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23
1 Química Física MIEB 2009-2010 Superfícies e interfaces José Paulo Farinha http://web.ist.utl.pt/farinha [email protected] Superfícies e interfaces Bibliografia G. T. Barnes, I. R. Gentle , “Interfacial Science: An Introduction”, Oxford University Press: N.Y., 2005. J. Goodwin, “Colloids and Interfaces with Surfactants and Polymers: An Introduction”, Wiley: U.K. 2004. JPSF Química-Física MIEB 2009/2010

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1

Química Física

MIEB 2009-2010

Superfícies e interfaces

José Paulo Farinha

http://web.ist.utl.pt/farinha

[email protected]

Superfícies e interfacesBibliografia

G. T. Barnes, I. R. Gentle , “Interfacial Science: An Introduction”, Oxford University Press: N.Y., 2005.

J. Goodwin, “Colloids and Interfaces with Surfactants and Polymers: An Introduction”, Wiley: U.K. 2004.

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

Page 2: Intefaces

2

Área interfacial em meios dispersos: coloides e nanopartículas.

Número de partículas

Raio da partícula / m

Área total da superfície / m2

1 610-3 4.810-4

103 610-4 4.810-3

106 610-5 4.810-2

109 610-6 0.481012 610-7 4.81015 6 10-8 48

Divisão em partículas esféricas de uma fase dispersa com volume total de 1cm3 1015 610-8 48volume total de 1cm3.

A biological system can be exceedingly small. Many of the cells are very tiny, but they are very active; they manufacture various substances; they walk around; they wiggle; and they do all kinds of marvelous things---all on a very small scale (...) Consider the possibility that (...) we can manufacture an object that maneuvers at

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that level!

Richard Feynman (1918-1988)

Nobel da Física 1965

Richard Feynman, “There’s plenty of room at the bottom” (CalTech, 1959)

Things Natural Things ManmadeHead of a pin

1-2 mm

Ant

~ 5 mm

Dust mite

~ 200 m0.1 mm

100

1 cm

10 mm10-2 m

10-3 m

10-4 m

Mic

row

ave

1 000 000 nm = 1 mm

The Scale of Things – Nanometers and More

MicroElectroMechanical(MEMS) devices

10 -100 m wide

Red blood cells

(~7-8 m)

Fly ash

~ 10-20 mHuman hair

~ 60-120 m wide

Mic

ro

0.1 m

100 nm

0.01 mm

10 m

100 m

10-5 m

10-6 m

10-7 m

Visi

ble

1 000 nm = 1 m

Infr

ared

viol

et

Zone plate x-ray “lens”Outer ring spacing ~35 nm

Red blood cellsPollen grain

Quantum corral of 48 iron atoms on copper surfacepositioned one at a time with an STM tip

Corral diameter 14 nm

ATP synthase

~10 nm diameterNanotube electrode

Carbon nanotube

~1.3 nm diameter0.1 nm

1 nm

0.01 m

10 nm10-8 m

10-9 m

10-10 m

Nan

o

Ultr

avSo

ft x-

ray

Office of Basic Energy SciencesOffice of Science, U.S. DOE

Carbon buckyball

~1 nm diameter

Self-assembled,Nature-inspired structureMany 10s of nm

Atoms of siliconspacing 0.078 nm

DNA~2-1/2 nm diameter

Page 3: Intefaces

3

Tensão Superficial

F

• Tensão superficial: força por unidade de comprimento actuando tangencialmente à superfície, perpendicular a um elemento xna superfície.

x

gás

interface

líquido

Origem molecular da tensão superficial

– Forças moleculares que actuam nas moléculas do líquido são em média

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isotrópicas.

– Moléculas na superfície estão sujeitas a uma força resultante que as atrai para o líquido:

O sistema tende a minimizar a área da superfície

• Tensão superficial: energia por unidade de área necessária para contrariar a minimização da área da superfície.

Contacto entre filme e arame na direcção de deformação: 2 ( ½ x)

Força exercida pela tensão superficial que se opõe ao aumento da área: xF

Trabalho realizado na extensão da superfície:

yFw yxA

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Aw

Trabalho de extensão por unidade de área, necessário para deformar a superfície.

Page 4: Intefaces

4

Ângulo de contacto, molhabilidade e espalhamento

• A interface tripla formada por deposição de uma gota numa superfície sólida move-se em função das 3 tensões superficiais em jogo.

• Ângulo de contacto: ângulo entre a

• A posição da linha de contacto tripla em equilíbrio é determinada pelas componentes horizontais das tensões superficiais

superfície sólida e a tangente ao líquido na linha de contacto.

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horizontais das tensões superficiais.

cosGLLSGS Equação de Young

Thomas Young1773-1829

• Até atingir o equilíbrio a linha de contacto tripla é sujeita a uma força por unidade de comprimento

'cos GLLSGSh LF

• O ângulo de contacto instantâneo ’ tendeO ângulo de contacto instantâneo tende para ’ = à medida que a forma da gota se modifica e a força resultante tende para Fh = 0

• Em equilíbrio:LSGS

cos

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GL

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5

• O ângulo de contacto está relacionado com as interacções entre

moléculas na gota de líquido (forças coesivas) e entre estas e a

superfície sólida (forças adesivas).

– Superfícies hidrofílicas (eg. com grupos OH) têm elevada afinidade para a água, forças p g , çadesivas predominantes – baixo ângulo de contacto.

– Superfícies hidrofóbicas (eg. polímeros e superfícies revestidas com moléculas orgânicas): forças coesivas predominantes e

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• Medidas de ângulo de contacto dão informação sobre as superfícies.

ângulo de contacto com a água elevado.

• Molhabilidade:Um líquido molha a superfície quando < 90º e não molha se > 90º.

• O espalhamento de um líquido sobre uma superfície sólida depende das componentes da tensão superficial paralelas ao sólido.

• A linha de contacto tripla avança na direcção de Fh até atingir um valor de para o qual Fh = 0

'cos GLLSGSh LF

• Se não for possível atingir um valor Fh = 0, o líquido espalha se completamente na

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• Coeficiente de espalhamento:

o líquido espalha-se completamente na superfície ( = 0)

GLLSGSLSS

O líquido espalha-se completamente para SLS > 0

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6

Adesão e coesão

• Trabalho de adesão:Trabalho realizado por unidade de superfície formada para separar duas fases e no interior de uma fase

w

• Se uma das superfícies é sólida

SGLGLSLSw

cosGLLSGS

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cos1 LGLSw Equação de Young – Dupré

• Trabalho de coesão:Trabalho realizado por unidade de superfície formada para separar uma única fase em duas.

2w 0

Medição da tensão superfícial

Balança de Wilhelmy

Ludwig Wilhelmy(1812 – 1864)

yxF 2

x – largura da placay – espessura da placa

Válido para = 0

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Utilizando uma placa de papel, o líquido molha o papel e = 0

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7

Anel de du Noüy

Pierre Lecomte d N ü

RF 22

R – raio do anel

Correcção necessária para a

du Noüy(1883-1947)

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geometria da superfície.

Ascensão capilar

Pressão hidrostática no capilar

hgP

Peso do líquido no capilarq p

2crhgF

Tensão superficial

22cos cc rhgr rc

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Se o líquido molha o capilar ( = 0)

2crhg

cos2crhg

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8

O ângulo de contacto da água num vidro limpo é próximo de zero.

a) Calcule a tensão superficial da água a 20ºC tendo em conta que esta sobe 4.96 cm num capilar de vidro com raio interno 0.300 mm e que a sua densidade a 20ºC é 998.2 kg m-3.

cos2crhg

b) Qual a tensão superficial da água a 30 ºC sabendo que

a esta temperatura a densidade da água é 995.6 kg m-3

e que a ascensão no mesmo capilar é de 4 64 cm?

Para = 0 crhg2

1

Em água a 20ºC: = 0.5(998.2 kg m-3)(9.807 m s-2)(4.9610-2 m)(0.310-3 m)=7.310-2 N m-1

e que a ascensão no mesmo capilar é de 4.64 cm?

c) Utilizando um capilar de PTFE de igual diâmetro interno, qual seria a variação do nível da água no capilar a 20ºC? O ângulo de contacto da água em PTFE é 108º.

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0 5 (998 g ) (9 80 ) ( 96 0 ) (0 3 0 ) 3 0

Em água a 30ºC: = 0.5(995.6 kg m-3)(9.807 m s-2)(4.6410-2 m)(0.310-3 m)=6.810-2 N m-1

Em PTFE a 20ºC:

h = (7.310-2 N m-1)(2cos 108º) / [(998.2 kg m-3)(9.807 m s-2)(0.310-3 m)] = – 15.410-3 m = – 15.4 mm

Capilaridade e curvatura da interface

• A curvatura de uma interface fluida origina uma diferença de pressão entre os dois lados da interface.

– É necessário aumentar a pressão para encher a bolha de sabão.

• Em equilíbrio, a diferença de pressão devida à curvatura da interface é mantida pela tensão superficial.

A diferença de pressão exercida pelas

fase

– Abrindo o tubo, a bolha expele o ar até eventualmente formar um filme plano

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

A diferença de pressão exercida pelas duas fases e numa superfície curva, dá origem a uma força normal à superfície em cada ponto

A tensão superficial origina uma força tangencial ao perímetro da bolha.

fase

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9

APPF Pn

cosAPPF Pz

Fn

• Força devida à diferença de pressão

A componente da força segundo z é

fase

fase

Para a base da gota:

xyP

z APPF

xy

Pz APPF 2

cP

z rPPF

• A tensão superficial origina uma força F() = L tangencial à

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• A tensão superficial origina uma força F() = – L tangencial à superfície, que actua no perímetro da interface.

r

rLF c

z r

rF cz

22

• A componente em z vem Fz() = – L cos , sendo cos = rc / r

Para o perímetro da base da gota

• Igualando as forças devidas à diferença de pressão e à tensão superficial

PFF

Fn

r

rrPP cc

22 2

rPP

2Equação de Laplace

para superfícies esféricas

zz FF

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rpara superfícies esféricas

Pierre-Simon, Marquis de Laplace

1749-1827

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10

• Para superfícies não esféricas consideram-se dois raios de curvatura

21

11

rrPP

Equação de Laplace para superfícies não esféricas,

• Superfícies esféricas: r1 = r2 = rs rP

2

mrPP

2

21

11

2

11

rrrm

rm – raio de curvatura médio

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sr

• Superfícies cilíndricas: r1 →cr

P

• Superfícies planas: r1 = r2 → 0P

Aplicações da equação de Laplace

• Bolhas de tamanhos diferentes ligadas por um tubo

rPP

2

212121 PPPPPPrr

Pressão interna maior na gota mais pequena.

A gota mais pequena diminui até formar um filme com curvatura igual à gota maior.

Estabilização alveolar por

12

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

tensioactivos que reduzem a tensão superficial e evitam colapso dos alvéolos mais pequenos.

DPPC

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11

Aplicações da equação de Laplace

• Filmes abertos

''' rrPP

21

11

rrPP

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Forma-se uma superfície em selacom curvaturas iguais em z e em xy

Aplicações da equação de Laplace

• Ascensão capilar

Superfície líquida num capilar com ângulo de contacto

h

hc

atm

rPP

cos2

Diferença de pressão devida à coluna de líquido

hgPPatm

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Diminuição de pressão sob a superfície curva do líquido iguala a diferença de pressão devida à coluna de líquido

cos2crhg

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12

Um tubo de vidro com diâmetro interno de 1.0 cm contém uma vareta de vidro com 0.99 cm de diâmetro no centro. Se for introduzido num recipiente com água a 25 ºC, a que altura subirá a água? (Para a água a 25 ºC: = 72.0 mN m-1 e = 0.997 g cm-3).

mrP

1

21

11

rrP 21

111

rrrm

21 rr

intervalo entre os tubos: (1.0 – 0.99) / 2 = 0.005 cm = 0.05 mm

raio de curvatura do menisco: r1 = 0.025 mm

raio de curvatura em torno da vareta: r2 = (9.9+0.0252) / 2 = 4.956 mm

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hgP g

Ph

h = (9979.8) / 4894.5 = 29.6 cm

Diferença de pressão: P = 0.072(1/0.025 + 1/4.956)103 = 2894.5 Pa

Interface gás – sólido

• Adsorção química: formação de ligações químicas entre a espécie adsorvida e a superfície.

• Adsorção de gases em superfícies sólidas

– A energia envolvida é comparável à que acompanha as reacções químicas

– Geralmente exotérmica pois S < 0, obrigando a H < 0 para que a adsorção seja espontânea G = H –TS < 0

– O processo nem sempre é reversível (reacções na superfície, dissociação, catalise heterogénea)

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• Adsorção física: interacção por forças de van der Waals entre a espécie adsorvida e a superfície.

– A energia envolvida é comparável à que acompanha transformações físicas como condensação, etc.

– Reversível em sólidos não porosos

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13

Adsorção de gases em superfícies sólidas

• Isotérmica de adsorção: variação da extensão de adsorção com a pressão, a temperatura constante.

Interacção forte Interacção fracaAds química Ads física Ads física

Tipos de isotérmicas:

I II III

Monocamadacompleta

Ads. química Ads. física

Ads. física Ads. física

Ads. física

adsliq QQ

n - moles adsorvidas

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IV V

Afinidade G-S elevada

adsliq QQ

Sólidos porosos: condensação nos poros

n moles adsorvidas

nm - moles na

monocamada

• A extensão de adsorção é normalmente descrita em termos da fracção de cobertura .

Numa superfície com n0 posições para adsorção, dos quais n estão ocupadas

0n

n n – quantidade adsorvida

n0 – quantidade correspondente a uma

• Isotérmica de Langmuir

– A adsorção não continua depois de formada

uma monocamada

– A superfície é uniforme

monocamada na superfície

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Irving Langmuir1881-1957

Nobel da Química 1932

A superfície é uniforme

– A adsorção não é cooperativa: a probabilidade

de adsorção de uma molécula é independente

da quantidade de moléculas já adsorvidas.

Page 14: Intefaces

14

• Equilíbrio de adsorção entre as moléculas A na fase gasosa, a superfície livre S e a superfície ocupada AS

A(g) + S(superfície) AS(superfície)

• A velocidade de adsorção depende da pressão p do gás A e do número de posições livres na superfície n0 – n = n0 (1 – )

10npk

dt

da

número de posições livres na superfície n0 n n0 (1 )

H

kd d

ka – constante de velocidade de adsorção

kd – const. vel. de desadsorção

• A velocidade de desadsorção é proporcional ao número de espécies adsorvidas n = n0

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kTnk

dtd

d exp0

• Em equilíbrio dinâmico a soma destas velocidades é zero

01 00 kTHnknpk dda exp

Hd – entalpia de desardsorção

• Sendo a constante de equilíbrio de adsorção

pK

kT

H

k

kK d

d

a exp

Isotérmica

01 00 kTHnknpk dda exp

pK

1Isotérmica

de Langmuir

• A isotérmica de Langmuir é do tipo I– a adsorção atinge um limite quando se adsorve uma monocamada completa.

K =

K =

K =

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

• Maior constante de adsorção K indica maior afinidade do gás para o substrato.

Page 15: Intefaces

15

• Se a adsorção é forte e provoca dissociação do gás na superfície, o equilíbrio vem

AB(g) + S(superfície) AS(superfície) + BS(superfície)

• A velocidade de adsorção depende da probabilidade de ambas as fracções encontrarem posições livres na superfície [n0 (1 – )]2

20 1 npk

dt

da

kT

Hnk

dt

d dd exp2

0

• A velocidade de desadsorção é proporcional à probabilidade de encontro das duas fracções na superfície (n0 )2

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

kTdt

• Em equilíbrio dinâmico

pK

pK

1 Isotérmica de Langmuir

com dissociação

kT

H

k

kK d

d

a exp

A dependência na pressão é menor que para o caso sem dissociação

K =

K =

K =

K =

• Adsorção com dissociação • Adsorção sem dissociação

pK

pK

1

K =

pK

pK

1

K =

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

A cobertura relativa aumenta com a pressão, mas só chega a valorespróximos da cobertura completa para pressões muito altas, quando gásé forçado a ocupar toda a superfície disponível.

Page 16: Intefaces

16

• A isotérmica mais usada para descrever adsorção multicamada foi derivada por Brunauer, Emmett e Teller (BET) em 1938

• Se a camada inicialmente adsorvida actua como substrato que permite continuar a adsorção, a isotérmica não tende para uma cobertura máxima constante.

– Não há limite para o número de camadas de moléculas adsorvidas.

– A adsorção em cada camada segue i té i d L i

Isotérmica BET

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010 Edward Teller (1908-2003)

a isotérmica de Langmuir

– Adsorção e desadsorção só ocorrem em superfícies expostas.

StephenBrunauer(1903-2003) Paul Emmett

(1900-1985)

Isotérmica BET

00 11

pp

Zpp

pZII

• Descreve bem a adsorção

RT

HHZ vd

1

exp

Hd1 – entalpia de desadsorção da

primeira camada adsorvida

0n

n III

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

• Descreve bem a adsorçãosegundo as isotérmicas tipos II e III.

Hv – entalpia de vaporização da espécie adsorvida

primeira camada adsorvida

p0 – pressão de vapor da camada adsorvida

Page 17: Intefaces

17

II– Isotérmicas tipo III

(interacção fraca).

– Como Hd1 < Hv há adsorção

f i l d

• Valores baixos de Z

III

preferencial em zonas da superfície já cobertas.

• Valores altos de Z

HH

Z vd1

exp

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

– Isotérmicas tipo II (interacção forte).

– Como Hd1 > Hv há adsorção preferencial

em zonas da superfície descoberta e só depois nas zonas já cobertas.

RT

Z exp

Interface gás – líquido

• Adsorção de tensioactivos na interface gás-líquido

Parte hidrofílica(aniónica, catiónica ou polar)

Parte hidrofóbica

BB CdΓRT

dln

• Equação de Gibbs A adsorção numa interface líquida causa umaalteração na tensão superficial que pode serusada para determinar a quantidade adsorvida.

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

RT

J. Willard Gibbs1839-1903

B – adsorção do soluto B na interface

B

BB dC

d

RT

BB Cd

d

RTΓ

ln

1

AnΓ σBB /

Page 18: Intefaces

18

Tensioactivo C16TAB em água • Concentração micelar crítica (cmc)

Formação de agregados em que asmoléculas de tensioactivo se organizamcom os grupos hirofílicos para fora e ossegmentos hidrofóbicos para dentro.

cmc

AnΓ σBB /

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

B

BB dC

d

RT

Acumulação de soluto na interface com aumento da concentração

Formação de micelas

MMSS CdΓCdΓRT

dlnln

• Equação de Gibbs para duas espécies

cmc

tensioactivo micelas

– O excesso de tensioactivo forma micelas, pelo que CS é constante, logo d lnCS = 0

• Acima da cmc:

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

– As micelas não são adsorvidas na superfície M = 0

A tensão superficial é constante 0RT

d

Page 19: Intefaces

19

T

• Micelas esféricas

Tensioactivos em água

W O

- Concentração- Solvente- Energia de interacção- Empacotamento (volume

hidrofobico / hidrofilico)

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

• Formação de espuma • Monocamadas

Aplicações dos tensioactivos

• Wetting: diminuição do ângulo de contacto entre líquido e sólido altera lh bilid d d fí i

• Detergência: remoção de material hidrofóbico em solução aquosa.

molhabilidade das superfícies. Ex: superfície hidrofílica torna-se hidrofóbica por adsorção de tensioactivo.

• Emulsificação: estabilização da dispersão de fases líquidas imiscíveis.

• Flotação: tratamento de minério por utilização de bolhas de ar e

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

tensioactivo para separar o minério da escória.

• Recuperação de petróleo: injecção de tensioactivos na rocha para aproveitamento do petróleo restante.

Page 20: Intefaces

20

Interfaces Biológicas

As membranas celulares sãoestruturas complexas com duas

Nas interfaces biológicas as fases, normalmente aquosas, estãoseparadas por um filme fino, a membrana, que impede a sua misturaindiscriminada.

estruturas complexas com duasfunções: conter os componentesnecessários ao funcionamento dascélulas e interagir com o exterior.

Os fosfolípidos são o constituinte principal da membrana na maior parte das células animais, que contêm também colesterol e proteínas com várias funções (transporte, canais, receptores).

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010Exemplos de fosfolípidos (cadeias de 16 ou 18 carbonos)

Em água os fosfolípidos formam bicamadas comuma estrutura como a dos tensioactivos, com aparte iónica virada para for, em contacto com aágua, e as cadeias hidrofílicas no interior

Interdigitação em fosfolípidos com diferentes cadeias e grupos fosfatodiferentes cadeias e grupos fosfato

cmc 10-7 M T < 0 ºC

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

As bicamadas de fosfolípido têm uma transição de fase gel-cristal líquido(chain melting) acompanhada de aumento da hidratação da membrana.A presença de colesterol atenua esta transição.

Page 21: Intefaces

21

Fosfolípidos

• Estabilização da superfície alveolar

• Membranas celulares

• Vesiculos e liposomas: modelos de membrana, veículos para libertação

t l d d fá (d l )

DPPC

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

controlada de fármacos (drug release)

• aditivos alimentares: eg. Lecitina

Interface líquido – líquido

• Emulsões: gotas de um líquido (fase dispersa) dispersas noutro líquido (fase contínua).

• Agente emulsionante (tensioactivo): reduz a tensão superficial entre os dois líquidos diminuindo a tendência para coalescência.

P2

q p

• Emulsões óleo/água (o/w) e água em óleo (w/o).

Exemplos:

– Leite (o/w 4% gordura); manteiga (w/o 15% água); maionese (o/w).

rP

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

Polimerização em emulsão de nano e micro esferas de polímero em água.

Page 22: Intefaces

22

Suspensões coloidais: dispersão de partículas de 10 a 1000 nm

Exemplos:

– Sangue; – Revestimentos à base de água;

Interface líquido – sólido

Polymer dispersed in water

Polymer particles in contact

Water evaporation

Particle deformation at T > T

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

Close packed particles

Mechanically rigid film

at T > Tff

Polymer interdiffusion at T > Tg

Exemplos:

– Síntese sol-gel (aerogels, etc.)

Suspensões coloidais: dispersão de partículas de 10 a 1000 nm

Interface líquido – sólido

M-OR+

H2O

Hidrólise e Condensação

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

Sol

Aerogel

Alcogel

e= 0.37 g cm-3

Farinha, J.P.S. et alPCT patent appl. 2006; Chemistry of Materials 2007;Journal of Materials 2007

Page 23: Intefaces

23

A adsorção de azoto em mica a 90K obedece a uma isotérmica de Langmuir. À pressão de 0.506 Pa, o volume de azoto adsorvido numa amostra de 10 mg de mica é de 17 mm3 e a 3.479 Pa, é de 33 mm3

(condições PTN: 0ºC e 1 atm). Admitindo que uma molécula de azoto ocupa 0.162 nm2 na superfície, estime a área superficial específica da grafite.

Condições PTN: 0ºC = 273.15 K; 1 atm = 101.32 kPa

pK

pK

1

0n

n

Equação de Langmuir

01 npKpKn 0

1

n

pKK

n

p p

nnKn

p

00

11

nRTPV pVVKV

p

00

11

479311479.3

506.011

17

506.0

00 VVK

4793479.31

506.0479.31

17

506.0

33

479.3

0

V

V

V 39 3 3 K 1 5 P

JPSF – Química-Física MIEB 2009/2010

479.333 00 VVK

479.333 0V

KV0 = 39.3 mm3 e K = 1.5 Pa

RT

PVn n0 = 1.0132105 Pa 39.310-9 m3 / (8.314 J K-1mol-1273.15 K) =

=1.7510-6 mol

Área superficial da amostra

A = 1.7510-6 mol6.021023 mol-10.16210-18 m2 = 0.170 m2

Área superficial específica As = A / m As = 0.170 m2 / (10*10-3 g) = 17 m2/g