histologia do sistema respiratório
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Baseado em Junqueira, L. C. e Carneiro, J / Gartner, L. P. e Hiatt, H. J.Alexandre Bussinger LopesMedicina UNIRIOTRANSCRIPT
Histologia II – Sistema Respiratório
Alexandre Bussinger Lopes – 2011.2Porção condutora: transporte de ar, filtração, umidificação e aquecimento do ar inspirado. Porção respiratória: localizada estritamente dentro dos pulmões, realiza a verdadeira troca de O2 e CO2 entre os meios interno e externo (hematose).
Divisões e Aspectos Característicos do Sistema RespiratórioPorção Condutora Extrapulmonar
Região Suporte Glândulas Epitélio Tipos Celulares Aspectos adicionais
Vestíbulo nasalCartilagem
HialinaSebáceas e sudoríparas
Estratificado pavimentoso queratinizado
Queratinócitos Vibrissas
Cavidade nasal: mucosa
respiratória
Cartilagem Hialina e tecido
ósseoSeromucosas
Respiratório com células
caliciformes
Céls. basais ciliadas em escova, serosas
e do SNED
Vasos sanguíneos em disposição
semelhante a um tecido erétil
Cavidade nasal: mucosa
olfatóriaTecido ósseo de Bowman
(serosas)Olfatório
Céls. basais, olfatórias e de
sustentação
Botões olfatórios nas extremidades dos dendritos das células olfatórias
NasofaringeTecido
muscular estriado
SeromucosasRespiratório com
células caliciformes
Céls. basais ciliadas em escova, serosas
e do SNED
Tonsila faríngea e abertura das tubas
auditivas
LaringeCartilagens
hialina e elástica
Mucosas e seromucosas
Respiratório e estratificado
pavimentoso não-queratinizado
Céls. basais, caliciformes,
ciliadas, em escova, serosas e do SNED
Epiglote, cordas vocais (pregas
vocais) e pregas vestibulares
Traqueia e brônquios
respiratórios
Cartilagem hialina, tecido
conjuntivo denso não modelado
Mucosas e seromucosas
Respiratório muito ciliado
Céls. basais, caliciformes em
escova, serosas e do SNED
Anéis cartilaginosos em forma de C e
músculo liso traqueal na adventícia
01. Cavidade Nasal:Limites: - medial: septo nasal; - lateral: asas do nariz e parede óssea- anterior: vestíbulo e narina- posteriormente: coanas (conchas nasais)
Porção anterior (vestíbulo):- Única parte revestida por delgada pele, possui vibrissas – curtos pelos que impedem a entrada de grandes partículas de poeira. - Derme rica em glândulas sebáceas e sudoríparas e ancorada por numerosos feixes de fibras colágenas ligadas ao pericôndrio das cartilagens das asas do nariz.
Porção posterior:- Epitélio Respiratório (epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes). - Lâmina própria altamente vascularizada (plexo de Kiesselbach e seios venosos) com muitas glândulas seromucosas e abundantes componentes linfoides, em especial, mastócitos*.
À medida que o ar progride ao longo das vias aéreas durante a inspiração, os túbulos vão gradualmente se ramificando e o diâmetro sendo reduzido, diminuindo também a velocidade do fluxo de ar. Embora o diâmetro
luminal diminua, a secção transversal total aumenta.
Região Olfatória:- Epitélio olfatório (semelhante ao epitélio respiratório, porém com núcleo mais basal e sem células caliciformes).
Céls. olfatórias: neurônios bipolares amielínicos que formam na extremidade distal botões olfatórios que projetam-se acima das céls. de sustentação. Os axônios basais formam fibras que perfuram a lâmina cribriforme do etmoide.
Céls. de sustentação: céls. colunares com porção apical com borda estriada (microvilos). Supõe-se que elas atuem no suporte físico, nutrição e isolamento elétrico das células olfatórias.
Céls. basais: alta capacidade proliferativa, podendo diferenciar-se tanto em céls. olfatórias quanto de sustentação.
- Lâmina própria: tecido conjuntivo que varia de frouxo a denso não modelado, altamente vascularizado e bem fixado ao pericôndrio adjacente, com numerosos elementos linfoides, onde formam-se as fibras nervosas de NC I. As glândulas de Bowman (olfatórias) produzem secreção serosa e liberam substâncias que auxiliam na detecção de odores.
Histofisiologia da cavidade nasal: partículas que entrem junto ao ar inspirado são retidas pelo muco produzido pelas células caliciformes (epitélio) e as glândulas seromucosas (lâmina própria). O fluido seroso das glândulas seromucosas situa-se entre o muco e a membrana plasmática apical das células do epitélio respiratório. Os cílios das células cilíndricas movimentam o fluido seroso e o muco desloca-se secundariamente (hidroplanagem). As partículas são direcionadas junto ao muco à faringe para serem deglutidas ou expectoradas. Além disso, na passagem, o ar é umidificado e aquecido, pelo rico suplemento vascular que tem fluxo sanguíneo oposto ao fluxo aéreo, mecanismo de contracorrente. Antígenos e alérgenos trazidos pelo ar são combatidos por elementos linfóides da lâmina própria, dentre eles IgA (imunoglobulina secretora produzida por plasmócitos), e IgE, que ativa basófilos e mastócitos ligando-se a receptores específicos. *Se as células forem sensibilizadas e os grânulos dos mastócitos liberarem histamina – vasodilatador – as vias aéreas ficam edemaciadas e podem bloquear o fluxo. O Sorine é um potente vasoconstritor que pode aliviar os sintomas.
O epitélio olfatório é responsável tanto pela percepção de odores e quanto a do paladar. Para garantir que um simples estímulo não produza repetidas respostas, o fluxo contínuo de fluido seroso produzido pelas glândulas de Bowman fornece uma constante lavagem dos cílios olfatórios.
02. Seios paranasais:Nos ossos etmóides, esfenóide, frontal e maxilar há espaços que comunicam-se com a cavidade nasal. Revestido por mucosa formada por epitélio repiratório muito ciliado e tecido conjuntivo frouxo vascularizado, fundido ao periósteo.
03. Faringe:Subdivida em: nasofaringe (epitélio respiratório), orofaringe e laringofaringe (epitélio pavimentoso estratificado não-queratinizado). Na lâmina própria da porção posterior da nasofaringe encontra-se a tonsila faríngea.
04. Laringe:Paredes compostas por estruturas de cartilagem hialina (tireóidea, cricóidea e parte das aritenóideas) e cartilagem elástica (epiglote, corniculadas, cuneiformes e parte das aritenóideas), ligadas por músculos esqueléticos internos e externos. As cartilagens são a principal forma de impedir a entrada de corpos estranhos na respiração. De fato, a epiglote veda o ádito (abertura) da laringe durante a deglutição. O lúmen da laringe possui dois pares de pregas de mucosa, formando as pregas vestibulares e vocais. Estas últimas são as reais pregas e possuem um reforço de tecido conjuntivo denso, o ligamento vocal. Os músculos intrínsecos atuam alterando a tensão das pregas vocais e controlando a abertura da rima da glote, o que é essencial para a fala. A mucosa é formada por epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado.
05. Traqueia:Reforçada por 10 a 12 cartilagens em forma de ferradura e fechada posteriormente pelo músculo traqueal. O músculo traqueal pode atuar reduzindo o diâmetro do tubo e, consequentemente, aumentando a velocidade do fluxo de ar, o que auxilia o reflexo da tosse, além de impedir o colabamento das vias aéreas.- Mucosa: epitélio respiratório + lâmina própria (tec. Conjuntivo frouxo subepitelial) + feixe de fibras elásticas.Epitélio respiratório: pseudo-estratificado cilíndrico ciliado, separado da lâmina própria por uma espessa membrana basal e composto de seis tipos celulares: células caliciformes (produtoras de mucinogênio), cilíndricas ciliadas, basais, em escova, serosas e células do sistema neuroendócrino difuso (SNED) e nem todas alcançam o lúmen. As células do SNED emitem prolongamentos para o lúmen e monitoram a PO2 e PCO2. Sob condições de hipóxia, os grânulos da parte basal destas células são rompidos e liberam seu
A laringite constitui inflamação dos tecidos da laringe, inclusive das pregas vocais e, por isso, impede a vibração livre das pregas vocais, provocando um som rouco ou somente um sussurro quando da fala do
doente. O reflexo da tosse ocorre quando um agente irritante agride as vias aéreas superiores (incluindo
traqueia e brônquios). Um fluxo de ar explosivo é produzido na tentativa de expelir a substância. Consiste numa inalação de grande volume seguida de uma poderosa contração dos músculos da expiração forçada (mm. Intercostais e abdominais) abrindo repentinamente a epiglote e a glote.
conteúdo que, além da agir nas sinapses, sinalizando aos centros reguladores da respiração (bulbo), age como hormônios parácrinos, alterando a perfusão/ventilação local.- Submucosa: tecido conjuntivo denso fibroelástico com numerosas glândulas mucosas e serosas. - Adventícia: peças de cartilagem hialina com tecido conjuntivo frouxo fibroelástico, responsável por ancorar a traqueia aos tecidos adjacentes, por exemplo, ao esôfago.
06. Árvore bronquial:Têm início na carina e ramificam-se (arborizam-se) e diminuem de diâmetro.- Brônquios primários (extrapulmonares): estrutura idêntica à da traqueia. Invade o pulmão junto à artéria, às veias pulmonares e vasos linfáticos. O brônquio direito é mais verticalizado e ramifica-se três vezes, o esquerdo, somente duas. - Brônquios secundários ou lobares e terciários (intrapulmonares): já no parênquima pulmonar, corresponde à via aérea pra cada lobo pulmonar. Os anéis cartilaginosos são substituídos por placas irregulares de cartilagem. Epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado vai diminuindo de altura conforme as ramificações, que terminam nos bronquíolos. - Bronquíolos: o revestimento epitelial varia de simples cilíndrico ciliado com ocasionais células caliciformes nos maiores bronquíolos e sem céls. caliciformes nos menores, mas com céls. da Clara – cilíndricas cujo ápice
Agressões constantes ao epitélio respiratório (por exemplo o fumo) podem induzir alterações reversíveis, aumentando o número de células caliciformes em relação ao de cilíndricas ciliadas (metaplasias). Forma-se então uma espessa camada de muco que intenta remover os irritantes, o que não ocorre devido ao reduzido número de cílios, e causa a congestão. Os fumantes têm o hábito de ficar constantemente pigarreando, na
tentativa de drenar o muco mecanicamente.
em cúpula apresenta microvilos abaulados e grânulos de secreção – que têm função de proteção, semelhante ao surfactante, e de regeneração. A lâmina própria não tem glândulas e é circundada por uma camada lisa de músculo liso com fibras orientadas de forma helicoidal, sem cartilagem. Fibras elásticas conectam-se ao tecido conjuntivo que circunda a musculatura e expande o lúmen dos bronquíolos quando da inspiração. Bronquíolos terminais são compostos por células da clara e cuboides, algumas ciliadas, que ramificam-se para dar origem aos bronquíolos respiratórios.
Asma: as camadas de m. liso dos bronquíolos são controladas pelo SNA parassimpático. Normalmente o m. se contrai ao final da expiração e relaxa durante a inspiração. Asmáticos, entretanto, podem prolongar tal
contração, dificultando que o ar seja expelido. Há também aumento de secreção. O ar, com dificuldade para encontrar o meio externo, provoca um sibilo característico. Esteroides e relaxantes são utilizados p/ aliviar as
crises de asma.
Porção Condutora Intrapulmonar
Região Suporte Glândulas Epitélio Tipos Celulares
Aspectos adicionais
Brônquios secundários
(intrapulmonares)
Cartilagem hialina e
músculo lisoSeromucosas
Respiratório com céls.
caliciformes
Basais, ciliadas em
escova, serosas e do
SNED
Placas de cartilagem hialina e duas faixas de
músculo liso orientadas de forma helicoidal
Bronquíolos propriamente ditos
Músculo liso -Simples,
cilíndrico a cúbico
Ciliadas e céls. da Clara
Menos de 1mm de diâmetro, supre ar para os lóbulos pulmonares, duas
faixas de músculo liso orientadas de forma
helicoidal
Bronquíolos terminais
Músculo liso - Simples cúbico Céls. da Clara e ciliadas
Menos de 0,5mm de diâmetro, supre ar para
ácinos pulmonares, pouco músculo liso.
Porção Respiratória
Região Suporte Glândulas
Epitélio Tipos Celulares Aspectos adicionais
Bronquíolos respiratórios
Poucas fibras de músculo liso e fibras
colágenas-
Simples cúbico a pavimentoso
simples altamente atenuado
Algumas cúbicas ciliadas, céls. da
clara e pneumócitos I e II
Alvéolos nas paredes, os alvéolos têm esfíncteres de
músculo liso em suas aberturas
Ductos alveolares
Fibras colágenas tipo III (reticulares)
e esfíncteres de músculo liso dos
alvéolos
-
Simples pavimentoso
altamente ateunuado
Pneumócitos tipo I e II nos alvéolos
Sem parede própria, apenas uma
sequencia linear de alvéolos
Sacos alveolares
Fibras colágenas tipo III e elásticas
- Simples Pneumócitos tipo I e II
Grupamento de alvéolos
Alvéolos Fibras colágenas tipo III e elásticas
-Simples
pavimentoso baixo
Pneumócitos tipo I e II
200 micrômetros de diâmetro com
macrófagos alveolares
07. Ductos alveolares e sacos alveolares: Os ductos não têm parede própria, são arranjos lineares de alvéolos que terminam em fundo cego de pequenos grupos de alvéolos, o saco alveolar. Entre os alvéolos, há os septos interalveolares, reforços dos ductos e também um esfíncter de fibras reticulares.
Enfisema: sequela relacionada à exposição prolongada à fumaça de cigarro e outros inibidores da proteína alfa-1-antitripsina que protegem os pulmões contra a destruição das fibras elásticas pela
elastase sintetizada pelos macrófagos alveolares. Em pacientes com poliomielite os músculos da respiração podem enfraquecer tanto que a musculatura
acessória se hipertrofia. Em outras doenças como miastenia grave, a síndrome de Guillain-Barré, o enfraquecimento dos músculos pode levar à falência respiratória e consequente morte, ainda que os
pulmões funcionem normalmente.
08. Alveólos:Unidade funcional e estrutural primária do sistema respiratório, já que suas delgadas paredes permitem a troca de CO2 por O2 entre o ar contido em seus espaços e o sangue nos capilares adjacentes. Quando há comunicação entre os alvéolos, formam-se os poros alveolares (ou de Kohn). Estes poros provavelmente funcionam equilibrando a pressão do ar dentro dos segmentos alveolares. O septo interalveolar é extensamente vascularizado. O suporte ao epitélio não é muscular, mas realizadas por pneumócitos (epitélio pavimentoso simples extremamente baixo). Os pneumócitos tipo I formam junções oclusivas entre si e impedem o escape do fluido extracelular para dentro do lúmen alveolar. Já os tipo II são responsáveis pela produção, exocitose e fagocitose de surfactante pulmonar, que forma uma espécie de rede no lúmen. Tal substância reduz a tensão superficial, prevenindo a atelectasia (colapso alveolar). - Macrófagos alveolares (células de poeira): monócitos diferenciados que mantém o clearance mucociliar e auxiliam os pneumócitos tipo II na fagocitose do surfactante.
Barreira Hemato-aérea: a região do septo onde os gases são trocados. Quanto mais estreita, maior é a eficiência das trocas. Esta barreira é formada por: surfactante e pneumócitos tipo I; lâminas basais dos pneumócitos tipo I e das células endoteliais dos capilares fundidos; células
endoteliais dos capilares contínuos.