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Guionismo – Docente: Prof essor João Constâncio Trabalho para Melhoria de Nota AN!"#$ D% &"!M$ 12 ANGRY MEN”  $'A PAT()C"A ("*$"(% &"!"P$ +,- ./01 “12 Angry Men”   2 um fil me cl3ssico americano4 classi fic ado commumente como drama5 $sta adapta6ão da pe6a de (e7inald (ose4 reali8ada por #idne9 !umet estreou em .;04 pouco alterando a pe6a ori7inal mas transformando com mestria a sua 7ram3tica <isual4 não se limitando a transferir para o formato de fi lme a teatralidade mas di8endo a=u ilo =ue es ta di8ia com uma li n7u a7em esp ecificamen te cinema to7r 3fica5 A premi ssa não poderi a ser mais simples : do8e >urad os re?ne m@se para decidir acerca da culpa ou inocncia de um rapa8 acusado de matar o seu pai5 Todas as pro<as indicam a sua culpa e todos estão dela con<encidos4 menos um >urado =ue conse7ue o apoio de outros B sua causa e >untos re<m todas as pro<as e percebem@nas fr37eis o suficiente para presumir a inocncia do acusado pelo apelo ao princpio de d?<ida ra8o3<elE5 Al7uns >urados4 por moti<os pessoais mostram@se mais relutantes em <er a <erdade4 mas no final conse7uem super3@los4 deiFar de lado a sua sub>ecti<idade e >untar@se ao colecti<o na feitura da  >usti6a4 <otando pela inocncia5 Com isto4 mais do =ue o crime concreto ou as histrias indi<iduais por ele tra8idas B tona4 o principal tema deste filme destaca@se como a humanidade do sistema >udicial norte@ americano =ue 7anha em >usti6a e sensibilidade pelo recurso aos corpos de >urados para deliberar acerca das senten6as5 Homens comuns4 cada um com as suas peculiaridades4 mesmo com al7umas eFcep6Ies +=ue acabam4 como referi4 por ser superadas1 estes acabam por tra8er mais ri=ue8a ao >ul7amento dos factos4 percebendo cada um coisas =ue aos outros ha<iam escapado5 De in cio certamente culpado4 o rapa8 acusado4 percebem na sua discussão4 pode não o ser e apenas a sua predisposi6ão para re<er tudo o =ue fora apresentado em tribunal permite =ue a <ida de um poss<el inocente se>a sal<a5 %lhando de um modo mais 7eral4 seria at2 a prpria <erdade o principal tema debatido no filme4 a <erdade4 os seus limites e a sua relati<idade4 =ue se de<em aceitar com humildade4 não procurando dar tudo como certo mas deiFando sempre espa6o para a d?<ida e para a discussão5 $ste ponto 2 resumido pelo >urado / =uando ele afirma “I don’treallyknowwhatthetruthis,Idon’tsuoseany!odywillreallyknow"May!ewe’re#ustga$!lingon ro!a!i lities%&e$ay!ewrong%May!ewe’ re#usttryingtolettheguilty$ango'ree,Idon’tknow%No!ody really(an%)utweha*ereasona!ledou!t%Andit’sso$ethingthatis*ery*alua!leinoursyste$%” #e7uindo a terminolo7ia de McKee 4 dir @no s@ amos4 a=ui4 perante um enredo cl3ssico4 bastante simples4 onde mesmo os elementos =ue poderiam parecer en=uadrar@se na cate7oria de não@enredoE sur7em sob a al6ada dos =ue o autor indica fa8erem parte deste tipo cl3ssico5 Apesar de no desenrolar da trama não ha<er um prota7onista ?nico4 mas multiplicando@se tanto =uanto s mais os >urados =ue <otam inocen te4 2 apenas um4 o >urad o /4 a=uele =ue d3 ori7 em ao inciti n7 incidentE e 2 nele =ue a nossa esperan6a se depositar3 durante todo o filme5 Mesmo =ue não o possamos desi7nar de heri e de o seu estatuto como prota7onista ser d?bio +cada >urado acaba por ter na trama o seu 1

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momento de prota7onismo4 os seus apoiantes e os seus anta7onistas14 24 claramente uma persona7em de

maior importância4 de onde ser tamb2m com ele =ue o principal anta7onista mais conflitua4 se7uindo@se o

.4 o mais idoso4 o primeiro a >untar@se B sua causa e4 >untamente com ele4 o ?nico de =uem4 no final4 se <em

a saber o nome5 #ão4 para mais4 estes dois >urados =ue tecem o n e lan6am a =uestão central5 No final4 esta

2 respondida5 Assim4 mesmo não se ficando a saber nada al2m da resolu6ão do caso4 este 2 um final fechado4pois não 2 parte da linha principal nem che7a a constituir sub@plotsE a histria indi<idual de cada

persona7em =ue <em ser eFposta e resol<ida nesta delibera6ão5 %s dados indi<iduais apenas che7am como

contributo para a discussão do caso +obstaculari8ando ou apoiando a defesa de inocncia1 e nada nos indica

=ue4 mesmo a=ui superados4 o foram <erdadeiramente4 =ue a persona7em sem nome re7ressar3 B sua <ida

normal modificada por este momento em =ue te<e de pLr os seus problemas pessoais de lado para poder

deliberar >ustamente e assim cumprir de forma respons3<el e humana as suas obri7a6Ies5 Por isso mesmo4 o

final pode considerar@se fechado4 pois fecha@se o assunto =ue monopoli8ou a nossa aten6ão e para o =ual

todos os dados adicionais confluam5

Pelo mesmo moti<o 2 maioritariamente eFterno o conflito a cu>o desenrolar assistimos5 Claro =ue a

pondera6ão deste4 em cu>a resolu6ão participam en=uanto um corpo colecti<o representati<o do

funcionamento do sistema >udicial4 2 tornada mais compleFa pelos conflitos internos =ue al7uns carre7am e

=ue obscurecem a <erdadeE ou simplesmente a aceita6ão de =ue esta não 2 tão linear e determinstica

como a determinada pela =ue a sua <isão sub>ecti<a do mundo =ue os rodeia dita5 Perante factos não h3

ar7umentos4 di8@se5 Mas o =ue são factos % =ue dita a sua <eracidade #ão estas as =uestIes com =ue os

membros do >uri são confrontados4 tendo de manter aberta a sua mente B possibilidade de ser relati<o a=uilo

=ue a cada momento tomamos como <erdade e4 portanto4 em cumprimento de tão importante de<er como

o de decidir sobre a eFecu6ão da >usti6a4 estar dispostos a aceitar sem barreiras colocar de lado =uais=uer

pr2@concep6Ies4 or7ulhos ou conflitos indi<iduais =ue se colo=uem como obst3culo a uma delibera6ão

ponderada e >usta e impe6am o reconhecimento da mutabilidade da <erdade +colocada em d?<ida1 =uando o

=ue era facto 2 posto em causa e4 então4 esta perde o seu sustento para se fundamentar como tal5

"nteressam4 a=ui as peculiaridades4 eFperincias e conhecimentos indi<iduais =ue contribuam para a

humani8a6ão da feitura da >usti6a e para desfa8er a ideia de frie8a do sistema >udicial4 especialmente =uando

se decide acerca de uma <ida5 Não interessam4 por2m estes conflitos internos pre>udiciais =ue4 então4 como

nos mostra o filme4 tm de ser deiFados de lado para a tarefa colecti<a poder ser concluda4 para o corpo de

 >urados ser bem@sucedido na sua delibera6ão5

A distin6ão de McKee entre a causalidade e a coincidncia +enredo cl3ssico não enredo1 tamb2m

poderia le<antar al7umas d?<idas5 Por2m4 mais importante 2 o centramento da narrati<a no debate pelo =ual

se procura decidir a culpa ou inocncia4 sendo claras as linhas de causalidade estabelecidas pela estrat27ia

retrica de cada uma das partes5 A maior parte da estrutura A causa * 2 assim estabelecida <erbalmente e do

mesmo modo contraposta4 muitas <e8es +por parte dos =ue defendem a inocncia1 di8endo@se ser

coincidncia o =ue se estabelecia como causa +como o facto do rapa8 ter comprado uma na<alha com certas

caractersticas e do seu pai ter sido 7olpeado com uma na<alha i7ual15 Ouanto B linha de ac6ão das prprias

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persona7ens4 apesar de4 como >3 referi4 se desenrolar mais no =ue elas di8em do =ue no =ue elas fa8em4 2

tamb2m numa l7ica de causa@efeito =ue esta se desenrola4 na medida em =ue o a<an6o da ac6ão se7ue

precisamente uma linha de ar7umento – contra@ar7umento5 A linha de raciocnio =ue se7uem 2 muitas <e8es

orientada por essa l7ica4 mais e<identemente na descredibili8a6ão dos testemunhos: a passa7em do

comboio teria impedido o <elhinho de ou<ir o =ue di8ia ter ou<ido4 o seu coFear+re<elado na suaapresenta6ão em tribunal1 não permitia =ue se ti<esse deslocado no tempo =ue di8 ter@se deslocado4 a sua

suposta solidão fundamentaria a mentira o >urado Q toca nas marcas dos culos4 lembrando ao . =ue a

<i8inha =ue testemunhara como tendo <isto o crime tamb2m fa8ia o mesmo 7esto +mesmo não le<ando

culos ao tribunal14 s =uem usa culos fica com tais marcas4 mas nin7u2m le<a culos =uando <ai dormir de

onde se dedu8 =ue ela não ti<esse culos =uando4 ao tentar adormecer4 olhara da >anela e assistira ao crime4

não tendo culos4 precisando deles4 o seu testemunho 2 descredibili8ado4 pensando@se =ue o facto de =uerer

parecer mais bonita e mais no<a a le<ara a ocultar todos esses pormenores5

#imilarmente4 outras situa6Ies h3 em =ue re<ela6Ies em dado ponto da narrati<a <m >ustificar

causalmente al7uns dos seus desen<ol<imentos posteriores4 por eFemplo4 re<ela6Ies sobre a <ida das

persona7ens4 sobre a sua eFperincia ou acti<idade profissional4 =ue <em auFiliar a dissolu6ão de al7umas

d?<idas4 ou4 no caso do ?ltimo a mudar o seu <oto +=ue pela sua relutância aparentemente in>ustificada e

pela sua atitude face B discussão e B=uele =ue a fe8 prolon7ar@se para l3 da primeira <ota6ão considero como

o principal anta7onista1 cu>o historial de problemas com o filho =ue ele lo7o de come6o re<ela o le<a sempre

a tornar o caso como uma luta pessoal e4 portanto4 a recusar a d?<ida =uanto B culpa do acusado4 mas

tamb2m a4 no final4 emoti<amente4 <oltar atr3s com a sua pala<ra e a aceitar =ue este poder3 ser inocente

+pro<a<elmente lembrando@se4 ao ras7ar a foto7rafia do filho4 =ue este era apesar de tudo seu filho e =ue o

facto de terem cortado rela6Ies não muda isso4 deiFando de fa8er do filho acusado da morte do pai uma

refleFão da prpria situa6ão e uma forma de eFpelir os seus sentimentos mal resol<idos =uanto ao prprio

filho15

R

Pouco assente na ac6ão4 a narrati<a deste filme sur7e da=uilo =ue as persona7ens di8em e contam4

são estas4 as suas atitudes e as suas falas =ue fa8em a histria5 S atra<2s dos di3lo7os =ue o crime a cu>a

delibera6ão assistimos e o car3cter dos =ue o >ul7am4 do =ual4 como assistncia4 somos >urados4 se re<elam5

Nos >o7os de retrica pelos =uais a histria <ai 7anhando detalhe o n da ac6ão estabelece@se e desen<ol<e@

se4 7radual e linearmente5 $ste desen<ol<imento 24 então4 compassado pelo ritmo do debate4 a<an6ando

entre as ar7umenta6Ies e contra@ar7umenta6Ies =ue procuram defender e persuadir os restantes da culpa

ou da não@culpa do ar7uido4 pela le7itima6ão ou descredibili8a6ão das testemunhas4 pela ne7a6ão da

<eracidade ou compreensão das incoerncias do 3libi4 pela firma6ão ou contesta6ão do <alor das pro<as5

A apresenta6ão dos factos e introdu6ão do espectador B=uilo =ue est3 em >o7o 2 lenta4 iniciamos

com uma <ista da sala de tribunal4 percebemos =ue ocorre um >ul7amento mas nada deste nos 2 adiantado4

do acusado apenas temos uma <ista bre<e e mais nada 2 re<elado5 Apesar da aparente falta de informa6ão4

<3rios são os dados fornecidos neste momento inicial =ue preparam o espectador para o desen<ol<imento da

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discussão dos >urados e para a decisão de iliba6ão a =ue no final che7am4 =ue então nos che7a sem surpresa4

de<ido ao rumo =ue o debate toma +com a con=uista crescente e na maior parte irre<ers<el dos <otos em

fa<or da inocncia4 pelo apelo B sua compaiFão e despertar da responsabilidade pela decisão acerca da <ida

do rapa84 impedindo =ue se dite o fim desta eFistindo tão e cada <e8 mais forte d?<ida em rela6ão B sua

culpa1 mas =ue4 retomando o estado de coisas inicial +com tudo indicando e todos defendendo a culpa doar7uido14 parece <erdadeiramente surpreendente5

$ste estado de coisas não parece4 tal como se re<elar34 assim tão definiti<o se se colocarem desde

lo7o em pondera6ão os dados referidos5 Al2m do <islumbre do ar7uido: um >o<em rapa84 com ar sofrido4

7randes olhos tristes4 elementos =ue embora não pesando na delibera6ão dos >urados4 pesam na opinião =ue

o espectador desde lo7o forma e pela =ual >ul7ar3 o seu >ul7amento e a sua conduta5 Al2m as simpatia =ue

somos le<ados a nutrir pelo ale7ado assassino4 importa ainda atentar nas pala<ras do >u84 =ue clarifica ao

espectador a tarefa dos >urados e nos coloca4 ao mesmo tempo =ue a estes4 cientes de =ue est3 no cerne da

discussão acerca da inocncia ou culpa uma =uestão4 literalmente4 de <ida ou de morte5 $sta

responsabilidade e a orienta6ão do sistema >udicial americano pelo princpio da presun6ão de inocncia4 pelo

=ual al7u2m 2 inocente at2 =ue se pro<e culpado4 não permitem +moralmente1 =ue a senten6a se>a emitida

sem =ue todos os aspectos do caso se>am passados a pente@fino4 todos os factos4pro<as e testemunhos de

acusa6ão <alidados sem =ue nada os colo=ue em d?<ida5 Colocadas em causa as certe8as4 crescendo a

d?<ida de modo ra8o3<elE +reasonable doubtE4 um princpio de >urisdi6ão14 a culpa não pode ser pro<ada e4

portanto4 o ar7uido poder3 ser inocentado e a sua <ida sal<a5 #ão estas indica6Ies de calma pondera6ão e

conscienciali8a6ão do peso da decisão =ue tm em mãos =ue <emos ser postas em pr3tica4 inicialmente por

iniciati<a do / >urado5 Gradualmente outros se <ão >untando B sua causa e os =ue resistem fa8em@no apenas

pelas suas falhas de car3cter +preconceito – - –4 irresponsabilidade – 0 – necessidade de recalcamento de

problemas pessoais para manter a aparncia de for6a e insensibilidade masculina – ,14 eFpostas e

combatidas estas4 as persona7ens por elas maculadas4 embora possi<elmente não a um n<el macro4 sofrem

al7umas transforma6Ies e >untam@se ao mo<imento de demonstra6ão do car3cter >usto e humano do

sistema >udicial norte@americano5 Mais do =ue as persona7ens4 indi<idualmente tomadas ou o crime

particularmente >ul7ado4 2 notrio desde come6o =ue o ponto =ue rele<a de todo o filme e da sua narrati<a 2

o de =ue +como 2 mostrado com a panorâmica <ertical sobre a fachada do edifcio do tribunal na abertura1 a

administra6ão da >usti6a 2 o pilar mais firme do *emE5

#e7uimos os >urados at2 B sala de reunião5 % 7uarda do tribunal indica =ue a sala estar3 trancada5

!o7o a4 a aten6ão 2 focada nessa pe=uena sala e a partir de então não se des<iar3 da discussão =ue nela tem

lu7ar5 % primeiro plano se=uncia =ue <em estabelecer e introdu8ir a narrati<a se7ue se=uencialmente cada

um dos >urados5 #altando de homem para homem 2 >3 dado um <islumbre das caractersticas@base de cada

um4 das peculiaridades =ue os diferenciam4 tão idiossincr3ticas =ue4 faltando@lhes o nome4 serão4 a partir da4

a=uilo =ue os identifica5 Mais tarde4 a cada um 2 atribudo um n?mero e ambos os dados se unem na

identifica6ão e nomea6ão da persona7em4 a cu>a elucida6ão do car3cter =ue inicialmente antecipamos no<os

elementos <m ser adicionados5 Tamb2m as rela6Ies entre cada um dos desconhecidos come6am a tomar

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conse7ue e sur7e apa7ado durante a primeira parte do filme4 na =ual se procura tamb2m manter do lado da

maioria4 <otando culpadoE5 Contudo4 <ai conse7uindo superar este facto4 aceitando a sua posi6ão de normal

 >urado na discussão =ue nunca recusa prolon7ar5 A sua mudan6a che7a pouco depois de4 numa pausa4 se

 >untar ao >urado / B >anela e re<elar =ue 2 treinador de futebol numa escola onde lida com >o<ens

problem3ticos5 Na YZ <ota6ão muda o seu <oto5J rado W: Ner<oso +nota@se pela sua maneira de estar e falar1 e pouco poderoso5 Pro<a<elmente sempre

subordinando@se B <ontade de superiores e dificilmente fa8endo <aler a sua prpria opinião5 No come6o

demonstra@se inse7uro mas tamb2m entusiasmado com a discussão por ser a sua primeira <e8 num corpo de

 >urados5 Apesar da sua timide8 re<ela@se sempre interessado em discutir o caso5 Humildemente4 toma@o com

crescente seriedade e4 inicialmente >ustificando o seu <oto com um amb7uo “I#ustthinkhe+sguilty” 4

conse7ue superar o seu medo de afirma6ão e muda de opinião na ;Z <ota6ão e inter<indo na defesa da

d?<ida5

J rado ,: 'iolento4 or7ulhoso e intransi7ente5 S um dos principais anta7onistas do >urado / mas tamb2m

por di<ersas <e8es confrontando@se com o .4 com uma atitude =ue pouco muda ao lon7o de todo o filme5

Apesar de se di8er eFperiente4 não o parece4 pois fa8 da discussão uma luta pessoal4 uma forma de satisfa8er

o seu dese>o s3dicoE de eFecu6ão do rapa85 Percebemos o por=u desde come6o =uando ele re<ela os seus

problemas com o fillho5 Assim mesmo =ue procure sempre defender a sua opinião pela irrefutabilidade dos

factos a sua relutância em aceitar a sua desconstru6ão <em pro<ar =ue 2 somente esse seu conflito a

sustentar posi6ão =ue apenas altera no ?ltimo momento +clim3tico1 do filme5

J rado Q: &rio4 racional e ponderado5 S o mais calmo e mais linear de todos os >urados5 Apenas factos o

mo<em e 2 neles =ue sustenta desde o princpio ao fim o seu <oto5 $m especial4 defende a culpa do acusado

pela fra7ilidade do seu alibi e pela eFistncia de uma testemunha ocular4 de onde mudar sem relutância o seu

<oto =uando ambos os elementos apontam para a possibilidade de d?<ida5 % seu momento de maior

humani8a6ão che7a a=uando do seu confronto pelo >urado / =uando este tenta >ustificar as incoerncias no

alibi5 S o pen?ltimo >urado a mudar o seu <oto mas nunca o fa8 por moti<os ile7timos4 pois apesar de tudo

demonstra@se um homem de <alores4 >usto e capa8 de aceitar e discutir as diferen6as de opinião5

J rado ;: Discreto e calmo4 apesar de <otar inicialmente culpado não >ustifica a sua decisão e acaba por

mudar o seu <oto lo7o na ,Z <ota6ão5 Desde come6o re<ela uma certa identifica6ão com o acusado4 pelas

suas ori7ens humildes e por ter tamb2m crescido num bairro social5 Por este moti<o 2 7rande o seu

anta7onismo com o >urado -4 por cu>as acusa6Ies preconceituosas contra o ar7uido se sente tamb2m

afectado5 Mesmo antes de mudar o seu <oto 2 então o mais forte plo de luta contra o preconceito4

desconstruindo os esteretipos =ue al7uns fa8iam de seu ar7umento5 A ori7em comum enri=uece tamb2m o

seu contributo no a<an6o5 #ofrido4 humilde e <tima de preconceito4 re<ela@se contudo um homem de <alores

fortes e nunca <acila na sua tomada de decisão@

J rado Y: Não re<ela 7randes falhas mas tamb2m não 7rande asserti<idade5 % construtor +sabemo@lo pelo

seu encontro com o >urado / na casa@de@banho1 2 um homem pacato e humilde4 sem 7randes conflitos

internos mas4 apesar de tudo4 inteli7ente e >usto5 Mesmo antes de mudar o seu <oto +;Z <ota6ão1 contribura

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com o conhecimento ad=uirido pela sua eFperincia profissional para a defesa da inocncia do acusado +na

descredibili8a6ão do testemunho do <i8inho no =ual ha<ia sustentado inicialmente o seu <oto de culpado15

J rado 0: Desde incio o =ue re<ela maior desinteresse pela discussão5 #upra@sumo do hedonismo4 tem

como ?nico interesse apressar o final da reunião para poder ir <er um >o7o de basebol5 S o <endedor imaturo4

infantil sem conscincia das responsabilidades =ue pesam sobre a delibera6ão da =ual fa8 parte5 Nenhum dosseus ar7umentos 2 forte4 nem os defende com paiFão4 >ustificando a culpa pelo historial de <iolncia e delitos

do acusado e não apresentando se=uer uma ra8ão para a sua mudan6a de opinião5 #ão =uestion3<eis os seus

<alores bem como a eFistncia ou não de transforma6ão da persona7em pois nunca se percebe a

le7itimidade do seu <oto pela inocncia5

J rado /: % prota7onista do filme4 embora não um heri4 2 um homem cora>oso4 pacato4 discreto5 Não se fa8

nunca passar por senhor da ra8ão4 apenas apela B le7itimidade da d?<ida e B necessidade de a discutir5

Afirmando a sua opinião mesmo sem =ual=uer apoio4 2 com inteli7ncia e calmaa =ue condu8 a discussão4

fa8endo@se como =ue s?mula dos principais ideais =ue o filme transmite5 No final4 o seu nome 2 um dos

?nicos re<elados e sabemos =ue se chama Da<is5

J rado .: % mais <elho de todos os >urados4 mas tamb2m a=uele =ue oferece um contributo mais <alioso

para a discussão5 Ao identificar@se com o <i8inho4 re<ela@se consciente das suas falhas =ue4 contudo4 nunca

tra8 para a discussão4 procurando manter@se alheio Bs ofensas =ue o , lhe diri7e e fiel aos seus <alores5 De

onde o seu acto de cora7em ao ser o primeiro a4 sem =ual=uer certe8a4 mudar o seu <oto para prestar apoio

ao lado mais fraco5 S um homem de bom cora6ão4 perspica8 mas sempre humilde4 =ue se afirma contra as

in>usti6as e o preconceito +lo7o contra o - =ue chama de i7norante e cu>a atitude repro<a pela sua

 >ustifica6ão do seu <oto como culpado15 Tamb2m o seu nome se sabe no fim: MacCardle5

J rado -: “hey+re!ornliars”2 com este ar7umento =ue abre as hostilidades contra o <oto de inocncia

do >urado /5 De facto4 a sua ar7umenta6ão nunca se sustenta em factos mas sempre no seu forte

preconceito5 Tra8endo@os para o debate4 pre>udica a delibera6ão com a sua falha sub>ecti<a =ue moti<a

confrontos com <3rios membros do >?ri5 No final4 perde todo o apoio e respeito e4 humilhado4 en<er7onha@se

da sua postura e muda o seu <oto na pen?ltima ronda5

J rado : Apesar de o percebermos um homem >usto4 na maior parte da discussão o emi7rante sui6o@

alemão prima pela discri6ão5 Contudo4 percebe@se o seu interesse no debate pois nunca d3 a8o Bs distrac6Ies

do >urado W4 bem como a sua cora7em pois er7ue@se contra o preconceito do >urado - +podemos

ima7in3@lo tamb2m <tima de discrimina6ão15 Mesmo não se mostrando influenci3<el ou com medo de tomar

partido da parte mais fraca4 2 tamb2m um homem cuidadoso e ponderado nas suas decisIes e apesar de

muito antes percebermos a sua d?<ida e de tamb2m antes contribuir para a defesa4 apenas na QZ <ota6ão

muda o seu <oto5

J rado W: % publicit3rio 2 o filho prdi7oE da estrutura laboral das sociedades capitalistas5 #uperficial4 o

seu interesse pelo caso inicialmente parece at2 um interesse mrbido4 como se para ele a delibera6ão acerca

do assassinato fosse um entretenimento5 Nada prende durante muito tempo a sua aten6ão4 =ue com rapide8

se dissipa4 não che7ando a entrar com profundidade e paiFão na delibera6ão5 Não 2 um mau homem4 não 2

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tentando adormecer4 se <oltara para a >anela4 não era pro<3<el =ue a <i8inha ti<esse os seus culos postos e4

portanto4 sendo =ue a necessidade de uso dos mesmos indicaria problemas de <isão4 a probabilidade de ela

ter <isto em pormenor4 sem culos4 um crime =ue ocorrera do outro lado da rua4 atra<2s das >anelas de um

comboio em andamento 2 redu8ida o suficiente para =ue o >urado4 at2 a inabal3<el pois sustentando@se

nesse testemunho4 ale7ue tamb2m o princpio da d?<ida ra8o3<elE para alterar o seu <oto5 [ltrapassada acrise4 o confronto final che7a4 tra8endo com ele o clmaF lan6ando o problema para a sua resolu6ão5

Assim4 no primeiro4 2 apresentada a tarefa4 estabelece@se o estado de coisas4 nasce o dilema4 pois um

dos >urados não concorda com o <oto dos restantes5 Defende a inocncia do acusado =uando tudo parecia

indicar o contr3rio5 Num primeiro momento4 a =uestão =ue se er7ue 2 conse7uirão os outros con<enc@loE4

por2m4 aps uma primeira <olta B mesa e com a boa estrat27ia retrica do dissidente tamb2m ns somos

le<ados a reformular a nossa =uestão5 #urpreendentemente4 um dos outros >urados muda o seu <oto4

tamb2m ele a7ora =uestionando suficientemente o caso para acti<ar o princpio da d?<ida ra8o3<elE5 $sta

mudan6a refor6a a reformula6ão4 a d?<ida semeada desde come6o 7ermina4 tamb2m ns =ueremos apelar

ao mesmo princpio4 =uestionando@nos mais do =ue se ser3 ele culpado ou inocenteE4 se o / e o .

conse7uirão persuadir os restantes a passar para o seu lado e4 assim4 ilibar o ar7uidoE5 S esta a linha de

=uestionamento =ue <eremos desen<ol<ida nos restantes actos e4 portanto4 2 neste momento em =ue a

d?<ida dos >urados se acirra4 em =ue percebemos aberta a possibilidade do / >urado ser bem sucedido 4 pois

 >3 h3 outros =ue alteram o seu <oto5

$ste pe=ueno mas importante re<2s =ue ocorre na WZ <ota6ão <em lan6ar o mote para o W acto5 No

primeiro4 todos os dados foram colocados na mesa4 os pormenores do crime e os elementos da acusa6ão

foram apresentados4 a7ora a discussão rumar3 pela sua desconstru6ão4 com contra@ar7umentos a esta e

no<os pontos =ue a confirmam5 Notrio ao lon7o de todo o acto 2 o recrudescimento da tensão entre os

membros do >?ri5 A falta de <entila6ão da sala <em adicionar um efeito <isual =ue potencia esse clima

tensional e a eFaustão crescente dos >urados +todos suam – B eFcep6ão do Q4 detalhe =ue mais para o final

deste acto tamb2m se re<ela importante1 a bra6os com esta difcil tarefa na =ual4 contudo +B eFcep6ão do 0

=ue tem como ?nico interesse apressar o final do encontro para ir a um >o7o de basebol1 se <m cada <e8

mais embrenhados5

#e7uindo a tendncia de crescimento 7radual dos restantes elementos4 cresce tamb2m

notoriamente o peso das suas eFperincias e histrias pessoais +bem como os seus conhecimentos

profissionais especficos1 nas decisIes =ue cada um toma e no seu contributo para a discussão4 assim

enri=uecida pela multiplicidade de caractersticas e peculiaridades idiossincr3ticas =ue os distin7ue5 !o7o no

come6o deste acto o >urado mais <elho +.1 =ue alterara o seu <oto oferece uma <isão mais emocional da

situa6ão do <i8inho cu>o testemunho 2 eFposto +pelo >urado /1 como fr37il4 com al7umas incoerncias e

pormenores de impossibilidade =ue pIem em causa a sua <eracidade5 Tamb2m idoso4 o . apresenta uma

<isão compreensi<a do moti<o pelo =ual o <i8inho poderia ter adulterado os factos e di8er ou<ido o =ue de

facto não pode ter ou<ido e feito o =ue parece impro<3<el =ue tenha feito: so8inho e sem nin7u2m =ue lhe

d aten6ão4 ele poderia apenas dese>ar =ue4 por um pouco4 al7u2m se importasse com ele e com o =ue tem

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anta7onista +cu>o arco de persona7em4 tal como acontecera com as outras4 se conclui4 embora de forma mais

dram3tica4 com a mudan6a de <oto1 e a resolu6ão da ac6ão5 Ouem <em in<erter o amea6ador re<2s 2 o

 >urado .4 cu>a aten6ão ao detalhe e capacidade de memori8a6ão de pormenores che7a tamb2m como uma

forma de re<ela6ão da persona7em4 capa8 de dissol<er al7umas ofensas preconceituosas e estereotipi8antes

=ue lhe ha<iam sido diri7idas pelo >urado , de<ido B sua a<an6ada idade5 Contrariando todas as ima7enspr2@concebidas4 ele 2 o ?nico a reparar nas marcas no nari8 dessa testemunha ocular5 (elacionando@as com

as prprias marcas do >urado Q4 =ue se de<em B utili8a6ão de culos4 o . estabelece o seu ponto: a <i8inha

=ue di8 ter <isto o crime en=uanto se <oltea<a sem conse7uir dormir na cama tamb2m usa culos +embora

nunca o tenha referido nem os tenha portado a=uando da sua audincia em tribunal15 Colocado em d?<ida

este testemunho4 a /Z <ota6ão retoma a tendncia para o a<an6o da fac6ão de benfeitoresE5 % publicit3rio

<olta atr3s na sua mudan6a e o >urado Q4 sempre primando pela pondera6ão racional dos factos do =ue pela

emoti<idade4 re<elando@se4 portanto4 eFi7ente e difcil de con<encer mas nunca pouco nte7ro ou fa8endo

desta delibera6ão uma luta pessoal nem a deiFando afectar por =uais=uer conflitos internos4 24 finalmente

persuadido5 Tamb2m o >urado -4 =ue pelo contr3rio nunca fundamentara a sua decisão por outros

ar7umentos =ue não o seu preconceito4 se apercebe da sua falha e4 tornado auto@consciente pela sua

humilha6ão4 supera o conflito entre ideais e o problema de <alores =ue at2 então o ha<ia le<ado a considerar

culpado o ar7uido5

% cen3rio inicial de on8e contra um repete@se4 mas a7ora no sentido in<erso5 Todas as pro<as

colocadas em causa4 2 claro =ue o caso deiFa suficiente pontas em aberto para =ue o princpio da d?<ida

ra8o3<elE se>a le7itimamente ale7ado e4 então4 presumir@se inocente o ale7ado culpado cu>a <ida est3 em

 >o7o5 S clara para o espectador a le7itimidade da iliba6ão4 como 2 para todos os >urados =ue4 um a um4 se

foram deiFando persuadir pela ar7umenta6ão =ue era inicialmente de apenas um mas B =ual se foram

 >untando todos os =ue4 por di<ersos moti<os4 passaram a admitir não poder ha<er certe8as da culpa do

acusado5 Pelos seus conflitos pessoais com o filho4 o >urado , resiste4 rei<indicando o direito B sua prpria

opinião5 Por2m as pessoas mudam4 transformam@se e a tempo ele o fa85 % momento emoti<o pelo =ual ele

se apercebe dos erros da sua conduta e da in>usti6a da sua posi6ão +não s relati<amente ao caso mas

tamb2m B sua atitude com o seu filho1 marca o clmaF do filme4 o ponto mais forte de supera6ão das

falncias indi<iduais pelo eFerccio da cidadania e de conscienciali8a6ão da falha de <alores =ue le<a ao

fechamento do arco da persona7em5 Com esta fecha@se tamb2m a narrati<a5 A discussão afinal <aleu a pena

e4 inicialmente nada o fa8endo pre<er4 os >urados declaram unanimemente a inocncia do acusado5 % tempo

de discussão confi7urou@se4 assim4 como muito mais do =ue a delibera6ão acerca de um crime4 foi o colocar

em re<ista dos <alores de cada um4 a tomada de conscincia da necessidade de mudan6a4 da importância da

humildade5 [ma li6ão de <ida =ue todos carre7am en=uanto4 le<ando ou não esta transforma6ão para fora da

sala4 retornam Bs suas rotinas5

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