ilostrÃca ., portug!hhemerotecadigital.cm-lisboa.pt/obras/ilustracaoport/1919/n712/n7… · da...
TRANSCRIPT
~
ILOSTRÃCA .,
PORTUG!h
1 ,,.~}-~,~,:~~t5:~? do~~,~~:,~~~~~'="='~"'"~" = L
Pl'Upl'IC•ladc <IO >i li .V \ 1;n \ Ç ,\ , l.TI >, T l'lllll'slr() ........... . ...... .. .. 1800 rl". E<lllor \ v r O'< 10 ~I \111 \ 1.01'1·::; ,;onwsLr e.. . .................... :1$7~ •
\no............... . ... . ...... . 783 0 • NUMERO AVULSO. 15 chi .
'\.unlt'l'o ª'ui'º l'•O lodo u Brat.d 700 rélK. IU-1lar:1.·f1u. :ulmlnl,lr;wiu' 1• o'kltu1 .... R1.1 •> $!'01. 43 - USSH
Gem cabelos brancos? Se os q u~r \lêr outra vez dH sua primitiva cl\r, não use a primeira tintura que
lhe ~c~nselhem; isso póde ter inconvenientes maiores do que supõe: caír-lhe o cabelo, 1cr irritações de pele e até envenenamentos. Ao contrario, a
t;;t;;JUVENIA'' qu~ não é .tintura, mas si!n um to11i90, faz voltar o cabelo á sua primitiva cfir, sendo não ~6 11~ofens111a mas a l~ muito convemente, porque o fort ifica e o embeleza; dá-l he um brilho mcomparavel, limpa o couro cabeludo, faz parar, cm muitos casos, a quMa docabelo. Não tem nitrato de prata e não mancha a pele.
A ' VENDA NA
PERFUMARIA DA MODA-5, Rua do Carmo, ?- LISBOA o 111ni s artisl i co estabefefeci111<mto .te U s/)()(11 e nos for111ocws, drogar i as e pri11ctpaes casas da especi alidade em todo o paiz, iflus e Afnco.
Os pt'didos para revenda devem ser dir igidos a AY l\ES DE Ci\RVALHO, Rua Jve,~, 31, séde do~ escritori• s e fabrica.
t.a ~ 1
~ ~ilula& laxatiua& Boi&&g ~ GABINETE DENTAR IO
Direcção M · Ü + Clínica de arlQ Uarle Praça dos Restauradores, 13.
J'cllep. 3300 e 36'l2 --- LISílOA (SAPONACEAS) 1
O PURGANTE IDEAL
As unicas que purgam sem irritar
São um verdadeiro purificador do sang ue, anti-biliosas e r efrigerant es.
A' venda em todas as farmacias e drogarias 1 DEPOSITO GERAL PARA lffVENDA
m Vicente J<.ibeiro & Carvalho da Fonseca 111
W Rua da Prata, 237, I." U ~ ~f
M. Nt VIRGINIA CARTOMANTE-VIDENTE Tud o c •cla re ...
e.e 110 l>UtoiKHtlO _. prescnll\ e pre .. di z o futuro.
Garantia • to. dos o a m c ue cUent ca: com· pteta "CrRC•tlltde na con~ulL• ou reembolso do dinhei ro.
i:onsulfn, 10-dos os dia~ 11tel• das 12 ás :l'J ,,,,_ rns e Por corrcspondenc'" c.11-\lla r lJ cc11111\los para reRposta.
t..•1çaa• d a Patr1arca1. n. • 2, l. •, l!sq. t\... irno da r ua d 1Atc1tria, prediu e.quina),
ILUSTRACÃO PORTUGUEZA ..}
EDIÇÃO SEMANAL DE .... O SECULO•
li Serie - N.0 712 Lisboa, 13 de Outubro de 1919 15 Centavos
C R O N IC A DESVARlOS POETICOS
Quando supunlH1.mos esgotado o cofl·e do surpre· zns que o poeta (Ta.briol d'Annunzio dol:<ava.
escaJJar do voz cm quando pani assombrar o mundo, 01s que surge mais uma, a Iodas superior em mi1·a· ho lancia, o já agora ó licito supl\1· quo não será a ullima. Herorlmo-nos á que so donrooncJo d'oste tolo· grama. inserto no cSeculo• e.lo dia 4:
•PAl'US, 3). - Rnviam de Flume as seguintes declarações do d'AnnunY.io:
- A mesmi1. voz <lo Dous crua poz .Joana d'Arc á tosta ct·um punbado de patriotas, para libertar um J)aiz do inim igo, enviou-me a J.?illlne. com o me1.t pequeno grupo de vohmlarios. l~slava no meu leito, com um ro rLo ataque de fobl'C, qu·1.nc.lo ouvi a voz que mo disso: Vala [?iume.•
Tragoclia ou comodia'? Poema ér>ico ou simples poomcto he1·oi-comico·1 Evldent.omontc, o tema sorve para qualquer dos dois, á vontade do Jitorato que o vo1'St\l'. Em to<lo o ci1.so, sõde insacluvol cio g loria. ftrn uue o poel<1. Ha.llar\O nunca J u lg<L atlnglúo e Que piu ece fugil'-lho quanLO mais d"o le se aproxl1na.. como a raiz do Mco-iris, omlo, scgunclo a 1e11da, cxi1;tc um tesouro, que se tifasl'l inclollnidamonto <le 1uom prolom1a Locn1·-1he.
t:om outra s urproza no geMro d'esia, o comolimni.Lo de Gtibrlol cl'Annunzlo corre o risco cio onlrar rleíl.litivamonto nos domínios elo rlcliculo, 1>or muilo
rnr.clo que seja a ndmlrac;i1.o dos 11omens pelo poeta 1>elo l)atriota: pois mio é vor·dftdO que o paealclo
, >01 a Oonzela d 'Orléans 6 paniculnrmontc ln íc li7. 'l
DESABAFO
Como os m~tl es tLlhoios, ombota por condcnavel ego ismo, fozem sorrlr o 1>roxlmo, rolevar-nos
ha 0 leitor <1 im1>ert.lnencla de lho contarmos algumas pcrlpecias, a QUtl pocleremos chamu· rorro-1,iarius ·e c1uo se deram com:1osco.
Depois da pecmanoncia d'urn m cz na Fig1.tcirn <la Fo;r., rcso tvomm; rog1·ossar, piU'a o quo nos d irigimos á estação dos cumlnllos do forro 11'aq11cla cldac.le 11 hora matulina. noslo quo na mesma estM;ão um inte ligente funcionario ria Com1>anhia. inle1Togat10 m~ YCSPOl'I\, lltL ralta <lo horarios, que nflO existem ttl i. 1\0S tlvcsse dito que o comboio 1>am Lisboa era ent rc as JO e 17 horas.
Perto das 16 achava-se rormacto um comboio j unto da plalMorma. 1>010 c1uo porgunt.runos ao c.hoíe da esla~:áo so ora acr1wle o que passava a Leiria, PO· voação ()ue deseja viunos visilar. Hesvo11,clcnclo aflrnial ivaml'ntc o arguto cavalheiro, tomamos Jogar n'111na carruagem. O comboio Jnll' l 111 e mola l1ora. depois um revisor d'as1>oclo igmLlmcnto conspicuo, pediu-nos o bi lhete o com um movimento rle ostrnnhcza. clt> riu;il cxplicacilo. cJecliu·ou que o comboio cm lra11silo não nassava a Lei ria : orno du Beira Alta e 1nua''ª na Pampilhosa.
- E dt1. Pampilhosa Lemos comboio que cm l>re1•c nos truns1>0rl.o tL Leiria'?
- Espora nu Pam J!il hosu até ít rneia noit.o, e d'a<1111 vae para Alíarolos, do ondo parto um comboio que comunlca com a lil\llll ele Oeste.
- Rcm ; vamos p;mi a Pamollhosa. Tom <le 1>1tgar bilhete.
. -~1as não fõmos n6s que nos enganámos rol o cherc da estação da Figueira.
- Tem do pagar. . P.1~í1.1no~. c!1.lgíun'ls á P,1.moilhos1, o aí um em·
1Hegaclo Sl\PCl'IOr, touo s:tbedoria, esclareceu que i·calrnonte havia um co.nbolo ú mola nolte 1>ara AIfarelos, roas q tO nã.o comunicava com a llnna de Ocsle : em. AICarolos Linlumos do esP31't\r até ás w horns do cha se~ul1\lo. = ~: .melhor nó:i 1•oltarmos p1ra a Figueira?
Nilo abu:;aromos da. pacioncia do leitor contando o resto: a surJ>rçsa do novo revisor, a admiracã.o do ~hefo lia csL<U,;uo da l•'lguelra., o clint1eit·o quo tudo u;to c~stou, . etc., etc. Dei:cem-nos, porém. registar wna fr use d u n f_erro·viar10 da estac<io ela .\mieira ondo por pouco nao sorremos novo preca.Iço porque ha.,·l~ mucltmça de co.nboio e nlnguem avisava de tal. Eis a rrn;;e :
- Olhe, meu car;o senl10r, a vordado é que ning.iem se entende. cn 11os caminhos de ferro.
Pareceu-nos eslo empregado multo menos Jucldo do que os colegas.
A CASACA
M uito avisada.mente se houve quorn redigiu o . programa rta cerimonia da posse do novo
1>rc.stdonte (la llop,rb llca, qu:rndo d0Loru11nou que o traJe do c:asaca só fosso ob1·1ga1orio para os membros da m 3sa do C01\gresso. 1>odendo os 1·ostantos cong ressistas comPMocer em traje de p:issoio porqtUl
se Lili l'CCOilUHd Wií.O n lo •ÍO.iSO CX!ll~::iSá era do rec.iar crue o numtJro ele assistentes fosso limltadisslmo o assim a cerimonia Perdesse muito do seu brllho. Tivesse 1111.vldo o mosmo cuidado por ocasiã.o tl'outrns solenidades ela IlepubLica o niio lmveriamos sentido a tt·istoza cl'alg,rns osJJJclaculos do gata, no teatro ue .::;. Carlos, com a s:ila va~ta, np;iz11.r da larga disLrlbulci\o grnlut.a uo l>ill1c11es voi· deputados e sen9.clores.
O aviso reso lveu ools o problem1, mas cremos que este ainda tom Oll;tra solução, e melhor do que a prtmolra., o tfu,il conslsto oru se munirem de casaca os mambros do Congresso o oulras pessoas de reJlrescnl<tCáo; qu~m julga ClllC com democratas cle1•e andar sem colMinho labora o..n e rro semo,Jhanle ao dos murliros do Cl'islianisrno. <!Lle para rn.erccerem o rei.no dos Cóus não s:icudiam a bic1uria l..l<o corpo._.
O JOGO
Uma das 11ovida<los Que certamente wamos cn-con!1·ar cm Lisboa (novidaue, 1>or~qu1i uma
i 1111>erllncnle «tn rluenza• nos tom 1>ri V<tdo u lllimamento c..La leitura de jor1111isJ é a rog1.1laruentucilm cio jogo.
Nas Pl'll.h\S e lcrma'3 11orr onde anelámos este é publico. ins rtlcllas• da roleta e do monte circ,Jlam como moeda conente te pessoi1s rcspcilabillssima.s razctm banca, cnlre as quali:1 vnrlos ·abades e ))achareis em d ireito, cl~e probiclade exrm1>lar e rígidos t'l:ump1'idoros ria.<; leis.
~slá, nois, rcgularisado o jogo; as nosssas relicili1çõcs ao govõrno.
Acacio d e JPalva.
(Uuslrncões do noclla v1e11·n).
Capa - COSTA Dl!: CAPAIUCA, J)O l' João L?ornandes Tomnz
A Historia da Carochinha
,,. ( os ido eAssado noCa~~::~ J::;,
•
h~~~o~ t:~~~ clias depois docasnruon· lo da Carôrhinha ;·om o .João Hat ão, t rr s
dias chclOH ele sol u clC' al!'gria llMa os bcm-c1tRa· 111n11os. Clrwo minutos nn· tt-s do bili M das dez horns. sairam os dois de rnsa. dt• bra('O <lado. <' lic·llc. llr· lac pela rua ftíra, enramlnharanHw para a ml!!sa. Do lt1rgo, 110 runclo, dc'sembocarnm o Cllo o os setL5 compnnllclros, qur llnhum esta· 110 á esprtllln na tabHnn dll Gata Tartaru1tn. Apressaram o passo e ao chog11n•m debal\o dn jani>la lia Ccnlopcia, o Gato soltou lres mlnus. Abriram-se as J)orslnnns e ela disse lú de cima:
-Eu d<'SÇO. :'.':um llbrlr e fechar d<' olhos.
estan\ rodeada dos coni;plritdo· rcs e dh.lo·lhes baixinho:
- Promr1:-lhes que hoj!', domingo, tutlo ncarln rcsOI· vido. F. vnl ncar.
- Como 'l 11crg11nturn111, ansiosos. Tendo verlllca<Jo 11110 nlnguc111 os ouvi« nl'm via. n
Cenlopela, fa;r,endo a1wrtar a roda cn1 volta dt•la. d<'ll· lhes conla cio seu 11lano :
- .\ Carckhinha 11oz a Jlancla no lume e rol IL missa com o .folio Halão. Quem a ajuclou a vestir rui <'li e. <1uando clll ln r~n csnul11. llrei·Jhe surr1llt•lramonl o o lé· <1ue 1la alglbclt·a. Ora 1t Carcíchlnlm chci:rn ÍL missa, ,;1•nte calôl", quer abana1··sl', não enconlrn o l<'QUC'. lllan<ltH> buscar orlo Joào Ralllo, o .João Hatiio entra cm casa, a 11nncln t•sl(1 ao lume .. .
- :\ôs lt•ntàmo-lo .... lnlerrompcu o Galo. - Elo não resiste .... allrrnou o C:fio.
.\loto o pé .... raciocinou o llol. Moto a mllo ... • Juntou o Burro.
- ~ cm uma vi>z o .Jlll\o l\a!ào ! concluiu a Cenlnpeht. Olhnram uns para oul ros cllellnhos de alegria e romo
Nam mais ou menos 11nclas - que• nilo ha biCl)O·nln'ta portugu1•z Que o n1io ~<'jn im1irovisuram logo all rsln canllga, <1uo caniamm cm cõro e a nu•ia \'07.:
Domingo l'i missa Ambinhns vilo; Frijill's no lume ~o callic•irão. \ "iu-sc n Cun'irhinha sem lc>c11tc• na mão: Canírhinlla sem lrquc• ! Que n·\o rllrlio '? \'ol·llH' JIC>I' l' IC ~leu .Jo1\o llaliio.
C:hr1rn rl<' :t rasa. \ "ai no 1•11hic•iriio, ~lclcu 11111 116. J\lcl 011 a mão. Caiu l1í clPnlro O .IOl1o l lalão. \cabou n missa ; Carckhinha cn({w \"ci11 sprn leque
Schwalbach
E Eduardo Schwalbach, mestre de comed io~rafos e escritor distinto, quem nos dá hoje o seu inédito. Cosido e assado no caldeirão é um dos mais cur iosos capitulos da sua A lfis-toria da Carócl1i11ha a que está reservada um verdadeiro triunfo. Brevemente editado pela
«Portus;ial-Brazi l », E<luar- 1
do Schwalbach puDlicará es· se livro de que o leitor tem hoje uma brilhante amostra.
:"/cm Jo<1o Rnlllo, Procura em cas1t Vai ao cal<ln in1o ...
c,\I meu marido, ~tl'11 .João lia.lã<'. Cosido e assado No rnlclein1o !•
Uma gargallrnda. prontnlllonto r eprlmid(L, ci o loclos os sois rec11011 o hrlJH'Ovisailo J'llllance.
Si lencio! 11rcvenlu o Cúo, ouc flrnrn de nt.alaia. Ai \'Clll Pie!
Efeclivamcnlt• .João Hatão a1iarc1'ia ao longe. A C<'ll· topola ro.:olhe11-sc 1• os oul ros tratatam ele• su cscon<lc•r, mctondo por ulll!l viela proxlnHl.
Abria a Crnl.opnia a Janola, c1uando o .J oão naW.o chc· gav1t no alto <111 rua.
Onde vai com tanta pressa? pregunlou-lhc a traidoni.
282
Minha mulher CSQll''CClHH' do leque. vrnho ver so lho c•ncont ro, r!'s11orHleu o dcs11rl'venido llnlo.
Ah! Eu vou ujudtL·IO a procurar, orerccuu-se. obsc•· <1ulM1orn, 1~ Conlopola.
Qullndo elu sai1t do casa, jf1 o Gato, que dcl.xAca o escondel'ljo. notava ao seu rlvnl:
- Por aqui SC'lll a Caré>chinha 'l ! Está na missa. Esqueceu-lhe o l<'llU<', nfio se Jcm
hrn ele o ler levado e venho procurá-lo; rc•1••~tiu o Jolio ll<tti\o.
se mo díL llcc•nca. uJ11clfl·IO·ilel. .. g os lrc•s 1·11Jrnrnn1 na cnsa, onclo iii dcRnnrolar-sr o
triste eJ)ilOl!'o 1lu111 lilo curto noivado. Cfl Mra os outros 1mllfrs rcunh1111-se Íl esquina<' casquinau1111 rlsadinhas.
Está aqui cstà 11ronto ! ;1rofetlwu o C:io. - E a Car•khlnha. n'n<lo·He \'luva, e asarí1 com uru
clf\ ncíR 1 comentou o Boi. Mas ju1·1•1110R desde j(L 11fLO fazer g11111·ra no pn·fo·
rido 1 lmpoz o IJurrn . .111ra1110F. ! conllrmarnm todos.
Um monwn10 ele susnrnsilo 11rc•cedeu a~ 11alavras !lo Carneiro ás marradas no nr:
~luilo gosllwa de assistir ! ...
./L US TR/l(ÃO ? o RTUCUEZ/.I
Si• llutlri<st•mos nfo«inhar lá dl•ntro .... gl'unhiu o Pôrl'O.
\ '11rnoi< do roda. talvez pelo lado dn quintal. ah·itrou o Ciío.
\ ' amos l1í ! 1·011corduram os mal,,;. E furam !11• volta. mas sem rcsull1ulo. D1•n 1 ro cio cnsa .. Joiío natão, lo111lo proc11r111lo balda
da11wntr• o le111111 por lodos os cnnfoi;, m·1·1•1JPllLVa-sc•: - Mas ondn o poria pl:t? \ c:n11 lo111•ln. ontrnndo no qual'lo de l'nma. n Ungir
q11n l'Clrnscavn. lll!\COU o olho 1\0 G:LIO, q 110 r11ngo11, clollCitulo. o clPl~ou 1:nlr a lont11.ç1lo:
Q110 bem q11r t'hC'lrn a panela! O .Jofto llnllio. que já clérn por lssn, fl\{Jtl os olhos rm
1·haminf. " !'onrlrrnou: E' ,.<'rdadl' !
-Q111• bt•lo rnlclinho já all devo estar! 1·c111tinuou o rnal ' ' ado.
Deve! neve 1 exclamou o pobre roedor, Jú melo atraido.
Nada! 1ll•rlnrou a Centop<'ia. vollando tio q11nr:o. E 1·omo tomadn dP agradavel supreza: ~las 11u1• cheiri-nho liío a1lcllloso ! O 1·a1-11lnho com l'l'rlr;m está rnals tio <1110 n1mriulo.
g;;t{1 ! Estft ! rr1>ef l 11 o .João Halllo. ca<ln vo7. rnals preso ft !'lrnmlné. Ma~ o le(lue ·~O IOClll(' '?
'1'11lv<•:r. nllo so viss(' b<•m n11 $nla. observou o (;ato. dlrlglndo-so 11nrn lá.
- Na icnvoln do lof/Pt/e ~ <flll' mo pulplln. \'011 tirar 1·olsn IJOr cols11 ; dl,,;s1• u C:1•nto111·ln. oraslnndo-se tnrnhern.
Sú n11 coslnhn. o Jo1io Hatão t1omlr11H·a-s1• n ru,;to neu 1m11 pns!!m;. 11hciro11-so dn rorrrnlhtL " sorv<'u 1·om d!lllcta o cheiro do colclo.
Toi l'lnhlnhol ... Prrs11n! lnho! . .. nfLO noi;so reslsl Ir mais'? con fN;sou a si proprlo com!lhltamonte vencido.
·,J\lECyl\E C l\EANÇI\
que ele rno diz! ... tarlarnuduou a Carc'1chlnl1n. parando á sua porta 111111sl srm poder falar. Tan'o tempo 1mru ,.lr buscar o lcquo ... Oxalá me engane nos 111e11s pr1·s· sentiu1cntos !
E subiu a 1•sc11tl11 <11• galgáo. V'cndo-11 untrar. a Crnto1>cia descerrou 11111 110111·0 a
janela; os outros a!\H11..-;slnos renpnrccornm. - Agorn 6 q110 11 o golpll 1 soprou o Gato. - Eu jfl Psi ou arrn1H•ndhlo 1 murmurou o llol. tlan1ln
um p:ritinho do cornoçllo nos chifres. -Tnrnbom l'll ! i111splrnrnm os 011:ros qualro. - Pois ou nílo 1 rc111h1111 1nH1 o Galo. - Nlio niln1lrn: galo o rnlo. Odio velho nllo <'1u1ca !
masco11 o Hurrn. Picaram wclos 111111~ ou menos nensn!lvos. com t'\·
cep~·áo do Ci1t o, 111111 so lambia. De repente ou \'Ili->«' 11u1 lamentoso ch111n11nwnto:
- .Joáo fü1t;lo ! \lou .loão Rahlo ! - 1.á rsllí !'la a chamÍL·IO, coitadlla ! 1liss1· o Boi, eh•
lagrlma ao canto dos olhos e afastando-se, tru:llurno. rom os amigos.
,\ C!'ntop1•h• vollou para a sua l1ka. - Onde se mcterlu'? On
de? ,\i. que cu morro 111• unlção ! grllava !l C:11r1ichl:1IH1, eucostntltL 1111 polal cio po1 e, som so pot11•r t 1•r cm pé. De rcp,•nlu a su1L vista bnteu no <'aldolrllo dcslaJ>ado. Um rnlo do ht7. Iluminou-lhe o 1•s11lrllo. Teria ele'/! ...
Cllegou-su ao l'lll11t•lr11o. qulz vrrlfkar, mos o rurno n;io a dol xou. Com 11 mão a tremer. IH'A'ou na colher. rnet1•u-a lá denlro. revolveu r foi tlrnntlo de vagar, muito !11• viumr. com medo do c1111· lhe trouxesse a morte. Efe1•llv11-mente, veiu-lho a caber:t do Jo:io Halflo. Jf1 cosldi1. Alerraila, J;1 rgou a colhllr no caldo, e closntou a cor· rer- POhL casu. ern altos bérros:
-Quem mo nc'<'>tlc? Quem mo acode'/
Ai meu mar!cln. .\leu .João Batilo. Cosido o assado :\o caldt•lráo 1
O seu qurrlJo com1mnhelro a forvl!r 1· a rc•forvor, tal voz até cirlt'ruado por ela lá lor rrtllllldo a co· lher ! \'oltou {i cl11unl11é, tirou o cnldcirllo do luu11• e, abrindo a jancln cio l)ILr'
l,ovnntou a 1 nmp11 (lo rnhl('lrllo. ma.s uma bafornda de r111110 obrigou-o a r('c11nr. \dlunfou-so ele novo. mcl<•u a rn1i.o o retlrou-n ! Estava tonto. O nroma dos tcmpC'ros ombrlagllrao. Prrclou toda n noção do p r u d 1nwln. ' 'nrrernm-selh<' da mou1orla o leque. a missa o a 111·011rla Cnr6-chinha. Meteu uma dns rnão:o;, 11111luu n 011lra. do-1iols IL (:lllJCÇIL (' (llltllHlO se lncl ln1wa lltU'u nprocnder com o:.; 1lontlnhos um n:teo de prosunto. qur mulava no do cima. caiu clontro 110
IW11nrclo Schwalbacfl om par. gr llou novnmonll!:
Acuchun-11"v ! ,, eu -dam-me, <1110 MlncTou o .loiio H11l!io !
Dll uma carlculum Inédita de Hafael J3ordalo Pinheiro
calclrlrúo. soltando 11111 grilo lancinante. Lí1 ('lllu 1 slhil11rn111 um parn o outro n Ct•rllo11el;1 e o
Ga'o. qut• t•sta,·am 1í cs11reita. Pr·ontlnho ! responsou a Cento1>cia. Liquidou ! rrglstou o Gato. \'ou J(1 dar a •boa no,-a• aos nossos amigos! acrl's
cenlou cslr. csguclranclo-se pela. rscada. P. eu v11u para casa como se nada soubesse. disse
aquoln. Depois, conlomplando o calclrlriio urna runer11rla <ln sua vltlrna: - lcliola ! Se mr tons 11rt1 forldo. em logar dfl corroros ao chOro dos cinco r(lls, nlio c•slavas agorn ni a rororver ! E toca a safar. c111c1 clurn momento para c111lro 1>odo vir 11 Car6clllnha ... Quem a hn cio aturur? ~1t1s ó hom rolto ! 'foleironu ! Dolamblcln !
E foi rnotor-KC 0111 casa. Os oulros da cooJura alin1çavau1 o Cinto o fellclltL
vnm-no: Bravo 1 Brnvo 1
Ora 1 nílo rcslsllu. il lelou um 11<1, n1t•tc11 11 1m10 .... c·hnsc111cnvn o vil cumJ)licc ela Cenlom1 ln.
E 1Jra 1111111 vci o .João llali1o ! rcurntururu os cole-gas.
Lá von: a Carúchlnha toda apressada! avisou o 13oi. Surnlrn111-so lodos.
Em 11uo unsiedade trago o meu c·onH;ão ! Xito sei
283
Simulando a maior ignornm·ia do que se pmst1t1\'ll, os seis rrjoitados 1·orl\•t1rsa,·nm de no,-o á es1111lrnn.
- Que diz 11 Carúchlnha ·? ~lorreu o .Joiio Hlntão'l! Interrogou o <lato, com a maior hipocrlslt> ..
- Cosido e assado no caldeirão! gritou a l111follz ,-iuvinha. ·
- AI que grande dcsi:traca! Eu já aí \'ou! Eu .Jli ai vou! lacrlmejavn a Ccnto11eia. Ungindo-se clespcrtmdn 1l1Jlos grilos.
- E nós tnrnbcrn ! 1wrcscentaram os falso::;. amigos. O illOs<1ullo, Clll<' fld~ra a con,•erPar á snl<ln dia 111li;su t•
agora volLnva no jol'llal, dando pelo alvoro1;0, ln11ulrlu: - llll alg11rn11 novldn<lu '/
Mor rou o .1 0110 Hatlio 1 comLu1icou-lho o l'~orco ('0111 ar compungltlo. .
- Caiu 110 nlldelrlio! pq1llcou o Carneiro t'1\\bl8linlxo. E pormonorlsou o ocorrido.
Que nnt!clat't'li rrn 1 fo i o que 11rlmclro Mcudlu iw •reJmrtoro. ~las fumou um ar corl\'enlenltl e nrnt•ndou : - Qul! dcsgruçn ! Qut• grande• desgrai:a !
,\fastnndo-sr 1'111 lltll>SO gra\'l!. assim lllll' sr" \'Ili fc'tru das ,·lstas ullwlas spguiu dum \'ÔO para o •Z111111hldo•.
-AI. minha querida amiga, rol s<i o tempo d1• cnllar este Jrapinho 1m•to ! dizia a Centopeia. abrnçnnlu ú C.aróchrnha. E enxugando-lhe 11s lagrimns, ln 1>rrorerl11do
./L us TRA(}Ío ;PoRTUCUEZ/.I
as palnvrns sacramentnos: Então! EnliLO 1 Socog11(• ! QLIC lho hn do ruzcr? Nilo t l'm rt•mecllo sen110 resi· gnur-st•.
:-:110 hn resigna~-;1o possl\·el ! rt•spondln. ~oluçanle. a dcst·onsol<•da \ºiuva.
Um a 11111, os cumrllces (la Centopeia llPrNHmlaram a exrross110 sincera <10 S('U 111als ororun<lo JJ!'sar.
- Eu sinto 111uito ! lrcmollcou o Galo.
- Se rnr )JrPs[U\"ef pam 11lg11111a coisa ... ; orert'Ct'U·se o Por1·0.
Confor11111r·se é o que lh1• rnsta; acon;;cl hou o Boi.
- Os nossos sentimentos! g11g11rJaram os outros lres.
mullo obrigada 1 chlnhn.
-Multo obrigada. meus 11mlgos ! ro1>ella entre g(•mldos a 1>obrc Ciirc'>·
- Então. minha Iliba'? ... Entúo? ... conlln1111va no sou oapcJ consolador a Centopeia. Olhe que tanto cho· rnr fnz-lhe mui. ~: 1111 de estar rrncn com corlczn. Ynmos tomar um caldlnho, sim 'l \ 'ou-lho buscar a minha casa.
- Oh! Não m!l fale cm caldos 1 gritou a. Car6chloh11 doi;v iando 1t \'!sl11 de sobre o caldclrllo. '
Do limiar tia porta. perguntou com voz aba.riulu a Abelha: acom1>anhada da Osga o da Formiga:
Da-nos llt'(•nçn·/ E foram entrando as lres nos bicos
dos lléS. aconchegando os chulltos JlrC· tos uo l'eio.
- 1\h 1 mlnhns amigas l desatou cm nova. convuls1io do chôro a. <Jesolndll11. 11llrnndo·se-lhcs 1111ra os braços.
86 agora soubt!lllOS ! ... del!('UIPOU· so a Formiga.
- Disse-nos o ~losqulto. que está a CS<"rever um arllll'o mullo bonito a rrs· oello do Joúo Hnliio. adicionou n Osga.
- Que grnndt• <lcsgrnca ! nrrnru:ou dr novo a Car1khlnha, torn:u1do n abra· 1;(1 lns.
Correio 1 anunciou uma voz na cs· cada.
A Centopd11 foi á porta. e vollou dai a nada com um mnsso de sohrcsnltos tarJndos de pn!lO. donde rol llrundo cartões:
- Bilhetes tio pesamos, meu nmorslnho ! Nilo tardaram 11 Aranha e n \'nr1•Jolra. - Al. mi 111111 q111·rlda amiga\ chommingarnm tL~ duns.
nbrnç1mdo e beijocando a Caro!'hlnlu1, quo omllin dos· 11btlC011:
.\ unlca ronsolutiio que tenho 6 vêr cm \•olt11 de mim tantas nmlgm;.
Núo hu duvldu. afirmaram todas. A seguir. chegou o ~losq111lo, todo do prelo, tr1l7.t•ndo
unlla.da no briu:o umu grando corôn do vlolcla.s cou1 lar· gns lllas franjadas de ouro. Fez 011 (~lLmprlowntos do estilo o terminou 11olcnemcnlc:
- O ar t igo Já os1(l acom1>01-110. Esla coroa.ó uma ho· lll!'llagom do •Zumbido•. humlhlc. mas sincera.
P. u Cart'ichlnha, abracando o. cumovldisslma. agra· 1ll'cla:
-~lullo obrig11d!l ! Ele era. multo scu amigo! Num impulso avançou 11arn 11 1·haminé: - J\lcu .1 0110 Half101 Meu adorado .Jol&O Hatão ! fünbargaram-lho os passos e uraslaram-na.. - E' melhor sairmos daqui, lembrou a Conlo1>01t1. O
('al<lelriio ainlln lho raz pior. Amparando-a. dls1rnnham-so n lnâ·la para 111<11l inha.
l•:la, porém. l'nrHa•guindo dPSJ>rc•ndcr·se dos brn~'os das 11mig(IS. rogou:
Ytio andnndo. 11uc cu já là \'1111 ter. i\ão ! :>.i10 ! lt•ntamm opür-i;u.
lm;lsliu: - i\l>cna.s um mlnulo. Faça.m-111t1 1'>;[0. \·on•11t111. í'P\.'O·
lhos. Acederam. S11lrn111 o d.Jixariu1i.11n s<'>. Assim que s11 \' ili cnln'guc llvn•mentc (1 sua diir. a
C11r<'>chlnha ajoclh11u ,. mais 1111111 n•i soltou o sou lallll•nto:
284
Ai m1•11 marido. Mot1 .loão Hatflo. Cosido o assado No cnldoi ráo l
'Isto. urna lripcçn. qur Pstan1 nn cosinha. co:Ilc~'ºº 11 dançar. E ela com 1ms1110:
Q110 foz a tripeça'? Quo fa~ ·1 A dancur ºl!
111ns rcnoctindo:
,, ror111a é ,,,·, co1sa De rir ou chorar!
A porta entrou 11 abrir-se e a fochar·SI'. E ela conll· nuou:
E a 1J0rla cm seus gonzos 'J'111111rnm Já começa A abrir e a fechar 1
Estalou a tra\·c no loto. a quobror-so. E ela prossc· guiu:
A trnv('. coitada. Quo o tolo sustenta ! Assim so lamentn: JO:stí1-so a quebrar !
Um g<'mido dum J>lnhelro. ao fundo da rua., f1\·la acercnr-sc da janela e dizer:
J\lém o 1>lnlwlro Est(1-se a arrancar !
0t'J10ls, roparanclo ciuc dois passarl· nho:; po11savaui no J>lnhclro e arranca· \'um os olhos. !amontou :
E dois pnssarlnhos. Em lrisle pior, EshiO a cegar St•us lindos olhlnhos !
.\ fonte do jardim começou a secnr. E eln:
Na fonte, que corre, A agua já morro !
Por ultimo. ve'ldo chegar os infnntlnhos, que logo quebraram os seus pucarlnllos. murmurou com lOrnurn:
F. os ln ranll11hos Sn11s pucarlnhos Yão nela quebrar l
Yollou-sr para dlnllro e. atonlta. doparou-sc·lhn 11 rha.mln6 corwerlilla na 111nis linda gruta com uma grande (0 onch11 de nácar emperludo, donde 1:nrrglu o J\1nor. O poquonlno deus adhmtou-sc t>arn ela utnwez do C:\· J>aço, belJ011-a na to:1lt1 e, como o br_llhar dum rolnm· pago, d1i:1111)areccu rn1Jldao111nte a Curu1:hlnlrn. O A111or bateu m; azas e volatl !lzm1-se. A cho.mln6 vol tou ao sou J>rlmltivo 1•stndo, mns lnloi· ramcnt(• vasia.
\sS11->lados com a demora. quantos 1•sl1wam em n1sa (ia <:11r1íchlnhn abriram u 11orla da sala o sainun, Julgando 1.1uo a 01u:ontn1rlam 11oi;11inla· da. Mas nem Caróchlnhu nem cald1•lrtío 1 Procuraram JllH' toda n 1111rlo e nada t
Ao cabo de longas 1• lnu lt•is hl\'CSllgacõc:;, n1rlbuiu· se o c11..-10 a bruxedo. 1•: 11ln1la hoj1• sr d 17. no bairro thl BI· charla ~Iluda que. alla nol1t>. aparecem lá tinas 111i1111s 1>0· nadus: o .Jofi.o Rattío o a Ca· n">chlnhn.
A 1wnsar no caso, 11 l311rro morreu.
o rombo causn<lo no • lnclia1 pero lo1·pcclcume11lo
O OllE PORTUGAL' PERDEU NO MAR
~urãnte a GuG>rra.Europea-/ por NUNES~RO
Os navios apresados a"ls alemães. Os que perdemos <furante a guerra. Quantos torpedeados, encalhados, e abalroados. Capitães heroicos. O lndia e o Machico. 87.673 toneladas para os peixes. O que dos navios exalemães 11os resta.
N ÃO era ~rande nem em quantidade nem tonelagem a frota mercante nacional que a apreensão dos navios alemães, motivada, pelo estado de g uer
ra, elevou de uma forma para nós verdadeiramente notavel. E' que os navios alemães apreendidos foram ao todo 72, parte tomada nos portos do continente, parte nos das nossas colonias. Esses setenta e dois navios compreendiam vapores de passageiros e vapores de carga e tinham como total de tonelagem 243.002 toneladas e de capacidade de carga 416.940"'3• E' como se vê um importante lote de navios, capazes de
285
constitu1rem uma grande fonte de riqc.aeza. Parte d'esses navios foram cedidos ao governo ingle2 para em quanto dura3se a guerra. A c:nutra parte tem estado a cargo de Portugal, tendco levado a nossa bandeira atravez de todo~ os perigos e da guerra traiçoeira de um inimigo q:iue no de· correr d'ela bastas vezes mostrou nãro conhecer a lealdade e ter esquecido o genti lhormesco gesto que tornava em cpocas heroicas a 1guerra nobre e grande.
Ora Portugal durante a guerra peráieu muitos dos seus navios e alguns dos seus braavos marinheiros viram pela ultima vez a som\bra da patria quando .:om eles levaram para o <sabismo que os sepultava a bandeira bicolor da Republica. Perdeu alguns dos seus pesqueiros, J:PCrdeu inofensivos barcos de vela, perdeu tramquilos vaporsitos de cabotagem. Mas odissei~ marítima, a verdadeira e a grande, essa é a q~ue se refe· re á que os navios ex-alemães passarram. Ás in·
e 1 em e n e ias do tempo e ás inclemencias da guer· ra respondeu sempre calmo e certo o coração do marinheiro portuguez, com o desprendimento ao perigo e o cumprimento ai· tivo do seu de· ver. Não se julgue qne foram
O SUJ)Orhl dos cilindros. Enormo per.a qu<l a rxplosüo
eslilhaçou.
tres ou quatro navios que se perderam. Não. Foram 30 navios dos quaes nove estavam a caqrn do governo portuguez e vinte e 11m dos que li· nham sido cedidos á casa Furriess Withy & C.0
L.1d. Estes repre-
Peça ele m1tquinli;mo elo «lndia• pari.idas e lornadns inaprovcitadas 1icla explosão do toi·pcdo.
sentavam 69.076 toneladas e aqueles 18.597 lncalculaveis foram os serviços que os na
vios ex-alemães prestaram aos paizes aliados. Eles arrostaram todos os perigos e correram todos os mares, com gente portugueza. Quasi todos foram atacados. Uns foram vitimas da arma perfida, outros conseguiram salvar-se, evitando o ataque ou evadindo-se audaciosamente a ele. Foi o capitão do Mac!tico, Artur d'Oliveira da Velha, ao serviço do governo francez quem bateu o 1ecord do perigo. O seu navio foi o mais atacado pelos submarinos, especialmente no Medi lerrane0, então infestado de piratas, conseguindo sempre o bravo marinheiro com pericia notavel evi· tar o ataque pelo torpedo. Foi realmente notavel o serviço d'este bravo e habil capitão, gloria e honra de nós todos.
'\
Bomba ele ar. Estado a crue ficou r e1luzicla. TocJos cslcs maquinismos silo do lor1>cdeamon-10 <lo • lncliitt
286
O •Desertas• cnn1lhut10 na Cosia .Nov11 (Avoit•o) e sobre o qual 11111 s 11 b llHU'lno alc•n<lo rei alguns
tiros.
O capitão do lndia, Antonio L opes Ferreira, foi lambem
r /.
O canal que da r ia de Aveiro ú costa abriu a engenha ria portugueza pum J>ôr o cDr,sorlas• novamcnlc a flucluar.
287
um valente, habil e energico marinheiro que conseguiu salvar o seu navio a despeito dos estragos enormes que o torpcdeamento lhe causou. As gravuras que acompanham este artigo dão uma pa 1 ida idéa do que fosse essa tra-
ged ia. Peças de ferro de meia lo n e lad a de pezo quebradas como se fosserm frageis quelJ.radiços brinqu1edos.
J\s;sim dos navi<OS que nós ~perdemos temos logo em 1 91 6 perdido o S. /\vico1au de 2679 Honeladas que fioi torpe· deadr.o. Estava ao sezrviço de Portu{;gal. Tambem fcoram torpedeaédos o Cascaes ále 835 e
ILUSTRAÇÃO PORTUGUEZA
o Leça de 1911, ao serviço da Fumes~. Por abalroamento tambern n'esse ano se perderam dois: o Ilha de f-of{o, de 4314 e o Mira de 1663 to· neladas, ambos lambem ao serviço da Furness.
Em 1917 dos a cargo dos Transportes Maritimos perdemos o Bar1eiro de 1738, o Bôa Vista de 3666, o foz do Domo de 1677, o Ovar de 1650 e o Ttafaria de 1744. Dos cedidos :1 furness foram para o fundo nesse ano, por torpedeamento o Berlenga de 3548, o Caminlla de 2763, o Diu de 5556, o Espinllo de 740, o Sa-
/101/a de 3472, o Leixões de 3245, o Madeira de 4 792, e o Po11ta DelRada de 3381, que foram torpedeados e o Porto Santo de 2801 que se afundou.
Por este simples enunciado se vê quanto em perigos, cuidados e esforço a nossa marinha passou. Não se diz ainda do trabalho de reparações que foi insano, nem do que passaram barcos que apalpados duramente pelo inimigo não chegaram a ir ao fundo. Pelo inimigo e por desastres, de que ele era causa primordial. Esse /11dia que reduzido a um montão de destroços consegue salvar-se e outros cujas viagens são tragedias a que
:fftlttlllllUUll lllllllfltlttltllllllllltllllllllllUtllllllllll11111111111ttllllllfflllllllllfllllllllllllUlffttllllllllllllllllflttlllllllltllllllflllffª
~ Como ficou n 1mln do n1pnr c\'lt11rn• depois do 11b11lro111n!'nto q1u' i:;ofrcu <'ffi i ; llresl. ~
:,,,,,,, ,,, ,,,,,,,, .......... ,,,,,,,,,,,,,,,,,,tlfltllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllltll tlllllllfllllllll llll llllllllltflllllllll llllllll :
P,.res de 2986 e o Tungue de 8021, por explosão o Atemlejo de 4312 toneladas, por encalhe o Be/em de 1925 e o Setubal de 1312 e por abalroamento o Cavado de 943 toneladas. Foi o ano em que a campa11ha submarina se intensificou, fertil por isso em desastres como se vê.
Em 1918 dos nossos foram ao fundo dois por torpedo: o Biava de 3184 e o 01aciosa de 2276 e um por explosão o Santa Matia de 2663 toneladas. Dos a cargo da lnglate1 ra ha que abater ao efecti vo o Aveiro de 2209, Damão de 5668, o
288
só faltou um novo cronista. Podia reviver-se a Hislorica T1agico-Marili111a no nosso tempo.
Assim tei:ido nós tomado ao inimigo 243:002 toneladas de navios, só possuimos hoje d'essa tonelagem 156:329.
O maior prejuizo fo i o torpedo que nol-o causou, pois dos 30 navios que perdemos, 22 foram metidos ao fundo por essa arma de guerra.
Quer isto d izer que a quasi totalidade dv prejuízo que tivemos foi quasi exclusivamente devido á guerra submarina.
"Ilustração Portugueza' Pagina artistica 1 - Columbano
•VHUCTAS UE OUTO:.l'iO•
C:nlu111ha110 n inl onso" nrlulnal nwstre dtl pintura. porluguc:m intLUl{lll'll hoje a nossa pagina a1•llsllca c.:um uni cio~ sou:; quadros cio 11uJantlsslmos dcllu:; ti•• (' larn escuro.
289
AS NOSSAS
5 Mo.l9t u iho do "Po e· t o
PRA\AS- AL CVNS A..5P~ TO S O.A 5UA VtOA
.\ praia cll' S. \larli11h11 do Purlo t'• a praia tlast·rt•an c.:as. O 1nar qllPbrn ns s.-u~ i1111iétos 11a rorha •11w o dl'ítmtll', St!llclo dl'POIS ..... 1110 qué um 111a11so t:1K11.
\o sair 1111 r1°d1'. \IJarral'amcnto-n•sltlPlll i11 nu 1irniu do sr. dr . Cu11hal' Costa. Nu barnwn <lo c1•nlro \'•'·s1• 11111Psu 111• jantar. \ lsla elas cnseud;1s lil.t:ulns umu í1 nutru 11or uma pe((uena allurlura. Um aspi'·to <h• t•ruiu :i hora dn ba· nho. l 111 11s1uí111 1111 \'ilu. 1F'cw:11lo d11 l'!llll'llnha de st.• \ ntonio. 1•ntrc o F:u·lw e o Farot).- (cClichés• da sr.' ll.
~lurln Tt•rc•zn ~'·crard ~larlins).
/:lncora JI
U111 :is111•111 da 11rala. \' hnra 1111 b:111h11. - l'n·11ara111lo-sc para o banho \ a 1ir11l:1. (<Clid1;;~. llu sr. \ nl1111l11 Tt>I· .wirn. da ttcgoa).
290
<
Aspélo!! rla Hla <.J'Avolro APt\llha do ~J ollco-(«Cllchés• do sr. 1\t11n11ct d' \lll'Ou).
D' \ll atraente, feições insinuantes, estatura alta, desempenada, olhar
TE. RR A L 1 N DA 0.5 Pé SC!liJOaéS
quasi meistri, um tanto melancolico, andar pausado, 11oz serena e forte, de tonalidade musical, que surpreende, tez aspera e queimada pela incisão s Jlar e pelas ardentias maritimas, eis o pescador de A11eiro.
Quem d'ele se abairo, recebe uma impressão amiga, que mais se radica á medida que o dialo~o se acti-11a. O animo franco, que do seu todo se irradia, en11ol-11e-n?s sua11emente até nos desp?rtar uma crescente simpatia. Por \Ienes intienuo, quasi infantil, acaricia pensamentos, C)ue nos fazem sorrir. Nilo é que entre eles não haju tambem um ou outro de maliciosa perspicacia, reser11ado e ladino, principalmente, quando se trata da de'eza encuniçada do seu interesse indi11iduat. Mas, qualquer d'estes constitue uma infirna minoria. urna quasl e3tranha excéção. E ainda bem.
Em qeral, o pescad )r de A11eiro manifesta-se por uma bondade ingenita e sã. O!dicado por indole, não olha para uma desgraça que não se confranja, não surpreende uma ansiustia, que não procure sua11isar e mesmo extinguir, se tanto Puder o seu e3forço.
Alma la11ada, rompe em impétos de linguagem afir-11111ti11a, que 11ai até á arroqancia, se o contradizem. N'um momento, porém, essa troante e subita loquaciclade, que lhe sacode rudemente os ner11os, esmorece, decai, desfaz-se ... , similhante á 11aga alterosa que, arri piada por adusta rajada, esbra11eja, espuma, e losio 11ai tombar na praia, soluçando n'um murmurio ...
/Jr> l(_PnAtu de /Y/ e> (o Fr10 n co
.. O seu tipo, de inal
tera 11el distinção, é originario (afirmam auto-risados in11e~tigadores)
d'essa rcmotissima raça pelasgica, que nos tempos prehistoricos ocupou a Grecia, o Arquipelago, o litorial da Asia Menor e a ltalia, e, não chegando a constituir um corpo de nação, foi mais tarde reduzida á escra11idllo pelos helenos, sem lhe 11aler as ciclopices muralhas que á sua 1101ta ele11ou, construidas de enormes blocos de pedra, que julga11a in11ulnera11eis, não ob3tante não ha11er empre~ado n'elas o cimento. ,'v\uitos, qwe conse$1uiram subtrai r-se ao jugo dos 11encedores, dem;andarani no11a'l regiões e, ainda por espiri to de a11entura,, arrosraram os embates do mar Mediterraneo (More Ma:igr111m) e transpuzeram as famosas colunas d'Hercule:s, (Estreito de Gibraltar), costeando o litoral luzitano piara norte. Cati11ados pelos estranhos aspétos, que lhes; sursiiram. em aparição de magica, á sua 11ista deslunnbradn e lhes reproduziam com flagrante realidadP. a watria lonsiiqua e saudosa, por aqui se estab:!leceram e crrearam família, que mais tarde se condensou em colonia ..
E', portanto, d'estes que promana o a11eircnse e tombem o ilha11ense,o aguedense e o 011arren:ie.Tambem
em Viana da> Castel•1 e na Corunha (Esp>anha) se acentua o mesmo ttipo, c111e secaracterisa por uma admira-11el har monia ále proporções, porte esbelto,. linhas elegantes e fisionom·1ia atraente.
Genio de creança em rorpo d'hercules, ternura de mulher em arcabouço de gigante, expressão de santo em fisionomia espera, abnesiaçllo, sncrificio de martir em espirilo rewol uto !
Hia d' \vdro E111qua11ln n 1•1•nln 11lio rcfreMca (Bm·co~ 11101icciro~).
E caso sirngular, inexplica11el até ngo1ra! Estando n mortuense (a cquem em Lisboa se dá o ncorne generico, mas errado, ále l'Orino) en· era \lado entre ~A 11eiro e 011ar, o seu tipo afiaste-se considera11elmente odo dos outro~ po11os 11isinhos,1, niio s<'> na sua plastica, coma:> na sua linguagem de tom 1 rude e no seu caracter brawo, ferozmente desconfiadoi e iianancioso. E' certo, poorém, que em
no~sos dias, por consecutivos cruzamentos, iá se tem qua~i desvu· necido no mor· luense o seu a•· p é to primitivo. Emquanto o aveirense e o ilhavense, sobretudo, se definiam por uma eNplendida propriedade estéti· ca, o mortuense ou morluzelfO, como geralmente
cuida 1-.s com osíilhos,jáacalentando·os nos braços, já em· balanclo os no berço, cantando-lhes em voz dolente as dõ ces canções da sua almapater· nul.
é de nomina do, '.~~,~~~~l~ii;iiiiiâ~i não se subtra ia ú sua provictn for·
Muito agarrado ao t orrão nat11l, ~raro deixar-se fa!I· cinar pela miragem da emif,! r ação. D'ai, talvez, o epitéto de cagnréo, como o acoi-
t-:1m1unnto sr cosinha a 1·ald••lrncl11. (•C:lichú• cio ~r. ~lanucl cl'.\brt•u).
111a atarracada, fel· ções grosseiras, mal esboçadas, tez alarreada e sardento, cabelo curto, anelado e ruivo. A sua voz (! d 'um a aspereza, que fere. Nem suavidade, nem graça. Não !le assinala pelo es· mero da frase, e as palavras rompem-lhe dos labios grosi;os como pedradas contundentes.
No fundo do seu c a r a c t e r adormece um sentimento devoraz cubiça, que ú mínima contrariedade acorda em impétos de b r u s c a crueldade. Plantado entre 03 seus visinl1os é, por assim dizer, um enxerto exotico n'uma ar\lore louçã. raz, por isso, supõr o
Antonto da Ut•111.it, .1rrolrtd1J 11r,c1.dor, fn 0 r t U e OSC Oriundo :i~1~1'i1~'b1~2r.:,nº,1,."n1',;~~u•u,;1,~1 801:i1~1~~~~~~7 d'uma raça barbara, >'OnlflOSln ''º a~ "º"''"'"· Conlo •luol- talvez d'al<,.!urn remo "'"º1º ~2 " ºº'·11<,:~.11 1;;:;~· ''ºª'· Alb•rlo saxonico, que ainda
se ignora con10 para ali veioestatelar·se n'umas are61as movediças e ingra· tas, que, na 11crdade, a sua tenacidade e raras qualidades de trabalho, tem vindo transformando em terras araveis, de extraordinaria fertilidade.
* Sobresalndo o pescact"or de Aveiro entre os demais
elo paiz pela sua atitude varonil, graça de formas e perfeição fi sionomica, é para considerar que n'ele actua, decerto, uma origem singull!r. O seu espírito é ele1111do, rasj!adamente liberal, a sua alma amorosa e a sua indole d'uma terna bondade. A rudeza das sues maneiras, quando no labor da faina. amacia·· se e qua· si se desvanece ao contacto d'um afago de mulher ou sorriso de criança.
A beire-mar, sobretudo, desentranha-se em prodi· gios de carinho. Chega a pasmar como n'dquele arcabou· ~·o se abrigue sentimentalidade tão i.ienerosa! Desinteressado, solicito, sincero, de extrema urbanidade, privase mesmo do nccessar io para que o seu prestimo se valorise. E sempre jovial, afa11el, cortez, não ha canceira que o quebrante, nem desfalecimento que o faça baquear . .
Depois, chegado a casa. apoz a trabalheira de to· do um dia, oseu regalo é ver-se junto da companheira, chegando mesmoasubstitui-la nos arranjos da casa e nos
1110111. Geralmente indo· lente, não o seduzem as grandezas alheias. O ilha· vense é navegador. O ova· rense é comerciante e nó· moda, assim como o mor· tuense. O aveirense contenta-se com o que frue dia a dia, resignado e pacifico, contente e parco.
Atl'l'I 04 nubrlol A n..;a . vohrnlt• lo hO tJo '"ir. (pl O Laolog vldClM lOIU !ilfth•O , 861ld0 11111'1 (I Ul8UllStnlll0· rOR llr-Ot'ZAIJ u f'ocorro que IJr~•· h>u "º' naufrttil(i>• do qqlOr frl'u• e,.~ •N•tallt•. Conto alutlmtnh' 1H ano1. (Copio d"1un:. u.ntltto
ll(tavura)
Em momentos de larito vagar, <1ue lhe consente a braveza do oceano e a persistencia do temporal, não foge á tentação da taberna. E' o seu clt.b, o seu principal centro de palestra, que, ordinariamente, só procura pela noite, pois que durante o dia o amanho da bateira ou o concerto das rêdes o solicita e prende.
N'essas permanencias forçadas é a consorte quem, o mais das veze3, supre as inadiaveis precisões casei· ras. Nào se detem: corre a adquirir pesca importada, que expõe no mercado, ou vai, de canastra 11 cabeça, pelos arredores apregoai-a cm correria atarefada, só regressando pela noitinha, quando na algibeira lha ti· linlam as moedas, com que ha de abastecer a casa no dia seguinte.
O marido já lhe tem a refeição preparada, mal ela chega. Cosinhou-a pelas suas proprias mãos. Poi ele que, na sua ausencia, ameigou os filhos, os lavou, os vestiu. E se algum d'eles, mais rabujento, se deu a espoli· nhar-se em berraria impertinente, foi ainda ele que o tomou nos braços e saio a espairecei-o até ao caes, bem enrolado no seu gabão de burel.
Quem melhor do que o pescadvr de Aveiro, para condimentar uma caldeirada? Ninguem o iguala.
D'um aceio até ao escrupulo, a marmita brilha, como um espelho, e o peixe, que dentro lhe lança, res· plandece, como prata. O perfume, que se evola, embrias;ia, perturba, desafia o apetite mais renitente, Bem Fervido e esc11111ndo, o caldo corre em malgas, onde pedaços de borõa foram esfarelados á mistura com pilo de trif,!O, estorcegado em nácos. Emquanto a sopa ~e abebera, uma larga bacia de barro vermelho vidrado ostenta o delicioso acepipe. A caldeirada fumega, provoca, regala pelo sabor apurado. Ninguem lhe resiste. Todos se atiram a ela, regando-a de tempos a tempos com sequiosos goládas, sorvidas d'uma cabaça. Como remate, esvasiam-se as malgas de sopa.
Experimenta-se um sadio prazer. O sangue refine á cara, o~ olhos scintilam, a bJca escancaru-se em fran· cas risadas. E' entiio que o pescador, rejubilante e en· vaidecido, pega da guitarra, espreme as cordas em harpcjos de cristal e derrama no espaço o som plangente da sua voz :
N'estas paragens riso11!tas , (J'o bom Deus abençoou, A alma t! feita de beijos; Beijos de quem nos qero11.
ATUALIDADES
O OESC.\HHll .. \~JgNTO llO CO~IBOIO DR \'R~l)AS :\O\ AS
Os prinwlros trabalhos
l.AMEOO. O andor da Senhora dos llomedlos.
Experle1wla \1(1 tro.ctorns ugrkolu .. -;.
l"ol o dPSCUrl"Ílanwnlo do t·omb o 1 o tlc \ '1•11t1as Novas, um e1·1m1-no110 alo uo •tmbotage•. o acontecimento ruais lm-11orl anlo ela noss.-1. r o portagem rotografka. CondPn:ivt•ls t' 1"1'.e1·randos. cslt•s a:os. n ,. m tõ111 alcance Prnlico, nem nolllll11un u <"lvilisat1i11 d <' um PO\'O St•n·om a111•11as para mosIrar que o 1111 111 1·111 10111 ainda alguma l"Olsa de íéru. que o tempo lho nilo ronsoguiu e 11 m inar.
A 111a<1ulno. dt•st•urriloda
\lonsenhor .loaq11i111 da Slh\"a Scrrnno. 11nligo prior cio Belas e ronego
1111 Sé do Lisboa, rcr.onli!111t.'mlo íuleddo 1· 111 Lisboa.
Os C\t•rdcios dos nlu nos da Esrola de Ciuerra
293
A posse do novo O 5 de Outubro
O 11r1•sl11t•nte c1ue 1mrlt•. O -11n•sldente q111• (°)ll'f{ll.
w. /.,f't)- ---'--~,. \'.· ·~·~ - ~ j
As n.ossas fotografias d'\o o presidente sr. Can- j to e Castro deixando o palacio de Belem onde exerceu desde Dezembro de 1918 até 5 de Outubro o cargo mais elevado da Republica. O cocheiro espera apenas as pessoas que o acompanham para se pôr em marcha. O presidente está sorrindo, havendo em todos uma certa comoção.
Os restantes «clichés» mostram o presidente eleito chegando a Belem e encaminhando-se para o Palacio. O sr. dr. Antonio José d'Almeida, hoje investido solenemente na chefia do 1:stado, sorri e conversa amenamente.
.\caminho do Paln!'lo do l3olc111.
O novo Presidente lendo a sua alocução pernnt~ o A• es.·querda. a tribuna do Corpo Dlp O· r.ongn•sso.
matico repleta. \ntonln José 11· \lmeida. ai:tradec~,·mlo ao O !;r. Dr.
povo. ú :;aída cio Congresso.
Foi um ato imponente a posse do novo Presidente, sr. Dr. A n to n í o José d' Almeida. A sala oferecia o a.-:pêto festivo e sol e n e dos acontecimentos festejados. Com voz forte e bem timbrada S. Ex.• prestou o juramento e leu a sua alocuçi(I, peça patriotica e cheia de a f i r m a ç õ es q u e mostram o seu desejo de cumprir e respeitar a Lei.
A C r-:1 R.I C. (-1 T U R.A
U.\IA HECITA OE G:\L.\ ~:\ •OPl.:rlA• O qnc so1·Ja cm Franca o figurino russo
pis inglez já poz ~s coisas no são pa· ra, quando elas vierem, não haver espantos nem admirações.
A revista americana uLifen essa não faz caricatura, foz fotografia social. uOs ditadores., são os operarios qtie veem exigir menos horas de trabalho e maior salario. Se o patrão não chegar a ganhar doze vintens por dia, quotizar-se-hão entre si para prefazer essa importante soma. E o~ 11dítadores• ditam, mas parece que o que eles ditam nem sempre se escreve.
Sv.cunAMENn:, apesar das guerras, dos cataclismos e dos desvarios ainda ha quem pre~te culto ao riso. Ainda haquem
ria, talvez o riso bom de Democrito, talvez o riso fusti~ante de juvenal. Seja como fôr, o que é certo é que mais uma vez a voz da antiguidade se afirma pela voz de Platão para dizer que o homem é um animal implume ... que ri. Ri e ri com espirito. Ora venha o leitor comnosco e olhe essas caricaturas com ·o enlevo com que olharia bons quadros. E' uma digressão pela Inglaterra, pela França, pela Jtalia, pela America.
Aqui tem por exemplo o que seria uma «SOi· rée», uma noite de gala na Opera, se os bolchevistas mandassem em Fran<,a como mandam na Russia. Ora olhe e veja como o quadro está cxacto. E' a multidão do galinheiro que ocupa os togares do corpo diplomatico. Onde havia casacas ha maltrapi lhos. Onde havia senhoras ha a escoria das mulheres. Pois não é uma critica? Pois não sen1 todo um substancioso artigo de fundo esta caricatura, esta 11charge .. , esta visão da realidade? Mas o bolchevismo é o pr ato do dia. O bolchevismo é a inversão de valores. Onde estavam os grandes passam a estar os pequenos, onde estava o burguez passa a estar o «mcneur» da revolução. Ora veja-se como o lapis ironico do caricaturista visionou uma sessão do parlamento bolchevista. Os argumentos são granadas, os factos são tiros de canhão, as afirmações são séries de tiros de metra lhadora. Um ideal de parlamento como veem, para os que não podem passar sem a zaragata, a bernarda, a revolução.
A vida de uma rua de Londres quando o bolchevismo lá chegar já vae sendo adivinhada pelos sacerdotes ela graça e da irPnia que são os homens ela caricatura. Tal qual como na Russia, os varredores passaram a marquczes e os marquezes passaram a varrer as ruas. Um ugentleman .. engraixa as botas a um vadio. Outro dá paulatinamente ;\ sua caixa de musica, esperando assim ganhar a vida. Uma loira «miss» vende fruta n'uma carroça de mão. Emfim, na Russia, os gener aes passaram a mendi<Jar e os banqueiros a creados de «restaurant». Pois o la-
Agora o riso ameno. uA Paz.,. S. Pedro ã luz d'uma estrela, debruçado á janela do infinito, como diria Guerra Junqueiro, contempla o mundo. Mas o mundo que ele v~ é 11111 mundo a esboroar-se, um mundo rôto e velho. Cho· ve n'ele como na rua. Quanto á scena da apresentação os senhores estão a vêr o sr. X autor de um metodo de triunfar na vida. O homem é a obra.
Um dcpulado bolchevista, ria tribuna cx1>óc os seus argumentos (lk li . t,cnwunicr)
296
APHESENT.\Ç,\O
:PcrmlhMn1• que lhe apresente o sr. Tarrcmplon, autor do excc-1.-nlc lino «.\ artr do triuntar na vida•.
(l>O •L O Pele-Melo>).
E o pobre autor tem as botas rôtas, o fato rôto, o chapeu rôto e quanto a dinhei ro, como pode ele coalhar dinheiro se as algibeiras estão lambem rôtas. fdlta de linhas para as coser? Não. J-al ta de dinheiro para comprar as linllas. São sempre assim os que inventam metodos para triunfar na vida.
l la ainda varias caricaturas por esse mundo que são bem curiosas. Por exemolo : Uma caricatura rranceza dá a ultima aplicação do gramofone.
E' n'uma estação te:efonica. O gramofone rcspo:1dc aos sub;critorcs : •Está impedido. Dt: lá não re;;pondem. Não tem tele· fone•. Entrctanlo as meninas lêem Paulo de l(och ou contam historias engraçadas.
OS DIT.\OORES (Da •Liíe>).
297
A PAZ?? (Do •li Sl'roto XXI)
() llOJ.C:Jlln'IS~IO NA ING;J..\'rJmH \
O c1u1• s••ria 11 rlcspcrtar de umru rua de Londres (De rTfhe l!yslurHll•r>).
Parece piada? Não é. As meniinas de lá são corno as menina; de c~. Pois se a g>. ofissão é a mesma como não havia de ser o mesmo gramofone?
"La Oaionncttc .. preconisa a nnctralhadora para os caçadores. E mostra como eela dá resultados. Um c,1çador disparando e inó:lo cortar o rabo ao cão que pincha e salta, doriá;lo de se ver c u;ado por engano. Quanto a caça .... nem com metralhadora.
Como se vê o Mundo ri. Ri !bem porque esse riso, encontra eco em nós tod0>s. E pelo rho, já o dizia o outro, não só st moralizza, como t.imbem se castiga.
Vida
O ilosast ro .(lo C11.-111inho de fi'Nro cio ,\lo11!C'. no Funchn l , c·onlrlslou lllio sr'1 a po1111 la~.,10 da formosa ilha c·omo loclus os que ti\·cr11.111 cl'<'lc conhcci111cnto. A cnld1•ira 11a 11111-qui rw 1111r r:qilncl iu mato11 o maq11 i11 is· ln, o roguc iro. unm l'!llll!>Olll'Zll O Ulll dos passag1'irm;,dpix11ndo outroi; l1orrlv!'lmente r1•ridns. Com a violcncia !111 !''l>losáo Pia. <llll' 1wsa duas lnnl'l:ula". foi projélada sohr•' uma casn que d<'H· !ruiu. Uma elas nos· "llS graviiras llHl8· t rn como ela 111·011 c•ncrn ''adt1 cnl rn a» p11rc•dcs dorruldus.
\ endo º"" deo;tro.;o,,: - A e1ldelre da ma11ufnQ cp1t- foi 1•r0Hlado a 200 m1•tro"i de df1'ltnnda.-A mo•111ina dttnttlt• .. oa, -O corre~pon tlent" do c.Seculo• no Yunchtal. o ator Jorge tiH\e e 5ua e ... 1..,ba. no local do !ilnl,..trv.
l•'osl.a em Cat1l(llns a favor dos mutllados da. guorrn. ,\ comissfio elo senhoras cnc1U'f'<•gndas da 1<crJn(•ss1•: D . .\lecia .\lonlolrn n .. \larlll Burrolo. D. ,\larla Fra11co Lima e V. Maria~:. ,\l!'>i!IUlla.-Gru. 110 vl'ndo-sc ao co11lro o sr dr. Amor de ,\leio que foi o lniriador
da rosf a o (llJO llO •SOCUIO• On1 l'l'IWU o seu 1>rocluto. («Cl iCJ)c\!\• E. Cros1)().) Ponllz branca mort1t PPlos caç1ulor!'s de \'ila Franca das X:wl's. .\t' festas da P11z 1•111 Castro \ '!'rd<'. O cavaleiro amador .José <õ11Nrc•iro Scml;io .J." Que lomou 1mrte nas corridas.
O Nlilll'lo dos Pa(·ns do Conrelho onde foi orl'r<'ciclo o jantar aog Hlildados ox1>edicionarloR. - Grupo, vendO·so (1 fr1•11te. o alfcrc•s ,\lurlinho Figueira, filho de Castro Verde.
298
-O MAIJ JABOROSO CHOCOLATE.
L~r90 do Límoeiro,10 -T.-3694 ·- C. Rub d~ A l e_grill. ,30 -T.-2208 -C.
LISBOA
ru passado. o presente e o futuro ~:r:{~:~cfil'~:mi:na: '1 fisionomista da Europa
t M. ME BROUILLARD ,.,/~.~ Diz o passado e o pre-
DOENÇAS DEPEiTO TOSS!,C~IPP&S,LAKVHCITt:.BKOHCHIT!,
RESULTAS OE COQUELUCHE E OE SARAHPO
sente e prediz o futuro, com veracidade e rapipez: é incomparavel ern vatlcinios. Pelo estudo que fez das cicncias, quiromancias, cronologia e fisiolo· gla, e pelas aplicações praticas das teorias de Gall1 Lava ter, Desbarolles, Lamorose, d' Arpenligne.11, madame Brouillard tem percorrido as principaes cidades da Europa e America, onde foi admirada pelos numerosos clientes da mais alta categoria, a quem predisse a queda do imperio e todos os aconte<:lmentos que se lhe ee
~ulram. Fala portuguez, lrancez, inglez.1 alemllo, italiano e heseanhol. Dá consultas diarias das ~ da manhll és li da noite em seu gabinete: 43, RUA DO CARM'2 43 (sol>re-loia 1-Lisl>oa. Consultas a 1.000 reis, 2t500 e 5'00() r6ls.
Sob a lnftuencln do 00PULMOSERUll" A toaae oocega-oe fmmedlat.amente.
A fel>re deeoppareoe. A oppreasao e •• punf?adaa na ilho.rga sooegam•e.
,. roeplraolio torna-se mm faoil. O a"'ppetite renasce.
A eaude reapparece. A• forçaa o a ~recobram 'rida.
f11rabalbos t~~~!~~~f ~A~~1,1~~~~ ~ generos 1 " ILUSTRAÇAO PORTUGUEZA" UIPRECAOO NOS P0$PITAE$. APRtC>lllO PELA MAIORIA
00 CORPO MEOICO FRANCEZ. DPUIMENUOO POR IWS DE 20.000 MEOICOS ESTRAllGEROS. Rua do Seculo, 43 LISBOA
fll TIOAS AS PHARllACIAS l OllOBARJAI
MODO O! USAL-0 limo tolh1r dai d1 .'~ manh4 1 pila no/11,
Lahoratorios A. BAILL Y 15, rue do Rome, PARIS
CASAMENTOS DESEJAM casar-se logalmenle uma sonho· ra vluva, brnzllelrn. <ll11na e lns1rulda, de ~ anos. sem rllhos. o com rortun:t superior a 70 con•os. dos Quaes a mnlor parle está em lnscrlçõe&, e uma me11111a orrà. de 18 anos de edado actual 111eo1e uum recolh l men10, tnstrulda, elegante, rllha de dlsllntn ramllla. com dote de 38 contos. com hor»ens honestos e qnc possam provar a sua <llgnldnlle, exigindo-se sérias tnrormações, embora não possu:un grandes meios. Quem se Julgue nns condições dl· rlJn-se (com sêlo pal'a resposta) a M.Club of New-York-Porto. Responde-se a iodas as car ias e guarda-se absoluto segredo, Esla casn Ji\ lem r011llzado dlsllnros casamentos em Portugal e outros mui·
rosque Jâ estilo em rclaeõe• dlrecrns.
~ompaobia do PAPEL DO PRADO
11c1m..a uo1,.a 111 m,1wo111a11111aw1
Ações .. .. .. . .. .. • .. .. . .. • .. 360.000800 Obrigaçõ~s............... •• 2lll!.6.30$00 f'undos de reservo e amor-
tisaçllo .................. 300.000.00 t.scudos ...... l:OJ8.~
SEDE EM LISBOA. l'ropriet11ru1 das 18· IJricas do Prado, Marianai11 e Sobrerrlnho ( 'l'omar ), Penedo e Casal de 11erm lo( louad J Vale Maior ( Alber{l'arla-a· ~e1llaJ. tnst11la· das pare uma produçAo anual de 6 milhões de quilos de papel e dispondo dos maquinismosmaisaper1c1çoados pum a su11 industria. Tem em deposito grande variedade de paf?eis de cscríla, de impressào e de embrulho. roma e executa prontamente encomendas para fabricações esveciaes de qualq~er quantidade de psge1 de maquina conllnua ou redondu e de 1 rma. Fornece pupel uos mais importantes iornais e publicações periodicas do pniz e e fornecedora exclusiva das mais importantes companhias e empre· ses naciono1s. - J;scrltorios e deposllos: L.ISBOA,ll7U..1. rua lia Prt11ceaa, !dlfi. PORTO, ,y, rua de !'OSSO$ Ma11oel, 51. -Endereço telC11ralico em Lisboa e Porto: Companhia Prado. -1\.• tele!.: Usboa, 605. Porto, 111.
Perfumaria Balsemão.
141, RUA DOS RETRDZEIBOS, 141 TE.LEPHOHE H~ 2777·LIS.BOA·
Menstruação Com as menstruinas reg.1•
Aparece e sem inconveniente no mais curto espaço de tempo clRde a •ua origem tonica e reconstituinte sela que( fOr o caso que se empregue. Resullados garantidos.
Caixa com instrucçues 2'00. Lab. e Dlt!>OSfto: V. Perr~o. L. ds Seude, U . -l~uint•ns, R. de Prnta, 191.-Az~vc· dos, Roclo, 31. - Netto Nalividade, Roclo, 122- LISBOA.
·tº.'ª MººELº ~eªsea~P~~~i~~~~ _ UU U e meias. Uma visita ao nosso
estabelecimento devem Vv. Ex."" fazer, a titulo de experiencia.--
ROC/O, 4 e 5 Telefone 2:566 --·---.... --. ------RUBI
le1e1one: Cenlral 3851
Iluminação, higiene e aquecimento.
120- R. DOS RETROZEIROS-122 - LISBOA -
XAROPE º"
IODO E GUCEROFOSFATO ASSOCIADOS
para tratamento das
CREANÇAS t'aqultlcas, escrofulosas, llníatlcas
Substitua o Oleo de Figados de Bacalhau e o Xarope lodo Tanico.
com a vantagem de ter eabor agradabiliseimo.
r a medicação propria dos climas quentes
FORTALECE AS CREANÇAS ABRE-LHES O APETITE
Todas devem tomar a
PEDIDOS A
DAVIT A, L.DA 83 ROA IOOINIO DOS &A.l<TO&
'-&MBOA.
XXII ANO- N.0 1139 SEGUNDA FEIRA 13 DE OUTUBRO Df 1919
l/lltEllCNTO llU,llORJ$TICO 01 /
o SECULO
Redaçlo, Admlnletraçllo e Oflclnes-R•• •o Seculo, 4~Llaboa
BOLCHEVISMO IMBERBE
- Poquc me pende, sr. policia r - Porque o menino estava a dt'ze!f que devia ser sttprimido v exf!Zrcito ..• - O' sr. policial E.« ref~li~-m~ f:Z"!·~ f§g{dadirzhos de· chumbo .•.
O SECULO COMICO -2-
Hão vale ralar PALESTRA AMENA 1.0 -Cessa a relutancia que toda a ------- ----, siente possue em dar-se á prisão. Lo-
go que uma senhora diga: «Siga-me!» r h d' d' t
e f t clUal é o homem que se atreve a resis- . Contam ~s. ol as que um ia ~s cs on or o tir ao convite? 1a um pol1c1a n'um carro cle~trico e 2 o_ Uma das manias dos ladrões, no mesmo ca~ro certo assassino, .ru-
Deliciosamente acomodado e!" seu é, ~orno se sabe, não quererem resti- gido das cadeias e 9ue um pass~ge1ro leito, com uma temperatura axilar ~e tuir 0 objéto roubado. Ora, se um sia- r.c~onhcceu, dc11111~c1~ndo-o ao dito po-39 graus e meio, j. Neutral está d1- tuno em almar um relogio uma bolsa lic1a, o qual se Imutou a encol~cr os tendo e redistindo esta palestra, gra- etc e s~ uma dama poli~iel piscar ~ hombr~s, de n~odo que o assas~mo se ças a um esforço de vontade que o olh~ ao patife qual é 0 que não põe escapul111 sem 111co111odo de maior. leitor muito deve lou11ar. porque é o 1 r t 'd v 10 1 e os Nada temos que ver com o caso, leitor quem lhe impõe esse sacrificio,1ogolaraª 1 0 os os ª res q 1 P - que está bem dentro das cavalheirescas aliás gostoso de cumprir. su~., 0 ue mais contribue ara que Ir.adições oortuguczas e se a ele alu-
A tal estado che~ou j. Neutral por a olicia ~acha se distraia dgs servi- dunos é po.rgue nos lembra outro, varias c_ircumst~ncias, entre el.es a de co~ que lhes estão cometidos é, evi- lambem policial, que revelamos por_ s~ te~ visto ~bn~ad<i, após rn111tes pe- dentemente, a influencia que sôbre ela npec1.as de vilesi1atura, ~ acolher-se á possue 0 sopeirame da capital. Talinbene~1ca. hospe~aJ.!em dum albersiue fluencia deixa de existir logo que a da F1guc1r~ da foz que dá pelo nome policia seja fêmea. de /lotei L1sboT1ense: do excelente aco-lhimento adveiu-lhe, entre outros pre- Muitas outras razões poderiamos calços d ·somenos importencia, a asira- aduzir a fa11or do nosso tema, mas só dabilissima inter ite que atualmente o mais uma apresentaremos e essa afiretem na cama, a recordar uns apeti· gura-se-nos ,suficiente para f~zer calar t osos memis de sardinha, pimenta, se· qualquer ob1eção: a eleganc1a do corbo e outros in!lredientes, com que no po policial feminino, com pausinho e referido hotel fizeram jus a uma mo- tudo! destissima diaria de quatro escudos, incluindo o direito de permanecer n'um --- ------------
--
aposento terreo, com um espe111oque-1 Outra vez! brado, duas cadeiras mutiladas, uma que a pessoa visada já 1:\ está na terra cama com um enxersiilo de calhaus e a . . da verdade e não ha perigo de que o companhia permanente d'um exercito ·'·ª "'' anunl'iou '' boca. ll•:t1ucna n•!''ª g~verno a premeie com alguma con-alado de moscas e mel!las e d'outro, im·.' e il111wss•~al rrrrn-\'lario. 11111· ' ""11• ã
d d. · t ,. 11111110 lwm nao se r ealt:;ar, mas 11111• ttecoraç o. . . . . apt~ro, e 1versos msec os que n .. o 11111,,. muito mal realisar-si' drllrn- Trata-se de um com1sano de policia designamos pelos seu<> nomes vu1$1ares mi·nl<·. Jll'lo 11uc f ron,·••nírnh• 11uc o ela capital d'um distrito do sul e que porque somos bem edu.cados. . 1111hll1·0 ::e ni 1m•1nmuulo._ era a pontualidade cm pessoa, quali-
Recomendando o dito estab~l~c1- w rlnro qu1• mullas ltlf·a..; n!'" ol'nr· dade primacial cm todo o bom fuu-mento a todas as pes'ºª' que v1a1em ri·n!. ª" 11uals. 11os1ns. em 1>rn1tca. e' 1· cionario publico. U m dia, ou antes, e que descje.m obter os oito dias de lar:w 11uc :.w fat;a sentir n falta 111' " 11111· urna noite, tendo chegado ao comissa-perna estendida que e~tamos ~osendo riado um telegrama com a nota de ur-
1 (o!I? dias, no dizer d'um abalisado ~· ~ gente, um do~ guardas correu a ~asa cltmco), pomos termo a esta palestra, . rfj} do referido cidadão todo esbaforido: que não é tão amena como de costu· · . 'lr - Sr. comissario! sr. comissario! me, por motivos ob11ios e temos muito t. ' \: Que é homem ? prater em afirmar que o llotel lisl.o- "i~ - Está ~qui 11111 telegrama urgente nense da Fillueira da f'oz é o que se r~ ~ • • • para v. ex.•. pode chamar um hotel ... e pêras. l•...,· ... 1 O nosso homem, indignado:
O' sua besta! Quantas vezes qu::-J . }Yeufral. hulos. mas riarrcr-nos ínulíl 1•xnr,.1as rcm que lhes repita que sô abro a cor-
1111111;;. 1>nrquc uma basta narnqut' c111;•m respondcncia á s onze horas da 111anhà? tonha 1u•(·cssích1d<' 1lc vlnJi\r <Hr d1• so Tem o merito de não ser mentira. sor\'lr do lrnll«O fcrro-v lnrro rlq111• ln·
--------··------Mulheres policias Lt• f f'all\01110 soccgado.
\ 'rm n srr a s1lg11inlr: ter S('l)l lll'f' :í rniw 11111 burro preparado llllrn o (Ili('
Depois de varins tentativas, que fa. •lrr 1· ,.ít'r. nu rnclhor. um comlwlo 11t• lharam, lá conseguiram os da terra hurro~. :wnn•lhados nnrn c1wnlarla ,. dos gaiteiros ter uma corooraci!o po- 1>11rn l rn11s11ortc d1• nwrcadorlas. licial feminina, que s•ibre a masculina . 0Pan~ 1111~· ns .• rn~qu~n!;ulor•·s .. ci!' c; l~ sapresenta tantas vantasiens que muito s1 s 111 1.uxo 11,10 so \ CJ.HH oln1g111lo. n d · · d " ' 6 d 1·nnf111ltltr·st• com l'I ,-ullfO, o rt•fcrltln
eseianamos a a opçuo entre n s, e i·nmhnln 1111111• ml'lcr cavalos 11nra 11 L "
rlass11 1•111ilt;;í "1unclos 1111ra cloilo•l lt•s• e:unas.
'f<'mns ou niio hoas íd1:a.s ·1
E scrita1
A proposito da transformação do I Rossio perguntam-nos var ios leitores! como se de11e escrever a palavra, que estavam habituados a ver com e, e
i~ual sistern:i. Essas 11anlastens saltam agora vêem com ss, á ~ntiga. á vista de qualquer pessoa, por mais Escre11am como qmzerem. Olhem: 1 burra. que seja, mas nunca é de mais como se .trata de tra!1sfor1!1~r, escre· insistir: J 1111111 Rucio, que é muito on gmal.
Torre de chifre
A enfermeira r.111nnd" 11s soldados M' fN/0111 ' '" <'nft>rmrlrns wrr/um J; c11rn1''"" o.:. <l~~grnrado:,, Nilo st! os lf<'ll<'fll<'S c;omo os ourros oflc/11~" Como nr~ "·' soldar.os.
Punham algodt1t1 hld1t1fllo At~ r111111w1q11rr lf<'rl1ta11t1filo, Ate• no flrOflrlo /11/mfgo, .'il' O ltO/Sl't {/c'08SI! /<'rtdO ~t'rfo trotado r arf<111fí110 Afl n1•t•• til' tod" o {l('rllfO. •
As hOlolhas ter111/11t1dos / ·oram <'las ct111t1('e<1radas '"º• (1 maior ll'C'Onl{lt'llSa f'ol n 1v1z ctn conscl<'ncla N' uma grnnctr /1 de/l<'lltfe11cía N' 1,111(1 11/t•lft •n lm<J11sol
AI tio P . Q1tlntinQ
-·----0-S-EC-U-~-~-C-OM-IC-O----J -
Mó protico - ---Cá temos outra mania, d1S muitas
com que ultimamente os moralões querem transformar os costumes: o Secu.lo, desculpe-nos o papá, mas a lei é igual para todos, deu agora em descre11er as sovoqueiras , os vilt inarios e outras figuras importantes, prova-11elmente para nos prevenirmos contra elas ou para que a policia as conheça.
E' uma deslealdade, que 11ai ofender ! a modestia de quem não deseja dar nas 11istas, e uma pre11enção a mais para as pessoas honestas, que já não tinham poucas. Não sabendo oficialmente com quem tratamos, nada nos obriga & mostrar desconfiança do pr oximo; de futuro, estamos bem ser11idos: a quantas pessoas de respeitabilidade teremos ele deixar de apertar a mão!
EM ~
FOCO§
o. Antonio ~e Drléans y Bour~on Dizem que vossa alteza está maduro! E apresentam, em prova da des!{roça, O ter gasto com fémeas 11111ita massa, 0111 em bom castel/Jano, m11ilo duro.
Pois eu, pelo co11trario, afirmo e juro Que se tal se deduz é p:>r chalaça; Fez o que 011fre111 faria d'essa raça Ou d'o11tra até, de sangue mais impuro.
Seria coisa assaz afrazadora }11/f.(ar que uma pessoa perde o sizo Por uma coisa que a ningnem desdoura.
Vou dar-vos 11111 exemplo, se é preciso: Pediu-me dez toslôes uma se11hora, Dei-lh'os e estou silosin/10 do juizo.
Fado do bacalhau pô.dre ~~~~=-~~~~---~~~1.~1e~LM~ff,~?º~· Heterogeneidade d'Annunzio, conforme passarros a ex-MOTE
(!ur111 11ir 11ri1/T(' l1al'flllmu ,, ao o I rrl11· com fi<'.~rl n11 r>orq1111 11rus 1a111l11m1 t'flSli1111. 1\ ao <1.1z <111<11ulo n(Jlll 11 11 111·111 ..
GLOSAS
CHusou uu1ita :-'l'll~at.·íto Em l P1'1'11s "" l'url ugal O lrncalhau c:IH'irar 111111 !:0111 0 qc111lq 11c:r cit111t11ln 1 Pois sc• 1tfcl o proprl o 111ic1 W 1110 11ojc•11lo <' Ião 1111111 . :;,, IC'lll í111·i11ha de· pau E cl1• trigo lC'lll l[w p1111<'a. Cc)ttlO potlP ahri1· u luka (IUl'/11 vi r /Jfi<ITI: /JllC(I, /111111
lla lWSSOa~ l'Ul'iOSa:-\! ,'\;1o snhPlli o fllll' llws clluo'? Qt1<' o nosso llrl a111l1tn '\ilo pntlC' chl'irar a rn:;as. Pois 111io s1in lilo mal t'IH'l rosas ~Il i Ollil'lls <'Ols<1s lt11t1hC't11'? (luanclo Pl:u< nos s11l11·m 1>1•111 P<• rcloa111us o ícdor , Coma n h:u ll'jo. lcllnr. 1\âo o tratt• cvm <lcsctrm.
r.omn ludo a11da por <'IÍ Cc1111 l:lo ~r111u l c: t:ar C'sl iCl. (luc1ll salw lá so 11 lu 11 111 ilia. ~lc•smn piicln· rallnr!l'? Talvc•z qulz<•ssr fu1<'· r1ra.~ Por este• 11rt'~·o! l "ma lluol ~fto crt•la. pois. n't'ssn 1ntrig:t, Ou 1ulll's. 11't•sscs boatos: N1io Sl'Ja IH' tll' qw· os 1'!11 CIK, />UTl/ IW /)uu.~ UurtlHlll Cll~ti{/f/.
s~ l11wln clt• «sl:tr crn1lc•n1<• .\ [l•rra cios ai focinhas P1ir mlo <'n11wr sú 1•s11inh:1,, .\intl!L l'll llla n tlc11lt'! E' 11111w r 1· s1•r prculcn l c'. Nii.O cli zc•r 111111 cio <1111• 11•111. Que sr ao lnj lsla <'Onvc•111 Por gana1wla 0 11 por capril' ho Comc1:11 11 vender s1í lixo, 1\du diz 111wndo nem ri 11uc1111
f:.\ lt.\P.\ll IH: C.\ TO.
- -- pôr: No primeiro dia em que a fome co
Niio tarda que esteja resol11ida a meçou a fazer-se sentir, foi o poeta questão do barateamento do peixe, para procurando, afim de pro11idenci11r, o o que ha já publicados muito~ substan- que imediatamente fez, recitando &s ciosos projcctos, tantos que, se n~s seguintes quadrns: podessemos alimentar de papel, substi-
1 , tuiriam 11antajosamente o dito comes- Comer?! Maldito costume! ti11el. Não 11<!des que é deshumano
1 Um dos projectos, segundo diz um I Comer emquanto Fiume
ljornal, ocupa-se ao mesmo tempo do Não se tornar italiano? custo do car vão, «nrn ito ele atender no estudo do pr .. b~cma». Pois dece>rto que Não reclameis, stenle tonta,
lé e escusado seria acentua-lo: sem car -1 Que isso niio é de soldados! 11ão, como diabo se ha11iam de comeq E disse. Fazei de conta as belas das sardinhinhas assadas nas
1 Que estais todos almoçados.
brazas? / Com estes su bstanciosos 11ersos
- ------... ·------- , se contentaram os homens e lá os fo-
notiCtºOS de fliume ram disterindo até á hora do jantar, mas como essa hera lhes fosse dada
1 pelo estomaS{o, 11oltaram á carsia, pelo Vamos as;iora explicar porque não se que Gabriel d'Anmnnzio, inflamado,
co1:seguia render Fiume pela fomt:, lhes 11erberou o que se 11ai ler: apeza'r de serem esse& os desejos cio l f.lollerno italiano e de, na 11erdade, se Pois outra liez, 'llilanagem? terem cortado as comunicações com Sabeis vós o quie 11os dljto?
1 Sustentai-11os de cora•iem ! E carne do inimii5lo !
De resto, stente infiel, Contente de11eis; estar que 11ersos de Gabriel Sustentam mais que um jantar.
1
Não 11ale a pena traduzir os acepipes que o poeta scrwiu 11os seus quando lhe foram pedir a ceia; fique-se, porém, sabendo que exceàleram os anteriores em inspiração, a qtual, pelo que se vê,
! não foi uma coisa çpor ai alem. _
Co'>rreRpOndencln
aquela cidade, não se deixando entrar Lourenço G. B.. Toda a siente 1 mantimentos alstuns. Tal fenom eno tem a mania de fa~er 11erso~! O' h~-lo de Fiume continuar abastecida-de- mem, porque não ti.az botas, que é ofl-lle·se l ambem ao genio ele Gabriel cio tão rendoso?
A ult i m a rusga
- O' camarada: metemos esta gente no chelindró ou !l(lO? - Não, bruto! As ordcs são com as casas de tavolage e isto aqui e
(ltna casa de batota/