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1ª. Aula Teórica INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MICOLOGIA (Definição, Conceitos básicos e Importância dos fungos) I. CONCEITO DE MICOLOGIA MICOLOGIA: Ciência que estuda os Fungos. Palavra oriunda do grego: MYKES: fungo LOGOS: estudo. A Micologia pode ser classificada de acordo com a área de interesse em : Geral, Médica, Agrícola, Industrial, etc. II. HISTÓRICO Os fungos são conhecidos desde a antiguidade. Há evidências que estes organismos já eram conhecidos desde o Período Devoniano e Pré-Cambriano. ALEXOPOULOS (1962) afirma que segundo a lenda o nome Mycenas (fungo) vem desde os gregos antigos, quando o herói Perseu há 3500 anos fundou o reino de Micenas, tomando este nome de um fungo lendário que saciou sua sede durante uma viagem. Há citações que datam de 1200 a. c. onde foi constatado a ação fitopatógena dos fungos pela primeira vez (míldio da videira), porém por falta de conhecimento científico os antigos consideravam como se fosse “castigo dos deuses”. HARSBERG (1929) descobriu desenho do “ Agaricus” com todas as suas partes em um monólito romano do século I ou II, encontrado nas ruínas do mercado da cidade, indicando que os antigos já distinguiam os fungos comestíveis dos venenosos. Na antiguidade existiram povos considerados micófilos ( utilizavam os fungos para vários fins) e não micófilos ( que tinham aversão relacionando-os até com bruxarias). No Brasil, o primeiro relato sobre fungos data de 1560: Padre Anchieta descreveu, ao que tudo indica o esclerócio de um fungo do Filo Basidiomycota - Polyporus sapurema, que os índios denominavam de “pedra flexível”. Antes do advento do microscópio os fungos estudados eram os macroscópicos. Após a invenção do microscópio, no século XVIII, por Von Leeuwenhoek, inicio-se o estudo sistemático dos fungos. Na história da Micologia, o botânico italiano, Píer 1

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1ª. Aula Teórica

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MICOLOGIA

(Definição, Conceitos básicos e Importância dos fungos)

I. CONCEITO DE MICOLOGIAMICOLOGIA: Ciência que estuda os Fungos.

Palavra oriunda do grego: MYKES: fungo

LOGOS: estudo.

A Micologia pode ser classificada de acordo com a área de interesse em : Geral,

Médica, Agrícola, Industrial, etc.

II. HISTÓRICO

Os fungos são conhecidos desde a antiguidade. Há evidências que estes

organismos já eram conhecidos desde o Período Devoniano e Pré-Cambriano.

ALEXOPOULOS (1962) afirma que segundo a lenda o nome Mycenas (fungo)

vem desde os gregos antigos, quando o herói Perseu há 3500 anos fundou o reino

de Micenas, tomando este nome de um fungo lendário que saciou sua sede

durante uma viagem. Há citações que datam de 1200 a. c. onde foi constatado a

ação fitopatógena dos fungos pela primeira vez (míldio da videira), porém por falta

de conhecimento científico os antigos consideravam como se fosse “castigo dos

deuses”. HARSBERG (1929) descobriu desenho do “Agaricus” com todas as

suas partes em um monólito romano do século I ou II, encontrado nas ruínas do

mercado da cidade, indicando que os antigos já distinguiam os fungos comestíveis

dos venenosos.

Na antiguidade existiram povos considerados micófilos ( utilizavam os fungos para

vários fins) e não micófilos ( que tinham aversão relacionando-os até com

bruxarias).

No Brasil, o primeiro relato sobre fungos data de 1560: Padre Anchieta descreveu,ao que tudo indica o esclerócio de um fungo do Filo Basidiomycota - Polyporus

sapurema, que os índios denominavam de “pedra flexível”.

Antes do advento do microscópio os fungos estudados eram os macroscópicos.

Após a invenção do microscópio, no século XVIII, por Von Leeuwenhoek, inicio-se

o estudo sistemático dos fungos. Na história da Micologia, o botânico italiano, Píer 

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Antony Micheli considerado o “pai da Micologia”, que em 1729 publicou “Nova

plantarum genera” onde foram incluídas suas investigações sobre fungos. Outros

pesquisadores também aumentaram os conhecimentos dos fungos, como: Luis

Pasteur; Fries; Corda; De Barry, o fundador da Moderna Micologia; Saccardo,

autor da obra Sylloge Fungorum; Spegazzini, discípulo de Saccardo, que prestou

grandes benefícios ao conhecimento dos fungos no Brasil.

Na Micologia Médica, merecem ser citados Raymond Jacques Sabouraud e

Maurice Langeron.

No Brasil no início do século passado Rick, Theissen e Torrend, deram grande

impulso ao conhecimento dos fungos em nosso país. Outros micologistas também

contribuíram para aumentar o conhecimento como: Verlande Duarte Silveira, que

publicou “Lições de Micologia”; Eugênio Rangel, com a publicação do “GlossárioMicológico e Fitopatológico”; Augusto Chaves Batista e colaboradores, com

centenas de trabalhos publicados em taxonomia e micologia aplicada. Na

Micologia Médica destacaram – se Olímpio da Fonseca Filho, Floriano Paulo de

Almeida e Carlos da Silva Lacaz, entre outros.

III. DEFINIÇÃO

FUNGOS: São seres eucariontes, heterotróficos, aclorofilados, aeróbios a

microaerófilos, uni ou pluricelulares, uni ou plurinucleares, parede celular composta geralmente de quitina, combinada com outros carboidratos complexos

como a celulose ou ambas, com glicogênio como substância de reserva, nutrição

por absorção, podendo viver como sapróbios, parasitas ou simbiontes com outros

organismos, podendo reproduzir-se sexuada ou assexuadamente, cuja célula é

denominada de hifa, que desenvolvendo forma o micélio,(maioria filamentoso) que

produz os esporos. Não formam tecido verdadeiro.

IV. MORFOLOGIA GERAL

Os fungos podem ser constituídos de duas partes: vegetativa e reprodutiva.

1) Parte Vegetativa

Hifa: Unidade estrutural dos fungos. É a célula dos fungos (tubo cilíndrico). Pode

ser simples ou ramificada, podendo ser  contínua ou cenocítica ou apresentar 

septos ou tabiques de espaço a espaço (septada), com ou sem pigmentação.

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Além da hifa verdadeira, existe um grupo de fungos que apresenta uma falsa hifa,

onde as células não trocam nutrientes (pseudohifa), denominados de Leveduras.

Micelio: Conjunto de hifas; corpo do fungo, formado por uma massa frouxa de

hifas emaranhadas, em alguns casos (fungos superiores) formando pseudo-tecido

(plectênquima). O micelio é composto de uma parte vegetativa (hifa) e uma parte

reprodutiva: esporóforos sexuados ou assexuados que produzem os esporos.

2) Parte Reprodutiva

Esporos: Estruturas reprodutivas dos fungos, cuja germinação origina hifa que

forma micelio que novamente forma esporos (ciclo de vida). Os esporos são

responsáveis pela perpetuação e disseminação das espécies no ambiente. Podem

apresentar variação no tamanho, forma, coloração e septação, além de origem

diferenciada: tanto sexuada como assexuada.Exemplos de esporos assexuados: zoósporos (esporos com mobilidade)

esporangiosporos, conídios (esporos sem mobilidade).

Exemplos de esporos sexuados: zigosporos, ascósporos, basidosporos.

V. IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS

Benéficas

1. Alimentação (baixam o nível de colesterol no sangue, tem substâncias

anticancerígenas, fontes de aminoácidos, etc)Lactarius deliciosus, Amanita caesarea, Morchella hortensis, Agaricus campestris,

  Agaricus augustus, Boletus edulis, Cantharellus cibarius, Lepiota saena,

Macrolepiota gracilenta, Pleurotus ostreatus, Tuber sp., Trufas, etc.

2. Indústria farmacêutica

Produção de antibióticos. O primeiro antibiótico (penicilina) foi descoberto por 

Fleming a partir de uma colônia de Penicillium notatum que contaminou

experimentos realizados com bactérias. Atualmente são conhecidos outros fungos

que produzem outros tipos de antibióticos, como por exemplo a griseofulvina.

3. Indústria Química

Os fungos podem produzir vários tipos de produtos como vitaminas (tiamina,

riboflavina, biotina), ácidos, enzimas, álcoois, etc.

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Exemplos: Morchella hortensis que é comestível e também produz tiamina, biotina,

riboflavina, ácido pantotênico, ácido fólico. Agaricus blazei que produz substâncias

que auxiliam no tratamento de várias enfermidades.

 Aspergillus niger produz ácido glucônico.

4. Indústria alimentícia

a) Panificação (utilização do gás (CO2) produzido no metabolismo da levedura)

Saccharomyces cerevisiae

b) Produção de queijos (alteração na textura, aroma, sabor)

Penicillium camembertii – produção do queijo Camembertii

Penicillium roquefortii – produção do queijo Roquefortii, etc

5. Indústria de bebidas fermentadas (utilização do álcool produzido durante o

crescimento)Vinho: Saccharomyces cerevisiae predomina

Cerveja: Saccharomyces cerevisiae, S. carlsbergensis

Sakê: Aspergillus oryzae

Bebidas indígenas: Rhizopus sp., Hansenula sp.

6. Biocontroladores

Fungos que tem a capacidade de controlar ou matar outros fungos, insetos,

nematóides.Ex.: Metharhizium anisopliae controla a cigarrinha da cana-de-açúcar.

Beauveria bassiana

7. Micorrízicos

Auxiliam as plantas na absorção de elementos (Fósforo) de solos pobres.

Ex.: Endomicorrízicos ( Gigaspora margarita) ou ectomicorrízicos (alguns

basidiomicetos). 

8. Decomposição da matéria orgânica

Atuam na fertilidade do solo, desdobrando matéria orgânica, originando nutrientes

(elementos tais como N, P, K, S, Fe, Ca, Mg, Zn, etc) que podem ser aproveitados

pelas plantas.

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Maléficas

1. Patologia Humana e Animal

Causam doenças denominadas MICOSES, que podem ser superficiais ou

profundas.

Ex.: Micoses superficiais: Microsporum canis (“impinge”), Malassezia furfur (“pano

branco”).

Micoses oportunistas: Candida albicans, Aspergillus fumigatus

Micoses profundas: Paracoccidioides brasiliensis, Criptococcus

neoformans., Histoplasma capsulatum

2. Fitopatologia

Causam doenças aos vegetais.Ex.: Hemileia vastatrix causa a ferrugem do café;

  Colletrotrichum falcatum causa podridão vermelha da cana-de- açúcar;

  Fusarium oxysporum causa murcha em vários tipos de vegetais, atacando o

sistema vascular;

Phytophtora infestans causa requeima da batatinha;

  Verticillium albo-atrum

3. Venenosos (morte por coma hepático) Amanita verna, Amanita phalloides, Amanita pantherina, Boletus satanaz, Mycena

 pura, Lepiota castanea, Lactarius torminosus, etc.

4. Alucinógenos

  Amanita muscaria, Psilocybe mexicana, Russula emética, Inocybe fastigiata,

Panaeolina foenisecii. etc

5. Produção de metabólitos tóxicos (Micotoxinas, podem causar câncer de fígado,

esôfago, renal, cervical)

Exemplo: Aflatoxina A, A2, B, B2 (são cancerígenas, não são excretadas e se

depositam no fígado) podem ser produzidas por  Aspergillus flavus, Aspergillus

  parasiticus, Penicilium citrinum

 Aspergillus ochraceus – ocratoxina.

Fusarium oxysporum, Fusarium moniliforme – zearalenona

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Penicillium expansum - patulina

6. Destruição de produtos armazenados (sapróbios)

Causam prejuízo econômico por armazenamento inadequado.

Ex.: Rhizopus spp., Cladosporium resinae (fungo do querozene, pois destrói a

camada protetora dos tanques de aviação)

Destroem lentes de aparelhos ópticos estragando suas lentes, tecidos, couros,

etc.

7. Podridão e mancha em madeira

Diminui o valor econômico.

Causado freqüentemente por Poliporáceos, conhecidos comumente como “orelha-

de pau”(Basidiomycota).

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