historia da farmacia alunos

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Infarma, v.17, nº 5/6, 2005 78 POR QUE O FARMACÊUTICO SE AFASTOU DAS DROGARIAS? ANÁLISE DO INTERESSE DOS FARMACÊUTICOS DA CIDADE DE SANTOS (SP) EM TRABALHAR COM DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS INTRODUÇÃO A história da farmácia, no Brasil, inicia-se, no período colonial, com a vinda dos primeiros boticários, sendo que, primeiro, vindo de Portugal, foi Diogo de Castro. Eram eles os responsáveis por comercializar drogas e medicamentos, nas casas comerciais chamadas boticas. Nas regiões mais afastadas, onde não existiam as boticas, os responsáveis pela comerciali- zação destes materiais eram os mascastes, pessoas que viaja- vam pelo interior. Os termos “botica” e “boticário” perduraram, até a ter- ceira década do século XIX, onde o profissional manipulava e produzia o medicamento, de acordo com a farmacopéia e a prescrição do médico. Em 1744, foi outorgado o regimento, chamado histori- camente de “Regimento 1744”, que “proibia terminantemen- te a distribuição de drogas e medicamentos por estabeleci- mentos não habilitados”, criando a figura do profissional res- ponsável e impondo algumas exigências. No entanto, tal re- gimento não foi cumprido, sendo que este fato era acoberta- do pelas próprias autoridades. A partir de então, seguiu-se uma série de intervenções legislativas, com a finalidade de definir a profissão farmacêu- tica, no Brasil, muitas das quais submeteram o profissional farmacêutico aos caprichos do mercado. No Brasil, nas déca- das de 40 e 50, observa-se um processo de expansão industrial, com a inserção de novos fármacos no mercado. A moderniza- ção do sistema produtivo assume um perfil denominado modelo de substituição de importações, que, juntamente com as mudanças científicas, promove profundas e aceleradas MAGALI DA SILVA SANTOS 1 LÚCIO THEREZO DE LIMA 2 MARLENE ROSIMAR DA SILVA VIEIRA 3 1. Farmacêutica, atuando na área de drogaria, Unisantos 2. Farmacêutico e proprietário de drogaria, Unisantos 3. Docente da Universidade Católica de Santos, orientadora do trabalho, Unisantos. Autor Responsável: M.S. Santos, E-mail [email protected] mudanças sociais, influenciando no curriculum de formação do ensino farmacêutico. Em paralelo a esta caminhada, verificou-se que as boti- cas foram gradualmente sendo substituídas por dois outros tipos de estabelecimentos: os laboratórios farmacêuticos, res- ponsáveis pela pesquisa, síntese e produção de medicamen- tos; e a farmácia, local de dispensação de fármacos. Há uma crescente tendência à desnacionalização, com uma grande dependência externa em relação à matéria prima. Ainda, neste ano, promulgou-se, em 17 de dezembro de 1973, a Lei 5991, que vem dispor sobre o controle sanitário, onde o comércio de medicamentos pode ser exercido por qualquer pessoa, desde que esteja sob assistência do profissional farma- cêutico “responsável técnico”. Esta lei subordinou o farma- cêutico aos interesses econômicos dos proprietários leigos, bem como das indústrias, acabando por liberalizar a venda de remédios em todo o território nacional, sem observar os prin- cípios éticos farmacêuticos. A partir de então, o farmacêutico viu-se obrigado a afas- tar-se da farmácia e ir em busca de outras áreas, já que “os propri- etários das farmácias, em face aos problemas financeiros e da necessidade de garantir a viabilidade econômica do empreendi- mento comercial, não permitiam a direção técnica da farmácia pelo farmacêutico, e muitos sequer permitiam que o farmacêu- tico responsável técnico permanecesse na farmácia ou em conta- to direto com os clientes” (ZOBIOLI, 1992, p. 58) Para os mesmos não era interessante ter um fiscal, pago por eles próprios, para fiscalizar a venda de medicamentos. No entanto são estes mesmos fatores que hoje gera a opor- tunidade do farmacêutico recuperar seu prestígio. Com a enor-

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Historia da Farmácia

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  • Infarma, v.17, n 5/6, 200578

    POR QUE O FARMACUTICO SE AFASTOU DAS DROGARIAS?ANLISE DO INTERESSE DOS FARMACUTICOS

    DA CIDADE DE SANTOS (SP) EM TRABALHARCOM DISPENSAO DE MEDICAMENTOS

    INTRODUO

    A histria da farmcia, no Brasil, inicia-se, no perodocolonial, com a vinda dos primeiros boticrios, sendo que,primeiro, vindo de Portugal, foi Diogo de Castro. Eram elesos responsveis por comercializar drogas e medicamentos, nascasas comerciais chamadas boticas. Nas regies mais afastadas,onde no existiam as boticas, os responsveis pela comerciali-zao destes materiais eram os mascastes, pessoas que viaja-vam pelo interior.

    Os termos botica e boticrio perduraram, at a ter-ceira dcada do sculo XIX, onde o profissional manipulava eproduzia o medicamento, de acordo com a farmacopia e aprescrio do mdico.

    Em 1744, foi outorgado o regimento, chamado histori-camente de Regimento 1744, que proibia terminantemen-te a distribuio de drogas e medicamentos por estabeleci-mentos no habilitados, criando a figura do profissional res-ponsvel e impondo algumas exigncias. No entanto, tal re-gimento no foi cumprido, sendo que este fato era acoberta-do pelas prprias autoridades.

    A partir de ento, seguiu-se uma srie de interveneslegislativas, com a finalidade de definir a profisso farmacu-tica, no Brasil, muitas das quais submeteram o profissionalfarmacutico aos caprichos do mercado. No Brasil, nas dca-das de 40 e 50, observa-se um processo de expanso industrial,com a insero de novos frmacos no mercado. A moderniza-o do sistema produtivo assume um perfil denominadomodelo de substituio de importaes, que, juntamente comas mudanas cientficas, promove profundas e aceleradas

    MAGALI DA SILVA SANTOS1

    LCIO THEREZO DE LIMA2

    MARLENE ROSIMAR DA SILVA VIEIRA3

    1. Farmacutica, atuando na rea de drogaria, Unisantos2. Farmacutico e proprietrio de drogaria, Unisantos3. Docente da Universidade Catlica de Santos, orientadora do trabalho, Unisantos.

    Autor Responsvel: M.S. Santos, E-mail [email protected]

    mudanas sociais, influenciando no curriculum de formaodo ensino farmacutico.

    Em paralelo a esta caminhada, verificou-se que as boti-cas foram gradualmente sendo substitudas por dois outrostipos de estabelecimentos: os laboratrios farmacuticos, res-ponsveis pela pesquisa, sntese e produo de medicamen-tos; e a farmcia, local de dispensao de frmacos.

    H uma crescente tendncia desnacionalizao, comuma grande dependncia externa em relao matria prima.Ainda, neste ano, promulgou-se, em 17 de dezembro de 1973,a Lei 5991, que vem dispor sobre o controle sanitrio, onde ocomrcio de medicamentos pode ser exercido por qualquerpessoa, desde que esteja sob assistncia do profissional farma-cutico responsvel tcnico. Esta lei subordinou o farma-cutico aos interesses econmicos dos proprietrios leigos,bem como das indstrias, acabando por liberalizar a venda deremdios em todo o territrio nacional, sem observar os prin-cpios ticos farmacuticos.

    A partir de ento, o farmacutico viu-se obrigado a afas-tar-se da farmcia e ir em busca de outras reas, j que os propri-etrios das farmcias, em face aos problemas financeiros e danecessidade de garantir a viabilidade econmica do empreendi-mento comercial, no permitiam a direo tcnica da farmciapelo farmacutico, e muitos sequer permitiam que o farmacu-tico responsvel tcnico permanecesse na farmcia ou em conta-to direto com os clientes (ZOBIOLI, 1992, p. 58)

    Para os mesmos no era interessante ter um fiscal, pagopor eles prprios, para fiscalizar a venda de medicamentos.

    No entanto so estes mesmos fatores que hoje gera a opor-tunidade do farmacutico recuperar seu prestgio. Com a enor-

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    me quantidade de medicamentos disponveis no mercado, tor-na-se necessrio um profissional com conhecimento especializa-do a fim de garantir o uso correto de medicamentos.

    No sculo XXI, a ateno farmacutica estabelece no-vos papis e responsabilidades para o farmacutico (CRUCI-OL E SOUZA, 2003, p.53 ), tornando-o pea chave na promo-o ao uso racional de medicamentos.

    Atualmente, tem se falado muito sobre a presena do far-macutico em perodo integral nas drogarias. Isso, porque ele pea fundamental na promoo sade. No entanto este profis-sional nem sempre quer estar atuando nesta rea. Isto se d devi-do a alguns fatores sociais, alm dos histricos acima citados, osquais sero demonstrados neste trabalho.

    MATERIAL E MTODOS

    Foi realizada uma pesquisa de campo, na cidade de Santos(SP), para o levantamento e comparao de dados quanto aointeresse de farmacuticos e alunos do curso de Farmcia da Uni-santos (Universidade Catlica de Santos) em trabalhar na rea dedispensao de medicamentos.

    Para a realizao desta pesquisa, foram formulados trs ques-tionrios diferenciados, voltados para as seguintes reas:

    Profissionais que trabalham com dispensao de medi-camentos (drogaria)

    Profissionais que trabalham em outras reas Alunos do curso de farmcia da Universidade Catlica

    de Santos (Unisantos)A aplicao dos mesmos foi realizada no perodo de 22 de

    maro de 2003 a nove de maio de 2003, num total de 37 profissio-nais da rea de dispensao e 51 profissionais de outras reas,sendo feita de duas maneiras distintas: via telefone ou pessoal-mente, sendo que os locais (farmcias de manipulao, drogarias,hospitais etc.) foram escolhidos aleatoriamente. Atravs de dadosobtidos no Conselho Regional de Farmcia, constatou-se que fo-ram entrevistados 90% dos farmacuticos que trabalham em dro-garias.

    Aos alunos do curso de Farmcia da Unisantos, os questio-nrios foram aplicados no mesmo perodo, num total de 324pessoas, sendo que, com prvia autorizao dos professores, pas-sou-se em todas as turmas realizando a entrevista.

    A tabulao dos resultados foi feita, medida em que se iaobtendo os questionrios respondidos. Desta maneira, pde-seobservar a evoluo do trabalho e comparar melhor as respostasobtidas.

    Aps anlise dos dados obtidos, sentiu-se a necessidade derealizar uma segunda entrevista com os alunos do curso de Far-mcia da Unisantos, a fim de verificar informaes sobre princi-pais reas de interesse e estgio curricular. Esta foi aplicada noperodo de 21 de maio de 2003 a 03 de junho de 2003, atingindo314 pessoas.

    Paralelamente realizao das entrevistas, fez-se um levan-tamento bibliogrfico em busca dos motivos histricos que leva-ram o farmacutico a se afastar da rea de dispensao de medica-mentos e fundamentar os dados obtidos nas entrevistas.

    Com isto, pretendemos: Verificar interesse dos profissionais farmacuticos da

    cidade de Santos em trabalhar com dispensao demedicamentos e os principais motivos que levam aodesestmulo em atuar nesta rea;

    Verificar o interesse dos alunos do curso de Farmciada Unisantos em trabalhar na rea de dispensao demedicamentos, bem como os motivos que levam al-guns a no quererem seguir este ramo de atividade;

    Comparar a formao do profissional da rea de dis-pensao e o das demais reas.

    Resultados

    Figura 1. Interesse dos alunos de Farmcia da Unisantos em trabalhar comdispensao de medicamentos em suas vrias etapas de formao.

    Figura 2. rea de interesse declarado dos alunos da Unisantos.

    Conforme dados obtidos nas entrevistas, apenas 3% dosalunos da Unisantos escolheriam como primeira opo de trabalhoa rea de dispensao (drogaria), sendo que cerca de 44%aceitariam trabalhar nessa rea se necessrio. Nota-se que o principalinteresse demonstrado seria a atuao. Isto provavelmente se dpelo fato desta possibilitar contato com novas tecnologias.

    Observou-se, tambm, que o interesse em trabalhar emdrogarias, como primeira opo, aumenta significativamente no4 ano do curso. Isto talvez se d pelo fato de o aluno j ter feitoestgio nesta rea, passando a conhecer melhor as atividades alidesenvolvidas. Alm disso, ele passa a ter conscincia de que este o local que oferece maior quantidade de empregos parafarmacuticos em nossa regio, j que o campo de trabalho emoutras reas pequeno e muito disputado.

    Figura 3. Principais motivos que levam os alunos ao desinteresse pelo trabalho dedispensao de medicamentos.

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    Os principais motivos que os levam a afastar-se desta rea,conforme grfico 3, so: no ter perspectiva de crescimento naempresa, pelo fato de o trabalho ser muito rotineiro e baixo salrio.

    Figura 4. Principais motivos que levam o farmacutico ao desinteresse pelo traba-lho de dispensao de medicamentos.

    Atravs da pesquisa de campo constatou-se que aquelesque vo trabalhar com dispensao de medicamentos, conhecen-do melhor a rea, adquirem gosto pela mesma (78%). Dos 22%que no adquirem este gosto, verificou-se que os principais moti-vos do desestmulo so: no ter perspectiva de crescimento naempresa (63%) e baixo salrio (63%), seguido pelo fato de se sentirigualado a um balconista (50%). Estes dados podem ser observa-dos nos grficos 10 e 11.

    J entre aqueles que seguem para outras reas, verificou-seque apenas 41% tm interesse em trabalhar em drogaria. Isto se dprincipalmente por: se sentir igualado a um balconista (60%),seguidos por falta de reconhecimento de sua importncia (57%),no ter perspectiva de crescimento na empresa (53%), baixo sal-rio (53%) e pelo fato de o trabalho ser muito rotineiro (53%).

    Figura 5. Profissionais que fizeram mais de um curso na rea de far-mcia aps sua formao.

    Tambm, se sentiu a importncia de verificar o grau deformao dos diferentes profissionais, sendo que 72% destes seformaram na Unisantos. Pelos dados obtidos, percebe-se que,enquanto os profissionais de dispensao, em sua maioria (74%),fazem apenas um curso aps usa formao, os demais profissio-nais se aprimoram mais, fazendo mais de um curso (63%).

    DISCUSSO

    Entre os entrevistados, notamos alguns pontos em comumque levam ao desinteresse em trabalhar com dispensao de me-dicamentos:

    Baixo SalrioEm levantamento realizado nos sindicatos quanto ao piso

    salarial do profissional farmacutico, notou-se que, embora o piso

    mais baixo seja o de farmcia hospitalar, este pode acumular cargode responsabilidade em mais de um estabelecimento, aumentan-do assim sua renda. J com a rea de drogarias, isto no ocorre eeste o segundo piso salarial mais baixo da categoria, sendo o maisalto o do farmacutico industrial. Isto explica o motivo da insatis-fao quanto ao salrio na rea de dispensao.

    Se sentir igualado a um balconistaEm estudo realizado, em Londrina (PR), sobre as caracte-

    rsticas da prtica farmacutica em farmcias, notou-se que gran-de quantidade dos farmacuticos exerce funes adversas s suasatribuies:

    77,3% dos entrevistados organizam os produtos na pra-teleira; 60,7% exerce a funo de caixa; 51,1% desempe-nham a tarefa de empacotar e 30,3% a limpeza do esta-belecimento. 44,3% dos entrevistados relatam desempe-nhar duas ou mais funes que no necessitam de co-nhecimento especfico de farmacutico (CRUCIOL eSOZA et al., 2003, p. 53) .

    Percebe-se que, neste estudo, nem mesmo foi citada a pr-tica de ateno farmacutica, que seria o principal papel do far-macutico, no s nestes estabelecimentos, mas em toda sua reade atuao.

    Ao chegar ao local de dispensao, o paciente ir ter umcontato direto com o dispensador. importante que o fluxo deinformao iniciada durante a consulta mdica tenha continui-dade neste local, a fim de conseguir uma melhor adeso do paci-ente ao tratamento, aumentando assim a eficcia do mesmo.

    Assim sendo, torna-se de fundamental importncia que oprofissional da rea de dispensao tenha a liberdade de praticara ateno farmacutica, e seja apoiado pelos donos de farmcias,estimulando-o assim a permanecer nestes estabelecimentos.

    No ter perspectiva de crescimento na empresaPara verificar a veracidade deste dado, conversou-se com

    um farmacutico de uma rede de farmcias da Baixada Santista, oqual nos indicou que o farmacutico pode crescer na empresa,alcanando dos seguintes cargos: sub-gerente, gerente, e supervi-sor farmacutico, sendo este ltimo um cargo de confiana.

    No entanto existem muitas drogarias de porte pequenoexiste, onde, em sua maioria, um balconista, um farmacutico e odono, no havendo assim possibilidade de crescimento. No seencontrou dados para comparar com as demais reas.

    FormaoAcredita-se que o farmacutico de outras reas se especi-

    alize mais do que aquele que atua em dispensao de medica-mentos (grfico 5) devido ao fato de que h um grande campo detrabalho em drogaria, no exigindo um grande aprimoramentoprofissional, enquanto que, em outras reas h uma disputa muitomaior por vagas, fazendo com que o profissional tenha que seatualizar cada vez mais para conseguir o emprego desejado.

    O Dr. Jaldo de Souza Santos, Presidente do Conselho Fe-deral de Farmcia, em reportagem da revista Pharmacia Brasilei-ra (2001, p. 3), mostrou-se empenhado em mudar este quadro,dizendo que Para universalizar a ateno farmacutica, precisa-mos criar condies ideais. Uma delas j est em construo, que a oferta de cursos de reciclagem, com o objetivo de aprofundara qualificao profissional. Nesse sentido, iremos ampliar o n-meros desses eventos, atingindo o Pas inteiro. O profissionalaltamente qualificado, com plenos conhecimentos, tem o seupreo. Os seus servios valem ouro. Alm disso, com mais qualifi-cao, pode-remos atender bem a populao, prestando-lhe me-lhores servios.

    Em relao s disciplinas que devem ser bem trabalhadaspara que o profissional tenha uma boa atuao na rea de dispen-sao, as mais citadas foram as seguintes:

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    FarmacologiaPor farmacologia entende-se: estudo do modo pelo qual a

    funo orgnica dos sistemas afetada pelos agentes qumicos(RANG et. al., 1997, p. 3), ou seja estudo das interaes doscompostos qumicos com organismos vivos (SILVA, P., 2002, p.4),sendo que quando esta se especializa na rea mdica, a substnciaqumica passa a ser chamada de frmaco.

    Vale observar que a farmacologia mdica estuda o medica-mento, tanto com seus efeitos benficos/desejveis, quanto seupotencial de toxicidade, analizando substncias endgenas e ex-genas, a fim de fornecer o substrato para a teraputica.

    Com base no que foi apresentado acima, observa-se a gran-de necessidade do profissional farmacutico em conhecer essarea, a fim de orientar o paciente sobre a teraputica, verificarpossveis interaes medicamentosas, observar efeitos colaterais,entre outras de suas atribuies, exercendo assim um bom traba-lho de Ateno Farmacutica.

    Higiene SocialA disciplina Higiene Social ir estudar a sade coletiva, a fim

    de propiciar opes para um estilo existencial saudvel, sob oponto de vista individual e coletivo (PINTO & SILVA, 2001, p. 8).

    Para organizar servios de promoo sade, os aspectosmais importante so as necessidades de sade, no s para elimi-nar a doena, mas para promover a qualidade de vida.

    A Higiene Social tem por finalidade abordar estes aspectos,formando um profissional crtico.

    Estgio CurricularConforme as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de

    Graduao em Farmcia,A formao do Farmacutico deve garantir o desenvolvi-mento de estgios curriculares, sob superviso docente. Acarga horria mnima do estgio curricular supervisionadodever atingir 20% da carga horria total do Curso de Gra-duao em Farmcia proposto, com base no Parecer/Reso-luo especfico da Cmara de Educao Superior do Con-selho Nacional de Educao.O estgio curricular a prtica em farmcia, onde o aluno

    ir aprender o bsico sobre a rea escolhida. Por esse motivo ele to importante.

    CONCLUSO

    Ao entrar na faculdade, os alunos da Unisantos mostramgrande interesse em trabalhar na rea industrial, talvez pela pos-sibilidade de contato com novas tecnologias e/ou pelos melhoressalrios oferecidos por esta rea, sendo mnimo o interesse emtrabalhar com dispensao de medicamentes. Durante os anos decurso, mnima a mudana neste quadro. Somente no quartoano nota-se maior interesse dos alunos em relao a outras reas,sendo que apenas 10% dos mesmos saem da faculdade optandocomo primeira opo o trabalho em drogaria.

    J nos profissionais farmacuticos, observa-se um interesseum pouco maior pela rea, no entanto o desestmulo ainda muito grande. Os principais motivos que levam a isso, juntamen-te aos fatores histricos, so: baixo salrio, no ter perspectiva decrescimento na empresa e se sentir igualado a um balconista.Nota-se que o profissional ainda no possui incentivo para de-senvolver a sua real funo dentro de uma drogaria, que seria aAteno Farmacutica, a fim de promover o uso racional demedicamentos.

    Alm disso, percebeu-se que os profissionais que atuam emoutras reas procuram se especializar muito mais do que aquelesque trabalham com dispensao. Isto provavelmente se deve aofato de o campo de trabalho em drogaria ser muito amplo, en-quanto que em outras reas mais concorrido.

    Aps formado, o farmacutico encontrar uma gama mui-to grande de empregos em drogarias. necessrio que ele passe ater um maior interesse por esse trabalho e passe a se aprimoraramais, melhorando, assim, seu desempenho e, conseqentemen-te, favorecendo o paciente com suas informaes prestadas.

    Para tanto, prope-se que se faa uma conscientizao, nos da comunidade, mas tambm dos donos de farmcia e doprprio farmacutico, atravs de campanhas em massa, a fim depropiciar um reconhecimento da importncia do trabalho desteprofissional na sade coletiva.

    Atravs destes atos, espera-se que os farmacuticos da cida-de de Santos (SP) passe, cada vez mais, a perceber a importnciade seu trabalho na rea de dispensao, lutando pelo seu reco-nhecimento social e passando a estar, cada vez mais, presente nasdrogarias.

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