hipercorreção língua fluida x língua imaginaria
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Este artigo reflete o preconceito Linguístico não visto de forma específica. Assim como o preconceito racial e a intolerância religiosa o preconceito linguístico é uma forma de exclusão.TRANSCRIPT
A hipercorreção pela sujeição social e pelas diferenças entre língua imaginária
e língua fluida
*Hélio Rodrigues da Silva
Resumo: neste artigo proponho uma reflexão discursiva no uso da língua
portuguesa e suas atribuições, como o sujeito está inserido neste contexto histórico
ideológico? Qual o imaginário de língua “correta” no meio social? Como se comporta
um sujeito pressionado em momentos de fala e escrita? O valor social e profissional
está diretamente ligado ao uso “correto” da língua. A escola de base como aparelho
coercitivo do estado atribuindo valor a uma língua em detrimento das outras. A
hipercorreção na tentativa do sujeito evitar os erros e o mesmo não consegue.
Dentre estes e outros fatores, observamos a importância do conhecimento
linguístico.
Palavras chave: Hipercorreção gramatização sujeito/língua escolarização
preconceito linguístico.
Introdução
1Neste artigo estarei problematizando alguns fundamentos da língua
portuguesa brasileira, mostrando a ideia imaginária que se tem do uso da língua
correta e incorreta em uma sociedade marcada pelo preconceito linguístico.
Pretendo dentro de uma pequena exposição explicar o fator que faz tantas pessoas
até mesmo os universitários têm dificuldades ao expressar no próprio idioma, já que
existe uma língua imaginária padronizada e que não se trata da língua materna dos
cidadãos brasileiros. E dentro dessa regularidade às vezes pessoas que tem
conhecimento da língua padrão e outras que não tem, mas todos têm dificuldades
na hora de falar em publico ou escrever um texto publicitário ou um trabalho
acadêmico; é lógico que quem estuda a língua padrão tem certa vantagem em
ralação aos outros que não estudam, não na transmissão do assunto pretendido,
mas na forma escrita. E é neste contexto que surgem muitas dúvidas, alguns sem
1*Hélio Rodrigues da Silva esta cursando letras no campus universitário de Pontes e Lacerda Universidade de Mato Grosso. Endereço eletrônico: [email protected], fone: (65) 99292958.
perceber acaba tentando se “expressar corretamente” e caba errando do mesmo
jeito, caindo na “hipercorreção” transformando sua escrita/oralidade em palavras ou
concordância verbal inexistente na língua padrão ou não padrão. Existe uma única
maneira “correta”? O que os grandes estudiosos da língua portuguesa consideram?
É uma maneira intrigante de entender a situação do falante na sociedade já que a
sociedade exige uma falar “correto” com o pretexto de qualificar o falante pelo seu
modo de fala/escrita. O preconceito linguístico é um mal que nunca foi combatido, é
um fato ideológico dentro da nação brasileira. Criticar uma pessoa pelo seu modo
de falar ou escrever é tão natural entre a sociedade brasileira, que até aqueles que
não têm conhecimento da língua padrão/imaginária, acaba julgando a si mesmo,
afirmando que não sabem falar em sua própria língua. Embasado em alguns
teóricos da Linguística e da AD, apresento a seguir um quadro teórico, e junto
destas ideias brilhantes farei uma pesquisa que enriqueça meus conhecimentos e do
leitor interessado no assunto em pauta.
Quadro teórico
Uma pesquisa bem elaborada nunca poderia deixar as grandes mentes
ocultas, pois é através dos grandes pesquisadores que temos conhecimento do
funcionamento da língua. A importância do estudo para a compreensão da língua é
fundamental, e neste texto exporei a dificuldade do sujeito no uso da língua, no qual
ao tentar não cometer erro acontece a hipercorreção. A língua é a maior herança
que os seres humanos recebem de seus pais. É através dela que o sujeito consegue
viver em sociedade, e se constituir como cidadão pertencente aquela comunidade e
não de outra. Benveniste afirma que “é dentro da, e pela língua que o individuo e
sociedade se determinam mutuamente”. (MUSSALIM, BENTES, 2001 pg. 26). E
neste caso língua não é apenas a forma padrão escrita, mas tem tudo a ver com a
expressão e compreensão do sujeito em sociedade. A maior necessidade em
estudar a língua em seus funcionamentos é porque a língua tem sido instrumento de
classificação e qualificação do individuo em sociedade, daí surge à necessidade
dessa compreensão. A “hipercorreção” está diretamente ligada ao receio da
descriminação, este é fator principal, chamamos aqui de preconceito linguístico, mas
existem outros fatores que também são pertinentes: a gramatização da língua,
espaço escolar/censura, relação sujeito língua, posição sujeito capitalista e as ideias
linguísticas que circulam em nossa sociedade de “certo errado”, tudo isto contribuem
para que o indivíduo mesmo inconsciente tente se formalizar e refinar o seu
vocabulário. Elizete em sua tese busca explicar esta compreensão.
Vale dizer que quando se pensa o ensino e a circulação da língua nacional
como um bem público, reflete-se sobre as práticas sociais ao longo da
história e os mais diferentes e efetivos processos de exclusão, de inclusão,
de valorização de sujeitos pelo modo como falam. (AZAMBUJA, pg. 44).
Segundo a autora o sujeito precisa se adaptar a norma culta regida pela imposição
do estado para ser valorizado na sociedade. Parece que a sociedade não tem
conhecimento que a normatização da língua é apenas uma tentativa de manter uma
língua homogênea nacional, para fins oficiais, documentários, trabalhos e
apresentações acadêmicas. Azambuja percorre um caminho extenso em busca de
comprovar suas afirmações. Ela faz pesquisas em alguns estados brasileiros com
pessoas de diferentes graus de escolarização e idade. Em sua pesquisa ela
confirma que somente pessoas com conhecimento linguístico é capaz de afirmar
que o brasileiro não fala errado. Todos os entrevistados exceto quem tinha
conhecimento linguístico disseram que o brasileiro fala errado. Marcos Bagno afirma
que “todo falante nativo de uma língua é um falante plenamente competente dessa
língua”. (BAGNO, 2001, pg. 66). Segundo ele ninguém comete erros ao falar a sua
língua materna, desde criança o individuo já fala corretamente a gramática de sua
língua materna. Para confirmação de sua afirmação ele deixa varias frases que seria
erros de português. Mas que nenhum falante do português faz uso desse tipo de
frase. “eu te vimos ontem na rua, aquela menino me bateu, Maria chegou semana
que vem” (BAGNO, 2001, pg. 66). O imaginário de que as pessoas não sabem falar
a sua própria língua é histórico e ideológico, repassado pelo estado através da
escola que é um instrumento a serviço do estado. Segundo Orlandi em Historias das
ideias linguísticas o Brasil falava uma língua mista chamada língua geral.
A ação do estado se faz sentir pela pratica colonizadora em geral, mas mais
precisamente pela imposição do ensino da língua portuguesa na escola. É
necessário aqui sublinhar a ação do Marques de Pombal que proibiu o
ensino das línguas indígenas nas escolas dos Jesuítas e que tornou
obrigatório o ensino do português. Neste novo espaço-tempo o português é
a uma só vez a língua do Estado e a língua dominante. (ORLANDI, 2001,
pg. 23).
Como podemos observar as línguas existentes em nosso território foi aos poucos
sendo substituída por uma nova língua dominante e isso não para por ai, em outro
momento da historia precisamente em 1826 como cita Orlandi.
Em 1826, um deputado propôs que os diplomas dos médicos no Brasil
fossem redigidos em língua brasileira. No ano seguinte, depois de longas
discussões que se seguiram a essa proposta, uma lei estabelece que os
professores devem ensinar a ler e a escrever utilizando a gramática da
língua nacional. Assim, ao se colocar a questão da língua nacional no Brasil,
evita-se, ao mesmo tempo nomeá-la oficialmente seja como língua
portuguesa, seja como língua brasileira. (ORLANDI, 2001, pg. 23).
Desta época até os dias atuais a língua é vista como um bem nacional que é regido
pela escrita e esta por sua vez é formalizada, através da gramática normativa,
dicionário e a escola. Portanto é compreensível que haja dificuldades dos indivíduos
expressar-se na língua formal brasileira, não é pelo fato de não ter conhecimento,
mas por falar uma língua imposta pelo estado e que não é a língua materna falada
pela maioria dos brasileiros. E estas dificuldades sempre vão existir.
Perini diz que a linguística é uma ciência viva e em pleno desenvolvimento.
“hoje sabemos muito mais sobre a estrutura das línguas do que sabia em 1900, em
1950 ou em 1980. E vamos saber ainda mais em 2040. Não existe uma gramática
completa e definitiva em língua nenhuma”. (Perini, 2010 pg. 22). Portanto nenhuma
descrição gramatical pode ser completa e definitiva. Perini diz que a gramática mais
atrapalha do ajuda.
As leis têm importância em sua área, mas seu valor não se estende à
investigação científica, que segue outros princípios, ligados a coerência
lógica e a adequação aos fatos observados, assim a NGB é mais prejudicial
do que benéfica, e vivemos melhor sem ela. (PERINI, 2010, pg. 24).
Outro fator de coerção na língua é o capitalismo, as mídias de um modo geral
deixa claro que para ser um profissional reconhecido e ter oportunidade de bons
empregos o individuo tem que falar “corretamente”. Em dois recortes da revista veja,
em datas diferentes, Azambuja mostra na pagina 59 de sua tese, a opinião da
revista veja para um falante que fala “corretamente” e o que não fala. Revistas.
2001 2010
Na primeira “Falar e escrever bem”, e com letras menores: “o brasileiro tem
dificuldade de se expressar corretamente. Mas está fazendo tudo para melhorar,
porque precisa disso na profissão, nos negócios e na vida social”. Logo abaixo com
uma marcação. “Um teste para avaliar o seu domínio do idioma”. Na segunda bem
destacada a frase, “Falar e escrever bem”. Dois pontos e continua “rumo à vitória” e,
em letras menores: “Expressar-se com clareza e elegância é essencial para avançar
na vida”. A boa notícia é que há mais ferramentas para o aprendizado.
Se olharmos as figuras com um olhar discursivo, na primeira tem uma foto de
um jovem com perfil de uma pessoa bem sucedida e que fala bem. Na segunda
capa, um teclado de computador é figurado com uma escada que o falante precisa
galgar para chegar ao topo, e no topo está o falante ideal. A cor amarela com um
leve tom alaranjado no fundo da capa. Vem significando, otimismo, prosperidade e a
felicidade. E ela está associada à nobreza, à inteligência e ao luxo. Tudo isso está
relacionado ao fato de o sujeito falar bem a língua.
De todos os desafios que o sujeito falante do português enfrenta o pior deles
é o preconceito linguístico. Marcos Bagno compara o preconceito linguístico à
intolerância religiosa, para a igreja tudo que era diferente da doutrina romana era
considerada heresia, que em grego significa “escolha” e os culpados pagavam com
suas vidas. Parafraseando Bagno nós não temos escolhas, e somos obrigados a
seguir a risca os preceitos da gramática normativa em pleno século XXI, isto é o
mesmo que querer que as pessoas leiam a bíblia em latim. Marcos Bagno vai buscar
na historia os fundamentos da gramática e o preconceito linguístico:
[...] há quase 2.500 anos, associaram língua culta com escrita literária. Essa
é uma tradição que começou por volta do século III A.C., entre os filósofos e
filólogos gregos, quando foi criada a própria disciplina batizada de
gramática, em grego, significava, na origem, ‘a arte de escrever’. [...] ao
desprezar completamente a língua falada (considerada ‘caótica’, ‘ilógica’,
‘estropiada’), e também ao classificarem a mudança da língua ao longo do
tempo de ‘ruína’ ou ‘decadência’ [...] Foram eles e seus seguidores, de fato,
que plantaram as sementes do preconceito linguístico, que iam dar tantos e
tão amargos frutos ao longo dos séculos. (BAGNO,2003, p.46). (grifos do
autor).
Como podemos observar pela citação acima a forma preconceituosa é uma herança
de longas datas, mas nós como estudantes e futuros formadores de conhecimento
devemos observar atentamente para não incorrer no erro de classificar uma pessoa
pelo seu modo de falar e escrever, gerando nestas pessoas o sentimento de
inferioridade. Eni em um dos seus livros ao pesquisar como as línguas são
organizadas e sistematizadas da língua fluida para a língua imaginária. “Se a língua
imaginária é a que os analistas fixam na sua sistematização, a língua fluida é a que
não pode ser contida no arcabouço dos sistemas e formulas”. (ORLANDI, pg. 34).
Ela deixa claro que o sistema formal da língua, não vem original, mas modelada ao
modelo do gramático. “A língua imaginária não é inofensiva. Não deixa de ter seu
efeito sobre o real. [...] ex: um Xerente, do P. I. Xerente (tribo indígena do norte de
G) em Goiás, disse que o pastor sabia melhor sua língua do que ele mesmo”.
(ORLANDI, pg. 30). Estamos diante de um problema encontrado na língua fluida de
um falante nativo afirmando que o outro que não é nativo fala melhor que ele. Nós
falantes do português não somos diferentes. “nossa experiência é de que o
imaginário tem às vezes mais realidade que o próprio real e a de que não se criam
impunemente mascaras e fantasmas”. (ORLANDI. Pg. 40).
Como vimos no quadro teórico acima existem muitos pesquisadores linguistas
que já percorreram um longo caminho em busca de compreensão, e mesmo
tentando mudar a forma de pensamento ideológico do ser humano mais especifico
neste caso particular o brasileiro, com sua forma de expressar e os modelos
coercitivos históricos deste país. A seguir apresento um quadro de pesquisa entre
diversas pessoas com graus de escolaridades e idades diferentes, nele vamos
observar que o conceito de língua, entre falar “correto” e falar “errado” se aprende na
escola e é através da gramática e que se aprende falar “correto”.
1 - O brasileiro fala corretamente?
Idade: Grau de Escolaridade: Respostas:11 anos Cursando o 6º ano. Não.15 anos Cursando o 1º ano
Ensino Médio.Não. acho q o brasileiro nao fala corretamente pq percebi q mt gente fala de um jeito diferente.
17 anos Cursando o 1º ano ensino Médio
O brasileiro não fala corretamente.
21 anos. Graduando de administração.
Os brasileiros não fala corretamente.
34 anos Ensino médio Completo. Não. acho que todos os brasileiros falam errado.
Aproximadamente 36 anos
Graduação em matemática.
Diante de nosso grande extensão territorial e variantes culturais, falar “corretamente” depende muito da região onde se habita. Porém levando em consideração as normas, em sua grande maioria o brasileiro não fala corretamente.
44 anos Graduação Pedagogia e especialização em Psico pedagogia.
Depende muito do que é correto, a partir do momento que há compreensão entre os falantes, pode se dizer que está correto.
49 anos Graduação em pedagogia.
Não
80 anos Não Alfabetizado. Não, devido às mudanças da língua o brasileiro não fala corretamente.
76 anos Não alfabetizada. Tem pessoas que fala melhor do queoutras. [...] Porque aqueles mais estudado fala melhor e os que não estudou é pior.
Nesta pesquisa estou expondo, dados pesquisados de pessoas com idades e grau
de escolaridades diferentes ou não escolarizados; mas quase todos compartilham
do mesmo pensamento ideológico e coercitivo. Entende-se que a escola é a
responsável pela introdução da língua, esquecendo-se, que a língua materna é a
primeira que aprendemos, e dela a qual surgem às gramáticas, dicionários e mesmo
a escola representante do estado. Esta língua materna considerada pela maioria dos
brasileiros como “errada” é também a língua mais falada, acredito, por noventa e
nove por cento dos brasileiros, mesmo os brasileiros mais cultos nunca fala o tempo
todo a língua padrão, há sempre momentos de descontração em que a língua fluida
vai ser pronunciada de forma natural. Em uma pesquisa recente de um artigo em
sociolinguística que fiz, comprovei este fato, ao transcrever uma entrevista feita em
um programa de televisão de uma candidata à presidência da republica, em um
momento de descontração ela deixa escapar palavras informais com muita
naturalidade.
Minha observação é que ela omite algumas letras nos finais das
palavras, assim como a Mariana a omissão do “r” mas também a
letra “u”: eu sô muito jovem; e ai começamos a conversá ; Quero vê,
inclusive pra tê saudade da época; eu sô candidata a presidente da
republica; fiquei muito emocionada quando você me falô; purque
você me apresentô pru Brasil; um jornalista me chamô; E ele falô.
Como podemos notar nas frases acima como muitos brasileiros a ex-
senadora também fala naturalmente como qualquer brasileiro.
(RODRIGUES, 2014, pg. 07).
Existe sim uma um força para padronizar a língua, mas seria possível? A
língua é um fato social em constante mudança, em cada lugar social e geográfico as
pessoas tem tendência de modificar as palavras e mesmo os vocabulários vão se
diversificando com o passar dos anos sem falar na pronuncia, uma mesma palavra é
pronunciada de forma diferente dependendo da região. Então não podemos afirmar
que o brasileiro fala errado, mas sim diversificado, sendo compreendido pelos
falantes nativos do português brasileiro.
2 - Em sua opinião existe uma região em que falantes do português falam melhor do que em outras?
Idade: Grau de Escolaridade:
Respostas:
11 anos Cursando 6º ano. A seila mas acho que não.
15 anos Cursando o 1º ano ensino médio.
Sim, em Brasília.
17 anos Cursando o 1º ano ensino médio.
Existe sim, nas regiões metropolitanas.
21 anos Graduando de administração.
Não. Porque cada região tem sua forma de fala.
34 anos Ensino médio completo.
Acho que existem sim.
Aproximadamente 36 anos
Graduação em matemática.
Não. Falar melhor ou pior, não depende de região, já que as normas são para o brasileiro e não regional. Depende de fatores relacionado ao acesso ao conhecimento, saberes científicos...
44 anos Graduação Pedagogia e especialização em
Não, existe formas diferentes nas falas, os ditos sotaques.
Psico pedagogia. 49 anos Graduação em
pedagogia.Não, porque varia muito da língua portuguesa que aprendeu (regionalismo).
80 anos Não alfabetizado. Não, cada região tem seu modo de falar.
76 anos Não alfabetizada Melhor que os outro acho que não tem ninguém melhor, não. As vez querem ser, mas não é.
3 - O que você acha, existem falantes da língua portuguesa que falam melhor, enquanto existem outros que não falam tão bem? Quem são as pessoas que falam melhor e as que não falam tão bem?
Idade: Grau de Escolaridade:
Respostas:
11 anos Cursando o 6º ano. Sim. Os professores; doutores; as pessoas q tem estudos; e quem não estuda não fala muito bem.
15 anos Cursando o 1º ano Ensino Médio
Sim, em algumas regiões que tem sotaque diferente e aí a pessoa n fala corretamente.
17 anos Cursando o 1º ano ensino Médio
Existe sim, depende das pessoas as vezes não falam o português correto por falta de caprixo.
21 anos Graduando de administração.
As pessoas que falam melhor o português são aquelas que tem habito de leitura e que busca sempre se atualizar com as normas. Enquanto que as que falam menos correta é aquelas que não possuem o habito de ler e nem se corrige em suas falas.
34 anos Ensino médio Completo.
As pessoas que falam corretamente, são aquelas que mais exercita essa função. As que não falam corretamente, são aquelas de nível mais inferior a escolaridade.
Aproximadamente 36 anos
Graduação em matemática.
Não. Falar melhor ou pior, não depende de região, já que as normas são para o brasileiro e não regional. Depende de fatores relacionado ao acesso ao conhecimento, saberes científicos...
44 anos Graduação Pedagogia e especialização em Psico pedagogia.
Não, apenas há formas diferentes de falar.
49 anos Graduação em pedagogia.
Depende muito da classe social de cada um, isso conta muito no ler, escrever e falar. Existe também uma pressão social
para o falar corretamente.
80 anos Não alfabetizado. Existem sim, algumas pessoas sabem se expressar melhor que as outras porque tem estudo.
76 anos Não alfabetizada Existe Sim, sim,. Conheço. É pessoas da roça. Pessoas amalfabéticas como eu sou.
Como podemos observar nos quadros acima, as regiões centrais
economicamente ricas parecem influenciar a ideia de um falar melhor, esta ideia de
falar melhor ou pior em regiões não é tão forte quando comparamos o melhor ou pior
no falar individual; A ideia mais forte está ligada em comparação a quem estuda e
tem um grau de escolaridade mais elevado, e quem estudou menos ou não estudou;
estes com graus de escolaridade mais elevados estão, segundo a pesquisa, mais
próximos do falar “correto”.
4 - Em sua opinião existe uma língua portuguesa correta, para os brasileiros? Para você qual seria?
Idade: Grau de Escolaridade:
Respostas:
11 anos Cursando o 6º ano. Não tem, Mas não falam o português direito mesmo.
15 anos Cursando o 1º ano Ensino Médio.
Não.
17 anos Cursando o 1º ano ensino Médio
Não teria não.
21 anos Graduando de administração.
Acredito que não, porque em algumas situações temos que usar uma linguagem formal, enquanto que no dia a dia não tem essa cobrança. E outro ponto a língua portuguesa no Brasil é muito diversificada em cada região.
34 anos Ensino médio Completo.
Existem, porém ninguém consegue falar corretamente como se escreve.
Aproximadamente 36 anos
Graduação em matemática.
Sim. A que atende as normas. Sem tanto modésmo, sem tanta variantes.
44 anos Graduação Pedagogia e especialização em Psico pedagogia.
Não existe.
49 anos Graduação em pedagogia.
A língua portuguesa já tem suas regras que se diz corretas que vem tendo suas
mudanças e correções.
80 anos Não alfabetizado. Há sim existe. As palavras que as crianças falam as professoras corrigem.
76 anos Não alfabetizada. Sim, a que a escola ensina.
Essa questão de língua correta pode se perceber que quem tem
conhecimento linguístico afirma que não, mas alguns optou em afirmar que não
talvez pelo fato de existir uma segunda pergunta caso a resposta fosse afirmativa, o
imaginário de língua para a maioria dos falantes é que existe sim uma língua correta
que seria a língua escrita e normatizada.
5 – conhece alguém que enfeita o jeito de falar, em alguma situação? (você se lembra de algum momento?).
Idade: Grau de Escolaridade:
Respostas:
11 anos Cursando o 6º ano. Que me lenbre não.
15 anos Cursando o 1º ano Ensino Médio.
texto e ela colocava palavras q n tava no texto.
17 anos Cursando o 1º ano ensino Médio.
Sim, quando esta querendo se mostrar.
21 anos Graduando de administração.
Sim. Quando esta no meio de amigos fala de uma forma, mas quando se encontra com alguém que tem alguma posição na sociedade fala diferente usa um vocabulário que ñ tem costume, Presenciei por varias vezes esta cena.
34 anos Ensino médio Completo.
Conheço sim.
Aproximadamente 36 anos
Graduação em matemática.
Não respondeu.
44 anos Graduação Pedagogia e especialização em Psico pedagogia.
Sim, lembro apenas das palavras: dificuldade = dificulidade guloso = goloso.
49 anos Graduação em pedagogia.
Não. Depende também a questão do regionalismo.
80 anos Não alfabetizada. Sim, minhas filhas às vezes falam tantas
palavras que eu não entendo, mas não me lembro de um caso.
76 anos Não alfabetizada. Conheço. Ah, eu não sei não. Pra se exibir.
Esta ultima questão sobre a maneira de falar parece explicar o que estamos
tentando mostrar nesta pesquisa, os pesquisados entende que quando uma pessoa
fala diferente diante de um publico institucional, acadêmico e religioso, ou mesmo
entre pessoas influentes, para a maioria, estas pessoas estão tentando se aparecer,
ou melhor tentando superar sua própria imagem. Diante do imaginário de que quem
fala “corretamente” é valorizado ao passo que quem fala “incorretamente” é
desvalorizado. Até os falantes que não estudam, defendem a ideia de que a língua
é aquela que a escola ensina.
A hipercorreção na língua portuguesa brasileira é um fato observável, e é a
mais pura prova da opressão ideológica sobre os falantes. Para os falantes do
português falar em público é uma ação muito difícil para a maioria, por que não dizer
impossível para alguns, a universidade é o melhor caminho que um falante pode
percorrer até perder o medo ou pelo menos adquirir coragem suficiente para se
expressar em público. Mas mesmo os mais peritos oradores ficam inseguros em
muitos momentos. Em uma reunião de lideres, (com mais de duzentas pessoas
presentes), observei o orador da noite, em alguns momentos usar a palavra prejuízo
usando o “i” no lugar de “e” (prijuizo). Ao mesmo tempo que usou a palavra
“privilegio” supondo que uma é correta usando “I” a outra acaba sendo confundida e
também sendo pronunciada com o “i”. Durante a palestra está palavra foi dita varias
vezes alternando em “e” e “i”. Outro motivo para trocar do “e” pelo “i” está no duplo
sentido “pré-juízo e prejuízo”. Quando o locutor está pronunciando ele pode imaginar
que pré-juízo, que significa julgamento sem conhecimento real da causa ou pessoa
é descrito ou pronunciado com “e” e prejuízo que se trata de algo perdido em
consequência de descuido pessoal, poderia ser tal escrita ou falada com o “i”. Tal
imaginação pode leva-lo a mudança da vogal e isso pode acontecer
inconscientemente o que é muito natural entre os falantes da língua portuguesa.
A seguir estarei expondo alguns exemplos de comentários copiados da mídia
e rede sociais inclusive de grupos de compras e vendas de Pontes e Lacerda: “Pior
é não fazer nada. Quando a imprensa noticiar que uma pessoa de 16 anos foi presa
e condenada a 30 anos de prisão por estuprar e matar uma moça, os DIMENOR vão
pensar 2 ou 3 vezes antes de cometer um crime, entenderam ou quer que desenhe”.
Neste recorte sobre o discurso da redução da maioridade penal. Observei que a
pessoa responsável pelo comentário tem um cuidado com a escrita, mas no
momento de nomear o sujeito do discurso ela escreve destacando com letras
maiúsculas para tentar mostrar a quem estava se referindo; ao se deparar com uma
palavra muito comentada, mas pouco escrita ela sente a dificuldade e não consegue
manter a mesma sequencia corretamente, mas inconscientemente continua sua
opinião, e escreve “os dimenor” ao invés de “os menores infratores” neste enunciado
ela não é objetiva no sentido semântico ao deixar todos menores incluídos por não
especificar quem é os menores que ela está se referindo, e perde a sequencia de
concordância verbal ao colocar o artigo no plural e o referente no singular, tudo isso
porque apareceu uma palavra no meio do enunciado que causou um desequilíbrio
linguístico diferente do natural; portanto ao tentar se expressar corretamente ela caiu
na hipercorreção. Como vemos na sequencia ela volta a sua normalidade. Outro
exemplo a ser analisado: “Quem não é vitima desses "de menores" nas ruas?
esperar mais o que, referendo? tenha santa paciência!”. Neste enunciado
deparamos com a hipercorreção muito parecida com a anterior, o enunciador está
tentando referir aos indivíduos que não podem ser julgados pelo código penal
brasileiro, que se trata dos menores de 18 anos. Podemos observar que ela destaca
o termo com aspas, ela está referindo aos individuos, então seria “menores de
idade” com a preposição “de” à frente, mais a palavra idade, este caso não houve
troca de vogal, mas a inversão de concordância nominal. Existe uma expressão
muito parecida que é “juizado de menores” a qual se refere que o juizado é
especifico para os menores de idade; por esse motivo qualquer enunciador poderá
trocar letras posições das palavras ao escrever e ao falar em publico e poderá cair
na hipercorreção. “Adotei meu timão histo e que e copo valeu kkkkkkkkkkk. Eles
estavam tão felizes tiveram uma filha recentemente, por isso peço que horem”.
Vejamos estes enunciados, o pronome “isto” se referindo ao copo, e o verbo “orem”
pedindo que intercedam por alguém que estava feliz e sofreu um acidente, vem de
forma curiosa, ao observarmos o termo parece ser apenas um erro de digitação,
mas se observarmos em qualquer teclado de dispositivos digitais podemos notar que
as teclas “i e h” “o e H” não estão juntas, então o “h” foi digitado consciente. Mas
então por quê? Pressupondo que como o “h” é usado em muitas palavras sem
alterar a pronuncia, e parece não alterar o sentido semântico das palavras, pode
mesmo implantar duvidas em muitos momentos, e provocar a hipercorreção. “vendo
um carrinho de vender espetinho os enteressados me ligam, enteressa num
terreno”. Estes são outros exemplos de confusão no uso da língua, quem é que
nunca ficou indeciso no momento de usar “i” ou “e”? “ESTOU QUERENDO
COMPRAR UMA BIZ 125 a partida... BEM CONSERVADO DE ATE 4 mil”. Neste
enunciado o sujeito troca o gênero da palavra “conservada” já que o substantivo está
se referindo a moto pela “conservado”. “Este vendedor eu índico!!!” Neste caso o
enunciador coloca um acento na palavra “indico”. Todos esses exemplos de
hipercorreção são muito comuns no funcionamento da língua portuguesa e qualquer
língua.
Considerações finais
Finalizando este trabalho, compreendo que o funcionamento da
“hipercorreção”, não é um fato linguístico, mas uma tentativa inconsciente de
escapar dos preconceitos linguísticos a que todos estão expostos, digamos que é a
pior maneira de conceber os valores de uma pessoa pela sua escrita ou fala. Assim
a minha pesquisa não direciona um olhar apenas linguístico como a sociolinguística,
mas como o sujeito é identificado no valor discursivo da língua, e este sujeito está
sempre julgado no imaginário tradicional de língua. Para entender melhor o valor
discursivo na língua, temos que entender que a língua imaginária está atrelada ao
social de forma antagônica, atribui-se um valor absoluto a língua padrão, portanto a
língua materna acaba sendo destituída de valor e naturalmente o sujeito falante da
mesma. Segundo Azambuja há uma relação tensa e contraditória entre as línguas
de um mesmo espaço físico cultural. É nesse contexto histórico ideológico que o
sujeito está inserido.
Referencias:
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“Hipercorreção”. Campinas, Unicamp. 2012.
2. BAGNO, Marcos. Dramática da Língua Portuguesa. São Paulo SP. Edições
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3. _______. Português ou Brasileiro? Um Convite à Pesquisa. São Paulo, SP.
Parábola Editorial, 2ª Ed. Outubro de 2001.
4. _______. A norma oculta. Língua e Poder na Sociedade Brasileira. São Paulo
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5. RODRIGUES, Hélio. A variação linguística no português brasileiro com
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6. MUSSALIM, Fernanda, BENTES, Ana Cristina. Introdução à Linguística,
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7. ORLANDI, Eni Puccinelli. Histórias das Ideias Linguísticas. Cáceres,
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8. _______. Eni Puccinelli, Política linguística na América Latina. Campinas, SP.
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