grupo tÉcnico incumbido de estudar a razÃo da … · para o desenvolvimento de suas atividades,...
TRANSCRIPT
GRUPO TÉCNICO INCUMBIDO DE ESTUDAR A RAZÃO DA
PROLIFERAÇÃO E OS PREJUÍZOS CAUSADOS PELA MOSCA-DOS-
ESTÁBULOS E PROPOR SOLUÇÕES PARA ESSE PROBLEMA
Resolução SAA - 36, de 18-9-2015
Relatório Final de Atividades 2016
ii
Grupo Técnico da Mosca-dos-estábulo
Membros Nomeados: Cláudio C.P. Menezes - CATI/SAA
Edna Clara Tucci - Instituto Biológico
Fernanda Calvo Duarte - Instituto Biológico
José Francisco Tristão - CDA/SAA
Luiz Henrique Barrochelo - CDA/SAA
Sidney Ezídio Martins - CATI/SAA
Membro Convidado Paulo Henrique Duarte Cançado – EMBRAPA Gado de Corte
Objetivo: Estudar a relação intrínseca entre a mosca-dos-estábulos e a vinhaça,
para propor soluções definitivas para esse problema.
iii
CONTEÚDO
1. Introdução
...............................................................................
4
2. Revisão da Literatura
............................................................
7
3. Importância Veterinária
.........................................................
16
4. Biologia
..................................................................................
19
5. Detalhamento das Atividades Desenvolvidas
.....................
21
6. Resultados
..............................................................................
25
6.1.
Áreas do Conhecimento e Grupo de Pesquisa
................
25
6.2.
Mapeamento dos surtos nos municípios de São Paulo
..
26
6.3.
Difusão de Tecnologia
........................................................
29
6.4.
Sugestões e Ações
.............................................................
31
6.5.
Alternativas de Controle
.....................................................
32
iv
7. Conclusões
.............................................................................
34
1. INTRODUÇÃO
As reclamações mais recentes de surtos no Estado de São Paulo foram
registradas em 2008, no município de Ouroeste, em rebanhos de gado de leite.
Os produtores notaram grande quantidade de moscas nos membros anteriores
ou torácicos, fazendo com que os animais não se alimentassem normalmente,
permanecendo em grupos se movimentando constantemente na tentativa de se
livrarem dos parasitas.
Nessa época, técnicos da CATI estiveram envolvidos no problema, com o
objetivo de identificar a origem dos surtos, para a implantação de medidas de
controle. Constataram que se tratava de infestações bastante altas da mosca
dos estábulos, até então, sem relatos na região, e que havia inúmeras
propriedades sofrendo com o mesmo problema. Os produtores acreditavam que
as altas populações deste díptero estariam relacionadas com a implantação de
usina de cana-de-açúcar na região. Essa hipótese levantada pelos produtores
foi considerada pelos técnicos da CATI os quais passaram a buscar uma relação
entre os dois eventos. Concluíram que existia uma grande possibilidade da alta
v
proliferação estar relacionada com a utilização da vinhaça, subproduto líquido de
processamento da cana-de-açúcar.
Foram, então, realizadas reuniões com técnicos da SAA (CATI)
produtores rurais e técnicos das usinas para um melhor entendimento do
problema. Os representantes da Usina se prontificaram a percorrer os principais
pontos de irrigação com vinhaça para observação de possíveis focos, os quais
puderam posteriormente ser confirmados pelos técnicos da CATI.
A partir de 2008, o Laboratório de Parasitologia do Instituto Biológico de
São Paulo, passou a receber um aumento nas consultas telefônicas de técnicos
e/ou produtores rurais, em busca de uma solução para o problema que vinham
enfrentando com as altas populações da mosca-dos-estábulos, sempre
associando os surtos à aplicação da vinhaça.
Por se tratar de uma situação nova, não existiam soluções específicas
para o problema, tampouco conhecimento científico sobre o fato. Nos anos
seguintes, os surtos foram aumentando no noroeste do Estado de São Paulo e,
dada a gravidade do problema, começou a haver participação de prefeituras dos
municípios envolvidos, assim como de outras instituições externas à SAA, tais
como Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Embrapa, com a
realização de várias reuniões, sem resultados efetivos até o presente.
Em 2010, o Instituto Biológico realizou o “Encontro técnico sobre mosca-
dos-estábulos associada à vinhaça no cultivo da cana de açúcar” tendo como
palestrantes pesquisadores da Embrapa, Unicamp, Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Ponta Grossa e Instituto Biológico.
O evento foi aberto ao corpo técnico da SAA e contou também com participação
representativa do setor de cana-de-açúcar e bovinocultura. O ponto marcante do
evento foram as discussões que demonstraram que ainda existe um grande
caminho a ser percorrido para o controle desta praga. Numa delas, foi contestado
pelos usineiros o conceito inicial, de que a proliferação da mosca estaria
relacionada somente ao uso da vinhaça, uma vez que o subproduto vinha sendo
usada há muitos anos na fertirrigação e a única mudança recente no manejo das
usinas foi a introdução da colheita mecanizada, a qual resulta em acúmulo de
palha, substrato favorável ao desenvolvimento da mosca. No debate final do
evento, concluiu-se que devido à complexidade do problema, pelo envolvimento
de diferentes áreas do conhecimento, tais como Agronomia, Medicina
vi
Veterinária, Ecologia, Epidemiologia e Meio Ambiente, foi proposto o
encaminhamento ao Sr Secretário da Agricultura, um documento solicitando a
formação de uma comissão estadual para solucionar o problema. Tal solicitação
foi encaminhada ao Diretor Técnico do Instituto Biológico em junho de 2010.
Apesar de pouca informação científica sobre o problema, os técnicos da
SAA vêm atuando no campo, orientando os produtores rurais, na tentativa de
minimizar o problema por meio de acompanhando das propriedades afetadas,
coletando informações sobre queda na produção, efeitos reprodutivos e
ocorrência de doenças e fornecendo orientações de controle do inseto adulto.
Atualmente verifica-se que o problema vem se repetindo ano após ano,
com produtores rurais extremamente apreensivos em virtude dos elevados
prejuízos econômicos e sem perspectivas devido à inexistência de um controle
efetivo.
O Anexo I apresenta um histórico detalhado do problema, elaborado pelo
Dr Cláudio Menezes, Assistente Técnico da Casa da Agricultura de Estrela do
Oeste.
Em setembro de 2015 foi constituído o Grupo Técnico criado pela
Resolução SAA - 36, de 18-9-2015, formado por técnicos especialistas, os quais
juntamente com os diferentes segmentos do setor produtivo vêm estudando o
problema para propor medidas para o controle efetivo da mosca neste contexto.
RESOLUÇÃO
Agricultura e Abastecimento GABINETE DO SECRETÁRIO Resolução SAA - 36, de 18-9-2015 Constitui Grupo Técnico incumbido de estudar a razão da proliferação e os prejuízos causados pela mosca-dos-estábulos e propor soluções para esse problema O Secretário de Agricultura e Abastecimento, com fundamento no artigo 44, inciso I, alínea g, do Decreto 43.142 de 02-06-1998, e Considerando que está ocorrendo, na região oeste do Estado de São Paulo, grave problema sanitário animal provocado pelo crescimento populacional explosivo da mosca-dos-estábulos, inseto hematófago que está causando fortíssimas infestações em rebanhos bovinos de municípios dessa região, notadamente quando situados próximos a canaviais em que se utiliza a fertirrigação com vinhaça, Considerando que este problema está levando ao abandono da atividade de produção leiteira por muitos pecuaristas e causando forte problema econômico e social na região. Resolve: Artigo 1º - Constituir Grupo Técnico composto por técnicos da SAA e das partes interessadas que será incumbido estudar a relação intrínseca entre a mosca-dos-estábulos e a vinhaça e para propor soluções definitivas para esse problema. Artigo 2º – O Grupo de Trabalho ora instituído será composto pelos seguintes membros: I –
vii
Edna Clara Tucci, portadora do RG: 7.632.281-6, Pesquisadora Científica do Instituto Biológico, da APTA/SAA. II- Fernanda Calvo Duarte RG: 23.066.566-4, Pesquisadora Científica do Inst. Biológico, da APTA/SAA. III -José Francisco Tristão - RG 6.644.680, Assistente Agropecuário., da CDA/SAA. IV - Luiz Henrique Barrochelo - RG 29.655.224-0, Assistente Agropecuário, da CDA/SAA. V - Cláudio C.P. Menezes, RG. 9.927.857-4, Assistente Agropecuário da CATI/SAA. VI- Sidney Ezídio Martins, RG. 6.151.885-2. Assistente Agropecuário da CATI/SAA Parágrafo único – A coordenação dos trabalhos do grupo ficará a cargo da pesquisadora científica Edna Clara Tucci, do IB/Apta/SAA. Artigo 3° - Para o desenvolvimento de suas atividades, o Grupo ora constituído poderá convidar técnicos dos quadros da Administração Pública Estadual e da iniciativa privada de notória especialização na matéria, sem que para isto, caiba qualquer ônus à esta Secretaria. Artigo 4º - O prazo para apresentação dos resultados é de 60 dias, contados a partir da definição do plano de trabalho e poderá ser prorrogado, desde que devidamente justificado. Artigo 5º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. (PSAA 13.727/2015
viii
2. REVISÃO DA LITERATURA
Nos últimos 20 anos poucas pesquisas foram realizadas sobre o tema
mosca-dos-estábulos. Mais restrita ainda são as pesquisas correlacionando
surto desta mosca e a atividade sucroalcooleira. Os próximos parágrafos trazem
um resumo do conteúdo das principais publicações técnicas e científicas sobre
o tema desde de 2002. As publicações estão organizadas em ordem cronológica
de publicação.
Ano: 2002 BITTENCOURT & MOYA-BORJA, Stomoxys calcitrans (Linnaeus, 1758)
(Diptera, Muscidae): preferência por locaisdo corpo de bovinospara
alimentação. Rev. bras. Zoociências Juiz de Fora V. 4 No 1 Jun/2002 p. 75-83 Nesta pesquisa os cientistas estudaram o comportamento da mosca e
descreveram sua prefencia alimentar por diferentes partes do corpo. A conclusão
do trabalho é que as moscas se concentram nas seguintes partes do corpo em
ordem decrescente: patas dianteiras, patas traseiras, tórax, pescoço, abdome e
cabeça. Os autores ainda registraram que entre 40% e 70% das moscas se
concentram nas patas dianteiras. A explicação para este comportamento é a
ausência de reflexo cutâneo (quando o animal treme a pele para se livrar das
moscas) nas patas.
Ano: 2004 AVELINO J. BITTENCOURT e BRUNO G. DE CASTRO, Stomoxys calcitrans
Parasitism Associated with Cattle Diseases in Espírito Santo do Pinhal, São
Paulo, Brazil. Ann. N.Y. Acad. Sci. 1026: 219–221 (2004). New York Academy of
Sciences.
O objetivo deste estudo foi estabelecer uma relação entre ocorrencia da mosca
S. calcitrans, manejo de esterco na fazenda, doenças do gado, e exietência de
suporte técnico. Os autores relataram que a mosca-dos-estábulos atinge seu
nível mais alto na estação chuvosa, no mesmo período em que foram detectadas
as doenças. A maioria dos agricultores disseram que não receberam assistência
ix
técnica. A associação de manejo inadequado dos dejetos de animais com a
baixa frequência de visitas técnicas, resulta em um baixo nível de utilização da
tecnologia. Melhor assistência tecnológica poderia moderar a infestação de
mosca e ajudar a controlar doenças graves. Neste trabalho não é estabelecida
nenhuma relação com Usinas de cana.
Ano: 2005 MACEDO D.M. DE; CHAABAN A.; MOYA BORJA G.E.,Desenvolvimento pós-
embrionário de Stomoxys calcitrans (Linnaeus, 1758) (Diptera: Muscidae)
criadas em fezes de bovinos tratados com diferentes avermectinas. Revista
Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 14, n. 2, p. 45- 50, 2005.
Com intuito de verificar possivel utilizaçao no controle da mosca, o efeito
inseticida de fezes de bovinos tratados com diferentes avermectinas foi testado
sobre larvas e pupas de S. calcitrans na Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro. Os resultados desse experimento mostraram que a porcentagem de
viabilidade de neo-larva a adulto de S. calcitrans, foram reduzidas em até 92%.
Deste modo, em fazendas onde se faz uso de avermectinas o esterco gerado
tem menos chances de se tornar um local de desenvolvimento de larvas.
Entretando este trabalho necessita ser mais aprofundado estudando situaçoes
reais no campo.
Ano: 2005
Z. RODRIGUEZ-BATISTA, R.C. LEITE, P.R. OLIVEIRA, C.M.L. LOPES, L.M.F. BORGES, Dinâmica Populacional de S. calcitrans em tres biocenoses, Minas
Gerais, Brasil. Veterinary Parasitology 130 (2005) 343–346
Observou-se fluxo populacional da fase adulta de Stomoxys calcitrans no
município de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, Brasil em três biocenoses:
agrobiocenosis estável, agrobiocenosis Pastagem e eubiocenosis. Destes, o
agrobiocenosis estável foi onde se encontrou o maior número de moscas,
correspondendo a 96,9% das moscas totais desta espécie. Os autores
descrevem um comportamento sazonal para aproximadamente 6 meses
x
(primavera e verão sendo os meses mais chuvosos do ano), sem existencia de
usinas. A população atingiu o pico durante os meses de novembro e dezembro.
Ano: 2007 CASTRO, B.G. DE; SOUZA, M.M.S DE; BITTENCOURT, A.J., Microbiota
bacteriana aeróbica em Stomoxys calcitrans: estudos preliminares no Brasil.
Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 16, n. 4, p. 193-197, 2007. Esse estudo teve por objetivo, pela primeira vez no Brasil, descrever a microbiota
bacteriana de diferentes partes da mosca-dos-estábulos. Um total 33 espécies
distintas de bactérias foram encontradas, dentre elas Escherichia coli,
Staphylococcus aureus e S. intermedius. Segundo os autores, s é possivel que
S. calcitrans possa veicular estes agentes bacterianos para os animais que ela
parasita.
Ano: 2008 CASTRO, SOUZA, BITTENCOURT., Isolamento de espécies enterobacterianas
em Stomoxys calcitrans. Ciência Rural, v.38, n.9, dez, 2008.
Este estudo teve por objetivo relatar o isolamento de espécies enterobacterianas
de S.calcitrans coletadas, em propriedades rurais de dois municípios do Estado
do Rio de Janeiro, Brasil. Foram encontradas algumas espécies que possuem
potencial patogênico ao homem e aos animais. Entretanto não estudos que
comprovem este fato com a transmissão destas bactérias pela mosca-dos-
estabulos.
ANA PAULA MORAES, ISABELE ANGELO, EVERTON FERNANDES,VANIA BITTENCOURT, AVELINO BITTENCOURT., Virulence of Metarhizium
anisopliae to Eggs and Immature Stages of Stomoxys calcitrans. Animal
Biodiversity and Emerging Diseases: Ann. N.Y. Acad. Sci. 1149: 384–387 (2008).
Esta pesquisa buscou alternative para controle biológico utilizando um fungo que
pode atacar larvas de insetos. O estudo avaliou o tratamento de ovos de S.
calcitrans com o fungo Metarhizium anisopliae e a virulência deste fungo para
xi
estágios imaturos deste mosca. O Fungo mostrou alguma efetividade para
controlar os ovos da mosca, as larvas e pupas não foram muito afetadas.
EMBRAPA GADO DE CORTE, NOTA TÉCNICASurtos de mosca-dos-
estábulos em propriedades sucroalcooleiras e de produção pecuária.
Esta Nota Técnica foi publicada pela Embrapa Gado de Corte com o intuiuto de
levar à população de Mato Grosso do Sul informaçoes técnicas sobre a recente
ocorrencia de surtos que alarmava os produtores do estado, principalmente da
região sul. Neste documento existem esclarecimentos sobre ciclo de vida e
algumas recomendações como tentativa de minimizar os problemas. Esta é a
primeira publicação deste século especificamente sobre o problema de surtos de
mosca-dos-estábulos envolvendo usinas de cana-de-açúcar.
Ano: 2009 WILSON WERNER KOLLER; JOÃO BATISTA CATTO; IVO BIANCHIN; CLEBER OLIVEIRA SOARES; FERNANDO PAIVA; LUIZ EDUARDO ROLAND TAVARES; GUSTAVO GRACIOLLI, Surtos da Mosca-dos-
estábulos, Stomoxys calcitrans, em Mato Grosso do Sul: Novo Problema para as
Cadeias Produtivas da Carne e Sucroalcooleira?
Para elaboração deste Documento 175, foi montada uma equipe com
pesquisadores e professors de diferentes instituiçoes de Mato Grosso do Sul.
Neste documento estão reunidas informações sobre ciclo de vida,
comportamento, métodos de prevenção e controle, baseados no conhecimento
técnico e científico existente até a publicação. Foram realizadas visitas técnicas
em usinas e estabelencimentos pecuários, e identificaram-se alguns locais de
criação da mosca-dos-estábulos e propostas de controle foram elaboradas.
Ano:2010 BARROS A.T.M., KOLLER W.W., CATTO J.B. & SOARES C.O. Surtos por
Stomoxys calcitrans em gado de corte no Mato Grosso do Sul. Pesquisa
Veterinária Brasileira 30(11):945-952.
Este trabalho faz o primeiro relato científico sobre os surtos ocorridos em Mato
xii
grosso do Sul em 2008/ 2009. Os autores relacionam os surtos tanto as
atividades das usinas de can-de-açucar quanto ao manejo de dejetos e restos
alimentares em fazendas. Os autores fizeram coletas de materiais e entrevistas
com tecnicos de usinas e pecuaristas. Há o registro de alteraçoes
comportamentais do bovinos, como aglomeração. Relata-se que locais de
desenvolvimeto de larvas foram encontrados tanto em usinas quanto em
estabelecimentos pecuários.
ODA E ARANTES, SURTO POPULACIONAL DA MOSCA DOS ESTÁBULOS
Stomoxys calcitrans, Linnaeus, 1758 (DIPTERA: MUSCIDAE) NO MUNICÍPIO
DE PLANALTO, SP Revista em Agronegócios e Meio Ambiente, v.3, n.1, p. 145-
159, jan./abr. 2010 - ISSN 1981-9951
Este é o primeiro relato deste século sobre os surtos de Stomoxys calcitrans no
estado de São Paulo. Devido à alta incidência dessa mosca no município de
Planalto, SP, foram apresentadas denúncias a CETESB e posteriormente ao
Ministério Público, visando elucidar as fontes de propagação do vetor, e suas
causas. Este trabalho teve a finalidade de identificar as causas da alta infestação
do vetor e apontar iniciativas que visem à prevenção e o controle da mosca-dos-
estábulos. A partir dos fatos, foram promovidas vistorias nos canaviais e
propriedades rurais da região afetada pela mosca dos estábulos. As
observaçoes sobre locais de criação são semelhantes aos surtos relatados em
Mato Grosso do Sul. Os autores constataram existencia de criadouros de
moscas tanto nos canaviais quanto em estabelecimentos pecuários com manejo
de dejetos deficitário. Os autores concluem ainda que a melhor forma de prevenir
e controlar a mosca do estábulo é a interação dos diversos fatores envolvidos
neste processo, ou seja, a usina de açúcar e álcool responsável pelos canaviais
e os donos das propriedades rurais. Visto que o manejo inadequado da vinhaça
por parte da usina, bem como, o manejo deficiente da matéria orgânica por parte
dos produtores rurais favorecem a elevação da população de Stomoxys
calcitrans.
Ano: 2012
xiii
BITTENCOURT A.J. Avaliação de surtos e medidas de controle ambiental de
Stomoxys calcitrans (Diptera: Muscidae) na Região Sudeste do Brasil. Revista
Brasileira de Medicina Veterinária, 34(Supl. 1):73-82, 2012.
O pesquisador buscou neste trabalho identificar as espécies de moscas e formas
imaturas que se desenvolvem próximo das instalações para animais, canaviais,
parasitando os animais de produção em municípios afetados por surtos em São
Paulo e Minas Gerais. Além disso, o autor estabelece relacões entre fatores
agro-ambientais que podem estar envolvidos com a ocorrencia de surtos. As
moscas mais encontradas foram: Musca domestica e S. calcitrans, seja nas
áreas de canaviais, usinas e propriedades pecuárias. O autor cita os canais
abertos sem manejo ao final de uso na safra como um dos locais de criação das
moscas; a palhada da cana deixada sobre o solo após a colheita, quando úmida
após a fertirrigação com o vinhoto. O autor chama a atenção para os cuidados
durante o processo de fertirrigação dos canaviais, pois a adição do vinhoto sobre
palhada favorece o desenvolvimento das larvas da mosca-dos-estábulos. Em
acordo com todos os demais autores citados os esforços para a prevenção de
surtos devem ser por parte das usinas e produtores rurais, no sentido de não
propiciar condições favoráveis ao desenvolvimento de S. calcitrans.
Ano: 2012
FABIANO CADIOLI; PATRÍCIA BARNABÉ; ROSANGELA MACHADO;
MÁRCIA TEIXEIRA; MARCOS ANDRÉ; PAULO SAMPAIO; OTÁVIO JUNIOR; MARTA TEIXEIRA; LUIZ MARQUES, Primeiro relato de surto por Trypanosoma
vivax em vacas leiteiras no estado de São Paulo, Brasil. Rev. Bras. Parasitol.
Vet., Jaboticabal, v. 21, n. 2, p. 118-124, abr.-jun. 2012
Esta é a primeira descrição de um surto de Trypanosoma vivax ocorrido no
Estado de São Paulo, no município de Lins. Foram registrados 31 óbitos de
vacas e bezerros em 1.080 bovinos no total. Os autores descrevem os sintomas
observados bem como caracteristicas epidemiológicas. O protozoário foi
diagnosticado por técnicas clássicas de exame hematológico e molecular. A
cepa de T. vivax mostrou ser resistente ao tratamento com aceturato de
xiv
diaminozeno e a infecção disseminou rapidamente no rebanho. Os autores
relatam que 98% dos animais observados eram soropositivos e atribuem a rapida
disseminaçao da doença à presença elevada de moscas Haematobia irritans e
Stomoxys calcitrans.
SAMIR KASSAB, JAIRO GAONA, ELISÂNGELA LOUREIRO, THIAGO MOTA, PAULO FONSECA, CAMILA ROSSONI. Novos surtos populacionais de mosca-
dos-estábulos no Mato Grosso do Sul: medidas de controle e prevenção.
Agrosience, 2012
O trabalho relata surtos na região sul de Mato Grosso do Sul. Objetivando relatar
os novos surtos da mosca-dos- estábulos em bovinos de Mato Grosso do Sul,
foram compilados os dados referentes a visitas técnicas realizadas por
profissionais da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em usinas
de açúcar e álcool e fazendas. Os autores discutem ainda medidas de controle
e prevenção, além de recomendações técnicas aos produtores, no intuito de
prevenir futuros ataques da mosca.
PAULO CANÇADO, THADEU BARROS, JOÃO CATTO,WILSON KOLLER,
CLEBER SOARES. Uso da queima pro lática no controle emergenciale
prevenção de surtospela mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans) em
propriedades produtoras de cana-de-açúcar. Comunicado Técnico 126 Embrapa
Gado de Corte.
Este Comunicado Técnico 126 discute e apresenta o uso da queima profilática
pós-colheita como alternativa emergencial no controle da mosca-dos-estábulos.
Devido as situaçoes dramáticas vivenciadas pelos pecuaristas, o uso da queima
pode ser a única alternativa em situações gravíssimas. Os autores apresentam
a legislação específica que permite a queima em situaçoes especiais, porém esta
necessita de prévia autorização dos orgãos ambientais competentes. Os autores
também fazem uma atualização do Documento 175, no que diz respeito as
recomendações de manejo preventivas para fazendas e usinas.
PAULO H.D. CANÇADO, TACIANY FERREIRA, ELIANE M. PIRANDA, CLEBER O. SOARES. Colmos de cana-de-açúcar como habitat para o
xv
desenvolvimento de larvas de mosca-dos-es- tábulos (Stomoxys calcitrans) em
plantações de cana- -de-açúcar. Pesq. Vet. Bras. 33(6):741-744, junho 2013
Este trabalho teve como objetivo registrar que larvas de S. calcitrans podem
desenvolver dentro do colmo da cana. Larvas foram encontradas dentro de
colmos de cana de açúcar em três oportunidades em diferentes cidades. O colmo
da cana pode dar proteção para as larvas em condições climáticas desfavoráveis
e aplicação de inseticidas.
CORRÊA E.C., RIBAS A.C.A., CAMPOS J. & BARROS A.T.M. Abundância de
Stomoxys calcitrans (Diptera: Muscidae) em diferentes subprodutos canavieiros.
Pesqui- sa Veterinária Brasileira 33(11):1303-1308.
O objetivo do presente estudo foi avaliar a abundância desta espécie em
diferentes subprodutos da cana-de-açúcar. Os autores relatam grande
capacidade de produção de moscas nos pátios de torta de filtro de usinas. Além
disso, apesar de relativa menor capacidade de criar moscas, a palhada de cana
em áreas de fertirrigação é o pfprincipal ambiente de criação de larvas dentro da
usina, em função da sua grande extensão e disponibilidade. Os autores não
estudaram os estabelecimentos pecuários para estabelecer uma comparação.
Ano: 2015
TACIANY DOMINGHETTI; THADEU BARROS; CLEBER SOARES; PAULO CANÇADO Surtos por Stomoxys calcitrans (Diptera: Muscidae) no Brasil:
situação atual e perspectivas Braz. J. Vet. Parasitol., Jaboticabal, v. 24, n. 4, p.
387-395, out.-dez.
A mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans) tem sido historicamente uma
praga em gado de leite e gado de corte em confinamento devido à
disponibilidade de matéria orgânica vegetal em decomposição, misturada a
dejetos animais, nestes sistemas de produção. Nas últimas décadas, surtos de
infestação por esta mosca passaram a ocorrer também em rebanhos de corte
mantidos extensivamente, geralmente associados ao acúmulo de resíduos de
suplementação alimentar durante o inverno, introdução de culturas agrícolas em
larga escala no entorno de propriedades pecuárias e/ou uso inadvertido de
fertilizantes orgânicos. Eventualmente, explosões populacionais de Stomoxys
xvi
podem ter causas naturais, afetando animais domésticos e/ou selvagens, além
do próprio homem. Este artigo reúne informações sobre surtos da mosca-dos-
estábulos no Brasil e em outros países e discute suas causas e consequências.
xvii
3. IMPORTÂNCIA VETERINÁRIA
A mosca Stomoxys calcitrans (L., 1758), comumente conhecida como
“mosca dos estábulos”, é uma mosca hematófaga parasita de diversas espécies
de animais, dentre as quais se destacam bovinos, equinos, caprinos, ovinos,
cães e até mesmo o homem (Figura 1.).
Figura 1. Stomoxys calcitrans . A - fêmea adulta. B - parelho bucal (foto:
Paulo Cançado)
A
B
xviii
A picada da mosca dos estábulos é muito dolorosa e essa espécie é
considerada uma das pragas mais irritantes para os animais. São muito ativas
durante o dia e ocasionalmente seguem seus hospedeiros por longas distâncias.
As moscas atacam preferencialmente as patas e flancos, porém em altas
infestações podem atacar todas as regiões do corpo do hospedeiro (Figura 2).
Em alguns casos, devido ao grande número de picadas, pode ocorrer perda de
sangue (Figura 3.). O estresse é o maior problema causado pela mosca,
podendo afetar o ganho de peso e a produção de leite. Nos Estados Unidos, as
perdas na bovinocultura foram superiores a US$ 2 bilhões, no ano de 2012, e no
Brasil estima-se uma perda anual de US$ 335 milhões de dólares.
Figura 2. Bovino com alta infestação por Stomoxys calcitrans (Foto:
Gustavo Lucinio)
xix
Figura 3. Pata de animal infestado com sangramento (Foto: Claudio
Menezes)
S. calcitrans pode transmitir a Anemia infecciosa eqüina, sendo suspeita
de transmitir outras doenças como o Carbúnculo hemático. Pode ainda atuar
como vetor mecânico de protozoários tais como o Trypanosoma evansi,
causador do “Mal de Cadeiras”, causador de grande mortalidade em eqüinos no
Pantanal Matogrossense e Trypanosoma vivax, causador da tripanossomose
bovina. . Pode ainda agir como hospedeiro intermediário do nematódeo
Habronema.
xx
4. BIOLOGIA
O ciclo biológico de S. calcitrans pode variar de acordo com as condições
climáticas de cada região e pode durar de 3 a 7 semanas. Apresenta as fases
de ovo, larva, pupa e adulto (Figura 4.).
A mosca-dos-estábulos é um parasita que necessita se alimentar de
sangue para continuidade do seu ciclo de vida. A picada deste inseto é bastante
dolorosa o que provoca grande incomodo aos animais, sendo este o principal
problema causado aos animais.
Figura 4. Ciclo Biológico da mosca-dos-estábulos
Depois de alimentadas, as fêmeas buscam um local adequado para a
oviposição, preferencialmente em resíduos orgânicos em processo de
decomposição, deslocando-se em média distâncias de 15km.
xxi
As fêmeas irão depositar seus ovos em matéria orgânica em
decomposição, podendo percorrer grandes distâncias até encontrarem o local
adequado. Podem percorrer até 20km, entretanto, a distância média, e mais
frequente, é de até 15 km.
Atualmente, as modificações ambientais, resultantes da proibição
gradativa da queima pré-colheita da cana-de-açúcar, criaram novas ofertas de
substratos orgânicos que permitem o desenvolvimento das larvas de Stomoxys,
tais como: bagaço, palhada de cana, torta de filtro e palhada de cana com
vinhaça. Nestes dois últimos substratos se desenvolvem a maior quantidade de
moscas, para onde devem ser intensificadas as ações de controle e prevenção.
Historicamente a população de mosca-dos-estábulos se mantém nos
estabelecimentos pecuários onde os substratos disponíveis são ideais para o
seu desenvolvimento. Sempre que houver restos alimentares e excrementos de
animais misturados haverá condições para desenvolvimento da mosca-dos-
estábulos. Os mais frequentes são: restos de ração, silagem, cana-de-açúcar
triturada e feno, que quando misturados com fezes e/ou urina compõem os locais
de desenvolvimento das larvas. Deste modo, higiene e destinação adequada de
resíduos são os pontos mais importantes para prevenção e controle nos
estabelecimentos pecuários.
A população da mosca-dos-estábulos faz o ciclo biológico
majoritariamente nos estabelecimentos pecuários durante a entressafra da cana-
de-açúcar (período que não há colheita e aplicação de vinhaça). Por outro lado
durante a safra o ciclo se completa majoritariamente nas usinas (período em que
há substrato abundante). O processo de aplicação de vinhaça é um fator que
contribui para atrair as moscas, ocorrendo uma migração populacional para
áreas de colheita de cana-de-açúcar.
xxii
5. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades do Grupo iniciaram em outubro de 2015, com uma série de
reuniões realizadas nas datas descritas a seguir:
- Primeira reunião - realizada em 29 de outubro de 2015
- Segunda reunião – realizada em 19 de novembro de 2015
- Terceira reunião – realizada em 25 de novembro de 2015
- Quarta reunião – realizada em 4 de fevereiro de 2016
- Quinta reunião – realizada em 25 de fevereiro de 2016
- Sexta reunião – realizada em 31 de março de 2016
- Sétima reunião – realizada em 27 de abril de 2016
Além dos membros do Grupo Técnico, participaram das referidas reuniões
vinte e nove convidados externos, representantes dos setores produtivos,
iniciativa privada e órgãos governamentais relacionados ao problema, tais como:
EMBRAPA Gado de Corte, UNICA, PROTECTA, APRAG, CETESB, FMVZ-USP,
IAC e IEA da SAA, SUCEN, Pecuaristas de Ouroeste, Elanco, CETESB,
Secretaria do Meio Ambiente, Assessoria Técnica da SAA, SINDAN e ANDEF
(Anexo II).
Durante as reuniões, o problema da mosca foi amplamente discutido entre
os técnicos, com a participação ativa dos diferentes segmentos e órgãos
relacionados ao tema, proporcionando um entendimento mais claro e amplo
sobre os surtos de mosca-dos-estábulos. Destaca-se aqui, a valiosa
colaboração da Embrapa, que transmitiu ao grupo a sua experiência de campo
no Mato Grosso do Sul, assim como na apresentação dos resultados de
pesquisa científica em andamento, enriquecendo sobremaneira o conhecimento
dos integrantes do Grupo Técnico. As Memórias das Reuniões encontram-se no
Anexo III.
xxiii
xxiv
xxv
xxvi
6. RESULTADOS
6.1. Áreas do Conhecimento e Grupo de Pesquisa
No que se refere às áreas envolvidas no problema, houve consenso no
Grupo de que existe a necessidade urgente de estudos científicos nas áreas de
Ecologia, Parasitologia, Epidemiologia, Controle e Meio Ambiente. Os
resultados desses estudos associados aos trabalhos da Assistência Técnica e
Extensão Rural serão fundamentais para o sucesso na solução do problema da
mosca-dos-estábulos nos setores produtivos de carne, leite e cana-de-açúcar.
O trabalho do Grupo Técnico propiciou o encontro entre pesquisadores de
diferentes áreas e instituições, sendo dado um primeiro passo em direção à
formação de grupo de pesquisa, havendo um compromisso dos pesquisadores
em elaborar um amplo projeto de pesquisa, para trabalho em conjunto, visando
o controle da mosca-dos-estábulos. Participam do grupo representantes das
seguintes instituições: Instituto Biológico/APTA, EMBRAPA Gado de Corte,
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, Instituto de Economia
Agrícola (APTA) e CATI/SAA.
Após a elaboração do projeto, haverá a necessidade de Ação junto à
Fapesp solicitando linhas de financiamento à pesquisa científica,
específicamente para o controle da mosca-dos-estábulos.
xxvii
6.2. Mapeamento dos surtos nos municípios de São Paulo
O mapeamento dos surtos nos municípios de São Paulo foi realizado
conforme questionário abaixo, elaborado pelo Grupo Técnico, com apoio do Prof.
Fernando Ferreira do VPS/FMVZ, e encaminhado enviado pela CATI, por e-mail,
para todas as Casas da Agricultura do Estado de São Paulo, por intermédio das
Regionais Agrícolas (EDR).
Questionário:
A Casa da Agricultura tem conhecimento sobre ocorrência de altas infestações por mosca-dos-estábulos nos anos 2014/2015 em seu município? ( ) SIM ( ) NÃO Informações complementares (opcional) : _______________________________________________________________ Responsável pela informação: ___________________________
Casa da Agricultura do Município de: _____________________
Contatos para esclarecimentos:
Dr Cláudio Camacho [email protected]
Fones: (17) 99747-6070
Dr Sidney Martins [email protected]
Fones (17) 38362-1247
(17) 99129-3494 (cel)
xxviii
Resultados: Foram recebidas 336 (52%) respostas das 643 Casas da Agricultura
consultadas no levantamento. Destas, 94 (38%) responderam SIM para surtos
da mosca e 242 (72%) relataram não terem surtos de mosca-dos-estábulos
(Figuras 5 e 6).
Os municípios que tiveram altas infestações de moscas dos estábulos
são: Alfredo Marcondes, Altair, Álvares Florence, Américo de Campos,
Andradina, Anhumas, Araçatuba, Ariranha, Avanhandava, Bariri, Barra Bonita,
Bento de Abreu, Brejo Alegre, Brotas, Buritizal, Cafelândia, Cardoso, Catanduva,
Cosmorama, Dirce Reis, Embaúba, Estrela do Norte, Estrela d'Oeste,
Fernandópolis, Floreal, Gastão Vidigal, Getulina, Guapiaçu, Guaraci, Ibirá,
Igaraçu do Tietê, Itapetininga, Jacareí, José Bonifácio, Junqueirópolis, Laranjal
Paulista, Lins, Macaubal, Magda, Maracaí, Mariápolis, Mendonça, Meridiano,
Mesópolis, Mirassol, Mococa, Monções, Nhandeara, Nipoã, Nova
Independência, Nuporanga, Óleo, Olímpia, Orindiúva, Ouroeste, Paranapuã,
Parisi, Paulo de Faria, Penápolis, Pereira Barreto, Piraju, Planalto, Pompéia,
Pontalinda, Pontes Gestal, Populina, Potirendaba, Promissão, Quatá, Queiroz,
Quintana, Rancharia, Regente Feijó, Riolândia, Rubinéia, Sabino, Sales, Santa
Albertina, Santa Salete, Santo Antônio do Aracanguá, São João de Iracema, São
José do Rio Preto, Sebastianópolis do Sul, Sud Menucci, Tanabi, Tarumã,
Teodoro Sampaio, Tupã, Turiúba, Turmalina, União Paulista, Urupês, Valentim
Gentil e Votuporanga.
Os 94 municípios estão distribuídos em 23 EDRs: Andradina, Araçatuba,
Assis, Barretos, Catanduva, Dracena, Fernandópolis, General Salgado,
Itapetininga, Jales, Jaú, Lins, Marília, Orlândia, Ourinhos, Pindamonhangaba,
Presidente Prudente, São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, Tupã e
Votuporanga.
Esta foi a primeira fase de um trabalho de pesquisa mais amplo, o qual
será composto de outras etapas, com questionários abordando outras
informações, visando um diagnóstico epidemiológico do problema.
xxix
Figura 5. Porcentagem de questionários respondidos pelas Casas da Agricultura
dos municípios do Estado de São Paulo.
Figura 6. Porcentagem de Municípios com e sem surtos de mosca-dos-
estábulos.
52%48%
Porentagem de questionários respondidos pelas Casas da Agricultura
Responderam Não responderam
28%
72%
Porcentagem de Municípios com e sem surtos
94 Municípios com surto 242 Municípios sem surto
xxx
6.3. Difusão de Tecnologia O mapeamento dos surtos nos municípios do Estado de São Paulo serviu
para identificar quais regiões estão afetadas pelo problema da mosca, indicando
que esses locais são prioritários para difusão de tecnologia, com necessidade
de treinamento dos técnicos de campo. A realização de eventos tem por objetivo
balizar os conhecimentos dos técnicos sobre a biologia, ecologia e controle doa
mosca. Assim, o Seminário Sobre a Mosca-dos-Estábulos (programa abaixo)
transmitiu aos técnicos da CATI e Defesa informações sobre as medidas de
controle, disponíveis até o momento, para fornecer subsídios aos técnicos de
campo, no seu trabalho de atendimento aos produtores rurais.
O evento contou com a participação de 145 técnicos (Anexo IV)
provenientes de municípios com problemas com a mosca-dos-estábulos. Os
resultados foram bastante positivos, sendo solicitado que o Grupo organize mais
eventos semelhantes na região. Desta forma, os treinamentos devem ter
continuidade após o final desta etapa de trabalhos do Grupo Técnico.
xxxi
Seminário: Atualização Técnica Sobre a Mosca dos Estábulos Local: Recinto de Exposições Clibas de Almeida Prado – Auditório SIRAN Av. Alcides Fagundes Chagas, 600, Araçatuba, SP Data: 18/05/2016 Horário: das 8 às 17 Publico Alvo: Médicos Veterinários, Engenheiros Agrônomos, Biólogos, Responsáveis técnicos Programa
8:30 às 8:45 - Abertura - Dr Arnaldo Jardim – Secretário da Agricultura
8:45 às 9:00 “Histórico do problema” - Dr Sidney Ezidio Martins – Médico Veterinário - CATI/ Grupo Técnico
9:00 às 10:30 “Biologia e problemas causados pela mosca dos estábulos “ - Dr. Paulo Cançado, Médico Veterinário, MSc, PhD – Pesquisador - EMBRAPA Gado de Corte, Campo Grande, MS
10:30 às 10:45 - Intervalo para café
10:45 às 12:00 - Continuação
12:00 às 13:30 - Intervalo para almoço
13:30 às 14:30 “Critérios e Procedimentos para aplicação da vinhaça no solo agrícola” - Dr Antonio Queiroz - Engenheiro Agrônomo, CETESB
14:30 às 15:30 “Mosca dos estábulos: prevenção e controle” - Dr Paulo Cançado, Médico Veterinário, MSc, PhD – Pesquisador EMBRAPA Gado de Corte, Campo Grande, MS
xxxii
6.4. Sugestões e Ações
- Realização periódica e constante de treinamento/capacitação de
técnicos para difusão de tecnologia.
- Formação de comissões locais compostas por representantes dos
setores produtivos (usineiros e produtores rurais) e agentes públicos para
discussão e avaliação das medidas empregadas no controle da mosca, visando
propostas de soluções conjuntas.
- Norma Técnica Cetesb P4.231 de fevereiro de 2015 – Inclusão nessa
Norma de instruções para o manejo e aplicação dos resíduos e subprodutos da
industrialização da cana, além da vinhaça, como torta de filtro, fuligem, palha e
outros, visando o controle da Stomoxys, em áreas sob risco potencial (áreas e
pecuária de leite e corte próximas a áreas de cultura de cana com utilização de
fertirrigação com vinhaça) baseando-se em resultados de pesquisa científica.
- Resolução Conjunta SMA/SAA/SJDC nº 1 de 27/12/2011 – observar o
atendimento ao artigo 2º inciso III, adoção do Guia de Boas Práticas
Agropecuárias, publicado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo (CATI e FEAP), para emissão da Declaração de
Conformidade da Atividade Agropecuária (DCAA).
- Normativa Conjunta: Discussão para proposta de aprimoramento das
legislações no âmbito das competências das Secretarias da Agricultura, Saúde
e Meio Ambiente, com vistas à edição de normativa conjunta específica, para
articular as diferentes instâncias do poder público.
- Continuidade do Grupo Técnico
- Destinação de recursos públicos e privados para Pesquisa Científica.
Fomento à pesquisa científica: Ação junto à Fapesp solicitando linhas de
financiamento à pesquisa científica, para o controle da mosca-dos-estábulos.
xxxiii
6.5. Alternativas de Controle Nas Usinas Sucroalcooleiras: Medidas para reduzir o acúmulo de umidade e/ou vinhaça sobre o solo:
Evitar a aplicação de vinhaça em locais previamente encharcados pela
chuva, prevenindo empoçamentos;
Reduzir ou fracionar a lâmina de aplicação de vinhaça, evitando o excesso
de umidade na palhada;
Realizar escarificacao/subsolagem da palha antes da aplicação da
vinhaça, permitindo sua rápida absorção pelo solo;
Prevenir vazamentos e empoçamentos através da modernização e
manutenção da infraestrutura de distribuição e aplicação de vinhaça;
Vistoriar as áreas após aplicação de vinhaça em ate 48 horas para
verificar possíveis locais de empoçamento e tomar providências imediatas
para sua completa drenagem;
Outras sugestões:
Revolver todo o material da torta de filtro duas vezes por semana de modo
a obter uma mistura homogênea e evitar o acúmulo de umidade na base
das leiras, para tanto e necessário regular a altura das leiras e o
equipamento, de modo que o mesmo se mantenha rente ao solo durante
a operação;
Eliminar, revestir e limpar os canais abertos de distribuição de vinhaça;
Aplicar cal/calcário em poças de vinhaça;
Realizar queima profilática pós-colheita atendendo a legislação vigente,
em situações emergenciais, de forma coordenada e estratégica;
Eliminar o uso de cama de frango em areas consideradas de risco
(entorno de usinas sucro-alcooleiras) e outros adubos organicos,
favoráveis ao desenvolvimento de larvas, devem ser evitados e sua
utilizacao deve ser monitorada.
xxxiv
Monitorar de forma constante a flutuação populacional utilizando
armadilhas reflexivas (alzinite) e os locais de desenvolvimento larval com
armadilhas de emergência;
Formar equipe responsável (ou contratar serviço técnico especializado)
pela elaboração de procedimentos, execução e monitoramento das
medidas de controle e registros das ações e ocorrências.
Na Propriedade Rural:
Adoção de princípios de boas práticas sanitárias com limpeza
sistemática de dejetos animais e resíduos alimentares, principalmente
em sistemas de confinamento e produção leiteira, com base no Guia de
Boas Práticas Agropecuárias, publicado pela Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo (CATI e FEAP)
Eliminar o uso de cama de frango em areas consideradas de risco
(entorno de usinas sucro-alcooleiras) e outros adubos organicos,
favoráveis ao desenvolvimento de larvas, devem ser evitados e sua
utilizacao deve ser monitorada.
Evitar o acumulo de umidade proximo a locais de armazenamento de
residuos e dejetos, realizar a drenagem do terreno, eliminar vazamentos
nos bebedouros e reservatorios de agua.
Utilização de armadilhas para controle (tipo bandeira) e outros métodos
para controle
xxxv
7. CONCLUSÕES
Existe forte relação entre a proliferação da mosca-dos-estábulos, em altas
populações, em áreas próximas à cultura da cana-de-açúcar onde se
utiliza a fertirrigação com vinhaça e colheita mecanizada.
Não existe, atualmente, solução técnica definitiva para o problema
Necessidade urgente de pesquisas científicas na área
As ações para minimizar o problema devem ser adotadas por ambas as
partes, pecuaristas e usineiros. Ações unilaterais tem pouca chance de
sucesso.
São Paulo, 2 de Junho de 2016 Cláudio C.P. Menezes - CATI/SAA __________________________________ Edna Clara Tucci - Instituto Biológico ______________________________ Fernanda Calvo Duarte - Instituto Biológico _________________________ José Francisco Tristão - CDA/SAA _________________________________ Luiz Henrique Barrochelo - CDA/SAA ______________________________ Paulo Cançado – Embrapa Gado de Corte ___________________________ Sidney Ezídio Martins - CATI/SAA __________________________________