henfil e a criatividade

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FACULDADES DOCTUM CENTRO DE ENGENHARIAS DE JUIZ DE FORA CAMPUS PRESIDENTE ITAMAR FRANCO Curso: Engenharia Civil Disciplina: Português Prof. Iêda Barra de Moura Galvão Leitura CRIATIVIDADE E POTENCIALIDADE: A INSPIRAÇÃO É UM CACHORRO PRETO, UM DOBERMAN BEM AÍ ATRÁS DE VOCÊ. Henfil Não é bem um curso. Mas está sendo uma experiência interessantíssima. A gente fica juntos quatro horas cada sábado, fala-se muito, desenha-se muito pouco. A maior parte dos alunos vem de cursos como Comunicação, Belas Artes, Arquitetura. Não há nenhum ensinamento técnico. O que a gente quer é o desenvolvimento da capacidade de criar. O respeito pela originalidade de cada um. O despertar da potencialidade das pessoas. É quase um trabalho psicanalítico, uma espécie de terapia de grupo. O tempo todo eu vou dando depoimentos pessoais sobre como é o processo de criar. E aí muitos mitos caem. Por exemplo: que a criatividade é uma genialidade esotérica, uma coisa que de repente brota nas pessoas, um espírito santo que baixa, em condições ultra-especiais. Eu, então, mostro através da minha experiência - e da experiência que eu pude observar em outras pessoas que criam - que criatividade é uma questão de concentração. Que sem concentração ela não acontece, e esta concentração às vezes é dolorosa, demora muito tempo e dá um trabalho danado. E o resultado dela é, em geral, o isolamento da pessoa que tem sucesso, que é isso o que significa ser exceção. O importante, então, foi logo de saída desmistificar, desarmar o espírito deles. O pior é que na aula inaugural foi lá a TV Globo, a TV Cultura, com aquela parafernália toda. Isso piorou muito a situação para eles. Levou umas duas aulas para que eles relaxassem em relação a isso. Vissem que eu não era o professor, o sábio. Outro aspecto é que agente ali não ia desenhar, raramente se desenha. Então, não tem concorrência, não há chance deles se colocarem assim: ali está um professor famoso que vai me ensinar a ter sucesso, é eu e ele, os outros são concorrentes. Nada disso. Nós levamos três aulas para que todo mundo ficasse numa boa, numa

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FACULDADES DOCTUM

CENTRO DE ENGENHARIAS DE JUIZ DE FORA

CAMPUS PRESIDENTE ITAMAR FRANCO

Curso: Engenharia Civil

Disciplina: Portugus

Prof. Ida Barra de Moura Galvo

Leitura

CRIATIVIDADE E POTENCIALIDADE: A INSPIRAO UM CACHORRO PRETO, UM DOBERMAN BEM A ATRS DE VOC.

Henfil

No bem um curso. Mas est sendo uma experincia interessantssima. A gente fica juntos quatro horas cada sbado, fala-se muito, desenha-se muito pouco. A maior parte dos alunos vem de cursos como Comunicao, Belas Artes, Arquitetura. No h nenhum ensinamento tcnico. O que a gente quer o desenvolvimento da capacidade de criar. O respeito pela originalidade de cada um. O despertar da potencialidade das pessoas. quase um trabalho psicanaltico, uma espcie de terapia de grupo.

O tempo todo eu vou dando depoimentos pessoais sobre como o processo de criar. E a muitos mitos caem. Por exemplo: que a criatividade uma genialidade esotrica, uma coisa que de repente brota nas pessoas, um esprito santo que baixa, em condies ultra-especiais. Eu, ento, mostro atravs da minha experincia - e da experincia que eu pude observar em outras pessoas que criam - que criatividade uma questo de concentrao. Que sem concentrao ela no acontece, e esta concentrao s vezes dolorosa, demora muito tempo e d um trabalho danado. E o resultado dela , em geral, o isolamento da pessoa que tem sucesso, que isso o que significa ser exceo.

O importante, ento, foi logo de sada desmistificar, desarmar o esprito deles. O pior que na aula inaugural foi l a TV Globo, a TV Cultura, com aquela parafernlia toda. Isso piorou muito a situao para eles. Levou umas duas aulas para que eles relaxassem em relao a isso. Vissem que eu no era o professor, o sbio. Outro aspecto que agente ali no ia desenhar, raramente se desenha. Ento, no tem concorrncia, no h chance deles se colocarem assim: ali est um professor famoso que vai me ensinar a ter sucesso, eu e ele, os outros so concorrentes. Nada disso. Ns levamos trs aulas para que todo mundo ficasse numa boa, numa igual, sem concorrncia.

Foi a que eu intu para eles que h duas formas de voc criar. Uma delas que voc s cria com um cachorro preto atrs. O que significa o cachorro preto? a urgncia, a necessidade concreta, o prazo estourando. aquele negcio assim. Voc est doente, com o joelho arrebentado, mas vem um cachorro preto, um doberman atrs de voc. E a voc corre e, se preciso, at pula n'gua sem saber nadar. Se for para subir num poste, voc sobe. A urgncia, a necessidade, a me da criao. Isso tem a ver com uma frase do tcnico de futebol Gentil Cardoso aos seus jogadores: "eu quero que vocs vo na bola como num prato de comida". A necessidade um negcio essencial Eu fiz alguns exerccios em relao a isso. Eu pegava, de repente, e dizia: vamos desenhar agora, tem dois minutos para acabar. Ento, as coisas saam e eles at se assustavam. Mas, claro que saam: eu soltava o cachorro preto!

Com isso acabei mostrando que voc s cria com alta tenso. Mostrando que s vezes a pessoa tem um ms para criar um cartum e fica 29 dias sem criar, s cria no ltimo dia. Raramente voc entra num processo acumulativo e, se entra, acaba sendo uma coisa superelaborada e vem a overdose: voc passa do ponto que precisa. Agora, quando voc no tem tempo, a voc cria.

Fizemos esse tipo de exerccio vrias vezes e se viu que na repetio o resultado era muito pobre porque, apesar do cachorro preto, voc acaba sempre trabalhando em cima do que j tinha. Voc termina gastando o que tem s para a sobrevivncia. E, para criar mesmo, voc precisa de algo mais. Precisa de informaes. Nesse dia, eu fiz trs perguntas para a classe que eram: quem era Zapata, quem era Lumumba e quem era Milton Campos. Ningum sabia. Dos trinta, ningum sabia. E eram pessoas bem informadas, sensveis. A veio a discusso deste outro aspecto: informao importantssimo. O conhecimento que te d mais condies de criar. Vem o cachorro preto, voc corre, se joga n'gua. Voc nada, nada de peito, de borboleta. Vai que o cachorro preto no v embora, fique na margem. A voc tem de nadar de outro jeito, tem que boiar, tentar outros estilos, ir se aguentando. isso: a quem tem pouco conhecimento morre afogado, ou o cachorro pega.

T faltando um: o Tiradentes.

O problema da informao fundamental. Inclusive, tem o aspecto do ver e olhar de que Castaeda tanto fala nos seus livros. Voc pode olhar as coisas e no ver. a informao que faz com que voc veja as coisas. Os grandes artistas do mundo inteiro tm uma informao muito grande. Quer dizer, os primitivistas podem no ter informao terica, mas eles tem vivncia. So pessoas que vivem em mil lugares, viveram mais do que quem escreve, mais do que os tericos. A informao vital para aprender a olhar e ver as coisas.

Olha o Milr. Um cara que estuda mesmo. Ele tradutor, traduz vrias lnguas, l muitos livros. Voc vai a casa dele e ele tem todos os dicionrios. A informao um dom, um trabalho. Na ltima aula, por exemplo, eu disse: vocs vo pegar um cartum de qualquer pessoa, uma histria em quadrinhos e vo dissecar. Vo ver que tipo de informao o autor teve que ter para fazer aquilo. Para mostrar quanta gua ele bebeu antes de fazer aquilo. preciso ter mil informaes para escrever uma simples histria onde o Tio Patinhas vai Monglia e luta contra um outro cara que quer roubar o dinheiro dele.

Inclusive, tem o problema dos odaras, que a maior mitificao dos ltimos tempos. O pessoal que no quer ler jornal, mexer com partido poltico, no quer ter opinio, nada, nada. Ora, isso mentira. s voc pegar um grande lder odara e ver. O Caetano Veloso, por exemplo. Ele l todos os jornais, todas as revistas, tudo o que poesia, tudo o que livro. Basta ouvir a msica dele para ver que, vira e mexe, ele est citando, usando bem as palavras. A prpria briga dele com a imprensa mostra que ele est altamente informado a respeito da imprensa. Na realidade, um cara que l muito. O mesmo com Gilberto Gil, Jorge Ben. Nalgum lugar voc tem que se alimentar. Voc no d o que no tem. A no ser que voc crie uma nova linguagem esquizofrnica, que no vai ser entendida, e a voc no tem contato com ningum, s com algum psiquiatra, que vai ficar analisando aquilo.

Fui colocando essas coisas e, a partir disso, o grupo comeou a trabalhar em termos de criao. Eu, ento, expliquei que na criao eu vejo, basicamente, dois processos. No humor, essas duas coisas so fundamentais: voc relacionar um fato com o outro e fazer com que assim as pessoas percebam melhor a situao. No caso da reverso de expectativas, voc vai e d o contrrio do que elas esto esperando, e as pessoas percebem melhor a situao. Principalmente porque a voc d um susto, e a onde o humor se realiza mais.

Fizemos muitos treinos de relao. Eu dizia uma palavra - alegria - e, em alta velocidade, cachorro preto solto, eles tinham que relacionar coisas com ela. Ento, um dizia Natal e outro pagamento. A passamos a criar. Eu falei um fato lido no jornal: no Rio, seis negros foram amarrados pelo pescoo com uma corda. Ento, vamos relacionar: negro amarrado com corda. A, eles: Tiradentes! Voto vinculado'. A eu at fiz um cartum, ali na hora, que era um policial levando os negros amarrados pelo pescoo, e a outro dizia t faltando um, vai l e vem com o Tiradentes.

Dance, pinte, cante que a ONU garante.

Depois treinamos reverso de expectativas. Eu falava alegria e eles tinham de reverter minhas expectativas. Um falava minha me morreu no natal, e assim por diante. Eles sugeriam os temas. Comearam a ler mais, preocupados com a ignorncia demonstrada nos dias anteriores. Saram at alguns cartuns em cima da reverso de expectativas, que o processo de criao do fradinho. Quando todo mundo pensa que ele vai agradar, ele agride. Quando todo mundo pensa que ele vai agredir, ele beija, e a o beijo vira escndalo. Fui passando este Know e eles puderam ver 30 pessoas criando juntas, que era possvel criar juntas, que tem tcnicas pro negcio, que criar no uma coisa extempornea, do esprito santo. H um comparecimento assustador nas aulas, praticamente os trinta permanecem, mesmo em vsperas de trabalhos prolongados, sempre.

Outro mito que eu procuro combater em relao forma. No h um desenho que seja o desenho. Isso seria apenas uma forma comercial O sistema diz: Picasso, esse sabe desenhar, o resto no sabe. Ento, tem um Picasso e cem milhes de consumidores do Picasso. Ora, eu falo para eles que cada desenho um desenho, e que uma coisa que hoje no considerada arte, daqui a pouco . Citei o exemplo de Joo Gilberto. Quando Angela Maria e Nlson Gonalves eram os grandes cantores, apareceu Joo Gilberto, com sua voz desafinada, e logo era considerado um grande cantor. E hoje difcil para Nlson Gonalves ser considerado um grande cantor, porque ele canta muito afinado. Hoje, o desafinado que a bossa. Ento, agente no pode cair no processo comercial do momento. Tem que desenvolver o seu potencial, nem que, para isso, seja preciso desenhar desafinado.

O problema da escola no s em relao criatividade, desenho, arte. em relao a tudo. O grande escndalo da escola tem sido formar robs, pessoas umas iguais as outras, valendo-se de tcnicas cuja finalidade substituir rapidamente outras peas. No caso do desenho, por exemplo, eles pegam o que seria uma forma de desenho clssico que um determinado cara desenvolveu e passou a ensinar aquilo como o desenho, como uma forma definitiva: s resta aprender. Acontece que aquilo j foi feito, no tem mais mercado, porque ningum vai comprar uma cpia de Michelangelo, ou mesmo de um cara mais livre como Picasso. Na medida em que treinam para o que j foi feito, as escolas treinam as pessoas para o desemprego, um processo de adaptao a frmulas.

Para tentar um outro processo, precisa reinventar a sociedade inteirinha. Uma sociedade onde o indivduo importante e todo mundo tem todos os potenciais. No o potencial, mas um potencial que no igual ao do outro. Ento, o negcio da individualidade, da personalidade tem que ser reconhecido, os direitos humanos tm que ser reconhecidos. Ento, tem que chamar ONU, e as escolas e os professores tm que assinar em baixo da carta da ONU. Feito isso, s porem prtica que a gente vai cair fatalmente numa democracia. Ou seja: numa sociedade onde eu possa nadar, danar, cozinhar, criar. Agora, minha maneira. Nenhuma forma vai ser a boa. A partir da, minha voz boa, meu desenho bom.

E a eu citava, nestas aulas do Sesc, o caso do rock. Quando o rock surgiu, mesmo os jovens achavam aquilo uma coisa grosseira, esquisita, acostumados que estavam com a msica romntica inglesa, francesa, italiana. E, de repente, aquele ritmo louco, estrangeiro, para os ouvidos. Mas, pela repetio, a mquina de divulgao foi colocando aquilo como uma forma de cantar. No fim, quem no conseguia cantar daquele jeito estava fora do padro. Isso tem que acabar. Todas as vozes valem. E no isso de, de repente, surgir uma Clementina de Jesus -e vale. Temos milhes de Clementinas de Jesus, s que no valem. A mquina no consagrou. Claro que h um afinamento do potencial de cada um. Clementina e Elis Regina no nasceram afinadas, treinaram dias e dias. A Elis do primeiro disco era um horror em comparao com o ltimo. Ela treinou oito, nove, dez horas por dia para chegar na afinao. Qualquer pessoa que faz isso se afina. No vai ter a mesma voz da Elis, pode ser outra voz, a voz da Gal. A Gal era ruim quando comeou. Hoje boa porque teve disposio. O sistema consagra um, pe l em cima, s para treinar os outros para serem consumidores e no pessoas com potencial Mande seu carisma circular um pouco.

Todo mundo sabe desenhar, do seu jeito, com sua viso de mundo. De repente, eles falam que a viso de mundo tem que ser a de Michelangelo.

Mande seu carisma circular um pouco.

Ento, as pessoas se tornam incompetentes porque no so Michelangelo. Ento, as escolas esto montadas para promover a incompetncia das pessoas. Ou seja, ensinam a copiar outras pessoas. A todo mundo desiste. E, para mudar isso, s assinando a carta da ONU.

Estas pessoas que, de repente, desistem de ter aulas, largam a escola, passam a no aceitar nenhum tipo de ensinamento ( ou seja: como copiar os outros), estas pessoas logo so vistas pelo sistema como artistas, como marginais. E a, se ficam famosas, passam at a dar aulas, como est sendo o meu caso. Eu recusei a escola, nunca aprendi nada. Isto , nas escolas eu vivia as coisas, no a escola. Mantive a minha individualidade. Na medida em que voc mantm a sua individualidade, voc um artista porque, para manter a individualidade numa sociedade de massa e alienao, voc tem que ser artista. O artista exatamente isto, o cara que consegue manter a sua individualidade, sua personalidade, em qualquer setor. Da para frente ele tem a mar contra, que obriga que ele faa um esforo muito grande.

Outra coisa que tem que desmistificar essa de carisma. Quanto mais pessoas desenvolverem o seu prprio potencial, menos carismticos vo existir. Na medida em que todo mundo comece a jogar bola melhor, o carisma de Pel j diminui. E a projeo de algum no s uma questo de maior talento. A projeo se deve tambm a uma coragem maior de se colocar. Eu, por exemplo, quando fui dar aula l no Sesc, no sabia direito o que ia falar. Cheguei l, olhei o pessoal e mandei ver, no sabia a palavra seguinte que eu ia falar. O carisma t a. Agora o meu carisma t diminuindo l dentro. Ou seja, mais gente t falando junto. Inclusive t acontecendo uma coisa engraada. Alguns caras j se levantaram e falam ali do meu lado. Antes estavam l atrs me olhando de frente, agora esto de frente pra turma, exercendo o seu carisma.

Tem que botar o carisma para circular. Mudar de posio. Essa situao de carisma tem um peso muito grande pra quem quer ficar sozinho com ela. O negcio realmente botar os outros para ter carisma junto com voc. Seno, ningum aguenta. Passarinho que come pedra sabe o que lhe advm. A pessoa que aceita um papel carismtico vai para a solido, a mais solitria e tenebrosa solido.

Henfil - A Redao Como Libertao Universidade de Braslia - Curso de Extenso.

Publicado em: Revista de Psicologia, out/1982, ano V, n. 28, Grupo Editorial Spagat.

A PROPSITO DO TEXTO

Selecione e transcreva as ideias do texto aplicveis a sua formao no Curso de Engenharia Civil.

Emiliano Zapata

Por Fernando Rebouas

Revolucionrio mexicano, Emiliano Zapata nasceu em 8 de agosto de 1879, em Anenecuilco. Faleceu em 10 de abril de 1919, em Morelos. Era descendente de ndio e branco.

Na poca, o Mxico era governado por Porfrio Diaz, recebia investimentos estrangeiros e aplicava a marginalizao popular. A situao mexicana deixava Zapata inconformado , ele sonhava em promover a distribuio de terras para a populao carente.

Foi preso aps redigir o manifesto contra a ditadura de Diaz. Foi solto e passou a organizar com indgenas e camponeses, uma frente de guerrilha que ocupava e repartia as terras sob o lema Terra e Liberdade.

Juntou-se a Pancho Villa, guerrilheiro e ex-bandido, para combater o Exrcito Federal. Em 1910. O governo de Diaz fora derrubado em 1910, ocorrendo a ascenso de Francisco Madero ao poder em 1911.

No plano Ayala, Zapata pretendia derrubar Madero e promover a reforma agrria, porm relutou a se unir a Vitoriano Huerta, que assassinou Madero. Huerta ssumiu o poder, mas abandonou o pas em 1914, ano em que o pas fora ocupado por Venustiano Carranza, do movimento constitucionalista.

Carranza promulgou a Constituio de 1917, sob novo alvo de guerrilhas por parte de Pancho Villa e Zapata. Carranza derrotou Pancho Villa e Zapata, acuado, fora assassinado pelas tropas do governo, aos 40 anos de idade.

Milton Campos

Grande poltico brasileiro, homem de letras, professor, advogado e administrador, Milton Campos nasceu em Ponte Nova/MG, em 16 de agosto de 1900, filho do Desembargador Francisco Rodrigues Campos e de Regina Soares Campos. Seu pai foi Presidente do Tribunal de Apelao de Minas Gerais.

Milton Campos bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, em 24 de dezembro de 1922, aps ter custeado seus estudos como funcionrio da Estrada de Ferro Oeste de Minas. Conseguiu conciliar a advocacia e o jornalismo, assumindo a direo da sucursal dos "Dirios Associados" em Minas e colaborando tambm no "Estado de Minas" e no "Dirio de Minas", sempre com destaque e proficincia.

Foi nomeado Advogado-Geral de Minas em 1932, permanecendo no cargo durante um ano, at deix-lo para integrar o Conselho Consultivo do Estado. Eleito deputado estadual constituinte em 1934, foi relator do anteprojeto da Constituio Mineira, promulgada em 1935. Com o golpe de 1937, que instituiu o Estado Novo e dissolveu a Assemblia Legislativa de Minas, retomou advocacia, atuando como advogado da Caixa Econmica Federal at 1944, quando foi exonerado por haver assinado o "Manifesto dos Mineiros", em cuja redao colaborou.

Foi um dos fundadores da seo de Minas Gerais da Ordem dos Advogados, tendo sido eleito seu secretrio e, posteriormente, seu presidente. Foi, por dois anos, Presidente do Instituto de Advogados de Minas Gerais.

Foi fundador e professor catedrtico de Poltica da Universidade de Minas Gerais e professor de Direito Constitucional da Faculdade Mineira de Direito.

Em 1945, foi eleito deputado federal Assemblia Constituinte Nacional, na qual foi sub-relator da Comisso de Poder Judicirio na Comisso Constitucional.

Foi tambm eleito Governador de Minas Gerais (1947 1951), realizando uma brilhante administrao. Na rea de educao, instituiu milhares de escolas primrias e nos setores de agricultura e energia eltrica, realizou notvel obra administrativa, alm de sustar o empreguismo e recuperar as finanas segundo testemunho de Paulo Campos Guimares na Assemblia Legislativa Mineira, numa sntese do governo de Milton Campos no estado de Minas.

Foi reeleito deputado federal em 1954, disputando a vice-presidncia da Repblica em 1955 e 1960. Elegeu-se senador por Minas Gerais em 1958. Ministro da Justia do primeiro perodo do governo Castello Branco, demitiu-se em 1965, e foi reeleito senador em 1966. Faleceu durante tal mandato, em janeiro de 1972, na cidade de Belo Horizonte/MG.

Dados Biogrficos coligidos e resumidos pelo Instituto dos Advogados de Minas Gerais

Biografia Poltica de Patrice Lumumba

Ttulo: LumumbaTema: Biografia Poltica de Patrice LumumbaRealizador: Raoul Peck

Realizado pelo influente Raoul Peck (originrio do Haiti), Lumumba um filme que retrata a vida de um dos principais arquitectos da independncia do Congo (actual Republica Democrtica do Congo, RDC) em 1960.O filme aborda, em diferentes etapas cronolgicas, a histria do autodidacta Patrce Lumumba, incarnado de forma inteligente por Eriq Lebonaney.

Durante uma hora e cinquenta e cinco minutos o realizador convida-nos a uma viagem que comea no Kissangani (no Congo), passa pelo palcio de Kinshasa, e por Bruxelas antes de terminar de forma macabra nos vales perdidos do vasto territrio congols.

Na sua ascenso poltica, ele comea como vendedor de cervejas na capital do Pas antes de chegar ao ministrio onde se transforma no Primeiro-ministro do Congo independente.

Lumumba, retrata-se assim, o percurso daquele que em poucos meses, tornou-se um carismtico lder nacionalista e smbolo da luta anticolonial contra a administrao colonial belga. Tanto a sua ascenso quanto a sua fulgurante queda (enquanto lder), esto intrinsecamente ligadas. Com efeito, o filme mostra como Lumumba subestimou o contexto internacional da poca, a covardia e a corrupo de alguns dos seus aliados na luta pela independncia.Da mesma forma, o lder parece ter relegado para o segundo plano a hipocrisia dos belgas no processo de transio independncia, assim como o peso politico-estratgico dos Estados Unidos da Amrica.Dois meses aps a sua tomada de posse, enquanto Primeiro-ministro, Patrce Lumumba interpelado e levado priso onde aguarda, (em condies nojentas e indigna), a sua morte. Na sequncia do rude golpe orquestrado com o apoio de Mobuto (personagem representada por Alex Descas), o realizador mostra o lado macabro do assassinato de Lumumba atravs da desmutilao do seu cadver assim como da sua decomposio com cido sulfrico.Lumumba um filme que relembra alguns factos histricos do contexto ps-independncia na frica subsaariana, contribuindo de certa forma para desenvolver uma conscincia poltica no seio dos mais jovens atravs da reflexo.

Joo da Veiga