infraestrutura de hardware e software...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE ENGENHARIAS, ARQUITETURA E URBANISMO E GEOGRAFIA (FAENG) CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA FELIPE DE OLIVEIRA DE ARAÚJO INFRAESTRUTURA DE HARDWARE E SOFTWARE PARA MONITORAMENTO DE BATIMENTOS CARDÍACOS EM BOVINOS DE CORTE Campo Grande, MS 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE ENGENHARIAS, ARQUITETURA E URBANISMO E GEOGRAFIA

(FAENG) CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

FELIPE DE OLIVEIRA DE ARAÚJO

INFRAESTRUTURA DE HARDWARE E SOFTWARE PARA MONITORAMENTO

DE BATIMENTOS CARDÍACOS EM BOVINOS DE CORTE

Campo Grande, MS

2014

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FELIPE DE OLIVEIRA DE ARAUJO

INFRAESTRUTURA DE HARDWARE E SOFTWARE PARA MONITORAMENTO

DE BATIMENTOS CARDÍACOS EM BOVINOS DE CORTE

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado à Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (FAENG) da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr Evandro Mazina Martins

Co-orientador: Prof. Dr Ricardo Ribeiro dos Santos

Campo Grande, MS

2014

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FELIPE DE OLIVEIRA DE ARAUJO

INFRAESTRUTURA DE HARDWARE E SOFTWARE PARA MONITORAMENTO

DE BATIMENTOS CARDÍACOS EM BOVINOS DE CORTE

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado à Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (FAENG) da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Elétrica.

Aprovada em _____ de ___________________ de ________.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr Evandro Mazina Martins

__________________________________

Prof. Dr Ricardo Ribeiro dos Santos

__________________________________

Prof. Dr Milton Ernesto Romero Romero

__________________________________

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Maria Cândida de Oliveira, pelo apoio e participação em toda minha

formação. Agradeço por todas as condições oferecidas e por me mostrar desde

cedo a importância, valor pelos estudos.

Ao professor Ricardo Ribeiro dos Santos pelo profissionalismo e dedicação, com

sábios conselhos, incentivo, importância da pesquisa e por me guiar nesses 4 anos

de graduação. Agradeço por estar sempre disposto a ajudar e por ter me ensinado à

importância do estudo, pela busca de um diferencial da criatividade e inovação.

Agradeço a minha namorada, Bruna Larissa Spontoni do Espirito Santo, pela

paciência e apoio.

Aos professores do Departamento de Engenharia Elétrica que colaboram de forma

direta e indireta com a minha formação ao longo destes anos transmitindo todo o

conhecimento que tenho hoje.

Ao professor Evandro Mazina pela paciência e apoio. E por fim a todos os outros

amigos e pessoas que por ser impossível enumerar e agradecer diretamente aqui,

que contribuíram para a construção desse trabalho.

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“Apenas aqueles que se arriscam ir tão longe, podem possivelmente saber quão

longe podem ir.”

T. S. Eliot

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RESUMO

Especula-se que a produção de carne bovina deverá saltar de atuais 200

milhões para 470 milhões de toneladas até 2050 para suprir a demanda de uma

população de aproximadamente 9 bilhões de pessoas.

Atualmente, o Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do

mundo. E quando se pensa especificamente, em desafio e dificuldades, a serem

vencidos, o principal deles está associado ao estresse térmico resultante da alta

taxa de incidência solar que incide sobre a maior região do país criando uma

barreira para o aumento da produtividade.

Este trabalho de conclusão de curso faz parte de um projeto maior que

propõe o desenvolvimento de uma plataforma eletrônica capaz de avaliar e

relacionar os parâmetros fisiológicos, como frequência cardíaca, frequência

respiratória e temperatura corporal, em tempo real, dos bovinos de corte não

sedados e em pastagem. A plataforma eletrônica serve com uma ferramenta de

suporte e mensuração para técnicas de manejo e produção de bovinos de corte,

contribuindo assim para maximizar produção agropecuária aliando desenvolvimento

sustentável.

Em particular, objetiva-se aqui projetar e implementar um protótipo ubíquo

que contempla uma solução integrada de hardware e software para a obtenção de

frequência cardíaca em bovinos de corte, uma vez que a informação cardíaca é

fundamental para a análise da sanidade animal. Tratando especificamente da

aquisição dos sinais de frequências cardíaca, optou-se pela adoção de sensores

oxímetros (SpO2). Esses sensores constituem-se em uma alternativa de baixo custo

e simplicidade de aplicação, além de possibilitar a obtenção de uma gama de sinais

fisiológicos utilizando um único sensor. Para validar e avaliar o protótipo,

experimentos foram realizados com humanos e comparados com um equipamento

comercial. Experimentos iniciais visando a adaptabilidade dos animais e validação

de parâmetros foram realizados com dois animais não-sedados (novilhas) da raça

Nelore.

Palavras-chave: Bem estar animal, Frequência cardíaca, Técnica de

Oxímetria.

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ABSTRACT

It is speculated that production will jump from the current 200 million to 470

million tonnes of meat by 2050 to meet the demand of a population of about 9 billion

people.

Currently, Brazil is a major exporter of beef in the world. And when thinking

specifically in challenge and difficulties to be overcome, the main one is associated

with the thermal stress resulting from high solar incidence rate that relates to most of

the country and creates a barrier to improvement for increased productivity.

This dissertation is part of a larger project which proposes the development of

an electronic platform to evaluate and correlate physiological parameters as heart

rate, respiratory rate and body temperature in real time, the beef cattle and non-

sedated. The electronic platform serves as a support tool and measurement

techniques for the management and production of beef cattle, thereby helping to

maximize agricultural production combining sustainable development.

In particular, the objective here design and implement a prototype ubiquitous

features an integrated hardware and software for obtaining heart rate in beef cattle,

since the heart is the key information for the analysis of animal health. Dealing

specifically with the acquisition of signs of cardiac frequency, we chose to adopt

oximeter sensor (SpO2). These sensors are in a low-cost and simplicity of

application, besides enabling to obtain a range of physiological signals using a single

sensor. To validate and evaluate the prototype, experiments were conducted with

human and compared with a commercial equipment. Initial experiments aimed

adaptability of animals and validation parameters were performed with two non-

sedated animals (heifers) Nellore.

Keywords: Welfare of animals, heart rate, pulse oximetry technique.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Esboço do sistema de hardware/software ......................................... 18

Figura 2.1: Hardware do atual protótipo do sistema de monitoramento. ........... 22

Figura 2.2: Diagrama de bloco funcional para o harware/software que constituí

o bolus ingerido (pílula). ......................................................................................... 23

Figura 2.3: Hardware que incorpora o bolus e os circuitos de detecção dos

sinais fisiológicos ................................................................................................... 24

Figura 2.4: Descrição de alto nível de um nó sensor ........................................... 26

Figura 2.5: Visão geral do prótipo a) Cinta Polar fixada no pescoço do animal.

b) Detalhes do hardware utilizado c) Caixa de armazenamento do circuito

projetado d) Suporte para a caixa de armazenamento do protótipo

desenvolvido ........................................................................................................... 27

Figura 2.6: Monitor de segurança pecuária para fornecer informações para o

gerenciamento tático sob condições de estresse por calor. .............................. 29

Figura 2.7: Sistema de identificação eletrônica para o monitoramento

comportamental ...................................................................................................... 30

Figura 2.8: Circuito completo de monitoramento da frequência respiratória .... 31

Figura 2.9: : Circuito completo acoplado ao animal ............................................. 31

Figura 3.1: Forma de onda PGG e a representação do dicroic notch................. 41

Figura 3.2: : Métodos de obtenção do sinal PPG ................................................. 43

Figura 4.1: Diferentes tipos de sensores oxímetros ............................................ 44

Figura 4.3: : Representação no domínio da frequência da fotocorrente

detectada em um oxímetro. Apenas as frequências positivas da transformada

de Fourier do sinal em (2.4) são traçados. O sinal é simetrico em torno do eixo

vertical. O componente ac do sinal PPG é retratado com uma Largura de banda

finita, em vez de como um impulso. O enredo é para não escalar e relativas

dimensões foram exageradas para uma melhor representação ......................... 45

Figura 4.4: Modulo do Circuito de Aquisição e Processamento de Sinal............

...................................................................................................................................47

Figura 4.5: Modelo Elétrico de um fotodiodo ........................................................ 50

Figura 4.6: Esquema do circuito elétrico do amplificador de transimpedância 51

Figura 4.7: Diagrama de Bode de um amplificador de transimpedancia não

compensado ............................................................................................................ 51

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Figura 4.8: Diagrama de Bode de um amplificador de transimpedancia

compensado.............................................................................................................54

Figura 4.9: Esquemas elétricos utilizados para a simulação das funções de

transferências do ganho de malha fechada, (a), do fator de realimentação,

β (b) e do ganho de malha aberta do amplificador operacional, (c). ............. 55

Figura 4.10: Simulação (Pspice) do Conjunto Fotodiodo/Pré-Amplificador para

= 82kΩ............................. .....................................................................................57

Figura 4.11: Circuito de Amplificação de Sinal ..................................................... 58

Figura 4.12:Ponte H responsável pelo chaveamento dos Leds .......................... 59

Figura 4.13: Diagrama do Esquemático Eletrônico do Shield para Arduíno do

Circuito para Aquisição e Condicionamento de Sinal PPG ................................. 60

Figura 4.14: Visão 3D da placa de circuito impresso com os componentes

utilizados no circuito eletrônico

...................................................................................................................................61

Figura 4.15: Trilhas e plano de terra para o shield projetado. ............................. 62

Figura 4.16: Algoritmo de calculo de frequência cardíaca. ................................. 62

Figura 4.17: Trecho de código que configura a interrupção para o Timer0 ....... 64

Figura 4.18: Tabela para definir o Prescaler do Timer0 ....................................... 66

Figura 4.19: Trecho de código do algortimo de controle e chaveamento dos

Leds. ......................................................................................................................... 66

Figura 4.20: Forma de onda dos sinais de funcionamento dos Leds. ................ 67

Figura 4.21: Interface Cattlelogger Visualizer 1.1. ................................................ 68

Figura 4.22: Funcionamento da Interface CattleLogger Visualizer 1.1 em

comparação com dados visualizados no osciloscópio. ...................................... 69

Figura 5.1: Fluxograma para armazenamento de dados no cartão micro SD. ... 69

Figura 5.2: Trecho de código para o armazenamento de dados. ........................ 71

Figura 5.3: Teste sobre esforço para o individuo usando o sensor oximetro

DS100A.. ................................................................................................................... 72

Figura 5.4: Teste sobre esforço físico usando o medidor de pressão BK-

AP212.. ..................................................................................................................... 75

Figura 5.5: Fatores que influenciam o sinal PPG. ................................................ 76

Figura 5.6: Forma de Onda PPG com a respiração forçada após o esforço

físico. ........................................................................................................................ 77

Figura 5.7: Forma de onda PPG para o individuo 1 em repouso ........................ 77

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Figura 5.8: Forma de onda PPG para o individuo 1 após esforço físico.. .......... 79

Figura 5.9: Teste do sistema na novilha 1. ............................................................ 79

Figura 5.10: Teste do sistema na novilha 2.. ......................................................... 80

Figura 5.11: Forma da onda PPG obtida na novilha 1 .......................................... 81

Figura 5.12: Forma de onda PPG obtida na novilha 2... ....................................... 82

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Quadro 2.1: Principais características dos trabalhos relacionados............. 39

Quadro 4.1:Supostas características do fotodiodo no sensor DS100A....... 54

Quadro 4.2: Características físicas do Amplificador operacional MCP602... 54

Quadro 5.1:Características dos indivíduos que foram realizados os testes. 74

Quadro 5.2: Média das Frequências Cardíacas no teste de Esforço Físico...76

Quadro 5.3: Média das Frequências Cardíacas no teste em Repouso.......... 80

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13

2 SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EXISTENTES ................................................ 20

2.1 Soluções para Obtenção da Frequência Cardíaca ..................................................................... 20

2.2 Soluções para Obtenção da Frequência Respiratoria ................................................................ 28

2.3 Soluções para Obtenção de Diferentes Varíaveis Físiologicas ................................................. 32

2.4 Discussão e Analise das Soluções Existentes ............................................................................ 36

3 TECNICA PARA OBTENÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA ....................... 39

3.1 Técnica de Fotoplestismografia (PPG) ....................................................................................... 39

3.2 Aquisição da Frequência Cardíaca a partir do Sinal PPG .......................................................... 42

4 PROJETO DO PROTÓTIPO ............................................................................. 44

4.1 Projeto do Hardware .................................................................................................................... 44

4.1.1 Descrição do Sensor Oxímetro Utilizado .................................................................................... 44

4.1.2 O Sinal de Saída do Sensor Oxímetro ........................................................................................ 46

4.1.3 Projeto do Circuito de Aquisição e Processamento de Sinal ...................................................... 49

4.1.4 Amplificador de Transimpedância ............................................................................................... 50

4.1.5 Circuito de Amplificação de Sinal ................................................................................................ 58

4.1.6 Circuito de Chaveamento dos Leds ............................................................................................ 59

4.1.7 Implementação em Kicad do Hardware Projetado ...................................................................... 61

4.2 Projeto do Software ..................................................................................................................... 63

4.2.1 Algoritmos para Obtenção da Frequência Cardíaca ................................................................... 63

4.2.2 Algoritmo de Controle e Chaveamento dos Leds ........................................................................ 65

4.2.3 Modulo de Interface Gráfica ........................................................................................................ 68

5 TECNICA DE OBTENÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA ............................ 70

5.1 Datalogger ................................................................................................................................... 70

5.2 Descrição dos Testes .................................................................................................................. 72

5.2.1 Teste após Esforço Físico ........................................................................................................... 73

5.2.2 Teste em Repouso ...................................................................................................................... 78

5.3 Primeiro teste em bovinos ........................................................................................................... 80

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6 CONCLUSÃO .................................................................................................. 83

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 85

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A expansão demográfica mundial preocupa as nações de todo o mundo, pois

juntamente com esse crescimento se percebe a necessidade de maior produção de

alimentos, dentre os principais, a proteína animal. Especula-se que a produção de

carne deverá saltar de atuais 200 milhões para 470 milhões de toneladas até 2050

para suprir a demanda de uma população de aproximadamente 9 bilhões de

pessoas. O Brasil é tido como a última fronteira agropecuária do mundo que reúne

território, água e tecnologia com o imenso desafio de maximizar a produtividade com

custos acessíveis, sem esquecer a segurança alimentar, preservação do

ecossistema e promoção de sustentabilidade.

Atualmente, o Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do

mundo. E quando se pensa em desafio e as dificuldades a serem vencidos, o

principal deles o estresse térmico gerado nos animais. O Brasil possui alta taxa de

incidência solar pelo fato que grande faixa de nosso território estar localizada entre

os trópicos de Câncer e Capricórnio onde a incidência de luz solar é alta. Este fato

prejudica a produtividade da pecuária bovina, pois o estresse térmico proporcionado

aos animais promove drástica diminuição nas taxas de fecundação, natalidade, além

do ganho de peso.

A produção animal nos trópicos é limitada principalmente pelo estresse

térmico, que se agrava ainda mais quando se compara as raças selecionadas para

maior produção, que no geral, são provenientes de países de clima temperado,

limitando o seu uso ou mesmo não permitindo a essas expressar o máximo da sua

capacidade produtiva. Dessa forma, torna-se imprescindível o conhecimento da

capacidade de adaptação das raças exploradas no Brasil, bem como a

determinação dos sistemas de criação e práticas de manejo que permitam o

desenvolvimento da pecuária de corte de forma sustentável, sem prejudicar o bem-

estar dos animais.

.

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Avaliar e estudar o comportamento do estresse do bovino é uma das formas

de agregar valor ao desenvolvimento da pecuária. O estudo do estresse animal

melhora significantemente a qualidade do produto de origem animal. Só

recentemente pesquisadores vêm desenvolvendo aplicações utilizando rede de

sensores sem fio aplicado no monitoramento de variáveis fisiológicas com o intuito

de correlacionar o bem-estar animal. Entretanto, a maioria dessas soluções

desenvolvidas está focada no gado leiteiro que possui um comportamento mais

dócil, onde, na maioria das vezes, estão confinados.

A Start-up brasileira, Chip-Inside, voltada para a pecuária de precisão

especializada no mercado leiteiro, tem recebido investimento de vários editais pelo

país como o START-UP BRASIL e o INOVA AGRO-FINEP. Foi neste ramo que a

empresa viu uma necessidade de produtos que alavancassem a produção dos

produtores de leite brasileiros, pois estes vêm sofrendo com a enorme concorrência

dos produtos lácteos da Argentina e do Uruguai, países superiores tanto em

produtividade quanto em qualidade. Essa empresa lançou, recentemente, um

produto comercial baseado em uma coleira animal para gerenciamento do

comportamento animal. Com isso, a empresa visa aumentar o nível de

conhecimento sobre o comportamento animal devido a diferentes fatores (dentre

eles o estresse térmico) e aumentar a produtividade e a qualidade de produtos.

Apesar de soluções comerciais visando o monitoramento do comportamento animal

com enfoque em gado leitero, não há relatos, na literatura da área, sobre soluções

equivalentes para o mercado de gado corte.

Nas criações de animais a pasto, caso comum de criação de gado de corte, a

incidência da radiação solar direta representa a maior fonte de calor recebida pelos

animais do ambiente. Para evitar ou reduzir o estresse térmico provocado pela

radiação solar, o uso do sombreamento é uma alternativa viável, beneficiando o

conforto térmico e favorecendo a termorregulação dos animais [1].

De acordo com [2] e [3] animais de produção expostos aos efeitos radioativos

diretos do sol, sofrem mais com o estresse resultante do calor do que aqueles

animais protegidos em locais sombreados, em que, as sombras naturais (árvores)

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possibilitam um maior conforto para o animal frente às sombras artificiais (tela

sombrite, telha cerâmica, amianto, metal galvanizado, etc.), sendo, o provimento de

sombras em uma pastagem animal é a forma mais econômica de proporcionar

conforto e bem estar térmico animal [4].

Neste sentido, que um sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

ou (ILPF) pode maximar a produtividade da agropecuária aliando sustentabilidade e

preservação do ecossistema. A técnica de produção integra os animais, as árvores e

as pastagens numa mesma área, gerando muitas vantagens ao produtor que utiliza

deste sistema. As ILPFs apresentam grande potencial de benefícios econômicos e

ambientais para os produtores e para a sociedade. São sistemas multifuncionais,

onde existe a possibilidade de intensificar a produção pelo manejo integrado dos

recursos naturais evitando sua degradação.

O sistema ILPF constitui um método eficiente para criação de bovinos

especializados na produção de leite e bovinos de corte, fornecendo um ambiente de

conforto térmico. Em um estudo apresentado em [5,6] a procura dos animais por

ambientes sombreados, durante o verão, mostra a necessidade da provisão de

sombra. No inverno, vacas mestiças, em lactação, permaneceram 43% do tempo da

pastagem à sombra das árvores. No verão este percentual subiu para 69% de

acordo com [7].

Ainda são escassos os resultados sobre desempenho de bovinos em

sistemas de produção ILPFs, especialmente sobre a produção de carne. O trabalho

apresentado em [7] divulgou o resultado do ganho de peso em novilhas

leiteiras. Observou-se que, na época das chuvas, o ganho de peso no sistema ILPF

e na monocultura de gramíneas foi aproximadamente de 486 g/dia. Entretanto,

durante o período seco, o ganho de peso variou com o tipo de pastagem, sendo

maior no sistema ILPF com estilosantes com um resultado de aproximadado de 326

g/dia, em relação ao observado na baquearia sem sombreamento que obteve

aproximadamente 226 g/dia [8].

Para [9], a disponibilidade de sombra para os animais de produção tem efeito

na melhoria de suas condições fisiológicas (frequência respiratória, temperatura

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retal, batimentos cardíacos, etc.), no comportamento animal (consumo, ócio,

ruminação, etc.) e no desempenho produtivo (carne, leite, etc.), percebendo-se

diferenças mais acentuadas nestas variáveis quanto menor for a tolerância dos

animais às elevadas temperaturas.

Assim, monitorar a frequência cardíaca, a frequência respiratória, a

temperatura corporal e o nível de sombreamento são essenciais para mensurar e

determinar a qualidade do bem-estar em bovinos de corte.

Nesse contexto, este trabalho está inserido em um projeto maior que propõe o

projeto e desenvolvimento de plataforma eletrônica que possibilita avaliar e

relacionar os parâmetros fisiológicos dos bovinos de corte em tempo real. Além

disso, a plataforma proposta pode servir como uma ferramenta de avaliação das

técnicas de manejo e produção de bovinos de corte existentes contribuindo para o

desafio do país de maximizar sua produção agropecuária aliando desenvolvimento

sustentável.

Este trabalho de conclusão de curso objetiva, especificamente, projetar e

desenvolver um dispositivo eletrônico para aquisição de sinais cardíacos e

determinação da frequência cardíaca em bovinos de corte. Um dos requisitos e

diferenciais deste equipamento é que seja capaz de atuar em animais não sedados

e em pastagem. Além disso, o projeto de um dispositivo eletrônico que será

acoplado ao corpo do animal deve considerar características como tamanho, peso,

consumo energético, temperatura de operação, entre outros para alcançar robustez

de funcionamento e interferência mínima sobre o comportamento e bem-estar do

bovino sob estudo.

A solução proposta neste trabalho utiliza sensores acoplados à pele do animal

para obtenção dos sinais referentes às variáveis sob estudo. Tratando

especificamente da aquisição dos sinais de frequência cardíaca, optou-se pela

adoção de sensores oxímetros (SpO2). Associado a esses sensores propõe-se o

projeto e utilização de hardware embarcado a fim de obter, organizar, processar os

sinais e armazená-los em memória persistente.

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Originalmente, um sensor oxímetro retorna informações sobre níveis de

oxigenação sanguínea por meio da técnica de fotopletismografia (do inglês

Photopletismogram – PPG). Essa é uma técnica óptica de baixo custo e pode

registrar de maneira contínua a intensidade de luz dispersa de uma fonte pelo tecido

e coletada por um fotodetector. Neste trabalho, busca-se uma alternativa inovadora

ao utilizar esse tipo de sensor para adquirir, filtrar e processar o sinal

fotopletismográfico para derivação da frequência cardíaca e respiratória em bovinos.

Há relatos na literatura [10] [11] sobre obtenção dessas frequências em humanos a

partir de sensores oxímetros. Assim, considerando fatores como custo, flexibilidade

e simplicidade dos sistemas de hardware e software, consumo de potência do

sistema integrado e adaptabilidade ao animal, verifica-se a possibilidade de adotar

essa técnica na solução proposta neste trabalho.

A escolha pela técnica PPG para obtenção das frequências cardíaca e

respiratória em bovinos, ao invés de outras técnicas como eletrocardiograma (ECG),

deve-se à extração mais segura dos dados respiratórios, pois a forma de onda PPG

proporciona melhores estimativas do que as estimativas derivadas do ECG por meio

de análises de arritmia sinusal respiratória (Respiratory Sinus Arrhythmia - RSA). As

variações da forma de onda PPG são, em sua maior parte, influenciadas pelo

mecanismo de respiração e não dependem exclusivamente de um sistema nervoso

autônomo intacto. A utilização de ECG e RSA para medir a frequência respiratória é

menos eficiente em pacientes idosos, pacientes em estado crítico, e aqueles com

doenças que causam neuropatia autônoma [11]. No contexto deste trabalho,

entende-se que tal limitação também pode ocorrer em bovinos. Por fim, outra

motivação para adoção de PPG ao invés de ECG deve-se à simplicidade de

aplicação do PPG, pois utiliza apenas um único sensor de contato, ao contrário de

ECG que necessita de vários sensores de contato.

A Figura 1.1 apresenta um esboço inicial do sistema e o fluxo de aquisição e

tratamento das variáveis fisiológicas a partir do bovino.

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Figura 1.1: Esboço do sistema de hardware/software

Na Figura 1.1 é observado que (1) o sensor oxímetro será colocado na orelha

e (2) o sistema de aquisição dos dados fisiológicos será colocado no pescoço do

animal (este é chamado de nó). Esses dados fisiológicos (analógicos) serão

amplificados, filtrados, convertidos para o formato digital, tratados e memorizados

(cada animal terá seus dados registrados neste nó) por um sistema de hardware e

software. Após esse processo, os dados serão transmitidos por algum meio sem fio

para (3) um sistema de recepção, que terá os registros de todos os animais

monitorados, podendo assim fornecer informações a respeito das condições de cada

animal após esses dados serem analisados.

A utilização do sensor oxímetro no corpo do animal foi um dos focos de

pesquisa e experimentação nesse projeto. Autores [12] indicam que a orelha

constitui-se em um sistema periférico adequado para adquirir os sinais respiratórios

a partir da forma de onda PPG, e os resultados indicaram que as variações da forma

de onda PPG adquiridos a partir da orelha foram dezoito vezes maior em magnitude

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do que a partir do dedo de um paciente, estando esse respirando espontaneamente.

Entretanto, observou-se, de experimentos iniciais realizados na Embrapa-Gado de

Corte, que o animal apresenta desconforto com a utilização do equipamento na

orelha. Apesar de ser um local factível, procurar-se-á outras alternativas de locais,

como a testa, tal que sejam menos desconfortáveis e menos sujeitos a acidentes.

Vislumbra-se a utilização da técnica de reflectância para aquisição do sinal PPG

devido às vantagens citadas em [11].

O texto deste trabalho está organizado da seguinte forma:

No Capítulo 2 é apresentada a fundamentação teórica, uma revisão detalhada

da literatura de dispositivos e equipamentos tecnológicos para aquisição de

sinais fisiológicos de animais existentes ou propostos em trabalhos científicos.

No Capítulo 3 é apresentada uma fundamentação teórica da técnica de

obtenção de dados de frequência cardíaca escolhida bem como os materiais

e métodos utilizados.

No Capítulo 4 é apresentado o projeto do hardware e software desenvolvidos.

No Capítulo 5 são discutidos e apresentados os primeiros experimentos e

resultados.

No Capítulo 6 apresenta-se as considerações finais e conclusões deste

trabalho.

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20

CAPÍTULO 2

SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EXISTENTES

Este capítulo apresenta trabalhos encontrados na literatura da área que

propõem a utilização de tecnologias de hardware, software e de comunicação

visando o monitoramento de variáveis fisiológicas tanto em animais quanto em seres

humanos.

Alguns desses trabalhos têm enfoque destacado na questão do conforto

térmico dos animais. A apresentação dos trabalhos pode ser observada nas Seções

2.1, 2.2 e 2.3 que foram organizadas para cada proposta estudada. A escolha dos

trabalhos apresentados levou em conta a utilização de tecnologias com foco no

monitoramento de variáveis como frequência cardíaca, temperatura cutânea e do

ambiente no entorno, frequência respiratória e luminosidade, tanto em seres

humanos quanto em animais não sedados. Trabalhos com enfoque específicos em

tecnologias para rastreamento animal, utilização de tecnologias e experimentos em

animais sedados, ou mesmo em tecnologias para detecção e melhoria da pastagem

não são aqui apresentados. Os trabalhos apresentados na Seção 2.4 são discutidos

e comparados em um espectro mais geral visando a identificação das principais

variáveis fisiológicas analisadas e tecnologias empregadas.

2.1 Soluções para Obtenção da Frequência Cardíaca

A proposta apresenta em [13] descreve o desenvolvimento de uma

infraestrutura de telemedicina veterinária baseada em tecnologia de monitoramento

wearable (que pode ser adaptada, vestida). O objetivo dessa infraestrutura é

suportar sistemas de monitoramento que avaliam continuamente o estado de saúde

do gado em rebanhos concentrados e distribuídos.

Para que isso seja possível, é necessário colocar estações de monitoramento

compatíveis com a tecnologia Bluetooth próximas aos bancos de alimento e de água

dos animais. Algoritmos realizam análises preliminares sobre os dados, fazendo ou

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não a transmissão desses dados para os bancos de dados da região, onde serão

correlacionados com os dados fornecidos por outros produtores. Resultados

significativos podem ser transmitidos para o veterinário responsável, produtores e

autoridades governamentais dependendo do grau de importância. Outro ponto que

deve ser destacado é que, com esses dados, é possível a geração de um relatório

de saúde geográfico [41].

O protótipo do sistema de monitoramento utiliza a telemetria Bluetooth para a

transferência dos dados. De acordo com [13], é utilizado o bolus CorTemp e um

transceptor, responsável pelo envio e recebimento dos valores de frequência

cardíaca e temperatura corporal dos animais. A pílula (bolus) deve ser ingerida pelo

animal, onde ficará alojada no retículo e é responsável pelo envio continuo das

mensurações dos sinais fisiológicos para o transceptor. O transceptor também é

compatível com os cintos de eletrodos Polar. Além disso, há também sensores

baseados em luz, acelerômetros, dispositivos GPS e outros sensores wearable.

Também foi utilizado um sensor de reflectância de luz conectado a um circuito de

oxímetro de pulso para adquirir dados fotopletismografico vermelho e infravermelho

a partir da orelha do bovino. Os valores adquiridos pelo bolus CorTemp foram 70

batimentos por minuto e 102 F, respectivamente.

A Figura 2.1 ilustra o módulo sensor que é controlado por um

microcontrolador PIC 18F8720 (A), unidade GPS Trimble Lassen SQ (B), dados de

reflectância vermelho/infravermelho a partir do oxímetro de pulso (C), a temperatura

corporal e frequência cardíaca a partir da unidade CorTemp HQI (D). O fluxo de

dados dos sensores serão transmitidos via rede sem fio usando o módulo BrightCom

Callisto 2 (E), o computador de mão utilizado é o modelo Compaq iPaq 3870

utilizando Anycom Bluetooth CF-2001 CompactFlash Card. Estes dispositivos se

comunicam uns com os outros utilizando o Serial Port Profile no padrão Bluetooth.

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Figura 2.1: Hardware do atual protótipo do sistema de monitoramento. Fonte: [13]

O trabalho [14] também apresenta uma abordagem da utilização da pílula

bolus para a obtenção da frequência cardíaca e da temperatura em bovinos. Esta

abordagem permite adquirir o ritmo cardíaco por meio de um fonocardiógrafo, onde

este foi inserido dentro da pílula bolus.

A Figura 2.2 ilustra um diagrama de bloco funcional do hardware/software

utilizado para a aquisição e o processamento dos dados do sensor fonocardiógrafo.

As principais características incluem:

Aquisição de dados acústicos: um microfone submersível obtém os

dados acústicos, a partir do retículo;

Aquisição da temperatura corporal: um sensor de temperatura

superficial obtém uma mensuração calibrada da temperatura corporal;

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23

Detector do pico de frequência cardíaca e filtros: um circuito

analógico detecta os pulsos acústicos e tenta filtrar os ruídos indesejados,

como artefatos da ruminação

Pré-processamento dos dados: os dados são convertidos e

ordenados antes da transmissão. O conversor analógico/digital do

processador principal captura os dados de temperatura, em seguida o

processador determina o tempo de clock entre os pulsos de frequência

cardíaca;

Transmissão wireless: os dados são transmitidos sem fio por meio de

um ligação de radio frequência;

Pós- processamento: algoritmos de nivelamento e de avaliação de

parâmetros são aplicados nestes dados.

Figura 2.2: Diagrama de bloco funcional para o harware/software que constituí o

bolus ingerido (pílula). Fonte: [14]

O hardware inicial utilizado para o link de comunicação é um controlador

rfPIC, que possui uma antena de frequência central de 315 MHz. O receptor também

é um controlador rfPIC com antena monopolo. De acordo com [14], o

estabelecimento da comunicação de forma confiável obteve poucos sucessos, onde

um dos principais fatores que levam a complicações, de acordo com os autores, é o

fato de o transmissor estar no interior do retículo do bovino.

Outro fator complicador é o fato de a pílula bolus não ficar parada, mas sim se

movimentando no retículo, motivo que um sinal acústico de confiança raramente

pode ser obtido. Uma solução apresentada pelos autores é uma nova concepção do

bolus, com o mesmo hardware, mas com um formato diferente, tornando-a menor.

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Outra opção apresentada é a utilização de um metrônomo ao lado do microfone,

onde o comportamento do hardware coincide com o comportamento das simulações

do circuito [41].

A Figura 2.3 ilustra o hardware que incorpora o bolus e os circuitos de

detecção. Na figura estão presentes: os módulos transmissor (A) e receptor (B) da

Microchip; a placa de circuito (C) que integra o controle, a aquisição de dados e os

circuitos de filtragem; a embalagem construída para o bolus é mostrado em (D) e

(E), onde o tampão (D) contém o microfone submersível, e o invólucro (E) é um

corpo oco que protege o circuito de danos causados pela água [41].

Figura 2.3: Hardware que incorpora o bolus e os circuitos de detecção dos sinais

fisiológicos. Fonte: [14]

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Os autores afirmam que a validação dos testes para a frequência cardíaca e

temperatura foi obtida com êxito. Para o mundo real, é necessário estabelecer uma

ligação wireless confiável, bem como um software de processamento que pode

diferenciar entre os batimentos cardíacos, o ruído da ruminação e os artefatos em

movimento.

No trabalho [15] é apresentado o processo de desenvolvimento de um

sistema composto por hardware e software capaz de monitorar animais utilizando

uma Rede de Sensores Sem Fio (RSSF) baseada no protocolo ZigBee 802.15.4.

Cada animal utiliza um colar com um nó sensor sem fio responsável por medir a

temperatura ambiente, umidade relativa e frequência cardíaca do animal, bem como

estimar a sua localização, através de métodos baseados na intensidade do sinal

recebido (RSSI - Received Signal Strength Indicator). O objetivo do trabalho é servir

como ferramenta facilitadora no estudo do efeito de variáveis meteorológicas na

qualidade de vida e produção dos animais, bem como na analise de hábitos de

pastejo e alterações de comportamento dos animais através do rastreamento da sua

localização. Adicionalmente, espera-se que a ferramenta possa auxiliar a analise e

projeto de novos algoritmos para a localização por RSSI e detecção automática de

alterações comportamentais e fisiológicas dos animais. O trabalho propõe um

sistema completo para localização e monitoramento de pequenos ruminantes

baseado em uma rede de sensores sem fio composta por módulos XBee/ZigBee

802.15.4. Cada animal é equipado com um colar que possui um nó sensor. A partir

desse colar é possível mensurar a temperatura ambiente e umidade relativa do ar, a

frequência cardíaca e determinar as coordenadas geográficas de cada animal.

Os métodos de localização se baseiam na intensidade do sinal recebido pelos

transceptores. Assim, evita-se a necessidade de uso de módulos GPS. Os

algoritmos de localização utilizados calculam a intensidade do sinal entre

transceptores instalados nos animais e transceptores instalados em quatro torres

fixas de referência (com coordenadas conhecidas) para estimar, usando o método

da lateração [16], a localização de cada animal. A Figura 2.4 apresenta a descrição

de um nó sensor.

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Figura 2.4: Descrição de alto nível de um nó sensor. Fonte: [16]

A umidade relativa do ar é medida localmente, no ambiente em torno do

animal. Para tanto, cada estação móvel utiliza um sensor Honeywell HIH-5031, que

pode ser alimentado por uma tensão de 3,3V, possui uma precisão de

aproximadamente 3% RH (Relative Humidity) e um tempo de resposta típico de 5

segundos. O sensor Honeywell HIH-5031 fornece uma saída praticamente linear. O

sensor também possui um filtro hidrofóbico de fábrica e é construído em

multicamadas, o que o torna resistente à condensação, sujeira, óleos e substâncias

químicas presentes no ambiente [41].

Para medir a temperatura ambiente em torno do animal utiliza-se um sensor

de temperatura AD22103, fabricado pela Analog Devices. Este sensor é um circuito

integrado monolítico que engloba um circuito de condicionamento de sinal. É capaz

de medir temperaturas na faixa de 0 Cº a 100 Cº, fornece uma saída praticamente

linear com uma resolução de 28mV= Cº (quando alimentado com 3,3V) e possui um

erro máximo de 2; 5 Cº (tipicamente 0; 5 Cº) [41].

Para medir a frequência cardíaca dos animais foi utilizado um sensor da

fabricante Polar composto por uma faixa transmissora modelo T34 não codificada e

uma placa receptora RE07S. A faixa (ou cinta) transmissora envia dados sobre a

frequência cardíaca, para a placa receptora que, por sua vez, fornece na saída

pulsos com duração de 15ms a cada batimento cardíaco. Dessa forma, para

determinar a frequência cardíaca, basta calcular o tempo médio entre os pulsos e

converter esse valor para batimentos por minuto (bpm). A placa receptora pode ser

alimentada por uma tensão de 3V a 5,5V.

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O microcontrolador utilizado nas estações móveis é o modelo PIC 18LF4620,

da Microchip. O microcontrolador pode ser considerado o cérebro da estação móvel.

Ele é responsável por realizar duas tarefas: 1) cálculo da localização do nó móvel; 2)

leitura dos sensores de temperatura do ar, umidade relativa e frequência cardíaca. O

protótipo implementado pode ser visualizado na Figura 2.5.

Figura 2.5: Visão geral do prótipo a) Cinta Polar fixada no pescoço do animal. b)

Detalhes do hardware utilizado c) Caixa de armazenamento do circuito projetado d)

Suporte para a caixa de armazenamento do protótipo desenvolvido. Fonte: [17]

No trabalho [17], o autor utiliza os equipamentos Polar para capturar a

frequência cardíaca em equinos. A frequência cardíaca é um indicador seguro do

estresse. O estresse da criação de equinos para o esporte e o estresse gerado pelos

treinos diários justifica a utilização de um dispositivo eletrônico como Polar Sport

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Tester e Polar Equine RS800cx G3 para o monitoramento da capacidade desses

animais.

Para esse trabalho foi essencial definir com precisão a posição ideal do

equipamento. É possível receber os sinais da frequência cardíaca via rede wireless.

O dispositivo RS800CX possui um adaptador USB que utiliza uma conexão

infravermelha para transferir os dados gravados a partir de um receptor para PC.

2.2 Soluções para Obtenção da Frequência Respiratória

No trabalho [18] ficou evidente a relação entre taxa de respiração e

temperatura corporal. Mas o mensuramento da taxa respiratória para bovinos e

suínos possuem diferenças, principalmente no método de detecção respiratória para

cada um. Um sensor para aplicações humanas (BIOPAC Systems Inc., 1997) foi

utilizado e incorpora um transdutor thin-film em uma montagem de borracha de

silicone para se adaptar a circunferência torácica ou abdominal.

Um pequeno computador de mão foi utilizado para a coleta dos dados. As

especificações dos TFX-11 incluem dimensões de 8,1cm x 5,33cm x 1,27cm,

conversor A/D 12 bits (entrada 0-5 V), 512K de EEPROM, modo ultra baixo de

potência, entre outras. Uma placa para servir de interface foi especialmente

projetada para os loggers. Os autores relatam que o esforço respiratório aplicado ao

transdutor pelo gado gerou uma mudança na reação da resistência para a

respiração [41].

O software de registro era quase idêntico para ambos os animais e a memória

EEPROM do TFX-11 foi suficiente durante 4 dias, com um conjunto mínimo de

rajadas de dados adquiridos a cada 15 minutos. Os dados foram processados por

um programa Visual Basic que transforma os dados ASCII da respiração em formato

gráfico para análise.

Os autores desenvolveram uma equação com base nos dados armazenados

para fazer predição da frequência respiratória de acordo com as condições

ambientais. Foram utilizados dados de um experimento de estudo de sombra, onde

foram combinados com dados meteorológicos do local, temperatura ambiente e

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umidade relativa, junto com medidas da radiação solar e velocidade do vento,

retornando limiares entre 25 ºC e 30 ºC. Esse estudo demonstrou que a temperatura

abaixo de 25 ºC é o fator determinante para a frequência respiratória; acima disso, a

velocidade do vento, a umidade relativa e a radiação solar também irão impactar no

estado térmico do animal. Assim, um monitor de segurança pecuária (livestock

safety monitor - LSM) foi projetado e construído contendo duas partes: (1) uma

estação climática comercial (Vantage PRO) ilustrado na Figura 2.6; (2) um

microcomputador programado com a equação desenvolvida para estimar a

frequência respiratória do gado a partir dos dados de entrada do tempo [41].

Para a correta manipulação dos animais e seus respectivos dados foi

necessário a utilização de algum meio de identificação, tendo sido utilizado nesse

projeto a identificação por radio frequência (radio frequency identification - RFID).

Esse sistema inclui quatro componentes básicos: (1) um transmissor de baixa

frequência; (2) o módulo ID que recebe a energia do transmissor RF e liga essa

energia a um sistema de armazenamento de curto prazo, que energiza o módulo

para transmitir o código único ID (tag da orelha); (3) um controlador/receptor que

capta o sinal ID fraco e converte o código ID exclusivo para a transmissão a um

sistema computacional; (4) uma antena para implementar a função de transmissão e

recebimento do sistema ID embarcado. A Figura 2.7 ilustra esse sistema de

identificação.

Figura 2.6: Monitor de segurança pecuária para fornecer informações para o

gerenciamento tático sob condições de estresse por calor. Fonte: [18]

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Figura 2.7: Sistema de identificação eletrônica para o monitoramento

comportamental. Fonte: [18]

O trabalho [19] apresenta o desenvolvimento de um monitor de respiração

para uso em bovinos. O componente principal desse monitor é um transdutor de

força que fornece um sinal elétrico como resposta ao esforço pulmonar. Esse

transdutor funciona como um dispositivo de resistência variável que é ligado a um

dispositivo de armazenamento de dados. Esse dispositivo de armazenamento de

dados é um minicomputador (8:1cm x 5:33cm x 1:27cm) com conversor A/D de 12

bits, clock e EEPROM de 512Kb. O circuito completo contendo o minicomputador e

o sensor de força é apresentado na Figura 1.9. A Figura 1.10 mostra o circuito

acoplado a um animal por meio de um cinto.

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Figura 2.8: Circuito completo de monitoramento da frequência respiratória. Fonte:

[19]

Para armazenar os valores adquiridos do sensor, desenvolveu-se um

programa (linguagem BASIC) sobre a plataforma do minicomputador TFX-11. Esse

programa é responsável pela recepção dos sinais do sensor em intervalos definidos

pelo usuário. Os dados recebidos e manipulados pelo programa são armazenados

em formato binário na memória EEPROM. A quantidade de memória EEPROM foi

adequada para armazenamento de dados do sensor de frequência respiratória

durante 4 dias, com rajadas de 1 minuto em intervalos de 15 minutos [41] .

Figura 2.9: Circuito completo acoplado ao animal. Fonte: [19]

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Nos experimentos realizados, foram observados impactos da mudança de

temperatura na taxa de respiração obtida pelos sensores. Como conclusão, os

autores indicaram que o sistema, embora tenha respondido adequadamente para

situações envolvendo a mudança de temperatura, deve ser melhorado em

experimentos futuros.

2.3 Soluções para Obtenção de Diferentes Variáveis Fisiológicas

A oxímetria de pulso é uma técnica utilizada na medicina humana para a

mensuração da saturação de oxigênio no sangue. De acordo com [20], esta mesma

técnica é aplicada em bovinos, com resultados satisfatórios, menos nos animais que

apresentam doença respiratória. A doença respiratória bovina é uma das principais

causas de doença e morte, por meio da perda de peso oriundo da desmama. Desse

modo, um estudo piloto foi conduzido para avaliar a capacidade de espectroscopia

de infravermelho próximo para diferenciar entre o gado saudável e aqueles com

Doença Respiratória Bovina (DRB) ou Bovine Respiratory Disease (BRD). Algumas

novilhas foram selecionadas aleatoriamente para determinar os níveis de saturação

de oxigênio nos tecidos (StO2).

A pesquisa apresentada no trabalho [21] aborda o projeto e a construção de

um sistema de radio telemetria que permite a transmissão e a gravação simultânea

de 24 sinais fisiológicos relacionados com a respiração em animais não sedados,

especificamente cordeiros.

Nos primeiros dias de vida é realizado uma cirurgia para implantar, em todos

os cordeiros, cateteres (monitoramento de fluido ou pressões de ar) e eletrodos

(para um monitoramento biopotencial). É incluso um termopar tipo J para o fluxo

nasal, torácica e bandas elásticas abdominais para indutância respiratórias

pletismografica e um oxímetro de pulso no início da cauda. Durante as gravações de

polissonografia, todos os cateteres, eletrodos e sondas estão conectados no sistema

de radio telemetria acoplado no cordeiro.

Os parâmetros fisiológicos inclusos no sistema de telemetria são

eletrocardiograma (ECoG) e eletro-oculograma (EOG) para os estados de alerta,

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vias respiratórias superiores e eletromiografia (EMGs) dos músculos respiratórios,

pressão respiratórias, fluído nasal e movimentos torácicos/abdominais para

detecção e caracterização de apneia, bem como dados cardiovasculares, como

eletrocardiograma (ECG) e pressão sanguínea. Também é possível gravar os dados

de saturação arterial da hemoglobina em O2 usando um oxímetro de pulso SpO2.

O sistema de telemetria é composto por três transmissores distintos: (1) um

transmissor analógico 12-canais para EMG (x8), ECG, ECoG (x2), EOG e terra; (2)

um transmissor digital 8-canais para movimentos abdominais e torácicos, fluxo nasal

(x2) e pressões respiratórias e arterial (x4); (3) um transmissor digital para SpO2,

taxa de pulso, intensidade do sinal e sinal pletismografico. A antena de recepção

(RG-59) é colocada a cerca de 2 metros do lugar onde são gravados os dados, onde

o receptor fornece o sinal demodulado e a indicação da intensidade do sinal

recebido (Received Signal Strength Indicator - RSSI ). A mudança súbita no sinal

RSSI indica o intervalo de sincronização enviado pelo transmissor [41].

Na validação in vivo da acurácia dos dados recebidos pelos três

transmissores, sendo esses dados comparados com os dados gravados por

métodos convencionais, foi comprovado a corretude desses dados. A validação do

oxímetro de pulso wireless foi feita de modo semelhante. Esse sistema wireless se

mostrou tão confiável quanto o oxímetro de pulso padrão já utilizado no laboratório.

O trabalho [32] teve por objetivo avaliar o uso de diferentes tecnologias na

criação de gado, em particular: (1) Heard Navigator TM; (2) sistema monitor de parto

e; (3) colares GPS. O objetivo da utilização do Heard Navigator foi à avaliação do

rebanho em fazendas comerciais leiteiras, identificando a eficiência individual do

estro (sensibilidade e valor predito positivo), e na avaliação dos potenciais benefícios

econômicos da introdução dessa tecnologia no desempenho reprodutivo dos

animais. Esse sistema programa automaticamente a análise de amostras de

progesterona no leite de vacas especificas selecionadas do rebanho. Segundo [30],

do total de 156 vacas monitoradas com esse sistema, a sensibilidade e a predição

positiva foram calculadas com 100% e 96% na detecção de estro.

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O sistema monitor de parto foi dividido em dois ensaios: controle de

natalidade C6, estimando a sensibilidade (S) e o valor predito positivo (PPV); GPS-

CAL (GPS-CALving alarm device), com o objetivo de desenvolver um alarme de

nascimento utilizando tecnologias GPS/GSM. Esse monitoramento é importante para

reduzir os efeitos de distocia em vacas e bezerros. O sistema C6 é um dispositivo

eletrônico que detecta o tempo da fase de expulsão durante o parto. Um total de 53

animais da raça Holstein com aproximadamente 280 dias de gestação foram

preparadas com o sistema C6, ficando esse sistema instalado até a confirmação dos

partos. A sensibilidade e o valor predito positivo do sistema foram calculados como

100% e 95%, respectivamente. Os eventos que ocorreram com o grupo de parto

equipado com o dispositivo em comparação análoga com 59 animais sem o

equipamento.

Também quando o sistema de alarme acionou automaticamente, os

funcionários da fazenda estiveram presentes em 100% dos casos da fase de

expulsão; ao contrário das vacas sem o dispositivo que foram assistidas somente

em 17% dos casos. Esse sistema é considerado muito importante pois um parto com

complicações por causar trauma no vaca e no bezerro. A vaca pode ter reduzida a

produção de leite ou uma infecção uterina, resultando em custos adicionais com

veterinários e a fertilidade diminuída, o que pode levar a um abate prematuro.

Na fase de expulsão durante o parto, o sistema envia uma mensagem SMS

Short Message Service para o telefone do responsável pela fazenda. No SMS foram

indicadas as coordenadas GPS onde foi o parto da vaca. Foram realizados três

testes: a) teste de laboratório para avaliar a vida útil da bateria e a precisão do GPS;

b) teste de campo em uma fazenda comercial com um pequeno pasto; c) teste de

campo em uma fazenda de gado comercial. Os testes de laboratório mostraram a

vida útil da bateria de um mês. A precisão do GPS é 1,237 m. No teste b) foram

testados 18 partos, no c) foram testados 8. No total de 26 partos o GPS-CAL enviou

o SMS com a posição correta do parto da vaca em todos os casos.

Em relação aos colares GPS, dois modelos diferentes foram desenvolvidos: o

GSP-ACT (Anti Cattle rusTling - anti roubo de gado), colar GPS/GSM desenvolvido

com baixo custo e usando hardware comercial e utilizando um software

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35

implementando de forma especifica para limitar o roubo de gado; e o OVItrace

(rastreabilidade de bovinos), com o objetivo de estudar e avaliar um novo sistema

para o monitoramento epidemiológico em um rebanho. A vida da bateria foi o fator

mais limitante do sistema, devido ao alto consumo de energia do receptor GPS e

alta frequência da amostragem GPS (intervalos de 30 segundos) exigido pelo

monitoramento antifurto. Nos experimentos, foi colocado um colar em um jumento, e

este colocado no meio do rebanho. Foram verificados no sistema a estabilidade e a

funcionalidade, gravando-se 1563 dados de localização, com a definição exata da

localização e identificação do rebanho. Pedidos de posicionamento foram enviados

via software (web-app) ou via smartphone. Em ambos os casos o colar enviou

prontamente a posição, assegurando um teste rápido para a análise epidemiológica

no campo.

O trabalho [23] objetiva avaliar a acurácia de tecnologias de oximetria de

pulsos em grupos de bovinos saudáveis e grupos que apresentam doenças

respiratórias. Nos experimentos realizados, 46 animais sadios (6 fêmeas e 40

machos) foram analisados variando de 70 até 485 kg. Também foram analisados

149 animais que foram diagnosticados (em exames clínicos) com níveis moderados

até severos de broncopneumonia.

Os sensores utilizados para obter os dados (em ambos os grupos de animais)

foram anexados na cauda do animal (quarta ou quinta vertebra). Os LEDs ficaram

no lado dorsal e o detector de luz no lado ventral da cauda. A presença de pelos e

pigmentação escura influenciaram na obtenção dos dados, de forma que a cauda

sempre era depilada e as pontas de teste do aparelho anexadas em regiões não

pigmentadas. Também foi usado um oxímetro portátil com ponta de teste anexada

no septo nasal do animal. Foram observadas 10 medidas consecutivas de SpO2

(saturação de oxigênio no sangue) para que uma boa qualidade do sinal fosse

obtida. A frequência cardíaca retornada pelo oxímetro foi comparada com a

frequência obtida por auscultação. Nas 06 fêmeas do grupo de animais sadios, foi

também anexado uma ponta de teste do oxímetro nos lábios da vulva, tendo obtido

uma ótima qualidade de sinal nesse teste.

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36

Nos animais que apresentavam doenças respiratórias, observou-se que o

oxímetro subestimou saturações de oxigênio quando encontrou altos valores e

superestimou quando encontrou valores baixos. A precisão do aparelho reduziu a

medida que os valores de saturação de oxigênio também reduziram. Embora com a

necessidade de cuidados especiais sobre as regiões onde as pontas de testes são

anexadas, o estudo mostra que o oxímetro de pulsos pode ser um método de baixo

custo, não-invasivo, imediato e com acurácia para avaliação de saturação de

oxigênio em bovinos.

2.4 Discussões e Analise das Soluções Existentes

. Apenas recentemente pesquisas e empresas começaram a aplicar rede

sensores sem fio (montados em colar) para controlar e monitorar atividade e o seu

estado de saúde.

Um exemplo disso é dispositivo desenvolvido “ZebraNet” [13] que utiliza uma

rede de sensores sem fio dinâmica que monitora a posição relacionando a interação

de cada individuo com o resto das outras zebras monitoradas. O dispositivo utiliza

um sistema de colheita de energia solar e se mostra um sistema robusto que pode

ser aplicado em tempo real no habitat natural.

Vários trabalhos vêm apresentando e demostrando a viabilidade de rede de

sensores sem fio para monitorar variáveis fisiológicas como temperatura retal,

frequência cardíaca, pH vaginal, frequência respiratória, temperatura da pele, tempo

de ruminação para pequenos ruminantes, suínos e em bovinos. A aplicação de rede

sensores sem fio poderia além de monitorar estados e requisitos sanitários e de

saúde, contribuir para o aumento da qualidade do sistema produtivo de bovinos

monitorando as variáveis e características fisiológicas do estresse em bovinos de

corte.

Contudo, são poucos os casos que integram a monitorização de mais de um

parâmetro fisiológico bovinos em um sistema robusto e factível de ser aplicado em

campo.

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37

Ao analisar o conjunto de trabalhos com enfoque em comportamento animal

por meio de tecnologias que monitoram variáveis fisiológicas, nota-se que existe

uma preocupação comum na busca por métodos não-invasivos, uma vez que tais

métodos propiciam resultados que exprimem a situação real do animal.

Os trabalhos [20], [23] e [19] utilizam de sensores para mensurar a saturação

de oxigênio no sangue em bovinos e frequência respiratória usando as tecnologias

de espectroscopia de infravermelho próximo, oximetria de pulso e transdutores de

força que mensuram a frequência respiratória dos animais.

Em [47] se descreve uma tecnologia baseadas em sensores para a obtenção

da frequência cardíaca e da temperatura, adquirindo o ritmo cardíaco por meio de

um fonocardiografo inserido dentro de uma pílula de bolus. O trabalho [8] apenas

captura a frequência cardíaca em equinos, utilizando para isso o Polar Sport Tester

e o Polar e o Polar Equine RS800CX G3.

O projeto apresentado no artigo [13] é definido pelos autores como uma infra-

estrutura de telemedicina veterinária baseada em sensores. Até a publicação do

trabalho, o módulo do sensor possuía um oximetro de pulso, sensores para

mensurar a temperatura corporal e a frequência cardíaca, além do GPS. Sensores

para mensuração da temperatura ambiente e umidade estavam sendo

implementados. O trabalho em [47] apresenta tecnologias baseadas em sensores

para detectar temperatura corporal, frequência respiratória, monitoramento da

segurança do gado e identificação eletrônica.

Em [21] se demonstra um sistema de radio telemetria que permite a

transmissão e a gravação simultânea de 24 sinais fisiológicos relacionados com a

respiração em animais não sedados, especificamente cordeiros. A proposta

apresentada em [15] consiste em um sistema baseado em redes de sensores sem

fio (RSSF) que captura sinais de temperatura ambiente, umidade relativa do ar,

frequência cardíaca e localização geográfica de animais. O trabalho aplica o circuito

projetado e desenvolvido em pequenos ruminantes.

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38

Interessante observar que embora os objetivos sejam próximos, cada trabalho

propõe uma nova estratégia tecnológica e utiliza, na maioria dos casos, tecnologia

proprietárias fornecidas por fabricantes dessas tecnologias.

Mesmo diante dos reconhecidos ganhos atrativos que as tecnologias da

informação (hardware-software) e comunicação podem gerar para a área de

pecuária de precisão [21], as propostas existentes na literatura da área com enfoque

em tecnologias para analise do comportamento animal em bovinos, são, na grande

maioria, especifica e sempre baseada em tecnologias proprietárias. Não há muito

enfoque apresentado em ferramentas de software e, em particular, na adoção de

tecnologias livres e abertas.

Poucos trabalhos apresentam utilizações dos dados coletados além do

objetivo direto da identificação do comportamento animal, e nenhum trabalho

apresentado aborda a questão da luminosidade do ambiente, que é um dos

objetivos desse projeto [18].

A Tabela 1 resume as principais características dos trabalhos relacionados.

Trab

alhos

Freq

. Cardíaca

Freq.

Respiratória

Tempe

ratura

Ambiente

Lumino

sidade

O

utras

[20] X

[13] X X X

[47] X X

[18] X X

[21] X

[43] X X X

[22] X

[23] X

[19] X

Quadro 2.1: Principais características dos trabalhos relacionados

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39

CAPÍTULO 3

TÉCNICA PARA OBTENÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA

Conforme apresentado no Capítulo 1, este trabalho é parte de um projeto de

desenvolvimento científico e tecnológico cujo objetivo é o desenvolvimento de um

sistema de hardware e software para aquisição de variáveis fisiológicas em bovinos

de corte. Nesse cenário, as variáveis de frequência cardíaca e respiratória são de

interesse especial em virtude da sua importância para determinação do bem-estar

animal e da ausência de dispositivos/equipamentos comerciais para aquisição com

acurácia e que sejam facilmente adaptáveis. Este trabalho de conclusão de curso

tem como foco o desenvolvimento do módulo de obtenção de frequência cardíaca. A

obtenção da frequência cardíaca é feita utilizando a técnica de fotopletismografia

(Photopletismography - PPG) por meio de um sensor oxímetro.

Este capítulo aborda os conceitos envolvidos com a técnica de

fotopletismografia para aquisição de sinais de frequência cardíaca. Além dos

principais fundamentos e conceitos, o capítulo também apresenta aplicações dessa

técnica para obtenção desses sinais em pacientes humanos.

3.1 Técnica de Fotoplestismografia (PPG)

PPG É uma técnica óptica que explora o comprimento de onda dependente

da variação do coeficiente de absorção de luz para diferentes tecidos [11]. Essa

técnica é empregado por meio de um sensor oxímetro, que usa fontes de luz

(diodos) em dois comprimentos de onda: vermelho (660 nm) e infravermelho próximo

(940 nm). A técnica permite extrair valores de alguns parâmetros fisiológicos, como a

variabilidade do tempo entre batimentos cardíacos, a saturação de oxigênio do

sangue (SpO2) e, após processamento desses parâmetros, a frequência cardíaca e

respiratória.

Um aumento no volume de sangue dentro de um tecido resulta em um

aumento do caminho óptico, causando assim uma diminuição da intensidade de luz

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40

transmitida. A maioria dos fabricantes que medem esses sinais invertem a forma de

onda resultante de tal modo que uma redução da transmissão de luz é ilustrado

como um desvio positivo. Além disso, o pós-processamento da amplitude da forma

de onda, resulta em uma saída qualitativa, de modo que a forma de onda é

especifica e comparações não podem ser feitas em indivíduos diferentes.

A forma de onda PPG representa a distensão venosa pulsátil a partir da

artéria venosa cutânea anastomose 1 [24]. Em um primeiro momento, o componente

pulsátil da forma de onda é semelhante na morfologia para a obtenção da forma de

onda a partir da monitorização da pressão sanguínea arterial, revelando uma

similaridade inerente entre a pressão arterial e a perfusão do tecido (Figura 3.1). Em

geral, um aumento no diâmetro dos vasos dentro da região monitorada resulta em

uma redução na luz transmitida e um desvio positivo correspondente da forma de

onda (invertida) PPG. Assim, os vasos dilatados ou facilmente distensíveis, como

veias, dão origens (relativamente) a maiores amplitudes PPG do que os vasos de

menor diâmetro. É importante observar que, embora o aumento da amplitude do

sinal PPG possa representar um aumento da perfusão do tecido, isso não é

necessariamente um sinônimo de uma pressão arterial elevada, mas pode aumentar

concorrentemente a pressão sanguínea sistólica. [25].

A técnica PPG é baseada na lei de Beer-Lambert, que indica que a

intensidade da luz diminui exponencialmente quando viaja em um meio absorvente e

a absorção é dependente do comprimento de onda [26]. A hemoglobina oxigenada

absorve preferencialmente a luz infravermelha e transmite luz vermelha, já a

hemoglobina desoxigenada comporta-se de forma oposta. Além da composição do

sangue, a absorção e transmissão da luz depende do caminho óptico percorrido, a

densidade óptica do tecido e do volume de sague presente no tecido [27].

Existem dois modos de obter o sinal PPG a partir de um sensor oxímetro: por

transmissão e por refletância. O modo de transmissão PPG usa uma fonte de luz

situada ao lado de um receptor fotodetector (Figura 3.1 (a)). Já o modo de

refletância PPG utiliza um fotodetector adjacente à fonte de luz emissora (Figura 3.1

(b)) [11].

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No modo de transmissão fotopletismográfico, o fotodetector detecta a última

luz transmitida por meio dos tecidos. A exigência dos sensores serem opostos limita

os potenciais lugares para as extremidades distais, como a ponta do dedo, dedo do

pé ou lóbulo da orelha. O modo de refletância utiliza um fotodetector adjacente à

fonte de luz emissora, não sendo assim tão restrita aos locais aos quais pode ser

empregado. Apesar dessas diferenças, as formas de onda PPG são similares,

porque em cada caso a luz chega ao detector após dispersar-se por múltiplas

células vermelhas do sangue [13].

Figura 3.1 Métodos de obtenção do sinal PPG. Fonte: [13].

O modo de refletância PPG possui vantagens teóricas sobre o modo de

transmissão PPG para a estimativa da frequência respiratória por potencialmente

evitar a compressão venosa externa. A escolha da posição anatômica também é

importante. Em [28] foi investigado em qual posição era mais adequado adquirir os

sinais respiratórios a partir da forma de onda PPG. Os resultados indicam que as

variações da forma de onda PPG adquiridos a partir da orelha foram dezoito vezes

maior em magnitude do que a partir do dedo de um paciente, estando esse

respirando espontaneamente. Nos experimentos realizados em [11], os autores

apontam que nenhum local é superior para a aquisição precisa de estimativas de

todos os sinais vitais desejados, pois o melhor local para detectar a frequência

cardíaca (o dedo) tendeu a ser o pior local para detectar a frequência respiratória.

Contudo, a reflectância PPG a partir do antebraço resultou em uma estimativa

significativamente mais precisa da frequência respiratória do que os outros locais

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incluídos no estudo. Quanto maior a proximidade com o peito, mais provável é obter

um sinal que demonstra a variação da intensidade respiratória.

A escolha pela técnica PPG para obtenção das frequências cardíaca e

respiratória, ao invés de outras técnicas como eletrocardiograma (ECG), deve-se à

extração mais segura dos dados respiratórios, pois a forma de onda PPG

proporciona melhores estimativas do que as estimativas derivadas do ECG por meio

de analises de arritmia sinusal respiratória (RSA - respiratory sinus arrhythmia). As

variações da forma de onda PPG são, em sua maior parte, influenciadas pelo

mecanismo de respiração e não dependem exclusivamente de um sistema nervoso

autônomo intacto. Essa dissociação de uma estimativa RSA dependente da

frequência respiratória é importante porque RSA diminui em idosos, pacientes em

estado crítico, e aqueles com doenças que causam neuropatia autônoma [11]. No

contexto deste trabalho, entende-se que tal limitação também pode ocorrer em

bovinos. Por fim, outra motivação para adoção de PPG ao invés de ECG deve-se à

simplicidade de aplicação do PPG, pois utiliza apenas um único sensor de contato,

ao contrário de ECG que necessita de vários sensores de contato.

3.2 Aquisição da Frequência Cardíaca a partir do Sinal PPG

Segundo [29], o sinal do pulso cardíaco oriundo do coração é uma flutuação

análoga na tensão, e possui uma forma de onda previsível como ilustrado na Figura

3.2.

O objetivo do algoritmo para extração da frequência cardíaca, juntamente com

o hardware apropriado, é encontrar os momentos sucessivos de batimentos

cardíacos instantâneos e mensurar o tempo entre esses batimentos (Inter Beat

Interval - IBI). Segundo [30], quando o coração bombeia o sangue por meio do corpo

há formação de uma onda de pulso que viaja ao longo de todas as artérias até as

extremidades do tecido capilar, onde o sensor deve ser anexado. O sangue viaja

pelo corpo de maneira muito mais lenta que essas ondas de pulso. Observando-se a

Figura 3.2, nota-se que a medida que a onda progride a partir do ponto “T”, tem-se

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um pico no sinal e, em seguida, o sinal volta para o ponto de base. Chamado de

dicroic notch. É o decréscimo da pressão arterial, que coincide com o momento em

que a válvula aórtica fecha.

Um ponto “T" na forma de onda pode ser mais acentuado do que outros, mas

no geral o sinal se estabiliza ao ruído de fundo antes das próximas rajadas de ondas

de pulso. Estando a onda se repetindo e de forma previsível, é possível escolher

uma característica reconhecível em um ponto de referência, como o pico, a

amplitude, o período, e mensurar a frequência cardíaca, fazendo cálculos em

relação ao tempo entre cada pico (IBI). Com IBI acumulado ao longo de um intervalo

de tempo (por exemplo, 1 minuto), o algoritmo divide esse valor acumulado pelo

intervalo de referência para obter a quantidade de batimentos do coração por minuto

(BPM).

Figura 3.2 Forma de onda PGG e a representação do dicroic notch. Fonte: [30].

Para alguns pesquisadores [30], o momento instantâneo do batimento

cardíaco é quando o sinal chega a 25% de amplitude, para outros essa taxa deve

estar em 50%, e há alguns estudiosos que defendem que esse momento está

relacionado com a inclinação mais acentuada durante a ascensão positiva da onda

(para cima). De acordo com [29], que tomou como base 50% da amplitude da onda

de pulso para cálculo do batimento cardíaco, a implementação dos algoritmos de

frequência cardíaca e respiratória, neste trabalho de mestrado, será baseado nessa

mesma definição.

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44

CAPÍTULO 4

PROJETO DO PROTÓTIPO

4.1 Projeto do Hardware

4.1.1 Descrição do Sensor Oxímetro Utilizado

Os sensores (sondas) de oxímetria vêm sendo concebidos para mensurar o

sinal PPG a partir de praticamente qualquer local do corpo. O local mais comumente

usado em adultos é a ponta do dedo, pelo fato de ser um local de elevada taxa de

perfusão e de fácil acesso. Lóbulos das orelhas, pés e testas são outros locais que

podem servir como uma alternativa [31,32].

Na maioria dos oxímetros comerciais como foi mencionado anteriormente o

fotodiodo é colocado sobre o lado oposto ao tecido que está localizado o diodo

emissor de luz sendo, portanto a luz transmitida através do tecido para o fotodiodo.

Assim, o sensor é denominado um sensor de transmitância e oxímetro está

operando no modo de transmitância. Contudo, os sensores onde o LED e o

fotodíodo estão no mesmo lado do tecido estão ganhando popularidade na última

década, principalmente devido ao seu potencial para mensurar o sinal PPG em

vários locais do corpo. Neste caso, os sensores que operam em modo de refletância

e são conhecidos como oxímetros de refletância. A Figura 4.1 ilustra as duas

diferentes configurações.

Figura 4.1: Diferentes tipos de sensores oxímetros. Fonte: [31]

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45

Há uma grande quantidade de literatura, tanto em trabalhos acadêmicos e

patentes, concentrando-se na concepção de oxímetro, geralmente com o objetivo de

aumentar a precisão ou minimizando a luz ambiente ou mesmo interferências de

movimento. Pesquisas vêm sendo desenvolvidas apostando em técnicas de

sensores de refletância, sensores de múltiplos comprimentos de onda, sensores

com melhor desempenho à interferências de movimento ou de baixas saturação e

por último sensores que empregam outras fontes de LEDs.

O sensor óptico utilizado para validar o módulo projeto foi o Nellcor DS100A.

O sensor óptico Nellcor DS100A é um sensor comercial transmissivo do tipo clip

anatômico. O sensor possui um encapsulamento que isola o canal óptico de

interferências luminosas externa, de onde se insere o dedo indicado. O sensor

Nellcor DS100A possui dois leds conectados invertidos e um fotodiodo, conforme o

esquema apresentado na Figura 4.2.

Figura 4.2 Esquema elétrico de ligação do sensor Nellcor DS100A. Fonte: [34].

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46

4.1.2 O sinal de saída do sensor oxímetro

A fotocorrente detectada pelo fotodiodo em um oxímetro é composta de uma

grande componente DC e uma pequena componente AC. Sendo a componente AC

cerca de 0,5-5% do componente DC. Como a componente AC é gerada pelas

pulsações cardíacas, as frequências de interesse no sinal detectado estendem-se

até um máximo de 5 Hz. Podemos modelar essa componente AC considerando uma

única frequência [38, 36] :

( ) ( ) (Equação 4.1)

Onde é o corrente de pico fornecida ao LED. O parâmetro c descreve a relação

entre a componente AC/DC ou chamado contraste do sinal. O parâmetro α é um

fator que representa a atenuação da luz média pelo o tecido corporal. Considerando

que é a componente DC do sinal detectado podemos relaciona-la fazendo [38,

36]:

(Equação 4.2)

A corrente fornecida para os LEDs é modulada como uma onda quadrada com

frequência e o ciclo de trabalho D. Usando a Serie de Fourirer expandindo a

corrente no LEDs [38].

( ) . ( )

/ , ∑

( )

(

)- (Equação 4.3)

Usando a propriedade de modulação, a fotocorrente detectada pelo fotodiodo no

oxímetro pode, então, ser escrita como [38]. :

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Figura 4.3: Representação no domínio da frequência da fotocorrente detectada em

um oxímetro. Apenas as frequências positivas da transformada de Fourier do

sinal em 4.4 são traçados. O sinal é simétrico em torno do eixo vertical eixo. O

componente AC do sinal PPG é retratado com uma largura de banda finita, em vez

de como um impulso. O enredo é para não escalar e relativas dimensões foram

exageradas para uma melhor representação. Fonte: [38].

( ) * ( ) ∑ ( ) ( )

∑ ( ), ( ( ) ))

( ( ) )-+ ( )

A representação no domínio da frequência da fotocorrente detectada é

mostrada na Figura 4.1. A equação 4.4 mostra muitos dos desafios que precisam ser

abordados no projeto de uma plataforma de aquisição desse sinal. Pode-se observar

que a modulação da corrente LED com o trem de pulso leva a uma redistribuição da

potência em todas as componentes do sinal. A potência da banda de base é

atenuada pelo o ciclo de trabalho, tanto para a componente de DC e AC

componente ( ). A perda de potência é redistribuída para os harmônicos para o

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componente DC, enquanto que a do componente AC, para os produtos de

intermodulação em frequências [38].

Essa é uma importante propriedade dos sinais PPG detectados nos

oxímetros. Se parte da potência do sinal é desperdiçada, uma ampla-banda é

necessária, com uma largura de banda que permita que a energia presente nos

maiores harmônicos seja reconhecido pelo módulo de aquisição [81,97].

Alternativamente, um fotodiodo com um pequeno tempo e uma boa sensibilidade é

necessário para permitir estabilização do sinal medido antes da medida seja

realizada. Uma abordagem diferente é utilizar um fotodiodo de banda estreita, para

detectar os componentes CA e DC em torno de certo harmônico da frequência de

modulação (incluindo DC). O custo para esta abordagem é que a energia do sinal

medido é reduzido (por exemplo, se D o sinal de banda é detectada).

Este problema torna-se ainda mais perceptível em oxímetros projetados para

operar com baixo consumo, onde baixos ciclos de trabalho (duty cycle) são usados

para reduzir o consumo de LED.

Um trem de pulsos com uma muito baixa D se assemelha a um trem de

impulsos, resultando em uma redistribuição da potência do sinal através de um

grande número de harmônicos (e largura de banda) e, consequentemente, um

pequeno poder concentrado em torno de cada harmónica do sinal de modulação

[38].

Também pode ser notado na Equação 4.4 que os componentes DC e as

componentes harmônicos de são 1/c vezes maior do que os correspondentes

componentes da parte pulsátil do sinal detectado. Isso representa um problema

devido a duas razões: um grande componente DC e de comutação pode saturar

partes do circuito de aquisição, se não forem filtrados; e o componente AC

geralmente precisa ser filtrado e amplificado separadamente para ser mensurado

com uma boa resolução [38, 31].

Voltaremos a estes pontos, mais tarde investigando a sua importância no

projeto de módulos de aquisição de sinal em oxímetros. No entanto, primeiramente

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vamos tentar responder a pergunta que não está totalmente clara: qual é a

resolução exigida para a medida da fotocorrente seja detectada. Ou, de forma

equivalente, o qual é a relação necessária sinal-ruído (SNR) em um modula de

aquisição de sinal.

Com a exceção de [39] esta questão não foi abordada em detalhes em

trabalhos publicados. Na próxima seção, vamos construir no análise de [39] para

determinar o valor SNR necessária [38].

4.1.3 Projeto do Circuito de Aquisição e Processamento do Sinal PPG

O circuito de aquisição e processamento do sinal PPG projetado é composto

basicamente de 4 módulos principais: Amplificador de Transimpedancia, Circuito de

Amplificação de sinal, Microprocessador e o Circuito de Chaveamento dos LEDs

como é mostrado na Figura 4.4.

O primeiro módulo, o Amplificador de Transimpendância é responsável pela

tensão de fotocorrente em tensão. Dentre as possíveis outras para essa tarefa, a

utilização de um amplificador na configuração de transimpedância tem sido uma

alternativa amplamente adotada por ser uma alternativa viável de baixo consumo,

por reduzir as oscilações de tensão garantindo assim uma boa linearidade entre

potência óptica detectada e fotocorrente, possibilidade de bandas passantes

elevadas.

Na seção 4.1.4 é descrito como foi projetado o módulo do Amplificador de

Transimpendância e as suposições feitas sobre as características do Fotodiodo e do

Leds utilizados no sensor da Nellcor DS100A. Na seção também é apresentada a

resposta em frequência do amplificador projetado.

Em seguida ao módulo do Amplificador de Transimpendância o sinal é

amplificado passando por um amplificador não inversor de ganho 10. Antes de ser

amplificado o sinal é passado por um capacitor de acoplamento que está na entrada

do circuito. Detalhes do circuito de amplificação de sinal são explicados na seção

4.1.5.

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O microprocessador escolhido no protótipo foi o ATMEGA 328P. O

microprocessador é responsável por converter o sinal analógico em digital é interno

ao seu chip que possui uma resolução de 10 bits.

O microprocessador também é responsável pelo processamento do sinal calculando

a frequência cardíaca, pelo controle do circuito de chaveamento, e a temporização

de todos os módulos com o uso de interrupções. A seção 4.2 descreve os detalhes

de todo o software e algoritmos projetados.

Figura 4.4: Modulo do Circuito de Aquisição e Processamento de Sinal.

O circuito de chaveamento dos LEDs vermelho e infravermelho é descrito na

seção 4.1.6. Como mencionado na seção anterior a corrente dos LEDs, ciclo de

trabalho e a frequência são parâmetros que influenciam no sinal PPG.

4.1.4 Amplificador de Transimpedância

Para se projetar o módulo do amplificador de transimpedância é necessário

primeiramente modelar corretamente o fotodiodo. O modelo elétrico equivalente de

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um fotodiodo pode ser mostrado na Figura 4.5 onde a fonte de corrente representa

a corrente fotogerada, a corrente reversa (corrente de escuro), e a corrente de

ruído gerado pela soma da corrente reversa com fotocorrente [40]. é a

capacitância de junção do fotodiodo, a residência paralela (shunt), a

resistência série do fotodiodo, e , , e , são componentes parasitários

advindos dos contatos do die e do encapsulamento do fotodiodo.

Figura 4.5: Modelo elétrico de um fotodiodo.

Para a faixa de frequência de interesse deste trabalho, os parâmetros , ,

, e podem ser descartados. Como descrito em [40] a impedância do

fotodiodo é predominante capacitiva abaixo de 1 Ghz, caracterizada pela queda de

20dB/década de magnitude e fase de -90º. Dessa forma o fotodiodo é bem

representado pela capacitância de junção . A Capacitância é importante porque

contribui para realizar uma compensação de fase, garantindo a estabilidade do

circuito.

Figura 4.6: Esquema do circuito elétrico do amplificador de transimpedância

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A tensão de saída do circuito da Figura 4.6 é dada por [40]:

( ) ( )

( ) ( )

(Equação 4.5)

Onde: ( )= fotocorrente

= ganho de malha aberta do amplificador operacional β= fator de realimentação do circuito

O fator β representa a função de transferência de saída para a entrada

negativa do amplificador operacional. A expressão pode ser simplificada adotando

as simplificações proposta em [40]. Considerando impedância de entrada do

amplificador operacional é representada pela soma de duas capacitâncias, , e

, em paralelo. As capacitâncias e são, respectivamente, a capacitância

diferencial e a capacitância de modo comum existentes na entrada do amplificador

operacional. A soma de e normalmente é referida como capacitância de

entrada .Assim o β pode ser reformulado como de acordo [40]:

( ) (Equação 4.6)

Não são conhecidas as características físicas do fotodiodo utilizado no

oxímetro Nellcor DS100A, porém é considerando para a análise matemática e a

simulação as seguintes características apresentada na Quadro 4.1.

Sensibilidade 0.55 A/W

Área Ativa 10.40

Capacitância de Junção ( ) 0.4nF

Corrente Escura 1.7uA

Sensibilidade Espectral 400 nm- 1100 nm

Quadro 4.1: Supostas características físicas do fotodiodo no sensor DS100A. Fonte:

[43].

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E considerando que o projeto foi feito utilizando o amplificador operacional de

fonte única MCP602 da fabricante Microchip. De acordo com o seu datasheet temos

que suas características importantes para o dimensionamento estão na Quadro 4.2

.

Ganho de Largura de Banda ( ) 2,8 MHz

Capacitância de entrada ( ) 100nF

Tensão de Alimentação Mínima 2.7V

Tensão de Alimentação Máxima 6V

Slew Rate 2.3

Quadro 4.2: Características físicas do Amplificador operacional MCP602. Fonte:

[42].

Considerando que escolhemos o valor de = 82 kΩ e = 100 nF. Podemos

calcular a largura de banda com o uso das equações 4.7 e 4.8 descritas [32].

(Equação 4.7)

Onde:

( ) (Equação 4.8)

Com os dados descritos nas Quadros 4.1 e 4.2. Podemos calcular que:

7,35 kHz

Dessa forma:

Apesar da frequência de interesse no sinal ser apenas poucos Hz a largura de

banda do amplificador de transimpedancia projetado está de acordo para receber

sinais biológicos de acordo com [32, 33]. O inconveniente que uma alta faixa de

banda muito grande pode trazer é que pode ser afetada por ruídos. Porém não foi o

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caso para esse trabalho como é mostrada no simulação garantindo a estabilidade do

sinal.

Podemos verificar o efeito da capacitância de quando visualizamos o

diagrama de Bode. O diagrama de Bode do amplificador de transimpedância sem o

capacitor de compensação ( ) é mostrado na Figura. 4.7. O eixo vertical representa

o ganho logarítmico e o eixo horizontal a frequência. A curva plana, com o pico,

representa o ganho de transimpedância do circuito em malha fechada . O pico

da curva de . é típico de amplificadores transimpedância que não estão

compensados. A curva marcada como . é a resposta de malha aberta do

amplificador. A curva do inverso do fator de realimentação 1/β também está inserida.

Para atenuar o efeito do pico do ganho em malha fechada, e por consequência a

instabilidade, projetistas de amplificadores transimpedância comumente adicionam

um pequeno valor de capacitor de compensação. Quando este capacitor feedback é

considerado, o fator de realimentação compensada torna-se a equação (1)

apresentada anteriormente.

Figura 4.7: Diagrama de Bode de um amplificador de transimpedância não

compensado

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A Figura 4.8 mostra o diagrama de Bode de um amplificador de

transimpedância que tem um condensador de compensação no circuito de

realimentação, como mostrado na Figura 4.6. O fator de realimentação compensado

com o inversor (1 / β) começa reduzir sua inclinação antes da interceptação em .

Isso pode ser explicado pelo zero e o polo introduzido pelo capacitor de

compensação garantindo agora a estabilidade. Existem vários métodos usados

para calcular o valor do capacitor de compensação ( ). Um condensador de

compensação, que tem um valor demasiado grande irá reduzir a largura de banda

do amplificador. Se o condensador é muito pequeno oscilações na resposta do

sistema pode ocorrer [41]. Uma dificuldade com este método de compensação de

fase é o pequeno valor resultante do condensador sendo o método iterativo muitas

vezes necessários para otimizar o valor. Não há nenhuma fórmula para o cálculo do

valor do capacitor que funciona para todos os casos. Um método de compensação,

que utiliza um condensador de valor maior do que não é tão sensível para efeitos

capacitância parasita também podem ser opção [41].

Figura 4.8: Diagrama de Bode de um amplificador de transimpedância compensado.

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A Figura 4.9 mostra o esquema do circuito utilizado nas simulações. Neste

esquema, o fotodiodo está representado por seu modelo elétrico simplificado

(gerador de corrente e capacitância de junção . A resistência representa a

impedância de entrada do estágio subsequente ( amplificador limitador).

Para a análise da resposta em frequência e estabilidade do amplificador de

transimpedância, foram realizadas simulações de três funções de transferências:

- a resposta em frequência do ganho de malha aberta do amplificador operacional,

Ao

- o fator de realimentação β

- o ganho de transimpedancia do circuito em malha fechada, .

A Figura 4.9 mostra os três esquemas elétricos utilizados para as simulações

destas curvas.

a) Simulações do ganho de malha fechada ( )

b) Simulações do fator de realimentação (β)

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c) Simulação do ganho do amplificador operacional ( )

Figura 4.9: Esquemas elétricos utilizados para a simulação das funções de

transferências do ganho de malha fechada, (a), do fator de realimentação, β (b)

e do ganho de malha aberta do amplificador operacional, (c).

As curvas de ganho de malha fechada, , de 1/β e do ganho de malha

aberta do amplificador operacional, Ao, para = 82 kΩ são mostradas na Figura

4.10. Também é mostrada a curva de fase do produto Aoβ. A estabilidade do circuito

é determinada observando-se o comportamento das curvas de magnitude e fase do

ganho de malha aberta Aoβ. Isto é convenientemente feito observando-se o ponto

de cruzamento entre a curva de magnitude de 1/β, e a curva de magnitude de Ao.

No ponto onde as curvas se cruzam, tem-se que |Aoβ|=1. Se a curva de fase de Aoβ

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tiver passando por 0º (ou 360º) antes do cruzamento de 1/β com Ao, então haverá

instabilidade. Se a fase de Aoβ for igual 0º ( ou 360º) na frequência de cruzamento

das curvas, então o sistema oscilará nesta frequência. Se, porém a curva de fase de

Aoβ passar por 0º ou 360º após cruzamento das curvas de Ao e 1/β, o sistema será

estável [41].

Por ser visto que para =82kΩ o sistema é estável, com margem de fase

igual a 41º. A menor fase na qual |Aoβ|> 1 ocorre em 20 Hz, e corresponde a 25,7º.

Um valor maior para poderia ser calculado visando aumentar ainda mais a

margem de fase, com correspondente diminuição de banda passante.

Figura 4.10: Simulação (PSPICE) do conjunto fotodiodo/pré-amplificador para =

82kΩ.

4.1.5 Circuito de Amplificação de Sinal

Para que a tensão assuma valores adequados para leitura nos ADC e para

futuros filtros implementados digitalmente, faz-se necessário um circuito de

amplificação de sinal com ganho de aproximadamente 11.

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A topologia utilizada no circuito de amplificação foi um amplificador inversor

como apresentado na Figura 4.11.

Figura 4.11: Circuito de Amplificação de Sinal

Depois do sinal passar pelo amplificador de transimpedancia é passado por

um capacitor de acoplamento que está na entrada não inversor do amplificador. O

capacitor de acoplamento tem a função de bloquear parte do nível DC.

O valor para o capacitor de acoplamento foi escolhido experimentalmente de

15 nF. Em seguida o sinal é amplificado por um ganho calculado fazendo, onde

e .

(Equação 4.9)

O capacitor C2 tem a função de compensação de fase garantindo a

estabilidade do circuito como explicado anteriormente. Então finalmente depois de

todos esses passos o circuito analógico é digitalizado pelo ADC do microcontrolador

ATMEGA 328P. O amplificador utilizado no circuito de amplificação de sinal também

é o MCP602 que possui as característica dada na Quadro 4.2.

4.1.6 Circuitos de Chaveamento dos Leds

O circuito de chaveamento dos leds necessita ser capaz de fixar a potência

emitida pelo o LEDs para que não seja tão pequena a ponto de não ser captada pelo

fotodiodo, ou grande o suficiente para saturar os amplificadores operacionais. Como

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a emissão luminosa de um LED é diretamente proporcional a corrente que é

consumida pelo mesmo, podemos fazer isso com uso de ponte H. Além disso, a

ponte H completa nosso outro requisito de ser capaz de operar os LEDs vermelhos e

infravermelho alternadamente de acordo com os sinais dos pinos digitais 2 e 4 do

microcontrolador [32,35,36].

Dessa forma, para controlar os leds ligados em paralelo do oxímetro Nellcor

DS100A utilizamos o circuito em ponte H montado como mostra na Figura 4.12. A

ponte H utiliza dois transistores PNP (BC557) e NPN (BC547).

Figura 4.12: Ponte H responsável pelo chaveamento dos LEDs.

O LED vermelho acende o quando transistor, Q3, recebe um sinal em nível

lógico alto pelo microcontrolador. A corrente através do LED é controlada por Q2. A

corrente através de Q2 e a intensidade do LED são controladas pela tensão de base

de Q3. Da mesma forma, os transistores Q4 e Q1 são usados para mudar e

controlar a intensidade do LED infravermelho.

Considerando que a tensão entre a base e o emissor do transistor é

constante, , e que o transistor opera no modo ativo, com corrente de base

próxima a zero, a corrente que passa pelo LED pode ser calculada pela equação

com a seguinte intensidade:

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(Equação 4.10)

Os dois Leds são alimentados com 45,74 mA.

4.1.7 Implementação em Kicad do Hardware Projetado

A Figura 4.13 e 4.14 apresentam, respectivamente, o esquemático eletrônico

do shield para arduíno circuito atualmente implementado para aquisição para

aquisição e condicionamento do sinal PPG a partir do oxímetro e representação 3D

da placa de circuito impresso.

Os esquemáticos foram feitos utilizando o software livre Kicad. O Kicad é um

plataforma EDA para criação de esquemas profissionais e placas de circuito

impresso.

Figura 4.13: Diagrama do esquemático eletrônico do shield para arduíno circuito

para aquisição e condicionamento do sinal PPG

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Basicamente o shield para arduíno possui um conector DB9 para conexão do

sensor oxímetro com o circuito, um amplificador operacional MP602 e um circuito de

filtragem do sinal PPG. A saída do circuito é o sinal analógico PPG com ganho de 11

vezes.

Figura 4.14. Visão 3D da placa de circuito impresso com os componentes utilizados

no circuito eletrônico.

Inicialmente o mesmo circuito foi montado utilizando uma placa de fenolite já

furada onde os testes de validação e de campo foram feitas. O layout e os

esquemáticos no Kicad foram feitos com objetivo de passar pelo fluxo de

prototipação da Protomat E33 e o software CircuitPro. Essa etapa do projeto ainda

está em fase de execução. A Figura 4.15 mostra as trilhas do shield projetado em

conjunto com o plano de terra.

Figura 4.15: Trilhas e plano de terra para o shield projetado.

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4.2 Projeto do Software

4.2.1 Algoritmos para Obtenção da Frequência Cardíaca

O Algoritmo 1 descreve os passos para obtenção da quantidade de

batimentos cardíacos por minuto (BPM). O algoritmo segue os conceitos e

fundamentos apresentados no Capítulo 3.

No Algoritmo 1, a variável N recebe um contador que mantém o tempo

decorrido (em ms), subtraindo o tempo da última batida cardíaca (tempo do pico

atual - tempo do pico anterior) pelo penúltima, isso para que se tenha a certeza que

um período de tempo tenha se passado para uma nova busca de um batimento

cardíaco. As variáveis P e T representam a retenção do pico e o valor mínimo,

respectivamente. A variável limiar é inicializada com 512, pois considera-se os

momentos que o algoritmo atravessa 50% da amplitude da onda (1024). O valor é

de 512 é baseado em um ADC com resolução de 10 bits. Dessa forma, o intervalo

de valores possíveis está entre 0 e 1023. Há um período de tempo de 3/5 (60%) do

IBI (intervalo entre batimentos cardíacos) que deve passar antes de T ser atualizado,

como uma forma de evitar o ruído e leituras falsas do dicroic notch. Na linha 6 é

chamada a função Verificar_Pulso, passando a variável N, para verificar se já existe

um pulso. A função chamada na linha 7 (Inicializa IBI) inicializa o vetor taxa[] com os

últimos 10 IBIs. A partir da linha 8 dá-se o processo do cálculo do BPM.

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Figura 4.16: Algoritmo de calculo da frequência cardíaca.

Primeiro é somado todos os IBIs na variável contagem total e o conteúdo de

cada posição do vetor taxa[] é deslocado uma posição para a esquerda, para que o

IBI mais recente entre na posição 9 do vetor taxa[]. Na linha 14 é obtido os

batimentos cardíacos pela divisão de 60:000 (1 minuto=60.000 milissegundos) pela

média dos últimos 10 IBIs. Na linha 15 é setada uma flag QS (abreviação para

Quantified Self), para que o restante do programa saiba que o batimento cardíaco foi

encontrado. Na linha 16 é chamada uma função para limpar as variáveis para não

ocorrer o problema de determinar um batimento, pois quando o sinal cruza o limiar

descendo, é necessário limpar as variáveis e atualizar a variável limiar com a nova

marca de 50% que será encontrada novamente durante a subida do sinal do sensor.

As variáveis P e T são reinicializadas para o novo limiar.

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O Algoritmo 1 foi implementado em uma plataforma de software para

execução sobre um microcontrolador ATMEL ATmega328. Associado a esse

algoritmo está implementado, em software, um algoritmos para filtragem do sinal

digital baseado no filtro passa-banda Butterworth [12]. Após a aquisição do sinal

fotopletismografico pelo microcontrolador, esse sinal é digitalizado, enviado para o

filtro Butterworth e depois processado pelo Algoritmo 1.

Ressalva-se que a implementação em software dos filtros digitais é um dos

objetivos futuros que devem ser desenvolvidos. O hardware projetado aqui nesse

trabalho de conclusão de curso é projetado para deixar uma grande faixa de banda

de frequência do sinal.

Isso é devido porque o trabalho tem o principal objetivo além do cálculo da

taxa frequência cardíaca ser uma plataforma para o projeto de mestrado em

desenvolvimento “Projeto e Desenvolvimento de um Sistema Integrado de

Hardware/Software para Aquisição Fisiológicos em Bovinos de Corte” do aluno

Patrik Olã Bressan que tem o objetivo principal inferir a frequência respiratória a

partir do sinal PPG coletado na plataforma desse trabalho.

4.2.2 Algoritmo de controle e chaveamento dos Leds

O sensor Nellcor DS100-A tem seus Leds (vermelho e infravermelho) ligados

de forma inversa e paralela. Para realizar o chaveamento dos LEds foi necessário o

controle pelo microcontrolador. O algoritmo responsável pelo controle e

chaveamento dos Leds é quem envia o sinal para os pinos digitais 2 e 7 ( LedRed e

LedIRed respectivamente) para ligar e desligar os leds com o uso da Ponte H

projetada descrita na seção anterior.

Como foi mencionado na descrição analítica do sinal PPG as variáveis de

frequência de chaveamento dos Leds ( ) e o ciclo de trabalho (D) tem influências

diretas sobre a resposta do oxímetro que foi utilizado a interrupção de timer0 para

ter o controle preciso dessas variáveis.

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Figura 4.17: Trecho de código que configura a interrupção para o Timer 0.

O timer 0 do microcontrolador ATMEGA 328P contém um registrador de 8

bits, o que significa que pode contar de 00h até FFh. Lembrando que o

microcontrolador ATMega 328P é executado em 16 MHz. Definindo o prescaler para

1024 com os registradores CS02 e CS00 recebendo 1.

Figura 4.18: Tabela para definir o Prescaler do Timer 0.

Podemos encontrar o valor do registrador compare match para que a

interrupção tenha uma frequência de 100 Hz ou 10ms com o uso da formula:

(Equação 4.11)

Lembrando que o valor do registrado compare Match deve ser menor que

256. A interrupção é utilizada para acionar uma contador de estado circular com a

variável state que aciona um maquina de estados com alternando os níveis lógicos

das saída digitais LedRed e LedIRed que ligam e desligam o Leds de acordo com a

forma de onda na Figura 4.20.

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Figura 4.19: Trecho de código do algoritmo de controle e chaveamento dos Leds

Onde e representa o tempo que o led vermelho é ligado e

desligado respectivamente. Da mesma forma e o tempo que o led

infravermelho é ligado e desligado respectivamente.

O ciclo de trabalho D pode ser calculado fazendo:

(Equação 4.12)

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Figura 4.20: Forma de onda dos sinais de funcionamento dos Leds

E a frequência de pulso dos leds vermelho e infravermelho é dada por:

(Equação 4.12)

4.2.3 Módulo de Interface Gráfica

Para validar e visualizar as experimentações feitas com o shield foi

implementada um interface gráfica capaz de visualizar a forma de onda PPG e o

batimento cardíaco em tempo real.

O implementação foi feita em utilizando a linguagem de programação

processing. Processing é uma linguagem de programação de código aberto com um

ambiente de desenvolvimento (IDE) integrado, construído para aplicar noções

básicas de computação gráfica. O projeto da linguem foi iniciado em 2001 por

Casey Reas e Bem Fry, ambos ex-membros do Grupo de Computação do MIT

Media Lab.

A Interface gráfica projetada foi baseada interface

Easy_Pulse_PPG_Analyzer_V1.0 desenvolvida por Rajendra Bhatt. A interface

projetada basicamente recebe os dados do sinal PPG coletado pelo hardware

arduino e o shield desenvolvido via serial e plota seus dados na tela do computador.

A interface projetada recebeu um nome de Cattlelogger Visualizer 1.1 seus detalhes

estão mostrados na Figura 4.22.

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Figura 4.21 Interface Cattlelogger Visualizer 1.1.

A Figura 4.22 mostra a interface em funcionamento comparando com o sinal

amostrado em um osciloscópio coletado na saída de nosso shield.

Figura 4.22: Funcionamento da Interface CattleLogger Interface em

comparação com dados visualizados no osciloscópio.

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CAPÍTULO 5

EXPERIMENTOS E RESULTADOS

Este capítulo descreve os experimentos e resultados realizados com o uso do

sistema implementado descrito no capítulo anterior. Os testes foram feitos em três

indivíduos diferentes sobre condições de repouso e após atividade física intensa

com objetivo de avaliar o desempenho do sistema. Apesar da indisponibilidade de

um sensor oxímetro calibrado para validar o sistema, utilizou-se como base de

referência de batimento cardíacos, um monitor de pressão da Bak Japan de modelo

BK-AP212. Também foram realizados experimentos iniciais com dois animais não-

sedados visando a adaptabilidade e calibração do sistema desenvolvidos.

5.1 Datalogger

Para a coleta e armazenamentos dos dados dos experimentos, além de um

plataforma em Processing já descrita para visualização dos dados, desenvolveu-se

uma plataforma baseada em shield ethernet com uma interface capaz de armazenar

dados em um cartão de memória micro SD. O cartão utilizado possui capacidade de

armazenamento de 256 MB.

O algoritmo projetado responsável por fazer o armazenamento dos dados

basicamente utiliza a estratégia descrita na Figura 5.1. A forma de PPG após ter

seus pontos de sua curva digitalizada pelo o conversor analógico digital do arduino,

tem seus próximo 120 pontos armazenados em um vetor. Quando é verificado que

esse vetor foi preenchido é habilitado iniciar o processo de escrita desses dados no

micro SD do shield ethernet. Nesse processo de escrita dos dados do micro SD,

todas as interrupções são desativadas assim como o processamento e o controle

dos Leds proporcionando que todos os dados sejam escritos corretamente no micro

SD.

Terminando o processo de escrita dos dados no micro SD, o arquivo é

fechado sendo assim atualizado e o procedimento de coleta e processamento de

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sinal é novamente iniciado até o próximo período que o vetor de 120 posições é

preenchido novamente. Os dados preenchidos no vetor de 120 posições são

escritos.

Figura 5.1: Fluxograma para o armazenamento de dados no cartão micro SD.

Deve-se notar que, por se tratar de um sistema em tempo real crítico e a

latência de escrita no micro SD ser considerável, vários samples do sinal PPG não

são registrados. Porém, essa perda tem se mostrado aceitável nos testes realizados.

A Figura 5.2 mostra o trecho de código implementado. Os dados são importados

para a extensão .CSV (“ Comma Separated Value”). Os arquivos com extensão

.CSV são usados frequentemente para troca de dados entre diferentes aplicações.

Além disso, o formato de arquivo .CSV é compatível com diversos programas de

planilha eletrônica como Microsoft Excel®. O Datalogger é usado principalmente

para comparar e discutir os efeitos na resposta do sinal PPG pelo sistema

desenvolvido.

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Figura 5.2: Trecho de código para o armazenamento de dados.

5.2 Descrição dos Testes

Os testes realizados foram feitos em três indivíduos. O Quadro 5.1 resume as

principais características dos três indivíduos que foram realizados os experimentos.

Individuo 1 Individuo 2 Individuo 3

Peso 54kg 51kg 51kg

Sexo Masculino Feminino Feminino

Idade 23 23 58

Altura 1,73 1,71 1,57m

Histórico de

Problemas

Cardíacos

Não Não Sim

Quadro 5.1: Características dos indivíduos que foram realizados os testes.

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Foram feitos dois testes principais sob duas condições: a primeira em repouso

coletando dados por 2 minutos de todos os 3 indivíduos descritos no Quadro 1, a

segunda após 10 minutos de intensa atividade física sendo coletados dados por 2

minutos de todos os 3 indivíduos com o ultimo minuto a respiração dos 3 indivíduos

forçada intencionalmente para que seja perceptível, ainda mais, o decaimento da

taxa de oxigenação no sangue. Os dois testes foram repetidos 3 vezes sob

avaliação do sistema desenvolvido e o monitor pressão da Bak do modelo BK-

AP212. O monitor de pressão BK-AP212 foi utilizado para correlacionar

essencialmente os dados dos batimentos cardíacos obtidos no sistema

desenvolvido.

São avaliados e discutidos os resultados da frequência cardíaca sobre os dois

testes comparando as respostas com o sensor BK-AP212. Também é avaliado o

efeito dos dois testes na curva de resposta PPG no sistema desenvolvido validando

o funcionamento do sistema. Os resultados são apresentados nas seções 5.2.1 e

5.2.2 respectivamente. A seção 5.3 descreve os primeiros testes executados em

bovinos.

5.2.1 Teste após Esforço Físico

Para os testes após os esforços físicos, cada um dos 3 indivíduos foi

submetido a 10 minutos de atividade física intensa. Após isso foi mensurado o sinal

PPG e a média da frequência cardíaca usando o sistema desenvolvido com o uso do

oxímetro Nellcor DS100A. Logo após foi mensurado a frequência cardíaca média

com o uso do medidor de pressão BK-AP212.

Apesar de que o medidor de pressão BK-AP212 utilizar o principio da pressão

cardíaca nos vasos para medir a frequência cardíaca, seus resultados foram

comparados com os dados obtidos com o uso do sistema desenvolvido e o oxímetro

Nellcor DS100A.

O Quadro 5.2 resume as médias dos batimentos cardíacos dos 3 indivíduos

sobre o teste após o esforço físico.

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Individuo BPM Oximetro BPM Medidor de

Pressão

Erro (%)

1 91,2BPM 88 BPM +3,63%

2 80,6 BPM 87 BPM -7,35%

3 91,7 BPM 94 BPM -2,44%

Quadro 5.2: Media das Frequências Cardíacas no teste de Esforço Físico.

O Quadro 5.2 mostra que a taxa de batimentos cardíacos por minuto nos

testes de esforço físico ficaram em média de 80,6 BPM até 94 BPM. O individuo 3 foi

o que obteve a média dos batimentos cardíacos mais altos no teste. Isso pode ser

justificado por ser o único individuo que possui histórico de problemas cardíacos. As

medições feitas com o oximetro e o sistema desenvolvido quando comparados e

tomados como referência à medição feita com o medidor de pressão comercial BK-

AP212 revelam um erro variando entre +3,63% até -7,35%. O individuo 2 foi o que

obteve o maior erro quando comparado as medições feitas com o oximetro e o

medidor de pressão de -7,35%. Esse erro pode ser justificado pelo fato de, quando

efetuado as medições o individuo 2 era o único em jejum.

A Figura 5.3 e 5.4 comprovam os resultados dos testes para o individuo 1

efetuando a medição com o uso do oxímetro Nellcor DS100A e o medidor de

pressão comercial BK-AP212 respectivamente.

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Figura 5.3: Teste sobre esforço para o individuo usando o sensor oximetro DS100A.

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Figura 5.4: Teste sobre esforço físico usando o medidor de pressão BK-AP212

Nos testes de esforço foi possível ser perceptível o decaimento de taxa de

oxigenação no sinal PPG mensurado.

Os esforços físicos causam um aumento da na taxa de expiração e inspiração

o que resulta em um aumento do sangue venoso e uma diminuição do sangue

arterial. Acompanhado a isso, um mecanismo com objetivo de aumentar o fluxo de

sangue para os outros órgãos diminui do fluxo sanguíneo para os tecidos.

A forma ondas PPG é influenciada basicamente pelo sangue arterial (A),

sangue venoso (V), e o sangue nos tecidos (T). A Figura 5.5 mostra como cada um

dos fatores influenciam na forma de onda PPG.

A diminuição do sangue arterial (A) aumenta o nível de tensão de pico-pico do

sinal. Assim como a diminuição do sangue venoso (V) e o sangue nos tecidos (T)

diminui o nível DC do sinal.

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Figura 5.5: Fatores que influenciam o sinal PPG.

Os oxímetros de dedo tem a característica de não mostrar o aumento

significativo na amplitude durante o exercício. Só há um aumento da amplitude após

o término do exercício quando o sangue nos tecidos volta a aumentar.

A Figura 5.6 mostra os efeitos na forma de onda PPG para o individuo 1 em

condição após o esforço físico nos ultimo 1 minuto quando onde a respiração é

forçada. Pode-se observar nitidamente o aumento da amplitude do sinal.

Figura 5.6: Forma de Onda PPG com a respiração forçada após o esforço físico.

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5.2,2 Teste em Repouso

Os teste em repouso foram feitos coletando dados por 2 minutos de todos os

3 indivíduos descritos no Quadro 5.1. Todos os 3 indivíduos estavam sentados na

mesma posição totalmente em repouso.

Foi mensurado o sinal PPG e a média da frequência cardíaca usando o

sistema desenvolvido com o uso do oxímetro Nellcor DS100A. Logo após, foi

mensurado a frequência cardíaca média com o uso do medidor de pressão BK-

AP212. Foram realizados 3 medições em cada teste sendo apresentados aqui a

média das medições.

Apesar de o medidor de pressão BK-AP212 utilizar o principio da pressão

cardíaca nos vasos para medir a frequência cardíaca, seus resultados foram

comparados com os dados obtidos com o uso do sistema desenvolvido e o oxímetro

Nellcor DS100A.

O Quadro 5.3 resume as média dos batimentos cardíacos dos 3 indivíduos

em repouso.

Individuo BPM Oximetro BPM Medidor de

Pressão

Erro (%)

1 70,9BPM 69 BPM +2,75%

2 60,9 BPM 59 BPM +3,22%

3 79,8 BPM 75 BPM +6,4%

Quadro 5.3: Media das Frequências Cardíacas no teste em Repouso.

O Quadro 5.3 mostra que a taxa de batimentos cardíacos por minuto nos

testes em repouso ficaram em media de 59 BPM até 79,8 BPM. O individuo 3 foi o

que obteve a media dos batimentos cardíacos mais altos no teste. Isso pode ser

justificado por ser o único individuo que possui histórico de problemas cardíacos

entre eles foi destacado arritmia cardíaca novamente.

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As medições feitas com o oximetro e o sistema desenvolvido quando

comparados e tomados como referencia a medição feita com o medidor de pressão

comercial BK-AP212 revelam um erro variando entre +2,75% até +6,4%.

O individuo 3 foi o que obteve o maior erro quando comparado as medições

feitas com o oxímetro e o medidor de pressão de +6,4%.

Quando comparada a forma de onda do individuo 1 no teste em repouso

(Figura 5.7) e no teste após esforço físico (Figura 5.8). Podemos observar que após

o esforço físico (Figura 5.8) como já discutido á um aumento na amplitude do sinal

tornando o sinal mais largo (450-90). E nos testes em repouso (Figura 5.7) a

amplitude do sinal é menor (900-700).

Figura 5.7: Forma de onda PPG para o individuo 1 em repouso.

Figura 5.8: Forma de onda PPG para o individuo 1 após esforço físico.

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5.3 Primeiro teste em bovinos

O primeiro teste do sistema foi realizado na Embrapa Gado de Corte em

Campo Grande no estado de Mato Grosso do Sul, sendo aplicado em duas novilhas

nelore. As Figuras 5.9 e 5.10 mostram os testes sendo executados na novilha 1 e 2,

respectivamente.

Nos testes foi utilizado o sistema de aquisição desenvolvido nessa

dissertação e o sensor oxímetro Nellcor DS100A.

Os dados obtidos puderam demostrar a viabilidade do dispositivo. Contudo foi

identificado alguns pontos que ainda necessitam de otimizações e desenvolvimento.

Figura 5.9: Teste do sistema na novilha 1.

Com a instalação do sensor na orelha do animal, foi possível obter a resposta

do sensor oxímetro facilmente. Contudo, com este teste, pode-se perceber um

desafio que a orelha do animal é uma região extremamente sensível e que irá

necessitar de estratégias e desenvolvimento de estruturas que adaptem e integração

o sensor ao animal de forma menos irritante possível.

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Figura 5.10: Teste do sistema na novilha 2.

A Figura 5.11 e 5.12 mostra as formas de onda PPG obtidas nas novilhas 1 e

2 respectivamente.

Figura 5.11: Forma da onda PPG obtida na novilha 1.

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Figura 5.12: Forma de onda PPG obtida na novilha 2.

As formas de onda PPG na Figura 5.11 e 5.12 puderam demostrar a

viabilidade do principio do oxímetro em bovinos. Foi possível identificar claramente o

pico dicroic (dicroic notch) na onda PPG que coincide com o momento em que a

válvula aórtica fecha e há um decréscimo da pressão arterial.

As Figuras 5.11 e 5.12 também mostraram que o sinal ou está com um ganho

demasiado devido ao ganho projetado no circuito de amplificação, ou mesmo devido

a resistência do amplificador de transimpedancia esteja superdimensionada

perdendo assim parte do sinal. Contudo, isso ainda não é conclusivo uma vez que

os testes foram realizados pressionando o sensor Nellcor DS100A, que é especifico

para dedos, na orelha do animal. Isso pode ter afetado a coerências dos dados

mensurados. Nesse sentido, vislumbra-se a utilização de um sensor oxímetro

adesivo para ser utilizado, por exemplo, na testa do animal e em modo de

reflectância. Os resultados calculados de BPM dos animais foram validados com o

exame in-loco de batimentos cardíacos realizado por profissional zootecnista

utilizando aparelho estetoscópio veterinário.

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CAPÍTULO 6

CONCLUSÃO

Este trabalho de conclusão de curso está inserido como parte de um projeto

maior que consiste no desenvolvimento de um sistema de hardware e software para

aquisição de variáveis fisiológicas em bovinos e variáveis do ambiente como

luminosidade, buscando desenvolver uma ferramenta capaz de avaliar, caracterizar

e mensurar o bem-estar animal.

Após a análise sobre as soluções tecnológicas existentes para captura de

sinais fisiológicos em bovinos se escolheu a técnica de fotopletismografia (PPG) e

aplicação de sensores de oxímetria para aquisição de sinais cardíacos em bovinos.

Uma das principais motivações para essa escolha deve-se ao baixo custo de

aplicação dessa técnica e a simplicidade de utilização dos sensores oxímetros.

Este trabalho de conclusão de curso projetou e implementou um módulo de

aquisição do sinal de frequência cardíaca para bovinos e apresentou seus primeiros

resultados obtidos com o desenvolvimento de um protótipo.

Foi projetado e implementado um sistema de aquisição de sinal compatível

com o arduino uno (ATmega 328P). Bem como uma interface gráfica utilizando a

linguagem Processing capaz de visualizar a forma de onda PPG e determinar a

frequência cardíaca em tempo real. Além de uma plataforma capaz de coletar e

gravar dados em cartão micro SD.

Apesar da indisponibilidade de um aparelho calibrado para validar o sistema

como é feito em desenvolvimento de oxímetros comerciais, que poderia fazer uma

análise qualitativa da taxa de erro do sistema desenvolvido. O sistema foi validado

com dados de referência de batimento cardíacos de um monitor de pressão da Bak

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Japan modelo BK-AP212 em testes em condições de repouso e após esforços

físicos em humanos. O erro avaliado, baseando-se no monitor de pressão comercial,

ficou em torno de ±8%. A variação foi de +2,75% até +6,4% para os testes em

repouso e +3,63% até -7,35% para os testes feitos após o esforço físico.

Além disso, foi apresentado e discutido os primeiros testes realizados em

bovinos. Os testes puderam comprovar a viabilidade da aplicação da técnica nesses

animais. Os testes foram realizados com um sensor de transmissão com aquisição a

partir da orelha do animal. Pelos resultados iniciais nos experimentos com bovinos,

observa-se a necessidade de realizar mais testes com a utilização de sensores de

reflectância e utilizando adesivos para concluir sobre o dimensionamento do circuito

de amplificação, o amplificador de transimpedância e, principalmente, sobre a

adaptabilidade do animal com esse tipo de sensor.

.

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