introdução de melhorias na aplicação de material cerâmico de parede
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INTRODUÇÃO DE MELHORIAS NA APLICAÇÃO DE MATERIAL
CERÂMICO DE PAREDE - OTIMIZAÇÃO DA QUALIDADE E DA
SUSTENTABILIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES
DIEGO ALVES MELO
2014
i
INTRODUÇÃO DE MELHORIAS NA APLICAÇÃO DE MATERIAL
CERÂMICO DE PAREDE - OTIMIZAÇÃO DA QUALIDADE E DA
SUSTENTABILIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES
DIEGO ALVES MELO
Projeto de graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil
da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de
Engenheiro.
Orientador: Jorge dos Santos
Rio de Janeiro Fevereiro / 2014
ii
INTRODUÇÃO DE MELHORIAS NA APLICAÇÃO DE MATERIAL
CERÂMICO DE PAREDE - OTIMIZAÇÃO DA QUALIDADE E DA
SUSTENTABILIDADE EM OBRAS DE EDIFICAÇÕES
Diego Alves Melo
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO CIVIL.
Examinada por:
_______________________________
Prof. Jorge dos Santos
_______________________________
Prof. Ana Catarina Evangelista
_______________________________
Prof. Isabeth Mello
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO DE 2014
iii
Melo, Diego Alves
Introdução de Melhorias na Aplicação de Material Cerâmico de
Parede à Otimização da Qualidade e da Sustentabilidade em
Obras de Edificações / Diego Alves Melo – Rio de Janeiro:
UFRJ / Escola Politécnica, 2014.
x, p. 134: il.; 29,7cm.
Orientador: Jorge dos Santos
Projeto de Graduação - UFRJ / Escola Politécnica / Curso de
Engenharia Civil, 2014.
Referências Bibliográficas: p. 127-133.
1. Introdução 2. Material Cerâmico para Revestimentos -
Contextualização 3. Conceitos do Revestimento Cerâmico
4. Projeto de Revestimento Cerâmico 5. Execução do
Revestimento Cerâmico 6. Patologias do Revestimento
Cerâmico 7. Qualidade e Sustentabilidade em Obras de
Edificações 8. Estudo de Caso 9. Conclusão 10. Bibliografia
I. Santos, Jorge dos; II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil; III.
Introdução de Melhorias na Aplicação de Material Cerâmico de
Parede à Otimização da Qualidade e da Sustentabilidade em
Obras de Edificações.
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, que sempre esteve presente em minha vida e, com sua
força e sua luz, pôde me apoiar e iluminar minha caminhada até este momento.
Em segundo lugar, agradeço aos meus familiares, pois, sem dúvida, sem o carinho e
incentivo oferecido por eles, não teria alcançado este objetivo.
Em especial, agradeço ao meu pai, um verdadeiro guerreiro, que sempre investiu nos
meus estudos, nunca mediu esforços para que eu atingisse minhas metas e sempre levou
muita alegria para o lar.
À minha mãe, que foi minha primeira professora, me ensinou a ler e escrever, sempre
batalhou para me educar, formar meu caráter e foi a maior incentivadora das minhas
conquistas estudantis.
Ao meu irmão, que vi nascer e agora é um homem, o amigo que todos gostariam de ter,
aquele que sempre esteve ao meu lado, pronto para me ajudar em qualquer situação, é
para ele que dedico toda a minha torcida, que ele possa realizar todos os seus sonhos.
À minha madrinha, que sempre dedicou imenso amor e carinho, vibrou positivamente e
viveu intensamente todas as minhas conquistas até aqui, a quem devo eterna gratidão.
E aos meus avós, que também sempre estiveram presentes nos momentos mais
importantes da minha vida e vibraram muito com minhas realizações.
Agradeço também aos meus amigos, os quais acompanharam diariamente cada passo
dessa batalha, tornando-a mais divertida e proporcionando histórias inesquecíveis. Sem
eles não estaria aqui!
Por fim, agradeço a todos os professores que passaram pela minha vida, verdadeiros
disseminadores do conhecimento, que possuem papel crucial para a sociedade.
Em especial, agradeço ao professor Jorge dos Santos, o qual pôde contribuir diretamente
para o desenvolvimento deste trabalho, me orientando de maneira extremamente
organizada e estruturada.
v
Resumo do projeto de graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Introdução de Melhorias na Aplicação de Material Cerâmico de Parede à
Otimização da Qualidade e da Sustentabilidade em Obras de Edificações
Diego Alves Melo
Fevereiro / 2014
Orientador: Jorge dos Santos
Curso: Engenharia Civil
O sistema de revestimento cerâmico possui grande importância para uma edificação,
devido às inúmeras funções exercidas pelo mesmo. Entretanto, para o pleno
desempenho de suas funções, é importante que sejam empregados os materiais corretos,
que a mão de obra seja qualificada e que o serviço seja executado seguindo os padrões
regulamentados por normas e procedimentos.
Outra característica marcante deste serviço são os altos índices de perda, que já são
inerentes ao processo. Esta situação contrasta com a ideia atual de valorizar cada vez
mais a sustentabilidade dos processos.
Visando à obtenção de qualidade e sustentabilidade, existem normas que estabelecem
diretrizes para a execução do serviço de revestimento cerâmico, planos de qualidade que
buscam a estruturação de sistemas de gestão da qualidade e ambiental, além de
regulamentações específicas para a gestão dos resíduos.
Sendo assim, baseado nas normas técnicas brasileiras, no PBQP-H, na ISO 14001, na
CONAMA 307 e com um estudo de caso em obra de edificação residencial
multifamiliar, o presente estudo abordará maneiras de tornar os revestimentos cerâmicos
de parede um serviço de qualidade e de amenizar as perdas de material, evitando
prejuízos financeiros e ambientais, gerando assim um serviço mais sustentável.
vi
Abstract of graduation project submitted to Polytechnic / UFRJ as a part of the
requirements for the degree of Civil Engineer.
Introduction of Improvements in Application of Ceramic Material Wallcoating to
Optimization of Quality and Sustainability in Construction of Buildings
Diego Alves Melo
February / 2014
Advisor: Jorge dos Santos
Course: Civil Engineering
The ceramic coating system has great importance for a building due to the numerous
functions that it exercises. However, for the full performance of its functions, it is
important that the correct materials are used, the workforce is qualified and that the
service is performed following the standards regulated by rules and procedures.
Another striking feature of this service is the high loss rates, which is already inherent in
the process. This contrasts with the current idea of increasingly value the sustainability
of processes.
Trying to obtain quality and sustainability, there are rules that establish guidelines for
the implementation of the ceramic coating, quality plans that seek to structure systems
of quality management and environmental services, and specific regulations for waste
management.
Thus, based on Brazilian technical standards, PBQP-H, ISO 14001, CONAMA 307 and
a case of study on the work of multifamily residential buildings, this study will address
ways to make ceramic wall coverings a quality service and mitigate loss of material,
avoiding financial and environmental impacts and creating a more sustainable service.
vii
Sumário
1) Introdução........................................................................................................................ 1
1.1) A Importância do Tema.......................................................................................... 1
1.2) Objetivos................................................................................................................ 2
1.3) Justificativa............................................................................................................. 2
1.4) Metodologia........................................................................................................... 3
2) Material Cerâmico para Revestimentos – Contextualização........................................... 5
2.1) Definição................................................................................................................ 5
2.2) Aspectos Históricos................................................................................................ 6
2.3) Matérias-primas...................................................................................................... 7
2.3.1) Argilas........................................................................................................... 8
2.3.2) Feldspatos...................................................................................................... 8
2.3.3) Filitos............................................................................................................. 8
2.3.4) Talcos............................................................................................................ 8
2.4) Panorama Atual da Indústria Cerâmica Brasileira................................................. 9
2.4.1) Aspectos Gerais............................................................................................. 9
2.4.2) Produção de Cerâmica no Brasil................................................................... 10
2.4.3) Processo Produtivo da Cerâmica................................................................... 13
3) Conceitos do Revestimento Cerâmico............................................................................ 17
3.1) Funções do Revestimento Cerâmico...................................................................... 17
3.2) Propriedades dos Materiais Cerâmicos.................................................................. 17
3.2.1) Absorção de água.......................................................................................... 18
3.2.2) Resistência à flexão....................................................................................... 19
3.2.3) Resistência à abrasão.................................................................................... 20
3.2.4) Resistência ao gelo........................................................................................ 20
3.2.5) Expansão por umidade ou dilatação térmica................................................. 21
viii
3.2.6) Resistência ao risco (dureza Mohs)............................................................... 21
3.2.7) Resistência a manchas................................................................................... 21
3.2.8) Resistência ao ataque químico...................................................................... 21
3.3) Caracterização do Revestimento Cerâmico........................................................... 22
3.3.1) Substrato ou base.......................................................................................... 22
3.3.2) Chapisco........................................................................................................ 22
3.3.3) Emboço......................................................................................................... 23
3.3.4) Argamassa colante........................................................................................ 23
3.3.5) Revestimento cerâmico................................................................................. 23
3.3.6) Juntas............................................................................................................. 24
3.3.7) Rejuntamento................................................................................................ 24
4) Projeto de Revestimento Cerâmico................................................................................. 25
4.1) Parâmetros do Projeto............................................................................................ 25
4.1.1) Natureza e características da base................................................................. 26
4.1.2) Características das camadas constituintes..................................................... 26
4.1.3) Solicitações do revestimento......................................................................... 27
4.1.4) Condições de exposição................................................................................ 27
4.2) Desenvolvimento do Projeto.................................................................................. 27
4.2.1) Análise preliminar......................................................................................... 28
4.2.2) Elaboração do projeto.................................................................................... 29
4.2.3) Redefinição do projeto.................................................................................. 32
5) Execução do Revestimento Cerâmico............................................................................. 34
5.1) Planejamento.......................................................................................................... 34
5.1.1) Compra dos Materiais................................................................................... 34
5.1.2) Recebimento e Armazenamento................................................................... 35
5.1.3) Escolha da Mão de Obra............................................................................... 40
5.2) Execução do Acabamento...................................................................................... 41
ix
5.2.1) Revestimento Interno.................................................................................... 41
5.2.2) Revestimento Externo................................................................................... 53
5.3) Controle de Execução............................................................................................ 64
6) Patologias do Revestimento Cerâmico............................................................................ 74
6.1) Destacamentos........................................................................................................ 74
6.2) Trincas, Gretamentos e Fissuras............................................................................. 75
6.3) Eflorescência.......................................................................................................... 76
6.4) Manchas e Bolor.................................................................................................... 77
6.5) Deterioração das Juntas.......................................................................................... 78
7) Qualidade e Sustentabilidade em Obras de Edificações................................................. 79
7.1) Qualidade............................................................................................................... 79
7.1.1) Certificação de sistemas e produtos quanto à qualidade............................... 80
7.2) Sustentabilidade..................................................................................................... 86
7.2.1) A ISO 14001................................................................................................ 87
7.2.2) CONAMA 307.............................................................................................. 87
7.2.3) Certificação de sistemas e produtos quanto à sustentabilidade..................... 88
8) Estudo de Caso................................................................................................................ 93
8.1) Apresentação.......................................................................................................... 93
8.2) Metodologia de Execução da Obra........................................................................ 95
8.3) Principais anomalias observadas ao longo do serviço........................................... 96
8.3.1) Falhas no Substrato....................................................................................... 96
8.3.2) Desplacamento.............................................................................................. 97
8.3.3) Dimensionamento de Material...................................................................... 99
8.3.4) Lições aprendidas.......................................................................................... 100
8.2) Bloco 5 – Aplicação do Aprendizado.................................................................... 100
8.3) Bloco 5 – O Problema da Perda de Cerâmica e as Ações Compensatórias........... 118
8.3.1) A Perda de Cerâmica..................................................................................... 118
x
8.3.2) Ações Compensatórias.................................................................................. 120
8.4) Considerações Finais.............................................................................................. 124
9) Conclusão........................................................................................................................ 125
10) Bibliografia.................................................................................................................... 127
xi
Índice de Figuras
Figura 1: Distribuição das indústrias de revestimentos cerâmicos no Brasil...............11
Figura 2: Distribuição gráfica das indústrias de revestimentos cerâmicos no Brasil ..12
Figura 3: Fluxograma do Processo Produtivo – via úmida .........................................14
Figura 4: Fluxograma do Processo Produtivo – via seca ............................................15
Figura 5: Modelo das camadas do Sistema de Revestimento Cerâmico.....................22
Figura 6: Aplicabilidade das juntas de dessolidarização ............................................31
Figura 7: Ficha de verificação de materiais cerâmicos e porcelanatos .......................38
Figura 8: Ficha de verificação de materiais cerâmicos e porcelanatos .......................39
Figura 9: Ficha de verificação do serviço de emboço .................................................45
Figura 10: Tubo dosador para preparação de argamassa colante ................................47
Figura 11: Juntas a prumo ...........................................................................................49
Figura 12: Em amarração ............................................................................................49
Figura 13: Junta paralela em diagonal ........................................................................49
Figura 14: Junta amarrada em diagonal .....................................................................49
Figura 15: Galgamento do painel de materialização ..................................................51
Figura 16: Ficha de verificação de revestimento de fachada em argamassa .............56
Figura 17: Limpeza das juntas ...................................................................................59
Figura 18: Colocação de fita crepe ............................................................................60
Figura 19: Colocação de tarucel na junta ..................................................................60
Figura 20: Aplicação do selante de poliuretano ........................................................61
Figura 21: Utilização do tubo de PVC .....................................................................61
xii
Figura 22: Remoção da fita crepe ............................................................................62
Figura 23: Detalhamento do tratamento das juntas de movimentação ....................62
Figura 24: Detalhamento do tratamento das juntas de dilatação .............................63
Figura 25: Planilha de rastreamento de cerâmica .....................................................66
Figura 26: Ficha de verificação dos revestimentos cerâmicos de fachadas .............70
Figura 27: Ficha de verificação dos revestimentos cerâmicos em áreas internas .....73
Figura 28: Destacamento de placas cerâmicas .........................................................75
Figura 29: Surgimento de trincas em placas cerâmicas ............................................75
Figura 30: Eflorescência em revestimentos cerâmicos .............................................76
Figura 31: Surgimento de manchas no revestimento ...............................................77
Figura 32: Deterioração do rejunte ..........................................................................78
Figura 33: Ciclo PDCA ...........................................................................................80
Figura 34: Modelo de selo da Certificação PBQP-H ..............................................81
Figura 35: Selo e logotipo de certificação do CCB ................................................86
Figura 36: Logotipo ISO ..........................................................................................91
Figura 37: Níveis de certificação LEED ..................................................................92
Figura 38: Logotipo ABNT Ambiental ....................................................................93
Figura 39: Cerâmica Alaska, 45x45cm ....................................................................93
Figura 40: Cerâmica White Plain Matte, 33x45 …………………………………..93
Figura 41: Cerâmica White Plain Lux, 33x45 .........................................................94
Figura 42: Cerâmica White Basic Lux, 20x20 ........................................................94
Figura 43: Cerâmica White Basic Lux, 15x15 ........................................................94
Figura 44: Porcelanato Crema Valência Polido, 60x60 ..........................................94
xiii
Figura 45: Porcelanato Diamante Polido, 60x60 ....................................................94
Figura 46: Organograma da equipe da obra ...........................................................95
Figura 47: Excesso de fissuras no substrato ...........................................................96
Figura 48: Excesso de fissuras no substrato ...........................................................96
Figura 49: Presença de grande quantidade de taliscas no substrato ......................97
Figura 50: Desplacamento de cerâmica no bloco 2 ................................................98
Figura 51: Desplacamento de cerâmica no bloco 2 ................................................98
Figura 52: Avaliação do fornecedor do serviço de revestimento cerâmico ..........101
Figura 53: Mural de avaliação de fornecedores ....................................................102
Figura 54: Ferramentas e equipamentos utilizados pelo ladrilheiro ....................103
Figura 55: Nível de partida marcado na parede ...................................................104
Figura 56: Corte das placas com equipamento adequado ....................................104
Figura 57: Preparo da argamassa ..........................................................................108
Figura 58: Aplicação da argamassa colante na parede .........................................105
Figura 59: Aplicação da argamassa colante no tardoz da placa ...........................106
Figura 60: Assentamento da placa .......................................................................106
Figura 61: Utilização do martelo de borracha para posicionamento da placa .....107
Figura 62: Utilização de espaçadores ..................................................................107
Figura 63: Registro de treinamento e conteúdo programático ............................108
Figura 64: Lista de participantes do treinamento ................................................109
Figura 65: Avaliação da eficácia .........................................................................109
Figura 66: Capa do caderno de rastreamento de cerâmica .................................110
Figura 67: Página do caderno referente ao apartamento visitado ......................110
xiv
Figura 68: Placa de identificação do depósito de cerâmica................................111
Figura 69: Visão geral do depósito de cerâmica ................................................111
Figura 70: Material identificado de acordo com modelo e tonalidade ..............111
Figura 71: Reserva técnica de cerâmica .............................................................112
Figura 72: Mistura de tonalidades......................................................................112
Figura 73: Mistura de tonalidades......................................................................112
Figura 74: Ficha de verificação de serviço do apartamento 1201......................113
Figura 75: Registro da não conformidade em destaque ....................................113
Figura 76: Item não conforme em destaque ......................................................114
Figura 77: Descrição da não conformidade e solução proposta em destaque ...114
Figura 78: FVM de cerâmica corretamente preenchida ....................................114
Figura 79: Verificação do material recebido .....................................................115
Figura 80: Registro Mensal da Gestão de Resíduos..........................................116
Figura 81: Resíduos cerâmicos .........................................................................117
Figura 82: Resíduos cerâmicos .........................................................................117
Figura 83: Cerâmicas perdidas devido ao tranporte e manuseio descuidado....118
Figura 84: Forma indicada de transporte horizontal de placas cerâmicas ........118
Figura 85: Separação de placas para reutilização .............................................119
Figura 86: Cerâmicas cortadas para utilização no taliscamento .......................120
Figura 87: Reaproveitamento de placas cerâmicas no taliscamento ................120
Figura 88: Caçamba identificada .....................................................................121
Figura 89: Segregação evidenciada .................................................................121
Figura 90: Transporte do material segregado ..................................................122
xv
Figura 91: Material gerado após reciclagem dos resíduos classe A..................123
xvi
Índice de Tabelas
Tabela 1: Segmentos do setor cerâmico classificados pelo valor anual de produção .....9
Tabela 2: Classificação das placas cerâmicas quanto à absorção de água......................18
Tabela 3: Classificação dos grupos de absorção de água em função do método de
fabricação........................................................................................................................18
Tabela 4: Classificação das placas cerâmicas prensadas quanto à absorção de água .....19
Tabela 5: Classificação da resistência à flexão das placas cerâmicas prensadas............19
Tabela 6: Classificação da resistência à abrasão das placas cerâmicas – PEI.................20
Tabela 7: Normas técnicas aplicadas ao SRC.................................................................25
Tabela 8: Dimensões mínimas de juntas de assentamento ............................................32
Tabela 9: Dimensionamento dos dentes da desempenadeira em função das placas
cerâmicas ......................................................................................................................49
Tabela 10: Comparação entre métodos de execução dos revestimentos cerâmicos de
fachdas em edifícios .....................................................................................................64
Tabela 11: “Check-list” para controle antes do início das atividades ..........................67
Tabela 12: “Check-list” para controle durante a execução das atividades ...................67
Tabela 13: “Check-list” para controle após a conclusão das atividades .......................68
Tabela 14: Modelos de placas cerâmicas de parede .....................................................96
Tabela 15: Cerâmicas perdidas devido ao desplacamento ...........................................101
Tabela 16: Tabela de controle de perda de cerâmica...................................................121
xvii
Lista de Abreviaturas e Siglas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANFACER – Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica
CCB – Centro Cerâmico do Brasil
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
FVM – Ficha de Verificação de Material
FVS – Ficha de Verificação de Serviço
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat
PEI – Porcelain Enamel Institut
SRC – Sistema de Revestimento Cerâmico
1
1) Introdução
De acordo com estudos da ANFACER (Assocoação Nacional dos Fabricantes de
Cerâmica) [1], a cerâmica é o material artificial mais antigo produzido pelo homem. Do
grego "kéramos” ("terra queimada" ou “argila queimada”), é um material de grande
resistência, frequentemente encontrado em escavações arqueológicas. Ao longo do
tempo, este material foi se desenvolvendo e, atualmente, sua utilização abrange
diversos setores de uma edificação, como: alvenaria, revestimentos, louças etc.
Dentre os diversos segmentos de material cerâmico, o setor de revestimento é um dos
que vem se destacando no Brasil. Devido ao desenvolvimento tecnológico considerável
no setor, nosso país conseguiu aumentar substancialmente a sua produção, colocando-se
entre os maiores produtores e consumidores do mundo.
Com o aumento da produção e utilização e com a variedade de fabricantes e modelos,
determinados problemas que envolvem este produto podem ser observados com
frequência e buscar soluções é praticamente um dever para o Engenheiro Civil.
Sendo assim, este trabalho abordará os principais conceitos sobre revestimentos
cerâmicos, tratará do processo produtivo destes materiais, abordará o projeto e execução
deste serviço, discorrerá sobre os problemas relacionados aos mesmos e desenvolverá
maneiras para atenuá-los ou resolvê-los, visando melhorar a qualidade e
sustentabilidade na execução deste serviço ou de outros processos relacionados ao
mesmo.
1.1) A Importância do Tema
A importância do tema está diretamente relacionada à relevância do revestimento
cerâmico para uma edificação. Este material é responsável por proporcionar higiene em
determinados ambientes, proteção aos elementos de vedação, estanqueidade à água e
aos gases e principalmente sofisticação ao acabamento final, colaborando para a
obtenção de um aspecto estético e visual agradável.
2
Agregando tantas funções, é imprescindível que seja exigida plena qualidade no
planejamento e execução deste serviço e das outras atividades relacionadas a ele.
Além disso, com a ampliação do uso de azulejos nas construções, estes elementos
compõem uma fatia considerável do orçamento inicial de uma edificação. Entretanto, o
que pode ser observado é que esta fatia, na maioria dos casos, tem de ser aumentada,
devido ao alto índice de perda de material durante a execução, má gestão de transporte e
armazenamento deste produto, falhas em serviços anteriores ao revestimento cerâmico,
entre outros fatores que atestam o quanto é importante que a sustentabilidade seja
abordada no tema em questão.
1.2) Objetivos
O presente estudo tem como objetivo discorrer sobre medidas baseadas nos requisitos
de qualidade e sustentabilidade que, caso introduzidas de maneira correta durante as
fases de projeto, contratação de mão-de-obra e construção da edificação, são capazes de
prevenir, solucionar ou atenuar os problemas mais frequentes nos quais o revestimento
cerâmico está envolvido, além de reduzir consideravelmente o desperdício de material.
1.3) Justificativa
A execução do revestimento cerâmico é um serviço que possui alto grau de importância
dentro de uma edificação. Pois, além de desempenhar funções técnicas, colabora
consideravelmente para proporcionar qualidade estética ao acabamento da mesma.
Entretanto, um serviço com tamanha importância muitas vezes não é executado da
melhor maneira. Após um ano de trabalho, atuando na Construtora A, sendo o
responsável por controlar a qualidade da produção dos revestimentos cerâmicos, foi
possível ao autor deste trabalho observar a grande quantidade de problemas que se
relacionam com este serviço.
3
Além disso, o alto índice de perda que está atrelado ao processo foi extremamente
impactante e motivador para que o presente estudo fosse desenvolvido.
1.4) Metodologia
O presente trabalho pode ser dividido em duas partes principais, a primeira baseia-se em
referenciação bibliográfica e a segunda é um estudo de caso referente à obra de
edificação residencial multifamifiliar de uma renomada construtora, denominada neste
estudo como Construtora A, onde o autor deste trabalho atuou durante nove meses.
Primeiramente, desenvolveu-se a contextualização do material cerâmico para
revestimentos, através de uma breve definição dos principais tipos de placas cerâmicas,
abordagem dos aspectos históricos relacionados a este material, apresentação das
principais matérias-primas e estudo do panorama atual da indústria cerâmica brasileira.
Em seguida, foram tratados os principais conceitos do material em estudo, abordando-se
suas principais funções e propriedades e a caracterização dos revestimentos cerâmicos,
através da conceituação das principais camadas que o compõem.
Posteriormente, discorreu-se sobre o projeto de revestimento cerâmico, com destaque
para seus principais parâmetros e seu desenvolvimento propriamente dito.
Depois destes itens, foi abordada detalhadamente a execução dos revestimentos
cerâmicos, descrevendo as etapas de planejamento, recebimento e armazenamento e
execução do serviço. Importantes aspectos visando a qualidade e sustentabilidade foram
abordados, como: a contratação e treinamento da mão-de-obra, as ferramentas e
equipamentos adequados, etapas de execição, maneiras de controle e verificação do
serviço etc.
As principais patologias do revestimento cerâmico, suas causas e maneiras de evitá-las
foram abordadas na sequência, destacando-se os destacamentos, trincas, gretamentos,
fissuras, eflorescência e deterioração das juntas.
4
A qualidade e sustentabilidade em obras de edificações foi o assunto seguinte, o qual
tratou dos principais requisitos do PBQP-H, da ISO 14001 e da CONAMA 307 que se
relacionam com o revestimento cerâmico, além das certificações de sistema e produto.
Por fim, foi desenvolvido o estudo de caso, que trata dos principais problemas ocorridos
na obra em questão, o impacto gerado devido aos mesmos, o aprendizado
proporcionado pela situação, verificação do cumprimento das medidas do sistema de
gestão da qualidade no serviço em estudo, o disperdício de material e medidas capazes
de atenuá-lo.
5
2) Material Cerâmico para Revestimentos – Contextualização
2.1) Definição
A cerâmica de revestimento é uma mistura de argila e outras matérias-primas
inorgânicas, queimadas em altas temperaturas, utilizada na forma de placas em larga
escala na construção civil para revestimento de paredes, pisos, bancadas e piscinas.
Recebem designações tais como: azulejo, pastilha, porcelanato, grés, piso, etc [2].
a) Azulejos - termo, cuja raiz etimológica árabe (az-zulaich) designa peça de
cerâmica vitrificada e/ou esmaltada usada, sobretudo, no revestimento de
paredes, devido à baixa resistência à flexão e à abrasão. Possuem pouca
espessura, geralmente, quadradas, em que uma das faces é vidrada, resultado da
cozedura de um revestimento geralmente denominado como esmalte, que se
torna impermeável e brilhante [2].
b) Pisos – possui características apropriadas para o uso do produto em pavimentos,
mas também podem ser aplicados em paredes. Tem menor absorção de água,
maior resistência à abrasão e maior resistência mecânica do que os azulejos, por
isso podem ficar expostos ao tráfego de pessoas e objetos [2].
c) Pastilhas - resistentes, impermeáveis a água e a manchas, elas podem ser usadas
em áreas internas e externas, em pisos de passagem moderada, em piscinas, ou
somente como elemento decorativo. São apresentadas no mercado em placas
geralmente de 30 x 30 cm, formadas por uma rede onde as peças já vem coladas,
com o espaçamento necessário ao rejunte. Em diferentes formatos e tamanhos,
podem ser quadradas, retangulares, onduladas ou em formatos
personalizados[3].
d) Porcelanato - é um tipo de revestimento cerâmico caracterizado pelo seu modo
de produção, ele pode ser usado tanto interna quanto externamente. Alguns são
adequados para áreas de alto tráfego, enquanto outros são usados
6
em lojas, escritórios e residências. São muito versáteis e podem
inclusive revestir bancadas de banheiros e cozinhas por exemplo .
Suas características principais são: uniformidade de coloração, alta resistência à
abrasão física e química, alta resistência à flexão, baixa absorção e massa
homogênea [3].
e) Grés – Suas condições de uso são semelhantes às do porcelanato, também são
materiais com alta resistência a flexão e baixa absorção.
2.2) Aspectos Históricos
Estudos indicam [1] que a origem do nome azulejo provém dos árabes, sendo derivado
do termo "azuleicha”, que significa pedra polida. As mais antigas peças de azulejo
datam de 5 mil anos antes de Cristo e foram encontradas em escavações no Egito. Sabe-
se também que os assírios e babilônicos usavam revestimentos semelhantes. Mas foram
os árabes que levaram essa arte para a Espanha e, de lá, se difundiu por toda a Europa.
A influência dos árabes na cerâmica peninsular e depois na européia foi enorme, pois
eles trouxeram novas técnicas e novos estilos de decoração.
Segundo pesquisa da ANFACER [1], na Pérsia, a arte insuperável dos Sumérios e
Babilônios não se extinguira e continuava a produzir maravilhosos azulejos, para
revestir fachadas e vestíbulos. Devido à dominação árabe do Mediterrâneo entre os
séculos VI e XIV a.C., a cerâmica da Pérsia foi difundida juntamente com sua técnica
para Sicília, Espanha e Ásia Menor.
Portugal, apesar de não ser grande produtor de revestimentos cerâmicos, foi o país
europeu que, a partir do século XVI, mais utilizou o revestimento cerâmico em seus
prédios. Esse gosto pela cerâmica surge a partir das navegações iniciadas no século XV,
quando Portugal entra em contato com outras civilizações, como as de origem
mulçumana, herdeira das tradições orientais. A admiração pela cerâmica de
revestimentos ganha dimensões de arte verdadeiramente nacional [1].
Mas é a partir do século XVI, com uma produção regular de revestimento cerâmico no
país, que seu uso se torna frequente em igrejas, conventos e palácios nobres da alta
7
burguesia. O uso, em sua maioria, se restringia aos interiores, em forma de tapetes, ou
apenas como material ornamental. Quando utilizado exteriormente, limitava-se ao
revestimento de pináculos e cúpulas das igrejas, devido ao seu alto custo [1].
No século XVIII, o Marquês de Pombal, enquanto Primeiro Ministro de D. João VI, em
Portugal, implanta um projeto de industrialização manufatureira no país. Cria-se, então,
a Fábrica de Loiça do Rato, que simplificava os padrões dos azulejos existentes com o
intuito de aumentar a produção [1].
Com isso, o custo do produto diminui significativamente, sendo acessível a um público
maior. Já se podia ver, então, o revestimento cerâmico estendendo-se a espaços
intermediários entre interior e exterior, como no revestimento de alpendres, pátios,
claustros; também enfeitando os jardins com seus bancos ou chafarizes revestidos [1].
Essa grande admiração portuguesa pelos revestimentos cerâmicos influenciou
significativamente o Brasil. Sabe-se que no século XVII azulejos em estilo barroco
começaram a ser encomendados de Lisboa. Estes eram trazidos em forma de painéis e
serviam, apenas, como material decorativo. Retratavam cenas da paisagem, do cotidiano
da metrópole, divulgando o modo de vida dos portugueses ou cenas bíblicas, ajudando
nas aulas de catequese [1].
Somente no século XIX, com o Brasil já independente, o uso deste material se tornou
bem mais frequente, revelando-se um excelente revestimento para o clima do país.
Casas e sobrados de muitas cidades brasileiras apresentam o colorido alegre e
inalterável que, há mais de cem anos, o azulejo lhes confere [1].
2.3) Matérias-primas
As matérias-primas usadas na fabricação de produtos cerâmicos têm origem na natureza
e estão disponíveis em grandes quantidades, podendo citar alguns minerais: argilas,
feldspatos, filitos, talcos, entre outros [4]. Algumas são empregadas em sua forma
natural (bruta), outras são previamente beneficiadas e processadas, agilizando o
processo.
8
2.3.1) Argilas
Santos [5], afirma que a principal matéria-prima utilizada para o processamento de pisos
e revestimentos cerâmicos é a argila. As razões para isto são:
a) Plasticidade (capacidade de modelagem);
b) Disponibilidade deste material em grandes quantidades;
c) Permite a aplicação de técnicas de processamento relativamente simples;
d) Apresenta resistência mecânica após queima adequada para este tipo de
aplicação.
2.3.2) Feldspatos
Os feldspatos são minerais que têm a função de diminuir a temperatura de formação de
fase líquida durante a etapa de queima. Ou seja, são conhecidos por serem materiais
fundentes. Eles também são responsáveis pela diminuição da porosidade das peças
cerâmicas, principalmente, para produtos de grés e grés porcelanato, abaixando os
índices de absorção de água [6] e, conseqüentemente, aumentando os valores de
resistência mecânica (carga de ruptura) dos revestimentos cerâmicos.
2.3.3) Filitos
São rochas metamórficas constituídas por caulinita e mica, e que são utilizados para
substituição parcial dos feldspatos pelo alto teor de potássio que pode ser encontrado.
Podem ser encontrados na natureza com cores variadas, partindo do branco ou branco-
acinzentado a avermelhado [7].
2.3.4) Talcos
Estudos [6] determinam que peças de revestimentos cerâmicos processados por
prensagem e que contenham talco, podem adquirir certas características tecnológicas,
tais como: maior resistência ao choque térmico, para ciclos rápidos de queima; maior
resistência mecânica; menor retração de queima e menor temperatura de fusão das
massas cerâmicas dependendo da quantidade.
9
2.4) Panorama Atual da Indústria Cerâmica Brasileira
2.4.1) Aspectos Gerais
O setor produtivo de cerâmica inegavelmente vem se destacando no cenário econômico
brasileiro. Em artigo publicado por Gladstone Motta Bustamante e José Carlos Bressiani
[8], pode-se observar que a indústria cerâmica brasileira tem grande importância para o
país, tendo participação no PIB – Produto Interno Bruto – da ordem de 1,0%.
O Brasil conta com uma população em torno de 190 milhões de habitantes que
geograficamente estão mais concentrados nas regiões sul e sudeste. Essas regiões
também apresentam maior número de habitantes nas zonas urbanas, fator importante na
análise da distribuição das empresas do setor cerâmico e no estudo dos hábitos de
consumo e necessidades básicas da população [8].
No Brasil convencionou-se definir o Setor Cerâmico em segmentos que se diferenciam
pelos produtos obtidos e mais precisamente pelos mercados que estão inseridos.
Na tabela 1, são listados os principais segmentos, classificados pelo valor de sua
produção no ano 2000:
Tabela 1: Segmentos do setor cerâmico classificados pelo valor anual de sua produção [8].
SegmentoValor da Produção
(1000 S$ / Ano)
Cerâmica Estrutural (Vermelha) 2.500.000
Revestimentos (pisos e azulejos) 1.700.000
Matérias Primas Naturais 750.000
Refratários 380.000
Cerâmica Técnica, Especiais, outras 300.000
Sanitários 200.000
Louça de Mesa e Adorno 148.000
Fritas, Vidrados e Corantes 140.000
Matérias Primas Sintéticas 70.000
Cerâmica Elétrica 60.000
Equipamentos para Cerâmica 25.000
Abrasivos 20.000
Total do Setor 6.293.000
10
Como pode ser observado, o setor cerâmico de revestimentos é um dos mais
importantes, dado seu largo valor de produção anual.
Mas, apesar da grande evolução do setor produtivo, este ainda apresenta algumas
limitações, pois, o processo pelo qual os revestimentos cerâmicos passam para a sua
fabricação pode refletir em pequenas falhas e modificações nas cores de algumas peças
ou de um lote. A cada etapa de queima, que chega a mais de 1.000 ºC, podem ocorrer
pequenas variações na cor do produto, as quais são previstas, mas impossíveis de serem
controladas [9].
Para se obter uma aplicação satisfatória é importante que, em cada ambiente, seja
aplicada uma mesma tonalidade, ou seja, recomenda-se que as peças sejam adquiridas
em uma única tonalidade (único lote de fabricação). Para tanto, recomenda-se que a
aquisição de todo o produto que será aplicado em um ambiente seja feita na mesma
compra [9].
2.4.2) Produção de Cerâmica no Brasil
Como afirmam Cabral et al [10], uma das características da indústria de cerâmica para
revestimento é a concentração geográfica de empresas. Dois dos países líderes, Itália e
Espanha, têm produção concentrada nas regiões de Sassuollo e Castellón,
respectivamente. A estratégia competitiva dessas regiões baseia-se em design, qualidade
e marca.
Da mesma forma, no Brasil, a produção é concentrada em algumas regiões. A região de
Criciúma, em Santa Catarina, que tem reconhecimento como pólo internacional,
concentra as maiores empresas brasileiras[8].
Em São Paulo, a produção está distribuída em dois pólos: Mogi Guaçu e Santa
Gertrudes. A região metropolitana de São Paulo conta com algumas empresas, mas não
se configura um pólo [8].
O Nordeste brasileiro pode tornar-se um pólo em futuro próximo, devido às condições
favoráveis de existência de matéria-prima, energia viável e um mercado consumidor em
desenvolvimento, além de boa localização geográfica para exportação [8].
11
A figura 1 ilustra esquematicamente a localização das indústrias cerâmicas brasileiras.
Os pontos vermelhos são os Arranjos Produtivos Locais, em verde são outros
aglomerados produtivos e em azul são as unidades espalhadas pelo país.
Figura 1: Distribuição das indústrias de revestimentos cerâmicos no Brasil [8].
A figura 2 fornece um visão percentual da concentração das indústrias de revestimentos
cerâmicos por região do Brasil.
12
Figura 2: Distribuição gráfica das indústrias de revestimentos cerâmicos no Brasil [8].
As figuras 1 e 2 confirmam o que foi mencionado anteriormente, demonstrando a
concentração das inústrias de revestimentos cerâmicos nas regiões sul e sudeste, sendo
os estados de São Paulo e Santa Catarina os detentores dos grandes pólos produtivos.
De acordo com o chefe do Departamento de Bens de Consumo do BNDES, Oliveira
Constantino [11], o equipamento determinante da escala de produção é o forno de
cozimento das peças. Estes fornos podem atingir mais de 150 m de comprimento. Na
década de 1990, houve evolução na escala desses equipamentos, tendo sua capacidade
ampliada de, aproximadamente, 80 mil m²/mês para 500 mil m²/mês ou mais, o que
resultou em grandes aumentos na produtividade e no crescimento observado nesta
indústria.
O Brasil é hoje um dos grandes centros mundiais do revestimento cerâmico. O país é o
segundo maior consumidor e produtor mundial de revestimentos cerâmicos, segundo
Constantino, sendo superado, em termos de volume, apenas pelo imenso mercado
chinês [11].
Fatores como elevada produtividade, custos baixos de produção, disponibilidade de
insumos minerais e energéticos, frente a um mercado consumidor doméstico em franca
expansão, sustentaram, nos últimos 15 anos, o vigoroso crescimento dessa indústria no
país [11].
13
2.4.3) Processo Produtivo da Cerâmica
Segundo Santos [5], na indústria de cerâmica de revestimento destacam-se dois tipos de
processos produtivos, classificados de acordo com o processo de preparação da massa,
são eles: via seca e via úmida.
Na preparação de massa por via seca, as matérias-primas são moídas e homogeneizadas
com umidade máxima de 5%. No processo via úmida, este percentual é bem mais
elevado.
O processo pela via úmida, no Brasil, é utilizado mais na região Sul, no pólo cerâmico
de Criciúma (SC), no Paraná e em São Paulo nos pólos de Mogi-Guaçu e da grande São
Paulo. Na Espanha a maioria das fábricas, somente utiliza esse processo [11].
O processo pela via seca concentra-se no pólo de Santa Gertrudes, no Estado de São
Paulo. Nesse processo utilizam-se apenas argilas vermelhas, que vem de rocha fresca,
mais fundente, com elas parcialmente alteradas, mais plásticas, formando uma massa
com coloração vermelha para a fabricação do suporte ou biscoito [11].
As dificuldades encontradas nesse processo encontram-se nos limites tecnológicos, por
não permitir obter um grau de espessura da massa compatível com o da via úmida. Tal
processo de produção não processa vários componentes de natureza diversa
simultaneamente para obter o suporte, pelo contrário, utiliza-se somente de um tipo de
argila, por isso, pode apresentar problemas com a prensagem em relação ao material
atomizado [12]. Os pontos positivos desse processo são: os menores gastos energéticos,
sobretudo de energia térmica; eliminação dos gastos com defloculantes e aditivos;
menores custos de manutenção e o menor impacto ambiental, como explica a Vieira
[12].
Segundo Oliveira Constantino [11], cerca de 40% da produção nacional é realizada por
via seca e de 60% por via úmida.
A seguir, podem-se observar dois fluxogramas que esquematizam os processos de
produção dos revestimentos cerâmicos via úmida e via seca.
14
a) Via Úmida
Figura 3: Fluxograma do processo produtivo – via úmida [13].
15
b) Via Seca
Figura 4: Fluxograma do processo produtivo – via seca [13].
Existem também dois processos possíveis de queima denominados de monoqueima e
biqueima. O processo de monoqueima tem esse nome, por serem queimados
simultaneamente a massa argilosa, que constitui o suporte, e o esmalte, em temperaturas
elevadas (normalmente acima de 1.000ºC). Os benefícios advindos desse processo são:
maior resistência à abrasão superficial, resistência mecânica e química, absorção
relativamente baixa de água [12].
16
No processo de biqueima, a queima é realizada primeiramente no suporte e
posteriormente na peça já decorada. Algumas empresas realizam uma terceira queima,
com o objetivo de criar efeitos de decoração no suporte. Para isso, cobre o esmalte já
queimado e o recoloca no forno sob temperaturas mais baixas, para obter o design
definitivo. Tal processo permite a obtenção de alguns efeitos especiais, como pinturas
metálicas, alto-relevo etc., impossíveis de se conseguir a temperaturas elevadas [12].
17
3) Conceitos do Revestimento Cerâmico
3.1) Funções do Revestimento Cerâmico
Para Rabelo [14], as principais funções da utilização do revestimento cerâmico são as
seguintes:
a) higiene;
b) qualidade do acabamento final;
c) proteção dos elementos de vedação;
d) isolamento térmico e acústico;
e) estanqueidade à água e aos gases;
f) aspecto estético e visual agradável.
Entretanto, o desempenho dessas funções com qualidade e durabilidade está
fundamentado diretamente em conceitos relacionados aos seguintes aspectos:
a) planejamento e escolha correta do revestimento cerâmico;
b) qualidade do material de assentamento;
c) qualidade da construção e do assentamento e
d) manutenção.
3.2) Propriedades dos Materiais Cerâmicos
O julgamento de que as peças cerâmicas diferenciam-se apenas pela aparência é um
julgamento enganoso e um instrumento de medida de sua qualidade inexato. Algumas
propriedades da cerâmica vêm da massa, outras são determinadas pelo esmalte. A
massa, ou o corpo, influencia a absorção de água, a expansão por umidade e a
resistência mecânica e ao gelo [14].
O esmalte, torna a placa resistente à abrasão (PEI), manchas e substâncias químicas. E
nas placas de superfície lisa é ele também que garante um bom coeficiente de atrito,
neste caso: antiderrapante. As propriedades das placas cerâmicas estão ligadas
18
diretamente a composição de sua massa ou ao esmalte empregado em seu acabamento
superficial [14]. Tais propriedades são descritas a seguir:
3.2.1) Absorção de água
Medida conforme porosidade da massa, tendo influência direta na resistência ao peso
(mecânica), ao impacto, à abrasão profunda, à agressão química e ao gelo. As tabelas 2
e 3 da NBR 13817 – Placas Cerâmicas para Revestimento – Classificação [15] são
expostas a seguir, a fim de demonstrar como é feita a classificação das placas cerâmicas
quanto à absorção de água e determinar os grupos de absorção de água em função do
método de fabricação.
Tabela 2: Classificação das placas cerâmicas quanto à absorção de água[15].
Tabela 3: Classificação dos grupos de absorção de água em função do método de fabricação[15].
19
É propriamente a propriedade de absorção de água que originou a classificação dos
cinco grupos cerâmicos: poroso, semi poroso, semigrés, grés e porcelanato, sendo este
último o mais resistente e durável [16]. A divisão de tais grupos pode ser analisada na
tabela 4.
Tabela 4: Classificação das placas cerâmicas prensadas quanto à absorção de água (Cerâmica
Portobello)[14].
*Ambientes com temperatura acima de zero grau.
**Ambientes sujeitos a todas as temperaturas.
Nota-se que os porcelanatos e grês são indicados até para revestir fachadas devido aos
seus baixos índices de absorção de água.
3.2.2) Resistência à flexão
Essa medida indica a capacidade da placa cerâmica em suportar esforços exercidos por
cargas através do tráfego de pessoas, objetos, móveis, equipamentos ou veículos, que
possam levar à rupturas, esmagamentos e quebras [17].
A tabela 5 expõe a classificação da resistência à flexão das placas cerâmicas prensadas.
Tabela 5: Classificação da resistência à flexão das placas cerâmicas prensadas (Cerâmica
Portobello) [14].
Grupo B
Placas PrensadasAbsorção Tipos Aplicações
BIa Menor que 0,5% Porcelanato Paredes e pisos internos, pisos externos e fachada **
BIb 0,5 a 3,0% Grês Paredes e pisos internos, pisos externos e fachada **
BIIa 3,0 a 6,0% Semi Grês Paredes e pisos internos e pisos externos *
BIIb 6,0 a 10,0% Semi Porosa Paredes externas e pisos internos *
BIIIb 10,0 a 20,0% Porosa Paredes internas*
Grupo B
Placas Prensadas
Resistência à
FlexãoNomenclaturas
BIIIb 150 kgf/cm² Porosa
BIIb 180 kgf/cm² Semi Porosa
BIIa 220 kgf/cm² Semi Grês
BIb 300 kgf/cm² Grês
Bia 350 kgf/cm² Porcelanato
20
A análise da tabela 5 permite constatar que resistência à flexão está relacionada com a
porosidade das placas cerâmicas. Dessa forma, como os procelanatos e grês são menos
porosos, apresentam maior resistência à flexão.
3.2.3) Resistência à abrasão
Propriedade da placa cerâmica que indica a resistência a riscos e ao desgaste da camada
de esmalte, provocada pelo tráfego intenso de pessoas, objetos, equipamentos rodados e
veículos. O índice PEI - Porcelain Enamel Institut, faz menção ao órgão americano de
mesmo nome, que estabeleceu os critérios de classificação da cerâmica conforme a
resistência do esmalte [16]. Esta classificação é exposta na tabela 6.
Tabela 6: Classificação da resistência à abrasão das placas cerâmicas – PEI (Cerâmica Portobello)
[14].
Esta classificação tem maior relevância para pisos cerâmicos, no caso de paredes até
mesmo placas com PEI 0 podem ser aplicadas, como exposto pela tabela 6.
3.2.4) Resistência ao gelo
Em locais de baixa temperatura, a água que penetra nos poros da cerâmica pode
congelar e, dessa forma, aumentar de volume causando certa patologia. Se as placas
escolhidas tiverem uma massa muito porosa e não suportarem essa pressão, todo o
revestimento pode ser danificado, neste caso é importante usar placas cerâmicas que
apresentem um baixo índice de absorção de água [17].
PEI Abrasão Orientações para especificação
0 - Somente paredes
1 muito leve Paredes e detalhes de pisos com pouco uso
2 muito leve Paredes e detalhes de pisos com pouco uso
3 leve Residencial: pisos de banheiros e dormitórios, salas e varandas com pouco uso
Residencial: pisos de cozinhas e salas com saída para rua, calçadas e garagens.
Comercial: pisos de boutique, ambientes administrativos, escritórios, hotéis,
bancos, supermercados, hospitais etc
5 intensoComercial: ambientes de atendimento ao público, praças e passeios públicos,
cozinhas indústriais, pisos de fábricas sem tráfego de veículos pesados.
moderado4
21
3.2.5) Expansão por umidade ou dilatação térmica
Consiste no aumento das dimensões da placa cerâmica por absorção de água e/ou por
aumento da temperatura. Geralmente ocorre em locais onde a placa cerâmica está
sujeita a umidade e calor intenso, como fachadas, pisos externos, lareiras e
churrasqueiras [16].
3.2.6) Resistência ao risco (dureza Mohs)
Para o engenheiro Roman [16], essa propriedade diz respeito à dureza do esmalte da
superfície de acabamento, dureza Mohs, e consequentemente, indica sua resistência ao
risco provocado pelo atrito de materiais com diferentes durezas. Seu índice deve ser
observado em pisos em casas de praia, pois a apresenta dureza 7 e, portanto, o
revestimento só não ficará riscado pelo pisoteio dos transeuntes se tiver dureza Mohs
superior a esse número.
Quanto mais brilhoso é o revestimento, mais evidentes são os riscos [16].
3.2.7) Resistência a manchas
Determina o quanto uma superfície poderá reter a sujeira e a sua respectiva facilidade de
remoção de manchas quando submetidas a ação generalizada dos diversos produtos a
que está sujeita em seu ambiente [14].
3.2.8) Resistência ao ataque químico
Assim como a sua massa, a superfície esmaltada das cerâmicas possuem níveis
variados de tolerância a esses produtos, que determinam a capacidade da superfície da
mesma em manter seu aspecto original. Em ambientes residenciais é adequado o uso de
cerâmicas que pedem apenas uma limpeza com produtos domésticos e, as que revestem
piscinas, por sua vez, precisam suportar a ação do cloro [16].
22
3.3) Caracterização do Revestimento Cerâmico
O revestimento cerâmico é composto por um sistema onde seus elementos trabalham de
forma à interagi-los com à base a qual se aderem. De um modo sistemático, analisando
o modelo de camadas para revestimentos cerâmicos de paredes, podemos identificar
cinco principais conjuntos de componentes: substrato ou base, camada de regularização
ou emboço, camada de fixação – argamassa colante, peças do revestimento cerâmicas e
as juntas [14]. A figura 5 ilustra o que foi explicado.
Figura 5: Modelo das camadas do Sistema de Revestimento Cerâmico [14].
3.3.1) Substrato ou base
Constituído por superfície plana de paredes, sobre a qual é aplicada as demais camadas
do sistema de revestimento cerâmico [18].
É o componente de sustentação dos revestimentos, via de regra formado por elementos
de alvenaria/estrutura.
3.3.2) Chapisco
É a camada de revestimento aplicada diretamente sobre a base, com a finalidade de
uniformizar a absorção da superfície e melhorar a aderência da camada subsequente,
geralmente usada em fachadas exteriores [18].
23
3.3.3) Emboço
É a camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a superfície da base,
propiciando uma superfície que permita receber outra camada de reboco ou de
revestimento decorativo. De acordo com a NBR 7200:1998 - Execução de revestimento
de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Procedimento [19], a aderência entre
argamassa de emboço e unidade de alvenaria (tijolos e blocos cerâmicos, de concreto,
etc.) é um fenômeno essencialmente mecânico, devido, basicamente, à penetração da
pasta aglomerante ou da própria argamassa nos poros ou entre as rugosidades da base de
aplicação.
3.3.4) Argamassa colante
Segundo definição da NBR 13.755:1996 - Revestimento de paredes externas e fachadas
com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante – Procedimento [18], a
argamassa colante é uma mistura constituída de aglomerantes hidráulicos, agregados
minerais e aditivos, que possibilita, quando preparada em obra com adição exclusiva de
água, a formação de uma pasta viscosa, plástica e aderente.
3.3.5) Revestimento cerâmico
Conforme a NBR 13.816:1997 [20], Placas cerâmicas para revestimento –
Terminologia, placas cerâmicas para revestimento são definidas como sendo material
composto de argila e outras matérias primas inorgânicas, geralmente utilizadas para
revestir pisos e paredes, sendo conformadas por extrusão ou por prensagem, podendo
também ser conformadas por outros processos. Após o processo de secagem e queima a
temperatura de sintetização, na qual começa a formação de fases vítreas, adquirem
propriedades físicas, mecânicas e químicas superiores às dos produtos de cerâmica
vermelha.
Além das cinco camadas já mencionadas, é fundamental destacar a importância de
outros dois subsistemas que compõem o sistema de revestimento cerâmico. São eles:
juntas e rejuntamento.
24
3.3.6) Juntas
Tem por finalidade controlar as movimentações da obra, diminuindo incidência de
trincas e fissuras no revestimento. As juntas são espaços deixados entre duas placas
cerâmicas ou entre dois painéis de paredes. O assentamento das placas cerâmicas devem
respeitar e acompanhar as juntas previstas em projeto [14].
3.3.7) Rejuntamento
É o processo para o preenchimento das juntas entre duas placas cerâmicas consecutivas,
e tem por função apoiar e impermeabilizar protegendo as arestas das peças cerâmicas.
Da mesma forma que a argamassa colante, o tipo de argamassa para rejuntamento a ser
usado depende do ambiente em que será aplicado[14].
25
4) Projeto de Revestimento Cerâmico Segundo Rabelo [14], o sistema de revestimento cerâmico é formado por diversas
camadas, onde cada um de seus elementos possui comportamento específico, que
devem formar um grupo estável unido por coesão.
Cada camada é considerada um subsistema formando o Sistema de Revestimento
Cerâmico – SRC. Portanto, a necessidade de conhecimento da inter-relação entre as
camadas que fazem parte desse sistema se torna indispensável, aliadas a execução de
cada subsistema e da especificação para conseguir qualidade e durabilidade dos
materiais.
Para o projeto do SRC – Sistema de Revestimento Cerâmico, todos os requisitos de
desempenho e desenvolvimento estão relacionados à estabilidade do revestimento, que
contribuem para uma melhor adequação do acabamento final com um aspecto estético
agradável.
4.1) Parâmetros do Projeto
Os parâmetros do projeto devem ser atentamente considerados no momento da
especificação do revestimento cerâmico. É necessário selecionar os pontos mais
importantes e apresentá-los de forma detalhada, respeitando as normas técnicas
apresentadas na tabela 7.
Tabela 7: Normas técnicas aplicadas ao SRC [14].
Norma Título
NBR 7200:1998Revestimento de paredes e tetos com argamassas - materiais, preparo,
aplicação e manutenção - Procedimento
NBR 8214:1983 Assentamento de Azulejos - Procedimento
NBR 13754:1996Revestimento de paredes internas com placas cerâmicas e com utilização de
argamassa colante - Procedimento
NBR 13755:1996Revestimento de paredes externas com placas cerâmicas e com utilização de
argamassa colante - Procedimento
NBR 14081:2012Argamassa colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas -
Especificação
NBR 14992:2003Argamassa a base de Cimento Portland para rejuntamento de placas cerâmicas -
Requisitos e métodos de ensaio
26
Os principais parâmetros a serem considerados ao se projetar o revestimento cerâmico
são: natureza e características da base, características das camadas constituintes,
solicitações do revestimento e condições de exposição.
4.1.1) Natureza e características da base
A base de um sistema de revestimento pode ser constituída por componentes de
diferentes tipos, por exemplo: blocos cerâmicos, blocos de concreto e também por
elementos estruturais como vigas e pilares de concreto armado.
Essa camada de base possui grande importância para o desempenho do revestimento,
pois trata-se da sustentação de todo o SRC, onde cada um de seus elementos de vedação
apresentam um comportamento distinto diante das diversas solicitações [21].
4.1.2) Características das camadas constituintes
Deve ser considerada, na elaboração de projetos, cada uma das camadas que compõe o
SRC, isto é, os materiais constituintes, suas espessuras e outros fatores como técnicas
apuradas para a produção [14].
Nos revestimentos internos não é obrigatória a camada de preparação da base com a
aplicação do chapisco. Devido às solicitações mecânicas inferiores, esta camada pode
ser omitida [23].
A camada de regularização (emboço) deve possuir valores mínimos de espessura de 10
mm para as superfícies internas, que deve ser executado utilizando-se uma argamassa
com traço adequado e deve ter planicidade adequada com textura rugosa, obtida com
uso de desempenadeira de madeira proporcionado maior aderência a argamassa colante.
A espessura da camada de fixação é definida pela geometria do verso (tardoz) das
placas cerâmicas, ou seja, quanto maiores forem as garras, mais espessa deve ser a
camada de argamassa colante, apresentando espessura entre 2 e 5 mm de acordo com a
regularidade superficial do seu substrato [21].
Em função dessa espessura da camada de argamassa colante, o consumo de material
será diferenciado, podendo variar de 3,5 kg a 9,0 kg de argamassa por metro quadrado
27
de revestimento, sendo que para maiores espessuras é tecnicamente desaconselhável o
uso de argamassas colantes com as formulações atualmente empregadas no Brasil [14].
4.1.3) Solicitações do revestimento
A base e o emboço do SRC estarão sujeitos a uma série de solicitações durante a vida
útil do revestimento cerâmico, em maiores proporções em ambientes externos do que os
internos.
Os revestimentos cerâmicos apresentam, como grande vantagem, elevada resistência
superficial e manutenção de suas cores mesmo sob condições adversas, entretanto, por
se tratarem de componentes modulares, seus principais problemas se concentram nas
juntas.
Portanto, a fim de preservar o revestimento, e para que este não venha a se deteriorar
precocemente, faz-se necessário que as juntas sejam projetadas de modo a resistirem as
solicitações devido a presença de água, variações térmicas, ação de agentes químicos e
biológicos, entre outros [21].
4.1.4) Condições de exposição
O projeto do SRC quando elaborado, deve considerar sob que condições estarão sendo
executados estes trabalhos. No caso de revestimento interno, as condições de exposição
apresentam menor grau de agressividade ao SRC, porém, as fachadas estão sujeitas a
condições bem mais severas [14].
4.2) Desenvolvimento do Projeto
Como já mencionado, a etapa de projeto é de fundamental importância para que a obra
tenha um bom desempenho ao longo de sua vida útil, pois aborda pontos que devem ser
equacionados antes da execução e que, se não analisadas corretamente, incorrem em
vícios permanentes, prejudicando a produtividade, qualidade e sustentabilidade do
serviço [21].
28
Um projeto bem elaborado consegue diminuir custos, perdas de material, otimiza as
diversas etapas de execução, contém as diversas especificações dos materiais a serem
utilizados na obra e o método de execução.
Por se tratar de uma etapa de suma importância e para melhor organizar suas atividades
de concepção e desenvolvimento, este pode ser dividido em três etapas descritas a
seguir:
4.2.1) Análise preliminar
Onde se procura identificar e conhecer as especificações dos demais elementos do
edifício com os quais o revestimento terá interfaces.
O projeto de revestimento deve considerar os demais projetos construtivos, envolvendo,
em particular, os de alvenaria e de piso. Quando estes não existirem, as informações
deverão ser obtidas dos projetos tradicionais como: arquitetônico, estrutural, instalações
e impermeabilização [21].
Deve-se analisar e identificar os aspectos relacionados a seguir [14]:
a) Locais que receberão revestimentos em componentes cerâmicos;
b) As espessuras das vedações verticais;
c) As características das paredes como: dimensões, tipos, posicionamento;
d) Características das aberturas existentes nas paredes, como: presença de
ressaltos estruturais, etc.;
e) A presença de recortes de detalhes construtivos como peitoris e platibandas;
f) Os tipos e características do revestimento de pisos, etc.;
g) As dimensões dos componentes estruturais;
h) A existência de juntas estruturais;
i) A localização dos pontos de água, esgotos, luz e energia elétrica;
j) O tipo e posição de tubulações a serem embutidas na alvenaria;
k) Os tipos de espelhos das caixas e de canoplas das torneiras e registros a
serem utilizados;
l) Deve-se verificar as possíveis interferências dos sistemas de
impermeabilização empregados no piso das áreas molháveis, com as
vedações verticais.
29
Após a identificação de todas estas especificações faz-se necessário compatibilizá-las
entre si, iniciando a elaboração do projeto propriamente dito.
4.2.2) Elaboração do projeto
Fase na qual se deve abordar a necessidade de adotar detalhes construtivos específicos,
como: juntas, pingadeiras, peitoris, rufos, etc.
A seguir, são relacionadas algumas recomendações para a elaboração do projeto como
[14]:
a) A definição dos pontos críticos, busca-se nesta fase reunir pelo menos as
principais diretrizes para que, tomadas como referência, sejam o ponto de
partida para a definição do projeto;
b) As arestas vivas das vedações internas, onde deve-se, preferencialmente,
empregar cantoneiras metálicas para o perfeito acabamento e proteção;
c) Nos encontros de paredes e pisos deve-se ter cuidado para o perfeito
arremate de uma possível da junta de movimentação;
d) Nos arremates junto aos pontos de água e caixas elétricas, as canoplas e os
espelhos devem esconder os cortes das placas cerâmicas;
e) O encontro dos revestimentos com as esquadrias, exemplo de janelas e
portas, os marcos e os contramarcos, ou mesmo os batentes devem
determinar o nivelamento da superfície final do revestimento, e a guarnição
deve proporcionar um correto acabamento.
f) Definição das dimensões dos painéis de revestimento, que permitem
suportar as deformações decorrentes das distintas solicitações, neste caso o
revestimento interno é o que apresenta as menores solicitações;
g) Em casos que existam superfícies a serem revestidas de desenvolvimento
horizontal muito extenso, pode-se aproveitar o encontro do revestimento
com as aberturas, principalmente nos vãos de portas, para que neste ponto
seja executada uma junta vertical.
A seqüência lógica de desenvolvimento de um empreendimento requer sempre a
elaboração do projeto previamente a sua realização. Apesar de alguns subsistemas não
30
serem realizados a partir de um projeto, este é uma ferramenta fundamental, a qual
contribui para o aumento de produtividade, qualidade e sustentabilidade do serviço.
Um bom projeto deve conter todas as informações e considerações necessárias para que
se exerça total domínio sobre a produção, determinando materiais, técnicas,
equipamentos e o tipo de mão de obra a serem empregados, bem como os
procedimentos de qualidade [21].
O projeto do SRC pode ser desenvolvido em conjunto com o projeto arquitetônico ou
posteriormente. É essencial, porém, que neste caso contemplem todas as especificações
gráficas e descritivas que definam completamente como o revestimento deverá ser
executado [14].
Para o sistema de revestimento cerâmico interno, o subsistema juntas entre componentes
é imprescindível, diferentemente da fachada onde há a necessidade de se considerar
outros tipos de juntas devido a influencia de maiores esforços mecânicos e intempéries.
Observe os diferentes tipos de juntas para ambientes tanto externos como internos:
a) Juntas estruturais
Definidas no projeto da obra e devem ser respeitadas durante o assentamento. A função
destas juntas é aliviar as tensões geradas pela movimentação da estrutura [21].
b) Juntas de trabalho
Também são chamadas de juntas de movimentação, são as juntas que interrompem o
emboço e tem como função permitir possíveis variações dimensionais através da criação
de painéis, permitindo dissipar as tensões induzidas, sem que surjam fissuras que lhe
comprometam desempenho ou integridade. A junta assim obtida deve ser preenchida
com um selante elastomérico [14].
c) Juntas de dessolidarização
São juntas cuja função é separar o revestimento do piso para aliviar tensões provocadas
pela movimentação da base ou do próprio revestimento. Devem ser colocadas no
encontro entre o piso e a parede e em volta de pilares. A largura devera ser de 10 mm e
poderá ficar sob o rodapé ou ser preenchida com material elástico. Tais juntas devem
31
ser empregadas nos andares superiores, onde há grande concentração de esforços de
cisalhamento entre a parede e o piso, conforme ilustra a figura 6 [14].
Figura 6: Aplicabilidade das juntas de dessolidarização [14].
d) Junta de assentamento
Também chamadas de juntas entre componentes, ou mais comumente de rejunte, são
originadas pelo afastamento, durante o processo de assentamento, das peças cerâmicas
entre si, por alguns milímetros.
Várias são as funções das juntas entre componentes, as quais trabalham para
proporcionar um alinhamento perfeito entre si, ocultando diferenças entre suas
dimensões e contribuindo para um perfeito acabamento estético, além da estanqueidade
do pano e também da contribuição para acomodar movimentações oriundas de variações
térmicas e higroscópicas das peças [21].
A escolha dessas dimensões das juntas entre componentes é função do material que
foram produzidas, esta decisão está relacionada à sua qualidade e uniformidade
dimensional, às suas dimensões, ao nível de solicitações a que o revestimento estará
submetido e às exigências estéticas de projeto [21].
A tabela 8, apresenta espessuras de juntas mínimas recomendadas para sistema de
revestimento cerâmico.
32
Tabela 8: Dimensões mínimas de juntas de assentamento em revestimentos cerâmicos [14].
4.2.3) Redefinição do projeto
Esta etapa desenvolve-se em paralelo com a obra e pode ser considerada como atividade
eventual de correções e ajustes das especificações estabelecidas.
Embora se espere que as especificações iniciais sobre a produção do revestimento
definidas na fase de projeto sejam completamente mantidas, nota-se que em função de
desvios ocorridos na execução da estrutura da alvenaria ou do emboço, onde muitas das
vezes algumas modificações são necessárias durante esta etapa para a implantação de
correções e ajustes [14].
Em meio a estas correções, os seguintes tipos de especificações podem ser redefinidos
[21]:
a) Espessura da camada de regularização, provavelmente em função da falta de
nivelamento da base;
b) Alteração da composição e dosagem das argamassas, tanto em função da alteração da
espessura da camada como da variação das características dos materiais de
construção;
c) Alteração das técnicas de execução, devido às alterações anteriores;
d) Alteração nas especificações da camada de fixação em função dos desvios
encontrados na camada de regularização;
e) Alteração nas dimensões dos painéis de revestimento e das juntas entre componentes,
da modulação, da paginação, dos locais de recortes, caso as placas cerâmicas não
atendam as especificações de projeto;
33
f) Alteração de detalhes construtivos, como: peitoris,soleiras, pingadeiras e
contramarcos.
34
5) Execução do Revestimento Cerâmico
O desempenho de um edifício depende da relação de todos os materiais e suas técnicas
de aplicação. Sobre a eficiência do sistema de revestimento cerâmico, precisa-se
considerar vários fatores para garantir um bom resultado. Devemos analisar a qualidade
de todos os materiais envolvidos, a apropriação dos materiais ao tipo de uso, a qualidade
e o planejamento dos serviços de assentamento e a manutenção após a aplicação [21].
A execução do revestimento cerâmico abrange um conjunto de atividades necessárias a
adequada execução da camada de acabamento e compreende as seguintes etapas:
verificação e preparo do substrato; aplicação da camada de fixação; assentamento dos
componentes; preenchimento das juntas e limpeza [14].
A elaboração de um procedimento executivo, que visa padronizar as diversas atividades
pertencentes a um serviço específico, é algo fundamental quando se deseja obter plena
qualidade e sustentabilidade. Visto que, esta prática estabelece critérios a serem
adotados durante a execução, os quais irão garantir bom desempenho, boa durabilidade,
um bom aspecto estético e evitará desperdícios e retrabalhos.
Além disso, o método de execução e técnicas propostas, busca reunir parâmetros
fundamentais para que cada atividade seja realizada de modo programado e
racionalizado, buscando plena qualidade e evitando-se possíveis fontes de problemas.
Para melhor descrever o método executivo, Rabelo [14] divide o mesmo nas três
atividades: planejamento, execução do acabamento e controle de execução.
5.1) Planejamento
A atividade de planejamento pode ser divida em três partes: compra dos materiais;
recebimento e armazenamento; escolha da mão de obra.
5.1.1) Compra dos Materiais
O procedimento inicial para um bom planejamento na execução do revestimento
cerâmico é a compra dos componentes adequados da camada de acabamento, como: as
35
placas cerâmicas, argamassas colantes e de rejuntamento, material de preenchimento de
juntas e material de limpeza.
A compra de placas cerâmicas certificadas é a garantia de que o comprador não precisa
apenas confiar no controle de qualidade interno do fabricante, pois são placas que
passaram por um processo de verificação de suas características realizado por um
organismo certificador credenciado pelo Inmetro, segundo a normalização da ABNT
NBR 13818:1997, Placas cerâmicas para revestimento – Especificação e métodos de
ensaio [14].
Quanto à compra das argamassas colantes, é preciso se certificar de que o material
comprado atenda aos requisitos de projeto e respeita as determinações da norma ABNT
NBR 14081:2012. Inicialmente, se faz necessário conhecer as características técnicas
das marcas idôneas disponíveis, como a sistemática de garantia, para então optar-se pela
compra do lote [14].
A compra das argamassas de rejuntamento deve atender à solicitação de projeto, avaliar
materiais adequados para ambientes internos ou externos, pois, estes materiais devem
apresentar boa trabalhabilidade, baixa retração e boa adesão a lateral das placas
cerâmicas [21].
5.1.2) Recebimento e Armazenamento
Ao se especificar um lote de determinado padrão de qualidade, não se deve receber
material de qualidade inferior. É necessário, que se estabeleçam critérios bem definidos
de compra e aceitação desses materiais. O conjunto desses critérios pode ser chamado
de controle de qualidade de compra e recebimento de componentes cerâmicos e exige
metodologia específica para ser implementado [21].
De acordo com as normas da Construtora A [24], o processo de recebimento das placas
cerâmicas deve ocorrer mediante preenchimento de uma ficha de verificação de material
(FVM). Neste formulário, podem-se observar algumas orientações para que o lote
recebido seja verificado de maneira adequada, evitando que produtos defeituosos ou
com especificação diferentes das solicitadas sejam introduzidos na obra.
A ficha de verificação de cerâmicas e porcelanatos [25] utilizada nas obras da
Construtora A propõe os seguintes itens de verificação:
36
a) Informações na embalagem
Verificar se as embalagens contém marca do fabricante, tipo do revestimento cerâmico,
tamanho nominal de fabricação, classe de abrasão, tonalidade do produto e código de
rastreamento do produto.
Esses aspectos devem ser verificados em, pelo menos, 10 caixas do lote recebido.
b) Quantidade
Conferir se na NF está discriminada a mesma quantidade da nota de pedido. Eventuais
diferenças devem ser informadas ao fornecedor para reposição.
Esta verificação deve envolver 100% do lote recebido.
c) Aspectos Gerais
A verificação dos aspectos gerais do material recebido é realizada através da montagem
de um painel, em local limpo e sem irregularidades, colocando as peças lado a lado para
formar um retângulo.
Para peças com dimensões menores que 20 x 20 cm, devem-se verificar, pelo menos, 18
peças.
Para peças com dimensões entre que 20 x 20 cm e 50 x 50 cm, devem-se verificar, pelo
menos, 12 peças.
Para peças com dimensões maiores que 50 x 50 cm, devem-se verificar, pelo menos, 6
peças.
Caso 10% das peças apresentem algum defeito, o lote deve ser rejeitado.
Se a porcentagem de peças defeituosas ficar entre 5 e 10%, deve-se repetir a análise
com outras peças.
Se menos de 5% das peças apresentarem defeitos, o lote pode ser aceito.
Além dos procedimentos de recebimento de material cerâmico, [25] também é orientada
a forma de armazenamento, a fim de evitar a ocorrência de perdas e danos pela má
arrumação das placas no depósito. As orientações são as seguintes:
i. Respeitar as orientações de armazenamento do fabricante;
ii. As pilhas não devem ultrapassar a altura de 1,60 m e, no caso de peças
paletizadas, deve-se empilhar, no máximo, 2 pallets.
37
iii. Manter as pilhas entrelaçadas, a fim de garantir a estabilidade das mesmas;
iv. Separar o material por tipo de peça, tonalidade e lote. Essas informações devem
constar em alguma placa fixada no local;
v. O local de estocagem deve ser seco, coberto e fechado.
vi. Deve-se separar uma porcentagem de cada tonalidade do material recebido para
reserva técnica.
O formulário em questão pode ser observado nas figuras 7 e 8.
38
Figura 7: Ficha de verificação de materiais cerâmicos e porcelanatos [25].
FIC
HA
DE
VE
RIF
ICA
ÇÃ
O D
E M
AT
ER
IAIS
39
Figura 8: Ficha de verificação de materiais cerâmicos e porcelanatos [25].
FIC
HA
DE
VE
RIF
ICA
ÇÃ
O D
E M
AT
ER
IAIS
40
O mau armazenamento das argamassas colantes e de rejuntamento também pode
provocar grandes perdas por deterioração. Por isso, [25] recomenda-se que:
a) Os sacos de argamassas sejam empilhados de forma que não ultrapassem o limite
máximo de 15 sacos;
b) Os sacos de argamassas não tenham contato com o chão, nem umidade, ressaltando
que estes materiais tem prazo de validade.
5.1.3) Escolha da Mão de Obra
Em relação à mão de obra a ser empregada na execução do revestimento cerâmico,
deve-se procurar operários cujo trabalho seja reconhecidamente da melhor qualidade,
com produtividade satisfatória, pois dela dependerá grande parte do resultado final.
Atualmente, muitas construtoras optam pela terceirização deste serviço, pois, há uma
infinidade de empresas especializadas neste tipo de atividade, com profissionais
treinados, os quais executam com qualidade satisfatória os revestimentos cerâmicos.
Certificações de qualidade e sustentabilidade, referências de outras empresas e
históricos de fornecimentos similares são bons parâmetros para avaliar a capacidade do
fornecedor do serviço.
Ao trabalhar com mão de obra terceirizada, é fundamental que sejam estabelecidos
parâmetros de qualidade da execução dos serviços. A realização de reuniões periódicas
com os representantes da prestadora do serviço também é prática extremamente
imoportante, pois, através das mesmas pode-se demonstrar a satisfação com o trabalho,
definir metas ou resolver problemas recorrentes.
O grande desafio de utilizar mão de obra terceirizada é a conscientização desses
profissionais, pois, de um modo geral, a remuneração deles ocorre de acordo com a
produtividade e, consequentemente, muitas vezes eles pouco se importam com a
qualidade e sustentabilidade do serviço.
Por isso, de acordo com as normas da Construtora A, todo profissional, antes de iniciar
seus serviços, deve ser treinado em alguns procedimentos, são eles:
a) Política da Qualidade [26], a fim de garantir que os operários recém chegados
conheçam os princípios fundamentais de qualidade e buscar que os mesmos sejam
aplicados na prática.
41
b) Gestão de Resíduos [27], a fim de fazer os novos funcionários conhecerem um pouco
mais sobre os principais fundamentos da coleta seletiva e tornar isto uma prática
comum a todos na obra, contrubuindo para um canteiro mais sustentável.
c) Além disso, cada colaborador deve ser treinado nos serviços inerentes a sua função.
No caso do profissional de revestimentos cerâmicos, este deve ser treinado nos
seguintes procedimentos: Revestimento Cerâmico com Argamassa Colante para
Paredes [28], Execução de Revestimento Cerâmico em Fachadas [29]. Esta prática
visa permitir que estes profissionais conheçam detalhadamente os procedimentos que
os mesmos executarão e almeja atingir a plena qualidade do serviço em questão.
5.2) Execução do Acabamento
Abrange as atividades de verificação da qualidade do substrato, preparação e
espalhamento da argamassa colante, assentamento das placas, rejuntamento e execução
de juntas.
A execução dos revestimentos cerâmicos internos e externos, apesar de apresentarem
inúmeras semelhanças, também apresentam peculiaridades que devem ser destacadas,
portanto, serão abrodados separadamente.
5.2.1) Revestimento Interno
O procedimento executivo de revestimentos cerâmicos de áreas internas será dividido
em duas etapas. Essas etapas são as seguintes [14]: verificações iniciais; execução da
camada de acabamento.
a) Verificações iniciais
Antes de iniciar o método executivo propriamente dito, é preciso verificar as condições
necessárias para início do revestimento cerâmico de paredes. De acordo com o
42
procedimento de Revestimento Cerâmico com Argamassa Colante para Paredes da
Construtora A, essas condições são as seguintes [30]:
i. Os materiais, as ferramentas e equipamentos, os quais estão relacionados
abaixo, devem estar disponíveis na obra.
� Lápis de carpinteiro ou marcador permanente;
� Trena metálica;
� Serra elétrica manual com disco de corte adiamantado;
� Desempenadeira de borracha;
� Prumo de face;
� Caixote metálico ou plástico para argamassa;
� Colher de pedreiro;
� Régua de alumínio;
� Misturador mecânico;
� Martelo de borracha;
� Riscador diamantado manual com broca de vídea;
� Lixas, escovas e vassouras;
� Desempenadeira metálica dentada de: 4mm, 6mm ou 8mm (conforme
necessário);
� Balde graduado ou dosador padrão de água;
� Esquadro de alumínio;
� Linha de nylon;
� Esponja de espuma (camurça) / Fibra de sisal para limpeza;
� Placas cerâmicas / Porcelanatos;
� Argamassa industrializada para rejunte;
� Selante de silicone antifungo para calafetamento de cantos e quinas e
dos box executados em drywall;
� Argamassa colante AC I para placas cerâmicas (azulejo) e AC II para
porcelanato;
� Espaçadores plásticos;
� Cantoneira de alumínio/plástica, conforme memorial descritivo
(quando houver).
43
ii. O substrato a revestir deve estar limpo, livre de arremates e isento de
materiais estranhos que possam impedir a boa aderência da argamassa
colante (tais como pó, óleos, tintas) para dar início à execução do
serviço;
iii. As paredes devem estar regularizadas (emboçadas) há no mínimo 7 dias
e o acabamento da superfície deve ser desempenado grosso;
iv. As instalações elétricas devem estar concluídas. No caso das instalações
hidráulicas, o sistema deve estar testado e aprovado. Os registros de
pressão e de gaveta embutidos na alvenaria, deverão ter os seus castelos
protegidos para a execução dos revestimentos;
v. As paredes em gesso acartonado devem estar executadas com chapas
adequadas a áreas molhadas (RU), livres de impurezas, óleos, graxas e
partículas soltas;
vi. O contrapiso, quando aplicável, deverá ter sido executado com 14 dias de
antecedência;
vii. A impermeabilização, quando aplicável, deverá estar concluída e testada;
viii. Os materiais a serem aplicados deverão estar disponibilizados no local. É
importante verificar se todo produto cerâmico ou porcelanato a ser
aplicado no mesmo cômodo pertence ao mesmo lote.
Rabelo [14] destaca que, nesta etapa, estão as atividades de limpeza superficial e
verificação da qualidade do substrato, geralmente o emboço de regularização, que deve
ter suas características avaliadas e corrigidas, quando não atenderem às especificações.
Deve-se verificar alguns aspectos do substrato, como: planeza (planicidade), rugosidade
ou textura.
Normalmente, se o emboço foi feito sob controle e dentro das especificações, então
deve-se encontrar o substrato livre de qualquer tipo de material contaminante, com
textura de sua superficie medianamente áspera, semelhante aquela obtida com
desempenadeira de madeira [14].
44
Quanto à planicidade da superficie do substrato devem ocorrer desvios máximos de 3
(tres) milímetros, para concavidades ou convexidades, medidos com régua de 2 (dois)
metros de comprimento em todas as direções [14].
De acordo com as normas da Construtora A [31], devem ser verificados, através de uma
ficha de verificação de serviço (FVS) os seguintes aspectos do substrato:
i. Prumo e esquadro das paredes cantos e quinas, através de régua bolha,
prumo de face, esquadro ou régua de alumínio. A tolerância para desvios
é de 1mm por metro.
ii. Ondulações, sendo tolerados desvios de 2 mm para paredes que levarão
revestimento cerâmico.
iii. Verificação visual da ocorrência de fissuras
iv. Verificação visual da textura e terminabilidade, observando se as taliscas
foram retiradas.
v. Verificar a limpeza.
O formulário em questão pode ser observado na figura 9.
45
Figura 9: Ficha de verificação do serviço de emboço[31].
FIC
HA
DE
VE
RIF
ICA
ÇÃ
O D
E S
ER
VIÇ
O
46
b) Execução da camada de acabamento
O assentamento dos componentes cerâmicos deve ser realizado o mais tarde possível a
partir da execução da camada de regularização. Recomenda-se o prazo mínimo de sete
dias para os revestimentos internos, a fim de permitir que ocorram a maior parte das
tensões de retração do substrato, sendo possível minimizar o seu efeito sobre a camada
final [14].
A execução da camada de acabamento pode ser divida em quatro etapas: a primeira
consiste na definição do nível de partida; a segunda é o preparo e aplicação da
argamassa colante, a terceira é o assentamento das placas cerâmicas e a quarta consiste
no rejuntamento das peças.
i. Definição do nível de partida
De acordo com o procedimento executivo de Revestimento Cerâmico com Argamassa
Colante para Paredes [29], deve-se definir os níveis de partida (fiada de referência) em
todas as paredes do ambiente a ser revestido, utilizando mangueira de nível ou nível
alemão.
A fiada de referência pode ser a 2ª ou 3ª contada a partir do piso. Deve-se atentar que
quando assentada a 1ª fiada exista um espaço suficiente para a chegada do piso por
baixo da cerâmica.
Esticar uma linha de nylon entre os dois pontos para marcar o nível e, caso necessário,
utilizar um gabarito (madeira ou régua).
ii. Preparo e aplicação da argamassa colante
É fundamental que sejam tomados todos os cuidados técnicos com a preparação e
aplicação da argamassa colante, visto que este é um item fundamental para a obtenção
de um revestimento cerâmico com bom desempenho.
A argamassa deverá ser preparada em um caixote de plástico ou de metal, este não pode
ser de madeira, visto que a mesma absorve parte da água necessária para a preparação
da argamassa.
47
Rabelo [14], atenta-se também para os aspectos ergonômicos, considerando a medida de
volume de material que os sacos de argamassa contém e ainda, a possibilidade de se
transitar com o caixote nas áreas internas da edificação, como os banheiros, cuja
dimensao de porta é comumente de 60 centímetros.
Além disso, o caixote deverá estar isento de resíduo que possa alterar as suas
características, como argamassas velhas, água, etc.
De acordo com as argamassas colantes comercializadas, deve-se misturar a argamassa
colante mecanicamente acrescentando água de 4,0 a 4,5 litros para cada saco de
argamassa de 20 kg, utilizando dosador padrão sugerido no procedimento de
Revestimento Cerâmico com Argamassa Colante para Paredes [29] da Construtora A, o
qual pode ser observado na figura 10:
Figura 10: Tubo dosador para preparação de argamassa colante [29].
O tubo dosador é um equipamento que pode ser feito facilmente na própria obra.
Através de sua utilização, controla-se melhor o traço da argamassa colante e,
consequentemente, proporciona-se a execução do serviço com mais qualidade.
48
Esta argamassa deve permanecer em repouso de 15 a 20 minutos antes da aplicação na
parede [29].
Recomenda-se pois, que seja feita uma avaliação visual das características de
trabalhabilidade da argamassa, a fim de que seja encontrado o tempo ideal. Pois, quanto
maior o tempo de repouso, melhores as características de trabalhabilidade no estado
fresco e de desempenho da argamassa quando endurecida. Entretanto, não se deve
ultrapassar o prazo de 20 minutos, pois o tempo útil será reduzido do mesmo prazo,
podendo diminuir a produtividade dos operários [14].
A consistência ideal da mistura poderá ser observada aplicando-se um pouco de
argamassa sobre o substrato com a desempenadeira dentada. Os cordões resultantes
deverão estar bem aderidos, não devendo fluir ou abater-se. Deve-se ter o cuidado para
não se adicionar água após a mistura inicial. A argamassa que cair após a aplicação,
desde que não esteja contaminada, poderá ser reaproveitada [14].
O emprego da argamassa deve ocorrer no máximo 2h e 30min após o seu preparo, sendo
vedada neste período a adição de água ou outros produtos.
A argamassa utilizada tanto para o substrato de drywall, quanto para emboço e paredes
de alvenaria estrutural deve ser do tipo AC I.
Orienta-se [29] aplicar a argamassa colante em uma área que o ladrilheiro consiga
assentar a última placa no 5º minuto. A área muda ou varia conforme a habilidade do
funcionário e o tamanho da placa utilizada.
A desempenadeira de dentes de 8 x 8 x 8 mm deve ser empregada nos revestimentos
internos quando a área do componente for superior a 400 cm². Para revestimentos
internos com peçaas inferiores a esta área, utiliza-se a desempenadeira de dentes 6 x 6 x
6 mm. De modo geral, o formato dos dentes da desempenadeira de aço deve seguir os
parâmetros da tabela 9 [29].
]
49
Tabela 9: Dimensionamento dos dentes da desempenadeira em função das placas cerâmicas [29]
Nota-se que quanto maior a peça, maior deve ser a dimensão dos dentes de
desempenadeira, a fim de potencializar a aderência entre as placas e a argamassa
colante.
iii. Assentamento da cerâmica
As placas cerâmicas podem ser assentadas com as juntas entre componentes cerâmicos
em diagonal, a prumo ou em amarração, conforme as figuras 11, 12, 13 e 14 [32]:
Figura 11: Juntas a prumo [32]. Figura 12: Em amarração [32].
Figura 13: Junta paralela em diagonal [32]. Figura 14: Junta amarrada em diagonal [32].
50
Inicia-se o processo de assentamento pela fiada mestra (preferencialmente 2ª ou 3ª
fiada) e prosseguindo com a execução das demais fiadas [29].
O assentamento inicia-se estendendo a argamassa colante com o lado liso da
desempenadeira, apertando-a de encontro à base, formando uma camada uniforme de
cerca de 3 mm a 4 mm de espessura, quando utilizada desempenadeira dentada de 6 mm
e de 5 mm a 6 mm de espessura, quando for utilizada desempenadeira dentada de 8 mm.
A seguir, aplicar o lado denteado, formando cordões horizontais.
Para cerâmicas com área superficial igual ou superior a 900 cm², deve ser utilizado o
processo conhecido como “dupla colagem”. Ou seja, além de aplicar argamassa no
substrato, deve-se aplicar argamassa colante no tardoz (lado não esmaltado) da
cerâmica. Os cordões formados nessas duas superfícies devem se cruzar em ângulo de
90° e a cerâmica deve ser assentada de tal forma que os cordões estejam
perpendiculares entre si [14].
Aplicar a peça cerâmica, fazendo uma leve pressão e seguindo o alinhamento, mantendo
sempre a espessura da junta constante (espaçadores). Fixar a cerâmica na parede,
posicionando-a levemente com a palma da mão e levá-la à posição desejada, batendo
com o martelo de borracha [29].
Rabelo [14] recomenda uma outra maneira de levar a peça até sua posição. Segundo o
mesmo, a melhor forma para garantir um bom contato superficial da peça cerâmica com
a argamassa colante e, consequentemente a máxima aderência, é aplicando-a a cerca de
2 cm das peças ja assentadas e arrastando a peça até a posição final através de
movimentos de vai e vem sob pressão. O procedimento de colocar diversas peças na
posição e apenas “bater” em sua superfície tentando esmagar os cordões não é prática
recomendável por provocar uma diminuição muito significativa da aderência
superficial.
O tardoz das placas cerâmicas a serem assentadas deve estar limpo, isento de pó,
gorduras ou partículas secas e não deve ser molhado antes do assentamento.
Neste processo não é necessária a pré molhagem da base e dos componentes cerâmicos,
tais procedimentos eram usualmente usados no método convencional. A propriedade de
retenção de água da argamassa colante permite que, mesmo espalhada em espessuras
51
finas, mantenha a água necessária para promover as aderências argamassa-base e
argamassa-componente e para a hidratação do cimento [14].
Os componentes, não deverão, em hipótese alguma, ser molhados ou umedecidos. A pré
molhagem das peças cerâmicas pode saturar totalmente os poros superficiais e
prejudicar o processo de aderência mecânica [14].
Nos casos em que os componentes cerâmicos apresentarem a superfície recoberta por pó
ou outros contaminantes, os mesmos deverão ser retirados, utilizando-se apenas o
escovamento a seco. Caso seja impossível essa remoção e houver a necessidade de
utilizar água para limpeza, a mesma deverá ser feita com antecedência e os
componentes só poderão ser utilizados quando apresentarem a superfície de
assentamento seca [29].
Outro processo utilizado antes do assentamento das placas cerâmicas é o galgamento do
painel de materialização, previamente à organizacao das peças em revestimentos com
componentes modulares. Nesta operação são determinadas as distâncias horizontais e
verticais entre as fiadas sucessivas, de modo a posicionar as peças de forma otimizada,
também conhecido como paginação [14].
Para efeito de galgamento, os painéis planos são definidos nos revestimentos internos
como sendo trechos de paredes planos ou vãos de paredes interrompidos por elementos
que quebram a continuidade do plano a ser revestido, como por exemplo, surgimento de
vigas e pilares em outros planos ou mesmo mudança no tipo do revestimento seguindo o
mesmo plano [14].
A figura 15 ilustra o processo de galgamento do painel de materialização:
Figura 15: Galgamento do painel de materialização [14].
52
Quando houver necessidades de cortes das peças cerâmicas, estes deverão ser
devidamente planejados e executados previamente ao processo da aplicação da
argamassa colante [29].
Para o caso de revestimentos cerâmicos de menor resistência mecânica, como é o caso
dos azulejos, os cortes retos poderão ser feitos empregando-se o riscador (com ponta de
videa) e a torques, quando necessitar de arremates circulares.
Quando a peça for de maior resistência como os demais tipos de placas cerâmicas, deve-
se empregar um cortador mecânico ou elétrico (makita com disco diamantado), no caso
de cortes retos, sendo que para cortes circulares pode-se empregar a furadeira de
bancada provida de serra copo diamantada com guia interna [14].
Nos dois casos descritos anteriormente, as arestas resultantes dos cortes devem estar
cobertas pelos acabamentos, como as canoplas das torneiras e registros ou pelas placas
ou espelhos das caixas de luz, de modo que resultem em arremates perfeitos [14].
iv. Rejuntamento
Os principais requisitos de desempenho exigidos de uma junta entre componentes são os
seguintes: horizontalidade, verticalidade e uniformidade de espessura, a fim de atender
as necessidades estéticas da camada de acabamento; evitar infiltrações e capacidade de
absorver deformações [14].
A fim de se atender aos requisitos relativos a estética do revestimento, recomenda-se o
emprego de um espaçador durante a fixação dos componentes, de modo a proporcionar
uniformidade de espessura. Além disso, recomenda-se ainda, a contínua verificação e
correção do nivelamento, aprumamento e alinhamento das juntas através de linhas de
referência [29].
Para que o rejuntamento possa ser iniciado é imprescindível que as juntas estejam
devidamente limpas, sendo que a limpeza pode ser realizada com uma vassoura ou com
uma escova de piaçava para que sejam eliminados todos os resíduos que possam
prejudicar a aderência do material de rejunte, como por exemplo, poeira e resíduos
soltos de argamassa colante [14].
53
O rejuntamento deve ser iniciado após 72 horas do assentamento das placas cerâmicas
para evitar o surgimento de tensões pela retração de secagem da argamassa colante [14].
Recomenda-se, porém, que o prazo para rejunte não seja muito excedido, pois as placas
cerâmicas sem rejuntamento contam apenas com sua resistência mecânica, sem o
esforço de travamento lateral, e estão sujeitas a danos acidentais, além de estarem
propícias ao acúmulo de sujeiras em suas juntas ainda sem preenchimento [29] .
A argamassa de rejuntamento deve ser preparada conforme indicações do fabricante e
deve ser aplicada com desempenadeira de borracha, seguindo angulo de 45° com a
superfície. Após a aplicação da argamassa de rejunte, as juntas deverão ser frisadas com
um pequeno bastão de madeira recurvado, para que haja uma maior compacidade da
argamassa de rejuntamento, diminuindo sua porosidade superficial [29].
A limpeza do rejunte deverá ser feita com esponja e pano umedecido de 15 a 30 minutos
após o rejuntamento. Inicialmente passar a esponja úmida e limpa, retirando o excesso
de rejunte. Em seguida, limpar o local passando levemente um pano limpo e umedecido
(o pano deverá ser frequentemente limpo em água de modo a não deixar resíduos sobre
o revestimento cerâmico) [29].
Sempre executar o rejuntamento das paredes previamente à execução do rejuntamento
do piso, de forma a preservar a limpeza e o acabamento das juntas de rejunte do piso
[14].
5.2.2) Revestimento Externo
Assim como o processo de execução do revestimento cerâmico interno, o externo
também pode ser divido em duas etapas principais: verificação e preparo do substrato e
execução da camada de acabamento.
a) Verificações iniciais
Antes de dar início à execução dos revestimentos cerâmicos internos devem-se
promover algumas verificações, as quais são listadas abaixo.
54
i. De acordo com o procedimento da Construtora A de Execução da Revestimento
Cerâmico em Fachadas [30], primeiramente as ferramentas, equipamentos e
materiais necessários para o serviço devem estar disponíveis na obra. São eles:
� Andaimes fachadeiro, jahu pesado ou jahu leve;
� Desempenadeira metálica dentada, com dentes de 8mm;
� Martelo de borracha;
� Caixote metálico ou plástico para argamassa;
� Balde graduado;
� Colher de pedreiro;
� Esquadro de alumínio;
� Prumo de face;
� Trena de aço;
� Nível de bolha;
� Linha de nylon;
� Serra-mármore com disco de corte diamantado tipo Makita;
� Riscador diamantado;
� Ponteiro metálico;
� Esponja de espuma (“camurça”);
� Paleta de madeira;
� Misturador mecânico para misturar a argamassa colante;
� Desempenadeira de borracha para rejuntamento;
� Tubo de PVC com 2” de diâmetro e aprox. 20 cm de comprimento para friso de
1,5 cm;
� Pastilha cerâmica, de acordo com os projetos e especificações;
� Argamassa colante industrializada específica para fachada, podendo ser
assentada e rejuntada ao mesmo tempo.
� Tarucel com diâmetro conforme projeto;
� Selante base de polietileno expandido na mesma cor do rejunte;
� Chaminés de exaustão do aquecedor a gás;
� Argamassa polimérica bi-componente para tratamento de frisos;
� Fita crepe para execução das juntas de movimentação.
ii. Além disso, a montagem de andaime fachadeiro ou balancim leve ou pesado
deve ocorrer em perfeitas condições técnicas e de segurança de operação [30].
55
iii. As paredes externas e internas das varandas devem estar emboçadas e
desempenadas, isentas de impurezas, óleos, graxas, umidade, partículas soltas e
concluídas a pelo menos 21 dias.
iv. Executar a conferência de esquadro, (prumo e planicidade das prumadas emboço
externo deve estar livre de arremates).
v. Verificar se todos os frisos foram executados (ver projeto de fachada se houver);
se as juntas de dilatação estrutural (quando houver) estão desobstruídas e com
largura uniforme para garantir um bom acabamento e se todas as requadrações
laterais possuem abertura necessária para entrada dos marcos das janelas (ver
projeto de fachada se houver). Deve existir uma folga de no mínimo 5 mm de
cada lateral [30].
Para avaliar esses itens de verificação nas obras da Construtora A, é utilizado a ficha de
verificação de serviço de revestimento de fachada em argamassa [33] , a qual pode ser
observada na figura 16.
56
Figura 16: Ficha de verificação de revestimento de fachada em argamassa [33].
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Além disso, é fundamental lembrar que os chapins e peitoris das janelas deverão estar
colocados e arrematados antes do início do assentamento de pastilha nos panos, para
evitar arremates no encontro dos peitoris e chapins com as cerâmicas [30].
Todas as instalações embutidas nas paredes (principalmente drenos de ar condicionado
quando houver) devem estar testadas e aprovadas [30].
b) Execução da camada de acabamento
A execução dos revestimentos cerâmicos externos pode ser dividida em cinco etapas,
são elas: preparo da argamassa colante, paginação das cerâmicas, execução do
assentamento, rejuntamento e tratamento das juntas.
i. Preparo da argamassa colante
Além dos procedimentos de preparação de argamassa já mencionados quando tratado
sobre o revestimento interno, algumas peculiaridades devem ser destacadas ao abordar-
se o revestimento externo.
De acordo com as normas da Construtora A [30], a argamassa colante (no mínimo do
tipo AC II) deve ser especificada em reunião com a participação do responsável técnico
de fabricação, o setor de qualidade, o gerente e o coordenador da obra.
O preparo da argamassa colante deve ser efetuado mecanicamente em local protegido
pelo sol, vento e chuva [21].
Recomenda-se testar sistematicamente a qualidade da argamassa colante através de
ensaios de norma ou critérios definidos pela construtora, devido a grande relevância
deste componente [30].
ii. Paginação das cerâmicas
Proceder a inspeção visual das placas de pastilhas cerâmicas que serão assentadas,
confirmando as referências de fábrica e verificando cores e tonalidades. Além disso,
deve-se atentar para que as peças cerâmicas apresentem-se limpas [30].
Executar a marcação no último pavimento e no térreo para assim definir a modulação
horizontal [21].
58
Fixar os arames de referência nos cantos, quinas, cantos de janelas e nos panos retos
referenciais a cada 1,00m [21].
Será marcada igualmente na parede a altura e a largura de uma placa de pastilhas
cerâmicas, de onde se iniciará a paginação (atentar para os encontros da cerâmica com
as juntas de ditalação) [30].
Sempre transferir o nível quando houver a mudança de planos de fachadas, de forma
que nas quinas (encontros das pastilhas) as peças estejam niveladas [21].
Traçar a estratégia de colocação, identificando áreas e frentes de trabalhos. Como regra
geral, iniciar a colocação pela parte superior da edificação [30].
iii. Execução do assentamento
Assentar as placas cerâmicas e aprumar, se guiando pelas linhas e prumos [30].
Com o lado liso da desempenadeira metálica, será espalhada sobre o emboço, uma
camada uniforme, de 3 (três) a 4 (quatro) mm, de argamassa colante[30].
Logo após, com o lado dentado da desempenadeira metálica, formam-se cordões
horizontais que possibilitarão o assentamento das placas das cerâmicas [30].
Assentar a primeira placa de pastilha cerâmica, conferindo prumo, esquadro e nível.
Seguir o restante do assentamento das outras placas mantendo o prumo vertical e o
nivelamento horizontal [30].
Usar sempre o martelo de borracha ou paleta (quando for pastilhas) para garantir a
planicidade e extensão de adesão - e não o cabo de colher do pedreiro - para posicionar
as placas cerâmicas nas respectivas posições.
Usar desempenadeira ou paletas de madeira para fixar e aprumar as pastilhas cerâmicas
e limpar com paleta de madeira o excesso de material existente nas juntas, para não
atrapalhar o rejunte [30].
iv. Rejuntamento
Para cerâmica assentada e rejuntada em etapas diferentes, decorridas 72 (setenta e duas)
horas da colocação dos ladrilhos cerâmicos, será procedido o rejuntamento das peças. Já
59
para cerâmica assentada e rejuntada usando argamassa colante assenta/rejunta, o
rejuntamento deverá ser realizado em uma única etapa [30].
A argamassa apresentará consistência adequada e será espalhada sobre a superfície das
placas com a ajuda de uma espátula de borracha ou de plástico [30].
Posteriormente, será efetuada a limpeza do painel, o que deverá acontecer quando a
argamassa do rejuntamento perder a plasticidade, mas ainda não tenha endurecido.
O processo de retirada do excesso da argamassa de rejuntamento inclui o uso de uma
esponja úmida ou fibra de sisal das juntas (não encharcada), seguido da passagem de um
pano limpo seco [30].
Durante o rejuntamento, próximo a junta de movimentação, deve-se atentar para o não
escorrimento do rejunte, que dificulta a colocação do tarucel na execução da junta de
movimentação [30].
v. Tratamento das juntas
As juntas de movimentação e de dilatação devem receber tratamento especial para
garantir plena qualidade do revestimento.
A limpeza das juntas é fundamental para garantir máxima aderância com os
componentes que as preencherão [30], como pode ser visto na figura 17.
Figura 17: Limpeza das juntas [30].
60
Ao executar as juntas de movimentação, deve-se atentar para que o friso seja tratado
previamente com argamassa polimérica bi-componente [30].
Nas duas laterais deve ser colocada fita crepe, para evitar que o selante entre em contato
com a superfície da cerâmica, como pode ser observado na figura 18 [30].
Figura 18: Colocação de fita crepe [30].
As juntas devem ser preenchidos com perfil de polietileno expandido (tarucel) para
limitar a quantidade de selante no friso [30]. Este procedimento é mostrado na figura 19.
Figura 19: Colocação de tarucel na junta [30].
Depois, superficialmente deve ser alpicado silicone de cura neutra.
61
Posteriormente, deve-se fazer a limpeza do excesso de rejunte sobre a cerâmica com
uma esponja úmida.
Aplicar selante, rejunte base poliuretano, como observado na figura 20.
Figura 20: Aplicação do selante de poliuretano [30].
Posteriormente deve-se pressionar um Tubo de 2” (para juntas de até 1,5cm) formando
um ângulo aproximado de 30° em relação a parede para deixar um formato côncavo
[30], o que pode ser observado na figura 21.
Figura 21: Utilização do tubo de PVC [30].
Por fim, retira-se a fita crepe, como observado na figura 22.
62
Figura 22: Remoção da fita crepe [30].
Vale ressaltar que a execução da junta de movimentação deve ser realizada respeitando
o prazo técnico de 72 horas após o rejuntamento.
A seguir, podem-se observar as ilustrações 23 e 24 para melhor detalhar os tratamentos
das juntas [30].
Figura 23: Detalhamento do tratamento das juntas de movimentação [30].
Quando:
63
� “A” > 5cm, em uma área maior que 2m², posicionar a tela na metade da
distância “B”;
� “A” < 5cm, em uma área de 2m² posicionar a tela de maneira que “C” = 0,5cm
protegendo-a pelo emboço;
� A medida de “A”, deverá ser de pelo menos 2,5cm na Alvenaria e pelo menos
2,0cm na estrutura.
A utilização do tarucel é opcional, pois ele é utilizado apenas para limitar a quantidade
de selante gasto na execução da junta [30].
As juntas de dilatação devem ser tratadas de acordo com o seguinte detalhamento,
apresentado na figura 24 [30].
Figura 24: Detalhamento do tratamento das juntas de dilatação [30].
Para execução de revestimentos cerâmicos em fachadas de edifícios, é necessário que
seja determinado um plano de trabalho, afim de minimizar erros, evitar desperdícios,
aumentar a produtividade e controle do serviço.
Como já mencionado, este serviço pode ocorrer com utilização de uma argamassa para
assentamento e outra para rejuntamento ou através de argamassa assenta/rejunta.
Através da tabela 10, pode-se comparar o plano estratégico para execução dos
revestimentos cerâmicos nos dois casos, de acordo com o procedimento de Execução da
Revestimento Cerâmico em Fachadas [30].
64
Tabela 10: Comparação entre métodos de execução dos revestimentos cerâmicos de fachdas em
edifícios [30].
5.3) Controle de Execução
O controle da execução do revestimento cerâmico envolve um conjunto de ações
realizadas em todas as etapas: antes do início da execução do revestimento, durante e
após a sua conclusão [14].
Para que este controle seja possível, é necessário definir quais são os itens que devem
ser verificados e os limites de tolerância para cada um deles [14].
É importante manter o registro de todas as inspeções realizadas. O controle realizado
antes do início da execução do revestimento cerâmico envolve a verificação de todos os
itens necessários para a adequada realização das atividades. Tendo sido iniciada a
execução, deve ser feito um controle durante todo o processo para a garantia do
atendimento das especificações observadas no projeto do revestimento [14].
Assentamento e rejuntamento em etapas diferentes Assentamento e rejuntamento na mesma etapa
- Marcação da cerâmica no pavimento inferior e último,
conforme projeto;
- Marcação da cerâmica no pavimento inferior e último,
conforme projeto;
- Fixação dos arames de controle das juntas de
rejuntamento e requadração das janelas;
- Fixação dos arames de controle das juntas de
rejuntamento e requadração das janelas;
- Verificação do tratamento dos frisos com argamassa
polimérica.
- Verificação do tratamento dos frisos com argamassa
polimérica.
- Assentamento das pastilhas ou placas cerâmicas; - Assentamento das pastilhas ou placas cerâmicas;
- Limpeza dos frisos da argamassa de assentamento das
pastilhas.
- Limpeza dos frisos da argamassa de assentamento das
pastilhas.
- Executar o rejunte;
- Limpeza do rejuntamento usando fibra de sisal.
2ª descida - Tratamento das juntas de movimentação. - Tratamento das juntas de movimentação.
2ª subida- Revisão e limpeza dos excessos de rejunte nas juntas de
movimentação.
EtapasMétodos de Execução
1ª subida
1ª descida
65
Portanto, é importante que nesta etapada sejam considerados os diferentes níveis em que
devem atuar o profissional responsável pela adeterminação de um padrão satisfatório de
aceitação dos processos de execução do sistema de revestimento cerâmico [14].
Segundo normas da Construtora A [30, 31], antes do início do revestimento cerâmico já
deve estar preparado o caderno de rastreamento de cerâmica. Este visa proporcionar um
rígido controle das especificações dos materiais liberados para execução e seu
preenchimento é de responsabilidade de algum profissional do almoxarifado.
Dessa forma, pode-se analisar se o material está de acordo com o memorial descritivo
de acabamentos; registrar qual tonalidade foi utilizada em cada pavimento, a fim de
utilizar a mesma, caso alguma peça seja substituída posteriormente; evitar que mais de
uma tonalidade seja utilizada em um mesmo ambiente durante a execução; controlar o
índice de perda de material e, consequentemente, obter um serviço com maior
possibilidade de plena qualidade e maior sustentabilidade, já que esta prática evita
perdas por erros de execução (mistura de tonalidade e erro nas especificações de
projeto).
O caderno de rastreamento de cerâmica pode ser observado na figura 25.
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Figura 25: Planilha de rastreamento de cerâmica [34] .
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Ao final, deve-se fazer uma avaliação de todas as especificações previamente definidas
no projeto [14].
Nas tabelas 11, 12 e 13 é apresentado o “check list” simplificado com alguns itens para
melhor controle das atividades de execução do revestimento cerâmico interno, definindo
as três diferentes etapas [14] .
Tabela 11: “Check-list” para controle antes do início das atividades [35].
Tabela 12: “Check-list” para controle durante a execução das atividades [35].
68
Tabela 13: “Check-list” para controle após a conclusão das atividades [35].
A empresa Construtora A apresenta fichas de verificação de serviço (FVS), para que os
revestimentos cerâmicos sejam rigidamente controlados. Através de tais fichas pode-se
controlar os seguintes aspectos da execução do revestimento cerâmico de fachadas [36]:
a) Tonalidade
Verificar se o pano está recebendo a mesma tonalidade de cerâmica. Analisar
paralelamente a planilha de rastreamento de cerâmica.
b) Paginação
Verificar visualmente se as cerâmicas ou pastilhas estão seguindo a paginação de
projeto.
c) Acabamento das arestas
Verificar se as arestas estão sendo executadas conforme paginação do projeto.
d) Rejuntamento
Verificar se há a ocorrência de falhas após a execução.
e) Planicidade
Verificar visualmente se há ondulações no pano.
69
f) Tratamento das juntas de movimentação e dilatação
Verificar visualmente a execução do tratamento da junta, no mínimo 72 horas após a
execução do rejunte.
g) Terminalidade e limpeza
Verificar a limpeza das cerâmicas a pós a execução do serviço.
O formulário em questão pode ser observado na figura 26.
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Figura 26: Ficha de verificação dos revestimentos cerâmicos de fachadas [36].
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No caso dos revestimentos cerâmicos em áreas internas as verificações orientadas pelo
formulário são as seguintes [37]:
a) Condições de inicio de serviço
Verificar se o substrato encontra-se limpo, livre de arremates e isento de
incrustações, pregos etc.
b) Regularização da base
Através de régua de alumínio e medidor de desvios.
c) Instalações elétricas e hidráulicas
Verificar se as instalações estão concluídas e os pontos locados conforme
projeto.
d) Planicidade
Após assentadas todas as peças e antes do rejunte, verificar atrvés de régua de
alumínio a planicidade e verificar visualmente a presença de ressaltos entre
placas.
e) Colocação de cantoneiras
Verificar se todas as cantoneiras necessárias foram colocadas.
f) Nivelamento e uniformidade das juntas
Após assentadas todas as peças, deve-se vericar a uniformidade das juntas antes
do rejunte.
g) Execução dos cantos
Verificar o acabento dos cantos do revestimento.
h) Verificação de peças ocas
Antes do rejuntamento, verificar com martelo de borracha a ocorrência de peças
ocas.
72
i) Tonalidade
Verificar a ocorrência de peças com tonalidades diferentes.
j) Rugosidade e preenchimento do rejuntamento
Verificar visualmente a regularidade do acabamento do rejunte.
k) Terminalidade e limpeza
Verificar visualmente o aspecto final do serviço, presença de peças lascadas,
trincadas, riscadas e limpeza em geral.
O formulário em questão está exposto na figura 27.
73
Figura 27: Ficha de verificação dos revestimentos cerâmicos em áreas internas [37].
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74
6) Patologias do Revestimento Cerâmico
Segundo Medeiros [38], as origens das patologias do sistema de revestimento cerâmico
estão relacionadas, na maioria das vezes, às especificacoes de projeto, ao assentamento
e a manutenção.
Não obstante, a falta de um projeto de revestimento, o qual responde pela qualidade do
processo dos materiais e execução (assentamento) e dos métodos de preservação
(uso/manutenção) ao longo da vida útil do edifício, pode também se responsabilizar
pelo surgimento de manifestações patológicas, como casos ligados ao destacamento de
placas cerâmicas, e consequentemente, pode vir a causar grandes prejuízos financeiros
[14].
As patologias relacionadas ao uso e a manutenção podem ocorrer devido ao desgaste do
esmalte, manchamento (ataque químico e mancha d’agua), que acontecem em
consequência da inexistência ou falha do projeto de especificação, imperfeição dos
serviços de mão de obra, ou ainda, o uso de produtos de limpeza inadequados para a
classe correspondente à placa cerâmica [14].
6.1) Destacamentos
Os destacamentos ou descolamento podem ocorrer devido às variações de temperatura
ambiente, que geram tensões de cisalhamento, flambagem e posterior destacamento das
placas cerâmicas [14].
Podem vir a ocorrer também por outros fatores, tais como: a influência de cargas
sobrepostas logo após o assentamento, provocando tensões de compressão sobre a
camada superficial; ausência de juntas de dilatação; instabilidade do suporte
recentemente executado sobre a presença de alguma umidade; ausência de
esmagamento dos cordões com consequente falta de impregnação de material colante no
verso da placa cerâmica; argamassa colante deixada muito tempo em aberto fazendo
com que a mesma não exerça plenamente sua função; não realização de dupla colagem
em casos de placas com mais de 900 cm² [38].
75
A figura 28 exemplifica o caso de destacamento e dá uma dimensão do imapacto visual
que esta patologia pode causar.
Figura 28: Destacamento de placas cerâmicas [14].
6.2) Trincas, Gretamentos e Fissuras
Patologias como trincas, gretamentos ou fissuras podem ocorrer devido: à retração e
dilatação da peça relacionada a variação térmica ou de umidade; absorção excessiva de
parte das deformações da estrutura, devido à ausência de detalhes construtivos como
vergas, contra vergas, pingadeiras, platibandas ou juntas de dilatação, principalmente
nos primeiros e últimos andares dos edifícios [14]. A figura 29 exemplifica o que foi
tratado.
Figura 29: Surgimento de trincas em placas cerâmicas [14].
76
6.3) Eflorescência
Geralmente ocorre devido à presença de umidade na base do revestimento em conjunto
com sais livres, através dos poros dos componentes. Esta água pode ter sua origem em
infiltrações nas trincas e nas fissuras, vazamentos nas tubulações, vapor condensado
dentro das paredes ou ainda da execução das diversas camadas do revestimento [14].
Vale lembrar que as placas cerâmicas e a argamassa possuem vazios em seu interior,
como cavidades, bolhas, poros abertos e fechados e uma enorme e complexa rede de
micro canais [39], a ocorrência de tal situação é favorável para que a água venha a
passar pelo seu interior por força da capilaridade ou mesmo por força do gradiente
hidráulico.
A figura 30, mostra a ocorrência de eflorescência em revestimentos cerâmicos.
Figura 30: Eflorescência em revestimentos cerâmicos [14].
77
6.4) Manchas e Bolor
O termo bolor ou mofo é entendido como a colonização por diversas populações de
fungos filamentosos sobre vários tipos de substrato, citando-se, inclusive, as argamassas
inorgânicas [40].
O termo emboloramento, de acordo com Allucci [41], “constitui-se numa alteração
observável macroscopicamente na superfície de diferentes materiais, sendo uma
consequência do desenvolvimento de micro-organismos pertencentes ao grupo dos
fungos”.
O desenvolvimento de fungos em revestimentos internos ou de fachadas causam
alteração estética de tetos e paredes, formando manchas escuras indesejáveis em
tonalidades preta, marrom e verde ou, ocasionalmente, manchas claras esbranquiçadas
ou amareladas [40].
Normalmente são provocadas por infiltrações de água e frequentemente estão
associadas aos descolamentos e desagregação dos revestimentos.
O efeito dessa patologia pode ser observado na figura 31.
Figura 31: Surgimento de manchas no revestimento [14].
78
6.5) Deterioração das Juntas
Essa patologia está ligada diretamente às argamassas de preenchimento das juntas de
assentamento (rejuntes) e de movimentação, porém, compromete diretamente o
desempenho do sistema de revestimentos cerâmicos de um modo geral, já que estes
componentes são responsáveis pela estanqueidade do revestimento e pela capacidade de
absorver deformações [38].
Os primeiros sinais de ocorrência de deterioração das juntas são: perda de estanqueidade
da junta de assentamento e envelhecimento do material de preenchimento. A perda da
estanqueidade pode iniciar-se logo após a sua execução, através de procedimentos de
limpeza inadequados ou deficiência na aplicação da mesma, que somados a ataques de
agentes atmosféricos ou solicitações mecânicas por movimentações estruturais, podem
provocar o aparecimento de trincas, bem como infiltração de água, levando o
revestimento ao colapso por descolamento [14].
No tocante à execução das juntas de assentamento, na deficiência em sua aplicação, a
junta pode estar preenchida apenas superficialmente, formando uma capa de espessura
reduzida e frágil que pode desagregar-se após alguns meses da entrega da obra. Esta
situação pode acontecer em revestimentos cerâmicos tipo porcelanato onde a junta é
muito estreita ou quando o rejunte perde a trabalhabilidade rapidamente, devido a
temperatura ambiente elevada [14].
A patologia em questão pode ser observada na figura 32.
Figura 32: Deterioração do rejunte [14].
79
7) Qualidade e Sustentabilidade em Obras de Edificações
7.1) Qualidade
A implantação da política da qualidade em obras de edificações é uma ação de extrema
importância e alto grau de complexidade. Define-se [42] como política da qualidade a
adoção de um conjunto de medidas que visam: direcionar esforços para monitorar a
satisfação e atender às espectativas dos clientes; atender às normas e princípios legais
referentes à segurança, qualidade e meio ambiente para pessoas, produtos e serviços;
desenvolver e qualificar funcionários e colaboradores preparando-os para o bom
desempenho de suas funções; buscar a contínua melhoria de processos, produtos e
serviços; buscar qualidade nas aquisições, através de fornecedores qualificados; planejar
e construir de forma planejada e controlada, assegurando prazos e custos adequados.
Apesar de bastante debatido nos dias de hoje, o sistema de gestão da qualidade
apresentou dificuldades para ser introduzido nas obras de edificações. Segundo
Figueiredo [43], entre os diversos setores industriais, a construção civil – por suas
características peculiares e também por razões conjunturais – foi o que apresentou
maiores dificuldades de adaptação a programas de qualidade e produtividade, na década
de 80 e no início dos anos 90.
De modo geral, essas empresas não se preocupavam com a gestão da qualidade e se
mantinham fiéis à cultura do improviso e da tentativa e erro. Se um processo não
produzia os resultados esperados, bastava refazer o trabalho, pois os consumidores
pagariam por qualquer custo adicional. As empresas também não se preocupavam com
a qualidade do produto, que, por ser escasso, não sofria questionamentos dos clientes
quanto às suas características [44].
Na década de 90, entretanto, os elevados ganhos financeiros estimularam o surgimento
de muitas organizações, dando origem a uma nova realidade de mercado. Em função
disso, as empresas despertaram para a necessidade de modificarem suas práticas
gerenciais, pela adição de sistemas de gestão e garantia da qualidade [44].
No Brasil, o início da aplicação de uma normalização voltada para a construção civil foi
a criação do PBQP-H, Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat, o
80
qual, de acordo com Fraga [45] foi elaborado em 1991, pelo governo Collor, mas foi
aplicado em 1998 na construção civil. Seu objetivo primordial é melhorar a qualidade e
produtividade das organizações brasileiras que estão ligadas ao setor, tendo como
princípio básico o ciclo PDCA, do inglês: plan, do, check, act (planejar, executar,
verificar, agir).
A figura 33 ilustra esquematicamente os princípios do PDCA.
Figura 33: Ciclo PDCA [45].
Vale ressaltar, que já existia a normalização estabelecida pela ISO 9001, a qual
determinava diretrizes para o Sistema de Gestão da Qualidade, porém, de maneira muito
mais abrangente e genérica, não visando exclusivamente a indústria da construção civil.
[45]. O PBPQ-H surgiu a partir da ISO 9001, como evidenciado pela correspondência
entre seus itens.
7.1.1) Certificação de sistemas e produtos quanto à qualidade
A certificação de um produto ou de um sistema de gestão da qualidade é um processo de
avaliação da conformidade, que consiste em atestar que um produto, processo, serviço
ou profissional atende a requisitos mínimos pré-definidos em normas, especificação ou
regulamentos técnicos, nacional ou internacional. Esta avaliação da conformidade
81
significa afirmar que foi implementado um processo sistematizado, com regras pré-
estabelecidas e devidamente acompanhado, que propicia um adequado grau de
confiança, com o menor custo possível para a sociedade [45].
A certificação é uma ferramenta fundamental para as organizações que desejam obter
destaque no cenário nacional e internacional, pois há uma preocupação com a
adequação a determinada norma, especificação ou regulamento.
Os diversos processos que compõem o Sistema de Gestão da Qualidade são avaliados
através de auditorias realizadas por organismos certificadores credenciados pelo
Inmetro, os quais são capacitados para julgar o atendimento ou não das diretrizes
presentes no PBQP-H.
O logotipo de certificação do PBQP-H é mostrado na figura 34.
Figura 34: Modelo de selo da Certificação PBQP-H [45].
Ao auditar o processo de revestimento cerâmico e os demais processos relacionados a
este serviço em uma empresa construtora, o órgão certificador analisará o atendimento
aos seguintes itens do PBQP-H:
a) Item 7.4.1.1. Processo de qualificação de fornecedores
A empresa deve estabelecer critérios para qualificar, de maneira evolutiva, seus
fornecedores de material e serviço de revestimento cerâmico. Deve ser tomado como
base a capacidade do fornecedor em atender aos requisitos especificados pela empresa
[46].
82
b) Item 7.4.3 Verificação do produto adquirido
A empresa construtora deve instituir e implementar, de maneira evolutiva, inspeção ou
outras atividades necessárias para assegurar que o produto adquirido atende aos
requisitos especificados [46].
Quando a empresa construtora ou seu cliente pretender executar a verificação nas
instalações do fornecedor do serviço de revestimento cerâmico, a empresa construtora
deve declarar as providências de verificação pretendidas e o método de liberação do
produto [46].
c) Item 7.4.2.1. Materiais controlados
A empresa construtora deve garantir que os documentos de compra de materiais
controlados descrevam claramente o que está sendo comprado, contendo especificações
técnicas [46].
No caso das placas cerâmicas, deve ser informado a tonalidade, dimensões da placa,
nome do modelo adquirido etc [46].
d) Item 7.4.2.2. Serviços controlados
A empresa construtora deve garantir que os documentos de contratação da empresa
fornecedora do serviço de revestimento cerâmico descreva claramente o que está sendo
contratado, contendo especificações técnicas [46].
e) Item 7.4.1.2. Processo de avaliação de fornecedores
A empresa deve estabelecer, de maneira evolutiva, critérios para avaliar o desempenho
dos fornecedores de material e serviço de revestimento cerâmico [46].
83
f) Item 6.2.2. Competência, conscientização e treinamento
A empresa construtora deve : determinar as competências necessárias para o pessoal que
executa trabalhos que afetam a qualidade do revestimento cerâmico; fornecer
treinamento para satisfazer essas necessidades de competência; avaliar a eficácia das
ações executadas; assegurar que os profissionais estão conscientes quanto à importância
do serviço de revestimento cerâmico e de como eles contribuem para atingir os
objetivos da qualidade; manter registros apropriados de qualificação profissional e
treinamento [46].
g) Item 7.5.1.1. Controle dos serviços de execução controlados
O item em questão determina que a empresa deve, de maneira evolutiva, garantir que os
procedimentos documentados relacionados ao serviço de revestimento cerâmico
incluam requisitos para a realização e aprovação do produto [46].
O item ainda destaca que, quando a empresa optar pela terceirização do serviço, deve-se
garantir que o fornecedor cumpra o procedimento de forma plena e assegurar o controle
de inspeção desse processo.
h) Item 7.5.3.2. Rastreabilidade
A empresa construtora deve garantir a rastreabilidade ou identificação única dos locais
de utilização de cada tonalidade das placas cerâmicas [46].
Esta prática possibilita que, em casos de defeitos posteriores, utilize-se a mesma
tonalidade de cerâmica para substituir as peças com algum tipo de patologia.
i) Item 7.5.5. Preservação do produto
Este item determina que a empresa construtora deve, de maneira evolutiva, garantir a
correta identificação, manuseio, estocagem e condicionamento, preservando a
conformidade das placas cerâmicas em todas as etapas do processo, sendo esta uma
84
responsabilidade tanto dos membros da própria empresa quanto dos fornecedores do
serviço, no caso de terceirização [46].
j) Item 8.2.3. Medição e monitoramento de processos
Fica descrito neste item que a empresa construtora deve aplicar métodos adequados para
monitoramento e, quando aplicável, para medição dos processos do Sistema de Gestão
da Qualidade, no qual o serviço de revestimento cerâmico está inserido. Esses métodos
devem demonstrar a capacidade dos processos em alcançar os resultados panejados.
Quando resultados planejados não são alcançados, devem ser efetuadas as correções e
as ações corretivas, para assegurar a conformidade do revestimento cerâmico como
produto final [46].
k) Item 8.2.4. Inspeção e monitoramento de materiais e serviços de
execução controlados e da obra
A empresa construtora deve estabelecer procedimentos documentados de inspeção e
monitoramento das características das placas cerâmicas e dos produtos resultantes dos
serviços de execução dos revestimentos cerâmicos, a fim de verificar o atendimento aos
requisitos especificados e assegurar a inspeção de recebimento do material [46].
Além disso, a empresa deve estabelecer procedimento documentado para inspeção das
características finais do serviço executado, antes da sua entrega.
Caso o processo de revestimento cerâmico atenda a estes requisitos, o mesmo estará em
conformidade com os requisitos do PBQP-H, contribuindo para a certificação do
sistema ao qual pertence.
Além da certificação de sistemas, também ocorre a certificação do produto.
Resumidamente, os benefícios trazidos pelos processos de certificação de produtos são
inúmeros, dentre eles, destacam-se [45]:
85
a) Garantia que o produto antende às normas vigentes no país;
b) Condição essencial para exportação para diversos mercados;
c) Redução das perdas no processo produtivo e melhoria de sua gestão;
d) Oportunidade para alavancar a imagem da empresa;
e) Diferenciação dos produtos em relação a seus concorrentes;
f) Aumento da satisfação dos clientes.
No Brasil, um dos órgãos credenciados pelo INMETRO para certificar as empresas
produtoras de revestimentos cerâmicos é o Centro Cerâmico do Brasil (CCB), o qual é
um Organismo de Certificação desde 1996, atuando na certificação de produtos e de
Sistema de Gestão da Qualidade (1998) [45].
O processo de certificação das placas cerâmicas baseia-se na NBR 13.818/1997: Placas
Cerâmicas para Revestimento – Especificação e Métodos de Ensaio (descrição dos
parâmetros dos ensaios) e determina o atendimento aos requisitos técnicos relativos aos
seguintes aspectos [45]:
a) Dimensões: avalia-se a dimensão nominal, dimensão de fabricação e espessura.
b) Forma: avalia-se a retitude lateral, ortogonalidade e planaridade.
c) Características físicas: absorção de água, módulo de resistência à flexão e carga
de ruptura, expansão por umidade, resistência ao gretamento.
d) Características químicas: resistência ao manchamento e ao ataque químico.
e) Identificações na embalagem: verifica os requisitos da rotulagem do produto.
Retratados na figura 35, podem-se visualizar o selo de certificação fornecido pelo
Centro Cerâmico do Brasil e o logotipo de certificação do mesmo órgão em destaque.
Figura 35: Selo e logotipo de certificação do CCB [45].
86
7.2) Sustentabilidade
Uma edificação vista em todo o seu ciclo de vida gera resíduos, consome energia,
materiais e produtos, emite gás carbônico na atmosfera, emprega, gera renda e impostos.
Sendo assim tem um grande potencial no que diz respeito a implementação efetiva do
desenvolvimento sustentável [47].
Construir sustentavelmente significa reduzir o impacto ambiental, diminuir o retrabalho
e desperdício, garantir a qualidade do produto com conforto para o usuário final,
favorecer a redução do consumo de energia e água, contratação de mão de obra e uso de
materiais produzidos formalmente, reduzir, reciclar e reutilizar os materiais.
É preciso pensar a construção no que diz respeito a sua questão econômica, social e
ambiental de forma conjunta, só assim se atinge de fato a sustentabilidade. O
aproveitamento da energia solar e água de chuva, utilização de ventilação e luz natural
são boas práticas sustentáveis que estão relacionadas com os três campos. A utilização
da energia solar não deve ser vista somente como retorno de investimento capital, mas
também como forma de contribuir para a conservação do meio ambiente e agregar valor
social [47].
Este pensamento ambiental, que têm ganhado importância nos últimos anos, levou a um
crescente número de solicitações a institutos normativos para a criação de um padrão
para gerenciar os impactos ambientais de uma organização. O British Standards Institute
(BSI), um respeitado instituto normativo, juntamente com outras partes interessadas,
desenvolveu a BS 7750:1992 (“Specification for Environmental Management
Systems”), o primeiro padrão ambiental do mundo. Outros padrões nacionais existiram
em diversos países e a demanda por uma certificação internacional começou a crescer
[60]. Durante a Rio-92, foi proposta a criação de um grupo para estudar a elaboração de
uma norma internacional de gestão ambiental. Em março de 1993, a ISO estabeleceu o
Comitê Técnico 207 para desenvolver a série de normas internacionais de gestão
ambiental ISO 14000 [47].
Em 2002, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), estabeleceu diretrizes
voltadas para a gestão dos resíduos de construção civil através da CONAMA 307, a
qual tem importância significativa para a sustentabilidade neste setor.
87
7.2.1) A ISO 14001
A norma ISO 14001 foi desenvolvida com base na norma BS 7750 e publicada em
setembro de 1996. A norma provê um modelo básico de estabelecimento de um Sistema
de Gestão Ambiental (SGA), um conjunto de processos de gerenciamento que requer
das empresas a identificação, a mensuração e o controle de seus impactos ambientais no
meio ambiente em que operam, incluindo aspectos relacionados a ar, água, solo, flora,
fauna e seres humanos [47].
Além disso, a ISO 14001 verifica o SGA da empresa e também é baseada no ciclo
PDCA (Plan, Do, Check e Act), já que foi criada em alinhamento com a ISO 9001. A
associação do método PDCA com a norma ISO 14001 se dá a partir dos seguintes
processos e atividades:
a) Planejar: definição da política ambiental, impactos ambientais e metas
ambientais;
b) Executar: implementação do SGA e documentação, treinamento;
c) Verificar: auditorias ambientais e avaliação de desempenho ambiental e
d) Agir: ações de melhoria contínua.
Vale destacar que a norma em questão não é específica para o setor da construção civil,
mas, seus princípios podem ser aplicados ao mesmo.
7.2.2) CONAMA 307
A CONAMA 307 visa estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos
resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os
impactos ambientais.
Dentre os resíduos da construção civil, as placas de revestimento cerâmico são
classificadas, de acordo com esta norma, como de classe A.
A CONAMA 307 destaca que os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não
geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o
tratamento dos resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente adequada dos
rejeitos.
88
Além disso, a norma determina que é instrumento para a implementação da gestão dos
resíduos da construção civil o Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção
Civil, a ser elaborado pelos Municípios e pelo Distrito Federal, em consonância com o
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.
Os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as
seguintes etapas:
a) caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos;
b) triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser
realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as
classes de resíduos;
c) acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a
geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja
possível, as condições de reutilização e de reciclagem;
d) transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de
acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;
e) destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta Resolução.
Fica determinado que os resíduos de classe A, como as placas de revestimento, após
triagem, deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encaminhados
a aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros.
7.2.3) Certificação de sistemas e produtos quanto à sustentabilidade
Perante a ISO 14001, seis passos devem ser cumpridos para a obtenção do certificado
[48]:
i. Desenvolver uma política ambiental;
ii. Identificar as atividades da empresa, produtos e serviços que possuam interação
com o meio ambiente;
iii. Identificar requisitos legais e regulatórios;
iv. Identificar as prioridades da empresa e definir objetivos e metas de redução de
impacto ambiental;
89
v. Ajustar a estrutura organizacional da empresa para atingir estes objetivos,
atribuindo responsabilidades, realizando treinamentos, comunicando e
documentando;
vi. Checar e corrigir o SGA.
Ao auditar o processo de revestimento cerâmico em uma edificação, o órgão
certificador pode analisar o atendimento aos seguintes itens da ISO 14001:
a) Item 4.4.2. Treinamento, Conscientização e Competência
Está alinhado ao item 6.2.2 do PBPQ-H, determinando que a organização deve
identificar as necessidades de treinamento. Deve ser requerido que todo o pessoal cujo
trabalho possa criar um impacto significativo sobre o meio ambiente, receba
treinamento apropriado. Portanto, este item cabe aos profissionais envolvidos com o
revestimento cerâmico.
Devem ser estabelecidos e mantidos procedimentos para que seus funcionários e
membros em cada uma das funções e níveis relevantes estejam conscientes: da
importância da conformidade com a política e procedimentos ambientais e com os
requisitos do sistema de gestão ambiental; dos impactos ambientais significativos, reais
ou potenciais, de suas atividades de trabalho e dos benefícios ambientais resultantes da
melhoria do desempenho pessoal. de suas funções e responsabilidades para atingir a
concordância com a política e procedimentos ambientais, e com os requisitos do sistema
de gestão ambiental, inclusive requisitos de conscientização e resposta em situações de
emergência. das conseqüências potenciais do descumprimento dos procedimentos
operacionais especificados [48].
b) Item 4.3.1. Aspectos ambientais
A organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os aspectos
ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que ela possa controlar e sobre os
quais se espera que ela tenha influência, de maneira a determinar quais têm ou possam
ter impactos ambientais significativos sobre o meio ambiente. A organização deve
90
assegurar que os aspectos relacionados a estes impactos significativos são considerados
no estabelecimento de seus objetivos ambientais [48].
c) Item 4.4.6. Controle operacional
A organização deve identificar aquelas operações e atividades que estejam associadas
com os aspectos ambientais significativos identificados, de acordo com sua política,
objetivos e metas. A organização deve planejar estas atividades, inclusive manutenção,
para assegurar que sejam executadas sob condições especificadas, através [48]:
i. do estabelecimento e manutenção de procedimentos documentados para cobrir
situações aonde sua ausência possa levar a desvios em relação à política, objetivos e
metas ambientais;
ii. da estipulação de critérios de operação nos procedimentos;
iii. do estabelecimento e manutenção de procedimentos relacionados com aspectos
ambientais significativos identificáveis, de bens e serviços, utilizados pela
organização, e comunicando procedimentos relevantes e requisitos aos fornecedores
e contratados.
d) Item 4.5.1. Monitoramento e medição
A organização deve estabelecer e manter procedimentos documentados para monitorar e
medir numa base regular, as características chaves de suas operações e atividades que
possam ter um impacto ambiental significativo no meio ambiente. Isto deve incluir o
registro da informação para acompanhar o desempenho, controles operacionais
relevantes e conformidade com os objetivos e metas da organização.
Os equipamentos de monitoramento devem ser mantidos aferidos/calibrados e registros
deste processo devem ser arquivados de acordo com os procedimentos da organização.
A organização deve estabelecer e manter procedimentos documentados para avaliar
periodicamente o cumprimento da legislação e regulamentos ambientais pertinentes
[48].
91
A figura 36 expõe o logotipo de certificação da ISO.
Figura 36: Logotipo ISO [47].
Existem outros modelos de certificação ambienteal como: o LEED e o AQUA.
O LEED (Leadership in Energy & Environmental Design) foi desenvolvido pelo
USGBC (U.S. Green Building Council), instituição que busca a promover edifícios
sustentáveis e lucrativos, bem como lugares saudáveis para se viver e trabalhar. Em
2007 foi criado no Brasil o GBCB (Green Building Council Brasil), órgão não
governamental vinculado ao USGBC que visa auxiliar o desenvolvimento da indústria
da construção sustentável no país [47].
O sistema LEED é baseado num programa de adesão voluntária e visa avaliar o
desempenho ambiental de um empreendimento. Leva em consideração o ciclo de vida e
pode ser aplicado em qualquer tipo de empreendimento. O selo é uma confirmação de
que os critérios de desempenho em termos de energia, água, redução de emissão de
CO2, qualidade do interior dos ambientes, uso de recursos naturais e impactos
ambientais foram atendidos satisfatoriamente [47].
A certificação acontece em níveis que quantificam o grau de proteção ambiental obtido
no empreendimento. Através de um sistema de pontos que pode variar dependendo da
categoria de certificação, são definidos os níveis de certificação. Independente das
diferentes categorias, o LEED oferece quatro níveis de certificação que dependem da
pontuação total obtida na avaliação. São eles: Certificação Básica (26 a 32 pontos),
Prata (33 a 38 pontos), Ouro (39 a 51 pontos) e Platina (52 a 69 pontos), mostrados na
figura 37 [47].
Figura 37: Níveis de certificação LEED [47].
92
O processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) de certificação é a versão brasileira
adaptada do HQE (Haute Qualité Environnementale) que define a qualidade ambiental,
segundo a associação HQE, como “qualidade ambiental do edifício e dos seus
equipamentos (em produtos e serviços) e os restantes conjuntos de operação, de
construção ou adaptação, que lhe conferem aptidão para satisfazer as necessidades de
dar resposta aos impactos ambientais sobre o ambiente exterior e a criação de ambientes
interiores confortáveis e sãos” [47].
Além do que já foi mencionado, vale destacar que o PBQP-H também apresenta a
questão ambiental como um aspecto importante. Ao analisar-se o item 7.1.1. Plano de
Qualidade da Obra, observa-se que a empresa deve elaborar um PQO para cada uma de
suas obras e uma das exigiências é que este deve definir os destinos adequados dados
aos resíduos sólidos e líquidos produzidos pela obra, que respeitem o meio ambiente e
estejam em concordância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e com as
legislações estaduais e municipais aplicáveis. Sendo assim, deve haver um documento
que registre o modo de coleta, transporte e destinação dos resíduos cerâmicos.
Para certificação ambiental de produtos, no Brasil, a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) restabeleceu o programa Selo Verde, uma certificação que atesta
quais produtos e serviços são mais ambientalmente amigáveis, por meio de uma marca
colocada no produto. Intitulada Rótulo Ecológico ABNT, a ação consiste em uma
metodologia voluntária de certificação e rotulagem de desempenho ambiental, que visa
informar aos consumidores sobre quais produtos são menos agressivos ao meio
ambiente [13]. Portanto, placas cerâmicas que possuam o selo retratado na figura 38
demonstram que são menos agressivas ao meio ambiente, seja por alguma ação no
processo produtivo ou por outro fator específico.
Figura 38: Logotipo ABNT Ambiental [13].
93
8) Estudo de Caso
8.1) Apresentação
O presente estudo trata de uma construção residencial multifamiliar, realizada pela
Construtora A, na Barra da Tijuca.
Este é um empreendimento de alto padrão que conta com 8 torres de 17 pavimentos,
totalizando 560 unidades.
No momento, dois blocos já passaram pelo processo de habite-se, quatro estão em fase
de acabamento e os dois restantes ainda estão em execução de estrutura.
As fachadas são revestidas por textura, mas a parte interna das unidades conta com,
aproximadamente, 61.830 m² de revestimento cerâmico.
As diversas opções de acabamento da edificação explicam a grande variedade de placas
de revestimento que é observada.
A tabela 14 lista os modelos de placas cerâmicas que são empregados nas paredes das
unidades de um dos edifícios deste empreendimento.
Tabela 14: Modelos de placas cerâmicas de parede. (Fonte: Planilha de controle do próprio autor)
As figuras 39 a 45 mostram as placas listadas na tabela 13.
Modelos de Placas Cerâmicas Área (m²)
Cerâmica Alaska WH, 45x45cm 6384
Cerâmica White Plain Matte, 33x45cm 112,28
Cerâmica White Plain Lux 33x45cm 219,43
Cerâmica White Basic Lux 20x20cm 911,97
Cerâmica White Basic Lux 15,4x15,4cm 180
Porcelanato Diamante Polido 60x60cm 219,36
Porcelanato Crema Valencia Polido 60x60cm 19
Figura 39: Cerâmica Alaska, 45x45cm [49]
Figura 40: Cerâmica White
Plain Matte, 33x45 [49]
94
Como pode-se observar, foram utilizados sete tipos de placas de revestimento de parede
no bloco em questão. Além disso, o levantamento inicial, mostrado na tabela 13,
determinou um total de 8046 m² de revestimento cerâmico de parede neste edifício.
Figura 41: Cerâmica White
Plain Lux, 33x45 [49]
Figura 42: Cerâmica White
Basic Lux, 20x20 [49]
Figura 43: Cerâmica White
Basic Lux, 15x15 [49]
Figura 44: Porcelanato Crema
Valência Polido, 60x60 [49]
Figura 45: Porcelanato Diamante
Polido, 60x60 [49]
95
8.2) Metodologia de Execução da Obra
O serviço de revestimento cerâmico segue os procedimentos descritos anteriormente
neste trabalho e é executado por mão de obra terceirizada. A empreiteira é especializada
nos serviços de contrapiso, alvenaria, embolso e revestimento cerâmico. A remuneração
de seus empregados ocorre de acordo com a produtividade dos mesmos e conscientizá-
los da importância da qualidade e sustentabilidade é um grande desafio.
A obra em estudo foi divida em quatro fases, sendo que cada fase engloba dois blocos.
Os blocos ímpares são um pouco maiores que os pares, apresentando cerca de 450 m² a
mais de parede a ser revestida com placas cerâmicas.
Cada fase possui um engenheiro responsável e um mestre de obras e cada bloco conta
com dois estagiários e dois encarregados, sendo apenas um responsável pelos
acabamentos. A obra ainda conta com um engenheiro de planejamento e um engenheiro
coordenador. O organograma abaixo ilustra o que foi explicado.
Figura 46: Organograma da equipe da obra.
(Fonte: Organograma elaborado pelo autor)
A equipe de controle de qualidade conta com quatro analistas, um coordenador e dois
estagiários, estes realizam acompanhamentos quinzenalmente para avaliar a adequação
dos diversos processos presentes nas obras ao sistema de gestão da qualidade.
BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 3 BLOCO 4 BLOCO 5 BLOCO 6 BLOCO 7 BLOCO 8
2 estagiários 2 estagiários 2 estagiários 2 estagiários 2 estagiários 2 estagiários 2 estagiários 2 estagiários
2 encarregados 2 encarregados 2 encarregados 2 encarregados 2 encarregados 2 encarregados 2 encarregados 2 encarregados
FASE 4
Engenheiro de Produção
Engenheiro de Planejamento
Engenheiro Coordenador
OBRA
Mestre de Obras Mestre de Obras Mestre de Obras Mestre de Obras
FASE 1
Engenheiro de Produção
FASE 2
Engenheiro de Produção
FASE 3
Engenheiro de Produção
96
8.3) Principais anomalias observadas ao longo do serviço
8.3.1) Falhas no Substrato
Como já mencionado no presente estudo, um dos componentes do sistema de
revestimento cerâmico é o substrato. A execução com plena qualidade deste
componente é fundamental para que o produto final desempenhe adequadamente suas
funções, visto que é a base o componente responsável pela sustentação da camada de
acabamento.
Entretanto, nas primeiras fases do empreendimento, problemas de fissuração do
substrato puderam ser flagrados, como mostrado nas figuras 47 e 48.
Figuras 47 e 48: Excesso de fissuras no substrato. (Fonte: Acervo do autor)
A principal causa para este problema é o sarrafeamento da argamassa de emboço antes
do tempo ideal. O tempo de sarrafeamento é determinado pelo período necessário para o
endurecimento da argamassa, de forma que o sarrafeamento não prejudique a aderência
da mesma.
Além disso, outra falha também pode ser observada, a não remoção das taliscas
utilizadas no processo de nivelamento do emboço. A figura 56 comprova a afirmação.
97
Figura 49: Presença de grande quantidade de taliscas no
substrato. (Fonte: Acervo do autor)
As taliscas de material cerâmico esmaltado devem ser retiradas logo após o término do
emboço e, em hipótese alguma, pode-se executar o revestimento cerâmico sem a
remoção das mesmas, pois, elas dificultam a aderência da argamassa colante à base.
8.3.2) Desplacamento
Aproximadamente três meses antes da entrega da fase 1, uma patologia tornou-se
flagrante, principalmente no bloco 2, o desplacamento.
Inúmeros apartamentos ficaram prejudicados por este problema, que acarretou em
retrabalho, diminuição da produtividade, desperdício, maior geração de resíduos, entre
outros aspectos negativos.
As figuras 50 e 51 exemplificam o que foi descrito acima.
98
Figuras 50 e 51: Desplacamento de cerâmica no bloco 2. (Fonte: Acervo do autor)
Com base nas tabelas de controle da obra, conclui-se que, aproximadamente 1577 m²
foram perdidos, o que corresponde a R$16.560,00. Esta é a quantidade necessária para
revestir as paredes de 16 apartamentos.
Vale ressaltar que estes números não representam apenas as placas problemáticas, tendo
em vista que, ao removê-las, muitas vezes, outras acabavam sendo perdidas.
A tabela 15, detalha o que foi tratado acima, expondo a real dimensão do problema.
Tabela 15: Cerâmicas perdidas devido ao desplacamento.
(Fonte: Tabela de controle elaborada pelo autor)
Apartamento Perda (placas) Área (m²) Custo (R$) Apartamento Perda (placas) Área (m²) Custo (R$)
1801 0 0 -R$ 1802 0 0 -R$
1701 2 0,32 3,36R$ 1702 3 0,48 5,04R$
1601 1 0,16 1,68R$ 1602 1 0,16 1,68R$
1501 1 0,16 1,68R$ 1502 1 0,16 1,68R$
1401 8 1,28 13,44R$ 1402 6 0,96 10,08R$
1301 3 0,48 5,04R$ 1302 0 0 -R$
1201 93 14,88 156,24R$ 1202 1 0,16 1,68R$
1101 98 15,68 164,64R$ 1102 0 0 -R$
1001 1 0,16 1,68R$ 1002 0 0 -R$
901 98 15,68 164,64R$ 902 0 0 -R$
801 380 60,8 638,40R$ 802 367,6875 58,83 617,72R$
701 514 82,21 863,21R$ 702 0 0 -R$
601 385 61,55 646,28R$ 602 0 0 -R$
501 285,4375 45,67 479,54R$ 502 0 0 -R$
401 379,6875 60,75 637,88R$ 402 378,6875 60,59 636,20R$
301 387,6875 62,03 651,32R$ 302 373,6875 59,79 627,80R$
201 367,6875 58,83 617,72R$ 202 380,6875 60,91 639,56R$
101 367,6875 58,83 617,72R$ 102 92,25 14,76 154,98R$
Coluna 1 Coluna 2
99
Ao analisar o motivo do desplacamento, percebeu-se que em algumas placas não foi
executada a dupla colagem, pois o tardoz das mesmas não apresentava argamassa
colante.
Outra causa da patologia pode ter sido a exposição da argamassa colante por muito
tempo na parede, antes do assentamento das placas, o que não permite a perfeita
aderência entre esses componentes.
As falhas na execução do substrado, citadas anteriormente, também podem ter sido
determinantes para a ocorrência deste problema mais grave.
Além disso, como flagrado na figura 58, o desempeno da argamassa colante ocorreu na
vertical, o que também não é o ideal para a aderência das placas.
8.3.3) Dimensionamento de Material
Passada a fase de retirada das placas problemáticas, outra falha ficou nítida, a má
administração do material. Pois, quando precisou-se da cerâmica de reposição,
praticamente não havia material para reposição..
Foi necessário solicitar o material destinado a fase 2 para que o serviço não fosse
paralisado e fazer um novo pedido para pagar o empréstimo.
Apartamento Perda (placas) Área (m²) Custo (R$) Apartamento Perda (placas) Área (m²) Custo (R$)
1703 6 0,96 10,08R$ 1704 2 0,32 3,36R$
1603 4 0,64 6,72R$ 1604 2 0,32 3,36R$
1503 1 0,16 1,68R$ 1504 4 0,64 6,72R$
1403 4 0,64 6,72R$ 1404 10 1,6 16,80R$
1303 0 0 -R$ 1304 - 0 -
1203 0 0 -R$ 1204 7 1,12 11,76R$
1103 1 0,16 1,68R$ 1104 5 0,8 8,40R$
1003 370,6875 59,31 622,76R$ 1004 0 0 -R$
903 367,6875 58,83 617,72R$ 904 367,6875 58,83 617,72R$
803 0 0 -R$ 804 287,4375 45,99 482,90R$
703 367,6875 58,83 617,72R$ 704 367,6875 58,83 617,72R$
603 0 0 -R$ 604 367,6875 58,83 617,72R$
503 5 0,8 8,40R$ 504 91,25 14,6 153,30R$
403 7 1,12 11,76R$ 404 371,6875 59,47 624,44R$
303 279,4375 44,71 469,46R$ 304 373,6875 59,79 627,80R$
203 92,25 14,76 154,98R$ 204 374,6875 59,95 629,48R$
103 369,6875 59,15 621,08R$ 104 373,6875 59,79 627,80R$
Coluna 3 Coluna 4
Total 1577,22 16.560,81R$
100
Esta situação foi extremamente prejudicial, pois, fez com que a obra tivesse de conviver
com diversas tonalidades de placas cerâmicas, tornando o controle do serviço bem mais
complexo.
8.3.4) Lições aprendidas
Após vivenciar estes problemas nas primeiras torres da obra, algumas lições foram
aprendidas de modo a não repetir os mesmos erros.
Ficou nítido que o serviço de revestimento cerâmico precisava ser entendido como um
sistema e o grau de rigor no controle de execução de todos os seus componentes
precisava ser bastante elevado.
Se o serviço de emboço tivesse sido melhor inspecionado e ações tivessem sido tomadas
perante as falhas apresentadas, talvez o prejuízo não fosse tão grande.
Da mesma maneira, se a execução da camada de acabamento tivesse sido acompanhada
de perto, poderia ter sido possível evitar erros, como: a falta de dupla colagem,
exposição da argamassa colante na parede por muito tempo, desempeno de forma
errada, entre outros.
Um outro ponto que precisou melhorar foi o controle de material. A cada retirada de
material do depósito precisava-se fazer uma previsão, a fim de verificar a necessidade
de um novo pedido e, assim, preservar a reserva técnica.
Além disso, alguma ação mais profunda precisava ser tomada, a fim de conscientizar os
profissionais que executavam o serviço, os treinamentos precisavam ser levados a sério,
a política de qualidade e as práticas de sustentabilidade deviam ser expostas de maneira
que suas ideias ficassem vivas no canteiro e realmente fossem praticadas.
8.2) Bloco 5 – Aplicação do Aprendizado
Após os problemas já mencionados, foi dedicada maior atenção ao serviço de
revestimentos cerâmicos, visando evitar a experiência vivenciada no bloco 2. Para
comprovar esta afirmativa, foi realizada uma simulação de auditoria de todo o processo,
baseada nos princípios do PBQP-H, da ISO 14001, da CONAMA 307 e dos
101
procedimentos da empresa construtora, a fim de identificar as principais medidas que
contribuem para a qualidade e sustentabilidade do revestimento cerâmico.
A busca por qualidade dos revestimentos cerâmicos deve estar em pauta desde a
contratação da mão-de-obra. Portanto, este aspecto foi o primeiro a ser analisado.
Para pertencer ao cadastro de fornecedores da empresa, a prestadora do serviço deve
preencher o Questionário de Qualificação para Cadastro, que será avaliado pelo
Departamento de Suprimentos.
Então, foi solicitado este questionário preenchido pela empresa fornecedora do serviço
no bloco 5. O mesmo foi apresentado, comprovando o atendimento ao item 7.4.1.1. do
PBQP-H, o qual determina as principais diretrizes para o processo de qualificação dos
fornecedores.
Na obra, é praticada a avaliação de fornecedores, através de notas que variam de 0 a
100. A qualidade é um dos critérios. Esta avaliação é mensal e fica registrada no sistema
SAP.
A figura 52 mostra a avaliação do mês de dezembro da empresa que executa o
revestimento cerâmico do bloco 5.
Figura 52: Avaliação do fornecedor do serviço de revestimento cerâmico do bloco 5.
(Fonte: Sistema de avaliação de fornecedores da construtora em questão)
102
Como pode ser visto, o fornecedor foi bem avaliado em todos os quesitos e ficou
comprovado o atendimento ao item 7.4.1.2. do PBQP-H, o qual determina que a
empresa construtora deve estabelecer, de maneira evolutiva, critérios para avaliar o
desempenho dos fornecedores de material e serviço.
Após a avaliação no sistema, a obra expõe esses resultados, como mostra a figura 53.
Figura 53: Mural de avaliação de fornecedores. (Fonte: Acervo do autor)
Esta boa prática estimula uma competição sadia entre as empresas, já que o mural de
avaliação é um ótimo cartão de visitas para as empreiteiras.
Na obra em questão, duas empresas executavam os revestimentos cerâmicos, o bom
resultado de uma estimulava o aprimoramento da outra e, com isso, a qualidade do
serviço se tornava cada vez mais o objetivo principal dos profissionais.
Em seguida, deu-se continuidade à vistoria indo a campo para observar a execução dos
serviços. Nesta fase é extremamente importante fazer uma análise do cumprimento do
procedimento determinado pela empresa construtora e pela norma técnica. Além disso,
é fundamental entrevistar o profissional que está executando o serviço, a fim de
comprovar que o mesmo conhece o procedimento, tem consciência da política de
qualidade da empresa e verificar se o operário recebeu treinamento.
Foi visitado o apartamento 1301 do bloco 5, onde um profissional encontrava-se
executando o revestimento cerâmico das paredes do banheiro da suíte master. Neste
local, pode-se observar as ferramentas e o material utilizados pelo ladrilheiro, como
exposto pela figura 54.
103
Figura 54: Ferramentas e equipamentos utilizados pelo ladrilheiro.
(Fonte: Acervo do autor)
Ficou constatado que o profissional possuia os equipamentos adequados para marcação
do nível de partida, corte das placas cerâmicas, preparo da argamassa, assentamento e
limpeza das placas cerâmicas.
Ao entrevistá-lo, ele foi capaz de detalhar todas as etapas do procedimento, destacando
a importância de utilizar o tubo dosador padrão no peparo da argamassa e esperar o
tempo de repouso da mesma; frisou que procura deixar as peças cortadas antes do
início do assentamento; não aplica argamassa em grandes áreas da parede, a fim de
evitar que a mesma fique muito tempo em aberto e utiliza espassadores para garantir a
uniformidade das juntas.
As figuras 55 a 62 comprovam a correta execução do revestimento.
104
Figura 55: Nível de partida marcado na parede.
(Fonte: Acervo do autor)
Figura 56: Corte das placas com equipamento adequado.
(Fonte: Acervo do autor)
105
Figura 57: Preparo da argamassa.
(Fonte: Acervo do autor)
Figura 58: Aplicação da argamassa colante na parede.
(Fonte: Acervo do autor)
106
Figura 59: Aplicação da argamassa colante no tardoz da placa.
(Fonte: Acervo do autor)
Figura 60: Assentamento da placa.
(Fonte: Acervo do autor)
107
Figura 61: Utilização do martelo de borracha
para posicionamento da placa. (Fonte: Acervo do
autor)
Figura 62: Utilização de espaçadores.
(Fonte: Acervo do autor)
Dessa forma, foi verificado o cumprimento do procedimento de Revestimento Cerâmico
com Argamassa Colante para Paredes [33], elaborado pela própria empresa e,
108
consequentemente, comprovou-se o atendimento ao item 7.5.1.1. Controle dos serviços
de execução controlados [52] do PBQP-H.
Ao perguntar se o profissional recebeu treinamento, a resposta foi positiva. Segundo o
operário, foi apresentado a ele o procedimento de execução de revestimentos cerâmicos
da empresa, foi explicada a política de qualidade, práticas de segurança e de segregação
de resíduos.
Posteriormente, na sala de engenharia, foi verificado o registro deste treinamento, já que
isto também é uma exigência do item 6.2.2 do PBQP-H e do item 4.4.2 da ISO 14001.
As figuras 63, 64 e 65 expõem o registro deste treinamento.
Figura 63: Registro de treinamento e conteúdo programático.
(Fonte: Sistema de registro de treinamento da construtora em questão)
REGISTRO DE TREINAMENTO
109
Figura 64: Lista de participantes do treinamento. (Fonte: Sistema de registro de treinamento da construtora em questão)
Figura 65: Avaliação da eficácia. (Fonte: Sistema de registro de treinamento da construtora em
questão)
Dessa forma, ficou comprovado o atendimento ao item 6.2.2 - Competência,
conscientização e treinamento do PBQP-H, bem como ao item 4.4.2 da ISO 14001,
visto que também havia registro de treinamento em gestão de resíduos.
Em seguida, foram verificadas as práticas do almoxarifado. Neste local, é utilizado um
caderno de rastreamento de cerâmica, a fim de exercer um controle do material liberado
110
para execução. As principais funções deste caderno são registrar as tonalidades
utilizadas nos ambientes e quantificar a perda de cerâmica.
A seguir pode-se observar o caderno de rastreamento utilizado na obra.
Figura 66: Capa do caderno de rastreamento de cerâmica.
(Fonte: Foto tirada pelo próprio autor)
Figura 67: Página do caderno referente ao apartamento visitado. (Fonte: Acervo do autor)
Foi observado que a tonalidade utilizada na execução do serviço estava compatível com
a que foi lançada no caderno, portanto, foi constatado o correto preenchimento do
mesmo, comprovando o cumprimento do item 7.5.3.2 Rastreabilidade do PBQP-H.
111
Em seguida, o depósito de cerâmica foi analisado, a fim de julgar as condições de
armazenamento do material. As figuras 68, 69 e 70 expõem a situação encontrada.
Figuras 68 e 69: Placa de identificação e visão geral do depósito de cerâmica.
(Fonte: Acervo do autor)
Figura 70: Material identificado de acordo com modelo e tonalidade.
(Fonte: Acervo do autor)
Observando as imagens, comprova-se o atendimento ao item 7.5.5 Preservação do
produto do PBQP-H, pois, tanto o depósito quanto o material encontravam-se
devidamente identificados; as placas cerâmicas estavam paletizadas, respeitando o
máximo de dois palets sobreposos e abrigadas em local seco e coberto.
O bom armazenamento das placas contribui para a qualidade do serviço, já que preserva
as características necessárias para o bom desempenho do material. Além disso, esta
112
prática é determinante para a minimização das perdas por quebra ou deterioração no
depósito, portanto, também proporciona maior sustentabilidade.
Ainda havia uma reserva técnica em local separado, como orienta o procedimento de
Pedido, Recebimento, Verificação e Controle de Materiais em obra [29].
Figura 71: Reserva técnica de cerâmica. (Fonte: Acervo do autor)
Em seguida, iniciou-se a avaliação das fichas de verificação de serviço e material.
Foi solicitada a FVS do apartamento 1201, pois neste local foi flagrada mistura de
tonalidades em uma das paredes, como mostram as figuras 72 e 73.
113
Figuras 72 e 73: Mistura de tonalidades. (Fonte: Acervo do autor)
As peças marcadas eram nitidamente de outra tonalidade, portanto, isso precisava estar
registrado na ficha de verificação de serviço. E foi o que ocorreu, como comprovado
pelas figuras 74 a 77.
Figura 74: Ficha de verificação de serviço do apartamento 1201.
(Fonte: Acervo do autor)
114
Figura 75: Registro da não conformidade em destaque.
(Fonte: Acervo do autor)
Figura 76: Item não conforme em destaque.
(Fonte: Acervo do autor)
Figura 77: Descrição da não conformidade e solução proposta em destaque.
(Fonte: Acervo do autor)
A verificação do serviço é um item importantíssimo, pois, esta prática permite avaliar se
o revestimento cerâmico está dentro dos parâmetros de qualidade, desde a execução até
o serviço acabado.
Posteriormente, para analisar a correta verificação das placas cerâmicas recebidas,
foram coletadas cinco notas fiscais deste material na portaria da obra. Em seguida,
solicitou-se as fichas de verificação de material referentes àquelas notas.
115
Uma das fichas é mostrada a seguir.
Figura 78: FVM de cerâmica corretamente preenchida.
(Fonte: Acervo do autor)
Além disso, foi possível presenciar o recebimento das placas cerâmicas e confirmar que
o processo de verificação é corretamente praticado. Esta ação permite que lotes com
muitas peças danificadas sejam recusados, evitando prejuízos que a entrada de grande
quantidade de peças problemáticas pode proporcionar. Portanto, é uma ação sustentável
do ponto de vista econômico.
A figura 79 expõe o processo de verificação do material.
116
Figura 79: Verificação do material recebido.
(Fonte: acervo do autor)
Como foi comprovado pelo correto preenchimento das FVS, FVM e pela análise do
recebimento do material, os itens 8.2.3 e 8.2.4 do PBQP-H, que trata da inspeção e
monitoramento de materiais e serviços, também foram atendidos.
Por fim, avaliou-se o controle da geração de resíduos cerâmicos da obra, através da
análise do Registro Mensal da Gestão de Resíduos, documento elaborado pela empresa
construtora, o qual é capaz de informar a quantidade de material descartado e rastrear a
origem ou natureza deste material.
A figura 80 demonstra o que foi explicado.
117
Figura 80: Registro Mensal da Gestão de Resíduos. (Fonte: Controle da obra em questão)
118
Dessa forma, ficou comprovado o atendimento ao item 4.5.1 da ISO 14001, que trata do
monitoramento e medição das atividades que geram impactos ambientais. Além disso,
ficou explícito que os resíduos cerâmios, assim como de outros materiais de classe A,
são reciclados e podem ser reaproveitados como aterro, comprovando também o
atendimento à CONAMA 307.
Portanto, após a análise do processo de execução de revestimentos cerâmicos e das
várias atividades relacionadas ao mesmo, foi possível identificar uma série de práticas
que contribuem para a qualidade do produto final, além de outros aspectos que
proporcionam um serviço mais sustentável.
8.3) Bloco 5 – O Problema da Perda de Cerâmica e as Ações Compensatórias
8.3.1) A Perda de Cerâmica
Apesar da grande evolução do serviço de revestimento na obra, a perda de cerâmica no
bloco 5 foi algo extremamente impactante. Diariamente era possível observar imagens
como estas.
Figuras 81 e 82: Resíduos cerâmicos. (Fonte: Acervo do autor)
119
Além da perda já esperada, devido aos recortes necessários durante a execução, parte da
cerâmica foi desperdiçada antes mesmo de ser utilizada, devido ao transporte e
manuseio descuidado na obra. Esse fato é mostrado pela figura 83.
Figura 83: Cerâmicas perdidas devido ao tranporte e manuseio descuidado. (Fonte: Acervo do
autor)
A tabela de controle de cerâmica monitorou a perda das placas de diferentes
especificações. Esta tabela pode ser vista a seguir.
Tabela 16: Tabela de controle de perda de cerâmica. (Fonte: tabela de controle do próprio autor)
A placa de maiores dimensões apresentou índice de perda de aproximadmente 17%,
tornando necessária a elaboração de um pedido extra de cerâmica de 1275 m², o que
corresponde a R$13.387,50.
Este fato é explicado, pois quanto maior a placa, maior é a necessidade de recortes,
sendo assim, perde-se mais material. Para minimizar as perdas por recortes e
proporcionar um serviço mais sustentável, é fundamental que seja elaborado um projeto
de revestimento cerâmico, a fim de determinar o modelo ideal das placas cerâmicas, os
pontos de partida e as dimensões que otimizam a utilização das placas. Porém, na obra
em questão, não havia este projeto.
Para diminuir a perda por quedas no manuseio ou transporte é necessário utilizar
equipamentos adequados para esta atividade, como: carrinhos, cremalheiras ou
N° CAIXAS m² m² (s/ perda) PERDA
2226 4540,35 3887,56 16,79%
37 93,74 86,24 8,70%
47 120,32 110,94 8,46%
220 550,00 521,20 5,53%
40 100,00 94,90 5,37%
CERÂMICA
Cerâmica Cecrisa White Basic Lux 15x15cm
Cerâmica Cecrisa, Linha Alaska, Alaska WH, 45x45cm
Cerâmica Portinari, Linha Clean, White Plain Lux 33x45cm
Cerâmica Portinari, Linha Clean, White Plain Matte 33x45cm
Cerâmica Cecrisa White Basic Lux 20x20cm
120
empilhadeiras e gruas no caso de paletização. A figura 84 exemplifica a forma correta
de tranporte horizontal das placas cerâmicas.
Figura 84: Forma indicada de transporte horizontal de placas cerâmicas.
(Fonte: Acervo do autor)
8.3.2) Ações Compensatórias
Apesar da perda considerável de material, algumas práticas sustentáveis puderam ser
notadas na obra.
Após o serviço, eram separadas as placas recortadas que ainda poderiam ser
reutilizadas, como mostra a figura 85.
Figura 85: Separação de placas para reutilização. (Fonte: Acervo do autor)
121
Parte dessas placas era transportada para o pavimento imediatamente superior e
reutilizada no próprio serviço de revestimento cerâmico em locais específicos das
paredes, onde pudessem ser escondidos os lados recortados. Exemplos desses locais
são: entorno de vãos de portas, onde o alisar cobre parte da cerâmica; entorno de vãos
de janelas, pois a esquadria também é capaz de esconder o recorte; locais onde são
empregadas cantoneiras e locais encobertos pelo rebaixo de gesso.
Além disso, uma outra parcela do material era recortada em dimensões de
aproximadamente 2,5 x 7,5 cm e reaproveitada no taliscamento, etapa do processo de
revestimento em aragamassa que tem por objetivo proporcionar o nivelamento da
parede revestida. As figuras 86 e 87 exemplicam o que foi mencionado acima.
Figura 86: Cerâmicas cortadas para utilização no taliscamento.
(Fonte: Acervo do autor)
Figura 87: Reaproveitamento de placas cerâmicas no taliscamento.
(Fonte: Acervo do autor)
122
Outra prática de extrema importância do ponto de vista da sustentabilidade é a
segregação dos resíduos.
Já que o serviço de revestimento cerâmico tem grande geração de resíduos, colaborar
para que estes tenham o melhor destino possível é uma medida que compensa o alto
índice de perda deste material.
No empreendimento em estudo, os resíduos cerâmicos são segregados em caçambas
estacionárias devidamente identificadas, por tipo de material, como pode ser visto nas
figuras 88 e 89.
Figuras 88 e 89: Caçamba identificada e segregação evidenciada. (Fonte: Acervo do
autor)
Essas caçambas são coletadas e transportadas por empresas credenciadas até locais onde
é praticada a reciclagem do material cerâmico e do entulho em geral. A figura 90 expõe
a chegada do caminhão na central de reciclagem.
Figura 90: Transporte do material segregado [50].
123
Nas centrais de reciclagem, o material é triturado e, posteriormente, pode ser reutilizado
no enchimento de fundações e aterro de vias de acesso. Também é possível produzir
agregados, como areia, brita e bica corrida, os quais podem ser aplicados na contenção
de encostas, canalização de córregos e uso em argamassas e concreto. Além disso, pode-
se produzir blocos, tubos para drenagem e placas.
A seguir, pode-se observar imagem que retrata o material gerado pela reciclagem do
entulho da construção civil.
Figura 91: Material gerado após reciclagem dos resíduos classe A [50].
Segundo a Help Rio [50], empresa especializada na coleta, transporte e reciclagem de
materiais de construção civil, a produção de agregados a partir do entulho pode gerar
economia de quase 80% em relação aos preços dos agregados convencionais.
Portanto, é uma prática sustentável do ponto de vista ambiental, por evitar que os
resíduos cerâmicos poluam o ambiente e também se aplica ao aspecto econômico, já que
gera um material consideravelmente mais barato.
124
8.4) Considerações Finais
Após diversos problemas com os revestimentos cerâmicos de parede do bloco 2, ficou
clara a importância de encarar o serviço como um sistema, devido às fortes influências
que cada componente exerce no produto final. Além disso, o monitoramento de cada
processo que envolve está atividade também demonstrou alto grau de relevância.
Depois da experiência negativa da fase inicial da obra, observou-se grande evolução do
serviço no bloco 5. As práticas do Sistema de Gestão da Qualidade e Ambiental que
envolvem esta atividade puderam ser observadas, como prova de que o foco na
qualidade e sustentabilidade esteve presente desde a contratação de fornecedores de
material e serviço até a geração do produto final.
Além disso, apesar dos altos índices de perda de cerâmica no bloco 5, principalmente
devido à falta de um projeto de revestimento, foram identificadas medidas adotadas na
obra capazes de atenuar este problema, como: reaproveitamento de cerâmicas recortadas
para aplicação em locais específicos, utilização no taliscamento, segregação dos
resíduos, reciclagem dos mesmos e reutilização como agregados, aterro, pavimentação
etc.
125
9) Conclusão
Após a realização do presente estudo, pôde-se concluir que qualidade e sustentabilidade
estão integrados, são dois aspectos que devem estar sempre alinhados. A execução dos
revestimentos cerâmicos de parede respeitando os procedimentos de qualidade evita
patologias que acarretam em desperdício e retrabalho, portanto, contribui para um
serviço mais sustentável.
Para obter plena qualidade, é fundamental conhecer as normas técnicas e praticar suas
regulamentações, a fim de proporcionar um produto que desempenhe suas funções
adequadamente, seja durável e agregue valor estético ao ambiente.
Para desenvolver um revestimento cerâmico de forma sustentável, o projeto é uma
ferramenta fundamental. Através deste é possível determinar as especificações
adequadas a cada ambiente a ser revestido; definir as dimensões ideais das placas, a fim
de otimizar a utilização das mesmas e diminuir as perdas por recorte; além de
proporcionar um serviço muito mais produtivo.
Além disso, as ações de reaproveitamento dos resíduos também são práticas
importantíssimas para obtenção de sustentabilidade. A reutillização no taliscamento e a
reciclagem dos resíduos para retorno em forma de aterro ou agregados mais baratos são
práticas que atenuam o desperdício de material, sendo sustentáveis tanto no aspecto
ambiental quanto no âmbito econômico.
Entretanto, implantar as ideias de qualidade e sustentabilidade num setor que utiliza
cada vez mais mão de obra terceirizada, a qual é remunerada por produtividade, é algo
extremamente complexo.
Para vencer este desafio, é preciso que o serviço de revestimento cerâmico esteja
inserido em sistemas de gestão de qualidade e ambiental. Através destes sistemas, é
estabelecida uma série de procedimentos, os quais contribuem para desenvolver formas
de inspeção de serviço e material, avaliação dos fornecedores do serviço, gestão dos
resíduos e até mesmo disseminar os principais conceitos de qualidade e sustentabilidade
dentro do canteiro.
126
Enfim, como pôde ser observado neste estudo, as práticas de qualidade e
sustentabilidade na atividade de revestimento cerâmico de parede são capazes de gerar
ganhos inestimáveis para todos os envolvidos com este serviço.
A prova concreta desta afirmação é o estudo de caso exposto no presente trabalho, onde
foi mostrado que, se o serviço fosse executado de acordo com as diretrizes das normas
técnicas e dos procedimentos, talvez, R$ 16.560,00 pudessem ter sido economizados na
fase 1. E, se um projeto de revestimento tivesse sido elaborado, sem dúvida o índice de
perda na fase 3 seria bem menor que os 17%.
Em suma, a prática deste serviço com qualidade e sustentabilidade gera um produto sem
grandes patologias, proporciona ganhos econômicos, diminui o impacto ambiental,
fortalece a marca da empresa construtora e leva credibilidade a empresa fornecedora do
serviço.
Futuramente, pretende-se desenvolver um estudo que permita quantificar os ganhos
proporcionados pelas práticas descritas no presente trabalho. Este estudo ocorrerá a
partir dos indicadores de performance que, se monitorados, possibilitam a
materialização dos ganhos de qualidade e sustentabilidade no serviço em questão.
127
10) Bibliografia
1. ANFACER. A História da Cerâmica. [Online] [Citado em: 18 de Setembro de
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