início de um novo ciclo de terror_ _ internacional _ dw.de _ 11.09

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Terroristas visam o maior número possível de pessoas inocentes e batarem recorde derrubando o WTC INTERNACIONAL Início de um novo ciclo de terror? "Estamos vivendo um novo ciclo de terror, mais amplo e violento do que foi até agora", afirma o pesquisador de terrorismo mais renomado do mundo. Walter Laqueur, alemão residente nos EUA, acha difícil que haja atentados com armas biológicas, químicas e atômicas, mas admite que a tecnologia avança para isso. E ele não tem receita preventiva. Walter Laqueur foi o criador da pesquisa sobre terrorismo, no final dos 60. Enquanto o número de peritos no assunto multiplicouse por milhares depois de 11 de setembro de 2001, o fundador do Institute for Strategic Research, nos Estados Unidos, continua sendo o especialista mais procurado. Em função dos conhecimentos que acumulou durante décadas, ele é consultado por governos, empresários e militares, apesar de sua atitude incômoda e demolidora de clichês. Terroristas eram mais humanos Em entrevista a Deutsche Welle, quando esteve há pouco na American Academy, em Berlim, o pesquisador esclareceu que o terrorismo não é mais definido de forma clara. A tática e a estratégia do terror mudaram ao longo do tempo: "Os terroristas do século 20 – irlandeses ou os russos – eram mais humanos. Eles matavam pessoas, mas não indiscriminadamente. Não explodiam bombas em jardins de infância ou supermercados. Quando queriam matar um ministro, não o faziam num fim de semana quando ele estava junto com a família. Diziam que não queriam matar inocentes." O terrorismo se desenvolveu para muito pior, passou a crimes de proporções muito maiores, segundo o pesquisador: "Antigamente os atos terror eram simbólicos, enquanto hoje os terroristas tentam atingir um número maior possível de pessoas inocentes para ter maior ressonância na mídia e, assim, foi alcançado o recorde triste de 11 de setembro de 2001." Terror sem motivação política Para o pesquisador é um equívoco achar que o terrorismo tem a ver com a esquerda, a direita ou com injustiças sociais. Terrorismo é uma estratégia que pode ser usada principalmente por movimentos sociais ou grupos marginais não políticos. Laqueur discorda da idéia de que o terrorismo é uma reação às injustiças sociais, contra a miséria no mundo e que, para combatêlo, é preciso eliminar suas causas, garantindo justiça social: "Esta idéia nobre, politicamente correta, está superada. Os terroristas não são mais das camadas sociais mais baixas da população e o que fanáticos consideram 'injusto' é altamente subjetivo. Nos 50 países mais pobres, não existiu terrorismo durante muito tempo, embora a injustiça social fosse grande." Capacidade de destruição em massa Na atualidade, segundo Laqueur, estamos vivendo um ciclo novo de terrorismo e tempos de super violência. Armas de destruição em massa – químicas, biológicas e atômicas – evocam cenários apocalípticos. Mas isso não é fácil, diz o pesquisador, porque não se pode fabricar uma bomba atômica numa garagem. E quem tentar produzir um gás letal pode morrer antes dos outros. Mas a tecnologia progride nesse sentido e Laqueur parece convencido de que um atentado será ESPECIAL TERRORISMO: CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS NOTÍCIAS / POLÍTICA

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25/05/2015 Início de um novo ciclo de terror? | Internacional | DW.DE | 11.09.2002

http://www.dw.de/in%C3%ADciodeumnovociclodeterror/a629658 1/2

Terroristas visam o maior númeropossível de pessoas inocentes ebatarem recorde derrubando o WTC

INTERNACIONAL

Início de um novo ciclo de terror?

"Estamos vivendo um novo ciclo de terror, mais amplo e violento do que foi até agora",afirma o pesquisador de terrorismo mais renomado do mundo. Walter Laqueur, alemãoresidente nos EUA, acha difícil que haja atentados com armas biológicas, químicas eatômicas, mas admite que a tecnologia avança para isso. E ele não tem receita preventiva.

Walter Laqueur foi o criador da pesquisa sobre terrorismo, no

final dos 60. Enquanto o número de peritos no assunto

multiplicouse por milhares depois de 11 de setembro de 2001, o

fundador do Institute for Strategic Research, nos Estados

Unidos, continua sendo o especialista mais procurado. Em função

dos conhecimentos que acumulou durante décadas, ele é

consultado por governos, empresários e militares, apesar de sua

atitude incômoda e demolidora de clichês.

Terroristas eram mais humanos

Em entrevista a Deutsche Welle, quando esteve há pouco na American Academy, em Berlim, o

pesquisador esclareceu que o terrorismo não é mais definido de forma clara. A tática e a estratégia do

terror mudaram ao longo do tempo: "Os terroristas do século 20 – irlandeses ou os russos – eram

mais humanos. Eles matavam pessoas, mas não indiscriminadamente. Não explodiam bombas em

jardins de infância ou supermercados. Quando queriam matar um ministro, não o faziam num fim de

semana quando ele estava junto com a família. Diziam que não queriam matar inocentes."

O terrorismo se desenvolveu para muito pior, passou a crimes de proporções muito maiores, segundo o

pesquisador: "Antigamente os atos terror eram simbólicos, enquanto hoje os terroristas tentam atingir

um número maior possível de pessoas inocentes para ter maior ressonância na mídia e, assim, foi

alcançado o recorde triste de 11 de setembro de 2001."

Terror sem motivação política

Para o pesquisador é um equívoco achar que o terrorismo tem a ver com a esquerda, a direita ou com

injustiças sociais. Terrorismo é uma estratégia que pode ser usada principalmente por movimentos

sociais ou grupos marginais não políticos.

Laqueur discorda da idéia de que o terrorismo é uma reação às injustiças sociais, contra a miséria no

mundo e que, para combatêlo, é preciso eliminar suas causas, garantindo justiça social: "Esta idéia

nobre, politicamente correta, está superada. Os terroristas não são mais das camadas sociais mais

baixas da população e o que fanáticos consideram 'injusto' é altamente subjetivo. Nos 50 países mais

pobres, não existiu terrorismo durante muito tempo, embora a injustiça social fosse grande."

Capacidade de destruição em massa

Na atualidade, segundo Laqueur, estamos vivendo um ciclo novo de terrorismo e tempos de super

violência. Armas de destruição em massa – químicas, biológicas e atômicas – evocam cenários

apocalípticos. Mas isso não é fácil, diz o pesquisador, porque não se pode fabricar uma bomba

atômica numa garagem. E quem tentar produzir um gás letal pode morrer antes dos outros.

Mas a tecnologia progride nesse sentido e Laqueur parece convencido de que um atentado será

ESPECIAL TERRORISMO: CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS

NOTÍCIAS / POLÍTICA

25/05/2015 Início de um novo ciclo de terror? | Internacional | DW.DE | 11.09.2002

http://www.dw.de/in%C3%ADciodeumnovociclodeterror/a629658 2/2

Data 11.09.2002

Autoria (ef)

Palavraschave 11 de setembro, pesquisa de terrorismo, pesquisador alemão, Institute for Strategic Research,American Academy in Berlin, Walter Laqueur, vítimas

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Vigília marca um mês doterremoto no Nepal25.05.2015

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MAIS DA MESMA EDITORIA

perpetrado mais cedo ou mais tarde: "A questão é quando, onde e por quem. O que aconteceu até

agora foram tentativas amadorísticas com o pó antraz, que mataram umas 5 ou 6 pessoas. As chances

são de 100 para 1 de que tais tentativas não levem a nada. Mas o perigo potencial é tão grande que, se

uma só tentativa entre 100 – com arma biológica (vírus e bactérias) – obtiver êxito, isto propagaria

epidemias que ninguém sabe onde iriam parar."

O pesquisador não acredita que uma possível guerra internacional antiterror, como querem tentar os

Estados Unidos, possa acabar com o terrorismo. Indagado se teria uma receita para curar o mal da

atualidade, Laqueur respondeu: "É a mesma coisa que perguntar a um médico famoso como ele

curaria um paciente que nunca viu. Cada paciente é diferente."

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