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Wellington Souto Ribeiro José Alves Barbosa Lucas Cavalcante da Costa (organizadores) Areia (PB), Setembro de 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS LABORATÓRIO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA HELICÔNIAS

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Wellington Souto RibeiroJosé Alves Barbosa

Lucas Cavalcante da Costa(organizadores)

Areia (PB), Setembro de 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBACENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

LABORATÓRIO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA

HELICÔNIAS

HELICÔNICAS

OrganizadoresWellington Souto Ribeiro

José Alves BarbosaLucas Cavalcante da Costa

Projeto Gráfico e Editoração EletrônicaEdson Santos de Souza

Editora Kiron

Criação e Editoração Eletrônica da CapaEdson Santos de Souza

Editora Kiron

Impressão e AcabamentoEditora Kiron

(61) 3563.5048 - www.editorakiron.com.br

R484Ribeiro, Wellington S.; Barbosa, José A.; Costa, Lucas Cavalcante da

Helicônias / Wellington Souto Ribeiro, José Alves Barbosa, Lucas Cavalcante da Costa (Organizadores). – Brasília: Editora Kiron, 2012.134 p. : il ; 21 cmISBN 978-85-8113-112-21.Biologia. 2.Botânica. I. Título.

CDU 582.32/.998

3

Organizadores

ORGANIZADORES

Wellington Souto Ribeiro é Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba (2011), mestre em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela Universidade Federal de Viçosa (2012) e doutorando em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela Universidade Federal de Viçosa.

José Alves Barbosa é Engenheiro Químico pela Universidade Federal da Paraíba (1981), mestre em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (1986) e doutor em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba. É professor Associado III da Universidade Federal da Paraíba.

Lucas Cavalcante da Costa é graduando em Agronomia pela Universi-dade Federal da Paraíba. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq.

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Co-autores

CO-AUTORES

Denizard Oresca é graduando em Agronomia pela Universidade Fe-deral da Paraíba do Programa de Estudantes – Convênio de Graduação Haiti/Brasil (PEC-G).

Fábio Ribeiro da Costa é Engenheiro Agrônomo pela Universidade Fe-deral da Paraíba (1987), Extensionista da Empresa de Assistência Técni-ca e Extensão Rural da Paraíba – EMATER – PARAÍBA.

Edmilson Igor Bernardo Almeida é Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba (2011) e mestrando em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela Universidade Federal do Ceará.

Gilmara Gurjão Carneiro é Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal da Paraíba (2009). Mestre em Engenharia Agrícola (Processa-mento e Armazenamento de Produtos Agrícolas) pela Universidade Fe-deral de Campina Grande (2011). Doutoranda em Engenharia de Pro-cessos pela Universidade Federal de Campina Grande.

Helder Horacio de Lucena é Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba (2010) e mestrando em Fitotecnia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

Mauro Nóbrega da Costa é Engenheiro Agrônomo pela Universida-de Federal da Paraíba (1976), mestre em Genética e Melhoramento de Plantas pela Universidade de São Paulo (1980) e Doutor em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba (2006). Professor Associado III da Universidade Federal da Paraíba.

Rayssa Ribeiro da Costa é bolsista PIBID – CAPES. Aluna do curso de Licenciatura em Biologia pela Universidade Federal da Paraíba.

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Riselane de Lucena Alcântara Bruno é Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal da Paraíba (1978), mestre em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba (1981) e doutora em Producción Ve-getal - Fitotécnia (Tecnologia de semillas) pela Universidad Politécnica de Madrid (1995). Professora Associada III da Universidade Federal da Paraíba.

Vinícius Batista Campos é Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba (2006), mestrado em Manejo de Solo e Água (2009) pela Universidade Federal da Paraíba e doutorado em Engenharia Agrícola (2012) pela Universidade Federal de Campina Grande, Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá.

Walter Esfrain Pereira é Engenheiro Agrônomo pela Universidad Na-cional de Asunción (1992), mestre em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela Universidade Federal de Viçosa (1996) e doutor em Fitotecnia (Pro-dução Vegetal) pela Universidade Federal de Viçosa (2001). Professor Associado II da Universidade Federal da Paraíba.

Dedico ao altíssimo e soberano DEUS.A minha tia, mãe e madrinha Maria Socorro Souto Silva.

Aos meus pais Delzo Ribeiro da Costa e Maria Criseth de Souto Ribeiro.À minha querida irmã Lylian Souto Ribeiro e

a toda a minha família, co autores da minha história.Wellington Souto Ribeiro

Á Deus Pai, por sua existência, ao seu filho Jesus Cristo pelo meu resgate e ao Espírito Santo pela sua presença em minha vida.

Aos meus pais Hipólito Barbosa e Alice Alves Barbosa (in memorian).A minha esposa Rivanete. Aos meus filhos Arthur, Renato, Bernardo e a

minha nora Renata e aos meus netos João Vitor, Beatriz e Caio Bento.José Alves Barbosa

Dedico ao DEUS verdadeiro e autor de nossas vidas.A minha querida avó Carmelita Mendes Cavalcante (in memorian).

Aos meus pais, amigos e familiares.Lucas Cavalcante da Costa

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PREFÁCIO

Gratos à DEUS é com imensa alegria que apresentamos o livro HE-LICÔNIAS. Estas plantas vêm se destacando no mercado nacional e internacional pela sua exuberante beleza.

Ano após ano o Brasil vem se firmando como produtor de flores e plantas ornamentais, contribuindo na balança comercial através da co-mercialização interna e da exportação confirmando a vocação brasileira para a floricultura.

O nosso objetivo é oferecer uma alternativa de suporte e apoio técnico a este segmento específico da horticultura ornamental, através das avaliações das características no cultivo, na produção, pós-colheita, enfim; colaborando para que os produtores ofereçam um produto de qualidade, e, consequentemente, tenham maior retorno financeiro, con-tribuindo para melhoria na qualidade de vida desses produtores.

Para isso, os autores buscaram expor um compêndio de informa-ções sucintas e práticas resultantes de exaustivas pesquisas desenvolvidas pelos autores pesquisadores, que procuraram oferecer um conteúdo útil, objetivo e prático a extensionistas, pesquisadores, professores, estudan-tes, produtores e leigos que terão acesso direto às experiências realizadas pelos mesmos.

RIBEIRO,WS;COSTA, LC;

BARBOSA, JA

Areia, Paraíba, Setembro de 2012.

SUmÁRIO

PREFÁCIO .................................................................................................................... 9

ORIGEM, CLASSIFICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS HELICÔNIAS ............ 15

AGRONEGóCIO DE FLORES TROPICAIS......................................................... 27PANORAMA DO MERCADO BRASILEIRO DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS ..................................................27PANORAMA DO MERCADO MUNDIAL DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS ..................................................30PRINCIPAIS FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO DE FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS ..................................................31A SITUAÇÃO ECONÔMICA DA FLORICULTURA TROPICAL ...............34A IMPORTÂNCIA DA EXPLORAÇÃO ECONÔMICA DE HELICÔNIAS ..................................................................35

CONCEITOS DE PERDAS PóS-COLHEITA ...................................................... 43INTRODUÇÃO ..............................................................................................43TIPOS DE PERDAS ........................................................................................44

MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO ............................................................................. 59FORMAS DE MULTIPLICAÇÃO ..................................................................59PASSO A PASSO PARA PROPAGAÇÃO POR RIZOMAS ...........................62

PREPARO DO SOLO, PLANTIO E MANEJO DO CAMPO DE PRODUÇÃO .......................................................... 67

PREPARO DO SOLO E PLANTIO ................................................................67ADUBAÇÃO ...................................................................................................68DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS.................................................................70IRRIGAÇÃO ...................................................................................................72MANEJO DO CAMPO DE PRODUÇÃO .....................................................73PRAGAS E DOENÇAS ...................................................................................74

A COLHEITA DAS HELICÔNIAS ......................................................................... 83INTRODUÇÃO ..............................................................................................83COLHEITA .....................................................................................................85

CONSERvAÇÃO PóS-COLHEITA DE HELICÔNIAS ...................................... 93INTRODUÇÃO ..............................................................................................93CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE HELICÔNIAS DE CORTE ............94PRINCIPAIS CAUSAS DE DETERIORAÇÃO DAS INFLORESCENCIAS DURANTE O ARMAZENAMENTO .............104CHILLING - INJúRIA POR FRIO..............................................................116

Capítulo 1

Origem, ClassifiCaçãO e DistribuiçãO Das

HeliCônias

Mauro Nóbrega da Costa1

Fábio Ribeiro da Costa2

Riselane de Lucena Alcântara Bruno3

Lucas Cavalcante da Costa4

Wellington Souto Ribeiro5

O

Os AutOres

1 Professor Associado III – Melhoramento Vegetal – Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

2 Engenheiro Agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba – EMATER – PB.

3 Professora Associada III – Produção e Tecnologia de Sementes e Mudas – Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

4 Bolsista PIBIC – CNPq. Aluno do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba.

5 Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba, mestre em Fitotecnia e doutorando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa..

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ORIGEm, CLASSIFICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS HELICÔNIAS

As Helicônias pertencem à família Heliconiaceae, gênero Heliconia e ordem Zingiberales, com 92 gêneros e 8 famílias: Musaceae; Strelit-ziaceae; Lowiaceae; Heliconiaceae; Zingiberaceae; Costaceae; Cannaceae e Marantaceae. Elas são monocotiledôneas, restritas às regiões tropicais, e diferenciam-se, basicamente, pelas flores e inflorescências (KRESS, 1990; BERRY e KRESS, 1991).

O nome do gênero foi estabelecido por Linnaeus, em 1771, numa alusão ao Monte Helicon na Beócia, local onde viviam Apolo e as Musas, segundo a mitologia Grega (CASTRO, 1995). Para alguns autores, estas são classificadas em mais de 250 espécies, além de alguns híbridos naturais. Deste total, 176 espécies ocorrem na região neotropical e 6 ocorrem nas Ilhas do Pacífico, classificadas em cinco subgêneros: Heliconia,Taeniostrobus, Stenochlamys, Heliconiopsis e Griggs. O subgenêro Heliconia compreende 45 espécies, distribuídas nas Seções: Episcopales (1 espécie), Heliconia (10 es-pécies), Tortex (17 espécies), Tenebria (2 espécies), Farinosae (12 espécies) e Complanatae (3 espécies) (KRESS, 1990; CASTRO et al., 2007).

No Brasil, 37 espécies de helicônia são de ocorrência natural, com en-demismo na região da floresta atlântica costeira, que juntamente com a ba-cia do rio Amazonas, correspondem às áreas primárias de distribuição do gênero no país. Outras espécies e subespécies descritas têm ocorrência na:1.Colômbia (94) 7.Nicarágua (22)

2.Equador (60) 8.Guatemala (16)

3.Panamá (56) 9.Bolívia (15)

4.Costa Rica (47) 10.Honduras e México (14)

5.Peru (32) 11.Suriname (13)

6.Venezuela (26)

O seu centro de origem se situa, mais provavelmente no noroeste da América do Sul, região caracterizada por altos índices pluviométricos e solos ricos em nutrientes. (KRESS, 1990; CASTRO et al., 2007).

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As helicônias são plantas herbáceas rizomatosas e eretas, variando de 3 a 10 metros de altura segundo a espécie. Possuem um pseudocaule constituído por justaposição dos pecíolos ou lâminas foliares.

As helicônias possuem um rizoma subcutâneo a partir do qual se desenvolve seus botões florais e os novos pseudocaules; se caracterizam por seu crescimento rápido.

As inflorescências surgem a partir do ponto terminal de crescimento e apresentam um pedúnculo alongado aos quais as brácteas são inseridas espatiformes de tamanho, textura e cores variadas (Figura 1).

Figura 1. Detalhes da inflorescência de helicônia. Fonte: ARRUDA, 2008.

A ordem Zingiberales se caracteriza por apresentar folhas com diversos tamanhos e normalmente estas apresentam grandes lâminas em um único plano, em posição dística, com nervuras transversais, pecíolos longos e inflorescências grandes com brácteas coloridas (BERRY e KRESS, 1991).

17

Capítulo 1

Segundo Zanette (1979); Cronquist (1981), as folhas de helicônia são dísticas, com longa bainha basal, pecioladas, longamente invaginantes na base, formando um pseudocaule. A sua lâmina é lanceolada e largamente elíptica acuminada ou aguda, glabra, raramente pilosa, de base, geralmente, aguda, peninérvia. A sua nervação obedece a um padrão simples, com uma nervura mediana bem evidente e nervuras secundárias transversalmente paralelas, formando ângulos retos ou agudos com nervura mediana, ate-nuando-se em direção aos bordos (Figura 2).

Figura 2. Aspecto geral das folhas de helicônia com destaque para as faces abaxial (A) e adaxial (B). Adaptado de Frederico Teixeira Gorski em <http://www.jardimdecalateia.com.br/author/fredtgorski/>

Segundo Berry e Kress (1991), quanto à disposição das folhas, estas podem ser classificadas em musóide, canóide e zingiberóide (Figura 3).

A

A

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Musóide Canóide Zingiberóide

Figura 3. Classificação das helicônias quanto à disposição de suas folhas. Fonte: Berry e Kress (1991).

A inflorescência é terminal, ereta ou pendente, composta por um pedúnculo que une o pseudocaule à base da bráctea. As brácteas são fo-lhas modificadas, com diferentes colorações, tamanhos, formatos, tex-turas e quantidades, que favorecem o valor ornamental da planta. Cada bráctea da inflorescência contém um número variável de flores, poden-do chegar a 50, dependendo da espécie (BERRY e KRESS, 1991). As brácteas se ligam através da ráqui, e com relação à orientação, podem ser dispostas como dísticas ou em espiral. Uma única espécie, a Heli-conia reptans Abalo e Morales, apresenta a inflorescência na posição horizontal, distendendo-se junto ao solo em seu desenvolvimento (Fi-gura 2) (SIMÃO e SCATENA, 2004).

Quanto à forma, as inflorescências de helicônias podem ser subdi-vididas em quatro grupos:

1. Eretas num único plano (Grupo 1).1.1 - Inflorescências de pequeno porte (Grupo 1A)1.2 - Inflorescências de grande porte (Grupo 1B)

2. Eretas, em mais de um plano (Grupo 2)3. Pendente num único plano (Grupo 3)4. Pendente em mais de um plano (Grupo 4)

19

Capítulo 1

As inflorescências de pequeno porte (Grupo 1A) pesam menos que as de grande porte, dos Grupos 1B, 2, 3 e 4. As inflorescências em um mesmo plano (Grupos 1 e 3) são mais fáceis de embalar do que em pla-nos diferentes (Grupos 2 e 4) (CASTRO, 1995).

Inflorescência ereta com orientação espiralada das brácteas

RIBEIRO, W.S.

Inflorescência ereta com orientação dística das

brácteas

RIBEIRO, W.S.

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Inflorescência pendente com orientação dística das brácteas

RIBEIRO, W.S.

Inflorescência pendente com orientação espiralada das brácteas

RIBEIRO, W.S.

O período de florescimento da planta varia de espécie a espécie e é afetado pelas condições climáticas. O pico de produção normalmente ocorre no início do verão, declina no outono e cessa no inverno, quan-do a temperatura média se aproxima de 10º C. As flores de helicônia são hermafroditas, variando das cores amarelo a branco (BERRY e KRESS, 1991) e estas permanecem em antese por apenas um dia. O tamanho, forma e inserção dos estames são características utilizadas para identificação das espécies (SIMÃO et al., 2006) (Figura 4).

21

Capítulo 1

RIBEIRO, W.S. RIBEIRO, W.S. RIBEIRO, W.S.

Figura 4. Diferentes formas assumidas pelas flores de helicônia.

Quanto à forma de reprodução, é interessante observar que as he-licônias são consideradas geófitas, ou seja, se reproduzem não somente pelas suas sementes, mas também por seus órgãos subterrâneos especiali-zados, cuja principal função é servir como fonte de reservas, nutrientes e água para o desenvolvimento sazonal e, assim, assegurar a sobrevivência das espécies.

As formas de reprodução de helicônias são um importante fator a ser observado, pois em cultivos comerciais é necessário renovar as áreas de plantio para manter altos os seus níveis de produtividade. A renovação da área deve ser feita a cada dois ou três anos para espécies de pequeno porte e seis a sete anos para espécies de grande porte.

Com este procedimento, parte dos rizomas são reservados para o replantio ou expansão da área (ATEHORTUA, 1997).

Os frutos de helicônia são drupas (SIMÃO e SCATENA, 2003), possuem coloração azul escura ou violeta e alaranjada ou vermelha quando maduros (KRESS e ROESEL, 1987) (Figura 5).

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RIBEIRO, W.S. RIBEIRO, W.S. *

Figura 5. Diferentes formas assumidas pelos frutos de helicônia. * Adaptado de Frederico Teixeira Gorski em <http://www.jardimdecalateia.com.br/author/fredtgorski/>

O gênero Heliconia não era muito conhecido devido ao grande nú-mero de espécies, a dificuldade de coleta e preservação de suas inflores-cências. A partir de 1985, com a fundação da “International Heliconia Society” (Sociedade Internacional de Helicônia), vários aspectos sobre o gênero começaram a ser estudados tornando-o importante para a hor-ticultura e fins paisagísticos. A sua popularidade gerou a necessidade de literatura ilustrada e descrição das inúmeras espécies (DANIELS, 1991).

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Capítulo 1

LITERATURA CITADA

ARRUDA, R.; et. al. Helicônias como alternativa econômica para comunidades amazônicas. Acta Amazônica, v. 30 n.4/5, 2008

ATEHORTUA, L. Heliconias: A new challenge for the Colombian floricultural industry. Biotechnology and Development Monitor, v. 31, p. 2021, 1997.

BERRY, F.; KRESS, W. J. Heliconia: an identification guide. Washington & London: Smithsonia Institution Press, 1991. 334 p.

CASTRO, A. C. R. et al. Hastes florais de helicônia sob deficiência de macronutrientes. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v. 42, n. 9, p. 1299-1306, 2007.

CASTRO, C.E.F. de. Helicônia para exportação: aspectos técnicas da produção. Brasília: MAARA-SDR-FRUPEX/SPI, 1995. 44p. (FRUPEX – Publicações Técnicas).

CRONQUIST, A. Integrated system of classification of flowering plants. New York: Columbia Univ Press 1262 p. 1981

DANIELS, G. S. Preface. In: BERRY, F.; KRESS, W.J. Heliconia: an identification guide. Washington: Smithsonian, 1991. 335 p.

KRESS, W. J..; Polination and potentials in breeding Heliconias. Bulletin Heliconia Society International, Indianópolis, v. 5, n. 1, p.1-2, 1990.

KRESS, W. J.; ROESEL, C. Seed germination trials in H. stricta cv. Jamaica. Bulletin Heliconia Society International, Fort Lauderdale, v. 2, n. 2, p. 6-7, 1987.

SIMÃO, D.G.; SCATENA, V.L. Morphological aspects of the propagation of Heliconia velloziana L. Emygd. (Zingiberales: Heliconiacae). Brazilian Archives of Biology and Technology, Curitiba, v. 46, n. 1, p. 1- 13, 2003.

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SIMÃO, D.G.; SCATENA, V.L.; BOUMAN, F. Developmental anatomy and morphology of the ovule and seed of Heliconia (Heliconiaceae, Zingiberales). Plant Biology, Stuttgart, v. 8, n. 1, p. 143-154, 2006.

ZANETTE, V.C. Composição florística e fitossociológica da vegetação herbácea terrícola de um “stand” da floresta costeira de Torres, RS. Porto Alegre: UFRGS, 1979. 145 p. Dissertação Mestrado.

Capítulo 2

Agronegócio de flores tropicAis

Fábio Ribeiro da Costa1

Denizard Oresca2

Vinícius Batista Campos3

Edmilson Igor Bernardo de Almeida4

Helder Horacio de Lucena5

A

Os AutOres

1 Engenheiro Agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba – EMATER – PB.

2 Aluno do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Pa-raíba do Programa de Estudantes – Convênio de Graduação Haiti/Brasil (PEC-G).

3 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (IFAP) - Campus Laranjal do Jari.

4 Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba, mestrando em Fitotecnia pela Universidade Federal do Ceará.

5 Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba, mestrando em Fitotecnia pela Universidade Federal Rural do Semi--Árido.

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AGRONEGóCIO DE FLORES TROPICAIS

PANOrAMA DO MerCADO BrAsILeIrO De FLOres e PLANtAs OrNAMeNtAIs

A floricultura no Brasil começou a ter destaque como atividade agrí-cola de grande valia no setor econômico há cerca de 20 anos atrás. En-tretanto, foi apenas a pouco tempo que houve um crescimento acentua-do da oferta de alguns produtos da floricultura e do paisagismo. Muito embora o produto principal das exportações seja ainda flores tradicionais como rosas e crisântemos, constata-se anualmente um aumento grada-tivo na comercialização de flores tropicais tanto no mercado externo quanto interno. Dentre essas flores, as helicônias são as espécies que mais têm despertado interesse, por serem detentoras de uma beleza exótica, relativa rusticidade, grande gama de cores, formas e tamanhos, sendo também utilizadas tanto como flores de jardim quanto de corte (CAS-TRO, 1993).

A produção e o consumo de flores e plantas ornamentais no Brasil vêm acompanhando a tendência de expansão do mercado mundial, o qual vem crescendo a cada ano (JUNQUEIRA e PEETZ, 2002)

Segundo dados do SEBRAE 2009, a floricultura no Brasil movi-menta US$ 750 milhões por ano, tem um consumo per capita de U$ 4,70, possui 18.000 pontos de vendas em todo país e possui 28 centros atacadistas. A participação no mercado está assim distribuída 50% flo-res em vasos, 40% flores de corte e 10% plantas ornamentais. Embora, não seja um exportador tradicional nesse segmento, a profissionalização no Brasil tem sido intensificando e, atualmente, o país já se projeta no cenário internacional como importante referencial de qualidade e com-petitividade (JUNQUEIRA e PEETZ, 2002).

As perspectivas para a floricultura brasileira são muito positivas, o mercado interno tem um potencial de crescimento muito grande, con-siderando que ainda é muito baixo o consumo per capita em torno de US$ 10,00 por habitante ao ano. Analistas de mercado entendem que o

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potencial de consumo brasileiro é equivalente a, no mínimo, o dobro do atual. Mesmo com este crescimento o país está muito distante de nações como Suíça e Noruega, que possuem um consumo de US$ 170 e US$ 143 per capita ano, ou os Estados Unidos e Argentina, com US$ 36 e US$ 25, respectivamente.

A floricultura brasileira apresenta, segundo o SEBRAE 2011, incre-mento médio anual de 15%. De acordo com o mesmo órgão, a diversi-dade de tipos ou variedades comercializadas corresponde a um valor de aproximadamente 3.500 tipos/variedades.

O valor de mercado total, considerando-se o consumo total, equi-vale a US$ 3,8 bilhões, dos quais US$ 28,68 milhões são resultantes de exportações anuais. No entanto, apesar de parecerem satisfatórios houve uma queda drástica no valor bruto obtido pela exportação. De acordo com o SECEX (2010) a floricultura brasileira apresentou níveis críticos de exportações no ano de 2010, contabilizando-se uma queda 8,8% em relação a 2009, o que culminou num saldo comercial negativo histórico de -74,6%.

O principal nicho de mercado para a floricultura do Brasil tem sido o mercado interno, considerando-se a Região Sudeste (equivalente a 85% do mercado interno) como o principal centro consumidor, onde a maior concentração situa-se no Estado de São Paulo. No entanto, as Regiões Norte e Nordeste a cada ano têm registrado expressivo cresci-mento, apresentando desse modo, potencial satisfatório para a explora-ção econômica da floricultura (BUAINAIN; BATALHA, 2007; IBRA-FLOR, 2011).

Conforme estimativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o segmento de floricultura emprega entre 15 e 20 tra-balhadores por hectare, gerando uma renda de R$ 50 mil a R$ 100 mil, enquanto a mesma área de fruticultura abre cinco postos de trabalho e um retorno de R$ 25 mil.

Segundo dados do SEBRAE em pesquisas realizadas no ano de 2006, a produção de flores e plantas ornamentais estava distribuída em 304 municípios com uma área cultivada de 5,2 mil ha, gerando 120 mil empregos diretos e indiretos, sendo 58 mil na produção, 4 mil na distribuição, 51 mil no comércio varejista e 7 mil em outras atividades. No ano de 2011, segundo dados fornecidos pelo IBRAFLOR (2011)

29

Capítulo 2

somam-se 192 mil empregos diretos, dos quais 96 mil são relativos à produção, 6 mil relacionados à distribuição, 77 mil relativos no varejo e 15 em outras funções, constatando-se nessa retrospectiva um incremento significativo da atividade ao longo desses 5 anos.

A produção de flores ocupa uma quantidade considerável de mão--de-obra, principalmente na etapa de colheita, e dessa forma tem impor-tante papel social na geração de empregos. Além disso, possibilita maior rentabilidade por área cultivada e pode ser praticada em pequenas áreas de agricultura familiar (MARQUES et al. 2004). De acordo com o Mi-nistério da Agricultura (2006), há 50 mil pessoas prestando serviços para 2.500 produtores do setor de flores, sendo que a maioria se encontra na categoria de pequenos e médios empresários (FLORES, 2001). Almeida e Aki (1995) consideraram que a produção de flores e plantas ornamen-tais emprega em média 15 pessoas por hectare e isso gera aproximada-mente 72.750 empregos no Brasil, dos quais São Paulo agrega 71,3% da mão-de-obra (AKI, 1999, citado por BRASIL, 2001).

No Brasil, as seis principais espécies de flores de corte produzidas são crisântemo (Chrysanthemum indicum L.), rosa (rosa sp)., gipsofila (Gypso-phila paniculata), alpínia (Alpinia zerumbet), strelitzia (Strelitzia reginae) e helicônia (Heliconia acuminata) e as de vaso são violeta (Saintpaulia ionantha), crisântemo (Chrysantthemum indicum L. e Chrysantthemum sinense L.), azaléia (Rhododendron x simsii), prímula (Oenothera biennis) e ciclâmen (Cyclamen persicum) (IBRAFLOR, 2002). A produção nacio-nal de espécies floríferas envasadas atinge 13% entre todos os tipos de flores e de plantas ornamentais produzidos, perdendo apenas para flores de corte (29%) como rosa e crisântemo. Desta porcentagem, o ciclâmen é sexta flor mais produzida ficando a sua frente flores como crisântemo, orquídea e violeta (IBRAFLOR, 2002).

No Nordeste, a produção de flores e plantas ornamentais concentra--se nos estados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas, numa área pri-vilegiada em relação a clima e potencial hídrico. A floricultura tem sido considerada ultimamente como a forma avançada de agricultura, que utilizando técnicas modernas torna-se um dos setores de maior rentabi-lidade por área cultivada. Possibilitando a geração de empregos contri-buindo para a ocupação da mão de obra local e fixação do homem no campo (CARRARO e CUNHA, 1994).

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Na Paraíba a produção comercial ainda é pequena. Os municípios de Alhandra e Conde têm pequenas áreas cultivadas com plantas tropi-cais; no município de Lagoa Seca cultivam-se flores diversas como cravo, crisântemo, carinho de mãe e em Pilões crisântemos em estufa (SAN-TOS, 2005).

PANOrAMA DO MerCADO MuNDIAL De FLOres e PLANtAs OrNAMeNtAIs

No cenário internacional, a floricultura constitui-se em uma ativi-dade do setor agrícola, sendo denominada de horticultura ornamental, uma vez que o seu processo produtivo tem semelhança ao das hortaliças e das plantas medicinais. As lavouras da floricultura não são identificadas normalmente entre as principais commodities agrícolas como a soja, mi-lho, algodão, etc., porque não são exploradas como alimentos ou usadas para processamento alimentar. Portanto, a demanda e a oferta de pro-dutos florais tendem a diferenciar-se dos produtos agrícolas comestíveis (OLIVEIRA e BRAINER, 2007).

O mercado mundial de flores movimenta valores próximos de US$ 60 bilhões por ano, sendo o segmento de flores de corte o mais signi-ficativo, seguido pelo de plantas vivas, bulbos e folhagens. O principal mercado consumidor mundial de flores e plantas ornamentais é a União Européia, cujos principais fornecedores são: Holanda, Quênia, Israel, Colômbia e Espanha. A Holanda domina o mercado mundial de flores e é o maior exportador e importador de produtos da floricultura (BUAI-NAIN; BATALHA, 2007; SEBRAE, 2011; IBRAFLOR, 2011).

Os Estados Unidos são o segundo maior mercado do continente americano, importam grandes quantidades de flores de corte da Colôm-bia, Equador, Costa Rica, México, República Dominicana e Guatemala (BUAINAIN; BATALHA, 2007; SEBRAE, 2011; IBRAFLOR, 2011).

Para Porter (1999), a competitividade de um país depende da capa-cidade da sua indústria de inovar e melhorar. As empresas conquistam uma posição de vantagem competitiva em relação aos seus competidores em razão das iniciativas de inovação, ou seja, elas encaram e abordam a inovação no seu sentido mais amplo, abrangendo justamente novas tec-

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Capítulo 2

nologias e novas maneiras de fazer as coisas. A afirmativa é corroborada pela situação da Holanda, maior mercado da floricultura mundial. A Holanda, país de pouca capacidade territorial e clima desfavorável para alguns tipos de flores, é a detentora dos melhores níveis tecnológicos adotados nos diversos estágios em toda a sua cadeia produtiva, servindo de referência e exemplo para todo o mundo.

A Holanda domina as práticas de melhoramentos genéticos, utiliza racionalmente agrotóxicos e pesticidas na busca de conservação do meio ambiente, aplica vultosos investimentos em pesquisa de novas tecnologias de produção, usa as melhores e mais modernas tecnologias de pós-colheita, o sistema Veiling de comercialização eletrônica é um dos mais modernos do mundo como também tem o total domínio da logística de distribuição mantendo com eficiência a manutenção da cadeia do frio. É justamente esse diferencial de competitividade frente aos outros concorrentes que torna o país o principal produtor e exportador mundial de flores e plantas ornamen-tais, enquanto que a Europa sozinha importa 75% do consumo mundial (MEDEIROS e FAVERO, 2005; BORTOLIN, 2006; MOTOS, 2009).

Outros países também são grandes detentores de altos níveis de tec-nologia em sua cadeia produtiva. A Colômbia, por exemplo, um dos maiores concorrentes mundiais, tem praticamente toda a sua produção conduzida para o mercado externo, onde é detentora dos melhores ní-veis de tecnologia na parte de marketing, arranjos florais e estética dos seus produtos. A Costa Rica e a Nicarágua têm altos conhecimentos técnicos sobre tecnologias de pós-colheita, padronização, classificação e embalagem, como também sobre logística de distribuição internacional (MEDEIROS e FAVERO, 2005; BORTOLIN, 2006; MOTOS, 2009).

PrINCIPAIs FOrMAs De COMerCIALIZAÇÃO De FLOres e PLANtAs OrNAMeNtAIs

Não existe uma única e melhor forma de comercialização. Cada país, de acordo com sua cultura e seu mercado, adota um modelo. A Ho-landa, como maior centro produtor e exportador do mundo, comerciali-za mais de 80 % de sua produção através de leilões diários, tornando-se assim o principal centro formador de preços do mercado europeu. Já nos

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EUA, que importam cerca de 40 % do que consome, a comercialização é direta destes importadores para os pontos de venda e quase sempre redes de supermercados fecham contratos com grandes produtores. Podem-se destacar quatro formas ou sistemas de vendas: leilões, intermediação, comercialização virtual e através de Ceasas ou centrais de distribuição (JUNQUEIRA e PEETZ, 2005).

O sistema de vendas via Leilões, largamente difundido na Holan-da, no Brasil somente ocorre em poucas empresas. É um sistema que permite a justa formação de preços e a venda de grandes quantidades de produtos em um curto espaço de tempo, com manutenção da qualidade dos produtos. Totalmente informatizado, possibilita transparência nas transações comerciais. É referência de preços para todo mercado nacio-nal (JUNQUEIRA e PEETZ, 2005).

A Intermediação é um sistema no qual os produtores e distribuidores fecham contratos de curto, médio ou longo prazo. O preço, características do produto e prazo de entrega são acertados no fechamento do contrato. Funciona como uma espécie de garantia, pois o produtor pode programar melhor sua produção, enquanto o cliente pode antecipadamente fixar seus preços para o varejo, principalmente em períodos que antecedem as principais datas de venda do setor, como Dia das Mães, Dia dos Namorados, Finados e Natal (JUNQUEIRA e PEETZ, 2005).

A Comercialização Virtual funciona basicamente como um banco de dados informatizado sobre os produtos disponíveis. O sistema é ali-mentado por produtores, que disponibilizam informações sobre quan-tidade, qualidade, preço e prazo de entrega. Os clientes, por sua vez, consultam estas informações através da Internet ou então via terminais fixos, ficando informados sobre várias ofertas e podendo fechar negócios (JUNQUEIRA e PEETZ, 2005).

As Ceasas ou Centrais de Distribuição é o sistema de comercialização mais antigo e tradicional, onde os produtores ficam um ao lado do outro, oferecendo sua produção aos clientes. Este sistema é conhecido como venda “na pedra”. São espaços de 20 a 50 m cada, onde os produtos ficam expostos sob condições precárias. Atende tanto clientes atacadistas e varejistas, como consumidores finais (JUNQUEIRA e PEETZ, 2005).

Entre os principais problemas pós-colheita que a floricultura brasi-leira enfrenta é o manejo inadequado das flores que precisa ser superado.

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Capítulo 2

Ainda faltam conhecimentos e tecnologias de colheita e pós-colheita que visem à redução de perdas, que no Brasil chegam atingir 40% da produção (DIAS-TAGLIACOZZO e CASTRO, 2002). Dessa forma, o abasteci-mento contínuo e com qualidade deve ser uma preocupação constante dos produtores de flores durante todas as fases do processo produtivo.

Para que todo o processo de formação da qualidade das flores de corte se complete com sucesso, muitos cuidados são necessários, tais como: a es-colha adequada de espécies e variedades, material de propagação de ótima qualidade, estruturas adequadas de cultivo (controle de clima, automação, fertilizantes, manejo de pragas e doenças, ambiente de trabalho adequa-do), bem como conhecimento das técnicas de produção e pós-colheita e um sistema eficiente para a comercialização (MOTOS, 2000).

Há alguns anos, conforme Motos (2000), o mercado consumidor era pouco exigente quanto à qualidade e apresentação de produtos, tolerando--se lesões de pragas e doenças. Além disso, a embalagem das flores era feito em jornal havendo depreciação do produto com altos índices de perdas.

Segundo Oliveira (1995), é necessário despender uma atenção espe-cial ao preço e a qualidade do produto com intuito de que os processos de distribuição e comercialização de flores, especialmente as de corte, ocor-ram de forma mais organizada, com maior disponibilidade de informações em relação à qualidade do produto que está sendo transacionado, para que não haja insatisfação do consumidor.

Atualmente o mercado consumidor de flores de corte requer ótimo estado de conservação, com características de frescor semelhantes às do momento em que as mesmas foram colhidas (LAMAS, 2002). Geral-mente, as flores de corte são transportadas por um período muito lon-go até atingirem o consumidor, o que pode ocasionar perdas de até 35% (STRINGHETA et al., 2002). Dessa forma, a aplicação de técnicas para prolongar a durabilidade das flores é imprescindível. As soluções preserva-tivas podem conter diversos produtos, como hipoclorito de sódio, ácido cítrico, carboidratos, dentre outros, são geralmente utilizados de forma isolada ou em conjunto, em diferentes concentrações (NOWAK e RUD-NICKI, 1990). Dentre os produtos comerciais, os mais conhecidos e uti-lizados são: FloralifeÒ (com as opções: Original Floralife, Crystal Clear e Hydraflor), RoselifeÒ, EverbloomÒ, ChrysalÒ e PetallifeÒ (NOWAK e RUDNICKI, 1990). Todos são importados e estão disponíveis no mer-

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cado. No entanto, já existe um conservante comercial produzido no país, denominado Flower®(STAHELIN, 2005).

Atualmente as variedades de rosas são distintas principalmente pela coloração das pétalas, forma do botão, tamanho das hastes, produtivida-de (haste. m-1) e resistência a doenças (CASARINE, 2004).

A sItuAÇÃO eCONÔMICA DA FLOrICuLturA trOPICAL

A produção nacional de flores tropicais é quase na sua totalidade, ab-sorvida pelo mercado interno, o mesmo não ocorre em outros países como Costa Rica e Equador onde a produção é voltada para exportação. A expor-tação de flores tropicais para o mercado europeu e norte-americano gera oportunidades de negócios ainda pouco exploradas. Enquanto no mercado interno as flores tropicais ainda são pouco valorizadas, no exterior, ocorre o contrário. Dependendo da flor, o preço de R$ 1,50 por unidade para o atacado no mercado local pode alcançar o valor de US$ 10, o equivalente a R$ 36,00 no exterior (ICEPA, 2004; SEBRAE, 2010; IBRAFLOR, 2010)

No entanto, atualmente o Brasil vem iniciando a exportação de vo-lumes representativos de flores tropicais para diferentes mercados, sendo tal fenômeno verificado em vários estados do nordeste, sobretudo em Pernambuco e Alagoas, onde vários fatores, entre eles a crescente satu-ração do mercado interno, as características edafo-climáticas e a possibi-lidade de melhores ganhos no mercado externo tem levado a criação de associações, cooperativas e grupos com o objetivo principal de exportar seus produtos (VENCATO, 2006; SEBRAE, 2011; IBRAFLOR, 2011)

Atualmente Pernambuco é o maior produtor nacional de flores tropicais e o quinto de flores tradicionais do país. Nesse estado, 197 produtores exploram 125 hectares de terra: 32 produtores de flores tro-picais (70 hectares) e 165 de flores de clima temperado (55 hectares), organizados em quatro associações e uma cooperativa, movimentando recursos da ordem de R$ 36 milhões/ano, gerando 800 empregos diretos e milhares de indiretos. A produção se concentra nas cidades do litoral, zona da mata e agreste, com destaque para Petrolina (IBRAFLOR, 2011)

Na área total são cultivadas com cerca de 50 variedades de flores tro-picais entre Heliconias, Alpinias, Bastão do imperador, Zingiber, Tapei-

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Capítulo 2

nóchilos, Antúrios, Orquídeas, etc. e também folhagens tropicais como palmeiras, dracenas, filodendros, papiros, entre outras (AKI, 2002; SE-BRAE, 2011; IBRAFLOR, 2011)

Hoje, são produzidas 25 mil hastes semanais, sendo 5 mil consu-midas no próprio Pernambuco. Cerca de 90% das flores tropicais pro-duzidas no estado abastece o mercado nacional e o restante destina-se aos compradores internacionais, principalmente para o mercado euro-peu com destaque para Portugal, Inglaterra e Holanda (SEBRAE, 2011; IBRAFLOR, 2011).

A IMPOrtÂNCIA DA eXPLOrAÇÃO eCONÔMICA De HeLICÔNIAs

Nesse recente cenário produtivo das flores tropicais, ocupando uma área cultivada de 166 ha em nove estados brasileiros, pesquisas básicas e aplicadas são urgentes e necessárias para o fortalecimento desse setor da cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais no Brasil.

Informações recentes do setor de produção de flores no Distrito Federal mostram que, em dezembro de 2008, a área cultivada com flores em vaso foi de 6,5 ha por 22 produtores e, para plantas ornamentais em vasos e para jardins, 14 ha por 29 produtores. No caso de helicônias – flores de corte muito demandadas no Distrito Federal – houve um crescimento do número de produtores e da área cultivada de dezembro de 2008 para junho de 2009, ou seja, respectivamente, 9 produtores em uma área de 6,15 ha; e 13, em 6,65 ha (EMATER – DF, 2008; 2009).

Em estudo sobre a viabilidade na produção e comercialização de helicônia em propriedades rurais situadas em municípios do Estado do Rio de Janeiro, Machado Neto et al. (2011), constataram que embora as perdas cheguem a 80% para algumas espécies como: Heliconia bihai, Heliconia psittacorum e Heliconia rostrata, para taxas de desconto de 6 e 12%, a produção de helicônias apresentou-se economicamente viável, em todas as regiões produtoras estudadas. Segundo, os autores a ativida-de realizada no estado é lucrativa, porém constituída de algumas limita-ções no âmbito do processo de escoamento da produção, fato esse que tem retardado a consolidação do mercado. A situação observada denota

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as limitações ainda visíveis no País, em termos de produção de flores, relacionada principalmente ao baixo incremento tecnológico, à inexis-tência de ações eficazes de planejamento e gerenciamento, e à “barreira sócio-cultural” dos consumidores ao nicho de flores tropicais, ainda me-nos comuns do que as tradicionais, temperadas.

De acordo com Machado Neto et al. (2011), as principais espécies cultivadas no Rio de Janeiro dentro do gênero Heliconia são: Helico-nia bihai, Heliconia psittacorum, Heliconia rostrata, Heliconia latispatha, Heliconia wagneria. Essas espécies estão distribuídas em três regiões do Estado, como segue: Heliconia bihai e Heliconia psittacorum, nas regiões Metropolitana, Médio Paraíba e Noroeste; Heliconia rostrata, nas regiões Metropolitana e Médio Paraíba; Heliconia latispatha, na região Metropo-litana; e Heliconia wagneriana, na região Noroeste. A área de produção total nessas três regiões abrange 765,5 ha, onde se situam 32 produtores, com tempo variável na atividade de 1,5 a 45 anos.

Para Castro et al. (2007) a Heliconia angusta é uma entre várias espécies de plantas nativas com potencial a ser explorado e funcionar como sendo mais uma opção para o setor, pois essa helicônia está entre as mais comercializadas no mercado internacional, com preços variando entre um e três dólares a unidade, o que denota a valorização das flores tropicais no mercado externo.

Arruda et al. (2008) estudaram e incentivaram a utilização de di-ferentes espécies de Heliconia como alternativas de renda para comu-nidades situadas nas proximidades em reservas extrativistas localizadas na Amazônia. Segundo os autores existem 11 espécies de Heliconia na reserva extrativista do Baixo Juruá (Amazônia) com uso potencial como plantas ornamentais: H. acuminata, H. densiflora, H. hirsuta, H. lasiora-chis, H. stricta, H. chartacea, H. juruana, H. marginata, H. psittacorum, H. spathocircinata e H. tenebrosa.

Segundo Arruda et al. (2008), a Amazônia apesar de seu grande po-tencial florístico, não tem acompanhando a expansão ocorrida no mer-cado nacional de plantas ornamentais, demonstrando falta de iniciativa política. Para os autores, a economia na forma do extrativismo praticada dentro das reservas florestais na Amazônia, mesmo acarretando alguns impactos diretos sobre a fauna e a flora, ajuda a manter as funções eco-lógicas originais da floresta evitando perdas futuras de biodiversidade

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Capítulo 2

regional. Adicionalmente, garante a continuidade das populações tradi-cionais no campo, com efeito direto na economia local e regional.

De acordo com Souza (2009), em estudo realizado para definições de bases para o manejo sustentável de populações silvestres de Heliconia velloziana Emygdio, localizadas no município de Mogi das Cruzes, São Paulo, a comercialização de inflorescências de H. velloziana já foi im-portante para complementar a renda de diversas famílias da região. Para algumas famílias, a venda de escapos desta espécie e de folhas de outras espécies era a principal fonte de renda. Todos os envolvidos na pesquisa realizada por Souza (2009) reconheceram a utilidade das inflorescências como flor de corte para a confecção de arranjos florais, porém poucos conheciam a utilização desta espécie no paisagismo.

De acordo com os entrevistados por Souza (2009), no estudo citado anteriormente, as folhas também são utilizadas localmente para empa-cotar e cozer um doce de milho chamado de pamonha. As folhas de H. velloziana são ingredientes alternativos, uma vez que a palha do milho (Zea mays) e as folhas de Caetê (Calathea spp.) são mais comumente utilizadas para esse doce.

Apesar de ser considerada uma espécie útil, a importância cultural de H. velloziana na comunidade local estudada poderia ser identificada se este estudo abrangesse a comparação com outras espécies, principal-mente através de cálculos de índices de significância cultural para cada espécie citada (SOUZA, 2009).

É nítida a importância econômica da produção ou extrativismo de helicônias, tendo em vista, ser as diferentes espécies desse gênero, ornamentos de grande valor agregado, principalmente no mercado externo, e com grande potencial de serem utilizadas como fonte de ren-da para pequenas comunidades situadas próximas a reservas extrativistas, onde essas espécies se desenvolvem vigorosamente. Além disso, como foi citado por Bee (1984) e Souza (2009), as espécies de helicônias possuem um valor lúdico, podendo ser utilizadas para a facilitação do processo de ensino-aprendizagem de botânica e ecologia de pequenas comunidades rurais.

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LITERATURA CITADA

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ARRUDA, R.; CARVALHO, V. T.; ANDRADE, P. C. M.; PINTO, M. G. Helicônias como alternativa econômica para comunidades amazônicas. Acta Amazonica, Amazonas, v. 38, n.4, p. 611-616, 2008.

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EMATER-DF. Coordenadoria de Planejamento. Gerência de Programação e Orçamento. Informativo Conjuntural da Produção Agrícola do DF. In: Heliconia angusta Vell.: Caracterização de uma planta ornamental para cultivo no Cerrado. Brasília, DF, jun. 2009. p. 14-17.

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Capítulo 2

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VENCATO, A. et. al. Anuário brasileiro das flores. Santa Cruz do Sul: Gazeta Santa Cruz, 2006.

Capítulo 3

ConCeitos de perdas pós-Colheita

Denizard Oresca 1Mauro Nóbrega da Costa 2Fábio Ribeiro da Costa 3

Gilmara Gurjão Carneiro 4José Alves Barbosa 5

C

Os AutOres

1 Aluno do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Pa-raíba do Programa de Estudantes – Convênio de Graduação Haiti/Brasil (PEC-G).

2 Professor Associado III – Melhoramento Vegetal – Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

3 Engenheiro Agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba – EMATER – PB.

4 Engenheira Agrônoma, mestre em Armazenamento e doutoranda em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande.

5 Professor Associado III – Química Analítica – Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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CONCEITOS DE PERDAS PóS-COLHEITA

INtrODuÇÃO

A cadeia produtiva, que abrange as etapas desde a produção, in-cluindo colheita, embalagem, distribuição e comercialização até o con-sumidor, resultam em perdas tanto qualitativas quanto quantitativas (KAYS, 1997). A magnitude dos números da produção nacional está estreitamente relacionada com as imensas perdas pós-colheita. O des-perdício não fica limitado apenas à produção no campo, estendendo-se por toda cadeia produtiva contribuindo com a geração de descartes na ordem de 30% de tudo que é comercializado (RIBEIRO, 2002).

As perdas quantitativas são as perdas visíveis e podem ser medidas diretamente pela quantidade de produtos desperdiçados. As perdas qua-litativas, por outro lado, são aparentemente mais difíceis de serem quan-tificadas. Estes desperdícios revelam-se em termos de perda da qualidade ocasionando redução do preço de comercialização para o produtor e da competitividade do produto (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Essas perdas acabam por reduzir a renda de quem produz e comercializa os produtos agrícolas. Muitos são os fatores que contribuem para a deterio-ração e desperdício de alimentos de origem vegetal. As principais razões compreendem a falta de conhecimento e do uso correto das práticas de produção e principalmente falta de pessoal qualificado em técnicas ade-quadas de manuseio na colheita e na pós-colheita (CENCI, 2000). Den-tre tantos fatores que levam a deterioração e perdas, tem-se as falhas na fase de produção, colheita fora de época, danos mecânicos promovidos por equipamentos, embalagem, manuseio e transportes inadequados, além do tempo e forma de exposição dos produtos pelos varejistas tudo isso associado à falta de informações de mercado (LANA et al., 1999). Essas alterações sofridas pelos vegetais podem ser decorrentes de danos mecânicos, fisiológicos e microbiológicos (FRAZIER, 1992).

Conotações de manuseio fora dos padrões, para a maioria dos pro-dutos hortícolas pode ser observado desde a embalagem que, muitas

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vezes, deterioram os produtos por meio de amassamento e ferimento (VILELA e HENZ, 2000).

Os índices de perdas de produtos hortícolas em toda cadeia produ-tiva refletem o despreparo dos produtores, atravessadores, comerciantes e consumidores. Na maioria das vezes, estas perdas estão associadas à incidência de doenças, onde os produtos são desqualificados, para o con-sumo mesmo quando a intensidade dos sintomas é apenas superficial (GULLINO, 1994).

Segundo Tsunechiro et al. (1994), perdas agrícolas compreendem a redução na qualidade física do produto disponível para o consumo, tra-zendo como conseqüência redução do volume útil e no valor nutritivo e comercial do produto. A relação entre volume produzido e volume útil, aquele que o produto atinge ao final da cadeia produtiva, quando atinge a mesa do consumidor, mostra que para cada quilo de produto que al-cança a mesa do consumidor, será necessário produzir 1,67 Kg banana, 1,44 Kg de mamão e 1,31 Kg de abacaxi (SUPLEMENTO RURAL, 2000).

Levantamento em uma rede de supermercado do Distrito Federal mostrou que 13% de cenoura, 20% de pimentão, 30% de tomates são desperdiçados (VILELA et al., 2003). Segundo esses autores os valores destas perdas são repassados aos consumidores, o que eleva os preços no varejo.

O principal fator causal de perdas pós-colheita é agrupado na-quelas por danos mecânicos, por danos fisiológicos e por ataque de fitopatógenos.

tIPOs De PerDAs

Perdas por danos mecânicosAs perdas de frutas e hortaliças, devido a danos físicos na cadeia

produtiva são estimadas em cerca de 30 a 40 % (BARCHI et al., 2002). Conforme Vigneault et al. (2002), a partir do instante em que são colhi-dos até serem consumidos, os produtos hortícolas sofrem uma série de danos mecânicos que, dependendo da sensibilidade do produto, poderão causar danos que comprometerão a sua qualidade final.

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Capítulo 3

Assim a gravidade dos danos mecânicos é influenciada por vários fatores, como cultivar, grau de hidratação celular, estádio de maturação, tamanho, peso, características epidérmicas, além das condições ambien-tais nas quais os produtos foram desenvolvidos (WADE e BAIN, 1980; KAYS, 1997).

Os danos mecânicos podem ser agrupadas em danos por impacto, abrasão, compressão e corte. Tais danos podem ser irreparáveis aos pro-dutos, reduzindo-lhes a vida útil provocando uma consequente desvalo-rização comercial. Estes danos mecânicos podem alterar as reações bio-químicas do produto, acarretando a senescência levando a modificações da coloração do sabor e odor do fruto (PANTASTICO, 1979). Os danos mecânicos prejudicam a aparência do produto, possibilitam a contami-nação, além de ser o principal componente das perdas quantitativas. Es-ses danos são geralmente conseqüências das operações pré e pós-colheita, que, ao promoverem as lesões nos tecidos, aumentam as taxas metabó-licas quando relacionados com os produtos não lesionados (ROLLE e CHISM, 1987). Os danos mecânicos ocasionam danos irreparáveis em goiabas (MATTIUZ et al., 2002), cerejas (BURTON e SCHULTE-PA-SON, 1987), melões ‘Cantaloupe’ (MACLEOD et al., 1976) e maçãs (PARKER et al., 1984), provocando a elevação na atividade respirató-ria e alterações químicas, com conseqüente redução na sua vida útil e, portanto, levando a desvalorização comercial desses produto (KING e BOLIN, 1989). De acordo com MATTIUZ e DURIGAN (2001), os danos mecânicos em dois cultivares de goiabas resultam em aumento nas atividades respiratórias, ocasionando provavelmente a descarboxilação do ácido málico que extravasam as células danificadas nos locais dos danos.

Os danos mecânicos estão relacionados às deformações plásticas, através de ruptura superficial com destruição dos tecidos vegetais, como resposta a forças externas que levam a modificações físicas com ou sem alterações fisiológicas, químicas e bioquímicas na cor, no aroma, no sa-bor e na textura (FRAZIER, 1992; MORETTI et al., 1998; MOH-SENIN, 1986). Os danos mecânicos por compressão são resultantes, de uma pressão variável contra a superfície externa do fruto, podendo ser exercida por outro fruto ou pelas paredes das embalagens. Os da-nos atribuídos a cortes ferimentos ou abrasões devem-se às colisões entre as superfícies dos produtos hortícolas contra superfícies que venham a

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provocar ruptura da epiderme pela pressão através de arestas desiguais tanto das embalagens como de instrumentos cortantes (MATTIUZ e DURIGAN, 2001).

Os danos mecânicos ocorridos durante a colheita e o manuseio na comercialização predispõem os produtos além de alterações no meta-bolismo, a doenças pós-colheita (RUSHING, 1995), uma vez que os produtos hortícolas estão rompidos liberam substâncias tornando-os susceptíveis a microrganismos deteriorantes, incluindo bactérias, levedu-ras e fungos (BIGGS e MILES, 1989). Os tecidos danificados expõem as células ao ambiente, o que pode torná-las dessecadas e/ou infectadas, a menos que a impermeabilidade seja rapidamente restabelecida, pelos mecanismos de defesa do vegetal (OUCHI, 1991).

Os danos mecânicos sofridos pelos tecidos aumentam a perecibi-lidade dos produtos (CANTWELL, 1992). Em decorrência do rompi-mento dos tecidos internos e liberação dos substratos para as enzimas oxidativas endógenas, especialmente as relacionadas com as alterações da cor e textura, que aumentam as taxas metabólicas reduzindo a vida útil dos mesmos (WILEY, 1997).

A maioria dessas reações enzimáticas resulta no escurecimento em frutas e hortaliças que é catalisado pela enzima polifenol-oxidase (BO-WER e CUTTING, 1988; HAHLBROCK e SCHEEL, 1989). A poli-fenoloxidase, está presente na célula vegetal em quantidade que depende da espécie, idade e estádio de maturação. Nas folhas verdes a enzima encontra-se principalmente nos cloroplastos (ESKIN, 1991; SIDDIQ et al., 1992).

Perdas por danos fisiológicosO aumento da taxa respiratória, geralmente associada a fatores am-

bientais, como aumento da temperatura e redução da umidade relativa, juntamente a fatores fisiológicos associado ao aumento da transpiração e da produção de etileno, reduz a vida útil dos vegetais em decorrência da perda de qualidade e da rápida deterioração (FINGER et al., 1995).

O etileno pode incrementar a permeabilidade das membranas e di-minui a biossíntese fosfolipídica, o que pode ocasionar a desorganização das estruturas e da integridade das membranas celulares. Isto pode con-tribuir para a produção de aldeídos voláteis de cadeia longa que podem

47

Capítulo 3

rapidamente utilizar a reserva de substrato e afetar negativamente a fir-meza e a cor (WATADA et al., 1996).

A magnitude da taxa respiratória está diretamente associada à con-servação de produtos colhidos, da taxa relativa de alterações catabólicas e da deterioração da qualidade. Este fenômeno oxidativo requer oxigênio numa razão molar proporcional ao gás carbônico liberado. A redução da disponibilidade de oxigênio abaixo do limite crítico causa a fermentação e o excesso de gás carbônico, pode em muitos casos, resultar em desor-dens fisiológicas (FARIA, 1990; SKURA e POWRIE, 1995).

Uma das principais causas fisiológicas de deterioração dos produtos vegetais é a perda de água, que provoca amarelecimento, enrugamento dos tecidos e, consequentemente, perda de valor comercial. A grande maioria dos vegetais possui entre 80 a 90% de umidade em relação ao peso, sendo a umidade intercelular da ordem de 100%. Portanto, o va-por de água tende a escapar pelos espaços intercelulares pelo processo de transpiração levando a deterioração prematura dos produtos (HAR-DENBURG et al., 1986).

As deteriorações resultantes de danos fisiológicos são intensificadas por condições que levam a alterações sincronizadas da taxa respiratória, produção de etileno, síntese de carotenóides e degradação da clorofila, desenvolvimento de aromas desagradáveis, alterações na textura, além da ação das enzimas hidrolíticas da parede celular que interferem na inte-gridade dos tecidos, tais como a pectinametilesterase (PME) e a poliga-lacturonase (PG) (LOBO, 1981; FILGUEIRAS, 1996; VILAS BOAS, 1998).

Um tipo de perda em geral está diretamente associada a outra. Por exemplo, nos vegetais submetidos a estresses e lesões, o ferimento nos tecidos destroem a integridade das células conduzindo a alterações fi-siológicas (HONG e KIM, 2001). A perda da integridade celular nas superfícies lesionadas produtos hortícolas coloca em contato enzimas e substratos (WILEY, 1994; AHVENAINEN, 1996), que na presença de oxigênio, forma rápida e intensamente compostos de coloração escu-ra, devido a oxidação de compostos fenólicos à ortoquinonas pela ação de enzimas oxidativas (MATHEW e PARPIA, 1971). No caso particu-lar da alface, o escurecimento enzimático é iniciado pela oxidação de compostos fenólicos, pela ação da polifenoloxidase, onde quinonas são

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rapidamente condensadas produzindo polímeros insolúveis de colora-ção marrom e insolúveis, as melaninas, que afetam a qualidade visual e, conseqüentemente, refletem na aceitação do produto (HEIMDAL et al., 1995; MARTINEZ e WHITAKER, 1995).

Perdas por ataque de fitopatógenosA presença de doenças pós-colheita é de extrema importância na

segurança alimentar, em termos da sanidade do consumidor e no tempo de vida útil de produtos colhidos. Dentre as causas promotoras de per-das fitopatológicas destacam-se as doenças (CHITARRA e CHITARRA, 2005), principalmente as de natureza fúngicas, que ocorrem com maior freqüência e intensidade (BOOTH e BURDEN, 1986), sendo responsá-veis por cerca de 80 a 90% do total de perdas causadas por fitopatógenos (GULLINO, 1994). As doenças pós-colheita podem se iniciar no campo e permanecerem latentes, manifestando-se somente após a colheita sob condições ambientais favoráveis (GOMES, 1996).

A qualidade e a segurança de produtos frescos dependem da flora microbiológica inicial, a qual é afetada em cada etapa percorrida entre o produtor e o consumidor final. As infecções latentes podem se iniciar em qualquer estágio de desenvolvimento do fruto na planta podendo ocorrer ou não desenvolvimento do patógeno através de condições fisio-lógicas impostas pelo hospedeiro até que o estádio de maturação do fruto para a colheita tenha sido alcançado e/ou iniciada a respiração climatéri-ca (PRUSKY, 1996). As infecções ativas ou não latentes por outro lado, ocorrem influenciadas pela variação ambiental durante todas as etapas da pré e pós-colheita (AGRIOS, 1997). A penetração do hospedeiro pelo patógeno pode ocorrer diretamente pela epiderme, pela cutícula intacta, bem como por ferimentos ou aberturas naturais na superfície dos vege-tais, como as lenticelas (ECKERT, 1980; ZAMBOLIM et al., 2002).

Manuseio, pré-higienização, acondicionamento e transporte inade-quados do campo até a planta de processamento ou ao consumidor, po-dem comprometer a qualidade e a segurança do produto através do in-cremento da população inicial de microorganismos (BRACKETT, 1994).

Ao lado da microbiota natural nas diversas etapas que levam à ob-tenção dos produtos vegetais, estes estarão sujeitos à contaminação por diferentes microrganismos, provenientes de tratos culturais ou manipu-

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Capítulo 3

lação inadequada, contato com manipuladores, equipamentos, superfí-cies, utensílios e pela atmosfera ambiental (ADAMS e MOSS, 1997).

A definição das espécies ou grupos de microrganismos predominan-tes nos vegetais irá depender, fundamentalmente, das suas características, bem como das condições ambientais prevalentes. Produtos Hortícolas apresentam uma microbiota natural extremamente variável, concentrada principalmente na região superficial (FRANCIS e O’BEIRNE, 1997).

As bactérias, bolores e leveduras são os microrganismos de maiores destaques como agentes potenciais de deterioração dos produtos hortí-colas (ESKIN, 1991). As doenças que ocorrem na pós-colheita, geral-mente originam podridões, sendo que os principais agentes causadores são fungos (BENATO, 1999). O modo de atuação dos fungos durante o armazenamento se dá mediante a atividade das enzimas que são excreta-das por esses, principalmente as pectinolíticas, que degradam as substân-cias pécticas da parede celular (PRUSKY, 1996).

Quando os produtos hortícolas são submetidos a processos que le-vam a uma desorganização na sua estrutura natural, tais como danos físicos, o produto sofre alterações, pois, com o rompimento das células do vegetal, os substratos são liberados tornando-os um meio favorável ao crescimento de fungos e bactérias (BURNS, 1995). Os produtos hortí-colas contêm excelentes variedades de substratos para o desenvolvimento de patógenos, tais como açúcares, ácidos, vitaminas sais minerais e água.

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Capítulo 4

Métodos de ProPagação

Riselane de Lucena Alcântara Bruno1

Mauro Nóbrega da Costa2

Walter Esfrain Pereira3

Edmilson Igor Bernardo Almeida4

Wellington Souto Ribeiro5

M

Os AutOres

1 Professora Associada III – Produção e Tecnologia de Sementes e Mudas – Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

2 Professor Associado III – Melhoramento Vegetal – Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

3 Professor Associado II – Estatística Experimental – Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

4 Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba, mestrando em Fitotecnia pela Universidade Federal do Ceará.

5 Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba, mestre em Fitotecnia e doutorando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa.

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mÉTODOS DE PROPAGAÇÃO

FOrMAs De MuLtIPLICAÇÃO

A propagação das helicônias pode ser feita sexuada por meio de sementes, no entanto o mais comum é a multiplicação assexuada por divisão de rizomas. A primeira forma de multiplicação é bem sucedida em condições naturais devido à relação com seus agentes polinizadores (beija-flores e morcegos) e dispersores de sementes (roedores, pássaros e esquilos). A planta fornece a eles néctar rico em carboidratos e a polpa de seus frutos e, em troca, os polinizadores transferem o pólen e os disperso-res distribuem as sementes. No entanto, quando o cultivo é feito fora do seu habitat natural, distantes dos polinizadores, muitas espécies podem não chegar a produzir sementes (CASTRO, 1995).

A propagação comercial das helicônias é predominantemente as-sexuada, ou seja, vegetativa, realizada através de divisão de rizomas. No entanto, esta prática pode disseminar agentes causais de importantes doenças que são transmitidas entre plantios sucessivos, via rizomas con-taminados por fungos, bactérias e, principalmente, vírus e nematóides, que dificultam ou impedem a manifestação do verdadeiro potencial produtivo. Este fato resultou na imposição de uma série de restrições para a importação de rizomas, principalmente após descobertas de ce-pas de Pseudomonas solanacearum (Smith) em plantas doentes obtidas a partir de rizomas (NATHAN et al., 1992).

Já a propagação sexuada (sementes) apresenta várias desvantagens em relação à anterior. Produz mudas maiores, de menor valor comercial e manuseio mais difícil, por serem pesadas, ou seja, resulta em desunifor-midade da produção. As sementes também apresentam dormência devi-do à restrição mecânica, pois o fruto é uma baga com pericarpo duro, que impede a sua germinação. O período para florescimento de mudas propagadas por sementes é muito longo, de 3 a 4 anos. Além disso, nem todas as espécies frutificam e a maioria dos cruzamentos interespecíficos é incompatível (NANNETTI, 1994).

60

Propagação por sementesNeste tipo de propagação (sexuada), ocorre quando a semente bo-

tânica é utilizada como estrutura de reprodução, sendo um meio comu-mente utilizado para se obter novas variedades e, em alguns casos, é a única forma de propagação para algumas espécies (LAMAS, 2004).

As plantas propagadas sexuadamente, normalmente, apresentam duas fases distintas de crescimento. Na primeira, denominada de fase ju-venil, as plantas, em geral, tem um crescimento vigoroso, apresentando folhas mais inteiras, maiores que as que apresentaram na fase adulta. Na segunda, chamada de fase madura, a planta apresenta menor crescimen-to, folhas mais partidas, com conformação típica da variedade. O perío-do para transição entre as fases é variável, podendo durar alguns dias ou semanas após a germinação, ou meses e anos para outras, a exemplo das heras, coníferas e tuias LAMAS, 2004).

No caso das helicônias, quando a propagação é feita por sementes, estas devem estar maduras e frescas e necessitam de luz para germinar. Cada fruto contém, normalmente, três sementes que podem estar envol-vidas por um endocarpo bastante duro, o que pode dificultar a germi-nação. A condição ideal é semeá-las em ambiente úmido, ensolarado e quente (25ºC a 35ºC), sendo aconselhado um tratamento com fungici-das para prevenir podridões.

Para a maioria das espécies, a germinação das sementes de helicônias ocorre no prazo de 120 dias, mas algumas chegam a três anos. Um méto-do prático para favorecer a germinação de sementes é colocá-las em sacos plásticos com vermiculita ou esfagno umedecidos, em ambiente quente e sombreado até que germinem, quando, então, devem ser plantadas (CASTRO, 1995; JARDIM DE FLORES, 2012).

Entre as principais vantagens da propagação através de sementes, destacam-se a possibilidade de obtenção de plantas isentas de moléstias, a conservação de bancos de germoplasma além de se tratar de um méto-do pouco dispendioso (LAMAS, 2004).

No entanto, a propagação por sementes torna-se inviável em locais que faltam os polinizadores específicos, e inadequada quando se deseja manter as características fenotípicas. Além disso, o processo germinativo das sementes de helicônia é lento e reduzido (MONTGOMER, 1986; CRILEY, 1988).

61

Capítulo 4

Além destes métodos, mudas de helicônias podem ser obtidas pela propagação vegetativa artificial, mediante cultura de células e tecidos vegetais. No entanto, esta forma de propagação ainda não está comple-tamente esclarecida, havendo carência de mais estudos e também por serem muito onerosas.

Propagação por rizomasA propagação vegetativa de helicônias pode ocorrer de duas formas:

natural e artificial. A forma de propagação vegetativa natural se dá com base na separação dos rebentos que brotam na base do rizoma, ou seja, a separação dos elementos propagativos (mudas). O outro método envolve a divisão do rizoma em segmentos, os quais são plantados e conduzidos até a formação das mudas.

Este último é o método de propagação mais utilizado. Na verdade, os rizomas são caules especializados de crescimento horizontal, tanto aci-ma como abaixo da superfície do solo. O rizoma das helicônias é do tipo “ramificado”. Normalmente, as novas brotações desenvolvem-se na base de um pseudocaule vertical. A divisão do sistema de rizomas envolve tanto o rizoma horizontal como os pseudocaules verticais.

Um método prático para a propagação consiste na colocação do ri-zoma já desinfetado em sacos plásticos escuros, fechados e protegidos do sol, colocando-se papel umedecido no interior da embalagem. Mantém--se por um período de duas a três semanas, quando se inicia o desen-volvimento das raízes. Quando estas já se encontram bem expandidas, pode-se proceder o plantio (JARDIM DE FLORES, 2012).

A propagação vegetativa tem merecido destaque por apresentar di-versas vantagens em relação à propagação por sementes. Este método alia rapidez e facilidade de se obter novas plantas.

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PAssO A PAssO PArA PrOPAGAÇÃO POr rIZOMAs

Seleção das plantas matrizesA escolha das plantas matrizes deve levar em consideração as ca-

racterísticas de produtividade, vigor e sanidade. Depois de escolhidas, deve-se eliminar as inflorescências para que as reservas se concentrem no rizoma e, consequentemente na geração de novos brotos.

O crescimento das helicônias é simpodial e bastante vigoroso e frequentemente formam uma grande população monoclonal, ou seja, dentro de uma mesma espécie pode ocorrer grande variação quanto ao porte, dependendo da variedade, cultivar ou forma de condução. Por isso a escolha das plantas matrizes deve ser criteriosa para obtenção de um material adequado (BERRY e KRESS, 1991; CRILEY, 1992).

Extração do rizomaOs rizomas devem ser retirados com auxilio de par ou enxada, bem

afiada e desinfestada para garantir um corte preciso, conforme figura 7A na página 127.

Divisão dos rizomasPara a propagação, recomenda-se uma porção de rizoma medindo

no mínimo de 10 a 12,5 cm, constituída de três a cinco pseudocaules (cortados com 20 a 30 cm de comprimento), com gemas basais asso-ciadas e livres de partículas de solo do material, para assim observar o ponto adequado de partição. Na divisão dos rizomas deve-se utilizar faca ou facão bem afiado e desinfestados, conforme figura 7B na página 127.

Desinfecção do rizomaDepois de lavadas e retiradas às porções mortas, os segmentos de

rizomas devem receber outros cuidados fitossanitários com a aplicação de inseticidas e fungicidas, visando o controle de fungos, insetos e nema-tóides (neste caso, o controle pode ser feito com água quente, entre 40 a 42º C, durante 15 a 30 minutos, dependendo do tamanho da porção) conforme figura 8C na página 127.

63

Capítulo 4

LITERATURA CITADA

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Capítulo 5

PreParo do Solo, Plantio e Manejo do CaMPo de Produção

Vinícius Batista Campos1

Riselane de Lucena Alcântara Bruno2

Walter Esfrain Pereira3

Helder Horacio de Lucena4

Wellington Souto Ribeiro5

p

Os AutOres

1 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (IFAP) - Campus Laranjal do Jari.

2 Professora Associada III – Produção e Tecnologia de Sementes e Mudas – Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

3 Professor Associado II – Estatística Experimental – Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

4 Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba, mestrando em Fitotecnia pela Universidade Federal Rural do Semi--Árido.

5 Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba, mestre em Fitotecnia e doutorando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa.

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PREPARO DO SOLO, PLANTIO E mANEJO DO CAmPO DE PRODUÇÃO

PrePArO DO sOLO e PLANtIO

No preparo da área que será utilizada para o plantio, faz-se, primei-ramente, o controle de plantas daninhas e arbustos com altura superior a 3 metros, para evitar competição por nutrientes ou sombreamento. Caso haja necessidade, fazem-se os procedimentos de drenagem do terreno, para evitar o encharcamento da área, visto que as helicônias não toleram inundações.

As covas ou sulcos devem ser feitos de acordo com o tamanho do rizoma. Geralmente, elas devem ter 40 cm de diâmetro e 40 cm de pro-fundidade.

O espaçamento para o cultivo de helicônias dependerá da espécie utilizada. Espécies que apresentam inflorescências leves e eretas devem ser plantadas num espaçamento de 30 cm entre si, com uma densidade de três plantas por metro linear. O plantio é efetuado no centro de can-teiros com largura de 0,9 m. Canteiros muito largos dificultam a colheita das inflorescências, além de favorecer o desenvolvimento de plantas es-tioladas na parte central pela dificuldade de penetração da luz. Entre os canteiros, recomendam-se distâncias entre 1,0 a 1,5m. Para espécies que produzem flores pesadas, eretas ou pendentes e que formam touceiras grandes, com plantas acima de 1,5m de altura, recomenda-se um espaça-mento de 0,8 x 0,8 m ou mais, também em canteiros distanciados entre si por 1,0 a 1,5 m.

O pseudocaule velho eventualmente morre, mas outros novos se de-senvolvem na base da planta. A brotação e o desenvolvimento de novas raízes normalmente acontecem cerca de 3 a 4 semanas após o plantio. Dependendo da espécie, as helicônias podem ser cultivadas desde a ple-no sol até locais sombreados. Em caso de plantações comerciais, deve--se dar preferência por espécies de cultivo a pleno sol, por exigirem um

68

menor investimento. Além disso, as espécies mais procuradas como flores de corte são indicadas para esta forma de cultivo. A faixa de temperatura ideal para a produção de helicônias situa-se entre 21º C e 35º C, sendo que quanto mais alta a temperatura, maior é a produção e mais rápido é o de-senvolvimento. Temperaturas inferiores a 15º C são prejudiciais ao desen-volvimento normal das plantas. Abaixo de 10º C, o crescimento diminuiu consideravelmente. Recomenda-se evitar locais onde existam variações su-periores a 10º C entre as temperaturas diurnas e noturnas. Além disso, as helicônias exigem alta umidade relativa (JARDIM DE FLORES, 2012).

ADuBAÇÃO

O gênero Heliconia pode ser plantado em solo arenoso ou argiloso. No entanto, o solo ideal deve ser rico em matéria orgânica, profundo e bem drenado. Pelo fato dos solos tropicais em sua maioria serem pobres em matéria orgânica e a alta exigência por parte das plantas tropicais por esse material, recomenda-se a utilização de estrume de curral na quanti-dade de 15 a 20 Kg.cova-1 (LAMAS, 2004).

pH do solo e calagemO pH ideal do solo situa-se entre 4,5 a 6,5. Durante o estabele-

cimento da cultura observa-se que em solos muito ácidos as plantas amarelecem e têm o desenvolvimento comprometido (PAIVA, 1998). Portanto, de acordo com a análise do solo recomenda-se a aplicação e incorporação de calcário dolomítico 30 dias antes do plantio.

Recomendação de adubação

Adubação de plantioA adubação feita no preparo do solo, antes do plantio, é extrema-

mente importante. Segundo Paiva (1998), pode ser utilizado para Heli-conia spp. no momento do plantio 200g da formulação 3:01:02 de N, P2O5, e K2O respectivamente, por cova.

Recomenda-se a aplicação de micronutrientes como Boro (B) e Zin-co (Zn). Como fonte, aplicar no plantio 50g de FTE BR12 por cova.

69

Capítulo 5

Adubação de formaçãoÉ realizada após o pegamento das mudas. As doses de adubos

dependem da idade das plantas e dos teores de nutrientes revela-dos pela análise de solo. O quadro abaixo mostra, resumidamente, a quantidade de macronutrientes recomendados para a Heliconia spp., evidenciando a variação na exigência de macronutrientes e micronu-trientes pela cultura.Quadro 1. Quantidade de macronutrientes (g/cova) e micronutrientes (ppm) recomendados para o gênero Heliconia*

IDADE/NUTRIENTES N P K MSec**

Até 12 meses (todas cultivares) 300 100 200-250 Ca e Mg

Após o 13° Mês

Cultivares pequenas e médias 400-450 200-250 300-400 Ca

Cultivares grandes 440-500 220-275 330-450 Ca

Micronutrientes

(ppm)

Ferro 30-40

Manganês 26-93

Boro 10-15

Cobre 5-8

Zinco 16-23

Molibdênio 1,76-2,05*Fonte: Lamas (2004). **MSec: Macronutrientes secundários.

As quantidades de fertilizantes podem ser aplicadas parceladamente três a quatro vezes durante o ano, sem que a qualidade floral seja afetada.

Análise foliarA analise foliar deve ser realizada trimestralmente. Deste modo,

coleta-se a parte mediana da 4ª e 5ª folha, totalizando uma amostra de 100 gramas de folhas por talhão ou cultivar a ser analisado (LAMAS, 2004). Os níveis ótimos definidos para helicônias encontram-se no qua-dro abaixo:

70

Quadro 2. Níveis ótimos de nutrientes definidos para a Heliconia spp.como base na análise foliar (Médias, grandes e pendentes).

ELEMENTO BAIXO (%) ALTO (%) SUFICIENTE (%)

Nitrogênio 2,50 – 3,00 3,10 – 3,80 > 3,80

Fósforo 0,15 – 0,19 0,20 – 0,40 > 0,40

Potássio 3,00 – 3,50 3,50 – 4,50 > 4,50

Cálcio 0,75 – 1,25 1,26 – 1,75 > 1,75

Magnésio 0,18 – 0,24 0,25 – 0,80 > 0,80

Enxofre 0,18 – 0,24 0,25 – 0,80 > 0,80

ppm ppm ppm

Boro 7,00 – 9,00 10,00 – 75,00 > 75,00

Cobre 4,00 – 5,00 6,00 – 25,00 > 25,00

Ferro 50,00 – 75,00 76,00 – 300,00 > 300,00

Manganês 75,00 – 99,00 100,00 – 1.000,00 > 1.000,00

Zinco 20,00 – 25,00 26,00 – 250,00 > 250,00Fonte: Atehortua (1998)

DeFICIÊNCIAs NutrICIONAIs

A produção de flores de Heliconia spp. e o sucesso de sua comer-cialização são afetados pela deficiência nutricional e o seu diagnóstico é primordial na otimização do crescimento dessas plantas. No entanto, a diagnose visual é muito subjetiva devendo ser complementada pelas análises químicas de solos e folhas, para comprovação ou não da defici-ência nutricional. Portanto, requer observação cuidadosa por parte dos produtores e profissionais da área.

Nitrogênio (N)É um nutriente muito importante na brotação e enfolhamento da

Heliconia spp. (CASTRO, 1997). Em relação a outras culturas, o cultivo da Heliconia requer altas taxas de macroelementos, particularmente o nitrogênio (N). Plantas deficiêntes nesse elemento (Figura 10 na página 128), têm reduzido crescimento da parte aérea, são finas e apresentam um verde-claro uniforme.

71

Capítulo 5

Fósforo (P)A atividade principal do elemento Fósforo (P) está relacionada com

o desenvolvimento das raízes, a floração e a frutificação dos órgãos ve-getativos (CASTRO, 1997). Caso não esteja disponível para a planta, prejudica o desenvolvimento do sistema radicular e, consequentemen-te, afeta a produção da Heliconia spp. Em estudo realizado por Castro et. al., (2007) com plantas de Heliconia psittacorum x H. spathocircinata cultivar Golden Torch, sob deficiência de macronutrientes verificou que a omissão de P foi o tratamento que resultou em maior número de dias para emissão de inflorescência (NDEI) de 195 dias. As plantas do trata-mento completo apresentaram número de dias para emissão de inflores-cência (NDEI) de 165 dias. Isso mostra que plantas sob deficiência de P apresentam atraso no florescimento (MALAVOLTA, 2006), e alteração na formação de botões florais (MENGEL e KIRKBY, 2001). Segundo Druege (2001), as fases de floração e frutificação precisam de energia, sendo esperado que ocorra acúmulo de carboidratos em regiões (órgãos) de dreno como as inflorescências. Abaixo, folhas de Heliconia cultivar Golden Torch sob deficiência de fósforo (P) (Figura 10 na página 128.

Potássio (K)A sua deficiência resulta em menores valores de matéria seca e du-

rabilidade pós-colheita da haste floral, como também maior susceptibi-lidade ao ataque de pragas e doenças. Sob deficiência de K, as plantas acumulam mais carboidratos nas folhas (Figura 10 na página 128) e esse acúmulo está associado com a restrição do transporte da sacarose, redu-ção da produção de matéria seca e alteração no padrão de partição de fotoassimilados entre os tecidos da planta (ZHAO et. al., 2001).

Magnésio (Mg)A sua deficiência em Heliconia aparecem primeiro nas folhas mais

velhas e são caracterizadas por amarelecimento das bordas do limbo fo-liar e no ápice da folha (CASTRO, 1997), como mostra a Figura 10 na página 128.

O conhecimento básico sobre a nutrição e adubação da Heliconia, juntamente com os principais sintomas de deficiência nutricional são fatores primordiais para o sucesso da cultura e as informação aqui conti-

72

das poderão ser utilizadas por produtores, pesquisadores, universidades e demais interessados no cultivo dessa planta ornamental.

IrrIGAÇÃO

Para o bom desenvolvimento da cultura, principalmente em regiões que apresentam déficit evapotranspirativo, há necessidade de suplemen-tação hídrica, pois são plantas exigentes em água.

O sistema de irrigação mais utilizado e recomendado para o cultivo da helicônia é a microaspersão, pois não molha as inflorescências, evi-tando o acúmulo de água nas brácteas, que pode causar a sua podridão. Segundo Gondim et al. (2004), recomenda-se o uso de uma linha de emissores para linha de plantio.

No cultivo da helicônia, o manejo da irrigação pode ser feito com base no consumo de água ou na evapotranspiração da cultura (ETc). O conhecimento da evapotranspiração da cultura é fundamental em proje-tos de irrigação, pois representa a quantidade de água que deve ser repos-ta ao solo para manter o crescimento e a produção em condições ideais. A evapotranspiração da cultura relaciona a evapotranspiração de referên-cia à evapotranspiração máxima das culturas a qual ocorre em condições ótimas de suprimento hídrico, podendo ser estimada pela equação:

ETC = ETO x Kc (1)

Sendo:ETc = evapotranspiração da cultura (mm dia-1)ETO = evapotranspiração de referência (mm dia-1)Kc = coeficiente de cultura

A determinação da evapotranspiração de referência (ETo) pode ser obtida de diferentes maneiras. Pode ser determinada a partir de medidas diretas ou estimada de elementos climáticos, utilizando-se modelos ou métodos teóricos empíricos. Dentre os métodos empíricos, inclui-se o tanque classe “A”, muito utilizado em estações agrometeorológicas, em virtude da facilidade de manuseio e custo relativamente baixo.

73

Capítulo 5

A evapotranspiração de referência (ETo) é determinada multipli-cando-se a evaporação do tanque por um coeficiente de correção (co-eficiente do tanque, “Kp”) a ser determinado para as condições locais, conforme equação:

ETO = Kp x EV (2)

Sendo:EV = evaporação obtida no tanque classe “A” (mm dia-1)Kp = coeficiente do tanque, conforme FAO (1976) citado por Ber-

nardo (1989).

De acordo com Gondim et al. (2004), o coeficiente de cultura para as condições de Paraipaba – CE, é de 0,80 e 1,10 para as fases de de-senvolvimento vegetativo e florescimento, respectivamente. Os autores afirmam ainda que esses valores de Kc podem ser utilizados em outras regiões, desde que se relacione a evapotranspiração de referência (ETo) estimada com situações ambientais semelhantes às do cultivo (protegido, sombreado em mata nativa ou em campo aberto).

MANeJO DO CAMPO De PrODuÇÃO

Limpeza das ruasÉ de fundamental importância que as ruas do campo de produ-

ção de helicônias sejam mantidas livres de plantas daninhas, pois estas podem competir por nutrientes, servir como hospedeiro de pragas ou até mesmo sombrear as plantas de menor porte. As ruas devem ser mantidas sempre limpas.

Eliminação das brotações menos vigorosasA eliminação das brotações menos vigorosas, deve ser realizada aos 2

ou 3 meses depois do plantio. Nesta etapa, as brotações menos vigorosas e com floração precoce devem ser eliminadas. Isto permitirá uma maior circulação de ar, aumentando a prevenção de doenças e permitindo a formação de novas brotações mais vigorosas.

74

Da mesma forma, devem ser eliminadas as brotações muito velhas com inflorescências muito abertas ou danificadas. O corte deve ser rea-lizado a 5 cm acima do colo do rizoma, prevenindo danos as brotações mais novas que surgem na base da planta, conforme figura 8D na página 127.

DesfolhaA desfolha, ou retiradas de folhas, deve ser feita cortando a base

do pecíolo das folhas secas, com danos mecânicos ou problemas fitos-sanitários. Este trabalho não deve ser feito de forma muito severa, pois pode diminuir consideravelmente a produtividade da planta, portanto é conveniente que cada pseudocaule tenha no mínimo 3 folhas para poder emitir folhas de qualidade, conforme figura 9E na página 127.

DespontaA desponta consiste na retirada da porção apical das folhas, e é rea-

lizada no sentido de diminuir o peso das mesmas, ajudando na formação de uma inflorescência reta e em posição exigida para comercialização. Ou seja, contribui para que o pseudocaule e sua inflorescência não tor-çam, conforme figura 9F na página 127.

TutoramentoConsiste em amarrar os pseudocaules de cada planta para que todos

cresçam em forma vertical, permitindo melhor acesso ao cultivo e a ob-tenção de flores de melhor qualidade, uma vez que diminui a quantidade de flores torcidas. Para isto, se utiliza-se fibra sintética ou tela elástica, colocando-as em forma de cinturão entre os pecíolos das folhas mais externas, abrangendo a maioria dos caules adultos.

PrAGAs e DOeNÇAs

A recente expansão do cultivo comercial de plantas ornamentais e o plantio em larga escala, vem ocasionando o aumento de problemas fitossanitários apesar de muitas plantas apresentarem rusticidade natural (ASSIS et al., 2002).

75

Capítulo 5

Segundo Torres et al. (2005), o cultivo de helicônias tem aumento no Brasil, com a oferta de diferentes tipos de inflorescência e com boas perspectivas de exportação, no entanto uma das limitações da cultura é a disseminação de doenças por meio de mudas produzidas pela divisão do rizoma da planta.

Pragas comuns em outras espécies, como ácaros, cochonilhas, pul-gões etc. quase não ocorrem nas helicônias. O mais comum, é a ocor-rência de nematóides, que exigem para o seu controle cuidado na pre-paração do solo. A EMBRAPA recomenda os seguintes cuidados para prevenir a ocorrência dessa praga:

• Limpar os reservatórios de água e evitar a contaminação dos canais de irrigação;

• Usar mudas produzidas em substratos esterilizados;• Usar sementes e mudas de boa qualidade para o plantio;• Lavar máquinas e implementos agrícolas, principalmente após

o trabalho em áreas infestadas;• Evitar acesso de pessoas e animais domésticos em áreas infes-

tadas;• Evitar plantios consecutivos com culturas suscetíveis. Isto au-

menta a população de nematóides, o que compromete a cultura subseqüente;

• Fazer rotação de culturas com gramíneas como milho e sorgo, ou com plantas armadilhas como crotalária, mucuna e estilo-santes, para reduzir a população de nematóides no solo;

• Utilizar cultivares resistentes, quando disponíveis;• Expor as camadas internas de solo à radiação solar nas horas

mais quentes do dia, com o uso de sub-solador, arado ou grade, para matar os nematóides por desidratação.

Em testes de patogenicidade Lins e Coelho (2004), registrou a ocor-rência de diversas doenças principalmente causadas por fungos e nema-tóides em helicônias. Dentre as doenças fúngicas, as mais freqüentes são:

• Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides),• Mancha foliar (Bipolaris incurvata; Curvularia lunata);

76

• Doenças em helicônias causadas por nematóides:• Fitonematose (Meloidogyne incognita, Helicotylenchus sp, Xiphi-

nema sp) e Radopholus sp.Quadro 3. Resumo das principais pragas, danos causados e controle

Pragas Danos Controle

Cochonilha

Succiona a seiva, debili-tando a planta. Além dis-so, secretam substancias açucaradas possibilitando o crescimento de fungos. Também podem injetar toxinas.

Aplicação de Cipermetrina ou outros defensivos resgis-trados para cultura. Também pode ser controlada com a erradicação das plantas muito afetadas. O controle das for-migas também é importante, pois são elas as responsáveis pela dispersão das cochoni-lhas.

Pulgão

Succiona a seiva, debili-tando a planta. Além dis-so, secretam substancias açucaradas possibilitando o crescimento de fungos.

Aplicação de defensivos regis-trados para a cultura. Existem alguns relatos do controle de pulgões com aplicação de calda a base de alho.

Broca negra

Perfuram rizomas, talos, brácteas e demais partes externas das inflorescên-cias.

Podas de limpeza constan-tes. E podem ser facilmente controladas com armadilhas feitas do próprio pseudo-caule.

Broca rajada

Perfuram rizomas, talos, brácteas e demais partes externas das inflorescên-cias.

Podas de limpeza constan-tes. E podem ser facilmente controladas com armadilhas feitas do próprio pseudo-caule.

77

Capítulo 5

Quadro 4. Resumo das principais doenças, sintomas e controle

Doenças Sintomas Controle

Alternaria

Causa manchas foliares com coloração marrom clara rodeada por halo marrom escuro.

Controle químico com defensivo a base de cobre. Cuidados fitossanitários com as ferramentas de manipula-ção. Aplicação de Trichoder-ma ao solo.

Botrytis

Causa pequenas man-chas de coloração cinza escura nas pétalas e brácteas.

Controle químico com defen-sivo a base de enxofre e cobre. Evitar condições de sombre-amento excessivo realizando podas de aeração. Aplicação de Trichoderma ao solo.

Fusarium

Causam o amareleci-mento das folhas mais velhas

Controle químico com de-fensivo a base de Iodo e uso de calda bordalesa. Cuidados fitossanitários com material de manipulação. Restrição a circulação de pessoas no campo. Solarização da área

78

LITERATURA CITADA

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Capítulo 5

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Capítulo 6

A colheitA dAs helicôniAs

José Alves Barbosa1

Vinícius Batista Campos2

Denizard Oresca3

Rayssa Ribeiro da Costa4

Wellington Souto Ribeiro5

A

Os AutOres

1 Professor Associado III – Química Analítica – Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

2 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (IFAP) - Campus Laranjal do Jari.

3 Aluno do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Paraí-ba do Programa de Estudantes – Convênio de Graduação (PEC-G).

4 Bolsista PIBID – CAPES. Aluna do curso de Licenciatura em Biologia pela Universidade Federal da Paraíba.

5 Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba, mestre em Fitotecnia e doutorando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa.

83

A COLHEITA DAS HELICÔNIAS

INtrODuÇÃO

No cenário internacional, a floricultura emerge como uma ati-vidade agrícola, denominada de horticultura ornamental, por asse-melhar-se ao cultivo de culturas de hortaliças e plantas medicinais (OLIVEIRA, 1996).

A produção de plantas ornamentais e flores no Brasil teve início por volta da década de 30, por ocasião do estabelecimento de imigrantes ja-poneses nos arredores da cidade de São Paulo, onde deu início à pequena produção comercial, voltada para consumidores da grande São Paulo. Na década de 60, um novo impulso foi dado quando imigrantes holandeses trouxeram novas técnicas de produção para a região de Holambra. Até então, as flores disponíveis no mercado eram somente rosas, gladíolos, cravos e algumas variedades de crisântemos (PINTO, 1997). Porém, a floricultura começou a destacar-se como atividade agrícola de importân-cia econômica no Brasil, há cerca de 20 anos, mas foi apenas há pouco tempo que ocorreu um crescimento significativo da oferta de alguns pro-dutos da floricultura e do paisagismo. Nos últimos anos, o aumento do crescimento da floricultura foi bastante significativo, em torno de 20% ao ano, tornando-se uma das atividades agrícolas que mais tem crescido em relação a outros cultivos, movimentando 1.200 milhões de dólares. Quanto à comercialização, têm-se aproximadamente 17.500 pontos de distribuição e venda do produto em todo o Brasil, (SEBRAE, 2003).

A floricultura é uma atividade extremamente cosmopolita englo-bando o cultivo de flores de corte e vaso, desde espécies tropicais até as de clima temperado, movimentando simultaneamente grandes indústrias de insumos agrícolas, além de uma série de serviços paralelos (LIMA et al., 2006). Por exigir altas tecnologias e um sistema rápido de distribui-ção e comercialização, essa atividade é uma das formas mais adiantadas da evolução agrícola. Apresenta alta rentabilidade por área, exige grande quantidade de mão-de-obra e gera empregos. Apresenta-se como uma

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opção de fixação de mão-de-obra no meio rural e de melhor aproveita-mento dos minifúndios, antes considerados impróprios para outras ati-vidades agropecuárias (SATURNINO, 1979).

O cultivo de espécies nativas com potencial ornamental e ou intro-duzidas que apresentam boa adaptabilidade às condições ambientais da região, pode ser um dos aspectos determinantes no agronegócio nacional de flores. O desenvolvimento da floricultura em alguns estados da região Norte e Nordeste foi significativo nos últimos anos, em especial o cultivo de flores tropicais, devido às características de clima, disponibilidade de terra, água, energia e mão de obra. Por apresentar uma diversidade cli-mática muito elevada, o Brasil, possui uma flora diversificada com inú-meras variedades de helicônias. Essa riqueza o coloca como um potencial comercializador dessas belas flores, gerando mais uma fonte de trabalho e renda para as famílias que dependem da agricultura, principalmente a agricultura familiar. Sendo as flores tropicais do Brasil apontadas como de grande potencial estratégico de crescimento no mercado, refletindo notável especialização deste setor (JUNQUEIRA e PEETZ, 2002).

Esse conjunto de fatores incide, diretamente, na qualidade do pro-duto e possibilita custos de produção mais baixos e preços competitivos nos mercados externos. Entre os principais problemas que a floricultura brasileira tem que superar está o manejo pós-colheita, que tem sido ina-dequado (LOGES, V.; TEIXEIRA; et al., 2005).

A durabilidade pós-colheita é um dos principais aspectos a serem ob-servados na produção de flores para corte e é um pré-requisito para a qua-lidade do produto e o sucesso da comercialização (CASTRO et al., 2007).

A senescência é considerada, em geral, como uma série de eventos programados, que levam à degradação e remobilização de lipídeos, pro-teínas, ácidos nucléicos e, enfim, conduz à morte celular que é precedida pela perda da permeabilidade da membrana, além disso, o processo de senescência consiste também em alterações de carboidratos (RUBINS-TEIN, 2000). No momento em que as hastes florais são retiradas da planta mãe, interrompe-se o suprimento de nutrientes e água, aos quais são indispensáveis aos processos metabólicos que continuam após o cor-te. Isso resulta na aceleração do processo de senescência e na redução da durabilidade da flor, quando esta é mantida numa temperatura ambiente (SONEGO e BRACKMANN, 1995).

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Capítulo 6

Ataques de bactérias e fungos reduzem drasticamente a vida útil das flores, sendo que o resfriamento rápido, utilização de soluções que possua um baixo pH, logo após a colheita, reduz o risco da ocorrência de patógenos (HAMMER, 1990).

As plantas ornamentais, particularmente as flores de corte, têm uma vida útil muito efêmera e, portanto, as flores se deterioram rapidamente por causa de processos catabólicos que ocorrem mais intensamente após a colheita (HARDENBURG et al., 1988), exigindo certas técnicas de conservação específicas que contribuam para manter a qualidade floral pós-colheita.

O armazenamento, portanto, entra como uma das etapas mais im-portantes para manutenção do equilíbrio entre mercado distribuidor e consumidor de flores de corte (DIAS-TAGLIACOZZO e CASTRO, 2002). Dentre os fatores responsáveis pela senescência das flores, desta-cam-se os aspectos de pré-colheita e pós-colheita. Sendo que este último contempla o esgotamento de reservas, ocorrência de microrganismos, maturação natural, murchamento, injúrias, temperatura de armazena-mento inadequada, baixa qualidade da água de imersão, além do acúmu-lo de etileno (OLIVEIRA, 1996).

COLHeItA

O período mais adequado para a colheita das inflorescências de he-licônia são nos horários com menor intensidade de calor para evitar a desidratação excessiva, preferencialmente pela manhã até às 9:00 horas, e à tarde, a partir das 16:00 horas. No entanto, se a colheita não for possível nesse período o recomendado é realizá-la acompanhada de um recipiente com água, mantido em local protegido do sol, para colocar as hastes colhidas (MOSCA, et al., 2004).

Durante a colheita é necessário realizar uma pré-seleção, observan-do-se o tamanho solicitado pelo mercado (grande, média ou pequena) e a qualidade da flor (defeitos e ponto de colheita) (MOSCA, et al., 2004).

Segundo a Veiling (2011), a classificação e padronização dos lotes com as hastes é uma das premissas para o estabelecimento de um padrão ao produto. No caso de flores tropicais, o lote classificado deverá ter

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95% de uniformidade quanto ao tamanho, comprimento e espessura das hastes.

Quanto à forma, as inflorescências de helicônias podem ser subdi-vididas em quatro grupos:

1. Eretas num único plano (Grupo 1)1.1 - Inflorescências de pequeno porte (Grupo 1A)1.2 - Inflorescências de grande porte (Grupo 1B)

2. Eretas, em mais de um plano (Grupo 2)3. Pendente num único plano (Grupo 3)4. Pendente em mais de um plano (Grupo 4)

As inflorescências de pequeno porte (Grupo 1A) pesam menos que as de grande porte, dos Grupos 1B, 2, 3 e 4. As inflorescências em um mesmo plano (Grupos 1 e 3) são mais fáceis de embalar do que em pla-nos diferentes (Grupos 2 e 4) (CASTRO, 1995).

Portanto, os maços com as hastes deverão apresentar uniformida-de quanto ao padrão pré-determinado de altura e tamanho. Diferen-ças discrepantes no tamanho das hastes e inflorescências o produto será desclassificado para A2. As inflorescências deverão estar eretas de forma proporcional as hastes, inflorescências tortas ou pescoçudas serão des-classificadas para A2 ou B (VEILING, 2011).

O ponto ideal de colheita é quando as inflorescências apresentarem de duas a cinco brácteas abertas. O comprimento das hastes varia de acordo com as espécies: helicônias grandes entre 0,90 e 1,20 m, helicô-nias medianas entre 0,50 e 0,90 m e helicônias pequenas entre 0,40 e 0,60 m. As hastes devem ser cortadas próximo ao solo. Após a colheita das inflorescências, transportá-las até o ‘packing house’ para o tratamen-to pós-colheita.

No packing house, as inflorescências devem permanecer em baldes com água e protegidas do sol, para evitar a sua desidratação. As inflores-cências passam por uma série de etapas com a finalidade de melhorar a sua qualidade.

A primeira etapa é o toalete das hastes, que deve ser feita cortando as folhas e preservando as hastes foliares acima das inflorescências, quando existentes, e o recorte do caule (Figura 11).

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Capítulo 6

Figura 11. Esquema de toalete das hastes, com detalhe para o corte das folhas preservando as hastes foliares.

Em seguida, é recomendada a retirada dos órgãos dos ventrículos florais existentes. Esse trabalho deve ser realizado cautelosamente para não danificar as brácteas (Figura 12).

Figura 12. Detalhe dos ventrículos florais que devem ser retirados.

Logo após, as hastes devem ser lavadas em tanque com água limpa e fria. Deve-se evitar a fricção com as hastes, para não resultar em arra-

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nhões nas brácteas. Algumas helicônias têm restrições quanto à imersão em água, como é o caso daquelas que apresentam pilosidade (Rostrata e She), revestimento de pó (Sexy Pink, Sexy Scarlat e Collinsiana) e brác-teas muito justapostas (Lingulata e Episcopalis) (MOSCA et al., 2004).

Recomenda-se que as hastes sejam tratadas com imersão por um minuto, em solução de captan (1g/1L) e azodrin (1mL/1L), excetuando--se aquelas helicônias já citadas que não podem ter as inflorescências imersas (MOSCA et al., 2004).

Logo em seguida, as hastes devem ser postas a secagem natural, sen-do que as mesmas devem ficar com a sua base em água, para evitar a desi-dratação. Antes da embalagem, cortar a ponta final do caule e submergir em uma solução bactericida (hipoclorito) (MOSCA et al., 2004).

As inflorescências devem ser embaladas em caixa de papelão com papel picado ou folhas limpas da própria helicônia. No armazenamento e trans-porte, a temperatura deve estar acima de 14°C e sem refrigeração, pois as helicônias são sensíveis ao frio e à desidratação (MOSCA et al., 2004).

Para que a embalagem seja feita de forma adequada, é necessário, antes, verificar a classificação das helicônias baseada no comprimento de suas hastes, no qual:Quadro 5. Classificação das helicônias baseada no comprimento de suas hastes.

Classificação Comprimento da haste

Grandes e pendentes 0,90 - 1,20 m

Medianas 0,50 - 0,90 m

Pendentes 0,40 - 0,60 m

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Capítulo 6

LITERATURA CITADA

CASTRO, A.C.R. et al. Hastes florais de helicônia sob deficiência de macronutrientes. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v. 42, n. 9, p. 1299-1306, 2007.

DIAS-TAGLIACOZZO, G.M.; CASTRO, C.E.F. Fisiologia da pós-colheita de espécies ornamentais. In: WACHOWICH, C.M.; CARVALHO, R.I.N. (Org.). Fisiologia vegetal: produção e pós-colheita. Curitiba: Champagnat, 2002. p. 359-382. (Coleção Agrárias).

HAMMER, J.J. Postharvest control of Batrytis cinerea infections of cut roses using fungistatic storage atmospheres. Journal of the American Society for Horticultural Science , Alexandria, v. 115, n. 1, p. 102-107, 1990.

HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. Almacenamiento comercial de frutas, legumbres y existencias de floristerias y viveros. Costa Rica: IICA, 1988. p.91-121.. Costa Rica: IICA, 1988. p.91-121.

JUNQUEIRA, A.H.; PEETZ, M.S. Os pólos da produção de flores e plantas ornamentais do Brasil: Uma analise do potencial exportador. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, v.8, n.1/2, p.25-47, 2002.

LIMA, J.D.; MORAES, W.S.; SILVA, C.M. Tecnologia pós-colheita de flores de corte. Disponível em:<www.biologico.sp.gov.br/rifib/XIVRifib/lima.PDF>. Acesso em: 21 setembro de 2011.

LOGES, V.; TEIXEIRA, M.C.F.; CASTRO, A.C.R.; COSTA, A.S. Colheita, pós-colheita e embalagem de flores tropicais em Pernambuco. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.3, p.699-702, jul.-set 2005.

MOSCA, J.L.; QUEIROZ, M.B.; ALMEIDA, A.S.; CAVALCANTE, R.A.; ALVES, R.E. Helicônia: descrição, colheita e pós-colheita. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2004. p. 32 (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 91).

90

OLIVEIRA, M.J.G. de. Tecnologia pós-colheita de Heliconia sp. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1996. 111p.

PINTO, J.B. Tecnologia pós-colheita: armazenamento de rosas cultivar “Vegas”. Campinas, 1997. 75 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Faculdade de Engenharia Agrícola, UNICAMP, Campinas.

RUBINSTEIN, B. Regulation of cell death in flower petals. Plant Molecular Biology, Dordrecht, v. 44, p. 303–318. 2000.

SATURNINO, H.M. A floricultura no Brasil. In: Encontro de Pesquisadores em Floricultura e Plantas Ornamentais, 1.; 1979, Viçosa, MG. Anais... Viçosa, MG : UFV, 1979. p.11-18.

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS - SEBRAE/MA. Cadeia produtiva da floricultura na grande São Luís. 2003. 61p.

SONEGO, G.; BRACKMANN, A. Conservação pós colheita de flores. Ciência Rural, Santa Maria, v. 25, n. 3, p. 473-479, 1995.

Capítulo 7

Conservação pós-Colheita de heliCônias

Walter Esfrain Pereira1

Rayssa Ribeiro da Costa2

Lucas Cavalcante da Costa3

Gilmara Gurjão Carneiro4

José Alves Barbosa5

C

Os AutOres

1 Professor Associado II – Estatística Experimental – Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

2 Bolsista PIBID – CAPES. Aluna do curso de Licenciatura em Biologia pela Universidade Federal da Paraíba.

3 Bolsista PIBIC – CNPq. Aluno do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba.

4 Engenheira Agrônoma, mestre em Armazenamento e doutoranda em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande.

5 Professor Associado III – Química Analítica – Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba

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CONSERvAÇÃO PóS-COLHEITA DE HELICÔNIAS

INtrODuÇÃO

Atualmente, a horticultura ornamental vem ganhando espaço como atividade agrícola dentro da floricultura, assemelhando-se ao cultivo de culturas de hortaliças e plantas medicinais (OLIVEIRA, 1996).

Dentre as flores tropicais, as helicônias são as que apresentam grande aceitação pelos consumidores devido às brácteas que compõe a inflorescên-cia, que envolvem e protegem as flores, sendo elas vistosas e, normalmente, com colorido contrastante, intenso e exuberante (CASTRO et al., 2007).

Mesmo as helicônias apresentando potencial para crescimento no mercado floricultor, informações para seu manejo pós-colheita são ainda reduzidas; embora existam relatos sobre as possíveis causas que afetam a conservação, como a baixa capacidade de absorção de água, elevada taxa transpiratória e sensibilidade à injúria pelo frio (JAROENKIT e PAULL, 2003).

A carência de pesquisa tecnológica referente aos aspectos da comer-cialização, ponto entre os principais problemas que intervém no desem-penho da cadeia produtiva das flores tropicais (LOGES, 2005). A au-sência de conhecimentos adequados sobre as necessidades e exigências no manejo pós-colheita desses produtos, de natureza delicada, também fazem parte desse contexto.

Para suprir a premência de desenvolvimento na tecnologia pós--colheita de flores, são necessárias pesquisas com o objetivo de avaliar os melhores métodos de conservação das inflorescências quantificando o ganho de dias na conservação. (SONEGO e BRACKMANN, 1995).

A adequação e o aperfeiçoamento das técnicas de pós-colheita, per-mitem o produtor de flores tropicais conseguirem manter a qualidade das hastes florais, atendendo por sua vez o crescente nível de qualidade exigido pelo mercado nacional e internacional.

A longevidade das flores tropicais está vinculada a fatores gené-ticos, anatômicos e fisiológicos. O aprimoramento das relações hí-

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dricas, o aprovisionamento de substratos respiratórios e o controle de microrganismos podem fomentar o controle e ou delongar a se-nescência. Além disso, a adição de produtos químicos nas soluções conservantes pode minimizar a ação de patógenos e aumentar a vida pós-colheita de flores.

Pelo fato das plantas ornamentais, particularmente as flores de cor-te, possuírem baixa longevidade devido a rápida deterioração causada pelos processos fisiológicos catabólicos que ocorrem mais intensamente após a colheita (HARDENBURG et al., 1988), estas por sua vez exigem técnicas de conservação que contribuam para manter a qualidade pós--colheita a partir de métodos simples e viáveis.

Métodos como a utilização de soluções conservantes são os que são utilizados com uma maior frequência, devido ao baixo custo e a fácil aplicação. O grupo de componentes mais comuns usados em soluções conservantes são os carboidratos (principalmente a sacarose), germicidas e inibidores da produção ou da ação do etileno (íons de prata e outros), além de alguns reguladores vegetais como giberelina e citocinina (DIAS-TAGLIACOZZO et al., 2003).

CONserVAÇÃO PÓs-COLHeItA De HeLICÔNIAs De COrte

Compostos utilizados como solução conservante

Solução de manutençãoAs soluções de manutenção, também conhecidas como soluções de

vaso, contribuem para aumentar a longevidade e a qualidade das flores cortadas, podendo ser utilizadas substâncias isoladamente ou em con-junto (MATTIUZ et al., 2005). O grupo de componentes mais comuns usados em soluções conservantes são os carboidratos (principalmente a sacarose), germicidas e inibidores da produção ou da ação do etileno (íons de prata e outros), além de alguns reguladores vegetais como gi-berelina e citocinina, tendo varias formas de aplicação, que podem ser divididas em: solução condicionamento, solução para ‘pulsing’ e solu-ção de manutenção (DIAS TAGLIACOZZO et al., 2003). No preparo da solução faz-se uso da sacarose, em concentrações que variam de 0,5

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Capítulo 7

a 2%, de acordo com a espécie utilizada (CASTRO, 1985), podendo conter ainda nitrato de prata (DAI e PAULL, 1991), 8-HQC e 8-HQS (TJIA et al., 1987).

Em pesquisa realizada por Ribeiro et al., (2010), foram utilizadas soluções de manutenção (água destilada (controle); sacarose a 10%; sa-carose a 20% e solução Davis (ácido cítrico, hipoclorito de sódio e saca-rose)) na conservação de inflorescências do hibrido natural de Heliconia marginata x Heliconia bihai (Heliconia rauliana). As hastes foram avalia-das quanto a perda de massa, longevidade e qualidade. Esta última utili-zou uma escala de notas adotando-se um índice de avaliação variando de 1 a 3; (1) máximo valor ornamental; (2) 10% das brácteas comprometi-das; (3) 25% das brácteas comprometidas, inviável para comercialização.

No inicio do experimento todas as hastes de todos os tratamentos foram avaliadas quanto os já referidos critérios. E todos receberam nota 1 (máximo valor ornamental) em sua avaliação. Ao 5º dia do experimen-to, permanecia a avaliação 1 para todos os tratamentos.

Ao 10º dia, o tratamento com solução de sacarose a 20%, apresen-tava hastes vistosas, com aparência fresca e coloração forte, continuan-do com nota 1 em sua avaliação. Já as inflorescências do tratamento a 10%, apresentavam sinais significativos de murcha e escurecimento, e curvatura acentuada. Sendo inviáveis para comercialização e, portanto recebendo nota 3 em sua avaliação. O tratamento com solução Davis apresentava-se com sinais significativos de murcha e escurecimento rece-bendo nota 3 em sua avaliação.

Ao 15º dia, apenas o tratamento com solução de sacarose a 20% continuava com hastes de cores fortes e aparência fresca, contudo apre-sentava pequenos pontos escurecidos e com inicio de murcha, especi-ficamente nos ápices das brácteas, porém nada que comprometesse se-riamente as suas características para o mercado nacional, continuando assim com nota 1 na sua avaliação. Os tratamentos com sacarose a 10% e solução Davis apresentavam-se totalmente escurecidos e murchos, sem qualquer possibilidade de comercialização, recebendo nota 3 em sua ava-liação.

Ao 20º dia de armazenamento apenas o tratamento com solução a 20% continuava em condições de avaliação, entretanto com sinais sig-nificativos de murcha e escurecimento e, portanto recebendo nota 2 em

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sua avaliação, os demais tratamentos apresentavam-se totalmente impró-prios.

O tempo de conservação das características físicas das inflorescên-cias, proporcionado pelos tratamentos é um fator muito importante a ser considerado, visto que, a aparência da haste é o atributo de qualidade mais atrativo para o consumidor. Produtos de coloração forte, brilhante e de aparência vistosa são os preferidos.

A perda de massa fresca das inflorescências ocorreu ao longo do período de armazenamento, respondendo a um comportamento qua-drático onde os coeficientes de determinação foram de 0,995 a 0,880. As inflorescências submetidas a tratamento com solução de sacarose a 20% apresentaram menor perda de massa, quando comparadas com os demais tratamentos (Figura 13).

Figura 13. Perda de massa fresca de Heliconia rauliniana armazenadas em condições ambiente e submetidas a tratamento com Sacarose a 10%, 20%, Solução Davis e Água destilada (Controle).

As inflorescências submetidas ao tratamento contínuo com solução de sacarose a 20% apresentaram a maior vida-útil pós-colheita, propor-cionando as inflorescências uma longevidade de 22 dias, mantendo as características propícias a comercialização, o que representou um au-mento de 50% na longevidade das inflorescências quando comparada com o segundo melhor tratamento, constituído pela Solução Davis, e um aumento de 122,22% e 137,5% quando comparado com o tra-tamento com sacarose a 10% e controle respectivamente (Figura 14). Portanto o condicionamento das inflorescências em solução de sacarose

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Capítulo 7

forneceu substrato impedindo um dos principais fatores de deterioração pós-colheita que é causada pela exaustão das reservas, principalmente de carboidratos pela respiração. A fonte exógena de açúcar fornecida pela solução de sacarose forneceu carboidratos para a respiração como tam-bém retardou a síntese do etileno.

A solução Davis, proporcionou a redução no pH (±4,0), aumen-tando a capacidade de absorção da solução pelas inflorescências, já que a água é mais rapidamente absorvida em pHs ácidos, pois a sua viscosida-de é reduzida. Consequentemente isso permitiu a absorção mais rápida da solução constituída de três componentes: um substrato energético; a sacarose, que serviu como fonte de substrato para atender as atividades fisiológicas do órgão e retardar a síntese do etileno; uma substância bac-tericida, o hipoclorito de sódio; e uma substância auxiliar, o acido cítrico, que reduziu o pH da solução. Esse tratamento também foi eficiente em manter a absorção de água reduzindo a perda de massa fresca das hastes, de forma que estas se apresentaram próprias para a comercialização pelo período de 11 dias. Esses dados são coerentes com os encontrados por Sun et al. (2001), quando trabalhou com eucalipto.

A solução de sacarose a 10% foi o tratamento menos eficiente, pro-porcionando um longevidade as inflorescências de 9 dias, sendo que o controle proporcionou uma longevidade de 8 dias (Figura 14).

Figura 14. Longevidade de inflorescências de Heliconia rauliniana armazenadas em condições ambiente e submetidas a tratamento com Sacarose a 10%, 20%, Solução Davis e Água destilada (Controle).

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O diâmetro médio das hastes diminuiu ao longo do período de ar-mazenamento. A solução de sacarose a 20% acumulou uma diminuição no diâmetro médio de suas hastes de 8,78%, seguido da solução Davis com redução de 9% e solução de sacarose a 10% com diminuição no diâmetro médio das hastes de 17,6%. O tratamento controle diminuiu em 20,56% o diâmetro médio de suas hastes. (Figura 15).

Figura 15. Diâmetro das hastes de inflorescências de Heliconia rauliniana armazenadas em condições ambiente e submetidas a tratamento com Sacarose a 10%, 20%, Solução Davis e Água destilada (Controle).

Ribeiro et al. (2010), concluiu que o uso de solução de sacarose a 20% juntamente com o uso da solução gelatinosa a 1% aumentou a vida-útil pós-colheita da Heliconia rauliana, reduzindo a perda de massa, os demais tratamentos foram menos eficientes no aumento da vida-útil pós-colheita. As hastes tratadas com solução de sacarose a 20% apresen-taram menor redução nos seus diâmetros médios, seguido da Solução Davis e sacarose 10%.

Em pesquisa realizada por Costa, et al. (2012), buscou-se avaliar a longevidade pós-colheita de hastes de Heliconia richardiana utilizando nitrato de prata (AgNO3) e sacarose como soluções de manutenção. Na Figura 16 estão apresentados os valores da variação percentual de massa fresca das hastes desta helicônia ao longo do período de armazenamento. Observa-se que entre o 2º e 4º dia de armazenamento, houve aumento na massa fresca percentual, que pode ser devido aos cortes realizados das has-

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Capítulo 7

tes, causando aumento da absorção de água após à desobstrução dos vasos xilemáticos (SACALIS, 1993; WILLIAMSON e MILBURN, 1995).

O bloqueio dos vasos, que pode ocorrer por fatores fisiológicos, físicos ou por microrganismos é um dos fatores responsáveis pelo ace-leramento da senescência das hastes, uma vez que pode comprometer a livre circulação de soluções nutritivas ou mesmo água, garantindo a turgescência e prolongando da vida pós-colheita das flores e hastes (VAN DOORN, 1999).

Estes resultados foram semelhantes aos encontrados por Campanha et al. (1997), que observaram que cortes periódicos da base das hastes de Strelitiza reginae resultaram em maior absorção de água, hidratação das sépalas e aumento da massa fresca relativa.

Figura 16. Variação de massa fresca de Heliconia richardiana, submetidas às soluções de manutenção e armazenadas em condição ambiente.

A perda de massa fresca decorrente do processo de transpiração consiste em uma das principais causas da deterioração, resultando, prin-cipalmente, em uma alteração na aparência, devido ao murchamento. Técnicas pós-colheita tem proporcionado reduções nas perdas de água do produto armazenado, aumentando a sua vida útil (KLUGE, 2002) (Figura 17).

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Figura 17. Perda de massa fresca acumulada de Heliconia richardiana, submetidas às soluções de conservação e armazenadas em condição ambiente.

As hastes submetidas ao tratamento contínuo com solução de AgNO3 a 0,01% apresentaram a maior vida-útil pós-colheita, proporcio-nando as hastes uma longevidade de 7 dias, mantendo as características adequadas a comercialização. Este valor corresponde a um aumento de 28,57% na longevidade das hastes quando comparada com o AgNO3

a 1%, e um aumento de 14,28% quando comparado com o tratamen-to com sacarose a 10% e AgNO3 a 1% + Sacarose a 10% (Figura 18). Portanto o condicionamento das hastes em solução de AgNO3 a 0,01% parece ter sido factível em inibir o tamponamento dos vasos xilemáticos, assegurando a livre circulação de água mantendo um balanço hídrico adequado, mesmo sem ter sido observada diferença estatística de perda de massa fresca entre os tratamentos. Ou seja, o AgNO3 parece ter con-tribuído para a redução do bloqueio dos vasos xilemáticos, principal-mente microbianos (ação germicida), permitindo uma maior absorção ou pelo menos uma absorção constante de solução durante o período de armazenamento, proporcionando uma maior longevidade para as hastes. Isto não foi observado nas demais concentrações de AgNO3.

O tratamento menos eficiente foi o que utilizou Sacarose a 10%, pois se apresentava ao final do período de avaliação com sinais signi-ficativos de murcha, escurecimento e com apodrecimento moderado das bases das hastes, provavelmente, proporcionado pela ação de mi-

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Capítulo 7

crorganismos, que podem ter causado a obstrução dos vasos xilemáti-cos comprometendo a absorção das soluções conservantes (Figura 15). Resultados semelhantes foram descritos por Ribeiro et al. (2010) em Heliconia rauliana, onde os autores verificaram que a sacarose a 10% foi o tratamento menos eficiente, proporcionando longevidade de 9 dias em comparação aos 8 dias de vida-útil do controle.

Figura 18. Longevidade de hastes de Heliconia richardiana, submetidas aos tratamentos com solução de AgNO3 0,01%, AgNO3 1%, Sacarose 10% e AgNO3 + Sacarose 10%.

No mesmo experimento realizado por Costa, et al, (2012) foi ava-liado a qualidade pós-colheita das helicônias tratadas com solução de manutenção. Para esta análise subjetiva de qualidade, utilizou-se escala de notas: onde (1) é o máximo valor ornamental; (2) 10% das brácteas comprometidas e (3) 25% das brácteas comprometidas e inviável para comercialização. As avaliações eram feitas diariamente.

No inicio do experimento as hastes em todos os tratamentos foram avaliadas quanto a classificação da IBRAFLOR, onde as mesmas apresen-taram máximo valor ornamental. Ao 2º dia da aplicação dos tratamentos, o tratamento com solução de nitrato de prata a 0,01%, apresentoua hastes vistosas, com aparência fresca e coloração forte, cuja calssificação perma-neceu 1. Já as hastes do tratamento com sacarose a 10%, apresentaram sinais significativos de murcha e escurecimento, e curvatura acentuada, classificada como 2. O tratamento com solução de nitrato de prata a 1%

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apresentou sinais significativos de murcha e escurecimento, classificada como 2 ao 3º dia da avaliação (Tabela 1; Figura 19 na página 131).

Ao 4º dia, apenas o tratamento com solução de nitrato de prata a 0,01% permaneceu com hastes de cores fortes e aparência fresca, con-tudo, apresentaram pequenos pontos escurecidos e com inicio de mur-cha, especificamente, nos ápices das brácteas, porém, não comprometeu as características para o mercado nacional, com classificação 2 em sua avaliação. Os tratamentos com sacarose a 10% e apresentaram-se total-mente escurecidos e murchos, sem possibilidade de comercialização, cuja classificação 3 em sua avaliação (Tabela 1; Figura 19 na página 131).

Ao 7º dia de armazenamento, apenas o tratamento com solução de nitrato de prata a 0,01% continuava em condições de avaliação, entre-tanto, com sinais significativos de murcha e escurecimento, recebendo 2 em sua avaliação, enquanto, os demais tratamentos ficaram impróprios para comercialização (Tabela 1; Figura 19 na página 131).

Tabela 1. Avaliação de qualidade de hastes de Heliconia richardiana submetidas a tratamento com solução de manutenção

Costa et al., (2012) avaliou a influência de soluções de manutenção associada a cortes basais periódicos na longevidade de inflorescências de Heliconia wagneria. Nesta pesquisa, observa-se que a transferência de solu-ções de manutenção em ambos os casos de corte e sem corte basal das has-tes, proporcionou uma maior longevidade das inflorescências (Figura 20)

Entre os tratamentos que receberam o corte nas hastes, a sacarose a 20% foi o tratamento que proporcionou a menor longevidade dentre os demais, alcançando o 14º com fortes sintomas de murcha e amareleci-mento das hastes. Em contrapartida a sacarose a 20% possibilitou uma longevidade de 18 dias em ponto comercializável (Figura 20).

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Capítulo 7

Helicônias que apresentam vida-útil menor ou igual a 7 dias são classificados como de vida curta, de 8 a 14 dias média e para aquelas que mantém com qualidade comercial satisfatória de no mínimo 14 dias possuem longevidade alta (CASTRO, 1993).

Guimarães (2008) em experimento realizado com Heliconia bihai apresentou longevidade de 10 a 12 dias de acordo com o tratamento. Diferente do presente trabalho, que proporcionou vida-útil de Heliconia wagneria estimada entre 14 a 16 dias.

Figura 20. Longevidade de hastes de Heliconia wagneria, submetidas à solução de manutenção com corte (A) e sem cortes periódicos (B).

B

A

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Solução de condicionamento ou permanenteUtiliza-se da saturação com água utilizada logo após a colheita, res-

taurando a turgidez das flores durante o transporte ou armazenamento. Pode ser utilizada juntamente com algum germicida.

“Pulsing”Um tratamento rápido de pré-transporte ou pré-armazenamento que

influirá na fase final de vida das flores, prolongando-a mesmo após a trans-ferência para soluções de manutenção ou para a água (CASTRO, 1985). A base das hastes permanecem submersas por um período que varia de alguns minutos (MOR et al., 1989) até algumas horas (SALINGER, 1991). Após suprir os tecidos com carboidratos e assegurar substrato suficiente para a ma-nutenção das flores, estas são transferidas para a água comum ou destilada. O teor de açúcar é variado, porém, mais elevado que nas outras soluções.

PrINCIPAIs CAusAs De DeterIOrAÇÃO DAs INFLOresCeNCIAs DurANte O ArMAZeNAMeNtO

EtilenoEm muitas espécies vegetais, o regulador vegetal etileno age como

importante regulador da senescência em flores (DAVIS et al., 1995). O etileno pode agir em tecidos imaturos, inibindo o crescimento e em órgãos maduros, na promoção do amadurecimento, da senescência e da abscisão de flores e frutos (REID, 1985), realçando as deformações florais, causa epinastia, murchamento prematuro, rápido envelhecimento, gotejamento das folhas e flores, amarelecimento das folhas e curvatura para dentro e fechamento das pétalas abertas (HARDENBURG et al., 1986).

As flores de corte variam quanto ao grau de sensibilidade ao etileno, bem como a idade das flores também é importante, já que se observa a existência de uma relação direta entre idade da planta e sensibilidade ao etileno, e, quanto mais velho o tecido, menores serão as concentrações de etileno necessárias para desencadear o processo de senescência (PORAT et al., 1995; NOWAK e RUDNICKI, 1990).

O efeito do etileno depende de sua concentração, da duração da ex-posição e da temperatura (NOWAK et al., 1991). Pode-se adotar algumas

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Capítulo 7

medidas para evitar os danos provocados pelo etileno, tais como: não ar-mazenar flores com frutas e verduras, eliminar flores ou folhas afetadas por doenças, controlar temperatura de armazenamento, boa ventilação na câmara para remover substâncias voláteis (HARDENBURG et al., 1986) e usar inibidores da síntese e ação de etileno (SEREK e REID, 1993).

Um dos métodos utilizados com sucesso na inibição da produção ou ação do etileno é o tratamento das flores cortadas com o íon prata (Ag+), uma vez que esse íon atua como inibidor competitivo da ligação entre o etileno e o seu receptor (ALTVORST E BOVY, 1995). O nitrato e o acetato de prata, cujos íons Ag+ são agentes anti-etileno, reduzem a síntese de etileno na flor, pois o íon prata desloca-se rapidamente até a corola, exercendo uma ação anti-etileno, além do efeito bactericida. (BEYER JÚNIOR, 1976; REID et al., 1980). A prata, nesta forma, se move lentamente nos tecidos das plantas e tende a ser sintetizada pela luz (SALINGER, 1991), possuindo ainda efeito tóxico sobre microorganismos (JUNG e KAMPF, 1989). É utilizado, normalmente, para flores de corte, em solução “pulsing” ou para plantas de vaso, em pulverizações de 0,1 a 2mM, quando os botões começam a mostrar a cor (CAMERON e REID, 1981; SEREK, 1993).

Para flores de corte, tem-se dado preferência à utilização do com-plexo iônico tiossulfato de prata (STS), devido à sua boa mobilidade na planta e por apresentar menores problemas quanto à fitotoxidez (CAM-PANHA, 1997). Segundo Rogers (1973) o nitrato de prata, além de conservante, parece contribuir com a redução do bloqueio microbiano nos vasos condutores das hastes florais, mostrando uma possível ação germicida e com isso, influenciando na longevidade das inflorescências.

Embora os íons de prata tenham muita eficiência na conservação pós-colheita de flores e serem amplamente usados em todo o mundo, como por exemplo, as rosas exportadas pela Colômbia, onde 100% são tratadas com tiossulfato de prata (SAXTAN, 1999), por se tratar de um metal pesado que provoque poluição ambiental, seu uso vem sendo proi-bido na Europa desde 2010.

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Exaustão dos açúcares totais e redutoresAs flores em geral são classificadas como produtos altamente pere-

cíveis, pela natureza efêmera dos diferentes tecidos que as formam, pela alta atividade respiratória e normalmente, pelo reduzido conteúdo de carboidratos de reserva (NOWAK e RUDNICKI, 1990).

Tecidos vegetais de flores apresentaram quantidades diferenciadas de açucares solúveis (fonte imediata de energia e substrato respiratório). As flores, normalmente funcionam nas plantas como drenos, onde há maior necessidade de açúcares para a manutenção do metabolismo. Esse transporte, da folha para a flor, ocorre em forma de sacarose (açúcar de transporte) para, ao atingir as flores, formar glicose (TAIZ e ZEIGER, 1998). Durante a pós-colheita essa necessidade tende a aumentar, já que ocorre a manutenção das folhas e essas funcionam como fonte, ou seja, transformam principalmente o amido em moléculas menores, açúcares solúveis, que são translocados para as flores.

A principal causa de senescência de flores de corte é a perda de energia, necessária para os processos vitais. Assim, práticas adequadas de pós-colheita e o tratamento com soluções de condicionamento ou de fortificação imediatamente após a colheita, contendo carboidratos ou inibidores da ação do etileno podem aumentar a vida de vaso de diver-sas flores. O condicionamento das flores ou folhas ornamentais de corte pode ser definido como o tratamento utilizado nas primeiras 24 horas após a colheita, quando elas são saturadas com soluções contendo subs-tâncias químicas (ICHIMURA e HIRAYA, 1999).

O uso de sacarose em solução na forma de condicionamento prolon-ga a vida útil pós-colheita das flores de Gypsophila paniculata e Strelitzia reginae (DOWS et al., 1988; DOORN e REID, 1992; FINGER et al., 1999), porém o efeito de soluções de sacarose, tanto na forma de condi-cionamento como na forma de solução em vaso, pode variar consideravel-mente entre as espécies. As flores tratadas com soluções de sacarose têm maior vida de vaso e uma floração mais prolongada, quando comparadas com flores conservadas somente em água. (PAULIN et al.,1978).

A adição de carboidratos, especialmente a sacarose, tanto em solução de condicionamento como em solução de vaso, é eficaz no aumento da lon-gevidade de diversas espécies de flores de corte (ICHIMURA e HIRAYA, 1999). A sacarose exógena aplicada substitui o carboidrato endógeno esgo-

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Capítulo 7

tado pela respiração. O açúcar também atrasa a degradação de proteínas, li-pídios e ácidos ribonucleicos, mantém a integridade da membrana e a estru-tura e função mitocondrial, inibe a produção e a ação do etileno, melhora o balanço de água e regula o fechamento estomático, reduzindo a transpiração (NOWAK et al., 1991), confirmado pelo resultado encontrado por Ribei-ro et al., (2010), onde inflorescências de Heliconia rauliana, após passarem pelo processo de limpeza e uniformização, foram submetidas à solução de fortalecimento com sacarose 20%, o que possibilitou em um aumento de vida útil de até 9 dias a mais, com relação ao controle (água destilada).

Bloqueio dos vasos xilemáticos na pós-colheita de flores de corte

A senescência e o murchamento das flores de corte podem estar associados à redução da absorção de água pelas hastes. As obstruções dos vasos xilemáticos podem ser de natureza fisiológica, física ou microbiana. Esta última causa embolia devido a presença de, especialmente, fungos e bactérias que se multiplicam na parte basal das hastes (SACALIS, 1993; WILLIAMSON e MILBURN, 1995). A obstrução dos vasos conduto-res do xilema contribui para o desenvolvimento de um balanço hídrico negativo, ocasionado por uma taxa de absorção de água menor que a taxa de transpiração (VAN MEETEREN et al., 2006).

A absorção de água, reduzida pelo bloqueio físico dos vasos xilemá-ticos das hastes, proporciona a perda de turgidez precoce das inflorescên-cias limitando a vida útil pós-colheita (VAN DOORN, 1997).

Em pesquisa realizada por Costa, (2012), observou-se a presença de fungos como principais causadores do bloqueio xilemático em Heliconia wagneria, submetida a acondicionamento em diferentes soluções de ma-nutenção associado a corte basais periódicos.

As hastes submetidas ao corte basal periódico e associadas ao acon-dicionamento em solução de nitrato de prata (alegações antimicrobia-nas) apresentou menor concentração de microrganismos. Já o acondi-cionamento das hastes em água destilada e solução Davis apresentou maior presença de fungos, principalmente o basidiomiceto (Puccinia heliconiae), que se manifesta, preferencialmente, na região externa das hastes levando a diminuição da qualidade visual das mesmas e conse-quente queda de valor ornamental (Tabela 2).

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As hastes acondicionadas em solução de sacarose a 20%, possivel-mente, forneceu um ambiente favorável ao desenvolvimento do fungo Verticilium albo-atrum tanto nas hastes submetidas ao corte basal quanto aquelas que não sofreram o corte. O suprimento de alta concentração de sacarose pode ter favorecido o desenvolvimento desse patógeno. Todavia, não foi detectada a presença deste fungo nas hastes acondicionadas em solução de nitrato de prata em concentração de 30 mg.l-1, indicando a ação germicida do íon de prata (Tabela 2; Figura 21).

A obstrução de alguns vasos do xilema pode ser suficiente para que ocorra o estresse hídrico e diminuição da vida útil pós-colheita. Segun-do Van Doorn (1999), o bloqueio do xilema pode ser resultado da de-gradação da parede celular por microrganismos, o que proporciona um bloqueio no fluxo de água.

Tabela 2. Fungos encontrados após armazenamento de Heliconia wagneira acondicionadas em soluções de manutenção.

Figura 21. Esporos e outras estruturas de fungos encontrados nos vasos condutores de Heliconia wagneria, possíveis causadores do bloqueio xilemático.

A oclusão logo acima do ponto de corte tem grande variabilidade entre as espécies. A oclusão também pode ser influenciada por fatores inerentes à própria haste, como: mucilagens, deposição de látex, resinas e formação

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Capítulo 7

de tiloses (tilose é o crescimento de células para dentro do lúmen dos vasos do xilema). As outras duas formas de bloqueio vascular podem ocorrer por microrganismos e por embolia. (VAN DOORN, 1999). Porém, quando adicionada uma solução preservativa que contém em sua composição um bactericida, poderá favorecer um aumento da longevidade das inflorescên-cias de helicônias (VAN DOORN e WITTE, 1991).

Van Doorn et al. (1990), observaram que o uso de bactericidas como o nitrato de prata (AgNO3), inibe o crescimento de bactérias no interior das hastes, logo, o prolongamento da vida pós-colheita de flores de corte pode ser obtido através do uso de produtos que inibem ou retar-dam o crescimento de microrganismos nos vasos condutores das hastes.

Após o corte das hastes algumas substâncias são depositadas, assim como as tiloses, que podem migrar para o interior dos vasos xilemáticos, servindo como barreira à entrada de microrganismos. No entanto, esse mecanismo de defesa, ao mesmo tempo que impede a entrada de micror-ganismos através do xilema, também o obstruem, impedindo a absorção de água. A formação de tais substâncias, segundo Vaslier e van Doorn (2003), provavelmente está envolvida com a síntese de etileno e ação de enzimas peroxidase (POD), fenilalanina amônia liase (PAL) e catecol oxidase (Polifenoloxidases - PPO).

As enzimas peroxidase e polifenoloxidase estão envolvidas no blo-queio vascular de algumas espécies de flores, através da oxidação dos álco-ois ρ-cumaril, coniferil e sinapil que são precursores da lignina. A lignina, por sua vez, é um composto que faz parte do metabolismo secundário das plantas e, apesar de dar sustentação e estrutura no transporte de água pelo xilema, pode, em caso de estresse, funcionar como mecanismo de proteção contra ataque de patógenos se depositando na superfície do corte impe-dindo, também, a entrada de água nos vasos (BOERJAN et al., 2003).

Van Doorn e Cruz (2000), pesquisaram o envolvimento de bacté-rias, cavitação e resposta fisiológica ao corte em crisântemos, concluindo que o bloqueio dos vasos não foi causado por bactérias, pois durante todo o armazenamento, estas se encontraram em níveis abaixo do críti-co, o mesmo ocorrendo em relação à embolia, uma vez o ar aspirado na superfície do corte cessou antes da redução da taxa de consumo de água. Assim, os autores verificaram que o bloqueio xilemático dessa espécie foi de natureza fisiológica.

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He et al. (2006), também concluíram que, em hastes florais de Grevillea cv. Crimson Yul-lo, o bloqueio vascular foi aparentemente de natureza fisiológica envolvendo a síntese de fenólicos e oxidação, possi-velmente com formação de suberina.

Segundo VAN DOORN (1990) o bloqueio promovido pela entra-da de ar pode ocorrer quando hastes florais são removidas de uma planta que se encontrava em estado de estresse hídrico, pois a coluna de água presente pode encontrar-se sob tensão e atrair bolhas de ar para o interior dos vasos xilemáticos.

Alguns fatores podem interferir na predisposição ao bloqueio pro-movido pelo ar, como cultivar, tempo de exposição, diâmetro dos vasos xilemáticos e quantidade de água perdida durante o período de exposi-ção ao ar.

Costa et al. (2012), observou em trabalhos não publicados, que o corte em hastes de Heliconia wagneria submetidas a tratamentos de T1 - Água destilada; T2 - Sacarose 10%; T3 - Sacarose 20%; T4 - Nitrato de prata a 75 mg.l-1; T5 – Davis; T6 - Nitrato de prata a 30 mg.l-1, promoveu melhor qualidade durante o período de armazenamento, onde observa-se a diferença dos tratamentos no estado inicial (A e B) para o último dia de armazenamento (C e D) (Figura 22 e 23 na página 129/130).

No mesmo experimento, também verificou-se que à longevidade das hastes sem corte obtiveram uma menor vida-útil pós-colheita com relação as que receberam o corte. Além disso, observou-se que ao longo do experimento as hastes de Heliconia wagneria que receberam cortes períodos na base, perderam menos massa fresca durante o período ava-liado. A relação entre a água transpirada e a água absorvida é chamada de balanço hídrico e sua evolução corresponde ao percentual de matéria fresca das hastes. O controle constituído de água destilada aliada ao tra-tamento com cortes nas hastes obteve a menor perda de massa. Pode-se observar que nos tratamentos de menores concentrações, como a saca-rose a 10% e nitrato de prata 35mg L-1, inicialmente tiveram um ganho de massa seguido de uma queda a partir do 6º dia. Este ganho de massa fresca inicialmente poderá estar associado à absorção de água (SUZUKI et al., 2001) (Figura 24).

Quando as necessidades de substratos para a respiração, tais como sacarose, são supridas, esta redução da massa fresca das hastes florais

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Capítulo 7

pode ser retardada por mais tempo, atrasando a indução na produção de etileno (CORDEIRO, 2008). De acordo com a Figura 24 pode-se observar que houve tendência de redução da massa de matéria fresca das hastes em todos os tratamentos, no entanto, a maior perda de massa fresca ocorreu nos tratamentos de maiores concentrações, representado por sacarose 20% e nitrato de prata 75 mg.L-1.

Comparando os resultados obtidos por Costa et al. (2009), pode-se observar uma perda de massa fresca em todos os tratamentos nos quais as hastes foram submetidas, entretanto houve divergência de 5% a mais de perda de massa quando comparada com o realizado no presente tra-balho. Nas condições do trabalho, o experimento fora submetido a uma temperatura ambiente de 24oC e a uma umidade relativa em torno de 66%, enquanto no experimento desde trabalho a temperatura ao qual fora submetido é de 23oC e a umidade relativa em torno de 85%. Logo, pode-se constatar que houve divergências quanto à porcentagem de per-da de massa fresca devido à variação das condições ambientais.

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Figura 24. Variação (A) e Perda (B) de massa fresca de Heliconia wagneria, submetidas às soluções de manutenção, armazenadas em condição ambiente e tratadas com corte.

As hastes que não receberam o corte na base apresentaram uma li-nha de tendência semelhante das que receberam o corte. Porém, o trata-mento que obteve uma menor queda de massa fresca foi aquele utilizado com nitrato de prata 30mg.l-1 seguido do controle. Isso pode ser expli-cado pela ação do nitrato de prata, que além de inibir o etileno, poderá auxiliar com a redução do bloqueio microbiano nos vasos (ROGERS, 1973), minimizando, inclusive, a obstrução dos mesmos e assim, pro-movendo maior absorção da solução nutritiva e maior longevidade das inflorescências (VAN DOORN e REID, 1992). Em outros trabalhos podemos visualizar que a utilização deste produto prolongou a longevi-dade de flores, como no caso de crisântemos (KRUSHAL e MOORE, 1992) e antúrios (PAULL et al., 1992) (Figura 25).

O tratamento contendo solução de sacarose concentrada a 20% ob-teve a maior perda de massa com relação aos demais tratamentos. Além de a alta concentração dificultar a absorção da solução, poderá contribuir com as condições favoráveis aos microrganismos que causam o bloqueio vascular. Entretanto esse fato poderá variar entre as diversas espécies. Em trabalho realizado por Ribeiro et al. (2009), as inflorescências de Helico-nia rauliana submetidas ao tratamento contínuo com solução de sacaro-se a 20% apresentaram a maior vida-útil pós-colheita, proporcionando as inflorescências uma longevidade de 22 dias (Figura 25).

B

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Capítulo 7

Figura 25. Variação (A) e perda (B) de massa fresca de Heliconia wagneria, submetidas às soluções de manutenção, armazenadas em condição ambiente e tratadas com corte.

Confrontando com os resultados mostrados na Figura 25 com a Figura 26, visualiza-se uma forte relação entre a absorção com a menor

A

B

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perda de massa fresca das hastes e os tratamentos que favoreceram uma maior absorção.

Os resultados mostram que de uma maneira geral, as hastes florais que consumiram mais solução conservante foram aquelas de menores concentrações. Para que ocorra a absorção de solução conservante, espe-ra-se que as hastes florais estejam com os seus vasos condutores funcio-nais, permitindo a translocação das soluções. Os microrganismos podem ser os responsáveis pela obstrução dos vasos, acelerando a senescência das inflorescências, uma vez que poderá comprometer a livre circulação de soluções nutritivas ou mesmo da água, para manter a hidratação dos tecidos, garantindo a turgescência e prolongando a vida pós-colheita das flores e inflorescências (Figura 26).

Segundo Van Doorn (1997), o bloqueio vascular na haste associada com uma alta taxa de transpiração, poderá causar um distúrbio nas rela-ções hídricas o que leva a uma menor longevidade.

Assim como no trabalho de Carneiro (2002), pode-se constatar que as hastes que receberam o corte na base apresentaram, nos primeiros dias após a colheita, maior absorção de água pelas hastes, bem como um aumento da capacidade de retenção de água pelos tecidos florais até a saturação, seguido por um período de decréscimo da massa fresca em virtude da senescência.

Porém, segundo Karsten et al. (2011), a conservação das hastes não poderá ser atribuído apenas a absorção, mas sim como um dos processos que participam dessa regulação juntamente com o conteúdo reserva de carboidratos.

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Capítulo 7

Figura 26. Volume de solução conservante consumido pelas hastes florais de Heliconia wagneria, submetidas às soluções de manutenção, armazenadas em condição ambiente e tratadas com cortes nas hastes.

Conforme foi observado nas hastes que receberam os cortes em suas bases, a mesma relação entre absorção e perda de massa fresca fora ob-servado nas hastes que não receberam o corte. Visualiza-se que a sacarose a 20% e o nitrato de prata 75mg L-1 tiveram a menor taxa de absorção (Figura 27) em comparação aos demais tratamentos. A água destilada juntamente com o nitrato de prata obteve uma alta taxa de absorção, comprovando uma menor perda percentual de massa fresca.

Nas hastes não tratadas com cortes nas hastes, foi constatado nova-mente a tendência do aumento do pH em todos os tratamentos, ficando com os menores valores a solução Davis, que por conter ácido cítrico em sua composição, manteve o pH (± 1) abaixo dos demais tratamentos.

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Figura 27. Volume de solução conservante consumido pelas hastes de Heliconia wagneria, submetidas às soluções de manutenção, armazenadas em condição ambiente e tratadas sem cortes nas hastes.

CHILLING - INjúRIA POR FRIO

O Chilling ou a injúria por frio é causado pelas baixas temperaturas utilizadas durante o armazenamento. De fato, as baixas temperaturas atrasam a senescência de flores e folhas, porém, a maioria das flores tropi-cais são sensíveis a temperaturas inferiores a 7º C, causando descoloração das flores, lesões necróticas nas pétalas e folhas e atraso no desenvolvi-mento de botões (NOWAK e RUDNICKI, 1990).

As helicônias, como principais representantes das flores tropicais, são sensíveis à injúria por frio. Segundo Jaroenkit e Paull (2003), elas são facilmente prejudicas quando armazenadas e/ou transportadas em temperaturas abaixo de 8º C, manifestando sintomas de escurecimento das brácteas em apenas 2 dias de armazenamento nessas condições.

O chilling é um distúrbio fisiológico que ocorre em muitas plantas e produtos hortícolas como resultado da exposição a temperaturas relativamente baixas, mas acima do ponto de congelamento (PARKIN et al., 1989).

A sensibilidade ao frio bem como os sintomas variam de espécie para espécie sendo mais frequentemente verificado o escurecimento e

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Capítulo 7

descoloração dos tecidos que reduzem a aparência visual diminuindo a vida de vaso (JOYCE et al., 2000).

Plantas que são submetidas a condições de estresse pelo frio apre-sentam um excedente nos processos metabólicos degradativos das células (catabolismo) em relação aos processos de manutenção da integridade celular (anabolismo) sendo estes mais severos quanto menor for o siste-ma antioxidante presente (FRANCK et al., 2007).

Durante o armazenamento, além da temperatura e presença de um sistema antioxidante funcional, outro fator importante na intensidade da injúria é o estádio de maturação, no qual os produtos hortícolas ima-turos são mais susceptíveis, além do período de permanência do produto sob condições de temperaturas relativamente baixas. Contudo os meca-nismos de tolerância à injúria por frio são complexos. Podem agir junta-mente com outros mecanismos bioquímicos e fisiológicos para manter as funções fisiológicas normais sob situações de estresse e promovido pela injúria por frio (PENNYCOOKE et al., 2005).

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Anexo

127

Anexo

Figura 7. Retirada do rizoma (C) e aspecto geral do rizoma limpo, livre de solo e com presença de gemas (D).

Figura 8. Imersão dos rizomas em solução antimicrobiana para cuidados fitossanitários (E) e retirada das brotações menos vigorosas, com corte realizado 5 cm acima do colo do rizoma (F).

Figura 9. Retirada das folhas danificadas e já secas (E) e desponta das folhas de helicônia (F).

B

D

F

A

C

E

128

Figura 10. Folhas de plantas de Heliconia psittacorum x Heliconia spathocircinata cultivar Golden Torch cultivadas em solução nutritiva, com omissão do elemento N, P, K e Mg aos 150 dias. Fonte: (CASTRO, 1997)

129

Anexo

Figura 22. Influência do corte basal das hastes de Heliconia wagneria após tratamento de Água destilada (controle); T2 - Sacarose 10%; T3- Sacarose 20%; T4 - Nitrato de prata A 75 mg l-1; T5 – Davis; T6 - Nitrato de prata a 30 mg l-1

130

Figura 23. Aspecto interno das hastes de Heliconia wagneria após tratamento de T1 – Água destilada (controle); T2 - Sacarose 10%; T3- Sacarose 20%; T4 - Nitrato de prata A 75 mg.l-1; T5 – Davis; T6 - Nitrato de prata a 30 mg.l-1.

131

Anexo

Figura 19. Aparência das hastes de H. richardiana, após dez dias de armazenamento.

Água destilada Controle

AgNO3 1%

Sacarose 10%

10%

AgNO3 1% + Sac 10%

AgNo3 0,01%

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