tecidos de café. Para tal, pares de oligonucleotídeos (forward e reverso)

específicos para cada EST identificado no banco foram sintetizados (Tabelas 3 e

4) e utilizados nas reações de amplificação. Nesse caso, a seqüência de

nucleotídeos do read mais conservado do contig selecionado foi utilizada para

desenho dos oligos. As reações foram realizadas como descrito no item 3.5 (0.5 µl

de cDNA, 1X PCR Buffer; 1,5 mM MgCl2; 0,2 mM dNTP mix; 0,1 µM de oligos

forward e reverso; e 5 u de Taq DNA polimerase) e as condições de ciclagem

estabelecidas levando-se em consideração o tamanho do fragmento amplificado e

a temperatura de anelamento dos oligos gene-específicos.

3.7 Análise da indução da expressão do gene específico de

raiz por ferimento empregando northern blot

Com o intuito de verificar a possível indução da expressão do gene raiz-

específico por lesão mecânica, sementes de C. arabica var. Mundo Novo, foram

germinadas em papel de filtro umedecido com água destilada. As plântulas foram

mantidas em câmara de crescimento a 28°C sob fotoperíodo de 16 horas de luz

entre 30 á 40 dias, até que atingissem o grau de desenvolvimento radicular

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desejado (~10 centímetros). Pequenas lesões radiculares foram induzidas

artificialmente com auxílio de bisturi estéril. Amostras foram coletadas nos tempos

0, 24, 48, 72 horas pós-ferimento para posterior extração de RNA total e análise

por northern blot utilizando uma sonda especifica.

O RNA total (25 µg) extraído das raízes nos tempos amostrados foi

separado em procedimento padrão de eletroforese em gel desnaturante 1,2%

agarose em tampão MOPS 1X. Após a eletroforese, o RNA total foi transferido por

capilaridade, durante 16 horas, em solução 10X SSC para uma membrana de

nylon (Hybond N+; Amersham, Buckinghamshire, UK). Após a transferência, a

membrana foi levada ao forno a uma temperatura de 80°C, por cerca de 10

minutos (secagem da membrana), e em seguida, o RNA foi fixado por exposição

da membrana à luz ultravioleta durante 10 segundos.

3.7.1 Marcação de sonda e hibridização da membrana

A sonda foi marcada a partir de um molde correspondente a um fragmento

de 400 pb amplificado por PCR e purificado um gel de agarose. Este fragmento

correspondente a uma região interna do EST específico de raiz selecionado no

banco do Genoma Café, região esta, única ao EST em questão quando

comparada em análise empregando a ferramenta Blast no NCBI.

Aproximadamente 50 ng de DNA foram marcados com dATP32 utilizando-se

o kit Ready-To-Go TM DNA Labelling Beads (Amersham Pharmacia Biotec). O

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procedimento de marcação e purificação da sonda foi realizado conforme descrito

pelo fabricante. A pré-hibridização da membrana foi realizada em solução de

hibridização (50% formamida deionizada; 5X SSPE, 5X Solução Denhards; 1%

SDS) durante 4 horas a temperatura de 42°C. Após a pré-hibridização, a sonda

previamente marcada com 32P e desnaturada por 5 minutos a temperatura de

100°C foi cuidadosamente adicionada à solução de hibridação (50% formamida

deionizada; 5X SSPE, 5X Solução Denhards; 1% SDS), sendo a membrana

incubada por 16 horas a 42°C. Após esse período, a membrana foi lavada por três

vezes durante 15 minutos em solução de lavagem (2X SSC + 0,1% SDS) à

temperatura de 42°C. Em seguida, a membrana foi exposta a um filme de auto-

radiografia por 72 horas a temperatura de –70°C sendo o mesmo posteriormente

revelado.

3.8 Isolamento e identificação das regiões promotoras

A região do DNA localizada a montante (5’) dos ESTs validados por RT-

PCR, correspondente portanto a região regulatória dos genes em análise, foi

amplificada empregando a técnica de genome walking e DNA genômico de café.

Para tal os seguintes procedimentos foram realizados.

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3.8.1 Isolamento de DNA total de folha de café

As amostras de folha foram coletadas no inicio da manhã, sendo

selecionadas preferencialmente folhas jovens, pertencentes ao segundo par dos

ramos plagiotrópicos. Após a coleta, as folhas foram lavadas com etanol 70% e

água Milli-Q estéril e mantidas em nitrogênio líquido.

Aproximadamente 1 g do tecido vegetal foi macerado em nitrogênio líquido,

com auxílio de um almofariz, juntamente com 7 ml de tampão de extração (350

mM de Sorbitol; 100 mM Tris-HCl pH8; 50 mM EDTA pH 8; 0,5% Bisulfito de sódio

ou 50 mM de β-mercaptoetanol) até a obtenção de um pó fino e homogêneo. O

macerado foi então transferido para um tudo de centrífuga de 50 ml e mantido no

gelo até o completo descongelamento da amostra. Em seguida a amostra foi

centrifugada a 10000g por 20 minutos a 4°C. Após essa etapa o sobrenadante foi

descartado e o precipitado ressuspendido em 2,5 ml de tampão de extração.

Acrescentou-se 3,5 ml de tampão de lise (200 mM Tris-HCl pH8; 50 mM EDTA pH

8; 2 M NaCl; 2% MATAB), sendo a amostra homogeneizada por inversão.

Adicionou-se 700 µl de SDS 10%, procedendo-se novas inversões até a solução

ficar translúcida. Posteriormente a amostra foi incubada em banho-maria a 65°C

por 30 minutos, misturando-a ocasionalmente. Após esse período os tubos foram

retirados do banho e mantidos na capela até atingirem a temperatura ambiente.

Em seguida adicionou-se 1 volume (~7 ml) de clorofórmio: álcool isoamílico (24:1,

v/v) e procedeu-se uma nova homogeneização por inversão. A emulsão foi então

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submetida a centrifugação a 10000g por 20 minutos a 4°C. A fase aquosa superior

foi transferida cuidadosamente para um novo tudo e o DNA precipitado com 500 µl

de acetato de sódio 3 M e 5 ml de isopropanol absoluto gelado, sendo mantida a -

20°C por no mínimo 4 horas. Após o período de incubação a amostra foi

centrifugada a 10000g por 30 minutos a 4°C e o sobrenadante descartado. O

precipitado foi lavado com etanol 70% gelado e mantido à temperatura ambiente

até a completa evaporação do mesmo. O DNA foi então ressuspenso em 200 µl

de solução TRIS-EDTA pH 8.0 (10 mM Tris-HCl, pH 8.0 e 1 mM EDTA, pH 8.0)

sendo mantido acondicionado em freezer -20°C.

3.8.2 Amplificação das regiões promotoras por genome

walking (GW)

As regiões promotoras putativas foram amplificadas utilizando-se o kit

Universal Genome Walker (Clontech), seguindo-se a risca o protocolo fornecido

pelo fabricante.

Foram sintetizados dois oligonucleotídeos gene-específicos reversos (GSP1

e GPS2), dispostos em seqüência, para cada seqüência alvo (read depositado no

banco). No desenho dos referidos oligos alguns parâmetros importantes foram

estabelecidos: tamanho (de 25 a 28 nucleotídeos); temperatura de melting (~67

°C) e conteúdo em G/C (de 40 a 60%). Para ambos genes com expressão tecido-

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especifica em análise, os GSPs foram posicionados o mais próximo da região 5’

do EST cuja seqüência estava disponível no banco.

Para a construção das bibliotecas de GW, quatro alíquotas de DNA

genômico de café (20 µg/cada) foram digeridas separadamente com as enzimas

de restrição DraI, EcoRV, PvuII e StuI, durante 18 horas, sendo a digestão

monitorada periodicamente em gel de agarose. As amostras digeridas com as

enzimas EcoRV e PvuII não ficaram boas, sendo as mesmas descartadas.

Após digestão do DNA genômico com as enzimas DraI e StuI, adaptadores

foram ligados à porção terminal dos fragmentos originados para a montagem das

bibliotecas. Visando a amplificação das regiões promotoras, alíquotas de DNA das

bibliotecas foram submetidas a rounds de amplificação por PCR (de acordo com o

protocolo do fabricante) utilizando-se dos oligos GSP1/GPS2 e oligonucleotídeos

complementares aos adaptadores (AP1/AP2). Amostras foram analisadas em gel

de agarose 1% corado com brometo de etídeo.

3.8.3 Isolamento, purificação e clonagem das regiões

promotoras

Os fragmentos únicos amplificados na etapa de GW foram retirados do gel

de agarose com auxílio de uma lâmina descartável, e purificados utilizando-se o kit

QIAEX II Gel Extraction (Quiagen) de acordo com especificações fornecidas pelo

fabricante. O DNA foi eluído da coluna utilizando-se água ultrapura a 70°C e não

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com solução TRIS-EDTA (TE), a fim de eliminar possível interferência do EDTA

em futuras ligações do inserto ao vetor.

Os produtos de amplificação purificados foram em seguida inseridos no

vetor pGEM® -T Easy (Promega). Alíquotas de aproximadamente 150 ng de DNA

foram dispostas em microtubo de 1 ml juntamente com 50% de Tampão de

Ligação 2X, 50 ng de vetor e 5 u de T4 DNA ligase. A reação de ligação

permaneceu por 16 horas à 14°C. Após esse período, uma alíquota do produto de

ligação foi inserida em Escherichia coli cepa DH5α por eletroporação.

Antes da eletroporação propriamente dita, células competentes de E. coli

cepa DH5α foram preparadas conforme descrito por Sambrook & Russel (2001), e

aliquotadas em tubos de 1ml e acondicionadas a -80°C.

No processo de eletroporação foram utilizados o equipamento BioRad

modelo Gene Pulser II e cubetas estéreis do mesmo fabricante. Foram aplicados

pulsos de 2.200-volts em 38 µl de células competentes adicionadas de 2 µl (~40

ng) do produto da ligação, totalizando um volume de reação 40 µl. Vale a pena

ressaltar que antes de efetuar os pulsos tanto a cubeta quanto as amostras foram

mantidas no gelo.

Imediatamente após o pulso, as células foram ressuspendidas em 1 ml de

meio Luria-Bertani (LB) líquido (10 g triptona; 5 g extrato de levedura, 10 g NaCl),

transferidas para tudo de microcentrífuga de 1,5 ml e mantidas sob agitação

constante de 300 rpm a 37°C durante 1 hora. Em seguida 300 µl da cultura foram

plaqueados em placas de Petri contendo meio LB sólido acrescido do antibiótico

apropriado, no caso ampicilina (100 mg/l) e contendo IPTG (24 mg/l) (isopropyl-β-

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D-thiogalactopyranoside) e X-Gal (20 mg/l). As placas foram mantidas em estufa

a 37°C durante 16 horas.

3.8.4 Minipreparação de DNA plasmidial e seqüenciamento

dos insertos

Foram selecionados três clones de cada evento de transformação para

validação quanto à presença do plasmídeo recombinante. Prováveis colônias

recombinantes (brancas) foram repicadas em 3 ml de meio LB líquido acrescido

de ampicilina 100 mg/l e mantidas sob agitação constante de 300 rpm a 37°C

durante 16 horas. Após o período de incubação as amostras foram centrifugadas e

sucessivas minipreparações de DNA plasmidial foram realizadas, utilizando-se o

QIAGEN Kit Miniprep (Quiagen), conforme descrito pelo fabricante.

Os plasmídeos foram analisados via padrão de digestão com EcoRI e

visualização em gel de agarose 1% corado com brometo de etídeo. As digestões

foram realizadas a 37°C na presença de tampão de reação 1X, 30 ng de DNA

plasmidial e água. Confirmada a presença do inserto, o DNA plasmidial (200 ng)

foi submetido a uma reação de seqüenciamento empregando o ABI PRISM®

BigDye Terminator Cycle Sequencing kit (Applied Biosystems). Foram

seqüenciados 3 clones de cada evento utilizando um equipamento automático

modelo ABI PRISM 377 (Applied Biosystems).

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As seqüências foram analisadas utilizando-se o programa Chromas 2.30 e

um consenso a partir dos três clones seqüenciados foi obtido. Um PCR de

validação foi realizado a fim de confirmar a sobreposição das regiões amplificadas

em relação aos seus respectivos ESTs. Para tal foram utilizados oligos forward

desenhados com base nas seqüências promotoras putativas obtidas e os oligos

reversos gene-específicos GSP1 e GSP2. Os produtos foram analisados em gel

de agarose 1% corado com brometo de etídeo.

3.8.5 Análise das seqüências e busca de domínios

regulatórios

As seqüências obtidas foram submetidas a análises comparativas com

seqüências depositadas no banco de dados do NCBI usando Blastn. Ao mesmo

tempo foram realizadas buscas por motivos regulatórios normalmente presentes

em regiões promotoras de genes de plantas utilizando o banco do PLACE

database (http:///www.dna.affrc.go.jp/htdocs/PLACE/) (Higo et al., 1999).

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3.9 Análise funcional das regiões promotoras através de

expressão transiente em raiz e folha de Coffea arabica

Antes de darmos início às análises funcionais através de transformação

estável em tabaco, a funcionalidade das regiões promotoras isoladas foi testada

em experimentos de expressão transiente via biobalística, utilizando-se para tal,

plântulas de Coffea arabica variedade Mundo Novo.

Cerca de cem sementes foram esterilizadas em hipoclorito de sódio, na

concentração de 1% de cloro ativo, durante 30 minutos. As sementes foram então

lavadas em abundância com água Milli-Q estéril, depositadas em papel de

germinação e mantidas em câmara de crescimento a uma temperatura de 30°C

durante aproximadamente 40 dias, até atingirem o tamanho desejado

(denominado de orelha de onça).

A fim de testar a viabilidade do processo de expressão transiente via

biobalística em café (dados não disponíveis na literatura), utilizou-se inicialmente o

vetor pRT103-Gus (pRT103 modificado; Töpfer et al., 1987) como controle. Este

vetor apresenta o gene repórter uidA (que codifica a β-glucuronidase - Gus) sob o

controle do promotor constitutivo 35S de CaMV (Figura 4).

Foram realizados testes de biobalística com dois diferentes tipos de

micropartícula, sendo testados ouro e tungstênio. Realizamos também testes com

pressão de disparo de 1100 e 600 psi, respectivamente.

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3.9.1 Preparação das micropartículas

Ambas micropartículas foram preparadas em paralelo (ouro BioRad 1.0

micron e tungstênio M25 BioRad), seguindo protocolo descrito por pesquisadores

da Embrapa Milho e Sorgo - Sete Lagoas (Manual de Transformação Genética de

Plantas).

Trinta miligramas de cada micropartícula foram transferidos para tubos de

microcentrífuga e tratados com 1 ml de etanol 70% durante 15 minutos sob

agitação baixa constante. Amostras foram centrifugadas a 15000g durante 5

minutos, o sobrenadante descartado e o pellet lavado 3 vezes com água Milli-Q

estéril, com sucessivas centrifugações (5 minutos a 15000g) entre as lavagens.

Após a última lavagem descartou-se o sobrenadante e ressuspendeu-se o pellet

em 500 µl de glicerol 50% estéril, distribuindo-se em alíquotas de 50 µl (~ 60

mg/ml) e estocando-as a -20°C.

Às alíquotas de micropartículas foram adicionados cerca de 10 µg de DNA

plasmidial (na concentração de 1 µg/µl), 50 µl de CaCl2 2,5 mM, 20 µl de

espermidina 100 mM, homogeneizando-as imediatamente e mantendo-as sob

agitação lenta durante 10 minutos. Uma centrifugação por 10 segundos a 8000g

visando uma leve sedimentação das micropartículas foi então realizada. O

sobrenadante foi descartado e o pellet cuidadosamente lavado duas vezes com

150 µl de etanol 70% e uma vez com etanol absoluto. As amostras foram

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ressuspensas em 60 µl de etanol absoluto, e dispostas em alíquotas de 10 µl por

membrana de disparo (capton 50 micra).

3.9.2 Teste controle de biobalística e ensaio enzimático de

Gus

Nos experimentos de biobalística foi utilizado um acelerador de partículas

(Biomics) desenvolvido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnológicos.

Foram utilizadas plântulas de café (variedade Mundo Novo) com

aproximadamente 45 dias pós-germinação em estágio de orelha de onça.

Durante os experimentos quase todos os parâmetros físicos variáveis de

bombardeio foram mantidos constantes. Apenas o tipo de micropartícula (ouro ou

tungstênio) e a pressão de disparo (1100 ou 600 psi de gás hélio) foram

modificados.

Foram realizados quatro disparos controle (pRT103 - Gus) por lote de seis

plântulas, sendo dois disparos na região epicotiledonar e dois na região

hipocotiledonar, alterando os parâmetros acima descritos (micropartícula/pressão),

a fim de verificar a melhor forma de obtenção de expressão transiente de Gus em

folhas e raízes de café.

O ensaio enzimático de revelação de Gus foi feito após 48 horas. O material

bombardeado foi submerso em solução de 50 mM de fosfato de sódio pH 7.5, 10

mM Na2EDTA, 0.1% Sarcosil, 0.1% Triton X-100, 5 mM Ferrocianato de potássio,

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5 mM Ferrocianeto de potássio, 10 mM β-mercaptoetanol e 1 mM do substrato X-

Gluc. As amostras foram mantidas no escuro a temperatura de 30°C durante 16

horas. Após esse período o material foi lavado com etanol 70%, visando o

bloqueio da atividade de Gus e a completa retirada da clorofila (no caso das

folhas), e então fixado em glicerol 50%.

3.9.3 Construção do cassete de expressão no vetor pRT103

– Gus

Para viabilizar a clonagem dos fragmentos obtidos por GW (putativas

regiões promotoras) no vetor pRT103-Gus, oligonucleotídeos específicos foram

desenhados visando a amplificação completa das seqüências regulatórias em

estudo. Sítios de reconhecimento para as enzimas de restrição HindIII na região 5’

(oligo forward) e NcoI na região 3’ (oligo reverso) foram adicionados aos mesmos

para viabilizar a clonagem dos produtos amplificados no vetor pRT103-Gus

igualmente digerido. Assim procedendo, o promotor 35S do vetor é substituído

pela seqüência promotora em análise de tal forma que o códon de iniciação do

gene gus fique em fase como o primeiro nucleotídeo da região regulatória a ser

testada. Cabe citar que foram escolhidas as enzimas HindIII e NcoI, pois em

testes de digestão estas não clivavam os fragmentos amplificados por GW.

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Como o vetor pRT103-Gus (Figura 4) apresenta dois sítios de restrição para

a enzima HindIII (circulado em vermelho), foi necessário realizar digestão parcial

do vetor para a retirada do promotor 35S (Figura 5).

Quatro alíquotas de aproximadamente 500 ng de pRT103-Gus foram

digeridas com 10 unidades (u) da enzima de NcoI a 37°C durante 3 horas. Depois

de monitorada, via gel de agarose, a linearização completa do vetor (Figura 5A),

este foi submetido a diferentes digestões com 5 u de HindIII em tempos de 5, 7, 10

e 15 minutos (Figura 5B). Verificou-se que a interrupção da reação após 10

minutos gerava produtos de digestão parcial que continham o fragmento desejado

(pRT103-Gus sem o promotor 35S). Repetiu-se então o processo de digestão no

tempo acima citado, e um fragmento de aproximadamente 4.3 kb, correspondente

ao vetor pRT103-Gus sem o promotor 35S, foi isolado e purificado do gel de

agarose utilizando-se o kit QIAEX II Gel Extraction (QIAGEN).

pRT103-Gus

bp

Sm14poly-A signal

AmpR

HindIII HindIII

BalI

NcoI BamHIGUS

35S

ori

Figura 4. Representação esquemática do vetor pRT103-Gus (~5 Kb) que

apresenta o gene repórter uidA (GUS) inserido entre os sítios BamHI e NcoI sob o

controle do promotor constitutivo CaMV35S. As posições dos sítios HindIII estão

indicadas por um círculo vermelho. Adaptado de Töpfer et al. (1987).

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1 2 3 4 M CO 5 7 10 15 M CO

B)- 5 Kb

A)

Figura 5. Ensaio de digestão parcial do vetor pRT103-Gus visando a retirada do

promotor constitutivo CaMV35S. Quatro amostras de 500 ng de pRT103-Gus

foram linearizadas com 10 u NcoI a 37°C durante 3 horas e analisadas em gel de

agarose 1% corado com brometo de etídeo (A). Digestões parciais posteriores

com HindIII com duração de 5, 7, 10 e 15 minutos (B) revelaram que o melhor

tempo para o isolamento do fragmento correspondente ao vetor sem o promotor

CaMV35S encontra-se no tempo de 10 minutos. M, marcador de peso molecular;

CO, controle plasmídeo linearizado.

As ligações foram realizadas na proporção de 3:1 (inserto : vetor) durante

18 horas a 16°C, sendo os produtos de ligação posteriormente utilizados para

transformação de E. coli eletrocompetente, cepa DH5α. As transformações foram

realizadas em eletroporador (BioRad) como descrito, plaqueadas em meio LB

seletivo contendo antibiótico apropriado (ampicilina 100 µg/ml) e colocadas para

crescer em estufa a 37°C durante 18 horas.

Cinco clones de cada construção foram repicados e colocados para crescer

em meio LB líquido seletivo a 37°C durante 16 horas sob agitação constante (200

rpm). Minipreparações de DNA plasmidial dos clones obtidos e ensaios de

digestão com enzimas de restrição foram realizados para confirmar a correta

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inserção dos fragmentos promotores no vetor. As seguintes construções foram

então obtidas: promotor do gene com expressão específica em raiz fusionado

transcricionalmente ao gene da uidA (Figura 6A) e promotor do gene com

expressão específica em folha fusionado transcricionalmente ao gene da uidA

(Figura 6B).

B)

A)

ATG

NcoI HindIII

Poly-A signal uidA Promotor de folha

ATG

NcoI HindIII

Poly-A signal uidA Promotor de raiz

Figura 6. Representação esquemática dos cassetes de expressão desenvolvidos

para a análise funcional das regiões promotoras amplificadas via genome walking

(os promotores não se encontram em escala). A) Promotor do gene com

expressão específica em raiz fusionado ao gene repórter uidA e B) Promotor do

gene com expressão específica em folha fusionado ao gene repórter uidA. Os

cassetes foram inseridos em vetor pRT103-Gus desprovido do promotor

CaMV35S.

69

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3.9.4 Ensaio de expressão transiente em folha e raiz de

Coffea arabica via biobalística

Os plasmídeos contendo os cassetes de expressão usados nos ensaios de

expressão transiente (Figura 6) foram purificados empregando-se o QIAGEN

Plasmid Midi Kit (QIAGEN), segundo protocolo fornecido pelo fabricante. Após as

preparações, alíquotas do DNA plasmidial foram quantificadas em

espectrofotômetro a 260 nm e as amostras ajustadas para a concentração final

desejada (1 µg/µl).

Para os ensaios de biobalística foram utilizadas as construções abaixo

relacionadas e como controle positivo o vetor pRT103-Gus fechado, isto é,

contendo o gene uidA sob controle do promotor CaMV35S. Os tratamentos foram:

• Construção 1 - Controle positivo CaMV35S + Gus

• Construção 2 - Promotor específico de folha + Gus

• Construção 3 - Promotor específico de raiz + Gus

Todas construções foram bombardeadas tanto na região hipocotiledonar

como na epicotiledonar adotando os procedimentos descritos no protocolo do

Manual de Transformação Genética de Plantas, produzido pela Embrapa Milho e

Sorgo - Sete Lagoas, com algumas modificações. Foram realizados 8 disparos por

planta, sendo quatro na região hipocotiledonar (1100 psi), dois disparos de cada

70

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lado da plântula e quatro na região epicotiledonar (600 psi), sendo repetida as

inversões.

Após os ensaios de biobalística, o material vegetal foi mantido em papel de

germinação umedecido com água Milli-Q em câmara de crescimento a 30°C

durante 48 horas, tempo após o qual foi iniciado o ensaio enzimático de revelação.

A revelação foi realizada como descrito anteriormente (item 3.9.2) e o material

analisado em lupa e em microscópio óptico.

3.10 Construção do cassete de expressão em pCAMBIA-

1381 visando transformação estável em tabaco

Cerca de 1 µg dos plasmídeos pRT103 contendo os cassetes de expressão

em análise, utilizados e principalmente funcionais em experimentos de expressão

transiente, foram digeridos a 37°C durante 3 horas com as enzimas de restrição

HindIII e NcoI para a excisão das regiões promotoras. O vetor de transformação

pCAMBIA-1381 (Figura 7) foi igualmente digerido com HindIII e NcoI.

As ligações foram realizadas na proporção de 3:1 (inserto : vetor) durante

18 horas a 16°C, sendo os produtos de ligação posteriormente utilizados para

transformação de E. coli eletrocompetente, cepa DH5α. As bactérias foram então

plaqueadas em meio LB seletivo contendo antibiótico apropriado (canamicina 100

µg/ml) e incubadas em estufa a 37°C durante 18 horas.

71

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Três clones de cada construção foram repicados em meio LB líquido

seletivo e colocados para crescer a 37 °C durante 16 horas sob agitação

constante (200 rpm). Após a obtenção do DNA plasmidial, estes foram

seqüenciados em seqüenciador automático visando analisar se as regiões

promotoras aqui identificadas encontravam-se corretamente fusionadas ao gene

uidA do vetor pCAMBIA-1381.

Figura 7. Representação esquemática do plasmídeo pCAMBIA-1381 (Cambia)

utilizado na construção dos cassetes de expressão visando a posterior

transformação estável de tabaco empregando Agrobacterium tumefaciens. Os

promotores identificados nesse trabalho foram clonados entre os sítios HindIII e

NcoI em fusão com o gene repórter uidA (Fonte:

http://www.cambia.org/daisy/cambia/home.html).

72

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3.11 Transformação de Agrobacterium tumefaciens cepa

LBA4404 por eletroporação e confirmação das células

transformadas

Células eletrocompetentes de Agrobacterium tumefaciens cepa LBA4404

foram transformadas com as referidas construções conforme descrito no item

3.9.3, entretanto com algumas modificações. No processo de eletroporação foram

aplicados pulsos de 2.200-Volts em 38 µl de células competentes contendo 2 µl

(~40 ng) da ligação. Imediatamente após o pulso, as células foram ressuspensas

em 1 ml de meio YEP líquido (10 g triptona; 10 g extrato de levedura, 10 g NaCl),

transferidas para tudo de microcentrífuga de 1,5 ml e mantidas sob agitação

constante de 300 rpm a 28°C durante 4 horas. Após esse período, 300 µl foram

plaqueados em meio YEP sólido acrescido de antibiótico apropriado, no caso

canamicina 100 µg/ml, estreptomocina 300 µg/ml e rifampicina 100 µg/ml. As

placas foram mantidas em estufa a 28°C durante 48 horas.

Após esse período, três clones de cada construção foram repicados em 3

ml de meio YEP liquido seletivo (contendo canamicina 100 µg/ml, estreptomocina

300 µg/ml e rifampicina 100 µg/ml) e a cultura permaneceu em estufa a 28°C

durante 48 horas sob agitação constante de 200 rpm. Minipreparações de DNA

plasmidial (QIAGEN Kit Miniprep) e análises de PCR utilizando-se de oligos

73

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específicos foram realizadas a fim de confirmar a transformação das

agrobactérias.

3.12 Obtenção de plantas transgênicas de tabaco

As agrobactérias transformadas com os cassetes de expressão contendo

os promotores de raiz e folha, respectivamente, foram incubadas em 5 ml de meio

YEP líquido seletivo com agitação entre 100-150 rpm a 28°C, até atingirem uma

absorbância (600 nm) entre 0.5 e 1. Posteriormente, 1 ml do inóculo de cada

construção foi transferido para um tubo de centrífuga de 50 ml, ao qual foi

adicionado 4 ml de meio YEP líquido. Tais amostras foram mantidas à

temperatura ambiente até a utilização.

Plantas de tabaco (Nicotiana tabacum SR1) cultivadas in vitro foram

utilizadas no processo de transformação. Discos foliares de 1 cm2 foram retirados

com auxílio de um vazador de ferro previamente esterilizado, e mantidos em placa

de Petri até o processo de transformação. Para cada construção foram utilizadas

cinco placas de Petri com dez discos foliares cada. Os discos foram imersos por

15 minutos no meio YEP contendo as agrobactérias sendo posteriormente secos

em papel de filtro estéril e transferidos para placas contendo meio MS sólido

(Murashige & Skoog, 1962). Essas placas forma mantidas no escuro durante 48

horas em sala de crescimento a 28°C. Após esse período, os discos foram

transferidos para placas de Petri contendo meio MS sólido adicionado de 100

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µg/ml de higromicina, 500 µg/ml de cefotaxima, 1 µg/ml de 6-benzilaminopurina

(BAP) e 100 µg/ml ácido naftalenoacético (ANA). As placas foram mantidas por

aproximadamente 30 dias em sala de crescimento sob fotoperíodo de 16 horas de

luz até o surgimento de calos. Como controle positivo foram utilizados discos

foliares não transformados mantidos no meio seletivo acima citado.

Posteriormente as pequenas plântulas formadas a partir desses calos foram

individualizadas em potes de vidro contendo meio de enraizamento (meio MS

descrito acima, porém desprovido do hormônio 6-benzilaminopurina) para indução

da formação de raízes.

3.13 Análise dos transformantes via PCR e ensaio

enzimático de Gus

Foram regeneradas 17 plantas transformadas com a construção contendo o

promotor específico de folha e 27 com a construção contendo o promotor

específico de raiz, respectivamente. A fim de confirmar a inserção dos cassete de

expressão, DNA genômico das prováveis plantas transgênicas foi extraído a partir

de tecido foliar, utilizando o protocolo descrito por Konieczny e Ausubel (1993),

com algumas modificações.

Cerca de 100 mg de tecido foliar de tabaco, previamente macerado em

nitrogênio líquido, foram transferidos para tubo de microcentrífuga e a este

adicionado 500 µl de tampão de extração, contendo 100 mM Tris pH 8, 50 mM

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EDTA pH8, 500 mM NaCl, 10 mM de β-mercaptoetanol e 35 µl de SDS 20%. As

amostras foram incubadas a 65°C por 10 minutos e após esse período foi

adicionado 130 µl de acetato de potássio 5 M. Em seguida as amostras foram

mantidas durante 5 minutos no gelo e posteriormente centrifugadas durante 15

minutos a 15000g. O sobrenadante foi então transferido para um novo tubo, e o

DNA precipitado com 640 µl de isopropanol e 60 µl de acetato de sódio 3 M,

permanecendo durante 30 minutos a -20°C. As amostras foram então

centrifugadas a 15000g durante 15 minutos, o sobrenadante descartado e o

sedimento (DNA) lavado com 500 µl de etanol 70% gelado. Após a completa

secagem do mesmo, o DNA foi ressuspenso em 50 µl de água Milli-Q.

A inserção dos cassetes de expressão nas plantas regeneradas foi

confirmada em reações de PCR empregando 2 µl de DNA genômico em tampão

de reação 1X, contendo 1,5 mM MgCl2, 0,2 mM de cada dNTP, 1µM

oligonucleotídeo específicos forward e reverso, e 5 u de Taq DNA polimerase

(Invitrogen). Os produtos de amplificação foram analisados em gel de agarose 1%

corado com brometo de etídeo. As plantas tidas como positivas na reação de PCR

foram submetidas a ensaio histoquímico de Gus como descrito no item 3.9.2.

76

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3.14 Análise da expressão do gene repórter uidA em plantas

transgênicas transformadas com o cassete de expressão

contendo o promotor específico de folha em resposta a dano

mecânico

Para tal foram analisadas aleatoriamente cinco plantas da geração F1 de

cinco diferentes eventos de transformação (sendo amostrado portanto um total de

vinte e cinco plantas), todas positivas em análise de PCR e em ensaio

histoquímico de Gus. Plântulas de aproximadamente 30 d.a.g (dias após

germinação) tiveram parte de suas folhas lesionadas, com auxilio de uma pinça

estéril e 4 horas após tratamento, as mesmas foram submetidas a ensaio

histoquímico de Gus como descrito no item 3.9.2.

3.15 Análise da expressão do gene repórter uidA em plantas

transgênicas transformadas com o cassete de expressão

contendo o promotor específico de raiz em resposta ao ataque de

nematóides

Neste experimento foram utilizados nematóides da espécie Meloidogyne

javanica reproduzidos e isolados de tomateiros. Aproximadamente 300 gramas de

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tecido radicular infectado com M. javanica foram triturados durante 30 segundos,

com auxilio de um liquidificador comercial, em 200 ml de hipoclorito de sódio a

0,05%. A solução foi então peneirada em telas de nylon de 250 e 25 µM,

respectivamente. O material depositado na peneira de 250 µM foi descartado

(restos de tecido radicular) e o retido na peneira de 25 µM (ovos e nematóides em

estágio juvenil) foi enxaguado com água em abundância, visando a completa

retirada do hipoclorito de sódio. Posteriormente o material foi coletado, diluído em

200 ml de água potável e transferido para um Becker de vidro. Esta solução foi

mantida sob aeração constante, com auxílio de uma bomba de aquário, e mantida

em banho-maria a 28ºC durante 72 horas no escuro. Esta etapa é de extrema

importância a fim de obter um inoculo homogêneo, com grande quantidade de

nematóides em estágio juvenil. Após esse período, uma amostra de 1 ml da

solução foi analisada em microscópio óptico e uma contagem estimada do número

de nematóides foi realizada. Foram inoculadas 60 plantas, sendo amostradas

aleatoriamente 12 plantas de 5 diferentes eventos de transformação, todas

positivas em ensaio de PCR, utilizando-se para tal, aproximadamente 4.000

nematóides em estágio juvenil por planta. As plantas inoculadas foram submetidas

a ensaio histoquímico de Gus, como descrito no item 3.9.2, após 24, 72 e 336 (14

dias) horas de tratamento.

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4. Resultados

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4.1 Seleção in silico de ESTs órgão/tecido–específicos

As análises in silico dos genes com expressão órgão/tecido-específica

foram realizadas utilizando-se as informações e ferramentas disponíveis no Banco

de Dados do projeto EST Genoma Café (http://www.lge.ibi.unicamp.br/cafe/). Para

tal, critérios mencionados no item 3.2 foram seguidos.

Durante as análises foram identificadas treze seqüências com provável

expressão específica em raiz, isto é, contigs formados unicamente por reads

oriundos de bibliotecas de tecido radicular (Tabela 3) e quinze seqüências com

provável expressão específica em folha, ou seja, contigs formados unicamente por

reads provenientes de bibliotecas de folha (Tabela 4). A fim de confirmar a

identidade dos candidatos selecionados, as seqüências de nucleotídeos dos ESTs

correspondentes foram anotadas manualmente e comparadas com as seqüências

depositadas no Genbank (NCBI). Pares de oligos específicos aos candidatos

selecionados foram sintetizados (Tabela 3 e 4) e utilizados em experimentos de

validação por RT-PCR empregando RNA total extraído de diferentes

órgãos/tecidos de café.

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Tabela 3. Listagem dos candidatos identificados via análise de northern eletrônico, apresentado padrão de expressão específico

em raiz. As seqüências dos oligonucleotídeos empregados para validação da especificidade dos ESTs selecionados in silico

estão disponibilizadas.

Cluster Blast RT-PCR Oligos (5’- 3’)

CART8-061-D05 Glutathione S-Tranferase Peroxidase N F-ATTGATGAGGTTTGGCATGA R-CCTTTTCAGGATCAGCAAGG CART5-010-E02 Peroxidase (EC 1.11.1.7) Isozyme 40K Precursor R, L F-AAGCAGGCTTTCGTTTCTCA R-CCCTTGGAAGAACTCACTGC Contig 126944 Disease Resistance Protein (CC-NBS class) Todos F-CAAGGGCTTCTCTCCTCCTT

R-TTTGGTGACGAGTCCCTTGT Contig 13823 Phosphomannose Isomerase R, L F-GTAGGCTGCCGTTTTTGCT R-AGAACGTACGTAGCGCCTTG Contig 13619 Alcohol Dehydrogenase R, L, F F-TGTTCCTCGTTGTCGATCAG

R-GTACCATCGAAGGCATGAGC Contig 13952 Putative Regulatory Protein Todos F-TGTTCCTCGTTGTCGATCAG

R-TGGATCATCGGGATCAATTT Contig 219558 Putative Peroxidase R, F F-GGCACCTTTTCCTGATTCAA R-GTGCCTCCTTTTCTCCTTGG Contig 3887 PRUAR Major allergen Pru ar 1 Todos F-GTTGGTATTGCGCTTGAGGT R-TTACCAAGATGCTGCCACAG Contig 6221 Pectin Methylesterase Todos F-GCAATTGCACCAAGTGAAGA R-TTGGAATGCATCAATCTTGC Contig 2507 Putative Germin-like Protein R, F F-TTGCAGGATTTTTGTGTTGC R-AAGAACGCCCTCTAACACGA Contig 5896 Pathogen-Inducible Alpha-Dioxygenase R, F F-TGAGCCCCACTAACAAATCC R-TATCAATGGGTCACCAAGCA Contig118723 Glutathione S-Transferase R, L, F F-TTTGCAAAGCCCGTAAGAAT R-GCCCAGAACTTTGAGTGAGC

R – Raiz; L – Folha; F – Fruto; N – Não houve amplificação; Todos – Houve amplificação em todos os órgãos/tecidos analisados.

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Tabela 4. Listagem dos candidatos identificados via análise por northern eletrônico, apresentando padrão de expressão

especifico em folha. As seqüências dos oligonucleotídeos empregados para validação da especificidade dos ESTs selecionado in

silico estão disponibilizadas.

Cluster Blast RT-PCR Oligos (5’- 3’) CALV5-050-G01 NBS-LRR- Similar Type Resistance Gene L,F,R F-GGGAACAAAGCATGATCACA

R-TAGGATTTGCGCAGGTAGGT Contig 13074 Disease Resistance-like Protein Todos F-AAGCAGACCGACCGACTCTA R-AGAACGTACGTAGCGCCTTG Contig 619 Hypothetical Protein L,F F-GCGAAAAATACCACCAGCAG

R-CTGCTGTTGCACGAAACCGC Contig 13743 Hypothetical Protein Todos F-GGCACCTTTTCCTGATTCAA R-GTGCCTCCTTTTCTCCTTGG Contig 12440 Oxidoreductase - Zinc-binding Dehydrogenase Family L,R F-GAAAGCCTGACGCTGGTAGA R-GCAATACGACGGCTCACAC Contig 1117 Sensory Box Histidine Kinase-Response Regulator N F-AAGGCTTCCTTGGCTTCTTC R-GCAACTCGATGGTGTGATCT Contig 12571 Thioredoxin-like Protein CDSP32 L,F,R F-TGAAGCTGCTGCCTTAACAA R-TGAAGCATCTGCACCATCTC Contig 142 Carbonic Anhydrase Todos F-TTCTCCACCTTGAGATGCAA R-TCGATGCAGTCGAGAAGTTG Contig 12073 CITLA Malate Dehydrogenase L, F F-GATCAGCAATCCCGTGAACT R-ACACCAGCATCACCCCTAAG Contig 11772 Cytochrome B6-F Complex Iron-Sulfur Subunit 1 N F-AAGTCGCCAGTGTCCTGTCT R-CAAGTGTGCCTGCTGATGAT Contig 12251 GOSHI Catalase Isozyme 1 Todos F-TACTCCACAAGTGGGCTTCC R-TTGATCTGGTGGGGAACAAT Contig 12440 Chloroplast Ferredoxin Oxidoreductase precursor L,F F-TGTCATCGATTCCCTTCTCC R-CGGGAAAGAAATGCTAATGC Contig 12327 Fructose-Bisphosphate Aldolase L,F,R F-AGCTCCTCTTCACCTCACCA R-GCTCCGATGGTTCAGTAGGA Contig 12717 Photosystem I Subunit XI L,F F-TCTCTGCAGCTCCATTCAGA R-TTGATGTCGGTGTTCCTCAA R – Raiz; L – Folha; F – Fruto; N – Não houve amplificação; Todos – Houve amplificação em todos os órgãos/tecidos analisados.

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4.2 Extração e quantificação de RNA total de diferentes

órgãos de Coffea arabica e de frutos em diferentes fases de

amadurecimento. Síntese e validação da integridade dos cDNAs

Amostras de RNA total de diferentes órgãos de C. arabica, com ou sem

estresse, e de frutos em diferentes fazes de maturação, foram extraídas e os

respectivos cDNAs sintetizados empregando a enzima Superscript III e oligo-dT

(Invitrogen). A fim de avaliar a integridade e a qualidade dos cDNAs sintetizados

na RT, uma amplificação prévia foi realizada empregando-se oligos específicos

para o gene que codifica actina em café. Conforme pode ser constatado na Figura

8, uma banda de tamanho esperado foi amplificada em todas as amostras

analisadas, indicando haver uma concentração similar de cDNA entre os

diferentes órgãos analisados.

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 CO M

- 0.3 kb

Figura 8. Amplificação por RT-PCR de um transcrito ubíquo codificando actina. O

produto esperado de 300 pb foi observado em todas as amostras analisadas (1-

chumbinho, 2- chumbão, 3- fruto verde, 4- fruto verde-cana, 5- fruto maduro, 6-

folha sadia, 7- folha infectada com bicho mineiro (6 dias), 8- folha infectada com

bicho mineiro (11 dias), 9- raiz sadia, 10- raiz infectada com nematóide (24 horas),

11- raiz infectada com nematóide (72 horas), CO - controle positivo, M- marcador

de peso molecular. As amostras foram analisadas em gel 1% agarose corado com

brometo de etídeo.

4.3 Confirmação da especificidade de expressão dos

candidatos selecionados in silico

Treze candidatos com provável expressão em raízes (Tabela 3) e quinze

com provável expressão em folha (Tabela 4) foram selecionados nas análises in

silico. A verificação da especificidade de expressão foi realizada através de PCR

utilizando todos os cDNAs sintetizados e testados anteriormente e

oligonucleotídeos desenhados para cada um dos candidatos em análise. Esses

experimentos confirmaram a expressão órgão-específica de dois desses

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candidatos sendo um expresso exclusivamente em raiz (Figura 9) e outro em folha

(Figura 10).

O EST validado como sendo específico de raiz foi identificado no banco de

dados do projeto Genoma Café como uma seqüência única (singleton), presente

em biblioteca de raiz induzida com benzothiadiazole (acibenzolar-S-methyl) (BHT),

análogo do ácido salicílico. Essa seqüência quando submetida ao banco de ESTs

do café não se alinha com nenhuma outra seqüência, representando portanto um

transcrito único. Já o EST cujo padrão de expressão foi validado como sendo

específico de folha é formado por um contig composto por reads provenientes das

bibliotecas de folhas infectadas com ferrugem e folhas sadias (Tabela 2),

respectivamente.

Uma análise detalhada dos resultados de RT-PCR obtidos para o candidato

com expressão em raiz demonstra a amplificação de um fragmento de tamanho

esperado (500 pb) na amostra de cDNA proveniente de tecido radicular (Figura 9;

linha 8). Nenhum produto de amplificação foi observado nos demais

órgãos/tecidos analisados. Adicionalmente, uma banda de maior intensidade,

provavelmente refletindo um maior acúmulo do transcrito em questão, foi

observada em tecido radicular infectado com nematóides (Figura 9; linhas 9, 10 e

11), sugerindo que o gene em questão é induzido pelo ataque de nematóides.

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 M

- 500 pb

Figura 9. Análise de RT-PCR revelando amplificação de transcrito específico de

raiz em Coffea arabica, variedade Mundo Novo. A amplificação de um fragmento

de tamanho esperado (500 pb) em amostras provenientes de RNA total de raiz

demonstra que o gene é somente expresso nesse órgão. Um aumento de

expressão desse gene em raízes infectadas por nematóides pode ser observada

(comparar linhas 8, 9, 10 e 11). As amostras foram analisadas em gel 1% agarose

corado com brometo de etídeo. Amostras: 1- chumbinho, 2- chumbão, 3- fruto

verde, 4- fruto verde-cana, 5- fruto maduro, 6- folha sadia, 7-folha atacada por

bicho mineiro, 8- raiz sadia, 9- raiz infectada com nematóide (24 horas), 10- raiz

infectada com nematóide (72 horas), 11- raiz infectada com nematóide (240

horas), M- marcador de peso molecular.

Ao analisarmos os resultados obtidos nos experimentos de RT-PCR para o

gene com expressão específica em folha, verificamos a amplificação de um

fragmento de tamanho esperado (300 pb) em amostras de cDNA provenientes de

tecido foliar sadio e em folhas infectadas com bicho mineiro e ferrugem (Figura 10;

linhas 7, 8 e 10). Entretanto, o transcrito estudado não foi amplificado em

amostras provenientes de plantas de C. arabica (Catuaí) resistentes à ferrugem,

sugerindo que em tais plantas a via de ativação do gene em questão está

desligada.

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1 2 3 4 5 6 7 M 8 9 10 11

- 300 pb

Figura 10. Análise de RT-PCR revelando a amplificação de transcrito específico

de folha em Coffea arabica, variedade Mundo Novo. A amplificação de um

fragmento de tamanho esperado (300 pb) em amostras provenientes de RNA total

de folha demonstra que o gene é somente expresso nesse tecido, mesmo quando

atacado por bicho mineiro. As amostras foram analisadas em gel 1% agarose

corado com brometo de etídeo. Amostras: 1-chumbinho, 2-chumbão, 3-fruto verde,

4-fruto verde-cana, 5-fruto maduro, 6-raiz, 7-folha sadia, 8-folha atacada por bicho

mineiro e ferrugem (6 dias), 9- folha de híbrido resistente (Coffea arabica com

Coffea racemosa) atacada por bicho mineiro e ferrugem (6 dias), 10- folha atacada

por bicho mineiro e ferrugem (11 dias), 11- folha de híbrido resistente (Coffea

arabica com Coffea racemosa) atacada com bicho mineiro e ferrugem (11 dias),

M-marcador de peso molecular.

A falta de material vegetal na época do ano em que os experimentos de

validação foram realizados inviabilizou a inclusão de amostras de flor em tais

análises. Entretanto, experimentos posteriores realizados pela doutoranda Carla

Barsalobres, utilizando os oligonucleotídeos específicos aqui obtidos e amostras

de cDNA de flor e caule de C. arabica, indicaram que os genes validados não são

expressos nesses órgãos.

87

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4.4 Análise da expressão do gene com expressão em raiz

frente à injúria mecânica

Como observado nos experimentos de validação do candidato com

expressão específica em raiz (Figura 9), um maior acúmulo do transcrito estudado

em raízes infectadas por nematóide foi observado, sugerindo que além de

órgão/tecido-específico, este gene tem seu padrão de expressão aumentado

quando induzido pelo ataque do parasita. Visando descartar a hipótese de que o

aumento de expressão observado ocorreu devido ao dano mecânico

(machucado), novos experimentos foram elaborados.

Nesse caso, lesões radiculares foram induzidas artificialmente e amostras

foram coletadas em diferentes tempos visando a extração de RNA total e análise

de expressão via northern blot empregando sonda específica. Os resultados

obtidos (Figura 11) indicam que não existe uma correlação entre a lesão induzida

e o aumento da expressão do gene em estudo. Tal fato sugere uma indução

específica pelo ataque do parasita e não pela injuria mecânica.

88

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0 24 – 24 + 48 + 72 + horas A) B)

Figura 11. Análise por northern blot da acumulação do transcrito específico de raiz

em condições de estresse mecânico. Amostras de RNA total (20 µg) de raízes

lesionadas artificialmente foram coletadas em diferentes tempos, separadas em

gel de agarose desnaturante e transferidas para membrana Hybond N+. Esta foi

hibridizada com sonda específica ao transcrito, marcada com 32P. A) tempo 0; 24-

24 h sem ferimento; 24+ 24 h pós-ferimento; 48+ 48 h pós-ferimento; 72+ 72 h

pós-ferimento; B) Padrão de carregamento corado com brometo de etídeo.

4.5 Isolamento e identificação das regiões promotoras

Confirmada a especificidade da expressão gênica via RT-PCR, iniciou-se o

isolamento da região posicionada a montante (5’) da seqüência do EST

depositada no banco (provável região promotora) empregando o kit Universal

Genome Walker (Clontech).

Após alguns rounds de PCR utilizando ciclos particulares e uma

combinação dos oligonucleotídeos específicos (AP1-GSP1), um produto de

89

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amplificação único de aproximadamente 2 kb para o gene com expressão

específica em raiz foi amplificado (Figura 12 – biblioteca StuI). Da mesma

maneira, quando a combinação AP1-GSP1 foi utilizada para isolar a região

promotora do gene com expressão específica em folha, um produto também único

de 850 pb foi amplificado (Figura 13 – biblioteca DraI). Ambos os fragmentos

amplificados confirmaram a especificidade quando reamplificados com oligos

internos (combinação AP2-GSP2) (Figura 12B e 13B). Os fragmentos em questão

foram purificados em gel de agarose, clonados em vetor pGEM®-T Easy

(Promega) e inseridos em E. coli cepa DH5α.

Dra I

Stu I

Stu I

Stu I

A) B) -2.0 Kb

C+C-M

-2.0 Kb

MC-C+C-

AP1-GSP1 AP2-GSP2

Figura 12. Gel de agarose contendo os produtos de amplificação obtidos para o

candidato com expressão específica em raiz empregando a técnica de genome

walking e a combinação dos oligos AP1/GSP1 e AP2/GSP2. A) produto único de

amplificação, de aproximadamente 2 kb, obtido a partir da biblioteca StuI

utilizando-se AP1/GSP1. B) Produto obtido a partir de um segundo round de

amplificação utilizando os oligos AP2/GSP2 (canaleta 1 - Stu I) confirmando a

especificidade da amplificação. C+, controle positivo; C-, controle negativo; M,

marcador de peso molecular.

90

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B)-0.85 Kb

Stu I

tu ISDra I M C-C+C-

-1.0 Kb

M C-C+C- Dra I

A)

AP1-GSP1 AP2-GSP2 Figura 13. Gel de agarose contendo os produtos de amplificação obtidos para o

candidato com expressão específica em folha empregando a técnica de genome

walking e a combinação dos oligos AP1/GSP1 e AP2/GSP2. A) produto único de

amplificação, de aproximadamente 850 pb, obtido a partir da biblioteca DraI

utilizando os oligos AP1/GSP1. B) Produto obtido a partir de um segundo round

de amplificação utilizando os oligos AP2/GSP2 (canaleta 1 - DraI) confirmando a

especificidade da amplificação. C+, controle positivo; C-, controle negativo; M,

marcador de peso molecular.

4.6 Seqüenciamento dos produtos de GW e obtenção dos

consensos

Três clones que continham o inserto de 850 pb foram seqüenciados e um

consenso foi formado a partir das seqüências obtidas, sendo este denominado

região promotora específica de folha. O mesmo foi realizado com o fragmento de 2

kb, mas devido ao tamanho do produto amplificado, não foi possível finalizar a

91

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seqüência do mesmo numa única tentativa. Novos oligos, internos à região

seqüenciada, foram sintetizados e novas reações de seqüenciamento permitiram a

obtenção de uma seqüência consenso de 2097 pb.

Visando verificar se as seqüências amplificadas estavam realmente

situadas a montante dos ESTs validados, reações de PCR empregando DNA

genômico de café e oligos específicos (F - dentro da região promotora e R -

situado na região 5’ do EST) resultaram na amplificação de produtos específicos

(não apresentado), demonstrando que a seqüência amplificada por GW estava

correta e apresentava uma sobreposição com a porção 5’ do candidato

selecionado. Esse resultado confirma que as seqüências amplificadas estão

realmente situadas a montante dos ESTs depositados no banco.

A submissão das seqüências amplificadas por GW no Genbank

empregando a ferramenta Blastn revelou a ausência de qualquer identidade ou

similaridade com seqüências depositadas, indicando tratar-se de seqüências até

então desconhecidas.

4.7 Busca por elementos cis- regulatórios nos promotores

Foram realizadas buscas por elementos regulatórios nas seqüências

amplificadas por GW utilizando-se o banco de dados PLACE

(http:///www.dna.affrc.go.jp/htdocs/PLACE/) (Higo et al., 1999).

92

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4.7.1 Elementos cis-regulatórios presentes na região

promotora do candidato com expressão específica em folha

Uma comparação da seqüência amplificada por GW com o EST depositado

no banco do Genoma Café revelou a existência de uma região 5’ não traduzida

(UTR) de aproximadamente 280 pb, indicando portanto que o fragmento

amplificado (875 pb) continha 280 pb de região 5’ UTR e 595 pb de provável

região promotora. Os resultados obtidos nas análises computacionais desse

fragmento, utilizando informações do banco de dados do PLACE, revelaram a

presença de elementos regulatórios específicos (Figura 14 e 15) que corroboram a

provável função fisiológica desempenhada pelo gene em estudo na planta.

Além da presença de motivos típicos de regiões promotoras de eucariotos,

como o TATA-box, normalmente presente a 30 pb do ponto de início da

transcrição (+1), e elementos proximais tipicamente localizados a

aproximadamente 100 (CCAAT-box) e 200 pb (GC-box) acima do ponto de início

da transcrição (Stephen e James, 2003), outros elementos chaves foram

encontrados, especialmente aqueles relacionados com a indução por fatores

abióticos e principalmente bióticos (Figura 15).

Um desses elementos regulatórios corresponde à seqüência TGTCA,

motivo característico de ligação a fatores de transcrição associados à resposta de

resistência em plantas.

93

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Um outro elemento encontrado na região amplificada foi o motivo W Box

composto por seqüências do tipo [(T)TGAC(C)] ou TGAC (Eugem et al., 1999).

No fragmento em análise, a seqüência TGAC encontra-se repetida in tandem e

separada por um elemento GATA-box (Figura 14). Dezessete nucleotídeos pós a

seqüência acima, mais três repetições de motivos W Box (TAATTTCTGACCTTA)

com a mesma disposição são encontradas.

-444 CTAATTTCTGACCTTACAAGATAATACTAATTTCTGACCTTACAA -399

TAATTTCTGACCTTACCTTAGAAGATATTATCTTACTAGATAATTTCTGACCTTAATTCTAATTTCTAACCTTACAAGATATTATCTTACAAGATAATTTCTGACCTTAC

- 272 - 382

Figura 14. Seqüência parcial de nucleotídeos do promotor específico de folha

analisado com auxílio do banco de dados do PLACE. As seqüências sublinhadas

representam sítios conservados do tipo W Box, elementos caracterizados por

serem regiões de reconhecimento de fatores de transcrição do tipo WRKY.

A aproximadamente -215 pb, uma seqüência de ativação induzida por

giberilina e ácido abscísico (GARE – TTTTTTCC) pode ser observada. Um

sítio MYC (CATGTG), que possui um importante papel no processo de

indução do gene ERD1 (Early Responsive to Dehydration Stress 1) em

resposta a estresse hídrico em A. thaliana (Tran et al., 2004), também foi

constatado.

Mais adiante, chegando próximo ao provável ponto de início de

transcrição, identificou-se um novo sítio W-box contendo a seqüência

TTGACC, que é encontrado nos elementos W1 e W2 dos promotores dos

94

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genes PR1-1e PR1-2 de salsa (Petroselinum crispum), sendo PR1 um gene

induzido por patógenos. Os boxes W1 e W2 são sítios de ligação para os

fatores WRKY1 e WRKY2, respectivamente.

Dois motivos característicos de promotores de genes induzidos por

luz e principalmente envolvidos na biosíntese de flavonóides, denominados

ACE (ACGT) e MRE (MYB) (Hartmann et al., 2005) também estão

presentes e localizados próximo a ponto de início de transcrição.

-456 -456 -456 --- 436436436 ---410410410 ---375375375 ---335335335 ---280280280 ---100100100 ---444444

---595 595 595 111---

5’5’5’5’

TATA BOXTATA BOXTATA BOXTATA BOXMREMREMREMRE

MYCMYCMYCMYCACEACEACEACE

GAREGAREGAREGAREGATAGATAGATAGATA

TGTCATGTCATGTCATGTCAW BoxW BoxW BoxW Box

3’3’3’3’

Figura 15. Esquema de localização dos elementos regulatórios encontrados no

promotor do gene com expressão específica em folha por análise comparativa

com banco de dados do PLACE.

95

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4.7.2 Elementos cis-regulatórios presentes na região

promotora do gene com expressão específica em raiz

A busca por elementos cis-regulatórios presentes na região promotora do

gene com expressão específica em raiz, utilizando-se de informações disponíveis

no banco de dados do PLACE, revelou a presença de inúmeros motivos

comumente encontrados em regiões promotoras de plantas.

Além da presença dos bem caracterizados TATA Box, CCAAT Box e GC

Box (Stephen e James, 2003) encontrados em promotores de eucariotos, foram

também encontrados diversos elementos especificamente presente em regiões

promotoras de genes induzidos por fatores bióticos (Figura 16).

Próximo à extremidade 5’ do fragmento de 2 kb foi possível identificar um

motivo TGACG (“as-1 element activity), comumente presente em promotores de

genes ativados por auxina e ácido salicílico (Klinedinst et al., 2000). Em plantas,

esses elementos conferem uma expressão específica em raiz, sendo induzidos

em resposta a hormônios e estresse xenobióticos (An et al., 1990; Liu and Lam,

1994; Ulmasov et al., 1994; Xiang et al., 1996).

Duas repetições da seqüência TGTCA também são encontradas. A

seqüência TGTCA corresponde ao sítio de reconhecimento de proteínas do tipo

BIHD1 (BELL type homedomain proteins) caracterizadas em arroz. Luo et al.

(2005) demonstraram que o gene OsBIHD1 de arroz é induzido por

benzotiadiazole (BTH).

96

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Ao longo da região promotora isolada verificamos a presença de três

repetições da seqüência CATATG encontrada no promotor do gene SAUR 15A de

soja, cuja expressão é regulada por auxina (Xu et al., 1997). Próximo à região do

putativo TATA-box encontra-se o sítio GT-1 que é capaz de estabilizar o complexo

TFIIA-TBP-DNA, e está presente em vários promotores de diferentes espécies de

plantas (Terzaghi et al., 1995).

Além disso, foi encontrado um sítio GARE (sitio de ativação induzido por

giberilina e ácido abscísico) bem como inúmeros sítios de ligação para os fatores

de transcrição descritos no item anterior como WRKY, ERF, bZIP, MYB e MYC,

fatores estes considerados chaves na resposta de defesa das plantas (Rushton

and Somssich, 1998; Riechmann and Ratcliffe, 2000; Singh et al., 2002). Cabe

destacar a presença dos motivos AAAGAT e CTCTT encontrados inicialmente na

região promotora do gene lbc3 que codifica leghemoglobina em soja e é específico

de raiz. A região apresenta também, ao centro da região amplificada, um motivo

GAGAC caracterizado em promotores de genes induzidos por deficiência de

enxofre em A. thaliana. Várias seqüências do tipo CANNTG (MYC) e uma

seqüência do tipo CAATTG foram encontradas próximo ao provável TATA-box.

Escobar e colaboradores (1999) caracterizaram a região CAATTG em um

promotor de um gene altamente induzido em raiz de tomate quando infectadas

com nematóides causadores de galha (Meloidogyne incognita).

97

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10801080 --

CANNTGCANNTGCANNTGGATAGATACAATTGCAATTGCAATTG

TATA BOXTATA BOXTATA BOXGAGACGAGACGAGACGACAATGACAATGACAATCTCTTCTCTTCTCTT

AAAGATAAAGATAAAGATCATATGCATATGCATATG

TGACGTGACGTGACGTGTCATGTCATGTCA

816 816 --2097 2097 11--

5’5’ 3’3’ -- Figura 16. Localização dos elementos regulatórios encontrados no promotor do

gene com expressão específica em raiz por análise comparativa com banco de

dados do PLACE. Cabe ressaltar que a numeração negativa é putativa, já que não

se conhece a exata localização do sítio de início de transcrição.

4.8 Análise das regiões promotoras através de expressão

transiente do gene repórter uidA em raiz e folha de Coffea arabica

Visando avaliar a funcionalidade e especificidade das regiões promotoras

isoladas no presente trabalho, cassetes de expressão foram desenvolvidos de

acordo com o item 3.9.3 e utilizados em experimentos de expressão transiente em

plântulas de café. Para tal, foram utilizadas as seguintes construções: 1) controle

positivo (vetor pRT103-Gus fechado ;Figura 4), 2) promotor específico de folha +

uidA (Figura 6A), 3) promotor específico de raiz + uidA (Figura 6B). Análises

prévias realizadas no presente trabalho indicaram que a técnica de transformação

transiente via biobalística em plântulas de café é viável e apresenta maior

98

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eficiência de transformação quando são utilizadas micropartículas de ouro sob

pressão de 1100 psi na região hipocotiledonar e 600 psi na região epicotiledonar.

Todas construções foram bombardeadas tanto na região hipocotiledonar

como na epicotiledonar adotando os procedimentos descritos no item 3.9.2

Análises da atividade da enzima β-glucuronidase em plântulas controle

(bombardeadas com a construção 1), utilizando-se uma lupa com aumento de

10X, indicaram que o experimento foi bem sucedido. Estas demonstraram

atividades pontuais da enzima em ambas regiões bombardeadas, as quais foram

mais evidentes em tecidos jovens (Figura 17A e B).

A)

B)

Figura 17. Ensaio de expressão transiente, via biobalística, em raiz e folha de

Coffea arabica. Detecção da atividade do gene repórter uidA em raízes (A) e

folhas (B) transformadas com o vetor pRT103-Gus. Foram utilizadas partículas de

ouro BioRad 1.0 micron sob pressão de disparo de 1100 psi e 600 psi em raiz e

folha, respectivamente.

99

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As plântulas bombardeadas com a construção 2 (uidA sob o controle do

promotor específico de folha) apresentaram um padrão de expressão da atividade

Gus diferente das plântulas controle, sendo os pontos correspondentes a essa

atividade (pontos azuis) observados nitidamente somente em tecido foliar (Figura

18A, B e C). Por outro lado, nenhuma atividade foi verificada (ausência de pontos

azuis) na região hipocotiledonar, mais especificamente em tecido radicular.

Análises do tecido bombardeado por microscopia óptica (aumento de 20X e

40X vezes) confirmaram a expressão celular pontual de Gus (Figura 19), sendo

essa a característica principal da técnica de biobalística.

CB A

Figura 18. Ensaio enzimático de Gus em folha de Coffea arabica transformada via

biobalística com o cassete de expressão contendo o promotor específico de folha.

A detecção da atividade do gene repórter em folha (setas em A, B e C) revela que

a região isolada via genome walking apresenta atividade transcricional específica

nesse órgão. Foram utilizadas partículas de ouro BioRad 1.0 micron sob pressão

de disparo de 600 psi.

100

Page 102: ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PROMOTORES … · expressão visando a posterior transformação estável de tabaco empregando Agrobacterium ... 3.8.4 Minipreparação de DNA plasmidial

Au -1µm

D E F

CB A

Figura 19. Expressão transiente de Gus em folha de Coffea arabica transformada

via biobalística com o cassete de expressão contendo o promotor específico de

folha. A análise de microscopia óptica confirma transformação pontual das células

epidermais (A, B, C, D e E), sendo verificada a presença de micropartículas nas

células transformadas. Foram utilizadas partículas de ouro BioRad 1.0 micron

(painel F) sob pressão de disparo de 600 psi.

Análises mais detalhadas, em microscópio óptico, do tecido foliar de café

bombardeado com a construção 2 (uidA sob o controle do promotor específico de

folha) revelaram a presença um grande número de estômatos transformados

(Figura 19, painel B e C) quando comparados com outras células.

Quando a construção 3 (uidA sob controle do promotor específico de raiz)

foi empregada, os pontos de atividade Gus foram observados somente na região

hipocotiledonar, nas raízes mais precisamente, não sendo detectados quaisquer

101

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resquícios de atividade em outras partes da planta. Observações em microscopia

óptica também confirmaram a transformação e expressão celular pontual da

atividade de Gus em raízes (Figura 20).

Cabe ressaltar que um alto índice de transformação de células

meristemáticas, localizadas nas pontas das raízes, foi observado. Esse fato

sugere uma maior atividade promotora nessas células quando comparadas com

células adultas, indicando haver uma correlação entre os motivos caracterizados

in silico e a ativação do promotor em células meristemáticas.

102

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D E F

CB A

Figura 20. Expressão transiente de Gus em raiz de Coffea arabica transformada

via biobalística com o cassete de expressão contendo o promotor específico de

raiz. A detecção da atividade do gene repórter Gus em raízes transformadas via

biobalística revela que a região isolada via genome walking apresenta atividade

transcricional específica (A). Confirmação da transformação pontual das células

por análise de microscopia óptica. (A, B, C, D, E e F). Foram utilizadas partículas

de ouro BioRad 1.0 micron sob pressão de disparo de 1100 psi.

103

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4.9 Análise das plantas de tabaco transgênicas

Análises de PCR utilizando DNA genômico e oligonucleotídeos específicos

revelaram que das 17 plantas de tabaco regeneradas e transformadas com o

cassete de expressão contendo o gene uidA sob controle do promotor específico

de folha, 14 eram positivas e continham o referido cassete. Já das 27 plantas de

tabaco transformadas com o cassete de expressão contendo o promotor

específico de raiz, 20 foram positivas. Todas as plantas regeneradas, inclusive as

negativas em PCR, foram mantidas em casa de vegetação até obtenção de

sementes. Plântulas da geração F1 de todos os regenerantes foram analisadas

pelo ensaio histoquímico de Gus. Neste caso, das 14 plantas positivas em PCR

para o promotor de folha, 12 estavam realmente expressando o gene repórter

(Figura 21A). Por outro lado, das 20 plantas positivas em PCR para o promotor de

raiz, todas foram positivas para a atividade Gus (Figura 21B).

Como pode ser constatado na Figura 21A, nas plântulas transgênicas

transformadas com o gene repórter uidA sob controle do promotor específico de

folha, a expressão de Gus limita-se à região epicotiledonar, mais precisamente em

tecido foliar, indicado que o a região promotora isolada de Coffea arabica é

funcional e apresenta expressão tecido-específica. Cabe ressaltar que nenhum

sinal de Gus foi observado em tecido radicular de todas as plantas analisadas.

Já quando as plântulas transformadas com o promotor específico de raiz

foram analisadas, para nossa surpresa, a expressão do gene repórter foi

104

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detectada tanto na região epicotiledonar como na região hipocotiledonar (Figura

21B).

B A

Figura 21. Ensaio histoquímico da atividade de β-glucuronidase em plântulas

transgênicas de tabaco transformadas, respectivamente, com os cassetes de

expressão contendo os promotores específicos de folha (A) e de raiz (B) isolados

de Coffea arabica. Painel A encontra-se uma amostra que define o padrão de

expressão do gene repórter observado em todas as plântulas transgênicas

transformadas com o cassete contendo o promotor específico de folha. Painel B

encontra-se uma amostra que define o padrão de expressão do gene repórter

observado em todas as plântulas transgênicas transformadas com o cassete

contendo o promotor especifico de raiz.

A perda de especificidade verificada nas plântulas transformadas com o

gene uidA sob controle do promotor específico de raiz (Figura 21B), foi observada

apenas nos estágios iniciais de desenvolvimento, limitando-se à região

epicotiledonar. Acredita-se que esta disfunção deva ser decorrente de uma

105

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incorreta regulação do sistema transcricional nos estágios iniciais de

desenvolvimento das plântulas de tabaco, uma vez que, após o surgimento do

terceiro par de folhas, nenhum sinal de atividade Gus foi detectado nessa região.

4.10 Análise da indução da expressão do gene repórter uidA

em plantas transgênicas transformadas com o cassete contendo

o promotor específico de folha em resposta a dano mecânico

Vinte e cinco plantas (geração F1) de cinco diferentes eventos de

transformação com o cassete de expressão contendo o promotor específico de

folha, todas positivas em PCR e nos ensaios histoquímicos (Figura 22), foram

avaliadas nos experimentos de dano mecânico. Mínimas pressões foram

cuidadosamente geradas, com auxílio de uma pinça estéril, em todas as plantas

avaliadas. As injúrias foram limitadas a uma folha por planta (em apenas um lado

da folha) com preferência para o terceiro par de folhas. As plântulas foram então

analisadas, através de ensaio histoquímico, 4 horas após indução do estresse

mecânico.

106

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Figura 22. Ensaio histoquímico da atividade da β-glucuronidase em discos foliares

de tabacos transgênicos transformados com o cassete de expressão contendo o

gene uidA sob controle do promotor específico de folha. Este ensaio foi realizado

visando a seleção de plantas positivas para utilização em experimentos de

estresse mecânico. Coluna 1, linha 3-planta controle não transformada.

Como pode ser constatado na Figura 23A, não foi possível detectar a

atividade do gene repórter em plantas controles (não transformadas) submetidas

ao estresse por dano mecânico. Entretanto, foi possível constatar que o dano

mecânico em plantas transgênicas (Figura 23B, C, D, E, F) ativou uma resposta

de expressão temporal e localizada do gene repórter. A somatória dos resultados

obtidos confirmam com segurança a hipótese de que a região promotora isolada a

partir do candidato com expressão específica em folha de Coffea arabica, além de

apresentar especificidade de expressão, é rapidamente induzida por ferimento.

107

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D E F

B C A

Figura 23. Ensaio histoquímico da atividade da β-glucuronidase em folhas de

tabacos transgênicos transformados com o cassete de expressão contendo o

gene uidA sob controle do promotor específico de folha, em resposta a dano

mecânico. A) Planta selvagem lesionada, onde não há detecção da atividade do

gene repórter. Os painéis B, C, D, E e F representam o padrão de expressão de

Gus observado em todas as plantas transgênicas submetidas ao estresse por

dano mecânico.

108

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4.11 Análise da indução da expressão do gene repórter uidA em plantas transgênicas transformadas com o cassete de expressão contendo o promotor específico de raiz em resposta ao ataque de nematóides

Sessenta plantas de tabaco transgênicos (geração F1) de

aproximadamente 60 dias, todas positivas em PCR para o cassete de expressão

contendo o promotor específico de raiz, foram inoculadas com nematóides da

espécie Meloidogyne javanica como descrito no item 3.15. Amostras foram

coletadas nos tempos de 24, 72 e 336 (14 dias) horas pós-inoculação com base

em resultados de expressão diferencial obtidos por Uehara et al. (2007) em

tomateiros infectados com nematóides causadores de galha. Nesse caso, os

autores verificaram que um homólogo do gene cujo promotor foi isolado em café, é

altamente expresso nas raízes de plantas infectadas poucos dias após penetração

do parasita.

Nenhum sinal de atividade do gene repórter pode ser detectado 24 horas

pós-inoculação (Figura 24; 20 plantas analisadas); entretanto, uma expressão

acentuada do gene repórter na raiz principal pode ser observada 72 horas pós-

inoculação em todas as plantas analisadas (20 plantas).

109

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A B C

D

G H

E

Figura 24. Ensaio histoquímico da atividade da β-glu

tabacos transgênicos transformados com o cassete

gene uidA sob controle do promotor específico de raiz

nematóides. Os painéis A, B, C, D, E, F, G, H e I

expressão de Gus observado em todas as plantas tra

estresse biótico após 72 horas.

Quando analisadas amostras com 14 dias pós-tr

a expressão do gene repórter Gus foi especificamen

parasitadas pelos nematóides, as galhas (Figura 26A,

Pontos de atividade de Gus foram também observa

F

I

curonidase em raízes de

de expressão contendo o

em resposta ao ataque de

representam o padrão de

nsgênicas submetidas ao

atamento (Figura 25 e 26),

te localizada nas regiões

B, C, D, E, F, G, H e I).

dos nas fases iniciais de

110

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infecção, regiões estas onde há início de hipertrofia celular (Figura 25A, B, C, D,

E, F, G, H e I). É possível verificar na Figura 25, painéis B e F, que a expressão do

gene repórter fica limitada à região central da raiz (cilindro vascular), local este

onde os nematóides iniciam a atividade parasitaria com conseqüente formação do

sítio de alimentação e das células gigantes.

Tais resultados indicam claramente que a região promotora isolada de café,

além de apresentar uma expressão específica em órgão radicular, é

preferencialmente ativada em situações onde ocorre infecção por nematóides.

111

Page 113: ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PROMOTORES … · expressão visando a posterior transformação estável de tabaco empregando Agrobacterium ... 3.8.4 Minipreparação de DNA plasmidial

D E

G H I

F

CA B

Figura 25. Ensaio histoquímico da atividade da β-glucuronidase em raízes de

tabacos transgênicos transformados com o cassete de expressão contendo o

gene uidA sob controle do promotor específico de raiz, em resposta ao ataque de

nematóides. Os painéis A, B, C, D, E, F, G, H e I representam o padrão de

expressão do gene uidA observado em todas as raízes das plantas transgênicas

submetidas ao estresse biótico 14 dias após a infecção.

112

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E D

G H I

F

CB A

Figura 26. Ensaio histoquímico da atividade da β-glucuronidase em raízes de

tabacos transgênicos transformados com o cassete de expressão contendo o

gene uidA sob controle do promotor específico de raiz, em resposta ao ataque de

nematóides. Os painéis A, B, C, D, E, F, G, H e I representam o padrão de

expressão do gene uidA observado em todas as galhas das plantas transgênicas

submetidas ao estresse biótico 14 dias após a infecção.

113

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5. Discussão

114

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5.1 ESTs órgão/tecido específicos e a análise in silico

Vinte e oito ESTs com provável expressão órgão/tecido-específica foram

selecionados do banco do Genoma Café a partir de uma análise in silico utilizando

a ferramenta virtual de northern eletrônico. Tal tecnologia nos permitiu identificar

com rapidez candidatos potencialmente tecido-específicos, entretanto, após

validação da expressão dos mesmos por RT-PCR, verificamos que a maioria

apresentava expressão inespecífica, detectada em tecidos não alvos.

A taxa de validação positiva foi muito baixa, ao redor de 7,14%, sendo esta

decorrente da confirmação do padrão de expressão órgão/tecido específico por

RT-PCR de apenas 2 ESTs (um de folha e outro de raiz). Um elevado número de

falsos positivos é normalmente esperado quando se compara os dados obtidos in

silico com as análises de expressão in vivo. Em trabalho semelhante de validação

de ESTs tecido-específicos em eucalipto e cana-de-açúcar, por exemplo, Sassaki

(comunicação pessoal) e Hoshino (2007) obtiveram uma taxa de validação de

8,6% e de 13,8%, respectivamente. A não confirmação da tecido-especificidade

resulta muito provavelmente do fato de que os candidatos selecionados

apresentam uma taxa de transcrição muito baixa em determinados órgãos,

fazendo com que os mesmos não sejam amostrados durante a preparação das

bibliotecas. Estes genes são, na realidade, enriquecidos no órgão considerado

específico pela análise in silico, mas durante a validação são amplificados nos

demais órgãos analisados devido à sensibilidade da PCR.

115

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5.2 Candidato com expressão em folha

A análise da expressão diferencial do candidato com provável expressão

em folha, em diferentes órgãos de café sob diferentes situações de estresse,

permitiu constatar que o gene em estudo apresenta expressão em folhas sadias

bem como em folhas infectadas com bicho mineiro e ferrugem. Entretanto, a

análise da expressão desse candidato em amostras provenientes de plantas de C.

arabica (Catuaí) resistentes à ferrugem, revelou a ausência do transcrito

correspondente, indicando que em tal variedade a via de ativação do gene está

reprimida. Este fato sugere que em plantas susceptíveis este gene é regulado de

forma positiva pelo patógeno.

Dados da literatura corroboram a hipótese levantada, já que homólogos

desse gene, presentes em outras espécies, são induzidos pelo ataque de fungos

(Kim et al., 2003). Cabe ressaltar que o material infectado utilizado nesse

experimento foi obtido em campo de forma aleatória. Em experimentos mais

precisos de inoculação do fungo em condições assépticas e amostragem em

função do tempo de germinação do esporo em folhas de café Mundo Novo, a

avaliação da expressão desse gene por PCR em tempo real revelou um aumento

de 50 vezes quatro horas pós-inoculação (Severino, comunicação pessoal).

116

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5.2.1 Caracterização dos elementos regulatórios e análise funcional do promotor específico de folha

Além da presença de elementos típicos de regiões promotoras de

eucariotos, foi possível verificar na seqüência promotora amplificada a presença

de inúmeros elementos regulatórios de plantas (Figura 15). Um dos mais

interessantes foi o elemento de seqüência TGTCA, característico de ligação a

fatores de transcrição associados à resposta de resistência em plantas. Luo e

colaboradores (2005), por exemplo, caracterizaram um gene que codifica um fator

de transcrição em arroz (denominado OsBIHD1) cuja proteína recombinante liga-

se ao motivo TGTCA in vivo. Análises de northern blot demonstraram um aumento

da expressão do gene OsBIHD1 em plântulas de arroz tratadas com

benzotiadiazole (BTH), composto capaz de induzir resistência. Verificou-se

também que a expressão de OsBIHD1 é rapidamente aumentada após 6 horas de

inoculação das plantas com Magnaporthe grisea, sugerindo que OsBIHD1 é um

fator de transcrição cuja indução estaria associada à resposta de resistência em

arroz. Dessa maneira, a presença do elemento TGTCA no promotor do gene

específico de folha sugere uma possível ativação dessa região regulatória por

fatores ligados à resposta de resistência da planta.

Ainda mais empolgante é a presença nesse promotor de cinco repetições

do motivo W-box, dispostas in tandem, e compostas por uma seqüência idêntica

de 15 nucleotídeos cada. Dong et al. (2003) identificaram um número elevado de

motivos W-box em promotores de genes de Arabidopsis induzidos por patógenos

117

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e ácido salicílico regulados por fatores de transcrição do tipo WRKY. Dados da

literatura sugerem que os mecanismos de defesa das plantas mediados pela

regulação por fatores WRKY envolvem uma extensa ativação e/ou repressão

transcricional pelos próprios membros dessa família (Dong et al., 2003).

Um outro motivo interessante encontrado na referida região promotora foi o

elemento MYC, que possui um importante papel no processo de indução do gene

ERD1 em resposta a estresse hídrico em Arabidopsis. Tran et al. (2004) isolaram

três clones de cDNA que codificam proteínas ligantes ao promotor de EDR1 (que

apresenta o motivo CATGTG), identificando-as como fatores de transcrição

pertencentes à família das NACs. Experimentos realizados in vitro e in vivo

confirmaram a especificidade de ligação das NACs ao sítio CATGTG, sendo estas

ainda capazes de ativar a transcrição de GUS através de uma região de 63 pb

contendo o motivo CATGTG. As NACs isoladas nesse trabalho eram induzidas por

seca, estresse salino e ácido abscísico. Análises histoquímicas a partir de

Arabidopsis transformadas com o gene repórter GUS sob controle do promotor de

um gene NAC, revelaram a expressão específica do repórter em tecido foliar.

Um outro motivo W-box foi identificado próximo ao provável ponto de início

de transcrição, motivo esse presente nos promotores dos genes PR1-1 e PR1-2

de salsa (Petroselinum crispum), sendo PR1 um gene induzido por patógenos.

Experimentos de expressão transiente demonstraram a presença de dois

elementos de resposta ao ataque por fungos nos promotores dos genes PR1-1 e

PR1-2. Esses elementos contém a seqüência (T)TGAC(C), que quando mutadas

conduzem a uma inativação da função do promotor (Rushton et al.,1996). Laloi et

118

Page 120: ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE PROMOTORES … · expressão visando a posterior transformação estável de tabaco empregando Agrobacterium ... 3.8.4 Minipreparação de DNA plasmidial

al. (2004) caracterizaram um gene que codifica uma tioredoxina, AtTRXh5, cuja

expressão é induzida por lesão mecânica, ataque de patógeno e em situações

capazes de gerar estresse oxidativo em Arabidopsis. Durante o tratamento com

um elicitor bacteriano, observou-se que um fator nuclear é capaz de reconhecer e

se ligar a um elemento W-box proximal presente na região promotora do gene

AtTRXh5, sugerindo que a resposta, nesse caso, pode ser mediada por um fator

de transcrição do tipo WRKY. Curiosamente, uma análise detalhada do promotor

desse gene revelou a presença de sete cópias da seqüência TTGACC/T

distribuídas na região (1 kb) a montante do sítio de início de transcrição,

distribuição esta similar à encontrada no promotor que regula o gene com

expressão tecido-específica em folha caracterizado no presente trabalho.

A funcionalidade da região promotora em estudo quando analisada em

experimentos de expressão transiente em plântulas de Coffea arabica foi positiva,

apresentando um padrão de expressão específico em tecido foliar. Já nos

experimentos de expressão estável em tabaco transgênico foi possível observar

que em folhas sadias, não estressadas, o promotor isolado não apresenta

atividade transcricional. Entretanto, quando as folhas são submetidas a lesões

mecânicas, o mesmo é rapidamente ativado (poucas horas pós-indução) sendo tal

resposta altamente específica e localizada.

Os resultados obtidos nos referidos experimentos quando consorciados aos

dados obtidos em PCR em tempo real, revelam um aumento significativo da

expressão do gene em estudo em amostras de folhas de café após 4 horas de

inoculação com esporos da ferrugem. Esse tempo é somente suficiente para que

119

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ocorra a germinação dos esporos e início da atividade parasitaria através da

penetração das hifas germinativas por meio das células estomáticas. Dados da

literatura corroboram tal observação e demonstram que em outras espécies

vegetais, a expressão de genes homólogos ao estudado em café também é

induzida por fungo, atingindo seu pico máximo de indução nas primeiras horas

pós-infecção. Estes fatos sugerem fortemente que o promotor isolado de café

apresenta uma rápida ativação em células estomáticas, sendo altamente regulado

por estresse biótico.

5.3 Candidato com expressão específica em raiz

As análises de RT-PCR do candidato com expressão específica em raiz,

em diferentes órgãos de café sob diferentes situações de estresse, permitiram

inferir que o gene estudado, além de tecido-específico, também é induzido pelo

ataque de nematóides. Dados da literatura corroboram a hipótese levantada, já

que genes homólogos ao gene investigado, presentes em outras espécies, são

induzidos pelo parasita em poucos dias pós-infecção (Uehara, et al.,2007,

Alkharouf, et al., 2003).

Uma região de 2000 pb situada à montante do provável ponto de início de

transcrição do EST selecionado no banco foi seqüenciada, sendo identificados

inúmeros elementos regulatórios ao longo da mesma.

120

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5.3.1 Caracterização dos elementos regulatórios e análise funcional do promotor específico de raiz

Na região promotora específica de raiz foram identificados inúmeros

elementos regulatórios. Dentre os mais importantes e que corroboram a função

fisiológica desempenhada pelo produto do gene em plantas, destaca-se o

elemento as1 (as-1 element activity), comumente presente em promotores de

genes ativados por auxina e ácido salicílico (Klinedinst et al., 2000) e

principalmente, conferindo uma expressão específica em tecido radicular (An et

al., 1990; Liu e Lam, 1994; Ulmasov et al., 1994; Xiang et al., 1996). Genes que

codificam proteínas que se ligam aos elementos as-1, denominadas de fatores

TGA, foram isolados em um grande número de plantas superiores. Fatores TGA

pertencem à família dos fatores de transcrição do tipo bZIP e apresentam papel

importante na regulação da expressão tecido-especifica. Os genes TGA1a e PG13

homólogos aos TGAs de tabaco, por exemplo, são altamente expressos em raiz

(Katagiri et al., 1989; Fromm et al., 1991). Experimentos realizados in vivo via

transfecção de protoplastos, demonstraram que TGA1a é um fator de transcrição

induzido por estresse xenobiótico (Pascuzzi et al., 1998). Adicionalmente,

Klinedinst et al. (2000) demonstraram em experimentos de localização celular que

o gene TGA1a é preferencialmente expresso na ponta das raízes, especialmente

em tecido meristemático.

Recentemente, Fehlberg et al. (2005) caracterizaram o promotor do gene

VfLb29 que codifica uma leghaemoglobina de Vicia faba e demonstraram que o

121

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mesmo é ativado em células nodulares de raiz infectadas por bactérias in vivo. A

presença de dois elementos de regulação, AAAGAT e CTCTT, foi necessária para

que o promotor desse gene fosse funcional em células nodulares sendo os

mesmos considerados elementos órgão-específicos (Stougaard et al., 1990).

Esses elementos também são encontrados na região promotora raiz-específica

aqui caracterizada. No centro da região promotora amplificada, observa-se o

elemento GAGAC comumente presente em promotores de genes induzidos por

deficiência de enxofre em Arabidopsis. Maruyama-Nakashita et al. (2005)

analisando as regiões promotoras de genes prematuramente expressos em raiz

de Arabidopsis em resposta à deficiência de enxofre, verificaram a presença

conservada desse motivo em todas regiões analisadas. Esse resultado sugere

que esse elemento é conservado e comumente regulado visando adaptação das

plantas à deficiência de enxofre.

Cabe ressaltar que, de maneira geral, os elementos regulatórios

identificados através da análise in silico na região promotora específica de raiz,

corroboraram os resultados obtidos até então nas análises funcionais realizadas in

vivo. Tais análises evidenciam que a expressão do gene repórter sob controle

desse promotor é induzida por fatores bióticos e especialmente ativada na

interação nematóide - hospedeiro.

Os experimentos de expressão transiente em plântulas de café revelaram

que a região promotora específica de raiz apresenta um padrão de expressão

diferenciado, sendo o gene repórter pouco expresso e sua localização limitada a

células meristemáticas. De posse dos resultados de northern blot, onde não foram

122

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constatadas quaisquer alterações nos níveis de expressão do gene regulado pelo

promotor investigado em raízes machucadas de café, das análises de RT-PCR e

dos elementos regulatórios identificados in silico, é possível concluir que esse

gene é pouco expresso em tecido radicular de Coffea arabica vindo a ser induzido

na presença de nematóides.

Abad et al. (2003) caracterizando a expressão diferencial de genes em

células gigantes parasitadas por nematóides, demonstram um maior acúmulo de

transcritos de genes de defesa nos primeiros dias após a infecção do parasita

(formação do sítio de alimentação, hipertrofia celular e multinucleação), vindo a

diminuir ao longo da infecção. Esses dados corroboram com o resultado

observado na Figura 9, onde um maior acúmulo do transcrito estudado foi

observado na fase inicial de infecção.

Curiosamente, as análises histoquímicas em plântulas trangênicas de

tabaco demonstraram uma perda da especificidade de expressão do gene repórter

sob controle do promotor específico de raiz, sendo este detectado em tecido foliar

e na região hipocotiledonar. Koyama et al. (2005) ao caracterizarem um promotor

raiz-específico em Arabidopsis, também verificaram uma perda de especificidade

durante a análise funcional em plantas transgênicas, detectada pela expressão do

gene repórter Gus em plântulas com até 10 dias pós-germinação. Por outro lado,

a expressão voltava a ser específica em plantas adultas, corroborando os

resultados observados em nossas analises.

Todas essas hipóteses foram validadas no experimento do item 3.15 onde

foi possível verificar nitidamente uma rápida ativação na raiz principal, 72 horas

123

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pós-inoculação, da expressão do gene repórter sob controle desse promotor em

resposta a infecção por nematóides. Nematóides causadores de galha, em estágio

juvenil (J2), penetram através do córtex radicular (12-24 horas), migrando a partir

daí para o cilindro vascular, onde se estabelecem e desenvolvem o sítio de

alimentação (Barthels, et al., 1997). Nos experimentos aqui descritos foi possível

verificar que ao longo da infecção (14 dias), a expressão do gene repórter foi

sendo limitada às regiões das galhas. É possível verificar na Figura 25 (painéis B,

D e F) que expressão do gene repórter, induzida pelo parasita, localiza-se em

locais de hipertrofia celular, ou seja, onde ocorreu a instalação do sítio de

alimentação.

124

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6. Conclusões e Perspectivas

125

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Diante dos resultados obtidos nesse trabalho, pode-se concluir que o

método in silico utilizado para identificação de genes com expressão órgão/tecido

específica é pouco sensível, gerando grande quantidade de falsos positivos.

Os fragmentos isolados empregando a técnica de genome walking e

provenientes de genes com expressão específica em folha (0.8 kb) e raiz (2 kb),

respectivamente, apresentam atividade transcricional dirigindo a expressão de um

gene repórter nos órgãos esperados tanto em experimentos de expressão

transiente em plântulas de café, bem como em experimentos de expressão

estável, utilizando para tal tabaco transgênico.

O método de bombardeamento desenvolvido e utilizado para confirmação

da atividade transcricional das regiões promotoras aqui isoladas foi extremamente

funcional e seguro, demonstrando com rapidez que as regiões isoladas são

funcionais e órgão-específicas.

Podemos afirmar com segurança que a região promotora do gene com

expressão específica em folha, isolada de Coffea arabica, apresenta um padrão

de expressão altamente específico, sendo o mesmo limitado ao tecido foliar e

rapidamente ativado em situações de estresse biótico e abiótico. Já o promotor

isolado do gene com expressão específica em raiz apresenta um padrão de

expressão diferenciado, sendo específico de raiz e ativado somente em resposta

ao ataque de nematóides e não por dano mecânico.

Do ponto de vista biotecnológico e principalmente de biossegurança o

presente trabalho disponibiliza duas importantes ferramentas que viabilizam a

126

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expressão racional de transgenes, em órgãos chaves da planta, livrando os

órgãos destinados à alimentação humana da proteína heteróloga indesejada.

Muitos estudos ainda deverão ser conduzidos com intuito de checar a

viabilidade de utilização das seqüências promotoras caracterizadas no presente

trabalho em outras espécies de interesse agronômico como milho, soja, algodão,

cana de açúcar, dentre outras. Essas são espécies de grande importância para o

agronegócio brasileiro e altamente prejudicadas por parasitas foliares e

radiculares, o que evidencia o potencial de uso de tais promotores.

127

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7.Bibliografia

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