interview to dominio fei - edition no. 23 - apr-jun 2015

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Professor doutor Fábio do Prado

Reitor do Centro Universitário da FEI

Caros parceiros, caros leitores, caros colaboradores

3ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI 3

A última edição de nossa revista Domínio FEI foi habilmente introduzida pelas palavras do presidente de nossa Fundação Mantenedora – FEI, as quais gostaria de revisitar ao apresentar esta nova edição, comemorativa aos 10 anos de implantação do primeiro Programa de Pós-graduação Stricto Sensu da Instituição. Em sua conclu-são, Padre Theodoro Peters enfatiza: “Partilhando estas convicções, a comunidade acadêmica do Centro Universitário da FEI reafirma sua vocação inovadora desde a sua origem, ajudando na formação pessoal e profissional da juventude. (...) Inovadores nos estudos, nas pesquisas, nos laboratórios, projetos, protótipos e nas atitudes pessoais e profissionais, desenvolvendo as virtudes de atenção aos outros, consciência reta, cidadania clarividente, liderança perspicaz. Tornando-se facilitadores para o cami-nho a ser traçado, a pesquisa a ser implantada, a patente de produtos que só a pessoa formando-se bem é capaz de criar. Renovar a face da terra, transformar a sociedade, qualificar a vida é a autêntica Inovação, o projeto divino realizando-se pelas mãos e mentes humanas. Mãos à obra no atelier da Inovação. Mentes em busca das melhores opções”.

Estas palavras refletem com precisão, embebidas em alegria e poesia, o espírito da FEI ao celebrar este importante marco de uma rica história de excelência no ensino, de valorização da extensão como diálogo imprescindível com a sociedade e da certeza de que a pesquisa e a pós-graduação, nesta ordem, são irrenunciáveis para a boa formação e a geração de um conhecimento capaz de transformar social, econômica e tecnolo-gicamente o País. Esta última década, celebrada por nossa comunidade, representou um claro posicionamento institucional em favor da valorização de recursos humanos, da agregação de competências, da priorização de linhas de pesquisa estratégicas à sociedade, da publicação dos resultados das pesquisas e da transferência deste conhe-cimento aos diversos setores sociais.

Colhemos, com as estórias aqui contadas e os resultados aqui apresentados, os frutos de um projeto de desenvolvimento institucional pautado no valor da geração do conhecimento como elemento fundamental à qualificação do ensino e, consequente-mente, como um itinerário eficaz e eficiente de formar inovadores e empreendedores, mentes em busca das melhores opções e verdadeiros artesãos no atelier da inovação. Ao celebrar o sucesso do caminho trilhado e partilhá-lo com os nossos parceiros, reite-ramos nosso compromisso social e nossa compreensão de que o futuro sustentável se fará por meio de um diálogo franco e frutífero entre todos os agentes econômicos, políticos e sociais, correspondendo à academia a nobre tarefa de favorecer esta articu-lação em vista da busca de solução para os reais desafios da sociedade e do indivíduo. Apreciem mais esse capítulo de nossa história, narrada por seus próprios realizadores, que aponta para um horizonte real de universidade e de inovação. Boa leitura a todos!

Editorial

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Revista Domínio Fei Publicação do Centro

Universitário da FEI

Centro Universitário da FEICampus São Bernardo do Campo Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972 – Bairro Assunção

São Bernardo do Campo – SP – Brasil CEP 09850-901 – Tel: 55 11 4353-2901

Telefax: 55 11 4109-5994

Campus São Paulo Rua Tamandaré, 688 – Liberdade

São Paulo – SP – Brasil – CEP 01525-000 Telefax: 55 11 3274-5200

PresidentePe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J.

ReitorProf. Dr. Fábio do Prado

Vice-reitor de Ensino e Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Pavanello

Vice-reitora de Extensão e Atividades ComunitáriasProfª. Drª. Rivana Basso

Fabbri Marino

Conselho Editorial desta ediçãoProfessores doutores Ricardo Belchior Tôrres,

Carlos Eduardo Thomaz e Vagner Barbeta

Coordenação geralAndressa Fonseca

Comunicação e Marketing da FEI

Produção editorial e projeto gráficoCompanhia de Imprensa

Divisão Publicações

Edição e coordenação de redaçãoAdenilde Bringel (Mtb 16.649)

Reportagem Adenilde Bringel, Elessandra Asevedo,

Fabrício F. Bomfim (FEI)

FotosArquivo FEI e Leonardo Britos

Editoração eletrônicaMarcelo Moraes Alvares

Milena Bianchesi

expediente

CEnTRo UnIVERSITáRIo DA FEI

InSTITUIção ASSoCIADA à ABRUC

Tiragem: 18 mil exemplares

www.FEI.EdU.bR

“Grato pelo envio da edição número 22 (Janei-ro a Março de 2015) da Domínio FEI. Um pre-sente e um apelo à inovação. os reitores, com sua responsabilidade e incumbência do cargo (páginas 8-9) e os professores (páginas 10-11), desde o locus da aprendizagem, abordam o tema da inovação sob ângulos diversos, mas complementares. A gestão da universidade, por um lado, e a didática, núcleo duro da Instituição (aprendizagem e pesquisa), por outro, clamam por uma reflexão consequente, eficaz e inadiá-vel. São conceitos de uma instituição medieval que requerem revisão orgânica e contínua para que sejam válidos, hoje, em periodicidade cada vez mais curta. Daí a necessidade de indicado-res que ajudem a examinar se estamos sendo a universidade necessária para hoje e logo mais, em horizonte sempre renovável. Parabéns pela coragem de abrir os olhos e encabeçar as an-tecipações imprescindíveis. Desejo-lhes todo êxito.”

Antônio Gomes PereiraAdministrador de Empresas

“Gostaria de parabenizar a iniciativa e a quali-dade do conteúdo das entrevistas e reportagens da revista Domínio FEI, principalmente as rea-lizadas com ex-alunos atuando no mercado de trabalho, que tenho lido com frequência. nestes meus anos de experiência profissional até aqui, incluindo minha atual posição na Boeing, tenho total certeza e reconheço o valor que o curso do Centro Universitário da FEI me trouxe, com uma formação acadêmica sensacional, especialmen-te nas disciplinas de Resistência dos Materiais.”

Haroldo ChaconEngenharia Mecânica – Turma 2003

“Considero a revista Domínio FEI um veículo ex-celente para manter toda a família feiana atua-lizada sobre as atividades que ocorrem ou são desenvolvidas no domínio desta Instituição (em todas as suas especialidades) ou no cenário pro-fissional (pelos destaques de seus ex-alunos). Parabéns!”

Estebam RiveroEngenharia Química – Turma 1966

Fale com a redaçãoA equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção - S.B.Campo - SP CEP 09850-901, mande e-mail para [email protected] ou envie fax para o número (11) 4353-2901. Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. no entanto, nossa equipe agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação.

As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que citada a fonte. Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas antecipadamente à redação pelo [email protected].

Espaço do lEitor

4 ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI

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EnTREVISTAo engenheiro mecânico Luiz Carlos Cabral fez carreira na

área de ar condicionado e assumiu, em 2013, a presidência

da unidade da multinacional japonesa Daikin no Brasil

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18

DESTAqUE JoVEM• Ex-aluno de Ciência da Computação é diretor de soluções para Supply Chain na empresa de integração eletrônica Sintel

DESTAqUES• Seminatec discute os avanços na área de dispositivos eletrônicos• Engenharia Elétrica ganha acreditação do sistema ARCU-SUL• Empresa Júnior FEI comemora 15 anos de existência com festa• Inova FEI no campus São Paulo premia os melhores trabalhos • Congresso Brasileiro de Cerâmica reúne especialistas na área• Portas Abertas apresenta Instituição a estudantes do ensino médio• Evento discute os caminhos para melhorar a mobilidade urbana

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42 ARTIGo • Professor do Centro Universitário da FEI avalia a evolução da pesquisa em robótica, desde o começo dos anos 2000

RESPonSABILIDADE SoCIAL• Pesquisas desenvolvidas em diferentes cursos de pós-graduação stricto sensu da FEI visam atender a diferentes demandas sociais

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ESPECIAL• Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI) desenvolve pesquisas básicas e aplicadas às indústrias desde 1975

40PóS-GRAdUAçãoCentro Universitário da FEI comemora 10 anos de seu Programa de Pós-graduação Stricto Sensu com resultados considerados excelentes

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sumário

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s avanços alcançados nas aplica-ções de semicondutores, micro e nanotecnologias já beneficiam praticamente todas as áreas do

conhecimento, além de fa zerem parte do cotidiano de todas as pessoas por estarem presentes nos celulares, nos automóveis, na segurança e na saúde, entre muitos outros setores. Definida como estratégica pelo governo federal desde 2005, a área reúne estudos e projetos com semicondutores, dispositivos optoeletrônicos, sensores, micro e nanoestruturas, microssistemas, dispositivos e circuitos integrados.

Para promover as pesquisas no seg-mento e permitir a interação entre re pre -sentan tes de indústria, academia, centros de pesquisa e desenvolvimento, estudantes e pesquisadores, o Centro Universitário da FEI sediou, em abril, o X Workshop on Semi conductors and Micro & Nano Tech-nology (Seminatec), encontro realizado pela segunda vez no campus São Bernardo do Campo da Instituição. Durante o semi-nário foram discutidos os últimos avanços no setor, com apresentações de estudos que envolvem métodos de fabrica ção e aspectos relacionados a materiais e proje-tos, por meio de apresentação de pôsteres e palestras.

Segundo o professor doutor Marcelo Antonio Pavanello, vice-reitor de Ensino e Pesquisa da FEI e coordenador geral do evento, o encontro anual permite que as instituições apresentem os trabalhos que estão desenvolvendo e favorece a troca de experiências, colaborando para estimular o desenvolvimento de estudos conjuntos em

áreas correlatas. “O Semina tec possibilita, ainda, que estudantes que participam em diversos níveis de pesquisa consigam assis-tir a palestras de pesquisa dores renomados do País e do exterior, o que é muito raro porque, em geral, estes cientistas só se reúnem em congressos internacionais. Isso demonstra a importância deste encontro na FEI”, enfatiza.

O Centro Universitário se destaca na área pelos diversos estudos já desenvolvi dos ou em desenvolvimento, que apresen tam aperfeiçoamentos e inovações importan-tes. Parte desses estudos foi apresentada em forma de pôster no Semi na tec, de um total de 29 artigos de diferentes institui-ções. O professor doutor Salvador Pinillos Gimenez e o doutoran do em Enge nharia Elétrica Leonardo Navarenho de Souza Fino apresentaram o estudo ‘OCTO Layout Variations as an Alternative to Mitigate TID Effects’, que avalia o estilo de leiaute octogonal de porta, intitulado de OCTO, para a implementa ção de transistores de efeito de campo metal-óxido- semicondutor (MOSFET) em circui tos integrados, tanto analógicos como digitais, robustos aos efeitos das radiações io nizantes. “Este pa-râmetro elétrico es tá atrelado ao consumo de potência do dispositivo, principalmente na condição de stand-by, resultando na eco-nomia da bateria e suportando, inclusive, a miniatu rização dos dispositivos eletrônicos para aplicação em módulos eletrônicos automotivos, celulares e, principalmente, equipamentos médicos, além de aplicações aeroespaciais e satélites artificiais”, explica Leonardo Fino.

O artigo ‘MOS-Bipolar Pseudo-resistor Characterization – Circuit and Extraction Method’, do professor doutor Renato Gia co mini e do professor doutorando Pedro Benko, apresenta um novo método para realizar a mensuração de resistência ôhmica de uma determinada topologia de circuito MOS-Bipolar, denominado

pseudo-resistor, que apresenta valores ôhmicos extremamente elevados para uma faixa específica de tensão aplicada entre os seus terminais. O objetivo final do trabalho é a implantação de uma nova proposta de pré-amplificador para pré- formatar sinais biopotenciais, ins talado diretamente nos eletrodos-eletróli tos, com um mínimo de componentes ex ter nos. “Trata-se de um estudo com apli cação em âmbito comercial e social, pois a utilização em desenvol-vimentos de novos amplificadores para biopotenciais deve auxiliar em diagnósticos médicos e monitoramentos clínico e cirúr-gico”, acen tua o pesquisador Pedro Benko.

Para melhorar o desempenho e agregar funcionalidades aos equipamen-tos eletrôni cos sem aumentar a área necessária é preciso reduzir as dimensões dos transistores. No entanto, quando há miniaturização dos transistores, o dispo-sitivo deixa de apresentar seu comporta-mento esperado e surgem diversos efeitos indesejáveis, denomi nados short channel effects. O estudo ‘Short Channel Effects Comparison between Double and Triple Gate Junctionless Nanowire Transistors’, do professor doutor Marcelo Pavanello e da

Avanços em dispositivos eletrônicos e semicondutores Centro Universitário sedia seminário internacional que reúne palestras e pôsteres sobre a área

OProfessor doutor Marcelo Antonio Pavanello, da FEI

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Durante o Seminatec houve um workshop do INCT Namitec, projeto fomentado pelo CNPq, que apresentou o balanço sobre os quase cinco anos de atividades e conquistas do projeto, que vão desde a melhor integração entre os di versos grupos de pesquisa até resultados pontuais. Composto por diversas ins tituições, entre elas o Centro Universitá rio da FEI, o INCT Namitec é referência na co munidade de micro e nano eletrônica na cional e congregou o País inteiro em um esforço de sucesso na área. O INCT Namitec tem como objetivo fazer avan­çar a pesquisa e o desenvolvimento de sis temas micro, nanoeletrônicos e nanoeletromecânicos in teligentes para utilização em redes de sen sores incorporados e sistemas autoajustados, entre outros, com aplica ções em diferentes segmentos, como agri cul tura de precisão e telecomunicações. O instituto é composto por 124 pes qui sadores, sendo 46 contemplados com recursos do CNPq, e por 25 instituições de ensino espalhadas por 13 estados. O programa possui, ainda, cursos de cur ta duração e especialização e é responsável pela formação de 250 mestres, 100 doutores e 250 participações em iniciação científica. “Colaboramos com equipes e empresas nacionais e inter nacionais de pesquisa. A tradição de cooperação internacional com empresas lo cais demonstra o esforço na transferência de conhecimentos e de apoio para o desenvolvimento industrial do País”, explica o professor doutor Nilton Morimoto, da USP, um dos representantes do INCT.

mestranda em Engenharia Elétrica Bruna Cardoso Paz faz uma análise quantitativa desses efeitos, comparando duas arquitetu-ras diferentes (porta dupla e porta tripla, ambas tridimensionais) de um tipo de transistor inovador denominado nanofio.

RElEVânCIAO pro fessor dou tor Gustavo Dalpian, da

Uni ver sidade Fe deral do ABC, ministrou a palestra ‘Theory of resistive switching in memristors’; e o pro fes sor doutor Ed val San tos, da Universi dade Federal de Per -nam buco, o estudo ‘Smart sensor techno-logy for niche applications’. O professor

doutor Antonio Petraglia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, abordou o tra-balho ‘On- chip capacitance ratio measure-ment using a switched- capacitor filter’, e o profes sor doutor Gilson Inácio Wirth, da Universi da de Fe deral do Rio Grande do Sul, o es tudo ‘Reliability of MOS Devices and Cir cuits’. O professor doutor Ed mundo Gutiérrez Domínguez, do Ins ti tuto Na-cional de Astrofísica, Óptica y Elec trónica, do México, ministrou a palestra ‘Thermo-magnetic effects in nano scaled FET’s: cha-racterization, modelling and simulation’. Também foram apresentados trabalhos da Universidade de São Paulo e da Universida-

Avanços em dispositivos eletrônicos e semicondutores

o professor doutor Edmundo Gutiérrez, do Ins ti tuto nacional de Astrofísica, Óptica y Elec trónica, do México, ministrou palestra durante o evento

InCT namitec

de Estadual de Campinas, instituições que fizeram parte da organização. Na palestra da Tektronix, empresa que oferece soluções de teste e me dição, os destaques foram os desafios e as dificulda des que os pes-quisadores enfren tam ao fazer medições em baixa escala, como alto ampere, e as interferências como ruído, temperatura, cabeamento e am biente. Também foram apresentados equipamentos e técnicas para medições. “Como a FEI possui um centro de pesquisa com equipamentos de medição, é importante mostrar as aplicações e solu-ções”, explica Raphael Motta, engenheiro de aplicação da empresa.

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Entre os melhores do Mercosul Engenharia Elétrica é oterceiro curso do Centro Universitário certificado pelo Sistema ARCU-SUL

O Sistema ARCU-SUL tem por objetivo estabelecer parâ metros regionais de qualidade para cursos de ensino superior, a

fim de garantir a melhoria contínua na formação universitária por meio da pro-moção do desenvolvimento educacional, econômico, social, político e cultural dos países que integram o Mercado Comum do Sul (Mercosul). O curso de Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações do Centro Univer sitário da FEI é o mais recente da Instituição a conquistar o selo do Sistema de Acreditação Regional de Cursos Superiores dos Estados do Merco-sul e Estados Associados (Sistema ARCU- SUL). Em 2014, os cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia Têxtil já haviam recebido a certificação, que atesta a qua-lidade acadêmica também na Argentina, Bolívia, Colômbia, Venezuela, no Chile, Paraguai e Uruguai.

O reconhecimento é um parâmetro importante para a cooperação interna-cional com outras instituições de ensino superior, fomentando atividades cola-borativas e de mobilidade acadêmica de alunos e professores com os demais cursos acreditados no continente. “A certificação será um atrativo para estudantes das nações do Mercosul que desejam cursar a graduação no Centro Universitário da FEI. Além disso, representa o reconhe-cimento do governo brasileiro quanto à formação oferecida pelo curso de Enge-nharia Elétrica da Instituição”, afirma o professor doutor Renato Giacomini, chefe do Departamento de Engenharia Elétrica,

ao informar que há interesse de expandir a obtenção de acreditações internacionais de qualidade para países como Canadá e Estados Unidos.

Implantado em 2008, o Sistema ARCU-SUL outorga uma declaração de qualidade para a formação oferecida pe-las institui ções de ensino superior, como recurso para reconhecimento e credencia-mento das mesmas. Em 2009, o Sistema ARCU-SUL iniciou o primeiro ciclo para a acreditação dos cursos de Engenharia ministrados por universidades brasilei-ras. De adesão voluntária, a proposta permite a participação de instituições com, ao mínimo, 10 anos de existência, que desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão e participam do Sis-

tema Nacional de Avaliação de Educação Superior (Sinaes), com conceito igual ou superior a 4.

O processo de acreditação começa com a consideração de bons resultados alcan-çados no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE). Depois, o curso passa por uma avaliação rigorosa que inclui entrevistas com alunos, ex-alunos, corpo docente e pessoal técnico-admi-nistrativo. Além disso, uma comissão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), en-tidade reguladora desse processo no País, verifica junto a executivos do setor se as competências apresentadas pelos egressos estavam de acordo com as necessidades do mercado de trabalho.

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o ano 2000, quatro alunos da FEI tiveram a iniciativa de im-plantar uma empresa júnior no Centro Universitário, inspira-

dos por outras instituições de ensino superior, motivados pela falta de uma interação maior com empresas durante a graduação e com objetivo de ter possi-bilidades de vivência empresarial. A ideia deu certo e, 15 anos depois, a Júnior FEI se orgulha de seu crescimento e por ter se tornado um potencializador de carreiras que contribui para que jovens universi-tários adquiram experiência corporativa antes mesmo de se candidatarem à pri-meira vaga de emprego. Para celebrar essa e outras conquistas, membros da atual Júnior FEI e ex-alunos que fizeram parte da história da empresa se reuniram no dia 20 de março, no campus São Bernardo do Campo, para celebrar.

Júnior FEI comemora 15 anosCelebração de aniversário envolve retrospectiva, festa e planejamento para a nova gestão da empresa

A comemoração também foi marcada pela cerimônia de troca de gestão, quan-do os membros que assumiram a empresa neste ano apresentaram as expectativas e metas para o biênio 2015/2016. Na celebração, os 15 anos de história da Júnior FEI foram contados por diversos membros e ex-alunos que fizeram parte da empresa, como o engenheiro civil Felipe Sigollo, primeiro presidente da empresa júnior – hoje secretário adjunto do governo do Estado de São Paulo – que ficou admirado com a evolução e com os resultados  apresentados ao longo dos últimos anos. “Os números são impres-sionantes. Os alunos estão de parabéns e a FEI, que apoiou esse crescimento, também. Depois de 15 anos, ver esse pessoal entusiasmado, cheio de energia e motivação é muito gratificante”, destaca.

O aluno do 10º ciclo de Engenharia de Produção, Marcello Danelli, diretor de Re-cursos Humanos da Júnior FEI em 2012, contou como a experiência na empresa júnior  foi determinante para entrar no mercado de trabalho. O engenheiro lem-bra que participou de um processo seletivo em que apenas membros de empresas juniores poderiam se inscrever. “Acredito

que o diferencial tenha sido todos os en-sinamentos que a Júnior FEI me propor-cionou ao longo dos dois anos e meio em que passei na empresa. Pude relatar não só uma, mas várias experiências e desafios profissionais que vivenciei aqui na Júnior FEI, o que com certeza me ajudou a con-seguir a vaga”, acentua.

Presidente da Júnior FEI em 2013 e 2014, Matheus Martin Garcia destacou, entre as conquistas de sua gestão, o re-conhecimento e o apoio que a FEI tem dado à Junior FEI e a seus projetos. “A confiança que a Instituição deposita em nós é muito importante. Só o fato de ceder o nome FEI, que é muito reconhe-cido, é um diferencial incrível que essa gestão conseguiu trabalhar bem e que contribuiu para o sucesso dos nossos projetos”, enfatiza, ao passar o bastão ao novo presidente, Luis Felipe Ulian, que assumiu a função. O jovem lembra que, independentemente do cargo que se assume, participar de uma empresa júnior é um diferencial no currículo, principalmente pelo fato de que os par-ticipantes aprendem e se desenvolvem dentro do perfil  empreendedor que as empresas buscam.

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m uma ação inédita no Brasil, o Centro Universitário da FEI e o Centro Paula Souza, que pertence ao governo do Estado de São Paulo,

se uniram para premiar ideias inovadoras de professores de Escolas Técnicas (ETECs) que tinham como foco a inovação na educa-ção. Dividido nas categorias Empreendedo-rismo, Sustentabilidade e Inovação, o prê mio faz parte de um projeto com duas etapas posteriores, que envolvem a criação de plataforma online que reunirá as ideias mais inovadoras e um curso de capacitação para professores pré-selecionados.

A cerimônia de premiação da primeira etapa do projeto, que é o reconhecimento pelas ideias inovadoras, foi realizada em 23 de abril no campus São Paulo da FEI. O reitor do Centro Universitário, professor doutor Fábio do Prado, destaca a importân-cia do prêmio como um divisor de águas

FEI e Centro Paula Souza premiam projetos inovadoresProfessores de escolas técnicas foram destaques em três categorias

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em termos de parcerias por uma educação cada vez mais qualificada, que beneficia não só os agentes da educação, mas, princi-palmente, os alunos. “Desejamos que essa iniciativa seja a primeira de muitas outras parcerias, e que o prêmio sirva de estímulo para muitos outros professores que quei-ram aplicar inovações no ensino”, afirma.

O presidente da Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros, man-tenedora do Centro Universitário da FEI, Padre Theodoro Peters, enfatiza que a parceria é uma celebração da inteligência humana, pois são instituições que possuem uma sinergia inovadora nos estudos, nas pesquisas, nos laboratórios, projetos e nas atitudes pessoais e profissionais. “Todos queremos dar o nosso talento para a juven-tude, renovar a face da terra, transformar a sociedade, qualificar a vida – que é a autên-tica inovação –, e essa parceria é o primeiro passo para essas realizações”, declara.

Um dos idealizadores do prêmio, o professor doutor Edson Sadao, do Depar-tamento de Administração da FEI – campus São Paulo, acrescenta que a iniciativa é sem igual no País e deverá colaborar para a me-

A ideia de utilizar o Quick Response – QR Code (Código de Res­posta Rápida) em sala de aula foi o projeto idealizado pelo professor Alison da Rocha Alves, da ETEC zona sul – Extensão CEU (bairro Vila Rubi/SP), premiado com o primeiro lugar na categoria Inovação. No projeto ‘Ensinando com QR CODE’, o código de barras QR Code é disponibilizado pelo professor para que os alunos, usando aplicativos gratuitos, escaneiem o código através de aparelhos celulares e tablets. Após a decodificação, o código é direcionado a um conteúdo (textos, imagens, vídeos) cadastrado pelo docente. A tecnologia, que come­çou a ser usada em 2014, proporciona um melhor aproveitamento do tempo do professor com o aluno, assim como mais interação no aprendizado.

O idealizador lembra que essa iniciativa vem ressaltar e valorizar a relevância do papel e do trabalho do professor nos dias atuais, nem sempre valorizado como deveria, em uma época de muitas mudanças, rápidas e constantes, e desafios novos, o que exige cada vez mais pes­soas preparadas, habilitadas e competentes. “Essas pessoas se tornam

lhoria do ensino técnico no Estado de São Paulo, por meio do reconhecimento e da ca-pacitação dos professores. “Precisamos ter professores preparados para dar o melhor em sala de aula. Este prêmio é apenas um catalizador para conhecer professores que já estão aplicando inovação na educação.

Projetos vencedores envolvem diferentes ações preparadas, habilitadas e competentes com a colaboração de várias outras ao longo da vida, como familiares e, principalmente, professores. Agradeço e parabenizo a FEI e o Centro Paula Souza por essa parceria e iniciativa que valoriza e incentiva os professores a continuarem a fazer a diferença na vida de seus alunos, plantando a semente do conhecimento para amanhã florir mudança”, enfatiza.

Na categoria Empreendedorismo, o vencedor foi o projeto do pro­fessor do curso técnico em Administração da ETEC Gildo Marçal Bezerra Brandão (Perus/SP), Silvio Rodrigo dos Reis Prestar. Em seu projeto inti­tulado ‘Criação, implantação e administração de empresa júnior’, alunos do ensino médio prestam serviços de consultoria administrativa, contábil e logística a microempresas da região de Perus, bairro da zona norte de São Paulo, por meio de uma empresa júnior. “O projeto visa aprimorar a capacidade e habilidade gerencial, oratória e escrita dos alunos, e pro­porcionar uma compreensão da vivência profissional, além de melhorar a gestão interna das empresas e o desenvolvimento econômico do bair­ro”, explica o docente.

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FEI e Centro Paula Souza premiam projetos inovadores

Parabenizamos esses docentes e desejamos que este prêmio seja o primeiro de muitos”, reforça o coordenador do Inova Paula Sou-za, Oswaldo Massambani. O educador des-taca que um dos pontos mais importantes para o desenvolvimento de um país é o investimento no capital humano. Por isso,

quando se trata de educação, quanto mais se investe em professores melhores serão os alunos. Para a superintendente do Cen-tro Paulo Souza, Laura Laganá, a iniciativa provocada pela FEI é muito importante, principalmente por estimular os profes-sores a inovar, além de contribuir para a

formação técnica e a inserção dos alunos no mercado de trabalho. “Agradecemos à FEI por essa parceria. Desejamos que esse projeto seja um estímulo para outras ins-tituições e professores que acreditam que a educação é o melhor caminho para uma sociedade ética”, acentua.

Na categoria Sustentabilidade, o projeto da professora Silvia Helena Ferreira Pagliarini Zen Gorayeb, da ETEC José Martimiano da Silva, de Ri­beirão Preto, interior de São Paulo, foi o vencedor. “A ideia é buscar a par­ticipação solidária dos alunos na comunidade com a execução de tarefas de acordo com a área de estudo, por meio de uma campanha para ajudar entidades assistenciais”, explica. Os estudantes do curso de Edificação, por exemplo, sugerem melhorias físicas, acessibilidade, orientações para economia de água e energia e plantio de árvores, enquanto os alunos do curso de Saúde Bucal ficam encarregados de desenvolver palestras para crianças, adolescentes e idosos.

Os vencedores foram indicados por uma banca examinadora for­mada por profissionais reconhecidos nas áreas de educação, empreen­dedorismo, sustentabilidade e inovação: Camila Cheibub Figueiredo, assessora da presidência da Fundação Educar DPascoal; José Carlos Barbieri, professor da Escola de Administração de Empresas de São Pau­lo, mantida pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP­FGV); Juliano Seabra, presidente executivo da empresa Endeavor; Marcus Alexandre Y. Salus­

se, empresário e doutorando em Empreendedorismo na EAESP­FGV; Maria Amélia Lopes Sampaio, assessora da presidência do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE); Ricardo Voltolini, presidente da em­presa Ideia Sustentável; e Celso Fonseca, coordenador executivo do Observatório de Inovação da Universidade de São Paulo (USP).

PRóxIMoS PASSoS

Em uma segunda etapa será criada uma plataforma online com os projetos premiados, que poderão ser compartilhados entre todos os professores da rede de ETECs em São Paulo. Na terceira etapa se­rão ministrados cursos de capacitação para 40 professores da Grande São Paulo, inscritos no projeto e selecionados pelo Centro Universitá­rio da FEI e pelo Centro Paula Souza, que participarão de 60 horas de apresentações e discussão das melhores práticas, seminários e work­shops. “Os professores serão convidados a apresentar, ao final do curso, projetos de melhoria para seus colégios, e os três melhores vão receber prêmios em dinheiro”, completa o professor Edson Sadao.

Da esq.: os professores premiados Alison da Rocha Alves, Silvia Helena Ferreira Pagliarini Zen Gorayeb (de rosa) e Silvio Rodrigo dos Reis Prestar (mais alto) com o presidente da FEI, Padre Theodoro Peters, a superintendente do Centro Paula Souza, laura laganá, o reitor do Centro Universitário da FEI, professor doutor Fábio do Prado, e a vice-reitora Rivana basso Fabbri Marino

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Congresso Brasileiro de Cerâmi-ca é o mais antigo e importante evento do setor no Brasil e reú-ne representantes de diversos

segmentos, como instituições de ensino e pesquisa, fabricantes de produtos cerâ-micos e fornecedores de matérias-primas, equipamentos e insumos. O encontro também é destinado à discussão dos úl-timos avanços na área e visa promover a interação dos diversos setores cerâmicos no Brasil. O Centro Universitário da FEI participa de todas as edições do congresso com trabalhos de iniciação científica e dissertações de mestrado e, neste ano, foi copatrocinador do encontro, o que dá ainda mais visibilidade para a Instituição perante a comunidade ceramista nacional e internacional.

A 59ª edição foi realizada em maio, em Sergipe, e abordou temas relacionados aos diversos segmentos da área, como cerâmica vermelha e de revestimento, vidros, refratários, cerâmica técnica, biocerâmica, nanotecnologia e novos materiais, entre outros. Também foram discutidos temas de interesse geral, entre os quais energia, meio ambiente, recursos minerais, inovação tecnológica, qualidade, ensino, recursos humanos e panoramas setoriais. O encontro reuniu pesquisadores de todo o Brasil e de vários países, como Suíça, Espanha, Portugal e Japão, que participaram de palestras, sessões orais e apresentação de pôsteres. Cerca de 50 trabalhos orais e 500 na for-ma de pôster foram apresentados, assim como painéis sobre as oportunidades para o setor cerâmico na área de defesa e sobre mineração e matérias-primas cerâmicas.

Cerâmica é foco de eventoCentro Universitário participa como copatrocinador e apresenta quatro estudos

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Também foram oferecidos três mini-cursos e realizadas duas plenárias, que abordaram os temas ‘Biologically inspired composites and ceramics e Biocompatible and Antibacterial Phosphate Free Glass-Ceramics for Medical Applications’. A FEI apresentou os trabalhos ‘Obtenção e caracterização de SnO2 dopado com Sr2+ via mistura de óxidos’, ‘Determinação do limite de resistência a flexão e módulo de Young da cerâmica composta por SnO2 dopado com 0,2% e 0,5% em mol de manganês’, ‘Avaliação da transformação mecanoquímica e hidrotérmica em um pó de alumina moído a úmido por análise térmica e microscopia eletrônica de trans-missão’ e ‘Conformação por gelcasting de blocos porosos e monolíticos de beta-TCP sintetizado por precipitação via úmida’, os dois últimos em parceria com a Universi-dade Federal do ABC (UFABC).

Os professores doutores do Departa-mento de Engenharia de Materiais do Centro Universitário da FEI, Fernando dos Santos Ortega e Gilberto José Pereira, que atuam diretamente na área de cerâ-mica, fizeram parte da comissão organi-zadora. “Como a Engenharia de Materiais é multidisciplinar, envolvendo uma forte interação com outras áreas, temos coo-peração de outros departamentos, como a Engenharia Mecânica e a Química, e também com outras instituições”, explica o professor Fernando dos Santos Ortega, que foi chair do congresso. O docente destaca que a FEI tem uma excelente infraestrutura na área de processamento de materiais cerâmicos e de caracterização de propriedades e, naturalmente, essas características acabam resultando em um forte trabalho de pesquisa com materiais cerâmicos.

o professor doutor Fernando dos Santos ortega foi chair do congresso

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12 ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI

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relação da FEI com seus ex-alunos é marcada por orgu-lho e saudosismo, adjetivos que compõem a história da Instituição e dos seus mais de 60 mil profissionais formados. E foi essa relação afetuosa que motivou mais

de 50 ex-alunos a visitarem os campi São Bernardo do Campo e São Paulo durante o FEI Portas Abertas, evento realizado anualmente com objetivo de apresentar o Centro Universitário e seus cursos e oferecer ao público externo a oportunidade de conhecer a infraes-trutura dos campi, os projetos, as pesquisas e a inovação. Durante o FEI Portas Abertas, os mais de 2 mil visitantes que circularam pelos campi conheceram a infraestrutura de laboratórios e salas de aula, e participaram das mais de 80 atividades e experiências nos cursos de Administração, Ciência da Computação e Engenharia. O Portas Abertas no campus São Bernardo do Campo, que está na sétima edição, recebeu estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares, cursinhos e escolas técnicas, muitos acompanhados dos pais, no dia 16 de maio.

Um dos ex-alunos presentes era Vinícius Bianchi Soares, formado em Engenharia Química em 2011 e atual coordenador e professor do ensino médio e técnico da ETEC de Cubatão. O en-genheiro fez questão de compartilhar com seus alunos um pouco de tudo o que viveu na Instituição. Além de apresentar o universo acadêmico, Vinícius Soares também reencontrou professores com quem teve aulas e conferiu as mudanças no campus. “Assim que fiquei sabendo do evento inscrevi a escola, porque gostaria muito que os alunos vivenciassem a experiência do dia a dia de uma fa-culdade e, principalmente, da FEI, que foi a Instituição responsável pela minha formação profissional. É muito bom retornar a essa casa que tanto me ensinou, rever professores, como Luiz Novazzi e Maristhela Marin, e ver como a infraestrutura da FEI tem crescido com novos laboratórios e prédios reformados”, destaca.

Amauri Sid Vargas também viu no Portas Abertas a oportuni-dade de voltar à FEI, 21 anos depois de formado, e compartilhar com os filhos e a esposa um pouco dessa experiência. Formado em

o bom filho a casa tornaEx-alunos da FEI aproveitam o Portas Abertas para reviver bons momentos na Instituição

AEngenharia Mecânica Automobilística em 1994, o engenheiro rela-ta que, ao andar pelo campus, flashes de memória foram surgindo e fazendo com que as boas lembranças – como o convívio com os colegas e professores – se misturassem com as não tão boas – como as temidas P1, P2 e P3. “É interessante ver as mudanças na FEI. Prédios reformados, laboratórios que, na época em que eu estuda-va, já eram condizentes e que, hoje, são infinitamente melhores. É um orgulho e uma alegria retornar a esta Instituição”, ressalta.

São PAUlo No dia 9 de maio, foi o campus São Paulo que abriu as portas

para receber aproximadamente 200 visitantes, que participaram de diversas atividades focadas no curso de Administração. Os estudantes também visitaram a 17ª Feira de Empreendedorismo, que tem como objetivo desenvolver o espírito empreendedor e estimular a prática de negócios pelos alunos de Administração. Durante o evento, mais de 15 projetos foram apresentados.

o engenheiro Amauri Sid Vargas trouxe a família para conhecer a FEI

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Mobilidade com foco nas bicicletasA inserção de ciclovias é um tema novo no País e ainda gera diferentes opiniões e pontos de vista

Odo consumidor com o comércio de rua. No entanto, para que a bicicleta seja aceita é preciso educar a sociedade para o compar-tilhamento do espaço e a convivência entre ciclistas, pedestres e motoristas”, enfatiza.

São Paulo possui um plano cicloviário que tem como meta implantar 465 km de ciclovias até dezembro de 2016 e, em 15 anos, dispor de 1500 km. Hoje, o município tem 282,2 km, mas busca a transformação para que o programa alcance seus objetivos. Muitas travessias de rios, como pontes e viadutos, não foram construídas para pe-destres e ciclistas, havendo a necessidade de adequação, por isso, cinco já foram alte-radas e, até o próximo ano, serão mais 13. Para áreas que não comportam alteração serão construídas ciclopassarelas, sendo quatro até 2016 e 12 até 2030. “O conceito principal da implantação é a sustentabili-dade, além de atender a demanda existente de redução de ruído e poluentes”, explica Ronaldo Tonobohn, superintendente de planejamento da Companhia de Engenha-ria de Tráfego (CET) de São Paulo.

Na esfera da educação, o arquiteto e urbanista Ricardo Corrêa, sócio fundador da empresa de planejamento urbano TC Urbes e criador da marca Urbana Bicicletas, acredita que seja necessário um trabalho na mudança da cultura em relação à bicicleta no Brasil, que demanda um processo de aprendizado e transformação. Um dos pontos positivos destacados é que a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) agora também tem como foco o ciclista e,

trânsito é um dos maiores proble-mas enfrentados pelas grandes cidades, que buscam alternativas para facilitar o direito de ir e vir

da população. No entanto, por falta de planejamento e investimento nos meios de transporte público, como trens, metrôs e ônibus, boa parte dos moradores é obrigada a se deslocar de moto e carro que, muitas vezes, transportam apenas um passageiro. Em busca de soluções para essa questão, algumas metrópoles passaram a enxergar na bicicleta uma alternativa para desafogar o trânsito, a exemplo de São Paulo, que investiu R$ 29 milhões para a implanta-ção de 142 km de ciclovias em 2014. Para debater a relação do uso das bicicletas com a economia e a saúde, além da cultura do compartilhamento, o Centro Universitário da FEI organizou, em maio, no campus São Paulo, o encontro Mobilidade Urbana em SP: ciclovias em debate.

O evento abordou uma questão polêmi-ca e com grande resistência na sociedade, pois implica alterações e entendimento sobre as políticas públicas que promovem a inclusão. Para o professor doutor Jac-ques Dema jorovic, do Departamento de Administração da FEI, que organizou o de bate, as ciclovias e a bicicleta não são a solução para a mobilida-de, mas não é possível melhorar a mobilidade em São Paulo sem incluí-las. “Trata-se de um meio de transporte que, além de tirar o carro da rua, amplia a relação

A poluição e os acidentes são os fatores que mais interferem na decisão de mui­tos que resolvem usar a bicicleta como meio de transporte. Por isso, a professora doutora Thais Mauad, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), avaliou vantagens e desvantagens do uso da bicicleta para a saúde. Os acidentes com bicicletas costumam ocorrer mais frequentemente nas grandes cidades e nos fins de semana, sendo os ho­mens e idosos as maiores vítimas. O trauma craniano corresponde a 40% das consequências e, em 2014, foram registrados 47 casos fatais na cidade de São Paulo. Em relação à poluição, como o ciclista respira mais vezes por minuto

Benefícios comProvados Para a saúde

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Ronaldo Tonobohn, José Roberto de Toledo, Ricardo Corrêa, Thais Mauad e Jacques demajorovic

com isso, a bicicleta passou a ser relevan-te nos planos dos governos que querem acesso aos recursos federais.

Segundo o arquiteto, uma ‘cidade ci clá-vel’ permite ao ciclista ir para todos os lu-gares com conforto e segurança. Assim, no plano cicloviário é necessário ter um pla-nejamento de infraestrutura, de educação e informação, orçamentário e de gestão. “Fatores como clima, relevo, arbo ri zação, história, perfil socioeconômico, sistema viário e densidade demográfica devem ser levados em consideração. Não existe um padrão universal e cada espaço precisa de um critério para a implantação”, acentua. O aumento das ciclovias também reflete em novas oportunidades no mercado de bicicletas, como o modelo chamado e-bike, uma bicicleta elétrica que pode chegar a 25km/h na rua. Com apenas 25 quilos, a bicicleta suporta até três vezes seu peso e tem menor geração de carbono do que qualquer outro veículo de transporte. Adepto da e-bike, o jornalista José Roberto de Toledo, do portal Estadão, assegura que custa bem menos que um carro – cerca de U$S 500 –, tem baixa manutenção, é isen-ta de IPVA e não necessita de combustível,

pois funciona com bateria. “Pelo fato de ser elétrica, o esforço do ciclista é bem menor e é possível andar em locais com ladeiras. Hoje, existem 200 milhões dessas bicicletas na China e o mercado passou a enxergá-las como uma fonte de renda, tanto que fabricantes de bicicletas, auto-peças e automóveis já demonstraram o interesse em investir no negócio”, afirma.

noVIdAdESApós o debate, a empresa Base Bike

Store ofereceu uma oficina sobre cuidados com a bicicleta, manutenção preventiva e importância de acessórios e equipamentos de segurança. Os participantes também conheceram o aplicativo desenvolvido por quatro alunos do 3º ciclo de Adminis-tração, chamado Bora de Bike, que visa otimizar o uso das ciclovias por meio de informações sobre rotas, grupos, oficinas, clima, lojas especializadas, estacionamen-tos e locais para aluguel. Um ex-aluno de Administração, apresentou o equipamen-to es.charger, que aproveita o movimento das pedaladas para gerar energia para carregar o celular (ou qualquer dispositivo USB) e manter luzes de segurança acesas.

que o motorista, a exposição aos poluentes é maior. No entanto, o risco de mortalidade atri­buída à poluição para aqueles que pedalam entre 30 e 60 minutos por dia é de apenas 0,05%.

Em contrapartida, o grande benefício do uso constante da bicicleta é a atividade física, uma vez que pedalar 30 minutos por dia atinge a meta estipulada de exercícios para manter a qualidade de vida e diminuir os riscos de diabetes, obesidade, osteoporose e depressão. “Um estudo mostrou que, embora o risco relacionado à poluição tire 21 dias de vida e os aci­dentes fatais subtraiam sete dias, a atividade física proporcionada pelas pedaladas aumenta em oito meses a expectativa de vida. Na balança, o uso da bicicleta tem um ganho maior”, complementa a professora.

O professor do Departamento de Fí­si ca, Arthemio Aurélio Pompeo Ferrara, começou a dar aulas na antiga Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), em 1º de agosto de 1964 e, desde então, tem se dedicado à arte de ensinar. O professor coordenou o Departamento de Física desde a sua criação, em 1968, até 1997, quando foi indicado para coordenar a disciplina Mecânica Geral II. Desde 2002, coordena a disciplina Dinâ­mica do Corpo Rígido. Para homenagear toda a dedicação e o empenho do docente, o Centro Universitário da FEI concedeu, em cerimônia no dia 6 de maio, o título de Professor Emérito, pelos 50 anos de serviços prestados ao ensino, à pesquisa e à extensão universitária.

“Em todas as disciplinas, o professor Arthe mio contribuiu para criar o padrão FEI de excelência, além de ter tido um papel importante na consolidação dos laborató­rios de Física como elementos essenciais na formação em Engenharia”, destaca o coorde­nador do Departamento de Física, professor doutor Roberto Baginski. Admirado pelos alunos e pelos colegas, o professor Arthemio Ferrara é autor de sete livros, que cobrem todas as áreas clássicas da Física e foram, por muitos anos, a bibliografia básica das disciplinas de Física da FEI.

“A contribuição do professor Arthemio ajudou no crescimento de qualidade de nos­sos estudantes, professores, pesquisadores, bem como dos antigos alunos, hoje profis­sionais atuando em suas especialidades”, ressalta o presidente da FEI, Padre Theodoro Peters S.J. O reitor do Centro Universitário, professor doutor Fábio do Prado, lembra que a homenagem atesta o lastro de realiza­ções em sua carreira de magistério, a larga contribuição ao Departamento de Física e à formação de engenheiros.

dedicação há 51 anos

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Avisão multidisciplinar que sem-pre acompanhou o profissi onal de Ciência da Computação Wanderlei Renato Rosa foi um

dos requisitos fundamentais para que chegasse, aos 33 anos de idade, a diretor de soluções para Supply Chain na Sintel, maior empresa de integração eletrônica do setor automotivo na América do Sul. A organização oferece sistemas e ser-viços para gerenciar a relação entre as montadoras de automóveis e as cadeias produtivas, tem 175 colaboradores e mais de 600 clientes do setor automotivo global, atendidos por seus escritórios no Brasil, nos Estados Unidos, na Argentina e Bélgica.

Formado em 2003 pelo Centro Uni-versitário da FEI, a ampla atuação na área e a abertura para novos conhecimentos e atribuições foram essenciais para que o profissional de Ciência da Computação pudesse acompanhar o desenvolvimento da empresa e se deslocasse da área tecno-lógica para a de negócios, ocupando um cargo de destaque. Em 2001, no começo do terceiro ciclo do curso de Ciência da Computação, Wanderlei Rosa enviou um currículo datilografado, por carta, à Sintel, após ver um anúncio de estágio em um jornal. “Foi a única empresa para a qual enviei o currículo e já se passaram 14 anos desde então. Neste período, adquiri diferentes competências e consegui me manter constantemente atualizado com o mercado automotivo local e global”, explica o executivo.

Profissional de Ciência da Computação formado em 2003 acompanha o crescimento da empresa

de estagiário a diretor na SintelO primeiro cargo ocupado na compa-

nhia foi de estagiário de desenvolvimen-to de software. Na época, a empresa era focada na criação de sistemas para o setor automotivo e tinha por volta de 35 cola-boradores. Já no primeiro ano, o então estudante conseguiu colocar em prática o que aprendia na FEI e, com base nos es-tudos, propôs um modelo diferente para o desenvolvimento de software, agregan-do inovação à empresa. Esta iniciativa foi um grande diferencial para o jovem estagiário e, no ano seguinte, Wanderlei Rosa foi efetivado como programador de sistemas. Em 2004, já graduado, tornou-se analista de sistemas e, em 2007, assumiu o cargo de coordenador de desenvolvimento de software. Em busca da excelên-cia, fez pós-gra-duação em Gestão de Projetos de Tec-nologia da Infor-mação e avançou nos estudos do segundo idioma, imprescindível para seu crescimento profissional.

Neste meio tempo, a empresa come-çou a adquirir competências voltadas para consultoria, serviços e operação, e o profissional de Ciência da Computação trabalhou para se adaptar e migrar do desenvolvimento de software para o re-lacionamento com o cliente, usando mais o software pela funcionalidade do que pelo desenvolvimento. Em 2008, a Sintel iniciou o processo de internacionaliza-ção para conquistar mercados além das fronteiras brasileiras, e foi neste período que Wanderlei Rosa assumiu a posição de analista de negócios. Em 2012, foi convidado pela presidência da empresa para criar uma ‘vertical de negócios’

voltada ao Supply Chain automotivo e, assim, tornou-se diretor de soluções para o segmento.

A partir daí, já com foco no desen-volvimento de negócios, Wanderlei Rosa passou a trabalhar no desenvolvimento de novas soluções para o mercado, com especial atenção para a operação dos clientes. “Passamos a compreender me-lhor o ambiente e o desafio de nossos clientes e vimos que poderíamos ir além se conectássemos os sistemas aos proces-sos das empresas. Para isso, fizemos um forte movimento interno para criar esta nova capacitação à empresa, o que envol-veu muito estudo e dedicação de todos”, explica. Ainda na esfera de realizações,

o executivo destaca a importante conquista do primeiro cliente nos Estados Unidos, em 2012, e na Europa, em 2013.

Ao longo do tem-po, a Sintel foi adqui-rindo mais clientes e fatias de mercado,

influenciada pelo crescimento do setor nos últimos anos e, assim como a em-presa, a carreira do ex-aluno da FEI foi se deslocando mais para a área de negócios. “Meu atual cargo é um desafio, pois exige conexão constante com o mercado auto-motivo global e capacidade de interlocu-ção com executivos de diversas partes do mundo. O grande papel da vertical de Supply Chain é trabalhar sempre na criação de valor, levando eficiência ope-racional para os clientes”, acrescenta. Por ter a carreira voltada para negócios globais, o executivo está constantemente participando de cursos e eventos de espe-cialização em Supply Chain Management e no contexto do mercado automotivo, no Brasil e no exterior.

“o ex-aluno começou na

empresa em 2001”

Destaque Jovem

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de estagiário a diretor na SinteldESTAQUE dESdE A GRAdUAção

Ainda na faculdade, Wanderlei Rosa já buscava a inovação, tanto que, para a elaboração do traba-lho de conclusão de curso (TCC), desenvolveu com seus colegas Claudio Silva, Daniel Sonego e Dou-glas Navarro um sistema para auxiliar o ingresso dos portadores de deficiência visual e auditiva no mundo digital. Por meio da conversão de texto em voz e voz em texto, o usuário conseguia interagir enviando comandos e recebendo informações do computador e, com isso, passava a compartilhar conhecimentos e informações virtuais. Wanderlei Rosa destaca a satisfação no desenvolvimento do projeto, não apenas pelo desafio tecnológico envolvido, mas sobretudo pela oportunidade que tiveram de interagir com os deficientes e com-preender a real importância do projeto. “Fizemos pesquisas, testes e demonstrações em campo e pudemos sentir na prática o que é fazer algo com significado”, acentua.

Por tratar-se de uma tecnologia inovadora fo-cada em ajudar pessoas e com forte cunho social, o projeto teve grande repercussão dentro da FEI, tornando-se referência. O trabalho também foi eleito o sexto melhor dentre os 18 projetos globais selecionados na feira International Consumer Electronics Show (CES), realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos, em janeiro de 2004. Para Wan-derlei Rosa, o resultado do projeto de conclusão de curso demonstra quanto o ensino na FEI vai além da questão técnica, uma vez que qualifica os alunos para o mercado de trabalho.

“Por ser uma Instituição que mostra a im-portância do foco nos estudos e na disciplina, os alunos têm de conduzir o curso com seriedade e, em geral, carregam esse princípio para a vida profissional. A postura dos estudantes é um dos grandes diferenciais”, enfatiza, ao contar que já contratou alunos da FEI e é possível notar o foco, o comprometimento e o profissionalismo que possuem. O executivo lembra que a escolha pela Instituição aconteceu porque a FEI era uma refe-rência na área de Engenharia e, portanto, teria o mesmo padrão de qualidade no curso de Ciência da Computação, que era novo na época.

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EntrEvista – luiz Carlos Cabral

mais eficientes. Assim, a Daikin tomou a decisão de vir para cá em 2011, muito em função de o Brasil ter estado em evidência nos últimos anos, devido à Copa do Mun-do, às Olimpíadas de 2016 e até mesmo às obras do PAC.

Os acionistas japoneses continuam acreditando no Brasil?

Sim, acreditam. Na verdade, a Daikin estava muito consolidada no Japão, onde é líder isolada com a maioria esmaga-dora de market share, além de ser líder na Europa e em todos os países em que se estabelece. A empresa só não estava ainda nas Américas do Sul e do Norte. A Daikin adquiriu a McQuay e a Goodman e se estabeleceu nos Estados Unidos e, daí, decidiu vir para o Brasil e entrar em outros países emergentes, como Índia, Turquia, Chile e Argentina. Essa estra-tégia começou de uns cinco anos para cá.

Como foi que um engenheiro brasilei-ro assumiu a presidência apenas dois anos depois que a empresa japonesa chegou ao Brasil?

Eu também não sei. O que posso dizer é que tenho uma experiência de mercado de ar condicionado muito grande. Comecei minha carreira em 1989 na Carrier, que hoje é a líder no Brasil em ar condicionado, e fiquei por 22 anos na empresa, onde tive uma carreira de sucesso. Conheço bastan-te o mercado de ar condicionado e, quando a Daikin decidiu se estabelecer no Brasil, o então presidente, que era um japonês, me procurou para ser o vice-presidente de distribuição, o que incluía vendas e mar-keting. E por que eu? Bem, os japoneses são bastante minuciosos nesse aspecto e, antes de entrar aqui, fizeram uma pes-quisa, visitaram instaladores, usuários de ar condicionado, enfim, uma série de pessoas relacionadas ao mercado. Como

engenheiro mecânico Luiz Car-los Cabral, formado pela Facul-dade de Engenharia Industrial (hoje Centro Universitário da

FEI) em 1989, construiu praticamente toda a carreira em uma única empresa de ar condicionado. Mas, em 2011, aceitou um convite para sair da zona de conforto e assumir a vice-presidência de distribui-ção da filial brasileira da multinacional japonesa Daikin, líder no setor na Ásia e na Europa, e que começava um processo de expansão de seus negócios para as Américas do Sul e do Norte. Há dois anos, o executivo encarou um novo desafio ao assumir a presidência da subsidiária japonesa no Brasil. Aos 49 anos de idade, o engenheiro trabalha para atender as expectativas dos acionistas japoneses e buscar a liderança no segmento, baseada na oferta de produtos com alta tecnologia e eficiência energética.

A Daikin existe desde 1924, mas che-gou ao Brasil apenas em 2011. Por que a demora em instalar-se por aqui?

A Daikin é líder mundial em ar con-dicionado, mas é uma empresa japonesa e, tradicionalmente, por muito tempo o Japão esteve muito fechado e só começou a se abrir de uns 10 anos para cá. A Daikin também era muito focada no mercado asiático: Japão, China, Tailândia e outros países, e na Europa, por algumas razões. Uma delas é ser uma empresa de produtos de alta tecnologia e muito mais eficientes e, por isso, o preço é mais alto se compa-rado com produtos que não usam esse tipo de tecnologia. Como o Brasil é um país emergente, esse tipo de produto, um pouco mais caro por ter mais tecnologia agregada, não tinha espaço por aqui. Mas isso está mudando bastante nos últimos anos, por conta da crise hídrica e da crise energética, que demandam produtos

O tenho uma boa reputação nesse mercado e meu nome sempre vinha à tona – fiquei sabendo disso depois – eles resolveram me convidar para assumir o cargo. Fui contratado como vice-presidente, ligado ao presidente. A princípio não tinha muito interesse, mas acabei me interessando por ser a Daikin, uma empresa muito respeitada no mundo. Acho que fiz um bom trabalho de 2011 a 2013 como vice-presidente, construí o time, porque o presidente que estava aqui não conhecia o nosso mercado, e acabei sendo indicado para ser presidente.

Sua expectativa era alcançar a pre-sidência da subsidiária brasileira?

Quando fui contratado a promessa era essa, mas eu não acreditei. Na verdade, pensei que até poderia acontecer, mas em um futuro meio distante! E, para mim, foi uma surpresa, porque confiaram em mim em pouco tempo. Tenho orgulho de dizer que toda a estrutura foi construída por mim e pela equipe que eu criei aqui e acho que isso soou bem para os japoneses, acho que eles começaram a ver que, de fato, eu tenho um conhecimento muito grande de mercado. O time que coloquei aqui é muito respeitado também. Fico bastante feliz, honrado e admito que não é comum ter um presidente brasileiro em uma empresa japonesa. Mas estou aqui realizando o meu trabalho.

Esse é mais um dos seus desafios à frente da presidência dos negócios no Brasil?

Eu diria que não ser japonês é mais desafiador ainda, sem dúvida. É inegável que a forma de pensar do japonês é com-pletamente diferente do brasileiro. Não estou aqui para dizer quem está certo ou errado, mas é diferente. Confesso que so-fri bastante, e ainda sofro para aprender como me comunicar. E quando eu falo em

Em busca da liderança em ar condicionado

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comunicação não estou falando de lin-guagem, mas na forma de fazer com que entendam o que está acontecendo aqui. O japonês é bem particular, está envolvido em tudo e quer saber de tudo, até por ser bastante nova essa expansão. Hoje, a Daikin é uma empresa japonesa que tem uma filial no Brasil, porque ainda não virou uma empresa de fato internacional. Estou aprendendo bastante com eles em como me comunicar e isso é um dos meus maiores desafios; como me fazer entender, como fazer com que eles confiem naquilo que estamos fazendo, isso é essencial. Acho que estamos conseguindo.

O Brasil vive um momento de crise hídrica, crise energética, crise eco-nômica. A Daikin continua otimista com o mercado brasileiro?

Muito! Este ano vai ser bem difícil, é inegável, mas a empresa traçou estraté-gias de médio e longo prazo. Mesmo que enfrentemos algum problema neste ano, acreditamos muito no Brasil. A Daikin é uma empresa de tecnologia, uma empre-sa voltada para produtos eficientes e de baixo consumo de energia, e tudo leva a crer que o Brasil vai seguir nessa trilha, até por imposição das circunstâncias. Em momentos de crise hídrica e crise elétrica, quanto mais tivermos produtos de baixo consumo, melhor. Acreditamos muito nisso e os sinais de mercado são muito positivos. Quando entrei na empresa, em 2011, a relação de produtos Inverter – que são produtos com variador de frequência e mais eficientes – com os não Inverters, ou seja, produtos mais consumidores de energia, era de mais ou menos 5% do mercado residencial, que são os Split. Em 2014, esse mercado fechou em 35% e nossa estimativa é que, neste ano, 50% do mercado já seja de modelos Inverter. Em três ou quatro anos não deveremos

Em busca da liderança em ar condicionado

19ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI 19

“Tenho orgulho de dizer que toda a estrutura foi construída por mim e pela equipe que eu criei aqui...”

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EntrEvista – luiz Carlos Cabral

“nosso diretor comercial é feiano também e o que

temos feito é apostar muito na formação

de trainnes e estagiários.”

20 DomínIo fEI ABRIL A junho DE 201520

ter mais produtos com compressores com velocidade fixa, só variável. Como a Daikin é pioneira nesse tipo de tecnologia, porque inventou um produto chamado VRV com variador de frequência, que é supereficiente, acreditamos muito que o Brasil seja a bola da vez nessa questão de uso de produtos mais eficientes e, por dominarmos essa tecnologia, estamos na frente e achamos que temos muito que crescer aqui.

No Brasil ainda não há o hábito de sistemas de refrigeração em residên-cias. Com isso, o mercado é imenso?

Você tem toda razão. A penetração do ar condicionado no Brasil ainda é muito baixa, principalmente no mercado resi-dencial. Hoje, estimamos que a penetração seja na ordem de 15%. Se for comparar com um país desenvolvido e com clima se-melhante, como a Austrália, a penetração é de 80%. Portanto, temos um gap enorme a ser explorado no segmento residencial.

Qual é o tamanho do mercado indus-trial para ar condicionado no brasil?

Esse mercado é relativamente pequeno no Brasil, se comparado aos Estados Uni-dos ou a países com as mesmas dimensões. Mas é um mercado que cresce ano a ano, que não está estagnado e cresce sempre mais do que qualquer índice macroeconô-mico, por volta de 10% a 15%. Também é um mercado interessante e, neste caso, estamos atuando com máquinas impor-tadas dos Estados Unidos.

Os dois segmentos são importantes?Sim, no entanto, a Daikin considera

como carro-chefe o VRV, porque é um produto desenvolvido pela empresa que usa variador de frequência e volume de refrigerante variável, é bastante eco-nômico, principalmente para clientes que tenham ambientes compartimen-talizados, onde há muitas salas a serem climatizadas. O produto é muito inte-ressante porque dá para instalar apenas uma unidade externa e várias unidades internas. Acreditamos bastante no VRV

pelo fato de a Daikin ser líder mundial e dominar, de fato, essa tecnologia. No entanto, apesar de termos um carinho especial pelo VRV, somos uma empresa de solução em ar condicionado, então, o que for necessário estamos aqui para produzir, para vender, para apresentar solução.

A Daikin desenvolve tecnologia fora do Japão?

Sim. O centro tecnológico no Japão é muito mais para VRV, mas os centros de desenvolvimento para produtos comer-ciais de grande porte ficam nos Estados Unidos, em Minneápolis, onde temos um centro de pesquisas. Apesar de o de-senvolvimento ser nos Estados Unidos, a engenharia é japonesa. Como adquirimos a McQuay, usamos o que a empresa tinha de bom e incorporamos a engenharia japonesa. Acho que essa fusão é superin-teressante, essa mistura de tecnologias resulta em produtos diferenciados.

Qual é o tamanho da unidade da dai-kin no Brasil?

Temos cerca de 300 empregados na fábrica de Manaus e, nas filiais, onde fa-zemos só distribuição, aproximadamente 150. Temos muitos engenheiros, inclusive na área de vendas, porque são produtos muito mais ‘engenheirados’, como o VRV, que necessitam de uma venda técnica.

Qual é o perfil do engenheiro que a Daikin busca em suas unidades ao redor do mundo?

Não buscamos o engenheiro de pran-cheta, mas sim o engenheiro generalista. Acredito que a formação do engenheiro abre muito o leque, dá uma visão muito ampla, e o que buscamos é esse tipo de engenheiro, que saiba analisar, mas que, ao mesmo tempo, tenha uma visão ampla de mercado. Nosso engenheiro precisa ter poder de análise, poder de decisão e uma visão administrativa muito grande também.

E tem sido fácil para a empresa en-contrar engenheiros com esse perfil no brasil?

Não, é muito difícil. Nosso diretor comer cial é feiano também e o que te-mos feito é apostar muito na formação de trainees e estagiários. Temos muita gente nova na empresa, que buscamos nas universidades, e tentamos formar aqui com essa visão de mercado, de ser mais generalista, de ser analítico, mas, ao mesmo tempo, administrador. Estamos criando uma escola dentro da Daikin em todos os níveis, não só para engenheiros de venda, mas para técnicos e instalado-res. Temos uma parceria com o SESI e da-mos aulas lá, além de fazer treinamentos constantes. Infelizmente, a mão de obra no Brasil ainda demanda de certa qualifi-cação, principalmente para produtos mais sofisticados como é o nosso, com muita eletrônica embarcada.

O senhor afirmou em uma entrevista em 2013 que a Daikin busca a lideran-ça neste mercado. Como estão esses planos?

Continuamos com essa meta e a nossa participação está no limiar da liderança em VRV. Em produtos importados, prin-cipalmente para a indústria, acredito que já somos o número dois, incomodando bastante o número um. Não alcançaremos a liderança geral em 2015, mas diria que, em mercados específicos, estamos atuan-do bem próximos disso.

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“Temos de manter nosso grupo muito

unido, porque é isso que faz a diferença.”

21ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI 21

Como foi a trajetória da sua carreira até assumir a presidência da Daikin?

Sou da turma de Engenharia Mecânica Plena formada em 1989 na FEI. Primeiro, fui estagiário na antiga Elevadores Villa-res, hoje Atlas, e em 1988 entrei na Carrier como estagiário. Depois de formado fui efetivado como engenheiro de vendas. Passei 22 anos na Carrier galgando pos-tos: comecei como engenheiro de vendas, depois fui gerente de vendas, gerente de contas nacionais, diretor comercial, de-pois diretor comercial e residencial. Saí da Carrier em 2011 e vim para a Daikin como vice-presidente.

A Engenharia Mecânica foi uma es-colha pelo fato de o senhor gostar de carro?

Na verdade, quando era menino eu tinha um sonho de construir meu próprio carro. Queria montar meu carro e, com esse intuito, fui cursar Engenharia Me-cânica. Só que a vida nos prega algumas peças e, para mim, foi ótimo. Na FEI, uma das matérias que eu mais tinha dificulda-de era Termodinâmica. Lembro até hoje que tivemos de fazer um projeto de um trocador de calor pela norma NEMA, nas aulas do professor Lage (Laercio Gomes Lage), que é o trocador de calor usado até hoje no equipamento de ar condicionado. E eu odiava aquilo; para mim era a pior matéria. E fui trabalhar exatamente na área de ar condicionado quando entrei na antiga Springer, que hoje é a Carrier. Veja como é a vida: comecei a ver trocador de calor de novo e hoje eu adoro isso.

Essa é uma das suas melhores lem-branças dos tempos de faculdade?

Diria que essa e as aulas de Mecânica de Fluidos, que também tem tudo a ver com ar condicionado e uso até hoje. E vem à minha cabeça a figura do Alemão (Raimundo Ferreira Ignacio), que era meu professor de Mecânica de Fluidos. O Alemão era um ex-feiano que todo mundo adorava. Outra boa lembrança que tenho é o professor Carlos Hein, que dava Ele-mentos de Máquinas aos sábados. Ele era

muito engraçado. Normalmente, na P1 o pessoal ia muito mal na matéria dele, aí, na próxima aula ele dava um sermão em todo mundo: “Poxa! Eu não acredito que vocês tiraram 1 nessa prova, enquanto meus alunos no segundo grau tiram 10! Ainda é tempo pessoal; vão fazer Administração, vão fazer Economia, pelo amor de Deus!”. Lembro bastante disso.

A formação humanista, que é tra-dição da FEI, o ajuda a ser um bom gestor de pessoas?

Sem dúvida. Essa formação huma-nista é essencial. Para ser um gestor temos de ter esse lado humano, que é tão importante quanto o lado analítico,

a tal da inteligência emocional, isso faz a diferença. Vemos bons engenheiros que não conseguem lidar com pessoas, e isso pode atrapalhar a carreira.

Por que o senhor escolheu estudar na FEI?

Eu morava na Cidade Ademar, próxi-mo ao Jardim Cupecê, e a FEI era relati-vamente próxima. Mas a minha escolha também é uma história interessante. Estudei em escola pública e tinha um professor de Química que era da FEI. Não lembro seu nome, mas ele sempre dizia que era da FEI e eu adorava ouvir aquilo, não sei porque, mas adorava. Eu também tinha conhecidos que estudavam na FEI e decidi prestar o vestibular na Instituição. Até hoje tenho contato com amigos que fiz na FEI, até porque alguns eram amigos do bairro. Um dos meus melhores amigos, que é o Denis, é ex-feiano e está no seg-mento de ar condicionado também.

Em meio a tantos desafios, o que o se-nhor faz para manter corpo e mente saudáveis?

Procuro estar muito centrado, ter uma inteligência emocional grande. Estamos apostando muito em produtividade, porque será um ano difícil, e estamos focados também em qualificar as pessoas, investindo em treinamento e qualificação. Temos de manter nosso grupo muito unido, porque é isso que faz a diferença, e estar muito presentes no mercado de uma forma que nos permita ser diferenciados. Para manter o corpo e a mente em forma procuro jogar tênis pela manhã, mesmo tendo de acordar de madrugada. Gosto muito de esportes: futebol, tênis, corrida, andar de bicicleta. Outro hobby que tenho é ir para a praia quase todo fim de semana. Comprei uma prancha de stand-up paddle e estou praticando essa modalidade de esporte também. Isso alivia o estresse da semana, é uma delícia. Outro hobby que tenho é cozinhar. Fazer outras atividades que nos dão prazer alivia as tensões e nos faz acordar bem-dispostos e prontos para enfrentar todos os desafios. A vida fica mais leve assim.

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FEI comemora 10 anos do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu

Uma década na fronteira do conhecimentoO

s investimentos em ciência e tecnologia no Brasil têm ga-nhado incentivos importantes nas últimas décadas. Dados publicados na revista Nature em 2014 – uma das mais im-portantes publicações científicas do planeta –, indicam que o

investimento anual em pesquisas no País já chegam a R$ 59,4 bilhões (US$ 27 bilhões), se somadas as iniciativas públicas e privadas. Segundo a revista, o Brasil é líder em publicações científicas na América Latina, com mais de 40 mil em 2013, embora ainda esteja longe dos números de países desenvolvidos. O País também é o único do continente a investir 1% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. Os fomentos para pesquisa são disponibilizados por agências como a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES) e Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Há exatamente uma década, o Centro Uni-versitário da FEI passou a fazer parte desse seleto grupo que produz ciência no Brasil. Desde 2005, quando a CAPES aprovou o

primeiro curso de mestrado em Engenharia Elétrica, a Instituição passou a investir fortemente para tornar- se uma referência em pesquisa, nacional e inter-

nacionalmente. A partir da expe-riência adquirida com o primeiro mestrado, o Centro Universitário

lançou os stricto sensu de Engenharia Mecânica e de Administração, em 2007, e

de Engenharia Química, em 2013. Para dar ainda mais oportunidades aos pesquisadores

para irem além da fronteira do conhecimento, a FEI oferece o doutorado em Administração desde 2011,

e em Engenharia Elétrica desde 2012, e trabalha para aprovação dos doutorados de Engenharia Mecânica e Química nos

próximos anos. Todo o caminho percorrido na última década foi iniciado em

2002, quando a Fundação de Ciências Aplicadas (FCA), mantenedora das faculdades isoladas Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN), Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e Faculdade de Informática (FCI), resolveu unir as três instituições e transformá-las no Centro Universitário da FEI. “O conceito era simples. O ensino de graduação seria limitado se não houvesse geração de conhecimento em nível de pesquisa e pós-graduação, nessa ordem”, resume o professor doutor Fábio do Prado, reitor do Centro Universitário da FEI e que, em 2002, era o vice-reitor de Ensino e Pesquisa.

pós-graduação

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Uma década na fronteira do conhecimentoCom os programas de pós-graduação

stricto sensu, a FEI passou a ter docentes e professores pesquisadores trabalhando em conjunto, o que permite estender o inte-resse pela pesquisa também para os alunos da graduação, incentivados por meio do Programa de Iniciação Científica. Para o reitor, esse ambiente rico de inovação que envolve a graduação e a pós-graduação permite que as diferentes modalidades de pesquisa coabitem de forma harmoniosa. “Com isso, geramos o bom contágio e criamos a possibilidade de os estudantes expandirem os limites do conhecimento”, reforça.

Para o professor doutor Marcelo An-tonio Pavanello, vice-reitor de Ensino e Pesquisa do Centro Universitário da FEI, a Instituição compreende essa dupla função de propagar o conhecimento na graduação e gerar conhecimento e inovação para um conjunto de opções e serviços com grande impacto social. “O que motiva os novos pesquisadores a continuar nesse caminho é acreditar na qualidade da pesquisa que desenvolvemos na FEI, com impacto nacional e internacional”, destaca. Com a maturidade adquirida na última década, o vice-reitor adianta que a Instituição quer ir muito mais longe, conquistando outros doutorados em todos os cursos.

IndICAdoRESEmbora seja uma Instituição voltada à

pesquisa em pós-graduação há apenas 10 anos, a FEI já colhe bons resultados em relação às publicações científicas e à apre-sentação de estudos em eventos nacionais e internacionais. A cada semestre, cresce o número de pesquisadores indicados com bolsas atribuídas pelos órgãos de fomento, de indicadores de densidade dos estudos produzidos na Instituição e de trabalhos de cunho internacional com inserção em periódicos de alto fator de impacto e com

temas de relevância. O professor Marcelo Pavanello ressalta que a criação de núcleos de pesquisa e agregação de novos pesqui-sadores estimula o aumento exponencial no fomento para os estudos, tanto para professores pesquisadores que desenvol-vem seus estudos em tempo integral e participam de eventos de peso nas áreas quanto para alunos de pós-graduação.

Além de ter tido sucesso na busca de recursos com órgãos oficiais de fomen-to, a FEI também tem recebido verbas de empresas, inclusive para montagem de laboratórios com equipamentos de última geração, a exemplo dos que foram financiados pela Telefônica Vivo na área de Internet das Coisas, em 2014, e pela Ge-neral Motors, em 2012, com a instalação do Partners for the Advancement of Colla-borative Engineering Education (PACE), um programa global que tem como objetivo fornecer treinamento aos estudantes por meio de software utilizados na criação de novos produtos e tecnologias. “Petrobras e Embraer também são grandes fomentado-res nas pesquisas da FEI, nas áreas de pe-tróleo e gás e de motores, respectivamente. A Instituição já nasceu com esse viés para a

indústria e procuramos manter esse círculo virtuoso que permite a pesquisa aplicada”, afirma o vice-reitor Marcelo Pavanello.

Com a criação, por parte do governo federal, de mecanismos legais para a busca de fomento, mais empresas privadas têm procurado a FEI para desenvolver parcerias junto ao Instituto de Estudos e Pesquisas Industriais (IPEI), que acaba de completar 40 anos (leia mais nas páginas 40 e 41). Ape-sar das parcerias e das verbas de fomento, a FEI ainda investe parte expressiva de recursos para pesquisa, por acreditar nesse caminho em busca do conhecimento pleno, mas está à procura da autossuficiência em termos de financiamento para pesquisas. “O mercado e a sociedade já reconhecem a excelência do Centro Universitário, que trilha um caminho seguro e responsável no ensino, na pesquisa e na extensão”, acres-centa o reitor Fábio do Prado, ao lembrar que todo esse itinerário começou a ser construído pelo primeiro reitor do Centro Universitário, o professor doutor Marcio Rillo, já falecido, e que a pesquisa tornou-se um complemento irrenunciável do ensino na FEI, pois permite a autoalimentação de docentes e alunos.

Professor doutor Fábio do Prado: reitor da FEI

23ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI 23

Professor doutor Marcelo Antonio Pavanello

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pós-graduação

Mantenedora incentiva pesquisa Os investimentos da Fundação Educacional Inaciana Padre

Sabóia de Medeiros (FEI), mantenedora do Centro Universitá-rio da FEI, nas áreas de pesquisa e extensão – que se somam à missão fundamental da Instituição, que é o ensino – têm sido focados na tecnologia e na gestão de ambientes e laboratórios especializados. O principal objetivo é oferecer os meios para que as pesquisas sejam realizadas com qualidade e pertinência, possibilitando que os projetos de mestrado e doutorado sejam trabalhados em todos os seus detalhes.

“A pesquisa na Instituição consolida- se pela qualidade das pessoas e dos projetos elaborados. Há uma sinergia buscando o ponto de equilíbrio. A qualificação é condição para a consolida-ção”, afirma o presidente da FEI, Padre Theodoro Peters, S.J., ao ressaltar que a lógica universitária tende a formar e consolidar as pessoas na busca do novo continuamente ao longo da vida, tanto acadêmica como profissional. O gestor acrescenta que a FEI não se contenta em ser excelente na avaliação interna e, por isso, busca continuamente a avaliação externa, nacional e internacional, para situar-se nos patamares desejados.

Nos últimos anos, além de apresentar projetos para finan-ciamento na própria FEI, os pesquisadores passaram a buscar financiamento em órgãos de fomento, competindo com outras instituições de ensino e pesquisa, com crescimento exponencial dos recursos recebidos, o que demonstra a qualidade das pes-quisas na Instituição. “Nossos pesquisadores são reconhecidos além dos muros e estão envolvidos em redes de pesquisa inter-institucionais”, reforça o Padre Theodoro Peters. Além disso, os estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado também estão cadastrados em órgãos de fomento, fazendo parte da grande comunidade nacional e internacional de pesquisa e, consequentemente, com as melhores condições de oferecer seu talento ao bem comum das pessoas e da sociedade.

O presidente da mantenedora lembra que a FEI foi criada com a finalidade de perenizar a missão expressa na denomina-ção da própria pessoa jurídica: uma fundação educacional para

Padre Theodoro Peters, presidente da Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros

2424 DomínIo fEI ABRIL A junho DE 2015

A pesquisa aplicada à indústria faz parte dos objetivos do Centro Universitário da FEI desde a sua fundação, em 1941, pelo Padre jesuíta Roberto Saboia de Medeiros. Considerado um visionário por ter como ideal atender o processo de industrializa­ção pelo qual passava o Brasil, a meta do fundador sempre foi a formação dos alunos

história com foco no mercado

promover a formação de jovens e de adultos que tem como referência Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, ordem religiosa dedicada à formação de recursos humanos altamente qualificados. “A qualificação universitária articula o ensino, a pesquisa e a extensão envolvendo professores, pesqui-sadores, estudantes, corpo técnico especializado, vizinhança, região. Estimular e induzir a pesquisa para que o conhecimento transmitido não se limite à assimilação do já conhecido, mas abra a mente para a descoberta do que ainda não foi assimilado, permite que os pesquisadores deixem sua contribuição para o bem comum. Os avanços visam o bem-estar de toda a humani-dade e tal concepção é parte integrante de uma Instituição de ensino e pesquisa inspirada na fé cristã”, acentua.

de modo que se tornassem qualificados para o setor empresarial, com aptidões para a pesquisa científica e com perfil humanista e valores éticos.

O campus em São Bernardo do Campo também foi criado com objetivo estratégico de atender o crescimento do Grande ABC, região que passou a abrigar as primeiras montadoras

de automóveis instaladas no País. Em 2002, com a criação do Centro Universitário, a Instituição ganhou autonomia acadêmica necessária para o trabalho interdisciplinar e multidepartamental, o que possibilitou a elevação dos níveis de graduação e das pes­quisas por meio da massa crítica científica de professores e pesquisadores.

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Desde que foi criada, a FEI sempre deu importância ao ensino além da sala de aula, por meio do com-plemento em laboratórios, para

que os profissionais fossem preparados para as novas demandas tecnológicas. Ao criar o Centro Universitário da FEI, em 2002, os gestores da Instituição manti-veram os mesmos princípios do fundador e, com isso, o caminho natural era dar continuidade à busca pelo conhecimento por meio da pós-graduação stricto sensu.

O Departamento de Engenharia Elé-trica, naquele momento, era o que tinha as melhores condições para abrigar o

Engenharia Elétrica foi a pioneiraDepartamento tinha as melhores condições para abrigar o primeiro mestrado

primeiro mestrado, uma vez que o cur so de graduação já possuía estrutura departa-mental adequada e laboratórios que davam suporte ao ensino da pós- graduação. Além disso, o departamento já abrigava docentes com mestrado e doutorado que parti-cipavam de grupos vinculados a outras instituições de ensino superior e centros de pesquisa. “Já havia um projeto institu-cional desenvolvido com muita sabedoria para o curso de graduação em Engenharia Elétrica, o que acabou servindo como ali-cerce para a FEI criar o seu Programa de Pós-graduação Stricto Sensu nesta e nas demais áreas”, afirma o vice- reitor de En-sino e Pesquisa, professor doutor Marcelo Antonio Pavanello.

O professor, que participou de todo o processo desde 2003, quando foi contrata-do como docente de tempo integral, conta que a opção foi estruturar o mestrado com

áreas multidepartamentais, o que per-mitia que a estrutura institucional fosse otimizada em prol de uma grande área do conhecimento. “O programa também tinha algumas particularidades que foram aceitas tão logo submetidas à CAPES, que reconheceu a virtude institucional da FEI e aprovou o curso”, acentua. Um dos dife-renciais era o fato de o grupo contratado para o mestrado também ministrar aulas para a graduação.

Da esq.: o atual coordenador do curso, Carlos Eduardo Thomaz, representantes da reitoria da FEI em 2005 e primeiros professores doutores do curso

data de criação: 2005

Artigos publicados em periódicos: 141

Artigos publicados em congressos: 485

Mestres formados: 114

Alunos em formação Mestrado: 40

Alunos em formação doutorado: 32

docentes: 14

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DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS INTE-GRADOS – Nesta área são desenvolvidos estudos em Microeletrônica, com especial ênfase para projeto de circuitos dedicados, digitais e analógicos, caracterização elétrica de dispositivos eletrônicos e modelagem e simulação de dispositivos eletrônicos.

CaRaCTERIzaçãO ELéTRICa DE DISPO-SitivOS MOS – Estudo principalmente dos efeitos das reduções das dimensões e da modificação de materiais aplicados aos dispositivos eletrônicos feitos na tecnologia de Metal­Óxido­Semicondutor (MOS), além da utilização de novas estruturas de transisto res MOS.

SImuLaçãO E mODELagEm DE DISPO-SitivOS MOS – Nesta linha de pesquisa são utilizados simuladores numéricos bidimen­

sionais e tridimensionais de processos e dispo­sitivos eletrônicos para auxiliar no estudo de variáveis intrínsecas aos dispositivos MOS e no desenvolvimento científico de novos modelos analíticos, capazes de descrever as proprieda­des elétricas dos componentes.

PROJETO DE CIRCuITOS INTEgRaDOS DE-DicADOS – Desenvolvimento de projeto de circuitos integrados dedicados, digitais e ana­lógicos, baseados na tecnologia CMOS. Os cir­cuitos visam o aproveitamento das vantagens da tecnologia SOI (Silicon­On­Insulator) sobre a tecnologia MOS tradicional, com melhorias no desempenho dos circuitos, associadas a um menor gasto de potência.

INTELIgêNCIa aRTIfICIaL aPLICaDa à AutOMAçãO – A área visa desenvolver capa­citação em novas tecnologias nas áreas de au­

tomação inteligente, com projetos em au­tomação residencial e automotiva, plane­jamento automático de atividades, robó­tica, estudo de inter­faces homem­máquina e desenvolvimento de interfaces adaptativas.

PLaNEJamENTO E aPRENDIzaDO DE MáquinA – Investiga­ção científica e desen­volvimento de técnicas computacionais capazes de promover o planeja­mento e o aprendizado de máquinas, com especial atenção para a

Áreas de concentração/linhas de pesquisa

2626 DomínIo fEI ABRIL A junho DE 2015

Coordenador do curso de Engenharia Elétrica durante 11 anos, o professor doutor João Antonio Martino foi um dos responsáveis pela instalação do mestrado, ao lado do então reitor professor doutor Marcio Rillo. Formados pela FEI, os dois engenheiros tinham mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo (USP) e, devido à expertise em Dispositivos Eletrô-nicos Integrados e Inteligência Artificial Aplicada à Automação, respectivamente, ficou definido que estas seriam as duas áreas de pesquisa iniciais do mestrado. “A pós-graduação surgiu da necessidade da FEI em expandir a geração do conheci-mento. Fico muito satisfeito em ver que a sementinha da pesquisa em pós-graduação germinou na FEI como o professor Marcio e eu imaginávamos que poderia acontecer. Esse é o lugar correto da FEI, ou seja, con-tribuindo não só com a graduação, mas também com a pós-graduação”, enfatiza o do cente João Antonio Martino, que é professor titular da Escola Politécnica (POLI) da USP desde 2007. Atualmente, o Programa de Pós-graduação na FEI é composto de três áreas: Inteligência Arti-ficial Aplicada à Automação, Dispositivos Eletrônicos Integrados e Processamento

de Sinais, esta última incorporada com o doutorado, em 2012.

Para o professor João Antonio Mar-tino, a seleção e contratação dos então jovens doutores que ajudaram a criar o primeiro mestrado foi acertada, porque tinham perfil de crescimento na área de pesquisa, quase todos ainda na Instituição. O docente diz que foi uma honra ter par-ticipado da criação do primeiro mestrado da FEI e ter sido o primeiro coordenador (2005-2006), pelo fato de ter estudado na Instituição e admirar o processo edu-cacional sério e responsável do Centro Universitário. “A FEI tem uma especial atenção com os alunos da graduação e a experiência adquirida na Instituição como docente, chefe de departamento e coordenador de curso me permitiu seguir a carreira acadêmica. Com apoio do então vice-diretor da FEI, professor Alessandro La Neve, e do então reitor, professor Mar-cio Rillo, foi possível vivenciar em paralelo também a pesquisa na USP e trazer esta experiência para dentro da FEI. Torço que a Instituição cresça cada vez mais, mantenha as premissas originais de forte interação com instituições de pesquisa e ensino no País e no exterior, e consolide

assim todos os mestrados e doutorados que busca”, enfatiza.

Um dos primeiros doutores a ser con-tratado para o mestrado de Engenharia Elétrica, o professor doutor Carlos Eduardo Thomaz – atual coordenador do curso – lembra que a grande preocupação na época era com o equilíbrio da carga horária para os docentes pesquisadores, pois teriam de dividir o tempo integral entre a sala de aula e as pesquisas. Doutor em Computação pelo Imperial College London, na Inglater-ra, o docente relata que o grupo era com-posto por recém- doutores que acreditaram no projeto da FEI e chegaram dispostos a fazer o trabalho acontecer como havia sido planejado. “O perfil dos novos docentes era diferente dos demais professores na época, mas o professor Marcio Rillo tinha uma vi-são espetacular do que queria, além de um grande otimismo, e conseguiu estruturar a Instituição para que chegássemos ao nível de pós- graduação stricto sensu que estamos hoje. Fomos presenteados, na verdade, com a liderança de dois pesquisadores seniores empreendedores”, acentua.

Ao longo desses 10 anos, a FEI vem desafiando seus pesquisadores a produzir mais e melhor, o que atende às expectativas

pós-graduação

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teoria de complexidade de algoritmos, clas­sificação de dados por métodos de aprendi­zagem por reforço, e para o desenvolvimento de sistemas de raciocínio baseado em casos.

inteRfAce HuMAnO-cOMputADOR ADAptivA – Estudo da aplicação de Inteligên­cia Artificial nos aspectos de desenvolvi mento, aplicação e testes em IHC. A área também colabora com pesquisas de interação Humano­ Robô, investigando os aspectos humanos no processo interativo com sistemas robotizados.

nAveGAçãO De RObôS MóveiS – Nesta linha de pesquisa são investigados e desen­volvidos métodos e técnicas de Inteligência Artificial que permitem que robôs atuem de forma autônoma, com aplicação em áreas da Engenharia que exigem raciocínio lógico e conceitos de robótica probabilística.

pROceSSAMentO De SinAiS – Nesta área de pesquisa são explorados aspectos de pro­cessamento de sinais aplicados a reconheci­mento de padrões em estatística, biometria, processamento de imagens médicas, visão computacional, identificação de sinais sonoros de voz e fala, além de processamento e análise de biopotenciais.

RecOnHeciMentO De pADRõeS eM eStA-TíSTICa – O objetivo desta linha de pesquisa é investigar e desenvolver métodos multi­variados lineares e não lineares de redução de dimensionalidade e reconhecimento de padrões apropriados, para classificação de amostras e caracterização de diferenças entre um grupo de dados de referência e a população sob investigação.

pROceSSAMentO DiGitAl De SinAiS – Esta

linha de pesquisa visa desenvolver mecanismos

com aplicação em reconhecimento de fala, melhoria da inteligibilidade e re­lação sinal­ruído, e investigar métodos de processamento e análise de biopotenciais para reabilitação de deficientes por meio do comando de próteses e órteses.

PROCESSamENTO DE ImagENS E VI SãO cOMputAciOnAl – Nesta linha de pesqui­sa investigam­se as questões computacio­nais e algorítmicas associadas à aquisição, ao processamento e à interpretação de imagens, por meio do desenvolvimento de métodos compu tacionais de normalização espacial, detecção, segmentação e classifi­cação de padrões que superem a dificuldade de lidar com a alta dimensionalidade das imagens.

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Primeiros alunos de

mestrado de Engenharia

Elétrica da FEI, em 2005

iniciais do curso e estimula os pesquisado-res a não se acomodarem. O professor Car-los Thomaz informa que um dos grandes desafios era criar um ambiente de pesquisa onde os próprios envolvidos percebessem a necessidade de discutir ciência pelos corredores, em sala de aula, nos laborató-rios e até nas conversas informais. “A FEI conseguiu atingir esse objetivo. É muito comum vermos docentes discutindo ciên-cia até mesmo no espaço do café. Era isso que todos desejavam: que o mestrado não

fosse apenas mais um título, mas criasse a possibilidade de aprofundar conhecimento relevante”, acrescenta. O número de pro-fessores pesquisadores em tempo integral que iniciou em 2005 na pós- graduação em Engenharia Elétrica é hoje 40% maior.

REFERênCIAEmbora o grupo de pesquisadores em

Microeletrônica seja considerado relati-vamente pequeno, já se tornou referência nacional e internacional na área, com gran-

de participação em congressos e com pro-fessores reconhecidos pela academia. Na área de Robótica e Inteligência Artificial, o grupo da FEI também é forte e se tornou referência no País. O coordenador orgulha- se de a FEI ter conseguido boa visibilidade nacionalmente e estar ganhando espaço internacional. “No Brasil, não se fala em robótica sem citar o grupo da FEI. Na área de processamento de sinais também já há pesquisas do nosso grupo de grande visibi-lidade acadêmica e tecnológica”, descreve.

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Os primeiros mestres em Engenharia Elétrica começaram a se formar em 2007 e, hoje, o curso possui 40 alunos, tanto em tempo parcial quanto integral. Nos últimos 10 anos, a FEI já formou 114 mestres na área. Os mestrandos ficam, em média, 27 meses no curso, tempo necessário para participar das aulas e desenvolver as pesquisas. Em geral, os alunos são profissionais do mercado que almejam crescer na carreira, engenheiros em busca de atuação na área acadêmica ou mesmo ex -alunos recém- graduados que descobriram o caráter motivador da pesquisa a partir da iniciação científica, ainda na graduação.

Da primeira turma de 20 alunos, o primeiro mestre a se formar foi Luiz An-tonio Celiberto Junior, que também foi o primeiro a se inscrever no curso. Formado em Engenharia Elétrica com ênfase em Computação no Centro Universitário da FEI em 2004, o engenheiro optou pelo mestrado em Inteligência Artificial Aplica-da à Automação porque sempre gostou de projetar, criar e pesquisar e estava insatisfeito na empresa onde trabalhava com desenvolvimento de software. O interesse pelas pesquisas surgiu ainda na graduação, quando participou do Programa de Iniciação Científica da FEI e da primeira turma do vitorioso projeto Futebol de Robôs.

Depois da conclusão do mestrado, com orientação do professor doutor Reinaldo Bianchi, o engenheiro fez o doutorado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e voltou para a FEI para o pós-dou-torado. “Com a oportunidade do mestrado tive o incentivo que precisava para seguir na carreira acadêmica e continuar me dedicando às pesquisas”, afirma. Hoje, o engenheiro é docente concursado da Uni-versidade Federal do ABC (UFABC) na área de Engenharia de Instrumentação, Auto-mação e Robótica. O professor também

Mudanças expressivas na carreiraparticipa de pesquisas sobre Inteligência Artificial com o grupo da FEI.

Segundo o professor, a pesquisa agrega valor aos graduandos porque passam a ter um diferencial, pois um pesquisador nunca se contenta e está sempre em busca de respostas para novas perguntas. Como nem tudo está nos livros, os professores pesquisadores conseguem agregar um co-nhecimento a mais para os alunos e, com isso, quem ganha é o mercado de traba-lho, que receberá profissionais mais bem preparados. Embora o Brasil ainda não tenha uma cultura de absorver mestres e doutores nas empresas – diferentemente do que ocorre em países desenvolvidos, especialmente nos Estados Unidos – o docente acredita que esse perfil deverá mudar nos próximos anos, uma vez que o mercado global precisa de profissionais di-ferenciados e mais capacitados, inclusive, para a gestão de pessoas. “O mestrado da FEI atendeu a todas as minhas expectati-vas, com excelentes matérias e docentes de alto nível na área de pesquisa. Recebi informações muito valiosas e levo esse conhecimento aos meus alunos até hoje”, assegura.

Formado pela FEI em 2003 em En-

genharia Elétrica com ênfase em Eletrô-nica, Rodrigo Trevisoli Doria também é da primeira turma de mestrado. A área de Dispositivos Eletrônicos o fascinava desde a graduação e o jovem engenheiro viu, no mestrado, a possibilidade de não deixar o conhecimento estagnado. Ao ser contemplado com bolsa de estudos, optou pelo mestrado em tempo integral e, depois de formado, por seguir na área acadêmica. O engenheiro foi o primeiro a concluir o mestrado na área de Dispositivos Eletrô-nicos Integrados com um estudo sobre Transistores de Múltiplas Portas, com orientação do professor Marcelo Antonio Pavanello, e conta que a oportunidade mudou os rumos de sua vida. “O mestra-do é a base de tudo na área acadêmica. Depois de formado fui fazer o doutora-do na USP, também com orientação do professor Marcelo Pavanello, segui para o pós-doutorado em Microeletrônica e consegui me tornar professor colaborador do próprio mestrado da FEI”, conta. Com a carreira acadêmica como objetivo desde o início, o professor diz que consegue passar um conhecimento atualizado aos alunos da graduação, além de incentivá-los no interesse pela pesquisa.

luiz Antonio Celiberto Junior: primeiro mestre Rodrigo Trevisoli doria hoje é docente na FEI

pós-graduação

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esde 2012, o curso de doutorado em Engenharia Elétrica atrai a atenção de profissionais que buscam a carreira acadêmica

e o aprofundamento do conhecimento científico no mundo das pesquisas. Atual-mente, 32 alunos estão matriculados no doutorado nas mesmas áreas de concen-tração do mestrado. Um desses alunos é a engenheira eletricista Carla Dick de Castro Pinho Novo. Formada em 2004 pela FEI, a profissional voltou para a Instituição em 2012 para fazer o mestrado e emendou o doutorado, iniciado em novembro de 2013, depois de sete anos atuando no setor produtivo.

Carla Pinho Novo conta que começou a trabalhar no Grupo Votorantim ainda no último ano da faculdade, após passar por um processo seletivo. “Eu já gostava da área acadêmica, mas quis ter essa expe-riência na indústria. Depois de passar por vários setores durante o estágio, escolhi a área financeira e cheguei a gerente”, escla-

doutorado foi mais uma conquistarece. Por ter participado do Programa de Iniciação Científica durante a graduação, a engenheira afirma que a experiência foi importante para aprender a trabalhar a organização e o planejamento de estraté-gia, o que permitiu já chegar mais pronta ao mercado de trabalho.

Em 2012, decidiu voltar para a FEI para cursar o mestrado e, para isso, procurou o professor doutor Renato Giacomini, chefe do Departamento de Engenharia Elétrica, que havia sido seu orientador na iniciação científica. A doutoranda escolheu a área de Dispositivos Eletrônicos e garante que fez uma escolha consciente pela Instituição. “Eu sempre quis fazer o doutorado na FEI, embora tenha recebido convites de outras instituições, pois conheço a seriedade da FEI e dos profissionais envolvidos com o programa de pós-graduação, que são inter-nacionalmente reconhecidos no mundo científico”, reforça.

Para o professor Carlos Eduardo Tho-maz, o doutorado veio coroar o interesse

e a necessidade de todos os professores pesquisadores em discutir conhecimento no mais alto nível, dando oportunidades aos mestres de seguir nas pesquisas na Instituição. Para os próximos 10 anos, o coordenador espera que os resultados dos estudos de mestrado e doutorado possam contribuir para responder questões rele-vantes que beneficiem a sociedade como um todo. Outro objetivo é trazer alunos estrangeiros, especialmente da América Latina, para participarem dos cursos. O docente acredita que essa troca alimenta o conhecimento. “O doutorado permite maior tempo de contato entre professor e aluno e resultados cientificamente mais relevantes, pois são quatro anos de dedicação à pesquisa. E é fundamen-tal que os pesquisadores, em todos os níveis, percebam que a ciência não tem fronteiras e a convivência em busca de conhecimento científico é enriquecedora. Estamos criando caminhos para mais essa conquista”, admite.

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A engenheira eletricista Carla dick de Castro Pinho novo optou pelo doutorado na Instituição

29ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI 29

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3030 DomínIo fEI ABRIL A junho DE 2015

pós-graduação

ois anos depois da implantação do primeiro mestrado do Centro Universitário da FEI, em 2007 foi a vez de a Engenharia Mecânica ter

sua pós-graduação stricto sensu aprovada pela CAPES. Passados oito anos, o curso já formou 139 mestres e, atualmente, 92 alunos estudam para conquistar o título. O curso, que começou a ser preparado em 2006 e envolve professores dos de-partamentos de Engenharia Mecânica, de

Materiais e de Produção da FEI, tem o maior número de vagas porque envolve três áreas: Materiais e Processos, Produção e Sistemas da Mobilidade, esta última englobando toda a Engenharia Mecânica.

Segundo o professor doutor Agenor de Tole do Fleury, coordenador do Programa de Pós -gra duação em Engenharia Mecânica até maio de 2015, o curso foi concebido com

dois importantes di ferenciais em relação aos demais existentes. “Um deles é que a FEI tem um cuidado com seus alunos que não é padrão em pro gramas de mestrado de outras escolas, per mitindo um convívio muito próximo en tre alunos e professores e fornecendo uma infraestrutura diferenciada de recursos”, justifica. Outro diferencial é a con veniência de horários, com parte das ati vidades no período noturno, o que fa vorece a participação de profissionais do se tor produtivo que queiram ampliar seus conhecimentos.

Prova do sucesso deste modelo de pro-grama de mestrado se reflete nos nú meros. Atualmente, 80% dos alunos atuam no mercado e buscam aper fei çoamento ou a oportunidade de entrar no meio acadêmico. “Além de cum prir o papel fundamental de formar pes soal de alto nível para as indús-trias, é importante destacar que o Brasil preci sa muito de bons professores com essa for mação diferenciada e que conheçam pro-fundamente o mercado de trabalho”, avalia o docente.

Os estudos já desenvolvidos e em de -senvolvimento no mestrado de Engenharia

Engenharia Mecâ nica já formou 139Programa tem como linhas de pesquisa as áreas de Materiais, Produção e Sistemas da Mobilidade

D

Áreas de concentração/linhas de pesquisapROceSSOS De fAbRicAçãO – Destaque para estudos de usinabilida­de de materiais endurecidos, soldagem por atrito e mistura mecâ nica (FSW - Friction Stir Welding), soldagem a ponto por atrito e mistura me­cânica (FSSW - Friction Stir Spot Welding), Creep Age Forming, simulação computacional e tensões residuais induzidas por processos de fabricação mecânica.

ceRâMicAS técnicAS – Desenvolvimento de materiais cerâmicos (síntese, processamento e sua influência na sinterização e proprie dades). Pesquisas com cerâmicas nanoestruturadas, produção de catalisadores he­terogêneos e processamento de sistemas particulados por rotas coloidais.

mODIfICaçãO, RECICLagEm E PROCESSamENTO DE POLí mE ROS Estudo das relações entre estrutura­processamento e propriedades

de materiais poliméricos, compósitos de matriz polimérica, blendas poliméricas e compósitos de matriz termoplástica com nanopartículas, compósitos de matriz termoplástica com fibras naturais, fibras de material reciclado, resíduos e nanopartículas, reciclagem de polímeros e polímeros biodegradáveis.

TRaNSfORmaçãO DE faSES E COmPORTamEN-TO mECâNICO DE maTERIaIS ESTRuTu RaIS Estudo envolve temas relacionados a transformações de fase em aços inoxidáveis dúplex, microestrutura e comportamento eletroquímico e mecânico de aços inoxidáveis dúplex, usinabilidade de materiais me tálicos e desempenho de materiais usados em ferramentas de corte.

maTERIaIS E PROCESSOS

Carlo Leopoldo Francini/istockphoto.com

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31ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI 31

Engenharia Mecâ nica já formou 139Mecânica envolvem parcerias com diferen-tes empresas – entre as quais a Scania, na área de motores, e a Embraer, no desen-volvimento de novos processos de fabrica-ção – e incluem até projetos que aten dem hospitais, como o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Me-dicina da USP (InCor/HC/FMUSP), a Uni-versidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Hospital do Coração (HCor). O programa também está plenamente envolvido na busca de soluções para um dos maiores problemas do País, a logística e, por meio de projetos, busca aumentar a participação do modal hidroviário, garantindo maior eficiência energética e menor impacto ao meio ambiente.

Parte dos estudos que integram o programa tem forte vertente para a in-dústria, mas vários outros são voltados à sociedade. “Parcerias como essas são muito importantes, pois o mestrado não é só para fazer pesquisa, mas também para formar pessoas capazes de fazê-la, e o aprendizado adquirido pelos alunos contribui para que sejam absorvidos pelas próprias indústrias participantes.

inOvAçãO e GeStãO De OpeRAçõeS – Estudos envolvem modelos de ne gó cios e competitividade, organização industrial e desenvolvimento tecnológico, cadeias produtivas, sistemas de produção e clusters regionais.

lOGíSticA e ReDeS De SupRiMentOS – Desenvolvimento de estudos voltados aos aspectos estratégicos, táticos e operacionais.

MODelAGeM, OtiMizAçãO e cOntROle De pROceSSO – Plane­jamento e controle de produção, logística e distribuição, automação e controle de processos, inteligência artificial e mineração de dados.

quAliDADe eM inStituiçõeS De SAúDe – Entre outros, são desenvol­vidos estudos e projetos de melhoria de processos e aplicação da produção enxuta (lean production) em instituições de saúde.

SISTEmaS Da mObILIDaDEPRODuçãO

tração e das parcerias entre a FEI, o setor produtivo e as instituições de pesquisa. “A ratificação do papel de protagonistas nas áreas de pesquisa em que o programa da FEI se insere, através da participação dos corpos docente e discente em publicações científicas e tecnológicas renomadas, é fundamental para o reconhecimento de nossas ações como pesquisadores e for-madores da elite tecnológica necessária ao desenvolvimento do País. Além disso, são os índices de produtividade científica do corpo docente que criam a base para a proposição do almejado programa de dou-torado em Engenharia Mecânica”, relata o docente. Com 23 professores no grupo do mestrado, a Engenharia Mecânica da FEI está se preparando, também, para con-quistar o doutorado em futuro próximo.

Por isso, dentro de poucos meses teremos novidades em relação a novas parcerias”, adianta o professor.

Os investimentos também estão rela-cionados à infraestrutura disponível aos alunos, como corpo docente altamente qualificado e laboratórios para a pesquisa, com destaque para o Laboratório de De-senvolvimento de Materiais Metálicos e Compósitos, com equipamentos de ponta, como o importante microscópio eletrônico de varredura e o difratômetro de raios-X, disponíveis em poucas instituições de ensino no Brasil. O amadurecimento do programa pode ser observado na quanti-dade de alunos formados que, em média, são 20 por ano, totalizando 70% do total de ingressantes. Além disso, há domínio da tecnologia e importantes publicações.

noVA CooRdEnAçãoA meta dos próximos anos, segundo

o novo coordenador do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Engenharia Mecânica da FEI, professor doutor Rodri-go Magnabosco, é a consolidação dos pro-jetos de pesquisa das três áreas de concen-

DinâMicA e cOntROle – Modelagem, estimação, controle e otimização aplicados ao projeto de sistemas mecânicos e mecatrônicos em áreas como sistemas de movimentação de carga, mobilidade assistida, sistemas automotivos, hidrogeração, robótica móvel e interação homem­máquina.

eneRGiA e pROpulSãO – Aspectos relacionados a projeto, modela gem e simulação de sistemas de propulsão e conversão de energia, e interações energéticas entre sistemas para aumentar desempenho e eficiência.

biOMecânicA – Desenvolvimento de modelos biomecânicos dos siste­mas locomotor, cardiorrespiratório e termorregu la dor, aperfeiçoamento de aparelhos de reabilitação, desenvolvimento de sistemas dinamomé­tricos aplicados à biomecânica e análise da ergonomia veicular, conforto ambiental e exercício físico.

data de criação: 2007

Artigos publicados em periódicos: 137

Artigos publicados em congressos: 524

Mestres formados: 136

Alunos em formação Mestrado: 92

docentes: 23

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Engenharia Química é o mestrado mais novoos primeiros mestres na área devem começar a receber os títulos em 2016

om nove docentes em regime de dedicação integral ao Programa de Mestrado, a Engenharia Quí-mica foi o quarto curso da FEI a

ter um Programa de Pós-graduação Stricto Sensu aprovado pela CAPES. A autorização

foi dada no fim de 2013, com o início das atividades do pro-

grama em 2014. Com duas linhas de pesquisa: Petróleo, Gás e Biocombustíveis, e Processos Químicos e Bio-tecnológicos, os estudos desenvolvidos na Institui-ção têm trazido importantes resultados, principalmente o Prêmio Odebrecht Sustenta-

bilidade de 2013. O Programa de Mestrado em Engenharia

Química da FEI é o único do Estado de São Paulo que possui

C

uma linha de pesquisa institucionalizada na área de Petróleo, Gás e Biocombustí-veis, o que é um dos diferenciais. Já a linha de Processos Químicos e Biotecnológicos contempla fundamentos da Engenharia Química, incluindo nanotecnologia e bioprocessos. As linhas de pesquisa do programa alinham-se com as demandas das indústrias do ABC Paulista por conhe-cimento científico e recursos humanos em pesquisa aplicada e, nacionalmente, com as áreas de Biotecnologia e Petróleo, Gás e Biocombus tíveis, definidas como estratégicas pelo governo federal, sendo também temas prioritários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e in-seridos na Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE).

Embora seja o caçula no mestrado, o primeiro projeto de pesquisa do Cen-tro Universitário da FEI aprovado pela FAPESP, logo que a Instituição se trans-formou em Centro Universitário, veio da Engenharia Química. Intitulado ‘Estudo Experimental e Modelagem do Efeito da Hidratação Hidrofóbica e da Interação Hidrofóbica sobre o Volume molar Ex-

cesso de Soluções Líquidas de Água-Aminas a Diferentes

Temperaturas e Pressão Atmos férica’, o projeto de autoria do professor doutor

Ricardo Belchior Tôrres, chefe do Departamento de Engenharia

Química e coordenador do Programa de Mestrado, foi contemplado em 2005 pelo programa Jovem Pesquisador FAPESP. “Na época, eu era professor aulista na FEI e, com a aprovação do projeto, fui convida-do a desenvolver as minhas pesquisas no Centro Universitário, institucionalizando uma linha de pesquisa em Termodinâmi-ca Química no nosso departamento”, relata o docente, que assumiu a chefia do Departamento de Engenharia Quími-

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Engenharia Química é o mestrado mais novo

ca em 2010. No mesmo ano, um novo projeto coordenado pelo professor e com financiamento da FAPESP instituiu uma linha de pesquisa em Líquidos Iônicos no departamento.

Atualmente, três projetos estão em execução com financiamento de órgãos de fomento. Um deles recebe auxílio fi-nanceiro da FAPESP e tem como objetivo o estudo de propriedades interfaciais de asfaltenos do petróleo na presença de surfactantes etoxilados convencionais e álcoois intermediários, coordenado pelo professor Ronaldo Gonçalves dos Santos. Os outros dois estudos estão relacionados com química verde e a química de orga-nocatálise, coordenados pelo professor

Áreas de concentração/linhas de pesquisa PROCESSOS QuímICOS E bIOTECNOLógICOSEsta linha de pesquisa tem como objetivo a análise, o dimensionamen­to e a integração de processos químicos e biotecnológicos através de estudo experimental, modelagem, simulação, otimização e controle de processos.

pós-graduação

Rodrigo Cella, com financiamento, respec-tivamente, da FAPESP e do CNPq.

Assim como os demais programas de pós-graduação stricto sensu da FEI, o mes-trado em Engenharia Química tem ativi-dades também no período noturno, o que permite a participação de profissionais do setor produtivo. Hoje, o mestrado tem 16 alunos e, desses, apenas dois não atuam na indústria. “Quando a pós- graduação consegue atrair profissionais das grandes indústrias ampliam-se as chances de se desenvolver projetos inovadores ligados ao setor produtivo, o que é fundamental para o desenvolvimento do País”, avalia o coordenador, ao lembrar que o Brasil ainda absorve poucos mestres e doutores no setor produtivo, mas essa realidade tende a mudar nos próximos anos.

Recentemente, o Programa de Mestra-do em Engenharia Química ganhou dois novos laboratórios – Catálise e Multiusuá-rio – com equipamentos de ponta funda-mentais para os estudos dos projetos em andamento. “Muitas universidades pú-blicas brasileiras de renome não possuem equipamentos e infraestrutura como os nossos, o que é importante para qualifi-car a pós-graduação da FEI”, informa, ao adiantar que outros laboratórios estão em fase de projetos. O Programa de Mestrado em Engenharia Química não é voltado apenas para enge nheiros químicos, mas também para profissionais que atuam em atividades correlatas, e tem profissionais com formação em Química e em outras

áreas da Engenharia. Os primeiros mes-tres em Engenharia Química deverão ser formados em fevereiro de 2016.

CRESCIMEnTo Segundo a Associação Brasileira da

Indústria Química (Abiquim), o Brasil deverá investir, nos próximos anos, US$ 120 bilhões para colocar a indústria química brasileira entre as cinco maiores no mundo. O Brasil também deverá atin-gir a soberania na área do petróleo, com previsão de aumento na produção prove-niente, principalmente, do pré-sal. Em 2014, a produção brasileira de petróleo e gás aumentou em mais de 6% e quatro novas unidades de produção entraram em operação. A meta de produção de petróleo, estabelecida pela Petrobras para 2015, é de 2,1 milhões de barris de óleo por dia. Outra expectativa é que o Brasil se torne uma grande referência mundial na área de bioenergia, sobretudo com a produção de biocombustíveis. “Ninguém detém a tecnologia de produção de etanol em es-cala industrial a partir da cana-de-açúcar como o Brasil. Grandes investimentos em pesquisas e desenvolvimento foram realizados nessa área nas últimas décadas no nosso País”, afirma o docente da FEI.

Professor doutor Ricardo belchior Tôrres

PETRóLEO, gáS E bIOCOmbuSTíVEISO objetivo desta linha de pesquisa é a geração de conhecimento técnico ­ científico e a formação de re cursos humanos em processos industriais na área de petró leo, gás e biocombustíveis, através de estudo experimental, modelagem, simulação, otimização e controle desses processos.

data de criação: 2013

Alunos em formação: 16

docentes: 9

ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI

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SuStentAbiliDADe – Esta linha de pesquisa busca constituir uma base de conhecimentos e desenvolver modelos sobre inovação e sustentabilidade, de forma a que as organizações possam cumprir seus objetivos econômicos, sociais e ambientais, integrando estas variáveis no processo de tomada de decisão.

eStRAtéGiAS De MeRcADO e cOMpetitiviDADe – Esta linha de pesquisa foca a dinâmica dos mercados consumidor, industrial

linhas de pesquisa na área de Gestão da Inovação

História com sucesso na AdministraçãoPublicações científicas conceituadas colocam o programa entre os mais relevantes na área no Brasil

serviram de inspiração dois programas stricto sensu reconhecidos no mercado: o da Faculdade de Economia, Adminis-tração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e o da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, mantida pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP/FGV). “Estes cursos existem há várias décadas e são fortes em nível nacio-nal”, complementa. A formação do corpo docente também foi uma preocupação da FEI, por isso foi dada prioridade a doutores com sólida base acadêmica e inserção in-ternacional. Como resultado da política de excelência adotada, o primeiro mestre em Administração concluiu o curso em 2008 e, em 2010, o programa passou pela primeira avaliação trienal feita pela CAPES. E, em reconhecimento por sua excelência, teve sua avaliação aumentada da nota 3 para a nota 4, o que permitiu à Instituição pro-por o curso de doutorado. A submissão e aprovação da proposta ocorreram ainda em 2010 e, em 2011, começou o Programa de Doutorado em Administração na FEI.

“A história de sucesso do programa de stricto sensu é reflexo do apoio que a FEI concede desde a criação do mestrado, em 2006. Em fevereiro deste ano chegamos ao número de 101 alunos formados, sendo 95 mestres e 6 doutores”, ressalta o professor doutor Edmilson Alves de Moraes, coorde-

xcelência foi a palavra-chave que conduziu o plano de desenvol-vimento do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu de Admi-

nistração da FEI. A qualidade foi o ponto inicial da estrutura, das linhas de pesquisa,

E

do corpo docente, do trabalho com os alunos e da pesquisa para que a Instituição pudesse oferecer um curso reconhecido no mercado pela competência na geração de conhecimento e pesquisadores de alto nível. A criação do projeto de mestrado e o envio para aprovação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) ocorreu em 2006 e, por ter sido aprovado neste mesmo ano, o iní-cio do curso ocorreu no primeiro semestre de 2007.

O professor doutor Theodoro Agosti-nho Peters Filho, que foi chefe do Depar-tamento de Administração e participou da organização do Programa de Mestrado, afirma que, por se tratar de uma área do co-nhecimento que envolve muitas vertentes, o desenvolvimento recebeu a colaboração de toda a Instituição. “Tivemos ajuda principalmente do então reitor do Centro Universitário, o professor doutor Marcio Rillo, que colaborou com sua experiência de pesquisador reconhecido internacio-nalmente. Houve troca de pensamentos e ideias baseados em sua expertise e também pelo fato de ter participado ativamente da criação do curso de mestrado em Engenha-ria Elétrica”, acentua.

O docente informa que houve refe-rência básica extraída das diretrizes da

CAPES e, inicialmente, também

pós-graduação

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linhas de pesquisa na área de Gestão da Inovação e de serviços em três perspectivas: o comportamento de consumidores e clientes; o processo de entrega de produtos e serviços inovadores e que gerem valor; a gestão estratégica de mercados. Esses temas são abordados nos diversos mercados de consumo, B2B e serviços. Há ainda interesse por alguns setores específicos como turismo, educação e saúde.

cApAciDADeS ORGAnizAciOnAiS – Esta linha busca consolidar uma base de conhecimentos que integre avanços das diversas escolas de

pensamento em Organizações, Estratégias e Inovação, possibilitando o alinhamento entre tendências convergentes acerca do aumento da complexidade ambiental, foco nos processos e nas capacidades de re­combinação dos recursos internos e externos às organizações, impactos da configuração de estratégias de inovação sobre o desempenho das firmas e da importância do aprendizado organizacional de novos papéis sociais e técnicas para o desenvolvimento de produtos, processos e serviços competitivos.

o professor doutor Theodoro Agostinho Peters Filho foi o primeiro chefe do departamento

o professor doutor Edmilson Alves de Moraes é o coordenador do Programa de Pós-graduação

História com sucesso na Administraçãonador do Programa de Pós-graduação em Administração desde 2009 e participante da criação do projeto do stricto sensu. O resultado do trabalho se mostra na traje-tória de sucesso dos alunos, uma vez que vários tiveram promoções importantes nas empresas em que trabalham, enquanto outros migraram para a vida acadêmica, inclusive sendo aprovados em concursos para professores de universidades federais.

Além disso, professores e alunos são incentivados a publicarem os resultados de suas pesquisas em revistas especializadas e reconhecidas internacionalmente. Como resultado, somente no biênio 2013/2014 o programa teve seis trabalhos publicados em revistas com categoria Qualis CAPES A1, o mais alto nível de publicação, o que coloca a FEI entre os programas mais relevantes em termos de geração de conhecimento em Administração. A Ins-tituição também se destaca pela parceria com universidades do exterior, como a Universidad de Alicante, da Espanha. “As pesquisas realizadas na FEI, juntamente com pesquisadores renomados, possibili-tam acesso a locais restritos e a conteúdos atuais e relevantes discutidos pelo mun-do”, acrescenta o coordenador.

REConHECIMEnToOs professores do stricto sensu também

se destacam pelos prêmios que recebem. O mais recente foi concedido à professora doutora Juliana Bonomi Santos, que ven-ceu o Prêmio Emerald/EFMD 2013, que re-conhece as melho res teses de doutorado do mundo. “O reconhecimento da qualidade do programa da FEI também é percebido pelo número de bolsas concedidas pela CAPES e de financiamentos para projetos de pesquisas aprovados por órgãos de fo-mento como o CNPq e a FAPESP”, reforça o professor Edmilson de Moraes.

35ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI 35

data de criação: 2006

Artigos publicados em periódicos: 37

Trabalhos em anais: 42

Mestres formados: 95

doutores formados: 6

Alunos em formação Mestrado: 36

Alunos em formação doutorado: 25

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Paulo Roberto Vidigal foi o primeiro doutor

O Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Admi nistração da FEI possui três linhas de pesquisa: Estratégias de Mercado e Competitividade, Sustentabilidade e Capacidades Organizacionais. O progra-ma trata de temas relacionados tanto a aspectos estratégicos da empresa, como internacionalização, pesquisa, desenvolvi-mento e inovação em manufatura e servi-ços, e gestão da cadeia de suprimentos, até assuntos relacionados com o impacto das empresas sobre as pessoas e a sociedade, entre eles trabalho escravo, segregação, inclusão e empreendedorismo social. O mestra do tem 90% do público formado por profissionais que atuam no mercado de trabalho e com cargos elevados nas empresas. Já o doutorado atrai, em sua maioria, professores de universidades que visam conquistar o título e galgar vagas em instituições federais. Este é o caso do professor doutor Rogério Scabim Morano,

Alunos do mercado e da academia pós-graduação

Rogério Scabim Morano: segundo doutor de ADM

Paulo Calabria: doutorado contribui com a carreira

docente do Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), segundo doutor em Administração formado pela FEI.

Após anos como consultor de em-presas, o engenheiro decidiu entrar na vida acadêmica, iniciou o mestrado em Administração em 2010 e passou a dar aulas em duas instituições particulares de ensino superior. Ao finalizar o mestrado, ingressou no doutorado e, ainda como aluno, participou do processo seletivo da Unifesp garantindo o primeiro lugar e ultrapassando candidatos que já eram doutores e docentes. “Passei a me dedicar integralmente à vida acadêmica. Com o doutorado alcançamos a fronteira do conhecimento e esse aprofundamento colabora para uma aula na qual os alunos aprendem mais efetivamente e podem ter contato com projetos de pesquisas. Por isso é importante que as instituições reconhe-çam e incentivem os professores a terem o título de doutor”, acredita.

Para o professor doutor Paulo Roberto Vidigal, primeiro doutor formado pela FEI, a especialização abre portas, pois trata-se de um processo de complementação do desenvolvimento da formação, do ponto de vista teórico, com fundamentação científica. “Com o título passei a dar aulas de pós-graduação em Logística e Gestão em Negócios em uma universidade parti-cular”, explica. De acordo com o terceiro doutor formado pelo Centro Universitário, Paulo Calabria, gerente de programas sênior da IBM, o doutorado contribuiu muito com sua carreira, porque passou a ter um pensamento crítico e mais analíti-

co no dia a dia. “Como consequência, tenho um papel mais ativo na empresa, maior

conhecimento e capacidade de reso-lução de problemas. Meu foco agora é fazer parte de um dos centros de pesquisa e desenvolvimento da em-presa em que atuo”, adianta.

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Educação e Ciência: investimento ou despesa? Atualmente, há um grande debate em torno desta questão, especialmente no Brasil,

que deve se refletir na quantidade de recursos destinados às pesquisas – sejam institucionais ou privadas – nos próximos 20 anos. Atualmente, o País só participa de 2,7% de toda a produção científica mundial, indexada na base de dados do International Statistics Institute (ISI) – 2013. Com uma apresentação sobre este tema, o Centro Universitário da FEI deu início às aulas de mestrado e doutorado deste ano, com a presença de professores, pesquisadores e alunos.

“O Brasil só mudará se entender que educação e ciência são investimentos que levam tempo para dar retorno”, desabafa a professora doutora Helena Bonciani Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ministrou a Aula Magna dos cursos de pós-graduação stricto sensu da FEI, em 1º

Aula Magna aborda educação e ciência Presidente da SBPC abre cursos do Programa de Pós-graduação da FEI

de março de 2015, 10 anos depois da aula que inaugurou o primeiro mestrado da Instituição. Para a docente, se o País conti-nuar olhando para a ciência apenas como despesa, com uma visão linear, demorará ainda mais para chegar próximo de outros países em termos de pesquisa científica.

A docente lembra que os órgãos de fo-mento brasileiros foram fundados somen-te a partir da década de 1950 – o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foi o primeiro, em 1951, seguido da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em 1962, e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em 1967 –, e a própria SBPC, de 1948, é 100 anos mais jovem que sua coirmã norte-americana. “Temos muito que correr para nos equipararmos ao resto do mundo e é fundamental que empresas, instituições de ensino e gover-nos entendam que ciência e tecnologia são um instrumento fundamental para a inclusão social e econômica. Parabenizo a FEI pela sua história na educação e por acreditar na ciência e estimular a pesqui-sa”, enfatiza.

A partir da 4ª Conferência Nacional da SBPC, que reuniu 4 mil participantes em 2010, os cientistas brasileiros traça-ram as metas para os próximos 20 anos.

Entre as ações estão revisão dos manuais de marcos legais, troca de experiência com outros países e mudança no sistema de pregão para compra de insumos para pesquisas. “Não se pode comprar insu-mos de ciência, tecnologia e inovação em pregão eletrônico”, ressalta a docente. As recomendações abrangem todas as áreas, até mesmo aquelas nas quais o Brasil se destaca, como segurança alimentar, ge-noma humano e petróleo, por exemplo.

RECURSoSA presidente da SBPC lamenta que

o Brasil tenha começado a diminuir os recursos para ciência e tecnologia nos últimos anos, que culminou com recente corte de 30% no fomento público, e acres-centa que é preciso mudar o conceito de que o Estado deve prover tudo. Embora em São Paulo o investimento privado seja de 75% em relação ao público para ciência e tecnologia, nos demais estados os recursos privados são irrelevantes. “O número de publicações em periódicos indexados e o impacto dessas publicações têm aumentado, no entanto, temos muito ainda para melhorar, e sem investimentos contínuos aumentam as dificuldades. O mundo não está parado esperando o Brasil chegar”, enfatiza.

Professores doutores e alunos dos cursos stricto sensu assistem à palestra da professora doutora Helena bonciani nader

37ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI 37

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Conhecimento em prol da sociedadePesquisadores do Centro Universitário da FEI também desenvolvem estudos direcionados ao bem-estar social

D entro das linhas de pesquisa dos programas de mestra-do e doutorado do Centro Universitário da FEI, muitos estudos possuem forte viés social. Na área da saúde, por exemplo, os projetos refletem a preocupação dos pesqui-

sadores com o bem-estar dos pacientes por meio de tecnologias que colaboram com diagnósticos e tratamentos, melhoram o

atendimento médico e, ainda, possibilitam melhor con-trole de centros cirúrgicos e prontuários. Na área da

mobilidade, estudos visam melhorar o dia a dia de pessoas que têm alguma deficiência ou dificulda-de de locomoção. Já a expertise na área de reco-

nhecimento de padrões em imagens permite à FEI desenvolver tecnologias que colaboram com o trabalho de órgãos governamentais e não governamentais para identificar pessoas desaparecidas.

Com foco na mobilidade, dois projetos coordenados pelo pro-fessor doutor Marko Ackermann, do mestrado em Engenharia Mecânica, aliam a tecnologia à qualidade de vida para auxiliar pessoas com problemas de locomoção. O estudo ‘Modelagem e Simulações de Marcha Tipo Pendular com Muletas Convencio-nais e Elásticas’ visa transformar a muleta convencional, que há décadas não recebe atualização, em um objeto mais confortável, evitando o risco aos usuários de desenvolver trombose, aneurisma e paralisia por pressionamento de feixes nervosos que passam pelas axilas. Testes computacionais foram realizados para avaliar valores apropriados de rigidez e os resultados demonstram que a adição de mola linear no equipamento reduz as forças de impacto transmitidas aos membros superiores no momento do impacto com o solo.

Outra pesquisa orientada pelo docente refere-se à modelagem biomecânica do cadeirante e da interação com a cadeira de rodas, equipamento que também não tem evoluído ao longo dos anos e tende a ocasionar problemas nos ombros do usuário, devido à sobrecarga nos braços. Para reduzir o esforço e proporcionar maior conforto para o uso da cadeira de rodas, uma das propos-tas é inserir um câmbio no equipamento, nos moldes usados em bicicletas, para que o cadeirante possa selecionar a marcha ideal para aclives e declives. Outra proposta é a utilização de propulsão assistida em cadeiras de rodas manuais por meio de motores. Este trabalho insere-se em projeto aprovado pelo Ministério da

Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coorde-

nado pelo professor doutor Agenor de Toledo Fleury, coor-denador do Programa de Pós- graduação Stricto Sensu em

Engenharia Mecânica da FEI até maio de 2015, com a participação de vários professores dos programas de pós-graduação em Engenharia Mecânica e Elétrica.

A aprovação deste projeto originou a formação, junto ao MCTI, de um Núcleo em Tecnologia Assistiva na FEI.

Ainda voltado à saúde e ao bem-estar, pesqui-sadores da FEI desenvolveram um software que

possibilita o atendimento mais ágil e eficiente de pacientes de um hospital público. O projeto

‘Pesquisa Estatística Baseada no Acervo Digital de Prontuário Médico do Pa-ciente em Telemedicina Centrada no

Usuário (PEAD- PMPT)’ digitalizou 21.124 prontuários científicos,

totalizando uma base de 343.863

kont

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rEsponsabilidadE soCial

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Conhecimento em prol da sociedade

Esperança de voltar para casaA busca por pessoas desaparecidas é um tema delicado que

envolve diferentes setores da sociedade, e a FEI passou a dar sua contribuição por meio da elaboração de um sistema computacional de modelagem e reconhecimento de faces. O projeto ‘Integração Tecno­lógica e Inovação para Identificação e Prevenção do Desaparecimento de Crianças e Adolescentes com Deficiência’ teve como objetivo criar metodologias computacionais que utilizem a imagem do rosto para fazer uma busca automática no banco de dados de desaparecidos. O professor doutor Carlos Eduardo Thomaz, coordenador do Programa de Pós­graduação Stricto Sensu em Engenharia Elétrica, é um dos responsáveis pelo trabalho, que foi coordenado pela biomédica Gilka Gattás, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e integra o projeto Caminho de Volta, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

A FEI já pesquisava cientificamente essa tecnologia antes da parce­

ria e, no projeto, foi responsável pela área de computação, trabalhando na elaboração de um programa que permite a triagem no processo de busca de desaparecidos. Para isso, o sistema formata as fotos das crianças desaparecidas, que são cedidas por familiares, e das pessoas encontradas em abrigos ou nas ruas, e remove os defeitos encontrados nas imagens, entre eles rasuras, iluminação e artefatos, como a chu­peta. Com a imagem pronta, por meio de uma sequência de métodos de processamento e reconhecimento de imagens, o programa permite a procura, entre as fotos do banco de desaparecidos, das faces que mais se assemelham com as imagens formatadas. Os resultados desse trabalho foram considerados relevantes para a definição das normas de aquisição de fotografias digitalizadas de crianças e adolescentes nas instituições públicas estaduais de São Paulo, documentada no artigo 4º, parágrafo 1º, item 3, do decreto lei número 58.074, instituído em 2012 pelo governador do Estado de São Paulo.

Todos os estudos citados nesta reportagem foram publicados em detalhes nas edições 6, 13 e 19 da revista Domínio FEI, que estão disponíveis no site www.fei.edu.br.

imagens do Centro de Pesquisas em Pescoço e Cabeça do Com-plexo Hospitalar Heliópolis, em São Paulo, facilitando o acesso às informações dos pacientes e à pesquisa do histórico e das doenças. Para suportar o sistema estão disponíveis 15 terabytes de espaço de armazenamento e oito servidores, além de backup para segurança dos dados. O sistema permite inclusão de novos prontuários digitalizados ou inclusão de prontuários totalmente digitais, sem a necessidade de arquivos em papel. Com coordena-ção geral do professor doutor Plinio Thomaz Aquino Junior, do Departamento de Ciência da Computação, o projeto tem verba da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e parceria com a empresa Volans Informática.

Também com objetivo de melhorar a eficiência do sistema de atendimento a pacientes, o Departamento de Engenharia de Produção da FEI e o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HC/FMUSP) fecharam um convênio de cooperação científica e tecnológica para intercâmbio de conhecimento técnico-científico entre professores da Instituição e pesquisadores do hospital. Com coordenação do professor doutor João Chang Junior, o convênio engloba diferentes estudos que buscam excelência na progra-mação cirúrgica, melhor ocupação dos leitos e salas, gestão dos processos para aprimorar os índices de qualidade, de atendimento e mortalidade, e desenvolvimento de modelos para uso adequado dos recursos disponíveis. Para a prática de todos os projetos estão envolvidos professores e pesquisadores de ambas as instituições, além de alunos de graduação, iniciação científica, mestrado e doutorado da FEI.

Da esq.: Entre as pesquisas de biomecânica estão a que trabalha a evolução da cadeira de rodas e um estudo que visa transformar a muleta convencional em um equipamento mais ergonômico

39 ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI

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IPEI desenvolve pesquisas aplicadas voltadas à indústria desde 1975

A ntes mesmo de lançar os programas de pós-gradua-ção stricto sensu, 10 anos atrás, o Centro Universi-tário da FEI já desenvolvia projetos de pesquisa em seus cursos de graduação, com registros que datam

de 1952, principalmente na área de Engenharia Química. A partir da década de 1960, as pesquisas passaram a ter como foco a aplicação de processos tecnológicos para o desenvol-vimento de projetos por professores e alunos de diferentes cursos. Na Engenharia Mecânica, por exemplo, foi construí-do o carro X1, em 1962, para a primeira edição do Salão do Automóvel de São Paulo; o Trem Aerodinâmico Leve de Alta Velocidade (Talav), da década de 1970; e o avião Pégasus, no início da década de 1990. No entanto, foi em 1975, com a criação do Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI), que a Instituição passou a oferecer um suporte mais formal à pesquisa, especialmente àquela direcionada às demandas da indústria.

Hoje, 40 anos depois, o IPEI trabalha fortemente para apro-ximar o setor produtivo e a academia por meio da transferência de tecnologia, apoia o pesquisador no processo de submissão, contratação de convênio e prestação de contas, além de orga-nizar palestras para disseminar conhecimentos relacionados à área de inovação. Segundo o diretor do Instituto, professor doutor Vagner Bernal Barbeta, o tipo de pesquisa desenvolvida pela FEI possui um foco diferenciado em relação à pesquisa realizada no passado pelo IPEI, que traz como preocupação fundamental a construção de conhecimento aliada à aplicação. “Com esta mudança no perfil da pesquisa estamos caminhando para o chamado Quadrante de Pasteur, representação que se diferencia porque une o conhecimento científico com interesse na aplicação prática. É fundamental ter pesquisa pura, que cria um arcabouço de conhecimentos que irão ajudar a desenvolver as pesquisas aplicadas, mas é necessário ter o equilíbrio para avançar no conhecimento científico e, junto com isso, trazer desenvolvimento tecnológico e inovação”, acrescenta.

Os programas de mestrado e doutorado iniciados há 10 anos colaboraram com a qualificação das pesquisas por aliar o desenvolvimento tecnológico com a construção de conheci-mento, que é a base dos sistemas de inovação. Além disso, os grupos de pesquisas passaram a ser criados e geridos dentro

4040 DomínIo fEI ABRIL A junho DE 2015

Em busca da inovação há 40 anos

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núcleo de Inovação TecnológicaCom a promulgação da Lei de Inovação Tecnológica passou a ser obrigatória, em todas

as universidades públicas, a criação do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), cujo papel é proteger a propriedade intelectual da instituição de ensino, fomentar a cultura da inovação e aproximar o setor produtivo da universidade por meio da transferência de tecnologia. Embora o desenvolvimento deste núcleo seja opcional às instituições particulares, o Cen­tro Universitário da FEI, por meio do IPEI, já é responsável pela execução de uma série de atividades atribuídas ao NIT. No fim de 2014, o IPEI teve um projeto selecionado para receber recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para criar uma estrutura interna de um Núcleo de Inovação Tecnológica. O projeto, de dois anos, prevê a concessão de bolsa e de verba de custeio com o compromisso de o Centro Universitário dar continuidade às atividades após o fim do financiamento pelo órgão de fomento. “O governo entende que vale a pena investir recurso público para a criação dos NITs pois, de alguma forma, o que será produzido vai reverter em benefícios à sociedade. Esperamos ter o NIT formalizado na FEI muito brevemente”, adianta o diretor do IPEI.

o professor doutor Vagner bernal barbeta é diretor do Instituto de Pesquisas da FEI

41ABRIL A junho DE 2015 DomínIo fEI 41

Em busca da inovação há 40 anosEspECial

dos próprios departamentos de ensino e isso contribuiu com a mudança da estru-tura do Instituto, que antes contava com um grupo de pesquisadores próprios nas áreas de Engenharia Mecânica, Enge-nharia Elétrica e Engenharia Química. Agora, o IPEI trabalha para se tornar um forte elo entre a academia e as empresas, contribuindo para a inovação e a geração de conhecimento. “O trabalho feito pelo Instituto atualmente, na medida em que se pensa em um projeto em parceria, não tem como foco somente construir um equipamento novo ou desenvolver uma tecnologia, mas também criar um con-junto de conhecimentos para avançar no conhecimento científico. É um viés que agrega muito mais valor ao que está sendo criado”, afirma o diretor.

PARCERIAS Ao aproximar o setor produtivo da

academia, o IPEI colabora com as neces-sidades das empresas, que não precisam dispor de um especialista interno para a solução de problemas tecnológicos e encontram na FEI um parceiro para seus projetos. Com esse novo perfil, o Instituto fechou parcerias de longa duração com empresas como Embraer, Vale, Scania e Telefônica Vivo e, somente em 2014, os trabalhos em conjunto resultaram na en-trada de valores significativos em termos de recursos para o desenvolvimento de pesquisas. No mesmo ano foram realiza-dos seis projetos de média duração e exe-cutadas muitas atividades de prestação de serviços tecnológicos. Anualmente, 121 novos cadastros de clientes se somam às mais de 2 mil empresas que já demanda-ram serviços do IPEI.

“Este trabalho vai ao encontro da Lei de Inovação Tecnológica, publicada em 2004, que incentiva as universidades a atuarem cada vez mais de forma conjun-

ta com o setor produtivo. Hoje, muitos editais de agências de fomento envolvem necessariamente uma parceria com em-presas, o que estimula as instituições de ensino a realizarem pesquisas com vistas ao desenvolvimento de novas tecnologias e de inovação, colaborando para que as universidades possam cumprir com uma de suas funções sociais”, acrescenta o professor Vagner Barbeta. Por meio do escritório de apoio a projetos do IPEI o Instituto colabora, ainda, para que o pesquisador possa ficar mais focado nos aspectos técnicos do seu projeto, enquan-to a gestão administrativa que envolve contratos, processos de compras e presta-ção de contas fica sob a responsabilidade do órgão.

O apoio se dá, também, na etapa anterior ao início do desenvolvimento do projeto, com a seleção e divulgação de editais que possam ser de interesse dos pesquisadores, assim como o apoio na execução de questões burocráticas envolvidas no processo de submissão de propostas e andamentos necessários para o financiamento pelos órgãos de fomento. Todo este conjunto de ações contribui para que a cultura da inovação possa fazer

parte do dia a dia da FEI e de seus grupos de pesquisa. “Este trabalho de apoio e de disseminação da cultura da inovação é complementado por meio do IPEI InFoco, pelo qual os diferentes atores envolvidos no processo de inovação são convidados a apresentarem sua visão sobre questões relacionadas à pesquisa, ao desenvolvi-mento e à inovação”, acentua o docente.

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início dos estudos da robótica na FEI começaram a ser realizados na década de 1980 sob orientação dos professores Marcio Rillo e Tamio Shimizu, principalmente na área de automação, robótica e visão industrial. No entanto, a minha contribuição para a pesquisa em robótica na Instituição teve início no fim dos anos 1990, com a proposta de construção de um robô móvel para participação na Competição Mundial de Futebol de

Robôs, a RoboCup. Apesar de o primeiro robô móvel construído na FEI, chamado carinhosamente de FEIoso, não ter participado de nenhuma competição, sua construção rendeu em 2001 os primeiros artigos científicos publicados na área de robótica: um internacional, no RoboCup Symposium, e um nacional, no III Encontro Nacional de Inteligência Artificial.

Mas a grande revolução na pesquisa em robótica se deu entre 2003 e 2004, por dois fatores. Primeiro, o início das competições de futebol de robôs patrocinadas pelo IEEE Latin America e pela RoboCup Federation. O segundo grande propulsor das pesquisas foi a criação do curso de pós- graduação em Engenharia Elétrica, quando alunos de mestrado começaram a trabalhar em diversas áreas da robótica. Para participar da primeira competição de robôs, em 2003, foi construído um time de futebol de robôs na categoria IEEE Very Small Size. Dois professores – eu e o Flavio Toni-dandel –, alunos de mestrado e de graduação em Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica fomos os responsáveis pela primeira geração de robôs. Participamos de diversas competições nacionais: Bauru em 2003, Salvador em 2004, São Luís em 2005 e Campo Grande em 2006. Fomos campeões duas vezes, em 2004 e 2006. Junto com o sucesso nas competições, as publicações aumentaram e os primeiros alunos do mestrado se formaram.

Com o grupo de pesquisa bem estabelecido e tendo sido campeões da categoria Very Small e Simulação 2D, em 2008 estávamos prontos para um novo desafio: criar robôs para a categoria RoboCup Small Size. Esta nova categoria constituiu um novo desafio, pois os robôs usados são maiores, mais rápidos, exigindo maior coordenação entre os sistemas de controle, tomada de de-cisão e visão computacional. Em 2009, participamos pela primeira vez do campeonato mundial, a RoboCup World Soccer Competition, realizada na Áustria. A evolução dos robôs durante os anos seguintes foi intensa. No início, os robôs eram protótipos quase caseiros, com o controle baseado em processadores ARM-7 e uma estrutura elétrica simples. O robô existente hoje tem o controle feito por um FPGA Xilinx Spartan 3, que executa um microcontrolador em software para controlar a comunicação, os motores e os mecanismos de chute, integrando todas as funções do robô em um mesmo chip. O resultado desta evolução foi ter vencido cinco vezes seguidas o campeonato nacional e duas vezes o campeonato latino-americano.

Em 2012, com a implantação do curso de doutorado em Engenharia Elétrica aprovado pela CAPES, a Instituição inicia pesquisa em um novo nível, que exige o desenvolvimento de trabalhos inovadores em nível mundial. O desafio de construir um time de robôs humanoides, completamente autônomos, para participar da categoria RoboCup Humanoide, é o domínio perfeito para que os alunos de dou-torado possam desenvolver seus trabalhos. O desenvolvimento de robôs humanoides se caracteriza pela grande integração entre os sistemas mecânicos, eletrônicos, de controle e o software para realizar desde o processamento das imagens, que permite ao robô ver o campo, a bola e os outros jogadores, até o raciocínio de alto nível, que vai definir a estratégia do time. O time de robôs humanoides participou pela primeira vez da competição mundial em 2014, tendo ficado entre os 16 melhores do mundo, e se tornou campeão latino-americano neste mesmo ano. O resultado destes 10 anos de trabalho foi o reconhecimento mundial da qualidade da pesquisa em robótica na FEI. Como consequência deste reconhecimento, a FEI foi a principal organizadora do principal evento internacional na área de competições robóticas: a RoboCup World Cup, em 2014. O futuro? Com quatro doutorandos, cinco mestrandos e diversos alunos de iniciação científica trabalhando nos times de futebol de robôs da FEI, esperamos aumentar em muito o número e a qualidade das publicações em robótica geradas pelo Centro Universitário. E, quem sabe, um dia ser campeão do mundo de futebol de robôs!

Professor doutor Reinaldo bianchiCoordenador do projeto RoboFEI

Centro Universitário da FEI

A FEI e a evolução da pesquisa robótica

O

42 Domínio fEi abril a junho DE 2015

artigo

Page 43: Interview to Dominio FEI - edition no. 23 - Apr-Jun 2015

CADA PESSOA LIDA COM O DINHEIRO DE UM JEITO. COMO É O SEU?

Existem vários jeitos de lidar com o dinheiro. Por isso, o Santander,

em parceria com a It’s Noon, lançou o Conta Pra Mim,

um espaço para as pessoas contarem como se relacionam com

o dinheiro. Quem ouve as histórias aprende novas formas de

realizar seus objetivos. Quem conta, além de usar sua vivência para

ajudar outras pessoas, ainda pode ser remunerado por isso.

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