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Revista Científica UNAR (ISSN 1982-4920), Araras (SP), v.19, n.2, p.92-109, 2019.
DOI: 10.18762/1982-4920.20190017
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MOVIMENTOS SOCIAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL
Idalma Simone dos SANTOS1
Sílvia Regina Bella RIBEIRO 2
Cíntia Borges RIBEIRO 3
Wlamir José PASCHOALINO 4
Sebastião Donizeti BAZON 5
Robson JOVETTA 6
RESUMO
Os movimentos sociais surgiram numa conjuntura de disputas de poder social que
perpassa a afirmação de suas categorias, e de acordo com suas conquistas e
dinâmica social, as necessidades destes grupos se modificam ao longo do tempo.
Nesse contexto, o objetivo desse artigo é analisar a função política dos movimentos
sociais na efetivação das políticas públicas. A metodologia utilizada trata-se de
pesquisa fundamentalmente bibliográfica. Assim, concluí-se que, na medida em que
traduzem interesses e ações em sugestões de políticas e se obtêm sucesso na
disputa de tais sugestões através das relações com outros sujeitos dos subsistemas,
os movimentos podem obter conquistas institucionais e produzir mudanças políticas
e sociais.
PALAVRAS-CHAVE: Movimentos Sociais. Democracia Participativa. Políticas
Públicas.
ABSTRACT
1 Acadêmica do Curso de Sociologia do UNAR – Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson”. E-mail:
[email protected] 2 Pedagoga, Mestre em Educação e Docente do Centro Universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson – UNAR; 3 Letras Português/Espanhol e Coordenadora do Curso de Licenciatura em Letras Português/Espanhol do Centro Universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson – UNAR; 4 Economista pela Unesp, Mestre em Política Científica e Tecnológica pela Unicamp, Doutorando em Engenharia de
Produção pela Ufscar, Docente do do Centro Universitário de Araras "Dr. Edmundo Ulson" - UNAR. 5 Sociólogo e docente do curso de Sociologia do UNAR – Mestre em Filosofia; 6 Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Unimep, Especialização em Planejamento, Implementação e
Gestão da EaD pela UFF, Especialização em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário de Araras "Dr. Edmundo Ulson" - UNAR, Coordenador Geral da EaD do Centro Universitário de Araras "Dr. Edmundo Ulson" - UNAR.
Recebido em: 14/08/2019 - Aceito para publicação em: 15/12/2019
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Social movements emerged in a conjuncture of disputes over social power that
permeates the affirmation of their categories, and according to their achievements
and social dynamics, the needs of these groups change over time. In this context, the
objective of this article is to analyze the political function of social movements in the
implementation of public policies. The methodology used is fundamentally
bibliographic research. Thus, it is concluded that, to the extent that interests and
actions are translated into policy suggestions and success in the dispute of such
suggestions through relations with other subjects of the subsystems, the movements
can obtain institutional conquests and produce political and social changes.
KEYWORDS: Social Movements. Participatory Democracy. Public policy.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, os movimentos sociais estiveram constantemente presentes
em acontecimentos históricos relevantes de inúmeras nações, inclusive do Brasil,
principalmente no que se refere a conquistas sociais democráticas (SARTORI,
2006).
As desigualdades de classes ao longo da história, bem como a ascensão do
processo urbano-industrial, configuram-se como importantes agentes de
transformação social, que deram origem aos Movimentos Sociais (LEÃO et al.,
2016). Esses movimentos se referem a ações coletivas de grupos organizados, cuja
finalidade é transformar a sociedade, num contexto específico, através de debates
políticos (GOHN, 1995).
Na prática, esses movimentos assumem estratégias distintas como uma denúncia
simples, passando pela pressão direta até as pressões indiretas. Na atualidade, as
redes sociais são o cenário onde acontecem os mais relevantes movimentos sociais,
tendo a internet como o meio de comunicação e informação mais utilizado (GOHN,
2011).
Os movimentos sociais surgiram numa conjuntura de disputas de poder social que
perpassa a afirmação de suas categorias, e de acordo com suas conquistas e
dinâmica social, as necessidades destes grupos se modificam ao longo do tempo
(MOURA; LEAL, 2016).
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No intuito de contribuir com o tema, a questão central que norteia este estudo é:
Qual a contribuição dos movimentos sociais na implementação das políticas públicas
no Brasil?
A hipótese inicialmente estabelecida é que só existe transformação no contexto e no
método adotado pelas políticas públicas através da efetiva mudança na estrutura do
poder político. No entanto, as conquistas sociais podem ser obtidas através dos
movimentos sociais.
Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo analisar a função política dos
movimentos sociais na efetivação das políticas públicas. Para tanto, a metodologia
utilizada para o desenvolvimento desse estudo trata-se de pesquisa
fundamentalmente bibliográfica, desenvolvida com base em material já elaborado,
disponibilizados pela literatura, e, portanto, de domínio público, constituído às
exigências sociais, principalmente a camada mais pobre e vulnerável da sociedade.
Essas reivindicações são influenciadas pelos movimentos sociais, apesar de serem
entendidas e desempenhadas pelas autoridades políticas.
MOVIMENTOS SOCIAIS
As Ciências Sociais conceituam os movimentos sociais como estudos de cunho
social e político, que surgiu conjuntamente com a Sociologia, cujo propósito de
análise se encontra na esfera da atividade coletiva social (GOHN, 2008).
Para Mocelin e Gehlen (2009), os movimentos sociais são atividades desenvolvidas
por um grupo de pessoas com o objetivo de modificar ou manter determinadas
relações sociais, resultando da articulação de indivíduos sociais, que possuem e
buscam soluções coletivas para demandas sociais parecidas.
Habermas (1987), embasado na sociologia política weberiana, assegura que os
interesses políticos através das lutas sociais que transformaram a sociedade
moderna foram os motivadores dos movimentos sociais. Além disso, os movimentos
também foram considerados respostas da sociedade ao processo de ocupação e
povoação dos territórios, resultante do crescimento do Estado e da burocratização
na administração do direito.
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HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
Em 1840, Lorenz Von Stein introduziu o termo movimentos sociais na Sociologia
Acadêmica, sendo sua ideia primária altamente ligada à questão classista, ou seja,
inicialmente utilizado para se referir aos operários ou à classe trabalhadora,
designação essa que durou até a segunda década do século XX. Lorenz Von Stein
idealizava uma ciência social dedicada ao estudo dos movimentos sociais, assim
como o movimento proletário Francês, o comunismo e o socialismo emergentes
(VILLAÇA, 1993).
A ideia de movimento social, até os anos 1950, abrangia apenas a composição e
atuação dos trabalhadores sindicalizados. Após essa data, Herbert Blumer expandiu
a classificação referente aos movimentos sociais através da sociologia
compreensiva, distinguindo “os movimentos segundo seus objetivos, em sociais e
políticos” (SILVA, 2001, p.17).
Nos anos 60, a Teoria da Mobilização de Recursos (TMR) se iniciou nos Estados
Unidos, em decorrência das mudanças políticas na sociedade norte-americana,
deduzindo que os movimentos sociais são resultado da junção de grupos com
interesses em comum, que juntos, procuram meios possíveis para alcançar seus
objetivos (SILVA, 2001).
Durante vinte anos, os estudos sobre os movimentos sociais nos Estados Unidos,
em sua maioria, focaram na teoria da mobilização de recursos, que ao longo desse
período integrou novos temas e problemas, como também novas críticas. Porém,
sua essência foi mantida na explicação de que movimentos sociais são abordados
como grupos que possuem os mesmos interesses (PONTES, 2015).
Na década de 70, foi constituída nos Estados Unidos a Teoria do Processo Político
(TPP) em objeção à teoria da mobilização de recursos. Essa teoria procurou
destacar o desenvolvimento do processo político, da cultura e a análise das ações
coletivas foi destacada como processo. Esta abordagem reintroduziu a psicologia
social como instrumento de compreensão dos comportamentos coletivos, seu
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enfoque se aproximou das teorias de origem européias denominadas Teorias dos
Novos Movimentos Sociais (TNMS) (ALONSO, 2009).
Em tese, ambas as teorias – TNMS e TPP, tratam a sociedade civil e o Estado como
esferas rigidamente separadas, estanques, autônomas e dicotômicas, ignorando tais
esferas como elemento de uma atividade eficiente e ocasional de recíproca
constituição (CARLOS, 2015).
Segundo Alonso (2009), os novos movimentos sociais correspondem aos
intermediários de pressão social, motivados a induzir a sociedade civil a mudar suas
orientações valorativas, demandando uma democratização social construída no
plano dos costumes e não das leis.
Carlos (2015) enfatiza que a Teoria dos Novos Movimentos Sociais e a Teoria do
Processo Político descuidou das relações constituídas entre a esfera societária e
institucional. Em resumo, as três teorias (agora clássicas) têm contornos muito
específicos sobre os movimentos sociais.
A partir da década de 90, outros conceitos e abordagens culturais foram
incorporados às teorias dos movimentos sociais, dando origem a novos movimentos
e lutas menos centrados na questão do direito.
No início do século XXI, os novos problemas que surgiram globalizaram a escala do
ativismo, que também se profissionalizou e se burocratizou em vários países do
Ocidente, convertendo-se em partido, empresas ou assumindo-se como prestadores
de serviços estatais (ROOTES, 2003). Além disso, houve a união entre novos
movimentos sociais, salientando a cultura, sobretudo a questão da identidade,
proporcionando aos movimentos um formato multi-issue (TARROW, 2005). No
entanto, com os ataques terroristas aos Estados Unidos em 11 de setembro de
2001, se iniciaram uma época de movimentos violentos em várias partes do mundo,
remodelando, desse modo, as teorias dos movimentos sociais, que passou a ter
mais habilidade de persuadir a característica representativa e a extensão universal
do ativismo moderno (ALONSO, 2009).
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Para discorrer sobre a globalização, houve várias modificações importantes na
Teoria dos Novos Movimentos Sociais, passando de teoria de movimentos sociais
para teoria de sociedade civil (ALONSO, 2009). Deste modo, a ampliação da teoria
da esfera Nacional para a esfera global, foi simplificada através dos estudos de
Melucci (1996) sobre a “sociedade da informação”, visando sua democratização
através da produção e circulação do conhecimento. Nesse mesmo raciocínio,
Castells (1996) menciona que os principais focos de mobilização na sociedade de
informação seriam a globalização e as identidades coletivas.
Já a Teoria do Processo Político foi aperfeiçoada para abarcar a globalização do
ativismo, o terrorismo e a burocratização, proporcionando um peso maior à cultura.
Desse modo, esses rearranjos aumentaram as ameaças empíricas revestidas pelas
teorias, ocultando conflitos políticos em geral e espaços políticos não
institucionalizados, em arenas nacionais e globais (ALONSO, 2009).
A partir do século XXI, a cultura é enquadrada num espaço de conflito de interesses,
sendo movimentada por relações de poder, estruturando os processos de seleção,
interpretação, reivindicação e uso intencional de significados, a partir de um
agrupamento comum (SWIDLER, 1986, 1995).
Na sociedade globalizada os movimentos sociais buscam se empoderar por meio de
organizações em rede, articulando as iniciativas locais através de suportes e
ampliação de novas maneiras de se comunicar e manifestar. Neste mundo da
informação em que vivemos, a visibilidade política é um veículo de grande
relevância de promoção de poder. Por isso, as formas mais expressivas e visíveis
dos movimentos sociais se caracterizam por redes transnacionais, como a Marcha
Mundial das Mulheres, a Via Campesina e outras, que servem de apoio a iniciativas
de lutas sociais, como tem ocorrido no Brasil (SCHERER-WARREN, 2008).
HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL
Os conflitos contra a gestão militante e autoritária do governo, e a busca por
democracia e liberdade denotam a história dos movimentos sociais no Brasil, que se
tornaram mais intensos e agressivos desde a década de 70 (SCHERER-WARREN,
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2008). No contexto da ditadura, a organização da classe operária e dos movimentos
estudantis prevaleceu, ganhando força com a participação de outros setores da
sociedade que foram atingidos pelas consequências desta forma de governo
(CARVALHO, 2004).
Com o início do processo de redemocratização no Brasil que teve início nos anos
1980, os movimentos sociais ocorreram em um cenário político totalmente novo, o
que resultou na criação dos conselhos de participação como forma de administrar
políticas públicas (CARDOSO, 1994).
Nesse cenário, a democratização do Estado findou com a promulgação
da Constituição Federal de1988. Nessa época ocorreu um crescimento relevante do
terceiro setor de responsabilidade social e do número de ONGs, além da expansão
das associações de bairro que exigiam a concessão de direitos sociais. Este
período foi marcado por dois acontecimentos nacionais: o Movimento pelas Diretas
Já (1983-1984) e a mobilização da sociedade civil organizada, denominada de
“Constituição Cidadã” (SCHERER-WARREN, 2008).
Almeida (2011) considera a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Partido dos
Trabalhadores (PT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST),
como o alicerce político do processo de restauração da democracia e do estado de
direito no Brasil nos anos 1980.
O Partido dos Trabalhadores (PT) teve sua origem no período da ditadura militar,
sendo a junção política mais importante da época no processo de redemocratização
do país. Foi constituído pela classe operária, apresentando um plano inicial que
sinalizava para o socialismo (ALMEIDA, 2011).
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) exercia função indispensável na
estruturação da classe operária, no entanto, reprovava a organização dos sindicatos
oficiais e almejava dar representatividade a outros movimentos sociais (ALMEIDA,
2011).
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra se originou da oposição ao
modelo de reforma agrária exigido pelo governo militar, e tem como princípio a
redistribuição de terra (ALMEIDA, 2011).
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Diante desse contexto, constata-se que a década de 80 marcou uma época em que
a classe operária obteve visibilidade política e os trabalhadores obtiveram ganhos
perceptíveis, o que resultou na redemocratização do país.
Novas organizações populares, mais institucionalizadas, como os Fóruns Nacionais,
foram criadas na década de 90. Estes órgãos determinaram a realização de
encontros nacionais de grande proporção, identificando uma série de problemas
sociais e estabelecendo um planejamento estratégico para saná-los. Nesse
panorama, houve o início de várias atividades simultâneas entre a sociedade civil e
o governo. Além disso, outro fato notável na década de 90 foi a constituição de
uma Central dos Movimentos Populares, cujo objetivo era organizar os movimentos
populares nacionais e articular diferentes tipos de movimentos (GOHN, 2011).
Conforme as políticas neoliberais cresciam, novos movimentos sociais eram criados
nos anos 1990, como: movimentos de desempregados, movimentos contra as
reformas estatais, ações de aposentados, movimentos contra a fome, entre outros.
Desses movimentos, alguns atuaram mais como grupos de pressão, constituindo-se
como resultado da crise socioeconômica daquela época. Também houve a
organização de Grupos de mulheres consoante ao seu desempenho na política, bem
como o movimento civil LGBT que ganhou as ruas e visibilidade pública em favor da
diversidade sexual. Nesse mesmo contexto emergiu o movimento negro, que além
das manifestações culturais também tinha como proposta a luta contra racismo.
Outros protestos também foram organizados através de movimentos culturais
promovidos pela juventude da época (TOURAINE, 1997, GOHN, 2000).
Na década de 2000, observa-se a emergência dos movimentos sociais em busca de
uma nova presença na esfera pública, uma presença de engajamento com as
questões nacionais, mas de autonomia em relação à esfera governamental. Refere-
se a conceder poder e preparar a sociedade civil para atuar no cenário político do
Estado, negociando e colocando os interesses e reivindicações da sociedade civil,
resguardando a autonomia de suas concepções e posicionamentos. Assim, emerge
um movimento cidadão crítico cuja proposta é controlar a sociedade através das
ações de cidadania em relação às questões nacionais de interesse público, o que
alguns movimentos populares denominam de “projeto de nação” (SCHERER-
WARREN, 2008).
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O propósito do movimento cidadão crítico é mudar a doutrina democrática, não
abrindo mão de negociar suas demandas nos espaços governamentais e estatais;
visando, também, capacitar essa participação e fortalecer os espaços próprios da
sociedade civil organizada, desde os movimentos de base, através das articulações
mediadoras (fóruns, associações de ONG’s, redes de redes, assembléias populares,
etc.), até as mobilizações de massa e de parcerias para a efetivação das atividades
públicas e sociais (SCHERER-WARREN, 2008).
POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL E DEMOCRACIA PARTICIPATIVA
De acordo com Bucci (2002, p. 241), “Políticas públicas são atividades
governamentais que objetivam coordenar os meios a cargo do Estado e as ações
privadas, com finalidades sociais relevantes e politicamente definidas”.
Arendt (1998) caracteriza a política como uma conexão entre distintos sujeitos que
objetivam acordos por intermédio do Estado.
Segundo Stucky (1997), a concretização das políticas públicas se faz necessária,
uma vez que elas partem de uma insatisfação, caminhando juntas à transformação
da realidade, o que coloca o Estado num lugar de destaque onde estas políticas
ocorrem.
Assim sendo, a elaboração das Políticas Públicas processa-se num espaço
conflitante de interesses filiada à um processo de normatização, e podem se
modificar e diversificar com base no contexto histórico e geográfico (PEREIRA,
2008).
A democracia participativa teve seu conceito conhecido nos anos 60 durante a ação
dos movimentos estudantis e expandiu-se nos anos subsequentes em virtude do
grande descontentamento em relação à organização social e à desenvoltura do
governo político daquela época (PATEMAN, 1992).
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Segundo Arendt (1998), a organização e apoio popular são elementos fundamentais
para manter o poder, pois a autenticidade da democracia vem da aprovação da
opinião pública. No seu modo de pensar, a democracia participativa considera a
participação de cidadãos livres juntamente com o governo na própria esfera pública,
mesmo que possuam visões distintas (ARENDT, 2003).
A democracia participativa fundamenta-se no princípio da igualdade participativa de
cidadãos livres no exercício do poder político (CAMPNELL et al., 2009). Nesse
pensamento, os movimentos sociais operam essencialmente na organização das
diferenças culturais existentes e na extensão política, através da modificação de
governos abusivos, da ampliação da cidadania e adição de atores sociais excluídos
na política (SANTOS; AVRITZER, 2002).
O desenvolvimento dos institutos participativos no Brasil tem como marco
fundamental as ações de melhorias do Estado democrático e de direito, e a
proclamação da Constituição Federal (CF) de 1988, destacando sua atuação através
da luta por espaços políticos em movimentos sindicais e movimentos sociais da
periferia (AVRITZER, 2016).
No discurso de Max Weber, a administração pública centraliza sua ação em três
termos: burocracia, eficiência e legitimidade, defendendo a autonomia da
administração em relação à sociedade. Em contrapartida, Perez (2004) fundamenta-
se na participação, eficiência e legitimidade, sendo a participação uma maneira de
aproximar a sociedade e a administração pública, outorgando desse modo, funções
ao corpo social e trazendo para perto da administração os conflitos sociais e
políticos.
O movimento de descentralização das políticas públicas que aconteceu logo após o
período da ditadura, vinculado à participação institucional, foi o responsável pela
expansão da organização participativa no Brasil. Na área da saúde, a articulação de
uma rede de instâncias de participação social com representação dos três níveis de
governo, sociedade civil, entre outros atores, resultou na implantação do Sistema
Único de Saúde – SUS ao longo dos anos 1990, constituindo como modelo padrão
para a participação da sociedade na administração pública (DOWBOR, 2009).
Assim, as inovações democrático-participativas criadas no âmbito nacional foram
reproduzidas nos estados e municípios, a exemplo das implantações das políticas
de proteção à criança e ao adolescente, do Sistema Único de Assistência Social
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(SUAS), dos Fundos de Manutenção referentes à Educação Básica, entre outros
(BASSI, CAMARGO, 2009; MENDOSA, 2012; ALBUQUERQUE, 2013).
No governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foram criados conselhos e
ocorreram conferências de políticas públicas, no entanto, a participação social a
nível federal foi impulsionada durante o governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT)
(AVRITZER, 2016).
Entretanto, as tentativas de democracia participativas mais significativas
aconteceram no plano da gestão municipal, após a promulgação da Constituição
Federal de 1988, à exemplo do desenvolvimento de Conselhos e Conferências de
políticas públicas a nível municipal, audiências públicas e o orçamento participativo,
cujo objetivo era promover a efetivação de direitos sociais e melhorar a prestação
dos serviços públicos (BAVA, 2000).
A partir do primeiro mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no período de
2003 a 2006, a prática de políticas públicas através de conferências nacionais foi
intensificada e também houve ampliação dos conselhos, sendo criados dezenove
deles no período de 2003 e 2013, além da reformulação de mais dezessete nessa
mesma época. No Brasil, o estabelecimento dos sistemas de políticas públicas nas
três esferas da federação é fundamentado na forma conselho e conferência
(ROMÃO, 2014).
Porém, tanto no campo acadêmico como no campo governamental pouco se sabe
sobre a regularização da participação institucional. Ademais, a competência de
conselhos e conferências como ferramentas essenciais comunicação entre
sociedade civil e Governo foi posto em comprovação devido ao surgimento, nos
anos recentes, de incertezas (SZWAKO, 2012).
É importante destacar que, o governo federal, desde o início da década de 90,
estimulou a formação de conselhos de políticas públicas e a realização de
conferências, com o objetivo estratégico de habilitar os estados e municípios para o
recebimento de recursos federais. Desta maneira, o governo federal fortalece e
alarga sua posição favorável a existência de órgãos de controle social mais efetivo,
promovendo a participação social método de governo, lema da Política Nacional de
Participação Social (PNPS) (ROMÃO, 2014).
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Para Romão (2014),
As conferências apontam para a perspectiva de uma
democracia aprofundada, sensível ao intercâmbio de
perspectivas sobre uma área, setor, ou tema em políticas
públicas. Funcionam como um contraponto para além da
formação de maiorias em eleições calcadas sobre o princípio
da igualdade numérica. Instituem outro padrão de
representação, em que não há propriamente uma autorização
ou delegação do representado para o representante, mas em
que estão presentes os discursos, pautas, demandas de
grupos sociais que passaram a ver nas conferências um
espaço privilegiado de expressão de suas causas (ROMÃO,
2014, p. 23-24).
Nesse sentido, Romão (2014) relata que as conferências nacionais têm grande
potencial para se configurarem como impulsionadores de transformação social, em
que grupos subalternos se encontram e podem estabelecer relações em prol de
seus. Nessa conjuntura, a comunicação e a relação política no âmbito das
conferências pode ser melhorada e flexibilizada através da utilização da internet e
dos meios de comunicação online.
CONTRIBUIÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA FORMULAÇÃO DE
POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL
Através de seus estudos, Amenta et al (2010) pressupõe que os movimentos sociais
têm a capacidade de gerar transformação social e política.
Para alguns estudiosos (CORTES, 2009; LOSEKANN, 2009; PAVEZ et al., 2009;
RUBIN et al., 2010; SERAFIM, 2013; GUTIERRES, 2015), as políticas públicas
sofrem alterações provocadas pelos movimentos sociais, à medida que estes se
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relacionam com outros atores da sociedade e do governo, sendo este resultado
dependente do direcionamento organizacional de cada política.
Nesse contexto, Tatagiba et al. (2018) relatam que além de aproveitar as chances
que lhes são impostas pelo cenário político, os movimentos sociais também buscam
modificar o meio organizacional no qual atuam, com a finalidade de implantar
modelos alternativos de políticas públicas.
Amenta et. al. (2010) defendem que as políticas públicas sofrem intervenção dos
movimentos sociais na medida em que suas metas e estrutura organizacional é
amoldada ao cenário político específico, assim como o nível de acessibilidade do
Estado, empoderamento dos partidos sociais e o progresso burocrático ao redor da
política pública pretendida. Além de admissíveis, as exigências dos adversários
necessitam de apoio do Estado, essencialmente nas mudanças de longo prazo, para
além da formulação da agenda, como a extensão dos direitos e de práticas
democráticas.
Diante do contexto das políticas sociais e públicas, Scherer-Warren (2008) declara
que a datar do século XX, os movimentos sociais no Brasil buscavam
transformações sociais em favor da cidadania, especialmente por meio de uma
maior inserção de suas lideranças nas esferas do poder estatal. Essa inserção
ocorreu em alguma medida pela passagem de várias lideranças para a política
partidária, na ocupação de cargos eletivos ou de confiança em secretarias especiais.
Todavia, rapidamente os movimentos perceberam que na esfera estatal os jogos de
poder nem sempre são favoráveis à cidadania. Dessa forma, o movimento cidadão
crítico apresenta seus esforços na busca pela participação dominante da sociedade
nas políticas públicas, pela cidadania estruturada com base nas redes sociais, em
benefício da promoção da igualdade, da inclusão das populações mais excluídas, no
combate às discriminações históricas e no reconhecimento de diferenças
socioculturais.
Portanto, para compreender a influência que os movimentos sociais exercem sobre
a implantação de políticas públicas é necessário entender na prática como funciona
as relações de colaboração entre as instituições governamentais e os atores dos
movimentos sociais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo das reflexões realizadas neste estudo, verifica-se que os movimentos
sociais se constituem no contexto das relações entre a sociedade civil e o Estado.
Nesse contexto, o reconhecimento das interações e imbricações entre os atores
societários e as estruturas diversas é imprescindível à adequada compreensão da
complexidade e diversidade dos movimentos. Especialmente em contextos
democráticos de engajamento de atores coletivos na esfera governamental é
fundamental considerar que as fronteiras entre o regime político e os movimentos
sociais são espontâneas e indefinidas e que os atores de ambos os campos se
entrecruzam e engajam em atividades que os conectam mediante relações que são
mutuamente influentes.
Em resumo, a junção de sujeitos confrontacionais que constroem e experimentam
ideias que manifestam os vários formatos estruturais da vida social e corroboram
suas diferentes ideologias de políticas públicas, definem os movimentos sociais.
Nesse contexto, os movimentos sociais ajustam e contrastam outras convicções de
políticas públicas, em defesa de seus ideais alternativos. No entanto, as chances de
introdução e ação efetiva dos movimentos sociais na construção e implantação das
políticas públicas são determinadas por duas condições: pelo formato do governo
político, que determina as associações relevantes de outros atores políticos com os
movimentos sociais; e, pela forma de organização das relações e estrutura dos
elementos que compõem o sistema dominante de política pública.
Assim, concluí-se que os movimentos sociais se configuram como intercessores das
necessidades e interesses da sociedade civil excluída na formulação de políticas
públicas, do mesmo modo como do espaço onde esta criação acontece. Desta
maneira, os movimentos sociais adquirem vitórias institucionais conforme se
relacionam com outros atores e com o governo, influenciando e propondo políticas
públicas que favoreçam as classes menos favorecidas, uma vez que ampliam suas
bases aos recursos do Estado.
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