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INTRODUÇÃO A adolescência, estágio crítico do desenvolvimento humano, envolve a travessia de conflitos biológicos e psicossociais e deve receber especial atenção de políticas de saúde. 1 Um aspecto relevante nessa fase é a sexualidade, que comumente assume o primeiro plano na vida do adolescente, 2 tendência que contrasta com a grande ingenuidade e o déficit de conhecimento dos jovens com relação à saúde sexual, levando à maior susceptibilidade a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e à gravidez precoce. 3 Essa vulnerabilidade se expõe claramente em estatísticas globais e regionais: os mais baixos índices de uso do preservativo nas relações sexuais são entre 15 e 19 anos; metade das novas contaminações do vírus HIV no mundo é de jovens entre 15 e 24 anos. 4 A cidade de Juiz de Fora concentra índices relativamente altos da doença, sendo atualmente o segundo município mineiro com maior número de casos residentes (8,1% de toda a população mineira contaminada). 5 Nesse contexto, surge a iniciativa do Projeto Saber Viver: educação sexual a escolares adolescentes. OBJETIVOS Almeja-se atender à considerável necessidade de trabalhos de educação sexual no âmbito da promoção de saúde pública em Juiz de Fora. O projeto se estende ao campo da pesquisa, procurando esboçar o perfil dos jovens juizforanos quanto a condutas e conhecimentos em saúde sexual. METODOLOGIA O projeto vem promovendo palestras educativas desde o ano de 2012, tendo como público alvo alunos do 9º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas do município, fase escolar que concentra a faixa etária em que majoritariamente se inicia a vida sexual dos brasileiros. 6 Os eventos são ministrados pela ginecologista e obstetra Dra. Denise Gasparetti Drumond, professora da Universidade, com o auxílio de dois acadêmicos da Faculdade de Medicina da UFJF, e abordam as principais DSTs, métodos preventivos e planejamento familiar. Considerando que a efetividade da ação depende do engajamento e motivação dos jovens, 2 é desenvolvida pelos acadêmicos uma apresentação musical após cada palestra, abordando temática relacionada de maneira lúdica e envolvente. Após recente aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, será iniciada ainda a aplicação de questionários relacionados ao tema, procurando esboçar o perfil dos jovens juizforanos quanto aos indicadores mencionados. RESULTADOS Além de uma experiência sensivelmente rica para os acadêmicos bolsistas, o projeto tem recebido feedback bastante favorável do público-alvo, que demonstra interesse e participa das discussões com empenho e atenção. CONCLUSÕES O Projeto Saber Viver visa promover no adolescente o bem-estar na vivência de sua sexualidade, a preocupação com o auto-cuidado e a autonomia de decisão sobre práticas saudáveis. 6 Espera ainda reduzir os índices de DSTs e gravidez indesejadas em Juiz de Fora. Por fim, visa se estender ao campo da pesquisa, a fim de fornecer contribuições acadêmicas ao município e fomentar a condução de futuros programas na área, na franca convicção de que levar a saúde ao âmbito educativo é levar educação às práticas de saúde dos estudantes. Sexualidade e Saúde na Adolescência: A AÇÃO DO PROJETO SABER VIVER EM JUIZ DE FORA - MG BISCOTTO IA*, FARANI JB*, DRUMOND DG** Referências [1] BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Orientação Sexual. Brasília, 1998. [2] GOMES, C. M.; HORTA, N. C. Promoção de Saúde do Adolescente em Âmbito Escolar. Revista APS, 13ª ed, Juiz de Fora, 2010. [3] LLOYD, C. B. (ed). Growing up Global: The Changing Transitions to Adulthood in Developing Countries. Washington, D.C., The National Academies Press, 2005. [4] UNAIDS. Focus - HIV and young people: the threat for today’s youth. In: Report on the global Aids epidemic 2004. [5] MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 1º Boletim Epidemiológico DST/Aids- Minas Gerais. Belo Horizonte, 2007. [6] CAMARGO, E. A. I. et al. Adolescentes: conhecimentos sobre sexualidade antes e após a participação em oficinas de prevenção. Ciência e Saúde Coletiva, 14ª ed, 2009. “É preciso ter cuidado Para mais tarde não sofrer É preciso saber viver! Se o bem e o mal existem Você pode escolher É preciso saber viver!” (Roberto Carlos) * Acadêmicos do 5º Período da Faculdade de Medicina da UFJF. Contatos: [email protected]; [email protected] ** Doutora em Ginecologia e Obstetrícia pela UFMG; Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da UFJF. Contato: [email protected] “A saúde sexual também deveria ser considerada como um direito humano básico.” (OMS, 1975)

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Page 1: INTRODUÇÃO A adolescência, estágio crítico do desenvolvimento humano, envolve a travessia de conflitos biológicos e psicossociais e deve receber especial

INTRODUÇÃO

A adolescência, estágio crítico do desenvolvimento humano, envolve a travessia de conflitos biológicos e psicossociais e deve receber especial atenção de políticas de saúde.1

Um aspecto relevante nessa fase é a sexualidade, que comumente assume o primeiro plano na vida do adolescente,2 tendência que contrasta com a grande ingenuidade e o déficit de conhecimento dos jovens com relação à saúde sexual, levando à maior susceptibilidade a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e à gravidez precoce.3

Essa vulnerabilidade se expõe claramente em estatísticas globais e regionais: os mais baixos índices de uso do preservativo nas relações sexuais são entre 15 e 19 anos; metade das novas contaminações do vírus HIV no mundo é de jovens entre 15 e 24 anos.4

A cidade de Juiz de Fora concentra índices relativamente altos da doença, sendo atualmente o segundo município mineiro com maior número de casos residentes (8,1% de toda a população mineira contaminada).5 Nesse contexto, surge a iniciativa do Projeto Saber Viver: educação sexual a escolares adolescentes.

OBJETIVOS

Almeja-se atender à considerável necessidade de trabalhos de educação sexual no âmbito da promoção de saúde pública em Juiz de Fora. O projeto se estende ao campo da pesquisa, procurando esboçar o perfil dos jovens juizforanos quanto a condutas e conhecimentos em saúde sexual.

METODOLOGIA

O projeto vem promovendo palestras educativas desde o ano de 2012, tendo como público alvo alunos do 9º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas do município, fase escolar que concentra a faixa etária em que majoritariamente se inicia a vida sexual dos brasileiros.6

Os eventos são ministrados pela ginecologista e obstetra Dra. Denise Gasparetti Drumond, professora da Universidade, com o auxílio de dois acadêmicos da Faculdade de Medicina da UFJF, e abordam as principais DSTs, métodos preventivos e planejamento familiar.

Considerando que a efetividade da ação depende do engajamento e motivação dos jovens,2 é desenvolvida pelos acadêmicos uma apresentação musical após cada palestra, abordando temática relacionada de maneira lúdica e envolvente.

Após recente aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, será iniciada ainda a aplicação de questionários relacionados ao tema, procurando esboçar o perfil dos jovens juizforanos quanto aos indicadores mencionados.

RESULTADOS

Além de uma experiência sensivelmente rica para os acadêmicos bolsistas, o projeto tem recebido feedback bastante favorável do público-alvo, que demonstra interesse e participa das discussões com empenho e atenção.

CONCLUSÕES

O Projeto Saber Viver visa promover no adolescente o bem-estar na vivência de sua sexualidade, a preocupação com o auto-cuidado e a autonomia de decisão sobre práticas saudáveis.6 Espera ainda reduzir os índices de DSTs e gravidez indesejadas em Juiz de Fora.

Por fim, visa se estender ao campo da pesquisa, a fim de fornecer contribuições acadêmicas ao município e fomentar a condução de futuros programas na área, na franca convicção de que levar a saúde ao âmbito educativo é levar educação às práticas de saúde dos estudantes.

Sexualidade e Saúde na Adolescência: A AÇÃO DO PROJETO SABER VIVER EM JUIZ DE FORA - MG

BISCOTTO IA*, FARANI JB*, DRUMOND DG**

Referências[1] BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: Orientação Sexual. Brasília, 1998.[2] GOMES, C. M.; HORTA, N. C. Promoção de Saúde do Adolescente em Âmbito Escolar. Revista APS, 13ª ed, Juiz de Fora, 2010.[3] LLOYD, C. B. (ed). Growing up Global: The Changing Transitions to Adulthood in Developing Countries. Washington, D.C., The National Academies Press, 2005. [4] UNAIDS. Focus - HIV and young people: the threat for today’s youth. In: Report on the global Aids epidemic 2004.[5] MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. 1º Boletim Epidemiológico DST/Aids- Minas Gerais. Belo Horizonte, 2007.[6] CAMARGO, E. A. I. et al. Adolescentes: conhecimentos sobre sexualidade antes e após a participação em oficinas de prevenção. Ciência e Saúde Coletiva, 14ª ed, 2009.

“É preciso ter cuidadoPara mais tarde não sofrer

É preciso saber viver!

Se o bem e o mal existemVocê pode escolher

É preciso saber viver!”

(Roberto Carlos)

* Acadêmicos do 5º Período da Faculdade de Medicina da UFJF. Contatos: [email protected]; [email protected] ** Doutora em Ginecologia e Obstetrícia pela UFMG; Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da UFJF. Contato: [email protected]

“A saúde sexual também deveriaser considerada como umdireito humano básico.”(OMS, 1975)