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04 - Editorial: João Aguiar Campos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14- Internacional20- Opinião: D. Manuel Linda22- Opinião: Manuel de Lemos26- Opinião: Guilherm d'Oliveira Martins28- Semana de José Carlos Patrício30- Dossier Irmã Lúcia

32 - Entrevista: Irmã Ângela Coelho60 - Multimédia62 - Estante64 - Vaticano II66 - Agenda68 - Por estes dias71 - YouCat72 - Programação Religiosa73 - Minuto Positivo74 - Liturgia76 - Pastoral da Saúde78 - Família80 - Ano da Vida Consagrada84 - Fundação AIS86 - Lusofonias

Foto da capa: D.R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Reforma da CúriaRomana[ver+]

Quaresma comapelos solidários[ver+]

Irmã Lúcia, 10anos depois[ver+]

João Aguiar Campos | D. JoãoLavrador | Joaquim Teixeira | D.Manuel Linda | Fernando CassolaMarques |Guilherme d'OliveiraMartins | Manuel Barbosa |PauloAido | Tony Neves | Manuel deLemos

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A aridez do pregador

João Aguiar Campos Secretariado Nacional das comunicações Sociais

Escrevo este texto com uma memória de 40anos. Sim, há 40 anos era aluno do 3º ano deTeologia no Seminário de Braga. Do curriculumconstava a disciplina de “Oratória”. Cada aula,partilhada com os finalistas, dividia-se em doistempos: num primeiro momento, um aluno doquarto ano apresentava, perante a turma, ahomilia que haveria de proferir no domingoimediato, numa das igrejas da cidade. Depois,era a vez de um terceiranista declamar umsermão que lhe havia sido entregue para decorare repetir.Coube-me dar voz a um texto do padre AntónioVieira. Fiz o que pude. Mas, no final,beneficiando da benevolência do professor,perguntei: «Senhor doutor, faz algum sentidoestarmos a ser preparados para um futuro quenão vai existir?».Quis, nesta pergunta, pôr em causa sobretudo aforma que ensaiávamos e que não dispensava aabertura de uma frase em latim e entoações quetinham espirais na voz. Não fui compreendido, vium olhar de purgatório, mas senti-me confortado.Nos quase 42 anos de vida sacerdotal fiz e ouvimuitas homilias, com a sincera convicção de queaquelas lições do Seminário não me foram degrande utilidade. Mas sempre reconheci que a“arte da homilia” merece profunda reflexão ecuidado. Acompanhei, por isso, as preocupaçõesde João Paulo II sobre a formação dosseminaristas e dos sacerdotes, asrecomendações de Bento XVI e o que sobre ahomilia escreveu o papa Francisco na exortação“Alegria do Evangelho”. Agora espero,

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curioso, o Directório Homiléticoestes dias apresentado pelaCongregação para o Culto Divino ea Disciplina dos Sacramentos.A simples publicação destevademecum reconhece umproblema. E mesmo sabendo quehá mudanças que não acontecempor simples decreto, é urgente queelas acontecem, mediante aidentificação dos nossos eventuaise pessoais défices de conteúdo,forma ou tempo.De conteúdo, para que a nossapalavra sirva a Palavra de Deus queressoa na assembleia dos crentes eajude ao fervor e significado dacelebração; de forma, para nãocairmos nas simples regras dodiscurso mediático, nemdescurarmos as mais elementaresnoções de uma comunicação que sedeseja límpida; de tempo – para quea pressa não redunde emsuperficialidade, nem, no outroextremo, nos esqueçamos do pontofinal e da capacidade de atençãodos demais ou das consequênciaspara a celebração… Realmente,esta pode, a partir da homilia,transformar-se numa corrida pararecuperar minutos

perdidos – com o celebrante amostrar a agilidade do locutor daslinhas finais do spot radiofónico queanuncia bancos, seguros ouautomóveis e termina com o avisode que “não dispensa a consulta dofolheto informativo”…O Directório dirá que a maioria doseventuais erros se vence pelapreparação cuidadosa, que reclamaoração, experiência de Deus econhecimento da comunidade.Assim o assimilemos, paraprestarmos um serviço que não noscrucifique e seja de efectivautilidade para quem o recebe. Atéporque – como todosfrequentemente ouvimos – a SantaMissa é muitas vezes considerada“uma seca”, precisamente pelaaridez do pregador…

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Papa Francisco fez paragem surpresa a bairro de lata antes de visitar aparóquia de São Miguel arcanjo, no norte de Roma. (9 fev 2015)

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“Eu estava numa estação de serviçoa tratar do carro quando tocou otelemóvel e era uma amiga minha adizer: 'Olhe, eu estou aqui a ouvir oPapa em Roma a dizer que o senhoré cardeal, os meus parabéns!’ – ‘Ahsim! Está bem, então vamos a isso!’"Patriarca de Lisboa, D. ManuelClemente, à Agência ECCLESIA (9fev 2015) “A princípio fiquei um bocadinhoapreensivo porque é uma novaresponsabilidade, é um outro nívelda Igreja, vamos ficar mais próximodo Santo Padre, não é uma tarefafácil.”D. Arlindo Furtado, primeiro cardealde Cabo Verde, in Diocese deSantiago (10 fev 2015) "Deixámos os cuidados intensivos,somos um banco de transição,estamos na sala de observações.Eu não sou o dono do Novo banco.Quem decide a venda não somosnós.”Presidente do Novo Banco, EduardoStock da Cunha, na comissãoparlamentar de inquérito ao casoBES in jornal Expresso (10 fev 2015)

“Quem não recorda os momentosfamiliares ao redor de uma lareiraou nas conversas ocasionais e nãoreconhece as marcas indeléveis queimprimiram em nós? Este espaço eestas relações afectivas são cruciaispara uma autêntica educaçãoindividual e para a construção decapital social.”Bispo de Braga, D. Jorge Ortiga, nodiscurso de encerramento dasJornadas da Família, em Vila Novade Famalicão. “Para além do empréstimo quefizemos à Grécia de cerca de mil e100 milhões de euros, Portugal temvindo a transferir o produto dosjuros das obrigações na posse doBanco de Portugal, o que significamuitos milhões de euros que saemda bolsa dos contribuintesportugueses.”Presidente da República, AníbalCavaco Silva, à saída da sessão deabertura do X Congresso Nacionaldo Milho in Jornal de Notícias (11 fev2015)

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Quaresma: Dioceses portuguesasapelam à solidariedadeOs bispos das várias diocesesportugueses esperam que o tempoda Quaresma, que se inicia napróxima quarta-feira, com acelebração das Cinzas, renove nocoração das comunidades católicaso espírito de solidariedade porquem mais precisa de ajuda, longeou perto.O bispo da Guarda anunciou que aDiocese vai ajudar com a chamada‘renúncia quaresmal’ dois projetosmissionários, concretamente naGuiné-Bissau e em Angola. Namensagem para a Quaresma,intitulada ‘fortalecer a nossaresponsabilidade missionária contraa globalização da indiferença’, D.Manuel Felício explica que sepretende “dar expressão” àresponsabilidade missionária nadiocese através da “valorização” doCentro Missionário D. João deOliveira Matos, na Diocese deSumbe, em Angola.“Desejamos que ele possa vir a sercada vez mais a expressãoprivilegiada da responsabilidademissionária da Diocese da Guarda,que tem notável história de ligaçãoa congregações

e institutos, principalmente peloelevado número de missionários emissionárias que daqui partiram”,desenvolve D. Manuel Felício, namensagem enviada à AgênciaECCLESIA.O bispo da Guarda revela ainda quea renúncia quaresmal da diocese vaitambém apoiar os Centros deRecuperação Nutricional (CRN) naGuiné-Bissau, um pedido daFundação Fé e Cooperação (FEC).A FEC, organização não-governamental da ConferênciaEpiscopal Portuguesa, que celebra25 anos ao longo de 2015, pediu àsdioceses portuguesas queapoiassem os CRN, um projeto daCáritas guineense de âmbitonacional que acolhem mais de 60 milcrianças, dez mil famílias e 320comunidades por ano.A Diocese de Bragança-Mirandatambém vai dedicar a sua renúnciaquaresmal ao projeto da FEC. D.José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, saúda os 25 anos daorganização, cumpridos “ao serviçodos mais

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pobres” e do “desenvolvimentohumano integral”.“Espalhados por todo o território,em particular nas zonas rurais,estes centros acompanhamanualmente mais de 60 mil criançasvulneráveis guineenses, através davigilância nutricional, da vacinação edo fornecimento de cuidados desaúde primários”, frisa D. JoséCordeiro.A Arquidiocese de Évora, por suavez, vai destinar a renúnciaquaresmal deste ano para o apoioaos cristãos perseguidos por causada sua fé, no Médio Oriente. D. JoséAlves desafia as suas comunidadesa serem “ilhas de

misericórdia” junto dos maisnecessitados e recorda o sofrimentopor que passam todos os dias“muitos milhares” de cristãos, “detodas as idades incluindo crianças”.“Expulsos de suas casas, ficamprivados de tudo. Reduzidos àmiséria, morrem de fome e de frio,em situações verdadeiramenteindignas de seres humanos”,lamenta o prelado.Para o arcebispo, a situação destaspessoas não pode ser encaradacom “indiferença”, por isso convidatodos os cristãos da regiãoalentejana a uma atitude desolidariedade para com estesirmãos.

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EMRC: qualidade e excelênciaO bispo do Porto, D. AntónioFrancisco dos Santos, desafiou osprofessores de Educação Moral eReligiosa Católica (EMRC) a ser“uma presença de qualidade eexcelência” nas escolas. Ementrevista à Agência ECCLESIA,durante um encontro de formaçãopara docentes da disciplina, quedecorreu em Alfragide, o vogal daComissão Episcopal da EducaçãoCristã e Doutrina da Fé frisou aimportância de quem trabalha nestaárea “ir ao encontro das expetativasdas famílias e dos alunos”.O prelado recordou ainda o papeldo Estado junto das escolascatólicas, lamentando que nemsempre os acordos definanciamento sejamatempadamente cumpridos.“Quando faltam os financiamentos,quando as situações se tornamirregulares e instáveis, isso nãoajuda o bem dos alunos, e é poreles que a escola existe”, apontou.Entre sexta-feira e domingo,professores de EMRC vindos detodo o país estiveram reunidos parauma ação de formação sobre otema "«A partir do coração doEvangelho» - Hermenêutica doprograma, instrumento de formaçãodo professor reflexivo".

O bispo do Porto destacou anecessidade de os docentes sesentirem cada vez mais comomembros de “pleno direito” dasescolas, “com iguaisresponsabilidades e ao mesmotempo com um contributo único eimprescindível no bem das escolas ena formação dos alunos”.A ação de formação, orientada paraa preparação do próximo Fórum deEMRC, no próximo mês de maio emFátima, contou com umaconferência do superior provincialda Companhia de Jesus. Tendocomo ponto de partida o tema“EMRC, profecia e dom: um jeito deser Igreja”, o padre José FrazãoCorreia salientou que a disciplina“deve estar na escola como umaminoria qualificada e qualificadora”capaz de “gerar o diálogo e apontarcaminhos para as grandes questõeshumanas”.

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Igreja escreve aos namoradosA Comissão Episcopal do Laicado eda Família divulgou uma nota sobreo Dia dos Namorados, que seráassinalado este sábado,destacando o namoro enquantotempo essencial para “uma famíliabem alicerçada”. “Nessa revelaçãoque cada um faz de si mesmo aooutro, se vai descortinando a forçaque o verdadeiro amor transportaem si e os cuidados que elereclama”, salienta o organismo daIgreja Católica, em nota enviada àAgência ECCLESIA.Para a Comissão, o namoro é umespaço fundamental para construir“um futuro a dois”, desde que cadaum “tenha o seu próprio espaço eseja respeitado na suaindividualidade”. “É também umitinerário de fé, um tempo de graça,um trajeto apoiado na importânciado ser humano, no valor da vida eda família, no Amor de Deus fontede todo o amor e fidelidade, nosgestos pequeninos e pequeninasatenções de cada dia”.Atualmente “são muitos oscontratempos” que colocam emcausa os projetos daqueles que“pensam casar-se e constituir umanova família”. Problemas como “anão empregabilidade ouprecariedade no emprego”, “ainexistência de

apoios”, a própria “debilidade social,expressa sobretudo na cultura doprovisório e numa aceleradaderrapagem de valores”.Fatores que fazem recear ou recuarquem é colocado diante de “opçõesfundamentais de vida que pedemcompromissos definitivos”, como sãoas que envolvem o “matrimóniocristão”. “No entanto”, frisa aComissão, “se o namoro for aquiloque deve ser, não deve haver receiode confiar, teimar e arriscar, emfidelidade criativa, dando erecebendo com alegria ehumildade”. O organismo daConferência Episcopal Portuguesasaúda todos os namorados e fazvotos de que o dia 14 de fevereiroseja “de alegria e esperança” eespera que aproveitem para“namorar, cantar, sorrir, brindar esonhar, neste mundo que tantasvezes parece andar amuadoconsigo próprio”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Santuário de São Bento da Porta Aberta vai ser basílica

Lamego - Jornadas de Formação do Clero 2015

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«Transparência absoluta»na reforma da Cúria RomanaO Papa Francisco deu hoje início auma reunião de dois dias com 160cardeais de todo o mundo paradebater a reforma da CúriaRomana, os organismos centrais degoverno da Igreja Católica,defendendo “transparênciaabsoluta” neste processo. “A meta aatingir é sempre a de favorecer umamaior harmonia no trabalho dosvários dicastérios e organismospara conseguir uma colaboraçãomais eficaz, naquela transparênciaabsoluta que edifica a verdadeirasinodalidade e colegialidade”,declarou, num discurso pronunciadoesta manhã.Francisco sustentou que a reformaem curso não é “um fim em simesmo”, mas um meio para “dar umforte testemunho cristão”, promoveruma “evangelização mais eficaz” epromover o espírito ecuménico e um“diálogo mais construtivo comtodos”. “Com certeza que não é fácilchegar a uma tal meta: exige tempo,determinação e, sobretudo, acolaboração de todos”. Sublinhou.O encontro decorre depois daoitava reunião do Conselho dos

Cardeais – conhecido como ‘C-9’ -que o Papa criou para o auxiliaremna reforma da Cúria Romana, ochamado ‘C9’, que teve lugar entresegunda e quarta-feira.Francisco dirigiu-se depois aos 20prelados que vão ser criadoscardeais no consistório público desábado, incluindo D. ManuelClemente, patriarca de Lisboa.“Bem-vindos a esta comunhão, quese exprime na colegialidade”,declarou.O C9 apresentou em setembro de2013 um esboço de novaConstituição para a Cúria Romana,que foi discutido com osresponsáveis dos organismoscentrais do governo da Igreja, doismeses depois.Durante este consistório - reuniãode cardeais para debater assuntosimportantes da vida da Igreja,convocada pelo Papa - o secretáriodo C9, D. Marcello Semeraro, vaiapresentar uma síntese do trabalhofeito para elaborar uma novaConstituição para a Cúria Romana.Francisco recordou que nasreuniões gerais de cardeais antesdo Conclave de março de 2013, noqual foi eleito,

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a maioria dos participantesdesejava esta “reforma”, para“aperfeiçoar ainda mais a identidadeda própria Cúria Romana”, ou seja,ajudar o Papa no exercício do seuministério. “Com este espírito decolaboração começa o nossoencontro, que será fecundo graçasao contributo que cada um

de nós puder exprimir comfranqueza (parresia, no original)”,concluiu.O cardeal Oscar Maradiaga, quecoordena o ‘C9’, considera queFrancisco criou uma “nova maneirade governar a Igreja” e admitiu, nasua recente passagem por Portugal,que é necessário “reduzir” o númeroConselhos Pontifícios.

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Bento XVI, dois anos depois darenúncia

Bento XVI anunciou a sua renúnciaao pontificado há dois anos e está amanter uma vida de recolhimento esilêncio, surgindo em públicoapenas para acompanharcerimónias presididas porFrancisco.O Papa emérito participou pelaprimeira vez numa cerimónia públicajunto de Francisco em fevereiro de2014, num consistório para acriação de cardeais e viria a repetira presença em várias ocasiões,como as canonizações dos PapasJoão XXIII e João Paulo II ou abeatificação do Papa Paulo VI, naPraça de São Pedro. No mesmolocal, Bento XVI esteve com o PapaFrancisco para a abertura doencontro que reuniu 40 mil avós eidosos de 20 países.

Bento XVI quis esclarecer ementrevista ao ‘FrankfurterAllgemeine’ que considerava um“total absurdo” ver na reafirmaçãoda “impossibilidade de receber aSanta Eucaristia” uma interferêncianos trabalhos do Sínodo sobre aFamília (outubro de 2014),precisando que a revisão de umtexto seu de 1972 foi decidida emagosto, poucos meses antes doSínodo, e não contém “nada denovo”.O Papa emérito confessou que,após o fim do seu pontificado,gostaria de ter passado a serchamado apenas por ‘VaterBenedikt’, ‘padre Bento’, mas quenão sentiu forças para impor a suavontade.

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«Ministro da Cultura» do Vaticanosublinha papel da LusofoniaO presidente do Conselho Pontifícioda Cultura (CPC), cardealGianfranco Ravasi, elogiou o papelda Lusofonia na vida da Igreja,reconhecendo a importância dePortugal na difusão da mensagemcatólica. “Sempre admirei a culturaportuguesa, porque tinha acapacidade do gérmen, da semente,de conseguir fundir-se em contextosmuito diversos, através da suaprópria língua, da sua própriacultura, absorvendo tambémelementos indígenas”, disse ocardeal italiano à AgênciaECCLESIA.Após o consistório de sábado, o

Colégio Cardinalício vai passar acontar com 227 membros (125eleitores e 112 com mais de 80anos), dos quais 13 são oriundos deIgrejas lusófonas (7 com direito avoto num eventual Conclave): seisdo Brasil, três de Portugal, dois deMoçambique, um de Angola e um deCabo Verde.Para D. Gianfranco Ravasi, anomeação do patriarca de Lisboareconhece este legado da “sedepatriarcal, que é o lugar da partida,para lá da pessoa” de D. ManuelClemente. “É um reconhecimento auma cidade, a uma sede cristã ecultural”, precisou.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Vaticano: Duches e barbearias para sem-abrigo prontas a funcionar

Papa lamenta morte de imigrantes no Mediterrâneo

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A Europa ainda é a Fé?

D. Manuel Linda Bispo das Forças Armandas e Segurança

Era tradicional afirmar que a Europa é a fé e quea fé é a Europa. Eu próprio o preguei e ensinei.Convictamente. Quer porque, do lado da Europa,dois mil anos de convívio familiar com ocristianismo caldearam a sua fisionomia, quer, daparte deste, porque, embora surgido em contextosemita, foi na cultura greco-romana que eleencontrou as chaves da sua compreensão,expressão e difusão.Esta associação íntima entre Europa ecristianismo é também uma imagem de marca dopontificado de São João Paulo II. Na sua primeiravisita a Santiago de Compostela, começou a falarde uma Europa unida “do Atlântico aos Urais” àbase de uma renovada evangelização. Ou,então, de uma “Europa a dois pulmões”. De talforma que foi sofrida como afronta à verdadehistórica a recusa da inclusão do nome de Deusna «Constituição» europeia.Mas quem segue na vertigem da montanha russanão é o que possui melhores condições paraajuizar da sua própria reacção e da dos outros: oque está fora observa melhor. Não admira: nãosomos bons juízes em causa própria. Além disso,a cultura, entendida como radiografia da alma deum grande grupo, tem inerente a noção de umacerta inconsciência: o habitual passa a ser vistocomo o normal. E pode não ser.No que diz respeito à fé, a vinda de um Papa “dofim do mundo” está a permitir-nos ver com outrosolhos. E a dissociar a fé com a Europa.Francisco, que via as coisas a uma certadistância física e cultural, governa a Igreja à basede outros pressupostos. Por isso, privilegia ocontacto com as periferias

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geográficas, quando não com asperiferias da implantação da fé.A escolha dos novos cardeaisexprime isso muito bem. Não sedeixou levar pelas «razõeshistóricas», mas prosseguiu nadirecção de uma Igreja mais católicae menos eurocêntrica. A escolha doPatriarca de Lisboa também seinsere nesta linha. Sem ignorar oseu imenso prestígio, valor culturale pastoral e proximidade ao mundodos homens e das mulheres destetempo, é provável que tenha tidopeso o que Lisboa representa nahistória e geografia do mundo:

o ponto de partida e de chegada damissionação, do desenvolvimentohumano, da globalização e doencontro de culturas. Franciscoreconheceu o que todosreconhecemos: D. Manuel Clementeé o homem certo no lugar certo. Eque Lisboa também funciona comoum certo símbolo da Igreja que sequer no futuro.Deus dê vida e saúde ao PapaFrancisco. Se tiver condições para agovernar, a Igreja dos próximosanos será «recentrada» numa novafórmula: “O mundo é a fé e a fé é omundo”.

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A dificuldade aguça o engenho

Manuel de LemosPresidente da União dasMisericórdiasPortuguesas

A crise por que temos passado tem deixadomuitas marcas tanto nas famílias, como nasinstituições. Sobre este assunto, muito temosconversado. O lado negro das dificuldades temsido tema, por vezes exaustivo, de debates tantona imprensa, reunindo especialistas das maisdiversas áreas, como nas redes sociais, ondetestemunhos e opiniões tendem a ser maisemotivos.Mas se é verdade que são inúmeras aslimitações, também é verdade que, comoescreveu Luís de Camões, a dificuldade aguça oengenho. As crises, quase sempre e sequisermos, podem representar oportunidadespara refletirmos, para buscarmos maneira defazer mais, fazer melhor, fazer diferente.As Misericórdias têm resistido aos séculos (maisde cinco) porque acreditam nessa premissa.Somos instituições com esperança. Semprefomos e continuaremos a ser porque a certezade que é possível melhorar o mundo, nem queseja um pequeno mundo de uma qualquer famíliadeste nosso país, é um dos pilares da nossaidentidade.Contudo, apoiar os portugueses precisa de muitomais do que a esperança que nos animadiariamente. É preciso, todos os dias e com muitorigor, gerir pessoas, gerir contas, gerir recursosem geral para assegurar a continuidade dasMisericórdias e do apoio que prestam.Nesse cenário, muito temos ouvido sobre anecessidade de profissionalizar a gestão dasentidades do setor social e solidário e, mais

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recentemente, sobre a necessidadeimperiosa de estabelecermosparcerias, de trabalharmos em rede.No mundo das ideias, penso quetodos concordaremos que faz todo osentido. Mas será certamente umaspeto material a acelerar este

processo pelo qual inevitavelmenteteremos de passar se quisermoscontinuar a ajudar as pessoasnaquilo que, em cada tempo, são assuas necessidades sociais. Dianteda escassez de recursos financeirosimporta que comecemos, em

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conjunto, a delinear estratégias comvista a aproveitar de forma maiseficaz e eficiente a capacidade e opotencial do nosso país.Parceria é uma palavra soa bem emmuitos discursos, mas até que pontoestaremos preparados para ela?Para efetivarmos parcerias temosde ser corajosos e em diálogoperceber quem faz o quê e como.Para este debate,tenho ditoinúmeras vezes, as Misericórdiasestão disponíveis.Não faz sentido que num país comrecursos financeiros limitados hajarespostas em duplicado. Não fazsentido que sejam feitas as opçõesmais dispendiosas para o eráriopúblico. Não faz sentido que nãosaibamos aproveitar o potencial, oempenho e a criatividade dosportugueses. Somos, apesar dasdificuldades, um povo corajoso, umpovo capaz de virar a mesa emmomentos conturbados. Já ofizemos em outras situações…Um exemplo de parceria para fazerface a um problema social são ascantinas sociais. Não fazia sentidoque, havendo capacidade instaladanas localidades, houvesse quem,um pouco por todo país, estivesse asentir um flagelo que, direta ou

indiretamente, a todos atormenta: afome. Foi por isso que, em parceriae diálogo, governo e setor socialencontraram uma maneira de darresposta a essas pessoas,aproveitando recursos já instaladose sem enorme despesa para oOrçamento de Estado.Ainda assim nos escapam pessoas?Claro! Desde alguns residentes emalguns bairros sociais muitoproblemáticos sobretudo na grandeLisboa, na península de Setúbal eno grande Porto. Há casos depessoas desinformadas, mastambém de doentes mentais quevivem nas ruas e sobretudo de"novos pobres" (a designadapobreza envergonhada). Mas averdade é que a resposta está lá,muitas vezes a poucos metros dasresidências das pessoas.Nos últimos meses temos registadouma contínua diminuição de procuradas cantinas sociais, o que éobviamente um bom sinal. E atétemos registado alguns casos emque as cantinas fecharam por faltatotal de procura, como foi o casorecente da Misericórdia de Boticas,no distrito de Vila Real. A SegurançaSocial tem números exatos dadespesa e constata a suadiminuição continuada.

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Por isso tudo, pergunto: Seremoscapazes de passar das palavras àação? Seremos capazes de abdicardos nossos quintais? De abrir mãode um certo poder absoluto quepensamos ter? Penso que as atuaiscircunstâncias terão inevitavelmenteum efeito catalisador sobre essasdecisões que, em muitos casos, andamos aadiar. Se quisermos,

especialmente o setor social esolidário e o Estado (e por que nãoincluir o setor privado, afinal, o bem-estar de todos deve ser um desígniotambém de todos) continuar aapoiar as pessoas, teremos mesmode discutir seriamente sobre o quesão as competências de cada um.Temos esse dever e só assim serápossível entregar a carta a Garcia.

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D. Manuel Clemente

Guilherme d’OliveiraMartinsPresidente doCentro Nacional deCultura

É um grande júbilo podermos contar com um novoCardeal português na Cúria. E, como afirmou o PapaFrancisco, não se trata de uma honra, mas de umreconhecimento e de uma responsabilidade. É esseserviço que devemos invocar, como sinal para ofuturo. Num tempo de incertezas são os sinais dejustiça que devem ser invocados. E é de bom augúrioque o novo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel,faça do seu programa pastoral uma caminhadasinodal, considerando a importância fundamental dacolegialidade, da partilha de responsabilidades e daconvergência comunitária. Esse é o caminho que temde ser prosseguido com muita exigência.Importa recordar o muito que o novo Cardeal tempensado sobre Portugal e os portugueses. E é bomque oiçamos essa reflexão e que lhe possamos darsequência. «O povo português naquilo que vaifazendo, que vai perdendo, que vai ganhando, mostrauma grande capacidade de se refazer» (diz D.Manuel). «Não digo que seja um caso único, mas é umcaso muito interessante. Não é por recorte geográfico(não temos nenhum, estamos integrados nessagrande unidade que é a Península Ibérica). Nem porrecorte étnico (que também não temos, somos umagrande mescla de aportações, daqui e dacolá). Doponto de vista genético, não temos grandeoriginalidade. Nem do ponto de vista dos recursosnaturais (também não tivemos nada por aí além). Nadanos fadava para sermos uma entidade autónoma e tãoresistente ao longo de tantos séculos». Nestaentrevista a Anabela Mota Ribeiro, D. ManuelClemente faz como os homens da Igreja que se nãolimitam a revisitar fórmulas gerais e conhecidas,procurando tirar as lições necessárias da históriaimediata. Trata-se, sim, de nos refazermos a partir de quem

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somos realmente. Sentimos ecosdas palavras dos Padres AntónioVieira e Manuel Bernardes, que secentraram na realidade de carne eosso, de quem somos, nem povoescolhido nem povo enjeitado,nascidos neste rincão ouespalhados no mundo, perdendo ouganhando, vocacionados para asvárias moradas que se nos vãooferecendo…«Temos uma nacionalidadeassumida em termos de sentimentosbásicos e de mitos coletivos.Facilmente nos reencontramos àsvezes fora daqui». Quandoencontramos alguém noestrangeiro, português,«imediatamente estamos a contarhistórias comuns, como se fossemosda mesma família». E é este sentidode proximidade, de familiaridade, deconvivialidade que devemosaprofundar, no sentido em que anossa cultura se foi enriquecendotambém pelas raízes cristãs.Espalhados pelo mundo,procuramos que a cultura da pazseja vivida de facto. Jaime Cortesãofalou do papel fundamental dofranciscanismo no nossohumanismo universalista. Agostinho da Silva invocou a nossaespiritualidade na utopia das festasdo Espírito Santo e no culto daSenhora do Ó. Na magníficatradução que Manuel de Lucena(que há pouco nos deixou) fez das«Moradas» de Santa Teresa deJesus, encontram-se tantasrealidades e preocupações quenos são familiares, explicandoTeresa de

Jesus «o que pensa que NossoSenhor quer ao fazer à Alma tãoaltas mercês e como é preciso queMarta e Maria andem semprejuntas», sendo muito proveitoso». Eem vendo a cultura contemporânea,percebemos bem como estacompreensão nos pode levar aoentendimento de quem somos narelação com os outros…«O que Portugal tem de melhor sãoos portugueses. E isso nãodesilude. Não desiludiu na minhainfância dos anos 50 e continua anão desiludir hoje. O português éum tipo excelente». Não. Não é paraautocomprazimento que isto selembra. É como sentido deresponsabilidade e de caminho, comexigência e determinação. Nemmelhores nem piores do que outros.Somos nós mesmos! Com limitaçõese tentações, com excessos e falhas.Santo António teve de ir pregar aospeixes, porque lhe virámos ascostas. E, em momentos cruciais, láfomos percebendo que era para nósque ele ia falando, cuidando dasdiferenças dos peixes, grandes epequenos, dóceis ou agressivos,vorazes e vítimas… E voltando a àrelação entre Marta e Maria – éesse o grande apelo deste tempo ede sempre. Contemplação e ação!Reflexão e intervenção! Glória eJustiça! No momento em que D.Manuel recebe o barrete cardinalícioe prossegue a sua caminhadapastoral, é tempo de saudar asdimensões cívica e religiosa… Comodiz o Salmo 36: «in lumine tuovidebimus lumen».

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Vaticano e outras latitudes

José Carlos Agência ECCLESIA

Numa semana recheada de grandesacontecimentos no Vaticano, com especial relevopara a eleição de 20 novos cardeais, entre osquais o nosso patriarca de Lisboa, D. ManuelClemente, destaco outras latitudes que por estesdias também marcaram ou marcam a atualidade.Na Ucrânia, um acordo de cessar-fogo foialcançado pelos líderes da Rússia, Ucrânia,Alemanha e França, e poderá ser implementadojá a partir do próximo domingo.Depois de quase um ano de conflito e perto de 6mil mortos confirmados, aqueles que detêm opoder resolveram finalmente sentar-se à mesmamesa para resolverem as suas diferenças, numacimeira mediada por duas das maiores potênciaseuropeias.Vamos esperar que este acordo não fiqueapenas no papel, mas passe para o coração daspolíticas e prioridades dos dois países, pelo bemdo Velho Continente e da paz no mundo.Que os políticos ucranianos e russos se inspiremno exemplo do Nobel da Paz Nélson Mandela,esta semana recordado pelo 25.º aniversário dofim do seu cativeiro, na África do Sul.Um homem que lutou contra a discriminaçãoracial no seu país e mais do que isso, procurouunir brancos e negros sob o signo de uma sóbandeira, porque sabia o poder da comunhão econhecia já demasiado bem o preço da violênciae da guerra.Mas apesar deste e de outros bons exemplos devida que a sociedade tem conhecido, parece que

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vivemos num mundo que nãoaproveita os seus “profetas” nemaprende com os erros.Quantas vezes o Papa Francisco jánão levantou a sua voz em defesada paz e da justiça, pela valorizaçãoda pessoa humana, pela defesa dosmais fracos?No entanto, o mundo permaneceindiferente, autista, a estes apelos,umas vidas perdem-se em nome dopoder, do dinheiro, do território, dareligião, outras tombam devido àindiferença, longe da vista, como osimigrantes africanos na costa deLampedusa.Seres humanos, homens, mulheres

e crianças, que devido à faltade condições nos seus países,fazem-se ao mar com o coraçãocheio de esperança e olham para aEuropa como uma porta para umavida melhor.Ainda nos últimos dias, mais deduas centenas de imigrantesmorreram afogados ou dehipotermia depois de enfrentaremmais uma vez as águas rumo à ilhaitaliana.Quantas pessoas mais vão ter demorrer, quantos apelos mais vão terde ser feitos, até que o mundocomece a colocar, como disse oPapa Francisco, “o Homem nocentro?”.

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A memória de FátimaDez anos depois da sua morte, a Irmã Lúcia continua a ser recordadaem todo o mundo como a memória de Fátima. A sua figura teminspirado milhares de pessoas, que aguardam agora o desenrolar doprocesso de beatificação da vidente de Fátima. O SemanárioECCLESIA apresenta nesta edição uma entrevista à vice-postuladorada causa de canonização, com vídeos e testemunhos sobre areligiosa portuguesa, incluindo uma homenagem das irmãs doCarmelo de Coimbra, casa de Lúcia de Jesus durante 57 anos e ondemorreu.

insira a foto aqui

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Santidade da Irmã Lúcia ultrapassaaparições da Cova da Iria Dez anos depois da morte da Irmã Lúcia, a vice-postuladora da causade canonização conversa com a Agência ECCLESIA sobre asdescobertas que tem encontrado, quatro meses depois de iniciar otrabalho no processo. Lúcia irá para os altares pela vida desantidade que viveu não por ter sido testemunha das aparições daVirgem maria, em 1917, na Cova da Iria. O seu processo debeatificação será longo devido à vasta documentação que possuiu eque, afirma a Irmã Ângela Coelho, merece ser estudada de formaaprofundada e rigorosa.

Entrevista conduzida por Lígia Silveira

Agência Ecclesia (AE) - Que olharnovo se pode ter sobre a vida daIrmã Lúcia, 10 anos após a suamorte?Irmã Ângela Coelho (AC) – Hácoisas novas que se têm descobertoneste estudo realizado ao longo desete anos, porque até aí o processonão tinha sido aberto. Em primeirolugar a sua vida, que foi bastantepreenchida por um trabalho dedifusão da mensagem de Fátima.Alguma coisa já conseguíamosintuir, mas agora vendo os seusescritos mais íntimos e tendoacesso às suas cartas, contactandocom as pessoas que a conheceramde perto, vemos que esta mulher foiabsolutamente perseverante,

persistente e fiel, até ao fim, àmissão que o Senhor lhe confiouquando ainda era criança.A Irmã Lúcia passa mais de 80 anosda sua vida a cumprir uma missãoque Deus lhe dá e de facto nãorecuou, não se calou, não parou,não desanimou, não baixou osbraços.Outra característica que temsurgido, que já intuíamos, mas queagora constatamos com osdocumentos nas mãos: a Lúciacontactou com milhares e milharesde pessoas, sobretudo nos últimosanos da sua vida e por causa damensagem de Fátima.

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AE – Mostra a devoção mariana queexiste além-fronteiras que a IrmãLúcia ajudou a projetar?AC – Nós já tínhamos esta noçãocom a Jacinta e o Francisco: ondechegou o culto de Nossa Senhorade Fátima, os pastorinhos vão porarrastamento.Com a Irmã Lúcia noto algo dediferente: enquanto o culto aospastorinhos está bastante ligado àmensagem de Fátima, aosacontecimentos de Fátima de 1917,a devoção à Irmã Lúcia está ligadaàs características pessoais desantidade. AE – Devido à longa vida que teve?IAC – Por causa da longa vida e daatividade que foi exercendo, peloslivros que escreveu mas sobretudopelas cartas que trocou com asuprema hierarquia da Igreja, ouseja, com o Santo Padre.Há uma ação concreta da Lúcia,obviamente na tentativa decorresponder aos pedidos de NossaSenhora, e é por isso que ela secorresponde com os Papas, mas oque é certo é que há característicaspeculiares, traços da sua santidadeque nós conseguimos perceber quese vão desenvolvendo eexpressando ao longo dos anos,não só relacionados com amensagem de Fátima, massobretudo com a sua personalidade.

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AC - Percebemos que onde chega oculto de Nossa Senhora de Fátima,chegou a Irmã Lúcia que éconsiderada a grande protagonistado acontecimento e aquela que ficapara contar, e sobretudo para ircontinuando a transmitir os pedidosde Nossa Senhora, em especial aconsagração do mundo à ImaculadaConceição.Temos recebido cartas, já nãocartas para ela. Temos um espólioenorme. Da Europa, em especial deEspanha, Itália e Irlanda. Tambémdo Brasil e dos Estados Unidos daAmérica. Das Filipinas chegammuitos emails. AE – O que contam as missivas?IAC – Nas comunicações emensagens que escrevam por mailao Carmelo de Coimbra, sãopessoas a pedirem que coloquemos seus pedidos na cela da IrmãLúcia. Como este local surge comoum espaço sagrado, porque foinaquela cela que aquela mulherviveu a maior parte dos seus anosde vida e foi naquela cela que tantorezou e trabalhou. A Irmã doCarmelo tem esse cuidado deaceder aos pedidos.Recebemos pedidos de auxílioespiritual, material, procura deemprego, os sofrimentos da

humanidade que todos conseguimospensar.Recebemos comunicações degraças de vários tipos: saúde,espiritual, familiares com relaçõesdifíceis que a Lúcia vai procurandoajudar. Mas expressam sobretudouma confiança naquela que durantea sua vida teve uma relaçãoprivilegiada com o Senhor e comNossa Senhora. AE – A sua vasta documentação éuma dificuldade neste processo?IAC – A vasta documentação é umdesafio. Obviamente que estamostodos muito ansiosos pela suabeatificação. Mas eu penso que aIrmã Lúcia merece um estudo muitoaprofundado e rigoroso, não sópara a questão histórica, que émuito importante, masconcomitantemente, para a suadimensão espiritual. Creio queprestamos um melhor serviço àprópria Lúcia, à sua santidade ecaracterísticas, se estudarmos bema documentação que existe.Obviamente uma mulher que vivequase 98 anos, que se correspondecom Papas, desde Pio XII, até JoãoPaulo II, com cardeais, bispos, atécom pessoas que agora são beatoscomo Teresa de Calcutá, José MariaEscrivá,

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Álvaro del Portillo; Lúcia escreve airmãos de outras confissõesreligiosas e com milhares e milharesde pessoas, que agora noscomeçam a devolver as respostasque a Lúcia deu – conseguimosrecolher mais de 11 mil cartas -torna o processo complexo.É muito e tem de ser estudado portodos os membros da comissãohistórica mas também por doissensores teólogos que nosgarantam que nada do que a Lúciaescreveu está contra a fé da Igreja,contra a doutrina, costumes e morale que nos façam entender qual operfil espiritual da mulher que estápor detrás das cartas.O desafio centra-se na quantidadee também porque Lúcia tem umaação complexa, plurifacetada.Vemos cartas que a Lúcia trocoucom Papas por causa daconsagração,

mas há também cartas por causada construção de outros Carmelos,vemos cartas da Lúcia preocupadacom os problemas de famílias quelhe confiam as suas intenções.Como vemos também a Lúciapreocupada com pessoas que nãotêm emprego. Há uma ação tãoplural que estudar e escrever tudopara elaborar um bom relatórioconstituiu um grande desafio. AE – Que olhar é necessário terquando se analisam osdocumentos?IAC – No processo de beatificaçãoda Irmã Lúcia - é preciso perceber eé isso que estamos à procura - aquestão de ela ter visto ou nãoNossa Senhora não interessa para asua santidade. O processo históricoda Lúcia não tem diretamente a vercom o processo das aparições ecom a temática aparições.

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AE – Podemos entender asaparições como um caminho paramostrar as virtudes que a Irmã Lúciadesenvolveu?AC – As aparições foram um dom deDeus que ela teve, assim como oFrancisco e a Jacinta. Mas não épor causa do dom, a priori, que elavai ser beatificada, mas sim pelafidelidade ao dom que recebeu.A santidade mostra-se pela formacomo um servo de Deus vive a suavocação de batizado e desenvolvetodo o potencial de fé, esperança ecaridade que nos é dado nomomento do nosso batismo. Eladesenvolve essas característicasacima de um bom cristão, de formaque possa ser modelo e exemplopara os cristãos.Se o que importasse na Lúcia fosseo facto de ela ter sido vidente, issonão constituía exemplo paraninguém porque nós não temosaparições de uma forma geral. Elapode ter tido esse privilégio, é umcarisma particular, mas não é porisso que ela vai ser beatificada ecanonizada. Quando for será pelafidelidade ao dom, mas tambémporque viveu a fé, a esperança e acaridade, porque viveu a prudência,a justiça, a temperança, a fortaleza.

Vamos perceber como esta mulhernos momentos de sofrimentosreagia, se procurava a configuraçãocom Cristo no mistério da suaPaixão, o amor que ela tem à Igrejaque tem de ser uma característicade qualquer santo. Na Lúcia esteamor à Igreja e concretamente aoSanto Padre é notório, é quase umadas suas características, a suadevoção filial, esta aliança que temcom o Papa que se transforma emoração e sacrifícios por ele. A Igrejavai dizer que ela ao estar no céu étambém uma intercessora nopercurso e caminho. AE – Para esse pensamentoconcorrem também os relatos deoutras aparições depois de 1917?AC – Depois da experiência de 1917sabemos que a Irmã Lúcia teveoutras aparições de Nossa Senhorae do céu – a famosa sétimaaparição que Nossa Senhora dissevir a acontecer, em 1921, no dia 15de junho. Uma das característicasda santidade da Lúcia que mais mecomove é a obediência à Igrejacomo expressão da vontade deDeus.Ela em tudo e até ao fim, vai ter umgrande sentido de obediência àhierarquia, quer sejam os

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bispos ou papas, os seussuperiores mais imediatos que sãodo Carmelo.Em Ponte Vedra e Tui, durante onoviciado e postulando, teve duasaparições, de 1925, a 10 dedezembro, e em 1929, a 13 dejunho.Estas duas aparições fazem aindaparte do que é o acontecimento damensagem que Fátima.Posteriormente sabemos que aLúcia teve um ou outro momentomais intenso de intimidade comDeus, que não entram diretamentepara a mensagem de Fátima, masrelacionam-se com a sua açãosobretudo no que diz respeito aosegredo, se deve ou não contar, etambém relativo à consagração.Estas aparições não sãoimportantes para o seu processode canonização, para a suasantidade. São esclarecimentosdados pelo céu às dúvidas que aLúcia vai colocando de acordo como que lhe é pedido, por exemplo,pelo bispo ou pelo Santo Padre.Para escrever a terceira parte dosegredo, que fez em 1944, Lúciapede luz a Deus e Nossa Senhorafalam com ela.Mas no processo de canonizaçãoisto não é essencial, nem muitoimportante.O que nos interessa é que Lúcia

obedeceu. Quando o bispo lhe pedealgo, Lúcia consulta Nosso Senhor eescreve. É mais o sentido deperceber como é que ela foivivenciando estes momentos.Muitos questionam o facto de elaainda não estar canonizada se NossaSenhora lhe disse que ela iria para océu. E a resposta é porque ofenómeno aparições não vai contarno processo. Saberemos algumasaparições que Lúcia teve ao longo davida, outras ela não as registou enunca saberemos.

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AE – A forma como ela serelacionou com o Segredo deFátima será mais relevante do quepropriamente o conteúdo?AC – O conteúdo do segredo foifixado no dia 13 de julho de 1917quando ela ouviu as três partes dosegredo. Ela vai tendo autorizaçãopara escrever a 1ª e a 2ª parte dosegredo, no início dos anos 40.Para ela guardou a terceira parte dosegredo, porque não sentiu queDeus ou Nossa Senhora lhe dessemautorização para revelar.Como é que nasce o pedido da 3ªparte para ser redigido? Nasce doD. José Alves Correia da Silva, 1ºbispo de Coimbra e muto seu amigo,num contexto de doença grave.

O que a Lúcia regista é que aotentar cumprir a ordem de D. José, aquem ela sempre obedeceu, nãoconsegue escrever, tem dificuldadesinteriores. Começa a perceber quepossivelmente não está autorizada aescrever. Então Lúcia vai rezar,dividida entre a expressão davontade de Deus no pedido do D.José e as suas dificuldades.Em 3 de janeiro em 1944 - tem istoescrito de forma muito clara - enesta hora de adoração, ela sentede forma intensa a presença deNossa Senhora. Tem aqui umaexperiência de sofrimento humano,e quando passa este sentimentointenso sente que Nossa Senhoralhe diz para escrever

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o que viu e sentiu no dia 13 de julhode 1917.Não a sua interpretação, não comoela interpreta ou como podeperceber. A Lúcia diz que passadaesta atmosfera, diz sentir-sepreparada para escrever semproblema. A 3 de janeiro de 1944 aLúcia escreve o que ouviu a 13 dejulho. AE – O processo de interpretaçãodo segredo concorre para a vida desantidade que se quer canonizar?AC – A Lúcia sempre disse que a sicoube-lhe a visão e o escrever. Ainterpretação cabe à Igreja. Assimcomo a decisão de publicar osegredo. A Lúcia apenasdeterminou a data, 1960, poisentendia que antes poderia não serpercebido. E deixou para o Papa adecisão de publicar. A partir de 1960os ânimos começam a exaltar-secom um sensacionalismo à volta dosegredo. João XXIII, que leu

o segredo, achou por bem não opublicar. Assim como Paulo VI; JoãoPaulo I não sabemos. João Paulo IIque leu após o atentado decidiupublicar só em 2000.Porquê este afastar entre o ler e opublicar, entre a autorização davidente e a publicação do segredo?Não sei explicar. Creio que foi paralimitar o sensacionalismo da altura.O segredo foi publicado em 2000,com interpretação preparada pelaCongregação da Doutrina da Fé(CDF), na altura com o cardealJoseph Ratzinger à frente dacongregação.Sabemos que para o comentárioteológico da terceira parte dosegredo, o Santo Padre mandou ocardeal Bertone, na altura secretárioda (CDF), falar com a Lúcia e ela fezo reconhecimento da carta, da sualetra, e concordou com um ou outroaspeto da interpretação que ocardeal Bertone lhe colocou naaltura.

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AE – Há quatro meses que é vice-postuladora neste processo. Váriasvezes diz ter sido uma graçaaproximar-se da vida da Irmã Lúcia.E nota-se pelos seus relatos que aIrmã Ângela quase vê a vida da IrmãLúcia decorrer à sua frente, tal é avivacidade e proximidade com querelata os acontecimentos. Do pontode vista pessoal, como religiosa,católica e humana, como é que setem relacionado com estetestemunho?AC – Ler o diário da Irmã Lúciaaumentou o meu desejo de sersanta. A santidade é para todos epara nós. A santidade desta mulheré muito bonita e ela teve momentosmuitos difíceis. Mas nunca a vejoamargurada e sim, com cadacontrariedade e dificuldade, vejo-asempre a ir ter com Jesus nosacrário e a exprimir o desejo de seconfigurar com ele na sua Paixão.Digo-lhe isto como cristã.Como consagrada vejo uma mulhermuito fiel aos votos religiosos, à vidacomunitária e à sua vida de oração.Vejo uma mulher que amaverdadeiramente o Carmelo, comum amor muito grande pelos seusmestres.

Das coisas que mais me comove é afidelidade durante tanto tempo.Deus confiou-lhe uma missão aos10 anos. Ela menina, jovem e depoismulher adulta vai viver na fidelidadeàquela missão até aos 97 anos.Sem se cansar, sem baixar osbraços, sem desanimar, nos dias emque tanta gente duvidada.Esta senhora foi fiel durante tantotempo, uma vida completamenteapoiada na palavra de Deus, quelhe foi comunicada em 1917 e ondeela sustenta todo o seu percurso.À medida que vou lendo epercebendo a Lúcia sinto umenorme respeito por esta senhoraque foi fiel e foi inteira.A nível espiritual era uma mulhermuito trinitária. Sem dúvida que asua vida é passada com NossaSenhora, mas os seus escritos sãoquase todos para Deus. É fabulosover como esta mulher tem umarelação muito especial com aSantíssima Trindade e durantemuitos anos. Deus era a sua vida.É uma mulher que está no Carmelo,na clausura e todo o mundo passapor aquele coração e aquela cela.Não sei se haverá muita gente nonosso

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tempo que tenha recebido mais de70 mil cartas e as tenha respondido.O Carmelo conserva cerca de 60 mile algumas a Lúcia queimou peloenorme respeito pela dignidadehumana que tinha. Ela lidou compessoas humildes, estrelas decinema, Papas, reis. É incrível comotodo o sofrimento do século XXpassa por aquele coração.O ministério da oração e doapostolado pela escrita da IrmãLúcia foi duro, exigia uma disciplina

muito grande.Às vezes temos medo de Deus oudo que ele nos pode pedir. Sabemosque Deus não nos tira os problemase sim que ele caminha connosco. Asua longa vida foi passada com acerteza que Nossa Senhora era oseu refúgio e o caminho que aconduziria até Deus. Este fazercaminho com a Virgem Maria deu-lhe um traço de alegria e confiança.Esta é a grande lição da Lúcia.

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Lúcia Rosa dos SantosLúcia Rosa dos Santos, nasceu emAljustrel, paróquia de Fátima, no dia28 de março de1907.Na companhia de seus primos, osBeatos Francisco e Jacinta Marto,recebeu por três vezes a visita deum Anjo (1916) e por seis vezes avisita de Nossa Senhora (1917), quelhes pediu oração e penitência emreparação e pela conversão dospecadores.A sua especial missão consistiu emdivulgar a devoção ao CoraçãoImaculado de Maria como alma damensagem de Fátima. Em virtudedesta missão que lhe foi confiadarecebeu ainda outras visitas deNossa Senhora, assim comograndes graças místicas que aajudaram a percorrer o seu caminhocom fidelidade.

Ingressou na Congregação deSanta Doroteia, em Espanha, ondese deram as aparições de Tuy ePontevedra, as aparições daSantíssima Trindade, de NossaSenhora e do Menino Jesus.Desejando uma vida de maiorrecolhimento para responder àmensagem que a Senhora lhe tinhaconfiado, entrou no Carmelo deCoimbra, em 1948, onde seentregou mais profundamente àoração e ao sacrifício. Aqui tomou onome de Irmã Maria Lúcia de Jesuse do Coração Imaculado.Faleceu no dia 13 de fevereiro de2005 e o seu corpo repousa naBasílica de Nossa Senhor doRosário de Fátima desde o dia 19de fevereiro de 2006.

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A Irmã LúciaPassaram dez anos após a morte dairmã Lúcia. Enquanto capelão dascarmelitas de Coimbra, de 1998 a2008, foram dez anos durante osquais tive o privilégio e a graça decontactar com a irmã Lúcia.Como é própria desta missão,dialogámos bastante; escutei muitasdas suas conversas e desabafos;respondi a alguns esclarecimentosque me pedia, dado o seu espiritode curiosidade e de renovaçãoconstante; orientei tempos dereflexão e oração, e presidi àcelebração da Eucaristia que tãointensamente vivia; interiorizeimuitas confidências; acompanheimuitas das suas actividades e comorespondia às solicitações e pedidosque lhe eram dirigidos; participeinos encontros que a visita depersonalidades da Igreja ou dacultura proporcionavam; maravilhei-me com a sua evocação doscantares da sua infância; senti a pazda sua convivência, alegre, humilde,com muito humor, simples e muitointeligente; acompanhei-a nosúltimos actos da sua vida terrena emesmo no seu funeral, transladaçãopara Fátima, e, sobretudo, a certezada sua intercessão junto de Deus

por todos aqueles, cujas intençõesela levou consigo para o Céu.É muito gratificante, passados estesanos, evocar uma das pessoas queme valorizou no meu crescimentohumano e espiritual.É impressionante que aquela que foiuma criança simples numa entãodesconhecida povoação de VilaNova de Ourem, Aljustrel, viesse ater uma missão que Deus, porintermédio de Nossa Senhora, lhehavia de confiar.É admirável que uma jovem quepercorre vários conventos e outrastantas ordens religiosas na buscade ser fiel ao chamamento divino,terminando por permanecer nosilêncio do Carmelo, viesse a ser tãoconhecida do mundo inteiro.É surpreendente como umamensagem tão simples, acatada portrês pobres e cândidas crianças,entre elas a irmã Lúcia, viesse a tereco tanto na vida de papas,cardeais, governantes, cientistas,doutores, como nas pessoas maishumildes e modestas.É espantoso como em plena culturadominada pelo racionalismo, pelolaicismo arrogante e anti-cristão,impregnada de forças demolidoras

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da fé cristã, se ergue uma propostade renovação da Igreja e da culturaatravés de um convite que vem doessencial do Evangelho«arrependei-vos e acreditai na BoaNova».Certamente reconhecemos queestamos perante a concretizaçãodas palavras de Maria de Nazaré,referindo-se à intervenção de Deusna história dos homens, quando diz:«porque olhou para a humilde

condição da sua serva (…) exerceua força com o Seu braço e aniquilouos que se elevavam no seu próprioconceito. Derrubou os poderosos deseus tronos e exaltou os humildes»(Lc.1, 48.51-52). Ou como diz S.Paulo, após ter feito a apologia dasabedoria da cruz de Cristo: «Nãofalamos destas coisas com palavrasdoutas, de humana sabedoria, mascom aquelas que o Espirito ensina eque exprimem

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as coisas espirituais em termosespirituais» (1Cor.2, 13).A vida da irmã Lúcia atravessouvários pontificados, Bento XV (1914-1922); Pio XI (1922-1939); Pio XII(1939 – 1958); João XXIII (1958-1963); Paulo VI (1963 – 1978); JoãoPaulo I (1978); João Paulo II (1978-2005). Presenciou duas guerrasmundiais, a consolidação e oconfronto entre duas potenciasmundiais, a União Soviética e osEstados Unidos; a origem eexpansão da acção católica, aconvocatória, abertura e realizaçãodo Concilio Vaticano II; a queda domuro de Berlim e os atentados àstorres gémeas em 2001.Teve uma particular relação comPaulo VI, com quem se encontrouem Fátima, em 1967, quando dacelebração dos 50 anos dasaparições, mas sobretudo com S.João Paulo II, com quem seencontrou em Fátima por duasvezes, a primeira em 1982 e asegunda em 2000, quando dabeatificação dos Beatos Francisco eJacinta. Com este Papa a suarelação tomou singulares contornospelo facto de ele reconhecer comodedicado a si mesmo parte doterceiro segredo. O atentado quesofreu em 1981 na Praça de S.Pedro e a interpretação que fez daspalavras

do referido texto celeste fazem comque se dê uma aproximação muitoparticular entre S.João Paulo II e airmã Lúcia.Por isso, poucas horas de morrer, airmã Lúcia teve nas suas mãos eperante o seu olhar ainda muitoexpressivo, uma mensagem deconforto que lhe enviou este seuamigo do seu leito de dor em Roma.Passado pouco mais de um mês,também S.João Paulo II deixava estaterra e se unia a Deus e à VirgemSantissima que tanto amou.Para nos referirmos à irmã Lúcia e àmissão de que foi depositária, exigelocalizarmo-nos nas épocas, nosacontecimentos e nas pessoas quese cruzaram com a sua vida.Em tempos de crise cultural,civilizacional, de valores e tambémeconómica, temos necessidade devoltar às fontes da verdadeirarealização humana que não poderáser outra senão Deus que não secansa de nos procurar.Voltados para a irmã Lúcia,deparamo-nos com umainterveniente que nos conduz pelabela apresentação do essencial damensagem de Fátima, convite àconversão e à mudança de vida,para alcançarmos o sentido danossa existência.

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Enquanto prevalecer o contextocultural no qual as aparições se deram e ao qual quiseramresponder, a mensagem trazida porNossa Senhora e entregue aos trêspastorinhos, nomeadamente à irmãLúcia, está sempre actual e anecessitar de ser lembrada.

Volvidos dez anos após a sua morte,fica-nos a prece ao Senhor, emQuem reside a plenitude daSantidade, que nos dê a graça de avermos como modelo de vida e desantidade para a sua Igreja.

+João LavradorBispo Auxiliar do Porto

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Irmã Lúcia, mais uma luz noCarmeloA Ordem dos Carmelitas Descalçosestá a celebrar juntamente com todaa Igreja o V Centenário doNascimento de Santa Teresa deJesus (1515-2015). Um ano jubilarque nos faz regressar às origens erecordar o legado que esta SantaMística e Doutora da Igreja nosdeixou. A sua experiência de Deusvertida nos seus escritos espirituaissão o maior tesouro que nospoderia deixar, pois toda a Igreja,mas sobretudo os seus filhos efilhas espirituais têm-se nutridodeles para melhor conhecer eexperimentar as verdades contidasna Revelação. Santa Teresa deJesus deixou um carisma bem sólidoe fecundo. Um carisma que deumuitos frutos de santidade: S. Joãoda Cruz, Santa Teresinha do MeninoJesus, Santa Edith Stein, S. Rafael,Beata Isabel da Trindade e muitosoutros que continuam a ampliar umaplêiade de figuras ilustres da Igreja.A Imã Maria Lúcia de Jesus e doCoração Imaculado veio beber aesta escola de santidade esimultaneamente enriquecê-la,tornando-se mais uma luz que seacendeu no Carmelo.A Irmã Lúcia sentiu o chamamentode Deus à Vida Consagrada epensou nas Carmelitas Descalças,pela grande

devoção que nutria por NossaSenhora do Carmo, a sua madrinhade baptismo, bem como peloconhecimento que tinha de uma dasfilhas mais ilustres desta famíliareligiosa, Santa Teresa do MeninoJesus. Ao saber que a Ordemestava extinta em Portugal aindapensou aprender francês e partirpara Lisieux mas a barreira dalíngua impediu-a e entrou naCongregação das Irmãs Doroteias,tendo passado pelo Porto, Tuy,Pontevedra e Gaia.Apesar de sempre se manifestarmuito grata pelo dom das suas IrmãsDoroteias, Lúcia de Jesuscontinuava a pensar no Carmelo.Atraí-a o seu carisma contemplativo,a sua radicalidade de vida, os seussantos com os quais se haveriaidentificar, no que respeita àsexperiências místicas de Deus e dosseus mistérios.Como sabemos na Quinta Aparição,a Virgem prometera-lhe que a 13 deOutubro além do realizar o milagrepedido por Lúcia, que veria tambémNosso Senhor, Nossa Senhora dasDores, Nossa Senhora do Carmo eS. José com o Menino aabençoarem o mundo. No Carmelo,a Ir. Lúcia vai descobrir que a suafundadora, Teresa de Jesus,experimentara graças

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místicas semelhantes e por isso quisque os seus conventos fossemprotegidos a uma porta por NossaSenhora, a outra por S. José e queJesus andasse no meio dacomunidade. A Sagrada Família émodelo e protecção dascomunidades carmelitas quepretendem reproduzir o ideal ecomunhão vividos no Lar de Nazaré.Ao saber que as CarmelitasDescalças estavam gradualmente aregressar

a Portugal, a Ir. Lúcia pede paraentrar nesta Ordem de Maria. Nãolhe foi fácil mudar de famíliareligiosa. Os Bispos do Porto e deLeiria gostavam que a Ir. Lúciaentrasse nos Carmelos das suasrespectivas dioceses, mas será aDiocese de Coimbra e o seurespectivo Carmelo que acolheráesta consagrada depositária de umaespecial Mensagem de Deus para ahumanidade. Assim, à 5h30 damanhã do dia 25 de Março de 1948,com

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toda a discrição, entrou no Carmelode Coimbra, recentementerestaurado, a Irmã Maria das Dorese recupera o seu verdadeiro nome:Lúcia, pois aqui pode ser elamesma, e acrescenta os de «Jesuse do Imaculado Coração de Maria».Tomou hábito no dia 13 de Maiodeste ano e professa solenementeno dia 31 de Maio de 1949, com 41anos.Nesta comunidade de irmãscontemplativas, viveu uma vida deaparente normalidade,desempenhou os mais variadosofícios próprios da vida conventual.Abraçou o ideal da Regra carmelita:«Viver em obséquio de Jesus Cristoe meditando dia e noite na lei doSenhor». As horas decontemplação, o trato familiar eamigo com as suas Irmãs, a leitura emeditação da Sagrada Escritura edos Mestres Espirituais da suaOrdem deram-lhe a luz quenecessitava para acolher econsciencializar a Mensagemrecebida de Deus, através da Mãede Jesus, e aqui neste silenciosorecolhimento vai escrever os doisvolumes com as suas Memórias eos Apelos da Mensagem de Fátima,um Diário e uma imensidão deCartas.

Pe Joaquim Teixeira, ocd

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No dia 13 de fevereiro de 2015,completar-se-ão 10 anos dofalecimento da Irmã Lúcia. OCarmelo de Santa Teresa, Coimbra,onde a vidente de Fátima residiu eonde faleceu, informa sobre arealização de um conjunto decelebrações e iniciativas que terãolugar no próprio Carmelo de S.Teresa.A evocação da Serva de Deus, IrmãLúcia, será composta por váriosmomentos:16:30 | Acolhimento, pelo P. AníbalCastelhano, vice-postulador daCausa da Irmã Lúcia

16:40 | O século de Lúcia: dosilêncio da clausura ao silêncio dahistoriografia, por Marco DanielDuarte, diretor do Serviço deEstudos e Difusão do Santuário deFátima17:15 | Lúcia de Jesus: uma vida naLuz e para a Luz, pela Ir. Ângela deFátima Coelho, vice-postuladora daCausa da Irmã Lúcia18:00 | Eucaristia, presidida por P.Joaquim Teixeira, OCD, provincialdos Carmelitas Descalços21:00 | Vigília de Oração, presididapor P. Carlos Cabecinhas, reitor doSantuário de Fátima

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O Segredo mais profundoJacinta, Francisco e Lúcia deram-nos um exemplo extraordinário pelacoragem e perseverança quemanifestaram perante tudo o quelhes aconteceu em 1917.Quando, em resposta ao desafio deNossa Senhora, disseram que “sim”,que queriam “oferecer-se a Deus”suportando todos os sofrimentos“em acto de reparação pelospecados com que Ele é ofendido, ede súplica pela conversão dospecadores”, as crianças tiveram deenfrentar a desconfiança de todosos outros, da família, dos vizinhos,dos que começaram a ouvir falarnas aparições.Jacinta, Francisco e Lúcia estavamsós mas não desistiram. Além domais, dos diálogos com NossaSenhora, as três crianças ficaram asaber o que lhes iria acontecer nofuturo, e, o que é verdadeiramenteextraordinário tendo em conta assuas idades, não tiveram medo.A 13 de Junho, em resposta a umpedido – “Queria pedir-lhe para noslevar para o Céu” –, Lúcia ouveNossa Senhora dizer: “Sim, a Jacintae o Francisco, levo-os em breve.Mas tu ficas cá mais algum tempo.Jesus quer servir-se de ti para mefazer conhecer e amar. Ele querestabelecer no

mundo a devoção ao meu ImaculadoCoração”.Lúcia, compreensivelmente,pergunta se vai ficar sozinha. Aresposta é inquietante e, ao mesmotempo, tranquilizadora. Mas Lúcia éapenas uma menina com 10 anosde idade! “Não desanimes. Eununca te deixarei. O meu ImaculadoCoração será o teu refúgio e ocaminho que te conduzirá até Deus”.Lúcia acabava de ouvir, então, embreves palavras, aquilo que iria sera sua vida, a sua missão. Aquilo queiria ser o seu segredo. Toda a suavida, dali para a frente, até ao últimosuspiro, seria de uma fidelidadeespantosa a esta vontade divina.Divulgar a toda a humanidade ospedidos de Nossa Senhora e aimportância da reparação doImaculado Coração de Maria.“Jesus quer servir-se de ti para mefazer conhecer e amar”. Lúciaassumiu esta missão como o seusegredo mais profundo: Estabelecerno mundo a devoção ao CoraçãoImaculado de Maria, levando aspessoas a uma total conversão.Revelando uma humildadesurpreendente, a Irmã Lúcia nuncadeixou transparecer qualquervaidade por ter sido Vidente deFátima.

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Aliás, a simplicidade foi,talvez, o traço maiscaracterístico da suapersonalidade. Ela fala desi e dos primos Franciscoe Jacinta, várias vezes,como “crianças pobres eignorantes”, mas afirmatambém que Deus quer écorações puros, paraneles actuar plenamente.Aos 97 anos, no dia 13 deFevereiro de 2005, a IrmãLúcia reencontrou-se noCéu com os primos Jacintae Francisco. Por causa daIrmã Lúcia, da sua extremafidelidade a NossaSenhora, Fátima impôs-seao mundo cumprindo-seas palavras proféticas daVirgem Maria aos trêspastorinhos.

Paulo AidoJornalista

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A última vidente de FátimaO cardeal Tarcisio Bertone, antigosecretário de Estado do Vaticano,escreveu a obra "L´Ultima Veggentedi Fatima: I miei colloqui con SuorLucia" - A Última Vidente de Fátima -As Minhas Conversas com a IrmãLúcia -, que retrata a sua relaçãocom o Santuário e, de formaespecial, com a Irmã Lúcia, a cujofuneral presidiu.D. Tarcisio Bertone foi colaboradordo então cardeal Joseph Ratzinger,o Papa emérito Bento XVI, naCongregação para a Doutrina daFé. Ambos trabalharam com JoãoPaulo II na publicação da terceiraparte do segredo, o que veio aacontecer em 2000.O cardeal italiano encontrou-se porvárias vezes com a Irmã Lúcia eassegura, no seu livro, que aVidente de Fátima "confirmou ainterpretação do Vaticano". "Foiposta em dúvida a veridicidade dapublicação integral do terceirosegredo por ela escrito por ordemdo Bispo. Pois bem, se a verdadefosse diferente poder-se-ia ver nosmilhares de cartas de resposta queLúcia, empenhada várias horas pordia no seu escritório pessoal,escrevia aos fiéis que ainterpelavam de todas as partes domundo", referiu.

"Só nos anos 80 chegavam aCoimbra em média cinco mil cartaspor ano, que se tornaram dezenasde milhares depois da queda doMuro de Berlim", lembrou.Na introdução ao livro, o Papaemérito Bento XVI escreveu arespeito da revelação da últimaparte do segredo que "foi um tempode luz, não só porque a mensagempôde assim ser conhecida portodos, mas também porque erarevelada a verdade no quadroconfundido das interpretações eespeculações do tipo apocalípticoque circulavam na Igreja, gerandoperturbação entre os fiéis em vez deos convidar à oração e à penitência”.O cardeal Bertone admitiu queFátima foi "o mistério mais difícil" dereconhecer pela Igreja, conhecidapela sua prudência em relação amensagens sobrenaturais.A Mensagem deixada aos trêspastorinhos, indicou, "realiza umasíntese profícua entre carisma einstituição". "O livro foi escritosobretudo com a intenção de falarda Irmã Lúcia, da sua atraente efranca humanidade de mulhersimples, que teve uma experiênciatotalmente extraordinária. E, atravésdela, de Maria", referiu.

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Durante a exposição ‘Segredo eRevelação’, que esteve patente emFátima entre 30 de novembro de2013 e 31 de outubro de 2014, omanuscrito da terceira parte do‘Segredo’ foi visto por 227 921visitantes. O manuscrito, redigidopela Irmã Lúcia, pode ser visto naversão virtual da exposição.

De acordo com o testemunho,reconhecido pela Igreja Católica,das três crianças conhecidas comoPastorinhos de Fátima (a irmã Lúciae os beatos Francisco e Jacinta),ocorreram seis aparições da VirgemMaria na Cova da Iria e imediações,uma a cada mês, entre maio eoutubro de 1917.

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Presenças da Irmã Lúciano Carmelo de CoimbraDia 13 de fevereiro de 2005 – umdia que marcou em primeiro lugar aComunidade do Carmelo deCoimbra – a nossa querida IrmãLúcia entrou na VIDA.Sim, ela não morreu. Apenasabandonou a frágil ‘casca’ do seucorpo, que já não era para ela maisque a ténue cortina que a privavado Encontro pleno com Aquele paraquem viveu a sua longaperegrinação sobre a terra! Por isso– e é uma hora que todas as queestivemos presentes nãoesquecemos – a sua passagem foisilenciosa, serena e simples. A IrmãLúcia já tinha aprendido a morrer, játinha deixado tudo. Por isso estemomento foi natural, um suspiroprofundo de amor que rasgou osúltimos fiozinhos que prendiam aesta morada terrena. Mas não seausentou da nossa convivência;apenas ficou de forma diferente.Não sendo ela a portadora do nossoCarisma, é para nós uma grandereferência para o viver. Na sua vidade Carmelita, correspondeuprofundamente ao pedido que nosfaz a nossa Madre Santa Teresa noCaminho de Perfeição, onde nos

pede que cada uma se sinta alicercedas que hão de vir. A Irmã Lúcia éuma pedra viva de grande força naconstrução do edifício do Carmelo eda Igreja, também Filha da Igreja,como Santa Teresa se dizia comtodo o seu coração.A Irmã Lúcia viveu a maior parte dasua vida no Carmelo – 57 anos. Nãoprecisou de fazer esforço paraconjugar a Missão que lhe foiconfiada por Nossa Senhora com oCarisma Carmelitano-Teresiano,pois eles entrelaçam-se, na frescurado Evangelho.Hoje olhamos para a sua vida entrenós e encontramos uma referência,um modelo de vida e de entregaapaixonada aos desejos de Deus.Tanta coisa nos leva a olhar paraela e a ver a forma mais perfeita denos conduzirmos. Além daquilo queescreveu com tinta, a Irmã Lúciadeixou-nos uma herança escrita nosnossos corações e um convite asermos também nós com a vida, atransmissão da Mensagem deoração e conversão, como forma deviver no caminho reto segundo avontade de Deus para cada um.

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A vida de uma Carmelita, dentro dosmuros da clausura, é uma entrega aDeus pela humanidade, nafecundidade da oração da vida e davida de oração, sendo umapregação silenciosa da radicalidadede ser de Deus. Não nos é pedidoum apostolado externo, maspermanecer na fé inteiramenteentregues e com os braços erguidossuplicando para toda a humanidadea graça – entregando a vida erecebendo a graça para o mundo.Assim foi o que vimos na Irmã Lúcia.Embora muito solicitada pelos

pedidos que lhe chegavam porcorrespondência de todas as partesdo mundo, ela foi tão fiel à vida desilêncio e de oração, que não sedeixou enredar por tanta coisa quepodia ter sido ruido na sua alma.Sabia colocar cadaresponsabilidade no seu devidolugar. Sendo muito ordenada,tratava de cada coisa na horaprópria, sempre na presença deDeus.Agradecemos a Deus o dom que aPastorinha de Fátima foi para nós ea ela pedimos ajuda para prosseguirna fidelidade ao Carisma e àMensagem de amor à Igreja e àsalvação de todos

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os nossos irmãos, que precisam daentrega generosa da nossa vida. Dia 13 de fevereiro de 2015 –vivemos com intensidade este dia,recordando o que ainda está tãovivo nos nossos corações epedimos a todos os amigos queconnosco rezem pela rápida

conclusão do Processo deBeatificação, pois é uma graça quedeve ser pedida com humildade eperseverança, para glória de Deus..

As Irmãs Carmelitas do Carmelode Santa Teresa de Coimbra

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Horizonte 2017O cardeal português D. JoséSaraiva Martins, prefeito emérito daCongregação para as Causas dosSantos (Santa Sé), confessa quegostaria de ver a irmã Lúciabeatificada em 2017, ano docentenário das aparições emFátima. “O processo da Lúcia temcaraterísticas próprias, é uma figurauniversal, tem documentação muitorica, há muitíssima correspondência,e é preciso examinar tudo”, declarouà Agência ECCLESIA, a respeito daalegada demora nesta fase.D. José Saraiva Martins diz queseria “fantástico” se essacelebração fosse acompanhadapela canonização dos outros doispastorinhos, os beatos Francisco eJacinta.Os processos dependem ainda doreconhecimento de milagresatribuídos à intercessão dospastorinhos, por parte do Vaticano,estando em estudo uma cura noBrasil, no caso dos dois beatos.“Seria uma graça de Deus para aIgreja portuguesa e não só, umagrande graça”, realça.

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Santuário de Nossa Senhora de Lourdes onlineNo passado dia 11 de fevereiro aIgreja celebrou o 23º Dia Mundial doDoente, desta feita sob o tema“Sapientia cordis” [sabedoria docoração], escolhido pelo PapaFrancisco. Como sabemos, estadata foi instituída pelo Papa SãoJoão Paulo II a 11 de fevereiro de1992. No documento que instituiesta celebração mundial, o PapaPolaco escreve que “este diarepresenta um momento forte deoração, de partilha, de oferta dosofrimento pelo bem da Igreja e deapelo dirigido a todos parareconhecerem na face do irmãoenfermo a Santa Face de Cristoque, sofrendo, morrendo eressuscitando, operou a salvaçãoda humanidade”. Esta efeméridesitua-se, como não poderia deixarde ser, na memória litúrgica deNossa Senhora de Lourdes(França).Assim, esta semana trazemos paraeste espaço um sítio que,infelizmente não se encontratraduzido na língua de Camões, masque julgamos merecer o nossodestaque dada a qualidade ediversidade dos

conteúdos apresentados.Ao digitarmos oendereço www.lourdes-france.org encontramos o sítiodigital do Santuário de NossaSenhora de Lourdes em França. Napágina inicial dispomos de umconjunto enorme de opções edestaques, razão pela qual nãopodemos aprofundardetalhadamente todo este espaçovirtual.Na opção “TV Lourdes” podemosconsultar o programa do santuáriopara cada dia e naturalmenteacompanhar as diversascelebrações que ocorrem. Quandonão está a decorrer nenhumacerimónia, podemos quase queestar in-loco junto à gruta ondeapareceu Nossa Senhora a SantaBernadette.Caso pretenda aprofundar o sentidoe a razão da existência do Santuáriode Lourdes, aceda ao item“aprofundar”. Aí podemos consultaros temas pastorais lançados emcada ano, estudar o sentidoteológico das aparições, conhecer amenina que foi canonizada a 8 deDezembro

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de 1933, pelo Papa Pio XI e aindasaber quais foram as curasmilagrosas reconhecidasoficialmente.Por último apontamos dois serviçosque claramente se aproveitam daspotencialidades da internet. Por umlado existe a possibilidade deapresentarmos online as nossasintenções de oração, através de umformulário adequado. Por outro, oSantuário oferece a possibilidadede pedir online, que se coloque eacenda uma vela na gruta de

Lourdes. A esse pedido, pode estartambém associada uma prece.Naturalmente que, neste caso,existe um custo associado e quefacilmente se pode efetuar.Em plena semana onde se apela àhumanidade para que sejapromovido um serviço de maioratenção à pessoa doente, visitemosum sítio que vive inteiramente estaopção pela pessoa que sofre.

Fernando Cassola Marques

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Santa Beatriz da SilvaO investigador José Félix Duqueacaba de lançar uma nova biografiasobre Beatriz da Silva, a Santaportuguesa que fundou a Ordem daImaculada Conceição. “Temos emmãos uma obra documentada emfontes fidedignas e escrita com rigorhistórico. Sem se poupar a esforços,o autor alargou o leque das fontes,multiplicou as informações e amplioua trama das relações genealógicas,sociais, políticas e eclesiásticas”,escreve o arcebispo de Évora, D.José Alves, no preâmbulo.Num comunicado enviado à AgênciaECCLESIA, o autor, investigador noCentro de Estudos Clássicos daFaculdade de Letras, daUniversidade de Lisboa, explica queentre outras questões importantes“volta a esclarecer” que a nobreDona Beatriz da Silva nasceu na vilaalentejana de Campo Maior, porvolta do ano 1436, saindo dePortugal para casar com D. João IIde Castela em 1447.“Apesar de ter permanecido nestereino o resto da sua vida fundou em1491 o primeiro Mosteiro daConceição, em Toledo, com umamaioria de donzelas procedentes dePortugal”, destaca José Félix Duqueno livro ‘Santa Beatriz de Silva.

Fundadora de la Orden de laInmaculada Concepción. NuevaBiografía”Neste contexto, o investigar, queescreve o terceiro sobre a santaportuguesa, assinala a “novidadeeclesial” que constituiu a ordemreligiosa feminina porque “exaltava aImaculada Conceição, um mistérioteológico à época”.

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A nova biografia “esclarece aindaque Santa Beatriz morreu a 9 deagosto de 1491” e, entre “outrosdetalhes de grande interesse”apresenta também o Beato AmadeuHispano – ou João de Meneses –,um dos irmãos da Santa reformadorda Ordem de São Francisco,confessor e secretário pessoal doPapa Sisto IV.

Com mosteiros na Europa, emPortugal são três - Campo Maior;Viseu e Estoril -, na América Latina,na Índia e em África as monjasconcecionistas, “cujo hábito azul ebranco honra Nossa Senhora daConceição”, vivem em clausura ededicam-se à oração e ao trabalho.

«Via Sacra para Crentes e nãoCrentes»A Paulus Editora vai lançar nopróximo dia 18 de fevereiro umaproposta para o tempo de Quaresmaintitulada “Via Sacra para Crentes enão Crentes”. Num comunicadoenviado à Agência ECCLESIA, aeditora católica apresente a obra emcausa, da autoria de José LuísMartins e Paulo da Silva, como “umolhar diferenciado sobre o caminhoda cruz feito por Cristo”.Apesar de seguir o modelo “clássico”de via-sacra, com as suas 14estações, o livro integra “duasreflexões, uma para crentes e outrapara não crentes”. O objetivo é “quecada leitor dialogue consigo mesmo, num percurso interior onde se busque ese encontre”, realça a Paulus.A obra vai ser lançada na próxima quarta-feira às 19h30, na Basílica dosMártires (Chiado-Lisboa), num evento com apresentação de Marcelo Rebelode Sousa.

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II Concílio do Vaticano: Diocese doPorto em missão para combater o«amorfo»

No último ano do II Concílio do Vaticano (1962-1965), a Diocese do Porto entrou numa dinâmicamissionária. O administrador apostólico do Porto, D.Florentino de Andrade e Silva porque o bispo titular,D. António Ferreira Gomes, estava exilado,escreveu uma carta pastoral, em março de 1965,sobre «A Diocese em Missão».Nesse documento, o prelado realça que o IIConcílio do Vaticano – convocado pelo Papa JoãoXXIII – nasceu de uma “ideia de atualização eajustamento às realidades históricas e que o lábaroda renovação sobre ele erguido e desfraldado”pelo «bom Papa João» “não foi nem será jamaisapeado” (Cf. António Teixeira Fernandes, In: «Paraa História da Diocese do Porto – Dom Florentino deAndrade e Silva – Obras e movimentos, escritospastorais (1959-1969), pág 203).Para o bispo natural de Santa Maria da Feira enascido a 09 de abril de 1915, a missão deve ser“longamente preparada”. Além do pároco, clero dazona e missionários, hão-de ser chamados acolaborar nessa preparação “as obras paroquiais,devidamente apoiadas e orientadas pelas direçõesdiocesanas respetivas e suas delegaçõesregionais”, escreveu D. Florentino de Andrade eSilva na Carta Pastoral «A Diocese em Missão»,datada de 25 de março de 1965.O documento realça também que “a paróquia não émultidão amorfa”, mas “porção organizada do povode Deus”. “A paróquia é um corpo social, umaespécie de miniatura da Igreja: nela, como em todaa Igreja, a organização é para servir a vida e deveaperfeiçoar-se e enriquecer-se conforme a vida oexige”, lê-se no documento deste bispo queparticipou em todas

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as sessões desta assembleiamagna convocada pelo Papa JoãoXXIII.Na missiva à Diocese do Porto, D.Florentino de Andrade - ordenadopadre a 31 de outubro de 1937 e noúltimo dia do ano de 1954 foinomeado bispo titular deHeliossebaste e auxiliar da diocesedo Porto – sublinha que pessoas de“real mérito e valor devem serconvidadas a servir nas obrasparoquiais”, cujas direções precisamde agremiar os “melhores elementose tornar-se os mais influentesgrupos de escol da paróquia”.Apesar de reconhecer

que esses elementos “rareiam”, oadministrador apostólico do Portopede para que “em vez de nosconformarmos com uma penúriatalvez só aparente, tentemosdescobri-las e valorizá-las”.D. Florentino de Andrade recebeu aordenação episcopal a 27 de marçode 1955, na Sé do Porto e devidoao exílio de D. António FerreiraGomes foi nomeado, pela Santa Sé,administrador apostólico destamesma diocese, cargo quedesempenhou de 08 de outubro de1959 a 30 de junho de 1969.

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Fevereiro 2015Dia 13 de fevereiro* Guarda – Seminário - ConselhoPresbiteral * Coimbra - Carmelo de SantaTeresa - O Carmelo de SantaTeresa realiza um programaevocativo no 10º aniversário dofalecimento da Irmã Lúcia. * Braga - Auditório Vita - Sessão dociclo «Olhares sobre economia,cultura, política e família» com o ex-ministro das Finanças MiguelCadilhe, o recém-nomeadoassessor do presidente daComissão Europeia, Silva Peneda, eo ex-secretário geral da UGT, JoãoProença. * Coimbra - Parque Verde - Iniciativa«Caminhar & Namorar» para jovensnamorados e promovido pelaDiocese de Coimbra * Aveiro - Anadia (Salão da IgrejaMatriz) - Encontro sobre «Ó namoro,por onde andas?» com InêsPereirinha e promovido Equipaarciprestal de Anadia.

* Coimbra - Mealhada (Auditório daEscola Profissional) - Debate sobre«Religião e Ética» com aparticipação de Pedro Lind e DanielSerrão * Bélgica – Clairefontaine - Encontroeuropeu de formação e reflexãointitulado «A Nova Europa» paraleigos comprometidos na mobilidadehumana e promovido pelaCongregação dos Missionários deSão Carlos (Scalabrinianos). (13 a15) * Vaticano – Patriarcado de Lisboorganiza viagem a Roma paraacompanhar consistório (13 a 17) Dia 14 de fevereiro* Portalegre - Dia diocesano dosacólitos * Viana do Castelo - Darque (CentroPaulo VI) - Encontro do Dia dosNamorados promovido peloSecretariado Diocesano da PastoralJuvenil * Fátima - Peregrinação nacionaldos Missionários da Consolata

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* Fátima - Encontro da Associaçãodos Médicos Católicos. * Lisboa - Biblioteca Nacional dePortugal - Encerramento daexposição «Canonização do padreJosé Vaz (1651-1711),evangelizador de Ceilão» * Coimbra - Seminário maior - Diadiocesano do acólito com o tema «Aalegria de servir o altar». * Évora - Complexo dos Salesianos -Conferência sobre «A beataAlexandrina Maria da Costa,Salesiana Cooperadora, a suamissão dos sacrários e a salvaçãodas almas» proferida por Maria RitaScrimieri, Salesiana Cooperadora. * Viseu - Seminário de Viseu -Oração de Taizé especial Dia dosNamorados* Leiria - Praia de Pedrogão (Casada Cáritas) - Jantar de namoradospromovido pelo Departamento dePastoral Familiar da Diocese deLeiria – Fátima * Viana do Castelo - Auditório doCentro Pastoral Paulo VI - Encontrodiocesano de Pastoral Litúrgicasobre a figura de frei Bartolomeudos Mártires (14 e 15)

* Lisboa - Colares (FundaçãoBetânia) - A Fundação Betâniaorganiza o «Encontro de Carnaval2015» com o tema «A Paz é umaconstrução inadiável que a todosresponsabiliza». (14 e 15) * Vaticano - Consistório para criaçãode novos cardeais (14 e 15) * Fátima – Semana de Estudossobre «Ano da Vida Consagrada naIgreja. Razões e Objetivo» (14 a 17) * Fátima – Assembleia geral doInstituto Secular das Cooperadorasda Família (ISCF) (14 a 22) * Viana do Castelo - Valença doMinho – Ganfei - Atividadesculturais, sociais e religiosas para ascelebrações de São Teotónio (14 a22). * França – Taizé - O SecretariadoDiocesano da Pastoral Juvenilpromove peregrinação a Taizé (14 a22).

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Esta sexta-feira celebra-se o 10º aniversário dofalecimento da Irmã Lúcia e o Carmelo de SantaTeresa, em Coimbra, organiza um programa a partirdas 16h30 com o padre Aníbal Castelhano, vice-postulador da Causa da Irmã Lúcia, Marco DanielDuarte, diretor do Serviço de Estudos e Difusão doSantuário de Fátima e a irmã Ângela de FátimaCoelho, vice-postuladora da Causa da Irmã Lúcia. Às18h é presidida a eucaristia pelo provincial carmelita,padre Joaquim Teixeira. Com o dia dos namorados “à porta” a pastoraljuvenil de Coimbra tem a proposta “Caminhar eNamorar”, dia 13 fevereiro; «Ó namoro, por ondeandas?», com Inês Pereirinha e promovidoEquipa arciprestal de Anadia, diocese de Aveiro,é outra proposta; e no sábado a pastoral juvenilde Viana do Castelo desafia os namorados aassinalar a data de maneira diferente, com otema Nam(orar). D. Manuel Clemente, vai ser criado cardeal a 14 defevereiro, no Vaticano. No dia 16 o patriarca de Lisboavai presidir a uma Missa na igreja de Santo Antóniodos Portugueses, em Roma, pelas 11h30, a que sesegue um almoço com o novo cardeal. Todo oconsistório pode ser acompanhado no site da AgênciaECCLESIA.

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Para quem foi pensado o sacramentoda Unção dos Enfermos?

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h18Domingo, dia 15 - Entrevistaao cardeal-patriarca deLisboa, D. Manuel Clemente. RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 16 -Entrevista ao cónegoSilvestre Marques, postuladorda causa de canonização deChiara Lubich;Terça-feirare, dia 17 - Informação e entrevista como grupo de jovens Levamta-te;Quarta-feira, dia 18 - Informação e entrevista à irmãIsabel Balbino sobre a quaresma e o trabalho decompabte ao tráfico de pessoas;Quinta-feira, dia 19 - Informação e entrevista à irmãFrancisca Dias;Sexta-feira, dia 20 - Apresentação da liturgia dedomingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio. Antena 1Domingo, dia 15 de fevereiro - 06h00 - D. ManuelClemente, cardeal da Igreja católica. Octávio Carmoanalisa reforma da Cúria Romana. Segunda a sexta-feira, 16 a 20 de fevereiro - 22h45 - A alegria verdadeira na publicação "Um Deus quesorri" com o autor Paulo Costa (dia 16 e 17 fev);Cinzas, com padre carmelita Jeremias Vechina (dia 18fev); vivências de Quaresma com padre missionáriopassionista Tiago Veloso e irmã missionáriacomboniana Beta Almendra (dias 19 e 20 fev)

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Ano B – 6.º Domingo Do TempoComum Passar daindiferença àproximidade

O Evangelho deste sexto domingo do tempo comumapresenta-nos o encontro de um leproso com Jesus. Amaldição que atingia os leprosos era total: mortosvivos, excluídos dos lugares habitados, proibidos dotemplo e da sinagoga, considerados impuros aosolhos dos homens mas, sobretudo, de Deus.Um deles quebra as proibições e aproxima-se deJesus que ousa um gesto impensável: estende a mãoe toca o infeliz, tornando-se Ele mesmo,imediatamente, impuro.Jesus toma nas suas mãos o mal e o sofrimento destehomem. Tira-o da lepra, liberta-o da exclusão, de todaa impureza. O leproso pode reencontrar a companhiados outros e de Deus.Agora é Jesus que “não podia entrar abertamentenuma cidade. Era obrigado a evitar os lugareshabitados”. É como se Jesus tivesse tomado o lugardo leproso. Jesus toma sobre Ele as nossas faltas e osnossos sofrimentos, toma o nosso lugar para absorverna sua pessoa e no amor do Pai todas as nossasmisérias.Em Jesus Cristo encontramos toda a nossa dignidadede homens e de mulheres livres, capazes de entrar denovo em relação uns com os outros e, sobretudo, denos aproximarmos de novo de Deus, sem qualquermedo.Às vezes há pessoas que inventam mecanismos deexclusão, segregação e sofrimento, em nome de umDeus severo, intolerante, distante, incapaz decompreender os limites e as fragilidades do homem.Trata-se de um atentado contra Deus.O Deus que somos convidados a descobrir, a amar e atestemunhar no mundo, é o Deus de Jesus Cristo, quevem ao encontro de cada um de nós e Se compadecedo nosso sofrimento, que nos estende a mão comternura

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e nos purifica, que nos oferece umanova vida e nos integra nacomunidade do Reino, nessa famíliaonde todos têm lugar e onde todossão filhos amados de Deus.Seguindo Jesus nas suas atitudesde proximidade, de solidariedade ede aceitação, como é que lidamoscom os excluídos da sociedade ouda Igreja? Procuramos integrar eacolher os estrangeiros, osmarginais, os pecadores, os“diferentes”… ou ajudamos aperpetuar os mecanismos deexclusão e de discriminação?O Evangelho diz ainda que oleproso, apesar da proibição deJesus, “começou a apregoar e adivulgar o que acontecera”. Marcossugere,

desta forma, que o encontro comJesus transforma de tal forma a vidada pessoa que ela não pode calar aalegria pela novidade que Cristointroduziu na sua vida e tem de dartestemunho.Que assim seja também connosco,nesta semana que antecede o iníciode um tempo importante na vida daIgreja, o tempo da Quaresma,durante a qual o Papa Francisconos convida a passar da indiferençaà proximidade, sempre com ocoração pleno de misericórdia,aberto a Deus e aos irmãos.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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As exigências do temponos cuidados de saúde

A Igreja Católica celebrou o DiaMundial do Doente, este ano atentaao tempo que marca o atendimentoem saúde em diferentes realidadese respostas médicas, partindo damensagem escrita pelo PapaFrancisco. “As pessoas estranham otempo que demora a consulta. Nãoestão habituados a ser avaliados deuma forma tão global, a ter presentena mesma consulta o médico, oenfermeiro e posteriormente outroselementos que possam ser

necessários”, começa por explicar amédica responsável pela Unidadede Medicina Paliativa do Hospital deSanta Maria, em Lisboa.À Agência ECCLESIA, Filipa Tavaresassinala que o ponto de partidadeste serviço é tentar saber“sempre” o grau de conhecimentodas pessoas, “esclarecer e explicar”o âmbito da consulta e da equipamultidisciplinar que conta comenfermeiros, psicólogos, assistentessociais, capelão, entre outros.Na Unidade de Medicina Paliativa,

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do Hospital de Santa Maria, apalavra de ordem é acompanhar ospacientes e familiares onde sedestaca a proximidade e a escuta,feita pessoalmente ou pelo telefone.“De forma graciosa e por opçãotemos telefones sempre disponíveis24h00. O doente em caso denecessidade contacta-nos; nósfazemos a triagem e encaminhamosou reportamos à médica”,desenvolve a Enfermeira-chefeAmélia Matos.Na Unidade de Saúde Familiar(USF) de Rio Dão, em Santa CombaDão, Distrito de Viseu, a respostaquer estar centrada no utente, nadiminuição do tempo de marcaçãode consulta e sempre na tentativade que o atendimento dos pacientesseja realizado com o respetivomédico de família. “[As pessoas]Sentem-se sempre um bocadinhomelhor quando saem e sabemosque não é pelos medicamentos. Amaior parte do efeito decorre pelarelação que têm connosco, a formacomo transmiti o que podíamosfazer”, observa Inês Rosendo sobre“90% da cura” de quem a procura.A médica de família frisa que “estáprovado” que quanto mais tempopassam com as pessoas “menosexames e menos medicamentos”são receitados, com impactofinanceiro menor quer para oEstado como para o utente. “Nósnão curamos grande

coisa, infeções e pouco mais. O quecuramos é a pessoa sair daqui maisleve”, considera Inês Rosendo quetrabalha há quatro anos na USF deRio Dão.Em Lisboa, a Enfermeira-chefe daUnidade de Medicina Paliativa doHospital de Santa Maria, acrescentaque há cada vez “menos recursos,pessoas” e a “exigência do tempo”faz com que os profissionais desaúde “não consigam muitas vezes”fazer o que pretendem. Nestaunidade tentam “contornar umbocadinho” a exigência do tempo edo número e não correspondem aos“ideais estabelecidos de 15 a 20minutos por consulta”.“Para fazer uma relação entre duaspessoas 15 minutos chega, para apessoa me dizer o que é importantepara a sua vida”, questiona o diretordo Instituto de Ciências da Saúde,da Universidade CatólicaPortuguesa, Alexandre CastroCaldas, para quem a consulta deve“demorar o tempo que for preciso”.

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Paternidade responsávele famílias numerosasO Papa Francisco reforçou os seuselogios às famílias numerosas eprecisou que a paternidaderesponsável é aquela que tambémcombate o egoísmo que está aprovocar um inverno demográficonas sociedades ocidentais. “Se umafamília generosa, generosa defilhos, é olhada como um peso, háalguma coisa que está mal! Ageração dos filhos deve serresponsável, como ensina também aEncíclica ‘Humanae vitae’ do BeatoPapa Paulo VI, mas ter mais filhosnão pode ser vista automaticamentecomo uma escolha irresponsável”,declarou, na catequese quepronunciou durante a audiênciapública semanal, na Praça de SãoPedro.“Mais: não ter filhos é uma escolhaegoísta. A vida rejuvenesce eadquire energias ao multiplicar-se:enriquece-se, não se empobrece”,acrescentou.Prosseguindo o ciclo de catequesessobre a família, Francisco sublinhoua “alegria” com que os pais vivem achegada dos filhos. “Os filhos são aalegria da família e da sociedade,não são um problema de biologiareprodutiva ou um dos muitos

modos de realizar-se; muito menossão propriedade dos pais. Não, não:os filhos são um dom, um presente,entendido? Os filhos são um dom”,referiu aos participantes naaudiência.A intervenção retomou aspreocupações manifestadas peloPapa a 19 de janeiro, no voo entreManila e Roma, quando disse emconferência de imprensa que aIgreja Católica propõe uma“paternidade responsável”.Francisco referiu-se a umasociedade “deprimida” e “avarentade geração”, que não gosta de“rodear-se de filhos” porque os vê,acima de tudo, como “umapreocupação, um peso, um risco”.“Pensemos em muitas sociedadesque conhecemos aqui na Europa:são sociedades deprimidas, porquenão querem os filhos, não têm osfilhos, a taxa de natalidade nãochega a um por centro. Porquê?Cada um de nós pense e responda”,apelou.A intervenção sublinhou que osfilhos são amados de forma“gratuita”, mesmo antes de nascer, eque este amor “é a base da suadignidade pessoal”, dada por Deus.O Papa disse ainda que os filhos

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devem respeitar o mandamento de“honrar os pais”, porque sem esterespeito a sociedade fica repleta de“jovens áridos”.A catequese concluiu-se com ummomento de silêncio para que cadaparticipante pudesse pensar nosfilhos e nos pais, agradecendo aDeus “pelo dom da vida”.Francisco deixou uma saudação aosperegrinos de língua portuguesa:

“O mundo de hoje precisa que oscristãos testemunhem a suaconfiança em Deus, através de umagenerosa e responsável abertura àvida”.“Faço votos de que vossascomunidades sejam lugares onde asfamílias se sintam apoiadas na suamissão de colaborarem no projetodivino para a criação. Que Deus vosabençoe”, concluiu.

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Da «vida escondida com Cristo»até à missão «dentro da cidade»O frei Nicolás de Almeida éresponsável pela formação dosnoviços no Convento do Varatojo,em Torres Vedras, e falou à AgênciaECCLESIA sobre o que envolve hojea formação dos jovens candidatos.Para aquele responsável, éimpossível abraçar a VidaConsagrada sem que haja emprimeiro lugar um “sentimento depertença a Deus” e “à missão queele chama a viver”.Daí que a etapa do noviciado seja“sobretudo uma vida escondida comCristo”, no silêncio, no recolhimento,na oração, de modo a que pouco apouco os candidatos se deixem“transfigurar” para uma vida nova.“É também fazer com que Cristoesteja presente na nossa vida, quernos momentos mais difíceis quernos momentos de algumaconsolação interior”, realça o Mestrede Noviços.Depois, fortalecer nos mais novos adimensão comunitária, o espírito de“comunhão e colaboração”, de“proximidade” com as pessoas, “aoestilo de São Francisco de Assis.O frei Nicolás de Almeida recordaque o fundador da sua congregaçãomarcou a diferença no seu tempo,

a Idade Média, em que “a vidareligiosa procurava um isolamentodo mundo e por isso muitas vezesconstruíam os seus mosteiros foradas cidades, no meio do silêncio”.“São Francisco sabia valorizar osilêncio e ao mesmo tempo oencontro com as pessoas, por issoos conventos franciscanosnasceram dentro da cidade, paraserem um sinal de Deus junto daspessoas. E a formação franciscanapassa por isto, ajudar a entendercada vez mais que Jesus nos chamaa estarmos com as pessoas, nãofora”, realça aquele responsável.Neste âmbito, o sacerdote de 35anos considera o Ano da VidaConsagrada que a Igreja Católicacomeçou hoje a assinalar “umagrande oportunidade para quetodos os carismas, sobretudo os devida ativa, redescubram nas suasfontes a maneira de poderem trazeruma nova proximidade junto daspessoas”.“Todas as congregações, sobretudode caráter ativo, que surgiramnestes últimos séculos, nosmostraram como os fundadorestiveram esta intuição, que eraimportante estar no meio

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do mundo, sobretudo no meiodaquelas situações onde maisninguém se interessava em estar”,aponta o religioso.Para o formador do Convento doVaratojo, no Patriarcado de Lisboa,a “refundação da vida consagradapassará também pelas váriasordens saberem onde é que devemestar”, e como pede o PapaFrancisco, acorrerem às “periferias”,estarem junto daqueles que maisprecisam

da Igreja, que não são apenas ospobres ou mais desfavorecidos.“Existem outro tipo de periferias,muito mais de carater social. Muitaspessoas que hoje em dia se sentemabandonadas pela Igreja, quenecessitam de alguém que asentenda, que lhes diga que sãofilhas de Deus, que a Igreja tambémprecisa da sua ajuda, da suacolaboração”, complementa.

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ABC da Vida Consagrada (2ª parte)Discernimento“Discernimento espiritual é umapalavra bem característica da bíbliae da tradição cristã, é o esforço deavaliar, distinguir e descobrir, entretantas posições possíveis, as queprovém ou não de uma moçãointerior do Espírito Santo”.Orientar a vida segundo a vontadede Deus é o caminho de santidadede cada cristão. Também o religiosoa nível pessoal, comunitário econgregacional procura em tudocumprir a vontade de Deus. Umcaminho de Discernimento, isto é dedescoberta da orientação doEspírito, até para uma decisãoconcreta, como por exemplo adecisão vocacional, pode e deveimplicar um percurso durante umperíodo de tempo, que ajude aaferir as verdadeiras motivações.Numa etapa de discernimento éimportante a oração, mas também aajuda humana, a direção ouorientação espiritual, tal como Jesusaceitou a mediação de Maria,alertando para a falta de vinho (cf.Jo 2, 1-5).

EvangelhoO termo Evangelho como conceitoteológico aparece na Bíblia pelaprimeira vez no Deuto-Isaías.Significa anúncio de uma boa-nova.Na época do final do desterrobabilónico, o profeta apresenta umamensagem de esperança. Deusenviará o seu evangelizador a trazera esperança e a paz. Jesus não é sóo evangelizador, enviado por Deuspara anunciar o Reino dos céus aospobres e oprimidos. Ele própriotorna presente esse reino, é aalegre boa-nova esperada noDeutero-Isaías. Do mesmo modo, amensagem que São Marcos quertransmitir é o próprio Jesus, oMessias e filho de Deus.Jesus atuou como evangelizador,proclamou o Reino de Deus aospobres, assim a Igreja primitivachama a Jesus evangelizador e àsua obra “Evangelho”. Este termo, ouso do substantivo, é uma novidade.Hoje o Evangelho continua a ser anovidade que alegra e motiva ocoração do consagrado.

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FormaçãoConforme o direito próprio de cadaInstituto, pode haver alteraçõesnalguns períodos formativos, na suaduração ou existência mas, todosseguem as normas do DireitoCanónico. As etapas formativasmais comuns são: aspirantado,postulantado, noviciado, juniorado eformação permanente;O aspirantado - Não é obrigatório enem em todos os Institutos é internoe formal. É um período que a/oJovem faz junto à comunidadereligiosa, são as suas primeirasexperiências na Vida Religiosa. Postulantado - É uma preparaçãoespecífica antes de entrar nonoviciado, possibilitando àcandidata uma adaptaçãoprogressiva a nível: Espiritual;Psicológico. Implica viver nacomunidade, a quem pedimosúnicamente “a misericórdia deDeus” e a dos irmãos/as.Noviciado - É o período de formaçãointensa. (Ver letra “n”).Juniorado - É o período antes dosVotos Perpétuos. O/a formando/aassume numa Comunidade a vida

e missão, preparando-se para aopção definitiva por Jesus Cristo.É aconselhado pelos documentosda Igreja que seja também umperíodo de estudo, formação eacompanhamento.Formação permanente – É umaconsolidação da formação inicial, osujeito deve criar a disponibilidadepara se deixar formar em cada diada sua vida[1]. A própriacomunidade deve criar estaconsciência de que cada dia tem dediscernir a vontade de Deus.[2]

[1] cf. VC nº69[2] cf. Direito Canónico nº 661

Irmã Flávia DoresComunidade das Dominicanas de

Santa Catarina de Sena - AveiroPara o Correio do Vouga

e a Agência Ecclesia

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Níger: cristãos em fuga depois de ataque do BokoHaram

“Deus não nos abandona”Dez mortos, mais de 40 igrejasqueimadas. Os dias 16 e 17 deJaneiro ficarão na memória dosCristãos do Níger. Um ataqueplaneado pelo Boko Haramdeixou um rasto de destruição emedo. Uma irmã, obrigada afugir, recorda tudo. “Porquê tanto ódio, tanta violência?”Ainda hoje tudo parece irreal. Masnão. A irmã precisa apenas de olharà sua volta para saber que tudo nãofoi apenas um pesadelo. Esta irmã eas outras missionárias da suacongregação estão agora em casasde famílias que as acolheram. Omedo de serem descobertas obriga-as a não revelarem onde vivem,sequer os seus nomes ou dacongregação. Tudo aconteceu numinstante. Grupos de homensarmados irromperam pelas ruas dacapital, Niamey, e na cidade deZinder, e deixaram um rasto dedestruição e morte. Foi nos dias 16e 17 de Janeiro. Dezenas de igrejasforam saqueadas e queimadas.Casas destruídas. Nem orfanatosescaparam. Dez pessoas perderama vida. “Foi tudo planeado”, escrevea missionária, obrigada a fugir tal

como todas as outras irmãs da suacongregação.Os ataques visaram os Cristãos.Apenas. Ninguém imaginaria tantaviolência sectária num país como oNíger, onde Cristãos e Muçulmanostêm convivido em paz. Mas haviaalguns sinais, diz hoje a irmã.Semanas antes, no Natal, o BokoHaram – que actua na Nigéria, nooutro lado da fronteira - já tinhaameaçado queimar todas as igrejasdo Níger e matar todos os Cristãos.Escrever é também exorcizar omedo. “Porquê tanto ódio, tantaviolência?”, pergunta a irmã nestacarta escrita em lágrimas. Tragédia“Primeiro começou em Zinder. Cincomortos. Quatro destas pessoasestavam numa igreja.” Foi ocomeço. Grupos de homensarmados começaram a espalhar oterror. Em menos de duas horasmais de 40 igrejas foram destruídas.De novo, as palavras emocionadasda irmã. “As igrejas foramsaqueadas uma após outra.Levaram o que puderam e depoisdeixaram-nas em chamas.

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Igrejas católicas, protestantes eevangélicas. Todas. É incrível.”.O Níger é uma contradição. Paísrico é, também, dos mais pobres domundo. Tem urânio, petróleo, mas,apesar disso, a maioria das pessoasvive numa confrangedora pobreza.A pobreza e o desemprego são umrastilho à espera de ser ateado.Neste contexto, os Cristãos são umapresa fácil. 98 por cento dapopulação é muçulmana.As irmãs, na fuga apressada, nãoconseguiram salvar quase nada.Agora, num mercado da capital épossível comprar muitos dosobjectos que foram saqueados dasigrejas, das capelas … Uma dasigrejas destruídas é a de Ste.Thérèse, edificada com o apoioda Fundação AIS e que só emOutubro abrira as portas ao culto.Está destruída. No meio dadesolação, resta a fé. A irmã nãosabe quando poderá regressar, nemimagina o que vai encontrar. Mas,apesar de tudo, está confiante.“Deus não nos abandona. Rezempor nós. Que a Luz do Amor deJesus possa irradiar!”Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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A ousadia da Adopção

Tony Neves Espiritano

Tenho um respeito enorme pelos casais queousam adoptar crianças. É, para mim, umaousadia extraordinária pois não é o sangue afalar, mas amor, puro amor.Conheço bastantes casos de pessoas que, nasua infância, foram adoptadas. Regra geral,adopção foi bem sucedida. As crianças, muitasdelas, só na sua adolescência vieram a saberque não eram filhos biológicos e esta notícia nãoalterou nada a relação na família. Algumasconversas mantidas quer com pais queadoptaram, quer com filhos adoptados provaram-me que o amor tudo vence e, ao contrário, osangue começa por ser uma questão meramentebiológica. Aliás, esta é a principal razão porquealguns pais abandonam os filhos á nascença.Nem tudo é mar de rosas neste mundo daadopção. É preciso haver motivações profundasde amor para que haja candidatura séria a fazersua uma criança nascida no seio de uma outrafamília. Não pode ser apenas porque quero muitoum filho que avanço para a adopção. Tem deexistir um projeto de amor em família, comestabilidade e contexto favorável ao crescimentosadio de uma criança.Muitos criticam as leis que regulam a adopção.Uns porque acham que é tão rigorosa que ficammuitas crianças sem família. Outros porquedefendem ideias fracturantes como aquelas quetêm a ver com a adopção por parte de pessoascelibatárias ou pessoas homossexuais. Continuoconvicto de que este assunto é sério demaispara que com

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ele se brinque, dada a fragilidadeem que as crianças a adoptar seencontram. Se elas vêm decontextos familiares frágeis (e, emmuitos casos, geradores detraumas), não faz muito sentidofaze-las correr mais riscos de faltade integração. Tal iria agudizar odrama em que nasceram e estão acrescer.Por tudo quanto já disse, queroreforçar a expressão da minhaadmiração por quem arriscaadoptar.

Merecem da sociedade estímulo,apoio e reconhecimento pelo altoserviço que prestam á humanidade.Todas as pessoas têm direito a vivernuma família onde se sintamamadas. Se quem gerou não querou não pode criar estas condiçõesde amor, há que valorizar a corageme a dedicação de quem abre asportas da casa e do coração paraacolher estas crianças. Sobretudo,para amar como filhos que passama ser.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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