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1227 COMUNICAÇÃO DO RISCO EM SITUAÇÃO DE CRISE: RELATO DE UMA MISSÃO DE SAÚDE PÚBLICA INTERNACIONAL Lúcio Meneses de Almeida Departamento de Saúde Pública e Planeamento, Administração Regional de Saúde do Centro, IP Coimbra, Portugal [email protected] Resumo As doenças infecciosas, longe de serem um problema do passado, representam uma das principais ameaças à Saúde Global. Como exemplos de doenças emergentes temos a pandemia de SIDA, a tuberculose e, mais recentemente, as infecções pelos novos vírus influenza A H5N1 (Maio de 1997) e H1N1 (Abril de 2009). Os surtos traduzem-se por incerteza, confusão e sentido de urgência. A expertise em comunicação do risco é tão importante para o seu controlo como o apoio laboratorial ou a investigação epidemiológica. Em Fevereiro de 2007 foi amplamente noticiado pela comunicação social portuguesa e internacional um surto aviário pelo vírus influenza A(H5N1) em Inglaterra (Suffolk). O Governo Português enviou o Autor ao Reino Unido a fim de “retirar ensinamentos” e acompanhar os portugueses. Esta missão decorreu num contexto de alarme social instalado e de acusações de discriminação na abordagem clínica dos portugueses expostos. O presente texto relata esta experiência de comunicação mediatizada do risco. São abordados conceitos relacionados com a comunicação do risco, com destaque para a comunicação do risco em situação de crise ou de emergência. A presença de um médico, especialista em saúde pública, no local revelou-se importante na adequação da percepção do risco e no controlo do alarme social. Riscos Industriais e Emergentes, C. Guedes Soares, C. Jacinto, A.P. Teixeira, P. Antão (Eds), Edições Salamandra, Lisboa, 2009, (ISBN 978-972-689-233-5), pp. 1227-1243 livro riscos II vol_1199_1282 art138-113-163-70.indd 1227 25-10-2009 16:27:53

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Comunicação mediatizada do risco em cenário de surto.

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COMUNICAÇÃO DO RISCO EM SITUAÇÃO DE CRISE: RELATO DE UMA

MISSÃO DE SAÚDE PÚBLICA INTERNACIONAL

Lúcio Meneses de Almeida

Departamento de Saúde Pública e Planeamento, Administração Regional de Saúde do Centro, IP

Coimbra, Portugal [email protected]

Resumo

As doenças infecciosas, longe de serem um problema do passado, representam uma das principais ameaças à Saúde Global. Como exemplos de doenças emergentes temos a pandemia de SIDA, a tuberculose e, mais recentemente, as infecções pelos novos vírus influenza A H5N1 (Maio de 1997) e H1N1 (Abril de 2009).

Os surtos traduzem-se por incerteza, confusão e sentido de urgência. A expertise em comunicação do risco é tão importante para o seu controlo como o apoio laboratorial ou a investigação epidemiológica.

Em Fevereiro de 2007 foi amplamente noticiado pela comunicação social portuguesa e internacional um surto aviário pelo vírus influenza A(H5N1) em Inglaterra (Suffolk).

O Governo Português enviou o Autor ao Reino Unido a fim de “retirar ensinamentos” e acompanhar os portugueses. Esta missão decorreu num contexto de alarme social instalado e de acusações de discriminação na abordagem clínica dos portugueses expostos.

O presente texto relata esta experiência de comunicação mediatizada do risco. São abordados conceitos relacionados com a comunicação do risco, com destaque para a comunicação do risco em situação de crise ou de emergência.

A presença de um médico, especialista em saúde pública, no local revelou-se importante na adequação da percepção do risco e no controlo do alarme social.

Riscos Industriais e Emergentes, C. Guedes Soares, C. Jacinto, A.P. Teixeira, P. Antão (Eds),Edições Salamandra, Lisboa, 2009, (ISBN 978-972-689-233-5), pp. 1227-1243

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1 Epizootia pelo vírus A(H5N1) e risco de infecção humana

Em 1996 é isolado num ganso de uma quinta da província chinesa de Cantão um novo vírus influenza A de alta patogenicidade H5N1 (WHO, 2006).

Este vírus foi isolado pela primeira vez em humanos em Maio de 1997 numa criança de três anos de Hong Kong que desenvolveu um quadro fatal de pneumonia (Subbaro et al, 1998). Posteriormente, em Novembro e Dezembro desse ano, foram identificados mais 17 casos de infecção pelo vírus H5N1 em humanos, dos quais 5 foram fatais (Yuen et al., 1998; Chan, 2002).

Em ambas as situações, as infecções em humanos foram antecedidas ou concomitantes de surtos por vírus A(H5N1) de alta patogenicidade em aves domésticas (De Jong, 2007). O surto animal de 1997 foi contido após o abate sanitário de toda a população aviária de Hong Kong (1,5 milhões de aves) em apenas 3 dias (WHO, 2005; De Jong, 2007).

O carácter primariamente animal desta infecção (zoonose) foi evidente na Turquia. O agregado de casos humanos (cluster) detectado em Janeiro de 2006 na zona oriental daquele país foi precedido por surtos em aves domésticas (em Novembro de 2005 ou mesmo antes): as temperaturas particularmente baixas observadas nesse Inverno e as más condições de vida da população rural promoveram um contacto muito próximo entre humanos e aves (infectadas), utilizadas como fontes domésticas de calor (Giesecke, 2006).

Esta associação foi apelidada “factor meteorológico” (weather factor)

(Giesecke, 2006).

De 1997 até ao início de 2003 não foram detectados novos casos de infecção humana por este vírus aviário (gripe zoonótica); em Fevereiro de 2003, o sistema de vigilância epidemiológica captura dois novos casos confirmados e um caso provável de infecção pelo vírus A(H5N1) numa família de Hong Kong retornada da China Continental (Peiris et al., 2004).

O quadro clínico e epidemiológico do novo vírus aviário A (H5N1) apresenta semelhanças com o vírus A (H1N1) responsável pela pandemia de 1918: uma elevada virulência, o facto de afectar predominantemente indivíduos jovens e previamente saudáveis e de se manifestar clinicamente na forma de um síndrome de dificuldade respiratória grave decorrente de um quadro de pneumonia viral primária (WHO, 2005).

Estas semelhanças clínicas, aliadas às estimativas de mais de 40 milhões de mortes em menos de um ano relacionadas com a pandemia de 1918 (contra 8,3 milhões de mortes durante a I Guerra Mundial) (WHO, 2005) fizeram com que a evolução da infecção (animal e humana) pelo vírus influenza A

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(H5N1) fosse acompanhada com particular interesse pelos mass media em todo o Mundo.

Em Setembro de 2004 foi identificado um cluster familiar de infecção A (H5N1) na Tailândia compatível com transmissão inter-humana, em resultado de contactos próximos, decorrentes da prestação de cuidados de saúde, entre o caso-índice (rapariga com 11 anos que desenvolveu um quadro fatal de pneumonia) e suas mãe – esta sem história de exposição a aves domésticas – e tia (Ungchusak et al, 2005).

No entanto, não foram detectados casos adicionais relacionados com este cluster, nem tão pouco diferenças na sequenciação genómica entre o vírus isolado dos referidos casos e vírus recentemente isolados de aves infectadas na Tailândia (Ungchusak et al, 2005).

Desta forma, a OMS manteve a sua avaliação do risco pandémico compatível com a fase 3 (casos de infecção pela estirpe animal em humanos mas ausência de transmissão interpessoal ou transmissão limitada a contactos próximos) até 27 de Abril de 2009 – data em que é declarada a fase 4, na sequência do surto pelo novo vírus influenza A(H1N1).

No que diz respeito ao risco alimentar associado ao consumo de carne de aves e de ovos, este é muito pouco provável ou mesmo teórico (ECDC, 2006), não existindo evidência epidemiológica de casos de infecção pelo vírus A(H5N1) em humanos associados ao consumo de alimentos confeccionados a temperaturas do seu núcleo iguais ou superiores a 70ºC (WHO, 2006b).

Face à emergência de um novo vírus influenza A, capaz de infectar o Homem e de provocar doença clinicamente aparente e grave, a OMS divulga, em Janeiro de 2005, a edição “Avian influenza: assessing the

pandemic threat” alertando o Mundo para a ameaça de uma pandemia de gripe e para a necessidade dos países se prepararem. A “informação e comunicação em saúde pública”, destinada ao público em geral e a públicos específicos (caso dos profissionais de saúde) são preconizadas em todas as fases de actividade gripal (fases 1 a 6) (Meneses de Almeida, 2007).

Não obstante o seu potencial pandémico e o carácter panzoótico da infecção animal, o vírus A(H5N1) apresenta uma baixa eficiência de transmissão animal-homem. De facto, de finais de 2003 a Março de 2007 foram notificados à OMS apenas 277 casos (confirmados) em todo o Mundo, sendo a transmissão inter-pessoal inexistente ou limitada a contactos estreitos (Meneses de Almeida, 2007).

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2 Comunicação do risco e doenças infecciosas

A comunicação do risco é um processo interactivo de troca de informação e opiniões entre indivíduos, grupos e instituições, relativamente a acontecimentos que ameaçam – ou são percepcionados como uma ameaça - a saúde e segurança dos indivíduos e comunidades (Meneses de Almeida, 2007b).

Tem como finalidade tornar a informação sobre a avaliação e gestão do risco compreensível, fazendo a “ponte” entre aqueles que são detentores do conhecimento científico (avaliadores e gestores do risco) e o público em geral e, desta forma, contribuir para um entendimento comum relativamente a um determinado risco (Meneses de Almeida, 2007b).

Nessa medida, a integração de aspectos subjectivos (incluindo crenças, valores e preocupações) na mensagem do risco é um dos determinantes da sua efectividade.

A comunicação do risco distingue-se da comunicação da crise pela sua finalidade (capacitação versus informação) e pela urgência do processo (ausência versus presença de constrangimento temporal).

Enquanto que a comunicação do risco tem como finalidade primária capacitar o processo de tomada de decisão, sem nenhuma ou com escassa pressão temporal, a comunicação da crise tem como finalidade minimizar o impacte (negativo) decorrente de um acontecimento adverso na reputação ou viabilidade de uma organização, mediante a sua explicação urgente (CDC, 2002).

Já a comunicação do risco em situações de crise ou de emergência (crisis

and emergency risk communication) integra a urgência da comunicação do desastre ou acontecimento adverso (comunicação da crise) com a necessidade de comunicar riscos e benefícios às partes interessadas (comunicação do risco) (CDC, 2002).

2.1 Estratégias de comunicação do risco

A comunicação do risco situa-se a dois níveis: o nível estratégico e o nível inter-pessoal (US Nuclear Regulatory Commission, 2004). O nível estratégico ou institucional está relacionado com o estabelecimento de parcerias e a dotação de instrumentos de comunicação interna e externa; já o nível interpessoal ou operacional consiste na aplicação de competências individuais visando a difusão de mensagens e a gestão da situação (Meneses de Almeida, 2007b).

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Um dos principais determinantes da efectividade da comunicação do risco é a credibilidade da fonte. As fontes relacionadas com a informação em riscos biológicos devem ser seleccionadas em função da credibilidade percepcionada pelo público-alvo (Kreps et al., 2005).

Os inquéritos podem ser de grande utilidade na selecção da estratégia de comunicação (Kreps et al., 2005). Nos EUA, a maioria dos indivíduos prefere receber informação do seu médico assistente (Kreps et al., 2005).

Nas questões de saúde pública os dirigentes de organismos ou instituições do sector da saúde (nomeadamente, dos serviços de saúde pública) estão entre as fontes consideradas cientificamente competentes e credíveis (Kreps et al.,

2005).

Em Portugal, um inquérito relativo ao grau de preocupação e conhecimentos sobre a “gripe das aves” (infecção pelo vírus H5N1) revelou que, apesar dos profissionais de saúde serem considerados a fonte mais segura de conhecimento, a fonte mais prevalente de informação - para a quase totalidade dos casos - corresponde à televisão (Marinho Falcão, Paixão e Nunes, 2006).

Apesar da reconhecida qualidade da informação difundida pelos profissionais de saúde, estes apenas são a principal fonte de informação numa minoria de inquiridos (4,1% em Abril de 2005 e 8,2% em Novembro de 2005) (Marinho Falcão, Paixão e Nunes, 2006).

Recentemente, um inquérito realizado no decurso do surto pelo vírus A(H1N1) no México e EUA (Abril de 2009), tendo em vista avaliar uma futura estratégia comunicacional no âmbito do plano de contingência pandémica da Noruega, revelou que 70% dos respondentes considera que as autoridades de saúde forneceram uma informação de qualidade sobre a “gripe suína”, sendo que 80% considera que as autoridades de saúde estão devidamente preparadas para enfrentar uma epidemia instalada naquele país (Wøien e Tonsberg, 2009).

Outro aspecto a salvaguardar, sobretudo em cenário de surto (dominado pelo sentido de confusão e de urgência da tomada de decisão), é a consistência da informação difundida. Esta é um componente importante da credibilidade da informação em situação de emergência, prevenindo as mensagens contraditórias, geradoras de confusão e frustração (Kreps et al., 2005).

A escolha do canal de comunicação é outro dos “pontos críticos” da efectividade do processo de comunicação do risco. A rádio e a televisão permitem disseminar informação a um grande número de pessoas (não obstante ser difícil avaliar quais os expostos e, em especial, quais os impactados), enquanto que os canais personalizados de comunicação (designadamente o correio electrónico) permitem uma informação mais

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específica, a um público mais literato, assegurando a confidencialidade da troca de informação (Kreps et al., 2005).

A competência cultural da mensagem do risco e o grau de literacia do público-alvo são igualmente determinantes da efectividade da comunicação do risco (Kreps et al., 2005).

O desenvolvimento de mensagens efectivas em saúde, traduzidas no reconhecimento pelos receptores de que são parte integrante do público-alvo, deverá levar em consideração as necessidades do público-alvo, o seu nível de conhecimento prévio (knowledge base) e a identificação de comportamentos associados a risco acrescido de doença ou infecção (Nichols et al., 2002).

O Plano de Contingência Nacional do Sector da Saúde para a Pandemia de Gripe (Direcção-Geral da Saúde, 2007) prevê, no plano específico de comunicação, a colaboração de especialistas de diversas áreas científicas relacionadas com a gripe na definição de conteúdos e prioridades de comunicação, cabendo à equipa de comunicação a selecção da estratégia de difusão em função dos objectivos e do público-alvo.

2.2 Comunicação do risco em cenário de surto

Os surtos, independentemente da sua etiologia, são acontecimentos geradores de incerteza, confusão e sentido de urgência (WHO, 2005b). Este facto é mais evidente nos surtos de etiologia infecciosa e, em particular, nos associados a doenças contagiosas (i.e, doenças infecciosas de elevada transmissibilidade inter-pessoal).

À ameaça dos surtos de causa natural acrescem os surtos de causa intencional (bioterrorismo) que têm como finalidade gerar a insegurança (Meneses de Almeida, 2007c). A recente utilização intencional de microorganismos ou suas toxinas como agentes de bioterrorismo aumentou a atenção sobre os surtos de causa intencional (Dwyer e Groves, 2007).

A comunicação do risco em cenário de surto enquadra-se na comunicação do risco em situações de crise ou de emergência (Meneses de Almeida, 2007b). É obrigatória quando o comportamento do público (eg. higiene pessoal, interacção social ou contacto com os serviços de saúde) pode influir no controlo do surto (WHO, 2005b).

A sua finalidade consiste em reduzir o pânico, promover a compreensão do problema, motivar a adesão (compliance) às recomendações e promover a colaboração entre representantes da comunidade e as entidades envolvidas na gestão da situação (Kreps et al., 2005). Tal implica, ao invés de excessos de optimismo, comunicar a incerteza associada ao processo de avaliação e

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gestão do risco – comunicação do risco como comunicação da incerteza (Institute for Risk Research, s.d.).

Quanto mais bem informado for o público, mais facilmente aderirá às recomendações das autoridades, tornando-se, assim, parte activa na gestão da situação (Sandman e Lanard, 2005). Em contrapartida, a comunicação inapropriada do risco, mina a confiança e, consequentemente, diminui a adesão às recomendações, comprometendo a efectividade das medidas de controlo (WHO, 2005b).

A Administração Regional de Saúde do Centro, IP (ARSC) criou, no âmbito do seu plano regional de contingência para a pandemia de gripe, o Gabinete de Informação e Comunicação em Saúde, estrutura de comunicação estratégica em saúde que integra a sua assessoria de imprensa.

Este gabinete encontra-se na dependência directa do Presidente do Conselho Directivo deste instituto público, sendo coordenado por um médico especialista em saúde pública com competências específicas em comunicação em saúde (ARSC, 2008).

3 Surto aviário de Holton (Suffolk): Fevereiro de 2007

Na sequência de um excesso de mortalidade observado numa unidade industrial de engorda de perus (turkey fattening unit) da empresa Bernard Matthews as autoridades britânicas isolam em perus, no dia 3 de Fevereiro, o vírus de alta patogenicidade A(H5N1). Nesta unidade industrial trabalhavam 4 centenas de cidadãos portugueses, de um total de 767 que residiam em Holton, condado de Suffolk (Inglaterra).

A generalidade destes trabalhadores era laboralmente indiferenciada e detentora de baixos níveis de escolaridade. O processo de recrutamento do pessoal era efectuado em Portugal por representantes da empresa, detentora de um notório e reconhecido curriculum social.

O surto foi inicialmente detectado numa shed (estufa) com cerca de 7 000 aves, tendo morrido dois dias antes (i.e., a 1 de Fevereiro) 2 600 aves. Face à confirmação laboratorial do agente etiológico, a entidade responsável (DEFRA/Department of Environment, Food and Rural Affairs) ordenou o abate sanitário (culling) da totalidade das 159 000 aves residentes nas 22 sheds daquela exploração.

Nesse mesmo dia, foi implementado um Centro Local de Controlo da Doença (LDCC) que incluía, além das autoridades veterinárias, representantes da agência de saúde pública do Reino Unido (HPA/Health

Protection Agency). A 1 de Fevereiro a DEFRA tinha imposto as zonas de

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protecção (3 km de raio em torno da exploração) e de vigilância (10 Km de raio) previstas nos planos de contingência veterinária europeus.

Os trabalhadores da shed afectada, bem como os envolvidos nas operações de abate sanitário, foram objecto de quimioprofilaxia com o inibidor da neuraminidase oseltamivir. A todos foi disponibilizada a vacina trivalente sazonal da gripe, tendo como finalidade prevenir uma eventual co-infecção e recombinação entre os vírus sazonais circulantes constituintes da vacina e o vírus zoonótico A(H5N1).

Os critérios de instituição da quimioprofilaxia (pré e pós-exposição) encontravam-se protocolados pela HPA e respeitavam o preconizado pelas principais agências nacionais e internacionais de saúde pública.

A 7 de Fevereiro, 98 trabalhadores portugueses tinham sido objecto de quimioprofilaxia: 6 trabalhadores por pós-exposição (shed afectada) e 92 trabalhadores por pré-exposição (voluntários para o abate sanitário). De referir que o salário diário dos trabalhadores que se voluntariaram para o abate sanitário das aves foi o triplo do usual.

Este surto foi objecto de intensa mediatização em todo o Mundo e, no caso particular do nosso País revestiu-se de um particular interesse, em virtude do elevado número de portugueses que trabalhavam naquela exploração e residiam na zona, e das acusações de discriminação negativa dos trabalhadores portugueses no que diz respeito a disponibilização de informação e à instituição de terapêutica profiláctica.

A SkyNews britânica e a RTP e a SIC foram algumas das estações televisivas que se destacaram na divulgação destes acontecimentos, tendo inclusivamente as duas estações portuguesas mobilizado para o local equipas de televisão. As estações de rádio TSF e a Renascença acompanharam, igualmente, com particular interesse a situação.

A agência LUSA divulga, a 4 de Fevereiro, uma notícia intitulada “Gripe

das aves: portugueses receiam ameaça de saúde e do trabalho”. A 5 de Fevereiro, o JORNAL DE NOTÍCIAS titulava “Portugueses não fizeram

análises nem tomaram antivirais” e citava trabalhadores portugueses que acusavam a empresa Bernard Matthews de lhes ter recusado “medicação preventiva”.

Face ao alarme social instalado, o Governo Português decide enviar a Inglaterra um médico especialista em saúde pública.

4 Planeamento da missão

A 5 de Fevereiro de 2007 fonte oficial do Gabinete do Ministro da Saúde divulga nota à imprensa, com amplo eco nos órgãos de comunicação social

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portugueses, em que é referida a deslocação de um “médico especialista português”, nesse mesmo dia, para o Reino Unido.

Esta missão teve dois objectivos fundamentais: retirar ensinamentos no local relativamente a um surto aviário por um vírus emergente e colaborar com as autoridades britânicas no que diz respeito ao acompanhamento dos cidadãos portugueses.

Da leitura de um dossiê elaborado pela Direcção-Geral da Saúde, que coligia as notícias dos dois dias imediatamente anteriores à sua partida e do dia em questão, tornou-se evidente que, não obstante o esforço desenvolvido pelas autoridades diplomáticas (na pessoa do Embaixador e do Cônsul-Geral de Portugal em Londres) e pelo próprio Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, o alarme social estava instalado.

Foi agendada, para o dia seguinte, uma reunião de trabalho na sede da Health Protection Agency (HPA), em Londres.

5 Inglaterra, 6 a 12 de Fevereiro de 2007

5.1 Estruturas de gestão da situação

A reunião de trabalho agendada no dia anterior e decorrida na manhã de 6 de Fevereiro nos escritórios centrais da HPA em Holborn Gate, permitiu ao Autor ficar a conhecer a estrutura implicada na gestão do surto aviário. Foi-lhe entregue um dossiê propositadamente elaborado, contendo informação relevante do ponto de vista epidemiológico e de gestão do surto (situation

report).

Desde logo se tornou evidente o esforço desenvolvido pelas entidades oficiais britânicas para dar a conhecer, de forma transparente, todo o processo de gestão da situação. A HPA divulgou na sua página web

informação em várias línguas, incluindo em Português, relativa à “gripe aviária” e ao surto em questão.

A gestão da situação era coordenada, a nível central/nacional pela HPA (noque diz respeito à saúde pública humana) e pelo DEFRA (no que diz respeito à saúde pública veterinária) e a nível local pelas estruturas respectivas. Oapoio científico, na área da microbiologia e da epidemiologia infecciosa, cabia ao Centre for Infections (CfI) da HPA, localizado em Londres.

A equipa de gestão do incidente (incident management team), sediada em Ipswich, incluía, além do responsável pelo serviço de saúde pública de Great Yarmouth (localidade situada a 15 km de Holton), especialistas de diversas

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áreas, competindo-lhe assegurar a vigilância activa dos expostos e o contacto com a imprensa.

Tendo em vista acompanhar “de perto” a situação, o Autor frequentou de 6 a 9 de Fevereiro o “Suffolk Office” – estrutura onde encontrava baseada a equipa de gestão do incidente (IMT). Teve, ainda, a oportunidade de participar numa teleconferência (telecon) de âmbito nacional.

A 6 de Fevereiro foi presencialmente informado pela IMT do internamento de um veterinário inglês envolvido nas operações de abate sanitário e, no dia seguinte, de uma trabalhadora portuguesa igualmente envolvida naquelas actividades.

O internamento destes doentes – considerados casos suspeitos de infecção pelo vírus A(H5N1), em função de critérios clínicos e epidemiológicos – visou, conforme protocolado, confirmar ou infirmar laboratorialmente uma eventual infecção por aquele vírus, no âmbito do sistema de vigilância activa implementado após o surto aviário.

5.2 Articulação com as autoridades diplomáticas portuguesas

Os contactos com as autoridades diplomáticas portuguesas em Londres iniciaram-se ainda em Portugal, no dia do seu embarque (dia 5 de Fevereiro) e mantiveram-se durante toda sua presença naquele país.

O Autor procedeu diariamente à avaliação científica e epidemiológica da situação, comunicando os factos relevantes ao Embaixador de Portugal em Londres.

Além dos contactos telefónicos diários, realizaram-se duas reuniões de trabalho no edifício da Chancelaria, em Belgrave Square, que contaram com a presença do Embaixador de Portugal e do Cônsul-Geral. Nessas reuniões, foi inteirado das diligências empreendidas pela Embaixada de Portugal em Londres que incluíram a deslocação, no dia 5, do Cônsul-Geral a Holton.

Esta estratégia de articulação teve como finalidade garantir a efectividade do processo de comunicação do risco, mediante a consistência da informação veiculada.

5.3 Comunicação mediatizada do risco e regulação da percepção do

risco

O primeiro contacto com a comunicação social deu-se ainda em Portugal, imediatamente após a divulgação, pelo Gabinete do Ministro da Saúde, da nota à imprensa a informar da sua deslocação, tendo o Autor sido inquirido quanto às razões de tal deslocação.

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Já em Inglaterra, foi confrontado com duas equipas de televisão (RTP e SIC) que se deslocaram a Ipswich no dia 6 de Fevereiro e que o questionaram relativamente à adequação da abordagem clínica e da informação disponibilizada aos trabalhadores portugueses. Participou, ainda, em “directos” (por telefone) dos principais noticiários televisivos nacionais.

O Autor mostrou empatia em relação às preocupações expressas, tendo prestado particular atenção a aspectos posturais (“linguagem corporal”), uma vez que foi objecto de filmagem por aquelas equipas.

Neste mesmo dia, deu-se o internamento de um veterinário inglês que participou no abate sanitário das aves da exploração afectada, tendo sido instado, pela comunicação social portuguesa, a prestar declarações sobre a situação.

No dia seguinte (dia 7 de Fevereiro) é internada uma trabalhadora portuguesa igualmente envolvida nas operações de abate sanitário.

O Autor reiterou as mensagens-chave difundidas quando do internamento do veterinário inglês, entretanto excluído de infecção pelo vírus A(H5N1): trata-se de um vírus animal que se transmite pouco eficientemente ao Homem em resultado de contactos próximos com aves infectadas; os trabalhadores envolvidos no abate sanitário foram objecto de medidas prévias de protecção (equipamentos de protecção individual e quimioprofilaxia pré-exposição).

O internamento da cidadã portuguesa, com quem teve a oportunidade de falar, desencadeou um número inusitado de contactos telefónicos por parte dos mass media que decresceu, de forma acentuada, após a divulgação do resultado laboratorial (foi informado pelas autoridades inglesas do resultado laboratorial negativo na madrugada de 8 de Fevereiro).

O Autor expressou aos mass media portugueses a sua satisfação pessoal pelo desfecho favorável e, face à possibilidade da ocorrência de casos adicionais para investigação, reforça a mensagem previamente veiculada (risco de infecção muito baixo). Nos contactos que se seguiram com a comunicação social repetiu as duas ideias-chave: satisfação pessoal (afectividade) mas “não surpreendido” (competência e credibilidade).

A 6 de Fevereiro, a agência LUSA divulga aos órgãos de comunicação social portugueses a notícia “Gripe das aves: antivirais a todos os trabalhadores

podiam causar resistências”, baseada na entrevista telefónica concedida pelo Autor, em que este explica a razão porque nem todos os trabalhadores portugueses foram objecto de quimioprofilaxia com o inibidor da neuraminidase oseltamivir.

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A 7 de Fevereiro, o JORNAL DE NOTÍCIAS titulava “Portugueses

tranquilos”, no que foi secundado pelo semanário EXPRESSO. Este periódico, na sua edição de 9 de Fevereiro e sob o título “Portugueses

seguros”, faz referência ao resultado negativo dos testes de “despistagem” (real-time reverse-transcriptase-polymerase chain reaction/RT-PCR) a que tinha sido submetida a trabalhadora portuguesa.

Serenados os “ânimos” nacionais, o Autor foi contactado por um diário britânico de grande tiragem (“The Guardian”), tendo sido questionado sobre as razões da sua presença naquele país estrangeiro e sobre a sua avaliação da actuação dos serviços de saúde ingleses relativamente aos trabalhadores portugueses da exploração avícola.

6 Discussão e conclusões

A globalização da sociedade implica, não só, a globalização das ameaças à saúde mas também a globalização da informação. As tecnologias de informação e conhecimento permitem o acesso à informação à distância de um teclado de computador ou de um controlo remoto de televisão.

O comércio (em particular o alimentar) e as viagens internacionais e as alterações climáticas (doenças vectoriais) estão entre os principais factores relacionados com a emergência das doenças infecciosas (Meneses de Almeida, 2007c). As viagens internacionais possibilitam a disseminação global de um vírus pandémico semanas ou meses após o início do surto, caso este não seja contido na fonte (Germann et al., 2006).

Dessa forma, ganham relevância disciplinas como a Saúde Global – definida como o estudo de problemas que interessam à generalidade dos países, requerendo uma acção colectiva – e a Saúde Internacional – relativa a práticas, políticas e sistemas de saúde diferentes do nosso (enfoque nas diferenças em vez das semelhanças) (GHEC, 2009).

A diplomacia em saúde global (global health diplomacy), que integra a arte da diplomacia com a ciência da saúde pública, é a resposta a esta necessidade de gerir a saúde independentemente de fronteiras físicas ou administrativas (Meneses de Almeida, 2008).

Tendo em consideração o facto de que existe tendência à sobre-estimação do risco quando a informação é retida pelas entidades oficiais (WHO, 2005b), não só não é legítimo reter a informação como é contra-producente.

O surto aviário de Holton (Fevereiro de 2007) foi uma experiência inédita em comunicação do risco, face ao contexto mediatizado em que se desenrolou e ao seu âmbito internacional.

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A estratégia desenhada assentou em três vertentes principais: acompanhamento das actividades da Health Protection Agency, articulação com as autoridades diplomáticas portuguesas e comunicação mediatizada do risco – esta última tendo como público-alvo não só os portugueses no local (“personally impacted”) mas, também, os restantes portugueses (“generally

concerned”).

Atendendo ao contexto desta missão (especialista destacado como observador num país estrangeiro e, como tal, não participante na gestão da situação) a estratégia adoptada foi “reactiva”: os contactos entre o Autor e os mass media foram, em todos os casos, da iniciativa destes últimos.

O conhecimento do processo de avaliação do risco revelou-se importante para assegurar a credibilidade do comunicador e, consequentemente, a efectividade da mensagem veiculada. Por outro lado, o destacamento de um médico português num país estrangeiro contribuiu para o controlo do alarme instalado, ao revelar interesse e preocupação por parte do Governo Português em relação ao bem-estar dos seus nacionais.

A 7 de Fevereiro o diário PÚBLICO, em desenvolvimento da notícia do internamento do veterinário inglês, publica: “A voz de Adriano Guedes

[sindicalista muito solicitado, até então, pela comunicação social], ao

telefone, parecia outra, muito mais relaxada do que no dia anterior. Talvez

seja a esperança de que seja esta, finalmente, a última entrevista. Ou então

é, simplesmente, a modulação do cansaço (…) Adriano Guedes é da opinião

que o envio de um médico português à região foi importante para deixar as

pessoas mais descansadas e confiantes” (Moreira Marques, 2007).

A intencionalidade da comunicação do risco, enquanto processo, pressupõe o domínio não só de todo o processo de análise do risco (i.e., avaliação, gestão e comunicação do risco) mas também competências específicas em “comunicação com a comunicação social” (Meneses de Almeida, 2007b).

A monitorização da informação veiculada pelos mass media é fundamental para uma avaliação da eficácia e da efectividade da comunicação do risco: enquanto a primeira está relacionada com a adequação (tailoring) do canal de comunicação e da mensagem, a segunda está relacionada com o impacte do processo, que se pretende que se traduza por comportamentos adequados e por uma adequação do limiar de percepção do risco.

A vigilância comportamental (behavioural surveillance), tipo de vigilância que tem como finalidade avaliar a percepção do público relativamente a riscos em saúde, bem como a adesão às recomendações em saúde (Ekdahl et

al., 2007) afigura-se fundamental para avaliar o impacte das intervenções dos serviços de saúde e, muito em particular, a efectividade da comunicação do risco.

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A confiança do público na Direcção-Geral da Saúde foi outro dos factores que contribuiu para o sucesso desta missão. De facto, a confiança é condição necessária para a efectividade da comunicação do risco: caso não exista, há que construí-la, o que deverá ser idealmente realizado em “cenário de paz” (período inter-crítico), sem a pressão e os constrangimentos de um “cenário de guerra” (crise).

Os profissionais de saúde – e, muito em particular, os médicos – são aqueles que detêm maior credibilidade em situações de riscos relacionados com a saúde (Nicholson, 1999).

Outro aspecto que terá contribuído para o desfecho favorável desta missão foi o relacionamento transparente com os mass media nacionais (traduzido pela resposta a todas as questões formuladas) e a consistência da informação veiculada.

O internamento do veterinário inglês e o resultado negativo dos testes laboratoriais, para identificação do vírus H5N1, a que este foi submetido foram, no seu entender, fundamentais para a gestão da situação que se lhe seguiu - o internamento, para investigação, de uma trabalhadora portuguesa envolvida nas operações de abate sanitário – uma vez que possibilitaram a “desdramatização” (calm down) da situação.

O sucesso da experiência aqui relatada evidencia a relevância dos médicos como comunicadores do risco em situações de ameaça à saúde pública e a importância dos mass media como parceiros em comunicação do risco numa sociedade globalizada.

Os médicos especialistas em saúde pública são um recurso primordial em situações de crise ou ameaça à saúde e segurança colectiva – designadamente, a pandemia de gripe pelo novo vírus A(H1N1), porque dotados de competência científica (avaliação do risco) e comunicacional (comunicação do risco) em saúde pública.

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