informe orçamental 2014: sector da saúde em moçambique - suplemento especial sobre a equidade

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FACTOS SOBRE A EQUIDADE Nampula, Zambézia e Tete e são as três províncias com o menor gasto em saúde por cada moçambicano. Com base nos indicadores da saúde infantil, Zambézia e Tete são as províncias mais necessitadas. Nós percebemos a equidade como justiça social. A equidade na saúde é a ausência de disparidades socialmente injustas ou incor- rectas no acesso aos serviços de saúde. 1 Para melhor compreender este conceito: Para cada grupo de 1.000 crianças nascidas na Zambézia, 142 (IDS-2011) provavelmente não chegarão a completar os 5 anos de idade e em Inhambane 58 crianças tem a mesma probabilidade. Dito de maneira diferente: uma criança nascida na Zambézia em 2011 teve duas vezes e meia mais proba- bilidade de morrer antes dos 5 anos do que uma criança nascida em Inhambane. Os números globais contam apenas uma parte da história. 1) Whitehead M. Os conceitos e os princípios da equidade na saúde. Int J.Health Serv 1992; 22:429-445. (publicado pela primeira vez com o mesmo título de: Copenhaga: Organização Mundial da Saúde, Escritório Regional para a Europa, 1990 (EUR / ICP / RPD 414) A alocação global do Orçamento do Estado varia entre as províncias, com Nampula a receber um montante de 1.357.179 MT, seguido pela Zambézia com 1.095.345 MT e Gaza com 482.357 MT. As províncias de Nampula e Zambézia são também as mais populosas do país, e quando observamos as alocações per capita para estas duas províncias, juntamente com a de Tete são as três províncias com o menor gasto em saúde por moçambicano (ver figura A). Além disso, as alocações per capita variam significativamente, tendo Sofala 487 MT (16 USD) e 234 MT (8 USD) na Zambézia. Alocações Provinciais/Distritais para 2014 relativas à criança/ Taxa de Mortalidade Infantil & Taxa de Mortalidade Pediátrica devido à Malária FIGURA A 600 500 400 300 200 100 0 27 105 80 12 14 22 58 9 116 7 101 25 110 27 114 43 67 51 129 39 142 96 487 430 377 373 367 350 347 286 278 236 234 Sofala Maputo Cidade Maputo Província Inhambane Cabo Delgado Niassa Gaza Manica Nampula Tete Zambézia Este relatório tenta medir a equidade, comparando as províncias mais neces- sitadas (usando os cinco indicadores básicos de saúde relacionados com as crianças), com as alocações orçamentais per capita em 2014 e utilizando um método de pontuação simples. Os cinco indicadores de saúde, medidos por província, são: Taxa da Mortalidade Infantil, Taxa de Mortalidade devido à Malaria Pediátrica, Desnutrição Crónica Pediátrica, Cobertura de Imunização Básica para Crianças e a Prevalência do HIV/SIDA (veja as figuras A e B). Para cada província é dada uma pontuação numérica de 1 a 11. Dependendo da sua classificação do primeiro ao pior desem- penho estatístico a pontuação maior significa pior desempenho. Taxa de Mortalidade Infanto-juvenil (<5years) Despesa per capita descentralizada (MT) Mortalidade por Malária Pediátrica Foto: ©UNICEF/ Moçambique 1 Meticais per capita Fonte: : Mortalidade Infanto-Juvenil (<5anos). “Moçambique: Inquérito Demográfico e de Saúde 2011”. (pg. 116, Quadro 8.2); Taxa de Letalidade da Malária Pediátrica. INE. 2008. Disponível em: [http://www.ine.gov.mz/en/ DataAnalysis/?991Xg2jUgUK0M MT5sR7TGg]. Informe Orçamental - Suplemento Especial sobre a Equidade Sector da Saúde em Moçambique

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Nós percebemos a equidade como justiça social. A equidade na saúde é a ausência de disparidades socialmente injustas ou incor-rectas no acesso aos serviços de saúde.

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Page 1: Informe Orçamental 2014: Sector da Saúde em Moçambique - Suplemento especial sobre a equidade

Factos sobre a equidade ▶ Nampula, Zambézia e Tete

e são as três províncias com o menor gasto em saúde por cada moçambicano.

▶ Com base nos indicadores da saúde infantil, Zambézia e Tete são as províncias mais necessitadas.

Nós percebemos a equidade como justiça social. A equidade na saúde é a ausência de disparidades socialmente injustas ou incor-rectas no acesso aos serviços de saúde.1 Para melhor compreender este conceito: Para cada grupo de 1.000 crianças nascidas na Zambézia, 142 (IDS-2011) provavelmente não chegarão a completar os 5 anos de idade e em Inhambane 58 crianças tem a mesma probabilidade. Dito de maneira diferente: uma criança nascida na Zambézia em 2011 teve duas vezes e meia mais proba-bilidade de morrer antes dos 5 anos do que uma criança nascida em Inhambane. Os números globais contam apenas uma parte da história.

1) Whitehead M. Os conceitos e os princípios da equidade na saúde. Int J.Health Serv 1992; 22:429-445. (publicado pela primeira vez com o mesmo título de: Copenhaga: Organização Mundial da Saúde, Escritório Regional para a Europa, 1990 (EUR / ICP / RPD 414)

A alocação global do Orçamento do Estado varia entre as províncias, com Nampula a receber um montante de 1.357.179 MT, seguido pela Zambézia com 1.095.345 MT e Gaza com 482.357 MT. As províncias de Nampula e Zambézia são também as mais populosas do país, e quando observamos as alocações per capita para estas duas províncias, juntamente com a de Tete são as três províncias com o menor gasto em saúde por moçambicano (ver figura A).

Além disso, as alocações per capita variam significativamente, tendo Sofala 487 MT (16 USD) e 234 MT (8 USD) na Zambézia.

Alocações Provinciais/Distritais para 2014 relativas à criança/ Taxa de Mortalidade Infantil & Taxa de Mortalidade Pediátrica devido à Malária

FIGURA A

600

500

400

300

200

100

0

27

105

80

12 1422

58

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116

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25

110

27

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129

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142

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487

430377 373 367

350347

286 278236 234

Sofala

Maputo

CidadeMaputo

Província

Inhambane

Cabo DelgadoNiassa Gaza

Manica

Nampula Tete

Zambézia

Este relatório tenta medir a equidade, comparando as províncias mais neces-sitadas (usando os cinco indicadores básicos de saúde relacionados com as crianças), com as alocações orçamentais per capita em 2014 e utilizando um método de pontuação simples.

Os cinco indicadores de saúde, medidos por província, são: Taxa da Mortalidade Infantil, Taxa de Mortalidade devido à Malaria Pediátrica, Desnutrição Crónica Pediátrica, Cobertura de Imunização Básica para Crianças e a Prevalência do HIV/SIDA (veja as figuras A e B). Para cada província é dada uma pontuação numérica de 1 a 11. Dependendo da sua classificação do primeiro ao pior desem-penho estatístico a pontuação maior significa pior desempenho.

Taxa de Mortalidade Infanto-juvenil (<5years) Despesa per capita descentralizada (MT) Mortalidade por Malária Pediátrica

Foto: ©UNICEF/ Moçambique

1

Met

icais

per c

apita

Fonte: : Mortalidade Infanto-Juvenil (<5anos). “Moçambique: Inquérito Demográfico e de Saúde 2011”. (pg. 116, Quadro 8.2); Taxa de Letalidade da Malária Pediátrica. INE. 2008. Disponível em: [http://www.ine.gov.mz/en/DataAnalysis/?991Xg2jUgUK0M MT5sR7TGg].

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2) Da apresentação, intitulada “Alocação de Recursos” feita pelo MISAU no dia 24 de Abril de 2014.

Com base nos indicadores de saúde, as províncias da Zambézia e Tete são mais necessitadas como também as mais marginalizadas em termos de financiamento para a saúde.

Os resultados, resumidos na Tabela A revelam que, as duas províncias com desempenho mais baixo, de acordo com os indi-cadores, são a Zambézia (45pts) e Tete (41pts) e as duas províncias com melhor desempenho são a Cidade de Maputo (17pts) e a Província de Maputo (18pts). As duas províncias com o pior desempenho, que porventura apresentam o grupo de crianças com maior necessidade de fundos públicos são as províncias menos financiadas per capita enquanto que, as duas províncias com melhor desempenho posicionam-se no segundo e terceiro lugar como as províncias melhor financiadas per capita.

Alocações Per Capita (MT)

Taxa de Mor-talidade Infantil

Taxa de Mor-talidade devido à

Malária PediátricaMalnutrição

Pediátrica CrónicaCobertura Básica da

Vacinação Prevalência do HIV/SIDA TOTAL

Sofala 487 6 10 4 2 8 30

Cidade de Maputo 430 3 1 1 3 9 17

Província de Maputo 377 4 2 1 1 10 18

Inhambane 373 1 4 4 7 4 20

Cabo Delgado 367 9 7 10 9 4 39

Niassa 350 5 7 9 3 1 25

Gaza 347 7 3 3 5 11 29

Manica 286 8 5 6 7 7 33

Nampula 278 2 6 11 6 2 27

Tete 236 10 11 7 10 3 41

Zambézia 234 11 9 8 11 6 45

Sumário da Pontuação para a Alocação Per capita em relação a Indicadores Básicos de SaúdeFIGURA B

Análise das Alocações Orçamentais Per Capita em Relação aos Indicadores Básicos de SaúdeTABELA A

Desde 1990, o Sector da Saúde destina o financiamento às Despesas Correntes aos níveis descentralizados com base na funcionalidade dos recursos alocados, considerando a ponderação dos seguintes elementos: número de unidades de saúde (40%), população total (25%), o número de camas no hospital/posto/centro de saúde (20%), densidade da população (10%), e o índice de pobreza (5%).2

Com base na análise dos cinco indicadores estatísticos básicos de saúde, as alocações orçamentais iniciais de 2014 para os níveis provinciais/distritais reflectem desigualdades significativas, e demon-stram as limitações nos métodos de alocação dos recursos estatais. A função deve ser revista para responder às Províncias/Distritos com mais necessidades. Ao aproximarmo-nos de 2015, uma acção intensiva para diminuir as disparidades nestas províncias pode dar um grande contributo para que Moçambique aumente a capaci-dade com vista ao alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio relacionados com a saúde das crianças.

Fonte: Subnutrição Crónica: Percentagem abaixo de -2 Desvio Padrão. “Moçambique: Inquérito Demográfico e de Saúde 2011” (pg. 156, Quadro 11.1); Vacinação: Percentagem da cobertura de todas vacinas básicas. “Moçambique: Inquérito Demográfico e de Saúde” 2011”. (pg. 140, Quadro 10.3); Prevalência do SIDA. “INSIDA, 2009”.

Sofala

Maputo

CidadeMaputo

Província

InhambaneCabo

Delgado Niassa GazaManica

Nampula Tete

Zambézia

600

500

400

300

200

100

0

487

430377

373367 350 347

286 278

236 234Met

icais

per c

apita

78 77

88

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2323

36

5359

47

27

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55 58

44 4547

5 713

65 66

25

15

77 76

65

16 1720

9 94

Despesa per capita Descentralizada (MT)% Desnutrição Crónica% Imunização (todas as vacinas básicas)% Prevalência do HIV/SIDA

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