indumentÁria no brasil
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O descobrimento em 1500, índios e negros, as influências da Europa a constituição hibrida do painel do vestuário mesclado ao tropicalismo e exotismo da terra brasilis.TRANSCRIPT
PROF. ODAIR TUONO
INDUMENTÁRIA NO BRASILEUROPEUS, ÍNDIOS E NEGROS.
FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAI ANTOINE SKAF
EVOLUÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS EVENTOS DE MODA NO BRASIL
Considerando a ampla maneira de enten-
dermos a concepção de um evento, pode-
mos atribuir a diversos fatores as mudan-
ças ocorridas ao longo do tempo.
O descobrimento do território, que mais
tarde se chamaria Brasil, deu inicio a este
processo de transformação.
Portugueses se deparam com indivíduos
seminus vivendo em perfeita harmonia
com a natureza. O que esta terra poderia
oferecer aos exploradores europeus?...
Eles chegaram e nada seria como antes,
pois é da natureza humana a arte de con-
quistar.
I. Padrão dos Descobrimentos, Lisboa.
INDUMENTÁRIA NO BRASIL
INDUMENTÁRIA – Arte do vestuário,
conjunto do vestuário de determinada
época, região ou povo.
ROUPA – Designação genérica das pe-
ças de vestuário; vestes, vestimenta, in-
dumentária ou traje.
TRAJE – Vestuário habitual, vestuário
próprio de alguma profissão.
VESTIMENTA – Tudo o que se usa para
cobrir o corpo; roupa, vestidura.
VESTUÁRIO – Conjunto de peças das
roupas que se vestem, roupa completa.
I. Pedro Álvares Cabral (1900, detalhe
pintura). Francisco Aurélio de Figueiredo
e Melo .
INDUMENTÁRIA NO BRASIL
BRASIL
CONTEXTO ÉTNICO
AFRICANOS
ESPANHÓIS
HOLANDESES
FRANCESES
REINO
1815 - 1822
REPUBLICA
1889 - PRESENTE
IMPÉRIO
1822 - 1889
ALEMÃES
ITALIANOS
ÁRABES
DESCOBRIMENTO
1500
ÍNDIOS
PORTUGUESES
COLÔNIA
1500 - 1815
JAPONESES
JUDEUS
SUL AMERICANOS
CHINESES
COREANOS
Historiadores afirmam que antes da chega-
da dos europeus à América haviam 2 mi-
lhões de nativos em território brasileiro.
Estes índios eram divididos em tribos, de
acordo com o tronco linguístico: tupi-gua-
rani (litoral), macro-jê ou tapuia (Planalto
Central), aruaque e caraíba (Amazônia).
O primeiro contato entre índios e portu-
gueses (1500) foi de muita estranheza para
ambas as partes. As duas culturas eram di-
ferentes e pertenciam a mundos distintos.
A Carta de Pero Vaz de Caminha e aos do-
cumentos deixados pelos padres jesuítas
descrevem como os índios daquela época.
I. Descobrimento do Brasil (1956) Cândido
Portinari, detalhe de pintura.
DESCOBRIMENTO DO BRASIL
As tribos indígenas possuíam uma relação
baseada em regras sociais, políticas e reli-
giosas. O contato entre as tribos acontecia
em momentos de alianças, guerras, casa-
mentos, cerimônias de enterro.
Os índios faziam objetos utilizando as ma-
térias-primas da natureza. Da madeira,
construíam canoas, arcos e flechas e suas
habitações. A palha para fazer cestos, es-
teiras, redes e outros objetos. A cerâmica
era utilizada manufaturar potes, panelas e
utensílios domésticos.
Penas e peles de animais serviam para
fazer roupas ou enfeites para as cerimô-
nias das tribos. O urucum era muito usado
para fazer pinturas corporais.
I. Índios Apiaka, Hercule Florence, s.r.
CULTURA INDÍGENA
O trabalho na tribo é realizado por todos,
porém possui uma divisão por sexo e ida-
de. As mulheres são responsáveis pela co-
mida, crianças, colheita e plantio.
Os homens da tribo ficam encarregados do
trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra
e derrubada das árvores. Duas figuras im-
portantes na organização das tribos são o
pajé e o cacique.
O pajé é o sacerdote da tribo, conhece to-
dos os rituais e recebe as mensagens dos
deuses, também é o curandeiro, pois co-
nhece os chás e ervas para curar doenças.
O cacique faz o papel de chefe da tribo,
organizando e orientando os índios.
I. Índio Camaca Mongoio, pintura s.r. Jean-
Baptiste Debret.
CULTURA INDÍGENA
Pero Vaz de Caminha relata a troca de si-
nais, presentes e informações nas rela-
ções com os índios. Davam espelhos, api-
tos, colares e chocalhos para os indígenas
em troca de seu trabalho para exploração
do pau-brasil.
Os portugueses achavam-se superiores
aos indígenas e, portanto, deveriam domi-
ná-los e colocá-los ao seu serviço. A cultu-
ra indígena era considera como sendo in-
ferior e grosseira.
Dentro desta visão, acreditavam que sua
função era convertê-los ao cristianismo e
fazer com que os índios seguissem a cul-
tura europeia.
I. Primeira Missa no Brasil (1861). Victor
Meirelles.
CULTURA EUROPÉIA
Os negros chegaram ao Brasil na época
colonial trazidos como mercadoria pelos
portugueses, a mão de obra era utilizada
nos canaviais.
A mão de obra negra foi amplamente utiliza-
da em outras atividades como a mineração
e agricultura que ganharam espaço na eco-
nomia entre os séculos XVI e XIX.
Os Bantus trazidos para o Brasil vieram das
regiões de Angola, Congo, Moçambique
e Tanzânia. Pertenciam aos grupos étnicos:
Cassangas, Benguelas, Cabindas, Dembo,
Rebolo, Anjico, Macuas, Quiloas, constituí-
ram a maior parte dos escravos levados
para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e para
a zona da mata do Nordeste.
I. Mulher Negra Banto, Albert Eckhout.
CULTURA AFRICANA
Os portugueses classificavam as etnias
africanas de forma genérica, sem conside-
rar as peculiaridades existentes entre dife-
rentes grupos.
Os oeste-africano (atual Nigéria e Benin),
eram denominados de escravos minas ou
sudaneses, embora dentro desse grupo
existissem etnias como: fantis, jejes, hau-
ças, nagôs, malês, mandingas entre outras.,
Alguns escravos sabiam ler e escrever em
árabe, fato inusitado no Brasil colonial, on-
de a maioria da população era analfabeta.
A influência islâmica desses escravos pode
ainda ser vista em Salvador, no vestuário
das baianas com seu característico turban-
te, saias largas, xales e mantras listradas.
I. Rugendas, Negro e Negra na Bahia.
CULTURA AFRICANA
Com a pressão de Napoleão à Portugal, o
rei D. João VI veio com sua corte ao Brasil
em 1808 (RJ), a primeira coisa que fez ao
chegar aqui foi abrir os portos brasileiros,
pondo fim ao pacto colonial.
Criou bancos, universidades, teatros, hos-
pitais, escolas e assim melhorou a vida da
população.
Dom João VI foi responsável pela funda-
ção da Academia Imperial de Belas Ar-
tes (RJ), instituição que assumiu um pa-
pel central na determinação dos rumos da
arte nacional durante a segunda metade
do século XIX, sendo um centro de difusão
de novos ideais estéticos e educativos.
I. A Última Carta de Carlota Joaquina
(Porto Editora). José Manuel Saraiva.
CULTURA EUROPEIA
Artistas dedicaram se em retratar em pintu-
ras e gravuras a fauna, flora, assim como a
vida dos europeus, índios e negros no Brasil.
As obras enfatizam características do hibri-
dismo étnico e cultural da nação:
• Albert Eckhout
• Hercules Florence
• Johann Moritz Rugendas
• Jean-Baptiste Debret
• Carlos Julião
• Antônio Parreiras
• José Maria de Medeiros
• José Ferraz de Almeida Júnior
• Rodolfo Amoedo
• Victor Meirelles
I. Derrubador Brasileiro (1879). Almeida Jr.
ARTE BRASILEIRA
O Brasil é uma pais cuja extensão territo-
rial permitiu uma profusão étnica que foi se
constituindo após o descobrimento:
Portugueses, índios, africanos, espanhóis,
holandeses, árabes, gregos, italianos,
japoneses, chineses, coreanos, bolivianos
entre outros cada um trazendo sua cultura,
tradições, formas de ser e vestir.
O processo de cada chegada foi um even-
to histórico que transformou a sociedade,
fato que se mantem constante e sujeito as
mais diversas influencias.
Cada cultura representa um manancial de
valores que não pode ser anulado, a socie-
dade recebe novos conceitos e maneiras
de ser.
I. Operários (1933). Tarsila do Amaral.
HIBRIDISMO ÉTNICO
A formação cultural no Brasil recebeu in-
fluencias diretas da Europa, assim o coti-
diano e o ato de vestir seguia os padrões
das elites.
No entanto o clima tropical não favorecia
o excesso de camadas de tecido, corpe-
tes apertados, luvas, maquilagem ostensi-
va. Perfumes e águas de cheiro faziam as
vezes do banho que por habito poderia
ser tomado uma vez por semana.
Os ricos usavam os tecidos finos, em-
quanto os populares como as lãs, chita,
percal eram destinados as classes inferi-
ores da sociedade. Um estudo apurado
demonstra o intercâmbio entre europeus,
negros e índios.
I. Chita vem do sânscrito “chintz”.
INFLUENCIA EUROPÉIA
Pedro Álvares Cabral chega a Terra
Brasilis sob a influencia do Renascimen-
to. O vestuário segue a mesma tendência
da Europa como menos exuberancia.
Os homens utilizavam calções bufantes
e curtos, túnicas com golas altas e capas
na altura do joelho, os calçados tinham
bicos quadrados ou redondos.
As mulheres utilizavam vestidos com de-
cote quadrado e saia cônica e armadas,
corpete externo de linho ou algodão, tou-
cas finas e rendadas ou chapéus de teci-
do ou palha.
I. Desembarque de Pedro Álvares Cabral
em Porto Seguro (detalhe, 1902). Oscar
Pereira da Silva. I2. Womem 15th
Century, s.r.
CABRAL – SÉC. XVI
O carnaval foi introduzido no Brasil pe-
los portugueses, no século XVI, com o
nome de Entrudo.
O pesquisador Felipe Ferreira, em O
livro de ouro do carnaval brasileiro, ex-
plica que existiam no início do século
XIX, duas categorias de Entrudo:
• Familiar: acontecia nas casas senho-
riais dos centros urbanos, caracteriza-
do pelo caráter delicado da presença
dos limões de cheiro que os jovens
lançavam entre si.
• Popular: era uma brincadeira violen-
ta que ocorria nas ruas, sua principal
característica era o lançamento mútuo
de líquidos ou pós disponíveis.
I. Cena de Carnaval. Jean B. Debret.
ENTRUDO
No período Barroco as mulheres utiliza
vam saias rodas com basques (abas), cor-
petes, decotes ombro a ombro, mangas bu-
fantes em camadas, peças feitas com ren-
das, seda, cetim e brocado.
Os homens utilizavam calças curtas e fol-
gadas, ajustadas na altura do joelho acom-
panhadas de camisa e camiseta de malha.
As regras europeias eram adaptadas ao cli-
ma e estilo local, para não sofrer com dita-
dura da moda, embora alguns preferiam
exibir as novidades de Paris sem nenhuma
alteração.
Os negros faziam parte ativa da população
usando peças mais simples e rusticas.
I. Casal no Parque, 1662 Gonzales Coques
BARROCO – SÉC. XVII
BRASIL – SÉC. XVII
Mulher Tupinambá (1641). Adriana Degreas, Verão 2012
Don Miguel de Castro, (c. 1637) Eckhout.
A cultura das aparências se mantinha pe-
la festas, bailes e comemorações promo-
vidas pela corte francesa, estavam defini-
das as regras de etiqueta e civilidade.
O estilo de moda vigente em Paris carac-
terizava o luxo tendo a sua frente a rai-
nha Maria Antonieta, as inspirações do
vestuário em produzidas em Portugal e
depois enviadas para o Brasil.
A população acostumada ao clima tropi-
cal e a crescente miscigenação represen-
tavam aspectos muito distintos, somava
se assim a curiosidade por ambos os la-
dos.
I. Princesa Maria Luísa de Parma (1766),
Anton Raphael Mengs.
ROCOCÓ – SÉC. XVIII
ROCOCÓ – SÉC. XVIII
I. Carlota Joaquina, infanta (1785),
Mariano Salvador Maella
Francis Basset (1778), Grand
Tour. Pompeo Batoni.
A chegada da corte imperial em terras
brasileiras (1808) promoveu uma trans-
formação cultural na sociedade da época.
O movimento expressivo na Europa era o
Neoclássico, uma revisão dos valores da
Grécia Antiga e do Renascimento Italia-
no.
No vestuário feminino prevaleceram as
principais características do estilo Impé-
rio, os vestidos tinham decotes genero-
sos, mangas curtas e fofas, a cintura
deslocada sob o final da linha do busto.
As vestes masculinas tem a influência
da Inglaterra campestre com as peças
mais justas ao corpo.
I. D. João VI, Domingos Sequeira D.
Carlota Joaquina, Item.
D. JOÃO VI – SÉC. XIX
Preocupada com a evolução do Brasil, a
elite política portuguesa pressionava as
cortes que redigiam a Constituição Por-
tuguesa a rebaixar novamente à catego-
ria de colônia o Brasil.
D. João VI assinou um documento que
tornava invalido o título de Príncipe Re-
gente do Brasil concedido a D. Pedro I.
O regente no entanto, recusou-se a em-
barcar para a Europa, declarando que
nenhuma ordem das Cortes Portugue-
sas seria cumprida sem a sua autoriza-
ção, assim em 1822 foi declarada a in-
dependência do pais.
I. D. Pedro I, Benedito Calixto (1902).
Marquesa dos Santos, Francisco Pedro
do Amaral (c.1826).
D. PEDRO I – SÉC. XIX
D. Pedro II foi o segundo e último mo-
narca do Império do Brasil, tendo reina-
do no país durante um período de 58
anos.
Após a influência do estilo império, mar-
ca do Neoclássico, a Rainha Vitoria
estabece o período Vitoriano (1832).
A sociedade vitoriana foi pródiga em
moralismos, conceitos rígidos e proibi-
ções severas. Os valores vitorianos po-
diam classificar-se como “puritanos”, na
época a dedicação ao trabalho, a defe-
sa da moral, os deveres da fé e o des-
canso dominical eram considerados va-
lores de grande importância1
I. Dona Isabel, Princesa Imperial e D.
Pedro II (1870), Joaquim Insley.
D. PEDRO II – SÉC. XIX
REFLEXÃO
E andavam lá outros, quartejados de cores, a saber metade deles da sua própria cor, e
metade de tintura preta, um tanto azulada; e outros quartejados d'escaques.
Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos
muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e
tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam.
01/05/1500 - Pero Vaz de Caminha
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHATAIGNIER, Gilda. História da Moda no Brasil. São Paulo: Estação das Letras
e Cores, 2010.
FAUSTO, Carlos. Os Índios Antes do Brasil. Editora Jorge Zahar
MOUTINHO, Maria Rita; VALENÇA, Máslova Teixeira. A Moda no Século XX. Rio
de Janeiro: Ed. SENAC Nacional, 2000.
RIBEIRO, Darcy. Falando dos Índios. Editora UNB
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