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Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa Departamento de Ciências e Tecnologias de Informação Integração Organizacional de Resultados de Reuniões Carlos Manuel Jorge da Costa (Mestre) Dissertação para obtenção de Grau de Doutor em Ciências e Tecnologias de Informação

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Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa Departamento de Ciências e Tecnologias de Informação

Integração Organizacional de Resultados de Reuniões

Carlos Manuel Jorge da Costa (Mestre)

Dissertação para obtenção de Grau de Doutor em Ciências e Tecnologias de Informação

Tese realizada sob a orientação do

Prof. Doutor Pedro Alexandre de Mourão Antunes

Professor Auxiliar do Departamento de Informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

e do

Prof. Doutor João Manuel Macedo Ferreira Dias

Professor Auxiliar do Departamento de Gestão do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa

Resumo

Esta dissertação tem por objectivo contribuir para a resolução do problema da

integração organizacional dos resultados produzidos por reuniões, particularmente

quando apoiadas por Sistemas de Apoio a Reuniões.

A solução aqui proposta consiste na utilização dos conceitos de géneros de

comunicação e sistema de género de comunicação. Para validar esta proposta foram

especificadas as seguintes hipóteses de investigação:

H1) É possível incorporar os conceitos de género comunicação e sistema de

género na análise de sistemas de informação aplicada ao desenvolvimento de sistemas

de apoio a reuniões.

H2) É possível utilizar eficazmente a análise de géneros proposta.

H3) É possível desenvolver uma plataforma incorporando os conceitos de géneros

de comunicação e sistema de géneros de comunicação.

H4) É possível utilizar a referida plataforma em contexto organizacional.

Com vista a validar as hipóteses de investigação foi desenvolvida da análise de

géneros e uma plataforma. Análise de géneros e plataforma foram sujeitas a aplicação

em casos concretos, o que permitiu verificar a sua operacionalidade, bem como a

eficácia da sua utilização.

Para além destes resultados, há ainda que considerar como contribuições deste

trabalho a modelação da reunião, que serviu como arquitectura de referência para

desenvolvimento de matriz de avaliação de sistemas de apoio reuniões.

Agradecimentos

Aos meus orientadores, Professor Pedro Antunes e Professor Ferreira Dias, que

pelo interesse pelo assunto, incentivo, crítica construtiva e grande disponibilidade,

contribuíram decisivamente para a concretização do trabalho que aqui apresento.

Aos colegas do ISCTE, em especial o Eng. Joaquim Reis, pela sua amizade e

incentivo.

Ao Dr. João Pissarra, pela sua revisão crítica do texto e pelas importantes

sugestões.

Aos colaboradores das empresas que colaboraram de forma desinteressada na

implementação de experiências.

Aos meus irmãos, que demonstraram uma atitude crítica.

Aos meus pais, a quem não tenho dado atenção.

Aos meus filhos e mulher, a quem estraguei muitos fins-de-semana.

Lisboa, 9 de Março de 2001

Carlos Manuel Jorge da Costa

i

Índice I. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1

1. Contexto ................................................................................................................. 2 2. Objectivos............................................................................................................... 3 3. Trabalho realizado e resultados alcançados............................................................ 4 4. Contribuições.......................................................................................................... 4 5. Estrutura da tese ..................................................................................................... 5

II. ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE REUNIÃO ................. 7

1. Nota Introdutória .................................................................................................... 7 2. Contexto ................................................................................................................. 9 3. Intervenientes ....................................................................................................... 10 4. Estrutura da Reunião ............................................................................................ 13 4.1. Modelo explicativo............................................................................................ 14 4.2. Modelo Descritivo - Arquitectura de Referência .............................................. 15 5. Processo de Reunião............................................................................................. 18 5.1. Item de Reunião ................................................................................................ 20 5.2. Tarefas............................................................................................................... 20 5.2.1. Tipos de Tarefas............................................................................................. 21 5.2.2. Técnicas ......................................................................................................... 22 5.2.2.1. AHP (Analytic Hierarchy Process) ............................................................ 23 5.3. Intervenção........................................................................................................ 23 5.3.1. Formas de Intervenção.................................................................................. 25 5.3.2. Técnicas de Mapeamento............................................................................... 25 5.3.3. Ibis (Issue-Based Information System) .......................................................... 26 5.3.4. Teoria dos Actos do Discurso........................................................................ 27 5.3.5. Estilo de Comunicação .................................................................................. 28 5.3.6. Géneros de Comunicação .............................................................................. 29 5.3.7. IPA (Interactive Process Analysis)................................................................ 29 6. Papeis.................................................................................................................... 30 6.1. Facilitador ......................................................................................................... 32 6.1.1. Planeamento de Reunião................................................................................ 32 6.1.2. Direcção e Controlo de Reunião .................................................................... 35 6.2. Participante........................................................................................................ 38 6.3. Secretário........................................................................................................... 40 6.4. Patrocinador ...................................................................................................... 44 6.5. Agente Organizacional...................................................................................... 45 7. Recursos ............................................................................................................... 45 7.1. Agenda .............................................................................................................. 47 7.2. Documentos de Suporte .................................................................................... 48 7.3. Relatórios .......................................................................................................... 48

ii

8. Discussão e Síntese............................................................................................... 49 III. TECNOLOGIA DE SUPORTE A REUNIÕES.................................................. 55

1. Introdução............................................................................................................. 55 2. Matriz de Integração Organizacional ................................................................... 60 3. Papeis de Grupo.................................................................................................... 62 3.1. Apoio ao Facilitador.......................................................................................... 63 3.2. Apoio ao Participante ........................................................................................ 64 3.3. Apoio ao Secretário........................................................................................... 65 3.4. Apoio aos Agentes Organizacionais ................................................................. 67 3.5. Quadro Resumo................................................................................................. 67 4. Processos Grupais................................................................................................. 69 5. Memória de Grupo ............................................................................................... 72 5.1. Perspectivas da Memória de Grupo .................................................................. 72 5.2. Logística ............................................................................................................ 73 5.3. Agendas............................................................................................................. 74 5.4. Reuniões ............................................................................................................ 74 5.5. Documentos de suporte ..................................................................................... 74 5.6. Relatórios .......................................................................................................... 75 5.7. Quadro Resumo................................................................................................. 76 6. Resumo ................................................................................................................. 78 7. Resultados publicados .......................................................................................... 79

IV. PROBLEMA........................................................................................................... 81

1. O gap entre reunião e pós-reunião........................................................................ 81 2. Hipótese ................................................................................................................ 82 3. Estratégia de Investigação .................................................................................... 85 4. Publicações relacionadas ...................................................................................... 86

V. PROPOSTA DE UMA ABORDAGEM BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO ........................................................................................................ 87

1. Género de Comunicação – Enquadramento ......................................................... 87 2. Ciclo de vida de géneros....................................................................................... 90 3. Géneros de reunião ............................................................................................... 92 4. Decomposição e especialização na análise de género. ......................................... 93 5. Formas de obtenção de dados............................................................................... 95 6. Passos da análise de géneros ................................................................................ 96 7. Aplicação.............................................................................................................. 97 a) Caso 1: Reunião de Direcção................................................................................ 97 b) Caso 2: Assembleias-gerais............................................................................. 102 c) Caso 3: Reuniões de Ponto de Situação (Briefing)............................................. 105 d) Caso 4: Estratégia............................................................................................ 107 e) Caso 5: Marketing e Publicidade........................................................................ 110 8. Resumo ............................................................................................................... 112 9. Resultados publicados ........................................................................................ 113

iii

VI. CONCEPÇÃO E REALIZAÇÃO DE SISTEMAS BASEADOS EM GÉNEROS................................................................................................................... 115

1. Descrição de Plataforma..................................................................................... 115 2. Subsistema GSG (Géneros e Sistema de Géneros) ............................................ 117 3. Subsistema EMS (Electronic Meeting System) ................................................. 124 4. Aplicação............................................................................................................ 128 a) Caso A: Assembleias-gerais ............................................................................... 128 b) Caso B: Marketing e Publicidade.................................................................... 130 c) Caso C: Estratégia ............................................................................................. 133 d) Caso D: Integração de EMS com PDA ........................................................... 135 e) Caso E: Incorporação de Reunião Apoiada por EMS em Organização Virtual. 143 f) Caso F: Assembleia da República ...................................................................... 147 5. Resumo ............................................................................................................... 158 6. Resultados publicados ........................................................................................ 161

VII. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 163 VIII. CONCLUSÕES ................................................................................................. 169 ANEXO 1 - GÉNEROS E SISTEMA DE GÉNEROS NO ÂMBITO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO.............................................................................. 173 ANEXO 2 - PROCESSO DE GESTÃO ESTRATÉGICA ..................................... 177 ANEXO 3 - INFRA-ESTRUTURA DE INTERNET UTILIZADA NO PROTÓTIPO .............................................................................................................. 181 ANEXO 4 - CONVERSÃO DE FICHEIROS PDA PARA PC .............................. 189 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 193 ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................... 205 ÍNDICE REMISSIVO................................................................................................ 207 PRINCIPAIS ABREVIATURAS UTILIZADAS.................................................... 209

iv

I. INTRODUÇÃO

As reuniões são dos processos grupais mais utilizados, regulamentados,

documentados e mesmo ficcionados. Desde os concílios dos Deuses (na Ilidia ou

Odisseia de Homero, na Eneida de Virgílio ou nos Lusíadas de Camões), as tertúlias

(ex.: os Diálogos de Platão), passando pelas sessões de Senado (em Roma), a Távola

Redonda, os conselhos dos Reis na Idade Média, os Concílios dos Bispos, as Cortes, os

Parlamentos reunidos em Assembleia, as Assembleias Gerais de associações ou

empresas, as reuniões de conselhos directivos de institutos e escolas, os conselhos de

administração são apenas algumas das reuniões que têm desempenhado um papel

fundamental ao longo da história em todas as sociedades.

As reuniões desempenham ainda um papel importante no âmbito das organizações

promovendo a coordenação entre várias unidades organizacionais ou dentro das

unidades organizacionais, através de formas de coordenação predominantemente, de

ajustamento mútuo (Thompson, 1967, Minztberg, 1979).

O presente trabalho de investigação integra-se no âmbito do Desenvolvimento de

Sistemas de Informação, tendo por propósito específico os sistemas de apoio ao trabalho

cooperativo. Mais concretamente, aqui é abordado o problema da integração

organizacional dos resultados produzidos em reuniões, direccionado mais especialmente

nas que são apoiadas por sistemas de apoio a reuniões.

A abordagem do problema é iniciada pela identificação das principais

características das reuniões, sendo para tal utilizada uma linguagem de modelação

gráfica conhecida - o UML (Unified Modelling Language).

Foram ainda avaliados os sistemas de apoio a reuniões, procurando-se identificar

o apoio que estes proporcionam em especial no que diz respeito à incorporação dos

resultados produzidos durante a reunião nos subsequentes processos organizacionais.

Como forma de resolver este problema, é proposta aqui a utilização dos conceitos de

géneros de comunicação e sistemas de géneros.

1

Géneros de comunicação é um tipo de acção comunicativa socialmente

reconhecidas e que habitualmente são activadas por membros de uma comunidade para

executar tarefas com propósitos sociais específicos. Um género de comunicação é

caracterizado por um propósito e uma forma. Por sua vez, sistema de géneros é uma

interligação de géneros de forma a se constituírem processos comunicativos mais

complexos. Consiste ainda num conjunto de géneros interligados que são activados

numa sequência típica em relação a cada um, sendo os seus propósitos de alguma forma

relacionados.

É ainda com base nestes conceitos que são desenvolvidas abordagens de análise

de informação aplicada ao desenvolvimento de sistemas de apoio a reunião, bem como

uma plataforma que permite apoiar a análise e planeamento de reuniões, identificando

artefactos produzidos e utilizados durante o processo de reunião.

1. Contexto

O presente trabalho de investigação foi iniciado no contexto do projecto de

investigação "Decisão e Criatividade em Grupos Electrónicos e Naturais" que teve lugar

de 1997 a 1999, projecto nacional, financiado pela PRAXIS XXI - PRAXIS XXI

2/21/CSH/675/95. O referido projecto teve como parceiros o ISCTE e o IST da

Universidade Técnica de Lisboa.

Este projecto foi um projecto multidisciplinar, englobando duas equipas, uma

predominantemente da área das ciências sociais e da gestão enquanto que a outra da

área da Informática. O seu objectivo primordial consistiu em criar uma infra-estrutura

para investigação e ensino nas áreas da decisão. Foi ainda utilizada para avaliar a

eficácia e eficiência dos sistemas de apoio a decisão em grupo.

Rapidamente, se verificou que este tipo de tecnologias levantava diversos

problemas, desde problemas técnicos, passando por problemas culturais até problemas

de natureza operacional.

Uma das questões levantadas resulta precisamente na dificuldade de

aproveitamento de forma fluida dos resultados produzidos nestas reuniões por outros

processos organizacionais.

2

2. Objectivos

O objectivo do trabalho de investigação aqui reportado consiste em resolver o

problema da integração organizacional dos resultados produzidos por reuniões,

particularmente quando apoiadas por Sistemas de Apoio a Reuniões. Traduzindo-se a

solução aqui proposta na utilização dos conceitos de géneros de comunicação e sistema

de género de comunicação. Para validar esta proposta foram especificadas as seguintes

hipóteses de investigação:

H1) É possível incorporar os conceitos de género comunicação e sistema

de géneros na análise de sistemas de informação aplicada ao

desenvolvimento de sistemas de apoio a reuniões.

H2) É possível utilizar eficazmente a análise de géneros proposta.

H3) É possível desenvolver uma plataforma incorporando os conceitos

de géneros de comunicação e sistema de géneros de comunicação.

H4) É possível utilizar a referida plataforma em contexto

organizacional.

Com vista a validar as hipóteses de investigação foram desenvolvidas estratégias

de investigação, tendo sido ainda estabelecidas metas:

- Desenvolvimento de uma abordagem de análise de géneros e sistemas de

géneros como forma de provar a possibilidade de incorporação dos conceitos

numa abordagem de análise de géneros.

Meta: Descrição detalha de abordagem de análise.

- Utilização da análise de géneros em casos práticos, provando a eficácia da

abordagem e consequentemente a validade da hipótese inicial.

Meta: Aplicação da abordagem em casos práticos e avaliação qualitativa da

sua aplicação.

3

- Desenvolvimento de plataforma incorporando conceitos propostos na hipótese

inicial. Implementação de protótipos parciais desta plataforma.

Meta: Análise e desenho dos sistemas que compõem uma plataforma

incorporando os conceitos propostos na hipótese inicial. Implementação de

protótipos.

- Utilização do protótipo em ambiente organizacional.

Meta: Utilização de protótipos em organizações, preferencialmente empresas e

obtenção de informações sobre o sucesso da sua utilização.

3. Trabalho realizado e resultados alcançados

O trabalho de investigação aqui reportado teve como resultados directos o

seguinte:

- Proposta do conceito de ciclo de vida de géneros de comunicação;

- Proposta do conceito de género de comunicação de suporte e género de

comunicação principal no âmbito do estudo do sistema de géneros de reunião;

- Utilização do decomposição e especialização para estudo de géneros de

comunicação;

- Proposta de abordagem de análise de sistemas de informação baseada nos

conceitos de géneros de comunicação e sistema de géneros utilizada no âmbito

do processo de reunião;

- Desenvolvimento de plataforma e implementação de protótipos que foram

utilizados em ambiente organizacional;

4. Contribuições

Como resultado do trabalho de investigação realizado e resultados alcançados, a

presente dissertação apresenta as seguintes contribuições:

4

- Contribuição para o estudo da problemática das reuniões, especialmente

quando apoiadas por sistemas informáticos.

- Contribuição para o estudo da problemática do desenvolvimento de sistemas de

informação tendo em conta o seu enquadramento específico e muito

contextualizado.

- Contribuição para o estudo da integração entre sistemas de coordenação

heterogéneos.

5. Estrutura da tese

No capítulo 2 é feita o estudo e caracterização do processo de reunião,

apresentando-se as principais abordagens, bem como algumas das problemáticas. Em

face da grande diversidade das abordagens, recorreu-se à linguagem de modelação de

sistemas UML (Unified Modelling Language) com o propósito de permitir uma visão

mais integrada das diversas vertentes do problema, permitindo a apresentação de uma

arquitectura de referência. Finalmente é apresentada uma matriz utilizada que permite

avaliar o nível de integração organizacional do sistema.

No capítulo 3 é concretizada a matriz apresentada no capítulo anterior sendo

ainda analisadas as tecnologias que fornecem apoio ao processo de reunião. De modo a

enquadrar as tecnologias numa perspectiva de integração organizacional a estrutura

deste capítulo segue a referida matriz.

No capítulo 4 é feita a descrição do problema, o que se traduz no gap existente

entre reunião e pós reunião. Em seguida é circunscrito o seu âmbito ao processo de

produção de relatórios de reuniões. São ainda apresentadas as hipóteses de

investigação, bem como a estratégia de investigação seguida com vista à validação da

hipótese.

No capítulo 5 é feito um enquadramento aos conceitos de género de comunicação

e sistema de géneros, sendo aí propostos os conceitos de ciclo de vida de géneros. Neste

capítulo é ainda proposta uma abordagem baseada nos referidos conceitos, bem como

no de decomposição e especialização. Na abordagem proposta são ainda sugeridas

5

formas de obtenção dos dados para a análise. Esta abordagem foi aplicada a diversos

casos, sendo sumariamente descritos cinco deles.

No capítulo 6 é apresentada uma plataforma que se traduziu no desenvolvimento

de dois sistemas.

No capítulo 7 é apresentada a síntese dos resultados do trabalho de investigação

apresentado nos capítulos anteriores. Neste capítulo são ainda discutidos os referidos

resultados.

No capítulo 8 é apresentada conclusão. São ainda apresentadas as propostas de

trabalho futuro resultantes da investigação desenvolvida e conducente à realização da

presente dissertação.

6

II. ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE REUNIÃO

No presente capitulo é analisado o processo de reunião, apresentando-se as

principais abordagens, bem como algumas das problemáticas. Verificou-se que as

abordagens apresentam uma grande diversidade, pelo que se recorreu à linguagem de

modelação de sistemas UML (Unified Modelling Language) com o propósito de

permitir uma visão mais integrada das diversas abordagens do problema. O modelo que

resultou deste trabalho representa o processo de reunião procurando ser independente

dos vários tipos de apoio fornecidos pelos sistemas informáticos.

Após uma nota introdutória é identificado o contexto inerente ao processo de

reunião. Em seguida, são identificados os participantes bem como as interacções típicas

destes no âmbito do processo de reunião. Após a identificação do modelo descritivo,

que corresponde à arquitectura referencial, são sucessivamente caracterizadas cada uma

das componentes da reunião.

Finalmente, é apresentada uma matriz resultante da arquitectura referencial na

qual se encontram mapeadas as principais teorias e abordagens.

1. Nota Introdutória

Os princípios e as leis dos sistemas quer recorram da termodinâmica, das

similitudes estruturais, do isomorfismo ou da noção de totalidade, sem excepção,

servem igualmente como hipóteses teóricas para a física, a biologia ou as ciências

sociais (Von Bertalanffy, 1947). É neste contexto que se consideram as reuniões como

sistemas sociais. Consequentemente será por essa razão adequado utilizar para análise

ferramentas típicas de análise de sistemas. Daí se utilizar o UML (Unified Modelling

Language).

7

UML (Booch et al., 1999) é uma linguagem gráfica para visualizar, especificar,

construir e documentar artefactos de sistemas complexos geralmente informatizados. A

versão utilizada aqui foi a 1.3 (Booch et al., 1999).

No presente capítulo é apenas utilizada uma pequena parte desta linguagem.

São utilizados diagramas de casos de uso para identificar os aspectos genéricos

do comportamento do sistema tendo em conta os resultados objectivos e observáveis

pelos actores. Este tipo de diagramas tem como principais objectivos:

- Descrever os requisitos funcionais do sistema tal como são entendidos pelos

actores externos;

- Fornecer uma descrição consistente e clara sobre as responsabilidades que

devem ser cumpridas pelo sistema a desenvolver;

- Servir de base para a fase de análise e desenho;

- Descrever possíveis condições do mundo real para teste do sistema.

Os elementos de modelação são os actores, casos de uso, interacção, sistema e

relações.

Um caso de uso descreve uma interacção típica entre um actor e um sistema.

Deste modo, um caso de uso captura uma função visível para o actor. O actor é um

papel desempenhado pelo utilizador que interage com o sistema.

Utilizam-se diagrama de classes para ajudar a identificar as estruturas de dados

relevantes numa reunião. Com efeito, este diagrama permite representar os objectos

importantes do sistema bem como as suas relações, possibilitando assim definir a

arquitectura estática do sistema. Consequentemente, compõem estes diagramas as

classes e relações. As classes são descrições de objectos que partilham as mesmas

características, tendo atributos, ou seja valores que caracterizam os objectos da classe, e

operações, que descrevem os comportamentos da classe ou serviços disponibilizados.

Por sua vez, as relações podem ser associações, que são relações de utilização,

agregações que são relações de constituição, e generalizações ou heranças, que são

relações de especialização.

De modo a melhor descrever algumas das operações das classes envolvidas no

processo de reunião são ainda de apresentados diagramas de actividades. O diagrama

de actividades mostra o fluxo de uma actividade para outra, permitindo fazer a

modelagem de um fluxo de um objecto, à medida que ele passa de um estado para outro

8

em pontos diferentes do fluxo de controlo. Uma actividade é uma execução não atómica

em andamento de uma máquina de estados.

É ainda utilizado um diagrama de interacção (mais especificamente um

diagrama de sequência) com alto nível de abstracção, com vista a descrever a interacção

entre objectos. Enquanto que os diagramas de interacção dão ênfase ao fluxo de

controlo de uma actividade, os diagramas de interacção dão ênfase ao fluxo de controlo

de um objecto para outro.

2. Contexto

No contexto da actividade organizacional os intervenientes podem planear tarefas,

dar instruções ou reunir-se, (Mintzberg, 1979, Malone & Crowston, 1994). Essas

actividades por sua vez servem para coordenar as restantes tarefas, designadas

genericamente "produzir" na seguinte figura.

Sistema

Reunir

Interveniente

Criar regras

Dar instruções

Planear tarefas

Formar

Produzir

9

Figura 1 - Contexto

A reunião é das formas mais utilizadas para facilitar o ajustamento mútuo

(Mintzberg, 1979). Com efeito, reuniões e grupos tendem a ser conceitos muitas vezes

associados, uma vez que a existência de certos grupos só se materializam através de

reuniões. Muitas vezes são as reuniões um elemento fundamental para o

desenvolvimento do próprio grupo (Jay, 1976).

Reunião - é um processo de interacção realizado por um grupo de pessoas

num dado tempo e espaço, no qual se procura atingir objectivos específicos.

Uma análise mais detalhada permite verificar que o processo na realidade se inicia

antes da sessão e tem repercussões posteriormente a esta. Antes da sessão, realiza-se

nomeadamente a proposta de reunião, a aprovação, o convite e o planeamento. Durante

a sessão, ocorrem várias intervenções, umas de participação e outras de direcção e

controlo. destinadas a cumprir os objectivos. Após a sessão é produzido o relatório e

disponibilizado aos utilizadores que o pretendam consultar.

3. Intervenientes

A literatura identifica os participantes como principais intervenientes na reunião

(Jay, 1976). A sua intervenção faz-se quer ao nível do conteúdo quer do processo.

Porém, em função das formas de actuação e do seu papel específico, os intervenientes

poderão ser designados presidente (Jay, 1976), facilitador (Bostrom, et al. 1991),

mediador ou árbitro (Levick et al., 1992, onde estas duas figuras são discutidas). Para

além destes intervenientes mais directamente envolvidos na reunião há ainda que

considerar outros intervenientes (Jay, 1976), nomeadamente: secretário, aqueles que são

afectados pelos resultados da reunião e ainda os patrocinadores da reunião.

Em suma, os intervenientes envolvidos na reunião são o patrocinador, facilitador,

participante, secretário e agente organizacional:

- O patrocinador é o "dono" ou "proprietário" da reunião, sendo ele quem define

os objectivos.

- O facilitador (Doyle & Straus, 1976) é um elemento neutro que está ao serviço

do patrocinador e do grupo, é o gestor da reunião, fazendo o seu planeamento e

convidando os participantes. É ele ainda que dá inicio à reunião, que a dirige e

a conclui.

10

- O participante (Doyle & Staus, 1976) assiste à reunião, intervindo com

opiniões, comentários e votos.

- O secretário (Jay, 1976, Ramage, 1982) ou anotador (Doyle & Staus, 1976)

regista as intervenções dos participantes na reunião da forma mais fiel possível.

É ainda ele que produz o relatório e que o distribui aos restantes intervenientes.

- O agente organizacional propõe a reunião ou algum aspecto a ser discutido na

mesma. No final pode ser afectado pelos resultados produzidos na reunião.

No que diz respeito aos intervenientes, há ainda a considerar diversos níveis de

participação: há intervenientes que estão directamente relacionados com a reunião e os

que só estão indirectamente, neste último caso encontram-se os agentes organizacionais.

Por sua vez de entre os que estão directamente relacionados com a reunião, existem

participantes que não intervêm directamente, é o caso dos patrocinadores. Estes só

intervêm na reunião se forem facilitadores, participantes ou secretários. Por sua vez, os

secretários têm uma participação muito limitada, uma vez que assistem e registam as

intervenções dos restantes participantes.

FacilitadorPatrocinador Participante Secretário Agente Organizacional

Participante directo

Interveniente

Figura 2 - Intervenientes na reunião

11

Na Figura 3 é apresentado o diagrama de casos de uso de uma reunião, no qual se

representam as interacções típicas referentes ao sistema de reunião, bem como os

actores a ela associados.

Reunião

secretário

patrocinador

participante

facilitador

agente organizaciona

Propor reunião

Aprovar reunião

Planear reunião

Gerir reunião

Participar emreunião

Produzir relatório

Pesquisar reunião

Enviar

Convidar parareunião

Figura 3 - Interacção dos vários intervenientes no sistema reunião

12

Tendo em conta que é desta forma que se realiza a interacção entre o sistema

reunião e os actores, interessa agora identificar os elementos constitutivos deste sistema.

4. Estrutura da Reunião

Antes e depois da reunião existem duas dimensões que vão afectar quer a

preparação da reunião quer a incorporação organizacional dos resultados produzidos

pela reunião. Essas duas dimensões são:

- Fluxo de trabalho;

- Memória organizacional.

Fluxo de trabalho - Corresponde à sucessão das várias actividades

organizacionais. A informação adquire especial importância na medida em

que tanto pode acompanhar este fluxo de trabalho como pode ainda ser

utilizada para coordenar as várias actividades.

Memória Organizacional - Consiste na informação detida por uma

organização e que se encontra contida nos seus artefactos (nomeadamente

documentos oficiais, prospectos e bases de dados). Memória organizacional

é diferente de memória colectiva, isto é, a soma da memória individual das

pessoas envolvidas na organização.

No que diz respeito à memória organizacional é importante considerar que para

além da informação associada a actividades existe ainda informação que deve

permanecer na empresa, pronta para ser utilizada quando for necessária.

Estas duas dimensões devem estar presentes na estrutura de informação referentes

à reunião. Consequentemente, de forma a avaliar a reunião e identificar a respectiva

estrutura de informação foram identificadas duas abordagens, uma designada por

abordagem explicativa, outra designada por abordagem descritiva. Cada uma destas

abordagens deu origem respectivamente ao modelo explicativo e modelo descritivo.

13

4.1. Modelo explicativo

Uma das perspectivas de analisar os aspectos envolvidos numa reunião consiste

em avaliar os impactes (Pinsonneault & Kraemer, 1989), nesta abordagem procura-se

abstrair da realidade as dimensões contextuais (contexto) bem como as características

dos processos (processo grupal) que influenciam os resultados (Figura 4). Este modelo

de reunião tem a grande vantagem de permitir avaliar as várias componentes da reunião,

tendo sido recuperado e sofisticado por diversos investigadores, como se pode ver em

Nunamaker et al. (1991) e Huang et al. (1999).

14

Reunião

Produz>

-Data-Duração-Local-Objectivos-Assunto-Estado

Processo

-Valor-Data-Tipo de interacção-Forma-Autor-Validade-Utilizadores autorizados

Intervenção

-Designação-Assunto

Item

-Código-Tipo

Actividade

Papel

-Descrição

Perfil

+Fala com patrocinador()+Prepara agenda()+Identifica participantes()+Planeia reunião()+Cria agenda e passos()+Convida participantes()+Dá inicio à reunião()+Apresenta agenda()+Apresenta regras()+Ouve/vê()+Conclui()+Apresenta passos seguintes()+Lê Agenda()+Avalia intervenção()+Avalia alteração de passo()+Intervem()+Avalia alteracção de agenda()+Verificar se ultimo passo()+Recebe objectivos()+Divide objectivos em metas()+Identifica pontos de agenda()+Cria Tarefa()+Identifica ferramentas/tecnicas()+Identifica documentos de apoio()

-Participantes identificados-Estratégia de reunião-Informação de reunião

Facilitador

+Participa()+Recebe informação()

-Memória-Satisfação-Tipo

Participante

+Define objectivos()+Convida patrocinador()+Ouve A.O.()

Patrocinador

+Regista agenda()+Distribui agenda()+entrega informação suplementar()+toma notas()+apresenta resultados de votações()+Cria relatório()+Lê modelo de notas()+Ouve comentário()+Lê modelo de relatório()+Lê notas()+Categoriza/classifica()+Preenche relatório()+Conclui relatório()+Verificar fim de produção de relatórios()

-Notas da reunião

Secretário

<desempenha

+Ouve Patrocinador()

Agente Organizacional

-Meios-Utilizadores autorizados

Recurso

-Tipo de Reunião-Propósito de reunião

Agenda

-tipo de suporte-Tipo de documento

Doc. Suporte

-Propósito

Relatório

-Tipo de tarefa-Propósito

Item de Agenda

Contem>

-formato-propósito

Tipo de Item

-conteúdo

Item

1..*

1..*

Figura 4 - Diagrama de Classes para Impactes (baseado em Pinsonneault & Kraemer, 1989)

O modelo Input-Processo-Output é dos mais utilizados no estudo das reuniões,

particularmente quando o que está em causa é a avaliação do desempenho do grupo.

Apesar deste se ajustar particularmente a reuniões apoiadas por meios informáticos,

facilmente se percebe que incorpora conceitos amplamente desenvolvidos e estudados

quer na psicologia social quer na economia e contabilidade.

Refira-se que este modelo apresenta muitas variantes, com diferenças de

pormenor quando às variáveis e dimensões em análise (Hackman & Morris, 1975,

Bostrom & Anson, 1988, Pinsonneault & Kraemer, 1989, Huang et al. 1999).

Genericamente, existem alguns aspectos que unem todas estas abordagens, sendo de

salientar uma compreensão idêntica quanto às dimensões input (ou contexto), processo

e output (ou resultados).

4.2. Modelo Descritivo - Arquitectura de Referência

Outra abordagem, aqui considerada, é uma abordagem descritiva, na qual se

descreve a reunião e os seus elementos constitutivos, com vista a compreender o

processo de reunião, não através da criação de um modelo explicativo mas antes

reproduzindo o funcionamento da reunião.

Esta abordagem caracteriza as actividades e sub-actividades que se desenvolvem

durante a sessão. Na Figura 5 encontra-se representado o diagrama de classes que

modela a reunião. A reunião é composta por processos, papeis e recursos.

Deste modo, a classe processo caracteriza a sessão como actividade (ou tarefa),

que utilizando recursos enformam a interacção entre os intervenientes, produzindo

como resultado outros recursos. Como tal, um processo tem como atributos a data de

início, data de fim, bem como um conteúdo. De modo a permitir uma maior

flexibilidade quanto à estruturação deste conteúdo existem classes que permitem

caracterizar quer a estruturação (nível) quer os elementos do conteúdo (interacção).

15

Os papeis correspondem a conjuntos de acções que podem ser desempenhados

pelos utilizadores antes, durante e após a sessão de reunião.

Os perfis podem ser associados a cada utilizador em concreto. Com efeito, cada

pessoa, tendo um perfil, pode desempenhar vários papéis.

Os recursos são utilizados e produzidos numa reunião, sendo da mais diversa

natureza. Os recursos podem ser instalações, tais como edifícios e salas, equipamentos,

incluindo mesas, cadeiras ou computadores, ou ainda informação e documentos. Por

opção e para tornar inteligível o diagrama da Figura 5, foi decidido ignorar aspectos

como equipamentos e instalações. Esta abordagem procura aproximar-se da forma como

as reuniões são percebidas pelos intervenientes.

Processo

Papel Perfil

FacilitadorPatrocinadorSecretário

<desempenha

Agente Organizacional

Recurso

Agenda Doc. Suporte Relatório

Reunião

Figura 5 - Os componentes de uma reunião

As reuniões são caracterizadas por promoverem formas pouco padronizadas de

interacção entre participantes. Porém, existe sempre um conjunto de regras que de

algum modo balizam os comportamentos dos intervenientes numa reunião.

16

Ag : Agente Organizacional

Criar()

Convite: Convida()

Termina()

Conclusão: Informa da conclusão()

Eco()

Participa()

iniciar()

Concluir()

Pedido: aaa()

Autorização: xxx() Convite: Message2()

Objectivos: Message3()

Message4()

Intervem()

Message5()

Sec : SecretárioFac : Facilitador Proc : Processo Part : Participante InterPat : Patrocinador

Figura 6 - Interacção entre Objectos da reunião

Geralmente, a reunião tem inicio como resultado de um problema que surge na

organização. Nessa situação alguém sugere a realização da mesma. Posto de outra

forma, o agente organizacional pede autorização ao patrocinador da reunião. O

patrocinador autoriza (ou não) a reunião. O patrocinador convida o facilitador e em

seguida envia-lhe os objectivos. O facilitador convida os participantes ao mesmo tempo

que cria o processo, correspondente à sessão de reunião. Este processo é por sua vez

composto por um conjunto de interacções. Cada interacção resulta da intervenção de um

dos participantes na reunião. O participante realiza intervenções, as quais vão ser

ouvidas por todos os participantes que assistem à reunião. As intervenções são também

ouvidas pelo secretário que as utiliza para produzir o relatório.

Outro aspecto relevante numa reunião consiste na identificação das fases da

reunião. É por essa razão que foi desenvolvido o modelo de ciclo de reunião por

Bostrom e colegas (Bostrom et al. 1991) , tendo em seguida sofrido diversas extensões

(nomeadamente Dubs & Hayne, 1992), nele se identificam as fases da reunião bem

como as respectivas divisões (Figura 7).

17

Pré

In

Pós

Figura 7 - Diagrama de estados associados à classe processo de reunião

Considerando que a reunião é composta por processo, papéis e recursos, interessa

que estes aspectos sejam estudados nas secções seguintes.

5. Processo de Reunião

Processo de reunião - é um caso particular de processo social,

correspondendo por isso a interacção repetidas de padrões de

comportamento comummente encontrados na vida social. Neste caso em

particular considera-se a "parte" da vida social relacionada com uma

reunião.

Numa reunião podem ocorrer em simultâneo vários processos, nomeadamente, o

processo de decisão, processo de interacção ou o processo de facilitação. Aqui porém,

interessa o processo de reunião, como sucessão de assuntos abordados.

O processo é algo que surge frequentemente em contraposição com o conteúdo

(Doyle & Starus, 1976), correspondendo o primeiro à sucessão das actividades e

respectiva estruturação bem como a forma como estas se realizam (por exemplo, se as

decisões são tomadas por maioria ou unanimidade), enquanto que a segunda

corresponde ao que cada participante diz e o respectivo significado.

18

Processos utilizam e geram recursos, isto é, são utilizados na reunião recursos

como ordens de trabalhos (ou agendas) e outros documentos de apoio, ao mesmo tempo

que a reunião gera também um conjunto de recursos, tais como relatórios ou actas.

O processo é composto por itens, estes por actividades e as actividades por

intervenções (Figura 8).

-Data-Duração-Local-Objectivos-Assunto-Estado

Processo

-Valor-Data-Tipo de interacção-Forma-Autor-Validade-Utilizadores autorizados

Intervenção

-Designação-Assunto

Item

-Código-Tipo

Actividade

Estado ="pré","in","pós"

Figura 8 - O processo de reunião

Cada reunião tem um processo de reunião, sendo este caracterizado pelos

objectivos, assunto genérico, local duração e data. Quanto ao estado da reunião, já foi

referido atrás que pode assumir os valores "pré", "in" e "pós".

19

Seguidamente, vai-se analisar os itens de reunião, actividades e intervenções, bem

como algumas das teorias que permitem identificar e caracterizar os seus principais

atributos.

5.1. Item de Reunião

Item de reunião - decomposição de processo caracterizado por apresentar

uma uniformidade de assunto tratado.

Os itens correspondem a subdivisões do processo de reunião. Os itens de reunião

são o início, a finalização da reunião, bem como cada um dos assuntos tratados na

mesma. Cada item pode ser decomposto em sub-itens. Os itens correspondem ainda à

concretização dos itens de agenda.

Cada item pode ser decomposto numa ou mais tarefas (ou actividades). Enquanto

que um item se caracteriza por uma uniformidade de tema, a tarefa caracteriza-se por

uma uniformidade de resultados.

Uma forma possível de categorizar os itens será classifica-las de acordo com a sua

natureza (Jay, 1976) em: itens informativos, itens construtivos, itens de

responsabilidade executiva e itens legislativos. Embora existam muitas outras

abordagens possíveis (Por exemplo, Boone & Kurtz, 1994).

5.2. Tarefas

Tarefa (ou actividade) - conjunto de intervenções apresentado alguma

uniformidade quanto ao resultado produzido. A tarefa é realizada com vista

à concretização de um item ou parte deste .

20

Com vista à concretização de um item é necessário realizar uma ou várias

actividades. Por exemplo, o item "decisão de investimento" pode ser decomposto nas

tarefas "discussão" e "votação". De modo a compreender que actividades poderão ser

consideradas são identificadas seguidamente algumas tipologias. Em seguida são

apresentadas técnicas, de modo a identificar como as diversas tarefas se articulam para a

concretização de um item,.

5.2.1. Tipos de Tarefas

Uma das formas mais comuns de estruturar a reunião consiste em identificar

tarefas nas quais as interacções se podem agrupar. Uma das tipologias mais divulgadas é

a do "circumplexo" de McGrath, 1984, identificando as seguintes tarefas: geração de

ideias, geração de planos, resolução de problemas com resposta certa, decisão de

assunto sem resposta certa, resolução de conflito de ponto de vista, resolução de conflito

de interesses, resolução de conflito de poder ou execução de tarefa. Deste modo,

existem tarefas que são predominantemente de geração, outras de escolha, outras ainda

de execução e outras de negociação. Esta classificação das actividades poderá ainda ser

mais fina. Por exemplo, as decisões poderão ser por consenso, maioria ou escolha do

presidente (Jay, 1976).

No âmbito da tipificação de tarefas, outras abordagens foram desenvolvidas,

porém, não tiveram a mesma expressão (veja-se Zigurs & Buckland, 1998 para lista de

tipologias). Veja-se uma possível variação na Figura 9.

21

Reunião

participante

Resolver conflitos de poder

Executar tarefas

Gerar planos

Gerar ideias

resolver confitosde interesse

Resolver conflitode ponto de vista

Revolver problemacom resposta

certa

Revolver problemasem resposta

certa

22

Figura 9 – Reunião vista na óptica da tarefa (Utilizando modelo de McGrath, 1984)

5.2.2. Técnicas

A tipificação de tarefas permite identificar o que se tem que fazer mas não a forma

como se deve fazer. Com vista a resolver este problema, foram desenvolvidas diversas

técnicas. Nestas técnicas são de considerar a geração de ideias, como por exemplo o

Brainstoming (Osborn, 1979) e técnicas de selecção, incluindo a votação (e.g. Harrop &

Miller, 1987) nas suas mais diversas vertentes ou utilização de heurísticas e métodos de

avaliação características de várias áreas técnicas e científicas (exemplos nas finanças,

Brealey & Meyers, 1984).

Técnicas mais sofisticadas podem ainda ser utilizadas, tais como as técnicas de

grupos nominais (Delbecq et al. 1975 e Delbecq & Van de Ven., 1971) ou ainda o AHP

(Saaty & Vargas, 1991).

5.2.2.1. AHP (Analytic Hierarchy Process)

O AHP (Analytic Hierarchy Process) foi desenvolvido por Thomas Saaty, quando

era professor na Wharton School of Business. O AHP (Analytic Hierarchy Process) é

um processo de decisão flexível (Saaty & Vargas, 1991) que ajuda as pessoas a definir

prioridades e tomar as melhores decisões quando necessitam de se considerar quer

aspectos quantitativos quer qualitativos. Reduzindo decisões complexas a uma série de

comparações de um para um, e em seguida sintetizando os resultados.

O AHP ajuda os decisores a dividir as decisões em componentes menores,

identificando sucessivamente a meta, o critério e o subcritério até cursos de acção. Os

tomadores de decisão fazem então comparações entre pares dentro da hierarquia,

chegando depois às prioridades genéricas. O problema de decisão pode envolver

factores sociais, políticos, técnicos ou económicos. o AHP ajuda as pessoas a lidar com

o intuitivo, o racional e o irracional, bem como com o risco e incerteza em ambientes

complexos. Pode ser utilizado depois para identificar probabilidades, planear, afectar

recursos, seleccionar alternativas, fazer análises custo-benefício, entre outros.

5.3. Intervenção

Intervenção (ou comentário) - é a componente mais elementar de um

processo de reunião, correspondendo nomeadamente a uma opinião,

votação individual ou exposição realizada por um participante na reunião.

O valor (ou conteúdo) do comentário corresponde ao que realmente é transmitido.

Um aspecto de grande importância de uma interacção é o momento (data) em que

o comentário é produzido. A partir deste atributo é possível identificar um conjunto de

características de grande importância para o processo de comunicação de grupo.

Associado à data existe ainda questão da simultaneidade: se vários intervenientes

23

podem intervir ao mesmo tempo existe a possibilidade de intervenção paralela. Segundo

alguns estudos, esta possibilidade contribui para que a produção de resultados

nomeadamente ao nível de geração de ideias sejam superiores (Gallupe et al. 1991,

Gallupe et al.; 1994).

Outro aspecto relevante diz respeito ao tipo de intervenção. Neste aspecto podem

ser consideradas características das intervenções que ajudam de algum modo a

caracterizar de forma explícita essa interacção. Como por exemplo em Bales (1950).

Numa reunião tradicional a participação faz-se primordialmente de forma oral,

sendo escritas apenas as intervenções relativas a votações. Uma das características da

interacção é o facto de a actualização das propriedades do objecto ter um feedback para

os participantes, aspecto que estará relacionado com este atributo.

Outro dos atributos das interacções é o autor. Para além do autor é importante

ainda identificar quais os utilizadores (ou ouvintes) autorizados.

A interacção pode ainda permitir ou não que os intervenientes sejam identificados.

Este factor pode ter um papel importante no processo de interacção e posteriormente.

No que diz respeito aos efeitos imediatos no processo de interacção este aspecto tem

sido sobejamente estudado (Jessup et al. , 1990; Connolly et al. 1990).

Associado a uma mensagem pode-se identificar um factor que se designa por

validade. A validade corresponde ao tempo durante o qual a mensagem pode estar

acessível. A validade vai ter como repercussão a existência ou não de memória. No caso

das intervenções serem orais a sua validade é reduzida.

A complexidade da tarefa, estruturação da tarefa, memória e contribuição

anónima correspondem a características visíveis em função dos valores tomados por

diversos atributos da reunião. Por exemplo, verifica-se anonimato quando for

impossível de identificar o autor do comentário. Já a complexidade e estruturação da

tarefa terá a ver com a forma como se desenvolve o fluxo do comentário.

Existem uma série de aspectos associados aos atributos da interacção. Por essa

razão são considerados seguidamente a formas de intervenção. São ainda identificadas

algumas técnicas e teorias relevantes para tipificar as intervenções, tais como as técnicas

de mapeamento, o Ibis, teoria de actos do discurso, estilo de comunicação, géneros de

comunicação e IPA.

24

5.3.1. Formas de Intervenção

Existem várias formas que permitem caracterizar a intervenção dos participantes.

Por exemplo, pode ser oral ou escrita, e dentro de cada uma destas formas ainda pode

revestir-se de características específicas. Aspectos relevantes que caracterizam a forma

de intervenção são a velocidade de resposta (feedback), utilização de linguagem

numérica, linguagem natural, linguagem corporal, tom de voz, etc. De modo a

identificar os meios mais adequadas foram desenvolvidas diversas teorias,

nomeadamente a teoria da presença (Short et al., 1976) e a teoria da riqueza dos meios

(Draft & Lengel, 1984). Em ambas as abordagens se evidencia que existem meios com

maior capacidade que outros e que interacções complexas exigem meios com

capacidade de transmitir informação complexa.

5.3.2. Técnicas de Mapeamento

Diversas técnicas de mapeamento de ideias podem ser utilizadas para apoiar a

interacção de pessoas numa reunião. De entre essas técnicas são de referir os mapas

conceptuais (Novak & Gowin 1984, Novak, 1993), os mapas mentais ou mind maps

(Buzan, 1993) e os mapas cognitivos (Eden, 1988, Eden & Akermann, 1998, Akermann

et al., 1992).

Os mapas conceptuais foram desenvolvidos por Joseph D. Novak, nos anos

sessenta na Universidade de Cornell nos Estados Unidos da América. O seu estudo por

sua vez apoiou-se nas teorias de Ausubel (1968), que enfatizava a importância de

conhecimento prévio para ser capaz de aprender novos conceitos. Nos mapas

conceptuais os nós são nomeados com texto, consistindo de uma palavra ou frase curta

representando o conceito, e as ligações são nomeadas apenas para exprimir o tipo de

relação.

Os mapas mentais ou mind maps (Buzan, 1993) têm apenas um conceito central

(ao contrário dos mapas conceptuais). Um mapa deste tipo tem a forma de árvore,

partindo de uma ideia central que se vai ramificando em palavras-chave e imagens. As

imagens são mesmo preferíveis às palavras e conceitos.

25

Os mapas cognitivos (Eden, 1988, Eden & Akermann, 1998, Akermann et al.,

1992), baseiam-se na teoria das construção pessoal (Kelly, 1955). Neste caso as ideias

são chamadas de conceitos, sendo representadas por meio de uma pequena frase (nunca

apenas uma palavra), sendo preferível utilizar-se sempre que possível um verbo activo

para dar a ideia de um sentido de acção e direcção. Apesar de, tal como no caso dos

mapas conceptuais, a estrutura ser do tipo rede (e não de tipo arborescente), é

encorajado que se estabeleça uma relação de hierarquia entre as ideias a ser mapeadas.

Aqui a hierarquia poderá ser do tipo causa e efeito, meio e fim, como e porquê, de modo

a ser poder identificar resultados desejados (ou indesejados).

5.3.3. Ibis (Issue-Based Information System)

O IBIS (Issue-Based Information System) foi desenvolvido por Horst Rittel e

colegas (Kunz & Rittel, 1980) durante os anos 1970's permitindo fornecer uma estrutura

simples contudo formal para a discussão e exploração de "problemas perversos".

Problemas retorcidos, ao invés dos problemas "dóceis", não se rendem à aproximação

científica "tradicional" de resolução de problemas, na qual se recolhem dados, analisam-

se os dados, formula-se uma solução e faz-se a implementação da solução. Num

"problema perverso", a compreensão do problema evolui à medida que se vai

trabalhando a solução. Um sinal claro de que se está perante um problema perverso é o

facto de não haver nenhum acordo nítido sobre o que na realidade é o problema. Em

algumas situações seria possível resolver o problema de uma forma tradicional, porém,

os recursos envolvidos na sua resolução seriam tais que não seriam comportáveis.

26

Reunião

Actor1

propor tema

tomar posição

apresentarargumento

Figura 10 –Participação na reunião no âmbito de uma abordagem Ibis.

Na Figura 10, é apresentado o caso de uso correspondente a participação em

reuniões, de acordo com a perspectiva da abordagem Ibis.

5.3.4. Teoria dos Actos do Discurso

A um nível elementar é possível identificar diversos propósitos comunicativos

associados às mensagens ou conjuntos de mensagens trocadas no âmbito de uma

reunião. A teoria dos actos do discurso apoia neste propósito.

A teoria dos actos do discurso procura definir e classificar os actos locutórios, ou

tipos de acções que podem ser executados por meio do discurso. Interessa-se

principalmente pelos predicados existentes numa língua para designar tipos de acção,

designados por "verbos performativos".

Numa perspectiva prática, uma das principais aplicações da teoria dos actos do

discurso consiste em enunciar as regras que definem um determinado tipo de acção,

27

bem como empreender uma classificação dos "actos locutórios". Searle (1974)

apresentou a seguinte classificação:

- Assertivos - o emissor apresenta alguma coisa como sendo dessa maneira (ex.:

afirmar, declarar, explicar).

- Directivos - o emissor tem a intenção de levar o receptor a fazer alguma coisa

(ex.: ordenar, exigir, exortar).

- Compromissivos - o emissor compromete-se a fazer alguma coisa (ex.:

prometer, garantir).

- Expressivos - o emissor exprime o seu estado psicológico (ex.: felicitar).

- Declarativos - o discurso faz alguma coisa, emprestando qualidades (ex.:

nomear, confiar).

Em contrapartida, Habermas (1981) apresentou outra classificação:

comunicativos, construtivos, regulativos, representativos e actos de discursos

institucionais.

5.3.5. Estilo de Comunicação

Embora este estilo de aproximação seja utilizado para caracterizar os estilos de

comunicação adoptados pelos participantes na reunião, é relevante aqui mencionar que

esses estilos de comunicação também caracterizam as intervenções. Com efeito,

segundo Casse (1994), podem-se então identificar quatro estilos:

- orientação para a acção, tendente a mudar as coisas, melhorar as situações

existentes, traduzir ideias em acções, ênfase na eficácia e alcance de bons

resultados;

- orientação para processo, no qual se dá ênfase aos factos, procedimentos

estratégias, planos e análise.

- orientação para as pessoas, no qual se dá ênfase às pessoas, às necessidades, à

motivação.

- orientação às ideias, no qual predomina uma forte orientação para os conceitos,

inovação criatividade e futuro.

28

5.3.6. Géneros de Comunicação

Géneros de comunicação - é um tipo de acção comunicativa socialmente

reconhecidas e que habitualmente são activadas por membros de uma

comunidade para executar tarefas com propósitos sociais específicos. Um

género de comunicação é caracterizado por um propósito e uma forma.

A reunião também é um género, referido nomeadamente por Orlikowski & Yates

(1998) como "locus" para a sessão face a face de tópicos de reunião. Por sua vez, o

conjunto de comentários de uma reunião poderá corresponder a géneros mais

específicos.

Na abordagem dos géneros de comunicação (Yates & Orlikowski, 1992) é dada

ênfase aos recursos. Numa primeira aproximação esta abordagem pode-se confundir

com a teoria dos actos do discurso. Porém, aqui o conceito de propósito é diferente da

intenção comunicativa da teoria dos actos do discurso, além do facto de se adicionar

outros atributos ao género, como é o caso da forma.

5.3.7. IPA (Interactive Process Analysis)

Um investigador da Universidade de Harvard (Bales, 1950) desenvolveu o IPA

(Interactive Process Analysis), um sistema de análise das funções e padrões de

comportamento composto por doze categorias: (1) parecer amigo (2) dramatizar, (3)

concordar, (4) dar sugestão, (5) dar opinião, (6) dar informação, (7) Pedir informação,

(8) pedir opinião, (9) pedir sugestão, (10) discordar, (11) mostrar tensão e (12) parecer

pouco amigo. Estas categorias são agrupadas. As três primeiras categorias são (A)

acções positivas ou mistas; as três seguintes categorias são (B) tentativas de resposta; as

categorias (7), (8) e (9) são (C) questões; as últimas três categorias são (D) acções

29

mistas ou negativas. Por sua vez , existem categorias que correspondem a pares opostos

ou recíprocos, é o caso das categorias 1 e 12, 2 e 11, 3 e 10, 4 e 9, 5 e 8 bem como das

categorias 6 e 7.

6. Papeis

Papel - corresponde a um conjunto expectável de comportamentos, cada um

dos quais associados a uma ou várias operações.

A definição de papéis permite caracterizar os comportamentos assumidos pelos

actores. Cada actor pode desempenhar vários papéis. Ao conjunto de papéis assumidos

por um actor dá-se a designação de perfil. Tal como foi referido atrás, os papéis são:

participante, facilitador, secretário, patrocinador e agente organizacional.

A realização desses papéis desenvolve-se no âmbito de objectivos e interesses

pessoais. Esses objectivos e interesses podem ser, ou não, coerentes com os objectivos e

interesses dos restantes membros do grupo, do grupo como um todo ou ainda da

organização em que o grupo se encontra incluído. Aspectos como a motivação (Werther

& Davis, 1983, Chiavenato, 1992) e liderança (Jesuíno, 1999) são relevantes para

explicar ou para ajudar a modificar comportamentos.

30

+Fala com patrocinador()+Prepara agenda()+Identifica participantes()+Planeia reunião()+Cria agenda e passos()+Convida participantes()+Dá inicio à reunião()+Apresenta agenda()+Apresenta regras()+Ouve/vê()+Conclui()+Apresenta passos seguintes()+Lê Agenda()+Avalia intervenção()+Avalia alteração de passo()+Intervem()+Avalia alteracção de agenda()+Verificar se ultimo passo()+Recebe objectivos()+Divide objectivos em metas()+Identifica pontos de agenda()+Cria Tarefa()+Identifica ferramentas/tecnicas()+Identifica documentos de apoio()

-Participantes identificados-Estratégia de reunião-Informação de reunião

Facilitador

+Participa()+Recebe informação()

-Memória-Satisfação-Tipo

Participante

+Define objectivos()+Convida patrocinador()+Ouve A.O.()

Patrocinador

+Regista agenda()+Distribui agenda()+entrega informação suplementar()+toma notas()+apresenta resultados de votações()+Cria relatório()+Lê modelo de notas()+Ouve comentário()+Lê modelo de relatório()+Lê notas()+Categoriza/classifica()+Preenche relatório()+Conclui relatório()+Verificar fim de produção de relatórios()

-Notas da reunião

Secretário

<desempenha

+Ouve Patrocinador()

Agente Organizacional

-Descrição

PerfilPapel

Figura 11 –Papéis desempenhados numa reunião.

Em seguida ir-se-á considerar o facilitador, participante, secretário, patrocinador e

agente organizacional.

31

6.1. Facilitador

Enquanto que a literatura tradicional da área de gestão e psicologia organizacional

dá especial relevo ao papel do líder (Jesuíno, 1999), mais recentemente surge o conceito

de facilitador.

Facilitador - entidade externa e independente face ao grupo, aceite por

este, que desempenha uma função que tem o propósito de tornar mais

eficaz e eficiente o processo de reunião.

O facilitador deverá ser neutro ao grupo não contribuindo com ideias nem fazendo

a sua avaliação (Doyle & Straus, 1976). Este papel pode ser confundido com outros

papéis, nomeadamente o de mediador ou árbitro (Levick et al., 1992). Os presidentes

também podem desempenhar papeis de facilitação, coordenando as tarefas a realizar

durante o processo de reunião. Porém, o presidente é em muitas circunstâncias um dos

principais influenciadores da reunião (vejamos por exemplo o primeiro-ministro no

conselho de ministros), pelo que o papel de facilitador assume pouco relevo.

Líder, gestor e moderador são ainda outras designações dadas para descrever o

papel do facilitador (Kerr, 1986). Porém, se líder ou moderador têm uma acepção muito

limitada, gestor corresponde a uma perspectiva vaga e abrangente, correndo-se o risco

de dar uma visão de autonomia que o facilitador muitas vezes não tem. Porém, na

realidade pode ser considerado como tal uma vez que o facilitador é o gestor da reunião,

fazendo o seu planeamento ou convidando os participantes. É ele ainda que preside à

reunião, dando o seu início, dirigindo-a e concluindo-a.

Tal como referido por diversos autores (Bostrom et al., 1991; Jay, 1976), o papel

do facilitador é fulcral no processo de reunião, podendo contribuir de forma decisiva

para o sucesso da mesma.

6.1.1. Planeamento de Reunião

A primeira fase em que o facilitador actua consiste na preparação da reunião

(Butler, 1996). Nesta, ele planeia e desenvolve a reunião produzindo a agenda de acordo

32

com os objectivos fornecidos pelo patrocinador. São ainda convidados os participantes

de acordo com os critérios de competência bem como outros aspectos contingenciais

(Jay, 1976). De entre os modelos mais conhecidos neste campo é de destacar o modelo

de Vroom Yetton (Vroom, 1964, Vroom, e Yetton. 1989). O facilitador terá ainda que

fazer a preparação da logística da reunião (Figura 12).

A produção da agenda é o aspecto mais visível de um processo designado de

planeamento de reunião. O processo de planeamento de uma reunião pode ser analisado

em três perspectivas:

- Processo de reunião;

- Conteúdo;

- Géneros /sistemas de géneros.

Reunião

facilitador

Preparar reunião

Definir objectivos

«uses»

«uses»

«uses»

Convidar participantes

Produzir agenda

Seleccionar processo

«uses»

Identificar objectivos«uses»

Preparar logística

Preparar sala

«uses»«uses»

33

Figura 12 – Preparação da reunião

As teorias de decisão dão especial ênfase ao processo. Nesse sentido, procuram

identificar o encadeamento de varias fases ou tarefas no âmbito de um processo de

decisão. Incluem-se neste conjunto de abordagens quer abordagens racionalistas

(referidas por Simon, 1997) , de racionalidade limitada (proposta por Simon, 1997) quer

incrementalistas (Lindblom, 1959), não estruturadas (Minztberg et al., 1976) ou

"garbage can" (Cohen et al. 1972).

Existem outros modelos que seguem uma perspectiva mais ampla e que procuram

integrar modelos com âmbito mais restritivo é o caso da perspectiva contigencial que

tem em conta aspectos externos tais como contexto da decisão, natureza da tarefa e

estilos de liderança. Por exemplo, tendo em conta aspectos como centralização,

formalização, informação e confrontação, Koopman & Pool, 1990, identificaram vários

tipos de organização tendo em conta a forma como as decisões são tomadas. Os tipos

em causa traduzem-se no modelo neo-racional, modelo burocrático, modelo arena,

modelo fim aberto. A predominância de um ou outro modelo depende de aspectos

culturais, estratégicos e mesmo estruturais, podendo ter impactos ao nível do processo

de tomada de decisão.

Outra dimensão do processo de tomada de decisão é o conteúdo. Quer tendo em

conta aspectos dos pressupostos das abordagens anteriores, quer seja independentes a

esses existem certos problemas com abordagens específicas e com técnicas muito bem

estudadas e adaptadas à sua resolução. Por exemplo, no âmbito da estratégia empresarial

existem técnicas que são independentes da forma de participação dos participantes no

processo. É o caso da análise SWOT, em que se diagnosticam as oportunidades e

ameaças, bem como os pontos fortes e fracos de uma organização no processo de

adaptação organizacional. O mesmo acontece em tantas outras áreas do conhecimento

humano.

As abordagens apresentadas anteriormente dão ênfase quer ao processo quer ao

conteúdo. Porém, apesar de corresponderem a abordagens que dirigem a forma de

actuar dos participantes, estes têm um comportamento que depende de um conjunto

significativo de condições concretas. Nesse sentido, os processos de decisão e

interacção apresentam padrões definidos, que escapam muitas vezes às abordagens

34

anteriores. Ganha sentido falar então em géneros de comunicação (Orlikowski & Yates,

1994).

6.1.2. Direcção e Controlo de Reunião

A fase mais visível e mesmo a fase fundamental da reunião é aquela em que os

participantes se reúnem numa sessão interagindo tipicamente face a face (para

confrontação veja-se DeSanctis & Gallupe, 1987).

A direcção da reunião corresponde na prática a um equilíbrio entre gerir pessoas e

gerir o assunto (Jay, 1976). A gestão do assunto consiste em seguir a estrutura da

reunião nomeadamente recorrendo à ordem de trabalhos. Deste modo podem ser

identificadas duas dimensões: uma que corresponderá ao estilo e estratégia assumida

seguida pelo facilitador, outra será as acções concretas que o facilitador toma.

Reunião

Facilitador

Gerir reunião

Iniciar reunião

«uses»

«uses»

«uses»

Acompanhar agenda

Acompanharparticipantes

Concluir reunião

«uses»

35

Figura 13 – Direcção da reunião

No que diz respeito ao estilo, o facilitador poderá assumir um estilo de liderança

(ex.: democrática, laissez faire, autocrática) mais ou menos vincado ou ajusta-lo em

função das circunstâncias. O mesmo poderá acontecer quanto à sua atitude face à forma

como segue a ordem de trabalhos, podendo ser seguida de forma mais ou menos estrita.

Por sua vez, a forma de actuar pode variar em termos de estilo, em função de se

dar maior ou menor relevância a aspectos como (Jay, 1976):

- Seguir a agenda;

- Responder a problemas;

- Realizar um conjunto de tarefas (tais como resumos, etc.)

Na figura que se segue é mostrado um possível processo que pode ser seguindo

quando o facilitador faz a direcção da reunião.

Figura 14 - Possível processo de direcção de reunião

36

Outro aspecto importante a considerar na forma de intervenção do facilitador

consiste em identificar os sintomas de patologias ocorridos durante as reuniões (Viller

et. al. , 1991). Muitos destas síndromas levam a que as reuniões não seja eficazes.

Síndroma Sintomas Causas Possíveis Possíveis intervenções Besta das mil cabeças

Digressões Interrupções Tópicos múltiplos Não escutar Não integração de ideias

Desacordo quanto à agenda Não se desenhou o processo Mistura de estratégias para resolver problema

Sugerir "rodada" para clarificar tarefa. Lista de percepção de tarefa Procurar síntese (refazer, procurar continuidades, categorias) Formular/reformular agenda

Fracção de feudo

Argumentos repetidos Ataque aberto, raiva

Agendas escondidas /medição de poderes Medo de mudança

Acabar com acções: "temos problemas em concordar com solução..." Permitir aos indivíduos listarem os critérios individualmente. Listar critérios independentemente de alternativas. Mediar alternativas contra critérios.

Espécies dominantes

"Flops" "Tempo de antena desigual" Linguagem corporal passiva/agressiva Introversão

Domínio: frustrada Introvertidos: medo, frustração, insulto

Directo: -questionar/pedir votação aos que participam pouco -agradecer/limitar os que participam muito Interpretativo: No final da reunião partilhar percepção do nível de participação: - autoavaliação - visão de todos - solicitar normas sobre participação

Reciclagem Comportamento "Disco riscado" Irritação com falta de progresso Falhanço em ganhar consenso.

Ideias não estão a ser registadas. Confusão quanto ao processo de resolução de problemas.

Introduzir/reintroduzir passos de resolução de problema. Identificar que tópico se relaciona com que passo. Identificar onde se está, de onde se vem e para onde se vai.

Reunião de sesta

Silêncios longos Ausência de energia/ideias Introversão

Receio de tema volátil Hostilidade Depressivo Fadiga

Descreve observação – "reunião em estado de bloqueada" Sugerir verificação de humor Em seguida: - "mãos à obra" - problema em análise - decidir sobre plano de acção para rectificar E/ou - retornar à questão, distribuir tempo para resolução de problema no final da reunião

Perdidos Após a reunião existe confusão

A reunião terminou sem definição de passo seguinte, ninguém foi responsabilizado por nada

Caso a reunião ainda não tenha terminado ainda há remédio: - concluir a reunião de forma clara - assegurar que todos sabem o que fazer e quando - traduzir por escrito

Figura 15 - Sintomas e intervenções (Viller, 1991; Wetey & Waters, 1988, Charan, 2001)

37

A investigação leva nomeadamente ao desenvolvimento de modelos gerais de

facilitação para gestão da dimensão socio-emocional em ambientes suportados por

sistemas de apoio a reunião (Kelly & Bostrom; 1998). Em contrapartida, alguns actores

apercebem-se que os sistemas de apoio a reuniões são insuficientes para facilitação de

reuniões, pelo que se desenvolvem diversas soluções, nomeadamente sistemas periciais

e posteriormente agentes facilitadores (Aiken & Vanjani, 1998). Curiosamente, na

generalidades dos casos, o que estes sistemas vêm fazer é substituir o grupo em

processos muito restritos como determinado tipo de categorização ou classificação

(Aiken, & Carlisle, 1992) ou então como conselheiros de facilitadores (Antunes & Ho,

1999).

6.2. Participante

Participante - interveniente na reunião, produzindo comentários (ou

intervenções), sob a forma de afirmações, questões ou votos, seguindo o

processo de reunião definido pelo facilitador.

Os participantes em reuniões correspondem basicamente a agentes que funcionam

como fonte de dados a produzir numa reunião. Acontece porém que em muitas

circunstâncias os participantes nas reuniões também são agentes envolvidos nos

resultados na medida em que os resultados da reunião têm directamente a ver com as

suas funções. Por outro lado, para que os resultados sejam relevantes interessa com

frequência que o processo de reunião de realize de forma a criar condições para uma

maior eficácia e eficiência na interacção.

Para além de produzirem comentários durante a reunião, os participantes também

podem participar antes da reunião, quer através de pedidos, aceitação da reunião (feitos

antes da reunião), quer pedindo informações sobre a reunião, nomeadamente

consultando a acta, após a reunião.

Para além destes comportamentos, o participante procuram atingir objectivos, tais

como a satisfação (resultado do processo de reunião) e as qualificações pessoais. Porém,

para além dos aspectos pessoais interessa ainda considerar dimensões caracterizadoras

do grupo. O número de participantes é algo que caracteriza a reunião, podendo mesmo

38

contribuir para lhe dar o nome. Por exemplo, as designações assembleia, comissão e

comité estão intimamente relacionadas com o número de participantes (Jay, 1976).

Os resultados de uma reunião são consequência não só da forma como esta é

planeada, organizada e dirigida como ainda das características dos próprios

participantes (The 3M Meeting Management Team, 1994):

- competência em relação ao trabalho de grupo;

- envolvimento nos propósitos do grupo (metas e missão);

- percepção da dinâmica do grupo e construção de um relacionamento positivo

com os outros membros;

- flexibilidade em relação às diferenças de estilo;

- valorização da diversidade e tratamento dos outros com respeito;

- contribuições eficazes;

- aceitação de desacordo;

- adopção à mudança;

- desenvolvimento de iniciativa para os passos seguintes;

- informação dos gestores sobre actividades da equipa;

- apoio da ordem de trabalho do grupo em vez de desenvolvimento de ordens de

trabalho pessoais.

Os participantes na reunião podem ainda assumir comportamentos típicos que

devem ser tidos em linha de conta na gestão da reunião, nesse sentido surgem pessoas

mais orientadas para a acção, que tendem a ser pragmáticas, directas, impacientes,

decididas, rápidas e enérgicas; pessoas orientas para o processo que tendem a ser

sistemáticas, lógicas, factuais, cautelosas e pacientes; pessoas orientadas para as pessoas

que tendem a ser espontâneas, empáticas, subjectivas, emocionais, sensíveis e cordiais e

pessoas orientadas para as ideias que tendem a ser imaginativas, carismáticas, difíceis

de entender, irrealistas e provocadoras (Casse, 1994).

Também se podem identificar outro tipo de participantes de acordo com os papéis

específicos que têm numa reunião: o mudo voluntário, o sabe-tudo, o obstinado, o

eterno-perguntador, o conflituoso, o fala-barato, o trapalhão o quero-lá-saber ou o tipo

fixe (Tubbs & Moss, 1994, Cardoso, 1999).

Numa reunião podem haver diversos tipos de participantes. Por exemplo, numa

reunião multidisciplinar, a existência de um especialista numa matéria faz com que as

39

suas opiniões sejam mais relevantes. O mesmo poderá acontecer quanto a decisões de

voto em determinadas matérias. Nestas circunstâncias poder-se-á depreender que o

gestor com poder para tal, em contraposição com o facilitador, será um participante com

poder acrescido sobre os outros participantes e/ou sobre as matérias em análise. Esta

perspectiva não coincide com outras abordagens em que se considera existir um tipo de

membro de reunião específico distinto do participante chamado gestor ou presidente da

reunião (Doyle & Straus, 1976).

6.3. Secretário

Secretário - agente neutral, que não intervém mas regista as intervenções

dos participantes, tomando notas e produzindo relatórios.

O secretário (Jay, 1976, Ramage, 1982), também designado anotador ou tomador

de notas (Doyle & Straus, 1976), é um agente neutral e que deve seguir o grupo, não

tendo uma atitude avaliativa. A sua responsabilidade é de registar as intervenções dos

participantes ou então anotam as ideias básicas, discutidas na reunião.

Reunião

Secretário

Criar Modelo

Tomar notas

Redigir relatório

Figura 16 - Produção de relatórios

40

Associados com este papel, podem ser identificados três casos de uso: criar

modelo, tomar notas e redigir relatório.

Criar modelo consiste na estruturação, para uma situação em concreta de um

relatório. Estas estruturas têm como fonte a legislação (ex.: Código das Sociedades

Comerciais), manuais da matéria (Ramage, 1982) ou então a experiência.

Tomar notas consiste em registar os dados considerados relevantes da reunião. O

registo poderá ser mais ou menos sintético, podendo incluir intervenções orais ou outros

tipos de comportamentos. Na fase do registo poder-se-á estar a seguir a estrutura de

relatório ou não.

A produção de relatório consiste em organizar os dados das notas com a forma de

um relatório. Para se produzir um relatório tem que se fazer sumários da informação

produzida na reunião, bem como categorizar e classificar alguma da informação.

Na Figura 17 é apresentado um possível diagrama de actividades que ilustra o

processo de produção de relatórios. Este processo pressupõe que existe uma fase em que

o secretário toma notas e uma fase em que essas notas são convertidas no relatório final.

Como se pode observar no quadro da Figura 18, a formatação e estruturação dos

resultados de uma reunião (o que se traduz no tipo de relatório) estão intimamente

relacionados quer com o que foi produzido durante a reunião, quer com o seu objectivo,

quer mesmo com o processo em que a reunião se encontra integrado. Desse modo, faz

sentido falar em recorrência de tipos de relatórios. Estes relatórios poderão traduzir-se

em géneros de documentos (um caso específico de género de comunicação) que estão

inter-relacionados e agrupados em sistemas de géneros.

Sistema de género - rede complexa de géneros relacionados onde cada

participante realiza um acto reconhecido no âmbito de um género ou se

move entre vários géneros, sendo de esperar que obtenha uma resposta

esperada por parte de outros que se movem no mesmo sistema de géneros

41

Figura 17 - Possível processo de produção de relatórios

Por outro lado, é importante referir a dimensão situada desses géneros e sistemas

de géneros. Com efeito, a comunidade dos "estrategos empresariais", dos consultores e

dos elementos da própria empresa vão influenciar a estrutura.

42

Resultados Tarefas Análise da envolvente externa

Lista de oportunidades Lista de ameaças

Listar impacte do ambiente Classificar em ameaças e oportunidades

Análise da envolvente interna

Lista de pontos fortes Lista de pontos fracos

Características de estrutura Características de cultura Características de recursos Pontos fortes Pontos fracos

Declaração de missão Declaração de missão Definição de estratégia Lista de Objectivos, Estratégias e

Políticas O que fazer Organizar de conceitos Definir estratégias

Avaliar estratégia Escolha de estratégias Identificar parâmetros Dar pesos

Programas Plano de acção para uma estratégia específica

Plano de acção

Orçamentos Orçamento Orçamento Procedimentos Lista de procedimentos

Figura 18 - Lista de reuniões e respectivos resultados num processo de gestão estratégica.

Outro aspecto importante consiste em saber quem é que está envolvido no

processo de produção do relatório. Com efeito, se é possível considerar que existe um

papel de secretário, na prática poder-se-á identificar vários tipos de perfis (ou agentes)

que desempenham estas funções. Tipicamente podem ser identificados os seguintes

agentes:

- Em primeiro lugar temos a equipa de reunião considerada com um todo. Aqui

independentemente das formas de decisão adoptadas serem a unanimidade, a

maioria ou a autocracia, o grupo funciona como um todo.

- O secretário, facilitador ou presidente é outro dos elementos da reunião neste

processo. Mas dado que o que interessa aqui é a dimensão do registo é

considerado apenas a secretária.

- Também podem ser identificados os utilizadores individualmente.

Após se terem considerado as dimensões atrás descritas pode-se então identificar

três cenários principais de criação de relatórios:

- Processo tradicional de produção de relatórios;

- Processo apoiado no grupo;

- Processo apoiado no participante.

O processo de produção de relatórios tradicional consiste num processo muito

apoiado na secretária. É a secretária que prepara a reunião, toam notas e produz

relatórios (Ramage, 1982).

43

Ainda existe o processo apoiado no grupo em que cada um dos elementos do

grupo e/ou com o apoio de um facilitador se vai produzindo o relatório da reunião.

Outra perspectiva consiste em passar para os participantes o fardo de produzir

relatórios, sendo os estes a produzir seus próprios relatórios individualmente.

Um aspecto relevante a considerar é que a produção do relatório de uma reunião

não é um acto isolado e a sua eficácia depende em larga medida da forma como é

concluída a reunião. É nesse sentido que alguns autores sugerem que o papel do

facilitador em terminar a reunião é fundamental, devendo este (Rego, 2001):

- sumariar os pontos-chave e decisões;

- evidenciar as responsabilidades das pessoas (quem faz o quê);

- assegurar que as pessoas compreendem e aceitam as responsabilidades;

- estabelecer data de próxima reunião;

- agradecer a contribuição de todos;

- terminar com nota positiva;

- distribuir acta nos dias seguintes à reunião, sendo esta acta um documento

simples e sucinto.

6.4. Patrocinador

Patrocinador - é o "proprietário" da reunião, isto é, aquele que origina, que

está interessado nos seus resultados e que em última análise é responsável

pela reunião.

O patrocinador é um dos elementos fundamentais de uma reunião diversas vezes

ignorado. Com efeito, ele que é na realidade o dono da reunião. Um dos factores que faz

com que seja ignorado resulta do facto de o patrocinador ser muitas vezes em

simultâneo o presidente da reunião.

O patrocinador em última instância:

- É o repositório dos objectivos;

44

- Define e clarifica os objectivos;

- Convida o Facilitador;

- Envia instruções, nomeadamente os objectivos ao facilitador;

- Decide,

- Pesquisa Relatório.

O modelo Vroom Yetton (Vroom, 1973, Vroom & Yetton, 1989) é um modelo

importante na medida em que permite estabelecer regras quanto ao papel do

patrocinador, permitindo ainda clarificar os papéis do participante numa dada reunião,

de acordo com as exigências do patrocínio.

6.5. Agente Organizacional

O agente organizacional é alguém que, embora seja externo à reunião, induz

tópicos ou é afectado pelos resultados produzidos na reunião.

O agente organizacional recebe informação da reunião, resultante nomeadamente

da leitura do relatório. Com base nesta informação, ele vai ter um determinado

comportamento, pelo que a sua tipificação é um aspecto de grande importância.

A informação recebida pelo agente corresponde ao resultado da leitura do

relatório. No processo de leitura, o significado e intenção associado à mensagem tem

especial importância. de entre as abordagens que analisam este aspecto são

particularmente relevantes, já mencionadas:

- Teoria dos actos do discurso (Searl, 1974)

- Teoria de géneros e sistemas de géneros (Orlikowski & Yates, 1994).

O agente organizacional é um dos intervenientes fundamentais no processo de

integração organizacional dos resultados da reunião.

7. Recursos

Os recursos são artefactos utilizados e/ou produzidas durante o processo de

reunião. Identificam-se como recursos as agendas, os documentos de apoio ou suporte e

os relatórios.

45

-Meios-Utilizadores autorizados

-Tipo de Reunião-Propósito de reunião

Agenda

-tipo de suporte-Tipo de documento

Doc. Suporte

-Propósito

Relatório

-Tipo de tarefa-Propósito

Item de Agenda

Contem>

-formato-propósito

Tipo de Item

-conteúdo

Item

1..*

1..*

Recurso

Figura 19 - Recursos de reunião

O principal recurso utilizado numa reunião é a ordem de trabalhos (ou agenda)

enquanto que o principal recurso produzido na reunião é a acta (ou relatório da reunião).

Estes recursos podem ainda ser considerados géneros de comunicação típicos numa

reunião (Orlikowski & Yates, 1998). Outros recursos importantes são os documentos

complementares.

Para além destes recursos ainda podem ser considerados no âmbito dos recursos a

tecnologia, regras de funcionamento (ground rules) e o material típico e necessário e

que terna uma reunião possível (roomware) aspectos que não são aqui contemplados.

46

7.1. Agenda

Agenda (ou ordem de trabalhos) - é um documento onde se encontram

identificados os principais elementos que caracterizam o processo de

reunião (local, hora, dia, tema), bem como os participantes e a lista dos

itens abordados.

A agenda ou ordem de trabalhos é considerada a mais importante artefacto numa

reunião (Jay, 1976). Adequadamente redigida, tem o poder de tornar a reunião mais

rápida e clara. O grande erro consiste em faze-la desnecessariamente genérica e

ambígua.

A agenda de uma reunião é identificada com frequência como crítica para

conduzir reuniões com sucesso. De acordo com as investigações realizadas, a utilização

de agenda apresenta impactes positivos quer ao nível dos resultados da reunião quer ao

nível da satisfação com os resultados. De entre os trabalhos de investigação realizados

para averiguar o impacte desta nos resultados da reunião é de destacar Niederman &

Volkema (1996).

A estrutura da agenda poder variar de forma significativa. Por exemplo, Tropman

(1996) descreve uma reunião de 90 a 120 minutos (Agenda Bell) com a seguinte

estrutura:

- boas vindas, introdução e regras de funcionamento;

- itens simples, tais como actas, anúncios e discussão e acção para itens simples;

- itens difíceis, começando com discussão de acção de itens moderadamente

difíceis e discussão de itens difíceis;

- discussão de passos de itens difíceis e depois discussão de itens fáceis

- revisão, sumário, identificação de tarefas e respectiva atribuição a pessoas.

Nesta agenda são identificados apenas os vários passos da reunião. Cada item, por

sua vez será implementado utilizando uma técnica específica.

47

7.2. Documentos de Suporte

No que diz respeito aos documentos utilizados para suporte a reunião, podem ser

considerados três tipos:

- Documentos base são aqueles que vão ser afectados pela decisão, por exemplo

a aprovação das contas da empresa. Nesse caso, o relatório de gestão, balanço e

demonstração de resultados são documentos base.

- Documentos de apoio são utilizados para apoiar directamente a decisão,

correspondendo a peças fundamentais de suporte. Por exemplo, na decisão de

investimento, um estudo de viabilidade seria um possível documento de apoio.

Ou então, no caso de se tratar de um investimento com peso significativo, as

contas da empresa.

- Documentos contextuais servem para caracterizar o ambiente. Com efeito, para

se compreender uma reunião é imprescindível adicionar dados complementares

de natureza contextuais. É o caso de notícias surgida de jornal e que são do

conhecimento de todos os participantes. Estas notícias podem justificar

determinadas decisões, mas se no futuro não houver a devida documentação da

reunião, a decisão poderá não fazer sentido. Outro exemplo será o caso do

Regimento da Assembleia, que sendo na sua generalidade do conhecimento

dos Deputados não necessita ser utilizado explicitamente em todas as sessões.

7.3. Relatórios

Relatório - artefacto que reproduz, total ou parcialmente, o processo

desenvolvido durante a reunião, dado especial ênfase aos resultados

alcançados.

48

Os relatórios são documentos que apresentam uma estrutura, um formato e um

propósito.

A estrutura corresponde à agregação de um conjunto de itens num relatório. Estes

itens apresentam um determinado conteúdo, que resulta do conteúdo das interacções da

reunião, mais ou menos elaborados pelos secretários, e um tipo de item. Por sua vez o

tipo de item apresenta um determinado formato e um propósito específico.

O formato corresponde a aspectos como o meio utilizado (por exemplo, escrito,

imagens, filme).

O propósito é a intenção associada ao documento. Este propósito pode estar mais

ou menos vincado em função do tipo de relatório apresentado. Por exemplo, um plano

de acção corresponde a um relatório com um propósito bem claro e orientado para a

acção. Por outro lado, uma acta corresponde a um relatório mais orientado para a

descrição do processo de reunião.

As actas são os relatórios mais comuns relatórios resultantes de reuniões. Nas

actas de reuniões são resumidas as principais intervenções dos participantes na reunião

de acordo com um modelo, mais ou menos estabelecido. Esta acta é em geral aprovada

no início da reunião seguinte. Porém, a Acta é apenas um tipo de relatório possível.

As notas (ou logs) de reuniões são geralmente produzidas antes de se produzir o

relatório final. Nestes encontra-se registado todas as intervenções realizadas pelos

participantes exactamente como foram realizadas.

Para além das actas de reuniões é comum existirem planos de acção (The 3M

Meeting Management Team, 1994), onde se listam as actividades que os intervenientes

na reunião se comprometeram a realizar. Esta é mesmo a forma mais típica de relatório

no caso das reuniões de ponto da situação.

Para além dos elementos referidos atrás, são ainda componentes da reunião a

tecnologia, regras de funcionamento, bem como todo (roomware).

8. Discussão e Síntese

Neste capítulo as reuniões são descritas como sistemas. Para tal é utilizada uma

linguagem típica de análise de sistemas: UML. Após identificação dos participantes,

bem como das interacções típicas entre estes e o sistema, são descritos os diversos

49

componentes da reunião. A partir desse momento é possível identificar com mais

detalhe os recursos, papeis e processos, bem como os respectivos atributos e operações.

Reunião

Produz>0..1

0..*

1

1..*

1

0..*

1..*

1

1* 1

1..*

1

1

1

1..*

1 0..*

1

0..*

-Data-Duração-Local-Objectivos-Assunto-Estado

Processo

-Valor-Data-Tipo de interacção-Forma-Autor-Validade-Utilizadores autorizados

Intervenção

Contem>

-Designação-Assunto

Item

-Código-Tipo

Actividade

Papel

-Descrição

Perfil

+Fala com patrocinador()+Prepara agenda()+Identifica participantes()+Planeia reunião()+Cria agenda e passos()+Convida participantes()+Dá inicio à reunião()+Apresenta agenda()+Apresenta regras()+Ouve/vê()+Conclui()+Apresenta passos seguintes()+Lê Agenda()+Avalia intervenção()+Avalia alteração de passo()+Intervem()+Avalia alteracção de agenda()+Verificar se ultimo passo()+Recebe objectivos()+Divide objectivos em metas()+Identifica pontos de agenda()+Cria Tarefa()+Identifica ferramentas/tecnicas()+Identifica documentos de apoio()

-Participantes identificados-Estratégia de reunião-Informação de reunião

Facilitador

+Participa()+Recebe informação()

-Memória-Satisfação-Tipo

Participante

+Define objectivos()+Convida patrocinador()+Ouve A.O.()

Patrocinador

+Regista agenda()+Distribui agenda()+entrega informação suplementar()+toma notas()+apresenta resultados de votações()+Cria relatório()+Lê modelo de notas()+Ouve comentário()+Lê modelo de relatório()+Lê notas()+Categoriza/classifica()+Preenche relatório()+Conclui relatório()+Verificar fim de produção de relatórios()

-Notas da reunião

Secretário

<desempenha

+Ouve Patrocinador()

Agente Organizacional

-Meios-Utilizadores autorizados

Recurso

-Tipo de Reunião-Propósito de reunião

Agenda

-tipo de suporte-Tipo de documento

Doc. Suporte

-Propósito

Relatório

-Tipo de tarefa-Propósito

Item de Agenda

Contem>

-formato-propósito

Tipo de Item

-conteúdo

Item

1..*

1..*

Figura 20 - Síntese dos componentes da reunião

Papel corresponde ao conjunto de actividades realizados por um indivíduo com

um propósito específico. Um papel é sempre desempenhado por uma pessoa. No

entanto, podem existir papeis complementares correspondendo a um papel genérico

(Por exemplo, várias pessoas a desempenhar papeis que globalmente correspondem ao

50

de facilitador) ou então várias pessoas a desempenhar papéis iguais ou semelhantes

(como acontece com os participantes numa reunião).

Processo é o conjunto de actividades que podem ser realizadas por vários

indivíduos conjuntamente ou separadamente.

Os recursos são utilizados e produzidos no âmbito dos processos por pessoas

desempenhando papéis.

De forma a compreender quer os atributos quer os comportamentos dos vários

elementos envolvidos, foi realizada extensa revisão da literatura procurando identificar

ainda conceitos, teorias e técnicas relevantes.

Ao se identificarem os atributos e operações é possível verificar que, em termos

de abrangência, existem níveis diversos, desde o individual até ao organizacional,

passando pelo grupal.

Ainda que a ênfase tenha sido dada ao nível do grupo, uma vez que a reunião

corresponde a uma actividade grupal é ainda relevante considerar as outras dimensões,

numa perspectiva de integração organizacional.

Em cada um dos níveis - individual, grupal e organizacional - aspectos distintos

da mesma realidade são considerados.

O nível individual são identificados os agentes individualmente e a forma de estes

realizarem tarefas, produzindo ou utilizando recursos.

Ao nível do grupo a análise centra-se no grupo de indivíduos que interagem entre

si, quer de forma cooperativa quer coordenado as suas tarefas, para a realização de um

resultado global.

O nível da organização está-se perante a coordenação quer de grupos quer de

indivíduos, que visam a realização de objectivos organizacionais, traduzindo-se ainda na

produção de recursos de âmbito organizacional.

A conjugação desta dimensão que poderá ser designada de nível (organização,

grupo e indivíduo), com a dimensão componentes da reunião (papel, processo e

recurso), permite apresentar a matriz da Figura 21. Nessa matriz são ainda listadas

algumas das abordagens características de cada quadrante.

As perspectivas que dão ênfase ao processo centram-se na identificação de

objectivos (Jay, 1976), bem como na forma dos atingir, o que passa pela identificação

de passos (Jay, 1976, Tropman, 1996) e de técnicas para concretização desses passos

51

(e.g. Osborn, 1979). Por sua vez, perspectivas em questão podem dar ênfase a processos

organizacionais (e.g. Hammer, 1990), ao processos de grupo (e.g. McGarth, 1984) ou a

processos individuais.

Organização Cultura organizacional

Teoria das organizações

Reengenharia

Desenho de processos

Sistemas de géneros

Memória organizacional

Sistemas de géneros

Géneros de comunicação

Ibis

Grupo Teoria de motivação

Teorias de facilitação

Teoria de liderança

Desenho de processos

Dinâmica de grupo

McGrath

Sistemas de géneros

Memória de grupo

Géneros de comunicação

Indivíduo Teoria de motivação

Teoria de lideres

Actos do discurso

Actos do discurso

Calendarização individual

Planeamento de tarefas

Memória individual

Géneros

Papel Processo Recurso

Figura 21 - Problemas e Abordagens

As abordagens baseadas nas tarefas procuram classificar as tarefas utilizando para

tal um conjunto de dimensões (Zigurs & Buckland, 1998). No âmbito das abordagens

baseadas na teoria dos actos do discurso (Searl, 1969) as mensagens são classificadas

procurando averiguar as intenções dos emissores e seus impactes sobre a actuação dos

receptores.

Apesar de se poder analisar os processos per si, as operações são realizadas no

âmbito de comportamentos de pessoas. De forma a simplificar considera-se que esses

comportamentos são desempenhados na realização de um determinado papel. Porém,

mesmo a identificação desses papéis não invalida que existe um conjunto de interesses,

objectivos e competências específicos de cada indivíduo que afectam o seu

comportamento. Através de estudo de aspectos como a motivação e liderança (e.g.

Werther & Davis, 1983, Chiavenato, 1992 e Jesuíno, 1999) podem-se compreender

estes comportamentos e mesmo potencia-los. Estes aspectos, tal como acontece com o

processo, podem ser analisados quer ao nível organizacional (Minztberg, 1976), grupal

(Kelly & Bostrom, 1998) ou individual (Werther & Davis, 1983).

Outra dimensão considerada é a dos recursos. O conceito de recurso aqui

considerado trata-se de um conceito alargado, pois considera não só a sua vertente como

input de processo como também de output ou resultado. Consequentemente, estes são

52

utilizados na realização de processos, sendo ainda a materialização do resultado do

processo. Por sua vez, as abordagens podem dar ênfase à memória organizacional

(Conklin, 1992), a memória de grupo (Nunamaker et al., 1991) ou ainda dar ênfase à

dimensão individual. Por sua vez, o Ibis (Kunz & Rittel, 1980) procura estruturar o

processo argumentativo, mas ao mesmo tempo dá ênfase à dimensão dos recursos, uma

vez que o seu propósito consiste em alargar a memória organizacional.

53

54

III. TECNOLOGIA DE SUPORTE A REUNIÕES

No presente capítulo são analisadas as tecnologias que fornecem apoio ao

processo de reunião.

Neste capítulo começa-se por definir os conceitos relevantes associados aos

sistemas de apoio a reuniões. Em seguida é apresentada uma das primeiras abordagens,

a matriz de DeSanctis & Gallupe (1987), em que se evidencia a dicotomia espaço-

tempo. É ainda utilizada outra abordagem que permite identificar os benefícios das

tecnologias - a matriz do Arizona.

De modo a enquadrar as tecnologias numa perspectiva de integração

organizacional a estrutura deste capítulo segue a matriz apresentada no capítulo anterior.

1. Introdução

No âmbito da infra-estrutura de apoio a reuniões podem ser incluídas as

instalações, os equipamentos, material, hardware, software, regras de funcionamento e

técnicas utilizadas em reuniões. A tudo isso é atribuído o nome de Roomware. Porém,

interessa aqui considerar apenas uma porção que é aquela que é composta por sistemas e

tecnologias de informação. A designação genérica é de Sistemas de Apoio a Reuniões

(GSS - Group Support Systems), também designado por sistemas de apoio a grupos em

virtude de tradução literal embora esta expressão se apresente errada uma vez que pode

fazer confusão com o conceito de groupware. Com efeito, Sistemas de Apoio a

Reuniões corresponde a uma generalização do conceito de Sistema de Apoio a Decisão

em Grupo (GDSS - Group Decision Support Systems), incluindo também situações em

que não se tratar de uma reunião de decisão, uma vez que os GDSS focam

principalmente no apoio ao processo de decisão.

55

Por sua vez o Groupware é composto pelos sistemas informáticos utilizados para

apoiar e potenciar o trabalho de grupo (também designado trabalho colaborativo),

incluindo os GSS e os Sistemas de Workflow

No âmbito dos GSS, Pervan (1996) identificou dois tipos de sistemas: decisão em

conferência (DC - Decision Conferencing) e sistemas de reuniões electrónicas (EMS -

Electronic Meeting Systems).

Os sistemas de decisão em conferência utilizam geralmente uma estação de

trabalho operada por um analista ou facilitador qualificado, não tendo os outros

participantes acesso a apoio baseado em computador. Esta abordagem pressupõe que a

tomada de decisão deve apoiar-se basicamente na aplicação de modelos e teorias de

decisão, na concepção dos processos de grupo e no uso das tecnologias de informação.

De entre esses sistemas é de destacar o Decision Explorer que resultou do SODA

(Strategic Options Development and Analysis) desenvolvido na Universidade de

Strathclyde (Eden, 1989).

A segunda abordagem é guiada pelas necessidades de comunicação, sendo

utilizadas tecnologias de informação como meio de facilitar a comunicação no grupo.

Esta abordagem assume que a comunicação interpessoal é uma actividade primária na

tomada de decisão em grupo e que a função do sistema de apoio a grupos é a de

melhorar a comunicação grupal. Estes sistemas funcionam em situações em que cada

utilizador tem uma estação de trabalho. De entre os sistemas categorizados como sendo

deste tipo são de destacar o GroupSystems da Universidade do Arizona (Dennis et al.,

1988), o SAMM da Universidade de Minnesota (DeSanctis and Gallupe, 1987), e o

MeetingWorks da Western Washington University (Lewis, 1987). Tipicamente, estes

sistemas oferecem módulos de geração de ideias (brainstorming), organização de ideias

e avaliação de ideias (votação, ponderação, ordenação). Embora com algumas

limitações, também se podem incluir nesta categoria ferramentas como o Groupkit e o

Jobber. A primeira é com frequência incluída no âmbito dos Groupware Toolkits, ou

seja, ferramentas destinadas a servir como base para desenvolvimento de sistemas,

enquanto que a segunda é uma ferramenta próxima das suites, ou seja, pacotes

integrados abarcando outras funcionalidades para além do apoio a reuniões.

Há ainda que considerar que, como resultado das necessidades sentidas quer no

âmbito da utilização destes sistemas em ambientes organizacionais quer em ambientes

56

de teste e investigação, foram também desenvolvidas diversas ferramentas que

enriquece as ferramentas já existentes ou então desenvolve como ferramentas

independentes mas que devem ser utilizadas em simultâneo com estas.

Partindo da definição genérica de groupware, como sinónimo de componente de

software que apoia o esforço colaborativo de equipa, Haag et al. (1998), identificaram

as funções apoiadas por este tipo de sistemas como sendo: dinâmica de grupo, gestão

documental e desenvolvimento de aplicações. No âmbito da dinâmica de grupo esses

autores classificaram software de programação de actividades de grupo (e.g. Office

Tracker Scheduler da Milum, ResSched da Madrigal Soft Tool e

Synchronizer/CyberScheduler da CrossWind Technologies). No âmbito da gestão

documental classificam-se as bases de dados de grupo. No âmbito do desenvolvimento

de aplicações considera-se o software de automatização de workflow (e.g. WorkFlow

Analyzer da Meta Software Corp, Optix WorkFlow da Blueridge Technologies e

WorkFlow Analyzer da Action Technologies).

Complementarmente a este software, existe ainda software que agrupa algumas

das funcionalidades referidas, fornecendo soluções completas e a que se designa suites,

ou pacotes integrados, é o caso da GroupWise da Novell Inc, o Lotus Domino da Lotus

Development Corp. Microsoft Exchange da Microsoft Corp e o Netscape SuiteSpot da

Netscape Communications Corp.

Uma das primeiras abordagens que pode ser útil para classificar e organizar

conceitos e ferramentas de groupware é a matriz de DeSanctis & Gallupe (1988). Nesta

matriz cruzam-se duas dimensões: a duração da sessão de tomada de decisão (tempo) e

a dispersão dos membros do grupo (espaço).

Duração da sessão Limitada Contínua

Dispersão Próxima Sala de decisão Rede de decisão local Dispersa Teleconferência Tomada de decisão remota

Figura 22 – Matriz DeSanctis e Gallupe (DeSanctis e Gallupe, 1987)

Embora as ferramentas permitam outras situações híbridas, o que está a ser

especialmente analisado aqui são as salas de decisão nas quais as pessoas, apesar de

estarem apoiadas por meios informáticos, se encontram numa mesma sala, face a face e

a comunicar de forma oral (zona sombreada da matriz da Figura 4)

57

Baseando-se na "matriz de DeSanctis e Gallupe", Johansen et al. (1991)

identificaram os vectores de evolução das ferramentas de groupware. A mesma matriz

foi ainda utilizada por Grudin (1994), que adicionou o factor previsibilidade a cada uma

das dimensões.

De modo a identificar os benefícios das tecnologias de apoio a grupos,

Nunamaker et al. (1997) propuseram a matriz do Arizona. Esta matriz resulta do

cruzamento de duas dimensões: nível de trabalho em grupo e processos de

produtividade. Cada célula contém exemplos do tipo de apoio disponível para um dado

processo e para um determinado nível de trabalho.

Dinâmica de grupo

Anonimato Contribuições paralelas

Processos estruturados e focalizados

Transcrição de sessões Classificação automática de conceitos

Coordenação

Comunicações assíncronas

Programação de grupo Workflow automático Gestão de projecto

Armazenamento de dados partilhados

Níveis de De

trabalho em

grupo

Individual

Preparação de estímulos

Modelação Simulação

Filtragem de informação Armazenamento local de informação

Comunicação Reflexão Acesso a informação Processo de produtividade

Figura 23 - Matriz do Arizona (Nunamaker et. al., 1997)

Para melhor compreensão das dimensões em causa, estas são em seguida descritas

de forma sumária.

Relativamente ao trabalho em grupo, o esforço pode ser realizado a nível

individual, por coordenação ou através de dinâmica de grupo. Na primeira situação de

trabalho em grupo, o esforço realiza-se apenas a nível individual, não havendo

necessidade de ser coordenado para atingir um objectivo. É o caso de uma representação

nacional nas olimpíadas de xadrez em que todos os elementos nas respectivas classes

fazem esforço no sentido de obterem medalhas. O resultado final é a soma dos

resultados individuais. No nível de coordenação o esforço é individual apesar de ser

coordenado. É o que acontece nas corridas de estafetas, em que os corredores correm

individualmente mas devem estar coordenados no momento de troca de testemunho. No

58

nível de dinâmica de grupo o esforço é realizado de forma conjunta para atingir uma

meta. É o que acontece com os remadores numa embarcação.

Independentemente dos objectivos, os membros de um grupo realizam as suas

tarefas trocando e pensando sobre informação. Deste modo podem ser identificados três

processos de produtividade: comunicação, reflexão e acesso a informação. A

comunicação envolve a escolha de um conjunto de palavras, comportamentos e imagens

e sua apresentação através de um meio adequado para que a informação seja recebida e

entendida pelos elementos do grupo. A reflexão envolve desde a definição das intenções

até à realização de metas.

O acesso a informação envolve a procura de informação que os membros do

grupo necessitam para apoiar a sua reflexão e argumentação.

Como já foi referido, o cruzamento das duas variáveis permite a construção de

uma matriz. Relativamente aos Sistemas de Apoio a Reuniões (EMS), que são o objecto

do presente texto, esses sistemas ajudam ao nível da dinâmica de grupo e em todos os

processos de produtividade (zona sombreada da matriz da Figura 23).

Porém, na prática verifica-se que a generalidade destes sistemas se designam por

suites. Com efeito, apesar de terem sido originados em ambiente universitário e

associados a um conjunto muito específico de conceitos, rapidamente estenderam as

suas características. Por exemplo, o Decision Explorer inicialmente estava associado à

abordagem conceptual dos mapas cognitivos mas com a integração de novas

ferramentas têm sido desenvolvidas para ambientes de grupo os participantes podem

agora interagir directamente com o sistema (Group Explorer).

O número de sistemas comerciais existentes no mercado é actualmente muito

elevado. Para citar apenas alguns exemplos, de entre os sistemas de apoio a concepção

de mapas mentais ou mind maps pode ser referidos o Mind Manager da Mindjet, o

MindPlugs da MindPugs, o Ygnius da empresa do mesmo nome e ainda o Mind Image

da StepByteStep, sendo este último um software desenvolvido para plataforma

PalmOS. Assim como existem estes sistemas baseados na abordagem de Buzan (1993),

existem muitos outros sistemas baseados em outras abordagens. Porém, os sistemas

comerciais lideres de mercado são os apresentados na Figura 24.

59

Produtos Conceitos Investigador original e universidade

Empresa

Concept System Mapas Conceptuais Padrões

William M.K. Trochim Cornell University

CSI http://www.conceptsystems.com

Decision Explorer Mapas Cognitivos Fran Ackermann, Colin Eden Management Science University of Strathclyde

Banxia Software Limited www.banxia.com

GroupSystems Jay F. Nunamaker University of Arizona

GroupSystems.com http://www.GroupSystems.com

MeetingWorks L. Floyd Lewis Western Washington University

meetingworks.com http://www.meetingworks.com

QuestMap Ibis Jeffrey Conklin Group Decision Support Systems, Inc. (GDSS) http://gdss.com

Expert Choice 2000 Enterprise

AHP Thomas L. Saaty, Wharton School of the University of Pennsylvania now University of Pittsburgh

Expert Choice Inc. http://www.expertchoice.com

Figura 24 - Lista de sistemas comerciais, conceitos associados e origem.

2. Matriz de Integração Organizacional

Tendo-se verificado que nenhuma das perspectivas apresentadas permite analisar

o nível de integração organizacional dos sistemas, optou-se por se retomar a matriz

desenvolvida e apresentada no capítulo anterior.

Papel O rganizacionalAdm inistradorGestorTécnico

Processo O rganizacionalPlaneam entoProduçãoVendas

M em ória O rganizacionalDocum entos financeirosDocum entos técnicosContratos

OperacionalVendedor...

Papel de G rupoPatrocinadorFacilitadorParticipanteSecretário

Papel IndividualEngenheiroEconom istaContabilistaDesenhador...

Papel

Prestação de serviçosDesenvolvim ento de novos produtos...

Processo G rupalPré-reuniãoReuniãoPós-reunião

Processo IndividualDesenharCalcularEscreverSim ularAprender...

Processo

M em orandosCom unicações

M em ória de grupoOrdem de trabalhosDocum entos de apoioActas

M em ória IndividualAgendaDesenhoTextoFolha de cálculo...

Recurso

Organização

Grupo

Indivíduo

Figura 25 - Matriz de Integração Organizacional

60

A integração do sistema de reunião consiste no ajustamento a outros sistemas,

técnicos ou sociais/humanos, ao nível organizacional, grupal ou individual.

A organização é um "sistema aberto, social e técnico cujo funcionamento assenta

num conjunto estruturado de papéis organizacionais" (Ferreira et al., 1996). No que diz

respeito especificamente aos sistemas de informação, existem sistemas que apresentam

um grande nível de integração organizacional, constituindo não poucas vezes elemento

aglutinador. Exemplos destes sistemas são os ERP e os sistemas de Workflow, quer uns

quer outros fazem o mapa dos processos organizacionais, dos papéis dos vários

intervenientes e da própria memória organizacional. Porém, estes sistemas apresentam

um baixo nível de integração com sistemas de apoio a reuniões.

Ao nível individual, existem sistemas que desempenham um papel importante no

processo particular, ajustando-se às necessidades e interesses dos utilizadores. O

ajustamento destas ferramentas às necessidades dos utilizadores associada não só aos

interesses e objectivos pessoais, como ainda à própria formação e aprendizagem do

utilizador. É neste contexto que se desenvolve o interesse e a generalização de utilização

de ferramentas como os calendários electrónicos (ex. Outlook, Palmpilot), os sistemas

de desenho (ex.: Autocad, Corel Draw) , sistemas de processamento de texto (ex. MS-

Word) ou sistemas de folhas de cálculo (ex. Multiplan, Lotus 123 ou Excel).

Ao nível do grupo, existem ferramentas que se ajustam especificamente às

necessidades dos processos de reuniões, permitindo a sucessão das várias fases da

reunião, permitindo intervenção de vários participantes em simultâneo, ou simplificando

tarefas, como por exemplo a votação ou o registo de dados.

Apesar de poderem ser analisados separadamente, estes níveis não são estanques.

Antes poderá existir quer uma reflexão de umas dimensões nas outras quer uma

complementaridade. Por exemplo, como resultado de uma reunião podem ser definidos

eventos a ser marcados na agenda de um participante na reunião. O participante na

reunião pode ser um engenheiro, que por sua vez desempenha as funções de vendedor

na organização. O processo grupal poderá corresponder a uma fase de um processo mais

alargado de orçamentação.

61

Organização Papel Organizacional Processo

Organizacional

Memória

Organizacional

Grupo Papel de Grupo

Automated facilitator (Aiken e

Vanjani, 1998)

Idea Consolidator (Aiken e Carlisle,

1992).

D-Plan (Antunes & Ho, 1999, Costa

et al., 1999)

Natural language translation agent

(Aiken et. Al. 1994)

Expert system planner (Aiken et al.,

1990)

Processo Grupal

GroupSystems (Dennis et al.,

1988)

SAMM (DeSanctis and

Gallupe, 1987)

MeetingWorks (Lewis, 1987)

SODA/Decision Explorer

(Eden, 1989)

Decision Can (Gonçalves &

Antunes, 2000)

Expert Choice (Saaty &

Vargas, 1991)

Memória de Grupo

gIBIS (Conklin. & Begeman,

1988)

QuestMap (Conklin, 1992)

Cire (Romano et al., 1999)

Analyser (Nunamaker et al. 1991).

LoganWeb (Raikundalia & Rees,

1995 a) e b) e Raikundalia & Rees,

1996)

Jobber (Kazman et al., 1996),

Data Retrieval Agent (Aiken &

Govindarajulu, 1994, Colon, et al.

1994)

Indivíduo Papel Individual Processo Individual Memória Individual

Papel Processo Recurso

Figura 26 - Ferramentas e aplicações

Em termos de aplicações e ferramentas, a Figura 26 identifica quer aplicações

comerciais, quer projectos de investigação classificados de acordo com a matriz

apresentada na dimensão grupo. Os sistemas aí indicados mostram o âmbito fulcral da

aplicação. Isto é, a ferramenta só aparece no quadrante em que o seu apoio é mais

significativo.

Seguidamente será analisado o apoio fornecido pelas ferramentas referenciadas.

3. Papeis de Grupo

No que diz respeito aos papéis desempenhados numa reunião são de considerar o

patrocinador, o facilitador, participante, secretário e os agentes envolvidos no resultado,

referidos no capítulo II.

62

Dadas as limitações encontradas nos sistemas, não existe secção correspondente a

patrocinador.

3.1. Apoio ao Facilitador

O facilitador desempenha um vasto leque de funções. Procurando simplificar e

reduzir esse leque de funções, Clawson & Bostrom (1993) identificaram 16 dimensões:

(1) promover pertença e responsabilidade; (2) demonstrar autoconsciência/expressão;

(3) seleccionar e preparar tecnologia; (4) ouvir, clarificar e integrar informação; (5)

desenvolver e perguntar as questões certas; (6) manter o grupo focalizado nos

objectivos; (7) criar conforto com a tecnologia; (8) criar ambiente aberto e positivo; (9)

construir harmonia e relacionamentos; (10) apresentar informação ao grupo; (11)

demonstrar flexibilidade; (12) planear e desenvolver reuniões; (13) gerir conflitos e

emoções negativas; (14) compreender a tecnologia e suas capacidades; (15) encorajar e

apoiar perspectivas múltiplas; (16) dirigir e gerir a reunião.

No que diz respeito ao sistema de apoio ao facilitador, identificaram-se

basicamente três alternativas: processo, conteúdo e comunicação. A facilitação do

processo de reunião consiste na identificação das várias actividades de uma reunião e

respectiva gestão. Na facilitação de conteúdo dá-se ênfase aos significados e formas de

intervenção numa reunião.

Ao nível da facilitação de comunicação pretende-se reduzir as barreiras à

comunicação. Para tal os sistemas apresentam mecanismos que permitem contribuições

paralelas ou anonimato.

O apoio ao facilitador recorre a diferentes paradigmas tecnológicos:

- Existem sistemas que ajudam a estruturar a reunião apoiando o facilitador a

clarificar os objectivos, dividir a reunião em várias fases e identificar as

ferramentas de apoio a cada fase (Antunes & Ho, 1999; Gonçalves & Antunes,

2000);

- Existem sistemas que, com apoio de sistemas periciais, permitem estruturar a

agenda (Aiken et. al. , 1991);

- Existem ainda sistemas que apresentam modelos de agendas (ou ordens de

trabalhos) de reuniões, é o caso do GroupSystems (Nunamaker et al., 1991);

63

A forma mais elementar de apoiar o planeamento de reuniões consiste em permitir

a sequenciação de várias actividades. Estes sistemas em geral não dão ajuda quanto às

possíveis actividades nem quanto às ferramentas que devem apoiar cada tipo de

actividade. Simplesmente fornecem uma lista de ferramentas e sugerem a construção de

uma ordem de trabalhos correspondente à sequenciação de várias actividades. É o que

acontece nos sistemas de apoio a reunião "tradicionais" (e.g. GroupSystems,

MeetingWorks).

Estes e outros problemas resultantes encontram-se parcialmente resolvidos com

recurso a sistemas informáticos de apoio adicional ou então desenvolvimento de

funcionalidades acrescidas aos sistemas existentes (e.g. Antunes & Ho, 2000, Aiken et

al. 1991).

A utilização de sistemas de apoio a reuniões tem um impacte particularmente

importante na fase de direcção da reunião. O sistema permite por um lado seguir com

maior rigor uma agenda previamente estabelecida. E ao mesmo tempo, se a interacção

se fizer basicamente de forma escrita é mais fácil ao facilitador limitar ou induzir a

intervenção, uma vez que o sistema informático lhe coloca um conjunto de capacidades

que tipicamente não são fornecidas aos facilitadores de reuniões.

Os sistemas de apoio a reuniões acabam muitas vezes por ser encarados com

substitutos de facilitadores (e.g. Anson et al.; 1995). Por exemplo, Anson et al. (1995),

analisaram o efeito da facilitação humana e dos sistemas de poio a grupos, tendo

verificado que os grupos apoiados por facilitadores apresentam melhores processos

grupais e maior coesão que os apoiados por sistemas de apoio a grupos. A utilização de

ambos em simultâneo mostrou melhores resultados.

3.2. Apoio ao Participante

Segundo Nunamaker et al. (1991), os sistemas de apoio a reuniões fornecem os

seguintes três estilos de apoio ao participante:

- Conduzido (chauffeured), no qual existe um quadro electrónico que funciona

como memória de grupo e predomina a comunicação oral;

64

- Apoiado (supported), no qual existe um quadro de grupo que funciona como

memória de grupo, em que todos os membros de grupos podem introduzir

informação, existindo um equilíbrio entre comunicação verbal e electrónica;

- Interactivo (interactive), no existe uma predominância da comunicação

electrónica, constituindo toda a informação a memória de grupo.

3.3. Apoio ao Secretário

Na chamada "reunião tradicional" o secretário toma notas e produz um relatório.

Numa reunião apoiada por computador, são os próprios participantes que ao intervirem

de forma escrita produzem as notas. Muitas vezes, mesmo em reuniões "tradicionais",

existem dispositivos que gravam as intervenções, apoiando no processo de tomar notas.

Um dos aspectos mais estudados no se refere o apoio à produção de relatórios é a

estruturação de resultados produzidos durante uma reunião. Nesse âmbito alguns

investigadores, particularmente vindos da área da Inteligência Artificial fizeram

importantes desenvolvimentos. São de destacar basicamente dois grupos de

investigadores, um apoiado na Universidade do Arizona e liderado por Hsinshun Chen e

outro da Universidade de Mississipi, dirigido por Milan Aiken.

Chen et al. (1994) e posteriormente Orwig et al. (1997) apresentaram alguns

desenvolvimentos no âmbito da inteligência artificial aplicada às reuniões. A ênfase

destes trabalhos foi na identificação de algoritmos que pudessem contribuir para uma

mais eficiente estruturação dos conceitos produzidos numa reunião.

Em Aiken et al. (1991) propõe-se a integração de sistemas periciais com os

componentes do Sistema de Apoio a Reuniões. Esta integração concretiza-se através de

três sistemas periciais, ESP - expert session planner, ESF – expert session facilitator e

ESA – expert session analyser, que apoiam respectivamente as fases de planeamento

pre-sessão, facilitação da sessão e análise pós-sessão. Este último (o ESA) serve para:

- realizar relatórios das decisões;

- completar a transcrição de comentários dos membros do grupo;

- impor uma estrutura de modo a poder ser utilizado noutro software.

Mais tarde, o ESA (Aiken & Vanjani,1998) é integrado no âmbito de um conjunto

de agentes, em que se inclui o automated facilitator (Aiken & Vanjani,1998), expert

65

session planner (Aiken et al., 1994), data retrieval agent (Aiken & Govindarajulu,

1994, Colon, et al. 1994), e natural language translation agent (Aiken et. Al. 1994).

Face ao proposto em Aiken et al. (1991), este sistema restringe a sua função à análise e

organização dos comentários gerados numa reunião na qual se utilizou um EMS (Aiken

& Carlisle, 1992)

A ferramenta descrita por Aiken & Carlisle (1992) e designada por idea

consolidator consiste num agente que apoia o processo de organização de ideias.

Genericamente, este sistema condensa o texto, identificando as palavras-chave e em

seguida emparelha as palavras-chave com os comentários. Este sistema foi testado

(Aiken & Carlisle, 1992). Aí foi comparado o nível de satisfação associado à

organização de ideias utilizando a ferramenta do sistema de apoio a reuniões (Idea

Organiser) e o sistema desenvolvido. Em ambos os casos verificou-se uma descida do

nível de satisfação da reunião, porém, verificou-se que face à ferramenta do sistema de

apoio a reuniões (Idea Organiser) o nível de satisfação desce significativamente menos.

O processo de produção de relatórios apoiado por Sistemas de Apoio a Reuniões

permite a produção de relatórios de forma mais automatizada, sendo muitas vezes os

utilizadores a introduzir os dados no sistema de forma colaborativa. No entanto, o

facilitador tem normalmente que intervir na fase final de produção do relatório.

A forma de produzir actas de reuniões é algo amplamente divulgado desde os

manuais de secretariado (Ramage, 1982) ou mesmo prescrito ao nível legislativo (ex.:

Código das Sociedades Comerciais).

Em alguns manuais, para além de se darem indicações quanto à forma de redigir

actas, é ainda sugerido a identificação de uma lista de medidas a tomar e actuação,

indicando reuniões a marcar, temas a agendar, pesquisa e esboços a fazer bem como

memorandos. Estes aspectos visam tipicamente apoiar o secretário na sua actuação

futura (Ramage, 1982).

Esta lista de tópicos dirigida ao secretário pode ainda ser dirigida a todos os

elementos da reunião, surgindo então os planos de acção (The 3M Meeting

Management Team, 1994). Estes planos de acção não são meras tarefas que o secretário

deve realizar. Neste planos de acção, são identificadas as tarefas a realizar bem como o

comprometimento na acção dos participantes na reunião.

66

De forma a melhorar este processo tem sido desenvolvidas diversas ferramentas

suportadas em PDA (Personal Data Assistant), e têm sido adicionadas funcionalidades

de sistemas de apoio a reuniões(GroupSystems e MeetingWorks), nomeadamente a

produção de actas de forma automática. De modo a melhorar o processo de produção de

relatório de reunião foi ainda desenvolvido o Enterprise Analyzer (Nunamaker et al.,

1991). A investigação neste campo teve ainda importantes desenvolvimentos no âmbito

do desenvolvimento colaborativo (Money et al., 1999, Nunamaker et al., 1990, Vreede

et al., 1997).

Se esta perspectiva dá ênfase à pesquisa e manipulação de dados da reunião após a

sua realização, outras abordagens dão ênfase à sua manipulação durante o processo de

reunião. Tipicamente, está-se a falar de abordagens mais guiadas (Chauffeured) em

contraposição de abordagens com maior intervenção dos utilizadores ou então

facilitadas (Nunamaker et al., 1991). Por exemplo o GroupSystems permite qualquer

uma destas abordagens, porém, outros sistemas, tais como o Smart Meeting e o M-Path

(www.smarttech.com), apoiam-se muito mais em quadros públicos e acabam por dar

uma maior ênfase às abordagens guiadas.

3.4. Apoio aos Agentes Organizacionais

A generalidade dos sistemas não fornece apoio específico aos agentes

organizacionais. Refira-se apenas o LoganWeb (Raikundalia & Rees, 1995) e o Jobber

(Kazman et al., 1996) estruturam os dados de modo a serem acedidos por estes.

3.5. Quadro Resumo

Na presente secção é apresentado o quadro resumo respeitante ao apoio dos

sistemas aos intervenientes no processo de reunião.

No que diz respeito ao apoio fornecido por estes sistemas foi criada uma tipologia

baseada em DeSanctis & Gallupe (1987), sendo identificados três níveis. O sistema de

nível 1 é aquele que permite a troca de informação, apoiando na partilha de dados

através de comunicação, registo e visualização. Um sistema de nível 2 é aquele que

67

fornece técnicas e modelos para reduzir a incerteza e ruído que ocorre no processo de

tomada de decisão em grupo. Um sistema de nível 3 é caracterizado por induzir

informalmente padrões de comunicação de grupo, podendo incluir dispositivos

inteligentes para a selecção e gestão de reunião.

É ainda de salientar que a lista apresentada na tabela da Figura 25 foi reduzida.

Este facto deve-se basicamente à disponibilidade das ferramentas e informações sobre

as mesmas. Outro aspecto relevante foi o facto de em termos de funcionalidades

algumas serem bastante semelhantes, não contribuindo significativamente para

demonstrar o que aqui é demonstrado.

Papeis

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Patrocinador 1 1 Facilitador 1 3 1 3 3 3 2 Participante 2 1 2 2 3 1 Secretário 1 1 1 2 2 Agente Organizacional 1 1

Figura 27 - Apoio fornecido aos intervenientes pelos sistemas existentes

No que diz respeito ao patrocinador, a generalidade dos sistemas não dá

virtualmente nenhum apoio. Existem apenas alguns sistemas (e.g. Expert Planner e D-

Plan), que ao contribuírem para clarificação de objectivos estão a dar um apoio mínimo.

Como se pode observar, os sistemas de apoio a reunião dão especial ênfase a

apoio ao facilitador. Verificando-se porém uma grande diversidade quanto ao tipo de

apoio.

No que diz respeito aos participantes, estes sistemas tendem a limitar-se a

distribuir informação e recolha de dados. Existem porém, alguns sistemas que chegam a

substituir os participantes na realização de algumas tarefas (e.g. Idea Consolidator).

68

Quanto ao apoio fornecido aos secretários, estes sistemas automatizam o processo

de recolha de notas, processo que passa a ser desempenhado quer pelos participantes

(e.g. GroupSystems e MeetingWorks), quer por facilitador (e.g. Decision Explorer).

Quanto à estruturação de dados, estes sistemas apresentam resultados pouco

estruturados, geralmente grandes listagens de texto que os secretários têm que processar

antes de disponibilizar aos destinatários.

Quanto ao apoio a agentes organizacionais, estes sistemas são ainda mais

limitados, uma vez que não estruturam os dados para ser lidos por públicos específicos,

quer se trate, de pessoas quer de sistemas. Apenas alguns sistemas (e.g. LoganWeb e

Jobber) permitem apresentar os resultados mais estruturados.

A generalidade dos sistemas dão um fraco apoio ao agente

organizacional. Consequentemente, numa perspectiva de integração

organizacional dos resultados de reuniões, verifica-se que estes sistemas

apresentam grandes limitações, considerando apenas os papéis

envolvidos no processo de reunião.

4. Processos Grupais

Os sistemas de apoio a reunião fornecem suporte nas diversas fases (ou tarefas) do

processo de reunião, tal como se pode observar no quadro da figura seguinte.

As características desses sistemas são apresentados no quadro da Figura 28. Neste

quadro analisa-se o apoio das diversas ferramentas às fases do processo de reunião. As

fases do processo de reunião foram identificadas tendo em conta as fases e processos

definidos por Bostrom et al. (1991), Dubs & Hayne (1992) e Raikundalia & Rees

(1996). Nesse quadro são apresentadas as fases, tarefas e sistemas que têm como

propósito apoiar o processo de reunião.

69

O GroupSystems e MeetingWorks são representativos dos principais sistemas

comerciais.

A equipa de M. Aiken desenvolveu trabalho que engloba tanto a fase de

planeamento de reunião, concebendo o Expert Planner (Aiken et al., 1990), como a fase

de facilitação, através da especificação do Facilitator Agent (Aiken & Vanjani, 1998).

Da mesma equipa, encontramos ainda o sistema Analyzer, que é um sistema que

pretende apoiar toda a fase pós reunião, tendo no entanto apenas sido desenvolvido um

módulo designado Idea Consolidator (Aiken & Carlisle, 1992).

O sistema LoganWeb (Raikundalia & Rees, 1995) tem como principal propósito a

criação, organização e disponibilização dos resultados da reunião sob a forma de

relatórios.

Merece ainda referência o projecto Cire (Romano et al., 1999), pois apesar de ter

como objectivo o apoio às reuniões através de pesquisa em grupo, a sua implementação

aponta para algumas possíveis soluções do problema de integração organizacional,

focado nesta discussão.

Em face das limitações ao nível de planeamento de reuniões apresentadas pelos

sistemas referidos, foram mais recentemente desenvolvidos os sistemas D-Plan e D-

Audit. O D-Plan (Costa et al., 1999, Antunes et al., 1999) é um sistema que apoia o

facilitador em todos os detalhes relacionados com o planeamento do processo de tomada

de decisão. As funções providenciadas pelo D-Plan incluem a calendarização, criação

da lista de participantes, notificação através de e-mail e definição de assunto, resultados

esperados e estrutura do processo de decisão.

O sistema D-Audit (Antunes et al., 1999) é um sistema que apoia o facilitador no

decorrer da reunião. Este sistema apoia o facilitador na utilização de técnicas básicas de

condução e estimulação dos grupos. O sistema permite ainda a obtenção de retorno dos

participantes, através de um analisador de opiniões e a medição do grau de acordo e

convicção dos participantes.

70

Fases Tarefas

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Revisão da reunião anterior Definição do problema 1 1 Desenvolvimento de metas da reunião 1 1 Pré Desenvolver perfil dos participantes 1 1 1 1 Selecção de processos e ferramentas 1 1 1 2 2 Preparação das instalações Convidar participantes 1 1 Informar participantes 1 1 1 1 Relembrar objectivos da reunião 1 1 iniciar Revisão da agenda 1 1 1 Rever ferramentas seleccionadas 1 1 1 Monitorar resultados e comportamentos 1 1 1 Impor sequência de tarefas 1 1 1 Realizar tarefa: produzir ideias 1 2 1 1 1 In Discussão Realizar tarefa: estruturar ideias 1 2 1 1 1 Realizar tarefa: votar (ou reduzir) 1 1 1 3 1 Corrigir processo 1 1 1 Corrigir tarefa 1 1 1 Registar (gravar) 1 1 Sumariar reunião 1 1 2 1 2 concluir Rever reunião Determinar passos seguintes Criar documentos 1 1 1 1 2 Identificar receptores de documentos Pós Distribuir documentos Receber documentos Avaliar reunião Comunicar passo seguinte

Figura 28 - Apoio fornecido pelos sistemas existentes ao processo de grupo

Na fase de pré-reunião (pré), os sistemas apoiam particularmente as tarefas de

selecção de processos e ferramentas. Este apoio é particularmente significativo devido

71

ao recurso a sistemas especialmente destinados a realizar estas tarefas (e.g. Expert

Planner e D-Plan).

A fase de reunião (in), é aquela em que os sistemas fornecem mais apoio. Sendo

de destacar o sistema Idea Consolidator, que se substitui ao próprio utilizador em tarefas

consideradas geradoras de insatisfação.

Na fase de pós reunião (pós), os sistemas quase não dão apoio, havendo apenas

algum apoio dos sistemas para criação de documentos. Porém, estes documentos são

tipicamente os documentos que a ferramenta gera não correspondendo às necessidades

dos utilizadores apresentando poucas possibilidades de configuração.

No que diz respeito à integração organizacional de resultados de

reuniões são particularmente importantes as fases de pós-reunião.

Verifica-se aqui que a generalidade dos sistemas apresentam grandes

limitações, o que se traduz numa cobertura reduzida das tarefas desta

fase.

5. Memória de Grupo

5.1. Perspectivas da Memória de Grupo

No que diz respeito à memória de grupo, podem ser identificados três níveis: nível

de conteúdo conceptual, nível de suporte de comunicação e nível de dados. No primeiro

são analisados aspectos como o significado específico dos resultados produzidos pelo

grupo, sendo esta uma abordagem que vai depender de assunto, podendo ainda envolver

categorizações de natureza psicológica, o que está fora do alcance da presente

investigação. Na terceira abordagem dá-se ênfase às estruturas e tipos de dados. Esta

abordagem é a mais comum no âmbito das teorias associadas a sistemas de informação

e bases de dados. A segunda abordagem dá mais ênfase aos aspectos de comunicação (e

armazenamento) de informação tais como são percebidos pelos utilizadores (Orlikowski

& Yates, 1994). Esta será a abordagem adoptada nesta dissertação. Consequentemente,

são considerados aqui a agenda (ou ordem de trabalhos), comunicações associadas à

72

logística da reunião, reunião, documentos de apoio a reunião e relatórios produzidos na

reunião. Neste último caso são englobadas as actas das reuniões.

O facto de se identificarem os documentos e comunicações como agenda,

logística, documento de apoio ou reunião já dá algumas indicações sobre propósito,

conteúdo e forma, destas formas de comunicação. Porém, estes aspectos só serão

convenientemente detalhadas à medida que o processo de reunião se desenrola. O que

interessa aqui é averiguar em que medida os intervenientes no processo são apoiados

pelos sistemas apresentados.

Como suporte de memória de grupo foram considerados os documentos e

comunicações referidas por Orlikowski & Yates (1998). Foi ainda utilizada a

abordagem aí apresentada, isto é, na resposta às questões Porquê, O que, Como, Quem,

Quando e Onde. Encarando os sistemas de apoio a reuniões como sistemas que ajudam

os utilizadores a produzir e ou utilizar artefactos, as perguntas a responder são as

seguintes:

- Qual o propósito (porquê) da comunicação ou documento;

- Qual o conteúdo (o que) da comunicação;

- Como é constituído o documento em termos de meios ou expressões utilizadas

- Quem está envolvido quer na produção quer na utilização do documento

- Quando deve ser produzido ou utilizado o documento

- Onde deve ser produzido ou utilizado o documento

Seguidamente serão então analisados cada um dos recursos considerados

significativos: logística, agenda, reunião, documentos de suporte e relatórios.

5.2. Logística

A logística é em geral pouco suportada pelos sistemas de apoio a reunião. O

processo de marcação de reunião, fixação de objectivos e planeamento de reunião

envolve uma troca de informação que em muitos casos é bastante significativa. Em

geral são os sistemas de correio electrónico e outras funcionalidades dos sistemas

organizacionais que permitem apoiar esta fase.

73

O GroupSystems apenas apresenta uma funcionalidade que consiste em convidar

os participantes para a reunião, porém esta funcionalidade pressupõe que o sistema já

esteja a ser utilizado.

5.3. Agendas

Um dos documentos fundamentais numa reunião é a ordem de trabalhos ou

agenda. Constatando este facto, diversos autores frisam a sua relevância no processo de

condução de reuniões (e.g. Jay, 1976). No que diz respeito aos sistemas de apoio a

reuniões, um dos elementos fulcrais é em geral a agenda. Por exemplo, uma reunião

apoiada no GroupSystems na realidade é uma reunião apoiada por uma agenda

automatizada através do GroupSystems.

A importância da agenda é tal que diversos autores criaram sistemas com o

propósito específico de apoiar na sua construção (Antunes & Ho, 1999, Costa et al.,

1999 e Gonçalves & Antunes, 2000).

5.4. Reuniões

Os sistemas de apoio a reunião desempenham um papel importante na criação e

apoio deste recurso. Porém, o apoio fornecido é muito desigual.

5.5. Documentos de suporte

De modo a aumentar o potencial da reunião, é importante fornecer ao grupo

informação de suporte quer aos participantes individualmente quer ao grupo como um

todo. No GroupSystems existem os handouts, que podem ser acedidos pelos

participantes de acordo com as instruções do facilitador.

O CIRE (Collaborative Information Retrieval Environment) é um sistema que foi

desenvolvido por investigadores da Universidade do Arizona (Romano et al., 1999)

tendo como propósito a conjugação dos paradigmas da "information retrieval" e

Sistemas de Apoio a Grupos.

74

5.6. Relatórios

No que diz respeito a relatórios, os sistemas de apoio a reuniões podem apoiar na

formatação e estruturação de uma grande variedade de tipos de resultados:

- texto, destinado fundamentalmente a ser impresso (GroupSystems,

MeetingWorks);

- texto preparado para ser tratados por ferramentas mais sofisticadas de análise

de conteúdo;

- HTML (SmartMeeting e M-Path)

- dados estruturados de modo a serem acessíveis a outras ferramentas.

No âmbito do desenvolvimento do GroupSystems foi desenvolvida a ferramenta

Analyzer (Nunamaker et al. 1991), que facilita a estruturação e análise da informação de

grupo numa rede semântica, usando uma variedade de técnicas de modelação que

podem ser definidas pelos utilizadores. A informação pode ser vista numa forma tabelar,

ou ainda de forma gráfica com um Browser - Semantic Graphic Browser (SGB). O SGB

permite ao utilizador mover-se através da memória organizacional, ampliando a

ferramenta numa área específica para obter detalhes, ou então ter uma visão "aérea" e de

alto nível. Pode ainda explodir uma vista e mostrar informação detalhada de um nó.

Este sistema tem ainda um Dicionário de Grupo, que permite ao grupo desenvolver e

armazenar definições formais para utilizar quer em reuniões correntes quer em reuniões

posteriores. Porém, salvo raras referências, esse sistema não tem sido objecto de

divulgação quer comercial quer nos meios científicos. Esta abordagem pode no entanto

ser englobada numa perspectiva de "data mining", área de investigação em grande

desenvolvimento.

De entre os vários sistemas já referidos é particularmente interessante o

LoganWeb e Yarn (Raikundalia & Rees, 1995 a) e b) e Raikundalia & Rees, 1996).

Estes dois módulos permitem gerar documentos tais como texto literais, tópicos, sub-

reuniões, comentários de participantes, palavras-chave, secção de reunião e categorias

conceptuais. Um dos módulos permite que, através de um browser, os utilizadores

tenham acesso a vários dados da reunião, tais como actas, documentos tabelados,

relatórios e índices de documentos. O outro módulo formata ficheiros, permitindo ainda

75

desenvolver hiperligações de modo a facilitar o acesso aos mais diversos tipos de

informação.

Já foi referido atrás que o sistema gIbis (Conklin & Begeman, 1988) permite o

registo de texto classificado segundo três categorias (tema, posição e argumento).

Porém, este sistema foi criticado por permitir apenas dados escritos e textuais não

permitindo armazenamento de dados multimédia (Chang et al., 1999), apresentando

ainda a limitação de estruturar a informação de uma forma demasiado simplista e pouco

flexível, não se aplicando por isso a muitas circunstâncias. É neste sentido que são

propostos sistemas que permitem registo de dados multimédia associados a estruturas

com hiperligações.

Um sistema desenvolvido pela Toshiba (Imai et al., 1994) apresenta

características idênticas ao gIbis. Neste sistema, o utilizador usa uma caneta para tomar

notas no ecrã de um portátil. As notas podem ser palavras-chave ou expressões maiores.

As notas são em seguida gravadas e organizadas através de hiperligações, sendo ainda

organizados com som correspondente a intervenções orais entretanto gravadas. Após a

conferência, o participante pode seleccionar uma nota podendo ouvir porções de áudio

entretanto gravado. Este sistema não permite gravação de imagens.

O Jabber (Kazman et al., 1996) é um protótipo desenvolvido para gravar, indexar,

pesquisar e navegar sobre informação multimédia de reuniões, nomeadamente

conferências mediadas por computador. O sistema Jabber , inicialmente desenvolvido

como arquivo de vídeo, apresenta um sistema de reconhecimento de voz associado.

Segundo os seus promotores, este sistema tem como elemento primordial um

mecanismo de indexação baseado nos conteúdos expectáveis, conteúdos efectivos, e

estrutura temporal. Este sistema tem o inconveniente de não estruturar as interacções e

os resultados finais terem de ser pesquisados através de palavra-chave.

5.7. Quadro Resumo

Na Figura 29 é apresentado o resumo do apoio fornecido pelos sistemas de apoio

a reunião à memória de grupo.

76

77

Doc.

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Qual o propósito da comunicação Qual o conteúdo da comunicação 1 Logística Como é constituído (meios) Quem está envolvido Quando deve ser produzido/utilizado Onde deve ser produzido/utilizado Qual o propósito da comunicação 1 1 2 Qual o conteúdo da comunicação 2 1 2 Agenda Como é constituído (meios) 2 Quem está envolvido 1 1 Quando deve ser produzido/utilizado 1 1 1 Onde deve ser produzido/utilizado 1 1 1 Qual o propósito da comunicação 2 2 Qual o conteúdo da comunicação 1 2 2 Doc. Como é constituído (meios) 2 2 1 Suporte Quem está envolvido 1 1 1 Quando deve ser produzido/utilizado 1 1 1 Onde deve ser produzido/utilizado Qual o propósito da comunicação 1 1 1 1 Qual o conteúdo da comunicação 2 2 2 1 1 Reunião Como é constituído (meios) 1 Quem está envolvido 2 2 2 Quando deve ser produzido/utilizado 1 1 1 Onde deve ser produzido/utilizado Qual o propósito da comunicação Qual o conteúdo da comunicação 1 1 1 1 1 1 2 2 Relatório Como é constituído (meios) Quem está envolvido Quando deve ser produzido/utilizado Onde deve ser produzido/utilizado

Figura 29 - Apoio fornecido pelos sistemas existentes à memória de grupo

As principais conclusões a reter na análise do apoio à memória de grupo são as

seguintes:

- a maioria dos sistemas não cobre qualquer aspecto da logística;

- a ênfase destes sistemas está na reunião, sendo muito escasso o apoio dado

quer à preparação quer à edição de documentos de apoio ou de resultados

- apesar da generalidade os sistemas prometerem produzir relatórios de forma

eficaz e eficiente o facto é que os melhores resultados correspondem a lista de

frases com articulação limitada, não correspondendo a texto de fácil leitura a

utilizadores humanos ( veja-se os site e manuais de GroupSystems e

MeetingWorks);

- mas se os interfaces para os humanos são limitados os dados também não se

apresentam devidamente formatados para serem utilizados por outros sistemas

ou simplesmente armazenados em bases de dados. Os sistemas que fornecem

algum apoio na estruturação de dados dão um limitado apoio na criação dos

próprios documentos.

No que diz respeito aos aspectos aqui considerados relevantes é de

destacar que particularmente no que diz respeito aos relatórios, os

sistemas de apoio a reuniões apresentam muitas limitações, não

cobrindo a generalidade dos aspectos analisados (Figura 29)

6. Resumo

Este capítulo começa por caracterizar os sistemas de apoio a reunião no âmbito

das tecnologias de informação e em particular do groupware. Em seguida são

caracterizados os diversos sistemas, tendo em conta particularmente o apoio fornecido

ao nível do processo, recurso e papel.

Após se ter analisado os diferentes sistemas verificou-se que estes dificilmente

cobrem todo o processo de reunião, aspectos traduzidos nos diversos quadrantes da

matriz. Em suma, concluiu-se que:

78

- Quanto à memória de grupo, esta também se integra dificilmente com a

memória organizacional ou individual. Verifica-se aqui que os sistemas não

geram os artefactos adequados, coerentes com a memória da organização e que

permitem apoiar quer os processos quer os papéis organizacionais.

- No que diz respeito aos papéis, não existem sistemas que forneçam um apoio

integrado aos utilizadores, tendo em conta que esses desempenham papeis quer

ao nível organizacional, grupal, quer individual. Mesmo os papeis grupais que

desempenham uma função especialmente importante ao nível de interface com

o resto da organização, como é o caso dos patrocinadores e agentes

organizacionais têm um apoio muito reduzido. Verifica-se que nem toda a

informação é relevante para o desempenho dos referidos papeis. Por outro lado,

verifica-se que informação relevante não fica registada e armazenada, para que

se torne facilmente acessível.

- Os processos de reunião dificilmente se integram com os restantes processos

organizacionais ou individuais, o que se traduz quer na não existência de

funcionalidades nessas áreas quer na não existência de adequados interfaces

com sistemas que operam nessas áreas. As tarefas da fase de pós-reunião, que

permitem fazer interface com as restantes áreas organizacionais estão pouco

apoiadas por estes sistemas. Verifica-se que existem necessidades de

informação complementar, ao mesmo tempo que os sistemas geram muita

informação irrelevante ou que pelo menos necessita de ser de alguma forma

sintetizada.

7. Resultados publicados

O conteúdo do presente capítulo encontra-se parcialmente publicado, quer em

artigos de revista, capítulos de livros e actas (proceedings) de conferência nacionais e

internacionais.

Costa, C.; Antunes, P. & Dias, J.; (2000) "GDSS: Limitações e Oportunidades," in L. Tavares & M.

Pereira (Eds.) Nova Economia e Tecnologias de Informação: Desafios para Portugal, Lisboa:

Universidade Católica, 2000, pp. 147-165; ISBN: 972-54-0019-4 . (Selecção de Artigos Da Conferência

79

Sistemas e Tecnologias de Informação: Desafios para o Século XXI Realizada Em Lisboa, Outubro

1999).

Neste artigo é reportada a experiência na utilização de Sistema de Apoio a

Reunião, sendo ainda avaliadas alguns dos sistemas, no que diz respeito ao apoio nas

diversas fases do processo de reunião.

Costa, C.; Duque, M.; Antunes, P. & Dias, J.; (2000) "Sistemas de Apoio a Reuniões: Limitações Actuais

e Oportunidades de Disseminação Da Tecnologia," Sistemas de Informação, vol. 12, Julho, 2000.

CoopMedia 2000. ISSN: 0872-7031. (Número Especial com Artigos Seleccionados do Primeiro

Workshop de Sistemas Multimédia Cooperativos e Distribuídos)

Neste artigo é reportada a experiência de utilização dos sistemas de apoio a

reunião em vários trabalhos de investigação realizados no ISCTE.

Costa, C.; Ho, T & Antunes, P.; (1999) "Facilitating Organisational Activities Using Plans and Audits,"

Proceedings of the First International Conference on Enterprise Information Systems ICEIS 99; Setubal,

Portugal, Março; pp.404 - 411 (ISBN: 972-98050-0-8)

Neste artigo é apresentada a ferramenta D-Plan, desenvolvida por T. Ho, sendo

ainda discutidas estratégias possíveis para incorporação organizacional dos resultados

produzidos em reuniões.

Costa, C.; Ho, T. & Antunes, P.; (1999) "Facilitating Organisational Activities Using Plans and Audits,"

Sistemas de Informação, vol. 10, pp. 17-27, 1999 (ISSN: 0872-7031)

Número especial com artigos seleccionados da ICEIS 1999.

Antunes, P.; Costa, C.; Duque, M.; Guimarães, N.; Jesuino, J. & Stadler, H.; (1998) "On the Design of

Group Decision Processes for Electronic Meeting Rooms." Fourth International Workshop on

Groupware, CRIWG '98. Buzios, Brazil, September.

Neste artigo, é reportada uma experiência realizada no ISCTE.

80

IV. PROBLEMA

No presente capítulo é feita a descrição do problema, o que se traduz no gap

existente entre reunião e pós reunião. Em seguida é circunscrito o seu âmbito ao

processo de produção de relatórios de reuniões. É ainda apresentada a hipótese, bem

como a estratégia de investigação .seguida com vista à validação da hipótese.

1. O gap entre reunião e pós-reunião

Para descrever o problema de integração organizacional de resultados de reuniões,

foi criado um modelo que é apresentado na Figura 1 e que foi designado PROFS (de

Participant, Reporter, Organisational Agent, Facilitator, e Sponsor). Como é mostrado

na figura, o elemento central deste modelo é o Reporter (basicamente coincidente com o

secretário). No processo de comunicação, o Reporter tem que identificar e recolher

dados pertinentes, identificando fontes e indexando dados para referência futura. A

informação deve ser categorizada, resumida e armazenada. Para distribuição de dados,

devem ser identificadas os receptores pertinentes e tarefas subsequentes. Além disso, os

dados devem estar disponibilizados de acordo com as necessidades particulares e

interesses dos destinatários da informação.

Meeting

Meeting

Sponsor

Tasks

Facilitator

ParticipantsOutcome

committed

Futuremeetings

Future enquiries by

participants, facilitator,

sponsor, etc.

the organization

Reporter

Communicate to

Figura 30- Modelo PROFS

81

Após se ter analisado os diferentes sistemas verificou-se que estes dificilmente

cobrem todo o processo de reunião, aspectos traduzidos nos diversos quadrantes da

matriz. Em resumidamente, verifica-se que:

- Não existem sistemas que forneçam um apoio integrado aos utilizadores, tendo

em conta que esses desempenham papéis, quer ao nível organizacional, grupal,

quer individual.

- Os processos de reunião dificilmente se integram com os restantes processos

organizacionais ou individuais, o que se traduz quer na não existência de

funcionalidades nessas áreas quer na não existência de adequados interfaces

com sistemas que operam nessas áreas.

- Quanto à memória de grupo, esta também dificilmente se integra com a

memória organizacional ou individual.

A forma tradicional de ligar reuniões a outros processos organizacionais é através

dos relatórios de reuniões, especialmente das actas. Estes documentos desempenham

ainda um papel importante na criação de memória organizacional.

2. Hipótese

O problema apresentado identifica a necessidade de interligar informação

produzida em reuniões e informação utilizada quer para outras reuniões, quer para

apoiar processos individuais quer ainda para apoiar processos coordenados. Observam-

se então os seguintes aspectos:

- nem toda a informação produzida durante a reunião é relevante para todos os

processos e utilizadores,

- cada processo vai ter as suas necessidades de informações especificas,

existindo informação específica a cada processo que tem que ser obtidos

complementarmente à reunião.

A abordagem para tornar o processo de produção de relatórios, proposta

nesta dissertação, consiste em utilizar o conceito de género de comunicação

importado da literatura.

82

Um género de comunicação categoriza uma grande quantidade de dados de acordo

com os seus propósitos fundamentais, similitudes na estruturara e em convenções bem

como uso recorrente (ex.: memorando,. carta, acta, anuncio, relatório de despesas,

seminário de formação).

O conceito de género de comunicação já foi utilizado com sucesso para analisar a

comunicação organizacional ( Orlikowski & Yates, 1994, Orlikowski and Yates 1998).

Também foi utilizado recentemente nomeadamente para examinar conversações

persistentes (Crowston & Williams, 1999).

Um importante conceito complementar é o de sistema de géneros. Os sistemas de

géneros permitem aglutinar vários géneros, explicando os padrões complexos do

trabalho em grupo baseado em artefactos que são correntemente utilizados na

comunicação entre os membros de um grupo.

Na Figura 31 é introduzido o conceito de género na abstracção do processo de

produção de relatórios. O papel dos géneros Gt e Gt+1 é de explicar Ct e Ct+1 em termos

de propósito, estrutura e convenções. Para além disso, os géneros Gt e Gt+1 pertencem ao

sistema de género Si. Este sistema de género pode ser mais complexo, tendo outros

géneros (por exemplo Gc).

Neste momento é possível verificar que o sistema de género ajuda a clarificar o

mecanismo de ligação aplicado à produção de relatórios.

Figura 31 Géneros explicam conversão de dados

De facto, os géneros fornecem um conjunto de pistas, identificando propósitos e

formas de cada um dos artefactos envolvidos, permitindo assim explicar a ligação entre

Ct e Ct+1 (Figura 32).

O sistema de géneros explica o propósito, estrutura e convenções associadas com

a recolha de dados, evidenciando ainda os padrões de utilização ligados com cada uma

das colecções de dados.

83

De notar que o sistema de géneros permite analisar uma comunidade

particular de trabalho capturando padrões de trabalho existentes numa

comunidade (Orlikowski & Yates 1998). Consequentemente, não fornece uma

solução genérica para o processo de relatórios mas antes um mecanismo de

captura de detalhes num processo de produção de relatórios devidamente

contextualizado.

Figura 32 Género explicam o processo de produção de relatórios

Em suma, de forma a resolver o problema da integração organizacional de

resultados de reuniões é aqui proposto a utilização do conceito de género e de sistema

de géneros de comunicação.

A abordagem aqui proposta define o processo de produção de relatórios para uma

comunidade de utilizadores concreta.

Assim, as hipóteses de investigação traduzem-se no seguinte:

H1) É possível incorporar os conceitos de género comunicação e sistema

de género na análise de sistemas de informação aplicada ao

desenvolvimento de sistemas de apoio a reuniões.

H2) É possível utilizar eficazmente a abordagem proposta.

H3) É possível de desenvolver uma plataforma incorporando os

conceitos de géneros de comunicação e sistema de géneros de

comunicação.

H4) É possível utilizar a referida plataforma em contexto

organizacional.

84

3. Estratégia de Investigação

De modo a testar as hipóteses de investigação, recorreu-se a várias abordagens

complementares.

- Desenvolvimento de uma abordagem de análise de géneros e sistemas de

géneros como forma de provar a possibilidade de incorporação dos conceitos

em abordagem metodológica.

Meta: Descrição detalha da abordagem de análise.

- Utilização da análise de géneros em casos práticos, provando a eficácia da

abordagem e consequentemente a validade da hipótese inicial.

Meta: Utilização da abordagem em casos práticos de modo avaliar a sua

aplicação.

- Desenvolvimento de plataforma computacional incorporando conceitos

propostos na hipótese inicial. Implementação de protótipos parciais desta

plataforma.

Meta: Análise e desenho dos sistemas que compõe uma plataforma

incorporando os conceitos propostos na hipótese inicial. Implementação de

protótipos.

- Utilização do protótipo em ambiente organizacional.

Meta: Utilização de protótipos em organizações, preferencialmente empresas,

obtenção de informações sobre o sucesso da sua utilização.

Destas formas procura-se validar os conceitos de géneros de comunicação e

sistema de género de comunicação como forma de resolução do problema de integração

organizacional de resultados de reuniões.

85

4. Publicações relacionadas

Costa, C.; Antunes, P. & Dias, J.; (2000) "Organizational Integration of Meeting Results," in Randall

Harris, (Ed.) Proceeding of the Industry, Engineering, and Management Systems International

Conference, IEMS 2000. Florida, 2000, pp. 169-174.

Neste artigo, é apresentado o modelo "PROFS".

86

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

V. PROPOSTA DE UMA ABORDAGEM BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Este capítulo inicia-se com a revisão da literatura referente aos géneros de

comunicação, abordagem já referida atrás e que corresponde ao elemento base da

análise de géneros proposta nesta dissertação. Neste capítulo é ainda proposto o

conceito de ciclo de vida do género, o género contexto e ainda a análise de géneros que

incorpora os conceitos de decomposição e especialização de género de comunicação.

Com vista a provar a aplicabilidade da abordagem, são ainda apresentados casos

ilustrativos da sua utilização.

1. Género de Comunicação – Enquadramento

Uma tentativa recente de caracterizar a comunicação organizacional em termos

concretos baseia-se no conceito de género, o qual teve a sua génese na literatura. Nesse

contexto, um género considera uma categoria de obras literárias que, tendo a mesma

finalidade fundamental, apresentarão estrutura parecida e obedecerão a normas

semelhantes. O seu estudo sistemático entronca em Platão, na República e Aristóteles,

na Poética, que procuraram tipificar as obras literárias de acordo com as suas

características comuns. Durante séculos, este conceito foi utilizado quer como mera

forma de categorizar obras literárias, quer como meio de impor regras à criação literária.

O que originou tanto fortes opositores quanto defensores acérrimos. Estes conceitos

passaram então para outras áreas da criação artística, nomeadamente o cinema e a

televisão.

O conceito de género foi então importado da literatura para o contexto

organizacional (Yates & Orlikowski, 1992). Nesta perspectiva, os géneros de

comunicação organizacional são tipos de acções comunicativas socialmente

87

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

reconhecidas e que habitualmente são activadas por membros de uma comunidade para

executar tarefas com propósitos sociais específicos.

Associados ao conceito de género estão conceitos como repertório de géneros e

sistemas de géneros.

Repertório de géneros - conjunto de géneros habitualmente activado por

uma comunidade particular (organização, grupo de interesse, equipa, etc.).

Sistema de géneros - interligação de géneros de forma a constituírem

processos comunicativos mais complexos. Consiste ainda num conjunto de

géneros interligados que são activados numa sequência típica em relação a

cada um, sendo os seus propósitos de alguma forma relacionados.

Por outro lado, um sistema de géneros é uma rede complexa de géneros

relacionados onde cada participante realiza um acto reconhecido no âmbito de um

género ou se move entre vários géneros, sendo de esperar que obtenha uma resposta

esperada por parte de outros que se movem no mesmo sistema de géneros (Baserman,

1995). Por exemplo, numa conferência, a organização faz o convite à participação de

autores na conferência ("call for papers"), o autor envia a proposta de artigo ("draft"),

os revisores lêem as propostas de artigos e fazem os comentários que enviam para a

organização, com base nos comentários a organização dá a resposta que poderá ser

aceitação ou rejeição de artigo. Caso tenha sido aceite, o autor deverá enviar a versão

final do artigo, que incorporar os comentários dos revisores e deve ter a estrutura

gráfica exigida.

O género de comunicação provou ser um conceito muito útil na análise de

comunicação organizacional (Orlikowski & Yates, 1994; Yates & Orlikowski, 1992).

De facto, tem sido usado em várias áreas organizacionais com o propósito de

diagnosticar a comunicação organizacional. Outra utilização foi a análise da utilização

de groupware (Orlikowski & Yates, 1998), a análise de documentos na Internet

(Crowston & Williams, 1997) bem como a análise de reuniões (Yoshioka et al. , 2000)

A ênfase foi posta na análise, mas este conceito também pode representar um

papel importante no redesenho de artefactos digitais ou na sua melhoria. Por exemplo,

88

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

foi usado para redesenhar documentos apoiados por sistema de gestão electrónica de

documentos (Tyrväinen & Päivärinta, 1999). Neste contexto, foi verificado que os

géneros de documentos organizacionais e sistemas de géneros de documentos deveriam

ser repensados sistematicamente em colaboração com especialistas de sistemas de

informação, designers organizacionais e peritos do domínio.

Alguns autores também usaram o conceito de género para produzir documentos

WWW e aplicações na Internet (Shepard & Watters, 1999). Alguns autores também

propõem género como o principal objecto de design para novos suportes de informação

(Agre, 1998).

O conceito de género de comunicação é extensamente usado e por muitos suportes

(Agre, 1998), esta é uma razão porque há várias definições antagónicas de género, bem

como discussões significativas sobre o que de facto constitui um género.

Miller (1984) definiu género como "acções de retórica tipificadas baseadas em

situações recorrentes". Quer isto dizer que um género de comunicação não implica

apenas um único documento ou outro artefacto de comunicação, mas sim um fluxo de

documentos. Implica uma comunidade de utilizadores, composta por um tipo particular

de audiência e um tipo particular de actividades, como também uma relação entre os

produtores e consumidores do material em questão (Agre, 1995).

Swales (1990) enfatizou o papel do propósito comunicativo. Neste contexto, uma

colecção de eventos comunicativos torna-se num género devido a um conjunto de

propósitos comunicativos partilhados. Estes propósitos são reconhecidos pela

comunidade de utilizadores que possui o género. Uma comunidade de discurso é um

grupo das pessoas unidas por ocupações, premissas de trabalho, interesses especiais ou

com um conjunto de conhecimentos, património e comportamentos partilhados.

Miller (1984) sugeriu que o género pode ser definido a diferentes níveis, em

culturas diferentes e em tempos diferentes, dependendo de como a repetição de

situações retóricas é vista. Por exemplo, uma carta empresarial pode ser num certo

instante um género, e noutro momento ser entendido num âmbito mais geral,

transformando-se tipo de super-género. Yates & Orlikowski (1992) propõem ainda a

noção de subgéneros. Por exemplo, a carta de recomendação positiva seria um

subgénero da carta de recomendação.

89

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Bhatia (1993) considera que as cartas de promoção de vendas e cartas de oferta de

trabalho pertencem ao mesmo género, o género de promoção. Isto deve-se ao propósito

semelhante destas cartas. A carta de promoção e oferta de trabalho tem por meta obter

uma resposta específica dos seus leitores (comprar os produtos ou chamar o candidato

para uma entrevista). Porém, cartas de promoção de vendas e cartas de oferta de

trabalho são dois nomes bem estabelecidos de tipos diferentes de cartas nas

comunidades de discurso onde eles são usados. Esta situação resulta de Bhatia

confundir o propósito comunicativo com a noção linguística de função comunicativa.

Alguns autores confundem actos do discurso e propósito do género,

negligenciando o papel da comunidade de utilizadores como verdadeiros definidores do

género de comunicação.

Enquanto alguns autores enfatizam a importância da forma, outros dão ênfase ao

propósito. Existem ainda autores que propõem conceitos adicionais para caracterizar os

géneros, como funcionalidade (Shepherd & Watters, 1999). De acordo com esses

autores, o uso destes conceitos ajuda a entender não só a influência de novos suportes

de informação, em particular os computadores, na criação de géneros, como ainda ajuda

a usar géneros eficazmente no desenho de aplicações informáticas e baseadas em redes.

Refira-se que na presente secção se pretende apenas fazer um enquadramento do

conceito de género de comunicação. Para uma revisão de literatura mais detalhada veja-

se anexo 1.

2. Ciclo de vida de géneros

A utilização de géneros é apenas uma fase no ciclo de vida de um género. De

facto, o ciclo de vida do género de comunicação pode ser decomposto em criação,

escolha e uso. Esta última fase pode ser ainda decomposta em produção de artefacto e

uso de artefacto. Por sua vez, este processo pode ser englobado numa espiral evolutiva,

em que se vai ajustando o género às circunstâncias específicas da comunidade de uso.

1) criação de géneros

A criação de géneros é um processo social que pode ser longo. Tipicamente,

artefacto é produzido com um propósito e composto por um conjunto de componentes.

90

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Às vezes produzindo vários artefactos, há a necessidade de os classificar, surgindo

assim os géneros.

Um repertório de géneros de comunicação pode ainda ser associado a uma

comunidade de utilizadores. Como notou Agre (1998), qualquer tipo de vida envolve o

uso rotineiro de vários géneros. Por exemplo, o turismo envolve guias de viagem,

cardápios, horários, mapa de estradas, livros de frases, fotografias e postais.

2) escolha de um género de comunicação

A escolha de um género de comunicação depende do contexto. Tipicamente,

associado a cada situação há um conjunto de géneros de comunicação que compõem um

sistema de género. Cada género é ordenado de acordo com uma ordem predefinida mas

algumas circunstâncias podem levar a que se verifique uma mudança desta ordem. Por

exemplo, numa assembleia-geral anual (AGA) de uma empresa, uma ordem de

trabalhos tem quase sempre a mesma estrutura, o mesmo tipo de documento de apoio e

outros documentos (Balanço e Demonstração de Resultados, Relatório de Gestão,

Relatório de Auditor) e os mesmos resultados esperados (aprovação das demonstrações

financeiras e aprovação de instruções para a contabilidade). Mas alguns géneros podem

ocorrer de acordo com a aprovação ou não das demonstrações financeiras. Em função

de haver lucros ou prejuízo, o género escolhido também pode ser diferente. Então,

numa reunião particular há um género de comunicação específico associado ela, mas de

acordo com as decisões tomadas durante a sessão ou factores externos não é possível

especificar a priori o género que vai ocorrer.

3) uso de um género de comunicação

O uso de um género de comunicação consiste na produção de um artefacto (por

exemplo um livro, software ou um folheto) que materialize o género. Em oposição aos

géneros de literatura, onde existe uma diferenciação clara entre produtores (escritor) e

consumidores (leitor) dos artefactos (livro) que se apoia num determinado género

(romance), na comunicação organizacional todos os membros podem ser os produtores

e consumidores de memorandos, reuniões ou relatórios.

91

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

3. Géneros de reunião

Orlikowski & Yates (1998) foram os primeiros proponentes da utilização do

conceito de sistema de géneros para caracterizar as reuniões. De acordo com estas

investigadoras, uma reunião é composta por quatro géneros: logística da reunião;

agenda da reunião; reunião propriamente dita; e actas da reunião.

Sistema de géneros de reunião - sistema de géneros que inclui os géneros de

comunicação logística, agenda, reunião e relatório (Orlikowski & Yates,

1998).

Entendendo a reunião como um género de comunicação (Orlikowski & Yates,

1998), é possível identificar um conjunto de géneros que apoiam nessa reunião,

podendo ser utilizados de diversas formas. Deste modo é possível designar os primeiros

por géneros principais e os segundos por géneros secundários ou de contexto. Os

géneros principais correspondem à reunião e, eventualmente, a cada uma das fases da

reunião. Os géneros de contexto dão suporte às várias fases da reunião. Por sua vez, os

géneros contextuais podem ser distinguidos em géneros base, géneros de suporte e

géneros de envolvente.

Os géneros base são aqueles que vão ser utilizados durante a reunião, sendo o seu

conteúdo ou características afectadas durante o processo de interacção. Um exemplo

deste tipo de géneros é o caso do relatório e contas, que é sujeito a aprovação pelos

sócios reunidos em Assembleia-geral.

Os géneros de suporte vão ser utilizados durante a reunião para apoiar numa

decisão ou outra tarefa realizada durante a reunião. É o caso de um estudo de mercado

que é utilizado para apoiar na discussão de decisão de investimento.

Existem ainda géneros que são apenas contextuais, isto é, não servem para apoiar

a reunião, mas são necessários futuramente para compreender as acções realizadas na

reunião: são os géneros de envolvente. É o caso do regimento da Assembleia da

República, que não sendo necessário referir explicitamente em todas as sessões, é

necessário para compreender o comportamento dos deputados.

92

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Consequentemente, para além dos géneros de reunião definidos no

âmbito do sistema de géneros de reunião por Orlikowski & Yates

(1998), como sendo logística, agenda, reunião e relatório, aqui é ainda

proposto o género contexto.

4. Decomposição e especialização na análise de género.

Como foi dito anteriormente, o género é definido por um propósito e uma forma.

Num estudo empírico examinando a comunicação num grupo de trabalho distribuído,

que comunicava basicamente através de correio electrónico, Orlikowski & Yates (1994)

identificaram os seguintes propósitos: mensagem informativa; comentário sobre

processos de grupo ou utilização de meios; proposta de regras, características e

convenções; pedido de informação, classificação ou elaboração; resposta a mensagens

anteriores; e categorias residuais.

A forma do género diz respeito a aspectos observáveis da comunicação, tais como

meio, aspectos da estrutura e características linguísticas. No estudo referido

anteriormente (Orlikowski & Yates, 1994), foram identificadas várias formas, tais como

mensagens anexadas, elementos gráficos, cabeçalhos, aberturas, recurso a

informalidade, conclusões, assinaturas ou linha de assunto.

Note-se que a análise de géneros não é um exercício teórico de categorização

abstracta, mas deve estar intimamente relacionada com a situação concreta de uma

comunidade que o usa. Um género apoia-se e emerge da prática social, quer de trabalho,

quer de comunicação quer de gestão. O que importa é o que os membros da comunidade

(ou pelo menos os mais qualificados) reconhecem como géneros (outros exemplos de

trabalhos nesta área são Bergquist & Ljungberg, 1999, Crowston & Williams, 1999).

LogisticaReunião Acta

Contexto

Agenda

Figura 33- Reunião como sistema de géneros (Adaptado de Orlikowski e Yates, 1998)

93

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

O sistema de géneros apresentado por Orlikowski & Yates, 1998 (Figura 33) é tão

abrangente que dificilmente pode ser utilizado para descrever processos de reunião em

detalhe. Porém, é um ponto de partida para o estudo da matéria. Uma forma de

prosseguir no estudo deste assunto é através quer da decomposição quer da

especialização de géneros (algo que já foi feito noutro contexto para o estudo dos

processo organizacionais, veja-se Malone et al., 1997). Através da decomposição pode-

se dividir o sistema num conjunto de componentes (Figura 34). A reunião pode ser

dividida num conjunto de decisões (D1, D2...), a agenda pode ser decomposta em

tópicos (T1, T2...) e a acta pode ser decomposta em declarações comunicativas (DC1,

DC2...). Tipicamente, cada tópico de agenda tem uma relação directa com um tema de

reunião e uma declaração comunicativa associada.

DC2DC1 DC3

D2D1 D3

Agenda

LogísticaReunião Actas

Figura 34 - Decomposição

Deve-se notar que este tipo de decomposição facilmente atinge um ponto onde a

noção de género se perde, devido à perda do reconhecimento social. Deste modo, pode-

se tentar a via da especialização do sistema de géneros. Géneros específicos de logística,

agenda, reunião e acta podem juntar-se e formar sistemas especializados de géneros de

reunião, tais como reunião estratégica, reunião operacional, reunião de brainstorming,

etc. (Figura 35). Contrariamente à decomposição, a especialização preserva a

identificação social.

94

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Reunião estratégica

Agenda

Logistica

Reunião Actas

Reunião operacional

Agenda

Logistica

Reunião Actas

Agenda

Logística

Reunião Actas

Figura 35 - Especialização

Até este momento foi descrita uma abordagem aqui proposta para analisar os

processos de pós-reunião baseados no conceito de géneros

Os sistemas de géneros podem então ser decompostos e especializados.

Finalmente, os processos de pós-reunião englobam tópicos de agenda, assuntos de

reunião e declarações comunicativas, todos combinados de modo a formarem sistemas

de reunião específicos. Na próxima secção será mostrado como esta abordagem pode

ser utilizada na prática.

5. Formas de obtenção de dados

Com vista à obtenção de dados relevantes para identificação de géneros de

comunicação numa organização, interessa identificar as principais fontes e formas de

pesquisa de informação:

- pesquisa documental para identificação de artefactos utilizados antes, durante

e depois de reunião, de acordo com indicação das pessoas envolvidas no

processo;

- observação dos artefactos, identificando os seus propósitos e elementos de

composição, recorrendo a entrevistas, questionários e reuniões de

esclarecimento com os intervenientes;

- pesquisa documental de instrumentos de classificação e regulação dos

artefactos, sua produção e utilização (ex.: Código das Sociedades Comerciais,

95

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

manuais de utilização, Regulamentos) que sejam utilizados pela comunidade

de utilizadores;

- reuniões com grupos de utilizadores que podem identificar géneros e

classificar artefactos em géneros de comunicação e agrupar os géneros de

comunicação em sistemas de géneros de comunicação;

- utilização de questionários tendo em vista a classificar artefactos em géneros.

6. Passos da análise de géneros

Englobando os conceitos de género de comunicação, sistema de géneros, ciclo de

vida de géneros, géneros de apoio e géneros principais, bem como decomposição e

especialização e tendo ainda em linha de conta as várias formas de recolha de

informação sobre géneros, é aqui proposta uma abordagem composta dos seguintes

passos:

I. Identificação da situação, através de recolha dos primeiros elementos

sobre relativos às reuniões que serão analisadas.

II. Identificação dos sistemas de géneros base (logistica-agenda-reunião-

relatório). Os artefactos são classificados então em cada um destes

géneros.

III. Estudo detalhado de cada género de comunicação base, isto é, cada um dos

géneros do sistema de géneros identificado anteriormente será dissecado,

identificando os seus componentes e se fazem ou não sentido. É ainda feita

a decomposição e especialização dos seus componentes, agrupando os

artefactos ou componentes desses. A intervenção de utilizadores nesta fase

é crucial, visto que nesta fase é feito um importante processo de

classificação/categorização.

IV. Finalmente são criados os sistemas de géneros, sempre que possível

representados graficamente. Nesta fase ainda se analisam aspectos mais

específicos como sejam os tipos específicos de ligação entre os géneros de

comunicação dentro de um mesmo sistema de géneros ou ainda as funções

dos géneros (principais ou de apoio).

96

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

7. Aplicação

a) Caso 1: Reunião de Direcção

Neste caso é aplicada a abordagem proposta a reuniões do órgão de direcção de

uma organização pública de investigação e ensino. Esta organização é composta por

cerca de 1000 colaboradores, sendo a direcção o órgão que em última instância é o

responsável pela gestão da organização.

No âmbito da gestão da organização, adquire especial importância as reuniões de

direcção, nas quais são tomadas as principais decisões.

Com vista a aplicação da abordagem foram recolhidos dados documentais

correspondentes ao funcionamento das reuniões de direcção num período de 4 anos.

Desta documentação foi possível identificar uma colecção composta por 214 decisões

tomadas em 30 reuniões, que tiveram lugar num período de 4 anos (1996 a 1999).

Com base na abordagem proposta foram seguidos os seguintes passos:

I. Identificação da situação através de pesquisa documental (30 reuniões

correspondentes a 214 decisões). Divisão de cada reunião em decisões;

II. Agrupamento de artefactos nos géneros de comunicação base

- Identificação dos géneros de decisão;

- Identificação dos géneros de tópicos de agenda;

- Identificação dos géneros de declarações comunicativas.

III. Realização de reuniões para classificação de diversos géneros;

IV. Realização de modelo

Este trabalho foi realizado com o apoio de pessoas ligadas a esta organização, mas

não directamente relacionadas com a produção de resultados, bem como com pessoas

que, estando ligadas a instituições idênticas a esta, trabalham neste tipo de órgãos.

Começando pela análise dos géneros logísticos, chegou-se à conclusão de que

existia apenas um género logístico. Com efeito, as reuniões realizam-se com uma

97

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

frequência preestabelecida, existindo apenas uma forma de convocação de reuniões,

com características muito bem estabelecidas no âmbito do regimento do órgão.

As 30 reuniões foram decompostas em decisões. O número de decisões varia

muito, de 3 a 16 em cada reunião. Estas decisões foram então agrupadas nos seguintes

géneros: decidir acção, decidir plano unitário, adiar decisão e decidir plano continuado.

"Decidir acção" é um género que agrupa todas as decisões orientadas para acções

específicas a realizar por um agente específico e geralmente bem identificado, quer na

organização quer fora desta.

"Decidir plano unitário" é um género de decisão que tem como resultado o

planeamento de actividades num dado horizonte temporal mais ou menos alargado.

"Adiar decisão" é um género de decisão em que se decide não decidir, isto é, em

situações em que existe pouca informação ou por alguma outra razão não é conveniente

tomar uma decisão e se define que essa decisão será tomada no futuro.

"Decidir plano continuado" é um género que tem como resultado a produção de

políticas, regras e regulamentos que têm um determinado nível de continuidade e

frequência de utilização.

Nesta organização, o surgimento destas decisões resulta directamente de tópicos

de agenda previamente estabelecidos. Nesse sentido, foram identificados os seguintes

géneros de tópicos de agenda: pedidos ocasionais e pedidos repetitivos.

Os pedidos ocasionais são tópicos de agenda que surgem de forma não

programada, dependendo das contingências e abrangendo um leque de aspectos muito

variados.

Os pedidos repetitivos são aqueles que surgem de acordo com um determinado

padrão. É o caso dos orçamentos anuais que são elaborados, discutidos e aprovados

sensivelmente na mesma altura todos os anos.

Após se ter identificado os géneros logístico, tópico de agenda e decisão, falta

ainda identificar os géneros de declaração comunicativa. Foram identificados nove

desses géneros: reposta, instrução, aprovação de documentos, agenda, regra

(regulamento ou esclarecimento), transferência de documento, pedido de informação,

nota informativa, delegação.

A resposta é um género cujo principal propósito é a resposta a uma proposta,

pedido ou oferta. Contém tipicamente uma resposta do tipo sim ou não (aprovado ou

98

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

não aprovado). O receptor da resposta é aquele que fez ou realizou o pedido, proposta

ou oferta. O pedido tanto pode ser uma reclamação sobre um serviço ou então uma

proposta de contratação apresentada por outro departamento ou serviço.

Instrução é um género que tem por propósito transmitir uma ordem a alguém num

dado momento. O receptor da comunicação é aquele que será responsável pela

realização da tarefa. Geralmente, relacionada com a instrução, está também presumida a

uma resposta do receptor sobre o andamento da tarefa.

A aprovação de documentos é uma comunicação pública a dizer que algo foi

aprovado. Por exemplo, o orçamento é da responsabilidade desta estrutura

organizacional, mas outros departamentos ou serviços fazem uso dele. Depois de ser

aprovado, este documento está disponível para quem dele necessite.

O agendamento é um género que tem por propósito adiar e calendarizar uma

tarefa numa reunião futura, traduzindo-se na criação de um ponto de ordem de

trabalhos.

As regras, regulamentos e esclarecimentos são comunicações para todos os

departamentos ou mesmo entidades externas que se relacionem com a organização. O

seu propósito é a criação de novas formas de trabalhar no futuro. Estas regras,

regulamentos e esclarecimentos são produzidos por esta estrutura organizacional

durante o processo de reunião. Se são produzidos por outros departamentos e aqui são

apenas aprovados, então o género utilizado é o descrito anteriormente e não este.

A transferência de documentos é uma comunicação a dizer que alguns

documentos podem ser dados a uma entidade específica (interna ou externa). Esta

comunicação inclui uma autorização e o documento anexado.

O pedido de informação é um género cujo propósito principal é pedir informação

a um departamento específico ou a uma entidade externa. Por exemplo, pode-se

verificar que para tomar uma decisão sobre um contrato tenha que ser consultado um

assessor jurídico.

A nota informativa é um género cujo principal propósito é de informar um certo

departamento, pessoa ou entidade externa. Tipicamente, todos os géneros têm este

propósito, porém este género não tem outro propósito explícito para além de

informação.

99

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

A delegação é um género utilizado para nomear uma pessoa ou grupo para uma

posição. Pode ser nomeada uma comissão para resolver um problema. Neste género

deverá ser definido o problema, objectivos envolvidos bem como as pessoas que irão

lidar com ele.

Géneros Propósito Forma Receptor Exemplos Resposta Responder a um

pedido formal

Valor de decisão: S, N

Quem faz o pedido: - departamento interno típico (ex. financeiro) - trabalhadores - entidades externas - outros serviços

- aceitação de despesas

Instruções Ordem/instrução formal de uma acção

Definição de tarefa Explicitamente definida (trabalhadores individuais ou departamentos)

- "Pagar empregado X"

Aprovação de documentos

Aprovar determinado documento

Valor de decisão: S, N Não explicitamente definido (Apenas pelo conteúdo)

- Aprovação de orçamento

Agendamento Calendarizar Adiar decisões

Agenda Reunião - Decidir na próxima reunião

Regra, regulamento, esclarecimento

Definição de regras organizacionais

Não definido explicitamente (Apenas pelo conteúdo)

Transferência de documentos

Transferir documentos

Documentos associados Explicitamente definidos - Publicar o relatório anual

Pedido de informação

Perguntar por informação

Definido explicitamente - Pedir informação a um consultor legal sobre um contrato.

Delegação Delegar poder a uma pessoa ou a uma comissão

Deve indicar a missão tal como o nome da comissão ou da pessoa.

Pessoas envolvidas - Criação de uma comissão para avaliação de contrato

Nota Informativa Informar Explicitamente definido

Figura 36 – Géneros de declaração comunicativa

Após analisados os géneros associados a este tipo de reuniões, procurou-se ligá-

los, identificando assim vários sistemas de géneros de reunião. Como consequência, foi

obtido o repertório de sistemas de reuniões que se mostra na Figura 37. Nesta figura

evidenciam-se quatro sistemas de géneros, que poderão ser designados de acordo com

os géneros da reunião: decisão para a acção, decisão de plano unitário, adiar decisão e

decisão de plano permanente. Por exemplo, o sistema de géneros "decisão para a acção"

é composto pelos seguintes géneros: (1) pedido ocasional, (2) decisão para a acção e

ainda por (3) reposta, (4) instrução e (5) transferência de documento. O género

informação pode estar ligado a qualquer dos sistemas de géneros referido. Apenas por

uma questão de tornar a figura legível, não é mostrado o género logístico.

100

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Agendamento (para a próximareunião) 4 (27%)

Instrução 102 (88%)

Pedido Ocasional

Pedido Repetitivo

Regra, regulamento, esclarecimento47 (71%)

Pedido de Informação11 (73%)

Transferência de documentos 2 (2%)

Aprovação de documentos 7 (100%)

Delegação 21 (32%)

Decisão para acção116 (54%)

Decisão de PlanoUnitário 7 (3%)

Adiar Decisão 15(7%)

Decisão de PlanoPermanente 66 (31%)

Especialização

Sequência de utilização

ReuniãoAgenda Relatório

Resposta 46 (40%)

Figura 37 – Sistemas de géneros em Reunião de Direcção

A identificação dos sistemas de géneros utilizados pela direcção no âmbito da

reunião permitiu ter um conhecimento do funcionamento dos processos mais

directamente relacionados com as reuniões. Porém, como a ênfase aqui pretendida vai

para os processos de pós reunião entendeu-se que se deveria analisar mais

detalhadamente os géneros utilizados para dar forma aos resultados das reuniões. Neste

sentido, foi pedido a diversas pessoas que caracterizassem cada uma das decisões,

usando os géneros que tinham sido propostos. Verificou-se então que das 214 decisões,

10 (cerca de 5%) foram classificadas em mais que um género de decisão, 116 (cerca de

54%) utilizaram o género decisão para acção, 7 (cerca de 3%) utilizaram o género

decisão de plano unitário, 15 (aproximadamente 7%) utilizaram o género adiar decisão

enquanto que o segundo género mais utilizado foi a decisão de plano permanente com

66 decisões, correspondente a 31% do total. Como se pode verificar mais de 50% das

decisões correspondem a decisões correntes. No que diz respeito aos resultados

produzidos por estas decisões verifica-se que o género decisões para acção produziu 46

repostas, 102 instruções e 2 transferências de documentos, correspondendo

respectivamente a 40%, 88% e 2% das decisões. Quer isto dizer que a maioria das

decisões deste género tiveram como resultado instruções e algumas delas tiveram em

simultâneo como resultado respostas. No caso das decisões de plano permanente,

101

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

verifica-se que produziram como resultado 47 regras, regulamentos e esclarecimentos

enquanto e 21 delegações ou nomeações, existindo duas decisões que produziram

simultaneamente os dois géneros.

O processo de classificação que foi seguido e os resultados finais evidenciam

algumas das características dos géneros:

- Esta organização tem um número relativamente reduzido de géneros. Por

exemplo, no caso das declarações comunicativas, uma percentagem

significativa corresponde a instruções dadas a outros departamentos, tais como

contabilidade, tesouraria, serviços administrativos, equipamento, secretaria ou

serviços de parqueamento.

- Cada decisão pode produzir mais de um género de declaração comunicativa.

Por exemplo, há várias decisões que têm como consequência uma instrução a

um serviço e informação a outros.

- Cada género pode ainda ser dividido em subgéneros com diferenças mínimas,

sejam receptores diferentes ou formas ligeiramente diferentes. Por exemplo, as

respostas podem ser enviadas para utentes, empregados ou para outras

entidades externas.

Também foram observadas algumas reacções a este trabalho de classificação cuja

análise mais detalhada parece ser de grande utilidade para trabalho futuro:

- A explicitação do uso dos géneros é uma boa oportunidade de identificar

problemas de comunicação. Por exemplo, foram encontrados pedidos cujos

proponentes nunca foram informados da sua aceitação ou rejeição.

- A identificação explícita de géneros permite a criação de suporte informático

contextualizado para a natureza situada das reuniões, permitindo reduzir faltas

de comunicação (por exemplo, esquecimentos), melhorar o conhecimento

sobre a comunicação e reduzir a carga de trabalho.

b) Caso 2: Assembleias-gerais

Neste segundo caso é apresentado o resultado da aplicação da abordagem proposta

às assembleias-gerais de pequenas empresas clientes de uma firma de contabilidade.

Com base na abordagem proposta foram seguidos os seguintes passos:

102

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

I. Caracterização da situação através de observação de reunião, pesquisa

documental (Actas de Assembleias)

II. Classificação de artefactos nos géneros de comunicação base

III. Decomposição e especialização de géneros através de agrupamento de

artefactos.

IV. Realização de modelo

Na primeira fase foi feita a caracterização da situação, tendo-se para tal observado

o funcionamento de duas Assembleia Geral de Sócios de uma pequena empresa

composta por 4 sócios e outra composta por 2 sócios, realizadas no final de 1999

referentes a redenominação e aumentos de capital. Para além dos sócios das empresas

também participaram na reunião um contabilista, que desempenha a função de

facilitador e participante especialista. Em seguida foi feita pesquisa sobre livros de

Actas de Assembleias-gerais.

Na segunda fase foi feita a classificação dos artefactos envolvidos nessas

reuniões, o que inclui Actas, Convocatórias, Balanços, Demonstrações de Resultados,

Relatórios de Gestão. A análise das reuniões foi feita indirectamente através das actas.

A terceira fase consistiu no agrupamento dos artefactos de modo a se constituírem

géneros específicos ou decomposições dos géneros base. Para tal recorreu-se a apoio de

legislação comercial, manuais de legislação e técnicas de documentação, bem como a

entrevistas com os contabilistas para esclarecimento de dúvidas.

No que diz respeito ao género logísticos foram identificados basicamente a

convocatória para reunião, associada à qual podem existir outras comunicações

menores. É no entanto de referir que podem existir pequenas diferenças em função de se

tratar de reuniões ordinárias ou periódicas (tipicamente anuais ou semestrais) e reuniões

extraordinárias. É comum que aconteça que associado a uma convocatória exista a

agenda da reunião.

Como resultado da análise efectuada foram identificadas vários tipos de agenda,

relacionadas com os propósitos das reuniões. Deste modo, foram identificadas os

seguintes géneros de agenda: (1) aprovação de contas, (2) aumentos de capital; (3)

mudança de sede social e (4) mudança de gerência.

103

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

A reunião correspondente à assembleia de sócios tem tipicamente a seguinte

estrutura: apresentação, discussão, votação e apresentação de formas de acção. Depois,

em função de cada tipo de reunião cada uma destas fases da reunião irá ter

características específicas. Por exemplo, a apresentação das contas ou a apresentação de

uma proposta de acção poderão ser feita de forma diferentes.

O resultado da reunião assume a forma mais comum: acta de reunião. Estas actas

são tipicamente transcritas, geralmente de forma resumida para um livro de actas, sendo

em seguida assinadas pelos participantes na reunião. Porém, complementarmente a este

tipo de resultados existem também um conjunto de instruções, compromissos de acção e

informações. Por exemplo, poderá existir instruções (ou informações) para a

contabilidade quanto à forma de aplicação de resultados, para os serviços jurídicos ou

de documentação quanto a acções a tomar, nomeadamente relativas a marcação de

escrituras em notários.

Relativamente aos aspectos contextuais, foram identificados os documentos que

podem ser quer a base de decisões, quer apoio para a tomada de decisão, quer ainda

contexto para compreensão da decisão.

A quarta fase consistiu na concepção de um modelo composto com os sistemas de

géneros identificados. Figura 38.

Agenda

Balanço

D. R. Relatório deGestão

Instruções paraContabilidade

Acta

Aprovação deContas

Aumento deCapital

Instruções paraServiços de

Documentação

Compromisso dossócios

Acta

Convite

Convite

Mudança de Sede

Acta

Contrato deSociedade

Instruções paraServiços de

Documentação

Convite

Balanço

D. R.

Apresentação Discussão Votação Acção

Apresentação Discussão Votação Acção

Apresentação Discussão Votação Acção

Especialização

Sequência de utilização

ReuniãoLogística Relatório

Contexto

Figura 38 – Sistema de géneros para Assembleia-geral

104

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Concluindo, neste caso foi possível mostrar a aplicabilidade da abordagem dos

géneros de comunicação em reuniões formais, bem documentadas, e que se encontram

legalmente previstas e regulamentadas. De referir ainda que a tomada de decisão vem

estabelecida legalmente sendo por votação e em geral por maioria do capital expresso,

existindo porém diversos tipos de maioria em função da decisão em causa.

c) Caso 3: Reuniões de Ponto de Situação (Briefing)

Um tipo de reunião muito utilizada nas organizações é a reunião de ponto de

situação, também designada correntemente por briefing. Neste tipo de reunião, os

participantes reúnem-se com grande frequência (geralmente com intervalos inferiores a

um mês), para averiguar o andamento de uma actividade, projecto ou programa. Estas

reuniões caracterizam-se por ser informais e estarem associadas directamente ao

acompanhamento de actividades do dia-a-dia.

Os passos da abordagem seguida traduziram-se em:

I. Entrevista com director de marketing, questionário a 63 indivíduos

trabalhando em 20 empresas distintas;

II. Identificação dos documentos (formais) e formas de comunicação informal

associadas aos diversos géneros.

III. Decomposição e especialização.

IV. Realização de modelo através de identificação de tipos de sistemas

Na primeira fase foi feita a clarificação da situação. O estudo deste tipo de

reuniões resultou de uma posposta apresentada por um director de marketing de uma

instituição financeira na sequência de uma visita à sala de decisão do INDEG/ISCTE.

Na sequência desta visita foi feita uma entrevista, que levou à realização de um

questionário para analisar este tipo de reuniões. Este questionário foi aplicado a 63

pessoas de uma amostra de 50 empresas.

Na segunda fase foram identificados os documentos e formas de comunicação

informal utilizados e em seguida foram agrupados nos géneros de comunicação

propostos base.

105

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Na terceira fase foi feita a decomposição e especialização dos géneros. Para tal

foram agrupadas as diversas ordens de trabalhos propostas em géneros de agenda. As

reuniões foram ainda decompostas em fases também de acordo com as ordens de

trabalho sugeridas. Verificou-se ainda que o resultado destas reuniões têm como

materialização eventos em agendas dos participantes na reunião. Estes eventos podem

por sua vez ser registados numa folha sob a forma de tópicos a realizar, to do list em

agenda electrónica ou agenda. Pode ainda traduzir-se em expressão oral, sob a forma de

recomendação a ter em linha de conta ou tarefa a realizar.

Na quarta fase foi feita a identificação dos sistemas de géneros. Os vários géneros

de comunicação analisados foram então agrupados, tendo sido identificados três

sistemas de géneros (Figura 39).

Agenda

Reunião deacompanhamento

Pedido deAutorização

Convite

Convite

Pedido deEsclarecimento

Lista de actividades(Agenda)

Lista deActividades(Agenda)

Convite

Apresentação pedido de esclarecimento Esclarecimento

Apresentação pedido de autorização Autorização

Apresentação Discussão Geração Escolha

Especialização

Sequência de utilização

ReuniãoLogística Relatório

Contexto

Figura 39 – Sistema de géneros em Reunião de Ponto de Situação

Este caso permitiu testar a aplicabilidade da abordagem em reuniões informais,

pouco documentadas, nos quais o processo de decisão se faz de formas muito variadas

(votação, imposição, comprometimento, unanimidade negociada, etc.). Neste caso é

106

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

ainda muito comum os géneros não terem tradução escrita e de apresentarem um

conteúdo muito variável.

d) Caso 4: Estratégia

A abordagem proposta foi ainda utilizada no âmbito de reuniões do processo de

análise estratégica de uma pequena empresa da área de prestação de serviços de

consultoria e formação na área de finanças empresariais. O processo decorreu entre

Novembro de 1999 e Março de 2000, tendo envolvido a realização de 3 reuniões

electrónicas, utilizando o GroupSystems.

Uma vez que o processo estratégico não se encontra institucionalizado, não foi

possível recolha de material junto da empresa. Em vez disso, partiu-se da análise da

literatura sobre gestão estratégica, tentando identificar os géneros utilizados pela

comunidade dos utilizadores, neste caso os teóricos da gestão estratégica. Em seguida

procurou-se ajustar os resultados obtidos para o caso concreto da empresa. Este

processo foi depois validado pelos sócios e principais técnicos da empresa.

Os passos da abordagem seguida traduziram-se em:

I. Entrevista com sócio da empresa e proposta aplicação de abordagem;

II. Identificação de Géneros:

- revisão da literatura sobre estratégia;

- análise da literatura;

- Identificação de fases de processo

- Identificação de lista de reuniões e resultados

- Escolha de subconjunto de reuniões, após realização de 3 reuniões.

III. Classificação do artefactos da reunião, especialização e decomposição

IV. Realização de modelo através de identificação de tipos de sistemas

Na primeira fase foi feita a clarificação do problema com um dos sócios da

referida empresa de consultoria. Foi proposta a realização de um conjunto de reuniões

para análise estratégica da empresa. Uma vez que se trata de uma empresa de pequena

dimensão não tem um processo de análise estratégica institucionalizada.

107

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Na segunda fase foram identificadas as reuniões envolvidas no processo de

análise estratégica. Para tal foram realizadas as seguintes tarefas:

- Revisão da literatura sobre análise estratégica (anexo 2);

- Após análise da literatura foram identificadas as fases do processo de análise

estratégica, bem como os respectivos resultados esperados (Figura 40).

Fases Resultados Análise da envolvente externa Lista de oportunidades

Lista de ameaças Análise da envolvente interna Lista de pontos fortes

Lista de pontos fracos Declaração de missão Declaração de missão Definição de estratégia Lista de Objectivos, Estratégias e Políticas Avaliar estratégia Escolha de estratégias Programas Plano de acção para uma estratégia específica Orçamentos Orçamento Procedimentos Lista de procedimentos

Figura 40 - Fases do processo de gestão estratégica.

- Após identificação das várias fases foram identificadas as possíveis reuniões,

os resultados das reuniões, as tarefas que compõem cada reunião e ainda as

ferramentas do GroupSystems que apoiam cada tarefa da reunião.

Reuniões Resultados Tarefas Ferramentas (GS)

Análise da envolvente externa

Lista de oportunidades Lista de ameaças

Listar impacte do ambiente Classificar em ameaças e oportunidades

EB CA

Análise da envolvente interna

Lista de pontos fortes Lista de pontos fracos

Características de estrutura Características de cultura Características de recursos Pontos fortes Pontos fracos

EB EB EB CA CA

Declaração de missão

Declaração de missão EB VO

Definição de estratégia

Lista de Objectivos, Estratégias e Políticas

O que fazer Organizar de conceitos Definir estratégias

EB CA GO

Avaliar estratégia Escolha de estratégias Identificar parâmetros Dar pesos

BE e CA AA

Programas Plano de acção para uma estratégia específica

Plano de acção GO

Orçamentos Orçamento Orçamento GO Procedimentos Lista de procedimentos BE

VO

Figura 41 - Lista de reuniões e respectivos resultados num processo de gestão estratégica.

- Em seguida foram escolhidas as reuniões consideradas relevantes no âmbito

problema e da empresa em causa sendo ainda adaptadas para a situação

108

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

concreta. As reuniões foram designadas por: geração de ideias de negócio,

avaliação das ideias, utilizando a análise SWOT (Análise dos Pontos Fortes,

Pontos Fracos, Ameaças e Oportunidades) e desenvolvimento de plano de

acção.

Na terceira fase foi feita decomposição e especialização dos géneros de

comunicação correspondentes às reuniões escolhidas.

Na quarta fase foram desenhados os sistemas de géneros (Figura 42). O desenho

dos sistemas de géneros consistiu em ligar os géneros identificados, para tal contou-se

ainda com o apoio do GroupSystems que permitiu planear e facilitar três reuniões.

A realização destas reuniões permitiu verificar que:

- a realização de uma análise SWOT mostrou-se demasiado sofisticada, um

simples comentário sobre cada ideia seria suficiente;

- a avaliação utilizando votação não é a mais adequada, uma vez que a ideia com

a qual se realizou o plano de acção não correspondeu à ideia mais votada;

- as conclusões a que se chegou em termos de ideias de negócios e acções a

desenvolver foram consideradas de tal forma valiosas pelos intervenientes na

reunião que os sócios da empresa decidiram não autorizar a divulgação dos

conteúdos das reuniões.

Agenda

Negócios aDesenvolver

Avaliação de Ideias

Convite

Convite

Plano de Acção

Lista de actividadesa desenvolver

Convite

Apresentação Geração de acções

Acções adesenvolver

Lista ordenada actividades aDesenvolver

Apresentação Votação

Apresentação Discussão Geração

Lista de possíveisActividades adesenvolver

Lista de possíveisActividades adesenvolver

Especialização

Sequência de utilização

ReuniãoLogística Relatório

Contexto

Figura 42 – Sistema de géneros para Reuniões de Estratégia

109

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Este caso teve como principais contribuições:

- testar a aplicabilidade da abordagem em processos não institucionalizados em

empresa;

- demonstrar que a abordagem pode apoiar em desenho de processos

organizacionais;

- a abordagem pode ser utilizada para criação de géneros e sistemas de géneros

partindo da literatura e comunidade de utilizadores especialistas.

e) Caso 5: Marketing e Publicidade

A abordagem proposta foi ainda utilizada no âmbito do processo de

desenvolvimento de novas marcas. O problema em causa trata-se na criação de uma

nova marca para uma cera acrílica produzida por uma empresa de produtos químicos.

Para tal foi realizada uma reunião apoiada pelo GroupSystems, envolvendo um dos

sócios da empresa e 3 indivíduos externos, dos quais um é especialista em marketing e

outro em consultoria de gestão. A realização teve lugar no mês de Dezembro de 1999.

A implementação da abordagem concretizou-se nos seguintes passos:

I. Identificação do problema e realização de reunião;

II. Identificação de géneros de comunicação, traduzindo-se na observação da

reunião e entrevista aos participantes;

III. Classificação do artefactos da reunião, especialização e decomposição.

IV. Realização de modelo através de identificação de tipos de sistemas

A primeira fase consistiu na identificação do problema. Para tal foi realizada uma

reunião com um dos sócios da empresa. A partir desta reunião foi realizada uma reunião

electrónica apoiada pelo GroupSystems, na qual participou o sócio e 3 indivíduos

externos, dos quais um é especialista em marketing e outro em consultoria de gestão.

Essa reunião consistiu de duas fases: geração de ideias e votação. Porém, a partir desta

reunião foram identificadas mais reuniões possíveis.

A segunda fase consistiu em identificar os géneros de comunicação e respectiva,

sendo classificados os artefactos de acordo com os géneros de comunicação

considerados. Para identificação de artefactos recorreu-se ainda a outro especialista de

110

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

marketing. Esse sugeriu que para que a reunião fosse realmente eficaz necessitariam de

existir um briefing (descrição concisa do produto e respectivo mercado). A reunião de

avaliação e de geração de ideias deveriam ser independentes. A primeira composta por

participantes representativos do mercado alvo, enquanto que a segunda composta por

criativos.

A terceira fase consistiu em procurar identificar os vários artefactos como

decomposição ou especialização dos géneros de comunicação base.

Na quarta fase foram agrupados os géneros de comunicação identificados

anteriormente, tendo sido identificados três sistemas de géneros (Figura 43):

- Com base no briefing realiza-se uma reunião de geração de ideias, tendo como

propósito obter uma lista de marcas;

- Com base na lista anterior realiza-se uma reunião em que se pede aos

participantes para fazerem comentário ao nome apresentado, sem que esses

saibam o tipo produto para o qual estão fazer o comentário; numa segunda fase

é apresentado o briefing e os participantes fazem novos comentários mas agora

tendo em conta os produtos a que se destina;

- Finalmente é feita a avaliação da lista de nomes de produto por um painel de

utilizadores. O resultado final é obter uma lista ordenada de marcas.

Marca de Produto Geração Ordenação

Especialização

Sequência de utilização

Logística

Agenda Briefing

Lista de Marcas

Comentar marcas Comentário Lista de MarcasComentadas

Lista de Marcas

Comentar marcas Ver marcas Comentário Lista de MarcasOrdenadas

Lista de MarcasComentadas

Comentário

Reunião Relatório

Contexto

Figura 43 – Sistema de géneros para Reunião de Marketing

111

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Este caso permitiu testar a aplicabilidade da abordagem num processo não

institucionalizado. Neste caso recorreu-se basicamente ao apoio de especialistas de

marketing para a definição do processo.

8. Resumo

Neste capítulo foi proposta uma abordagem baseada no conceito de géneros de

comunicação, sistema de géneros, utilizando uma abordagem de decomposição e

especialização. Foram ainda propostos os conceitos de ciclo de vida de géneros e o de

género contextual.

A abordagem proposta apresenta os seguintes passos:

I. Identificação da situação, através de recolha dos primeiros elementos

sobre relativos às reuniões que serão analisadas.

II. Identificação dos sistemas de géneros base (logistica-agenda-reunião-

relatório).

III. Estudo detalhado de cada géneros de comunicação, recorrendo

nomeadamente à decomposição e especialização

IV. Criação de sistemas de géneros, e representação gráfica dos mesmos.

Com vista a testar a aplicabilidade da abordagem proposta, esta foi utilizada em 5

casos organizacionais. Estes casos correspondem a situações diversas em que pessoas

participam em reuniões para tomada de decisão no âmbito de organizações distintas:

- O caso 1 corresponde a reuniões de direcção de uma organização;

- O caso 2 reporta Assembleias-gerais de várias pequenas empresas;

- O caso 3 diz respeito a reuniões de ponto de situação de empresas de dimensão

diversa;

- O caso 4 refere-se a reuniões incluídas no processo de gestão estratégica de

uma empresa;

- O caso 5 diz respeito a reuniões do processo de criação de marcas de uma

empresa.

112

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

No quadro da Figura 41 é apresentado o resumo dos casos.

Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5

Nome do caso Reunião de Direcção Assembleia-geral Reunião de Ponto de Situação

Estratégia Marketing e Publicidade

Âmbito da reunião

Organização Pública Investigação e Ensino c 1000 Colaboradores

Clientes de empresa de contabilidade

Pesquisa empresarial

Empresa de Prestação de serviços de consultoria e formação de Gestão

Empresa de Produtos químicos

Reunião Direcção Assembleias-gerais de sócios

Reuniões Informais Estratégias a desenvolver

Marca para produto

Pessoas envolvidas na reunião

Membros de direcção Sócios (entre 2 e 5) e Contabilista

pessoas em qualquer nível na organização

4 participantes: 2 Sócios e 2 indivíduos externos.

1 sócio e 3 indivíduos externos.

Objectivo do Estudo do Caso

Aplicação de Abordagem (1)

Aplicação de Abordagem (1)

Aplicação de Abordagem (1)

Aplicação de Abordagem (1)

Aplicação de Abordagem (1)

Dados 214 decisões de 30 reuniões, realizadas entre 1996 e 1999

21 actas de reuniões Observação de 2 reuniões, realizadas em 1999 Dados documentais

Questionário a 63 pessoas, realizados em 2001

3 reuniões electrónicas, realizadas em 1999 e 2000

1 reunião electrónica, realizada em 1999

Resultado 1: Aplicação de Abordagem

1- pesquisa documental (214 decisões)

2- agrupamento de artefactos

3- realização de reuniões para classificação de diversos géneros;

4- realização de modelo

1- pesquisa documental e observação de reunião

2- classificação de documentos

3- classificação recorrendo a legislação e contabilistas

4- realização de modelo e validação com contabilista

1- discussão com director de marketing, questionário a 63 indivíduos trabalhando em 20 empresas distintas;

2- identificação dos documentos (formais) e formas de comunicação informal associadas aos diversos géneros

3- decomposição e especialização;

4- realização de modelo através de identificação de tipos de sistemas

1- identificação de problema 2- revisão de literatura : - análise da literatura - lista de reuniões - lista de resultados - escolha de reuniões 3- classificação dos artefactos da reunião, especializando e decompondo 4- criação de modelo

1- identificação de problema e realização de reunião

2- observação dos resultados da reunião e identificação de elementos

3- procura especializar e decompor;

4- criação de modelo

Resultado 2: Sistema de géneros

Figura 37

Figura 38

Figura 39

Figura 42

Figura 43

Figura 44 – Quadro Resumos

9. Resultados publicados

O conteúdo do presente capítulo encontra-se parcialmente publicado, quer em

artigos de revista, capítulos de livros e actas (proceedings) de conferência nacionais e

internacionais.

Costa, C.; Antunes, P. & Dias, J.; (2000) "Integração Organizacional de Resultados de Reuniões,"

Sistemas de Informação, vol. 12, Julho; (Número Especial com Artigos Seleccionados do Primeiro

Workshop de Sistemas Multimédia Cooperativos e Distribuídos, CoopMedia 2000; ISSN: 0872-7031).

113

BASEADA EM GÉNEROS DE COMUNICAÇÃO

Neste artigo é apresentada a análise de géneros aplicada ao caso de reunião de

direcção. É de destacar que este artigo foi eleito o melhor artigo apresentado na

conferência CoopMedia 2000 pela comissão do programa.

Costa, C.; Antunes, P & Dias, J.; (2000) "Integrating Meeting Results in Organizations," in Proceeding of

the Second International Conference on Enterprise Information Systems, ICEIS 2000, Stafford, UK,

ISBN: 972-98050-1-6

Neste artigo é apresentada a análise de géneros é aplicada ao caso de direcção de

reunião. Este artigo reporta o mesmo trabalho do apresentado no artigo anterior, porém

corresponde a um resumo desse.

Costa, C.; Antunes, P & Dias, J.; (2001) "Integrating Meeting Results in Organizations," in B. Sharp, J.

Filipe, & J. Cordeiro, (Eds.); Enterprise Information Systems II, Kluwer Academic Publishers, July;

ISBN: 0-7923-7177-1

Este livro replica alguns artigos seleccionados da conferência ICEIS 2000

Costa, C.; Antunes, P & Dias, J.; (2001) "A Model for Organizational Integration of Meeting Outcomes,"

in M. K. Sein, B. Munkvold, T.. Ørvik, W. Wojtkowski, W. Wojtkowski, J. Zupancic, & S. Wrycza,

(Eds.) . Contemporary Trends in Systems Development Kluwer Plenum, ISBN: 0-306-46608-2.

Neste artigo é apresentada a análise de géneros e é aplicada ao caso de reunião de

assembleia-geral de sócios. A publicação inclui os artigos da Nineth International

Conference on Information Systems Development, ISD 2000.

Costa, C.; Antunes, P. & Dias, J.; (2000) C. Costa, P. Antunes, and J. Dias, "Organisational Integration of

Meeting Results" in P. Ghodus & D. Vandorpe, (Eds.) Avances of Concurrent Engineering, Technomic

Publishing Co. Inc., 2001. ISBN: 1-58716-033-1

Neste artigo é apresentada a análise de géneros e é aplicada ao caso de reunião de

direcção, sendo dado ênfase ao aspecto dos géneros de apoio a reunião, aí designados

por géneros contextuais. A publicação inclui os artigos da Seventh ISPE International

Conference on Concurrent Enineering: Research and Applicatins; 2000.

114

BASEADOS EM GÉNEROS

VI. CONCEPÇÃO E REALIZAÇÃO DE SISTEMAS BASEADOS EM GÉNEROS

Com o propósito de provar a operacionalidade e eficácia dos conceitos e

abordagens propostas nos capítulos IV e V é apresentada aqui uma plataforma

computacional de suporte a géneros de reunião. Esta plataforma foi aplicada nos

seguintes casos: (a) Assembleias Gerais de clientes de uma empresa de contabilidade,

(b) reuniões de marketing, (c) reuniões de estratégia.. É ainda reportada a utilização da

plataforma para apoio a reuniões de ponto de situação em que o processo é ainda

apoiado por PDA. Neste capítulo é ainda reportada a tentativa de aplicação a uma

empresa virtual, que permitiu fazer levantamento de requisitos para concepção da

própria plataforma. Finalmente é apresentada uma aplicação da abordagem à posteriori,

isto é, não para planear e estruturar os dados de uma reunião a realizar mas para

estruturar os dados de uma reunião já realizada. Neste caso foram utilizados como dados

de base o texto correspondente às intervenções dos deputados na Assembleia da

República. Uma vez estruturado o material foi ainda avaliada a utilização do relatório

resultante.

1. Descrição de Plataforma

Com o propósito de provar a operacionalidade e eficácia dos conceitos e

abordagens propostas nos capítulos IV e V é apresentada aqui uma plataforma

computacional de suporte a géneros de reunião.

A plataforma aqui proposta corresponde a um sistema com o qual interagem

analistas, facilitadores e participantes, para apoiar no planeamento, direcção e

participação em reuniões. O sistema é ainda composto por dois subsistemas designados

respectivamente por GSG (Géneros e Sistema de Géneros) e EMS (de Electronic

Meeting Systems ou seja Sistema de Apoio a Reunião).

115

BASEADOS EM GÉNEROS

O diagrama de casos de uso deste sistema está representado na Figura 45.

O primeiro actor representado no diagrama é o analista. Este faz a recolha de

informação junto dos utilizadores, identificando os géneros de comunicação utilizados.

Em seguida vai introduzir no sistema os seguintes dados: géneros de comunicação,

sistemas de géneros, estrutura de sistema de géneros, decomposição e especialização

entre sistemas de géneros, relação de suporte ou produção entre géneros e sequenciação

entre géneros de comunicação..

Sub-Sistema EMS

Sub-Sistema GSG

Sistema

Analista

Definir género

Definir sistemade géneros

sequenciar géneros

Facilitador

Participante

Planear

Dirigir

Participar

Estruturar sistmade géneros

Decopor/especializar sistemas géneros

Definição de suporte e/ou produção

Seleccionar sistema de géneros

«uses»

116

Figura 45 - Diagrama de Casos de uso do sistema evidenciando os subsistemas GSG e EMS

BASEADOS EM GÉNEROS

O segundo actor identificado é o Facilitador. Na fase anterior à reunião o

facilitador faz o planeamento, sequenciando as tarefas a ser realizadas durante a reunião.

Na fase de direcção de reunião, o facilitador faz intervir os participantes, inicia a

reunião, inicia as actividades e termina as actividades.

Os participantes intervêm, introduzindo no sistema a sua participação de acordo

com os tipos de tarefas definidas pelo facilitador.

A interacção entre os actores e sistema é descrita através dos seguintes casos de

uso: definir género, definir sistema de géneros, estruturar géneros, ligar sistemas de

géneros, planear, dirigir e participar.

Casos de uso Definir género - definir nome, propósito e forma de género de comunicação Definir sistema de géneros

- definir nome, propósito e forma de sistema de género

Estruturar sistema de géneros

- agrupar género em sistema de géneros

Decompor/especializar sistema de géneros

- estabelecer relações por decomposição - estabelecer relação por especialização

Definir relação de suporte e ou produção entre géneros

- identificar relações de produção entre género principal e apoio - identificar relação de apoio entre género de apoio e principal

Sequenciar géneros - identificar sequência de género Planear - criar agenda, introduzindo objectivo e local

- seleccionar sistema de géneros de entre os sistemas de géneros existentes - adicionar informações complementares aos géneros de comunicação - identificar participantes - criar participações

Dirigir - iniciar participante - parar participante - iniciar reunião - iniciar passo - parar passo - parar reunião

Participar - gerar ideias - organizar ideias - avaliar ideias (votar, ordenar,...)

Figura 46 - Descrição dos Casos de Uso

2. Subsistema GSG (Géneros e Sistema de Géneros)

O subsistema GSG (Géneros e Sistemas de Géneros) apoia os analistas na análise

de géneros, sendo composto por bases de dados onde se armazenam os dados referentes

aos géneros de comunicação e sistemas de géneros recolhidos pelos analistas.

117

BASEADOS EM GÉNEROS

O género de comunicação é caracterizado por propósito. Outra das suas

características é a forma. Porém, esta corresponde a um conjunto de atributos. O sistema

tem ainda dois tipos de géneros: principais e apoio. Os géneros principais organizam-se

numa sequência. Os géneros encontram-se ainda estruturados, ou agrupados, em

sistemas de géneros, que podem por sua vez ser decompostos ou especializados em

outros sistemas de géneros.

-Propósito-Usado-Produzido-Local-Frequência

Género

-IdSistema-Propósito do sistema-Utilizadores-Frequência

Sistema de Géneros

Género Contexto Genero Principal

-IdDependência-Tipo de dependência

Dependência

-Designação

Estrutura

* *

-IdApoio-Tipo de apoio

Apoio

* *

-Designação

Sequência

*

*

-Designação-Tipo de forma-Produzido-Usado-Repetição-Sequência

Forma

Tipo de apoio =base, suporte, envolvente, produção Tipo de dependência =decomposição, especialização Tipo de elemento = mime type

Figura 47 - Diagrama de Classes do Subsistema GSG

Após transposição e optimização foi obtido o seguinte esquema relacional:

Sistema de Géneros (IdSistema, Propósito, Utilizadores, Frequência) Dependência (IdLigação, Tipo de dependência, IdSistemaPai, IdSistemaFilho) Estrutura (IdEstrutura, Designação, IdGénero, IdSistema) Género (IdGenero, Propósito, Produtor, Utilizador, Local Frequência, Tipo) Forma (IdGénero,IDElemento, Descrição, Sequência, Tipo, Produzido, Utilizado, Repetição) Sequência (IdSequência, Designação, IdGéneroAnterior, IdGéneroPosterior) Apoio (IdApoio,IdGeneroPrincipal, IdGéneroApoiado, tipo de apoio)

118

BASEADOS EM GÉNEROS

O interface com o utilizador é feito através dos seguintes ecrãs (forms):

- Criação de sistemas de géneros

- Decomposição/especialização de sistema de géneros

- Criação de géneros

- Ligação entre sistema de géneros e géneros

- Sequência de géneros

- Apoio a géneros

Uma vez identificado o sistema de géneros, este apresenta um conjunto de

características ou atributos, tais como o propósito, frequência e pessoas envolvidas

(Figura 48). Refira-se ainda que todos os ecrãs têm os seguintes botões: procura,

navegação para registo anterior, navegação para registo seguinte, introdução de novo

registo e saída para menu anterior.

Figura 48 - Ecrã de Sistema de Géneros

A abordagem definida anteriormente e aqui adoptada é do tipo top-down, partindo

dos sistemas de géneros mais globais passando então para os sistemas de géneros mais

específicos. Esse processo realiza-se por decomposição ou especialização, como foi

descrito atrás. Consequentemente, no ecrã da Figura 49, o utilizador coloca o tipo de

dependência (decomposição ou especialização) e em seguida o sistema géneros global,

isto é, aquele que vai ser decomposto ou especializado, seguido do sistema de géneros

específico.

119

BASEADOS EM GÉNEROS

Figura 49 - Ecrã de decomposição e especialização de Sistema de Géneros

Após se terem identificado os sistemas de géneros, há que identificar quais são os

géneros que os compõe. Através do ecrã de Géneros de Comunicação (Figura 50) o

utilizador introduz os dados correspondentes aos atributos dos géneros, bem como as

características associadas que compõe o género. Cada um dos elementos que compõe o

género (correspondente a um registos na tabela Forma), vai apresentar uma sequência.

Por exemplo, numa carta seria composta nomeadamente pelos seguintes elementos:

endereço, data, abertura, corpo, fim e assinatura.

Figura 50 - Ecrã de Géneros de Comunicação

120

BASEADOS EM GÉNEROS

A análise de géneros de comunicação e de sistema de géneros só está completa

quando se identificam as ligações entre um sistema de géneros e os géneros de

comunicação que o compõe. É o que se faz através do ecrã apresentado na Figura 51.

Nesse ecrã, o utilizador começa por seleccionar o sistema de géneros de entre o

repertório de sistemas de géneros que entretanto já tem. Em seguida liga a esse sistema

de géneros os géneros de comunicação que o compõe. De referir ainda que cada ligação

entre o sistema de géneros e cada um dos géneros de comunicação pode ser

caracterizado, nomeadamente com uma designação ou nome. Este atributo poderá ainda

ser mais sofisticado, porem o seu estudo particular não foi objecto da investigação

reportada no presente documento.

Figura 51 - Ecrã de Estrutura de Géneros

Uma das características que distingue um sistema de géneros de um repertório de

géneros é o facto de existir uma ligação entre os géneros de comunicação que compõe o

sistema de géneros. Este facto poderá traduzir-se nomeadamente numa relação de

121

BASEADOS EM GÉNEROS

precedência. Na Figura 52 está representado o ecrã em que o utilizador coloca a

sequência de géneros, colocando o respectivo nome ou designação, o género de

comunicação precedente e o que o segue.

Figura 52 - Ecrã de Sequência de Géneros de Comunicação

No capítulo V, foram identificados dois tipos de géneros numa reunião: principais

e de contexto. Os segundos caracterizam-se por fornecer apoio que poderá ser "base",

"suporte" e "envolvente" (veja-se Figura 47). Poderá ainda existir uma relação de

produção entre um género principal e um género de apoio.

Figura 53 - Ecrã de Géneros de Apoio e Produção de Géneros

122

BASEADOS EM GÉNEROS

O sistema de géneros, bem como a sequência entre os géneros de comunicação

pode ainda ter um interface gráfico (como se pode ver na Figura 54).

Figura 54 - Ecrã Mostrando o Sistema de Géneros e Sequência entre Géneros

Como se pode ver na Figura 54, para além da sequência entre os géneros de

comunicação de um mesmo sistema de géneros (representados com setas sem letras),

podem ainda ser definidas ligação entre géneros de apoio e géneros principais,

representado pelas setas com a letra "s". Existe ainda ligações que correspondem a

relações de produção entre géneros principais e géneros secundários, representados com

um "p".

As cinco caixas apresentadas no lado direito representam os géneros principais.

No lado esquerdo, encontram-se representadas seis géneros contextuais, agrupados em

três caixas com a etiqueta "c".

Em suma, as setas poderão representar:

- sequências entre géneros (tal como na Figura 52);

123

BASEADOS EM GÉNEROS

- relação de apoio entre géneros de apoio e géneros principais (tal como na

Figura 53);

- relação de produção entre género principal e género de apoio (tal como na

Figura 53).

Por sua vez, cada caixa representa um género de comunicação. Para fazer a

selecção ou alteração do género de comunicação representado por cada caixa é utilizado

um combo-box ("caixa de combinação"), com o qual o utilizador selecciona o género de

entre o repertório existente.

3. Subsistema EMS (Electronic Meeting System)

Tal como o seu nome indica, o Subsistema EMS (Electronic Meeting Systems -

Sistema de apoio a Reuniões) é um Sistema de Apoio a Reuniões. Sendo assim, existem

grandes semelhanças entre esta estrutura de dados e as estruturas de dados de outros

sistemas de apoio a reuniões. As diferenças resultam fundamentalmente de se procurar

acomodar os géneros de comunicação e sistemas de géneros identificados atrás, no

sistema de suporte à análise de géneros e sistema de géneros (GSG).

Com vista a apoiar reuniões numa organização, o sistema permite fazer

manutenção de informação sobre participantes potenciais.

Cada participante pode fazer várias intervenções. Por sua vez, as intervenções

podem ser de vários tipos (ideias, votos ou ligação entre ideias).

Cada reunião tem uma agenda. Por sua vez, cada agenda tem vários passos, que

agrupam diversas intervenções.

124

BASEADOS EM GÉNEROS

-IdAgenda-Objectivo-Local-Estado

Agenda

-IdPasso-Objectivo-Propósito-Descrição-Estado-Tipo de Tarefa

Passo

-IdIntervenção-Data-Descrição-Participante

Intervenção

-IdContexto-Propósito-Forma-Produzido por

Contexto

-Descição

Ligação

-Conteúdo

Ideia

-Valor

Voto

Contem

-Tipo de Apoio

Suporte

*

*

-IdParticipante-Tipo Participante-Informações

Participante

Participa

Estado=activo, suspenso, terminado Tipo de Tarefa = gerar, avaliar, organizar

Figura 55 - Diagrama de Classes do Subsistema EMS

O esquema relacional implementado e correspondente ao diagrama de classes

identificado é o seguinte:

Participante (IdParticipante,Tipo Participante, Informações, Estado) Agenda (IdAgenda, Objectivo, Local, Estado) Passo (IdAgenda, IdPasso, Objectivo, Propósito, Descrição, Estado) Contexto (IdContexto, Propósito, Forma, Produzido por) Suporte (IdSuporte, Tipo de Apoio, IdAgenda, IdPasso, IdContexto) Intervenção (IdIntervenção, Data, Descrição, Participante, Tipo) Ligação (IdIntervenção, Descrição) Ideia(IdIntervenção, Conteúdo, IdLigação) Voto(IdIntervenção, Valor, IdIdeia)

A Interface com o utilizador é feita através dos seguintes ecrãs, que vão permitir

fazer a manutenção das tabelas das bases de dados representadas atrás:

- No primeiro ecrã são feitas as seguintes operações: criação de agenda,

identificado a descrição, data de realização e local, criação de passo a partir de

género de comunicação principal, criação de contexto a partir de género de

comunicação de apoio e criação de suporte a partir do apoio fornecido pelos

géneros de apoio aos géneros principais;

- Edição e alteração de passo;

125

BASEADOS EM GÉNEROS

- Edição e alteração de contexto;

- Edição e alteração de suporte;

- Criação de participante;

O primeiro ecrã aqui referido está apresentado na Figura 56. Nele se pode ver que

o facilitador ao planear a reunião vai colocar a designação da reunião, a data e o

propósito. Em seguida selecciona um dos sistemas de géneros previamente definidos.

Por fim pressiona o botão de selecção.

Figura 56 - Ecrã de Criação de Agenda

Os dados dos géneros de comunicação principais são utilizados para actualizar os

dados dos passos da agenda.

Os dados dos géneros de comunicação de apoio são utilizados para actualizar os

dados de contexto. O mesmo acontece em relação ao apoio fornecido pelo género de

apoio que vai actualizar os dados de suporte.

O facilitador ao pressionar o botão de selecção está a fazer correr o processo

representado no digrama de actividades da Figura 57.

126

BASEADOS EM GÉNEROS

Criar Agenda

Seleccionar Sistema deGénero

Incrementar sequênciade género

Actualizar Objectivos de Contextocom propósitos de género secundário

Actualizar Objectivos de passo compropósitos de género principal

Actualizar tipo de suporte comtipo de apoio

Figura 57 - Diagrama de actividades associado ao botão select

Para além do ecrã em que se faz a actualização dos dados da agenda a partir da

informação armazenada relativa ao sistema de géneros seleccionado e aos géneros de

comunicação correspondentes, há ainda a possibilidade de o facilitador fazer

ajustamentos ao planeamento editando e alterando os passos, contexto e suporte. Existe

ainda um ecrã para manutenção dos dados de participantes e de participação.

O subsistema EMS foi implementado com dois módulos:

1) O módulo de planeamento e facilitação;

2) O módulo de participação.

O módulo de planeamento facilitação foi implementado em Windows,

apresentando por isso um interface idêntico ao do subsistema GSG.

O módulo de participação foi concebido de modo a permitir uma interface Web

(Figura 58).

127

BASEADOS EM GÉNEROS

Figura 58 - Ecrã dos participantes.

Seguidamente, são descritos quatro casos que ilustram a aplicação da plataforma.

4. Aplicação

a) Caso A: Assembleias-gerais

Neste segundo caso é apresentado o resultado da utilização da plataforma em

assembleias-gerais de pequenas empresas clientes de uma firma de contabilidade. De

entre as empresas analisadas no caso B foram feitas utilizadas três empresas, tendo-se

realizado 5 reuniões, durante o ano 2000, 3 referentes a aprovação de contas e duas

referentes a aumento de capital social e respectiva redenominação para Euros.

Com vista a avaliar a plataforma analisou-se em que medida:

- o sistema fornecia apoio na fase de análise;

- o sistema fornecia apoio na fase de reunião;

- o sistema produzida resultados.

Seguidamente, é reportada a utilização da plataforma, sendo avaliando o seu apoio

ao nível da fase de análise de reunião, apoio ao processo de reunião e resultados

produzidos pela reunião.

128

BASEADOS EM GÉNEROS

I. Apoio à análise

O sistema anteriormente descrito foi usado numa pequena firma de contabilidade,

com o propósito de apoiar assembleias-gerais anuais (AGA) e reuniões gerais

extraordinárias (AGE). Neste contexto foi produzido o repertório de géneros e sistemas

de género. Este repertório de géneros foi obtido entrevistando os contabilistas e também

consultando legislação.

A Figura 59 mostra o sistema de géneros correspondente à aprovação de contas.

Como géneros contextuais foram utilizados o Balanço, Demonstração de Resultados e

relatório de gestão (genericamente abreviados para B & DR).

DiscutirContas

Discussão

AprovarContas

Voto

apresentação

Script dediscussão

Resultado davotação

Discussão Discussão Lista deopções

B & DR

Discussão

B & DR

B & DR

Votação Escolha Instruções

B & DR

Relório dareunião

ResultadoAgenda

Apresentação Apresentação

B & DR

Contexto

Reunião

Figura 59 - Implementação de um sistema géneros AGM

II. Apoio a reunião

O sistema de géneros apresentado anteriormente, e referente a aprovação de

contas foi utilizado em três reuniões. Também foi utilizado outro sistema

correspondente a alteração de capital social, esse em duas reuniões.

129

BASEADOS EM GÉNEROS

Figura 60- Agenda e Discussão

A plataforma apresentada tem como grande vantagem a sugestão de resultados

possíveis.

Os sócios acharam interessante o acesso à informação disponibilizada, porém,

comentaram que caso se tivesse acesso a legislação e mais dados históricos da empresa

o processo de decisão poderia sair melhorado.

III. Produção de resultados e Interface com outros processo

O sistema teve como resultados da reunião: produção de instruções,

"comprometimentos" , para além da habitual acta.

Os contabilistas alertaram para o perigo de excessiva "Taylorização", caso o

sistema seja demasiado automatizado. Foi ainda sugerido que os resultados da reunião

fossem colocados no sítio de Internet da empresa de contabilidade de forma a ser

acessíveis mediante autorização pelos clientes.

b) Caso B: Marketing e Publicidade

Neste segundo caso é apresentado o resultado da utilização da plataforma para

apoio a processos de publicidade e promoção de um empreendimento imobiliário de

cerca de 20 milhões de Euros.

De forma a testar a plataforma, foram realizadas três reuniões electrónicas, em

2000.

130

BASEADOS EM GÉNEROS

As reuniões em causa tiveram como participantes, sete pessoas com diferentes

formações, qualificações e estatutos nas empresas envolvidas.

Foram ainda tentadas reuniões de orçamentação, escolha de materiais e

desenvolvimento de memórias descritivas.

Com vista a avaliar a plataforma analisou-se em que medida:

- o sistema fornecia apoio na fase de análise;

- o sistema fornecia apoio na fase de reunião;

- o sistema produzida resultados.

Cada um destes aspectos é analisado seguidamente.

I. Apoio à análise

O sistema permitiu apoiar o desenho de processo de concepção de material

publicitário (prospectos, anúncios jornal, outdoors). Este processo traduziu-se no

sistema de géneros representado na Figura 61.

SloganGerarideias

EscolhaVoto

Problema

Script dediscussão

Resultado davotação

Tarefas Discussão Lista deopções

Imagem

Lista deslogans

Imagem

Imagem

Votação Escolha Instruções

Imagem

Relório dareunião

ResultadosAgenda

Apresentação Apresentação

Problema

Contexto

Reunião

Figura 61 - Implementação de um sistema de género Slogan

131

BASEADOS EM GÉNEROS

Ao contrário do caso anterior em que o mesmo sistema de géneros deu origem a

várias reuniões idênticas, aqui um sistema de géneros foi repartido, dando origem a um

conjunto de três reuniões sequenciais:

- A primeira reunião foi uma reunião de geração de ideias;

- A segunda reunião foi uma reunião de avaliação;

- A terceira reunião foi uma reunião de discussão e definição de acções a

realizar.

II. Apoio a reunião

Na Figura 62 podem ser vistos os ecrãs correspondentes à agenda ou ordem de

trabalhos e o ecrã utilizado pelo participante na geração de ideias de slogans.

O ecrã utilizado para apoio à geração de ideias mostra, no lado esquerdo, as

intervenções dos participantes, enquanto que no lado direito os participantes têm acesso

à documentação de apoio, que neste caso é um conjunto de imagens relativas ao

empreendimento.

Figura 62 – Reunião de Marketing

A agenda, que inicialmente se destinava a apenas uma reunião, serviu para três

reuniões.

A possibilidade de utilização do sistema em ambiente disperso no tempo e espaço

permitiu que se realizasse a primeira reunião de geração de ideias de slogan.

São ainda de notar os seguintes aspectos referentes ao funcionamento das

reuniões:

- O slogan escolhido não correspondeu ao mais votado

132

BASEADOS EM GÉNEROS

- O apoio a processo de geração de ideias associado a criatividade foi

identificado como eventualmente uma ameaça pelos Criativos.

- algumas dificuldades resultantes de colocar ao mesmo nível pessoas com status

profissionais diferentes (engenheiros, arquitectos, designers, financeiros,

técnicos de marketing).

III. Produção de resultados e Interface com outros processo

Os resultados traduziram-se no seguinte:

- lista de slogans ordenadas de acordo com as preferências dos intervenientes na

reunião de avaliação;

- lista de acções a realizar.

Houve alguma dificuldade em integração dos resultados por os processos

seguintes não estarem claramente definidos, pelo que se adicionou uma fase da reunião

que se traduziu na geração de tarefas a realizar.

c) Caso C: Estratégia

Apesar de ter havido uma boa receptividade, o processo de apoio a planeamento

estratégico descrita no capítulo V (Caso 4) não se concretizou.

No entanto surgiu a oportunidade de realizar reuniões englobadas no processo

estratégica de uma nova empresa, também de pequena, mas do sector da informática.

Trata-se de uma empresa que estando na área de prestação de serviços informáticos, via

aumentar significativamente os seus custos, e apesar de apresentar uma carteira de

pessoal especializado, necessitava de alargar a sua base de clientes, o que levava à

necessidade de eventualmente alargar o leque de serviços prestados.

As reuniões realizadas envolveram os 2 sócios da empresa e 2 pessoas externas,

sendo um contabilista e outro engenheiro. Foram realizadas três reuniões no ano de

2001.

Tal como nos casos anteriores, a análise da aplicação da plataforma é feita

avaliando o apoio dado por esta na fase de análise, apoio a reunião e produção de

resultados.

133

BASEADOS EM GÉNEROS

I. Apoio à análise

O sistema permitiu facilitação o desenho de processo de planeamento estratégico

que demoraria muito tempo e discussões.

O processo estratégico limitou-se a três reunião 1) reunião de geração de ideias

de negócio 2) reunião de avaliação 3) reunião para definir as acções a desenvolver

(Figura 63).

Actividadesa

desenvolver

Gerarideias

EscolhaVoto

Problema

Script dediscussão

Resultado davotação

Tarefas Discussão Lista detarefas

Descriçãodo

problema

Lista deactividades

Descriçãodo

problema

Descriçãodo

problema

Votação Escolha Instruções

Descriçãodo

problema

Relório dareunião

ResultadosAgenda

Apresentação Apresentação

Problema

Contexto

Reunião

Figura 63 - Implementação de um sistema de género Estratégia

II. Apoio a reunião

Tal como no caso anterior (caso B - Marketing e Publicidade), foi desenvolvida

uma única agenda que originou três reuniões. E também tal como nesse caso, o sistema

possibilitou a realização de reuniões pelo facto de permitir que essas se realizasse em

ambiente disperso no tempo e espaço

134

BASEADOS EM GÉNEROS

Figura 64 – Reunião de Estratégia

III. Produção de resultados e Interface com outros processo

O sistema apoiou a geração dos seguintes tipos de resultados:

- listas de ideias;

- lista ordenadas de ideias;

- acções a desenvolver para implementar ideias escolhidas.

Os dois primeiros resultados foram utilizados para transferir informação entre as

três reuniões que concretizam o sistema de géneros.

As acções a desenvolver foram aceites e concretizaram-se em actividades a ser

marcadas nas agendas pessoais dos intervenientes.

d) Caso D: Integração de EMS com PDA

Este caso descreve a extensão da plataforma para permitir desenvolver interface

entre EMS e PDA. Aqui também se ilustra a utilização da plataforma para apoio a

reuniões informais (reuniões de ponto da situação), realizadas com periodicidade

tipicamente semanais numa de firma de contabilidade. O sistema foi utilizado em

reuniões de 2 a 4 pessoas.

Foi ainda desenvolvido um sistema de apoio à integração entre sistema de apoio a

reunião e PDA.

135

BASEADOS EM GÉNEROS

De forma a fazer a concepção do sistema foi feita uma entrevista a diverso

intervenientes em reuniões semanais de ponto da situação. Verificou-se que a primeira

reacção dos indivíduos consistia em dizer que os tópicos de uma reunião de ponto da

situação variavam muito de reunião para reunião. Deste modo, foi pedido que

procurassem ter uma perspectiva global e abrangente, procurando encontrar, na medida

do possível a ordem de trabalhos seguida em todas as reuniões, ou pelo menos aquela

que seria seguida na generalidade das situações. Daí resultou o desenho do sistema de

géneros representado na Figura 65.

Discussãode

Actividades Discussão

Re-calendarização

Geraractividades

apresentação

Script dediscussão

NovoCalendário

Contexto

Atribuiçãode Tarefas

Atribuir actividadesa pessoas

Calendárioatribuido

Lista de actividadesrealizadas

Lista de actividadesnão realizadas

Revisão deCalendário Escolha Instruções

Calendário

Lista de actividadesnão realizadas

Lista de actividadesrealizadas

Discussão

Lista de actividadesnão realizadasLista de actividades

realizadasDiscussãoNovo Calendário

Lista de actividadesnão realizadasLista de actividades

realizadasDiscussãoNovo Calendário

ReuniãoResultadoAgenda

Apresentação Apresentação

B & DR

Figura 65 - Implementação de um sistema de género Reunião de Ponto da situação

Após eliminação de uma das fases que consistiria na atribuição de actividades aos

participantes, bem como do passo inicial (apresentação), resultou a ordem de trabalhos

(ou agenda) da Figura 66.

136

BASEADOS EM GÉNEROS

Figura 66 - Ordem de trabalhos de reunião de ponto da situação

A primeira fase da ordem de trabalho consiste na discussão. Esta fase não é

tipicamente apoiada pela generalidade dos EMS. Por isso optou-se por utilizar uma

ferramenta semelhante ao chat (lado esquerdo do ecrã da Figura 67) ao que foi

adicionada informação complementar (lado direito do ecrã da Figura 67). Nesta

informação complementar inclui-se:

- lista de tarefas realizadas;

- lista de tarefas não realizadas;

- detalhes da discussão, uma vez que no lado esquerdo se apresenta apenas as

últimas linhas.

Figura 67 - Discussão

A segunda fase da reunião consiste no agendamento, o que se traduz em adicionar

tarefas à lista das tarefas por concluir.

137

BASEADOS EM GÉNEROS

Os utilizadores que fazem o agendamento devem escrever utilizando uma

estrutura frásica constante. Este facto deve-se à necessidade de ter os dados

devidamente estruturados para serem armazenados na tabela da base de dados do PDA.

Este facto decorre da utilização de uma gramática rudimentar, obrigando o

utilizador a escrever sempre com a mesma estrutura frásica:

<data> <","> <pessoa> <tarefa> <","> <prioridade> <","> <recurso utilizado>

Os dados assim estruturados podem mais facilmente ser desagregados (através do

"parsing") e guardados em registos de tabelas de bases de dados.

Figura 68 - Planeamento

O processo de decisão no caso de reuniões de ponto de situação consiste

basicamente em rever as actividades. Este processo pode ser feito, recorrendo a várias

formas de participação. Nesse âmbito podem ser identificados, entre outros, os

seguintes cenários:

- O facilitador (ou um dos participantes na reunião) pode mostrar os dados num

monitor do computador e ir eliminado (ou aceitando) as tarefas através de

aceitação dos participantes envolvidos na tarefa;

- Um participante, o chefe, pode fazer a revisão e ir aceitando ou não as tarefas;

- Através do voto secreto são avaliadas todas as tarefas.

138

BASEADOS EM GÉNEROS

Figura 69 - Decisão

Em seguida deve ser feita a conversão de dados entre EMS e o PDA, o que se

traduz em:

- desagregação da lista de tarefas em função dos destinatários;

- parsing das frases para que a informação possa ser armazenada na base de

dados do PDA;

- converte de Base de dados de EMS para ficheiro PDA;

- Sincronização.

No que diz respeito ao PDA foi utilizado software de que os utilizadores tinham

maior familiaridade:

- Date Book do Palmpilot (http://www.palm.com);

- Um sistema de base de dados baseado no DB de Tom Dyas (http://pilot-

db.sourceforge.net).

Foi ainda utilizada a verão GNU de conversor de bases de dados (http://palm-db-

tools.sourceforge.net), bem como o conversor entre texto e eventos de calendário da

Palmpilot (http://www.netcom.com/~venkman1). Este conversor é utilizador

indirectamente através de uma rotina de Perl que manipula os dados e invoca o

conversor quer para fazer a conversão PDA para EMS quer no sentido inverso.

139

BASEADOS EM GÉNEROS

Figura 70 - Lista de tarefas a realizar e edição de tarefa a realizar

A conversão dos dados do EMS para o PDA corresponde aproximadamente ao

processo simétrico da conversão do PDA para EMS. Existe apenas uma pequena

diferença que resulta de:

- agregação dos ficheiros, em vez de desagregação da lista de tarefas em função

dos destinatários;

- não é necessário fazer o parsing das frases para que a informação possa ser

armazenada na base de dados do PDA.

De forma a avaliar o protótipo foi pedido a quatro pessoas que utilizassem o

sistema e que respondessem às seguintes questões:

_________

1.1. Para que utiliza o PDA? 1.2. Que ferramentas (SW) utiliza no PDA? 1.3. Que funcionalidades adicionais acha que o PDA deveria ter? 2.1. Em que contexto e com que objectivos utilizou o EMS? 2.2. Qual a sua opinião do EB? 2.3. Qual a sua opinião do VO? 2.4. Qual a sua opinião das restantes ferramentas do EMS (GO, TC)? 3. Qual a sua opinião do sistema para apoiar o briefing, nomeadamente no que diz respeito a: apoio à fase de discussão durante um briefing apoio à calendarização durante o briefing apoio à decisão durante o briefing 3.1. Qual a sua opinião sobre a conversão PDA2EMS?

140

BASEADOS EM GÉNEROS

3.2. Qual a sua opinião sobre a conversão EMS2PDA? 3.3. Qual a opinião geral sobre do sistema? 3.4. Que melhorias introduziria no sistema?

_______

Como resultado das repostas às questões apresentadas anteriormente, foram

identificados diversos aspectos relevantes. Dos principais aspectos a reter há que

considerar:

- Necessidade de melhoria da interface do EMS, sobretudo das páginas de Web;

- Na fase de discussão existe a necessidade de "adicionar algumas

funcionalidades, para apoiar a interacção entre participantes para além de

texto", tendo sido sugerido nomeadamente a utilização de uma "ferramenta de

desenho, para se fazerem esquemas";

- Necessidade de utilização de um sistema de partilha de ideias seja com touch

screen, "Smartboard" ou "e-beam";

Especificamente, na fase de geração de ideias, foram sugeridos as seguintes

formas de interacção por ordem decrescente de importância:

- "se possível utilizar sistema oral"

- "utilização de combo-box, de forma a permitir uma interacção mais fácil,

sobretudo quando estão em causa aspectos repetitivos, algo bastante comum

em reuniões semanais";

- "espaço para escrever frases colocando uma caixa de texto para cada palavra";

- "utilização de espaço livre para escrita de frases completas apenas como último

recurso";

Sugeriu-se ainda que a utilização de um mecanismo sofisticado de parsing seria

"desnecessário e demasiado complexo".

De referir que num projecto anterior tentando na empresa, foi adquirido um

sistema comercial de reconhecimento de voz, que se este mostrou-se ineficaz para

ambiente de reuniões, devido ao facto deste ser demasiado personalizado e não

identificar a voz de todos os utilizadores quando estes participam em simultâneo o

sistema.

No que diz respeito ao apoio do sistema à decisão durante as reuniões os

utilizadores fizeram os seguintes comentários:

- "a votação talvez não seja a melhor forma de decisão, mas é um elemento

importante, ex. quando é necessário que alguém esteja envolvida na realização

141

BASEADOS EM GÉNEROS

de uma tarefa é necessário que essa pessoa se comprometa a realizar a tarefa

independentemente da opinião dos outros participantes na reunião."

- "quando há questões de responsabilidade da decisão em causa, quem é

responsável é que deve tomar a decisão."

- "Em situações colegiais, talvez funcione, mas é preciso ter cuidado para não

tornar o processo moroso".

Em relação a aspectos gerais é de considerar que:

- "A componente EMS continua a ser a mais difícil de implementar (não numa

perspectiva de desenvolvimento mas de utilização), uma vez que as reacções

(negativas) dos utilizadores são grandes."

- "O PDA é utilizado com maior ou menor frequência pelos diversos

utilizadores, criando-se uma certa relação de afectividade."

- "É necessário melhorar a estrutura da página do EMS.", tais como "escolha

das cores", "disposição de funcionalidades".

- A ligação EMS com PDA "permite poupar tempo na actualização de

informação proveniente da reunião". Outro utilizador refere que se "poderia

generalizar a outras ferramentas, tais como agenda em desktop (ex.: Outlook)

ou ferramentas de gestão de projecto (MS Project).

- "A ligação do PDA com EMS permite objectivar a reunião. Porém não se deve

limitar a fonte de dados ao PDA".

- A agenda ("Ordem de trabalho") é um documento fundamental para apoiar as

reuniões.

Foram ainda apresentados diversas sugestões de melhoramento, nomeadamente

no que diz respeito à difusão de resultados:

- "enviar dados via SMS." Mas foi ainda referido que "Este aspecto é preciso ser

encarado com cuidado devido aos preços" (e respectiva repercussão em termos

de custos).

- "utilizar IR para comunicação entre PDA durante a reunião".

- "utilizar base de dados ou bloco de notas de modo a guardar as actas da

reunião. Desta forma, com menor esforço existe a possibilidade de,

rapidamente, se verificar o que se discutiu na reunião anterior".

142

BASEADOS EM GÉNEROS

- "colocar as ordens de trabalho on-line para se fazer o carregamento quando

necessário".

- Outro aspecto muito importante a considerar seria o refinamento do sistema,

eliminando bugs e limitações, nomeadamente resultantes dos limitados

desempenhos da plataforma utilizada.

Concluindo, verificou-se que:

- Foi utilizado uma abordagem de análise de géneros e uma plataforma;

- A plataforma descrita no início do capítulo foi estendida para o caso de

utilização de PDA

- Os utilizadores sugeriram novas utilizações.

- A utilização do sistema permitiu sugestão de tecnologias, artefactos ou géneros

- O sistema foi utilizado com facilidade, sendo os resultados das reuniões

incorporados nas agendas dos intervenientes;

A partir destes resultados pode-se inferir que:

- Abordagem e plataforma foram bem compreendida;

- Abordagem e plataforma foram aceites e adoptadas;

- A plataforma pode ser estendida, podendo ser uma base para desenvolvimento

de novas aplicações.

e) Caso E: Incorporação de Reunião Apoiada por EMS em Organização Virtual

Ao contrário dos casos anteriores, este caso foi analisado antes de se ter

implementado o sistema descrito. Este caso tem particular interesse, não tanto pelas

reuniões, e tentativas de reuniões realizadas mas antes pelo facto de permitir contribuir

para a concepção do próprio sistema.

Aqui analisa-se a organização virtual correspondente a um grupo de promoção e

discussão artística. Este grupo tem como missão a promoção de actividade cultural.

A organização virtual materializa-se no site de Web e nos endereços de correio

electrónico dos membros.

143

BASEADOS EM GÉNEROS

O objectivo consistiu em estabelecer uma ligação fluida entre os resultados das

reuniões formais e as restantes componentes da organização virtual.

Decisões Acções Documentos

Manifesto Correio Agenda Organização Galeria

Página de rosto

Actas

Figura 72– Estrutura Lógica do Sitio

Através da análise do site foram identificados os seguintes géneros digitais:

- Página de rosto – Apresentação da organização;

- Manifesto – Apresentação da Missão, Objectivos e Estratégia;

- Fórum – Local de discussão de temas propostos;

- Correio – Lista de endereços

- Agenda – Lista de eventos promovidos e a promover

- Organização - Membros pertencentes à organização e participantes em cada

reunião.

- Actas – Relatórios detalhado das reunião formais

- Decisões – Lista de deliberações tomadas nas reuniões

- Acções – Decisões que se traduzem em tarefas a realizar, identificando os

responsáveis e datas

- Documentos – Repositório de orçamentos, programas e outros documentos em

formato XLS, DOC, etc.

- Galeria – Lista de trabalhos dos membros

No quadro da figura que se segue são descritos de forma resumida os propósitos e

estrutura dos géneros identificados.

144

BASEADOS EM GÉNEROS

Género Propósito Estrutura Página de rosto Apresentação da organização Logótipo de Apresentação

Índice Geral Manifesto Apresentação da Missão, Objectivos e

Estratégia 3 parágrafos: Missão, Objectivos, Estratégias

Fórum Local de discussão de temas propostos Lista de intervenções em form e ligação a CGI

Correio Permitir ligação com grupo Lista de endereços Agenda Informar sobre actividades a

desenvolver Lista de eventos promovidos e a promover

Organização Partilha de informação organizativa entre elementos da direcção

Informação Interna da direcção Acesso limitado

Actas Informar sobre reuniões Lista de relatórios detalhado das reunião formais

Decisões Mostrar resumidamente as decisões tomadas em cada reunião

Lista de deliberações tomadas nas reuniões

Acções Permitir comprometimento das pessoas para a acção

Decisões que se traduzem em tarefas a realizar, identificando os responsáveis e datas

Documentos Informação Repositório de orçamentos, programas e outros documentos em formato XLS, DOC, etc.

Galeria Divulgação do trabalho Lista de trabalhos

Figura 73 - Géneros de comunicação utilizados

Em face da situação descrita, interessou averiguar como se poderia integrar os

resultados de reuniões com a estrutura materializada pelo sítio (ou site).

Actas Decisões Acções Documentos

Correio Electrónico

Reuniões Correio Electrónico

Correio Electrónico Correio Electrónico

Manifesto Correio Agenda Organização Galeria

Página de rosto

Figura 74 – Ligação entre reunião e estrutura virtual

145

BASEADOS EM GÉNEROS

A forma de resolver esta situação passam pela utilização de forms suportados na

Web. Estes foms correspondem a templates (modelos) que por sua vez estão agrupados

em géneros de comunicação. Procurou-se então tipificar os seguintes aspectos:

– O género digital é visto na perspectiva de um produto final.

– O género de comunicação é um tipo de comunicação estabelecida entre

reunião e restante organização. O género tem um propósito e uma forma

comunicacional.

– O género de comunicação deve evidenciar a perspectiva do emissor, que

corresponde à vista (view) que o emissor tem da comunicação. Traduzindo-se

nomeadamente em forms em HTML.

– A perspectiva do receptor corresponde a uma instanciação de um género

digital para um caso concreto. O resultado de uma comunicação pode não ser

um género digital mas apenas um elemento do género digital. Por exemplo,

uma intervenção no forum (género de comunicação) será uma linha no género

digital forum.

Em face desta perspectiva foram então identificados os seguintes géneros de

reunião:

- definição de missão, objectivos e estratégia;

- planeamento de actividades (nomeadamente tertúlias culturais);

- redesenho do site

Após se ter feito esta análise preliminar, foram produzidas agendas para reuniões

suportadas no GroupSystems, com o seguinte propósito:

- Definição de Missão, Objectivos e Estratégia;

- Planeamento de Tertúlia;

- Redesenho do site;

Porém, em face da impossibilidade de se realizarem as reuniões devido a

necessidade de deslocamento às instalações do INDEG/ISCTE, começou-se a pensar na

possibilidade de desenvolver um sistema idêntico ao do GroupSystems mas com

possibilidade de se realizarem as reuniões em locais onde houvesse Internet ou uma

rede que suportasse Intranet.

Também não foi possível validar a pertinência dos géneros identificados.

146

BASEADOS EM GÉNEROS

Entretanto o grupo foi dissolvido pelo que o trabalho inicialmente realizado

acabou por não ter continuidade. Porém, deste caso foi possível retirar os seguintes

aspectos significativos:

- levantou-se a possibilidade de se utilizar géneros de comunicação como forma

de ligação entre reuniões e suportes organizacionais como são a Internet (e

Intranets);

- Foram identificados géneros de comunicação, através da identificação de

propósitos e formas de comunicação, bem como as perspectivas dos emissores

e receptores;

- Procurou-se ainda desenvolver um sistema que implementasse esta

abordagem, o que não se concretizou porque o grupo foi dissolvido;

- O sistema ainda mostrava algumas limitações, verificando-se que géneros de

comunicação coincidiam com modelos (templates) de forms. Verificando-se

uma falta de ligação entre os vários modelos identificados. Estas limitações só

foram ultrapassadas, nomeadamente quando se incorporou o conceito de

sistema de géneros.

f) Caso F: Assembleia da República

Neste caso é explorada a "digitalização" de um género particular de documentos

escritos, que são resultado de processos de reuniões.

Embora hoje em dia seja comum encontrar relatórios num formato digital, o que

se verifica é que maioritariamente estes são apenas réplicas de documentos suportados

em papel. Caso se considere que o objectivo de uma acta de reunião é obter

simplesmente um testemunho da mesma, então a situação actual é aceitável. No entanto,

o âmago deste relatório é o de permitir a disseminação de informação na comunidade de

utilizadores. A tecnologia pode melhorar a eficácia e a eficiência desde processo de

disseminação, se existirem versões digitais de relatórios apropriadas para esse efeito.

O problema consiste então em entender que tipo de documento digital deverá ser

produzido para melhorar, substancialmente, a disseminação de resultados de reuniões.

147

BASEADOS EM GÉNEROS

Logística, ordem de trabalhos, reunião e actas de reunião compõem este género

em particular. De acordo com o ponto de vista aqui adoptado, o novo documento digital

deverá ir além das actas de reunião e em vez disso deverá reflectir o género de reunião

como um todo.

A solução proposta estende o sistema de géneros de reunião à incorporação da

noção de contexto, que é muitas vezes necessária para entender os processos de decisão

em grupo.

Com o objectivo de implementar a solução proposta, foram analisadas as actas

digitais da Assembleia da República disponibilizados no respectivo site, produzidas por

entidades governamentais e foram identificadas as suas principais características.

Depois, estas actas foram complementadas com características adicionais sustentadas

pelo género de reunião. Por fim, foi realizada uma experiência com uma pequena

amostra de utilizadores para entender/avaliar o impacte das características adicionais no

processo de disseminação.

Actas na Internet

Na Internet foram encontradas dois tipos de actas no site da Assembleia da

República (www.parlamento.pt): um sumário e acta da Assembleia bastante detalhada.

O sumário incluía a identificação do presidente e dos secretários, antes da agenda e da

ordem de trabalhos. As actas detalhadas incluía a transcrição completa dos diálogos e

também a descrição do comportamento dos deputados. As actas são bastante extensas,

são compostas por cerca de 70 páginas impressas. Não existindo ligações entre a página

do sumário e a página das actas detalhadas. Não existe informação acerca dos

participantes presentes na sessão. Por exemplo não se sabe quantas pessoas estão na sala

da Assembleia. Após a observação dos relatórios da Assembleia Parlamentar, foram

analisadas as reuniões das Câmaras Municipais (www.cm.lisboa.pt,

www.cm.coimbra.pt, www.cm.portimão.pt, www.cm.sabugal.pt, www.silves.pt). Todas

as actas eram actas oficiais, excepto as de Lisboa onde era apresentada uma lista das

decisões tomadas em cada reunião. Normalmente uma acta tende a ser relativamente

longa, e pode aproximar-se de 20 páginas. Praticamente nenhuma acta tem uma

estrutura, excepto a de Lisboa onde é mostrada uma lista de decisões e ligações para as

148

BASEADOS EM GÉNEROS

propostas dessas mesmas decisões. A proposta é apresentada no programa Microsoft

Word DOC para que se possam realizar importações dos documentos. No caso de

Silves o documento está feito em HTML com ligações internas. Nenhuma das actas

apresentadas têm ligações a outros sites ou a outras partes do mesmo site com

desenvolvimento do contexto da decisão. O HTML é o formato mais utilizado, excepto

no caso de Sabugal, onde a formatação usada é DOC e Portimão, onde é utilizado TXT

e PDF.

Urls

Htm

l

Txt

Doc

Pdf

Scr

ipt

Dec

isõe

s

Sum

ário

Age

nda

Log

ísti

ca

Con

text

o

Est

rutu

ra

(lig

açõe

s)

www.parlamento.pt x X X cm.lisboa.pt X X X Decisões www.cm.coimbra.pt X X X www.cm-portimão.pt X X X X X www.cm-sabugal.pt X X X www.cm-silves.pt X X X Interno

Figura 75- Quadro das actas analisadas

Tal como é mostrado no quadro que sumaria a pesquisa (Figura 75) quase todas as

actas de reunião correspondem ao script da reunião. Quase todos os relatórios têm

agenda, mas apenas um tem hiperligações entre os tópicos de agenda e a descrição das

actividades debatidas durante a reunião (www.cm-slives.pt). No que diz respeito ao

contexto, apenas uma tem informação sobre o contexto (www.cm-lisboa.pt). Sendo esta

informação apenas a descrição da decisão que originou o ponto na ordem de trabalhos.

Tendo em vista análise detalhada das características das actas de reuniões foi feita

uma experiência com empregados de uma empresa da área financeira. As actas da

Assembleia da República que diziam respeito à aprovação do Orçamento do Estado

foram colocadas numa Intranet, onde todos os elementos podiam aceder às mesmas.

Depois foi pedida a opinião acerca das mesmas, a pequenos grupos de constituídos por

cinco pessoas. As pessoas que colaboraram nesta pesquisa são pessoas a quem estes

assuntos dizem bastante devido à sua formação base e também devido à relevância do

tema pela futura aplicabilidade no meio profissional.

Numa primeira fase procurou-se obter informações dos participantes através de

entrevista, tendo-se verificado que esta se mostrava intimidadora. Foi então pedido que

149

BASEADOS EM GÉNEROS

utilizassem o sistema (EMS) instalado na rede para apresentar sugestões. Como

resultado foi obtida uma lista de problemas e uma lista de sugestões.

Processo de Desenvolvimento e Avaliação de Género de Digital

O referido processo consistiu nas seguintes fases: (i) recolha de reacções; (ii)

proposta identificação de problemas e possíveis soluções; (iii) proposta de acções

concretas para solucionar os problemas; (iv) desenvolvimento e proposta de novo

género digital; (v) avaliação.

I. Recolha de reacções

A primeira reacção ao ver as actas foi:

- "uma acta não é para ser lida, mas sim para armazenar informação";

- "se nós quisermos ler a acta é melhor imprimi-la, em vez de a ler através do

monitor"

II. Proposta identificação de problemas e possíveis soluções

Depois foi perguntado: "Se necessitarmos de consultar uma acta o que devemos

fazer?". De seguida, foram apresentados alguns problemas e respectivas soluções para

as actas electrónicas.

- Dificuldade em ler o texto, porque é demasiado denso e extremamente longo;

- dificuldade em perceber o texto, devido à falta de informação adicional;

- o passar do texto é muito maçador.

III. Proposta de acções concretas.

Tendo em vista a resolução dos problemas apresentados, eis algumas das

sugestões feitas:

150

BASEADOS EM GÉNEROS

- Hiperligações para informação detalhada acerca das propostas de reunião

analisadas;

- ligações para aspectos contextuais, por exemplo para informação

constitucional;

- divisão do texto em pequenas partes, se possível não contendo cada uma delas

mais de 5 ecrãs;

- colocar títulos e subtítulos;

- criar uma tabela de assuntos com hiperligações para cada sub discussão;

- utilização de várias cores para diferenciação dos intervenientes;

- fotografia da sala da Assembleia;

- motor de busca para os vários assuntos.

IV. Proposta e desenvolvimento de novo género digital.

De acordo com os ponto de vista expressos, o novo documento digital deverá ir

além das actas, devendo reflectir todo o sistema de géneros de uma reunião. Esta

solução também se estende à noção de um sistema de géneros de uma reunião para

incorporar a noção de contexto. Por vezes, para entender a reunião é necessário não só

apresentar a ordem de trabalhos, mas também os assuntos que dão origem à mesma, ou

seja o contexto, porque o que realmente se passa durante a reunião vai mais além deste

sumário inicial, que é a ordem de trabalhos. De facto as novas propostas podem

realmente ser discutidas. Esses itens são denominados de excepções. De facto não são

excepções porque não seja esperada a discussão de outros assuntos não previstos, mas

porque não será fácil de prever a informação contextual necessária. Por essa razão não

aparecem na agenda inicial da reunião.

Documentos adicionais podem vir a ser necessários na reunião. Por exemplo

numa reunião de avaliação de um pedido de financiamento, os participantes necessitam

de um balanço, de uma demonstração de resultados e de um estudo de viabilidade.

Esses documentos constituem um apoio à reunião, na medida em que ajudam a

contextualizar os problemas.

A logística é um sumário dos itens logísticos, incluindo local, a data e também as

pessoas presentes assim como a duração aproximada da reunião.

151

BASEADOS EM GÉNEROS

A reunião conste num diálogo, com as sucessivas intervenções de todos os

participantes. Na acta de reunião a discussão é apresentada de uma forma

histórica/cronológica. Outra forma de ver a discussão é acompanhar o discurso do tipo

pergunta-resposta-reacção. Cada segmento de discurso poderá ter um nome específico,

correspondente ao assunto que está a ser debatido neste restrito grupo de participantes.

A informação contextual é também fundamental para entender as decisões

tomadas e para facilitar a implementação dessas decisões no futuro.

Logistica

Acta

Excepções Contexto Fluxo

Agenda

Reunião

Figura 76 Sistema de Géneros

A ideia desenvolvida e aqui proposta consiste em reflectir o sistema de géneros

(estrutura) no relatório (Figura 77).

Excepções

…………. ……

Agenda…………. ……

Context

o………….

Pesquisa

…………. …………. …………. …………. …………. …………. …………. ………… …………

Logistica

…………. ……

Figura 77 - O esquema de um documento digital

152

BASEADOS EM GÉNEROS

Este esquema de documento digital foi implementado em HTML e o resultado do

documento é o mostrado na figura 4. Este documento é composto por quatro partes: o

script, o índice, informação contextual e logística.

Índice

Relatório

Contexto

Figura 78 - O documento digital

O relatório da reunião é um componente do documento, que deve ser muito

preciso e demonstrar tão fidedignamente quanto possível a reunião e o que este

transcreve. O script é uma transcrição completa de todas as intervenções dos

participantes na sessão do parlamento. Entre cada intervenção podem existir

hiperligações. Essas ligações servem para acompanhar o fluxo da discussão.

O índice da reunião é composto pelos seguintes géneros: ordem de trabalhos

(agenda), excepções e um motor de busca.

- A ordem de trabalhos é definida segundo um processo regulado pelo próprio

parlamento, onde estão estabelecidos todos os passos necessários à

apresentação, discussão e votação do orçamento (art.217-225 do Regimento da

Assembleia da República);

- As excepções são estabelecidas no parlamento ou no direito consuetudinário

(art. 81º ss. Regimento da Assembleia da República);

A informação contextual é utilizada para evitar que o leitor se perca na

informação como consequência do decorrer do tempo.

A informação contextual deverá ser composta por:

153

BASEADOS EM GÉNEROS

- Informação acerca da organização que produz o documento (neste caso o

Parlamento) foi incluída regulamentação sobre o processo legislativo;

- Informação acerca do ambiente externo à organização, por exemplo

informação política, social, económica, dimensão técnica, na implementação

feita foram também incluídas notícias do dia e também estatísticas nacionais e

distritais;

- O documento que está na base da discussão, neste caso o projecto de Decreto-

lei proposto pelo Governo.

A logística inclui informação que define o site da reunião, data e os participantes.

Para permitir uma avaliação da nova acta digital, foram comparadas a nova acta

com a réplica inicial, presente no site atrás referido (www.parlamento.pt).A acta inicial

é um ficheiro de texto que pode ser vista com um browser. A nova acta digital é a

anteriormente descrita e apresentada na Figura 78.

Como consequência da grande quantidade de elementos que compõem este

documento, foi decidido analisar apenas uma parte desses elementos. Foi então

comparada a réplica inicial com a nova acta digital no que diz respeito a questões de

navegação/ acesso, contexto e ordem de trabalhos.

V. Avaliação

Após proposta do documento digital, foi realizada uma avaliação por um pequeno

número de estudantes de economia (31 indivíduos), utilizando um questionário. O

questionário continha perguntas acerca de política económica, nomeadamente de

política orçamental. Para os estudantes responderem às questões colocadas, tinham de

ler o orçamento em aprovação. Foi depois feito um questionário com 46 perguntas

acerca da primeira réplica e da nova acta digital. Foi utilizada uma escala de Likert de 9

pontos.

O primeiro grupo de questões dizia respeito à opinião acerca da acta analisada.

Foi pedido a cada utilizador que avaliasse as actas, tendo sido obtidos os resultados

apresentados na Figura 79.

154

BASEADOS EM GÉNEROS

Frustrante .. ..... 3.6 ..... ... 6.8 .. Muito Satisfatório Terrível .. ..... 4.1 ... 6.4 ..... .. Maravilhoso

Aborrecido .. 3.4 .. 6.2 ..... .. Estimulante Difícil .. ..... 3.8 ..... ... 7 .. Fácil Rígido .. ..... 3.9 ..... ... 6.7 .. Flexível

Horrível .. ..... 3.9 ..... ... 6.8 .. Atraente Muito difícil de ler .. ..... 3.8

Inicial

..... ... 6.9 Nova

.. Muito fácil de ler

Figura 79- Opinião acerca das actas

O segundo grupo de perguntas pretendia saber a atitude de cada utilizador

aquando da utilização de cada uma das actas. Então foi perguntado como se sentiram ao

realizar as tarefas propostas de política económica.

Ineficaz ..... ..... 4.6 ... 7 ...…… .. Eficaz

Ineficiente ..... 4.3 ... 7 ...…… .. Eficiente Improdutivo ..... ..... 4.6 ... 7.1 ...…… .. Produtivo

Lento ..... 3.8 ..... ... 7.2 ...…… .. Rápido Insatisfeito ..... 4.2

Inicial ..... ..... ... 7.5

Nova .. Satisfeito

Figura 80 Atitude resultante do uso de cada acta

Comparando a opinião geral acerca de cada acta, verificou-se que a atitude

perante a nova acta digital era bem diferente da atitude perante a acta inicial. Portanto

para explicar a diferença de atitudes, foi analisado em detalhe o impacte de cada

componente. A Figura 81 mostra o efeito da agenda e da informação de contexto na

opinião dos indivíduos questionados.

Média Desvio Padrão Ordem de Trabalhos (Agenda) - Utilidade (inútil 1- útil 9) 7.6 1.7 - Precisão (confusa 1- Precisa 9) 7.1 1.7 Informação contextual - Utilidade (inútil 1- útil 9) 6.9 1.8 - Precisão (confusa 1- Precisa 9) 6.6 1.8 - Suficiente (insuficiente 1- suficiente 9) 6.7 1.7

Figura 81 - Opinião acerca da agenda e da informação de contextual da nova acta

155

BASEADOS EM GÉNEROS

A opinião acerca da agenda foi muito favorável, pontuada com 7.6 e 7.1, mas a

informação contextual teve pontuações ligeiramente inferiores à da agenda. Para

explicar a diferença de opinião relativamente a cada uma das actas foram também

analisados aspectos como navegação, acessibilidade ou dificuldade em procurar a

informação na nova acta digital (Figura 82).

Média Desvio Padrão

Navegação - lenta 1; rápida 9 7.6 1.5 - difícil 1; fácil 9 7.3 2 Leitura do Documento - muito difícil 1; muito fácil 9 6.8 2 - ininteligível 1; inteligível 9 6.6 1.9 - muito desagradável 1; muito agradável 9 6.4 2 Procurar informação é... - muito difícil 1; muito fácil 9 6.7 2.1

Figura 82- Opinião acerca da nova acta digital

As pontuações relacionadas com a navegação foram relativamente altas. No que

diz respeito à leitura (dificuldade, ininteligível), o nível foi relativamente mais baixo e

também houve um maior desvio padrão, que demonstra um diferente nível de

dificuldade.

O nível de dificuldade na procura de informação no texto tem uma grande

variância e o seu valor é também mais baixo que o da navegabilidade. A matriz de

análise de correlação fornece algumas conclusões interessantes:

- Grande correlação entre a eficácia percebida e a eficiência dos pontos da

agenda;

- grande correlação entre a satisfação e a navegabilidade e a compreensão.

Com o objectivo de entender quais os principais factores a influenciar a eficácia,

eficiência e o nível de satisfação foi realizada uma análise de regressão. Como

resultado:

- Em primeiro lugar verificou-se a grande correlação entre a eficácia e a

eficiência;

- Como consequência de cada uma das dimensões da amostra e da correlação

existente entre algumas variáveis foi decidido fazer a regressão com apenas um

pequeno número das variáveis independentes mais significativas.

156

BASEADOS EM GÉNEROS

O primeiro modelo tem como variável dependente, melhoria da eficácia,

correspondendo à percepção do utilizador da alteração de eficácia como consequência

do uso do novo género digital.

As variáveis independentes escolhidas foram as seguintes: utilidade da agenda

(AGD), facilidade na procura da informação no texto (SRC) e as imagens serem

agradáveis (IMG).

Var. AGD SRC IMG CNS R2 R*2 F B .456 .450 .187 -.511 .84 .74 22.05 T -.521 3.283 4.075 2.090 Sig. .607 .003 .000 .046 0.00

R2=r2, sendo r o coeficiente de correlação múltiplo R*2 - R2 Ajustado T – Estatística T CNS - Constante B – Coeficientes não estandardizados. Sig. – Nível de significância

Figura 83 - Modelo 1

O segundo modelo tem como variável dependente a melhoria da percepção de

satisfação: alteração do grau de satisfação ao usar o novo género digital, percepcionado

pelo utilizador.

As variáveis independentes escolhidas foram as seguintes: o nível de compreensão

do texto (UND), utilidade da agenda (AGD) e as imagens agradáveis (IMG).

Var. UND AGD IMG CNS R2 R*2 F B .549 .399 .180 -.532 .86 .74 25.63 T .528 .358 .219 -.571 Sig. .000 .004 .044 .573 0.00

R2=r2, sendo r o coeficiente de correlação múltiplo R*2 - R2 Ajustado T – Estatística T CNS - Constante B – Coeficientes não estandardizados. Sig. – Nível de significância

Figura 84 - Modelo 2

Como é mostrado em ambos os modelos, a percepção da utilidade da agenda foi

importante para melhorar a satisfação na produção. As imagens também são

importantes, mas o impacte é menos significativo. É também interessante verificar que a

compreensão do texto é importante para melhorar o nível de satisfação, talvez até mais

importante que a existência de imagens agradáveis.

Foi também experimentada uma análise factorial e de clusters para identificar

grupos de utilizadores. Foram encontrados grupos de utilizadores com diferentes perfis,

157

BASEADOS EM GÉNEROS

mas como consequência do reduzido tamanho da amostra, foi decidido não analisar em

profundidade os resultados, deixando-se assim esse aspecto para uma análise de um

futuro trabalho.

Também foi feita uma observação directa do uso dos documentos. A observação

mais significativa foi a duração necessária para responder a cada questão utilizando

cada uma das actas. Verificou-se que o tempo utilizado para responder ao questionário,

utilizando a nova acta digital, foi 1/3 do tempo despendido com a réplica inicial.

A partir do resultado do inquérito realizado foi possível verificar que o sistema se

tornou quer mais eficaz e eficiente quer mais amigável para o utilizador, aumentando

em geral o nível de satisfação dos utilizadores.

Com esta aplicação provou-se que a utilização de géneros e sistemas de géneros

permite o desenvolvimento de actas mais eficientes e eficazes.

5. Resumo

No presente capítulo foi descrita a plataforma desenvolvida para implementar os

conceitos e abordagem apresentados nos capítulos anteriores. Esta plataforma foi ainda

utilizada em situações concretas, relativas a realidades distintas, como foi atrás descrito.

O objectivo do estudo dos casos consistiu em avaliar a plataforma. Para tal foi

analisado o apoio fornecido pela plataforma na fase de análise, apoio a reunião e apoio

fornecido à produção e disseminação/integração dos resultados da reunião.

No que diz respeito ao apoio fornecido à fase de análise o sistema permite apoiar

os analistas guiando-os na implementação da abordagem de análise de géneros proposta

no capítulo V. A plataforma permite ainda converter a informação aí produzida de

forma a parametrizar o sistema de apoio a reuniões, de modo a que na fase de

planeamento de reunião o trabalho realizado seja significativamente menor.

158

BASEADOS EM GÉNEROS

Caso A Caso B Caso C Caso D Nome do caso

Assembleia-geral Marketing e Publicidade Estratégia Integração de EMS com PDA

Contexto de reunião

Clientes de empresa de contabilidade

Empreendimento Imobiliário de cerca de 20 milhões de Euros

Empresa de Informática Empresa de contabilidade

Reunião Assembleias-gerais de sócios

Slogan Estratégias a desenvolver Reuniões de ponto da situação

Pessoas envolvidas na reunião

Sócios (entre 2 e 5) e Contabilista

Grupo multidisciplinar de 7 pessoas

2 sócios e 2 pessoas externas: 1 contabilista e 1 engenheiro

4 pessoas utilizando o sistema. Reuniões semanais com 2 a 4 intervenientes.

Objectivo do estudo do caso:

Avaliar plataforma: 1. Apoio fase análise 2. Apoio fase reunião 3. Produção de resultados

Avaliar plataforma: 1. Apoio fase análise 2. Apoio fase reunião 3. Produção de resultados

Avaliar plataforma 1. Apoio fase análise 2. Apoio fase reunião 3. Produção de resultados

Avaliar plataforma 1. Apoio fase análise 2. Apoio fase reunião 3. Produção de resultados

Dados - 5 reuniões, realizadas em 2000. - Dados documentais (demonstrações financeiras, livros de actas de assembleias de sócios)

- 2 reuniões electrónicas, realizadas em 2000. Foram ainda tentadas reuniões de orçamentação, escolha de materiais e desenvolvimento de memórias descritivas

- 3 reunião electrónica, realizadas em 2001.

- Reuniões semanais de 2 a 4 intervenientes durante 2 meses.

Resultados 1. Permitiu automatização de caso 2 2. Sistema permitiu sugestão de situações possíveis - Sócios comentaram que se poderia ter acesso a legislação e mais dados históricos da empresa poderia apoiar o processo de decisão 3. produção de instruções e "comprometimentos" - Contabilistas alertaram para o perigo de excessiva "Taylorização"

1. permitiu apoiar desenho de processo de concepção de material publicitário (prospectos, anúncios jornal, outdoors) 2. possibilidade de utilização do sistema em ambiente disperso no tempo e espaço permitiu que algumas reuniões se concretizassem - Slogan escolhido não correspondeu ao mais votado - Apoio a processo de geração de ideias associado a criatividade foi identificado como eventualmente uma ameaça pelos "criativos" - algumas dificuldades resultantes de colocar ao mesmo nível pessoas com status profissionais diferentes (eng., arq., ...). 3. produção de lista de slogans. - Houve alguma dificuldade em integração dos resultados por os processos seguintes não estarem claramente definidos

1. Facilitação de desenho de processo de planeamento estratégico que demoraria muito tempo e discussões. 2. possibilidade de realizar reuniões em ambiente disperso no tempo e espaço 3. sistema permitiu: - sistema permitiu interligação entre diversas reuniões; - identificação de acções claras a realizar na fase de pós-reunião.

1. --- 2. sistema demonstrou alguma inadequação para apoiar reuniões informais, porém foram apresentadas sugestões para melhoramento, o que passa pelo desenvolvimento e aquisição de HW 3. Sistema liga EMS aos processos seguintes através de registos em agendas pessoais, actividades a realizar (to do lists) e regras de funcionamento.

Comentários e observações

- Utilizadores sugeriram utilização em outros contextos Interpretação: - Sucesso na utilização do sistema

Interpretação dos resultados: - É possível desenvolver géneros a partir da teoria.

- Utilizadores sugeriram novas utilizações. - Utilização do sistema permitiu sugestão de tecnologias, artefactos ou géneros Interpretação; - abordagem bem compreendida - abordagem aceite

Figura 85 - Quadro Resumo 1

159

BASEADOS EM GÉNEROS

No que diz respeito ao apoio à fase de reunião, há que destacar especialmente a

maior facilidade de planeamento da reunião. A plataforma fornece ainda um conjunto

de funcionalidades típicas de um EMS. Mas o aspecto mais significativo nesta fase

consiste nas potencialidades que o sistema fornece particularmente no que diz respeito a

sugestão de resultados previsíveis.

A incorporação do conceito de sistema de géneros permite ainda que os resultados

produzidos pelo sistema coincida com os géneros de comunicação utilizados pelas

pessoas na organização. Um dos casos que melhor permite ilustrar este facto é o caso

"D - Integração de EMS com PDA", no qual os resultados produzidos pela reunião são

perfeitamente integrados nas agendas e dados pessoais dos intervenientes. Porém,

situação idêntica se verifica com o caso "A - Assembleia-geral", em que os dados

também são integrados, em processos não só de uma empresa como de várias.

Para além dos quatro casos referidos atrás, foram ainda explorados outros dois,

cujos dados resumos se encontram referidos no quadro da Figura 87.

Caso E Caso F Nome do Caso Organização Virtual Assembleia da Republica Reunião Organização de Discussão e Promoção cultural Reunião de deputados em Assembleia Objectivo do Caso

Recolha de Dados para Análise e Concepção - Explorar a digitalização de actas; - Criar novos documentos digitais que reflictam

todo o sistema de géneros de reunião; - Avaliação do novo sistema.

Dados Entrevista a 1 pessoa e criação de protótipo de forma interactiva realizado em 1999

Actas de Assembleia da República Protótipo de nova Acta Questionário a 31 alunos para avaliação de interface

Resultado Apoio a desenvolvimento de protótipo Maior eficácia e eficiência de acta que melhor espelha sistema de géneros

Figura 86 - Quadro Resumo 2

O caso E (organização virtual), explorado numa fase preliminar do processo de

investigação reportado neste documento, teve como principal propósito identificação de

requisitas do sistema e exploração de conceitos. Trata-se ainda de um exemplo de

insucesso no trabalho de investigação empírica, resultante de contingências externas.

O caso F (Assembleia da República) teve como propósito explorara a

digitalização de actas. Neste caso é proposto um documento que não é uma simples

digitalização de actas de reuniões, foi criado um documento que reflecte todo o sistema

de géneros de reunião. Este sistema foi ainda avaliado.

Em suma, neste capítulo foi apresentada uma plataforma que foi testada através da

sua utilização em ambientes organizacionais, o que vem descrito nos quatro primeiros

160

BASEADOS EM GÉNEROS

casos. São ainda descritos dois casos que descrevem parcialmente o processo de

levantamento de requisitos e desenvolvimento e avaliação de géneros digitais.

6. Resultados publicados

O trabalho apresentado neste capítulo foi parcialmente apresentado nos seguintes

artigos, publicados em actas (proceedings) de conferências internacionais:

Costa, C.; Antunes; P. & Dias, J. (2000) "Supporting the Meeting Report Process." Proceedings of the

23rd Information Systems Research Seminar in Scandinavia, IRIS 23. Uddevalla, Sweden: Laboratorium

for Interaction Technology, University of Trollahattan Uddevalla, pp. 1141-1150. (ISSN: 0359-9470)

Neste artigo é apresentada uma versão preliminar da plataforma.

Costa, C.; Antunes; P. & Dias, J. (2001) "The Meeting Report Process: Bridging EMS with PDA." Third

International Conference on Enterprise Information Systems, ICEIS 2001. Setubal, Portugal; pp. 821 -

826 (ISBN: 972-98050-2-4)

Neste artigo é apresentada uma aplicação da plataforma ao caso da ligação entre

os sistemas de apoio a reuniões e o PDA, sendo dada ênfase à descrição do sistema.

Costa, C.; Antunes; P. & Dias, J. (2001) "EMS/PDA: Connecting Meetings with People in

Organisations," Proceedings of the 24th Information Systems Research Seminar in Scandinavia, IRIS 24.

Ulvik in Hardanger, Norway, 2001 pp. 437 - 450 (ISBN: 82-7354072-3)

Neste artigo é apresentada uma aplicação da plataforma ao caso da ligação entre

os sistemas de apoio a reuniões e o PDA, dando-se ênfase à utilização do sistema numa

situação concreta de uma empresa de contabilidade.

Costa, C.& Antunes; P. (2001) "Meetings as Genre Systems: Some Consequences for EMS Design," in F.

Ackermann and G. Vreede, (Eds) Proceedings of Group Decision & Negotiation; La Rochelle, France:

Faculty of Technology, Policy and Management, Delft University of Technology, pp. 261-263. (ISBN:

90-5638-078-8)

Neste artigo são apresentados os conceitos de sistemas de géneros bem como

alguns dos aspectos mais relevantes associados à sua implementação.

161

BASEADOS EM GÉNEROS

Antunes, P.; Costa, C. & Dias, J. (2001) "Applying Genre Analysis to EMS Design: The Example of a

Small Accounting Firm." Seventh International Workshop on Groupware, CRIWG 2001. Darmstadt,

Germany: IEEE CS Press, pp. 74-81. (ISBN: 0-7695-1351-4).

Neste artigo é descrita a aplicação da plataforma para o caso da Assembleia-geral.

162

VII. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são discutidos os resultados obtidos com o trabalho de

implementação e utilização de abordagem e plataforma computacional, fazendo a sua

contraposição com as hipóteses de investigação apresentadas atrás. Em seguida são

confrontados os resultados com os alcançados por outros investigadores. Por fim são

realçados os aspectos inovadores considerados nesta dissertação.

O trabalho de investigação realizado teve como propósito validar as hipóteses de

investigação apresentadas no capítulo IV:

H1) É possível incorporar conceitos de género de comunicação e sistema de

géneros na análise de sistemas de informação aplicada ao desenvolvimento de

sistemas de apoio a reuniões.

H2) É possível utilizar eficazmente a análise de géneros proposta.

H3) É possível desenvolver uma plataforma incorporando os conceitos de géneros

de comunicação e sistema de géneros de comunicação.

H4) É possível utilizar eficazmente a plataforma em ambiente organizacional.

Hipótese H1

No capítulo V foi apresentada a análise de géneros baseada nos conceitos de

género e sistema de géneros. Para o desenvolvimento de tal abordagem foram também

considerados aspectos como géneros principais e géneros de apoio, bem como ciclo de

vida de género de comunicação. A abordagem que foi proposta apoia-se ainda

fortemente na decomposição e especialização. Ao se desenvolver esta abordagem

verificou-se ser possível incorporar conceitos de género de comunicação e sistema de

géneros na análise de sistemas de informação aplicada ao desenvolvimento de sistemas

de apoio a reuniões. Consequentemente, foi validada a primeira hipótese (H1).

163

Hipótese H2

Ainda no capítulo V descreveram-se diversas aplicações da abordagem

metodológica. Recorrendo a análise documental, entrevistas com participantes, bem

como através da observação de reuniões, foram analisadas reuniões de direcção,

reuniões de assembleia gerais de micro-empresas e reuniões de ponto de situação. Este

trabalho permitiu utilizar a abordagem proposta. Consequentemente, é assim feita a

validação da segunda hipótese de investigação (H2).

Hipótese H3

No capítulo VI descreve-se a plataforma computacional desenvolvida. Esta

plataforma incorpora conceitos e abordagens apresentadas no capítulo anterior, através

da implementação de um sistema com dois módulos (subsistemas): um módulo de apoio

à análise de géneros e sistemas de géneros e um módulo de apoio à reunião. O primeiro

permite apoiar na análise da reunião e parametrização dos principais aspectos da

reunião, apoiada pelo segundo módulo. O segundo módulo incorporando os conceitos

de géneros comunicação e sistema de géneros, de forma a apoiar os intervenientes no

processo de reunião, não só nas fases de planeamento, reunião propriamente dita como

ainda na produção de resultados mais adequadamente incorporáveis e dissemináveis na

organizacional. Deste modo foi validada a terceira hipótese (H3).

Hipótese H4

No decorrer do desenvolvimento da plataforma apresentada no início do capítulo

VI, foram produzidos diversos protótipos, testados em diversas aplicações. Essas

aplicações são descritas em casos apresentados na segunda parte do capítulo VI. O

objectivo do estudo dos casos consistiu em avaliar a plataforma. Para tal foi analisado o

apoio fornecido pela plataforma na fase de análise, apoio a reunião e apoio fornecido à

produção e disseminação/integração dos resultados da reunião. Os referidos casos

permitiram averiguar que é possível utilizar eficazmente a plataforma em ambiente

164

organizacional. A utilização da plataforma no âmbito dessas aplicações foi a forma

utilizada para a validação da quarta hipótese (H4).

Na tabela da Figura 87 encontra-se resumido o trabalho de investigação realizado

e reportado no presente documento.

Capítulo Tipo de Dados e forma de obtenção

Resultados contribuíram para validação de

Abordagem metodológica V Revisão literatura Hipótese H1) Reunião de Direcção V Documental com resumos de actas,

reuniões com participantes e outros agentes envolvidas

Hipótese H2)

Assembleia-geral V Documental, reunião com participantes

Hipótese H2)

Reunião de Ponto de situação

V Observação, reunião com participantes

Hipótese H2)

Plataforma VI Desenvolvimento (análise, desenho e implementação) de software em fase de protótipo

Hipótese H3)

Assembleia-geral VI Utilização de plataforma Hipótese H4) Estratégia VI Utilização de plataforma Hipótese H4) Marketing VI Utilização de plataforma Hipótese H4) Organização virtual VI Tentativa de análise e utilização de

plataforma -

Reunião de Ponto de situação

VI Utilização de plataforma e Questionário (4 utilizadores)

Hipótese H4)

Parlamento VI Desenvolvimento e avaliação de sistema utilizado em relatório de reunião.

Hipótese H3 e H4)

Figura 87 - Síntese do trabalho de investigação

Trabalhos Relacionados

No que diz respeito a trabalhos apresentados por diversos investigadores e que se

enquadram no contexto desta dissertação há que referir que alguns deles apresentam

pontos de coincidência.

Investigadores no MIT também propuseram uma abordagem de especialização e

decomposição (Yoshioka et al., 2000). Essa abordagem tem como propósito apresentar

uma abordagem que permita coordenação de informação. Essa abordagem foi ainda

desenvolvida no âmbito da ferramenta de análise de processos de coordenação

organizacional proposta pela equipa de Thomas Malone (Malone et al., 1997). Essa

165

abordagem é ainda apresentada como uma forma de catalogação de mecanismos de

coordenação de processos organizacionais, de forma a criar uma base de conhecimento

futuramente utilizável em processo de desenho e reengenharia de processos.

Enquanto que a abordagem proposta pelos referidos autores é mais genérica e de

utilização futura numa perspectiva mais global, a abordagem proposta na presente

dissertação restringe-se às reuniões e tem como propósito a aplicação imediata e directa

em reuniões concretas. Por outro lado, na presente dissertação atende-se ao carácter

limitado dos conceitos de géneros de comunicação dentro de comunidades de

utilizadores relativamente restritas, o que aparentemente não deve ser considerado na

referida abordagem que apresenta maiores ambições.

A utilização de géneros de comunicação para integrar vários processo

organizacionais é um objectivo também prosseguido pelo investigador finlandês Tero

Paivarinta, da Universidade de Jyvaskyla, porém sem resultados publicados conhecidos.

Nesta dissertação, para além de se propor o conceito de integração organizacional

apresenta-se uma solução metodológica e ainda uma plataforma que permite apoiar a

abordagem e incorporar os géneros no sistema de apoio a reuniões.

A estruturação de resultados de reuniões de acordo com diversos atributos das

participações é algo que foi proposta por Raikundalia & Rees (1996). Porém, esses

autores não propõem uma abordagem de apoio a análise, planeamento, direcção e

participação de reuniões.

Aspectos inovadores

O trabalho descrito nesta dissertação apresenta diversas contribuições inovadoras

importantes a reter.

A utilização de géneros de comunicação e sistemas de géneros de comunicação

para coordenação entre sistemas de apoio a processos organizacionais é inovadora.

Ainda que semelhante a abordagens recentemente publicadas (Yoshioka et al., 2000),

existem diferenças como referido atrás.

A abordagem aqui proposta é ainda inovadora ao nível metodológico no âmbito

da análise de sistemas informáticos. Com efeito, as abordagens tradicionais dão ênfase

aos processos e dados, estando por isso muito longe da percepção dos utilizadores,

166

contribuindo ainda para mal entendidos resultantes de percepções e visões diferentes da

realidade pelos utilizadores e analistas de sistemas. Esta abordagem dá importância ao

artefacto, procurando basear-se em géneros (abstracção de artefacto). Desta forma,

procura-se preservar não só os dados, como a informação e conhecimento contida nos

documentos, e ainda a carga simbólica dos mesmos artefactos.

Ao nível do tipo de sistemas desenvolvidos, esta abordagem permite ainda o

desenvolvimento de aplicações muito contextualizadas.

A plataforma informática aqui proposta, e que permite apoio a abordagem de

análise e o apoio a reuniões é também inovadora. A principal inovação é o facto de

consistir na implementação de um sistema de apoio a grupos baseado em géneros.

167

168

VIII. CONCLUSÕES

Nesta dissertação aborda-se o problema da integração organizacional dos

resultados produzidos em reuniões, especialmente apoiadas por sistemas de apoio a

reuniões.

A abordagem do problema passa pela identificação das características principais

das reuniões, tendo-se para tal objectivado os principais conceitos, técnicas e

abordagens utilizando uma linguagem conhecida - o UML (Unified Modelling

Language).

A identificação de sistemas de apoio a reunião, e a avaliação do apoio por estes

fornecidos a todo o processo de reunião, levou à constatação da existência de lacunas

importantes, em especial no que diz respeito à incorporação dos resultados produzidos

na reunião nos subsequentes processos organizacionais. O problema identificado foi

posteriormente clarificado, sendo apresentadas ainda hipóteses de investigação.

Foi proposta e desenvolvida uma abordagem conceptual e metodológica análise

de reuniões, assente no conceito de género de comunicação e sistema de géneros. Esta é

uma abordagem que se liga eficazmente à forma concreta dos utilizadores comunicarem

entre si, e que parte do princípio que uma comunidade de utilizadores ao empregarem

de forma recorrente determinados tipo de comunicação criam ou contribuem para a

criação de géneros de comunicação. Fazendo a especialização e decomposição do

conceito de género e sistema de géneros pode-se contribuir para uma tipificação

progressivamente mais fina das estruturas de informação utilizadas pela comunidade. A

utilização em simultâneo de conceitos como repertórios de géneros de comunicação e

sistemas de géneros de comunicação facilita o desenho e implementação.

Com base nos conceitos aí apresentados foi então proposta uma plataforma

informática para apoio à abordagem e reunião, tendo sido feito o desenvolvimento do

respectivo protótipo. Esta plataforma suporta a análise de géneros de comunicação e

169

sistema de géneros, bem como na respectiva incorporação num sistema de apoio a

reunião. Esta plataforma foi então aplicada em casos concretos de reuniões.

A proposta de abordagem metodológica, sua utilização bem como o

desenvolvimento de protótipo e sua utilização em casos concretos permitiu provar que

esta abordagem pode ser incorporada numa abordagem, que por sua vez é aplicável, e

ainda que os conceitos podem ser directamente incorporados em software.

Trabalhos Futuros

No que diz respeito a trabalhos futuros, um dos aspectos mais prementes para uma

mais adequada validação dos resultados consiste no desenvolvimento de um protótipo

mais estável evitando alguns problemas de funcionamento.

O sistema de géneros é composto por um conjunto de géneros de comunicação. A

probabilidade de pertença destes géneros a um sistema de géneros é algo que poderá ser

analisado.

O sistema de géneros, para além de ser um conjunto (repertório) de géneros,

apresenta uma estrutura, que se traduz numa sequência entre esses géneros. Associado a

uma sequência entre dois géneros existe uma probabilidade. O estudo de probabilidades

de sequência entre dois géneros é um aspecto que merece um estudo detalhado.

Outro desenvolvimento interessante seria identificar com mais detalhe os aspectos

respeitantes à forma dos géneros e respectiva integração com tipos de intervenção

produzidas pelos participantes em reuniões. Com efeito, uma reunião é composta por

um conjunto de intervenções, que tipicamente se seguem umas às outras. por sua vez

estas intervenções podem ser tipificadas. Um exemplo, em que essa tipificação já se

encontra parcialmente feita é o caso da Assembleia da República. Nesta, os deputados

intervêm de acordo com determinado tipo de intervenções pré-definidas. Esses tipos de

intervenções (que poderiam ser designados géneros de intervenção) são por sua vez

agrupáveis de acordo com o tipo de sessão (géneros de reunião).

A utilização de algumas técnicas, nomeadamente sistemas de text mining para

analisar resultados de reuniões, é outro aspecto relevante, sendo especialmente relevante

analisar em que medida a identificação de géneros de reunião poderia potenciar a

utilização destas ferramentas.

170

Constitui ainda trabalho futuro, a aplicação da abordagem em outros casos

particulares de processos apoiados por diversos sistemas informáticos, nomeadamente:

- ligação entre reuniões apoiados por EMS e processos organizacionais apoiados

por sistemas de Workflow;

- ligação entre reuniões apoiadas por EMS e processos apoiados por ERP.

No âmbito dos sistemas de apoio a reuniões também existe importante trabalho a

realizar-se. Com efeito, a integração organizacional deste tipo de sistemas não se realiza

apenas através de uma mais adequada interface entre sistemas que apoiam processos

organizacionais. O primeiro nível de integração é com as pessoas. Logo, um importante

trabalho relacionado com a interface destes sistemas com os utilizadores tem que ser

feito, nomeadamente:

- tornando estes sistemas menos intrusivos em processos de reunião, que devem

fluir muitas vezes o mais naturalmente possível;

- desenvolver a interface com utilizadores, incorporando elementos gráficos e

multimédia (som e imagem).

Ainda no âmbito dos sistemas de apoio a reuniões interessa desenvolver trabalho

que permita uma maior integração entre níveis elementares de interacção entre os

utilizadores, como sejam a criação, avaliação de ideias e ligação entre ideias, e níveis

mais globais, como os géneros e sistemas de géneros.

171

172

ANEXO 1 - GÉNEROS E SISTEMA DE GÉNEROS NO ÂMBITO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Géneros literários são categorias de obras literárias que, tendo a mesma finalidade

fundamental, apresentarão estrutura parecida e obedecerão a normas semelhantes.

Os géneros literários permitem uma classificação das obras literárias, baseada em

elementos conspícuos, como a forma e o conteúdo, e na sua relação funcional. Têm a

sua origem no valor exemplar de uma obra que origina outras obras do mesmo tipo. A

autoridade advém-lhe do reconhecimento e aceitação por parte dos autores e do público.

A sua função é múltipla: para o autor, de recurso fácil, enquanto forma genérica

previamente estabelecida.; para o leitor, coordenada de referência ou de orientação; para

o critico, terreno comum a partir do qual faz a analise comparativa ou a valorização.

Na Grécia, apareceram primeiro as diversas manifestações literárias como a

epopeia, o lirismo, o teatro, a retórica. Porém, a expressão "género" começou a ser

utilizada por Platão na República, quando distinguiu entre poesia narrativa (aplh

dihghsiς), activa (mimhsiς), e ainda um género misto, que entremeava o diálogo e a

narração. Aristóteles, na Poética, tratou, do teatro e da epopeia. Diversos autores, como

Horácio e Diomedes também desenvolveram diversas tipologias de géneros. Durante a

Idade Média e mesmo até ao período Romântico continuaram a desenvolver-se diversas

abordagens baseadas neste conceito. No inicio do Sec. XIX começaram a surgir as

vozes discordantes mais veementes. Mas, não raras vezes, da crítica surgem novas

tipologias, o que acaba por reforçar o conceito. Surgindo de novo novas abordagens,

como a dos formalistas russos no Sec. XX. Para uma história mais exaustiva dos

géneros literários veja-se Silva (1999).

Entretanto, nos Sec. XIX e XX surgem novos suportes para comunicação,

desenvolvendo-se novas tipologias de géneros associados inicialmente ao cinema, à

televisão, à imprensa e ainda, com maior interesse para esta dissertação à informática

(Oravec, 1996).

173

O conceito de género de comunicação tem sido utilizado no âmbito dos sistemas

de informação, tendo-se mesmo desenvolvido o conceito de género digital, no qual o

que está em causa é a tipificação de artefactos digitais.

Yates & Orlikowski (1994) utilizaram o conceito de género de comunicação para

estudar a adopção de tecnologias por grupos e equipas para apoio informático de

trabalho cooperativo. Trabalho este que foi desenvolvido mais tarde (nomeadamente por

Yates et al. 1999).

Diversos autores estudaram como os géneros de comunicação emergem a partir de

novas tecnologias digitais, designadamente a Web e groupware. Identificando ainda

implicações teóricas. Erickson (1997) estudou comunidades virtuais, vindo a verificar

(Erickson 1999) a necessidade de utilizar géneros para estabelecendo convenções,

permitindo assim que determinados tipos de comunicação possam ser utilizados em

meios digitais sem perca de informação. Ainda nesta perspectiva, diversos autores

estudaram páginas pessoais na Web (Saint-Georges, 1998, Roberts, 1998), enquanto

que outros estudaram os subgéneros de anúncio publicitário na Web (Fortanet, et al.,

1998) ou então aspectos de interface de páginas Web (Panko & Panko, 1998). Boguraev

et al. (1999) analisaram a dimensão dinâmica do artefacto digital, focando no género

notícia. Posteriormente, Boguraev et al. (2001) analisaram a utilização de computadores

de mão (PDA) para apoio a difusão de informação.

Outros autores partiram de géneros tradicionais existentes, largamente conhecidos

e divulgados, procurando analisar a sua evolução para o meio digital. Nesse âmbito, Fox

et al. (1999) analisaram os géneros dissertação e tese, enquanto que Rieffel (1999)

estudou o género matemático, suas exigências, bem como as limitações dos meios

digitais para apoiar este tipo de comunicação.

Outro aspecto importante a considerar diz respeito aos atributos dos géneros de

comunicação. Segundo alguns autores, existem características específicas que

diferenciam os géneros digitais face a outros géneros de comunicação. É neste contexto

que alguns autores (Shepherd & Watters, 1998) propõe mesmo a utilização do conceito

de cibergénero (cybergenre) como tipo específico de género em contraposição aos

géneros literários e mesmo dos géneros de comunicação organizacionais. Shepherd &

Watters (1999) consideram que se deve adicionar o atributo funcionalidade para além

do propósito e forma, enquanto que Crowston & Williams (1999) fizeram referência ao

174

atributo ligação (link) como atributo de géneros digital. Outros ainda (Toms &

Campbell, 1999) propuseram a função, forma e interface como atributos de género

digital.

Com vista a aumentar o potencial de utilização de géneros de comunicação,

alguns autores propuseram a concepção de ferramentas específicas para media digital.

Morin (1998) propôs um sistema baseado em agentes para apoio ao género jornal,

enquanto que Vasudevan & Palmer (1999) desenvolveram um sistema de notação de

páginas de Web. Kruschwitz (2001) concebeu um sistema de pesquisa inteligente na

Web.

Alguns autores deram ênfase ao processo de transformação de géneros de

comunicação organizacional para o meio digital. Tallberg (1997) analisou os

documentos contabilísticos e financeiros; Westarp et al., (1999) estudaram o sistema de

relatórios na empresa particularmente no reporte a entidades externas através de folhas

na Web e Tyrväinen & Päivärinta (1999) estudaram a utilização de género de

documento para apoiar a adopção do sistema electrónico de documentos numa

organização.

Outros autores ainda procuraram estudar a utilização dos géneros de comunicação

organizacionais a funcionar em ambiente concreto e analisar a forma como estes

interagem com os processos organizacionais. É o caso de Bergquist & Ljungberg

(1999), que estudaram a utilização de géneros de comunicação para diagnóstico numa

grande organização sueca, verificando-se que os géneros são parte integrante de

discurso informal mais abrangente.

Bergquist & Ljungberg (1998) ainda investigassem redes organizacionais e

reprodução de géneros para comunicação organizacional. Por sua vez, Svensson (1998)

utilizou os géneros de comunicação para estudar o ensino à distância.

175

176

ANEXO 2 - PROCESSO DE GESTÃO ESTRATÉGICA

O modelo de gestão estratégica adoptado correspondeu a uma simplificação de

um modelo bem conhecido (Wheetely & Hunt, 1990), onde se analisa a envolvente, faz-

se a formulação da estratégia, sua implementação e avaliação, tal como se encontra

descrito na Figura 88.

Empresa Negócio Funcional Desempenho

Empresa Negócio Funcional Programas Orçamentos Procedimentos

Empresa Negócio Funcional Missão Objectivos Estrategias Políticas

Oportunidades Ameaças Macro Micro

Oportunidades Ameaças

Estrutura Cultura Recursos

Análise Envolvente

Formulação Estratégica

Implementação Estratégica

Avaliação e Controlo

Figura 88– Modelo de gestão estratégica (baseado em Whellen & Hunger, 1990)

Este modelo descreve as variáveis independentes chave (envolvente externa e

ambiente interno), bem como as variáveis dependentes do processo (missão, objectivos,

estratégia e política)

O ambiente externo consiste no contexto no qual a empresa opera. De modo a

simplificar a análise, geralmente subdivide-se em macro e micro-envolvente. Enquanto

177

que o macro-envolvente ou envolvente societal é composto pelas forças genéricas

agrupadas em variáveis económicas, tecnológicas, político-legais e socioculturais. A

micro-envolvente ou envolvente de tarefa é composta pelos agentes que directamente

interagem com a empresa, como os sócios, clientes, sindicatos e variáveis

socioculturais. A análise da envolvente externa permite a identificação de possíveis

oportunidades e ameaças que a organização pode fazer face.

De modo a analisar a envolvente interna, devem ser estudados a estrutura, cultura

e recursos. A estrutura organizacional é a forma como a empresa se organiza em termos

de comunicação, autoridade e fluxos de trabalho. De facto, a escolha de um tipo

específico de estrutura, bem como a sua maior ou menor adequacidade pode Ter um

impacto significativo na capacidade de competir, satisfazer os seus clientes ou lidar com

o seu público.

A cultura organizacional é composta pelos seus padrões de crenças, expectativas e

valores partilhados pelos membros da organização. De modo a permitir uma análise

mais eficiente, podem ser utilizados modelos para classificar a cultura organizacional,

tais como os modelos de Deal & Kennedy, Harrison & Handy, Hampden-Turner ou

ainda o modelo de Schein (para um revisão, veja-se Hampden-Turner,1990).

Os recursos organizacionais são os activos que formam a "matéria-prima" para a

produção de bens e serviços. Esses recursos podem ser recursos financeiros, pessoas,

equipamentos, instalações ou marcas. Tendo em conta a capacidade de resposta da

organização responder à sua envolvente é possível identificar um conjunto de pontos

fortes e prontos fracos que a caracterizam, mas ainda caracterizar os comportamentos

associados à envolvente em termos de pontos fortes e prontos fracos. Porém, é preciso

ter em linha de conta que da mesma característica organizacional se podem identificar

pontos fortes e prontos fracos. Por exemplo, uma estrutura organizacional pode ser

simultaneamente ineficiente e flexível pelo facto das funções não estarem claramente

definidas.

Para Andrews (1971), a tarefa da gestão estratégica é portanto "perseguir" os

objectivos, gerindo de forma evitar as ameaças e aproveitar as oportunidades do meio,

usando os pontos fortes e reduzindo os pronto fracos da organização no interesse e

valores dos gestores e sociedade.

178

A formulação estratégica é o desenvolvimento de uma grande quantidade de

planos para eficaz gestão das oportunidades e ameaças da envolvente. A formulação

inclui a definição da missão, especificação dos objectivos a atingir, desenvolvimento de

estratégias bem como o estabelecimento de políticas.

A missão é a razão de ser da organização. Podendo ser definida numa perspectiva

mais ampla ou numa perspectiva mais estreita. Por exemplo, uma empresa pode ter

como missão restrita: actividade bancária, difusão de televisão, transportes aéreos. A

cada uma desta perspectiva mais restrita pode estar associada uma missão mais

alargada: serviços financeiros, telecomunicações e transportes.

Os objectivos traduzem as missões em resultados pretendidos, estabelecendo o

que e quando vai ser realizado, devendo sempre que possível ser quantificados

Estratégias são planos mestre concisos que definem como a organização vai

atingir a sua missão e objectivos.

Em organização de grande dimensão, a formulação estratégica faz-se geralmente a

três níveis: ao nível da empresa, ao nível do negócio e ao nível funcional.

Ao nível funcional os tipos de decisões consistem na especificação do produto a

vender, respectivo preço, promoção e local de distribuição (Kotler, 1984), capacidade e

processo de produção, qualidade, pessoal produtivo e inventário (Shroeder, R., 1985),

estratégia de financiamento, investimento e gestão de tesouraria (Brealey & Meyers,

1984) ou ainda a formas de recrutamento e selecção bem como formação, definição de

carreiras e incentivos (Whether & Davis,1981);

Dependendo do nível, há ferramentas específicas para ajudar na análise

formulação e avaliação da estratégia. Por exemplo, a análise de portefólio (BCG, 1980)

é usada na análise da estratégia global da organização, enquanto que a análise das cinco

forças (Porter, 1980) é usada para analisar o meio envolvente específico, e a cadeia de

valor (Porter, 1985) para fazer diagnóstico interno ou auxiliar na implementação

estratégica numa empresa.

De modo a escolher a estratégia mais adequada, são utilizadas várias técnicas,

sendo a utilização de cenários uma das formas mais adequadas de analisar os impactes

económicos mais prováveis em cada alternativa possível de futuro.

179

Políticas são linha gerais utilizadas para a tomada de decisão na organização,

sendo interpretadas e implementadas de acordo com os objectivos e estratégia de cada

unidade organizacional.

Estratégias são conjuntos de metas e caminhos que posteriormente devem ser

implementados. A sua implementação traduz-se no processo pelo qual cada estratégia e

política é posta em acção pelo desenvolvimento de planos, orçamento e procedimentos.

Por sua vez, a avaliação e controlo é o processo pelo qual as actividades organizacionais

são monitorizadas para que o seu desempenho actual seja comparado com o

desempenho desejado.

180

ANEXO 3 - INFRA-ESTRUTURA DE INTERNET UTILIZADA NO PROTÓTIPO

Com vista a colocar a plataforma de Internet a funcionar foram seguidos os

seguintes passos:

- Instalação do servidor de Internet;

- Instalação do Perl;

- Instalação do módulo de bases de dados do Perl;

- Registo das bases de dados com controlo ODBC do Windows.

O primeiro passo consiste em instalar o servidor de Internet. O servidor utilizado

foi o Xitami da iMatix Corp. (www.imatix.com), sendo a sua instalação apoiada pelo

respectivo wizard. Apenas se deve ter em linha de conta que uma vez que o software foi

instalado em c:\programas\xitami, então as páginas serão colocadas em

c:\programas\xitami\webpages\

Nesse directório, a página aaa.html seria invocada a partir do browser da seguinte

forma:

http://www.meusite.pt/aaa.html

Por sua vez os ficheiros de CGI são colocados em:

c:\programas\xitami\cgi-bin\

Nesse directório, o ficheiro aaa.cgi seria invocado da seguinte forma:

http://www.meusite.pt/cgi-bin/aaa.cgi

Após instalação do servidor de Internet deve ser feita a instalação do Perl, neste

caso específico o ActivePerl. Aqui também existe um programa que permite fazer a

instalação do ActivePerl, que por omissão, é instalado no directório C:\Perl.

181

O DLL de apoio (PerlCRT.dll) é colocado em C:\WINDOWS\SYSTEM. O

registry do sistema Windows também é actualizado durante a instalação.

O directório onde se encontra instalado o Perl é colocado como variável de

ambiente no Autoexec.bat.:

SET PATH=C:\ PERL\BIN Após se ter instalado o ActivePerl, foram instalados os módulos adicionais do

Perl, para tal existe o PPM. O PPM, ou Perl Package Manager, do ActivePerl é um

interface de linha de comando que se pode utilizar para pedir módulos do sítio de

Internet do AcitePerl, permitindo o seu carregamento e instalação automática. Foi o que

foi feito com os módulos DBI e DBD.

Qualquer que seja a base de dados que se pretenda utilizar a partir do Perl, quer

seja MS-Access, Sybase, Informix, Oracle ou MySQL ou ainda outras, é necessário

utilizar o módulo DBI, ou Database Independente Interface. O módulo DBI fornece um

meio simples e consistente de fazer consultas a bases de dados, para qualquer que seja o

formato de bases de dados utilizado. Deste modo, programadores que desenvolveram

código em Perl para pesquisar tabelas de bases de dados Oracle, podem com pequenas

modificações (e por vezes sem qualquer modificação) utilizando o mesmo código fazer

pesquisa sobre Access.

Uma vez instalado o ActivePerl basta abrir uma janela MS-DOS e fazer:

C\> ppm PPM interactive Shell (0.9.6) - type 'help' for available commands PPM> install DBI install package 'DBI?' (y/n): y Retrieving package 'DBI'...

Agora já se encontra instalado o DBI, porém, este módulo não interage

directamente com as bases de dados. Este módulo interage com o DBD. Existem então

vários módulos DBD que foram escritos especificamente para cada marca de sistemas

de bases de dados. Por exemplo, caso se queira pesquisar bases de dados Oracle através

do DBI então existe o módulo DBD::Oracles, o mesmo existe para outras marcas, é o

caso do DBD::Sybase para o Sybase ou então o DBD::ODBC para as bases de dados

que podem comunicar utilizando o protocolo ODBC. Uma vez que o MS Access

suporta ODBC, foi instalado o módulo DBD::ODBC. Para tal voltou-se ao Perl

Package Manager e seguiram-se os seguintes passos:

182

C\> ppm PPM interactive Shell (0.9.6) - type 'help' for available commands PPM> install DBD-ODBC install package 'DBD-ODBC?' (y/n): y Retrieving package 'DBD-ODBC '...

Neste momento já se encontra instalado quer o servidor de Internet, quer o

ActivePerl, quer ainda o módulo de Perl que permite aceder a bases de dados que

utilizam o protocolo ODBC. Agora é necessário registar a base de dados no ODBC

(Open Database Connectivity). Para tal vai-se ao painel de controlo do Windows e

selecciona-se o ODBC. Em seguida selecciona-se a opção System DSN. Em seguida

adiciona-se um System Data Source, pressionando no botão Add. Surge então uma nova

janela onde se coloca o nome (Data Source Name), devendo-se identificar o local onde

se encontra a base de dados. Por exemplo, aqui adicionou-se a base de dados

meeting.mdb, tendo sido atribuído o nome Meeting1.

Figura 89 - Registo de base de dados no ODBC

Vejamos então algumas das principais expressões em código Perl. Em primeiro

lugar, inclui-se o módulo DBI:

183

use DBI;

Em seguida utiliza-se o método connect de DBI para abrir uma ligação

(connection) para base de dados MS Access, utilizando-se aí o nome que foi atribuída à

base de dados no ODBC e não o nome do ficheiro:

$dbh = DBI->connect('dbi:ODBC:Meeting1');

A variável $dbh representa um database handle (claro que se pode atribuir outro

nome à variável). Em seguida é necessário aceder à base de dados fazendo pedidos mais

específicos à base de dados. Os parâmetros passados para connect especificam que

módulos de bases dados se usam e o nome registado da base de dados a abrir. Se a base

de dados é protegida por palavra passe também se podem fornecer esses parâmetros

adicionais:

$dbh = DBI->connect('dbi:ODBC:Meeting1',username,password); A base de dados está à espera de atenção para servir. Em seguida é feita a

expressão em SQL, a qual é atribuída à variável $sql1.

$sql1="SELECT ippart,datepart,namepart,autor FROM part WHERE((ippart='$vowner')and(autor='y'))";

Em seguida é invocado o método para preparar a declaração, e em seguida é dada

indicação para execução da declaração:

$sth = $dbh->prepare($sql1); $sth->execute || die "Could not execute SQL statement ... maybe invalid?";

Após executar o comando de pesquisa é necessário recolher e colocar os dados em

algum lado. O método fetchrow_array é utilizado para recolher os dados. Este método

vai colocar numa variável os campos de cada registo. Por exemplo enquanto tiver dados

(@row=$sth), continua a executar um ciclo, entretanto é impresso no ficheiro de texto o

segundo (@row[1]) e o primeiro (@row[0])campo do query:

while (@row=$sth->fetchrow_array) print TEXT "@row[1] @row[0]\n";

184

Seguidamente é apresentado um exemplo de código completo em Perl baseado

num dos CGI que foi utilizado num dos protótipos descritos no capítulo VI. Nesse

exemplo podem-se ver vários queries sobre bases de dados:

#!/usr/bin/perl #---------------------------------+ # Entrada de dados em ficheiro | #---------------------------------+ use DBI; $dbh = DBI->connect('dbi:ODBC:Meeting1'); #---------------------------------+ # Caminhos #---------------------------------+ $lugar="location:http://www.meusite.pt/meeting1/m1/bd1.htm\n\n"; $path0=">c:\\xitami\\cgi-bin\\meeting1\\"; $path2=">c:\\xitami\\webpages\\meeting1\\item5\\index.htm"; $description="XX"; #---------------------------------+ # Variáveis do form HTML #---------------------------------+ $vowner=$ENVREMOTE_ADDR; $vmeeting="XX"; $vtask="XX"; $i=0; read(STDIN,$temp,$ENV'CONTENT_LENGTH'); @pairs=split(/&/,$temp); foreach $item(@pairs) ($key,$content)=split(/=/,$item,2); $content=~tr/+/ /; $content=~s/%(..)/pack("c",hex($1))/ge; $content=~s/\t/ /g; $fields$key=$content; if ($key eq "fdescription")$vdescription=$content; if ($key eq "fowner")$vowner=$content; if ($key eq "fmeeting")$vmeeting=$content; if ($key eq "ftask")$vtask=$content; if ($key eq "lugar") $lugar=$content; if ($key eq "fname") $vname=$content; if ($key eq "data_order") $content=~s/ //g; @sortlist=split(/,/,$content); #---------------------------------+ #Verificar utilizador #---------------------------------+ $iptemp="999.999.999.999"; $sql1="SELECT ippart,datepart,namepart,autor FROM part WHERE((ippart='$vowner')and(autor='y'))"; $sth = $dbh->prepare($sql1); $sth->execute || die "Could not execute SQL statement ... maybe invalid?"; while (@row=$sth->fetchrow_array) $iptemp=@row[0]; #print "@row[0] @row[1]";

185

$nametemp=@row[2]; $autortemp=@row[3]; if($iptemp eq"999.999.999.999")print "não autorizado"else #---------------------------------+ #Introduzir dados em base de dados #---------------------------------+ $sqlstatement="Insert Into Comment(description,owner,meeting,task,name) Values ('$vdescription','$vowner','$vmeeting','$vtask','$vname')"; $sth = $dbh->prepare($sqlstatement); $sth->execute || die "Could not execute SQL statement ... maybe invalid?"; #---------------------------------+ # Cabeçalho #---------------------------------+ $html1 ='<html><HEAD><META HTTP-EQUIV="Refresh" CONTENT="1; URL='."$vtask".'.htm#end"><META Http-Equiv="Cache-Control" Content="no-cache"> <META HTTP-EQUIV="Pragma" CONTENT="no-cache"></HEAD><SCRIPT>self.scrollBy(0,10000000)</SCRIPT>'; #---------------------------------+ #rodapé #---------------------------------+ $html2 = qq~ </body> </html> ~; #---------------------------------+ #Criar documento de leitura #---------------------------------+ $sqlstatement1="SELECT description,name,owner,task FROM Comment WHERE((task='$vtask')and(meeting='$vmeeting')) ORDER BY code"; $sth = $dbh->prepare($sqlstatement1); $sth->execute || die "Could not execute SQL statement ... maybe invalid?"; $path1="$path0"."$vtask".'.txt'; open (TEXT,$path1); onMouseOver="window.status=\'texto\'; return true"></a>'; while (@row=$sth->fetchrow_array) print TEXT "@row[1] @row[0]\n"; close(TEXT); #---------------------------------+ #Criar documento de Consulta #---------------------------------+ $sqlstatement1="SELECT description,name,owner,task FROM Comment WHERE((task='$vtask')and(meeting='$vmeeting')) ORDER BY code DESC"; $sth = $dbh->prepare($sqlstatement1); $sth->execute || die "Could not execute SQL statement ... maybe invalid?"; $path1="$path0"."$vtask".'.htm'; open (HTML,$path1); print HTML $html1; $uu=0; print html '<BODY><a href="http://" onMouseOver="window.status=\'texto\'; return true"></a>'; while (@row=$sth->fetchrow_array) $uu=$uu+1; $linha[$uu]= "@row[1] "."@row[0]"; for ($i=10; $i>=0; $i--) print HTML "<br>"; print HTML "$linha[$i]";

186

print $lugar; #---------------------------------+ # FIM #---------------------------------+

187

188

ANEXO 4 - CONVERSÃO DE FICHEIROS PDA PARA PC

Com vista a fazer a conversão entre ficheiros de texto produzidos no EMS e

ficheiros de PDA foram utilizados conversores desenvolvidos em linguagem C e

compilados para que sejam acedíveis através de interface de linha de comando no

Windows. Esses conversores são por sua vez invocados a partir dos CGI.

Um exemplo de conversão utilizado num dos protótipos consiste em converter um

ficheiro de texto num ficheiro de agenda da Palm.

O ficheiro XXX.TXT exemplifica o formato de um ficheiro contendo uma lista

com eventos:

%m/%d/%y %h:%i %a %v

#

# Example 1

#

1/4/200 0 4:00 PM Visita ao cliente A&B

1/5/2000 9:00 AM Fazer relatório

# comentário

1/7/2000 9:00 AM Acabar projecto A&A, S.A.

#

Seguidamente pode ver-se o código Perl utilizado para fazer executar o conversor

convdb.exe, que vai converter o ficheiro xx.txt num ficheiro de extensão DBA, utilizado

no Palm Desktop:

#!/usr/bin/perl

...

system("convdb","xxx.txt");

...

189

O processo inverso far-se-ia com o apoio do conversor dtbk2csv.exe. Este iria

converter o ficheiro de extensão DBA num ficheiro de texto separado por vírgulas:

#!/usr/bin/perl

...

system ("dtbk2csv.exe -o","aaa.dat")

Um dos problemas que se coloca aqui, diz respeito à selecção das actividades

constantes da lista das actividades da agenda do utilizador. Por outro lado, para que o

ficheiro DBA seja utilizado no Palm, teria de ser previamente importado pelo Palm

Desktop e dessa forma incorporado na agenda do utilizador.

Outra alternativa consiste em utilizar uma base de dados específica. Neste caso foi

escolhida a base de dados DB. Este sistema apresenta diversas vantagens,

nomeadamente:

- que tem a vantagem de ser GNU, que para além de ser freeware, permite fazer

alteração do código;

- permite bases de dados mais flexíveis e adaptáveis em função das

necessidades específicas, podendo-se adicionar mais campos;

- permite a utilização de bases de dados com combo-list, campos de data

utilizando o calendário da Palm e campos booleanos do tipo check list

permitindo um interface mais amigável no PDA.

Quanto aos conversores foram utilizados o csv2pdb.exe e o pdb2csv.pda. Nesse

caso utilizar-se o csv2pdb.exe para converter ficheiros com dados separados por

vírgulas em ficheiros de tabelas de bases de dados DB do Palm, e o pdb2csv.exe para

fazer a operação inversa.

#!/usr/bin/perl

...

# --- converter ficheiro PDA em ficheiro de texto --;

...

# --- converter ficheiro de texto em ficheiro PDA --;

system("csv2pdb task2.info task2.txt task2.pdb ");

system("pdb2csv task1.pdb task1.txt task1.info");

190

...

O ficheiro task2.info apresenta as definições da estrutura da tabela, identificando

as designações e tipos de campos. Para além destes aspectos, identifica ainda as

dimensões das colunas dos ecrãs de entrada e output de dados ("views").

title "taski"

field "date" date

field "time" time

field "person" string

field "task" string

field "p" integer

field "conc" string

field "end" boolean

field "resource" string

view "All Fields" "date" 40 "task" 90 "p" 10 "end" 20

option backup true

extended off

O ficheiro task2.txt tem os dados da tabela a converter. Trata-se de um ficheiro de

texto em que os dados estão separados por vírgulas, correspondendo cada linha a um

registo da tabela:

09/02/2001,20:41,"","cie reports",1,"",false,"i"

09/01/2001,20:41,"","naris reports",1,"12-02-01",false,""

09/01/2001,20:41,"","ie test",2,"",true,""

09/01/2001,20:41,"","cie test",2,"",false

09/01/2001,20:41,"","cie list",1,"",true

09/01/2001,20:41,"","oo report",1,"",false

09/01/2001,20:41,"","print access ex.",1,"",true

Após execução do ficheiro CGI é produzido o ficheiro task2.pdb. Esse ficheiro.

Colocando-se acessível no servidor Web pode ser então carregado e em seguida pode

ser instalado no Palm para posteriormente ser sincronizado, isto é, utiliza-se o

procedimento normal de instalação e sincronização de dados no Palm. Uma alternativa

poderá ainda ser utilizar o servidor de Web para a sincronização local com o Palm. Esse

191

aspecto poderá porém levantar alguns problemas de segurança que devem ser

acautelados.

Na Figura 90, pode ser visto o ecrã que o utilizador acede quando pretende ter

uma panorâmica de todas as tarefas, listadas de acordo com o critério que achar mais

adequado.

Figura 90 - Lista de eventos

De entre a lista apresentada pode ser seleccionado um evento em específico para

análise detalhada (Figura 91).

Figura 91 - Edição de Evento

192

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204

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Contexto.......................................................................................................................................9 Figura 2 - Intervenientes na reunião ...........................................................................................................11 Figura 3 - Interacção dos vários intervenientes no sistema reunião ...........................................................12 Figura 4 - Diagrama de Classes para Impactes (baseado em Pinsonneault & Kraemer, 1989) ..................15 Figura 5 - Os componentes de uma reunião ...............................................................................................16 Figura 6 - Interacção entre Objectos da reunião.........................................................................................17 Figura 7 - Diagrama de estados associados à classe processo de reunião ..................................................18 Figura 8 - O processo de reunião................................................................................................................19 Figura 9 – Reunião vista na óptica da tarefa (Utilizando modelo de McGrath, 1984) ...............................22 Figura 10 –Participação na reunião no âmbito de uma abordagem Ibis. ....................................................27 Figura 11 –Papéis desempenhados numa reunião. .....................................................................................31 Figura 12 – Preparação da reunião .............................................................................................................33 Figura 13 – Direcção da reunião.................................................................................................................35 Figura 14 - Possível processo de direcção de reunião ................................................................................36 Figura 15 - Sintomas e intervenções (Viller, 1991; Wetey & Waters, 1988, Charan, 2001)......................37 Figura 16 - Produção de relatórios .............................................................................................................40 Figura 17 - Possível processo de produção de relatórios............................................................................42 Figura 18 - Lista de reuniões e respectivos resultados num processo de gestão estratégica.......................43 Figura 19 - Recursos de reunião .................................................................................................................46 Figura 20 - Síntese dos componentes da reunião........................................................................................50 Figura 21 - Problemas e Abordagens .........................................................................................................52 Figura 22 – Matriz DeSanctis e Gallupe (DeSanctis e Gallupe, 1987)......................................................57 Figura 23 - Matriz do Arizona (Nunamaker et. al., 1997) ..........................................................................58 Figura 24 - Lista de sistemas comerciais, conceitos associados e origem. .................................................60 Figura 25 - Matriz de Integração Organizacional.......................................................................................60 Figura 26 - Ferramentas e aplicações .........................................................................................................62 Figura 27 - Apoio fornecido aos intervenientes pelos sistemas existentes .................................................68 Figura 28 - Apoio fornecido pelos sistemas existentes ao processo de grupo ............................................71 Figura 29 - Apoio fornecido pelos sistemas existentes à memória de grupo..............................................77 Figura 30- Modelo PROFS.........................................................................................................................81 Figura 31 Géneros explicam conversão de dados.......................................................................................83 Figura 32 Género explicam o processo de produção de relatórios .............................................................84 Figura 33- Reunião como sistema de géneros (Adaptado de Orlikowski e Yates, 1998)...........................93 Figura 34 - Decomposição..........................................................................................................................94 Figura 35 - Especialização..........................................................................................................................95 Figura 36 – Géneros de declaração comunicativa ....................................................................................100 Figura 37 – Sistemas de géneros em Reunião de Direcção ......................................................................101 Figura 38 – Sistema de géneros para Assembleia-geral ...........................................................................104 Figura 39 – Sistema de géneros em Reunião de Ponto de Situação .........................................................106 Figura 40 - Fases do processo de gestão estratégica.................................................................................108 Figura 41 - Lista de reuniões e respectivos resultados num processo de gestão estratégica.....................108 Figura 42 – Sistema de géneros para Reuniões de Estratégia...................................................................109 Figura 43 – Sistema de géneros para Reunião de Marketing....................................................................111 Figura 44 – Quadro Resumos ...................................................................................................................113 Figura 45 - Diagrama de Casos de uso do sistema evidenciando os subsistemas GSG e EMS................116

205

Figura 46 - Descrição dos Casos de Uso ..................................................................................................117 Figura 47 - Diagrama de Classes do Subsistema GSG............................................................................118 Figura 48 - Ecrã de Sistema de Géneros...................................................................................................119 Figura 49 - Ecrã de decomposição e especialização de Sistema de Géneros............................................120 Figura 50 - Ecrã de Géneros de Comunicação ........................................................................................120 Figura 51 - Ecrã de Estrutura de Géneros.................................................................................................121 Figura 52 - Ecrã de Sequência de Géneros de Comunicação ...................................................................122 Figura 53 - Ecrã de Géneros de Apoio e Produção de Géneros................................................................122 Figura 54 - Ecrã Mostrando o Sistema de Géneros e Sequência entre Géneros .......................................123 Figura 55 - Diagrama de Classes do Subsistema EMS............................................................................125 Figura 56 - Ecrã de Criação de Agenda....................................................................................................126 Figura 57 - Diagrama de actividades associado ao botão select ...............................................................127 Figura 58 - Ecrã dos participantes. ...........................................................................................................128 Figura 59 - Implementação de um sistema géneros AGM .......................................................................129 Figura 60- Agenda e Discussão ...............................................................................................................130 Figura 61 - Implementação de um sistema de género Slogan ..................................................................131 Figura 62 – Reunião de Marketing ...........................................................................................................132 Figura 63 - Implementação de um sistema de género Estratégia..............................................................134 Figura 64 – Reunião de Estratégia............................................................................................................135 Figura 65 - Implementação de um sistema de género Reunião de Ponto da situação...............................136 Figura 66 - Ordem de trabalhos de reunião de ponto da situação.............................................................137 Figura 67 - Discussão ...............................................................................................................................137 Figura 68 - Planeamento...........................................................................................................................138 Figura 69 - Decisão ..................................................................................................................................139 Figura 70 - Lista de tarefas a realizar e edição de tarefa a realizar...........................................................140 Figura 72– Estrutura Lógica do Sitio .......................................................................................................144 Figura 73 - Géneros de comunicação utilizados.......................................................................................145 Figura 74 – Ligação entre reunião e estrutura virtual ...............................................................................145 Figura 75- Quadro das actas analisadas....................................................................................................149 Figura 76 Sistema de Géneros..................................................................................................................152 Figura 77 - O esquema de um documento digital .....................................................................................152 Figura 78 - O documento digital...............................................................................................................153 Figura 79- Opinião acerca das actas .........................................................................................................155 Figura 80 Atitude resultante do uso de cada acta .....................................................................................155 Figura 81 - Opinião acerca da agenda e da informação de contextual da nova acta.................................155 Figura 82- Opinião acerca da nova acta digital ........................................................................................156 Figura 83 - Modelo 1................................................................................................................................157 Figura 84 - Modelo 2................................................................................................................................157 Figura 85 - Quadro Resumo 1 ..................................................................................................................159 Figura 86 - Quadro Resumo 2 ..................................................................................................................160 Figura 87 - Síntese do trabalho de investigação .......................................................................................165 Figura 88– Modelo de gestão estratégica (baseado em Whellen & Hunger, 1990)..................................177 Figura 89 - Registo de base de dados no ODBC ......................................................................................183 Figura 90 - Lista de eventos .....................................................................................................................192 Figura 91 - Edição de Evento ...................................................................................................................192

206

ÍNDICE REMISSIVO

A

actas, 19, 47, 49, 66, 67, 73, 75, 79, 82, 92, 104, 113, 148, 149, 150, 151, 154, 155, 156, 158, 161, 165

actos do discurso, 27, 29, 45, 52, 90 agenda, 32, 33, 36, 37, 46, 47, 61, 63, 64,

71, 72, 73, 74, 92, 94, 95, 96, 97, 98, 103, 112, 117, 125, 126, 127, 142, 148, 149, 151, 153, 155, 156, 157

Agenda (ou ordem de trabalhos), 47 Agendas, 37, 74 agente organizacional, 11 AHP (Analytic Hierarchy Process), 23

B

Brainstoming, 22

C

Ciclo de vida de Géneros, 90 circunvexo, 21

D

Decomposição, 93, 94, 119 diagrama de actividades, 8 diagrama de classes, 8 diagramas de interacção, 9 direcção de reunião, 35 Documentos de Suporte, 48

E

Especialização, 93, 95

F

facilitador, 10, 17, 30, 32, 35, 36, 37, 43, 44, 45, 51, 56, 62, 63, 64, 66, 68, 70, 74, 116, 117, 126, 127, 138

Fluxo de trabalho, 13

G

Género de Comunicação, 87 Géneros de comunicação, 29 GroupSystems, 56, 62, 68, 71, 77 Groupware, 56, 80, 162, 195, 197

I

IBIS (Issue-Based Information System), 26 Interactive Process Analysis, 29 Intervenção (ou comentário), 23 Item de reunião, 20

M

mapas cognitivos, 25, 26, 59 mapas conceptuais, 25 mapas mentais ou mind maps, 25 Matriz de Integração Organizacional, 60 MeetingWorks, 56, 62, 68, 71, 77 Memória de Grupo, 72 Memória Organizacional, 13

O

organização, 17, 30, 34, 56, 61, 66, 70, 98, 99, 143, 144, 145, 146, 154, 175, 178, 179, 180Orlikowski, 29, 35, 45, 46, 72,

207

73, 83, 84, 87, 88, 89, 92, 93, 94, 174, 200, 204

P

Papel, 30 participante, 11 Participante, 38 patrocinador, 10 Patrocinador, 44 planeamento de reunião, 33 processo de reunião, 15, 18

R

Relatório, 48 repertório de géneros, 88, 91, 121, 129

S

Sistema de Apoio a Decisão em Grupo (GDSS), 55

Sistema de género, 41

Sistemas de Apoio a Reuniões, 55

T

Tarefa (ou actividade), 20 técnicas de mapeamento, 25 tipos de participantes, 39

U

Y

Yates, 29, 35, 45, 46, 72, 73, 83, 84, 87, 88, 89, 92, 93, 94, 174, 200, 204

208

PRINCIPAIS ABREVIATURAS UTILIZADAS

AHP - Analytic Hierarchy Process

BCG - Boston Consulting Group

CGI - Common Gateway Interface

DBI - Database Independente Interface

DC - Decision Conferencing)

DLL - Dinamic Link Library

DSN - Data Source Name

EMS - Electronic Meeting System

ERP - Entreprise Resource Planning

GDSS - Group Decision Suport System

GSS - Group Support Systems

HTML - Hipertext Markup Language

IBIS - Issue-Based Information System

IPA - Interactive Process Analysis

IR - Infra red

MIT - Massachusetts Intitue of Technology

ODBC - Open Database Connectivity

PDA - Personal Digital Assistant

Perl - Pratical Extraction Report Language

PPM- Perl Package Manager

SMS - Small Message System

UML - Unified Modeling Language

209