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IDENTIFICAÇÃO DE METAIS PESADOS NO SOLO DA ÁREA E ADJACÊNCIAS DO ATERRO CONTROLADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE IPAUSSU – SP IDENTIFICATION OF HEAVY METALS IN THE SOIL’S AREA AND LANDFILL ADJACENCIES OF URBAN SOLID RESIDUES IN THE IPAUSSU – SP CITY Orientando: Edmilson Fernando MIOTO Orientador: Profa. Dra. Maria Cristina PERUSI Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus Experimental de Ourinhos - Geografia E-mail: [email protected] Palavras-chave: solo; aterro controlado; metais pesados Keywords: soil; landfill; heavy metals 1. INTRODUÇÃO Este trabalho é parte integrante do projeto de Iniciação Científica, cujo título é o mesmo acima mencionado, que está em vias de ser submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Os metais pesados provêm da decomposição de resíduos sólidos urbanos, podendo contaminar o solo, as águas superficiais, subterrâneas e provocar problemas de saúde àqueles que entram em contato com estes recursos quando contaminados. Esta situação ocorre principalmente em municípios nos quais há um mau gerenciamento de resíduos sólidos, uma vez que a disposição final se dá de forma indiscriminada em locais com ausência de impermeabilização do solo. O recurso natural a ser analisado é o solo da área e adjacências do aterro controlado de Ipaussu – SP (figura 1). Este município integra a Região Sudoeste do Estado de São Paulo, localizando-se às margens do Rio Paranapanema, entre as coordenadas geográficas 49,62º W e 23,05º S, com uma população de 12.964 habitantes, distribuídos por uma área de 209,41 km² (IBGE, 2007). Figura 1. Valas de resíduos sólidos e possível lagoa de chorume no aterro controlado.

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IDENTIFICAÇÃO DE METAIS PESADOS NO SOLO DA ÁREA E ADJACÊNCIAS DO ATERRO CONTROLADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS NO MUNICÍPIO DE IPAUSSU – SP

IDENTIFICATION OF HEAVY METALS IN THE SOIL’S AREA AND LANDFILL ADJACENCIES OF URBAN SOLID RESIDUES IN THE

IPAUSSU – SP CITY

Orientando: Edmilson Fernando MIOTO

Orientador: Profa. Dra. Maria Cristina PERUSI

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus Experimental de Ourinhos - Geografia

E-mail: [email protected]

Palavras-chave: solo; aterro controlado; metais pesados

Keywords: soil; landfill; heavy metals

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho é parte integrante do projeto de Iniciação Científica, cujo título é o mesmo acima mencionado, que está em vias de ser submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Os metais pesados provêm da decomposição de resíduos sólidos urbanos, podendo contaminar o solo, as águas superficiais, subterrâneas e provocar problemas de saúde àqueles que entram em contato com estes recursos quando contaminados. Esta situação ocorre principalmente em municípios nos quais há um mau gerenciamento de resíduos sólidos, uma vez que a disposição final se dá de forma indiscriminada em locais com ausência de impermeabilização do solo. O recurso natural a ser analisado é o solo da área e adjacências do aterro controlado de Ipaussu – SP (figura 1). Este município integra a Região Sudoeste do Estado de São Paulo, localizando-se às margens do Rio Paranapanema, entre as coordenadas geográficas 49,62º W e 23,05º S, com uma população de 12.964 habitantes, distribuídos por uma área de 209,41 km² (IBGE, 2007).

Figura 1. Valas de resíduos sólidos e possível lagoa de chorume no aterro controlado.

Page 2: IDENTIFICAÇÃO DE METAIS PESADOS NO SOLO DA ÁREA E ... DE METAIS... · 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral • Identificar a possível contaminação do solo por mercúrio (Hg), chumbo

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

• Identificar a possível contaminação do solo por mercúrio (Hg), chumbo (Pb) e cromo (Cr), na área e no entorno do aterro controlado do município de Ipaussu - SP.

2.2 Objetivos específicos

• Identificar as possíveis alterações químicas do solo da área e do entorno do aterro, tendo como parâmetro de comparação amostras de solo em área de mata;

• Espacializar a pluma de contaminação;

• Compreender as políticas públicas de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, tanto na escala municipal quanto nacional.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O sistema de relações sociais, culturais, tecnológicas e científicas que moldura as interações dos homens com a natureza é responsável pela geração de lixo e pela acumulação de capital no interior das economias (LOPES, 2007). Dessa forma, Lima (2002), citado por Lopes (2007, p. 48),

(...) sinaliza que a prática do consumo é estimulada desde o início do século XVIII; mas reconhece que foi a partir do século XX que este processo foi se apropriando dos instrumentais das ciências comportamentais e das mais sofisticadas técnicas de persuasão, e que através dos meios de comunicação específicos ele se transformou definitivamente em uma prática planetária, que passou a caracterizar a chamada: sociedade de consumo.

As técnicas de marketing objetivam explicitar que as mercadorias disponíveis no mercado trazem bem estar, felicidade, status social, poder, beleza e realização pessoal, induzindo à realização de suas aquisições. Assim, para Guelbert et al. (2008), no pós-consumo há o descarte dos materiais restantes, na forma de resíduos sólidos urbanos, popularmente denominados lixo, pois “em determinado momento são considerados nocivos e, portanto, devem ser descartados e colocados em lugar público, passando a responsabilidade de um bem de consumo particular para o domínio público representando um problema para toda a sociedade” (GUELBERT et al., 2008, p. 3).

Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da Norma Brasileira Reguladora (NBR) nº 10.004 (2004, p. 1), resíduos sólidos são materiais:

(...) nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sob a Norma Reguladora (NBR) n° 8849/95, de acordo com IPT/CEMPRE (1995), citado por Fadini e Fadini (2001), define aterros controlados como locais de descarte de resíduos sólidos, cuja cobertura se faz diariamente. Não há impermeabilização do solo, sistema de dispersão de chorume e gases, fatores estes responsáveis pela contaminação de águas subterrâneas. Segundo NETO (2007), com ele torna-se possível o despejo in natura dos resíduos sólidos no solo.

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Os metais pesados são elementos com densidade superior a 5 g.cm-3, sendo que tal característica engloba outros grupos de metais, semi-metais e não-metais como o selênio. Dentre eles há elementos considerados essenciais para as plantas como, por exemplo, cobre (Cu), molibdênio (Mo), zinco (Zn) e até mesmo o níquel (Ni) e para os animais como, por exemplo, arsênio (As), cobalto (Co), cromo (Cr), molibdênio (Mo), cobre (Cu), selênio (Se) e zinco (Zn) (KING, 1996, citado por COSTA, 2005). Costa (2005, p. 3), citando Mcbride (1994), afirma que:

Alguns dos metais pesados mais tóxicos são mercúrio (Hg), chumbo (Pb), cádmio (Cd), cobre (Cu), níquel (Ni) e cobalto (Co). Os três primeiros são particularmente tóxicos para os animais superiores. Os três últimos são denominados fitotóxicos por serem mais tóxicos para plantas do que para animais.

As bactérias presentes no lixo produzem exo-enzimas e induzem a solubilização da matéria orgânica, com o auxílio da umidade, que absorvem. A origem do chorume depende da topografia, geologia, regime e intensidade das chuvas, escoamento superficial e/ou infiltração subterrânea, umidade natural do lixo, grau de compactação, capacidade do solo em reter umidade, entre outros, que influenciam no volume total de líquido produzido (SEGATO; SILVA, s. d.).

Muñoz (2002), ao citar Who (1988, 1989, 1992, 1995, 2001) e Eyer (1995), aponta que diversos resíduos apresentam metais pesados em sua constituição, como ocorre com lâmpadas, pilhas galvânicas, baterias, resto de tintas, resto de produtos de limpeza, óleos lubrificantes usados, solventes, embalagens de aerossóis, resto de amálgamas dentários utilizados em obturações, materiais fotográficos e radiográficos, embalagens de produtos químicos, pesticidas, fungicidas e inseticidas, circuitos de equipamentos eletrônicos, remédios vencidos e outros produtos farmacêuticos, latas de alimentos, plásticos descartáveis. Para Zanello (2006, p. 1), o chorume,

(...) pode comprometer a qualidade dos solos, das águas superficiais e subterrâneas pela ausência nos lixões e deficiência muitas vezes nos aterros, do gerenciamento destes efluentes líquidos, quer na forma de chorume ou de águas do escoamento superficial.

Dessa forma, neste projeto, optou-se por determinar o mercúrio (Hg), chumbo (Pb) e cromo (Cr) como indicadores de contaminação do solo por chorume.

4. METODOLOGIA

O material a ser utilizado são as amostras de solo retiradas da área e do entorno, da montante para jusante, do aterro controlado de resíduos sólidos urbanos do município de Ipaussu – SP, em locais julgados convenientes, da montante à jusante, a uma profundidade de 0 – 20 cm. Serão amostrados 10 pontos num raio de 100 m do empreendimento e 01 na mata para efeito de comparação, contados a partir da última célula de lixo. As análises químicas (Na, P, Ca, Mg, CTC, pH, Al + H, SB, Saturação por Bases) deverão ser feitas no Laboratório de Solo do Departamento de Solos e Adubos da UNESP/Campus de Jaboticabal. As determinações de mercúrio (Hg), chumbo (Pb) e cromo (Cr) serão feitas no Laboratório de Solos da FCA/Campus de Botucatu. A textura deverá ser feita no Laboratório de Geologia, Geomorfologia e Pedologia da UNESP/Campus Experimental de Ourinhos, de acordo com a EMBRAPA (1997).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A efetivação deste projeto de pesquisa é um meio de obtenção de dados de grande valia para a sociedade local, uma vez que, tornando-se de uso público, podem auxiliar o desenvolvimento de trabalhos de planejamento urbano e gerenciamento ambiental, pela Prefeitura Municipal, ligados à temática de resíduos sólidos urbanos e seus impactos aos meios natural e social.

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6. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: resíduos sólidos – classificação. Rio de Janeiro: 2004. Disponível em: <http://www.aslaa.com.br/legislacoes/NBR%20n%2010004-2004.pdf>. Acesso em: 25 set. 2009

COSTA, C. N. Biodisponibilidade de metais pesados em solos do Rio Grande do Sul. Tese (Doutorado em Ciência do Solo) – Faculdade de Agronomia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, RS, 2005. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/8013/000564970.pdf?sequence=1>. Acesso em 14 set. 2009

FADINI, P. S.; FADINI, A. A. B. Lixo: desafios e compromissos. In: Cadernos temáticos de Química Nova na Escola. Edição especial, maio de 2001. Disponível em: < http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/lixo.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2009

GUELBERT, T. F.; GUELBERT, M; GUERRA, J. C. C. O desenvolvimento sustentável e a viabilidade econômica no manejo do lixo urbano em uma cidade de pequeno porte: um estudo de caso. XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção: Rio de Janeiro, RJ, 2008. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_TN_STO_079_550_12046.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2009

IBGE Cidades. Ipaussu - Dados básicos. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=352090>. Acesso em: 19 out. 2009

LOPES, J. C. J. Resíduos sólidos urbanos: consensos, conflitos e desafios na gestão institucional da Região Metropolitana de Curitiba/Pr. 250 p. Curitiba, PR, 2007. Tese (Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento). Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <http://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace/bitstream/1884/13758/1/Tese%20Jesus%20Final.pdf>. Acesso em: 14 set. 2009

MUÑOZ, S. I. S. Impacto ambiental na área do aterro sanitário e incinerador de resíduos sólidos de Ribeirão Preto, SP: avaliação dos níveis de metais pesados. Ribeirão Preto, 2002. 131 p. Tese (Doutorado em Enfermagem em Saúde Pública) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-25072003-084308/>. Acesso em: 08 set. 2009

NETO, J. T. P. Gerenciamento do lixo urbano: aspectos técnicos e operacionais. Viçosa, MG: Editora UFV, 2007.

SEGATO, L. M.; SILVA, C. L. Caracterização do chorume do aterro sanitário de Bauru. XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Disponível em <http://www.cepis.ops-oms.org/bvsaidis/resisoli/iii-039.pdf>. Acesso em: 14 set. 2009

ZANELLO, S. Caracterização mineralógica e avaliação dos teores de Cu, Zn e Pb dos solos do entorno do aterro sanitário da Caximba em Curitiba (PR). Curitiba, PR, 2006. Dissertação (Mestrado em Ciência do solo) – Departamento de solos e engenharia agrícola do setor de ciências agrárias da Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <http://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace/bitstream/1884/7477/1/ZANELLO_S_Mestrado_SCISOLO_2006.pdf>. Acesso em: 08 out. 2009