igreja nº 29

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agosto / setembro 2010 | IGREJA

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Revista do segmento cristão para lideres religiosos

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IGREJA | agosto / setembro 20104

Diretor executivoEduardo Berzin Filho

Jornalista responsávelCelso de Carvalho

[email protected]

Diagramação e ArteLuís Carlos Teodoro

Colaboradores desta ediçãoChefe de reportagem

Celso de CarvalhoMTB 27189/RJ

ReportagemRobson Morais, Vinicius Cintra

e Mayra BondançaAssistentes sob supervisão

ArtigosRodolfo Mantosa, Lourenço Stelio Rega, Ariovaldo Ramos, Mário Kaschel Simões,

Edgard J. C. Menezes e Valdo Romão

Tiragem desta edição30 mil exemplares

Distrubuidora

Atendimento ao leitor(11) 4081.1760

[email protected]

Redação e administraçãoRua Otávio Passos, 190, 2º andar - Atibaia, SP

CEP: 12.940-972 - Telefone: (11) [email protected]

Ano 5 - nº 29 agosto / setembro 2010

Às vésperas das eleições que decidirão os rumos do país, nós, da IGREJA, não podería-

mos nos omitir. O tema ilustra nossa capa. Resgatamos os propósitos do Decálogo Evangélico do Voto Ético, documento que há dez anos pregava uma consciência eleitoral. O tempo passou, mas os ideais dos documen-tos não. Valores como integridade e postura devem ser levados em conta na hora de votar em seu candidato. Nestas eleições modelos de governo estão em jogo e nesta hora vale a coerência do discurso adota-do em pleitos anteriores. Esquerda,

direita ou Centro-Esquerda. É pedir orientação, olhar a conduta, prin-cipalmente a postura em assuntos como legalização do aborto, união civil de homossexuais, liberação de drogas, regulamentação sobre a cap-tação e uso de recursos financeiros recebidos pelas igrejas. É papel da Igreja discutir o tema, mas sem o olhar para o seu próprio umbigo. Os pastores e líde-res têm obrigação de orientar os fiéis sobre como votar com ética e com discernimento. No entanto, devem evitar transformar o processo de elu-cidação política num projeto de ma-

nipulação e indução político-partidá-rio. Votar com ética, com dignidade e com fé. Esta postura vai evitar asso-ciação dos evangélicos a escândalos como o que aconteceu com a Oração da Propina. É hora de rever o passa-do, e mudar o futuro. Quando justo governa, o povo se alegra. É hora de lembrarmos a sentença e a Graça de um governo que busque viver o tempo de Deus. É olhar o desejo concreto do Pai para Igreja.Vamos às urnas, com fé e éti-ca, escolher o melhor para o Brasil.

Redação

Pela ética no voto

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10 ENTREVISTARené Breuel, missionário da Sepal diz que liderança deve atentar-se com realidade local, ao implantar uma nova igreja

16 EXPOCRISTÃÚltimos Preparativos para o maior evento de produtos e serviços cris-tãos da América Latina, que acon-tece em setembro no Expo Center Norte de São Paulo

24 EDUCAÇÃOColégios cristãos em crise. Enquan-to alguns lutam para se livrar dos calotes, outros comemoram boa fase

28 POLÍTICADe olho em seu voto. Políticos bus-cam votos de evangélicos enquanto pastores pregam consciência eleito-ral entre os crentes

41 EQUIPAR

42 ADMINISTRAÇÃOEmpresas criam sistemas e servi-ços para auxiliar na administração, controle de membros e finanças das igrejas

48 LANÇAMENTOS

SEÇÕES6 – EpístolasMensagem dos leitores

7 – AgendaConfira o calendário de eventos

19 – Igreja BrasilNoticiário Nacional

39 – Igreja MundoNoticiário Internacional

ARTIGOS8 – Gestão Ministerial Coluna de Rodolfo Montosa

18 –ÉticaColuna de Lourenço Stelio Rega

36 – MUNDO MELHORColuna da ONG Visão Mundial

38 – Profissional CristãoColuna de Mario Simões

40 – No púlpitoPra. Ezenete Rodrigues do Ministério de Intercessão da Igreja Batista da Lagoinha

47 – Estratégia em açãoColuna de Edgard Menezes

49 – Administração Eclesiástica Coluna de Valdo Romão

SUMÁRIO

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ASSINATURANovas e renovações(0xx11) 4081.1760

SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTEPara renovação, mudança de endereço e outros serviços ligue para (11) 4081.1760 de segunda à sexta das 8h às 18h, ou envie uma mensagem para [email protected]

PUBLICIDADEAnuncie em Igreja e fale para milhares de líderes e formadores de opinião em todo Brasil. Ligue para (11) 4081.1760 ou envie uma mensagem eletrônica para a equipe comercial.

GERENTE COMERCIALSamuel Crisostomo(0xx11) [email protected]

SUPERVISOR COMERCIALRogério [email protected](0xx11) 4081.1760

EXECUTIVO DE CONTASPaulo Eduardo(0xx11) [email protected]

Francisco Soares(0xx11) [email protected]

Douglas Balmant(0xx11) [email protected]

Nadja Soares(0xx11) [email protected]

Ana Paula Marques(0xx11) [email protected]

PORTAL CREIOOseias Brandão(0xx11) [email protected]

REPRESENTANTECarlos Rodnei Vasconcelos(0xx11) 8585.3409ID Nextel: 86*[email protected]

CONTATO RIO DE JANEIROSamuel Oliveira(0xx21) 7836.5167(0xx21) 2752.6765ID Nextel: 46*[email protected]

PUBLICIDADESecretáriasAna Paula [email protected](0xx11) 4081.1760

Franciely Moraes [email protected](0xx11) 4081.1760

MÍDIAJoice Camargo(0xx11) [email protected]

MARKETING E PROJETOS ESPECIAISPriscila Mó[email protected](0xx11) 4081.1760

IGREJA ON LINEReceba em seu computador os destaques da próxima edição. Cadastre-se hoje mesmo, enviando uma mensagem para [email protected]

LICENCIAMENTO DE CONTEÚDOPara adquirir os direitos de reprodução de textos e imagens veiculados na revista IGREJA (desde que autorizados pelas respectivas fontes), ligue para (0xx11) 4081.1760 de segunda à sexta das 8h às 18h, ou envie uma mensagem para [email protected]

Para fazer comentários sobre o conteúdo editorial, oferecer sugestões e críticas às matérias ou solicitar informações relacionadas às reportagens (desde que autorizadas pelas fontes), escreva para a REVISTA IGREJA - REDAÇÃO, Rua Otávio Passos, 190, 2º andar, Atibaia (SP), CEP 12.942-972; ligue para (0xx11) 4081.1760 ou fax (0xx11) 4081.1788; ou email para [email protected] ou [email protected] e mensagens devem trazer nome completo, endereço, telefone e, se possível, endereço eletrônico (e-mail). Por razões de espaço ou clareza, elas podem ser publicadas resumidamente ou editadas.

FALE COM IGREJA

e-pístolas carta do leitor

A IGREJA é muito interessante. Curto

bastante a Música e Sonorização. Ela

é voltada aos ministérios e gosto muito

de estar por dentro das novidades,

trazendo coisas que edificam meu

ministério.

Pastor Mazio Gonçalves Ramos

Osasco (SP)

Sempre acompanho os artigos dos

convidados, que sempre abordam

temas interessantes. Sugiro a IGREJA

que aprofunde um pouco mais as

reportagens.

Pastor Moises Macedo Carvalhar

São Paulo (SP)

A IGREJA traz excelentes estudos

bíblicos e reportagens sobre os cantores

e ministérios. Os testemunhos são

sensacionais. Não tenho o que recla-

mar da revista.

Cris Rosa

São Bento do Sul (SC)

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Gosto muito das edições que abor-

dam temas referentes a Escola Bíblica

Dominical. A IGREJA traz sempre

ideias e atualidades para atrair cada

vez mais jovens. Percebo que a revista

traz os dois lados do assunto para que

o leitor tome as decisões. Deixo como

sugestão mais reportagens sobre a

importância do Estudo Bíblico.

A IGREJA é excelente. Classifico

como uma das mais importantes fer-

ramentas que abençoa e edifica vidas.

Pastor Mauricio Almeida

Assembleia de Deus - Ministério São

José do Rio Preto (SP)

A IGREJA é uma excelente revista. Os

temas são sempre interessantes e bem

apurados. Em comparação a revistas

do segmento ela é a melhor.

Pastor Sebastião Arsênio da Silva

Igreja Batista Esplanada

Governador Valadares (MG)

A IGREJA é uma importante ferramenta em meu

ministério. Na edição 27 apreciei bastante a entre-

vista com o pastor Antônio Gilberto, da Assembleia

de Deus, sobre a importância do resgate da Escola

Bíblica Dominical. Um material que compartilhei

com minha liderança.

Pastor Virgilio Mateus Domingos Pereira, São Paulo

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QUINTO ENCONTRO RENAS A Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS) vai realizar de 12 a 14 de agosto, em Recife (PE) o V Encontro Nacional da RENAS. A programação conta com preleções do sociólogo Paul Freston e diversas oficinas e seminários ministrados por líderes de organizações sociais e igrejas locais. Esse será o quinto encontro nacional da RENAS. O último aconteceu no Rio de Janeiro em agosto de 2009 e reuniu mais de 350 pessoas. O tema foi “A Igreja de Cristo promovendo a Justiça” e contou com o teólogo Ronald Sider como preletor oficial. Inscrições e programação completa no site: www.renas.org.br

agenda

15º CONGRESSO NACIONAL PARA SOLTEIROS E SEPARADOSO Ministério Apoio promoverá entre os dias 20 e 22 de agosto o 15º Congresso Nacional para Solteiros, Separados, Divorciados e Viúvos. O encontro acontecerá em Aracajú (SE) no Aquarios Praia Hotel. Preletores são: Danilo Gujral (Portugal); Zelita Chaves da Silva; Veranice G. de Paula Lima. Inscrições pelo site www.ministerioapoio.com.br

OITAVO LABAREDAS DE FOGODe oito a 10 de outubro no Centro de Convenções da Univale em Governador Valadares (MG). Participação dos apóstolos René

Terra Nova, Flamarion Rolando, Silas Malafaia e Jorge Linhares.Inscrições pelo telefone: (33) 3272.4080 ou www.labare-dasdefogogv.com.br

ENCONTRO DE CASAIS De 12 a 15 de novembro a Igreja Batista Independente de Sorocaba realiza em Poços de Caldas (MG), o Retiro de Casais no Hotel Shelton Inn. O preletor será o pastor Silmar Coelho, conferencista, escritor sobre casais. O congresso custa R$ 600 com pagamento facilitado. Informações: (15) 3231 4165 ou (15) 3318 7919

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Tomamos incontáveis decisões todos os dias de nossas vidas. Quer seja na vida pessoal, nos ne-gócios, dentro do ministério, ou mesmo diante da sociedade. Somos sempre desafiados a tomarmos posicionamento, estejamos conscientes, ou não. Toda decisão por uma determinada opção em de-trimento de outra acontece com base em nosso conjunto de crenças e valores do que pensamos ser certo, ou errado. A isso chamamos de ética. A pala-vra “ética” vem do grego ethos que significa modo de ser, caráter, comportamento e inclui hábitos, costumes e práticas. A ética não nos faz entrar no Reino de Deus, mas o Reino apresenta uma ética própria e bem definida. Certa vez, um mestre da Lei chegou para Jesus perguntando qual seria a lei, ou man-damento, mais importante. Dentre muitos padrões éticos exigidos na Bíblia, Jesus apresenta um resu-mo (Marcos 12.30-31) que nos ajuda a entender os fundamentos da ética do Reino de Deus. Vamos entender os três pilares da ética do Reino: 1. A ÉTICA PARA COM DEUS (“ame a Deus”) – aqui está o comportamento mais impor-tante apresentado por Jesus recitando o Pentateu-co (Deuteronômio 6.5). O comportamento citado é de amarmos, em primeiro lugar, o Senhor com tudo o que temos e somos. De fato, o temor ao Se-nhor é o princípio de toda a sabedoria para se viver (Jó 28.28; Salmo 111.10; Salmo 112.1; Provérbios 1.7; 9.10; Eclesiastes 12.13). Sem o comportamen-to correto diante de Deus jamais teremos o com-portamento correto perante o outro e em relação a nós mesmos. 2. A ÉTICA PARA COMIGO MESMO (“ame a si mesmo”) – de um lado, vemos muitas pessoas que não se amam, não se cuidam, agridem-se a si mesmas com palavras ou fisicamente. Por outro lado, vemos muitas pessoas que se cuidam com tanta intensidade como se fossem os únicos

seres humanos sobre a face da terra. Vão ao extre-mo da vaidade e da busca insaciável da estética e do bem estar. Mas, amor próprio, segundo a ética do Reino, deve ser equilibrado. O primeiro fun-damento para o equilíbrio do amor próprio está na compreensão e aceitação do grande amor que o Pai Celestial tem por mim (João 15.16; 1 João 4.10 e 19). Quando entendemos a profundidade do amor do Senhor por nós somos libertos de todo desamor próprio. O outro fundamento é que devo amar a mim mesmo na mesma intensidade que amo ao próximo. Quando compreendemos que a ética do Reino inclui o outro no mesmo nível que o amor próprio, somos libertos de uma vida egoís-ta, hedonista e utilitária em relação aos outros. 3. A ÉTICA PARA COM O OUTRO – as relações sociais são muito desafiadoras para o comportamento ético. Na perspectiva humanista, implica em não fazer ao outro o que não gosta-ríamos que o outro fizesse conosco. A perspecti-va cristã vai além e significa fazer ao outro o que queremos que o outro faça a nós. Alguns verbos são tão poderosos quanto desafiadores: perdoar, ouvir, tolerar, apreciar, suportar, abençoar, res-peitar, submeter-se, compartilhar, dentre muitos outros. Na verdade, inúmeros são os textos bíbli-cos que trazem o padrão ético do Reino de Deus para nosso comportamento em relação às outras pessoas (Atos 4.32; Romanos 15.1; 1ª Coríntios 13.7; Gálatas 6.2; Efésios 4.2,3; 5.1-2; Filipenses 2.3; 1ª Tessalonicenses 5.14; 2ª Timóteo 2.24-26; Tito 3.2). Afinal, Deus me ama, mas ama o outro também! A maior revelação do padrão ético do Rei-no de Deus pode ser visto e estudado na vida de Jesus. Uma pergunta muito simples que poderia nos ajudar a encontrar o comportamento ideal em cada circunstância, segundo a ética do Reino de Deus, seria: em meu lugar que faria Jesus?

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A Ética do Reino de Deus

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gestão ministerialRodolfo Montosa www.institutojetro.com.br

Pastor, administrador de empresas e diretor do Instituto Jetro.

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Uma leitura bíblica indica Paulo como grande mis-sionário de seu tempo. Ele

pode ser considerado não só o maior teólogo do cristianismo, como tam-bém o maior missionário citado nas

À exemplo de PauloRené Breuel, missionário da Sepal, diz que liderança, ao plantar uma nova Igreja deve estar contextualizada com a realidade local

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entrevista René Breuel

por Robson Morais

Uma nova igreja faz o serviço completo: alcança,

discipula, forma liderança, e se

multiplica.

Escrituas. Ele teve visão teológica mesclada a um olhar vocacionado com desejo de fazer a Igreja crescer de forma harmoniosa. O reveren-do Augusto Nicodemos define que Paulo era motivado por suas con-vicções missionárias e ‘sua ação era o resultado dessas convicções’. São

estas motivações de Paulo que de-vem nortear as lideranças a plantar novas frentes missionárias. Os tem-pos são de maior dificuldade, como analisa Renê Breuel, missionário da Sepal formado em administração de empresas e mestre em divindade pela Regent College, no Canadá. Mas não

Foto Divulgação

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entrevista

só o tempo é um fator complicador para que a semente do evangelho seja plantada e cultivada por diferentes séculos. Breuel aponta, dentre outros perigos, a falta de bagagem intelectu-al de novos plantadores, além do ego que marca a nova geração por intri-gas e rachas denominacionais. Desenvolvendo uma fren-te missionária na Itália, o jovem missionário que como evangelista e pregador foi professor de Teolo-gia na Faculdade Latino Americana de Teologia Integral (Flam), mem-bro da Aliança Bíblica Universitária (ABU) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), coordenador de missão inte-gral e evangelística na Comunidade Batista em Moema, em São Paulo, diz que resolveu estudar os modelos adotados no Brasil de plantação de novas igrejas, após vocação em sua igreja local. Em seu levantamento Breu-el diagnosticou alguns formatos co-muns usado na hora de plantar um novo templo: “Uma nova igreja pode organizar-se para alcançar diferentes populações-alvo, assim como há igre-jas segmentadas por estilo de vida ou tribo, como para surfistas e skatistas. Um outro modelo, ainda dentro do paradigma população-alvo, é o de paróquia, fortemente vinculada ao bairro onde serve”, explica. O missio-nário destaca ainda igrejas no modelo de independência, onde há trabalhos e locais de culto, mesmo sob gerencia da sede. “Uma Igreja que recebe re-cursos se torna uma ferramenta que gera recursos”. À IGREJA ele atenua o papel dos seminários, que segundo ele tem têm papel fundamental na

formação de plantadores de igrejas, pois plantadores, como define, são teólogos na linha de frente. “Todo plantador deve fazer um estágio em uma nova igreja antes de procurar liderar um novo projeto”.

Como surgiu o desejo de estudar o fenômeno de plantação de igrejas? A que resultados você chegou? O desejo de estudar e en-volver-me no mundo de plantação de igrejas surgiu como um produto de duas paixões centrais em minha vida e vocação: a igreja local e o evangelismo. Creio que a igreja local é o agente de Deus na proclamação e encarnação do seu Evangelho no mundo. Como Bill Hybels disse, a igreja local é a esperança do mundo. A segunda paixão que desembocou na plantação de igrejas é derivada da primeira. Quando você junta essas duas realidades, surge à alegria dupla de evangelizar e gerar novas igrejas. E a plantação, além de ser a maneira central de evangelizar no Novo Tes-tamento, é considerada por muitos a maneira mais eficaz de proclamar o Evangelho também. C. Peter Wagner afirma que “a plantação de igrejas é o método evangelístico mais efetivo conhecido debaixo do céu.” Uma nova igreja faz o serviço completo: alcança, discipula, forma liderança, e se multiplica.

Quais os modelos de plantação de Igrejas mais comuns e as peculiari-dades de cada um? Uma nova igreja pode or-ganizar-se para alcançar diferentes populações-alvo. Ela pode querer

alcançar o bairro ou focar em certa geração Há igrejas segmentadas por estilo de vida ou tribo. Outras procu-ram uma congregação multicultural, de pessoas de diferentes etnias a pa-nos de fundo. Modelos de paróquia, e muitas congregações nascem e tor-nam-se igrejas independentes. Uma nova igreja pode começar com estra-tégias e bases de recursos diversas. Um modelo de cima para baixo, por exemplo, começa com um núcleo de crentes já existentes e com quantida-de grande de recursos. Nesse modelo o plantador deve ter habilidade na liderança de grupo e em público, o núcleo base deve ser formado quase que do nada, e o plantador precisa ser forte no um a um. Você ressalta uma nova missiologia e nova estratégia evangelística, ba-seada no evangelismo como prova de vida. O que seria? Essa nova missiologia e es-tratégia evangelística têm surgido a partir do reconhecimento de duas grandes mudanças em nosso con-texto de missão. Em primeiro lugar, de modo geral, na pós-modernidade não atuamos mais no modelo de cristandade, em que o Cristianismo é a religião predominante e oficial na sociedade. Agora ele é visto como mais uma entre várias religiões, e as pessoas crescem sem um pano de fundo cristão. Precisamos estudar maneiras para comunicar o Evange-lho de forma atual. A segunda mu-dança de contexto é que nosso mun-do tornou-se mais urbano que rural, ou seja, mais de 50% da população do mundo vive em cidades, e mais de

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entrevista

80% no Brasil. Por causa disso, o pa-radigma dos anos 80 e 90 de edifica-ção de mega-igrejas, ainda que útil, não é suficiente. Uma grande igreja não é suficiente para alcançar São Paulo, nem menos Chapecó, Pirapo-rinha, ou Jequié. O que precisamos é a saturação de cidades com igrejas que se multiplicam.

Quais os riscos e pontos a serem ob-servados na plantação de uma nova Igreja? Existem riscos diversos. A necessidade de se entender o contex-to de atuação; a formação de novas lideranças; o desenvolvimento de uma igreja balanceada e não só forte nos pontos de interesse do pastor; a influência negativa de pessoas de-masiadamente carentes emocional-mente ou que pulam de igreja em igreja, e acham que em uma nova igreja vão conseguir fazer as coisas como querem.

De que forma a nova Igreja sabe que está no caminho certo em sua plantação? Muitas vezes nos baseamos em indicadores mensuráveis, como número de pessoas, qualidade do

prédio que usamos receita finan-ceira, entre outros, mas indicado-res mais importantes que esses são aqueles que indicam a vitalidade es-piritual de uma nova igreja. Há um senso palpável da presença de Deus em nossas reuniões, e um temor e respeito diante dele? Estamos nos convencendo do nosso pecado e nos arrependendo continuamente?

No Brasil, qual método mais co-mum para plantação de Igreja? Há método indicado? Vejo vários desses modelos sendo usados, mas talvez não haja um método mais predominante. Penso que o melhor método depende da realidade local, e dos dons, pesso-as e recursos de um projeto de nova igreja. Mas podemos apontar com certeza o pior método, que é infeliz-mente muito comum: a fundação de novas igrejas a partir de rachas e di-visões dentro das existentes. O DNA de uma igreja que começa com a vi-são compartilhada de multiplicar-se e alcançar pessoas novas é com cer-teza diferente do DNA de uma igreja que se define em oposição à outra igreja, e que traz cicatrizes emocio-nais e relacionais.

A diversidade cultural e social é uti-lizada na plantação de novas Igrejas ou os líderes apenas imitam costu-mes e modelos importados ou pré-definidos? Por incrível que pareça, re-produzimos costumes e modelos pré-definidos mais do que nos da-mos conta. Ainda existem igrejas de teto pontiagudo, próprias de países

onde se neva, e com freqüentadores de terno e gravata, no meio do nosso calor tropical, por exemplo. É claro que não há nada de errado usar ter-no e gravata, mas isso deve ser feito de forma pensada e deliberada, e não só porque assim é a tradição que re-cebemos. Louvo a Deus porque exis-tem igrejas nos mais diversos contex-tos no Brasil, por mais precários ou distantes que sejam, mas devemos ser capazes de transpor mais barrei-ras sociais e econômicas dentro de igrejas locais também, para ilustrar como Cristo derrubou todas as bar-reiras que nos dividem.

No Brasil há casos de super concen-tração de igrejas em determinadas regiões e, enquanto isto, outros lo-cais, como regiões do Nordeste, ca-recem de voluntários. A que se deve isto e como equilibrar este quadro? Existem áreas realmente com menos igrejas, como o sertão nordestino e a serra gaúcha, por exemplo, nossas denominações pre-cisam focar melhor nessas áreas. Entretanto, eu não me preocuparia com a concentração de igrejas, acho até que algumas áreas devem ter um número desproporcionalmente maior de igrejas mesmo. Devemos concentrar-nos em saturar nossos maiores centros urbanos com igrejas que possam também usar para Cris-to a influência que esses centros têm sobre o resto do país.

Você acredita que no Brasil o tra-balho de plantar novas Igrejas esta sendo feito corretamente? Existem com certeza muitos

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entrevista

trabalho de plantação de igrejas sen-do feito de forma planejada, inteli-gente e contextualizada. Entretanto, temos sempre que nos questionar se o que estamos fazendo é em sintonia com o contexto onde estamos atu-ando, ou se estamos reproduzindo modelos pré-estabelecidos, que po-dem ou não ser os melhores, sem nos darmos conta. Outro grande perigo é reprodução de igrejas em alguns círculos sem a preparação necessária, tipo franquia. Jovens com habilidade de falar em público são rapidamente recrutados e colocados à frente sem o devido treinamento teológico.

Outro ponto: a falta de bagagem in-telectual dos plantadores devido ao não aprofundamento em seminá-rios. Qual o papel do teólogo neste ensinamento? Os seminários têm papel fundamental na formação de planta-dores de igrejas, pois plantadores são “teólogos na linha de frente,” pessoas que procuram explicar o Evangelho a pessoas que o desconhecem ou re-jeitam. Por isso eles devem ser hábeis para manusear a Palavra, entender a cultura e seus ídolos, e mostrar como é a alternativa de Cristo. As igrejas locais também têm papel fundamen-tal na formação prática e pastoral dos plantadores. Penso que todo planta-dor deve fazer um estágio em uma nova igreja antes de procurar liderar um novo projeto.

O que torna um indivíduo um bom plantador de Igrejas? Características pessoais fun-damentais são oração, vitalidade es-

piritual, integridade, chamado, vida familiar, disciplina, humildade. As habilidades ministeriais listadas são liderança, evangelismo, administra-ção, pregação, desenvolvimento de uma filosofia de ministério, treina-mento de líderes. Por fim, temos as características interpessoais: flexibi-lidade, ser amigável e afirmar outros, estabilidade emocional, sensibilida-de e dinamismo. Dessa lista, destaco um fator muitas vezes minimizado: a vida familiar. A esposa ou o mari-do da pessoa buscando plantar uma igreja são os melhores espelhos sobre o nosso caráter, motivação e habili-dades. Às vezes só eles podem nos dizer verdades que nós mesmos não queremos aceitar.

Qual o erro mais comum das lide-ranças no Brasil? Talvez os erros mais comuns, e graves, não são tanto de técnica ou método, mas de motivação. Algumas motivações não saudáveis são: desejo forte de pregar, mas ninguém oferece oportunidade; frustração com o lu-gar onde você está e por não poder fazer o que você quer fazer; a pessoa não consegue convite para pastore-ar uma igreja estabelecida; ânsia de provar alguma coisa; necessidade de ganhar experiência, a plantação de igreja parece uma boa oportunida-de; sonho com um ministério grande para alavancar sua reputação.

Basta apenas plantar uma nova Igreja? Como fica a questão de sus-tento? Em quanto tempo a Igreja já tem condição de caminhar com suas próprias pernas?

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entrevista

A questão do sustento é im-portante e deve ser levada a sério. Existem muitos pastores que se sa-crificam, e sacrificam suas famílias, em projetos que poderiam ser melhor conduzidos. Muitas igrejas começam com pastores bivocacionais que têm outro emprego, e que se sustentam dessa maneira, até que a igreja possa os sustentar, ou com ministério bivo-cacional como escolha de vocação. Outras igrejas começam de um gru-po já estabelecido, mas imagino que a maioria das igrejas começa a partir de uma outra, ou de uma denomi-nação, que faz um esforço conjunto para iniciar uma nova congregação. Nesse caso a responsabilidade pelo sustento fica a cargo da igreja mãe, de um grupo de igrejas, ou do plan-tador que deve levantar os recursos. Mas não deve haver ilusões: uma igreja nova, que alcança pessoas no-vas, demora para se estabelecer e se auto-sustentar.

De que forma uma igreja recém plantada se difere da sede na con-quista de mais adeptos? É claro que igrejas estabe-lecidas podem fazer um trabalho magnífico de evangelismo e alcan-ce de pessoas, mas estudos indicam que novas igrejas, por sua própria dinâmica interna, são mais eficientes nisso. Novas igrejas não podem se dar ao luxo de não alcançar pessoas novas, porque senão não há igreja! Novas igrejas alcançam melhor não-cristãos, novas gerações, novos resi-dentes em uma área, e novas etnias.

Quanto a arrecadação de fundos,

qual deve ser a estratégia utilizada pela nova Igreja? Além do suporte externo ne-cessário para sustentar um novo tra-balho, a nova igreja deve ser inten-cional desde o começo para tornar-se auto-sustentável. Temos que ensinar os membros desde o primeiro culto sobre a importância de contribuir. Isso é inclusive um sinal de matu-ridade da igreja e de que as pesso-as estão avançando no discipulado cristão. Uma igreja não consegue se auto-sustentar em médio prazo não vai durar, infelizmente.

Quem na Bíblia foi um bom planta-dor de Igreja? O exemplo clássico é o após-tolo Paulo, claro. Ele fundou diver-sas igrejas e de forma estratégica. Ele formou times que geraram novas li-deranças como Timóteo, Tito e Epa-frodito. Vemos também outros bons modelos no Novo Testamento, como a campanha evangelística de Filipe em Atos 8 em Samaria, o ministério de Tito em Chipre, a fundação da primeira igreja em Jerusalém por Pe-dro e os apóstolos no Pentecostes, e, talvez no exemplo mais contagiante de todos, o testemunho de cristãos anônimos em Antioquia, que foi a primeira igreja a transpor a barreira em judeus e gentios.

Como tem sido seu trabalho na Itá-lia? Que métodos utiliza? Nossa visão aqui na Itália é plantar uma igreja em Roma, e que com os anos ajude a plantar outras igrejas. Estamos localizados no bair-ro de San Lorenzo, que é onde está

a maior universidade, que tem 150 mil alunos e é a maior da Europa. Isso faz de San Lorenzo um bairro cheio de vida social, tipo o bairro “do burburinho” em Roma, um lugar es-tratégico pra alcançar jovens profis-sionais, jovens famílias e estudantes universitários. Se conseguirmos ter um impacto aqui, isso pode influen-ciar outras partes da Itália também.

Qual a maior dificuldade nesta sua nova missão? O maior desafio é que as pessoas aqui não começam na estaca zero em relação ao Evangelho, mas sim tipo na estava -5 ou -10. Como Roma tem influência tão grande da Igreja Católica, como evangélicos são poucos, menos de 1% da população. Outro grande desafio que estamos encontrando é que os evangélicos, além de serem muito poucos, são muito divididos. Existem denomina-ções brigadas com outras por anos. Isso faz difícil o trabalho de realizar parcerias e trabalhar juntos.

Quais os próximos passos?Além desse trabalho de plantação de igreja, estou empenhado também na formação de um fórum apologético online, por enquanto em inglês no endereço wonderingfair.com, que pode ser uma ferramenta para aju-dar-nos a alcançar pessoas não-cris-tãs. A ideia é formar um fórum onde as pessoas podem dialogar sobre o conteúdo e a relevância da fé cris-tã para hoje, e que possam indicar a amigos não-cristãos para começar ou avançar conversas sobre assuntos espirituais.

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expocristã

Material para Escola Bí-blica Dominical, livros teológicos,

palestras e mensagens pro-fundas sobre o crescimento da Igreja. Estes são alguns dos itens que podem ser en-contrados na EXPOCRISTÃ, o maior evento de produtos e ser-viços da América Latina, que neste ano acontecerá de 07 a 12 de setembro no Expo Center Norte, em São Paulo. Realizada pela EBF Comunicações, a nona edi-ção promete superar as expec-tativas. Em 2009, 153 mil pessoas visitaram as dependências do local. Neste ano grandes líderes brasileiros e internacionais já confirmaram pre-sença. O conferencista e escritor Silas Malafaia fará, no dia 08 de setembro, a celebração inaugural junto com o Ci-meb, do pastor Jabes Alencar. Um café da manhã celebrará a unidade e trará uma reflexão à Igreja Brasileira. Outra presença de peso será a do escritor internacional Philip Yancey. Ele promoverá uma tarde de autógrafos no dia 09. Formado na Co-lumbia Bible College ele aproveitará a visita ao país para participar de janta-res, encontros com lojistas e livreiros e lançará livros. No setor fonográfico, o vice-

Encontro de líderesEXPOCRISTÃ reunirá num único local os principais líderes do Brasil e últimos lançamentos da música e literatura

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

Dia 07: [terça-feira] Lojistas e líderes - das 12h às 21hDia 08: [quarta-feira] Lojistas e líderes - das 12h às 21hDia 09: [quinta-feira] Lojistas e líderes - das 12h às 21hDia 10: [sexta-feira] Aberto ao público em geral - das 12h às 22hDia 11: [sábado] Aberto ao público em geral - 10h às 22hDia 12: [domingo] Aberto ao publico em geral - 10h às 19h

presidente de vendas, Jimmy Wheller e Lesley Caraway, diretora internacio-nal da Provident, a maior gravadora dos Estados Unidos, já confirmaram visita. Eles participarão do Congresso Consumidor Cristão/Anle e visitarão o estande da Sony Music. Para o presidente da EBF

Comunicações, Eduardo Berzin Fi-lho, a EXPOCRISTÃ dá subsídios para o crescimento da Igreja Brasi-leira. “ A EXPOCRISTÃ permite o aprimoramento dos líderes e desen-volvimento do setor. Este evento ce-lebra a unidade e desenvolve o evan-gelismo”, finalizou.

Foto Décio Figueiredo

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PREÇOS DOS INGRESSOSEntrada Gratuita para pastores, lojistas, crianças até 12 anos e adultos acima de 60 anos.

Localização: Próximo a Marginal Tietê, Expo Center norte e Par-que Anhembi, fácil acesso à saí-da das principais rodovias. (Du-tra, Fernão Dias, Ayrton Senna, Anhanguera, Bandeirantes)

Distância de aeroportos: Aeroporto Internacional de Cumbica (Guarulhos) - 13 km Aeroporto de Congonhas - 18 km

COMO CHEGAR A EXPOCRISTÃTerminal de ônibus Tietê/ Estação Metrô TietêUm serviço gratuito de microônibus ligará o Terminal Tietê ao Shopping Center Norte, vi-zinho ao centro de exposições. O trajeto de táxi dura até dez minutos.

Terminal de ônibus Barra FundaDesça no terminal de ônibus Barra Funda e aces-se o metrô até a Estação da Sé. Lá faça uma bal-deação e troque para a linha Norte-Sul sentido Tucuruvi. Desça na Estação Tietê.

Rodovia Castelo Branco/AnhangueraPegue a Marginal Tietê, entre a Ponte das Ban-deiras, contorne a Praça Campo de Bagatelle seguindo em frente, entre à direita da Rua San-ta Eulália, atravesse a Rua Voluntários da Pátria e a Avenida Cruzeiro do Sul. Chegando à Ave-nida Zake Narchi, entre a direita na Avenida

Otto Baumgart e em seguinte à esquerda na Rua José Bernardo Pinto.

ESPAÇO KIDSA Aliança Pró Evangelização das crian-ças (APEC) estará na 9º edição da feira para cristãos com um estande próprio. Além do estande com publicações, a Apec terá um espaço especial, que será um diferencial desse ano, o Espaço Kids. Com programação de hora em hora, du-rante várias vezes ao dia, crianças que vi-sitarem a EXPOCRISTÃ, poderão ouvir histórias, treinar a memorização de ver-sículos bíblicos.“Queremos promover o evangelismo o ensino bíblico da palavra às crianças”, conta o pastor Natanael C. Negrão, da entidade que dá apoio evan-gelístico a crianças e ao adolescente.

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éticaLourenço Stelio Rega www.etica.pro.br

Teólogo, eticista, educador e pastor, diretor da Faculdade Teológica Batista

Nos últimos artigos desta série estamos estudando a teologia e ética do sofrimento procu-rando demonstrar que o próprio sofrimento é um componente natural da vida, pois pode se originar nas próprias limitações do dia-a-dia ou mes-mo como resultado de nossos atos. Hoje po-deremos avançar mais um pouco na compre-ensão do tema. A Bíblia mos-tra, por diversas ocasi-ões, que o sofrimento pode surgir como um meio para o desenvol-vimento de virtudes em nossas vidas. Em Ro-manos 5.3-5 o apóstolo Paulo nos ensina que devemos ser “felizes nas tribulações; sabendo que a tribulação produz paciência; a paciência produz experiência; e a experiência produz a esperança; e a esperança não confunde ...” Em outras pala-vras, o sofrimento (tribulações) germina em nós características próprias para uma vida equilibrada. Neste sentido Paulo falou aos gálatas que ele so-fria por eles até que Cristo fosse formado em suas vidas, isto é, ele investia na formação do caráter cristão deles de modo que espelhassem o caráter de Cristo. Não se aprende a ter paciência, esperan-ça ou mesmo a amar as pessoas indesejáveis lendo um livro ou tomando algum comprimido. A di-dática para isso envolve a aprendizagem pela ex-periência, pela vivência prática. O que Paulo nos ensina é que, ao sofrermos, poderemos avaliar as condições que estamos enfrentando e obter as li-ções que daí podemos tirar.

Pessoas boas também sofrem?(parte 4)

Os chineses e japoneses (no kanji) pos-suem a palavra wei-ji que é traduzida por “crise”. “Wei” significa “risco, perigo” e “ji” oportunidade. Assim, a crise, mesmo trazendo sofrimento, tem

duas facetas – risco e oportu-nidade. Sempre temos lições à aprender com as crises e so-frimentos. Assim é possível aprender que, muitas vezes, os proble-mas e sofrimentos que temos revelam áreas deficientes em nossa vida emocional e espi-ritual, que precisam ser aper-feiçoadas. Por exemplo, a ira pode revelar que não entre-gamos nossos bens e direitos a Deus, e, quando alguém os ameaça, ficamos irados pois algo está nos sendo tirado; a

irritação com alguma pessoa ou situação poderá in-dicar que não estamos permitindo que Deus possa trabalhar em alguma área de nossa vida que precisa de aperfeiçoamento. Seria como em um tratamento dentário fôssemos impedindo o dentista de mexer em nossa boca porque incomoda. Nestes casos, os sofrimentos poderão nos ajudar a identificar as áreas que ainda não se as-semelham a imagem de Cristo, funcionando assim como SINTOMAS (veja Colossenses 1.24; 3.10), à semelhança dos males físicos. Uma dor de dente indica algum problema ao qual necessitamos dar atenção e acaba nos levando à cadeira do dentista. Vamos lembrar que “todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus”. Assim, temos aqui o sofrimento corre-tivo ou didático que objetiva transformar nosso caráter à semelhança de Cristo, o varão perfeito (Gálatas 4.19).

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igreja mundo

Hermanos coloridosSenado argentino aprova casamento entre pessoas do mesmo sexo

A Argentina foi o primeiro país da América Latina a aprovar o casamento gay.

O resultado foi considerado polê-mico e dividiu a opinião pública do país. A sessão do Senado que apro-vou a iniciativa durou 14 horas e envolveu intensos debates entre parlamentares ligados ao governo de Cristina Kirchner. As discussões mostraram senadores contrários e favoráveis ao projeto tanto no bloco governista quanto na oposição. Claudio Morgado, diretor do Instituto Nacional contra a Dis-criminação, a Xenofobia e o Racis-mo (Inadi), que assistia aos debates entre os senadores, deixou o prédio e dirigiu-se aos manifestantes pe-dindo que defendessem seus pontos de vista “da melhor maneira possí-vel e com argumentos sólidos”, mas evitando confrontos. Integrantes da Aliança

Cristã de Igrejas Evangélicas (Acie-ra) e a Federação Confraternização Evangélica Pentecostal (Fecep) pro-testaram e pediram ao governo que convoque um referendo para saber a opinião da população. “Apoiamos a ideia do plebiscito. A sociedade deve ser consultada e o governo tem que escutar seus eleitores”, disse Rubén Proietti, chefe da Aciera.

Caim na pele de SmithDepois de Denzel Washington que produziu e protagonizou O Livro de Eli, Will Smith levará para a tela do cinema o contexto bíblico. Segundo a imprensa americana, o ator resol-veu investir em um novo projeto e viverá Caim, no longa nomeado de

The Legend of Cain, que também será produzido por ele, em parceria com dois sócios, além de sua mu-lher, a atriz Jada Pinkett Smith. Inspirado na história bíbli-ca de Abel e Caim, a trama também deve ter um toque dark.

Foto Divulgação

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igreja brasil

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O outro lado da históriaEm biografia Marília Cesar retrata uma Marina Silva coerente com seu discurso

Depois de rejeitar o convi-tes de várias editoras, a senadora, Marina Silva,

aceitou o desafio da Mundo Cris-tão de ter sua história publicada. A missão coube a jornalista Marília de Camargo César, reconhecida por ‘Feridos em Nome de Deus’ que após um semestre de entrevistas e visita ao seu estado, Acre, lança a obra Marina – a vida por uma causa. “A vida dela é muito inspi-radora”, declarou a autora. Nascida em uma região de seringal, foi alfa-betizada ao 16 anos e chegou a ser

desenganada pelos médicos, após contrair por três vezes malária, he-patite e leishmaniose. Enfrentou as dificuldades de um estado esqueci-do pela União. Conseguiu mudar a sua história que era fadada ao fra-casso. Chegou a faculdade, foi elei-ta vereadora, deputada estadual e senadora. Agora tenta, defendendo os ideais de sustentabilidade, à pre-sidência da república. “Em qualquer área da ati-vidade humana há desafios para nossa fé. Sou uma pessoa que não tem o direito de duvidar da existên-cia de Deus”, diz a assembleiana ao lembrar sua trajetória. “Tudo o que ela sempre acreditou, ela continua defendendo. Ela sabe ouvir o outro e mudar de opinião. Marina tem uma coerência com a história dela, desde o começo”, rebate a autora. O livro ‘Marina - a vida por uma causa’ foi lançado em agosto com tiragem de 20 mil exemplares. Com a alta exposição de Marina por conta da disputa eleitoral, acredita-se que o interesse pela obra aumen-te ainda mais. “Biografias servem para edificar as pessoas pelo exem-plo daquele que é biografado” opi-na Marina.

Foto Divulgação

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igreja brasil

Presbiterianos barram Macedo e Waldomiro

O Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) clas-sificou em assembleia, dia 18 de julho, as Igrejas Universal do Rei-no de Deus e Mundial do Poder de Deus como seitas. A reunião ordinária contou com a presença de 1,1 mil deputados, representan-do 292 presbitérios. Entre algumas decisões da sessão ordinária, determinou que o ministro da IPB não tem per-

missão para exercer pastorado em denominações neo-pente-costais. Outra polêmica decisão enquadrou a Igreja Universal do Reino de Deus e a Mundial do Poder de Deus como seitas, com base em uma resolução de 2006. Pela classificação que levou em conta as práticas litúr-gicas e doutrinárias, membros oriundos destas denominações deverão ser aceitos mediante ba-tismo e profissão de fé. Outro ponto, visando à padronização visual de suas comunidades, orienta as igrejas a usarem em suas fachadas a logomarca da IPB.

Renas e a transformação da sociedadeO 5º Encontro Nacional da Renas (Rede Evangélica Nacio-nal de Ação Social) reuniu 350 pessoas e aconteceu entre os dias 12 e 14 de agosto no Recife (PE). Com o tema: “Transformando a sociedade a partir da igreja local”, a programação contou com pre-leções do sociólogo Paul Freston, Maurício Cunha. “O evangelho de Cristo não é apenas a única mensagem capaz de mudar e salvar a vida de uma pessoa. Ele é também a singular possibilidade de trans-formação integral do mundo”, defendeu Clemir Fernandes, um dos coordenadores da Renas. A coordenação da Renas também realizou durante o evento uma campanha de arrecadação de doações para as crianças vítimas das enchentes no Nordeste. A entrega foi simbólica ao proje-to Espaços Amigáveis para as Crianças, da Visão Mundial.

Fotos Divulgação

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Evangelho do SurfPublicada pela Sociedade Bíblica do Brasil em parceria com a Missão Surfista de Cristo (MSC), a nova edição da Bíblia do Surfista reúne os textos do Novo Testamento, Salmos e Provérbios, com encarte conten-do testemunhos de personalidades ligadas ao esporte, além da história do ministério internacional do surfe. Esta é a segunda vez que SBB e MSC se unem com o propósito de difundir o Evangelho entre esse segmento. Em 2007, lançaram o pio-neiro projeto que disponibilizou 10 mil exemplares do Novo Testamento completo para os surfistas. Muitos dos

Uso de mídia é diversificado nas igrejas pentecostaisO crescimento do pentecostalismo no Brasil não pode ser atribuído unicamente ao uso da mídia. Ele explica o fenômeno em parte, disse o cientista social Paul Freston. “O meio de comunicação não funciona isoladamente, ele está dentro de um pacote maior, que inclui o contato com familiares, vizi-nhos, colegas de trabalho e também a ida à congregação local”, afirmou Freston em entrevista ao Instituto Humanitas, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Freston citou que há uma diversidade muito grande no pente-costalismo. De um lado, aparecem igrejas que recorrem aos meios de comunicação de massa, rádio e TV de modo especial, como é o caso da Igreja Universal do Reino de Deus, e há igrejas que rejeitam as mídias

novos surfistas profissionais hoje re-nomados já caíram no mar como cris-tãos, integrando uma primeira leva de esportistas atingidos pela Palavra de Deus por meio da publicação. A atual Bíblia do Surfista manteve a concepção editorial de ser desenvolvida “por e para” surfistas, incluindo uma linguagem própria desse grupo. Com texto bíblico na Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), a edição foi incre-mentada com projeto gráfico mais moderno e novos testemunhos de personalidades do surfe nacional. Para a SBB, trata-se de um

projeto missionário que está afinado com a missão da organização. Ou seja, configura-se em uma união de esforços para levar a Palavra de Deus também a esse público. Inicialmente, serão publicadas 10 mil unidades da nova edição. Mas, futuramente, a intenção é disponibilizar ainda mais exemplares, para alcançar o grande número de integrantes da comunida-de brasileira do surfe.

eletrônicas, como a Congregação Cristã, a segunda maior do país em número de frequentadores. Nessas, “o crescimento numérico da igreja ocorre por outros meios, não pelos meios massivos de comunicação. Há casos ainda como o da Deus é Amor, que sempre usou massivamente o rádio, mas não a televisão”, assina-lou Freston. O diretor do Programa de Estudos da Religião na América Latina, da Baylor University, lem-brou também que nas metrópoles a importância dos meios de comuni-cação é maior. “A congregação que rejeita o uso dos meios se dá melhor no interior, em cidades menores”, arrolou. A divulgação religiosa no rádio ganhou intensidade no Brasil a partir dos anos 50 do século passado.

Nos anos 70, programas religiosos começam a aparecer na televisão, primeiro com programação vindo do exterior, de cunho pentecostal. “Nos anos 80, transforma-se em uma indústria nacional”, historiou. As novas iniciativas partem, muitas vezes, de igrejas pentecostais recém-criadas, “que surgem com maior desinibição e ousadia”, e que são imitadas, em seguida, pelas igre-jas pentecostais mais antigas. Na análise de Freston, a in-ternet possibilita que grupos peque-nos, que nunca teriam oportunidade de ter presença televisiva, possam fazer sua divulgação. “Também per-mite um processo mais democrático dentro de uma determinada igreja, por exemplo, com grupos dissiden-tes”, mencionou. (Agência Latino Americana de Comunicação)

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Kaká, Roberto Justus, Gisele Itié e Itamar Franco. Estes são alguns dos alunos que

sentaram em bancos de escolas de

ensino confessional. Mas este mode-lo muito reconhecido e elogiado no passado, base para formação de mui-tos ícones da sociedade atual, hoje enfrenta uma crise de modelo e até de princípios.

Modelo em xequeEnquanto boa parte das Escolas Cristãs no Brasil tentam sobreviver a crise e ao calote, há outras instituições que comemoram boa fase e crescimento

Calote, má administração ou falta de um ensino engajado com a necessidade de novos tempos são alguns dos motivos. Mas se para al-gumas instituições o cenário é de-vastador, para outras o momento é

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por Oziel Alves

educação

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de expectativa com crescimento no mercado com uma postura adminis-trativa mais competitiva, profissio-nal, frente a outras instituições do gênero. Há quase duas décadas, grandes instituições de ensino, que outrora foram ícones no cenário educacional brasileiro, começaram a sofrer uma diminuição significa-tiva no número de alunos. Algumas não puderam evitar a falência. Ou-tras, apesar das dificuldades, man-tiveram as portas abertas tentando sobreviver das glórias de um pas-sado longínquo. De acordo com o fundador e presidente do Instituto de Pesquisas Avançadas em Edu-cação (Ipea), há cerca de 35 mil estabelecimentos de ensino manti-dos pela livre iniciativa no Brasil. Estima-se que 20% dessas unidades possuam orientação religiosa. O lendário colégio Salesia-no, Liceu Coração de Jesus, fundado em 1885, considerado durante muito tempo point dos filhos da elite pau-listana, é exemplo disso. Há muitos anos, a instituição sofre com a cri-se. Hoje, com menos da metade dos alunos que um dia já teve, tenta ban-car os custos de um magnífico prédio lotado de salas vazias. Só entre os anos de 1995 e 2000, a Associação Nacional de Man-tenedoras de Escolas Católicas (Ana-mec) já havia contabilizado a perda de 20% do seu quadro discente, num montante que ultrapassava a marca dos 200 mil alunos e 130 estabeleci-mentos fechados. Mas este fenôme-no não se resume ao cenário católico. Há quem diga que o problema não

está na confessionalidade da insti-tuição, mas em outros fatores que unidos podem ser considerados os grandes vilões da educação privada na atualidade.

Inadiplência Para o mestre em Ciências da Religião e diretor executivo da Associação Nacional das Escolas Batistas no Brasil (Aneb) fatores como inadimplência, concorrên-cia e empobrecimento contribuí-ram para a piora do quadro. “A alta inadimplência, favorecida pela lei do calote, que há 10 anos foi im-plantada no país e, possibilita que pais mudem de escola deixando dívidas”, se defende. Outro pon-to citado é a enorme concorrência dos grandes grupos educacionais e da pulverização de pequenas es-colas além do empobrecimento da classe. Vieira diz não ter dúvida de que estes são os motivos pelos quais 90% das escolas Batistas espalhadas pelo Brasil, atravessam grandes di-ficuldades financeiras. A Aneb que foi fundada no ano de 1963 e che-gou a representar 120 colégios, hoje tem apenas 85 associados. “Na úl-tima década, tem sido fechadas de três a cinco escolas Batista por ano. As que ainda se mantém, o fazem às duras penas”, resume. Felizmente, nem só de fra-cassos e índices negativos vivem as instituições de ensino. Se para alguns já é hora de puxar os freios e repensar a atuação da escola pri-vada no Brasil, para outros como o diretor executivo da Associação In-

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valores éticos e o caráter, tanto quan-to a preparação acadêmica. Por outro lado, quando a escola se denomina cristã, por laços denominacionais, mas perde a essência de sua vocação, tende a tornar-se medíocre, imitando os cânones das escolas seculares, sem ter um real diferencial a ser mostra-do”, uma opinião que de certa forma é compartilhada por Walmir Vieira da Aneb. Para Vieira, as escolas con-fessionais, de uma maneira geral, re-laxaram no seu testemunho cristão, com medo de perder alunos, mas este quadro nos últimos cinco anos tem mudado com o despertamento para se assumir a confessionalida-de. “Os batistas, adventistas e outros têm produzido material próprio para o ensino cristão em sala de aula. Os metodistas estão se despertando para a presença pastoral nas escolas. Os presbiterianos assumiram a confes-sionalidade, adicionando ao nome fantasia de suas instituições a pala-vra Presbiteriana, o que até pouco tempo não era explicito.” Diante disso tudo, Vieira acredita que ao resgatar a missão confessional, as escolas cristãs experimentarão um tempo de crescimento ou pelo me-nos de estabilidade.

Planejamento Este é certamente o caso das escolas Adventistas. Investiram pesados na produção acadêmica do seu próprio material, fortalecendo a essência de sua vocação cristã. Atua-lizaram-se frente às novas demandas educacionais, sem alterar os valores que norteiam sua missão. Hoje, elas

já aparecem entre as melhores do país nos rankings de ensino do MEC. Se sobressaíram em relação às demais, num crescimento que só perde para as redes de cursos pré-vestibulares. Se no começo da década os alunos das escolas adventistas eram cerca de 90 mil espalhados por pouco mais de 200 escolas, em 2009, segundo dados oficiais da União Central Brasileira, este montante fechou em 163 mil alunos e 449 escolas. O segredo deste sucesso, o teólogo, psicólogo e pedagogo, pas-tor Carlos Alberto Mesa que a partir deste mês deixa o cargo de diretor da Rede na América do Sul, para se aposentar, revela: “Nossa rede cres-ce de maneira sustentável, porque as novas escolas só são abertas depois de uma ampla pesquisa sócio-eco-nômica e potencial de atendimento à comunidade. A rede não abre escolas para enriquecer, mas para oferecer qualidade de vida às famílias. Embo-ra administrada por uma instituição religiosa, ela possui critérios técnicos bem claros que fazem com que suas unidades não trabalhem com prejuí-zos. Mantém uma qualidade acadê-mica, um projeto pedagógico e uma metodologia de ensino atualizada, além de atendimento personaliza-do aos estudantes. Todos os nossos materiais didáticos são produzidos pela própria editora adventista, asse-gurando não apenas qualidade, mas coesão filosófica”. Mesmo sabendo que o pro-blema não é fácil de ser resolvido, é importante lembrar que a introdu-ção de novas tecnologias de educa-ção, a cobrança por instalações cada

educação

ternacional de Escolas Cristãs (Acsi) doutor Mauro Fernando Meister, este é um momento propício ao desen-volvimento e crescimento das esco-las confessionais no país. “Se formos relevantes, certamente o crescimento virá”. E ao que tudo indica, Meister está com a razão. A Associação que ele preside, foi fundada em 2003 no Brasil, cresce 10% ao ano e já repre-senta em torno de 80 escolas associa-das. No mundo já são mais de 5,5 mil escolas e cerca de 1,2 milhão de alunos. “Quase 50% dos nossos asso-ciados estão no estado de São Paulo, no entanto, há visível interesse pela abertura de novas escolas e expansão em várias regiões do Brasil”. No úl-timo curso realizado pela Acsi para pessoas interessadas em abrir novas escolas, mais de 100 líderes se fize-ram presentes. Meister acredita que apesar da secularização do ensino ser uma premissa na sociedade moder-na, “Há vários segmentos, que mes-mo não confessando a fé cristã, pro-curam uma instituição que valorize

a cidadania, os

Para o pastor Waldir Vieira, escolas relaxaram no testemunho

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vez mais sofisticadas, turno integral com aulas extra-curriculares, pais que cada vez têm menos tempo para acompanhar a educação dos filhos, a necessidade de bons preços e a crescente preocupação com o mer-cado de trabalho, são variáveis que certamente influenciam toda esta transformação da escola privada no Brasil. Segundo a pesquisadora Va-lesca da Costa Abranches, professo-ra de Sociologia e História formada pela PUC do Rio de Janeiro para po-der atender tal tipo de demanda, as escolas que quiserem ser competiti-vas terão que se adaptar. “Elas terão que investir maçicamente em tecno-logias, instalações e recursos huma-

nos e ainda oferecer uma vasta gama de opções educacionais e atividades extracurriculares”, enfatizou. A sociedade evoluiu. Os pais estão mais exigentes. Engana-se quem pensa que só o crescimen-to da população evangélica no Bra-sil garantirá o sucesso das escolas confessionais. É preciso muito mais do que isso. As dificuldades econô-micas das famílias e a alta inadim-plência são os principais fatores que levam estas instituições a falência. Todavia, o mercado é promissor. Bons administradores, que tenham atitudes a frente do seu tempo, cer-tamente conseguirão readequar a escola confessional as novas exigên-cias da modernidade.

Doutor Mauro acredita que o momento é propício para o ensino confessional

Foto Divulgação

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Já se passaram mais de quinze anos desde que a Associação Evangélica Brasileira (AEB)

publicou o “Decálogo Evangélico do Voto Ético”, um documento que trazia recomendações sobre como os crentes deveriam se comportar diante da urna eleitoral. Isso foi em 1994 e o texto ganhou repercussão, sendo vei-culado desde em quadros de avisos e boletins das igrejas locais à revistas de circulação nacional. O Decálogo destacava a importância da liberdade de cada membro optar por seu can-didato predileto, condenando qual-quer tipo de manipulação dentro das igrejas. Era uma tentativa de se estancar o chamado “voto de curral” dentro das denominações. Tentativa

Políticos buscam votos entre os evangélicos enquanto pastores pregam uma consciência eleitoral entre os crentes

que, como bem se sabe, não vingou. Às vésperas das eleições, os evangélicos são cobiçados pelos polí-ticos. Principalmente nesse ano onde estão em curso eleições para deputa-dos estaduais e federais, senadores, governadores e presidente do país. No cenário da corrida presidencial, os três principais candidatos ao car-go de mandatário maior do Brasil são estratégicos na relação com as igrejas. Procurados pela reporta-gem da IGREJA, Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB) optaram por não respon-der às questões sobre legalização do aborto, união civil de homossexuais, liberação de drogas, regulamentação sobre a captação e uso de recursos financeiros recebidos pelas igrejas, política externa com o Oriente Mé-

dio e também sobre a opção de fé de cada um. A recusa tem suas razões: se declarar contra ou a favor aos temas listados acima pode representar um duro golpe às pretensões políticas do candidato. De acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha, é o candi-dato José Serra que mais atrai o elei-torado evangélico. Ele possui 42% da intenção de votos dos pentecostais e 38% dos não pentecostais. Somados esses grupos representam 23% dos eleitores. Dilma Rousseff tem 33% da simpatia dos crentes pentecostais e tradicionais enquanto Marina Sil-va, a única candidata que se declara evangélica, tem apenas 13% da in-tenção de votos dos eleitores pente-costais e tradicionais. Mesmo assim, Marina é a

por Marcelo Brasileiro

política

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mais alvejada quando o assunto é religião. Membro da Assembleia de Deus do Plano Piloto em Brasília (DF), dirigida pelo pastor Sóstenes Apolos da Silva, a candidata é fre-quentemente pressionada dentro e fora da igreja. “Eu tenho identifi-

cado isso nos últimos 13 anos em função da minha posição espiri-

tual, o que é muito estranho, as pessoas parecem que a priori já

querem te rotular, me parece aí sim um viés de precon-

ceito religioso”, reclamou durante uma entrevista.

A candidata já dis-se ser a favor da união civil do mesmo sexo,

desde que isso não obrigue as igrejas a sacramentarem a união em seus espaços. “Existem políticas públicas e nenhuma pessoa pode ser discriminada. Quando se trata de sa-cramento, reivindico minhas ques-tões de consciência, como no caso do aborto” , declarou, defendendo também um plebiscito sobre a des-criminalização do aborto. Marina tem se posiciona-do contrária ao uso político da fé. “Acho que a gente não pode deduzir a ação dos parlamentares evangéli-cos a guetos, bancada evangélica ou não evangélica. Somos parlamenta-res da sociedade brasileira. Se Jesus tivesse vindo só para os judeus, com certeza nós, os gentios, não tería-mos sido alcançados”. Já o preferido do eleitorado evangélico é “católico não militan-te”, como se define o ex-governador de São Paulo José Serra, que não mede esforços para agradar os elei-

tores crentes. No primeiro semestre desse ano ele foi buscar votos no congresso anual dos Gideões Mis-sionários da Última Hora, em Cam-buriú (SC), um dos principais even-tos da agenda pentecostal. Eclético, Serra participou também da Parada Gay da cidade de São Paulo, na edi-ção do ano passado, quando ainda era governador paulista. Na ocasião afirmou não ver problemas em rela-ção à adoção de crianças por casais do mesmo sexo. O tucano tem um gran-de aliado entre os evangélicos. Ele conta com a simpatia do pastor José Wellington Bezerra da Costa, presi-dente da Convenção Geral das As-sembleias de Deus no Brasil (CGA-DB), com cerca 10 milhões de fieis. Outra ala das Assembleias de Deus, ligada a Convenção Na-cional das Assembleias de Deus no Brasil - Ministério de Madureira- fechou com Dilma por influencia de seu presidente, o pastor Manoel Ferreira, que também assumiu a co-ordenação evangélica da campanha petista. Só entre as Assembleias de Deus lideradas por Ferreira estima-se seis milhões de membros. Outra gigante, a Igreja Universal do Reino de Deus, também apoia a campanha de Dilma. Dilma, à exemplo do tucano José Serra, não desperdiça a chance de ganhar votos. No mês de outubro do ano passado ela foi, na mesma semana, ao culto que celebrou os 75 anos do pastor José Wellington Be-zerra da Costa, realizado na Igreja Assembleia de Deus no bairro do Belenzinho, na zona leste de São

Paulo e também a missa na Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador (BA), onde, vestida de branco, to-mou um “banho de axé” – folhas de aroeira e pingos de água foram jo-gados em seu corpo. “Eu fui criada no catolicismo, acredito numa força superior. Estudei em um colégio de freira. Sou católica”, explicou. Em 2007, durante uma entrevista ao jor-nal Folha de São Paulo, disse não ter certeza sobre a existência de Deus. “Fiquei durante muito tempo meio descrente. Acredito que as diferen-tes religiosidades são fundamentais para as pessoas viverem. A gente não pode achar que existe aquele seu Deus. Eu me equilibro nessa ques-tão. Será que há? Será que não há? Eu me equilibro nela.”

Politicagem Entre os candidatos ao po-der legislativos, a politicagem é mais intensa. O pastor Elienai Cabral Ju-nior, da Igreja Betesda do Tatuapé, em São Paulo, conheceu bem o lado obscuro do jogo político. Brasiliense, ele chegou a trabalhar no gabinete de um deputado distrital em Brasília (recente palco de escândalos de cor-rupção que terminaram com a cas-sação do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda) e disse que as igrejas evangélicas muitas ve-zes atuam como corruptoras. “Existe uma cultura política que também en-volve a igreja. E essa cultura é de en-xergar no político um representante de interesses particulares (da igreja) e não do povo. Então, não demora muito para o político ser acionado para ajeitar situações particulares,

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como arrumar emprego, conceder benefícios com verbas públicas, pas-sagens aéreas para preletores, publi-cação de materiais para divulgação privada, coisas do tipo”, afirma. Ele conta que durante sua experiência como funcionário do gabinete político, foi procurado por pastores que chegavam com amea-ças. “Não demorava muito e as pes-soas pediam de terrenos à salsicha para o cachorro quente. Eu dizia que o deputado não dispunha de verbas para esses fins. E eles (pastores) di-ziam que outros dariam. Já ouvi de pastores coisas como, se deputado quer ser eleito na próxima eleição, é melhor ele dar um jeito”. Segundo o pastor, a igreja não deve se preocupar em buscar re-presentantes evangélicos. “Os inte-resses da Igreja são os interesses do

povo. Esse é o ideal da igreja, não o contrário. Quando começa a buscar representantes, ela entra num jogo que, a longo prazo, irá corrompê-la. É um caminho inevitável”, la-menta. Para Elienai, usar da condi-ção de pastor e líder evangélico para induzir seu rebanho para votar em algum candidato é nefasto. “Como pastor, tenho a obrigação de gerar essa sensibilidade ética na igreja que vai atuar em todas as dimen-sões. A ética cristã se pulveriza em valores”, afirma. O sociólogo Alexandre Bra-sil Fonseca, um dos principais pen-sadores evangélicos do país, acredita que é preciso “relativizar a capacida-de de uma igreja na decisão de voto dos fieis”. Ele argumenta que pes-quisas indicam que mesmo entre as igrejas que investem mais no lança-

mento e divulgação de candidatos “oficiais”, a adesão dos fiéis por meio dos votos nestes candidatos não che-ga a 50%. “Esse dado é significativo pelas duas informações que propor-ciona: Mesmo com toda a campanha e as ‘pesadas estratégias’, nas igrejas que atuam de forma mais agressiva nesse campo, metade de seus fieis não dão o seu voto a estes candida-tos! Por outro lado, pensando numa organização social, impressiona a significativa adesão que ocorre, com metade dos fieis votando nos candi-datos oficiais”, conta o professor do Laboratório de Estudos da Ciência do Núcleo de Tecnologia Educacio-nal para Saúde da Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro. Para ele as igrejas pode-riam oferecer um enorme serviço à sociedade brasileira ao se apresen-tar como um espaço plural e demo-crático para o debate político, não somente na época eleitoral, mas também nela. “Convidar parlamen-

política

Fotos Divulgação

Jorge Pinheiro: Espírito deve nortear mudanças

Elienai Cabral Junior: Diz que as igrejas enxergam no político um representante de interesses particulares

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tares e pessoas que estão na gestão para debater temas de interesse da comunidade é uma tarefa que deve fazer parte da compreensão de mis-são e testemunho da Igreja. Penso que esse é um importante caminho para sermos sal e luz na atual de-mocracia brasileira”. Em 1998 o pastor Levi de Araujo, então dirigente da Primei-ra Igreja Batista de Santo André, no ABC paulista, iniciou um projeto chamado “Segunda Cidadã”, que pretendia debater, às primeiras se-gundas feiras de cada mês, na sede da igreja, com representantes do go-

verno municipal e estadual progra-mas, os projetos e ações desenvolvi-dos junto à população. No ano 2000 a igreja organizou um debate com os candidatos à prefeito de Santo André e, dois anos depois, estendeu esse convite para os candidatos aos cargos de governador e presidente do país. “Foi realmente o auge do projeto. Debatemos com todos os candidatos ao governo estadual e convidamos também todos os pre-sidenciáveis, mas somente dois can-didatos aceitaram e compareceram”. Assim, além de receber o candidato trotskista do Partido da Causa Ope-

rária (PCO), Rui Costa Pimenta, a igreja acolheu também o então can-didato petista Luis Inácio Lula da Silva, que venceria o pleito. “Foi re-almente uma experiência rica e ines-quecível. Um exercício democrático extraordinário e enriquecedor”, diz Levi, que agora é pastor da Igreja Batista da Água Branca, na cidade de Guarulhos (SP).

Crentes e política Autor do livro Cristianis-mo e Política, o bispo Robinson Ca-valcanti, da Diocese Anglicana do Recife (PE) explicou que as igrejas protestantes históricas, “herdeiras do avivamento wesleyano”, nunca demonizaram a atividade política, mas sempre defenderam essa parti-cipação, “como na luta pela abolição da escravatura, pela separação en-tre Igreja e Estado, pela República, pela educação mista e técnica, pela adoção da educação física e dos es-portes, pela democracia e pela jus-tiça Social”. Segundo Dom Robin-son, apenas posteriormente, com a chegada dos pentecostais e missões de fé fundamentalistas, houve uma polarização entre o “evangelho in-dividual” e “evangelho social”, por

Alexandre Brasil: Relativizar a capacidade na decisão do voto

Levi Araujo: Debate cidadão com representantes

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forte influencia estadunidense. “Os históricos continuaram advogan-do uma presença transformadora, aglutinados em torno da Confede-ração Evangélica do Brasil, até o Golpe Militar de 1964. Foi apenas na década de 1970 que se dissemi-nou no protestantismo brasileiro a heresia do ‘crente não se mete em política’, substituída, depois, pela heresia corporativista do “irmão vota em irmão”. Ele é duro na análise do comportamento dos evangélicos em relação à política partidária. “No lu-gar de evangélicos políticos, que são cidadãos cristãos a serviço do bem-comum da pátria, temos ‘políticos evangélicos’, corporativistas, despa-chantes de luxo das igrejas, voltados para dentro, servindo-se do Estado e não a serviço do Estado e da nação”, lamenta. Segundo o jornalista, cien-tista político e pastor Jorge Pinheiro, da Igreja Batista de Perdizes (São Paulo), os três últimos presidentes do Brasil, Fernando Collor, Fernan-do Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva, usaram a mesma es-tratégia para serem eleitos: a aliança com as oligarquias tradicionais do Nordeste e o acordo com os evangé-licos nas periferias urbanas do sul-sudeste. Correspondente europeu na França para o periódico Via Política, ele cita um artigo de Jean-Jacques Fontaine, publicado no jornal Le Petit Journal, no início de julho. “Fontaine pergunta se não estamos assistindo a ‘talibanização’ da socie-dade brasileira. E expõe seus moti-vos para pensar assim: o destino do

dinheiro arrecadado pelos pastores não é nada transparente e existe uma disparada na construção de templos. Mas isso é o que se vê, embora se sai-ba que o dinheiro vai para enrique-cimento pessoal e financiamento de campanhas políticas. Basta ver que os evangélicos representam 23% da população, mas já ocupam 35% das cadeiras no Congresso Nacional”. Jorge Pinheiro defende o que chama de “espírito profético”. Para ele, esse espírito deve nortear aos evangélicos rumo às mudanças desejadas nas urnas. “É preciso en-

tender que há na busca permanente da justiça um choque entre necessi-dades e transformação, criatividade e novidade. Tal desafio não pode ser resolvido por uma pessoa, por mais evangélica e radical que seja. O sujei-to da transformação será, em última instância, o sujeito social, as massas em mobilização”, discursa, convo-cando tanto a esquerda quanto a di-reita evangélica para a mobilização. “Para que o sonho de Amós aconteça no presente concreto brasileiro: que o juízo corra como as águas e a justi-ça como ribeiro perene”.

política

Bispo Robison: É duro na análise do comportamento dos evangélicos

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I – O voto é intransferível e inegociável. Com ele o cristão expressa sua consciência como cidadão. Por isso, o voto precisa refletir a compreensão que o cristão tem de seu País. Estado e Município;

II – O cristão não deve violar a sua consciência política. Ele não deve negar sua maneira de ver a realidade social, mesmo que um líder da igreja tente conduzir o voto da comunidade numa outra direção;

III – Os pastores e líderes têm obrigação de orientar os fiéis sobre como votar com ética e com discernimento. No entan-to, devem evitar transformar o processo de elucidação política num projeto de manipulação e indução político-partidário;

IV – Os líderes evangélicos devem ser lúcidos e democráti-cos. Portanto, melhor do que indicar em quem a comunidade deve votar, é organizar debates multipartidários, nos quais, simultânea ou alternadamente, os vários representantes de correntes políticas possam ser ouvidos sem preconceitos;

V – A diversidade social, econômica e ideológica que caracteriza a igreja evangélica no Brasil, deve levar os pas-tores a não tentarem conduzir processos político-partidários dentro da igreja, sob pena de que, em assim fazendo, eles dividam a comunidade em diversos partidos;

VI – Nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato

O Decálogo do voto éticode ele se confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos cristãos, são pessoas lúcidas e comprometi-das com as causas de justiça e da verdade. E mais: é funda-mental que o candidato evan-gélico queira se eleger para propósitos maiores do que ap-enas defender os interesses que passam também pela dimensão política. Todavia, é mesquinho e pequeno demais pretender eleger alguém apenas para defender interesses restritos às causas temporais da igreja. Um político evangélico tem que ser, sobretudo, um evangélico na política e não apenas um “despachante” de Igrejas;

VII – Os fins não justificam os meios. Portanto, o eleitor cristão não deve jamais aceitar a desculpa de que um político evangélico votou de determi-nada maneira, apenas porque obteve a promessa de que, em fazendo assim, ele conseguirá alguns benefícios para a igreja, sejam rádios, concessões de TV, terrenos para templos, linhas de crédito bancário, pro-priedades ou outros “trocos”, ainda que menores. Conquanto todos assumamos que nos bas-tidores da política haja acordos e composições de interesses, não se pode, entretanto, admitir que tais “acertos” impliquem na prostituição da consciência de um cristão, mesmo que a “recompensa seja, aparente-mente, muito boa para a expan-são da causa evangélica. Afinal, Jesus não aceitou ganhar os “reinos deste mundo” por quaisquer meios. Ele preferiu o caminho da cruz;

VIII – Os eleitores evangéli-cos devem votar baseados em programas de governo, e não apenas em função de “boatos” do tipo: “O candidato tal é ateu”; ou: “O fulano vai fechar as igrejas”. Ou o sicrano não vai dar nada aos evangélicos”; ou ainda: “O beltrano é bom porque dará muito para os evangélicos”. É bom saber que a Constituição do país não dá a quem quer que seja, o poder de limitar a liberdade religiosa de qualquer grupo. Além disso, é válido observar que aqueles que espalham tais boatos, quase sempre, têm a intenção de in-duzir os votos dos eleitores as-sustados e impressionados, na direção de um candidato com o qual estejam comprometidos;

IX – Sempre que um eleitor evangélico estiver diante de um impasse do tipo: “o candidato evangélico é ótimo, mas seu partido não é o que eu gosto”, é de bom alvitre que, ainda assim, se dê um “voto de confiança” a esse irmãos na fé, desde que ele tenha as qualificações para o cargo. A fé deve ser prioritária às simpatias ideológico-partidárias.

X – Nenhum eleitor evangélico deve se sentir culpado por ter opinião política diferente da de seu pastor ou líder espiritual. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ele ensina so-bre a Palavra e Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político, a opinião do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e não como uma profecia divina”.

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Ler as histórias e os relatos de Richard Stear-ms me fez lembrar o período em que fui presidente da Visão Mundial no Brasil, dos muitos lugares em que andei por esse país afora conhecendo pessoas, suas experiências e os projetos de desenvolvimento susten-tável desenvolvidos pela organização. Uma lembrança marcante é a de um grupo, no centro oeste, que com apoio da Visão Mundial, organizou uma cooperativa agrícola. As pessoas desse grupo haviam sido resgata-

Mudar o Mundo com o Reino de Deus

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mundo melhorAriovaldo Ramos

das do trabalho escravo e estavam reconstruindo a vida com dignidade, solidariedade e esperança. A lacuna no Evangelho percebido por Stear-ms – o Reino de Deus que deveria ser realidade aqui e agora para pobres, enfermos, enlutados, crianças, viúvas, órfãos, estrangeiros – é a perda da perspectiva de que somos iguais. A igualdade é uma palavra-chave para fé cristã, pressupõe responsabilidade mútua entre os cristãos, transformando a comunidade cristã num

é teólogo e escritor.

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relacionamento tal, que todos trabalhem para o bem de todos. A ideia presente neste conceito, e no livro de Richard Stearms, é a de que, na medida em que nos vemos como iguais, entendemos que a dignidade usufruída por um deve ser usufruída por todos, o que, por definição, constrange-nos à solidariedade. Com o crescimento da solidariedade, nós nos damos conta de nossa responsabilidade para com todo o segmento da humanidade que puder-mos alcançar. Isso acontece porque, gradativamente, percebemos a imagem de Deus em todo o ser hu-mano, e, assim, percebemos que nossa responsabi-lidade para com o próximo tem a mesma dimensão de nossa responsabilidade para com os irmãos. Isso torna a pregação do Evangelho uma demonstração de amor sem discriminação, mais do que um discur-so, o Evangelho é demonstração de um amor eterno pelo ser humano a ponto de resgatá-lo – da pobreza, da exclusão, da escravidão, da injustiça – não impor-tando o preço. Assim pensa a Visão Mundial, assim pensa-

mos nós. A igreja deve abrir o Reino de Deus para o mundo e deve mudar o mundo com o Reino de Deus. A Grande Lacuna é um desafio urgente a nos envol-vermos, a lutarmos pelo bem estar das crianças e de suas famílias; queremos ver meninos e meninas prota-gonistas das próprias histórias. É um incentivo a traba-lharmos por estruturas e sistemas transformados que possibilitem acesso a oportunidades e direitos à terra, ao trabalho e à renda, à moradia, à saúde e à educação. Quanto mais nos envolvermos, mais promoveremos justiça, mais transformaremos a realidade e a vida de quem precisa de plenitude e abundância.

Lembre-se: Jesus de Nazaré é a raiz, é o broto da raiz de Jessé. Ele é o Senhor da Casa de Davi e veio para livrar o oprimido das mãos do opressor.

Ariovaldo Ramos é teólogo e escritor. Foi presidente da Visão Mundial no Brasil, organização não governamental, humanitária e cristã, de desenvol-vimento, promoção de justiça e assistência. Combate às causas da pobreza para que crianças, famílias e comunidades alcancem seu potencial pleno. A Visão Mundial integra a parceria World Vision International, que atua em quase 100 países.

mundo melhor

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profissional cristão

Mário Kaschel Simões

Empresário, Palestrante, Pastor da Igreja Ágape de Atibaia, Docente Internacional do Instituto Haggai, Sócio-diretor da Escola Interna-cional Preparando Gerações, Diretor do Instituto 7 Montanhas do Brasil

www.7montanhas.com.br - [email protected]

Vivemos em um mundo em constantes mudanças. A maioria das pessoas quer usufruir os benefícios das mudanças no mundo, porém não quer fazer nenhum esforço para que elas aconteçam. Charles Kettering disse que “O mun-do odeia mudanças, no entanto é a única coisa que traz progresso.” Certo dia, enquanto o Vovô dormia no sofá , um de seus netos muito travesso, colocou um pouco de queijo gorgonzola no seu bigode branco . Sentindo aquele forte cheiro, minutos depois, ele acorda dizendo: “Esta sala está chei-rando mal!” Caminha para a cozinha, respira e diz: “A cozinha está fedendo!” Vai para o seu quarto, respira fundo e diz: “Meu quarto está fe-dendo!” E por fim, ele abre a porta da casa e sai para o quintal, respira fundo e diz: “O mundo inteiro está fedendo!” É verdade que nosso mundo hoje está “cheirando mal” devido a muitos problemas que enfrentamos em diversas áreas. Porém, se cada um de nós fizer a sua parte, e mudar, removen-do o “queijo gorgonzola” de suas vidas, conse-quentemente, o mundo ao nosso redor também irá mudar. Uma única pessoa pode fazer toda a diferença. A história da humanidade mostra que quando Deus decidia realizar alguma mudança no mundo, ele escolhia uma pessoa para fazer isso. Pense em Adão, Noé, Abrão, Moisés, Josué, Ester, Neemias, Davi, Elias, Maria, Pedro, Pau-lo, Agostinho, Martinho Luthero, William Wil-berforce, William Carey, Billy Graham, e o maior de todos, em toda a história: Jesus Cristo! Tenho ensinado com frequência que “Antes de Deus usar uma pessoa para mudar o mundo, Deus precisa mudar o mundo desta pes-soa”. A obra de Deus na sua vida é um processo de transformação que perdurará a vida inteira.

A mudança começa em você.“Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fl. 1:6). Quais tem sido as áreas que você precisa que Deus mude na sua vida? Será sua vida matrimonial? Relacionamentos? Finanças? Vida espiritual? Saúde física? Estudos? Negócios? Mi-nistério? Você quer que as coisas mudem ao seu re-dor? Então você precisa mudar! Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. Tenha a dis-posição e coragem de mudar para ser o exemplo da mudança que você deseja ver nos outros. Não espe-re que os outros mudem, tome você a iniciativa.- Organize e planeje sua vida e cumpra os compro-missos de sua agenda. - Dedique tempo para realizar o que é importante, para não ser refém do urgente. - Invista tempo nas pessoas mais importantes de sua vida. - Separe sua melhor hora para estar com Deus, con-versar com ele, e ouvir o que ele tem a dizer, através da leitura e meditação da Palavra de Deus.- Cuide bem de seu corpo, templo no qual Deus ha-bita. Alimente-se bem, faça exercícios regularmente e não deixe de dormir o suficiente.- Desenvolva o hábito de ler bons livros, que sejam fonte de inspiração e motivem sua vida.- Compartilhe com as pessoas ao seu redor os va-lores e princípios que tem aprendido. Saiba que eles serão eternamente agradecidos pelo seu inves-timento na vida deles. O famoso escritor, Mark Twain disse: “Da-qui a 20 anos você estará mais desapontado pelas coisas que não fez do que pelas que fez.” Prove que ele estava errado. Lembre-se que Deus quer mudar o mundo hoje, e para isso, ele escolheu uma pessoa que pode fazer a diferença... Esta mudança começa em você! Um abraço e muito sucesso!

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arqueologia

Mais uma evidênciaArqueólogos descobrem templo filisteu na cidade natal de Golias

Arqueólogos em Israel desco-briram um templo filisteu no local onde teria sido a ci-

dade natal do gigante guerreiro Go-lias. As ruínas do templo estão lo-calizadas na antiga cidade de Gath, segundo informou o professor Aren Maeir do departamento Martin de Estudos e Arqueologia das Terras de Israel da Universidade Bar Illan. O templo descoberto tem uma imagem arquitetônica semelhante ao descri-to na história bíblica de Sansão, que derrubou o templo do filisteu Dagon

sobre si mesmo. “Nós não estamos dizendo que este é o mesmo templo onde a his-tória de Sansão ocorreu ou mesmo que a história não ocorreu,” disse

Maeir, que dirigiu a escavação no local durante os últimos 13 anos, ao The Jerusalem Post. “Mas isso nos dá uma boa ideia de que a imagem de qualquer um que tenha escrito a história, teria sido de um templo filisteu. “Este é o primeiro templo filisteu encontrado em Gath. Além da descoberta do templo, a equipe também encontrou provas de um grande terremoto do século 8 a.C. que poderia ser o terremoto mencionado nos livros de Isaías e Amós.

Foto Divulgação

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lpit

o

Aos 52 anos, pastora Ezenete Rodrigues, líder do ministé-rio de intercessão da Igreja

Batista da Lagoinha, vive o resultado da intercessão. Filha de pastor, aos 12 anos teve sozinha em seu quarto, um encontro pessoal com Jesus. Dois anos depois, adoeceu e foi desengana-da pelos médicos. “Minha cura veio como uma resposta de intercessão e oração”, conta. A partir daí, inspirada e ‘treinada’ por aquelas que estavam orando por sua vida, tornou-se uma intercessora. Este chamado ela comparti-lha com outras pessoas. Viaja promo-vendo workshops, encontros, desta-cando o papel da intercessão na Igreja. “É o que dá suporte a todos os outros ministérios da igreja, existe para servir e não ser servido.” Seu compromisso com o próximo deu origem ao mi-nistério Restaurando Vidas. Iniciado em sua casa, com o intuito de ajudar e consolar casais separados, pessoas feri-das, o trabalho deu origem a Estância Paraíso, um lugar para ministração e cura interior.

Existem equívocos no conceito de intercessão por parte das igrejas? O termo intercessão é novo no nosso meio, apesar de sabermos que sempre houve intercessores que, de geração em geração, têm trazido

Pilar para o ministérioPara pastora Ezenete Rodrigues, Ministério de Intercessão deve ter mesmo espaço de outros setores da Igrejapor Mayra Bondança

os sonhos e propósitos do Senhor. Mui-tos confundem intercessão com oração. Não há como interceder sem orar, mas nem toda oração necessariamente é in-tercessão. Costumo dizer que a oração é um “namoro com Deus”, a intercessão “é um casamento” um nível mais pro-fundo de intimidade e compromisso.

A senhora crê que muitas igrejas tratam o ministério de forma negligente? Não. O Ministério de Inter-cessão existe para servir e não para ser servido. Se o ministério está dentro desta visão não vai esperar nenhum re-conhecimento ou tratamento especial. Ele sempre fica por trás e tem a missão de ser o suporte para todos os ministé-rios da Igreja. Não precisa de evidên-cias, nem elogios.

Como funciona a intercessão nas igre-jas nos dias atuais? Seria importante resgatar seu sentido?

Temos visto o despertar da Igreja para a importância da Interces-são. Tenho um pastor, amigo e conse-lheiro que sempre me fala: Se orarmos durante 22 horas por dia, em duas ho-ras Deus pode salvar, curar e restaurar. Entendemos que se toda a igreja tiver a visão da importância da Intercessão vamos romper cada dia, glorificando o nome do Senhor. Sempre falo que na igreja precisamos ter: o intercessor pas-tor, os intercessores ministros de louvor, o intercessor diácono, o intercessor ze-lador, o intercessor tesoureiro, as inter-cessoras da sociedade de senhoras, os intercessores professores de crianças, adolescentes, líderes de células. Se en-tendermos que através da intercessão podemos gerar o propósito de Deus para cada área e, o mais importante, caminharmos em unidade como cola-boradores, com certeza vamos colher muitos frutos, muitas vidas restauradas para o Senhor.

Foto Divulgação

Ezenete: Ministério não deve esperar reconhecimento

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De um tempo para cá, as entidades cristãs se tor-naram vitrine e motivo

de acompanhamento da Receita Federal por conta das movimenta-ções financeiras e isenções fiscais. Um descuido ou falta de atenção e a administração financeira e ecle-siástica pode virar uma grande dor de cabeça. Em algumas institui-ções há conselho fiscal que auxilia, em alguns dos casos com suporte de um contador, acompanha evi-tando assim qualquer equivoco. Mas, na maioria das entidades, toda administração é centrada na figura do pastor. Além de cuidar

por Mayra Bondança

administração

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Tudo às clarasEmpresas de informática criam sistema para auxiliar líderes no controle de membros atéadministração financeira

do ministério ele precisa realizar a gestão administrativa, prestação de contas, entra e sai dos membros. Atenta as necessidades das Igrejas, empresas de informática criaram sistemas que auxiliam desde o con-trole de membros até o entra e sai de doações evitando problemas de administração até questionamento do Fisco. “Alguns líderes priorizam outras questões como: a pregação, a visitação, a liturgia, a música, pois consideram como questões espiri-tuais e infelizmente não enxergam que a administração também é uma questão espiritual”, observa o pas-tor Valdo Romão, contador, advoga-do, teólogo, professor universitário,

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administração

pastor da Igreja Batista do Jardim Iva, em São Paulo, e presidente da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil. Para Valdo, a administração deve ser vista com a mesma impor-tância de outros ministérios da con-gregação e deve ser feita com trans-parência. Ele ressalta a importância da terceirização do serviço contábil e fiscal para não haver problemas e nem equívocos com a parte legis-lativa. Mesmo assim, destaca que a participação dos membros nesse ponto não deixa de ser essencial.

“Existe uma parcela importantíssima

que os irmãos e irmãs podem e devem dar a Igreja, como a lisura no re-

cebimento dos v a l o r e s ,

manutenção de anotações idôneas, aquisição de bens e equipamentos, realização de cotação de preços”, acrescenta o doutor Gilberto Garcia, advogado, professor universitário, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros e autor de obras jurídico-eclesiásticas. Especialistas no assunto, Romão e Garcia já viram Igrejas se complicarem por não darem devida atenção a questões trabalhistas, de-claração do imposto de renda e pres-tação de contas. Para facilitar a vida dos pastores e líderes, as empresas de informática desenvolveram sof-tware que fazem a contabilidade e a administração de forma prática e simplificada, acabando com a ne-cessidade de muitos papéis, arqui-vos e funcionários.

MultiusoO desejo de criar ferramentas para os ministério surgiu, no caso da em-presa de tecnologia Soares e Neves, em Mogi Mirim, São Paulo, quan-do um dos seus sócios percebeu as dificuldades enfrentadas por sua própria congregação nas partes fis-cal e administrativa. O que era uma

solução individual se tornou uma necessidade coletiva. A direção contatou um ami-go com conhecimentos em informá-tica, atualmente seu sócio, e juntos criaram o Sigi. Este software faz o trabalho de contabilidade exclusiva-mente para igrejas. “Se o líder não tiver muitas preocupações com a parte fiscal, administrativa e finan-

Gilberto Garcia defende transparência na administração eclesiástica

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ceira, a concentração na parte espiritual, nos estudos e mensagens será maior”, declara Maurício Aparecido das Neves, só-cio da empresa. O programa faz o controle de membros, visitantes, ministérios, dízimos e até ofertas. Para ser real-mente funcional e eficaz, uma pes-quisa de campo detectou os princi-pais pontos no cadastro de um novo membro na congregação. Com isto, com ajuda do programa, é possível ao líder, saber o dia do batismo em águas, data de chegada, aniversário, entre outras funções. Além de fazer esta gestão, o software também faz o controle de caixa e seu fechamento para executar a prestação de contas para a Receita Federal. O pastor pode ainda, em um determinado ponto do produ-to, incluir os compromissos minis-teriais e criar ferramenta de con-trole da Escola Bíblica Dominical. Os custos são apenas de adesão e manutenção. A Cathedral Software, Goiâ-nia (GO) também entendeu as mui-tas necessidades da gestão ministerial

e criou ferramentas e assessorias para Igrejas. Hoje 90% de seus clientes são representados por igre-jas e congregações. O primeiro cliente foi a

Assembleia de Deus Ministério Madureira no ano de 1992. A

necessidade de um cuidado maior com a parte de finanças e assessoria da congregação fez com que a Cathedral fos-

se procurada. O Projeto Mem-bros, como é chamado o software,

trabalha com controle de membros, ministérios, caixa e ajuda a orga-nizar a declaração do Imposto de Renda. Possui somente um valor de manutenção mensal, variando de acordo com o número de membros da igreja. Sua grande vantagem é o módulo web. Com ele os dados podem ser acessados por qualquer computador, pois se encontram on-line. “No caso de várias unidades, cada uma tem acesso restrito às in-formações pertinentes à sua congre-gação. Somente a sede tem acesso às informações de todas as filiais”, con-ta Walter Ferreira Junior, especialis-ta de Tecnologia em Informação da empresa. O programa tem atualiza-ções temporárias, de acordo com as necessidades surgidas na própria congregação. Atualmente, a empre-sa conta com mais de oito mil usuá-rios do Projeto Membros e trabalha também com outros países, além do Brasil.

DízimoA Delorean, oriunda de Presidente

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Prudente, em São Paulo, criou dois produtos, sucesso de ven-das. São eles: o Idízimo.com e o Diziplan.com. Ambos têm o mesmo objetivo: o auxiliar igrejas no controle de dízimos, contribuições. A grande dife-rença entre os dois sistemas

é que um é voltado aos católicos e outras a Igrejas evangélicas. Funcio-nam completamente on-line, não sendo necessário download, nem instalação. É possível fazer a conta-gem de membros, controlar quantos

deles fizeram contribuições e fecha-mento de caixa. Os softwares traba-lham com gráficos e relatórios esta-tísticos mostrando metas e objetivos. A empresa ainda oferece um espaço para um hotsite da congregação. O backup do banco de da-

dos é automático e diário. Aten-dimentos são feitos via Messen-ger. Seu custo mensal e apenas para manutenção e atualização do sistema. Milhares de congre-gações em dez estados brasileiros utilizam esses serviços. “A grande dica é fazer sempre uma admi-nistração transparente e justa”, aconselha Márcio Rúbio, diretor executivo da Delorean.

administração

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estratégia e ação

Edgard J.C. Menezes

Doutor em administração de empresas, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretor da DPA.

[email protected]

Se criar estratégia significa definir o aon-de se quer chegar e como, ou, em outras palavras, os objetivos da igreja e as ações para alcançá-los, então a questão é sa-ber até onde pode ir o pastor (e sua congregação) sem passar por cima do que já está definido no Evange-lho e anunciado por Deus. Há, por exemplo, o estatuto maior definido pelas convenções, como no caso da declaração do Congresso Mundial de Evangelização, em Lausanne, Suíça, 1974 que apresentou a mis-são da Igreja como sendo a de levar o evangelho todo para o homem todo, para todos os homens, promovendo a manifestação histórica do reino de Deus como um sinal do que serão o novo céu e a nova terra. Isto define a ação integral da Igreja, que deve estar no mundo como o Senhor Jesus no mundo esteve:

Pastores podem criar estratégias?“Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (João 20: 21).

Cada igreja tem sua própria maneira de cumprir sua missão, sua filosofia que retrata as ênfases e va-lores peculiares de cada igreja local. É nesse conceito de filosofia que as comunidades encontram algum es-paço para definir suas estratégias. Observemos alguns exemplos. Pri-meiro a visão de uma igreja batista: “Conhecer o Cristo crucificado e torná-lo conhecido, em todo lugar, por meio da graça”. E a de uma presbiteriana: “Missão: Glorificar a Deus através da proclamação da

Palavra, do culto a Deus, da promoção humana e da comunhão” e sua visão: “Cada casa uma igreja, cada membro um ministro”. Por ultimo, no site da Ibab do Pastor Ed Rene, acessando-o tem-se a oportunidade

de aprofundamento nessa questão, sendo aqui resu-mida: “a missão da Ibab é levar o evangelho todo para o homem todo”. Em todos os casos citados vemos resso-nância com a Palavra. Concluindo, o fato de ser relativamente limitado o espaço para concepção do “aonde” se quer chegar, o mesmo não acontece no “como” alcançar os objeti-vos, havendo maior gama de alternativas, pois cada Igreja pode escolher enfatizar um ou outro aspecto até mesmo por conta dos dons recebidos por seus administradores.

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lançamentos

Cadeira Real Sem Braço

O lançamento da Móveis Salomão tem acaba-mento com assento com espuma 0,8 cm e En-costo com 0,5 para o melhor o conforto. Cor do tecido e revestimento acrílico opcional. O pro-duto tem 1,12 m com 0,50 m de largura feito em Angelim Pedra. Mais informações www.moveissalomao.com.br

Bíblia à Prova D’água

Impressa 100% em material plástico, esta edição do Novo Testamento é à prova d’água e de intempé-ries. Totalmente impermeável, permite que a Pa-lavra de Deus seja lida em qualquer lugar que o leitor esteja – na praia, à beira da piscina, na chuva e, até mesmo, durante a prática de mergulho –, sem que ocorra qualquer tipo de dano à publicação. O produto traz ainda texto bíblico: Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH)www.sbb.org.br

Teologia Sistemática de Norman Geisler

Ph.D em filosofia, professor universitário há mais de 50 anos, autor, através de uma abor-dagem filosófica traz conhecimento necessário sobre as princi-pais doutrinas do Cristianismo. Além disso, seus comentários, sobre história, ciência e ética são ideais para quem deseja ter sólidos argumentos apologéticos, contra as heresias do mundo contemporâneo e materialista. No formato 16x23 o produto tem 2,2 mil páginas com capa dura.www.cpad.com.br

Condicionador de Ar Carrier Split Hiwall

O novo Split Hi Wall Carrier tem design mo-derno, baixíssimo consumo de energia e a me-nor unidade externa do mercado. Com três velocidades tem as funções Sleep, Swing e Turbo. Supersilencioso, tem um minicondensadira 38 KC e é ideal para ambientes até 6m².www.adias.com.br

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Valdo Romão

Advogado, contabilista e diretor executivo da Convenção Batista do Estado de São Paulo. É autor do livro Manual do Terceiro Setor e Instituições Religiosas.

[email protected]

administração eclesiástica

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29.12 Modelos de Declarações para Isenção da Retenção de 11%

a) Primeiro modeloDECLARAÇÃOEu, ______________________________________, portador do RG nº ______________, do Conse-lho __________ ou OAB etc., sócio da empresa ____________________________, com sede na Rua ______________________________, nº ______, bairro _______________, Estado ____________, CEP: ___________, CNPJ sob o nº ________________, declaro sob as penas da lei que a ___(nome da contratante), está isenta da retenção de 11% (onze por cento), por ser o serviço prestado pessoalmente por mim, sócio da empresa, sem o concurso de empregados ou outros contribuintes, conforme preceitua o art. 148, § 2º, da Instrução Normativa nº 3, de 14-7-2005 (DOU de 15-7-2005).Por ser a expressão de verdade, firmo a presente declaração.______________________________________(nome do titular e assinatura)

b) Segundo modeloDECLARAÇÃOEu, _______________________________________, portador do RG nº _____________, titular da ____ (nome da empresa) _____, sediada na Rua ______________________________, cidade _________________, Estado __________ CEP: __________, CNPJ nº ____________, declaro sob as penas da lei que não possuo empregados e que o faturamento do mês anterior foi igual ou inferior a duas vezes o limite máximo do salário-de-contribuição, cumulativamente = R$ 6.077,98 (seis mil e setenta e sete reais e noventa e oito centavos). R$ 3.038,99 (limite máximo de agosto/2008) × 2 = R$ 6.077,98.Diante do exposto, a empresa contratante (nome da empresa tomadora) fica dispensada de efetuar a re-tenção de 11% (onze por cento) dos serviços contidos em cada nota fiscal, de minha empresa, conforme preceitua o art. 148, § 1º, da Instrução Normativa nº 3, de 14-7-2005 (DOU de 15-7-2005).Por ser a expressão de verdade, firmo a presente declaração.________________________________(nome do titular e assinatura)

Empresa que Contrata Serviços Mediante Cessão de Mão-de-Obra – Retenção de 11% (Inclusive Entidade Beneficente, Optante pelo Simples e Comunidade Religiosa)

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lançamentos

Notebook HP Envy15-1109br

O portátil vem com processador Intel Core i7-720QM, Windows 7 professional, 6 gi-gabytes de memória RAM, 500 gigabytes de disco rígido, leitor Blue-Ray e lightscri-

be externo. A tela de LCD mede 15.6 polegadas e vem com câmera integrada, sem falar no leitor de cartão 2 em 1.

Câmera de Vigilância CCD Day/Night para Circuito Fechado de TV

Câmera Day/Night de 60 à 100 metros, ideal para monitoramento de residência, comércio ou empresa no escuro total, qualidade de imagem digital com alta resolução e infravermelho.

Motorola A45 Motocubo

Conecte-se ao mundo com o novo Moto-cubo. Através deste incrível celular, você pode atualizar seus perfis em redes so-ciais como Orkut, Facebook e Twitter e ainda entrar em contato com seus amigos através do MSN Messen-ger. E para facilitar sua vida, o Motocubo tem um teclado Qwerty - com layout similar ao de um computador. A câmera tem resolução de 2MP e zoom de 8x.

Projetor Sony VPL-CX120

Projetado para atender às necessida-des de salas de conferência corpora-tivas de tamanho médio e salas de aula. O Sony VPL-CX120 apresenta resolução XGA para projetar imagens de alta qualidade. Lu-minosidade do projetor de 3 mil lumens reais, permitindo apresen-tações brilhantes, mesmo com luz ambiente. A lente oferece imagens nítidas e claras. Garantia de três anos.

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