influencia da industria cultural na formação da identidade

6
Universidade do Estado do Rio de Janeiro Disciplina: Teoria da Comunicação I Professor: Marcelo Castañeda luna: Juliana !" Pin#eiro I$%!U&$CI D I$D'(TRI CU!TUR! $ C)$(TRU*+) D IDE$TIDDE D) (UJEIT) M)DER$) A ascensão das novas tecnologias na idade moderna, o Revolução Industrial, da Era da Eletricidade final do Eletrônica – a partir de 1!"– como a prensa para fa#ricar os pri de grandes tiragens e mais tarde o rádio e a televisão, permitiu uma ind%stria cultural& Em um conte'to onde o capitalismo monopolista precisava de uma sociedade #aseada no consumo, a cultura é su#ver produto trocável por din(eiro e passa a serprodu)ida para atender *s necessidades e gostos de uma classe passiva +ue não e'ercia integ uma refle'ividade acerca da sociedade e do conte'to do mundo ao s ais primordiais meios de comunicação de massa como $orna televisão, associados * outros fatores, convergiram para o nascim cultura considerada de massa& -omo o termo massa ainda ( a#rangente e não possui uma s. definição, assume/se a+ui neste tr massa caracteri)a/se como um con$unto de indiv0duos +ue apenas co e internali)am a+uilo +ue l(es é apresentado e informado, não +ue conte%do& Apresenta/se a+ui a con(ecida eoria ipodérmica, muito disseminada nos prim.rdios da comunicação voltada para as massas, prega/se um viés unilateral do discurso, onde todos espectadores compreendem de forma igual a mensagem +ue l(es é transmi assim, uma massa +ue pode ser manipulada por não refleti acerca da+uilo +ue l(es é informado& Em um cenário onde o capital e práticas ta2loristas regem a tra#al(adores alienados em seu am#iente de tra#al(o, o indiv0duos deveria estar diretamente atrelado ao fenômeno do cons ve) +ue é necessário para o capital monopolista possuir um p%#lico consumidor de seus esto+ues& Assim, os meios de comunicação de ma

Upload: juliana-pinheiro

Post on 04-Nov-2015

5 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Influencia da industria cultural na formação da identidade do individuo pos-moderno.

TRANSCRIPT

Universidade do Estado do Rio de JaneiroDisciplina: Teoria da Comunicao IProfessor: Marcelo CastaedaAluna: Juliana L. PinheiroA INFLUNCIA DA INDSTRIA CULTURAL NA CONSTRUO DA IDENTIDADE DO SUJEITO MODERNOA ascenso das novas tecnologias na idade moderna, originrias da Revoluo Industrial, da Era da Eletricidade final do sculo XIX e da Eletrnica a partir de 1930 como a prensa para fabricar os primeiros jornais de grandes tiragens e mais tarde o rdio e a televiso, permitiu o surgimento de uma indstria cultural. Em um contexto onde o capitalismo monopolista precisava de uma sociedade baseada no consumo, a cultura subvertida em produto trocvel por dinheiro e passa a ser produzida para atender s necessidades e gostos de uma classe passiva que no exercia integralmente uma reflexividade acerca da sociedade e do contexto do mundo ao seu redor. Tais primordiais meios de comunicao de massa como jornais, rdio e televiso, associados outros fatores, convergiram para o nascimento de uma cultura considerada de massa. Como o termo massa ainda hoje muito abrangente e no possui uma s definio, assume-se aqui neste trabalho que massa caracteriza-se como um conjunto de indivduos que apenas consumem e internalizam aquilo que lhes apresentado e informado, no questionando tal contedo. Apresenta-se aqui a conhecida Teoria Hipodrmica, muito disseminada nos primrdios da comunicao voltada para as massas, na qual prega-se um vis unilateral do discurso, onde todos espectadores compreendem de forma igual a mensagem que lhes transmitida, sendo assim, uma massa que pode ser manipulada por no refletir criticamente acerca daquilo que lhes informado. Em um cenrio onde o capital e prticas tayloristas regem a vida de trabalhadores j alienados em seu ambiente de trabalho, o lazer desses indivduos deveria estar diretamente atrelado ao fenmeno do consumo, uma vez que necessrio para o capital monopolista possuir um pblico consumidor de seus estoques. Assim, os meios de comunicao de massa passam a ser utilizados como ferramentas alienadoras e incitadoras do consumo visto que a cultura de massa no produzida pela massa e sim para a massa. Essa cultura de massa simplificada ao mximo objetivando satisfazer prazeres superficiais para a distrao da realidade. Um dos desdobramentos desse novo tipo de cultura voltada para as massas foi uma diviso abordada por Dwight MacDonald, como uma classificao de certas prticas e produtos culturais. Para MacDonald, possvel classificar em trs as formas de manifestaes culturais: superior, mdia e de massa (subentende-se por cultura de massa uma cultura inferior). Assim, para uma melhor compreenso podemos exemplificar formas de cultura superior como quelas atreladas erudio, composies de Bach e Beethoven, leituras de difcil compreenso e linguagem rebuscada, pinturas e formas de arte de rdua interpretao. Produtos da cultura mdia ou midcult, so peas mais acessveis vendidas como forma de cultura superior, mas adaptadas para o nvel de compreenso de um pblico mais superficial com relao aos profundos entendimentos da arte e da literatura, podemos citar as msicas de Mozart, pinturas (cpias) compradas em praas pblicas; romances e poesias cujo a mensagem de segunda classe, cheia de chaves, associaes e rimas pobres facilmente entendidas. Assim, a midcult surge como subproduto da indstria cultural por tentar vender para o consumidor formas de cultura mais superficiais como se fossem obras de grande valor cultural. E alm dessas, existe ainda a cultura de massa, nada mais do que peas produzidas com pouqussimo ou nenhum valor cultural somente para distrao como o teatro de revista, forma massificada do teatro, a opereta, o cartaz e as novelas de folhetim, uma cultura produzida em srie, industrialmente para um grande pblico. Ao trazer esta discusso para o meio contemporneo possvel identificar uma consequncia ntida da indstria cultural, a formao de uma classe alienada, consumidora de valores e padres impostos por aqueles que produziam a cultura para a massa. O sujeito moderno pertencente esta classe, desenvolve ento uma identidade inautntica, visto que a indstria cultural influencia e dita diretamente questes da cultura de massa como moda, msica, gestualidade, pensamento. Hoje possvel claramente ver a influncia de formas culturais de massa como novelas, programas de televiso e de rdio, assim como tendncias da internet, na vida das pessoas. Reafirmando ainda mais a subordinao da indstria cultural ao capital. Atualmente grande parcela da populao consome uma cultura produzida para ela, escrava do capitalismo e esmagadora do pensamento crtico. A qual vende por convenincia estilo, padres de vida e gostos que estimulam o consumo. Cada vez mais possvel ver a substituio da cultura popular por uma cultura produzida para as massas. As tradies populares do lugar novos gostos e tendncias. O indivduo constri sua identidade a partir de fatores exteriores ele, assimilando um discurso produzido para alienar e formar pessoas para desempenhar o papel de consumidores, apenas, um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto as aes quanto a concepo que esse indivduo tem de si mesmo. A globalizao tem tido um papel muito importante nessa perda da essncia de uma identidade cultural nacional e no aumento da multiplicidade de estilos, no pluralismo cultural, pois hoje, com a facilidade das tecnologias possvel ter acesso as mais distantes culturas. Um brasileiro pode adquirir cultura da Coria ao ouvir msicas do estilo k-pop. Um americano pode assimilar tendncias culturais da Oceania ao ler um blog de autoria australiana por exemplo. Entre as muitas facilidades, a distncia, a diferenas se linguagens so hoje quebradas por cliques e tradutores. Podemos portanto nos perguntar, essa globalidade de culturas e facilidade de acesso elas apenas um caminho de enriquecimento cultural ou uma articulao da indstria cultural para expandir seus horizontes de consumo? Afinal, se um brasileiro toma conhecimento das tendncias americanas que so um sucesso, em um discurso no to disfarado atualmente que valoriza culturas como a norte americana como a forma ideal de se viver, no teria ele vontade de consumir e se apropriar de tais tendncias para si mesmo? A ocidentalizao do modo de vida como o melhor modo a ser alcanado, pe as culturas em uma escala onde para se conseguir uma vida considerada boa, deve-se atingir padres considerados ideais como os de pases de primeiro mundo. No podemos deixar de comentar que todo esse discurso gira em torno de interesses comercias, sendo este o pilar central da indstria cultural, transformar a cultura em um bem comercial, onde se pode articular sobre, publicitar sobre e lucrar sobre. Para tanto, como diz Stuart Hall, Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mdia e pelos sistemas de comunicao globalmente interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas desalojadas de tempos, lugares, histrias e tradies especficos e parecem flutuar livremente. Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades (cada qual nos fazendo apelos, ou melhor, fazendo apelos a diferentes partes de ns), dentre as quais parece possvel fazer uma escolha. Foi a difuso do consumismo, seja como realidade, seja como sonho, que contribuiu para esse efeito de supermercado cultural.

A indstria cultural portanto o gerenciador desse shopping global que expe em suas lojas diferentes culturas e estilos que agradem a um certo pblico, que ajudem a esse pblico construir suas personalidades, seus gostos, sua identidade a partir daquilo que consomem como forma de cultura. Certamente existem crticas a essa postura de que a indstria cultural alienadora e s se interessa em uma sociedade consumista, alguns dizem que essa expanso e integrao comunicacional uma espcie de processo democratizador, de certa forma at pode ser, tendo em vista que de fato permitiu uma facilidade maior de acesso no somente a uma cultura vendida mas tambm a formas culturais realmente legtimas, por exemplo um menino pobre do sculo XXI poder ter acesso s obras de Picasso, as msicas de compositores clssicos como Bach, Pavarotti, textos e livros como Homero, Plato, Confcio, e mesmo que no tenha uma formao acadmica que o permita compreender e explorar totalmente tais peas, ele pode ao menos tentar. No entanto, a maioria dos crticos esse carter alienador da indstria cultural utiliza esse discurso de iluminao atravs do acesso cultura somente porque eles so beneficiados pelo mesmo, pois ainda que uma pequena parcela se interesse em buscar verdadeiras formas de cultura, a grande maioria ainda ser levada a consumir aquilo que lhes oferecido como cultura. Porque para quem produz cultura para a massa no interessante que a populao desenvolva um senso crtico acerca de suas novelas e programas, mas sim que continue a assisti-los e a alimentar essa cultura industrial. Portanto, importante considerarmos a ideia de que mesmo que a indstria cultural se apoie no discurso libertador e democratizador da cultura, seus interesses ainda sim so de produzir contedo que aliena uma massa que em sua grande maioria no possui senso crtico e assimila aquilo que lhes apresentado como cultura. Ressaltando que no so todas as pessoas pertencentes a essa massa, h aqueles indivduos que tem conhecimento da deficincia cultural de certos programas e produtos, peas, filmes, no entanto, sua realidade econmica s lhe permite ter acesso a estes programas, sendo assim ele os assiste por falta de opo. Por exemplo existem pessoas que sabem o nfimo valor cultural de certos programas de televiso, porm, no tem dinheiro e s vezes nem tempo ou condio de frequentar/assistir coisas melhores, ento se conformam com o que televisionado porque por falta de escolha s tm acesso aquele contedo. E ainda, a falta de incentivo um pensamento crtico acerca da sociedade a qual esse indivduo pertence, no Brasil por exemplo, os maiores jornais televisivos da massa que possuem um grande alcance miditico, informam mais sobre os acontecimentos de outros pases como Estados Unidos, ou pases da Europa, e muito pouco sobre a realidade do que acontece no prprio Brasil, isso para distrair e fazer com que a populao se preocupe muito mais com o que est acontecendo no mundo ao invs de refletir sobre a realidade e os problemas do prprio pas. H portanto a necessidade de se pensar, todo esse contedo de msero valor cultural que est sendo disseminado entre grande parte da populao, contribui para a formao de indivduos com que valores, com que carter, com que capacidade intelectual? possvel dizer que a cultura industrial fortemente presente nos dias de hoje elemento fundamental na construo de uma identidade produzida, vendida por aqueles que lucram com ela, e comprada por aqueles que j esto alienados? E que essa alienao fruto de um discurso produzido e disseminado na populao por aqueles que lucram com um mercado estrategicamente pronto para atender s necessidades consumistas inseridas nessas identidades culturais comercialmente favorveis aos detentores do capital.