governança corporativa no contexto brasileiro

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FACULDADE LOURENÇO FILHO CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS PAULA LUCIANA DE OLIVEIRA VIANNA DIÓGENES GOVERNANÇA CORPORATIVA NO CONTEXTO BRASILEIRO FORTALEZA 2010

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Ótimo texto sobre governança.

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    FACULDADE LOURENO FILHO CURSO DE BACHARELADO EM CINCIAS CONTBEIS

    PAULA LUCIANA DE OLIVEIRA VIANNA DIGENES

    GOVERNANA CORPORATIVA NO CONTEXTO BRASILEIRO

    FORTALEZA

    2010

  • 11

    PAULA LUCIANA DE OLIVEIRA VIANNA DIGENES

    GOVERNANA CORPORATIVA NO CONTEXTO BRASILEIRO

    Monografia apresentada ao Curso de Cincias Contbeis da Faculdade Loureno Filho, como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Cincias Contbeis.

    Orientador: Prof. Ms. Rafael Heliton Pereira Vilela

    FORTALEZA

    2010

  • 12

    Paula Luciana de Oliveira Vianna Digenes

    GOVERNANA CORPORATIVA NO CONTEXTO BRASILEIRO

    Monografia apresentada Faculdade Loureno Filho, como requisito parcial necessrio obteno de grau de Bacharel em Cincias Contbeis.

    Banca Examinadora

    _______________________________________ Prof. Ms. Rafael Heliton Pereira Vilela

    (ORIENTADOR)

    ________________________________________ Profa. Ms. Suelene Silva Oliveira

    (EXAMINADOR)

    ________________________________________ Profa. Esp. Christiane Sousa Ramos

    (EXAMINADOR)

    Fortaleza, 16 de Julho de 2010

  • 13

    Dedico este trabalho a Deus que minha razo de viver, fonte de inspirao, onde consegui fora e dedicao para a concluso desta etapa to importante em minha vida, Deus no escolhe os capacitados ele capacita os escolhidos.

  • 14

    AGRADECIMENTOS

    A Deus por sua infinita sabedoria que me deu foras e iluminou meus caminhos, com quem dividi minhas angstias, meus sofrimentos, me dando sempre esperana que tudo iria dar certo. A meus pais, meus irmos, minha cunhada, minha sobrinha companheiros do meu dia a dia, por sempre me incentivar e acreditar em minha vitria torcendo pela minha felicidade nessa trajetria to longa e to importante. A minha filha Yasmin, pela sua pacincia e por entender as minhas ausncias, sempre me confortando com suas palavras de carinho e ateno, pelo companheirismo e amor que sempre dedicou a mim. A meu cnjuge Lacio Jnior, por sempre ouvir minhas lamentaes e me ajudar nas horas que mais precisei, e torcendo pela minha vitria. A meu sogro Lacio que foi meu primeiro e maior incentivador A minha melhor amiga Elis Maria pela amizade e carinho, pela fora e incentivo, uma amizade construda na faculdade, mas que levarei para o resto de minha vida. Aos meus amigos de trabalho da Andrades contabilidade que se tornaram membros de minha famlia, que me deram a oportunidade de colocar em prtica todos os meus conhecimentos aprendidos em sala de aula, sempre me incentivando e auxiliando nas horas mais necessrias. Ao meu professor e orientador Rafael Vilela, por sua imensa pacincia, e pelo profissional competente que e sempre se esforando para d todo o auxlio possvel. A professora Suelene Oliveira, por seus incentivos e sua fora. As minhas amigas que sempre iro morar em meu corao Altina Timb, Zlia Medeiros, Juliana Carvalho. E a todos meus amigos e familiares, professores que conviveram comigo nesta etapa to importante e que de alguma forma, a mais simples que seja me ajudaram e contriburam para a realizao desse sonho.

  • 15

    RESUMO O objetivo deste trabalho analisar o processo evolutivo da Governana Corporativa no contexto brasileiro. A Governana Corporativa contribui para que a empresa adotante de suas prticas melhore seu grau de satisfao das partes interessadas (stakeholders), imagem e confiana junto a investidores, agentes financeiros e credores, maximizando seu acesso a capital, menor custo, desempenho e retribuio aos constituintes (acionistas e stakeholders), devido ao aperfeioamento no sistema de monitorao e fiscalizao. A governana est se transformando numa preocupao importante no Brasil, na medida em que as mudanas em curso nos seus sistemas de propriedade estatal e familiar acelerem e atraiam novos investidores, especialmente estrangeiros. A metodologia utilizada no estudo compreendeu pesquisa bibliogrfica e exploratria. Aps anlise das caractersticas da Governana Corporativa brasileira, percebe-se uma forte concentrao da propriedade em apenas alguns acionistas majoritrios e uma sobreposio entre a propriedade e a liderana executiva (direo), em que os membros do conselho representam os interesses dos acionistas controladores ou majoritrios, e os acionistas minoritrios so poucos ativos. Analisando as tendncias da governana corporativa para o contexto brasileiro, verifica-se que o Brasil vem, a cada dia, equiparando-se com as naes mais desenvolvidas, principalmente, no mbito de gesto de suas empresas que, gradativamente, vm adotando as boas prticas de Governana Corporativa, para facilitar o acesso ao capital, maximizar seu valor de mercado agregando maior valor aos seus scios e stakeholders.

    Palavras-chave: Governana Corporativa, Governana Corporativa no Brasil e Teoria de Agncia.

  • 16

    LISTA DE ABRAVIATURAS

    IBGC Instituto Brasileiro de Governana Corporativa

    OCDE Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    CVM - Comisso de valores mobilirios

  • 17

    SUMRIO

    INTRODUO...................................................................................................... 9 1 GOVERNANA CORPORATIVA...................................................................... 10 1.1 Teoria da Agncia......................................................................................... 10 1.2 Principais conceitos sobre Governana Corporativa................................15 1.3 Governana Corporativa no Contexto Internacional................................. 16 1.3.1 Anglo-Saxo................................................................................................ 17 1.3.2 Alemo........................................................................................................ 17 1.3.3 Japons........................................................................................................ 18 1.3.4 Latino Europeu.......................................................................................... 19 1.3.5 Latino Americano...................................................................................... 20 1.4 Modelos de Governana Corporativa..........................................................22 1.4.1 Modelo Financeiro........................................................................................ 22 1.4.2 Modelo dos pblicos relevantes (stakeholders)........................................... 22 1.4.3 Modelo da Administrao ou Representao.............................................. 22 1.4.4 Modelo Poltico............................................................................................. 22 1.5 Princpios / Valores da Governana Corporativa....................................... 22 1.5.1 Transparncia (Diclousure).......................................................................... 23 1.5.2 Equidade (Fairness)..................................................................................... 24 1.5.3 Prestao de contas (Accountability)........................................................... 25 1.5.4 Responsabilidade Corporativa..................................................................... 25 1.5.5 Compliance.................................................................................................. 26 2 GOVERNANA CORPORATIVA NO BRASIL 26 2.1 Iniciativas Legais e Institucionais............................................................... 26 2.2 Panorama da Governana Corporativa no Brasil...................................... 29 2.3 Cdigo de Boas Prticas do IBGC Instituto Brasileiro de Governana Corporativa..........................................................................................................

    31

    2.3.1 Propriedade.................................................................................................. 32 2.3.2 Conselho de administrao.......................................................................... 32 2.3.3 Gesto executivo principal (CEO) e diretoria............................................ 34 2.3.4 Auditoria Independente................................................................................ 36 2.3.5 Fiscalizao................................................................................................. 36 2.3.6 tica / Conflito de interesses....................................................................... 37 2.4Tendncias em Governana Corporativa no Contexto Brasileiro............. 38 CONSIDERAES FINAIS.................................................................................. 40 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.....................................................................42

  • 18

    INTRODUO

    A governana corporativa est relacionada gesto de uma organizao, sua

    relao com os acionistas (shareholders) e demais partes interessadas

    (stakeholders): clientes, funcionrios, fornecedores, comunidade, entre outros. Sua

    essncia est baseada em mecanismos de soluo para o conflito de agncia,

    decorrente da assimetria informacional e conflito de interesses entre as partes

    envolvidas.

    Na teoria econmica tradicional, a governana corporativa surge para procurar

    superar o chamado conflito de agncia, presente a partir do fenmeno da

    separao entre a propriedade e a gesto empresarial. O principal, titular da

    propriedade, delega ao agente o poder de deciso sobre essa propriedade. A partir

    da surgem os chamados conflitos de agncia, pois os interesses daquele que

    administra a propriedade nem sempre esto alinhados com os de seu titular. Sob a

    perspectiva da teoria da agncia, a preocupao maior criar mecanismos

    eficientes (sistemas de monitoramento e incentivos) para garantir que o

    comportamento dos executivos esteja alinhado com o interesse dos acionistas.

    A governana corporativa tornou-se um tema dominante nos negcios devido a

    safra de escndalos corporativos em meados de 2002. Uma boa governana

    corporativa importante para os investidores profissionais, pois as grandes

    instituies atribuem governana corporativa o mesmo peso que aos indicadores

    financeiros.

    A empresa que opta pelas boas prticas de governana corporativa adota

    como linhas mestras transparncia, prestao de contas (accountability) e eqidade.

    Para que essas estejam presentes em suas diretrizes de governo, necessrio que

    o Conselho de Administrao, representante dos proprietrios do capital (acionistas

    ou cotistas), exera seu papel na organizao, que consiste especialmente em

    estabelecer estratgias para a empresa, eleger a Diretoria, fiscalizar e avaliar o

    desempenho da gesto e escolher a auditoria independente. Nesse sentido, a boa

    governana corporativa proporciona aos proprietrios (acionistas ou cotistas) a

    gesto estratgica de sua empresa e a efetiva monitorao da direo executiva.

    Nesse sentido, nos ltimos anos, o tema governana corporativa ganhou notoriedade mundial. Os grandes escndalos financeiros, envolvendo diversas

  • 19

    corporaes nos EUA que causaram prejuzos incomensurveis ao mercado,

    despertaram a ateno da sociedade em geral para a relevncia deste assunto.

    No Brasil, os conselheiros profissionais e independentes surgiram em resposta

    ao movimento pelas boas prticas de governana corporativa e necessidade das

    empresas modernizarem sua alta gesto, visando tornarem-se mais atraentes para o

    mercado. O fenmeno foi acelerado pelos processos de globalizao, privatizao e

    desregulamentao da economia, que resultaram em um ambiente corporativo mais

    competitivo.

    Com a realizao desse trabalho espera-se responder ao seguinte

    questionamento: Quais foram os efeitos da atuao da Governana Corporativa no

    Brasil?

    O objetivo geral desse estudo analisar o processo evolutivo da Governana

    Corporativa no contexto brasileiro.

    Para que o objetivo geral seja atingido, so propostos os seguintes objetivos

    especficos:

    Analisar o arcabouo terico sobre a governana corporativa;

    Verificar o panorama da governana corporativa do Brasil;

    Descrever a tendncia da Governana Corporativa no Brasil.

    No intuito de responder ao objetivo da pesquisa, parte-se do seguinte

    pressuposto: a governana corporativa no Brasil apresenta-se em estgio de

    evoluo nos ltimos dez anos.

    Para a metodologia da pesquisa adotou-se a tipologia de Vergara (2004) que

    classifica a pesquisa quanto aos fins e quanto aos meios. Para os fins adotamos a

    pesquisa bibliografia atravs dos assuntos inerentes a Governana Corporativa. E

    quanto aos meios utilizamos a pesquisa exploratria.

    Esse trabalho foi estruturado da seguinte forma: a sesso 1 consta dessa

    introduo; a sesso 2 trar uma abordagem sobre a Governana Corporativa, seus

    conceitos, teoria da agncia, sua atuao do contexto internacional, modelos e

    princpios; a sesso 3 far uma abordagem da Governana no contexto brasileiro,

    ressaltando o cdigo de boas prticas, atuao das estruturas de poder e tendncias

    para o Brasil, e por fim, as consideraes finais demonstram o alcance dos objetivos

    propostos, destacando-se a abrangncia, as limitaes e as sugestes, seguindo-lhe

    a relao de obras e autores que assinaro emprica e teoricamente o estudo.

  • 20

    1 GOVERNANA CORPORATIVA

    Ser desenvolvido neste captulo, como a governana corporativa est

    relacionada gesto de uma organizao, sua relao com os acionistas

    (shareholders) e demais partes interessadas (stakeholders): clientes, funcionrios,

    fornecedores, comunidade, entre outros. Sua essncia est baseada em

    mecanismos de soluo para o conflito de agncia, decorrente da assimetria

    informacional e conflito de interesses entre as partes envolvidas. Tambm discorrer

    sobre a atuao da Governana Corporativa no contexto internacional, seus

    modelos e princpios.

    1.1 Teoria da Agncia

    Segundo Santos (2004), na dcada de 1930, as questes relativas

    Governana Corporativa passaram a receber um tratamento terico.

    Berle e Means (1932 apud SANTOS, 2004) com a publicao do trabalho The

    Modern Corporation and Private Property, trouxeram discusso o problema

    relacionado estrutura de propriedade, abordando o tema de separao entre

    propriedade e controle, e assim, implicitamente, delinearem sua relao com

    mecanismos de Governana Corporativa atualmente em evidncia.

    Para Okimura (2003), o problema essencial relacionado estrutura de

    propriedade e de controle foi, pela primeira vez, citado por Adam Smith em 1776 no

    trabalho The Wealth of Nations, apontando a negligncia e esbanjamento por

    parte dos administradores que resultariam, quando aqueles que administram a

    empresa o fazem com dinheiro dos outros e no de si prprios. No entanto, em seu

    trabalho no foram apresentadas evidncias empricas sobre o grau de veracidade

    de sua proposio, at porque naquela poca, antes da revoluo industrial, as

    empresas, em sua maioria, eram relativamente pequenas, fechadas e com a

    propriedade concentrada nas mos de indivduos ou famlias.

    Contextualizando os aspectos do tema da separao da propriedade e

    controle, Silva (2006) relata que a crise econmica de 1929 acarretou grandes

    perdas para investidores, e o surgimento das grandes corporaes levou

    desconcentrao da propriedade e a criao de um modelo novo de controle

  • 21

    empresarial, em que o principal, o titular da propriedade delega ao agente o poder

    de deciso sobre essa propriedade. Nessa perspectiva, os interesses do primeiro

    nem sempre esto alinhados aos do ltimo, podendo ocorrer conflitos de interesses.

    Berle e Means (1932 apud Bernardes; Brando, 2005) lanaram as bases da

    teoria da agncia entre um mandatrio (principal) e um ou mais agentes (agents),

    investidos de poderes para representar interesses e tomar decises em nome dos

    primeiros.

    Essa teoria foi formalizada por Jesen e Meckling (1976) e desenvolvida para

    solucionar os conflitos sobre a divergncia entre os interesses do principal

    (acionista) e do agente (diretor executivo). Os autores definem uma relao de

    agncia como sendo um contrato no qual uma ou mais pessoas (o principal)

    engajam outra pessoa (o agente) para desempenhar alguma tarefa a seu favor,

    envolvendo a delegao da autoridade para a tomada de decises pelo agente.

    Lima e Terra (2005) consideram que ambas as partes, principal e agente, so

    maximizadoras da sua prpria utilidade, sendo presumvel que eventualmente o

    agente agir em seu prprio benefcio, a fim de maximizar o seu bem-estar.

    A Figura 1 a seguir demonstra as relaes da teoria da agncia:

    Figura 1 - O problema de agncia dos gestores e a Governana Corporativa

    Fonte: Silveira (2004, p.32).

    Conforme ilustrado na Figura 1, o gestor recebe do acionista uma remunerao em

    troca dos seus servios especializados de gesto. O acionista espera que o gestor,

  • 22

    seu agente, tome decises que maximizem sua riqueza. No entanto, muitas vezes,

    se observa que os gestores tomam decises que maximizam sua utilidade pessoal.

    Nesse sentido, Silva Junior (2006) ressalta que a teoria da agncia volta-se

    para a anlise de como o indivduo (o principal) estabelece um sistema de

    compensao (contrato) que motive outro individuo (o agente) a agir de acordo com

    o interesse do principal. Assim, tem-se uma situao em que as motivaes entre o

    principal e o agente podem ser convergentes ou divergentes. Havendo convergncia

    de interesses e motivaes, ambos estaro alinhados e envolvidos em objetivos

    comuns, porm, havendo divergncia de interesses e motivaes, surgiro os

    conflitos que precisaro ser regulados e/ou controlados de alguma forma pelo

    principal.

    Para Camargos e Barbosa (2006), a questo do conflito de agncia consiste no

    oportunismo de decises dos diretores executivos que no visam maximizao do

    valor das aes. Nesse contexto, a boa prtica de Governana Corporativa

    significaria a adoo de mecanismos que forassem os diretores executivos (no

    acionistas) a proteger os interesses dos acionistas.

    Andrade e Rosseti (2004), por sua vez, entendem que o conflito de agncia

    visto como uma das questes centrais que dificilmente pode ser evitado em razo de

    dois aspectos fundamentais: (1) no existe contrato completo que assegure que o

    diretor executivo ou agente executor v agir visando a atender os interesses do

    acionista; (2) no existe diretor executivo ou agente perfeito.

    Silva Junior (2006) adverte para situaes onde os conflitos de agncia so

    suscetveis de ampliao e tornam-se mais complexos medida que, alm de

    proprietrios e de diretores, outras partes interessadas, internas (acionistas e

    colaboradores) e externas (debenturistas, credores, clientes, governo, auditores,

    fornecedores e a sociedade em geral), so alcanadas pelos propsitos

    corporativos, conforme destacado nas relaes entre principal-agente no Quadro 1.

  • 23

    Quadro 1 - Relaes entre o Principal e o Agente Fonte: Adaptado de Martinez (1998).

    No contexto de divergncia de interesses mais complexos, os custos de

    agncia so provenientes de medidas adotadas pelos acionistas para controlar a

    atuao dos agentes. Podem variar entre despesas de monitoramento, contratao

    de seguros contra perdas provocadas pela m administrao, ou diversos planos de

    incentivos, associando o desempenho dos administradores aos salrios ou

    concesso de aes, opes ou outros benefcios (SILVA, 2006).

    Segundo Silva Junior (2006), muito embora existam evidncias de conflitos de

    agncia, a sua identificao e mensurao para anlise do custo de agncia no

    tarefa fcil. Para o autor, em alguns casos, praticamente impossvel determinar se

    uma equipe administrativa est tentando maximizar a riqueza do acionista, ou

    apenas tentando obter resultados satisfatrios, enquanto persegue outros objetivos

    nem sempre congruentes com os objetivos dos acionistas.

    Diante do exposto, pode-se concluir que so muitos os problemas relacionados

    Governana Corporativa e esto basicamente relacionados a uma possvel

    divergncia entre interesses de grupos distintos, principalmente entre o grupo dos

    acionistas (representante da estrutura de propriedade) e o grupo dos agentes

    (representante da estrutura de direo e execuo).

    Relao Principal Agente O que o Principal espera do Agente? Debenturistas Gerentes Gerentes maximizem retorno ao debenturista. Credores Gerentes Gerentes assegurem o cumprimento dos contratos de financiamento. Clientes Gerentes Gerentes assegurem a entrega de produtos de valor para o cliente.

    Qualidade (maior), Tempo (menor), Servio (maior) e Custo (menor). Governo Gerentes Gerentes assegurem o cumprimento das obrigaes fiscais, trabalhistas

    e previdencirias da Empresa. Comunidade Gerentes Gerentes assegurem a preservao dos interesses comunitrios,

    cultura, valores, meio-ambiente etc. Acionistas Auditores Externos

    Auditores atestem validade das demonstraes financeiras (foco na rentabilidade e eficincia).

    Credores Auditores Externos

    Auditores atestem validade das demonstraes (foco na liquidez e endividamento).

    Gerente Auditores Internos Auditores Internos avaliem as operaes na tica de sua eficincia e eficcia, gerando recomendaes que agreguem valor.

    Gerentes Colaboradores Empregados trabalhem para os gerentes com o melhor de seus esforos, atendendo as expectativas.

    Gerentes Fornecedores Fornecedores supram as necessidades de materiais dos Gerentes no momento necessrio, nas quantidades requisitadas.

  • 24

    1.2 Principais Conceitos sobre Governana

    Segundo a OCDE - Organizao para Cooperao e Desenvolvimento

    Econmico (OECD, 1999, p. 5), a governana corporativa definida como o

    conjunto de relaes entre a administrao de uma empresa, seu conselho de

    administrao, seus acionistas e outras partes interessadas. Tambm proporciona a

    estrutura que define os objetivos da empresa, como atingi-los e a fiscalizao do

    desempenho

    A Comisso de Valores Imobilirios possui a seguinte definio: Governana

    Corporativa o conjunto de prticas que tem por finalidade aperfeioar o

    desempenho de uma companhia, ao proteger todas as partes interessadas como,

    investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital.

    Existem definies sobre governana que so menos tcnicas e mais

    polmicas, mas no menos esclarecedoras, como a de Antonio Carlos Vidigal da AC

    Vidigal Consultores, durante palestra Governana Corporativa na Reunio do

    Conselho de Educao Abril 06 RJ, onde diz: Governana Corporativa uma

    m traduo da expresso inglesa "corporate governance". A origem o verbo latino

    "gubernare", que quer dizer "governar", ou "dirigir", "guiar". O significado, meio vago,

    o sistema pelo qual os acionistas de uma empresa ("corporation" em ingls)

    "governam", ou seja, tomam conta, de sua empresa.

    um sistema que, usando principalmente o "Conselho de Administrao"

    ("Board of directors" em ingls), tambm a Auditoria Externa, e s vezes tambm o

    Conselho Fiscal (que ao contrrio do de Administrao no obrigatrio),

    estabelece regras e poderes para Conselho, seus comits, e diretoria, evitando os

    abusos de poder to comuns no passado. Cria tambm instrumentos de fiscalizao

    da diretoria. importante frisar que embora a expresso seja inovadora (tenha se

    transformado num modismo, com muita gente falando bobagem a respeito) atividade

    j existia, sem que a gente percebesse quo importante era, e sem que tivesse

    ganhado esse nome.

    Embora com palavras, frases e formas diferenciadas usadas para definir a

    Governana, importante perceber que todas possuem conceitos e princpios

    comuns. Uma descrio mais detalhada do significado da expresso Governana

    Corporativa, dada pelo especialista no assunto Hebert Steinberg (2003): Na

    definio usual, constitui o conjunto de prticas e de relacionamentos entre

    acionistas e

  • 25

    cotistas, conselho de administrao, diretoria executiva, auditoria independente e

    conselho fiscal com a finalidade de aprimorar o desempenho da empresa e facilitar o

    acesso ao capital. J existe consenso sobre o fato de que quanto maior o valor da

    empresa, mais facilmente se externa cidadania e o envolvimento dos stakeholders

    (pblicos de interesse). H quem resuma tudo isso numa frase: criar um ambiente

    de controle, dentro de um modelo balanceado de distribuio do poder.

    (STEINBERG, 2003)

    1.3 Governana Corporativa no Contexto Internacional

    O sistema de governana corporativa adotado pelas empresas depende, em

    grande parte, do ambiente institucional no qual est inserida. O Estado, atravs da

    definio dos sistemas financeiro e legal, modela a formao do mercado de capitais

    local e do grau de proteo dos investidores, influenciando o modelo de governana

    das empresas. Desta forma, os pases apresentam diferenas significativas entre os

    sistemas de governana corporativa das suas empresas.

    Segundo Andrade e Rosseti (2004), cinco so os principais sistemas

    internacionais de Governana Corporativa efetivamente praticados: o anglo-saxo, o

    alemo, o japons, o latinoeuropeu e o latinoamericano.

    Ainda, segundo os autores, destacam-se dez fatores de diferenciao dos

    sistemas:

    Fonte predominante de financiamento das empresas;

    Separao entre a propriedade e o controle;

    Separao entre a propriedade e a gesto;

    Tipologia dos conflitos de agncia;

    Proteo legal aos minoritrios;

    Dimenses usuais, composio e formas de atuao dos conselhos de

    administrao;

    Liquidez da participao acionria;

    Foras de controle mais atuantes;

    Estgio em que se encontra a adoo das prticas da boa governana;

    Abrangncia dos modelos de governana praticados.

  • 26

    A seguir sero apresentados os principais modelos internacionais de

    governana corporativa, bem como suas principais caractersticas.

    1.3.1 Sistema Anglo-Saxo

    No sistema anglo-saxo, que representa as prticas de Governana

    Corporativa na Inglaterra e nos Estados Unidos, seu propsito maior a

    pulverizao do controle acionrio e a separao da propriedade e da gesto. As

    empresas so financiadas via mercado de capitais: equity a base do processo de

    capitalizao. Destaca-se nesse modelo a atuao das foras externas, exercendo

    papel relevante no processo de governana das corporaes, como os fundos de

    penso, que mobilizaram outras instituies, sendo criado um Conselho de

    Investidores Institucionais. Os outsiders tm relevante presena nos conselhos,

    atuando com foco nos direitos dos acionistas e atentos ao objetivo essencial do

    modelo, que o de maximizar o valor da organizao e o retorno dos investimentos

    (NEPOMOCENO, 2007).

    Ao analisar o sistema anglo-saxo, Lethbridge (2007) afirma que as

    participaes acionrias nesse mercado so escassas, contudo as bolsas de valores

    desenvolvidas garantem a liquidez dessas participaes, reduzindo o risco dos

    acionistas. O mercado diante das oscilaes de preos das aes sinaliza a

    aprovao ou no em relao s administraes por parte dos investidores. O

    presente sistema exige um alto nvel de transparncia e uma divulgao peridica

    das informaes, exercendo controle rgido sobre o uso de informaes

    privilegiadas.

    Assim, de acordo com essas caractersticas, o sistema anglo-saxo marcado

    pela pulverizao do controle acionrio, pela separao da propriedade e da direo

    e pela forte orientao para o mercado. Esses fatores levam a presena de conflitos

    de agncias e a adoo de aes para monitorar os gestores e bloquear prticas de

    gesto que contrariem os interesses dos acionistas.

    1.3.2 Sistema Alemo

    O sistema alemo, que representa as prticas de Governana Corporativa na

    Alemanha, sofreu forte influncia do processo de reconstruo de sua economia.

  • 27

    Aps Segunda Guerra Mundial, acabou desenvolvendo uma estrutura independente,

    baseada na cooperao e na estabilidade de longo prazo, diferentemente do modelo

    anglo-saxo, que tem uma orientao de longo prazo e a competio de mercado

    como principais barreiras (JUNIOR ANNOR, 2006).

    Nesse sistema, como na Alemanha o capital acionrio das companhias

    concentrado e o financiamento predominante de origem bancria, ou seja, os

    bancos exercem forte influncia, sendo debt a principal fonte de financiamento. No

    h limites legais para a participao dos bancos nas empresas, ocorrendo casos em

    que esses assumem o controle das empresas com a inadimplncia dessas que

    tomaram financiamentos de longo prazo. Mas o mais comum a totalizao dos

    votos da prpria participao acionria dos bancos nas empresas, e do que lhe

    confiado por procurao (ANDRADE; ROSSETI, 2004).

    De forma geral, segundo Carlsson (2001), o sistema alemo possui as

    seguintes caractersticas: 1) forte presena do modelo stakeholder, segundo o qual

    as companhias no devem satisfao apenas aos acionistas e proprietrios; 2)

    limitado papel do mercado de capitais na proviso total do capital de risco, e; 3)

    liderana coletiva, principalmente pela participao de empregados e de sindicatos

    nas estruturas de governana.

    Para Andrade e Rosseti (2004), no sistema de Governana Corporativa alemo

    os bancos desempenham papel de alta relevncia. No h limites para participao

    acionria nas empresas, no obstante dividam com outros acionistas financeiros a

    posse de grandes blocos de aes. Mesmo com essa predominncia, a direo

    geralmente coletiva, altamente orientada para cooperao, a colaborao e

    consenso, em que modelos autocrticos so repudiveis.

    1.3.3 Sistema Japons

    Semelhante ao que aconteceu com o desenvolvimento do modelo alemo, o

    sistema de Governana Corporativa japons surgiu com o processo da economia

    japonesa ps-Segunda Guerra Mundial.

    Rodrigues (2004) caracteriza esse sistema ressaltando que a estrutura de

    capital fundamentada em exigveis de longo prazo, com os bancos tambm

    participando como acionistas das grandes empresas at o limite de 5% das aes.

    Apesar de ser concentrada a estrutura do capital das grandes corporaes, h um

  • 28

    fator diferencial que a ligao horizontal dos keiretsus (aglomerados de negcios)

    entre as empresas conglomeradas, pelas posses cruzadas de aes.

    Segundo Junior Annor (2006), uma influncia marcante da cultura japonesa a

    predominncia da tomada de decises coletivas, tendo como orientao a

    colaborao, a cooperao e o consenso. Ressalta-se a ao do tradicional

    Conselho de Administrao, no sentido de observar, aconselhar nas grandes

    decises e acompanhar os resultados corporativos. Polticas corporativas de gesto,

    decises estratgicas, novos negcios, fuses, aquisies, cises, desmobilizaes

    e alianas passam pelo crivo consensual do Conselho de Administrao.

    Ainda nesse sistema, Andrade e Rosseti (2004) afirma que o mercado de

    aes japons no tem o mesmo peso que se observa no caso anglo-saxo, e o que

    se busca a segurana de longo prazo, fundamentada na ateno que a

    organizao assegura a mltiplos interesses, pois a gesto consensual, se

    sobrepondo propriedade, e a estratgia corporativa o foco nos conselhos.

    1.3.4 Sistema Latino-Europeu

    O sistema latino-europeu abrange as prticas de Governana Corporativa em

    pases como Itlia, Frana, Espanha e Portugal. Heranas culturais, razes comuns

    das instituies e o processo de formao do sistema empresarial, fundamentado

    em um misto de grandes grupos familiares e de empresas estatais, so base do

    desenvolvimento de um modelo comum a esses quatro pases (ANDRADE;

    ROSSETI, 2004).

    O sistema latino-europeu caracteriza-se por sua fonte de financiamento no ser

    bem definida, a propriedade concentrada, pois h um grande nmero de empresas

    familiares ou controladas por consrcios. Os conflitos de agncia ocorrem devido

    baixa proteo dos minoritrios, geralmente presidncia do conselho e da direo

    so justaposta, o modelo possui a tendncia a inorganizao de interesses mltiplos

    (RODRIGUES, 2004).

    Junior Annor (2006) ressalta que dos pases latino-europeus, a Frana tem a

    prtica da Governana Corporativa mais avanada, seguida de perto pela Itlia.

    Portugal e Espanha ficam num terceiro plano.

  • 29

    Percebe-se, que o sistema praticado pelos pases latino-europeus est ainda

    em transio marcado pela concentrao de propriedade e controle acionrio, pela

    forte presena de grupos familiares e pela justaposio da propriedade e gesto.

    1.3.5 Sistema Latino-Americano

    O sistema latino-americano abrange as prticas de Governana Corporativa

    em pases como Argentina, Brasil, Chile, Colmbia, Mxico e Peru.

    Segundo Andrade e Rossetti (2004), o sistema latino-americano tem como

    principais caractersticas: concentrao patrimonial, grandes grupos privados

    familiares, baixa expresso o mercado de capitais e tradio jurdica do cdigo civil

    latino-europeu, e essas caractersticas somam-se as privatizaes e a abertura de

    mercado dessas economias. Nesse modelo predomina a alavancagem e os

    mercados de capitais so pouco desenvolvidos, a propriedade das corporaes

    concentrada e a gesto exercida por acionistas majoritrios, sendo assim, os

    conflitos so com os minoritrios que no tem proteo adequada.

    A Governana Corporativa neste sistema est evoluindo com rapidez embora

    seja ainda muito nova e j se observa movimentos de governana na direo de

    modelos mltiplos de interesses (Andrade; Rossetti, 2004).

    Para Rodrigues (2004), esse sistema de Governana Corporativa latino-

    americano ainda pouco desenvolvido nos pases e necessita de um maior

    desenvolvimento em alguns pontos como: maior proteo aos acionistas

    minoritrios, direitos garantido para todos, divulgao da estrutura acionria,

    emisso de relatrios sociais e ambientais e maior eficcia na arbitragem no

    mercado de capitais.

    Esses so os principais sistemas de Governana Corporativa praticada nos

    pases. Pode-se notar tambm que no h um modelo melhor ou ideal de

    governana, mas sim modelos que se ajustam s necessidades institucionais e

    culturais de cada nao e de cada empresa, fazendo com que um melhor modelo de

    governana.

    Resumidamente, ao analisar comparativamente os cinco sistemas

    internacionais de Governana Corporativa, quanto abrangncia do modelo,

    percebe-se que o modelo americano prevalece orientao do modelo financeiro,

  • 30

    no entanto, no modelo nipo-germnico prepondera-se o modelo stakeholders, haja

    vista a forte cultura exercida pelos pases na busca por um maior equilbrio de

    interesses. Nos modelos latino-europeu e latino americano prevalecem os modelos

    financeiro e poltico, pois os mercados de capitais so pouco desenvolvidos, a

    propriedade das corporaes concentrada e a gesto exercida por acionistas

    majoritrios, no obstante, observa-se um processo de evoluo na direo do

    modelo stakeholder.

    Uma comparao entre os cinco sistemas internacionais de Governana

    Corporativa, destacados por seus dez fatores de diferenciao, pode ser visualizado

    no quadro 3.

    Quadro 3 Sistemas de Governana Corporativa: uma anlise comparativa Fonte: Adaptado de Andrade e Rosseti (2004, p.145).

    Resumidamente, ao analisar comparativamente os cinco sistemas

    internacionais de Governana Corporativa, quanto abrangncia do modelo,

    percebe-se que o modelo americano prevalece sobre orientao do modelo

    financeiro, voltado para a maximizao do retorno dos shareholders, no entanto, no

    modelo nipo-germnico prepondera o modelo stakeholders, haja vista a forte cultura

    exercida pelos pases na busca por um maior equilbrio de interesses. Nos modelos

    latino-europeu e latino-americano prevalecem os modelos financeiro e poltico, pois

    os mercados de capitais so pouco desenvolvidos, a propriedade das corporaes

    concentrada e a gesto exercida por acionistas majoritrios, no obstante, observa-

    se um processo de evoluo na direo do modelo stakeholder.

  • 31

    Na anlise do quadro, verifica-se, tambm, que o sistema anglo-saxo possui

    peculiaridades exclusivas que o diferencia dos demais sistemas, exceto na

    caracterstica relacionada Governana Corporativa, em virtude do sistema alemo

    tambm se encontram estabelecido. Os sistemas alemo e japons apresentam

    quase que todas as mesmas peculiaridades, sendo chamado por alguns autores

    como modelo nipo-germnico. O sistema latino-europeu demonstra uma fase de

    evoluo da governana com particularidades mais prximas do sistema nipo-

    germnico. No caso do sistema latino-americano, evidencia-se a governana em

    estado embrionrio em fase de transio quanto abrangncia dos modelos.

    Pode-se notar tambm que no h um modelo melhor ou ideal de governana,

    mas, sim, modelos que se ajustam s necessidades institucionais e culturais de

    cada nao e de cada empresa.

    1.4 Modelos de Governana

    Diversos modelos tm sido propostos para analisar a questo da governana

    corporativa. TurnBull (1997), com base em estudo de Hawley e Williams (1996)

    elaborado para a OCDE, cita quatro modelos: financeiro, pblicos relevante, de

    administrao ou representao e o poltico.

    1.4.1 Modelo financeiro: a governana estabelecida segundo os caminhos pelos

    quais os investidores da corporao asseguram o retorno do capital investido;

    1.4.2 Modelo de publico relevante (stakeholder): os elementos interligados da

    organizao so mais relevantes que os prprios acionistas;

    1.4.3 Modelo de administrao ou representao: o corpo diretivo o representante

    dos interesses organizacionais, ou seja, ele que maximiza os benefcios

    corporativos e garante o retorno de investimentos aos acionistas;

    1.4.4 Modelo poltico: os interesses do investidor convergem para um processo de

    movimentao poltica que visa aumentar o seu direito de voto com o fim de

    reverter a poltica corporativa dominante, lembrando que os interessados da

    corporao tambm tem essa possibilidade.

  • 32

    1.5 Princpios / Valores da Governana Corporativa

    Este termo foi criado aproximadamente h mais de dez anos nos pases

    desenvolvidos, para fixar o sistema de relacionamento entre acionistas, auditores

    independentes e executivos de empresas, liderados pelo Conselho de

    Administrao. No entanto, somente a partir da dcada de 1980, o tema se

    desenvolveu em contexto mundial, caracterizado no somente no meio acadmico,

    mas tambm no meio empresarial (SILVA, 2006).

    Segundo Andrade e Rosseti (2004), Governana Corporativa uma traduo

    da expresso inglesa corporate governance, que significa sistema pelo qual os

    acionistas administram a sua empresa. Surgiu nos Estados Unidos devido

    necessidade dos acionistas majoritrios terem controle sobre as suas empresas,

    atravs da eleio de um Conselho de Administrao que teria como papel

    fundamental defender os interesses dos acionistas, monitorando e avaliando novos

    projetos e decises da diretoria.

    Assim, segundo Dorset e Baker (1979), governana em sentido amplo,

    descrita como sendo o exerccio da autoridade do controle da administrao e do

    poder de governar. Representa a forma como o poder exercido na administrao

    dos recursos econmicos e sociais de um pas com o objetivo de desenvolv-lo.

    A Comisso de Valores Mobilirios CVM (2002) conceitua Governana

    Corporativa como o conjunto de prticas que tem por finalidade melhorar o

    desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas

    (stakeholders), facilitando o acesso ao capital.

    1.5.1Transparncia (Diclousure).

    O principio da transparncia envolve a divulgao das informaes transmitidas

    aos principais interessados na organizao, especialmente aqueles de alta

    relevncia, que causam impacto nos negcios e que envolve risco ao

    empreendimento (ANDRADE; ROSSETI, 2004).

    Nesse sentido, Aranha (2007) ressalta que o princpio prescreve a divulgao

    oportuna e precisa de todos os fatos relevantes empresa, inclusive sua posio

    financeira, desempenho, participao dos scios e administrao. O autor

    recomenda que um sistema de divulgao crucial para satisfazer as exigncias de

  • 33

    mercado, relativa fiscalizao da empresa, e para os scios, possibilitar o exerccio

    efetivo de seus direitos de voto.

    Ainda segundo Aranha (2007), para atendimento do princpio de transparncia,

    as empresas devem divulgar as seguintes questes:

    1) Os resultados financeiros e operacionais da empresa;

    2) Objetivos da empresa;

    3) Participaes societrias e direito a voto;

    4) Conselheiros e principais executivos e sua remunerao;

    5) Fatores de risco previsveis e relevantes;

    6) Fatos relevantes a respeito de funcionrios e outras partes interessadas

    (stakeholders) e;

    7) Estruturas e polticas de Governana Corporativa.

    A OCDE (1999) ressalta que, para o atendimento do princpio de transparncia,

    as informaes devem ser preparadas, auditadas e divulgadas conforme os mais

    altos padres contbeis, bem como deve ser realizada uma auditoria externa anual, a

    fim de proporcionar uma garantia externa e objetiva sobre a maneira pela qual os

    demonstrativos foram preparados e apresentados.

    O IBGC (2004), por sua vez, recomenda que as empresas cultivem o "desejo

    de informar" mais do que "a obrigao de informar", haja vista a Administrao,

    sabendo que da boa comunicao interna e externa, particularmente quando

    espontnea, franca e rpida, resultam um clima de confiana, tanto internamente,

    quanto nas relaes da empresa com terceiros. O referido instituto pontua que a

    comunicao no deve restringir-se somente ao desempenho econmico-financeiro,

    mas tambm deve contemplar os demais fatores (inclusive intangveis) que norteiam

    a ao empresarial e que conduzem criao de valor Sob certa tica, a

    Transparncia uma conseqncia, um meio, um instrumento, do dever de prestar

    contas, com a qual tem forte relao.

    1.5.2 Eqidade (Fairness)

    O princpio da eqidade consiste no tratamento justo e igualitrio de todos os

    grupos minoritrios, seja do capital ou das demais "partes interessadas"

    (stakeholders), como colaboradores, clientes, fornecedores e credores. O princpio

    recomenda que cada ao (ou quota de capital) corresponda a um voto (IBGC,

    2004).

  • 34

    Motta (2004) amplia o conceito sobre princpio, afirmando que as companhias

    tm, cada vez mais, que refletir no seu comportamento as demandas da Sociedade e

    dos Investidores, pautando-se por padres de melhores prticas em todos os

    aspectos desse comportamento corporativo. Para Andrade e Rosseti (2004), o

    principio da eqidade, evita, por exemplo, fraudes contra os acionistas minoritrios,

    bem como negcios que tragam benefcios pessoais a determinado acionista e,

    conseqentemente, efeitos nocivos sociedade.

    1.5.3 Prestao de Contas (Accountability)

    Os agentes da Governana Corporativa so representados pelos conselhos de

    administrao, Diretoria Executiva e Conselho Fiscal, eleitos por meio da Assemblia

    Geral para o cumprimento de um mandato conforme previso estatutria (ARANHA,

    2002).

    Segundo o IBGC (2004), os agentes da Governana Corporativa devem prestar

    contas de sua atuao a quem os elegeu, e responder integralmente por todos os

    atos que praticarem no exerccio de seus mandatos.

    Para Motta (2004), o principio de prestao de contas a responsabilidade

    explcita do Conselho de Administrao, de responder pelo desempenho da

    companhia e pelas aes empreendidas, perante acionistas e stakeholders.

    O IBGC (2004) responsabiliza, adicionalmente, o executivo principal (CEO), a

    Diretoria Executiva, a Auditoria Independente, e o Conselho Fiscal, ou seja, todos

    tm a mesma obrigao de prestar contas de suas atividades a quem os elegeu ou

    nomeou.

    Para Aranha (2002), o objetivo da prestao de contas gerar um ambiente de

    cooperao e eficincia favorvel a todos, tanto para os acionistas (shareholders)

    quanto para os grupos de interesse (stakeholders). Nesse sentido, o exerccio de

    prestao de contas freqentemente acarreta a presena do princpio da

    transparncia

    1.5.4 Responsabilidade Corporativa

    Para o IBGC (2004), o princpio da responsabilidade corporativa prev que

    conselheiros e executivos devem zelar pela perenidade das organizaes (viso de

  • 35

    longo prazo, sustentabilidade) e, portanto, devem incorporar consideraes de ordem

    social e ambiental na definio dos negcios e operaes. Na viso do instituto, a

    "funo social" da empresa deve incluir a criao de riquezas e de oportunidades de

    emprego, qualificao e diversidade da fora de trabalho, estmulo ao

    desenvolvimento cientfico por intermdio de tecnologia e melhoria da qualidade de

    vida por meio de aes educativas, culturais, assistenciais e de defesa do meio

    ambiente. Inclui-se nesse princpio a contratao preferencial de recursos (trabalho e

    insumos) oferecidos pela prpria comunidade.

    Para Marrewijk e Werre (2003), a responsabilidade corporativa caracteriza-se

    como atividades da empresa, voluntrias por definio (aquelas que vo alm das

    obrigaes legais), que demonstram a incluso de preocupaes sociais e

    ambientais nas operaes de negcio e interaes com stakeholders.

    1.5.5 Compliance (conformidade legal)

    O princpio compliance representa a conformidade quanto ao cumprimento de

    normas reguladoras, expressa nos estatutos sociais, nos regimentos internos, nas

    instituies legais do Pas e na legislao em vigor (ANDRADE; ROSSETI, 2004).

    Sobre esse princpio, Mathiesen (2001 apud ANDRADE; ROSSETI, 2004)

    considera a Governana Corporativa um campo de investigao focado em como

    monitorar as corporaes, por meio de mecanismos normativos, definidos em

    estatutos legais e termos contratuais.

    Cantidiano e Corra (2005) ressaltam que dentre as boas prticas de

    governana merecem destaque o dever de observncia estrita das leis, seja com

    vistas satisfao dos stakeholders, seja pela prpria necessidade de submisso

    pura e simples do Estado do direito, sem digresses e/ou objetivos outros.

    Para Cantidiano e Corra (2005), os princpios da transparncia e compliance

    possuem uma relao direta, apesar de entenderem como autnomos os consideram

    como absolutamente complementares e indissociveis.

    Aps anlise da Governana Corporativa de forma geral, por meio dos contexto

    internacionais, modelos e princpios, a prxima seo discorrer sobre governana

    no contexto brasileiro.

  • 36

    2 GOVERNANA CORPORATIVA NO BRASIL

    Foi abordado anteriormente, quando se discutiram os modelos de Governana

    Corporativa no contexto internacional, o modelo latino-americano, no qual o Brasil se

    insere. Pretende-se agora ressaltar de forma especfica a realidade brasileira no

    contexto da Governana Corporativa.

    2.1 Iniciativas legais e institucionais

    No Brasil, esses princpios de Governana Corporativa consideram a evoluo

    histrica da economia brasileira e seu atual estgio de abertura, desenvolvimento e

    globalizao. O processo de privatizao da mquina estatal brasileira foi o principal

    responsvel pela mudana de perfil do cenrio empresarial brasileiro.

    A abertura financeira e a globalizao, unidas s mudanas na legislao e na

    estratgia de endividamento das empresas, foram os responsveis por relevantes

    mudanas nas estruturas de poder e de controle nas empresas. Gradativamente,

    com as privatizaes, o ponto principal passou a ser na rentabilidade, visando atrair

    cada vez mais investidores interessados em investir no Brasil.

    Com a abertura e a estabilidade econmica alcanada em vrios governos,

    voltou-se a aproximar as prticas de gesto ao modelo de stakeholders, incentivando

    a participao de funcionrios na gesto das companhias, a publicao de balanos

    sociais, a aproximao das comunidades e outros (LETHBRIDGE, 1997 e SIFFERT

    FILHO, 1998).

    No ano de 1995, surgiu a primeira entidade brasileira voltada para o tema da

    Governana Corporativa, o Instituto Brasileiro de Governana Corporativa, IBGC, que

    tinha como objeto melhorar as prticas de Governana Corporativa no Brasil, tendo

    publicado o primeiro Cdigo de Melhores Prticas de Governana Corporativa do

    pas, abordando temas to delicados quanto a relao entre controladores e

    minoritrios e diretrizes para o funcionamento dos Conselhos de Administrao.

    Outras iniciativas foram:

  • 37

    A aprovao da Lei no. 10.303, de 31/10/2001, conhecida como a nova Lei

    das S.A.s;

    A criao dos nveis 1 e 2 de governana corporativa e do novo mercado pela

    Bolsa de Valores de So Paulo, Bovespa;

    O estabelecimento de novas regras pela Secretaria de Previdncia

    Complementar, SPC, para a definio dos limites de aplicao dos recursos

    dos Fundos de Penso;

    Os critrios adotados pelo BNDES para concesso de financiamentos,

    privilegiando as empresas que apresentam prticas de boa Governana

    Corporativa.

    Dessas iniciativas, importante ressaltar a criao dos nveis 1 e 2 de

    Governana Corporativa e do novo mercado, pela Bovespa. As adeses aos trs

    nveis de governana da Bovespa so sempre voluntrias, via contrato entre as

    partes.

    Para adeso ao nvel 1, so necessrios: (www.bovespa.com.br acesso em

    15/03/2009):

    - manuteno de um free float, parcela mnima de aes em circulao, representando 25% do capital; - Favorecer a disperso do capital via realizao de ofertas pblicas de colocao de aes; - Melhoria das informaes prestadas com periodicidade trimestral, exigncia de consolidao e de reviso especial; - Transparncia nas operaes com partes relacionadas, entre eles acionistas e administradores; - Divulgao de acordos de acionistas e programas de opes de aes; - Divulgao de um calendrio anual de eventos corporativos;

    Para adeso ao nvel 2, alm das exigncias para enquadramento no nvel 1,

    so necessrios:

    - mandato unificado de um ano para todo o conselho de administrao; - Realizao e divulgao de balano anual segundo as normas dos US GAAP ou IAS GAAP; - Concesso do direito de venda conjunta, tag along, quando da alienao do controle da empresa, assegurando, no mnimo, 70% deste valor para os preferencialistas; - Concesso de direito de voto aos preferencialistas em matrias relevantes, tais como, transformao, incorporao, ciso, fuso e celebrao de contratos com partes relacionadas; - Compromisso de realizar uma oferta de compra de todas as aes em circulao, com base no valor econmico, em casos de fechamento de capital ou cancelamento de registro de negociao neste nvel; - Resoluo de conflitos societrios via cmara de arbitragem.

  • 38

    Para adeso ao novo mercado, alm das exigncias para enquadramento no

    nvel 2, necessrio que as empresas emitam apenas aes ordinrias, ou que, as

    que possuem aes preferenciais, as convertam em ordinrias.

    Para Andrade e Rossetti (2004), diferentemente dos EUA, UK e outras naes

    desenvolvidas, que so fonte principal para fornecimento de capital s empresas. Por

    outro lado, o mercado brasileiro de pequeno tamanho, avaliado no nvel

    internacional, e ainda sofreu retrao nos ltimos anos. O custo para o empresrio

    brasileiro obter capital acionrio alto, comparativamente com padres

    internacionais e o Mercado de Capitais no Brasil est se esvaziando por seus altos

    custos e baixa liquidez. E, na direo inversa, os Bancos no Brasil no tm tradio,

    nem estratgias, para servirem na funo importante de agentes das companhias

    brasileiras no Exterior, para, por exemplo, l colocarem com mais facilidade seus

    depositary receipts.

    2.2 Panorama da Governana Corporativa no Brasil

    Foi realizada uma pesquisa intitulada Panorama da Governana Corporativa no

    Brasil, publicada em 2002 pelas empresas de consultoria internacional Mckinsey &

    Company e Korn/Ferry Internacional para delinear o perfil brasileiro de Governana

    Corporativa, aps anlise dessa prtica em 74 grandes empresas no Brasil com o

    faturamento superior a US$ 250 milhes (MCKINSEY & COMPANY, KORN/FERRY

    INTERNATIONAL, 2001).

    Rodrigues, J. A (2004) resume as caractersticas do panorama da Governana

    Corporativa brasileira apontadas nos relatrios das empresas Korn/Ferry

    Internacional e Mckinsey & Company em nove peculiaridades:

    1) Estrutura de propriedade com forte concentrao das aes com direito a

    voto (ordinrias) e alto ndice de emisso de aes sem direito;

    2) Empresas com controle familiar ou compartilhado por alguns poucos;

    3) Investidores alinhados por meio de acordo de acionistas para resoluo

    das questes;

    4) Presena de acionistas minoritrios pouco ativos;

    5) Alta sobreposio entre propriedade e gesto, com os membros do

    conselho representando os interesses dos acionistas controladores;

  • 39

    6) Pouca clareza da diviso dos papis entre conselho e diretoria,

    principalmente nas empresas familiares;

    7) Escassez de conselheiros profissionais no Conselho de Administrao;

    8) Remunerao dos conselheiros como fator pouco relevante;

    9) Estrutura informal do Conselho de Administrao, com ausncia de

    comits para tratamento de questes especficas, como auditoria ou

    sucesso.

    Aps anlise das caractersticas da Governana Corporativa brasileira,

    percebe-se uma forte concentrao da propriedade em apenas alguns acionistas

    majoritrios e uma sobreposio entre a propriedade e a liderana executiva

    (direo), em que os membros do conselho representam os interesses dos acionistas

    controladores ou majoritrios, e os acionistas minoritrios so poucos ativos.

    Segundo Silva Junior (2006), os respondentes da pesquisa realizada pela

    Korn/Ferry Internacional e Mckinsey & Company justificam a necessidade de

    mudanas no atual modelo de Governana Corporativa brasileiro em dois grupos: 1.

    Os dos fatores externos, como, por exemplo, impactos da globalizao, menor custo

    de capital para empresas de bom desempenho, reforma no setor de fundos de

    penso, com os acionistas desempenhando um papel mais ativo, e certificaes de

    governana outorgadas pela Bolsa de Valores de So Paulo (Bovespa); 2. O dos

    fatores internos, como, por exemplo, mudanas obrigatrias na estrutura de controle

    (em razo das privatizaes), aumento da remunerao varivel dos executivos e

    problemas de sucesso em empresas familiares.

    Tomando por base a anlise do panorama da Governana Corporativa, por

    meio da pesquisa realizada pelas empresas de consultoria internacional

    mencionadas, a Figura 2 demonstra as fases e tendncias da governana no Brasil.

  • 40

    Figura 2 As fases da Governana Corporativa no Brasil Fonte: Mckinsey & Company e Korn/Ferry Internacional (2001, p.33).

    Para Yunes Neto (2004), algumas iniciativas institucionais tm sido

    empreendidas na tentativa de mudana do panorama do modelo atual de

    Governana Corporativa brasileira para o modelo emergente e de mercado, visando

    ao aprimoramento das prticas pelas empresas brasileiras. Destacam-se as

    contribuies do Instituto Brasileiro de Governana Corporativa (IBGC), da Bolsa de

    Valores de So Paulo (BOVESPA) e da Comisso de Valores Imobilirios (CVM).

    Para o IBGC (2007), o aprimoramento da Governana Corporativa pelas

    empresas brasileiras depende basicamente de aes governamentais e institucionais

    que facilitem o acesso ao capital de empresas que aderirem a boas prticas de

    Governana Corporativa. De acordo com o referido instituto, muitas empresas

    recusam-se a aderir governana, pois ao aderir a essas prticas o controlador deve

    diminuir seus benefcios privados do controle em funo de uma maior proteo legal

    aos acionistas minoritrios.

    2.3 Cdigo de Boas Prticas do IBGC Instituto Brasileiro de Governana

    Corporativa.

    O IBGC- Instituto Brasileiro de Governana Corporativa, sociedade civil,

    fundada em 27 de novembro de 1995 a partir de uma reunio de um grupo de

    empresrios, membros de conselhos, executivos, consultores e estudiosos de

    administrao empresarial.

  • 41

    No ano de 1999, juntamente com a Bovespa, lanou o cdigo das melhores

    prticas de Governana Corporativa, de acordo com um consenso da necessidade

    de serem elencadas as atitudes e comportamentos que as empresas voluntariamente

    deveriam apresentar como forma de estreitarem as relaes de confiana entre

    acionistas, administradores e grupos de interesse.

    O referido cdigo indica os melhores caminhos para que todos os tipos de

    empresas (sociedades por aes de capital aberto ou fechado, limitadas ou

    individuais) possam aperfeioar o seu desempenho e ter um acesso mais fcil ao

    capital. O Cdigo est dividido em 6 ( seis) partes: 1 propriedade: acionistas,

    quotistas, scios; 2 conselho de administrao: representando a propriedade; 3

    Gesto: executivo principal (CEO) e diretoria; 4 Auditoria: auditoria independente;

    5 Fiscalizao: conselho fiscal; e 6 tica/ conflito de interesses. A seguir sero

    apresentados, sucintamente, as caractersticas de cada parte do cdigo.

    2.3.1 Propriedade

    O cdigo defende que as empresas devem possuir exclusivamente aes

    ordinrias. Sendo assim com o capital j aberto, que possuem aes ordinrias e

    preferenciais, devem converter estas em ordinrias, ou, se houver dificuldades

    intransponveis, conceder s preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse

    direto dos preferencialistas.

    As regras de votao so sempre bem definidas e estar disponveis para todos

    os proprietrios, feita com o objetivo de facilitar a votao, inclusive por procurao

    ou outros meios. Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos

    ou subentendidos dos proprietrios.

    O cdigo tendo em vista a maioria das empresas brasileiras tem um controlador

    ou um grupo controlador, reconhece a compra do controle ou o fechamento do capital

    como dois dos problemas mais crticos da governana corporativa no Brasil. Sendo

    assim determina que a transferncia do controle deve ser feita preo transparente,

    concedendo a opo de venda aos minoritrios. No caso de fechamento do capital, o

    controlador ou grupo de controle que queira obter 100% do capital e proceder ao

    fechamento deve informar os demais acionistas de suas intenes. Para companhias

    fechadas ou limitadas deve valer tambm, sempre que possvel, os mesmos

    princpios. O controlador no deve valer-se de sua posio de nico comprador para

    deprimir o preo de aquisio, que deve corresponder ao valor econmico.

  • 42

    O cdigo tambm defende que o conselho de administrao e a diretoria no

    devem criar compromissos com o intuito especifico de dificultar a alienao de

    controle. Estes mecanismos so muito utilizados pelas companhias norte-

    americanas, os chamados poison pills, criados para conter as chamadas aquisies

    hostis.

    2.3.2 Conselho de Administrao

    De acordo cm o cdigo, independente de sua forma societria ou de ser

    aberta ou fechada, a empresa deve ter conselho de administrao, cuja misso

    proteger o patrimnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietrios,

    agregando valor ao empreendimento.

    O conselho de administrao deve ter zelo pela manuteno dos valores da

    empresa, crenas e propsitos dos proprietrios, discutidos, aprovados e revistos em

    reunio do conselho de administrao, e para isso seus componentes devem ter:

    (i) integridade pessoal;

    (ii) capacidade de ler e entender relatrios contbeis e financeiros;

    (iii) ausncia de conflito de interesses;

    (iv) tempo disponvel;

    (v) ser bastante motivado;

    (vi) alinhamento com os valores da empresa; e

    (vii) co nhecimento da melhores prticas de governana corporativa.

    Alm das qualidades definidas acima, na formao do conselho devemos citar,

    as seguintes experincias ou conhecimentos:

    (i) ter experincia de participao em bons conselhos de administrao, ou seja,

    os reconhecidos por sua excelncia;

    (ii) experincia com executivo principal (CEO);

    (iii) ser experiente em administrar crises;

    (iv) entender de finanas;

    (v) conhecimentos contbeis;

    (vi) conhecimentos do ramo da empresa;

    (vii) conhecimento do mercado nacional e internacional;

    (viii) ter viso estratgica; e (ix) contatos de interesses da empresa.

  • 43

    O cdigo descreve sobre o tamanho do conselho de administrao, afirmando

    que o mesmo pode variar entre 5 e 9 membros, dependendo do perfil da empresa.

    Existem trs classes de conselheiros:

    (i) os extremos, conselheiros que no trabalham na empresa, mas no so

    independentes,

    (ii) os internos, ou seja, aqueles que so diretores ou empregados das

    empresas; e

    (iii) os chamados conselheiros independentes.

    Estes apresentam as seguintes caractersticas:

    (i) no tem qualquer vnculo empregatcio com a empresa, exceto eventual

    participao de capital:

    (ii) no foram empregados da empresa ou de alguma de suas subsidiarias;

    (iii) no esto oferecendo servio ou produto empresa;

    (iv) no so empregados de entidade que esteja oferecendo servio ou produto

    empresa;

    (v) no so cnjuges ou parentes at segundo grau de algum diretor ou gerente

    da empresa; e

    (vii) no recebem outra remunerao da empresa alm dos honorrios de

    conselheiros e eventuais dividendos (se for tambm proprietrios).

    O conselho de administrao deve ser composto em sua maioria, por

    conselheiros independentes. De qualquer forma, o conselho deve trabalhar para o

    bem da empresa e. Por conseguinte, de todos os acionistas, buscando a mxima

    independncia possvel em relao ao acionista, grupo acionrios ou parte

    interessada que tenha indicado ou eleito para o cargo, consciente de que, uma vez

    eleito, sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietrios.

    Nesse caso, deve-se evitar o acmulo de cargos entre conselheiros e diretores,

    j que o conselho de administrao fiscaliza a diretoria, e fiscalizar a si mesmo um

    tpico conflito de interesses. Especificamente em relao ao CEO, o conselho, sem

    interferir em assuntos operacionais, deve fazer uma avaliao formal do seu

    desempenho, bem como manter atualizado um plano para a sua sucesso e de todas

    as outras pessoas-chaves da empresa.

    Assim sendo, deve-se buscar a separao dos cargos do presidente do

    conselho e do presidente da diretoria ( executivo principal- CEO). Caso no seja

    possvel, importante que o conselho tenha um membro de peso, respeitado por

  • 44

    seus colegas e pela comunidade empresarial em geral, que possa servir como um

    contrapeso ao poder da pessoa que e presidente do conselho e da diretoria.

    O prazo do mandato do conselho deve ser definido. Sua durao deve ser

    curta, preferivelmente de s um ano, sendo sua reeleio possvel depois de uma

    avaliao formal de seu desempenho. Alm disso, todos os conselheiros devem ser

    eleitos ao mesmo tempo.

    2.3.3 Gesto executivo principal (CEO) e diretoria

    O Cdigo, por reconhecer o executivo principal (CEO) como o responsvel pela

    execuo das diretrizes fixadas pelo conselho de administrao, bem como pela

    indicao dos membros da diretoria para aprovao do conselho de administrao,

    estabelece uma srie de responsabilidades a serem seguidas por ele:

    (i) obrigao de prestar contas (accountability), j que o CEO responde pelo

    desempenho e pela atuao da empresa; e

    (ii) obrigao de prestar todas a informaes de real interesse, obrigatrias ou

    espontneas, para os proprietrios e para todas as partes interessadas(

    disclosure).

    Dentre essas citadas podemos informar:

    (a) Relatrio anual: O relatrio anual a mais importante e mais abrangente

    informao da companhia, e por isso mesmo no deve se limitar s

    informaes exigidas por lei. Envolvendo todos os aspectos da atividade

    empresarial em um exerccio completo, comparativamente a exerccios

    anteriores, ressalvados os assuntos de justificadas confidencialidade, e

    destina-se a um pblico diversificado. O relatrio anual deve incluir a

    mensagem de abertura, escrita pelo presidente do conselho de administrao

    ou da diretoria, o relatrio da administrao e o conjunto das demonstraes

    contbeis, acompanhadas, quando for o caso, do parecer da auditoria

    independente e do conselho fiscal. A preparao do relatrio anual de

    responsabilidade da diretoria, mas o conselho de administrao deve aprov-

    lo e recomendar sua aceitao ou rejeio pela assembllia-geral.

  • 45

    (b) Cdigo das melhores prticas de Governana Corporativa: o relatrio anual

    deve conter uma declarao a respeito de quais prticas de governaa

    corporativa so cumpridas;

    (c) Participaes e remunerao dos conselheiros e diretores: os cdigos das

    melhores prticas internacionais recomendam que o relatrio anual

    especifique a participao no capital da empresa e a remunerao de cada

    um dos conselheiros e diretores;

    (d) Fatos relevantes: fatos importantes, de carter extraordinrio, devero ser

    comunicados imediatamente aos proprietrios e, no caso de companhias

    abertas, ao mercado, de acordo com instrues da comisso de valores

    mobilirios CVM. Toda informao que possa influenciar decises de

    investimentos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os

    usurios. Internet e outras tecnologias de informao apresentam

    oportunidades interessantes;e

    (e) Demonstraes contbeis: As demonstraes contbeis tambm devem ser

    preparadas de acordo com o international Accountind Standards- IAS ou o

    Generally Accepted Accounting Principles GAAP.

    2.3.4 Auditoria Independente

    Auditoria independente um importante agente de governana corporativa para

    os proprietrios de todos os tipos de empresas, uma vez que sua atribuio bsica

    verificar se as demonstraes contbeis refletem adequadamente a realidade da

    empresa, de acordo com as normas profissionais e, para esse fim, avaliar os

    controles e procedimentos internos da empresa.

    recomendado que os auditores, em beneficio de sua independncia, sejam

    contratados por perodo predefinido, compreendendo vrios exerccios, podendo ser

    recontratados aps avaliao de independncia e desempenho, observados a

    legislao e os regulamentos em vigor.

    O conselho de administrao deve assegurar-se de que os procedimentos

    adotados pela firma de auditoria garantam independncia e objetividade,

    especialmente quando a mesma firma de auditoria presta servios de consultoria.

    Essa questo importante, uma vez que os servios de auditoria devem ser

    contratados pelo conselho e os servios de consultoria so, normalmente,

    contratados pela diretoria. Quando houver comprometimento da independncia e

  • 46

    objetividade, especialmente quando a mesma firma de auditoria presta servios de

    consultoria. Essa questo importante, uma vez que os servios de auditoria devem

    ser contratados pelo conselho e os servios de consultoria so, normalmente,

    contratados pela diretoria. Quando houver comprometimento da independncia, o

    conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores.

    Dessa forma o relacionamento dos auditores independentes com o executivo

    principal(CEO), a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional.

    2.3.5 Fiscalizao

    O Conselho fiscal uma instituio brasileira, criada como objetivo de

    preencher uma lacuna na fiscalizao das atividades do conselho de administrao,

    funcionando como um controle independente para os proprietrios sejam

    majoritrios, sejam minoritrios.

    Para isso, o conselho fiscal, ou qualquer de seus membros, tem direito de pedir

    aos administradores cpias das atas das reunies do conselho de administrao, dos

    relatrios contbeis ou financeiros, alm de esclarecimentos e informaes.

    Os membros do conselho fiscal devem assistir s reunies do conselho de

    administrao ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais

    devam opinar.

    Se a empresa contrata servios de auditoria independente, o conselho fiscal

    poder solicitar-lhes esclarecimentos e informaes. Se a empresa no contrata

    servios de auditoria independente, o conselho fiscal poder, para melhor

    desempenho das suas funes, escolher contador ou firma de auditoria para aquela

    finalidade e contrat-lo por conta da empresa.

    2.3.6 tica/ Conflito de interesses

    De acordo com IBGC (2008) Dentro do conceito das melhores prticas de

    governana, alm do respeito s leis do pas, toda empresa deve ter um cdigo de

    tica que comprometa toda a sua administrao e seus funcionrios, elaborado pela

    diretoria e aprovado pelo conselho de administrao.

    O cdigo de tica deve abranger o relacionamento entre funcionrios,

    fornecedores e associados. Deve conter principalmente os seguintes assuntos:

  • 47

    (i) propinas;

    (ii) pagamentos imprprios;

    (iii) conflito de interesses;

    (iv) informaes privilegiadas;

    (v) recebimento de presentes;

    (vi) discriminao de oportunidades;

    (vii) doaes;

    (viii) meio ambiente;

    (ix) assdio sexual;

    (x) segurana no trabalho;

    (xi) atividades polticas;

    (xii) relaes com a comunidade;

    (xiii) uso de lcool e drogas;

    (xiv) confidencialidade pessoal;

    (xv) direito a privacidade;

    (xvi) nepotismo; e

    (xvii) trabalho infantil.

    Existe um conflito de interesses quando algum no independente em relao

    matria em pauta e a pessoa em questo pode influenciar ou tomar decises

    correspondentes. Algumas definies de independncia tem sido dadas para

    conselheiros de administrao e para auditores independentes. Critrios similares

    valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa.

    Preferivelmente a pessoa em questo deve manifestar seu conflito de interesses. Se

    isso no acontecer, qualquer outra pessoa pode faz-lo.

    O conflito de interesses tenha sido identificado em relao a um tema

    especfico, a pessoa em questo deve afastar-se, inclusive fisicamente, das

    discusses e deliberaes. O afastamento temporrio deve ser registrado em ata ou

    de outra forma.

    2.4 Tendncias em Governana Corporativa no contexto brasileiro

  • 48

    A Governana Corporativa uma manifestao relativamente nova que suas

    prticas ainda no esto consolidadas em todos os pases, haja vista as relaes

    culturais e institucionais de cada pas possuir velocidade e mudanas diferenciadas.

    Contudo, Silva (2006, p.57) percebe a governana como [...] um organismo

    vivo que evolui, se alarga a tudo; essa reviso prpria, pois a sociedade vem

    evoluindo e gradativamente incorpora as suas demandas.

    Nesta evoluo, Andrade e Rossetti (2004) sintetizam em quatro tendncias a

    Governana Corporativa: convergncia, adeso, diferenciao e abrangncia,

    conforme descritas a seguir:

    1) A primeira tendncia conhecida como tendncia convergncia que

    reforada pelos cdigos de melhores prticas de Governana Corporativa. Eles

    tendem a enfatizar os mesmos pontos das boas prticas de governana. Os

    sistemas nacionais so comparados com identificao dos fatores de alta

    eficcia;

    2) J a tendncia adeso praticada na maioria dos pases, onde as

    resistncias internas adoo de sistemas eficazes de governana tm sido

    gradualmente vencidas;

    3) A tendncia a diferenciao tem sido movida por foras externas s

    corporaes, neste caso h criao de nveis diferenciados nas bolsas de

    valores e onde as empresas mais bem governadas podem contar com uma

    apreciao do seu valor de mercado, como sendo um prmio concedido pelo

    mercado;

    4) Na tendncia abrangncia h uma maior harmonia entre os acionistas e os

    outros grupos envolvidos na empresa. Nestas corporaes as questes sociais

    e ambientais so amplamente valorizadas. O interesse da companhia que a

    empresa prospere onde a sociedade prospera.

    Para Da Silva E. C (2006), a Governana Corporativa no Brasil tem como

    principal tendncia adeso a melhores prticas de Governana Corporativa e ir,

    com o passar do tempo, lentamente mudando a estrutura de propriedade das

    empresas.

    Analisando esse contexto, conclui-se que o Brasil vem, a cada dia,

    equiparando-se com as naes mais desenvolvidas, principalmente, no mbito de

  • 49

    gesto de suas empresas que, gradativamente, vm adotando as boas prticas de

    Governana Corporativa, facilitando o acesso ao capital, maximizar seu valor de

    mercado agregando maior valor aos seus scios e stakeholders.

  • 50

    CONSIDERAES FINAIS

    A Governana representa um conjunto de mecanismos e controles internos e

    externos, permitindo aos seus cooperados (shareholders) e os (stakeholders),

    possam definir e assegurar a execuo dos objetivos das organizaes, a fim de

    garantir sua continuidade e aplicabilidade dos princpios de governana, objetivando

    a sustentabilidade organizacional.

    Constata-se que a Governana Corporativa um sistema pelo qual as

    sociedades so dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre os

    acionistas, Conselho de Administrao, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho

    Fiscal, com a finalidade de otimizar o desempenho da empresa e facilitar o acesso ao

    crdito, maximizando seu capital.

    A governana corporativa surge para procurar superar o chamado conflito de

    agncia, presente a partir do fenmeno da separao entre a propriedade e a gesto

    empresarial. O principal, titular da propriedade, delega ao agente o poder de

    deciso sobre essa propriedade. A partir da surgem os chamados conflitos de

    agncia, pois os interesses do administrador a propriedade nem sempre esto

    alinhados com os de seu titular. A perspectiva da teoria da agncia, a preocupao

    mais importante criar mecanismos eficientes (sistemas de monitoramento e

    incentivos) para garantir que o comportamento dos executivos esteja alinhado com o

    interesse dos acionistas.

    A empresa que zela pelas boas prticas de governana corporativa adota como

    linhas mestras transparncia, prestao de contas (accountability) e eqidade. Para

    que essas estejam presentes em suas diretrizes de governo, necessrio que o

    Conselho de Administrao, representante dos proprietrios do capital (acionistas ou

    cotistas), exera seu papel na organizao, que consiste especialmente em

    estabelecer estratgias para a empresa, eleger a Diretoria, fiscalizar e avaliar o

    desempenho da gesto e escolher a auditoria independente. Nesse contexto, a boa

    governana corporativa proporciona aos proprietrios (acionistas ou cotistas) a

    gesto estratgica de sua empresa e a efetiva monitorao da direo executiva

  • 51

    A finalidade das prticas de governana corporativa aumentar o valor da

    empresa, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade. Essas

    prticas podem conduzir s redues do custo do capital prprio e das taxas de juros

    dos financiamentos, o que pode aumentar o valor da empresa perante o mercado

    de capitais.

    Ressaltando que de acordo com o senso comum indica que empresas com uma

    estrutura de governana corporativa mais adequada s prticas recomendadas pelos

    agentes de mercado obtm melhores resultados e tambm so melhor avaliadas pelo

    mercado no preo de suas aes do que empresas com um estrutura de governana

    no to adequada.

    A evoluo da Governana no Brasil vem a cada dia estabilizando-se com os

    pases mais desenvolvidos, principalmente quando se trata da gesto das suas

    empresas e a cada dia vem aperfeioando as melhores prticas e com o passar do

    tempo ir mudar a estrutura de propriedade das empresas.

    E por fim, constata-se que as regras de governana corporativa no esto

    dissociadas da realidade dos mercados em que so aplicadas, principalmente em

    relao estrutura de propriedade das companhias. Assim, percebe-se o porqu em

    mercados como o brasileiro, com predominncia de empresas com capital

    concentrado e controlador definido, os principais problemas de governana envolvem

    o relacionamento entre o acionista controlador e os acionistas minoritrios, deixando

    para segundo plano aqueles decorrentes da separao entre propriedade e controle

    entre acionistas e gestores, tpicos de mercados com predomnio de empresas com

    capital pulverizado.

    Alm disso, o caminho saudvel a ser seguido no o da interveno estatal

    crescente para os diversos setores da Economia, mas a auto-regulao, por meio da

    adoo voluntria de regras de governana corporativa por parte das empresas.

  • 52

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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