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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA
DE SANTA CATARINA
CAMPUS FLORIANÓPOLIS DEPARTAMENTO ACADÊMICO
METALMECÂNICA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO
FLORIANÓPOLIS, FEVEREIRO DE 2017
JHONATAS DA SILVEIRA
CONSTRUÇÃO DE UM CAIAQUE DE MADEIRA
UTILIZANDO STRIP PLANKING
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JHONATAS DA SILVEIRA
CONSTRUÇÃO DE UM CAIAQUE DE MADEIRA
UTILIZANDO STRIP PLANKING
Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia de Santa Catarina como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Tecnólogo em Design de Produto.
Professor Orientador: Heitor Eckeli.
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RESUMO
O desenvolvimento de um caiaque de madeira utilizando técnicas de
construção naval tradicional capaz de transportar um animal de estimação é um projeto ímpar e autêntico que busca de maneira criativa a elaboração de alternativas para a viabilidade de transportar animais por meio aquático. O resgate histórico sobre embarcações, sobretudo caiaques, mostra que esse objeto passou por inúmeras adaptações e ainda se mostra suscetível à ajustes, seja ela na geometria, estética ou função. Os inuits desenvolveram os caiaques através de materiais disponíveis na época e no ambiente gélido do círculo polar ártico, usados para caça e transporte de famílias os inuits foram aprimorando as técnicas de construção até a chegada dos europeus, que mudaram a forma do emprego do caiaque, passando de um instrumento essencial para sobrevivência em um instrumento de lazer e transporte. Para que a construção do caiaque tivesse início, foi preciso elaborar modelagem tridimensional e gerar gabaritos para montagem, as ripas, foram postas de maneira alternada, sendo que a emenda ficou à meia nau e nas extremidades, o que constatou uma fragilidade considerável, uma vez que as ripas emendadas no meio com caiaque tornam-se quebradiças e resistem a conformação. No entanto, cada erro serviu de aprendizagem para que nos futuros projetos não aconteça imprevistos. Desde os inuits as mudanças nos caiaques foram feitas para seu próprio desempenho, pensar em um caiaque tendo a principal função o transporte seguro de um animal de estimação mostra que há uma outra possibilidade de intervenção de novos desenhos de produto.
Palavras Chave: Caiaque, Strip Planking, Inuits, Embarcação, Construção.
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ABSTRACT
The design and execution of a wooden kayak able to carry not only a person but also a pet using traditional shipbuilding techniques is an authentic project that aims to develop in a creative way alternatives for the feasibility of transporting pets by water. The historic research about boats, specially kayaks, shows the product conceived in this project went through several adaptations and is still susceptible to adjustments, either in geometry, aesthetics or function. The kayaks were developed by the Inuit people using
the materials they had available at the time and in their hostile environment of the Arctic Circle. They were used to hunting and families transportation and, as time passed by, they had their building techniques improved until the arrival of the Europeans who had changed the function of the kayak. It went from an essential tool for survival to an instrument of leisure and transportation. The research for the development of this project was made from discussions with boatbuilders and kayak users, as well as bibliographies about ships and boats, mostly with emphasis on wooden kayak projects. To start the building process of the kayak, it was necessary to make a 3D modeling and generate assembling templates and jigs. The wooden clapboards were placed alternately, with the seam at midship and at the extremities, which provided a substantial fragility, once the wooden clapboards placed in the middle of the kayak become brittle and resistant to conformation. However, each mistake was turned into learning to avoid unexpected situations in future projects. It is important to highlight that since the Inutis, the
modifications in kayaks were made for its own performance improvement. Conceive the idea of a kayak which the main function is the safe transportation of a pet shows a new Industrial Design possibility for this product.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 1
1.2 Formulação do Problema ............................................................. 1
2 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 2
3 OBJETIVOS ........................................................................................ 3
3.1 Objetivo Geral .............................................................................. 3
3.1.2 Objetivos Específicos............................................................. 4
4 MÉTODO UTILIZADO ........................................................................ 4
5 AQUILES TOR .................................................................................... 6
6 EMBARCAÇÕES ................................................................................ 7
6.1 Embarcação e Humanidade ......................................................... 8
6.2 Evolução do caiaque .................................................................. 10
6.2.1 Características ..................................................................... 12
6.3 Tipos de Caiaques ..................................................................... 18
5.3.1 Caiaque de recreação ou lagoa ........................................... 18
6.3.2 Caiaque oceânico ................................................................ 19
6.3.3 Caiaque Duplo ..................................................................... 21
6.3.4 Caiaque de corrida .............................................................. 21
7 MÉTODOS DE CONSTRUÇÃO ....................................................... 23
78.1 STRIP PLANKING.................................................................... 24
7.2 COLD MOLDED ......................................................................... 25
7.3 PLYWOOD ................................................................................. 25
8 MATERIAIS ...................................................................................... 27
8.1 Madeira ...................................................................................... 27
8.2 Compensado .............................................................................. 29
8.3 Cola ............................................................................................ 31
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8.4 Resina ........................................................................................ 31
8.4 Fibra de Vidro ............................................................................. 32
9 ANÁLISE DE SIMILARES................................................................. 33
9.1 Sekani Kayaks ........................................................................... 33
9.1.1 Penache .............................................................................. 33
9.1.1.2 Ootek ................................................................................ 35
9.2 Rob Macks ................................................................................. 36
9.2.1 Shooting Star Baidarka ........................................................ 36
9.3 Guillemot Kayaks ....................................................................... 37
9.3.1 Guillemot ............................................................................. 37
9.4 Tabela Comparativa dos caiaques analisados ........................... 38
9.5 Análise de uso ............................................................................ 39
10 PERSONA ...................................................................................... 40
10.1 Erick ......................................................................................... 41
11 CICLO DE VIDA DO PRODUTO .................................................... 44
12 REQUISITOS .................................................................................. 44
13 CONCEITOS GERADOS................................................................ 48
13.1 Painel Imagético ....................................................................... 48
13.1.1 Inspiração .......................................................................... 49
13.1.2 Desenhos .......................................................................... 52
13.1.3 Palêmon 14 ....................................................................... 57
13.1.4 Característica do Caiaque ................................................. 59
14 PROTÓTIPO ........................................................................... 60
15 DOMÍNIO PÚBLICO ....................................................................... 71
16 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 73
REFERÊNCIAS ................................................................................... 75
APENDICE A ......................................................................................... 1
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APÊNDICE B ......................................................................................... 3
APÊNDICE C ......................................................................................... 8
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1
1 INTRODUÇÃO
Uma embarcação, segundo a Marinha do Brasil, nada mais é do que
uma construção, que tenha como objetivo se locomover na água, por meios
próprios ou não, transportando pessoas ou carga. A história da navegação está
diretamente ligada com a antropologia e a descoberta de novos territórios na
qual a barreira, que até então era algo intransponível pode ser vencida com a
utilização de materiais menos densos para transportar seres humanos, víveres,
objetos pessoais através dos mares.
A escolha de uma embarcação é determinada para qual tipo de ambiente
ela será utilizada, qual a capacidade de transporte de carga e sua propulsão.
Para uma embarcação de pequeno porte, saber o tipo de ambiente é
extremamente importante, já que para essas dimensões qualquer alteração no
ambiente, influencia diretamente no desempenho e segurança.
Um caiaque é uma ótima oportunidade para se explorar, tendo em vista
que seu desempenho e modo de fabricação são satisfatório para diferentes
corpos d’água, existe uma enorme possibilidade de arranjos entre casco e
convés que fornecem ao caiaque a versatilidade de navegação, indo do mais
calmo lago às traiçoeiras corredeiras.
É importante frisar que a denominação caiaque oceânico não se trata de
uma modalidade do canoísmo, mas sim, de um estilo clássico de embarcação
desenvolvido pelos povos primitivos do atlântico norte, desse modo, o caiaque
oceânico descrito neste projeto, refere-se a um conjunto de requisitos onde a
prioridade está na similaridade, ainda que em uma escala um pouco menor,
estabilidade e capacidade de transporte de carga.
1.2 Formulação do Problema
Como construir uma embarcação de pequeno porte, individual e segura
utilizando o método de construção strip planking, para navegação em águas
abrigadas e pequenas travessias em mar aberto?
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2
2 JUSTIFICATIVA
Uma embarcação é um produto ímpar, indo de uma simples peça de
decoração e coleção ao complexo meio de transporte diário. Executar um projeto
naval requer disciplina e conhecimento dos materiais e suas propriedades,
entretanto, segundo Nasseh (2013), descreve que a criatividade para construção
naval é infinita e essencial para descobertas de novas técnicas e materiais.
Uma embarcação miúda, que segundo a Marinha do Brasil configura-se
em uma embarcação de até 5 metros. Hoje é possível encontrar diversos
projetos gratuitos com inúmeras formas de execução, além da infinita
possibilidade de criação, desde que respeite alguns requisitos de flutuabilidade,
impermeabilização correta e cuidados gerais com a embarcação, com esses
requisitos em ordem, a criatividade no campo náutico, especialmente na
construção amadora vem ganhando espaço. Para Nasseh (2013),
independentemente do tipo de construção todas têm que ter responsabilidade,
segurança e utilidade. “A criatividade ocupou e ocupa um papel chave na história
da humanidade. Criativos de todas as épocas, ajudaram a impulsionar a raça
humana com novos métodos e produtos.” (NASSEH, 2013). Ainda sobre o
mesmo artigo, o autor enaltece que “facilitar e simplificar faz parte do mundo
moderno onde você assimila uma quantidade absurda de informações e estas
devem ter algum fim para que sejam aplicadas na vida gerando algo diferente,
novo.” (NASSEH, 2013).
A criatividade nasce também na necessidade de sobrevivência, isso é
de fato mostrado em muitas civilizações que utilizaram as embarcações como
meio essencial para descoberta de novas terras, transporte de carga e para
caça, este último recurso utilizando as embarcações, deu origem a muitas
técnicas e diversos barcos encontrados no mundo. Uma dessas embarcações,
que sofreu uma evolução e um novo emprego foi o caiaque, (qajaq) que
originalmente era usado para caçar nos mares do norte pelos Inuits, e
construídos com materiais disponíveis naquele ambiente hostil: ossos, peles,
madeira, gordura, etc.
Hoje é possível fabricar caiaques como inúmeros materiais e técnicas,
com o avanço da tecnologia e a descoberta de novos polímeros o ser humano
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conseguiu explorar novas formas de concepção. A madeira, por sua vez, é um
dos materiais mais antigos usado na construção naval e até hoje demonstra ser
uma excelente escolha sendo possível usar combinações para, além da função
prática, ter um apelo estético ressaltado.
Para uma embarcação de madeira é essencial que o construtor saiba as
propriedades dos materiais utilizados, na técnica strip planking, toda a estrutura
da embarcação é construída em madeira sobre um cavalete, alinha-se as
cavernas longitudinalmente e só então são postas as ripas de madeira e coladas
adequadamente utilizando cola de madeira e grampos para fixação temporária.
Após a estrutura ficar pronta, inicia-se o acabamento com lixa para
subtrair as imperfeições e, por fim, a embarcação recebe uma laminação com
resina epoxy e fibra de vidro por dentro e por fora para assegurar resistência e
impermeabilização. Os caiaques fabricados em madeira geralmente são, em sua
maioria destinados ao lazer e competições de velocidade.
Ainda que haja caiaques voltados para caça e pesca, a maior parte
dessas embarcações são destinadas ao lazer. O caiaque é, para o próprio
Fridtjof Nansen (1861 - 1930), norueguês, explorador polar, cientista e premiado
com o Nobel da Paz em 1922, de longe o melhor barco que existe para um único
remador.
3 OBJETIVOS
Nos itens abaixo serão abordados os objetivos, gerais e específicos para
realização de um projeto de embarcação miúda utilizando algumas técnicas de
construção naval.
3.1 Objetivo Geral
Desenvolver um caiaque de madeira individual para águas abrigadas
com comprimento entre 12 a 15 pés utilizando técnica de construção naval.
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3.1.2 Objetivos Específicos
a) Fazer um resgate histórico sobre caiaques;
b) Estudar e comparar o processo produtivo envolvendo a madeira.
c) Investigar usuários dessas embarcações assim como especialistas
da área.
d) Estudar sobre design dos caiaques construídos em strip planking;
e) Disponibilizar o projeto para domínio público;
f) Construir um protótipo.
4 MÉTODO UTILIZADO
Um projeto, segundo Amaral, et al. (2006) é um empreendimento com
começo meio e fim bem definidos, com objetivo de criar um produto ou um
serviço bastante delimitado. O método é a forma de como esse empreendimento
será conduzido, otimizando a realização de tarefas e a utilização de recursos,
entretanto o método possibilita uma intervenção para que atinja um desempenho
melhor ao planejado.
O processo de desenvolvimento de produtos (PDP) é o processo pelo
qual uma organização transforma dados sobre oportunidades de mercado e
possibilidades técnicas em informações de valor para a produção comercial. O
objetivo do PDP é criar algo novo e único. Para isso é necessário que haja um
acúmulo de informações necessárias para se criar um repertório na qual seja
possível uma intervenção.
Muito importante para a realização do projeto é ter em mente o
acompanhamento do projeto, “e a busca de equilíbrio entre requisitos muitas
vezes conflitantes, com a duração do projeto, os seus parâmetros de qualidade,
e os recursos necessários.” (AMARAL; et al. 2006. p.151)
O plano do projeto é um documento que agrupará informações relevantes para a execução do projeto. Essas informações são o escopo do projeto, escopo do produto, previsões das atividades e sua duração, prazos e
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orçamentos, assim como os recursos necessários para a realizar o projeto. (IDEM, p.151)
O PDP é dividido em três macro etapas, sendo elas o pré-
desenvolvimento; desenvolvimento e pós-desenvolvimento, estas apresentam
respectivamente suas subdivisões. O trabalho em questão está elaborado da
seguinte maneira, conforme o PDP:
Planejamento – Na qual busca-se delimitados os objetivos do projeto, a
justificativa para o desenvolvimento do projeto, seguida de uma breve descrição
acerca dos assuntos abordados, definição do método a ser seguido, elaboração
do cronograma de trabalho e resultados esperados.
Projeto Informacional – para uma melhor compreensão do tema a ser
estudado, essa etapa é importante para recolhimento e análise de dados
pertinentes ao assunto estudado.
A pesquisa sobre o tema abordado inicia-se pelas fontes primárias que
nada mais é do que artigos, periódicos e bases de dados relevantes para o
projeto em andamento, essas fontes podem ser obtidas por meio de revisões
bibliográficas, opinião de especialistas, vídeos ou qualquer outro meio de
divulgação relevante. “Essas fontes são extremamente úteis para definição de
palavras-chave e identificação dos principais autores e artigos da área.” (AMIGO,
IRITANI & ROZENFELD, 2012)
A lista de artigos referentes ao assunto abordado foi definida com a partir
de pesquisas no Google.com, buscando palavras chaves: caiaque, kayak,
história da navegação, strip planking, caiaque oceânico, canoísmo, entre outras
palavras chaves compostas pelos termos citados; em livros de biblioteca
particular e da Instituição de Educação, assim como qualquer estabelecimento
que possibilitasse o uso de material pertinente à pesquisa. Uma breve conversa
com especialistas Seu Aquiles Tor, Rommel Castro, Danilo Lunardi e Roberto
Geyer foi essencial para que o projeto obtivesse uma direção, e objetivo
concreto. E conversas mais aprofundadas com usuários dessas embarcações:
Adson Loth, Daniel Garcia e Heráclito Antunes da Silveira.
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Os parâmetros básicos do produto, resume-se em duas perguntas: o que
é e para que serve o produto? Amaral, et al (2006) sinaliza que esses parâmetros
precisam ser preferencialmente quantitativos e apresentar metas claras e
inequívocas.
Projeto Conceitual – A parte conceitual do projeto parte de um acúmulo
de informações coletadas na parte informacional, após compreender o assunto
uma série de ferramentas é necessária para auxiliar a etapa como elaboração
de painéis imagéticos, estudo morfológico de caiaques, desenvolvimento de uma
matriz de seleção das alternativas desenvolvidas, modelagem virtual 3d
utilizando SolidWorks, e escolha da alternativa final.
Projeto Detalhado – assume o desenvolvimento e finalização de todas as
especificações do produto para encaminha-lo à manufatura e etapas posteriores,
encerrando a etapa de desenvolvimento deste projeto.
5 AQUILES TOR
A empresa Aquiles Tor, do proprietário, Aquiles Tor, de 64 anos, a
empresa atua em Florianópolis, atualmente com manutenção de barcos.
Fundada por Seu Aquiles, carpinteiro naval de origem Uruguai que reside no
brasil desde meados anos 1980. Seu Aquiles Se formou em carpintaria naval
pela Escola Técnica do Uruguai, aos 14 anos de idade construiu seu primeiro
barco junto com um colega, trabalhou no Puerto Buceo – Montevidéu – Uruguai.
Mudou-se para o Brasil na década de 1980 para trabalhar em São Paulo. Seu
Aquiles é um senhor que tem a técnica e a paixão por barcos desde criança e
um carisma contagiante.
A ajuda do Seu Aquiles foi notável desde o primeiro momento, com a
elaboração do plano para executar a construção de um barco até o tipo de
madeira e corte que deve ser feito para determinadas partes de uma
embarcação. Foi com um exemplar de BRADLEY CLIFF 1963, titulada como
Construccíon de Embarcaciones Pequeñas que se iniciou o projeto. Os
encontros com Seu Aquiles e equipe foi no Iate Clube de Santa Catarina Veleiros
da Ilha – Florianópolis, após alguns dias de conversa sobre experiências vividas,
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7
viagens e construção era a hora de dar início à pesquisa voltada ao caiaque. A
parceria tornou-se uma espécie de consultoria, não importava o dia, e horário,
sempre Seu Aquiles ou alguma pessoa da equipe mostrava-se atencioso.
O caiaque foi construído fora das dependências da empresa, por mim,
meu pai e alguns amigos que, pela curiosidade, acabavam se envolvendo no
projeto, mesmo não estando presente, Seu Aquiles foi, de longe, a pessoa que,
mesmo não me conhecendo apostou sua confiança e seu livro neste projeto e
essas pequenas atitudes é que tornaram o sonho de construir uma embarcação
se realizar.
6 EMBARCAÇÕES
A Marinha do Brasil (2011) define uma embarcação como sendo
qualquer construção, inclusive plataformas móveis, [...] suscetível de se
locomover na água, por meios próprios ou não, transportando pessoas ou
cargas. As embarcações de esporte e recreio são aquelas utilizadas para lazer,
com fins não comerciais.
São classificadas em três tipos, segundo a Marinha do Brasil (2011):
Grande Porte, com comprimento maior que 24 metros; Médio Porte, cujo
comprimento é menor que 24 metros e maior que 5 metros e por fim, as Miúdas,
que são as embarcações menor ou igual a 5 metros, entretanto a Marinha do
Brasil classifica com embarcação miúda, aquelas que possuem comprimento
maior a cinco metros que possuem convés aberto, convés fechado, as sem
cabine habitável e sem propulsão mecânica fixa e que, caso utilizem motor de
popa, este não exceda 30HP.
De acordo com uma publicação feita pelo site Guillemot Kayaks, a força
física atuante em um petroleiro e um caiaque é a mesma, assim com a ciência
por trás destes dois notáveis projetos; o que os tornam diferentes são as metas
que cada um foi projetado a alcançar, por exemplo, o pretoleiro necessita de
deslocamento para transportar cargas extremamente pesadas, atravessar
canais estreitos e enfrenter mares agitados, um caiaque, por outro lado pode ser
projeto para desafiar corredeiras, ondas, grandes travessias e participar de
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8
competições esportivas. Nota-se, então, que a diferença de um petroleiro
parecer diferente de um caiaque não está na sua forma física, senão o fato de
os dois apresentarem propostas distintas.
6.1 Embarcação e Humanidade
Os rios, lagos, mares e oceanos eram obstáculos que os seres humanos
do passado muitas vezes precisavam ultrapassar. Segundo (SERAFIM, 2006)
primeiro, eles se agarravam a qualquer objeto flutuante, a partir deste ponto,
nasceu a necessidade de descobrir como transformar materiais necessários
para se sustentar sobre a superfície.
Ainda sobre o mesmo autor, com o passar do tempo, cada lugar foi
desenvolvendo uma solução, que dependia do material disponível, como por
exemplo a canoa feita de um tronco cavado; a canoa feita de uma casca de
árvore; jangada de vários troncos amarrados, bote de feixes de junco ou de
papiro; além do bote de couro de animais entre outros materiais encontrados.
É importante mencionar que a primeira expedição marítima realizada
que se tem conhecimento aconteceu há pelo menos 40.000 anos através de
canoas e jangadas rudimentares, realizadas por “grupos de Homo sapiens
sapiens deixaram o continente asiático que se estende então até Bali e Bornéu.”
(CHIESA, 2009 p.10), estes seres humanos atravessaram a remo diversos
quilômetros do arquipélago de Sonda, isso os levou à Austrália e Nova Guiné,
que segundo o autor, formavam uma única terra. O autor menciona que o
povoamento da Polinésia por navegadores do sudeste da Ásia foi realizada muito
mais tarde, há cerca de 5.000 anos para terminar na Ilha de Páscoa em torno de
500 e pela Nova Zelândia por volta do ano 800. No círculo polar ártico, os inuits
desenvolveram os primeiros caiaques de que se tem notícias, usados
principalmente para caça.
Ainda assim, essas soluções primitivas de se locomover sobre a
superfície da água se mostravam um tanto perigosa ou frágil em águas agitadas,
assim como a capacidade de transporte de carga precária. O próximo passo era
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aumentar o controle da embarcação assim como a capacidade de carga, levando
em conta uma rígida estrutura.
No Sec. XV os portugueses investiram todo seu potencial em busca de
comércio com a Índia através do Atlântico, para isso dispuseram inúmeras horas
de trabalho para que uma embarcação pudesse fazer a viagem em segurança.
Surgiram pelo menos três categorias, Serafim (2006) explica que as caravelas
que foram baseadas nos barcos de pesca que existiam na península Ibérica
entre os séculos XV e XVI; foram os navios mais importantes para os
portugueses antes da descoberta do Cabo da Boa Esperança, desde esse
momento, “o transporte de mercadorias por naus passou a ser mais importante”
(SERAFIM, 2006 p15)
As naus possuíam grandes porões para acomodar as mercadorias, um
navio com capacidade de carga enorme, devido a isso, a embarcação não
possuía muitos espaços para peças de artilharia, o que as deixavam vulneráveis
para corsários ou piratas, eis que Portugal desenvolve a terceira peça para jogo
do comércio marítimo, o galeão, eram maiores que as caravelas e
consequentemente carregavam mais peças de artilharia. Os galeões eram
encarregados de escoltar as naus enquanto as caravelas faziam o
reconhecimento do território.
Esses projetos são evoluções de técnicas e de outas embarcações, isso
não ocorreu apenas com Portugal, no Brasil,
“Os barcos muitas vezes feitos de um único tronco de árvore, escavado com admirável precisão, sofreram influências indígenas, mediterrâneas, orientais, africanas, ibéricas e norte-europeias. A chamada canoa baiana, por exemplo tem o casco construído de acordo com modelos indígenas e africanos, quilha holandesa e vela latina.” (IPHAN, 2008 p39).
Por outro lado, “a precariedade da forma com que se dá a transmissão
das tecnologias de construção dos barcos, que variam em cada região.” (IPHAN,
2008. p.45). A mistura de técnicas portuguesas e de povos indígenas “resultaram
em modelos de barcos bem adaptados às condições de navegabilidade em
águas marítimas, fluviais e lacustres, em diversos ambientes regionais.” IPHAN,
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10
2008. p.45). Amyr Klink, no seu primeiro livro, cem dias entre céu e mar destaca
que “o Brasil é no mundo, o país mais rico em diversidade de estilos, feitios e
técnicas de construção naval primitiva” Amyr Klink (1998. p.5).
6.2 Evolução do caiaque
Baseando-se na Marinha do Brasil, o caiaque configura-se em uma
embarcação miúda e uma forte influência, como destaca Kohnen (1989) quando
se trata de canoagem, sendo pela sua importância como um sofisticado
instrumento de locomoção ou de caça.
De acordo com a Confederação Brasileira de Canoagem, [s.d] a origem
das atuais canoas poderiam, segundo alguns historiadores, terem surgidas com
os antigos egípcios e mais tarde com os astecas, já no séc. III ao IX, estes povos
usavam embarcações propulsionadas com pás. Entretanto, é mais aceito que a
utilização de canoas na América do Norte, utilizando madeira e peles, eram leves
e rápidas, ideal para enfrentar os rios canadenses, já as canoas propulsionadas
com pás, eram utilizadas por indígenas no interior do continente, enquanto os
caiaques eram usados pelos inuits para pesca, caça e transporte de carga.
Os caiaques (Qajag) – bote de caçador – surgiram na Groelândia há
cerca de 3.000 anos, quando os Inuits sentiram a necessidade de procurar no
mar alimentos para sustentar suas famílias, munidos de instrumentos e materiais
rudimentares, foram capazes de desenvolver simples embarcações, pequenas
e bastante ágeis, o que facilitava na caça e pesca (FIGURA 01). Com tempo
instável, temperaturas abaixo de zero e em busca de alimentos para levar para
a tribo, molhar-se, como lembra Kohnen (1989) era fatal, capotar e desvirar sem
se molhar é uma técnica usada até hoje na canoagem que “sem dúvida alguma
o caiaque é a embarcação mais engenhosa que já se inventou” (KOHNEN, 1989
p.12).
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11
FIGURA 01
Inuit caçando sobre caiaque – FONTE: : Wikipedia.com
Sua estrutura era composta de osso flexível de baleia revestido com
peles de animais costurados com tendões. Os tratamentos utilizados para
melhorar a capacidade dos materiais era a submersão das peles durante longos
períodos, tornando-as impermeáveis (FIGURA 02). Utilizavam gordura de baleia
como calafeto para vedar as uniões das peles e para finalizar e auxiliar na
flutuabilidade, enchiam bexigas de focas e posicionavam-nas à proa e a popa.
FIGURA 02
Típico caiaque groenlandês – FONTE: Wikipedia.com
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12
Com a necessidade de transportar as famílias, os inuits acabaram
evoluindo o caiaque para o uniaques, no qual eram transportadas tanto as
famílias como os seus pertences e mantimentos. “Algumas destas barquetas
tinham mais de 18 metros”. (BRANCO, FERREIRA & GONÇALVES, p. 08).
Os ingleses inspirados nas embarcações citadas acima, criaram as
groenlandais, que eram embarcações utilizadas para lazer com propulsão a
remos contendo duas pás. Estas embarcações tornaram febre na Alemanha e
outros países na Europa Central.
John Mac Gregor, advogado escocês, segundo a Confederação
Brasileira de Canoagem, (s.d) é considerado o primeiro a utilizar o caiaque em
percursos desportivos, ele desenhou seu próprio barco e foi batizado de ROB
ROY, com este barco, Mac Gregor realizou várias expedições que estão em um
livro chamado Um millier de miles dans lê canoe Rob Roy.
Nos anos 1950, surgiram os rígidos de fibra de vidro e “em 1980 que o
“polietileno de media densidade surgiu como alternativa” (BRANCO,
GONÇALVES, & FERREIRA, 2012 p.09), mesmo tornando as embarcações em
até 20% mais pesadas, o fator preço determinava na escolha. Com a descoberta
de compósitos, como a resina epóxi, fibras de vidro, carbono e aramida a
fabricação de caiaques pôde inovar em formas e técnicas de fabricação.
6.2.1 Características
Mais importante do que em outros casos, no caiaque a relação entre
casco e convés é muito importante. Não somente pelos ventos ou a quantidade
de água que passa pelo convés ou nos bordos. “É a estrutura fechada, feito um
ovo, que torna o caiaque tão versátil. ” (KOHNEN, 1998 p. 21).
Para ter uma noção de como se configura um caiaque, a (FIGURA 03)
mostra as principais partes de um caiaque.
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13
FIGURA 03
Partes de um caiaque. FONTE: laughingloon.com. Modificado pelo autor.
Um caiaque que apresenta um casco com uma linha de quilha reta tem
um comportamento direcional estável, torna-se difícil de manobrar e geralmente
é utilizado para velocidade. Em contrapartida, um casco com linha de quilha
arqueada tende a ter uma melhor performance nas trocas de bordo, ideal para
águas agitadas.
Rocker (FIGURA 04) é a curvatura do casco entre a proa e a popa. O
rocker é proporcional à capacidade de manobra, ou seja quanto maior o rocker,
maior a capacidade de manobrar o caiaque, segundo Dowdy (2012) isso se deve
ao fato de que a proa e a popa tendem a enfrentar menos resistência.
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14
FIGURA 04
Rocker. FONTE: Ilustração do autor.
Um caiaque com fundo plano, ou com menos rocker irá navegar bem
com a proa e terá uma maior resistência na parte da popa, impedindo o giro fácil.
Os caiaques podem apresentar diversos rockers e podem estar deslocado para
a parte da proa ou da popa.
Um convés alto, como salienta KOHNEN (1989) garante uma grande
flutuação e proteção ao canoísta, mas em compensação, a embarcação sofrerá
com os efeitos dos ventos, já um convés baixo, a embarcação não sofrerá com
os ventos, mas em águas agitadas os respingos serão maiores, molhando o
canoísta.
Existem pelo menos 4 tipos básicos de fundo, segundo Dowdy (2012)
cada qual com suas características, são eles: os arredondados (rounded), em
forma de V (v-shaped), plano (flat) e do tipo flutuante (pontoon).
Flat (FIGURA 05) - São empregados para uma variedade surpreendente
de efeitos, que segundo Dowdy (2012) vão desde barcos de competição a
caiaques de pesca. A razão para a escolha deste tipo de fundo parte de outros
fatores, como comprimento, largura e curvatura, Kohnen (1989) e Dowdy (2012)
concordam que cascos flat combinam a estabilidade e manobrabilidade. Um
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15
fundo totalmente plano é caracterizado pela sua estabilidade, geralmente
utilizados em águas abrigadas, uma embarcação com este tipo de casco é capaz
de suportar muito peso.
FIGURA 05
Fundo Flat. FONTE: KOHNEN, 1989.
Rounded (FIGURA 06) - são aqueles com as bordas arredondadas, dando
ao caiaque "uma forma de torpedo" (DOWDY, 2012), esse tipo de fundo tende a
aumentar a velocidade de deslocamento do caiaque, já que apresenta uma
menor resistência à água. Fundos arredondados com deck muito próximo à linha
d'água combinado com uma quilha arqueada é a combinação ideal, segundo
Kohnen (1989) para quem busca descidas em rios de águas agitadas. “São muito
ágeis, insensíveis aos movimentos das águas, permitem incríveis manobras"
(KOHNEN, 1989 p. 21), com deck bastante acima da linha d'água fornece uma
combinação excelente para quem busca estabilidade, velocidade e agilidade.
Kohnen (1989) completa que com uma quilha moderadamente curva, tem-se
caiaques excelente para longos percursos em rios volumosos ou no mar, e
ressalta que são muito fáceis de manobrar ou esquimotar – manobra na qual o
remador rola junto com o caiaque sem precisar sair da embarcação - mesmo
sendo compridos.
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16
FIGURA 06
Fundo Rounded. Fonte: KOHNEN, 1989.
Kohnen (1989) indica que nos fundos mais acentuados os caiaques
tendem a ficar cada vez mais instáveis, porém são fáceis de voltar à posição
normal, é o caso dos cascos em V ou v-shaped.
V-Shaped (FIGURA 07) – de acordo com Dowdy (2012) estes cascos tem
uma forma em V mais nítida em comparação com os cascos rounded, este
design permite que o caiaque corte melhor a água tornando-o eficaz em linhas
retas. São geralmente ágeis, em contrapartida, tornam-se instáveis.
FIGURA 07
V-Shaped. FONTE: KOHNEN, 1989.
Pontoon (FIGURA 08) – A característica mais marcante dos cascos de
flutuação, segundo Dowdy (2012), é a estabilidade. Este casco é uma junção do
fundo flat com uma espécie de túnel.
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17
FIGURA 08
Fundo Pontoon. FONTE: KOHNEN, 1989 modificada pelo autor.
Figura 09
Relação entre fundo, estabilidade e velocidade. FONTE: Elaborado pelo autor
A Figura 09 tem como objetivo ilustrar o capítulo e demonstrar
visualmente qual a melhor opção para um caiaque equilibrado entre estabilidade
e velocidade.
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18
6.3 Tipos de Caiaques
Os tipos de caiaques estão diretamente relacionados ao meio em que
serão usados, como são inúmeros corpos d’agua, entre eles, rios, lagos, lagoas,
mares e oceanos, os caiaques foram pensados por diferentes pessoas para
diferentes objetivos. Alguns autores classificam os caiaques em seis tipos, como
Branco, Gonçalves & Ferreira (2012), são eles: os de velocidade, rafting, slalom,
polo, maratona e os de mar, ou oceânicos. Já na página da Guillemot Kayaks
aparecem apenas 4 modelos: de recreação ou lagoa, caiaque oceânico, caiaque
duplo e o caiaque de corrida.
Os caiaques citados a seguir, referem-se aos modelos da Guillemot
Kayks devido as suas características, os descritos por Banco, Gonçalvez &
Ferreira (2012) são descritos quanto à modalidade praticada.
5.3.1 Caiaque de recreação ou lagoa
Talvez seja o modelo mais popular de caiaques que existe (FIGURA 10),
com uma gama quase infinita de combinações de casco e convés, sobre esse
modelo, a Guillemot Kayaks descreve como embarcações fáceis de manobrar,
não necessita de muita habilidade por parte do condutor, é confortável e bastante
estável. Estes modelos tendem a serem curtos, para facilitar as manobras e
fáceis de transportar, além disso, o peso também é um fator importante, devido
as suas dimensões o caiaque torna-se mais leve. Não é recomendado para
águas agitadas pelo fato de se tornarem instáveis devido a sua geometria.
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FIGURA 10
Caiaque de recreação ou Lagoa. FONTE: guillemot-kayaks.com [modificado pelo
autor]
6.3.2 Caiaque oceânico
Os primeiros caiaques que se tem notícia surgiram nos mares do norte,
eram originalmente oceânicos, subdivididos em dois grupos, o caiaque
groenlandês e o baidarca (FIGURA 11 e 12). O primeiro tem suas origens do
atlântico, desenvolvido pelos inuits a oeste da Groenlândia, possui os perfis da
roda de proa e popa suaves e convés com maior proteção para o abdômen e
membros inferiores, em contraste com os baidarcas, que foi desenvolvida pelos
inuits das ilhas Aleutas – arquipélago que constituem a península do Alasca,
banhadas pelo Mar de Bering - possui um casco bastante alongado com uma
linha decrescente na popa, Kohnen (1989) suspeita que os groenlandeses
aparentam ser uma embarcação individual, enquanto os baidarcas, eram
construídos para um, dois e até três ocupantes.
Figura 11
Caiaque Groenlandês – FONTE: laughingloon.com/ootek, modificado pelo autor
![Page 29: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/29.jpg)
20
Figura 12
Caiaque Baidarca – FONTE: http://laughingloon.com/shootingstar, modificado pelo autor
Para a Confederação Brasileira de Canoagem, 2014, os caiaques
oceânicos são originalmente com casco e convés, no qual o usuário fica sentado
dentro do cockpit fechado, a propulsão é feita através de um remo com duas pás
e as pernas ficam cobertas pelo convés. Os caiaques ainda podem ser
individuais ou duplos, tendo as dimensões mínimas de 4,00m para caiaques
individuais e 5,00m para caiaques duplos, além de não possuírem limites de
largura e peso, podendo ser construídos com qualquer material. Entretanto, os
caiaques oceânicos devem, obrigatoriamente, possuir um compartimento
estanque (FIGURA 13).
FIGURA 13
Caiaque com compartimentos estanque em evidência [Típico baidarca]. FONTE:
laughingloon.com
Os caiaques oceânicos são aqueles que servem para quase todos os
tipos de situações, são eficientes em longa distâncias, mesmo com ventos e
ondas. Em uma página no site da Guillemot Kayaks mostra que os caiaques
oceânicos são geralmente feitos com um cockpit pequeno com uma proteção
para que dificulte a entrada de água, possuem compartimentos para guardar
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21
comida ou equipamento de camping, por exemplo. Devido ao seu comprimento,
esses caiaques são mais pesados do que os de recreio.
6.3.3 Caiaque Duplo
Os caiaques foram desenvolvidos para serem barcos individuais,
entretanto, houveram projetos para mais de um remador, é o caso do caiaque
duplo (FIGURA 14). Tem basicamente as mesmas características dos caiaques
oceânicos, uma embarcação que não exclui a possibilidade de navegar solo, tem
o comprimento e a largura um pouco maior que os caiaques oceânicos, isso é
devido a sua objetividade, ser estável e poder transportar mais carga. Deve
tomar nota quanto a distância entre os remadores, um caiaque que tenha os
remadores muito próximos corre o risco de colisão entre os remos.
FIGURA 14
Caiaque duplo. FONTE: guillemot-kayaks.com [Modificado pelo autor]
6.3.4 Caiaque de corrida
São geralmente caiaques compridos e estreitos (FIGURA 15),
assemelham-se aos caiaques oceânicos e caiaques duplos, mas estes, em
especial, são projetados para cortar a água com mais eficiência e menos esforço.
Um caiaque estreito é sinônimo de instabilidade, deve-se tomar muito cuidado
![Page 31: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/31.jpg)
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ao projetar caiaques desse estilo, pois uma geometria de casco extremamente
estreita pode por todo o projeto em decadência.
FIGURA 15
Caiaque de corrida. FONTE: guillemot-kayaks.com. [Modificado pelo autor]
Os caiaques são excelentes veículos marítimos, independente da sua
forma de construção e material, foi com estas embarcações que muitos povos
conseguiram progredir e se alimentar, hoje o emprego que se faz destas
embarcações é mais voltada ao turismo ecológico (FIGURA 16) e esporte.
FIGURA 16
Observação de fauna marinha com utilização de um caiaque. FONTE: Pixabay.com
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23
Os caiaques são utilizados em várias regiões do mundo para explorar
lagos, rios, lagoas, pequenas baías, observar fauna e flora marinho e até mesmo
para travessias oceânicas.
É notável as diferenças entre os distintos tipos de caiaques, um
groenlandês apresenta linha com pouca curvatura, em comparação com o
baidarca, isso promete ao primeiro um melhor desempenho em linha reta, com
uma possibilidade de manobra mais difícil. Os caiaques apresentados até aqui
seguem em um desenho muito semelhante, mas suas finalidades são diferentes,
o que mais se aproxima da proposta deste projeto são os ditos oceânicos e os
de turismo ou de lagoa.
7 MÉTODOS DE CONSTRUÇÃO
Existem diversos métodos para construir uma embarcação, desde
compósitos, materiais recicláveis, madeira, entre outros. A construção de um
caiaque está ligada ao método utilizando a madeira como principal elemento de
estrutura aliada à resina epoxy. “O desenvolvimento da construção em madeira
hoje [...] se tornou possível pela utilização de adesivos a base de epoxy, que
promovem uma completa impermeabilização da estrutura da madeira. ”
(NASSEH, 2011 p.477). Além da impermeabilização da madeira, o autor salienta
que os adesivos a base de epoxy tem a função de fixar diversos tipos de
materiais à madeira.
Os caiaques de madeira são feitos artesanalmente, por profissionais que
conhecem todas as etapas do processo, desde a preparação do molde ao
detalhamento. O processo é iniciado cortando a madeira em ripas (strip) para
depois serem pregadas e coladas sobre o molde removível, após essa etapa o
casco é lixado e verificado para que não haja fissuras entre as madeiras, caso
tenha ocorrido, é passado uma massa para que essa fissura seja consertada. A
parte da laminação externa começa ainda com o casco sobre o molde,
posicionado o a fibra de vidro e aplicando a resina epoxy, após a secagem o
caiaque é desmoldado e laminado por dentro.
![Page 33: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/33.jpg)
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O processo de acabamento envolve lixar o caiaque para que não haja
imperfeições no casco e convés, recorte das escotilhas e acabamento das
mesmas. Esse processo é um dos que mais necessitam de atenção, pois
qualquer parte enfraquecida pode causar infiltrações.
78.1 STRIP PLANKING
Segundo Jorge Nasseh (2012), autor do livro Manual de Construção de
Barcos, da Editora, Barracuda Composites, explica que o processo de strip
planking é um método, na qual uma
Estrutura simples de madeira, que pode ser temporária ou permanente no caso de cavernas, anteparas, roda de proa, quilha, e espelho de popa, todos fixados em uma base de madeira de cabeça para baixo. ” (NASSEH, 2011 p.483)
Neste tipo de construção a madeira faz parte ativa da rigidez longitudinal
do casco e as camadas de fibra (Figura 17), aplicadas pela parte de fora, têm
apenas a função de proteger a madeira contra a umidade. Sobre o comprimento
das ripas é importante saber que: “Os strips normalmente são maiores que o
comprimento do barco, o que facilita a curvatura das peças. Juntas de topo nem
pensar! ” (NASSEH, 2001 p. 485. Grifo do autor)
FIGURA 17
Método Strip Planking. FONTE: NASSEH, 2001. Modificado pelo autor.
Sobre a largura das ripas o autor menciona que há dois fatores que irão
determinar sua dimensão: necessidade de prender uma ripa na outra e a
![Page 34: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/34.jpg)
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facilidade de curvar na direção lateral, sendo assim, as ripas mais largar a serem
usadas devem ser no máximo 32mm. O autor ainda ressalta que as ripas de
maior largura e espessura são usadas em embarcações maiores que 60 pés.
Fica explicito então que para um caiaque as ripas não devem ultrapassar
os 32mm de largura, e 10mm de espessura, devem ser cortadas de maneira que
ultrapassam o comprimento da embarcação e devidamente coladas e pregadas.
7.2 COLD MOLDED
Este método é similar com o strip planking, o que difere entre eles é que
o cold molded, as ripas podem ser fixadas da maneira que desejar com pregos
ou grampos (FIGURA 18). É preferível que primeira lâmina seja fixada no meio do
molde no ângulo desejado, isso, segundo Nasseh (2011) faz com que os
restantes das lâminas sigam o mesmo caminho da primeira. A segunda
laminação deve ficar em um ângulo perpendicular à primeira, isso garante uma
maior rigidez ao casco.
FIGURA 18
Cold Molded. FONTE: NASSEH 2001. Modificado pelo autor.
7.3 PLYWOOD
Uma das maiores dificuldades presentes neste método são as limitações
que o compensado em relação à forma do casco (FIGURA 19), como destaca
Nasseh (2011), o compensado é excelente para fabricação de peças de convés.
Como é um material previamente laminado e com padrões de dimensão já
estabelecidos usá-lo possibilita uma notável economia de mão de obra.
![Page 35: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/35.jpg)
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Como se torna difícil o manuseio do compensado em curvaturas de
casco, as embarcações que utilizam esse método apresentam cascos com
quinas. “Na maioria dos barcos quinados, todas as estruturas construídas ou
montadas para a sua construção ficarão neles para sempre” (NASSEH, 2011,
p.518)
FIGURA 19
Plawood. FONTE: NASSEH, 2001. Modificado pelo autor
O autor ainda descreve que as cavernas quinadas utilizadas para a
montagem facilitam a montagem das chapas de compensado, já que as quinas
servem como ponto de referência para montagem e localização das cavernas ou
estruturas. Outra diferença na construção de um casco quinado que o autor
ressalta é que a quina deve possuir um suporte apropriado para uma área
potencialmente vulnerável do casco.
“Para a fixação das chapas é necessário saber onde estão as estruturas
[...] isso pode ser feito marcando as posições de todo o cavername na parte
externa do painel. ” (NASSEH, 2011 p.524). Fica nítido que este método é, de
longe, um dos mais complicados para a fabricação de uma embarcação de
pequeno porte. Além da dificuldade em posicionar as chapas, a
instalação do segundo painel se torna um pouco mais complicada devido à dificuldade adicional em fazer a operação de colagem de no mínimo uma junta ao mesmo tempo em que está se instalando o painel. (NASSEH, 2011 p. 525)
![Page 36: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/36.jpg)
27
A finalização desse método é a parte mais fácil da construção, já que as
chapas formarão o perfil do casco suave e regular o que facilita na hora de lixar
e pintar.
O método de construção mais adequado para a fabricação de um
caiaque ainda é o strip planking, já que atende de maneira eficaz as etapas do
processo e possibilita a curvatura do casco e fundo. O método de moldagem a
frio (cold molded) é uma alternativa já que manterá a rigidez assegurada pelas
ripas e cavernas. Sem excluir o método plywood, este mostra eficiente, e ágil em
uma embarcação com quinas, já que a curvatura das chapas não é primordial.
8 MATERIAIS
Material natural é todo aquele extraído pelo homem da natureza, de
forma planejada ou não, sendo que para a utilização artesanal ou industrial não
tenha havido modificações profundas em sua constituição básica.
Um material natural pode ser orgânico se obtido de um animal ou de um
vegetal, ou inorgânico se obtido de um mineral (LIMA, 2006).
Dos materiais naturais para construir o caiaque, a madeira é sem
dúvidas um dos mais adequados materiais, leve, resistente e abundante, é com
ela que toda a embarcação será feita, o que irá mudar é a espécie da madeira e
espessura. A madeira ainda conta com o auxílio da resina epoxy e fibra de vidro,
que combinadas fornecem a embarcação enorme resistência física, além de
tornar o caiaque impermeável.
8.1 Madeira
A madeira é um dos materiais mais utilizados em construções navais, a
abundancia e o acesso ao material são alguns dos fatores que contribuíram para
seu emprego.
A madeira é o material mais antigo utilizado pelo ser humano,
![Page 37: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/37.jpg)
28
[...] Sendo até hoje explorada pela facilidade de obtenção, e pela flexibilidade com que permite ser trabalhada. Estes fatores aliados a possibilidade da renovação de reservas florestais por meio de manejos adequados, permite considerarmos este grupo de materiais praticamente inesgotável, se explorada de forma consciente. ” (LIMA, 2006 p.86).
“A madeira possui boas propriedades de resistência específica à tração
e a flexão” (NASSEH, 2011. p.156). Além disso, Nasseh (2011) afirma que
madeira é bastante resistente à fadiga e a concentração de tensões, também
pode-se considerar que este material é um bom isolante térmico e acústico e
completa que um material agradável para trabalhar e ver.
Para Galante, (2003) a madeira é um compósito natural que possui uma
matriz de lignina, na qual se encontram as fibras de celulose, e justamente a
orientação dessas fibras que determina em qual sentido a madeira terá uma
melhor resistência à flexão. Para uma embarcação essa ortotropia, ou seja, a
propriedades mecânicas independentes e únicas nas direções dos três eixos
mutualmente perpendicular – longitudinal, radial e tangencial.
Essa ortotropia natural pode e é utilizada para se acrescentar resistência mecânica à embarcação, de acordo com a utilização que esta terá. [...] as propriedades da madeira são determinadas pela sua composição física e química. Sua principal característica é a estrutura celular [...] composta de aproximadamente 70% celulose, 12 a 28% de lignina e 1% de outros materiais. Esses produtos são responsáveis por sua propriedade higroscópica, sua decomposição e resistência. (SILVA, 2009 apud GALANTE, 2003)
Conforme Galante (2003) as principais características da madeira na
construção de embarcações são de flutuabilidade, durabilidade e com uma oferta
aparentemente inesgotável.
Galante (2003) complementa que no Brasil a madeira teve um papel
fundamental para a integração de áreas inteiras e cita o documentário "Do Tejo
ao Tietê", da Futura Filmes, onde descreve que durante os séculos XVI e XVII o
transporte fluvial era a única opção de transporte de passageiros e cargas.
"Barcos de madeira possuem alma" (GALANTE, 2003).
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Galante (2003) afirma que a indústria naval existe a mais de 7.000 anos
e sua flexibilidade é enorme. Completa que a cada novo projeto naval, serão
levados em conta inúmeros fatores que estarão relacionados com a utilização da
embarcação em questão.
Os caiaques feitos com madeira, segundo BRANCO, GONÇALVES &
FERREIRA (2012), são usados frequentemente como embarcações de turismo,
e priorizam a durabilidade.
“Longe de ser um material do passado, a madeira possui muitas
vantagens que a tornaram utilizável na construção de barcos one-off ou na
produção de séries limitadas. ” (NASSEH, 2011 p.478)
Dentre os tipos de madeiras mais utilizadas para a fabricação de
caiaques, está o cedro rosa (Cedrela fissilis), Carvalho, 2005, comenta sobre a
etimologia, cita Longhi, (1995) em que os indígenas da tribo Tupi-Guarani a
conhecem como acaiacá, que significa árvore-piramidal e, também, como
ygaribá, que significa árvore-das-canoas.
8.2 Compensado
O processo de construção para esta embarcação será a partir da técnica
strip planking, utilizando madeira compensada para a fabricação da estrutura,
que segundo Lima (2006) o compensado foi pensando para diminuir o grau de
deformação que uma peça de madeira plana sofre.
O compensado constitui em sobrepor diversas chapas de madeira
fazendo com que suas fibras fiquem dispostas perpendicularmente entre si. Isto
torna o compensado rígido, resistente à flexão e “estabilidade dimensional pela
eliminação, quase que por completo, os movimentos de dilatação bem como de
utilizar o alburno que normalmente é desprezado nas peças de madeira maciça”
(LIMA, 2006, p100).
O processo de fabricação do compensado consiste em basicamente cola
e prensagem do material, posteriormente e lixar a superfície com o intuito de
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fornecer um melhor acabamento à peça. Lima (2006) completa que devido ao
modo de como é fabricado o compensado, a possibilidade de impregnar uma
grande variedade de madeira existentes pode-se encontrar uma boa variedade
de compensados.
São confeccionados com lâminas de madeiras (nobres, não nobres ou mistas) unidas por meio de cola fenólica ou melamínica. [...] Estes compensados apresentam elevada resistência geral, resistência à água, intempéries, chama e por solicitação prévia, podem receber tratamento contra fungos e bactérias, insetos bem como tratamento acústico. (LIMA, 2006, p101)
A maioria das embarcações convencionais são feitas de madeira maciça
e tábuas prensadas para que se forme uma estrutura solida, Nasseh (2011)
enfatiza que a madeira possui excelentes propriedades, especialmente de
resistência que se deve somente a orientação das fibras.
O compensado comercializado em chapas, segundo Nasseh (2011) é
feito com várias lâminas com os veios correndo perpendicularmente à adjacente.
O autor ainda enaltece que “em compensados navais é essencial que sejam
utilizadas lâminas de primeira qualidade e que o adesivo para a laminação
destas seja à prova d’água e resistente à temperatura” (NASSEH, 2011. p. 163).
O compensado naval é comumente utilizado em embarcações de baixo
custo, ainda falando do mesmo autor, Nasseh (2011) afirma que o compensado
naval é forte e rígido, também possui menos chances de empenar em
comparação que uma tábua maciça. O compensado naval em conjunto com a
resina Epoxy consegue preservar todas as propriedades sem desvantagens em
comparação à construção convencional em tábuas.
Para finalizar, Nasseh destaca que o compensado naval mesmo que
tenha ficado esquecido nos últimos anos devido ao desenvolvimento de outros
materiais, ainda é uma alternativa viável, “especialmente quando o preço e a
velocidade de construção são considerados importantes” (NASSEH, 2011. p.
164).
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8.3 Cola
Utiliza-se a cola branca ou cola de madeira (FIGURA 20) para unir as ripas,
ambas são feitas com os mesmos ingredientes, mas a cola de madeira é a
indicada para esse serviço já que as suas propriedades são adequadas. A cola
branca, por sua vez, tem um tempo de secagem superior em comparação com
a cola de madeira, que mesmo sendo da mesma fórmula da cola branca, um
adesivo à base de PVA (Poliacetato de Vinila).
FIGURA 20
Comparação entre as colas. FONTE: Elaborado pelo autor.
Utilizar a cola adequada para colar madeira auxilia a montagem do
caiaque, caso a opção seja utilizar a cola branca, é recomendado que o tempo
de secagem seja respeitado.
8.4 Resina
A resina é um material derivado do petróleo, tem o objetivo de
impermeabilizar, associado à fibra de vidro, torna-se extremamente resistente.
Comumente é utilizada a resina Poliéster.
São sem dúvida as mais comuns para laminação e 90% dos barcos construídos em todo mundo usam este produto. Existe
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uma grande quantidade de tipos disponíveis que apresentam as mais variadas combinações de propriedades, cada uma delas desenvolvida para uma aplicação específica. O desenvolvimento contínuo de matérias-primas para a fabricação desse tipo de resina, aliado à pressão sobre o custo final do produto e sua alta demanda, tem aumentado o número de fabricantes e tipos de resinas poliéster comercializadas hoje em dia. (NASSEH, 2012).
A resina ainda precisa ser combinada com um catalisador para acelerar
o processo de cura.
“O tempo de trabalho para resinas epoxy pode variar de 30min a 6h, a
uma temperatura de 25ºC, o que é suficiente para trabalhar com toda calma.”
(NASSEH, 2011 p.477)
A resina poliéster utilizada para impermeabilizar a madeira na
construção naval não é adequada para tal uso. Pode até ser que dependendo
do estado da madeira, como adverte, Nasseh 2011, a impermeabilização dure
algum tempo, mas a resina se desprenderá da madeira em alguns pontos,
quando isso acontece a umidade começa a se infiltrar e saturar toda a estrutura
da embarcação. O alerta sobre a utilização da resina poliéster é notável quando
o autor descreve que:
O construtor deve sempre que possível, mesmo sabendo que o
custo da resina poliéster é infinitamente mais barato que qualquer
outro produto, não utilizá-la em construções de barcos de
madeira, devido ao baixo poder de colagem e baixa resistência à
absorção de água. (NASSEH, 2011 p.479. Grifo do autor)
8.4 Fibra de Vidro
A fibra de vidro é um material de grande importância para construção de
barcos, devido às suas propriedades mecânicas de tração, elasticidade
associada à resina.
A fibra de vidro teve origem na Síria, Grécia e Egito, de acordo com Aymeyer (2013), a aproximadamente cerca de 2500 anos atrás artesãos começaram a produzir fibra através de uma vara de vidro aquecido com a finalidade aplicar sobre a superfície de produtos acabados.
E finaliza:
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Poucos materiais superam a fibra de vidro em termos de custo benefício. Barcos construídos com este material tem certamente menos depreciação ao longo do tempo, além de apresentarem incrível resistência a impactos e serem mais leves, tornando a fibra, a melhor opção para construtores amadores, na maioria dos casos. (NASSEH, 2014)
Não existe material melhor ou pior, mais ou menos seguro, mas sim,
projetos de construção mal ou bem feitos. Os materiais devem se ater ao projeto
e suas intenções de navegação, seja esportiva ou apenas passeio, devem ser a
base para que se possa escolher os materiais corretamente. (NASSEH, 2014).
A fibra empregada neste projeto tem o papel de servir como reforço e
junto com a resina agente de impermeabilidade para a embarcação.
9 ANÁLISE DE SIMILARES
A coleta e análise de similares desempenha um papel fundamental na
elaboração das alternativas, com a análise é possível observar linhas e formas
de embarcações, assim como materiais utilizados e ter um repertório imagético
para desenvolvimento de uma alternativa que concretize o objetivo deste projeto.
9.1 Sekani Kayaks
Empresa de Portugal especialista em caiaques de madeira feito à mão.
O empreendimento surgiu como um hobby, depois de tantos elogios, a família
começou a fabricar para terceiros.
9.1.1 Penache
Caiaque groenlandês de cedro vermelho americano (FIGURA 21),
segundo o fabricante, utiliza-se o método strip planking, reforçado com fibra de
vidro e resina por dentro e por fora com acabamento em verniz marítimo e polido.
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FIGURA 21
Caiaque de cedro vermelho americano. Fonte: sekanikayaks.com
O caiaque apresenta linhas clássicas, originárias dos típicos caiaques
groenlandeses. Possui um assento em EVA e neoprene na cor vermelha e uma
proteção contra entrada de água no barco em preto.
Um caiaque estreito com um fundo em V na proa bastante acentuado,
associado à largura reduzida o que facilita a passagem na água, uma
embarcação veloz que não sofrerá influência significativa dos ventos. Possui
duas escotilhas, um dianteiro e outro traseiro, o primeiro mantem uma distância
do remador maior que o segundo, isso é devido ao acesso, como o remador se
mantem remando olhando para a proa, o alcance torna-se maior, outro fator
notável para a escolha da escotilha mais à frente se dá pelo comprimento das
pernas (FIGURA 22) dentro do caiaque. Mede 5,6m e pesa 15,8kg, segundo o site
do fabricante.
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FIGURA 22
Interior do caiaque Panache. FONTE: sekanikayaks.com
Contém duas alças para transporte posicionadas nas extremidades da
embarcação.
9.1.1.2 Ootek
O Ootek possui um desenho baseado nos caiaques Groenlandeses
(FIGURA 23), feito em madeira por strip planking, tem um comprimento de 5,3m
com apenas 15kg. Uma embarcação leve e manobrável, apesar da acentuação
em V na proa e popa, apresenta um fundo rounded, com suave transição para o
convés.
FIGURA 23
Ootek. FONTE: laughingloon.com/ootek
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9.2 Rob Macks
Macks é um designer/construtor no Laughing Loon, onde constroi
canoas e caiaques clássicos utilizando técnicas de strip planking, pode-se
encontrar entre seus trabalhos, dois modelos de caiaques, os badarcas e os
groenlandeses.
9.2.1 Shooting Star Baidarka
Um caiaque baidarca construido em strip plankig, (FUGURA 24) segundo
o próprio site, este caiaque é construido com uma combinação de três madeiras
nobres, cedro americano, mapple e makore – madeira de origem africana similar
à maçaranduba.
O cedro é utilizado para a maior parte da embarcação, apresenta-se em
cores avermelhadas, fazendo contraste com a makore de cor castanho escuro
com bordas em mapple, cor creme.
O cockpit é notavelmente amplo, podendo ter seus prós e contras,
primeiro torna o embarque rápido e a acomodação tende a ser confortável, por
outro lado, com um cockpit maior a chance de respingos aumenta tornando
águas agitadas dias com vento um grande problema.
FIGURA 24
Caiaque Badarca de Rob Macks. FONTE: laughingloon.com
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As escotilhas –dianteiras e traseiras - são fixadas com auxílio de ímãs
de neodímio Terras Raras e revestidos com neoprene para impedir a entrada de
água, também foi um dos caiaques mais velozes em 2000. O preço sugerido pelo
caiaque shooting star no site do fabricante é de U$8.900,00.
9.3 Guillemot Kayaks
Nick Schade é construtor de barcos de madeira que são apreciados e
construído em todo o mundo além disso seu trabalho tem sido destaque em
grandes revistas, premios significativos, e exposição em grandes museus.
9.3.1 Guillemot
Um caiaque clássico (FIGURA 21), estilo groenlandês, fabricado com
madeira e laminado com resina epoxy e fibra de vidro, individual e com duas
escotilhas, semelhante ao shooting star
FIGURA 25
Guillemot. FONTE: guillemot-kayaks.com
É um caiaque confortável, e bastante manobrável, segundo o fabricante,
com um deck baixo, esse caiaque tem uma vantagem de estabilidade em dias
com vento de través. Mede 5,2m e pesa quase 15kg, o que demonstra que a
madeira utilizada e a laminação mantém uma embarcação muito leve.
O caiaque possui a proa e a popa inclinadas devido ao seu uso, em
águas agitadas ou com ondas. Um caiaque com menos rocker e aparentemente
fundo rounded.
Os caiaques de madeira da Sekani Kayaks, Guillemot e Rob Macks são
feitos com o método de construção naval strip planking, o que é notável na
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disposição das ripas de madeira posicionadas longitudinalmente, são polidos
para realçar o brilho e diminuir o atrito com a água, o que os tornam eficazes em
longas remadas. Há a possibilidade de construir com diferentes tipos de madeira
utilizando o mesmo método de construção, como o modelo de Rob Macks,
chamado de Shooting Star Baidarka.
9.4 Tabela Comparativa dos caiaques analisados
A tabela comparativa serve para auxiliar na análise dos caiaques em
relaçaõ aos materiais e dimensões descritos acima a fim de tornar mais objetiva
a definição de requisitos de produto.
Tabela 01
CAIAQUE
TIPO
MATERIAIS UTILIZADOS
COCKPIT
COMP.
(m)
PESO (kg)
Baidarca Cedro
Mapple
Makore
Resina Epoxy
Fibra de Vidro
1
5,6
__
Groenlandês Cedro
Resina Epoxy
Fibra de Vidro
5,6
15,8
Groenlandês
Cedro
Resina Epoxy
Fibra de Vidro
5,2
14,9
Groenlandês Cedro
Resina Epoxy
Fibra de Vidro
5,3 15
Análise de caiaques.
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Todos os caiaques apresentados nesta análise são feitos do mesmo
modo e utilizam a mesma madeira na fabricação. Possuem comprimento
superior a 5m e fundo rounded, com acentuação em V na proa e popa, além
disso é notável a presença de duas escotilhas e alças de transporte na proa e
popa do caiaque.
9.5 Análise de uso
Diferentes das embarcações convencionais, o caiaque é guardado em
casa, ocupando um espaço relativamente pequeno e não gera alterações no
tráfego. São geralmente guardados sobre suportes fixados na parede, em pé e
em último caso posto no chão ou sobre móveis.
O transporte (FIGURA 26) geralmente é feito de carro até o ponto mais
próximo ao embarque, sendo que alguns caiaques, geralmente com dois cockpit
são levados por duas ou mais pessoas devido ao seu peso.
FIGURA 26
Transporte do caiaque. FONTE: Feita pelo autor.
Quanto ao compartimento estanque do caiaque, este se mostra amplo e
seguro, porém é aconselhado levar eletrônicos em um saco estanque para maior
segurança. Em caiaques oceânicos maiores que 5 metros o volume do
compartimento estanque, em alguns casos chega a exceder as necessidades,
Danilo Garcia, que é instrutor ACA Level 4 (open water) e primeiro-socorrista,
planeja e guia expedições oceânicas. Conta que a capacidade de carga do seu
![Page 49: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/49.jpg)
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caiaque de 28 kg feito de polímero é de aproximadamente 200 litros, mais que
necessário para uma viagem autossuficiente de até 7 dias, com água. ”
Geralmente os caiaques oceânicos - de polímero, fibra de vidro ou
madeira - utilizam a combinação de duas geometrias de casco (FIGURA 27),
começando pela proa, observa-se um fundo em V acentuado que vai se
transformando em um fundo rounded onde percorre quase toda a embarcação e
finaliza com um fundo V acentuado, com menos rocker e proa e popa inclinadas.
FIGURA 27
Linha de casco do caiaque Panache. FONTE: sekanikayaks.com
Para travessias é importante que o caiaque possua pelo menos um
compartimento estanque para abrigar utensílios de camping, celular, roupas
secas, alimentos e água.
10 PERSONA
Uma persona é um modelo fictício de um usuário ideal para o produto,
são geradas a partir de uma análise que busca características comuns dessas
pessoas, de pesquisas com público alvo.
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10.1 Erick
Erick tem 27 anos, solteiro, nasceu em Florianópolis e mora no Ribeirão
da Ilha, é formado em Arquitetura e trabalha com bioconstrução, gosta de se
exercitar em caminhadas ao ar livre acompanhado de sua cachorra, Lilica.
Lilica, foi adotada por Erick ainda filhote, de um abrigo de animais, é uma
vira-lata de porte médio, similar a um Border Collie como mostra a tabela de
raças de Agostini (2009), tabela 02 e que hoje faz parte fundamental da família.
Erick costuma fazer caminhadas e explorar trilhas junto com sua companheira,
mas em algumas situações Lilica precisa ficar sob cuidados de sua vizinha, Ana
já que os meios de transporte não aceitam animais.
Tabela 02
Tabela de porte de cães. FONTE: AGOSTINI, 2009 modificado pelo autor
Florianópolis é uma ilha repleta de trilhas e paisagens naturais
belíssimas, de norte a sul, a ilha guarda segredos, é sobre esses segredos que
Erick se sente motivado a descobrir e cuidar. A Lagoa do Peri, Ilha do Campeche,
Ilha das Vinhas, Ilha das Laranjeiras e Ilha Dona Francisca são alguns dos
lugares na qual Erick e Lilica não estiveram juntos. É raro as vezes em que os
dois passeiam para ilhas, quando acontece é devido a algum conhecido que tem
embarcação e aceita cães a bordo. Por essa inconveniente situação, Erick busca
![Page 51: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/51.jpg)
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uma embarcação que possibilite levar Lilica com segurança e a liberdade de
poder voltar quando quiser.
Erick utilizou um stand up paddle (SUP) e caiaque, o primeiro foi um
desastre, já que a estabilidade e deslocamento não cumpriram com o desejado,
já o segundo caso, por mais que Erick não possuísse muita habilidade, teve de
enfrentar algumas dificuldades em uma travessia, mas a segurança que
proporcionou a ele e à Lilica compensou.
FIGURA 28
Painel sobre persona. FONTE: Elaborado pelo autor.
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FIGURA 29
Erick – FONTE: Elaborado pelo autor.
FIGURA 30
O caiaque mais adequado para Erick tem que prezar pela estabilidade e
segurança de seu animal de estimação, com escotilha para mantimentos e
vestimentas.
![Page 53: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/53.jpg)
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11 CICLO DE VIDA DO PRODUTO
Assim como qualquer produto, o caiaque também possui um ciclo de
vida, na qual inicia-se na concepção do modelo passando por diferentes estágios
até o descarte.
Seguindo o método PDP, Amaral et al (2006) explica que o cliclo de vida
forncem de modo geral uma descrição da história do produto, desde a
manufatura ao descarte, enaltece que o ciclo não encerra quando a manufatura
ou a venda é finalizada, desde que o fabricante forneça peças e suporte
adequados para que o produto continue em funcionamento.
É importante ressaltar que cada produto possui seu próprio ciclo de vida, que as informações levantadas [...] busca-se definir as fases de ciclo de vida do produto, baseando-se no conhecimento existente sobre produtos similares ou baseando-se nos produtos que o antecederam. (AMARAL et al, 2006 p217).
Apesar disso, o ciclo de vida, como descreve o autor, depende de vários
fatores, dentre os quais se destacam:
tipo de produto que ser projetado; tipo de projeto a ser executado; escala de produção; característica de funcionamento; características de uso e manuseio; serviço de manutenção e filosofia de desativação. (AMARAL et al, 2006 p.217)
O caiaque de madeira é um produto artesanal destinado ao lazer, é
usado por uma pessoa, que utilizando remos, desloca o caiaque na direção
escolhida. A manutenção dessa embarcação deverá ser feita toda vez que o
caiaque for exposto a umidade, salinidade e radiação. É importante que depois
de usá-lo, verificar se há acúmulo de água no interior da embarcação, enxaguar
com água doce e secar à sombra. Caso haja avaria, o caiaque deve ser levado
a um especialista.
12 REQUISITOS
A característica mais notável em um caiaque é seu conjunto casco –
convés. Uma embarcação singular que possibilita inúmeros usos, apesar do
caiaque ser estreito e comprido ele apresenta uma estabilidade notável.
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Para este projeto é importante que o caiaque seja estável, ideal para
uma pessoa iniciante na canoagem. O Quadro 01 mostra as necessidades dos
usuários enquanto o Quadro 2, as necessidades do fabricante.
Quadro 01
Estabilidade
Conseguir remar sem se molhar em demasia; Conseguir acessar utensílios sem que o caiaque vire.
Segurança Não acumular água no interior do caiaque; Ter as escotilhas devidamente vedadas; Conseguir transportar o caiaque com segurança até o carro e local de embarque.
Transporte de carga Ter um compartimento na qual consiga levar 4 peças de roupa; Ter compartimento para estocar pelo menos 3L de água; Conseguir transportar um cachorro de médio porte;
Facilidade de acesso
aos objetos do caiaque
Conseguir acessar os pertences com facilidade; Ter acesso direto aos compartimentos do caiaque;
Facilidade de transporte
do produto
Ser transportado por uma pessoa até o local de embarque; Possibilidade de ser carregado em um automóvel.
Resistência do produto Minimizar danos quando houver choque com rochas, sedimentos ou solo.
Tabela de necessidades dos usuários
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Quadro 02
Facilidade de
construção
Possuir gabaritos e desenhos representando encaixes e recortes. Materiais adequados para a construção; Local arejado para manuseio de materiais químicos;
Segurança pessoal Usar equipamento de proteção
individual; Respeitar orientações de fornecedores quanto ao uso de produtos químicos. Verificar se os encaixes entre as ripas estão devidamente alinhados. Possuir partes reforçadas para transporte, colisões ou tensão.
Transporte do produto
Possuir subsídios para transporte em veículos;
Facilidade de acesso
aos objetos do caiaque
Ser possível transportar em um veículo; Conseguir acessar os pertences com facilidade; Ter acesso direto aos compartimentos do caiaque;
Facilidade de transporte
do produto
Possibilitar o transporte por uma pessoa até a água; Alças para transportar o caiaque sobre o carro.
Resistência a impacto Reforçar o caiaque com fibra de vidro.
Resistência a umidade Usar materiais resistentes à água; Impermeabilizar a madeira com resina epoxy.
Tabela de necessidades do fabricante
Com as tabelas de necessidades do usuário e do fabricante, é possível
extrair os requisitos e especificação meta que definirão o projeto Quadro 3.
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Quadro 03
Segurança para objetos
Vedação com material emborrachado para escotilhas. Impermeabilização do caiaque por resina Epoxy; Reforço com fibra de vidro.
Transporte do caiaque Possibilidade de ser transportado por, no mínimo 1 pessoa; Possibilidade de transportar em um veículo. Peso máximo 20kg
Resistência mecânica
Reforço com pelo menos mais uma camada de fibra de vidro e resina epoxy; Reforço em emendas e cavernas; Roda de proa de madeira maciça com laminação epoxy; Cadaste de madeira maciça com laminação epoxy.
Quadro 04
Estabilidade
Peso da embarcação
Largura entre 600mm a 800mm; Comprimento entre 4.000mm a 5.2000mm; Fundo Flat; Pesar no máximo 40kg
Facilidade de acesso a
pertences e
mantimentos
Compartimento na proa entre 450mm a 580mm largura x 600mm x 750mm de comprimento; Cockpit com comprimento entre 1500 a 1200mm; Abertura do cockpit superior entre 600mm e 750mm; Escotilha para pertences - água e comida com abertura de 500mm a 700mm x 200mm a 350mm
Facilidade de
montagem do caiaque
Ripas de 30mm x 220mm x 6mm; Ripas planas e uniformes; Fibra de vidro Resina Epoxy
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48
Cola de madeira Pregos 10 x 10
Resistência a umidade
Reforço com pelo menos mais uma camada de fibra de vidro e resina epoxy; Reforço em emendas e cavernas;
Especificação meta. FONTE: Elaborado pelo Autor
Os dados apresentados são essenciais para o desenvolvimento de
conceitos adequados para uma pessoa que deseja um caiaque seguro e estável,
que consiga transportar com segurança seus pertences, alimentação e seu
animal de estimação. A partir dos requisitos e especificações meta definidos,
parte-se para geração de alternativas e a escolha de uma adequada para o
projeto.
13 CONCEITOS GERADOS
Os conceitos, sketches, renderings e identidade visual do produto
requerem um aprofundamento imagético acerca do tema estudado: caiaque;
madeira; inuit; água, entre outras palavras que lembrem o projeto são pertinentes
ao projeto.
13.1 Painel Imagético
Os painéis imagéticos servem como referências para a elaboração de
sketches e conceitos para a embarcação a ser desenvolvida.
O primeiro painel (FIGURA 31) refere-se à linhas de caiaques já
existentes,
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49
FIGURA 31
Painel imagético – Linhas e simplicidade. Fonte:
Esse painel é dividido em LINHAS e SIMPLICIDADE, como mencionado o
primeiro refere-se à linhas de caiaques de madeira construído pelo método strip
planking, o segundo mostra um pouco da simplicidade da forma tornando a
embarcação um produto refinado e com identidade.
13.1.1 Inspiração
O painel de inspiração (FIGURA 32) foi elaborado com base em imagens
e fragmentos de texto que mais se assemelham ao uso e característica do
caiaque. Viagem, liberdade e processo produtivo bastante artesanal são
algumas das imagens contidas no painel.
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50
FIGURA 32
Painel de Inspiração. FONTE: Elaborado pelo autor.
O painel misto (FIGURA 33) concentra boa parte de figuras, anotações e
alguns fragmentos textuais que ilustram o conceito de caiaque, uma embarcação
delicada que ao longo da história foi se moldando, buscando sempre atender as
necessidades humanas.
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FIGURA 33
Painel de inspiração misto. FONTE: Elaborado pelo Autor.
FIGURA 34
Painel de inspiração – Identidade. Fonte: Elaborado pelo Autor
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52
13.1.2 Desenhos
Os sketches são traços provisórios para chegar a uma representação de
um produto. São essenciais para elaboração e análise de modelos, uma vez que
mostram, ainda que de forma trivial como o conjunto se comportará em um
desenho refinado.
Abaixo estão alguns dos sketches gerados para as alternativas de
caiaques respeitando os requisitos de projeto (Figura 35).
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56
Desenhos elaborados para projeto de caiaque.
A partir dos desenhos foi possível determinar uma matriz de seleção
Tabela 03 para a escolha do modelo, essa matriz leva em conta, principalmente
a construção do modelo, um requisito fundamental para quem deseja construir
por conta própria. Sem deixar de lado, estabilidade e segurança contam mais do
que navegação, já que a última depende das duas primeiras.
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57
Tabela 03
Matriz de seleção. FONTE: Elaborado pelo Autor.
O modelo escolhido foi o desenho número 9, um modelo com um nível
de construção adequado para o projeto, assim como o número 04, mas o fundo
flat do último desenho foi configurado para oferecer uma maior estabilidade, com
isso a navegação ganha ponto e o escolhido está pronto para a próxima etapa,
modelagem tridimensional virtual.
13.1.3 Palêmon 14
O caiaque foi batizado com o mesmo nome do deus grego Palêmon,
divindade cujo poder era de “salvar os homens de naufrágios e eram invocados
pelos marinheiros” (BULFINCH, 2006, p.173). O modelo virtual (Figura 36, 37 e
38) mostra como se tornará o caiaque físico. Tem um papel fundamental na
elaboração e representação volumétrica do desenho.
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FIGURA 36
Palêmon 14 – Ambientação virtual do caiaque e descrição do nome. FONTE: Elaborado pelo
autor.
FIGURA 37
Palêmon 14 – Modelagem 3d. FONTE: Elaborado pelo autor.
FIGURA 38
![Page 68: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/68.jpg)
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Palêmon, modelagem 3d com referencial para noção de dimensão do caiaque. FONTE:
Elaborado pelo autor.
13.1.4 Característica do Caiaque
O caiaque Palêmon 14 conta com o notável espaço para acomodar um
cachorro de médio porte, estabilidade para navegar em águas calmas e escotilha
de popa para transportar objetos pessoais, o caiaque ainda é dividido em três
partes, separadas por duas cavernas, na qual isolam os compartimentos,
impedindo que o caiaque inunde por completo (Figura 39).
FIGURA 39
Painéis sobre madeirite. FONTE: Arquivo pessoal
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60
As escotilhas são presas por elásticos que pressionam a tampa contra a
abertura, aqui não há a necessidade de usar ferragens ou outros meios para
garantir o travamento da escotilha. A entrada de água no compartimento torna-
se difícil pelo simples fato do caiaque, ainda que na sua capacidade máxima de
carga – 240 kg – fica com o convés muito acima da água.
14 PROTÓTIPO
Um protótipo é, segundo o Dicionário Aurélio [s.d] 1. Primeiro tipo ou
exemplar. 2 Exemplar único feito para ser experimental antes da produção de
outros exemplares. Ou seja, o primeiro caiaque a ser produzido para que possa
identificar melhorias para produções futuras.
Para a execução do protótipo foi necessário realizar uma série de
preparativos antes da montagem do caiaque como: os cortes das cavernas para
formar a estrutura do caiaque que foram impressas na proporção 1:1 e coladas
sobre uma placa de madeirite de 15mm (Figura 40).
FIGURA 40
Painéis sobre madeirite. FONTE: Arquivo pessoal
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61
O caiaque foi construído sobre três cavaletes (Figura 41) que foram
feitos com madeira pinus 70mm x 20mm.
FIGURA 41
Alinhamento das cavernas. FONTE: Arquivo pessoal
A Figura 42 (à esquerda) um gabarito para fazer pressão sobre a
madeira em relação à caverna. Sem isso a ripa tende a não acompanhar o
desenho do casco.
FIGURA 42
Fixação das primeiras ripas (strips). FONTE: Arquivo pessoal
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62
Os grampos de marceneiro são utilizados para garantir que a emenda
fique firme e se mantenha no mesmo lugar até que a cola esteja completamente
seca (Figura 42 direita).
FIGURA 44
Fixação das primeiras ripas (strips). FONTE: Arquivo pessoal
Os grampos e pregos são essenciais para a montagem do caiaque, eles
garantem que as ripas fiquem presas e devidamente coladas. À esquerda, um
gabarito foi feito para que a ripa acompanhasse a curvatura das cavernas.
O costado começa a tomar forma após a colocação das ripas, à
esquerda, um detalhe do corte em 45º para encaixe da próxima ripa (Figura 45).
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FIGURA 45
Fixação das primeiras ripas (strips) e detalhe no corte em 45º para emenda. FONTE: Arquivo
pessoal
FIGURA 46
Acidente de trabalho. FONTE: Arquivo pessoal
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FIGURA 47
Fechamento do casco. FONTE: Arquivo pessoal. Foto: Mauricio Chagas.
O casco foi finalizado com a ajuda de alguns amigos, Adson Loth e
Maurício Chagas.
Uma das maiores referências em construção naval para esse projeto,
livro Manual de Construção de Barcos do autor Jorge Nasseh. À direita, a
cobertura do convés. É importante ressaltar que a emenda, entre o casco e o
convés não deve ser colado, já que as cavernas sairão após lixar a superfície.
FIGURA 48
Convés. FONTE: Arquivo pessoal.
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O andamento da construção do caiaque manteve-se durante uma
semana, para o fechamento do convés, obteve-se mais uma ajuda, do Adson
Loth, graduando em Artes Visuais pela UDESC, ajudou com algumas dicas de
fixação das ripas e ajustes (Figura 49).
FIGURA 49
Linha do casco e convés. FONTE: Arquivo pessoal.
É normal os pregos e grampos ficarem aparentes nesse processo
(Figura 50). O detalhe para essas ferragens ajuda a entender o quão as ripas
devem estar coladas para ter um bom acabamento.
Assim como a aparência destas ferragens, é normal que quando o casco
for laminado apareçam os furos dos pregos usados na montagem, os furos dos
grampos são tão pequenos que passam despercebidos e não incomodam o
olhar.
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FIGURA 50
Materiais sobre o convés. FONTE: Arquivo pessoal.
A última ripa a ser colada (Figura 51) marca o fim do segundo processo
de modelagem do caiaque, a primeira foi a montagem da estrutura para receber
as ripas e dar forma ao casco, após a última ripa ser totalmente fixada, começa
o processo de retirada das ferragens e tratamento da superfície utilizando as
lixas.
FIGURA 51
Última ripa a ser pregada, aproximadamente 34h50min de trabalho. FONTE: Arquivo pessoal.
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A retirada das ferragens (Figura 52) – grampos e pregos – é feita com o
auxílio de pelo menos três ferramentas: alicate, chave de fenda e martelo. É uma
das atividades mais demoradas, já que alguns grampos ficam no mesmo nível
das ripas dificultando a retirada.
FIGURA 52
Retirada das ferragens do convés. FONTE: Arquivo pessoal.
A lixadeira foi uma das ferramentas de melhor auxílio no processo de
tratamento de superfície (Figura 53). Com uma superfície uniforme, a laminação
acaba ficando sem bolhas o que mantem a rigidez em todo o comprimento do
caiaque.
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FIGURA 53
Preparando a superfície para receber a resina. FONTE: Arquivo pessoal.
O processo de laminação é demorado e trabalhoso, a cura total da resina
é de 24h, com umidade do ar inferior a 80% e temperatura na faixa dos 25ºC. A
figura 54 mostra o casco com laminação externa, as cavernas aparentes serão
fixadas com auxílio da resina e fibra de vidro, formando assim, dois
compartimentos além do acento. Esses compartimentos são vedados impedindo
que, em um acidente, a água inunde toda a embarcação.
FIGURA 54
Preparando a superfície para receber a resina. FONTE: Arquivo pessoal.
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Após a laminação externa e interna curar, deve-se ajustar as cavernas
em seus devidos lugares, colá-las e posteriormente cobrir com o convés -já
laminado e curado, como mostra a Figura 55. Nota-se que a emenda entre o casco
e o convés não foi colada, isso é resolvido com o acréscimo de laminação, interna e
externa com resina, e 2 camadas de fibra de vidro (interna e externa).
FIGURA 55
Preparando a superfície para receber a resina. FONTE: Arquivo pessoal.
Espera-se que o processo de cura se concretize, após esse intervalo são
recortadas as aberturas no convés (FIGURA 56) – cockpit, escotilha de proa e
escotilha de popa – com o gabarito e uma serra tico-tico.
Das aberturas, são reservadas as tampas das escotilhas de proa e de
popa, já que estas duas têm o perfil de corte para o encaixe.
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70
FIGURA 56
Preparando a superfície para receber a resina. FONTE: Arquivo pessoal.
FIGURA 57
Primeiro teste noturno sob vento sul intenso na Lagoinha Pequena – Florianópolis. FONTE:
Arquivo pessoal.
O teste foi realizado na Lagoinha Pequena, Campeche, com forte vento
sul/sudeste e baixa visibilidade. O caiaque se comportou de maneira magnífica,
com poucas remadas o Palêmon 14 avançou com fluidez sobre, mas devido ao
![Page 80: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/80.jpg)
71
vento forte, ele foi arrastado para o norte. Foi impossível vencer a força do vento
com o auxílio dos remos. Lembrando de Kohnen, (1998), caiaques com proa alta
tendem a sofrer com força do vento, mas impedem que a água entre em demasia
no interior da embarcação.
FIGURA 58
Atendimento das especificações meta. FONTE: Elaborado pelo autor
O Palêmon 14 é um projeto singular que expande o conhecimento para
outras áreas além do design, as técnicas utilizadas para a concepção do caiaque
foram adquiridas através de pesquisas e vivências, erros e acertos até que cada
ripa estivesse no seu devido lugar. O caiaque corresponde com as expectativas
e lança um desafio a qualquer pessoa que inicie um projeto dessa magnitude.
Para simplificar, a Figura 58 mostra o caiaque e suas respectivas especificações
meta.
15 DOMÍNIO PÚBLICO
Disponibilizar um projeto acadêmico para domínio público é uma
contribuição para que pessoas com anseio de fabricar seu próprio caiaque
possam realizar esse objetivo.
![Page 81: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/81.jpg)
72
O leitor estará seguro quanto à Autorização de Uso e Permissão de Uso,
que Bulamarque (s.d) esclarece:
Autorização de Uso - é ato unilateral, gratuito ou oneroso,
independente de lei, discricionário, sem forma especial, revogável precariamente pela Administração, e que não gera direitos para o particular. Ex.: autorização para ocupação de terreno baldio, retirada de água de fontes não abertas ao uso comum do povo, ou outras que não prejudiquem à coletividade e que só interessem a particulares. Inexiste interesse público. Permissão de Uso (de bem público, e não de serviços públicos) - é ato negocial (porque pode ser feito com ou sem condições, por tempo certo, etc.) unilateral, gratuito ou oneroso, independente de lei, discricionário, revogável precariamente pela Administração e que não gera direitos para o particular, salvo se o contrário se dispuser no contrato. Agora, pela nova Lei 8.666/93, exige procedimento licitatório (artigo 2º). Ex.: permissão para a instalação de uma banca de jornais em calçada, instalações particulares convenientes em logradouros, vestiários em praias,
etc. (BURLAMAQUE, s.d).
Sob esses termos, o projeto torna-se de domínio público, sendo capaz
de ser produzido por qualquer pessoa que utilize dos conhecimentos reunidos
neste projeto de produto. O projeto ainda fica aberto para alterações quanto ao
tipo de madeira a ser utilizada, e resina, mas é aconselhado que a resina seja
epoxy pela capacidade de absorção da madeira.
![Page 82: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/82.jpg)
73
16 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os caiaques foram instrumentos de locomoção para caça e
deslocamento de famílias no extremo norte do planeta, teve sua origem com o
povo inuit, que utilizavam materiais extremamente precários para o
desenvolvimento de uma embarcação – ossos de baleia, peles, tendões, gordura
de baleia e bexigas de focas. Com apenas esses materiais o povo inuit passou
a ser referência em construção de embarcações primitivas que posteriormente
foram adaptadas pelo povo europeu para lazer.
Este trabalho mostra a importância do estudo sobre essas embarcações
primitivas e como é possível projetar um modelo autêntico tendo como
referências caiaques tradicionais groenlandeses e baidarcas.
O êxito na conclusão de cada etapa foi crucial para que o projeto tivesse
um proposito e conseguisse atender os requisitos listados, acompanhando a
metodologia escolhida foi possível compreender cada fase do processo para
chegar ao produto final.
Gerar alternativas viáveis respeitando os requisitos de produto associado
ao painel imagético é uma tarefa que exige um esforço considerável. Deve-se
ter em mente as limitações de cada material para que não haja conceitos
descartáveis. A parte estética é peculiar, não presente nos caiaques tradicionais
– baidarca e groenlandês – o caiaque Palêmon 14 foi elaborado com fins
específicos para transportar um animal de estimação, uma vez que o caiaque
geralmente é utilizado para lazer mostra-se viável e eficaz.
O Palêmon 14 só foi possível devido à grande vontade de aprender a
construir barcos, curiosidade pelo tema, e determinação em concluir o projeto.
Sem deixar de citar, a ajuda de diferentes saberes foi de suma importância,
desde os professores envolvidos, equipe da Aquiles Tor, família e amigos que
sempre estiveram presentes.
O Palêmon 14, diferente dos caiaques vistos e analisados nesse projeto,
é o primeiro caiaque fabricado por uma pessoa que até então só conhecia a
teoria, planejar com detalhe cada peça fez com que o Palêmon 14 se
concretizasse, ainda que longe do ideal – feito com cedro rosa, com mais tempo
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74
para execução de cada etapa e infusão à vácuo – consegue cumprir com seu
objetivo sem dificuldade. É um caiaque ágil e estável, possibilita o transporte de
materiais de camping, roupas e mantimentos e contém dois compartimentos
estanques, isolando o usuário de possíveis inundações e assegurando a
flutuabilidade da embarcação.
Fica como futuros estudos, uma melhor disposição das ripas de
compensado sobre o costado da embarcação, neste projeto as ripas foram
moldadas alternadamente o que não ficou adequado ao projeto, já que, mesmo
com o devido cuidado com a colagem e conformação as ripas tendem a se soltar
e um sistema simples de mastreação, que é possível e interessante para o
caiaque tendo em vista um prévio levantamento teórico sobre disposição do
mastro e confecção e geometria da vela.
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75
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![Page 85: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOICA DE](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022070605/62c28ff690315813357d731e/html5/thumbnails/85.jpg)
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LIMA, Marco Antônio Magalhães. Introdução aos materiais e processos para Designers. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda, 2006. KLINK, Amyr. Cem dias entre céu e mar. 23ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio. 1998. KOHNEN, Uwe Peter. Tudo sobre caiaques. Nobel. São Paulo, 1989.
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Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo 2011 NASSEH, Jorge. Manual de construção de barcos. 4ª ed. Barracuda Composites: Rio de Janeiro 2011. NASSEH, Jorge. Strip planking em espuma de pvc. 2012. Disponível em:
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APENDICE A
Tabela de materiais usados na fabricação do caiaque e peso
MATERIAL QUANTIDADE PREÇO (R$) PESO (g) [caiaque]
Resina Epoxy 5 Litros 450 5800
Fibra de Vidro 4 oz 20 metros 120 100
Compensado Naval 6mm (Virola) 3 unidades 195 18000
Madeirite 15mm 1 unidade 37 4000
Madeira Pinus 70mm x 30mm x 3000mm 6 unidades 41,9
Lixa 10 unidades 10
Impressão A0 4 unidades 26
Cola para Madeira 1 Litro 13 1000
Grampos de Marceneiro 15 unidades 27
Corte Serralheria 144 unidades 90
Fita Crepe 1 unidade 4,3
Grampo 106 x 6mm 1 unidade 5
Pregos 10x10 1 kg 34,5
Plaina Manual 140mm x45mmm 1 unidade 35
Pack com 5 Lixas Circulares 80 1 unidade 11,9
TOTAL 1100,6 28900
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Tabela de horas trabalhadas na montagem do caiaque.
HORAS TRABALHADAS TEMPO
Transporte 40min
Corte das Cavernas 4h25min
Acabamento dos Paineis 2h40min
Montagem dos Cavaletes 3h45min
Montagem das Cavernas 3h05min
Montagem do Caiaque 5h50min
Acabamento do Caiaque 10h00
Laminação 20h50min
Acabamento da Laminação 12h30
TOTAL 8h30min
Primeiro dia 14h00 - 19h50min
Segundo dia 10h30 - 13h40min 19h40min - 20h30min
Terceiro dia 09h30 - 12h40 19h10min - 20h00
Quarto dia 09h15 - 12h30
Quinto dia 10h00 - 12h30
Sexto Dia 11h00 - 13h00
Sétimo Dia 10h00 - 11h30 19h00 - 22h00
Oitavo Dia 09h30 - 11h00
Nono Dia 19h00 - 21h00
Décimo Dia 09h40min - 12h00 19h00 - 20h00
Décimo Primeiro Dia 09h00 - 10h20
Décimo Segundo Dia 13h00 - 17h50min
TOTAL 44h20min
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APÊNDICE B
Respostas de questionários aplicado à alguns proprietários de caiaque.
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APÊNDICE C
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