história das doutrinas cristãs
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História das doutrinas cristãs
Breno Mendes
“Os evangélicos têm tido a tendência de ler a escritura como se fossem os primeiros a
fazer isso”, disse certa vez o teólogo Alister McGrath. A fim de evitarmos a ilusão do
ineditismo, podemos estudar a História da Igreja por meio da História das doutrinas,
que alguns também chamam de Teologia histórica ou História do pensamento cristão.
Dentre as diversas funções da doutrina destaca-se o delineamento da identidade do
cristianismo perante outras concepções de mundo. Além disso, as doutrinas são chaves
de interpretação da narrativa bíblica e procuram transmitir a nós uma certa forma de
experimentarmos a fé cristã em nossa vida cotidiana. Outro ponto importante a ser
ressaltado é a natureza dinâmica das doutrinas. A interpretação das doutrinas se
modificou ao longo do tempo, à luz das questões desafiadoras de cada época. Portanto,
aquilo que chamamos de tradição cristã é algo que se constituiu historicamente, a partir
de várias reelaborações críticas. Um erro comum na história da igreja foi confundir a
doutrina com o próprio Deus, como se fosse possível conter Deus em algum sistema de
pensamento. As doutrinas são interpretações humanas sobre a palavra de Deus. Ao fim
e ao cabo, resta a pergunta: “como pode, então, uma afirmação doutrinária do passado
ter autoridade no presente”? Afinal, vivemos em uma época presentista que valoriza a
novidade e acha estranho haver algum tipo de validade para a vida prática nas
experiências históricas. Todavia, em uma de suas parábolas, Jesus propõe um outro
modo de lidar com o tempo e a história: o sábio tira do seu baú coisas velhas e novas
(Mateus 13:52). Isso significa reconhecer que historicidade faz parte da nossa condição
humana. Logo, não há sabedoria no antiquarismo que tenta reproduzir mecanicamente o
passado no presente, nem no presentismo que se esquece de importantes ensinamentos
legados pela tradição.