instituto federal catarinense pró-reitoria de pesquisa...

52
INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Programa de Pós-Graduação em Produção e Sanidade Animal Dissertação Perfil sanitário de subpopulações de javalis (Sus scrofa) em vida livre no Estado de Santa Catarina, Brasil Diego Rodrigo Torres Severo Concórdia, 2019.

Upload: others

Post on 08-Jul-2020

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE

Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação

Programa de Pós-Graduação em Produção e Sanidade Animal

Dissertação

Perfil sanitário de subpopulações de javalis (Sus scrofa) em vida livre no Estado de Santa

Catarina, Brasil

Diego Rodrigo Torres Severo

Concórdia, 2019.

Page 2: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Diego Rodrigo Torres Severo

Perfil sanitário de subpopulações de javalis (Sus scrofa) em vida livre no Estado de Santa Catarina, Brasil

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Produção e Sanidade Animal do

Instituto Federal Catarinense, como requisito parcial

à obtenção do título de Mestre em Ciências (área de

concentração: Produção e Sanidade Animal).

Orientadora: Teane Milagres Augusto Gomes

Coorientadores: Virgínia Santiago Silva

Ricardo Evandro Mendes

Jader Nones

Concórdia, 2019

Page 3: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Severo, Diego Rodrigo Torres

Perfil sanitário de subpopulações de javalis (Sus scrofa) em vida livre no Estado de Santa Catarina, Brasil /Diego Rodrigo Torres Severo – 2019. 51 páginas.

Orientador: Teane Milagres Augusto Gomes

Coorientadores: Virgínia Santiago Silva, Ricardo Evandro Mendes e Jader Nones

Dissertação (Mestrado Profissional) / Instituto Federal Catarinense, Programa de Pós-

Graduação em Produção e Sanidade Animal.

1. Doenças emergentes; 2. Sanidade suídea; 3. Suídeos asselvajados; 4. Necropsias; 5. Saúde pública.

Page 4: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Diego Rodrigo Torres Severo

Perfil sanitário de subpopulações de javalis (Sus scrofa) em vida livre no Estado de

Santa Catarina, Brasil

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em

Ciências, Curso de Pós-Graduação Produção e Sanidade Animal, Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-

Graduação e Inovação, Instituto Federal Catarinense.

Data da Defesa: 07/11/2019

Banca examinadora:

Prof. Dra. Teane Milagres Augusto Gomes (Orientadora)

Doutora em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG

Prof. Dr. Diógenes Dezen

Doutor em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS

Prof. Dr. Paulo Eduardo Bennemann

Doutor em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS

Prof. Dr. Ricardo Evandro Mendes

Doutor em Sanidade Animal pela Universidade de Córdoba, UCO, Espanha

Page 5: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Dedicatória

Aos meus pais, Auri e Dalila, que me mostraram o caminho certo na vida e me

concederam a oportunidade de estudar, e à minha esposa Lilliane e aos meus filhos Arthur e

Martina, pelo esteio firme e seguro que constituem em minha vida.

Page 6: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Agradecimentos

A Deus, por me conceder saúde e sabedoria para enfrentar mais este desafio de vida.

À minha família, pelo incentivo, compreensão, paciência e por me dar forças para

superar mais esta importante etapa, amo vocês!

À sociedade brasileira que, assim como na graduação, mais uma vez me proporcionou

ensino gratuito e de qualidade no IFC.

Aos meus coorientadores Jader Nones, pela ideia inicial deste trabalho com javalis, e ao

professor Ricardo Mendes, pelos primeiros contatos com a Embrapa Suínos e Aves.

Aos meus colegas da CIDASC, pela compreensão por ter me ausentado diversas vezes

em decorrência dos trabalhos de campo. Ao colega Fábio Ferreira pela elaboração do mapa

estadual.

À Embrapa, por ter disponibilizado sua estrutura para a realização das necropsias e sua

equipe, em especial ao Neilor, por ter ajudado diversas vezes no transporte das carcaças dos

javalis abatidos e pelas boas conversas de suas experiências anteriores com estas coletas, além

da Beatris e Iara, pelo trabalho desenvolvido com as amostras coletadas.

À Ana Paula Mori que, em seu período na Embrapa, deu importante suporte para a

realização das necropsias que se estendiam até tarde da noite.

A todos os estagiários do Laboratório de Patologia do IFC, em especial ao Rafael André

Werlang e Lucas Bavaresco, que viabilizaram as coletas quando havia vários javalis abatidos,

além do trabalho da preparação das amostras, e também à Kelen Baldi pelo inestimável apoio.

A toda equipe do ECOPEF, especialmente ao Murilo, Rafael e João agradeço a todos que

participaram do projeto de controle do javali no Parque Estadual Fritz Plaumann, além do IMA

e PMA que deram total apoio a este trabalho.

Ao Carlos Salvador e Marcos Tortato, pelo aprendizado que compartilharam comigo

quando realizamos as diversas etapas de campo neste mesmo projeto, tiveram paciência para

dividir um pouco de suas experiências de campo sobre a biologia do javali.

Aos colegas veterinários Bruno Dal Bosco, Bruno Locatelli, Getúlio Dolci e Rodrigo

Branco, que auxiliaram de diversas formas nas capturas, abates e colheitas de amostras de

Page 7: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

javalis.

Ao Daiton e sua equipe, que disponibilizaram toda a estrutura necessária para garantir

um excelente trabalho em Campo Belo do Sul, que deu mais robustez a este estudo.

À minha empresa CIDASC, em especial à Diretora de Defesa Agropecuária Priscila Maciel

e aos Gestores Estaduais de Defesa Sanitária Animal Marcos Neves e Rosemberg Tartari, que

compreendem a importância de seus quadros técnicos poderem se especializar em temas de

interesse e relevância para a sanidade animal de Santa Catarina, tenham certeza que vamos

compartilhar estas experiências com os demais colegas, técnicos e produtores em geral.

Às minhas orientadoras, prof. Teane Gomes e dra. Virgínia Silva, por tudo que fizeram

para que este trabalho fosse viabilizado, apesar de alguns percalços conseguimos finalizar o

projeto, que demandou tempo e esforços de todos nós. Meus sinceros agradecimentos por

serem fundamentais nesta caminhada!

Page 8: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Epígrafe

“Apesar de tudo, a vida é bela e vale a pena ser vivida.” Auri Dorneles.

Page 9: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Resumo

SEVERO, DIEGO RODRIGO TORRES. Perfil sanitário de subpopulações de javalis (Sus scrofa) em vida livre no Estado de Santa Catarina, Brasil. 2019. 51f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Curso de Pós-Graduação em Produção e Sanidade Animal, Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Instituto Federal Catarinense, Concórdia, 2019. Os javalis representam potencial fonte de disseminação de agentes patogênicos de importância para a saúde pública e animal, uma vez que podem ser reservatórios de diversos patógenos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil sanitário de javalis abatidos para controle populacional no estado de Santa Catarina, situado no sul do Brasil. Para a realização desse estudo, foram colhidas amostras de tecido e soro sanguíneo de 61 javalis de vida livre, abatidos para controle populacional, no período de outubro de 2017 a novembro de 2018. As 61 amostras de soro sanguíneo foram submetidas à pesquisa de anticorpos por diferentes ensaios, obtendo-se a seguinte soroprevalência: circovírus suíno tipo 2 52,4%; Mycoplasma hyopneumoniae 19,7%; vírus da influenza A 9,8%; Leptospira spp. 21,3%; e vírus da hepatite E 13,1%. Para Brucella spp. e peste suína clássica, não houve sororreagentes. Nas necropsias, as principais lesões observadas foram: consolidação pulmonar com presença de parasitas pulmonares (metastrongilídeos), linfonodos hemorrágicos e manchas brancacentas no fígado. As análises histopatológicas evidenciaram principalmente pneumonia intersticial, broncopneumonia e hiperplasia de tecido linfoide (BALT). Houve associação significativa entre parasitismo pulmonar por metastrongilídeos e hiperplasia de BALT. Os achados patológicos dos javalis indicam que os indivíduos avaliados não foram expostos a doenças notificáveis que causam prejuízos econômicos por barreiras comerciais não tarifárias, como a peste suína clássica, peste suína africana e febre aftosa. No entanto, a detecção de anticorpos contra PCV2 e Mhyo, patógenos que impactam a produção comercial, indica a circulação desses agentes, variando em frequência nas populações selvagens, o que caracteriza potencial risco de transmissão destes patógenos entre as populações de suínos domésticos e de vida livre. A detecção de anticorpos contra agentes zoonóticos como vírus da hepatite E, vírus da influenza A e Leptospira spp., além de caracterizarem a circulação dos agentes nessas populações, sugerem potencial risco à saúde pública e suinocultura, dependendo das interações que estabelecem com o ambiente, seres humanos e suínos domésticos. Palavras-chave: doenças emergentes, sanidade suídea, suídeos asselvajados, necropsias, saúde pública.

Page 10: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Abstract

SEVERO, DIEGO RODRIGO TORRES. Sanitary profile of free range wild boar (Sus scrofa) in the State of Santa Catarina, Brazil. 2019. 51p. Dissertation (Master degree in Science) - Curso de Pós-Graduação em Produção e Sanidade Animal, Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Instituto Federal Catarinense, Concórdia, 2019. Wild boars represent a potential source of pathogens dissemination because they host infectious agents considered important to public and animal health. This study aimed to evaluate the sanitary profile of wild boars hunted for population control in the state of Santa Catarina in the south of Brazil. To do so, 61 wild boar tissue and blood samples were collected from the animals hunted for population control from October 2017 to November 2018. The 61 blood serum samples were screened for antibodies through different analyses presenting the following seroprevalence: porcine circovirus type (PCV2) 2 52,4%, Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) 19,7%, influenza A virus 9,8%, Leptospira spp. 21,3% and hepatitis E virus 13,1%. Regarding Brucella spp. and classical swine fever, the samples were not seroreactive. In the necropsies, the main observed lesions were pulmonary parasites (metastrongylides), hemorrhagic lymph nodes and white-spotted liver. Histopathological analyses showed interstitial pneumonia, bronchopneumonia and BALT hyperplasia. There was a significant association between metastrongylid pulmonary parasitism and BALT hyperplasia. The pathological findings indicate that the assessed individuals were not exposed to notifiable diseases that cause economic damage by non-tariff trade barriers such as classical swine fever, african swine fever and foot-and-mouth disease. However, the detection of antibodies against PCV2 and Mhyo, pathogens that impact commercial production, indicates the circulation of these agents, presenting different frequencies in wild populations, which characterizes the potential risk of pathogen transmission among domestic and free-living swine populations. The detection of antibodies against zoonotic agents as hepatitis E virus, influenza A virus and Leptospira spp., besides characterizing the circulation of agents in these populations suggest a potential risk to public health and pig farming, but it depends on the interactions with environment, humans and domestic swine. Keywords: emerging diseases, pig health, wild boars, necropsy, public health.

Page 11: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Lista de Figuras

Figura 1 Mapa do estado de Santa Catarina indicando as regiões e municípios de

coleta de javalis (1 = região oeste; 2 = região serrana)................................. 24

Figura 2 Lesões macroscópicas observadas na necropsia de javalis em vida livre

no Estado de Santa Catarina....................................................................... 29

Figura 3 Lesões histopatológicas encontradas em javalis de vida livre no Estado de

Santa Catarina............................................................................................ 31

Figura S1 Associação da frequência (%) de sorologia positiva para Mycoplasma

hyopneumoniae (Mhyo) em função da área de captura.............................. 49

Figura S2 Associação da frequência (%) de sorologia positiva para Mycoplasma

hyopneumoniae (Mhyo) em função de lesão histopatológica pulmonar de

hiperplasia de tecido linfoide bronco-associado (BALT).............................. 49

Figura S3 Associação da frequência (%) de Metastrongylus spp. em função de lesão

histopatológica pulmonar de hiperplasia de tecido linfoide bronco-

associado (BALT)......................................................................................... 50

Figura S4 Associação da frequência (%) de sorologias para Leptospira spp. e

Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) em função da faixa etária................ 50

Figura S5 Exemplo de armadilha: curral de captura de javalis.................................... 51

Figura S6 Exemplo de armadilha: gaiola de captura de javalis.................................... 51

Page 12: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Lista de Tabelas

Tabela 1 Frequências e percentuais dos javalis amostrados de acordo com local

de coleta, sexo e faixa etária...................................................................... 27

Tabela 2 Frequência de lesões macroscópicas dos javalis amostrados.................... 28

Tabela 3 Frequência dos achados histopatológicos em javalis amostrados............. 32

Tabela 4 Frequência de javalis sororreativos para os agentes avaliados.................. 32

Tabela 5 Níveis descritivos de probabilidade do teste Exato de Fisher para testar

a associação entre fatores ou achados histopatológicos e sorologia......... 33

Page 13: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Lista de Abreviaturas e Siglas

CDRS Complexo de Doenças Respiratórias de Suínos

HEV Vírus da hepatite E

IAV Vírus da influenza A

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MHYO Mycoplasma hyopneumoniae

OIE Organização Mundial de Saúde Animal

PCV2 Circovírus Suíno Tipo 2

PSC Vírus da Peste Suína Clássica

Page 14: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

Lista de Símbolos

°C Graus Celsius

μm Micrômetro

mL Mililitro

Page 15: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

SUMÁRIO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA E ESTADO DA ARTE.......................................15

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 20

2.1 Geral............................................................................................. ..............20

2.2 Específicos .............................................................................................. 20

3 MANUSCRITO..........................................................................................................21

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 45

5 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 46

6 ANEXOS ............................................................................................................... 49

Page 16: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

15

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA E ESTADO DA ARTE

A definição de “suídeo asselvajado” é determinada por um grupo de biótipos da

espécie Sus scrofa, que inclui animais puros da Eurásia em sua forma original, híbridos

originados pelo cruzamento dos javalis puros com suínos domésticos em seus mais

variados graus e biótipos selvagens originários da soltura ou escape na natureza de

suínos domésticos. Sus scrofa tem a mais ampla distribuição geográfica entre as espécies

unguladas, presentes atualmente na Ásia, Europa, África, América e Oceania (BARRIOS-

GARCIA; BALLARI, 2012; RUIZ-FONS, 2017). Os primeiros registros da introdução do

javali-europeu (Sus scrofa) na América do Sul datam de 1904 e 1906, ocasião em que

alguns indivíduos foram trazidos da Europa para a Argentina. No território brasileiro

provavelmente tenha ocorrido seu ingresso no fim dos anos 80 (DEBERDT; SCHERER,

2007; OLIVEIRA, 2012).

O Governo Brasileiro, por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, atua no controle do javali desde 1995, porém,

somente em 2013 declarou a nocividade do javali, autorizando o controle populacional

desta espécie de vida livre em todo o território nacional (BRASIL, 2017). Os javalis estão

presentes em 22 dos 27 Estados do Brasil, distribuídos em 1151 municípios; no Estado

de Santa Catarina, localizado na região Sul do país, foram relatados em 62 das 295

cidades (MAPA, 2019). Neste estudo foi adotado, de acordo com a Instrução Normativa

nº 03/2013 - IBAMA, o termo “javali”, utilizado para Sus scrofa em todas as suas formas,

linhagens, raças e diferentes graus de cruzamento com o porco doméstico (IBAMA,

2013).

Os javalis abrigam muitos agentes infecciosos importantes que são transmissíveis

aos suínos domésticos e outras espécies, incluindo os seres humanos (RUIZ-FONS et al.,

2008; MENG et al., 2009; COOPER et al., 2010). Como os suídeos asselvajados pertencem

à mesma espécie que os suínos domésticos, muitas vezes compartilham dos mesmos

patógenos, possibilitando a transmissão de doenças entre essas populações. Os javalis

Page 17: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

16

podem atuar como reservatório para vários microrganismos (LINHARES et al., 2015).

Dentre estes, há uma longa lista de agentes zoonóticos, como Brucella suis e Brucella

abortus, Leptospira interrogans, os vírus da influenza A (IAV) e da hepatite E (HEV)

(MENG et al., 2009).

A brucelose, doença bacteriana causada por 10 espécies do gênero Brucella, é

considerada uma zoonose capaz de acometer diferentes espécies animais (ACHA &

SZYFRES, 2001; AIELLO & MAYS, 2001). Cada uma destas espécies têm predileção por um

ou mais hospedeiros, das quais Brucella abortus, B. melitensis e B. suis infectam vários

hospedeiros secundários, incluindo animais domésticos, selvagens e seres humanos

(MUSA et al., 2013). Suídeos domésticos e selvagens são suscetíveis a estas três espécies

de Brucella, porém, os biovares 1, 2 e 3 de Brucella suis são mais frequentemente

implicados em infecções de javalis, figurando como uma importante zoonose na qual os

caçadores integram o principal grupo de risco, devido à exposição ocupacional (OIE,

2018; CFSPH, 2018).

Javalis podem também desempenhar um papel importante no ciclo

epidemiológico da leptospirose, uma zoonose distribuída mundialmente. A infecção é

causada por espiroquetas patogênicas do gênero Leptospira, afetando a maioria dos

mamíferos domésticos e selvagens. Os javalis são uma fonte potencial de transmissão

de sorovares patogênicos para humanos, animais e outras espécies silvestres que

compartilham as mesmas áreas geográficas (VALE-GONÇALVES et al., 2015).

O vírus da hepatite E (HEV) é um vírus RNA pertencente à família Hepeviridae,

multi-hospedeiros, sendo considerado uma das principais causas de hepatites virais

humanas em países tropicais e subtropicais. Em países industrializados, a hepatite E é

uma zoonose emergente frequentemente associada ao consumo de carne suína ou de

javali (BOADELLA et al., 2012; DI PASQUALE et al., 2019). Caçadores e pessoas que

manipulam carcaças contaminadas estão mais propensos a esta infecção (RUIZ-FONS,

2017).

A peste suína clássica (PSC) é uma infecção viral aguda, que acomete todos os

Page 18: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

17

membros da família Suidae, trazendo graves consequências econômicas para suínos

domésticos, especialmente em países com densa população de suínos comerciais. A

transmissão da doença geralmente ocorre por contato direto ou por produtos à base de

carne contaminados (MOENNIG, 2015). A doença está incluída na lista do Código de

Saúde Animal Terrestre, da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), sendo de

declaração obrigatória, compreendida pela vigilância veterinária oficial do Brasil; nos

surtos de peste suína clássica no Japão e Rússia em 2018 e 2019, os javalis estavam

diretamente envolvidos (OIE, 2019).

O Complexo de Doenças Respiratórias de Suínos (CDRS), termo que é utilizado

como referência à interação de vários agentes infecciosos com fatores de risco, é uma

síndrome respiratória multifatorial que produz importantes perdas na produção de

suínos em todo o mundo. Afeta principalmente suínos de terminação, com taxa de

morbidade variando de 10 a 40% e taxa de mortalidade de 2 a 10%. Entre os principais

agentes envolvidos no CDRS, estão Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) e o vírus da

influenza suína (FONSECA JÚNIOR et al., 2015; RISCO et al., 2015). Estas enfermidades

se apresentam de forma enzoótica e estão difundidas na maioria das criações brasileiras,

causando elevados prejuízos econômicos (CIACCI-ZANELLA et al., 2016).

Mhyo é o agente causador da pneumonia enzoótica, sendo um importante

patógeno primário no complexo de doenças respiratórias dos suínos. É uma das mais

importantes doenças associada a queda dos índices zootécnicos na suinocultura

(LINHARES et al., 2015; ZIMMERMAN et al., 2019).

O vírus da influenza A (IAV) é infeccioso para uma ampla variedade de espécies

hospedeiras, que incluem aves e mamíferos. A epidemiologia do IAV em suídeos abrange

uma interação complexa do vírus desta espécie, com o de humanos e aves (KADEN et al.,

2008; ZIMMERMAN et al., 2019). Em suínos, é uma das principais causas de surtos

agudos de doenças respiratórias, e mesmo as infecções sendo frequentemente

subclínicas, podem culminar em perda de desempenho, devido a piora da conversão

alimentar e aos custos de medicamentos antimicrobianos para controlar infecções

Page 19: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

18

secundárias (SILVA et al., 2019; ZIMMERMAN et al., 2019).

A circovirose é uma doença multifatorial em que a infecção pelo PCV2 é uma de

suas causas, caracterizada por grave comprometimento do sistema imunológico, e os

sinais clínicos e lesões resultam frequentemente do efeito aditivo de coinfecções.

(ZIMMERMAN et al., 2019). Coinfecções com parvovírus suíno, vírus da síndrome

reprodutiva e respiratória dos suínos, torque teno vírus e Mhyo foram relatadas em

suínos domésticos (DARWICH & MATEU, 2012). A infecção pelo PCV2 pode, por exemplo,

estar associada à prevalência da tuberculose em javalis, agravando o desenvolvimento e

aumentando o risco de contágio em locais onde a tuberculose é endêmica (RISCO et al.,

2013).

Além destes agentes, a ocorrência de parasitas pulmonares do gênero

Metastrongylus spp. causa uma importante enfermidade do trato respiratório e está

associado concomitantemente com a gravidade de determinadas patologias

respiratórias em suínos domésticos e javalis (GARCÍA-GONZÁLEZ et al., 2013; RISCO et

al., 2014). Estes são relativamente comuns em sistemas de criação ao ar livre, devido ao

contato com minhocas no solo (hospedeiro intermediário), o que não ocorre com suínos

criados em sistemas fechados (GARCÍA-GONZÁLEZ et al., 2013).

No Brasil, a condição sanitária dos javalis em vida livre é praticamente

desconhecida, com poucos estudos publicados até o momento (MACIEL et al., 2018). No

estado de Santa Catarina, os javalis encontram-se em áreas de elevada relevância para a

suinocultura, representando risco eminente de contato entre animais de vida livre e

rebanhos comerciais (MAPA, 2019). Portanto, o conhecimento das doenças que circulam

nas populações selvagens é essencial, tanto para a produção pecuária, quanto para a

conservação de fauna silvestre nativa e saúde pública (RUIZ-FONS et al., 2008; MENG et

al., 2009).

No Brasil, apenas as granjas de suínos que produzem, vendem ou distribuem

animais destinados à reprodução, centrais de coleta, venda ou distribuição de sêmen

possuem normativa oficial que consta critérios específicos de biosseguridade a serem

Page 20: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

19

seguidos, além de monitoramento de doenças específicas (MORÉS et al., 2017).

Considerando a grande importância que a suinocultura de Santa Catarina representa

para o país, principalmente na região oeste do estado, e os riscos que o javali pode

representar aos rebanhos comerciais e aos seres humanos, este trabalho foi realizado

com objetivo de avaliar o perfil sanitário, através de necropsias, exames sorológicos e

histopatológicos, de javalis abatidos entre outubro de 2017 e novembro de 2018, em

Santa Catarina.

Page 21: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

20

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar o perfil sanitário de javalis em vida livre abatidos entre outubro de 2017 a

novembro de 2018 no Estado de Santa Catarina.

2.2 Específicos

(i) Examinar os achados macroscópicos e histopatológicos durante a necropsia

dos javalis abatidos;

(ii) Avaliar o perfil sorológico dos javalis contra Brucella spp., peste suína clássica,

Leptospira spp., Mycoplasma hyopneumoniae, circovírus suíno tipo 2, vírus da influenza

A e vírus da hepatite E;

(iii) Verificar a probabilidade de associação de fatores (área, idade, sexo) ou

achados histopatológicos com resultados sorológicos para Leptospira spp., Mycoplasma

hyopneumoniae, circovírus suíno tipo 2, vírus da influenza A e vírus da hepatite E.

Page 22: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

21

3. MANUSCRITO PERFIL SANITÁRIO DE SUBPOPULAÇÕES DE JAVALIS (SUS SCROFA) EM VIDA LIVRE

NO ESTADO DE SANTA CATARINA, BRASIL

Diego Rodrigo Torres Severo, Rafael André Werlang, Ana Paula Mori, Kelen Regina

Ascoli Baldi, Ricardo Evandro Mendes, Soraya Regina Sacco Surian, Arlei Coldebella,

Beatris Kramer, Iara Maria Trevisol, Teane Milagres Augusto Gomes, Virgínia Santiago

Silva

De acordo com as normas para publicação em:

Transboundary and Emerging Diseases

(https://onlinelibrary.wiley.com/page/journal/18651682/homepage/ForAuthors.html)

Page 23: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

22

PERFIL SANITÁRIO DE SUBPOPULAÇÕES DE JAVALIS (SUS SCROFA) EM VIDA LIVRE NO ESTADO DE SANTA CATARINA, BRASIL Diego Rodrigo Torres Severo¹,², Rafael André Werlang², Ana Paula Mori3, Kelen Regina Ascoli Baldi², Ricardo Evandro Mendes², Soraya Regina Sacco Surian², Arlei Coldebella4, Beatris Kramer4, Iara Maria Trevisol4, Teane Milagres Augusto Gomes², Virgínia Santiago Silva4

¹ Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC), Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

² Faculdade de Veterinária, Instituto Federal Catarinense (IFC) - Campus Concórdia, Concórdia, Santa Catarina, Brasil

³ Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

⁴ Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Suínos e Aves, Concórdia, Santa Catarina, Brasil

RESUMO

Os javalis representam potencial fonte de disseminação de agentes patogênicos de importância para a saúde pública e animal, uma vez que podem ser reservatórios de diversos patógenos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil sanitário de javalis em vida livre no estado de Santa Catarina, situado no sul do Brasil. Para a realização desse estudo, foram colhidas amostras de tecido e soro sanguíneo de 61 javalis de vida livre, abatidos para controle populacional, no período de outubro de 2017 a novembro de 2018. As 61 amostras de soro sanguíneo foram submetidas à pesquisa de anticorpos por diferentes ensaios, obtendo-se a seguinte soroprevalência: circovírus suíno tipo 2 (PCV2) 52,4% Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) 19,7%; vírus da influenza A 9,8%; Leptospira spp. 21,3%; e vírus da hepatite E 13,1%. Para Brucella spp. e peste suína clássica, não houve sororreagentes. Nas necropsias, as principais lesões observadas foram: consolidação pulmonar com presença de parasitas pulmonares (metastrongilídeos), linfonodos hemorrágicos e manchas brancacentas no fígado. As análises histopatológicas evidenciaram principalmente pneumonia intersticial, broncopneumonia e hiperplasia de tecido linfoide (BALT). Houve associação significativa entre parasitismo pulmonar por metastrongilídeos e hiperplasia de BALT. Os achados patológicos dos javalis indicam que os indivíduos avaliados não foram expostos a doenças notificáveis que causam prejuízos econômicos por barreiras comerciais não tarifárias, como a peste suína clássica, peste suína africana e febre aftosa. No entanto, a detecção de anticorpos contra PCV2 e Mhyo, patógenos que impactam a produção comercial, indica a circulação desses agentes, variando em frequência nas populações selvagens, o que caracteriza potencial risco de transmissão destes patógenos entre as populações de suínos domésticos e de vida livre. A detecção de anticorpos contra agentes zoonóticos como vírus da hepatite E, vírus da influenza A e Leptospira spp., além de caracterizarem a circulação dos agentes nessas populações, sugerem potencial risco à saúde pública e suinocultura, dependendo das interações que estabelecem com o ambiente, seres humanos e suínos domésticos. Palavras chave: doenças emergentes, sanidade suídea, suídeos asselvajados, necropsias, saúde pública.

Page 24: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

23

1. INTRODUÇÃO Os javalis (Sus scrofa) têm a mais ampla distribuição geográfica entre as espécies unguladas, presentes atualmente na Ásia, Europa, África, América e Oceania (Barrios-Garcia & Ballari, 2012; Ruiz-Fons, 2017). Os primeiros registros da introdução do javali-europeu na América do Sul datam de 1904 e 1906, ocasião em que alguns indivíduos foram trazidos da Europa para a Argentina. No território brasileiro, provavelmente seu ingresso tenha ocorrido no final dos anos 80 (Deberdt & Scherer, 2007; Oliveira, 2012). Os javalis estão presentes em 22 dos 27 Estados do Brasil, distribuídos em 1151 municípios; no estado de Santa Catarina, localizado na região Sul do país, foram relatados em 62 das 295 cidades (Brasil, 2019).

Os javalis abrigam muitos agentes infecciosos importantes que são transmissíveis aos suínos domésticos e outras espécies, incluindo os seres humanos (Cooper, Scott, Garza, Deck, & Cathey, 2010; Meng, Lindsay, & Sriranganathan, 2009; Ruiz-Fons, Segales, & Gortazar, 2008). Como os suídeos asselvajados pertencem à mesma espécie que os suínos domésticos, muitas vezes compartilham dos mesmos patógenos, possibilitando a transmissão de doenças entre essas populações. Os javalis podem atuar como reservatório para vários microrganismos (Linhares et al., 2015). Dentre estes, há uma longa lista de agentes zoonóticos, como Brucella suis e Brucella abortus, Leptospira interrogans, os vírus da influenza A (IAV) e da hepatite E (HEV) (Meng et al., 2009).

O Complexo de Doenças Respiratórias de Suínos (CDRS) é uma síndrome respiratória multifatorial que produz importantes perdas na produção de suínos em todo o mundo. Afeta principalmente suínos de terminação, com taxa de morbidade variando de 10 a 40% e taxa de mortalidade de 2 a 10%. Entre os principais agentes envolvidos no CDRS, estão Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) e o vírus da influenza suína (Fonseca Júnior et al., 2015; Risco et al., 2015). Estas enfermidades se apresentam de forma enzoótica e estão difundidas na maioria das criações brasileiras, causando elevados prejuízos econômicos (Ciacci-Zanella, Morés, & Barcellos, 2016).

O circovírus suíno tipo 2 (PCV2) é um importante patógeno que afeta suínos domésticos e asselvajados em todo o mundo. A doença está associada a diferentes apresentações clínicas, como doença sistêmica, síndrome da dermatite e nefropatia suína, doença pulmonar, doença entérica e doença reprodutiva (Segalés, 2012).

Além destes agentes, a ocorrência de parasitas pulmonares do gênero Metastrongylus spp. causa uma importante enfermidade do trato respiratório e está associado concomitantemente com a gravidade de determinadas patologias respiratórias em suínos domésticos e javalis (García-González et al., 2013; Risco et al., 2014). Estes são relativamente comuns em animais de sistemas de criação ao ar livre, devido ao contato com minhocas no solo (hospedeiro intermediário), o que não ocorre com suínos criados em sistemas fechados (García-González et al., 2013).

No Brasil, a condição sanitária dos javalis em vida livre é praticamente desconhecida, com poucos estudos publicados até o momento (Maciel et al., 2018). No estado de Santa Catarina, os javalis encontram-se em áreas de elevada relevância para a

Page 25: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

24

suinocultura, representando risco eminente de contato entre animais de vida livre e rebanhos comerciais (Brasil, 2019). Portanto, o conhecimento das doenças que circulam nas populações selvagens é essencial não só para produção pecuária, quanto à conservação de fauna silvestre nativa e saúde pública (Meng et al., 2009; Ruiz-Fons, Segalés, & Gortázar, 2008).

Considerando a grande importância que a suinocultura de Santa Catarina representa para o país, principalmente na região oeste do estado, e os riscos que o javali pode representar aos rebanhos comerciais e aos seres humanos, este trabalho foi realizado com objetivo de avaliar o perfil sanitário de javalis abatidos em Santa Catarina. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Delineamento e população Para este estudo, foram utilizadas amostras de 61 javalis em vida livre abatidos no Estado de Santa Catarina, no sul do Brasil, entre os meses de outubro de 2017 e novembro de 2018. A distribuição espacial das coletas foi dividida em duas áreas distintas em relação às características das produções comerciais: (i) área com suinocultura comercial, localizada no oeste do estado, abrangendo as amostras dos municípios de Abelardo Luz (n=1), Ponte Serrada (n=2), Passos Maia (n=3), Faxinal dos Guedes (n=9) e Concórdia (n=27); (ii) área sem suinocultura comercial, reconhecida pela grande quantidade de javalis em vida livre, com amostras colhidas em Campo Belo do Sul (n=19), na região serrana. A Figura 1 mostra a distribuição geográfica dos municípios onde foram abatidos e colhidas amostras de javalis. A amostragem foi obtida por conveniência, de acordo com a disponibilidade de caçadores e/ou de autorização de proprietários rurais, não atendendo a critérios bioestatísticos.

FIGURA 1 Mapa do estado de Santa Catarina indicando as regiões e municípios de coleta de javalis (1 = região oeste; 2 = região serrana)

Page 26: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

25

Os javalis foram capturados em armadilhas (currais ou gaiolas), protocoladas e autorizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) ou pela Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina. Foram abatidos por projétil de arma de fogo na parte frontal do crânio, procedido de sangria dos grandes vasos. A maior parte dos abates (n=40) foi conduzida pelo próprio pesquisador, as demais (n=21) por controladores (caçadores) voluntários, devidamente autorizados pelos órgãos oficiais responsáveis. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto Federal Catarinense (CEUA-IFC 21/2017) e inserido na licença nº 36636-7 do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO). Os javalis foram categorizados em grupos de machos ou fêmeas e juvenis ou adultos. Consideraram-se adultos os machos com peso acima de 30 kg e que possuíam produção espermática, avaliados por histopatologia de testículo e epidídimo. Quanto às fêmeas, foram classificadas como adultas aquelas com peso maior ou igual a 27 kg, uma vez que neste trabalho foi capturada uma fêmea lactante com este mesmo peso. 2.2. Necropsia e colheita de material biológico Dos 61 javalis abatidos, 38 eram provenientes dos municípios de Faxinal dos Guedes, Ponte Serrada e Concórdia, cujas carcaças foram encaminhadas para necropsia na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA Suínos e Aves ou no Instituto Federal Catarinense - IFC, ambos no município de Concórdia, Santa Catarina. Outras 20 necropsias foram feitas in loco a campo nos municípios de Abelardo Luz e Campo Belo do Sul, devido a distância geográfica e dificuldades logísticas no transporte das carcaças às instalações de necropsia em tempo para evitar autólise. Amostras de sangue, cabeça e monobloco de vísceras torácicas e abdominais de três javalis abatidos no município de Passos Maia foram encaminhados por caçadores para avaliação e colheita de amostras histopatológicas na Embrapa Suínos e Aves.

Imediatamente após o abate, a coleta de sangue foi efetuada através da sangria pela incisão dos grandes vasos (veia cava cranial e/ou jugular), do plexo braquial ou punção intracardíaca, na quantidade de 30 a 40 mL, armazenados a 4°C em tubos plásticos tipo Falcon de 50 mL, dessorados no prazo máximo de 24 horas e enviados ao Laboratório de Genética e Sanidade Animal da Embrapa Suínos e Aves – Concórdia, SC, sendo acondicionados a -20° C até o processamento das análises.

Os achados macroscópicos das necropsias foram documentados por registros fotográficos e descritos em fichas de necropsia. Para avaliação histopatológica, fragmentos dos seguintes tecidos foram colhidos, fixados em formalina tamponada a 10% e encaminhados ao Laboratório de Patologia Veterinária do IFC – Campus Concórdia: linfonodos inguinais, cefálicos (submandibulares e retrofaríngeos), mediastínicos e mesentéricos; tonsilas; músculo do masseter, diafragma e língua; pulmão; coração; fígado; rins; baço; intestino delgado e grosso; sistema nervoso central (cérebro, cerebelo, tronco, medula e gânglio trigeminal) e aparelho reprodutivo (ovário ou testículo). Os tecidos foram processados conforme exame de rotina para

Page 27: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

26

histopatologia, com desidratação, clarificação e emblocamento em parafina histológica. As lâminas foram cortadas a 3 μm de espessura e coradas por Hematoxilina e Eosina (HE) para leitura microscópica por um patologista.

Os parasitos encontrados em pulmões foram acondicionados em tubos Falcon, em solução de formalina tamponada a 10% e encaminhados ao Laboratório de Parasitologia do IFC – Campus Concórdia, para posterior identificação e classificação taxonômica.

2.3. Sorologia Todos os 61 animais abatidos foram avaliados sorologicamente para detecção de anticorpos contra os seguintes patógenos: vírus da peste suína clássica (PSC); circovírus suíno tipo 2 (PCV2); Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo); Brucella spp.; Leptospira spp.; vírus da influenza A (IAV); e vírus da hepatite E (HEV). Os ensaios para detecção de anticorpos contra PSC, PCV2, Mhyo, Brucella spp. e Leptospira spp. foram realizados no Centro de Diagnósticos de Sanidade Animal (CeDISA), em Concórdia – SC, o qual é credenciado pelo MAPA para sorologia oficial de PSC. As análises sorológicas para detecção de anticorpos contra HEV e IAV foram realizados no laboratório de Sanidade Animal da Embrapa Suínos e Aves, em Concórdia – SC.

Para o diagnóstico de PSC, foi realizada pesquisa de anticorpos por ensaio imunoenzimático (ELISA) de bloqueio, com kit comercial (IDEXX CSFV Ab, EUA), (Wensvoort, Bloemraad, & Terpstra, 1988), enfatizando que o diagnóstico de PSC em javalis faz parte da rotina estabelecida pelo Serviço Veterinário Oficial Estadual (Brasil, 2014; CIDASC, 2015). Para PCV2, foi feita detecção de anticorpos pelo método de ELISA indireto, com kit comercial (BioChek SK 105, EUA) (Cruz, 2010). O exame realizado para M. hyopneumoniae foi a pesquisa de anticorpos pelo método de ELISA indireto, com kit comercial da IDEXX Mhyo (Bereiter, Joo, Young, & Ross, 1990). Para brucelose, as amostras de soro foram submetidas à prova de soroaglutinação rápida em placa com Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) (Alton, Jones, & Pietz, 1975). Para o diagnóstico de Leptospira spp. foi usado o teste de aglutinação microscópica ou microaglutinação (MAT), sendo testados para nove sorovares (L. Autumnalis, L. Bratislava, L. Canicola, L. Grippotyphosa, L. Hardjo, L. Icterohaemorrhagiae, L. Pomona, L. Tarassovi e L. Wolffi). Foram considerados positivos os soros com títulos a partir de 1:100 para quaisquer dos sorovares avaliados (Faine, Adler, Bolin, & Perolat, 1999). O teste utilizado para detecção de anticorpos contra o vírus da influenza A foi o ensaio imunoenzimático com kit comercial IDEXX Influenza A multiespécies (Gauger, Loving, & Vincent, 2014). Os anticorpos específicos contra HEV (HEV-Ab) foram detectados por ELISA comercial (PrioCHECK® HEV Ab, ThermoFischer, EUA) específico para suínos (Obriadina et al., 2002).

Page 28: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

27

2.4. Análise estatística A categorização da amostragem foi descrita em tabelas de contingência para os seguintes fatores: munícipio de coleta; sexo; e faixa etária. A partir do município de abate dos javalis, foi criada a variável área de captura, sendo que os animais capturados no município de Campo Belo do Sul foram considerados pertencentes a área sem suinocultura comercial; os demais pertenceram a área com suinocultura. Foi calculada a soroprevalência aparente dos patógenos avaliados, bem como o percentual de animais positivos para as diversas lesões histopatológicas encontradas. Foram avaliadas associações entre área de captura, sexo, faixa etária e lesões histopatológicas com as sorologias realizadas. As comparações foram realizadas por meio do teste Exato de Fisher, utilizando o procedimento FREQ do software SAS (2012). 3. RESULTADOS Dos 61 animais abatidos, houve uma distribuição homogênea entre machos e fêmeas, e um predomínio de animais jovens, comparado com os adultos. Também foi observada maior frequência (69%) de animais abatidos nas regiões com proximidade de suinocultura (Tabela 1). TABELA 1 Frequências e percentuais dos javalis amostrados de acordo com local de coleta, sexo e faixa etária

Município de coleta Frequência %

Com suinocultura 42 68,9

Concórdia 27 44,3

Faxinal do Guedes 9 14,7

Passos Maia 3 4,9

Ponte Serrada 2 3,3

Abelardo Luz 1 1,7

Sem suinocultura 19 31,1

Campo Belo do Sul 19 31,1

Sexo

Fêmea 32 52,5

Macho 29 47,5

Faixa etária

Adulto 24 39,3

Juvenil 37 60,7

Page 29: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

28

Nas necropsias, as principais lesões encontradas foram em pulmões, caracterizadas por múltiplas áreas firmes e elevadas, especialmente nos lobos caudais, com presença de parasitas pulmonares adultos compatíveis com Metastrongylus spp. no lúmen de brônquios e bronquíolos (25/59, 42,4%). Um animal apresentou hepatização pulmonar (1,7%) compatível com broncopneumonia bacteriana, e, em outro animal, foi observado consolidação lobular multifocal com aspecto de tabuleiro de xadrez (1,7%), sugestiva de influenza. Outras lesões com maior frequência incluem: linfonodos hemorrágicos (18,3%); manchas brancacentas multifocais no fígado (9,8%), lesões sugestivas de migração parasitária; abscesso em linfonodo submandibular (3,3%); e peritonite fibrinosa (3,3%). A tabela 2 e figura 2 mostram as principais lesões macroscópicas e sua frequência, respectivamente.

TABELA 2 Frequência de lesões macroscópicas dos javalis amostrados

Lesões

N total Frequência de

positivos % de

positivos

Parasitas pulmonares adultos 59 25 42,4

Linfonodos hemorrágicos 60 11 18,3

Mancha brancacenta fígado 61 6 9,8

Abscesso em linfonodo submandibular 60 2 3,3

Peritonite fibrinosa 60 2 3,3

Consolidação lobular pulmonar 59 1 1,7

Consolidação pulmonar extensa 59 1 1,7

Fibrose de pericárdio 60 1 1,7

Infarto renal 60 1 1,7

Atrofia renal 60 1 1,7

Mancha brancacenta rim 60 1 1,7

Úlcera gástrica 60 1 1,7

Melanocitoma cutâneo 58 1 1,7

Fratura exposta membro posterior 58 1 1,7

Osteomielite supurativa com projétil 58 1 1,7

Sem lesões 61 9 14,8

Page 30: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

29

FIGURA 2 Lesões macroscópicas observadas na necropsia de javalis abatidos no Meio Oeste de Santa Catarina (A) Pulmão: Nódulos elevados multifocais brancacentos nos lobos caudais. (B) Pulmão: Ao corte, presença de parasitas filamentosos livres nos brônquios e bronquíolos, compatíveis com Mestastrongylus spp. (C) Pulmão, fêmea adulta: Consolidação lobular multifocal nos lobos craniais, com aspecto de tabuleiro de xadrez. (D) Linfonodo: Acentuada hemorragia difusa na cortical. (E) Fígado, macho adulto: Múltiplas áreas brancacentas e firmes que se aprofundam ao corte. (F) Rim, macho adulto: Acentuada atrofia renal unilateral

Page 31: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

30

Quanto aos parasitas pulmonares, foram detectadas cinco espécies de Metastrongylus spp., sendo que, na maioria dos animais, mais de uma espécie foi encontrada. As espécies mais prevalentes foram: M. pudendotectus (13/25, 52%); M. confusus (12/25, 48%); M. asymetricus (9/25, 36%); M. apri (8/25, 32%); e M. salmi (7/25; 28%).

Não foram encontradas alterações macroscópicas nem histopatológicas características de cisticercose, por meio de incisão nos músculos masseteres, língua, coração, fígado e diafragma. Do mesmo modo, não foram detectados granulomas com lesões caseosas e/ou mineralizadas compatíveis com tuberculose na exploração de pulmões, arco diafragmático, fígado, baço e linfonodos (cefálicos, mediastínicos e mesentéricos). Também não foram observadas lesões compatíveis com síndromes vesiculares na inspeção externa das carcaças, principalmente nas patas, focinho e boca.

Na avaliação histopatológica, o órgão mais acometido foi o pulmão (46/59, 76,7%), sendo que os padrões de lesões mais frequentes foram: pneumonia intersticial de infiltrado inflamatório misto; broncopneumonia com predomínio de eosinófilos; moderada hiperplasia de tecido linfoide bronco-associado (BALT); e pneumonia granulomatosa multifocal, caracterizada por presença de macrófagos epitelioides e células gigantes multinucleadas (Figuras 3A-C, Tabela 4). Estas alterações foram, em 54,4% dos casos (25/46), associadas à presença intralesional de vermes adultos e/ou larvas livres no parênquima pulmonar (Figuras 3B-C).

Outras lesões interessantes observadas nos javalis incluem: tonsilite supurativa nas criptas; nefrite intersticial linfocítica multifocal (Figura 3D); fibrose hepática periportal com infiltrado inflamatório de eosinófilos (Figura 3E), compatível com migração parasitária; hemorragia da porção medular de linfonodos cefálicos, sendo em um animal associado à presença de trombo oclusivo em vaso sanguíneo (Figura 3F); e glossite piogranulomatosa com corpo estranho birrefringente intralesional. A tabela 3 apresenta as porcentagens de animais positivos para as diversas lesões histopatológicas.

Page 32: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

31

FIGURA 3 Lesões histopatológicas encontradas em javalis abatidos no Meio Oeste de Santa Catarina (A) Pulmão: Discreta hiperplasia de tecido linfoide bronco-associado e pneumonia intersticial. (B) Pulmão: Pneumonia granulomatosa com células gigantes multinucleadas e larvas livres intralesionais (seta). (C) Pulmão: verme adulto de Metastrongylus spp. no lúmen de bronquíolo. (D) Rim: Nefrite intersticial linfocítica acentuada. (E) Fígado: Fibrose em ponte com acentuado infiltrado de eosinófilos. (F) Linfonodo: Hemorragia com trombose focal (seta). HE, 40X ou 100X

Page 33: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

32

TABELA 3 Frequência dos achados histopatológicos de javalis abatidos

Patologia N total Frequência de positivos % de positivos

Lesões pulmonares 59 46 78

Pneumonia intersticial 59 35 59,3

Broncopneumonia eosinofílica 59 24 40,7

Hiperplasia de BALT 59 24 40,7

Pneumonia granulomatosa 59 6 10,1

Tonsilite supurativa 60 29 48,3

Linfonodos hemorrágicos 60 12 20

Nefrite intersticial 60 6 10

Fibrose hepática com eosinófilos 61 4 6,6

Glossite piogranulomatosa 60 3 5

Fibrose de pericárdio 60 1 1,7

As 61 amostras de soro coletadas dos javalis foram submetidas à pesquisa de anticorpos, por diferentes ensaios, obtendo-se a seguinte soroprevalência: PCV2, 52,4% (32/61); Leptospira spp. 21,3% (13/61); Mhyo, 19,7% (12/61); HEV 13,1% (8/61); e IAV, 9,8% (6/61). Para Brucella spp. e PSC, não houve sororreagentes. Dentre os sororreagentes para Leptospira spp., de nove sorovares analisados, foram identificados dois: L. Pomona (12/13, 92,3%), com titulações de 1:100 (03 javalis), 1:200 (06 javalis) e 1:400 (03 javalis), e L. Grippotyphosa (1/13, 7,7%), com titulação de 1:100. A tabela 4 apresenta frequência e porcentagens de animais sororreativos para as principais enfermidades.

TABELA 4 Frequência de javalis sororreativos para os agentes avaliados

Sorologia N total Frequência de

positivos % de

positivos IC 95%

PCV2 61 32 52,4 39,8% 62,5%

Leptospira spp. 61 13 21,3 11,0% 31,7%

L. Pomona 13 12 92,3 77,4% 107,2%

L. Grippotyphosa 13 1 7,7 0 22,6%

M. hyopneumoniae 61 12 19,7 9,6% 29,7%

Vírus da hepatite E 61 8 13,1 4,6% 21,7%

Vírus da influenza A 61 6 9,8 2,3% 17,4%

Brucella spp. 61 0 0 0 0

PSC 61 0 0 0 0

Page 34: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

33

Na tabela 5 são apresentados os níveis descritivos de probabilidade do teste Exato de Fisher, o que permitiu avaliar a associação das sorologias com os diversos fatores e achados histopatológicos encontrados. Houve associação significativa (p<0,05) entre Mhyo e área sem suinocultura (figura S1), e entre Mhyo e lesão histopatológica de hiperplasia de BALT no pulmão (figura S2). Porém, também houve associação significativa de lesão histopatológica de hiperplasia de BALT com presença do parasita pulmonar Mestastrongylus spp. (figura S3). Em relação à idade dos animais, houve associação significativa de Mhyo e Leptospira spp. com a faixa etária de adultos, sendo os adultos os mais expostos a estes dois agentes (Figura S4).

TABELA 5 Níveis descritivos de probabilidade do teste Exato de Fisher e associação entre fatores ou achados histopatológicos e sorologia

Fatores/achados histopatológicos

Sorologia

PCV2 Mhyo IAV Leptospira HEV

Área Não Sim (p=0,0001) Não Não Não

Idade Não Sim (p=0,0474) Não Sim (p=0,0003) Não

Sexo Não Não Não Não Não

Patologia pulmonar Não Não Não Não Não

Pneumonia intersticial Não Não Não Não Não

Broncopneumonia eosinofílica Não Não Não Não Não

Hiperplasia de BALT Não Sim (p=0,0095) Não Não Não

Pneumonia granulomatosa Não Não Não Não Não

Nefrite intersticial Não Não Não Não Não

Linfadenite Não Não Não Não Não

Linfonodo hemorrágico Não Não Não Não Não

4. DISCUSSÃO 4.1. Brucelose e Peste Suína Clássica Neste estudo nenhuma amostra de javali reagiu sorologicamente ou apresentou lesões anatomopatológicas compatíveis com brucelose. Isto pode ter ocorrido pelo fato de que o estado de Santa Catarina, de acordo com inquérito soroepidemiológico em bovídeos realizado em 2012, mostrou baixa prevalência de brucelose em propriedades de 0,91%, e em bovinos de 1,21% (Baumgarten, 2015). Não há registro de casos de Brucella suis no

Page 35: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

34

Brasil desde 2006; além disso, o controle de brucelose em granjas de reprodutores suínos certificadas que comercializam animais reprodutores é muito rigoroso e realizado sob supervisão veterinária oficial (Brasil, 2002; OIE, 2019).

Para Peste Suína Clássica (PSC), os javalis avaliados não apresentaram soroconversão. Este resultado era esperado, pois Santa Catarina faz parte de área livre da doença, não havendo casos da enfermidade no estado desde 1990, não ocorrendo vacinação desde 1992 (Freitas et al., 2007). Além disso, os inquéritos epidemiológicos com suínos de subsistência realizados periodicamente nunca demonstraram positividade para PSC em Santa Catarina. Há um programa estadual em execução que analisa as amostras de soro de javalis cedidas por colaboradores voluntários de Santa Catarina desde 2015 e, até o presente momento, não houve diagnóstico desta enfermidade em javalis (CIDASC, 2015). 4.2. Leptospira spp. Neste trabalho, foram detectados anticorpos para Leptospira spp. em 13/61 (21,3%) dos javalis. Esta prevalência é semelhante a diversos estudos publicados anteriormente, que variaram de 2,6 até 18% (Boqvist, Bergström, & Magnusson, 2013; Chiari et al., 2016; Jansen et al., 2007; Montagnaro et al., 2010; Pedersen et al., 2015; Trevisol, Kramer, Coldebella, & Silva, 2017; Vicente et al., 2002), com um caso destoante em Portugal com 65,4% de soroprevalência (Vale-Gonçalves et al., 2015).

Existe um grande número de variantes sorológicas, mas o sorovar L. Pomona, por exemplo, tem especificidade por suínos (Gonçalves & Costa, 2011), sendo detectado frequentemente em javalis na Europa (Jansen et al., 2007; Vicente et al., 2002). Porém, no Brasil, em estudos com suínos comerciais, o sorovar que aparece com maior frequência é L. Icterohaemorrhagiae, sugerindo que este sorovar esteja substituindo L. Pomona. O achado de L. Icterohaemorrhagiae em suínos domésticos é relacionado à falha de controle de roedores sinantrópicos como parte do manejo das criações (Delbem et al., 2004; Favero, Pinheiro, Vasconcelos, Morais, Ferreira & Ferreira Neto, 2002).

Os resultados do presente trabalho mostraram ainda que o fator idade teve significância, pois 45,83% dos animais adultos foram positivos para Leptospira spp., contra 5,41% em juvenis. Isto pode ser explicado pelo fato que um maior tempo de vida implica em maior tempo e chance de exposição ao contato com o agente no ambiente. Este estudo corrobora que os javalis podem representar um risco na área analisada, sobretudo aos seres humanos, como os caçadores, expostos a materiais infectados. 4.3. Hepatite E No presente estudo, a soroprevalência para HEV foi de 13,8% nos javalis testados. Ao comparar com estudos de outros países, observou-se uma variação no percentual sorológico de 8,5 a 57,4% (Boadella et al., 2012; Kukielka, Rodriguez-Prieto, Vicente & Sánchez-Vizcaíno, 2016; Mirazo et al., 2017; Strakova et al., 2018). No Brasil, no estado

Page 36: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

35

de Santa Catarina, foi demonstrado anticorpos contra HEV em 1,55% dos javalis em vida livre avaliados de 2012 a 2016 (Silva et al., 2017). Deve-se ressaltar que a amostragem deste trabalho e de Silva et al. (2017) não atendem a critérios bioestatísticos, por se tratar de amostras colhidas por conveniência. Um fator que pode justificar a diferença de prevalência seria o aumento da ocupação espacial das populações de javalis em Santa Catarina que, por se tratar de um patógeno multi-hospedeiros, tem a capacidade de interagir com as demais espécies suscetíveis ao HEV (Brasil, 2019; Severo et al., 2018).

Não foram encontrados nos animais examinados neste trabalho achados de necropsia ou histopatológicos compatíveis com infecção pelo HEV. Em suínos experimentalmente infectados, os achados incluem aumento leve a moderado de linfonodos hepáticos e mesentéricos, além de hepatite linfoplasmocitária leve a moderada, necrose hepatocelular focal e hepatite linfohistiocitária multifocal leve (Zimmerman et al., 2019).

Apesar de ser um reconhecido reservatório do HEV e de afetar múltiplos hospedeiros, o javali ainda não tem sua importância na transmissão desta enfermidade bem definida (Kukielka et al., 2016; Mirazo et al., 2017; Ruiz-Fons, 2017). Foi demonstrado que suínos domésticos, bovinos e animais selvagens, incluindo javalis e cervídeos, interagem claramente em fazendas e locais de caça, gerando uma complexa situação epidemiológica em termos de transmissão de patógenos entre espécies (Kukielka et al., 2016).

O risco de infecção humana com HEV pelo consumo da carne crua ou mal cozida de javalis ou pela contaminação de alimentos ou água deve ser considerado, já que o vírus pode ser excretado nas fezes destes animais (Ruiz-Fons, 2017). Este risco não pode ser desprezado, principalmente para caçadores que, ao manipularem as carcaças e fazerem o consumo desta carne, figuram como grupo de exposição ocupacional. Há ainda o agravante que, de acordo com tendências culturais do estado de Santa Catarina, são produzidos embutidos a partir desta carne, como o salame, pois a defumação não garante a inativação do HEV (Ruiz-Fons, 2017).

4.4. Complexo de Doenças Respiratórias dos Suínos (CDRS) Das amostras sorológicas testadas para Mhyo neste trabalho, 19,7% foram positivas. Estudos realizados em outros locais do mundo mostram variadas prevalências de circulação do Mhyo em populações de javalis, como 26,6% na Espanha (Closa-Sebastià et al., 2011), 30% na Itália (Chiari, Ferrari, & Zanoni, 2014), 15,8% na Eslovênia (Štukelj, Toplak, & Vengust, 2014), e 24,8% na Suécia (Malmsten, Magnusson, Ruiz-Fons, Gonza, & Dalin, 2018). Porém, Vicente et al. (2002) e Touloudi et al. (2015) não detectaram o agente em população de javalis na Espanha e na Grécia, respectivamente.

No presente estudo, o fator idade teve significância, uma vez que a soroprevalência de Mhyo foi de 33,3% nos javalis adultos, ao passo que em juvenis foi de 10,81%. Em suínos domésticos, todas as faixas etárias são suscetíveis a Mhyo, porém, a mistura de lotes de diferentes origens e/ou idades, a alta densidade de animais nas

Page 37: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

36

baias, além da suscetibilidade intrínseca relacionada à imunidade na fase pós-desmame, são fatores importantes na epidemiologia desta enfermidade (Linhares et al., 2015). Os resultados deste trabalho chamam a atenção, pois diferem de estudos que indicam que javalis são infectados durante os estágios iniciais de suas vidas e, com o passar do tempo, desenvolvem infecções crônicas (Chiari et al., 2014). Sabe-se que javalis de todas as idades vivem juntos, pois uma vara consiste principalmente de várias fêmeas de diferentes idades e de seus filhotes e, ocasionalmente, de machos adultos solitários que se juntam a estas para fins reprodutivos. Isto poderia levar ao surgimento de patógenos e doenças de outras varas com que tiveram contato anteriormente (Linhares et al., 2015).

Além disso, foi demonstrado significância na associação entre sorologia para Mhyo e lesão histopatológica de hiperplasia de tecido linfoide bronco-associado (BALT), conforme apresentado na Tabela 5. A hiperplasia de BALT é um achado histopatológico associado com a presença de agentes patogênicos como Mhyo, Pasteurella multocida tipo A e parasitas Metastrongylus spp. (Biondo, 2016; Sibila et al., 2010). Neste trabalho, nenhum animal apresentou consolidação pulmonar crânio-ventral, lesão característica de Mhyo (Biondo, 2016). Houve associação significativa entre Mhyo e lesão de BALT, mas não entre Mhyo e Metastrongylus spp., mesmo que ambos possam causar hiperplasia de BALT.

Outra associação significativa encontrada foi a sorologia de Mhyo em animais provenientes de área sem suinocultura versus área com suinocultura, que apresentou 57,9% e 2,4% de positivos, respectivamente. Mhyo é altamente prevalente nos rebanhos de suínos comerciais no Brasil (Kich, Kuchiishi, Mores, & Lara, 2010), com estudos indicando até 74% de animais positivos através de imunohistoquímica de tecido pulmonar lesionado (Morés et al., 2015). Entretanto, não existem informações sobre a prevalência de Mhyo em suínos de criações de subsistência, que estão amplamente distribuídas no estado de Santa Catarina e, por esta razão, não foram consideradas como critério na categoria das áreas deste estudo. Há estudo prévio que indica ser mais comum a transmissão de Mhyo de suínos domésticos para javalis do que o contrário (Linhares et al., 2015), o que destoa dos resultados deste trabalho.

O presente estudo sugere que, na região com suinocultura comercial, os javalis de vida livre não estejam em contato com suínos de rebanhos comerciais, devido à baixa prevalência de anticorpos contra Mhyo nos javalis abatidos nessas áreas (Figura S1). É possível que este resultado esteja associado às condições de biosseguridade das criações comerciais, condição esta não encontrada nas criações de subsistência, embora essas informações não tenham sido mensuradas neste estudo. Assim, a pesquisa de fatores de risco de contato entre as populações de vida livre e criações comercias e de subsistência poderão contribuir para elucidar essas questões.

A transmissão por via aerógena de Mhyo pode ocorrer em distâncias curtas, porém, amostras de ar contendo o patógeno recuperados de até 9,2 km distantes de rebanhos contaminados ainda permaneceram infecciosas para animais inoculados experimentalmente (Zimmerman et al., 2019). Os javalis da área sem suinocultura

Page 38: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

37

comercial teriam maior facilidade de entrar em contato com suínos de fundo de quintal, neste caso. Porém, como não há pesquisas da prevalência de Mhyo em suínos de subsistência na região sem granjas tecnificadas de suínos, não se pode realizar um comparativo com os javalis reagentes e afirmar se ocorre esta exposição ou não. Portanto, se fazem necessários mais estudos para elucidar o papel dos javalis nesta enfermidade, devido a prevalência elevada em área geográfica sem suínos comerciais.

A presença de anticorpos contra IAV foi detectada em 9,8% das amostras de javalis avaliadas. Outros trabalhos no mundo também demonstraram a presença de anticorpos contra este vírus em javalis, variando de 0 a 6,4% (Cho et al., 2015; Cleveland et al., 2017; Closa-Sebastià et al., 2011; Malmsten et al., 2018; Martin et al., 2017; Touloudi et al., 2015; Vicente et al., 2002). No presente estudo, foi detectado um javali adulto reagente na sorologia para IAV que apresentou pulmão com múltiplas áreas avermelhadas de consolidação nos lobos médios, com aspecto de tabuleiro de xadrez, sendo a lesão sugestiva de influenza. A sorologia positiva para IAV indica que os javalis tiveram contato com este patógeno, ou seja, que o agente circula nessas populações, mas não significa necessariamente que os animais sejam infectados ou doentes. Porém, a associação com as lesões detectadas por histopatologia mostra que ao menos um javali amostrado apresentava achados patológicos compatíveis com este vírus.

No Brasil, não existem trabalhos realizados com javalis de vida livre, apenas com animais criados em cativeiro, sendo IAV identificado através de PCR em tempo real em 18,3% das amostras coletadas (Biondo et al., 2014). Em 2011, um estudo realizado em sete estados brasileiros detectou anticorpos para o vírus em 78,1% de suínos de rebanhos comerciais de terminação, demonstrando que este é amplamente distribuído na suinocultura (Ciacci-Zanella et al., 2015). Outro trabalho relatou 24,1% de sororreagentes procedentes de rebanhos de suínos comerciais e nenhum sororreagente em suínos de subsistência criados de forma extensiva, por esses terem menor contato direto com pessoas, veículos, outros animais ou aerossóis, que se constituem em fatores de risco para a introdução da infecção pelo IAV em populações suscetíveis (Almeida et al., 2017). Já em sistemas de criação intensiva, a alta densidade de animais por baia em ambientes fechados, expõe os suínos suscetíveis a estas interações com maior frequência (Almeida et al., 2017). Em contraste com os suínos comerciais, javalis de vida livre na natureza têm oportunidade de contato com outros animais selvagens, aves silvestres, rebanhos domésticos e seus habitats, existindo a preocupação de que os suídeos asselvajados possam ter uma infecção mista de IAV e gerar rearranjos de vírus de aves e suínos, o que poderiam finalmente ser transmitidos para suínos domésticos ou seres humanos (Martin et al., 2017). Estes fatores devem ser considerados e outros estudos deverão ser realizados dando ênfase a este assunto.

4.5. Circovírus suíno tipo 2 Neste trabalho, a soroprevalência de PCV2 foi de 52,5%. Em outros estudos com javalis, conduzidos na Espanha, Eslovênia, Grécia e Suécia, o número variou entre 19,1 a 99%

Page 39: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

38

(Boadella et al., 2012; Closa-Sebastià et al., 2011; Malmsten et al., 2018; Štukelj et al., 2014; Touloudi et al., 2015). Outro trabalho realizado no Brasil detectou prevalência de 100% em criações de javalis em cativeiro (Barbosa, Martins, Freitas, & Lobato, 2016), uma vez que este animais com manejo intensivo, podem apresentar maior reação sorológica para PCV2 do que os javalis livres na natureza (Vicente et al., 2004). Os resultados deste estudo indicam que o PCV2 se encontra na natureza entre os javalis de vida livre, contudo, isto não demonstra que estes animais estejam doentes, pois não houve associação significativa de PCV2 com as lesões histopatológicas encontradas como, por exemplo, nefrite intersticial e pneumonia intersticial (Tabela 5). Além disto, de forma geral, a constituição física dos javalis foi hígida, sem maiores agravos. Mesmo assim, a persistência do PCV2 nos javalis de vida livre representa risco para o agravamento de outros agentes que possam vir a contaminar esta espécie. 4.6. Parasitologia No Brasil, Metastrongylus spp. já foram identificados em javalis, porém, em animais criados em cativeiro (da Silva & Müller, 2013). Neste estudo, os parasitas pulmonares Metastrongylus spp. foram descritos em 42,4% dos animais, o que se assemelha com a prevalência observada em outros países como Espanha, Turquia e Polônia, onde foram detectados de 41,1 até 80% (García-González et al., 2013; Nosal, Kowal, & Nowosad, 2010; Senlik, Cirak, Girisgin, & Akyol, 2011).

A prevalência de Metastrongylus spp. neste trabalho sugere que a maioria das lesões microscópicas observadas no pulmão estejam relacionadas com o parasitismo pulmonar, uma vez que foram observados presença de eosinófilos em moderada ou grande quantidade na maioria dos casos e a presença intralesional do parasita. Além disto, houve associação significativa entre a detecção do parasita e hiperplasia de BALT (figura S3). Quatro javalis sororreagentes somente para Mhyo e três para Mhyo e IAV concomitantemente, evidenciaram hiperplasia de BALT juntamente com parasitismo por Mestastrongylus spp., porém, não apresentaram outras lesões características dos patógenos acima citados, como consolidação pulmonar, presença de exsudato ou aderências na pleura visceral ou pericárdica e alteração de linfonodos mediastínicos (Morés et al., 2015). Lesões observadas neste estudo foram similares às descritas em pulmões de javalis com nematoides pulmonares, que mostraram maior frequência de hiperplasia linfoide severa e exsudato nas vias aéreas e alvéolos (Risco et al., 2015). Mesmo que a presença de Metastrongylus spp. em javalis de vida livre seja relativamente comum, o risco de estar associado com infecções em conjunto com outras enfermidades, como tuberculose e circovirose, deve ser considerado.

5. CONCLUSÕES De modo geral, os javalis avaliados apresentaram boas condições sanitárias, uma vez que não foram detectadas evidências macroscópicas e histopatológicas sugestivas de

Page 40: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

39

enfermidades de risco à pecuária e à saúde pública, como síndromes hemorrágicas, ou vesiculares e lesões de tuberculose e cisticercose. A detecção na sorologia de anticorpos para patógenos de interesse na suinocultura, como PCV2 e Mhyo, além de enfermidades zoonóticas como leptospirose, HEV e IAV, demonstra a circulação destes agentes nos javalis, indicando o potencial risco de transmissão de doenças pelo contato entre as populações de javalis e de outras espécies. Portanto, o risco de introdução de doenças nos rebanhos comerciais não deve ser desconsiderado. Diante dos resultados, recomenda-se que, além de medidas de biosseguridade, o monitoramento destes animais de vida livre seja mantido, reforçado, e, se possível, direcionado para áreas de maior concentração de produção comercial de bovinos e suínos. AGRADECIMENTOS À EMBRAPA Suínos e Aves, que realizou o monitoramento sorológico no Projeto nº 02.12.01.014.00 do Macroprograma 2 - “Estruturação de programa de vigilância epidemiológica e manejo populacional de suídeos asselvajados (Sus scrofa) na área livre de Peste Suína Clássica” - Pesquisador Titular: Virgínia Santiago Silva, nº de registro SISBIO: 36636-7.

CONFLITOS DE INTERESSE Os autores declaram não haver conflitos de interesse. REFERÊNCIAS Almeida, H. M. de S., Storino, G. Y., Pereira, D. A., Gatto, I. R. H., Mathias, L. A., Montassier, H.

J., & Oliveira, L. G. de. (2017). A cross-sectional study of swine influenza in intensive and extensive farms in the northeastern region of the state of São Paulo , Brazil. Tropical Animal Health and Production, 49, 25–30. https://doi.org/10.1007/s11250-016-1153-z

Alton, G. G., Jones, L. M., & Pietz, D. E. (1975). Laboratory techniques in brucellosis. Monograph series. World Health Organization, p. 1–163. Recuperado de http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/812265

Barbosa, C. N., Martins, N. R. S., Freitas, T. R. P., & Lobato, Z. I. P. (2016). Serological Survey of Porcine circovirus-2 in Captive Wild Boars (Sus scrofa) from Registered Farms of South and South-east Regions of Brazil. Transboundary and Emerging Diseases, 63, e278–e280. https://doi.org/10.1111/tbed.12247

Barrios-Garcia, M. N., & Ballari, S. A. (2012). Impact of wild boar (Sus scrofa) in its introduced and native range: A review. Biological Invasions, 14(11), 2283–2300. https://doi.org/10.1007/s10530-012-0229-6

Baumgarten, K. D. (2015). Situação epidemiológica da brucelose bovina no Estado de Santa Catarina. Universidade de São Paulo.

Bereiter, M., Joo, H. ., Young, T. F., & Ross, R. F. (1990). Evaluation of the ELISA and comparison to the complement fixation test and radial antibodies against Mycoplasma hyopneumoniae in swine serum. Veterinary Microbiology, 25, 177–192.

Biondo, N. (2016). Etiopatologia do complexo de doenças respiratórias em suínos vacinados

Page 41: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

40

para o vírus influenza A. Universidade Do Estado De Santa Catarina – UDESC. Biondo, N., Schaefer, R., Gava, D., Cantão, M. E., Silveira, S., Mores, M. A. Z., … Barcellos, D. E. S.

N. (2014). Genomic analysis of influenza A virus from captive wild boars in Brazil reveals a human-like H1N2 influenza virus. Veterinary Microbiology, 168(1), 34–40. https://doi.org/10.1016/j.vetmic.2013.10.010

Boadella, M., Ruiz-Fons, J. F., Vicente, J., Martín, M., Segalés, J., & Gortazar, C. (2012). Seroprevalence Evolution of Selected Pathogens in Iberian Wild Boar. Transboundary and Emerging Diseases, 59(5), 395–404. https://doi.org/10.1111/j.1865-1682.2011.01285.x

Boqvist, S., Bergström, K., & Magnusson, U. (2013). Prevalence of Antibody to Six Leptospira Servovars in Swedish Wild Boars. Journal of Wildlife Diseases, 48(2), 492–496. https://doi.org/10.7589/0090-3558-48.2.492

Brasil, Ministério da Agricultura, P. e A. Instrução Normativa no 19, de 15 de fevereiro de 2002. , (2002).

Brasil. NORMA INTERNA No 03 2014 MAPA. , Pub. L. No. 03, 15 (2014). Chiari, M., Ferrari, N., & Zanoni, M. (2014). Mycoplasma hyopneumoniae temporal trends of

infection and pathological effects in wild boar populations. European Journal of Wildlife Research, 60(2), 187–192. https://doi.org/10.1007/s10344-013-0763-2

Chiari, M., Figarolli, B. M., Tagliabue, S., Alborali, G. L., Bertoletti, M., Papetti, A., … Boniotti, M. B. (2016). Seroprevalence and risk factors of leptospirosis in wild boars (Sus scrofa) in northern Italy. Hystrix, the Italian Journal of Mammalogy, 27(2), 1–5. https://doi.org/10.4404/hystrix-27.2-11682

Cho, Y.-Y., Lim, S.-I., Jeoung, H.-Y., Kim, Y. K., Song, J.-Y., Lee, J.-B., & An, D.-J. (2015). Serological Evidence for Influenza Virus Infection in Korean Wild Boars. The Journal of Veterinary Medical Science, 77(1), 109–112. https://doi.org/https://doi.org/10.1292/jvms.14-0290

Ciacci-Zanella, J. R., Morés, N., & Barcellos, D. E. S. N. de. (2016). Principais ameaças sanitárias endêmicas da cadeia produtiva de suínos no Brasil. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, 51(5), 443–453. https://doi.org/10.1590/S0100-204X2016000500004

Ciacci-Zanella, J. R., Schaefer, R., Gava, D., Haach, V., Cantão, M. E., & Coldebella, A. (2015). Influenza A virus infection in Brazilian swine herds following the introduction of pandemic 2009 H1N1. Veterinary Microbiology, 180(1–2), 118–122. https://doi.org/10.1016/j.vetmic.2015.08.021

CIDASC. Implantação de monitorias de PSC em suídeos asselvajados. , (2015). Cleveland, C. A., DeNicola, A., Dubey, J. P., Hill, D. E., Berghaus, R. D., & Yabsley, M. J. (2017).

Survey for selected pathogens in wild pigs (Sus scrofa) from Guam, Marianna Islands, USA. Veterinary Microbiology, 205(May), 22–25. https://doi.org/10.1016/j.vetmic.2017.05.001

Closa-Sebastià, F., Casas-Díaz, E., Cuenca, R., Lavín, S., Mentaberre, G., & Marco, I. (2011). Antibodies to selected pathogens in wild boar (Sus scrofa) from Catalonia (NE Spain). European Journal of Wildlife Research, 57(4), 977–981. https://doi.org/10.1007/s10344-010-0491-9

Cooper, S. M., Scott, H. M., Garza, G. R. De, Deck, A. L., & Cathey, J. C. (2010). Distribution and interspecies contact of feral swine and cattle on rangeland in South Texas: implications for disease transmission. Journal of Wildlife Diseases, 46(1), 152–164.

Cruz, T. F. da. (2010). Padronização e aplicação da técnica de ELISA (“Enzyme-linked immunosorbent assay”) indireto com anticorpo de captura para a detecção de anticorpos contra o circovírus suíno tipo 2. Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina

Page 42: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

41

Veterinaria e Zootecnia de Botucatu. Da Silva, D., & Müller, G. (2013). Parasites of the respiratory tract of Sus scrofa scrofa (wild

boar) from commercial breeder in southern Brazil and its relationship with Ascaris suum. Parasitology Research, 112(3), 1353–1356. https://doi.org/10.1007/s00436-012-3214-1

Deberdt, A. J., & Scherer, S. B. (2007). O javali asselvajado: Ocorrência e manejo da espécie no Brasil. Natureza & Conservação, 5(2), 31–44.

Delbem, Á. C. B., Freire, R. L., Silva, C. A. da, Müller, E. E., Dias, R. A., Neto, J. S. F., & Freitas, J. C. de. (2004). Fatores de risco associados à soropositividade para leptospirose em matrizes suínas. Ciência Rural, 34(3), 847–852.

Faine, S., Adler, B., Bolin, C., & Perolat, P. (1999). Leptospira and leptospirosis (2o ed; S. Faine, Org.). Melbourne: Medisci Press.

Favero, A. C. M., Pinheiro, S. R., Vasconcelos, Silvio Arruda Morais, Z. M., Ferreira, F., & Ferreira Neto, J. S. (2002). Sorovares de leptospiras predominantes em exames sorológicos de bubalinos, ovinos, caprinos, eqüinos,suínos e cães de diversos estados brasileiros. Ciência Rural, 32(4), 613–619. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782002000400011

Fonseca Júnior, A. A., Nonaka, C. K. V., Guedes, E. de O., Lobato, Z. I. P., Dias, A. S., Nascimento, J. A. F. B. do, … Heineman, M. B. (2015). Detecção de agentes associados com doenças respiratórias de suínos por PCR em tempo real. Rev. Bras. Saúde Prod. Animal, 16(2), 300–307.

Freitas, T. R. P., Esteves, E. G., Oliveira, A. M., Joineau, M. E. G., Duarte, A. C. S., Vargas, I., … Rebello, M. A. (2007). Classical Swine Fever in Brazil: study for the survey of classical swine fever outbreaks in Brazil from 1978 to 2004. Semina: Ciências Agrárias, 28(2), 277–286.

García-González, Á. M., Pérez-Martín, J. E., Gamito-Santos, J. A., Calero-Bernal, R., Alonso, M. A., & Carrión, E. M. F. (2013). Epidemiologic Study of Lung Parasites (Metastrongylus spp.) in Wild Boar (Sus scrofa) in Southwestern Spain. Journal of Wildlife Diseases, 49(1), 157–162. https://doi.org/10.7589/2011-07-217

Gauger, P. C., Loving, C. L., & Vincent, A. L. (2014). Enzyme-Linked Immunosorbent Assay for Detection of Serum or Mucosal Isotype-Specific IgG and IgA Whole- Virus Antibody to Influenza A Virus in Swine Key words. In E. Spackman (Org.), Animal Influenza Virus (1o ed, p. 303–312). https://doi.org/https://doi.org/10.1007/978-1-4939-0758-8_25

Gonçalves, L. M. F., & Costa, F. A. L. (2011). Leptospirose em suínos no Brasil. Revista de Patologia Tropical, 40(1), 1–14.

Jansen, A., Luge, E., Guerra, B., Wittschen, P., Gruber, A. D., Loddenkemper, C., … Nöckler, K. (2007). Leptospirosis in urban wild boars, Berlin, Germany. Emerging Infectious Diseases, 13(5), 739–742. https://doi.org/10.3201/eid1305.061302

Kich, J., Kuchiishi, S. S., Mores, M. A. Z., & Lara, A. C. de. (2010). Agentes bacterianos de pneumonia associados a infecção por Mycoplasma hyopneumoniae. Acta Scientiae Veterinariae, 38(supl. 1), s17-27.

Kukielka, D., Rodriguez-Prieto, V., Vicente, J., & Sánchez-Vizcaíno, J. M. (2016). Constant Hepatitis E Virus (HEV) Circulation in Wild Boar and Red Deer in Spain: An Increasing Concern Source of HEV Zoonotic Transmission. Transboundary and emerging diseases, 63(5), e360–e368. https://doi.org/10.1111/tbed.12311

Linhares, M. B., Belloy, L., Origgi, F. C., Lechner, I., Segner, H., & Ryser-Degiorgis, M. P. (2015). Investigating the role of free-ranging wild boar (Sus scrofa) in the re-emergence of

Page 43: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

42

enzootic pneumonia in domestic pig herds: A pathological, prevalence and risk-factor study. PLoS ONE, 10(3), 1–27. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0119060

Maciel, A. L. G., Loiko, M. R., Bueno, T. S., Moreira, J. G., Coppola, M., Dalla Costa, E. R., … Mayer, F. Q. (2018). Tuberculosis in Southern Brazilian wild boars (Sus scrofa): First epidemiological findings. Transboundary and Emerging Diseases, 65(2), 518–526. https://doi.org/10.1111/tbed.12734

Malmsten, A., Magnusson, U., Ruiz-fons, F., Gonza, D., & Dalin, A.-M. (2018). A serologic survey of pathogens in wild boar (Sus scrofa) in Sweden. Journal of Wildlife Diseases, 54(2), 229–237. https://doi.org/10.7589/2017-05-120

Martin, B. E., Sun, H., Carrel, M., Cunningham, F. L., Baroch, J. A., Hanson-Dorr, K. C., … Wan, X.-F. (2017). Feral Swine in the United States Have Been Exposed to both Avian and Swine Influenza A Viruses. Applied and Environmental Microbiology, 83(19), 1–12. https://doi.org/10.1128/aem.01346-17

Meng, X. J., Lindsay, D. S., & Sriranganathan, N. (2009). Wild boars as sources for infectious diseases in livestock and humans. Philosophical Transactions of the Royal Society of London B: Biological Sciences, 364(1530).

Mirazo, S., Gardinali, N. R., Cecilia, D., Ottonelli, F., Verger, L., Lozano, A., … Ré, V. (2017). Serological and virological survey of hepatitis E virus (HEV) in animal reservoirs from Uruguay reveals elevated prevalences and a very close phylogenetic relationship between swine and human strains. Veterinary Microbiology, 213(September 2017), 21–27. https://doi.org/10.1016/j.vetmic.2017.11.013

Montagnaro, S., Sasso, S., De Martino, L., Longo, M., Iovane, V., Ghiurmino, G., … Nava, D. (2010). Prevalence of Antibodies to Selected Viral and Bacterial Pathogens in Wild Boar (Sus scrofa) in Campania Region, Italy. Journal of Wildlife Diseases, 46(1), 316–319. https://doi.org/10.7589/0090-3558-46.1.316

Morés, M. A. Z., Filho, J. X. O., Rebelatto, R., Klein, C. S., Barcellos, E. N., & Coldebella, A. (2015). Aspectos patológicos e microbiológicos das doenças respiratórias em suínos de terminação no Brasil. Pesquisa Veterinaria Brasileira, 35(8), 725–733. https://doi.org/10.1590/S0100-736X2015000800004

Nosal, P., Kowal, J., & Nowosad, B. (2010). Structure of Metastrongylidae in wild boars from southern Poland. Helminthologia, 47(4), 212–218. https://doi.org/10.2478/s11687-010-0033-8

Obriadina, A., Meng, J. H., Ulanova, T., Trinta, K., Burkov, A., Fields, H. A., & Khudyakov, Y. E. (2002). A new enzyme immunoassay for the detection of antibody to hepatitis E virus. Journal of Gastroenterology and Hepatology, 17, 360–364.

Oliveira, C. H. S. de. (2012). Ecologia e manejo de javali (Sus scrofa L.) na América do Sul (Universidade Federal do Rio de Janeiro). https://doi.org/10.13140/RG.2.1.4120.1360

Pedersen, K., Pabilonia, K. L., Anderson, T. D., Bevins, S. N., Hicks, C. R., Kloft, J. M., & Deliberto, T. J. (2015). Widespread detection of antibodies to Leptospira in feral swine in the United States. Epidemiology and Infection, 143(10), 2131–2136. https://doi.org/10.1017/S0950268814003148

Risco, D., Cuesta, J. M., Fernández-Llario, P., Salguero, F. J., Gonçalves, P., García-Jiménez, W. L., … de Mendoza, J. H. (2015). Pathological observations of porcine respiratory disease complex (PRDC) in the wild boar (Sus scrofa). European Journal of Wildlife Research, 61(5), 669–679. https://doi.org/10.1007/s10344-015-0937-1

Risco, David, Serrano, E., Fernández-Llario, P., Cuesta, J. M., Gonçalves, P., Garcia-Jiménez, W.

Page 44: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

43

L., … De Mendoza, J. H. (2014). Severity of bovine tuberculosis is associated with co-infection with common pathogens in wild boar. PLoS ONE, 9(10), 1–10. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0110123

Ruiz-Fons, F. (2017). A Review of the Current Status of Relevant Zoonotic Pathogens in Wild Swine (Sus scrofa) Populations: Changes Modulating the Risk of Transmission to Humans. Transboundary and Emerging Diseases, 64(1), 68–88. https://doi.org/10.1111/tbed.12369

Ruiz-Fons, F, Segales, J., & Gortazar, C. (2008). A review of viral diseases of the European wild boar: Effects of population dynamics and reservoir role. Vet J, 176(2), 158–169. https://doi.org/S1090-0233(07)00088-3 [pii]\r10.1016/j.tvjl.2007.02.017

Ruiz-Fons, Francisco, Segalés, J., & Gortázar, C. (2008). A review of viral diseases of the European wild boar: Effects of population dynamics and reservoir rôle. Veterinary Journal, 176(2), 158–169. https://doi.org/10.1016/j.tvjl.2007.02.017

Segalés, J. (2012). Porcine circovirus type 2 (PCV2) infections: Clinical signs, pathology and laboratory diagnosis. Virus Research, 164(1–2), 10–19. https://doi.org/10.1016/j.virusres.2011.10.007

Senlik, B., Cirak, V. Y., Girisgin, O., & Akyol, C. V. (2011). Helminth infections of wild boars ( Sus scrofa ) in the Bursa province of Turkey. Journal of Helminthology, 85, 404–408. https://doi.org/10.1017/S0022149X1000074X

Severo, D. R. T., Macedo, C. A. B., Tavares, S. G., Rossi, K. . S., Sbruzi, K. A., Xavier, A. C., & Silva, V. S. (2018). 3o Encontro Nacional de Epidemiologia Veterinária. Avaliação da distribuição de suídeos asselvajados no território catarinense no ano de 2016, 46(supl 2), s33. https://doi.org/10.22456/1679-9216.79176.88655

Sibila, M., Mentaberre, G., Boadella, M., Huerta, E., Casas-Díaz, E., Vicente, J., … Segalés, J. (2010). Serological, pathological and polymerase chain reaction studies on Mycoplasma hyopneumoniae infection in the wild boar. Veterinary Microbiology, 144(1–2), 214–218. https://doi.org/10.1016/j.vetmic.2009.12.019

Silva, V. S., Kramer, B., Coldebella, A., Lopes, K. G. S., de Oliveira-Filho, E. F., Gil, L. H. V. G., … Bertani, G. R. (2017). Seroprevalence of Hepatitis E virus (HEV) in domestic non-commercial pigs reared in small-scale farms and wild boar in South of Brazil. 12th International Symposium on the Epidemiology and Control of Biological, Chemical and Physical Hazards in Pigs and Pork, 72–75. https://doi.org/10.31274/safepork-180809-351

Strakova, P., Kubankova, M., Vasickova, P., Juricova, Z., Rudolf, I., & Hubalek, Z. (2018). Hepatitis E virus in archived sera from wild boars ( Sus scrofa ), Czech Republic. Transbound Emerg Diseases, 65, 1770–1774. https://doi.org/10.1111/tbed.12950

Štukelj, M., Toplak, I., & Vengust, G. (2014). Prevalence of antibodies against selected pathogens in wild boars (sus scrofa) in Slovenia. Slovenian Veterinary Research, 51(1), 22–28.

Touloudi, A., Valiakos, G., Athanasiou, L. V., Tsokana, C. N., Billinis, C., Kalaitzis, C., … Sokos, C. (2015). A serosurvey for selected pathogens in Greek European wild boar. Veterinary Record Open, 2(2), 1–8. https://doi.org/10.1136/vetreco-2014-000077

Trevisol, I. M., Kramer, B., Coldebella, A., & Silva, V. S. (2017). Seroprevalence of Brucella Spp., Lepstospira Spp and Toxoplasma Gondii in wild boar (Sus scrofa) from Southern Brazil. 12th International Symposium on the Epidemiology and Control of Biological, Chemical and Physical Hazards in Pigs and Pork, 76–80. https://doi.org/10.31274/safepork-180809-346

Page 45: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

44

Vale-Gonçalves, H. M., Cabral, J. A., Faria, M. C., Nunes-Pereira, M., Faria, A. S., Veloso, O., … Paiva-Cardoso, M. N. (2015). Prevalence of Leptospira antibodies in wild boars (Sus scrofa) from Northern Portugal: Risk factor analysis. Epidemiology and Infection, 143(10), 2126–2130. https://doi.org/10.1017/S0950268814003331

Vicente, Joaquín, León-Vizcaíno, L., Gortázar, C., Cubero, M. J., González, M., Martín-Atance, P., … Nica Gonzá Lez, M. (2002). Antibodies to Selected Viral and Bacterial Pathogens in European Wild Boars from Southcentral Spain. Journal of Wildlife Diseases Wildlife Disease Association, 38(3), 649–652. https://doi.org/10.7589/0090-3558-38.3.649

Vicente, Joaquin, Segalés, J., Hofle, U., Balasch, M., Plana-Durán, J., Domingo, M., & Gortázar, C. (2004). Epidemiological study on porcine circovirus type 2 (PCV2) infection in the European wild boar (Sus scrofa). Veterinary Research, 35, 243–253. https://doi.org/10.1051/vetres:2004008

Wensvoort, G., Bloemraad, M., & Terpstra, C. (1988). An enzyme immunoassay employing monoclonal antibodies and detecting specifically antibodies to classical swine fever virus. Veterinary Microbiology, 17(2), 129–140. https://doi.org/10.1016/0378-1135(88)90004-1

Zimmerman, J. J., Karriker, L. A., Ramirez, A., Schwartz, K. J., Stevenson, G. W., & Zhang, J. (2019). Diseases of swine. In J. J. Zimmerman, L. A. Karriker, A. Ramire, K. J. Schwartz, G. W. Stevenson, & J. Zhang (Orgs.), John Wiley & Sons, Inc. (11o ed, Vol. 1). New Jersey: John Wiley & Sons, Inc. Edition.

Page 46: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

45

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido aos poucos estudos ainda publicados no Brasil, foi verificado neste trabalho

várias frentes que podem ser pesquisadas futuramente. De acordo com diversos estudos

realizados anteriormente no mundo, os javalis representam potencial risco tanto para a

saúde pública quanto para a saúde animal, e por se tratar de animais de vida livre,

errante e em expansão, podem acessar rebanhos de bovinos e suínos.

Neste trabalho, a sorologia demonstrou que circulam patógenos de interesse à

suinocultura comercial nestas populações de vida livre, além de enfermidades de

potencial zoonótico. Contudo, não houve manifestação de lesões características dos

agentes pesquisados na maior parte dos javalis abatidos, boa parte proporcionado por

características como sua notória rusticidade e, principalmente, por serem de vida livre

na natureza, que não propicia o desenvolvimento de doenças favorecidas pelos sistemas

comerciais de integração, com alta densidade de animais confinados e por vezes de

diferentes origens, comuns na cadeia produtiva.

Mesmo assim, o risco de introdução de doenças nos rebanhos comerciais não

pode ser desconsiderado, vide os casos recentes de peste suína clássica e peste suína

africana, em que os javalis estão diretamente relacionados em várias partes do mundo.

Portanto, providências de biosseguridade nas granjas comerciais de suínos e criatórios

de subsistência, além de medidas de educação sanitária para conscientização de técnicos

de áreas afins, produtores rurais, caçadores e demais interessados acerca dos riscos do

contato de javalis com os animais domésticos, são de extrema importância para evitar a

transmissão de doenças a pessoas e rebanhos comerciais de Santa Catarina.

Page 47: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

46

5 REFERÊNCIAS

ACHA, P.N., SZYFRES, B. Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre y a los animales– Volumen I – Bacteriosis y micosis - 3ª Ed., Organización Panamericana de La Salud, p. 28-56,2001.

AIELLO S.E., MAYS A. Manual Merck de veterinária - 8ª Ed., São Paulo – Roca, p. 823-826, 2001.

BARRIOS-GARCIA, M. N.; BALLARI, S. A. Impact of wild boar (Sus scrofa) in its introduced and native range: A review. Biological Invasions, v. 14, n. 11, p. 2283–2300, 2012.

BOADELLA, M. et al. Seroprevalence Evolution of Selected Pathogens in Iberian Wild Boar. Transboundary and Emerging Diseases, v. 59, n. 5, p. 395–404, 2012.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2019). Percepção da ocorrência de suínos asselvajados no Brasil. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/arquivos-programas-sanitarios/PercepodaocorrnciadesunosasselvajadosMAPA2019.pdf.png>. Acesso em: 08 abr. 2019.

BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Diagnóstico do Plano Nacional do Javali. Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali (Sus scrofa) em estado asselvajado no Brasil. Anexo da Portaria Interministerial No. 232, de 28 de junho de 2017, p. 14–54, 2017.

CFSPH. Brucellosis: Brucella suis. Disponível em <http://www.cfsph.iastate.edu/Factsheets/pdfs/brucellosis_suis.pdf>. Acesso em 12 set. 2019.

CIACCI-ZANELLA, J. R.; MORÉS, N.; BARCELLOS, D. E. S. N. DE. Principais ameaças sanitárias endêmicas da cadeia produtiva de suínos no Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 51, n. 5, p. 443–453, 2016.

COOPER, S. M. et al. Distribution and interspecies contact of feral swine and cattle on rangeland in South Texas: implications for disease transmission. Journal of Wildlife Diseases, v. 46, n. 1, p. 152–164, 2010.

DARWICH, L.; MATEU, E. Immunology of porcine circovirus type 2 (PCV2). Virus Research, v. 164, n. 1–2, p. 61–67, 2012.

DEBERDT, A. J.; SCHERER, S. B. O javali asselvajado: Ocorrência e manejo da espécie no Brasil. Natureza & Conservação, v. 5, n. 2, p. 31–44, 2007.

DI PASQUALE, S. et al. Quantification and genetic diversity of Hepatitis E virus in wild boar (Sus scrofa) hunted for domestic consumption in Central Italy. Food Microbiology, v. 82, n. September 2018, p. 194–201, 2019.

Page 48: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

47

FONSECA JÚNIOR, A. A. et al. Detecção de agentes associados com doenças respiratórias de suínos por PCR em tempo real. Rev. Bras. Saúde Prod. Animal, v. 16, n. 2, p. 300–307, 2015.

GARCÍA-GONZÁLEZ, Á. M. et al. Epidemiologic Study of Lung Parasites (Metastrongylus spp.) in Wild Boar (Sus scrofa) in Southwestern Spain. Journal of Wildlife Diseases, v. 49, n. 1, p. 157–162, 2013.

IBAMA. Instrução Normativa No 03, de 31/01/2013. Brasil, 2013.

KADEN, V. et al. Epidemiological survey of swine influenza A virus in selected wild boar populations in Germany. Veterinary Microbiology, v. 131, n. 1–2, p. 123–132, 2008.

LINHARES, M. B. et al. Investigating the role of free-ranging wild boar (Sus scrofa) in the re-emergence of enzootic pneumonia in domestic pig herds: A pathological, prevalence and risk-factor study. PLoS ONE, v. 10, n. 3, p. 1–27, 2015.

MACIEL, A. L. G. et al. Tuberculosis in Southern Brazilian wild boars (Sus scrofa): First epidemiological findings. Transboundary and Emerging Diseases, v. 65, n. 2, p. 518–526, 2018.

MENG, X. J.; LINDSAY, D. S.; SRIRANGANATHAN, N. Wild boars as sources for infectious diseases in livestock and humans. Philosophical Transactions of the Royal Society of London B: Biological Sciences, v. 364, n. 1530, 2009.

MOENNIG, V. The control of classical swine fever in wild boar. Frontiers in microbiology, v. 6, n. November, p. 1–10, 2015.

MORÉS, N. et al. Biosseguridade mínima para granjas de suínos que produzem animais para abate. Embrapa Suínos e Aves, 2017. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/166625/1/final8650.pdf>. Acessado em 12 jun. 2019.

MUSA, M. T.; SABIEL, Y. A. .; OMER, M. M. Evaluation of Serological Tests for Diagnosis of Brucellosis in Camels for Export and Control Purposes in the Sudan. University of Khartoum Journal for Veterinary Medicine and Animal Production, v. 3, n. 2, p. 28–37, 2012.

OIE. Brucelosis (Brucella abortus, B. melitensis y B. suis) (Infección por B. abortus, B. melitensis y B. suis). Manual Terrestre da la OIE, v. Capítulo 3, p. 1–48, 2018.

OIE. World Organisation of Animal Health. Disponível em <http://www.oie.int/wahis_2/public/wahid.php/Diseaseinformation/WI/index/newlang/es>. Acessado em 12 jun. 2019.

OIE. World Organisation of Animal Health. Disponível em <https://www.oie.int/wahis_2/public/wahid.php/Diseaseinformation/statusdetail>. Acessado em 26 de set. 2019.

OLIVEIRA, C. H. S. de. Ecologia e manejo de javali (Sus scrofa L.) na América do Sul.

Page 49: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

48

2012. 154 p. Tese (Doutorado em Ecologia) - Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

RISCO, D. et al. Influence of porcine circovirus type 2 infections on bovine tuberculosis in wild boar populations. Transboundary and Emerging Diseases, v. 60, n. SUPPL1, p. 121–127, 2013.

RISCO, D. et al. Severity of bovine tuberculosis is associated with co-infection with common pathogens in wild boar. PLoS ONE, v. 9, n. 10, p. 1–10, 2014.

RISCO, D. et al. Pathological observations of porcine respiratory disease complex (PRDC) in the wild boar (Sus scrofa). European Journal of Wildlife Research, v. 61, n. 5, p. 669–679, 2015.

RUIZ-FONS, F. A Review of the Current Status of Relevant Zoonotic Pathogens in Wild Swine (Sus scrofa) Populations: Changes Modulating the Risk of Transmission to Humans. Transboundary and Emerging Diseases, v. 64, n. 1, p. 68–88, 2017.

RUIZ-FONS, F.; SEGALÉS, J.; GORTÁZAR, C. A review of viral diseases of the European wild boar: Effects of population dynamics and reservoir rôle. Veterinary Journal, v. 176, n. 2, p. 158–169, 2008.

SILVA, A. P. S. P. et al. Biosecurity practices associated with influenza A virus seroprevalence in sows from southern Brazilian breeding herds. Preventive Veterinary Medicine, v. 166, n. February, p. 1–7, 2019.

VALE-GONÇALVES, H. M. et al. Prevalence of Leptospira antibodies in wild boars (Sus scrofa) from Northern Portugal: Risk factor analysis. Epidemiology and Infection, v. 143, n. 10, p. 2126–2130, 2015.

ZIMMERMAN, J. J. et al. Diseases of swine. 11. ed. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc. Edition, 2019. v. 1.

Page 50: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

49

6 ANEXOS

FIGURA S1 Associação da frequência (%) de sorologia positiva para Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) em função da área de captura

FIGURA S2 Associação da frequência (%) de sorologia positiva para Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) em função de lesão histopatológica pulmonar de hiperplasia de tecido linfoide bronco-associado (BALT)

Page 51: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

50

FIGURA S3 Associação da frequência (%) de Metastrongylus spp. em função de lesão histopatológica pulmonar de hiperplasia de tecido linfoide bronco-associado (BALT)

FIGURA S4 Associação da frequência (%) de sorologias para Leptospira spp. e Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) em função de faixa etária

Page 52: INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de Pesquisa ...ppgpsa.ifc.edu.br/wp-content/uploads/sites/19/2020/04/Perfil-sanit... · INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE Pró-reitoria de

51

FIGURA S5 Exemplo de armadilha: curral de captura de javalis

FIGURA S6 Exemplo de armadilha: gaiola de captura de javalis