guia casas de fado dp miolo 15x23 ok

29

Upload: others

Post on 18-Oct-2021

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK
Page 2: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

Índice/Index/Índice

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Introduction . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Introducción . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Lisboa e Vale do Tejo

Clube do Fado . . . . . . . . . . . 28

Sr. Vinho . . . . . . . . . . . . . . . 30

A Parreirinha de Alfama . . . . . 32

A Severa . . . . . . . . . . . . . . . 34

Adega Machado . . . . . . . . . 36

Adega dos Fadistas . . . . . . . 38

Alfama Grill . . . . . . . . . . . . . 40

Café Luso . . . . . . . . . . . . . . . 42

Canto de Camões . . . . . . . . . 44

Casa de Linhares . . . . . . . . . 46

Coração d’Alfama . . . . . . . . . 48

Coração da Sé . . . . . . . . . . . 50

Esquina de Alfama . . . . . . . 52

Dragão de Alfama . . . . . . . . . 54

Duetos na Sé . . . . . . . . . . . 56

EstaFado Taberna . . . . . . . . . 58

Fado na Morgadinha . . . . . . . 60

Guitarras de Lisboa . . . . . . . 62

Já Disse . . . . . . . . . . . . . . . 64

Maria da Mouraria . . . . . . . 66

Marquês da Sé . . . . . . . . . . . 68

Mascote da Atalaia . . . . . . . 70

Mesa de Frades . . . . . . . . . . . 72

O Faia . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

O Forcado . . . . . . . . . . . . . . . 76

Páteo de Alfama . . . . . . . . . 78

São Miguel d’Alfama . . . . . . . 80

Taberna Saudade . . . . . . . . . 82

Taverna d’El Rey . . . . . . . . . 84

Timpanas . . . . . . . . . . . . . . . 86

Velho Páteo de Sant’Ana . . . . . 88

A Viela do Fado . . . . . . . . . . . 90

Page 3: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

Adega do Ribatejo . . . . . . . . . 92

A Marisqueira dos Anjos . . . . . 94

Boteco da Fá . . . . . . . . . . . . . 96

Casa da Mariquinhas . . . . . . . 98

Cantinho dos Famosos . . . . . 100

Clube Lisboa Amigos do Fado . 102

Fora de Moda . . . . . . . . . . . 104

O Guarda-Mor . . . . . . . . . . . 106

Povo . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

Devagar Devagarinho . . . . . . . 110

Restaurante Nini . . . . . . . . . 112

Fado Maior Restaurante . . . . . 114

Dom Leitão . . . . . . . . . . . . . 116

Solar dos Santos . . . . . . . . . 118

Senhor Fado de Alfama . . . . . 120

A Baiuca . . . . . . . . . . . . . . . 122

Tasca da Bela . . . . . . . . . . . 124

Tasca do Chico (Bairro Alto) . . . 126

Tasca do Chico (Alfama) . . . . . 128

Tasca do Jaime (Graça) . . . . . 130

Tasca do Jaime (Alfama) . . . . . 132

O Pote Alentejano . . . . . . . . . 134

Cascais em Fado . . . . . . . . . 136

A Tricanita . . . . . . . . . . . . . 138

Sr. Fado . . . . . . . . . . . . . . . 140

A Adega das Casas Novas . . . 142

Norte

Casa da Mariquinhas . . . . . . . 146

Mal Cozinhado . . . . . . . . . . . 148

O Fado . . . . . . . . . . . . . . . . 150

Vinhas d’Alho . . . . . . . . . . . 152

Adega Rio Douro . . . . . . . . . 154

Boteko. . . . . . . . . . . . . . . . . 156

Café Restaurante Guarany . . . 158

Casa Balsas . . . . . . . . . . . . . 160

Casa Porto à Noite . . . . . . . . . 162

Fá# . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164

Galeria de Paris . . . . . . . . . . . 166

Monte Aventino . . . . . . . . . 168

Restaurante A Rampinha . . . 170

Taberna do Cais das Pedras . . 172

Tasca do Bairro . . . . . . . . . . . 174

Tasquinha D’Ouro . . . . . . . . . 176

Tram Restaurante . . . . . . . . . 178

A Regional de Ermesinde . . . 180

Café São João . . . . . . . . . . . 182

Janelas do Fado . . . . . . . . . . . 184

O Vício do Fado . . . . . . . . . . . 186

Mercado das Tapas . . . . . . . . . 188

Restaurante Arca Velha . . . . . 190

Restaurante Histórico . . . . . . . 192

Adega do Tijolo . . . . . . . . . . . 194

Page 4: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

Centro

Fado ao Centro . . . . . . . . . . . 198

àCapella . . . . . . . . . . . . . . . 200

Café Santa Cruz . . . . . . . . . . . 202

Cozinha da Maria . . . . . . . . . 204

Diligência Bar . . . . . . . . . . . 206

Tasquinha do Fado . . . . . . . 208

Fadário Bar . . . . . . . . . . . . . 210

Modo Menor Restaurante . . . 212

Alentejo e Algarve

Casa de Fados Maria Severa . . . 216

Bacalhoada . . . . . . . . . . . . . 218

Boa Esperança . . . . . . . . . . . 220

Restaurante Centenário . . . . . 222

Restaurante Dallas . . . . . . . . . 224

Casa Grande . . . . . . . . . . . . . 226

Restaurante O Cangalho . . . . . 228

Restaurante São Gonçalo . . . . 230

Fado com História . . . . . . . . . 232

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237

Acknowledgements . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 238

Agradecimientos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239

Page 5: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

Ao trio de «fadistas» que venero, Bruno, Miguel e Catarina

Orlando Leite

À Amparo, fado meu!Pedro T. Neves

To the trio of «fadistas» I worship, Bruno, Miguel and Catarina

Orlando Leite

For Amparo, my fado!Pedro T. Neves

Al trío de «fadistas» que venero, Bruno, Miguel y Catarina

Orlando Leite

¡A Amparo, mi fado!Pedro T. Neves

Page 6: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

12

Introdução

Este não é um livro sobre Fado, este é um livro sobre casas, locais, espaços onde se canta ou se pode ouvir Fado. Entenda-se, não apenas sobre as casas de fado pro-fissional, mas também sobre os locais onde se pode ouvir o fado vadio, a canção dita «nacional» nas vozes dos chamados fadistas ama-dores: falamos de tabernas, de res-taurantes com fado e também de espaços onde o fado se ensina e se conjuga no amanhã. O argumento está então explicitado: dar a conhe-cer, de uma forma rápida e simples, os locais onde em Portugal, de nor-te a sul, se pode ouvir cantar o Fado. Mas como falar de fado é quase sinónimo de falar de gastronomia, elencamos também, de forma sumá-ria, que pratos e petiscos em cada casa se podem degustar.

Originalmente, segundo alguns historiadores e estudiosos, a canção urbana de Lisboa nasce no século xix, nos bairros populares alfacinhas e, desde sempre, associada aos bor-déis e marginais. A dita canção dos «ceguinhos» e músicos de rua, das feiras, círios, tabernas1 e das esperas de touros, conquista mais tarde a

1 Sardinha, José Alberto. A Origem do Fado. Ed. Tradisom, 2010.

boémia aristocracia de outrora, bem expressa em apelidos cheios de pompa: Vimioso; Manique, Castelo Melhor; Avilez; Lumiar, Galveia… Um deles, o conde do Vimioso, originaria aquele que é porventura o maior mito da his-tória do Fado: a relação amorosa que o conde terá mantido com a fadista e prostituta Maria Severa, história que originou livros, filmes e… fados!

Da ligação entre o fado e os tou-ros, transcreva-se o que escreve João Pedro do Carmo, no seu livro Evo-cações do Passado (Emprêsa Nacio-nal de Publicidade, 1943, págs. 20 e 21): «… enquanto os toiros não levan-tavam em direcção à praça do Campo de Sant’Ana, regorgitavam (sic) de aficionados e apreciadores das esperas, as casas de pasto e retiros de Carriche ao Arco do Cego: Nova Sintra, Patusca, Quebra--Bilhas, Colete Encarnado, António da Joana e outras locandas simila-res, onde o fado tinha predomínio e as suas leis falavam claro pelas bocas das guitarras». Refira-se também, a respeito das relações do Fado com as classes de sangue azul, que o penúltimo rei de Portugal, D. Carlos I, era um exímio tocador

Page 7: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

13

de guitarra portuguesa, pois desde a sua juventude, ainda príncipe, tivera lições com o então célebre instrumentista João Maria dos Anjos.

O Fado ganha renovada notorie-dade a partir de 1851, com o adven-to do Teatro de Revista, género de teatro tipicamente lisboeta, de cariz satírico e de crítica política e social, passando a integrar, a partir de 1870, os números musicais. Francis e João Villaret são duas figuras incontornáveis neste âmbito, imor-talizados pelas suas distintas abor-dagens ao fado: o fado dançado (Francis) e o fado falado (Villaret).

Com a implantação da República, em 1910, o Fado ganha ainda mais alento e, sobretudo, apreço público. Daí que seja nas primeiras décadas do século xx que se formam as primeiras companhias de fadistas profissionais, casos do Grupo Artís-tico de Fados, do qual faziam parte Berta Cardoso ou Martinho d’As-sunção, do Grupo Artístico Propa-ganda do Fado ou da Troupe Gui-tarra de Portugal, que integrava, entre outros, Alfredo Marceneiro e Ercília Costa. Neste panorama, se nas colectividades alfacinhas o Fado se assume como protagonista domingueiro, no Bairro Alto, e nas suas proximidades, nascem, por essa época, as primeiras casas de Fado: Solar da Alegria; Café Mon-dego, Café Luso, Adega Machado, O Retiro da Severa, O Catorze do Rato, o Salão Artístico de Fados, no Parque Mayer, ou o antigo cinema Chiado Terrasse. Em Alcântara, «morava» A Cesária, antiga casa de prostituição.

Por esta altura, o Fado também se torna vedeta da rádio e do cine-ma, disso sendo exemplos A Severa (1931), Fado, História de uma Canta-deira (1947) ou O Miúdo da Bica (1963). No início da segunda meta-de do século passado, o regime salazarista apanha o comboio da fadistagem, promovendo-o interna-mente na rádio, mercê sobretudo do programa Serão para Trabalhadores ou ainda com a Grande Noite do Fado (1953), evento que perdura até aos dias de hoje. Estado Novo, hábi-tos velhos, o regime colar-se-ia também ao sucesso internacional de Amália

Em Lisboa, poucos eram aqueles que se opunham ao regime. Ironi-camente, uma dessas excepções, acaba por ser a diva Amália Rodri-gues que, com Alain Oulman, o responsável pelo grande volte-face na carreira da fadista, passa a can-tar poetas de esquerda como David Mourão-Ferreira, Alexandre O’Neill, Ary dos Santos, Manuel Alegre. Porém, era em Coimbra, nos anos 50 e 60 do século passado, que o Fado liderava a oposição e resis-tência à ditadura salazarista. Adria-no Correia de Oliveira e Zeca Afon-so são de tal apenas dois exemplos.

Após a Revolução dos Cravos, em Abril de 1974, o Fado, que se encon-trava moribundo, em virtude de uma óbvia conotação com o fascis-mo salazarista, irá ganhar, aos poucos, novo alento com o surgi-mento de uma nova geração dispos-ta a quebrar algumas bolorentas tradições fadistas, trazendo para o seu seio novas abordagens. Mísia e Paulo Bragança abraçam a moder-

Page 8: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

14

nidade (não sem criarem resistên-cias e anticorpos), pegando no melhor do fado tradicional mas incutindo-lhe novas roupagens. Carlos do Carmo, em 2008, grava Um Homem na Cidade, um registo discográfico conceptual sobre Lis-boa inteiramente escrito por Ary dos Santos e, manifestamente, um dos melhores discos de sempre da música portuguesa.

Hoje, século xxi adentro, o Fado está de novo em estado de graça. Quer por via do trabalho e dedica-ção de uma geração de fadistas sem procedentes, entre os quais se des-tacam Camané, Ricardo Ribeiro, António Zambujo, Ana Moura, Mariza, Carminho ou Gisela João, quer também pela elevação do Fado a Património Cultural Imate-rial da Humanidade, tal como o reconheceu a UNESCO. É assim que, aqui chegados, o Fado voltou a instituir-se, sem nenhuma dúvi-da, como elemento identitário da alma lusitana, com evocações e ecos espalhados de norte a sul do país, e, dessa forma, constituindo-se enquanto um valioso primado (ou património!) para quem nos visita e deseja conhecer a renomada alma fadista lusitana.

Este roteiro da fadistagem, por nós estabelecido, teve como perso-nagem principal as tradicionais casas de fado. Não pela «mania das grandezas» mas porque são elas as que mais investem e promovem o Fado em Portugal. As raízes não as omitimos, nem esquecemos. Como tal, percorremos o país continental à descoberta de capelinhas de fado onde quer que ele se ouvisse. O que

encontrámos foi uma realidade de qual suspeitávamos mas que a alguns talvez custe reconhecer: o Fado pode ser a «canção nacional», no entanto, a sua morada principal é Lisboa. Acaso queiram disso pro-va, fica aqui o convite para que numa noite se desloquem à Rua dos Remédios, em Alfama.

Em Coimbra, «casa de fados», no sentido literal do conceito, encon-trámos apenas uma, a àCapella. O Fado ao Centro, o projecto mais inovador de fado no nosso país, situada em pleno centro da Baixa coimbrã, oferece apenas fado uma hora por dia, ao final da tarde, quando terminam as escolas de aprendizagem, mas fá-lo de uma forma instrutiva, séria e profissio-nal, modo mais do que exemplar em matéria de divulgação do Fado, tanto mais se não esquecermos que há apenas meia dúzia de meses também ali decorrem aulas de cons-trução de instrumentos. Pelas ban-das do Algarve, que passámos em passo corridinho, encontrámos um projecto similar, o Fado com Histó-ria, em Tavira, mas ainda a «aque-cer os motores». Do Porto, mais se esperava. Casas de fado: quatro. Aí, em oposição a Lisboa, predominam as tascas de fado vadio, contudo apenas propondo fado uma vez por semana. No Alentejo, nada que nos tivesse surpreendido, contámos apenas uma casa de fados, em Évo-ra. Com nome de fadista, a Severa, albergando ainda um espaço contí-guo reservado ao fado amador de sua graça: A Tasca da Barbuda, nome pelo qual era conhecida a mãe de Severa.

Page 9: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

15

Os restaurantes com fado, feliz-mente, vieram comprovar que, no que respeita ao fado, Portugal não é Lisboa e o resto é paisagem... De norte a sul, a restauração aposta forte no fado, e não se justifica com o aproveitamento da elevação do fado a Património Cultural Imate-rial da Humanidade, pois, na sua grande maioria, há muito mais de cinco anos que neles acontece fado. O turismo, para o qual, de resto, muito do que vimos aponta, enquanto «target», é o grande público desse «fado à mesa», por assim dizer, faltando-lhe, como se adivinha, alguns hábitos de consu-mo: nomeadamente em matéria de silêncio…Por fim, as colectividades. Apenas

três, para não nos desviarmos do programado para este roteiro como questão sine qua non: Fado no míni-mo uma vez por semana! Em Lis-boa, no Porto e no Algarve. Temos a certeza que muito mais haveria mas o nosso objectivo era chegar às cem casas de fado/tascas/restau-rantes e colectividades, a incluir neste roteiro. Abrimos espaço tam-bém para projectos originais, como são o caso dos alfacinhas O Povo (ao Cais do Sodré) e da casa Duetos da Sé (Alfama), onde o fado se cru-za e por vezes se junta mesmo com outros géneros musicais. Nenhum mal daí acresce ao mundo.Por último, os comes e bebes.

O fado e a cozinha tradicional por-tuguesa de mãos dadas sempre andaram. Foi Estrabão, filósofo e

historiador grego, que teve a lata de escrever, um século antes de Cristo, que os lusitanos eram um povo que só comia bolotas. Calcula--se que pelo Alentejo terá estacio-nado, desconhecendo por completo o que fosse uma tal de «dieta mediterrânica» … Bolotas? Ora bolas! A gastronomia portuguesa, de forte influência mediterrânica, que tem como base o pão, o vinho e o azeite, traduz-se igualmente na excelência do peixe cá pelo adro consumido desde tempos imemo-riais. Desconhecer tal facto ou obliterá-lo pura e simplesmente só mesmo na boca de um aldrabão. Tanto mais que também em maté-ria de viandas, as vísceras, sobretu-do de porco, se transformam num conjunto irrecusável de petiscos regionais, sobressaindo os presun-tos e os enchidos. E já agora, acres-cente-se que no belo Alentejo as especiarias e as ervas têm decisivo protagonismo em tais preparados e cozinhados. Assim, ir a uma casa de fados ou tasco e não saborear um caldinho verde com chouriço a boiar, é crime de lesa -pátria. O bacalhau é incontornável, seja ele feito de que maneira for e por cá são muitas essas maneiras! Termi-namos por isso cada casa com a sugestão de um petisco a degustar. Mas não se esqueça, depois do paladar, silêncio que o fado se vai cantar!

Orlando Leite e Pedro Teixeira Neves

Page 10: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

16

Introduction

This is not a book about fado. This is a book about places where fado is sung and heard. Needless to say, it is not only about professional fado houses, but also about places where you can hear fado vadio, Portuguese song from so-called amateur fadistas: we talk about small taverns, restaurants with fado, as well as places where fado is taught and conjugated in the future. This is our aim: to high-light, quickly and simply, places where you can hear fado in Portu-gal. And because talking about fado is virtually synonymous with talking about gastronomy, we also give an idea of the kind of food visitors can enjoy.

According to historians and aca-demics, Lisbon’s urban song origi- nated in the 19th century, in the capital’s poorer areas and was always associated with brothels and those on the fringe of society. Later, the music of «blind people» and street musicians, of fairs, reli-gious festivities, taverns1 and bull-fighting would become popular with the bohemian aristocracy of

1 Sardinha, José Alberto. A Origem do Fado. Ed. Tradisom, 2010.

old, many with blue-blooded names such as Vimioso, Manique, Castelo Melhor, Avilez, Lumiar, Galveia… One of them, the Count of Vimioso, would become part of what is perhaps the greatest myth in the history of fado: the amorous relationship between him and the fadista and prostitute Maria Seve-ra, a story that has inspired books, films and… fados!

Regarding the link between fado and bulls, João Pedro do Carmo has this to say in his book Evo-cações do Passado (Emprêsa Nacional de Publicidade, 1943, pages 20 and 21): «… until the bulls head for the Campo de Sant’Ana ring, the eating houses and water-ing holes from Carriche to Arco do Cego were full to the brim: Nova Sintra, Patusca, Quebra-Bilhas, Colete Encarnado, António da Joana and other similar establish-ments, where fado was common and its laws spoke clearly through the mouths of guitars».

Fado’s noble connections are illustrated by the fact that the penultimate king of Portugal, D. Carlos I, was known for his skill on the Portuguese guitar, having

Page 11: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

17

had lessons in his youth, while still prince, from the celebrated musi-cian, João Maria dos Anjos.

Fado gained greater notoriety from 1851 with the arrival of revue, a typical Lisbon theatre genre of satire and social and political cri-tique, which started to include musical numbers from 1870. Two important names of this theatrical form were Francis and João Villaret, who were immortalised by their diHerent approaches to fado: danced fado (Francis); spoken fado (João).

Fado was also rejuvenated with the advent of the Portuguese Republic in 1910, enjoying greater public appreciation. This era saw the first professional fadista com-panies formed, such as the Grupo Artístico de Fados, which included Berta Cardoso or Martinho d’As-sunção, from Grupo Artístico Propaganda do Fado and the Troupe Guitarra de Portugal, which boasted, among others, Alfredo Marceneiro and Ercília Costa. Lisbon’s associations would regularly feature fado on a Sun-day, while, in the Bairro Alto neighbourhood and its surround-ings, the first fado houses started to appear: Solar da Alegria, Café Mondego, Café Luso, Adega Machado, O Retiro da Severa, O Catorze do Rato, Salão Artístico de Fados, in Parque Mayer, and the old cinema Chiado Terrasse. In Alcântara, there was A Cesária, a former brothel.

Around this time, fado became a star of radio and cinema, with films such as A Severa (1931), Fado, História de uma Cantadeira (1947)

and O Miúdo da Bica (1963). In the mid-20th century, the Salazar regime jumped on the fado band-wagon, promoting it domestically on the radio, thanks, primarily, to the programme Serão para Tra-balhadores , as well as Grande Noite do Fado (1953), an event that has lasted until today. The Estado Novo regime also made sure to associate itself with the interna-tional success of Amália

In Lisbon, few opposed the regime. Ironically, one exception was Amália Rodrigues. Inspired by Alain Oulman, the man responsi-ble for the great volte-face in the singer’s career, the diva began singing the words of left-wing poets like David Mourão-Ferreira, Alexandre O’Neill, Ary dos Santos and Manuel Alegre. However, it was in Coimbra, in the 1950s and ‘60s that fado led the opposition and resistance to the Salazar dic-tatorship, two examples being Adriano Correia de Oliveira and Zeca Afonso.

After the Portuguese Revolution in April, 1974, fado, which had been moribund due to its association with the previous regime, slowly regained lost ground with a new generation willing to break with certain fado traditions and try new approaches. Mísia and Paulo Bra-gança adopted a modern approach (although not without its critics), taking the best of traditional fado but dressing it up in new garb. In 2008, Carlos do Carmo recorded Um Homem na Cidade, a concept album about Lisbon, written entirely by Ary dos Santos and,

Page 12: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

18

undoubtedly, one of Portuguese music’s finest records.

Now, in the 21st century, fado is enjoying a new state of grace, whether through the work and dedication of an unprecedented generat ion of fadistas that includes Camané, Ricardo Ribeiro, António Zambujo, Ana Moura, Mariza, Carminho and Gisela João, or because fado has been classi-fied by UNESCO as Intangible Cultural Heritage. This is how fado has re-established itself as a part of the Portuguese soul, with evocations and echoes the length and breadth of the country. It is a priceless element for those who visit our shores and wish to dis-cover the famed Portuguese fadis-ta´s soul.

The main focus of our guide is the traditional fado house. Not for any «delusions of grandeur» but because they are the places that invest and promote fado most in Portugal. We have not omitted nor forgotten the music’s roots, having scoured the mainland in search of fado, wherever it may be heard. What we found was an unsurpris-ing reality but one some may find hard to swallow: fado may well be Portugal’s «national song», but its main address is Lisbon. If you want proof, we invite you to spend an evening on Rua dos Remédios, in Alfama.

In Coimbra, we only found one «fado house», àCapella. The most innovative fado project in the country, Fado ao Centro, is located in the heart of Coimbra city centre and o[ers just one hour of fado a

day in the late afternoon, when the vocational schools finish. Instruc-tive, serious and professional, the project is exemplary in the way it disseminates fado. It has also been giving lessons on building musical instruments over the last six months. In the Algarve, where we paid a flying visit, we encountered a similar project in Tavira (Fado com História), but which is still just «warming up». More was expected from Porto. Fado houses: four. Unlike Lisbon, the most common is fado vadio in tascas (small taverns), albeit just once a week, in general. In the Alentejo, unsurpris-ingly, we found only one fado house, which is in the city of Évora. Named after the famous fadista, Severa, it also has an area reserved for amateur fado called A Tasca da Barbuda, the name given to Severa’s mother due to her notice-able whiskers.

Fortunately, restaurants featur-ing fado demonstrate that, when it comes to this music, Portugal doesn’ t mean just Lisbon. . . Throughout the country, these eateries eagerly promote fado, which has nothing to do with it being classified as Intangible Cul-tural Heritage as most of these places have been doing so for over five years. Although tourists are the main audience for this «dinner fado», they are often unaware of certain fado etiquette, particularly when it comes to silence…

Finally, associations. Just three, so as not to deviate from the main criteria for this guide: fado at least once a week! In Lisbon, Porto and

Page 13: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

19

the Algarve. We are sure that there must be many more; however, our goal was to feature 100 fado houses/ /tascas/restaurants and associa-tions for this guidebook. We made room for original projects, like O Povo (in Lisbon’s Cais do Sodré) and Duetos da Sé (Alfama), where fado sometimes meets and mixes with other musical genre.

Finally, the food and drink. Fado and traditional Portuguese food have always gone hand-in-hand. It was the Greek philosopher and historian, Strabo, in the first cen-tury B.C., who had the gall to write that the Lusitanians (ancient ancestors of the Portuguese) ate only acorns. He must have been stranded in the Alentejo and com-pletely ignorant of the «Mediter-ranean diet» … Acorns? As if ! Boasting a strong Mediterranean influence, the foundation of Por-tuguese gastronomy is bread, wine and olive oil. Another very impor-

tant element is excellent fish, which has been eaten here since time immemorial. Other delicacies include a number of irresistible meat options, particularly regional specialities, like cured pork hams and sausages. And, while we are at it, it is worth mentioning that, in the lovely Alentejo, spices and herbs play a key role in the region’s cuisine. As such, going to a fado house or tavern and not trying a caldo verde (kale and potato soup) with a slice of chouriço sausage, is tantamount to treason. And there is no getting away from cod, which can be eaten in countless diYerent ways in this country! To do justice to such fine fare, we end each text with a culinary recommendation. After eating, don’t forget, pray silence for the sound of fado!

Orlando Leite and Pedro Teixeira Neves

Page 14: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

20

Introducción

Este libro no es un libro sobre Fado, es un libro sobre casas, locales y espacios, en los que se canta y se puede escuchar Fado. Es decir, no es solo sobre las casas de fado profesional, sino también los locales donde se puede escu-char «fado vadio», la canción nacional en las voces de los llama-dos fadistas amateurs. Hablamos de tabernas, restaurantes con fado y también espacios en donde el fado se enseña para el día de mañana. El argumento es claro: dar a conocer, de una forma rápi-da y simple, los lugares de Portu-gal, de norte a sur del país, donde se pueden escuchar fados. Pero como hablar de fado casi es sinó-nimo de hablar de gastronomía, también incluimos, de forma resu-mida, los platos y tapas que se pueden degustar en cada casa.

Originalmente, según algunos historiadores y estudiosos, la can-ción urbana de Lisboa nació en el siglo xix, en los barrios populares lisboetas y desde siempre ha estado asociadas a los burdeles y locales marginales. La canción de los «cie-guitos» y músicos de la calle, de los

mercados, de las tabernas1, y de las esperas de las corridas, conquistó más tarde la aristocracia bohemia de otros tiempos, como se aprecia en nombres con mucha pompa como: Vimioso; Manique, Castelo Melhor; Avilez; Lumiar, Galveia… Uno de ellos, el Conde do Vimioso, originó lo que casualmente se con-virtió en el mayor mito de la histo-ria del Fado: la relación amorosa que el conde mantuvo con la fadis-ta y prostituta Maria Severa, histo-ria que dio origen a libros, películas y ¡fados!

De la unión entre el fado y los toros, transcribimos lo que escribe João Pedro do Carmo, en su libro Evocações do Passado (Emprêsa Nacional de Publicidade, 1943, págs. 20 y 21): «…mientras los toros no levantan en dirección a la plaza de Campo de Sant´Ana, regurgitaban los aficionados y apreciadores de las esperas, las casas de tapeo y retiros de Carriche a Arco do Cego: Nova Sintra, Patusca, Quebra-Bilhas, Colete Encarnado, António da Joa-na y otros locales similares, donde el fado predomina y sus leyes

1 Sardinha, José Alberto. A Origem do Fado. Ed. Tradisom, 2010.

Page 15: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

21

hablan claro por las bocas de las guitarras». También hay que decir, sobre las relaciones del Fado con las clases de sangre azul, que el penúl-timo rey de Portugal era un exce-lente guitarrista, ya que desde su juventud, todavía príncipe, recibió lecciones del entonces instrumen-tista João Maria dos Anjos

El Fado adquirió una notoriedad renovada a partir de 1851, con la llegada del Teatro de Revista, géne-ro de teatro típicamente lisboeta, de cariz satírico y con crítica polí-tica y social, que incorporó, a partir de 1870, los números musicales. Francis e João Villaret son dos figuras fundamentales en este ámbito, inmortalizados por sus distintos abordajes del fado: el fado danzado (Francis); el fado hablado de Villaret.

Con la implantación de la Repú-blica, en 1910, el Fado ganó todavía más importancia y sobre todo, más aprecio por parte del público. De ahí que fue durante las primeras déca-das del siglo xx cuando se formaron las primeras compañías de fadistas profesionales, casos como el Grupo Artístico de Fados, del que forma-ban parte Berta Cardoso o Marti-nho d’Assunção, del Grupo Artístico Propaganda do Fado o de la Troupe Guitarra de Portugal, que integraba, entre otros, Alfredo Marceneiro y Ercília Costa. En este panorama, si en las colectividades el fado lisboe-ta se asume como el protagonista de los domingos, en el Barrio Alto y en sus proximidades, nacen en esta época las primeras casas de fados: Solar da Alegria; Café Mon-dego, Café Luso, Adega Machado,

O Retiro da Severa, O Catorze do Rato, el Salão Artístico de Fados, en el Parque Mayer, o el antiguo cine Chiado Terrasse. En Alcântara, «vivía» A Cesária, antigua casa de prostitución.

Por esa fecha, el Fado también se convirtió en el protagonista de la radio y el cine, y como ejemplo tenemos películas como A Severa (1931), Fado, História de uma Canta-deira (1947) o O Miúdo da Bica (1963). A comienzos de la segunda mitad del siglo pasado, el régimen salazarista se subió al tren del fado, promoviéndolo internamente en la radio, sobre todo, a través del pro-grama Serão para Trabalhadores y también con la Grande Noite do Fado (1953), evento que ha perdu-rado hasta nuestros días. Estado Nuevo, viejos hábitos, el régimen se aprovechó también del éxito inter-nacional de Amália

En Lisboa, eran pocos lo que se oponían al régimen. Irónicamente, una de esas excepciones terminó siendo la diva Amália Rodrigues, quien con Alain Oulman, el respon-sable por el gran desarrollo de la carrera de la fadista, empezó a cantar las letras de poetas de izquierda como David Mourão-Fe-rreira, Alexandre O’Neill, Ary dos Santos, Manuel Alegre. Sin embar-go, era en Coimbra, en los años 50 y 60 del siglo pasado, cuando el Fado lideraba la oposición y resistencia a la dictadura salazarista. Adriano Correia de Oliveira y Zeca Afonso son apenas dos ejemplos.

Tras la Revolución de los Claveles, en Abril de 1974, el Fado, que estaba moribundo, debido a su connota-

Page 16: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

22

ción con el fascismo salazarista, conseguirá, poco a poco, un nuevo aliento con el surgimiento de una nueva generación dispuesta a rom-per algunas de las tradiciones fadis-tas, implementando nuevos abor-dajes. Mísia y Paulo Bragança se suman a la modernidad (no sin crear resistencias y anticuerpos), cogiendo lo mejor del fado tradicio-nal pero añadiéndole una nueva forma. Carlos do Carmo, en 2008, graba Um Homem na Cidade, un registro discográfico conceptual sobre Lisboa enteramente escrito por Ary dos Santos y también uno de los mejores discos de siempre de la música portuguesa.

Hoy, en el siglo xxi, el fado está otra vez de moda. Tanto por el tra-bajo y dedicación de una genera-ción de fadistas sin precedentes, entre los que se destacan Camané, Ricardo Ribeiro, António Zambujo, Ana Moura, Mariza, Carminho o Gisela João, como también por la denominación del Fado como Patri-monio Cultural Inmaterial de la Humanidad, reconocimiento de la UNESCO. De esta forma, el Fado ha vuelto a convertirse, sin duda, en el elemento de identidad del alma lusitana, con evocaciones y ecos extendidos de norte a sur del país; y de esta forma, constituyén-dose como un valioso patrimonio para quien nos visita y desea cono-cer el renombrado alma fadista lusitano.

Esta ruta del Fado, que hemos establecido, tiene como personajes principales las tradicionales casas de fado, precisamente porque en ellas se invierte y promueve el Fado

en Portugal. No hemos omitido las raíces, ni las hemos olvidado. Como tal, hemos recorrido el país, buscan-do las capillitas de fado donde éste se escucha. Y lo que hemos encon-trado es una realidad que sospechá-bamos que existía, aunque a algu-nos les cueste reconocerlo: el Fado puede ser la «canción nacional», pero su sede principal está en Lis-boa. Y para que lo puedan compro-barlo, les invitamos a que una noche vayan a la Rua dos Reme-dios, en Alfama.

En Coimbra, «casa de fados» en el sentido literal del concepto, solo encontramos una, àCapella. El Fado ao Centro, el proyecto más innova-dor de fado de nuestro país, se sitúa en el centro histórico de Coimbra, y ofrece apenas una hora de fado al día, al final de la tarde, cuando terminan las escuelas de aprendi-zaje; pero lo hacen de forma ins-tructiva, seria y profesional, una manera muy ejemplar de divulga-ción del Fado, sobre todo, sabiendo que solo hace media docena de meses que hay allí clases de instru-mentos. En el Algarve, también encontramos un proyecto similar, el Fado Con Historia, en Tavira, pero que todavía está «calentando motores». De Oporto se esperaba más. Casas de Fado hay cuatro. Allí, a diferencia de Lisboa, predominan las tascas de fado vadio, amateur, aunque solo hay fado una vez a la semana. En el Alentejo, no nos sor-prendió el hecho de que solo encon-trásemos una casa de fados, en Évora. Con nombre de fadista, la Severa, que alberga además un espacio contiguo reservado al fado

Page 17: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

23

amateur: La Tasca da Barbuda, nombre con el que se conocía a la madre de Severa. Los restaurantes con fado, feliz-

mente, prueban, en materia de fado, que Portugal no es solo Lisboa. De norte a sur, los restaurantes han apostado fuerte en el fado, y no se debe apenas al hecho de que el Fado sea Patrimonio Cultural Inmaterial de la Humanidad, porque la mayo-ría existen – o tienen fado – desde hace más de cinco años. El turismo, que es el objetivo principal de estos establecimientos, es el gran público del «fado en la mesa», por llamarlo así; pero aún así les faltan algunos hábitos de consumo: en concreto, en materia de silencio Por último, están las colectivida-

des. Apenas tres, para no desviar-nos de la programada ruta, es decir, cuya condición sine qua non era que tuvieran fado al menos una vez a la semana. En Lisboa, Oporto y en el Algarve. Estamos seguros de que habrá más, pero nuestro obje-tivo era llegar a las cien casas de fado/tascas/tabernas/restaurantes y colectividades. Hemos abierto también un espacio para los proyec-tos originales, como es el caso de los lisboetas O Povo (en Cais do Sodré) y de la casa Duetos da Sé (Alfama), donde el fado se cruza a veces con otros géneros musicales. Algo que consideramos muy positivo. Por último, está la comida y bebi-

da. El fado y la cocina tradicional

portuguesa están siempre de la mano dada. El filósofo e historiador griego Estrabón, escribió un siglo a.C. que los lusitanos eran un pue-blo que solo comía bellotas. Supo-nemos que pasó por el Alentejo, y desconocería si eso formaba parte de la dieta mediterránea. ¿Bellotas? ¡Por favor! La gastronomía portu-guesa tiene una fuerte influencia mediterránea, ya que tiene como base el pan, el vino y el aceite; y además se traduce también en sus excelentes pescados, que se consu-men por aquí desde tiempos inme-morables. Desconocer tal hecho o ignorarlo, no nos parece correcto. Sobre todo, por toda la variedad que tenemos, en concreto, en materia de cerdo, del que se consiguen elaborar muchas tapas regionales, en las que se destacan los embutidos y jamo-nes. Y también tenemos que añadir que en el Alentejo, las especias e hierbas también tienen un gran protagonismo en los platos. Así que ir a una casa de fados, o una tasca, sin probar un caldo verde con cho-rizo nos parece un delito. El bacalao es imprescindible, ya sea de la manera que sea. Por eso, hemos terminado cada casa con una suge-rencia gastronómica que puede degustar. Pero no se olvide de una cosa, después del paladar: ¡silencio, que un fado se va a cantar!

Orlando Leite y Pedro Teixeira Neves

Page 18: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK
Page 19: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK
Page 20: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK
Page 21: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

Lisboa e Vale do Tejo

Page 22: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

28

Lis

bo

a –

Ca

sas

de

Fa

do

Mário Pacheco, um dos mestres da guitarra portuguesa, filho do guitarrista António Pacheco – o Anda Pacheco popularizado pela Hermínia Silva –, há muito que alme-java ter um sítio para tocar e dar a conhecer jovens fadistas e instru-mentistas. Há duas dezenas de anos – o Clube de Fado comemorou vinte anos de existência em Janeiro deste ano –, decidiu comprar um bar, pare-des-meias com a Sé de Lisboa, que se iria tornar naquela que é referên-cia de excelência da canção de Lis-boa, o Clube do Fado. A sua arqui-tectura milenar, na qual se integra o Poço Moiro, faz-nos recuar no tempo. As paredes cobrem-se de grandes nomes do fado e de personagens ilustres que por lá passaram, como por exemplo Woody Allen. O elenco privilegia a nova geração do fado. Diz-se, e com toda a razão, que o Clube do Fado mais do que uma casa de fado é embrião da nova geração fadista, pois lá se iniciaram Mísia e Paulo Bragança. Actualmente, entre outros nomes, o elenco residente da casa é constituído por Cuca Roseta,

Maria Ana Bobone, Rodrigo Costa Félix, Diamantina, Carmo Moniz Pereira e Miguel Capucho. Uma casa de fados que teima em não ser ape-nas mais uma casa de fado diferen-te, impondo excelência nos artistas e na gastronomia.

Mário Pacheco, one of the masters of the Portuguese guitar, and son of Portuguese guitarist António Pacheco – the Anda Pache-co made famous by Hermínia Silva – longed for years to have some-where to play and give an opening to young fado performers and musicians. Twenty years ago –Clube de Fado celebrated its twen-tieth anniversary in January this year – he decided to buy a bar, adjoining Lisbon Cathedral, which would later become what it is now – Clube de Fado, the standard of excellence for fado in Lisbon. Its historical architecture, incorporating the Poço Moiro, the Moor’s Well, where you can make a wish, takes

Rua São João da Praça, 92

20h00-02h00 – Não encerra/Open daily/No cierra

50€ – Preço médio/Average price/Precio medio

218 852 704 – Telefone/Phone/Telefono

Bacalhau suado à Lisboa – Sugestão

Lisbon-style braised cod – Recommendation

Bacalao sudado a Lisboa – Sugerencia

Clube do Fado

Page 23: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

29

visitors back in time. The walls are covered in the names of great fado performers and famous people who have visited, such as Woody Allen for example. Resident performers are predominantly from the new generation of fado. It’s said quite rightly that Clube do Fado, rather than a fado restaurant, is the incu-bator for the new generation of fado, with both Mísia and Paulo Bragança starting out here. Current resident performers include Cuca Roseta, Maria Ana Bobone, Rodri-go Costa Félix, Diamantina, Carmo Moniz Pereira and Miguel Capucho among others. This fado restaurant, determined not to be just another fado venue, seeks excellence in its artists and cuisine.

Mário Pacheco, uno de los maestros de la guitarra portuguesa, hijo del guitarrista António Pache-co – el Anda Pacheco popularizado por Hermínia Silva –, hace mucho tiempo que deseaba tener un lugar para tocar y también para dar a conocer a jóvenes fadistas e instru-

mentistas. Hace dos decenas de años – el Clube de Fado conmemo-ró 20 años de existencia en enero de 2015 –, decidió comprar un bar, muy cerca de la catedral de Lisboa, que se convertiría en una referencia excelente de la canción de Lisboa, el Clube do Fado. Su arquitectura milenaria, en la que se integra el pozo Moiro, en el que puede pedir un deseo, nos hace retroceder en el tiempo. Las paredes se cubren con grandes nombres del fado y con personajes ilustres que han pasado por allí, como por ejemplo Woody Allen. En el elenco sobresalen voces de la nueva generación del fado. Se dice, y con razón, que el Clube do Fado, más que una casa de fado es el embrión de la nueva generación de fadistas. Allí empezaron Mísia y Paulo Bragança. Actualmente, entre otros nombres, el elenco residente de la casa está formado por Cuca Roseta, Maria Ana Bobone, Rodri-go Costa Félix, Diamantina, Carmo Moniz Pereira y Miguel Capucho. Una casa de fados que insiste en no ser una casa de fados más, exigien-do excelencia tanto a los artistas como a la gastronomía.

Page 24: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

Em Setembro de 1975 abria as portas aquela que é, convictamente, uma das catedrais do fado lisboeta, o Sr. Vinho. Desde então rios de fado por lá têm desaguado. Nas últimas duas décadas, o Sr. Vinho tem sido o viveiro da aclamada nova geração fadista, casos de Mariza, Camané, Ana Moura, António Zambujo, Gisela João, Aldina Duarte. O car-dápio gastronómico da casa de Maria da Fé e de José Luís Gordo alicerça-se na cozinha tradicional portuguesa. A consumir: as excelen-tes favas à Sr. Vinho, o polvo à lagareiro ou a perdiz à Sr. Vinho. As entradas afinam pela mesma qua-lidade dos pratos principais e nas sobremesas a salada de frutos sil-

vestres recomenda-se. No beber, o Sr. Vinho oferece uma diversificada escolha de néctares muito criterio-sos, na qual se encontram represen-tadas todas as regiões vinhateiras do país. A escolha depende de como anda a sua carteira… O melhor do fado, complementado por uma dis-tinta cozinha, fazem do Sr. Vinho uma casa de referência, local de passagem obrigatória no roteiro fadista alfacinha.

In September, 1975, the doors opened to what is, undoubtedly, one of the cathedrals of Lisbon fado, Sr. Vinho. Since then, rivers of

Rua do Meio à Lapa, 18

19h30-02h00 – Não encerra/Open daily/No cierra

50€ – Preço médio/Average price/Precio medio

213 972 681 – Telefone/Phone/Telefono

Cabrito assado no forno na companhia de um tinto S. Sebastião – Sugestão

Oven-roasted kid in the company of a S. Sebastião red – Recommendation

Cabrito asado en el horno regado con un tinto S. Sebastião – Sugerencia

Sr. VinhoRestaurante Típico

Lisb

oa

– C

asa

s d

e Fa

do

Page 25: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

31

fado have flowed through the place, which, over the last couple of deca-des, has been the breeding ground for an acclaimed new generation of fado artists, like Mariza, Camané, Ana Moura, António Zambujo, Gisela João and Aldina Duarte. The gastronomic menu of Maria da Fé and José Luís Gordo’s musical Mec-ca is based on traditional Portu-guese cuisine, exemplified by the excellent broad beans à Sr. Vinho, the oven-baked octopus and par-tridge à Sr. Vinho. The starters oRer the same quality as the main meals and, in terms of desserts, the fruit salad is always a fine option. When it comes to beverages, Sr. Vinho oRers a wide range to choose from, where all the country’s wine pro-ducing regions are well represented. What you choose may depend on how deep your pockets are… The best fado, complemented by dif-ferent cuisine, make Sr. Vinho an essential stop on any Lisbon fado itinerary.

En septiembre de 1975 abría sus puertas la que es, seguramente,

una de las catedrales del fado lis-boeta, el Sr. Vinho. Desde entonces, ríos de fado han pasado por ella. En las últimas dos décadas, el Sr. Vinho ha sido un vivero de la aclamada nueva generación de fadistas, como es el caso de Mariza, Camané, Ana Moura, António Zambujo, Gisela João y Aldina Duarte. El menú de la casa de Maria da Fé y José Luís Gordo se basa en la cocina tradicional por-tuguesa. Hay que probar las exce-lentes «favas» (habas) al Sr. Vinho, el pulpo «à lagareiro» (asado en el horno), o la perdiz al Sr. Vinho. Las entradas tienen la misma calidad que los platos principales y en los postres se recomienda la macedo-nia de frutos del bosque. Para beber, el Sr. Vinho ofrece una diver-sificada elección de néctares con mucho criterio, en la que se encuen-tra representadas todas las regiones vitivinícolas del país. La elección dependerá de cómo esté su cartera… Lo mejor del fado, complementan-do con una cocina de calidad, ha hecho del Sr. Vinho una casa de referencia, local de visita obligato-ria en la ruta del fado lisboeta.

Page 26: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

32

Foi taberna e carvoaria, conver-tendo-se em casa de fados a partir da década de cinquenta, rebaptizada de A Parreirinha de Alfama. Nos anos 60 (1963), Argentina Santos, a diva viva do fado, elevou-a a «san-tuário» fadista. Das tertúlias fadis-tas aos insignes cozinhados de Argentina Santos, o fado corria noite adentro nas vozes de Amália, Alfredo Marceneiro, Lucília do Car-mo, Berta Cardoso, Celeste Rodri-gues, Maria da Fé ou Beatriz da Conceição, entre muitos outros, e, por vezes, na poesia de Linhares Barbosa. É por tudo isto que, histo-ricamente, esta catedral do fado estará sempre ligada à vida de Argentina Santos. Nos tempos de hoje e apesar de uma nova gerência, A Parreirinha de Alfama mantém a alma fadista de outrora em eleva-do padrão. O naipe de fadistas e músicos residentes faz jus aos per-gaminhos da casa: Paulo Valentim e Bruno Costa nas guitarras; Maria Amélia Proença, Vera Monteiro, Joana Veiga, Maria de Fátima e Sérgio da Silva, nas vozes, são disso

exemplo, tal como as restantes fadis-tas. No que aos comes e bebes diz respeito afina pelo mesmo tom.

Previously a tavern and coal merchant, it became a fado house from the 1950s onwards and was re-christened A Parreirinha de Alfama. In the 1960s (1963), the fado diva Argentina Santos elevated it to a fado «sanctuary». From the fadis-ta gatherings to Santos’ distin-guished dishes, fado could be heard until the early hours in the voices of Amália, Alfredo Marceneiro, Lucília do Carmo, Berta Cardoso, Celeste Rodrigues, Maria da Fé and Beatriz da Conceição, among many others, and sometimes in the poetry of Linhares Barbosa. Although, historically, this fado house will always be connected to the life of Argentina Santos, Parreirinha de Alfama, even with new manage-ment, has kept its fado soul of days past very much intact. The group of resident fado singers and musicians

Beco Espírito Santo, 1, Alfama

20h00-01h00 – Não encerra/Open daily/No cierra

45€ – Preço médio/Average price/Precio medio

218 868 209 – Telefone/Phone/Telefono

Salteado de polvo com gambas – Sugestão

Sautéed octopus with prawns – Recommendation

Salteado de pulpo con gamba – Sugerencia

A Parreirinha de Alfama

Lisb

oa – Casas de Fado

Page 27: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

have maintained its reputation, with the guitars of Paulo Valentim and Bruno Costa and the voices of Maria Amélia Proença, Vera Mon-teiro, Joana Veiga, Maria de Fátima and Sérgio da Silva, as well as the other fadistas. The food and drink boast the same high standard.

Ya fue una taberna, convirtién-dose en casa de fados a partir de la década de los 50, rebautizada como A Parreirinha de Alfama. En los años 60 (1963), Argentina Santos, la diva viva del fado, la elevó al nivel de «santuario» fadista. De las tertulias fadistas a los insignes platos de Argentina Santos, el fado se cantaba aquí de madrugada en las voces de Amália, Alfredo Mar-ceneiro, Lucília do Carmo, Berta Cardoso, Celeste Rodrigues, Maria da Fé o Beatriz da Conceição, entre muchos otros; y a veces también en la poesía de Linhares Barbosa. Por todo esto, históricamente, esta cate-dral del fado estará siempre ligada a la vida de Argentina Santos. Hoy, a pesar de contar con una nueva gerencia, A Parreirinha de Alfama

mantiene el alma fadista de otros tiempos con un listón muy alto. El abanico de fadistas y músicos resi-dentes hace honor a la historia de la casa: Paulo Valentim y Bruno Costa en las guitarras; Maria Amé-lia Proença, Vera Monteiro, Joana Veiga, Maria de Fátima y Sérgio da Silva, en las voces, son un buen ejemplo, como el resto de fadistas. La comida y bebida están afinadas en el mismo tono.

Page 28: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

A Maria Severa Onofriana (1820- -1846) deve o seu nome a casa de fados A Severa, situada no pitoresco Bairro Alto, principal bairro lis-boeta de divertimento nocturno, e igualmente local de encontro de diferentes culturas e gerações. A Severa é a mais antiga casa de fado lisboeta que permanece na mesma família, três gerações, e um dos ícones da fadistagem alfacinha. Casa requintada, de generoso aten-dimento e de decoração sóbria, A Severa foi fundada, em 1955, por Júlio de Barros Evangelista e sua esposa, Maria José, mantendo-se fiel,

ao longo dos anos, ao fado classicis-ta e, no que respeita a culinária, à tradicional cozinha portuguesa. Nos dias de hoje, será porventura uma das casas de fado que mais apego tem ao legado lisboeta desse património e por lá passaram nomes grandes da história do fado. Actual-mente, o elenco residente é compos-to por Natalino de Jesus, Fernando de Sousa, Lina Santos e Alzira de Sá, intérpretes que comprovam o já aqui citado classicismo de A Severa. Quanto ao sustento, A Severa tem uma carta sugestiva, seja na carne ou no pescado.

Rua das Gáveas, 51/61, Bairro Alto

20h00-02h00 – Encerra Qua./Closed Wed./Cierra Mié.

50€ – Preço médio/Average price/Precio medio

213 428 314 – Telefone/Phone/Telefono

Posta de vitela à mirandesa – Sugestão

Thick veal steak à mirandesa – Recommendation

Lomo de ternera a la mirandesa – Sugerencia

A Severa

Lis

bo

a –

Ca

sas

de

Fad

o

Page 29: Guia Casas de Fado dp MIOLO 15x23 OK

35

Named after Maria Severa Onofriana (1820-1846), this fado house is located in the pictur-esque Bairro Alto, Lisbon’s main area for nightlife and a meeting place for different cultures and generations. A Severa is the oldest fado house in Lisbon to have remained in the same family for three generations and is one of the icons of Lisbon fado. An upmarket venue, with attentive service and sober decoration, A Severa was founded in 1955 by Júlio de Barros Evangelista and his wife Maria José. Over the years it has remained loyal to classic fado and, in culi-nary terms, to traditional Portu-guese cuisine. Nowadays, it is perhaps one of the fado houses most closely linked to the Lisbon legacy of this heritage, and has played host to great names from the history of fado. The resident cast consists of Natalino de Jesus, Fernando de Sousa, Lina Santos and Alzira de Sá, singers who embody the classicism of A Severa. When it comes to food, A Severa has an appealing menu both for meat and fish.

La casa de fados A Severa debe su nombre a Maria Severa Onofria-na (1820-1846). Está situada en el pintoresco Bairro Alto, principal barrio lisboeta de diversión noctur-na, y también es en lugar de encuentro de diferentes culturas y generaciones. A Severa es la casa de fados lisboeta más antigua que

pertenece a la misma familia, tres generaciones y uno de los íconos del fado lisboeta. Es una casa elegante, con un generoso atendimiento y una decoración sobria. A Severa fue fundada en 1955 por Júlio de Barros Evangelista y su esposa Maria José, manteniéndose fiel a lo largo de los años al fado clasicista y, en lo que se refiere a la culinaria, a la tradi-cional cocina portuguesa. Actual-mente, es una de las casas de fado que más apego tiene al legado lis-boeta de este patrimonio y por aquí han pasado grandes nombres del fado. Ahora, el elenco residente está formado por Natalino de Jesus, Fernando de Sousa, Lina Santos y Alzira de Sá, intérpretes que siguen el ya aquí citado clasicismo de A Severa. Sobre la comida, A Seve-ra tiene un menú muy sugerente, ya sea carne o pescado.