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Page 1: Giselle Medeiros da Costa One...Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque (Organizadores) Ambiente: os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana 1

Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque

(Organizadores)

Ambiente os desafios da

interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana

1

Instituto Bioeducaccedilatildeo Campina Grande - PB

2017

Instituto Bioeducaccedilatildeo - IBEA

Editor Chefe Giselle Medeiros da Costa One

Corpo Editorial

Beatriz Susana Ovruski de Ceballos Ednice Fideles Cavalcante Aniacutezio Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque

Revisatildeo Final

Ednice Fideles Cavalcante Aniacutezio

FICHA CATALOGRAacuteFICA Dados de Acordo com AACR2 CDU e CUTTER

Laureno Marques Sales Bibliotecaacuterio especialista CRB -15121

Direitos desta Ediccedilatildeo reservados ao Instituto Bioeducaccedilatildeo

wwwinstitutobioeducacaoorgbr Impresso no Brasil Printed in Brazil

One Giselle Medeiros da Costa O59s Sauacutede e Meio Ambiente os desafios da interdisciplinaridade

nos ciclos da vida humana 1 Organizadores Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque

608 fls Prefixo editorial 92522 ISBN 978-85-92522-11-7 (on-line) Modelo de acesso Word Wibe Web lthttpwwwcinasamacombrgt Instituto Bioeducaccedilatildeo ndash IBEA - Campina Grande - PB

1 Meio Ambiente 2 Aacutegua 3 Sustentabilidade 4 Alteraccedilotildees ambientais I Giselle Medeiros da Costa One II Helder Neves de Albuquerque III Sauacutede e Meio Ambiente os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana 1

CDU 911

IBEA INSTITUTO BIOEDUCACcedilAtildeO

Proibida a reproduccedilatildeo total ou parcial por qualquer

meio ou processo seja reprograacutefico fotograacutefico graacutefico microfilmagem entre outros Estas proibiccedilotildees aplicam-se tambeacutem agraves caracteriacutesticas graacuteficas eou

editoriais A violaccedilatildeo dos direitos autorais eacute puniacutevel como Crime

(Coacutedigo Penal art 184 e sectsect Lei 989580) com busca e apreensatildeo e indenizaccedilotildees diversas (Lei

961098 ndash Lei dos Direitos Autorais - arts 122 123 124 e 126)

Todas as opiniotildees e textos presentes neste livro satildeo de inteira responsabilidade

de seus autores ficando o organizador isento dos crimes de plaacutegios e

informaccedilotildees enganosas

IBEA - Instituo Bioeducaccedilatildeo

RuaEng Lourival de Andrade 1405- Bodocongoacute ndash Campina

Grande ndash PB CEP 58430-030 (0xx83) 3321 4575 wwwinstitutobioeducacaoorgbr

Impresso no Brasil

2017

Aos participantes do CINASAMA pela

dedicaccedilatildeo que executam suas

atividades e pelo amor que escrevem os

capiacutetulos que compotildeem esse livro

Enquanto ensino continuo buscando reprocurando Ensino porque busco porque indaguei porque indago e me indago Pesquiso para para constatar contatando intervenho intervindo educo e me educo Pesquiso para conhecer o que ainda natildeo conheccedilo e comunicar ou anunciar a novidade

Paulo Freire

PREFAacuteCIO

Os livros ldquoSAUacuteDE E MEIO AMBIENTE os desafios da

interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana 1 2 3 e 4rdquo

tem conteuacutedo interdisciplinar contribuindo para o

aprendizado e compreensatildeo de varias temaacuteticas dentro da

aacuterea em estudo Esta obra eacute uma coletacircnea de pesquisas de

campo e bibliograacutefica fruto dos trabalhos apresentados no

Simpoacutesio Nacional de Sauacutede e Meio Ambiente realizado entre

os dias 2 e 3 de dezembro de 2016 na cidade de Joatildeo Pessoa-

PB

O CINASAMA eacute um evento que tem como objetivo

proporcionar subsiacutedios para que os participantes tenham

acesso agraves novas exigecircncias do mercado e da educaccedilatildeo E ao

mesmo tempo reiterar o intuito Educacional Bioloacutegico

Nutricional e Ambiental de direcionar todos que formam a

Comunidade acadecircmica para uma Sauacutede Humana e

Educaccedilatildeo socioambiental para a Vida

Os eixos temaacuteticos abordados no Simpoacutesio Nacional de

Sauacutede e Meio Ambiente e nos livros garantem uma ampla

discussatildeo incentivando promovendo e apoiando a pesquisa

Os organizadores objetivaram incentivar promover e apoiar

a pesquisa em geral para que os leitores aproveitem cada

capiacutetulo como uma leitura prazerosa e com a competecircncia

eficiecircncia e profissionalismo da equipe de autores que muito

se dedicaram a escrever trabalhos de excelente qualidade

direcionados a um puacuteblico vasto

Esta publicaccedilatildeo pode ser destinada aos diversos

leitores que se interessem pelos temas debatidos

Espera-se que este trabalho desperte novas accedilotildees

estimule novas percepccedilotildees e desenvolva novos humanos

cidadatildeos

Aproveitem a oportunidade e boa leitura

SUMAacuteRIO

SAUacuteDE E MEIO AMBIENTE ____________________________________ 14

CAPIacuteTULO 1 ________________________________________________ 15

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM

MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ ____________________ 15

CAPIacuteTULO 2 ________________________________________________ 30

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA

ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ _____ 30

CAPIacuteTULO 3 ________________________________________________ 46

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO

PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO _____________________________ 46

CAPIacuteTULO 4 ________________________________________________ 65

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO

EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO _________________________ 65

CAPIacuteTULO 5 ________________________________________________ 84

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO

SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO __________________________________ 84

CAPIacuteTULO 6 ________________________________________________ 99

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE

INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA COMO PARTE DA

AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DA AacuteGUA PARA CONSUMO HUMANO _____ 99

CAPIacuteTULO 7 _______________________________________________ 118

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO

PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA) ______________________________________________ 118

CAPIacuteTULO 8 _______________________________________________ 132

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E

SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA ____________________ 132

CAPIacuteTULO 9 _______________________________________________ 150

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE

IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO__________ 150

CAPIacuteTULO 10 ______________________________________________ 167

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS ____________________________ 167

CAPIacuteTULO 11 ______________________________________________ 186

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO

REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR_______ 186

CAPIacuteTULO 12 ______________________________________________ 203

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO

PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS __________________________________ 203

CAPIacuteTULO 13 ______________________________________________ 223

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA

ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA ____________________________ 223

CAPIacuteTULO 14 ______________________________________________ 240

EXPOSICcedilAtildeO AO CHUMBO DURANTE A GRAVIDEZ E SUAS COMPLICACcedilOtildeES NO

DESENVOLVIMENTO EMBRIONAacuteRIO UMA REVISAtildeO DE LITERATURA __ 240

CAPIacuteTULO 15 ______________________________________________ 257

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES

NANOESTRUTURADOS DE CEO2 ________________________________ 257

CAPIacuteTULO 16 ______________________________________________ 276

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA

SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS _________________________ 276

CAPIacuteTULO 17 ______________________________________________ 295

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS DE

INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE ndash PB _____________ 295

CAPIacuteTULO 18 ______________________________________________ 311

CONDICcedilOtildeES DE TRABALHO E VULNERABILIDADE SOCIAL PERCEPCcedilAtildeO DOS

RESPONSAacuteVEIS TEacuteCNICOS DE SERVICcedilOS DE ALIMENTACcedilAtildeO NO BAIRRO VILA

ESPERANCcedilA SAtildeO LUIacuteS-MA BRASIL _____________________________ 311

CAPIacuteTULO 19 ______________________________________________ 331

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS

DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA _______________________________ 331

CAPIacuteTULO 20 ______________________________________________ 351

EFEITOS DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES

E FETOS __________________________________________________ 351

CAPIacuteTULO 21 ______________________________________________ 372

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS _______ 372

CAPIacuteTULO 22 ______________________________________________ 389

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS

ASPECTOS NORMATIVOS _____________________________________ 389

CAPIacuteTULO 23 ______________________________________________ 404

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO

DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO _____________________________ 404

CAPIacuteTULO 24 ______________________________________________ 422

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E

GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE ALIMENTOS

E MEIO AMBIENTE __________________________________________ 422

CAPIacuteTULO 25 ______________________________________________ 442

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE

SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

_________________________________________________________ 442

SUSTENTABILIDADE ________________________________________ 458

CAPIacuteTULO 26 ______________________________________________ 459

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES

VALORATIVAS E ATITUDINAIS _________________________________ 459

CAPIacuteTULO 27 ______________________________________________ 479

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL _______ 479

CAPIacuteTULO 28 ______________________________________________ 495

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB _________________________ 495

CAPIacuteTULO 29 ______________________________________________ 515

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE

SOCIAL ___________________________________________________ 515

CAPIacuteTULO 30 ______________________________________________ 530

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM

MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE ________________________ 530

CAPIacuteTULO 31 ______________________________________________ 549

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE

SAUacuteDE ___________________________________________________ 549

MEIO AMBIENTE ___________________________________________ 564

CAPIacuteTULO 32 ______________________________________________ 565

A TENSAtildeO ldquoNATUREZACULTURArdquo NA VAQUEJADA NORDESTINA _____ 565

EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL _____________________________________ 585

CAPIacuteTULO 33 ______________________________________________ 586

A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB ________________ 586

14

SAUacuteDE E MEIO AMBIENTE

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

15

CAPIacuteTULO 1

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO

MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

Abilio Joseacute de Oliveira FERREIRA 1

Carolina Santos Reis de Andrade da SILVA 1

Clarice de OLIVEIRA 2 Fabiana de Carvalho Dias ARAUacuteJO 3

1 Graduandos do curso de Geologia UFRRJ 2 Professora do DSIAUFRRJ 3OrientadoraProfessora do DECAMPDIEUFRRJ

abiliojosedeoliveiraferreiragmailcom

RESUMO A aacutegua elemento cujo uso supera os das necessidades bioloacutegicas eacute considerada o composto mais abundante do nosso planeta Entretanto nos uacuteltimos anos vem apresentando niacuteveis de escassez em funccedilatildeo de possiacuteveis mudanccedilas climaacuteticas e principalmente da gestatildeo improacutepria dos disponiacuteveis recursos hiacutedricos Em alguns bairros inseridos no municiacutepio de Seropeacutedica que satildeo mais pobres eou pouco industrializados o abastecimento hiacutedrico convencional eacute deficitaacuterio e sua deficiecircncia acentua-se em eacutepocas mais secas Diante deste contexto ainda pode-se registrar o consumo da aacutegua por meio de poccedilos que natildeo superam os 20 metros de profundidade caracterizando-se desta forma como rasos Aparentemente consideradas aacuteguas puras a potabilidade destas aacuteguas pode assumir caraacuteter comprometedor em razatildeo de contaminantes provenientes de accedilotildees antroacutepicas como instauraccedilotildees de centros de tratamentos de resiacuteduos e sistemas de saneamento in situ do tipo fossas Sendo assim esse estudo tem como objetivo avaliar a qualidade da aacutegua de poccedilos rasos em trecircs bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

16

localizados no municiacutepio de Seropeacutedica-RJ Para tanto foram realizadas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas e bioloacutegicas de amostras de aacutegua de 8 poccedilos rasos O presente trabalho pretende contribuir para os estudos hiacutedricos da regiatildeo e tornar os moradores locais cientes sobre a qualidade da aacutegua por eles consumidas assim como fomentar futuras pesquisas na mesma aacuterea Palavras-chave Recurso hiacutedrico Potabilidade da aacutegua Contaminaccedilatildeo da aacutegua

1 INTRODUCcedilAtildeO

A instaacutevel pluviosidade bem como manejo inadequado

dos recursos hiacutedricos vigentes veicula a reduccedilatildeo de niacuteveis dos

reservatoacuterios de aacuteguas disponiacuteveis ao consumo Tais aspectos

provocam a busca por outros meios de captaccedilatildeo de aacutegua e

dentre eles estaacute a perfuraccedilatildeo de poccedilos (CAPUCCI et al 2001)

Os mananciais subterracircneos satildeo recursos naturais

utilizados tanto para abastecer grande parte da populaccedilatildeo

brasileira em aacutereas rurais quanto nas cidades que natildeo

oferecem acesso agrave rede puacuteblica de abastecimento ou quando o

abastecimento eacute irregular Entretanto o crescimento do modo

de utilizaccedilatildeo deste recurso foi acompanhado da proliferaccedilatildeo de

poccedilos construiacutedos sem levar em conta criteacuterios teacutecnicos

adequados que permitissem condiccedilotildees qualitativas baacutesicas de

potabilidade Deste modo a perfuraccedilatildeo de poccedilos com locaccedilatildeo

inadequada coloca em risco a qualidade das aacuteguas

subterracircneas uma vez que gera uma conexatildeo entre as aacuteguas

mais rasas e portanto mais suscetiacuteveis agrave contaminaccedilatildeo com

aacuteguas mais profundas menos vulneraacuteveis (ANA 2007)

Ainda segundo a ANA (2007) a Bacia Hidrograacutefica do

Rio Guandu possui um papel vital para a Regiatildeo Metropolitana

do Rio de Janeiro (RMRJ) segunda maior regiatildeo metropolitana

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

17

do paiacutes A captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo das aacuteguas do Rio

Guandu para abastecer cerca de 8 milhotildees de habitantes da

RMRJ eacute um dos maiores sistemas de tratamento de aacutegua do

mundo Aleacutem disso nas bacias dos rios Guandu da Guarda e

Guandu Mirim vivem cerca de um milhatildeo de habitantes

A bacia dos rios Guandu da Guarda e Guandu-Mirim faz

parte da bacia hidrograacutefica contribuinte agrave Baiacutea de Sepetiba

situada a oeste da bacia da Baiacutea de Guanabara no Estado do

Rio de Janeiro A bacia ocupa uma aacuterea total de

aproximadamente 1900 kmsup2 e abrange 12 municiacutepios (Itaguaiacute

Seropeacutedica Queimados Japeri Paracambi Nova Iguaccedilu Rio

de Janeiro Engenheiro Paulo de Frontin Miguel Pereira

Vassouras Piraiacute e Rio Claro) onde vivem cerca de 1 milhatildeo de

habitantes A sua maior singularidade deve-se agrave transposiccedilatildeo

de ateacute 180 m3s das aacuteguas da Bacia do rio Paraiacuteba do Sul para

a Bacia do Guandu das quais dependem a populaccedilatildeo e

induacutestrias ali situadas e principalmente a quase totalidade da

Regiatildeo Metropolitana do Rio de Janeiro situada fora dos limites

da bacia (TUBBS FILHO et al 2012)

Apesar de sua importacircncia estrateacutegica a bacia enfrenta

uma seacuterie de problemas decorrentes da forma do uso e

ocupaccedilatildeo do solo e sobretudo das formas de gestatildeo dos seus

recursos hiacutedricos

De acordo com Calheiros e Oliveira (2006) no Brasil

80 dos esgotos satildeo lanccedilados em corpos drsquoaacutegua sem qualquer

tratamento destes 85 satildeo esgotos domeacutesticos e 15 esgotos

industriais Em aacutereas urbanas a elevada densidade

populacional produz alto volume de esgoto e em cidades

desprovidas de sistema de esgoto sanitaacuterio eficiente as aacuteguas

subterracircneas podem ser contaminadas por meio da infiltraccedilatildeo

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

18

oriunda de fossas negras e pelo escoamento superficial da

aacutegua da chuva em contato com o esgoto lanccedilado a ceacuteu aberto

Segundo dados do Sistema de Informaccedilatildeo da Atenccedilatildeo

Baacutesica (SIAB) do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2014) o

consumo das aacuteguas provenientes de poccedilos por famiacutelias em

Seropeacutedica aumentou em cerca de 4 nos uacuteltimos 15 anos A

perfuraccedilatildeo de poccedilos em locais inapropriados pode

comprometer a qualidade das aacuteguas subterracircneas

Recorrentemente nota-se pela populaccedilatildeo o crescente

uso de poccedilos artesanais como meio de supressatildeo de

necessidades hiacutedricas o que caracteriza assim a importacircncia

de tais cavidades e o aumento de sua incidecircncia no municiacutepio

em estudo

Diante do exposto acima essa pesquisa tem como

objetivo avaliar a qualidade da aacutegua dos poccedilos rasos em trecircs

bairros da cidade de SeropeacutedicaRJ

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Esse trabalho faz parte de um projeto financiado pelo

Comitecirc Guandu atraveacutes do edital para auxiacutelio financeiro da

Associaccedilatildeo Proacute-Gestatildeo das Aacuteguas da Bacia Hidrograacutefica do Rio

Paraiacuteba do Sul (AGEVAP)

O projeto foi realizado em trecircs bairros do municiacutepio de

Seropeacutedcia-RJ onde foram feitas coletas em dois poccedilos (P01

e P02) trecircs poccedilos (P03 P04 e P05) e trecircs poccedilos (P06 P07 e

P08) nos bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel

respectivamente conforme Fig (1) e Tab (1)

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

19

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos poccedilos avaliados nos bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel em Seropeacutedica-RJ 2016

Fonte Google Earth 2016

Tabela 1 Coordenadas UTM (metros) dos poccedilos localizados nos bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel em Seropeacutedica-RJ 2016

Poccedilo Bairro Coordenadas UTM (m)

01 Chaperoacute 627747E 7477196S 02 Chaperoacute 625641E 7476755S 03 Jardim Maracanatilde 635796E 7484623S 04 Jardim Maracanatilde 638148E 7487154S 05 Jardim Maracanatilde 636736E 7486118S 06 Satildeo Miguel 631274E 7487801S 07 Satildeo Miguel 631164E 7487917S 08 Satildeo Miguel 631545E 7487618S

As amostras de aacutegua foram coletadas em outubro de

2016 diretamente dos poccedilos ou de um ponto antes do

reservatoacuterio para melhor caracterizaccedilatildeo da aacutegua

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

20

Para as anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram utilizadas duas

garrafas de 15 L para cada amostra Essas garrafas foram

lavadas com a proacutepria aacutegua coletada natildeo havendo assim a

necessidade de serem esterilizadas

Para as anaacutelises microbioloacutegicas foram coletados 300

mL de aacutegua em embalagens esterilizadas

As garrafas com as amostras foram identificadas de

acordo com os bairros e os nuacutemeros dos poccedilos colocadas

dentro de um saco plaacutestico e acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo

dentro de uma caixa isoteacutermica com sacos de gelo Em seguida

foram enviadas para o Laboratoacuterio Analiacutetico de Alimentos e

Bebidas (LAAB-Rural) localizado na Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro onde foram analisados paracircmetros

fiacutesico-quiacutemicos e bioloacutegicos sendo eles

- Fiacutesico-Quiacutemicos Sabor Cor Odor Aspecto Cloretos

Mateacuteria Orgacircnica Soacutelidos Totais pH Sulfato Dureza Turbidez

e Ferro

- Bioloacutegicos Coliformes totais Escherichia coli

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os valores dos paracircmetros avaliados foram comparados

aos da Portaria nordm 2914 de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2011) que dispotildee sobre os procedimentos de controle

e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e

seu padratildeo de potabilidade

Observa-se na Tabela (2) que os poccedilos 1 e 2 referentes

ao bairro Chaperoacute estatildeo em conformidade com a Portaria

291411 para a maioria dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos com

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

21

exceccedilatildeo das caracteriacutesticas organoleacutepticas sabor e aspecto no

poccedilo 02 que foram reprovadas

Tabela 2 Caracteriacutesticas da aacutegua de poccedilos rasos no bairro Chaperoacute Seropeacutedica-RJ 2016

Paracircmetros P01 P02

Sabor Caracteriacutestico Improacuteprio para consumo

Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Caracteriacutestico Presenccedila de partiacuteculas

Cloretos (mgL) 2208 1413

Mateacuteria Orgacircnica (mgL) 109 157

Soacutelidos Totais (mgL) 47 31

pH 416 555

Sulfato (mgL) 5 5 Dureza (mgL de CaCO3) 1412 1313 Turbidez (microT) 23 43

Ferro (mgL) 008 013

Coliformes totais (NMP100mL)1

2 lt2

Escherichia coli (NMP100mL) 2 lt2

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2

68 x 102 lt10

1 Nuacutemero mais provaacutevel por 100 mililitros da amostra 2 Unidades formadoras de colocircnia por mililitro de amostra

As substacircncias com propriedades organoleacutepticas de

potabilidade natildeo necessariamente trazem risco agrave sauacutede mas

pelo seu aspecto ou palatabilidade causam repulsa a maioria

da populaccedilatildeo (GODOY 2013)

Os valores de pH encontrados nos dois poccedilos estatildeo

abaixo do permitido (6 - 9) segundo a Portaria 291411 As

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

22

caracteriacutesticas do solo ou a presenccedila de aacutecidos huacutemicos

podem contribuir para a reduccedilatildeo natural do pH e eacute assim que

aacuteguas subterracircneas podem apresentar pH baixo (BASTOS et

al 2003 apud FINEZA 2008)

O valor do pH influi na solubilidade de diversas

substacircncias nas formas que os compostos quiacutemicos se

apresentam na aacutegua (livre ou ionizada) e em sua toxicidade

(SAWYER et al 2003 apud FINEZA 2008) o que torna esse

paracircmetro importante para ser avaliado

Jaacute os paracircmetros microbioloacutegicos nos dois poccedilos

apresentaram-se acima do permitido pela Portaria 291411 Eacute

importante frisar que o bairro em questatildeo tem coleta de lixo

regular e possui rede de esgoto Poreacutem os poccedilos 1 e 2 ficam a

1km e a 2km do Centro de Tratamento de Resiacuteduos (CTR Santa

Rosa) respectivamente Ocoreram dois vazamentos de

chorume no CTR o que pode favorecer o resultado encontrado

para os paracircmetros microbioloacutegicos nesses poccedilos

Observa-se na Tabela (3) que os poccedilos 03 e 04

localizados no bairro Jardim Maracanatilde assim como os poccedilos

01 e 02 no bairro Chaperoacute (Tab 2) estatildeo em conformidade

com a Portaria 291411 para a maioria dos paracircmetros fiacutesico-

quiacutemicos Jaacute o poccedilo 05 apresentou vaacuterios paracircmetros em

inconformidade com a Portaria 291411 tais como cor

aspecto mateacuteria orgacircnica e pH

O teor maacuteximo de mateacuteria orgacircnica permitido segundo a

Portaria 291411 eacute de 20 mLL Segundo Brasil (2014) a

mateacuteria orgacircnica da aacutegua eacute necessaacuteria aos seres heteroacutetrofos

na sua nutriccedilatildeo e aos autoacutetrofos como fonte de sais nutrientes

e gaacutes carbocircnico Em grandes quantidades no entanto podem

causar alguns problemas como cor odor turbidez e consumo

do oxigecircnio dissolvido pelos organismos decompositores

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

23

Tabela 3 Caracteriacutesticas da aacutegua de poccedilos rasos no bairro Jardim Maracanatilde Seropeacutedica-RJ 2016

Paracircmetros P03 P04 P05

Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Levemente amarelada

Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Presenccedila de partiacuteculas

Caracteriacutestico Presenccedila de partiacuteculas

Cloretos (mgL) 1413 3005 106

Mateacuteria Orgacircnica (mgL)

082 095 231

Soacutelidos Totais (mgL)

1963 473 155

pH 609 665 593

Sulfato (mgL) 25 15 15

Dureza (mgL de CaCO3)

425 275 7825

Turbidez (microT) 154 078 08

Ferro (mgL) 016 001 001 Coliformes totais (NMP100mL)1

gt1600 gt1600 gt1600

Escherichia coli (NMP100mL)

170 500 280

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2

gt25 x 103 gt25 x 103 gt25 x 103

1 Nuacutemero mais provaacutevel por 100 mililitros da amostra 2 Unidades formadoras de colocircnia por mililitro de amostra

Os paracircmetros microbioloacutegicos nos trecircs poccedilos avaliados

no bairro Jardim Maracanatilde apresentaram-se acima do

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

24

permitido pela Portaria 291411 As possiacuteveis fontes de

contaminaccedilotildees podem ser causadas pela falta de um sistema

de tratamento de esgoto e pela queima de lixo produzido pela

populaccedilatildeo podendo ter relaccedilatildeo com contaminaccedilatildeo oriunda do

antigo lixatildeo a ceacuteu aberto o qual fica proacuteximo aos poccedilos 03 e

05 conforme Fig (1)

A mediaccedilatildeo da qualidade da aacutegua tanto superficial como

subterracircnea eacute usado o padratildeo de contagem de coliforme

(HIRATA 2003)

Na avaliaccedilatildeo da qualidade de aacuteguas naturais os

coliformes totais tecircm valor sanitaacuterio limitado Sua aplicaccedilatildeo

restringe-se praticamente agrave avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua

tratada na qual sua presenccedila pode indicar falhas no

tratamento uma possiacutevel contaminaccedilatildeo apoacutes o tratamento ou

ainda a presenccedila de nutrientes em excesso por exemplo nos

reservatoacuterios ou nas redes de distribuiccedilatildeo (BRASIL 2014)

Ainda segundo Brasil (2014) com base no fato de que

entre os cerca de 106-108 Coliformes fecais100 mL

usualmente presentes nos esgotos sanitaacuterios predomina a

Escherichia coli que eacute uma bacteacuteria de origem fecal estes

organismos ainda tecircm sido largamente utilizados como

indicadores de poluiccedilatildeo de aacuteguas naturais A origem fecal da E

coli eacute inquestionaacutevel e sua natureza ubiacutequa pouco provaacutevel o

que valida se o papel mais preciso de organismo indicador de

contaminaccedilatildeo tanto em aacuteguas naturais quanto tratadas

A Escherichia coli eacute a bacteacuteria mais representativa dentro

do grupo dos coliformes termotolerantes Assim sendo sua

presenccedila eacute indicativa de coliformes fecais pois esta bacteacuteria eacute

habitante do trato intestinal de humanos e animais de sangue

quente (SALVATORI 1999) Segundo Amaral et al (2005) ela

representa uma contaminaccedilatildeo fecal recente e indica a possiacutevel

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

25

presenccedila de bacteacuterias patogecircnicas viacuterus enteacutericos ou parasitas

intestinais

Domingues (2007) afirma que a contagem de

bacteacuterias heterotroacuteficas genericamente definidas como

microrganismos que requerem carbono orgacircnico como fonte de

nutrientes fornece informaccedilotildees sobre a qualidade

bacterioloacutegica da aacutegua de uma forma ampla

A Tabela (4) mostra os poccedilos analisados no bairro Satildeo

Miguel Eacute possiacutevel observar que os poccedilos 06 07 e 08 estatildeo em

conformidade com a Portaria 291411 para a maioria dos

paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos Estando em inconformidade as

caracteriacutesticas cor aspecto e ferro nos poccedilos 06 e 07 e

somente pH no poccedilo 08

O teor maacuteximo de Ferro permitido na aacutegua segundo a

Portaria 291411 eacute de 03 mLL Segundo Schueler (2005) a

disponibilidade do ferro pode estar relacionada agrave influecircncia do

pH da aacutegua e do potencial redox do meio

Segundo Piantaacute (2008) a cor da aacutegua pode indicar

presenccedila de material soacutelido em suspensatildeo podendo ser indiacutecio

de mateacuteria orgacircnica ou outro composto que pode servir de

nutriente para o desenvolvimente de microorganismo Segundo

Casali (2008) a cor e a turbidez podem ser corrigidos por meio

de tratamentos convencionais de aacutegua com filtros de areia ou

pela limpeza e manutenccedilatildeo dos poccedilos

Os paracircmetros microbioloacutegicos nos trecircs poccedilos avaliados

no bairro Jardim Maracanatilde apresentaram-se acima do

permitido pela Portaria 291411 Nesse caso natildeo pode-se

relacionar os altos valores com o saneamento baacutesico e coleta

de lixo pois estes estatildeo regulares

Tabela 4 Caracteriacutesticas da aacutegua de poccedilos rasos no bairro Satildeo Miguel Seropeacutedica-RJ 2016

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

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Paracircmetros P06 P07 P08

Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico Cor Amarelada Amarelada Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Presenccedila de partiacuteculas

Presenccedila de partiacuteculas

Caracteriacutestico

Cloretos (mgL) 4063 2826 3532 Mateacuteria Orgacircnica (mgL)

08 176 062

Soacutelidos Totais (mgL)

180 285 5625

Ph 608 67 528

Sulfato (mgL) 5 30 20 Dureza (mgL de CaCO3)

635 6825 59

Turbidez (microT) 089 39 01

Ferro (mgL) 032 04 003

Coliformes totais (NMP100mL)

gt1600 gt1600 gt1600

Escherichia coli (NMP100mL)

lt2 130 lt2

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)

gt25 x 103 gt25 x 103 gt25 x 103

1 Nuacutemero mais provaacutevel por 100 mililitros da amostra 2 Unidades formadoras de colocircnia por mililitro de amostra

A caracterizaccedilatildeo microbioloacutegica e fiacutesico-quimica de aacutegua

proveniente dos poccedilos rasos do municiacutepio de seropeacutedica

demonstrou que a populaccedilatildeo que utiliza aacutegua de poccedilos rasos

para consumo humano apresenta um risco potencial de

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

27

contrair doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica pois 100 das

amostras apresentaram-se contaminada por pelo menos um

indicador avaliado

Tatildeo preocupante quanto agrave frequecircncia de E coli eou

coliformes totais nas amostras de aacutegua utilizadas para

consumo humano eacute o fato que a presenccedila desses indicadores

aponta para a provaacutevel existecircncia de patoacutegenos na aacutegua Isso

reafirma a importacircncia do controle microbioloacutegico da aacutegua bem

como a importacircncia da praacutetica de tratamento

de aacutegua de poccedilos rasos como a cloraccedilatildeo

4 CONCLUSOtildeES

Os oito poccedilos avaliados nos bairros Chaperoacute Jardim

Maracanatilde e Satildeo Miguel tiveram a aacutegua aprovada para a maioria

dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos mas foram reprovadas em

relaccedilatildeo aos paracircmetros microbioloacutegicos

Eacute importante um monitoramento da aacutegua para informar

a populaccedilatildeo que faz uso da mesma sobre as caracteriacutesticas da

aacutegua

A presenccedila do antigo lixatildeo e do atual Centro de

Tratamento de Resiacuteduos em dois bairros avaliados deve ser

levada em consideraccedilatildeo devido agrave contaminaccedilatildeo do solos e

consequentemente do lenccedilol freaacutetico visto que o solo de

Seropeacutedica em sua maioria eacute arenoso

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AMARAL L A ROSSI JR O D NADER FILHO A SOUZA M C I de ISA H Aacutegua utilizada em suinocultura como fator de risco agrave sauacutede humana e animal Arquivos Veterinaacuteria Jaboticabal SP v 21 n 1 p 41-46 2005 ANA Plano estrateacutegico de recursos hiacutedricos das bacias hidrograacuteficas dos Rios Guandu da Guarda e Guandu Mirim Relatoacuterio gerencialAgecircncia Nacional de Aacuteguas Superintendecircncia de Planejamento de Recursos Hiacutedricos elaboraccedilatildeo Sondoteacutecnica Engenharia de Solos S A Brasiacutelia ANA SPR 2007 63 p Disponiacutevel em lthttparquivosanagovbrinstitucionalsgeCEDOCCatalogo2007PlanoEstrategicoRHGuandupdf gt Acesso em 09 out 2015 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede Manual de controle da qualidade da aacutegua para teacutecnicos que trabalham em ETAS Ministeacuterio da Sauacutede Fundaccedilatildeo Nacional de Sauacutede ndash Brasiacutelia Funasa 2014 112 p Disponiacutevel em httpwwwfunasagovbrsitewp-contentfiles_mfmanualcont_quali_agua_tecnicos_trab_emetaspdf Acessado em 10 out 2016 BRASIL Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e seu padratildeo de potabilidade Disponiacutevel em httpsitesabespcombruploadsfileasabesp_doctoskit_arsesp_portaria2914pdf Acessado em 10 out 2016 CALHEIROS D F OLIVEIRA M D de Contaminaccedilatildeo de corpos drsquoaacutegua nas aacutereas urbanas de Corumbaacute e Ladaacuterio ADM ndash Artigo de Divulgaccedilatildeo na Miacutedia Embrapa Pantanal Corumbaacute-MS n 89 p1-4 nov 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwriosvivosorgbrNoticiaContaminacao+de+corpos+d+agua+na+regiao+de+Corumba9526gt Acessado em 20 out 2016 CAPUCCI E MARTINS A M MANSUR K L MONSORES A L M Poccedilos Tubulares e outras captaccedilotildees de aacuteguas subterracircneas ndash orientaccedilatildeo aos usuaacuterios Projeto PLANAacuteGUA 70 p Rio de Janeiro Brasil SEMADS SEINPE 2001 Disponiacutevel em wwwdrmrjgovbrindexphpdownloadscategory5-livro-guas-subagua6 Acessado em 10 out 2016 CASALI C A Qualidade da aacutegua para consumo humano ofertada em escolas e comunidades rurais da regiatildeo central do Rio Grande do Sul 2008 173f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias do Solo) ndash Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria 2008 Disponiacutevel em httpw3ufsmbrppgcsimagesDissertacoesCARLOS-ALBERTO-CASALIpdf Acessado em 25 out 2016

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

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DOMINGUES V O TAVARES G D STUKER F Contagem de bacteacuterias heterotroacuteficas na aacutegua para consumo humano comparaccedilatildeo entre duas metodologias Sauacutede 33(1)15-19 2007 FINEZA A G Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo de aacuteguas subterracircneas por cemiteacuterios Estudo de caso de caso de Tabuleiro ndash MG Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Viccedilosa Viccedilosa Minas Gerais 2008 Disponiacutevel em httpalexandriacpdufvbr8000tesesengenharia20civil2008238036fpdf Acessado em 05 set 2016 GODOY A P O vigiaacutegua e a potabilidade das aacuteguas de poccedilos em Salvador 2013 173f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Meio Ambiente e Trabalho) - Universidade Federal da Bahia Bania 2013 Disponiacutevel em httpwwwsatufbabrsitedbdissertacoes1892013115714pdf Acessado em 14 nov 2016 HIRATA R Recursos hiacutedricos In Decifrando a terra Wilson Texeira et al (org) 2 Reimpressatildeo Satildeo Paulo Oficinas de textos 2003 PIANTAacute C A V Emprego de coagulantes orgacircnicos naturais como alternativa ao uso de sulfato de alumiacutenio no tratamento de aacutegua 2008 78p Monografia (Engenharia Civil) ndash Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre RS 2008 Disponiacutevel em httpwwwlumeufrgsbrbitstreamhandle1018326026000754989pdf acessado em 13 out 2016 SALVATORI R U Determinaccedilatildeo da presenccedila de Salmonella sp em embutidos de carne suiacutena 1999 97f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agronomia) ndash Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 1999 SCHUELER A S Estudo de caso e proposta para classificaccedilatildeo de aacutereas degradadas por disposiccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos urbanos Tese (Doutorado em Ciecircncias em Engenharia Civil) ndash Universidade Federal do Rio de Janeiro COPPE 223f Rio de Janeiro 2005 TUBBS FILHO D ANTUNES J C O VETTORAZZI J S Bacia Hidrograacutefica dos Rios Guandu da Guarda e da Guandu-Mirim Experiecircncias para a gestatildeo dos recursos hiacutedricos Rio de Janeiro INEA 2012 339f Disponiacutevel em httpwwwcomiteguanduorgbrconteudolivroguandu2013pdf Acessado em 10 out 2015

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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CAPIacuteTULO 2

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA

FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

Carolina Santos Reis de Andrade da SILVA 1

Abilio Joseacute de Oliveira FERREIRA 1

Fabiana de Carvalho Dias ARAUacuteJO2

Clarice de OLIVEIRA3 1 Graduandos do curso de Geologia UFRRJ 2 OrientadoraProfessora do

DECAMPDIEUFRRJ 3 Professora do DSIAUFRRJ carolinasrasgmailcom

RESUMO Considerada recurso natural peculiar a aacutegua nas suas mais diversas potencialidades de uso passou a ser um recurso escasso Nas zonas rurais que geralmente satildeo regiotildees mais pobres eou pouco industrializadas o consumo hiacutedrico intermediado por poccedilos rasos ainda eacute observaacutevel devido principalmente agrave deficiecircncia no abastecimento hiacutedrico convencional Os poccedilos mais antigos provavelmente foram instalados sem um estudo preacutevio da aacuterea para perfuraccedilatildeo O municiacutepio de Seropeacutedica aacuterea metropolitana do Estado do Rio de Janeiro enquadra-se nas questotildees socioeconocircmicas supramencionadas Ademais a totalidade territorial do municiacutepio insere-se na aacuterea do conjunto de bacias do rio Guandu que ocupa cerca de 4 da aacuterea da bacia Guandu e 66 da bacia da Guarda que por sua vez eacute importante para a Regiatildeo Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) A contaminaccedilatildeo destas aacuteguas torna-se factiacutevel mediante atividades antropogecircnicas como exemplo o uso de sistemas de saneamento in situ do tipo fossas e valas negras Dessa forma o objetivo deste trabalho foi avaliar a potabilidade da aacutegua de poccedilos em Seropeacutedica RJ Para tanto foram coletadas

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

31

aacuteguas de poccedilos rasos em trecircs bairros no municiacutepio de Seropeacutedica-RJ e analisados paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e bioloacutegicos visando contribuir para os estudos hiacutedricos na regiatildeo favorecendo futuras pesquisas na mesma aacuterea e agrave implantaccedilatildeo de um efetivo programa de monitoramento e educaccedilatildeo ambiental Palavras-chave Qualidade da aacutegua Potabilidade da aacutegua Contaminaccedilatildeo da aacutegua

1 INTRODUCcedilAtildeO

Estima-se que nos uacuteltimos 60 anos a populaccedilatildeo

mundial duplicou enquanto o consumo de aacutegua multiplicou-se

por sete em funccedilatildeo tanto do crescimento populacional quanto

por diversos fatores como desperdiacutecio contaminaccedilatildeo e

crescente uso na agricultura O recurso natural aacutegua torna-se

cada vez mais escasso para atender as crescentes demandas

das cidades (BRASIL 2009)

Segundo a Agecircncia Nacional de Aacuteguas (2007) a Bacia

Hidrograacutefica do Rio Guandu possui papel vital agrave Regiatildeo

Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) segunda maior regiatildeo

metropolitana do paiacutes A captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo

das aacuteguas do Rio Guandu para abastecer cerca de 8 milhotildees

de habitantes da RMRJ eacute um dos maiores sistemas de

tratamento de aacutegua do mundo Aleacutem disso nas bacias dos rios

Guandu da Guarda e Guandu Mirim vivem cerca de um milhatildeo

de habitantes

A bacia dos rios Guandu da Guarda e Guandu-Mirim faz

parte da bacia hidrograacutefica contribuinte agrave Baiacutea de Sepetiba

situada a oeste da bacia da Baiacutea de Guanabara no Estado do

Rio de Janeiro A bacia ocupa uma aacuterea total de

aproximadamente 1900 kmsup2 e abrange 12 municiacutepios (Itaguaiacute

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

32

Seropeacutedica Queimados Japeri Paracambi Nova Iguaccedilu Rio

de Janeiro Engenheiro Paulo de Frontin Miguel Pereira

Vassouras Piraiacute e Rio Claro) onde vivem cerca de 1 milhatildeo de

habitantes A sua maior singularidade deve-se agrave transposiccedilatildeo

de ateacute 180 m3s das aacuteguas da Bacia do rio Paraiacuteba do Sul para

a Bacia do Guandu das quais dependem a populaccedilatildeo e

induacutestrias ali situadas e principalmente a quase totalidade da

Regiatildeo Metropolitana do Rio de Janeiro situada fora dos limites

da bacia

Localizado na zona oeste da regiatildeo metropolitana do Rio

de Janeiro o municiacutepio de Seropeacutedica participa do Plano

Estrateacutegico de Recursos Hiacutedricos (PERH Guandu) devido agrave

total inserccedilatildeo na bacia hidrograacutefica do Rio Guandu

O referido municiacutepio enquadra-se no conjunto de bacias

do rio Guandu que ocupa cerca de 4 da aacuterea da bacia Guandu

e 66 da bacia da Guarda Ademais a totalidade territorial do

municiacutepio insere-se na aacuterea desse conjunto de bacias

Seropeacutedica tambeacutem participa integralmente do Plano

Estrateacutegico de Recursos Hiacutedricos (PERH guandu)

A aacutegua recurso hiacutedrico natural que vai aleacutem das

necessidades bioloacutegicas ultimamente exibe niacuteveis de

escassez Segundo Capucci et al (2011) tal baixa aloja-se

principalmente no manejo inadequado e nos instaacuteveis iacutendices

pluviomeacutetricos da regiatildeo Diante desse contexto eacute bastante

provaacutevel que a busca por fontes alternativas de abastecimento

hiacutedrico - como a perfuraccedilatildeo de poccedilos - seja constante no

municiacutepio

Segundo Heller e Paacutedua (2006) poccedilos satildeo definidos

como aberturas feitas em solo com finalidade de tirar (captar)

aacutegua Para caracterizarem-se ldquorasosrdquo propriamente ditos a

aacutegua captada desses poccedilos deve ser proveniente do lenccedilol

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

33

freaacutetico ou seja sobrejacente agrave primeira camada impermeaacutevel

Comumente satildeo de formato circular e adotam profundidades

que natildeo superam os 20 metros

Aacutegua subterracircnea por sua vez eacute toda a aacutegua que

percorre o subsolo poros fissuras fraturas e quaisquer outros

espaccedilos vazios de dimensotildees milimeacutetricas das rochas A maior

parte das aacuteguas subterracircneas origina-se da aacutegua da chuva e

esta por sua vez infiltra-se na zona insaturada Durante este

processo a composiccedilatildeo da aacutegua eacute constantemente modificada

pelas interaccedilotildees com os constituintes minerais do solo e das

rochas Os constituintes quiacutemicos das aacuteguas subterracircneas

podem ser influenciados por trecircs fatores deposiccedilatildeo

atmosfeacuterica processos quiacutemicos de dissoluccedilatildeo eou hidroacutelise

no aquiacutefero e mistura com esgoto eou aacuteguas salinas por

intrusatildeo (SILVA FILHO et al 1993)

Accedilotildees antroacutepicas configuram-se como os principais

responsaacuteveis pela presenccedila dos indiacutecios de contaminantes que

comprometem a qualidade da aacutegua e direcionam a importacircncia

da mantenccedila do caraacuteter potaacutevel do recurso hiacutedrico de modo

que oacutergatildeos reguladores instituem valores maacuteximos para aacuteguas

potaacuteveis Uma fonte comum de contaminaccedilatildeo eacute o uso de

sistemas de saneamento in situ do tipo fossas e valas negras

(ANA 2005)

Diante de tais fatos o presente trabalho visou contribuir

para a sauacutede da populaccedilatildeo local e melhoria da Bacia

Hidrograacutefica do Guandu atraveacutes da avaliaccedilatildeo da qualidade da

aacutegua de poccedilos rasos em trecircs bairros de Seropeacutedica

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

34

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Esse trabalho faz parte de um projeto financiado pelo

Comitecirc Guandu atraveacutes do edital para auxiacutelio financeiro da

Associaccedilatildeo Proacute-Gestatildeo das Aacuteguas da Bacia Hidrograacutefica do Rio

Paraiacuteba do Sul (AGEVAP)

Foi avaliada a aacutegua em trecircs bairros do municiacutepio de

Seropeacutedica-RJ Deste modo as coletas de aacutegua foram feitas

em outubro de 2016 em dois poccedilos (P01 e P02) trecircs poccedilos

(P03 P04 e P05) e trecircs poccedilos (P06 P07 e P08) nos bairros

Boa Esperanccedila Fazenda Caxias e Santa Sofia

respectivamente conforme Fig (1) e Tab (1)

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos poccedilos nos bairros Boa Esperanccedila Fazenda Caxias e Santa Sofia no municiacutepio de Seropeacutedica-RJ

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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Fonte Google Earth 2016

Tabela 1 Coordenadas UTM (metros) dos poccedilos localizados nos bairros Boa Esperanccedila Fazenda Caxias e Santa Sofia em Seropeacutedica-RJ 2016

Poccedilos Latitude (m) Longitude (m)

P01 7484874 633451 P02 7484948 633163 P03 7484110 632602 P04 7483138 631909 P05 7483093 632661 P06 7486359 629704 P07 7486594 629728 P08 7486681 629729

Na maioria das coletas a aacutegua foi retirada diretamente

dos poccedilos como mostrado na Fig (2)

Figura 2 Coleta de amostra de aacutegua para anaacutelise fiacutesico-quiacutemica no bairro Fazenda Caxias (P03) Seropeacutedica-RJ 2016

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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Nos poccedilos em que havia bomba drsquoaacutegua motorizada

antes da coleta esperava-se que a aacutegua retida no

encanamento jorrasse por um determinado tempo para em

seguida efetuar a coleta Desta forma procurava-se garantir

que a aacutegua coletada permanecesse por um curto periacuteodo de

tempo dentro do encanamento

Na caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica foram determinados os

seguintes paracircmetros Sabor Cor Odor Aspecto Cloretos

Mateacuteria Orgacircnica Soacutelidos Totais pH Sulfato Dureza Turbidez

e Ferro Para esta caracterizaccedilatildeo foram utilizadas duas garrafas

de 15 L para coleta de aacutegua em cada poccedilo

Na caracterizaccedilatildeo microbioloacutegica foram avaliados os

seguintes paracircmetros Coliformes Totais Escherichia coli e

Bacteacuterias Heterotroacuteficas Para esta caracterizaccedilatildeo foram

coletados 300 mL de aacutegua em embalagens esterilizadas Essas

amostras foram transportadas em caixa teacutermica contendo gelo

Em seguida todas as amostras foram enviadas para

caracterizaccedilatildeo no Laboratoacuterio Analiacutetico de Alimentos e Bebidas

(LAAB-Rural da UFRRJ)

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Em conformidade com os paracircmetros dispostos na

Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministeacuterio da

Sauacutede que dispotildee sobre os procedimentos de controle e de

vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e seu

padratildeo de potabilidade realizou-se a comparaccedilatildeo com os

resultados obtidos das amostras de aacutegua dos poccedilos conforme

apresentados nas Tabs (2) (3) e (4)

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

37

Com exceccedilatildeo da avaliaccedilatildeo do aspecto da amostra de

aacutegua do poccedilo 02 os demais dados fiacutesico-quiacutemicos exibidos na

Tab (2) revelam devida adequaccedilatildeo ao valor maacuteximo permitido

para o padratildeo organoleacuteptico de potabilidade de acordo com a

Portaria 29142011

Tabela 2 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica nas amostras de aacutegua de poccedilos rasos no bairro Boa Esperanccedila Seropeacutedica-RJ 2016

Paracircmetros P01 P02

Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Caracteriacutestico Presenccedila de Partiacuteculas

Cloretos (mgL) 371 318 Mateacuteria Orgacircnica (mgL) 088 199 Soacutelidos Totais (mgL) 928 230 pH 674 604 Sulfato (mgL) 5 15 Dureza (mgL de CaCO3) 945 7075 Turbidez (microT) lt01 065 Ferro (mgL) 038 024 Coliformes a 35 Graus (NMP100mL)1 gt1600 gt1600

Escherichia coli (NMP100mL)

8 gt1600

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2 gt25x103 gt25x103

1Nuacutemero Mais Provaacutevel por 100 mililitros de amostra 2Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de amostra

Atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos paracircmetros microbioloacutegicos

das amostras de aacutegua dos poccedilos exibidos nesta tabela

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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constata-se que as mesmas apresentam qualidade higiecircnico-

sanitaacuterias precaacuterias e caraacuteter contaminante O prejuiacutezo inerente

a esta inferecircncia reside no fato de que a modalidade das

espeacutecies de bacteacuterias avaliadas nos laudos - Escherichia coli e

coliformes a 35 Graus - desempenham papel parametrizador

de contaminaccedilatildeo e higiene e quando presentes acima do

permitido estabelecido pela Portaria 291411 comprometem a

potabilidade da aacutegua inutilizando-a desta forma ao consumo

humano em funccedilatildeo da vulnerabilidade agrave sauacutede humana

promovida com a ingestatildeo de micro-organismos causadores de

doenccedilas geralmente provenientes de contaminadas fezes

humanas e de outros animais de sangue quente Vale ressaltar

que os micro-organismos presentes nas aacuteguas naturais satildeo em

sua maioria inofensivos agrave sauacutede humana Poreacutem na

contaminaccedilatildeo por esgoto sanitaacuterio estatildeo presentes micro-

organismos que poderatildeo ser prejudiciais agrave sauacutede humana e

dentre estes estatildeo as tipologias bacterioloacutegicas avaliadas

neste trabalho (FUNASA 2013)

A determinaccedilatildeo de coliformes totais inclui as bacteacuterias na

forma de bastonetes Gram negativos natildeo esporogecircnicos

anaeroacutebios facultativos capazes de fermentar a lactose com

produccedilatildeo de gaacutes em 24 agrave 48 horas a 35ordmC Jaacute a determinaccedilatildeo

de coliformes fecais eacute a mesma de coliformes totais poreacutem

restringindo-se aos membros capazes de fermentar a lactose

com produccedilatildeo de gaacutes em 24 horas agrave 445 - 455ordmC (BETTEGA

2006)

A presenccedila de bacteacuterias pertencentes ao grupo dos

coliformes indicadores de contaminaccedilatildeo fecal em alimentos

como a Escherichia coli nas amostras de aacutegua de todos os

poccedilos avaliados em Boa Esperanccedila tambeacutem indica propensatildeo

agrave proliferaccedilatildeo de micro-organismos patogecircnicos A ingestatildeo de

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aacutegua contaminada por esta bacteacuteria eacute capaz de causar

gastrenterites de brandas ateacute severas em crianccedilas e adultos

(BRAGA et al 2005)

A contagem de bacteacuterias heterotroacuteficas nas amostras de

aacutegua de todos os poccedilos avaliados no mesmo bairro excedeu o

valor maacuteximo permitido pela Portaria 291411 A mesma

tambeacutem prevecirc que a determinaccedilatildeo destas bacteacuterias atua como

paracircmetro na caracterizaccedilatildeo da integridade do sistema de

distribuiccedilatildeo (reservatoacuterio e rede)

As bacteacuterias heterotroacuteficas satildeo responsaacuteveis pela

formaccedilatildeo de biofilmes nas redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua e por

sua vez fornecem proteccedilatildeo para determinadas tipologias de

microrganismos (TEIXEIRA 2002) que causam doenccedilas

relacionadas a distuacuterbios gastrintestinais como explicado

anteriormente por Pacheco (1986) apud Silva et al (2006)

Analisando a Tab (3) verifica-se a que aacutegua do poccedilo 05

apresentou Sabor Aspecto Coliformes Totais Escherichia coli

e Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas em desacordo como o

estabelecido pela Portaria 29142011 Este resultado deve-se

provavelmente agrave falta de manutenccedilatildeo deste poccedilo e agrave livre

transitoriedade de animais domeacutesticos ao redor do mesmo O

poccedilo 03 em contrapartida foi o que apresentou na maioria dos

aspectos avaliados conformidade ao maacuteximo exigido pela

Portaria 29142011

Apesar de ser a uacutenica amostra com NMP100mL de

Escherichia coli aprovado (Escherichia coli lt 2 NMPml) o

caraacuteter contaminante denotado pela amostra de aacutegua do poccedilo

03 natildeo eacute anulaacutevel jaacute que os demais paracircmetros

microbioloacutegicos quais sejam coliformes agrave 35 Graus e

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas satildeo insatisfatoacuterios

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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Tabela 3 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica nas amostras de aacutegua de poccedilos rasos no bairro Fazenda Caxias Seropeacutedica-RJ 2016

Paracircmetros P03 P04 P05

Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Improacuteprio para o consumo

Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Caracteriacutestico Presenccedila de Partiacuteculas

Presenccedila de Partiacuteculas

Cloretos (mgL) 283 10953 1766

Mateacuteria Orgacircnica (mgL)

036 127 198

Soacutelidos Totais (mgL)

303 243 24

pH 664 635 665 Sulfato (mgL) 5 20 25 Dureza (mgL de CaCO3)

395 995 4005

Turbidez (microT) 001 034 31 Ferro (mgL) 011 024 001 Coliformes agrave 35 Graus (NMP100mL)1

gt1600 gt1600 gt1600

Escherichia coli (NMP100mL)

lt2 170 300

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2

gt25x103 gt25x103 gt25x103

1Nuacutemero Mais Provaacutevel por 100 mililitros de amostra 2Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de amostra

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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Avaliando a Tab (4) observa-se que as amostras de

aacutegua dos poccedilos 07 e 08 apresentam niacuteveis de Escherichia coli

acima do estabelecido pela Portaria 29142011 Estes

resultados mostram que semelhante ao observado com os

poccedilos 01 02 04 e 05 os poccedilos 07 e 08 apresentam aacutegua natildeo

potaacutevel Esta espeacutecie de bacteacuteria faz parte do grupo dos

chamados coliformes termotolerantes ou fecais e estes por sua

vez satildeo indicadores comumentes utilizados na avaliaccedilatildeo da

qualidade de aacutegua

Os niacuteveis de Escherichia coli observados nestas

amostras de aacutegua satildeo preocupantes Segundo Isaac-Maacuterquez

et al (1994) a aacutegua para consumo humano eacute um dos mais

importantes veiacuteculos de doenccedilas diarreicas de natureza

infecciosa principalmente por meio de bacteacuterias da

mencionada espeacutecie o que torna primordial o seu tratamento

Dentre todos os poccedilos analisados o poccedilo 08 (Tab 4) foi

o uacutenico que apresentou iacutendice de Mateacuteria Orgacircnica fora dos

padrotildees de potabilidade instituiacutedos pela Portaria 29142011 A

importacircncia da determinaccedilatildeo desse paracircmetro reside no fato

de que a ocorrecircncia de mateacuteria orgacircnica em aacuteguas

subterracircneas pode ser nociva agrave qualidade dessas aacuteguas jaacute

que a presenccedila de um alto teor implica em uma consideraacutevel

quantidade de material nitrogenado (MARTINS et al 1991)

Materiais nitrogenados como o nitrato por exemplo que

apesar de ser um dos iacuteons mais encontrados em aacuteguas

naturais geralmente ocorrem em baixos teores nas superficiais

e podem atingir altas concentraccedilotildees em aacuteguas profundas

(APHA 1992)

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Tabela 4 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica nas amostras de aacutegua de poccedilos rasos no bairro Santa Sofia em Seropeacutedica-RJ 2016

Paracircmetros P06 P07 P08

Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Improacuteprio para o consumo

Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Presenccedila de Partiacuteculas

Caracteriacutestico Presenccedila de Partiacuteculas

Cloretos (mgL) 4416 4416 16782 Mateacuteria Orgacircnica (mgL)

122 156 34

Soacutelidos Totais (mgL)

380 320 152

pH 645 676 69 Sulfato (mgL) 5 55 80 Dureza (mgL de CaCO3)

835 13475 25905

Turbidez (microT) 031 Natildeo Detectado

01

Ferro (mgL) 027 018 03

Coliformes agrave 35 Graus (NMP100mL)1

130 gt1600 gt1600

Escherichia coli (NMP100mL)

lt2 50 7

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2

gt25x103 12x103 gt25x103

1Nuacutemero Mais Provaacutevel por 100 mililitros de amostra 2Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de amostra

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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O consumo destas aacuteguas atraveacutes de abastecimento estaacute

associado segundo Bouchard et al 1992 a dois efeitos

adversos agrave sauacutede induccedilatildeo agrave metemoglobinemia

especialmente em crianccedilas e a formaccedilatildeo potencial de

nitrosaminas e nitrosamidas carcinogecircnicas

4 CONCLUSOtildeES

No bairro Boa Esperanccedila todos os poccedilos apresentaram

os paracircmetros microbioloacutegicos com valores acima do permitido

pela portaria 2914 de 2011 o que inutiliza o consumo da aacutegua

dos mesmos Com relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos

somente o poccedilo 01 esteve de acordo com o estipulado pela

Portaria 2914 de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede

No bairro Fazenda Caxias os trecircs poccedilos avaliados

mostraram resultados insatisfatoacuterios quanto aos paracircmetros

microbioloacutegicos avaliados Os poccedilos 04 e 05 adicionalmente

apresentaram presenccedila de partiacuteculas no paracircmetro aspecto

No bairro Santa Sofia os poccedilos 06 e 08 obtiveram pelo

menos um paracircmetro fiacutesico-quiacutemico reprovado com base no

padratildeo organoleacuteptico de potabilidade disposto na Portaria

29142011 O poccedilo 07 assim como o 08 foram reprovados em

todos os paracircmetros microbioloacutegicos analisados

O poccedilo 08 dentre todos os poccedilos analisados neste

trabalho eacute o uacutenico com teor de mateacuteria orgacircnica acima do limite

(34 mgL) estipulado na Portaria 291411 a qual dispotildee o valor

maacuteximo de 20 miligramas por litro As aacuteguas desses poccedilos

satildeo improacuteprias o consumo humano

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

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CAPIacuteTULO 3

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

Paloma Mara de Lima FERREIRA 1

1 Mestranda em Engenharia Civil e Ambiental UFPB paloma_marahotmailcombr

RESUMO O presente estudo objetivou realizar o monitoramento limnoloacutegico da aacutegua do Reservatoacuterio Cochos do municiacutepio de Igaracy-PB localizado na Bacia Hidrograacutefica do Rio Piancoacute Piranhas Accedilu Foram realizadas 6 campanhas de mediccedilatildeo no periacuteodo de Nov2013 a Jul2014 As amostras de aacutegua foram coletadas em 8 pontos georeferenciados com 50 cm de profundidade As analises dos paracircmetros foram realizadas in loco e nos laboratoacuterios da UFCG Os resultados encontrados mostraram forte influecircncia das condiccedilotildees climaacuteticas sob a maioria dos paracircmetros analisados os niacuteveis Oxigecircnio Dissolvido Condutividade Eleacutetrica e Foacutesforo excederam os limites aceitaacuteveis pela legislaccedilatildeo vigente enquanto DBO5 Soacutelidos Dissolvidos Totais Nitrogecircnio cor aparente turbidez e cloretos quando comparados mantiveram-se em acordo com os padrotildees estipulados A presenccedila de coliformes fecais pode evidenciar o lanccedilamento de carga orgacircnica domeacutestica eou animal havendo certas restriccedilotildees quanto aos usos da aacutegua no reservatoacuterio Cochos o grupo Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes apresentaram niacuteveis superiores a 1600 NMP100ml e tambeacutem foi confimada a presenccedila da bacteacuteria EColi em 575 das amostras analisadas Palavras-chave Semiaacuterido Reservatoacuterio de Abastecimento Monitotamento limnoloacutegico

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

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1 INTRODUCcedilAtildeO

Os reservatoacuterios satildeo sistemas aquaacuteticos modificados

extremamente complexos e dinacircmicos que apresentam as

funccedilotildees principais de manutenccedilatildeo da vazatildeo dos cursos de aacutegua

e atendimento agraves variaccedilotildees da demanda dos usuaacuterios (PRADO

2002) Esses sistemas promovem uma contiacutenua e dinacircmica

ligaccedilatildeo entre os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos e por isso

satildeo sensiacuteveis agraves alteraccedilotildees humanas na bacia de drenagem

(OLIVEIRA 2012)

O conjunto de reservatoacuterios satildeo vistos como unidades

integrantes de bacias hidrograacuteficas e que possuem uma

importacircncia estrateacutegica especialmente para esta regiatildeo

semiaacuterida Pois garante o abastecimento urbano e rural dos

municiacutepios envolvidos e tambeacutem influencia no desenvolvimento

econocircmico local Estes recebem aacuteguas servidas (domeacutesticas e

agroindustriais) e possibilita o desenvolvimento de atividades

de piscicultura pecuaacuteria e agriacutecola com culturas irrigadas

Segundo AESA (2016) o sistema de reservaccedilatildeo do

estado da Paraiacuteba atualmente proporciona uma capacidade

de armazenamento de 3906773462 m3 distribuiacutedos nas suas

11 Bacias Hidrograacuteficas O conjunto de accediludes abrange

mananciais de pequeno meacutedio grande e macro porte no

tocante a capacidade de armazenamento Por estarem situadas

na zona semiaacuterida tecircm como principais problemas hiacutedricos a

escassez e qualidade da aacutegua prendendo-se aos aspectos de

gestatildeo como um dos instrumentos necessaacuterios para combater

a escassez de aacutegua e garantir o abastecimento humano

O regime hiacutedrico desses reservatoacuterios sofre fortes

influecircncias das condiccedilotildees climaacuteticas do semiaacuterido

Notadamente no curto periacuteodo chuvoso ocorrido anualmente

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

48

onde as variaccedilotildees da qualidade da aacutegua satildeo decorrentes dos

volumes de aacutegua superficiais associadas agraves formas de uso do

solo agraves caracteriacutesticas fisiograacuteficas das bacias e ao tipo de

cobertura vegetal predominante da caatinga (CRISPIM et al

2015) O estado de dormecircncia da caatinga no periacuteodo de

estiagem aleacutem de provocar grande perda de aacutegua por

evaporaccedilatildeo juntamente com os diferentes usos dos corpos

hiacutedricos acaba comprometendo a qualidade das aacuteguas

Apesar de na maioria dos reservatoacuterios ser feita a

verificaccedilatildeo da qualidade da aacutegua a mesma eacute obtida de forma

pontual e natildeo atinge os reservatoacuterios de menor porte Para se

fazer um diagnoacutestico mais representativo da qualidade das

aacuteguas dos reservatoacuterios da bacia carece de um monitoramento

sistemaacutetico em todo o volume uacutetil dos mesmos

Desta maneira considerando-se a importacircncia de se

preservar a qualidade da aacutegua armazenada nos reservatoacuterios

na regiatildeo semiarida foi objetivo deste estudo realizar o

monitoramento limnoloacutegico do Reservatoacuterio Cochos no

municiacutepio de Igaracy-PB

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

21 Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo

O estudo foi desenvolvido no reservatoacuterio Cochos

pertencente ao municiacutepio de Igaracy-PB estaacute situado na bacia

do Rio Piancoacute sub bacia do Piancoacute Piranhas Accedilu conforme

exposto na Figura 1 O reservatoacuterio possui volume maacuteximo de

reservaccedilatildeo de 4199773 m3 responsaacutevel pelo abastecimento

total da cidade e pelo desenvolvimento de atividade

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

49

agropecuaacuterias no entorno do reservatoacuterio e a jusante do

mesmo as margens do riacho Cochos (AESA 2016)

Figura 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo

FONTE Autoria proacutepria

22 Amostragem

As amostragens foram realizadas com frequecircncia

bimestral durante o periacuteodo 1 de novembro de 2013 a marccedilo de

2014 intenso periacuteodo sem ocorrecircncia de precipitaccedilotildees No

periacuteodo 2 de maio de 2014 a julho de 2014 manteve-se com

frequecircncia mensal devido a maior ocorrecircncia de precipitaccedilotildees

na regiatildeo

As amostras de aacutegua foram coletadas agrave 50 cm de

profundidade e armazenadas seguindo recomendaccedilotildees do

Guia Nacional de Coleta e Preservaccedilatildeo de Amostras (ANA

2011) para tanto foi delimitado 8 pontos amostrais

georeferenciados as coordenadas dos pontos amostrais estatildeo

descritas na Tabela 1

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

50

Tabela 1 Coordenadas geograacuteficas dos pontos amostrais no reservatoacuterio Cochos

PONTOS DESCRICcedilAtildeO COORDENADAS

Longitude Latitude P1 Ponto de capitaccedilatildeo de aacutegua da CAGEPA -381608 -71782

P2 Tomada de aacutegua para perenizaccedilatildeo do

Riacho Cochos a jusante do reservatoacuterio -381625 -71779

P3 Ponto de coleta de aacutegua em carros pipas

para abastecimento e lazer -381638 -71808

P4 Aacuterea central do reservatoacuterio sob influecircncia

de efluentes de induacutestria -381639 -71829

P5 Concentraccedilatildeo de pequenas moradias rurais

e atividade agropecuaacuterias -381629 -71841

P6 Ponto de ligaccedilatildeo de um reservatoacuterio a

montante -381630 -71854

P7 Concentraccedilatildeo de pequenas moradias rurais

e atividade agropecuaacuterias -381717 -71860

P8 Faixa mais protegida com existecircncia mata

ciliar melhor conservada -381751 -71879

O regime hiacutedrico da regiatildeo tende em apresentar uma

forte variabilidade interanual ocasionando a alternacircncia entre

anos de chuvas regulares e anos de acentuada escassez

hiacutedrica levando agrave ocorrecircncia de secas hiacutedricas (AESA 2016)

As taxas de evapotranspiraccedilatildeo satildeo bastante elevadas podendo

chegar a mais de 2000 mmano o que ocasiona um deacuteficit

hiacutedrico significativo e se constitui em fator chave a ser

considerado na operaccedilatildeo dos reservatoacuterios da regiatildeo

(CBHRPPA 2014)

Normalmente o periacuteodo chuvoso ocorre entre os meses

de janeiro a maio com uma variaccedilatildeo de 110 mm a 230 mm

mensais A chuva anual meacutedia eacute em torno de 860 mm (FELIX e

PAZ 2016) No entanto em periacuteodo de estiagem prolongados

esses regimes hiacutedricos acabam sendo modificados devidos as

alteraccedilotildees climaacuteticas

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

51

Alguns paracircmetros foram analisados in loco tais como

temperatura da aacutegua turbidez transparecircncia da aacutegua (disco de

Secchi) oxigecircnio dissolvido (OD) potencial hidrogeniocircnico

(pH) condutividade eleacutetrica (CE) e soacutelidos dissolvidos totais

(SDT)

Ainda foram realizadas analises dos paracircmetros fisicos e

quiacutemicos no laboratoacuterio de hidrologia do centro de ciecircncias e

tecnologia agroalimentar (CCTA) da universidade federal de

campina grande (UFCG) campus de pombal ndash PB

As variaacuteveis analisadas foram cor aparente demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO5) cloretos (Cl-) potaacutessio (K)

soacutedio (Na) dureza total caacutelcio (Ca2+) magneacutesio (Mg2+)

nitrogecircnio (N) e foacutesforo (P) seguindo recomendaccedilotildees

metodologicas preconizadas no Standard Methods publicaccedilatildeo

da American Public Health Association (APHA 1998) Para

determinar as paracircmetros microbioloacutegicos coliformes totais

(CT) coliformes termotolerantes (CTT) e E Coli foram

utilizadas as teacutecnicas descritas no por Silva et al (2010)

Na Tabela 2 estatildeo representadas todas as variaacuteveis de

qualidade das aacuteguas monitoradas e limites da Resoluccedilatildeo de

Nordm3572005 do CONAMA as para aguas de classes 2 e o Valor

Maacuteximo Permitido (VMP) pela Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede

Nordm2914 de dezembro de 2011

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

52

Tabela 2 Variaacuteveis de qualidade das aacuteguas monitoradas

VARIAacuteVEIS UNIDADES VMP DA PORTARIA

291411

LIMITES CONAMA 3572005

Classe II

Transparecircncia Cm - - Temp da Aacutegua degC - -

Temp do ar degC - - Cor Aparente mg PtL 15 75

Turbidez uT 1 le100

CE Scm 100 -

SDT mgL 1000 500

pH Adimensional 60 a 95 60 a 90

OD mgL O2 - ge5 DBO5 mgL O2 - le5

Cl- mgClL 250 - Dureza total mgL 500 -

Ca2+ mgCaL - - Mg2+ mgL Mg - - Na+ mgL Na 51 -

K mgL K - - N total mgL N - 127 P total mgL P - 0030

CT NMP100mL Ausente 1000 CTT NMP100mL Ausente 1000

E Coli NMP100mL Ausente 1000

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Volume do reservatoacuterio Cochos

Na Figura 2 observa-se que mesmo nos meses de maior

ocorrecircncia de precipitaccedilotildees o volume do reservatoacuterio ainda

permanece muito inferior ao seu volume maacuteximo sendo isso

consequecircncia marcante do longo periacuteodo de estiagem

O volume do reservatoacuterio Cochos demonstrou pequena

variaccedilatildeo no decorrer da pesquisa nos meses de Nov2012 a

Mar2014 houve pouca ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo com

variaccedilatildeo miacutenima no volume do reservatoacuterio jaacute os meses de

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

53

Mai2014 a Jul2014 os niacuteveis do reservatoacuterio se elevaram

devido ocorrecircncia de precipitaccedilotildees

Figura 2 Variaccedilatildeo do volume do Reservatoacuterio Cochos no periacuteodo de nov2013 a jul2014

Fonte Dados AESA (2016)

Sobretudo neste estudo o regime hidroloacutegico normal

para esta regiatildeo natildeo foi bem representado provavelmente

devido ao periacuteodo de estiagem prolongado que a regiatildeo tecircm

enfrentado que acaba provocando alteraccedilotildees no regime

pluviomeacutetrico Visto que os meses do periacuteodo chuvoso (janeiro

a junho) houve pouca ocorrecircncia de precipitaccedilotildees na regiatildeo

32 Anaacutelise dos paracircmetros fiacutesico e quiacutemicos da aacutegua

A Tabela 3 apresenta os resultados meacutedios das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas considerando as amostras coletadas nos oito pontos do reservatoacuterio Cochos

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

54

Tabela 3 Resultado meacutedio das anaacutelises fiacutesicas e quiacutemicas Paracircmetros Unidades Nov-13 Jan-14 Mar-14 May-14 Jun-14 Jul-14

Transparecircncia cm 5588 5925 7375 8500 7625 8588 TempAr degC 2903 3191 3261 3126 2908 3161

Temp Aacutegua degC 2983 3028 3176 2978 2731 2719 Cor mgL 002 005 003 001 003 004

Turbidez uT 1014 997 647 602 1189 544 CE μscm 14414 14729 17466 17331 14668 16731

SDT mgL 8414 8221 8004 8614 7393 8164 pH adm 797 829 761 739 722 771 OD mgL 739 1046 690 820 436 751

DBO5 mgL 183 310 115 168 113 194 Cl- mgL 879 1020 372 298 366 1778

Dureza Total mgL 3429 6891 5721 9635 5366 4575 Ca2+ mgL 1548 2908 2718 2748 2310 2325 Mg2+ mgL 2046 3955 2966 6917 3056 2250 Na+ mgL 058 017 002 002 002 002

K mgL 001 003 002 002 002 002 N Total mgL 007 008 008 010 010 008 P Total mgL 012 012 012 002 001 001

Dentre os paracircmetros fiacutesicos e quiacutemicos analisados a

maioria manteve-se em concordacircncia com os padrotildees

estipulados pela resoluccedilatildeo CONAMA 35705 e pela Portaria

nordm291411 Com exececcedilatildeo apenas da turbidez CE OD P e

Mg2+ que excederam os limites preconizados

Segundo Morotta et al (2008) entre as variaacuteveis

limnoloacutegicas utilizadas na avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua as

quais satildeo diretamente influenciadas pelo uso do solo na bacia

de drenagem destacam-se as concentraccedilotildees de foacutesforo

nitrogecircnio oxigecircnio dissolvido e clorofila a bem como os

valores de pH turbidez e densidade de coliformes fecais e

totais entre outras

A temperatura da aacutegua manteve-se variando de 267 a

2790degC com pouca oscilaccedilatildeo durante o periacuteodo estudado Vale

salientar que em aacuteguas de reservatoacuterio mudanccedilas bruscas de

temperatura podem causar efeitos draacutesticos agraves comunidades

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

55

bioacuteticas e alterar as caracteriacutesticas quiacutemicas da aacutegua A

temperatura desempenha um papel importante no meio

aquaacutetico condicionando o controle de uma seacuterie de paracircmetros

eacute influenciada por alguns fatores tais como altitude latitude

estaccedilotildees do ano horaacuterio do dia taxa de fluxo e profundidade

(CESTEB 2009)

A transparecircncia da aacutegua variou entre 45 e 95 cm No

periacuteodo de maior precipitaccedilatildeo as leituras do Secchi

permaneceram superiores a 60 cm

Para a turbidez embora os valores obtidos tenham sido

inferior ao limite preconizado pelo CONAMA 35705 de 100uT

essa variaacutevel excedeu o limite de referente a portaria de

potabilidade mencionada de 1 uT variou entre 351 e 141 uT

A turbidez demonstra com maior nitidez os impactos da

estaccedilatildeo chuvosa (SILVA et al 2009)

Segundo CESTEB (2009) as accedilotildees antroacutepicas como

desmatamento despejo de esgoto sanitaacuterio efluentes

industriais agropecuaacuterios e mineraccedilatildeo fazem com que o

escoamento superficial aumente a turbidez da aacutegua resultando

em grandes alteraccedilotildees no ecossistema aquaacutetico

Os valores de CE permaneceram na faixa de 1319 a

177μScm dentre o periacuteodo estudado Destaca-se o ponto P8

no mecircs de jul2014 na qual a condutividade divergiu dos

demais apresentou valor maacuteximo 177μScm caracterizando a

presenccedila de quantidade significativa de iacuteons (Figura 3)

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

56

Figura 3 Variaccedilatildeo temporal da CE nas aacuteguas do reservatoacuterio Cochos

Em todos os pontos os valores de CE permaneceram

acima do limite admitido pela portaria de potabilidade Segundo

Esteves (1998) agrave medida que satildeo adicionados soacutelidos

dissolvidos na aacutegua maior eacute a CE altos valores podem indicar

caracteriacutesticas corrosivas da aacutegua

As concentraccedilotildees de OD variam entre 16 e 119 mgL

conferindo ao mecircs de jun2014 os menores valores de OD

devido a maior ocorrecircncia de precipitaccedilotildees nesse periacuteodo

enquanto os maiores valores foram encontrados no mecircs de

jan2014 periacuteodo de menor ocorrecircncia de precipitaccedilotildees No

periacuteodo de estiagem as concentraccedilotildees de OD foram mais

elevadas com valores na superfiacutecie da aacutegua proacuteximos ou acima

de 10 mgL (supersaturaccedilatildeo) Essa supersaturaccedilatildeo do OD pode

ser justificada devido a existecircncia de grande proliferaccedilatildeo de

plantas aquaacuteticas (algas etc) as margens do reservatoacuterio

mantendo intensa atividade de fotossiacutenteses

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57

Geralmente o oxigecircnio dissolvido diminui agrave medida que

recebe carga de substacircncias orgacircnicas presentes no esgoto

(GARCIA e BARRETO 2011)

A resoluccedilatildeo 35705 do CONAMA determina que valores

de OD devem ser superiores a 5 mgL entretanto na campanha

de jun2014 apresentou valores inferiores ao limite

estabelecido na maioria dos pontos monitorados

O Foacutesforo Total variou entre 00047 a 01313 mgL

apresentando valores superiores aos limites da resoluccedilatildeo

CONAMA 35705 de 0030 mgL principalmente no periacuteodo de

menor ocorrecircncia de chuvas na regiatildeo (nov2013 a mar2014)

Esse comportamento do P no reservatoacuterio Cochos referente

aos menores volumes possivelmente estaacute associado agrave

frequente descarga de fontes pontuais poluidoras em alguns

locais ao longo do reservatoacuterio Com isso haacute um maior acuacutemulo

nesse periacuteodo visto a falta de tratamento adequado dos

efluentes gerados no municiacutepio de Igaracy-PB

Os teores observados de magneacutesio estiveram entre

1625 e 20285 mgL conferindo as campanhas do mecircs de

Nov2013 e Mai2014 A Portaria Nordm29142011 do MS e a

Resoluccedilatildeo CONAMA 35705 natildeo faz referecircncia a este

paracircmetro Na OMS (1999) o magneacutesio eacute avaliado pelo

maacuteximo desejaacutevel de 30 mgLe o maacuteximo permissiacutevel de 150

mgL assim os valores de Mg2+ nesse estudonmantiveram-se

superiores ao padratildeo desejaacutevel

Segundo Garcia e Alves (2006) o magneacutesio eacute essencial

agrave vida natildeo exerce efeito danoso agrave sauacutede e vida aquaacutetica o seu

controle estaacute baseado na palatablidade pois presente em

grande quantidade imprime gosto amargo a aacutegua

Figueiredo et al (2014) em seu estudo sobre efeito da

seca prolongada na qualidade da aacutegua do reservatoacuterio de

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

58

Gargalheiras principal sistema de abastecimento de aacutegua dos

municiacutepios de Acari e Currais Novos do estado do Rio Grande do

Norte no semiaacuterido nordestino brasileiro Com condiccedilotildees

climaacuteticas semelhantes a este estudo verificaram valores de

transparecircncia da aacutegua CE e P total semelhantes ao observado

nas aacuteguas do reservatoacuterio Cochos

Os autores tambeacutem verificaram que o regime hidroloacutegico

dos anos estudados caracterizado por chuvas acima da meacutedia

no ano de 2011 e seca severa prolongada no ano de 2012

influenciou diretamente na mudanccedila das variaacuteveis limnoloacutegicas

do reservatoacuterio inferindo em uma melhor qualidade da aacutegua no

periacuteodo chuvoso e degradaccedilatildeo no periacuteodo seco

O mesmo foi observado no reservatoacuterio cochos para a

maioria dos paracircmetros analisados os teores da turbidez pH

DBO Cl- Na+ e P foram mais elevados no periacuteodo com menor

ocorrecircncia de chuvas enquanto no periacuteodo de chuvas

tenderam a diminuir

De fato eacute perceptiacutevel que alteraccedilotildees climaacuteticas como secas

intensas tecircm papel relevante na quantidade e qualidade da aacutegua

(Tundisi 2008) Pois em periacuteodos de seca prolongada alta

evaporaccedilatildeo e o longo tempo de residecircncia da aacutegua tendem a

concentrar os nutrientes nos reservatoacuterios favorecendo o

estabelecimento de condiccedilotildees eutroacuteficas (COSTA et al 2009

CHELLAPPA 2009)

Meireles et al (2007) ao avaliar sazonalidade da

qualidade das aacuteguas do accedilude Edson Queiroz da bacia

hidrograacutefica do Acarauacute localizado na regiatildeo semiaacuterida

cearense Tambeacutem vericou valores de CE OD e Cl-

semelhantes aos encontrados neste estudo Sendo notaacutevel que

o crescimento das concentraccedilotildees dos sais medida pela CE e

do Cl- corresponde agrave reduccedilatildeo do volume do reservatoacuterio

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

59

No estudo tambeacutem foi observado o rebaixamento

draacutestico desses paracircmetros ocorrido entre fevereiro e abril

(inicio do periacuteodo de chuvas) e o aumento raacutepido entre abril e

julho (fim do periacuteodo de chuvas) Comportamento este tambeacutem

observado em vaacuterios paracircmetros analisados no reservatoacuterio

Cochos dentre eles CE turbidez dureza total Mg2+ Cl- OD

pH SDT N e P

Meireles et al (2007) mencionam que esse

comportamento eacute considerado como indicativo de uma forte

estratificaccedilatildeo do reservatoacuterio no periacuteodo estudado

33 Anaacutelise dos paracircmetros microbiologicos da aacutegua

Segundo a APHA (1998) quando se trata de sauacutede

puacuteblica os aspectos sanitaacuterios devem ser enfatizados

estudando-se o comportamento dos indicadores de poluiccedilatildeo de

origem fecal Tendo em vista que o aporte de esgotos aumenta

expressivamente as densidades de bacteacuterias termotolerantes

totais e fecais em corpos hiacutedricos

Na Figura 4 observa-se que as maiores elevaccedilotildees de CT

foram apresentadas nos pontos P4 P5 e P6 sendo estes

pontos marcados pela forte influecircncia das atividades antroacutepicas

do municiacutepio de Igaracy ndash PB O lanccedilamento de esgotos sem

tratamento das residecircncias rurais e urbanas e carga orgacircnica

animal quando em excesso pode caracterizar perda significativa

da qualidade da aacutegua trazendo prejuiacutezos para as populaccedilotildees

locais por se tratar de um reservatoacuterio de abastecimento

O ponto P2 demostrou os menores valores de CT

provavelmente devido a maior fiscalizaccedilatildeo por se tratar do

ponto de captaccedilatildeo de aacutegua para abastecimento do municiacutepio

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

60

Jaacute com relaccedilatildeo aos CTT demonstrou comportamento

similar comparado aos valores dos CT apresentando os

maiores valores no inicio do periacuteodo chuvoso nos demais

meses foi observado uma diminuiccedilatildeo significativa desses niacuteveis

(Figura 4)

Figura 4 Variaccedilatildeo temporal de Coliformes Totais e Termotolerantes

A definiccedilatildeo da concentraccedilatildeo dos coliformes assume

importacircncia como paracircmetro indicador da possibilidade da

existecircncia de microorganismos patogecircnicos responsaacuteveis pela

transmissatildeo de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica tais como febre

tifoacuteide febre paratifoacuteide desinteria bacilar e coacutelera (CETESB

2009)

Os valores maacuteximos encontrados para CT e CTT foram

ge1600 NMP100ml referente a amostragem realizadas em

Mar2014 Os CTT satildeo o grupo de bacteacuterias mais significativas

na avaliaccedilatildeo de poluiccedilatildeo sanitaacuteria

A Resoluccedilatildeo CONAMA 35705 determina que em aacuteguas

doces de classe 2 natildeo deveraacute ser excedido um limite de 1000

coliformes termotolerantes por 100 ml valor este ultrapassado

nesse estudo

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61

Com relaccedilatildeo a presenccedila e ausecircncia de bacteacuterias EColi

nas aacuteguas do reservatoacuterio foi evidenciado que das 40 amostras

coletadas durante o periacuteodo de estudo cerca 23 amostras foi

confirmada presenccedila ou seja a bacteacuteria Escherichia Coli estaacute

presente em 575 das amostras analisadas sendo este mais

um iacutendice que evidencia o lanccedilamento de carga orgacircnica

domeacutestica eou animal

Em termos de potabilidade os resultados mostram que

as aacuteguas do reservatoacuterio estatildeo fora do padratildeo microbioloacutegico

de potabilidade da aacutegua para consumo humano visto que a

Portaria nordm 921411 estabelece ausecircncia de CT CTT e EColi

nesta condiccedilotildees eacute essencial que as aacuteguas do reservatoacuterio

Cochos antes de ser utilizadas para o consumo humano deve-

se sujeitar haacute tratamentos de desinfecccedilatildeo

4 CONCLUSOtildeES

A partir da anaacutelise dos resultados concluiu-se que

Variaacuteveis como turbidez OD CE P e Mg2+

apresentaram concentraccedilotildees superiores aos limites

aceitaacuteveis

O pH DBO SDT N Na+ K Ca2+ Cl- cor aparente e

dureza total mantiveram-se de acordo com a legislaccedilatildeo

vigente sendo evidente a forte influecircncia sazonal sob o

comportamento na maioria dos paracircmetros

Em termos sanitaacuterios haacute confirmaccedilatildeo de presenccedila de

coliformes CT CTT e EColi nas aacuteguas do reservatoacuterio

Cochos o que evidencia o lanccedilamento de carga orgacircnica

domeacutestica eou animal sendo inadequado para o

consumo humano sem tratamento preacutevio

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

62

Sobretudo percebe-se que o regime hidroloacutegico na

regiatildeo sofre fortes influecircncias das condiccedilotildees antroacutepicas

e climaacuteticas do semiaacuterido alterando as condiccedilotildees

naturais da qualidade da aacutegua de corpos hiacutedricos

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS Agecircncia Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba (AESA) Disponiacutevel em lthttpwwwcbhpiancopiranhasacuorgbrsitea-baciagt Acesso em 25 jun 2016 Agecircncia Nacional de aacuteguas (ANA) ANA Guia nacional de coleta e preservaccedilatildeo de amostras Organizadores Carlos Jesus Brandatildeo Satildeo Paulo CETESB Brasiacutelia ANA 2011 326 p APHA AWWA WPCF Standard Methods for the Examination for Water and Wastewater 20th ed Washington American Public Health Association 1998 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Portaria nordm 2914 de 12 de Dezembro de 2011 Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e seu padratildeo de potabilidade Ministeacuterio da Sauacutede 2011 CHELLAPPA N T CAcircMARA F R A ROCHA O Phytoplankton community indicator of water quality in the Armando Ribeiro Gonccedilalves Reservoir and Pataxoacute Channel Rio Grande do Norte Brazil Brazilian Journal of Biology 69 pp 241-251 2009 COSTA IAS CUNHA SRS PANOSSO R ARAUacuteJO MFF MELO JLS ESKINAZI-SANTrsquoANNA EM Dinacircmica de cianobacteacuterias em reservatoacuterios eutroacuteficos do semiaacuterido do Rio Grande do Norte Oecologia Brasilienses 13(2) pp 382-401 2009 Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo (CETESB) Disponiacutevel em httpcetesbspgovbraguas-interioreswp-contentuploadssites322013 11variaveispdf Acessado em 20 de novembro de 2016 Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 375 de 17 de marccedilo de 2005 Brasiacutelia - DF Disponiacutevel em httpwwwmmagovbrportconamaresres05res35705pdf gt Acesso em 01 de agosto de 2014 Comitecirc da Bacia Hidrograacutefica do Rio Piancoacute Piranhas Acuacute (CBHRPPA) Disponiacutevel em lt httpwwwcbhpiancopiranhasacuorgbrsitea-baciagt Acesso em 17 de jun 2014 ESTEVES F Fundamentos da liminologia Rio de Janeiro Interciecircncia FINEP1998 574p

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

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FELIX V de S PAZ A R daRepresentaccedilatildeo dos processos hidroloacutegicos em bacia hidrograacutefica do semiaacuterido paraibano com modelagem hidroloacutegica distribuiacuteda RBRH ndash Revista Brasileira de Recursos Hiacutedricos Porto Alegre v 21 n 3 p 556-569 2016 FIGUEIREDO A do V BECKER V MATTOS A O efeito da seca prolongada na qualidade da aacutegua do reservatoacuterio Gargalheiras na regiatildeo tropical semiaacuterida In XII Simpoacutesio de Recursos Hidriacutecos do Nordeste 12 2014 Anais XII SRHNE Natal p 1-10 2014 GARCIA C A B BARRETO P R Condiccedilotildees ambientais e qualidade da aacutegua do accedilude Buri- Frei PauloSE XIX Simpoacutesio Brasileiro de Recursos Hiacutedricos19 2011 Anais XIX SBRH Maceioacute ndash AL 2011 p 20 CRISPIM D L ISMAEL L L SOUSA T M I de GARRIDO J W A QUEIROZ M M F de Transporte e caracterizaccedilatildeo de sedimentos de fundo no rio piranhas em uma seccedilatildeo de controle proacuteximo agrave sede do municiacutepio de Pombal-PB HOLOS Ano 31 Vol 3 p 93-101 2015 MARIANI C F Reservatoacuterio Rio Grande caracterizaccedilatildeo limnoloacutegica da aacutegua e biodisponibilidade de metais-traccedilo no sedimento 2006 Dissertaccedilatildeo de Mestrado - Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006 MAROTTA H SANTOS R O PRAST A E Monitoramento limnoloacutegico um instrumento para a conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos no planejamento e na gestatildeo urbano-ambientais Ambiente amp Sociedade Campinas v XI n 1 p 67-79 jan-jun 2008 MEIRELES A C M FRISCHKORN H ANDRADE E M de Sazonalidade da qualidade das aacuteguas do accedilude Edson Queiroz bacia do Acarauacute no Semi-Aacuterido cearense Revista Ciecircncia Agronocircmica v38 n1 p25-31 2007 OLIVEIRA JNP A influecircncia da poluiccedilatildeo difusa e do regime hidroloacutegico do semiaacuterido na qualidade da aacutegua de um reservatoacuterio tropical 2012 99p Dissertaccedilatildeo de Mestrado - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal 2012 99p PRADO R B Manejo integrado de reservatoacuterios destinados a uso muacuteltiplo como perspectiva de recuperaccedilatildeo da qualidade da aacutegua in Recursos hidroenergeacuteticos usos impactos e planejamento integrado Ed RiMa Satildeo Carlos 2002 RENOVATO D C C SENA C P S SILVA M M F Anaacutelise de paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos das aacuteguas da barragem puacuteblica da cidade de Pau dos Ferros (RN) ndash pH cor turbidez acidez Alcalinidade condutividade cloreto e salinidade In IX Congresso de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica ndash IFRN 9 2013 Anais IX CONGIC Natal 2013 p 879-888 SILVA A Pde S DIAS H C T BASTOS R K X SILVA E Qualidade da aacutegua do reservatoacuterio da usina hidreleacutetrica (UHE) de Peti Minas Gerais R Aacutervore Viccedilosa-MG v33 n6 2009 p1063-1069

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

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SILVA N JUNQUEIRA V C A SILVEIRA N F de A Manual de meacutetodos de anaacutelise microbioloacutegica de alimentos e aacutegua 4ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Livraria Varela 2010 SOUZA S L Qualidade da aacutegua do reservatoacuterio da usina hidreleacutetrica de Passo Fundo Tractebel energia - SUEZ RS 2004 p3 TUNDISI J G Recursos hiacutedricos no futuro problemas e soluccedilotildees Estudos avanccedilados 22(63) pp 1-16 2008

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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CAPIacuteTULO 4

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE

ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

Amanda da Silva BARBOSA1 Maria Virgiacutenia da Conceiccedilatildeo ALBUQUERQUE1

Wilton Silva LOPES2

Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOS3 1Mestrandas do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental UEPB

2Professor Dr UEPB 3Orientadora Professor(a) Dra UEPB amandauepbbiohotmailcom

RESUMO Cianobacteacuterias satildeo microrganismos fotossintetizadores oxigecircnicos (produtores de oxigecircnio molecular) presentes na terra haacute 28 bilhotildees de anos Oxigenaram a atmosfera e manteacutem os 20 desse gaacutes no ar que respiramos Sem elas a vida humana natildeo seria possiacutevel Desde o seacuteculo passado satildeo estudadas pelo seu crescimento exuberante em aacuteguas ricas em nutrientes com impactos antropogecircnicos que limitam seus usos As presenccedilas de cianobacteacuterias nos reservatoacuterios de abastecimento puacuteblico satildeo frequentes e perigosas algumas linhagens produzem cianotoxinas hepatotoacutexicas e neurotoacutexicos que podem provocar morte de homens e animais Natildeo satildeo completamente eliminadas no tratamento convencional de potabilizaccedilao da aacutegua (coagulaccedilatildeosedimentaccedilatildeo filtraccedilatildeocloraccedilatildeo) Microcystis aeruginosa produtora de microcistinas eacute frequente no Nordeste suas toxinas afetam o fiacutegado e rins Altas concentraccedilotildees de cianobacteacuterias dificultam o tratamento (colmatam filtros produzem sabor e odor) e as toxinas natildeo eliminadas podem ser distribuiacutedas pela rede de abastecimento Sua remoccedilatildeo consegue-se com teacutecnicas avanccediladas de tratamento incorporadas no sistema convencional O trabalho

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

66

apresenta um levantamento bibliograacutefico do usoeficiecircncia de duas tecnologias inovadoras de baixo custo na remoccedilatildeo de cianotoxinas de aacuteguas de abastecimento humano Adsorccedilatildeo por Carbono Ativado e Processos Oxidativos Avanccedilados Embora com resultados excelentes seu uso em escala real eacute ocasional ficando a populaccedilatildeo exposta a riscos de intoxicaccedilotildees com a aacutegua distribuiacuteda se natildeo for submetida ao controle sistemaacutetico de cianotoxinas

Palavras-chave Cianotoxinas Carbono Ativado Processos

Oxidativos Avanccedilados (POAacutes)

1 INTRODUCcedilAtildeO

Nenhum processo metaboacutelico ocorre sem a participaccedilatildeo

da aacutegua Solvente universal constitui 70 a 90 dos seres vivos

A aacutegua precisa ser ingerida constantemente para a manutenccedilatildeo

da homeostase celular A aacutegua destinada ao consumo humano

deve apresentar qualidade apropriada para tal fim no Brasil

deve satisfazer as condiccedilotildees de qualidade definidas na Portaria

No 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede

que estabelece padrotildees de referecircncia (Valores Maacuteximos

Permitidos - VMP) para mais de 84 paracircmetros orgacircnicos e

inorgacircnicas que devem ser quantificados para verificar se a

aacutegua potabilizada natildeo eacute prejudicial ao ser humano A portaria

ainda dispotildee sobre as frequecircncias de amostragens de

cianotoxinas no ponto de captaccedilatildeo de aacutegua nos mananciais de

abastecimento humano em funccedilatildeo de densidade de

cianobacteacuteria nos mesmos

A legislaccedilatildeo sobre cianobacteacuterias e suas toxinas foi

introduzida na Portaria No 1469 de 29 de dezembro de 2000 do

Ministeacuterio da Sauacutede que estabeleceu novos procedimentos e

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

67

responsabilidades para o controle e vigilacircncia da qualidade da

aacutegua para consumo humano e seu padratildeo de potabilidade em

decorrecircncia da morte de 52 pacientes em 1996 em uma cliacutenica

de hemodiaacutelises em CaruaruPE ndash Brasil apoacutes receberem

durante vaacuterios meses por via intravenosa aacutegua com

cianotoxinas em especial microcistina-LR (AZEVEDO et al

2002 FALCONER HUMPAGE 2005) Foi o primeiro evento de

mortes humanas por microcistinas efetivamente comprovadas

e ocasionou raacutepida mudanccedila da legislaccedilatildeo mundial sobre

qualidade e o controle da aacutegua potaacutevel e dos mananciais sob

orientaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (1998)

As cianotoxinas satildeo metaboacutelitos secundaacuterios produzidos

pelas cianobacteacuterias com efeitos hepatotoacutexicos neurotoacutexicos

citotoacutexicos e dermatotoacutexicos cuja funccedilatildeo ecoloacutegica eacute ainda

discutida alguns pesquisadores consideram que agem em

mecanismo de defesa outros argumentam que podem auxiliar

na captaccedilatildeo da luz solar e uma terceira explicaccedilatildeo atribui a

essas moleacuteculas a capacidade de sinalizaccedilatildeo para a

comunicaccedilatildeo entre as cianobacteacuterias (CHORUS BARTRAM

1998)

A Portaria No 29142011- MS fixa a frequecircncia de

monitoramento das cianotoxinas no ponto de captaccedilatildeo de aacutegua

do reservatoacuterio em mensal para uma densidade celular de ateacute

10000 ceacutelulasml-1 e em semanal para 20000 ceacutelulasml-1 ou

superior assim como estabelece a anaacutelises da concentraccedilatildeo

das cianotoxinas no manancial e na aacutegua tratada antes de sua

distribuiccedilatildeo se no manancial houver gecircneros e espeacutecies de

cianobacteacuterias potencialmente produtoras de toxinas

Determina ainda o VMP de 1 μgL-1 na aacutegua de beber para

microcistinas sendo esse valor a somatoacuteria de todas as

variantes dessa toxina que devem representar as contribuiccedilotildees

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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das fraccedilotildees intra e extracelulares nas amostras de aacutegua

analisadas

Microcistinas e cylindrospermopsinas assim como

muitas outras cianotoxinas se bioacumulam em moluscos

camarotildees e caramujos e apresentam alguma atividade toacutexica

(KISS et al 2002 SAKER et al1999) Essas observaccedilotildees

alertam para o poder toacutexico dessas toxinas e sua presenccedila

frequente nos mananciais de abastecimento puacuteblico causa

preocupaccedilatildeo aos oacutergatildeos de sauacutede e agraves companhias de

tratamento de aacutegua em relaccedilatildeo agrave eficiecircncia do tratamento da

aacutegua e agrave gravidade dos inconvenientes que podem ser

causados se forem lanccediladas cianotoxinas na aacutegua ldquopotaacutevelrdquo

distribuiacuteda pela rede municipal

Consequecircncia de accedilotildees antroacutepicas ao longo dos anos

na forma de descargas de esgotos industriais e domeacutesticos in

natura (somente satildeo coletados 22 dos esgotos municipais

produzidos no nordeste e cerca de 486 de todo o Brasil) ou

parcialmente tratados e os escoamentos difusos agriacutecolas e

urbanos que atingem os corpos de aacutegua e elevam as

concentraccedilotildees de macronutrientes (compostos de foacutesforo e de

nitrogecircnio) o aumento da produccedilatildeo primaacuteria eacute raacutepido e em

especial o aumento do fitoplacircncton com predomiacutenio de

cianobacteacuterias devido a sua elevada capacidade adaptativa

(TRATA BRASIL 2015)

No nordeste semiaacuterido a frequecircncia de floraccedilotildees com

abundancia de cianobacteacuterias vem aumentando

aceleradamente com a prolongaccedilatildeo da estiagem iniciado em

2012 e que jaacute estaacute no quarto ano de duraccedilatildeo A evaporaccedilatildeo da

aacutegua armazenada concentra os nutrientes na massa de aacutegua

remanescente nos accediludes Esse crescimento raacutepido e as

floraccedilotildees acarretam o aumento da concentraccedilatildeo de toxinas na

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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aacutegua com seacuterio risco agraves populaccedilotildees quando o fenocircmeno ocorre

em mananciais destinados ao abastecimento puacuteblico

Cianobacteacuterias em excesso conferem cor odor e sabor

desagradaacuteveis agrave aacutegua do manancial o qual perde seu atrativo

turiacutestico e afeta outros diversos usos da aacutegua

A maioria das cianotoxinas satildeo endotoxinas e liberadas

no meio aquaacutetico com a morte celular Nessas circunstancias

suas concentraccedilotildees aumentam na aacutegua e aceleram os danos

na biota e em animais e humanos que as utilizam (CODD et al

2005 KARDINAAL et al 2005) Essa constataccedilatildeo eacute um alerta

sobre as condiccedilotildees de tratamento a serem aplicadas na

potabilizaccedilatildeo de aacuteguas eutrofizadas jaacute que algumas etapas do

sistema convencional como a coagulaccedilatildeo podem contribuir com

a destruiccedilatildeo celular e consequente liberaccedilatildeo dessas toxinas

aumentando sua concentraccedilatildeo na aacutegua que esta sendo tratada

na ETA em relaccedilatildeo a carga inicial captada do manancial

Trabalhos de vaacuterios autores mostraram que as

tecnologias convencionais de tratamento de aacutegua satildeo

adequadas para remover cianobacteacuterias mas natildeo removem

completamente as microcistinas natildeo conseguindo atingir o

padratildeo de 1microgL-1 para aacutegua potaacutevel (Portaria No 29142011-

MS) (DI BERNARDO et al 2005)

Diante do exposto a pesquisa objetivou efetuar um

levantamento bibliograacutefico sobre o desenvolvimento e aplicaccedilatildeo

de tecnologias avanccediladas de tratamento de aacutegua para consumo

humano destinadas agrave remoccedilatildeo de cianotoxinas presentes em

aacutegua de abastecimento puacuteblico causa de seacuterios riscos agrave sauacutede

publica

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Trata-se de um estudo de revisatildeo bibliograacutefica sobre a

produccedilatildeo cientiacutefica no tema ldquoTratamento avanccedilado de aacutegua de

abastecimento e remoccedilatildeo de cianotoxinasrdquo Foram

considerados os bancos de dados SciELO (ScientificElectronic

Library Online) e CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de

Pessoal de Niacutevel Superior) acessados no periacuteodo marccedilo a

setembro de 2016 com publicaccedilotildees dos uacuteltimos vinte anos

As tecnologias avanccediladas foram analisadas em relaccedilatildeo

ao tratamento convencional tambeacutem denominado de ciclo

completo Em particular satildeo tratadas em detalhes a adsorccedilatildeo

por carbono ativado seja em poacute (CAP) adicionado em diferentes

pontos do tratamento ou com carbono ativado granular em

coluna assim como diversas variantes dos Processos

Oxidativos Avanccedilados (POArsquos) como fenton uso de luz UV luz

solar adiccedilatildeo de H2O2 e dioacutexido de titacircnio (TiO2) entre outras

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Ateraccedilatildeo de fatores como a alta concentraccedilotildees de

nutrientes (foacutesforo e nitrogecircnio) radiaccedilatildeo solar temperatura

elevada turbidez pH salinidade e disponibilidade de carbono

propiciam o desenvolvimento de floraccedilotildees de algas macroacutefitas

e cianobacteacuterias que recobrem grande parte da superfiacutecie do

corpo aquaacutetico formando uma densa camada esverdeada que

causa a perda das qualidades cecircnicas limita os usos dessa

aacutegua e gera graves problemas no processo de potabilizaccedilatildeo

para eliminar as toxinas produzidas pela cianobacteacuterias

(CEBALLOS AZEVEDO BENDATE 2006)

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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Dados do IBGE para o ano 2008 indicaram que havia

mais 2817 municiacutepios com estaccedilotildees de tratamento

convencional no Brasil dentre os quais 104 se localizam na

Regiatildeo Norte 851 no Nordeste 1087 no Sudeste 545 no Sul

e 230 no Centro-oeste Considerando que diversos municiacutepios

dispotildeem de mais de uma unidade de tratamento estima-se que

mais 3500 estaccedilotildees convencionais estejam em operaccedilatildeo no

paiacutes Embora predominem em quantidade diversas

dificuldades satildeo observadas na remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e

cianotoxinas nesses sistemas fenocircmeno relativamente novo

em relaccedilatildeo agrave eacutepoca em que elas foram criadas (PADUA 2006)

E embora fazem mais de 10 anos dessas descobertas ainda se

continua usando na potabilizaccedilatildeo de aacuteguas eutrofizadas com

alta densidade de cianobacteacuterias e toxinas dissolvidas a

tecnologia convencional adequado para aacutegua bruta de

diferentes qualidades mas apresenta restriccedilotildees para a remoccedilatildeo

nanocontaminantes emergentes dentre eles as cianotoxinas

(DRIKAS et al 2009)

Trabalhos referentes agrave coagulaccedilatildeo mostram em escala

de bancada e piloto que a adiccedilatildeo de sulfato de alumiacutenio e

cloreto feacuterrico com mistura raacutepida seguida de floculaccedilatildeo natildeo

provocam danos nas ceacutelulas de Microcystis aeruginosa (CHOW

et al1999) Mais recentemente estudos de vaacuterios processos

que podem ser aplicados para a eliminaccedilatildeo de cianotoxinas no

tratamento de aacutegua para abastecimento humano mostraram

promissores o carbono ativado e os processos oxidativos

avanccedilados que aleacutem de eficientes satildeo de baixo custo

Qualquer material carbonaacuteceo pode ser transformado

em carbono ativado com propriedades adsorventes diferentes e

de acordo com o tipo de mateacuteria-prima utilizada e das condiccedilotildees

a qual eacute submetida para sua ativaccedilatildeo (BANSAL e GOYAL

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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2004) O carbono ativado eacute um material carbonaacuteceo altamente

poroso com grande aacuterea superficial com capacidade adsorvente

elevada Hoje eacute uma das substancias adsorventes mais

utilizadas no mundo no tratamento de aacuteguas destinadas ao

consumo humano e para tratar aacuteguas residuais industriais em

particular na induacutestria quiacutemica por ser um excelente

adsorventes de moleacuteculas que causam sabor e odor na aacutegua e

com poderes genotoacutexicos e mutagecircnicos (MULLER 2008)

O carbono ativado eacute apresentado em duas formas

ambas comumente usadas no tratamento de aacutegua a granular ndash

CAG e em poacute - CAP Dentre as vantagens do CAG estatildeo pode

ser recuperado regenerado e reusado e recomenda-se seu

uso quando a presenccedila de microcontaminantes eacute contiacutenua

Todavia o CAP eacute mais econocircmico na fase inicial de uso por que

se pode modificar as dosagens segundo a necessidade e seu

emprego pode ser sazonal mas haacute dificuldades para sua

regeneraccedilatildeo e aumenta a quantidade e lodo produzido na ETA

(SNOEYING SUMMERS 1990)

A aacuterea superficial especiacutefica do carbono eacute outro

paracircmetro importante na sua capacidade adsortiva e em geral

quanto maior maior seraacute a adsorccedilatildeo Os carbonos ativados

mais usados apresentam aacuterea entre 800 a 1500 m2g-1 Ainda o

tamanho dos poros e sua distribuiccedilatildeo satildeo fatores fundamentais

os mais utilizados possuem volume de poros de 020 a 060

cm3g -1 (BANSAL e GOYAL 2004) Os poros de acordo com

seu diacircmetro meacutedio se classificam em microporos primaacuterio

(lt08 nm) Microporos secundaacuterio (08 0 ndash 20 nm) mesoporos

(2 ndash 50 nm) e macroporos (gt 50nm) Para a adsorccedilatildeo de

microcistina -LR se recomenda carbono ativado de madeira

pelo grande volume de mesoporos A conformaccedilatildeo da moleacutecula

de microcistina requer para uma boa adsorccedilatildeo o predomiacutenio de

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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microsporos secundaacuterios e mesosporos (KURODA et al

2005)

O carbono ativado em poacute (CAP) eacute mais utilizado no Brasil

para o controle de sabor e odor na aacutegua tratada e sua aplicaccedilatildeo

pode ser continua ou intermitente o qual depende da substancia

a ser adsorvida e das caracteriacutesticas da aacutegua bruta Para seu

uso deve-se escolher o local apropriado de adiccedilatildeo para

favorecer a boa mistura evitar interferecircncia dos produtos

quiacutemicos do tratamento e garantir o tempo de contato suficiente

para que ocorra a adsorccedilatildeo dos contaminantes e assegurar que

seu uso natildeo causara alteraccedilotildees na qualidade final da aacutegua

(SNOEYINK e SUMMERS 1990) Os locais de mais frequecircncia

de aplicaccedilatildeo satildeo na captaccedilatildeo antes ou durante a mistura

raacutepida e antes ou durante a filtraccedilatildeo Vale salientar que ao

longo do tempo de uso do CAP este perde sua capacidade de

accedilatildeo pela saturaccedilatildeo dos poros e deve ser substituiacutedo o qual

requer de sua eliminaccedilatildeo do sistema junto com os lodos

produzidos no tratamento da aacutegua Ou seja o CAP eacute de difiacutecil

recuperaccedilatildeo e reativaccedilatildeo o qual o torna ate mais caro que o

CAG

As vantagens do CAG satildeo sua alta capacidade adsortiva

e que o material adsorvido pode ser removido da coluna

recuperando-se o carbono pode ser novamente ativado

diminuindo os custos Podem tambeacutem ser formados biofilmes

microbianos nos poros onde microrganismos contribuem com a

biodegradaccedilatildeo das moleacuteculas adsorvidas e aumentam o tempo

de vida uacutetil do CAG na coluna e ambos contribuem remoccedilatildeo dos

nanocontaminantes ao longo da filtraccedilatildeo (AKTAS CcedilECcedilEN

2007) Ecircxitos na remoccedilatildeo de cianotoxinas com CAG satildeo

apresentados em diversos estudos O uso de qualquer um dos

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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dois tipos de Carbonos Ativados eacute importante para a remoccedilatildeo

dos nanocontaminantes

Wang et al (2007) aplicaram filtraccedilatildeo por carbono

ativado granular com e sem atividade bioloacutegica para remoccedilatildeo

de microcistinas-LR e LA constatando apoacutes seis meses de

operaccedilatildeo da coluna de CAG esteacuteril uma adsorccedilatildeo de 70 de

MC-LR e 40 de MC-LA em aacutegua com concentraccedilatildeo inicial de

5microgL dessas microcistinas Destacaram que CAG com

atividade bioloacutegica pode atingir 100 de remoccedilatildeo e conferiram

que temperatura densidade inicial e tipos de bacteacuterias

participantes da biodegradaccedilatildeo satildeo determinantes da eficiecircncia

do processo confirmando a relevacircncia da combinaccedilatildeo dos

processos de adsorccedilatildeo e biodegradaccedilatildeo (CAB) com eficiecircncia

mais elevada do que quando esses processos ocorrem

isoladamente Poreacutem tambeacutem observaram concorrecircncia da

mateacuteria orgacircnica pelos siacutetios de adsorccedilatildeo do carbono ativado o

que foi causa em alguns testes de menores eficiecircncias Neste

mesmo ano Huang et al (2007) mostraram adsorccedilotildees

melhores de MC-LR no CAG com maiores proporccedilotildees de

mesosporos e macroporos material facilmente encontrado e

cujo uso implicaria em menores custos no tratamento da aacutegua

Veronezi-Viana et al (2009) testaram aacutegua destilada

adicionada com saxitoxinas obtendo remoccedilatildeo satisfatoacuteria com

CAP de madeira mas natildeo os de origem mineral e de osso A

maior eficiecircncia na remoccedilatildeo de saxitoxinas foi de 68 para

dosagem de 50 mgL-1 e tempo de contato de 2 horas O volume

total de poros do CAP na superfiacutecie pareceu indicar a melhor

capacidade de adsorccedilatildeo dessas toxinas

Yang et al (2010) aplicaram filtraccedilatildeo por carbono

granular em escala piloto usando aacutegua com concentraccedilatildeo

meacutedia de 433 ngL-1 de 2-MIB e 74 ngL geosmina produzidas

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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por linhagem de bacteacuterias do gecircnero Actinomyces e

responsaacuteveis por odor e sabor desagradaacutevel na aacutegua tratada

obtendo remoccedilatildeo de 92 e 831 respectivamente Quando

combinado CAG com ozonizaccedilatildeo do efluente da coluna para

remoccedilatildeo dos mesmos compostos nas mesmas concentraccedilotildees

houve remoccedilatildeo de porcentuais de 96 (2-MIB) e de 100

(geosmina) GUERRA et al (2015) avaliaram em escala de

bancada a remoccedilatildeo de microcistina-LR em colunas de CAG de

casca de coco de dendecirc de diferentes granulometrias (042 -

140 e 060 - 236 mm) usando aacutegua bruta de manancial

coletada na entrada da ETA e adicionada de cianotoxina obtida

por lise celular de cultura toxigecircnicas A aacutegua de estudo foi

previamente tratada por sistema convencional simulando um

sistema convencional utilizando-se Jar Test o efluente final

decantado foi aduzido aos filtros de areia cujo efluente foi

distribuiacutedo nas duas colunas de carvatildeo ativado granular Todas

as etapas do tratamento convencional foram pouco eficientes

na remoccedilatildeo da microcistina-LR jaacute o CAG removeu entre 80 a

100 com a maior eficiecircncia daquele com menor

granulometria que conseguiu remover a toxina ateacute niacuteveis inferior

ao estabelecido pela Portaria 29142011 ndashMS

Lima (2015) verificou o valor de pHpcz do Carbono

Ativado Granularde casca de coco de dendecirc e determinou os

melhores tempos de contato em que ocorrem as maiores taxas

de adsorccedilatildeo para remoccedilatildeo microcistina-LR Comprovou que a

adsorccedilatildeo foi eficiente para a remoccedilatildeo de MC-LR com

eficiecircncias meacutedias acima de 90O Carbono Ativado

Granularutilizado apresentou valor de pHpcz favoraacutevel agrave

adsorccedilatildeo de MC-LR nas condiccedilotildees dos experimentos Os

resultados obtidos dos testes com diferentes pHs confirmaram

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

76

que a adsorccedilatildeo de MC-LR foi mais eficiente em pH aacutecido e

proacuteximo a 50

Dessa maneira para analisar a adsorccedilatildeo da

microcistina-LR por carbono ativado eacute importante levar em

consideraccedilatildeo que se trata de uma moleacutecula de alta massa

molar agregada de aminoaacutecidos complexos com

caracteriacutesticas hidrofoacutebicas e propriedades em soluccedilatildeo aquosa

consequentemente a correta seleccedilatildeo do carvatildeo ativado para

remoccedilatildeo dessa toxina da aacutegua antes de se adotar qualquer

medida de adsorccedilatildeo se requer de uma avaliaccedilatildeo dessas duas

propriedades combinadas ao conhecimento detalhado das

propriedades fiacutesicas do adsorvente e da sua superfiacutecie quiacutemica

(PENDLETON et al 2001 HUANG et al2007)

Os POAs satildeo alternativas interessantes para o

tratamento de aacutegua e de aacuteguas residuais com significativa

importacircncia na restauraccedilatildeo ambiental ao degradarem

numerosos poluentes orgacircnicos Podem ser combinados com

outras tecnologias de tratamento tais como preacute-tratamento ou

poacutes tratamento sendo amplamente utilizados para melhorar o

desempenho do tratamento convencional (OLLER et al 2011)

Ao longo das uacuteltimas duas deacutecadas uma diversidade de POAs

com base na geraccedilatildeo de radicais hidroxila (OHbull) foram

desenvolvidos

Os POAs dividem-se em sistemas homogecircneos e

heterogecircneos onde o radical hidroxila eacute gerado com ou sem

irradiaccedilatildeo Sistemas homogecircneos natildeo apresentam catalizador

na fase soacutelida Os sistemas heterogecircneos possuem

catalizadores semi-condutores como o TiO2 ZnO Fe2O3 SiO2

e Al2O3 que aceleram a velocidade da reaccedilatildeo ateacute atingir o

equiliacutebrio quiacutemico sem sofrerem alteraccedilatildeo quiacutemica

(NOGUEIRA 2007)

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

77

Atualmente os POAs satildeo utilizados no tratamento de

aacutegua (LINDEN et al 2014) por oxidarem

contaminantesorgacircnicos e inorgacircnicos melhorando a

biodegradabilidade do efluente (ANTONOPOULOU 2014

NOGUEIRA 2007) Nos uacuteltimos anos tem itensificado o uso de

uma variedade de POAs na degradaccedilatildeo de variantes de

cianotoxinas com excelentes resultados de degraccedilatildeo

No trabalho conduzido por Cabral (2010) foi avaliado o

processo de fotocataacutelise heterogecircnea usando TiO2 e radiaccedilatildeo

UV na remoccedilatildeo de Microcystis aeruginosa e microcistina-LR de

aacuteguas eutrofizadas com uso de um reator do tipo ciliacutendrico

paraboacutelico ndash PTR A aacutegua utilizada foi preparada com adiccedilatildeo de

ceacutelulas de Microcystis aeruginosa e o sistema foi operado no

reator focataliacutetico do tipo PTR Foram realizadas anaacutelises

quantitativas de cianobacteacuterias e cianotoxinas (MC-LR) Os

valores da concentraccedilatildeo de microcistina-LR detectados no

afluente no efluente do filtro e no efluente do reator foram

respectivamente de 464 μgL-1 423 μgL-1 e 135 μgL-1 As

meacutedias revelam que no afluente e efluente do filtro natildeo houve

diferenccedilas significativas mas houve eficiecircncia de remoccedilatildeo no

processo fotocataliacutetico Aacutes eficiecircncias de remoccedilatildeo foram de

88 no filtro e 70 no reator demonstrando que o processo

de fotocataacutelise heterogecircnea foi eficiente na remoccedilatildeo de

microcistina

Freitas (2008) utilizou o processo UVH2O2 que se

mostrou muito eficiente na remoccedilatildeo de microcistina- LR (de

100 apoacutes 15 minutos para concentraccedilatildeo inicial de 50 μgL-1

de MC-LR) Os experimentos foram conduzidos em reator de

bancada em brossilicato com 250 ml de capacidade equipado

com sistemas de refrigeraccedilatildeo por aacutegua e agitaccedilatildeo magneacutetica

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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He et al 2012 mostraram que sob influecircncia de radiaccedilatildeo

UV de 80 mJ cm2 e uma concentraccedilatildeo de H2O2 inicial de 882

mM a toxina MC-LR em concentraccedilatildeo inicial de 1 mM pode ter

remoccedilatildeo de 939 Os experimentos foram realizados em um

aparelho fotoquiacutemico de escala de bancada com baixa pressatildeo

de mercuacuterio e lacircmpadas germicidas que emitiam ondas de

2537 nm

No trabalho de Silva (2015) o reagente fenton foi um

oacutetimo oxidante e coagulante com elevada eficiecircncia da

oxidaccedilatildeo da microcistina-LR no tratamento de aacutegua com alta

concentraccedilatildeo inicial de MC-LR (1024 μgL-1) A concentraccedilatildeo

remanescente e a microcistina-LR foi inferior a 10 μgL-1 nas

faixas de pH 20 45 e 70 e no tempo de oxidaccedilatildeo 50 125 e

20 minutos Com base nos resultados eacute possiacutevel afirmar que o

uso do reagente fenton para a potabilizaccedilatildeo de aacutegua

eutrofizada com elevada cor e mateacuteria orgacircnica pode ser

apropriada uma vez que este complexo atua como um preacute-

oxidante e coagulante com remoccedilatildeo de ateacute 99 de MC-LR

Atualmente esta intensificado o uso de variedades de

POAs na degradaccedilatildeo de cianotoxinas com excelentes

resultados sendo viaacutevel ampliar a escala de aplicaccedilatildeo para

condiccedilotildees reais nas ETAs o que permitiria aacutegua de beber sem

perigo de intoxicaccedilotildees com cianotoxinas Entretanto ainda natildeo

se verifica seu amplo uso nas ETArsquos brasileiras

4 CONCLUSOtildeES

Cianobacteacuterias em aacuteguas de abastecimento

representam perigo potencial para a sauacutede humana e ambiental

pela sua produccedilatildeo e liberaccedilatildeo de toxinas hepatotoacutexicas e

neurotoacutexicas que afetam ao homem e agrave biota em geral O

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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tratamento convencional aplicado nas ETAacutes da maioria do

Brasil natildeo satildeo eficientes na remoccedilatildeo dessas cianotoxinas

dissolvidas na aacutegua Para sua eliminaccedilatildeo da aacutegua de beber

satildeo necessaacuterios tratamentos avanccedilados aliados ao tratamento

convencional para retenccedilatildeo de ceacutelulas e das toxinas (carbonos

ativados) e para sua destruiccedilatildeo (POArsquoS) que eliminam os

riscos para o consumo humano

Os processos oxidativos avanccedilados (POArsquos) e o carbono

ativado se mostram bastante eficientes Pela sua simplicidade

baixo custo facilidade de uso e alta eficiecircncia na destruiccedilatildeo de

cianotoxinas se evidenciam como tecnologias de faacutecil acesso

agraves ETAs de todo o paiacutes e em especial agraves da regiatildeo nordeste

onde se verificam com maior frequecircncia corpos aquaacuteticos

eutrofizados com cianotoxinas em elevadas concentraccedilotildees

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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CABRAL Simone Mendes Avaliaccedilatildeo da remoccedilatildeo de Microcystis aeruginosa e microcistina-LR de aacuteguaseutrofiizadasutiiliizando fotocataacutelise heterogecircneaDissertaccedilatildeo (MestradoemCiecircncias e TecnologiaAmbiental)-UniversidadeEstadual da Paraiacuteba Programa de Poacutes- GraduaccedilatildeoemCiecircncia e TecnologiaAmbiental Paraiacuteba 2008 CEBALLOS BSO AZEVEDOSMFdeOBENDATE MM de Fundamentos Bioloacutegicos e Ecoloacutegicos Relacionados aacutes Cianobacteacuterias In Valter Luacutecio de Paacutedua (coordenador) Contribuiccedilatildeo ao estudo da remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e microcontaminantes orgacircnicos por meio de teacutecnicas de tratamento de aacutegua para consumo humanoABESq PROSAB Rio de Janeiro p 23 ndash 81 2006 CHORUS I BARTRAM J (Eds)Toxic Cyanobacteria in Water In A Guide to Their Public Health Consequences Monitoring and Management Published by WHO Spon Press London 1999 CHOW CWK et al The impact of conventional water treatment processes on cells of the Cyanobacterium Microcystis aeruginosa Water Research v 33 n 15 p 3253-3262 1999 CHRISTINE C Toxicity of iron and hydrogen peroxide The Fenton reaction Toxicology Letters v 8283 p969-974 1995 CARMICHAEL WW CORAL LA LAPOLLI FR (2014) Cianobacteacuterias em Mananciais de Abastecimento ndash Problemaacutetica e Meacutetodos de RemoccedilatildeoDAE2014066 Press London 1999 DANIEL L A Processos de desinfecccedilatildeo e desinfetantes alternatives naproduccedilatildeo de aacuteguapotaacutevel In Meacutetodosalternativos de desinfecccedilatildeo da aacuteguaPROSAB Satildeo Paulo 2004 DE SOUZA RCR MC Carvalho and AC Truzzi Cylindrospermopsis raciborskii (Wolosz) SeenayaandSubbaRaju (Cyanophyceae) dominanceand a contributiontotheknowledgeof Rio Pequeno arm Billings Reservoir Brazil Environmental ToxicologyandWaterQuality 1998 DI BERNARDO L DANTAS ADB Meacutetodos e teacutecnicas de tratamento de aacutegua v1 2ed RimaSatildeo Carlos 2005 DRIKAS M DIXON M MORRAM J Removalof MIB andgeosminusing granular activatedcarbonwithandwithout MIEX pre-treatment WaterResearchv 43 p 5151- 5159 2009 EL-SHEIKH SM ZHANG G EL-HOSAINY HM ISMAIL AA OSHEA KE FALARAS P KONTOS AG DIONYSIOU DD High performance sulfur nitrogenandcarbondopedmesoporousanatase-brookiteTiO₂photocatalyst for theremovalofmicrocystin- LR undervisible light irradiation JournalHazardMater v280 p723 733 2014 FALCONER IR and AR Humpage Cyanobacterial (blue-greenalgal) toxins in watersupplies Cylindrospermopsis Environmental Toxicology 21 2006

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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FREITAS Adriane Martins Utilizaccedilatildeo de processos oxidativos avanccedilados para remediaccedilatildeo de aacuteguas contaminadas com toxinas produzidas por cianobacteacuterias UFC 2008 GUERRA AB TONUCCI MC CEBALLOS BSO GUIMARAtildeES HRC LOPES WS AQUINOSF Remoccedilatildeo de microcistina-LR de aacuteguas eutrofizadas por clarificaccedilatildeo e filtraccedilatildeo seguidas de adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado granular Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental (Online) v20 p 603-612 2015 HE X PELAEZ M WESTRICK JA OrsquoSHEA KE HISKIA A TRIANTIS T KALOUDIS T STEFAN MI DE LA CRUZ AA DIONYSIOU DD Efficient removal of microcystin-LR by UV-CH2O2 in synthetic and natural water samples Water research v46 p1501-1510 2012 HUANG WJ CHENG B L CHENG Y L Adsorptionofmicrocystin-LR bythreetypesofactivatedcarbon JournalofHazardousMaterials v 141 p 115-122 2007 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2008 Disponiacutevel emhttpwwwibgegovbr acesso em 01 de setembro de 2016 JURCZAK T TARCZYNSKA M IZYDORCZYK K MANKIEWICZ J ZALEWSKI M MERILUOTO J Eliminationofmicrocystinsbywatertreatment processes ndash examplesfromSulejowReservoir Poland WaterResearch v39 p2394-2406 2005 KARDINAAL WEA VISSER PM Dynamics of cyanobacterial toxinsIn HUISMAN JMATTHIJS HCP VISSER PM (Org) HARMFUL CYANOBACTERIA Aquatic Ecology Series v3 2005 KISS T VEHOVSZKY A HIRIPI L KOVACS A VOROS L Membraneeffectsoftoxinsisolatedfrom a cyanobacteriumCylindrospermopsin raciborskii onidentifiedmolluscanneurons ComparativeBiochemistryandPhysiologyPart CToxicologyandPharmacology 131C(2)167-176 2002 KURODA EK Caracterizaccedilatildeo e escolha do tipo de carvatildeo ativado a ser empregado no tratamento de aacutegua contendo microcistins In CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITAacuteRIA E AMBIENTAL Campo Grande Anais Eletrocircnicos Campo Grande 2005 LIMA NNC Remoccedilatildeo de microcistina-LR atraveacutes de adsorccedilatildeo com de carvatildeo ativado Dissertaccedilatildeo de mestrado Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental Universidade Estadual da Paraiacuteba Campina GrandePB p86 2015 LINDEN KG MOHSENI M AdvancedOxidation Processes Applications in DrinkingWaterTreatment ComprehensiveWaterQualityandPurification v2 p148-172 2014

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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MUumlLLER CC Raya-Rodriguez MT Cybis LF Adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado em poacute para remoccedilatildeo de microcistina de aacutegua de abastecimento puacuteblico EngSanitAmbient | v14 n1 | janmar 2009 | 29-38 2008 NEYENS E BAEYENS J A reviewofclassicFentonrsquosperoxidation as na advancedoxidationtechnique JournalofHazardousMaterials v98 p33-50 2003 OLLER IMS SAacuteNCHEZ-PEacuteREZ JA CombinationofAdvancedOxidation Processes andBiologicaltreatments for wastewater de contamination - A review Science ofthe TotalEnvironment v409 p4141-4166 2011 PADUAacute V L In HELLER L e PAacuteDUA V L Abastecimento de aacutegua para consumo humano UFMG Belo Horizonte 2006 PAacuteDUA V L (Coord) Remoccedilatildeo de microorgansmos emergentes e microcontaminantes orgacircnicos no tratamento de aacutegua para consumo humano Rio de Janeiro ABES2009 PENDLETON P SCHUMANN R WONG S H Microcystin-LR adsorptionbyActivatedcarbon JournalofColloidand Interface Science v 240 p 1-8 2001 SAKER M NEILAN B amp GRIFFITHS D Twomorphologicalformsof Cylindrospermopsis raciborskii (Cyanobacteria) isolatedfromSolomonDam Palm Island Queensland JournalofPhycology 1999 SILVA A G Avaliaccedilatildeo do pH de oxidaccedilatildeo do processo fenton na remoccedilatildeo de microcistina-LR de aacutegua de abastecimento Dissertaccedilatildeo de mestrado Universidade Estadual da Paraiba (UEPB) Campina Grande 2015 SNOEYINK V SUMMERS R S Adsorptionoforganiccompounds In WaterQualityandTreatment A Hand book ofCommunityWaterSupplies Mc Graw Hill Nova York EUA 1990 SHARMA S RUPARELIA JP PATEL ML A general reviewonAdvancedOxidation Processes for watertreatment NUICONE 2011 TEIXEIRA CP E JARDIM WF Caderno Temaacutetico volume 03 ndash Processos oxidativos avanccedilados ndash Conceitos teoacutericos Universidade Estadual de Campinas Unicamp Instituto de Quiacutemica Laboratoacuterio de Quiacutemica Ambiental 2004 TEIXEIRA MGLC COSTA MC N CARVALHO V L P PEREIRA M S P HAGE E Gastroenteritis epidemic in the area of the Itaparica Bahia 1993 TOLEDO B I et al Bisphenol a removalfromwaterbyactivatedcarbon Effectsof carbono characteristicsandsolutionchemistry Environmental Science Technology v39 p 6245 2005 TRATA BRASIL httpwwwtratabrasilorgbrsaneamento-no-brasil acessoem 15 de setembro de 2016 VASCONCELOS VM VENTURA RARB Effectof TiO2 PhotocatalysisontheDestructionof Microcystis aeruginosa

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

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CAPIacuteTULO 5

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO

PERNAMBUCANO

Bruna Manoela Pereira de LIMA1

Carlos Roberto Cavalcante de LIRA2

Ravenna Maria Bezerra BARBOSA3

Leandro Gomes VIANA4

Patriacutecia Silva CRUZ5

1 Poacutes-Graduanda em Sauacutede Puacuteblica ndash Autarquia Educacional do Belo Jardim-AEB-FBJ 23 Graduados em Licenciatura em Ciecircncias Bioloacutegicas ndash Universidade Estadual do Vale do

Acarauacute ndash UVA 4 Poacutes- Graduando em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental ndash MCTAUEPB 5Orientadora ndash Universidade Estadual da Paraiacuteba ndash UEPB

E-mail patriciacruz_biologahotmailcom

RESUMO O presente estudo objetivou avaliar a qualidade (fiacutesica quiacutemica e microbioloacutegica) da aacutegua armazenada em 12 cisternas (placas e polietileno) com distintas fontes de captaccedilatildeo instaladas no semiaacuterido pernambucano Para levantamento dos dados foram realizadas visitas teacutecnicas nas comunidades contempladas com as cisternas distribuiacutedas pelo Programa do Governo Federal (Aacutegua para Todos) Para compor o universo amostral foram selecionadas 12 cisternas (sendo 06 de placas e 06 de polietileno) distribuiacutedas de forma aleatoacuteria e com distintas fontes de captaccedilatildeo cujas anaacutelises foram realizadas em parceria com o LEAq ndash Laboratoacuterio de Ecologia Aquaacutetica e com o LACEN (Laboratoacuterio Anaacutelises de Aacutegua) Pode-se observar que para as anaacutelises fiacutesicas e quiacutemicas todas as cisternas atenderam ao padratildeo de potabilidade estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente exceto para a turbidez que apresentou-se acima dos padrotildees estabelecidos Para a anaacutelise

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

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microbioloacutegica todas as cisternas (placas e polietileno) apresentaram contaminaccedilatildeo por coliformes totais e Escherichia coli (exceto C1 e C2) provavelmente associadas a fonte de abastecimento (carros-pipa) e ao manejo inadequado Ressalta-se portanto a relevacircncia do desenvolvimento de accedilotildees de educaccedilatildeo sanitaacuteria continuada como ferramenta para a conservaccedilatildeo da qualidade da aacutegua armazenada e a adoccedilatildeo de medidas preventivas que atuem como barreiras sanitaacuterias que possam minimizar os riscos agrave sauacutede da populaccedilatildeo abastecida Palavras- Chave Captaccedilatildeo de aacutegua Cisterna de placa Cisterna de Polietileno

1 INTRODUCcedilAtildeO

O baixo iacutendice pluviomeacutetrico da regiatildeo Nordeste do Brasil

influencia diretamente a qualidade da aacutegua disponibilizada para

a populaccedilatildeo chamando a atenccedilatildeo para dois problemas de

grande relevacircncia social caracterizados pela necessidade de

captaccedilatildeo da aacutegua oriunda das chuvas na tentativa de amenizar

a escassez hiacutedrica (SOUZA et al2011) e suprir a necessidade

de abastecimento nas residecircncias juntamente com a

preocupaccedilatildeo de se estar consumindo uma aacutegua isenta de

microrganismos patogecircnicos

Segundo o Group Raindrops (2002) a qualidade da aacutegua de

chuva eacute determinada pelo local de coleta e sua exposiccedilatildeo aos

agentes contaminantes durante a accedilatildeo de captaccedilatildeo transporte

e armazenamento (XAVIER 2009)

O uso de cisternas como sistema de captaccedilatildeo de aacutegua de

chuva tem se mostrado como uma alternativa para minimizar a

carecircncia hiacutedrica no semiaacuterido brasileiro (RODRIGUES et

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

86

al2007) sendo necessaacuterio uma atenccedilatildeo direcionada a

qualidade da aacutegua armazenada haja visto que esta pode ser

afetada por diversos fatores entre eles o manejo inadequado

Para Amorin Porto (2003) a utilizaccedilatildeo das cisternas visatildeo

suprir a carecircncia de aacutegua das pessoas que convivem com a

seca mas embora construiacutedas com a finalidade de captar aacutegua

proveniente das chuvas que geralmente satildeo excelentes para

vaacuterios usos incluindo o consumo humano podem ser

abastecidas com aacutegua de outras fontes a exemplo de carros-

pipa o que contribui para natildeo confiabilidade da potabilidade da

aacutegua armazenada

A qualidade da aacutegua da cisterna estaacute diretamente associada

ao manejo seja o manejo da aacutegua pelo morador seja o manejo

fiacutesico do sistema de captaccedilatildeo e armazenamento Manter a

cisterna iacutentegra fechada livre de animais fazer a lavagem

anual do reservatoacuterio como tambeacutem a manutenccedilatildeo do sistema

de captaccedilatildeo bem como o manejo correto da utilizaccedilatildeo da

bomba manual e sistema de desvio das primeiras aacuteguas no

conjunto reflete boas praacuteticas de manejo fiacutesico do sistema

(XAVIER 2010)

Outras barreiras fiacutesicas tambeacutem podem ser providenciadas

como limpeza frequente e manutenccedilatildeo da cisterna a natildeo

utilizaccedilatildeo de baldes e cordas para o processo de retirada da

aacutegua telamento das entradas e saiacutedas das cisternas aleacutem da

verificaccedilatildeo da existecircncia de rachaduras e problemas com as

tampas das cisternas que podem se tornar portas de entradas

para contaminantes (AMORIM PORTO 2003) Diante do

exposto o presente estudo objetivou avaliar a qualidade (fiacutesica

quiacutemica e microbioloacutegica) da aacutegua armazenada em 12 cisternas

(placas e polietileno) com distintas fontes de captaccedilatildeo

instaladas no semiaacuterido pernambucano

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2 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi realizado no municiacutepio de Tuparetama

localizado na Macrorregiatildeo do Sertatildeo Pernambucano e na

Microrregiatildeo do Pajeuacute com posiccedilatildeo geograacutefica determinada

pelo paralelo de -7ordm 36 0725 da latitude -37 18 396 de longitude

e clima eacute semiaacuterido quente com temperaturas variando entre

20ordm C e 36ordmC (IBGE 2010)

Para levantamento dos dados foram realizadas visitas

teacutecnicas nas comunidades contempladas com as cisternas

distribuiacutedas pelo Programa do Governo Federal (Aacutegua para

Todos) Para compor o universo amostral foram selecionadas

12 cisternas (sendo 06 de placas e 06 de polietileno)

distribuiacutedas de forma aleatoacuteria e com distintas fontes de

captaccedilatildeo (Figura 1)

Figura 1 Mapa de Distribuiccedilatildeo e identificaccedilatildeo das Cisternas Tuparetama-PE

Fonte Autores 2014

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As coletas foram realizadas nas 12 cisternas no mecircs de

abril de 2014 Os paracircmetros analisados e metodologia estatildeo

dispostos na tabela 1 onde a coleta transporte preservaccedilatildeo e

anaacutelise das amostras seguiram as recomendaccedilotildees do Standard

Methods for the Examination of Water and Wastewater (AWWA

2005)

Tabela 1 Meacutetodos utilizados na anaacutelise das variaacuteveis de qualidade da aacutegua

Variaacutevel Unidade Meacutetodo Anotaccedilotildees

pH -------- Potenciomeacutetrico pHmetro Tecnal

Cor Aparente mgPt- Co∕L Eletromeacutetrico

AWWA (2005)

Turbidez UT Eletromeacutetrico

Turbidimetro

Soacutelidos Dissolvidos Totais mg∕L Caacutepsulas AWWA (2005)

Coliformes Totais e Termotolerantes UFC Membrana Filtrante

AWWA (2005)

As anaacutelises foram realizadas em parceria com o LEAq ndash

Laboratoacuterio de Ecologia Aquaacutetica com sede na Universidade

Estadual da Paraiacuteba (UEPB) e com o LACEN (Laboratoacuterio

Anaacutelises de Aacutegua) Os dados foram analisados atraveacutes de

representaccedilotildees graacuteficas realizadas com o programa

computacional Microsoft Office Excel 2010

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados obtidos foram confrontados com a Portaria Nordm

2914 de 12 de Dezembro de 2011 que estabelece padrotildees de

potabilidade para aacuteguas utilizadas no abastecimento humano

Pode-se observar que em todas as cisternas o pH variou

entre 721 - 854 conforme a figura 2 estando dentro do limite

estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Nas cisternas C1 C6 C8

C10 C11 e C12 (cisternas de placa) essa variaacutevel apresentou

valores na faixa de 726 - 854 representando uma

concentraccedilatildeo aceitaacutevel para consumo humano no entanto

esses resultados verificados podem estar associados com a

dissoluccedilatildeo de compostos presentes nos materiais utilizados na

construccedilatildeo das cisternas

Segundo Mantovani et al (2012) a aacutegua da chuva em

contato com superfiacutecies que contenha cimento pode ocasionar

a dissoluccedilatildeo do mesmo removendo assim carbonato de caacutelcio

(CaCO3) e elevando os teores de pH Provavelmente o

aumento do niacutevel dessa variaacutevel esteja associado agrave influecircncia

de iacuteons de carbonatos (CO32) e bicarbonatos (HCO3) liberados

do cimento Vale ressaltar que C1 foi construiacuteda haacute menos de

01 ano fator facilitador para a elevaccedilatildeo do pH

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

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Figura 2 Valores de pH registrados nas cisternas TuparetamandashPE

A cor aparente nas amostras apresentou valor miacutenimo de

23 Pt-CoL (cisternas de polietileno) e maacutexima de 101 Pt-CoL

(cisternas de placas) atendendo dessa forma os padrotildees

exigidos pela portaria (Figura 3)

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

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Figura 3 Valores de Cor registrados nas cisternas Tuparetama ndashPE

No que diz respeito agrave cisterna C7 o manejo aplicado pela

famiacutelia consiste no desvio da aacutegua da primeira chuva aleacutem de

contar com o fato de que a estrutura da cisterna eacute de material

que natildeo sofre diluiccedilatildeo em contato constante com a aacutegua

(cisterna de polietileno) No entanto a elevaccedilatildeo da cor

observada em C11 pode estar relacionada com o material

constituinte (cisterna de placa) aleacutem desta ser abastecida por

carro-pipa cuja origem da aacutegua captada eacute desconhecida e natildeo

passar por limpezas perioacutedicas Essa variaccedilatildeo encontrada entre

as cisternas supracitadas pode ser considerada como um fator

que estaacute correlacionado com accedilotildees que visam criar barreiras

fiacutesicas aos possiacuteveis contaminantes

De acordo com Scorsafava et al (2010) o paracircmetro

fiacutesico relacionado a cor indica a presenccedila de soacutelidos

dissolvidos sejam eles orgacircnicos ou inorgacircnicos relacionando

assim esse fator aos cuidados de limpeza e manutenccedilatildeo do

sistema de coleta

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

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Em detrimento das condiccedilotildees encontradas algumas

medidas podem ser adotadas para evitar a entrada de

contaminantes nas cisternas dentre elas a limpeza e

manutenccedilatildeo perioacutedica do sistema de coleta e da cisterna

desvio da primeira aacutegua retirada da aacutegua evitando a utilizaccedilatildeo

instrumentos em condiccedilotildees higiecircnicas precaacuterias aleacutem do uso

comum destes recipientes para outras atividades Amorim Porto

(2003)

Verificou-se que a turbidez esteve fora dos limites

estabelecidos pela Portaria vigente (50 UT) em todas as

cisternas em estudo (Figura 4) provavelmente associado agrave

presenccedila de material particulado (LEAL LIBAcircNIO 2002)

Figura 4 Valores de Turbidez registrados nas cisternas Tuparetama ndashPE

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Os resultados encontrados provavelmente podem estar

associados a dois fatores a turbidez dos corpos drsquoaacutegua da

regiatildeo que satildeo naturalmente turvas em decorrecircncia das

caracteriacutesticas geoloacutegicas das bacias de drenagem dos iacutendices

pluviomeacutetricos e do uso de praacuteticas agriacutecolas muitas vezes

inadequadas para as cisternas abastecidas por carro-pipa cuja

origem da aacutegua captada eacute desconhecida e em decorrecircncia da

precipitaccedilatildeo que pode carrear partiacuteculas de argila silte areia e

fragmentos de rocha que se natildeo desviados na primeira chuva

iratildeo se depositar nas cisternas sejam elas de placa ou de

polietileno (LIBAcircNIO (2010)

Segundo Kato et al (2006) esse registro pode estaacute

associado agrave ressuspensatildeo dos sedimentos acumulados no

fundo na cisterna por accedilatildeo das chuvas Em todas as amostras

os valores de soacutelidos dissolvidos totais (SDT) foram inferiores

ao VMP da Portaria (1000 mgL) Independente do material

constituinte (placas ou polietileno) todas as cisternas

abastecidas por carro-pipa exceto C3 (sem desvio)

apresentaram concentraccedilotildees dessa variaacutevel acima de 230

mgL Para as cisternas cuja aacutegua eacute captada atraveacutes da chuva

as concentraccedilotildees de soacutelidos variaram entre 14-104 mgL

(Figura 5)

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Figura 5 Valores de Soacutelidos Totais Dissolvidos (STD) registrados nas cisternas Tuparetama ndashPE

Quanto aos aspectos microbioloacutegicos (coliformes totais e

Escherichia coli) verificou-se que em todas as cisternas (placas

e polietileno) foram encontradas a presenccedila de bacteacuterias do

grupo coliformes e a presenccedila de Escherichia coli exceto em

C1 e C2 (Tabela 2)

Tabela 2 Anaacutelise microbioloacutegica verificada nas cisternas Tuparetama ndashPE

CISTERNAS COLIFORMES TOTAIS COLIFORMES

TERMOTOLERANTES-

ESCHERICHIA COLI

C1 Presenccedila Ausecircncia

C2 Presenccedila Ausecircncia

C3 Presenccedila Presenccedila

C4 Presenccedila Presenccedila

C5 Presenccedila Presenccedila

C6 Presenccedila Presenccedila

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C7 Presenccedila Presenccedila

C8 Presenccedila Presenccedila

C9 Presenccedila Presenccedila

C10 Presenccedila Presenccedila

C11 Presenccedila Presenccedila

C12 Presenccedila Presenccedila

A incidecircncia de Coliformes totais e Escherichia coli nas

cisternas podem ser provavelmente justificada por estas

apresentarem estrutura fiacutesica com deterioraccedilatildeo ocasionadas

pelo tempo (fendas tampas de zinco enferrujadas e

quebradas) para as de placas aleacutem da retirada da aacutegua de

forma manual com a utilizaccedilatildeo de baldes e cordas que muitas

vezes entram em contato com animais e atuam como facilitador

para contaminaccedilatildeo da aacutegua existente no reservatoacuterio seja ele

de placa ou de polietileno

A constataccedilatildeo da presenccedila do grupo coliforme nas

amostras coletadas assume um papel fundamental como

paracircmetro indicador da possibilidade da existecircncia de

microrganismos nocivos agrave sauacutede isso por que os mesmos satildeo

responsaacuteveis pela transmissatildeo de doenccedilas de veiculaccedilatildeo

hiacutedrica tais como verminoses coacutelera entre outras (BRITO et al

2005)

Segundo Franco e Landgraf (2001) essa contaminaccedilatildeo

relacionada a coliformes totais eacute decorrente da presenccedila de

animais de sangue quente como aves gatos entre outros

animais que passam nas proximidades Embora os riscos

epidemioloacutegicos associados agraves cisternas sejam pequenos os

estudos mais atuais recomendam que todo empenho seja feito

para diminuir a contaminaccedilatildeo das aacuteguas das cisternas

utilizadas para consumo humano (ANDRADE NETO 2003)

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pois mesmo que o aproveitamento de aacutegua de chuva seja uma

soluccedilatildeo atraente do ponto de vista ecoloacutegico potenciais riscos

agrave sauacutede da ingestatildeo de aacutegua de chuva coletada relacionados agrave

contaminaccedilatildeo microbioloacutegica devem ser levados em conta

(SAZAKLI et al (2007) VIALLE 2011)

4 CONCLUSOtildeES

Pode-se constatar que embora as famiacutelias beneficiadas

pelas cisternas estejam ldquosatisfeitasrdquo com a aacutegua armazenada

nestas foi evidenciado em todas as cisternas a presenccedila de

bacteacuterias do grupo coliformes totais e Escherichia coli (exceto

C1 e C2) provavelmente associadas a fonte de abastecimento

(carros-pipa) e ao manejo inadequado Ressalta-se portanto a

relevacircncia do desenvolvimento de accedilotildees de educaccedilatildeo sanitaacuteria

continuada como ferramenta para a conservaccedilatildeo da qualidade

da aacutegua armazenada e a adoccedilatildeo de medidas preventivas que

atuem como barreiras sanitaacuterias que possam minimizar os

riscos agrave sauacutede da populaccedilatildeo abastecida

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

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BRITO L T L PORTO E R SILVA A S SILVA M S L HERMES L C MARTINS S S (2005) Avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e bacterioloacutegicas das aacuteguas de cisternas da comunidade de Atalho Petrolina-PE In Anais do 5ordm Simpoacutesio Brasileiro de Captaccedilatildeo e Manejo de Aacutegua de Chuva Teresina Jul 2005 FRANCO B D G DE MELO LANDGRAF M (2001) Microbiologia dos Alimentos Satildeo Paulo Atheneu 192 p IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2010 Disponiacutevel em WWWcnpmfembrapabrplanilhaslaranja_Brasil_2011pdfACESSADO acesso em 10032014 KATO M T PERAZZO G M FLOREcircNCIO L SANTOS S G (2006) Qualidade de aacutegua de cisternas utilizada para fins de consumo humano no municiacutepio de Poccedilo Redondo SE In Anais do III Seminaacuterio Internacional de Engenharia de Sauacutede Puacuteblica Fortaleza Mar 2006 pp 157-164 LEAL FCT LIBAcircNIO M (2002) Estudo da remoccedilatildeo da cor por coagulaccedilatildeo quiacutemica no tratamento convencional de aacuteguas de abastecimento Revista Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 7 n 3 pp 117-128 LIBAcircNIO M (2010) Fundamento de qualidade e tratamento de aacutegua 3 ed Satildeo Paulo Aacutetomo 496 p MANTOVANI D CORAZZA ML CARDOZO FILHO L COSTA S C SCHMIDT C A P (2012) Levantamento Pluviomeacutetrico e Qualidade Microbioloacutegica e Fiacutesico-Quiacutemica da Aacutegua da Chuva na Cidade de Maringaacute Paranaacute Revista Tecnoloacutegica v 1 n 21 pp 93-102 RODRIGUES H K SANTOS L A BARCELOS HP PAacuteDUA VL Dispositivo automaacutetico de descarte da primeira aacutegua de chuva In Anais do 6ordm Simpoacutesio Brasileiro de Captaccedilatildeo e Manejo de Aacutegua de Chuva Belo Horizonte Jul 2007 SAZAKLI E ALEXOPOULOS A LOTSINIDIS M (2007) Rainwater harvesting quality assessment and utilization in Kefalonia Island Greece Water Research v 41 n 9 pp 2039-2047 SCORSAFAVA M A SOUZA A STOFER M NUNES C A MILANEZ T V (2010) Avaliaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica da qualidade de aacutegua de poccedilos e minas destinada ao consumo humano Revista do Instituto Adolfo Lutz v 69 n 2 pp 229-232 SOUZA S H B MONTENEGRO S M G L SANTOS S M S PESSOA S G S (2011) Avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua e da eficaacutecia de Barreiras Sanitaacuterias para aproveitamento de aacuteguas de chuva Revista Brasileira de Recursos Hiacutedricos v 16 n 3 pp 81-93 XAVIER R P NOacuteBREGA R L B MIRANDA P C de GALVAtildeO C O CEBALLOS B S O de (2009) Avaliaccedilatildeo da eficiecircncia de dois tipos de

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

98

desvios das primeiras aacuteguas na melhoria da qualidade da aacutegua de cisternas rurais In Anais do 7deg SIMPOacuteSIO BRASILEIRO DE CAPTACcedilAtildeO E MANEJO DE AacuteGUA DE CHUVA Caruaru Set 2009 XAVIER R P Influecircncia de barreiras sanitaacuterias na qualidade da aacutegua de chuva armazenada em cisternas no semiaacuterido paraibano Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes- Graduaccedilatildeo da Universidade Federal de Campina Grande 2010

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

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CAPIacuteTULO 6

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA COMO

PARTE DA AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DA AacuteGUA PARA CONSUMO HUMANO

Ermeton Duarte DO NASCIMENTO 1

Roseanne da Cunha UCHOcircA 2

Giselle Medeiros da Costa ONE 3 Magnoacutelia Fernandes Florecircncio DE ARAUacuteJO 4

1 Professor do DMP UFRN 2 Professora do DOD UFPB 3 Professora do Instituto BioLab PB 4 Professora do DMP UFRN

ermeton_duarteyahoocombr

RESUMO A resistecircncia aos antimicrobianos eacute considerada hoje um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica em todo o mundo e vaacuterios mananciais se encontram contaminados por bacteacuterias resistentes a essas drogas Nesse contexto a veiculaccedilatildeo desses microrganismos na aacutegua de consumo utilizada pelas comunidades representa um problema mais seacuterio principalmente em aacutereas afastadas dos grandes centros onde ainda se observa uma carecircncia de serviccedilos de sauacutede As unidades de sauacutede especializadas se encontram em cidades polos geralmente distantes de comunidades menores e um processo infeccioso causado por uma bacteacuteria resistente nessas circunstacircncias pode ser extremamente perigoso Sendo assim este artigo traz agrave discussatildeo a proposta da inclusatildeo desses microrganismos no rol dos indicadores de risco para a sauacutede humana na aacuterea de qualidade da aacutegua do nuacutecleo de Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede em conjunto com outras medidas para monitoramento controle e prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo desses recursos bem como a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e parcerias entre os diferentes niacuteveis de

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

100

gestatildeo de modo a facilitar o acompanhamento e a mitigaccedilatildeo dos efeitos e dos riscos que a contaminaccedilatildeo ambiental por bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos podem trazer para a sauacutede da populaccedilatildeo Palavras-chave Ambiente aquaacutetico Resistecircncia microbiana a medicamentos Vigilacircncia em sauacutede

1 INTRODUCcedilAtildeO

A existecircncia do homem na terra eacute marcada pelo sucesso

da experiecircncia do conviacutevio com os outros seres vivos e pela

adaptaccedilatildeo agraves diferentes nuances e inuacutemeras mudanccedilas do

meio ambiente Entretanto apesar de amparado no

desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico sua sobrevivecircncia agrave

exposiccedilatildeo aos diferentes agentes etioloacutegicos doenccedilas e

agravos parece ser um dos seus maiores desafios

Desde antes da era comum o ser humano luta contra os

organismos responsaacuteveis pelo desenvolvimento de processos

infecciosos e a descoberta do antibioacutetico penicilina em 1928

trouxe uma maior vantagem para essa luta (FRANCO et al

2009) Poreacutem apoacutes a descoberta desse medicamento um novo

evento foi observado vaacuterios microrganismos antes sensiacuteveis a

essa nova droga se tornaram resistentes (LOWY 2003) e deu-

se iniacutecio a uma nova batalha de um lado o homem descobrindo

novos faacutermacos na tentativa de se proteger das infecccedilotildees e do

outro lado os microrganismos tentando sobreviver aos

antibioacuteticos (MARTIacuteNEZ COQUE BAQUERO 2015)

O fenocircmento da resistecircncia antibioacutetica eacute atualmente

considerado um grave problema de sauacutede puacuteblica mundial

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

101

(AMINOV 2009) e se tornou ainda mais seacuterio porque foram

encontradas diferentes espeacutecies bacterianas resistentes aos

antibioacuteticos contaminando outros ambientes aleacutem do

hospitalar inclusive a aacutegua utilizada para consumo humano

(ADZITEY NAFISAH HARUNA 2015)

A resistecircncia antibioacutetica foi inicialmente detectada nos

ambientes hospitalares e diversos estudos mostraram que se

daacute em decorrecircncia de um maior uso dessas drogas nesses

ambientes que acaba por selecionar as cepas mais resistentes

um fenocircmeno conhecido como pressatildeo seletiva (MARTIacuteNEZ

2008 MARTIacuteNEZ COQUE BAQUERO 2015) Acreditava-se

que apenas as bacteacuterias no ambiente hospitalar apresentavam

esse tipo de resistecircncia e que o seu surgimento se dava

somente quando uma bacteacuteria resistente transferia genes de

resistecircncia para uma bacteacuteria sensiacutevel Entretanto a

descoberta de bacteacuterias resistentes a antibioacuteticos isoladas do

material de pergelissolo tipo de solo encontrado na regiatildeo do

Aacutertico datado de aproximadamente 30000 anos trouxe uma

nova perspectiva para a temaacutetica a resistecircncia antibioacutetica jaacute

existia no meio ambiente mesmo antes do iniacutecio do uso dos

antibioacuteticos na praacutetica cliacutenica (NESME SIMONET 2015)

Para compreender esse processo eacute importante assumir

que cepas bacterianas diferentes poreacutem de uma mesma

espeacutecie isoladas de qualquer tipo de amostra podem

apresentar diferentes padrotildees de susceptibilidade a uma

mesma droga Nas amostras ambientais em locais onde nunca

houve antes o contato com o ser humano ou os seus dejetos

as cepas ambientais normalmente apresentam resistecircncia a

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

102

determinados antimicrobianos em concentraccedilotildees mais baixas

do que aquelas usadas no ambiente hospitalar (AMINOV

2009) Entretanto as espeacutecies ambientais em decorrecircncia da

troca de material geneacutetico com bacteacuterias mais resistentes

tambeacutem podem expressar resistecircncia a determinadas drogas

na mesma concentraccedilatildeo usada no ambiente cliacutenico ou

hospitalar (MARTIacuteNEZ COQUE BAQUERO 2015) Vale

salientar que o ambiente aquaacutetico eacute um excelente meio para a

troca de material geneacutetico intra e inter-especiacutefica ou seja entre

indiviacuteduos da mesma espeacutecie ou de espeacutecies diferentes

(NASCIMENTO MAESTRO CAMPOS 2001) e o surgimento

de bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos nos ambientes

aquaacuteticos tem crescido consideravelmente (MIYAKE

KASAHARA MORISAKI 2003)

De uma forma geral a propagaccedilatildeo de bacteacuterias

resistentes e de genes de resistecircncia pode ser influenciada por

vaacuterios fatores tais como falta de saneamento aglomeraccedilotildees

viagens e agrupamento de pessoas suscetiacuteveis como idosos

e crianccedilas por exemplo Aleacutem de que as diferenccedilas de

protocolos de prescriccedilatildeo medicamentosa ausecircncia de poliacuteticas

de controle do uso racional de antibioacuteticos e variaacuteveis

socioeconocircmicas como baixa escolaridade podem influenciar

o consumo indiscriminado dessas drogas e consequentemente

tambeacutem levar ao desenvolvimento da resistecircncia bacteriana

(BRUINSMA et al 2002) Nesse contexto tambeacutem eacute

importante ressaltar que o uso descontrolado dos antibioacuteticos

nas atividades pecuaacuterias e de cultivo tem levado agrave

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

103

contaminaccedilatildeo dos ambientes aquaacuteticos e aacute seleccedilatildeo de

microrganismos resistentes (BILA DEZOTTI 2003)

No Brasil jaacute foram identificadas bacteacuterias resistentes aos

antibioacuteticos em aacutegua de rio (COUTINHO et al 2014) lago e

lagoa (SALLOTO et al 2012 MARTINS et al 2014) e do mar

(SALLOTO et al 2012 COUTINHO et al 2014) Tambeacutem jaacute

foram identificadas bacteacuterias resistentes em estaccedilotildees de

tratamento de esgotos (RIBEIRO 2011) em aacutegua de tanques

usados para aquicultura (CARVALHO et al 2013) e ateacute mesmo

em aacutegua de beber (LASCOWSKI et al 2013) Esse cenaacuterio se

torna mais preocupante porque em algumas regiotildees brasileiras

o uso da aacutegua apresenta certas limitaccedilotildees em decorrecircncia da

sua escassez (BEZERRA MATTOS BECKER 2011

CAMPOS 2014)

A regiatildeo semiaacuterida brasileira eacute um exemplo de como a

escassez hiacutedrica pode aumentar o problema da contaminaccedilatildeo

dos mananciais A aacutegua nessa regiatildeo eacute geralmente

armazenada a partir da construccedilatildeo de adutoras ou mesmo em

reservatoacuterios (BRANCO SINISGALLI 2011) poreacutem por natildeo

possuiacuterem um esgotamento sanitaacuterio apropriado a maioria das

comunidades usuaacuterias desses recursos hiacutedricos nessas

localidades destina seus dejetos para os corpos drsquoaacutegua e

podem levar a contaminaccedilatildeo dos reservatoacuterios (SILVA et al

2007 CIRILO 2008)

Segundo Lazzaro et al (2003) grande parte dos

reservatoacuterios da regiatildeo semiaacuterida do nordeste brasileiro

encontra-se em estado eutroacutefico ou hipertroacutefico contaminados

por bacteacuterias de importacircncia meacutedica (NASCIMENTO ARAUacuteJO

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

104

2013) podendo servir de veiacuteculo para vaacuterias doenccedilas (CIRILO

2008) Entretanto natildeo eacute apenas na regiatildeo nordeste do Brasil

que encontramos ambientes aquaacuteticos contaminados O

relatoacuterio da Agecircncia Nacional de Aacuteguas - ANA (2015) sobre a

situaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos brasileiros mostra que em todo

o paiacutes os iacutendices de qualidade da aacutegua ndashIQA apontam para uma

prevalecircncia de 43 desses recursos com qualidade variando

entre regular e ruim nas aacutereas urbanas Essa contaminaccedilatildeo eacute

associada aos baixos iacutendices de coleta e tratamento de esgoto

domeacutestico como apontam vaacuterios trabalhos desenvolvidos na

regiatildeo Norte (CUNHA et al 2004) Centro-oeste

(VASCONCELOS SERAFINI MARQUES 1999) Sul

(FUENTEFRIA FERREIRA CORCcedilAtildeO 2011) e Sudeste do

paiacutes (BARCELLOS et al 2006) e podem aumentar a incidecircncia

de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica nessas localidades (ANA

2015)

Ainda segundo o relatoacuterio da ANA (2015) na maioria

desses Estados a aacutegua das comunidades eacute usada

principalmente para irrigaccedilatildeo saneamento abastecimento

urbano e diluiccedilatildeo de efluentes Considerando a baixa qualidade

dessas aacuteguas eacute importante ressaltar que no Brasil poucos

estudos sobre a resistecircncia antimicrobiana foram realizados

sobre bacteacuterias contaminantes da aacutegua de consumo Segundo

Do Nascimento e Araujo (2014) nos uacuteltimos 25 anos a maioria

dos trabalhos realizados no Brasil sobre resistecircncia bacteriana

aos antimicrobianos nos ambientes aquaacuteticos satildeo focados na

aacuterea de aquicultura Consequentemente se faz necessaacuterio um

olhar mais cuidadoso sobre a contaminaccedilatildeo dos ambientes

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

105

aquaacuteticos principalmente pela carecircncia de trabalhos sobre a

resistecircncia bacteriana aos antibioacuteticos nesses ambientes no

Brasil

Nesse contexto a veiculaccedilatildeo de microrganismos

resistentes a um ou a vaacuterios antimicrobianos na aacutegua de

consumo utilizada pelas comunidades representa um problema

mais seacuterio principalmente em aacutereas afastadas dos grandes

centros onde ainda se observa uma carecircncia de serviccedilos de

sauacutede e as unidades especializadas em sauacutede se encontram

em cidades polos geralmente distantes de comunidades

menores e um processo infeccioso causado por uma bacteacuteria

resistente nessas circunstacircncias pode ser extremamente

perigoso

Essa preocupaccedilatildeo se fundamenta porque apesar da

carecircncia de estudos epidemioloacutegicos sobre a resistecircncia

antimicrobiana em bacteacuterias isoladas de ambientes aquaacuteticos

no Brasil trabalhos dessa natureza em outros paiacuteses mostram

o envolvimento dessas bacteacuterias em diversos processos

infecciosos nos indiviacuteduos usuaacuterios desses recursos (CABRAL

2010 CHAGAS et al 2011) e podem servir de base cientiacutefica

para as accedilotildees de sauacutede puacuteblica

Historicamente pode-se afirmar que o desenvolvimento

da microbiologia trouxe para a epidemiologia vaacuterios aspectos

que constituiram a base do modelo biomeacutedico de sauacutede-doenccedila

aceito e usado ateacute meados do seacuteculo passado quando se fez

necessaacuteria a visualizaccedilatildeo do homem como ser social que

interage com o todo natildeo apenas o bioloacutegico e foram

assumidas e incorporadas ao debate sobre sauacutede outras

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

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discussotildees e consideradas a dimensatildeo psiacutequica social e

comportamental da atual sociedade que inclui o ambiente em

que se vive (ROHLFS et al 2011)

Assim a identificaccedilatildeo de bacteacuterias resistentes aos

antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos pode se

constituir numa ferramenta de grande importacircncia para a

vigilacircncia ambiental em sauacutede uma aacuterea da vigilacircncia

epidemioloacutegica a partir do momento que assume o aumento do

risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo usuaacuteria desses recursos hiacutedricos

contaminados pela presenccedila desses microrganismos Quando

se considera que a aacutegua desses mananciais no Brasil tem sido

usada para as mais diversas atividades produtivas (ANA 2015)

o aumento da exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo a esse fator de risco

torna o identificaccedilatildeo desses microrganismos ainda mais

importante

Sendo assim este trabalho tem como objetivo propor a

discussatildeo para a inclusatildeo das bacteacuterias isoladas de ambientes

aquaacuteticos e resistentes aos antimicrobianos na lista de

indicadores de risco de sauacutede ou agravo quando da sua

identificaccedilatildeo nesses ambientes E com isso levar a

questionamentos sobre a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que

visem o controle da liberaccedilatildeo dos efluentes contaminados por

antibioacuteticos eou bacteacuterias resistentes provenientes de

atividades que faccedilam uso desses medicamentos e que possam

contaminar outros corpos dacuteaacutegua

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

107

Este estudo constitui-se de um ensaio que apresenta

uma anaacutelise sobre a resistecircncia antimicrobiana em ambientes

aquaacuteticos e propotildee a inclusatildeo dessas bacteacuterias no rol dos

fatores de risco para a populaccedilatildeo usuaacuteria desses recursos As

referecircncias bibliograacuteficas consultadas foram publicadas em

documentos oficiais e satildeo pautadas nas normas da Vigilacircncia

Ambiental em Sauacutede Tambeacutem foram usados para consulta

artigos cientiacuteficos publicados nas bases de dados LiLacs

PubMed e SciELO A pesquisa foi limitada por artigos

publicados ateacute fevereiro de 2016 e utilizou os descritores water

antibiotic resistance e survailance da Biblioteca Virtual em

Sauacutede em inglecircs portuguecircs e espanhol

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 O nuacutecleo de Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede

Na discussatildeo da resistecircncia bacteriana aos

antimicrobianos em bacterias isoladas de ambientes aquaacuteticos

a Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede se apodera de um papel

crucial dentro do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS a prevenccedilatildeo

A Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede tambeacutem conhecida por

Vigilacircncia em Sauacutede Ambiental ou em alguns casos apenas

como Vigilacircncia Ambiental eacute uma subcoordenadoria subgrupo

ou subsecretaria da Vigilacircncia Epidemioloacutegica nos Estados e

Municiacutepios Essa subcoordenadoria teve seu iniacutecio ideoloacutegico

na portaria nordm 1399 de 15 de dezembro de 1999 que inspirou

o decreto nordm3450 de 9 de maio de 2000 da Fundaccedilatildeo Nacional

de Sauacutede ndash FUNASA para a sua criaccedilatildeo (FUNASA 2002)

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

108

Esses documentos foram a base que instituiu a Instruccedilatildeo

Normativa nordm1 de 25 de setembro de 2001 para regulamentar

a atuaccedilatildeo da Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede

Segundo a FUNASA o nuacutecleo de vigilacircncia ambiental

em sauacutede eacute conceituado como

ldquo um conjunto de accedilotildees que proporciona o conhecimento e a

detecccedilatildeo de qualquer mudanccedila nos fatores determinantes e

condicionantes do meio ambiente que interferem na sauacutede

humana com a finalidade de identificar as medidas de

prevenccedilatildeo e controle dos fatores de risco ambientais

relacionados agraves doenccedilas ou outros agravos agrave sauacutederdquo

(FUNASA 2002 p8)

Ainda segundo o documento da FUNASA (2002) esse

nuacutecleo deve estar articulado com outras instituiccedilotildees publicas ou

privadas que faccedilam parte do SUS bem como com as demais

instituiccedilotildees intergrantes das aacutereas do meio ambiente

saneamento e sauacutede que adotem accedilotildees interrelacionadas com

o propoacutesito de exercer a vigilacircncia dos fatores de risco

ambientais que podem afetar a sauacutede da populaccedilatildeo

Seguindo orientaccedilatildeo da FUNASA e considerando que os

fatores ambientais abrangem componentes fiacutesicos quiacutemicos

bioloacutegicos e antroacutepicos a estrutura organizacional do nuacutecleo de

vigilacircncia em sauacutede ambiental deve se dividir em duas grandes

coordenaccedilotildees de vigilacircncia a de fatores de risco NAtildeO

bioloacutegicos e a de fatores de risco Bioloacutegicos que natildeo implica

em dissociaccedilatildeo entre si (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE

2003) (Fig 01)

Figura 01 Estrutura organizacional da Vigilacircncia Ambiental

em Sauacutede (Adaptado da FUNASA 2002)

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

109

A coordenaccedilatildeo de Vigilacircncia de fatores de risco

bioloacutegicos se divide em trecircs aacutereas 1) Vetores 2) Hospedeiros e Reservatoacuterios e 3) acidentes com animais peccedilonhentos E a coordenaccedilatildeo de Vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos se divide em cinco aacutereas 1) Qualidade da aacutegua 2) do ar 3) do solo 4) acidentes e desastres naturais e 5) contaminantes ambientais

O foco da coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco bioloacutegicos no meio ambiente eacute o agente bioloacutegico objetivando mapear as aacutereas de risco em determinados territoacuterios e as suas relaccedilotildees com a vigilacircncia epidemioloacutegica quanto agrave incidecircncia e prevalecircncia A coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos propotildee o mapeamento de aacutereas de risco baseado na presenccedila de substacircncias quiacutemicas fiacutesicas eou radiaccedilotildees ionizantes que contaminem ou alterem a qualidade dos recursos naturais e aumentem os riscos de doenccedilas decorrentes da exposiccedilatildeo Entretanto ambas as coordenaccedilotildees trabalham em conjunto para mapear aacutereas de risco para a sauacutede humana e minimizar a possibilidade de contaminaccedilatildeo do meio ambiente por agentes transmissores e o desenvolvimento de doenccedilas e agravos

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

110

32 Bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos Uma

proposta de inclusatildeo na avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua

para consumo humano

Considerando a discussatildeo sobre a contaminaccedilatildeo dos

recursos hiacutedricos por bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos faz-se necessaacuterio entender a atuaccedilatildeo da aacuterea de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano no funcionamento da vigilacircncia ambiental em sauacutede

A vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano - QUALIAacuteGUA eacute uma aacuterea da coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos que tem como objetivo o mapeamento de aacutereas de risco em determinados territoacuterios usando a qualidade da aacutegua consumida pela populaccedilatildeo distribuiacuteda por sistema de abastecimento de aacutegua ou provenientes de soluccedilotildees alternativas (coletada diretamente de mananciais superficiais poccedilos ou carros pipa) como paracircmetro Nessa avaliaccedilatildeo satildeo descritos aspectos de potabilidade com a intenccedilatildeo de assegurar a qualidade da aacutegua a fim de evitar que os usuaacuterios possam adoecer apoacutes o consumo (FUNASA 2002)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo da QUALIAacuteGUA e em situaccedilotildees consideradas de risco a sauacutede humana decorrente da maacute qualidade da aacutegua consumida eacute de crucial importacircncia o trabalho em parceria com a vigilacircncia epidemioloacutegica no que diz respeito a incidecircncia e prevalecircncia das doenccedilas e do impacto das medidas de monitoramento e controle da qualidade visando a eliminaccedilatildeo dos riscos

A aacuterea de qualidade da aacutegua da coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos poderia assim atender a problemaacutetica da resistecircncia bacteriana aos antibioacuteticos quando aponta e descreve os agentes contaminantes da aacutegua avaliada Entretanto o isolamento desses microrganismos natildeo faz parte do rol de agentes

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

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transmissores doenccedilas ou agravos da vigilacircncia ambiental em sauacutede em nenhuma das suas esferas municipal estadual ou federal Nem existem poliacuteticas puacuteblicas que objetivem fomentar a avaliaccedilatildeo da aacutegua de consumo na busca da identificaccedilatildeo desses agentes nem o controle da liberaccedilatildeo das drogas antimicrobianas nos mananciais quando descarregadas pelos setores produtivos que faccedilam uso desses agentes nas suas atividades Consequentemente tambeacutem natildeo haacute o monitoramento desses recursos para o controle da presenccedila desses organismos que poderiam ser considerados como indicadores de risco para a sauacutede da populaccedilatildeo

Nessa discussatildeo eacute importante ressaltar que o estabelecimento do nexo existente entre os fatores ambientais e a sauacutede da populaccedilatildeo se daacute por meio da seleccedilatildeo e do uso dos indicadores que satildeo definidos como ldquoum valor agregado a partir de dados e estatiacutesticas transformados em informaccedilatildeo para uso direto dos gestores Desse modo podem contribuir para aprimorar o gerenciamento e a implementaccedilatildeo de poliacuteticasrdquo (MACIEL FILHO et al 1999 p61) Segundo a European Environment Agency (EEA) o indicador eacute ldquo() uma medida geralmente quantitativa que pode ser usada para ilustrar e comunicar um conjunto de fenocircmenos complexos de uma forma simples incluindo tendecircncias e progressos ao longo do tempordquo (EEA 2005 p 7)

A partir desses conceitos pode-se dizer que os indicadores agregam valores aos dados avaliados e convertem as informaccedilotildees para o uso direto Um exemplo dessa afirmaccedilatildeo estaacute no uso do indicador de contaminaccedilatildeo microbioloacutegica da aacutegua por material fecal humano em um determinado manancial avaliado (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2011) Quando se usa esse indicador nas amostras satildeo identificadas certas bacteacuterias (no caso Escherichia coli) expressas em Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de aacutegua Esses valores satildeo agregados e resumidos e entatildeo convertidos por meio de

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

112

caacutelculos estatiacutesticos os quais satildeo analisados e apresentados como indicadores

Para ser considerado um bom indicador a medida selecionada deve 1) ser a mais especiacutefica possiacutevel para a questatildeo tratada 2) ser sensiacutevel agraves mudanccedilas nas condiccedilotildees de interesse 3) ser cientificamente confiaacutevel 4) ser imparcial e representativa das condiccedilotildees avaliadas e 5) deve propiciar o maacuteximo de benefiacutecio e utilidade (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2011) Nesse contexto as bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos atendem a todos esses criteacuterios

Sendo assim quando avaliadas dentro das diretrizes que norteiam e controlam as atividades do nuacutecleo de vigilacircncia ambiental em sauacutede de que versa a legislaccedilatildeo da FUNASA percebe-se que a inclusatildeo das bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos como indicadores de risco para a sauacutede da populaccedilatildeo coaduna com o propoacutesito da Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede

Considerando as normas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2011) e da FUNASA (2002) que regulam o funcionamento da Vigilacircncia em Sauacutede apresentamos como proposta principal a inclusatildeo das bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos como parte das anaacutelises na aacuterea de qualidade da aacutegua para consumo humano da coordenaccedilatildeo de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos e propomos as seguintes accedilotildees para o nuacutecleo de vigilacircncia ambiental em sauacutede

1) A indicaccedilatildeo das bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos isoladas de aacutegua pra consumo humano como um dos indicadores de risco para a sauacutede humana

2) A anaacutelise microbioloacutegica perioacutedica da aacutegua dos reservatoacuterios utilizados para consumo humano tendo como foco principal a pesquisa da resistecircncia antimicrobiana nas bacteacuterias isoladas

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

113

3) O monitoramento das condiccedilotildees de funcionamento e liberaccedilatildeo dos resiacuteduos das atividades agriacutecolas e de produccedilatildeo e abate de animais que potencialmente utilizam esses medicamentos em suas atividades e contaminam a aacutegua dos manaciais e

4) A formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e parcerias entre os diferentes niacuteveis de gestatildeo a fim de facilitar o acompanhamento o controle e a mitigaccedilatildeo dos efeitos e dos riscos que a contaminaccedilatildeo ambiental por bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos podem trazer para a sauacutede da populaccedilatildeo

Dentro dessa proposta a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees isoladamente ou em parceria com os atores das diversas esferas deve contar com o apoio da FUNASA No acircmbito do SUS estaacute previsto que a FUNASA fomentaraacute e apoiaraacute a estruturaccedilatildeo da aacuterea de vigilacircncia ambiental em sauacutede nas Secretarias Estaduais de Sauacutede e nas Secretarias Municipais de Sauacutede por meio da Programaccedilatildeo Pactuada Integrada de Epidemiologia e Controle de Doenccedilas ndash PPI-ECD e de projetos estruturantes com apoio financeiro do Projeto VIGISUS e outras fontes de financiamento que venham a ser identificadas (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2003)

Vale salientar que o levantamento destes dados e a sua anaacutelise incluindo a coleta de amostras para exames laboratoriais e o cruzamento dessas informaccedilotildees com outras variaacuteveis epidemioloacutegicas e ambientais forneceratildeo subsiacutedios para o planejamento de programas e accedilotildees de prevenccedilatildeo e de controle do risco de contaminaccedilatildeo

Nessa temaacutetica se faz importante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo humana a contaminaccedilatildeo de mananciais como lagos lagoas e rios e a ingestatildeo de aacutegua contaminada devido agrave falta de saneamento trazem um grande risco agrave sauacutede elevando a concentraccedilatildeo de microrganismos resistentes no meio ambiente e facilitando a transferecircncia de genes de resistecircncia a patoacutegenos humanos Desse modo a investigaccedilatildeo de microrganismos aquaacuteticos (NASCIMENTO

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

114

ARAUacuteJO 2013) bem como a implementaccedilatildeo de medidas de contenccedilatildeo que impeccedilam a contaminaccedilatildeo hiacutedrica aliadas a estudos de mecanismos de resistecircncia a antibioacuteticos se fazem necessaacuterios para o controle da disseminaccedilatildeo da resistecircncia bacteriana nesses ambientes (MARTIacuteNEZ 2008 MARTIacuteNEZ BAQUERO 2014)

4 CONCLUSOtildeES

Considerando a resistecircncia antimicrobiana um grave

problema mundial e que os mananciais tecircm sido contaminados por bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos propomos neste artigo 1) a inclusatildeo desses microrganismos como indicadores de risco para a sauacutede humana 2) a anaacutelise microbioloacutegica perioacutedica da aacutegua dos reservatoacuterios utilizados para consumo humano tendo como foco principal a pesquisa da resistecircncia antibioacutetica nas bacteacuterias isoladas 3) o monitoramento das condiccedilotildees de funcionamento e liberaccedilatildeo dos resiacuteduos das atividades agriacutecolas e de produccedilatildeo e abate de animais que potencialmente utilizam esses medicamentos em suas atividades e contaminam a aacutegua dos mananciais e 4) a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e de parcerias entre os diferentes niacuteveis de gestatildeo a fim de facilitar o acompanhamento o controle e a mitigaccedilatildeo dos efeitos e dos riscos que a contaminaccedilatildeo ambiental por bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos podem trazer para a sauacutede da populaccedilatildeo REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

118

CAPIacuteTULO 7

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute

NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO ALEGRE (MA)

Maria Raimunda Chagas SILVA1

Eduardo Henrique Costa RODRIGUES 2

Cristiane Dominice MELO 1 Tatiana Cristina Santos de CASTRO1

1Professora Pesquisadoura do Departamento de Engenharia AmbientalUNICEUMA 2Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Ambientais Instituto de Ciecircncia e Tecnologia

Unespmarirahgmailcom

RESUMO A dinacircmica da qualidade dos sedimentos foi utilizada como forma de avaliar a qualidade ambiental da Bacia do rio Pindareacute O objetivo principal deste trabalho foi avaliar os paracircmetros fiacutesicos e quiacutemicos do sedimento da regiatildeo do meacutedio curso do rio Pindareacute O sedimento foi amostrado em trecircs pontos distintos entre os anos de 2010 a 2011 durante o periacuteodo de estiagem e chuvas na regiatildeo Foram realizadas coletas de sedimento para determinaccedilatildeo da granulometria carbono mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica Os resultados das anaacutelises apontaram uma predominacircncia da fraccedilatildeo areia e silte no material sedimentar com baixos teores de mateacuteria orgacircnica podendo este ser classificado como de natureza mineral Visualmente o rio apresenta desmatamento em suas margens comprometendo assim a sustentabilidade da bacia Concluiu-se que os resultados mostraram que o rio Pindareacute natildeo possui uma boa qualidade ambiental para coluna de sedimentos em funccedilatildeo dos impactos ambientais sofridos pelo rio e refletidos na mateacuteria orgacircnica granulometria e carbono As caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas do sedimento foram de extrema importacircncia

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

119

na dinacircmica do ecossistema aquaacutetico sendo que os valores encontrados estatildeo abaixo do estipulado pela resoluccedilatildeo CONAMA05 isso eacute considerado um bom sinal de conservaccedilatildeo na manutenccedilatildeo da vida aquaacutetica Palavras-chave Granulometria Mateacuteria Orgacircnica Carbono

Orgacircnico

1 INTRODUCcedilAtildeO

O planejamento ambiental sobre o qual as accedilotildees de uso

adequado dos recursos naturais precisam ser expressas sobre

uma dimensatildeo geograacutefica apresenta a bacia hidrograacutefica como

a grande unidade para a concepccedilatildeo do planejamento e a

execuccedilatildeo de projetos na aacuterea de meio ambiente (ATLAS DO

MARANHAtildeO 2002)

O Estado do Maranhatildeo possui um grande potencial

hiacutedrico formado principalmente por bacias hidrograacuteficas bacias

lacustres e aacuteguas subterracircneas ocupando uma aacuterea territorial

de 325650 kmsup2 (MARANHAtildeO 2006) Genuinamente o

Maranhatildeo possui nove bacias hidrograacuteficas (ATLAS DO

MARANHAtildeO 2002 BACIAS DO NORDESTE 2014) Os rios

maranhenses satildeo caracterizados por sua grande extensatildeo e

volume de aacutegua A bacia do Pindareacute eacute a terceira em termos de

aacuterea e possui um dos maiores potenciais hiacutedricos a ser utilizado

para o abastecimento da capital do Estado

O municiacutepio de Pindareacute - Mirim possui aacuterea de 245 kmsup2

e sua populaccedilatildeo eacute de 31145 habitantes Teve o seu topocircnimo

alterado para Pindareacute-Mirim pelo decreto-lei Estadual nordm 820

de 30 de dezembro de 1943 desmembrado de Vitoacuteria do

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

120

Mearim Localiza-se na mesorregiatildeo oeste maranhense e

possui coordenada de 03deg 36rsquo 30 latitude e 45deg 20 36

longitude (IBGE 2010)

A bacia do rio Pindareacute estaacute localizada na porccedilatildeo

Noroeste do Estado do Maranhatildeo ocupando uma aacuterea de

40400 km2 correspondendo 12 do Estado (SEMATUR

1991) O rio Pindareacute principal afluente do rio Mearim nasce nas

elevaccedilotildees que formam o divisor de aacuteguas entre as bacias

hidrograacuteficas dos rios Mearim e Tocantins nas proximidades da

cidade de Amarante em cotas da ordem de 300m tem como

principais afluentes os rios Buriticupu Negro Paragominas

Zutiua Timbira Aacutegua Preta e Santa Rita

A principal atividade econocircmica da regiatildeo eacute a agropecuaacuteria O solo eacute caracterizado como latossolo Amarelo e Podzoacutelico Vermelho Amarelo A cobertura vegetal eacute classificada como Floresta Ombroacutefila Densa (ATLAS 2002) A vegetaccedilatildeo ciliar marginal apresenta baixos iacutendices de conservaccedilatildeo predominantemente nas cidades que se desenvolveram as margens do rio sendo a ocupaccedilatildeo antroacutepica a principal causa da erosatildeo das margens e assoreamento do rio

O sedimento satildeo caracteriacutesticas geoquiacutemicas e

mineraloacutegicas importante para os ecossistemas aquaacuteticos de

grande importacircncia na avaliaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo

A sua capacidade acumular elementos-traccedilo os metais mas

tambeacutem por serem reconhecidos como transportadores e

possiacuteveis fontes de contaminaccedilatildeo pode liberar espeacutecies

contaminantes que satildeo geralmente liberadas do leito do

sedimento devido a alteraccedilotildees nas condiccedilotildees ambientais e

fiacutesico-quiacutemicas (SILVA 2014)

De acordo com Atlas de Saneamento e Sauacutede do IBGE

lanccedilado em 2011 considerando os municiacutepios que declararam

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poluiccedilatildeo ou contaminaccedilatildeo juntos o esgoto sanitaacuterio os

resiacuteduos de agrotoacutexicos e a destinaccedilatildeo inadequada do lixo

foram relatados como responsaacuteveis por 72 das incidecircncias de

poluiccedilatildeo na captaccedilatildeo em mananciais superficiais 54 em

poccedilos profundos e 60 em poccedilos rasos (IBGE 2011) Assim

nota-se que industrializaccedilatildeo e agricultura geram quantidades de

resiacuteduos quiacutemicos que se concentram no ambiente podendo se

caracterizar como potencialmente poluentes a investigaccedilatildeo

sobre a qualidade do sistema hiacutedrico pode ser feita tomando

como referecircncia a anaacutelise da aacutegua ou do sedimento (SINGH et

al 1997)

Deve-se ressaltar que o uso natildeo sustentaacutevel dos recursos naturais na bacia de drenagem particularmente dos solos transforma zonas agriacutecolas e urbanas em aacutereas produtoras de sedimentos e poluentes os quais satildeo transferidos ao longo dos anos para os corpos drsquoaacutegua resultando em prejuiacutezos do ponto de vista social econocircmico e ecoloacutegico Os sedimentos revelam a integraccedilatildeo de todos os processos bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos que ocorrem em um ecossistema aquaacutetico (PANE apud BRONDI 2008)

O objetivo principal deste trabalho foi avaliar os

paracircmetros fiacutesicos e quiacutemicos do sedimento da regiatildeo do meacutedio

curso da Bacia do rio Pindareacute especificamente para os

municiacutepios de Pindareacute-Mirim Tufilacircndia e Alto Alegre gerando

informaccedilotildees uacuteteis ao delineamento de propostas de

conservaccedilatildeo e gerenciamento para a regiatildeo e para subsidiar o

Projeto Pindareacute (lsquoBacia do Pindareacute Ferramentas para

conservaccedilatildeo e manejo integrado dos recursos naturais

Maranhatildeo Brasilrsquo apoiado pelo programa Capes-

Wageningen) na busca de soluccedilotildees para os problemas

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

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evidenciados e para um melhor aproveitamento das

potencialidades locais

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Aacuterea de Estudo

O rio Pindareacute na Figura (1) eacute segundo Pompecirco

Moschini- Carlos e Silva-Filho (2002) um rio tropical localizado

na Preacute-Amazocircnia Maranhense estando sua bacia hidrograacutefica

sujeita aos regimes climaacuteticos caracteriacutesticos das regiotildees norte

(elevada pluviosidade) e nordeste (periacuteodos prolongados de

estiagem) (RODRIGUES et al 2015) Este rio representa o

principal afluente do rio Mearim

O rio nasce nas elevaccedilotildees que formam o divisor de aacuteguas

das bacias hidrograacuteficas dos rios Mearim e Tocantins

possuindo um percurso total de aproximadamente 686 km

(BACIAS DO NORDESTE 2000)

A bacia hidrograacutefica do rio Pindareacute tem aproximadamente

44400 kmsup2 de aacuterea estando situada na regiatildeo centro-ocidental

do estado fazendo parte do bioma Preacute-Amazocircnia do Maranhatildeo

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

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Figura 1 Localizaccedilatildeo da bacia do rio Pindareacute nos municiacutepios de Pindareacute-mirim Tufilacircndia e Alto AlegreMA

Fonte autor

Caracterizaccedilotildees Fiacutesicas e Quiacutemicas do Sedimento

O sedimento foi amostrado em um intervalo de 12

meses em periacuteodos sazonais distintos periacuteodo seco

(agosto2010 e novembro2011) e chuvoso (maio 2010 e maio

2011) em trecircs pontos distribuiacutedos ao longo do rio Pindareacute sob

jurisdiccedilatildeo dos municiacutepios de Pindareacute-Mirim Alto Alegre e

Tufilacircndia sendo que neste uacuteltimo foi coletado quatro pontos

por se tratar da localidade mais problemaacutetica contendo altos

iacutendices de assoreamento e desmatamento

As coletas foram realizadas em aacutereas de remanso onde

ocorre maior acuacutemulo de material fino com o auxiacutelio do tubo de

PVC de 50 cm de comprimento e 5 cm de diacircmetro O material

retirado foi homogeneizado em balde de plaacutestico e

acondicionado em sacos de polietileno etiquetados e mantidos

em caixas de isopor com gelo e transportados ao laboratoacuterio

de Geoquiacutemica Ambiental da UFMA para fins de caracterizaccedilatildeo

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

124

fiacutesica e quiacutemica A granulometria foi determinada por meio de

processamento mecacircnico com auxiacutelio de peneiras em

combinaccedilatildeo com a teacutecnica de pipetagem (lei de Stocks) A

classificaccedilatildeo textural do material teve como referecircncia a escala

granulomeacutetrica de Wentworth (1922) Os dados gerados foram

processados estatisticamente em software Sysgran

A anaacutelise de carbono orgacircnico foi efetuada atraveacutes do

meacutetodo de Walkley ndash Black modificado (GAUDETTE et al

1974) A determinaccedilatildeo do teor de mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica

nos sedimentos foi realizada atraveacutes do procedimento padratildeo

de incineraccedilatildeo (APHA 2005)

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31Caracteriacutesticas dos sedimentos

Observado que os sedimentos de fundo desempenham

um papel importante no esquema de poluiccedilatildeo dos rioseles

refletem a qualidade corrente do sistema aquaacutetico e podem ser

usados para detectar a presenccedila de contaminantes Mais do

que isso os sedimentos agem como carreadores e possiacuteveis

fontes de poluiccedilatildeo que natildeo satildeo permanentemente fixados por

eles e podem ser ressolubilizados para a aacutegua por mudanccedilas

nas condiccedilotildees ambientais

A partir dos graacuteficos de distribuiccedilatildeo granulomeacutetricas dos

sedimentos nos pontos amostrados foi possiacutevel verificar as

porcentagens de argila silte areia e pedregulho como mostra

a Figura (2) Os resultados mostraram uma variaccedilatildeo

granulomeacutetrica na composiccedilatildeo do sedimento onde foi

observada uma maior participaccedilatildeo da fraccedilatildeo areia para todos

os pontos

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

125

Em Alto Alegre as porcentagens para a argila tiveram

uma variaccedilatildeo entre 001 (P3 maio10) e 1856 (P3 nov10)

para o silte foi entre 036 (P3 ago11) e 3459 (P1 maio10)

Quanto agrave areia as porcentagens ficaram entre 6532 (P1

maio10) e 8896 (P1 ago11) Jaacute o pedregulho ficou entre

000 (P1 P2 ago11) e 024 (P3 nov10)

A granulometria apresentou uma porcentagem muito

grande da fraccedilatildeo areia e silte para os sedimentos que compotildeem

os substratos da bacia do rio Pindareacute para os municiacutepios em

questatildeo provavelmente em funccedilatildeo da proximidade do trecho

fluvial com as aacutereas desmatadas tornando os solos mais

vulneraacuteveis agrave erosatildeo

Os resultados mostraram que as maiores porcentagens

de areia e argila foram obtidas no periacuteodo seco jaacute o silte se

apresentou mais elevado no periacuteodo chuvoso para todos os

municiacutepios Variaccedilotildees semelhantes foram observadas por

(SILVA 2002) em trabalho realizado na bacia hidrograacutefica do

rio Moji-Guaccedilu

Para o municiacutepio de Tufilacircndia os valores das

porcentagens de argila apresentaram uma variaccedilatildeo entre

001 (P2 P3 e P4 maio10) e 565 (P2 nov10) As

porcentagens obtidas para o silte ficaram entre 014 (P3 mai

11) e 2984 (P4 maio10) Para a fraccedilatildeo areia a variaccedilatildeo ficou

entre 6105 (P1 ago11) e 9788 (P2 nov10) jaacute para o

pedregulho as porcentagens ficaram entre 000 (P1 P2 e P4

nov10 e P3 ago11) e 178 (P2 ago11)

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

126

Figura 2 Distribuiccedilatildeo das classes texturais em amostras de sedimento nos periacuteodos seco e chuvoso de trecircs municiacutepios (Pindareacute- Mirim Tufilacircndia e Alto AlegreMA) em 2010 e 2011

Fonte autor

Quanto ao municiacutepio de Pindareacute ndash Mirim os valores das

porcentagens de argila apresentaram uma variaccedilatildeo entre

001 (P3 maio10) e 155 (P1 nov11) A fraccedilatildeo silte ficou

entre 700 (P1 nov10) e 3335 (P2 nov10) Em relaccedilatildeo a

areia a variaccedilatildeo ficou entre 634 (P2 nov10) e 9145 (P1

nov10) jaacute pedregulho ficou entre 000 (P1 P2 e P4 nov10 e

P3 ago11)

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ALEGRE (MA)

127

Em Tufilacircndia as porcentagens para o periacuteodo seco

ficaram com meacutedia entre 362 (P4) e 1561 (P1) e no

periacuteodo chuvoso foram entre 425 (P4) e 558 (P1) Jaacute para

Alto Alegre as porcentagens meacutedias ficaram entre 189 (P1)

e 511 (P2)

Em relaccedilatildeo agrave variabilidade das porcentagens de mateacuteria

inorgacircnica para o municiacutepio de Pindareacute-Mirim foram registradas

meacutedias entre 9521 (P3) e 9855 (P2) no periacuteodo seco e

entre 9565 (P3) e 9817 (P2) no chuvoso Para Tufilacircndia

as porcentagens meacutedias ficaram entre 8439 (P1) e 9638

(P4) no periacuteodo seco e no chuvoso entre 9441 (P1) e 9624

(P4)

Jaacute em Alto Alegre foram obtidos no periacuteodo seco

porcentagens entre 9488 (P2) e 9815 (P1) e 9495 (P2)

e 9841 (P1) pra o periacuteodo chuvoso como mostra a Figura

(3)

Com relaccedilatildeo agrave anaacutelise dos sedimentos os baixos teores

de mateacuteria orgacircnica encontrados estatildeo provavelmente

relacionados agrave raacutepida reciclagem de detritos orgacircnicos no

ecossistema devido agrave aacuterea ser pobre de material orgacircnico e a

localidade vem sendo desprovida de matas ciliares devido os

desmatamentos nas margens do rio

Portanto permitindo assim o seu acuacutemulo no sedimento

O papel significativo que os sedimentos desempenham nos

ecossistemas aquaacuteticos eacute bem conhecido Aleacutem de fornecerem

habitat para muitos organismos aquaacuteticos atuam tambeacutem como

fonte e depoacutesito e materiais orgacircnicos e inorgacircnicos De acordo

com o tempo de residecircncia na aacutegua do rio pode ocorrer uma

maior ou menor sedimentaccedilatildeo dos materiais orgacircnicos e

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ALEGRE (MA)

128

inorgacircnicos trazidos via entradas pontuais ou difusas (SILVA

2002)

Figura 3 Porcentagem de mateacuteria orgacircnica (MO) mateacuteria inorgacircnica (MI) e carbono orgacircnico (CO) em amostras de sedimento no periacuteodo seco ou estiagem e chuvoso no medeio curso do rio Pindareacute

Fonte autor

Somente o municiacutepio de Tufilacircndia apresentou as uma quantidade significativa

de porcentagem de mateacuteria orgacircnica relacionada aos outros pontos dos municiacutepios

(SILVA 2002) em estudos realizados na bacia do rio Balsas ndash

MA no periacuteodo de novembro de 2002 apresentou dados de

porcentagem de mateacuteria orgacircnica que variaram entre 17 e

37 e inorgacircnica entre 959 e 978 esses valores satildeo

comparados com alguns dos pontos amostrados neste estudo

Essa condiccedilatildeo associada ao predomiacutenio de mateacuteria inorgacircnica

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129

e agrave acidez do sedimento de fundo favorece a liberaccedilatildeo de

minerais para a coluna dacuteaacutegua segundo Esteves (2011) mateacuteria

orgacircnica abaixo de 10 em relaccedilatildeo agrave mateacuteria inorgacircnica

constata-se o risco de contaminaccedilatildeo ambiental

O carbono orgacircnico eacute importante desde a produccedilatildeo

primaacuteria as cadeias alimentares e a sucessatildeo bioloacutegica Esta

variaacutevel apresentou porcentagens meacutedias entre 646 (P3) e

677 (P1) no periacuteodo seco e no chuvoso entre 621 (P1) e

655 (P2) em anaacutelises realizadas em Pindareacute-Mirim

Em Tufilacircndia as porcentagens ficaram entre 632 (P1)

e 743 (P4) no periacuteodo seco e no periacuteodo chuvoso entre

515 (P4) e 599 (P3)

Jaacute para Alto Alegre as porcentagens meacutedias para o

periacuteodo seco ficaram entre 648 (P2) e 665 (P3) e no

periacuteodo chuvoso obteve meacutedias entre 482 (P1) e 597 (P3)

A meacutedia e o desvio padratildeo para o Pindareacute- Mirim MO (315 e

1334) MI (9684 e 1733) e CO (636 e 0376) para

Tufilacircndia MO (440 e 0993) MI (9560 e 0993) e CO

(605 e 0750) e Alto Alegre MO (331 e 1395) MI (9668

e 1395) e CO (602 e 0650)

4 CONCLUSOtildeES

Este estudo confirma a complexidade natural dos

ecossistemas estudados bem como sua elevada fragilidade

ambiental frente agraves accedilotildees antroacutepicas como exposto nos

resultados onde mostraram grande influecircncia Considerando

que a regiatildeo eacute densamente povoada esses resultados

demonstram que aleacutem da entrada de origem natural haacute uma

expressiva entrada de material oriundo da accedilatildeo antroacutepica de

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ALEGRE (MA)

130

uso e ocupaccedilatildeo do solo tais como efluentes domeacutesticos e

resiacuteduos em decorrecircncia das praacuteticas de atividades de lazer Em relaccedilatildeo agrave anaacutelise granulomeacutetrica pode-se perceber que haacute um predomiacutenio maior de areia e silte em todos os pontos de amostragens

Isso se deve ao fato da proximidade das mesmas com as aacutereas desmatadas e pela

falta de vegetaccedilatildeo que leva aacuterea a ficar desprotegida onde a erosatildeo ocorre As caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas do sedimento foram de extrema importacircncia na dinacircmica do ecossistema aquaacutetico sendo que os valores encontrados estatildeo abaixo do estipulado pela resoluccedilatildeo CONAMA05 isso eacute considerado um bom sinal de conservaccedilatildeo na manutenccedilatildeo da vida aquaacutetica

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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131

PANE J S BRONDI S H G Anaacutelise quiacutemica de sedimentos de represas da Embrapa Pecuaacuteria Sudeste In CONGRESSO DE INICIACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA 162008 Satildeo Carlos Anais de Eventos da UFSCar v4 2008 p1010 Disponiacutevel em lthttpict2008nitufscarbrcicuploadsC28C28-062pdfgt Acesso em 10 jun 2014 POMPEcircO M L M MOSCHINI-CARLOS V SILVA-FILHO G C Transporte de Nitrogecircnio Foacutesforo e Seston em trecircs rios Preacute-amazocircnicos (estado do Maranhatildeo Brasil) Bioikos Vol 16 nordm 12 p 29-39 2002 RODRIGUES et al Variaccedilatildeo temporal do fitoplacircncton em um rio tropical preacute-amazocircnico (Rio Pindareacute Maranhatildeo Brasil) Ciecircncia e Natura Vol 37 nordm 2 p 241 ndash 251 2015 SEMATUR Diagnoacutestico dos Principais Problemas Ambientais do Estado do Maranhatildeo Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Turismo Satildeo Luiacutes 199 p19 SILVA C M R Estudo de Sedimento da Bacia Hidrograacutefica do Mogi- Guaccedilu com ecircnfase na Determinaccedilatildeo de Metais Pesados 2002 98f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Instituto de Quiacutemica de Satildeo Carlos Universidade de Satildeo Paulo SINGH M ANSARI A A MUumlLLER G SINGH I B Heavy metals in freshly deposited sediments of the Gomati River (a tributary of the Ganga River) effects of human activities Environ Geol v 29 n 3-4 p 246-252 1997 SILVA da V L caracterizaccedilatildeo fiacutesico ndash quiacutemica da aacutegua e sedimento do rio pindareacute nos trechos correspondentes aos municiacutepios de pindareacute- mirim tufilacircndia e alto alegre (ma) 2014 29f Monografia (Graduaccedilatildeo) Universidade Federal do Maranhatildeo Satildeo Luiacutes 2014

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

132

CAPIacuteTULO 8

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

Patriacutecia Silva CRUZ1

Leandro Gomes VIANA2

Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOS3 1 Doutoranda Universidade Estadual da Paraiacuteba ndash UEPB

2 Mestrando Universidade Estadual da Paraiacuteba-UEPB

3 Orientadora Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Ambiental - UEPB

E-mail patriciacruz_biologahotmailcom

RESUMO O presente estudo traz uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a ocorrecircncia das cianobacteacuterias em mananciais de abastecimento puacuteblico da regiatildeo semiaacuterida e suas consequecircncias para a sauacutede puacuteblica uma vez que o registro de floraccedilotildees de algas e cianobacteacuterias vecircm aumentando em intensidade e frequecircncia com dominacircncia de cianobacteacuterias durante grande parte do ano nos sistemas aquaacuteticos da regiatildeo semiaacuterida As floraccedilotildees toacutexicas satildeo consideradas como um dos maiores problemas em ecossistemas de aacutegua doce ocasionando efeitos na ciclagem de nutrientes e na biodiversidade deterioraccedilatildeo da qualidade da aacutegua aleacutem de danos agrave sauacutede humana principalmente em aacutereas com escassez de aacutegua em virtude do seu potencial em produzir e liberar cianotoxinas para o meio Essas cianotoxinas podem afetar a sauacutede humana atraveacutes do contato em atividades de recreaccedilatildeo como tambeacutem atraveacutes da ingestatildeo destas na aacutegua ou ainda acumularem nos tecidos dos organismos aquaacuteticos Outro fator relevante eacute o fato de que as cianotoxinas natildeo satildeo removidas pelo sistema de tratamento convencional aleacutem de

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

133

poderem ter sua concentraccedilatildeo aumentada durante o processo em virtude da lise celular onde dessa forma a aacutegua ldquopotaacutevelrdquo funciona como fonte de exposiccedilatildeo agrave populaccedilatildeo sendo assim necessaacuterio o monitoramento da aacutegua de mananciais de abastecimento de forma estabelecida pela legislaccedilatildeo vigente a fim de evitar riscos potenciais adversos agrave sauacutede humana e garantir o controle da qualidade da aacutegua oferecida agrave populaccedilatildeo Palavras- Chave Semiaacuterido Cianobacteacuterias Cianotoxinas

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil os reservatoacuterios com usos muacuteltiplos apresentam

o processo de eutrofizaccedilatildeo acelerado degradando a qualidade

das aacuteguas pela elevada entrada de nutrientes e

consequentemente pela formaccedilatildeo de floraccedilotildees de

cianobacteacuterias (BECKER et al 2009 SOARES et al 2009)

Em estados avanccedilados de eutrofizaccedilatildeo pode ocorrer a

proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias em detrimento de outras

espeacutecies aquaacuteticas Muitos gecircneros desses microrganismos

quando submetidos a determinadas condiccedilotildees ambientais

podem produzir toxinas que tecircm efeitos diretos sobre a sauacutede

humana e provocam aumento nos custos para o tratamento da

aacutegua

O registro de floraccedilotildees vem aumentando em intensidade e

frequecircncia com dominacircncia de cianobacteacuterias durante grande

parte do ano sobretudo em reservatoacuterios (SOARES et al

2009 2012) Vaacuterios estudos tem reportado a dominacircncia

desses organismos em mananciais de abastecimento puacuteblico

As floraccedilotildees de cianobacteacuterias potencialmente toacutexicas eacute um

seacuterio problema de sauacutede puacuteblica principalmente em aacutereas com

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

134

escassez de aacutegua como eacute o caso da regiatildeo semiaacuterida brasileira

(OLIVEIRA 2012)

As cianotoxinas estatildeo predominantemente no meio

intracelular poreacutem podem ser encontradas dissolvidas no meio

liacutequido apoacutes a lise celular (MEDEIROS 2013) Por isso os

oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica apresentam grandes preocupaccedilotildees

em relaccedilatildeo agrave presenccedila desses compostos em aacutegua de

abastecimento humano principalmente apoacutes a trageacutedia de

Caruaru no Brasil episoacutedio onde as floraccedilotildees de

cianobacteacuterias toacutexicas foram reconhecidas como um problema

de sauacutede puacuteblica Diante do exposto o presente estudo

objetivou a elaboraccedilatildeo de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a

ocorrecircncia de floraccedilotildees de cianobacteacuterias nos mananciais da

regiatildeo semiaacuterida utilizados para abastecimento e suas

implicaccedilotildees na sauacutede puacuteblica

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

No presente estudo foi realizada uma revisatildeo

bibliograacutefica Para tanto foram utilizados como bancos de

dados o Scielo (lthttpwwwscieloorgphpindexphpgt)

Science Direct (lthttpwwwsciencedirectcomgt) e o Portal de

Perioacutedicos CAPES (lthttpwwwperiodicoscapesgovbrgt) Os

acessos foram realizados no periacuteodo de 02 de Janeiro de 2016

a 05 de Maio de 2016

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

135

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Floraccedilotildees de Cianobacteacuterias em Mananciais de

Abastecimento

Nos uacuteltimos anos tem aumentado consideravelmente o

nuacutemero de registros de floraccedilotildees de cianobacteacuterias toacutexicas em

importantes reservatoacuterios brasileiros assim como a criaccedilatildeo de

programas de monitoramento

A ocorrecircncia de cianobacteacuterias tem sido dominante em

periacuteodos de floraccedilotildees do fitoplacircncton quer em ambientes de

reservatoacuterios lagoas costeiras rios lagos de inundaccedilatildeo quer

em outros lagos naturais (FERREIRA 2009)Estudo realizados

por Calijuri et al (2006) confirmam a ocorrecircncia de cepas

toacutexicas de cianobacteacuterias em corpos drsquoaacutegua utilizados para

abastecimento puacuteblico nos estados de Satildeo Paulo Rio de

Janeiro Minas Gerais Paraacute Paranaacute Bahia Pernambuco Rio

Grande do Norte Cearaacute Sergipe e Distrito Federal

Um levantamento dos estudos brasileiros sobre

cianobacteacuterias evidencia que as floraccedilotildees com potencial de

toxicidade tecircm aumentado significativamente em todo paiacutes

(AZEVEDO JARDIM 2006) onde Santanna et al (2008)

observaram um total de 32 espeacutecies de cianobacteacuterias toacutexicas

De acordo com Azevedo (2005) dos 26 estados brasileiros em

11 jaacute foram identificadas espeacutecies toacutexicas entretanto estes

dados natildeo satildeo recentes Bittencourt-Oliveira Santos Moura

(2010) citam as espeacutecies Microcystis aeruginosa M

panniformis M novacekii Planktothrix agardhii e o gecircnero

Anabaena como os mais frequentes em corpos aquaacuteticos no

Brasil

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

136

Na regiatildeo do nordeste brasileiro grande parte das

pesquisas evidencia que a Cylindropermopsis raciborskii vem

ocorrendo com muita frequecircncia por vezes dominado a

comunidade fitoplanctocircnica e formando floraccedilotildees mistas com

outras cianobaacutecterias (COSTA et al 2006) Esses autores

verificaram nesta pesquisa que as cianobacteacuterias que se

destacaram formando floraccedilotildees com Cylindropermopsis

raciborskii foram Pseudanabaena sp Pseudanabaena

catenata Merismopedia sp Planktothrix agardhii e Oscillatoria

sp que satildeo espeacutecies potencialmente produtoras de toxinas

A ocorrecircncia de floraccedilotildees de cianobacteacuterias e a presenccedila

de cianotoxinas no nordeste do Brasil foram relatadas por

Teixeira et al (1993) que registraram indiacutecios de 2000 casos

de gastroenterite em Paulo Afonso cidade proacutexima ao

reservatoacuterio de Itaparica no estado da Bahia e associaram a

epidemia da doenccedila a proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias observada

no reservatoacuterio

No estado do Cearaacute Pacheco (2009) estudando a classe

Cianobacteria no accedilude Acarape do Meio verificou que as

espeacutecies Cylindropermopsis raciborskii e a Planktothrix agardhii

estavam presente em todas as 7 estaccedilotildees estudadas e que a

primeira apresentou densidade acima de 50 e dominacircncia em

5 dos 7 pontos amostrados durante aproximadamente oito

meses enquanto a segunda apresentou dominacircncia em dois

pontos durante dois meses

Em anaacutelise da comunidade fitoplanctocircnica de 9

reservatoacuterios localizados em 5 bacias hidrograacuteficas do Estado

do Cearaacute Barros (2013) verificou a dominacircncia de

cianobacteacuterias nestes mananciais frequentemente maior que

90 da biomassa total onde a Cylindrospermopsis raciborskii

foi evidenciada em todos os reservatoacuterios estudados sendo

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

137

dominante em trecircs reservatoacuterios Serafim Dias (60) accedilude do

Coronel (73) e Acarape do Meio (64) No reservatoacuterio

Thomaz Osterne de Alencar no municiacutepio de CratondashCE

verificou-se que a espeacutecie Pseudanabaena sp destacou-se

quanto agrave frequecircncia de ocorrecircncia estando presente em 100

das amostras e sendo classificada como uma das espeacutecie

abundantes no citado manancial (RANGEL et al 2013)

No estado do Rio Grande do Norte estudos em

ecossistemas aquaacuteticos eutroacuteficos foram reportados nas

uacuteltimas deacutecadas apontando a dominacircncia de cianobacteacuterias

potencialmente produtoras de toxinas (CHELLAPPA BORBA

ROCHA 2008 COSTA et al 2009 BRASIL 2011)

Estudos de Costa et al (2006) no reservatoacuterio Armando

Ribeiro Gonccedilalves (RN) segundo maior reservatoacuterio da Regiatildeo

(24 x 109 m3) e que fornece aacutegua para 400 mil habitantes

detectaram na aacutegua bruta concentraccedilotildees de saxitoxina de 314

μgL-1 e de 88 μgL-1 de microcistina enquanto na tratada 016

μgL-1

No mesmo estado Panosso et al (2007) ao realizar um

monitoramento de cianobacteacuterias cianotoxinas e medidas de

controle de floraccedilotildees em cinco reservatoacuterios (Gargalheiras

Parelhas Itans Passagem das Traiacuteras e Sabugi) relata a

ocorrecircncia de espeacutecies potencialmente toacutexicas

(Cylindropermopsis raciborskii Microcystis spp

Aphanizomenon sp e Anabaena circinalis) como dominantes

representando 90 da biomassa total formando floraccedilotildees

nestes reservatoacuterios

Costa et al (2009) verificaram que 33 dos taacutexons

analisados eram representados por 41 cianobacteacuterias

pertencentes as Chroococcales Oscillatoriales e Nostocales e

ocorrecircncia de compostos hepatotoacutexicos no reservatoacuterio

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

138

Armando Ribeiro atribuindo esta toxicidade agrave populaccedilatildeo de

Planktothrix agardhii uma vez que contribuiacuteram com 90 da

biomassa fitoplanctocircnica

No estado de Pernambuco Carvalho-de-la-Mora (1986)

identificou e ilustrou 20 taacutexons de cianobacteacuterias ocorrentes no

accedilude do Prata registrando que a famiacutelia Chroococcaceae foi

a mais abundante e com relaccedilatildeo aos taacutexons identificados 19

haviam sido documentados pela primeira vez para o Estado

Carvalho-de-la-Mora (1991) estudou as cianobacteacuterias em

diferentes corpos Bouvy et al (1999) verificaram a dinacircmica

de C raciborskii no reservatoacuterio de Ingazeira e verificou que a

espeacutecie formava floraccedilotildees Aleacutem disso os autores afirmaram

que as floraccedilotildees foram causadas pelo fenocircmeno El Nintildeo que

modificou as condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo transformando o

ambiente propiacutecio para o desenvolvimento da espeacutecie

Molica et al (2002) relataram agrave ocorrecircncia de um

anaacutelogo de saxitoxina em uma linhagem de Cylindropermopsis

raciborskii (ITEP 018) isolada do reservatoacuterio de Tabocas em

Caruaru Brasil Bittencourt-Oliveira (2003) ao estudar cepas de

Microcystis isoladas de quatro reservatoacuterios de Pernambuco

Duas Unas Jucazinho Tabocas e Tapacuraacute verificou a

coexistecircncia de genoacutetipos toacutexicos e natildeo toacutexicos nas floraccedilotildees

formadas por este taacutexon Bittencourt-Oliveira et al (2010)

identificaram um gene (mcyB) envolvido na biossiacutentese de

microcistina em todas as amostras ambientais com

cianobacteacuterias analisadas em sete reservatoacuterios (Botafogo

Duas Unas Tapacuraacute Carpina Mundauacute Arcoverde e Jazigo)

As espeacutecies predominantes neste estudo foram Microcystis

aeruginosa M novacekii M panniformis Anabaena constricta

e Planktothrix agardhii

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

139

Na Paraiacuteba primeiro registro de floraccedilotildees de

cianobacteacuterias em reservatoacuterios destinados ao abastecimento

ocorreu no reservatoacuterio Argemiro de Figueiredo (Acauatilde) regiatildeo

do Meacutedio Rio Paraiacuteba que apresentou floraccedilotildees de

cianobacteacuterias desde sua inauguraccedilatildeo em 2002 As espeacutecies

e gecircneros de cianobacteacuterias mais comumente observados

foram Microcystis aeruginosa Anabaena ssp e Oscillatoria spp

sendo Cilindrospermopsis raciborskii a espeacutecie que mais

contribuiu para a densidade O accedilude foi classificado como

eutroacutefico em todas as estaccedilotildees de coleta e em todos os meses

amostrados (BARBOSA MENDES 2005)

Nos anos de 2004 e 2005 a espeacutecie de cianobacteacuteria

dominante nesse accedilude foi Oscillatoria lauterbornii seguida pela

Cilindrospermopsis raciborskii As espeacutecies Planktrothrix sp e

Microcystis aeruginosa foram tambeacutem observadas com grande

frequecircncia e casos de dermatites na populaccedilatildeo ribeirinha foram

associados agrave presenccedila de floraccedilotildees de cianobacteacuterias (LINS

2006 SILVA 2006)

No ano seguinte (2006) os gecircneros e espeacutecies de

cianobacteacuterias predominantes foram Pseudoanabaena sp

Oscillatoria sp Planktrothrix agardhii Cilindrospermopsis

raciborskii e Microcystis aeruginosa (LUNA 2008) Em

praticamente todo periacuteodo de 2007 e 2008 foi observada

predominacircncia de Planktrothrix agardhii Pseudoanabaena

limneacutetica e Cilindrospermopsis raciborskii e o reservatoacuterio de

Acauatilde permaneceu com elevados graus de trofia (LINS 2011)

Lins (2011) ao realizar amostragens em trecircs pontos de

coleta (confluecircncia dos tributaacuterios proacutexima dos tanques-rede

com piscicultura intensiva e na zona de barragem) observaram

dominacircncia de espeacutecies filamentosas na zona eufoacutetica e

afoacutetica com destaque para Plankthothirx agardhii Outras

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

140

espeacutecies coexitiram no ambiente nesse periacuteodo alternando-se

em dominacircncia como Pseudoanabaena limneacutetica

Cylindrospermopsis raciborskii Aphanocapsa incerta

Dolichospermum circinalis Oscillatoria lacustre Microcystis

aeruginosa e Microcistys sp

Estudos realizados por Macedo (2009) nos 20 principais

accediludes do Estado demonstraram a ocorrecircncia de

cianobacteacuterias potencialmente toxigecircnicas em 18 deles com

predomiacutenio de Microcystis aeruginosa Cilindrospermopsis

raciborskii e Plankthotrix agardhii em 16 especialmente no

periacuteodo seco Em 13 accediludes foi detectada a presenccedila de

microcistina em concentraccedilotildees inferiores a 05 microgL-1 em 2

deles e em 11 os valores foram superiores a 10 microgL-1

32 Cianobacteacuterias e Cianotoxinas Implicaccedilotildees para Sauacutede

Puacuteblica

O conhecimento de que as toxinas de cianobacteacuterias

causam problemas agrave sauacutede humana satildeo reportadas de longas

datas (CARMICHAEL 1981 FALCONER 1996 PIZZOLOacuteN

1996) A exposiccedilatildeo agraves cianotoxinas pode ocorrer por via oral

diretamente pela ingestatildeo de aacutegua Outra forma de exposiccedilatildeo

pode ocorrer indiretamente atraveacutes do consumo de alimentos

como peixes crustaacuteceos moluscos e plantas (GALVAtildeO et al

2009 PAPADIMITRIOU et al 2012 CHEN XIE 2005 2007)

em que as cianotoxinas podem estarem bioacumuladas

(GUTIEacuteRREZ-PRAENA et al 2013) Aleacutem disso a

contaminaccedilatildeo tambeacutem pode ocorrer por meio de atividades

recreativas exposiccedilatildeo deacutermica e inalaccedilatildeo (CALIJURI ALVES

SANTOS 2006)

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

141

Dados da literatura reportam registros de alteraccedilotildees

gastrointestinais do iniacutecio do seacuteculo XX (TISDALE 1933)

quando florescimentos de Microcistis nos rios Ohio e Potomac

nos EUA afetaram entre 5000 a 8000 pessoas que consumiram

aacutegua potaacutevel procedente daquelas aacuteguas onde o tratamento

mediante precipitaccedilatildeo filtraccedilatildeo e cloraccedilatildeo natildeo foi suficiente

para remover as toxinas (TISDALE 1931) Outros episoacutedios de

intoxicaccedilotildees por cianobacteacuterias jaacute foram descritos em paiacuteses

como Austraacutelia Inglaterra China e Aacutefrica do Sul (FALCONER

et al1994)

No Brasil tem sido confirmada a ocorrecircncia de cepas

toacutexicas de cianobacteacuterias em reservatoacuterios de abastecimento

puacuteblico lagoas salobras e rios na maioria dos Estados e os

bioensaios de toxicidade recomendados pela OMS

(Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) tecircm demonstrado que

aproximadamente 75 das cepas isoladas apresentaram-se

toacutexicas (AZEVEDO 1998)

Em 1988 uma epidemia de gastroenterite no receacutem-

inaugurado reservatoacuterio de Itaparica (Bahia) resultou na morte

de 88 pessoas entre 200 intoxicadas pelo consumo de aacutegua

entre marccedilo e abril do ano supracitado Dados cliacutenicos dos

pacientes e anaacutelises da aacutegua apontaram forte evidecircncia de

correlaccedilatildeo entre a ocorrecircncia de floraccedilotildees de cianobacteacuterias

(TEIXEIRA et al 1993) Outro episoacutedio relevante ocorreu em

1996 com um surto de insuficiecircncia hepaacutetica ocorrido em

pacientes renais crocircnicos submetidos agrave hemodiaacutelise numa

cliacutenica na cidade de Caruaru-PE Esse foi o caso mais marcante

no paiacutes dos 131 pacientes envolvidos neste incidente 76

faleceram As anaacutelises de cianotoxinas comprovaram a

presenccedila de microcistinas e ciindrospermopsina nos filtros de

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

142

carvatildeo ativado da cliacutenica no soro sanguiacuteneo e no tecido

hepaacutetico dos pacientes (CARMICHAEL et al 2001)

Alguns autores referem-se ao potencial toxicoloacutegico das

cianotoxinas como causadoras de tumores hepaacuteticos

(AZEVEDO 1998 CARMICHAEL 1992) distuacuterbios

neuroloacutegicos constituindo-se em patologias bastante

complexas aleacutem das complicaccedilotildees aleacutergicas dermatoloacutegicas

ou respiratoacuterias que se manifestam com vertigens

gastroenterites agudas irritaccedilotildees da mucosa

ocularpneumonias atiacutepicas cefaleacuteias coacutelicas abdominais

vocircmitos e diarreacuteia (FLEMING et al 2002 LEAL SOARES

2004 UENO et al 1996) e ainda comprometimento do sistema

imunoloacutegico (GONCcedilALVES 2004 KUJBIDA 2005)

De um modo geral os relatos cliacutenicos dos danos agrave sauacutede

puacuteblica envolvem o consumo oral de toxinas em consequecircncia

de acidentes desconhecimento ou deficiecircncia na operaccedilatildeo dos

sistemas de tratamento de aacutegua (AZEVEDO JARDIM 2006)

sendo cada uma responsaacutevel por um rol de sintomas

caracteriacutesticos ingestatildeo acidental por via oral ou intravenosa

(durante os tratamentos por hemodiaacutelise) de aacuteguas com doses

elevadas de cianotoxinas podem provocar gastroenterite com

diarreacuteias vocircmitos naacuteuseas coacutelicas abdominais e febre ou um

quadro de hepatite com anorexia astenia e tambeacutem vocircmitos

podendo evoluir para oacutebito

Estudos de Portes (2004) evidenciam que as hortaliccedilas

podem tambeacutem servir de via de contaminaccedilatildeo quando irrigadas

com aacuteguas contaminadas natildeo sendo comuns referecircncias sobre

este modo de contaminaccedilatildeo Outra forma eacute por inalaccedilatildeo de

cianobacteacuterias e seus esporos o que pode acontecer

acidentalmente ou durante a praacutetica de desportos aquaacuteticos o

que pode gerar sintomas como rinite conjuntivite dispneacuteia

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

143

bronquite aguda asma dermatite ou queimaduras na pele

(REIS 2006)

Outra possibilidade eacute a de bioacumulaccedilatildeo e transferecircncia

de cianotoxinas por meio da ingestatildeo de peixes onde as

toxinas podem acumular no muacutesculo ou viacutesceras (SOARES

MAGALHAtildeES AZEVEDO 2004 ROMO et al2012) e em

moluscos que tenham se alimentado continuamente de

cianobacteacuterias acumulando as toxinas em seus tecidos o que

pode ocasionar seacuterios riscos agrave sauacutede humana

Magalhatildees et al (2001) realizaram um estudo sobre a

bioacumulaccedilatildeo de microcistinas em tilaacutepias (Tilapia rendalli)

que se alimentaram continuamente de cianobacteacuterias toacutexicas

em um lago no sudeste do Brasil e evidenciaram nas amostras

do fitoplacircncton a dominacircncia do gecircnero Microcystis e nas

amostras de fiacutegado e tecido muscular dos peixes confirmou-se

a presenccedila de microcistinas em concentraccedilotildees perto ou acima

do limite recomendado pela OMS para consumo humano (004

microkg-dia)

Segundo Nishiwaki-Matsushima et al (1992) Fujiki

Suganuma (1993) haacute evidecircncias de que populaccedilotildees

abastecidas por reservatoacuterios que apresentam extensas

floraccedilotildees de cianobacteacuterias e que estejam expostas a baixos

niacuteveis de toxinas por longos periacuteodos demonstram

desenvolvimento de carcinoma hepaacutetico em um nuacutemero

significativo de pessoas

4 CONCLUSOtildeES

As cianobacteacuterias tem apresentado dominacircncia em

mananciais de abastecimento e frente aos futuros cenaacuterios de

mudanccedilas climaacuteticas tendem a persistirem nesses ambientes

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

144

tornando-se um problema preocupante em virtude de vaacuterios

gecircneros serem capazes de formar floraccedilotildees e produzirem

toxinas que afetam a microbiota os animais e o homem

Outro fator relevante eacute o fato de que as cianotoxinas natildeo

satildeo removidas pelo sistema de tratamento convencional aleacutem

de poderem ter sua concentraccedilatildeo aumentada durante o

processo onde dessa forma a aacutegua ldquopotaacutevelrdquo funciona como

fonte de exposiccedilatildeo agrave populaccedilatildeo fazendo-se necessaacuterio o

monitoramento da aacutegua de forma estabelecida pela portaria nordm

29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) a fim de evitar riscos

potenciais adversos agrave sauacutede humana e garantir o controle da

qualidade da aacutegua oferecida agrave populaccedilatildeo

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BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

150

CAPIacuteTULO 9

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO

AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

Ciacutentia Kelly de Lima FARIAS1

1Bioacuteloga Mestranda em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental PPGCTA - UEPB e-mail cintiaklfariasgmailcom

RESUMOO objetivo desse estudo foi avaliar a biomassa de macroinvertebrados bentocircnicos como indicador bioloacutegico de qualidade ambiental em reservatoacuterios localizados no semiaacuterido O estudo foi realizado nos reservatoacuterios Argemiro de Figueiredo (Acauatilde) Epitaacutecio Pessoa (Boqueiratildeo) e Poccedilotildees pertencentes agrave bacia hidrograacutefica do Rio Paraiacuteba Foram realizadas duas coletas em periacuteodos hidroloacutegicos distintos de maior iacutendice pluviomeacutetrico (2011) e de menor iacutendice pluviomeacutetrico (2012) tendo sido coletadas amostras de macroinvertebrados bentocircnicos na regiatildeo litoracircnea de cada reservatoacuterio totalizando 120 amostras Atraveacutes da biomassa dos gecircneros da famiacutelia Chironomidae foi possiacutevel comprovar a classificaccedilatildeo dos reservatoacuterios em pontos de menor e maior distuacuterbio levando em consideraccedilatildeo os gecircneros de Chironomidae erespectiva biomassa predominantes nos respectivos pontos O resultado da classificaccedilatildeo dos pontos foi corroborado com anaacutelises de significacircncia mostrando que no periacuteodo de maior iacutendice pluviomeacutetrico (2011) a existecircncia de diferenccedila significativa entre os pontos de maior e menor distuacuterbio (PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 45312 p=0001) No periacuteodo de Menor iacutendice pluviomeacutetrico (2012) os resultados da anaacutelise tambeacutem mostraram diferenccedila significativa entre os pontos amostrados (PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 30349 p=0005) De acordo

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

151

com os resultados obtidos os valores da biomassa dos gecircneros da famiacutelia Chironomidae contribuiacuteram na classificaccedilatildeo dos locais de maior e menor distuacuterbio antropogecircnico podendo entatildeo ser considerada uma ferramenta para a avaliaccedilatildeo da qualidade ambiental Palavras-chaveMacroinvertebradosbentocircnicos Biomassa

Qualidade Ambiental

1 INTRODUCcedilAtildeO

No territoacuterio brasileiro as regiotildees semiaacuteridas compreendem

uma aacuterea de 925000 kmsup2 correspondendo a cerca de 11 do

territoacuterio nacional (MEDEIROS et al 2011) Em virtude da

estiagem que diminui a disponibilidade de aacutegua associada agrave

elevada evaporaccedilatildeo e temperatura uma soluccedilatildeo encontrada

para amenizar esse problema foi uma expansiva construccedilatildeo

de reservatoacuterios (BARBOSA PONZI JR 2006)

Embora a principal funccedilatildeo dos reservatoacuterios seja a geraccedilatildeo

de energia eleacutetrica no semiaacuterido brasileiro apresentam como

principais funccedilotildees o abastecimento de aacutegua irrigaccedilatildeo lazer e

produccedilatildeo de alimentos (TUNDISI et al 2008 NOGUEIRA et al

2010)

Em meio a escassez hiacutedrica a preocupaccedilatildeo com a

preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo ambiental tornam-se cada vez mais

eminente principalmente devido ao fato destes reservatoacuterios

servirem como fonte de aacutegua para o consumo humano (DINIZ

2010) Deste modo faz-se necessaacuterio desenvolver

metodologias especiacuteficas para avaliaccedilatildeo da qualidade hiacutedrica

com o intuito de obter informaccedilotildees que possam ser utilizadas

na conservaccedilatildeo destes recursos (CIRILO et al 2010)

A forma tradicional de avaliaccedilatildeo dos ecossistemas

aquaacuteticos considera principalmente a utilizaccedilatildeo de fatores

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

152

fiacutesicos e quiacutemicos fornecendo informaccedilotildees momentacircneas do

ambiente (GOULART ampCALLISTO 2003) Contudo este modo

de avaliaccedilatildeo tem sido acrescido de anaacutelises que englobam as

caracteriacutesticas bioloacutegicas do sistema onde as comunidades

aquaacuteticas podem fornecer informaccedilotildees sobre a sauacutede do

ecossistema (MOLOZZI et al 2012) De acordo com a

legislaccedilatildeo brasileira atraveacutes da Lei 943397 que estabelece a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos e a Resoluccedilatildeo do

CONAMA 35705 artigo 8ordm paraacutegrafo 3ordm a qualidade de aacutegua

pode ser avaliada por indicadores bioloacutegicos

Vaacuterios grupos de organismos como peixes algas

protozoaacuterios e macroinvertebrados bentocircnicos tecircm sido

utilizados na avaliaccedilatildeo de impactos ambientais pelo fato de

serem sensiacuteveis a alteraccedilotildees de origem antroacutepica nos mais

diversos tipos de sistemas aquaacuteticos (marinhos de aacutegua doce

e de aacutegua de transiccedilatildeo) (PINNA et al 2013)

Dessa forma os macroinvertebrados bentocircnicos

constituem um grupo de grande relevacircncia ecoloacutegica em

ambientes aquaacuteticos tendo em vista sua participaccedilatildeo nas

cadeias alimentares sendo um dos principais elos das

estruturas troacuteficas dos ecossistemas aquaacuteticos (ABELLAacuteN et

al 2006) Esta comunidade apresenta caracteriacutesticas que

viabilizam sua utilizaccedilatildeo em estudos ecoloacutegicos tais como

diversidade de formas de vida e habitas mobilidade limitada

grande nuacutemero de espeacutecies possibilidade de toda a

comunidade responder a alteraccedilotildees do ambiente e espeacutecies

com ciclo de vida longo (BRANDIMARTE et al 2004)

A utilizaccedilatildeo da biomassa na avaliaccedilatildeo da qualidade

ambiental se faz importante para tentar compreender os

impactos antropogecircnicos que os ecossistemas aquaacuteticos

sofrem Uma vez que esta expressa agrave capacidade de

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

153

acumulaccedilatildeo de energia e nutrientes pelos seres vivos em

interaccedilatildeo com as variaacuteveis ambientais (MOREIRA-BURGER

DELITTI 199) LIMA 2009) Desta forma aleacutem da diversidade

taxonocircmica a biomassa pode ser tambeacutem uma importante

ferramenta ecoloacutegica podendo descrever a estrutura e a

distribuiccedilatildeo das comunidades (BEGON et al1996)

Tendo em vista que atraveacutes da avaliaccedilatildeo da biomassa se

pode identificar as potencialidades e as fragilidades dos

ecossistemas aquaacuteticos estudados assim como avaliar

impactos sofridos em consequecircncias de accedilotildees antroacutepicas

Sendo este trabalho importante para futuros projetos de manejo

e conservaccedilatildeo de reservatoacuterios no Semiaacuterido

O objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade ambiental

de reservatoacuterios do semiaacuterido e os diferentes niacuteveis de accedilatildeo

antropogecircnica utilizando a biomassa de macroinvertebrados

bentocircnicos como indicador bioloacutegico

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

21 Aacuterea de estudo Caracterizaccedilatildeo da Bacia do Rio

Paraiacuteba

A bacia hidrograacutefica do Rio Paraiacuteba (Figura 1) compotildee o

conjunto das 11 bacias presentes no estado da Paraiacuteba sendo

considerada uma das mais importantes do semiaacuterido

nordestino Apresenta uma aacuterea de 2007183 kmsup2 estaacute

compreendida entreas latitudes 6ordm51rsquo31rsquorsquo e 8ordm26rsquo21rsquorsquo Sul e as

longitudes 34ordm48rsquo35rsquorsquo e 37ordm2rsquo15rdquo Oeste de Greenwich Eacute a

segunda maior bacia do estado da Paraiacuteba sendo formada

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

154

pela sub-bacia do Rio Taperoaacute e Regiotildees do alto meacutedio e baixo

curso do rio Paraiacuteba (AESA 2012)

Figura 1 Localizaccedilatildeo geograacutefica dos reservatoacuterios e dos pontos de amostragem ao longo dos reservatoacuterios Poccedilotildees Epitaacutecio Pessoa e Argemiro de Figueiredo pertencentes agrave Bacia Hidrograacutefica do Rio Paraiacuteba Paraiacuteba Brasil

O Reservatoacuterio Poccedilotildees (Figura 1) eacute o primeiro a compor

a sequecircncia de reservatoacuterios na Bacia do Rio Paraiacuteba estaacute

situado no riacho Mulungu pertencente agrave sub-bacia do alto

Paraiacuteba com uma capacidade de acumulaccedilatildeo maacutexima de

29861562msup3 e drenando uma aacuterea de 656kmsup2 Sendo seu

potencial hiacutedrico eacute utilizado para muacuteltiplos fins pesca irrigaccedilatildeo

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

155

abastecimento dessedentaccedilatildeo de rebanhos e lazer (AESA

2012) Eacute importante ressaltar que este seraacute o receptor do canal

de transposiccedilatildeo do eixo leste do rio Satildeo Francisco para o

Estado da Paraiacuteba

O reservatoacuterio Epitaacutecio Pessoa situa-se na divisa entre o

alto e meacutedio Paraiacuteba com uma bacia hidraacuteulica de 26784 ha e

capacidade de acumulaccedilatildeo maacutexima de 411686287 msup3

segundo maior do estado Sua principal utilizaccedilatildeo se daacute para

fins de abastecimento (20 municiacutepios no estado) mas ainda

verificam-se outras atividades como irrigaccedilatildeo pesca para

comercializaccedilatildeo e turismo (AESA 2012)

O reservatoacuterio Argemiro de Figueiredo localiza-se entre

as regiotildees do meacutedio e baixo rio Paraiacuteba com uma bacia

hidraacuteulica de 2300 ha de aacuterea e capacidade de acumulaccedilatildeo

maacutexima de 253000000 msup3sua principal finalidade eacute o

abastecimento das populaccedilotildees mas ainda verificam-se outras

atividades como irrigaccedilatildeo e pesca (AESA 2012)

22 Desenho Amostral

Foram distribuiacutedos 20 pontos de amostragem para

caracterizaccedilatildeo da comunidade bentocircnica na regiatildeo litoracircnea em

cada reservatoacuterio (Figura 1) totalizando 60 locais de

amostragem considerando os trecircs reservatoacuterios As coletas

foram realizadas no periacuteodo de maior volume hiacutedrico

(Dezembro 2011) e menor volume hiacutedrico (Julho de 2012)

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

156

23 Macroinvertebrados Bentocircnicos

As amostras de macroinvertebrados bentocircnicos foram

coletadas com auxiacutelio de draga Van Veen (477cmsup2) foram

acondicionadas em sacos plaacutesticos e conservadas em formol a

4 Em laboratoacuterio as amostras foram lavadas em peneiras de

malha 1 mm e 050 mm e armazenadas em recipientes

plaacutesticos com aacutelcool 70 Em seguida as amostras foram

triadas em bandejas iluminadas contendo aacutegua O

procedimento de identificaccedilatildeo foi realizado com auxiacutelio de

estereoscoacutepico de luz e de bibliografias especializadas

(MUGNAI et al 2010 WARD ampWHIPPLE 1959 HAWKING amp

SMITH 1997) As larvas de Chironomidae (Diacuteptera Insecta)

foram identificadas ao niacutevel de gecircnero (TRIVINHO-

STRIXINO2011TRIVINHO STRIXINO amp STRIXINO 1995)

Para obtenccedilatildeo dos dados da biomassa dos

macroinvertebrados bentocircnicos os espeacutecimes foram

submetidos agrave pesagem em balanccedila analiacutetica de precisatildeo de

00001g e levados a estufa por 72h a 60ordmC para secar e

novamente serem pesados No caso do Filo Mollusca apoacutes

este processo de pesagem estes foram inseridos na mufla e

incinerados a 500 ordmC por 4 horas e novamente pesados

2 Anaacutelises de dados

Para avaliar o agrupamento das meacutetricas de distuacuterbio na

zona inundaacutevel (RDis_IXinun) e zona ripaacuteria (RDis_IXRip) em

relaccedilatildeo aos pontos de amostragem Azevecircdo (2013) realizou

uma anaacutelise de agrupamento utilizando distacircncia euclidiana

(CLUSTER) A anaacutelise dos dados e da comunidade de

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

157

macroinvertebrados bentocircnicos foram realizadas obedecendo

ao agrupamento inicial formado pelos locais de amostragem

separados pelos valores das meacutetricas de distuacuterbio na zona

ripaacuteria e zona inundaacutevel (RDis_IXRip e RDis_IXinund) de

acordo com (AZEVEcircDO 2013)

Para verificar a existecircncia de diferenccedilas significativas da

biomassa entre os locais de amostragem com menor grau de

distuacuterbio e maior grau de distuacuterbio antropogecircnico foi realizada

uma anaacutelise de significacircncia PERMANOVA utilizado 999

randomizaccedilotildees onde p le 005

(PermutationalMultivariateAnalysisofVariance Anderson et al

2008) Assim foram definidos os seguintes fatores Grupos

(maior e menor distuacuterbio) e o volume hiacutedrico (dois niacuteveis maior

volume hiacutedrico e menor volume hiacutedrico)

Os dados bioloacutegicos foram transformados em raiz quarta

e tratados com distacircncia de Bray-curtessendo consideradas

diferenccedilas significativas (p le 005) seguindo o agrupamento de

acordo com a formaccedilatildeo de grupos para as meacutetricas e realizada

PERMANOVA para verificar a existecircncia de diferenccedila

significativa entre os grupos de pontos de amostragem e os

gecircneros de Chironomidae (Diacuteptera Insecta)

Para visualizaccedilatildeo dos grupos formados pela biomassa

para visualizaccedilatildeo dos grupos de distuacuterbios foi utilizada o box-

plot (Statiacutestica 70) As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas no

programa PRIMER-6 + PERMANOVA (Systat Software Cranes

Software InternationalLtd 2008) e no Statiacutetica 70 (STATSOFT

inc 2004)

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

158

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A biomassa da fauna bentocircnica no grupo de maior

distuacuterbio foi representada em grande quantidade pelas espeacutecies

exoacuteticas Melanoides tuberculatus (6439 plusmn 6636) e em menor

proporccedilatildeo por Corbicula largillierti (Philippi 1844) (111 plusmn 521)

seguido pelo Diacuteptera Chironomus(011 plusmn 046) no periacuteodo de

menor volume hiacutedrico (Figura 3) No periacuteodo de maior volume

hiacutedrico (Figura 2) M tuberculatusrepresentou (3112 plusmn 1420)

da comunidade bentocircnica seguido por Planorbidae (743 plusmn

1168) e Chironomus (007 plusmn 028)

No periacuteodo de menor distuacuterbio a biomassa do

gastroacutepode exoacutetico Mtuberculatus(Muumlller 1774) (6673 plusmn

4940)foi dominante em relaccedilatildeo agrave biomassa dos outros taacutexons

seguido por Oligochaeta (002 plusmn 004) e por Fissimentum(001

plusmn 004) no periacuteodo de menor volume No periacuteodo de maior

volume hiacutedrico no grupo de menor distuacuterbio foi verificado a

dominacircncia do molusco Mtuberculatus (2905 plusmn 1269) seguido

por Gomphidae (005 plusmn 014) e por Goeldichironomus (003 plusmn

008)

A biomassa da famiacutelia Chironomidae foi representada

por nove gecircneros de Diacuteptera distribuiacutedos entre os grupos de

menor distuacuterbio e de maior de distuacuterbio nos dois periacuteodos

amostrados sendo eles Goeldichironomus Fissimentum

Parachironomus Aedokritus Coelotanypus Clinotanypus

Cladopelma Chironomus e Asheum(Tabela 1)

Considerando os dois periacuteodos de amostragem no

grupo de menor distuacuterbio foram identificados os seguintes

gecircnerosGoeldichironomus Fissimentum Aedokritus

Cladopelma Chironomus e Asheum No grupo de maior

distuacuterbio os mesmos gecircneros estiveram presentes com

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

159

exceccedilatildeo de Cladopelma (Tabela 1) No periacuteodo de menor

volume hiacutedrico (2012) natildeo houve diferenccedila significativa da

biomassa entre os grupos de distuacuterbio considerando o molusco

M tubercultus (PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 079231

p=0484) Mesmo excluindo o molusco M tubercultus natildeo foi

verificada diferenccedila significativa (PERMANOVA Pseudo- F1 59

= 09865 p=0436) entre os periacuteodos de amostragem

No periacuteodo de maior volume hiacutedrico (2011) houve

diferenccedila significativa da biomassa entre os grupos de distuacuterbio

quando considerado o molusco exoacutetico M tuberculatus

(PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 33085 p= 002) Assim como

tambeacutem realizando a anaacutelise excluindo esse molusco o

resultado foi significativo (PERMANOVA Pseudo- F1 59 =

23638 p= 0004)

Figura 2 Box-plot da biomassa de macroinvertebrados bentocircnicos no periacuteodo de maior volume hiacutedrico (2011) considerando os locais com menor e maior distuacuterbio antropogecircnico nos reservatoacuterios da regiatildeo semiaacuterida

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

160

Figura 3 Box-plot da biomassa de macroinvertebrados bentocircnicos no periacuteodo de menor volume hiacutedrico (2012) considerando os locais com menor e maior distuacuterbio antropogecircnico nos reservatoacuterios da regiatildeo semiaacuterida

Tabela 1 Meacutedia e desvio padratildeo para biomassa (mgsup2) nos dois grupos de maior e menor distuacuterbio nos periacuteodos de menor volume hiacutedrico e maior volume hiacutedrico amostrados no ano de 20112012

COMUNIDADE BENTOcircNICA Menor Distuacuterbio Maior Distuacuterbio

Menor volume Maior

volume Menor volume

Maior volume

MOLLUSCA Melanoidetuberculatus Muumlller 1774 6673 plusmn 4940

2905 plusmn 1269

6439 plusmn 6636

3112 plusmn 1420

Corbiculalargiliert Philippi 1844

111 plusmn 521

Planorbidae 743 plusmn 1168

ANEacuteLIDA

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

161

Oligochaeta 002 plusmn 004 001 plusmn 005 002 plusmn 005

002 plusmn 006

Hirudiacutenea 0005 plusmn 002 0004 plusmn

003 001 plusmn 003

DIPTERA

Ceratopogonidae 0002 plusmn

001 Chironomidae (Diptera) Goeldichironomus Fittkau 1965 003 plusmn 008

0004 plusmn 001

003 plusmn 006

Fissimentum Cranston Nolte 1996 001 plusmn 004

0004 plusmn 001

0009 plusmn 003

0003 plusmn 002

Parachironomus Lenz 1921

0002 plusmn 001

0005 plusmn 002

Aedokritus Roback 1958 003 plusmn 006

0001 plusmn 001

0001 plusmn 001

Coelotanypus Kieffer 1913

003 plusmn 004

Clinotanypus Kieffer 1913

0007 plusmn 002

0001 plusmn 001

Cladopelma Kieffer 1921

0004 plusmn 001

Chironomus Meigen

1803 0009 plusmn 003 0008 plusmn

003 011 plusmn 046

007 plusmn 028

Asheum SubletteampSublette 1983 001 plusmn 003

0006 plusmn 002

0005 plusmn 002

ODONATA

Libellulidae 001 plusmn 006

Gomphidae 005 plusmn 014 002 plusmn 010

Coenagrionidae 0009 plusmn

002 0007 plusmn

002

HETEROPTERA

Corixidae 0002 plusmn

001 0002 plusmn

001

EPHEMEROPTERA

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

162

A distribuiccedilatildeo da biomassa entre os indiviacuteduos que

compotildee uma comunidade esta diretamente relacionada ao seu

funcionamento e pode refletir processos bioacuteticos e abioacuteticos

baacutesicos do ecossistema (STRAYER 1986) Fato este

comprovado com os gecircneros de Chironomidae encontrados nos

reservatoacuterios estudados onde a biomassa foi uma importante

ferramenta para compreender o estado que esses

ecossistemas se encontram

Tomando por base a biomassa de macroinvertebrados

como indicador de grau de alteraccedilatildeo em ecossistemas

aquaacuteticos pode-se observar que no periacuteodo de menor volume

hiacutedrico no grupo de menor distuacuterbio foi verificada a ocorrecircncia

de Oligochaeta bem como do gecircnero Fissimentum sendo este

um indicador de melhores condiccedilotildees ambientais devido sua

sensibilidade agrave poluiccedilatildeo orgacircnica em geral vivem em

ambientes pouco impactados (ROQUE 2000 LEAL et al

2004)

Ainda no grupo de menor distuacuterbio no periacuteodo de maior

volume hiacutedrico aleacutem da elevada biomassa de M tuberculatus

a presenccedila do gecircnero Goeldichironomus em menor densidade

comparado a sua ocorrecircncia no grupo de maior distuacuterbio indica

esta uma espeacutecie generalista mas que em maiores densidade

eacute indicador de ambientes impactados (LEITE 2010)

Baetidae 0006 plusmn

002

CRUSTACEA

Decaacutepoda 001 plusmn 004 0004 plusmn

001 0004 plusmn

002

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

163

A elevada biomassa de M tuberculatusem ambos os

grupos eacute preocupante em virtude da capacidade desse

gastroacutepode causar desequiliacutebrios no ecossistema causando

mudanccedilas na estrutura da comunidade bentocircnica podendo

levar a extinccedilatildeo de espeacutecies nativas (HARKANTRA

RODRIGUES 2004) Pelo fato de afetar diretamente as

comunidades bioloacutegicas em geral colocam em risco a

biodiversidade e o equiliacutebrio ecoloacutegico dos ecossistemas

aquaacuteticos Aleacutem disso pode tambeacutem transmitir doenccedilas ao

homem como por exemplo a paragonimiacutease que afeta os

pulmotildees (SANTOS ESKINAZI-SANTrsquoANNA 2010)

Estudos realizados por Santana et al(2009) mostraram

a associaccedilatildeo de poucas espeacutecies ou de um uacutenico grupo

dominante de macroinvertebrados agrave perturbaccedilatildeo antroacutepica

Como encontrado neste estudo uma elevada predominacircncia

das espeacutecies exoacuteticas M tuberculatus e C largilliert em ambos

os periacuteodos estudados principalmente no grupo de maior

distuacuterbio antropogecircnico

4 CONCLUSOtildeES

A biomassa foi uma boa ferramenta para a avaliaccedilatildeo da

qualidade ambiental contudo para um melhor resultado foi

atrelado a ela a avaliaccedilatildeo da abundacircncia O presente estudo

mostrou que os valores da biomassa dos gecircneros de

Chironomidae contribuem na avaliaccedilatildeo da qualidade ambiental

de reservatoacuterios onde a maior biomassa de gecircnero

Fissimentum foi registrada no grupo de menor distuacuterbio visto

que sua presenccedila se daacute em locais pouco impactados assim

comofoi registrada a ocorrecircncia do Diacuteptera Chironomus no

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

164

grupo de maior distuacuterbio sendo este um forte indicador de

ambientes impactados

Satildeo necessaacuterios mais estudos avaliando a biomassa para

comprovar a eficaacutecia dessa ferramenta na regiatildeo semiaacuterida

considerando uma maior quantidade de reservatoacuterios

localizados em ecorregiotildees diferenciadas para uma melhor

definiccedilatildeo do niacutevel e dos locais de distuacuterbio e consequentemente

da qualidade ambiental desses ecossistemas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

165

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BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

166

macroinvertebrates in the rapid ecological assessment of Mediterranean lagoons EcologicalIndicators v29 p48-612013 ROQUE FO CORBI JJ TRIVINHO-STRIXINO S Consideraccedilotildees sobre a Utilizaccedilatildeo de Larvas de Chironomidae (Diptera) na Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua de Coacuterregos do Estado de Satildeo Paulo In Ecotoxicologia ndash Perspectivas para o seacuteculo XXI Satildeo Carlos RiMa Artes e Textos pp115-126 2000 SANTANA ACD SOUZA AHFF RIBEIRO LL ABIacuteLIO FJP Macroinvertebrados associados agrave macroacutefitas aquaacutetica Najas marina L do riacho Aveloacutes na regiatildeo semi-aacuterida do Brasil Revista de biologia e Ciecircncias da Terra 9 32-46 2009 SANTOS CM ESKINAZI-SANTANNA EM The introduced snail MelanoidesTuberculatus (Muller 1774) (MolluscaThiaridae) in aquatic ecosystems of the 57 Brazilian Semiarid Northeast (Piranhas-Assu River basin State of Rio Grande do Norte) Braz J Biol 70 1-7 2010 STATSOFT INC Programa computacional Statistica 70 EAU 2004 STRAYER D Thesizestructure of a lacustrine zoobenthic communityOecologia v69 p 513-516 1986 TRIVINHO-STRIXINO S and STRIXINO G Larvas de Chironomidae (Diptera) do Estado de Satildeo Paulo Guia de Identificaccedilatildeo e Diagnose dos Gecircneros SAtildeO CARLOS-SP PPG-ERNUFSCAR p 229 1995 TRIVINHO-STRIXINO S Larvas de Chironomidae Guia de identificaccedilatildeo Graacutefica UFScar123 p 371 2011 TUNDISI JG MATSUMURA-TUNDISI T and TUNDISI JEM Reservoirs and human well being new challenges for evaluating impacts and benefits in the neotropics Brazilian Journal of Biology v68 p1133-1135 2008 WARD HB E WHIPPLE GC Biologia de Aacutegua Doce2 ordf ed John Wiley and Sons New York 1248p 1959

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

167

CAPIacuteTULO 10

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE CIANOBACTEacuteRIAS E

CIANOTOacuteXINAS

Leandro Gomes VIANA 1

Patriacutecia Silva CRUZ 2 1 Mestre em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental UEPB 2 Doutoranda em Engenharia Ambiental

UEPB e-mail leandrogomesbiologogmailcom

RESUMO Descargas de esgotos industriais domeacutesticos sem tratamento e a utilizaccedilatildeo extensa de fertilizantes na agricultura vecircm contaminando rios lagos e mananciais de abastecimento puacuteblico provocando o aumento das concentraccedilotildees de nutrientes fosfatados e nitrogenados causando a eutrofizaccedilatildeo artificial que tem como principal consequecircncia floraccedilotildees de cianobacteacuterias Vaacuterios gecircneros de cianobacteacuterias satildeo produtores toxinas chamadas cianotoxinas que podem causar danos tanto a biota aquaacutetica quanto agrave sauacutede humana As cianotoxinas podem ser divididas em trecircs grupos as neurotoxinas as hepatotoxinas e as dermatotoxinas Objetivou-se neste estudo 1-Realizar uma anaacutelise cienciomeacutetrica sobre a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas 2-Apresentar as principais teacutecnicas utilizadas para remoccedilatildeo decianobacteacuterias e cianotoxinas De forma geral a anaacutelise cienciomeacutetrica indicou uma tendecircncia de aumento quanto ao nuacutemero de publicaccedilotildees envolvendo cianobacteacuterias nos uacuteltimos anos No entanto o deacuteficit de estudos envolvendo cianobacteacuterias e cianotoxinas indicam a necessidade de estudos futuros sobre a ocorrecircncia e toxicologia desses organismos uma vez que suas cianotoxinas pode causar danos ao ser humano Entre as variadas tecnologias mais usadas para a remoccedilatildeo eficiente de

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

168

cianobacteacuterias de cianotoxinas estatildeo a preacute-oxidaccedilatildeo usando-se ozocircnio derivados de cloro peroacutexido de oxigecircnio e a adsorccedilatildeo por carvatildeo ativado em poacute ou granular e argilas organofiacutelicas adsortivas Palavras-chave Eutrofizaccedilatildeo Toxina Sauacutede Puacuteblica

1 INTRODUCcedilAtildeO

Atualmente a crescente eutrofizaccedilatildeo artificial nos

ecossistemas aquaacuteticos tem sido produzida por atividades

humanas que vecircm causando o aumento do aporte de nutrientes

nitrogenados e fosfatados nesses sistemas Este

enriquecimento produz mudanccedilas na qualidade da aacutegua tais

como reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido mortandade de peixes e

o aumento da incidecircncia de proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias

(AZEVEDO et al 1994 ESTEVES 2011)

Uma das grandes preocupaccedilotildees mundiais quanto perda

de qualidade da aacutegua eacute a proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias em

ecossistemas aquaacuteticos (MORENO et al 2011) Estes

microrganismos satildeo potencialmente produtores toxinas A

proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias produtoras de toxinas nos corpos

daacutegua pode afetar a qualidade da aacutegua e aumentar o risco de

toxicidade (MAGALHAtildeES et al 2001) As cianotoxinas podem

causar desde irritaccedilotildees cutacircneas a intoxicaccedilotildees agudas e

crocircnicas na biota aquaacutetica e seres humanos (FALCONER

2005 CALIJURI et al 2006) FROSCIO et al 2008) Em todo

o mundo os problemas associados com cianobacteacuterias estatildeo

aumentando especialmente em aacutereas que apresentam altas

taxas de urbanizaccedilatildeo e crescimento populacional e que natildeo

dispotildeem de tratamento adequado de aacutegua e esgotos

(CAMACHO et al 2012) Diante do exposto objetivou-se neste

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

169

estudo 1-Realizar uma anaacutelise sobre o direcionamento dos

estudos sobre cianobacteacuterias e cianotoxinas (anaacutelise

cienciomeacutetrica) no intuito de gerar informaccedilotildees que possam

fomentar novos estudos sobre estes microrganismos 2-

Apresentar as principais teacutecnicas utilizadas para remoccedilatildeo de

cianobacteacuterias e cianotoxinas

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Para a anaacutelise cienciomeacutetrica utilizou-se o banco de

dados ldquoSciVerse Scopusrdquo cujo acesso foi realizado no periacuteodo

de 15 de Abril a 05 de Maio de 2016 Foi realizada uma busca

de todos os itens que possuiacutea no tiacutetulo resumo ou palavras-

chave as palavras cianobacteacuterias e cianotoxinas Os

documentos foram analisados a partir de 1996 primeiro ano de

registro para o termo ateacute 2015 As seguintes informaccedilotildees foram

obtidas para cada documento A) Nuacutemero de publicaccedilotildees por

ano B) Tipo de trabalho C) Nome do perioacutedico em que o

trabalho foi publicado D) Aacuterea de concentraccedilatildeo E) Paiacutes de

publicaccedilatildeo e F) Autores das publicaccedilotildees

Para a exposiccedilatildeo das principais teacutecnicas utilizadas para

remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e cianotoxinas foram utilizados

recursos como dissertaccedilotildees de mestrado e artigos cientiacuteficos

aleacutem de livros que abordam o tema em estudo

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As cianobacteacuterias satildeo microrganismos procariotos

fotossintetizantes e aeroacutebicos (MOLICA AZEVEDO 2009)

Constituem juntamente com os demais organismos

fitoplanctocircnicos a base da cadeia alimentar aquaacutetica e uma

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

170

importante fonte de oxigecircnio aleacutem de desempenhar um

importante papel nos processos de ciclagem de nutrientes

(YOO et al 1995) Entretanto havendo condiccedilotildees ambientais

favoraacuteveis podem adquirir taxas de crescimento elevadas

proliferando rapidamente e originando as floraccedilotildees (AZEVEDO

et al 2002) que podem ocasionar seacuterios problemas no

ambiente aquaacutetico com efeitos ao longo de toda a cadeia

alimentar

As cianobacteacuterias possuem uma alta plasticidade a

adaptaccedilotildees bioquiacutemicas fisioloacutegicas geneacuteticas e reprodutivas

o que garantiu a esses microrganismos a sua ocorrecircncia em

diversos ambientes terrestres e aquaacuteticos como rios estuaacuterios

e mares (BRANDAtildeO DOMINGOS 2006) Seu sucesso

adaptativo eacute decorrente do desenvolvimento de determinadas

estruturas como os vacuacuteolos gasosos em algumas espeacutecies

que permitem sua migraccedilatildeo vertical na coluna daacutegua em busca

de intensidades de luz adequada e nutrientes necessaacuterios ao

seu desenvolvimento (MOLICA 1996) Outras cianobacteacuterias

podem apresentar heterocistos ceacutelulas com parede celular

dupla cuja funccedilatildeo eacute fixar o nitrogecircnio molecular (BRANDAtildeO

DOMINGOS 2006) Outros grupos de cianobacteacuterias em

periacuteodo de dessecaccedilatildeo podem se converterem em acinetos

ceacutelulas que conferem agraves cianobacteacuterias resistecircncia ao

ressecamento permitindo a sobrevivecircncia desses organismos

por muitos anos em ambientes com escassez hiacutedrica

(CALIJURI ALVES SANTOS 2006) Por exemplo o sucesso

de cianobacteacuterias em lagos e reservatoacuterios tem sido atribuido

a fatores como a estabilidade fiacutesica da coluna drsquoaacutegua pH e

temperaturas elevadas (SHAPIRO 1990 PAERL HALL

CALANDRINO 2011)

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

171

Foram localizados 64 documentos com as palavras

cianobacteacuterias no titulo palavras-chave ou resumo Estes foram

publicados em 30 meios de comunicaccedilatildeo cientifica no entanto

a maior parte dos trabalhos foi publicada na revista Oecologia

Brasiliensis (n=8)

O primeiro estudo utilizando esse termo foi publicado em

1996 (n=1) Fig (1) Foi a partir de 1999 que as publicaccedilotildees

comeccedilaram a serem anuais Nos anos de 1997 1998 2000 e

2003 natildeo foram observadas publicaccedilotildees com relaccedilatildeo ao tema

cianobacteacuterias Fig (1) Os anos em que mais se publicaram

estudos sobre a temaacutetica supracitada foram 2009 (n=8) 2011

(n=10) e 2015 (n=7) Sendo assim eacute notaacutevel o aumento no

numero de publicaccedilotildees entre os anos de 2009 e 2015 Fig (1)

Figura 1 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias por ano

A maior parte dos trabalhos (n=59 ou 922) foi

publicada na forma de artigo cientiacutefico A maior parte dos

estudos estaacute dentro da aacuterea de concentraccedilatildeo de Ciecircncias

Agraacuterias e Bioloacutegicas (n=35) seguida de Ciecircncias Ambientais

(n=28)

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

172

Com relaccedilatildeo aos autores que mais escreveram sobre a

temaacutetica cianobacteacuterias se destacam Maria Cristina

Benintende (n=3) Silvia Mercedes Benintende (n=3) Maria do

Carmo Bittencourt-Oliveira (n=3) Cecilia Isabel Saacutenchez

(n=3) Aloysio da Silva Ferratildeo-Filho (n=3) Ariadne do

Nascimento Moura (n=3) e Sandra Maria Feliciano de Oliveira

e Azevedo (n=3)

Entre os paiacuteses em que se observaram publicaccedilotildees com

a temaacutetica cianobacteacuterias os que mais se destacaram com

relaccedilatildeo ao nuacutemero de publicaccedilotildees foram o Brasil (n=41)

Argentina (n=10) Espanha (n=4) Costa Rica (n=3) Colocircmbia

(n=2) Meacutexico (n=2) e Estados unidos (n=2) Fig (2)

Figura 2 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias por paiacutes

A principal preocupaccedilatildeo com o aumento da ocorrecircncia

de cianobacteacuterias em mananciais de abastecimento eacute a sua

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

173

potencial capacidade de produzir e liberar cianotoxinas para o

meio liacutequido (MORENO et al 2011)

A exposiccedilatildeo de seres humanos as cianotoxinas podem

ocorrer por diversas vias Contato dermal inalaccedilatildeo ingestatildeo

oral intravenosa (hemodiaacutelise) e atraveacutes da bioacumulaccedilatildeo na

cadeia alimentar (CALIJURI ALVES SANTOS 2006)

Existem cerca de 40 gecircneros de cianobacteacuterias descritos

como produtores de cianotoxinas nocivas podendo este

nuacutemero estar subestimado mediante dificuldades relacionadas

agrave identificaccedilatildeo taxonocircmica (CARMICHAEL 2008) Os principais

gecircneros toacutexicos descritos satildeo Microcystis Cylindrospermopsis

Dolichospermum Nodularia Oscillatoria Trichodesmium

Schizothrix Lyngbya (DI BERNARDO MINILLO DANTAS

2010)

Conforme suas estruturas quiacutemicas as cianotoxinas

podem ser incluiacutedas em trecircs grandes grupos bioquiacutemicos os

peptiacutedeos ciacuteclicos os alcaloacuteides e os lipopolissacariacutedeos (LPS)

Entretanto por suas accedilotildees toxicoloacutegicas em mamiacuteferos as

cianotoxinas satildeo classificadas como hepatotoxinas

neurotoxinas e dermatotoxinas (CHURRO et al 2012) sendo

as uacuteltimas produzidas por cianobacteacuterias em geral (CALIJURI

ALVES SANTOS 2006)

Dentre as cianotoxinas as hepatotoxinas satildeo as

causadoras mais comuns das intoxicaccedilotildees Satildeo produzidas

pelos gecircneros Microcystis Dolichospermum Plankthotrix e

Nodularia (DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010)

Apresentam accedilatildeo mais lenta podendo provocar a morte em

intervalos de poucas horas a poucos dias resultante de

hemorragia intra-hepaacutetica e choque hipovolecircmico (AZEVEDO et

al 1994) As principais hepatotoxinas satildeo as microcistinas e as

nodularinas Essas cianotoxinas penetram nos hepatoacutecitos por

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

174

meio de receptores de aacutecidos biliares e promovem uma

desorganizaccedilatildeo dos filamentos intermediaacuterios e dos

microfilamentos de actina que satildeo poliacutemeros proteicos que

formam o citoesqueleto do hepatoacutecito (FALCONER 1991) o

que leva consequentemente a perda da arquitetura do fiacutegado e

a graves lesotildees hepaacuteticas Essas cianotoxinas satildeo tambeacutem

consideradas potentes promotoras de tumores hepaacuteticos

(FALCONER 1991)

Outra hepatotoxina eacute cilindrospermopsina produzidas

por diversos gecircneros de cianobacteacuterias como Aphazinomenon

Cylindrospermopsis Raphidiopsis Dolichospermum e

Umemzakia (DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010) A

cilindrospermopsina provoca inibiccedilatildeo da siacutentese proteica

(CHORUS BARTRAM 1999)

As neurotoxinas satildeo produzidas por espeacutecies dos

gecircneros Dolichospermum Aphanizomenon Oscillatoria

Cylindrospermopsis Plankthotrix Trichodesmium e Lyngbya

(DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010) Afetam as

transmissotildees dos impulsos nervosos provocando paralisaccedilatildeo

da atividade muscular e consequentemente parada

cardiorrespiratoacuteria (MOLICA AZEVEDO 2009) Apresentam

accedilatildeo raacutepida provocando a morte de animais em intervalos de

poucos minutos ou poucas horas (MOLICA 1996) Satildeo

exemplos de neurotoxinas anatoxina-a homoanotoxina-a e

anatoxina-a(s) A accedilatildeo da anatoxina-a e homoanotoxina-a se

daacute pela ligaccedilatildeo irreversiacutevel aos receptores de acetilcolina natildeo

sendo degradadas pela acetilcolinesterase o que as fazem agir

como um bloqueador neuromuscular (CARMICHAEL 1992

CHORUS BARTRAM 1999) Jaacute a anatoxina-a(s) inibe a accedilatildeo

da acetilcolinesterase impedindo que esta promova a

degradaccedilatildeo da acetilcolina ligada aos receptores (BRANDAtildeO

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

175

DOMINGOS 2006) A anatoxina-a(s) homoanotoxina-a e a

anatoxina-a provocam a superestimulaccedilatildeo muscular seguida

de fadiga e paralisia que em muacutesculos respiratoacuterios pode ser

letal

As saxitoxinas e neosaxitoxinas satildeo neurotoxinas da

classe das PSP (Paralytic Shellfish Poison) que atuam pela

interrupccedilatildeo da comunicaccedilatildeo entre os neurocircnios e as ceacutelulas

musculares atraveacutes dos canais de soacutedio impedindo a

propagaccedilatildeo do impulso nervoso e provocando

consequentemente paralisia muscular (CALIJURI et al 2006

DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010)

As dermatotoxinas satildeo produzidas por todos os gecircneros

de cianobacteacuterias Satildeo toxinas irritantes ao contanto com a

pele Satildeo exemplos de dermatotoxinas os lipopolisacariacutedeos

(LPS) debromoaplisiatoxina lingbiatoxina (CHORUS

BARTRAM 1999) Os LPS provocam irritaccedilatildeo ao contato

(CALIJURI et al 2006) As debromoaplisiatoxinas e

lingbiatoxinas provocam inflamaccedilatildeo e satildeo potentes promotores

de tumores (DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010)

Com relaccedilatildeo aos termos cianobacteacuterias e cianotoxinas

no titulo palavras-chave ou resumo foram localizados 12

documentos O primeiro estudo utilizando esses termos foi

publicado no ano 2009 (n=1) Foi a partir de 2009 que as

publicaccedilotildees comeccedilaram a serem anuais Fig (3)

No ano de 2014 natildeo foram observadas publicaccedilotildees

efetivas com relaccedilatildeo agrave temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas

O ano em que mais se publicaram estudos com a temaacutetica

supracitada foi 2009 (n=3) Fig (3)

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

176

Figura 3 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas por ano

Todos os estudos (n=12 ou 100) envolvendo agrave

temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas foram publicados em

forma de artigo cientiacutefico Estes foram publicados em 8 (oito)

meios de comunicaccedilatildeo cientifica No entanto a maior parte dos

trabalhos foi publicada nas revistas Brazilian Journal of Biology

(n=3) e Oecologia Brasiliensis (n=3) A maior parte dos

trabalhos estaacute dentro da aacuterea de concentraccedilatildeo Ciecircncias

Agraacuterias e Bioloacutegicas (n=7) e Ciecircncias Ambientais (n=7)

Com relaccedilatildeo aos autores que mais escreveram sobre a

temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas estatildeo Maria do Carmo

Bittencourt-Oliveira (n=2) e Ariadne do Nascimento Moura

(n=2) Dentre os paiacuteses em que se observaram publicaccedilotildees

com a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas os que mais se

destacaram com relaccedilatildeo ao nuacutemero de publicaccedilotildees foram o

Brasil (n=11) e Argentina (n=2) Fig (4) o que de certa forma

indica a preocupaccedilatildeo com relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia desses

organismos em ecossistemas aquaacuteticos do nosso paiacutes

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

177

Figura 4 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas por paiacutes

Embora o nuacutemero de publicaccedilotildees efetivas sobre a

temaacutetica cianobacteacuterias cianotoxinas natildeo seja elevado

sinalizam uma grande lacuna que dever ser preenchida por

estudos posteriores uma vez que as cianobacteacuterias satildeo

organismos potencialmente produtores de toxinas que podem

ser letais para a biota aquaacutetica e seres humanos

A presenccedila de cianobacteacuterias e cianotoxinas em

mananciais destinados ao abastecimento puacuteblico aleacutem de

puder trazer problemas de sauacutede puacuteblica resulta em

dificuldades operacionais do sistema de tratamento

empregado aumentando os custos do tratamento A presenccedila

de cianobacteacuterias em ETAs (Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacuteguas)

pode causar problemas operacionais em vaacuterias etapas de

tratamento tais como dificuldade de coagulaccedilatildeo e floculaccedilatildeo

baixa eficiecircncia do processo de sedimentaccedilatildeo colmataccedilatildeo dos

filtros e aumento da necessidade de produtos para a

desinfecccedilatildeo (CAMPINAS et al 2002) No Brasil a maioria das

estaccedilotildees de tratamento de aacutegua realizam apenas tratamento

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

178

convencional sendo que este natildeo eacute capaz de remover as

cianotoxinas que podem estar presentes na aacutegua

(RODRIGUES et al 2016)

Estudos com relaccedilatildeo agrave remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e

cianotoxinas englobam uma ampla variedade de tecnologias

desde as mais simplificadas como a filtraccedilatildeo lenta e os

processos convencionais ateacute a adoccedilatildeo de etapas de preacute e poacutes-

oxidaccedilatildeo utilizando diversos oxidantes como o ozocircnio e o cloro

(LAPOLLI CORAL RECIO 2011)

Entre as teacutecnicas mais utilizadas para a remoccedilatildeo de

cianobactegraverias e cianotoxinas estatildeo a preacute-oxidaccedilatildeo usando-se

ozocircnio derivados de cloro peroacutexido de hidrogecircnio a radiaccedilatildeo

ultravioleta e a adsorccedilatildeo por carvatildeo ativado e argilas

organofiacutelicas adsortivas Outro meacutetodo altamente eficiente neste

sentido eacute a filtraccedilatildeo em membrana (microfiltraccedilatildeo ultrafiltraccedilatildeo

e nanofiltraccedilatildeo)

Estudos realizados por Ferreira e Motta Marques (2009)

em escala de bancada com a argila modificada Phoslockreg

demonstrou uma remoccedilatildeo altamente significativa de foacutesforo

reativo dissolvido (gt99) e consequente reduccedilatildeo efetiva

(gt94) da densidade da cianobacteacuteria Microcystis aeruginosa

Pesquisa de Qiao et al (2005) utilizando a radiaccedilatildeo UV

combinada com o peroacutexido de hidrogecircnio (H2O2) promoveu a

remoccedilatildeo de 9483 da microcistina presente na aacutegua

Mondardo Sens e Melo Filho (2006) em escala de

bancada com a preacute-ozonizaccedilatildeo obtiveram melhores

resultados quando comparados aos ensaios realizados com a

preacute-cloraccedilatildeo Neste estudo o emprego da preacute-ozonizaccedilatildeo

demonstrou ser uma alternativa eficiente para o preacute-tratamento

de aacutegua com elevada concentraccedilatildeo de microalgas e

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

179

cianobacteacuterias que utiliza a teacutecnica da filtraccedilatildeo direta como

processo de potabilizaccedilatildeo

A teacutecnica de preacute-cloraccedilatildeo eacute uma praacutetica realizada em

muitos sistemas de tratamento de aacutegua que visa promover a

remoccedilatildeoinativaccedilatildeo de microalgas e cianobacteacuterias

(MONDARDO SENS MELO FILHO 2006) Alguns problemas

como a formaccedilatildeo de trialometanos (THM) produtos altamente

carcinogecircnicos jaacute foram reportados com a utilizaccedilatildeo desse tipo

de preacute-tratamento em aacuteguas de mananciais com elevadas

densidades de fitoplacircncton (MONDARDO SENS MELO

FILHO 2006)

A preacute-oxidaccedilatildeo com o ozocircnio apresenta alta eficiecircncia

de remoccedilatildeo de cianotoxinas Estudos de Miao e Tao (2009)

com preacute-oxidaccedilatildeo utilizando o ozocircnio demonstrou uma

eficiecircncia de 753 na remoccedilatildeo de Microcystis aureginosa e de

893 de microcistinas-RR e de 957 na remoccedilatildeo de

microcistina-LR

A preacute e poacutes-oxidaccedilatildeo tem demonstrado resultados

satisfatoacuterios quanto agrave remoccedilatildeo de cianobacteacuterias mas eacute

preciso ter cautela ao utilizar esses meacutetodos uma vez que suas

aplicaccedilotildees podem aumentar os niacuteves de cianotoxinas na aacutegua

mediante lise das ceacutelulas das cianobacteacuterias (LAPOLLI

CORAL RECIO 2011)

O carvatildeo ativado apresenta uma boa eficiecircncia na

remoccedilatildeo de cianotoxinas seja ele em poacute (CAP) ou granular

(CAG) Em estudos de Cook e Newcombe (2002) utilizando o

CAP observou-se a eficiecircncia da remoccedilatildeo de microcistinas na

seguinte ordem microcistina-RR (100) microcistina-YR

(80) microcistina-LR (70) e microcistina-LA (30) Jaacute

estudos com o carvatildeo ativado granular demonstrou uma

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

180

eficiecircncia maior que 95 na remoccedilatildeo de hepatoxinas e de 95

na remoccedilatildeo de neurotoxinas (FALCONER et al 1989)

Em estudos de Muumlller (2008) foi testada a eficiecircncia do

CAP de diferentes origens como madeira osso antracito e

coco para a remoccedilatildeo de microcistina em aacutegua para

abastecimento O CAP originado da madeira foi o mais eficiente

quanto agrave remoccedilatildeo de microcistina

O uso de CAG incorporado na ETA em colunas de

filtraccedilatildeo no final do tratamento mostra excelente eficiecircncia de

remoccedilatildeo de cianotoxinas facilidades de instalaccedilatildeo operaccedilatildeo e

manutenccedilatildeo aleacutem de dar flexibilidade ao sistema de

tratamento jaacute que este fica retido dentro da coluna e natildeo

aumenta a formaccedilatildeo de lodo como ocorre com a utilizaccedilatildeo do

CAP Diversos estudos demonstraram a eficiecircncia na remoccedilatildeo

de cianobacteacuterias (ceacutelulas inteiras) e elevadas concentraccedilotildees

de cianotoxinas atingino valores de microcistina-LR inferiores

ao limite de 1 microgL1 da Portaria 29142011-Ministeacuterio da Sauacutede

utilizando-se o sulfato de alumiacutenio e condiccedilotildees controladas das

etapas de coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo e sedimentaccedilatildeo seguidas de

filtraccedilatildeo por filtros de areia e colunas de CAG (SANTIAGO

2008 GUERRA 2012)

Embora apresente uma alta eficiecircncia na remoccedilatildeo de

cianobacteacuterias e cianotoxinas o uso de carvatildeo ativado

apresenta problemas relacionados com a adsorccedilatildeo ou seja

com o tempo esse material sofre reduccedilatildeo na capacidade

adsortiva em virtude da mateacuteria orgacircnica presente na aacutegua

(LEE WALKER 2006)

Apersar de apresentar elevados custos as teacutecnicas de

separaccedilatildeo por membranas se apresentam como promissoras

no acircmbito da remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e cianotoxinas em

aacuteguas de abastecimento (HITZFELD et al 2000) Em estudos

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

181

de Mierzwa (2006) utilizando-se membrana de ultrafiltraccedilatildeo

ocorreu uma remoccedilatildeo de quaser 100 de algas e

cianobacteacuterias Jaacute em estudos de Texeira e Rosa (2005)

utilizando-se a teacutecnica de nanofiltraccedilatildeo foi reportada a reduccedilatildeo

de microcistina e anatoxina-a em quaser sua totalidade

4 CONCLUSOtildeES

De forma geral a produccedilatildeo cientiacutefica sobre a temaacutetica

cianobacteacuterias tem aumentado nos uacuteltimos anos Isso eacute

decorrente da dominacircncia das cianobacteacuterias em ecossistemas

aquaacuteticos ser um problema preocupante visto que vaacuterios

gecircneros destas satildeo capazes de produzirem toxinas que podem

afetar tanto a biota aquaacutetica quanto seres humanos A maior

parte das publicaccedilotildees com relaccedilatildeo ao tema cianobacteacuterias e

cianotoxinas foi realizada no Brasil o que de certa forma

demonstra o interesse de pesquisadores brasileiros nessa aacuterea

No entanto haacute muito para se estudar e elucidar com relaccedilatildeo agrave

ocorrecircncia e toxicologia desses organismos sobretudo em

ecossistemas aquaacuteticos do Semiaacuterido Brasileiro sistemas

extremantes vulneraacuteveis as mudanccedilas climaacuteticas e a escassez

hiacutedrica e em que a ocorrecircncia de cianobacteacuterias eacute frequente

Embora exista uma gama de teacutecnicas destinadas a

remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e cianotoxinas e devido a

peculiariadade de cada uma delas faz-se necessaacuterio testar a

eficiecircncia de cada meacutetodo com aacuteguas que possuem diferentes

niacuteveis de cianobacteacuterias e cianotoxinas

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

182

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CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

183

DI BERNARDO L MINILLO A DANTAS A D B Floraccedilotildees de algas e de cianobacteacuterias suas influecircncias na qualidade da aacutegua e nas tecnologias de tratamento Volume 1 Satildeo Carlos LDiBe 2010 536 p ESTEVES F A Fundamentos de limnologia 3ed Rio de Janeiro Interciecircncia 2011 826 p FALCONER I R Tumor Promotion and Liver Injury Caused by Oral Consumption of Cyanobacteria Environmental Toxicology and Water Quality v 6 n 2 p 177-184 1991 FALCONER I R RUNNEGAR M T C BUCKLEY T HUYN V L BRADSHAW P Using activated carbon toxicity from drinking water containing cyanobacterial blooms Journal American Water Works Association v 81 n 2 p 102-105 1989 FALCONER I R HAMPAGE A R Health Risk Assessment of Cyanobacterial (Blue-green Algal) Toxins in Drinking Water International Journal of Environmental Research and Public Health v 2 n 1 p 43-50 2005 FERREIRA T F MOTTA MARQUES D M L Aplicaccedilatildeo de Phoslockreg para remoccedilatildeo de foacutesforo e controle de cianobacteacuterias toacutexicas Revista Brasileira de Recursos Hiacutedricos v 14 n 2 p 73-82 2009 FROSCIO S M HUMPAGE A R WICKRAMASINGHE W SHAW G FALCONER I R Interaction of the cyanobacterial toxin cylindrospermopsin with the eukaryotic protein synthesis system Toxicon v 5 n 2 p 191-198 2008 GUERRA A B Avaliaccedilatildeo em escala de bancada do emprego de carvatildeo ativado granular na remoccedilatildeo de microcistina-LR na potabilizaccedilatildeo de aacuteguas eutrofizadas do semiaacuterido nordestino 2012 98 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias e Tecnologia Ambiental) Universidade Estadual da Paraiacuteba Campina Grande 2012 HITZFELD B C HOGER S J DIETRICH D R Cyanobacterial toxin removal during drinking water treatment and human risk assessment Environmental Health Perspectives v 108 p113-122 2000 LAPOLLI F R CORAL L A RECIO M Aacute L Cianobacteacuterias em mananciais de abastecimento - problemaacutetica e meacutetodos de remoccedilatildeo Revista DAE v 185 p 10-17 2011 LEE J WALKER HW Effect of process variables and natural organic matter on removal of microcystin-LR by PAC-UF Environ Sci Technol v 40 n 23 p 7336-7342 2006 MAGALHAtildeES V F SOARES R M AZEVEDO S M F O Microcystin contamination in fish from the Jacarepaguaacute Lagoon (RJ Brazil) Ecological implication and human health risk Toxicon v 39 n 7 p 1077-1085 2001

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

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MIAO H TAO W The mechanisms of ozonation on cyanobacteria and its toxins removal Separation and Purification Technology v 66 n1 p 187-193 2009 MIERZWA J C Processos de separaccedilatildeo por membranas para tratamento de aacutegua In Prosab 4 - Contribuiccedilatildeo ao estudo da remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e microcontaminantes orgacircnicos por meio de teacutecnicas de tratamento de aacutegua para consumo humano Belo Horizonte ABES p 335-380 2006 MOLICA R J R Efeitos da intensidade luminosa no crescimento e produccedilatildeo de microcistinas em duas cepas de Microcystis aeruginosa Kuumltz emend Elenkin (Cyanophyceae) 1996 88 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado Biotecnologia Vegetal) - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1996 MOLICA R AZEVEDO S M F O Ecofisiologia de cianobacteacuterias produtoras de cianotoxinas Oecologia Brasiliensis v 13 n 2 p 229-246 2009 MONDARDO R I SENS M L MELO FILHO L C de Preacute-tratamento com cloro e ozocircnio para remoccedilatildeo de cianobacteacuterias Revista Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v11 n 4 p 337-342 2006 MORENO I M HERRADOR M A ATENCIO L PUERTO M GONZALEZ A G CAMEAN A M Differentiation between microcystin contaminated and uncontaminated fish by determination of unconjugated MCs using an ELISA anti-adda test based on receiver-operating characteristic curves threshold values Application to Tinca tinca from natural ponds Environmental Toxicology v 26 n 1 p 45-56 2011 MUumlLLER C C Avaliaccedilatildeo da utilizaccedilatildeo de carvatildeo ativado em poacute na remoccedilatildeo de microcistina em aacutegua para abastecimento puacuteblico 2008 121 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ecologia) ndash Instituto de Biociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2008 PAERL H W HALL N S CALANDRINO E S Controlling harmful cyanobacterial blooms in a world experiencing anthropogenic and climatic-induced change Science of the Total Environment v 409 n 10 p 1739-1745 2011 QIAO RUI-PING LI N QI XIN-HUA WANG QI-SHAN ZHUANG YUAN-YI Degradation of microcystin-RR by UV radiation in the presence of hydrogen peroxide Toxicon v 45 n 6 p 745-752 2005 RODRIGUES A S OLIVEIRA F P S SILVEIRA L F SILVA T M P Anaacutelise de Teacutecnicas para Remoccedilatildeo de Cianobacteacuterias e Cianotoxinas em Aacuteguas de Abastecimento In Anais do IV Congresso Baiano de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental Cruz das Almas p1-6 2016 SANTIAGO L M Remoccedilatildeo de ceacutelulas de cianobacteacuterias por processos de sedimentaccedilatildeo e flotaccedilatildeo por ar dissolvido avaliaccedilatildeo em escala de

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

185

bancada 2008 141f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Saneamento Meio Ambiente e Recursos Hiacutedricos) Universidade Federal de Minas Gerais 2008 SHAPIRO J Current beliefs regarding dominance by blue-greens the case for the importance of CO2 and pH Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Theoretische und Angewandte Limnologie v 24 p 38-54 1990 TEIXEIRA M R ROSA M J Microcystins removal by nanofiltration membrane Separaration and Purification Technology v 46 n 3 p 192-201 2005 YOO R S CARMICHAEL W W HOEHN N HURDEY R C S E Cyanobacterial (blue-green algal) toxins a resource guide Denver AWWA Foundation and the American Water Works Association 1995 229 p

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

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CAPIacuteTULO 11

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

Claudiana Dantas CALIXTO 1

Clediana Dantas CALIXTO 2

Cristiane Dantas CALIXTO 3 1 Graduanda do curso de Lic Ciecircncias Agraacuterias UFPB 2 Doutoranda em Quiacutemica PPGQ

UFPB 3 Graduanda do Bacharelado em Enfermagem UNINASSAU claudianadantashotmailcom

RESUMO Nos dias atuais se faz necessaacuterio oferecer uma educaccedilatildeo voltada ao exerciacutecio criacutetico da cidadania como funccedilatildeo primordial das poliacuteticas puacuteblicas educacionais Muitas pesquisas tecircm apresentado discussotildees sobre a necessidade de construir estrateacutegias ao qual abordem temas que reflitam interesses necessidades e vivecircncias dos estudantes utilizando recursos didaacuteticos que explorem os aspectos sensoriais psicoloacutegicos e afetivos dos alunos Nesse sentido o uso de hortas vem atuando como uma ferramenta auxiliar ao processo de ensino e aprendizagem dos conteuacutedos ambientais Desta forma a presente pesquisa busca implantar uma horta hidropocircnica como metodologia de ensino para alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio de uma escola puacuteblica do Municiacutepio de Juarez Taacutevora-PB A constataccedilatildeo dos resultados foi realizada atraveacutes da observaccedilatildeo nas mudanccedilas do comportamento praacuteticas e interaccedilatildeo dos discentes que participaram integralmente eou parcialmente das atividades em grupo juntamente aos educadores Os resultados expressam que a introduccedilatildeo da horta hidropocircnica no ambiente educacional foi bem aceita pelos estudantes contribuindo para facilitar o seu aprendizado onde uma grande maioria afirmou que as situaccedilotildees do cotidiano presentes no recurso didaacutetico ajudaram no entendimento de

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

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temas ambientas tornando a aula mais dinacircmica contextualizada e envolvente Logo fica evidente que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos desta natureza se configura como uma ferramenta potencializadora para a promoccedilatildeo da aprendizagem dos conteuacutedos ambientais Palavras-chave Horta hidropocircnica Ensino meacutedio Recursos

didaacuteticos

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Ambiental (EA) surgiu da preocupaccedilatildeo da

sociedade com o futuro da vida e com a qualidade de vida das

futuras geraccedilotildees (CARVALHO 2004 p 51) O termo EA surgiu

em 1965 durante a Conferecircncia em Educaccedilatildeo na Universidade

de Keele na Gratilde-Bretanha como parte essencial da educaccedilatildeo

de todos os cidadatildeos e seria vista daiacute em diante e por muito

tempo como sendo essencialmente voltada a conservaccedilatildeo do

meio natural e a ecologia aplicada (DIAS 2000 p78)

Segundo Guimaratildees (2004) o modelo arcaico de ensino

de transmissatildeo de conteuacutedos ainda eacute muito forte atualmente

Entatildeo para combater essas praacuteticas assim como a

transformaccedilatildeo da teoria e dos discursos em accedilotildees

pedagoacutegicas criacutetico-reflexivas e praacutetica ainda eacute um grande

obstaacuteculo Desta forma eacute cada vez mais necessaacuterio que o

educador enquanto responsaacutevel pela formaccedilatildeo de seus

discentes aja efetivamente no intuito de proporcionar o

conhecimento necessaacuterio para que eles possam entender e

criar suas posiccedilotildees mas sobretudo contribuir para a

disseminaccedilatildeo de praacuteticas voltadas para a melhoria da postura

da sociedade

Remetendo a uma visatildeo mais moderna e a dimensatildeo

poliacutetico-pedagoacutegica a Educaccedilatildeo Ambiental pode definir-se

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

188

como uma educaccedilatildeo criacutetica voltada para a cidadania Uma

cidadania expansiacutevel inclusiva como objeto de direitos a

integridade dos bens naturais dos quais depende a existecircncia

humana Nesse sentido uma Educaccedilatildeo Ambiental criacutetica

deveria ser base fomentadora dos elementos para a formaccedilatildeo

de um sujeito capacitado a identificar as diversas

idiossincrasias conflituosas das relaccedilotildees sociais (CARVALHO

2004)

Fica notoacuterio tambeacutem que a transformaccedilatildeo das praacuteticas

pedagoacutegicas no ambiente escolar no sentido de serem

reflexivas e participativas eacute ainda um processo que desafia a

grande maioria dos professores

Concomitantemente a outros aspectos a horta

hidropocircnica em ambiente escolar trabalha envolvendo a escola

como um todo planejamento construccedilatildeo e desenvolvimento

aleacutem da realizaccedilatildeo de atividades inerentes e a promoccedilatildeo de

novas possibilidades para o desenvolvimento de accedilotildees

pedagoacutegicas por permitir praacuteticas em equipe explorando a

multiplicidade das formas de aprender eacute uma alternativa como

laboratoacuterio vivo para o ensino de ciecircncias Jaacute que a hidroponia

eacute uma teacutecnica que consiste em cultivar as plantas sem utilizar

solo ou seja utilizando apenas aacutegua e substacircncias nutritivas

nela diluiacutedas para o mantimento e o desenvolvimento do

cultivo

A teacutecnica hidropocircnica apresenta caracteriacutesticas

importantes como exigecircncia de menos espaccedilo para seu

desenvolvimento devido seu sistema radicular ser mais

compacto suprimento mais eficiente de nutrientes devido agrave

pronta disponibilidade para absorccedilatildeo pelas plantas otimizaccedilatildeo

do espaccedilo produtivo que permite uma produccedilatildeo ateacute quatro

vezes maior que em outros modelos alta qualidade e sanidade

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

189

dos espeacutecimes produzidos pois natildeo precisa de aplicaccedilatildeo de

agrotoacutexicos

Assim quando compararmos a aplicabilidade da

utilizaccedilatildeo de uma horta como ferramenta didaacutetica com as

aptidotildees inerentes agrave modalidade de hortas hidropocircnicas fica

aparente a compatibilidade de ambos os meacutetodos para a

promoccedilatildeo de um ensino de qualidade

Desta forma pretendemos implantar uma pesquisa

educacional envolvendo um tema ambiental que

especificamente tem a capacidade de instigar a comunidade

escolar para repensar sua postura atraveacutes da vivecircncia de uma

nova realidade e daacute meios para que adotem novas posturas

pessoais e coletivas na relaccedilatildeo com o meio natural

Objetivou-se sobretudo implantar uma horta hidropocircnica

como metodologia de ensino na Escola Estadual do Ensino

Fundamental e Meacutedio Dom Adauto no municiacutepio de Juarez

Taacutevora ndash PB Outras accedilotildees positivas oferecidas aos discentes

com esse meacutetodo eacute a confrontaccedilatildeo de situaccedilotildees que instigam

questionamentos interessantes duacutevidas que mobilizem o

processo de indagaccedilotildees acerca de como as hortas

hidropocircnicas podem contribuir para reflexatildeo sobre preservaccedilatildeo

do meio ambiente principalmente no que diz respeito agrave

degradaccedilatildeo do solo poluiccedilatildeo das aacuteguas contaminaccedilatildeo por

agrotoacutexico

Outro fator importante para esta pesquisa eacute a

comprovaccedilatildeo da admissibilidade da teacutecnica hidropocircnica para o

ensino das Ciecircncias Agraacuterias Atuando de suporte agrave utilizaccedilatildeo

de modelos praacuteticos como meio motivador dos discentes

Adotamos como metodologia na indumentaacuteria deste

trabalho a teacutecnica de pesquisas no qual atraveacutes da criaccedilatildeo e

execuccedilatildeo de um aparato de produccedilatildeo hidropocircnica de mudas

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

190

vegetais da espeacutecie alface (L Sativa) (americana grandes

lagos 659) e da avaliaccedilatildeo da aplicabilidade dessa ferramenta

educacional como proposta vaacutelida agrave induccedilatildeo de diversos

aspectos relacionados com ciecircncias agraacuterias biologia

quiacutemica sustentabilidade meio ambiente e conservaccedilatildeo de

recursos natildeo renovaacuteveis

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Meacutedio Dom Adauto localizada na Avenida

Adalberto Pereira de Melo nordm18 no municiacutepio de Juarez

Taacutevora-Paraiacuteba uacutenica escola deste municiacutepio ao qual

disponibiliza o ensino meacutedio mesmo possuindo espaccedilo fiacutesico

miacutenimo para acomodar a comunidade acadecircmica e nenhum

acompanhamento psicoloacutegico e pedagoacutegico de profissionais

especiacuteficos destas aacutereas a mesma apresenta excelentes

profissionais que buscam o mesmo princiacutepio o

desenvolvimento soacutecio-politico-educacional do educando

A pesquisa eacute do tipo qualitativo porque empreende a

explicaccedilatildeo de um fenocircmeno que natildeo necessariamente pode

ser completamente mensurado por anaacutelise de dados jaacute que a

realidade e o sujeito satildeo elementos indissociaacuteveis E assim

sendo levam-se em consideraccedilatildeo traccedilos subjetivos e

particularidades cujos pormenores natildeo podem ser traduzidos

apenas em nuacutemeros quantificaacuteveis

Sobre a pesquisa qualitativa Maanem (1979) afirma

que a expressatildeo pesquisa qualitativa reflete um trabalho que

objetiva traduzir eou expressar o sentido dos fenocircmenos do

mundo social trata-se de reduzir a distacircncia entre indicador e

indicado entre a teoria contexto e accedilatildeo Neste trabalho a

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

191

pesquisadora atuou realizando levantamentos bibliograacuteficos e

sobre o potencial de aplicabilidade do meacutetodo de hortas

escolares na modalidade de hortas hidropocircnicas como

ferramentas didaacuteticas estruturadas para o ensino de ciecircncias

e biologia (aleacutem de outros componentes similares agraves Ciecircncias

Agraacuterias) associando esses conceitos verificando e

caracterizando-os de acordo com o seu potencial de tornar-se

uma teacutecnica de ensino

A coleta de dados mais especiacuteficos foi realizada atraveacutes

de uma pesquisa documental nas modalidades fiacutesica e online

em diversos trabalhos e perioacutedicos de fundo didaacutetico

educacional assim como no rebuscamento de bibliografias

inespeciacuteficas poreacutem relacionaacuteveis ao tema

21 TEacuteCNICA DA HORTA HIDROPOcircNICA COMO

FERRAMENTA EDUCACIONAL AgraveS CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

Segundo Lipai (2010) eacute atribuiacutedo ao estado o dever de

promover a educaccedilatildeo ambiental a todos os niacuteveis de estudo e

a conscientizaccedilatildeo puacuteblica para a preservaccedilatildeo do meio

ambiente (em consonacircncia com o art 225 inciso VI da

Constituiccedilatildeo brasileira de 1988) A definiccedilatildeo de educaccedilatildeo

ambiental eacute dada no artigo 1deg da lei ndeg 979599 na forma de

processos por meio dos quais o indiviacuteduo e a coletividade

possam construir valores sociais conhecimentos habilidades

atitudes e competecircncias voltadas para a conservaccedilatildeo do meio

ambiente

O trabalho com as hortas no ambiente educacional

possui um enorme potencial inclusivo pois a atuaccedilatildeo em

accedilotildees extraclasse desse tipo tem a capacidade de estimular

aspectos como a curiosidade motivaccedilatildeo aleacutem da sinestesia

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

192

baacutesica de todos os envolvidos esse fator eacute evidenciado por

Kaufman (1998) quando comenta as cidades estatildeo cada vez

mais longe do meio natural e os ciclos da natureza satildeo longos

lentos e pouco cotidianos para a vida das pessoas Assim a

horta escolar em compensaccedilatildeo eacute um espaccedilo onde todas as

partes compartilham as mesmas emoccedilotildees ao plantar cuidar e

colher ou seja a horta eacute um sistema vivo um conjunto de

elementos que se relacionam

Conforme afirma Ribeiro (2005) a escola que opta por

desenvolver uma horta orgacircnica quase sempre tem como

objetivos melhorar a qualidade da merenda escolar servir de

estudo do meio para as diversas disciplinas e ser um tema

gerador para se tratar questotildees relacionadas agrave conservaccedilatildeo

ambiental como equiliacutebrio dos ecossistemas conservaccedilatildeo de

solos e florestas controle bioloacutegico problemas causados ao

ambiente pelo uso de agrotoacutexicos diversidade bioloacutegica entre

outros

22 REGISTRO DA APLICACcedilAtildeO DA TEacuteCNICA DA HORTA

HIDROPOcircNICA COMO DIFUSORA DA EDUCACcedilAtildeO

AMBIENTAL EM SALA DE AULA

Com o objetivo de definir a real benesse da utilizaccedilatildeo

dos meacutetodos como a criaccedilatildeo de hortas hidropocircnicas em sala

de aula sob a forma de um fator para melhorar os aspectos

deficitaacuterios em interesse por parte dos alunos pela interaccedilatildeo

com o meio ambiente consciecircncia ambiental compreensatildeo da

importacircncia dos recursos naturais e concepccedilatildeo de ambientes

entre outras temaacuteticas de interesse de discentes e docentes

Essa pesquisa tem o papel de atuar como indexador de

conteuacutedos afins de embasamento teacutecnico legal e praacutetico natildeo

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

193

apenas para um puacuteblico alvo restrito mas para que todo e

qualquer profissional educador que objetive melhorar o aspecto

qualitativo do ensino retenha na anaacutelise deste trabalho a

capacidade de entender a importacircncia da aplicaccedilatildeo desse

meacutetodo educacional no seu ambiente de ensino

A realizaccedilatildeo do procedimento retratado neste trabalho

aconteceu em vaacuterios momentos os quais podemos classificar

em sete etapas

1ordf etapa ndash Pesquisa documental e anaacutelise bibliograacutefica

nesta etapa foi feita a busca por informaccedilotildees pertinentes ao

embasamento pedagoacutegico e histoacuterico-social da utilizaccedilatildeo das

teacutecnicas de hortas hidropocircnicas didaacuteticas ou teacutecnicas similares

empregadas na dimensatildeo do trabalho

2ordf etapa ndash Escolha da situaccedilatildeo e do espaccedilo para o

trabalho escolha do local onde seraacute realizado o trabalho

seguida em primeiros contatos com a gestatildeo da instituiccedilatildeo de

ensino e o agente educador com os quais seraacute firmada a

parceria contatos iniciais com os discentes e realizaccedilatildeo de

uma atividade coletiva explicando o decurso procedimental do

trabalho

3ordm etapa ndash Iniacutecio da execuccedilatildeo praacutetica da proposta

interventiva do trabalho com a divisatildeo da turma em nuacutecleos de

trabalho em equipe facilitando assim a realizaccedilatildeo simultacircnea

de diversas atividades com a coordenaccedilatildeo do professor e da

graduanda

4deg etapa ndash Seleccedilatildeo das atividades para cada equipe

onde seratildeo escolhidos os responsaacuteveis diretos por liderar os

grupos na montagem da estrutura fiacutesica do rack montagem da

estrutura hidraacuteulica manipulaccedilatildeo e germinaccedilatildeo das sementes

formulaccedilatildeo da soluccedilatildeo nutritiva pesquisa didaacutetica e de apoio

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

194

5deg etapa ndash Seguimento do trabalho conduzido com a

gradual liberaccedilatildeo dos discentes para o cuidado e manutenccedilatildeo

das vaacuterias etapas da produccedilatildeo nesse estaacutegio o profissional

educadorinterventor diminui seu papel de coordenador praacutetico

e deixa a cabo dos alunos gradualmente cada uma das tarefas

com as quais esses se mostrarem preparados para assumir

atuando no final apenas como orientador da produccedilatildeo e

deixando seu rumo e outros aspectos menores como

responsabilidade de decisatildeo aos novos gestores da mesma (os

discentes)

6deg etapa ndash Coleta dos dados referenciais aplicaccedilatildeo de

questionaacuterio avaliativo sobre o perfil do trabalho realizado

segundo os discentes e educador da turma onde foi realizada

a atividade

7ordm etapa ndash Procedimentos poacutes-accedilatildeo realizaccedilatildeo da

anaacutelise e composiccedilatildeo dos referenciais sobre agrave auto avaliaccedilatildeo

da pesquisa composiccedilatildeo do dossiecirc constituiacutedo dos resultados

encontrados na avaliaccedilatildeo

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O ensino agraacuterio atraveacutes da teacutecnica hidropocircnica para os

alunos do 3ordm ano ldquoArdquo do ensino meacutedio da Escola Estadual do

Ensino Fundamental e Meacutedio Dom Adauto do municiacutepio de

Juarez Taacutevora ndash PB foi realizado atraveacutes da observaccedilatildeo nas

mudanccedilas do comportamento nas praacuteticas e na interaccedilatildeo dos

discentes que participaram integralmente ou parcialmente das

atividades em grupo juntamente aos educadores

A constataccedilatildeo desses fatos foi realizada e registrada

principalmente pelos proacuteprios educadores da escola assim

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

195

como pela equipe gestora e pela graduanda responsaacutevel pela

pesquisa

A praacutetica em questatildeo mesmo sendo uma iniciativa

direcionada a um puacuteblico limitado de uma seacuterie especiacutefica

trouxe a luz um potencial inesperado por ambas as partes que

constituiacuteram as atividades representadas atraveacutes da

consideraacutevel melhoria para com a interaccedilatildeo discente-discente

e discente-docente

Atraveacutes de nossa observaccedilatildeo pudemos constatar

quase uma totalidade nos avaliadores (docentes graduanda

gestatildeo escolar) e por convenccedilatildeo de toda essa melhoria nas

relaccedilotildees interpessoais foi atribuiacuteda principalmente agrave vivecircncia

extraclasse associado ao conviacutevio e cuidado para com a

natureza refletida nos espeacutecimes vegetais produzidos essa

empatia foi logo observada pelos discentes

Foi notaacutevel a diferenccedila no comportamento dos discentes

enquanto praticavam o experimento passaram a socializar-se

mais e discutirem sobre o que estavam fazendo corretamente

ou natildeo Os referidos alunos ainda tiveram a oportunidade de

experimentar uma forma de responsabilidade seacuteria ao tempo

que lhes foi delegado o dever de cuidar daquelas placircntulas

Outro aspecto recorrente foi a melhoria no

comportamento que natildeo se estendeu unicamente aos

participantes envolvidos na pesquisa da horta mas sobretudo

a toda a comunidade escolarrdquo (Joseacute Raniery Rodrigues de

Oliveira professor de Quiacutemica)

De forma mais sinteacutetica a construccedilatildeo da horta

hidropocircnica no acircmbito escolar estruturou e fomentou atitudes

cotidianas que vieram contribuir para resgatar a importacircncia do

trabalho em equipe

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

196

Endossando o resultado atraveacutes do nosso trabalho de

pesquisa Morgado (2006) descreve que a horta inserida no

ambiente escolar pode ser um laboratoacuterio vivo que possibilita o

desenvolvimento de diversas atividades pedagoacutegicas em

educaccedilatildeo ambiental e alimentar unindo teoria e praacutetica de

forma contextualizada auxiliando no processo de ensino-

aprendizagem e estreitando relaccedilotildees atraveacutes da promoccedilatildeo do

trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais

envolvidos

A realizaccedilatildeo desse trabalho eacute grandemente

enriquecedora tanto no aspecto educacional quando o

educador e seus alunos exercem forte comunicaccedilatildeo entre si e

mantem-se em sintonia constante quanto no acircmbito social de

uma atividade extraclasse que exige muito compromisso de

ambas as partes aleacutem de proporcionar ao educador

principalmente aos novatos na educaccedilatildeo a obrigaccedilatildeo quase

moral de buscar sempre mais e oferecer ainda mais aos seus

discentes ao custo que for

Essa espeacutecie de atividade traz junto consigo vaacuterias

situaccedilotildees sejam estas positivas ou natildeo geralmente o educador

se depara nesses momentos com necessidade de expansatildeo

do cronograma preacute-estabelecido necessidade de mais

experiecircncias teoacutericas e desconhecimento do tema pelos

discentes Foram ocorrecircncias comuns tambeacutem alteraccedilatildeo dos

planos de aula por necessidade dos discentes ocorrecircncia de

falhas nos caacutelculos de soluccedilotildees nutritivas mortalidades

inesperadas nos vegetais pesquisados expectativas

divergentes entre os discentes sobre a produccedilatildeo e etc

E conforme Boff (1999 p33) ldquocuidar eacute mais que um ato

eacute uma atitude Portanto abrange mais que um momento de

atenccedilatildeo de zelo e de desvelo Representa uma atitude de

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

197

ocupaccedilatildeo preocupaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo e de

envolvimento afetivo com o outrordquo

31 REGISTRO FOTOGRAacuteFICO DO EXPERIMENTO

Figura 1 Elaboraccedilatildeo da estrutura para implante dos perfis de

hidroponia no sistema de calhas paralelas para recirculaccedilatildeo da

soluccedilatildeo nutritiva

Fonte Proacutepria 2016

Segundo Martins (2004) a compreensatildeo de um

conteuacutedo atrelado pelo curriacuteculo e veiculado em sala daacute-se

justamente pela aplicabilidade deste para com o cotidiano de

cada discente de forma a incrementar positivamente sua

ldquoexperientiardquo

Segundo Anastasiou (2004) o ensino-aprendizagem eacute uma

praacutetica social complexa que quando adequadamente realizada

entre professor e aluno otimiza a accedilatildeo de ensinar quanto a de

aprender e proporciona parcerias para o enfrentamento da

construccedilatildeo do conhecimento escolar em accedilotildees vistas na sala

de aula e fora dela

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

198

Figura 2 Bandeja para eliminaccedilatildeo de dormecircncia e brotamento

das sementes de Latuca Sativa L

Fonte Proacutepria 2016

Ribeiro (2005) afirma que a escola que opta por

desenvolver uma horta orgacircnica quase sempre tem como

objetivos melhorar a qualidade da merenda escolar servir de

estudo do meio para as diversas disciplinas e ser um tema

gerador para se tratar questotildees relacionadas agrave conservaccedilatildeo

ambiental

Morgado (2006) descreve que a horta inserida no

ambiente escolar pode ser um laboratoacuterio vivo que possibilita o

desenvolvimento de diversas atividades pedagoacutegicas em

educaccedilatildeo ambiental e alimentar unindo teoria e praacutetica de

forma contextualizada

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

199

Figura 3 Monitoramento e controle de qualidade das mudas na

bandeja sementeira e transferecircncia das mudas para os perfis

hidropocircnicos

Fonte Proacutepria 2016

Segundo Karling (1991) os recursos de ensino devem

ser usados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem

pois ajudam enormemente a comunicaccedilatildeo a compreensatildeo e a

estruturaccedilatildeo da aprendizagem cognitiva ldquoContudo natildeo

podemos esquecer que por melhores que sejam os recursos

se o professor natildeo os utilizar com habilidade e criatividade

pouco valor teratildeo Para saber utilizar eacute preciso muita

imaginaccedilatildeo criatividade e treinordquo (KARLING 1991 p254)

Nas palavras de Schneuwly e Dolz (2004 p 45) essas

estrateacutegias ldquosupotildeem a busca de intervenccedilotildees no meio escolar

que favoreccedilam a mudanccedila e a promoccedilatildeo dos alunos a uma

melhor mestria dos gecircneros e da situaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo que

lhes correspondemrdquo

E conforme Boff (1999 p33) ldquocuidar eacute mais que um ato

eacute uma atituderdquo

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

200

4 CONCLUSOtildeES

Conclui-se com este trabalho que

Pode ser considerado um laboratoacuterio-vivo para aulas

praacuteticas diretas e indiretas de diversas disciplinas como

Biologia Quiacutemica e Fiacutesica

Pode servir como um excelente instrumento para o

desenvolvimento de pesquisas de Educaccedilatildeo Ambiental

Possibilita uma educaccedilatildeo mais efetiva dos alunos e

facilita o processo de ensino- aprendizagem

O uso de hortas hidropocircnicas no ensino foi

comprovadamente efetiva para a aplicaccedilatildeo em sala de aula

Solidifica a experiecircncia do educador e envolvendo o

interesse dos discentes

Ao teacutermino deste trabalho foi possiacutevel observar a

mudanccedila beneacutefica de comportamento ocorrido entre docentes

e discentes Em siacutentese pode-se observar e afirmar que os

objetivos preacute-definidos foram alcanccedilados positivamente e que a

partir deste novas metodologias inovadoras seratildeo adquiridas

para a melhoria da transmissatildeo dos conteuacutedos disciplinares

Outro aspecto protagonista eacute a aplicabilidade do uso de

hortas hidropocircnicas no ensino comprovadamente efetiva para a

aplicaccedilatildeo em sala de aula sendo uma importante ferramenta

quando bem utilizada trazendo tambeacutem muitos frutos sob todos

os acircmbitos solidificando a experiecircncia do educador e

envolvendo o interesse dos discentes

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANASTASIOU L G C ALVES L P (Org) Processos de ensinagem na universidade pressupostos para as estrateacutegias de trabalho em aula Joinville SC UNIVILLE 2004

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

201

ANASTASIOU L G C Didaacutetica e accedilatildeo docente aspectos metodoloacutegicos na formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo In ROMANOWSKI J P MARTINS PLO JUNQUEIRA S R A Conhecimento local e conhecimento universal pesquisa didaacutetica e accedilatildeo docente Curitiba Champagnat 2004 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Coordenaccedilatildeo de Educaccedilatildeo Ambiental A implantaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental no Brasil Brasiacutelia MEC 1998 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Paracircmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio Ciecircncias Matemaacuteticas e da Natureza e suas tecnologias Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tecnoloacutegica - Brasiacutelia MEC SEMTEC v 3 1999 BRASIL MECSEF Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil introduccedilatildeo vol1 Brasiacutelia 1998 BRASIL Ministeacuterio do Meio Ambiente Diretoria de Educaccedilatildeo Ambiental Programa Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash ProNEA Brasiacutelia DF 2003 8p BOFF L Saber cuidar ndash eacutetica do humano ndash compaixatildeo pela terra Petroacutepolis Vozes 1999 33p CARVALHO ICM Educaccedilatildeo Ambiental a formaccedilatildeo do sujeito ecoloacutegico Satildeo Paulo Cortez 2004 51p CHASSOT Attico Alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica questotildees e desafios para a educaccedilatildeo Ijuiacute Editora Unijuiacute 2000 DIAS GF Educaccedilatildeo Ambiental Princiacutepios e Praacuteticas Satildeo Paulo Gaia 6a ediccedilatildeo 2000 78p GUIMARAtildeES M A formaccedilatildeo de educadores ambientais Campinas Papirus 2004 KARLING AA A didaacutectica necessaacuteria Satildeo Paulo Ibrasa 1991 MARTINS J Anotaccedilotildees em torno do conceito de Educaccedilatildeo para Convivecircncia com o Semi-Aacuterido In Educaccedilatildeo para a convivecircncia com o Semi-Aacuterido Brasileiro reflexotildees teoacuterico praacuteticas Bahia Juazeiro Selo Editorial RESAB 2004 LEFF Enrique Saber ambiental sustentabilidade racionalidade complexidade poder Trad Luacutecia Mathilde Endlich Orth Petroacutepolis-RJ Vozes 2001 a 258p ____ Epistemologia ambiental Satildeo Paulo Cortez 2001 LIPAI E M Educaccedilatildeo ambiental nas escolas Disponiacutevel em HTTPportalmecgovbrdmdocumentspublicaccedilao3pdf acesso em 20042010 Acessado em 08 de Abril de 2016 MAANEN J V Reclaiming qualitative methods for organizational research a preface In Administrative Science Quarterly vol 24 no 4 December 1979 a p 520-526

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

202

MORGADO F S A horta escolar na educaccedilatildeo ambiental e alimentar experiecircncia do Pesquisa Horta Viva nas escolas municipais de Florianoacutepolis Centro de Ciecircncias Agraacuterias Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2006 PCNs Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia MEC Secretaria da Educaccedilatildeo Meacutedia e Tecnoloacutegica 1999 RIBEIRO A L Gestatildeo de Pessoas 7 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2005 SANTANA S L C Utilizaccedilatildeo e Gestatildeo de Laboratoacuterios Escolares Dissertaccedilatildeo (mestrado) Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo em Ciecircncias Quiacutemica da Vida e Sauacutede Universidade Federal de Santa Maria 2011 SANTOS W L P SCHNETZLER R P Educaccedilatildeo em quiacutemica compromisso com a cidadania Ijuiacute Editora da UNIJUIacute 1997 SCHNEUWLY B DOLZ J Os gecircneros escolares ndash das praacuteticas de linguagem aos objetos de ensino In SCHNEUWLY Bernard DOLZ Joaquim e colaboradores Gecircneros orais e escritos na escola Campinas Mercado de Letras 2004

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

203

CAPIacuteTULO 12

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O

ENSINO DE CIEcircNCIAS

Karina Guedes CORREIA 12

Danielle Helany Rosa de SOUZA 3

Tamirys Cristeine Coelho e SILVA3 1 Bioacuteloga Professora do curso de Medicina UNIPEcirc 2 OrientadoraProfessora do Curso de

Medicina UNIPEcirc 3 Graduandas do curso de Medicina UNIPEcirc karinaguedesunipecom

RESUMO Com o objetivo de colaborar com a melhoria da qualidade do ensino puacuteblico e conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da relaccedilatildeo entre o homem e o ambiente o trabalho relata a experiecircncia vivenciada em uma escola da rede municipal da Cidade do Cabo de Santo Agostinho ndash PE onde foi implantada uma Horta de Plantas Medicinais A experiecircncia desenvolvida tem como objetivo de refletir sobre a importacircncia das plantas medicinais proporcionar um regate cultural da utilizaccedilatildeo das plantas medicinais bem como sensibilizar a comunidade escolar para a utilizaccedilatildeo da mesma como recurso didaacutetico Este estudo eacute de natureza observacional descritiva com uma abordagem qualitativa Observou-se que horta escolar se constitui num espaccedilo de aprendizado integrador do curriacuteculo escolar promovendo a evoluccedilatildeo deste do modelo fragmentado para o modelo sistecircmico do conhecimento As aulas praacuteticas realizadas na horta representaram uma oportunidade de fazer algo diferenciado com as turmas em que pode ser mostrado algo aleacutem do que estaacute escrito nos livros A horta inserida no ambiente escolar pode contribuir de forma significativa para a formaccedilatildeo integral do aluno tendo em vista que o tema engloba diferentes aacutereas de conhecimento e pode ser desenvolvido durante todo o processo de ensino

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

204

aprendizagem atraveacutes de vastas aplicaccedilotildees pedagoacutegicas com situaccedilotildees reais envolvendo educaccedilatildeo ambiental e cultural Palavras-chave Ensino Educaccedilatildeo Ambiental Aulas Praacuteticas

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com o objetivo de colaborar com a melhoria da qualidade

do ensino puacuteblico e conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da

relaccedilatildeo entre o homem e o ambiente o trabalho relata a

experiecircncia vivenciada em uma escola da rede municipal da

Cidade do Cabo de Santo Agostinho ndash PE onde foi implantada

uma Horta de Plantas Medicinais A experiecircncia desenvolvida

tem como objetivo de refletir sobre a importacircncia das plantas

medicinais proporcionar um regate cultural da utilizaccedilatildeo das

plantas medicinais bem como sensibilizar a comunidade escolar

para a utilizaccedilatildeo da mesma como recurso didaacutetico

O emprego de plantas medicinais na recuperaccedilatildeo da

sauacutede tem evoluiacutedo ao longo dos tempos desde as formas mais

simples de tratamento local provavelmente utilizada pelo

homem das cavernas ateacute as formas tecnologicamente

sofisticadas da fabricaccedilatildeo industrial utilizada pelo homem

moderno (LORENZI 2002) Por essas razotildees eacute que trabalhos

de difusatildeo e resgate do conhecimento de plantas vecircm-se

difundindo cada vez mais principalmente nas aacutereas mais

carentes (MARTINS et al 1994)

As praacuteticas agriacutecolas jaacute estiveram legalmente inseridas

no curriacuteculo do Ensino Fundamental com objetivos voltados

para a preparaccedilatildeo de matildeo-de-obra para atuaccedilatildeo no meio

considerado rural (BRASIL 1971) Os processos de

urbanizaccedilatildeo coincidem com o abandono das accedilotildees em

agricultura nas escolas O investimento numa apreciaccedilatildeo mais

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

205

acurada dos limites e das possibilidades da inserccedilatildeo dessas

atividades nas escolas urbanas indica que natildeo tem sido

valorizada a elaboraccedilatildeo de estrateacutegias eficazes para a

construccedilatildeo e a exploraccedilatildeo do potencial pedagoacutegico das hortas

nessa nova situaccedilatildeo (SILVA 2010)

As hortas escolares embasadas nos princiacutepios da

agricultura urbana e da agroecologia (MACHADO MACHADO

2002) podem ser requalificadas quanto ao espaccedilo e funccedilatildeo

contribuindo para o resgate da relaccedilatildeo ser humano-ambiente

natural-alimento Essa conjunccedilatildeo permite a elaboraccedilatildeo de

arcabouccedilos cientiacutefico pedagoacutegico e didaacutetico consistentes e

com possibilidades de aplicaccedilatildeo em escolas urbanas para o

alcance dos objetivos fundamentais da educaccedilatildeo

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais

(BRASIL 2001) a participaccedilatildeo ativa dos estudantes nos

processos de aprendizagem com atividades praacuteticas representa

importante elemento para a compreensatildeo ativa e conceitual

A horta escolar nesse contexto pode-se consistir num

laboratoacuterio para o aluno corrigir-se aprender com os proacuteprios

erros como relata Kalmikova 1986 apud Arauacutejo e Drago (2011)

Quando existe um elevado niacutevel de conscientizaccedilatildeo das

operaccedilotildees mentais tem lugar um relatoacuterio verbal adequado do

processo de soluccedilatildeo do problema uma consideraccedilatildeo tanto

positiva quanto negativa da informaccedilatildeo que chega de fora

questatildeo que possibilitaraacute aprender sobre a base da experiecircncia

proacutepria e dos proacuteprios erros e de corrigir a atividade avaliando

os erros atividade relacionada com a auto avaliaccedilatildeo dos

resultados

Diante do exposto o presente trabalho tem como objetivo

realizar uma revisatildeo bibliograacutefica e avaliar a utilizaccedilatildeo da horta

medicinal como recurso didaacutetico para o ensino de ciecircncia

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

206

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Este estudo eacute de natureza observacional descritiva com

uma abordagem qualitativa Segundo Silva e Menezes (2000

p20) a pesquisa qualitativa considera que haacute uma relaccedilatildeo

dinacircmica entre o mundo real e o sujeito isto eacute um viacutenculo

indissociaacutevel entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito

que natildeo pode ser traduzido em nuacutemeros Os fenocircmenos satildeo

interpretados e atribuiccedilotildees de significados tornam-se baacutesicos

no processo qualitativo Natildeo requer o uso de teacutecnicas

estatiacutesticas e o pesquisador eacute o instrumento-chave O processo

e seu significado satildeo os focos principais de abordagem

A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Joseacute

Clarindo Gomes localizada na no Municiacutepio do Cabo de Santo

Agostinho PE Realizamos uma observaccedilatildeo participante

natural uma vez que tivemos a oportunidade de participar como

membro executor do projeto momento no qual como

observadora assumi o papel de membro do grupo tivemos

conhecimento real do cotidiano da comunidade escolar a partir

do interior dele mesmo

A pesquisa descritiva visa descrever as caracteriacutesticas

de determinada populaccedilatildeo ou fenocircmeno ou o estabelecimento

de relaccedilotildees entre as variaacuteveis Utiliza teacutecnicas padronizadas de

coleta de dados e em geral assume a forma de levantamento

(SILVA MENEZES 2000)

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

207

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 As Plantas Medicinais e a Cultura Popular

As primeiras descriccedilotildees sobre plantas medicinais feitas

pelo homem retomam as escrituras e ao Papiro de Eacutebers Este

papiro foi descoberto e publicado por Georg Ebers sendo

traduzido pela primeira vez em 1890 por H Joachin Esse

material foi encontrado nas proximidades da casa mortuaacuteria de

Ramseacutes II poreacutem pertence agrave eacutepoca da XVIII Dinastia no Egito

e relata aproximadamente 100 doenccedilas e um grande nuacutemero

de drogas da natureza animal vegetal ou mineral (VILELA

1977 apud ARGENTA et al 2011)

Durante o periacuteodo anterior agrave Era Cristatilde que ficou

conhecido como civilizaccedilatildeo grega vaacuterios filoacutesofos podem ser

destacados por suas obras de histoacuteria natural Dentre esses

destaca-se Hipoacutecrates considerado o pai da medicina

moderna que se caracterizou por tomar a natureza como guia

na escolha de remeacutedios (Natura medicatrix) e o Teofrasto (372

aC) disciacutepulo de Aristoacuteteles Eacute seu o registro da utilizaccedilatildeo da

espeacutecie botacircnica Papaver somniferum planta cujo princiacutepio

ativo eacute a morfina [Documentos sumerianos de 5000 aC]

referem-se agrave papoula e taacutebuas assiacutericas descrevem suas

propriedades (VALLE 1978 apud ARGENTA et al 2011)

Evidecircncias arqueoloacutegicas mostram que o uso de drogas

vegetais era amplo em civilizaccedilotildees antigas Nozes de beacutetele

uma planta aromaacutetica que conteacutem substacircncias psicoativas

eram mascadas haacute 13 mil anos no Timor artefatos descobertos

no Equador estendem o uso das folhas de coca a 5000 anos

atraacutes a civilizaccedilatildeo aacuterabe no seacuteculo VII descreveu o emprego

dos purgativos e cardiotocircnicos de origem vegetal as culturas

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

208

americana especialmente a Inca Asteca Maya Olmeca e

Tolteca consignaram agrave civilizaccedilatildeo moderna a quina a

ipecacuanha a coca e muitas outras drogas vegetais de valor

terapecircutico ateacute hoje indispensaacutevel a medicina moderna

(MARINI-BETTOgraveLO 1974 apud ARGENTA et al 2011)

O uso de plantas medicinais eacute uma praacutetica que se baseia

no conhecimento popular e na maioria das vezes transmitidos

de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo Natildeo se sabe ao certo quando se iniciou

o uso de plantas medicinais e aromaacuteticas com propoacutesitos

curativos Haacute evidecircncias de que jaacute no periacuteodo neoliacutetico as

ervas aromaacuteticas eram usadas em culinaacuteria e medicina e que

ervas e flores eram enterradas com os mortos (BERWICK

1996)

O uso de plantas medicinais no Brasil surgiu como uma

terapia alternativa sendo consideravelmente influenciada pela

Cultura Indiacutegena tradiccedilotildees africanas e a cultura Europeia

(ALMEIDA 2000)

Os iacutendios utilizavam a fitoterapia dentro de uma visatildeo

miacutestica em que o pajeacute ou feiticeiro da tribo fazia uso de plantas

entorpecentes para sonhar com o espiacuterito que revelaria a erva

ou o procedimento a ser seguido para cura do enfermo e

tambeacutem pela observaccedilatildeo de animais que procuram

determinadas plantas quando doentes Os negros procuravam

expulsar a doenccedila por meio de exorcismo e rodutos muitas

vezes de origem animal Os europeus por meio dos padres da

companhia de Jesus chefiados por Noacutebrega em 1579

elaboraram receitas chamadas ldquobotica dos coleacutegiosrdquo a partir de

plantas para o tratamento de doenccedilas Essas influecircncias

constituiacuteram a base da medicina popular que vem sendo

retomada pela medicina natural apresentando caraacuteter cientiacutefico

e integrando-as num conjunto de princiacutepios que visam natildeo

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

209

apenas curar algumas doenccedilas mas restituir o homem agrave vida

natural (MARTINS et al 1995)

A medicina natural ou popular com toda sua tradiccedilatildeo

milenar eacute tambeacutem agora um novo conceito de mercado A

necessidade exige e a ciecircncia busca a unificaccedilatildeo do progresso

com aquilo que a natureza oferece respeitando a cultura do

povo em torno do uso de produtos ou ervas medicinais para

curar os males Nos dias atuais cientistas pesquisam as

plantas com poder de curar agrave luz da fitoterapia que confirma

cientificamente os conhecimentos populares sobre estas

plantas (ACCORSI 2000)

Eacute indiscutiacutevel a necessidade de se resgatar o

conhecimento empiacuterico a respeito da utilizaccedilatildeo das plantas

medicinais para cura de inuacutemeras doenccedilas jaacute que essa praacutetica

representa um dos principais recursos terapecircuticos de muitas

comunidades e grupos eacutetnicos (LEITE EMERY SILVA 2010)

O ser humano faz parte de uma realidade complexa pois

ao longo de sua histoacuteria vive um processo de hominizaccedilatildeo e ao

mesmo tempo em que permanece um ser bioloacutegico inventa a

cultura de modo que faz parte do mundo natural e tambeacutem eacute

diferente dele (MORIN 2007) A cultura eacute dinacircmica e se

perpetua por meio de permanecircncias e mudanccedilas O que eacute

transmitido e ensinado formaraacute a base para o surgimento de

novos elementos que promoveratildeo a evoluccedilatildeo social e cultural

(MORIN 2005) O conhecimento popular passa nesta

perspectiva a subsidiar elementos para a Ciecircncia

32 A Horta como Recurso Didaacutetico

A horta escolar pode se constituir num espaccedilo de

aprendizado integrador do curriacuteculo escolar promovendo a

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

210

evoluccedilatildeo deste do modelo fragmentado para o modelo

sistecircmico do conhecimento Por meio de experiecircncias diretas

com o meio natural trabalha-se com a compreensatildeo sistecircmica

da vida que se baseia em trecircs fenocircmenos a teia da vida os

ciclos da natureza e o fluxo de energia (BARLOW STONE

2006)

Tal perspectiva permite reflexotildees sobre a forma em que

usualmente satildeo tratados os conteuacutedos programaacuteticos no

Ensino de Ciecircncias Os estudos de assuntos interligados como

relaccedilotildees ecoloacutegicas vegetais e alimentaccedilatildeo ocorrem

desvinculados entre si e em seacuteries escolares distintas aleacutem de

serem mais valorizados os seus aspectos conceituais O ensino

que privilegia a anatomia e a fisiologia do vegetal e ignora a

abordagem esteacutetica resultando no decliacutenio do gosto pela

observaccedilatildeo O sentido da observaccedilatildeo [deve ser] educado ao

mesmo tempo que a capacidade de se maravilhar pois as

ciecircncias naturais tambeacutem devem educar para a descoberta da

beleza (PELT 2007)

A experiecircncia concreta das etapas de elaboraccedilatildeo e os

cuidados com uma horta permitem o surgimento de problemas

discussotildees e negociaccedilotildees que aleacutem da abrangecircncia de

muacuteltiplas habilidades demandam a utilizaccedilatildeo de diversas aacutereas

de conhecimento fazendo da interdisciplinaridade algo

espontacircneo Em sendo a atividade em si complexa e

transversal requer ao longo de sua execuccedilatildeo temas

considerados nos PCN como transversais eacutetica pluralidade

cultural sauacutede meio ambiente trabalho e consumo (SILVA

2010)

Os Paracircmetros Curriculares Nacionais- PCNs (BRASIL

1998) e livros didaacuteticos atuais de Ciecircncias buscam inserir a

perspectiva CTS- Ciecircncia Tecnologia e Sociedade orientando

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

211

para o estudo dos impactos do desenvolvimento cientiacutefico e

tecnoloacutegico sobre a sociedade trazendo como objetivo a

preparaccedilatildeo do aluno para o exerciacutecio da cidadania (SANTOS

MORTIMER 2000) Nesse caso deve ser questionada a

ecircnfase da Ciecircncia e Tecnologia como promotora de progresso

a partir da perspectiva histoacuterica epistemoloacutegica da ciecircncia e do

caraacuteter interdisciplinar da alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica

Haacute a necessidade de uma visatildeo mais ampla e criacutetica da

realidade (ANGOTTI AUTH 2001)

Considera-se entatildeo a importacircncia de permanecircncias

que consolidem a condiccedilatildeo humana natural como forma de

alicerccedilar uma visatildeo criacutetica para as inovaccedilotildees Nesse contexto

as Hortas Escolares satildeo instrumentos que dependendo do

encaminhamento dado pelo educador podem abordar

diferentes conteuacutedos curriculares de forma significativa e

contextualizada e promover vivecircncias que resgatam valores

Valores tatildeo bem traduzidos no livro Boniteza de um Sonho

Um pequeno jardim uma horta um pedaccedilo de terra eacute um microcosmos de todo o mundo natural Nele encontramos formas de vida recursos de vida processos de vida A partir dele podemos reconceitualizar nosso curriacuteculo escolar Ao construiacute-lo e cultivaacute-lo podemos aprender muitas coisas As crianccedilas o encaram como fonte de tantos misteacuterios Ele nos ensina os valores da emocionalidade com a Terra a vida a morte a sobrevivecircncia os valores da paciecircncia da perseveranccedila da criatividade da adaptaccedilatildeo da transformaccedilatildeo da renovaccedilatildeo (GADOTTI 2002 p42)

Sabe-se da importacircncia de uma draacutestica mudanccedila nos

paracircmetros da educaccedilatildeo e da formaccedilatildeo de professores pois eacute

desse modo que a educaccedilatildeo como um todo se modificaraacute

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

212

Pode-se verificar em sala de aula que um professor melhor

preparado pode conduzir a aula e obter melhores resultados

relacionados tanto com a aprendizagem do aluno quanto com a

conquista do mesmo

Ao se inserir na praacutetica do educador atividades de natureza praacutetica ele se torna um instrumento importante para executar sua tarefa de ensino e aprendizagem de forma que desenvolve nos educandos o interesse de criar situaccedilotildees investigativas para formulaccedilatildeo de conceitos (PARANAacute 2007 p76)

Portanto seria necessaacuterio tambeacutem que dentro dos

cursos de formaccedilatildeo de professores fossem implantadas

disciplinas que ensinassem e motivassem os profissionais a

utilizarem aulas praacuteticas pois essas satildeo de suma importacircncia

para a qualidade do ensino Vendo a realidade do que se

aprende na teoria a assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos eacute muito mais

garantida E sabemos que nas escolas hoje satildeo raras as

realizaccedilotildees desse tipo de atividade

Em uma pesquisa realizada por Carrijo (1999) na qual

questionava qual seria o professor ideal de Ciecircncias e qual seria

o real foi perguntado a professoras da disciplina como elas

aprendiam a serem professoras algumas responderam que

seria na praacutetica do dia-a-dia enquanto outras diziam que foi

pelos professores que tiveram enquanto suas vidas como

alunas Ou seja os professores contribuem ativamente natildeo

apenas no aprendizado mas tambeacutem em futuras atitudes e

podem influenciar nas escolhas de seus alunos e por esse

motivo o professor deve ser preparado para alcanccedilar as

expectativas e melhor contribuir na educaccedilatildeo desses

ldquoEntretanto eacute certo que formaccedilatildeo geral de qualidade dos alunos

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

213

depende de formaccedilatildeo de qualidade dos professoresrdquo

(LIBAcircNEO 2003)

33 A Horta Medicinal como recurso didaacutetico para as aulas

de ciecircncias

A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB)

(Lei 939496) dispotildee o ensino fundamental como a segunda

etapa da educaccedilatildeo baacutesica e uma etapa extremamente

importante para o desenvolvimento integral do ser humano A

LDB prevecirc que o curriacuteculo da educaccedilatildeo fundamental possua

uma base nacional comum a ser continuamente

complementada e revista em cada sistema de ensino e

estabelecimento escolar por uma parte diversificada exigida

por caracteriacutesticas regionais e locais O objetivo das bases

curriculares eacute difundir os princiacutepios da reforma curricular e

orientar os professores na busca de novas abordagens e

metodologias

Essa nova proposta apresentada pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo em 1997 aos educadores brasileiros eacute composta

pelos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Os PCNs

surgiram com o objetivo de propiciar aos sistemas de ensino

particularmente aos professores subsiacutedios agrave elaboraccedilatildeo eou

re-elaboraccedilatildeo do curriacuteculo visando agrave construccedilatildeo do projeto

pedagoacutegico em funccedilatildeo da cidadania do aluno (BRASIL 1997)

Nos PCNs satildeo incluiacutedos aleacutem das aacutereas curriculares claacutessicas

(Liacutengua Portuguesa Matemaacutetica Ciecircncias Naturais Histoacuteria

Geografia Arte Educaccedilatildeo Fiacutesica e Liacutenguas Estrangeiras) o

tratamento de questotildees da sociedade brasileira como aquelas

ligadas a Eacutetica Meio Ambiente Orientaccedilatildeo Sexual Pluralidade

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

214

Cultural Sauacutede Trabalho e Consumo ou outros temas que se

mostrem relevantes

Baseando-se nessa premissa e com base nas inovaccedilotildees

trazidas pelos PCNs que propotildee ecircnfase em competecircncias e

habilidades metodologia de projetos de aprendizagem

contextualizaccedilatildeo temas transversais o Projeto Ciclo Verde foi

implantado da Escola Joseacute Clarindo Filho sob a Idealizaccedilatildeo e

coordenaccedilatildeo da Professora Rejane Silva Bioacuteloga Licenciada e

professora haacute 20 anos da rede municipal do Cabo de Santo

Agostinho ndash PE

A temaacutetica Geral adotada no ano de 2012 foi a

Valorizaccedilatildeo as Relaccedilotildees Eacutetnicorraciais na formaccedilatildeo da

Sociedade O Homem o Meio e a Cultura

O Projeto da horta medicinal surgiu com o propoacutesito de

resgatar o uso das plantas medicinais e de proporcionar um

recurso didaacutetico para o ensino de Ciecircncias bem como utilizar

uma aacuterea que se encontrava sem uso na escola Fig(1)

Segundo Macleod e Maurer (2010) o crescimento do uso das

ervas medicinais pode ter como objetivo no trabalho elaborado

a uniatildeo do uso das plantas medicinais agraves aulas de ciecircncia de

maneira que a aplicaccedilatildeo do conhecimento sobre a utilizaccedilatildeo

das plantas contribuiacutesse para a dinacircmica das aulas

Os educandos nesse contexto se mostraram muito

satisfeitos com a criaccedilatildeo da horta os mesmos participaram da

implantaccedilatildeo da horta e tambeacutem fazem a manutenccedilatildeo dos

canteiros

Como forma de explorar os conhecimentos dos alunos

acerca dos temas trabalhados na praacutetica na horta foram

explanadas questotildees sobre o resgate cultural da utilizaccedilatildeo de

plantas medicinais educaccedilatildeo ambiental uso de agrotoacutexicos

bem como foram explicados os objetivos da construccedilatildeo da

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215

horta no ambiente escolar Em conjunto com os professores da

escola foi realizado um mutiratildeo para recolhimento de garrafas

PET para serem reutilizadas para produccedilatildeo de mudas

fortalecendo a ideia de sustentabilidade e sobre a importacircncia

da reciclagem

Figura 1 Vista do antes e depois da construccedilatildeo da Horta de

Plantas Medicinais Escola Joseacute Clarindo Gomes Cabo de

Santo Agostinho ndash PE 2012

Atribuem ao contato com a terra e com as plantas o que

mais gostam e outros responderam que estatildeo satisfeitos pois

tecircm livre acesso e podem utilizar as plantas ali disponiacuteveis

Utilizada como recurso pedagoacutegico a horta escolar auxilia

na construccedilatildeo do conhecimento dando vida as aulas de

ciecircncias e das mais diversas disciplinas incentivando a

interdisciplinaridade e atuando no resgate da cultura popular da

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216

regiatildeo Sendo assim um dos veiacuteculos mais eficientes para a

difusatildeo do conhecimento sobre plantas medicinais e aromaacuteticas

estaacute na escola Alguns trabalhos (MOTOMIYA et al 2004) jaacute

demonstraram o sucesso da divulgaccedilatildeo desses

conhecimentos bem como o sucesso das hortas na

comunidade escolar

A horta na escola permite um aprendizado interdisciplinar

para o aluno segundo Pires Lima e Braga (2013) a horta

escolar integra as diversas fontes e explora os recursos de

aprendizagem ao proporcionar ldquopossibilidades para o

desenvolvimento de accedilotildees pedagoacutegicas por permitir praacuteticas

em equipe explorando a multiplicidade das formas de

aprenderrdquo Nesse sentido os educandos se sentem mais

interessados no processo de aprendizagem jaacute que os limites

do espaccedilo fiacutesico que lhe confere a sala de aula satildeo substituiacutedos

por um ambiente natural (PIRES LIMA BRAGA 2013)

Quando emitiram suas opiniotildees sobre as aulas que foram

dadas na horta de plantas medicinais os educandos

responderam que facilitam o aprendizado pois eles

aprenderam coisas novas Natildeo foram os assuntos dados na

aula que satildeo novos e sim a forma de ensinar que sai do

tradicional Fig (2) Assim pode-se considerar que uma aula

aliada a recursos didaacutetico-pedagoacutegicos se torna mais

motivadora e menos cansativa permitindo o entendimento dos

conteuacutedos com base na realidade do que quando comparada

com a aula expositiva tradicional

A horta de plantas medicinais aleacutem de se mostrar como

um excelente recurso didaacutetico para o ensino de ciecircncias

tambeacutem desempenha um papel importantiacutessimo dentro da

comunidade escolar pois aleacutem de permitir a articulaccedilatildeo entre

conhecimentos teoacutericos e praacuteticos disponibiliza plantas

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

217

medicinais para uso pessoal sendo que nesse sentido pode

ser apresentada como uma proposta rica para se entender

melhor a respeito das plantas medicinais na sua utilizaccedilatildeo pois

segundo Macleod Maurer (2010) ldquoo conhecimento da maneira

correta de utilizar as plantas medicinais eacute essencial ao homemrdquo

Figura 2 Aulas praacuteticas utilizando a Horta Medicinal como

recurso didaacutetico Escola Joseacute Clarindo Gomes Cabo de Santo

Agostinho ndash PE 2012

As aulas aliadas a recursos didaacutetico-pedagoacutegicos no

processo de ensino-aprendizagem satildeo importantes para que o

aluno assimile o conteuacutedo trabalhado desenvolvendo

criatividades e habilidades

Na horta foram trabalhados temas sobre educaccedilatildeo

ambiental e reciclagem partir do exemplo das garrafas pet

utilizadas para confecccedilatildeo de mudas os canteiros como uma

forma de aproveitar alguns materiais reciclaacuteveis

Os educandos tecircm consciecircncia de que o conhecimento

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

218

natildeo estaacute soacute nos livros mas tambeacutem no contato com a natureza

Nesta conjuntura o professor deve ter formaccedilatildeo e competecircncia

para utilizar os recursos didaacuteticos que estatildeo ao seu alcance e

muita criatividade ou ateacute mesmo construir juntamente com

seus alunos pois ao manipular esses objetos a crianccedila tem a

possibilidade de assimilar melhor o conteuacutedo

Serrano (2003) coloca que o grande desafio do

descompasso entre teoria e praacutetica que os temas transversais

tecircm enfrentado poderaacute ser rompido a partir do momento em que

os projetos forem simples objetivos ajustados agrave vivecircncia do

cotidiano casa-escola-comunidade do aluno desenvolvidos

interdisciplinarmente com uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica por

parte dos docentes e o rompimento com o modelo educacional

cartesiano dando espaccedilo para o questionamento e a reflexatildeo

que satildeo proacuteprios desses temas

A abordagem interdisciplinar atende a esta demanda

sem anular a importacircncia da disciplinaridade do conhecimento

De toda forma conveacutem natildeo esquecer que para que haja

interdisciplinaridade eacute preciso que haja disciplinas As

propostas interdisciplinares surgem e desenvolvem-se

apoiando-se nas disciplinas a proacutepria riqueza da

interdisciplinaridade depende do grau de desenvolvimento

atingido pelas disciplinas e estas por sua vez seratildeo afetadas

positivamente pelos seus contatos e colaboraccedilotildees

interdisciplinares (SANTOMEacute 1998)

Diante dessa problemaacutetica a horta escolar torna-se um

elemento capaz de desenvolver temas envolvendo educaccedilatildeo

ambiental e cultural pois aleacutem de conectar conceitos teoacutericos e

praacuteticos auxiliando o processo de ensino e aprendizagem se

constitui como uma estrateacutegia capaz de auxiliar no

desenvolvimento dos conteuacutedos de forma interdisciplinar

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

219

distribuiacutedos em assuntos trabalhados por temas transversais

4 CONCLUSOtildeES

A horta inserida no ambiente escolar pode contribuir de

forma significativa para a formaccedilatildeo integral do aluno tendo em

vista que o tema engloba diferentes aacutereas de conhecimento e

pode ser desenvolvido durante todo o processo de ensino

aprendizagem atraveacutes de vastas aplicaccedilotildees pedagoacutegicas com

situaccedilotildees reais envolvendo educaccedilatildeo ambiental e cultural

Alguns obstaacuteculos no entanto precisam ser

ultrapassados para que iniciativas interdisciplinares sejam

consolidadas como eacute a Horta de Plantas Medicinais como um

curriacuteculo elaborado de forma a contemplar as realidades locais

e regionais enfrentar em sala de aula os problemas locais

sempre considerando que estes envolvem aspectos

indissociaacuteveis (histoacutericas sociais ambientais econocircmicas e

eacuteticas) buscar desenvolver uma postura criacutetica e reflexiva nos

alunos incentivo por parte dos supervisores escolares de

discussotildees e planos de trabalhos em grupo (professores de

todas as disciplinas) uma vez que natildeo haacute continuidade em

accedilotildees isoladas falta de haacutebito dos professores de exercitarem

a praacutetica de aulas ministradas no exterior das salas de aula

Nesse sentido pode-se concluir que as aulas praacuteticas

aliadas a um bom ensino por parte dos professores satildeo de

fundamental importacircncia para que novas habilidades e atitudes

possam ser desenvolvidos pelos alunos somado a isso tem-se

que a horta escolar assume um papel importante no resgate da

cultura da regiatildeo sendo assim eacute imprescindiacutevel incentivar a

utilizaccedilatildeo de materiais com caracteriacutesticas locais As plantas

medicinais foram de suma importacircncia para o resgate e

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

220

valorizaccedilatildeo da cultura popular da comunidade na qual a escola

estaacute inserida tornando-se um instrumento importante para se

ter como recurso didaacutetico para o ensino de ciecircncias

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221

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HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

222

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EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

223

CAPIacuteTULO 13

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL

AMIOTROacuteFICA

Jeacutessyka Samara de Oliveira MACEDO 1

Giovanna Gabrielly Custoacutedio MACEcircDO 1 Priscilla Anne Catro de ASSIS 2

1Graduanda do curso de Enfermagem UFCG-CES 2 OrientadoraProfessora da UASUFCG-CES

samarajessykahotmailcom

RESUMO A Esclerose Lateral Amiotroacutefica (ELA) conhecida tambeacutem como doenccedila do neurocircnio motor acomete segmentos neurais corticoespinhais Apresenta duas versotildees baacutesicas similares quanto ao decorrer da patologia tendo contudo suposiccedilotildees etioloacutegicas diferentes ELA familiar correspondendo de 5 a 10 dos portadores da patologia e ELA esporaacutedica presente em 90 a 95 dos casos Os fatores de desenvolvimento das degeneraccedilotildees ocasiadas no decorrer da doenccedila natildeo satildeo claros sabe-se entretanto que a origem da patologia estaacute relacionada a exposiccedilatildeo de indiviacuteduos suceptiacuteveis geneticamente a fatores de desencadeamento como por exemplo aos metais pesados Assim etiologicamente as distintas versotildees da doenccedila indicam que a ELA familiar tem origem na maioria dos casos a partir de uma heranccedila autossocircmica dominante estabelecida pela mutaccedilatildeo de genes envolvendo por exemplo a enzima antioxidante superoacutexido dismutase 1 (SOD1) enquanto que a ELA esporaacutedica estaria associada a fatores de risco que determinem o seu desenvolvimento como os metais pesados No Brasil estima-se que cerca de 12 mil indiviacuteduos possuam a patologia e que semanalmente de 8 a 10 brasileiros sejam diagnoacutesticos como portadores dela O diagnoacutestico da ELA eacute determinante para sua fatalidade por ocorrer tardiamente impossibilita as

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

224

chances de sobrevida dos indiviacuteduos acometidos fazendo com que na maioria dos casos os cuidados sejam apenas paliativos Palavras-chave Doenccedilas Neurodegenerativas Esclerose Lateral Amiotroacutefica Metais Pesados

1 INTRODUCcedilAtildeO

A divisatildeo do sistema nervoso acontece apenas de

maneira didaacutetica uma vez que todas as suas partes estatildeo

intimamente relacionadas De maneira geral o sistema nervoso

apresenta trecircs divisotildees embrionaacuteria anatocircmica e funcional Na

divisatildeo embrionaacuteria as vesiacuteculas primordiais datildeo nome as suas

partes originadas no sistema nervoso central a divisatildeo

anatocircmica eacute marcada pela presenccedila de dois segmentos de

utilizaccedilatildeo apenas esquemaacutetica sistema nervoso central e

sistema nervoso perifeacuterico (AIRES 2012 MACHADO 1998)

Nos criteacuterios de divisatildeo funcional pode-se dividir o

sistema nervoso em visceral e somaacutetico Para controle de

ambos um iacutentimo relacionamento entre componentes aferentes

ndash conduzem aos centros nervosos impulsos originados em

receptores perifeacutericos ndash e eferentes ndash responsaacuteveis por conduzir

as respostas formuladas pelos centros nervosos a partir de

estiacutemulos ndash eacute fundamental (MACHADO 1998 SILVERTHORN

2010)

A comunicaccedilatildeo entre as vias aferentes e eferentes satildeo

realizadas atraveacutes de sinapses podendo ser diferenciadas em

quiacutemicas (atraveacutes de neurotransmissor) e eleacutetricas (por meio de

junccedilotildees comunicantes) Mediante estas comunicaccedilotildees

informaccedilotildees satildeo repassadas entre neurocircnioneurocircnio

neurocircnioceacutelulas natildeo neuronais (efetuadoras) e

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

225

neurocircnioceacutelulas secretoras (glacircndulas) (AIRES 2012

MACHADO 1998)

O movimento voluntaacuterio dos muacutesculos esqueleacuteticos por

exemplo acontece graccedilas agrave comunicaccedilatildeo entre um neurocircnio

motor somaacutetico localizado na medula espinhal e as fibras

musculares Para que o movimento mais simples ocorra eacute

necessaacuterio que um potencial de accedilatildeo chegue ao terminal

sinaacuteptico e libere acetilcolina (Ach) na fenda sinaacuteptica a partir

deste neurotransmissor seraacute gerada uma cascata de

mecanismos que culminaratildeo na contraccedilatildeo muscular Estas

comunicaccedilotildees celulares ocorrem devido a propagaccedilatildeo do

potencial de accedilatildeo estabelecido com sublimidade em razatildeo da

bainha de mielina uma camada de substacircncias lipoproteicas

que funcionam como um isolante eleacutetrico ao longo do axocircnio

neuronal (BALDO 2010)

Assim como este simples exemplo do movimento

voluntaacuterio as demais funccedilotildees fisioloacutegicas possuem algo em

comum a percepccedilatildeo de estiacutemulos o processamento desta

informaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo de uma eventual resposta agrave ela

realizados por intermeacutedio do sistema nervoso central Sem

estas etapas seria impossiacutevel ao ser humano estabelecer

algum contato com o ambiente que o cerca e ateacute mesmo com

si proacuteprio ou seja manter a homeostasia corporal Para a

percepccedilatildeo dos estiacutemulos o neurocircnio sensitivo eacute a peccedila

fundamental jaacute que conduz a informaccedilatildeo da periferia ateacute o

sistema nervoso central (SNC) onde a informaccedilatildeo eacute

interpretada Uma resposta agrave informaccedilatildeo eacute entatildeo enviada

atraveacutes dos neurocircnios motores ateacute o oacutergatildeo-alvo atraveacutes de

neurotransmissores (AIRES 2012 MACHADO 1998)

Qualquer alteraccedilatildeo miacutenima neste processo seja atraveacutes

de algum comprometimento neuronal ou por exacerbaccedilatildeo na

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

226

liberaccedilatildeo de neurotransmissores poderaacute acarretar o processo

que denominamos de doenccedilas neurodegenerativas estas tecircm

como sintomas principais ataxias (deficiecircncia no movimento) e

demecircncias As doenccedilas neurodegenerativas mais comuns satildeo

Alzheimer resultado da degeneraccedilatildeo de neurocircnios

encontrados no coacutertex cerebral Parkinson causada pela morte

de neurocircnios localizados na substacircncia negra cerebral

Esclerose Muacuteltipla derivada da degeneraccedilatildeo da bainha de

mielina de neurocircnios sensitivos e motores e a ELA (Esclerose

Lateral Amiotroacutefica) resultante da morte dos neurocircnios

motores predominantemente de segmentos corticoespinhais

(enceacutefalo tronco cerebral e medula espinhal) (CIEcircNCIA EM

CENA 2016)

A Esclerose Lateral Amiotroacutefica eacute uma doenccedila letal cuja

causa eacute a degeneraccedilatildeo neuronal no segmento corticoespinhal

Tambeacutem eacute conhecida como doenccedila do neurocircnio motor por

causar alteraccedilotildees principalmente no sistema motor entretanto

seus efeitos natildeo se resumem a apenas alteraccedilotildees motoras

mas possuem abrangecircncia sistecircmica (CIEcircNCIA EM CENA

2016)

A Esclerose Lateral Amiotroacutefica afeta dois tipos de

neurocircnios motores os superiores e os inferiores Os neurocircnios

motores superiores satildeo responsaacuteveis por regular atraveacutes de

comunicaccedilotildees celulares (sinapses) a atividade dos neurocircnios

motores inferiores que quando ativados permitem a contraccedilatildeo

muscular voluntaacuteria Os neurocircnios motores inferiores do

segmento do tronco cerebral controlam os movimentos da face

boca garganta e liacutengua enquanto que os neurocircnios inferiores

da medula controlam os movimentos voluntaacuterios das demais

partes do corpo O sinais e sintomas da ELA estatildeo relacionados

ao segmento neuronal acometido O acometimento dos

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

227

neurocircnios motores superiores tem como resultado ataxia e

presenccedila de reflexos anormais como o reflexo de Babinski

contudo os reflexos tendiacuteneos vivos permanecem preservados

ao atingir os neurocircnios motores inferiores agrave niacutevel medular os

sinais encontrados satildeo ataxia fasciculaccedilotildees atrofia atonia e

arreflexia enquanto que o acometimento dos neurocircnios

motores inferiores do segmento do tronco cerebral resultam em

disfagia e disartria Desde o surgimento dos primeiros sintomas

a patologia oferece ao portador uma expectativa de vida de trecircs

a quatro anos contudo uma vez que a doenccedila tenha iniacutecio no

segmento bulbar a expectativa de vida diminui (ABRELA

2016)

Diversos fatores tem sido alvo de estudos cientiacuteficos afim

de relacionaacute-los ao desenvolvimento da Esclerose Lateral

Amiotroacutefica contudo ainda natildeo existe definiccedilatildeo exata da sua

etiologia Atualmente a teoria etioloacutegica mais aceita eacute a da

multifatoriedade esta associa a teoria geneacutetica agrave ambiental A

teoria geneacutetica diz que o desenvolvimento da ELA estaacute ligado a

uma alteraccedilatildeo no gene SOD ndash responsaacutevel pela expressatildeo da

enzima cobrezinco superoacutexido dismutase ndash levando a lesatildeo

neuronal devido ao acuacutemulo de superoacutexidos Por outro lado a

teoria ambiental se baseia no fato de que a exposiccedilatildeo de

indiviacuteduos susceptiacuteveis a determinados agentes seria a causa

da doenccedila Os metais pesados relacionam-se intimimamente agrave

segunda teoria sendo assim tem recebido grande atenccedilatildeo

como fator de desenvolvimento estes satildeo caracterizados pela

alta bioacumulaccedilatildeo natildeo sendo possiacutevel sua eliminaccedilatildeo raacutepida

e eficaz apoacutes a intoxicaccedilatildeo Seus principais efeitos toacutexicos no

organismo do homem relacionam-se em sua maioria ao

sistema nervoso central (NORDON ESPOacuteSITO 2009

ROCHA 2009)

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

228

Tendo em vista a influecircncia dos agentes ambientais

como um dos principais causadores do desenvolvimento da

ELA o presente artigo de revisatildeo bibliograacutefica tem o objetivo de

relacionar o surgimento da Esclerose Lateral Amiotroacutefica aos

fatores ambientais sobretudo a exposiccedilatildeo a metais pesados

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Foi realizada uma busca nas bases de dados Google

Acadecircmico SciELO LILACS e MEDLINE por artigos no periacuteodo

de 1989 a 2016 aleacutem do embasamento teoacuterico em acervo

bibliograacutefico Os descritores utilizados foram Esclerose Lateral

Amiotroacutefica Metais Pesados e Doenccedilas Neurodegenerativas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Estudos experimentais permitem relacionar o

desenvolvimento da Esclerose Lateral Amiotroacutefica a associaccedilatildeo

entre fatores geneacuteticos e a exposiccedilatildeo deste indiviacuteduo jaacute

marcado geneticamente a agentes de desencadeamento das

degeneraccedilotildees determinadas pela patologia (ABRELA 2016)

Segundo a Associaccedilatildeo Brasileira de Esclerose Lateral

Amiotroacutefica (2016) a teoria geneacutetica encontra-se baseada no

fato de que mutaccedilotildees na enzima antioxidante superoacutexido

dismutase 1 (CuZnSOD1) no cromossomo 21 levariam ao

acuacutemulo do iacuteon superoacutexido este iacuteon entatildeo acumulado

possibilitaria a formaccedilatildeo de radicais livres (peroxidonitrila e

hidroxila) que em excesso levariam a morte do neurocircnio motor

A teoria etioloacutegica relacionada a enzima CuZnSOD1 eacute a mais

estudada entretanto atualmente aleacutem do SOD1 outros genes

estatildeo sendo objetos de estudo em relaccedilatildeo aos fatores

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

229

desencadeantes para o desenvolvimento da ELA como o

Apoliproteiacutena E (ApoE)

Em condiccedilotildees normais a CuZnSOD eacute formada por 153

aminoaacutecidos dispostos em duas subunidades com um aacutetomo

de cobre e um de zinco em cada uma delas Eacute encontrada

predominantemente no citoplasma de ceacutelulas eucarioacuteticas

aleacutem de estar presente tambeacutem nos peroxissomos nuacutecleo e

espaccedilo intermembranas mitocondrial (BERTINI 1998

HALLIWELL GUTTERIDGE 1989 VALENTINE DOUCETTE

POTTER 2005)

A CuZnSOD estaacute relacionada a conversatildeo de superoacutexido

(O2-) um dos radicais livres mais reativos (NETO 2009) em

peroacutexido de hidrogecircnio (H2O2) para consequentemente a

accedilatildeo da peroxidase glutationa e da catalase originar aacutegua

(H2O) Inicialmente acreditava-se que a perda da funccedilatildeo desta

enzima seria o fator desencadeante para a ocasionar a

patologia contudo no momento sabe-se que um ganho toacutexico

na sua accedilatildeo seria o fator primordial para o desenvolvimento da

doenccedila (OSKARSSON HORTON MITSUMOTO 2015)

Quando mutada a CuZnSOD parece desencadear

fatores que acarretam as seguintes desordens neuronais o

transporte anteroacutegrado axonal eacute prejudicado dificultando a

ampla distribuiccedilatildeo dos componentes celulares sintetizados haacute

formaccedilatildeo de inclusotildees proteicas dificultando o devido

funcionamento de organelas podendo ainda agregar-se na

matriz mitocondrial dos neurocircnios e inibir a cadeia respiratoacuteria

comprometendo a produccedilatildeo de ATP em virtude do deacuteficit

energeacutetico mesmo havendo liberaccedilatildeo de neurotransmissores

em quantidades normais fatores como a excitotoxicidade

poderatildeo ser desencadeados por falhas no bloqueio de

receptores necessariamente quando relacionados ao

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

230

neurotransmissor glutamato caracterizando uma das principais

possibilidades para o mecanismo de desenvolvimento da ELA

(SHAW 2005 VALENTINE DOUCETTE POTTER 2005)

Cerca de 5 a 10 dos casos da ELA envolvem o tipo

familiar da patologia repassada na grande parte dos casos por

uma heranccedila autossocircmica dominante envolvendo mutaccedilotildees no

gene 21q22 do cromossomo 21 responsaacutevel por codificar a

enzima antioxidante superoacutexido dismutase A mutaccedilatildeo da

enzima geralmente se daacute pela substituiccedilatildeo do aminoaacutecido

valina presente na quarta posiccedilatildeo da proteiacutena pelo aminoaacutecido

alanina (ABRELA 2016 SHAW 2005)

Aleacutem da ELA familiar 1 relacionada a mutaccedilotildees no gene

responsaacutevel pela SOD1 outros genes alterados foram

associados a distintas versotildees da ELA familiar (SHAW 2005

BOILLEacuteE 2006) A tabela abaixo caracteriza as versotildees da ELA

familiar tiacutepica quanto as suas alteraccedilotildees geneacuteticas e outras

propriedades

Tabela 1 Caracteriacutesticas da forma tiacutepica da ELA familiar Subtipo Locus Proteiacutena

alterada Hereditariedade Iniacutecio do

desenvolvimento

ELA1 21q221 SOD1 Dominante adulta

ELA3 18q21 desconhecida Dominante adulta

ELA6 16q12 desconhecida Dominante adulta

ELA7 20p13 desconhecida Dominante adulta

Fonte Modificado de Shaw (2005) e Boilleacutee (2006)

Existe ainda outro tipo de ELA a ELA esporaacutedica As

razotildees para o seu desenvolvimento entretanto encontram-se

ainda menos fundamentadas Diversos fatores de risco estatildeo

associados a esta versatildeo da patologia contemplando de 90 a

95 dos casos existentes A multifatoriedade quanto ao

desenvolvimento da Esclerose Lateral Amiotroacutefica encontra-se

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

231

baseada na interaccedilatildeo gene-ambiente Esta relaccedilatildeo ainda natildeo

foi totalmente esclarecida contudo teoricamente exposiccedilotildees

ambientais associadas agrave suscetibilidade seria o gatilho para a

ocorrecircncia da doenccedila evidecircncias indicam que a suscetibilidade

poderaacute aumentar a partir de variaccedilotildees nos genes SLCOIB1 e

TPMP responsaacuteveis por codificar respectivamente a proteiacutena

transportadora OATP1B1 e a enzima tiopurina metiltransferase

aleacutem do gene PMP22 relacionado com a produccedilatildeo da proteiacutena

mielina perifeacuterica 22 Estudos quanto a influecircncia dos metais

pesados como fator ambiental satildeo controversos sabe-se

entretanto que os niacuteveis de metais pesados como o chumbo

(Pb) estatildeo aumentados em indiviacuteduos com a doenccedila (ABRELA

2016 GENETICS HOME REFERENCE 2016 NETO 2008

OSKARSSON HORTON MITSUMOTO 2015)

Quimicamente os metais pesados compotildeem na tabela

perioacutedica elementos de elevadas massa e nuacutemero atocircmico

Estes metais natildeo satildeo encontrados em sua forma pura na

natureza mas associados a outros elementos quiacutemicos sob a

forma de minerais e rochas Satildeo amplamente reconhecidos por

obterem um alto poder de reatividade e toxicidade por serem

facilmente absorvidos pelos organismos e principalmente por

sua elevada bioacumulaccedilatildeo No ambiente satildeo encontrados

com certa frequecircncia sob a forma antroacutepica e natural por esta

razatildeo podem entrar em contanto com diversas espeacutecies

inclusive os humanos (PAVANELLO MUCINHATO 2016

ROCHA 2009 RUPPENTHAL 2013)

Apoacutes estabelecido o contato com os seres humanos

atraveacutes da exposiccedilatildeo a solos inalaccedilatildeo de ar e consumo de

alimentos e aacutegua contaminados pelos metais estes podem ser

excretados sem nem mesmo serem percebidos desde que em

quantidades pequenas ou causar danos graviacutessimos agrave sauacutede

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

232

dos indiviacuteduos atingidos podendo levar a morte Os metais

pesados de maior interesse para as aacutereas das ciecircncias da

sauacutede satildeo o chumbo mercuacuterio e caacutedmio sobretudo por

apresentarem elevados nuacutemeros de intoxicaccedilotildees (LEITE

SILVA CUNHA 2015 ROCHA 2009)

Os danos agrave sauacutede satildeo causados especialmente pelo

fato dos metais pesados natildeo permitirem que o organismo os

metabolize gerando a acumulaccedilatildeo destas substacircncias Por natildeo

fazerem parte das substacircncias naturais do corpo o acuacutemulo

destes metais acarreta inuacutemeras disfunccedilotildees de tecidos e

oacutergatildeos do indiviacuteduo afetado Consequentemente diversos

processos bioquiacutemicos os datildeo afinidade por oacutergatildeos especiacuteficos

como eacute o caso do caacutedmio mercuacuterio e chumbo O caacutedmio eacute

comum em casos de contaminaccedilatildeo solar e eacute ingerido pelos

humanos principalmente sob as formas inalatoacuteria e digestoacuteria

seu acuacutemulo eacute geralmente nos rins provocando toxicidade

renal O mercuacuterio por sua vez eacute altamente lipossoluacutevel e sua

ingestatildeo se daacute atraveacutes da inalaccedilatildeo podendo ser absorvido

ainda atraveacutes da pele Devido a sua lipossolubilidade este

metal possui a capacidade de atravessar a barreira

hematoencefaacutelica e causar lesotildees no sistema nervoso central

fazendo com que os indiviacuteduos intoxicados apresentem

alteraccedilotildees como anormalidades nos reflexos alucinaccedilotildees

irritabilidade perda de memoacuteria confusatildeo mental coma e

morte O chumbo eacute absorvido atraveacutes das vias inalatoacuterias e

digestoacuteria e eacute caracterizado por afetar principalmente as

formaccedilotildees oacutesseas podendo apresentar tambeacutem efeitos sobre

diversos sistemas orgacircnicos como o sistema nervoso aleacutem de

acarretar como consequecircncias distuacuterbios hematoloacutegicos renais

e ateacute hipertensatildeo arterial Na intoxicaccedilatildeo por chumbo haacute a

inibiccedilatildeo da desidratase do aacutecido delta-aminolevuliacutenico (ALA-D)

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

233

deixando os substratos aacutecido delta-aminolevuliacutenico (ALA)

coproporfirinogecircniocoproporfirina III (CPIII) e PPIX acumulados

nos tecidos do organismo humano assim tratando-se do

sistema nervoso as accedilotildees caracteriacutesticas deste metal tendem

agrave degeneraccedilatildeo segmentar das lacircminas de mielina e

degeneraccedilatildeo axonal aleacutem destes efeitos neurotoacutexicos do

metal inclui-se tambeacutem a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas gliais nas

massas cinzenta e branca Seus efeitos sobre o sistema nevoso

incluem encefalopatia aguda vascular ou crocircnica

arteriosclerose cerebral epilepsia neuropatia perifeacuterica

alteraccedilatildeo da habilidade psicomotora alteraccedilatildeo do soacutecio-

emotivo e alteraccedilatildeo da funcionalidade sensorial (ASMUS 2016

BJOumlRN 1992 MOREIRA MOREIRA 2004 ROCHA 2009

RUPPENTHAL 2013 SADAO 2002)

Assim como o chumbo metais como o selecircnio (Se)

caacutedmio (Cd) e o cromo (Cr) estatildeo em estudos de correlaccedilatildeo agrave

doenccedila juntamente ao chumbo o caacutedmio o cromo e o cobalto

estatildeo inclusos como possiacuteveis intoxicantes respiratoacuterios

canceriacutegenos e mutagecircnicos Os metais citados anteriormente

com exceccedilatildeo do selecircnio estatildeo presentes na composiccedilatildeo do

cigarro e desta maneira associados agrave nicotina satildeo

responsaacuteveis por causar stress oxidativo incluindo o fumo

como fator em estudo para o desenvolvimento da ELA A partir

disto formulou-se a Teoria do stress oxidativo tida como via

central para o surgimento de doenccedilas do neurocircnio motor e

bastante associada a aspectos comuns entre os diversos riscos

ambientais em estudo Aleacutem dos metais pesados fatores como

o aminoaacutecido beta-metil-amino-L-alanina (BMAA) vem

recebendo grande atenccedilatildeo assim como o neurotransmissor

glutamato este aminoaacutecido relaciona-se ao processo de

neuroexcitotoxicidade e seria o responsaacutevel por lesionar o

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

234

coacutertex motor do ceacuterebro de macacos e Chamorros o BMAA eacute

produzido por cianobacteacuterias Estaria relacionado natildeo apenas

ao desenvolvimento da ELA mas encontrou-se aumentado no

ceacuterebro de seis pacientes com o complexo ELAParkinson

doenccedila de Alzheimer e outras doenccedilas neurodegenerativas

(ABRELA 2016 FDA 2012 OSKARSSON HORTON

MITSUMOTO 2015)

Os diagnoacutesticos da ELA estatildeo preacute-estabelecidos a partir do

El Escorial World Federation of Neurology Possui diferentes

subclassificaccedilotildees a depender da quantidade de segmentos

comprometidos por exemplo nas extremidades desta

reparticcedilatildeo temos a forma definida ou tiacutepica ocorrendo quando

haacute disfunccedilatildeo de neurocircnios motores superiores neurocircnios

motores inferiores da regiatildeo bulbar e de outras duas regiotildees

espinhais e a forma suspeita da doenccedila marcada por

comprometimento de neurocircnios motores inferiores em duas ou

trecircs regiotildees De maneira geral o diagnoacutestico inclui a

demonstraccedilatildeo de envolvimento dos NMS junto a sinais de

comprometimento dos NMI Atualmente natildeo haacute indicaccedilatildeo de

um exame especiacutefico para diagnoacutestico da ELA contudo o

eletroneuromiograma possui utilizaccedilatildeo fundamental podendo

associar-se a exames laboratoriais e de neuroimagem aleacutem do

uso de ressonacircncia magneacutetica para distinguir o

comprometimento predominante nos neurocircnios motores

superiores eou inferiores Como natildeo haacute um meacutetodo padratildeo

para a detecccedilatildeo a demora para o diagnoacutestico da doenccedila eacute

comum fazendo com que exista uma meacutedia de 12 meses desde

o aparecimento de sintomas ateacute o diagnoacutestico Para que o

tempo entre estes eventos seja menor torna-se necessaacuterio a

implantaccedilatildeo de formas diferenciais de diagnoacutestico estando

relacionadas a solicitaccedilatildeo de exames de acordo com a

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

235

disfunccedilatildeo presente dentre estes destaca-se o diagnoacutestico

diferencial relacionado a neuropatia motora pura com auto-

anticorpos (ABRELA 2016)

Infelizmente a ELA natildeo tem cura Seu tratamento consiste

apenas em medidas paliativas que prolonguem a expectativa

de vida e retardem o desenvolvimento da doenccedila Atualmente

drogas inibidoras da excitotoxicidade ndash relacionada

principalmente ao neurotransmissor glutamato ndash como o

Riluzole vecircm apresentando efeito beneacutefico quanto ao

prolongamento da vida ainda que por poucos meses Aleacutem do

Riluzole que constitui o tratamento especiacutefico da ELA eacute

necessaacuteria uma abordagem multidisciplinar associada aos

sintomas concomitantes da doenccedila O sistema de sauacutede

puacuteblico brasileiro o SUS disponibiliza este medicamento de

forma gratuita desde 2015 investindo R$ 76 milhotildees para sua

aquisiccedilatildeo atendendo um consumo meacutedio mensal de cerca de

1427 mil comprimidos aleacutem de investir em outras formas

terapecircuticas para o tratamento dos sintomas acarretados pela

doenccedila como a fisioterapia (ABRELA 2016 BRASIL 2015)

A prevalecircncia da doenccedila no mundo eacute de 3 a 8 casos

para cada 100000 habitantes tendo uma incidecircncia anual de

2100000 indiviacuteduos No Brasil de 8 a 10 indiviacuteduos satildeo

diagnosticados com a patologia semanalmente estimando-se

segundo o Instituto Paulo Gontijo (2016) que cerca de 12 mil

brasileiros possuam a doenccedila (PEREIRA 2006 ABNEURO

2014)

Um estudo realizado no ano de 1998 ndash cuja publicaccedilatildeo

ocorreu soacute em 2000 ndash demonstrou as caracteriacutesticas

epidemioloacutegicas da ELA no Brasil A anaacutelise dos dados contidos

neste estudo permitiu confimar a predominacircncia dos casos da

ELA esporaacutedica quando comparados a ELA familiar

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

236

(DIETRICH-NETO et al 2000) A tabela a seguir reuacutene os dados

epidemioloacutegicos no que se refere agraves principais formas cliacutenicas

da doenccedila

Tabela 2 Dados epidemioloacutegicos da ELA no Brasil

Sexo Formas cliacutenicas

Feminino Masculino ELA esporaacutedica

ELA familiar

Ndeg 184 259 403 26

415 585 91 59

TOTAL 443 Fonte DIETRICH-NETO et al 2000 no estudo 14 casos foram

desconsiderados

4 CONCLUSOtildeES

O crescimento populacional e o avanccedilo industrial e

tecnoloacutegico tem gerado impasses preocupantes como o

armazenamento inadequado dos resiacuteduos Esta atitude eacute a

principal causa da contaminaccedilatildeo do solo e principalmente dos

mananciais e da fauna aquaacutetica existente por metais pesados

O estudo da relaccedilatildeo existente entre o desenvolvimento da

Esclerose Lateral Amiotroacutefica e os fatores ambientais

sobretudo os metais pesados deixa um alerta importante sobre

os agravos que a contaminaccedilatildeo ambiental por metais pesados

pode acarretar Eacute evidente que a preocupaccedilatildeo sobre esta

contaminaccedilatildeo aumenta consideravelmente quando relacionada

a um paciente portador de ELA e a indiviacuteduos geneticamente

predispostos ao seu desenvolvimento contudo a exposiccedilatildeo de

indiviacuteduos saudaacuteveis aos metais pesados traz consequecircncias

similarmente graves agrave sauacutede

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

237

Ademais passos importantes como o mapeamento

geneacutetico de indiviacuteduos supostamente predispostos a doenccedila

deve ser levado em consideraccedilatildeo na tentativa de lidarmos

melhor com o desenvolvimento da patologia aleacutem disso

medidas de armazenamento adequado e fiscalizaccedilatildeo deste

processo eacute imprescindiacutevel tanto para aumentar a sobrevida de

pacientes portadores de ELA como tambeacutem para oferecer

melhores condiccedilotildees de vida agrave populaccedilatildeo saudaacutevel

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EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

239

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COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

240

CAPIacuteTULO 14

EXPOSICcedilAtildeO AO CHUMBO DURANTE A GRAVIDEZ E SUAS COMPLICACcedilOtildeES NO

DESENVOLVIMENTO EMBRIONAacuteRIO UMA REVISAtildeO DE LITERATURA

Arthur ALEXANDRINO 1

Ana Elisa Barboza de SOUZA 1

Priscilla Anne Castro de ASSIS 2

Graduandos do curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Educaccedilatildeo e Sauacutede - CESUFCG 2 OrientadoraDocente do Curso de Bacharelado em Enfermagem do

CESUFCG arthurlima12345hotmailcom

RESUMO A produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos eacute bastante antiga e no Brasil essa produccedilatildeo chega a nuacutemeros alarmantes O aumento desses materiais tornou-se um problema agrave sauacutede puacuteblica aleacutem de gerar impactos ambientais e soacutecio- econocircmicos a populaccedilatildeo Dentre esses resiacuteduos os metais pesados apresentam propriedades bioacumulativas e tem efeito teratogecircnico podendo comprometer vaacuterios sistemas do corpo Dentre eles destaca-se o chumbo que pode causar seacuterios danos Acerca da problemaacutetica este trabalho tem como objetivo revisar a literatura cientiacutefica sobre os acometimentos causados pela exposiccedilatildeo aos metais pesados a falta de informaccedilatildeo da populaccedilatildeo sobre os teratoacutegenos aleacutem de mostrar como o chumbo age no organismo informar os paracircmetros de controle esquematizar suas trocas nos organismos mecanismos de toxidade e discutir meios preventivos Consta de revisatildeo da literatura dos uacuteltimos dez anos utilizando as bases de dados CAPES SciELO PubMed e BVS Os resultados apontam que os teratoacutegenos causam complicaccedilotildees embrionaacuteriasfetais como a maacute formaccedilatildeo

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

241

congecircnita anomalias retardo mental e aborto A falta de informaccedilatildeo sobre o assunto pode influenciar para o aparecimento desses acomentimentos Os resultados tambeacutem mostram como ocorre a absorccedilatildeo distribuiccedilatildeo e excreccedilatildeo do chumbo no organismo os paracircmetros para o controle bioloacutegico da exposiccedilatildeo e a troca desse metal no metabolismo aleacutem de mostrar um dos mecanismos de toxidade e trazer medidas de prevenccedilatildeo agrave sua exposiccedilatildeo Palavras-chave Resiacuteduos soacutelidos Metais pesados Chumbo

1 INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros relatos de produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos

estaacute relacionado aos nocircmades da eacutepoca que deixavam para

traacutes seus rastros de lixo (DEUS BATTISTELLE SILVA 2015)

Com o teacutermino da Revoluccedilatildeo Industrial as industrias

aumentaram seus iacutendices de produtividade e

consequentemente a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos oriundos dos

seus processos produtivos A partir da deacutecada de 70 que esse

assunto comeccedilou a ser abordado de forma aprofundada em

encontros mundiais como a ECO 92 no Rio de Janeiro virando

palco de discursatildeo em todo o mundo visto que se tratava de

um impacto ambiental em niacutevel global (DEUS BATTISTELLE

SILVA 2015)

Com o passar dos anos foi feita a correlaccedilatildeo da geraccedilatildeo

desses materiais com seacuterios danos agrave sauacutede puacuteblica mas

apesar dos nuacutemeros de produccedilatildeo crescentes ateacute os dias atuais

grande parte desses resiacuteduos continuam tendo uma disposiccedilatildeo

final inadequada constituindo um grande desafio para a

administraccedilatildeo puacuteblica (URBAN 2016 FERRI CHAVES

RIBEIRO 2015)

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

242

O Brasil tem em meacutedia uma produccedilatildeo diaacuteria de 189 mil

toneladas de resiacuteduos soacutelidos em que esses satildeo descartados

em lixotildees aterros controlados e aterros sanitaacuterios

(MANNARINO FERREIRA GANDOLLA 2016) Para Pereira e

Lange (2011) a alternativa mais sensata para esses resiacuteduos

soacutelidos seria a implantaccedilatildeo de aterros sanitaacuterios unidades de

compostagem e na remediaccedilatildeo de lixotildees em todo o Brasil bem

como na busca de soluccedilotildees financeiras para municiacutepios de

pequeno porte

Os resiacuteduos soacutelidos satildeo aqueles em estados soacutelidos e

semi-soacutelidos provenientes de atividades de origem hospitalar

industrial agriacutecola domeacutestica de varriccedilatildeo de serviccedilos e

aqueles oriundos de equipamentos e instalaccedilotildees de controle de

poluiccedilatildeo e os de sistemas de tratamento de aacutegua (JULIATTO

CALVO CARDOSO 2011)

A lei ndeg 12305 de dois de agosto de 2010 que instituiu

a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos estabelece as

diretrizes relativas agrave gerenciaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos e a

gestatildeo integrada a responsabilidade do poder puacuteblico dos

geradores e dos instrumentos econocircmicos aplicaacuteveis tendo

como norteamento os conceitos que estatildeo em atuaccedilatildeo nos

paiacuteses desenvolvidos principalmente os da Europa

(MANNARINO FERREIRA GANDOLLA 2016)

A presente lei eacute tambeacutem responsaacutevel pela classificaccedilatildeo

desse resiacuteduos sendo um dos subtipos os resiacuteduos perigosos

que apresentam risco significativo agrave sauacutede puacuteblica e agrave

qualidade ambiental visto que esses resiacuteduos apresentam

algumas caracteriacutesticas como teratogenicidade

carcinogenidade mutagenicidade reatividade inflamabilidade

toxidade patogenicidade e corrosividade (BRASIL 2010)

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

243

Um exemplo bastante claro desses resiacuteduos perigosos

satildeo os metais pesados que satildeo bioacumulativos isto eacute uma

vez ingeridos inalados ou tido contato deacutermico natildeo satildeo mais

eliminados e acabam depositando-se em locais especiacuteficos do

organismo gerando um comprometimento das suas funccedilotildees

podendo vir a causar danos agrave sauacutede desse indiviacuteduo (DUTRA

BERVIAN 2016)

Os tipos de metais pesados com maior poder de toxidade

satildeo o Mercuacuterio (Hg) Arsecircnio (As) Cromo (Cr) Chumbo (Pb)

Caacutedmio (Cd) e o Niacutequel (Ni) poreacutem o Chumbo (Pb) tem um

maior efeito teratogecircnico atravessando a barreira placentaacuteria

podendo vir a causar maacute formaccedilotildees congecircnitas prematuridade

eou retardo mental (OLIVEIRA et al 2016)

Os metais pesados podem ser encontrados em todos os

tipos de objetos aos quais temos um constante contato como

tintas enlatados pilhas aparelhos eletrocircnicos lacircmpadas

plaacutesticos cosmeacuteticos tintura de cabelo esmaltes entre outros

(OLIVEIRA et al 2016)

Neste contexto comprendendo os problemas que esses

metais pesados podem ocasionar agrave sauacutede das pessoas eacute

oportuno trazer informaccedilotildees atuais sobre esses elementos Por

isso o presente trabalho tem por objetivo revisar a literatura

cientiacutefica apresentar informaccedilotildees recentes sobre o tema os

mecanismos bioloacutegicos dos seus efeitos teratogecircnicos

causados pela exposiccedilatildeo aos metais pesados com ecircnfase nas

alteraccedilotildees no desenvolvimento embrionaacuterio causadas pelo

chumbo

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

244

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Foi realizada uma busca nas seguintes bases de dados

Portal de Perioacutedicos CAPES SciELO (Scientific Electronic

Library Online) PubMed (MEDLINE) e Biblioteca Virtual em

Sauacutede (BVS) empregando para a consulta dessas bases os

seguintes descritores Resiacuteduos Soacutelidos (Solid Waste) Metais

Pesados (Metals Heavy) Chumbo (Lead) e Gestantes

(Pregnant Women) Essa pesquisa utilizou artigos cientiacuteficos

publicados nos uacuteltimos dez anos e que abordassem os idiomas

portuguecircs e inglecircs Os resultados estatildeo apresentados

textualmente e com a utilizaccedilatildeo de figuras para uma melhor

sistematizaccedilatildeo ao alcance do objetivo proposto

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os teratoacutegenos satildeo elementos capazes de causar

alguma alteraccedilatildeo na funcionalidade ou estrutura corpoacuterea no

embriatildeo ou feto podendo ser classificados em agentes

quiacutemicos fiacutesicos bioloacutegicos ou ambientais (ALEXANDRINO et

al 2016)

As sequelas a esses agentes dependem de alguns

fatores como tempo de exposiccedilatildeo ao agente poder de

absorccedilatildeo do tecido metabolismo materno e fetal transferecircncia

placentaacuteria do metal pesado e o periacuteodo gestacional em que

houve a exposiccedilatildeo ao teratoacutegeno (RODRIGUES et al 2011

TORALLES et al 2009)

No Brasil 3 a 5 das gestaccedilotildees apresentam fetos com

maacutes formaccedilotildees congecircnitas anomalias retardo mental doenccedilas

geneacuteticas deformidades aborto e esses acometimentos satildeo

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

245

relacionados a interaccedilotildees complexas da matildee com fatores

ambientais em que acaba expondo o feto ao perigo (HESS

TREVISAN 2008 SILVA FELISMINO DANTAS 2008) As

maacutes formaccedilotildees geralmente satildeo diagnosticadas antes do

nascimento sendo a segunda maior causa de morte infantil no

Brasil (SILVA FELISMINO DANTAS 2008)

O retardo mental (RM) estaacute relacionado a funcionalidade

adaptativa que o indiviacuteduo tem para realizar com eficiecircncia as

atividades do dia a dia podendo ser de origem extriacutenseca

como as causadas por metais pesados como terem a sua

origem geneacutetica Aleacutem disso esses indiviacuteduos acabam

apresentando alteraccedilotildees comportamentais desenvolvimento

lento e dificuldade para realizar certas tarefas (PAICHECO et

al 2010)

Um aspecto relevante dessas alteraccedilotildees no

desenvolvimento gestacional consiste na falta de informaccedilotildees

sobre os agentes teratogecircnicos principalmente nas

comunidades que apresentam um baixo niacutevel educacional e

socioeconocircmico em que as mulheres graacutevidas acabam se

expondo a esses agentes de maneira inconsciente (BRITO et

al 2010)

Salles et al (2008) apresentaram dados que

correlacionam o grau de escolaridade renda famiacuteliar ao

aparecimento de alteraccedilotildees morfoloacutegicas em embriotildees

causados pela exposiccedilatildeo agrave teratoacutegenos

A figura 1 mostra que o grupo de gestantes com ensino

meacutedio completo satildeo as mais acometidas com alteraccedilotildees

morfoloacutegicas nos seus embriotildees Enquanto as gestantes que

tem um grau de escolaridade inferior satildeo as menos afetadas

Uma das possiacuteveis justificativas seria o contato com agentes

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

246

teratogecircnicos que as matildees com escolaridade menor natildeo teriam

acesso (GUERRA et al 2008)

Figura 1 Grau de escolaridade de gestantes que apresentaram fetos com maacute formaccedilotildees

Fonte (SALLES et al 2008)

Adicionalmente Salles et al(2008) demonstraram que o

grupo de gestantes mais acometidas por problemas de

alteraccedilotildees morfoloacutegicas em seus fetos foram as que tem mais

de um salaacuterio como renda pessoal como pode ser observado

na Figura 2

0

5

10

15

20

Nuacute

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ante

s

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

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247

Figura 2 Renda familiar das gestantes que apresentaram fetos com maacute formaccedilotildees

Fonte (SALLES et al 2008)

Uma das fontes mais importantes de agentes

teratogecircnicos consiste nos elementos descartados nos lixotildees

aterros controlados ou sanitaacuterios (RIGUETTI et al 2015)

Como exemplo do estudo de Celere et al (2007) que encontrou

niacuteveis elevados de metais pesados em um aterro sanitaacuterio

O contato dos metais pesados com o organismo pode

danificar qualquer tipo de atividade bioloacutegica justificando as

diversas sequelas que os mesmos podem gerar em um

indiviacuteduo Apesar dos sistemas enzimaacuteticos serem susceptiacuteveis

a esses elementos o acesso e a sensibilidade entre os

diferentes oacutergatildeos e tecidos estaacute relacionado com a limitaccedilatildeo

das estruturas anatocircmicas e com a competiccedilatildeo dos metais

pelos siacutetios de ligaccedilatildeo nesses locais (LEITE SILVA CUNHA

2015 CASERTA 2013)

Um dos metais pesados comumente encontrado na

natureza eacute o chumbo sendo este um dos elementos mais

reativos jaacute descrito O seu efeito toxicoloacutegico eacute relatado a mais

36

47

17

Um salaacuterio

Mais de umsalaacuterio

Menos de umsalaacuterio

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

248

de trecircs mil anos e sua interaccedilatildeo com problemas em crianccedilas eacute

conhecida a mais de 100 anos (JURUENA 2009)

O chumbo compartilha algumas propriedades

observadas em outros metais pesados mas tambeacutem apresenta

caracteriacutesticas proacuteprias A sua capacidade de inibir ou imitar a

accedilatildeo do caacutelcio a formaccedilatildeo de complexos estaacuteveis com ligantes

contedo enxofre foacutesforo nitrogecircnio ou oxigecircnio

nas membranas celulares satildeo alguns dos mecanismos de accedilatildeo

deste metal pesado (LEITE SILVA CUNHA 2015 CASERTA

2013)

As principais fontes de exposiccedilatildeo ao Pb satildeo as industrias

que fazem uso ou descartam esse metal alguns alimentos e

bebidas medicamentos brinquedos aparelhos eletrocircnicos

plaacutestico etc (CAPITANI PAOLIELLO ALMEIDA 2009)

Adicionalmente produtos de beleza possuem uma

concentraccedilatildeo significativa desse metal que podem ser

encontrados em esmaltes tinturas de cabelo fixadores de

perfume e maquiagem de maneira geral sendo as mulheres o

puacuteblico de maior exposiccedilatildeo (COUTINHO et al 2012)

A Norma Regulamentadora NR778 que foi alterada pela

portaria SSST 2494 disponibiliza a taxa para se fazer o

controle bioloacutegico da exposiccedilatildeo ao chumbo (CLARK

OLIVEIRA CLARK 2010) A Tabela 1 apresenta os paracircmetros

de referecircncia para a exposiccedilatildeo ao chumbo na qual o maacuteximo

permitido de 60 microg100 ml de sangue e de 100 microgg creatinina

na urina Acima desses valores os efeitos do chumbo podem

gerar diferentes resultados dentre estes alterar o

desenvolvimento gestacional de um embriatildeo ou feto

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

249

Tabela 1 Paracircmetros para o controle bioloacutegico da exposiccedilatildeo ao chumbo

Material da

amostra

Valores de

Referecircncia

Iacutendice bioloacutegico

maacuteximo permitido

Sangue Ateacute 40 microg100 ml 60 microg100 ml

Urina Ateacute 50 microgg

creatinina

100 microgg creatinina

Fonte (CLARK OLIVEIRA CLARK 2010)

Para Rezende Amaral e Tanus-Santos (2009)o chumbo

apresenta um alto poder de absorccedilatildeo principalmente pelas vias

respiratoacuterias e gastrointestinal onde eacute distribuiacutedo por todo o

corpo e pode causar paralisia intestinal dor abdominal anemia

e afetar o sistema nervoso central sendo acumulado nos

tecidos mineralizados aleacutem de apresentar um baixo niacutevel de

excreccedilatildeo A quantidade de Pb encontrada livre no sangue pode

alertar para alteraccedilotildees orgacircnicas causadas pela exposiccedilatildeo ao

chumbo de forma direta ou indireta

Quando absorvido pelo organismo 99 do chumbo se

liga aos eritroacutecitos por ateacute 5 semanas e logo apoacutes seratildeo

dispersos nos tecidos moles como rins fiacutegado pulmotildees e

sistema nervoso O 1 restante do metal absorvido continua

livre no plasma (REZENDE AMARAL TANUS-SANTOS

2009) A Figura 3 abaixo mostra o esquema da absorccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e excreccedilatildeo desse metal no organismo

A Figura 4 mostra o esquema simplificado da troca do

chumbo nos organismos Nesta imagem a espessura das setas

representa diferentes taxas de transferecircncia do chumbo no

organismo (CAPITANI 2009)

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

250

Figura 3 Absorccedilatildeo distribuiccedilatildeo e excreccedilatildeo do chumbo no

organismo

Fonte REZENDE AMARAL TANUS-SANTOS 2009

Figura 4 Esquema simplificado da troca de chumbo nos

organismos

Fonte CAPITANI 2009

A absorccedilatildeo do chumbo pode se daacute atraveacutes da ingestatildeo

contato ou inalaccedilatildeo Ao alcanccedilar o sangue ele apresentaraacute

diferentes velocidades no fluxo de transferecircncia para os

diversos oacutergatildeos podendo classificar essas trocas em troca

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

251

lenta troca intermediaacuteria troca raacutepida e troca muito raacutepida

conforme descrito por Capitani (2009)

Orgatildeos importantes como o ceacuterebro fiacutegado assim como

a medula apresentam um fluxo raacutepido entre as concentraccedilotildees

do chumbo no plasma com o acumulado em seus tecidos

Entretanto o acuacutemulo desse metal pesado estaacute relacionado

com alteraccedilotildees estrutural de desenvolvimento e

comportamental em fetos e crianccedilas sendo um dos possiacuteveis

causadores do autismo por exemplo (LEAL et al 2015)

Estudos demonstram que um dos mecanismos de

toxicidade do chumbo eacute a troca do zinco presente em proteiacutenas

regulatoacuterias com domiacutenio Dedo de zinco pelo chumbo

Algumas dessas proteiacutenas satildeo reconhecidas como reguladoras

de genes supressores de tumor e reguladoras do processo

transcricional gecircnico Neste contexto a funcionalidade dessas

proteiacutenas ficam alteradas sendo este um dos mecanismos

aceitos para o potencial teratogecircnico deste metal pesado com

mostra a Figura 5 (NELSON COX 2006)

Figura 5 Estrutura baacutesica de proteiacutenas reguladoras da

transcriccedilatildeo gecircnica com domiacutenio Dedo de Zinco

Fonte NELSON COX 2006

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252

A ingestatildeo de alimentos com uma taxa caloacuterica

balanceada a diminuiccedilatildeo da idade reprodutiva o controle ao

tabagismo e do uso de medicamentos satildeo praacuteticas preventivas

em que apresentam relaccedilatildeo direta no desenvolvimento do

embriatildeofeto (SILVA FELISMINO DANTAS 2008)

Para Clark Oliveira e Clark (2010) outra medida de

prevenccedilatildeo agrave exposiccedilatildeo dos metais pesados em especial o

chumbo eacute a substituiccedilatildeo desse metal por outros metais com

menor poder toacutexico sem falar no isolamento das atividades que

fazem manipulaccedilatildeo do mesmo

A engenharia de seguranccedila tambeacutem prever meacutetodos

com o intuito de evitar a exposiccedilatildeo das pessoas ao metal

fazendo uso de boas praacuteticas de trabalho associadas ao uso de

Equipamentos de Proteccedilatildeo Individuais (EPI) como luvas

uniformes e maacutescaras que utilizam filtro quiacutemico assim como

tambeacutem se devem treinar as pessoas para se tomar os devidos

cuidados quanto ao metal aleacutem de discutir os sintomas de

intoxicaccedilatildeo para que os mesmos saibam procurar a ajuda

correta O local de armazenamento de aacutegua potaacutevel deve ser

bem protegido e o ambiente de trabalho deve se mostrar

sempre limpo devendo ser realizada por aspersatildeo uacutemida

(CLARK OLIVEIRA CLARK 2010)

4 CONCLUSOtildeES

A presente revisatildeo bibliograacutefica possibilitou informar

sobre os dados atuais da geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos no Brasil

destacando os metais pesados como uma classe de perigo por

estar associados com diversas alteraccedilotildees anatomorfoloacutegicas e

comportamentais em humanos Uma populaccedilatildeo de risco agrave

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

253

esses elementos satildeo as gestantes devidos esses elementos

serem altamente reativos com potencial teratogecircnico podendo

acarretar seacuterios riscos ao embriatildeo como maacute formaccedilatildeo

congecircnita retardo mental e ateacute mesmo o aborto

Adicionalmente foi observado que o conhecimento e a

conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia de evitar determinados

produtos especialmente durante a gestaccedilatildeo eacute de grande

importacircncia em que suas principais fontes satildeo os alimentos

bebidas medicamentos aparelhos eletrocircnicos plaacutesticos e

produdos de beleza em geral aleacutem disso a pesquisa

apresentou os paracircmetros de referecircncia de exposiccedilatildeo ao

chumbo e os mecanismos de absorccedilatildeo distribuiccedilatildeo e excreccedilatildeo

desse metal no organismo Essa revisatildeo tambeacutem possibilitou

observar o fluxo de transferecircncia desse metal em diferentes

velocidades dependendo do tecido em questatildeo mostrou um

dos mecanismos de toxidade desse metal uma vez que o Pb

tem mais afinidade que o zinco em proteiacutenas regulatoacuterias com

domiacutenio Dedo de zinco aleacutem de trazer medidas de prevenccedilatildeo

agrave exposiccedilatildeo desses metais em especial o chumbo

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ALEXANDRINO J S NOUR G F A LIMA R C A PINTO M C O MELO C N M Repercussotildees neuroloacutegicas nos fetos expostos a drogas liacutecitas durante a gestaccedilatildeo uma reflexatildeo teoacuterica SANARE-Revista de Poliacuteticas Puacuteblicas v 15 n 1 2016 BRASIL Lei Federal nordm 12305 - Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos altera a Lei no 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (DOU) 03 de ago 2010 BRITO V R S SOUSA F S GADELHA F H SOUTO R Q REGO A R F FRANCcedilA I S X Malformaccedilotildees congecircnitas e fatores de risco materno em Campina Grande-Paraiacuteba Revista Rene v 11 n 2 p 27-36 2010

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COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

256

de plantas medicinais Revista Brasileira de Plantas Medicinais v 13 n 3 p 359-366 2011 SALLES L J LEITE L M M PIGOZZO C M CAMPOS M C COVA V F Levantamento de concepccedilotildees sobre teratogecircnese e seus agentes em uma amostra de gestantes no bairro da liberdade-SSABA Revista Virtual v 4 n 1 p 55-69 2008 SILVA M FELISMINO D C DANTAS I C Malformaccedilotildees fetais estudo retrospectivo na maternidade da fundaccedilatildeo assistencial da Paraiacuteba no municiacutepio de Campina Grande Revista de Biologia e Ciecircncias da Terra v 8 n 1 p 231-239 2008 TORALLES M B TRINDADE B M C FADUL L C PEIXOTO JUacuteNIOR C F SANTANA M A C C ALVES C A importacircncia do Serviccedilo de Informaccedilotildees sobre Agentes Teratogecircnicos Bahia Brasil na prevenccedilatildeo de malformaccedilotildees congecircnitas anaacutelise dos quatro primeiros anos de funcionamento Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 n 1 p 105-110 2009 URBAN R C Iacutendice de adequaccedilatildeo do gerenciamento de resiacuteduos soacutelidos urbanos como ferramenta para o planejamento aplicaccedilatildeo no estado de Satildeo Paulo Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 21 n 2 p 367-377 2016

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

257

CAPIacuteTULO 15

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES

NANOESTRUTURADOS DE CeO2

Carlos Christiano Lima dos SANTOS1

Rayanne Rilka Pereira da SILVA2

Francisco Ceacutelio ADRIANO3 Maria Soraya Pereira Franco ADRIANO 4

Poliana Sousa EPAMINONDAS5

1 Graduando do curso de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental UNINASSAU 2 Graduanda do curso de EnfermagemUFCG 3 Mestrando em Engenharia Universidade Potiguaacute 4Professora

do Escola Teacutecnica de Sauacutede UFPB 5 OrientadoraProfessora do IFPB Sousa carloschristiano10gmailcom

RESUMO O ciclo natural de alguns elementos como nitrogecircnio carbono e enxofre sofreu ldquoalteraccedilatildeordquo devido agrave accedilatildeo antroacutepica Essas alteraccedilotildees ao longo de milhares de anos trouxeram riscos diretos agrave existecircncia e agrave sobrevivecircncia dos seres vivos da Terra O desequiliacutebrio deste sistema natural autoregulado conduz ao acuacutemulo na atmosfera de substacircncias nocivas agrave vida fazendo nascer a necessidade de uma accedilatildeo de prevenccedilatildeo ou de saneamento artificial que seja capaz de assegurar a manutenccedilatildeo da qualidade do ar do planeta Como resposta a essa realidade espera-se que o avanccedilo da nanociecircncia e da nanotecnologia estimule uma nova revoluccedilatildeo industrial que promova o crescimento econocircmico e sustentaacutevel deste seacuteculo Na cataacutelise o grande potencial dos nanomateriais estaacute relacionado com a alta atividade cataliacutetica exibida por esses materiais em funccedilatildeo da alta relaccedilatildeo entre as variaacuteveis superfiacutecie volume quando as partiacuteculas adquirem diacircmetro abaixo de 5 nm Uma das suas principais aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas mais difundidas atualmente eacute a utilizaccedilatildeo de catalisador automotivo para controle de emissotildees veiculares utilizando uma tecnologia estabelecida poreacutem em contiacutenuo

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

258

desenvolvimento e que vem sendo aplicada em paiacuteses que apresentam uma poliacutetica de controle de emissotildees a partir de fontes moacuteveis Neste trabalho uma revisatildeo sobre as propriedades caracteriacutesticas e aplicaccedilotildees de nanopartiacuteculas de oacutexido de ceacuterio (IV) eacute apresentada com ecircnfase na cataacutelise automotiva Palavras-chave Cataacutelise automotiva Nanoestruturas Ceacuteria

1 INTRODUCcedilAtildeO

A queima de combustiacuteveis foacutesseis em todo mundo eacute a

principal causa das emissotildees de dioacutexido de carbono (CO2) o

principal gaacutes de efeito estufa O setor de transportes eacute entre as

fontes de emissatildeo de gases de efeito estufa a que cresce mais

rapidamente muitas vezes em uma taxa superior ao produto

interno bruto dos paiacuteses em desenvolvimento (DIacuteAZ COacuteNSUL

et al 2004 MARTINS et al 2003)

Com a globalizaccedilatildeo da economia a competitividade

tornou-se condiccedilatildeo essencial agrave sobrevivecircncia de qualquer

induacutestria inclusive as de ceracircmicas tradicionais Dois dos

principais fatores que determinam a competitividade de um

produto satildeo a qualidade e a eficiecircncia do processo produtivo

O uacutenico caminho para o domiacutenio do processo produtivo

eacute a garantia da qualidade e a busca por novas tecnologias Tais

fatores geraram uma evoluccedilatildeo da pesquisa de novos materiais

ceracircmicos ao longo destes anos (MARTINS et al 2003)

Nos uacuteltimos anos a nanotecnologia tem recebido muita

atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica principalmente depois da

descoberta dos nanotubos de carbono por Iijima (1991) haacute mais

de duas deacutecadas Com isso a siacutentese de nanomateriais tem

sido de grande interesse para cientistas e engenheiros por

causa de duas importantes contribuiccedilotildees o entendimento dos

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

259

conceitos fundamentais envolvidos e as suas potenciais

aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas (IIJIMA 1991 GARNER HEPPELL

2005)

Estruturas nanomeacutetricas podem apresentar diferentes

propriedades quando comparadas com outros materiais em

escalas de dimensotildees maiores Este argumento juntamente

com o potencial das aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas desses

nanomateriais tem sido responsaacutevel por um investimento da

ordem de trilhotildees de doacutelares por parte de governos e

induacutestrias em todo o mundo Em anos recentes na literatura

tem sido descrita com sucesso a preparaccedilatildeo de diversas

nanoestruturas como PbS PbO2 Pb3O4 PbO CuO Cu2O Cu

Se CdS Bi2S3 SnS2 ZnO e CeO2 atraveacutes de vaacuterias rotas de

siacutenteses (SANTOS 2013)

O oacutexido de ceacuterio (IV) eacute um importante material de

aplicaccedilatildeo industrial e de grande interesse em muitas aplicaccedilotildees

cientiacuteficas e tecnoloacutegicas Ele se estabelece como um dos

oacutexidos mais importantes onde sua estrutura apresenta um

grande leque de interesses para o progresso da nanociecircncia e

nanotecnologia devido a propriedades cataliacutetica eletrocircnica

magneacutetica e microbioloacutegica muito desejaacuteveis por razotildees sociais

e econocircmicas (SANTOS 2013 DEUS et al 2013)

Esses nanomateriais com dimensotildees inferiores a 100

nm satildeo cada vez mais utilizados como agentes cataliacuteticos

automotivos com o objetivo de reduzir a emissatildeo de poluentes

na atmosfera a atraveacutes de novos processos economicamente

mais favoraacuteveis (KEYSON et al 2008 DEUS et al 2013)

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

260

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Em virtude da quantidade crescente e da complexidade

de informaccedilotildees nas mais diferentes aacutereas tornou-se

imprescindiacutevel o desenvolvimento de artifiacutecios no contexto da

pesquisa cientificamente embasada capazes de delimitar

etapas metodoloacutegicas mais concisas e de propiciar aos

profissionais melhor utilizaccedilatildeo das evidecircncias elucidadas em

inuacutemeros estudos Nesse cenaacuterio a revisatildeo bibliograacutefica

emerge como uma metodologia que proporciona a siacutentese do

conhecimento e a incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados

de estudos significativos na praacutetica (SOUZA SILVA

CARVALHO 2010)

Este estudo constitui-se de uma revisatildeo integrativa

realizada entre julho e novembro de 2016 no qual foi executada

uma consulta por artigos cientiacuteficos nas bases de dados

Elservier ScienceDirect Web of Science SciELO entre outras

Foram incluiacutedos nessa revisatildeo estudos relevantes das

propriedades cataliacuteticas de estruturas nanoparticuladas do

oacutexido de Ceacuterio (IV) aplicadas no setor automotivos

Dessa forma essa obra apresenta importantes

estrateacutegias utilizadas em setores de transportes e industriais

para a reduccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes

da utilizaccedilatildeo de tecnologias mais eficientes e que atendam a

exigecircncia por processos limpos

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O ar tal como a aacutegua e o solo eacute um recurso

indispensaacutevel na Terra Atraveacutes de ciclos naturais seus

constituintes satildeo consumidos ou reciclados A atmosfera tem

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

261

assim uma certa capacidade depuradora que em condiccedilotildees

naturais garante a eliminaccedilatildeo dos materiais nela

descarregados pelos seres vivos O desequiliacutebrio nestas

condiccedilotildees promove o acuacutemulo de gases nocivos na atmosfera

necessitando de accedilotildees preventivas e urgentes capazes de

controlar essas emissotildees em niacuteveis aceitaacuteveis Os oacutexidos de

nitrogecircnio (NOx) de enxofre (SOx) de carbono (COx) provecircm

de fontes naturais tais como atividade vulcacircnica queima de

biomassa (fundamentalmente queima de florestas provocada

por fontes naturais) e atividade bacteriana Poreacutem o traacutefego

automobiliacutestico assim como a combustatildeo em caldeiras e

fornos constituem as principais fontes de formaccedilatildeo destes

oacutexidos que satildeo considerados importantes contaminantes

ambientais devido agrave sua participaccedilatildeo na chuva aacutecida

responsaacutevel pela destruiccedilatildeo das florestas no ldquosmogrdquo

fotoquiacutemico que eacute intensamente irritante aos olhos e agraves

mucosas e principalmente nos gases de efeito estufa

Catalisadores automotivos configuram a maior aplicaccedilatildeo

de catalisadores heterogecircneos no mundo O mercado atual de

catalisadores automotivos abrange aproximadamente 22 do

mercado mundial de catalisadores heterogecircneos que

corresponde a 9 bilhotildees de doacutelares Assim eacute indiscutiacutevel a

importacircncia ambiental e econocircmica desses catalisadores Num

passado recente que se estende aos nossos dias leis

governamentais riacutegidas estabelecendo prazos para a adoccedilatildeo

de tecnologias de minimizaccedilatildeo de emissotildees veiculares

promovem o desenvolvimento de materiais nunca antes

necessaacuterios em cataacutelise tendo em conta o meio hostil da

exaustatildeo de automoacuteveis (DIacuteAZ-COacuteNSUL et al 2004

MARINHO 2011)

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

262

Os catalisadores satildeo utilizados nos automoacuteveis e nas

induacutestrias com o propoacutesito de diminuir a emissatildeo de gases

poluentes oriundos de motores automotivos como tambeacutem de

processos de combustatildeo em caldeiras fornos entre outros

(FINO et al 2006 IRFAN GOO KIM 2008 MARINHO 2011)

O catalisador atraveacutes de processos especiacuteficos acelera

reaccedilotildees quiacutemicas transformando poluentes nocivos (COx NOx

e CxHy entre outros) em compostos menos danosos agrave sauacutede e

ao meio ambiente Essa transformaccedilatildeo para os gases NOx natildeo

ocorre espontaneamente mas pode ser realizada utilizando

catalisadores especiacuteficos Vaacuterios sistemas cataliacuteticos satildeo

estudados para o abatimento de NOx a maioria eacute baseada em

metais nobres em zeoacutelitas modificadas com metais de

transiccedilatildeo e em compostos de oacutexidos mistos (GARCIA 2003

ZHANG et al 2006 ZHU THOMAS 2009 KEYSON et al

2008)

Por sua vez os compostos de ceacuterio nanoestruturados

satildeo considerados uma alternativa viaacutevel na substituiccedilatildeo destes

materiais devido a sua boa relaccedilatildeo custo benefiacutecio quanto a

propriedades como estabilidade teacutermica em altas

temperaturas menor custo grande versatilidade e excelente

propriedade redox A estrutura fluorita cuacutebica de face centrada

daacute a esses oacutexidos a capacidade de acomodar uma grande

concentraccedilatildeo de defeitos promovendo propriedades do estado

soacutelido que satildeo relativamente faacuteceis de controlar e modificar

mediante substituiccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica originando

perfis cataliacuteticos muito interessantes Esses soacutelidos satildeo

mecacircnica e quimicamente estaacuteveis a altas temperaturas e em

determinadas condiccedilotildees de reaccedilatildeo apresentam propriedades

condutoras e dieleacutetricas importantes (SANTOS 2013)

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

263

Muitas satildeo as rotas de siacutentese utilizadas para a obtenccedilatildeo

de nanocompostos precipitaccedilatildeo sonoquiacutemica hidrotermal

microemulsatildeo transformaccedilatildeo mecanoquiacutemica decomposiccedilatildeo

teacutermica meacutetodos sol-geacuteis siacutentese solvotermal aleacutem do meacutetodo

hidrotermal de micro-ondas (SANTOS 2013 ROY HEGDE

MADRAS 2009) A utilizaccedilatildeo de cada teacutecnica iraacute depender do

tipo de produto a ser sintetizado considerando as seguintes

variaacuteveis estado de oxidaccedilatildeo pureza tamanho de partiacutecula

reprodutibilidade rendimento e possibilidade de produccedilatildeo em

larga escala

Muitos aditivos foram estudados para melhorar a

estabilidade teacutermica do sistema evitando a perda de aacuterea

especiacutefica dos oacutexidos Al2O3 e CeO2 bem como a coalescecircncia

da fase metaacutelica (ROY HEGDE MADRAS 2009 MARINHO

2011 SANTOS 2013)

31 CEacuteRIO E SEUS COMPOSTOS

O Ceacuterio (IV) apresenta como uacutenicos compostos binaacuterios

seus oacutexidos anidros (CeO2) hidratados (CeO2-nH2O) e

fluoretos ( CeF4) Oacutexido de ceacuterio (IV) apresenta a cor branca

quando puro podendo ser obtido atraveacutes do aquecimento em

ar de ceacuterio metaacutelico do seu oacutexido trivalente Ce2O3 do hidroacutexido

Ce(OH)3 ou a partir de qualquer sal de Ce3+ de oxiaacutecidos como

oxalato carbonato nitrato em atmosfera de ar ou oxigecircnio O

CeO2 nH2O obtido da reaccedilatildeo entre uma base e o iacuteon Ce4+

apresenta-se como um precipitado de cor levemente amarela

Uma alternativa para a siacutentese do oacutexido de ceacuterio (IV) com alto

grau de pureza e rendimentos entre 95 e 98 eacute atraveacutes da

oxidaccedilatildeo do sal Ce(NO3)3 por KMnO4 em temperaturas

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

264

elevadas (SANTOS 2013) conforme a reaccedilatildeo a seguir

(Equaccedilatildeo 1)

6 Ce(NO3)3 + 2KMnO4 + 8 H2O rarr 6CeO2 + 2MnO2 + KNO3 +

16 H2O Eq (1)

Compostos de ceacuterio (IV) devido ao seu elevado

potencial de oxidaccedilatildeo apresentam propriedades como alta

mobilidade de oxigecircnio na rede cristalina e alta afinidade por

compostos com grandes quantidades de oxigecircnio nitrogecircnio e

enxofre muito importantes em diversas aacutereas tecnoloacutegicas

(KEYSON et al 2008)

Dentre os vaacuterios meacutetodos de siacutenteses jaacute citados

anteriormente o meacutetodo hidrotermal de micro-ondas apresenta-

se como um dos mais viaacuteveis para a obtenccedilatildeo de

nanoestruturas com dimensatildeo nanomeacutetrica envolvendo baixo

consumo de energia (baixas temperaturas) e pequenos

intervalos de tempo de siacutentese tornando-se muito atrativo e

promissor auxiliando no estabelecimento de mecanismo de

crescimento para novas rotas de siacutentese verde (DEUS et al

2013) A despeito de sua versatilidade uma pequena ressalva

pode ser feita ao seu desempenho o fato da cineacutetica de

cristalizaccedilatildeo possuir baixa velocidade quando as temperaturas

de processamento satildeo inferiores a 300 ordmC condiccedilotildees estas

desejadas para processos ldquosoft chemistryrdquo (KEYSON et al

2008 SANTOS 2013)

32 CATAacuteLISE

A partir da deacutecada de 70 visando minimizar a presenccedila

desses poluentes na atmosfera alguns paiacuteses do primeiro

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

265

mundo estabeleceram legislaccedilotildees restritivas agraves emissotildees de

CO NOx e hidrocarbonetos esse fato motivou o

desenvolvimento do catalisador automotivo Atualmente eacute

difundido mundialmente o uso dos catalisadores do tipo ldquothree-

wayrdquo (GUTIEacuteRREZ-ORTIZ et al 2006 HE 2012)

Esse catalisador utiliza como suporte um material

ceracircmico (cordierita) em forma de colmeia Nesse suporte eacute

depositado o material cataliacutetico composto por alumina de alta

aacuterea especiacutefica sobre a qual satildeo adicionados elementos ativos

tais como a platina (Pt) o palaacutedio (Pd) o roacutedio (Rh) e

promotores como o oacutexido de ceacuterio (CeO2) aleacutem de outros

elementos como o niacutequel (Ni) o zircocircnio (Zr) o baacuterio (Ba) e o

lantacircnio (La) Basicamente o efeito cataliacutetico destes

catalisadores se deve aos metais nobres auxiliados pelo CeO2

Os demais elementos funcionam como estabilizadores

estruturais ldquotrapsrdquo para contaminantes (DOMINGOS

LONGHINOTTI MACHADO 2003 GUTIEacuteRREZ-ORTIZ et al

2006 HE 2012 BRIGANTE SCHULZ 2012)

Estima-se que aproximadamente 50 milhotildees de carros

sejam produzidos anualmente e que mais de 700 milhotildees estatildeo

em utilizaccedilatildeo no mundo inteiro Tais nuacutemeros mostram que o

uso de catalisadores para purificar os gases de escape eacute

absolutamente necessaacuterio e indispensaacutevel Os catalisadores

mais empregados atualmente para essa finalidade satildeo os

conhecidos como catalisadores tipo trecircs vias (CTV) Este tipo

de catalisador eacute constituiacutedo por vaacuterios componentes dentre os

quais se destacam a) metais nobres (exemplo Pt Pd e Rh)

que atuam como siacutetio ativo durante as reaccedilotildees de reduccedilatildeo b)

alumina que devido a sua alta aacuterea superficial atua como um

excelente suporte c) oacutexidos metaacutelicos (ex oacutexido de ceacuterio

lantacircnio niacutequel zircocircnio e baacuterio) que tecircm papel de promotores

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

266

ou estabilizadores Duas das principais funccedilotildees dos

catalisadores CTV satildeo oxidar hidrocarbonetos e monoacutexido de

carbono (CO) a dioacutexido de carbono (CO2) e reduzir os NOx a

nitrogecircnio (N2) (DOMINGOS LONGHINOTTI MACHADO

2003 GUTIEacuteRREZ-ORTIZ et al 2006 FERNANDEZ et al

2006 MASUI et al 2002 PEREIRA 2015)

Nestes processos o CeO2 atua como armazenador de

oxigecircnio e como estabilizador teacutermicoestrutural conforme

Equaccedilotildees 2 a 6

CeO2 + xCO rarr CeO2-x + xCO2 (2)

CeO2 + CxHy rarr CeO2-(2x +05y) + xCO2 + 05yH2O (3)

CeO2-x + xNO rarr CeO2 + 05xN2 (4)

Essas reaccedilotildees acontecem simultaneamente sendo

necessaacuterio manter a relaccedilatildeo entre os poluentes e o oxigecircnio

proacutexima ao ponto estequiomeacutetrico Assim o CeO2 tem a funccedilatildeo

de fornecer oxigecircnio de sua proacutepria rede cristalina quando a

mistura estaacute com falta de oxigecircnio por outro lado quando haacute

excesso de oxigecircnio esta superfiacutecie eacute reoxidada (Equaccedilotildees 5 e

6) Aleacutem dessa funccedilatildeo reguladora de oxigecircnio a presenccedila de

CeO2 tambeacutem evita que os catalisadores CTV percam a

eficiecircncia em altas temperaturas pois ela inibe desloca as

transiccedilotildees de fase de outros materiais (FERNANDEZ et al

2006 PEREIRA 2015 MASUI et al 2002)

CeO2 rarr CeO2-x + 05xO2 (5)

CeO2-x + 05xO2 rarr CeO2 (6)

As principais reaccedilotildees que ocorrem nesses catalisadores

satildeo a oxidaccedilatildeo do CO e dos hidrocarbonetos e a reduccedilatildeo do

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

267

NOx tendo em vista que as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e de reduccedilatildeo

satildeo realizadas de forma simultacircnea sendo necessaacuterio manter

a relaccedilatildeo entre os poluentes e o O2 proacutexima ao ponto

estequiomeacutetrico Assim utilizam-se sensores de O2 que

controlam o teor deste gaacutes em regiotildees proacuteximas ao catalisador

Estes procedimentos resultam numa inerente oscilaccedilatildeo do teor

de oxigecircnio na mistura reacional a qual eacute minimizada pela

presenccedila do oacutexido de ceacuterio no sistema A funccedilatildeo do CeO2 eacute

fornecer oxigecircnio da sua proacutepria rede cristalina quando a

mistura estaacute rica ou seja com falta de O2 sendo este oacutexido

posteriormente reoxidado quando a mistura se encontra em

condiccedilotildees pobres ou seja com excesso de oxigecircnio (HE 2012

BRIGANTE SCHULZ 2012 DARROUDI 2013 MASUI et al

2002)

33 DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA

A vida uacutetil de um catalisador pode ser definida como o

periacuteodo de tempo em que a reaccedilatildeo da qual participa gera

produto(s) com rendimento(s) e caracteriacutesticas de qualidade

iguais ou superiores aos especificados no projeto do reator

Uma vez na forma ativa os catalisadores possuem

atividade suficiente para que se atinjam as especificaccedilotildees de

desempenho necessaacuterias a sua aplicaccedilatildeo (ISHIHARA et al

2003 GARCIA 2003) No entanto ao longo de sua utilizaccedilatildeo

o catalisador sofre um processo de desativaccedilatildeo caracterizado

pela contiacutenua reduccedilatildeo da atividade

O estudo da desativaccedilatildeo de catalisadores vem ganhando

crescente importacircncia pois se trata de um problema que

impacta a atratividade econocircmica de praticamente todos os

empreendimentos de transformaccedilatildeo e beneficiamento ao redor

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

268

do mundo Os custos envolvidos incluem natildeo somente a

aquisiccedilatildeo do catalisador para a reposiccedilatildeo do inventaacuterio mas

tambeacutem todos aqueles relacionados agrave interrupccedilatildeo da produccedilatildeo

representando por isso valores bastante significativos Embora

seja um fenocircmeno inerente ao processamento cataliacutetico a

desativaccedilatildeo e os seus efeitos podem em alguns casos ser

minimizados controlados ou ateacute mesmo revertidos Desta

forma torna-se possiacutevel um melhor planejamento econocircmico

da produccedilatildeo permitindo a reduccedilatildeo dos custos e riscos

relacionados a paradas natildeo programadas das unidades

industriais decorrentes de uma eventual desativaccedilatildeo

descontrolada (ISHIHARA et al 2003 GARCIA 2003

DARROUDI 2013 MASUI et al 2002)

De modo geral as legislaccedilotildees referentes agraves emissotildees

automotivas prevecircem verificaccedilotildees perioacutedicas do niacutevel de

emissotildees dos motores da frota circulante

O envelhecimento ou desativaccedilatildeo eacute um fenocircmeno

inerente a todos os catalisadores utilizados em processos

quiacutemicos No caso dos catalisadores automotivos a queda de

atividade eacute um processo complexo que envolve varias

modalidades de desativaccedilatildeo sendo essas de natureza teacutermica

quiacutemica e mecacircnica (ISHIHARA et al 2003 GARCIA 2003

HE 2012 BRIGANTE SCHULZ 2012)

34 DESATIVACcedilAtildeO TEacuteRMICA

A exposiccedilatildeo a altas temperaturas resultantes do mal

funcionamento dos motores pode ocasionar uma seacuterie de

alteraccedilotildees nos catalisadores automotivos Essas podem ocorrer

a niacutevel da alumina dos metais preciosos dos oacutexidos e tambeacutem

da cordierita As aluminas de transiccedilatildeo agrave partir de 850 degC se

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

269

desidratam sofrendo transformaccedilotildees de fase segundo a

sequumlecircncia γrarr δrarr θrarr α Estas transformaccedilotildees envolvem a

perda de aacuterea especiacutefica e da estrutura porosa (BURTIN et al

1987 BRUNELLE et al 1987)

Algumas vezes o ceacuterio tambeacutem eacute citado como um agente

estabilizador da alumina no entanto ele somente atua em

curtos tempos de exposiccedilatildeo e a altas temperaturas (BURTIN et

al 1987 BRUNELLE et al 1987 MORTERRA et al 1995)

Tem sido observado que adiccedilatildeo de Ce e La a estes

sistemas tambeacutem contribui para a diminuiccedilatildeo da velocidade de

sinterizaccedilatildeo dos metais nobres Esses elementos natildeo alteraram

o mecanismo deste processo mas somente interferem na sua

velocidade A accedilatildeo destes elementos terras raras ainda natildeo eacute

clara mas acredita-se que eles inibam a difusatildeo superficial dos

agregados metaacutelicos nos microdomiacutenios onde estes

estabilizadores se encontram localizados Outro importante

aspecto a ser considerado eacute que a exposiccedilatildeo a altas

temperaturas acarreta o crescimento dos cristais do sistema

CeO2 - ZrO2 resultando na diminuiccedilatildeo da aacuterea especiacutefica do

material Esse processo natildeo intervem no fornecimento de

oxigecircnio do sistema pois o oxigecircnio fornecido eacute oriundo do

interior do sistema (ldquobulkrdquo) ele pode acarretar o

encapsulamento dos metais nobres (BURTIN et al 1987

BRUNELLE et al 1987 MORTERRA et al 1995 KANG

SONG LEE 2003 BRIGANTE SCHULZ 2012)

A exposiccedilatildeo a altas temperaturas promove tambeacutem

uma seacuterie de reaccedilotildees indesejaacuteveis entre os elementos

constituintes dos conversores cataliacuteticos Por exemplo o

proacuteprio CeO2 quando exposto a altas temperaturas em

atmosfera redutora pode formar tambeacutem o aluminato de ceacuterio

o qual natildeo eacute capaz de armazenar O2

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

270

Uma possibilidade de diminuir esse tipo de problema eacute

atraveacutes de siacutenteses da ceacuteria (CeO2) nas mais diferentes

temperaturas (a partir de 800 ordmC) fazendo todo

acompanhamento dessas siacutenteses atraveacutes de anaacutelises

termogravimeacutetricas e promovendo os mais diversos testes

cataliacuteticos como envelhecimento cataliacutetico em altas

temperaturas (KANG SONG LEE 2003 HE et al 2012

DARROUDI 2013)

35 DESATIVACcedilAtildeO QUIacuteMICA

Uma das causas mais frequumlentes de desativaccedilatildeo dos

catalisadores automotivos refere-se ao resultado da interaccedilatildeo

entre os contaminantes presentes no combustiacutevel ou no motor

que se depositam sobre a superfiacutecie do catalisador Neste

contexto atualmente destacam-se como as mais relevantes as

desativaccedilotildees referentes ao enxofre presente na gasolina e a

proveniente de aditivos do oacuteleo lubrificante (KOBAYASHI

YAMADA KAYANO 2001 GARCIA 2003 DARROUDI 2013)

36 DESATIVACcedilAtildeO POR ENXOFRE PROVENIENTE DO

COMBUSTIacuteVEL

Toda a gasolina comercialmente produzida conteacutem

compostos organossulfurados em concentraccedilotildees que podem

atingir ateacute 1000 ppm Durante a combustatildeo estes compostos

satildeo convertidos a SO2 e a SO3 os quais podem reagir com o

suporte ou com os siacutetios ativos tornando o catalisador menos

ativo ou completamente inativo

O SO3 formado pode ser quimissorvido na superfiacutecie da

γ-Al2O3 gerando um sulfato de alumiacutenio Esse sal que eacute um

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

271

material de baixa densidade provoca alteraccedilotildees na aacuterea

superficial da alumina levando agrave desativaccedilatildeo do catalisador

Aleacutem disso o SO3 pode reagir tambeacutem com o oacutexido de ceacuterio

(IV) e outros oacutexidos de terras raras Em temperaturas acima de

500 degC este enxofre armazenado eacute novamente emitido como

uma mistura de SO2 e SO3 (MORTERRA et al 1995

KOBAYASHI YAMADA KAYANO 2001)

Os metais nobres satildeo sensiacuteveis ao envenenamento por

compostos sulfurados A extensatildeo da inibiccedilatildeo pelo enxofre estaacute

relacionada agrave natureza do metal A influecircncia do S na reduccedilatildeo

do NO eacute mais relevante no caso dos catalisadores de Pt e Pd

do que para os de Rh O efeito do SO2 eacute tambeacutem funccedilatildeo da

natureza da moleacutecula a ser eliminada A oxidaccedilatildeo do propeno

e do monoacutexido de carbono eacute inibida pelo dioacutexido de enxofre

(NEYESTANAKI et al 2004 MORTERRA et al 1995

SILVA VIANA MOHALLEM 2009)

4 CONCLUSOtildeES

A comparaccedilatildeo do desempenho fotocataliacutetico de

semicondutores deve ser efetuada de maneira controlada e

criteriosa levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees

experimentais Aleacutem de suas propriedades individuais a

atuaccedilatildeo dos iacuteons de ceacuterio como dopantes na formaccedilatildeo de

oacutexidos mistos com outros semicondutores agrega aos

fotocatalisadores caracteriacutesticas vantajosas que satildeo de grande

importacircncia para uma melhora na eficiecircncia do processo de

fotocataacutelise heterogecircnea

De maneira geral compostos de ceacuterio satildeo empregados

preferencialmente em sistemas heterogecircneos Assim o

desenvolvimento de materiais com melhores propriedades

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

272

superficiais tais como maior aacuterea superficial porosidade e

morfologia da partiacutecula contribuiu para ampliar as

possibilidades do emprego da ceacuteria em sistemas em escala

industrial e sua aplicaccedilatildeo no processo de fotocataacutelise

heterogecircnea em tecnologias ambientais na degradaccedilatildeo de

compostos poluentes Apesar de promissor o emprego de

desses materiais requer maior niacutevel de exploraccedilatildeo levando-se

em consideraccedilatildeo como uma de suas caracteriacutesticas

relevantes sua menor energia de ldquoband-gaprdquo

Estas alternativas na modulaccedilatildeo das partiacuteculas dos

fotocatalisadores juntamente com estrateacutegias de dopagem e

utilizaccedilatildeo de oacutexidos mistos abrem uma nova perspectiva para

os processos de fotocataacutelise heterogecircnea

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274

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ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

275

(Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2015 ROY S HEGDE MS MADRAS G Catalysis for NOx abatement Applied Energy v 86 p 2283ndash2297 2009 SANTOS C C L Siacutentese e aplicaccedilatildeo biotecnoloacutegica de nanoestruturas de oacutexido de ceacuterio (IV) obtidas pelo meacutetodo hidrotermal de micro-ondas 2013130p Tese (Doutorado) Universidade Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2013 SILVA R A VIANA M M MOHALLEM N D S Textural morphological and structural characterization of new and used automotive catalysts Ceracircmica Satildeo Paulo v55 p 334 2009 SOUZA M T SILVA M D CARVALHO R Integrative review what is it How to do it Einstein Satildeo Paulo v 8 p102-6 2010 ZHANG R VILLANUEVA A ALAMDARI H KALIAGUINE S Cu and Pd-substituted nanoscale Fe-based perovskites for selective catalytic reduction of NO by propene Journal of Catalysis v 237 p 368ndash380 2006 ZHU J THOMAS A Perovskite-type mixed oxides as catalytic material for NO removal Applied Catalysis B Environmental v 92 p 225ndash233 2009

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

276

CAPIacuteTULO 16

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE

LODOS DE ESGOTOS

Fernanda Patricio do MONTE1

Andreacute Luiz Muniz BRITO2

Wilton Silva LOPES3 Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOS4

1Doutoranda em Engenharia Ambiental UEPB 2Graduando do curso de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental UEPB 3 Professor do DESAUEPB 4 OrientadoraProfessora do CCBSUEPB

Fernandamonte20gmailcombr

RESUMO O tratamento dos esgotos domeacutesticos produz lodos com altos teores de microrganismos patogecircnicos e soacutelidos orgacircnicos putresciacuteveis Embora apenas 2 dos esgotos tratados correspondam a lodos sua produccedilatildeo eacute abundante 1000 Ls de esgotos produzem 60 t de lodosdia que devem ser tratados antes de sua disposiccedilatildeo final A biodigestatildeo anaeroacutebia eacute usada para desidratar lodos estabilizar a mateacuteria orgacircnica e produzir biogaacutes com alto conteuacutedo de metano (55-70) de interesse biotecnoloacutegicoeconocircmico que pode ser reciclado como fonte de energia na proacutepria ETE diminuindo custos O uso agriacutecola dos biosoacutelidos sem patoacutegenos recicla nutrientes (N e P) A metanogecircnese pode ser acelerada com preacute-tratamento dos lodos (pH alcalino) como testado no presente trabalho O uso de NaOH para atingir pH 10 11 e 12 mostrou que exopoliacutemeros recalcitrantes podem liberar proteiacutenas e carboidratos facilmente biodegradaacuteveis apoacutes 48 horas Concentraccedilotildees iniciais de 9109 mgL de proteiacutenas e 1702 mgL de carboidratos chegaram apoacutes 48 h agrave pH 10 11964 mgL e 7577 mgL em pH 11 atingiram 97328 mgL e 22022 mgL e em pH 12 a 239241 mgL e 59060 mgL (concentraccedilotildees 216 e 294 vezes maiores do que a inicial no

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

277

lodo natildeo hidrolisado) Portanto a hidroacutelise alcalina se mostra simples econocircmica e de elevada importacircncia na recuperaccedilatildeo de energia dos lodos Palavras-chave Lodo de esgoto Preacute-tratamento alcalino

Biogaacutes

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente expansatildeo demograacutefica e o desenvolvimento

tecnoloacutegico trazem consigo o aumento do consumo de aacutegua

potaacutevel e a maior produccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias que quando

natildeo tratadas ou mal tratadas e descartadas no ambiente

poluem as aacutereas receptorascausam desequiliacutebrios ecoloacutegicos

e limitam os usos desse recurso pelo homem (TUNDISI 2003)

Os esgotos sanitaacuterios ou ldquoaacuteguas residuaacuterias

domeacutesticasrdquosatildeo provenientes das residecircncias apoacutes a utilizaccedilatildeo

da aacutegua para o banho lavagem de roupas louccedilas e descarga

do vaso sanitaacuterio entre outras atividades Eacute uma mistura

formada por 99 de aacutegua e aproximadamente 1 de mateacuteria

orgacircnica (fezes urina etc) e inorgacircnica (areia sais - fosfatos

nitratos sulfato - ferro caacutelcio silte entre outros) Esse 1

causa grandes prejuiacutezos ambientais e agrave sauacutede publica por

apresentarem em sua composiccedilatildeo substacircncias toacutexicas metais

pesados e microrganismos patogecircnicos em concentraccedilotildees

elevadas (mais de 109-1010 partiacuteculas100 mL) (METCALF amp

EDDY 2003)

Um sistema de tratamento de esgoto reuacutene as operaccedilotildees

de coleta gradeamento decantaccedilatildeo em caixa de areia

sedimentaccedilatildeo em decantador primaacuterio (natildeo obrigatoacuterio)

seguido de tratamento secundaacuterio e posteriormente de

tratamento terciaacuterio dos efluentes para adequaacute-los ao destino

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

278

final escolhido O objetivo principal do tratamento dos esgotos

eacute a transformaccedilatildeo eou remoccedilatildeo do material putresciacutevel e a

destruiccedilatildeo eou a diminuiccedilatildeo dos microrganismos patogecircnicos

O tratamento bioloacutegico secundaacuterio eacute comumente

utilizado como processo central para remoccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica e patoacutegenos na maioria das Estaccedilotildees de Tratamento

de Esgotos Domeacutesticos (ETEs) ao redor do mundo

(aproximadamente 90) e no Brasil (MARTIacuteN et al 2015)

O tratamento bioloacutegico estimula a produccedilatildeo de biomassa

microbiana e satildeo esses microrganismos em crescimento

contiacutenuo que biodegradam ou biodigerem a mateacuteria orgacircnica

dos esgotos que lhe serve de alimento estabilizando-a ao

transformaacute-la em um material menos putresciacutevel e denso que

forma os lodos que se separam da fase aquosa por

sedimentaccedilatildeo decantaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo Os processos

bioloacutegicos satildeo uma alternativa interessante nos aspetos

teacutecnicos e econocircmicos para uma efetiva reduccedilatildeo dos

compostos predominantes no esgoto

Os esgotos apresentam naturalmente lodos

denominados de primaacuterios que sedimentam durante o

tratamento e que concentram microrganismos e poluentes

retirados por sedimentaccedilatildeo da fase liacutequida Ademais os

processos bioloacutegicos secundaacuterios geram lodos denominados

lodos secundaacuterios constituiacutedos em sua maior parte por mateacuteria

orgacircnica em degradaccedilatildeo e uma biomassa de microrganismos

que se reproduzem no reator bioloacutegico como produto de seu

metabolismo que consiste justamente na biodegradaccedilatildeo da

mateacuteria orgacircnica putresciacutevel dos esgotos O lodo secundaacuterio eacute

um material semi-soacutelido e pastoso rico em mateacuteria orgacircnica

aacutegua e microrganismos muito deles patogecircnicos que foram

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

279

retirados da fase liacutequida dos esgotos e concentrados no lodo

(TEZEL et al 2011)

Nos lodos secundaacuterios a concentraccedilatildeo de soacutelidos totais

varia entre 08 e 12 e os 98 restante correspondem agrave

aacutegua sendo que essas porcentagens estatildeo condicionadas ao

tipo de tratamento bioloacutegico aplicado Cerca de 59 a 88 dos

soacutelidos eacute mateacuteria orgacircnica com 50 a 55 de carbono 25 a 30

de oxigecircnio 10 a 15 de nitrogecircnio 6 a 10 de hidrogecircnio 1

a 3 de foacutesforo e 05 a 15 de enxofre O resiacuteduo seco possui

minerais como quartzo ou calcita com ferro caacutelcio potaacutessio e

magneacutesio Agraves vezes conteacutem metais pesados como cromo

niacutequel cobre zinco chumbo caacutedmio e mercuacuterio Os altos

teores de metais pesados e microrganismos patogecircnicos

incluindo bacteacuterias viacuterus protozoaacuterios e helmintos satildeo as

causas principais da alta periculosidade do lodo (TEZEL et al

2011 TIAGY amp LO 2013)

Nos sistemas de tratamento bioloacutegicos dos esgotos os

lodos aumentam em quantidade passando de lodos primaacuterios

oriundos dos esgotos para lodos secundaacuterios produzidos como

parte do tratamento das aacuteguas residuaacuterias Em sistemas

aerados o valor meacutedio da produccedilatildeo de lodo seco eacute em torno dos

175 kg por ano por equivalente habitante que corresponde agrave

23979 kg por dia de lodo pastoso com 20 de mateacuteria soacutelida

para cada 100000 habitantes (FERNANDES 1999)

Um exemplo da quantidade de lodos que pode ser

formada em uma ETE eacute a produccedilatildeo na ETE de BarueriSP de

grande porte localizada na regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo

dados para 2013 indicaram a geraccedilatildeo de 400 toneladas de

lodos por dia provenientes de esgotos domeacutesticos com uma

vazatildeo de 13000 litros por segundo produzidos por uma

populaccedilatildeo de 44 milhotildees de pessoas Em 2016 a produccedilatildeo

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

280

aumentou para aproximadamente 500 toneladas por dia para

uma vazatildeo de 20 milhotildees de litros de esgotos por mecircs

Considerando uma ETE pequena da mesma regiatildeo como a de

SuzanoSP com 07 milhotildees de habitantes com vazotildees de

1000 litros por segundo a produccedilatildeo diaacuteria de lodos eacute de 60

toneladas (GONCcedilALVES 2007 LEITE 2016)

Apesar do lodo gerado nas ETEs corresponder somente

1 a 2 do volume de esgoto tratado verifica-se nos

exemplos anteriores o grande volume produzido na ETEs Sua

quantidade e sua periculosidade tornam seu gerenciamento e

tratamento bastante complexos e de alto custo e se forem mal

executados podem comprometer os benefiacutecios ambientais e

sanitaacuterios esperados com o tratamento dos esgotos Portanto

a avaliaccedilatildeo de alternativas de tratamento e disposiccedilatildeo final do

lodo gerado deve contemplar agraves interaccedilotildees entre os aspectos

teacutecnico econocircmico ambiental e legal tornando-se uma questatildeo

de grande preocupaccedilatildeo para as empresas de saneamento

puacuteblicas ou privadas (AMANATIDOU et al 2015 PEDROZA et

al 2010)

Tradicionalmente os lodos foram (e ainda satildeo)

destinados para o uso agriacutecola ou depositados em aterros

sanitaacuterios incinerados ou descartados no mar praacutetica esta

proibida desde 1999 pelas normas de proteccedilatildeo ambiental

tambeacutem sua disposiccedilatildeo em aterros estaacute bastante limitada e

proibida nos Estados Unidos e na Europa desde 2002

Entretanto no contexto da reciclagem desses resiacuteduos o lodo

deixa de ser um problema para ser um produto com valor

econocircmico que pode gerar energia (gaacutes metano) disponibilizar

nutrientes e metais importantes para serem recuperados e

reciclados com o uso de diversas teacutecnicas jaacute existentes (VAN

HAANDEL amp LETINGA 1994)

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

281

O tratamento dos lodos busca reduzir seu volume

melhorar suas caracteriacutesticas estabilizando a mateacuteria orgacircnica

putresciacutevel e reduzir ou ateacute eliminar os microrganismos

patogecircnicos para minimizar os problemas ambientais e de

sauacutede puacuteblica que podem causar sua disposiccedilatildeo ambiental

inadequada (VAN HAANDEL amp SOBRINHO 2006) Esse

tratamento pode ser feito por um ou vaacuterios dos seguintes

processos adensamento estabilizaccedilatildeo condicionamento

desidrataccedilatildeo e disposiccedilatildeo final (APPELS et al 2008) O

tratamento escolhido com mais frequecircncia para os lodos no

Brasil eacute a digestatildeo anaeroacutebia (DA) por permitir a diminuiccedilatildeo da

quantidade da aacutegua com a consequente reduccedilatildeo do volume

por sua vez o ambiente anaeroacutebio do digestor estimula e dirige

a biodegradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica sob condiccedilotildees anaeroacutebias

e anoacutexicas onde predominam microrganismos fermentadores

A mateacuteria orgacircnica seraacute transformada em um resiacuteduo estaacutevel e

em biogaacutes com alto conteuacutedo de metano (55 ndash 70) de alto

interesse biotecnoloacutegico e econocircmico (ABE et al 2011)

A geraccedilatildeo de biogaacutes e sua aplicaccedilatildeo na produccedilatildeo de

energia eleacutetrica para uso na proacutepria ETE pode reduzir em mais

de 50 os gastos com energia nessa ETE permitindo ateacute sua

autosustentabilidade energeacutetica ao longo do tempo Dessa

forma um resiacuteduo que seria um problema pode se transformar

em soluccedilatildeo agriacutecola (ao ser transformado em biosoacutelido) e

energeacutetica beneficiando o homem e o meio ambiente ao evitar

descartes de alto impacto aleacutem de reciclar recursos que podem

se tornar escassos em um futuro proacuteximo e de diminuir os

custos operacionais do tratatemento (SIMONETI 2006

THOMAS-SOCCOL et al 2000)

O biogaacutes (metano) eacute um dos produtos da fermentaccedilatildeo da

mateacuteria orgacircnica que ocorre por accedilatildeo de bacteacuterias anaeroacutebias

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

282

de diversos grupos taxonocircmicos presentes nos esgotos e sua

formaccedilatildeo acontece ao longo do processo de metanogecircnese

(geraccedilatildeo de metano) atraveacutes de reaccedilotildees metaboacutelicas

(bioquiacutemicas) sequenciadas (sintroacuteficas) denominadas

hidroacutelise acidocircgenese acetogecircnese e metanogecircnese Sendo a

formaccedilatildeo de metano o uacuteltimo passo dessa cadeia metaboacutelica

(SANTOS 2009)

A eficiecircncia da produccedilatildeo do biogaacutes em digestores

anaeroacutebios pode ser diminuiacuteda pelo retardo de qualquer uma

das etapas anteriores A digestatildeo anaeroacutebia em reatores

convencionais apresenta justamente limitaccedilotildees que

restringem ou retardam a produccedilatildeo de metano por causa dos

longos tempos de retenccedilatildeo celular (TRC) no reator de 20 a 30

dias devido agraves lentas taxas de crescimento dos

microrganismos Essa demora se reflete na baixa eficiecircncia da

biodigestatildeo dos soacutelidos orgacircnicos que constituem 30 a 50 do

peso seco do lodos se for uma digestatildeo anaeroacutebia mesofiacutelica

agrave 35 - 37 0C (STRONG et al 2011)

Os fatores limitantes estatildeo geralmente associados ao

estaacutegio inicial da fermentaccedilatildeo na fase de hidroacutelise na qual

microrganismos hidroliacuteticos do lodo secretam exoenzimas

(hidrolases) que hidrolisam ou quebram as macromoleacuteculas

orgacircnicas complexas que estatildeo na forma de material

particulados em moleacuteculas mais simples e de mais faacutecil

biodegradaccedilatildeo (VAN HAANDEL amp LETINGA 1994

ABELLEIRA-PEREIRA et al 2015) Entretanto alguns lodos

ricos em mateacuteria orgacircnica contecircm grandes moleacuteculas de

poliacutemeros complexos formados por carboidratos e proteiacutenas de

elevado peso molecular que as bacteacuterias hidroliacuteticas

metabolizam lentamente

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

283

O sistema de lodos ativados eacute um dos tratamentos

bioloacutegicos secundaacuterios dos esgotos domeacutesticos que produz

quantidades elevadas de poliacutemeros complexos e recalcitrantes

agrave biodegradaccedilatildeo O tratamento aeroacutebio no reator sob agitaccedilatildeo

contiacutenua estimula o crescimento da biomassa microbiana que

usa a mateacuteria orgacircnica como fonte de nutrientes o processo

favorece a proliferaccedilatildeo de bacteacuterias produtoras de

exopoliacutemeros que iratildeo participar da formaccedilatildeo de flocos

bioloacutegicos os quais satildeo compostos pelos microrganismos

filamentosose pelos os produtores de substacircncias polimeacutericas

extracelulares (EPS) que as excretam para o meio externo

(CHO et al 2013)

Os flocos retecircm partiacuteculas orgacircnicas que misturadas com

os EPS atraem uma biota diversificada formada por outras

bacteacuterias protozoaacuterios e pequenos vermes que se alimentam

da mateacuteria orgacircnica particulada e dissolvida transformando

esses materiais em biomassa microbiana que seraacute decantada

na proacutexima etapa do tratamento separando assim os lodos

ricos em EPS do liquor correspondente agrave fase liacutequida Estes

EPS satildeo uma mistura de biopoliacutemeros constituiacutedos por

polissacariacutedeos proteiacutenas aacutecidos nucleacuteicos substacircncias

huacutemicas e lipiacutedios O conjunto eacute relativamente recalcitrante e as

dificuldades de sua degradaccedilatildeo bioloacutegica (hidroacutelise) retardam o

desempenho da continuaccedilatildeo da digestatildeo

anaeroacutebiametanogecircnica (CARREgraveRE et al 2010)

Para melhorar o desempenho do processo de digestatildeo

anaeroacutebia foi proposto o preacute-tratamento do lodo promovendo a

hidroacutelise dos EPS e de outros recalcitrantes A aplicaccedilatildeo de preacute-

tratamento no lodo busca acelerar a lise celular ou seja a

hidroacutelise do material liberado incluindo os EPS com importante

papel na disponibilizaccedilatildeo de proteiacutenas carboidratos e lipiacutedios

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

284

de mais faacutecil biodegradaccedilatildeo As macromoleacuteculas uma vez

hidrolisadas aumentam a quantidade de substacircncias orgacircnicas

soluacuteveisdenominadas genericamente como aacutecidos graxos

volaacuteteis (AGV) que satildeo formados nas fases de acetogecircnese e

acidogecircnese no processo de produccedilatildeo de metano (DOGAN amp

SANIN et al 2009)

O aumento da taxa de reaccedilatildeo resulta na reduccedilatildeo do

tempo de retenccedilatildeo celular e maior velocidade do processo

bioquiacutemico de produccedilatildeo de biogaacutes Por sua vez o aumento da

eficiecircncia da metanogecircnese eacute mais lucrativo para uma ETE por

exemplo ao gerar energia para uso proacuteprio e vender os

excedentes com retorno para ser aplicado na manutenccedilatildeo e

melhorias da ETE

Diversos meacutetodos de preacute-tratamento podem acelerar a

hidroacutelise do lodo mecacircnicos (KOPP et al 1997) teacutermicos

(ABELLEIRA-PEREIRA et al 2015 VALO et al 2004)

quiacutemicos (TIAN et al 2014) e bioloacutegicos (BARJENBRUCH amp

KOPPLOW 2003) Alguns estudos utilizam meacutetodos

combinados de preacute-tratamentos Apoacutes sua aplicaccedilatildeo foi

observado aumento na taxa diaacuteria de produccedilatildeo do gaacutes metano

e consequente reduccedilatildeo dos soacutelidos volaacuteteis (DOGAN amp

SONIN 2009 LI et al 2015 RANI et al 2012 YUNQUIN et

al 2009)

O emprego de qualquer um dos meacutetodos citados para

tratar os lodos e acelerar a metanogecircnese apresenta impacto

significativo nos custos Para os tratamentos mecacircnicos fiacutesicos

e bioloacutegicos as despesas proveacutem da demanda de energia para

o funcionamento de equipamentos ou para a geraccedilatildeo de calor

enquanto que para os tratamentos quiacutemicos os custos satildeo

originaacuterios das substancias quiacutemicas a serem usadas Sendo

assim dentre outros fatores eacute necessaacuterio que se atente para

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

285

os custos potenciais de instalaccedilatildeo operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo na

escolha da tecnologia a ser empregada (BORGES amp

CHERNICHARO 2009)

Nesse contexto o presente trabalho tem por objetivo

investigar o aumento da solubilizaccedilatildeo do lodo de esgoto gerado

em um sistema de lodo ativado submetido a um preacute-tratamento

quiacutemico alcalino sob diferentes condiccedilotildees de pH e tempo de

reaccedilatildeo

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O lodo utilizado no experimento foi produzido em um

sistema de lodo ativado que utiliza esgotos domeacutesticos

coletados de um poccedilo de visita da rede coletora de esgotos de

Campina GrandePB localizado na EXTRABES Esse lodo teve

a concentraccedilatildeo de soacutelidos totais (ST) ajustada para 20 gL

por adensamento em cones Imhoff seguindo recomendaccedilotildees

de Bi et al (2014) que perceberam que a eficiecircncia de

liberaccedilatildeo de PO4-3 e NH4

+ diminuiacutea com o aumento da

concentraccedilatildeo de soacutelidos constatando que valores na faixa de

20 ndash 30 gL proporcionam maior liberaccedilatildeo de PO4-3 e NH4

+ A

explicaccedilatildeo mais provaacutevel para isso eacute o fato de que em baixas

concentraccedilotildees de lodo haacute maior teor de aacutegua o que pode

resultar no aumento da lixiviaccedilatildeo de material intracelular na fase

aquosa

As principais caracteriacutesticas desse lodo satildeo as

seguintes pH 721 ST 20 gL carbono orgacircnico dissolvido

(COD) 2015 mgL foacutesforo total (PT) 1097 mgL e nitrogecircnio

total Kjedhal (NTK) 218 mgL

Para aplicaccedilatildeo do preacute-tratamento quiacutemico alcalino foi

selecionado o hidroacutexido de soacutedio (NaOH) por ser um aacutelcali

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

286

altamente eficiente na solubilizaccedilatildeo das partiacuteculas orgacircnicas de

lodos (CHO et al 2013) Dosagens de 005 g NaOHg ST 01

g NaOHg ST e 025 g NaOHg ST foram adicionadas em 100

mL de lodo para ajustar os valores de pH em 10 11 e 12

respectivamente A mistura foi mantida sob agitaccedilatildeo agrave 200

rpm em mesa agitadora (New BrunswickScientific mod G 33)

com os tempos de tratamento de 025 h 05 h 1h 3h 6h 9

h 15 h 24 h 36 h e 48 h agrave temperatura ambiente de 25 ordmC Ao

final de cada tempo de tratamento o pH da soluccedilatildeo lodo-aacutelcali

foi neutralizado com HCl seguido da centrifugaccedilatildeo do lodo agrave

3480 rpm por 30 minutos e o sobrenadante foi filtrado atraveacutes

de um microfiltro em fibra de vidro (GF-2 diacircmetro 47 mm)

tamanho de poro de 045 microm

O efeito do preacute-tratamento alcalino foi avaliado

comparativamente nas amostras do lodo sem tratamento e com

tratamento (lodo hidrolisado) analisando os paracircmetros

Carbono Orgacircnico Dissolvido (COD) Soacutelido Dissolvido e suas

fraccedilotildees (SD) Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) soluacutevel Foacutesforo

Total (PT) soluacutevel proteiacutenas e carboidratos (Produtos

Microbianos Soluacuteveis - SMP) As teacutecnicas usadas para a

determinaccedilatildeo seguiram o Standard Methods for the

Examination of Water and Wastewater (APHA 2012) exceto

proteiacutenas e carboidratos que foram quantificadas pelo meacutetodo

de Bradford et al (1976) e Dubois et al (1956)

respectivamente

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As Figuras (1) e (2) apresentam o comportamento

dos resultados obtidos para os paracircmetros carboidratos e

proteiacutenas soluacuteveis no lodo natildeo hidrolisado e no lodo

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

287

hidrolisado no decorrer dos tempos de tratamento O

tempo zero na ldquoFig (1) e (2) representa a concentraccedilatildeo de

carboidrato e proteiacutena do lodo natildeo hidrolisado nas

respectivas dosagens de NaOH respectivamente

Figura 1 Valores de carboidrato soluacutevel do lodo sem e com hidroacutelise

Fonte Proacuteprio autor

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

288

Figura 2 Valores de proteiacutena soluacutevel do lodo sem e com hidroacutelise

Fonte Proacuteprio autor

Proteiacutenas e carboidratos soluacuteveis satildeo as moleacuteculas mais

comuns de particulados orgacircnicos nos polimeacutericos

extracelulares secretados durante a lise celular e apresentam

aumento significativo de suas concentraccedilotildees apoacutes o preacute-

tratamento do lodo As Figuras (1) e (2) mostram o

comportamento das concentraccedilotildees de proteiacutenas e carboidratos

no decorrer do tempo do preacute-tratamento O lodo sem

tratamentoapresetava concentraccedilatildeo de 9109 mgL para

proteiacutena e 1702 mgL para carboidrato Apoacutes 48 horas de

tratamento as concentraccedilotildees de proteiacutena e carboidrato em pH

10 chegaram a 11964 mgL e 7577 mgL em pH 11 atingiram

valores de 97328 mgL e 22022 mgL e em pH 12 a 239241

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

289

mgL e 59060 mgL obtendo concentraccedilatildeo de proteiacutena e

carboidrato 216 e 294 vezes maior do que a concentraccedilatildeo do

lodo natildeo hidrolisado respectivamente

Esses resultados satildeo muito satisfatoacuterios quando

comparados aos de Cho et al (2013) que tambeacutem utilizaram

lodo de esgoto realizando a hidroacutelise alcalina e a combinaccedilatildeo

da hidroacutelise alcalina com a teacutermica obtendo valores de

concentraccedilotildees 21 e 41 vezes maiores do que aquelas do lodo

natildeo hidrolisado no caso do uso da hidroacutelise alcalina enquanto

que na hidroacutelise alcalina combinada com a teacutermica foram

obtidas concentraccedilotildees de proteiacutenas e carboidratos 24 e 58

vezes maior quando comparado ao lodo natildeo hidrolisado

A solubilizaccedilatildeo do lodo ocorreu pela desintegraccedilatildeo da

estrutura do floco e facilitou a extraccedilatildeo de susbstacircncias

polimeacutericas extracelulares o que resultou na melhora dos niacuteveis

de proteiacutena e carboidrato soluacutevel De forma geral as proteiacutenas

satildeo transformadas em aminoaacutecidos e entatildeo degradadas a

aacutecidos orgacircnicos de baixo peso molecular amocircnia e dioacutexido de

carbono Os carboidratos satildeo convertidos em monossacariacutedeos

(accediluacutecares simples) e a seguir em aacutecidos de cadeias curtas pela

acidogecircnese e os aacutecidos orgacircnicos produzidos satildeo convertidos

a gaacutes metano na metanogecircnese

4 CONCLUSOtildeES

A reciclagem de nutrientes metais e energia eacute de

extrema importacircncia na preservaccedilatildeo ambiental na atualidade

com a explosatildeo demograacutefica mundial e as mudanccedilas climaacuteticas

que alteram os ciclos de chuva e seca ao redor do mundo

Os mais vulneraacuteveis satildeo as regiotildees semiaacuteridas como o

nordeste do Brasil com alta variabilidade do ciclo hidroloacutegico e

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

290

solos pobres assentados sobre o basamento de rochas

cristalinas preacute-cambricas Nessas regiotildees o reuso dos recursos

naturais reciclaacutevei eacute indispensaacutevel para a sustentabilidade

ambiental e das pessoas que ali vivem e de onde tiram seu

sustento

Nesses ambientes o manejo dos esgotos sanitaacuterios e

seus lodos considerado um grande problema gerencial pode

ser soluccedilatildeo para satisfazer diferentes necessidades

importantes no contexto de convivecircncia com a regiatildeo

Tecnologias modernas de tratamento dos esgotos permitem

recuperar a aacutegua e reusaacute-la em usos menos nobres como

fertirrigaccedilatildeo rural e urbana piscicultura (obtenccedilatildeo de alimento

proteacuteico) recarga de aquiacuteferos descargas de banheiros

lavagens de aacutereas externas etc

O mesmo ocorre com os lodos produzidos ao longo do

tratamento dos esgotos que gerados em grandes quantidades

constituem uma biomassa putresciacutevel e com elevadas

concentraccedilotildees de microrganismos patogecircnicos de alto risco

ambiental e agrave sauacutede publica Mas os lodos apresentam

nutrientes e se transformados em biosoacutelidos fertilizam os solos

rasos e aumentam sua capacidade de formar agregados e de

reter mais aacutegua Ainda tratados por processos anaeroacutebios

geram biogaacutes com mais de 70 de metano Vaacuterios paiacuteses

europeus aproveitam esse biogaacutes para gerar energia eleacutetrica e

suprir as necessidades da proacutepria Estaccedilatildeo de Tratamento de

Esgotos diminuindo significativamene os custos Portanto

aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de biogaacutes eacute importante nos

sistemas de tratamento aneroacutebios dos lodos

Os resultados da presente pesquisa demonstraram que

o preacute-tratamento alcalino do lodo de esgoto eacute altamente

eficiente para a degradaccedilatildeo e ruptura das ceacutelulas de

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

291

microrganismos presentes nos mesmos e promovem a

solubilizaccedilatildeo do material orgacircnico recalcitrante como as

paredes celulares e os exopoliacutemeros produzidos pelas mesmas

bacteacuterias aumentando a disponibilidade de moleacuteculas mais

facilmente biodegradaacuteveis para produccedilatildeo de metano A

hidroacutelise alcalina foi mais efetiva quando utilizada a dosagem

de 025 g NaOHg ST apoacutes 48 horas de tratamento evidenciado

ser esse meacutetodo efetivo e de baixo custo aleacutem de simples o

qual permitiria seu uso em escala real nas ETEs da regiatildeo

semiaacuterida do Brasil

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AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

292

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293

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AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

294

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VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

295

CAPIacuteTULO 17

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS DE INSOLACcedilAtildeO

NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE ndash PB

Karla Simone Maia da SILVA 1

Maria Caroline Rodrigues BEZERRA 1

Patriacutecia Maria de Freitas e SILVA 2

Heronides dos Santos PEREIRA 3 1 Graduandas do curso de Farmaacutecia Universidade Estadual da Paraiacuteba 2 Professora do

Departamento de Farmaacutecia da Universidade Estadual da Paraiacuteba 3 Professor Doutor Orientador do Departamento de Farmaacutecia Universidade Estadual da Paraiacuteba

Email karlasimonemsgmailcombr

RESUMO O ser humano estaacute interligado ao tempo e clima respondendo de maneiras diferentes agraves mudanccedilas climaacuteticas e variaccedilotildees sazonais A radiaccedilatildeo solar ou insolaccedilatildeo num determinado comprimento de onda atua na formaccedilatildeo da Vitamina D no organismo e para exercer as diversas funccedilotildees O presente trabalho teve como principal objetivo correlacionar os dados laboratoriais de Vitamina D registrados nos Centro de Hematologia e Laboratoacuterio de Anaacutelises Cliacutenicas ndash LTDA (Hemoclin) nos meses de Setembro de 2015 a Agosto de 2016 com Insolaccedilatildeo do municiacutepio de Campina Grande neste mesmo periacuteodo Realizou-se um estudo do tipo agregado-observacional a partir dos dados contidos nos prontuaacuterios de 1641 pacientes de ambos os sexos e faixas etaacuterias e pocircde-se entatildeo analisar usando metodologias estatiacutesticas a associaccedilatildeo entre as meacutedias da vitamina D e Insolaccedilatildeo No grupo de pacientes estudados prevaleceu o sexo feminino com 7727 (n=1268) e 5686 (n=933) tiveram seus resultados dentro da normalidade (Suficiecircncia) Em relaccedilatildeo agraves correlaccedilotildees atraveacutes do Coeficiente de Pearson Deficiecircncia de Vitamina D com Insolaccedilatildeo obteve r= -0536187801897428 (correlaccedilatildeo negativa

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

296

e fraca) Insuficiecircncia de Vitamina D com Insolaccedilatildeo r= 0252892920149656 (correlaccedilatildeo positiva fraca) e Suficiecircncia com Insolaccedilatildeo r= -045390334977587 (correlaccedilatildeo negativa e fraca) Conclui-se com esta pesquisa que os resultados obtidos natildeo foram relativamente significantes e necessita de novos estudos para buscar corroborar e reafirmar os padrotildees encontrados Palavras-chave Vitamina D Insolaccedilatildeo Clima

1 INTRODUCcedilAtildeO

No desenvolvimento histoacuterico a ideia de clima eacute

inseparaacutevel das preocupaccedilotildees bioloacutegicas O corpo humano

responde agraves mudanccedilas climaacuteticas incomuns e variaccedilotildees

sazonais principalmente atraveacutes do aumento da atividade

nervosa das mudanccedilas abruptas do sistema de

termorregulaccedilatildeo e do balanccedilo de calor do corpo e atividade

cardiovascular (SETTE RIBEIRO 2011)

A vida eacute categoricamente ligada ao tempo e ao clima ou

agraves suas condiccedilotildees meteoroloacutegicas por isso se observa cada

vez mais a procura de informaccedilotildees referentes a dados

meteoroloacutegicos e estudos climatoloacutegicos (NUNES MENDES

2012) Os possiacuteveis impactos na sauacutede das populaccedilotildees

humanas decorrentes de processos consequentes agrave mudanccedila

climaacutetica global tecircm sido objeto de atenccedilatildeo por instituiccedilotildees

acadecircmicas e governos nacionais (CONFALONIERI 2008)

Sabe-se que apesar da intensa inter-relaccedilatildeo entre clima

e sauacutede a influecircncia do primeiro sobre o segundo depende de

vaacuterios fatores sendo os principais envolvendo a variabilidade

climaacutetica e a vulnerabilidade aos efeitos do clima Segundo

Confalonieri (2003) a variabilidade climaacutetica eacute uma propriedade

do clima responsaacutevel por oscilaccedilotildees naturais nos padrotildees

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

297

climaacuteticos a niacutevel local regional e global Jaacute a vulnerabilidade

aos efeitos do clima pode ser definida por Nunes e Mendes

(2012) como o grau de suscetibilidade ou incapacidade de

resposta de indiviacuteduos ou sistemas aos efeitos adversos da

mudanccedila climaacutetica incluindo-se a variabilidade climaacutetica e os

eventos extremos ou seja eacute a capacidade de um indiviacuteduo se

aclimatar em novos ambientes

Entre as variaacuteveis climaacuteticas que mais interferem nas condiccedilotildees

de conforto estatildeo a temperatura do ar a umidade do ar a

pressatildeo atmosfeacuterica e a radiaccedilatildeo solar Assim pode-se afirmar

que a sauacutede energia e o conforto humano satildeo mais afetados

pelas variaccedilotildees meteoroloacutegicas do que qualquer outro elemento

do meio ambiente (PAGNOSSIN 2001)

A Radiaccedilatildeo Solar ou Insolaccedilatildeo consiste em um espectro

contiacutenuo de radiaccedilatildeo eletromagneacutetica que dependendo do

comprimento de onda (λ) apresenta divisotildees (radiacao

ultravioleta (UV) (100-400nm) visivel (400-780nm)) e

infravermelho (gt780 nm)) ao entrar em contato com a pele

provoca reaccedilotildees quiacutemicas e morfoloacutegicas naquele local

(BALOGH et al 2011)

Essencial para a produccedilatildeo da vitamina D que eacute tida

como um hormocircnio esteroidal que tem como principais funccedilotildees

a regulaccedilatildeo da homeostase do caacutelcio na formaccedilatildeo e

reabsorccedilatildeo oacutessea que eacute mantida ao interagir com as

paratireoides rins e intestinos A 25(OH)D por meio da

produccedilatildeo endoacutegena acontece a partir da exposiccedilatildeo da pele a

luz solar e a exoacutegena eacute obtida por fontes alimentares ricos na

mesma Existe em vaacuterias formas mas as principais satildeo a

vitamina D2 (ou ergocalciferol) produzida em membranas de

fungos e invertebrados e a vitamina D3 (ou colecalciferol)

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

298

produzida no nosso organismo atraveacutes da epiderme (ALVES et

al 2013 ARNSON AMITAL SHOENFELD 2007)

Em relaccedilatildeo a 25(OH) D endoacutegena sua via metaboacutelica se

inicia a partir da ativaccedilatildeo do seu precursor o 7-

desidrocolesterol na camada superficial da pele que seraacute

fosforilado em colecalciferol apoacutes a exposiccedilatildeo solar o

colecalciferol eacute entatildeo hidroxilado em 25-hidroxivitamina D por

diferentes isoformas de 25-hidroxilase (CYP2C11 CYP2J3

CYP2R1 CYP3A2 CYP27A1) no fiacutegado podendo ser

armazenada no tecido adiposo Assume papel de metaboacutelito

intermediaacuterio por ser mais estaacutevel e ter uma maior duraccedilatildeo que

a forma ativa O calcitriol ou 125-di-hidroxivitamina D

(125(OH)2D) representa a forma ativa e eacute resultante de uma

hidroxilaccedilatildeo presidida pela 1-α-hidroxilase (CYP27B1)

expressada no rim esse se torna o ponto mais importante do

metabolismo pois o Hormocircnio Paratireoacuteideo (HPT) eacute

responsaacutevel por induzir a atividade da CYP27B1 enquanto que

a concentraccedilatildeo seacuterica de caacutelcio estaacute alta e 125(OH)2D diminui

sua expressatildeo A 125(OH)2D atua por meio de um receptor

nuclerar (RVD) nas ceacutelulas-alvo a ligaccedilatildeo entre eles induz uma

heterodimerizaccedilatildeo com o receptor de retinoide X (RRX) essa

junccedilatildeo faz com que ocorra a ligaccedilatildeo em aacutereas especiacuteficas do

DNA (BELLAN PIRISI SAINAGHI 2015 LICHTENSTEIN et

al 2013 FROTA 2012)

Segundo Castro (2011) para que todo esse processo

ocorra de ativaccedilatildeo da vitamina D faz-se necessaacuterio que o

indiviacuteduo receba a luz direta ou seja receber a radiaccedilatildeo

ultravioleta B (UVB) em comprimentos de onda (λ) especiacuteficos

entre 290 e 315 nanocircmetros Ao analisar a posiccedilatildeo do eixo em

que a Terra translaciona o Sol observa-se que quanto mais

distante uma localidade estiver da linha do Equador maior seraacute

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

299

a diferenccedila de comprimentos de onda ou seja a luz teraacute uma

camada espessa para atravessar principalmente a radiaccedilatildeo

ultravioleta (CASTRO 2011)

Com isso nota-se atualmente que existam cerca de 1

bilhatildeo de pessoas em todo mundo com deficiecircncia ou

insuficiecircncia da vitamina D no organismo Nos Estados Unidos

Canadaacute e Europa aproximadamente de 20 a 100 dos idosos

um grupo de risco apresentam a deficiecircncia da vitamina E no

Brasil local considerado um paiacutes com quantidade suficiente de

radiaccedilatildeo alguns estudos demonstraram que haacute um elevado

grau de hipovitaminose D Alguns fatores podem influenciar nas

concentraccedilotildees seacutericas da vitamina no organismo como a

quantidade de melanina na pele o uso do filtro solar as

vestimentas utilizadas os niacuteveis de poluiccedilatildeo e ateacute o tecido

adiposo do indiviacuteduo (DINIZ et al 2012 FROTA 2012)

As consequecircncias da deficiecircncia da 25(OH)D estaacute na

desmineralizaccedilatildeo oacutessea em que estaacute presente um metabolismo

do caacutelcio e do foacutesforo errocircneo ocasionando em crianccedilas e

adultos quadros de raquitismo e osteomalacia A deficiecircncia da

vitamina ainda pode causar fraqueza muscular que nas

crianccedilas pode levar a dificuldade de se manter em ortostatismo

e em idosos aumenta a frequecircncia de quedas aumentando o

risco de fraturas (UNGER 2009)

Segundo Maeda et al (2014) a Sociedade de

Endocrinologia Norte-Americana sugere os seguintes valores

de referecircncia para 25(OH)D3

Deficiecircncia le 20 ngmL

Insuficiecircncia 21-29 ngmL

Ideal ge 30 ngmL

Diante o exposto o presente trabalho teve como principal

objetivo correlacionar os dados laboratoriais de Vitamina D

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

300

registrados nos Centro de Hematologia e Laboratoacuterio de

Anaacutelises Cliacutenicas ndash LTDA (Hemoclin) nos anos de 2015 a 2016

com Insolaccedilatildeo do municiacutepio de Campina Grande neste mesmo

periacuteodo

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Realizou-se um estudo do tipo transversal a partir dos

dados contidos nos prontuaacuterios dos pacientes atendidos num

laboratoacuterio cliacutenico pocircde-se entatildeo analisar usando

metodologias estatiacutesticas a associaccedilatildeo entre a quantificaccedilatildeo

da vitamina D e Insolaccedilatildeo

A pesquisa foi realizada no Centro de Hematologia e

Laboratoacuterio de Anaacutelises Cliacutenicas ndash LTDA ndash Hemoclin em

Campina Grande Paraiacuteba que se encontra numa Latitude de

07ordm 13 50 S e Longitude de 35ordm 52 52 W estando a 551m do

niacutevel do mar a Fig (1) mostra a representaccedilatildeo da cidade via

sateacutelite

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

301

Figura 1 Imagem de Sateacutelite de Campina Grande

Fonte Google Earth

A coleta de dados foi feita a partir dos exames de

Vitamina D adquiridos dos prontuaacuterios dos pacientes atendidos

em que constituiu de 1641 pacientes de ambos os sexos e faixa

etaacuterias durante o periacuteodo de Setembro de 2015 a Agosto de

2016 e valores de Insolaccedilatildeo foram coletados a partir do banco

de dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

(Embrapa)

Apoacutes o levantamento dos dados foi realizada a anaacutelise

da Correlaccedilatildeo de Pearson por meio do Microssoft Office Excel

2016 e posteriormente criaccedilatildeo de tabelas e graacuteficos pelo

mesmo programa e seratildeo submetidos agrave anaacutelise estatiacutestica

atraveacutes do programa IBM SPSS Statistics 21

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

302

21 Coeficiente de Pearson

O coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearson (r) ou coeficiente

de correlaccedilatildeo produto-momento ou o r de Pearson mede o grau

da correlaccedilatildeo linear entre duas variaacuteveis quantitativas Eacute um

iacutendice adimensional com valores situados ente -10 e 10

inclusive que reflete a intensidade de uma relaccedilatildeo linear entre

dois conjuntos de dados

Expresso pela foacutermula

Para interpretar os resultados este coeficiente

normalmente eacute representado pela letra r onde

r= 1 Significa uma correlaccedilatildeo perfeita positiva entre as

duas variaacuteveis

r= -1 Significa uma correlaccedilatildeo negativa perfeita entre

as duas variaacuteveis isto eacute se uma aumenta a outra

sempre diminui

r= 0 Significa que as duas variaacuteveis natildeo dependem

linearmente uma da outra No entanto pode existir uma

outra dependecircncia que seja natildeo linear

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Realizou-se uma pesquisa com os dados laboratoriais de

1641 pacientes no Centro de Hematologia e Laboratoacuterio de

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

303

Anaacutelises Cliacutenicas ndash LTDA e foram divididos por mecircs analisado

e posteriormente classificados no resultado obtido em

Insuficiecircncia Deficiecircncia e Suficiecircncia e os valores de Insolaccedilatildeo

foram coletados no banco de dados da EMBRAPA Foi

realizado o caacutelculo do Coeficiente de Pearson e obteve-se a

correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis acima citadas A Tab (1) mostra

a distribuiccedilatildeo mensal dos dados em estudo

Tabela 1 Relaccedilatildeo das meacutedias de Vitamina D e Insolaccedilatildeo referentes a Setembro de 2015 a Agosto de 2016

Meses Deficiecircncia Insuficiecircncia Suficiecircncia Insolaccedilatildeo

Setembro 1618 2515 3779 80

Outubro 1668 2626 3880 85

Novembro 1751 2610 3878 92

Dezembro 1723 2567 3991 -

Janeiro 1775 2538 4136 50

Fevereiro 1604 2635 4239 -

Marccedilo 1860 2594 3976 38

Abril 1718 2571 3922 56

Maio 1782 2538 3952 57

Junho 1610 2639 4192 72

Julho 1843 2577 3965 71

Agosto 1738 2558 3863 80

Fonte Dados da pesquisa Obs Onde possui um traccedilo (-) nos valores de Insolaccedilatildeo eacute porque a

EMBRAPA natildeo tinha seu dados

No grupo de pacientes estudados prevaleceu o sexo

feminino com 7727 (n=1268) em relaccedilatildeo ao sexo masculino

com 2273 (n=373) Os resultados obtidos da Vitamina D

foram classificados de acordo com os valores de referecircncia em

Deficiecircncia (le 20 ngmL) Insuficiecircncia (21-29 ngmL) e

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DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

304

Suficiecircncia Ideal (ge 30 ngmL) A Fig (2) apresentada abaixo

mostra que os pacientes do estudo tiveram 5686 (n=933)

tiveram seus resultados dentro da normalidades ou seja

estavam com a vitamina suficiente no organismo 3193

(n=524) insuficientes e 1121 (n=184) deficiecircncia da mesma

Figura 2 Distribuiccedilatildeo dos resultados obtidos da Vitamina D dos pacientes em estudo

Fonte Dados da Pesquisa

Segundo Castro (2011) a vitamina D jaacute eacute reconhecida

como importante para o metabolismo do organismo na

comunidade acadecircmica devido ao aumento expressivo de

estudos nessa aacuterea sobre a fisiologia e o seu impacto no

sistema hormonal que influencia na sauacutede dos indiviacuteduos

nesse sentido observa-se independente de idade etnia e de

localizaccedilatildeo geograacutefica as pessoas apresentam niacuteveis da

vitamina baixos e necessitem fazer algum tipo de reposiccedilatildeo

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305

Sabe-se que a Insolaccedilatildeo estaacute relacionada com a

produccedilatildeo da 25 (OH) D foi correlacionado neste estudo os

resultados adquiridos da vitamina com os dados de Insolaccedilatildeo

Nos pacientes que mostraram resultados para Deficiecircncia de

Vitamina D quando correlacionados com a Insolaccedilatildeo atraveacutes

do Coeficiente de Pearson obteve-se o seguinte valor de r= -

0536187801897428 que quer dizer que a correlaccedilatildeo eacute negativa

e fraca ou seja o valor da reta decresce sendo inversamente

proporcional (Fig 3)

Figura 3 Correlaccedilatildeo entre as meacutedias de Insolaccedilatildeo e Deficiecircncia de Vitamina D

Fonte Pesquisa direta 2016

Para Maeda (2014) indiviacuteduos que possuem uma baixa

exposiccedilatildeo ao sol ou seja aqueles com baixa insolaccedilatildeo natildeo

produzem a vitamina D cutacircnea os tornando uma populaccedilatildeo de

deficientes da mesma Ao comparar com o nosso estudo

explica por que os dados natildeo estatildeo relacionados entre si por

que um independe do outro

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306

Para os pacientes que apresentaram Insuficiecircncia de

Vitamina D ao serem correlacionados com a Insolaccedilatildeo o valor

obtido de r= 0252892920149656 estaacute relacionado a uma

correlaccedilatildeo positiva poreacutem fraca isto eacute as duas variaacuteveis estatildeo

interligadas entre si formando uma reta crescente (Fig 4)

Figura 4 Correlaccedilatildeo entre as meacutedias de Insolaccedilatildeo e Insuficiecircncia de Vitamina D

Fonte Pesquisa direta 2016

Um estudo realizado por Maia Maeda e Marccedilon (2007) diz

que pessoas que utilizam algum tipo de fotoproteccedilatildeo como

roupas eou protetor solar se expotildeem ao sol mesmo que em

pequenas quantidades pois encontram-se num paiacutes tropical

Nessa perspectiva esse resultado da figura acima entra nesse

sentido os pacientes se expuseram a pequenas quantidades

de insolaccedilatildeo e tiveram uma baixa produccedilatildeo da 25(OH)D

Acreditava-se que a produccedilatildeo da Vitamina D estava

diretamente relacionada com a quantidade de Insolaccedilatildeo

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307

absorvida pelo organismo esse estudo mostrou o contraacuterio

quando feita a correlaccedilatildeo dos resultados dos pacientes que

apresentaram os resultados para Suficiecircncia (valores ideais)

com a Insolaccedilatildeo obteve-se o valor de r= -045390334977587

quando feita a interpretaccedilatildeo eacute uma correlaccedilatildeo de caraacuteter

negativa e fraca ou seja as variaacuteveis apresentadas nesse

estudo natildeo satildeo dependentes uma da outra formando uma reta

decrescente (Fig 5)

Figura 5 Correlaccedilatildeo entre as meacutedias de Insolaccedilatildeo e Suficiecircncia de Vitamina D

Fonte Pesquisa direta 2016

Um estudo realizado por Raimundo etal (2010) foi relatado

que tambeacutem natildeo houve uma correlaccedilatildeo significativa 25(OH)D

seacuterica e a insolaccedilatildeo (r=0204) nesse caso houve uma

correlaccedilatildeo positiva e fraca entrando em contradiccedilatildeo com o

presente estudo Premaor (2006) expotildee que a praacutetica de

exposiccedilatildeo a luz solar natildeo eacute tatildeo comum o que faz com que

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308

alguns consensos recomendem a suplementaccedilatildeo da vitamina

ou procure a mesma em fontes alimentares como este estudo

natildeo determinou quem fazia uso de suplementaccedilatildeo ou natildeo

supotildee-se que esses pacientes natildeo tecircm acesso a insolaccedilatildeo e

utilizam Vitamina D por via oral mantendo os resultados ideais

4 CONCLUSOtildeES

Atualmente a importacircncia do hormocircnio conhecido como

vitamina D no metabolismo do caacutelcio e na manutenccedilatildeo da

massa oacutessea estaacute bem estabelecida A quantidade de estudos

sobre vitamina D tem aumentado muito e a cada dia descobre-

se mais benefiacutecios para a otimizaccedilatildeo dos niacuteveis de vitamina D

no organismo A hipovitaminose D eacute bastante frequente em

nosso paiacutes e devem ser considerados indiviacuteduos em risco de

deficiecircncia de vitamina D os idosos pacientes com

osteoporose histoacuterias de quedas e fraturas obesos graacutevidas e

lactentes pacientes em uso de medicaccedilotildees que interfiram no

metabolismo da vitamina D (como glicocorticoides

anticonvulsivantes antifuacutengicos) portadores de siacutendromes de

maacute-absorccedilatildeo hiperparatiroidismo primaacuterio insuficiecircncia renal

ou hepaacutetica doenccedilas granulomatosas e linfomas Seu

diagnoacutestico diferencial se torna importante pois apesar de

apresentar grande morbidade sua correccedilatildeo eacute faacutecil e barata

Tendo em vista que em um periacuteodo relativamente curto

de dados coletados natildeo foi encontrada uma relaccedilatildeo tatildeo

significativa entre as variaacuteveis abre-se o espaccedilo para que um

periacuteodo maior de dados seja analisado buscando corroborar e

reafirmar os padrotildees encontrados

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ALVES Maacutercia et al Vitamina Dndashimportacircncia da avaliaccedilatildeo laboratorial Revista Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo [sl] v 8 n 1 p32-39 jan 2013 Elsevier BV httpdxdoiorg101016jrpedm201212001 ARNSON Y AMITAL H SHOENFELD Y Vitamin D and autoimmunity new aetiological and therapeutic considerations Annals Of The Rheumatic Diseases [sl] v 66 n 9 p1137-1142 15 mar 2007 BMJ httpdxdoiorg101136ard2007069831 BALOGH Tatiana Santana et al Proteccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo ultravioleta recursos disponiacuteveis na atualidade em fotoproteccedilatildeo Anais Brasileiros de Dermatologia Rio de Janeiro v 86 n 4 p732-742 2011 BELLAN Mattia PIRISI Mario SAINAGHI Pier Paolo Osteoporose na artrite reumatoide papel do sistema vitamina Dhormocircnio paratireoacuteideo Revista Brasileira de Reumatologia [sl] v 55 n 3 p256-263 maio 2015 Elsevier BV httpdxdoiorg101016jrbr201410007 CASTRO Luiz Claudio Gonccedilalves de O sistema endocrinoloacutegico vitamina D Arquivos Brasileiros de Endocrinologia amp Metabologia [sl] v 55 n 8 p566-575 nov 2011 FapUNIFESP (SciELO) httpdxdoiorg101590s0004-27302011000800010 CONFALONIERI Ulisses Eugenio Cavalcanti Variedade climaacutetica vulnerabilidade social e sauacutede no Brasil Terra Livre Satildeo Paulo ano 19 v I n 20 p 193-204 2003 CONFALONIERI UEC Mudanccedila climaacutetica global e sauacutede humana no Brasil PARCERIAS ESTRATEacuteGICAS BRASIacuteLIADF N27 DEZEMBRO 2008 p Disponiacutevel em lthttpseercgeeorgbrindexphpparcerias_estrategicasarticleviewFile333327gt Acesso em 08112016] DINIZ Herculano Ferreira et al Insuficiecircncia e deficiecircncia de vitamina D em pacientes portadores de doenccedila renal crocircnica Jornal Brasileiro de Nefrologia Satildeo Paulo v 34 n 1 p58-63 mar 2012 FapUNIFESP (SciELO) httpdxdoiorg101590s0101-28002012000100009 FROTA Karine de Holanda Ponto de corte para adequaccedilatildeo da concentraccedilatildeo seacuterica de 25 hidroxivitamina D em adultos e idosos estudo de base populacional - ISA- capital 2012 71 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Nutriccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 LICHTENSTEIN Arnaldo et al Vitamina D accedilotildees extraoacutesseas e uso racional Revista da Associaccedilatildeo Meacutedica Brasileira[sl] v 59 n 5 p495-506 set 2013 Elsevier BV httpdxdoiorg101016jramb201305002

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MAIA Marcus MAEDA Sergio Setsuo MARCcedilON Carolina Correlaccedilatildeo entre fotoproteccedilatildeo e concentraccedilotildees de 25 hidroxi-vitamina D e paratormocircnio Anais Brasileiros de Dermatologia Rio de Janeiro v 82 n 3 p0-0 jun 2007 FapUNIFESP (SciELO) httpdxdoiorg101590s0365-05962007000300004 MAEDA Sergio Setsuo et al Recomendaccedilotildees da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnoacutestico e tratamento de hipovitaminose D Arquivos Brasileiros de Endocrinologia amp Metabologia Satildeo Paulo v58 n5 p411 -433 jul 2014 FapUNIFESP (SciELO) httpdxdoiorg1015900004-270000003388 NUNES BBS MENDES PC CLIMA AMBIENTE E SAUacuteDE UM RESGATE HISTOacuteRICO Instituto de Geografia UFU Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Geografia CAMINHOS DE GEOGRAFIA - revista online Uberlacircndia v 13 n 42 p 258ndash269 Junho de 2012 PAGNOSSIN Elaine Medianeira BURIOL Galileo Adeli GRACIOLLI Michele de Araujo Influecircncia dos Elementos Meteoroloacutegicos no Conforto Teacutermico Humano Bases Biofiacutesicas Bases Biofiacutesicas Revista Disciplinarum Scientia Santa Maria v 2 n 1 p149-161 2001 PREMAOR Melissa Orlandin FURLANETTO Tania Weber Hipovitaminose D em adultos entendendo melhor a apresentaccedilatildeo de uma velha doenccedila Arquivos Brasileiros de Endocrinologia amp Metabologia Satildeo Paulo v 50 n 1 p25-37 fev 2006 FapUNIFESP (SciELO) httpdxdoiorg101590s0004-27302006000100005 RAIMUNDO Fabiana Viegas et al Variaccedilatildeo Sazonal de Niacuteveis de 25-Hidroxivitamina D Seacuterica e Ingestatildeo Dieteacutetica de Vitamina D em Crianccedilas e Adolescentes com Baixa Estatura Revista do Hospital das Cliacutenicas de Porto Alegre Porto Alegre v 30 n 3 p209-213 2010 SETTE D M RIBEIRO H INTERACcedilOtildeES ENTRE O CLIMA O TEMPO E A SAUDE HUMANA INTERFACEHS Revista de Sauacutede meio ambiente e sustentabilidade Vol 6 Nordm 2 Artigo Agosto de 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistasspsenacbrindexphpITFarticleviewFile196192gt Acesso em 08112016 UNGER Marianna Duarte Determinaccedilatildeo dos niacuteveis seacutericos de vitamina D em uma amostra de indiviacuteduos saudaacuteveis da populaccedilatildeo brasileira 2009 123 f Tese (Doutorado) - Curso de Medicina Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009

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CAPIacuteTULO 18

CONDICcedilOtildeES DE TRABALHO E VULNERABILIDADE SOCIAL PERCEPCcedilAtildeO DOS RESPONSAacuteVEIS TEacuteCNICOS DE SERVICcedilOS DE

ALIMENTACcedilAtildeO NO BAIRRO VILA ESPERANCcedilA SAtildeO LUIacuteS-MA BRASIL

Eulaacutelia Cristina Costa de CARVALHO12

Milena Maacuteria Silva ASSUNCcedilAtildeO 1

Adenilde Nascimento MOUCHRECK 34

1 Mestranda em Sauacutede e Ambiente UFMA 2 Componente Teacutecnico da Vigilacircncia Epidemioloacutegica Hospitalar HUUFMA - UMI 3 Professora do Departamento de Quiacutemica UFMA

4 OrientadoraProfessora do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede e AmbienteUFMA email laliacristina1hotmailcom

RESUMO Introduccedilatildeo Existem fatores que sofrem influecircncia das condiccedilotildees de vida de cada indiviacuteduo e seu ambiente de vivecircncia cotidiana gerando a percepccedilatildeo ambiental do indiviacuteduo o estilo de vida o ambiente fiacutesico o ambiente social e endoacutegenos tanto geneacuteticos como adquiridos durante a vida Objetivo Conhecer a percepccedilatildeo dos responsaacuteveis teacutecnicos de estabelecimentos de alimentaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees de trabalho e sua relaccedilatildeo com a vulnerabilidade social Metodologia Eacute uma pesquisa quanti-qualitativa com uso da epidemiologia descritiva anaacutelise de conteuacutedo e uso do Atlas de Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros Foi realizada no bairro Vila Esperanccedila no municiacutepio de Satildeo Luiacutes - MA com 10 estabelecimentos de alimentaccedilatildeo sendo 4 restaurantes e 6 lanchonetes no periacuteodo de Marccedilo a Agosto de 2016 Resultados caracterizou-se os participantes da pesquisa e obteve-se a percepccedilatildeo destes responsaacuteveis teacutecnicos como a maioria dos entrevistados (7) atribuiu valor ao saneamento baacutesico e ou melhoria na estrutura fiacutesica do estabelecimento ndash

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interferem diretamente na qualidade do serviccedilo oferecido agrave populaccedilatildeo e na seguranccedila agrave sauacutede portanto a percepccedilatildeo foi correta em 70 dos entrevistados Conclusatildeo Os entrevistados observam sua realidade a partir de suas perspectivas individuais e a maioria tem consciecircncia de fatores abrangentes e influenciaacuteveis na condiccedilatildeo de seu trabalho e que a vulnerabilidade social a que estatildeo sujeitos os proporciona estas condiccedilotildees Palavras-chave Sauacutede Ambiental Vigilacircncia em Sauacutede Puacuteblica Vulnerabilidade Social 1 INTRODUCcedilAtildeO

Existe uma interaccedilatildeo entre o ser humano e o ambiente

em que ele vive esta interaccedilatildeo entre os diferentes fatores

determinantes exoacutegenos e endoacutegenos participantes deste

processo explica por que a resposta agraves exposiccedilotildees ambientais

pode variar consideravelmente de um indiviacuteduo para outro

destacando-se quatro grupos destes fatores o estilo de vida o

ambiente fiacutesico o ambiente social e endoacutegenos atributos

individuais tanto geneacuteticos como adquiridos durante a vida

(HOLLANDER STAATSEN 2003) Todos estes fatores sofrem

influecircncia das condiccedilotildees de vida de cada indiviacuteduo e seu

ambiente de vivecircncia cotidiana que gera de fato a percepccedilatildeo

ambiental do indiviacuteduo

Ainda segundo o autor citado acima ldquoa sauacutede ambiental

deve ser parte de uma abordagem integrada multidisciplinar e

multisetorial para as aacutereas urbanas desfavorecidas

incorporando poliacuteticas sobre aspectos socioeconocircmicos

geograacuteficos e ambientais dos bairrosrdquo (HOLLANDER

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STAATSEN 2003) somando-se ao processo de urbanizaccedilatildeo e

globalizaccedilatildeo

A inseguranccedila alimentar pode ser detectada nesse

processo e estaacute relacionada com a vulnerabilidade social por

resultar de uma combinaccedilatildeo de fatores que prejudicam o bem-

estar das pessoas famiacutelias e comunidade conforme a

exposiccedilatildeo a determinados riscos e sobretudo associados aos

determinantes sociais de sauacutede (renda escolaridade

habitaccedilatildeo saneamento baacutesico etc) (SEADE 2006)

A definiccedilatildeo de vulnerabilidade social inserida neste

contexto corresponde ao acesso agrave ausecircncia ou agrave insuficiecircncia

de ldquoativosrdquo que podem ser evidenciados pelo instrumento

chamado Iacutendice de Vulnerabilidade Social (IVS) constituindo-

se num instrumento de identificaccedilatildeo das falhas de oferta de

bens e serviccedilos puacuteblicos no territoacuterio nacional O IVS possui trecircs

dimensotildees IVS Infraestrutura Urbana IVS Capital Humano e

IVS Renda e Trabalho ldquoEssas dimensotildees correspondem a

conjuntos de ativos recursos ou estruturas cujo acesso

ausecircncia ou insuficiecircncia indicam que o padratildeo de vida das

famiacutelias encontra-se baixo sugerindo no limite o natildeo acesso e

a natildeo observacircncia dos direitos sociaisrdquo segundo o Atlas de

Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros (IPEA 2015

p13)

Jaacute a seguranccedila alimentar e nutricional eacute baseada na

realizaccedilatildeo do direito de todos ao acesso regular e permanente

a alimentos de qualidade em quantidade suficiente sem

comprometer o acesso a outras necessidades essenciais e

tendo como base praacuteticas alimentares que promovam sauacutede e

respeitem os aspectos culturais de um povo e que sejam social

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econocircmica e ambientalmente sustentaacuteveis segundo Valente

(2002) Este conceito estaacute em consonacircncia com a Lei Orgacircnica

de Seguranccedila Alimentar e Nutricional ndash LOSAN (Lei nordm 11346

de 15 de setembro de 2006) (BRASIL 2006 COSTA

PASQUAL 2006)

A percepccedilatildeo ambiental do indiviacuteduo eacute decorrente do

valor atribuiacutedo ao seu conhecimento sobre sauacutede ambiental e

ao dano ambiental cuja definiccedilatildeo do Art 3ordm da Lei 6 9381981

eacute uma alteraccedilatildeo adversa das caracteriacutesticas do meio ambiente

as quais podem causar prejuiacutezo agrave sauacutede seguranccedila e o bem-

estar da populaccedilatildeo bem como as atividades sociais e agrave abiota

(BANCO MUNDIAL 2004)

Nessa perspectiva a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees

higienicossanitaacuterias de serviccedilos de alimentaccedilatildeo se apresenta

como uma importante ferramenta para o planejamento e a

execuccedilatildeo de accedilotildees que possam intervir na promoccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede Percebendo-se a importacircncia de

conhecer a percepccedilatildeo dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos de

estabelecimentos em Satildeo Luiacutes ndash MA sobre suas condiccedilotildees de

trabalho e sua relaccedilatildeo com a vulnerabilidade social houve o

despertar para realizar uma pesquisa com este enfoque nesta

cidade O municiacutepio de Satildeo Luiacutes estaacute dividido em 7 (sete)

Distritos Sanitaacuterios para atender e viabilizar as accedilotildees de gestatildeo

municipal sendo identificados com nomes de alguns bairros

Centro Bequimatildeo Cohab Coroadinho Itaqui-Bacanga

Tirirical e Vila Esperanccedila O distrito sanitaacuterio eacute uma unidade

operacional das accedilotildees do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS

O bairro Vila Esperanccedila nomeia o maior Distrito Sanitaacuterio

de Satildeo Luiacutes ndash MA e abrange uma parte da Zona Urbana e toda

a Zona Rural portanto a perspectiva de constatar a condiccedilatildeo

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higienicossanitaacuteria de estabelecimentos de alimentaccedilatildeo nesta

localizaccedilatildeo deu-se a partir desta nomeaccedilatildeo do bairro ao Distrito

Sanitaacuterio e a relaccedilatildeo da acessibilidade da comunidade aos

serviccedilos de sauacutede atraveacutes da boa nutriccedilatildeo e seguranccedila

alimentar

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Eacute uma pesquisa com abordagem quanti-qualitativa com

uso da epidemiologia descritiva e do meacutetodo inqueacuterito

epidemioloacutegico segundo Lopes e Lima (2013) Foi realizada no

bairro Vila Esperanccedila que estaacute localizado na regiatildeo da ilha de

Satildeo Luiacutes entre a aacuterea industrial e zona rural ao lado da BR 135

nos Kilocircmetros 4 e 5 ocupa uma aacuterea de 297 hectares e possui

2300 famiacutelias e aproximadamente 10 mil habitantesEstatildeo

instaladas pequenas e meacutedias empresas no periacutemetro do bairro

Vila Esperanccedila (Wikimapia 2010) Participaram deste estudo

10 estabelecimentos de alimentaccedilatildeo que funcionam nesta

localidade e que aceitaram participar da pesquisa durante os

meses de Marccedilo a Agosto de 2016 sendo 4 restaurantes e 6

lanchonetes Este estudo faz parte de um projeto que verifica a

vulnerabilidade do acesso aos serviccedilos de sauacutede neste Distrito

Sanitaacuterio sendo submetido ao Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa com

aprovaccedilatildeo sob o Parecer n 945413 e fez uso de Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido ndash TCLE Para a localizaccedilatildeo

e seleccedilatildeo dos estudos foram considerados o estudo de

publicaccedilotildees nacionais e internacionais e perioacutedicos indexados

impressos e virtuais especiacuteficas da aacuterea (livros monografias

dissertaccedilotildees e artigos) sendo pesquisados ainda dados em

base de dados eletrocircnica considerando para anaacutelise as

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palavras-chave Higiene Alimentar Sauacutede Ambiental

Seguranccedila Alimentar Vigilacircncia em Sauacutede Puacuteblica

Vulnerabilidade Social

Para a anaacutelise de conteuacutedo segundo Laurence Bardin

utilizou-se abordagem quantitativa e qualitativa sendo

quantitativa quando o enfoque da pesquisa eacute demonstrar a

frequecircncia das caracteriacutesticas que se repetem no texto e a

abordagem qualitativa ocorre quando o enfoque da pesquisa

ldquoconsidera a presenccedila ou ausecircncia de uma determinada

caracteriacutestica de conteuacutedo ou conjunto de caracteriacutesticas num

determinado fragmento da mensagemrdquo segundo Lima (1993)

A teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo segundo a Laurence Bardin

deveraacute ser composta por 3 grandes etapas a preacute-anaacutelise a

exploraccedilatildeo do material e o tratamento dos resultados e

interpretaccedilatildeo (BARDIN 1977) A pesquisa tambeacutem utilizou

dados secundaacuterios obtidos em consulta na plataforma Altas de

Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros disponiacutevel no

site do Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA) 2015

O Atlas eacute um software de consulta ao Iacutendice de Vulnerabilidade

Social (IVS) que reflete 16 indicadores atraveacutes de trecircs

dimensotildees infraestrutura urbana capital humano e renda e

trabalho cujo valor para estas dimensotildees pode variar entre 0 e

1 Quanto mais proacuteximo a 1 maior eacute a vulnerabilidade social de

um municiacutepio Para o presente estudo trabalhou-se com os

dados do ano de 2010 que foram formatados e processados no

programa Excel e analisados por meio de estatiacutestica descritiva

de frequecircncia e pelo Programa Epi Info 7 versatildeo 715 quando

necessaacuterio E para avaliar a percepccedilatildeo dos donos ou

responsaacuteveis teacutecnicos sobre suas condiccedilotildees de trabalho

utilizou-se a classificaccedilatildeo 1 Percepccedilatildeo correta quando a

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resposta abordava o objetivo da definiccedilatildeo de ambiente de

trabalho saudaacutevel (aquele que natildeo ocasiona danos agrave sauacutede

humana) 2 Percepccedilatildeo parcialmente correta quando na

resposta havia menccedilatildeo sobre aspectos que contribuem com a

promoccedilatildeo do alimento seguro como condiccedilotildees de higiene e

limpeza entre outras 3 Percepccedilatildeo incorreta quando a

resposta natildeo tinha a menor relaccedilatildeo com a definiccedilatildeo ou com

aspectos correlatos ao proposto por condiccedilotildees de trabalho em

ambiente adequado

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A qualidade dos produtos finais depende diretamente da

habilidade teacutecnica e consciecircncia sanitaacuteria pois alimentos

danificados ou contaminados podem atingir o consumidor e

causar-lhe danos agrave sauacutede segundo Figueiredo e Ribeiro

(2013)

Para caracterizar os donos ou responsaacuteveis teacutecnicos dos

estabelecimentos de alimentaccedilatildeo participantes desta pesquisa

(10) utilizou-se as variaacuteveis idade sexo escolaridade

capacitaccedilatildeo teacutecnica e nuacutemero de refeiccedilotildees fornecidas

diariamente pois haacute influecircncia na renda destes profissionais

Quanto a idade houve variaccedilatildeo de 22 anos a 66 anos

sendo que apenas dois participantes tecircm a mesma idade 45

anos e quanto ao sexo 5 satildeo do sexo feminino e 5 do sexo

masculino As idades dos dez participantes da pesquisa podem

ser observadas na Tabela 1

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Tabela 1 ndash Frequecircncia da idade dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos em dez serviccedilos de alimentaccedilatildeo no periacuteodo de marccedilo a agosto de 2016 na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo

Fonte Pesquisa do Autor 2016

Quanto a meacutedia das idades nas 10 observaccedilotildees

obtivemos o valor de 387 anos como meacutedia e moda igual a 45

anos segundo anaacutelise estatiacutestica atraveacutes do Epi Info 7

Quanto ao niacutevel de escolaridade houve o predomiacutenio do ensino

meacutedio completo em 80 dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos

(8) conforme Tabela 2

Idade dos Donos ou Responsaacuteveis Teacutecnicos

Frequecircncia

22 28 29 30 34 35 45 53 66

1 1 1 1 1 1 2 1 1

100 100 100 100 100 100 200 100 100

Total 10 1000

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Tabela 2 - Frequecircncia da escolaridade dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos em dez serviccedilos de alimentaccedilatildeo no periacuteodo de marccedilo a agosto de 2016 na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo

Escolaridade dos Donos ou Responsaacuteveis Teacutecnicos Frequecircncia

Analfabeto Ensino Fundamental Ensino Meacutedio

1 1 8

100 100 800

Total 10 1000

Fonte Pesquisa do Autor 2016

Quanto a meacutedia da idade x escolaridade obtivemos pela

aplicaccedilatildeo do meacutetodo estatiacutestico ANOVA um p-value = 000000

valor significativo estatisticamente (p lt 005) o que nos permite

afirmar que existe uma diferenccedila significativa entre as meacutedias

das idades e do niacutevel escolar e que o entrevistado mais velho eacute

tambeacutem o que possui o menor niacutevel de escolaridade fato que

evidencia um dos aspectos da vulnerabilidade social no

municiacutepio de Satildeo Luiacutes e corrobora com os estudos de Toacutertora

e seus colaboradores (2005) quanto a contaminaccedilatildeo das matildeos

em diferentes atividades profissionais pois ocorre mais em

profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede e com baixo niacutevel

escolar

A qualidade higienicossanitaacuteria eacute fator de seguranccedila

alimentar e tem sido amplamente estudada e discutida Para

que se tenha esta qualidade e seguranccedila alimentar a

capacitaccedilatildeo teacutecnica dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos pelos

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estabelecimentos de alimentaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel pois os

demais manipuladores de alimentos poderatildeo ser treinados para

que de forma efetiva possam fornecer alimentos seguros e

saudaacuteveis agrave comunidade aleacutem de obedecerem agraves Resoluccedilotildees

RDC nordm 27502 e RDC 21604 que diz respeito ao regulamento

teacutecnico de procedimentos operacionais padronizados aos

estabelecimentos produtores industrializadores de alimentos e

ao o regulamento teacutecnico de boas praacuteticas para serviccedilo de

alimentaccedilatildeo respectivamente Podemos verificar o nuacutemero de

estabelecimentos de alimentaccedilatildeo com donos ou responsaacuteveis

teacutecnicos devidamente capacitados na Tabela 3 abaixo

Tabela 3 - Frequecircncia da capacitaccedilatildeo teacutecnica dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos em dez serviccedilos de alimentaccedilatildeo no periacuteodo de marccedilo a agosto de 2016 na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo

Capacitaccedilatildeo teacutecnica dos Donos ou Responsaacuteveis Teacutecnicos

Frequecircncia

Natildeo possui capacitaccedilatildeo teacutecnica Possui capacitaccedilatildeo teacutecnica

5 5

500 500

Total 10 1000

Fonte Pesquisa do Autor 2016

Apenas 50 (5) dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos dos

estabelecimentos de alimentaccedilatildeo possuem capacitaccedilatildeo

teacutecnica isto eacute estatildeo devidamente habilitados para trabalhar na

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manipulaccedilatildeo dos alimentos e respeitam as normas da RDC

21604 os demais natildeo possuem capacitaccedilatildeo teacutecnica

Outro aspecto observado nos estabelecimentos de

alimentaccedilatildeo foi a renda diaacuteria arrecadada pois sofre oscilaccedilatildeo

eacute obtida de acordo com o nuacutemero de refeiccedilotildees fornecidas e

causa influecircncia na qualidade do serviccedilo Destacamos o fato de

apenas 1 estabelecimento de alimentaccedilatildeo fornecer mais de 100

refeiccedilotildees diaacuterias nesta localidade o que faz com que sua

movimentaccedilatildeo orccedilamentaacuteria seja maior em relaccedilatildeo aos demais

estabelecimentos e que pode ajudar na melhoria do

estabelecimento fiacutesico-estrutural e na seguranccedila alimentar

propriamente dita Podemos verificar o nuacutemero de refeiccedilotildees

fornecidas pelos estabelecimentos de alimentaccedilatildeo na Tabela 4

Tabela 4 - Frequecircncia do nuacutemero de estabelecimentos que fornecem mais de 100 refeiccedilotildees diariamente em dez serviccedilos de alimentaccedilatildeo no periacuteodo de marccedilo a agosto de 2016 na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo

Estabelecimentos que fornecem mais de 100 refeiccedilotildees diariamente Frequecircncia

Sim Natildeo

1 9

100 900

Total 10 1000

Fonte Pesquisa do Autor 2016

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No Brasil assim como no estado do Maranhatildeo e no

municiacutepio de Satildeo Luiacutes o saneamento baacutesico se encontra com

serviccedilos insuficientes e com grande desigualdade de

distribuiccedilatildeo O saneamento baacutesico eacute uma accedilatildeo composta pelo

abastecimento de aacutegua esgotamento sanitaacuterio drenagem

urbana limpeza urbana e tratamento do lixo Ratificamos esta

conjectura conforme dados de Stevanim (2016) com a origem

deste problema sendo mais comum em locais com saneamento

baacutesico deficiente e que ocorre em aacutereas mais pobres e

afastadas A educaccedilatildeo e a oferta do trabalho tambeacutem satildeo

reflexos de serviccedilos insuficientes nestes locais Podemos

constatar a condiccedilatildeo de vulnerabilidade social no Brasil e em

Satildeo Luiacutes ndash MA a partir das dimensotildees infraestrutura urbana

capital humano e renda e trabalho na Tabela 5

Tabela 5 ndash Iacutendice de Vulnerabilidade Social no Brasil e na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo segundo o Atlas de Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros (2010)

Fonte IPEA 2015

COD IBGE

IVS (2010)

IVS Infraestrutura Urbana (2010)

IVS Capital Humano (2010)

IVS Renda e Trabalho (2010)

Brasil -- 0326 0295 0362 032 Satildeo Luiacutes (MA) 211130 0372 0498 0291 0327

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O Iacutendice de Vulnerabilidade Social - IVS (2010) do Brasil

foi menor comparado ao do municiacutepio Satildeo Luiacutes ndash MA e

juntamente com ele o IVS de infraestrutura urbana e o IVS

renda e trabalho apenas o IVS capital humano do Brasil foi

maior que o de Satildeo Luiacutes ndash MA O IVS corresponde aos 16

indicadores que o geram neste 3 dimensotildees o IVS de

infraestrutura urbana diz respeito agrave mobilidade e saneamento

baacutesico aleacutem de disponibilidade de serviccedilosambientes estaacute

associado ao Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal ndash

IDHM no que se refere a longevidade O IVS capital humano

diz respeito agrave trajetoacuteria educacional das famiacutelias e ao capital

familiar aleacutem de aspectos sociais diversos de exclusatildeo social

relaciona-se com a educaccedilatildeo no IDHM O IVS renda e trabalho

diz respeito agrave inserccedilatildeo precaacuteria no mercado de trabalho

insuficiecircncia de renda (trabalho informal trabalho infantil eou

desocupaccedilatildeo) e renda per capita ambos correspondem agrave

dimensatildeo renda no IDHM segundo pesquisadores do IPEA

(2015)

O IVS de infraestrutura urbana em Satildeo Luiacutes ndash MA eacute

considerado de alta vulnerabilidade social o IVS capital

humano de Satildeo Luiacutes ndash MA eacute considerado de baixa

vulnerabilidade social e o IVS renda e trabalho eacute de meacutedia

vulnerabilidade social Estes dados devem ser observados

juntamente com o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Municipal ndashIDHM visto que possibilita observar o espaccedilo

territorial em que estamos inseridos formular poliacuteticas puacuteblicas

e exige do poder puacuteblico o acesso da populaccedilatildeo aos direitos

sociais baacutesicos

Para o municiacutepio de Satildeo Luiacutes em 2010 o IDHM foi de

0768 - considerado alto desenvolvimento De modo geral as

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trecircs dimensotildees do IVS apresentaram reduccedilatildeo mas no

Nordeste principalmente nos estados do Maranhaumlo de

Alagoas Pernambuco e alguns locais do territoacuterio baiano

continuam com alta vulnerabilidade social (IPEA 2015) Veja

este iacutendice no Brasil Satildeo Luiacutes ndash MA e na Regiatildeo Metropolitana

(RM) da Grande Satildeo Luiacutes todos considerados de meacutedia

vulnerabilidade social na Tabela 6

Tabela 6 - Iacutendice de Vulnerabilidade Social - Renda e Trabalho no Brasil e na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo segundo o Atlas de Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros (2010)

Fonte IPEA 2015

O IVS reflete o binocircmio produccedilatildeo consumo pois esta

relaccedilatildeo gera degradaccedilatildeo ambiental sobre os recursos naturais

(mateacuteria-prima aacutegua energia etc) perda da qualidade de vida

por condiccedilotildees inadequadas de moradia eou trabalho poluiccedilatildeo

em geral e desequiliacutebrio em todos os mecanismos que

sustentam a vida na terra tendo-se a produccedilatildeo industrial como

progresso teacutecnico-cientiacutefico e importacircncia na relaccedilatildeo da

sociedade com o ambiente segundo Dias (2000) apud Pitton

(2009) Nesta perspectiva deu-se o estudo qualitativo da

percepccedilatildeo dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos dos

Lugar COD IBGE

IVS Renda e Trabalho (2010)

Brasil -- 032

Satildeo Luiacutes (MA) 211130 0327 RM Grande Satildeo Luiacutes -- 0342

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estabelecimentos de alimentaccedilatildeo sobre suas condiccedilotildees de

trabalho e vulnerabilidade social

Estudo dos Aspectos Quantitativos e Qualitativos da Fala

dos Entrevistados

Descriccedilatildeo da fala dos 10 entrevistados (100) sobre suas

condiccedilotildees de trabalho e vulnerabilidade social 9 (90)

entrevistados relataram que sua condiccedilatildeo de trabalho eacute boa e

1(10) relatou que eacute regular Abaixo algumas destas falas

Entrevistado 1

ldquoConsidero boa pois apesar dos obstaacuteculos consegue

trabalhar Para melhorar falta saneamento baacutesico por parte

das autoridadesrdquo

Entrevistado 2

ldquoConsidero regular Natildeo acha melhor devido agrave concorrecircnciardquo

Entrevistado 5 e Entrevistado 7

ldquoConsidero boa pois o fornecimento de aacutegua energia e o

recolhimento do lixo satildeo regulares e falta melhoria na

estrutura do estabelecimentordquo

Entrevistado 10

ldquoConsidero boa porque eacute sua uacutenica fonte de renda no

momentordquo

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Conclusotildees quantitativas da anaacutelise do conteuacutedo

(Laurence Bardin 1977)

Elencou-se as palavras que se repetem e que melhor

caracterizam a situaccedilatildeo abordada pela pesquisadora

4 entrevistados mencionaram a melhoria na estrutura do

estabelecimento

3 entrevistados mencionaram o fornecimento de aacutegua luz e

recolhimento de lixo regulares

1 entrevistado mencionou a falta de saneamento baacutesico

1 entrevistado mencionou o fato de natildeo pagar aluguel

1 entrevistado mencionou divisatildeo das responsabilidades

1 entrevistado mencionou o fato ser sua uacutenica fonte de renda

1 entrevistado mencionou a concorrecircncia do setor dos gecircneros

alimentiacutecios

Conclusotildees qualitativas da anaacutelise do conteuacutedo (Laurence

Bardin 1977)

Elencou-se a mensagem destacada no fragmento do

discurso que melhor retrata a situaccedilatildeo estudada apoacutes anaacutelise

e interpretaccedilatildeo no contexto da pesquisa

A maioria dos entrevistados (7) atribuiacuteram valor ao

saneamento baacutesico e ou melhoria na estrutura fiacutesica do

estabelecimento ndash elementos que interferem diretamente na

qualidade do serviccedilo oferecido agrave populaccedilatildeo e na seguranccedila agrave

sauacutede portanto a percepccedilatildeo foi correta em 70 dos

entrevistados

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Apenas 2 entrevistados atribuiacuteram valor agrave renda e 1

entrevistado enfatizou a concorrecircncia ndash elementos que

interferem diretamente e indiretamente respectivamente na

qualidade do serviccedilo contatando-se assim uma percepccedilatildeo

parcialmente correta em 20 dos entrevistados pois a renda

interfere na qualidade e seguranccedila alimentar e percepccedilatildeo

incorreta em 10 dos entrevistados visto que a concorrecircncia

deveria ser um fator de estiacutemulo para a sua melhoria

Os entrevistados observam sua realidade a partir de

suas perspectivas individuais apesar da maioria ter consciecircncia

de fatores abrangentes e influenciaacuteveis na condiccedilatildeo de seu

trabalho no tocante da percepccedilatildeo ambiental e que a

vulnerabilidade social a que estatildeo sujeitos os proporciona estas

condiccedilotildees

4 CONCLUSOtildeES

A urbanizaccedilatildeo e a globalizaccedilatildeo satildeo apontadas como

mudanccedilas efetivas no estilo de vida da sociedade atual visto

que houve um aumento do consumo de alimentos em locais

puacuteblicos por conta de a populaccedilatildeo estar trabalhando longe de

suas residecircncias e consequentemente do aumento da

transmissatildeo de doenccedilas por alimentos que interfere no

desenvolvimento socioeconocircmico e sobrecarrega o sistema

puacuteblico de sauacutede

Sendo a higiene e a fiscalizaccedilatildeo dos alimentos

considerados um setor fundamental da sauacutede puacuteblica pois

atinge vaacuterios setores e populaccedilotildees da sociedade e satildeo

decorrentes da perspectiva ampliada de sauacutede e da

necessidade de atendimento agraves demandas sociais para a

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construccedilatildeo de novas poliacuteticas de seguranccedila alimentar a partir

do processo de higiene alimentar em estabelecimentos de

alimentaccedilatildeo que mais se enquadram no eixo renda e trabalho

na dimensatildeo que pode ser retratada no contexto da

Vulnerabilidade Social visto que a seguranccedila alimentar e a boa

nutriccedilatildeo satildeo considerados determinantes para garantia da

sauacutede e a corresponsabilidade dos cidadatildeos eacute de suma

importacircncia e ela evolui com a melhoria da educaccedilatildeo e da

renda

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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puacuteblicas p 97 2006 In ALBUQUERQUE Maria do Carmo (Org) Participaccedilatildeo popular em poliacuteticas puacuteblicas espaccedilo de construccedilatildeo da democracia brasileira ndash Satildeo Paulo Instituto Poacutelis 2006 124p FIGUEIREDO R P RIBEIRO M C S Avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees higienicossanitaacuterias de cantinas de escolas particulares da cidade de Satildeo Luiacutes MA Higiene Alimentar v 27 n 226227 p 60-64 2013 FUNDACcedilAtildeO SEADE Espaccedilos e Dimensotildees da Pobreza nos Municiacutepios de Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel emlthtppwwwseadgovbrprodutosipvsanalisessubprefeiturabutantapdfgt Acesso em 29 nov 2015 FREITAS C M PORTO M F S Sauacutede ambiente e sustentabildade Rio de Janeiro FIOCRUZ 2006 FREITAS M B FREITAS C M A vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano ndash desafios e perspectivas para o Sistema Uacutenico de Sauacutede Rev Ciecircnc e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 10 n 4 10 2005 GERMANO M I S GERMANO P M L Higiene e vigilacircncia sanitaacuteria dos alimentos 7 ed Satildeo Paulo Livraria Varela 2014 HOLLADER A E M STAATSEN B A M Health environment and quality of life an epidemiological perspective on urban development In Landscape and Urban Planning 65 2003 p 53-62 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 52 milhotildees de brasileiros estatildeo em situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar IBGE PNAD ndash 2013 Publicaccedilatildeo em 19 dez 2014 Disponiacutevel em lthttptvbrasilebccombrreportermaranhaoepisodio52-milhotildees-brasileiros-estatildeo-em-situaccedilao-de-inseguranccedila-alimentargt Acesso em 12 mai 2016 IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada Atlas da Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros Brasiacutelia 2015 Disponiacutevel em ivsipeagovbrivsptconsulta Acesso em 30 ago 2016 LIMA M A D S Anaacutelise de conteuacutedo estudo e aplicaccedilatildeo Rev Logos 1993 (1) 53-58 LOPES MV O LIMA J R C Anaacutelise de dados epidemioloacutegicos In Epidemiologia e Sauacutede ROUQUARIOL M Z GURGEL M (Organizadores) 7 ed Rio de janeiro Medbook 2013 OMS Prevention of Foodborne Disease The five keys to safer foods 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwwhointfoodsafetyfoodborne_diseaseengtAcesso em 29 out 2013 OTENIO M H et al Saneamento baacutesico qualidade da aacutegua e levantamento de enteroparasitas relacionadas ao perfil soacutecio-econocircmico

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ambiental de escolares de uma aacuterea rural do Municiacutepio de Bandeirantes Rev Salusvita Bandeirantes v 26 n 2 p 75-85 2007 PANETTA J C O manipulador fator de seguranccedila e qualidade dos alimentos Rev Higiene Alimentar v 12 n 5 p 8-12 1998 PIOVESAN F Direitos humanos e o direito constitucional internacional 14 ed rev e atual Satildeo Paulo Saraiva 2013 PITTON S E C Prejuiacutezos ambientais do consumo sob a perspectiva geograacutefica In CORTEZ A T C and ORTIGOZA S A G Orgs Da produccedilatildeo ao consumo impactos socioambientais no espaccedilo urbano (on line) Satildeo Paulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2009 146 p PLANO MUNICIPAL DE SEGURANCcedilA ALIMENTAR E NURICIONAL ndash PLAMSAN 2014- 2017 Cacircmara intersetorial de seguranccedila alimentar em Satildeo Luiacutes ndash CAISAN MUNICIPAL SECRETARIA MUNICIPAL DE SEGURANCcedilA ALIMENTAR - SEMSA Francisca de Fatima Ribeiro (Org) Satildeo Luiacutes 2014 RESOLUCcedilAtildeO ndash RDC Nordm 217 DE 21 DE NOVEMBRO DE 2001 AGEcircNCIA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA ndash ANVISA Publicada no DOU em 16122001 Disponiacutevel em lthtppwwwambientespgovbrwp-contentuploadsceaResAnvisa217-01pdfgt Acesso em 23 ago 2014 SILVA JUNIOR E A Manual de Controle Higiecircnico-Sanitaacuterio em Serviccedilos de Alimentaccedilatildeo7 ed Satildeo Paulo Varela 2014 STEVANIM L F Aacutegua de beber Radis Comunicaccedilatildeo e Sauacutede n 168 p 27-29 2016 TOacuteRTORA J C O MARTINS P R COSTA C R M Contaminaccedilatildeo microbiana nas matildeos de pessoas com diferentes atividades profissionais JEM v 88 n 6 p 10-15 2005 VALENTE F L S O direito humano agrave alimentaccedilatildeo desafios e conquistas Satildeo Paulo Cortez Editora 2002 VILA ESPERANCcedilA Disponiacutevel em lthtppwwwwikimapiaorg20077042ptVila-Esperancagt Acesso em 17 jul 2015

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

331

CAPIacuteTULO 19

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E

CHIKUNGUNYA

Emanuelle Cassiano Agripino Santos Queiroga de LUCENA1

Amanda Rayssa Mendes de SOUZA 2

Eridyan Alves CASADO2 Fabiana Rocha Lima XAVIER3

Bruna Arauacutejo PIRES34

1 Fisioterapeuta Residente em Sauacutede da Famiacutelia e Comunidade FCMPB 2Graduandas do curso de Fisioterapia FCMPB 3 Professora do curso de Fisioterapia FCMPB 4

OrientadoraProfessora do curso de Fisioterapia FCMPB emanuellefisioterapiapbhotmailcom

RESUMO A sauacutede apresenta fatores importantes que expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do paiacutes atraveacutes dos niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo verificados pormeio da alimentaccedilatildeo moradia saneamento baacutesico meio ambiente trabalho renda educaccedilatildeo transporte lazer e o acesso aos bens e serviccedilos essenciais entre outros Nas doenccedilas infecciosas emergentes encontram-se aquelas transmitidas por mosquitos como o Aedes que satildeo os arboviacuterus da Dengue Zika e Chikungunya O objetivo deste trabalho eacute trazer atualizaccedilotildees destes arboviacuterus desde a sua histoacuteria ateacute possiacuteveis recomendaccedilotildees principalmente em sequelas importantes ocasionados por eles Estes viacuterus tecircm se apresentado de maneira mais agressiva ocasionando siacutendromes neuroloacutegicas graviacutessimas como a microcefalia a siacutendrome de Guillain-Barreacute entre outras aleacutem de artralgias com longa duraccedilatildeo A comunidade cientiacutefica busca vaacuterias respostas para compreender o mecanismo de accedilatildeo desses arboviacuterus e o percurso fisiopatoloacutegico que tem levado ao aparecimento de siacutendromes e sequelas Uma quantidade

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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maior de produccedilatildeo cientiacutefica se faz necessaacuteria para buscar vacinas e tratamento adequado para estas doenccedilas Enquanto natildeo se obteacutem todas as respostas ressalta-se a importacircncia de se investir na prevenccedilatildeo de focos dos mosquitos bem como por exemplo cuidando e tratando dos pacientes acometidos por siacutendromes como microcefalia em bebecircs de gestantes contaminadas pelo viacuterusZika promovendo uma melhor qualidade de vida para estes indiviacuteduos Palavras-chaveArboviacuterus Zika Chikungunya

1 INTRODUCcedilAtildeO

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda a

educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e serviccedilos

essenciais(BRASIL 1990) Ainda de acordo com a Lei 808090

o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) deve atuar nas accedilotildees de

vigilacircncia (sanitaacuteria epidemioloacutegica e sauacutede do trabalhador)

aleacutem de desenvolver accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

que engloba a assistecircncia farmacecircutica

A vigilacircncia da sauacutede pode ser considerada um modelo

de sauacutede que serve como pilar ordenador da maneira de agir

em sauacutede Os determinantes sociais os riscos ambientais

epidemioloacutegicos e sanitaacuterios satildeo variaacuteveis envolvidas na

origem desenvolvimento e continuidade dos problemas de

sauacutede Logo nesse modelo os problemas satildeo interpretados e

afrontados de forma intersetorial e conjunta pelos agentes

sociais Eacute necessaacuterio entender que para melhorar a qualidade

de vida e promover a sauacutede de um indiviacuteduo eacute preciso interferir

no contexto em que ele se insere e agir no espaccedilo em que ele

vive(CAMPOS 2003)

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

333

Um dos importantes desafios atuais da sauacutede puacuteblica no

Brasil eacute combater diagnosticar e tratar as doenccedilas infecciosas

emergentes e reemergentes como os arboviacuterus transmitidos por

mosquitos e que causam a Dengue (DENV) Zikae

Chikungunya (CHIKV) Segundo Tauil (2014) essas arboviroses

satildeo resultados da ocupaccedilatildeo urbana desorganizada da

ausecircncia de saneamento baacutesico do aumento indiscriminado da

produccedilatildeo de embalagens descartaacuteveis e de pneus da falta de

coleta e destinos adequados para o lixo bem como da

destruiccedilatildeo do meio ambiente e das condiccedilotildees de habitaccedilatildeo e

de haacutebitos de famiacutelias e comunidades que interferem na

existecircncia de focos e no modo de transmissatildeo aleacutem da

capacidade de adaptaccedilatildeo do vetor agraves novas condiccedilotildees

ambientais

A doenccedila viral que se prolifera mais rapidamente pelo

mundo atualmente eacute a Dengue transmitida pelo mosquito

Aedes (Ae) aegypti No uacuteltimo quinquecircnio a incidecircncia

aumentou 30 vezes atingindo novos paiacuteses e na presente

deacutecada se espalhou nas pequenas cidades e aacutereas rurais

Especula-se que 50 milhotildees de infecccedilotildees por dengue ocorram

a cada ano e que cerca de 25 bilhotildees de pessoas vivam em

paiacuteses onde a dengue eacute endecircmica (BRASIL 2014b)

A Febre de Chikungunya eacute uma arbovirose transmitida

pelas fecircmeas dos mosquitos Ae Aegypti e Ae Albopictus

infectados pelo viacuterus Chikungunya (CHIKV) da famiacutelia

Togaviridae e do gecircnero Alphavirus A princiacutepio o viacuterus era

encontrado em regiotildees tropicais e subtropicais da Aacutefrica no sul

e sudeste da Aacutesia e em ilhas do Oceano Iacutendico Seu nome que

eacute provindo da liacutengua makonde e significa ldquoaquele que se

curvardquo caracteriacutestica comum dos acometidos pelo viacuterus O

primeiro caso de Chikungunya documentado nas Ameacutericas foi

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em 2013 no Caribe e logo em seguida foi confirmada a

ocorrecircncia no Oiapoque (cidade brasileira) Ateacute outubro de

2014 foram registrados 828 casos no Brasil sendo somente 39

vindos do exterior Curiosamente parece ter havido duas

introduccedilotildees virais diferentes nas Ameacutericas pois o genoacutetipo viral

que foi isolado no Oiapoque e no Caribe natildeo eacute o mesmo que o

estudado na Bahia (BRASIL 2014ordf DONALISIO FREITAS

2015)

O viacuterus Zika foi identificado inicialmente no Brasil em abril

de 2015 A denominaccedilatildeo do viacuterus eacute devido ao local de origem

de sua identificaccedilatildeo em 1947 Macacos sentinelas utilizados no

monitoramento da febre amarela na floresta Zika em Uganda

foram identificados com o viacuterus Cerca de 20 das pessoas

infectadas pelo viacuterus Zika apresentam manifestaccedilotildees cliacutenicas

da doenccedila No geral a evoluccedilatildeo da doenccedila eacute beneacutevola e os

sintomas somem de forma espontacircnea apoacutes 3 a 7 dias Poreacutem

a dor nas articulaccedilotildees pode continuar por quase um mecircs

Formas graves e atiacutepicas satildeo raras mas quando ocorrem

podem excepcionalmente evoluir para oacutebito como identificado

no mecircs de novembro de 2015 pela primeira vez na histoacuteria

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS 2016)

o principal modo de transmissatildeo descrito do viacuterus eacute pela picada

doAedes Outras possiacuteveis formas de transmissatildeo do viacuterus Zika

precisam ser avaliadas com mais profundidade com base em

estudos cientiacuteficos Todavia satildeo cada vez maiores as

evidecircncias de que a transmissatildeo do viacuterus por via sexual eacute

possiacutevel e mais comum do que se pensava anteriormente

Mediante a eclosatildeo atual do surto do viacuterus da Zika e da

Chikungunya o aumento dos casos de Siacutendrome de Guillain-

Barreacute no Brasil bem como o aumento no nuacutemero de crianccedilas

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

335

com microcefalia e a escassez de dados a respeito dessas

doenccedilas faz-se necessaacuterio o desenvolvimento de pesquisas a

respeito do tema bem como criar estrateacutegias para que esses

usuaacuterios sejam tratados de forma a melhorar a sua qualidade

de vida O objetivo desta pesquisa eacute atualizar por meio de

artigos cientiacuteficoso contexto histoacuterico as novas descobertas e

recomendaccedilotildees sobre as doenccedilas transmitidas pelos arboviacuterus

como tambeacutem alertar sobre as possiacuteveis sequelas ou

siacutendromes que a Zika e a Chikungunya podem trazer aos seres

humanos

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Trata-se de um estudo exploratoacuterio por meio de uma

pesquisa do tipo revisatildeo bibliograacutefica Segundo Gil (2008) a

pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida a partir de material

preexistente composto principalmente de livros e artigos

cientiacuteficos Ele ainda afirma que este tipo de pesquisa se torna

indispensaacutevel em estudos com teor histoacuterico Dentro dos

criteacuterios de inclusatildeo foram selecionados artigos

eletronicamente disponiacuteveis publicados no periacuteodo entre 2010

agrave 2016 e encontrados nas bases de dados Scientific Electronic

Library Online (Scielo) Biblioteca Virtual e Sauacutede (BVS)

Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

(Medline) Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Centro Latino-Americano e do Caribe de

Informaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede (Bireme) aleacutem de

informaccedilotildees do Portal do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e do Google

Acadecircmico A coleta de informaccedilotildees ocorreu no periacuteodo entre

os meses de setembro e outubro do ano de 2016 Os

Descritores de Ciecircncias da Sauacutede (Decs) utilizados foram

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336

Arboviacuterus Zika Chikungunya Foram eliminados do estudo

artigosque natildeo atendiam ao objeto de estudo que estavam fora

do periacuteodo temporal estabelecido repetidos nas bases de

dados e natildeo disponiacuteveis na iacutentegra Para uma melhor

compreensatildeo foi realizada uma busca manual por meio da

consulta a todos os livros relacionados com o tema disponiacuteveis

na biblioteca do campus I da Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas

da Paraiacuteba (FCMPB) localizada no municiacutepio de Joatildeo Pessoa

Apoacutes o levantamento da literatura o primeiro passo foi

desenvolver um fichamento para organizar o material Em

seguida os artigos obtidos passaram por uma releituraafim de

obter uma anaacutelise interpretativa e coordenada com o objetivo

preacute-estabelecido e com isso os materiais encontrados foram

compilados em seus aspectos histoacutericos e conceituais

3- RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O combate aos mosquitos do gecircnero Aedes acontece

desde os primoacuterdios confirmado por Requena-Zuacutentildeiga

Mendoza-Uribe e Guevara-Saravia (2016) que cita na literatura

a primeira apariccedilatildeo do mosquito no Egito em 1762 por

Linnaeus Segundo Zara (2016) na metade do seacuteculo XX o

mosquito teve um combate sistematizado e intenso no Brasil

que tendia diminuir o iacutendice de casos de febre amarela urbana

O controle dos vetores versava na extinccedilatildeo mecacircnica de

criadouros se natildeo fosse obtido sucesso desta forma utilizava

larvicidas e outros inseticidas para tratar os criadouros Entre os

anos de 1958 e 1973 no Brasil houve a extinccedilatildeo do mosquito

por duas vezesNo entanto em 1976 ressurgiram dados do

vetor no paiacutes produzido por falhas na vigilacircncia epidemioloacutegica

e pelo crescimento da populaccedilatildeo Depois desses

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337

acontecimentos o mosquito ainda hoje se mostra como uma

preocupaccedilatildeo nacional pois encontra-se presente em todos os

estados do Brasil ou seja distribuiacutedo em cerca de 4523

municiacutepios

As duas espeacutecies principais do Aedes satildeo Aedes

aegypti e Aedes albopictus que aleacutem de serem vetores da

Dengue satildeo de outras arboviroses como Chikungunya Zika e

febre amarela e se mostra presente em todo o paiacutes Suas

similaridades satildeo notaacuteveis poreacutem o comportamento e as

diferenccedilas de ambos satildeo decisivos para a dinacircmica de

transmissatildeo das doenccedilas propagaccedilatildeo dos viacuterus e dispersatildeo da

espeacutecie (ZARA 2016)

De acordo com Requena-Zuacutentildeiga Mendoza-Uribe e

Guevara-Saravia (2016) as fecircmeas do mosquito Ae aegypti

satildeo antropofiacutelicas hematofaacutegicas e se adaptam com facilidade

a diversos meios Zara (2016) acrescenta que houve mais

abundancia e migraccedilatildeo do mosquito nas cidades devido a essa

facilidade de adaptaccedilatildeo E diz tambeacutem que a fecircmea faz vaacuterias ingestotildees

de sangue durante o ciclo gonadotroacutefico o que aumenta a sua

aptidatildeo de se infectar e de transmitir os viacuterus tornando o

mosquito um vetor eficaz A parada temporaacuteria no

desenvolvimento da maturaccedilatildeo dos ovos devido agraves condiccedilotildees

ambientais desfavoraacuteveis permite a conservaccedilatildeo do ciclo na

natureza durante as mudanccedilas climaacuteticas sazonais tendo em

vista que a durabilidade dos ovos chega ateacute 492 dias na seca

eclodindo mediante contato com a aacutegua Zara (2016) comenta

em sua obra que a etiologia do mosquito tem como predomiacutenio

ambientes urbanos mas especificamente regiotildees domiciliares

onde existe uma ampla variedade de lugares abandonados a

ceacuteu aberto que podem ser utilizados para deposito de aacutegua

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provenientes da chuva e que culminam para a facilidade de sua

reproduccedilatildeo que eacute atraveacutes do deposito de ovos

Donaliacutesio e Freitas (2015) afirmam que o Ae albopictus

tem origem na Aacutesia onde em 2005 foram observadas

mutaccedilotildees na proteiacutena E1 do envelope viral na variante ECSA

que possibilitaram melhor adaptaccedilatildeo viral se contradizendo

com Honorio et al (2015) que diz que foi em 2006 nas Ilhas da

Reuniatildeo que uma epidemia resultou em mutaccedilotildees virais

levando a uma transmissibilidade mais eficaz pelo Ae

Albopictus De acordo com Zara (2016) o Ae albopictus eacute capaz

de suportar baixas temperaturas e ao contraacuterio do Ae Aegypti

demonstra preferecircncias por ambientes rurais semi silvestres e

silvestres em semelhanccedila com o Ae Aegypti as fecircmeas satildeo

antropofiacutelicas hematofaacutegicas e na ausecircncia de seres

humanos alimentam-se de neacutectar e de sangue de animais

silvestres Sua reproduccedilatildeo acontece em depoacutesitos naturais No

ano de 1986 no estado do Rio de Janeiro aconteceu o primeiro

registro de Ae Albopictus em seguida em Minas Gerais e em

Satildeo Paulo e em 1987 no Espiacuterito SantoEm 2014 foi relatada

presenccedila do Ae Albopictusem 3285 municiacutepios brasileiros e

sua inexistecircncia em quatro estados Sergipe Acre Amapaacute e

Roraima

31 DENGUE

Na deacutecada atual no Brasil houve a circulaccedilatildeo viral

simultacircnea e com alternacircncia no predomiacutenio dos sorotipos virais

da Dengue DENV1 DENV2 e DENV3 No segundo semestre

de 2010 ocorreu a introduccedilatildeo do DENV4 a partir da regiatildeo

Norte seguida por uma raacutepida dispersatildeo para diversas

Unidades da Federaccedilatildeo (UF) ao longo do 1ordm semestre de 2011

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

339

A circulaccedilatildeo concomitante dos diversos sorotipos vem definindo

o cenaacuterio de hiperendemicidade da doenccedila responsaacutevel pelos

altos niacuteveis de transmissotildees atuais A sucessatildeo de sorotipos

predominantes determinou ciclos de grande transmissatildeo de

Dengue no paiacutes que atingiram seus picos em 2002 (DENV3)

2008 (DENV2) e 2010 (DENV1) e que foram responsaacuteveis por

cerca de 50 dos registros dessa doenccedila nessa deacutecada

(BRASIL 2014b)

A Dengue eacute uma virose febril aguda que pode

apresentar um vasto espectro cliacutenico enquanto a maioria dos

pacientes se recupera apoacutes evoluccedilatildeo cliacutenica leve e

autolimitada uma pequena parte progride para doenccedila grave

Eacute a mais importante arbovirose que afeta o homem

constituindo-se em seacuterio problema de sauacutede puacuteblica mundial

Ocorre e eacute difundida especialmente nos paiacuteses tropicais e

subtropicais onde as condiccedilotildees do meio ambiente beneficiam

o desenvolvimento e a propagaccedilatildeo do Aedes aegypti e do

Aealbopictus Normalmente a primeira manifestaccedilatildeo da

dengue eacute a febre alta (39 a 40degC) de iniacutecio abrupto que

geralmente dura de 2 a 7 dias acompanhada de cefaleacuteia

mialgia artralgia prostraccedilatildeo astenia dor retro-orbital

exantema e prurido cutacircneo Anorexia naacuteuseas e vocircmitos satildeo

comuns No periacuteodo de esfervescecircncia da febre geralmente

entre o 3ordm e o 7ordm dia da doenccedila pode ocorrer o aumento da

permeabilidade capilar em paralelo com o aumento dos niacuteveis

de hematoacutecrito o que marca o iniacutecio da fase criacutetica da Dengue

A diminuiccedilatildeo do nuacutemero de leucoacutecitos progressiva seguida por

uma raacutepida diminuiccedilatildeo na contagem de plaquetas precede o

extravasamento de plasma Derrame pleural e ascite podem ser

clinicamente identificados de acordo com o grau do

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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extravasamento e o volume de fluidos infundidos (BRASIL

2014b)

32 CHIKUNGUNYA

Silva e Milagres (2015) juntamente com Brasil (2014a) e

Donalisio e Freitas (2015) descrevem que a origem do viacuterus

consistia em regiotildees tropicais e subtropicais da Aacutefrica no sul e

sudeste da Aacutesia e em ilhas do Oceano Iacutendico e os primeiros

relatos de casos que apresentavam como sintomas artrite

exantema e febre aparentando ser CHIKV foram ditos no ano

de 1770 poreacutem soacute foi descoberto na sorologia de um paciente

com hipertermia na Tanzacircnia em 1950 Apoacutes isso foram

surgindo vaacuterios surtos por todo o mundo gerando grandes

epidemias

Segundo Valle Pimenta e Aguiar (2016) a Organizaccedilatildeo

Panamericana de Sauacutede (OPAS) lanccedilou em 2004 um alerta

dirigido a todo o territoacuterio das Ameacutericas O Brasil aumentou a

vigilacircncia epidemioloacutegica e enviou meacutedicos para o Caribe

visando qualificaacute-los para discernir os sinais e sintomas de

infecccedilatildeo por Chikungunya dos demais viacuterus O viacuterus chegou ao

Brasil em setembro de 2014 onde foi confirmada a transmissatildeo

do viacuterus Chikungunya entre os brasileiros Jaacute de acordo com

Donalisio e Freitas (2015) e com Acosta-Reyes Navarro-

Lechuga e Martiacutenez-Garceacutes (2015) a OPAS lanccedilou em 9 de

dezembro de 2013 um alerta para o continente americano pois

o primeiro caso de Chikungunya documentado nas Ameacutericas foi

somente em 2013 em Satildeo Martiacuten no Caribe mas confirmando

o que Valle Pimenta e Aguiar (2016) afirmaram logo em

seguida foi confirmada a ocorrecircncia no Oiapoque (cidade

brasileira) em setembro de 2014

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

341

Ainda paraDonalisio e Freitas (2015) ateacute outubro de

2014 foram registrados 828 casos no Brasil sendo somente 39

vindos do exterior Poreacutem Honorioet al (2015) apresenta dados

divergentes onde o mesmo alega que em 2014 foram

confirmados 2772 casos de CHIKV que foram distribuiacutedos em

Amapaacute (5606 dos casos) Bahia (4379) Distrito Federal

(007) Mato Grosso do Sul (003) Roraima (03) e Goiaacutes

(003) Curiosamente parece ter havido duas introduccedilotildees

virais diferentes nas Ameacutericas pois o genoacutetipo viral que foi

isolado no Oiapoque e no Caribe natildeo eacute o mesmo que o

estudado na Bahia (BRASIL 2014a DONALISIO FREITAS

2015)

Casos de transmissatildeo vertical podem ocorrer quase que

exclusivamente durante o periacuteodo de intraparto em gestantes

virecircmicas e muitas vezes provoca infecccedilatildeo neonatal grave

Pode ocorrer transmissatildeo por via transfusional (transfusatildeo

sanguiacutenea) todavia eacute rara se os protocolos forem observados

(BRASIL 2014a) Conforme Silva e Milagres (2015) os

mosquitos contraem o viacuterus Chikungunya de um ser jaacute

infectado passa por um periacuteodo de incubaccedilatildeo cerca de dez

dias e apoacutes isso as fecircmeas dos mosquitos Ae aegypti e Ae

Albopictussereminfectadas encontram-se aptas a transmitir o

viacuterus para um novo hospedeiro

Haacute diversos achados na literatura sobre a classificaccedilatildeo

cliacutenica da Febre Chikungunya eacute comum a todos que apoacutes o

periacuteodo de incubaccedilatildeo a doenccedila pode ser dividida em trecircs fases

que satildeo essas fase aguda subaguda e crocircnica O aspecto

cliacutenico da Febre Chikungunya constitui-se depois do periacuteodo

de incubaccedilatildeo que dura de trecircs a sete dias apoacutes a picada do

mosquito o indiviacuteduo evolui com quadros hiperteacutermicos

associados agrave dor articular intensa e debilitante cefaleia mialgia

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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e exantema Apesar das similaridades com os sintomas da

dengue a febre Chikungunya ganha destaquepela

poliartriteartralgia simeacutetrica presente em cerca de 80 dos

acometidos geralmente melhorando em ateacutedez dias mas que

tambeacutem pode durar meses ou anos

Segundo Manieroet al (2016) a apresentaccedilatildeo dos sinais

e sintomas da febre Chikungunya acontece mais intensamente

em crianccedilas e idosos ainda que possa se desenvolver em

qualquer indiviacuteduo independente de idade ou sexo Silva e

Milagres (2015) e Brasil (2014a) concordam que 3 a 28 das

pessoas infectadas com o viacuterus natildeo apresentam sintomas

iacutendice baixo em relaccedilatildeo a outras arboviroses poreacutem os

sintomas podem permanecer por meses e ateacute anos em pessoas

sintomaacuteticas Brasil (2014a) acrescenta que os sintomas mais

frequentes no sexo feminino satildeo exantema vocircmitos

sangramento e uacutelceras orais e nos extremos da idade satildeo dor

articular edema e maior duraccedilatildeo da hipertermia

Brasil (2014a) e Manieroetal (2016) concordam que a

fase aguda dura em meacutedia sete dias e se caracteriza com iniacutecio

suacutebito apresentando sintomas como hipertermia exacerbada

exantema prurido fadiga e poliartralgia atingindo

principalmente as pequenas e grandes articulaccedilotildees e Silva e

Milagres (2015) acrescentam a esses sintomas cefaleacuteiae

mialgia Dados mais especiacuteficos sobre a fase aguda satildeo

trazidos por Brasil (2014a) os quaisrelatam que a febre pode

ser contiacutenua ou intermitente geralmente acima de 39ordmC e

existem registros de bradicardia relativa associada

A poliartralgia tem alta incidecircncia nos pacientes da fase

aguda A dor eacute poliarticular geralmente simeacutetrica e acomete

grandes epequenas articulaccedilotildees abrangendo mais comumente

as regiotildees distaisEdemas tambeacutem satildeo comuns na fase aguda

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

343

e normalmente estatildeo associados agravetenossinovite Tambeacutem tem

se observado dor ligamentar e mialgia prevalentes em braccedilos

e coxas O exantema geralmente eacute macular ou maculopapular

cercade 50 dos pacientes satildeo acometidos abrange o tronco

e as regiotildees distais podendo atingir a face e aparece em meacutedia

de dois a cinco dias apoacutes se iniciar a hipertermia O prurido se

apresenta em frac14 dos acometidos epode ser generalizado ou

localizado na regiatildeo palmo-plantar

A fase subaguda eacute uma progressatildeo da fase aguda como

visto em Brasil (2014a) nesta fase a pirexia desaparece

podendo haver um aumento da intensidade de poliartralgia

incluindo poliartrite distal exacerbaccedilatildeo da dorarticular nas

regiotildees anteriormente acometidas e tenossinovitehipertroacutefica

subaguda em punhos e tornozelos Tambeacutem pode ser visto

astenia prurido generalizadoe exantema maculopapular em

tronco membros e regiatildeo palmo-plantar como na primeira fase

O surgimento de lesotildees purpuacutericas vesiculares e bolhosas

podem acontecer Doenccedila vascular perifeacuterica fraqueza fadiga

e sintomasdepressivos pode acometer parte dos pacientes

A fase crocircnica tambeacutem eacute melhor descrita por Brasil

(2014a) onde o mesmo afirma que a prevalecircncia desta fase tem

uma imensa variedade na literatura chegando a acometer mais

de 50 dos pacientes que tiveram a fase aguda sintomaacutetica

podendo durar meses ou anos A fase tem como fator de risco

idade avanccedilada a partir de 45 anos comorbidades articulares

jaacute existentes e maior intensidade das lesotildees articulares na fase

aguda O sintoma mais comum nesta fase eacute a poliartralgia

persistentes que consiste em dor com ou sem edema limitaccedilatildeo

de movimentos deformidade e inexistecircncia de eritema Existem

registros de dor aleacutem das regiotildees jaacute acometidas nas regiotildees

sacroiliacuteaca lombossacra e cervical Alguns casos evoluem com

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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artropatia destrutivasemelhante agrave artrite psoriaacutesica ou

reumatoide Outros sinais e sintomas que podem ocorrer

durante a fase crocircnica satildeo alopecia bursite tenossinovite

disestesiasparestesias dor neuropaacutetica fenocircmeno de

Raynaud alteraccedilotildees neuroloacutegicas (encefalite

meningoencefalite mielite siacutendrome Guillain-Barreacutedistuacuterbios

do sono alteraccedilotildees da memoacuteria deacuteficit de atenccedilatildeo alteraccedilotildees

dohumor turvaccedilatildeo visual e depressatildeo

A infecccedilatildeo pelo CHIKV apresenta muitas similaridades

com dengue O periacuteodo de incubaccedilatildeo varia de 1 a 12 dias -

meacutedia de 4 dias - acompanhado por febre alta suacutebita dores

agudas e persistentes nas articulaccedilotildees cefaleacuteia fotofobia

mialgia e rash cutacircneo Em cerca de 25 das pessoas

atingidas a infecccedilatildeo eacute assintomaacutetica Natildeo haacute vacinas

preventivas e tratamento etioloacutegico disponiacutevel sendo o vetor o

uacutenico elo vulneraacutevel na cadeia de transmissatildeo da doenccedila

(TAUIL 2014)

33 ZIKA

A associaccedilatildeo entre a infecccedilatildeo pelo viacuterus Zika e os efeitos

adversos para a gestaccedilatildeo e os fetos incluindo a microcefalia

complicaccedilotildees neuroloacutegicas e a siacutendrome de Guillain-Barreacute tem

trazido preocupaccedilotildees para a comunidade cientiacutefica visto que o

viacuterus pode ser transmitido sexualmente (OMS 2016) Natildeo haacute

evidecircncias ateacute o momento de transmissatildeo do viacuterus Zika por

meio do leite materno assim como por urina e saliva (BRASIL

2015)

O viacuterus da Zika tem ocasionado patologias antes jamais

associadas a este viacuterus como a siacutendrome de Guillian-Barreacute e a

microcefalia em receacutem-nascidos de gestantes que tiveram

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

345

contato com o viacuterus em qualquer momento da gestaccedilatildeo

principalmente aquelas que desenvolveram a doenccedila

exantemaacutetica de forma aguda em que foram excluiacutedos outras

hipoacuteteses diagnoacutesticas (BRASIL 2015)

Este novo olhar sobre a iacutentima relaccedilatildeo entre o ZIKA e a

microcefalia se deu em outubro de 2015 quando uma meacutedica

com atuaccedilatildeo no Nordeste do Brasil despertou para o aumento

da demanda do nuacutemero de casos de microcefalia em sua cliacutenica

e notificou o Ministeacuterio da Sauacutede A partir daiacute comeccedilou um

caminho rumo ao desconhecido e a assustadora incidecircncia de

casos que a cada dia cresce ateacute o presente momento de uma

infecccedilatildeo emergente no Brasil causada por um flaviviacuterus e

transmitida por um mosquito jaacute endecircmico no paiacutes o Ae Aegypti

que foi prontamente apontado como um possiacutevel culpado A

maioria dos casos identificados ateacute hoje satildeo encontrados no

Brasil contudo a comunidade internacional em especial a

Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede prontamente se inseriu na

discussatildeo dos casos (CAMARGO 2016)

Cientistas brasileiros pesquisaram o viacuterus do Zika

originaacuterio da Aacutefrica e o viacuterus que circula no Brasil e constataram

que o viacuterus que estaacute no paiacutes eacute mais agressivo que o africano

pois nesta pesquisa realizada com miniceacuterebros (extraiacutedos de

ceacutelulas-tronco adultas de dentes de leite de crianccedilas saudaacuteveis

que apoacutes alguns processos em laboratoacuterio se transformaram

em miniceacuterebros) infectados apresentaram diminuiccedilatildeo da

espessura da camada que corresponderia agravequela que proveacutem

do coacutertex cerebral a camada mais superficial do ceacuterebro e mais

afetada nos bebecircs com microcefalia causada por Zika Mesmo

mantendo quase 90 de equivalecircncia geneacutetica com o viacuterus

africano pode-se dizer que o Zika brasileiro jaacute possui

caracteriacutesticas bem diversas visto que no experimento foi

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

346

possiacutevel perceber que em miniceacuterebros de chimpanzeacute ele natildeo

alterou as ceacutelulas que originam o coacutertex indicando que o viacuterus

brasileiro eacute mais agressivo e provavelmente mais adaptado a

se duplicar em ceacutelulas humanas (CUGOLA et al 2016)

Apesar de serem pesquisas iniciais elas respondem questotildees

sobre o porquecirc da maioria dos casos correlacionados entre

microcefalia e Zika apresentarem-se em maior nuacutemero no

Brasil

Sobre a microcefalia pode-se afirmar que eacute uma

malformaccedilatildeo congecircnita em que natildeo ocorre o desenvolvimento

cerebral de forma adequada Caracteriza-se por um periacutemetro

cefaacutelico inferior ao esperado para a idade e sexo e a depender

de sua etiologia pode derivar de malformaccedilotildees estruturais do

ceacuterebro ou de uma seacuterie de fatores com diversas origens tipo

substacircncias quiacutemicas e agentes bioloacutegicosinfecciosos

(bacteacuterias viacuterus e radiaccedilatildeo) Apoacutes a confirmaccedilatildeo deste de

diagnoacutestico o bebecirc deveraacute ser inserido num programa

multiprofissional de estimulaccedilatildeo precoce o mais raacutepido

possiacutevel tendo em vista o desenvolvimento da indepecircndencia

funcional e qualidade de vida destas crianccedilas (BRASIL 2015)

O Ministeacuterio da Sauacutede estaacute investigando todos os casos

informados pelos estados de microcefalia e outras alteraccedilotildees

do sistema nervoso central e a possiacutevel relaccedilatildeo com o viacuterus

Zika e outras infecccedilotildees congecircnitas jaacute que a microcefalia pode

ter por causa diversos agentes infecciosos como Siacutefilis

Toxoplasmose Outros Agentes Infecciosos Rubeacuteola

Citomegaloviacuterus Herpes Viral aleacutem do ZIKA Ateacute 16 de julho

de 2016 foram confirmados 1709 casos de microcefalia e

outras alteraccedilotildees do sistema nervoso sugestivos de infecccedilatildeo

congecircnitasendo que 267 casos foram confirmados por criteacuterio

laboratorial especiacutefico para oZika O ministeacuterio considera que

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

347

houve infecccedilatildeo pelo Zika na maior parte das matildees que tiveram

bebecircs com diagnoacutestico final de microcefaliaOs casos

confirmados de microcefalia englobam 595 municiacutepios

espalhados por todos os estados brasileiros (BRASIL 2016)

Diante tudo isso que foi exposto acima na condiccedilatildeo

epidemioloacutegica em que o Brasil se encontra acaba-se natildeo

dando importacircncia as rotinas simples do dia a dia Esquece-se

do queparece trivial mas que eacute de fundamental importacircncia no

combate ao mosquito e as suas consequumlecircncias catastroacuteficas na

vida humana que satildeo as medidas de profilaxia a saber manter

bem tampados caixas toneacuteis e barris de aacutegua coletar o lixo em

sacos plaacutesticos amarrados e manter a lixeira fechada colocar

garrafas de plaacutestico e vidro com a boca virada para baixo limpar

as calhas evitando o acuacutemulo de aacutegua nas lajes encher os

pratinhos ou vasos de plantas com areia ateacute a borda guardar

os pneus em locais cobertos lavar com frequumlecircncia e com aacutegua

e sabatildeo os recepientes utilizados para guardar aacutegua pelo

menos uma vez por semana Estas por sua vez devem ser

orientadas por todos os profissionais de sauacutede e praticadas por

toda a populaccedilatildeo

4 CONCLUSOtildeES

O relato histoacuterico e conceitual retrata o aparecimento dos

arboviacuterus sua transmissatildeo atraveacutes de um vetor que pode ser o

Aedes aegypti e albopictus entre outros Ao longo dos anos

sucederam vaacuterios fatores ambientais de destruiccedilatildeo

desmatamento desenfreado urbanizaccedilatildeo crescente estas

foram atitudes que favoreceram ao adoecimento do ser humano

pelos mosquitos contaminados que se adaptaram ao habitat do

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

348

homem moderno e urbano jaacute que as florestas tecircm sido

dizimadas

Hoje o mundo e principalmente o Brasil tem sofrido com

a Dengue a Zika e a Chikungunya e suas novas e assustadoras

consequecircncias atraveacutes do aparecimento de siacutendromes e

patologias jamais associadas as mesmas como a microcefalia

a siacutendrome de Guillain-Barreacute poliartralgias entre outras ainda

nem descobertas Na tentativa de descobrir o que estaacute

acontecendo cientistas tem realizado pesquisas com objetivo

de obter respostas importantes sobre a etiologia fisiopatologia

o percurso patoloacutegico dessas doenccedilas para entender o

comportamento dos arboviacuterus que levaram ao aparecimento de

uma microcefalia em bebecircs de gestantes contaminadas

A cada dia surgem novas pesquisas e novas perguntas

apesar de ter-se avanccedilado bastante desde as uacuteltimas

epidemias Eacute possiacutevel distinguir os principais sinais e sintomas

e fazer as diferenciaccedilotildees necessaacuterias entre a Dengue Zika e

Chikungunya bem como conhecer melhor o tipo de arboviacuterus

da Zika e Chikungunya que circula no Brasil o qual eacute mais

agressivo do que aquele que apareceu em outros locais no

mundo contudo ainda haacute muitas perguntas sem respostas que

precisam da continuidade e da intensificaccedilatildeo das pesquisas no

meio cientiacutefico para poder encontrar vacinas que protejam o ser

humano dos arboviacuterus eou tratamentos que possam bloquear

a accedilatildeo dos mesmos ou medicaccedilotildees que tragam a cura

Enquanto esta realidade natildeo chega cabe aos

profissionais de sauacutede cuidar da melhor forma possiacutevel dos

pacientes tanto com medidas profilaacuteticas contra o

aparecimento de focos do mosquito quanto proporcionando

tratamento e qualidade de vida aos pacientes acometidos por

alguma dessas doenccedilas como a microcefalia em bebecircs atraveacutes

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

349

da estimulaccedilatildeo precoce e o uso de recursos terapecircuticos nas

artralgias por exemploEacute de extrema importacircncia que o cuidado

seja ofertado por uma equipe multiprofissional e que todos os

atores envolvidos (profissionais e usuaacuterios) estejam engajados

na prevenccedilatildeo dessas arboviroses

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACOSTA-REYES J NAVARRO-LECHUGA E MARTIacuteNEZ-GARCEacuteS J C Enfermedad por el virus del Chikungunya historia y epidemiologia SaludUninorte Barranquilla v 31 n 3 2015 BRASIL Lei n 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos serviccedilos correspondestes e daacute outras providecircnciasDiaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia DF 20 set 1990 ______Ministeacuterio da SauacutedeFebre de Chikungunya Manejo Cliacutenico Ministeacuterio da Sauacutede Brasil 2014a ______ Ministeacuterio da Sauacutede Portal da Sauacutede Ministeacuterio da Sauacutede confirma 1709 casos de microcefalia 2016 Disponiacutevel emlthttpportalsaudesaudegovbrindexphpcidadaoprincipalagencia-saude24625-ministerio-da-saude-confirma-1-709-casos-de-microcefaliagt Acesso em 30 out2016 ______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Guia de Vigilacircncia em Sauacutede Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede ndash Brasiacuteli Ministeacuterio da Sauacutede 2014b 812 p ______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Protocolo de atenccedilatildeo agrave sauacutede e resposta agrave ocorrecircncia de microcefalia relacionada agrave infecccedilatildeo pelo viacuterus Zika Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2015 CAMARGO JR K R Zika microcefalia ciecircncia e Saacuteude Coletiva Physis Revista de Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 26 n1 p 9-10 2016 CAMPOS C E AO desafio da integralidade segundo as perspectivas da

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UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

350

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Nuevas aacutereas de distribucioacuten de Aedes Aegypti em PeruacuteRevista Peruana

de Medicina Experimental y Salud Puacuteblica Peru 2016

SILVA G C MILAGRES B S Perfil epidemioloacutegico da febre chikungunya no brasil ano de 2014Centro Universitaacuterio De Brasiacutelia Brasiacutelia 2015 SINAIS E SINTOMAS DAS ARBOVIROSES Disponiacutevel emltwwwportaldasaudesaudegovbrgt Acesso em 17 set 2016 TAUIL P L Condiccedilotildees para a transmissatildeo da febre do viacuterus chikungunya

Epidemiol Serv Sauacutede Brasilia v 23 n 4 outdez 2014

VALLE D PIMENTA D N AGUIAR R Zika dengue e chikungunya desafios e questotildeesEpidemiologia Serviccedilo de Sauacutede Brasiacutelia 2016 ZARA A L S A et al Estrateacutegias de controle do Aedes aegypti uma revisatildeoEpidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede Brasiacutelia 2016

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

351

CAPIacuteTULO 20

EFEITOS DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

Catarina Noacutebrega LOPES1

Grace Kelly Gomes LEAL1

Marina Mousinho de Pontes DAMACENO 1

Cynthia Germoglio Farias de MELO2

1 Graduandas do curso de Medicina FCM-JP 2OrientadoraProfessora daFCM-JP catariinalopeshotmailcom

RESUMO Este estudo tem como objetivo discutir os efeitos das drogas teratogecircnicas e de outros agentes que possam causar lesotildees e atrofias no sistema nervoso dos embriotildees e feto Trata-se de uma revisatildeo bibliograacutefica baseada na literatura especializada atraveacutes de consulta a artigos cientiacuteficos selecionados atraveacutes de busca no banco de dados do Scielo e da BVS a partir das fontes Medline e Lilacs Os estudos encontrados mostram que alguns faacutermacos bacteacuterias fungos e ateacute mesmo a radiaccedilatildeo ao entrarem em contato com a mulher durante o periacuteodo gestacional podem causar efeitos teratogecircnicos severos ao sistema nervoso do embriatildeo Essas alteraccedilotildees satildeo ocasionadas geralmente durante o periacuteodo de organogecircnese ou durante as 12 primeiras semanas gestacionais Dessa forma resulta-se em problemas comportamentais cognitivos psicoloacutegicos morfofisioloacutegicos e afetam tambeacutem o trabalho de parto As sequelas podem se expressar logo apoacutes o nascimento ou ao logo da vida do indiviacuteduo Nesse estudo as categorias dos faacutermacos foram divididas e correlacionadas aos efeitos teratogecircnicos no sistema nervoso como vaacuterios antibioacuteticos importantes tais como estreptomicinas causando anomalias no VIII par de nervos craniais ou tambeacutem alguns dos anticonvulsivantes como o aacutecido valproacuteico que causam defeitos principalmente no

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

352

tubo neural do embriatildeo E logo em seguida foi-se segregado vaacuterios outros agentes que acarretam doenccedilas nervosas como a siacutefilis congecircnita seguido dos perigos da radiaccedilatildeo Palavras-chave Faacutermacos teratogecircnicos Sistema Nervoso Embriotildees Fungos Bacteacuterias Radiaccedilatildeo

1 INTRODUCcedilAtildeO

De origem ectodeacutermica o sistema nervoso tem sua

maior parte derivada do tubo neural e cristas neurais Dessa

maneira uma placa neural comeccedila a se desenvolver e dar

origem a um sulco longitudinal intitulado posteriormente por

sulco neural e que eacute delimitado de ambos os lados pelas pregas

neurais Com isso no final da terceira semana as pregas

neurais devido ao crescimento celular comeccedilam a se

aproximar da linha meacutedia unindo-se na zona das futuras

veacutertebras cervicais e assim forma-se o tubo neural que

desenvolve todo o sistema nervoso central (SNC) e tambeacutem a

cavidade que se encontra no seu interior seraacute o sistema

ventricular do enceacutefalo (MOORE et al 2016)

A accedilatildeo dos teratoacutegenos no feto ou embriatildeo eacute dependente

de diversos aspectos como etapa de desenvolvimento o

periacuteodo de organogecircnese o qual eacute representado da terceira a

oitava semana de vida embrionaacuteria sendo o mais criacutetico

posteriormente a este periacuteodo os impactos satildeo manifestados no

sistema nervoso central afetando ainda o crescimento fetal

Assim se estabelece uma associaccedilatildeo entre dose e efeito as

alteraccedilotildees anormais crescem agrave medida que se impulsiona a

dose do agente o que pode gerar desde nenhum efeito ateacute

danos funcionais malformaccedilotildees ateacute morte fetal (BARNESS

2010)

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

353

A teratogenicidade morfoloacutegica fetal estaacute relacionada agrave

exposiccedilatildeo ao longo do periacuteodo de organogecircnese ou durante as

primeiras 12 semanas de gestaccedilatildeo A siacutendrome perinatal eacute

caracterizada por sintomas fiacutesicos e comportamentais

percebidos imediatamente apoacutes o nascimento ocasionados em

decorrecircncia da administraccedilatildeo de faacutermacos proacuteximos a ou

durante o trabalho de parto sendo esses na maioria das vezes

de curta duraccedilatildeo As sequelas comportamentais satildeo atribuiacutedas

agrave possibilidade de anormalidades neurocomportamentais ao

longo da vida das crianccedilas expostas intra-uacutetero a drogas

teratogecircnicas (HALES 1996)

Teratoacutegeno comportamental eacute todo e qualquer faacutermaco

que atua sobre o sistema nervoso central materno agindo

tambeacutem sobre o sistema nervoso central do embriatildeo ou feto

acarretando agravos no desenvolvimento neuroloacutegico e

neurocomportamental (SOARES P 2003)

Aleacutem dos faacutermacos outros agentes ambientais tecircm

provocado teratogenicidade no sistema nervoso de fetos e

embriotildees tais como viacuterus protozoaacuterios bacteacuterias e fungos A

radiaccedilatildeo tambeacutem tem ocasionado efeitos teratogecircnicos para o

feto A radiaccedilatildeo ionizante na qual inclui partiacuteculas alfa e beta e

alguma radiaccedilatildeo eletromagneacutetica raios gama e raios-X podem

alterar direta ou indiretamente a estrutura normal de uma ceacutelula

viva Estudos natildeo tecircm consistentemente encontrado uma

relaccedilatildeo causal entre a exposiccedilatildeo preacute-natal aos campos

eletromagneacuteticos e defeitos congecircnitos aborto espontacircneo ou

leucemia infantil (NAKAGAWA et al 1997) Nesse sentido as

mulheres graacutevidas devem ser aconselhadas a realizar o exame

diante da necessidade

O objetivo do estudo foi fazer um levantamento de

algumas das mais evidentes drogas e outros agentes que

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

354

causam teratogenicidade no sistema nervoso dos embriotildees

podendo assim esclarecer o funcionamento do faacutermaco e dos

causadores de doenccedilas no corpo humano e seus perigos para

o embriatildeo

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Este estudo constitui-se de uma revisatildeo da literatura

realizada no mecircs de outubro de 2016 no qual se sucedeu uma

consulta aos bancos de dados da Scielo e da BVS a partir das

fontes Medline e Lilacs As palavras-chave utilizadas na busca

foram faacutermacos teratogecircnicos sistema nervoso embriotildees

fungos bacteacuterias e radiaccedilatildeo

Os criteacuterios de inclusatildeo para os estudos encontrados

foram os efeitos de drogas teratogecircnicas no sistema nervoso

dos embriotildees e os efeitos dos agentes como bacteacuterias fungos

e radiaccedilotildees

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Faacutermacos com atividade teratogecircnica

Diferentes faacutermacos podem ser utilizados durante a

gestaccedilatildeo No entanto estes podem atuar como agentes

tetogecircnicos tais como os antibioacuteticos anticonvulsivantes

anticoagulantes antineoplaacutesicos entre outros Muitos trabalhos

tem correlacionado a accedilatildeo destes faacutermacos no

desenvolvimento do sistema nervoso A tabela 1 abaixo retrata

de forma resumida a accedilatildeo de alguns faacutermacos no SNC bem

como em outras regiotildees no embriatildeo e feto

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

355

Tabela 1 Relaccedilatildeo dos faacutermacos com suas consequecircncias no

organismo

CONSEQUEcircNCIAS

ANTIBIOacuteTICOS

Estreptomicinas

Podem provocar anomalias do VIII par de nervos cranianos (ramos vestibular e coclear) levando agrave perda do equiliacutebrio e audiccedilatildeo aleacutem de maior ocorrecircncia de hemorragias fetais

Miconazol

Causam embriotoxicidade malformaccedilotildees no cracircnio olho palato espinha e veacutertebras

ANTICOAGULANTES Varfarina Hipoplasia de cartilagem nasal epiacutefises

pontilhadas defeitos do sistema nervoso central hemorragias meniacutengeas abortos

ANTITIREOIDEANAS Iodetos inorgacircnicos

Podem provocar aumento da tireoide e cretinismo ( perturbaccedilatildeo grave do desenvolvimento fiacutesico intelectual)

ANTICONVULSIONANTES Aacutecido valproico

Defeitos de fechamento de tubo neural microcefalia espinha biacutefida aleacutem de cardiopatias anomalidades faciais e retardo mental

Trimetadiona e parametadiona

Podem provocar retardo mental retardo de crescimento intra-uterino malformaccedilotildees cardiovasculares urinaacuterias e de membros alteraccedilotildees na face fenda palatina

ANTINEOPLASICO Aminopterina Anencefalia meningocele hidrocefalia fendas

labiais e palatina

Ciclofosfamida

Age interferindo o funcionamento normal do DNA aleacutem de provocar ligaccedilatildeo cruzada dos seus filamentosforte agente imunossupressor e defeitos no sistema nervoso central

ANTIEMEacuteTICO Talidomida

Defeitos de reduccedilatildeo de membros (Ameacutelia focomelia hipoplasia) anomalias de face (olhos e ouvidos) cardiopatias anomalias renais atresiaanal defeitos de tubo neural e anomalias toraacutecicas

TRANQUILIZANTES Carbonato de liacutetio

Podem causar anomalias congecircnitas sendo as mais destacadas a espinha biacutefida meningocele hidrocefalia hipotireoidismo com boacutecio cardiomegalia

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

356

Fonte Elaborada pelos autores (JOBIM E MDA SILVA J E P KRUMEL C F MACHADO C P H LACAZ C DA SILVA et al)

Outros agentes com atividade teratogecircnica

Assim ainda podemos trazer agrave tona alguns agentes (natildeo

faacutermacos) que causam deformidades e influenciem no mau

desenvolvimento do Sistema Nervoso de um embriatildeo Como jaacute

discutido durante o desenvolvimento do embriatildeo os trecircs

primeiros meses satildeo o periacuteodo mais criacutetico pois eacute onde comeccedila

a desenvolver a parte histoloacutegica do corpo Dessa forma

diversas toxinas que entram em contato com o embriatildeo podem

causar seacuterias alteraccedilotildees na conformaccedilatildeo dos tecidos sendo o

sistema nervoso um dos mais modificados Sabe-se a eficaacutecia

da barreira placentaacuteria mas ela natildeo consegue impedir a

entrada de alguns teratoacutegenos ambientais agentes virais e

bacterianos e dos faacutermacos como explicitado anteriormente

Eacute muito comum nas infecccedilotildees congecircnitas o complexo

de TORCH (Toxoplasmose outras infecccedilotildees Rubeacuteola

Citomegaloviacuterus e Herpes simples) que satildeo infecccedilotildees

transmitidas da matildee para o feto via vilosidade coriocircnica

hematoacutegena ou materno-fetais A TORCH eacute uma siacutendrome

caracterizada por microcefalia surdez coriorretinite

hepatosplenomegalia e trombocitopenia

Toxoplasmose Congecircnita

Classificada como uma doenccedila infecciosa que resulta da

transferecircncia transplacentaacuteria do Toxoplasma gondii para o

concepto decorrente de infecccedilatildeo primaacuteria da matildee durante a

gestaccedilatildeo ou por casos recidivantes mais agudos de infecccedilatildeo

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

357

preacutevia em matildees imunodeprimidas Segundo Jobime

colaboradores (2004) a toxoplasmose congecircnita tem

prevalecircncia de um para cada 300 nascimentos

A gestante tem seu sistema imunoloacutegico modificado

durante este periacuteodo contribuindo para que quando infectada

a doenccedila seja pouco manifesta para ser reconhecida pelos

meacutedicos e pela proacutepria paciente e com isso causa seacuterios

danos ao feto como lesotildees e malformaccedilotildees muito intensas

como microcefalia hidrocefalia meningite como cegueira e

atraso mental pode ter encefalite (inflamaccedilatildeo na parte do

sistema nervoso central que compreende ceacuterebro cerebelo e

medula alongada)como mostrado na Fig (1) Algumas dessas

infecccedilotildees soacute se manifestam quando o indiviacuteduo atinge certa

idade como coriorretinitetoxoplasmaacutetica que eacute perceptiacutevel

apenas na fase da adolescecircncia ou adulta existe tambeacutem os

casos de morte do embriatildeo (COOK 2000)

Figura 1 Toxoplasmose congecircnita ndash Hidrocefalia

Fontehttpwwwmdsaudecom201008toxoplasmose-gravidez-

toxoplasmosehtml

Citomegaloviacuterus

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

358

O Citomegaloviacuterus (CMV) pertence agrave famiacutelia dos herpes

viacuterus a mesma dos viacuterus da catapora do herpes simples do

genital e do herpes zosterQuando haacute a penetraccedilatildeo do CMV no

organismo uma seacuterie de manifestaccedilotildees cliacutenicas podem ocorrer

mas eacute importante dizer que varia a cada indiviacuteduo saindo de um

discreto mal-estar e febre comuns nas gripes e resfriados ateacute

doenccedilas graves que interferem no bom funcionamento do

aparelho digestivo dos pulmotildees do sistema nervoso central e

da retina (MUSSI-PINHATA et al 1999)

Nas pessoas saudaacuteveis a infecccedilatildeo inicial costuma ser

assintomaacutetica Algumas poreacutem desenvolvem um quadro

parecido com o da mononucleose infecciosa O importante de

frisar eacute que uma vez infectadas o Citomegaloviacuterus nunca mais

abandona o organismo ficando instalado de forma latente e

qualquer baixa nas condiccedilotildees imunoloacutegicas do hospedeiro

pode reativar a infecccedilatildeo

A infecccedilatildeo por Citomegaloviacuterus durante a gravidez eacute a

mais comum estaacute em segundo lugar como causa de defeitos

mentais em alguns paiacuteses ficando atraacutes apenas da Siacutendrome

de Down Com isso essa infecccedilatildeo pode afetar o embriatildeo

causando surdez neurossensorial retardo no aparelho

psicomotor disacuidade visual microcefalia coriorretinite

calcificaccedilatildeo periventricular hipoacusia espasticidade

epilepsia

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

359

Varicela

Quando uma mulher tem uma infecccedilatildeo por varicela

durante as primeiras 20 semanas de gravidez haacute uma chance

de 2 que o bebecirc teraacute um grupo de defeitos chamado siacutendrome

de varicela congecircnita que inclui cicatrizes defeitos de muacutesculo

e osso malformados e membros paralisados tamanho pequeno

da cabeccedila cegueira convulsotildees e retardo mental Esta

siacutendrome eacute raramente vista se a infecccedilatildeo ocorre apoacutes 20

semanas de gravidez

Rubeacuteola Congecircnita

A siacutendrome da Rubeacuteola congecircnita consiste em uma

triacuteade caracterizada por cataratas defeitos cardiacuteacos surdez

sensorioneural Existem diversas anomalias que satildeo

classificadas em trecircs categorias

Temporaacuterias baixo peso quando nasce

hepatosplenomegalia puacuterpura trombocitopenia lesotildees oacutesseas

meningoencefalite hepatite anemia hemoliacutetica pneumonia

linfadenopatia

Permanentes Surdez sensorioneural defeitos cardiacuteacos

(estenose pulmonar perifeacuterica estenose valvular pulmonar

duto arterioso patente defeito no septo ventricular defeitos

oculares (retinopatia cataratas microftalmia glaucoma miopia

severa) outros defeitos (microcefalia diabetes mellitus

defeitos da tireoacuteide anormalidades dermatogliacutepticas

Desenvolvimento Surdez sensorioneural retardo

mental diabetes mellitus patologias na tireoide

Os bebecircs que nascem com rubeacuteola congecircnita Fig (2)

podem transmitir a doenccedila atraveacutes das secreccedilotildees respiratoacuterias

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

360

e urina por cerca de um ano e por isso devem ser mantidos a

distacircncia de outras crianccedilas que ainda natildeo tenham sido

vacinadas (COSTA et al 2013)

Isso eacute importante e porque as crianccedilas soacute podem ser

vacinadas apoacutes os 12 meses de vida recebendo reforccedilo da

dose entre os quatro e os seis anos Assim se o bebecirc for

diagnosticado com esta siacutendrome ele natildeo pode frequentar a

creche nem a escolinha ateacute completar um ano de idade ou ateacute

que os meacutedicos consigam comprovar que ela jaacute natildeo eacute capaz de

transmitir o viacuterus (COSTA et al 2013)

Figura 2 Crianccedila portadora de rubeacuteola congecircnita

Fontehttpalertasaudecomcolaboracoesa-rubeola-o-sarampo-alemao

Herpes simples

A principal manifestaccedilatildeo do herpes simplex uma

infecccedilatildeo causada por viacuterus eacute a presenccedila de pequenas

vesiacuteculas agrupadas que podem aparecer em qualquer parte do

corpo Fig (3) mas que em geral surgem nos laacutebios e nos

genitais Nos laacutebios elas se localizam preferencialmente na

aacuterea de transiccedilatildeo entre a mucosa e a pele e de um lado soacute da

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

361

boca embora na primeira infecccedilatildeo possam ocorrer quadros

mais extensos

Em geral a erupccedilatildeo dura em torno de sete a 10 dias e

entatildeo o viacuterus entra em estado de dormecircncia permanecendo

nos neurocircnios dos gacircnglios sensoriais No indiviacuteduo que jaacute teve

varicela quando haacute comprometimento da imunidade por

doenccedilas estresse ou medicamentos que baixam a resistecircncia

o viacuterus pode ser reativado e causar o cobreiro e natildeo a

cataporaA irrupccedilatildeo das lesotildees cutacircneas eacute precedida por

alguns sintomas locais como coceira ardor agulhadas

formigamento mas em torno de uma semana o problema

desaparece

Apoacutes a infecccedilatildeo o viacuterus se aloja em estruturas do

sistema nervoso chamadas gacircnglios sensoriais Nestas

estruturas o viacuterus permanece em estado de latecircncia

(dormecircncia) por toda a vida Quando as defesas do portador

ficam comprometidas o viacuterus pode se multiplicar e voltar a se

manifestar Estresse irradiaccedilatildeo ultravioleta (sol) outras

infecccedilotildees virais doenccedilas e medicamentos que reduzem a

defesa imunoloacutegica satildeo condiccedilotildees capazes de reativar o herpes

simplex

Sendo assim o feto quase sempre eacute infectado com o

viacuterus herpes simplex durante excreccedilatildeo viral do colo do uacutetero ou

do trato genital inferior O viacuterus tanto pode invadir o uacutetero apoacutes

as membranas terem sido rompidas como feto pode entrar em

contacto com o viacuterus durante o parto Dessa maneira a infecccedilatildeo

de receacutem-nascido pode tomar uma das trecircs formas doenccedila

disseminada com a participaccedilatildeo dos principais oacutergatildeos infecccedilatildeo

localizada (onde a participaccedilatildeo se limita ao sistema nervoso

central olhos pele ou mucosa) ou assintomaacutetica

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

362

Siacutefilis Congecircnita

Durante a segunda metade da gestaccedilatildeo quando a

graacutevida nunca fez o tratamento para a siacutefilis ou quando

comeccedilou o tratamento menos de quatro semanas antes do

parto a siacutefilis congecircnita pode aparecer por meio da passagem

da bacteacuteria pela barreira placentaacuteria causando anormalidades

para o desenvolvimento do bebecirc como a surdez e a cegueira

mas tambeacutem pode ser responsaacutevel por problemas como

aborto espontacircneo prematuridade ou baixo peso ao

nascimento (BEHRMAN et al 2009)

Na maior parte dos casos os bebecircs nascem sem

quaisquer sintomas de infecccedilatildeo pela siacutefilis poreacutem ateacute aos dois

anos de idade podem surgir sinais precoces como algumas

manchas brancas e vermelhas com descamaccedilatildeo da derme

pele muito amarelada coriza com secreccedilotildees avermelhadas

alteraccedilotildees visuais e dificuldade para aumentar de peso

Apoacutes o segundo ano de vida podem ainda surgir

sintomas mais graves como alteraccedilotildees nos ossos e dificuldade

para aprender caracterizando a siacutefilis congecircnita tardia Assim

a forma que existe para evitar a siacutefilis congecircnita eacute a precauccedilatildeo

ou seja eacute importante que a graacutevida faccedila todas as consultas de

preacute-natal onde satildeo feitos exames de sangue importantes para

identificar possiacuteveis infecccedilotildees que podem afetar o bebecirc durante

a gestaccedilatildeo (SONDA et al 2013)

Acredita-se que o feto natildeo pode ser infectado com siacutefilis

no iniacutecio da gravidez porque uma camada citotrofoblaacutestica de

ceacutelulas nas vilosidades coriocircnicas da placenta impede que o

espiroquete passe de sangue materno para fetal Esta camada

celular desaparece no sexto mecircs

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

363

Uma vez que o espiroqueta geralmente natildeo atinge o

conceito durante o primeiro trimestre geralmente natildeo eacute uma

causa de aborto No entanto tem havido um relato de

endometrite sifiliacutetica causando aborto no primeiro trimestre

como uma potencial causa infecciosa de morbidade fetal no

iniacutecio da gestaccedilatildeo

Zika Viacuterus

Enquadrado como um Flaviviacuterus transmitido pelo

mosquito Aedes aegypti que tambeacutem transmite outras duas

doenccedilas a dengue e a chikungunya a doenccedila nunca trouxe

maiores complicaccedilotildees a quem foi infectado Poreacutem no ano de

2015 segundo relatoacuterio do Ministeacuterio da Sauacutede houve indiacutecios

da relaccedilatildeo entre o Zika Viacuterus e a microcefalia congecircnita que eacute

quando a gestante eacute infectada e contamina o feto afetando o

desenvolvimento do ceacuterebro e do cracircnio do bebecirc (NUNES et al

2016)

Eacute importante registrar a evoluccedilatildeo do desenvolver do

viacuterus sendo primeiramente isolado em Uganda no ano de

1947 na Floresta Zika o que sucedeu a denominaccedilatildeo

Passando uma meacutedia de 62 anos (ateacute 2013) sem muito

destaque (ficando com evidecircncias soroloacutegicas em humanos nos

paiacuteses como Tanzacircnia Egito Serra Leoa Iacutendia Malaacutesia

Filipinas Tailacircndia Vietnatilde Indoneacutesia entre outros) em 2014

na Ilha de Paacutescoa identificou-se novamente a Zika (AGEcircNCIA

BRASIL 2006)

Eacute tanto que em paiacuteses como Canadaacute Alemanha Itaacutelia

Japatildeo Estados Unidos e Austraacutelia tecircm casos recentes de Zika

Viacuterus de forma ldquoimportadardquo ou seja pessoas que foram

infectadas em outros paiacuteses e que retornaram aos seus locais

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

364

de origem vatildeo levando consigo a doenccedila pois os sintomas da

doenccedila normalmente se apresentam no indiviacuteduo apoacutes 10 dias

da picada do mosquito e sua fase aguda dura de quatro a sete

dias

Tem-se a hipoacutetese de que o viacuterus Zika pode ser

transmitido da gestante para o feto mas ainda natildeo foi

confirmada A falta de evidecircncias cientiacuteficas quanto a isso faz

com que a transmissatildeo do viacuterus da matildee para o bebecirc ainda seja

vista como uma suspeita e natildeo uma constataccedilatildeo

Contudo o viacuterus Zika jaacute foi encontrado no liacutequido

amnioacutetico assim como no ceacuterebro de fetos mas os estudos

ainda satildeo recentes e foram feitos em poucas crianccedilas o que

torna uma incoacutegnita esse tipo de transmissatildeo assim como se

ela pode ocorrer em todos os casos (NUNES et al 2016)

Relacionando o viacuterus a um comprometimento nervoso do

embriatildeo a microcefalia eacute uma condiccedilatildeo em que a cabeccedila da

pessoa apresenta um tamanho menor Fig (3) do que o

tamanho meacutedio da cabeccedila de crianccedilas do mesmo sexo e faixa

etaacuteria Essa condiccedilatildeo se daacute devido ao crescimento insuficiente

do ceacuterebro durante a gravidez ou apoacutes o nascimento do bebecirc

Pelo nuacutemero de casos de microcefalia ter crescido junto

do surto do viacuterus Zika haacute a suspeita de que os dois fatos

estejam ligados pois ainda foi possiacutevel analisar que muitas

matildees que deram agrave luz a crianccedilas com microcefalia

apresentaram manchas vermelhas no corpo associada a um

quadro de febre no iniacutecio da gestaccedilatildeo sendo essas duas

caracteriacutesticas sintomas da infecccedilatildeo do viacuterus Zika (PINTO

JUNIOR et al 2015)

Aleacutem disso geralmente os bebecircs que nascem com

microcefalia apresentam caracteriacutesticas fiacutesicas parecidas

Dessa maneira pelos bebecircs recentemente nascidos no Brasil

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

365

com microcefalia terem apresentados fisionomias parecidas a

suspeita de que o contaacutegio do Zika viacuterus estaacute relacionado aos

casos de microcefalia aumentou (PINTO JUNIOR et al 2015)

Figura 3 Crianccedila com microcefalia

Fontehttpwwwvaltervieiracombrnoticiabrasil52608governo-priorizara-

no-minha-casa-familia-de-crianca-com-microcefalia

Fungos afetando o Sistema Nervoso

Entre as micoses existentes a

granulomatosecriptocoacutecica eacute a que mais comumente gera

agravos ao sistema nervoso Os casos relatados pelo

acometimento da mesma ainda satildeo poucos (cerca de 80)

devido agrave semelhanccedila sintomatoloacutegica com a tuberculose ou a

lues

Em 50 dos casos relatados a infecccedilatildeo pela levedura

possuiacutea localizaccedilatildeo meniacutengea sendo a inflamaccedilatildeo quase

sempre localizada com pequenos cistos ou granulomas A

infecccedilatildeo meniacutengea acarreta por contiguidade a aacuterea

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

366

superficial da corticcedila cerebral gerando sintomas

sintomatoloacutegicos de meningo-encefalite No entanto raros

grandes granulomas podem chegar a produzir sintomatologia

de tumor intracraniano No que se refere aos sintomas em si

nas formas meniacutengeas o fator inicial perceptiacutevel eacute a cefaleia a

qual passa a se intensificar cada vez mais acompanhada de

vocircmitos e rigidez de nuca Jaacute quando ocorre lesatildeo encefaacutelica

observa-se distuacuterbios psiacutequicos paralisias e paresias ou outros

sintomas focais Aleacutem disso em alguns casos podem ocorrer

sinais de hipertensatildeo intracraniana (LACAZ 1945)

Radiaccedilatildeo

A radiaccedilatildeo ionizante eacute uma onda eletromagneacutetica que

interage com a mateacuteria transferindo sua energia aos eleacutetrons

de seus aacutetomos Segundo Santos (2008) a radiaccedilatildeo ionizante

ao atingir o tecido age sobre os aacutetomos e moleacuteculas

provocando sua divisatildeo em iacuteons isto eacute aacutetomos ou grupos de

aacutetomos com sinais eleacutetricos contraacuterios o que significa que os

tecidos podem sofrer alteraccedilotildees em sua estrutura quiacutemica No

organismo humano essa accedilatildeo ionizante age prioritariamente

sobre os cromossomos com rupturas perda ou com

recombinaccedilotildees anormais e seus efeitos manifestam-se durante

a divisatildeo celular causando assim a evoluccedilatildeo anormal ou a

morte celular (WILLIAMS 2010)

Assim existem categorias de efeitos que a radiaccedilatildeo

pode causar como os efeitos determiniacutesticos estocaacutesticos e

aqueles teratogecircnicos e hereditaacuterios Para Savarego e Damas

(2007) quando um organismo recebe repetidas doses de

radiaccedilatildeo a parte que natildeo foi regenerada pode ter os seus

danos aumentados e o mais importante ocorre no DNA

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

367

Tambeacutem segundo a portaria 453 em seu item (429)

requisitos especiacuteficos para radiodiagnostico meacutedico

procedimentos de trabalho onde descreve que deve ser evitada

a realizaccedilatildeo de exames radioloacutegicos com exposiccedilatildeo do

abdocircmen ou pelve de mulheres graacutevidas ou que possam estar

graacutevidas a menos que existam fortes indicaccedilotildees cliacutenicas

O embriatildeo em desenvolvimento tambeacutem eacute composto de

ceacutelulas que se dividem rapidamente No sistema nervoso essas

ceacutelulas satildeo chamadas de neuroblasto que iratildeo desempenhar

um papel fundamento na formaccedilatildeo de estruturas do sistema

nervoso central e perifeacuterica Assim um embriatildeo sofre serias

consequecircncias com a exposiccedilatildeo aos raios-x De acordo com

Savarego e Damas (2007) os efeitos satildeo uma consequecircncia

geneacutetica da exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo pois ele eacute observado apoacutes o

nascimento embora tenha ocorrido na fase embrionaacuterio-fetal

Os efeitos intrauterinos envolvem a produccedilatildeo de malformaccedilotildees

em embriotildees que se encontram em desenvolvimento

O embriatildeo eacute mais suscetiacutevel aos efeitos da radiaccedilatildeo

durante a organogecircnese (duas a oito semanas apoacutes a

concepccedilatildeo) e no periacuteodo fetal precoce (9 a 15 semanas apoacutes a

concepccedilatildeo) Durante a organogecircnese estaacute acontecendo a

formaccedilatildeo do sistema neroso a partir do tubo neural Os efeitos

da exposiccedilatildeo podem ser teratogecircnicos carcinogecircnicos ou

mutagecircnicos e estatildeo diretamente relacionados com o niacutevel de

exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo Estimativas de risco para efeitos

teratogecircnicos (natildeo cancerosos) e carcinogecircnicos foram

calculadas em bombas atocircmicas e sobreviventes nucleares

uso precoce da imagem diagnoacutestica em mulheres graacutevidas e

estudos em animais

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

368

Os efeitos teratogecircnicos ocasionados pela radiaccedilatildeo

variam de acordo com a dose da radiaccedilatildeo e a quantidade de

semanas do embriatildeo que podemos dividir em fases Fig (4)

Figura 4 Fases e efeitos da radiaccedilatildeo

Fonte Elaborada pelos autores

Na primeira fase os embriotildees que foram expostos e

conseguem se implantar no endomeacutetrio tem seu

desenvolvimento normal igual a um que natildeo foi exposto agrave

radiaccedilatildeo esse efeito eacute conhecido como ldquotudo ou nadardquo E na

ultima fase um embriatildeo de termo tem risco de morte apenas

quando eacute exposto a uma dose de radiaccedilatildeo de 200 Gy

Riscos da radiaccedilatildeo ionizante durante a gravidez

O embriatildeo eacute mais suscetiacutevel aos efeitos da radiaccedilatildeo

durante a organogecircnese (duas a sete semanas apoacutes a

concepccedilatildeo) e no periacuteodo fetal precoce (8 a 15 semanas apoacutes a

concepccedilatildeo) Os efeitos da exposiccedilatildeo podem ser teratogecircnicos

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

369

carcinogecircnicos ou mutagecircnicos e estatildeo diretamente

relacionados com o niacutevel de exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo Estimativas

de risco para efeitos teratogecircnicos (natildeo cancerosos) e

carcinogecircnicos foram calculadas em bombas atocircmicas e

sobreviventes nucleares uso precoce da imagem diagnoacutestica

em mulheres graacutevidas e estudos em animais

Dessa maneira quando uma radiaccedilatildeo ionizante atinge

uma ceacutelula animal ela quebra as ligaccedilotildees quiacutemicas dentro das

moleacuteculas e constitui novas ligaccedilotildees O grau do dano sofrido

pela ceacutelula por essas mudanccedilas dependeraacute de quais moleacuteculas

foram alteradas e da natureza destas alteraccedilotildees pois os danos

acumulados no DNA celular por exemplo podem causar

cacircncer

4 CONCLUSOtildeES

As drogas facilmente ultrapassam barreiras dentro do

organismo humano A barreira hematoencefaacutelica eacute uma delas

por exemplo Dessa mesma forma tambeacutem podem cruzar

facilmente a barreira placentaacuteria uma membrana que separa o

sangue da matildee do sangue do bebecirc Devido agrave imaturidade

metaboacutelica da crianccedila ou do feto cada impacto de efeitos que

a matildee recebe transmite aos bebecircs muacuteltiplos impactos Por isso

eacute importante a administraccedilatildeo correta e o acompanhamento

meacutedico para ingestatildeo dos medicamentos pois os embriotildees

recebem as consequecircncias das escolhas maternas muito mais

intensas Faz-se necessaacuterio tambeacutem que as futuras matildees

comecem a fazer o preacute-natal assim que tiverem a gravidez

confirmada ou antes de completarem trecircs meses de gestaccedilatildeo

pois alguns exames feitos durante o preacute-natal satildeo importantes

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

370

para detectar problemas como doenccedilas que possam afetar a

crianccedila ou o seu desenvolvimento no uacutetero

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AGEcircNCIA BRASIL Zika Viacuterus Disponiacutevel em httpagenciabrasilebccombrpesquisa-e-inovacaonoticia2016-05pesquisadores-da-usp-comprovam-que-virus-zika-causa-ma-formacao 2006 AmFamPhysician V82 n5 p488-493 2010 A N N E R O T H G HALL G RY D EacuteN H ZETTERQVIST L The effect of low-energy infrared laser radiation on wound healing in ratsBrit J O ra l MaxillofSurg v 26 p 12-7 1988 BARNESS G E Teratogenic Causes ofMalformationsAnnClinLabSci Spring v40n 2 p99-114 2010 BEHRMAN RE KLIEGMAN RM JENSON HB STANTON BF Nelson - Tratado de Pediatria 18ordf ed Rio de Janeiro Elsevier 2009 COOK AJC Toxoplasmose congecircnita e Prevenccedilatildeo Rev British Medical Journal v321 p127-128 2000 COSTA et al Siacutendrome da Rubeacuteola Congecircnita revisatildeo de literatura

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EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

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ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

372

CAPIacuteTULO 21

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

Thainaacute Rodrigues EVANGELISTA1

Ana Liacutegia Duarte Viana GADELHA1

Liacutecia Pereira COURAS1 Milene Rodrigues EVANGELISTA2

Cynthia Germoglio Farias de MELO3

1 Graduandos do curso de Medicina FCM-PB 2Graduando do curso de Fisioterapia FPB-PB 3Poacutes Graduanda da UFPBProfessora da FCM-PBOrientadora

Thainaevangelista3gmailcom

RESUMO O ZIKA VIacuteRUS (ZIKV) eacute um arboviacuterus integrante da famiacutelia Flaviridae e do gecircnero Flaviviacuterus que apresenta o RNA de cadeia simples como seu material geneacutetico Ele eacute transmitido principalmente atraveacutes de um vetor um artroacutepode hematoacutefago no entanto tambeacutem pode ser passado de forma direta de pessoa para pessoa atraveacutes do ato sexual da amamentaccedilatildeo ou por via perinatal segundo relato de casosA maioria dos indiviacuteduos infectados pelo ZIKV satildeo assintomaacuteticas no entanto uma minoria pode apresentar sintomas que podem durar de poucos dias ateacute uma semana Ademais foi notificado alguns casos de Guillain-Barreacute poacutes surto de ZIKV O estudo realizado tem o objetivo de agrupar informaccedilotildees acerca do viacuterus Zika incluindo sua origem estrutura transmissatildeo vetor doenccedila causada e a relaccedilatildeo entre ela e as maacutes-formaccedilotildees congecircnitas que afetam os receacutem-nascidos Para tanto utiliza um referencial baseado na pesquisa bibliograacutefica exploratoacuteria por meio das bases de dados Scielo e Pubmed tendo como recorte temporal os anos de 2015 e 2016 selecionado assim apoacutes anaacutelise qualitativa um total de 13 artigos publicados em Portuguecircs ou Inglecircs A partir disso foi encontrado alteraccedilotildees embrioloacutegicas neuroloacutegicas e oftaacutelmicas em receacutem-nascidos diagnosticados com microcefalia notificados a partir de estudo de casos Logo

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

373

torna-se imprescindiacutevel a prevenccedilatildeo da transmissatildeo do Virus sobretudo em gestantes evitando possiacuteveis alteraccedilotildees em receacutem-nascidos Palavras-chaveZika viacuterus Alteraccedilotildees embrioloacutegicas

Microcefalia

1 INTRODUCcedilAtildeO

O viacuterus Zika (ZIKV) pertence agrave famiacutelia Flaviridae e ao

gecircnero Flaviviacuterus sendo por isso semelhante do ponto de

vista evolutivo agrave outros arboviacuterus causadores de doenccedilas nas

quais o mosquito eacute o vetor como o viacuterus da dengue da febre-

amarela e do Nilo Ocidental Trata-sedeum viacuterus com genoma

de aacutecido ribonucleico (RNA) de cadeia simples com polaridade

positiva e possivelmente de estrutura parecida com os demais

flaviviacuterus isto eacute possui um invoacutelucro viral lipiacutedico com proteiacutenas

de superfiacutecie (designadas E e M) acopladas (PINTO JUacuteNIOR et

al 2015)

Esse viacuterus apresenta duas regiotildees natildeo-codificantes e

uma longa fase de leitura a qual codifica uma poliproteiacutena

Essa por sua vez eacute clivada por proteases da ceacutelula hospedeira

para formar proteiacutena C do capsiacutedeo o precursor de membrana

(prM) a proteiacutena E do envelope e sete proteiacutenas natildeo

estruturais denominadas N1 a N7 A proteiacutena E do envelope eacute

o principal determinante antigecircnico ou seja a principal porta de

entrada do viacuterus que tem como funccedilatildeo a ligaccedilatildeo e a fusatildeo da

membrana agrave ceacutelula infectada (NUNES et al 2016)

Segundo Nunes e colaboradores (2016) o RNA viral eacute

transcrito e traduzido para sua replicaccedilatildeo a partir da exposiccedilatildeo

aciacutedica nos lisossomos e consequente fusatildeo entre o envolope

do viacuterus e as membranas celulares Dessa maneira ocorre a

constituiccedilatildeo de novas partiacuteculas virais

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

374

O viacuterus Zika foi destacado a partir de uma amostra de

soro de um macaco da espeacutecie Rhesus que estava servindo de

objeto de estudo vigilacircncia da febre-amarela em 1947 em

Uganda na floresta de Zika motivo pelo qual denominaram o

viacuterus com o nome da floresta Provavelmente esse viacuterus surgiu

nesta regiatildeo em torno de 1920 dando origem a duas linhagens

a primeira eacute africana ndash possivelmente sendo subdividida em

duas ndash a outra eacute asiaacutetica que surgiu a partir da migraccedilatildeo do

agente etioloacutegico na deacutecada de 1940 Essa uacuteltima originou os

casos de transmissatildeo autoacutectone que foram registrados no Brasil

(PINTO JUNIOR et al 2015)

A transmissatildeo do ZIKV geralmente ocorre por meio de

mosquitos da famiacutelia Culicidae e do gecircnero Aedes em especial

o Aedes aegypti responsaacutevel pela transmissatildeo em ambiente

urbano (FREITAS et al 2016) Jaacute em ambiente rural a

transmissatildeo acontece pelo Aedes albopictus Em ambas as

espeacutecies o viacuterus aloja-se em suas glacircndulas salivares onde ele

se multiplica sem afetar o inseto e permanece durante todo o

seu ciclo de vida (NUNES et al 2016)

De acordo com Freitas et al (2016) os referidos

artroacutepodes hematoacutefogos transmitem o viacuterus para os animais

reservatoacuterios atraveacutes de sua picada quando estatildeo

contaminados A transmissatildeo inter-humana direta

provavelmente se daacute por relaccedilatildeo sexual sendo tambeacutem

registrado transmissatildeo perinatal de arboviacuterus como o viacuterus da

dengue (DENV) da chikungunya do Nilo Ocidental e da Febre-

amarela Tem sido relatado tambeacutem transmissatildeo de DENV e

viacuterus do Nilo Ocidental por meio do aleitamento materno Haacute

ainda algumas evidecircncias de transmissatildeo de ZIKV atraveacutes de

leito materno e de transmissatildeo perinatal

Segundo Nunes et al (2016) os primeiros casos de

infecccedilatildeo do ZIKV em humanos foram descritos na Nigeacuteria e na

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

375

Tanzacircnia respectivamente em 1952 e 1954 O viacuterus se

disseminou posteriormente para o continente asiaacutetico e

acomunidade internacional somente passou a reconhecer o

potencial epidecircmico do viacuterus Zika a partir de 2005 e sobretudo

apoacutes o surto de 2007 na Microneacutesia (ilha Yapno Paciacutefico) e o de

20122013 na Polineacutesia Francesa

Em fevereiro de 2014 foram reportados pela primeira

vez nas Ameacutericas casos da doenccedila na Ilha de Paacutescoa (territoacuterio

Chileno no Oceano Paciacutefico) provavelmente associado ao

surto na Microneacutesia e na Polineacutesia Francesa Em 2015 foi

confirmada a circulaccedilatildeo do viacuterus na regiatildeo Nordeste do Brasila

partir de isolamento viral em casos suspeitos de dengue

(PINTO JUNIOR et al 2015)

Segundo ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE (OMS

2015) em outubro de 2015 foi confirmado casos de transmissatildeo

autoacutectone do viacuterus zika em 14 estados brasileiros Alagoas

Bahia Cearaacute Maranhatildeo Mato Grosso Paraacute Paraiacuteba

Pernambuco Piauiacute Rio de Janeiro Rio Grande do Norte

Roraima e Satildeo Paulo

O Estado da Bahia foi pioneiro na identificaccedilatildeo do viacuterus

Zika em abril de 2015 por meio da teacutecnica de RT-

PCRrealizadas por pesquisadores da Universidade Federal da

Bahia (UFBA) em oito amostras essas de origem da regiatildeo de

CamaccedilariBA Em seguida a FiocruzPR e o Instituto Adolfo

LutzSP identificaram no total nove casos provenientes de

NatalRN e SumareacuteSP respectivamente Os casos foram

ratificados pelo Instituto Evandro ChagasSVSMS referecircncia

nacional (BRASIL 2016)

Segundo Boletim Epidemioloacutegico nordm 34 do Ministeacuterio da

Sauacutede (MS)foi notificado ateacute Setembro de 2016 200465

casos de febre pelo ZIKV doenccedila de notificaccedilatildeo compulsoacuteria

no Paiacutes Dentre as regiotildees a maior incidecircncia se encontra na

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

376

regiatildeo Sudeste (83151) seguido pelo Nordeste (74190)

Centro-Oeste (29875) Norte (11928) e por fim Sul (1321)

Em relaccedilatildeo agraves gestantes foram registrados 16473 possiacuteveis

casos

Ainda em 2016 conforme MS foram confirmados

laboratorialmente 3 oacutebitos por ZIKV sendo 2 no Rio de Janeiro

e 1 no Espiacuterito Santo

Cerca de 80 das pessoas infectadas pelo ZIKV satildeo

assintomaacuteticas no entanto quando presentes os sintomas

podem durar de poucos dias ateacute uma semana (NUNES et al

2016) Entre os sintomas mais frequentes pode-se enfatizar a

febre hiperemia conjuntival enxantemamaculopapular

seguido de mialgia eou artralgia dor retrorbital edema de

extremidades e um pouco menos frequente presenccedila de

linfadenopatia (BRASIL 2015)

Conforme dados de surtos anteriores formas graves da

doenccedila satildeo raras razatildeo pela qual eacute atiacutepico ocorrerem

hospitalizaccedilotildees e oacutebitos Deve-se suspeitar do diagnoacutestico de

Zika quando dois ou mais sintomas (incluindo febre rash

artralgia ou conjuntivite) estatildeo presentes durante ou no periacuteodo

de ateacute duas semanas de estada em aacuterea endecircmica pelo viacuterus

(NUNES et al 2016)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo apoacutes a picada do mosquito varia

entre 3 a 12 dias Geralmente a febre eacute baixa poreacutem jaacute houve

relato de febre em torno de 39ordmC Podem ainda ocorrer outros

sinais e sintomas tais como anorexia prurido naacuteuseas

vocircmitos e vertigem (PINTO JUacuteNIOR et al 2015)

De acordo com o mesmo autor o diagnoacutestico de ZIKV

pode ser realizado atraveacutes de RT-PCR(avaliaccedilatildeo de RNA viral)

extraiacutedo preferencialmente ateacute o sexto dia de doenccedila e direto

do soro do doente Ademais pode ser encontrado a partir do

terceiro dia de doenccedila anticorpos IgM devendo ser

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

377

pesquisados no soro agudo e covalescente a presenccedila de

anticorpos IgG

Conforme Freitas et al (2016) haacute dificuldade na

identificaccedilatildeo do nuacutemero de casos reportados no Brasil devido a

falta de avaliaccedilatildeo comercial do teste soroloacutegico Isso dificulta

tambeacutem o diagnoacutestico diferencial principalmente em regiotildees

que haacute incidecircncia concomitante de outros arboviacuterus como

DENV e Chikungunya

De acordo com Pinto Juacutenior et al (2015) apesar de ser

considerada uma doenccedila com evoluccedilatildeo benigna no Brasil tecircm

se registrado muitos casos de Siacutendrome de Guillain-Barreacute

(SGB) que surgiram apoacutes o desenvolvimento do quadro cliacutenico

da infecccedilatildeo Essa associaccedilatildeo de ambas doenccedilas ainda carece

de comprovaccedilatildeo por meio de estudos analiacuteticos

CosoanteSalge et al (2016) haacute tambeacutem outra importante

associaccedilatildeo cogitada primeiramente pelo Brasil que analisou a

ligaccedilatildeo numeacuterica entre a maacute-formaccedilatildeo congecircnita a doenccedila da

matildee e o ambiente frequentado pela graacutevida relacionando

assim a ocorrecircncia de microcefalia em receacutem-nascidos e a

contaminaccedilatildeo da placenta pelo ZIKV

Por meio da implantaccedilatildeo de uma forccedila tarefa nacional foi

possiacutevel estudar os primeiros 35 casos de neonatos com

microcefalia de oito estados brasileiros que foram notificados de

agosto a outubro de 2015 Em todos eles as matildees residiam ou

visitaram aacutereas infectadas pelo viacuterus durante a gestaccedilatildeo 25

(71) dos receacutem-nascidos revelaram microcefalia severa 17

(49) eram portadores de uma anormalidade neuroloacutegica e 27

que realizaram exames de neuro-imagem apresentaram

anormalidades Nenhum deles apresentavam ligaccedilatildeo com

exames soroloacutegicos positivos para outros processos infecciosos

(siacutefilis toxoplasmose rubeacuteola citomegaloviacuterus e herpes

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

378

simples) ou perfil geneacutetico familiar alterado (SALGE et al

2016)

A maacute formaccedilatildeo congecircnita dos receacutem-nascidos resultante

da infecccedilatildeo pelo viacuterus da Zika pode ser resultado de uma

inflamaccedilatildeo na placenta que interrompe a produccedilatildeo de

neuropeptiacutedios e fatores de crescimento necessaacuterios para o

ceacuterebro normal em desenvolvimento Desse modo a resposta

da placenta a sinais de perigo afetaraacute no desenvovimento fetal

(MOR 2016)

Tambeacutem foi observado em crianccedilas nascidas com

microcefalia apoacutes o surto de ZIKV pigmentaccedilatildeo macular e

foveal perda reflexiva atrofia neurorretiniana bem como

alteraccedilotildees oculares fundoscoacutepicas na regiatildeo macular

(VENTURA et al 2016)

Diante do exposto a presente pesquisa tem como

objetivo buscar evidecircncias disponiacuteveis na literatura acerca do

ZIKV a fim de identificar analisar reunir e sintetizar as

alteraccedilotildees embrioloacutegicas causadas pelo Zika viacuterus

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O presente trabalho tem como finalidade o ato de

indagar de buscar e de integrar informaccedilotildees acerca das causas

e consequecircncias da doenccedila causada pelo zika viacuterus entre os

receacutem-nascidos Para tanto utiliza um referencial baseado na

pesquisa bibliograacutefica exploratoacuteria atraveacutes da qual realiza um

levantamento utilizando base de dados nacionais e

estrangeiras detectando consensos e polecircmicas na literatura

daqueles que jaacute pesquisaram o assunto

Com esta finalidade foi efetuada uma revisatildeo das

publicaccedilotildees na aacuterea de sauacutede atraveacutes de artigos nas bases de

dados da Scielo ePubmed tendo como acesso os meses de

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

379

outubro e novembro de 2016 Os artigos foram selecionados

devido agrave sua publicaccedilatildeo recente visto que o tema a ser tratado

eacute muito novo logo as uacuteltimas pesquisas satildeo mais confiaacuteveis

O periacuteodo dos artigos para pesquisa foi de 2015 a 2016

Este recorte temporal foi operado devido ao fato de nesse

periacuteodo a doenccedila em estudo se mostra como um grande risco

para a populaccedilatildeo sobretudo para os receacutem-nascidos gerados

apoacutes o surto de ZIKV sendo portanto um problema de sauacutede

puacuteblica

Foi utilizado um total de 13 artigos sendo trecircs em forma

de boletim informativo do Estado com conteuacutedo acerca do

quadro epidemioloacutegico Estes foram submetidos a uma primeira

leitura para que houvesse uma compreensatildeo global dos

estudos e para caracterizaacute-los quanto ao ano de publicaccedilatildeo

meacutetodo utilizado e paiacutes em que foram realizados

Em seguida foi feita uma anaacutelise qualitativa do

conteuacutedo Foram escolhidos apenas aqueles cujo texto

completo estava disponiacutevel os quais haviam sido publicados

em portuguecircs ou em inglecircs e que apresentavam descritores

como doenccedilas e anormalidades congecircnitas infecccedilotildees por

arboviacuterus infecccedilotildees pelo zika viacuterus microcefalia infecccedilotildees

oculares virais sintomas do ZIKV

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Defeitos ao receacutem-nascido devido infecccedilatildeo viral natildeo eacute

exclusivo ao Zika viacuterus Tem-se conhecimento haacute muitos anos

do viacuterus da Rubeola e Citomegaloviacuterus (CMV) por exemplo

que representam um risco durante a gravidez A importacircncia

desses viacuterus satildeo bem estabelecidas uma vez que possui a

capacidade de atravessar a placenta e infectar o feto afetando

com isso o seu desenvolvimento normal Contudo haacute muitos

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

380

outros viacuterus que natildeo atravessam a placenta e portanto natildeo

atigem o feto mas eles desencadeiam uma resposta

inflamatoacuteria na matildee e na placenta (MOR 2016)

De acordo com Mor (2016) durante a gravidez normal a

placenta tem a capacidade de produzir e secretar moleacuteculas

que iratildeo influenciar o desenvolvimento fetal Isso eacute ainda mais

criacutetico durante o primeiro trimestre quando grande parte dos

fatores de crescimento pode vir da placenta porque o fluxo

sanguiacuteneo materno para a placenta soacute comeccedila a partir da 10ordf

semana de gestaccedilatildeo

O desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC)

inicia-se na fase de gastrulaccedilatildeo por volta do 14ordm dia

embrionaacuterio Nessa fase ocorre um espessamento da

membrana ectodeacutermica que daraacute origem a placa neural A partir

daiacute dois grandes processos vatildeo seguir de forma sequencial a

formaccedilatildeo do tubo neural e o desenvolvimento do prosenceacutefalo

(NUNES et al 2016)

A microcefalia eacute definida como um desenvolvimento

anormal do ceacuterebro Ela eacute caracterizada por um periacutemetro

cefaacutelico inferior para o esperado para a idade e sexo

Atualmente o MS considera Receacutem-nascido (RN) com

microcefalia quando este possui um periacutemetro cefaacutelico para

meninos inferior a 319 e para meninas 315 cm (BRASIL

2016)

Em relaccedilatildeo ao ZIKV foi observado por meio de meacutedicos

do nordeste brasileiro um suacutebito aumento na incidecircncia de

crianccedilas microcefaacutelicas apoacutes a entrada do Viacuterus no Paiacutes Assim

foi proposto uma possiacutevel relaccedilatildeo entre infecccedilatildeo intrauterina

pelo Zika viacuterus e microcefalia Entretanto essa relaccedilatildeo de

causa e efeito ainda necessita ser comprovada O certo eacute que

a entrada do viacuterus no SNC onde ocorre a quebra da proteccedilatildeo

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

381

da barreira hematoencefaacutelica jaacute foi previamente demonstrado

em experimentos com animais (NUNES et al 2016)

No Brasil foram descritos os primeiros dois casos de

microcefalia em RN relacionados ao ZIKV No estado da

Paraiacuteba duas gestantes que apresentaram sintomas

relacionados agrave infecccedilatildeo por viacuterus Zika tiveram diagnoacutestico fetal

de microcefalia atraveacutes de ultrassonografia Aleacutem disso o

liacutequido amnioacutetico das gestantes foram analisados sendo

detectado a presenccedila de RNA viral do ZIKV por meio da teacutecnica

de RT-PCR em ambos os casos (SALGE et al 2016)

No Brasil foram confirmados 1749 casos de microcefalia

e outras alteraccedilotildees do sistema nervoso ateacute julho de 2016

Desse total de casos confirmados 272 tiveram confirmaccedilatildeo por

criteacuterio laboratorial especiacutefico para o viacuterus Zika Embora o MS

ressalta que isso natildeo representa adequadamente a relaccedilatildeo de

microcefalia com o viacuterus uma vez que o MS considera que a

maior parte das matildees que tiveram bebecircs diagnosticados com

microcefalia foram infectadas pelo ZIKV (BRASIL 2016)

Em especiacutefico no estado da Paraiacuteba ateacute julho de 2016

encontrava-se 249 casos de microcefalia eou malformaccedilotildees

sugestivos de infecccedilatildeo congecircnita em investigaccedilatildeo Aleacutem disso

155 casos referidos jaacute foram confirmados (BRASIL 2016)

A infecccedilatildeo das gestantes pelo ZIKV pode ocorrer em

qualquer trimestre gestacional Aleacutem disso natildeo existe

evidecircncias que esse grupo seja mais susceptiacutevel agrave infecccedilatildeo

pelo ZIKV ou que elas apresentem maior gravidade quando

contraem a infecccedilatildeo nesse periacuteodo (SALGE et al 2016)

Em estudo realizado em 13 casos de microcefalia (Tab

(1)) todos os pacientes apresentaram desproporccedilatildeo

craneofacial com microcefalia (Fig (1)) tinham cracircnios com

aspecto de telescoacutepio com a substituiccedilatildeo dos ossos sobretudo

na regiatildeo frontal e occipital A porccedilatildeo craniana anterior mostrou

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

382

uma forma de diamante Aleacutem disso foi encontrado em todos os

casos manto cortical significativamente diminuiacutedo e substacircncia

branca juntamente com hipoplasia do corpo caloso aleacutem de

lisencefalia aumento do espaccedilo subaracnoacuteideo e na maioria

dos casos houve calcificaccedilotildees grosseiras envolvendo a

transiccedilatildeo cortical subcortical e gacircnglios basais onde um caso

apresentou calcificaccedilatildeo na regiatildeo periventricular Ainda 8

casos apresentaram aumento do plexo coroacuteide e 5 pacientes

septaccedilatildeo intraventricular (CAVALHEIRO et al 2016)

Figura 1 Cracircnio MRI com desproporccedilatildeo craneofacial aumento do espaccedilo subaracnoacuteideo e hipoplasia do corpo caloso O tronco cerebral cerebelo e medula espinal estatildeo preservados

Fonte CAVALHEIRO et al 2016

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

383

Tabela 1 Achados neuroradioloacutegicos em 13 casos de microcefalia provavelmente secundaacuterio a infecccedilatildeo por Zika viacuterus

Caracteriacutesticas radioloacutegicas

Nuacutemero de

casos (13)

Desproporccedilatildeo craneofacial (microcefalia)

13

Cracircnio telescoacutepico com substituiccedilatildeo de ossos

13

Diminuiccedilatildeo do manto cerebral 13

Aumento do espaccedilo subaracnoacuteideo 13

Lisencefalia 13

Ventriculomegalia 13

Hipoplasia do corpo caloso 13

Calcificaccedilotildees grosseiras envolvendo a transiccedilatildeo cortical subcortical e gacircnglios basais

12

Aumento do plexo coroacuteide 8

Septaccedilatildeo intraventricular 5

Calcificaccedilatildeo periventricular 1

Atrofia do tronco cerebral 0

Atrofia cerebelar 0

Atrofia espinal 0

Esquizencefalia 0

Fonte Adaptado de Cavalheiro et al 2016

Outro estudo conforme Aragatildeo et al (2016)apresentou

seis de 23 crianccedilas com teste positivo para anticorpos IgM do

ZIKV no fluido cerebroespinal Essas apresentaram

calcificaccedilotildees em RMN e TC em regiotildees especiacuteficas tal como

junccedilatildeo entre o coacutertex e substacircncia branca subcortical

associada com malformaccedilotildees do desenvolvimento cortical As

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

384

calcificaccedilotildees se expotildee de maneira mais puntiforme entretanto

em alguns casos calcificaccedilotildees de maneira linear ou mesmo

grosseira tambeacutem estatildeo presentes

Foi tambeacutem observado que o lobo frontal em todas as

crianccedilas estava entre os lobos mais afetados Aleacutem disso foi

relatado outras malformaccedilotildees como hemimegaloencefalia

substacircncia cinzenta heterotoacutepicaperiventricular

ventriculomegalia aumento da cisterna magna anormalidades

do corpo caloso (hipoplasia ou hipoagenesia) hipoplasia

cerebelar e tronco cerebral e aumento do espaccedilo

subaracnoacuteideo supratentorial (ARAGAtildeO et al 2016)

De acordo com Ventura et al (2016) foi observado

ainda achados oftaacutelmicos em trecircs crianccedilas com diagnoacutestico de

microcefalia no periacuteodo posterior ao surto de ZIKV no Brasil

Estas crianccedilas apresentaram calcificaccedilotildees cerebrais por meio

de Tomografia Computadorizada (TC) e presumiacutevel infecccedilatildeo

intrauterina de ZIKV Uma das matildees relatou exantema

maculopapulare artralgia durante o primeiro trimestre

Toxoplasmose rubeacuteola citomegaloviacuterus herpes simples siacutefilis

e HIV foram descartados em todos os casos maternos e infantis

referidos seguindo assim os criteacuterios do MS para infecccedilatildeo

vertical do viacuterus Zika

Matildees e filhos tiveram examinaccedilatildeo ocular por meio de

biomicroscopia e fundoscopia As matildees natildeo tinham lesotildees

oculares poreacutem as crianccedilas tinham alteraccedilatildeo ocular unilateral

envolvendo exclusivamente a regiatildeo macular Todas as trecircs

crianccedilas apresentavam pigmentaccedilatildeo macular grosseira e perda

do reflexo foveal Embora uma dessas crianccedilas apresentava

ainda uma atrofia neuroretinal macular (Fig 2) bem definida

(VENTURA et al 2016)

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

385

Figura 2 Atrofia severa neuroretinal macular em crianccedila com microcefalia

Fonte VENTURA et al 2016

Na tabela (2) encontra-se reunida as alteraccedilotildees

encontradas em artigos cientiacuteficos os quais obedeciam os

criteacuterios de inclusatildeo da presente pesquisa

Tabela 2 Alteraccedilotildees embrioloacutegicas em crianccedilas com microcefalia possivelmente secundaacuterio ao viacuterus Zika

Caracteriacutesticas

Diminuiccedilatildeo do periacutemetro cefaacutelico (microcefalia) Zonas de calcificaccedilatildeo cerebral

Hemimegaloencefalia

Ventriculomegalia

Substacircncia cinzenta heterotoacutepicaperiventricular Aumento da cisterna magna

Hipoplasia ou hipoagenesia do corpo caloso Aumento do espaccedilo subaracnoacuteideo supratentorial

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

386

Hipoplasia cerebelar e tronco cerebral

Aumento do plexo coroacuteide

Septaccedilatildeo intraventricular

Atrofia neurorretinal macular

Pigmentaccedilatildeo macular grosseira

Perda do reflexo foveal

Fonte Adaptado de VENTURA et al ARAGAtildeO et al CAVALHEIRO et al 2016

4 CONCLUSOtildeES

A partir do exposto pode-se relacionar os casos de

microcefalia e a contaminaccedilatildeo da placenta pelo viacuterus Zika Aleacutem

disso haacute relato de casos em todos os estados do Paiacutes mais

Distrito Federal e acompanhado de possiacuteveis complicaccedilotildees

fato que amplifica a magnitude do problema e incita discussotildees

sobre accedilotildees preventivas para combate agrave transmissatildeo da viacuterus

bem como as tentativas de eliminaccedilatildeo dos vetores e o uso de

repelentes principalmente para mulheres graacutevidas

Sob essa oacutetica vale destacar as alteraccedilotildees causadas

pelo viacuterus isto eacute as variaccedilotildees anormais neuroloacutegicas e

oftalmaacuteticas as quais afetam o desenvolvimento adequado do

feto Tais alteraccedilotildees deixam sequelas que podem interferir

diretamente no conviacutevio social a longo prazo dos indiviacuteduos

afetados pelo ZIKV

No Brasil visto a grande amplitude desse problema haacute

a necessidade de maior mobilizaccedilatildeo cientiacutefica poliacutetica e social

Tal circunstacircncia tem o propoacutesito de minimizar a seriedade

dessas dificuldades no tocante agrave transmissatildeo e aos tratamentos

relevantes agraves mulheres graacutevidas no preacute-natal e aos receacutem-

nascidos que tiveram sequelas relacionadas ao ZIKV Portanto

essa conjuntura representa um caso de Sauacutede Puacuteblica

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

387

Diante disso a relaccedilatildeo entre os casos de microcefalia e

a epidemia de viacuterus Zika bem como suas possiacuteveis

complicaccedilotildees gera a necessidade de esforccedilos da comunidade

cientiacutefica no tocante ao aumento de pesquisas tal como estudo

de casos supracitados Com isso pode-se ter maior

conhecimento acerca da accedilatildeo do ZIKV no organismo humano

bem como suas accedilotildees tanto no organismo materno quanto no

fetal

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ARAGAtildeO M F V et al Clinical features and neuroimaging (CT and MRI) findings in presumed Zika virus related congenital infection and microcephaly restrospective case series study BMJ v353 n1901 p1-10 abr 2016 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Boletim Epidemioloacutegico Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede v47 n34 2016 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Boletim Microcefalia 1749 casos confirmados no Brasil Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Jun 2016 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Zika viacuterus-informaccedilotildees sobre a doenccedila e investigaccedilatildeo de siacutendrome exantemaacutetica no nordeste Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2015 Acesso em 06 de nov 2016 Disponiacutevel em lthttpportalsaudesaudegovbrindexphpcidadaoprincipalagencia-saude24769-microcefalia-1-749-casos-confirmados-no-brasilgt CAVALHEIRO S et al Microcephaly and Zikavirus neonatal neuroradiologicalaspectsChildrsquosNervous System v32 p1057-1060 jun 2016 FREITAS B P et al Ocular Findings in Infants With Microcephaly Associated With Presumed Zika Virus Congenital Infection in Salvador Brazil JAMA Ophthalmol v134 n5 p 529-535 fev 2016 MOR G Placental Inflammatory Response to ZikaViacuterus may Affect Fetal Brain Development American Journal of Reproductive Immunology v75 p421-422 2016 NUNES M L et al Microcephaly and Zika virus a clinical and epidemological analysis of the current outbreak in Brazil J Pediatria v92 n3 p230-240 fev 2016 SALGE A K M et al Infecccedilatildeo pelo viacuterus Zika na gestaccedilatildeo e microcefalia em receacutem-nascidos revisatildeo integrativa de literatura Rev Eletr Enf (Internet) 2016 Acesso em 01 de Nov de 2016 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg105216reev1839888gt

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

388

ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE (OMS) Weekly epidemiological record OMS v90 n45 p 609-616 nov 2015 PINTO JUacuteNIOR V L et al Viacuterus Zika Revisatildeo para Cliacutenicos Acta Med Port v28 n6 p760-765 nov-dez 2015 VENTURA C V et al Zika neurological and ocular findings in infant without microcephaly The Lancet v387 p2501-2502 jun 2016 _____ Zika virus in Brazil and macular atrophy in a child with microcephaly The Lancet v387 p228 jan 2016

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

389

CAPIacuteTULO 22

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS

NORMATIVOS

Thaynnaacute Batista de ALMEIDA 1

Lucas Brasileiro de Oliveira GOMES 1

Petruacutecio Arauacutejo REGES 1

Jeacutessika Saraiva de Arauacutejo PESSOA1 Cleacutesia Oliveira PACHUacute 2

1 Graduandos de Direito e 2 Professora doutora da Universidade Estadual da Paraiacuteba clesiapachuhotmailcom

RESUMO O direito a sauacutede no Brasil estaacute previsto no artigo 6ordm da Carta Magna de 1988 estando elencado portanto no rol de direitos socais Com isso a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil abarcou a Sauacutede como sendo obrigaccedilatildeo do Estado em compromisso e efetividade Tal panorama possibilitou a criaccedilatildeo de inuacutemeras leis infraconstitucionais que tecircm por objetivo assegurar e promover a sauacutede para todos As leis anti-tabaacutegicas por exemplo visam diminuir a morbidade causada pelo uso do cigarro que cresce de forma vertiginosa todos os anos restringindo publicidade e locais de utilizaccedilatildeo de tais produtos O Brasil foi e a ainda eacute um dos principais precursores nos projetos de combate a epidemia tabaacutegica tanto no sentido normativo quanto nas accedilotildees de sauacutede foram promovidas pelos governos desde a deacutecada de 80 No inicio do seacuteculo XXI por exemplo o paiacutes foi um dos principais atores na formulaccedilatildeo da convenccedilatildeo-quadro para o controle do tabaco documento de cooperaccedilatildeo internacional que visava o combate as morbidades causadas pelo cigarro Varias leis surgiram nos paiacutes apoacutes a ratificaccedilatildeo desse tratado e regulamentaccedilatildeo desse tratado Destarte as leis anti-tabaacutegicas objetivam promover

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

390

aleacutem da diminuiccedilatildeo da quantidade de mortes causadas pelos derivados do tabaco ambientes saudaacuteveis para todos Palavras-chave Cigarro Ambientes Leis

1 INTRODUCcedilAtildeO

O artigo 6ordm da Carta Magna de 1988 apresenta o rol de

direitos socais incluindo o direito agrave sauacutede Neste direito o

tabagismo se apresenta como importante problema de sauacutede

puacuteblica da espeacutecie humana ocupando o fumo ativo a 1ordf causa

preveniacutevel de morte no mundo

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede afirma ser o tabagismo uma

pandemia em vista causar a morte no mundo de cinco milhotildees

de pessoas por ano em resposta as doenccedilas promovidas pelo

tabaco Tal dado corresponde a cerca de seis mortes a cada

segundo Da totalidade de mortes ocorridas quatro milhotildees satildeo

do sexo masculino e um milhatildeo do sexo feminino Estima-se

que no ano de 2025 seratildeo 10 milhotildees de mortes decorrentes

do uso do tabaco se natildeo houver mudanccedila nas prevalecircncias

atuais de tabagismo

O cigarro mata mais que a soma de outras causas evitaacuteveis

de morte como a cocaiacutena heroiacutena aacutelcool incecircndios suiciacutedios

e AIDS nos paiacuteses desenvolvidos Natildeo se pode esquecer que

23 da populaccedilatildeo estaacute em paiacuteses pobres e nesses a fome e a

desnutriccedilatildeo satildeo a principal causa de morte tambeacutem evitaacutevel

(SELLING 2009)

A presente pesquisa qualitativa descritiva teve como fonte

de dados a legislaccedilatildeo brasileira e internacional acerca do

consumo de cigarros como desafio da sauacutede puacuteblica mundial

Assim objetivou-se investigar a sauacutede como direito social por

meio de leis anti-tabaacutegicas no Brasil e seus aspectos

normativos

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

391

11 O direito social agrave sauacutede e o dever do Estado em asseguraacute-

lo

O direito social pode ser compreendido como aquele que

promove condiccedilatildeo de vida digna e bem estar social para

populaccedilatildeo A sauacutede estando inclusa significa que o Estado natildeo

deve tatildeo somente assegurar ao cidadatildeo o acesso a serviccedilos de

sauacutede hospitalar mas tambeacutem deve promover medidas que

reduzam niacuteveis de morbidade respeitando a dignidade da

pessoa humana Tal perspectiva soacute eacute possiacutevel em paiacuteses com

estrutura decorrente de Estado democraacutetico de direito ideologia

essa base para construccedilatildeo da Carta Magna brasileira de 1988

(SELLING 2009)

Ademais por ser considerado um direito fundamental a

inclusatildeo da sauacutede no rol de direitos sociais marcou a transiccedilatildeo

do Brasil de um estado de constitucionalismo liberal para um

estado de constitucionalismo social pois impotildee dever ao

Estado e exige dele o respeito agraves liberdades individuais

(BORGES 2011)

As leis anti-tabaacutegicas satildeo um bom exemplo da promoccedilatildeo da

sauacutede como direito social Isso porque medidas tomadas pelo

governo para diminuiccedilatildeo das morbidades causadas pelo uso do

cigarro natildeo incluem tatildeo somente medidas de tratamento

hospitalar para dependentes da nicotina mas tambeacutem

envolvem accedilotildees que visam prevenir que natildeo fumantes tambeacutem

sejam acometidos por doenccedilas Aleacutem da sensibilizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo para diminuir o nuacutemero de novos usuaacuterios Com isso

o Estado democraacutetico de direito cumpre sua funccedilatildeo no papel

promotor da sauacutede como direito fundamental respeitando a

dignidade da pessoa humana

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

392

12 A promoccedilatildeo do direito a sauacutede no Brasil Aspectos

normativos acerca da legislaccedilatildeo anti-tabaacutegica

Segundo dados disponibilizados pela Organizaccedilatildeo Mundial

da Sauacutede (OMS) por ano morrem em media 5 milhotildees de

pessoas em todo o mundo tendo como causa direta ou indireta

o consumo dos produtos fumiacutegenos derivados do tabaco Essa

mesma organizaccedilatildeo estima que caso a atual taxa de consumo

seja mantida pelas proacuteximas trecircs ou quatro deacutecadas os

fumantes hoje jovens se tornaratildeo adultos tabagistas de meia-

idade onde a epidemia proveniente do tabaco seraacute responsaacutevel

por 10 milhotildees de mortes anualmente Destas 70 seratildeo em

paiacuteses em desenvolvimento no Brasil seratildeo 200 mil mortes por

ano provenientes do tabagismo (BORGES 2011)

O Brasil teve um papel influente no combate agrave epidemia

tabagista que teve vertiginoso crescimento no seacuteculo XX A

primeira lei que visava o combate a epidemia tabagista foi

promulgada no paiacutes no ano de 1996 e objetivava restringir a

propaganda nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo de produtos derivado

do tabaco Em 1999 houve a propositura da Convenccedilatildeondash

Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) proposto pela

Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede sendo utilizado como

instrumento subsidiaacuterio para entendimento do contexto histoacuterico

internacional e adequaccedilatildeo da legislaccedilatildeo brasileira acerca da

regulamentaccedilatildeo dos pontos de venda locais de utilizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo dos produtos fumiacutegenos sendo ratificado pelo

Brasil no ano de 2003

A Convenccedilatildeo-Quadro surgiu como forma das instituiccedilotildees

internacionais de sauacutede pressionaram entes estatais a adequar

seus ordenamentos juriacutedicos as realidades alarmantes de

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

393

morbidade pelo consumo de tabaco A necessidade urgente de

evitar mortes provenientes da fumaccedila do cigarro considerado

como maior causa de morte evitaacutevel do mundo (WHO 2015)

Nessa vertente a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede estudou a

mateacuteria por longos anos e constatou a necessidade de um

documento de cooperaccedilatildeo internacional que atrelasse os

paiacuteses membros a um compromisso de ordem mundial para

regulamentaccedilatildeo dos produtos derivados do tabaco no mercado

interno e externo Almejando a reduccedilatildeo dos nuacutemeros de novos

dependentes quiacutemicos como tambeacutem a quantificaccedilatildeo de

cidadatildeos afetados pelas doenccedilas ocasionadas pelo fumo ativo

ou passivo

Neste contexto ao visualizar o extraordinaacuterio esforccedilo de tais

organizaccedilotildees induacutestrias tabagistas comeccedilaram a utilizar

escusamente de sua influecircncia poliacutetica econocircmica e

tecnoloacutegica para neutralizar tais atitudes Esses documentos

tentavam provar que a regulamentaccedilatildeo proposta era

desnecessaacuteria alegando que o fumo passivo e ativo natildeo

causariam enfermidades graves Tentou-se usar o argumento

da arrecadaccedilatildeo tributaacuteria de vaacuterios paiacuteses seria afetada e que

a induacutestria tabagista gera milhares de empregos que seriam

igualmente afetados (BORGES 2011)

A soluccedilatildeo encontrada foi a regulamentaccedilatildeo desses produtos

uma vez que o grande poderio econocircmico dessa induacutestria e

ldquobenefiacuteciosrdquo trazidos por elas natildeo justifica a morte de milhares

de pessoas de jovens menores de idade que tornam-se

viacutetimas faacuteceis do maquinaacuterio publicitaacuterio formulado com foco

nessa faixa etaacuteria os induzindo ao consumo e tornando-os

assiacuteduos usuaacuterios por toda a vida desse produto Vale

mencionar gastos alarmantes com sauacutede puacuteblica atrelados no

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

394

tratamento da dependecircncia quiacutemica agrave nicotina e para sanar

determinados males cliacutenicos (grifo nosso)

A Convenccedilatildeo-Quadro originou o Decreto de 1ordm de agosto de

2003 ao Decreto nordm 1012 (28 de outubro de 2005) e ao

Decreto nordm 5658 (02 de janeiro de 2006) que aprovam e

promulgam a Convenccedilatildeo-Quadro para o Controle do Tabaco

adotada pelos paiacuteses membros da Organizaccedilatildeo Mundial de

Sauacutede em 21 de maio de 2003 e assinada pelo Brasil em 16 de

junho de 2003 aleacutem de criar medidas que orientem a sua

efetivaccedilatildeo com a Comissatildeo Nacional para Implementaccedilatildeo da

Convenccedilatildeo-Quadro para o Controle do Tabaco e de seus

Protocolos (INCA2016)

Aleacutem disso o documento em questatildeo originou diversas

Portarias Resoluccedilotildees e Leis como a Lei nordm 10167 (27 de

dezembro de 2000) que altera a Lei nordm 929496 restringindo a

publicidade de produtos derivados do tabaco a afixaccedilatildeo de

pocircsteres paineacuteis e cartazes na parte interna dos locais de

venda proibindo-a consequentemente em revistas jornais

televisatildeo raacutedio e outdoors Proiacutebe a propaganda por meio

eletrocircnico inclusive Internet a propaganda indireta contratada

tambeacutem denominada merchandising e a propaganda em

estaacutedios pistas palcos ou locais similares e proiacutebe o patrociacutenio

de eventos esportivos nacionais e culturais

Acerca de proibiccedilotildees a Lei nordm 12546 (14 de dezembro de

2011) alterou os artigos 2ordm e 3ordm da Lei no 9294 de 15 de julho

de 1996 que dispotildee sobre as restriccedilotildees ao uso e agrave propaganda

de produtos fumiacutegeros bebidas alcooacutelicas medicamentos

terapias e defensivos agriacutecolas nos termos do sect 4deg do art 220

da Constituiccedilatildeo Federal (INCA 2016)

O objetivo desta pesquisa eacute analisar a evoluccedilatildeo histoacuterica das

leis anti tabaacutegicas no Brasil tendo especial atenccedilatildeo as normas

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

395

posteriores a ratificaccedilatildeo da convenccedilatildeo-quadro para o controle

do tabaco Objetiva-se tambeacutem compreender a lei 1254611

que tem por objetivo a promoccedilatildeo de ambientes saudaacuteveis de

conviacutevio para todos fumantes ou natildeo-fumantes

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

A pesquisa aqui apresentada seraacute realizada de maneira

qualitativa descritiva e foi realizada atraveacutes de fontes

doutrinaacuterias e legislativas e dados de documentos cuja feitura

foi entre os anos de 1996 a 2014 nos principais oacutergatildeos de sauacutede

como da Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) e

o Instituto Nacional do Cacircncer (INCA)

Tambeacutem foram utilizados dados relacionados ao nuacutemero de

mortes e doenccedilas causadas em decorrecircncia do cigarro por meio

do fumo passivo ou ativo aleacutem de documentos que versam

acerca das atividades realizadas pelo governo e instituiccedilotildees

para diminuiccedilatildeo do nuacutemero de usuaacuterios bem como formas

utilizadas para cumprimento das legislaccedilotildees que foram citadas

em especial aquelas que versam acerca do consumo de

produtos derivados do tabaco em ambientes puacuteblicos e

privados sendo excluiacutedo desse estudo documentos que

remetem a demais atividades da sauacutede

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 foi

utilizada como documento base para o estudo da sauacutede como

direito social e as legislaccedilotildees decretos portarias e resoluccedilotildees

infraconstitucionais deram base ao estudo acerca das formas

de normativas de combate a epidemia do tabaco A Convenccedilatildeo-

Quadro para o Controle do Tabaco norma do direito

internacional que foi ratificada pelo Brasil e estudos realizados

por instituiccedilotildees internacionais tambeacutem foram utilizados de

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

396

forma subsidiaacuteria para dar embasamento ao estudo das

legislaccedilotildees correlatas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 A evoluccedilatildeo das leis anti-tabaacutegicas no Brasil

As primeiras medidas que visavam agrave diminuiccedilatildeo do nuacutemero

de usuaacuterio do cigarro no Brasil aconteceram na deacutecada de 80

Iniciou-se com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 7488 de 1986 que

criava o dia nacional de combate ao fumo Nessa eacutepoca foram

divulgados os primeiros estudos acerca dos malefiacutecios

causados pelo uso contiacutenuo dos derivados do tabaco Poreacutem tal

medida visava apenas campanhas de conscientizaccedilatildeo entre

usuaacuterios e populaccedilatildeo mais jovem principal alvo da induacutestria

tabagista Medidas mais severas foram tomadas em outros

paiacuteses fato que no Brasil soacute foi concretizados nas deacutecadas

seguintes (INCA 2016)

Na mesma eacutepoca foi promulgada a Portaria Interministerial nordm

3257 datada de 22 de setembro de 1988 que recomendava

medidas restritivas com relaccedilatildeo ao uso do cigarro nos

ambientes de trabalho Foi nesse periacuteodo que leis

antitabagistas visavam a proteccedilatildeo da sauacutede do trabalhador Tal

lei viria a ser ampliada com a lei 1254611 que promove os

ambientes livres de fatores que conduzem a dependecircncia

quiacutemica

Na deacutecada de 90 aleacutem da continuaccedilatildeo das campanhas de

conscientizaccedilatildeo novas leis foram promulgadas a exemplo a

Lei nordm 9294 que restringia a propaganda dos produtos

derivados do tabaco nos principais veiacuteculos de comunicaccedilatildeo e

proibia o uso do cigarro em ambientes puacuteblicos O texto da lei

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

397

estaacute em consonacircncia com termos do sect 4deg do art 220 da

Constituiccedilatildeo Federal que preceitua

Art 220 A manifestaccedilatildeo do pensamento

a criaccedilatildeo a expressatildeo e a informaccedilatildeo sob

qualquer forma processo ou veiacuteculo natildeo

sofreratildeo qualquer restriccedilatildeo observado o

disposto nesta Constituiccedilatildeo

sect 4ordm A propaganda comercial de tabaco

bebidas alcooacutelicas agrotoacutexicos

medicamentos e terapias estaraacute sujeita a

restriccedilotildees legais nos termos do inciso II do

paraacutegrafo anterior e conteraacute sempre que

necessaacuterio advertecircncia sobre os

malefiacutecios decorrentes de seu uso

(BRASIL 2012)

No ano 2000 a Lei nordm 9294 foi alterada e restringia a

publicidade do tabaco natildeo soacute nos meios midiaacutetica como

tambeacutem em paineacuteis e cartazes que ficavam localizados nos

pontos de venda a propaganda na internet em locais puacuteblicos

como estaacutedios e palco e ainda vedava o patrociacutenio para

grandes eventos e produccedilotildees Essa importante inovaccedilatildeo

objetiva combater as novas tentativas da induacutestria tabagista de

se valer de certos atributos para divulgaccedilatildeo de seu produto A

internet nova ferramenta agrave eacutepoca da lei tornou-se um novo

veiacuteculo para divulgaccedilatildeo e promoccedilatildeo de produtos fumiacutegenos

aleacutem de estar mais acessiacutevel ao puacuteblico mais jovem

Em 2002 foi promulgado a Resoluccedilatildeo da Agecircncia Nacional

de Vigilacircncia Sanitaacuteria nordm 304 de 07 de novembro de 2002 que

proiacutebe a produccedilatildeo importaccedilatildeo comercializaccedilatildeo propaganda e

distribuiccedilatildeo de alimentos na forma de cigarros charutos

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

398

cigarrilhas ou qualquer outro produto derivado do tabaco aleacutem

de proibir o uso de embalagens de alimentos que simulem as

embalagens de cigarros ou que utilizem nomes de marcas

pertencentes a produtos derivados do tabaco

Essa resoluccedilatildeo foi de suma importacircncia visto o design da

carteira de cigarros se basearem em embalagens de perfumes

de grandes marcas o que a torna mais atrativa e chamativa

para o puacuteblico Proibir a venda de produtos em forma de cigarro

tem por objetivo desestimular o uso em crianccedilas por exemplo

tendo em vista que guloseimas eram vendidas na forma de

cigarros Outra importante legislaccedilatildeo foi a Resoluccedilatildeo da

Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria nordm 335 de 21 de

novembro de 2003 que dispotildee sobre a inserccedilatildeo das conhecidas

advertecircncias que estatildeo no verso das carteiras de cigarros e que

contecircm advertecircncias acompanhadas de imagens sobre os

perigos agrave sauacutede que o uso dos derivados do tabaco pode trazer

32 A Convenccedilatildeo-Quadro e a Lei 1254611 na promoccedilatildeo dos

ambientes saudaacuteveis

O Brasil na atualidade eacute o segundo maior exportador mundial

de produtos derivados do tabaco Mesmo assim foi a principal

lideranccedila na Convenccedilatildeo-Quadro e coordenou a Convenccedilatildeo em

trecircs dos quatro anos da sua elaboraccedilatildeo O paiacutes possui a

legislaccedilatildeo mais completa relacionada ao controle do tabagismo

O cumprimento efetivo das normas da Convenccedilatildeo-Quadro

promulgado pelo Decreto nordm 565806 proclama a legislaccedilatildeo

brasileira no controle do tabaco Lei nordm 929496 Previsatildeo de

proibiccedilatildeo da publicidade em torno do tabaco e restriccedilotildees ao uso

deste em locais puacuteblicos e privados somados a qualquer tipo de

promoccedilatildeo do tabaco instigante ao consumir do tabaco por

adolescentes

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

399

A legislaccedilatildeo brasileira por meio da promulgaccedilatildeo da lei

125462011 tem como principal escopo a proibiccedilatildeo total de

qualquer forma de propaganda dos produtos derivados de

tabaco no acircmbito do ponto de venda em qualquer veiacuteculo de

comunicaccedilatildeo em massa ou outro meio qualquer alusatildeo a eles

veda locais fechados puacuteblicos e privados do cigarro pois

anteriormente existiam aacutereas destinadas a fumantes dentre

outras disposiccedilotildees taxativas contra o cigarro e seus similares

(BRASIL 1996 BRASIL 2011)

Destarte a lei 125462011 impotildee restriccedilotildees mais riacutegidas

com relaccedilatildeo ao uso do tabaco em locais puacuteblicos e privados

legislaccedilatildeo anterior permitia o uso em locais especiacuteficos

fumodromos A lei promulgada em 2011 expressa o uso

proibido em qualquer espaccedilo proibiccedilatildeo da publicidade indutora

de venda e a proibiccedilatildeo da venda para menores de 18 anos

Poreacutem em nosso paiacutes o aspecto normativo eacute extremamente

rico a execuccedilatildeo desses dispositivos aconteceu em 2014 Apoacutes

trecircs anos da norma promulgada ocorreu a regulamentaccedilatildeo

pela presidente da federaccedilatildeo no ano de 2014

A regulamentaccedilatildeo prevecirc por exemplo penalidades em caso

de desrespeito a lei (BRASIL 2012) A efetividade de sua

aplicaccedilatildeo deve ser requerida pelo cidadatildeo brasileiro Uma vez

que ela ainda natildeo foi regulamentada em todo o territoacuterio

nacional

As leis restringem o uso e a venda do tabaco corroborando

com a ratificaccedilatildeo da Convenccedilatildeo-Quadro Neste contexto

possibilita o paiacutes reduzir o nuacutemero de dependentes do tabaco

de 34 no ano de 1989 para 19 no ano de 2006 e 12 na

atualidade A legislaccedilatildeo denota Poliacutetica Puacuteblica eficaz e sua

efetividade dependeraacute da atuaccedilatildeo dos cidadatildeos em absorver e

exigirem o cumprimento das normas O Ministeacuterio da Sauacutede

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

400

voltado para promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede

desempenhou papel ativo e crucial para ratificaccedilatildeo brasileira da

CQCT (BORGES 2011)

Estudo promovido pelas organizaccedilotildees de sauacutede tendo por

base a engenharia mecacircnica dos fluidos comprovou que natildeo

haacute efetiva proteccedilatildeo ao separar fumantes de natildeo-fumantes em

um mesmo recinto A fumaccedila proveniente da combustatildeo se

dissipa no ar com enorme facilidade tornando quase que

impossiacutevel uma ventilaccedilatildeo capaz de proteger os natildeo-fumantes

do fumo passivo

Mesmo um potente sistema de ventilaccedilatildeo e exaustatildeo natildeo eacute

eficiente para a total inibiccedilatildeo dos resiacuteduos provenientes dos

fumiacutegenos em combustatildeo Por conta da espessura e elevada

densidade das partiacuteculas desprendidas da queima do mesmo

tanto da ponta incandescente do cigarro como pela fumaccedila

expelida do fumante

REHVA (2004) posiciona-se da seguinte maneira a respeito

dos ambientes livres de fumo

A primeira prioridade no controle da

qualidade do ar eacute sempre remover a fonte

dos poluentes ou seja tratando-se de

assegurar boa qualidade do ar nada pode

ser comparado agrave proibiccedilatildeo do fumo

Mesmo o melhor sistema de ventilaccedilatildeo

possiacutevel natildeo resultaraacute na reduccedilatildeo dos

compostos quiacutemicos nocivos da fumaccedila do

tabaco a um niacutevel de zero absoluto Mas

dependendo do sistema escolhido eacute

possiacutevel reduzir a concentraccedilatildeo dos

compostos contaminados a uma fraccedilatildeo do

niacutevel original Deve-se considerar que o

princiacutepio da ldquoconcentraccedilatildeo maacutexima

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

401

permitidardquo eacute praacutetica comum em muitas

aacutereas quanto se trata da qualidade do ar

Poreacutem natildeo existe ldquoconcentraccedilatildeo maacutexima

permitidardquo baseada na sauacutede para a

poluiccedilatildeo tabagiacutestica ambiental

(REHVA 2004 P13 P14)

Desse modo a completa vedaccedilatildeo do fumo em ambientes

fechados semi-abertos inclusive os ldquofumoacutedromosrdquo eacute a uacutenica

maneira segura atualmente de proteger as pessoas do fumo

passivo que potencializa as causas das ldquodoenccedilas-gatilhordquo

como tambeacutem eleva o risco para obtenccedilatildeo de males crocircnicos

associados agrave exposiccedilatildeo agrave fumaccedila do tabaco

Nesse vieacutes seguindo uma tendecircncia mundial de sauacutede

puacuteblica a ediccedilatildeo da lei 1254611 e o Decreto 826214 tornou-

se um novo marco no tocante ao ordenamento juriacutedico

brasileiro Disciplinando a total proibiccedilatildeo dos ldquofumoacutedromosrdquo

aacutereas para fumantes ou quaisquer outros ambientes puacuteblicos e

privados fechados ou semi-abertos de qualquer interferecircncia

toacutexica da fumaccedila dos derivados do tabaco e demais fumiacutegenos

Permitindo apenas o uso apenas na rua a ceacuteu aberto ou em

residecircncias privadas salvo os casos permitidos em lei como

exemplificado os lugares de culto caso o ato de fumar faccedila

parte do ritual dentre outras disposiccedilotildees reguladas por esses

dois instrumentos legais (BORGES 2011)

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

402

4 CONCLUSOtildeES

O tabagismo eacute uma epidemia que atinge o globo A criaccedilatildeo

da Convenccedilatildeo-Quadro para o Controle do Tabaco que

regulamenta os ambientes livres de tabaco foi de suma

importacircncia para o controle do tabagismo e a reduccedilatildeo dos

niacuteveis de morbimortalidade causada pelo tabaco

O Brasil desempenhou papel de destaque na elaboraccedilatildeo e

coordenaccedilatildeo da Convenccedilatildeo e antes da elaboraccedilatildeo deste jaacute

contava com legislaccedilatildeo relacionada ao tema Esse conjunto de

Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para controlar a epidemia do

tabagismo foi elaborada e efetivada por meio do trabalho

conjunto dos Ministeacuterios da Sauacutede Desenvolvimento Agraacuterio

Justiccedila Educaccedilatildeo e Trabalho e Emprego

As medidas anti-tabaacutegicas garantem o direito social agrave

sauacutede devendo ser assegurado pelo Estado e permite a

aplicaccedilatildeo do Princiacutepio da Reserva do Possiacutevel que protege a

inviolabilidade do direito agrave vida e agrave sauacutede qualificada como

direito subjetivo inalienaacutevel assegurado a todos pela proacutepria

Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Assim apenas eacute possiacutevel privilegiar

o respeito indeclinaacutevel agrave vida e sauacutede humanas

A responsabilidade pela efetivaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas

prima por prevalecer agrave vida Em contrapartida ao interesse

financeiro e secundaacuterio do Estado entendendo uma vez

configurado esse dilema razotildees de eacutetica juriacutedica impotildeem uma

soacute e possiacutevel opccedilatildeo aquela a privilegiar o respeito indeclinaacutevel

agrave vida e sauacutede humanas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANVISA- AGEcircNCIA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA Consulta Puacuteblica n 29 de 2 de abril de 2007 Dispotildee sobre funcionamento das

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

403

salas destinadas exclusivamente para o uso de cigarros cigarrilhas charutos cachimbos ou de qualquer outro produto fumiacutegeno derivado do tabaco que produza fumaccedila ambiental do tabaco (FAT) nos recintos coletivos puacuteblicos ou provados Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 3 abr 2007 BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado Federal 2014 BRASIL Lei nordm 9294 de 15 de julho de 1996 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder executivo Brasiacutelia DF 15 jun 1996 BRASIL Lei nordm 12546 de 14 de dezembro de 2011 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder executivo Brasiacutelia DF 1996 BORGES Renata de Lacerda Antunes O tabaco no Rio Grande do Sul anaacutelise da cadeia agroindustrial e dos possiacuteveis impactos das poliacuteticas derivadas da Convenccedilatildeo-Quadro para o Controle do Tabaco sobre a economia fumageira Trabalho de Conclusatildeo de curso em Economia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS Porto Alegre 2011 CQTC Convenccedilatildeo-Quadro para o Controle do TabacoInstituto Nacional de Cacircncer ndash Rio de Janeiro INCA 2011 INCA Instituto Nacional do Cacircncer Rio de Janeiro ndash 2016 REHVA ndash FEDERATION OF EUROPEAN HEATING AND AIR-CONDITIONING ASSOCIATIONS Brussels Ventilation and smoking reducing the exposure to ETS in buildings 2004 144p SELLING M F A ventilaccedilatildeo e a poluiccedilatildeo tabagiacutestica ambiental ndash argumentaccedilatildeo cientiacutefica para o estabelecimento de leis de ambientes interiores livres de fumo 2009 120f Tese (Doutorado em Engenharia Mecacircnica) ndash Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2009 WHO WORLD HEALTH ORGANIZATION Philippines WHO report on the global tobacco epidemic 2015 ndash Bianual ISBN 978 92 4 150912 1

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

404

CAPIacuteTULO 23

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO

AUTISMO

Giovanna Gabrielly Custoacutedio MACEcircDO 1

Jeacutessyka Samara de Oliveira MACEDO 1 Priscilla Anne Castro de ASSIS 2

1Graduanda do curso de Enfermagem UFCG 2 Professora Doutora da UASUFCG cmacedogiovannahotmailcom

RESUMO O transtorno do espectro autista (TEA) ou simplesmente autismo eacute uma desordem no desenvolvimento do sistema neuroloacutegico de maneira geral haacute desvios na comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo social e uso da imaginaccedilatildeo estes aspectos formam A Triacuteade de Deficiecircncias caracterizam o autismo A siacutendrome afeta cerca de 2 milhotildees de pessoas somente no Brasil Seu diagnoacutestico natildeo eacute simples uma vez que as mesmas caracteriacutesticas podem ser encontradas em outras siacutendromes ou alteraccedilotildees psicoloacutegicas O tratamento para o TEA ocorre apenas de maneira paliativa tanto na melhora dos sintomas quanto na estimulaccedilatildeo do autoconhecimento e limitaccedilotildees pelo proacuteprio portador para o primeiro aspecto o medicamento Risperidona auxilia na diminuiccedilatildeo das crises de irritaccedilatildeo agressividade e agitaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao segundo dois meacutetodos satildeo usuais o TEACCH (Tratamento e educaccedilatildeo para crianccedilas com autismo e com distuacuterbios correlatos da comuniccedilatildeo) e o ABA (Anaacutelise aplicada do comportamento) A etiologia do Transtorno do Espectro Autista estaacute relacionada agrave associaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e fatores ambientais a teoria de origem geneacutetica eacute complexa e explica de 20 a 25 dos casos de TEA a partir dela diversas razotildees relacionam-se ao desenvolvimento da siacutendrome as principais incluem hereditariedade mutaccedilotildees geneacuteticas e a Siacutendrome do

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

405

Cromossomo X-Fraacutegil jaacute em relaccedilatildeo aos fatores ambientais os metais pesados as infecccedilotildees virais e bacterianas encontram-se associadas Palavras-chave Fatores ambientais Autismo DNA

1 INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista comumente chamado

de autismo eacute uma desordem no desenvolvimento do sistema

neuroloacutegico caracterizado por prejuiacutezos no desenvolvimento de

habilidades sociais e de comunicaccedilatildeo padrotildees

comportamentais restritos e repetitivos aleacutem de um

processamento sensorial diferenciado (VAN HEIJST GEURTS

2015)

Segundo a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (2016) o

iacutendice atual de incidecircncia do autismo no mundo eacute de uma a

cada cem pessoas ou uma a cada 68 crianccedilas afetando cerca

de 1 da populaccedilatildeo mundial ao passo que segundo a Revista

Autismo (2010) no Brasil o TEA atinge aproximadamente 2

milhotildees de pessoas e somente em 2015 150 mil novos casos

foram diagnosticados

O autismo apresenta graus variados de alteraccedilotildees

anatocircmicas e comportamentais onde dificuldades na fala ou na

aprendizagem ansiedade irritabilidade agressividade

automutilaccedilatildeo depressatildeo e uma total falta de empatia podem

ser caracteriacutesticas encontradas nesses portadores (MANDY et

al 2014)

Uma vez que parte das caracteriacutesticas apresentadas por

um autista tambeacutem podem ser observadas em outras

siacutendromes ou alteraccedilotildees psicoloacutegicas o diagnoacutestico desse tipo

de transtorno natildeo se daacute de maneira simplificada A

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

406

determinaccedilatildeo do transtorno eacute realizada com base na avaliaccedilatildeo

cliacutenica do paciente sendo necessaacuterio a presenccedila do distuacuterbio

em trecircs domiacutenios para confirmaccedilatildeo do autismo na interaccedilatildeo

social na comunicaccedilatildeo e por fim na apresentaccedilatildeo de

interesses restritos e padrotildees estereotipados do

comportamento (LAI BARON-COHEN 2015)

Apesar dos inuacutemeros estudos este transtorno continua

sem cura utilizando-se somente do tratamento paliativo como

uma forma de auxiliar natildeo apenas na melhora dos sintomas

como tambeacutem na estimulaccedilatildeo do autoconhecimento para o

entendimento das potencialidades e limitaccedilotildees pelo proacuteprio

autista (HAPPE RONALD PLOMIN 2006)

Estudos anatofuncionais mostraram que diversas

regiotildees cerebrais estatildeo envolvidas no autismo dentre estas

podemos citar o sistema liacutembico a amiacutegdala aacutereas preacute-frontais

e cerebelo Schmahmann e Sherman (1998) foram os pioneiros

a associar alteraccedilotildees no cerebelo com o desenvolvimento do

autismo sendo este oacutergatildeo responsaacutevel pela cronologia do

raciociacutenio apresenta-se atrofiado em portadores da siacutendrome

(GESCHWIND STATE 2015)

O niacutevel de hipoplasia do cerebelo estaacute diretamente ligado

a capacidade de exploraccedilatildeo que um autista iraacute apresentar A

reduccedilatildeo pronunciada do verme cerebelar nas zonas de Larsell

VI e VII satildeo as principais causas do comprometimento dos

autistas na exploraccedilatildeo do local em que se encontram (HOWLIN

MOSS 2012)

Aleacutem das alteraccedilotildees no cerebelo estruturas ovais

denominadas de olivas encontradas sobressaindo-se na

superfiacutecie anterior do bulbo tambeacutem apresentam alteraccedilotildees

anatocircmicas nos portadores do transtorno gerando prejuiacutezos

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

407

nas conexotildees entre o cerebelo e o tronco encefaacutelico (MANDY

MURIN SKUSE 2014)

A etiologia do autismo eacute complexa e multifatorial sendo

resultado da interaccedilatildeo entre o material geneacutetico do indiviacuteduo e

fatores ambientais Estudos geneacuteticos utilizando a teacutecnica de

Microarray tem sido realizados como ferramenta para a

varredura do genoma de portadores do autismo visando a

descoberta de grupos de genes estatisticamente comprovados

e relevantes para o autismo e seus subtipos As alteraccedilotildees no

material geneacutetico jaacute relacionadas com a susceptibilidade ao

autismo incluem variaccedilotildees em nucleotiacutedeos simples

denominadas de Polimorfismos de nucleotiacutedeos uacutenicos (Single

nucleotide polymorphisms) (KANDEL et al 2014)

Estudos anteriores comprovaram que essas alteraccedilotildees

em nucleotiacutedeos simples estatildeo organizadas em sequecircncias

repetidas ou filamentos formando os denominados

polimorfismos de nuacutemero de coacutepia (Copy number

polymorphisms) Os estudos sugerem que as variaccedilotildees nessas

sequecircncias repetidas como o nuacutemero de repeticcedilotildees e as

alteraccedilotildees nucleotiacutedicas presentes sejam a base da

predisposiccedilatildeo geneacutetica que levaraacute ao desenvolvimento do

autismo (LAI et al 2013)

Aleacutem dos fatores ambientais infecccedilotildees virais e

bacterianas preacute-natais como as causadas por sarampo

rubeacuteola viacuterus da herpes papeira varicela e citomegaloviacuterus

tambeacutem satildeo fatores que contribuem para o desenvolvimento do

autismo (LAI et al 2013) Adicionalmente fatores como idade

paterna parto preacute-maturo processos neuroinflamatoacuterios graves

durante a gestaccedilatildeo disfunccedilatildeo mitocondrial e distuacuterbios

bioquiacutemicos satildeo fatores de risco para o desenvolvimento do

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

408

autismo assim como o uso de antidepressivos obesidade

diabetes e tabagismo (MANDY MURIN SKUSE 2014)

Ademais o ar poluiacutedo conteacutem vaacuterios componentes

toacutexicos que apresentam elevado grau de neurotoxicidade e

efeitos adversos no feto durante o periacuteodo intrauterino sendo

essas partiacuteculas transportadas ao citoplasma induzem o

estresse oxidativo e dano mitocondrial nas ceacutelulas Produtos

quiacutemicos encontrados no ar poluiacutedo exposiccedilatildeo a metais

pesados e a outras moleacuteculas encontradas no ambiente uma

vez ingeridos inalados absorvidos pela pele ou ateacute injetados

na gestante podem ultrapassar a membrana placentaacuteria e

alcanccedilar o feto interferindo no seu desenvolvimento e

principiando o desenvolvimento de patologias (HOWLIN

MOSS 2012 TORDJMAN et al 2014)

Uma vez que a interferecircncia do meio ambiente pode

levar ao desencadeamento da siacutendrome do espectro autista o

presente trabalho tem como objetivo geral discutir sobre os

fatores ambientais relacionados ao seu desenvolvimento

associaacute-los aos geneacuteticos e discutir como os mesmos

interferem no metabolismo celular durante o periacuteodo de

desenvolvimento embrionaacuterio

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O levantamento bibliograacutefico foi realizado atraveacutes da

leitura de artigos cientiacuteficos dissertaccedilotildees e teses disponiacuteveis

em banco de dados como Science Direct Scopus Web of

Science Scielo e Google Acadecircmico Inicialmente foram

pesquisados comunicaccedilotildees cientiacuteficas que descrevessem as

caracteriacutesticas gerais do autismo como meacutetodos de diganoacutestico

e tratamento e posteriormente foram pesquisados os possiacuteveis

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

409

mecanismos moleculares e genes associados ao

desenvolvimento da siacutendrome

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943 pelo

meacutedico Leo Kanner Kanner agrupou comportamentos

caracteriacutesticos manifestados por onze crianccedilas enumerando

um conjunto de aspectos que teoricamente definiriam o

distuacuterbio Em 1944 Hans Asperger descreveu na Aacuteustria

aspectos semelhantes aos ditos por Kanner (PEREIRA 1999

SOUSA SANTOS 2005 MELLO et al 2013)

Na caracterizaccedilatildeo Kanner chamou atenccedilatildeo para trecircs

peculiaridades fundamentais profunda dificuldade para com o

contato afetivo com outras pessoas obsessatildeo pela

manutenccedilatildeo do ldquomesmo estado das coisasrdquo (sameness) e

preferecircncia por objetos manuseados com precisatildeo Em 1979

Lorna Wing e Judith Gould realizaram um estudo

epidemioloacutegico com todas as crianccedilas de uma aacuterea do sul de

Londres formulando a partir do estudo A Triacuteade de Deficiecircncias

que caracterizavam o autismo desvios na comunicaccedilatildeo

interaccedilatildeo social e uso da imaginaccedilatildeo na triacuteade contudo

possiacuteveis variaccedilotildees nas condiccedilotildees de inteligecircncia podem ir do

retardo mental a niacuteveis acima da meacutedia (PEREIRA 1999

MELLO 2007 AWARES 2014)

A dificuldade de comuniccedilatildeo inclui gestos expressotildees

faciais linguagem corporal ritmo e modulaccedilatildeo da linguagem

verbal a dificuldade de sociabilizaccedilatildeo por sua vez associa-se

aleacutem da dificuldade do relacionamento com outras pessoas

propriamente dita agrave incapacidade de compartilhar sentimentos

gostos e emoccedilotildees e a dificuldade de discriminaccedilatildeo entre

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

410

pessoas Comportamentos 410esponsaacuteve e ritualiacutesticos ligam-

se agrave dificuldade do uso da imaginaccedilatildeo incluindo a falta de

aceitaccedilatildeo das mudanccedilas e dificuldades em processos criativos

(MELLO 2007)

Assim como outros transtornos do

neurodesenvolvimento a etiologia do Transtorno do Espectro

Autista estaacute relacionado agrave associaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e

fatores ambientais Apesar de inuacutemeras alteraccedilotildees de caraacuteter

geneacutetico ndash mais de mil ndash serem identificadas como fatores

potencias ao desenvolvimento da patologia estas explicam

apenas 20 a 25 dos casos de TEA De maneira geral a

herdabilidade do autismo apresenta-se em cerca de 90

indicando o papel central dos genes na sua fisiopatologia

Algumas suposiccedilotildees quanto ao peso geneacutetico do autismo satildeo

feitas de acordo com estudos jaacute comprovados por exemplo

quando comparados o diagnoacutestico de autismo em gecircmeos

monozigoacuteticos e dizigoacuteticos a condordacircncia de diagnoacutestico estaacute

presente em 92 nos primeiros gecircmeos e apenas 10 nos

segundos seguindo esta linha de raciociacutenio encontra-se uma

estimativa aproximada da contribuiccedilatildeo geneacutetica de ter o

transtorno quando se possui um parente afetado (BAILEY et al

1995 MILES 2011 SILVA 2015)

Ainda que o autismo seja altamente hereditaacuterio sua

origem geneacutetica eacute complexa uma vez que seu modelo de

transmissatildeo natildeo relaciona-se a um gene principal envolvido

estudos apontam que anomalias em quase todos os

cromossomos jaacute foram associadas ao autismo (GESCHWIND

2008 FLEISCHER 2012) Mutaccedilotildees numa famiacutelia de

proteiacutenas entretanto vem dando base para a patologia

molecular do autismo em camundongos defeitos moleculares

no gene que codifica as proteiacutenas da famiacutelia Shank (shank 1

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

411

shank 2 e shank 3) estariam associados ao modelamento da

siacutendrome (COUTINHO BOSSO 2015) A famiacutelia de proteiacutenas

Shank estaacute relacionada agrave manutenccedilatildeo das sinapses e agrave

perpertuaccedilatildeo do efeito do neurotransmissor glutamato poacutes-

sinapse por ser um dos principais neurotransmissores

excitatoacuterios o comprometimento da accedilatildeo da sinapse

glutamateacutergica pela mutaccedilatildeo da proteiacutena Shank sujeita o

sistema nervoso a disfunccedilotildees podendo desempenhar

importante papel para a fisiopatologia do autismo (CORDEIRO

VALLADA 2005 GUYTON HALL 2011)

Aleacutem disso a idade paterna e a Siacutendrome do

Cromossomo X-Fraacutegil tambeacutem estatildeo associadas ao autismo a

idade partena avanccedilada estaacute relacionada ao aumento do

nuacutemero de mutaccedilotildees na linhagem das ceacutelulas germinativas

justificando o desenvolvimento da siacutendrome em filhos de pais

mais velhos (GESCHWIND 2008) Num sequenciamento de 18

triacuteades (matildee pai e filho) a idade paterna foi relacionada agrave

materna estando esta tambeacutem associada ao nuacutemero de

mutaccedilotildees contudo quando analisadas em conjunto a idade

paterna manteve-se significante enquanto a materna natildeo

relacionou-se da mesma maneira (RIBAS CUNHA 2013) A

Siacutendrome do Cromossomo X-Fraacutegil por sua vez resultante de

mutaccedilotildees no gene Fragile Mental Retardation 1 (FMR-1) onde

haacute insuficiecircncia da expressatildeo de uma proteiacutena essencial para

as funccedilotildees cerebrais normais afeta 1 em cada 1000 indiviacuteduos

e possui incidecircncia variaacutevel em casos de autismo de 0 a 20

quanto as manifestaccedilotildees cognitivas da Siacutendrome do

Cromossomo X-Fraacutegil haacute retardo mental de moderado a severo

e comportamento autiacutestico (OLIVEIRA et al 2004)

Cerca de doze genes jaacute foram relacionados com o

autismo mas acredita-se que eacute a interaccedilatildeo dos genes com

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

412

determinados fatores ambientais que regulam a sua expressatildeo

gecircnica e funcionalidade Cerca de 10-15 dos autistas

apresentam uma causa geneacutetica identificaacutevel como a jaacute

mencionada Siacutendrome do Cromossomo X-fraacutegil e a Siacutendrome

de Angelman por exemplo onde o autismo faz parte das

caracteriacutesticas dessas siacutendromes (RAPIN TUCHMAN 2009

VOINEAGU 2011 GRONBORG 2013)

Aproximadamente 354 marcadores geneacuteticos foram

localizados em oito regiotildees dos cromossomos 2 4 7 13 16

19 e 22 relacionados ao autismo claacutessico e obtidos a partir de

uma ampla triagem de todo o genoma (CARVALHEIRA

VERGANI BRUNONI 2004) Em particular o braccedilo pequeno

do cromossomo dois e sete e alguns genes do cromossomo

quinze satildeo os de maior frequecircncia (RAPIN TUCHMAN 2009)

Nos cromossomos 2 e 7 os portadores apresentaram os mais

severos comprometimentos da linguagem (GARDIA

TUCHMAN ROTTA 2004)

Aleacutem destes o cromossomo 15 encontra-se relacionado

ao autismo a partir de uma disfunccedilatildeo na via GABAeacutergica no

intervalo 15q11-q13 deste cromossomo encontram-se os

genes que codificam as subunidades β3 α5 e ɣ3 do receptor

gabamineacutergico ainda nesta regiatildeo diversos marcadores do

autismo tambeacutem satildeo encontrados Sabe-se que o niacutevel de

GABA principal neurotransmissor inibitoacuterio do sistema nervoso

encontra-se elevado no plasma de crianccedilas autistas indicando

que haja possivelmente uma accedilatildeo compensatoacuteria derivada de

uma hiposensibilidade de um dos subgrupos dos receptores

gabamineacutergicos levando o neurotransmissor a uma maior

interaccedilatildeo com outros subgrupos do seu receptor e

consequentemente a alteraccedilotildees complexas nas funccedilotildees

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

413

GABAeacutergicas ao longo do ceacuterebro dos portadores da siacutendrome

(SOLIacuteS-ANtildeES DELGADO-LUENGO HERNAacuteNDEZ 2007)

A tabela 1 apresenta os principais candidatos a genes

associados ao autismo nos cromossomo sete e quinze

Tabela 1 Genes candidatos nos cromossomos 7 e 15

Gene Nome Localizaccedilatildeo Referecircncias

HOXA1

Homeobox A1

7p15-p142

Hong et al (1995)

Ingram et al (2000)

RELN

Reelina

7q22

Hong et al (2000)

IMGSAC (2001)

ST7RAY1

Supressatildeo da

tumorigenicidade

7q311

Zenklusen et al (1995) IMGSAC (2001)

IMMP2L

Peplicase 2-like da membrana

mitocondrial interna

7q31

IMGSAC (2001)

WNT2

Local de integraccedilatildeo MMTV do membro familiar 2 do tipo

wingless

7q31

IMGSAC (2001)

Wassik et al (2001b)

FOXP2SPCH1

Forkhead box P2 Transtorno da fala e

da linguagem 1

7q31

Hust et al (1990)

Folstein e Mankoski

(2000ordf) Lai et al (2000)

IMGSAC (2001)

Newbury e Monaco (2002)

Newbury et al (2005)

UBE3A

Ubiquitina-proteiacutena ligase E3A

15q11-q13

Kishino et al (1997) Nurmi et al (2001) Jiang et al

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

414

(2004) Samaco et al (2005)

Fonte TUCHMAN e RAPIN 2009

Mutaccedilotildees no locus 7p31 do cromossomo sete foram

identificadas como sendo as 414esponsaacuteveis pelo transtorno de

fala-linguagem (SPCH1) observado nos indiviacuteduos portadoras

da siacutendrome (VOINEAGU et al 2011) Outro gene associado ao

autismo eacute o gene da Reelina (RELN) na posiccedilatildeo 7q22 que

codifica uma proteiacutena reguladora da migraccedilatildeo dos neurocircnios

piramidais corticais dos interneurocircnios e Ceacutelulas de Purkinje

durante o desenvolvimento embrionaacuterio do sistema nervoso

central (ZERBO et al 2015)

O gene WNT2 codifica uma proteiacutena sinalizadora

existente no desenvolvimento embrionaacuterio de diversos oacutergatildeos e

do sistema nervoso central estando associada com as

alteraccedilotildees cerebelares observadas em autistas (ZERBO et al

2015) Eacute no cerebelo onde satildeo encontrados os maiores

neurocircnios do sistema nervoso central denominados Ceacutelulas de

Purkinje satildeo ceacutelulas piriformes grandes com aacutervores

dendriacuteticas bem desenvolvidas ramificando-se entre a camada

molecular ateacute a superfiacutecie do coacutertex cerebelar estando seus

axocircnios como as uacutenicas fibras eferentes do coacutertex cerebelar

Em pessoas com a siacutendrome do espectro autista essas ceacutelulas

estatildeo em nuacutemero reduzido (KANDELE et al 2014)

Segundo a Agecircncia de Proteccedilatildeo Ambiental dos Estados

Unidos (United States Environmental Protection Agency)

partiacuteculas neurotoacutexicas presentes na poluiccedilatildeo do ar satildeo fatores

de risco para o desenvolvimento do autismo (KALKBRENNER

2010 RAZ et al 2013 ROBERTS 2013)

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

415

A exposiccedilatildeo acentuada a partiacuteculas oriundas da

combustatildeo do diesel alguns metais e compostos orgacircnicos

como o cloreto de metileno tricloroetileno e estireno aleacutem dos

ftalatos podem contribuir para o desenvolimento do autismo

especialmente nas gestantes que estatildeo ainda no primeiro

trimestre da gravidez sobretudo as primeiras semanas

gestacionais do desenvolvimento embrionaacuterio satildeo

determinantes para o desenvolvimento de maacute formaccedilotildees

desenvolvimento de siacutendromes parto prematuro e ateacute aborto

No autismo componentes ambientais contribuem para o

desenvolvimento da siacutendrome os fatores ambientais

relacionados com o autismo satildeo classificados em fatores de

risco antes do periacuteodo gestacional fatores de risco no periacuteodo

gestacional e fatores de risco poacutes-natal sendo os uacuteltimos mais

determinantes no primeiro ano de idade (MANDY et al 2014

GESCHWUIND STATE 2015) Estas partiacuteculas citadas

anteriormente apresentam a capacidade de penetrar nas

ceacutelulas tornando-se muitas vezes moleacuteculas sinalizadoras

que controlam a transcriccedilatildeo gecircnica seja como ativadores ou

como repressores de genes especiacuteficos (STONER 2014

GRONBORG 2013)

Segundo Silva (2015) conforme citado por Roullet et al

(2013) e Smith e Brown (2014) a expoxiccedilatildeo a teratoacutegenos

como o aacutecido valproacuteico e a talidomida durante o terceiro

simestre gestacional contribuiria significativamente para o

nascimento de indiviacuteduos portadores do TEA A partir deste

pressuposto eacute possiacutevel perceber que os fatores geneacuteticos

sozinhos natildeo explicam por completo a etiologia do TEA

Os metais pesados como o chumbo por exemplo satildeo

exemplos de substacircncias encontradas no meio ambiente que

poderiam levar ao desenvolvimento do TEA ou mesmo agrave

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

416

complicaccedilotildees deste quadro principalmente no periacuteodo

gestacional e nos primeiros anos de vida Lidsky e Schneider

(2005) apresentaram em seu artigo o caso de duas crianccedilas

que desenvolviam-se nos padrotildees considerados normais ateacute

que por intoxicaccedilaccedilatildeo de chumbo apresentaram

posteriormente um quadro de autismo (caso 1) e de sintomas

semelhantes ao do autismo (caso 2) O primeiro caso relata

uma crianccedila que desenvolvia-se dentro da normalidade mas

aos 15 meses foi detectado um elevado niacutevel de chumbo em

sua corrente sanguiacutenea caracterizando uma intoxicaccedilatildeo Este

niacutevel permaneceu aumentando gradativamente ateacute os 26

meses onde a crianccedila comeccedilou a perder a habilidade da fala e

consequentemente apresentou atrasos em todas as aacutereas ndash

exceto a aacuterea motora Aos trecircs anos a crianccedila apresentava

Incapacidade de Desenvolvimento Global e aos 4 Autismo No

segundo caso a crianccedila desenvolvia-se normalmente ateacute

apresentou o quadro de intoxicaccedilatildeo por chumbo aos 3 anos

quadro este que perdurou ateacute os 5 anos onde a crianccedila

comeccedilou a apresentar dificuldades nas atividades de memoacuteria

processamento de informaccedilotildees e raciociacutenio espacial do jardim

de infacircncia Aos 7 o processo de deterioraccedilatildeo ficou mais

acentuado e pocircde ser observada grande perda da linguagem

receptiva e expressiva aleacutem de dificuldades de concentraccedilatildeo

A crianccedila do caso 2 foi diagnosticada com Transtorno Global do

Desenvolvimento mas natildeo chegou a apresentar o autismo

propriamente

O diagnoacutestico se daacute basicamente pela avaliaccedilatildeo do

quadro cliacutenico uma vez que natildeo existem exames laboratoriais

para a detecccedilatildeo (MELLO 2007) Apoacutes eliminadas as suspeitas

de outras doenccedilas que tenham as caracteriacutesticas do autismo e

confirmada a presenccedila da siacutendrome por um profissional da

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

417

medicina intervenccedilotildees satildeo utilizadas como forma de

tratamento As mais usuais envolvem o meacutetodo TEACCH

(Tratamento e educaccedilatildeo para crianccedilas com autismo e com

distuacuterbios correlatos da comuniccedilatildeo) e o ABA (Anaacutelise aplicada

do comportamento) o primeiro refere-se a um programa

individualizado onde a organizaccedilatildeo do ambiente fiacutesico atraveacutes

de rotinas visa o desenvolvimento da independecircncia da crianccedila

com autismo o segundo por sua vez introduz habilidades por

etapas visando que a crianccedila tenda a repetir os ensinamentos

que iniciam-se geralmente por uma instruccedilatildeo (MELLO 2007)

Ainda para o tratamento o sistema puacuteblico de sauacutede brasileiro

disponibiliza desde 2015 o primeiro medicamento para o

autismo o Risperidona a droga auxilia na diminuiccedilatildeo das crises

de irritaccedilatildeo agressividade e agitaccedilatildeo com o fornecimento

gratuito do faacutermaco cerca de 19 mil portadores seratildeo

beneficiados por ano aleacutem do medicamento instituiccedilotildees como

Unidades Baacutesicas de Sauacutede Rede Psicossocial e os Centros

Especializados em Reabilitaccedilatildeo realizam accedilotildees de

acompanhamento identificaccedilatildeo estimulaccedilatildeo precoce

habilitaccedilatildeoreabilitaccedilatildeo e intervenccedilotildees educativas voltadas aos

portadores da siacutendrome do espectro autista (BRASIL 2014)

4 CONCLUSOtildeES

O nuacutemero de pessoas diagnosticadas com autismo tem

aumentado nos uacuteltimos anos A siacutendrome apresenta origens

geneacuteticas e ambientais associadas a mais de doze

cromossomos que apresentam mutaccedilotildees ou alteraccedilotildees na

regulaccedilatildeo da sua expressatildeo gecircnica contribuindo

potencialmente para o desenvolvimento do TEA A exposiccedilatildeo

de graacutevidas a fatores ambientais tais como infecccedilotildees

bacterianas ou virais o uso de medicamentos e a exposiccedilatildeo a

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

418

agentes poluentes presentes no ar foram descritos como

fatores de risco para o desenvolvimento da siacutendrome

especialmente durante o primeiro trimestre da gestaccedilatildeo ateacute o

primeiro ano de vida da crianccedila

Tendo em vista os fatores ambientais como

desencadeantes de inuacutemeras patologias do

neurodesenvolvimento como o TEA faz-se necessaacuterio a

implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que fiscalizem a atividade

industrial sobretudo as que utilizam compostos toacutexicos em seus

produtos ndash como eacute o caso do chumbo presente em baterias

por exemplo Tal atitude seria contribuinte para a diminuiccedilatildeo

dos inuacutemeros casos de intoxicaccedilatildeo da populaccedilatildeo por estes

compostos nocivos eacute preciso ainda investir em atividades

inclusivas para a populaccedilatildeo autista potencializando a

qualidade de vida dos portadores da siacutendrome como tambeacutem

de seus familiares Eacute imprescindiacutevel o investimento em estudos

adicionais para fortalecer os conhecimentos jaacute descritos quanto

ao autismo principalmente no que se refere a relaccedilatildeo do meio

ambiente no desenvolvimento da patologia de modo a elucidar

os aspectos da siacutendrome ainda desconhecidos

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PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE

ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

422

CAPIacuteTULO 24

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA

APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

Roberta Milena Moura RODRIGUESsup1

Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOSsup2 Wilton Silva LOPESsup2

1Mestranda do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental UEPB

2Orientadores Professores do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental UEPB

robertamilena_rmhotmailcom

RESUMO Teacutecnica de separaccedilatildeo de misturas e identificaccedilatildeo de componentes a cromatografia foi inventada em 1850 Destacou-se no iniacutecio do seacuteculo XX quando o botacircnico russo Mikhail Semenovich Tswett estudando pigmentos vegetais desenvolve a cromatografia liacutequido-soacutelido em coluna seca para separar clorofila de carotenos Atualmente dispotildee-se de vaacuterios tipos de cromatografia destacando-se cromatografia gasosa (CG) e liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) utilizadas acopladas a um espectrocircmetro de massas como detector ldquoPadratildeo ourordquo por reunir caracteriacutesticas de velocidade (resultados em minutos) alta resoluccedilatildeo eficiecircncia seletividade e detectabilidade (CG analisa gases liacutequidos e soacutelidos MM 2-1200 capacidade miacutenima de detecccedilatildeo de 10-12g separa ateacute 200 componentes por amostra CLAE analisa liacutequidos e soacutelidos MM 32 ndash 4x106 separa mais de 50 componentes capacidade miacutenina de detecccedilatildeo 10-9g) Fornece informaccedilotildees estruturais e massa molar uacutetil para anaacutelises nas aacutereas de sauacutede (controle de qualidade de ativos e foacutermulas farmacecircuticas) alimentos (identificaccedilatildeoquantificaccedilatildeo de substacircncias bioloacutegicas) e

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE

ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

423

preservaccedilatildeo ambiental (anaacutelises de toacutexicos e materiais reciclaacuteveis - aacutecidos graxos volaacuteteis em lodos intermediaacuterios na produccedilatildeo de biogaacutes recuperando energia de resiacuteduos contaminantes de solos e aacuteguas) A validaccedilatildeo dos meacutetodos de CG e CLAE eacute fundamental para assegurar a qualidade metroloacutegica e confiabilidade dos resultados Apresenta-se nesse trabalho uma metodologia de validaccedilatildeo para anaacutelises por CG e CLAE de substacircncias nas aacutereas de sauacutede alimentos e meio ambiente Palavras-chaveCromatografia gasosa e liacutequida Espectrocircmetro de massas Validaccedilatildeo

1 INTRODUCcedilAtildeO

A cromatografia eacute uma das teacutecnicas analiacuteticas mais

versaacutetil e abrangente da atualidade O termo cromatografia tem

raiacutezes gregas de ldquochromardquo cor e ldquografeinrdquo grafia Tornou-se

relevante no iniacutecio do seacuteculo XX quando Mikhail Semenovich

Tswett durante estudos sobre a clorofila de plantas

demonstrou pela primeira vez a adsorccedilatildeo como um meacutetodo de

separaccedilatildeo de componentes quiacutemicos de uma mistura (analitos)

Eacute um meacutetodo fiacutesico-quiacutemico de separaccedilatildeo que envolve a

distribuiccedilatildeo diferencial dos analitos misturados em um sistema

heterogecircneo bifaacutesico caracterizado por uma fase estacionaacuteria e

uma fase moacutevel Entre as teacutecnicas cromatograacuteficas modernas

mais utilizadas estatildeo a cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia

(CLAE) e a cromatografia gasosa (CG) Na cromatografia

gasosa a fase moacutevel eacute um gaacutes e a fase estacionaacuteria eacute a coluna

na cromatografia liacutequida a fase moacutevel eacute um solvente e a fase

estacionaacuteria eacute constituiacuteda de partiacuteculas soacutelidas empacotadas

em uma coluna a qual eacute atravessada pela fase moacutevel

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE

ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

424

Teacutecnicas cromatograacuteficas satildeo aplicadas em diversas

aacutereas como na sauacutede por ser uma poderosa ferramenta

analiacutetica para o controle de qualidade de substacircncias

farmacoloacutegicas ativas por apresentar elevada exatidatildeo nos

resultados alta confiabilidade na identificaccedilatildeo e na

quantificaccedilatildeo dos compostos e na determinaccedilatildeo da

porcentagem do princiacutepio ativo assim como na quantificaccedilatildeo

das impurezas Ainda permite a determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo

ou formulaccedilatildeo de um novo produto o estudo de sua

estabilidade e degradaccedilatildeo O controle de qualidade se beneficia

ao usar uma teacutecnica que permite resultados em curto tempo (em

geral 1 a 20 minutos) com alta precisatildeo e exatidatildeo

(NASCIMENTO 2011)

CLAE eacute usada em diversas anaacutelises de alimentos como

por exemplo para quantificar pigmentos naturais

(424arotenoides) dos quais depende a cor das frutas dos

vegetais e de outros como a gema de ovo a pele e o muacutesculo

de alguns peixes Sua importacircncia tambeacutem estaacute relacionada agrave

funccedilotildees bioloacutegicas nos humanos como atividade proacute-vitamiacutenica

A fortalecimento do sistema imunoloacutegico diminuiccedilatildeo do risco

de doenccedilas degenerativas (cacircncer e cardiovasculares

degeneraccedilatildeo macular e catarata) Por essas e outras funccedilotildees

a determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo de 424arotenoides em

alimentos eacute de extrema importacircncia mundial onde CLAE e

variantes cromatograacuteficas fornecem seguranccedila na anaacutelise

(SENTANIN AMAYA 2007)

Na aacuterea de meio ambiente a cromatografia eacute usada para

detecccedilatildeo de nanocontaminantes endoacutecrinos em aacuteguas naturais

e residuais (esgotos e seus lodos) lixiviados de resiacuteduos

soacutelidos assim como produtos metaboacutelicos intermediaacuterios de

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

425

microrganismos em reatores bioloacutegicos de tratamento de

esgotos ou de outros resiacuteduos tendo em vista que os processos

bioloacutegicos secundaacuterios de tratamento de esgotos se

desenvolveram enormemente nas uacuteltimas deacutecadas e que

homens e mulheres usam cada vez mais entre outras

substacircncias hormocircnios seja como ativadores anaboacutelicos e

estimulantes ou como anticoncepcionais que satildeo

descarregados nos esgotos Por sua vez o lodo gerado por

sedimentaccedilatildeo dos soacutelidos dos esgotos municipais ao longo de

seu tratamento nas ETAs (Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto)

apresenta composiccedilatildeo quiacutemica complexa de difiacutecil

biodegradaccedilatildeo no ambiente assim como possui carga elevada

de microrganismos patogecircnicos com altos riscos agrave sauacutede

puacuteblica e ao ambiente quando despejados na natureza ou

aplicados no solo como biofertilizantes se natildeo foram antes

adequadamente acondicionadas para tal fim

Embora os lodos possuam entre 80 a 90 de seu peso

em aacutegua os restantes 10 a 20 satildeo mateacuteria orgacircnica ali

incluiacutedos os microrganismos e sais inorgacircnicos e metais que

podem ser reaproveitados ou reciclados assim apesar de

todos os problemas que esse resiacuteduo pode causar eacute uma fonte

valiosa de nutrientes como nitrogecircnio e foacutesforo e de metais e

sais diversos Por sua vez a energia contida na massa orgacircnica

pode ser biodegradada em reatores simples e econocircmicos

(biodigestores anaeroacutebios) que funcionam em condiccedilotildees

apropriadas que estimulam o crescimento de bacteacuterias

fermentadoras metanogecircnicas que produzem biogaacutes com alto

teor de metano (meacutedia de 70) recuperando parte da energia

contida nessa biomassa e gerando valor econocircmico de um

resiacuteduo perigoso e rejeitado mas muito valorizado em diversos

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

426

paiacuteses pelo seu conteuacutedo energeacutetico Em algumas ETEs a

produccedilatildeo de biogaacutes e sua transformaccedilatildeo em energia eleacutetrica

permite diminuir o consumo de eletricidade em quase 50

(LEITE 2016)

Dentre os diversos meacutetodos desenvolvidos para anaacutelises

da composiccedilatildeo de faacutermacos alimentos e substacircncias diversas

em matrizes ambientais a cromatografia liacutequida e a gasosa

com detector espectrocircmetro de massas se destacam por

oferecerem alta eficiecircncia A validaccedilatildeo da teacutecnica para

substacircncias especiacuteficas deve garantir que o meacutetodo atenda agraves

exigecircncias das aplicaccedilotildees analiacuteticas assegurando a

confiabilidade dos resultados e evidenciando que a metodologia

eacute exata reprodutiacutevel e flexiacutevel na faixa especiacutefica que a

substacircncia seraacute analisada

Nesse contexto o presente trabalho objetivou realizar

uma revisatildeo bibliograacutefica sobre o tema ldquoPrinciacutepios aplicaccedilotildees

e validaccedilatildeo das cromatografias liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE)

e gasosa (CG) para aplicaccedilotildees em anaacutelises das aacutereas de

sauacutede alimentos e meio ambienterdquo

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O estudo consiste em uma revisatildeo bibliograacutefica com

base na leitura anaacutelises e discussatildeo de artigos cientiacuteficos

manuais dissertaccedilotildees de mestrado e teses de doutorado anais

de congressos e seminaacuterios relacionados com a sauacutede

alimentos e a engenharia sanitaacuteria e ambiental sobre o tema

base de cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE) e

gasosa (CG) Objetiva evidenciar a importacircncia de validar os

meacutetodos de ambas as teacutecnicas quando acopladas a um

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

427

espectrocircmetro de massas para anaacutelises de compostos

quiacutemicos de importacircncia na sauacutede alimentos e meio ambiente

Foram utilizados bancos de dados da SciELO (Scientific

Electronic Library Online) e da CAPES (Coordenaccedilatildeo de

Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior)

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A cromatografia liacutequida claacutessica teve seu iniacutecio no final

do seacuteculo XIX e seu maior avanccedilo ocorreu na deacutecada de 70 do

seacuteculo passado Existem hoje vaacuterios tipos de cromatografias

cromatografia em papel em camada delgada (CCDTLC) em

fase gasosa (CG) e cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia

(CLAE) (COUTO 2015)

Dentre as teacutecnicas cromatograacuteficas mais utilizadas estatildeo

a cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e a

cromatografia gasosa (CG) O objetivo principal das

cromatografias liacutequida e gasosa eacute separar individualmente os

diversos constituintes de uma mistura de substacircncias para

identificar quantificar ou obter a substacircncia pura para os mais

diversos fins A separaccedilatildeo ocorre pela migraccedilatildeo da amostra por

uma fase estacionaacuteria (a coluna) por intermeacutedio de um fluido (a

fase moacutevel) apoacutes a amostra ser injetada no sistema

cromatograacutefico a seguir os componentes da amostra se

distribuem entre as duas fases e devido ao efeito retardante da

fase estacionaacuteria viajam mais lentamente que a fase moacutevel o

equiliacutebrio de distribuiccedilatildeo de componentes entre as duas fases

determina a velocidade de migraccedilatildeo de cada um desses

componente atraveacutes do sistema A identificaccedilatildeo das

substacircncias que estatildeo eluindo da coluna cromatograacutefica pode

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

428

ser feita pelo espectrocircmetro de massas que se destaca como

detector A combinaccedilatildeo dos dois meacutetodos (cromatografia

liacutequida ou gasosa com espectrometria de massas) reduz a

possibilidade de erro (ARGENTON 2010)

A validaccedilatildeo adequada da metodologia assegura a

qualidade metroloacutegica dos ensaios e a confiabilidade teacutecnica

dos resultados Validar um processo equipamento sistema ou

metodologia eacute tornar legiacutetimo atraveacutes do estabelecimento de

documentaccedilotildees tudo que envolve o processo de produccedilatildeo e

controle de qualidade desde as condiccedilotildees do ambiente ateacute os

insumos e mateacuterias-primas que entram em sua composiccedilatildeo

Em outras palavras validar significa garantir que o produto seja

fabricado sempre da mesma forma com a mesma qualidade e

dentro dos limites de toleracircncia preacute estabelecidos

rigorosamente (ATHAIDE 2000 MORETTO SHIB 2000

EMANUELLI 2000 NICOLOacuteSI 2003)

Os paracircmetros determinados na validaccedilatildeo satildeo limite de

detecccedilatildeo limite de quantificaccedilatildeo precisatildeo linearidade

seletividade sensibilidade e exatidatildeo e descritos a seguir

Limite de detecccedilatildeo (LD) Segundo resoluccedilatildeo ANVISA

RE nordm 899 de 29 de maio de 2003 limite de detecccedilatildeo eacute a menor

quantidade do analito presente em uma amostra que pode ser

detectado poreacutem natildeo necessariamente quantificado sob as

condiccedilotildees experimentais definidas O limite de detecccedilatildeo eacute

estabelecido por meio da anaacutelise de soluccedilotildees de concentraccedilotildees

conhecidas e decrescentes do analito ateacute o menor niacutevel

detectaacutevel no caso de meacutetodos instrumentais (CLAE CG

absorccedilatildeo atocircmica) a estimativa do limite de detecccedilatildeo pode ser

feita com base na relaccedilatildeo de 3 vezes o ruiacutedo da linha de base

Pode ser determinado pela equaccedilatildeo LD = (DPa IC) x 3 (em

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

429

que Dpa eacute o desvio padratildeo do intercepto com o eixo do Y de

no miacutenimo 3 curvas de calibraccedilatildeo construiacutedas contendo

concentraccedilotildees proacuteximas ao suposto limite de quantificaccedilatildeo IC

eacute a inclinaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo)

INMETRO DOQ-CGCRE-008de 2006 considera o limite

de detecccedilatildeo do equipamento (LDE) como a concentraccedilatildeo do

analito que produz um sinal de trecircs a cinco vezes a razatildeo

sinalruiacutedo do equipamento O limite de detecccedilatildeo do meacutetodo

(LD) eacute determinado como a concentraccedilatildeo miacutenima de uma

substacircncia medida e declarada com 95 ou 99 de confianccedila

de que a concentraccedilatildeo do analito eacute maior que zero O LD eacute

definido por meio da anaacutelise completa de uma dada matriz

contendo o analito O procedimento de determinaccedilatildeo do LD eacute

aplicado a uma grande variedade de amostras desde a aacutegua

reagente (branco) ateacute aacuteguas residuaacuterias todas contendo o

analito O LD pode variar em funccedilatildeo do tipo da amostra Eacute

fundamental assegurar que todas as etapas de processamento

do meacutetodo analiacutetico sejam incluiacutedas na determinaccedilatildeo desse

limite de detecccedilatildeo

Limite de quantificaccedilatildeo (LQ) segundo ANVISA RE nordm

899 de 29 de maio de 2003 eacute a menor quantidade do analito

em uma amostra que pode ser determinada com precisatildeo e

exatidatildeo aceitaacuteveis sob as condiccedilotildees experimentais

estabelecidas O limite de quantificaccedilatildeo eacute um paracircmetro

determinado principalmente para ensaios quantitativos de

impurezas produtos de degradaccedilatildeo e eacute expresso como

concentraccedilatildeo do analito (por exemplo porcentagem pp ou pV

partes por milhatildeo) na amostra O limite de quantificaccedilatildeo eacute

estabelecido atraveacutes da anaacutelise de soluccedilotildees contendo

concentraccedilotildees decrescentes do analito ateacute o menor niacutevel

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

430

determinaacutevel com precisatildeo e exatidatildeo aceitaacuteveis Pode ser

expresso pela equaccedilatildeo LQ = (Dpa x 10) IC (em que Dpa eacute o

desvio padratildeo do intercepto com o eixo do Y de no miacutenimo 3

curvas de calibraccedilatildeo construiacutedas contendo concentraccedilotildees do

analito proacuteximas ao suposto limite de quantificaccedilatildeo IC eacute a

inclinaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo) Tambeacutem pode ser

determinado por meio do ruiacutedo neste caso determina-se o

ruiacutedo da linha de base e considera-se como limite de

quantificaccedilatildeo aquela concentraccedilatildeo que produza relaccedilatildeo sinal-

ruiacutedo superior a 101

Para INMETRO DOQ-CGCRE-008 de 2006 o limite de

quantificaccedilatildeo eacute a menor concentraccedilatildeo do analito que pode ser

determinada com um niacutevel aceitaacutevel de exatidatildeo e precisatildeo

Pode ser considerado como a concentraccedilatildeo do analito

correspondente ao valor da meacutedia do branco mais 5 6 ou 10

desvios-padratildeo Eacute tambeacutem denominado ldquoLimite de

Determinaccedilatildeordquo que na praacutetica corresponde ao padratildeo de

calibraccedilatildeo de menor concentraccedilatildeo (excluindo o branco) Este

limite apoacutes ter sido determinado deve ser testado para

averiguar se a exatidatildeo e a precisatildeo conseguidas satildeo

satisfatoacuterias

Precisatildeo Segundo ANVISA RE nordm 899 de 29 de maio

de 2003 a precisatildeo eacute a avaliaccedilatildeo da proximidade dos

resultados obtidos em uma seacuterie de medidas de uma

amostragem muacuteltipla de uma mesma amostra Esta eacute

considerada em trecircs niacuteveisrepetibilidade (precisatildeo intra-

corrida) concordacircncia entre os resultados dentro de um curto

periacuteodo de tempo com o mesmo analista e mesma

instrumentaccedilatildeo a repetibilidade do meacutetodo eacute verificada por no

miacutenimo 9 (nove) determinaccedilotildees contemplando o intervalo

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

431

linear do meacutetodo ou seja 3 (trecircs) concentraccedilotildees baixa meacutedia

e alta com 3 (trecircs) reacuteplicas cada ou miacutenimo de 6 determinaccedilotildees

a 100 da concentraccedilatildeo do testeprecisatildeo intermediaacuteria

(precisatildeo inter-corridas) concordacircncia entre os resultados do

mesmo laboratoacuterio mas obtidos em dias diferentes com

analistas diferentes eou equipamentos diferentes Para a

determinaccedilatildeo da precisatildeo intermediaacuteria recomenda-se um

miacutenimo de 2 dias diferentes com analistas diferentes

reprodutibilidade (precisatildeo inter-laboratorial) concordacircncia

entre os resultados obtidos em laboratoacuterios diferentes como em

estudos colaborativos frequentemente aplicados agrave

padronizaccedilatildeo de metodologia analiacutetica A precisatildeo de um

meacutetodo analiacutetico pode ser expressa como o desvio padratildeo ou

desvio padratildeo relativo (coeficiente de variaccedilatildeo) de uma seacuterie de

medidas A precisatildeo pode ser expressa como desvio padratildeo

relativo (DPR) ou coeficiente de variaccedilatildeo (CV) segundo a

equaccedilatildeo DPR = (DP CMD) x 100 (onde DP eacute o desvio

padratildeo e CMD a concentraccedilatildeo meacutedia determinada) O valor

maacuteximo aceitaacutevel deve ser definido de acordo com a

metodologia empregada a concentraccedilatildeo do analito na amostra

o tipo de matriz e a finalidade do meacutetodo natildeo se admitindo

valores superiores a 20

Segundo INMETRO DOQ-CGCRE-008 de 2006 eacute um

termo geral para avaliar a dispersatildeo de resultados entre ensaios

independentes repetidos de uma mesma amostra de amostras

semelhantes ou padrotildees em condiccedilotildees definidas Eacute

normalmente determinada para circunstacircncias especiacuteficas de

mediccedilatildeo e as duas formas mais comuns de expressaacute-la satildeo por

meio da repetitividade e a reprodutibilidade sendo

frequentemente expressas pelo desvio-padratildeo Repetitividade

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

432

e reprodutibilidade satildeo comumente dependentes da

concentraccedilatildeo do analito e deste modo devem ser determinadas

para um diferente nuacutemero de concentraccedilotildees e em casos

relevantes a relaccedilatildeo entre precisatildeo e a concentraccedilatildeo do analito

deve ser estabelecida

Linearidade Segundo ANVISA RE nordm 899 (29 de maio

de 2003) eacute a capacidade de uma metodologia analiacutetica de

demonstrar que os resultados obtidos satildeo diretamente

proporcionais agrave concentraccedilatildeo do analito na amostra dentro de

um intervalo especificado se recomenda que a linearidade seja

determinada pela anaacutelise de no miacutenimo 5 (cinco) concentraccedilotildees

diferentes O criteacuterio miacutenimo aceitaacutevel do coeficiente de

correlaccedilatildeo reg deve ser igual a 099

Para INMETRO DOQ-CGCRE-008 2006 linearidade eacute

a habilidade de um meacutetodo analiacutetico em produzir resultados

diretamente proporcionais agrave concentraccedilatildeo desse analito em

amostras de uma dada faixa de concentraccedilatildeo A quantificaccedilatildeo

requer que se conheccedila a dependecircncia entre a resposta medida

e a concentraccedilatildeo do analito e a linearidade eacute obtida por

padronizaccedilatildeo interna ou externa e formulada como expressatildeo

matemaacutetica usada para o caacutelculo da concentraccedilatildeo do analito a

ser determinado na amostra real A equaccedilatildeo da reta que

relaciona as duas variaacuteveis eacute y = ax + b (onde y eacute a resposta

medida ndash absorbacircncia altura ou aacuterea do pico etc x eacute a

concentraccedilatildeo a eacute a inclinaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo que

equivale agrave sensibilidade e b eacute a interseccedilatildeo com o eixo y quando

x eacute igual a 0) A linearidade de um meacutetodo pode ser observada

pelo graacutefico dos resultados dos ensaios em funccedilatildeo da

concentraccedilatildeo do analito ou entatildeo calculada a partir da equaccedilatildeo

da regressatildeo linear determinada pelo meacutetodo dos miacutenimos

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

433

quadrados O coeficiente de correlaccedilatildeo linear reg eacute

frequentemente usado para indicar o quanto pode ser

considerada adequada a reta como modelo matemaacutetico e deve

ser igual a 090

Seletividade Segundo ANVISA RE nordm 899 de 29 de

maio2003 eacute a capacidade que o meacutetodo possui de medir

exatamente um composto em presenccedila de outros componentes

tais como impurezas produtos de degradaccedilatildeo e componentes

da matriz Para anaacutelise qualitativa (teste de identificaccedilatildeo) eacute

necessaacuterio demonstrar a capacidade de seleccedilatildeo do meacutetodo

entre compostos com estruturas relacionadas o que deve ser

confirmado pela obtenccedilatildeo de resultados positivos

(preferivelmente em relaccedilatildeo ao material de referecircncia

conhecido) em amostras contendo o analito comparando-as

com resultados negativos obtidos com amostras que natildeo

conteacutem o faacutermaco mas compostos estruturalmente

semelhantes Em meacutetodos cromatograacuteficos eacute preciso tomar

precauccedilotildees para garantir a pureza dos picos cromatograacuteficos

usando testes de pureza de pico (por exemplo com auxilio de

detector de arranjo de fotodiodos ou espectrometria de massas)

que satildeo interessantes para demonstrar que o pico

cromatograacutefico eacute atribuiacutedo a um soacute componente

Para INMETRO DOQ-CGCRE-008 (2006) uma amostra

consiste dos analitos a serem medidos da matriz e de outros

componentes que podem ter algum efeito na mediccedilatildeo mas que

natildeo se quer quantificar A especificidade e a seletividade estatildeo

relacionadas ao evento da detecccedilatildeo e um meacutetodo que produz

resposta para apenas um analito eacute denominado especiacutefico um

meacutetodo que produz respostas para vaacuterios analitos mas que

pode distinguir a resposta de um analito da de outros eacute

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

434

chamado seletivo entretanto os termos especificidade e

seletividade satildeo frequentemente utilizados indistintamente ou

com diferentes interpretaccedilotildees

Sensibilidade Segundo INMETRO DOQ-CGCRE-008

(2006) sensibilidade eacute um paracircmetro que evidencia a variaccedilatildeo

da resposta em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo do analito Pode ser

expressa pela inclinaccedilatildeo da reta de regressatildeo de calibraccedilatildeo

que eacute determinada simultaneamente com os testes de

linearidade Pode ser expressa pela equaccedilatildeo S = dxdc (onde

dx eacute variaccedilatildeo da resposta e dc eacute a variaccedilatildeo da concentraccedilatildeo)

Exatidatildeo ANVISA RE nordm 899 (2003) define exatidatildeo de

um meacutetodo analiacutetico como a proximidade dos resultados

obtidos pelo meacutetodo em estudo em relaccedilatildeo ao valor verdadeiro

A exatidatildeo eacute calculada como porcentagem de recuperaccedilatildeo da

quantidade conhecida do analito adicionado agrave amostra ou

como a diferenccedila porcentual entre as meacutedias e o valor

verdadeiro aceito acrescida dos intervalos de confianccedila A

exatidatildeo do meacutetodo deve ser determinada apoacutes o

estabelecimento da linearidade do intervalo linear e da

especificidade do mesmo sendo verificada a partir de no

miacutenimo 9 (nove) determinaccedilotildees contemplando o intervalo

linear do procedimento ou seja 3 (trecircs) concentraccedilotildees baixa

meacutedia e alta com 3 (trecircs) reacuteplicas cada Pode ser expressa pela

seguinte equaccedilatildeo E = (CME CT) x 100 (onde CME eacute a

concentraccedilatildeo meacutedia experimental e CT eacute a concentraccedilatildeo

teoacuterica)

Para INMETRO DOQ-CGCRE-008 (2006) a exatidatildeo do

meacutetodo eacute definida como a concordacircncia entre o resultado de um

ensaio e o valor de referecircncia aceito como convencionalmente

verdadeiro Os processos geralmente utilizados para avaliar a

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

435

exatidatildeo de um meacutetodo satildeo uso de materiais de referecircncia

comparaccedilotildees interlaboratoriais e ensaios de recuperaccedilatildeo A

exatidatildeo quando aplicada a uma seacuterie de resultados de ensaio

seraacute uma combinaccedilatildeo de componentes de erros aleatoacuterios e

sistemaacuteticos

A seguir se apresentam resultados de vaacuterios artigos

cientiacuteficos relacionados ao tema base

Bieniek et al (2011) estudando a validaccedilatildeo por

cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia aplicada ao doseamento

de clozapina em nanopartiacuteculas polimeacutericas utilizaram CLAE

com detector de arranjo de fotodiodos (comprimento de onda

de 278 nm) com coluna c18 eluiacuteccedilatildeo isocraacutetica com acetonitrila-

tampatildeo fosfato 50 mm pH 38 (6040 vv) e fluxo de 15 mlmin

seguiu legislaccedilotildees internacionais vigentes no paiacutes e mostrou-se

adequada para a faixa de concentraccedilatildeo da clozapina entre 10

ndash 320 microgml Destaca-se que clozapina eacute um dos mais eficazes

neuroleacutepticos conhecidos usa-se no tratamento de sintomas

psicoacuteticos das esquizofrenias e em portadores de transtornos

bipolares e tambeacutem para tratar distuacuterbios do pensamento

emocionais e comportamentais em pacientes com doenccedila de

Parkinson quando falha o tratamento convencional sendo

importante a dosagem correta

Seguindo a tendecircncia mundial de estudar o valor

nutricional e efeitos associados agrave sauacutede dos pigmentos de

frutas Sentanin e Amaya (2007) utilizaram CLAE para analisar

quantitativamente os principais 435arotenoides presentes em

trecircs cultivares de mamatildeo (Formosa Golden e Sunrise) e trecircs

cultivares de pecircssego (Xiripaacute Coral e Diamante) Para cada

cultivar analisaram-se 5 (cinco) lotes durante o ano para

mamatildeo e durante uma safra para pecircssego A pureza dos

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

436

padrotildees isolados foi de 90 para β-criptoxantina 97 para β-

caroteno e 98 para licopeno e violaxantina As curvas

apresentaram linearidade passaram pela origem e os pontos

tiveram coeficientes de variaccedilatildeo menor que 5 as

concentraccedilotildees encaixaram-se agraves esperadas nas amostras os

coeficientes de correlaccedilatildeo permaneceram muito proacuteximos do

valor 10 sendo 09794 para licopeno 09968 para

violaxantina 09919 e 09934 para β-caroteno e 09993 para β-

criptoxantina Os trecircs cultivares de mamatildeo apresentaram

composiccedilatildeo parecida com as meacutedias dos conteuacutedos totais de

licopeno β-criptoxantina e β-caroteno variando de 185 a 239

82 a 117 e 05 a 12 microgg -1 respectivamente Em relaccedilatildeo ao

pecircssego os cultivares Coral e Xiripaacute tiveram niacuteveis muito baixos

de 436arotenoides o cultivar Diamante teve um teor total meacutedio

de 64 microgg -1 de β-criptoxantina o 436arotenoide principal Os

autores concluiacuteram que as variedades de mamatildeo estudadas

contecircm licopeno β-criptoxantina e β-caroteno como principais

436arotenoides com mais elevadas concentraccedilotildees do primeiro

e 436arotenoides bastante proacuteximas entre si Os cultivares de

pecircssego contecircm β-criptoxantina β-caroteno e violaxantina

como principais 436arotenoides sendo o primeiro majoritaacuterio

Jaacute duas variedades de pecircssego (Coral e Xiripaacute) tecircm

composiccedilatildeo de 436arotenoides muito semelhantes mas com

teores muito inferiores os encontrados no cultivar Diamante

Com esses dados as propriedades nutricionais e ldquocurativasrdquo

desses cultivares podem ser diferentes facilitando eventuais

escolhas de suas diferentes variedades para diferentes tipos de

dietas

Mesquita et al (2013) trabalharam com a validaccedilatildeo de

meacutetodo de cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) para

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

437

a determinaccedilatildeo de sete AGV ndash aacutecidos foacutermico aceacutetico

propiocircnico butiacuterico isobutiacuterico valeacuterico e isovaleacuterico de

composiccedilatildeo de C1 ateacute C5 todos intermediaacuterios da digestatildeo

anaeroacutebia em amostras ambientais Utilizaram uma coluna de

troca iocircnica HPX-87H (Bio-Rad3000x78 mm) a 55ordmC com

volume de injeccedilatildeo de 10 microL e fase moacutevel (001molL-1 H2SO4)

no modo isocraacutetico com uma vazatildeo de 06 mLmin-1 Os AGV

foram analisados no comprimento de onda de 210 nm com

detector UV-Vis com arranjo de diodos (DAD ndash Shimadzu SPD-

M20A) em um tempo total de anaacutelise de 35 min Os criteacuterios de

validaccedilatildeo foram limites de detecccedilatildeo e de quantificaccedilatildeo que

ficaram na faixa de 50 a 10mgL-1e 15 a 30mgL-

1respectivamente linearidade (comprovada para todos os

aacutecidos) repetitividade e sensibilidade (muito boa para a maioria

dos aacutecidos) efeito de matriz (efeito de supressatildeo observado

para o aacutecido isobutiacuterico) e exatidatildeo (85 a 104) Os autores

concluiacuteram que o meacutetodo de cromatografia liacutequida de alta

eficiecircncia proposto para a anaacutelise dos sete AGV em amostras

de efluentes anaeroacutebios foi devidamente validado segundo os

criteacuterios de limite de detecccedilatildeo limite de quantificaccedilatildeo faixa de

trabalho linearidade precisatildeo (repetitividade) sensibilidade

seletividade e exatidatildeo O meacutetodo apresentou boa

repetitividade uma vez que a pior condiccedilatildeo obtida para o aacutecido

isovaleacuterico resultou em coeficiente de variaccedilatildeo de 164 Aleacutem

disso o meacutetodo apresentou boa seletividade para os sete AGV

testados agrave exceccedilatildeo do aacutecido isobutiacuterico para qual o efeito de

matriz pareceu mais pronunciado Jaacute o efeito de matriz pareceu

ser menos interferente para o aacutecido propiocircnico A exatidatildeo do

meacutetodo tambeacutem foi comprovada e variou de 85 a 104 Sendo

assim as condiccedilotildees operacionais adotadas para as anaacutelises

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE

ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

438

cromatograacuteficas se mostraram adequadas e vaacutelidas para a

determinaccedilatildeo quantitativa de AGV em amostras de efluentes

anaeroacutebios

Mulat e Feilberg (2015) objetivaram estabelecer um

meacutetodo raacutepido e simples de cromatografia gasosa acoplada a

espectrocircmetro de massas (CGEM) para a determinaccedilatildeo do

enriquecimento isotoacutepico de acetato e concentraccedilatildeo de aacutecidos

graxos de cadeia curta (AGV natildeo derivados) em amostras de

digestores anaeroacutebios de biogaacutes por injeccedilatildeo de liacutequido direto de

amostras aquosas acidificadas A preparaccedilatildeo da amostra

envolveu acidificaccedilatildeo centrifugaccedilatildeo e filtraccedilatildeo da soluccedilatildeo

aquosa seguida pela injeccedilatildeo direta dessa soluccedilatildeo aquosa

sobrenadante sobre uma coluna polar Com a preparaccedilatildeo da

amostra e as condiccedilotildees de CGEM utilizadas obteve-se

cromatogramas bem resolvidos com picos de AGV obtidos em

curto tempo Boa recuperaccedilatildeo (966-1023) bem como

detecccedilatildeo de baixas concentraccedilotildees (4-7 mol L) e limites de

quantificaccedilatildeo (14-22 nmol L) foram obtidos para todos os seis

AGV estudados Boa linearidade foi atingida para a

concentraccedilatildeo e mediccedilatildeo do enriquecimento do isoacutetopo com

coeficientes de regressatildeo maior do que 09978 e 09996

respectivamente O meacutetodo mostrou boa precisatildeo intra- e inter-

dia com um desvio-padratildeo relativo inferior a 6 para a

determinaccedilatildeo da relaccedilatildeo de (TTR) de ambos acetato de [2- (13)

C] e [U- (13) C] acetato Ele tambeacutem tem uma boa precisatildeo intra

e inter-dia com um desvio padratildeo relativo inferior a 6 e 5

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de amostras de soluccedilatildeo

e de biogaacutes em digestor padratildeo respectivamente A

acidificaccedilatildeo de amostras de biogaacutes com aacutecido oxaacutelico com o

pH baixo requerido para a protonaccedilatildeo dos AGV permite a

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE

ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

439

extraccedilatildeo de AVG de cadeias curtas em especial acetato a partir

da matriz da amostra complexa Aleacutem disso o aacutecido oxaacutelico foi

a fonte de aacutecido foacutermico que foi produzida no injetor ajustado a

uma temperatura elevada O aacutecido foacutermico produziu e impediu

a adsorccedilatildeo de aacutecidos graxos e cadeia curta na coluna

eliminando a distorccedilatildeo de picos e picos fantasmas A

aplicabilidade do meacutetodo de CGEM validado para a

determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de acetato e o seu

enriquecimento isotoacutepico 13C em amostras de digestores

anaeroacutebios foi testado e os resultados demonstram a

adequabilidade do presente meacutetodo para identificar as vias

metaboacutelicas envolvidas na degradaccedilatildeo e na produccedilatildeo de

acetato

4 CONCLUSOtildeES

O meacutetodo da cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia e o

meacutetodo de cromatografia gasosa acoplados a um

espectrocircmetro de massas como detector satildeo ferramentas

analiacuteticas eficazes que reduzem a possibilidade de erro A

validaccedilatildeo dos meacutetodos eacute fundamental para sua credibilidade

assegurando a confianccedila dos resultados de acordo com

ANVISA e INMETRO Tornam-se assim passiacuteveis de aplicaccedilatildeo

em anaacutelises na aacuterea de alimentos sauacutede e meio ambiente se

atenderem aos paracircmetros de validaccedilatildeo (exatidatildeo linearidade

limite de detecccedilatildeo limite de quantificaccedilatildeo precisatildeo

seletividade sensibilidade)

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE

ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

440

AGEcircNCIA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA (ANVISA) Resoluccedilatildeo RE ndeg 899 de 29 de maio de 2003 Guia para validaccedilatildeo de meacutetodos analiacuteticos e bioanaliacuteticos Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF ARGENTON A Conceitos de cromatografia a gaacutes Minicursos CRQ IV 2010 Disponiacutevel em lt httpwwwcrq4orgbrsmsfilesfilecromatografia_site_mini2010pdf gt Acesso em 25 jun 2016 ATHAIDE A Validaccedilatildeo comprova e documenta qualidade dos produtos e equipamentos RevControle de Contaminaccedilatildeo p16-22 maiojunBrasil 2000 BIENIEKD D et al Validaccedilatildeo de metodologia analiacutetica por cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia para doseamento de clozapina em nanopartiacuteculas polimeacutericas PERSPECTIVA Erechim v35 n129 p 17-26 marccedilo2011 COUTO S Cromatografia importacircncia e aplicaccedilotildees Disponiacutevel em lthttpbetaeqcombrindexphp20151025cromatografia-importancia-e-aplicacoesgt Acesso em 26 set 2016 EMANUELLI T SCANDIUZZI M Validaccedilatildeo de processos na induacutestria farmacecircutica In Congresso de Produtos Farmacecircuticos e Cosmeacuteticos 2000 Rio Grande do Sul Universidade do Rio Grande do Sul Anais 2000 p57 INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA NORMALIZACcedilAtildeO EQUALIDADE INDUSTRIAL (INMETRO) Orientaccedilatildeo sobre validaccedilatildeode meacutetodos de ensaios quiacutemicos Documento orientativo DOQCGCRE-008p 35 2006 LEITE P Lodo de esgoto seraacute usado para produzir energia O Estado de Satildeo Paulo 29 de julho de 2016 Disponiacutevel em lthttpsao-pauloestadaocombrnoticiasgerallodo-e-esgoto-serao-usados-para-produzir-energia10000065602gt Acesso em 29 jul2016 MESQUITA PL etalValidaccedilatildeo de meacutetodo de cromatografia liacutequida para a determinaccedilatildeo de sete aacutecidos graxos volaacuteteis intermediaacuterios da digestatildeo anaeroacutebia InEngSanitAmbient v18 n4 p 295-302 outdez 2013 MORETTO L D SHIB M A era da validaccedilatildeo Pharmaceutical Technologyv4 p 40-48 2000 MULATDGFEILBERGA GCMS method for determining carbon isotope enrichment and concentration of underivatized short-chain fatty acids by direct aqueous solution injection of biogas digester samples Talanta 2015 NASCIMENTO A A importacircncia da cromatografia Ciecircncias da vida 2011 Disponiacutevel em

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE

ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

441

lthttpwwwengenhariaearquiteturacombrblogciencias-da-vidap=378gt Acesso em 27 set 2016 NICOLOacuteSI M Validaccedilatildeo de meacutetodos analiacuteticos Controle de Contaminaccedilatildeo 20035412-21 SENTANI M A AMAYA D B R Teores de carotenoacuteides em mamatildeo e

pecircssego determinados por cromatografia liacutequida de alta eficiecircnciaCiecircnc

Tecnol Aliment Campinas 27(1) 13-19 jan-mar 2007

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

442

CAPIacuteTULO 25

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA

DISLIPIDEMIA

Kamila Sabino BATISTA 1

Nadia Elisabeth Aburto FIERRO 2

Nataacutelia Sufiatti de Holanda CAVALCANTI 2 Jailane de Souza AQUINO 3

1 Mestranda em Ciecircncias da Nutriccedilatildeo PPGCN UFPB 2 Nutricionistas pela UFPB 3 OrientadoraProfessora Doutora do DN e do PPGCN UFPB

kamilasabino10hotmailcom

RESUMO A dislipidemia eacute um dos atuais problemas de sauacutede puacuteblica mais prevalentes e eacute caracterizada por alteraccedilotildees no metabolismo lipiacutedico Seu controle pode ser exercido atraveacutes da inclusatildeo de fibras dieteacuteticas na alimentaccedilatildeo e modificaccedilotildees no estilo de vida As frutas tropicais e seus subprodutos agroindustriais satildeo promissoras fontes de fibras dieteacuteticas Neste sentido objetivou-se fazer uma revisatildeo de literatura utilizando bases de dados Pubmed Scielo Science Direct e Google acadecircmico sobre a influecircncia da atividade prebioacutetica das fibras dieteacuteticas provenientes de subprodutos de frutas tropicais sobre o tratamento da dislipidemia em publicaccedilotildees entre os anos de 2008 a 2016 Verificou-se que fibras dieteacuteticas oriundas de frutas tropicais partes de frutas e subprodutos de frutas podem modular a microbiota intestinal com consequente produccedilatildeo de aacutecidos graxos de cadeia curta e regulaccedilatildeo do metabolismo lipiacutedico As pesquisas com frutas eou partes de frutas testadas obtiveram respostas satisfatoacuterias em relaccedilatildeo agrave melhora do perfil lipiacutedico Mesmo havendo evidecircncias da atividade prebioacutetica das fibras dieteacuteticas de frutas tropicais e sua influecircncia sobre o tratamento da dislipidemia haacute uma

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

443

escassez de pesquisas sobre os subprodutos agroindustriais de frutas e novos estudos devem ser estimulados com a finalidade de introduzi-los posteriormente na alimentaccedilatildeo humana e diminuir consequentemente a poluiccedilatildeo ambiental visando uma produccedilatildeo sustentaacutevel Palavras-chave Dislipidemia Microbiota intestinal Subprodutos de frutas

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil eacute o terceiro maior produtor mundial de frutas

tropicais frescas e processadas (IBRAF 2016ordf) Entretanto o

aumento da demanda de beneficiamento dessa produccedilatildeo

frutiacutecola aumentou a geraccedilatildeo de subprodutos agroindustriais

que muitas vezes satildeo descartados de forma inadequada

causando problemas ambientais (SOUSA CORREIA 2010)

Os subprodutos podem apresentar maior quantidade de

nutrientes principalmente de fibras dieteacuteticas do que o

conteuacutedo total apresentado originalmente por algumas frutas

(MYODA et al 2010 FRACASSETTI et al 2013) As FD satildeo

carboidratos complexos considerados componentes bioativos

presentes nas frutas que podem apresentar efeito prebioacutetico no

intestino (SLAVIN 2008 CANDELA et al 2010)

Investigaccedilotildees cientiacuteficas relatam que as frutas e seus

subprodutos podem apresentar accedilatildeo prebioacutetica que contribui no

tratamento das dislipidemias atraveacutes da modulaccedilatildeo da

microbiota intestinal produccedilatildeo de aacutecidos graxos de cadeia curta

(AGCC) e melhora do metabolismo lipiacutedico (ARORA SHARMA

FROST 2011 KACZMARCZYK MILLER FREUND 2012

LAYDEN et al 2013)

A dislipidemia eacute uma das Doenccedilas Crocircnicas Natildeo

Transmissiacuteveis (DCNT) mais prevalentes na populaccedilatildeo

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

444

mundial sendo considerada um problema de sauacutede puacuteblica

decorrente da alteraccedilatildeo do metabolismo lipiacutedico (XAVIER et al

2013) que pode ser controlada por meio de uma dieta

adequada (RIDEOUT et al 2010)

Considerando tais aspectos o presente estudo foi

realizado com o objetivo de elaborar uma revisatildeo da literatura

sobre a influecircncia da atividade prebioacutetica de fibras dieteacuteticas

oriundas de subprodutos agroindustriais de frutas tropicais

sobre o tratamento da dislipidemia

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O levantamento bibliograacutefico foi realizado mediante

busca de artigos cientiacuteficos nos idiomas inglecircs e portuguecircs

publicados entre os anos de 2008 a 2016 nas bases de dados

Pubmed Scielo Science Direct e Google acadecircmico

Considerou-se a originalidade a relevacircncia o rigor e a

adequaccedilatildeo do desenho experimental Foram utilizados na

busca os seguintes descritores em inglecircs (fruit tropical fruits

by-product residue waste dietery fiber prebiotic gut

microbiota e dyslipidemia) e em portuguecircs (frutas frutas

tropicais subproduto resiacuteduo resiacuteduos fibra dieteacutetica

prebioacutetico microbiota intestinal e dislipidemia)

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O desenvolvimento de muitas doenccedilas crocircnicas natildeo

transmissiacuteveis (DCNT) na populaccedilatildeo brasileira estaacute associado

agrave transiccedilatildeo alimentar dos uacuteltimos anos que caracteriza-se pelo

aumento do consumo de alimentos ultraprocessados com baixo

teor de nutrientes e muito caloacutericos (oacuteleos e gorduras vegetais

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

445

gordura animal accediluacutecar e refrigerantes e bebidas alcooacutelicas) e

de produtos de origem animal (carnes leite e derivados e ovos)

pela baixa ingestatildeo de frutas verduras e legumes (LEVY et al

2012 SOUZA et al 2013) concomitantemente agrave inatividade

fiacutesica (GOMES 2014)

A dislipidemia tambeacutem chamada de dislipidemia

aterogecircnica (TENENBAUM FISMAN 2012) pois seus

componentes satildeo fatores de risco para o desenvolvimento da

doenccedila arterial coronariana (DAC) eacute uma DCNT decorrente da

alteraccedilatildeo do metabolismo lipiacutedico Caracteriza-se pela

elevaccedilatildeo dos niacuteveis plasmaacuteticos de Colesterol Total (CT)

Lipoproteiacutena de Baixa Intensidade (LDL-c) e Trigliceriacutedeos

(TG) assim como pela reduccedilatildeo das concentraccedilotildees plasmaacuteticas

da Lipoproteiacutena de Alta Intensidade (HDL-c) sendo que estas

alteraccedilotildees podem ou natildeo estar associadas (XAVIER et al

2013)

O controle da dislipidemia pode ser realizado por meio de

cuidados dieteacuteticos associados a mudanccedilas no estilo de vida e

praacutetica de exerciacutecios fiacutesicos sendo em alguns casos tambeacutem

necessaacuterio o tratamento farmacoloacutegico Todavia a alimentaccedilatildeo

adequada eacute reconhecida como a intervenccedilatildeo mais importante

na prevenccedilatildeo e tratamento da dislipidemia (RIDEOUT et al

2010) fazendo-se necessaacuterio reduzir o consumo de alimentos

fontes de colesterol aacutecidos graxos saturados aacutecidos graxos

trans e accediluacutecares simples e aumentar a ingestatildeo de fibras

alimentares (XAVIER et al 2013)

Estudos tecircm relacionado o consumo de frutas tropicais

com a prevenccedilatildeo de DCNT como dislipidemias doenccedilas

cardiovasculares cacircncer e outras patologias relacionadas ao

envelhecimento (VIUDA-MARTOS et al 2010 PRAKASH et

al 2012 PAHUA-RAMOS et al 2012 QUIROacuteS-SAUCEDA et

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

446

al 2014) principalmente porque as frutas apresentam

numerosos fitoquiacutemicos com potencial atividade bioloacutegica

chamados de compostos bioativos (CBAs) Os CBAs mais

comuns presentes nos frutos tropicais satildeo as fibras dieteacuteticas

(FD) vitaminas C e E carotenoacuteides compostos fenoacutelicos e

minerais (AYALA-ZAVALA et al 2011) As frutas exoacuteticas

exibem conteuacutedo importante do FD dentre as que apresentam

maior teor de fibra inclui goiaba (30 g100g) carambola (278

g100g) mamey (Pouteria sapota) (30 g100g) manga (310

g100g) sapoti (531 g100g) e framboesas (650 g 100 g)

(AYALA-ZAVALA et al 2011)

O Brasil eacute o terceiro maior produtor de frutas com

aproximadamente 43 milhotildees de toneladas produzidas ao ano

onde 47 satildeo comercializadas na forma in natura e 53 das

frutas satildeo processadas (IBRAF 2016b) O beneficiamento da

produccedilatildeo frutiacutecola incide na elevaccedilatildeo da geraccedilatildeo de

subprodutos agroindustriais (cascas e caroccedilos ou sementes)

cerca de 39000 toneladas anualmente que contribui

significativamente com a poluiccedilatildeo do meio ambiente por natildeo

apresentarem um destino sustentaacutevel (SOUSA CORREIA

2010) A depender da fruta os principais subprodutos gerados

no processamento satildeo casca caroccedilo ou sementes e o bagaccedilo

Esses subprodutos possuem em sua composiccedilatildeo FD

vitaminas minerais e compostos antioxidantes importantes

para as funccedilotildees fisioloacutegicas (SOUSA et al 2011) e podem ser

introduzidos em produtos alimentares como fontes de CBAs

O Codex Alimentarius Commission (2012) define a fibra

dieteacutetica como poliacutemeros de carboidratos com dez ou mais

unidades monomeacutericas que natildeo satildeo hidrolisados por enzimas

endoacutegenas no intestino delgado dos humanos Para que uma

FD exerccedila atividade prebioacutetica deve atender efetivamente a

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

447

trecircs criteacuterios (I) resistecircncia a acidez gaacutestrica e a hidroacutelise por

enzimas de mamiacuteferos e absorccedilatildeo gastrointestinal (II)

substrato de fermentaccedilatildeo por micro-organismos intestinais

pertencentes a microbiota humana e (III) estimulaccedilatildeo seletiva

do crescimento eou atividade de bacteacuterias intestinais

(principalmente bifidobacteacuterias e lactobacilos) associados com

a sauacutede e bem-estar (CANDELA et al 2010

PUSHPANGADAN et al 2014)

Quanto agrave solubilidade em aacutegua as fibras dieteacuteticas satildeo

classificadas em soluacuteveis e insoluacuteveis As fibras dieteacuteticas

insoluacuteveis (FDI) como a celulose a lignina e algumas

hemiceluloses e mucilagens contribuem para o aumento do

volume do bolo fecal reduccedilatildeo do tempo de tracircnsito intestinal

retardo da absorccedilatildeo de glicose e retardo da

hidroacutelise do amido satildeo encontradas em maior quantidade no

farelo de trigo nos cereais integrais e seus produtos nas raiacutezes

e nas hortaliccedilas (BARACHO et al 2012 CUPERSMID et al

2012 PORFIacuteRIO HENRIQUE DE ABREU REIS 2014)

As fibras dieteacuteticas soluacuteveis (FDS) incluem a maioria das

pectinas gomas mucilagens e hemiceluloses que satildeo

encontradas em frutas farelo de aveia cevada e leguminosa e

comprovadamente satildeo responsaacuteveis pelo aumento do tempo

de tracircnsito intestinal diminuiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico ao

retardo da absorccedilatildeo de glicose diminuiccedilatildeo da glicemia poacutes-

prandial e reduccedilatildeo do colesterol sanguiacuteneo devido agraves suas

propriedades fiacutesicas que conferem viscosidade ao conteuacutedo

luminal (AYALA-ZAVALA et al 2011 KACZMARCZYK

MILLER FREUND 2012)

A ingestatildeo de fibra alimentar recomendada para os

indiviacuteduos saudaacuteveis eacute de 15 a 30 gdia sendo 75 das fibras

insoluacuteveis e 25 soluacuteveis A recomendaccedilatildeo diaacuteria de

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

448

prebioacuteticos ainda natildeo estaacute estabelecida mas a quantidade de

5 a 10 g pode ser recomendada para manutenccedilatildeo da microbiota

normal e de 125 a 20 g para recuperaccedilatildeo das bifidobacteacuterias

(SBNPE SBCM ABN 2011)

Na literatura cientiacutefica haacute poucos trabalhos que analisam

os efeitos fisioloacutegicos das FD advindas de frutas e dos seus

subprodutos agroindustriais in vitro e in vivo (modelos

experimentais humanos ou animais) No Quadro (1) pode-se

observar algumas pesquisas com frutas eou seus subprodutos

e os principais efeitos sobre a sauacutede Na Figura (1) estaacute a

distribuiccedilatildeo percentual dos estudos sobre os efeitos fisioloacutegicos

de frutas partes da fruta e subprodutos de frutas sobre agrave sauacutede

Quadro 1 Efeitos fisioloacutegicos de fibras dieteacuteticas oriundas de frutas e subprodutos de frutas

Tipo de estudo

Fruta subprodut

o

Principais resultados

Referecircncia

In vivo (ratas Wistar)

Cacau (Theobroma cacao L

uarrBifidobacterium e Lactobacillus uarr produccedilatildeo de AGCC e darrpH cecal e fecal

Massot Cladera et al 2015

In vitro Pitaya (Hylocereus undatus (Haw))

Oligossacariacutedeos da Pitaya uarrresistecircncia a acidez gaacutestrica uarrcrescimento de Lactobacillus e bifidobacteacuterias

Wichienchot Jatupornpipat Rastall 2010

In vitro e in vivo

Maccedilatilde (Malus domestica)

In vitro pectina de maccedilatilde uarrBifidobacterium

Shinohara et al 2010

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

449

(homens saudaacuteveis)

e Lactobacillus em fezes de adultos In vivo ingestatildeo das maccedilatildes uarrbifidobacteacuterias Lactobacillus e Streptococcus (incluindo Enterococcus) nas fezes darr C perfringens enterobacteacuterias e Pseudomonas uarrconcentraccedilotildees fecais do AGCC aceacutetico

In vivo (ratos Wistar lactantes e poacutes-lactantes)

Pupunha vermelha (Bactris gasipaes Kunth)

Lactantes darrpeso corporal darrCT uarrHDL Poacutes-lactantes darrtrigliceriacutedeos uarrHDL

Carvalho et al 2013

In vitro Subprodutos de tacircmara (caroccedilos) (Phoenix dactylifera L varMedjoul) e maccedilatilde (bagaccedilo) (Malus

Fermentaccedilatildeo in vitro por bacteacuterias colocircnicas produziu AGCC (formiato succinato acetato propionato e butirato)

Gullon et al 2015a

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

450

domestica var rayada)

In vitro Subproduto (casca) de romatilde (Punica granatum)

A fermentaccedilatildeo in vitro por bacteacuterias do coacutelon gerou os aacutecidos aceacutetico propiocircnico e butiacuterico

Gullon et al 2015b

In vivo (hamsters Golden Syrian machos)

Casca de abacaxi (Ananas comosus L Merr)

Modulaccedilatildeo das atividades de enzimas bacterianas fecais darrconteuacutedos de amocircnia no ceco e nas fezes uarrconcentraccedilatildeo no ceacutecum de AGCC

Huang Tsai Chow 2014

In vivo (ratos Wistar)

Casca de maracujaacute (Passiflora edulis)

Efeito positivo na produccedilatildeo de AGCC poreacutem natildeo houve alteraccedilatildeo na microbiota intestinal

Da Silva et al 2014

In vivo (indiviacuteduos sedentaacuterios)

Casca de maracujaacute (Passiflora edulis)

darr Glicemia e CT Miranda et al 2015

In vivo (ratos Wistar)

Casca de maracujaacute (Passiflora edulis)

uarrHDL-c darrglicemia darrTG darrCT

Barbalho et al 2012

Fonte Pesquisa direta 2016

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

451

Figura 2 Percentual de estudos sobre os efeitos fisioloacutegicos de frutas partes da fruta e subprodutos de frutas agrave sauacutede

Fonte Pesquisa direta 2016

Pode-se perceber que a maioria das pesquisas

encontradas avaliaram os efeitos fisioacutelogicos de frutas e partes

de frutas e que satildeo escassos os trabalhos com subprodutos de

frutas tropicais Assim ainda haacute muito a se averiguar sobre os

efeitos fisioloacutegicos e o potencial probioacutetico dos subprodutos

agroindustriais gerados das diversas frutas tropicais que satildeo

produzidas processadas e comercializadas internamente e

externamente

Dominguez-Bello et al (2011) dizem que a dieta eacute um

dos determinantes mais importantes da diversidade microbiana

no trato gastrointestinal (TGI) humano e as diferentes

populaccedilotildees microbianas afetam o desempenho fisioloacutegico do

hospedeiro Uma microbiota intestinal saudaacutevel eacute composta

principalmente pelos gecircneros Bifidobacterium spp e

40

40

20

Frutas Partes da fruta Subproduto de fruta

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

452

Lactobacillus spp que natildeo possuem agentes patogecircnicos

conhecidos produzem vasta gama de agentes antimicrobianos

e fermentam principalmente hidratos de carbono (Delgado et

al 2010)

Cultrone et al (2015) e Candela et al (2010) ressaltam

que a microbiota intestinal exerce uma contribuiccedilatildeo

fundamental para o equiliacutebrio da energia humana e nutriccedilatildeo

pois interfere na capacidade do hospedeiro para metabolizar

polissacariacutedeos natildeo digeriacuteveis regular o armazenamento de

gordura e a biossiacutentese de vitaminas essenciais gerar aacutecidos

graxos de cadeia curta no metabolismo de aminoaacutecidos na

biossiacutentese de metaboacutelitos secundaacuterios e no metabolismo de

co-fatores e vitaminas

A degradaccedilatildeo das FD envolve uma forte sintonia

metaboacutelica entre os diversificados micro-organismos que

constituem a microbiota intestinal (CANDELA et al 2010) A

fermentaccedilatildeo bacteriana das FD gera muitos produtos finais

entre eles os AGCC (BESTEN et al 2013) que ao serem

absorvidos pelos enteroacutecitos constituem fonte de energia

importante para o epiteacutelio do coacutelon acessam agrave circulaccedilatildeo portal

e tem impacto sobre o metabolismo lipiacutedico regulam a siacutentese

de lipiacutedios e colesterol no fiacutegado (CANDELA et al 2010)

A fermentaccedilatildeo das FD pelas bacteacuterias endoacutegenas pode

ainda causar a diminuiccedilatildeo do pH intestinal devido a produccedilatildeo

de AGCC e o aumento da capacidade de neutralizaccedilatildeo do

bicarbonato Valores mais baixos de pH alteram a composiccedilatildeo

da microbiota intestinal e impedem o crescimento excessivo de

bacteacuterias patogecircnicas sensiacuteveis ao pH como

Enterobacteriaceae e Clostridia (BESTEN et al 2013)

Ademais o consumo equilibrado de fibras pode

beneficiar a sauacutede do trato intestinal atraveacutes do aumento do

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

453

volume fecal pela absorccedilatildeo de aacutegua (HU et al 2012)

Rodriacuteguez-Cabezas et al (2010) ressaltam que as fibras

dieteacuteticas tem capacidade de prender a aacutegua em sua estrutura

tridimensional facilitando a excreccedilatildeo fecal e com consequente

efeito laxante

Entretanto ainda haacute controveacutersias entre quais das

fraccedilotildees das fibras dieteacuteticas FDS ou FDI apresenta maior

impacto sobre a sauacutede Na metanaacutelise realizada por Wu et al

(2015) que incluiu dezoito estudos de coorte com 672408

participantes confirmaram que a ingestatildeo de fibras dieteacuteticas

soluacutevel ou insoluacutevel (em especial as oriundas de cereais e

frutas) apresenta similar efeito que estaacute inversamente

associado com o risco de DAC Poreacutem Barbalho et al (2012)

afirmaram que a casca de maracujaacute possui FDS tais como

mucilagem e pectinas que formam um gel viscoso ao reter aacutegua

e este reduz a sensaccedilatildeo de fome o excesso de

pesoobesidade os niacuteveis plasmaacuteticos de CT TG e LDL-c e

aumenta a excreccedilatildeo do colesterol e sais biliares nas fezes e os

niacuteveis de HDL-c

4 CONCLUSOtildeES

Mediante a revisatildeo apresentada foi observado que

muitos estudos apontam efeito beneacutefico da utilizaccedilatildeo de fibras

dieteacuteticas sobre o metabolismo lipiacutedico Haacute evidecircncias

cientiacuteficas que as fibras dieteacuteticas provenientes de frutas e de

seus subprodutos (cascas e caroccedilos ou sementes) podem

exercer atividade prebioacutetica na microbiota intestinal

colaborando com a regulaccedilatildeo do metabolismo gliciacutedico e

lipiacutedico Contudo ainda haacute poucas pesquisas realizadas com os

subprodutos de frutas tropicais obtidos diretamente da

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

454

agroinduacutestria e o potencial prebioacutetico de suas fibras dieteacuteticas e

os possiacuteveis efeitos sobre a dislipidemia Dessa forma novos

estudos devem ser estimulados com a finalidade de introduzir

subprodutos de frutas na alimentaccedilatildeo humana e

consequentemente reduzir a poluiccedilatildeo ambiental visando uma

produccedilatildeo sustentaacutevel

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458

SUSTENTABILIDADE

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

459

CAPIacuteTULO 26 CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES

VALORATIVAS E ATITUDINAIS

Camilla Vieira de FIGUEIREDO 1

Italo de Oliveira GUEDES 1

Heloiacutesa Baacuterbara Cunha MOIZEacuteIS 1 Anderson Mesquita do NASCIMENTO 2

1 Graduando do curso de Psicologia UFPB 2 OrientadorDoutorando em Psicologia Social UFPB

camillafigueirhotmailcom

RESUMO A problemaacutetica ambiental eacute um fenocircmeno crescente que em grande dimensatildeo remete a incidecircncia dos comportamentos do homem sobre o meio ambiente e os recursos naturais Alguns estudos sugerem que altas porcentagens da populaccedilatildeo mundial admitem que estes problemas estatildeo entre os mais graves constituindo-se portanto como uma problemaacutetica social Eacute nesse sentido que torna-se importante ampliar o conhecimento acerca das condutas humanas e pensar formas de intervenccedilatildeo para mudanccedila de comportamentos uma vez que evidecircncias empiacutericas da psicologia tem apontado que os problemas ambientais apresentam como causa a maacute adaptaccedilatildeo dos indiviacuteduos ao meio ambiente Assim aacutereas como a Psicologia Social e Ambiental tecircm sido chamadas a dirimir tais questotildees investigando temas como a preocupaccedilatildeo ambiental sustentabilidade atitudes ambientais e valores humanos sendo estes uacuteltimos construtos psicoloacutegicos considerados preditores consistentes de condutas proacute-ambientais Nessa direccedilatildeo partindo de uma abordagem qualitativa de leitura e anaacutelise o presente capiacutetulo tem por objetivo discutir a problemaacutetica ambiental a partir de estudos previamente realizados no acircmbito da psicologia no intuito de elucidar a

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

460

relevacircncia desses estudos socioambientais teoacutericos que contribuem para o entendimento das condutas ambientais e por conseguinte como estas podem ser desenvolvidas e potencializadas Pensa-se que estudos futuros devem fornecer soluccedilotildees praacuteticas para trabalhar com atitudes e valores fomentando comportamentos proacute-ambientais e sustentaacuteveis nos indiviacuteduos Palavras-chave Preocupaccedilatildeo ambiental Psicologia Social

Comportamento sustentaacutevel

1 INTRODUCcedilAtildeO

Pode-se dizer que haacute uma compreensatildeo crescente por

parte dos seres humanos de que suas accedilotildees tecircm incidido sobre

o ambiente natural e agravado a problemaacutetica ambiental

Assim alguns estudos sugerem que porcentagens

consideraacuteveis de pessoas em todo o mundo entendem que os

problemas ambientais estatildeo entre os problemas sociais mais

relevantes (DUNLAP 1991 DUNLAP GALLUP GALLUP

1993) pois influenciam a qualidade de vida de todos agrave medida

em que atingem ricos e pobres indistintamente e de diferentes

maneiras (PESSOA et al no prelo) Reconhece-se ainda que

estes conflitos estatildeo apenas em seu iniacutecio e que com o passar

dos anos atingiratildeo iacutendices cada vez mais alarmantes (DUNLAP

SAAD 2001)

Nesse sentido a literatura tem apontado que a questatildeo

ambiental apresenta como causa a maacute adaptaccedilatildeo do homem

ao ambiente (COELHO GOUVEIA MILFONT 2006) o que

imprescinde a Psicologia de investigar e intervir sobre tais

comportamentos Esta aacuterea vem agregando ao longo dos anos

evidecircncias de sua importante contribuiccedilatildeo por meio de estudos

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

461

e achados empiacutericos tomando os processos e construtos

psicoloacutegicos como uma via para entender explicar e interferir

nas condutas socioambientais do homem

O objetivo deste trabalho portanto eacute discutir a

problemaacutetica ambiental a partir de estudos realizados em

Psicologia Social nestes destaca-se o papel das atitudes

ambientais e dos valores humanos como explicadores de

condutas proacute-ambientais Acrescente-se evidenciar como o

comportamento sustentaacutevel eacute influenciado por essas variaacuteveis

psicossociais

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Partindo de uma abordagem qualitativa de leitura e

anaacutelise o presente trabalho se propocircs a discutir agrave luz da

Psicologia Social e Ambiental acerca da problemaacutetica

ambiental de alguns construtos psicoloacutegicos explicadores de

condutas proacute-ambientais bem como sobre a importacircncia de

potencializar comportamentos sustentaacuteveis

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Preocupaccedilatildeo Ambiental

Os estudos sobre comportamentos frente ao meio

ambiente obtiveram grande intensificaccedilatildeo a partir da deacutecada de

1970 possibilitando compreender o porquecirc de algumas

pessoas desenvolverem afinidades com ambientes naturais

enquanto outras sentirem-se mais conectadas ou ateacute mais ldquoagrave

vontaderdquo em ambientes artificiais ou construiacutedos (SCHULTZ et

al 2004) Assim a forma como o indiviacuteduo se identifica e se

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

462

posiciona frente ao ambiente tem implicaccedilotildees em atitudes e

comportamentos proacute-ambientes e consequentemente na

qualidade de vida das geraccedilotildees presentes e futuras

Os psicoacutelogos tecircm sido desafiados a entender e explicar

os aspectos que estruturam esse tipo de identificaccedilatildeo assim

como a investigar os elementos que interferem no niacutevel de

contato entre as pessoas e a natureza Esse incentivo ratificou

ainda mais a necessidade de pesquisas sobre a preocupaccedilatildeo

ambiental sendo em sua definiccedilatildeo caracterizada como uma

atitude especiacutefica em relaccedilatildeo a comportamentos

ambientalmente relevantes ou ateacute como uma orientaccedilatildeo de

valor mais abrangente

A preocupaccedilatildeo ambiental entatildeo tornou-se uma

temaacutetica essencial por se deter na explicaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

uma relaccedilatildeo saudaacutevel entre o ser humano e o meio ambiente

Explorar esse construto eacute um passo importante para entender

como as pessoas se relacionam com a natureza e como agem

sobre ela O conceito de preocupaccedilatildeo ambiental portanto tem

sido tratado como uma avaliaccedilatildeo ou uma atitude em relaccedilatildeo a

um fato ao proacuteprio comportamento do indiviacuteduo ou ao

comportamento de outrem o que repercutiraacute como

consequecircncias para o meio ambiente (WEIGEL 1983)

Diante desse apanhado Stern (1992) identificou quatro

diferentes orientaccedilotildees de valor Na primeira destas a

preocupaccedilatildeo ambiental representa uma nova maneira de

pensar o chamado Novo Paradigma Ambiental (NEP)

(DUNLAP VAN LIERE 1978) A segunda orientaccedilatildeo por sua

vez estaacute ligada ao altruiacutesmo antropocecircntrico em que as

pessoas se preocupam com a qualidade ambiental

principalmente porque elas creem que um ambiente degradado

representa uma ameaccedila para a sua sauacutede

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

463

Em seguida a terceira orientaccedilatildeo estaacute relacionada aos

interesses proacuteprios diante da preocupaccedilatildeo ambiental

Baldassare e Katz (1992) por exemplo encontraram a partir

de seus estudos que as ameaccedilas pessoais percebidas

causadas pela deterioraccedilatildeo do ambiente satildeo um fator

importante para o comportamento ambientalmente

responsaacutevel Finalmente como uacuteltima orientaccedilatildeo Stern (1992)

identificou uma visatildeo que assume a preocupaccedilatildeo ambiental

como em funccedilatildeo de algo mais profundo e abstrato como

crenccedilas religiosas subjacentes ou valores poacutes-materialiacutesticos

A associaccedilatildeo da preocupaccedilatildeo ambiental com uma

atitude geral para com a orientaccedilatildeo de valor ou ambiente

fomentou o desenvolvimento de diversos instrumentos de

mediccedilatildeo (WEIGEL 1983) No entanto apenas dois satildeo

frequentemente utilizados sendo eles a Escala Ecoloacutegica de

Atitudes (MALONEY WARD 1973) e a Escala do Paradigma

Ambiental (DUNLAP VAN LIERE 1978)

Tem sido sugerido que pessoas mais jovens mais

pautadas por ideologias poliacuteticas liberais e que vivem em aacutereas

urbanas satildeo mais preocupadas ambientalmente (VAN LIERE

DUNLAP 1980) No entanto essas declaraccedilotildees devem ser

feitas com grande cautela pois as relaccedilotildees entre fatores

sociodemograacuteficos e preocupaccedilatildeo ambiental se mostram fracas

(SAMDAHL ROBERTSON 1989) Aleacutem disso verificou-se

tambeacutem que a partir da deacutecada de 80 as pessoas mais velhas

tecircm mudado suas atitudes e estatildeo mostrando iacutendices mais

elevados de preocupaccedilatildeo ambiental (BALDASSARE KATZ

1992)

Outro fator que estaacute atrelado a uma fraca relaccedilatildeo entre a

preocupaccedilatildeo ambiental e comportamentos ambientalmente

responsaacuteveis seria a falta de conhecimento Simmons e Widmar

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

464

(1990) concluiacuteram que a falta de conhecimento eacute uma barreira

substancial para a reciclagem entre as pessoas com atitudes de

conservaccedilatildeo positivas ou seja os indiviacuteduos que estatildeo mais

ativamente envolvidos em questotildees ambientais tendem a se

comportar de forma mais favoraacutevel em relaccedilatildeo ao meio

ambiente

Nessa direccedilatildeo um construto apontado na literatura que

tem se mostrado consistentemente determinante para os

comportamentos vinculados a preocupaccedilatildeo ambiental satildeo os

valores humanos (VAN LIERE DUNLAP 1980) sendo

comprovado que estatildeo relacionados com a vontade de agir de

maneira proacute-ambiental Stern e seus colaboradores (1995)

logo propuseram que as pessoas com uma orientaccedilatildeo de valor

social altruiacutesta priorizam ldquoum mundo em paz e igualdaderdquo Por

outro lado as pessoas que orientam-se por valores de

orientaccedilatildeo egoiacutesta levam em consideraccedilatildeo os custos e

benefiacutecios para si enquanto os indiviacuteduos que seguem uma

orientaccedilatildeo de valor biosfeacuterica tecircm em conta os custos e

benefiacutecios para os ecossistemas ou para a biosfera Desse

modo depreende-se que cada indiviacuteduo age de acordo com a

orientaccedilatildeo valorativa priorizada

Natildeo obstante percebe-se que poucos estudos

examinaram a associaccedilatildeo entre a preocupaccedilatildeo ambiental e

comportamentos ambientalmente responsaacuteveis talvez porque

tal associaccedilatildeo soacute pode ser prevista em certas condiccedilotildees Stern

e Oskamp (1987) chegaram agrave conclusatildeo de que a preocupaccedilatildeo

ambiental se correlaciona com comportamentos

ambientalmente responsaacuteveis apenas se a atitude e o

comportamento satildeo mensurados pelo mesmo niacutevel de

464onceitua464dade e se o mesmo eacute faacutecil de executar

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

465

O comportamento sustentaacutevel eacute influenciado por vaacuterios

fatores dos quais a preocupaccedilatildeo ambiental eacute apenas um

desses Outros fatores que influenciam este tipo de

comportamento satildeo o conhecimento (STERN 1992) a norma

pessoal (HOPPER NIELSEN 1991) a responsabilidade

ambiental ou pessoal (VAN LIERE DUNLAP 1980) aleacutem das

ameaccedilas de sauacutede percebidas (BALDASSARE KATZ 1992)

Hines Hungerford e Tomera (1987) propuseram

diferentes estrateacutegias para aumentar o comportamento

ambientalmente responsaacutevel constatando que as estrateacutegias

mais eficazes satildeo combinadas com os seguintes fatores

conhecimento sobre os problemas ambientais discussatildeo sobre

as soluccedilotildees alternativas para esses problemas o

desenvolvimento da anaacutelise de problemas e capacidade de

resolvecirc-los discussotildees de valor e treinamento de habilidades

Estes autores ainda apontam que estrateacutegias que requeiram

recursos incentivos informaccedilotildees e feedbacks aumentam a

frequecircncia do comportamento desejado

No acircmbito da sustentabilidade eacute necessaacuterio a promoccedilatildeo

de estrateacutegias que intensifiquem comportamentos proacute-

ambientais e que aliem o desenvolvimento com a

sustentabilidade visto que seacuterios problemas ambientais tecircm

sido vivenciados nos uacuteltimos tempos

No que concerne agrave psicologia esta tem despendido

esforccedilos no conhecimento de construtos explicativos para a

problemaacutetica ambiental tais como as atitudes ambientais e os

valores humanos e consequentemente no desenvolvimento

de praacuteticas que minimizem essas questotildees Para favorecer o

entendimento os construtos mencionados seratildeo explicitados

no toacutepico que segue

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

466

32 Atitudes Ambientais e Valores Humanos

Os problemas ambientais podem ser definidos como

comportamentos humanos mal adaptados (COELHO

GOUVEIA MILFONT 2006) e por essa razatildeo a psicologia

tem sido considerada como uma aacuterea de importacircncia central

para dirimir tais questotildees Nesse sentido as pesquisas

psicoloacutegicas recentes tecircm buscado elementos essenciais da

psicologia social como as atitudes e os valores humanos a fim

de explicar a relaccedilatildeo entre estes e compreender de que modo

influenciam nas condutas ambientais dos indiviacuteduos

Concretamente o estudo dos valores e das atitudes

pode oferecer contribuiccedilotildees significativas sobretudo na

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento de intervenccedilotildees que promovam

comportamentos proacute-ambientais sustentaacuteveis educando os

mais jovens para tornarem-se cidadatildeos ambientalmente

responsaacuteveis (GOUVEIA et al 2015) Nessa direccedilatildeo faz-se

fundamental conceituar esses construtos que neste trabalho

seratildeo considerados sob uma perspectiva teoacuterica funcionalista

Conforme Milfont (2009) abordagens funcionais para

construtos psicoloacutegicos satildeo recorrentes havendo uma praacutetica

comum e inveterada por estabelecer condiccedilotildees funcionais para

o estudo das atitudes (KATZ 1960) e dos valores (GOUVEIA et

al 2008) por exemplo Contudo eacute recente este

empreendimento em relaccedilatildeo agraves atitudes ambientais tendo sido

realizado pelo proacuteprio Milfont em estudo de 2009

As atitudes de modo geral podem ser definidas de

variadas maneiras Poreacutem parece haver um consenso razoaacutevel

por 466onceitua-las como um julgamento avaliativo sobre um

objeto particular especiacutefico em termos de atributos (por

exemplo bom-mau agradaacutevel-desagradaacutevel) (AJZEN 2001)

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

467

Seguindo esta linha Eagly e Chaiken (1993) definiram as

atitudes como ldquouma tendecircncia psicoloacutegica que se expressa

atraveacutes da avaliaccedilatildeo de uma entidade particular com algum

grau de favor ou desfavorrdquo Esta colocaccedilatildeo eacute considerada como

a definiccedilatildeo contemporacircnea de atitudes (ALBARRACIacuteN

JOHNSON ZANNA 2005)

Do mesmo modo eacute possiacutevel localizar na literatura vaacuterias

significaccedilotildees para atitudes ambientais (ver DUNLAP JONES

2003 SCHULTZ et al 2004) nas quais alguns autores tecircm

utilizado ldquopreocupaccedilatildeo ambientalrdquo como sinocircnimo (DUNLAP

JONES 2003) enquanto outros tecircm feito a diferenciaccedilatildeo

desses termos (SCHULTZ et al 2005) Tendo em conta a

definiccedilatildeo de Eagly e Chaiken (1993) jaacute mencionada Milfont

(2007) propocircs um conceito novo e mais parcimonioso para as

atitudes ambientais ldquosatildeo uma tendecircncia psicoloacutegica para

avaliar os ambientes naturais e construiacutedos e os fatores que

afetam a sua qualidade com algum grau de favor ou desfavorrdquo

Assim as atitudes ambientais podem remeter a atitudes em

relaccedilatildeo a todos os objetos externos da proacutepria realidade

(MILFONT 2009) e o termo ldquoambienterdquo pode caracterizar

ambientes tanto construiacutedos pelo homem quanto naturais

Nessa direccedilatildeo no que concerne agrave estrutura das atitudes

a visatildeo mais amplamente reconhecida eacute o modelo dos trecircs

componentes (BRECKLER 1984) que assume que estas satildeo

constituiacutedas pelos elementos cognitivo afetivo e

comportamental (intenccedilatildeo de se comportar) No que tange as

atitudes ambientais poreacutem os estudos mais contemporacircneos

tecircm apontado uma natureza multidimensional e hieraacuterquica

(MILFONT DUCKITT 2006) Inicialmente isto implica dizer

que os modos de ver das pessoas sobre o ambiente natural satildeo

diversos mas podem ser operacionalizados enquanto

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

468

dimensotildees ou construtos psicoloacutegicos Em seguida significa

que eacute possiacutevel avaliar a forma como estas diferentes dimensotildees

se relacionam e se agrupam isto eacute como se constituem

hierarquicamente (MILFONT 2009) Esse caraacuteter

multidimensional e hieraacuterquico das atitudes ambientais

expressa suas estruturas horizontal e vertical respectivamente

A estrutura horizontal das atitudes ambientais cobre pelo

menos doze dimensotildees (MILFONT DUCKITT 2006) sendo

elas 1 Apreciaccedilatildeo da natureza 2 Apoio agraves poliacuteticas

intervencionistas de conservaccedilatildeo 3 Movimento de ativismo

ambiental 4 Conservaccedilatildeo motivada pela preocupaccedilatildeo

antropocecircntrica 5 Confianccedila na ciecircncia e tecnologia 6

Fragilidade ambiental 7 Alteraccedilatildeo da natureza 8

Comportamento pessoal de conservaccedilatildeo 9 Dominacircncia

humana sobre a natureza 10 Utilizaccedilatildeo humana da natureza

11 Preocupaccedilatildeo ecocecircntrica e 12 Apoio agraves poliacuteticas de

crescimento populacional Estas dimensotildees baseiam-se em

dois fatores (Preservaccedilatildeo e Utilizaccedilatildeo) que compotildeem a

estrutura vertical das atitudes ambientais (MILFONT 2009) e

refletem respectivamente um posicionamento geral de que o

meio ambiente deve ser preservado protegido da destruiccedilatildeo

proveniente da accedilatildeo dos humanos ou por outro lado que estes

tecircm o direito de utilizar o ambiente para ganho proacuteprio

Sob uma oacutetica funcionalista Milfont (2009) coloca que as

anaacutelises claacutessicas das funccedilotildees das atitudes foram realizadas

originalmente por Smith Bruner e White (1956) e Katz (1960)

Tendo em conta as similaridades entre estas abordagens as

funccedilotildees das atitudes podem ser sintetizadas em trecircs propoacutesitos

principais (MAIO OLSON 2000) 1 Ajudar a compreender o

mundo de modo que auxiliam as pessoas a resumirem

informaccedilotildees encontrarem significado no mundo e se

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

469

adaptarem ao ambiente 2 Expressar os valores baacutesicos

facilitando a interaccedilatildeo social e o autoconceito e 3 Melhorar e

manter a autoestima ajudando os indiviacuteduos a lidarem com

ansiedades ocasionadas por conflitos internos

Esta perspectiva funcionalista das atitudes eacute utilizada

como base para a formulaccedilatildeo de uma abordagem funcional

para as atitudes ambientais Assim Milfont (2009) definiu que

estas contribuem para que os indiviacuteduos simplifiquem o

conhecimento sobre os objetos do ambiente natural e

construiacutedo proporcionando uma espeacutecie de resumo desse

ambiente expressem seus valores estabelecendo a identidade

social e mantenham a autoestima protegendo-os de conflitos

psiacutequicos gerados pela ameaccedila de condiccedilotildees ambientais

Portanto de modo amplo as atitudes ambientais estatildeo

relacionadas com a escolha residencial (por quecirc pessoas

preferem casas a apartamentos por exemplo) preferecircncias

cecircnicas (por quecirc indiviacuteduos preferem viver em ambientes rurais

a urbanos para citar) convicccedilotildees que os sujeitos tecircm sobre si

e sobre o mundo julgamentos que os indiviacuteduos realizam sobre

fenocircmenos naturais entre outros

Em resumo como atesta Milfont (2009) as atitudes

ambientais efetuam as funccedilotildees de compreensatildeo

autoexpressatildeo e defesa contra conflitos gerados pelo meio

ambiente Desse modo considera-se que essa perspectiva

funcional pode fornecer importantes explicaccedilotildees sobre o

comportamento humano e em vista disso pode facilitar a

promoccedilatildeo de intervenccedilotildees que desenvolvam atitudes proacute-

ambientais e favoreccedilam mudanccedilas comportamentais Portanto

seu entendimento pode auxiliar os psicoacutelogos ambientais a

refletir formas de o homem equilibrar a conservaccedilatildeo do

ambiente com a necessidade de exploraacute-lo para sobreviver

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

470

Como mencionado inicialmente outro construto

psicoloacutegico que tem sido apontado como importante para a

compreensatildeo das atitudes e comportamentos inclusive

aqueles envolvidos na relaccedilatildeo pessoa-ambiente satildeo os valores

(PESSOA et al no prelo) De maneira geral os valores satildeo

compreendidos como concepccedilotildees acerca do que eacute desejaacutevel

sendo internalizados pelos indiviacuteduos e sociedades de modo a

servir como criteacuterios que guiam as accedilotildees humanas e

influenciam os julgamentos escolhas e atitudes dos mesmos

(GOUVEIA 2013) Eacute nessa direccedilatildeo portanto que muitas

pesquisas tecircm objetivado explicar possiacuteveis relaccedilotildees entre

valores humanos e comportamentos proacute-ambientais (PESSOA

et al no prelo)

Apesar de existirem diferentes abordagens sobre

valores uma teoria mais recente e que tem se mostrado mais

parcimoniosa e integradora eacute a Teoria Funcionalista dos

Valores Humanos proposta por Gouveia (2013) Sua

pertinecircncia tem sido testada em diferentes contextos

socioculturais recebendo suporte em mais de 50 paiacuteses

incluindo o Brasil Natildeo bastasse aleacutem de embasar estudos

empiacutericos e experimentais esta teoria tem fundamentado

intervenccedilotildees praacuteticas sobretudo no acircmbito escolar-

educacional evidenciando resultados significativos no

desenvolvimento de comportamentos proacute-ambientais Eacute

conveniente mencionar alguns exemplos de projetos voltados

ao ensino e extensatildeo a que foram dados prosseguimento e

finalizaccedilatildeo ldquoPromovendo sensibilizaccedilatildeo ambiental a partir do

conhecimento e dos valores humanosrdquo (2013) e ldquoEducaccedilatildeo e

valores promovendo comportamento proacute-ambientalrdquo (2014)

ambos executados por estudantes de Psicologia da

Universidade Federal da Paraiacuteba

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

471

Gouveia (2013) postula entatildeo que os valores servem a

duas funccedilotildees psicoloacutegicas principais a saber 1 Guiam os

comportamentos das pessoas (tipo de orientaccedilatildeo) e 2

Expressam cognitivamente as necessidades humanas (tipo

motivador) A primeira funccedilatildeo eacute representada por trecircs tipos de

orientaccedilatildeo pessoal central e social e a segunda eacute composta

por dois tipos de motivadores materialista (pragmaacutetico) e

idealista (humanitaacuterio) Por meio da combinaccedilatildeo das duas

funccedilotildees principais dos valores o autor derivou seis subfunccedilotildees

valorativas (interativa normativa suprapessoal existecircncia

experimentaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) e estabeleceu cinco

pressupostos baacutesicos (1) considera-se a natureza benevolente

dos seres humanos (2) os valores satildeo individuais (3) os

valores correspondem a necessidades humanas (4) os valores

expressam um propoacutesito em si (5) os valores natildeo mudam o

que varia satildeo as prioridades valorativas

Considerando esta perspectiva funcional para as

atitudes ambientais e os valores eacute possiacutevel estabelecer um

viacutenculo entre esses construtos inclusive na prediccedilatildeo de

variaacuteveis comportamentais Assim atraveacutes do entendimento

das funccedilotildees dos valores eacute possiacutevel identificar que atitudes

podem expressar determinado valor especiacutefico De acordo com

Milfont (2009) os valores sociais subjazem as atitudes de

preservaccedilatildeo e os pessoais as de utilizaccedilatildeo Este autor aponta

que as atitudes de preservaccedilatildeo satildeo explicadas por valores do

tipo motivador humanitaacuterio (por exemplo beleza

conhecimento maturidade) e sugere que os valores sociais

(como afetividade convivecircncia e apoio social) satildeo capazes de

explicar as atitudes de preservaccedilatildeo

Em contraste Gouveia et al (2015) argumentam que as

atitudes de utilizaccedilatildeo podem ser explicadas por valores do tipo

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

472

motivador materialista (sauacutede estabilidade pessoal e

sobrevivecircncia) diretamente relacionados com ausecircncia de

preocupaccedilatildeo ambiental Estas satildeo algumas evidecircncias

empiacutericas que podem auxiliar na compreensatildeo de como as

atitudes e os valores se relacionam e podem servir como base

para a estruturaccedilatildeo de intervenccedilotildees que incitem e desenvolvam

comportamentos sustentaacuteveis Este uacuteltimo construto seraacute

melhor explorado no toacutepico a seguir

33 Comportamento Sustentaacutevel

A importacircncia do comportamento sustentaacutevel vem

ganhando cada vez mais espaccedilo dentro das discussotildees acerca

do meio ambiente Depois da constataccedilatildeo nos anos 70 de que

os recursos naturais natildeo satildeo inesgotaacuteveis organizaccedilotildees

ligadas ao assunto passaram a discutir sobre a importacircncia de

fomentar padrotildees sustentaacuteveis de crenccedilas valores

comportamentos e atitudes que promovam a preservaccedilatildeo dos

bens naturais visto que como jaacute evidenciado anteriormente os

problemas ambientais podem ser compreendidos como

ocasionados por comportamentos mal adaptados dos seres

humanos (MALONEY WARD 1973) Dessa maneira a

psicologia ganha muita forccedila dentro dessa discussatildeo e passa a

ser vista como um importante agente para tratar tais problemas

Apesar da forccedila que toda essa discussatildeo ganha eacute

importante a princiacutepio conceituar o que realmente eacute o

comportamento sustentaacutevel Gouveia e seus colaboradores

(2015) trazem que os comportamentos proacute-ambientais ou de

conservaccedilatildeo podem ser conceituados como um conjunto de

accedilotildees deliberadas e efetivas que respondem a atitudes

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

473

favoraacuteveis e requerimentos sociais em benefiacutecio do ambiente

resultando na proteccedilatildeo de recursos naturais

Essa definiccedilatildeo estaacute ligada agrave capacidade ou habilidade que

o sujeito possui para resolver problemas ou seja formas

especiacuteficas de apresentar accedilotildees concretas ou resultados que

nesse caso dizem respeito a accedilotildees que sejam efetivas na

proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo de recursos naturais (GOUVEIA et al

2015) Essas accedilotildees surgem como forma de haacutebitos (haacutebito de

fechar o chuveiro enquanto se ensaboa no banho haacutebito de

desligar as lacircmpadas quando natildeo houver pessoas naquele

ambiente etc) que resultam em accedilotildees de proteccedilatildeo ambiental

onde esses haacutebitos potencializam os comportamentos

automaacuteticos fazendo com que uma seacuterie de condutas sejam

assumidas e realizadas de maneira automaacutetica (CORRAL-

VERDUGO 2001)

Aliado aos conceitos reportados anteriormente eacute

importante trazer o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

que diz respeito agrave importacircncia de satisfazer as necessidades da

geraccedilatildeo atual sem trazer grandes prejuiacutezos capazes de

comprometer as geraccedilotildees futuras de satisfazerem suas

proacuteprias necessidades ou seja estaacute relacionado agrave forma como

os frutos do desenvolvimento seratildeo partilhados entre as

geraccedilotildees (WCED 1987)

Diversos estudos acerca dos comportamentos proacute-

ambientais se pautam nas disposiccedilotildees atitudinais e nos valores

humanos como explicadores desse tipo de conduta Poreacutem eacute

importante trazer para a discussatildeo acerca dos comportamentos

sustentaacuteveis a importacircncia do impacto das emoccedilotildees na

propagaccedilatildeo ou inibiccedilatildeo de tal comportamento conhecendo ateacute

que ponto a emoccedilatildeo gerada por determinado ambiente pode

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

474

incidir na necessidade de uma accedilatildeo concreta de preservaccedilatildeo

(DURAacuteN et al 2007)

Nesse sentido variados estudos vecircm mostrando

resultados bastantes consistentes acerca das emoccedilotildees como

uma importante variaacutevel relacionada agraves condutas proacute-

ambientais destacando-se as emoccedilotildees morais a afinidade

emocional com a natureza e o medo ecoloacutegico como as trecircs

categorias emocionais que se mostram mais relevantes para

fomentar os comportamentos sustentaacuteveis (KALS MAES

2002) Esses achados entatildeo evidenciam que o

comportamento proacute-ambiental natildeo estaacute ligado somente a

avaliaccedilotildees e decisotildees cognitivas confirmando a importacircncia

das emoccedilotildees sobretudo do sentimento de culpa por colaborar

com o desperdiacutecio e seus efeitos maleacuteficos para o meio-

ambiente (KALS MAES 2002)

Alguns estudos tambeacutem trazem o conflito temporal entre

interesses de curto e de longo prazo como uma importante

variaacutevel que apresenta relaccedilatildeo direta com os problemas

ambientais (MILFONT GOUVEIA 2006) Arnocky Milfont e

Nicol (2013) afirmam que a decisatildeo de se comportar de maneira

sustentaacutevel requer um foco em benefiacutecios futuros em

consequecircncia de benefiacutecios imediatos ou seja reduzir a

preocupaccedilatildeo com recompensas imediatas eacute um bom

mecanismo para se promover comportamentos sustentaacuteveis

Essas evidecircncias contribuem para diversas intervenccedilotildees

que tecircm como objetivo a preservaccedilatildeo do meio ambiente Os

achados mostram assim que em campanhas publicitaacuterias de

conscientizaccedilatildeo ambiental por exemplo eacute importante buscar

minimizar as perdas imediatas ao inveacutes de falar somente de

consequecircncias futuras

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

475

A perspectiva temporal portanto deve ser mostrada

como uma maneira de fazer com que os sujeitos consigam

valorizar os ganhos natildeo imediatos Eacute comum que as pessoas

por exemplo priorizem os gastos financeiros excessivos que

ocorrem no presente em relaccedilatildeo aos ganhos ambientais e de

qualidade de vida que ocorreratildeo em um futuro mais distante

fazendo dessa forma com que diversos comportamentos

sustentaacuteveis natildeo sejam adotados por natildeo serem atraentes

(ARNOCKY MILFONT NICOL 2013)

Nessa direccedilatildeo depreende-se que o comportamento

sustentaacutevel pode ser influenciado por diversas variaacuteveis

(valores atitudes emoccedilotildees perspectiva temporal) o que faz

com que sua modificaccedilatildeo se torne mais complexa e passe por

intervenccedilotildees em diversas instacircncias Assim a percepccedilatildeo

construiacuteda eacute de que eacute imprescindiacutevel a elaboraccedilatildeo de estudos

teoacuterico-praacuteticos que abordem a preocupaccedilatildeo ambiental e a

sustentabilidade relevantes temaacuteticas que quando exploradas

sob a oacutetica da Psicologia Social e Ambiental podem ser

compreendidas transculturalmente e portanto fomentadas

efetivamente

4 CONCLUSOtildeES

Os problemas ambientais colocam em seacuterias ameaccedilas a

vida em todo o planeta logo estas questotildees transcendem as

fronteiras nacionais e mesmo continentais e prestam-se para

uma perspectiva transcultural Por meio das temaacuteticas

abordadas eacute possiacutevel notar a grande contribuiccedilatildeo que a

Psicologia Social e Ambiental vem dando no que se refere a

essas problemaacuteticas Desse modo faz-se necessaacuterio que haja

um empenho dos oacutergatildeos puacuteblicos no financiamento de verbas

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

476

destinadas a pesquisas nessa aacuterea e a promoccedilatildeo de programas

de conscientizaccedilatildeo que tenham um alcance amplo da

populaccedilatildeo sobretudo o acircmbito infantil para que estas condutas

favoraacuteveis ao meio ambiente sejam incorporadas e se tornem

naturais

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

479

CAPIacuteTULO 27

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

Ceciacutelia Neta Alves Pegado GOMES 1

Claacuteudia Maria Alves PEGADO 2

Elaine Cristine Alves PEGADO 3

1 Doutoranda do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Modelos de Decisatildeo e Sauacutede UFPB 2 Professora do Instituto Federal do TocantinsIFTO 3 Professora das Faculdades Integradas de

PatosFIP

RESUMO A mudanccedila climaacutetica eacute a maior ameaccedila sanitaacuteria do seacuteculo XXI e a prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede em especial os renais tem um efeito adverso sobre o meio ambiente Objetivou-se identificar na literatura a importacircncia da sustentabilidade na Nefrologia Neste artigo descrevemos as principais possiacuteveis intervenccedilotildees na praacutetica cliacutenica que amenizariam estes efeitos adversos desde a prevenccedilatildeo da doenccedila renal ateacute o tratamento desta com foco na gestatildeo de resiacuteduos conservaccedilatildeo da aacutegua e reduccedilatildeo da emissatildeo de carbono Demonstramos tambeacutem os benefiacutecios paralelos na melhoria da qualidade do cuidado renal como tambeacutem na reduccedilatildeo de custos com consequente sustentabilidade ambiental e financeira no eixo de cuidado renal Palavras-chave Sustentabilidade Nefrologia Resiacuteduos

1 INTRODUCcedilAtildeO

A mudanccedila climaacutetica eacute a maior ameaccedila sanitaacuteria do

seacuteculo XXI poreacutem a prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede tambeacutem

tem um significativo impacto ambiental No contexto do cuidado

renal este caminho de ida e volta eacute uma realidade O importante

impacto ambiental e financeiro gera a necessidade de se tomar

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

480

atitudes para inserir a sustentabilidade na aacuterea o que deu

origem a pulsante a Nefrologia Verde (http

wwwgreenerhealthcareorg) agraves vezes chamada Diaacutelise

Verde ou Ecoloacutegica

Como defende Pinto-Coelho (2009) a sustentabilidade eacute

o equiliacutebrio entre accedilotildees economicamente viaacuteveis socialmente

justas e ambientalmente corretas sejam elas praticadas por

indiviacuteduos ou por empresas

E a Educaccedilatildeo Ambiental segundo Guimaratildees (2010)

pode ser pensada como importante domiacutenio da promoccedilatildeo da

sauacutede Bem como no favorecimento e ferramenta da gestatildeo

ambiental Educaccedilatildeo esta que na Lei 979599 no Art 1o

afirma-se que ldquoentendem-se por educaccedilatildeo ambiental os

processos por meio dos quais o indiviacuteduo e a coletividade

constroem valores sociais conhecimentos habilidades

atitudes e competecircncias voltadas para a conservaccedilatildeo do meio

ambiente bem de uso comum do povo essencial agrave sadia

qualidade de vida e sua sustentabilidaderdquo

Nesta linha de pensamento eacute uma transformaccedilatildeo na

praacutetica cliacutenica necessaacuteria em todos os componentes do cuidado

renal insumos ( aacutegua energia e materiais) efluentes e resiacuteduos

pois haacute espaccedilo para utilizaccedilatildeoreutilizaccedilatildeo sustentaacutevel de

todos estes aspectos do processo da Terapia Renal Substitutiva

(TRS)

O fornecimento de hemodiaacutelise usa aacutegua um recurso

natural finito em vastas quantidades uma sessatildeo de

hemodiaacutelise com duraccedilatildeo de 4h utiliza 120 litros de aacutegua Aleacutem

disto o processo de purificaccedilatildeo da aacutegua comumente utilizado

em cliacutenicas de hemodiaacutelise eacute a osmose reversa que em

funccedilatildeo de aspectos teacutecnicos costuma gerar grande desperdiacutecio

pois rejeita 23 da aacutegua tratada Somando-se a aacutegua

necessaacuteria para limpeza da maacutequina de diaacutelise um volume total

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

481

aproximado de 500 litros de aacutegua da rede satildeo necessaacuterios por

pacientesessatildeo de 4 horas

Ademais as aacuteguas residuais geradas pela hemodiaacutelise

podem ter impacto no meio ambiente devido agrave sua alta

condutividade e salinidade

A nossa civilizaccedilatildeo eacute a civilizaccedilatildeo dos resiacuteduos

Integrado a este universo temos a questatildeo dos Resiacuteduos de

Serviccedilos de Sauacutede (RSS) que satildeo

ldquoresiacuteduos soacutelidos dos estabelecimentos prestadores de

serviccedilo de sauacutede em estado soacutelido semi-soacutelido

resultantes destas atividades Satildeo tambeacutem considerados

soacutelidos os liacutequidos produzidos nestes estabelecimentos

cujas particularidades tornem inviaacuteveis o seu lanccedilamento

em rede puacuteblica de esgotos ou em corpos drsquoaacutegua ou

exijam para isso soluccedilotildees teacutecnica e economicamente

inviaacuteveis em face agrave melhor tecnologia disponiacutevelrdquo

(BRASIL 2003 p 32)

No mundo satildeo feitas 2 milhotildees de hemodiaacutelise por ano e

cada sessatildeo produz aproximadamente 25 kg de resiacuteduos

soacutelidos cliacutenicos dos quais 38 satildeo de plaacutestico Isso equivale a

uma estimativa de 390 kg por ano Que compara com 617 kg

por ano produzido por um paciente Um ambulatoacuterio contiacutenuo

padratildeo Diaacutelise peritoneal Nenhuma estimativa Resiacuteduos de

papelatildeo e de polietileno substancialmente Associados agrave

embalagem

Aleacutem disto Os resiacuteduos cliacutenicos devem ser incinerados

e este processo eacute caro e produz outras emissotildees incluindo

dioxinas compostos canceriacutegenos produzidos por incineraccedilatildeo

de PVC

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

482

A emissatildeo de carbono da diaacutelise eacute definida como a

quantidade de gases de efeito estufa produzidos direta e

indiretamente pelas atividades da unidade de diaacutelise

geralmente expressa em toneladas equivalentes de dioacutexido de

carbono (CO 2) A contribuiccedilatildeo do cuidado renal para essas

emissotildees eacute desconhecida contudo o uso racional da aacutegua

pode diminuir as emissotildees de carbono

A inclusatildeo de medidas de sustentabilidade na avaliaccedilatildeo

Tecnologias meacutedicas permitiraacute aos meacutedicos e Pacientes para

escolher tratamentos clinicamente eficazes Perfis ambientais

oacuteptimos Os meacutedicos natildeo devem ser Esperado para tomar tais

decisotildees em um paciente individual base Em vez disso essas

consideraccedilotildees devem ser incorporadas Nas poliacuteticas que

determinam a provisatildeo de cuidados de sauacutede tais como

Poliacutetica Nacional

Seja nos EUA (2002) ou nos paiacuteses europeus (2004) a

conferecircncia acerca da sustentabilidade na sauacutede (CLIMED

CLIMED EUROPE) serve como um indicador de tendecircncias

tanto para instituiccedilotildees de sauacutede como induacutestria farmacecircutica

de equipamentos e energeacutetica agrave medida que discute tambeacutem

demandas de produtos ecossustentaacuteveis em cada mercado

O objetivo deste estudo foi identificar na literatura a

importacircncia da sustentabilidade na Nefrologia Em um esforccedilo

para identificar estrateacutegias para reduzir seu impacto ambiental

e financeiro

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

483

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Trata-se de um estudo de revisatildeo narrativa da literatura

que satildeo apropriadas para descrever e discutir o

desenvolvimento ou o ldquoestado da arterdquo de um determinado

assunto sob o ponto de vista teoacuterico ou contextual A pergunta

norteadora deste estudo foi Quais os espaccedilos em que a

sustentabilidade ambiental pode se insere no exerciacutecio da

Nefrologia

A busca de artigos incluiu pesquisa em bases eletrocircnicas

LILACS MEDLINE e busca manual de citaccedilotildees nas

publicaccedilotildees inicialmente identificadas As bases eletrocircnicas

pesquisadas foram LILACS (Literatura Latino Americana e do

Caribe em Ciecircncias de Sauacutede) e literatura internacional em

Ciecircncias da Sauacutede (MEDLINE) Na base MEDLINE foi utilizada

palavra-chave em inglecircs enquanto na LILACS foram utilizadas

palavras-chaves em portuguecircs inglecircs e espanhol O periacuteodo de

abrangecircncia foi sem restriccedilatildeo Para a busca dos artigos

utilizamos os descritores padronizados pelos Descritores em

Ciecircncias da Sauacutede a saber Nefrologia Sustentabilidade

Resiacuteduos Ao final foram 52 combinaccedilotildees entre os descritores

para obtenccedilatildeo do maacuteximo de referecircncias possiacuteveis Os tiacutetulos e

os resumos de todos os artigos identificados na busca

eletrocircnica foram revisados Quando possiacutevel os estudos que

pareceram preencher os criteacuterios para sua inclusatildeo foram

obtidos integralmente Com base nesta accedilatildeo foi criada uma

lista de artigos para serem incluiacutedos no estudo

Os resumos foram compilados e direcionados segundo

os objetivos para a construccedilatildeo do artigo Os criteacuterios de inclusatildeo

foram serem artigos de pesquisa que versassem sobre

sustentabilidade em nefrologia

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

484

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A atuaccedilatildeo da Nefrologia Verde perpassa todos os

segmentos do cuidado renal desde a prevenccedilatildeo da doenccedila ateacute

a Terapia Renal Substitutiva (TRS) na forma das oportunidades

de sustentabilidade em diaacutelise como vemos na Fig (1)

Fig 1 Atuaccedilatildeo da Nefrologia Verde

Fonte Baseado em CONNOR MORTIMER TOMSON (2010)

Prevenccedilatildeo de doenccedila

No acircmbito da prevenccedilatildeo da doenccedila renal com a melhoria

dos meacutetodos diagnoacutesticos e da acessibilidade agrave TRS como por

exemplo o uso da estimativa da Taxa de Filtraccedilatildeo Glomerular

(eTFG) na rotina cliacutenica para o diagnoacutestico da Doenccedila Renal

Crocircnica (DRC) aumentou o nuacutemero de encaminhamentos para

os serviccedilos de nefrologia e por conseguinte os custos

financeiros e de emissatildeo de carbono associados aos cuidados

Prevenccedilatildeo da doenccedila

Empoderamento do paciente e autocuidado

Cuidados simplificados

Sustentabilidade em diaacutelise

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

485

renais Portanto deve-se voltar para a prevenccedilatildeo da doenccedila

renal para se obter benefiacutecios de sauacutede e assim prevenir eou

reduzir estes custos

A prevenccedilatildeo deve ocorrer a niacutevel individual mas de forma

amplificada com Poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede (PPS) para

combater as causas subjacentes da doenccedila - modificando os

determinantes sociais econocircmicos e ambientais de sauacutede

Empoderamento do paciente e autocuidado

O empoderamento do paciente eacute um componente

necessaacuterio reconhecido na gestatildeo bem-sucedida das doenccedilas

crocircnicas Estrateacutegias para capacitar os pacientes e ensinar-lhes

quando e como aceder aos cuidados de sauacutede satildeo vitais para

a transformaccedilatildeo em sauacutede com baixa emissatildeo de carbono

Serviccedilos inovadores que capacitem os pacientes tais

como cliacutenicas telefocircnicas teleconsultorias devem ser

combinadas com ferramentas que promovam o

empoderamento do paciente como a ONTODRC uma forma de

representaccedilatildeo do conhecimento (ontologia) para a prevenccedilatildeo

da DRC na atenccedilatildeo primaacuteria em construccedilatildeo no Projeto de

Doutorado da primeira autora deste artigo Os pacientes

habilitados satildeo proativos e reativos por exemplo aqueles que

realizam TRS domiciliar requerem menos profissionais

reduzindo os custos dos cuidados que recebem

Reduzir a necessidade de medicamentos atraveacutes da

adoccedilatildeo de estilo de vida mais saudaacutevel com foco em reduzir as

emissotildees associadas agrave medicaccedilatildeo

Cuidados renais simplificados ( o ldquopensamento

magrordquo)

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

486

Sempre que possiacutevel os cuidados devem ser

simplificados Reduccedilotildees das atividades de menor valor e

priorizaccedilatildeo das atividades de maior valor com tomadas de

decisatildeo estrateacutegicas para associar-se a impactos ambientais

positivos seleccedilatildeo de intervenccedilotildees padronizadas uso de

consultorias virtuais e registros eletrocircnicos etc Exemplos

incluem a melhoria da seguranccedila do paciente no tempo de

espera nos serviccedilos de ambulatoriais e a reduccedilatildeo de resiacuteduos

de gastos de energia e de combustiacuteveis para a locomoccedilatildeo do

paciente

Sustentabilidade em diaacutelise

A hemodiaacutelise tambeacutem usa grandes quantidades de

energia e aacutegua da rede e produz grandes volumes de plaacutesticos

e resiacuteduos de embalagens Aqui noacutes descrevemos algumas

possiacuteveis intervenccedilotildees detectadas na leitura dos artigos

selecionados Para uma abordagem praacutetica utilizamos o

seguinte diagrama Fig (2) dos processos de uma hemodiaacutelise

para inserir as intervenccedilotildees em cada espaccedilo

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

487

Figura 2 Anaacutelise Global do Processo de Hemodiaacutelise

Fonte BURG SILVEIRA 2006

Reduccedilatildeo de emissotildees de carbono

Reduzir as emissotildees de carbono em todos os aspectos

do cuidado renal Por exemplo mais de 1 milhatildeo de pacientes

recebem hemodiaacutelise no mundo todo necessitando ao menos

trecircs vezes por semana de viagens (geralmente de carro) ateacute o

centro de diaacutelise com consumo de combustiacutevel emissor de

dioacutexido de carbono

Oportunidades para Melhorar a Sustentabilidade

Diaacutelise

Conservaccedilatildeo da Aacutegua

A aacutegua rejeitada do sistema de osmose reversa Fig (3)

eacute de alta qualidade normalmente atende aos criteacuterios para a

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

488

aacutegua potaacutevel (embora permaneccedila legalmente inaceitaacutevel para

beber) Natildeo representa risco de infecccedilatildeo pois natildeo entra em

contato com o paciente ou dialisador Estrateacutegias simples para

reciclar aacutegua de rejeiccedilatildeo para usos alternativos (tais como

lavanderia Saneamento alimentaccedilatildeo de caldeira de baixa

pressatildeo higienizaccedilatildeo de sanitaacuterios e limpeza de paacutetios

internos) satildeo rentaacuteveis e bem-sucedidas no aspecto ambiental

FAISSAL (2010)

Figura 3 Esquema simplificado produccedilatildeo de aacutegua por

osmose reversa

Fonte FARIA et al (2016)

Segundo FARIA et Al os resultados tanto do ponto de

vista microbioloacutegico quanto fiacutesico-quiacutemico mostraram-se

satisfatoacuterios para classificaccedilatildeo da aacutegua em vaacuterios

procedimentos de reuso ao dar atendimento agraves quatro classes

de reuso sugeridas pela ABNT NBR 1396997 Recomenda-se

atenccedilatildeo ao paracircmetro fluoreto cujo valor mostrou-se igual ao

limite imposto pela norma

Connor et all relataram que o tratamento de dialisado

gasto para uso em irrigaccedilatildeo poderia resultar em economia de

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

489

custos de 20-30 em comparaccedilatildeo Para a dessalinizaccedilatildeo da

aacutegua do mar

Os custos financeiros variam de unidade para unidade e

Pode determinar se um projeto de conservaccedilatildeo de aacutegua eacute

viaacutevel Ao realizar uma anaacutelise custo-benefiacutecio um nuacutemero de

paracircmetros devem ser considerados capital investido e custos

de manutenccedilatildeo e o volume de Aacutegua Na maioria dos casos os

custos traratildeo grandes economias

No contexto do impacto ambiental observa-se que a

reduccedilatildeo da descarga de aacuteguas residuais atraveacutes da reciclagem

da aacutegua reduz a poluiccedilatildeo por efluentes da hemodiaacutelise manteacutem

a qualidade da aacutegua pelo risco evitado e reduz a emissatildeo do

carbono

Outras Oportunidades para Reduzir

Reutilizaccedilatildeo do Dialisador Uma Aacuterea de Incerteza

A sustentabilidade da reutilizaccedilatildeo do dialisador natildeo eacute

clara o uso de germicidas tais como formaldeiacutedo e aacutecido

peraceacutetico no processo de descontaminaccedilatildeo levanta

questionamentos problemas de desperdiacutecio de aacutegua gastos de

energia com o aquecimento de aacutegua e vapores quiacutemicos (tal

como aacutecido hipocloacuterico) Ademais que o processo de

desinfecccedilatildeo tambeacutem aumenta o uso de resiacuteduos descartaacuteveis

(como maacutescaras luvas aventais e tiras de teste)

Gerenciamento de Resiacuteduos Cliacutenicos

Grande parte dos resiacuteduos gerados a partir de produtos

de diaacutelise e as suas embalagens se enquadram na categoria de

desperdiacutecio Como a praacutetica de uso uacutenico do dialisador e

regimes de diaacutelise mais frequentes satildeo cada vez mais comum

em todo o mundo eacute necessaacuterio avanccedilar na gestatildeo de resiacuteduos

de diaacutelise

Serviccedilos renais devem desenvolver estrateacutegias

sustentaacuteveis de gestatildeo de resiacuteduos A segregaccedilatildeo efetiva na

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

490

fonte eacute vital e exige educaccedilatildeo e espaccedilo extra para garantir que

os resiacuteduos (por exemplo embalagens) quando possiacutevel sejam

reciclados

Oportunidades dentro do Ambulatoacuterio

Estudos demonstraram o valor da telemedicina na

hemodiaacutelise e diaacutelise peritoneal sugerindo por exemplo

atraveacutes de consultas telefocircnicas que esses modelos podem

engendrar o empoderamento entre os pacientes Devem ser

incorporadas particularmente aqueles que incentivam a

atividade para apoiar o cuidado virtual em suas diferentes

formas

Estes oferecem aos pacientes e cliacutenicos um nuacutemero De

benefiacutecios incluindo um maior acesso aos cuidados de sauacutede

Maior continuidade dos cuidados capacitaccedilatildeo do paciente e

Economia de tempo

Hemodiaacutelise domiciliar versus Hemodiaacutelise no

Serviccedilo de Nefrologia

Um trabalho preliminar sugere que a hemodiaacutelise em

casa eacute menos prejudicial ao meio ambiente do que a

hemodiaacutelise no centro aleacutem de ser mais rentaacutevel e oferecer

uma melhor qualidade de vida Os dados relativos ao

transporte agrave energia e agrave aacutegua evidenciam que a hemodiaacutelise

domiciliar produz menos emissotildees (0207 toneladas de dioacutexido

de carbono) do que Hemodiaacutelise (1404 toneladas) por doente

por ano Essa discrepacircncia foi explicada pela ausecircncia de

emissotildees relacionadas agrave viagem do paciente de casa para o

Serviccedilo de Nefrologia Contudo outros estudos satildeo

necessaacuterios para conferir robustez a esta tese

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

491

Poluiccedilatildeo ambiental versus Cuidados renais

Esta relaccedilatildeo eacute bilateral tanto os cuidados ambientais

otimizam os cuidados renais quanto o inverso eacute verdadeiro Por

exemplo solventes presentes em nosso dia-a-dia usados para

fabricar tintas adesivos eletrocircnica automotiva computadores e

equipamentos meacutedicos aceleram a progressatildeo da DRC

existente e pode contribuir para a sua iniciaccedilatildeo Do mesmo

modo metais como caacutedmio mercuacuterio e chumbo natildeo satildeo

biodegradaacuteveis tambeacutem satildeo nefrotoacutexicos

Os Co-Benefiacutecios de Sauacutede dos Estilos de Vida com

Baixo Carbono

A adoccedilatildeo de iniciativas de estilo de vida com baixo teor

de Ser encorajados tanto ao niacutevel da assistecircncia individual ao

paciente E atraveacutes de uma defesa mais ampla Tais estrateacutegias

podem incluir A promoccedilatildeo de viagens activas (caminhadas

ciclismo) Modificaccedilotildees alimentares (reduccedilatildeo do consumo de

Carne e aumento do consumo de alimentos Alimentos) Os co-

benefiacutecios de sauacutede destas estrateacutegias contribuiratildeo Reduccedilatildeo

da hipertensatildeo obesidade e diabetes - os condutores

predominantes da epidemia de doenccedila renal doenccedila

O custo da Nefrologia Verde

Dentro do cuidado renal o potencial para um retorno

rentaacutevel Sobre um investimento eacute real Argumentamos

portanto que Investimento em iniciativas verdes natildeo eacute apenas

acessiacutevel Mas representa bom senso empresarial (e

ambiental)

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

492

5 CONCLUSOtildeES

A Nefrologia ocupou-se sempre com a relaccedilatildeo do meio

ambiente na causalidade das nefropatias agora os Serviccedilos de

Nefrologia devem agir para reduzir o impacto ambiental da sua

proacutepria praacutetica Muitas das intervenccedilotildees necessaacuterias devem

provir de aprendizagem partilhada e a determinaccedilatildeo das

melhores praacuteticas em curso para a identificaccedilatildeo de estrateacutegias

eficazes deve se tornar uma prioridade de pesquisa

Conclui-se que idealmente previne-se a doenccedila se natildeo

obtiver ecircxito educa-se o paciente para o autocuidado e insere-

se no atendimento ambulatorial a virtualidade o prontuaacuterio

eletrocircnico etc se mesmo assim a doenccedila progredir para a

necessidade dialiacutetica deve-se intervir em todos os passos de

um processo de diaacutelise para reduzir os gastos de aacutegua e energia

aleacutem de reciclar efluentes e resiacuteduos

A aacutegua eacute um aspecto vital na hemodiaacutelise Usando aacutegua

sabiamente pelas abordagens mencionadas nos ajudaraacute a

Conservar esse precioso recurso Sensibilizaccedilatildeo para este

Conceito entre nefrologistas eacute o primeiro passo crucial para

Alcanccedilar este objetivo A Sociedade Internacional de Nefrologia

E outras sociedades regionais ou nacionais podem Papel de

lideranccedila na promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo Iniciativa para

reduzir nosso impacto em nosso planeta

Reconhecendo o problema da gestatildeo de resiacuteduos Diaacutelise

pode levar a economias de centenas de milhotildees de doacutelares e

para a reutilizaccedilatildeo e reciclagem de centenas de toneladas De

resiacuteduos plaacutesticos por ano em escala mundial com

consideraacuteveis Financeira e ecoloacutegica

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

493

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BRASIL Lei n 9795 de 27 de abril de 1999 Institui a Poliacutetica Nacional de

Educaccedilatildeo Ambiental e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF 1999

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo ao Portador de Doenccedila Renal Brasiacutelia 2004 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Portaria 1168 Gabinete do Ministro de 15 de junho de 2004 Brasiacutelia 2004 CONNOR A MORTIMER F The green nephrology survey of sustainability in renal units in England Scotland and Wales J Ren Care 2010 Sep 36(3)153-60 CONNOR A MORTIMER F TOMSON C Clinical Transformation The Key to Green Nephrology Nephron Clin Pract 2010116c200-c206 FAISSAL T et al Water Conservation An Emerging but Vital Issue in Hemodialysis Therapy Blood Purif 201030181ndash185 DOI 101159000321485 ELIAM ISV et al Resiacuteduos bioloacutegicos em serviccedilos de diaacutelise discussatildeo sobre o seu gerenciamento Revista Eletrocircnica de Enfermagem v 06 n 03 2004 Disponiacutevel em wwwfenufgbr BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Resoluccedilatildeo RDC ndeg 33 25022003 Dispotildee sobre o Regulamento Teacutecnico para o gerenciamento de serviccedilos de sauacutede Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 05 de mar de 2003 Brasiacutelia 2003 BURG G SILVEIRA DD Proposta de um modelo de gestatildeo ambiental para os serviccedilos de Nefrologia Acta Paul Enferm 200821(Nuacutemero Especial)192-7 Acesso em 01 out 2016 Disponiacutevel em httpwww2unifespbractapdfv21n5v21n5a10pdf CALHEIROS H C SILVA G G Estudo da potencialidade de reuso da aacutegua descartada em sistema de purificaccedilatildeo de aacutegua usada em tratamentos por hemodiaacutelise Rev bras eng Biomed 26(3)209-217 dez 2010 FARIA PGS et al Reaproveitamento do concentrado gerado por sistema de tratamento de aacutegua por osmose reversa em uma cliacutenica de hemodiaacuteliseEng Sanit Ambient Rio de Janeiro v 21 n 2 p 329-336 June 2016 Available from lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522016000200329amplng=enampnrm=isogt access on 15 Nov 2016 httpdxdoiorg101590S1413-41522016122029 FARIA PGS et al Reaproveitamento do descarte gerado pelo tratamento de aacutegua por osmose reversa em cliacutenica de hemodiaacutelise Eng Sanit Ambient v 21 n 2 (2016) Acesso em 14 set 2016 Disponiacutevel em httpsubmissionscielobrindexphpesaarticleview122029 GUIMARAtildeES Francisco Tavares Educaccedilatildeo ambiental como domiacutenio da promoccedilatildeo da sauacutede conversaccedilotildees pedagoacutegicas no acircmbito da

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

494

Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia Guimaratildees 111f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ensino de Ciecircncias) ndash Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia Tecnologia do Rio de Janeiro IFRJ Niloacutepolis 2010 GONCcedilALVES RT et al A capacitaccedilatildeo como instrumento para o adequado gerenciamento de resiacuteduos de serviccedilos de sauacutede ICTR2004 Acesso em 11 nov 2016 Disponiacutevel em httpswwwipenbrbibliotecacdictr2004ARQUIVOS20PDF0404-024pdf MANO E B PACHECO Ellen B V E BONELLI Claacuteudia M C Meio ambiente poluiccedilatildeo e reciclagem Satildeo Paulo Edgard Blucher 2005 360p PINTO-COELHO R M Reciclagem e desenvolvimento sustentaacutevel no Brasil Belo Horizonte Recoacuteleo 2009 340p

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

495

CAPIacuteTULO 28

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS ESCOLAS

PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

Joatildeo Henrique Constantino Sales SILVA1

Damiana Justino ARAUacuteJO2

Vecircnia Camelo de SOUZA3 Gilvaneide Alves de AZEREDO4

1 Graduando do curso de Bacharelado em Agroecologia UFPB 2Graduanda do curso de Licenciatura em Ciecircncias Agraacuterias UFPB 3 Colaboradora Professora do DCBS ndash CCHSA

UFPB 4 OrientadoraProfessora do DA ndash CCHSAUFPB joaoagroecologiaoutlookcom

RESUMO A exploraccedilatildeo desordenada dos ecossistemas como florestas e matas nacionais levou a uma destruiccedilatildeo imensuraacutevel da vegetaccedilatildeo nativa e da diversidade de espeacutecies Este trabalho tem como finalidade descrever a experiecircncia vivenciada no decorrer de um projeto de extensatildeo (Probex2016) que teve como seu principal objetivo aproximar os alunos das escolas puacuteblicas no Brejo Paraibano discentes do Curso Teacutecnico em Agropecuaacuteria (CAVN) e servidores da UFPB num trabalho de educaccedilatildeo ambiental envolvendo a produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas de diferentes espeacutecies florestais As atividades do projeto ocorreram nas imediaccedilotildees do Campus III ndash UFPB Com os discentes do Curso Teacutecnico foram realizadas no Bosque do Futuro algumas praacuteticas ecoloacutegicas No local satildeo plantadas mudas de espeacutecies florestais nativas no iniacutecio de cada semestre letivo durante o Trote Verde Ateacute o momento jaacute foram produzidas em torno de 750 mudas de 12 espeacutecies florestais nativas que foram e estatildeo sendo doadas agrave comunidade externa atraveacutes de eventos locais e projetos de urbanizaccedilatildeo Os conceitos trabalhados e as praacuteticas ecoloacutegicas desenvolvidas foram importantes para

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

496

despertar nos estudantes a necessidade de preservarmos o meio na busca de um maior equiliacutebrio ambiental Palavras-chave Educaccedilatildeo ambiental Espeacutecies florestais

Discentes

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil se destaca com seus grandes biomas

sobretudo a Mata Atlacircntica e a Amazocircnia como um dos paiacuteses

possuidores de maior biodiversidade do mundo abrangendo

milhotildees de hectares de florestas tropicais Eacute necessaacuterio que a

populaccedilatildeo se conscientize sobre o valor ambiental e

socioeconocircmico da biodiversidade que constitui um dos

maiores patrimocircnios da naccedilatildeo Felizmente a consciecircncia a

respeito da problemaacutetica ambiental cresceu significativamente

nos uacuteltimos anos Assim questotildees como desmatamento

manejo sustentaacutevel e conservaccedilatildeo de florestas passaram a ter

grande destaque inclusive na miacutedia internacional (NARDELLI

2001)

Entretanto para Lima (2013) o debate e as poliacuteticas

ambientais nos anos recentes tecircm assumido um perfil

conservador hegemonizado por orientaccedilotildees econocircmicas e

teacutecnicas que estatildeo longe de responder aos desafios colocados

Por isso os problemas ambientais crescem em escala

geomeacutetrica ainda que a questatildeo ambiental ganhe atenccedilatildeo

crescente Assiste-se cada vez mais a situaccedilotildees onde a

hegemonia da razatildeo capitalista promove a inversatildeo dos valores

e das prioridades humanas motivadas pela emancipaccedilatildeo e pela

dignidade humana Atraveacutes desses processos tende-se a

substituir os princiacutepios e valores fundamentais agrave vida humana e

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

497

da natureza por outros valores e premissas associados agrave sua

mercantilizaccedilatildeo e objetificaccedilatildeo

Cumpre notar que a simples presenccedila de aacutervores no

contexto urbano por si soacute natildeo eacute suficiente para manifestaccedilatildeo

de todos os efeitos beneacuteficos sobre o ambiente da cidade No

que diz respeito agrave funccedilatildeo esteacutetica ao sombreamento e agrave

mitigaccedilatildeo das ilhas de calor eacute necessaacuteria a elaboraccedilatildeo e

execuccedilatildeo de um plano de arborizaccedilatildeo no qual as atividades de

plantio e manutenccedilatildeo sejam coerentes com o clima e as

condiccedilotildees arquitetocircnicas e urbaniacutesticas da cidade (SAtildeO

PAULO 2005 CARNEIRO et al 2007 MASCARO DIAS

GIACOMIN 2008 SIEBERT 2008)

Nas uacuteltimas deacutecadas com o acelerado ritmo de

degradaccedilatildeo ambiental e a crescente atenccedilatildeo dada aos

problemas ambientais tem sido comum o incentivo agrave produccedilatildeo

de mudas nativas em vaacuterias regiotildees do Brasil (MACEDO 1993

BIONDI amp LEAL 2008 VILELLA amp VALARINI 2009) Neste

contexto a principal estrutura de apoio ao plantio de novas

aacutervores eacute o horto ou viveiro de mudas que natildeo soacute oferece

plantas para canteiros e praccedilas mas pode ainda contribuir para

iniciativas puacuteblicas e privadas de recuperaccedilatildeorestauraccedilatildeo

ambiental especialmente o reflorestamento Aleacutem disto estes

espaccedilos tecircm grande potencial para o desenvolvimento de

atividades de educaccedilatildeo ambiental e de apoio ao ensino de

ciecircncias (MENDES amp TONSO 2005 VARGAS 2007)

Segundo Paiva (2000) um viveiro eacute um espaccedilo

estruturado com suas proacuteprias caracteriacutesticas onde haacute a

produccedilatildeo manejo e proteccedilatildeo de mudas ateacute que estas tenham

idade e tamanho suficientes para resistirem em condiccedilotildees reais

de campo Viveiros Florestais satildeo aacutereas com um conjunto de

benfeitorias e utensiacutelios em que se empregam teacutecnicas visando

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

498

obter o maacuteximo da produccedilatildeo de mudas (MACEDO 1993) Um

viveiro florestal pode ser considerado um Viveiro Educador

(BRASIL 2008) quando aleacutem da produccedilatildeo de mudas existe a

intenccedilatildeo de utilizaacute-lo como espaccedilo de aprendizagem

(MARANHAtildeO 2006 LEMOS MARANHAtildeO 2008)

Aprender com a vida realizar tudo que for uacutetil e

proveitoso para preservaccedilatildeo da natureza eacute questatildeo primordial

para se construir a ldquoeducaccedilatildeo ambientalrdquo adequada e com

resultados Lembremos que essa educaccedilatildeo deve ser promovida

nos trecircs estaacutegios da vida infantil juvenil e adulta (MARQUES

amp DIAS 2013) A escola estaacute presente como agente formador

de opiniotildees e transformadora de accedilotildees sendo responsaacutevel pela

sociedade Ao inserir a Educaccedilatildeo Ambiental em seu curriacuteculo

ela fortalece e sensibiliza a comunidade escolar sobre as

questotildees ambientais (XAVIER amp SILVA 2011)

Eacute importante a inserccedilatildeo de um projeto de Educaccedilatildeo

Ambiental nas escolas buscando a formaccedilatildeo de uma

sociedade consciente em face do atual paradigma de

desenvolvimento sustentaacutevel Pode ser conferido ao ensino um

aspecto mais dinacircmico e participativo buscando oportunidade

de aprendizado e reflexatildeo sobre o meio ambiente e a relaccedilatildeo

que o ser humano tem com o mesmo demonstrando e fazendo-

os compreender que fazem parte de um todo maior (SANTOS

2011)

Diante do exposto o Projeto de Extensatildeo Interagindo

com a Ecologia produccedilatildeo de mudas de espeacutecies nativas

visando a conscientizaccedilatildeo ambiental realizado no Campus III ndash

UFPB vem dando aos estudantes a oportunidade de praticarem

a ecologia

Nesta perspectiva o trabalho tem como objetivo geral

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

499

relatar a experiecircncia vivenciada junto aos discentes das escolas

puacuteblicas do Brejo Paraibano discentes do Curso Teacutecnico em

Agropecuaacuteria do Coleacutegio Agriacutecola Vidal de Negreiros (CAVN) e

servidores da UFPB num trabalho de educaccedilatildeo ambiental

envolvendo a produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas e vaacuterias

praacuteticas ecoloacutegicas com diferentes espeacutecies florestais E como

objetivos especiacuteficos podem ser elencados

1 Beneficiamento de sementes florestais

2 Confecccedilatildeo de carpotecas e espermatecas visando sua

posterior exposiccedilatildeo em eventos

3 Realizaccedilatildeo de minicursos e oficinas sobre produccedilatildeo de

mudas em eventos internos durante a Expotec e a IX Semana

do ServidorUFPB

4 Realizaccedilatildeo de Trilha Ecoloacutegica com o corpo docente da

instituiccedilatildeo em um fragmento de mata pertencente ao Campus

III UFPB

5 Sensibilizar com todas estas atividades o puacuteblico

envolvido quanto agrave necessidade urgente de preservamos o

meio ambiente

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Este relato de experiecircncia faz parte de um projeto de

extensatildeo denominado Probex2016 da UFPB envolvendo a

comunidade escolar de um Coleacutegio em Bananeiras discentes

do Coleacutegio Agriacutecola Vidal de Negreiros UFPB Bananeiras

docentes servidores e discentes de outros cursos de

graduaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo

Uma das atividades desenvolvidas neste projeto

envolveu o Coleacutegio Antocircnio Coutinho de Medeiros cuja vivecircncia

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

500

foi dividida em dois encontros realizados no mecircs de

Setembro2016

Foi realizado tambeacutem como atividade do projeto o

beneficiamento de sementes da espeacutecie florestal

ldquo500imbauacutebardquo com a equipe de voluntaacuterios do projeto Essa

praacutetica contou com a participaccedilatildeo de 15 discentes da

graduaccedilatildeo e curso teacutecnico Parte dos frutos da 500imbauacuteba

foram coletados no municiacutepio de GuarabiraPB parte no distrito

de Roma pertencente agrave BananeirasPB Incialmente foi

agendado com a equipe as datas e horaacuterios dos encontros para

a realizaccedilatildeo dessa atividade que tinha por objetivo retirar as

sementes dos frutos (beneficiamento) e sua posterior seleccedilatildeo

Tambeacutem foram confeccionados trecircs modelos de

carpotecasespermatecas reaproveitando utensiacutelios

domeacutesticos a exemplo das taacutebuas de cortar carne que ao

receberem borrifadas de tinta spray metallik dourado (350 ml)

na parte superior e revestimento com folha de jornal na parte

inferior ganharam caracteriacutesticas de rusticidade e sofisticaccedilatildeo

em suas superfiacutecies

Durante a Exposiccedilatildeo Tecnoloacutegica ldquoExpotecrdquo do CAVN

foi ministrado o minicurso intitulado ldquoGerminaccedilatildeo de Sementes

e Produccedilatildeo de Mudas de Espeacutecies Nativasrdquo As atividades do

minicurso ocorreram nas imediaccedilotildees do Viveiro de Produccedilatildeo de

Mudas e no Setor de Agricultura do CCHSA onde ocorreu o

primeiro contato com os participantes para explicar os objetivos

propostos do minicurso Inicialmente houve uma dinacircmica para

que todos ali presentes se conhecessem e para que os

ministrantes tomassem conhecimento do puacuteblico que estava ali

Aleacutem dessas accedilotildees ocorreu a realizaccedilatildeo de uma Trilha

Ecoloacutegica durante a IX Semana do Servidor que contou com a

participaccedilatildeo de docentes teacutecnicos administrativos e servidores

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501

da instituiccedilatildeo E tambeacutem em outubro do decorrente ano uma

oficina como atividade da programaccedilatildeo da Semana do Servidor

intitulada ldquoProduccedilatildeo de Mudas Nativasrdquo A oficina dividiu-se em

dois momentos sendo o primeiro deles no mini auditoacuterio do

CCHSA e o segundo no Viveiro de Produccedilatildeo de Mudas do

Campus

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

1 Produccedilatildeo de mudas com discentes do Coleacutegio

Antocircnio Coutinho de Medeiros

Ao chegarem ao Campus IIIBananeiras os estudantes

do Coleacutegio Antocircnio Coutinho foram conduzidos a conhecer o

Setor de Agricultura e o ambiente ao redor visando identificar

algumas espeacutecies arboacutereas sendo elas nativas eou exoacuteticas

Nesse momento foi explicado o conceito de espeacutecies nativas e

exoacuteticas fazendo uso de estrateacutegias trazidas a partir do

conhecimento dos alunos bem como de sua comunidade de

origem

Em seguida no gramado do paacutetio da universidade foram

explanadas algumas etapas que satildeo cruciais no processo de

produccedilatildeo de mudas atraveacutes de uma linguagem de simples

compreensatildeo para um melhor entendimento dos discentes Em

seguida com a ajuda da equipe de voluntaacuterios e das

professoras presentes os estudantes padronizaram em termos

de tamanho os saquinhos de feijatildeo arroz accediluacutecar e materiais

semelhantes (1 kg) e fizeram furos na parte inferior dos sacos

estes oriundos do restaurante universitaacuterio de onde foram

coletados Posteriormente os discentes foram levados ateacute o

Viveiro de Produccedilatildeo de Mudas do CCHSA aonde preencheram

os saquinhos com o substrato enriquecido em mateacuteria orgacircnica

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

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502

Foram produzidas como ato simboacutelico

aproximadamente 100 mudas de quatro espeacutecies florestais

nativas com os discentes de faixa etaacuteria de 8-10 anos do

Coleacutegio Antocircnio Coutinho de Medeiros Dentre as espeacutecies

produzidas tem-se o Chichaacute e a Timbauacuteba Ao final da praacutetica

cada estudante levou consigo uma muda nativa com idade e

tamanho de ser plantada no quintal de casa ou em qualquer

outro lugar adequado para o plantio conforme as orientaccedilotildees

que receberam Alguns deles chegaram a relatar inclusive que

as mudas doadas no ano anterior jaacute passam de 15 m de altura

aproximadamente

2 Beneficiamento de sementes florestais

Os frutos ficaram armazenados na cacircmara fria sala

climatizada capaz de propiciar uma longevidade maior agraves

sementes armazenadas garantindo a sua qualidade e o seu

potencial germinativo Apoacutes o armazenamento por seis meses

em emebalagens de 50 kg os frutos foram retirados da cacircmara

para o ambiente externo dando iniacutecio ao seu beneficiamento

Durante a praacutetica foi necessaacuterio fazer uso de algumas

ferramentas manuais a exemplo do martelo e da marreta que

auxiliaram na quebra dos frutos

De imediato foi perceptiacutevel que o fruto apresentava uma

substacircncia oleaginosa que dificultava a retirada da semente e a

abertura do fruto Apoacutes a retirada das sementes os resiacuteduos do

beneficiamento como cascas sementes furadas e demais

partes dos frutos foram despejadas nas composteiras

orgacircnicas do Setor de Agricultura do CCHSA Em seguida no

Laboratoacuterio de Sementes do CCHSA ocorreu uma seleccedilatildeo das

sementes retirando as sementes com danos fiacutesicos ou

apresentando sinais patogecircnicos pois a qualidade das

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503

sementes eacute fundamental para a produccedilatildeo de mudas com boa

qualidade fisioloacutegica Dessa forma o lote de sementes

apresentaraacute maior pureza fiacutesica e consequentemente melhor

qualidade

Apoacutes a seleccedilatildeo manual as sementes foram

armazenadas em recipientes de garrafas pet visto que satildeo

utensiacutelios simples e praacuteticos no armazenamento de sementes

por apresentar uma boa vedaccedilatildeo Em seguida as garrafaslote

de semente foram alocadas nas estantes da cacircmara fria do

CCHSA

3 Confecccedilatildeo de carpotecas e espermatecas

Esses quadros expositivos com frutos e sementes

denominados pela equipe de carpoteca e espermateca podem

ser utilizados como ferramenta decorativa em ambientes

internos O objetivo da carpoteca foi expor frutos e sementes de

espeacutecies florestais aos discentes que visitaram o Stand da

Coordenaccedilatildeo de Meio Ambiente durante a Exposiccedilatildeo

Tecnoloacutegica do Coleacutegio Agriacutecola Vidal de Negreiros

Expotec2016

Cada semente ou fruto exposto nas carpotecas ldquoFig

(1)rdquo recebeu uma plaquinha de identificaccedilatildeo para facilitar o

reconhecimento das mesmas pelos visitantes Cada exemplar

(fruto eou semente) foi aderido agraves taacutebuas com cola de contato

multiuso Durante a Expotec foi dada ecircnfase agrave importacircncia no

manejo da coleta de frutos e sementes florestais

recomendando evitar a colheita de todas as sementes

produzidas pelas aacutervores matrizes permitindo assim que a

espeacutecie possa continuar disseminando-se de forma natural

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Figura 1 Carpotecaespermateca e produccedilatildeo de mudas

durante o minicurso da Expotec2016

Fonte Elaborada pelo autor

4 Minicurso Germinaccedilatildeo de Sementes e Produccedilatildeo de

Mudas de Espeacutecies Nativas (Expotec)

Durante o minicurso sobre produccedilatildeo de mudas foram

explicados alguns conceitos baacutesicos inerentes agrave produccedilatildeo de

mudas colheita dos frutos e sementes beneficiamento

armazenamento os fatores que influenciam na germinaccedilatildeo de

sementes os meacutetodos de superaccedilatildeo de dormecircncia o preparo

do substrato a composiccedilatildeo do substrato os materiais

necessaacuterios semeadura irrigaccedilatildeo e tratos culturais Durante a

parte teoacuterica houve momentos para discussatildeo sobre o assunto

apresentado para que os participantes tirassem todas as

duacutevidas sobre o tema trabalhado

Um dos temas abordados foi a problemaacutetica das

sementes transgecircnicas na qual a discussatildeo foi conduzida pelos

participantes onde puderam posicionar-se sobre o assunto

expondo suas visotildees de forma holiacutestica Entre os materiais

usados na exposiccedilatildeo dos conteuacutedos um em especial chamou

a atenccedilatildeo do puacuteblico por exibir uma seacuterie de mais de 80

espeacutecies arboacutereas nativas onde alguns tinham noccedilatildeo da

existecircncia delas e outros nunca ouviram sequer falar Aleacutem da

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

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505

sala de aula os participantes puderam visitar tambeacutem o

Laboratoacuterio de Sementes onde realizaram os procedimentos

para fazer um teste de germinaccedilatildeo com sementes florestais

Os participantes do minicurso fizeram tambeacutem o

processo de escarificaccedilatildeo nas sementes duras para permitir a

entrada de aacutegua na semente e confeccionaram os saquinhos

reaproveitados provenientes de embalagens plaacutesticas de

feijatildeo arroz accediluacutecar (1 kg) coletados no restaurante

universitaacuterio Logo depois preencheram os saquinhos com o

substrato enriquecido em mateacuteria orgacircnica e bateram

levemente a parte inferior dos saquinhos no chatildeo com o intuito

de acomodar bem o substrato dessa forma favorecendo um

melhor enraizamento do vegetal Diante do que foi exposto na

parte teoacuterica do minicurso os participantes puderam vivenciar

os conteuacutedos ministrados na praacutetica

5 Oficina Produccedilatildeo de Mudas Nativas (Semana do

servidor)

Em relaccedilatildeo a oficina realizada na Semana do Servidor o

principal objetivo foi aproximar os docentes teacutecnicos

administrativos e servidores da instituiccedilatildeo com a problemaacutetica

em questatildeo o desmatamento de nossas matas e florestas

nacionais Com duraccedilatildeo de quatro horas a oficina contou com

a ressemeadura de saquinhos jaacute preenchidos mas que natildeo

haviam germinado anteriormente Nesse uacuteltimo momento

muitos relataram em suas trocas de experiecircncias as espeacutecies

florestais que jaacute tinham conhecimento sendo algumas delas

presentes no quintal na calccedilada ou na comunidade rural onde

habitam

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6 Trilha Ecoloacutegica

Durante a Trilha Ecoloacutegica ldquoFig (2)rdquo foi possiacutevel

identificar algumas espeacutecies florestais nativas a exemplo da

Madeira Nova e o Coaccedilu (Triplaris surinamensis Cham) Algo

que chamou a atenccedilatildeo dos participantes foi a presenccedila de

algumas espeacutecies exoacuteticas que predominam as margens do

trajeto a exemplo da Mangueira (Mangifera indica L) e da

Jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam) A trilha monitorada

teve duraccedilatildeo de aproximadamente trecircs horas e contou com a

participaccedilatildeo de quatro guias os quais dividiram o puacuteblico em

dois grandes grupos com o objetivo de minimizar o impacto

ambiental no fragmento de mata uma vez que realizaram dois

percursos diferentes

Figura 2 Oficina de Produccedilatildeo de Mudas Nativas e Trilha

Ecoloacutegica durante a IX Semana do Servidor ndash UFPB

Fonte Richeacutelita Mendes 2016

As orientaccedilotildees baacutesicas foram previamente repassadas

aos participantes que se inscreveram na atividade a exemplo

do local de concentraccedilatildeo para a largada os trajes

recomendados e kit de primeiros socorros No local de

concentraccedilatildeo (Quadra Esportiva do CAVN) foi feito um

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507

alongamento e aquecimento atraveacutes do projeto Ginaacutestica

Laboral do CCHSACAVN melhorando dessa forma o

condicionamento fiacutesico dos participantes Em seguida foi

realizada uma breve apresentaccedilatildeo do trajeto a ser percorrido

os pontos de parada para fotografia e as caracteriacutesticas do

fragmento de mata atlacircntica que haacute no Campus III

Ao longo do percurso os participantes foram capazes de

coletar alguns resiacuteduos soacutelidos que encontraram pelo caminho

entre eles os mais predominantes sacolas plaacutesticas e garrafas

pet O primeiro ponto de parada foi em um dos poccedilos de

captaccedilatildeo de aacutegua onde foi possiacutevel discutir um pouco sobre o

processo histoacuterico da mata Mais adiante houve uma pausa

para fotografias numa formaccedilatildeo rochosa que tornou o cenaacuterio

gracioso No caminho foram encontrados alguns frutos secos

de espeacutecies florestais como a Sapucaia e o Jatobaacute Este uacuteltimo

conteacutem uma polpa amarelada que pode ser utilizada na

alimentaccedilatildeo humana Nesse momento alguns participantes

acrescentaram que jaacute haviam degustado da farinha do Jatobaacute

Os participantes ansiavam por aventura e sugeriram um

percurso mais desafiante de modo que os fizesse testar seus

limites Atendendo ao pedido dos participantes os monitores

seguiram o trajeto sugerido que trouxe exploraccedilotildees aleacutem do

que havia sido planejado Essa vivecircncia aleacutem de resultar numa

percepccedilatildeo mais ampla da importacircncia do meio ambiente para

os servidores possibilitou que os mesmos tivessem um contato

iacutentimo com a natureza Visto que muitos deles passam a maior

parte do tempo em ambientes fechados diante de telas de

computadores rotineiramente Ao final do percurso todos se

sentiram imensamente satisfeitos e sugeriram que essa

atividade se repetisse com mais frequecircncia nas imediaccedilotildees do

CCHSA

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508

7 Praacuteticas ecoloacutegicas no Bosque do Futuro

No Campus III Bananeiras haacute um espaccedilo denominado

ldquoBosque do Futurordquo aonde anualmente satildeo plantadas mudas

de diferentes espeacutecies florestais nativas durante o trote verde

Este evento eacute uma accedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Meio Ambiente e

ocorre no CCHSA envolvendo a participaccedilatildeo dos calouros de

diferentes cursos e visa agrave educaccedilatildeo ambiental por meio da

sensibilizaccedilatildeo dos alunos para a temaacutetica em questatildeo Apoacutes o

plantio de diferentes espeacutecies arboacutereas nessa aacuterea de

aproximadamente dois ha as mudas transplantadas requerem

alguns tratos culturais

Dessa forma foi realizado um conjunto de praacuteticas

ecoloacutegicas no Bosque que objetivou atraveacutes de algumas accedilotildees

proporcionar as condiccedilotildees favoraacuteveis garantindo um melhor

desempenho das mudas plantadas no local Essa praacutetica

contou com a participaccedilatildeo de uma turma de 18 estudantes do

Curso Teacutecnico em Agropecuaacuteria (Proeja)CAVN na disciplina

de Silvicultura

A praacutetica de coroamento consistiu na retirada de plantas

espontacircneas que competiam por luz aacutegua e nutrientes com as

mudas sendo realizada uma capina num raio de 1 metro em

torno das espeacutecies florestais a praacutetica de tutoramento consistiu

na alocaccedilatildeo das estacas que tecircm como objetivo evitar o

tombamento das mudas atraveacutes da accedilatildeo do vento e outras

intempeacuteries O uso da cobertura morta fez-se necessaacuterio visto

que a mesma reteacutem a umidade do solo propiciando as

condiccedilotildees favoraacuteveis para o enraizamento e absorccedilatildeo de

nutrientes pelas mudas florestais Aleacutem disso a mateacuteria seca

iraacute decompor-se no proacuteprio local mantendo o equiliacutebrio da

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509

ciclagem de nutrientes a cobertura usada no colo de cada

planta foi o capim do gecircnero Brachiaria o qual cobre

predominantemente o solo local

A praacutetica com adubaccedilatildeo orgacircnica teve por objetivo

melhorar a qualidade do solo o adubo utilizado foi de origem

animal (esterco bovino previamente curtido) e foi espalhado e

incorporado ao solo proacuteximo das mudas disponibilizando

macro e micronutrientes para as plantas e consequentemente

alterando as propriedades fiacutesico-quiacutemicas do solo Enquanto

que a praacutetica com adubaccedilatildeo verde fundamentou-se no

potencial de algumas plantas leguminosas atuarem na

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas enriquecendo o solo

sobretudo com nitrogecircnio Muitas leguminosas formam uma

massa volumosa que quando incorporada ao solo melhora sua

estrutura aleacutem de disponibilizar nutrientes

Durante as atividades praacuteticadas no Bosque do Futuro

ldquoFig (3)rdquo foi contabilizada uma variedade de aproximadamente

42 espeacutecies de 150 mudas nativas na aacuterea Mediante as

praacuteticas realizadas a exemplo do coroamento tutoramento uso

de cobertura morta e adubaccedilatildeo orgacircnica as mudas

apresentaram maior desenvolvimento aleacutem da contribuiccedilatildeo no

processo de sucessatildeo ecoloacutegica no local O espaccedilo

denominado bosque do futuro eacute uma aacuterea de aprendizagem

muacuteltipla voltada para a educaccedilatildeo ambiental e estaacute sendo

construiacuteda com empenho de estudantes e professores do

CCHSA

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510

Figura 3 Doaccedilatildeos de mudas para os discentes do Coleacutegio

Antocircnio Coutinho de Medeiros e praacutetica no Bosque do Futuro

com discentes do Curso Teacutecnico (CAVN)

Fonte Elaborada pelo autor

Essas praacuteticas satildeo de grande importacircncia por

possibilitarem e recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e

consequentemente a recuperaccedilatildeo de parte da nossa flora e

fauna Aleacutem de contribuir no aprimoramento acadecircmico no

acircmbito humano social e agraacuterio

Segundo Ferro et al (2012) a recuperaccedilatildeo de aacutereas

degradadas eacute muito antiga problemas como o assoreamento

dos rios inundaccedilotildees e deslizamentos causados pela

degradaccedilatildeo florestal natildeo satildeo recentes no entanto soacute

recentemente esta adquiriu um caraacuteter de uma aacuterea de

conhecimento os programas de recuperaccedilatildeo deixam de ser

mera aplicaccedilatildeo de praacuteticas agronocircmicas ou silviculturais para

assumir a tarefa de reconstruccedilatildeo dos processos ecoloacutegicos A

importacircncia da recuperaccedilatildeo adveacutem da necessidade de

retenccedilatildeo do solo contenccedilatildeo da erosatildeo manutenccedilatildeo da

biodiversidade e da beleza cecircnica (FELFILI amp SILVA JUacuteNIOR

2001)

Esta accedilatildeo ambiental eacute uma forma de mostrar aos

estudantes a importacircncia de manter uma aacuterea revitalizada no

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

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511

Campus proporcionando benefiacutecio ambiental no local a partir

do desenvolvimento das mudas no ldquoBosque do Futurordquo Todo

esse contato com a flora nativa e com a natureza de modo

geral proporcionou conhecimentos teoacuterico-praacuteticos aos

estudantes envolvidos que compreenderam a importacircncia de

se manejar adequadamente um ecossistema e a preservar a

natureza mediante as praacuteticas realizadas com diferentes

espeacutecies florestais nativas

O projeto continua em andamento e ateacute o momento

foram produzidas aproximadamente 750 mudas nativas as

quais podem ser conferidas na Tabela (1)

Tabela 1 Espeacutecies vegetais utilizadas na produccedilatildeo de mudas

no decorrer do projeto

Nome popular Nome cientiacutefico

Jatobaacute Hymenaea courbaril L

Madeira Nova Pterogyne nitens Tull

Chichaacute Sterculia striata A St Hil amp Naldin

Timbauacuteba Enterolobium contortisiliquum (Vell) Morong

Saboneteiro Sapindus saponaria L

Canafiacutestula Cassia brasiliana Lam

JucaacutePau Ferro Caesalpinia feacuterrea Mart Ex Tul

Paineira Ceiba speciosa (St-Hill) Ravena

Gruapuruvuacute Schizolobium parahyba (Vell) Black

Olho de Cabra Ormosia arboacuterea (Vell) Harms

Tento Adenanthera pavonina L

Sombreiro Clitoria fairchildiana RA Howard

Pata-de-vaca Bauhinia forficata Linn

Fonte Elaborada pelo autor

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4 CONCLUSOtildeES

O interesse por parte dos estudantes em relaccedilatildeo agraves

atividades em campo foi crescente refletindo de forma positiva

no aprendizado e na adoccedilatildeo de uma nova postura na sua vida

cotidiana Essas vivecircncias natildeo soacute aproximaram os discentes

com a natureza como tambeacutem os docentes teacutecnicos

administrativos e servidores da instituiccedilatildeo (UFPB) que

acompanharam e se envolveram nessas atividades

Se quisermos garantir a sobrevivecircncia do planeta eacute

necessaacuterio promover a mudanccedila de comportamento Neste

sentido devemos praticar tudo aquilo que jaacute estamos fadados

a ouvir cuidar do nosso espaccedilo fiacutesico do nosso lar

denunciando participando executando accedilotildees que conduzam agrave

preservaccedilatildeo do meio ambiente em prol desta geraccedilatildeo e das

que ainda estatildeo por vir

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BIONDI D LEAL L Caracterizaccedilatildeo das plantas produzidas no horto municipal da Barreirinha ndashCuritibaPR Revista da Sociedade Brasileira de Arborizaccedilatildeo Urbana Piracicaba v3 n2 p 20-36 2008 BRASIL Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Articulaccedilatildeo Institucional e Cidadania Ambiental Viveiros educadores plantando a vida Brasiacutelia DF MMA Departamento de Educaccedilatildeo Ambiental 84p 2008 CARNEIRO D P Q et al Ilhas de calor no campus da UNICAMP Revista Ciecircncias do Ambiente On - Line Campinas v 3 n 2 p 43-48 2007 FELFILI JM SILVA JUNIOR MC de Biogeografia do bioma cerrado estudo fitofisionocircmico da chapada do Espigatildeo Mestre de do Satildeo Francisco Brasiacutelia UnB Departamento de Engenharia Florestal Cap 6 p 35-36 2001 FERRO P D SOUZA A A de CALDEIRA D R M Avaliaccedilatildeo do Desenvolvimento de Espeacutecies Arboacutereas em Recuperaccedilatildeo de Mata de

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Ripaacuteria In Congresso de Gestatildeo Ambiental 3 Anais GoiacircniaGO Brasil 2012 LEMOS G N MARANHAtildeO R R Viveiros educadores plantando vida Brasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente 2008 LIMA G F da C Educaccedilatildeo Ambiental e Mudanccedila Climaacutetica convivendo em contextos de incerteza e complexidade Revista Ambiente amp Educaccedilatildeo v18 n1 p91-112 2013 MACEDO A C Produccedilatildeo de mudas em viveiros florestaisespeacutecies nativas Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Florestal17-18 p 1993 MARANHAtildeO R Implementaccedilatildeo de bosques e viveiros de espeacutecies nativas do cerrado nos espaccedilos escolares limites e potencialidades Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade de Brasiacutelia 2006 MARQUES M D DIAS L S Reflexotildees a cerca da educaccedilatildeo ambiental conscientizada em accedilotildees efetivas e praacuteticas In FOacuteRUM AMBIENTAL DA ALTA PAULISTA v 9 n 6 p 36-532013 MASCARO J J DIAS A P A GIACOMIN S D Arborizaccedilatildeo puacuteblica como estrateacutegia de sustentabilidade urbana In Seminaacuterio Internacional do Nuacutecleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo (NUTAU 2008) 2008 Satildeo Paulo Espaccedilo Sustentaacutevel inovaccedilotildees em edifiacutecios e cidades Disponiacutevel em lthttptellususpnetuspbrnutauCDgt 8 pAcesso em 04112016 MENDES D G TONSO S A construccedilatildeo e funcionamento de um viveiro de mudas nativas como um processo de educaccedilatildeo socioambiental In Congresso Interno de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da Unicamp 8 Campinas Anais 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwprpunicampbrpibiccongressosxiiicongressocdromhtmlgt Acesso em 04112016 NARDELLI A M B Sistemas de certificaccedilatildeo e visatildeo de sustentabilidade no setor florestal brasileiro 2001 121f Tese (Doutorado em Ciecircncia Florestal) - Universidade Federal de Viccedilosa Viccedilosa MG 2001 PAIVA HN GOMES JM Viveiros Florestais Viccedilosa Universidade Federal de Viccedilosa 69p 2000 SANTOS M B MORIYA M R Educaccedilatildeo Ambiental nas Escolas Municipais e Estaduais do Municiacutepio de Batayporatilde ndash MS Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul Unidade Universitaacuteria de Ivinhema 2011 SAtildeO PAULO Secretaria do Verde e do Meio Ambiente Manual Teacutecnico de Arborizaccedilatildeo Urbana 2ed Satildeo Paulo Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo p48 2005 SIEBERT A F Arborizaccedilatildeo Urbana - Conforto Ambiental e Sustentabilidade O caso de Blumenau ndash SC In Seminaacuterio Internacional

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

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do Nuacutecleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo (NUTAU 2008) 2008 Satildeo Paulo Espaccedilo Sustentaacutevel inovaccedilotildees em edifiacutecios e cidades Disponiacutevel em lthttptellususpnetuspbrnutauCDgt p6 Acesso em 04112016 VARGAS E T Um viveiro de mudas como ferramenta para o ensino de ecologia botacircnica e educaccedilatildeo ambiental 2007 102 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ensino de Ciecircncias e Matemaacutetica) ndash Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Belo Horizonte Belo Horizonte 2007 VILELLA A L A VALARINI G A Manual informativo para produccedilatildeo de mudas em viveiros florestais Americana Consoacutercio PCJ 40 p 2009 XAVIER R M SILVA R F da Produccedilatildeo de Mudas Nativas Sustentaacuteculo para a Educaccedilatildeo Ambiental In ENCONTRO DE ENSINO PESQUISA E EXTENSAtildeO Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Cidade Universitaacuteria de Dourados - CP 351 - CEP 79804-970 - DOURADOS ndash MS 2011

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

515

CAPIacuteTULO 29

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

Magnollya Moreno de Arauacutejo LELIS 1

Kelly Teles OLIVEIRA 2

Renata Peixoto de OLIVEIRA 3 Itamara da Costa SOUSA 4

1 Mestre em Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel UFCA 2 Mestranda em Sauacutede da crianccedila URCA 3 Especialista em cliacutenica meacutedica CUSC 4 OrientadoraMestre em

Enfermagem URCA e-mail magnollyamorenohotmailcom

RESUMO O Brasil apresenta uma nova configuraccedilatildeo do padratildeo demograacutefico com significativo aumento do nuacutemero de idosos e parte desta faixa etaacuteria vem sendo excluiacuteda do conviacutevio social Objetivou-se evidenciar o estado da arte quanto a importacircncia do grupo de convivecircncia e sua relaccedilatildeo com a sustentabilidade social Realizou-se uma revisatildeo integrativa da literatura com uma pesquisa eletrocircnica realizada nas bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede ( LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE) Utilizou-se os DESCs ( Descritores em Ciecircncias da Sauacutede) ldquoGrupos de Convivecircncia para Idososrdquo ldquoCentros Comunitaacuterios para Idososrdquo e ldquoSustentabilidaderdquo Buscou-se os artigos cientiacuteficos publicados no periacuteodo de 2005 a 2015 que estivessem disponiacuteveis na iacutentegra e que fossem publicados em inglecircs portuguecircs e espanhol De um total de 20 estudos 11 compuseram a amostra deste estudo relativos a imprtancia do grupo de convivecircncia e centro comunitaacuterio para idosos Observou-se que nenhum estudo foi encontrado quando foi feito a busca tripla dos descritores Assim evidencia-se a necessidade de mais pesquisas que abordem a relaccedilatildeo Precisa-se planejar e implementar poliacuteticas que melhorem a qualidade de vida dos idosos Tem-se os grupos de idosos

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

516

como uma estrateacutegia imprescindiacutevel para que se tenha um futuro sustentaacutevel por despertar para atitudes e pensamentos que culminam em um futuro melhor para todos Palavras-chave Grupo de convivecircncia Sustentabilidade

Grupo de idosos

1 INTRODUCcedilAtildeO

Nos uacuteltimos anos o Brasil vem apresentando uma nova

configuraccedilatildeo do padratildeo demograacutefico percebido pela reduccedilatildeo da

taxa de crescimento populacional e por transformaccedilotildees

importantes na composiccedilatildeo de sua estrutura etaacuteria com um

significativo aumento do nuacutemero de idosos O censo do IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2010) aponta que

entre os anos de 1999 a 2009 o percentual de idosos passou

de 91 para 113 com projeccedilatildeo de crescimento para 283

em 2020 e aumentando para 641 em 2050

Apesar desta realidade o envelhecimento ainda eacute algo

que muitas pessoas tecircm medo de enfrentar pois apesar de se

constituir um estaacutegio do desenvolvimento humano vivenciam-

se um conjunto de perdas e ganhos Associada a velhice vem

a ideacuteia de incapacidade doenccedila afastamento e dependecircncia

(NERI e SOMMERHALDER 2001) enfatizada principalmente

apoacutes a Revoluccedilatildeo Industrial e o desenvolvimento do capitalismo

passando a significar decadecircncia sendo assim excluiacuteda e

marginalizada

Assim a velhice eacute encarada como algo feio e ruim vista

com preconceitos de inutilidade dependecircncia e ldquoconjunto de

doenccedilasrdquo o que faz com que essa populaccedilatildeo se exclua e seja

excluiacuteda encontrando dificuldades para interaccedilatildeo social

inclusive com seus familiares sentindo-se na maioria das vezes

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

517

sozinhos e abandonados Esses fatores desencadeiam altos

niacuteveis de ansiedade e depressatildeo comprometendo a qualidade

de vida deste grupo etaacuterio (BORGES et al 2013 MINGHELLI

et al 2013 e FRUTUOSO 1999) Carneiro (2007) acrescenta

afirmando que as deficiecircncias em habilidades sociais parecem

constituir um fator de vulnerabilidade para a baixa qualidade de

vida e para a depressatildeo em indiviacuteduos da terceira idade

Eacute de fundamental importacircncia que esse panorama mude

Encontra-se na sustentabilidade social uma das principais

dimensotildees da sustentabilidade defendida por Maia e Pires

(2011) e Sachs (2002) a possibilidade de mudanccedila atraveacutes de

accedilotildees que visem melhorar a qualidade de vida desta populaccedilatildeo

O termo sustentabilidade refletia anteriormente para conceitos

econocircmicos e ecoloacutegicos (SARTORI et al 2014 LOZANO

2012 e AYRES 2008) Hoje vai mais aleacutem reflete a

necessidade das pessoas em manter-se sem comprometer a

existecircncia e a permanecircncia de outras pessoas com accedilotildees que

diminuam as desigualdades sociais ampliem os direitos e

garantam acesso aos serviccedilos que possibilitem agraves pessoas o

pleno direito agrave cidadania (MENDES 2009) Obedece a um dos

princiacutepios fundamentais para o desenvolvimento sustentaacutevel

propostos no relatoacuterio Brundtland (ou nosso futuro comum) o

da equidade social Compreende o respeito agrave diversidade

empoderamento de grupos excluiacutedos socialmente incentivo agrave

resoluccedilatildeo paciacutefica de conflitos e convivecircncia saudaacutevel com a

famiacutelia e sociedade

Como estrateacutegia desta sustentabilidade social tem-se

nos grupos de convivecircncia para idosos uma alternativa para

inseri-lo no conviacutevio social ocupando espaccedilo e posiccedilatildeo perante

a sociedade e melhorando seu conviacutevio familiar

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

518

Interagir socialmente sobretudo com amigos da mesma

geraccedilatildeo possibilita ao idoso construir novos laccedilos de relaccedilatildeo e

favorece o bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e social (NERI e

SOMMERHOLDER 2001 e MONTEIRO 2001) As pessoas

que tecircm maior contato social vivem mais e com melhor sauacutede

quando comparadas agraves pessoas com menor contato social

(DRESSLER 1997 apud ALMEIDA et al 2010) A pobreza de

relaccedilotildees sociais tem sido considerada um fator de risco agrave

sauacutede tatildeo danoso quanto o fumo a pressatildeo arterial elevada a

obesidade e a ausecircncia de atividade fiacutesica (BOWLING et Al

2003)

Como mencionado os autores afirmam os benefiacutecios

dos grupos de convivecircncia para idosos Eacute importante tambeacutem

conhecer o que os idosos que vivenciam experiecircncias nestes

grupos pensam a cerca deste assunto uma vez que a sua

percepccedilatildeo como sujeitos do processo contribui para o

aprimoramento de praacuteticas e poliacuteticas que funcionem em seu

benefiacutecio

Leite (2002) ao ouvir idosos em seu estudo sobre a

importacircncia dos grupos da terceira idade estes informaram um

resgate da vaidade do prazer da satisfaccedilatildeo e da alegria de

poder estar com as outras pessoas podendo realizar diversas

atividades e ao mesmo tempo conversar sorrir danccedilar contar

piadas fortalecer laccedilos e fazer novas amizades Boht (2012)

acrescenta que ao pesquisar sobre a percepccedilatildeo de velhice na

voz de idosos inseridos em grupos de terceira idade encontrou

que os idosos afirmam que este eacute um espaccedilo de construir e

fortalecer viacutenculos de amizade e se constitui em um local de

diversatildeo Rizzolli e Darlan (2010) tambeacutem enriquecem o

assunto quando encontraram relatos positivos de idoso a cerca

da contribuiccedilatildeo das experiecircncias vivenciadas nos grupos no

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

519

que concerne a desenvolvimento das atividades diaacuterias e

reconhecimento pelos familiares e sociedade em geral

Embora a literatura enfatize a importacircncia da

manutenccedilatildeo da qualidade de vida do idoso e das medidas

disponiacuteveis para contribuir para a melhora desta satildeo escassos

os estudos que investigam os benefiacutecios dos grupos de

convivecircncia (MINGHELLI et Al 2013) bem como a percepccedilatildeo

que os idosos tecircm a cerca destes grupos

Acreditamos que este estudo traraacute grande contribuiccedilatildeo

por despertar para a necessidade de conhecer a percepccedilatildeo

deste grupo como ferramenta base para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

que assegurem o aumento da longevidade e favoreccedilam a

garantia da felicidade satisfaccedilatildeo pessoal e a inserccedilatildeo social

Diante disto surge o objetivo desta pesquisa eacute investigar

o estado da arte da produccedilatildeo cientiacutefica no que diz respeito agrave

importacircncia do grupo de convivecircncia para idosos e sua relaccedilatildeo

com a sustentabilidade social Partimos do pressuposto de que

esses grupos trazem grandes melhorias e mudanccedilas positivas

na vida dos idosos ao desenvolverem a auto-confianccedila a auto-

estima favorecer o relacionamento familiar e intergeracional

promover sauacutede melhorar o desenvolvimento das funccedilotildees

diaacuterias aumentar a valorizaccedilatildeo e o respeito pela sociedade

3 MATERIAIS E MEacuteTODO

Utilizou-se como meacutetodo de pesquisa a revisatildeo

integrativa que segundo Silveira (2005) emerge como uma

metodologia que proporciona a siacutentese do conhecimento e a

incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados de estudos

significativos para a praacutetica

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

520

Seguiram-se as etapas da elaboraccedilatildeo da revisatildeo

integrativa propostas por Souza Silva e Carvalho (2010)

Elaboraccedilatildeo da pergunta norteadora busca na literatura coleta

de dados anaacutelise criacutetica dos estudos incluiacutedos discussatildeo dos

resultados e apresentaccedilatildeo da revisatildeo integrativa Este rigor

metodoloacutegico eacute necessaacuterio para que o produto oriundo da

revisatildeo integrativa possa trazer contribuiccedilotildees relevantes tanto

para a ciecircncia e como para a praacutetica cliacutenica

A questatildeo norteadora da pesquisa foi qual o estado da

arte da produccedilatildeo cientiacutefica no que diz respeito a importacircncia do

grupo de convivecircncia para idosos e sua relaccedilatildeo com a

sustentabilidade

Os dados foram coletados no mecircs de janeiro de 2016 e

seguiu duas etapas Inicialmente realizou-se busca na base de

dados na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede ( LILACS) e na Medical Literature Analysis and

Retrieval Sistem on-line (MEDLINE) Utilizou-se os Descritores

em Ciecircncias da Sauacutede (DeCS) ldquoGrupos de Convivecircncia para

Idososrdquo ldquoCentros Comunitaacuterios para Idososrdquo e

ldquoSustentabilidaderdquo

Os criteacuterios de inclusatildeo (filtros) obedecidos foram 1-

literaturas disponiacuteveis na iacutentegra 2- artigos originais 3- artigos

publicados em portuguecircs inglecircs e espanhol 4- publicaccedilotildees nos

uacuteltimos 10 anos

Iniciou-se a busca pelos descritores de forma isolada e

posteriormente foi feita uma busca nas bases realizando o

cruzamento dos termos atraveacutes do operador boleano AND

Num segundo momento foi realizado uma leitura criacutetico-

reflexiva dos estudos na iacutentegra excluindo aqueles que natildeo

tinha relaccedilatildeo direta com a temaacutetica abordada ou apresentavam

duplicidade

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

521

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Foram encontrados 29 artigos listados pela base de

dados referentes ao termo ldquoCentro de convivecircncia para idososrdquo

09 foram descartados sendo 03 por apresentarem-se repetidos

e 06 por natildeo terem relaccedilatildeo com a temaacutetica Ao utilizar o

descritor ldquoCentros comunitaacuterios para idososrdquo encontrou-se 20

artigos publicados poreacutem natildeo foram incluiacutedos jaacute que eram

repetidos Ao pesquisar o descritor ldquosustentabilidaderdquo 86

estudos foram encontrados sendo todos descartados por natildeo

obedecer aos criteacuterios de inclusatildeo devido agrave falta de relaccedilatildeo

direta com a temaacutetica E como resultado relevante quando se

buscou ldquoCentro de convivecircncia para idososrdquo and

ldquoSustentabilidaderdquo e ldquoCentros comunitaacuterios para idososrdquo and

ldquoSustentabilidaderdquo nenhum estudo foi encontrado Assim

evidencia-se pouco interesse em desenvolver artigos que

abordem o tema apesar do crescente envelhecimento

populacional o que eacute extremamente preocupante

Durante a revisatildeo das publicaccedilotildees alguns aspectos

foram identificados como relevantes no processo de anaacutelise dos

conteuacutedos Para anaacutelise das informaccedilotildees foi realizada a

organizaccedilatildeo do conteuacutedo encontrado quanto ao ano base de

dados e essecircncia do conteuacutedo recomendaccedilotildeesconclusotildees dos

autores descritos no Quadro 1

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

522

Quadro 1- Apresentaccedilatildeo dos artigos selecionados

Ano Referecircncia Conteuacutedo Recomendaccedilotildees e Conclusotildees

2008 LILACS Conhecimento sobre HIVAIDS nos grupos de convivecircncia

Necessidade de aprimoramento dos programas de sauacutede puacuteblica

2008 LILACS Caracterizaccedilatildeo dos idosos

Necessidade de direcionamento das accedilotildees

2009 LILACS Consequecircncias sociais e de sauacutede com o aumento do nuacutemero de idosos

Necessidade de poliacutetica eficaz

2010 LILACS Qualidade de vida e depressatildeo em idosos participantes e natildeo participantes de grupos de convivecircncia

Mais grupos de convivecircncia

2010 LILACS Identificar condiccedilotildees de sauacutede de idosas que frequentam o grupo de convivecircncia

As idosas que participam de grupos tecircm melhor percepccedilatildeo de sauacutede

2011 LILACS Associaccedilatildeo da atividade fiacutesica e a capacidade fiacutesica de idosos participantes de

Importacircncia da atividade fiacutesica desempenhada pelos grupos

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

523

um grupo de convivecircncia

2012 LILACS Associaccedilatildeo entre condiccedilotildees de sauacutede e niacutevel de atividade fiacutesica em idosos participantes e natildeo participantes de grupos

Melhor percepccedilatildeo do estado de sauacutede e manutenccedilatildeo apoacutes participaccedilatildeo nos grupos

2013 LILACS Siacutendrome da fragilidade e suas relaccedilotildees com a capacidade e desempenho funcional em idosos que frequentam um grupo de convivecircncia

A fragilidade compromete a funcionalidade dos idosos o que pode ser melhorado com a participaccedilatildeo em grupo de convivecircncia

2014 MEDLINE Prevenccedilatildeo de quedas e acidentes domeacutesticos atraveacutes da atividade fiacutesica em participantes de um centro de convivecircncia nos EUA

Diminuiccedilatildeo do iacutendice de quedas e melhora do equiliacutebrio em idosos

2013 MEDLINE Avaliar o efeito atividades desenvolvidas em centros de

Os centros de convivecircncia satildeo locais propiacutecios para promoccedilatildeo da

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

524

convivecircncia com foco na mudanccedila do estilo de vida no controle da Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (EUA)

mudanccedila no estilo de vida sendo um ponto importante de disseminaccedilatildeo

2011 MEDLINE Atividades desenvolvidas em Centros de convivecircncia e a prevenccedilatildeo de quedas e fraturas em idosos

Evidencia-se que uma intervenccedilatildeo de prevenccedilatildeo queda multifatorial oferecidos em centros de idosos e prestados por pessoal treinado pode ser beneacutefico para melhorar a comportamentos que possam contribuir para diminuir o risco de quedas e fraturas em idosos

Fonte Pesquisa direta 2015

O quantitativo de referecircncias por ano encontrado mostra

um percentual igual de 90 das publicaccedilotildees nos anos de 2009

2012 e 2014 Jaacute nos anos de 2008 2010 2011 e 2013 as

publicaccedilotildees foram de 181 Natildeo foram encontradas

publicaccedilotildees no periacuteodo de 2004 a 2007 A base de dados da

LILACS possui 728 dos artigos indexados e 272 na

MEDLINE

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

525

Com relaccedilatildeo a essecircncia do conteuacutedo estudado nas

referecircncias e as suas produccedilotildees no conhecimento encontramos

que 875 das referecircncias investigam as relaccedilotildees sociais de

qualidade de vida e de sauacutede nos grupos de convivecircncia 125

das referecircncias analisam os dados sociodemograacuteficos dos

idosos que frequentam o grupo Verifica-se assim algo de suma

importacircncia nestes dados o interesse pelos autores em

destinar esforccedilos em pesquisas que objetivem identificar os

benefiacutecios dos grupos de convivecircncia para idosos nas relaccedilotildees

sociais e de sauacutede com consequente melhoria na qualidade de

vida como enfatizado por Benedetti (2008) e Almeida (2010) ao

afirmarem que a participaccedilatildeo nos grupos de convivecircncia

contribui para a melhor percepccedilatildeo do estado de sauacutede menor

ocorrecircncia de depressatildeo e melhoria na qualidade de vida para

os idosos

Assim a formaccedilatildeo de grupos de convivecircncia para idosos

deve ser estimulada e discutida como poliacutetica de sauacutede puacuteblica

para que contemplem suas necessidades recomendaccedilatildeo feita

por todos (100) os autores encontrados nesta revisatildeo sobre

grupos de idosos Lazarotto et al (2008) demonstrando a

necessidade de programas de sauacutede puacuteblica para idosos Veras

(2008) acrescenta que poliacutetica puacuteblica brasileira deveria

priorizar a manutenccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos

com monitoramento das condiccedilotildees de sauacutede com accedilotildees

preventivas e diferenciadas de sauacutede e de educaccedilatildeo com

cuidados qualificados e atenccedilatildeo multidimensional e integral

A ausecircncia de estudos abordando a relaccedilatildeo dos grupos

de convivecircncia e centros comunitaacuterios para idosos com a

sustentabilidade eacute intrigante A sustentabilidade na sua

dimensatildeo social enfatiza o desenvolvimento de accedilotildees que

possibilitem melhorar a qualidade de vida das pessoas reduccedilatildeo

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

526

das desigualdades sociais garantir dos direitos e acesso agrave

serviccedilos que garantam o pleno direito agrave cidadania Natildeo estaacute

ligada apenas a questotildees ambientais ecoloacutegicas e econocircmicas

como muitos indiviacuteduos pensam o que talvez justifique a

carecircncia de estudos na aacuterea

Assim os grupos de convivecircncia para idosos eacute uma

alternativa para inseri-lo no conviacutevio social ocupando espaccedilo e

posiccedilatildeo perante a sociedade e propiciando seu conviacutevio

familiar Rizolli e Sudy(2010) conceituam grupo de convivecircncia

como espaccedilos nos quais o conviacutevio e a interaccedilatildeo com e entre

os idosos permitem a construccedilatildeo de laccedilos simboacutelicos de

identificaccedilatildeo e onde eacute possiacutevel partilhar e negociar os

significados da velhice delineando novos modelos paradigmas

de envelhecimento e construccedilatildeo de novas identidades sociais

Corrobora com essa ideacuteia Campos (1994) ao evidenciar que a

presenccedila dos idosos nos grupos de convivecircncia leva a um

aprendizado uma vez que compartilham ideacuteias experiecircncias e

tambeacutem ocorre reflexatildeo sobre o cotidiano da vida destas

pessoas

Eacute necessaacuterio a adequaccedilatildeo a esta nova dinacircmica

demograacutefica para enfrentar os problemas dela decorrentes

Deve-se pensar no planejamento e desenvolvimento de

poliacuteticas que sejam resolutivas e que melhorem a qualidade de

vida dos idosos uma vez que a responsabilidade eacute de toda a

sociedade

4 CONCLUSOtildeES

Os resultados encontrados evidenciam a necessidade de

mais estudos que abordem a relaccedilatildeo de grupos de convivecircncia

para idosos como estrateacutegia de sustentabilidade uma vez que

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

527

estamos diante de uma inversatildeo demograacutefica e precisamos

prevenir e enfrentar da melhor forma os problemas delas

decorrentes Precisa-se planejar e implementar poliacuteticas que

melhorem a qualidade de vida dos idosos Os grupos de idosos

eacute uma estrateacutegia imprescindiacutevel

Por meio da presente revisatildeo integrativa foi possiacutevel

visualizar aleacutem das evidecircncias de estrateacutegias eficazes

provenientes de pesquisas envolvendo o envelhecimento ativo

a necessidade de intensificar esforccedilos segundos os artigos

analisados nesta temaacutetica

Eacute necessaacuterio ainda esclarecer agrave sociedade as dimensotildees

da sustentabilidade para que aumentem os estudos na aacuterea

como tambeacutem para que viabilizem o desenvolvimento de

atitudes e accedilotildees sustentaacuteveis

No estudo eacute niacutetido que as estrateacutegias de promoccedilatildeo da

sauacutede satildeo vitais para o envelhecimento ativo onde a formaccedilatildeo

de Grupos de convivecircncia por exemplo favorece a autonomia

do ser idoso atraveacutes de um cuidado especiacutefico que prioriza a

qualidade de vida Assim enfermeiros e idosos devem atuar em

uma relaccedilatildeo interpessoal baseada na comunicaccedilatildeo e em

princiacutepios eacuteticos

Apesar das publicaccedilotildees estarem aumentando nos

uacuteltimos anos no que se refere aos estudos sobre

envelhecimento ativo faz-se necessaacuteria a realizaccedilatildeo de outras

pesquisas na aacuterea de enfermagem Essas poderatildeo ressignificar

a produccedilatildeo cientiacutefica jaacute produzida adequando-a aos inuacutemeros

cenaacuterios sobre o processo de envelhecimento e as dimensotildees

da sustentabilidade visto que segundo esta revisatildeo integrativa

haacute poucos estudos especiacuteficos na aacuterea incluindo estudos

interdisciplinares que envolvam a temaacutetica

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

528

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ALMEIDA E Comparaccedilatildeo da qualidade de vida entre idosos que participam e idosos que natildeo participam de grupos de convivecircncia na cidade de Itabira-MG Rev Bras Geriatr Gerontol v13 n 3 p 435-44 AYRES R U Statiscal measures of unsustainability EcologicalEconomic v 16 n 3 2008 BENEDETTI Tacircnia Condiccedilotildees de sauacutede e niacutevel de atividade fiacutesica em idosos participantes e natildeo participantes de grupos de convivecircncia de Florianoacutepolis Rev Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v17 n 8 p 2087-2093 2012 BOHT J L Percepccedilatildeo da velhice na voz dos idosos inseridos em grupos da terceira idade Rev PsiqCuidFund v 2 n 4 p 3043-3051 out- dez 2012 BORGES L J Fatores associados a sintomas depressivos em idosos Estudo em Floripa Rev Sauacutede Puacuteblica v47 n4 p 701-7102013 BOWLING A RAVI AM MISTARG A LIMA B Letrsquos ask them a nationalsurvey of definitions of quality of life and its enhancement among people aged 65 and over Int J AgingHum v56 n 4 p 269-306 Dev 2003 CARNEIRO R S FALCONE E CLARK C PRETTE Z Qualidade de vida apoio social e depressatildeo em idosos relaccedilatildeo com habilidades sociaisPsicologia Reflexatildeo e Criacutetica v 20 n 2 2007 SOUZA M T SILVA M D CARVALHO R Revisatildeo integrativa O que eacute e como fazer Rev Einstein v 8 n 1 p 102-106 Satildeo Paulo 2010 COMISSAtildeO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CMMAD) Nosso futuro comum Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Getulio Vargas 1988 FRUTUOSO D A terceira idade na universidade Rio de Janeiro RJ Aacutegora da Ilha 1999 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE) Siacutentese de Indicadores Sociais Uma anaacutelise das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira 2010 [Internet] Rio de Janeiro 2010 [citado 2010 Dez 28] Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaocondicaodevidaindicadoresminimossinteseindicsociais2010default_tabshtm Acesso em10 de out de 2010 LAZZAROTTO A KRAMER A S TOIN M CAPUTO P O conhecimento de HIVaids na terceira idade estudo epidemioloacutegico no Vale do Sinos Rio Grande do Sul Brasil Rev Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v13 n 6 p 1833-1840 2008

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

529

LEITE T M Mudou mudou tudo na minha vida experiecircncia de idosos em grupos de convivecircncia no municiacutepio de IjuiacuteRS Rev Eletrocircnica de Enfermagem v 4 n 1 p 18-25 2002 LOZANO R Towards better embedding sustainability into companiessystems an analysis of voluntary corporate iniciatives JournalofCleanerProduction v 25 n2 2012 MAIA GA PIRES P S Uma compreensatildeo da sustentabilidade por meio dos niacuteveis de complexidade das decisotildees organizacionais Rev Adm Mackenzie v 12 n 3 ediccedilatildeo especial Satildeo Paulo SP maiojun 2011 MENDES J M G Dimensotildees da sustentabilidade Revista das Faculdades Santa Cruz v 7 n 2 jul-dez 2009 MINGHELLI B TOMEacute B NUNES C NEVES A SIMOtildeES A Comparaccedilatildeo dos niacuteveis de ansiedade e depressatildeo entre idosos ativos e sedentaacuterios Rev Psiq Cliacutenv 40 n 2 p 71-76 2013 MONTEIRO P P Envelhecer histoacuterias encontros transformaccedilotildees Belo Horizonte Autecircntica 2001 NERI A L SOMMERHALDER C As vaacuterias faces do cuidado e do bem-estar do cuidador In Neacuteri A L (Ed) Cuidar de idosos no contexto da famiacutelia questotildees psicoloacutegicas e sociais Campinas Aliacutenea2001 p 9-62 RIZZOLLI D SURDI A C Percepccedilatildeo dos idosos sobre grupos de terceira idade Rev Bras Geriat Geront Rio de Janeiro v13 n 2 p 225-233 2010 SACHS I Caminhos para o desenvolvimento sustentaacutevel Rio de Janeiro Garamond 2002 SARTORI S Sustentabilidade e Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel uma taxonomia no campo da literatura Rev Ambiente e Sociedade v 17 n 1 jan-mar 2014 SERNACHE E R Fet alFatores associados ao tabagismo em idosos residentes na cidade de Londrina Brasil Rev Bras Geriatr Gerontol v13 n2 p 277-288 2010 SILVESTRE J A O envelhecimento populacional brasileiro no setor sauacutede Arq Geriat Gerontol v 0 n1 1996 VERAS R Envelhecimento populacional contemporacircneo demandas desafios e inovaccedilotildees Rev Sauacutede Puacuteblica v43 n 1 mar p 548-554 2009

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

530

CAPIacuteTULO 30

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS

DA BAIXADA MARANHENSE

Milena Maacuteria Silva ASSUNCcedilAtildeO1

Eulaacutelia Cristina Costa de CARVALHO1 Zulimar Maacuterita Ribeiro RODRIGUES2

Antonio Cordeiro FEITOSA3 1 Mestranda em Sauacutede e Ambiente PPGSAUFMA2 Professora PPGSAUFMA

3OrientadorProfessor PPGSAUFMA milenaufmayahoocombr

RESUMO O crescimento acelerado da populaccedilatildeo vem acarretando aumento da demanda por recursos naturais e causando impactos socioambientais negativos cujo equacionamento exige accedilotildees sustentaacuteveis Na Baixada Maranhense tais impactos interferem no desenvolvimento de parte da populaccedilatildeo dos municiacutepios da regiatildeo implicando em vulnerabilidade social Neste estudo abordam-se as condiccedilotildees de Desenvolvimento Humano e de Vulnerabilidade Social nos municiacutepios da Baixada Maranhense consistindo em pesquisa exploratoacuteria descritiva e bibliograacutefica considerando dados e informaccedilotildees publicadas e disponibilizadas nas diferentes fontes que abordam a temaacutetica estudada formatados e processados em planilha do programa Excel e analisados por meio de estatiacutestica descritiva de frequecircncia A regiatildeo da Baixada Maranhense estaacute inserida na porccedilatildeo norte do Estado do Maranhatildeo possuindo populaccedilatildeo predominantemente rural em processo acelerado de urbanizaccedilatildeo As condiccedilotildees de vulnerabilidade social e de desenvolvimento humano da

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

531

Baixada Maranhense evidenciam o processo de crescimento econocircmico da regiatildeo e contribuem para ampliar a visatildeo da sociedade acerca da problemaacutetica regional mediante a caracterizaccedilatildeo dos seus impactos positivos e negativos e da necessidade de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas efetivas para incrementar os impactos positivos e mitigar os impactos negativos

Palavras-chaves Desenvolvimento Humano Vulnerabilidade Social Baixada Maranhense

1 INTRODUCcedilAtildeO

Dentre os vaacuterios desafios sociais e ambientais surgidos

ao longo dos anos o crescimento desordenado a degradaccedilatildeo

do meio e a falta de poliacuteticas puacuteblicas se destacam como fatores

responsaacuteveis pelos inuacutemeros impactos socioambientais

negativos Considera-se esta realidade proveniente de modelos

econocircmicos incapazes de assegurar a qualidade ambiental e o

bem-estar da populaccedilatildeo gerando seacuterias consequecircncias para a

qualidade do ambiente e da vida em sociedade

Os avanccedilos em tecnologia educaccedilatildeo e geraccedilatildeo de

renda configuram uma promessa sempre crescente de vida

mais longa mais saudaacutevel e mais segura (AGUNA e

KOVACEVIC 2011) No cocircmputo geral a globalizaccedilatildeo

propiciou grandes progressos no desenvolvimento humano

sobretudo em muitos paiacuteses do Hemisfeacuterio Sul No entanto

tambeacutem se vive uma atualidade globalizada com sentimento

generalizado de precariedade particularmente concernente

aos meios de subsistecircncia agrave seguranccedila pessoal ao ambiente

e agrave poliacutetica mundial (ALKIRE CONCONI e SETH 2014)

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

532

No Brasil os modelos econocircmicos adotados no decorrer

da histoacuteria tecircm provocado fortes concentraccedilotildees de renda e

riqueza tendo como consequecircncia o aumento das

desigualdades entre segmentos sociais (MINISTEacuteRIO DA

SAUacuteDE 1995) Nota-se hoje por exemplo o crescimento

desmedido e descontrolado de muitas cidades que se tornaram

pouco saudaacuteveis para se viver devido natildeo soacute agrave poluiccedilatildeo

proveniente de emissotildees toacutexicas mas tambeacutem ao caos urbano

aos problemas de transporte e agrave poluiccedilatildeo visiva e acuacutestica

(FRANCISCO 2015)

No Estado do Maranhatildeo invariavelmente as cidades

crescem sem planejamento adequado o que possibilita a

acentuaccedilatildeo dos aspectos negativos como ausecircncia de

saneamento baacutesico violecircncia urbana baixos indicadores

sociais dentre outros As discussotildees sobre os novos modelos

de gestatildeo municipal colocaram em pauta a complexidade das

condiccedilotildees de vida nas cidades pois eacute no espaccedilo urbano que

ocorre a maior densidade populacional com a correspondente

demanda por recursos naturais (RODRIGUES 2013) e

infraestrutura

Diante deste contexto surgiu a preocupaccedilatildeo em

conhecer a realidade dos municiacutepios maranhenses por meio do

estudo de indicadores Este trabalho analisou o Iacutendice de

Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e Iacutendice de

Vulnerabilidade Social (IVS) nos municiacutepios da Baixada

Maranhense buscando compreender as suas caracteriacutesticas

2 AacuteREA DE ESTUDO

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

533

A Baixada Maranhense possui uma aacuterea de 17750356

ha e constitui uma das sete regiotildees ecoloacutegicas do Maranhatildeo

(SOUZA e PINHEIRO 2007) estando situada na porccedilatildeo

centro-norte da aacuterea de transiccedilatildeo entre a Amazocircnia e o

Nordeste Brasileiro (SILVA e MOURA 2004)

Possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 518 mil

habitantes distribuiacutedos em 21 municiacutepios (Figura 1) Sua

importacircncia ecoloacutegica no cenaacuterio estadual eacute tatildeo significativa

que o Governo do Maranhatildeo a partir do decreto nordm 11900 de

11 de junho de 1991 e reeditado em 05 de outubro de 1991

transformou o territoacuterio dos 21 municiacutepios e da Ilha dos

Caranguejos em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental (CARVALHO

NETA 2004)Essa importacircncia poreacutem tem reconhecimento

internacional fato que pode ser confirmado pela sua inserccedilatildeo

na Convenccedilatildeo sobre Zonas Uacutemidas de Importacircncia

Internacional (Convenccedilatildeo de RAMSAR) no ano de 1992

(IBAMA 2002) (Figura 1)

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

534

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos municipios da Baixada Maranhense

e a Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental

Fonte IMESC 2016

O clima eacute quente e uacutemido caracterizado por duas

estaccedilotildees bem definidas uma chuvosa que abrange o periacuteodo

de janeiro a junho e outra seca de julho a dezembro Segundo

IBANtildeES (1999) a vaacuterzea maranhense eacute formada pela invasatildeo

em terras baixas das aacuteguas dos cursos inferiores dos rios

Pericumatilde Turiaccedilu e Mearim com seus dois grandes afluentes

o Pindareacute e o Grajauacute

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

535

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratoacuteria e descritiva

conciliada com a pesquisa bibliograacutefica realizados a partir da

abordagem quantitativa O estudo exploratoacuterio eacute caracterizado

pela utilizaccedilatildeo de meacutetodos amplos e versaacuteteis como

levantamentos em fontes secundaacuterias (bibliograacuteficas

documentais entre outros) levantamentos de experiecircncia

estudos de casos selecionados e observaccedilatildeo informal

(MATTAR 1996)

O tipo descritivo eacute a anaacutelise das caracteriacutesticas de um

determinado fenocircmeno eou relaccedilatildeo entre variaacuteveis por meio

da utilizaccedilatildeo de teacutecnicas padronizadas de coletas de dados

(GIL 1999) A pesquisa bibliograacutefica considerada uma fonte de

coleta de dados secundaacuteria pode ser definida como

contribuiccedilotildees culturais ou cientiacuteficas realizadas no passado

sobre um determinado assunto tema ou problema que possa

ser estudado (CERVO e BERVIAN 2002)

O trabalho foi realizado mediante o uso dados

secundaacuterios disponiacuteveis no censo demograacutefico do IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica) no IMESC

(Instituto Maranhense de Estudos Socioeconocircmicos e

Cartograacuteficos) na plataforma Atlas do Desenvolvimento

Humano no Brasil 2013 e na plataforma Atlas da

Vulnerabilidade Social2015

O Atlas eacute um software de consulta livre ao Iacutendice de

Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e Iacutendice de

Vulnerabilidade Social (IVS) que abrange todos os municiacutepios

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

536

brasileiros discriminando os estados o Distrito Federal e as 20

Regiotildees Metropolitanas (RM) (FJP IPEA e PNUD 2013)

O IDHM reuacutene as dimensotildees longevidade educaccedilatildeo e

renda com escala de variaccedilatildeo entre 0 e 1 Quanto mais proacuteximo

de 1 maior o desenvolvimento humano de uma unidade

federativa municiacutepio regiatildeo metropolitana ou UDH A

classificaccedilatildeo geral eacute compreendida atraveacutes dos cinco

intervalos conforme (Figura 2)

Figura 2 Faixas do Iacutendice de Desenvolvimento

Humano Municipal

Fonte Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013

O IVS avalia as dimensotildees infraestrutura urbana capital

humano e renda com escala de variaccedilatildeo entre 0 e 1 Quanto

mais proacuteximo a 1 maior eacute a vulnerabilidade social de uma

populaccedilatildeo A classificaccedilatildeo geral eacute compreendida atraveacutes dos

cinco intervalos conforme (Figura 3)

Figura 3 Faixas do Iacutendice de Vulnerabilidade Social

Fonte Atlas da Vulnerabilidade Social nos municiacutepios brasileiros

2015

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

537

Os iacutendices foram avaliados para os 21 municiacutepios da

Baixada Maranhense com os dados relativos ao ano de 2010

(IBGE 2010) formatados e processados em planilha eletrocircnica

do programa Excel e analisados por meio de estatiacutestica

descritiva de frequecircncia

Apoacutes a anaacutelise dos dados foram elaboradas tabelas para

ranqueamento e melhor visualizaccedilatildeo dos iacutendices comparando

os municiacutepios entre si e posteriormente a interrelaccedilatildeo dos dois

iacutendices

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

41 Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)

O Maranhatildeo eacute considerado um dos estados mais pobres

da federaccedilatildeo brasileira com imensa maioria de sua populaccedilatildeo

vivendo na zona rural ou em aacutereas perifeacutericas dos centros

urbanos O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) do

Maranhatildeo eacute 0639 segundo dados de 2010 o que situa essa

Unidade Federativa (UF) na faixa de Desenvolvimento Humano

Meacutedio (IDHM entre 0600 e 0699) A dimensatildeo que mais

contribui para o IDH foi a Longevidade com iacutendice de 0757

seguida da Renda com iacutendice de 0612 e de Educaccedilatildeo com

iacutendice de 0562 (FJP IPEA e PNUD 2013)

Os dados socioeconocircmicos permitem constatar que o

Maranhatildeo eacute o estado com maior percentual de pessoas vivendo

em situaccedilatildeo de extrema pobreza 258 (17 milhotildees de

pessoas) Os 30 municiacutepios com menor IDHM no Maranhatildeo

concentram 112 da populaccedilatildeo extremamente pobre do

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

538

Estado Nestas unidades administrativas em meacutedia 471 da

populaccedilatildeo de cada municiacutepio estaacute em situaccedilatildeo de extrema

pobreza (IMESC 2015)

Ressalta-se que dentre dos 30 municiacutepios maranhenses

com menores IDHMacutes 3 se encontram na Baixada

Maranhense satildeo eles Cajari Pedro do Rosaacuterio e Conceiccedilatildeo

do Lago-Accedilu (Figura 4) Mediante esta realidade o Governo do

Estado criou o ldquoPlano de Accedilotildees Mais IDHrdquo com objetivo

sistematizar um conjunto de informaccedilotildees socioeconocircmicas e

ambientais capazes de refletir a situaccedilatildeo dos municiacutepios

Figura 4 Percentual de Extrema Pobreza dos 30 municiacutepios com menor IDHM no Maranhatildeo com destaque para os 3 municiacutepios da Baixada Maranhense

Fonte IMESC 2015

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

539

Para o Censo Demograacutefico de 2010 a regiatildeo da Baixada

Maranhense possui uma populaccedilatildeo predominantemente rural

com exceccedilatildeo dos municiacutepios de Pinheiro Viana Satildeo Bento

Santa Helena e Arari que apresentam a populaccedilatildeo urbana

como mais expressiva (Tabela 1)

Tabela 1 Populaccedilatildeo nos municiacutepios da Baixada Maranhense

Municiacutepios

Populaccedilatildeo (hab)

Total Rural Urbana

Pinheiro 78162 31675 46487

Arari 28488 11005 17483

Matinha 21885 13002 8883

Viana 49496 22581 26915

Satildeo Bento 40736 17228 23508

Peri Mirim 13803 10135 3668

Satildeo Joatildeo Batista 19920 14576 5344

Vitoacuteria do Mearim 31217 16406 14811

Satildeo Vicente Ferrer 20863 15432 5431

Anajatuba 25291 18276 7015

Olinda Nova do

Maranhatildeo

13181 7200 5981

Santa Helena 39110 19532 19578

Igarapeacute do Meio 12550 6343 6207

Presidente Sarney 17165 12877 4288

Palmeiracircndia 18764 15305 3459

Bela Vista do Maranhatildeo 12049 6879 5170

Penalva 34267 17674 16593

Monccedilatildeo 31738 19979 11759

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

540

Cajari 18338 14054 4284

Pedro do Rosaacuterio 22732 16842 5890

Conceiccedilatildeo do Lago-Accedilu 14436 7567 6869

Fonte Censo Demograacutefico (IBGE 2010)

Na Baixada Maranhense os municiacutepios com maior

populaccedilatildeo urbana possuem os maiores IDHM`s (0602 a 0637)

sendo classificado como IDHM ldquoMeacutediordquo com exceccedilatildeo de Santa

Helena e todos os demais municiacutepios que possuem IDHM

ldquoBaixordquo (0512 a 0599) O municiacutepio de Matinha merece

destaque pois natildeo possui populaccedilatildeo urbana expressiva poreacutem

estaacute entre os municiacutepios com o IDHM meacutedio (Tabela 2)

Tabela 2 Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal dos

Municiacutepios da Baixada Maranhense (2010)

Municiacutepios IDHM

Pinheiro 0637

Arari 0626

Matinha 0619

Viana 0618

Satildeo Bento 0602

Peri Mirim 0599

Satildeo Joatildeo Batista 0598

Vitoacuteria do Mearim 0596

Satildeo Vicente Ferrer 0592

Anajatuba 0581

Olinda Nova do Maranhatildeo 0575

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

541

Santa Helena 0571

Igarapeacute do Meio 0569

Presidente Sarney 0557

Palmeiracircndia 0556

Bela Vista do Maranhatildeo 0554

Penalva 0554

Monccedilatildeo 0546

Cajari 0523

Pedro do Rosaacuterio 0516

Conceiccedilatildeo do Lago-Accedilu 0512

Fonte Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013

Percebe-se pela anaacutelise da tabela 2 que 100 dos

municiacutepios da Baixada Maranhense ainda natildeo alcanccedilaram a

medida ideal do IDHM que eacute acima de 0700 (alta) 76 dos

municiacutepios possuem IDHM baixo e 24 meacutedio As cidades

maranhenses com alto IDHM (0700 e 0799) satildeo Satildeo Luiacutes

(0768) Imperatriz (0731) Paccedilo do Lumiar (0724) e Satildeo Joseacute

de Ribamar (0708)

Os iacutendices referidos permitem inferir que a Baixada

Maranhense eacute uma regiatildeo com deacuteficit social pois as dimensotildees

que o IDHM avalia satildeo reflexos das poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas

da Sauacutede Educaccedilatildeo e Economia Os baixos indicadores

sociais interferem diretamente na qualidade de vida da

populaccedilatildeo minimizando o desenvolvimento humano e

aumentando a vulnerabilidade social

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

542

42 Iacutendice de Vulnerabilidade Social (IVS)

Examinando a vulnerabilidade pelo prisma do

desenvolvimento humano chama-se a atenccedilatildeo para o risco de

deterioraccedilatildeo futura das circunstacircncias e das conquistas

individuais comunitaacuterias estaduais e nacionais o que justifica

a emergecircncia de poliacuteticas puacuteblicas e outras medidas tendentes

a prevenir ameaccedilas e a reforccedilar o processo de desenvolvimento

humano (PNUD 2014) A vulnerabilidade eacute definida como o

estado de indiviacuteduos ou grupos que por alguma razatildeo tecircm sua

capacidade de autodeterminaccedilatildeo reduzida podendo

apresentar dificuldades para proteger seus proacuteprios interesses

devido a deacuteficit de poder inteligecircncia educaccedilatildeo recursos forccedila

ou outros atributos (BARCHIFONTAINE 2006)

Dos estados da regiatildeo Nordeste o Maranhatildeo apresenta

o segundo maior percentual (954) de municiacutepios nas duas

faixas (alta e muita alta) de maior vulnerabilidade social O

iacutendice de Vulnerabilidade Social no Maranhatildeo eacute 0521 segundo

dados de 2010 o que situa o estado na faixa de vulnerabilidade

social muita alta (IVS entre 0501 e 1) A dimensatildeo que mais

contribui para o IVS foi o Capital Humano com iacutendice de 0534

seguida da Infraestrutura Urbana com iacutendice de 0526 e de

Renda e Trabalho com iacutendice de 0503 Segundo dados do

IPEA (2015) no Maranhatildeo 788 dos municiacutepios se encontram

na faixa da muito alta vulnerabilidade social

Entre os municiacutepios da Baixada Maranhense 95 satildeo

classificados com muito alta vulnerabilidade social incluiacutedos na

faixa do IVS com valores entre 0501 e 1 (Tabela 3)

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

543

Tabela 3 Iacutendice da Vulnerabilidade Social dos Municiacutepios da

Baixada Maranhense (2010)

Municiacutepios IVS

Pinheiro 0475

Arari

0503

Vitoacuteria do Mearim 0516

Viana 0559

Matinha 0565

Santa Helena 059

Satildeo Bento 0601

Peri Mirim 0602

Cajari 0633

Olinda Nova do

Maranhatildeo

0635

Satildeo Vicente Ferrer 0644

Palmeiracircndia 0664

Conceiccedilatildeo do Lago-Accedilu 0669

Bela Vista do Maranhatildeo 067

Monccedilatildeo 067

Satildeo Joatildeo Batista 0673

Penalva 0673

Igarapeacute do Meio 0675

Anajatuba 0677

Presidente Sarney 0715

Pedro do Rosaacuterio 074

Fonte Atlas da Vulnerabilidade Social 2015

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

544

Apenas o municiacutepio de Pinheiro estaacute inserido na faixa de

alta vulnerabilidade com valor de 0475 que caracteriza-o como

uacutenico municiacutepio da Baixada Maranhense com o ldquomelhorrdquo Iacutendice

de Vulnerabilidade Social lembrando que possui o maior IDHM

da Baixada Maranhense (0637) Logo podemos inferir que o

IDHM possui similaridades com o IVS A dimensatildeo que mais contribui para

o IDHM do municiacutepio eacute Longevidade com iacutendice de 0771 seguida de Renda com iacutendice de

0579 e de Educaccedilatildeo com iacutendice de 0579

Os municiacutepios piores ranqueados foram Pedro do

Rosaacuterio Presidente Sarney e Anajatuba com respectivamente

074 0715 e 0677 classificados como vulnerabilidade ldquoMuito

Altardquo

As noccedilotildees de ldquovulnerabilidade socialrdquo tecircm sido cada vez

mais utilizadas no Brasil e no mundo por pesquisadores e

gestores de poliacuteticas sociais num esforccedilo de ampliaccedilatildeo do

entendimento das situaccedilotildees tradicionalmente definidas como

de pobreza buscando exprimir uma perspectiva ampliada

complementar agravequela atrelada agrave questatildeo da insuficiecircncia de

renda (IPEA 2015)

Entende-se que entre o IDHM e IVS existem

consonacircncias nas dimensotildees avaliadas portanto os dois

iacutendices se complementam para anaacutelise para realidade

socioeconocircmica dos municiacutepios da Baixada Maranhense

Propondo-se a interrelaccedilatildeo dos iacutendices estudados pode-se

inferir que 76 dos municiacutepios da Baixada Maranhense tecircm

inversotildees expressivas e preocupantes pois possuem o IVS

maior que o IDHM Somente os municiacutepios de Pinheiro Arari

Matinha Viana e Vitoacuteria do Mearim apresentam IDHM maior

que o IVS (Figura 1)

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

545

Figura 1 Comparaccedilatildeo entre IDHM e IVS dos Municiacutepios da

Baixada Maranhense (2010)

Fonte Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013) e Atlas da

Vulnerabilidade Social (2015)

5 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise paralela dos iacutendices IDHM e IVS dos

municiacutepios da Baixada Maranhense proporcionou uma visatildeo

mais qualificada do contexto socioeconocircmico da regiatildeo Na

realidade a contribuiccedilatildeo de ambos estaacute em mudar o enfoque

os iacutendices puramente econocircmicos como o PIB para avaliar o

desenvolvimento humano e a vulnerabilidade em suas muacuteltiplas

formas

Os iacutendices estudados avaliam importantes dimensotildees

das condiccedilotildees socioeconocircmicas e de infraestrutura disponiacuteveis

ou natildeo para melhorar a qualidade de vida das pessoas Com a

anaacutelise proposta para a Baixada Maranhense pode-se afirmar

00102030405060708

Fre

qu

ecircn

cia

IDHM (2010)

IVS (2010)

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

546

que 80 dos municiacutepios possuem IDHM baixo e 95

possuem muita alta vulnerabilidade social demonstrando

claramente que o quadro geral precisa ser revertido

Compreende-se que eacute por meio do estudo dos iacutendices

como IDHM e IVS dentre outros ocorre agrave identificaccedilatildeo dos

principais problemas e prioridades nos municiacutepios Diante deste

contexto vale lembrar que para a melhoria de vida da

populaccedilatildeo natildeo se deve considerar apenas a dimensatildeo

econocircmica mas tambeacutem as caracteriacutesticas sociais culturais

poliacuteticas e ambientais que influenciam a qualidade da vida

humana

A anaacutelise dos indicadores e iacutendices ainda que tenham

limitaccedilotildees metodoloacutegicas e avaliativas pode subsidiar o

planejamento de poliacuteticas puacuteblicas para beneficiar a regiatildeo

Logo a anaacutelise dos iacutendices municipais contribui para a

identificaccedilatildeo dos pontos mais criacuteticos ou ainda propor como

meta maior a inversatildeo do cenaacuterio atual de alta vulnerabilidade

social e baixo desenvolvimento humano

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

547

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Conferecircncia Pan-americana sobre sauacutede e ambiente no desenvolvimento humano sustentaacutevel Plano Nacional de sauacutede e ambiente no desenvolvimento sustentaacutevel Brasiacutelia 1995 CARVALHO-NETA R N F Fauna de peixes estuarinos da ilha dos Caranguejos-MA aspectos ecoloacutegicos e relaccedilotildees com a pesca artesanal Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistemas) - Departamento de Oceanografia e Limnologia Universidade Federal do Maranhatildeo Satildeo Luiacutes 2004 CERVO A L BERVIAN P A Metodologia cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2002 FJP (Fundaccedilatildeo Joatildeo Pinheiro) IPEA (Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada) PNUD (Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento) Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 Disponiacutevel em lt httpwwwatlasbrasilorgbr2013pthomegt Acesso em 15 set 2016 FRANCISCO Carta enciacuteclica a Santa Seacute Roma Libreria Editrice Vaticana 2015 Disponiacutevel emlt httpw2vaticanvacontentdamfrancescopdfencyclicalsdocumentspapa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si_pogt Acesso em 07 out 2016 GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 5ed Satildeo Paulo Atlas 1999 IBAMA Geo Brasil 2002 perspectivas do meio ambiente no Brasil Brasiacutelia BF Ediccedilotildees IBAMA 2002 IBANtildeES MSR Os onze anos da limnologia no Estado do Maranhatildeo In IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Resultados do Censo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwcenso2010ibgegovbrresultados_do_censo2010phpgt Acesso em 11 set 2016 IMESC (Instituto Maranhense de Estudos Socioeconocircmicos e Cartograacuteficos) Plano de accedilatildeo mais IDH diagnoacutestico preliminar Instituto Maranhense de Estudos Socioeconocircmicos e Cartograacuteficos Secretaria de Estado do Planejamento e Orccedilamento Satildeo Luiacutes 2015 IMESC (Instituto Maranhense de Estudos Socioeconocircmicos e Cartograacuteficos) APA Baixada Maranhense Satildeo Luiacutes 2016 IPEA (Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada) Atlas da Vulnerabilidade Social nos municiacutepios brasileiros Brasiacutelia 2015 MATTAR F N Pesquisa de Marketing Satildeo Paulo Atlas 1996 PNUD (Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento) Relatoacuterio do Desenvolvimento Humano 2014 USA 2014 RODRIGUES Z M R Relatoacuterio da pesquisa ldquoObservatoacuterio da Baixada Maranhense monitoramento de indicadores socioambientais dos municiacutepios da Baixada Maranhenserdquo Satildeo Luiacutes 2013

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

548

SILVA A C da MOURA E G de Atributos e especificidades de solos de baixada no Troacutepico Uacutemido In MOURA E G (Org) Agroambientes de Transiccedilatildeo entre o troacutepico uacutemido e o semi-aacuterido do Brasil Satildeo Luiacutes UEMA 2004 SOUZA M O de PINHEIRO C U B Composiccedilatildeo de espeacutecies e estado de conservaccedilatildeo das matas ciliares do Lago Cajari Penalva ndash Baixada Maranhense - Brasil Anais do VII Congresso de Ecologia do Brasil Caxambu - MG 2007

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

549

CAPIacuteTULO 31

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

Anderson da Silva VIEIRA1

Deacutebora Gomes Moreira da SILVA2

Mirian Crisleine Santos de OLIVEIRA2 Moabe Pina da SILVA3

Giovanna Pontes VIDAL4

1Autor Aluno da faculdade Mauriacutecio de Nassau do curso de Fisioterapia 2Co-autor Aluno da Faculdade Mauriacutecio de Nassau do curso de Fisioterapia3Co-Orientador Graduaccedilatildeo e

Mestrado em Ciecircncias Bioloacutegicas pela UFPB Professor da Faculdade Mauriacutecio de Nassau4 Orientadora Fisioterapeuta com poacutes-graduaccedilatildeo em fisioterapia Hospitalar e em Fisioterapia

Dermato-funcional mestranda em Efectividad Clinica pela Universidade de Medicina de Buenos Aires Docente da Faculdade Mauricio de Nassau Joatildeo Pessoa

qdvprojetogmailcom

RESUMOA fibromialgia (FM) eacute uma siacutendrome reumaacutetica de dor difusa crocircnica acompanhada de sintomas somaacuteticos como fadiga tender points transtornos do humor do sono e da cogniccedilatildeo Essa afecccedilatildeo afeta cerca de 5 da populaccedilatildeo mundial e eacute particularmente encontrada em mulheres O diagnoacutestico eacute baseado na condiccedilatildeo cliacutenica e o tratamento predispotildee o controle do quadro aacutelgico por meio de intervenccedilotildees globais de abordagem interdisciplinar nos acircmbitos fiacutesico farmacoloacutegico cognitivo-comportamental e educacional A fibromialgia eacute tambeacutem caracterizada por dor muscular crocircnica e generalizada e por problemas fiacutesicos e emocionais que afetam diretamente a capacidade funcional e a qualidade de vida O presente estudo foi dividido em duas etapas na primeira foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica e a segunda etapa pesquisa de campo onde o objetivo foi analisar a predisposiccedilatildeo a fibromialgia em estudantes de sauacutede A pesquisa teve como meacutetodo um questionaacuterio contendo informaccedilotildees sobre avaliaccedilatildeo da dor e predisposiccedilatildeo a fibromialgia (em anexo) e a palpaccedilatildeo

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

550

dos pontos gatilhos conforme o esquema corporal (em anexo) A identidade dos participantes foi preservada Os resultados encontrados foi a prevalecircncia em mulheres e a predisposiccedilatildeo em 3 da amostra e 97 deles tem algum problema como ansiedade fadiga dor muscular estresse ou problemas psicogecircnicos Apesar disto sugere-se a realizaccedilatildeo de pesquisas com amostra amplificada para maiores conclusotildees sobre o referido tema Palavras-chave Fibromialgia Estresse Tender points

1 INTRODUCcedilAtildeO

A fibromialgia (FM) eacute uma siacutendrome reumaacutetica de dor

difusa crocircnica acompanhada de sintomas somaacuteticos como

fadigatender points transtornos do humor do sono e da

cogniccedilatildeo (CHAKR 2014) O nome da patologia tem origem nos

termos fibra do latim (tecido fibroso) mio do grego (referente

aos muacutesculos) e algia originaacuterio do grego (algos) que significa

dor (MILANE 2012)

Essa afecccedilatildeo afeta cerca de 5 da populaccedilatildeo mundial e

eacute particularmente encontrada em mulheres (TERZI 2015) O

diagnoacutestico eacute baseado na condiccedilatildeo cliacutenica e o tratamento

predispotildee o controle do quadro aacutelgico por meio de intervenccedilotildees

globais de abordagem interdisciplinar nos acircmbitos fiacutesico

farmacoloacutegico cognitivo-comportamental e educacional

A fibromialgia eacute tambeacutem caracterizada por dor muscular

crocircnica e generalizada com durabilidade maior que trecircs meses

causando problemas fiacutesicos e emocionais que afetam

diretamente na capacidade funcional e na qualidade de vida

(LORENA 2015)

Segundo Ferreira (2011) desde 1990 foi adotado como

padratildeo de identificaccedilatildeo pela comunidade cientiacutefica

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

551

internacional especializada a presenccedila de pelo menos trecircs

meses consecutivos de dor generalizada e dor agrave palpaccedilatildeo com

cerca de 4 kg de pressatildeo pela ponta do dedo em no miacutenimo 11

de 18 pontos preacute-definidos O achado cliacutenico importante eacute a

presenccedila de locais dolorosos em determinados siacutetios

anatocircmicos chamados de tender points Estes pontos

dolorosos natildeo satildeo geralmente conhecidos pelos pacientes e

normalmente natildeo se situam na zona central de dor por eles

referida (PROVENZA 2004)

Existe tambeacutem outra patologia a siacutendrome da dor

miofascial (SDM) que se apresenta com uma desorganizaccedilatildeo

regional neuromuscular que se caracteriza pela presenccedila de

locais sensiacuteveis nas bandas musculares tensascontraiacutedas

ocorrendo dor em queimaccedilatildeo peso ou dolorimento agraves vezes

em pontadas diminuiccedilatildeo da forccedila muscular limitaccedilatildeo da

amplitude de movimento e em alguns casos fadiga muscular

produzindo dor referida em aacutereas distantes ou adjacentes

(BATISTA 2012)

Com alguns sintomas similares a FM a SDM diferencia-

se por acometer muacutesculos faacutescias ligamentos tecidos pericap-

sulares tendotildees e bursas e tambeacutem dor muscular em regiotildees

enduradas onde estatildeo presentes bandas de tensatildeo palpaacuteveis

e pontos extremamente dolorosos os pontos gatilhos (PG) Os

PG (trigger-points) natildeo podem ser confundidos com os tender-

points vistos na siacutendrome da FM pois satildeo palpaacuteveis e dolorosos

no local da palpaccedilatildeo mas tambeacutem podem irradiar dor para

outros pontos (BATISTA 2012) A fibromialgia tem dentre

outras causas o estresse que pode ser entendido como um

conjunto de reaccedilotildees psicofisioloacutegicas e comportamentais

complexas cuja origem estaacute na necessidade de o organismo

estabelecer a homeostase interna frente a uma situaccedilatildeo

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

552

ameaccediladora Sendo assim esse desequiliacutebrio surge quando o

organismo necessita responder a alguma demanda que

ultrapassa sua capacidade adaptativa (RAMIRO 2014)

Os cursos universitaacuterios e o iniacutecio da atividade

profissional satildeo desencadeantes e geradores de estresse

podendo comprometer a sauacutede e a qualidade de vida dos

estudantes Nessas fases a competiccedilatildeo a carga horaacuteria as

atividades curriculares e extracurriculares aleacutem das

responsabilidades inerentes agrave profissatildeo interferem no sistema

emocional dos jovens (PEREIRA 2015) Muitos estudantes

enfrentam situaccedilotildees de ansiedade no contato com o paciente

ateacute porque a racionalidade cientiacutefica presente na formaccedilatildeo dos

cursos de sauacutede natildeo valoriza aspectos subjetivos do cotidiano

acadecircmico (MOREIRA 2015)

Diante dos assuntos exposto e levando em consideraccedilatildeo

o alto niacutevel de estresse presente nos estudantes de sauacutede o

presente estudo objetivou averiguar a presenccedila de diagnoacutestico

ou predisposiccedilatildeo a esta afecccedilatildeo neste grupo populacional

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

No presente estudo o levantamento de dados se deu ataveacutes

da realizaccedilatildeo de pesquisa bibliograacutefica utilizando para esta

etapa artigos cientiacuteficos publicados em bases de dados on-line

biblioteca virtual em sauacutede (BVS) lilacs cielo pubmed aleacutem de

livros e dissertaccedilotildees que abordam os temas em estudo

A outra etapa consistiu em uma pesquisa de campo com

a palpaccedilatildeo de pontos dolorosos (tender points) e com aplicaccedilatildeo

de questionaacuterio semi-estrutuirado para aleacutem da dor relacionar

sintomas pisicosomaacuteticos como estresse depressatildeo cefaleia

prurido entre outros (BRAGA 2012) O grupo estudado foi

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

553

composto por 31 estudantes dos cursos de sauacutede da Faculdade

Mauriacutecio de Nassau-JP sendo 23 do sexo feminino e 8 do sexo

masculino com idades entre 18 a 38 anos questionados no mecircs

de Outubro de 2016

Para anaacutelise dos dados os resultados foram analisados

de forma descritiva e quantitativa utilizando-se o Programa

Excel para as representaccedilotildees graacuteficas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Primeira etapa revisatildeo bibliograacutefica

A fibromialgia eacute uma siacutendrome dolorosa caracterizada

por diversos fatores dentre eles o estresse O estresse eacute

entendido como um grupo de reaccedilotildees psicofisioloacutegicas e

comportamentais complexas cuja origem estaacute na necessidade

do organismo estabelecer a homeostase interna diante uma

situaccedilatildeo ameaccediladora O desequiliacutebrio acontece quando o

organismo precisa responder a alguma demanda que

ultrapassa sua capacidade adaptativa Mudanccedilas significativas

desencadeiam necessidades de adaptaccedilatildeo do organismo e

como consequecircncia exercem papel importante na patogecircnese

do estresse Na FM pode-se afirmar que o conjunto de seus

sintomas ultrapassa a capacidade adaptativa do organismo

(RAMIRO 2014)

As formas de prevenccedilotildees primaacuterias para a FM ainda satildeo

desconhecidas (BRAGA 2012) Mas satildeo conhecidos os

fatores de risco associados a estados de dor croacutenica

generalizada sexo idade fadiga prejuiacutezos cognitivos

depressatildeo e ansiedade (BRAGA 2012 RAMIRO 2014)

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

554

O conhecimento destes fatores de riscos torna possiacutevel

a intervenccedilatildeo precoce e as prevenccedilotildees secundaacuteria e terciaacuteria

evitando o agravamento da FM e o desenvolvimento de

complicaccedilotildees (BRAGA 2012)

Para Martinez (2013) o impacto da FM eacute global e

envolve questotildees pessoais como dificuldade para a execuccedilatildeo

de tarefas (profissionais ou cotidianas) inseguranccedila no

desempenho pessoal diminuiccedilatildeo da qualidade no trabalho -

com consequente influecircncia na vida profissional familiar social

e mesmo na renda familiar Jaacute Letieri (2013) diz que a FM

envolve principalmente trecircs aacutereas os aspectos da sauacutede fiacutesica

(sistema musculoesqueleacutetico) os mecanismos de regulaccedilatildeo da

dor (sistema neuroendoacutecrino) e os fatores envolvidos ao bem-

estar psicoloacutegico e agrave sauacutede mental do indiviacuteduo

Natildeo existe um tratamento especiacutefico para FMos que

estatildeo disponiacuteveis para essa enfermidade satildeo apenas

parcialmente eficazes e concentram-se no aliacutevio dos sintomas

e cura a exemplo de outras doenccedilas reumaacuteticas ainda eacute

elusiva (STIVAL 2014)O tratamento para a FM eacute geralmente

confiado ao uso de farmacoloacutegicas com o fim de aliviar a dor

minimizar a depressatildeo e melhorar a qualidade de vida mas

essa terapia apresenta limitaccedilotildees e pode trazer efeitos

colaterais indesejados (LETIERE 2013)

Buscar medidas vaacutelidas de tratamento que diminuam

limitaccedilotildees funcionais e o impacto da fibromialgia sobre a

qualidade de vida dos pacientes tem sido fundamental Seu

tratamento estaacute direcionado principalmente para a minimizaccedilatildeo

dos sintomas e principalmente as dores

Exerciacutecios fiacutesicos vem mostrando beneacuteficios em

pacientes com FM pois aleacutem de melhorar a resistecircncia

cardiorrespiratoacuteria e muscular haacute evidencias de que ele

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

555

tambeacutem promova alteraccedilotildees importantes nos circuitos neurais

que modulam a dor (REBUTINI 2013) A fisioterapia tambeacutem

tem sido de grande importacircncia na melhora da dor e na

qualidade de vida dos pacientes tanto no trabalho como em

casa e tambeacutem com a diminuiccedilatildeo de outros sintomas que

causam desconforto

Segundo Rebutini (2013) exerciacutecios aeroacutebicos no

tratamento de pacientes com fibromialgia satildeo os mais

utilizadosDentre eles podemos citar caminhada nataccedilatildeo

bicicleta e atividades em grupos vem mostrando bons

resultados

Aleacutem da eficaacutecia dos exerciacutecios outras formas de

tratamento terapecircutico satildeo usados um deles eacute a estimulaccedilatildeo

eleacutetrica nervosa transcutacircnea (TENS) na qual eacute utilizada no

local da dor de grande intensidade podendo ser associada a

injeccedilatildeo de analgeacutesico (MARQUES 2007)

Outro recurso de grande importacircncia no tratamento da

fibromialgia eacute a terapia manual quando aplicada a teacutecnica da

quiropraxia obtendo uma melhora da mobilidade flexibilidade e

minimizaccedilatildeo da dor (MARQUES 2007)Para garantir uma boa

manutenccedilatildeo da sauacutede e da qualidade de vida eacute preciso que o

indiviacuteduo mantenha em bom niacutevel as quatro capacidades fiacutesicas

relacionadas agrave sauacutede aptidatildeo cardiovascular forccedila e

resistecircncia muscular flexibilidade e composiccedilatildeo corporal

adequada (SANTOS 2014)

32 Segunda etapa pesquisa de campo

A avaliaccedilatildeo dos tender points foi realizada seguindo os

criteacuterios preliminares para o diagnoacutestico de fibromialgia de

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

556

acordo com Coleacutegio Americano de Reumatologia A palpaccedilatildeo

foi realizada nos pontos como mostra a figura 1 abaixo

Figura 1Tender Points

Fontehttpviversemdorcomprincipais-dorfibromialgia-e-dores-disfuncionais

Satildeo caracteriacutesticos da fibromialgia a dor devido agrave

pressatildeo digital (4 kg) em aacutereas simeacutetricas do corpo e com

localizaccedilatildeo bem estabelecida bilateralmente ou seja em pelo

menos 11 de 18 pontos dolorosos preacute-estabelecidos como

ponto occipital cervical inferior trapeacutezio supra espinhoso

segunda costela epicocircndilo lateral gluacuteteo trocacircnter maior e

joelho medialmente

A figura 2 mostra o percentual dos pontos de acordo com

a palpaccedilatildeo nos estudantes levando em consideraccedilatildeo que foi

avaliado conforme as informaccedilotildees anteriores

Figura 2 Percentual de pontos dolorosos

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

557

Fonte Pesquisa direta 2016

Observou-se que 97 dos estudantes apresentaram

entre 1 a 6 tender points e que 3 apresentou entre 7 a 11

pontos dolorosos na palpaccedilatildeo

Foi aplicado tambeacutem um questionaacuterio para que aleacutem da

dor analisar o histoacutericos de depressatildeo ansiedade sono natildeo

reparador fadiga cefaleia siacutendromes funcionais da bexiga e do

intestino parestesias equimoses prurido entre outros que

compotildeem sinais cliacutenicos para o diagnoacutestico

O questionaacuterio foi extraiacutedo de Braga (2012) e foi

aplicado nos estudantes de sauacutede O questionaacuterio baseava-se

em dois momentos no primeiro analisava o iacutendice da dor

generalizada onde colhia o local em que o estudante teve dor

na ultima semana e dava a uma pontuaccedilatildeo de 0 a 19

dependendo do nuacutemero de aacutereas dolorosas No segundo

momento foi analisado a gravidade dos sintomas fadiga sono

natildeo reparador sintomas cognitivos e sintomas somaacuteticos (dor

abdominal cefaleia dor muscular e articular etc) tambeacutem

considerando a ultima semana o qual recebia outra pontuaccedilatildeo

dependendo dos sintomas apresentados

97

3

1 a 6

7 a 11

Ndeg Tender

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

558

No final da pesquisa individual observava-se o estudante

preenchia os criteacuterios de diagnoacutestico da FM se as 3 condiccedilotildees

seguintes estivessem presentes primeiro o Iacutendice da Dor

Generalizada (IDG) for le 7 e Escala de Gravidade dos Sintomas

(EGS) ge 5 ou IDG 3-6 e EGS ge 9 segundo se os sintomas

presentes a um niacutevel semelhante durante pelo menos 3 meses

e terceiro a ausecircncia de outra doenccedila que possa explicar a dor

(BRAGA 2012)

Os resultados estatildeo abaixo como apresenta a figura 3

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

559

Figura 3 Anaacutelise de IDG

Fonte Pesquisa direta 2016

Sendo assim 81 dos estudantes apresentaram

nuacutemero inferiores de acordo com a pesquisa e 19

apresentaram nuacutemeros iguais ou maiores de acordo com a

pesquisa indicando a fibromialgia E desses 19 a prevalecircncia

foi de mulheres 67 e de homens 33 A Figura 4 mostra onde

foi o iacutendice positivo

Figura 4 Anaacutelise de IDG e EGS

Fonte Pesquisa direta 2016

81

19IDG 3-6 e EGS ge 9 NEGATIVO

IDG 3-6 e EGS ge 9 POSITIVO

86

14

IDG 3-6

EGS ge 9

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

560

3

81

16PALPACcedilAtildeO EQUESTIONAacuteRIOPOSITIVOS

PALPACcedilAtildeO EQUESTIONAacuteRIONEGATIVOS

APENAS UM POSITIVO

De acordo com Terzi (2015) a FM afeta cerca de 5 da

populaccedilatildeo mundial e eacute particularmente encontrada em

mulheres (TERZI 2015) O estudo revela que a predisposiccedilatildeo

foi maior em mulheres Segundo Braga (2012) satildeo fatores de

risco o sexo o feminino eacute 5 a 9 vezes mais afetado do que o

sexo masculino a idade (comeccedila entre os 20 e os 50 anos) e

afirma ainda que crianccedilas e jovens tambeacutem podem sofrer de

FM mas durante a idade escolar a probabilidade eacute igual em

ambos os sexosDesses 19 14 tiveram o EGS ge 9 e 86

IDG de 3-6 de acordo com a pontuaccedilatildeo apresentada

Ao analisar a palpaccedilatildeo e o questionaacuterio observou que

81 tiveram o questionaacuterio e a palpaccedilatildeo negativa 16 tiveram

apenas um criteacuterio positivo e 3 tiveram os dois criteacuterios

positivos a figura 5 apresenta melhor estes dados

Figura 5 Criacuteterios positivos e negativos no questionaacuterio

Fonte Pesquisa direta 2016

De acordo com a pesquisa observou-se que desses

estudantes apenas 3 apresenta predisposiccedilatildeo a FM e 16

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

561

pode apresentar tambeacutem pelo fato de apresentarem um dos

criteacuterios de diagnoacutesticos positivos Embora a maioria dos

estudantes tenham os criteacuterios de avaliaccedilatildeo negativos 97

deles tem problemas como ansiedade fadiga dor muscular

estresse ou problemas psicogecircnicos Esses sinais cliacutenicos de

acordo com Goes (2014) podem afetar a capacidade em

realizar tarefas diaacuterias simples causando um impacto negativo

na qualidade de vida

4 CONCLUSOtildeES

Constatou-se que apenas 3 dos estudantes

apresentam predisposiccedilatildeo agrave Fibromialgia e 16 podem

apresentar tambeacutem pelo fato de apresentarem um dos criteacuterios

de diagnostico positivo que futuramente pode aumentar ou

diminuir esses sintomas precisando ser monitorados Apesar

da maioria dos estudantes apresentarem criteacuterios de avaliaccedilatildeo

negativos 97 deles relataram problemas de sauacutede peculiares

agrave patologia referida como ansiedade fadiga dor muscular

stress ou problemas psicogecircnicos A pesquisa constatou

tambeacutem que a predisposiccedilatildeo foi maior em mulheres natildeo

excluindo a possibilidade de homens apresentarem essa

sintomatologia

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

562

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DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

564

MEIO AMBIENTE

A TENSAtildeO ldquoNATUREZACULTURArdquo NA VAQUEJADA NORDESTINA

565

CAPIacuteTULO 32

A TENSAtildeO ldquoNATUREZACULTURArdquo NA VAQUEJADA NORDESTINA

Joseacute Murilo Gomes de LIMAsup1

Roberta de Sousa MELO sup2 Eduardo da Silva GUIMARAtildeES sup3

Jaqueliny Rodrigues Soares GUIMARAtildeES4

Mestrando em Educaccedilatildeo Fiacutesica na UNIVASFsup1 Professora Doutora do Colegiado de Educaccedilatildeo Fiacutesica da UNIVASFsup2 Professor Mestre do Depde Educaccedilatildeo Fiacutesica da URCAsup3

Enfermeira Mestre da Secretaria de Sauacutede de Juazeiro do Norte4

murilogomeslimayahoocombr

RESUMO A vaquejada estaacute fortemente vinculada agrave tradiccedilatildeo nordestina ao mesmo tempo em que tem passado por diversas transformaccedilotildees em sua estrutura e se configurado como temaacutetica importante nos debates poliacuteticos atuais Diante disso este estudo tem como objetivo refletir as tensotildees em torno desta praacutetica a partir de uma relaccedilatildeo que consideramos crucial para compreendermos os sentidos e significados atribuiacutedos agrave vaquejada a relaccedilatildeo NaturezaCultura Compreendemos que as posturas contraacuterias e favoraacuteveis agrave praacutetica podem ser aprofundadas a partir dessa dicotomia inaugurada na modernidade e constituinte do processo civilizador que lhe foi inerente Para o alcance do objetivo proposto foi utilizada uma metodologia qualitativa baseada na anaacutelise de conteuacutedo de artigos publicados em base de dados nacionais tendo como palavras chave ldquovaquejadardquo ldquoculturardquo e ldquonatureza consideramos ainda frente a celere discussatildeo contemporacircnea a revisatildeo de material natildeo tratado em especial as narrativas veiculadas em reportagens aleacutem da legislaccedilatildeo sobre o tema os artigos e as narrativas revisados na busca foram submetidos a teacutecnica da anaacutelise de conteuacutedo Compreendemos e concluiacutemos considerando a transversalidade do estudo que essas reflexotildees podem colaborar com uma perspectiva criacutetica dos interesses e estrateacutegias poliacuteticas por meio das quais as ideias

A TENSAtildeO ldquoNATUREZACULTURArdquo NA VAQUEJADA NORDESTINA

566

de natureza e cultura tecircm sido alocadas em nossos modos de organizaccedilatildeo social Palavras-chave vaquejada natureza cultura

1 INTRODUCcedilAtildeO

Partiremos do argumento de que os embates acerca da praacutetica da vaquejada podem ser potencialmente estudados a partir da tensatildeo Natureza versus Cultura Trata-se de uma dicotomia que estaacute no cerne do projeto da Modernidade e do processo civilizatoacuterio que lhe foi inerente Inaugurou-se nessa configuraccedilatildeo o controle racional das coisas da natureza

Veremos entatildeo que os discursos e narrativas em torno dessa praacutetica tecircm constantemente acionado essa dicotomia tanto na sua defesa quanto nos posicionamentos que lhes satildeo contraacuterios

A vaquejada eacute uma festa tradicional e popular no sertatildeo nordestino uma atividade de origem brasileira considerada uma das praacuteticas mais relevantes do ciclo do gado Nos uacuteltimos anos esta atividade vem se modernizando e se profissionalizando e passou a ser classificada como esporte Tem o poder de atrair um grande puacuteblico aleacutem de gerar renda para muitos municiacutepios

A Associaccedilatildeo Brasileira de Vaquejada (ABVAQ) organizaccedilatildeo oficial que regulamenta a praacutetica define-a como atividade recreativa-competitiva com caracteriacutesticas de esporte na qual dois vaqueiros tecircm o objetivo de alcanccedilar e emparelhar um boi entre seus cavalos e conduzi-lo ateacute o local indicado onde o animal deve ser derrubado1

Este esporte originaacuterio da pecuaacuteria tem sido ao longo dos tempos associado a atributos como coragem valentia ousadia firmeza forccedila por exigir de seus praticantes uma

1 Site da associaccedilatildeo wwwabvaqcombr

A TENSAtildeO ldquoNATUREZACULTURArdquo NA VAQUEJADA NORDESTINA

567

performance de risco e acionar emoccedilotildees associadas ao enfrentamento do perigo Uma expressatildeo usual desse universo para definir tais caracteriacutesticas constituintes tanto do fiacutesico quanto do ethos do vaqueiro eacute aquela que diz que ldquotem que ter sangue nos olhosrdquo para ldquocorrer vaquejadardquo

Na vaquejada satildeo atribuiacutedas funccedilotildees distintas a dois vaqueiros (vaqueiro puxador e vaqueiro batedor de esteira) que a cavalo deveratildeo demonstrar suas habilidades na derrubada de um boi puxando-o pela cauda dentro dos limites de uma demarcaccedilatildeo (faixa) desenhada na pista com cal apropriada para a queda Vence a dupla que obtiver maior nuacutemero de pontos

A Associaccedilatildeo Brasileira de Vaquejada pretende padronizar as regras da vaquejada em todo o Brasil estabelecendo normas de realizaccedilatildeo dos eventos que assegurem o bem-estar animal aleacutem de definir procedimentos e diretrizes que garantam o bom andamento do esporte atraveacutes do controle e prevenccedilatildeo sanitaacuterio-ambientais higiecircnico-sanitaacuterias e de seguranccedila em geral Satildeo definidos os seguintes conceitos

a) vaquejada ndash atividade recreativo-competitiva com caracteriacutesticas de esporte na qual dois vaqueiros tecircm o objetivo de alcanccedilar e emparelhar o boi entre os cavalos conduzi-lo ateacute o local indicado onde o animal deve ser derrubado b) vaqueiro-puxador ndash competidor responsaacutevel por entrelaccedilar o rabo do boi entre as matildeos e derrubaacute-lo na faixa c) vaqueiro-esteireiro ndash competidor responsaacutevel direcionar o boi e condicionaacute-lo ateacute o local da faixa emparelhando-o com o vaqueiro-puxador aleacutem de entregar o rabo do boi ao vaqueiro-puxador d) faixa ndash linhas paralelas com distacircncia de 9m entre uma e outra onde o boi deve ser derrubado e) valeu o boi ndash expressatildeo que caracteriza o ecircxito do competidor f) zero ndash expressatildeo que caracteriza a ausecircncia de ecircxito do competidor g) parque de vaquejada ndash

A TENSAtildeO ldquoNATUREZACULTURArdquo NA VAQUEJADA NORDESTINA

568

arena onde acontece a vaquejada h) brete ndash local onde ficam os bovinos antes de correr i) curral de espera ndash local onde ficam os bovinos antes ou depois da corrida j) rodiacutezio ndash forma de organizaccedilatildeo do evento que estabelece o nuacutemero de competidores que estatildeo na pista naquele momento k) disputa final ndash fase onde seratildeo definidos os vencedores da vaquejada

A vaquejada para muitos amantes do esporte eacute um

ldquoestilo de vidardquo influenciando na forma de se vestir na forma de falar com dialetos e expressotildees que representam esta manifestaccedilatildeo cultural Este estilo tambeacutem se exprime no gosto musical predominantemente no forroacute e na muacutesica sertaneja Existe um estilo de forroacute composto por muacutesicas que abordam o universo da vaquejada com letras inspiradas nas histoacuterias e situaccedilotildees vividas pelos vaqueiros A propoacutesito os shows de bandas musicais desse estilo tornaram-se elementos incorporados agraves atuais festas de vaquejada Assim de uma praacutetica primordialmente caracterizada pela relaccedilatildeo do vaqueiro com o ambiente e o animal a atividade foi permeada por novos haacutebitos e padrotildees de consumo

Cabe dizer que a vaquejada eacute por si soacute uma praacutetica em que a relaccedilatildeo NaturezaCultura aparece premente jaacute em seus primoacuterdios realizava-se pela capacidade do indiviacuteduo em controlar a natureza muitas vezes hostil o meio inoacutespito e em domar o animal num processo de subjetivaccedilatildeo em que o ldquoeurdquo se afirmava pelo domiacutenio e pela racionalizaccedilatildeo dessas condiccedilotildees e desses elementos da natureza Eacute importante destacar tambeacutem que as regras e coacutedigos que orientam a praacutetica foram e continuam sendo modificadas no decorrer do tempo

Na busca pelo reconhecimento da vaquejada como desporto e atividade cultural vaacuterias alteraccedilotildees foram realizadas com a elaboraccedilatildeo de regras mais especificas para diminuir os riscos fiacutesicos tanto para os vaqueiros como para os animais (cavalos e bois) medidas como a utilizaccedilatildeo de areia nas arenas para amortecer a queda a criaccedilatildeo do protetor de

A TENSAtildeO ldquoNATUREZACULTURArdquo NA VAQUEJADA NORDESTINA

569

cauda para evitar ou diminuir o risco de contusatildeo machucar ou danificar a cauda do animal a proibiccedilatildeo do uso de espora para natildeo feri-lo O uso da tecnologia para o avanccedilo deste esporte eacute algo que tambeacutem deve ser mencionado materiais de proteccedilatildeo estatildeo sendo desenvolvidos e exigidos em suas competiccedilotildees oficiais

Apesar das medidas em prol do bem estar animal a vaquejada continua sendo considerada por vaacuterias pessoas como uma praacutetica associada agrave barbaacuterie

Existem de um lado perspectivas que a defendem e incentivam sobretudo por meio de narrativas que enaltecem sua relevacircncia histoacuterica e cultural sua importacircncia em termos de atividade de lazer e tambeacutem econocircmica e de outro lado argumentos pela sua extinccedilatildeo imbuiacutedos de classificaccedilotildees que a colocam como uma praacutetica primitiva e cruel em referecircncia aos maus tratos e aos efeitos fiacutesicos e psicoloacutegicos causados aos animais envolvidos Diante disso o presente estudo trataraacute de refletir sobre os sentidos e significados da vaquejada e as tensotildees existentes em torno dela Articula uma temaacutetica que tem suscitado debates significativos e acalorados em diversas esferas do cotidiano desde as redes sociais ateacute os espaccedilos de grandes decisotildees poliacuteticas

Apresentamos neste momento algumas questotildees norteadoras das nossas reflexotildees como satildeo articulados os discursos a favor e contra a legalidade da praacutetica da vaquejada particularmente no que diz respeito agrave tensatildeo Natureza versus Cultura Como se daacute a relaccedilatildeo entre a praacutetica da vaquejada pensada enquanto vivecircncia cultural e enquanto experiecircncia que problematiza padrotildees civilizatoacuterios Como esses embates podem ser refletidos a partir da legislaccedilatildeo existente acerca da vaquejada

A TENSAtildeO ldquoNATUREZACULTURArdquo NA VAQUEJADA NORDESTINA

570

3 MATERIAIS E MEacuteTODO

Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo uma vez que se concentra em significados atribuiacutedos pelos indiviacuteduos em suas interaccedilotildees Nesse sentido

A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos descrevendo a complexidade do comportamento humano Fornece anaacutelise mais detalhada sobre a investigaccedilatildeo haacutebitos atitudes tendecircncias de comportamentos etc (LAKATOS E MARCONI 2008 p269)

Para a realizaccedilatildeo deste estudo foi realizado um

levantamento de publicaccedilotildees cientiacuteficas dedicadas ao tema da vaquejada na tentativa de sistematizar informaccedilotildees importantes acerca do desenvolvimento dessa praacutetica precisamente no que diz respeito agrave sua trajetoacuteria histoacuterica Num segundo momento e com o intuito de reconhecermos os debates e disputas em torno da temaacutetica nos dedicamos a uma anaacutelise de mateacuterias recentes sobre o assunto assim como nos concentramos no teor da legislaccedilatildeo sobre a vaquejada A pesquisa tambeacutem se concentrou ndash embora utilizando-as como fontes de observaccedilotildees secundaacuterias ndash postagens em redes sociais e os debates acerca das polecircmicas envolvendo a vaquejada que foram travados nesses espaccedilos

Os dados foram sistematizados a partir do mecircs de setembro Importante destacar que no decorrer do processo de levantamento e organizaccedilatildeo das informaccedilotildees frequentemente surgiam novos elementos visto que nesse periacuteodo ocorreram decisotildees significativas no cenaacuterio poliacutetico acerca da legalizaccedilatildeo da atividade Isso faz perceber a atualidade e a relevacircncia dessa discussatildeo para a nossa sociedade sobretudo por suscitar problemas que ainda persistem natildeo obstante as transformaccedilotildees pelas quais ela passou

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O meacutetodo utilizado para a anaacutelise das informaccedilotildees foi o de anaacutelise de conteuacutedo orientado pela definiccedilatildeo de CHIZZOTI (2006 p98) de acordo com a qual ldquoO objetivo da anaacutelise de conteuacutedo eacute compreender criticamente o sentido das comunicaccedilotildees seu conteuacutedo manifesto ou latente as significaccedilotildees expliacutecitas ou ocultasrdquo Seguimos os principais procedimentos que satildeo geralmente adotados quando se utiliza esse tipo de metodologia organizaccedilatildeo categorizaccedilatildeo descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados obtidos A anaacutelise dos dados se fez agrave luz do referencial teoacuterico utilizado

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Vaquejada e negociaccedilotildees da natureza e da cultura

A literatura referente ao tema da vaquejada ainda natildeo eacute vasta Ainda assim existem trabalhos que satildeo referecircncia sobre o assunto sobretudo os que levantam seus aspectos histoacutericos e que ao discorrerem acerca das configuraccedilotildees e transformaccedilotildees pelas quais a vaquejada passou impulsionam reflexotildees importantes para os nossos objetivos

Segundo Cascudo (1976) a origem da vaquejada estaacute ligada agrave inserccedilatildeo da pecuaacuteria no Brasil Uma vez que neste periacuteodo ainda natildeo existiam cercas nas fazendas do sertatildeo nordestino os animais eram marcados (ferrados) e soltos na caatinga para alimentar-se e depois de algum tempo os coroneacuteis convocavam peotildees (vaqueiros) que montados a cavalos vestidos com gibotildees de couro entravam nas matas fechadas cheias de galhos secos e espinhos onde perseguiam laccedilavam e capturavam o gado

Nos meses de junho e julho durante o inverno na regiatildeo Nordeste o vaqueiro tinha a funccedilatildeo de sair em busca das reses com o objetivo de selecionaacute-las para comercializaccedilatildeo Esses animais eram criados soltos na mata pois natildeo havia cercas

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entre as antigas fazendas de gado (CASCUDO 1956 apud Da SILVA E AZEVEDO 2014 p63)

Este procedimento chamava-se ldquoapartaccedilatildeordquo que tinha como objetivo capturar as reses no mato para depois selecionar as que iriam para a comercializaccedilatildeo para serem vendidas nas feiras e mercados da cidade As reses que ficavam na fazenda passavam pelo processo de engorda Nesta atividade alguns vaqueiros se destacavam entre os demais pela sua bravura e habilidade pois conseguiam capturar os animais mais difiacuteceis principalmente os filhotes que eram selvagens e nasciam na caatinga sem o contato humano jaacute que alguns se reproduziam no mato A partir desta praacutetica de manejo com o gado os patrotildees comeccedilaram a organizar torneios e disputas nos quais os vaqueiros poderiam mostrar suas habilidades enquanto os coroneacuteis faziam apostas entre si Para Cascudo (1976) e Bezerra (1978)

A vaquejada era de fato uma brincadeira da qual todos os vaqueiros participavam sem buscar conquistar grandes precircmios financeiros A recompensa pelos patrotildees agravequeles que se destacavam nas derrubadas do boi no chatildeo se dava atraveacutes de carneiros gados e outros utensiacutelios de pequeno valor financeiro (apud AIRES 2008 p84)

Com o decorrer do tempo as vaquejadas foram

ganhando novas formas os fazendeiros comeccedilaram a organizar competiccedilotildees de vaquejada e os vaqueiros passaram a ter que pagar uma quantia em dinheiro para ter direito a participar das disputas Os vencedores comeccedilaram a ser premiados como afirma Da Silva e Azevedo (2014 p63)

Pequenos fazendeiros de diferentes aacutereas do Nordeste comeccedilaram a promover um novo tipo de vaquejada Nesta os vaqueiros pagavam uma quantia em dinheiro isto eacute uma espeacutecie de inscriccedilatildeo para participarem da disputa O dinheiro

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era usado para a organizaccedilatildeo do evento e para comprar os precircmios para os vencedores Com o passar dos anos os cavalos nativos que eram utilizados pelos vaqueiros foram substituiacutedos por animais de raccedila e o local onde os vaqueiros estavam acostumados a correr atraacutes das reses era de terra batida e cascalho Este foi substituiacutedo por uma superfiacutecie de areia com limites definidos e regulamento

Houve nesses termos novos processos de regramento

e novos sujeitos passaram a agenciar a relaccedilatildeo do vaqueiro com o animal e o meio conferindo novos sentidos e significados quanto ao ldquodomar a naturezardquo Assim as referecircncias teoacutericas aqui apresentadas nos indicam que a relaccedilatildeo Natureza versus Cultura que demarca o universo da vaquejada tem sido historicamente perpassada por intenccedilotildees e interesses diversos Eacute um domiacutenio fabricado e reinventado por accedilotildees distintas e sujeitos igualmente muacuteltiplos

Com a evoluccedilatildeo deste esporte e sua modernizaccedilatildeo os cavalos nativos foram substituiacutedos por animais considerados de melhor geneacutetica As arenas de vaquejadas foram recebendo melhores estruturas e estas passaram a ser realizadas em parques construiacutedos especificamente para os espetaacuteculos Estes eventos foram conquistando grandes puacuteblicos e movimentando muito dinheiro Ganharam mais visibilidade passando a fazer parte da programaccedilatildeo oficial de eventos locais com divulgaccedilotildees da agenda de atividades ao mesmo tempo em que aumentaram as propagandas das festas em outdoors assim como em paacuteginas da internet dedicadas exclusivamente agrave vaquejada na televisatildeo e nas raacutedios locais Com ares de um grande investimento financeiro teve origem a vaquejada que hoje conhecemos tendo sido transformados mais uma vez os interesses e intuitos em torno dessa relaccedilatildeo em que a ldquonatureza selvagemrdquo eacute domada pelo sujeito vaqueiro Novas negociaccedilotildees portanto tecircm ocorrido em torno da arena NaturezaCultura Ao se estipularem novos regramentos e dada a forma de ldquoespetacularizaccedilatildeordquo adquirida pela vaquejada

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modifica-se tambeacutem o estatuto da interaccedilatildeo entre vaqueiro e natureza sendo as apresentaccedilotildees organizadas de modo que essa mesma interaccedilatildeo seja atrativa para o puacuteblico

Desta forma podemos dividir a evoluccedilatildeo da vaquejada em trecircs momentos a) a vaquejada como atividade pecuaacuteria em que os vaqueiros utilizavam de suas habilidades forccedila e bravura no manejo do gado como as pegas de boi no mato neste aspecto tinha como finalidade a sobrevivecircncia b) a vaquejada como atividade de lazer em que os patrotildees e familiares reuniam os vaqueiros em suas fazendas para realizarem disputas com pequenas premiaccedilotildees para os vencedores e neste aspecto tinha como finalidade o divertimento c) a vaquejada como atividade esportiva grandes eventos com grandes premiaccedilotildees atraindo um enorme puacuteblico e vaqueiros de vaacuterios lugares (cidades e estados) tendo como finalidade o espetaacuteculo

No meu sertatildeo derrubada no fechado derrubada no mato era a soluccedilatildeo comum usual costumeira O derrubar no limpo terreiros e paacutetios de fazenda era divertimento folguedo vadiaccedilatildeo permissiacutevel nos finais da ldquoapartaccedilatildeordquo como espetaacuteculo e precircmios aos dias de campo esgotante e aacutesperos (CASCUDO 1969 p 25)

Como podemos observar nesta citaccedilatildeo a derrubada do

boi no mato pela cauda era a soluccedilatildeo para capturar o animal sendo assim uma praacutetica habitual que fazia parte da rotina dos vaqueiros atividade comum do seu trabalho cotidiano Jaacute a derrubada do boi pela cauda no ldquolimpordquo nas proximidades das fazendas era uma forma de entretenimento uma brincadeira popular que representava um costume tradicional da regiatildeo uma forma de lazer que praticada logo apoacutes o teacutermino do horaacuterio de trabalho

Sendo assim essa praacutetica foi deixando de ser uma atividade do labor mesmo porque com o passar do tempo os bovinos foram sendo criados em espaccedilos cercados e natildeo mais

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soltos no mato de modo que a derrubada de boi pela cauda tornou-se uma atividade de lazer e natildeo mais atividade comum da pecuaacuteria Este lazer foi se modernizando ganhando puacuteblico regras envolvendo grandes premiaccedilotildees e se ganhando contornos de espetaacuteculo Cabe aqui considerarmos que essas transformaccedilotildees natildeo deixam de configurar o ldquoprocesso racionalizanterdquo pelo qual a vaquejada passou com seus novos regramentos e difusatildeo das novas habilidades com a natureza e ao qual podemos acrescentar as diferenciaccedilotildees entre o tempo do trabalho e o tempo de lazer Ou seja esse processo foi inerentemente o de transformaccedilatildeo das percepccedilotildees e sentidos da relaccedilatildeo do vaqueiro com a natureza

32 Natureza versus Cultura e processos civilizadores

Dado esse recorte teoacuterico realizado no intuito de mostrar caracteriacutesticas histoacutericas da vaquejada e de como ela esteve - e continua - alicerccedilada sobre negociaccedilotildees da relaccedilatildeo natureza e cultura faz-se importante uma referecircncia ao trabalho de Norbert Elias (1993) que questiona e problematiza o projeto moderno de isolar o domiacutenio da natureza (o inato) do domiacutenio da cultura da poliacutetica da accedilatildeo humana por fim Eacute sobretudo em sua obra intitulada O Processo Civilizador que encontramos fundamentos para as reflexotildees que trazemos neste estudo Em sua tentativa de subverter dicotomias erigidas no advento da modernidade (dentre as quais podemos exemplificar naturezacultura racionalirracional razatildeoemoccedilatildeo) o autor coloca que a natureza longe de ser reduzida a um domiacutenio antagocircnico agrave cultura foi capaz de exercer um papel fundamental na consolidaccedilatildeo das normas sociais num determinado periacuteodo histoacuterico ao dedicar-se agrave anaacutelise das mudanccedilas histoacutericas que se configuram no que vem a chamar de ldquoprocesso civilizadorrdquo Elias demonstra a intensidade com que essa trajetoacuteria estaacute atrelada a uma transformaccedilatildeo da conduta e da afetividade dos indiviacuteduos

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A mobilidade poliacutetica da natureza em Elias se faz claramente quando ele contempla a mudanccedila lenta de comportamento e da vida afetiva dos povos ocidentais que se daacute a partir do enfraquecimento do sistema feudal em favor de novas estruturas que iratildeo caracterizar a sociedade de corte o que segundo ele permitiu a configuraccedilatildeo de um movimento em direccedilatildeo ao controle do natildeo-racional e portanto do que fazia parte do domiacutenio da natureza Nesse caso especiacutefico as emoccedilotildees e afetividades que na perspectiva da racionalidade moderna representavam pulsotildees que deveriam ser domesticadas e abrandadas pelo indiviacuteduo de modo a atender as regras de conduta e civilidade que estavam se configurando

Elias ressalta que durante a Idade Meacutedia a grande ameaccedila consistia nos atos de violecircncia fiacutesica A Sociedade Cortesatilde ao contraacuterio atraveacutes de seu monopoacutelio estaacutevel de forccedila protegia o indiviacuteduo contra esses ataques suacutebitos e contra a presenccedila da violecircncia fiacutesica em sua vida

ldquoO campo de batalha foi em certo sentido transportado para dentro do indiviacuteduo Parte das tensotildees e paixotildees que antes eram liberadas diretamente na luta de um homem com outro teraacute agora que ser elaborada no interior do ser humano () Os impulsos os sentimentos apaixonados que natildeo podem mais se manifestar diretamente nas relaccedilotildees entre pessoas frequumlentemente lutam natildeo menos violentamente dentro delas contra essa parte supervisora de si mesmardquo (Elias 1993 p203)

Tem-se aiacute um processo de subjetivaccedilatildeo que exige um

exerciacutecio de autocontrole o domiacutenio de si mesmo e da sua proacutepria natureza Eacute justamente nesse processo que o autor percebe os mecanismos atraveacutes dos quais a natureza (emoccedilatildeo pulsotildees afetivas) e racionalidade se imbricam A natureza natildeo se isola portanto na esfera do inato mas decisivamente toma parte nos arranjos sociais e poliacuteticos De forma semelhante compreendemos que o universo da vaquejada reflete bem as

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disputas que se firmam em torno da relaccedilatildeo entre essas duas esferas ainda que se pretendam diacutespares Nas divergecircncias que envolvem a praacutetica a relaccedilatildeo entre natureza e cultura tem sido constantemente mobilizada pode-se dizer mesmo que eacute o cerne de boa parte das argumentaccedilotildees dissidentes que se constroem em torno dela Tanto nas narrativas favoraacuteveis como nas contraacuterias agrave praacutetica ambas natureza e cultura satildeo categorias invocadas sem que no entanto se excluam por completo

Ainda no que tange aos processos civilizatoacuterios destrinchados por Elias e que entendemos que podem ser referenciados na compreensatildeo da loacutegica da vaquejada de suas dinacircmicas podemos tomar como foco o proacuteprio processo de desportivizaccedilatildeo pelo que a atividade passou A propoacutesito o autor tambeacutem tematiza o esporte compreendendo sua gecircnese a partir da loacutegica e da dinacircmica dos processos civilizadores descritos acima Nesse sentido o esporte se configurou como um campo de disciplinamento dos instintos e das pulsotildees e portanto dos elementos atribuiacutedos agrave ldquonaturezardquo Ocorreram mudanccedilas em relaccedilatildeo agraves suas configuraccedilotildees originais de modo a adaptaacute-lo agraves mudanccedilas que estavam surgindo na sociedade Ou seja a desportivizaccedilatildeo enquanto um processo tambeacutem social atendeu aos apelos civilizatoacuterios da sociedade de corte de incorporar regras e coacutedigos que garantissem a domesticaccedilatildeo do corpo e de seus impulsos sobretudo para o controle da violecircncia maacutecula primordial num processo de racionalizaccedilatildeo e psicologizaccedilatildeo Da mesma forma o processo de esportivizaccedilatildeo recente da vaquejada a tornou relativamente menos violenta e com menos riscos tanto para os seus praticantes como para os animais Ao menos foram essas as premissas que justificaram o processo Essas mudanccedilas se deram ao mesmo tempo em que se argumentou o abrandamento de praacuteticas tidas como brutais e portanto anticivilizatoacuterias Contudo veremos que essas tentativas natildeo foram suficientes para abrandar os entraves acerca da praacutetica nem os posicionamentos desfavoraacuteveis

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Existe uma querela constitucional envolvendo a praacutetica da vaquejada Com base em argumentos como o de Silva (2007) os praticantes admiradores e defensores das vaquejadas afirmam o valor cultural dessa atividade aleacutem de reconhececirc-la como atrativa para o incremento do turismo e apontar seus benefiacutecios na movimentaccedilatildeo da economia local e geraccedilatildeo de empregos Esse tipo de abordagem frequentemente destaca que a praacutetica estaacute amparada pelo art 215 sect 1ordm da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que diz que ldquoo Estado garantiraacute a todos o pleno exerciacutecio dos direitos culturais acesso agraves fontes da cultura nacional apoiaraacute e incentivaraacute a valorizaccedilatildeo e a difusatildeo das manifestaccedilotildees culturaisrdquo e que ldquoO Estado protegeraacute as manifestaccedilotildees das culturas populares indiacutegenas e afro-brasileiras e de outros grupos participantes do processo civilizatoacuterio nacionalrdquo Ao mobilizar a dimensatildeo cultural essas perspectivas valorizam o domiacutenio da expressatildeo e accedilatildeo humanas as atribuiccedilotildees de significado feitas pelos indiviacuteduos que participam da praacutetica A importacircncia da vaquejada para a realidade social e para a vida dos sujeitos se constitui assim como um argumento conflituoso em relaccedilatildeo aos discursos que apontam seus malefiacutecios sobretudo quanto aos princiacutepios de defesa da vida animal aspecto que tambeacutem faz parte das definiccedilotildees e poliacuteticas de sustentabilidade

Por outro lado o art 225 sect 1ordm VII qual incumbe ao Poder Puacuteblico proteger a fauna e a flora sendo vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais agrave crueldade Nesse caso eacute a natureza que eacute evocada Importante notar entretanto que esses discursos aparentemente antagocircnicos heranccedila dos jogos dicotocircmicos modernos na verdade se tocam mutuamente se fazem simultacircneos e complementares Verificamos aiacute uma mobilizaccedilatildeo da natureza no seio das relaccedilotildees sociais e vice-versa Natureza e Cultura dialogam assim na esfera do poliacutetico do cotidiano Eacute nesse sentido que nos orientamos teoricamente pelo trabalho de Elias conforme jaacute foi referenciado visto que essas diferentes

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ecircnfases ainda que ambivalentes fazem parte de uma mesma configuraccedilatildeo social e portanto de dinacircmicas civilizatoacuterias pelas quais aprendemos a definir limites de toleracircncia A vaquejada traz esses conflitos de modo muito expliacutecito ateacute que ponto determinadas praacuteticas de manipulaccedilatildeo da natureza podem ser justificadas em nome da cultura Ou ainda sob quais modos a natureza pode ser utilizada de modo a ofuscar aspectos sociais relevantes Assim as coisas da natureza natildeo aparecem desvencilhadas da histoacuteria tampouco eacute um elemento ausente das definiccedilotildees poliacuteticas que pautam a vida dos indiviacuteduos Sob inspiraccedilatildeo dos processos descritos por Elias percebemos a agecircncia da natureza ao mesmo tempo em que a reconhecemos enquanto elemento apropriado pela cultura

No dia 06 de Outubro de 2016 ocorreu mais uma disputa judicial envolvendo a praacutetica O Supremo Tribunal Federal promoveu o debate e dividiu opiniotildees entre apoiadores e criacuteticos da competiccedilatildeo Nesta data foi realizado o julgamento final que teve iniacutecio em agosto de 2015 sobre o projeto de lei estadual do Cearaacute nordm 152992013 que visa regulamentar a vaquejada como praacutetica desportiva e cultural estabelecer as regras para realizaccedilatildeo e fixar os criteacuterios para a competiccedilatildeo obrigando os organizadores a adotarem medidas de seguranccedila para os vaqueiros o puacuteblico e os animais

Para aleacutem de outras questotildees natildeo menos importantes chamou-nos a atenccedilatildeo o teor de algumas dessas medidas que visam a assegurar a integridade fiacutesica dos envolvidos inclusive dos animais o que nos leva a lembrar que a monitoraccedilatildeo e prevenccedilatildeo de riscos foi tambeacutem um exerciacutecio crucial nos projeto civilizatoacuterio descritos por Elias Conforme vimos tal cuidado passou a fazer parte dos processos de psicologizaccedilatildeo e racionalizaccedilatildeo pelos quais a violecircncia fiacutesica tornou-se abjeta Aqui de forma parecida a as ameaccedilas aos corpos satildeo algo a se evitar de modo a natildeo ameaccedilar o esforccedilo de retirar o caraacuteter de crueldade ao qual a vaquejada tem sido associada Nesse caso a capacidade de administrar esses riscos eacute tida como uma forma de adequar agrave praacutetica agraves referecircncias de civilidade

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Ao mesmo tempo ao focar no bem-estar de todas as vidas envolvidas as medidas parecem enaltecer a harmonizaccedilatildeo entre o humano e o animal (o que configura inclusive outra dicotomia edificada a partir dos projeto civilizatoacuterio moderno) Por outro lado houve quem reconhecesse em alguns dos comentaacuterios de redes sociais que parte significativa do problema da degradaccedilatildeo ambiental deve-se ao fato do homem natildeo se reconhecer parte da proacutepria natureza sobre a qual atua (no que se reflete a dinacircmica moderna de separaccedilatildeo entre os domiacutenios do humano e da natureza conforme jaacute foi suficientemente dito aqui) Esse eacute um aspecto que tambeacutem aparece nos argumentos que defendem o bem-estar animal natildeo reconhecer-se no animal submetido agraves praacuteticas de crueldade eacute justamente tornar-se desumano

Ainda em 2013 foi declarada no Superior Tribunal Federal (STF) uma accedilatildeo direta de inconstitucionalidade pela Procuradoria Geral da Repuacuteblica (PGR) a fim de obter a suspensatildeo desta lei estadual Nesse caso recorre-se aos laudos recursos amparados pelo saber cientiacutefico (elemento primordial da racionalidade moderna) como forma de apontar o caraacuteter cruel e abjeto da praacutetica Novamente a natureza eacute acionada num plano de discussotildees cujas diretrizes satildeo fundamentalmente humanas e portanto sociais

Os ministros do STF analisaram e julgaram inconstitucional a lei estadual do Cearaacute que regulamentava a vaquejada como praacutetica esportiva e cultural A decisatildeo foi acirrada com apenas um voto de diferenccedila seis votos a cinco Votaram a favor da regulamentaccedilatildeo da praacutetica os seguintes ministros Edson Fachin Gilmar Mendes Teori Zavascki Luiz Fux e Dias Toffoli Contraacuterios os ministros Marco Aureacutelio Mello relator do processo Roberto Barroso Rosa Weber Celso de Mello Ricardo Lewandowisk e Caacutermen Luacutecia O argumento principal destes ministros reforccedilou a adjetivaccedilatildeo da vaquejada como uma praacutetica baacuterbara e cruel pela qual os animais satildeo expostos a maus-tratos e agressatildeo impondo sofrimento agrave espeacutecie e ferindo deste modo princiacutepios constitucionais de preservaccedilatildeo do meio ambiente Para o grupo a

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proteccedilatildeo ao meio ambiente deveria se sobrepor ao valor cultural da praacutetica

Segundo Marcos Lima vice-presidente da ABVAQ satildeo mais de 700 provas por ano apenas no estado do Cearaacute movimentando cerca de R$ 14 milhotildees de reais ao passo que em todo o Brasil satildeo cerca de 4 mil vaquejadas realizadas o que movimenta aproximadamente 600 milhotildees de reais As festas chegam a reunir 60 mil pessoas por dia de prova ldquoA vaquejada eacute algo que estaacute na nossa cultura haacute mais de 100 anos Haacute uma forte geraccedilatildeo de empregos algo em torno de 600 mil pessoas que dependem de certa forma da economia que a vaquejada movimentardquo ele complementa

Haacute nessa declaraccedilatildeo a referecircncia a uma relaccedilatildeo do homem nordestino com a natureza e o meio ambiente que traz importantes impactos para a sua sobrevivecircncia no que o comentarista destaca inclusive o caraacuteter histoacuterico dessa relaccedilatildeo Nesse caso a tradiccedilatildeo e a histoacuteria justificam a praacutetica E se num comentaacuterio anterior desfavoraacutevel agrave vaquejada o narrador referiu-se a recursos legitimados pelo saber cientiacutefico (os laudos que certificavam as agressotildees aos animais) nesta uacuteltima declaraccedilatildeo o comentarista igualmente se utiliza de instrumentos apoiados na racionalidade apontando por exemplo a adequabilidade da praacutetica agraves exigecircncias sanitaacuterias em vigor A obediecircncia agraves regras portanto torna-se uma justificativa para que esse modo de relacionar-se com a natureza seja aceito

A decisatildeo do STF teve grande repercussatildeo nas redes sociais Foram vaacuterias postagens e publicaccedilotildees a respeito da questatildeo gerando bastante polecircmica e discussotildees acaloradas inclusive com xingamentos e ameaccedilas entre os usuaacuterios das redes No dia 11 de outubro de 2016 cinco dias apoacutes a decisatildeo ocorreram diversas manifestaccedilotildees nas ruas de vaacuterias cidades do Brasil em que trabalhadores da vaquejada e simpatizantes protestaram contra a proibiccedilatildeo da atividade no Cearaacute Jaacute no dia 25 do mesmo mecircs ocorreu em Brasiacutelia um ato a favor da praacutetica Vaqueiros criadores donos de parques profissionais da aacuterea

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artistas e amantes da vaquejada de todas as regiotildees do paiacutes se reuniram na Esplanada dos Ministeacuterios durante todo o dia em defesa da legalizaccedilatildeo da atividade Aleacutem de uma grande cavalgada aconteceram atos poliacuteticos shows musicais e apresentaccedilatildeo de proposta de regularizaccedilatildeo da vaquejada ao senado Essas manifestaccedilotildees mostram mais uma vez a articulaccedilatildeo entre natureza e cultura enquanto um objeto eminentemente poliacutetico visto que eacute um dos fundamentos de todo projeto de sociedade Sobre esta proposta os senadores votaram e aprovaram no

dia 01 de novembro deste ano o Projeto de Lei da Cacircmara (PLC

242016)2 que define a vaquejada o rodeio e expressotildees artiacutestico-

culturais como manifestaccedilatildeo cultural nacional e de patrimocircnio

cultural imaterial A proposta foi enviada para votaccedilatildeo de urgecircncia

pelo Plenaacuterio e segue agora para sanccedilatildeo presidencial Os

parlamentares destacaram a tradiccedilatildeo e a importacircncia das

vaquejadas e rodeios para a economia regional principalmente

nordestina afirmando que a praacutetica vem se aperfeiccediloando

reduzindo significativamente os possiacuteveis sofrimentos dos animais

Esse foi um importante passo para a regulamentaccedilatildeo da

Vaquejada

4 CONCLUSOtildeES

O estudo trata de questotildees que ao mesmo tempo em que se configuram como problemas antigos natildeo deixam de ser urgentes Natildeo podemos por exemplo compreender as premissas dos significados atuais de sustentabilidade sem refletirmos sobre a maneira como convocamos a relaccedilatildeo naturezacultura em nossa realidade social do mesmo modo que sabemos que o estiacutemulo a esse debate varia imensamente

2Disponiacutevel em httpswww25senadolegbrwebatividadematerias-materia125802 ltAcesso em 13 nov 2016gt

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de acordo com as forccedilas poliacuteticas que gerenciam nosso cotidiano

Conforme foi sugerido no desfecho do toacutepico anterior toda forma de organizaccedilatildeo social articula de acordo com os princiacutepios que deseja reafirmar ou das transformaccedilotildees que pretende estimular a relaccedilatildeo entre natureza e cultura Como pudemos ver esses satildeo domiacutenios intercambiaacuteveis sendo igualmente apropriados nos projetos de sociedade Cabe-nos portanto um olhar criacutetico a respeito de como essas duas esferas tecircm sido negociadas nesses processos

Natildeo podemos aprofundar essas discussotildees sem estarmos atentos a nossos mecanismos de racionalizaccedilatildeo da natureza o que jaacute se traduz como um aspecto propriamente histoacuterico e cultural Afinal sabemos que muitos discursos e praacuteticas opressoras e de reproduccedilatildeo de desigualdades continuam sendo edificados a partir de argumentos biologizantes do mesmo modo que graves conflitos gerados no plano das interaccedilotildees humanas seguem pensados como se fossem ldquonaturaisrdquo

Vemos a necessidade de a partir dessas reflexotildees analisarmos criticamente o que tem orientado nossos projetos civilizadores nossa compreensatildeo dos mecanismos pelos quais graves problemas sociais satildeo mantidos e que agentes e interesses poliacuteticos tecircm se beneficiado deles Por fim avaliar as formas como temos nos apropriado e significado ldquoculturardquo e ldquonaturezardquo e de que as accedilotildees pelas quais esses significados satildeo operacionalizados tecircm impactado nosso cotidiano

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ABVAQ Associaccedilatildeo Brasileira de Vaquejada Acesso em 5 de maio de 2016 Disponiacutevel em httpwwwabvaqcombr AIRES Francisco Janio Filgueira O ldquoespetaacuteculo do cabra machordquo um estudo sobre o vaqueiro nas vaquejadas no Rio Grande do Norte Natal RN 2008 CAcircMARA CASCUDO Luiacutes da A vaquejada nordestina e sua origem Natal Fundaccedilatildeo Joseacute Augusto 1976

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CHIZZOTTI Antonio Pesquisa em ciecircncias humanas e sociais Satildeo Paulo Cortez 2006 Da SILVA Gilnara Karla Nicolau AZEVEDO Francisco Fransualdo Consumo versus cultura a vaquejada utilizada como instrumento para a reproduccedilatildeo do capital em macaiacuteba-RN Revista de Geografia (UFPE) V 31 No 3 2014 ELIAS Norbert O Processo Civilizador Rio de Janeiro Jorge Zahar vol 1 e 2 1993 LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Metodologia qualitativa e quantitativa In Metodologia Cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 2008 NORONHA Daisy Pires FERREIRA Sueli Mara S P Revisotildees de literatura In CAMPELLO Bernadete Santos CONDOacuteN Beatriz Valadares KREMER Jeannette Marguerite (orgs) Fontes de informaccedilatildeo para pesquisadores e profissionais Belo Horizonte UFMG 2000 SILVA Thomas de Carvalho A praacutetica da Vaquejada agrave luz da Constituiccedilatildeo Federal Revista acircmbito juriacutedico 2007 STF NAtildeO ACOMPANHOU EVOLUCcedilAtildeO DA VAQUEJADA Disponiacutevel em httpg1globocomcearanoticia201610stf-nao-acompanhou-evolucao-da-vaquejada-diz-associacao-no-cearahtml

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EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL

A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB

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CAPIacuteTULO 33

A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS ESCOLAS

PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB

Damiana Justino ARAUacuteJO1

Joatildeo Henrique Constantino Sales SILVA2

Vecircnia Camelo de SOUZA3 Gilvaneide Alves de AZEREDO4

1 Graduanda do curso de Licenciatura em Ciecircncias Agraacuterias UFPB 2Graduando do curso de Bacharelado em Agroecologia UFPB 3 Colaboradora Professora do DCBS - CCHSA UFPB

4 OrientadoraProfessora do DA - CCHSAUFPB damianaaraujo18gmailcom

RESUMO O ensino de botacircnica tem se mostrado um desafio

para os educadores das escolas puacuteblicas diante da falta de

motivaccedilatildeo dos discentes e da complexidade de termos teacutecnicos

que envolvem esta ciecircncia A quantidade de sinoniacutemias assusta

os discentes e a carecircncia de aulas praacuteticas faz com que os

alunos odeiem essa aacuterea de conhecimento desestimulando-os

a cada diaA falta de contextualizaccedilatildeo do conteuacutedo e falta da

conexatildeo entre a botacircnica e o meio onde os estudantes estatildeo

inseridos satildeo motivos reais que levam os estudantes a ter

aversatildeo pela Botacircnica Este trabalho visa relatar a experiecircncia

obtida em duas escolas puacuteblicas de Bananeiras e Solacircnea PB

mediante o Projeto ldquoProlicenrdquo da UFPB intitulado ldquoBotacircnica

como instrumento de educaccedilatildeo ambientalrdquo cujas metas satildeo

aproximar os estudantes com o meio ambiente onde estatildeo

inseridos fazendo com que associem o conteuacutedo com praacuteticas

de educaccedilatildeo ambiental levando-os a observar e a refletir sobre

o seu papel na natureza A partir de diversas aulas praacuteticas e

dinacircmicas em sala de aula pode-se concluir que o contato dos

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587

discentes com os vegetais e a natureza como um todo

proporcionam a participaccedilatildeo efetiva dos discentes nas aulas de

Botacircnica aumentando o seu interesse com o surgimento de

perguntas tornando-os seres ativos e conscientes capazes de

compreender a importacircncia dos vegetais e sua necessidade de

preservaccedilatildeo

Palavras-chaves Escolas puacuteblicas Natureza Prolicen

1 INTRODUCcedilAtildeO

A definiccedilatildeo de Botacircnica segundo Santos (2006) pode

ser algo extremamente simples De forma geral e sucinta a

Botacircnica pode ser entendida como ldquoo ramo da Biologia que trata

da vida das plantasrdquo Em outras palavras ela tem o interesse em

estudar todos os aspectos ndash morfoloacutegicos fisioloacutegicos

classificatoacuterios geneacuteticos etc ndash de um ser vivo que eacute

basicamente pluricelular eucarioacutetico e que realiza fotossiacutentese

No Ensino Fundamental e Meacutedio o ensino de Botacircnica eacute

pouco valorizado e vem sendo marcado por uma seacuterie de

problemas entre os mais evidentes estaacute a falta de interesse do

educando pelo conteuacutedo que ocorre devido a falta da relaccedilatildeo

diretamente do ser humano com as plantas As dificuldades em

se ensinar e consequentemente em se aprender Botacircnica

tornam a ldquoCegueira botacircnicardquo mais evidente tanto entre os

estudantes quanto professores (STANSKI et al 2012) Desse

modo a aquisiccedilatildeo do conhecimento em Botacircnica eacute prejudicada

natildeo somente pela falta de estiacutemulo em observar e interagir com

as plantas como tambeacutem pela precariedade de equipamentos

meacutetodos e tecnologias que possam ajudar no aprendizado

(ARRUDA amp LABURUacute 1996 CECCANTINI 2006)

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588

No Brasil o ensino da Botacircnica apresenta-se ainda

voltado para exposiccedilatildeo didaacutetica dos conteuacutedos o que vem a

desmotivar e dificultar o aprendizado dos alunos Normalmente

para o ensino desse conteuacutedo natildeo satildeo utilizados

procedimentos que permitam o contato dos alunos com os

vegetais o que tornam maiores as dificuldades em se ensinar

e consequentemente em se aprender Botacircnica Faz-se

necessaacuterio desenvolver accedilotildees com alunos na interface com o

ensino e a pesquisa qualificando o processo de aprendizagem

e visando ao acreacutescimo de conhecimentos sobre a flora e suas

diversificaccedilotildees Segundo Figueiredo et al (2012) o estudo de

Botacircnica eacute muitas vezes realizado sem referecircncias agrave vida do

aluno O que se aprende na escola normalmente eacute uacutetil para se

fazer provas e a vida fora da escola eacute outra coisa

Atualmente a botacircnica eacute trabalhada nos diferentes niacuteveis

de educaccedilatildeo no intuito de desenvolver habilidades para

compreensatildeo do papel das plantas na natureza A botacircnica eacute

de suma importacircncia uma vez que tambeacutem envolve temas de

niacuteveis globais como preservaccedilatildeo de biomas e ecossistemas

Entretanto o ensino e o aprendizado desta aacuterea na educaccedilatildeo

baacutesica tem sido tema de discussotildees sendo salientadas as

dificuldades existentes natildeo soacute para os alunos mas tambeacutem

para os professores (Costa 2015)

Muggler et al (2006) afirmam que em geral as pessoas

natildeo percebem que o meio ambiente eacute resultado do

funcionamento integrado de seus vaacuterios componentes e

portanto a intervenccedilatildeo sobre qualquer um deles estaraacute

afetando o todo Carrillo e Biondi (2007) verificaram em

atividades de educaccedilatildeo ambiental nas escolas rurais que os

alunos tecircm uma visatildeo segmentada a respeito do meio

ambiente assim como uma marcada dissociaccedilatildeo entre o

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589

ambiente natural e construiacutedo Assim os educandos e

educadores devem reconhecer a importacircncia de trabalhar com

o ambiente local inserindo a Educaccedilatildeo Ambiental no cotidiano

escolar como praacutetica que contribuam para que os indiviacuteduos

possam compreender refletir e atuar sustentavelmente no meio

em que estatildeo inseridos formando cidadatildeos criacuteticos e ativos

perante as diversas situaccedilotildees do cotidiano que englobam as

questotildees ambientais (PROENCcedilA 2010)

Educaccedilatildeo Ambiental eacute um tema amplamente debatido na

atualidade juntamente com a ideia de ldquosustentabilidaderdquo E

para a garantia de uma relaccedilatildeo sustentaacutevel da sociedade com

o ambiente o desenvolvimento de praacuteticas de educaccedilatildeo

ambiental coloca-se como estrateacutegia para a reversatildeo de

processos de degradaccedilatildeo assim como na construccedilatildeo de

valores conhecimentos habilidades atitudes e competecircncias

voltadas para a conservaccedilatildeo do meio ambiente (PESSOA et al

2013)

Torna-se imprescindiacutevel adotar novas estrateacutegias de

ensino que estimulem o corpo discente a aprender Botacircnica e

a perceber que esta ciecircncia faz parte de sua vida cotidiana

Aulas praacuteticas que envolvam os estudantes satildeo de extrema

importacircncia pois eacute a partir do contato direto com a natureza

seja na construccedilatildeo de uma horta escolar no plantio poda

produccedilatildeo de mudas acompanhamento do crescimento

observaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo sobre os oacutergatildeos das plantas

suas utilidades e suas funccedilotildees que o alunado despertaraacute o

interesse e aprenderaacute o conteuacutedo

Diante do exposto este trabalho visa relatar a

experiecircncia obtida em duas escolas puacuteblicas de Bananeiras e

Solacircnea PB mediante o Projeto ldquoProlicenrdquo da UFPB intitulado

ldquoBotacircnica como instrumento de educaccedilatildeoambientalrdquo

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590

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O trabalho teve iniacutecio no mecircs de julho de 2016 em duas

escolas puacuteblicas localizadas em Bananeiras e em Solacircnea Em

Bananeiras a Escola Municipal de Ensino Fundamental Antocircnio

Coutinho de Medeiros e em Solacircnea a Escola Estadual Alfredo

Pessoa de Lima (POLO) Inicialmente foram contactadas as

referidas instituiccedilotildees de ensino para apresentar e explicar os

objetivos do projeto e apoacutes anuecircncia de ambas deu-se iniacutecio

a sua execuccedilatildeo As etapas deste trabalho podem ser assim

divididas

Atividade 1 Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio sobre os

conhecimentos preacutevios dos discentes sobre Botacircnica

Antes de dar iniacutecio as aulas propriamente ditas sobre os

vegetais foi aplicado previamente um questionaacuterio junto aos

discentes contendo perguntas abertas e fechadas visando

avaliar os conhecimentos destes com relaccedilatildeo ao ensino de

Botacircnica

Atividade 2 Aula sobre a importacircncia dos vegetais

A partir do questionaacuterio analisado abordou-se o tema

ldquoimportacircncia dos vegetaisrdquo em sala de aula com recortes de

plantas selecionadas e que foram entregues aos alunos para

que eles procedessem a colagem em cartazes e discutissem

em grupo sobre elas

Essa aula que versava sobre a importacircncia dos vegetais

tambeacutem foi dada na horta de uma das escolas aonde foi

colocada para os alunos a existecircncia da diversidade vegetal

em nosso planeta alguns conceitos baacutesicos cujo assunto foi

debatido pelos alunos em uma conversa informal e participativa

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591

Atividade 3 Aula raiz e caule

Foram dadas aulas tambeacutem sobre a morfologia vegetal

dos oacutergatildeos vegetativos raiz e caule Na aula sobre raiz foram

levados para a sala de aula diferentes tipos de raiacutezes tuberosas

(mandioca batata doce) ou natildeo (raiz axial ou fasciculada de

plantas coletadas na proximidade das escolas)

Em ambas as escolas foi preparada uma dinacircmica em

sala de aula dividindo-se a turma em duas equipes visando

trabalhar o tema caule e tambeacutem raiz Foram levados vaacuterios

potes de plaacutestico identificados com os nomes dos oacutergatildeos

vegetativos e reprodutivos e diferentes tipos de raiacutezes caules

e misturado a esses exemplaresflores frutos e sementes para

que os alunos nesta dinacircmica pudessem identificar e levar

para o referido pote cada oacutergatildeo vegetal presente na mesa

Atividade 4 Aula sobre folha

A aula sobre folha foi iniciada com um questionamento

aos discentes sobre a importacircncia e as funccedilotildees desse oacutergatildeo

vegetativo para em seguida se fazer uma explanaccedilatildeo geral

sobre a folha (caracteriacutesticas funccedilotildees tipos de folha

importacircncia nos processos fisioloacutegicos) Foi tambeacutem

confeccionado pelos discentes um aacutelbum de folhas sendo

estas coletadas pelos proacuteprios alunos no entorno da escola

Para o desenvolvimento desta atividade foram utilizadas

cartolinas papel ofiacutecio e giz de cera Na montagem do aacutelbum

as cartolinas e os papeacuteis foram recortados em tamanhos iguais

e grampeados Embaixo do papel colocou-se a folha do

vegetal e sobre o papel o aluno passava lentamente o laacutepis de

cera atingindo toda a superfiacutecie da folha da planta ateacute surgir um

desenho semelhante agrave folha verdadeira mostrando todas as

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592

suas divisotildees Em seguida os alunos informaram no referido

desenho o nome de cada parte constituinte da folha

Atividade 5Aula sobre flor

A aula sobre flor foi desenvolvida a partir da seguinte

pergunta quais satildeo as partes de uma planta Aleacutem de citarem

todas as suas partes mencionaram tambeacutem algumas partes da

folha como peciacuteolo e nervuras Quando foi falado flor esta foi

destacada e foi feita a seguinte pergunta qual a principal funccedilatildeo

da flor A partir daiacute foram abordados diferentes conceitos como

oacutergatildeo reprodutivo gametas masculino e feminino ovaacuterio oacutevulo

polinizaccedilatildeo etc Os discentes tambeacutem puderam dissecar

diferentes tipos de flores fazendo a colagem de suas estruturas

no papel e identificando-as em seguida cada parte constituinte

desse oacutergatildeo reprodutivo

Atividade 6 Visita dos discentes da Escola Antocircnio Coutinho

Bananeiras PB ao Campus III

Os alunos desta Escola do municiacutepio de Bananeiras

devido a pequena distacircncia entre a UFPB e a escola foram

conduzidos pelos professores bolsistas e voluntaacuterios a UFPB

Campus III Bananeiras para conhecer o Setor de Agricultura

Atividade 7 Aula sobre produccedilatildeo de mudas no Viveiro do

CCHSA

A atividade relacionada com a produccedilatildeo de mudas de

espeacutecies nativas contou com a participaccedilatildeo de discentes da

Escola Antonio Coutinho do Ensino Fundamental I no Setor de

Agricultura do Campus III BananeirasPB atividade essa que

foi dividida em dois dias No primeiro dia antes de iniciar a

praacutetica no viveiro eles foram conduzidos pelo Setor de

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593

Agricultura aonde lhes foram apresentados diferentes tipos de

caule aacutervores existentes no local com foco nas nativas e por

uacuteltimo a ldquomandalardquo onde eles puderam ver uma produccedilatildeo

integrada de peixes aves hortaliccedilas No segundo dia os

alunos ao chegarem ao Viveiro tambeacutem pertencente ao Setor

de Agricultura foram recepcionados pelos bolsistas e

voluntaacuterios do Projeto Na ocasiatildeo lhes foi explicado sobre a

importacircncia de se produzir aacutervores florestais nativas Foram

apresentadas aos discentes diversas sementes florestais para

que os mesmos se familiarizassem com as mesmas antes da

semeadura Foram explicados aos discentes sobre alguns

conceitos que envolvem a produccedilatildeo de mudas tais como

preparaccedilatildeo de substrato recipientes escarificaccedilatildeo da

semente dormecircncia irrigaccedilatildeo etc

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Apoacutes a anaacutelise dos questionaacuterios aplicados junto aos

discentes verificou-se na escola do Ensino Meacutedio que 69 jaacute

tinham ouvido falar em Botacircnica enquanto que na escola do

Ensino Fundamental (4ordm e 5ordm anos) 100 nunca tinham ouvido

falar o que eacute compreensiacutevel pela idade dos estudantes e pela

quadro de disciplinas que envolvem a grade curricular dessa

seacuterie Quando foi perguntado aos estudantes do ensino meacutedio

sobre o que entendiam por educaccedilatildeo ambiental 62 natildeo

responderam e 38 disseram ldquoRespeito pelo meio ambiente

conscientizaccedilatildeo e conservaccedilatildeo do meio ambienterdquo Na turma

do ensino fundamental 100 natildeo respondeu Devido a estas

lacunas existentes seja no ensino meacutedio eou fundamental e

pela importacircncia da Botacircnica no nosso dia a dia foi dada uma

aula sobre a importacircncia dos vegetais O assunto foi debatido

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594

em sala de aula com imagens de plantas recortadas entregues

aos alunos para que eles procedessem a colagem em cartazes

e discutissem o assunto com os colegas Os alunos debateram

em grupo relatando as funccedilotildees das plantas e suas utilidades

para o homem e para o planeta como um todo Nos cartazes

as utilidades das plantas foram divididas em alimentaccedilatildeo

vestuaacuterio decoraccedilatildeo ornamentaccedilatildeo sauacutede cosmeacuteticos

utensiacutelios e meio ambiente

Na aula sobre a importacircncia das plantas as monitoras

conduziram os discentes para uma horta pertencente a uma das

escolas e na ocasiatildeo os discentes relataram que a Botacircnica

utiliza termos e palavras difiacuteceis de compreender tornando o

assunto pouco interessante De acordo com Luna et al (2016)

algumas razotildees histoacutericas e culturais criaram um ensino da

botacircnica descritivo com exagerada densidade leacutexica pouco

atrativa e difiacutecil ensino-aprendizado Poreacutem foi passado para

os alunos que o seu estudo eacute importante pois o nosso planeta

necessita das plantas e que elas satildeo importantes para a nossa

existecircncia

As aulas sobre raiz e caule tiveram inicio levantando-se

questotildees aos alunos a exemplo de o que eacute uma raiz eou

caule Alguns alunos natildeo responderam outros disseram natildeo

saber enquanto alguns poucos demonstraram natildeo estar

interessados na aula Respondendo a essa questatildeo foi

explicado aos alunos que tanto a raiz quanto o caule satildeo oacutergatildeos

considerados vegetativos pois se relacionam com funccedilotildees de

absorccedilatildeo fixaccedilatildeo conduccedilatildeo de nutrientes e de aacutegua etc Fez-

se uso de uma pequena planta para demonstraccedilatildeo e nesse

momento os alunos foram questionados sobre a importacircncia

de ambos os oacutergatildeos Em relaccedilatildeo ao caule uns afirmaram que

essa estrutura eacute importante para ldquosegurar as folhasrdquo enquanto

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595

outros aluna ressaltaram a importacircncia econocircmica do caule

sendo essa uma estrutura comestiacutevel de algumas plantas Em

seguida foi repassado para os alunos que existem diferentes

tipos de caule e que estes estatildeo separados em trecircs grupos

aeacutereo subterracircneo e aquaacutetico dando exemplos de cada tipo e

as partes que constituem o caule Como forma de estimular a

participaccedilatildeo dos estudantes bem como de avaliar a

aprendizagem desses foi desenvolvida em sala uma dinacircmica

visando diferenciar os oacutergatildeos vegetativos e reprodutivos

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica sobre os oacutergatildeos vegetativos

e reprodutivos foram levados para a sala de aula potes de

plaacutestico com as denominaccedilotildees de raiz caule flor fruto e

semente ldquoFig (1)rdquo vaacuterios tipos de raiacutezes (batata doce

beterraba cenoura raiz simples) e vaacuterios tipos de caule (batata

inglesa cebola alho caule de gramiacutenea (colmo) gengibre

flores e alguns frutos Todo esse material foi misturado para que

os alunos durante a dinacircmica separassem cada item e

colocassem no pote respectivo e para aquele que natildeo se

enquadrava em nenhum dos potes deixava-se de fora

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596

Figura 1 Dinacircmica em sala de aula sobre oacutergatildeos vegetais

Fonte Elaborada pelo autor

Em uma das turmas do ensino meacutedio os alunos foram

divididos em dois grupos Cada grupo teve que separar os

diferentes oacutergatildeos das plantas e colocaacute-las nos respectivos

recipientes Os monitores misturaram sobre a mesa frutos

(laranja limatildeo manga etc) flores sementes raiacutezes e caules

de forma intencional para averiguar a reaccedilatildeo dos discentes E

as equipes discutiam entre si dizendo que tal item natildeo

pertencia a nenhum dos potes

Os grupos de alunos deram iniacutecio agrave separaccedilatildeo de cada

item e durante a dinacircmica eram feitas observaccedilotildees por parte

dos monitores quando da colocaccedilatildeo de cada oacutergatildeo no pote No

caso da cenoura batata doce e a raiz comum e no caso do

caule aeacutereo de uma planta herbaacutecea e caule de gramiacutenea os

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597

discentes se sentiam seguros ao colocar no pote determinado

oacutergatildeo entretanto as maiores duacutevidas foram com o alho cebola

e batata inglesa Pocircde-se perceber que a duacutevida quanto ao alho

e cebola decorreu do fato de ambos apresentarem uma

estrutura diferente daquelas que os alunos tinham em mente do

que era caule jaacute com relaccedilatildeo agrave batata inglesa essa duacutevida

ocorreu devido ao fato de os discentes acharem ela semelhante

a batata doce e pelo fato de jaacute terem conhecimento naquela

ocasiatildeo de que a batata doce era uma raiz Dessa forma

devido a essa semelhanccedila segundo os alunos entre ambas

pairou esta duacutevida em relaccedilatildeo aonde se encaixava a batata

inglesa em termos de oacutergatildeo da planta Durante as discussotildees

sobre essa questatildeo alguns alunos fizeram questionamentos

eou afirmaccedilotildees como por exemplo ldquose a batata doce eacute raiz a

batatinha tambeacutem eacuterdquo E questionamentos como ldquopor que a

batata doce eacute raiz e a batatinha eacute caulerdquo

Em uma das turmas como natildeo houve divisatildeo em grupos

diante da pequena quantidade de alunos estes apesar de

indecisos colocaram os frutos no pote como sendo caule Na

turma em que houve a competiccedilatildeo houve um empate em

relaccedilatildeo ao nuacutemero de erros e acertos e apenas um integrante

do segundo grupo se recusou a colocar os frutos nos potes

afirmando que laranja e limatildeo eram frutos e natildeo poderiam ser

classificados como caules nem como raiacutezes dando a vitoacuteria ao

seu grupo

Durante a visita ao Campus III numa aacuterea denominada

ldquoMandalardquo os discentes tiveram a oportunidade de ver

diferentes culturas jaacute instaladas nesta aacuterea de plantio e

puderam tambeacutem verificar e diferenciar os diferentes tipos de

raiacutezes e caules existentes na aacuterea como tambeacutem na praccedila

dentro do Campus Ali em uma roda de conversa foi iniciada

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598

uma aula praacutetica e interativa sobre os oacutergatildeos vegetativos (raiz

e caule) responsaacuteveis pela fixaccedilatildeo da planta ao solo e pela

sustentaccedilatildeo da copa folhas flores e frutos Puderam visualizar

os mais variados tipos de caules aeacutereos com formatos

diferentes Foi destacada para os discentes a importacircncia do

caule como oacutergatildeo de conduccedilatildeo de seiva e armazenamento

aleacutem da sua importacircncia econocircmica Embora muitas vezes

possa passar despercebido as plantas estatildeo presentes em

praticamente todos os ambientes que habitamos por vezes ateacute

junto de nossos lares temos uma folhagem que apreciamos por

embelezar e perfumar o ambiente tornando-o mais agradaacutevel

de conviver (SEMPREBON amp SANTOS 2016)

A aula sobre folha foi iniciada com um questionamento

aos alunos sobre a sua importacircnciafunccedilatildeo na planta Na

ocasiatildeo alguns responderam ldquopara fazer sombrardquo e um outro

falou ldquoque natildeo servia para nadardquo Neste momento o

questionamento foi direcionado para este aluno com a seguinte

pergunta vocecirc jaacute ouviu falar em fotossiacutentese A partir de sua

resposta que foi sim foi perguntado o que ele sabia sobre o

assunto e ele respondeu o seguinte ldquoo sol bate na planta pra

ela crescerrdquo Foi perguntado para este aluno em qual parte da

planta o sol atinge de forma mais eficiente E todos

responderam ldquofolhardquo Entatildeo a primeira pergunta foi reformulada

da seguinte forma qual a importacircncia da folha para a planta E

eles responderam ldquofotossiacutentese e respiraccedilatildeordquo Posteriormente

essas respostas foram complementadas de maneira

simplificada pelos monitores Ao teacutermino dessa explanaccedilatildeo e

utilizando vaacuterias folhas colhidas pelos proacuteprios estudantes na

escola foram mostrados os diferentes tipos de folhas e as

partes que constituem cada tipo Posteriormente foi

desenvolvida em sala de aula uma atividade (foi dito aos

A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB

599

discentes que essa atividade valeria um ponto para a disciplina

de Biologia) e isto fez com que eles ficassem mais

concentrados e demonstrassem maior interesse pela atividade

Na pesquisa realizada por Bizotto et al (2016) foi possiacutevel notar

que para grande parte dos alunos as aulas de botacircnica no

Ensino Meacutedio eram desinteressantes natildeo levando a qualquer

tipo de reflexatildeo mais elaborada e demandando quantidade

substancial de memorizaccedilatildeo de termos e nomes de grupos

taxonocircmicos

Segundo Arrais et al (2014) a transmissatildeo de

conhecimentos em biologia especialmente em botacircnica eacute

prejudicada natildeo somente pela falta de estiacutemulo em observar e

interagir com as plantas como tambeacutem pela ausecircncia de

condiccedilotildees baacutesicas que possam auxiliar no aprendizado

Nessa atividade os discentes confeccionaram

individualmente um aacutelbum de folhas contendo desenhos dos

mais variados tipos encontrados e no desenho destacaram as

suas principais partes ldquoFig (2)rdquo

Figura 2 Confecccedilatildeo de aacutelbum de folhas

Fonte Elaborada pelo autor

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600

Observou-se durante as aulas que nos momentos em

que houve exposiccedilatildeo do conteuacutedo e praacutetica logo em seguida

houve uma maior participaccedilatildeo dos alunos e estes

demonstraram maior interesse pelo assunto discutido e

consequentemente maior aprendizagem ao contraacuterio do que

se observa quando haacute apenas a exposiccedilatildeo teoacuterica

Eacute fundamental dinamizar e utilizar recursos

metodoloacutegicos multivariados capazes de proporcionar

inclusive o contato direto com as plantas em seu ecossistema

natural destacando as suas funccedilotildees os seus aspectos

ecoloacutegicos a sua distribuiccedilatildeo a diversidade e caracteriacutesticas

morfoloacutegicas dentre outros aspectos que geralmente satildeo

colocados de forma maccedilante na teoria e natildeo satildeo vistos na

praacutetica Ressaltamos neste caso as dificuldades que os alunos

podem apresentar quando apenas um recurso didaacutetico eacute

utilizado e a importacircncia de levar em consideraccedilatildeo as

diferentes percepccedilotildees que cada recurso pode proporcionar

facilitando tanto oensino quanto a aprendizagem (Melo et al

2012)

No viveiro os alunos receberam as sementes das

seguintes espeacutecies florestais madeira nova (Pterogynenitens)

timbauacuteva (Enterolobium contortisiliquum) e saboneteira

(Sapindus saponaria) estas espeacutecies iriam ser semeadas

poreacutem necessitavam de escarificaccedilatildeo cujo processo foi

efetuado com lixa meacutetodo que consiste em promover a ruptura

do tegumento a fim de facilitar a entrada de aacutegua e permitir a

germinaccedilatildeo daquelas sementes que apresentam dormecircncia

condiccedilatildeo que dificulta ou impede a germinaccedilatildeo Para o

desenvolvimento desta praacutetica foram reutilizados sacos

plaacutesticos de 1kg de arroz feijatildeo e accediluacutecar recolhidos no

restaurante universitaacuterio do CCHSA UFPB Estes sacos foram

A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB

601

perfurados na base visando o escoamento da aacutegua para evitar

encharcamento durante o processo de irrigaccedilatildeo Durante essa

atividade todos os alunos demonstraram interesse de modo

que todos participaram do inicio ao fim

Concluiacuteda esta fase do trabalho os discentes encheram

os saquinhos com o substrato previamente preparado (terra +

esterco) na proporccedilatildeo 31 e apoacutes enchimento ldquoFig (3) os

discentes procederam a irrigaccedilatildeo dos mesmos e quando todos

ficaram bem molhados os alunos foram orientados a fazer

orifiacutecios em torno de 2cm de profundidade no substrato para

proceder a semeadura das sementes E soacute depois que todos os

recipientes foram semeados eacute que procedeu-se o fechamento

dos orifiacutecios com terra garantindo dessa forma que cada

saquinho fosse semeado apenas uma vez Ao teacutermino desta

praacutetica cada aluno recebeu uma muda de uma espeacutecie florestal

cultivada no Viveiro da Universidade

Figura 3 Produccedilatildeo de mudas no Viveiro do CCHSA UFPB

Bananeiras

Fonte Elaborada pelo autor

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602

Em seu trabalho Matos et al (2015) observou que as

praacuteticas tornaram as aulas mais proveitosas facilitando a

comunicaccedilatildeo entre os alunos e tambeacutem entre o professor e os

alunos pois esta parceria e troca de conhecimento contribui

para a assimilaccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento em Botacircnica

Jaacute de acordo com Albino et al (2016) nossos alunos necessitam

de aulas mais instigantes e que estudos in loco de alguns

conteuacutedos melhora o aprendizado pelo fato de colocar o aluno

diretamente em contato com seu objeto de estudo Segundo

ele os alunos ficaram surpresos quando souberam na palestra

que o sabonete utilizado no banho vem do conhecimento

botacircnico deixando a aula mais dinacircmica despertando a

curiosidade dos mesmos Ainda segundo esse autor a

utilizaccedilatildeo de imagens criativas comparar de forma sucinta o

conteuacutedo com a rotina dos alunos em seu dia-a-dia instigar os

mesmos haacute falarem um pouco sobre o conhecimento popular

que eles herdaram de seus familiares e levar para sala de aula

um pouco de ciecircncia

4 CONCLUSOtildeES

Foi percebido que o ensino de Botacircnica nas escolas

enfrenta grandes obstaacuteculos ao ser repassado e assimilado

pelos discentes Para esta situaccedilatildeo eacute importante avaliar a

didaacutetica de ensino pois eacute notoacuteria a falta de entendimento pelos

alunos com relaccedilatildeo aos conteuacutedos sugerindo-se que novas

metodologias com aulas teoacuterico-praacuteticas sejam dadas para

estimular o aprendizado dos estudantes Foram observadas

que as praacuteticas desenvolvidas atuam positivamente para o

aprendizado dos discentes sendo perceptiacutevel o aumento do

interesse dos alunos nas aulas

A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB

603

Conclui-se que o contato dos discentes com os vegetais

e a natureza como um todo proporcionam a participaccedilatildeo efetiva

dos discentes nas aulas de Botacircnica aumentando o seu

interesse com o surgimento de perguntas tornando-os seres

ativos e conscientes capazes de compreender a importacircncia

dos vegetais e sua necessidade de preservaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ALBINO AMFIALHO SNSILVA M do CCL de GOMES AJM LIMA RA O transmitir da botacircnica de uma forma multidisciplinar em uma escola puacuteblica de Porto Velho-RO South American Journal of Basic Education Technical and Technological v3 n1 2016 ARRAIS M G M SOUSA G M MARSUA M L A O ensino de botacircnica Investigando dificuldades na praacutetica docente Revista da SBEnBio n7 p 5409-5418 2014 ARRUDA SM LABURUacute CE Consideraccedilotildees sobre a funccedilatildeo do experimento no ensino de Ciecircncias Pesquisa em Ensino de Ciecircncias e Matemaacutetica Satildeo Paulo n5 p14-24 1996 BIZOTTO F M GHILARDI-LOPES N P SANTOS CMD A vida desconhecida das plantas concepccedilotildees de alunos do Ensino Superior sobre evoluccedilatildeo e diversidade das plantas Revista Electroacutenica de Ensentildeanza de latildes Ciencias v15 n3 p394-411 2016 CARRILLO A C BIONDI DA conservaccedilatildeo do papagaio-da-cara-roxa (Amazona brasiliensis) no estado do Paranaacute - uma experiecircncia de educaccedilatildeo ambiental no ensino formal Revista Aacutervore v31 n1 p113-122 2007 CECCANTINI G Os tecidos vegetais tecircm trecircs dimensotildees Revista Brasileira de Botacircnica Satildeo Paulo v29 n2 p335-337 2006 CONCEICcedilAtildeO R A MONERO T S RODRIGUES C E Subsiacutedios metodoloacutegicos para o Ensino de Ciecircncias - Uma experiecircncia praacutetica Revista Visatildeo Acadecircmica Goiaacutes 2011 COSTA R MV ROCHA L D A da LEMOS J R Botacircnica Dificuldade de

aprendizado dos alunos do 7deg ano em escolas da rede municipal de Santa Quiteacuteria

Maranhatildeo Acta Tecnoloacutegica v10 n 1 73-79 2015

FIGUEIREDO J A COUTINHO F A AMARAL F C O ensino de botacircnica em uma abordagem ciecircncia tecnologia e sociedade Revista de Ensino de Ciecircncias e Matemaacutetica v3 n3 p488-498 2012 LUNA RR ENO EG de J CAMINHA IS LIMA RA A paroacutedia musical como estrateacutegia de ensino e aprendizagem em ciecircncias

A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB

604

naturais South American Journal of Basic Education Technical and Technological v3 n1 2016 MATOS GMA MAKNAMARA M MATOS ECAPRATA AP Recursos didaacuteticos para o ensino de botacircnica uma avaliaccedilatildeo das produccedilotildees de estudantes em universidade sergipana Holos v5 p213-230 2015 MELO EA ABREU FF ANDRADEAB ARAUJO MIO A aprendizagem de botacircnica no ensino fundamental dificuldades e desafios Scientia Plena v8 n10 2012 MUGGLER C C SOBRINHO F A P MACHADO V A Educaccedilatildeo em solos princiacutepios teoria e meacutetodos Revista Brasileira de Ciecircncia do Solo v30 p733-740 2006 PESSOA C S LIMA R A BRAGA A G S A relaccedilatildeo da botacircnica com a educaccedilatildeo ambiental nas aulas de campo em ciecircncias naturais In CONGRESSO NACIONAL DE BOTAcircNICA 54 Resumos Belo Horizonte 10-15 de Novembro de 2013 PROENCcedilA M de S Estudando a fauna e a flora nativas e exoacuteticas no ensino de ciecircncias possibilidades para a educaccedilatildeo ambiental 2010 82p (Dissertaccedilatildeo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ensino de Ciecircncias e Matemaacutetica) - Universidade Luterana do Brasil ndash ULBRA SANTOS F S A Botacircnica no Ensino Meacutedio Seraacute que eacute preciso apenas memorizarnomes de plantas In C C Silva (Org) Estudos de histoacuteria e filosofia dasciecircncias Subsiacutedios para aplicaccedilatildeo no ensino Satildeo Paulo EditoraLivraria da Fiacutesica 2006p 223-243 SEMPREBON SS SANTOS E G dos Trabalhando conceitos botacircnicos com demonstraccedilotildees uma anaacutelise das aulas de estaacutegio nos terceiros anos do ensino meacutedio Salatildeo do Conhecimento v2 n2 2016 STANSKI C NOGUEIRA M K F de S RODRIGUES A R FAprendizagem significativa no ensino de botacircnica por meio de multimodos In SIMPOSIO NACIONAL DE ENSINO DE CIENCIA E TECNOLOGIA 3 Anais Ponta Grossa PR 2012

605

CONGRESSO NACIONAL DE SAUacuteDE E MEIO AMBIENTE

Os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana

evoluindo com sauacutede

O CONGRESSO NACIONAL DE SAUacuteDE MEIO AMBIENTE estaacute

destinado a estudantes e profissionais da aacuterea sauacutede (nutriccedilatildeo farmaacutecia

enfermagem fisioterapia educaccedilatildeo fiacutesica) e aacutereas afins e tem como

objetivo de proporcionar por meio de um conjunto de palestras mesa

redonda e apresentaccedilotildees de trabalhos subsiacutedios para que os

participantes tenham acesso agraves novas exigecircncias do mercado e da

educaccedilatildeo no contexto atual E ao mesmo tempo reiterar o intuito

Educacional Bioloacutegico e Ambiental de inserir todos que formam a

Comunidade Acadecircmica para uma Educaccedilatildeo soacutecio-ambiental para a

Vida

Foram abordados diversos temas durante o evento entre eles Os

desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana COMO

PROMOVER O BEM-ESTAR Promoccedilatildeo da sauacutede e alimentaccedilatildeo

adequada e saudaacutevel Promoccedilatildeo da sauacutede e alimentaccedilatildeo adequada e

saudaacutevelrdquo Doenccedilas no adulto com raiacutezes na crianccedila Atuaccedilatildeo da

esteacutetica no processo de envelhecimento nos ciclos da vida A fisioterapia

no processo de amadurecimento humano uma abordagem prospectiva

Impactos na sauacutede e no envelhecimento causados por substacircncias

quiacutemicasdisruptores endoacutegenos Interdisciplinaridades as ciecircncias da

sauacutede e as engenharias sanitaacuterias e ambiental permitindo o homem viver

com sauacutede em ambientes saudaacuteveis Aspectos multiprofissionais do

cuidado em sauacutede da crianccedila e o adolescente Cuidar do outro eacute o

reflexo do meu cuidado por mim Exerciacutecio superestimado Adinacircmica

utilizada pelo nosso corpo para sabotar seu emagrecimento

Diante da grandiosa contribuiccedilatildeo dos artigos aprovados os livros

frutos desse Evento SAUacuteDE E MEIO AMBIENTE os desafios da

interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana NUTRICcedilAtildeO E SAUacuteDE

os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana e

tecnologia e ODONTOLOGIA os desafios da interdisciplinaridade

contribuiratildeo para o conhecimento dos alunos da aacuterea de Ciencias

bioloacutegicas e Sauacutede

606

Este livro foi publicado em 2017

Rua Eng Lourival de Andrade1405- Bodoncongoacute

Campina Grande-PB 58430-030 Fone (83) 33214575

Page 2: Giselle Medeiros da Costa One...Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque (Organizadores) Ambiente: os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana 1

Instituto Bioeducaccedilatildeo - IBEA

Editor Chefe Giselle Medeiros da Costa One

Corpo Editorial

Beatriz Susana Ovruski de Ceballos Ednice Fideles Cavalcante Aniacutezio Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque

Revisatildeo Final

Ednice Fideles Cavalcante Aniacutezio

FICHA CATALOGRAacuteFICA Dados de Acordo com AACR2 CDU e CUTTER

Laureno Marques Sales Bibliotecaacuterio especialista CRB -15121

Direitos desta Ediccedilatildeo reservados ao Instituto Bioeducaccedilatildeo

wwwinstitutobioeducacaoorgbr Impresso no Brasil Printed in Brazil

One Giselle Medeiros da Costa O59s Sauacutede e Meio Ambiente os desafios da interdisciplinaridade

nos ciclos da vida humana 1 Organizadores Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque

608 fls Prefixo editorial 92522 ISBN 978-85-92522-11-7 (on-line) Modelo de acesso Word Wibe Web lthttpwwwcinasamacombrgt Instituto Bioeducaccedilatildeo ndash IBEA - Campina Grande - PB

1 Meio Ambiente 2 Aacutegua 3 Sustentabilidade 4 Alteraccedilotildees ambientais I Giselle Medeiros da Costa One II Helder Neves de Albuquerque III Sauacutede e Meio Ambiente os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana 1

CDU 911

IBEA INSTITUTO BIOEDUCACcedilAtildeO

Proibida a reproduccedilatildeo total ou parcial por qualquer

meio ou processo seja reprograacutefico fotograacutefico graacutefico microfilmagem entre outros Estas proibiccedilotildees aplicam-se tambeacutem agraves caracteriacutesticas graacuteficas eou

editoriais A violaccedilatildeo dos direitos autorais eacute puniacutevel como Crime

(Coacutedigo Penal art 184 e sectsect Lei 989580) com busca e apreensatildeo e indenizaccedilotildees diversas (Lei

961098 ndash Lei dos Direitos Autorais - arts 122 123 124 e 126)

Todas as opiniotildees e textos presentes neste livro satildeo de inteira responsabilidade

de seus autores ficando o organizador isento dos crimes de plaacutegios e

informaccedilotildees enganosas

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Impresso no Brasil

2017

Aos participantes do CINASAMA pela

dedicaccedilatildeo que executam suas

atividades e pelo amor que escrevem os

capiacutetulos que compotildeem esse livro

Enquanto ensino continuo buscando reprocurando Ensino porque busco porque indaguei porque indago e me indago Pesquiso para para constatar contatando intervenho intervindo educo e me educo Pesquiso para conhecer o que ainda natildeo conheccedilo e comunicar ou anunciar a novidade

Paulo Freire

PREFAacuteCIO

Os livros ldquoSAUacuteDE E MEIO AMBIENTE os desafios da

interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana 1 2 3 e 4rdquo

tem conteuacutedo interdisciplinar contribuindo para o

aprendizado e compreensatildeo de varias temaacuteticas dentro da

aacuterea em estudo Esta obra eacute uma coletacircnea de pesquisas de

campo e bibliograacutefica fruto dos trabalhos apresentados no

Simpoacutesio Nacional de Sauacutede e Meio Ambiente realizado entre

os dias 2 e 3 de dezembro de 2016 na cidade de Joatildeo Pessoa-

PB

O CINASAMA eacute um evento que tem como objetivo

proporcionar subsiacutedios para que os participantes tenham

acesso agraves novas exigecircncias do mercado e da educaccedilatildeo E ao

mesmo tempo reiterar o intuito Educacional Bioloacutegico

Nutricional e Ambiental de direcionar todos que formam a

Comunidade acadecircmica para uma Sauacutede Humana e

Educaccedilatildeo socioambiental para a Vida

Os eixos temaacuteticos abordados no Simpoacutesio Nacional de

Sauacutede e Meio Ambiente e nos livros garantem uma ampla

discussatildeo incentivando promovendo e apoiando a pesquisa

Os organizadores objetivaram incentivar promover e apoiar

a pesquisa em geral para que os leitores aproveitem cada

capiacutetulo como uma leitura prazerosa e com a competecircncia

eficiecircncia e profissionalismo da equipe de autores que muito

se dedicaram a escrever trabalhos de excelente qualidade

direcionados a um puacuteblico vasto

Esta publicaccedilatildeo pode ser destinada aos diversos

leitores que se interessem pelos temas debatidos

Espera-se que este trabalho desperte novas accedilotildees

estimule novas percepccedilotildees e desenvolva novos humanos

cidadatildeos

Aproveitem a oportunidade e boa leitura

SUMAacuteRIO

SAUacuteDE E MEIO AMBIENTE ____________________________________ 14

CAPIacuteTULO 1 ________________________________________________ 15

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM

MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ ____________________ 15

CAPIacuteTULO 2 ________________________________________________ 30

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA

ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ _____ 30

CAPIacuteTULO 3 ________________________________________________ 46

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO

PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO _____________________________ 46

CAPIacuteTULO 4 ________________________________________________ 65

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO

EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO _________________________ 65

CAPIacuteTULO 5 ________________________________________________ 84

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO

SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO __________________________________ 84

CAPIacuteTULO 6 ________________________________________________ 99

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE

INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA COMO PARTE DA

AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DA AacuteGUA PARA CONSUMO HUMANO _____ 99

CAPIacuteTULO 7 _______________________________________________ 118

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO

PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA) ______________________________________________ 118

CAPIacuteTULO 8 _______________________________________________ 132

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E

SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA ____________________ 132

CAPIacuteTULO 9 _______________________________________________ 150

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE

IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO__________ 150

CAPIacuteTULO 10 ______________________________________________ 167

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS ____________________________ 167

CAPIacuteTULO 11 ______________________________________________ 186

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO

REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR_______ 186

CAPIacuteTULO 12 ______________________________________________ 203

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO

PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS __________________________________ 203

CAPIacuteTULO 13 ______________________________________________ 223

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA

ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA ____________________________ 223

CAPIacuteTULO 14 ______________________________________________ 240

EXPOSICcedilAtildeO AO CHUMBO DURANTE A GRAVIDEZ E SUAS COMPLICACcedilOtildeES NO

DESENVOLVIMENTO EMBRIONAacuteRIO UMA REVISAtildeO DE LITERATURA __ 240

CAPIacuteTULO 15 ______________________________________________ 257

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES

NANOESTRUTURADOS DE CEO2 ________________________________ 257

CAPIacuteTULO 16 ______________________________________________ 276

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA

SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS _________________________ 276

CAPIacuteTULO 17 ______________________________________________ 295

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS DE

INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE ndash PB _____________ 295

CAPIacuteTULO 18 ______________________________________________ 311

CONDICcedilOtildeES DE TRABALHO E VULNERABILIDADE SOCIAL PERCEPCcedilAtildeO DOS

RESPONSAacuteVEIS TEacuteCNICOS DE SERVICcedilOS DE ALIMENTACcedilAtildeO NO BAIRRO VILA

ESPERANCcedilA SAtildeO LUIacuteS-MA BRASIL _____________________________ 311

CAPIacuteTULO 19 ______________________________________________ 331

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS

DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA _______________________________ 331

CAPIacuteTULO 20 ______________________________________________ 351

EFEITOS DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES

E FETOS __________________________________________________ 351

CAPIacuteTULO 21 ______________________________________________ 372

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS _______ 372

CAPIacuteTULO 22 ______________________________________________ 389

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS

ASPECTOS NORMATIVOS _____________________________________ 389

CAPIacuteTULO 23 ______________________________________________ 404

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO

DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO _____________________________ 404

CAPIacuteTULO 24 ______________________________________________ 422

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E

GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE ALIMENTOS

E MEIO AMBIENTE __________________________________________ 422

CAPIacuteTULO 25 ______________________________________________ 442

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE

SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

_________________________________________________________ 442

SUSTENTABILIDADE ________________________________________ 458

CAPIacuteTULO 26 ______________________________________________ 459

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES

VALORATIVAS E ATITUDINAIS _________________________________ 459

CAPIacuteTULO 27 ______________________________________________ 479

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL _______ 479

CAPIacuteTULO 28 ______________________________________________ 495

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB _________________________ 495

CAPIacuteTULO 29 ______________________________________________ 515

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE

SOCIAL ___________________________________________________ 515

CAPIacuteTULO 30 ______________________________________________ 530

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM

MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE ________________________ 530

CAPIacuteTULO 31 ______________________________________________ 549

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE

SAUacuteDE ___________________________________________________ 549

MEIO AMBIENTE ___________________________________________ 564

CAPIacuteTULO 32 ______________________________________________ 565

A TENSAtildeO ldquoNATUREZACULTURArdquo NA VAQUEJADA NORDESTINA _____ 565

EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL _____________________________________ 585

CAPIacuteTULO 33 ______________________________________________ 586

A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB ________________ 586

14

SAUacuteDE E MEIO AMBIENTE

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

15

CAPIacuteTULO 1

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO

MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

Abilio Joseacute de Oliveira FERREIRA 1

Carolina Santos Reis de Andrade da SILVA 1

Clarice de OLIVEIRA 2 Fabiana de Carvalho Dias ARAUacuteJO 3

1 Graduandos do curso de Geologia UFRRJ 2 Professora do DSIAUFRRJ 3OrientadoraProfessora do DECAMPDIEUFRRJ

abiliojosedeoliveiraferreiragmailcom

RESUMO A aacutegua elemento cujo uso supera os das necessidades bioloacutegicas eacute considerada o composto mais abundante do nosso planeta Entretanto nos uacuteltimos anos vem apresentando niacuteveis de escassez em funccedilatildeo de possiacuteveis mudanccedilas climaacuteticas e principalmente da gestatildeo improacutepria dos disponiacuteveis recursos hiacutedricos Em alguns bairros inseridos no municiacutepio de Seropeacutedica que satildeo mais pobres eou pouco industrializados o abastecimento hiacutedrico convencional eacute deficitaacuterio e sua deficiecircncia acentua-se em eacutepocas mais secas Diante deste contexto ainda pode-se registrar o consumo da aacutegua por meio de poccedilos que natildeo superam os 20 metros de profundidade caracterizando-se desta forma como rasos Aparentemente consideradas aacuteguas puras a potabilidade destas aacuteguas pode assumir caraacuteter comprometedor em razatildeo de contaminantes provenientes de accedilotildees antroacutepicas como instauraccedilotildees de centros de tratamentos de resiacuteduos e sistemas de saneamento in situ do tipo fossas Sendo assim esse estudo tem como objetivo avaliar a qualidade da aacutegua de poccedilos rasos em trecircs bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

16

localizados no municiacutepio de Seropeacutedica-RJ Para tanto foram realizadas anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas e bioloacutegicas de amostras de aacutegua de 8 poccedilos rasos O presente trabalho pretende contribuir para os estudos hiacutedricos da regiatildeo e tornar os moradores locais cientes sobre a qualidade da aacutegua por eles consumidas assim como fomentar futuras pesquisas na mesma aacuterea Palavras-chave Recurso hiacutedrico Potabilidade da aacutegua Contaminaccedilatildeo da aacutegua

1 INTRODUCcedilAtildeO

A instaacutevel pluviosidade bem como manejo inadequado

dos recursos hiacutedricos vigentes veicula a reduccedilatildeo de niacuteveis dos

reservatoacuterios de aacuteguas disponiacuteveis ao consumo Tais aspectos

provocam a busca por outros meios de captaccedilatildeo de aacutegua e

dentre eles estaacute a perfuraccedilatildeo de poccedilos (CAPUCCI et al 2001)

Os mananciais subterracircneos satildeo recursos naturais

utilizados tanto para abastecer grande parte da populaccedilatildeo

brasileira em aacutereas rurais quanto nas cidades que natildeo

oferecem acesso agrave rede puacuteblica de abastecimento ou quando o

abastecimento eacute irregular Entretanto o crescimento do modo

de utilizaccedilatildeo deste recurso foi acompanhado da proliferaccedilatildeo de

poccedilos construiacutedos sem levar em conta criteacuterios teacutecnicos

adequados que permitissem condiccedilotildees qualitativas baacutesicas de

potabilidade Deste modo a perfuraccedilatildeo de poccedilos com locaccedilatildeo

inadequada coloca em risco a qualidade das aacuteguas

subterracircneas uma vez que gera uma conexatildeo entre as aacuteguas

mais rasas e portanto mais suscetiacuteveis agrave contaminaccedilatildeo com

aacuteguas mais profundas menos vulneraacuteveis (ANA 2007)

Ainda segundo a ANA (2007) a Bacia Hidrograacutefica do

Rio Guandu possui um papel vital para a Regiatildeo Metropolitana

do Rio de Janeiro (RMRJ) segunda maior regiatildeo metropolitana

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

17

do paiacutes A captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo das aacuteguas do Rio

Guandu para abastecer cerca de 8 milhotildees de habitantes da

RMRJ eacute um dos maiores sistemas de tratamento de aacutegua do

mundo Aleacutem disso nas bacias dos rios Guandu da Guarda e

Guandu Mirim vivem cerca de um milhatildeo de habitantes

A bacia dos rios Guandu da Guarda e Guandu-Mirim faz

parte da bacia hidrograacutefica contribuinte agrave Baiacutea de Sepetiba

situada a oeste da bacia da Baiacutea de Guanabara no Estado do

Rio de Janeiro A bacia ocupa uma aacuterea total de

aproximadamente 1900 kmsup2 e abrange 12 municiacutepios (Itaguaiacute

Seropeacutedica Queimados Japeri Paracambi Nova Iguaccedilu Rio

de Janeiro Engenheiro Paulo de Frontin Miguel Pereira

Vassouras Piraiacute e Rio Claro) onde vivem cerca de 1 milhatildeo de

habitantes A sua maior singularidade deve-se agrave transposiccedilatildeo

de ateacute 180 m3s das aacuteguas da Bacia do rio Paraiacuteba do Sul para

a Bacia do Guandu das quais dependem a populaccedilatildeo e

induacutestrias ali situadas e principalmente a quase totalidade da

Regiatildeo Metropolitana do Rio de Janeiro situada fora dos limites

da bacia (TUBBS FILHO et al 2012)

Apesar de sua importacircncia estrateacutegica a bacia enfrenta

uma seacuterie de problemas decorrentes da forma do uso e

ocupaccedilatildeo do solo e sobretudo das formas de gestatildeo dos seus

recursos hiacutedricos

De acordo com Calheiros e Oliveira (2006) no Brasil

80 dos esgotos satildeo lanccedilados em corpos drsquoaacutegua sem qualquer

tratamento destes 85 satildeo esgotos domeacutesticos e 15 esgotos

industriais Em aacutereas urbanas a elevada densidade

populacional produz alto volume de esgoto e em cidades

desprovidas de sistema de esgoto sanitaacuterio eficiente as aacuteguas

subterracircneas podem ser contaminadas por meio da infiltraccedilatildeo

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

18

oriunda de fossas negras e pelo escoamento superficial da

aacutegua da chuva em contato com o esgoto lanccedilado a ceacuteu aberto

Segundo dados do Sistema de Informaccedilatildeo da Atenccedilatildeo

Baacutesica (SIAB) do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2014) o

consumo das aacuteguas provenientes de poccedilos por famiacutelias em

Seropeacutedica aumentou em cerca de 4 nos uacuteltimos 15 anos A

perfuraccedilatildeo de poccedilos em locais inapropriados pode

comprometer a qualidade das aacuteguas subterracircneas

Recorrentemente nota-se pela populaccedilatildeo o crescente

uso de poccedilos artesanais como meio de supressatildeo de

necessidades hiacutedricas o que caracteriza assim a importacircncia

de tais cavidades e o aumento de sua incidecircncia no municiacutepio

em estudo

Diante do exposto acima essa pesquisa tem como

objetivo avaliar a qualidade da aacutegua dos poccedilos rasos em trecircs

bairros da cidade de SeropeacutedicaRJ

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Esse trabalho faz parte de um projeto financiado pelo

Comitecirc Guandu atraveacutes do edital para auxiacutelio financeiro da

Associaccedilatildeo Proacute-Gestatildeo das Aacuteguas da Bacia Hidrograacutefica do Rio

Paraiacuteba do Sul (AGEVAP)

O projeto foi realizado em trecircs bairros do municiacutepio de

Seropeacutedcia-RJ onde foram feitas coletas em dois poccedilos (P01

e P02) trecircs poccedilos (P03 P04 e P05) e trecircs poccedilos (P06 P07 e

P08) nos bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel

respectivamente conforme Fig (1) e Tab (1)

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

19

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos poccedilos avaliados nos bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel em Seropeacutedica-RJ 2016

Fonte Google Earth 2016

Tabela 1 Coordenadas UTM (metros) dos poccedilos localizados nos bairros Chaperoacute Jardim Maracanatilde e Satildeo Miguel em Seropeacutedica-RJ 2016

Poccedilo Bairro Coordenadas UTM (m)

01 Chaperoacute 627747E 7477196S 02 Chaperoacute 625641E 7476755S 03 Jardim Maracanatilde 635796E 7484623S 04 Jardim Maracanatilde 638148E 7487154S 05 Jardim Maracanatilde 636736E 7486118S 06 Satildeo Miguel 631274E 7487801S 07 Satildeo Miguel 631164E 7487917S 08 Satildeo Miguel 631545E 7487618S

As amostras de aacutegua foram coletadas em outubro de

2016 diretamente dos poccedilos ou de um ponto antes do

reservatoacuterio para melhor caracterizaccedilatildeo da aacutegua

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

20

Para as anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas foram utilizadas duas

garrafas de 15 L para cada amostra Essas garrafas foram

lavadas com a proacutepria aacutegua coletada natildeo havendo assim a

necessidade de serem esterilizadas

Para as anaacutelises microbioloacutegicas foram coletados 300

mL de aacutegua em embalagens esterilizadas

As garrafas com as amostras foram identificadas de

acordo com os bairros e os nuacutemeros dos poccedilos colocadas

dentro de um saco plaacutestico e acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo

dentro de uma caixa isoteacutermica com sacos de gelo Em seguida

foram enviadas para o Laboratoacuterio Analiacutetico de Alimentos e

Bebidas (LAAB-Rural) localizado na Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro onde foram analisados paracircmetros

fiacutesico-quiacutemicos e bioloacutegicos sendo eles

- Fiacutesico-Quiacutemicos Sabor Cor Odor Aspecto Cloretos

Mateacuteria Orgacircnica Soacutelidos Totais pH Sulfato Dureza Turbidez

e Ferro

- Bioloacutegicos Coliformes totais Escherichia coli

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os valores dos paracircmetros avaliados foram comparados

aos da Portaria nordm 2914 de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2011) que dispotildee sobre os procedimentos de controle

e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e

seu padratildeo de potabilidade

Observa-se na Tabela (2) que os poccedilos 1 e 2 referentes

ao bairro Chaperoacute estatildeo em conformidade com a Portaria

291411 para a maioria dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos com

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

21

exceccedilatildeo das caracteriacutesticas organoleacutepticas sabor e aspecto no

poccedilo 02 que foram reprovadas

Tabela 2 Caracteriacutesticas da aacutegua de poccedilos rasos no bairro Chaperoacute Seropeacutedica-RJ 2016

Paracircmetros P01 P02

Sabor Caracteriacutestico Improacuteprio para consumo

Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Caracteriacutestico Presenccedila de partiacuteculas

Cloretos (mgL) 2208 1413

Mateacuteria Orgacircnica (mgL) 109 157

Soacutelidos Totais (mgL) 47 31

pH 416 555

Sulfato (mgL) 5 5 Dureza (mgL de CaCO3) 1412 1313 Turbidez (microT) 23 43

Ferro (mgL) 008 013

Coliformes totais (NMP100mL)1

2 lt2

Escherichia coli (NMP100mL) 2 lt2

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2

68 x 102 lt10

1 Nuacutemero mais provaacutevel por 100 mililitros da amostra 2 Unidades formadoras de colocircnia por mililitro de amostra

As substacircncias com propriedades organoleacutepticas de

potabilidade natildeo necessariamente trazem risco agrave sauacutede mas

pelo seu aspecto ou palatabilidade causam repulsa a maioria

da populaccedilatildeo (GODOY 2013)

Os valores de pH encontrados nos dois poccedilos estatildeo

abaixo do permitido (6 - 9) segundo a Portaria 291411 As

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

22

caracteriacutesticas do solo ou a presenccedila de aacutecidos huacutemicos

podem contribuir para a reduccedilatildeo natural do pH e eacute assim que

aacuteguas subterracircneas podem apresentar pH baixo (BASTOS et

al 2003 apud FINEZA 2008)

O valor do pH influi na solubilidade de diversas

substacircncias nas formas que os compostos quiacutemicos se

apresentam na aacutegua (livre ou ionizada) e em sua toxicidade

(SAWYER et al 2003 apud FINEZA 2008) o que torna esse

paracircmetro importante para ser avaliado

Jaacute os paracircmetros microbioloacutegicos nos dois poccedilos

apresentaram-se acima do permitido pela Portaria 291411 Eacute

importante frisar que o bairro em questatildeo tem coleta de lixo

regular e possui rede de esgoto Poreacutem os poccedilos 1 e 2 ficam a

1km e a 2km do Centro de Tratamento de Resiacuteduos (CTR Santa

Rosa) respectivamente Ocoreram dois vazamentos de

chorume no CTR o que pode favorecer o resultado encontrado

para os paracircmetros microbioloacutegicos nesses poccedilos

Observa-se na Tabela (3) que os poccedilos 03 e 04

localizados no bairro Jardim Maracanatilde assim como os poccedilos

01 e 02 no bairro Chaperoacute (Tab 2) estatildeo em conformidade

com a Portaria 291411 para a maioria dos paracircmetros fiacutesico-

quiacutemicos Jaacute o poccedilo 05 apresentou vaacuterios paracircmetros em

inconformidade com a Portaria 291411 tais como cor

aspecto mateacuteria orgacircnica e pH

O teor maacuteximo de mateacuteria orgacircnica permitido segundo a

Portaria 291411 eacute de 20 mLL Segundo Brasil (2014) a

mateacuteria orgacircnica da aacutegua eacute necessaacuteria aos seres heteroacutetrofos

na sua nutriccedilatildeo e aos autoacutetrofos como fonte de sais nutrientes

e gaacutes carbocircnico Em grandes quantidades no entanto podem

causar alguns problemas como cor odor turbidez e consumo

do oxigecircnio dissolvido pelos organismos decompositores

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

23

Tabela 3 Caracteriacutesticas da aacutegua de poccedilos rasos no bairro Jardim Maracanatilde Seropeacutedica-RJ 2016

Paracircmetros P03 P04 P05

Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Levemente amarelada

Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Presenccedila de partiacuteculas

Caracteriacutestico Presenccedila de partiacuteculas

Cloretos (mgL) 1413 3005 106

Mateacuteria Orgacircnica (mgL)

082 095 231

Soacutelidos Totais (mgL)

1963 473 155

pH 609 665 593

Sulfato (mgL) 25 15 15

Dureza (mgL de CaCO3)

425 275 7825

Turbidez (microT) 154 078 08

Ferro (mgL) 016 001 001 Coliformes totais (NMP100mL)1

gt1600 gt1600 gt1600

Escherichia coli (NMP100mL)

170 500 280

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2

gt25 x 103 gt25 x 103 gt25 x 103

1 Nuacutemero mais provaacutevel por 100 mililitros da amostra 2 Unidades formadoras de colocircnia por mililitro de amostra

Os paracircmetros microbioloacutegicos nos trecircs poccedilos avaliados

no bairro Jardim Maracanatilde apresentaram-se acima do

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

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permitido pela Portaria 291411 As possiacuteveis fontes de

contaminaccedilotildees podem ser causadas pela falta de um sistema

de tratamento de esgoto e pela queima de lixo produzido pela

populaccedilatildeo podendo ter relaccedilatildeo com contaminaccedilatildeo oriunda do

antigo lixatildeo a ceacuteu aberto o qual fica proacuteximo aos poccedilos 03 e

05 conforme Fig (1)

A mediaccedilatildeo da qualidade da aacutegua tanto superficial como

subterracircnea eacute usado o padratildeo de contagem de coliforme

(HIRATA 2003)

Na avaliaccedilatildeo da qualidade de aacuteguas naturais os

coliformes totais tecircm valor sanitaacuterio limitado Sua aplicaccedilatildeo

restringe-se praticamente agrave avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua

tratada na qual sua presenccedila pode indicar falhas no

tratamento uma possiacutevel contaminaccedilatildeo apoacutes o tratamento ou

ainda a presenccedila de nutrientes em excesso por exemplo nos

reservatoacuterios ou nas redes de distribuiccedilatildeo (BRASIL 2014)

Ainda segundo Brasil (2014) com base no fato de que

entre os cerca de 106-108 Coliformes fecais100 mL

usualmente presentes nos esgotos sanitaacuterios predomina a

Escherichia coli que eacute uma bacteacuteria de origem fecal estes

organismos ainda tecircm sido largamente utilizados como

indicadores de poluiccedilatildeo de aacuteguas naturais A origem fecal da E

coli eacute inquestionaacutevel e sua natureza ubiacutequa pouco provaacutevel o

que valida se o papel mais preciso de organismo indicador de

contaminaccedilatildeo tanto em aacuteguas naturais quanto tratadas

A Escherichia coli eacute a bacteacuteria mais representativa dentro

do grupo dos coliformes termotolerantes Assim sendo sua

presenccedila eacute indicativa de coliformes fecais pois esta bacteacuteria eacute

habitante do trato intestinal de humanos e animais de sangue

quente (SALVATORI 1999) Segundo Amaral et al (2005) ela

representa uma contaminaccedilatildeo fecal recente e indica a possiacutevel

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

25

presenccedila de bacteacuterias patogecircnicas viacuterus enteacutericos ou parasitas

intestinais

Domingues (2007) afirma que a contagem de

bacteacuterias heterotroacuteficas genericamente definidas como

microrganismos que requerem carbono orgacircnico como fonte de

nutrientes fornece informaccedilotildees sobre a qualidade

bacterioloacutegica da aacutegua de uma forma ampla

A Tabela (4) mostra os poccedilos analisados no bairro Satildeo

Miguel Eacute possiacutevel observar que os poccedilos 06 07 e 08 estatildeo em

conformidade com a Portaria 291411 para a maioria dos

paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos Estando em inconformidade as

caracteriacutesticas cor aspecto e ferro nos poccedilos 06 e 07 e

somente pH no poccedilo 08

O teor maacuteximo de Ferro permitido na aacutegua segundo a

Portaria 291411 eacute de 03 mLL Segundo Schueler (2005) a

disponibilidade do ferro pode estar relacionada agrave influecircncia do

pH da aacutegua e do potencial redox do meio

Segundo Piantaacute (2008) a cor da aacutegua pode indicar

presenccedila de material soacutelido em suspensatildeo podendo ser indiacutecio

de mateacuteria orgacircnica ou outro composto que pode servir de

nutriente para o desenvolvimente de microorganismo Segundo

Casali (2008) a cor e a turbidez podem ser corrigidos por meio

de tratamentos convencionais de aacutegua com filtros de areia ou

pela limpeza e manutenccedilatildeo dos poccedilos

Os paracircmetros microbioloacutegicos nos trecircs poccedilos avaliados

no bairro Jardim Maracanatilde apresentaram-se acima do

permitido pela Portaria 291411 Nesse caso natildeo pode-se

relacionar os altos valores com o saneamento baacutesico e coleta

de lixo pois estes estatildeo regulares

Tabela 4 Caracteriacutesticas da aacutegua de poccedilos rasos no bairro Satildeo Miguel Seropeacutedica-RJ 2016

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

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Paracircmetros P06 P07 P08

Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico Cor Amarelada Amarelada Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Presenccedila de partiacuteculas

Presenccedila de partiacuteculas

Caracteriacutestico

Cloretos (mgL) 4063 2826 3532 Mateacuteria Orgacircnica (mgL)

08 176 062

Soacutelidos Totais (mgL)

180 285 5625

Ph 608 67 528

Sulfato (mgL) 5 30 20 Dureza (mgL de CaCO3)

635 6825 59

Turbidez (microT) 089 39 01

Ferro (mgL) 032 04 003

Coliformes totais (NMP100mL)

gt1600 gt1600 gt1600

Escherichia coli (NMP100mL)

lt2 130 lt2

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)

gt25 x 103 gt25 x 103 gt25 x 103

1 Nuacutemero mais provaacutevel por 100 mililitros da amostra 2 Unidades formadoras de colocircnia por mililitro de amostra

A caracterizaccedilatildeo microbioloacutegica e fiacutesico-quimica de aacutegua

proveniente dos poccedilos rasos do municiacutepio de seropeacutedica

demonstrou que a populaccedilatildeo que utiliza aacutegua de poccedilos rasos

para consumo humano apresenta um risco potencial de

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

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contrair doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica pois 100 das

amostras apresentaram-se contaminada por pelo menos um

indicador avaliado

Tatildeo preocupante quanto agrave frequecircncia de E coli eou

coliformes totais nas amostras de aacutegua utilizadas para

consumo humano eacute o fato que a presenccedila desses indicadores

aponta para a provaacutevel existecircncia de patoacutegenos na aacutegua Isso

reafirma a importacircncia do controle microbioloacutegico da aacutegua bem

como a importacircncia da praacutetica de tratamento

de aacutegua de poccedilos rasos como a cloraccedilatildeo

4 CONCLUSOtildeES

Os oito poccedilos avaliados nos bairros Chaperoacute Jardim

Maracanatilde e Satildeo Miguel tiveram a aacutegua aprovada para a maioria

dos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos mas foram reprovadas em

relaccedilatildeo aos paracircmetros microbioloacutegicos

Eacute importante um monitoramento da aacutegua para informar

a populaccedilatildeo que faz uso da mesma sobre as caracteriacutesticas da

aacutegua

A presenccedila do antigo lixatildeo e do atual Centro de

Tratamento de Resiacuteduos em dois bairros avaliados deve ser

levada em consideraccedilatildeo devido agrave contaminaccedilatildeo do solos e

consequentemente do lenccedilol freaacutetico visto que o solo de

Seropeacutedica em sua maioria eacute arenoso

QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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QUALIDADE DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS CHAPEROacute JARDIM MARACANAtilde E SAtildeO MIGUEL EM SEROPEacuteDICA-RJ

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DOMINGUES V O TAVARES G D STUKER F Contagem de bacteacuterias heterotroacuteficas na aacutegua para consumo humano comparaccedilatildeo entre duas metodologias Sauacutede 33(1)15-19 2007 FINEZA A G Avaliaccedilatildeo da contaminaccedilatildeo de aacuteguas subterracircneas por cemiteacuterios Estudo de caso de caso de Tabuleiro ndash MG Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Viccedilosa Viccedilosa Minas Gerais 2008 Disponiacutevel em httpalexandriacpdufvbr8000tesesengenharia20civil2008238036fpdf Acessado em 05 set 2016 GODOY A P O vigiaacutegua e a potabilidade das aacuteguas de poccedilos em Salvador 2013 173f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sauacutede Meio Ambiente e Trabalho) - Universidade Federal da Bahia Bania 2013 Disponiacutevel em httpwwwsatufbabrsitedbdissertacoes1892013115714pdf Acessado em 14 nov 2016 HIRATA R Recursos hiacutedricos In Decifrando a terra Wilson Texeira et al (org) 2 Reimpressatildeo Satildeo Paulo Oficinas de textos 2003 PIANTAacute C A V Emprego de coagulantes orgacircnicos naturais como alternativa ao uso de sulfato de alumiacutenio no tratamento de aacutegua 2008 78p Monografia (Engenharia Civil) ndash Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre RS 2008 Disponiacutevel em httpwwwlumeufrgsbrbitstreamhandle1018326026000754989pdf acessado em 13 out 2016 SALVATORI R U Determinaccedilatildeo da presenccedila de Salmonella sp em embutidos de carne suiacutena 1999 97f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agronomia) ndash Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 1999 SCHUELER A S Estudo de caso e proposta para classificaccedilatildeo de aacutereas degradadas por disposiccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos urbanos Tese (Doutorado em Ciecircncias em Engenharia Civil) ndash Universidade Federal do Rio de Janeiro COPPE 223f Rio de Janeiro 2005 TUBBS FILHO D ANTUNES J C O VETTORAZZI J S Bacia Hidrograacutefica dos Rios Guandu da Guarda e da Guandu-Mirim Experiecircncias para a gestatildeo dos recursos hiacutedricos Rio de Janeiro INEA 2012 339f Disponiacutevel em httpwwwcomiteguanduorgbrconteudolivroguandu2013pdf Acessado em 10 out 2015

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

30

CAPIacuteTULO 2

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA

FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

Carolina Santos Reis de Andrade da SILVA 1

Abilio Joseacute de Oliveira FERREIRA 1

Fabiana de Carvalho Dias ARAUacuteJO2

Clarice de OLIVEIRA3 1 Graduandos do curso de Geologia UFRRJ 2 OrientadoraProfessora do

DECAMPDIEUFRRJ 3 Professora do DSIAUFRRJ carolinasrasgmailcom

RESUMO Considerada recurso natural peculiar a aacutegua nas suas mais diversas potencialidades de uso passou a ser um recurso escasso Nas zonas rurais que geralmente satildeo regiotildees mais pobres eou pouco industrializadas o consumo hiacutedrico intermediado por poccedilos rasos ainda eacute observaacutevel devido principalmente agrave deficiecircncia no abastecimento hiacutedrico convencional Os poccedilos mais antigos provavelmente foram instalados sem um estudo preacutevio da aacuterea para perfuraccedilatildeo O municiacutepio de Seropeacutedica aacuterea metropolitana do Estado do Rio de Janeiro enquadra-se nas questotildees socioeconocircmicas supramencionadas Ademais a totalidade territorial do municiacutepio insere-se na aacuterea do conjunto de bacias do rio Guandu que ocupa cerca de 4 da aacuterea da bacia Guandu e 66 da bacia da Guarda que por sua vez eacute importante para a Regiatildeo Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) A contaminaccedilatildeo destas aacuteguas torna-se factiacutevel mediante atividades antropogecircnicas como exemplo o uso de sistemas de saneamento in situ do tipo fossas e valas negras Dessa forma o objetivo deste trabalho foi avaliar a potabilidade da aacutegua de poccedilos em Seropeacutedica RJ Para tanto foram coletadas

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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aacuteguas de poccedilos rasos em trecircs bairros no municiacutepio de Seropeacutedica-RJ e analisados paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos e bioloacutegicos visando contribuir para os estudos hiacutedricos na regiatildeo favorecendo futuras pesquisas na mesma aacuterea e agrave implantaccedilatildeo de um efetivo programa de monitoramento e educaccedilatildeo ambiental Palavras-chave Qualidade da aacutegua Potabilidade da aacutegua Contaminaccedilatildeo da aacutegua

1 INTRODUCcedilAtildeO

Estima-se que nos uacuteltimos 60 anos a populaccedilatildeo

mundial duplicou enquanto o consumo de aacutegua multiplicou-se

por sete em funccedilatildeo tanto do crescimento populacional quanto

por diversos fatores como desperdiacutecio contaminaccedilatildeo e

crescente uso na agricultura O recurso natural aacutegua torna-se

cada vez mais escasso para atender as crescentes demandas

das cidades (BRASIL 2009)

Segundo a Agecircncia Nacional de Aacuteguas (2007) a Bacia

Hidrograacutefica do Rio Guandu possui papel vital agrave Regiatildeo

Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) segunda maior regiatildeo

metropolitana do paiacutes A captaccedilatildeo tratamento e distribuiccedilatildeo

das aacuteguas do Rio Guandu para abastecer cerca de 8 milhotildees

de habitantes da RMRJ eacute um dos maiores sistemas de

tratamento de aacutegua do mundo Aleacutem disso nas bacias dos rios

Guandu da Guarda e Guandu Mirim vivem cerca de um milhatildeo

de habitantes

A bacia dos rios Guandu da Guarda e Guandu-Mirim faz

parte da bacia hidrograacutefica contribuinte agrave Baiacutea de Sepetiba

situada a oeste da bacia da Baiacutea de Guanabara no Estado do

Rio de Janeiro A bacia ocupa uma aacuterea total de

aproximadamente 1900 kmsup2 e abrange 12 municiacutepios (Itaguaiacute

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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Seropeacutedica Queimados Japeri Paracambi Nova Iguaccedilu Rio

de Janeiro Engenheiro Paulo de Frontin Miguel Pereira

Vassouras Piraiacute e Rio Claro) onde vivem cerca de 1 milhatildeo de

habitantes A sua maior singularidade deve-se agrave transposiccedilatildeo

de ateacute 180 m3s das aacuteguas da Bacia do rio Paraiacuteba do Sul para

a Bacia do Guandu das quais dependem a populaccedilatildeo e

induacutestrias ali situadas e principalmente a quase totalidade da

Regiatildeo Metropolitana do Rio de Janeiro situada fora dos limites

da bacia

Localizado na zona oeste da regiatildeo metropolitana do Rio

de Janeiro o municiacutepio de Seropeacutedica participa do Plano

Estrateacutegico de Recursos Hiacutedricos (PERH Guandu) devido agrave

total inserccedilatildeo na bacia hidrograacutefica do Rio Guandu

O referido municiacutepio enquadra-se no conjunto de bacias

do rio Guandu que ocupa cerca de 4 da aacuterea da bacia Guandu

e 66 da bacia da Guarda Ademais a totalidade territorial do

municiacutepio insere-se na aacuterea desse conjunto de bacias

Seropeacutedica tambeacutem participa integralmente do Plano

Estrateacutegico de Recursos Hiacutedricos (PERH guandu)

A aacutegua recurso hiacutedrico natural que vai aleacutem das

necessidades bioloacutegicas ultimamente exibe niacuteveis de

escassez Segundo Capucci et al (2011) tal baixa aloja-se

principalmente no manejo inadequado e nos instaacuteveis iacutendices

pluviomeacutetricos da regiatildeo Diante desse contexto eacute bastante

provaacutevel que a busca por fontes alternativas de abastecimento

hiacutedrico - como a perfuraccedilatildeo de poccedilos - seja constante no

municiacutepio

Segundo Heller e Paacutedua (2006) poccedilos satildeo definidos

como aberturas feitas em solo com finalidade de tirar (captar)

aacutegua Para caracterizarem-se ldquorasosrdquo propriamente ditos a

aacutegua captada desses poccedilos deve ser proveniente do lenccedilol

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

33

freaacutetico ou seja sobrejacente agrave primeira camada impermeaacutevel

Comumente satildeo de formato circular e adotam profundidades

que natildeo superam os 20 metros

Aacutegua subterracircnea por sua vez eacute toda a aacutegua que

percorre o subsolo poros fissuras fraturas e quaisquer outros

espaccedilos vazios de dimensotildees milimeacutetricas das rochas A maior

parte das aacuteguas subterracircneas origina-se da aacutegua da chuva e

esta por sua vez infiltra-se na zona insaturada Durante este

processo a composiccedilatildeo da aacutegua eacute constantemente modificada

pelas interaccedilotildees com os constituintes minerais do solo e das

rochas Os constituintes quiacutemicos das aacuteguas subterracircneas

podem ser influenciados por trecircs fatores deposiccedilatildeo

atmosfeacuterica processos quiacutemicos de dissoluccedilatildeo eou hidroacutelise

no aquiacutefero e mistura com esgoto eou aacuteguas salinas por

intrusatildeo (SILVA FILHO et al 1993)

Accedilotildees antroacutepicas configuram-se como os principais

responsaacuteveis pela presenccedila dos indiacutecios de contaminantes que

comprometem a qualidade da aacutegua e direcionam a importacircncia

da mantenccedila do caraacuteter potaacutevel do recurso hiacutedrico de modo

que oacutergatildeos reguladores instituem valores maacuteximos para aacuteguas

potaacuteveis Uma fonte comum de contaminaccedilatildeo eacute o uso de

sistemas de saneamento in situ do tipo fossas e valas negras

(ANA 2005)

Diante de tais fatos o presente trabalho visou contribuir

para a sauacutede da populaccedilatildeo local e melhoria da Bacia

Hidrograacutefica do Guandu atraveacutes da avaliaccedilatildeo da qualidade da

aacutegua de poccedilos rasos em trecircs bairros de Seropeacutedica

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

34

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Esse trabalho faz parte de um projeto financiado pelo

Comitecirc Guandu atraveacutes do edital para auxiacutelio financeiro da

Associaccedilatildeo Proacute-Gestatildeo das Aacuteguas da Bacia Hidrograacutefica do Rio

Paraiacuteba do Sul (AGEVAP)

Foi avaliada a aacutegua em trecircs bairros do municiacutepio de

Seropeacutedica-RJ Deste modo as coletas de aacutegua foram feitas

em outubro de 2016 em dois poccedilos (P01 e P02) trecircs poccedilos

(P03 P04 e P05) e trecircs poccedilos (P06 P07 e P08) nos bairros

Boa Esperanccedila Fazenda Caxias e Santa Sofia

respectivamente conforme Fig (1) e Tab (1)

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos poccedilos nos bairros Boa Esperanccedila Fazenda Caxias e Santa Sofia no municiacutepio de Seropeacutedica-RJ

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

35

Fonte Google Earth 2016

Tabela 1 Coordenadas UTM (metros) dos poccedilos localizados nos bairros Boa Esperanccedila Fazenda Caxias e Santa Sofia em Seropeacutedica-RJ 2016

Poccedilos Latitude (m) Longitude (m)

P01 7484874 633451 P02 7484948 633163 P03 7484110 632602 P04 7483138 631909 P05 7483093 632661 P06 7486359 629704 P07 7486594 629728 P08 7486681 629729

Na maioria das coletas a aacutegua foi retirada diretamente

dos poccedilos como mostrado na Fig (2)

Figura 2 Coleta de amostra de aacutegua para anaacutelise fiacutesico-quiacutemica no bairro Fazenda Caxias (P03) Seropeacutedica-RJ 2016

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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Nos poccedilos em que havia bomba drsquoaacutegua motorizada

antes da coleta esperava-se que a aacutegua retida no

encanamento jorrasse por um determinado tempo para em

seguida efetuar a coleta Desta forma procurava-se garantir

que a aacutegua coletada permanecesse por um curto periacuteodo de

tempo dentro do encanamento

Na caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica foram determinados os

seguintes paracircmetros Sabor Cor Odor Aspecto Cloretos

Mateacuteria Orgacircnica Soacutelidos Totais pH Sulfato Dureza Turbidez

e Ferro Para esta caracterizaccedilatildeo foram utilizadas duas garrafas

de 15 L para coleta de aacutegua em cada poccedilo

Na caracterizaccedilatildeo microbioloacutegica foram avaliados os

seguintes paracircmetros Coliformes Totais Escherichia coli e

Bacteacuterias Heterotroacuteficas Para esta caracterizaccedilatildeo foram

coletados 300 mL de aacutegua em embalagens esterilizadas Essas

amostras foram transportadas em caixa teacutermica contendo gelo

Em seguida todas as amostras foram enviadas para

caracterizaccedilatildeo no Laboratoacuterio Analiacutetico de Alimentos e Bebidas

(LAAB-Rural da UFRRJ)

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Em conformidade com os paracircmetros dispostos na

Portaria nordm 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministeacuterio da

Sauacutede que dispotildee sobre os procedimentos de controle e de

vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano e seu

padratildeo de potabilidade realizou-se a comparaccedilatildeo com os

resultados obtidos das amostras de aacutegua dos poccedilos conforme

apresentados nas Tabs (2) (3) e (4)

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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Com exceccedilatildeo da avaliaccedilatildeo do aspecto da amostra de

aacutegua do poccedilo 02 os demais dados fiacutesico-quiacutemicos exibidos na

Tab (2) revelam devida adequaccedilatildeo ao valor maacuteximo permitido

para o padratildeo organoleacuteptico de potabilidade de acordo com a

Portaria 29142011

Tabela 2 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica nas amostras de aacutegua de poccedilos rasos no bairro Boa Esperanccedila Seropeacutedica-RJ 2016

Paracircmetros P01 P02

Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Caracteriacutestico Presenccedila de Partiacuteculas

Cloretos (mgL) 371 318 Mateacuteria Orgacircnica (mgL) 088 199 Soacutelidos Totais (mgL) 928 230 pH 674 604 Sulfato (mgL) 5 15 Dureza (mgL de CaCO3) 945 7075 Turbidez (microT) lt01 065 Ferro (mgL) 038 024 Coliformes a 35 Graus (NMP100mL)1 gt1600 gt1600

Escherichia coli (NMP100mL)

8 gt1600

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2 gt25x103 gt25x103

1Nuacutemero Mais Provaacutevel por 100 mililitros de amostra 2Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de amostra

Atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos paracircmetros microbioloacutegicos

das amostras de aacutegua dos poccedilos exibidos nesta tabela

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

38

constata-se que as mesmas apresentam qualidade higiecircnico-

sanitaacuterias precaacuterias e caraacuteter contaminante O prejuiacutezo inerente

a esta inferecircncia reside no fato de que a modalidade das

espeacutecies de bacteacuterias avaliadas nos laudos - Escherichia coli e

coliformes a 35 Graus - desempenham papel parametrizador

de contaminaccedilatildeo e higiene e quando presentes acima do

permitido estabelecido pela Portaria 291411 comprometem a

potabilidade da aacutegua inutilizando-a desta forma ao consumo

humano em funccedilatildeo da vulnerabilidade agrave sauacutede humana

promovida com a ingestatildeo de micro-organismos causadores de

doenccedilas geralmente provenientes de contaminadas fezes

humanas e de outros animais de sangue quente Vale ressaltar

que os micro-organismos presentes nas aacuteguas naturais satildeo em

sua maioria inofensivos agrave sauacutede humana Poreacutem na

contaminaccedilatildeo por esgoto sanitaacuterio estatildeo presentes micro-

organismos que poderatildeo ser prejudiciais agrave sauacutede humana e

dentre estes estatildeo as tipologias bacterioloacutegicas avaliadas

neste trabalho (FUNASA 2013)

A determinaccedilatildeo de coliformes totais inclui as bacteacuterias na

forma de bastonetes Gram negativos natildeo esporogecircnicos

anaeroacutebios facultativos capazes de fermentar a lactose com

produccedilatildeo de gaacutes em 24 agrave 48 horas a 35ordmC Jaacute a determinaccedilatildeo

de coliformes fecais eacute a mesma de coliformes totais poreacutem

restringindo-se aos membros capazes de fermentar a lactose

com produccedilatildeo de gaacutes em 24 horas agrave 445 - 455ordmC (BETTEGA

2006)

A presenccedila de bacteacuterias pertencentes ao grupo dos

coliformes indicadores de contaminaccedilatildeo fecal em alimentos

como a Escherichia coli nas amostras de aacutegua de todos os

poccedilos avaliados em Boa Esperanccedila tambeacutem indica propensatildeo

agrave proliferaccedilatildeo de micro-organismos patogecircnicos A ingestatildeo de

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

39

aacutegua contaminada por esta bacteacuteria eacute capaz de causar

gastrenterites de brandas ateacute severas em crianccedilas e adultos

(BRAGA et al 2005)

A contagem de bacteacuterias heterotroacuteficas nas amostras de

aacutegua de todos os poccedilos avaliados no mesmo bairro excedeu o

valor maacuteximo permitido pela Portaria 291411 A mesma

tambeacutem prevecirc que a determinaccedilatildeo destas bacteacuterias atua como

paracircmetro na caracterizaccedilatildeo da integridade do sistema de

distribuiccedilatildeo (reservatoacuterio e rede)

As bacteacuterias heterotroacuteficas satildeo responsaacuteveis pela

formaccedilatildeo de biofilmes nas redes de distribuiccedilatildeo de aacutegua e por

sua vez fornecem proteccedilatildeo para determinadas tipologias de

microrganismos (TEIXEIRA 2002) que causam doenccedilas

relacionadas a distuacuterbios gastrintestinais como explicado

anteriormente por Pacheco (1986) apud Silva et al (2006)

Analisando a Tab (3) verifica-se a que aacutegua do poccedilo 05

apresentou Sabor Aspecto Coliformes Totais Escherichia coli

e Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas em desacordo como o

estabelecido pela Portaria 29142011 Este resultado deve-se

provavelmente agrave falta de manutenccedilatildeo deste poccedilo e agrave livre

transitoriedade de animais domeacutesticos ao redor do mesmo O

poccedilo 03 em contrapartida foi o que apresentou na maioria dos

aspectos avaliados conformidade ao maacuteximo exigido pela

Portaria 29142011

Apesar de ser a uacutenica amostra com NMP100mL de

Escherichia coli aprovado (Escherichia coli lt 2 NMPml) o

caraacuteter contaminante denotado pela amostra de aacutegua do poccedilo

03 natildeo eacute anulaacutevel jaacute que os demais paracircmetros

microbioloacutegicos quais sejam coliformes agrave 35 Graus e

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas satildeo insatisfatoacuterios

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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Tabela 3 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica nas amostras de aacutegua de poccedilos rasos no bairro Fazenda Caxias Seropeacutedica-RJ 2016

Paracircmetros P03 P04 P05

Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Improacuteprio para o consumo

Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Caracteriacutestico Presenccedila de Partiacuteculas

Presenccedila de Partiacuteculas

Cloretos (mgL) 283 10953 1766

Mateacuteria Orgacircnica (mgL)

036 127 198

Soacutelidos Totais (mgL)

303 243 24

pH 664 635 665 Sulfato (mgL) 5 20 25 Dureza (mgL de CaCO3)

395 995 4005

Turbidez (microT) 001 034 31 Ferro (mgL) 011 024 001 Coliformes agrave 35 Graus (NMP100mL)1

gt1600 gt1600 gt1600

Escherichia coli (NMP100mL)

lt2 170 300

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2

gt25x103 gt25x103 gt25x103

1Nuacutemero Mais Provaacutevel por 100 mililitros de amostra 2Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de amostra

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

41

Avaliando a Tab (4) observa-se que as amostras de

aacutegua dos poccedilos 07 e 08 apresentam niacuteveis de Escherichia coli

acima do estabelecido pela Portaria 29142011 Estes

resultados mostram que semelhante ao observado com os

poccedilos 01 02 04 e 05 os poccedilos 07 e 08 apresentam aacutegua natildeo

potaacutevel Esta espeacutecie de bacteacuteria faz parte do grupo dos

chamados coliformes termotolerantes ou fecais e estes por sua

vez satildeo indicadores comumentes utilizados na avaliaccedilatildeo da

qualidade de aacutegua

Os niacuteveis de Escherichia coli observados nestas

amostras de aacutegua satildeo preocupantes Segundo Isaac-Maacuterquez

et al (1994) a aacutegua para consumo humano eacute um dos mais

importantes veiacuteculos de doenccedilas diarreicas de natureza

infecciosa principalmente por meio de bacteacuterias da

mencionada espeacutecie o que torna primordial o seu tratamento

Dentre todos os poccedilos analisados o poccedilo 08 (Tab 4) foi

o uacutenico que apresentou iacutendice de Mateacuteria Orgacircnica fora dos

padrotildees de potabilidade instituiacutedos pela Portaria 29142011 A

importacircncia da determinaccedilatildeo desse paracircmetro reside no fato

de que a ocorrecircncia de mateacuteria orgacircnica em aacuteguas

subterracircneas pode ser nociva agrave qualidade dessas aacuteguas jaacute

que a presenccedila de um alto teor implica em uma consideraacutevel

quantidade de material nitrogenado (MARTINS et al 1991)

Materiais nitrogenados como o nitrato por exemplo que

apesar de ser um dos iacuteons mais encontrados em aacuteguas

naturais geralmente ocorrem em baixos teores nas superficiais

e podem atingir altas concentraccedilotildees em aacuteguas profundas

(APHA 1992)

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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Tabela 4 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica nas amostras de aacutegua de poccedilos rasos no bairro Santa Sofia em Seropeacutedica-RJ 2016

Paracircmetros P06 P07 P08

Sabor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Improacuteprio para o consumo

Cor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico Odor Caracteriacutestico Caracteriacutestico Caracteriacutestico

Aspecto Presenccedila de Partiacuteculas

Caracteriacutestico Presenccedila de Partiacuteculas

Cloretos (mgL) 4416 4416 16782 Mateacuteria Orgacircnica (mgL)

122 156 34

Soacutelidos Totais (mgL)

380 320 152

pH 645 676 69 Sulfato (mgL) 5 55 80 Dureza (mgL de CaCO3)

835 13475 25905

Turbidez (microT) 031 Natildeo Detectado

01

Ferro (mgL) 027 018 03

Coliformes agrave 35 Graus (NMP100mL)1

130 gt1600 gt1600

Escherichia coli (NMP100mL)

lt2 50 7

Contagem de Bacteacuterias Heterotroacuteficas (UFCmL)2

gt25x103 12x103 gt25x103

1Nuacutemero Mais Provaacutevel por 100 mililitros de amostra 2Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de amostra

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

43

O consumo destas aacuteguas atraveacutes de abastecimento estaacute

associado segundo Bouchard et al 1992 a dois efeitos

adversos agrave sauacutede induccedilatildeo agrave metemoglobinemia

especialmente em crianccedilas e a formaccedilatildeo potencial de

nitrosaminas e nitrosamidas carcinogecircnicas

4 CONCLUSOtildeES

No bairro Boa Esperanccedila todos os poccedilos apresentaram

os paracircmetros microbioloacutegicos com valores acima do permitido

pela portaria 2914 de 2011 o que inutiliza o consumo da aacutegua

dos mesmos Com relaccedilatildeo aos paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos

somente o poccedilo 01 esteve de acordo com o estipulado pela

Portaria 2914 de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede

No bairro Fazenda Caxias os trecircs poccedilos avaliados

mostraram resultados insatisfatoacuterios quanto aos paracircmetros

microbioloacutegicos avaliados Os poccedilos 04 e 05 adicionalmente

apresentaram presenccedila de partiacuteculas no paracircmetro aspecto

No bairro Santa Sofia os poccedilos 06 e 08 obtiveram pelo

menos um paracircmetro fiacutesico-quiacutemico reprovado com base no

padratildeo organoleacuteptico de potabilidade disposto na Portaria

29142011 O poccedilo 07 assim como o 08 foram reprovados em

todos os paracircmetros microbioloacutegicos analisados

O poccedilo 08 dentre todos os poccedilos analisados neste

trabalho eacute o uacutenico com teor de mateacuteria orgacircnica acima do limite

(34 mgL) estipulado na Portaria 291411 a qual dispotildee o valor

maacuteximo de 20 miligramas por litro As aacuteguas desses poccedilos

satildeo improacuteprias o consumo humano

CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CARACTERIacuteSTICAS DA AacuteGUA EM POCcedilOS RASOS NOS BAIRROS BOA ESPERANCcedilA FAZENDA CAXIAS E SANTA SOFIA EM SEROPEacuteDICARJ

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QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

46

CAPIacuteTULO 3

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

Paloma Mara de Lima FERREIRA 1

1 Mestranda em Engenharia Civil e Ambiental UFPB paloma_marahotmailcombr

RESUMO O presente estudo objetivou realizar o monitoramento limnoloacutegico da aacutegua do Reservatoacuterio Cochos do municiacutepio de Igaracy-PB localizado na Bacia Hidrograacutefica do Rio Piancoacute Piranhas Accedilu Foram realizadas 6 campanhas de mediccedilatildeo no periacuteodo de Nov2013 a Jul2014 As amostras de aacutegua foram coletadas em 8 pontos georeferenciados com 50 cm de profundidade As analises dos paracircmetros foram realizadas in loco e nos laboratoacuterios da UFCG Os resultados encontrados mostraram forte influecircncia das condiccedilotildees climaacuteticas sob a maioria dos paracircmetros analisados os niacuteveis Oxigecircnio Dissolvido Condutividade Eleacutetrica e Foacutesforo excederam os limites aceitaacuteveis pela legislaccedilatildeo vigente enquanto DBO5 Soacutelidos Dissolvidos Totais Nitrogecircnio cor aparente turbidez e cloretos quando comparados mantiveram-se em acordo com os padrotildees estipulados A presenccedila de coliformes fecais pode evidenciar o lanccedilamento de carga orgacircnica domeacutestica eou animal havendo certas restriccedilotildees quanto aos usos da aacutegua no reservatoacuterio Cochos o grupo Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes apresentaram niacuteveis superiores a 1600 NMP100ml e tambeacutem foi confimada a presenccedila da bacteacuteria EColi em 575 das amostras analisadas Palavras-chave Semiaacuterido Reservatoacuterio de Abastecimento Monitotamento limnoloacutegico

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

47

1 INTRODUCcedilAtildeO

Os reservatoacuterios satildeo sistemas aquaacuteticos modificados

extremamente complexos e dinacircmicos que apresentam as

funccedilotildees principais de manutenccedilatildeo da vazatildeo dos cursos de aacutegua

e atendimento agraves variaccedilotildees da demanda dos usuaacuterios (PRADO

2002) Esses sistemas promovem uma contiacutenua e dinacircmica

ligaccedilatildeo entre os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos e por isso

satildeo sensiacuteveis agraves alteraccedilotildees humanas na bacia de drenagem

(OLIVEIRA 2012)

O conjunto de reservatoacuterios satildeo vistos como unidades

integrantes de bacias hidrograacuteficas e que possuem uma

importacircncia estrateacutegica especialmente para esta regiatildeo

semiaacuterida Pois garante o abastecimento urbano e rural dos

municiacutepios envolvidos e tambeacutem influencia no desenvolvimento

econocircmico local Estes recebem aacuteguas servidas (domeacutesticas e

agroindustriais) e possibilita o desenvolvimento de atividades

de piscicultura pecuaacuteria e agriacutecola com culturas irrigadas

Segundo AESA (2016) o sistema de reservaccedilatildeo do

estado da Paraiacuteba atualmente proporciona uma capacidade

de armazenamento de 3906773462 m3 distribuiacutedos nas suas

11 Bacias Hidrograacuteficas O conjunto de accediludes abrange

mananciais de pequeno meacutedio grande e macro porte no

tocante a capacidade de armazenamento Por estarem situadas

na zona semiaacuterida tecircm como principais problemas hiacutedricos a

escassez e qualidade da aacutegua prendendo-se aos aspectos de

gestatildeo como um dos instrumentos necessaacuterios para combater

a escassez de aacutegua e garantir o abastecimento humano

O regime hiacutedrico desses reservatoacuterios sofre fortes

influecircncias das condiccedilotildees climaacuteticas do semiaacuterido

Notadamente no curto periacuteodo chuvoso ocorrido anualmente

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

48

onde as variaccedilotildees da qualidade da aacutegua satildeo decorrentes dos

volumes de aacutegua superficiais associadas agraves formas de uso do

solo agraves caracteriacutesticas fisiograacuteficas das bacias e ao tipo de

cobertura vegetal predominante da caatinga (CRISPIM et al

2015) O estado de dormecircncia da caatinga no periacuteodo de

estiagem aleacutem de provocar grande perda de aacutegua por

evaporaccedilatildeo juntamente com os diferentes usos dos corpos

hiacutedricos acaba comprometendo a qualidade das aacuteguas

Apesar de na maioria dos reservatoacuterios ser feita a

verificaccedilatildeo da qualidade da aacutegua a mesma eacute obtida de forma

pontual e natildeo atinge os reservatoacuterios de menor porte Para se

fazer um diagnoacutestico mais representativo da qualidade das

aacuteguas dos reservatoacuterios da bacia carece de um monitoramento

sistemaacutetico em todo o volume uacutetil dos mesmos

Desta maneira considerando-se a importacircncia de se

preservar a qualidade da aacutegua armazenada nos reservatoacuterios

na regiatildeo semiarida foi objetivo deste estudo realizar o

monitoramento limnoloacutegico do Reservatoacuterio Cochos no

municiacutepio de Igaracy-PB

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

21 Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo

O estudo foi desenvolvido no reservatoacuterio Cochos

pertencente ao municiacutepio de Igaracy-PB estaacute situado na bacia

do Rio Piancoacute sub bacia do Piancoacute Piranhas Accedilu conforme

exposto na Figura 1 O reservatoacuterio possui volume maacuteximo de

reservaccedilatildeo de 4199773 m3 responsaacutevel pelo abastecimento

total da cidade e pelo desenvolvimento de atividade

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

49

agropecuaacuterias no entorno do reservatoacuterio e a jusante do

mesmo as margens do riacho Cochos (AESA 2016)

Figura 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo

FONTE Autoria proacutepria

22 Amostragem

As amostragens foram realizadas com frequecircncia

bimestral durante o periacuteodo 1 de novembro de 2013 a marccedilo de

2014 intenso periacuteodo sem ocorrecircncia de precipitaccedilotildees No

periacuteodo 2 de maio de 2014 a julho de 2014 manteve-se com

frequecircncia mensal devido a maior ocorrecircncia de precipitaccedilotildees

na regiatildeo

As amostras de aacutegua foram coletadas agrave 50 cm de

profundidade e armazenadas seguindo recomendaccedilotildees do

Guia Nacional de Coleta e Preservaccedilatildeo de Amostras (ANA

2011) para tanto foi delimitado 8 pontos amostrais

georeferenciados as coordenadas dos pontos amostrais estatildeo

descritas na Tabela 1

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Tabela 1 Coordenadas geograacuteficas dos pontos amostrais no reservatoacuterio Cochos

PONTOS DESCRICcedilAtildeO COORDENADAS

Longitude Latitude P1 Ponto de capitaccedilatildeo de aacutegua da CAGEPA -381608 -71782

P2 Tomada de aacutegua para perenizaccedilatildeo do

Riacho Cochos a jusante do reservatoacuterio -381625 -71779

P3 Ponto de coleta de aacutegua em carros pipas

para abastecimento e lazer -381638 -71808

P4 Aacuterea central do reservatoacuterio sob influecircncia

de efluentes de induacutestria -381639 -71829

P5 Concentraccedilatildeo de pequenas moradias rurais

e atividade agropecuaacuterias -381629 -71841

P6 Ponto de ligaccedilatildeo de um reservatoacuterio a

montante -381630 -71854

P7 Concentraccedilatildeo de pequenas moradias rurais

e atividade agropecuaacuterias -381717 -71860

P8 Faixa mais protegida com existecircncia mata

ciliar melhor conservada -381751 -71879

O regime hiacutedrico da regiatildeo tende em apresentar uma

forte variabilidade interanual ocasionando a alternacircncia entre

anos de chuvas regulares e anos de acentuada escassez

hiacutedrica levando agrave ocorrecircncia de secas hiacutedricas (AESA 2016)

As taxas de evapotranspiraccedilatildeo satildeo bastante elevadas podendo

chegar a mais de 2000 mmano o que ocasiona um deacuteficit

hiacutedrico significativo e se constitui em fator chave a ser

considerado na operaccedilatildeo dos reservatoacuterios da regiatildeo

(CBHRPPA 2014)

Normalmente o periacuteodo chuvoso ocorre entre os meses

de janeiro a maio com uma variaccedilatildeo de 110 mm a 230 mm

mensais A chuva anual meacutedia eacute em torno de 860 mm (FELIX e

PAZ 2016) No entanto em periacuteodo de estiagem prolongados

esses regimes hiacutedricos acabam sendo modificados devidos as

alteraccedilotildees climaacuteticas

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51

Alguns paracircmetros foram analisados in loco tais como

temperatura da aacutegua turbidez transparecircncia da aacutegua (disco de

Secchi) oxigecircnio dissolvido (OD) potencial hidrogeniocircnico

(pH) condutividade eleacutetrica (CE) e soacutelidos dissolvidos totais

(SDT)

Ainda foram realizadas analises dos paracircmetros fisicos e

quiacutemicos no laboratoacuterio de hidrologia do centro de ciecircncias e

tecnologia agroalimentar (CCTA) da universidade federal de

campina grande (UFCG) campus de pombal ndash PB

As variaacuteveis analisadas foram cor aparente demanda

bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO5) cloretos (Cl-) potaacutessio (K)

soacutedio (Na) dureza total caacutelcio (Ca2+) magneacutesio (Mg2+)

nitrogecircnio (N) e foacutesforo (P) seguindo recomendaccedilotildees

metodologicas preconizadas no Standard Methods publicaccedilatildeo

da American Public Health Association (APHA 1998) Para

determinar as paracircmetros microbioloacutegicos coliformes totais

(CT) coliformes termotolerantes (CTT) e E Coli foram

utilizadas as teacutecnicas descritas no por Silva et al (2010)

Na Tabela 2 estatildeo representadas todas as variaacuteveis de

qualidade das aacuteguas monitoradas e limites da Resoluccedilatildeo de

Nordm3572005 do CONAMA as para aguas de classes 2 e o Valor

Maacuteximo Permitido (VMP) pela Portaria do Ministeacuterio da Sauacutede

Nordm2914 de dezembro de 2011

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Tabela 2 Variaacuteveis de qualidade das aacuteguas monitoradas

VARIAacuteVEIS UNIDADES VMP DA PORTARIA

291411

LIMITES CONAMA 3572005

Classe II

Transparecircncia Cm - - Temp da Aacutegua degC - -

Temp do ar degC - - Cor Aparente mg PtL 15 75

Turbidez uT 1 le100

CE Scm 100 -

SDT mgL 1000 500

pH Adimensional 60 a 95 60 a 90

OD mgL O2 - ge5 DBO5 mgL O2 - le5

Cl- mgClL 250 - Dureza total mgL 500 -

Ca2+ mgCaL - - Mg2+ mgL Mg - - Na+ mgL Na 51 -

K mgL K - - N total mgL N - 127 P total mgL P - 0030

CT NMP100mL Ausente 1000 CTT NMP100mL Ausente 1000

E Coli NMP100mL Ausente 1000

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Volume do reservatoacuterio Cochos

Na Figura 2 observa-se que mesmo nos meses de maior

ocorrecircncia de precipitaccedilotildees o volume do reservatoacuterio ainda

permanece muito inferior ao seu volume maacuteximo sendo isso

consequecircncia marcante do longo periacuteodo de estiagem

O volume do reservatoacuterio Cochos demonstrou pequena

variaccedilatildeo no decorrer da pesquisa nos meses de Nov2012 a

Mar2014 houve pouca ocorrecircncia de precipitaccedilatildeo com

variaccedilatildeo miacutenima no volume do reservatoacuterio jaacute os meses de

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

53

Mai2014 a Jul2014 os niacuteveis do reservatoacuterio se elevaram

devido ocorrecircncia de precipitaccedilotildees

Figura 2 Variaccedilatildeo do volume do Reservatoacuterio Cochos no periacuteodo de nov2013 a jul2014

Fonte Dados AESA (2016)

Sobretudo neste estudo o regime hidroloacutegico normal

para esta regiatildeo natildeo foi bem representado provavelmente

devido ao periacuteodo de estiagem prolongado que a regiatildeo tecircm

enfrentado que acaba provocando alteraccedilotildees no regime

pluviomeacutetrico Visto que os meses do periacuteodo chuvoso (janeiro

a junho) houve pouca ocorrecircncia de precipitaccedilotildees na regiatildeo

32 Anaacutelise dos paracircmetros fiacutesico e quiacutemicos da aacutegua

A Tabela 3 apresenta os resultados meacutedios das anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas considerando as amostras coletadas nos oito pontos do reservatoacuterio Cochos

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Tabela 3 Resultado meacutedio das anaacutelises fiacutesicas e quiacutemicas Paracircmetros Unidades Nov-13 Jan-14 Mar-14 May-14 Jun-14 Jul-14

Transparecircncia cm 5588 5925 7375 8500 7625 8588 TempAr degC 2903 3191 3261 3126 2908 3161

Temp Aacutegua degC 2983 3028 3176 2978 2731 2719 Cor mgL 002 005 003 001 003 004

Turbidez uT 1014 997 647 602 1189 544 CE μscm 14414 14729 17466 17331 14668 16731

SDT mgL 8414 8221 8004 8614 7393 8164 pH adm 797 829 761 739 722 771 OD mgL 739 1046 690 820 436 751

DBO5 mgL 183 310 115 168 113 194 Cl- mgL 879 1020 372 298 366 1778

Dureza Total mgL 3429 6891 5721 9635 5366 4575 Ca2+ mgL 1548 2908 2718 2748 2310 2325 Mg2+ mgL 2046 3955 2966 6917 3056 2250 Na+ mgL 058 017 002 002 002 002

K mgL 001 003 002 002 002 002 N Total mgL 007 008 008 010 010 008 P Total mgL 012 012 012 002 001 001

Dentre os paracircmetros fiacutesicos e quiacutemicos analisados a

maioria manteve-se em concordacircncia com os padrotildees

estipulados pela resoluccedilatildeo CONAMA 35705 e pela Portaria

nordm291411 Com exececcedilatildeo apenas da turbidez CE OD P e

Mg2+ que excederam os limites preconizados

Segundo Morotta et al (2008) entre as variaacuteveis

limnoloacutegicas utilizadas na avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua as

quais satildeo diretamente influenciadas pelo uso do solo na bacia

de drenagem destacam-se as concentraccedilotildees de foacutesforo

nitrogecircnio oxigecircnio dissolvido e clorofila a bem como os

valores de pH turbidez e densidade de coliformes fecais e

totais entre outras

A temperatura da aacutegua manteve-se variando de 267 a

2790degC com pouca oscilaccedilatildeo durante o periacuteodo estudado Vale

salientar que em aacuteguas de reservatoacuterio mudanccedilas bruscas de

temperatura podem causar efeitos draacutesticos agraves comunidades

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

55

bioacuteticas e alterar as caracteriacutesticas quiacutemicas da aacutegua A

temperatura desempenha um papel importante no meio

aquaacutetico condicionando o controle de uma seacuterie de paracircmetros

eacute influenciada por alguns fatores tais como altitude latitude

estaccedilotildees do ano horaacuterio do dia taxa de fluxo e profundidade

(CESTEB 2009)

A transparecircncia da aacutegua variou entre 45 e 95 cm No

periacuteodo de maior precipitaccedilatildeo as leituras do Secchi

permaneceram superiores a 60 cm

Para a turbidez embora os valores obtidos tenham sido

inferior ao limite preconizado pelo CONAMA 35705 de 100uT

essa variaacutevel excedeu o limite de referente a portaria de

potabilidade mencionada de 1 uT variou entre 351 e 141 uT

A turbidez demonstra com maior nitidez os impactos da

estaccedilatildeo chuvosa (SILVA et al 2009)

Segundo CESTEB (2009) as accedilotildees antroacutepicas como

desmatamento despejo de esgoto sanitaacuterio efluentes

industriais agropecuaacuterios e mineraccedilatildeo fazem com que o

escoamento superficial aumente a turbidez da aacutegua resultando

em grandes alteraccedilotildees no ecossistema aquaacutetico

Os valores de CE permaneceram na faixa de 1319 a

177μScm dentre o periacuteodo estudado Destaca-se o ponto P8

no mecircs de jul2014 na qual a condutividade divergiu dos

demais apresentou valor maacuteximo 177μScm caracterizando a

presenccedila de quantidade significativa de iacuteons (Figura 3)

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

56

Figura 3 Variaccedilatildeo temporal da CE nas aacuteguas do reservatoacuterio Cochos

Em todos os pontos os valores de CE permaneceram

acima do limite admitido pela portaria de potabilidade Segundo

Esteves (1998) agrave medida que satildeo adicionados soacutelidos

dissolvidos na aacutegua maior eacute a CE altos valores podem indicar

caracteriacutesticas corrosivas da aacutegua

As concentraccedilotildees de OD variam entre 16 e 119 mgL

conferindo ao mecircs de jun2014 os menores valores de OD

devido a maior ocorrecircncia de precipitaccedilotildees nesse periacuteodo

enquanto os maiores valores foram encontrados no mecircs de

jan2014 periacuteodo de menor ocorrecircncia de precipitaccedilotildees No

periacuteodo de estiagem as concentraccedilotildees de OD foram mais

elevadas com valores na superfiacutecie da aacutegua proacuteximos ou acima

de 10 mgL (supersaturaccedilatildeo) Essa supersaturaccedilatildeo do OD pode

ser justificada devido a existecircncia de grande proliferaccedilatildeo de

plantas aquaacuteticas (algas etc) as margens do reservatoacuterio

mantendo intensa atividade de fotossiacutenteses

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57

Geralmente o oxigecircnio dissolvido diminui agrave medida que

recebe carga de substacircncias orgacircnicas presentes no esgoto

(GARCIA e BARRETO 2011)

A resoluccedilatildeo 35705 do CONAMA determina que valores

de OD devem ser superiores a 5 mgL entretanto na campanha

de jun2014 apresentou valores inferiores ao limite

estabelecido na maioria dos pontos monitorados

O Foacutesforo Total variou entre 00047 a 01313 mgL

apresentando valores superiores aos limites da resoluccedilatildeo

CONAMA 35705 de 0030 mgL principalmente no periacuteodo de

menor ocorrecircncia de chuvas na regiatildeo (nov2013 a mar2014)

Esse comportamento do P no reservatoacuterio Cochos referente

aos menores volumes possivelmente estaacute associado agrave

frequente descarga de fontes pontuais poluidoras em alguns

locais ao longo do reservatoacuterio Com isso haacute um maior acuacutemulo

nesse periacuteodo visto a falta de tratamento adequado dos

efluentes gerados no municiacutepio de Igaracy-PB

Os teores observados de magneacutesio estiveram entre

1625 e 20285 mgL conferindo as campanhas do mecircs de

Nov2013 e Mai2014 A Portaria Nordm29142011 do MS e a

Resoluccedilatildeo CONAMA 35705 natildeo faz referecircncia a este

paracircmetro Na OMS (1999) o magneacutesio eacute avaliado pelo

maacuteximo desejaacutevel de 30 mgLe o maacuteximo permissiacutevel de 150

mgL assim os valores de Mg2+ nesse estudonmantiveram-se

superiores ao padratildeo desejaacutevel

Segundo Garcia e Alves (2006) o magneacutesio eacute essencial

agrave vida natildeo exerce efeito danoso agrave sauacutede e vida aquaacutetica o seu

controle estaacute baseado na palatablidade pois presente em

grande quantidade imprime gosto amargo a aacutegua

Figueiredo et al (2014) em seu estudo sobre efeito da

seca prolongada na qualidade da aacutegua do reservatoacuterio de

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58

Gargalheiras principal sistema de abastecimento de aacutegua dos

municiacutepios de Acari e Currais Novos do estado do Rio Grande do

Norte no semiaacuterido nordestino brasileiro Com condiccedilotildees

climaacuteticas semelhantes a este estudo verificaram valores de

transparecircncia da aacutegua CE e P total semelhantes ao observado

nas aacuteguas do reservatoacuterio Cochos

Os autores tambeacutem verificaram que o regime hidroloacutegico

dos anos estudados caracterizado por chuvas acima da meacutedia

no ano de 2011 e seca severa prolongada no ano de 2012

influenciou diretamente na mudanccedila das variaacuteveis limnoloacutegicas

do reservatoacuterio inferindo em uma melhor qualidade da aacutegua no

periacuteodo chuvoso e degradaccedilatildeo no periacuteodo seco

O mesmo foi observado no reservatoacuterio cochos para a

maioria dos paracircmetros analisados os teores da turbidez pH

DBO Cl- Na+ e P foram mais elevados no periacuteodo com menor

ocorrecircncia de chuvas enquanto no periacuteodo de chuvas

tenderam a diminuir

De fato eacute perceptiacutevel que alteraccedilotildees climaacuteticas como secas

intensas tecircm papel relevante na quantidade e qualidade da aacutegua

(Tundisi 2008) Pois em periacuteodos de seca prolongada alta

evaporaccedilatildeo e o longo tempo de residecircncia da aacutegua tendem a

concentrar os nutrientes nos reservatoacuterios favorecendo o

estabelecimento de condiccedilotildees eutroacuteficas (COSTA et al 2009

CHELLAPPA 2009)

Meireles et al (2007) ao avaliar sazonalidade da

qualidade das aacuteguas do accedilude Edson Queiroz da bacia

hidrograacutefica do Acarauacute localizado na regiatildeo semiaacuterida

cearense Tambeacutem vericou valores de CE OD e Cl-

semelhantes aos encontrados neste estudo Sendo notaacutevel que

o crescimento das concentraccedilotildees dos sais medida pela CE e

do Cl- corresponde agrave reduccedilatildeo do volume do reservatoacuterio

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59

No estudo tambeacutem foi observado o rebaixamento

draacutestico desses paracircmetros ocorrido entre fevereiro e abril

(inicio do periacuteodo de chuvas) e o aumento raacutepido entre abril e

julho (fim do periacuteodo de chuvas) Comportamento este tambeacutem

observado em vaacuterios paracircmetros analisados no reservatoacuterio

Cochos dentre eles CE turbidez dureza total Mg2+ Cl- OD

pH SDT N e P

Meireles et al (2007) mencionam que esse

comportamento eacute considerado como indicativo de uma forte

estratificaccedilatildeo do reservatoacuterio no periacuteodo estudado

33 Anaacutelise dos paracircmetros microbiologicos da aacutegua

Segundo a APHA (1998) quando se trata de sauacutede

puacuteblica os aspectos sanitaacuterios devem ser enfatizados

estudando-se o comportamento dos indicadores de poluiccedilatildeo de

origem fecal Tendo em vista que o aporte de esgotos aumenta

expressivamente as densidades de bacteacuterias termotolerantes

totais e fecais em corpos hiacutedricos

Na Figura 4 observa-se que as maiores elevaccedilotildees de CT

foram apresentadas nos pontos P4 P5 e P6 sendo estes

pontos marcados pela forte influecircncia das atividades antroacutepicas

do municiacutepio de Igaracy ndash PB O lanccedilamento de esgotos sem

tratamento das residecircncias rurais e urbanas e carga orgacircnica

animal quando em excesso pode caracterizar perda significativa

da qualidade da aacutegua trazendo prejuiacutezos para as populaccedilotildees

locais por se tratar de um reservatoacuterio de abastecimento

O ponto P2 demostrou os menores valores de CT

provavelmente devido a maior fiscalizaccedilatildeo por se tratar do

ponto de captaccedilatildeo de aacutegua para abastecimento do municiacutepio

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

60

Jaacute com relaccedilatildeo aos CTT demonstrou comportamento

similar comparado aos valores dos CT apresentando os

maiores valores no inicio do periacuteodo chuvoso nos demais

meses foi observado uma diminuiccedilatildeo significativa desses niacuteveis

(Figura 4)

Figura 4 Variaccedilatildeo temporal de Coliformes Totais e Termotolerantes

A definiccedilatildeo da concentraccedilatildeo dos coliformes assume

importacircncia como paracircmetro indicador da possibilidade da

existecircncia de microorganismos patogecircnicos responsaacuteveis pela

transmissatildeo de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica tais como febre

tifoacuteide febre paratifoacuteide desinteria bacilar e coacutelera (CETESB

2009)

Os valores maacuteximos encontrados para CT e CTT foram

ge1600 NMP100ml referente a amostragem realizadas em

Mar2014 Os CTT satildeo o grupo de bacteacuterias mais significativas

na avaliaccedilatildeo de poluiccedilatildeo sanitaacuteria

A Resoluccedilatildeo CONAMA 35705 determina que em aacuteguas

doces de classe 2 natildeo deveraacute ser excedido um limite de 1000

coliformes termotolerantes por 100 ml valor este ultrapassado

nesse estudo

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61

Com relaccedilatildeo a presenccedila e ausecircncia de bacteacuterias EColi

nas aacuteguas do reservatoacuterio foi evidenciado que das 40 amostras

coletadas durante o periacuteodo de estudo cerca 23 amostras foi

confirmada presenccedila ou seja a bacteacuteria Escherichia Coli estaacute

presente em 575 das amostras analisadas sendo este mais

um iacutendice que evidencia o lanccedilamento de carga orgacircnica

domeacutestica eou animal

Em termos de potabilidade os resultados mostram que

as aacuteguas do reservatoacuterio estatildeo fora do padratildeo microbioloacutegico

de potabilidade da aacutegua para consumo humano visto que a

Portaria nordm 921411 estabelece ausecircncia de CT CTT e EColi

nesta condiccedilotildees eacute essencial que as aacuteguas do reservatoacuterio

Cochos antes de ser utilizadas para o consumo humano deve-

se sujeitar haacute tratamentos de desinfecccedilatildeo

4 CONCLUSOtildeES

A partir da anaacutelise dos resultados concluiu-se que

Variaacuteveis como turbidez OD CE P e Mg2+

apresentaram concentraccedilotildees superiores aos limites

aceitaacuteveis

O pH DBO SDT N Na+ K Ca2+ Cl- cor aparente e

dureza total mantiveram-se de acordo com a legislaccedilatildeo

vigente sendo evidente a forte influecircncia sazonal sob o

comportamento na maioria dos paracircmetros

Em termos sanitaacuterios haacute confirmaccedilatildeo de presenccedila de

coliformes CT CTT e EColi nas aacuteguas do reservatoacuterio

Cochos o que evidencia o lanccedilamento de carga orgacircnica

domeacutestica eou animal sendo inadequado para o

consumo humano sem tratamento preacutevio

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Sobretudo percebe-se que o regime hidroloacutegico na

regiatildeo sofre fortes influecircncias das condiccedilotildees antroacutepicas

e climaacuteticas do semiaacuterido alterando as condiccedilotildees

naturais da qualidade da aacutegua de corpos hiacutedricos

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QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

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FELIX V de S PAZ A R daRepresentaccedilatildeo dos processos hidroloacutegicos em bacia hidrograacutefica do semiaacuterido paraibano com modelagem hidroloacutegica distribuiacuteda RBRH ndash Revista Brasileira de Recursos Hiacutedricos Porto Alegre v 21 n 3 p 556-569 2016 FIGUEIREDO A do V BECKER V MATTOS A O efeito da seca prolongada na qualidade da aacutegua do reservatoacuterio Gargalheiras na regiatildeo tropical semiaacuterida In XII Simpoacutesio de Recursos Hidriacutecos do Nordeste 12 2014 Anais XII SRHNE Natal p 1-10 2014 GARCIA C A B BARRETO P R Condiccedilotildees ambientais e qualidade da aacutegua do accedilude Buri- Frei PauloSE XIX Simpoacutesio Brasileiro de Recursos Hiacutedricos19 2011 Anais XIX SBRH Maceioacute ndash AL 2011 p 20 CRISPIM D L ISMAEL L L SOUSA T M I de GARRIDO J W A QUEIROZ M M F de Transporte e caracterizaccedilatildeo de sedimentos de fundo no rio piranhas em uma seccedilatildeo de controle proacuteximo agrave sede do municiacutepio de Pombal-PB HOLOS Ano 31 Vol 3 p 93-101 2015 MARIANI C F Reservatoacuterio Rio Grande caracterizaccedilatildeo limnoloacutegica da aacutegua e biodisponibilidade de metais-traccedilo no sedimento 2006 Dissertaccedilatildeo de Mestrado - Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006 MAROTTA H SANTOS R O PRAST A E Monitoramento limnoloacutegico um instrumento para a conservaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos no planejamento e na gestatildeo urbano-ambientais Ambiente amp Sociedade Campinas v XI n 1 p 67-79 jan-jun 2008 MEIRELES A C M FRISCHKORN H ANDRADE E M de Sazonalidade da qualidade das aacuteguas do accedilude Edson Queiroz bacia do Acarauacute no Semi-Aacuterido cearense Revista Ciecircncia Agronocircmica v38 n1 p25-31 2007 OLIVEIRA JNP A influecircncia da poluiccedilatildeo difusa e do regime hidroloacutegico do semiaacuterido na qualidade da aacutegua de um reservatoacuterio tropical 2012 99p Dissertaccedilatildeo de Mestrado - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal 2012 99p PRADO R B Manejo integrado de reservatoacuterios destinados a uso muacuteltiplo como perspectiva de recuperaccedilatildeo da qualidade da aacutegua in Recursos hidroenergeacuteticos usos impactos e planejamento integrado Ed RiMa Satildeo Carlos 2002 RENOVATO D C C SENA C P S SILVA M M F Anaacutelise de paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos das aacuteguas da barragem puacuteblica da cidade de Pau dos Ferros (RN) ndash pH cor turbidez acidez Alcalinidade condutividade cloreto e salinidade In IX Congresso de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica ndash IFRN 9 2013 Anais IX CONGIC Natal 2013 p 879-888 SILVA A Pde S DIAS H C T BASTOS R K X SILVA E Qualidade da aacutegua do reservatoacuterio da usina hidreleacutetrica (UHE) de Peti Minas Gerais R Aacutervore Viccedilosa-MG v33 n6 2009 p1063-1069

QUALIDADE DA AacuteGUA DE RESERVATOacuteRIO UTILIZADO PARA ABASTECIMENTO PUacuteBLICO SEMIAacuteRIDO NORDESTINO

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SILVA N JUNQUEIRA V C A SILVEIRA N F de A Manual de meacutetodos de anaacutelise microbioloacutegica de alimentos e aacutegua 4ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Livraria Varela 2010 SOUZA S L Qualidade da aacutegua do reservatoacuterio da usina hidreleacutetrica de Passo Fundo Tractebel energia - SUEZ RS 2004 p3 TUNDISI J G Recursos hiacutedricos no futuro problemas e soluccedilotildees Estudos avanccedilados 22(63) pp 1-16 2008

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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CAPIacuteTULO 4

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE

ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

Amanda da Silva BARBOSA1 Maria Virgiacutenia da Conceiccedilatildeo ALBUQUERQUE1

Wilton Silva LOPES2

Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOS3 1Mestrandas do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental UEPB

2Professor Dr UEPB 3Orientadora Professor(a) Dra UEPB amandauepbbiohotmailcom

RESUMO Cianobacteacuterias satildeo microrganismos fotossintetizadores oxigecircnicos (produtores de oxigecircnio molecular) presentes na terra haacute 28 bilhotildees de anos Oxigenaram a atmosfera e manteacutem os 20 desse gaacutes no ar que respiramos Sem elas a vida humana natildeo seria possiacutevel Desde o seacuteculo passado satildeo estudadas pelo seu crescimento exuberante em aacuteguas ricas em nutrientes com impactos antropogecircnicos que limitam seus usos As presenccedilas de cianobacteacuterias nos reservatoacuterios de abastecimento puacuteblico satildeo frequentes e perigosas algumas linhagens produzem cianotoxinas hepatotoacutexicas e neurotoacutexicos que podem provocar morte de homens e animais Natildeo satildeo completamente eliminadas no tratamento convencional de potabilizaccedilao da aacutegua (coagulaccedilatildeosedimentaccedilatildeo filtraccedilatildeocloraccedilatildeo) Microcystis aeruginosa produtora de microcistinas eacute frequente no Nordeste suas toxinas afetam o fiacutegado e rins Altas concentraccedilotildees de cianobacteacuterias dificultam o tratamento (colmatam filtros produzem sabor e odor) e as toxinas natildeo eliminadas podem ser distribuiacutedas pela rede de abastecimento Sua remoccedilatildeo consegue-se com teacutecnicas avanccediladas de tratamento incorporadas no sistema convencional O trabalho

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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apresenta um levantamento bibliograacutefico do usoeficiecircncia de duas tecnologias inovadoras de baixo custo na remoccedilatildeo de cianotoxinas de aacuteguas de abastecimento humano Adsorccedilatildeo por Carbono Ativado e Processos Oxidativos Avanccedilados Embora com resultados excelentes seu uso em escala real eacute ocasional ficando a populaccedilatildeo exposta a riscos de intoxicaccedilotildees com a aacutegua distribuiacuteda se natildeo for submetida ao controle sistemaacutetico de cianotoxinas

Palavras-chave Cianotoxinas Carbono Ativado Processos

Oxidativos Avanccedilados (POAacutes)

1 INTRODUCcedilAtildeO

Nenhum processo metaboacutelico ocorre sem a participaccedilatildeo

da aacutegua Solvente universal constitui 70 a 90 dos seres vivos

A aacutegua precisa ser ingerida constantemente para a manutenccedilatildeo

da homeostase celular A aacutegua destinada ao consumo humano

deve apresentar qualidade apropriada para tal fim no Brasil

deve satisfazer as condiccedilotildees de qualidade definidas na Portaria

No 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministeacuterio da Sauacutede

que estabelece padrotildees de referecircncia (Valores Maacuteximos

Permitidos - VMP) para mais de 84 paracircmetros orgacircnicos e

inorgacircnicas que devem ser quantificados para verificar se a

aacutegua potabilizada natildeo eacute prejudicial ao ser humano A portaria

ainda dispotildee sobre as frequecircncias de amostragens de

cianotoxinas no ponto de captaccedilatildeo de aacutegua nos mananciais de

abastecimento humano em funccedilatildeo de densidade de

cianobacteacuteria nos mesmos

A legislaccedilatildeo sobre cianobacteacuterias e suas toxinas foi

introduzida na Portaria No 1469 de 29 de dezembro de 2000 do

Ministeacuterio da Sauacutede que estabeleceu novos procedimentos e

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

67

responsabilidades para o controle e vigilacircncia da qualidade da

aacutegua para consumo humano e seu padratildeo de potabilidade em

decorrecircncia da morte de 52 pacientes em 1996 em uma cliacutenica

de hemodiaacutelises em CaruaruPE ndash Brasil apoacutes receberem

durante vaacuterios meses por via intravenosa aacutegua com

cianotoxinas em especial microcistina-LR (AZEVEDO et al

2002 FALCONER HUMPAGE 2005) Foi o primeiro evento de

mortes humanas por microcistinas efetivamente comprovadas

e ocasionou raacutepida mudanccedila da legislaccedilatildeo mundial sobre

qualidade e o controle da aacutegua potaacutevel e dos mananciais sob

orientaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (1998)

As cianotoxinas satildeo metaboacutelitos secundaacuterios produzidos

pelas cianobacteacuterias com efeitos hepatotoacutexicos neurotoacutexicos

citotoacutexicos e dermatotoacutexicos cuja funccedilatildeo ecoloacutegica eacute ainda

discutida alguns pesquisadores consideram que agem em

mecanismo de defesa outros argumentam que podem auxiliar

na captaccedilatildeo da luz solar e uma terceira explicaccedilatildeo atribui a

essas moleacuteculas a capacidade de sinalizaccedilatildeo para a

comunicaccedilatildeo entre as cianobacteacuterias (CHORUS BARTRAM

1998)

A Portaria No 29142011- MS fixa a frequecircncia de

monitoramento das cianotoxinas no ponto de captaccedilatildeo de aacutegua

do reservatoacuterio em mensal para uma densidade celular de ateacute

10000 ceacutelulasml-1 e em semanal para 20000 ceacutelulasml-1 ou

superior assim como estabelece a anaacutelises da concentraccedilatildeo

das cianotoxinas no manancial e na aacutegua tratada antes de sua

distribuiccedilatildeo se no manancial houver gecircneros e espeacutecies de

cianobacteacuterias potencialmente produtoras de toxinas

Determina ainda o VMP de 1 μgL-1 na aacutegua de beber para

microcistinas sendo esse valor a somatoacuteria de todas as

variantes dessa toxina que devem representar as contribuiccedilotildees

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

68

das fraccedilotildees intra e extracelulares nas amostras de aacutegua

analisadas

Microcistinas e cylindrospermopsinas assim como

muitas outras cianotoxinas se bioacumulam em moluscos

camarotildees e caramujos e apresentam alguma atividade toacutexica

(KISS et al 2002 SAKER et al1999) Essas observaccedilotildees

alertam para o poder toacutexico dessas toxinas e sua presenccedila

frequente nos mananciais de abastecimento puacuteblico causa

preocupaccedilatildeo aos oacutergatildeos de sauacutede e agraves companhias de

tratamento de aacutegua em relaccedilatildeo agrave eficiecircncia do tratamento da

aacutegua e agrave gravidade dos inconvenientes que podem ser

causados se forem lanccediladas cianotoxinas na aacutegua ldquopotaacutevelrdquo

distribuiacuteda pela rede municipal

Consequecircncia de accedilotildees antroacutepicas ao longo dos anos

na forma de descargas de esgotos industriais e domeacutesticos in

natura (somente satildeo coletados 22 dos esgotos municipais

produzidos no nordeste e cerca de 486 de todo o Brasil) ou

parcialmente tratados e os escoamentos difusos agriacutecolas e

urbanos que atingem os corpos de aacutegua e elevam as

concentraccedilotildees de macronutrientes (compostos de foacutesforo e de

nitrogecircnio) o aumento da produccedilatildeo primaacuteria eacute raacutepido e em

especial o aumento do fitoplacircncton com predomiacutenio de

cianobacteacuterias devido a sua elevada capacidade adaptativa

(TRATA BRASIL 2015)

No nordeste semiaacuterido a frequecircncia de floraccedilotildees com

abundancia de cianobacteacuterias vem aumentando

aceleradamente com a prolongaccedilatildeo da estiagem iniciado em

2012 e que jaacute estaacute no quarto ano de duraccedilatildeo A evaporaccedilatildeo da

aacutegua armazenada concentra os nutrientes na massa de aacutegua

remanescente nos accediludes Esse crescimento raacutepido e as

floraccedilotildees acarretam o aumento da concentraccedilatildeo de toxinas na

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

69

aacutegua com seacuterio risco agraves populaccedilotildees quando o fenocircmeno ocorre

em mananciais destinados ao abastecimento puacuteblico

Cianobacteacuterias em excesso conferem cor odor e sabor

desagradaacuteveis agrave aacutegua do manancial o qual perde seu atrativo

turiacutestico e afeta outros diversos usos da aacutegua

A maioria das cianotoxinas satildeo endotoxinas e liberadas

no meio aquaacutetico com a morte celular Nessas circunstancias

suas concentraccedilotildees aumentam na aacutegua e aceleram os danos

na biota e em animais e humanos que as utilizam (CODD et al

2005 KARDINAAL et al 2005) Essa constataccedilatildeo eacute um alerta

sobre as condiccedilotildees de tratamento a serem aplicadas na

potabilizaccedilatildeo de aacuteguas eutrofizadas jaacute que algumas etapas do

sistema convencional como a coagulaccedilatildeo podem contribuir com

a destruiccedilatildeo celular e consequente liberaccedilatildeo dessas toxinas

aumentando sua concentraccedilatildeo na aacutegua que esta sendo tratada

na ETA em relaccedilatildeo a carga inicial captada do manancial

Trabalhos de vaacuterios autores mostraram que as

tecnologias convencionais de tratamento de aacutegua satildeo

adequadas para remover cianobacteacuterias mas natildeo removem

completamente as microcistinas natildeo conseguindo atingir o

padratildeo de 1microgL-1 para aacutegua potaacutevel (Portaria No 29142011-

MS) (DI BERNARDO et al 2005)

Diante do exposto a pesquisa objetivou efetuar um

levantamento bibliograacutefico sobre o desenvolvimento e aplicaccedilatildeo

de tecnologias avanccediladas de tratamento de aacutegua para consumo

humano destinadas agrave remoccedilatildeo de cianotoxinas presentes em

aacutegua de abastecimento puacuteblico causa de seacuterios riscos agrave sauacutede

publica

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

70

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Trata-se de um estudo de revisatildeo bibliograacutefica sobre a

produccedilatildeo cientiacutefica no tema ldquoTratamento avanccedilado de aacutegua de

abastecimento e remoccedilatildeo de cianotoxinasrdquo Foram

considerados os bancos de dados SciELO (ScientificElectronic

Library Online) e CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de

Pessoal de Niacutevel Superior) acessados no periacuteodo marccedilo a

setembro de 2016 com publicaccedilotildees dos uacuteltimos vinte anos

As tecnologias avanccediladas foram analisadas em relaccedilatildeo

ao tratamento convencional tambeacutem denominado de ciclo

completo Em particular satildeo tratadas em detalhes a adsorccedilatildeo

por carbono ativado seja em poacute (CAP) adicionado em diferentes

pontos do tratamento ou com carbono ativado granular em

coluna assim como diversas variantes dos Processos

Oxidativos Avanccedilados (POArsquos) como fenton uso de luz UV luz

solar adiccedilatildeo de H2O2 e dioacutexido de titacircnio (TiO2) entre outras

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Ateraccedilatildeo de fatores como a alta concentraccedilotildees de

nutrientes (foacutesforo e nitrogecircnio) radiaccedilatildeo solar temperatura

elevada turbidez pH salinidade e disponibilidade de carbono

propiciam o desenvolvimento de floraccedilotildees de algas macroacutefitas

e cianobacteacuterias que recobrem grande parte da superfiacutecie do

corpo aquaacutetico formando uma densa camada esverdeada que

causa a perda das qualidades cecircnicas limita os usos dessa

aacutegua e gera graves problemas no processo de potabilizaccedilatildeo

para eliminar as toxinas produzidas pela cianobacteacuterias

(CEBALLOS AZEVEDO BENDATE 2006)

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

71

Dados do IBGE para o ano 2008 indicaram que havia

mais 2817 municiacutepios com estaccedilotildees de tratamento

convencional no Brasil dentre os quais 104 se localizam na

Regiatildeo Norte 851 no Nordeste 1087 no Sudeste 545 no Sul

e 230 no Centro-oeste Considerando que diversos municiacutepios

dispotildeem de mais de uma unidade de tratamento estima-se que

mais 3500 estaccedilotildees convencionais estejam em operaccedilatildeo no

paiacutes Embora predominem em quantidade diversas

dificuldades satildeo observadas na remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e

cianotoxinas nesses sistemas fenocircmeno relativamente novo

em relaccedilatildeo agrave eacutepoca em que elas foram criadas (PADUA 2006)

E embora fazem mais de 10 anos dessas descobertas ainda se

continua usando na potabilizaccedilatildeo de aacuteguas eutrofizadas com

alta densidade de cianobacteacuterias e toxinas dissolvidas a

tecnologia convencional adequado para aacutegua bruta de

diferentes qualidades mas apresenta restriccedilotildees para a remoccedilatildeo

nanocontaminantes emergentes dentre eles as cianotoxinas

(DRIKAS et al 2009)

Trabalhos referentes agrave coagulaccedilatildeo mostram em escala

de bancada e piloto que a adiccedilatildeo de sulfato de alumiacutenio e

cloreto feacuterrico com mistura raacutepida seguida de floculaccedilatildeo natildeo

provocam danos nas ceacutelulas de Microcystis aeruginosa (CHOW

et al1999) Mais recentemente estudos de vaacuterios processos

que podem ser aplicados para a eliminaccedilatildeo de cianotoxinas no

tratamento de aacutegua para abastecimento humano mostraram

promissores o carbono ativado e os processos oxidativos

avanccedilados que aleacutem de eficientes satildeo de baixo custo

Qualquer material carbonaacuteceo pode ser transformado

em carbono ativado com propriedades adsorventes diferentes e

de acordo com o tipo de mateacuteria-prima utilizada e das condiccedilotildees

a qual eacute submetida para sua ativaccedilatildeo (BANSAL e GOYAL

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

72

2004) O carbono ativado eacute um material carbonaacuteceo altamente

poroso com grande aacuterea superficial com capacidade adsorvente

elevada Hoje eacute uma das substancias adsorventes mais

utilizadas no mundo no tratamento de aacuteguas destinadas ao

consumo humano e para tratar aacuteguas residuais industriais em

particular na induacutestria quiacutemica por ser um excelente

adsorventes de moleacuteculas que causam sabor e odor na aacutegua e

com poderes genotoacutexicos e mutagecircnicos (MULLER 2008)

O carbono ativado eacute apresentado em duas formas

ambas comumente usadas no tratamento de aacutegua a granular ndash

CAG e em poacute - CAP Dentre as vantagens do CAG estatildeo pode

ser recuperado regenerado e reusado e recomenda-se seu

uso quando a presenccedila de microcontaminantes eacute contiacutenua

Todavia o CAP eacute mais econocircmico na fase inicial de uso por que

se pode modificar as dosagens segundo a necessidade e seu

emprego pode ser sazonal mas haacute dificuldades para sua

regeneraccedilatildeo e aumenta a quantidade e lodo produzido na ETA

(SNOEYING SUMMERS 1990)

A aacuterea superficial especiacutefica do carbono eacute outro

paracircmetro importante na sua capacidade adsortiva e em geral

quanto maior maior seraacute a adsorccedilatildeo Os carbonos ativados

mais usados apresentam aacuterea entre 800 a 1500 m2g-1 Ainda o

tamanho dos poros e sua distribuiccedilatildeo satildeo fatores fundamentais

os mais utilizados possuem volume de poros de 020 a 060

cm3g -1 (BANSAL e GOYAL 2004) Os poros de acordo com

seu diacircmetro meacutedio se classificam em microporos primaacuterio

(lt08 nm) Microporos secundaacuterio (08 0 ndash 20 nm) mesoporos

(2 ndash 50 nm) e macroporos (gt 50nm) Para a adsorccedilatildeo de

microcistina -LR se recomenda carbono ativado de madeira

pelo grande volume de mesoporos A conformaccedilatildeo da moleacutecula

de microcistina requer para uma boa adsorccedilatildeo o predomiacutenio de

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

73

microsporos secundaacuterios e mesosporos (KURODA et al

2005)

O carbono ativado em poacute (CAP) eacute mais utilizado no Brasil

para o controle de sabor e odor na aacutegua tratada e sua aplicaccedilatildeo

pode ser continua ou intermitente o qual depende da substancia

a ser adsorvida e das caracteriacutesticas da aacutegua bruta Para seu

uso deve-se escolher o local apropriado de adiccedilatildeo para

favorecer a boa mistura evitar interferecircncia dos produtos

quiacutemicos do tratamento e garantir o tempo de contato suficiente

para que ocorra a adsorccedilatildeo dos contaminantes e assegurar que

seu uso natildeo causara alteraccedilotildees na qualidade final da aacutegua

(SNOEYINK e SUMMERS 1990) Os locais de mais frequecircncia

de aplicaccedilatildeo satildeo na captaccedilatildeo antes ou durante a mistura

raacutepida e antes ou durante a filtraccedilatildeo Vale salientar que ao

longo do tempo de uso do CAP este perde sua capacidade de

accedilatildeo pela saturaccedilatildeo dos poros e deve ser substituiacutedo o qual

requer de sua eliminaccedilatildeo do sistema junto com os lodos

produzidos no tratamento da aacutegua Ou seja o CAP eacute de difiacutecil

recuperaccedilatildeo e reativaccedilatildeo o qual o torna ate mais caro que o

CAG

As vantagens do CAG satildeo sua alta capacidade adsortiva

e que o material adsorvido pode ser removido da coluna

recuperando-se o carbono pode ser novamente ativado

diminuindo os custos Podem tambeacutem ser formados biofilmes

microbianos nos poros onde microrganismos contribuem com a

biodegradaccedilatildeo das moleacuteculas adsorvidas e aumentam o tempo

de vida uacutetil do CAG na coluna e ambos contribuem remoccedilatildeo dos

nanocontaminantes ao longo da filtraccedilatildeo (AKTAS CcedilECcedilEN

2007) Ecircxitos na remoccedilatildeo de cianotoxinas com CAG satildeo

apresentados em diversos estudos O uso de qualquer um dos

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

74

dois tipos de Carbonos Ativados eacute importante para a remoccedilatildeo

dos nanocontaminantes

Wang et al (2007) aplicaram filtraccedilatildeo por carbono

ativado granular com e sem atividade bioloacutegica para remoccedilatildeo

de microcistinas-LR e LA constatando apoacutes seis meses de

operaccedilatildeo da coluna de CAG esteacuteril uma adsorccedilatildeo de 70 de

MC-LR e 40 de MC-LA em aacutegua com concentraccedilatildeo inicial de

5microgL dessas microcistinas Destacaram que CAG com

atividade bioloacutegica pode atingir 100 de remoccedilatildeo e conferiram

que temperatura densidade inicial e tipos de bacteacuterias

participantes da biodegradaccedilatildeo satildeo determinantes da eficiecircncia

do processo confirmando a relevacircncia da combinaccedilatildeo dos

processos de adsorccedilatildeo e biodegradaccedilatildeo (CAB) com eficiecircncia

mais elevada do que quando esses processos ocorrem

isoladamente Poreacutem tambeacutem observaram concorrecircncia da

mateacuteria orgacircnica pelos siacutetios de adsorccedilatildeo do carbono ativado o

que foi causa em alguns testes de menores eficiecircncias Neste

mesmo ano Huang et al (2007) mostraram adsorccedilotildees

melhores de MC-LR no CAG com maiores proporccedilotildees de

mesosporos e macroporos material facilmente encontrado e

cujo uso implicaria em menores custos no tratamento da aacutegua

Veronezi-Viana et al (2009) testaram aacutegua destilada

adicionada com saxitoxinas obtendo remoccedilatildeo satisfatoacuteria com

CAP de madeira mas natildeo os de origem mineral e de osso A

maior eficiecircncia na remoccedilatildeo de saxitoxinas foi de 68 para

dosagem de 50 mgL-1 e tempo de contato de 2 horas O volume

total de poros do CAP na superfiacutecie pareceu indicar a melhor

capacidade de adsorccedilatildeo dessas toxinas

Yang et al (2010) aplicaram filtraccedilatildeo por carbono

granular em escala piloto usando aacutegua com concentraccedilatildeo

meacutedia de 433 ngL-1 de 2-MIB e 74 ngL geosmina produzidas

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

75

por linhagem de bacteacuterias do gecircnero Actinomyces e

responsaacuteveis por odor e sabor desagradaacutevel na aacutegua tratada

obtendo remoccedilatildeo de 92 e 831 respectivamente Quando

combinado CAG com ozonizaccedilatildeo do efluente da coluna para

remoccedilatildeo dos mesmos compostos nas mesmas concentraccedilotildees

houve remoccedilatildeo de porcentuais de 96 (2-MIB) e de 100

(geosmina) GUERRA et al (2015) avaliaram em escala de

bancada a remoccedilatildeo de microcistina-LR em colunas de CAG de

casca de coco de dendecirc de diferentes granulometrias (042 -

140 e 060 - 236 mm) usando aacutegua bruta de manancial

coletada na entrada da ETA e adicionada de cianotoxina obtida

por lise celular de cultura toxigecircnicas A aacutegua de estudo foi

previamente tratada por sistema convencional simulando um

sistema convencional utilizando-se Jar Test o efluente final

decantado foi aduzido aos filtros de areia cujo efluente foi

distribuiacutedo nas duas colunas de carvatildeo ativado granular Todas

as etapas do tratamento convencional foram pouco eficientes

na remoccedilatildeo da microcistina-LR jaacute o CAG removeu entre 80 a

100 com a maior eficiecircncia daquele com menor

granulometria que conseguiu remover a toxina ateacute niacuteveis inferior

ao estabelecido pela Portaria 29142011 ndashMS

Lima (2015) verificou o valor de pHpcz do Carbono

Ativado Granularde casca de coco de dendecirc e determinou os

melhores tempos de contato em que ocorrem as maiores taxas

de adsorccedilatildeo para remoccedilatildeo microcistina-LR Comprovou que a

adsorccedilatildeo foi eficiente para a remoccedilatildeo de MC-LR com

eficiecircncias meacutedias acima de 90O Carbono Ativado

Granularutilizado apresentou valor de pHpcz favoraacutevel agrave

adsorccedilatildeo de MC-LR nas condiccedilotildees dos experimentos Os

resultados obtidos dos testes com diferentes pHs confirmaram

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

76

que a adsorccedilatildeo de MC-LR foi mais eficiente em pH aacutecido e

proacuteximo a 50

Dessa maneira para analisar a adsorccedilatildeo da

microcistina-LR por carbono ativado eacute importante levar em

consideraccedilatildeo que se trata de uma moleacutecula de alta massa

molar agregada de aminoaacutecidos complexos com

caracteriacutesticas hidrofoacutebicas e propriedades em soluccedilatildeo aquosa

consequentemente a correta seleccedilatildeo do carvatildeo ativado para

remoccedilatildeo dessa toxina da aacutegua antes de se adotar qualquer

medida de adsorccedilatildeo se requer de uma avaliaccedilatildeo dessas duas

propriedades combinadas ao conhecimento detalhado das

propriedades fiacutesicas do adsorvente e da sua superfiacutecie quiacutemica

(PENDLETON et al 2001 HUANG et al2007)

Os POAs satildeo alternativas interessantes para o

tratamento de aacutegua e de aacuteguas residuais com significativa

importacircncia na restauraccedilatildeo ambiental ao degradarem

numerosos poluentes orgacircnicos Podem ser combinados com

outras tecnologias de tratamento tais como preacute-tratamento ou

poacutes tratamento sendo amplamente utilizados para melhorar o

desempenho do tratamento convencional (OLLER et al 2011)

Ao longo das uacuteltimas duas deacutecadas uma diversidade de POAs

com base na geraccedilatildeo de radicais hidroxila (OHbull) foram

desenvolvidos

Os POAs dividem-se em sistemas homogecircneos e

heterogecircneos onde o radical hidroxila eacute gerado com ou sem

irradiaccedilatildeo Sistemas homogecircneos natildeo apresentam catalizador

na fase soacutelida Os sistemas heterogecircneos possuem

catalizadores semi-condutores como o TiO2 ZnO Fe2O3 SiO2

e Al2O3 que aceleram a velocidade da reaccedilatildeo ateacute atingir o

equiliacutebrio quiacutemico sem sofrerem alteraccedilatildeo quiacutemica

(NOGUEIRA 2007)

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

77

Atualmente os POAs satildeo utilizados no tratamento de

aacutegua (LINDEN et al 2014) por oxidarem

contaminantesorgacircnicos e inorgacircnicos melhorando a

biodegradabilidade do efluente (ANTONOPOULOU 2014

NOGUEIRA 2007) Nos uacuteltimos anos tem itensificado o uso de

uma variedade de POAs na degradaccedilatildeo de variantes de

cianotoxinas com excelentes resultados de degraccedilatildeo

No trabalho conduzido por Cabral (2010) foi avaliado o

processo de fotocataacutelise heterogecircnea usando TiO2 e radiaccedilatildeo

UV na remoccedilatildeo de Microcystis aeruginosa e microcistina-LR de

aacuteguas eutrofizadas com uso de um reator do tipo ciliacutendrico

paraboacutelico ndash PTR A aacutegua utilizada foi preparada com adiccedilatildeo de

ceacutelulas de Microcystis aeruginosa e o sistema foi operado no

reator focataliacutetico do tipo PTR Foram realizadas anaacutelises

quantitativas de cianobacteacuterias e cianotoxinas (MC-LR) Os

valores da concentraccedilatildeo de microcistina-LR detectados no

afluente no efluente do filtro e no efluente do reator foram

respectivamente de 464 μgL-1 423 μgL-1 e 135 μgL-1 As

meacutedias revelam que no afluente e efluente do filtro natildeo houve

diferenccedilas significativas mas houve eficiecircncia de remoccedilatildeo no

processo fotocataliacutetico Aacutes eficiecircncias de remoccedilatildeo foram de

88 no filtro e 70 no reator demonstrando que o processo

de fotocataacutelise heterogecircnea foi eficiente na remoccedilatildeo de

microcistina

Freitas (2008) utilizou o processo UVH2O2 que se

mostrou muito eficiente na remoccedilatildeo de microcistina- LR (de

100 apoacutes 15 minutos para concentraccedilatildeo inicial de 50 μgL-1

de MC-LR) Os experimentos foram conduzidos em reator de

bancada em brossilicato com 250 ml de capacidade equipado

com sistemas de refrigeraccedilatildeo por aacutegua e agitaccedilatildeo magneacutetica

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

78

He et al 2012 mostraram que sob influecircncia de radiaccedilatildeo

UV de 80 mJ cm2 e uma concentraccedilatildeo de H2O2 inicial de 882

mM a toxina MC-LR em concentraccedilatildeo inicial de 1 mM pode ter

remoccedilatildeo de 939 Os experimentos foram realizados em um

aparelho fotoquiacutemico de escala de bancada com baixa pressatildeo

de mercuacuterio e lacircmpadas germicidas que emitiam ondas de

2537 nm

No trabalho de Silva (2015) o reagente fenton foi um

oacutetimo oxidante e coagulante com elevada eficiecircncia da

oxidaccedilatildeo da microcistina-LR no tratamento de aacutegua com alta

concentraccedilatildeo inicial de MC-LR (1024 μgL-1) A concentraccedilatildeo

remanescente e a microcistina-LR foi inferior a 10 μgL-1 nas

faixas de pH 20 45 e 70 e no tempo de oxidaccedilatildeo 50 125 e

20 minutos Com base nos resultados eacute possiacutevel afirmar que o

uso do reagente fenton para a potabilizaccedilatildeo de aacutegua

eutrofizada com elevada cor e mateacuteria orgacircnica pode ser

apropriada uma vez que este complexo atua como um preacute-

oxidante e coagulante com remoccedilatildeo de ateacute 99 de MC-LR

Atualmente esta intensificado o uso de variedades de

POAs na degradaccedilatildeo de cianotoxinas com excelentes

resultados sendo viaacutevel ampliar a escala de aplicaccedilatildeo para

condiccedilotildees reais nas ETAs o que permitiria aacutegua de beber sem

perigo de intoxicaccedilotildees com cianotoxinas Entretanto ainda natildeo

se verifica seu amplo uso nas ETArsquos brasileiras

4 CONCLUSOtildeES

Cianobacteacuterias em aacuteguas de abastecimento

representam perigo potencial para a sauacutede humana e ambiental

pela sua produccedilatildeo e liberaccedilatildeo de toxinas hepatotoacutexicas e

neurotoacutexicas que afetam ao homem e agrave biota em geral O

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

79

tratamento convencional aplicado nas ETAacutes da maioria do

Brasil natildeo satildeo eficientes na remoccedilatildeo dessas cianotoxinas

dissolvidas na aacutegua Para sua eliminaccedilatildeo da aacutegua de beber

satildeo necessaacuterios tratamentos avanccedilados aliados ao tratamento

convencional para retenccedilatildeo de ceacutelulas e das toxinas (carbonos

ativados) e para sua destruiccedilatildeo (POArsquoS) que eliminam os

riscos para o consumo humano

Os processos oxidativos avanccedilados (POArsquos) e o carbono

ativado se mostram bastante eficientes Pela sua simplicidade

baixo custo facilidade de uso e alta eficiecircncia na destruiccedilatildeo de

cianotoxinas se evidenciam como tecnologias de faacutecil acesso

agraves ETAs de todo o paiacutes e em especial agraves da regiatildeo nordeste

onde se verificam com maior frequecircncia corpos aquaacuteticos

eutrofizados com cianotoxinas em elevadas concentraccedilotildees

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

80

CABRAL Simone Mendes Avaliaccedilatildeo da remoccedilatildeo de Microcystis aeruginosa e microcistina-LR de aacuteguaseutrofiizadasutiiliizando fotocataacutelise heterogecircneaDissertaccedilatildeo (MestradoemCiecircncias e TecnologiaAmbiental)-UniversidadeEstadual da Paraiacuteba Programa de Poacutes- GraduaccedilatildeoemCiecircncia e TecnologiaAmbiental Paraiacuteba 2008 CEBALLOS BSO AZEVEDOSMFdeOBENDATE MM de Fundamentos Bioloacutegicos e Ecoloacutegicos Relacionados aacutes Cianobacteacuterias In Valter Luacutecio de Paacutedua (coordenador) Contribuiccedilatildeo ao estudo da remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e microcontaminantes orgacircnicos por meio de teacutecnicas de tratamento de aacutegua para consumo humanoABESq PROSAB Rio de Janeiro p 23 ndash 81 2006 CHORUS I BARTRAM J (Eds)Toxic Cyanobacteria in Water In A Guide to Their Public Health Consequences Monitoring and Management Published by WHO Spon Press London 1999 CHOW CWK et al The impact of conventional water treatment processes on cells of the Cyanobacterium Microcystis aeruginosa Water Research v 33 n 15 p 3253-3262 1999 CHRISTINE C Toxicity of iron and hydrogen peroxide The Fenton reaction Toxicology Letters v 8283 p969-974 1995 CARMICHAEL WW CORAL LA LAPOLLI FR (2014) Cianobacteacuterias em Mananciais de Abastecimento ndash Problemaacutetica e Meacutetodos de RemoccedilatildeoDAE2014066 Press London 1999 DANIEL L A Processos de desinfecccedilatildeo e desinfetantes alternatives naproduccedilatildeo de aacuteguapotaacutevel In Meacutetodosalternativos de desinfecccedilatildeo da aacuteguaPROSAB Satildeo Paulo 2004 DE SOUZA RCR MC Carvalho and AC Truzzi Cylindrospermopsis raciborskii (Wolosz) SeenayaandSubbaRaju (Cyanophyceae) dominanceand a contributiontotheknowledgeof Rio Pequeno arm Billings Reservoir Brazil Environmental ToxicologyandWaterQuality 1998 DI BERNARDO L DANTAS ADB Meacutetodos e teacutecnicas de tratamento de aacutegua v1 2ed RimaSatildeo Carlos 2005 DRIKAS M DIXON M MORRAM J Removalof MIB andgeosminusing granular activatedcarbonwithandwithout MIEX pre-treatment WaterResearchv 43 p 5151- 5159 2009 EL-SHEIKH SM ZHANG G EL-HOSAINY HM ISMAIL AA OSHEA KE FALARAS P KONTOS AG DIONYSIOU DD High performance sulfur nitrogenandcarbondopedmesoporousanatase-brookiteTiO₂photocatalyst for theremovalofmicrocystin- LR undervisible light irradiation JournalHazardMater v280 p723 733 2014 FALCONER IR and AR Humpage Cyanobacterial (blue-greenalgal) toxins in watersupplies Cylindrospermopsis Environmental Toxicology 21 2006

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

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FREITAS Adriane Martins Utilizaccedilatildeo de processos oxidativos avanccedilados para remediaccedilatildeo de aacuteguas contaminadas com toxinas produzidas por cianobacteacuterias UFC 2008 GUERRA AB TONUCCI MC CEBALLOS BSO GUIMARAtildeES HRC LOPES WS AQUINOSF Remoccedilatildeo de microcistina-LR de aacuteguas eutrofizadas por clarificaccedilatildeo e filtraccedilatildeo seguidas de adsorccedilatildeo em carvatildeo ativado granular Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental (Online) v20 p 603-612 2015 HE X PELAEZ M WESTRICK JA OrsquoSHEA KE HISKIA A TRIANTIS T KALOUDIS T STEFAN MI DE LA CRUZ AA DIONYSIOU DD Efficient removal of microcystin-LR by UV-CH2O2 in synthetic and natural water samples Water research v46 p1501-1510 2012 HUANG WJ CHENG B L CHENG Y L Adsorptionofmicrocystin-LR bythreetypesofactivatedcarbon JournalofHazardousMaterials v 141 p 115-122 2007 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2008 Disponiacutevel emhttpwwwibgegovbr acesso em 01 de setembro de 2016 JURCZAK T TARCZYNSKA M IZYDORCZYK K MANKIEWICZ J ZALEWSKI M MERILUOTO J Eliminationofmicrocystinsbywatertreatment processes ndash examplesfromSulejowReservoir Poland WaterResearch v39 p2394-2406 2005 KARDINAAL WEA VISSER PM Dynamics of cyanobacterial toxinsIn HUISMAN JMATTHIJS HCP VISSER PM (Org) HARMFUL CYANOBACTERIA Aquatic Ecology Series v3 2005 KISS T VEHOVSZKY A HIRIPI L KOVACS A VOROS L Membraneeffectsoftoxinsisolatedfrom a cyanobacteriumCylindrospermopsin raciborskii onidentifiedmolluscanneurons ComparativeBiochemistryandPhysiologyPart CToxicologyandPharmacology 131C(2)167-176 2002 KURODA EK Caracterizaccedilatildeo e escolha do tipo de carvatildeo ativado a ser empregado no tratamento de aacutegua contendo microcistins In CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITAacuteRIA E AMBIENTAL Campo Grande Anais Eletrocircnicos Campo Grande 2005 LIMA NNC Remoccedilatildeo de microcistina-LR atraveacutes de adsorccedilatildeo com de carvatildeo ativado Dissertaccedilatildeo de mestrado Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental Universidade Estadual da Paraiacuteba Campina GrandePB p86 2015 LINDEN KG MOHSENI M AdvancedOxidation Processes Applications in DrinkingWaterTreatment ComprehensiveWaterQualityandPurification v2 p148-172 2014

ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

82

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ELIMINACcedilAtildeO DE CIANOTOXINA COM MEacuteTODOS RAacutePIDOS E DE BAIXO CUSTO EM AacuteGUA DE ABASTECIMENTO PUacuteBLICO

83

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QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

84

CAPIacuteTULO 5

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO

PERNAMBUCANO

Bruna Manoela Pereira de LIMA1

Carlos Roberto Cavalcante de LIRA2

Ravenna Maria Bezerra BARBOSA3

Leandro Gomes VIANA4

Patriacutecia Silva CRUZ5

1 Poacutes-Graduanda em Sauacutede Puacuteblica ndash Autarquia Educacional do Belo Jardim-AEB-FBJ 23 Graduados em Licenciatura em Ciecircncias Bioloacutegicas ndash Universidade Estadual do Vale do

Acarauacute ndash UVA 4 Poacutes- Graduando em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental ndash MCTAUEPB 5Orientadora ndash Universidade Estadual da Paraiacuteba ndash UEPB

E-mail patriciacruz_biologahotmailcom

RESUMO O presente estudo objetivou avaliar a qualidade (fiacutesica quiacutemica e microbioloacutegica) da aacutegua armazenada em 12 cisternas (placas e polietileno) com distintas fontes de captaccedilatildeo instaladas no semiaacuterido pernambucano Para levantamento dos dados foram realizadas visitas teacutecnicas nas comunidades contempladas com as cisternas distribuiacutedas pelo Programa do Governo Federal (Aacutegua para Todos) Para compor o universo amostral foram selecionadas 12 cisternas (sendo 06 de placas e 06 de polietileno) distribuiacutedas de forma aleatoacuteria e com distintas fontes de captaccedilatildeo cujas anaacutelises foram realizadas em parceria com o LEAq ndash Laboratoacuterio de Ecologia Aquaacutetica e com o LACEN (Laboratoacuterio Anaacutelises de Aacutegua) Pode-se observar que para as anaacutelises fiacutesicas e quiacutemicas todas as cisternas atenderam ao padratildeo de potabilidade estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente exceto para a turbidez que apresentou-se acima dos padrotildees estabelecidos Para a anaacutelise

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

85

microbioloacutegica todas as cisternas (placas e polietileno) apresentaram contaminaccedilatildeo por coliformes totais e Escherichia coli (exceto C1 e C2) provavelmente associadas a fonte de abastecimento (carros-pipa) e ao manejo inadequado Ressalta-se portanto a relevacircncia do desenvolvimento de accedilotildees de educaccedilatildeo sanitaacuteria continuada como ferramenta para a conservaccedilatildeo da qualidade da aacutegua armazenada e a adoccedilatildeo de medidas preventivas que atuem como barreiras sanitaacuterias que possam minimizar os riscos agrave sauacutede da populaccedilatildeo abastecida Palavras- Chave Captaccedilatildeo de aacutegua Cisterna de placa Cisterna de Polietileno

1 INTRODUCcedilAtildeO

O baixo iacutendice pluviomeacutetrico da regiatildeo Nordeste do Brasil

influencia diretamente a qualidade da aacutegua disponibilizada para

a populaccedilatildeo chamando a atenccedilatildeo para dois problemas de

grande relevacircncia social caracterizados pela necessidade de

captaccedilatildeo da aacutegua oriunda das chuvas na tentativa de amenizar

a escassez hiacutedrica (SOUZA et al2011) e suprir a necessidade

de abastecimento nas residecircncias juntamente com a

preocupaccedilatildeo de se estar consumindo uma aacutegua isenta de

microrganismos patogecircnicos

Segundo o Group Raindrops (2002) a qualidade da aacutegua de

chuva eacute determinada pelo local de coleta e sua exposiccedilatildeo aos

agentes contaminantes durante a accedilatildeo de captaccedilatildeo transporte

e armazenamento (XAVIER 2009)

O uso de cisternas como sistema de captaccedilatildeo de aacutegua de

chuva tem se mostrado como uma alternativa para minimizar a

carecircncia hiacutedrica no semiaacuterido brasileiro (RODRIGUES et

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

86

al2007) sendo necessaacuterio uma atenccedilatildeo direcionada a

qualidade da aacutegua armazenada haja visto que esta pode ser

afetada por diversos fatores entre eles o manejo inadequado

Para Amorin Porto (2003) a utilizaccedilatildeo das cisternas visatildeo

suprir a carecircncia de aacutegua das pessoas que convivem com a

seca mas embora construiacutedas com a finalidade de captar aacutegua

proveniente das chuvas que geralmente satildeo excelentes para

vaacuterios usos incluindo o consumo humano podem ser

abastecidas com aacutegua de outras fontes a exemplo de carros-

pipa o que contribui para natildeo confiabilidade da potabilidade da

aacutegua armazenada

A qualidade da aacutegua da cisterna estaacute diretamente associada

ao manejo seja o manejo da aacutegua pelo morador seja o manejo

fiacutesico do sistema de captaccedilatildeo e armazenamento Manter a

cisterna iacutentegra fechada livre de animais fazer a lavagem

anual do reservatoacuterio como tambeacutem a manutenccedilatildeo do sistema

de captaccedilatildeo bem como o manejo correto da utilizaccedilatildeo da

bomba manual e sistema de desvio das primeiras aacuteguas no

conjunto reflete boas praacuteticas de manejo fiacutesico do sistema

(XAVIER 2010)

Outras barreiras fiacutesicas tambeacutem podem ser providenciadas

como limpeza frequente e manutenccedilatildeo da cisterna a natildeo

utilizaccedilatildeo de baldes e cordas para o processo de retirada da

aacutegua telamento das entradas e saiacutedas das cisternas aleacutem da

verificaccedilatildeo da existecircncia de rachaduras e problemas com as

tampas das cisternas que podem se tornar portas de entradas

para contaminantes (AMORIM PORTO 2003) Diante do

exposto o presente estudo objetivou avaliar a qualidade (fiacutesica

quiacutemica e microbioloacutegica) da aacutegua armazenada em 12 cisternas

(placas e polietileno) com distintas fontes de captaccedilatildeo

instaladas no semiaacuterido pernambucano

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

87

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi realizado no municiacutepio de Tuparetama

localizado na Macrorregiatildeo do Sertatildeo Pernambucano e na

Microrregiatildeo do Pajeuacute com posiccedilatildeo geograacutefica determinada

pelo paralelo de -7ordm 36 0725 da latitude -37 18 396 de longitude

e clima eacute semiaacuterido quente com temperaturas variando entre

20ordm C e 36ordmC (IBGE 2010)

Para levantamento dos dados foram realizadas visitas

teacutecnicas nas comunidades contempladas com as cisternas

distribuiacutedas pelo Programa do Governo Federal (Aacutegua para

Todos) Para compor o universo amostral foram selecionadas

12 cisternas (sendo 06 de placas e 06 de polietileno)

distribuiacutedas de forma aleatoacuteria e com distintas fontes de

captaccedilatildeo (Figura 1)

Figura 1 Mapa de Distribuiccedilatildeo e identificaccedilatildeo das Cisternas Tuparetama-PE

Fonte Autores 2014

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

88

As coletas foram realizadas nas 12 cisternas no mecircs de

abril de 2014 Os paracircmetros analisados e metodologia estatildeo

dispostos na tabela 1 onde a coleta transporte preservaccedilatildeo e

anaacutelise das amostras seguiram as recomendaccedilotildees do Standard

Methods for the Examination of Water and Wastewater (AWWA

2005)

Tabela 1 Meacutetodos utilizados na anaacutelise das variaacuteveis de qualidade da aacutegua

Variaacutevel Unidade Meacutetodo Anotaccedilotildees

pH -------- Potenciomeacutetrico pHmetro Tecnal

Cor Aparente mgPt- Co∕L Eletromeacutetrico

AWWA (2005)

Turbidez UT Eletromeacutetrico

Turbidimetro

Soacutelidos Dissolvidos Totais mg∕L Caacutepsulas AWWA (2005)

Coliformes Totais e Termotolerantes UFC Membrana Filtrante

AWWA (2005)

As anaacutelises foram realizadas em parceria com o LEAq ndash

Laboratoacuterio de Ecologia Aquaacutetica com sede na Universidade

Estadual da Paraiacuteba (UEPB) e com o LACEN (Laboratoacuterio

Anaacutelises de Aacutegua) Os dados foram analisados atraveacutes de

representaccedilotildees graacuteficas realizadas com o programa

computacional Microsoft Office Excel 2010

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

89

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os resultados obtidos foram confrontados com a Portaria Nordm

2914 de 12 de Dezembro de 2011 que estabelece padrotildees de

potabilidade para aacuteguas utilizadas no abastecimento humano

Pode-se observar que em todas as cisternas o pH variou

entre 721 - 854 conforme a figura 2 estando dentro do limite

estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Nas cisternas C1 C6 C8

C10 C11 e C12 (cisternas de placa) essa variaacutevel apresentou

valores na faixa de 726 - 854 representando uma

concentraccedilatildeo aceitaacutevel para consumo humano no entanto

esses resultados verificados podem estar associados com a

dissoluccedilatildeo de compostos presentes nos materiais utilizados na

construccedilatildeo das cisternas

Segundo Mantovani et al (2012) a aacutegua da chuva em

contato com superfiacutecies que contenha cimento pode ocasionar

a dissoluccedilatildeo do mesmo removendo assim carbonato de caacutelcio

(CaCO3) e elevando os teores de pH Provavelmente o

aumento do niacutevel dessa variaacutevel esteja associado agrave influecircncia

de iacuteons de carbonatos (CO32) e bicarbonatos (HCO3) liberados

do cimento Vale ressaltar que C1 foi construiacuteda haacute menos de

01 ano fator facilitador para a elevaccedilatildeo do pH

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

90

Figura 2 Valores de pH registrados nas cisternas TuparetamandashPE

A cor aparente nas amostras apresentou valor miacutenimo de

23 Pt-CoL (cisternas de polietileno) e maacutexima de 101 Pt-CoL

(cisternas de placas) atendendo dessa forma os padrotildees

exigidos pela portaria (Figura 3)

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

91

Figura 3 Valores de Cor registrados nas cisternas Tuparetama ndashPE

No que diz respeito agrave cisterna C7 o manejo aplicado pela

famiacutelia consiste no desvio da aacutegua da primeira chuva aleacutem de

contar com o fato de que a estrutura da cisterna eacute de material

que natildeo sofre diluiccedilatildeo em contato constante com a aacutegua

(cisterna de polietileno) No entanto a elevaccedilatildeo da cor

observada em C11 pode estar relacionada com o material

constituinte (cisterna de placa) aleacutem desta ser abastecida por

carro-pipa cuja origem da aacutegua captada eacute desconhecida e natildeo

passar por limpezas perioacutedicas Essa variaccedilatildeo encontrada entre

as cisternas supracitadas pode ser considerada como um fator

que estaacute correlacionado com accedilotildees que visam criar barreiras

fiacutesicas aos possiacuteveis contaminantes

De acordo com Scorsafava et al (2010) o paracircmetro

fiacutesico relacionado a cor indica a presenccedila de soacutelidos

dissolvidos sejam eles orgacircnicos ou inorgacircnicos relacionando

assim esse fator aos cuidados de limpeza e manutenccedilatildeo do

sistema de coleta

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

92

Em detrimento das condiccedilotildees encontradas algumas

medidas podem ser adotadas para evitar a entrada de

contaminantes nas cisternas dentre elas a limpeza e

manutenccedilatildeo perioacutedica do sistema de coleta e da cisterna

desvio da primeira aacutegua retirada da aacutegua evitando a utilizaccedilatildeo

instrumentos em condiccedilotildees higiecircnicas precaacuterias aleacutem do uso

comum destes recipientes para outras atividades Amorim Porto

(2003)

Verificou-se que a turbidez esteve fora dos limites

estabelecidos pela Portaria vigente (50 UT) em todas as

cisternas em estudo (Figura 4) provavelmente associado agrave

presenccedila de material particulado (LEAL LIBAcircNIO 2002)

Figura 4 Valores de Turbidez registrados nas cisternas Tuparetama ndashPE

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

93

Os resultados encontrados provavelmente podem estar

associados a dois fatores a turbidez dos corpos drsquoaacutegua da

regiatildeo que satildeo naturalmente turvas em decorrecircncia das

caracteriacutesticas geoloacutegicas das bacias de drenagem dos iacutendices

pluviomeacutetricos e do uso de praacuteticas agriacutecolas muitas vezes

inadequadas para as cisternas abastecidas por carro-pipa cuja

origem da aacutegua captada eacute desconhecida e em decorrecircncia da

precipitaccedilatildeo que pode carrear partiacuteculas de argila silte areia e

fragmentos de rocha que se natildeo desviados na primeira chuva

iratildeo se depositar nas cisternas sejam elas de placa ou de

polietileno (LIBAcircNIO (2010)

Segundo Kato et al (2006) esse registro pode estaacute

associado agrave ressuspensatildeo dos sedimentos acumulados no

fundo na cisterna por accedilatildeo das chuvas Em todas as amostras

os valores de soacutelidos dissolvidos totais (SDT) foram inferiores

ao VMP da Portaria (1000 mgL) Independente do material

constituinte (placas ou polietileno) todas as cisternas

abastecidas por carro-pipa exceto C3 (sem desvio)

apresentaram concentraccedilotildees dessa variaacutevel acima de 230

mgL Para as cisternas cuja aacutegua eacute captada atraveacutes da chuva

as concentraccedilotildees de soacutelidos variaram entre 14-104 mgL

(Figura 5)

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

94

Figura 5 Valores de Soacutelidos Totais Dissolvidos (STD) registrados nas cisternas Tuparetama ndashPE

Quanto aos aspectos microbioloacutegicos (coliformes totais e

Escherichia coli) verificou-se que em todas as cisternas (placas

e polietileno) foram encontradas a presenccedila de bacteacuterias do

grupo coliformes e a presenccedila de Escherichia coli exceto em

C1 e C2 (Tabela 2)

Tabela 2 Anaacutelise microbioloacutegica verificada nas cisternas Tuparetama ndashPE

CISTERNAS COLIFORMES TOTAIS COLIFORMES

TERMOTOLERANTES-

ESCHERICHIA COLI

C1 Presenccedila Ausecircncia

C2 Presenccedila Ausecircncia

C3 Presenccedila Presenccedila

C4 Presenccedila Presenccedila

C5 Presenccedila Presenccedila

C6 Presenccedila Presenccedila

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

95

C7 Presenccedila Presenccedila

C8 Presenccedila Presenccedila

C9 Presenccedila Presenccedila

C10 Presenccedila Presenccedila

C11 Presenccedila Presenccedila

C12 Presenccedila Presenccedila

A incidecircncia de Coliformes totais e Escherichia coli nas

cisternas podem ser provavelmente justificada por estas

apresentarem estrutura fiacutesica com deterioraccedilatildeo ocasionadas

pelo tempo (fendas tampas de zinco enferrujadas e

quebradas) para as de placas aleacutem da retirada da aacutegua de

forma manual com a utilizaccedilatildeo de baldes e cordas que muitas

vezes entram em contato com animais e atuam como facilitador

para contaminaccedilatildeo da aacutegua existente no reservatoacuterio seja ele

de placa ou de polietileno

A constataccedilatildeo da presenccedila do grupo coliforme nas

amostras coletadas assume um papel fundamental como

paracircmetro indicador da possibilidade da existecircncia de

microrganismos nocivos agrave sauacutede isso por que os mesmos satildeo

responsaacuteveis pela transmissatildeo de doenccedilas de veiculaccedilatildeo

hiacutedrica tais como verminoses coacutelera entre outras (BRITO et al

2005)

Segundo Franco e Landgraf (2001) essa contaminaccedilatildeo

relacionada a coliformes totais eacute decorrente da presenccedila de

animais de sangue quente como aves gatos entre outros

animais que passam nas proximidades Embora os riscos

epidemioloacutegicos associados agraves cisternas sejam pequenos os

estudos mais atuais recomendam que todo empenho seja feito

para diminuir a contaminaccedilatildeo das aacuteguas das cisternas

utilizadas para consumo humano (ANDRADE NETO 2003)

QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

96

pois mesmo que o aproveitamento de aacutegua de chuva seja uma

soluccedilatildeo atraente do ponto de vista ecoloacutegico potenciais riscos

agrave sauacutede da ingestatildeo de aacutegua de chuva coletada relacionados agrave

contaminaccedilatildeo microbioloacutegica devem ser levados em conta

(SAZAKLI et al (2007) VIALLE 2011)

4 CONCLUSOtildeES

Pode-se constatar que embora as famiacutelias beneficiadas

pelas cisternas estejam ldquosatisfeitasrdquo com a aacutegua armazenada

nestas foi evidenciado em todas as cisternas a presenccedila de

bacteacuterias do grupo coliformes totais e Escherichia coli (exceto

C1 e C2) provavelmente associadas a fonte de abastecimento

(carros-pipa) e ao manejo inadequado Ressalta-se portanto a

relevacircncia do desenvolvimento de accedilotildees de educaccedilatildeo sanitaacuteria

continuada como ferramenta para a conservaccedilatildeo da qualidade

da aacutegua armazenada e a adoccedilatildeo de medidas preventivas que

atuem como barreiras sanitaacuterias que possam minimizar os

riscos agrave sauacutede da populaccedilatildeo abastecida

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

97

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QUALIDADE HIacuteDRICA EM CISTERNAS DE PLACA E POLIETILENO DO SEMIAacuteRIDO PERNAMBUCANO

98

desvios das primeiras aacuteguas na melhoria da qualidade da aacutegua de cisternas rurais In Anais do 7deg SIMPOacuteSIO BRASILEIRO DE CAPTACcedilAtildeO E MANEJO DE AacuteGUA DE CHUVA Caruaru Set 2009 XAVIER R P Influecircncia de barreiras sanitaacuterias na qualidade da aacutegua de chuva armazenada em cisternas no semiaacuterido paraibano Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes- Graduaccedilatildeo da Universidade Federal de Campina Grande 2010

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

99

CAPIacuteTULO 6

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA COMO

PARTE DA AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DA AacuteGUA PARA CONSUMO HUMANO

Ermeton Duarte DO NASCIMENTO 1

Roseanne da Cunha UCHOcircA 2

Giselle Medeiros da Costa ONE 3 Magnoacutelia Fernandes Florecircncio DE ARAUacuteJO 4

1 Professor do DMP UFRN 2 Professora do DOD UFPB 3 Professora do Instituto BioLab PB 4 Professora do DMP UFRN

ermeton_duarteyahoocombr

RESUMO A resistecircncia aos antimicrobianos eacute considerada hoje um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica em todo o mundo e vaacuterios mananciais se encontram contaminados por bacteacuterias resistentes a essas drogas Nesse contexto a veiculaccedilatildeo desses microrganismos na aacutegua de consumo utilizada pelas comunidades representa um problema mais seacuterio principalmente em aacutereas afastadas dos grandes centros onde ainda se observa uma carecircncia de serviccedilos de sauacutede As unidades de sauacutede especializadas se encontram em cidades polos geralmente distantes de comunidades menores e um processo infeccioso causado por uma bacteacuteria resistente nessas circunstacircncias pode ser extremamente perigoso Sendo assim este artigo traz agrave discussatildeo a proposta da inclusatildeo desses microrganismos no rol dos indicadores de risco para a sauacutede humana na aacuterea de qualidade da aacutegua do nuacutecleo de Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede em conjunto com outras medidas para monitoramento controle e prevenccedilatildeo da contaminaccedilatildeo desses recursos bem como a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e parcerias entre os diferentes niacuteveis de

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

100

gestatildeo de modo a facilitar o acompanhamento e a mitigaccedilatildeo dos efeitos e dos riscos que a contaminaccedilatildeo ambiental por bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos podem trazer para a sauacutede da populaccedilatildeo Palavras-chave Ambiente aquaacutetico Resistecircncia microbiana a medicamentos Vigilacircncia em sauacutede

1 INTRODUCcedilAtildeO

A existecircncia do homem na terra eacute marcada pelo sucesso

da experiecircncia do conviacutevio com os outros seres vivos e pela

adaptaccedilatildeo agraves diferentes nuances e inuacutemeras mudanccedilas do

meio ambiente Entretanto apesar de amparado no

desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico sua sobrevivecircncia agrave

exposiccedilatildeo aos diferentes agentes etioloacutegicos doenccedilas e

agravos parece ser um dos seus maiores desafios

Desde antes da era comum o ser humano luta contra os

organismos responsaacuteveis pelo desenvolvimento de processos

infecciosos e a descoberta do antibioacutetico penicilina em 1928

trouxe uma maior vantagem para essa luta (FRANCO et al

2009) Poreacutem apoacutes a descoberta desse medicamento um novo

evento foi observado vaacuterios microrganismos antes sensiacuteveis a

essa nova droga se tornaram resistentes (LOWY 2003) e deu-

se iniacutecio a uma nova batalha de um lado o homem descobrindo

novos faacutermacos na tentativa de se proteger das infecccedilotildees e do

outro lado os microrganismos tentando sobreviver aos

antibioacuteticos (MARTIacuteNEZ COQUE BAQUERO 2015)

O fenocircmento da resistecircncia antibioacutetica eacute atualmente

considerado um grave problema de sauacutede puacuteblica mundial

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

101

(AMINOV 2009) e se tornou ainda mais seacuterio porque foram

encontradas diferentes espeacutecies bacterianas resistentes aos

antibioacuteticos contaminando outros ambientes aleacutem do

hospitalar inclusive a aacutegua utilizada para consumo humano

(ADZITEY NAFISAH HARUNA 2015)

A resistecircncia antibioacutetica foi inicialmente detectada nos

ambientes hospitalares e diversos estudos mostraram que se

daacute em decorrecircncia de um maior uso dessas drogas nesses

ambientes que acaba por selecionar as cepas mais resistentes

um fenocircmeno conhecido como pressatildeo seletiva (MARTIacuteNEZ

2008 MARTIacuteNEZ COQUE BAQUERO 2015) Acreditava-se

que apenas as bacteacuterias no ambiente hospitalar apresentavam

esse tipo de resistecircncia e que o seu surgimento se dava

somente quando uma bacteacuteria resistente transferia genes de

resistecircncia para uma bacteacuteria sensiacutevel Entretanto a

descoberta de bacteacuterias resistentes a antibioacuteticos isoladas do

material de pergelissolo tipo de solo encontrado na regiatildeo do

Aacutertico datado de aproximadamente 30000 anos trouxe uma

nova perspectiva para a temaacutetica a resistecircncia antibioacutetica jaacute

existia no meio ambiente mesmo antes do iniacutecio do uso dos

antibioacuteticos na praacutetica cliacutenica (NESME SIMONET 2015)

Para compreender esse processo eacute importante assumir

que cepas bacterianas diferentes poreacutem de uma mesma

espeacutecie isoladas de qualquer tipo de amostra podem

apresentar diferentes padrotildees de susceptibilidade a uma

mesma droga Nas amostras ambientais em locais onde nunca

houve antes o contato com o ser humano ou os seus dejetos

as cepas ambientais normalmente apresentam resistecircncia a

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

102

determinados antimicrobianos em concentraccedilotildees mais baixas

do que aquelas usadas no ambiente hospitalar (AMINOV

2009) Entretanto as espeacutecies ambientais em decorrecircncia da

troca de material geneacutetico com bacteacuterias mais resistentes

tambeacutem podem expressar resistecircncia a determinadas drogas

na mesma concentraccedilatildeo usada no ambiente cliacutenico ou

hospitalar (MARTIacuteNEZ COQUE BAQUERO 2015) Vale

salientar que o ambiente aquaacutetico eacute um excelente meio para a

troca de material geneacutetico intra e inter-especiacutefica ou seja entre

indiviacuteduos da mesma espeacutecie ou de espeacutecies diferentes

(NASCIMENTO MAESTRO CAMPOS 2001) e o surgimento

de bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos nos ambientes

aquaacuteticos tem crescido consideravelmente (MIYAKE

KASAHARA MORISAKI 2003)

De uma forma geral a propagaccedilatildeo de bacteacuterias

resistentes e de genes de resistecircncia pode ser influenciada por

vaacuterios fatores tais como falta de saneamento aglomeraccedilotildees

viagens e agrupamento de pessoas suscetiacuteveis como idosos

e crianccedilas por exemplo Aleacutem de que as diferenccedilas de

protocolos de prescriccedilatildeo medicamentosa ausecircncia de poliacuteticas

de controle do uso racional de antibioacuteticos e variaacuteveis

socioeconocircmicas como baixa escolaridade podem influenciar

o consumo indiscriminado dessas drogas e consequentemente

tambeacutem levar ao desenvolvimento da resistecircncia bacteriana

(BRUINSMA et al 2002) Nesse contexto tambeacutem eacute

importante ressaltar que o uso descontrolado dos antibioacuteticos

nas atividades pecuaacuterias e de cultivo tem levado agrave

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

103

contaminaccedilatildeo dos ambientes aquaacuteticos e aacute seleccedilatildeo de

microrganismos resistentes (BILA DEZOTTI 2003)

No Brasil jaacute foram identificadas bacteacuterias resistentes aos

antibioacuteticos em aacutegua de rio (COUTINHO et al 2014) lago e

lagoa (SALLOTO et al 2012 MARTINS et al 2014) e do mar

(SALLOTO et al 2012 COUTINHO et al 2014) Tambeacutem jaacute

foram identificadas bacteacuterias resistentes em estaccedilotildees de

tratamento de esgotos (RIBEIRO 2011) em aacutegua de tanques

usados para aquicultura (CARVALHO et al 2013) e ateacute mesmo

em aacutegua de beber (LASCOWSKI et al 2013) Esse cenaacuterio se

torna mais preocupante porque em algumas regiotildees brasileiras

o uso da aacutegua apresenta certas limitaccedilotildees em decorrecircncia da

sua escassez (BEZERRA MATTOS BECKER 2011

CAMPOS 2014)

A regiatildeo semiaacuterida brasileira eacute um exemplo de como a

escassez hiacutedrica pode aumentar o problema da contaminaccedilatildeo

dos mananciais A aacutegua nessa regiatildeo eacute geralmente

armazenada a partir da construccedilatildeo de adutoras ou mesmo em

reservatoacuterios (BRANCO SINISGALLI 2011) poreacutem por natildeo

possuiacuterem um esgotamento sanitaacuterio apropriado a maioria das

comunidades usuaacuterias desses recursos hiacutedricos nessas

localidades destina seus dejetos para os corpos drsquoaacutegua e

podem levar a contaminaccedilatildeo dos reservatoacuterios (SILVA et al

2007 CIRILO 2008)

Segundo Lazzaro et al (2003) grande parte dos

reservatoacuterios da regiatildeo semiaacuterida do nordeste brasileiro

encontra-se em estado eutroacutefico ou hipertroacutefico contaminados

por bacteacuterias de importacircncia meacutedica (NASCIMENTO ARAUacuteJO

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

104

2013) podendo servir de veiacuteculo para vaacuterias doenccedilas (CIRILO

2008) Entretanto natildeo eacute apenas na regiatildeo nordeste do Brasil

que encontramos ambientes aquaacuteticos contaminados O

relatoacuterio da Agecircncia Nacional de Aacuteguas - ANA (2015) sobre a

situaccedilatildeo dos recursos hiacutedricos brasileiros mostra que em todo

o paiacutes os iacutendices de qualidade da aacutegua ndashIQA apontam para uma

prevalecircncia de 43 desses recursos com qualidade variando

entre regular e ruim nas aacutereas urbanas Essa contaminaccedilatildeo eacute

associada aos baixos iacutendices de coleta e tratamento de esgoto

domeacutestico como apontam vaacuterios trabalhos desenvolvidos na

regiatildeo Norte (CUNHA et al 2004) Centro-oeste

(VASCONCELOS SERAFINI MARQUES 1999) Sul

(FUENTEFRIA FERREIRA CORCcedilAtildeO 2011) e Sudeste do

paiacutes (BARCELLOS et al 2006) e podem aumentar a incidecircncia

de doenccedilas de veiculaccedilatildeo hiacutedrica nessas localidades (ANA

2015)

Ainda segundo o relatoacuterio da ANA (2015) na maioria

desses Estados a aacutegua das comunidades eacute usada

principalmente para irrigaccedilatildeo saneamento abastecimento

urbano e diluiccedilatildeo de efluentes Considerando a baixa qualidade

dessas aacuteguas eacute importante ressaltar que no Brasil poucos

estudos sobre a resistecircncia antimicrobiana foram realizados

sobre bacteacuterias contaminantes da aacutegua de consumo Segundo

Do Nascimento e Araujo (2014) nos uacuteltimos 25 anos a maioria

dos trabalhos realizados no Brasil sobre resistecircncia bacteriana

aos antimicrobianos nos ambientes aquaacuteticos satildeo focados na

aacuterea de aquicultura Consequentemente se faz necessaacuterio um

olhar mais cuidadoso sobre a contaminaccedilatildeo dos ambientes

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

105

aquaacuteticos principalmente pela carecircncia de trabalhos sobre a

resistecircncia bacteriana aos antibioacuteticos nesses ambientes no

Brasil

Nesse contexto a veiculaccedilatildeo de microrganismos

resistentes a um ou a vaacuterios antimicrobianos na aacutegua de

consumo utilizada pelas comunidades representa um problema

mais seacuterio principalmente em aacutereas afastadas dos grandes

centros onde ainda se observa uma carecircncia de serviccedilos de

sauacutede e as unidades especializadas em sauacutede se encontram

em cidades polos geralmente distantes de comunidades

menores e um processo infeccioso causado por uma bacteacuteria

resistente nessas circunstacircncias pode ser extremamente

perigoso

Essa preocupaccedilatildeo se fundamenta porque apesar da

carecircncia de estudos epidemioloacutegicos sobre a resistecircncia

antimicrobiana em bacteacuterias isoladas de ambientes aquaacuteticos

no Brasil trabalhos dessa natureza em outros paiacuteses mostram

o envolvimento dessas bacteacuterias em diversos processos

infecciosos nos indiviacuteduos usuaacuterios desses recursos (CABRAL

2010 CHAGAS et al 2011) e podem servir de base cientiacutefica

para as accedilotildees de sauacutede puacuteblica

Historicamente pode-se afirmar que o desenvolvimento

da microbiologia trouxe para a epidemiologia vaacuterios aspectos

que constituiram a base do modelo biomeacutedico de sauacutede-doenccedila

aceito e usado ateacute meados do seacuteculo passado quando se fez

necessaacuteria a visualizaccedilatildeo do homem como ser social que

interage com o todo natildeo apenas o bioloacutegico e foram

assumidas e incorporadas ao debate sobre sauacutede outras

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

106

discussotildees e consideradas a dimensatildeo psiacutequica social e

comportamental da atual sociedade que inclui o ambiente em

que se vive (ROHLFS et al 2011)

Assim a identificaccedilatildeo de bacteacuterias resistentes aos

antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos pode se

constituir numa ferramenta de grande importacircncia para a

vigilacircncia ambiental em sauacutede uma aacuterea da vigilacircncia

epidemioloacutegica a partir do momento que assume o aumento do

risco agrave sauacutede da populaccedilatildeo usuaacuteria desses recursos hiacutedricos

contaminados pela presenccedila desses microrganismos Quando

se considera que a aacutegua desses mananciais no Brasil tem sido

usada para as mais diversas atividades produtivas (ANA 2015)

o aumento da exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo a esse fator de risco

torna o identificaccedilatildeo desses microrganismos ainda mais

importante

Sendo assim este trabalho tem como objetivo propor a

discussatildeo para a inclusatildeo das bacteacuterias isoladas de ambientes

aquaacuteticos e resistentes aos antimicrobianos na lista de

indicadores de risco de sauacutede ou agravo quando da sua

identificaccedilatildeo nesses ambientes E com isso levar a

questionamentos sobre a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que

visem o controle da liberaccedilatildeo dos efluentes contaminados por

antibioacuteticos eou bacteacuterias resistentes provenientes de

atividades que faccedilam uso desses medicamentos e que possam

contaminar outros corpos dacuteaacutegua

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

107

Este estudo constitui-se de um ensaio que apresenta

uma anaacutelise sobre a resistecircncia antimicrobiana em ambientes

aquaacuteticos e propotildee a inclusatildeo dessas bacteacuterias no rol dos

fatores de risco para a populaccedilatildeo usuaacuteria desses recursos As

referecircncias bibliograacuteficas consultadas foram publicadas em

documentos oficiais e satildeo pautadas nas normas da Vigilacircncia

Ambiental em Sauacutede Tambeacutem foram usados para consulta

artigos cientiacuteficos publicados nas bases de dados LiLacs

PubMed e SciELO A pesquisa foi limitada por artigos

publicados ateacute fevereiro de 2016 e utilizou os descritores water

antibiotic resistance e survailance da Biblioteca Virtual em

Sauacutede em inglecircs portuguecircs e espanhol

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 O nuacutecleo de Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede

Na discussatildeo da resistecircncia bacteriana aos

antimicrobianos em bacterias isoladas de ambientes aquaacuteticos

a Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede se apodera de um papel

crucial dentro do Sistema Uacutenico de Sauacutede - SUS a prevenccedilatildeo

A Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede tambeacutem conhecida por

Vigilacircncia em Sauacutede Ambiental ou em alguns casos apenas

como Vigilacircncia Ambiental eacute uma subcoordenadoria subgrupo

ou subsecretaria da Vigilacircncia Epidemioloacutegica nos Estados e

Municiacutepios Essa subcoordenadoria teve seu iniacutecio ideoloacutegico

na portaria nordm 1399 de 15 de dezembro de 1999 que inspirou

o decreto nordm3450 de 9 de maio de 2000 da Fundaccedilatildeo Nacional

de Sauacutede ndash FUNASA para a sua criaccedilatildeo (FUNASA 2002)

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

108

Esses documentos foram a base que instituiu a Instruccedilatildeo

Normativa nordm1 de 25 de setembro de 2001 para regulamentar

a atuaccedilatildeo da Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede

Segundo a FUNASA o nuacutecleo de vigilacircncia ambiental

em sauacutede eacute conceituado como

ldquo um conjunto de accedilotildees que proporciona o conhecimento e a

detecccedilatildeo de qualquer mudanccedila nos fatores determinantes e

condicionantes do meio ambiente que interferem na sauacutede

humana com a finalidade de identificar as medidas de

prevenccedilatildeo e controle dos fatores de risco ambientais

relacionados agraves doenccedilas ou outros agravos agrave sauacutederdquo

(FUNASA 2002 p8)

Ainda segundo o documento da FUNASA (2002) esse

nuacutecleo deve estar articulado com outras instituiccedilotildees publicas ou

privadas que faccedilam parte do SUS bem como com as demais

instituiccedilotildees intergrantes das aacutereas do meio ambiente

saneamento e sauacutede que adotem accedilotildees interrelacionadas com

o propoacutesito de exercer a vigilacircncia dos fatores de risco

ambientais que podem afetar a sauacutede da populaccedilatildeo

Seguindo orientaccedilatildeo da FUNASA e considerando que os

fatores ambientais abrangem componentes fiacutesicos quiacutemicos

bioloacutegicos e antroacutepicos a estrutura organizacional do nuacutecleo de

vigilacircncia em sauacutede ambiental deve se dividir em duas grandes

coordenaccedilotildees de vigilacircncia a de fatores de risco NAtildeO

bioloacutegicos e a de fatores de risco Bioloacutegicos que natildeo implica

em dissociaccedilatildeo entre si (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE

2003) (Fig 01)

Figura 01 Estrutura organizacional da Vigilacircncia Ambiental

em Sauacutede (Adaptado da FUNASA 2002)

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

109

A coordenaccedilatildeo de Vigilacircncia de fatores de risco

bioloacutegicos se divide em trecircs aacutereas 1) Vetores 2) Hospedeiros e Reservatoacuterios e 3) acidentes com animais peccedilonhentos E a coordenaccedilatildeo de Vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos se divide em cinco aacutereas 1) Qualidade da aacutegua 2) do ar 3) do solo 4) acidentes e desastres naturais e 5) contaminantes ambientais

O foco da coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco bioloacutegicos no meio ambiente eacute o agente bioloacutegico objetivando mapear as aacutereas de risco em determinados territoacuterios e as suas relaccedilotildees com a vigilacircncia epidemioloacutegica quanto agrave incidecircncia e prevalecircncia A coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos propotildee o mapeamento de aacutereas de risco baseado na presenccedila de substacircncias quiacutemicas fiacutesicas eou radiaccedilotildees ionizantes que contaminem ou alterem a qualidade dos recursos naturais e aumentem os riscos de doenccedilas decorrentes da exposiccedilatildeo Entretanto ambas as coordenaccedilotildees trabalham em conjunto para mapear aacutereas de risco para a sauacutede humana e minimizar a possibilidade de contaminaccedilatildeo do meio ambiente por agentes transmissores e o desenvolvimento de doenccedilas e agravos

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

110

32 Bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos Uma

proposta de inclusatildeo na avaliaccedilatildeo da qualidade da aacutegua

para consumo humano

Considerando a discussatildeo sobre a contaminaccedilatildeo dos

recursos hiacutedricos por bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos faz-se necessaacuterio entender a atuaccedilatildeo da aacuterea de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano no funcionamento da vigilacircncia ambiental em sauacutede

A vigilacircncia da qualidade da aacutegua para consumo humano - QUALIAacuteGUA eacute uma aacuterea da coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos que tem como objetivo o mapeamento de aacutereas de risco em determinados territoacuterios usando a qualidade da aacutegua consumida pela populaccedilatildeo distribuiacuteda por sistema de abastecimento de aacutegua ou provenientes de soluccedilotildees alternativas (coletada diretamente de mananciais superficiais poccedilos ou carros pipa) como paracircmetro Nessa avaliaccedilatildeo satildeo descritos aspectos de potabilidade com a intenccedilatildeo de assegurar a qualidade da aacutegua a fim de evitar que os usuaacuterios possam adoecer apoacutes o consumo (FUNASA 2002)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo da QUALIAacuteGUA e em situaccedilotildees consideradas de risco a sauacutede humana decorrente da maacute qualidade da aacutegua consumida eacute de crucial importacircncia o trabalho em parceria com a vigilacircncia epidemioloacutegica no que diz respeito a incidecircncia e prevalecircncia das doenccedilas e do impacto das medidas de monitoramento e controle da qualidade visando a eliminaccedilatildeo dos riscos

A aacuterea de qualidade da aacutegua da coordenaccedilatildeo de vigilacircncia de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos poderia assim atender a problemaacutetica da resistecircncia bacteriana aos antibioacuteticos quando aponta e descreve os agentes contaminantes da aacutegua avaliada Entretanto o isolamento desses microrganismos natildeo faz parte do rol de agentes

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

111

transmissores doenccedilas ou agravos da vigilacircncia ambiental em sauacutede em nenhuma das suas esferas municipal estadual ou federal Nem existem poliacuteticas puacuteblicas que objetivem fomentar a avaliaccedilatildeo da aacutegua de consumo na busca da identificaccedilatildeo desses agentes nem o controle da liberaccedilatildeo das drogas antimicrobianas nos mananciais quando descarregadas pelos setores produtivos que faccedilam uso desses agentes nas suas atividades Consequentemente tambeacutem natildeo haacute o monitoramento desses recursos para o controle da presenccedila desses organismos que poderiam ser considerados como indicadores de risco para a sauacutede da populaccedilatildeo

Nessa discussatildeo eacute importante ressaltar que o estabelecimento do nexo existente entre os fatores ambientais e a sauacutede da populaccedilatildeo se daacute por meio da seleccedilatildeo e do uso dos indicadores que satildeo definidos como ldquoum valor agregado a partir de dados e estatiacutesticas transformados em informaccedilatildeo para uso direto dos gestores Desse modo podem contribuir para aprimorar o gerenciamento e a implementaccedilatildeo de poliacuteticasrdquo (MACIEL FILHO et al 1999 p61) Segundo a European Environment Agency (EEA) o indicador eacute ldquo() uma medida geralmente quantitativa que pode ser usada para ilustrar e comunicar um conjunto de fenocircmenos complexos de uma forma simples incluindo tendecircncias e progressos ao longo do tempordquo (EEA 2005 p 7)

A partir desses conceitos pode-se dizer que os indicadores agregam valores aos dados avaliados e convertem as informaccedilotildees para o uso direto Um exemplo dessa afirmaccedilatildeo estaacute no uso do indicador de contaminaccedilatildeo microbioloacutegica da aacutegua por material fecal humano em um determinado manancial avaliado (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2011) Quando se usa esse indicador nas amostras satildeo identificadas certas bacteacuterias (no caso Escherichia coli) expressas em Unidades Formadoras de Colocircnia por mililitro de aacutegua Esses valores satildeo agregados e resumidos e entatildeo convertidos por meio de

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

112

caacutelculos estatiacutesticos os quais satildeo analisados e apresentados como indicadores

Para ser considerado um bom indicador a medida selecionada deve 1) ser a mais especiacutefica possiacutevel para a questatildeo tratada 2) ser sensiacutevel agraves mudanccedilas nas condiccedilotildees de interesse 3) ser cientificamente confiaacutevel 4) ser imparcial e representativa das condiccedilotildees avaliadas e 5) deve propiciar o maacuteximo de benefiacutecio e utilidade (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2011) Nesse contexto as bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos atendem a todos esses criteacuterios

Sendo assim quando avaliadas dentro das diretrizes que norteiam e controlam as atividades do nuacutecleo de vigilacircncia ambiental em sauacutede de que versa a legislaccedilatildeo da FUNASA percebe-se que a inclusatildeo das bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos como indicadores de risco para a sauacutede da populaccedilatildeo coaduna com o propoacutesito da Vigilacircncia Ambiental em Sauacutede

Considerando as normas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2011) e da FUNASA (2002) que regulam o funcionamento da Vigilacircncia em Sauacutede apresentamos como proposta principal a inclusatildeo das bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos isoladas de ambientes aquaacuteticos como parte das anaacutelises na aacuterea de qualidade da aacutegua para consumo humano da coordenaccedilatildeo de fatores de risco NAtildeO bioloacutegicos e propomos as seguintes accedilotildees para o nuacutecleo de vigilacircncia ambiental em sauacutede

1) A indicaccedilatildeo das bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos isoladas de aacutegua pra consumo humano como um dos indicadores de risco para a sauacutede humana

2) A anaacutelise microbioloacutegica perioacutedica da aacutegua dos reservatoacuterios utilizados para consumo humano tendo como foco principal a pesquisa da resistecircncia antimicrobiana nas bacteacuterias isoladas

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

113

3) O monitoramento das condiccedilotildees de funcionamento e liberaccedilatildeo dos resiacuteduos das atividades agriacutecolas e de produccedilatildeo e abate de animais que potencialmente utilizam esses medicamentos em suas atividades e contaminam a aacutegua dos manaciais e

4) A formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e parcerias entre os diferentes niacuteveis de gestatildeo a fim de facilitar o acompanhamento o controle e a mitigaccedilatildeo dos efeitos e dos riscos que a contaminaccedilatildeo ambiental por bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos podem trazer para a sauacutede da populaccedilatildeo

Dentro dessa proposta a realizaccedilatildeo dessas accedilotildees isoladamente ou em parceria com os atores das diversas esferas deve contar com o apoio da FUNASA No acircmbito do SUS estaacute previsto que a FUNASA fomentaraacute e apoiaraacute a estruturaccedilatildeo da aacuterea de vigilacircncia ambiental em sauacutede nas Secretarias Estaduais de Sauacutede e nas Secretarias Municipais de Sauacutede por meio da Programaccedilatildeo Pactuada Integrada de Epidemiologia e Controle de Doenccedilas ndash PPI-ECD e de projetos estruturantes com apoio financeiro do Projeto VIGISUS e outras fontes de financiamento que venham a ser identificadas (BRASIL - MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2003)

Vale salientar que o levantamento destes dados e a sua anaacutelise incluindo a coleta de amostras para exames laboratoriais e o cruzamento dessas informaccedilotildees com outras variaacuteveis epidemioloacutegicas e ambientais forneceratildeo subsiacutedios para o planejamento de programas e accedilotildees de prevenccedilatildeo e de controle do risco de contaminaccedilatildeo

Nessa temaacutetica se faz importante ressaltar que o aumento da populaccedilatildeo humana a contaminaccedilatildeo de mananciais como lagos lagoas e rios e a ingestatildeo de aacutegua contaminada devido agrave falta de saneamento trazem um grande risco agrave sauacutede elevando a concentraccedilatildeo de microrganismos resistentes no meio ambiente e facilitando a transferecircncia de genes de resistecircncia a patoacutegenos humanos Desse modo a investigaccedilatildeo de microrganismos aquaacuteticos (NASCIMENTO

ANTIMICROBIANOS EM AMBIENTES AQUAacuteTICOS UMA PROPOSTA DE INCLUSAtildeO DE ANAacuteLISE DE RESISTEcircNCIA BACTERIANA

114

ARAUacuteJO 2013) bem como a implementaccedilatildeo de medidas de contenccedilatildeo que impeccedilam a contaminaccedilatildeo hiacutedrica aliadas a estudos de mecanismos de resistecircncia a antibioacuteticos se fazem necessaacuterios para o controle da disseminaccedilatildeo da resistecircncia bacteriana nesses ambientes (MARTIacuteNEZ 2008 MARTIacuteNEZ BAQUERO 2014)

4 CONCLUSOtildeES

Considerando a resistecircncia antimicrobiana um grave

problema mundial e que os mananciais tecircm sido contaminados por bacteacuterias resistentes aos antimicrobianos propomos neste artigo 1) a inclusatildeo desses microrganismos como indicadores de risco para a sauacutede humana 2) a anaacutelise microbioloacutegica perioacutedica da aacutegua dos reservatoacuterios utilizados para consumo humano tendo como foco principal a pesquisa da resistecircncia antibioacutetica nas bacteacuterias isoladas 3) o monitoramento das condiccedilotildees de funcionamento e liberaccedilatildeo dos resiacuteduos das atividades agriacutecolas e de produccedilatildeo e abate de animais que potencialmente utilizam esses medicamentos em suas atividades e contaminam a aacutegua dos mananciais e 4) a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e de parcerias entre os diferentes niacuteveis de gestatildeo a fim de facilitar o acompanhamento o controle e a mitigaccedilatildeo dos efeitos e dos riscos que a contaminaccedilatildeo ambiental por bacteacuterias resistentes aos antibioacuteticos podem trazer para a sauacutede da populaccedilatildeo REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

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CAPIacuteTULO 7

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute

NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO ALEGRE (MA)

Maria Raimunda Chagas SILVA1

Eduardo Henrique Costa RODRIGUES 2

Cristiane Dominice MELO 1 Tatiana Cristina Santos de CASTRO1

1Professora Pesquisadoura do Departamento de Engenharia AmbientalUNICEUMA 2Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Ambientais Instituto de Ciecircncia e Tecnologia

Unespmarirahgmailcom

RESUMO A dinacircmica da qualidade dos sedimentos foi utilizada como forma de avaliar a qualidade ambiental da Bacia do rio Pindareacute O objetivo principal deste trabalho foi avaliar os paracircmetros fiacutesicos e quiacutemicos do sedimento da regiatildeo do meacutedio curso do rio Pindareacute O sedimento foi amostrado em trecircs pontos distintos entre os anos de 2010 a 2011 durante o periacuteodo de estiagem e chuvas na regiatildeo Foram realizadas coletas de sedimento para determinaccedilatildeo da granulometria carbono mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica Os resultados das anaacutelises apontaram uma predominacircncia da fraccedilatildeo areia e silte no material sedimentar com baixos teores de mateacuteria orgacircnica podendo este ser classificado como de natureza mineral Visualmente o rio apresenta desmatamento em suas margens comprometendo assim a sustentabilidade da bacia Concluiu-se que os resultados mostraram que o rio Pindareacute natildeo possui uma boa qualidade ambiental para coluna de sedimentos em funccedilatildeo dos impactos ambientais sofridos pelo rio e refletidos na mateacuteria orgacircnica granulometria e carbono As caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas do sedimento foram de extrema importacircncia

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

119

na dinacircmica do ecossistema aquaacutetico sendo que os valores encontrados estatildeo abaixo do estipulado pela resoluccedilatildeo CONAMA05 isso eacute considerado um bom sinal de conservaccedilatildeo na manutenccedilatildeo da vida aquaacutetica Palavras-chave Granulometria Mateacuteria Orgacircnica Carbono

Orgacircnico

1 INTRODUCcedilAtildeO

O planejamento ambiental sobre o qual as accedilotildees de uso

adequado dos recursos naturais precisam ser expressas sobre

uma dimensatildeo geograacutefica apresenta a bacia hidrograacutefica como

a grande unidade para a concepccedilatildeo do planejamento e a

execuccedilatildeo de projetos na aacuterea de meio ambiente (ATLAS DO

MARANHAtildeO 2002)

O Estado do Maranhatildeo possui um grande potencial

hiacutedrico formado principalmente por bacias hidrograacuteficas bacias

lacustres e aacuteguas subterracircneas ocupando uma aacuterea territorial

de 325650 kmsup2 (MARANHAtildeO 2006) Genuinamente o

Maranhatildeo possui nove bacias hidrograacuteficas (ATLAS DO

MARANHAtildeO 2002 BACIAS DO NORDESTE 2014) Os rios

maranhenses satildeo caracterizados por sua grande extensatildeo e

volume de aacutegua A bacia do Pindareacute eacute a terceira em termos de

aacuterea e possui um dos maiores potenciais hiacutedricos a ser utilizado

para o abastecimento da capital do Estado

O municiacutepio de Pindareacute - Mirim possui aacuterea de 245 kmsup2

e sua populaccedilatildeo eacute de 31145 habitantes Teve o seu topocircnimo

alterado para Pindareacute-Mirim pelo decreto-lei Estadual nordm 820

de 30 de dezembro de 1943 desmembrado de Vitoacuteria do

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

120

Mearim Localiza-se na mesorregiatildeo oeste maranhense e

possui coordenada de 03deg 36rsquo 30 latitude e 45deg 20 36

longitude (IBGE 2010)

A bacia do rio Pindareacute estaacute localizada na porccedilatildeo

Noroeste do Estado do Maranhatildeo ocupando uma aacuterea de

40400 km2 correspondendo 12 do Estado (SEMATUR

1991) O rio Pindareacute principal afluente do rio Mearim nasce nas

elevaccedilotildees que formam o divisor de aacuteguas entre as bacias

hidrograacuteficas dos rios Mearim e Tocantins nas proximidades da

cidade de Amarante em cotas da ordem de 300m tem como

principais afluentes os rios Buriticupu Negro Paragominas

Zutiua Timbira Aacutegua Preta e Santa Rita

A principal atividade econocircmica da regiatildeo eacute a agropecuaacuteria O solo eacute caracterizado como latossolo Amarelo e Podzoacutelico Vermelho Amarelo A cobertura vegetal eacute classificada como Floresta Ombroacutefila Densa (ATLAS 2002) A vegetaccedilatildeo ciliar marginal apresenta baixos iacutendices de conservaccedilatildeo predominantemente nas cidades que se desenvolveram as margens do rio sendo a ocupaccedilatildeo antroacutepica a principal causa da erosatildeo das margens e assoreamento do rio

O sedimento satildeo caracteriacutesticas geoquiacutemicas e

mineraloacutegicas importante para os ecossistemas aquaacuteticos de

grande importacircncia na avaliaccedilatildeo do niacutevel de contaminaccedilatildeo

A sua capacidade acumular elementos-traccedilo os metais mas

tambeacutem por serem reconhecidos como transportadores e

possiacuteveis fontes de contaminaccedilatildeo pode liberar espeacutecies

contaminantes que satildeo geralmente liberadas do leito do

sedimento devido a alteraccedilotildees nas condiccedilotildees ambientais e

fiacutesico-quiacutemicas (SILVA 2014)

De acordo com Atlas de Saneamento e Sauacutede do IBGE

lanccedilado em 2011 considerando os municiacutepios que declararam

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

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poluiccedilatildeo ou contaminaccedilatildeo juntos o esgoto sanitaacuterio os

resiacuteduos de agrotoacutexicos e a destinaccedilatildeo inadequada do lixo

foram relatados como responsaacuteveis por 72 das incidecircncias de

poluiccedilatildeo na captaccedilatildeo em mananciais superficiais 54 em

poccedilos profundos e 60 em poccedilos rasos (IBGE 2011) Assim

nota-se que industrializaccedilatildeo e agricultura geram quantidades de

resiacuteduos quiacutemicos que se concentram no ambiente podendo se

caracterizar como potencialmente poluentes a investigaccedilatildeo

sobre a qualidade do sistema hiacutedrico pode ser feita tomando

como referecircncia a anaacutelise da aacutegua ou do sedimento (SINGH et

al 1997)

Deve-se ressaltar que o uso natildeo sustentaacutevel dos recursos naturais na bacia de drenagem particularmente dos solos transforma zonas agriacutecolas e urbanas em aacutereas produtoras de sedimentos e poluentes os quais satildeo transferidos ao longo dos anos para os corpos drsquoaacutegua resultando em prejuiacutezos do ponto de vista social econocircmico e ecoloacutegico Os sedimentos revelam a integraccedilatildeo de todos os processos bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos que ocorrem em um ecossistema aquaacutetico (PANE apud BRONDI 2008)

O objetivo principal deste trabalho foi avaliar os

paracircmetros fiacutesicos e quiacutemicos do sedimento da regiatildeo do meacutedio

curso da Bacia do rio Pindareacute especificamente para os

municiacutepios de Pindareacute-Mirim Tufilacircndia e Alto Alegre gerando

informaccedilotildees uacuteteis ao delineamento de propostas de

conservaccedilatildeo e gerenciamento para a regiatildeo e para subsidiar o

Projeto Pindareacute (lsquoBacia do Pindareacute Ferramentas para

conservaccedilatildeo e manejo integrado dos recursos naturais

Maranhatildeo Brasilrsquo apoiado pelo programa Capes-

Wageningen) na busca de soluccedilotildees para os problemas

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

122

evidenciados e para um melhor aproveitamento das

potencialidades locais

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Aacuterea de Estudo

O rio Pindareacute na Figura (1) eacute segundo Pompecirco

Moschini- Carlos e Silva-Filho (2002) um rio tropical localizado

na Preacute-Amazocircnia Maranhense estando sua bacia hidrograacutefica

sujeita aos regimes climaacuteticos caracteriacutesticos das regiotildees norte

(elevada pluviosidade) e nordeste (periacuteodos prolongados de

estiagem) (RODRIGUES et al 2015) Este rio representa o

principal afluente do rio Mearim

O rio nasce nas elevaccedilotildees que formam o divisor de aacuteguas

das bacias hidrograacuteficas dos rios Mearim e Tocantins

possuindo um percurso total de aproximadamente 686 km

(BACIAS DO NORDESTE 2000)

A bacia hidrograacutefica do rio Pindareacute tem aproximadamente

44400 kmsup2 de aacuterea estando situada na regiatildeo centro-ocidental

do estado fazendo parte do bioma Preacute-Amazocircnia do Maranhatildeo

AVALIACcedilAtildeO DOS PARAcircMETROS FIacuteSICO ndash QUIacuteMICOS DO SEDIMENTO DO RIO PINDAREacute NOS MUNICIacutePIOS DE PINDAREacute- MIRIM TUFILAcircNDIA E ALTO

ALEGRE (MA)

123

Figura 1 Localizaccedilatildeo da bacia do rio Pindareacute nos municiacutepios de Pindareacute-mirim Tufilacircndia e Alto AlegreMA

Fonte autor

Caracterizaccedilotildees Fiacutesicas e Quiacutemicas do Sedimento

O sedimento foi amostrado em um intervalo de 12

meses em periacuteodos sazonais distintos periacuteodo seco

(agosto2010 e novembro2011) e chuvoso (maio 2010 e maio

2011) em trecircs pontos distribuiacutedos ao longo do rio Pindareacute sob

jurisdiccedilatildeo dos municiacutepios de Pindareacute-Mirim Alto Alegre e

Tufilacircndia sendo que neste uacuteltimo foi coletado quatro pontos

por se tratar da localidade mais problemaacutetica contendo altos

iacutendices de assoreamento e desmatamento

As coletas foram realizadas em aacutereas de remanso onde

ocorre maior acuacutemulo de material fino com o auxiacutelio do tubo de

PVC de 50 cm de comprimento e 5 cm de diacircmetro O material

retirado foi homogeneizado em balde de plaacutestico e

acondicionado em sacos de polietileno etiquetados e mantidos

em caixas de isopor com gelo e transportados ao laboratoacuterio

de Geoquiacutemica Ambiental da UFMA para fins de caracterizaccedilatildeo

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fiacutesica e quiacutemica A granulometria foi determinada por meio de

processamento mecacircnico com auxiacutelio de peneiras em

combinaccedilatildeo com a teacutecnica de pipetagem (lei de Stocks) A

classificaccedilatildeo textural do material teve como referecircncia a escala

granulomeacutetrica de Wentworth (1922) Os dados gerados foram

processados estatisticamente em software Sysgran

A anaacutelise de carbono orgacircnico foi efetuada atraveacutes do

meacutetodo de Walkley ndash Black modificado (GAUDETTE et al

1974) A determinaccedilatildeo do teor de mateacuteria orgacircnica e inorgacircnica

nos sedimentos foi realizada atraveacutes do procedimento padratildeo

de incineraccedilatildeo (APHA 2005)

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31Caracteriacutesticas dos sedimentos

Observado que os sedimentos de fundo desempenham

um papel importante no esquema de poluiccedilatildeo dos rioseles

refletem a qualidade corrente do sistema aquaacutetico e podem ser

usados para detectar a presenccedila de contaminantes Mais do

que isso os sedimentos agem como carreadores e possiacuteveis

fontes de poluiccedilatildeo que natildeo satildeo permanentemente fixados por

eles e podem ser ressolubilizados para a aacutegua por mudanccedilas

nas condiccedilotildees ambientais

A partir dos graacuteficos de distribuiccedilatildeo granulomeacutetricas dos

sedimentos nos pontos amostrados foi possiacutevel verificar as

porcentagens de argila silte areia e pedregulho como mostra

a Figura (2) Os resultados mostraram uma variaccedilatildeo

granulomeacutetrica na composiccedilatildeo do sedimento onde foi

observada uma maior participaccedilatildeo da fraccedilatildeo areia para todos

os pontos

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Em Alto Alegre as porcentagens para a argila tiveram

uma variaccedilatildeo entre 001 (P3 maio10) e 1856 (P3 nov10)

para o silte foi entre 036 (P3 ago11) e 3459 (P1 maio10)

Quanto agrave areia as porcentagens ficaram entre 6532 (P1

maio10) e 8896 (P1 ago11) Jaacute o pedregulho ficou entre

000 (P1 P2 ago11) e 024 (P3 nov10)

A granulometria apresentou uma porcentagem muito

grande da fraccedilatildeo areia e silte para os sedimentos que compotildeem

os substratos da bacia do rio Pindareacute para os municiacutepios em

questatildeo provavelmente em funccedilatildeo da proximidade do trecho

fluvial com as aacutereas desmatadas tornando os solos mais

vulneraacuteveis agrave erosatildeo

Os resultados mostraram que as maiores porcentagens

de areia e argila foram obtidas no periacuteodo seco jaacute o silte se

apresentou mais elevado no periacuteodo chuvoso para todos os

municiacutepios Variaccedilotildees semelhantes foram observadas por

(SILVA 2002) em trabalho realizado na bacia hidrograacutefica do

rio Moji-Guaccedilu

Para o municiacutepio de Tufilacircndia os valores das

porcentagens de argila apresentaram uma variaccedilatildeo entre

001 (P2 P3 e P4 maio10) e 565 (P2 nov10) As

porcentagens obtidas para o silte ficaram entre 014 (P3 mai

11) e 2984 (P4 maio10) Para a fraccedilatildeo areia a variaccedilatildeo ficou

entre 6105 (P1 ago11) e 9788 (P2 nov10) jaacute para o

pedregulho as porcentagens ficaram entre 000 (P1 P2 e P4

nov10 e P3 ago11) e 178 (P2 ago11)

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Figura 2 Distribuiccedilatildeo das classes texturais em amostras de sedimento nos periacuteodos seco e chuvoso de trecircs municiacutepios (Pindareacute- Mirim Tufilacircndia e Alto AlegreMA) em 2010 e 2011

Fonte autor

Quanto ao municiacutepio de Pindareacute ndash Mirim os valores das

porcentagens de argila apresentaram uma variaccedilatildeo entre

001 (P3 maio10) e 155 (P1 nov11) A fraccedilatildeo silte ficou

entre 700 (P1 nov10) e 3335 (P2 nov10) Em relaccedilatildeo a

areia a variaccedilatildeo ficou entre 634 (P2 nov10) e 9145 (P1

nov10) jaacute pedregulho ficou entre 000 (P1 P2 e P4 nov10 e

P3 ago11)

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Em Tufilacircndia as porcentagens para o periacuteodo seco

ficaram com meacutedia entre 362 (P4) e 1561 (P1) e no

periacuteodo chuvoso foram entre 425 (P4) e 558 (P1) Jaacute para

Alto Alegre as porcentagens meacutedias ficaram entre 189 (P1)

e 511 (P2)

Em relaccedilatildeo agrave variabilidade das porcentagens de mateacuteria

inorgacircnica para o municiacutepio de Pindareacute-Mirim foram registradas

meacutedias entre 9521 (P3) e 9855 (P2) no periacuteodo seco e

entre 9565 (P3) e 9817 (P2) no chuvoso Para Tufilacircndia

as porcentagens meacutedias ficaram entre 8439 (P1) e 9638

(P4) no periacuteodo seco e no chuvoso entre 9441 (P1) e 9624

(P4)

Jaacute em Alto Alegre foram obtidos no periacuteodo seco

porcentagens entre 9488 (P2) e 9815 (P1) e 9495 (P2)

e 9841 (P1) pra o periacuteodo chuvoso como mostra a Figura

(3)

Com relaccedilatildeo agrave anaacutelise dos sedimentos os baixos teores

de mateacuteria orgacircnica encontrados estatildeo provavelmente

relacionados agrave raacutepida reciclagem de detritos orgacircnicos no

ecossistema devido agrave aacuterea ser pobre de material orgacircnico e a

localidade vem sendo desprovida de matas ciliares devido os

desmatamentos nas margens do rio

Portanto permitindo assim o seu acuacutemulo no sedimento

O papel significativo que os sedimentos desempenham nos

ecossistemas aquaacuteticos eacute bem conhecido Aleacutem de fornecerem

habitat para muitos organismos aquaacuteticos atuam tambeacutem como

fonte e depoacutesito e materiais orgacircnicos e inorgacircnicos De acordo

com o tempo de residecircncia na aacutegua do rio pode ocorrer uma

maior ou menor sedimentaccedilatildeo dos materiais orgacircnicos e

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128

inorgacircnicos trazidos via entradas pontuais ou difusas (SILVA

2002)

Figura 3 Porcentagem de mateacuteria orgacircnica (MO) mateacuteria inorgacircnica (MI) e carbono orgacircnico (CO) em amostras de sedimento no periacuteodo seco ou estiagem e chuvoso no medeio curso do rio Pindareacute

Fonte autor

Somente o municiacutepio de Tufilacircndia apresentou as uma quantidade significativa

de porcentagem de mateacuteria orgacircnica relacionada aos outros pontos dos municiacutepios

(SILVA 2002) em estudos realizados na bacia do rio Balsas ndash

MA no periacuteodo de novembro de 2002 apresentou dados de

porcentagem de mateacuteria orgacircnica que variaram entre 17 e

37 e inorgacircnica entre 959 e 978 esses valores satildeo

comparados com alguns dos pontos amostrados neste estudo

Essa condiccedilatildeo associada ao predomiacutenio de mateacuteria inorgacircnica

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129

e agrave acidez do sedimento de fundo favorece a liberaccedilatildeo de

minerais para a coluna dacuteaacutegua segundo Esteves (2011) mateacuteria

orgacircnica abaixo de 10 em relaccedilatildeo agrave mateacuteria inorgacircnica

constata-se o risco de contaminaccedilatildeo ambiental

O carbono orgacircnico eacute importante desde a produccedilatildeo

primaacuteria as cadeias alimentares e a sucessatildeo bioloacutegica Esta

variaacutevel apresentou porcentagens meacutedias entre 646 (P3) e

677 (P1) no periacuteodo seco e no chuvoso entre 621 (P1) e

655 (P2) em anaacutelises realizadas em Pindareacute-Mirim

Em Tufilacircndia as porcentagens ficaram entre 632 (P1)

e 743 (P4) no periacuteodo seco e no periacuteodo chuvoso entre

515 (P4) e 599 (P3)

Jaacute para Alto Alegre as porcentagens meacutedias para o

periacuteodo seco ficaram entre 648 (P2) e 665 (P3) e no

periacuteodo chuvoso obteve meacutedias entre 482 (P1) e 597 (P3)

A meacutedia e o desvio padratildeo para o Pindareacute- Mirim MO (315 e

1334) MI (9684 e 1733) e CO (636 e 0376) para

Tufilacircndia MO (440 e 0993) MI (9560 e 0993) e CO

(605 e 0750) e Alto Alegre MO (331 e 1395) MI (9668

e 1395) e CO (602 e 0650)

4 CONCLUSOtildeES

Este estudo confirma a complexidade natural dos

ecossistemas estudados bem como sua elevada fragilidade

ambiental frente agraves accedilotildees antroacutepicas como exposto nos

resultados onde mostraram grande influecircncia Considerando

que a regiatildeo eacute densamente povoada esses resultados

demonstram que aleacutem da entrada de origem natural haacute uma

expressiva entrada de material oriundo da accedilatildeo antroacutepica de

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uso e ocupaccedilatildeo do solo tais como efluentes domeacutesticos e

resiacuteduos em decorrecircncia das praacuteticas de atividades de lazer Em relaccedilatildeo agrave anaacutelise granulomeacutetrica pode-se perceber que haacute um predomiacutenio maior de areia e silte em todos os pontos de amostragens

Isso se deve ao fato da proximidade das mesmas com as aacutereas desmatadas e pela

falta de vegetaccedilatildeo que leva aacuterea a ficar desprotegida onde a erosatildeo ocorre As caracteriacutesticas fiacutesicas e quiacutemicas do sedimento foram de extrema importacircncia na dinacircmica do ecossistema aquaacutetico sendo que os valores encontrados estatildeo abaixo do estipulado pela resoluccedilatildeo CONAMA05 isso eacute considerado um bom sinal de conservaccedilatildeo na manutenccedilatildeo da vida aquaacutetica

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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131

PANE J S BRONDI S H G Anaacutelise quiacutemica de sedimentos de represas da Embrapa Pecuaacuteria Sudeste In CONGRESSO DE INICIACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA 162008 Satildeo Carlos Anais de Eventos da UFSCar v4 2008 p1010 Disponiacutevel em lthttpict2008nitufscarbrcicuploadsC28C28-062pdfgt Acesso em 10 jun 2014 POMPEcircO M L M MOSCHINI-CARLOS V SILVA-FILHO G C Transporte de Nitrogecircnio Foacutesforo e Seston em trecircs rios Preacute-amazocircnicos (estado do Maranhatildeo Brasil) Bioikos Vol 16 nordm 12 p 29-39 2002 RODRIGUES et al Variaccedilatildeo temporal do fitoplacircncton em um rio tropical preacute-amazocircnico (Rio Pindareacute Maranhatildeo Brasil) Ciecircncia e Natura Vol 37 nordm 2 p 241 ndash 251 2015 SEMATUR Diagnoacutestico dos Principais Problemas Ambientais do Estado do Maranhatildeo Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Turismo Satildeo Luiacutes 199 p19 SILVA C M R Estudo de Sedimento da Bacia Hidrograacutefica do Mogi- Guaccedilu com ecircnfase na Determinaccedilatildeo de Metais Pesados 2002 98f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Instituto de Quiacutemica de Satildeo Carlos Universidade de Satildeo Paulo SINGH M ANSARI A A MUumlLLER G SINGH I B Heavy metals in freshly deposited sediments of the Gomati River (a tributary of the Ganga River) effects of human activities Environ Geol v 29 n 3-4 p 246-252 1997 SILVA da V L caracterizaccedilatildeo fiacutesico ndash quiacutemica da aacutegua e sedimento do rio pindareacute nos trechos correspondentes aos municiacutepios de pindareacute- mirim tufilacircndia e alto alegre (ma) 2014 29f Monografia (Graduaccedilatildeo) Universidade Federal do Maranhatildeo Satildeo Luiacutes 2014

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

132

CAPIacuteTULO 8

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

Patriacutecia Silva CRUZ1

Leandro Gomes VIANA2

Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOS3 1 Doutoranda Universidade Estadual da Paraiacuteba ndash UEPB

2 Mestrando Universidade Estadual da Paraiacuteba-UEPB

3 Orientadora Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Ambiental - UEPB

E-mail patriciacruz_biologahotmailcom

RESUMO O presente estudo traz uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a ocorrecircncia das cianobacteacuterias em mananciais de abastecimento puacuteblico da regiatildeo semiaacuterida e suas consequecircncias para a sauacutede puacuteblica uma vez que o registro de floraccedilotildees de algas e cianobacteacuterias vecircm aumentando em intensidade e frequecircncia com dominacircncia de cianobacteacuterias durante grande parte do ano nos sistemas aquaacuteticos da regiatildeo semiaacuterida As floraccedilotildees toacutexicas satildeo consideradas como um dos maiores problemas em ecossistemas de aacutegua doce ocasionando efeitos na ciclagem de nutrientes e na biodiversidade deterioraccedilatildeo da qualidade da aacutegua aleacutem de danos agrave sauacutede humana principalmente em aacutereas com escassez de aacutegua em virtude do seu potencial em produzir e liberar cianotoxinas para o meio Essas cianotoxinas podem afetar a sauacutede humana atraveacutes do contato em atividades de recreaccedilatildeo como tambeacutem atraveacutes da ingestatildeo destas na aacutegua ou ainda acumularem nos tecidos dos organismos aquaacuteticos Outro fator relevante eacute o fato de que as cianotoxinas natildeo satildeo removidas pelo sistema de tratamento convencional aleacutem de

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

133

poderem ter sua concentraccedilatildeo aumentada durante o processo em virtude da lise celular onde dessa forma a aacutegua ldquopotaacutevelrdquo funciona como fonte de exposiccedilatildeo agrave populaccedilatildeo sendo assim necessaacuterio o monitoramento da aacutegua de mananciais de abastecimento de forma estabelecida pela legislaccedilatildeo vigente a fim de evitar riscos potenciais adversos agrave sauacutede humana e garantir o controle da qualidade da aacutegua oferecida agrave populaccedilatildeo Palavras- Chave Semiaacuterido Cianobacteacuterias Cianotoxinas

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil os reservatoacuterios com usos muacuteltiplos apresentam

o processo de eutrofizaccedilatildeo acelerado degradando a qualidade

das aacuteguas pela elevada entrada de nutrientes e

consequentemente pela formaccedilatildeo de floraccedilotildees de

cianobacteacuterias (BECKER et al 2009 SOARES et al 2009)

Em estados avanccedilados de eutrofizaccedilatildeo pode ocorrer a

proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias em detrimento de outras

espeacutecies aquaacuteticas Muitos gecircneros desses microrganismos

quando submetidos a determinadas condiccedilotildees ambientais

podem produzir toxinas que tecircm efeitos diretos sobre a sauacutede

humana e provocam aumento nos custos para o tratamento da

aacutegua

O registro de floraccedilotildees vem aumentando em intensidade e

frequecircncia com dominacircncia de cianobacteacuterias durante grande

parte do ano sobretudo em reservatoacuterios (SOARES et al

2009 2012) Vaacuterios estudos tem reportado a dominacircncia

desses organismos em mananciais de abastecimento puacuteblico

As floraccedilotildees de cianobacteacuterias potencialmente toacutexicas eacute um

seacuterio problema de sauacutede puacuteblica principalmente em aacutereas com

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

134

escassez de aacutegua como eacute o caso da regiatildeo semiaacuterida brasileira

(OLIVEIRA 2012)

As cianotoxinas estatildeo predominantemente no meio

intracelular poreacutem podem ser encontradas dissolvidas no meio

liacutequido apoacutes a lise celular (MEDEIROS 2013) Por isso os

oacutergatildeos de sauacutede puacuteblica apresentam grandes preocupaccedilotildees

em relaccedilatildeo agrave presenccedila desses compostos em aacutegua de

abastecimento humano principalmente apoacutes a trageacutedia de

Caruaru no Brasil episoacutedio onde as floraccedilotildees de

cianobacteacuterias toacutexicas foram reconhecidas como um problema

de sauacutede puacuteblica Diante do exposto o presente estudo

objetivou a elaboraccedilatildeo de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a

ocorrecircncia de floraccedilotildees de cianobacteacuterias nos mananciais da

regiatildeo semiaacuterida utilizados para abastecimento e suas

implicaccedilotildees na sauacutede puacuteblica

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

No presente estudo foi realizada uma revisatildeo

bibliograacutefica Para tanto foram utilizados como bancos de

dados o Scielo (lthttpwwwscieloorgphpindexphpgt)

Science Direct (lthttpwwwsciencedirectcomgt) e o Portal de

Perioacutedicos CAPES (lthttpwwwperiodicoscapesgovbrgt) Os

acessos foram realizados no periacuteodo de 02 de Janeiro de 2016

a 05 de Maio de 2016

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

135

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Floraccedilotildees de Cianobacteacuterias em Mananciais de

Abastecimento

Nos uacuteltimos anos tem aumentado consideravelmente o

nuacutemero de registros de floraccedilotildees de cianobacteacuterias toacutexicas em

importantes reservatoacuterios brasileiros assim como a criaccedilatildeo de

programas de monitoramento

A ocorrecircncia de cianobacteacuterias tem sido dominante em

periacuteodos de floraccedilotildees do fitoplacircncton quer em ambientes de

reservatoacuterios lagoas costeiras rios lagos de inundaccedilatildeo quer

em outros lagos naturais (FERREIRA 2009)Estudo realizados

por Calijuri et al (2006) confirmam a ocorrecircncia de cepas

toacutexicas de cianobacteacuterias em corpos drsquoaacutegua utilizados para

abastecimento puacuteblico nos estados de Satildeo Paulo Rio de

Janeiro Minas Gerais Paraacute Paranaacute Bahia Pernambuco Rio

Grande do Norte Cearaacute Sergipe e Distrito Federal

Um levantamento dos estudos brasileiros sobre

cianobacteacuterias evidencia que as floraccedilotildees com potencial de

toxicidade tecircm aumentado significativamente em todo paiacutes

(AZEVEDO JARDIM 2006) onde Santanna et al (2008)

observaram um total de 32 espeacutecies de cianobacteacuterias toacutexicas

De acordo com Azevedo (2005) dos 26 estados brasileiros em

11 jaacute foram identificadas espeacutecies toacutexicas entretanto estes

dados natildeo satildeo recentes Bittencourt-Oliveira Santos Moura

(2010) citam as espeacutecies Microcystis aeruginosa M

panniformis M novacekii Planktothrix agardhii e o gecircnero

Anabaena como os mais frequentes em corpos aquaacuteticos no

Brasil

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

136

Na regiatildeo do nordeste brasileiro grande parte das

pesquisas evidencia que a Cylindropermopsis raciborskii vem

ocorrendo com muita frequecircncia por vezes dominado a

comunidade fitoplanctocircnica e formando floraccedilotildees mistas com

outras cianobaacutecterias (COSTA et al 2006) Esses autores

verificaram nesta pesquisa que as cianobacteacuterias que se

destacaram formando floraccedilotildees com Cylindropermopsis

raciborskii foram Pseudanabaena sp Pseudanabaena

catenata Merismopedia sp Planktothrix agardhii e Oscillatoria

sp que satildeo espeacutecies potencialmente produtoras de toxinas

A ocorrecircncia de floraccedilotildees de cianobacteacuterias e a presenccedila

de cianotoxinas no nordeste do Brasil foram relatadas por

Teixeira et al (1993) que registraram indiacutecios de 2000 casos

de gastroenterite em Paulo Afonso cidade proacutexima ao

reservatoacuterio de Itaparica no estado da Bahia e associaram a

epidemia da doenccedila a proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias observada

no reservatoacuterio

No estado do Cearaacute Pacheco (2009) estudando a classe

Cianobacteria no accedilude Acarape do Meio verificou que as

espeacutecies Cylindropermopsis raciborskii e a Planktothrix agardhii

estavam presente em todas as 7 estaccedilotildees estudadas e que a

primeira apresentou densidade acima de 50 e dominacircncia em

5 dos 7 pontos amostrados durante aproximadamente oito

meses enquanto a segunda apresentou dominacircncia em dois

pontos durante dois meses

Em anaacutelise da comunidade fitoplanctocircnica de 9

reservatoacuterios localizados em 5 bacias hidrograacuteficas do Estado

do Cearaacute Barros (2013) verificou a dominacircncia de

cianobacteacuterias nestes mananciais frequentemente maior que

90 da biomassa total onde a Cylindrospermopsis raciborskii

foi evidenciada em todos os reservatoacuterios estudados sendo

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

137

dominante em trecircs reservatoacuterios Serafim Dias (60) accedilude do

Coronel (73) e Acarape do Meio (64) No reservatoacuterio

Thomaz Osterne de Alencar no municiacutepio de CratondashCE

verificou-se que a espeacutecie Pseudanabaena sp destacou-se

quanto agrave frequecircncia de ocorrecircncia estando presente em 100

das amostras e sendo classificada como uma das espeacutecie

abundantes no citado manancial (RANGEL et al 2013)

No estado do Rio Grande do Norte estudos em

ecossistemas aquaacuteticos eutroacuteficos foram reportados nas

uacuteltimas deacutecadas apontando a dominacircncia de cianobacteacuterias

potencialmente produtoras de toxinas (CHELLAPPA BORBA

ROCHA 2008 COSTA et al 2009 BRASIL 2011)

Estudos de Costa et al (2006) no reservatoacuterio Armando

Ribeiro Gonccedilalves (RN) segundo maior reservatoacuterio da Regiatildeo

(24 x 109 m3) e que fornece aacutegua para 400 mil habitantes

detectaram na aacutegua bruta concentraccedilotildees de saxitoxina de 314

μgL-1 e de 88 μgL-1 de microcistina enquanto na tratada 016

μgL-1

No mesmo estado Panosso et al (2007) ao realizar um

monitoramento de cianobacteacuterias cianotoxinas e medidas de

controle de floraccedilotildees em cinco reservatoacuterios (Gargalheiras

Parelhas Itans Passagem das Traiacuteras e Sabugi) relata a

ocorrecircncia de espeacutecies potencialmente toacutexicas

(Cylindropermopsis raciborskii Microcystis spp

Aphanizomenon sp e Anabaena circinalis) como dominantes

representando 90 da biomassa total formando floraccedilotildees

nestes reservatoacuterios

Costa et al (2009) verificaram que 33 dos taacutexons

analisados eram representados por 41 cianobacteacuterias

pertencentes as Chroococcales Oscillatoriales e Nostocales e

ocorrecircncia de compostos hepatotoacutexicos no reservatoacuterio

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

138

Armando Ribeiro atribuindo esta toxicidade agrave populaccedilatildeo de

Planktothrix agardhii uma vez que contribuiacuteram com 90 da

biomassa fitoplanctocircnica

No estado de Pernambuco Carvalho-de-la-Mora (1986)

identificou e ilustrou 20 taacutexons de cianobacteacuterias ocorrentes no

accedilude do Prata registrando que a famiacutelia Chroococcaceae foi

a mais abundante e com relaccedilatildeo aos taacutexons identificados 19

haviam sido documentados pela primeira vez para o Estado

Carvalho-de-la-Mora (1991) estudou as cianobacteacuterias em

diferentes corpos Bouvy et al (1999) verificaram a dinacircmica

de C raciborskii no reservatoacuterio de Ingazeira e verificou que a

espeacutecie formava floraccedilotildees Aleacutem disso os autores afirmaram

que as floraccedilotildees foram causadas pelo fenocircmeno El Nintildeo que

modificou as condiccedilotildees climaacuteticas da regiatildeo transformando o

ambiente propiacutecio para o desenvolvimento da espeacutecie

Molica et al (2002) relataram agrave ocorrecircncia de um

anaacutelogo de saxitoxina em uma linhagem de Cylindropermopsis

raciborskii (ITEP 018) isolada do reservatoacuterio de Tabocas em

Caruaru Brasil Bittencourt-Oliveira (2003) ao estudar cepas de

Microcystis isoladas de quatro reservatoacuterios de Pernambuco

Duas Unas Jucazinho Tabocas e Tapacuraacute verificou a

coexistecircncia de genoacutetipos toacutexicos e natildeo toacutexicos nas floraccedilotildees

formadas por este taacutexon Bittencourt-Oliveira et al (2010)

identificaram um gene (mcyB) envolvido na biossiacutentese de

microcistina em todas as amostras ambientais com

cianobacteacuterias analisadas em sete reservatoacuterios (Botafogo

Duas Unas Tapacuraacute Carpina Mundauacute Arcoverde e Jazigo)

As espeacutecies predominantes neste estudo foram Microcystis

aeruginosa M novacekii M panniformis Anabaena constricta

e Planktothrix agardhii

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

139

Na Paraiacuteba primeiro registro de floraccedilotildees de

cianobacteacuterias em reservatoacuterios destinados ao abastecimento

ocorreu no reservatoacuterio Argemiro de Figueiredo (Acauatilde) regiatildeo

do Meacutedio Rio Paraiacuteba que apresentou floraccedilotildees de

cianobacteacuterias desde sua inauguraccedilatildeo em 2002 As espeacutecies

e gecircneros de cianobacteacuterias mais comumente observados

foram Microcystis aeruginosa Anabaena ssp e Oscillatoria spp

sendo Cilindrospermopsis raciborskii a espeacutecie que mais

contribuiu para a densidade O accedilude foi classificado como

eutroacutefico em todas as estaccedilotildees de coleta e em todos os meses

amostrados (BARBOSA MENDES 2005)

Nos anos de 2004 e 2005 a espeacutecie de cianobacteacuteria

dominante nesse accedilude foi Oscillatoria lauterbornii seguida pela

Cilindrospermopsis raciborskii As espeacutecies Planktrothrix sp e

Microcystis aeruginosa foram tambeacutem observadas com grande

frequecircncia e casos de dermatites na populaccedilatildeo ribeirinha foram

associados agrave presenccedila de floraccedilotildees de cianobacteacuterias (LINS

2006 SILVA 2006)

No ano seguinte (2006) os gecircneros e espeacutecies de

cianobacteacuterias predominantes foram Pseudoanabaena sp

Oscillatoria sp Planktrothrix agardhii Cilindrospermopsis

raciborskii e Microcystis aeruginosa (LUNA 2008) Em

praticamente todo periacuteodo de 2007 e 2008 foi observada

predominacircncia de Planktrothrix agardhii Pseudoanabaena

limneacutetica e Cilindrospermopsis raciborskii e o reservatoacuterio de

Acauatilde permaneceu com elevados graus de trofia (LINS 2011)

Lins (2011) ao realizar amostragens em trecircs pontos de

coleta (confluecircncia dos tributaacuterios proacutexima dos tanques-rede

com piscicultura intensiva e na zona de barragem) observaram

dominacircncia de espeacutecies filamentosas na zona eufoacutetica e

afoacutetica com destaque para Plankthothirx agardhii Outras

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

140

espeacutecies coexitiram no ambiente nesse periacuteodo alternando-se

em dominacircncia como Pseudoanabaena limneacutetica

Cylindrospermopsis raciborskii Aphanocapsa incerta

Dolichospermum circinalis Oscillatoria lacustre Microcystis

aeruginosa e Microcistys sp

Estudos realizados por Macedo (2009) nos 20 principais

accediludes do Estado demonstraram a ocorrecircncia de

cianobacteacuterias potencialmente toxigecircnicas em 18 deles com

predomiacutenio de Microcystis aeruginosa Cilindrospermopsis

raciborskii e Plankthotrix agardhii em 16 especialmente no

periacuteodo seco Em 13 accediludes foi detectada a presenccedila de

microcistina em concentraccedilotildees inferiores a 05 microgL-1 em 2

deles e em 11 os valores foram superiores a 10 microgL-1

32 Cianobacteacuterias e Cianotoxinas Implicaccedilotildees para Sauacutede

Puacuteblica

O conhecimento de que as toxinas de cianobacteacuterias

causam problemas agrave sauacutede humana satildeo reportadas de longas

datas (CARMICHAEL 1981 FALCONER 1996 PIZZOLOacuteN

1996) A exposiccedilatildeo agraves cianotoxinas pode ocorrer por via oral

diretamente pela ingestatildeo de aacutegua Outra forma de exposiccedilatildeo

pode ocorrer indiretamente atraveacutes do consumo de alimentos

como peixes crustaacuteceos moluscos e plantas (GALVAtildeO et al

2009 PAPADIMITRIOU et al 2012 CHEN XIE 2005 2007)

em que as cianotoxinas podem estarem bioacumuladas

(GUTIEacuteRREZ-PRAENA et al 2013) Aleacutem disso a

contaminaccedilatildeo tambeacutem pode ocorrer por meio de atividades

recreativas exposiccedilatildeo deacutermica e inalaccedilatildeo (CALIJURI ALVES

SANTOS 2006)

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

141

Dados da literatura reportam registros de alteraccedilotildees

gastrointestinais do iniacutecio do seacuteculo XX (TISDALE 1933)

quando florescimentos de Microcistis nos rios Ohio e Potomac

nos EUA afetaram entre 5000 a 8000 pessoas que consumiram

aacutegua potaacutevel procedente daquelas aacuteguas onde o tratamento

mediante precipitaccedilatildeo filtraccedilatildeo e cloraccedilatildeo natildeo foi suficiente

para remover as toxinas (TISDALE 1931) Outros episoacutedios de

intoxicaccedilotildees por cianobacteacuterias jaacute foram descritos em paiacuteses

como Austraacutelia Inglaterra China e Aacutefrica do Sul (FALCONER

et al1994)

No Brasil tem sido confirmada a ocorrecircncia de cepas

toacutexicas de cianobacteacuterias em reservatoacuterios de abastecimento

puacuteblico lagoas salobras e rios na maioria dos Estados e os

bioensaios de toxicidade recomendados pela OMS

(Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede) tecircm demonstrado que

aproximadamente 75 das cepas isoladas apresentaram-se

toacutexicas (AZEVEDO 1998)

Em 1988 uma epidemia de gastroenterite no receacutem-

inaugurado reservatoacuterio de Itaparica (Bahia) resultou na morte

de 88 pessoas entre 200 intoxicadas pelo consumo de aacutegua

entre marccedilo e abril do ano supracitado Dados cliacutenicos dos

pacientes e anaacutelises da aacutegua apontaram forte evidecircncia de

correlaccedilatildeo entre a ocorrecircncia de floraccedilotildees de cianobacteacuterias

(TEIXEIRA et al 1993) Outro episoacutedio relevante ocorreu em

1996 com um surto de insuficiecircncia hepaacutetica ocorrido em

pacientes renais crocircnicos submetidos agrave hemodiaacutelise numa

cliacutenica na cidade de Caruaru-PE Esse foi o caso mais marcante

no paiacutes dos 131 pacientes envolvidos neste incidente 76

faleceram As anaacutelises de cianotoxinas comprovaram a

presenccedila de microcistinas e ciindrospermopsina nos filtros de

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

142

carvatildeo ativado da cliacutenica no soro sanguiacuteneo e no tecido

hepaacutetico dos pacientes (CARMICHAEL et al 2001)

Alguns autores referem-se ao potencial toxicoloacutegico das

cianotoxinas como causadoras de tumores hepaacuteticos

(AZEVEDO 1998 CARMICHAEL 1992) distuacuterbios

neuroloacutegicos constituindo-se em patologias bastante

complexas aleacutem das complicaccedilotildees aleacutergicas dermatoloacutegicas

ou respiratoacuterias que se manifestam com vertigens

gastroenterites agudas irritaccedilotildees da mucosa

ocularpneumonias atiacutepicas cefaleacuteias coacutelicas abdominais

vocircmitos e diarreacuteia (FLEMING et al 2002 LEAL SOARES

2004 UENO et al 1996) e ainda comprometimento do sistema

imunoloacutegico (GONCcedilALVES 2004 KUJBIDA 2005)

De um modo geral os relatos cliacutenicos dos danos agrave sauacutede

puacuteblica envolvem o consumo oral de toxinas em consequecircncia

de acidentes desconhecimento ou deficiecircncia na operaccedilatildeo dos

sistemas de tratamento de aacutegua (AZEVEDO JARDIM 2006)

sendo cada uma responsaacutevel por um rol de sintomas

caracteriacutesticos ingestatildeo acidental por via oral ou intravenosa

(durante os tratamentos por hemodiaacutelise) de aacuteguas com doses

elevadas de cianotoxinas podem provocar gastroenterite com

diarreacuteias vocircmitos naacuteuseas coacutelicas abdominais e febre ou um

quadro de hepatite com anorexia astenia e tambeacutem vocircmitos

podendo evoluir para oacutebito

Estudos de Portes (2004) evidenciam que as hortaliccedilas

podem tambeacutem servir de via de contaminaccedilatildeo quando irrigadas

com aacuteguas contaminadas natildeo sendo comuns referecircncias sobre

este modo de contaminaccedilatildeo Outra forma eacute por inalaccedilatildeo de

cianobacteacuterias e seus esporos o que pode acontecer

acidentalmente ou durante a praacutetica de desportos aquaacuteticos o

que pode gerar sintomas como rinite conjuntivite dispneacuteia

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

143

bronquite aguda asma dermatite ou queimaduras na pele

(REIS 2006)

Outra possibilidade eacute a de bioacumulaccedilatildeo e transferecircncia

de cianotoxinas por meio da ingestatildeo de peixes onde as

toxinas podem acumular no muacutesculo ou viacutesceras (SOARES

MAGALHAtildeES AZEVEDO 2004 ROMO et al2012) e em

moluscos que tenham se alimentado continuamente de

cianobacteacuterias acumulando as toxinas em seus tecidos o que

pode ocasionar seacuterios riscos agrave sauacutede humana

Magalhatildees et al (2001) realizaram um estudo sobre a

bioacumulaccedilatildeo de microcistinas em tilaacutepias (Tilapia rendalli)

que se alimentaram continuamente de cianobacteacuterias toacutexicas

em um lago no sudeste do Brasil e evidenciaram nas amostras

do fitoplacircncton a dominacircncia do gecircnero Microcystis e nas

amostras de fiacutegado e tecido muscular dos peixes confirmou-se

a presenccedila de microcistinas em concentraccedilotildees perto ou acima

do limite recomendado pela OMS para consumo humano (004

microkg-dia)

Segundo Nishiwaki-Matsushima et al (1992) Fujiki

Suganuma (1993) haacute evidecircncias de que populaccedilotildees

abastecidas por reservatoacuterios que apresentam extensas

floraccedilotildees de cianobacteacuterias e que estejam expostas a baixos

niacuteveis de toxinas por longos periacuteodos demonstram

desenvolvimento de carcinoma hepaacutetico em um nuacutemero

significativo de pessoas

4 CONCLUSOtildeES

As cianobacteacuterias tem apresentado dominacircncia em

mananciais de abastecimento e frente aos futuros cenaacuterios de

mudanccedilas climaacuteticas tendem a persistirem nesses ambientes

CIANOBACTEacuteRIAS EM MANANCIAIS DE ABASTECIMENTO DO SEMIAacuteRIDO E SUAS CONSEQUEcircNCIAS PARA SAUacuteDE PUacuteBLICA

144

tornando-se um problema preocupante em virtude de vaacuterios

gecircneros serem capazes de formar floraccedilotildees e produzirem

toxinas que afetam a microbiota os animais e o homem

Outro fator relevante eacute o fato de que as cianotoxinas natildeo

satildeo removidas pelo sistema de tratamento convencional aleacutem

de poderem ter sua concentraccedilatildeo aumentada durante o

processo onde dessa forma a aacutegua ldquopotaacutevelrdquo funciona como

fonte de exposiccedilatildeo agrave populaccedilatildeo fazendo-se necessaacuterio o

monitoramento da aacutegua de forma estabelecida pela portaria nordm

29142011 do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) a fim de evitar riscos

potenciais adversos agrave sauacutede humana e garantir o controle da

qualidade da aacutegua oferecida agrave populaccedilatildeo

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BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

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CAPIacuteTULO 9

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO

AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

Ciacutentia Kelly de Lima FARIAS1

1Bioacuteloga Mestranda em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental PPGCTA - UEPB e-mail cintiaklfariasgmailcom

RESUMOO objetivo desse estudo foi avaliar a biomassa de macroinvertebrados bentocircnicos como indicador bioloacutegico de qualidade ambiental em reservatoacuterios localizados no semiaacuterido O estudo foi realizado nos reservatoacuterios Argemiro de Figueiredo (Acauatilde) Epitaacutecio Pessoa (Boqueiratildeo) e Poccedilotildees pertencentes agrave bacia hidrograacutefica do Rio Paraiacuteba Foram realizadas duas coletas em periacuteodos hidroloacutegicos distintos de maior iacutendice pluviomeacutetrico (2011) e de menor iacutendice pluviomeacutetrico (2012) tendo sido coletadas amostras de macroinvertebrados bentocircnicos na regiatildeo litoracircnea de cada reservatoacuterio totalizando 120 amostras Atraveacutes da biomassa dos gecircneros da famiacutelia Chironomidae foi possiacutevel comprovar a classificaccedilatildeo dos reservatoacuterios em pontos de menor e maior distuacuterbio levando em consideraccedilatildeo os gecircneros de Chironomidae erespectiva biomassa predominantes nos respectivos pontos O resultado da classificaccedilatildeo dos pontos foi corroborado com anaacutelises de significacircncia mostrando que no periacuteodo de maior iacutendice pluviomeacutetrico (2011) a existecircncia de diferenccedila significativa entre os pontos de maior e menor distuacuterbio (PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 45312 p=0001) No periacuteodo de Menor iacutendice pluviomeacutetrico (2012) os resultados da anaacutelise tambeacutem mostraram diferenccedila significativa entre os pontos amostrados (PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 30349 p=0005) De acordo

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com os resultados obtidos os valores da biomassa dos gecircneros da famiacutelia Chironomidae contribuiacuteram na classificaccedilatildeo dos locais de maior e menor distuacuterbio antropogecircnico podendo entatildeo ser considerada uma ferramenta para a avaliaccedilatildeo da qualidade ambiental Palavras-chaveMacroinvertebradosbentocircnicos Biomassa

Qualidade Ambiental

1 INTRODUCcedilAtildeO

No territoacuterio brasileiro as regiotildees semiaacuteridas compreendem

uma aacuterea de 925000 kmsup2 correspondendo a cerca de 11 do

territoacuterio nacional (MEDEIROS et al 2011) Em virtude da

estiagem que diminui a disponibilidade de aacutegua associada agrave

elevada evaporaccedilatildeo e temperatura uma soluccedilatildeo encontrada

para amenizar esse problema foi uma expansiva construccedilatildeo

de reservatoacuterios (BARBOSA PONZI JR 2006)

Embora a principal funccedilatildeo dos reservatoacuterios seja a geraccedilatildeo

de energia eleacutetrica no semiaacuterido brasileiro apresentam como

principais funccedilotildees o abastecimento de aacutegua irrigaccedilatildeo lazer e

produccedilatildeo de alimentos (TUNDISI et al 2008 NOGUEIRA et al

2010)

Em meio a escassez hiacutedrica a preocupaccedilatildeo com a

preservaccedilatildeo e conservaccedilatildeo ambiental tornam-se cada vez mais

eminente principalmente devido ao fato destes reservatoacuterios

servirem como fonte de aacutegua para o consumo humano (DINIZ

2010) Deste modo faz-se necessaacuterio desenvolver

metodologias especiacuteficas para avaliaccedilatildeo da qualidade hiacutedrica

com o intuito de obter informaccedilotildees que possam ser utilizadas

na conservaccedilatildeo destes recursos (CIRILO et al 2010)

A forma tradicional de avaliaccedilatildeo dos ecossistemas

aquaacuteticos considera principalmente a utilizaccedilatildeo de fatores

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fiacutesicos e quiacutemicos fornecendo informaccedilotildees momentacircneas do

ambiente (GOULART ampCALLISTO 2003) Contudo este modo

de avaliaccedilatildeo tem sido acrescido de anaacutelises que englobam as

caracteriacutesticas bioloacutegicas do sistema onde as comunidades

aquaacuteticas podem fornecer informaccedilotildees sobre a sauacutede do

ecossistema (MOLOZZI et al 2012) De acordo com a

legislaccedilatildeo brasileira atraveacutes da Lei 943397 que estabelece a

Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos e a Resoluccedilatildeo do

CONAMA 35705 artigo 8ordm paraacutegrafo 3ordm a qualidade de aacutegua

pode ser avaliada por indicadores bioloacutegicos

Vaacuterios grupos de organismos como peixes algas

protozoaacuterios e macroinvertebrados bentocircnicos tecircm sido

utilizados na avaliaccedilatildeo de impactos ambientais pelo fato de

serem sensiacuteveis a alteraccedilotildees de origem antroacutepica nos mais

diversos tipos de sistemas aquaacuteticos (marinhos de aacutegua doce

e de aacutegua de transiccedilatildeo) (PINNA et al 2013)

Dessa forma os macroinvertebrados bentocircnicos

constituem um grupo de grande relevacircncia ecoloacutegica em

ambientes aquaacuteticos tendo em vista sua participaccedilatildeo nas

cadeias alimentares sendo um dos principais elos das

estruturas troacuteficas dos ecossistemas aquaacuteticos (ABELLAacuteN et

al 2006) Esta comunidade apresenta caracteriacutesticas que

viabilizam sua utilizaccedilatildeo em estudos ecoloacutegicos tais como

diversidade de formas de vida e habitas mobilidade limitada

grande nuacutemero de espeacutecies possibilidade de toda a

comunidade responder a alteraccedilotildees do ambiente e espeacutecies

com ciclo de vida longo (BRANDIMARTE et al 2004)

A utilizaccedilatildeo da biomassa na avaliaccedilatildeo da qualidade

ambiental se faz importante para tentar compreender os

impactos antropogecircnicos que os ecossistemas aquaacuteticos

sofrem Uma vez que esta expressa agrave capacidade de

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acumulaccedilatildeo de energia e nutrientes pelos seres vivos em

interaccedilatildeo com as variaacuteveis ambientais (MOREIRA-BURGER

DELITTI 199) LIMA 2009) Desta forma aleacutem da diversidade

taxonocircmica a biomassa pode ser tambeacutem uma importante

ferramenta ecoloacutegica podendo descrever a estrutura e a

distribuiccedilatildeo das comunidades (BEGON et al1996)

Tendo em vista que atraveacutes da avaliaccedilatildeo da biomassa se

pode identificar as potencialidades e as fragilidades dos

ecossistemas aquaacuteticos estudados assim como avaliar

impactos sofridos em consequecircncias de accedilotildees antroacutepicas

Sendo este trabalho importante para futuros projetos de manejo

e conservaccedilatildeo de reservatoacuterios no Semiaacuterido

O objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade ambiental

de reservatoacuterios do semiaacuterido e os diferentes niacuteveis de accedilatildeo

antropogecircnica utilizando a biomassa de macroinvertebrados

bentocircnicos como indicador bioloacutegico

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

21 Aacuterea de estudo Caracterizaccedilatildeo da Bacia do Rio

Paraiacuteba

A bacia hidrograacutefica do Rio Paraiacuteba (Figura 1) compotildee o

conjunto das 11 bacias presentes no estado da Paraiacuteba sendo

considerada uma das mais importantes do semiaacuterido

nordestino Apresenta uma aacuterea de 2007183 kmsup2 estaacute

compreendida entreas latitudes 6ordm51rsquo31rsquorsquo e 8ordm26rsquo21rsquorsquo Sul e as

longitudes 34ordm48rsquo35rsquorsquo e 37ordm2rsquo15rdquo Oeste de Greenwich Eacute a

segunda maior bacia do estado da Paraiacuteba sendo formada

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pela sub-bacia do Rio Taperoaacute e Regiotildees do alto meacutedio e baixo

curso do rio Paraiacuteba (AESA 2012)

Figura 1 Localizaccedilatildeo geograacutefica dos reservatoacuterios e dos pontos de amostragem ao longo dos reservatoacuterios Poccedilotildees Epitaacutecio Pessoa e Argemiro de Figueiredo pertencentes agrave Bacia Hidrograacutefica do Rio Paraiacuteba Paraiacuteba Brasil

O Reservatoacuterio Poccedilotildees (Figura 1) eacute o primeiro a compor

a sequecircncia de reservatoacuterios na Bacia do Rio Paraiacuteba estaacute

situado no riacho Mulungu pertencente agrave sub-bacia do alto

Paraiacuteba com uma capacidade de acumulaccedilatildeo maacutexima de

29861562msup3 e drenando uma aacuterea de 656kmsup2 Sendo seu

potencial hiacutedrico eacute utilizado para muacuteltiplos fins pesca irrigaccedilatildeo

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abastecimento dessedentaccedilatildeo de rebanhos e lazer (AESA

2012) Eacute importante ressaltar que este seraacute o receptor do canal

de transposiccedilatildeo do eixo leste do rio Satildeo Francisco para o

Estado da Paraiacuteba

O reservatoacuterio Epitaacutecio Pessoa situa-se na divisa entre o

alto e meacutedio Paraiacuteba com uma bacia hidraacuteulica de 26784 ha e

capacidade de acumulaccedilatildeo maacutexima de 411686287 msup3

segundo maior do estado Sua principal utilizaccedilatildeo se daacute para

fins de abastecimento (20 municiacutepios no estado) mas ainda

verificam-se outras atividades como irrigaccedilatildeo pesca para

comercializaccedilatildeo e turismo (AESA 2012)

O reservatoacuterio Argemiro de Figueiredo localiza-se entre

as regiotildees do meacutedio e baixo rio Paraiacuteba com uma bacia

hidraacuteulica de 2300 ha de aacuterea e capacidade de acumulaccedilatildeo

maacutexima de 253000000 msup3sua principal finalidade eacute o

abastecimento das populaccedilotildees mas ainda verificam-se outras

atividades como irrigaccedilatildeo e pesca (AESA 2012)

22 Desenho Amostral

Foram distribuiacutedos 20 pontos de amostragem para

caracterizaccedilatildeo da comunidade bentocircnica na regiatildeo litoracircnea em

cada reservatoacuterio (Figura 1) totalizando 60 locais de

amostragem considerando os trecircs reservatoacuterios As coletas

foram realizadas no periacuteodo de maior volume hiacutedrico

(Dezembro 2011) e menor volume hiacutedrico (Julho de 2012)

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23 Macroinvertebrados Bentocircnicos

As amostras de macroinvertebrados bentocircnicos foram

coletadas com auxiacutelio de draga Van Veen (477cmsup2) foram

acondicionadas em sacos plaacutesticos e conservadas em formol a

4 Em laboratoacuterio as amostras foram lavadas em peneiras de

malha 1 mm e 050 mm e armazenadas em recipientes

plaacutesticos com aacutelcool 70 Em seguida as amostras foram

triadas em bandejas iluminadas contendo aacutegua O

procedimento de identificaccedilatildeo foi realizado com auxiacutelio de

estereoscoacutepico de luz e de bibliografias especializadas

(MUGNAI et al 2010 WARD ampWHIPPLE 1959 HAWKING amp

SMITH 1997) As larvas de Chironomidae (Diacuteptera Insecta)

foram identificadas ao niacutevel de gecircnero (TRIVINHO-

STRIXINO2011TRIVINHO STRIXINO amp STRIXINO 1995)

Para obtenccedilatildeo dos dados da biomassa dos

macroinvertebrados bentocircnicos os espeacutecimes foram

submetidos agrave pesagem em balanccedila analiacutetica de precisatildeo de

00001g e levados a estufa por 72h a 60ordmC para secar e

novamente serem pesados No caso do Filo Mollusca apoacutes

este processo de pesagem estes foram inseridos na mufla e

incinerados a 500 ordmC por 4 horas e novamente pesados

2 Anaacutelises de dados

Para avaliar o agrupamento das meacutetricas de distuacuterbio na

zona inundaacutevel (RDis_IXinun) e zona ripaacuteria (RDis_IXRip) em

relaccedilatildeo aos pontos de amostragem Azevecircdo (2013) realizou

uma anaacutelise de agrupamento utilizando distacircncia euclidiana

(CLUSTER) A anaacutelise dos dados e da comunidade de

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macroinvertebrados bentocircnicos foram realizadas obedecendo

ao agrupamento inicial formado pelos locais de amostragem

separados pelos valores das meacutetricas de distuacuterbio na zona

ripaacuteria e zona inundaacutevel (RDis_IXRip e RDis_IXinund) de

acordo com (AZEVEcircDO 2013)

Para verificar a existecircncia de diferenccedilas significativas da

biomassa entre os locais de amostragem com menor grau de

distuacuterbio e maior grau de distuacuterbio antropogecircnico foi realizada

uma anaacutelise de significacircncia PERMANOVA utilizado 999

randomizaccedilotildees onde p le 005

(PermutationalMultivariateAnalysisofVariance Anderson et al

2008) Assim foram definidos os seguintes fatores Grupos

(maior e menor distuacuterbio) e o volume hiacutedrico (dois niacuteveis maior

volume hiacutedrico e menor volume hiacutedrico)

Os dados bioloacutegicos foram transformados em raiz quarta

e tratados com distacircncia de Bray-curtessendo consideradas

diferenccedilas significativas (p le 005) seguindo o agrupamento de

acordo com a formaccedilatildeo de grupos para as meacutetricas e realizada

PERMANOVA para verificar a existecircncia de diferenccedila

significativa entre os grupos de pontos de amostragem e os

gecircneros de Chironomidae (Diacuteptera Insecta)

Para visualizaccedilatildeo dos grupos formados pela biomassa

para visualizaccedilatildeo dos grupos de distuacuterbios foi utilizada o box-

plot (Statiacutestica 70) As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas no

programa PRIMER-6 + PERMANOVA (Systat Software Cranes

Software InternationalLtd 2008) e no Statiacutetica 70 (STATSOFT

inc 2004)

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A biomassa da fauna bentocircnica no grupo de maior

distuacuterbio foi representada em grande quantidade pelas espeacutecies

exoacuteticas Melanoides tuberculatus (6439 plusmn 6636) e em menor

proporccedilatildeo por Corbicula largillierti (Philippi 1844) (111 plusmn 521)

seguido pelo Diacuteptera Chironomus(011 plusmn 046) no periacuteodo de

menor volume hiacutedrico (Figura 3) No periacuteodo de maior volume

hiacutedrico (Figura 2) M tuberculatusrepresentou (3112 plusmn 1420)

da comunidade bentocircnica seguido por Planorbidae (743 plusmn

1168) e Chironomus (007 plusmn 028)

No periacuteodo de menor distuacuterbio a biomassa do

gastroacutepode exoacutetico Mtuberculatus(Muumlller 1774) (6673 plusmn

4940)foi dominante em relaccedilatildeo agrave biomassa dos outros taacutexons

seguido por Oligochaeta (002 plusmn 004) e por Fissimentum(001

plusmn 004) no periacuteodo de menor volume No periacuteodo de maior

volume hiacutedrico no grupo de menor distuacuterbio foi verificado a

dominacircncia do molusco Mtuberculatus (2905 plusmn 1269) seguido

por Gomphidae (005 plusmn 014) e por Goeldichironomus (003 plusmn

008)

A biomassa da famiacutelia Chironomidae foi representada

por nove gecircneros de Diacuteptera distribuiacutedos entre os grupos de

menor distuacuterbio e de maior de distuacuterbio nos dois periacuteodos

amostrados sendo eles Goeldichironomus Fissimentum

Parachironomus Aedokritus Coelotanypus Clinotanypus

Cladopelma Chironomus e Asheum(Tabela 1)

Considerando os dois periacuteodos de amostragem no

grupo de menor distuacuterbio foram identificados os seguintes

gecircnerosGoeldichironomus Fissimentum Aedokritus

Cladopelma Chironomus e Asheum No grupo de maior

distuacuterbio os mesmos gecircneros estiveram presentes com

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exceccedilatildeo de Cladopelma (Tabela 1) No periacuteodo de menor

volume hiacutedrico (2012) natildeo houve diferenccedila significativa da

biomassa entre os grupos de distuacuterbio considerando o molusco

M tubercultus (PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 079231

p=0484) Mesmo excluindo o molusco M tubercultus natildeo foi

verificada diferenccedila significativa (PERMANOVA Pseudo- F1 59

= 09865 p=0436) entre os periacuteodos de amostragem

No periacuteodo de maior volume hiacutedrico (2011) houve

diferenccedila significativa da biomassa entre os grupos de distuacuterbio

quando considerado o molusco exoacutetico M tuberculatus

(PERMANOVA Pseudo- F1 59 = 33085 p= 002) Assim como

tambeacutem realizando a anaacutelise excluindo esse molusco o

resultado foi significativo (PERMANOVA Pseudo- F1 59 =

23638 p= 0004)

Figura 2 Box-plot da biomassa de macroinvertebrados bentocircnicos no periacuteodo de maior volume hiacutedrico (2011) considerando os locais com menor e maior distuacuterbio antropogecircnico nos reservatoacuterios da regiatildeo semiaacuterida

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

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Figura 3 Box-plot da biomassa de macroinvertebrados bentocircnicos no periacuteodo de menor volume hiacutedrico (2012) considerando os locais com menor e maior distuacuterbio antropogecircnico nos reservatoacuterios da regiatildeo semiaacuterida

Tabela 1 Meacutedia e desvio padratildeo para biomassa (mgsup2) nos dois grupos de maior e menor distuacuterbio nos periacuteodos de menor volume hiacutedrico e maior volume hiacutedrico amostrados no ano de 20112012

COMUNIDADE BENTOcircNICA Menor Distuacuterbio Maior Distuacuterbio

Menor volume Maior

volume Menor volume

Maior volume

MOLLUSCA Melanoidetuberculatus Muumlller 1774 6673 plusmn 4940

2905 plusmn 1269

6439 plusmn 6636

3112 plusmn 1420

Corbiculalargiliert Philippi 1844

111 plusmn 521

Planorbidae 743 plusmn 1168

ANEacuteLIDA

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Oligochaeta 002 plusmn 004 001 plusmn 005 002 plusmn 005

002 plusmn 006

Hirudiacutenea 0005 plusmn 002 0004 plusmn

003 001 plusmn 003

DIPTERA

Ceratopogonidae 0002 plusmn

001 Chironomidae (Diptera) Goeldichironomus Fittkau 1965 003 plusmn 008

0004 plusmn 001

003 plusmn 006

Fissimentum Cranston Nolte 1996 001 plusmn 004

0004 plusmn 001

0009 plusmn 003

0003 plusmn 002

Parachironomus Lenz 1921

0002 plusmn 001

0005 plusmn 002

Aedokritus Roback 1958 003 plusmn 006

0001 plusmn 001

0001 plusmn 001

Coelotanypus Kieffer 1913

003 plusmn 004

Clinotanypus Kieffer 1913

0007 plusmn 002

0001 plusmn 001

Cladopelma Kieffer 1921

0004 plusmn 001

Chironomus Meigen

1803 0009 plusmn 003 0008 plusmn

003 011 plusmn 046

007 plusmn 028

Asheum SubletteampSublette 1983 001 plusmn 003

0006 plusmn 002

0005 plusmn 002

ODONATA

Libellulidae 001 plusmn 006

Gomphidae 005 plusmn 014 002 plusmn 010

Coenagrionidae 0009 plusmn

002 0007 plusmn

002

HETEROPTERA

Corixidae 0002 plusmn

001 0002 plusmn

001

EPHEMEROPTERA

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

162

A distribuiccedilatildeo da biomassa entre os indiviacuteduos que

compotildee uma comunidade esta diretamente relacionada ao seu

funcionamento e pode refletir processos bioacuteticos e abioacuteticos

baacutesicos do ecossistema (STRAYER 1986) Fato este

comprovado com os gecircneros de Chironomidae encontrados nos

reservatoacuterios estudados onde a biomassa foi uma importante

ferramenta para compreender o estado que esses

ecossistemas se encontram

Tomando por base a biomassa de macroinvertebrados

como indicador de grau de alteraccedilatildeo em ecossistemas

aquaacuteticos pode-se observar que no periacuteodo de menor volume

hiacutedrico no grupo de menor distuacuterbio foi verificada a ocorrecircncia

de Oligochaeta bem como do gecircnero Fissimentum sendo este

um indicador de melhores condiccedilotildees ambientais devido sua

sensibilidade agrave poluiccedilatildeo orgacircnica em geral vivem em

ambientes pouco impactados (ROQUE 2000 LEAL et al

2004)

Ainda no grupo de menor distuacuterbio no periacuteodo de maior

volume hiacutedrico aleacutem da elevada biomassa de M tuberculatus

a presenccedila do gecircnero Goeldichironomus em menor densidade

comparado a sua ocorrecircncia no grupo de maior distuacuterbio indica

esta uma espeacutecie generalista mas que em maiores densidade

eacute indicador de ambientes impactados (LEITE 2010)

Baetidae 0006 plusmn

002

CRUSTACEA

Decaacutepoda 001 plusmn 004 0004 plusmn

001 0004 plusmn

002

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

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A elevada biomassa de M tuberculatusem ambos os

grupos eacute preocupante em virtude da capacidade desse

gastroacutepode causar desequiliacutebrios no ecossistema causando

mudanccedilas na estrutura da comunidade bentocircnica podendo

levar a extinccedilatildeo de espeacutecies nativas (HARKANTRA

RODRIGUES 2004) Pelo fato de afetar diretamente as

comunidades bioloacutegicas em geral colocam em risco a

biodiversidade e o equiliacutebrio ecoloacutegico dos ecossistemas

aquaacuteticos Aleacutem disso pode tambeacutem transmitir doenccedilas ao

homem como por exemplo a paragonimiacutease que afeta os

pulmotildees (SANTOS ESKINAZI-SANTrsquoANNA 2010)

Estudos realizados por Santana et al(2009) mostraram

a associaccedilatildeo de poucas espeacutecies ou de um uacutenico grupo

dominante de macroinvertebrados agrave perturbaccedilatildeo antroacutepica

Como encontrado neste estudo uma elevada predominacircncia

das espeacutecies exoacuteticas M tuberculatus e C largilliert em ambos

os periacuteodos estudados principalmente no grupo de maior

distuacuterbio antropogecircnico

4 CONCLUSOtildeES

A biomassa foi uma boa ferramenta para a avaliaccedilatildeo da

qualidade ambiental contudo para um melhor resultado foi

atrelado a ela a avaliaccedilatildeo da abundacircncia O presente estudo

mostrou que os valores da biomassa dos gecircneros de

Chironomidae contribuem na avaliaccedilatildeo da qualidade ambiental

de reservatoacuterios onde a maior biomassa de gecircnero

Fissimentum foi registrada no grupo de menor distuacuterbio visto

que sua presenccedila se daacute em locais pouco impactados assim

comofoi registrada a ocorrecircncia do Diacuteptera Chironomus no

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

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grupo de maior distuacuterbio sendo este um forte indicador de

ambientes impactados

Satildeo necessaacuterios mais estudos avaliando a biomassa para

comprovar a eficaacutecia dessa ferramenta na regiatildeo semiaacuterida

considerando uma maior quantidade de reservatoacuterios

localizados em ecorregiotildees diferenciadas para uma melhor

definiccedilatildeo do niacutevel e dos locais de distuacuterbio e consequentemente

da qualidade ambiental desses ecossistemas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

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Environmental monitoring and assessment vol 93 no3 p251-275 2004 HAWKING JH SMITH FJ Colour guide to invertebrates of Australian inland water Cooperative Research Centre for Freshwater Ecology Albury 1997 LEAL JJ F ESTEVES F A CALLISTO M Distribution of Chironomidae larvae in an Amazonian flood-plain lake impacted by bauxite tailings (Brazil) Amazoniana 18109-123 2004 LEITE R C Distribuiccedilatildeo espacial de Chironomidae (Diptera) em riachos da regiatildeo norte da Serra do Mar Estado de Satildeo Paulo Dissertaccedilatildeo da Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras de Ribeiratildeo Preto da USP p11-59 2010 LIMA T E O Anaacutelise Fitossociologica da Macrofauna edaacutefica e da biomassa em um trecho de floresta riparia no municiacutepio de Guarapuava Paranaacute 98 f Tese(Doutorado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba2009 Disponiacutevel em lthttpwwwflorestaufprbrposgraduacaodefesaspdf_dr2009t261_0293-Dpdfgt Acesso em 10 julho 2010 MEDEIROS ES NOIA NP ANTUNES LC and MELO TX Zooplankton composition in aquatic systems of semi-arid Brazil spatial variation and implications of water management Pan-American Journal of Aquatic Sciences v 6 p290-302 2011 MOLOZZI J FEIO M J SALAS F MARQUES JC CALLISTO M Development and test of a statistical model for the ecological assessment of tropical reservoirs based on benthic macroinvertebratesEcological Indicators 23 155-165 2012 MOREIRA-BURGER D DELITTI W B C Fitomassaepigeacutea da mata ciliar do rio Mogiguaccedilu Itapira - SP Revista Brasileira de Botacircnica v 22 n 3 p 429-435 1999 MUGNAI R NESSIMIAN JL BAPTISTA DF Manual de identificaccedilatildeo de macroinvertebrados aquaacuteticos do Estado do Rio de Janeiro Technical Books Editora Rio de Janeiro 174p2010 NOGUEIRA MG FERRAREZE M MOREIRA ML and GOUVEcircA RMPhytoplankton assemblages in a reservoir cascade of a large tropical-subtropical river (SE Brazil) Brazilian Journal of Biology v70 p781-793 2010 PARAIacuteBA Agecircncia Executiva de Gestatildeo das Aacuteguas do Estado da Paraiacuteba Comitecirc Rio Paraiacuteba Disponiacutevel emlthttpwwwaesapbgovbrcomitesparaiba2012gt Acesso em jul 2012 PINNA M MARINI G ROSATI I NETO JM PATRIacuteCIO J MARQUES JC and BASSET A The usefulness of large body-size

BIOMASSA DE MACROINVERTEBRADOS BENTOcircNICOS COMO INDICADOR DE IMPACTO AMBIENTAL EM RESERVATOacuteRIOS DO SEMIAacuteRIDO

166

macroinvertebrates in the rapid ecological assessment of Mediterranean lagoons EcologicalIndicators v29 p48-612013 ROQUE FO CORBI JJ TRIVINHO-STRIXINO S Consideraccedilotildees sobre a Utilizaccedilatildeo de Larvas de Chironomidae (Diptera) na Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua de Coacuterregos do Estado de Satildeo Paulo In Ecotoxicologia ndash Perspectivas para o seacuteculo XXI Satildeo Carlos RiMa Artes e Textos pp115-126 2000 SANTANA ACD SOUZA AHFF RIBEIRO LL ABIacuteLIO FJP Macroinvertebrados associados agrave macroacutefitas aquaacutetica Najas marina L do riacho Aveloacutes na regiatildeo semi-aacuterida do Brasil Revista de biologia e Ciecircncias da Terra 9 32-46 2009 SANTOS CM ESKINAZI-SANTANNA EM The introduced snail MelanoidesTuberculatus (Muller 1774) (MolluscaThiaridae) in aquatic ecosystems of the 57 Brazilian Semiarid Northeast (Piranhas-Assu River basin State of Rio Grande do Norte) Braz J Biol 70 1-7 2010 STATSOFT INC Programa computacional Statistica 70 EAU 2004 STRAYER D Thesizestructure of a lacustrine zoobenthic communityOecologia v69 p 513-516 1986 TRIVINHO-STRIXINO S and STRIXINO G Larvas de Chironomidae (Diptera) do Estado de Satildeo Paulo Guia de Identificaccedilatildeo e Diagnose dos Gecircneros SAtildeO CARLOS-SP PPG-ERNUFSCAR p 229 1995 TRIVINHO-STRIXINO S Larvas de Chironomidae Guia de identificaccedilatildeo Graacutefica UFScar123 p 371 2011 TUNDISI JG MATSUMURA-TUNDISI T and TUNDISI JEM Reservoirs and human well being new challenges for evaluating impacts and benefits in the neotropics Brazilian Journal of Biology v68 p1133-1135 2008 WARD HB E WHIPPLE GC Biologia de Aacutegua Doce2 ordf ed John Wiley and Sons New York 1248p 1959

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

167

CAPIacuteTULO 10

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE CIANOBACTEacuteRIAS E

CIANOTOacuteXINAS

Leandro Gomes VIANA 1

Patriacutecia Silva CRUZ 2 1 Mestre em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental UEPB 2 Doutoranda em Engenharia Ambiental

UEPB e-mail leandrogomesbiologogmailcom

RESUMO Descargas de esgotos industriais domeacutesticos sem tratamento e a utilizaccedilatildeo extensa de fertilizantes na agricultura vecircm contaminando rios lagos e mananciais de abastecimento puacuteblico provocando o aumento das concentraccedilotildees de nutrientes fosfatados e nitrogenados causando a eutrofizaccedilatildeo artificial que tem como principal consequecircncia floraccedilotildees de cianobacteacuterias Vaacuterios gecircneros de cianobacteacuterias satildeo produtores toxinas chamadas cianotoxinas que podem causar danos tanto a biota aquaacutetica quanto agrave sauacutede humana As cianotoxinas podem ser divididas em trecircs grupos as neurotoxinas as hepatotoxinas e as dermatotoxinas Objetivou-se neste estudo 1-Realizar uma anaacutelise cienciomeacutetrica sobre a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas 2-Apresentar as principais teacutecnicas utilizadas para remoccedilatildeo decianobacteacuterias e cianotoxinas De forma geral a anaacutelise cienciomeacutetrica indicou uma tendecircncia de aumento quanto ao nuacutemero de publicaccedilotildees envolvendo cianobacteacuterias nos uacuteltimos anos No entanto o deacuteficit de estudos envolvendo cianobacteacuterias e cianotoxinas indicam a necessidade de estudos futuros sobre a ocorrecircncia e toxicologia desses organismos uma vez que suas cianotoxinas pode causar danos ao ser humano Entre as variadas tecnologias mais usadas para a remoccedilatildeo eficiente de

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

168

cianobacteacuterias de cianotoxinas estatildeo a preacute-oxidaccedilatildeo usando-se ozocircnio derivados de cloro peroacutexido de oxigecircnio e a adsorccedilatildeo por carvatildeo ativado em poacute ou granular e argilas organofiacutelicas adsortivas Palavras-chave Eutrofizaccedilatildeo Toxina Sauacutede Puacuteblica

1 INTRODUCcedilAtildeO

Atualmente a crescente eutrofizaccedilatildeo artificial nos

ecossistemas aquaacuteticos tem sido produzida por atividades

humanas que vecircm causando o aumento do aporte de nutrientes

nitrogenados e fosfatados nesses sistemas Este

enriquecimento produz mudanccedilas na qualidade da aacutegua tais

como reduccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido mortandade de peixes e

o aumento da incidecircncia de proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias

(AZEVEDO et al 1994 ESTEVES 2011)

Uma das grandes preocupaccedilotildees mundiais quanto perda

de qualidade da aacutegua eacute a proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias em

ecossistemas aquaacuteticos (MORENO et al 2011) Estes

microrganismos satildeo potencialmente produtores toxinas A

proliferaccedilatildeo de cianobacteacuterias produtoras de toxinas nos corpos

daacutegua pode afetar a qualidade da aacutegua e aumentar o risco de

toxicidade (MAGALHAtildeES et al 2001) As cianotoxinas podem

causar desde irritaccedilotildees cutacircneas a intoxicaccedilotildees agudas e

crocircnicas na biota aquaacutetica e seres humanos (FALCONER

2005 CALIJURI et al 2006) FROSCIO et al 2008) Em todo

o mundo os problemas associados com cianobacteacuterias estatildeo

aumentando especialmente em aacutereas que apresentam altas

taxas de urbanizaccedilatildeo e crescimento populacional e que natildeo

dispotildeem de tratamento adequado de aacutegua e esgotos

(CAMACHO et al 2012) Diante do exposto objetivou-se neste

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

169

estudo 1-Realizar uma anaacutelise sobre o direcionamento dos

estudos sobre cianobacteacuterias e cianotoxinas (anaacutelise

cienciomeacutetrica) no intuito de gerar informaccedilotildees que possam

fomentar novos estudos sobre estes microrganismos 2-

Apresentar as principais teacutecnicas utilizadas para remoccedilatildeo de

cianobacteacuterias e cianotoxinas

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Para a anaacutelise cienciomeacutetrica utilizou-se o banco de

dados ldquoSciVerse Scopusrdquo cujo acesso foi realizado no periacuteodo

de 15 de Abril a 05 de Maio de 2016 Foi realizada uma busca

de todos os itens que possuiacutea no tiacutetulo resumo ou palavras-

chave as palavras cianobacteacuterias e cianotoxinas Os

documentos foram analisados a partir de 1996 primeiro ano de

registro para o termo ateacute 2015 As seguintes informaccedilotildees foram

obtidas para cada documento A) Nuacutemero de publicaccedilotildees por

ano B) Tipo de trabalho C) Nome do perioacutedico em que o

trabalho foi publicado D) Aacuterea de concentraccedilatildeo E) Paiacutes de

publicaccedilatildeo e F) Autores das publicaccedilotildees

Para a exposiccedilatildeo das principais teacutecnicas utilizadas para

remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e cianotoxinas foram utilizados

recursos como dissertaccedilotildees de mestrado e artigos cientiacuteficos

aleacutem de livros que abordam o tema em estudo

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As cianobacteacuterias satildeo microrganismos procariotos

fotossintetizantes e aeroacutebicos (MOLICA AZEVEDO 2009)

Constituem juntamente com os demais organismos

fitoplanctocircnicos a base da cadeia alimentar aquaacutetica e uma

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

170

importante fonte de oxigecircnio aleacutem de desempenhar um

importante papel nos processos de ciclagem de nutrientes

(YOO et al 1995) Entretanto havendo condiccedilotildees ambientais

favoraacuteveis podem adquirir taxas de crescimento elevadas

proliferando rapidamente e originando as floraccedilotildees (AZEVEDO

et al 2002) que podem ocasionar seacuterios problemas no

ambiente aquaacutetico com efeitos ao longo de toda a cadeia

alimentar

As cianobacteacuterias possuem uma alta plasticidade a

adaptaccedilotildees bioquiacutemicas fisioloacutegicas geneacuteticas e reprodutivas

o que garantiu a esses microrganismos a sua ocorrecircncia em

diversos ambientes terrestres e aquaacuteticos como rios estuaacuterios

e mares (BRANDAtildeO DOMINGOS 2006) Seu sucesso

adaptativo eacute decorrente do desenvolvimento de determinadas

estruturas como os vacuacuteolos gasosos em algumas espeacutecies

que permitem sua migraccedilatildeo vertical na coluna daacutegua em busca

de intensidades de luz adequada e nutrientes necessaacuterios ao

seu desenvolvimento (MOLICA 1996) Outras cianobacteacuterias

podem apresentar heterocistos ceacutelulas com parede celular

dupla cuja funccedilatildeo eacute fixar o nitrogecircnio molecular (BRANDAtildeO

DOMINGOS 2006) Outros grupos de cianobacteacuterias em

periacuteodo de dessecaccedilatildeo podem se converterem em acinetos

ceacutelulas que conferem agraves cianobacteacuterias resistecircncia ao

ressecamento permitindo a sobrevivecircncia desses organismos

por muitos anos em ambientes com escassez hiacutedrica

(CALIJURI ALVES SANTOS 2006) Por exemplo o sucesso

de cianobacteacuterias em lagos e reservatoacuterios tem sido atribuido

a fatores como a estabilidade fiacutesica da coluna drsquoaacutegua pH e

temperaturas elevadas (SHAPIRO 1990 PAERL HALL

CALANDRINO 2011)

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

171

Foram localizados 64 documentos com as palavras

cianobacteacuterias no titulo palavras-chave ou resumo Estes foram

publicados em 30 meios de comunicaccedilatildeo cientifica no entanto

a maior parte dos trabalhos foi publicada na revista Oecologia

Brasiliensis (n=8)

O primeiro estudo utilizando esse termo foi publicado em

1996 (n=1) Fig (1) Foi a partir de 1999 que as publicaccedilotildees

comeccedilaram a serem anuais Nos anos de 1997 1998 2000 e

2003 natildeo foram observadas publicaccedilotildees com relaccedilatildeo ao tema

cianobacteacuterias Fig (1) Os anos em que mais se publicaram

estudos sobre a temaacutetica supracitada foram 2009 (n=8) 2011

(n=10) e 2015 (n=7) Sendo assim eacute notaacutevel o aumento no

numero de publicaccedilotildees entre os anos de 2009 e 2015 Fig (1)

Figura 1 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias por ano

A maior parte dos trabalhos (n=59 ou 922) foi

publicada na forma de artigo cientiacutefico A maior parte dos

estudos estaacute dentro da aacuterea de concentraccedilatildeo de Ciecircncias

Agraacuterias e Bioloacutegicas (n=35) seguida de Ciecircncias Ambientais

(n=28)

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

172

Com relaccedilatildeo aos autores que mais escreveram sobre a

temaacutetica cianobacteacuterias se destacam Maria Cristina

Benintende (n=3) Silvia Mercedes Benintende (n=3) Maria do

Carmo Bittencourt-Oliveira (n=3) Cecilia Isabel Saacutenchez

(n=3) Aloysio da Silva Ferratildeo-Filho (n=3) Ariadne do

Nascimento Moura (n=3) e Sandra Maria Feliciano de Oliveira

e Azevedo (n=3)

Entre os paiacuteses em que se observaram publicaccedilotildees com

a temaacutetica cianobacteacuterias os que mais se destacaram com

relaccedilatildeo ao nuacutemero de publicaccedilotildees foram o Brasil (n=41)

Argentina (n=10) Espanha (n=4) Costa Rica (n=3) Colocircmbia

(n=2) Meacutexico (n=2) e Estados unidos (n=2) Fig (2)

Figura 2 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias por paiacutes

A principal preocupaccedilatildeo com o aumento da ocorrecircncia

de cianobacteacuterias em mananciais de abastecimento eacute a sua

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

173

potencial capacidade de produzir e liberar cianotoxinas para o

meio liacutequido (MORENO et al 2011)

A exposiccedilatildeo de seres humanos as cianotoxinas podem

ocorrer por diversas vias Contato dermal inalaccedilatildeo ingestatildeo

oral intravenosa (hemodiaacutelise) e atraveacutes da bioacumulaccedilatildeo na

cadeia alimentar (CALIJURI ALVES SANTOS 2006)

Existem cerca de 40 gecircneros de cianobacteacuterias descritos

como produtores de cianotoxinas nocivas podendo este

nuacutemero estar subestimado mediante dificuldades relacionadas

agrave identificaccedilatildeo taxonocircmica (CARMICHAEL 2008) Os principais

gecircneros toacutexicos descritos satildeo Microcystis Cylindrospermopsis

Dolichospermum Nodularia Oscillatoria Trichodesmium

Schizothrix Lyngbya (DI BERNARDO MINILLO DANTAS

2010)

Conforme suas estruturas quiacutemicas as cianotoxinas

podem ser incluiacutedas em trecircs grandes grupos bioquiacutemicos os

peptiacutedeos ciacuteclicos os alcaloacuteides e os lipopolissacariacutedeos (LPS)

Entretanto por suas accedilotildees toxicoloacutegicas em mamiacuteferos as

cianotoxinas satildeo classificadas como hepatotoxinas

neurotoxinas e dermatotoxinas (CHURRO et al 2012) sendo

as uacuteltimas produzidas por cianobacteacuterias em geral (CALIJURI

ALVES SANTOS 2006)

Dentre as cianotoxinas as hepatotoxinas satildeo as

causadoras mais comuns das intoxicaccedilotildees Satildeo produzidas

pelos gecircneros Microcystis Dolichospermum Plankthotrix e

Nodularia (DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010)

Apresentam accedilatildeo mais lenta podendo provocar a morte em

intervalos de poucas horas a poucos dias resultante de

hemorragia intra-hepaacutetica e choque hipovolecircmico (AZEVEDO et

al 1994) As principais hepatotoxinas satildeo as microcistinas e as

nodularinas Essas cianotoxinas penetram nos hepatoacutecitos por

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

174

meio de receptores de aacutecidos biliares e promovem uma

desorganizaccedilatildeo dos filamentos intermediaacuterios e dos

microfilamentos de actina que satildeo poliacutemeros proteicos que

formam o citoesqueleto do hepatoacutecito (FALCONER 1991) o

que leva consequentemente a perda da arquitetura do fiacutegado e

a graves lesotildees hepaacuteticas Essas cianotoxinas satildeo tambeacutem

consideradas potentes promotoras de tumores hepaacuteticos

(FALCONER 1991)

Outra hepatotoxina eacute cilindrospermopsina produzidas

por diversos gecircneros de cianobacteacuterias como Aphazinomenon

Cylindrospermopsis Raphidiopsis Dolichospermum e

Umemzakia (DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010) A

cilindrospermopsina provoca inibiccedilatildeo da siacutentese proteica

(CHORUS BARTRAM 1999)

As neurotoxinas satildeo produzidas por espeacutecies dos

gecircneros Dolichospermum Aphanizomenon Oscillatoria

Cylindrospermopsis Plankthotrix Trichodesmium e Lyngbya

(DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010) Afetam as

transmissotildees dos impulsos nervosos provocando paralisaccedilatildeo

da atividade muscular e consequentemente parada

cardiorrespiratoacuteria (MOLICA AZEVEDO 2009) Apresentam

accedilatildeo raacutepida provocando a morte de animais em intervalos de

poucos minutos ou poucas horas (MOLICA 1996) Satildeo

exemplos de neurotoxinas anatoxina-a homoanotoxina-a e

anatoxina-a(s) A accedilatildeo da anatoxina-a e homoanotoxina-a se

daacute pela ligaccedilatildeo irreversiacutevel aos receptores de acetilcolina natildeo

sendo degradadas pela acetilcolinesterase o que as fazem agir

como um bloqueador neuromuscular (CARMICHAEL 1992

CHORUS BARTRAM 1999) Jaacute a anatoxina-a(s) inibe a accedilatildeo

da acetilcolinesterase impedindo que esta promova a

degradaccedilatildeo da acetilcolina ligada aos receptores (BRANDAtildeO

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

175

DOMINGOS 2006) A anatoxina-a(s) homoanotoxina-a e a

anatoxina-a provocam a superestimulaccedilatildeo muscular seguida

de fadiga e paralisia que em muacutesculos respiratoacuterios pode ser

letal

As saxitoxinas e neosaxitoxinas satildeo neurotoxinas da

classe das PSP (Paralytic Shellfish Poison) que atuam pela

interrupccedilatildeo da comunicaccedilatildeo entre os neurocircnios e as ceacutelulas

musculares atraveacutes dos canais de soacutedio impedindo a

propagaccedilatildeo do impulso nervoso e provocando

consequentemente paralisia muscular (CALIJURI et al 2006

DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010)

As dermatotoxinas satildeo produzidas por todos os gecircneros

de cianobacteacuterias Satildeo toxinas irritantes ao contanto com a

pele Satildeo exemplos de dermatotoxinas os lipopolisacariacutedeos

(LPS) debromoaplisiatoxina lingbiatoxina (CHORUS

BARTRAM 1999) Os LPS provocam irritaccedilatildeo ao contato

(CALIJURI et al 2006) As debromoaplisiatoxinas e

lingbiatoxinas provocam inflamaccedilatildeo e satildeo potentes promotores

de tumores (DI BERNARDO MINILLO DANTAS 2010)

Com relaccedilatildeo aos termos cianobacteacuterias e cianotoxinas

no titulo palavras-chave ou resumo foram localizados 12

documentos O primeiro estudo utilizando esses termos foi

publicado no ano 2009 (n=1) Foi a partir de 2009 que as

publicaccedilotildees comeccedilaram a serem anuais Fig (3)

No ano de 2014 natildeo foram observadas publicaccedilotildees

efetivas com relaccedilatildeo agrave temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas

O ano em que mais se publicaram estudos com a temaacutetica

supracitada foi 2009 (n=3) Fig (3)

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

176

Figura 3 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas por ano

Todos os estudos (n=12 ou 100) envolvendo agrave

temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas foram publicados em

forma de artigo cientiacutefico Estes foram publicados em 8 (oito)

meios de comunicaccedilatildeo cientifica No entanto a maior parte dos

trabalhos foi publicada nas revistas Brazilian Journal of Biology

(n=3) e Oecologia Brasiliensis (n=3) A maior parte dos

trabalhos estaacute dentro da aacuterea de concentraccedilatildeo Ciecircncias

Agraacuterias e Bioloacutegicas (n=7) e Ciecircncias Ambientais (n=7)

Com relaccedilatildeo aos autores que mais escreveram sobre a

temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas estatildeo Maria do Carmo

Bittencourt-Oliveira (n=2) e Ariadne do Nascimento Moura

(n=2) Dentre os paiacuteses em que se observaram publicaccedilotildees

com a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas os que mais se

destacaram com relaccedilatildeo ao nuacutemero de publicaccedilotildees foram o

Brasil (n=11) e Argentina (n=2) Fig (4) o que de certa forma

indica a preocupaccedilatildeo com relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia desses

organismos em ecossistemas aquaacuteticos do nosso paiacutes

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

177

Figura 4 Nuacutemero de publicaccedilotildees com a temaacutetica cianobacteacuterias e cianotoxinas por paiacutes

Embora o nuacutemero de publicaccedilotildees efetivas sobre a

temaacutetica cianobacteacuterias cianotoxinas natildeo seja elevado

sinalizam uma grande lacuna que dever ser preenchida por

estudos posteriores uma vez que as cianobacteacuterias satildeo

organismos potencialmente produtores de toxinas que podem

ser letais para a biota aquaacutetica e seres humanos

A presenccedila de cianobacteacuterias e cianotoxinas em

mananciais destinados ao abastecimento puacuteblico aleacutem de

puder trazer problemas de sauacutede puacuteblica resulta em

dificuldades operacionais do sistema de tratamento

empregado aumentando os custos do tratamento A presenccedila

de cianobacteacuterias em ETAs (Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacuteguas)

pode causar problemas operacionais em vaacuterias etapas de

tratamento tais como dificuldade de coagulaccedilatildeo e floculaccedilatildeo

baixa eficiecircncia do processo de sedimentaccedilatildeo colmataccedilatildeo dos

filtros e aumento da necessidade de produtos para a

desinfecccedilatildeo (CAMPINAS et al 2002) No Brasil a maioria das

estaccedilotildees de tratamento de aacutegua realizam apenas tratamento

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

178

convencional sendo que este natildeo eacute capaz de remover as

cianotoxinas que podem estar presentes na aacutegua

(RODRIGUES et al 2016)

Estudos com relaccedilatildeo agrave remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e

cianotoxinas englobam uma ampla variedade de tecnologias

desde as mais simplificadas como a filtraccedilatildeo lenta e os

processos convencionais ateacute a adoccedilatildeo de etapas de preacute e poacutes-

oxidaccedilatildeo utilizando diversos oxidantes como o ozocircnio e o cloro

(LAPOLLI CORAL RECIO 2011)

Entre as teacutecnicas mais utilizadas para a remoccedilatildeo de

cianobactegraverias e cianotoxinas estatildeo a preacute-oxidaccedilatildeo usando-se

ozocircnio derivados de cloro peroacutexido de hidrogecircnio a radiaccedilatildeo

ultravioleta e a adsorccedilatildeo por carvatildeo ativado e argilas

organofiacutelicas adsortivas Outro meacutetodo altamente eficiente neste

sentido eacute a filtraccedilatildeo em membrana (microfiltraccedilatildeo ultrafiltraccedilatildeo

e nanofiltraccedilatildeo)

Estudos realizados por Ferreira e Motta Marques (2009)

em escala de bancada com a argila modificada Phoslockreg

demonstrou uma remoccedilatildeo altamente significativa de foacutesforo

reativo dissolvido (gt99) e consequente reduccedilatildeo efetiva

(gt94) da densidade da cianobacteacuteria Microcystis aeruginosa

Pesquisa de Qiao et al (2005) utilizando a radiaccedilatildeo UV

combinada com o peroacutexido de hidrogecircnio (H2O2) promoveu a

remoccedilatildeo de 9483 da microcistina presente na aacutegua

Mondardo Sens e Melo Filho (2006) em escala de

bancada com a preacute-ozonizaccedilatildeo obtiveram melhores

resultados quando comparados aos ensaios realizados com a

preacute-cloraccedilatildeo Neste estudo o emprego da preacute-ozonizaccedilatildeo

demonstrou ser uma alternativa eficiente para o preacute-tratamento

de aacutegua com elevada concentraccedilatildeo de microalgas e

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

179

cianobacteacuterias que utiliza a teacutecnica da filtraccedilatildeo direta como

processo de potabilizaccedilatildeo

A teacutecnica de preacute-cloraccedilatildeo eacute uma praacutetica realizada em

muitos sistemas de tratamento de aacutegua que visa promover a

remoccedilatildeoinativaccedilatildeo de microalgas e cianobacteacuterias

(MONDARDO SENS MELO FILHO 2006) Alguns problemas

como a formaccedilatildeo de trialometanos (THM) produtos altamente

carcinogecircnicos jaacute foram reportados com a utilizaccedilatildeo desse tipo

de preacute-tratamento em aacuteguas de mananciais com elevadas

densidades de fitoplacircncton (MONDARDO SENS MELO

FILHO 2006)

A preacute-oxidaccedilatildeo com o ozocircnio apresenta alta eficiecircncia

de remoccedilatildeo de cianotoxinas Estudos de Miao e Tao (2009)

com preacute-oxidaccedilatildeo utilizando o ozocircnio demonstrou uma

eficiecircncia de 753 na remoccedilatildeo de Microcystis aureginosa e de

893 de microcistinas-RR e de 957 na remoccedilatildeo de

microcistina-LR

A preacute e poacutes-oxidaccedilatildeo tem demonstrado resultados

satisfatoacuterios quanto agrave remoccedilatildeo de cianobacteacuterias mas eacute

preciso ter cautela ao utilizar esses meacutetodos uma vez que suas

aplicaccedilotildees podem aumentar os niacuteves de cianotoxinas na aacutegua

mediante lise das ceacutelulas das cianobacteacuterias (LAPOLLI

CORAL RECIO 2011)

O carvatildeo ativado apresenta uma boa eficiecircncia na

remoccedilatildeo de cianotoxinas seja ele em poacute (CAP) ou granular

(CAG) Em estudos de Cook e Newcombe (2002) utilizando o

CAP observou-se a eficiecircncia da remoccedilatildeo de microcistinas na

seguinte ordem microcistina-RR (100) microcistina-YR

(80) microcistina-LR (70) e microcistina-LA (30) Jaacute

estudos com o carvatildeo ativado granular demonstrou uma

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

180

eficiecircncia maior que 95 na remoccedilatildeo de hepatoxinas e de 95

na remoccedilatildeo de neurotoxinas (FALCONER et al 1989)

Em estudos de Muumlller (2008) foi testada a eficiecircncia do

CAP de diferentes origens como madeira osso antracito e

coco para a remoccedilatildeo de microcistina em aacutegua para

abastecimento O CAP originado da madeira foi o mais eficiente

quanto agrave remoccedilatildeo de microcistina

O uso de CAG incorporado na ETA em colunas de

filtraccedilatildeo no final do tratamento mostra excelente eficiecircncia de

remoccedilatildeo de cianotoxinas facilidades de instalaccedilatildeo operaccedilatildeo e

manutenccedilatildeo aleacutem de dar flexibilidade ao sistema de

tratamento jaacute que este fica retido dentro da coluna e natildeo

aumenta a formaccedilatildeo de lodo como ocorre com a utilizaccedilatildeo do

CAP Diversos estudos demonstraram a eficiecircncia na remoccedilatildeo

de cianobacteacuterias (ceacutelulas inteiras) e elevadas concentraccedilotildees

de cianotoxinas atingino valores de microcistina-LR inferiores

ao limite de 1 microgL1 da Portaria 29142011-Ministeacuterio da Sauacutede

utilizando-se o sulfato de alumiacutenio e condiccedilotildees controladas das

etapas de coagulaccedilatildeo floculaccedilatildeo e sedimentaccedilatildeo seguidas de

filtraccedilatildeo por filtros de areia e colunas de CAG (SANTIAGO

2008 GUERRA 2012)

Embora apresente uma alta eficiecircncia na remoccedilatildeo de

cianobacteacuterias e cianotoxinas o uso de carvatildeo ativado

apresenta problemas relacionados com a adsorccedilatildeo ou seja

com o tempo esse material sofre reduccedilatildeo na capacidade

adsortiva em virtude da mateacuteria orgacircnica presente na aacutegua

(LEE WALKER 2006)

Apersar de apresentar elevados custos as teacutecnicas de

separaccedilatildeo por membranas se apresentam como promissoras

no acircmbito da remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e cianotoxinas em

aacuteguas de abastecimento (HITZFELD et al 2000) Em estudos

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

181

de Mierzwa (2006) utilizando-se membrana de ultrafiltraccedilatildeo

ocorreu uma remoccedilatildeo de quaser 100 de algas e

cianobacteacuterias Jaacute em estudos de Texeira e Rosa (2005)

utilizando-se a teacutecnica de nanofiltraccedilatildeo foi reportada a reduccedilatildeo

de microcistina e anatoxina-a em quaser sua totalidade

4 CONCLUSOtildeES

De forma geral a produccedilatildeo cientiacutefica sobre a temaacutetica

cianobacteacuterias tem aumentado nos uacuteltimos anos Isso eacute

decorrente da dominacircncia das cianobacteacuterias em ecossistemas

aquaacuteticos ser um problema preocupante visto que vaacuterios

gecircneros destas satildeo capazes de produzirem toxinas que podem

afetar tanto a biota aquaacutetica quanto seres humanos A maior

parte das publicaccedilotildees com relaccedilatildeo ao tema cianobacteacuterias e

cianotoxinas foi realizada no Brasil o que de certa forma

demonstra o interesse de pesquisadores brasileiros nessa aacuterea

No entanto haacute muito para se estudar e elucidar com relaccedilatildeo agrave

ocorrecircncia e toxicologia desses organismos sobretudo em

ecossistemas aquaacuteticos do Semiaacuterido Brasileiro sistemas

extremantes vulneraacuteveis as mudanccedilas climaacuteticas e a escassez

hiacutedrica e em que a ocorrecircncia de cianobacteacuterias eacute frequente

Embora exista uma gama de teacutecnicas destinadas a

remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e cianotoxinas e devido a

peculiariadade de cada uma delas faz-se necessaacuterio testar a

eficiecircncia de cada meacutetodo com aacuteguas que possuem diferentes

niacuteveis de cianobacteacuterias e cianotoxinas

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

182

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DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

183

DI BERNARDO L MINILLO A DANTAS A D B Floraccedilotildees de algas e de cianobacteacuterias suas influecircncias na qualidade da aacutegua e nas tecnologias de tratamento Volume 1 Satildeo Carlos LDiBe 2010 536 p ESTEVES F A Fundamentos de limnologia 3ed Rio de Janeiro Interciecircncia 2011 826 p FALCONER I R Tumor Promotion and Liver Injury Caused by Oral Consumption of Cyanobacteria Environmental Toxicology and Water Quality v 6 n 2 p 177-184 1991 FALCONER I R RUNNEGAR M T C BUCKLEY T HUYN V L BRADSHAW P Using activated carbon toxicity from drinking water containing cyanobacterial blooms Journal American Water Works Association v 81 n 2 p 102-105 1989 FALCONER I R HAMPAGE A R Health Risk Assessment of Cyanobacterial (Blue-green Algal) Toxins in Drinking Water International Journal of Environmental Research and Public Health v 2 n 1 p 43-50 2005 FERREIRA T F MOTTA MARQUES D M L Aplicaccedilatildeo de Phoslockreg para remoccedilatildeo de foacutesforo e controle de cianobacteacuterias toacutexicas Revista Brasileira de Recursos Hiacutedricos v 14 n 2 p 73-82 2009 FROSCIO S M HUMPAGE A R WICKRAMASINGHE W SHAW G FALCONER I R Interaction of the cyanobacterial toxin cylindrospermopsin with the eukaryotic protein synthesis system Toxicon v 5 n 2 p 191-198 2008 GUERRA A B Avaliaccedilatildeo em escala de bancada do emprego de carvatildeo ativado granular na remoccedilatildeo de microcistina-LR na potabilizaccedilatildeo de aacuteguas eutrofizadas do semiaacuterido nordestino 2012 98 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias e Tecnologia Ambiental) Universidade Estadual da Paraiacuteba Campina Grande 2012 HITZFELD B C HOGER S J DIETRICH D R Cyanobacterial toxin removal during drinking water treatment and human risk assessment Environmental Health Perspectives v 108 p113-122 2000 LAPOLLI F R CORAL L A RECIO M Aacute L Cianobacteacuterias em mananciais de abastecimento - problemaacutetica e meacutetodos de remoccedilatildeo Revista DAE v 185 p 10-17 2011 LEE J WALKER HW Effect of process variables and natural organic matter on removal of microcystin-LR by PAC-UF Environ Sci Technol v 40 n 23 p 7336-7342 2006 MAGALHAtildeES V F SOARES R M AZEVEDO S M F O Microcystin contamination in fish from the Jacarepaguaacute Lagoon (RJ Brazil) Ecological implication and human health risk Toxicon v 39 n 7 p 1077-1085 2001

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

184

MIAO H TAO W The mechanisms of ozonation on cyanobacteria and its toxins removal Separation and Purification Technology v 66 n1 p 187-193 2009 MIERZWA J C Processos de separaccedilatildeo por membranas para tratamento de aacutegua In Prosab 4 - Contribuiccedilatildeo ao estudo da remoccedilatildeo de cianobacteacuterias e microcontaminantes orgacircnicos por meio de teacutecnicas de tratamento de aacutegua para consumo humano Belo Horizonte ABES p 335-380 2006 MOLICA R J R Efeitos da intensidade luminosa no crescimento e produccedilatildeo de microcistinas em duas cepas de Microcystis aeruginosa Kuumltz emend Elenkin (Cyanophyceae) 1996 88 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado Biotecnologia Vegetal) - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1996 MOLICA R AZEVEDO S M F O Ecofisiologia de cianobacteacuterias produtoras de cianotoxinas Oecologia Brasiliensis v 13 n 2 p 229-246 2009 MONDARDO R I SENS M L MELO FILHO L C de Preacute-tratamento com cloro e ozocircnio para remoccedilatildeo de cianobacteacuterias Revista Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v11 n 4 p 337-342 2006 MORENO I M HERRADOR M A ATENCIO L PUERTO M GONZALEZ A G CAMEAN A M Differentiation between microcystin contaminated and uncontaminated fish by determination of unconjugated MCs using an ELISA anti-adda test based on receiver-operating characteristic curves threshold values Application to Tinca tinca from natural ponds Environmental Toxicology v 26 n 1 p 45-56 2011 MUumlLLER C C Avaliaccedilatildeo da utilizaccedilatildeo de carvatildeo ativado em poacute na remoccedilatildeo de microcistina em aacutegua para abastecimento puacuteblico 2008 121 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ecologia) ndash Instituto de Biociecircncias Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2008 PAERL H W HALL N S CALANDRINO E S Controlling harmful cyanobacterial blooms in a world experiencing anthropogenic and climatic-induced change Science of the Total Environment v 409 n 10 p 1739-1745 2011 QIAO RUI-PING LI N QI XIN-HUA WANG QI-SHAN ZHUANG YUAN-YI Degradation of microcystin-RR by UV radiation in the presence of hydrogen peroxide Toxicon v 45 n 6 p 745-752 2005 RODRIGUES A S OLIVEIRA F P S SILVEIRA L F SILVA T M P Anaacutelise de Teacutecnicas para Remoccedilatildeo de Cianobacteacuterias e Cianotoxinas em Aacuteguas de Abastecimento In Anais do IV Congresso Baiano de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental Cruz das Almas p1-6 2016 SANTIAGO L M Remoccedilatildeo de ceacutelulas de cianobacteacuterias por processos de sedimentaccedilatildeo e flotaccedilatildeo por ar dissolvido avaliaccedilatildeo em escala de

DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS E TEacuteCNICAS DE REMOCcedilAtildeO DE

CIANOBACTEacuteRIAS E CIANOTOacuteXINAS

185

bancada 2008 141f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Saneamento Meio Ambiente e Recursos Hiacutedricos) Universidade Federal de Minas Gerais 2008 SHAPIRO J Current beliefs regarding dominance by blue-greens the case for the importance of CO2 and pH Verhandlungen der Internationalen Vereinigung fuumlr Theoretische und Angewandte Limnologie v 24 p 38-54 1990 TEIXEIRA M R ROSA M J Microcystins removal by nanofiltration membrane Separaration and Purification Technology v 46 n 3 p 192-201 2005 YOO R S CARMICHAEL W W HOEHN N HURDEY R C S E Cyanobacterial (blue-green algal) toxins a resource guide Denver AWWA Foundation and the American Water Works Association 1995 229 p

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

186

CAPIacuteTULO 11

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

Claudiana Dantas CALIXTO 1

Clediana Dantas CALIXTO 2

Cristiane Dantas CALIXTO 3 1 Graduanda do curso de Lic Ciecircncias Agraacuterias UFPB 2 Doutoranda em Quiacutemica PPGQ

UFPB 3 Graduanda do Bacharelado em Enfermagem UNINASSAU claudianadantashotmailcom

RESUMO Nos dias atuais se faz necessaacuterio oferecer uma educaccedilatildeo voltada ao exerciacutecio criacutetico da cidadania como funccedilatildeo primordial das poliacuteticas puacuteblicas educacionais Muitas pesquisas tecircm apresentado discussotildees sobre a necessidade de construir estrateacutegias ao qual abordem temas que reflitam interesses necessidades e vivecircncias dos estudantes utilizando recursos didaacuteticos que explorem os aspectos sensoriais psicoloacutegicos e afetivos dos alunos Nesse sentido o uso de hortas vem atuando como uma ferramenta auxiliar ao processo de ensino e aprendizagem dos conteuacutedos ambientais Desta forma a presente pesquisa busca implantar uma horta hidropocircnica como metodologia de ensino para alunos do 3ordm ano do Ensino Meacutedio de uma escola puacuteblica do Municiacutepio de Juarez Taacutevora-PB A constataccedilatildeo dos resultados foi realizada atraveacutes da observaccedilatildeo nas mudanccedilas do comportamento praacuteticas e interaccedilatildeo dos discentes que participaram integralmente eou parcialmente das atividades em grupo juntamente aos educadores Os resultados expressam que a introduccedilatildeo da horta hidropocircnica no ambiente educacional foi bem aceita pelos estudantes contribuindo para facilitar o seu aprendizado onde uma grande maioria afirmou que as situaccedilotildees do cotidiano presentes no recurso didaacutetico ajudaram no entendimento de

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

187

temas ambientas tornando a aula mais dinacircmica contextualizada e envolvente Logo fica evidente que a utilizaccedilatildeo de materiais didaacuteticos desta natureza se configura como uma ferramenta potencializadora para a promoccedilatildeo da aprendizagem dos conteuacutedos ambientais Palavras-chave Horta hidropocircnica Ensino meacutedio Recursos

didaacuteticos

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Educaccedilatildeo Ambiental (EA) surgiu da preocupaccedilatildeo da

sociedade com o futuro da vida e com a qualidade de vida das

futuras geraccedilotildees (CARVALHO 2004 p 51) O termo EA surgiu

em 1965 durante a Conferecircncia em Educaccedilatildeo na Universidade

de Keele na Gratilde-Bretanha como parte essencial da educaccedilatildeo

de todos os cidadatildeos e seria vista daiacute em diante e por muito

tempo como sendo essencialmente voltada a conservaccedilatildeo do

meio natural e a ecologia aplicada (DIAS 2000 p78)

Segundo Guimaratildees (2004) o modelo arcaico de ensino

de transmissatildeo de conteuacutedos ainda eacute muito forte atualmente

Entatildeo para combater essas praacuteticas assim como a

transformaccedilatildeo da teoria e dos discursos em accedilotildees

pedagoacutegicas criacutetico-reflexivas e praacutetica ainda eacute um grande

obstaacuteculo Desta forma eacute cada vez mais necessaacuterio que o

educador enquanto responsaacutevel pela formaccedilatildeo de seus

discentes aja efetivamente no intuito de proporcionar o

conhecimento necessaacuterio para que eles possam entender e

criar suas posiccedilotildees mas sobretudo contribuir para a

disseminaccedilatildeo de praacuteticas voltadas para a melhoria da postura

da sociedade

Remetendo a uma visatildeo mais moderna e a dimensatildeo

poliacutetico-pedagoacutegica a Educaccedilatildeo Ambiental pode definir-se

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

188

como uma educaccedilatildeo criacutetica voltada para a cidadania Uma

cidadania expansiacutevel inclusiva como objeto de direitos a

integridade dos bens naturais dos quais depende a existecircncia

humana Nesse sentido uma Educaccedilatildeo Ambiental criacutetica

deveria ser base fomentadora dos elementos para a formaccedilatildeo

de um sujeito capacitado a identificar as diversas

idiossincrasias conflituosas das relaccedilotildees sociais (CARVALHO

2004)

Fica notoacuterio tambeacutem que a transformaccedilatildeo das praacuteticas

pedagoacutegicas no ambiente escolar no sentido de serem

reflexivas e participativas eacute ainda um processo que desafia a

grande maioria dos professores

Concomitantemente a outros aspectos a horta

hidropocircnica em ambiente escolar trabalha envolvendo a escola

como um todo planejamento construccedilatildeo e desenvolvimento

aleacutem da realizaccedilatildeo de atividades inerentes e a promoccedilatildeo de

novas possibilidades para o desenvolvimento de accedilotildees

pedagoacutegicas por permitir praacuteticas em equipe explorando a

multiplicidade das formas de aprender eacute uma alternativa como

laboratoacuterio vivo para o ensino de ciecircncias Jaacute que a hidroponia

eacute uma teacutecnica que consiste em cultivar as plantas sem utilizar

solo ou seja utilizando apenas aacutegua e substacircncias nutritivas

nela diluiacutedas para o mantimento e o desenvolvimento do

cultivo

A teacutecnica hidropocircnica apresenta caracteriacutesticas

importantes como exigecircncia de menos espaccedilo para seu

desenvolvimento devido seu sistema radicular ser mais

compacto suprimento mais eficiente de nutrientes devido agrave

pronta disponibilidade para absorccedilatildeo pelas plantas otimizaccedilatildeo

do espaccedilo produtivo que permite uma produccedilatildeo ateacute quatro

vezes maior que em outros modelos alta qualidade e sanidade

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

189

dos espeacutecimes produzidos pois natildeo precisa de aplicaccedilatildeo de

agrotoacutexicos

Assim quando compararmos a aplicabilidade da

utilizaccedilatildeo de uma horta como ferramenta didaacutetica com as

aptidotildees inerentes agrave modalidade de hortas hidropocircnicas fica

aparente a compatibilidade de ambos os meacutetodos para a

promoccedilatildeo de um ensino de qualidade

Desta forma pretendemos implantar uma pesquisa

educacional envolvendo um tema ambiental que

especificamente tem a capacidade de instigar a comunidade

escolar para repensar sua postura atraveacutes da vivecircncia de uma

nova realidade e daacute meios para que adotem novas posturas

pessoais e coletivas na relaccedilatildeo com o meio natural

Objetivou-se sobretudo implantar uma horta hidropocircnica

como metodologia de ensino na Escola Estadual do Ensino

Fundamental e Meacutedio Dom Adauto no municiacutepio de Juarez

Taacutevora ndash PB Outras accedilotildees positivas oferecidas aos discentes

com esse meacutetodo eacute a confrontaccedilatildeo de situaccedilotildees que instigam

questionamentos interessantes duacutevidas que mobilizem o

processo de indagaccedilotildees acerca de como as hortas

hidropocircnicas podem contribuir para reflexatildeo sobre preservaccedilatildeo

do meio ambiente principalmente no que diz respeito agrave

degradaccedilatildeo do solo poluiccedilatildeo das aacuteguas contaminaccedilatildeo por

agrotoacutexico

Outro fator importante para esta pesquisa eacute a

comprovaccedilatildeo da admissibilidade da teacutecnica hidropocircnica para o

ensino das Ciecircncias Agraacuterias Atuando de suporte agrave utilizaccedilatildeo

de modelos praacuteticos como meio motivador dos discentes

Adotamos como metodologia na indumentaacuteria deste

trabalho a teacutecnica de pesquisas no qual atraveacutes da criaccedilatildeo e

execuccedilatildeo de um aparato de produccedilatildeo hidropocircnica de mudas

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

190

vegetais da espeacutecie alface (L Sativa) (americana grandes

lagos 659) e da avaliaccedilatildeo da aplicabilidade dessa ferramenta

educacional como proposta vaacutelida agrave induccedilatildeo de diversos

aspectos relacionados com ciecircncias agraacuterias biologia

quiacutemica sustentabilidade meio ambiente e conservaccedilatildeo de

recursos natildeo renovaacuteveis

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

O trabalho foi realizado na Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Meacutedio Dom Adauto localizada na Avenida

Adalberto Pereira de Melo nordm18 no municiacutepio de Juarez

Taacutevora-Paraiacuteba uacutenica escola deste municiacutepio ao qual

disponibiliza o ensino meacutedio mesmo possuindo espaccedilo fiacutesico

miacutenimo para acomodar a comunidade acadecircmica e nenhum

acompanhamento psicoloacutegico e pedagoacutegico de profissionais

especiacuteficos destas aacutereas a mesma apresenta excelentes

profissionais que buscam o mesmo princiacutepio o

desenvolvimento soacutecio-politico-educacional do educando

A pesquisa eacute do tipo qualitativo porque empreende a

explicaccedilatildeo de um fenocircmeno que natildeo necessariamente pode

ser completamente mensurado por anaacutelise de dados jaacute que a

realidade e o sujeito satildeo elementos indissociaacuteveis E assim

sendo levam-se em consideraccedilatildeo traccedilos subjetivos e

particularidades cujos pormenores natildeo podem ser traduzidos

apenas em nuacutemeros quantificaacuteveis

Sobre a pesquisa qualitativa Maanem (1979) afirma

que a expressatildeo pesquisa qualitativa reflete um trabalho que

objetiva traduzir eou expressar o sentido dos fenocircmenos do

mundo social trata-se de reduzir a distacircncia entre indicador e

indicado entre a teoria contexto e accedilatildeo Neste trabalho a

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

191

pesquisadora atuou realizando levantamentos bibliograacuteficos e

sobre o potencial de aplicabilidade do meacutetodo de hortas

escolares na modalidade de hortas hidropocircnicas como

ferramentas didaacuteticas estruturadas para o ensino de ciecircncias

e biologia (aleacutem de outros componentes similares agraves Ciecircncias

Agraacuterias) associando esses conceitos verificando e

caracterizando-os de acordo com o seu potencial de tornar-se

uma teacutecnica de ensino

A coleta de dados mais especiacuteficos foi realizada atraveacutes

de uma pesquisa documental nas modalidades fiacutesica e online

em diversos trabalhos e perioacutedicos de fundo didaacutetico

educacional assim como no rebuscamento de bibliografias

inespeciacuteficas poreacutem relacionaacuteveis ao tema

21 TEacuteCNICA DA HORTA HIDROPOcircNICA COMO

FERRAMENTA EDUCACIONAL AgraveS CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

Segundo Lipai (2010) eacute atribuiacutedo ao estado o dever de

promover a educaccedilatildeo ambiental a todos os niacuteveis de estudo e

a conscientizaccedilatildeo puacuteblica para a preservaccedilatildeo do meio

ambiente (em consonacircncia com o art 225 inciso VI da

Constituiccedilatildeo brasileira de 1988) A definiccedilatildeo de educaccedilatildeo

ambiental eacute dada no artigo 1deg da lei ndeg 979599 na forma de

processos por meio dos quais o indiviacuteduo e a coletividade

possam construir valores sociais conhecimentos habilidades

atitudes e competecircncias voltadas para a conservaccedilatildeo do meio

ambiente

O trabalho com as hortas no ambiente educacional

possui um enorme potencial inclusivo pois a atuaccedilatildeo em

accedilotildees extraclasse desse tipo tem a capacidade de estimular

aspectos como a curiosidade motivaccedilatildeo aleacutem da sinestesia

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

192

baacutesica de todos os envolvidos esse fator eacute evidenciado por

Kaufman (1998) quando comenta as cidades estatildeo cada vez

mais longe do meio natural e os ciclos da natureza satildeo longos

lentos e pouco cotidianos para a vida das pessoas Assim a

horta escolar em compensaccedilatildeo eacute um espaccedilo onde todas as

partes compartilham as mesmas emoccedilotildees ao plantar cuidar e

colher ou seja a horta eacute um sistema vivo um conjunto de

elementos que se relacionam

Conforme afirma Ribeiro (2005) a escola que opta por

desenvolver uma horta orgacircnica quase sempre tem como

objetivos melhorar a qualidade da merenda escolar servir de

estudo do meio para as diversas disciplinas e ser um tema

gerador para se tratar questotildees relacionadas agrave conservaccedilatildeo

ambiental como equiliacutebrio dos ecossistemas conservaccedilatildeo de

solos e florestas controle bioloacutegico problemas causados ao

ambiente pelo uso de agrotoacutexicos diversidade bioloacutegica entre

outros

22 REGISTRO DA APLICACcedilAtildeO DA TEacuteCNICA DA HORTA

HIDROPOcircNICA COMO DIFUSORA DA EDUCACcedilAtildeO

AMBIENTAL EM SALA DE AULA

Com o objetivo de definir a real benesse da utilizaccedilatildeo

dos meacutetodos como a criaccedilatildeo de hortas hidropocircnicas em sala

de aula sob a forma de um fator para melhorar os aspectos

deficitaacuterios em interesse por parte dos alunos pela interaccedilatildeo

com o meio ambiente consciecircncia ambiental compreensatildeo da

importacircncia dos recursos naturais e concepccedilatildeo de ambientes

entre outras temaacuteticas de interesse de discentes e docentes

Essa pesquisa tem o papel de atuar como indexador de

conteuacutedos afins de embasamento teacutecnico legal e praacutetico natildeo

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

193

apenas para um puacuteblico alvo restrito mas para que todo e

qualquer profissional educador que objetive melhorar o aspecto

qualitativo do ensino retenha na anaacutelise deste trabalho a

capacidade de entender a importacircncia da aplicaccedilatildeo desse

meacutetodo educacional no seu ambiente de ensino

A realizaccedilatildeo do procedimento retratado neste trabalho

aconteceu em vaacuterios momentos os quais podemos classificar

em sete etapas

1ordf etapa ndash Pesquisa documental e anaacutelise bibliograacutefica

nesta etapa foi feita a busca por informaccedilotildees pertinentes ao

embasamento pedagoacutegico e histoacuterico-social da utilizaccedilatildeo das

teacutecnicas de hortas hidropocircnicas didaacuteticas ou teacutecnicas similares

empregadas na dimensatildeo do trabalho

2ordf etapa ndash Escolha da situaccedilatildeo e do espaccedilo para o

trabalho escolha do local onde seraacute realizado o trabalho

seguida em primeiros contatos com a gestatildeo da instituiccedilatildeo de

ensino e o agente educador com os quais seraacute firmada a

parceria contatos iniciais com os discentes e realizaccedilatildeo de

uma atividade coletiva explicando o decurso procedimental do

trabalho

3ordm etapa ndash Iniacutecio da execuccedilatildeo praacutetica da proposta

interventiva do trabalho com a divisatildeo da turma em nuacutecleos de

trabalho em equipe facilitando assim a realizaccedilatildeo simultacircnea

de diversas atividades com a coordenaccedilatildeo do professor e da

graduanda

4deg etapa ndash Seleccedilatildeo das atividades para cada equipe

onde seratildeo escolhidos os responsaacuteveis diretos por liderar os

grupos na montagem da estrutura fiacutesica do rack montagem da

estrutura hidraacuteulica manipulaccedilatildeo e germinaccedilatildeo das sementes

formulaccedilatildeo da soluccedilatildeo nutritiva pesquisa didaacutetica e de apoio

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

194

5deg etapa ndash Seguimento do trabalho conduzido com a

gradual liberaccedilatildeo dos discentes para o cuidado e manutenccedilatildeo

das vaacuterias etapas da produccedilatildeo nesse estaacutegio o profissional

educadorinterventor diminui seu papel de coordenador praacutetico

e deixa a cabo dos alunos gradualmente cada uma das tarefas

com as quais esses se mostrarem preparados para assumir

atuando no final apenas como orientador da produccedilatildeo e

deixando seu rumo e outros aspectos menores como

responsabilidade de decisatildeo aos novos gestores da mesma (os

discentes)

6deg etapa ndash Coleta dos dados referenciais aplicaccedilatildeo de

questionaacuterio avaliativo sobre o perfil do trabalho realizado

segundo os discentes e educador da turma onde foi realizada

a atividade

7ordm etapa ndash Procedimentos poacutes-accedilatildeo realizaccedilatildeo da

anaacutelise e composiccedilatildeo dos referenciais sobre agrave auto avaliaccedilatildeo

da pesquisa composiccedilatildeo do dossiecirc constituiacutedo dos resultados

encontrados na avaliaccedilatildeo

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O ensino agraacuterio atraveacutes da teacutecnica hidropocircnica para os

alunos do 3ordm ano ldquoArdquo do ensino meacutedio da Escola Estadual do

Ensino Fundamental e Meacutedio Dom Adauto do municiacutepio de

Juarez Taacutevora ndash PB foi realizado atraveacutes da observaccedilatildeo nas

mudanccedilas do comportamento nas praacuteticas e na interaccedilatildeo dos

discentes que participaram integralmente ou parcialmente das

atividades em grupo juntamente aos educadores

A constataccedilatildeo desses fatos foi realizada e registrada

principalmente pelos proacuteprios educadores da escola assim

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

195

como pela equipe gestora e pela graduanda responsaacutevel pela

pesquisa

A praacutetica em questatildeo mesmo sendo uma iniciativa

direcionada a um puacuteblico limitado de uma seacuterie especiacutefica

trouxe a luz um potencial inesperado por ambas as partes que

constituiacuteram as atividades representadas atraveacutes da

consideraacutevel melhoria para com a interaccedilatildeo discente-discente

e discente-docente

Atraveacutes de nossa observaccedilatildeo pudemos constatar

quase uma totalidade nos avaliadores (docentes graduanda

gestatildeo escolar) e por convenccedilatildeo de toda essa melhoria nas

relaccedilotildees interpessoais foi atribuiacuteda principalmente agrave vivecircncia

extraclasse associado ao conviacutevio e cuidado para com a

natureza refletida nos espeacutecimes vegetais produzidos essa

empatia foi logo observada pelos discentes

Foi notaacutevel a diferenccedila no comportamento dos discentes

enquanto praticavam o experimento passaram a socializar-se

mais e discutirem sobre o que estavam fazendo corretamente

ou natildeo Os referidos alunos ainda tiveram a oportunidade de

experimentar uma forma de responsabilidade seacuteria ao tempo

que lhes foi delegado o dever de cuidar daquelas placircntulas

Outro aspecto recorrente foi a melhoria no

comportamento que natildeo se estendeu unicamente aos

participantes envolvidos na pesquisa da horta mas sobretudo

a toda a comunidade escolarrdquo (Joseacute Raniery Rodrigues de

Oliveira professor de Quiacutemica)

De forma mais sinteacutetica a construccedilatildeo da horta

hidropocircnica no acircmbito escolar estruturou e fomentou atitudes

cotidianas que vieram contribuir para resgatar a importacircncia do

trabalho em equipe

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

196

Endossando o resultado atraveacutes do nosso trabalho de

pesquisa Morgado (2006) descreve que a horta inserida no

ambiente escolar pode ser um laboratoacuterio vivo que possibilita o

desenvolvimento de diversas atividades pedagoacutegicas em

educaccedilatildeo ambiental e alimentar unindo teoria e praacutetica de

forma contextualizada auxiliando no processo de ensino-

aprendizagem e estreitando relaccedilotildees atraveacutes da promoccedilatildeo do

trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais

envolvidos

A realizaccedilatildeo desse trabalho eacute grandemente

enriquecedora tanto no aspecto educacional quando o

educador e seus alunos exercem forte comunicaccedilatildeo entre si e

mantem-se em sintonia constante quanto no acircmbito social de

uma atividade extraclasse que exige muito compromisso de

ambas as partes aleacutem de proporcionar ao educador

principalmente aos novatos na educaccedilatildeo a obrigaccedilatildeo quase

moral de buscar sempre mais e oferecer ainda mais aos seus

discentes ao custo que for

Essa espeacutecie de atividade traz junto consigo vaacuterias

situaccedilotildees sejam estas positivas ou natildeo geralmente o educador

se depara nesses momentos com necessidade de expansatildeo

do cronograma preacute-estabelecido necessidade de mais

experiecircncias teoacutericas e desconhecimento do tema pelos

discentes Foram ocorrecircncias comuns tambeacutem alteraccedilatildeo dos

planos de aula por necessidade dos discentes ocorrecircncia de

falhas nos caacutelculos de soluccedilotildees nutritivas mortalidades

inesperadas nos vegetais pesquisados expectativas

divergentes entre os discentes sobre a produccedilatildeo e etc

E conforme Boff (1999 p33) ldquocuidar eacute mais que um ato

eacute uma atitude Portanto abrange mais que um momento de

atenccedilatildeo de zelo e de desvelo Representa uma atitude de

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

197

ocupaccedilatildeo preocupaccedilatildeo de responsabilizaccedilatildeo e de

envolvimento afetivo com o outrordquo

31 REGISTRO FOTOGRAacuteFICO DO EXPERIMENTO

Figura 1 Elaboraccedilatildeo da estrutura para implante dos perfis de

hidroponia no sistema de calhas paralelas para recirculaccedilatildeo da

soluccedilatildeo nutritiva

Fonte Proacutepria 2016

Segundo Martins (2004) a compreensatildeo de um

conteuacutedo atrelado pelo curriacuteculo e veiculado em sala daacute-se

justamente pela aplicabilidade deste para com o cotidiano de

cada discente de forma a incrementar positivamente sua

ldquoexperientiardquo

Segundo Anastasiou (2004) o ensino-aprendizagem eacute uma

praacutetica social complexa que quando adequadamente realizada

entre professor e aluno otimiza a accedilatildeo de ensinar quanto a de

aprender e proporciona parcerias para o enfrentamento da

construccedilatildeo do conhecimento escolar em accedilotildees vistas na sala

de aula e fora dela

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

198

Figura 2 Bandeja para eliminaccedilatildeo de dormecircncia e brotamento

das sementes de Latuca Sativa L

Fonte Proacutepria 2016

Ribeiro (2005) afirma que a escola que opta por

desenvolver uma horta orgacircnica quase sempre tem como

objetivos melhorar a qualidade da merenda escolar servir de

estudo do meio para as diversas disciplinas e ser um tema

gerador para se tratar questotildees relacionadas agrave conservaccedilatildeo

ambiental

Morgado (2006) descreve que a horta inserida no

ambiente escolar pode ser um laboratoacuterio vivo que possibilita o

desenvolvimento de diversas atividades pedagoacutegicas em

educaccedilatildeo ambiental e alimentar unindo teoria e praacutetica de

forma contextualizada

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

199

Figura 3 Monitoramento e controle de qualidade das mudas na

bandeja sementeira e transferecircncia das mudas para os perfis

hidropocircnicos

Fonte Proacutepria 2016

Segundo Karling (1991) os recursos de ensino devem

ser usados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem

pois ajudam enormemente a comunicaccedilatildeo a compreensatildeo e a

estruturaccedilatildeo da aprendizagem cognitiva ldquoContudo natildeo

podemos esquecer que por melhores que sejam os recursos

se o professor natildeo os utilizar com habilidade e criatividade

pouco valor teratildeo Para saber utilizar eacute preciso muita

imaginaccedilatildeo criatividade e treinordquo (KARLING 1991 p254)

Nas palavras de Schneuwly e Dolz (2004 p 45) essas

estrateacutegias ldquosupotildeem a busca de intervenccedilotildees no meio escolar

que favoreccedilam a mudanccedila e a promoccedilatildeo dos alunos a uma

melhor mestria dos gecircneros e da situaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo que

lhes correspondemrdquo

E conforme Boff (1999 p33) ldquocuidar eacute mais que um ato

eacute uma atituderdquo

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

200

4 CONCLUSOtildeES

Conclui-se com este trabalho que

Pode ser considerado um laboratoacuterio-vivo para aulas

praacuteticas diretas e indiretas de diversas disciplinas como

Biologia Quiacutemica e Fiacutesica

Pode servir como um excelente instrumento para o

desenvolvimento de pesquisas de Educaccedilatildeo Ambiental

Possibilita uma educaccedilatildeo mais efetiva dos alunos e

facilita o processo de ensino- aprendizagem

O uso de hortas hidropocircnicas no ensino foi

comprovadamente efetiva para a aplicaccedilatildeo em sala de aula

Solidifica a experiecircncia do educador e envolvendo o

interesse dos discentes

Ao teacutermino deste trabalho foi possiacutevel observar a

mudanccedila beneacutefica de comportamento ocorrido entre docentes

e discentes Em siacutentese pode-se observar e afirmar que os

objetivos preacute-definidos foram alcanccedilados positivamente e que a

partir deste novas metodologias inovadoras seratildeo adquiridas

para a melhoria da transmissatildeo dos conteuacutedos disciplinares

Outro aspecto protagonista eacute a aplicabilidade do uso de

hortas hidropocircnicas no ensino comprovadamente efetiva para a

aplicaccedilatildeo em sala de aula sendo uma importante ferramenta

quando bem utilizada trazendo tambeacutem muitos frutos sob todos

os acircmbitos solidificando a experiecircncia do educador e

envolvendo o interesse dos discentes

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANASTASIOU L G C ALVES L P (Org) Processos de ensinagem na universidade pressupostos para as estrateacutegias de trabalho em aula Joinville SC UNIVILLE 2004

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

201

ANASTASIOU L G C Didaacutetica e accedilatildeo docente aspectos metodoloacutegicos na formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo In ROMANOWSKI J P MARTINS PLO JUNQUEIRA S R A Conhecimento local e conhecimento universal pesquisa didaacutetica e accedilatildeo docente Curitiba Champagnat 2004 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Coordenaccedilatildeo de Educaccedilatildeo Ambiental A implantaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Ambiental no Brasil Brasiacutelia MEC 1998 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Paracircmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Meacutedio Ciecircncias Matemaacuteticas e da Natureza e suas tecnologias Secretaria de Educaccedilatildeo Meacutedia e Tecnoloacutegica - Brasiacutelia MEC SEMTEC v 3 1999 BRASIL MECSEF Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil introduccedilatildeo vol1 Brasiacutelia 1998 BRASIL Ministeacuterio do Meio Ambiente Diretoria de Educaccedilatildeo Ambiental Programa Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental ndash ProNEA Brasiacutelia DF 2003 8p BOFF L Saber cuidar ndash eacutetica do humano ndash compaixatildeo pela terra Petroacutepolis Vozes 1999 33p CARVALHO ICM Educaccedilatildeo Ambiental a formaccedilatildeo do sujeito ecoloacutegico Satildeo Paulo Cortez 2004 51p CHASSOT Attico Alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica questotildees e desafios para a educaccedilatildeo Ijuiacute Editora Unijuiacute 2000 DIAS GF Educaccedilatildeo Ambiental Princiacutepios e Praacuteticas Satildeo Paulo Gaia 6a ediccedilatildeo 2000 78p GUIMARAtildeES M A formaccedilatildeo de educadores ambientais Campinas Papirus 2004 KARLING AA A didaacutectica necessaacuteria Satildeo Paulo Ibrasa 1991 MARTINS J Anotaccedilotildees em torno do conceito de Educaccedilatildeo para Convivecircncia com o Semi-Aacuterido In Educaccedilatildeo para a convivecircncia com o Semi-Aacuterido Brasileiro reflexotildees teoacuterico praacuteticas Bahia Juazeiro Selo Editorial RESAB 2004 LEFF Enrique Saber ambiental sustentabilidade racionalidade complexidade poder Trad Luacutecia Mathilde Endlich Orth Petroacutepolis-RJ Vozes 2001 a 258p ____ Epistemologia ambiental Satildeo Paulo Cortez 2001 LIPAI E M Educaccedilatildeo ambiental nas escolas Disponiacutevel em HTTPportalmecgovbrdmdocumentspublicaccedilao3pdf acesso em 20042010 Acessado em 08 de Abril de 2016 MAANEN J V Reclaiming qualitative methods for organizational research a preface In Administrative Science Quarterly vol 24 no 4 December 1979 a p 520-526

UTILIZACcedilAtildeO DE HORTAS HIDROPOcircNICAS COMO ESTRATEacuteGIA DE ENSINO REFLEXIVO SOBRE MEIO AMBIENTE E SEGURANCcedilA ALIMENTAR

202

MORGADO F S A horta escolar na educaccedilatildeo ambiental e alimentar experiecircncia do Pesquisa Horta Viva nas escolas municipais de Florianoacutepolis Centro de Ciecircncias Agraacuterias Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2006 PCNs Paracircmetros Curriculares Nacionais Ensino Meacutedio Brasiacutelia MEC Secretaria da Educaccedilatildeo Meacutedia e Tecnoloacutegica 1999 RIBEIRO A L Gestatildeo de Pessoas 7 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2005 SANTANA S L C Utilizaccedilatildeo e Gestatildeo de Laboratoacuterios Escolares Dissertaccedilatildeo (mestrado) Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo em Ciecircncias Quiacutemica da Vida e Sauacutede Universidade Federal de Santa Maria 2011 SANTOS W L P SCHNETZLER R P Educaccedilatildeo em quiacutemica compromisso com a cidadania Ijuiacute Editora da UNIJUIacute 1997 SCHNEUWLY B DOLZ J Os gecircneros escolares ndash das praacuteticas de linguagem aos objetos de ensino In SCHNEUWLY Bernard DOLZ Joaquim e colaboradores Gecircneros orais e escritos na escola Campinas Mercado de Letras 2004

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

203

CAPIacuteTULO 12

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O

ENSINO DE CIEcircNCIAS

Karina Guedes CORREIA 12

Danielle Helany Rosa de SOUZA 3

Tamirys Cristeine Coelho e SILVA3 1 Bioacuteloga Professora do curso de Medicina UNIPEcirc 2 OrientadoraProfessora do Curso de

Medicina UNIPEcirc 3 Graduandas do curso de Medicina UNIPEcirc karinaguedesunipecom

RESUMO Com o objetivo de colaborar com a melhoria da qualidade do ensino puacuteblico e conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da relaccedilatildeo entre o homem e o ambiente o trabalho relata a experiecircncia vivenciada em uma escola da rede municipal da Cidade do Cabo de Santo Agostinho ndash PE onde foi implantada uma Horta de Plantas Medicinais A experiecircncia desenvolvida tem como objetivo de refletir sobre a importacircncia das plantas medicinais proporcionar um regate cultural da utilizaccedilatildeo das plantas medicinais bem como sensibilizar a comunidade escolar para a utilizaccedilatildeo da mesma como recurso didaacutetico Este estudo eacute de natureza observacional descritiva com uma abordagem qualitativa Observou-se que horta escolar se constitui num espaccedilo de aprendizado integrador do curriacuteculo escolar promovendo a evoluccedilatildeo deste do modelo fragmentado para o modelo sistecircmico do conhecimento As aulas praacuteticas realizadas na horta representaram uma oportunidade de fazer algo diferenciado com as turmas em que pode ser mostrado algo aleacutem do que estaacute escrito nos livros A horta inserida no ambiente escolar pode contribuir de forma significativa para a formaccedilatildeo integral do aluno tendo em vista que o tema engloba diferentes aacutereas de conhecimento e pode ser desenvolvido durante todo o processo de ensino

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

204

aprendizagem atraveacutes de vastas aplicaccedilotildees pedagoacutegicas com situaccedilotildees reais envolvendo educaccedilatildeo ambiental e cultural Palavras-chave Ensino Educaccedilatildeo Ambiental Aulas Praacuteticas

1 INTRODUCcedilAtildeO

Com o objetivo de colaborar com a melhoria da qualidade

do ensino puacuteblico e conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da

relaccedilatildeo entre o homem e o ambiente o trabalho relata a

experiecircncia vivenciada em uma escola da rede municipal da

Cidade do Cabo de Santo Agostinho ndash PE onde foi implantada

uma Horta de Plantas Medicinais A experiecircncia desenvolvida

tem como objetivo de refletir sobre a importacircncia das plantas

medicinais proporcionar um regate cultural da utilizaccedilatildeo das

plantas medicinais bem como sensibilizar a comunidade escolar

para a utilizaccedilatildeo da mesma como recurso didaacutetico

O emprego de plantas medicinais na recuperaccedilatildeo da

sauacutede tem evoluiacutedo ao longo dos tempos desde as formas mais

simples de tratamento local provavelmente utilizada pelo

homem das cavernas ateacute as formas tecnologicamente

sofisticadas da fabricaccedilatildeo industrial utilizada pelo homem

moderno (LORENZI 2002) Por essas razotildees eacute que trabalhos

de difusatildeo e resgate do conhecimento de plantas vecircm-se

difundindo cada vez mais principalmente nas aacutereas mais

carentes (MARTINS et al 1994)

As praacuteticas agriacutecolas jaacute estiveram legalmente inseridas

no curriacuteculo do Ensino Fundamental com objetivos voltados

para a preparaccedilatildeo de matildeo-de-obra para atuaccedilatildeo no meio

considerado rural (BRASIL 1971) Os processos de

urbanizaccedilatildeo coincidem com o abandono das accedilotildees em

agricultura nas escolas O investimento numa apreciaccedilatildeo mais

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

205

acurada dos limites e das possibilidades da inserccedilatildeo dessas

atividades nas escolas urbanas indica que natildeo tem sido

valorizada a elaboraccedilatildeo de estrateacutegias eficazes para a

construccedilatildeo e a exploraccedilatildeo do potencial pedagoacutegico das hortas

nessa nova situaccedilatildeo (SILVA 2010)

As hortas escolares embasadas nos princiacutepios da

agricultura urbana e da agroecologia (MACHADO MACHADO

2002) podem ser requalificadas quanto ao espaccedilo e funccedilatildeo

contribuindo para o resgate da relaccedilatildeo ser humano-ambiente

natural-alimento Essa conjunccedilatildeo permite a elaboraccedilatildeo de

arcabouccedilos cientiacutefico pedagoacutegico e didaacutetico consistentes e

com possibilidades de aplicaccedilatildeo em escolas urbanas para o

alcance dos objetivos fundamentais da educaccedilatildeo

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais

(BRASIL 2001) a participaccedilatildeo ativa dos estudantes nos

processos de aprendizagem com atividades praacuteticas representa

importante elemento para a compreensatildeo ativa e conceitual

A horta escolar nesse contexto pode-se consistir num

laboratoacuterio para o aluno corrigir-se aprender com os proacuteprios

erros como relata Kalmikova 1986 apud Arauacutejo e Drago (2011)

Quando existe um elevado niacutevel de conscientizaccedilatildeo das

operaccedilotildees mentais tem lugar um relatoacuterio verbal adequado do

processo de soluccedilatildeo do problema uma consideraccedilatildeo tanto

positiva quanto negativa da informaccedilatildeo que chega de fora

questatildeo que possibilitaraacute aprender sobre a base da experiecircncia

proacutepria e dos proacuteprios erros e de corrigir a atividade avaliando

os erros atividade relacionada com a auto avaliaccedilatildeo dos

resultados

Diante do exposto o presente trabalho tem como objetivo

realizar uma revisatildeo bibliograacutefica e avaliar a utilizaccedilatildeo da horta

medicinal como recurso didaacutetico para o ensino de ciecircncia

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

206

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Este estudo eacute de natureza observacional descritiva com

uma abordagem qualitativa Segundo Silva e Menezes (2000

p20) a pesquisa qualitativa considera que haacute uma relaccedilatildeo

dinacircmica entre o mundo real e o sujeito isto eacute um viacutenculo

indissociaacutevel entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito

que natildeo pode ser traduzido em nuacutemeros Os fenocircmenos satildeo

interpretados e atribuiccedilotildees de significados tornam-se baacutesicos

no processo qualitativo Natildeo requer o uso de teacutecnicas

estatiacutesticas e o pesquisador eacute o instrumento-chave O processo

e seu significado satildeo os focos principais de abordagem

A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Joseacute

Clarindo Gomes localizada na no Municiacutepio do Cabo de Santo

Agostinho PE Realizamos uma observaccedilatildeo participante

natural uma vez que tivemos a oportunidade de participar como

membro executor do projeto momento no qual como

observadora assumi o papel de membro do grupo tivemos

conhecimento real do cotidiano da comunidade escolar a partir

do interior dele mesmo

A pesquisa descritiva visa descrever as caracteriacutesticas

de determinada populaccedilatildeo ou fenocircmeno ou o estabelecimento

de relaccedilotildees entre as variaacuteveis Utiliza teacutecnicas padronizadas de

coleta de dados e em geral assume a forma de levantamento

(SILVA MENEZES 2000)

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

207

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 As Plantas Medicinais e a Cultura Popular

As primeiras descriccedilotildees sobre plantas medicinais feitas

pelo homem retomam as escrituras e ao Papiro de Eacutebers Este

papiro foi descoberto e publicado por Georg Ebers sendo

traduzido pela primeira vez em 1890 por H Joachin Esse

material foi encontrado nas proximidades da casa mortuaacuteria de

Ramseacutes II poreacutem pertence agrave eacutepoca da XVIII Dinastia no Egito

e relata aproximadamente 100 doenccedilas e um grande nuacutemero

de drogas da natureza animal vegetal ou mineral (VILELA

1977 apud ARGENTA et al 2011)

Durante o periacuteodo anterior agrave Era Cristatilde que ficou

conhecido como civilizaccedilatildeo grega vaacuterios filoacutesofos podem ser

destacados por suas obras de histoacuteria natural Dentre esses

destaca-se Hipoacutecrates considerado o pai da medicina

moderna que se caracterizou por tomar a natureza como guia

na escolha de remeacutedios (Natura medicatrix) e o Teofrasto (372

aC) disciacutepulo de Aristoacuteteles Eacute seu o registro da utilizaccedilatildeo da

espeacutecie botacircnica Papaver somniferum planta cujo princiacutepio

ativo eacute a morfina [Documentos sumerianos de 5000 aC]

referem-se agrave papoula e taacutebuas assiacutericas descrevem suas

propriedades (VALLE 1978 apud ARGENTA et al 2011)

Evidecircncias arqueoloacutegicas mostram que o uso de drogas

vegetais era amplo em civilizaccedilotildees antigas Nozes de beacutetele

uma planta aromaacutetica que conteacutem substacircncias psicoativas

eram mascadas haacute 13 mil anos no Timor artefatos descobertos

no Equador estendem o uso das folhas de coca a 5000 anos

atraacutes a civilizaccedilatildeo aacuterabe no seacuteculo VII descreveu o emprego

dos purgativos e cardiotocircnicos de origem vegetal as culturas

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

208

americana especialmente a Inca Asteca Maya Olmeca e

Tolteca consignaram agrave civilizaccedilatildeo moderna a quina a

ipecacuanha a coca e muitas outras drogas vegetais de valor

terapecircutico ateacute hoje indispensaacutevel a medicina moderna

(MARINI-BETTOgraveLO 1974 apud ARGENTA et al 2011)

O uso de plantas medicinais eacute uma praacutetica que se baseia

no conhecimento popular e na maioria das vezes transmitidos

de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo Natildeo se sabe ao certo quando se iniciou

o uso de plantas medicinais e aromaacuteticas com propoacutesitos

curativos Haacute evidecircncias de que jaacute no periacuteodo neoliacutetico as

ervas aromaacuteticas eram usadas em culinaacuteria e medicina e que

ervas e flores eram enterradas com os mortos (BERWICK

1996)

O uso de plantas medicinais no Brasil surgiu como uma

terapia alternativa sendo consideravelmente influenciada pela

Cultura Indiacutegena tradiccedilotildees africanas e a cultura Europeia

(ALMEIDA 2000)

Os iacutendios utilizavam a fitoterapia dentro de uma visatildeo

miacutestica em que o pajeacute ou feiticeiro da tribo fazia uso de plantas

entorpecentes para sonhar com o espiacuterito que revelaria a erva

ou o procedimento a ser seguido para cura do enfermo e

tambeacutem pela observaccedilatildeo de animais que procuram

determinadas plantas quando doentes Os negros procuravam

expulsar a doenccedila por meio de exorcismo e rodutos muitas

vezes de origem animal Os europeus por meio dos padres da

companhia de Jesus chefiados por Noacutebrega em 1579

elaboraram receitas chamadas ldquobotica dos coleacutegiosrdquo a partir de

plantas para o tratamento de doenccedilas Essas influecircncias

constituiacuteram a base da medicina popular que vem sendo

retomada pela medicina natural apresentando caraacuteter cientiacutefico

e integrando-as num conjunto de princiacutepios que visam natildeo

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

209

apenas curar algumas doenccedilas mas restituir o homem agrave vida

natural (MARTINS et al 1995)

A medicina natural ou popular com toda sua tradiccedilatildeo

milenar eacute tambeacutem agora um novo conceito de mercado A

necessidade exige e a ciecircncia busca a unificaccedilatildeo do progresso

com aquilo que a natureza oferece respeitando a cultura do

povo em torno do uso de produtos ou ervas medicinais para

curar os males Nos dias atuais cientistas pesquisam as

plantas com poder de curar agrave luz da fitoterapia que confirma

cientificamente os conhecimentos populares sobre estas

plantas (ACCORSI 2000)

Eacute indiscutiacutevel a necessidade de se resgatar o

conhecimento empiacuterico a respeito da utilizaccedilatildeo das plantas

medicinais para cura de inuacutemeras doenccedilas jaacute que essa praacutetica

representa um dos principais recursos terapecircuticos de muitas

comunidades e grupos eacutetnicos (LEITE EMERY SILVA 2010)

O ser humano faz parte de uma realidade complexa pois

ao longo de sua histoacuteria vive um processo de hominizaccedilatildeo e ao

mesmo tempo em que permanece um ser bioloacutegico inventa a

cultura de modo que faz parte do mundo natural e tambeacutem eacute

diferente dele (MORIN 2007) A cultura eacute dinacircmica e se

perpetua por meio de permanecircncias e mudanccedilas O que eacute

transmitido e ensinado formaraacute a base para o surgimento de

novos elementos que promoveratildeo a evoluccedilatildeo social e cultural

(MORIN 2005) O conhecimento popular passa nesta

perspectiva a subsidiar elementos para a Ciecircncia

32 A Horta como Recurso Didaacutetico

A horta escolar pode se constituir num espaccedilo de

aprendizado integrador do curriacuteculo escolar promovendo a

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

210

evoluccedilatildeo deste do modelo fragmentado para o modelo

sistecircmico do conhecimento Por meio de experiecircncias diretas

com o meio natural trabalha-se com a compreensatildeo sistecircmica

da vida que se baseia em trecircs fenocircmenos a teia da vida os

ciclos da natureza e o fluxo de energia (BARLOW STONE

2006)

Tal perspectiva permite reflexotildees sobre a forma em que

usualmente satildeo tratados os conteuacutedos programaacuteticos no

Ensino de Ciecircncias Os estudos de assuntos interligados como

relaccedilotildees ecoloacutegicas vegetais e alimentaccedilatildeo ocorrem

desvinculados entre si e em seacuteries escolares distintas aleacutem de

serem mais valorizados os seus aspectos conceituais O ensino

que privilegia a anatomia e a fisiologia do vegetal e ignora a

abordagem esteacutetica resultando no decliacutenio do gosto pela

observaccedilatildeo O sentido da observaccedilatildeo [deve ser] educado ao

mesmo tempo que a capacidade de se maravilhar pois as

ciecircncias naturais tambeacutem devem educar para a descoberta da

beleza (PELT 2007)

A experiecircncia concreta das etapas de elaboraccedilatildeo e os

cuidados com uma horta permitem o surgimento de problemas

discussotildees e negociaccedilotildees que aleacutem da abrangecircncia de

muacuteltiplas habilidades demandam a utilizaccedilatildeo de diversas aacutereas

de conhecimento fazendo da interdisciplinaridade algo

espontacircneo Em sendo a atividade em si complexa e

transversal requer ao longo de sua execuccedilatildeo temas

considerados nos PCN como transversais eacutetica pluralidade

cultural sauacutede meio ambiente trabalho e consumo (SILVA

2010)

Os Paracircmetros Curriculares Nacionais- PCNs (BRASIL

1998) e livros didaacuteticos atuais de Ciecircncias buscam inserir a

perspectiva CTS- Ciecircncia Tecnologia e Sociedade orientando

HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

211

para o estudo dos impactos do desenvolvimento cientiacutefico e

tecnoloacutegico sobre a sociedade trazendo como objetivo a

preparaccedilatildeo do aluno para o exerciacutecio da cidadania (SANTOS

MORTIMER 2000) Nesse caso deve ser questionada a

ecircnfase da Ciecircncia e Tecnologia como promotora de progresso

a partir da perspectiva histoacuterica epistemoloacutegica da ciecircncia e do

caraacuteter interdisciplinar da alfabetizaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica

Haacute a necessidade de uma visatildeo mais ampla e criacutetica da

realidade (ANGOTTI AUTH 2001)

Considera-se entatildeo a importacircncia de permanecircncias

que consolidem a condiccedilatildeo humana natural como forma de

alicerccedilar uma visatildeo criacutetica para as inovaccedilotildees Nesse contexto

as Hortas Escolares satildeo instrumentos que dependendo do

encaminhamento dado pelo educador podem abordar

diferentes conteuacutedos curriculares de forma significativa e

contextualizada e promover vivecircncias que resgatam valores

Valores tatildeo bem traduzidos no livro Boniteza de um Sonho

Um pequeno jardim uma horta um pedaccedilo de terra eacute um microcosmos de todo o mundo natural Nele encontramos formas de vida recursos de vida processos de vida A partir dele podemos reconceitualizar nosso curriacuteculo escolar Ao construiacute-lo e cultivaacute-lo podemos aprender muitas coisas As crianccedilas o encaram como fonte de tantos misteacuterios Ele nos ensina os valores da emocionalidade com a Terra a vida a morte a sobrevivecircncia os valores da paciecircncia da perseveranccedila da criatividade da adaptaccedilatildeo da transformaccedilatildeo da renovaccedilatildeo (GADOTTI 2002 p42)

Sabe-se da importacircncia de uma draacutestica mudanccedila nos

paracircmetros da educaccedilatildeo e da formaccedilatildeo de professores pois eacute

desse modo que a educaccedilatildeo como um todo se modificaraacute

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212

Pode-se verificar em sala de aula que um professor melhor

preparado pode conduzir a aula e obter melhores resultados

relacionados tanto com a aprendizagem do aluno quanto com a

conquista do mesmo

Ao se inserir na praacutetica do educador atividades de natureza praacutetica ele se torna um instrumento importante para executar sua tarefa de ensino e aprendizagem de forma que desenvolve nos educandos o interesse de criar situaccedilotildees investigativas para formulaccedilatildeo de conceitos (PARANAacute 2007 p76)

Portanto seria necessaacuterio tambeacutem que dentro dos

cursos de formaccedilatildeo de professores fossem implantadas

disciplinas que ensinassem e motivassem os profissionais a

utilizarem aulas praacuteticas pois essas satildeo de suma importacircncia

para a qualidade do ensino Vendo a realidade do que se

aprende na teoria a assimilaccedilatildeo dos conteuacutedos eacute muito mais

garantida E sabemos que nas escolas hoje satildeo raras as

realizaccedilotildees desse tipo de atividade

Em uma pesquisa realizada por Carrijo (1999) na qual

questionava qual seria o professor ideal de Ciecircncias e qual seria

o real foi perguntado a professoras da disciplina como elas

aprendiam a serem professoras algumas responderam que

seria na praacutetica do dia-a-dia enquanto outras diziam que foi

pelos professores que tiveram enquanto suas vidas como

alunas Ou seja os professores contribuem ativamente natildeo

apenas no aprendizado mas tambeacutem em futuras atitudes e

podem influenciar nas escolhas de seus alunos e por esse

motivo o professor deve ser preparado para alcanccedilar as

expectativas e melhor contribuir na educaccedilatildeo desses

ldquoEntretanto eacute certo que formaccedilatildeo geral de qualidade dos alunos

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depende de formaccedilatildeo de qualidade dos professoresrdquo

(LIBAcircNEO 2003)

33 A Horta Medicinal como recurso didaacutetico para as aulas

de ciecircncias

A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (LDB)

(Lei 939496) dispotildee o ensino fundamental como a segunda

etapa da educaccedilatildeo baacutesica e uma etapa extremamente

importante para o desenvolvimento integral do ser humano A

LDB prevecirc que o curriacuteculo da educaccedilatildeo fundamental possua

uma base nacional comum a ser continuamente

complementada e revista em cada sistema de ensino e

estabelecimento escolar por uma parte diversificada exigida

por caracteriacutesticas regionais e locais O objetivo das bases

curriculares eacute difundir os princiacutepios da reforma curricular e

orientar os professores na busca de novas abordagens e

metodologias

Essa nova proposta apresentada pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo em 1997 aos educadores brasileiros eacute composta

pelos Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Os PCNs

surgiram com o objetivo de propiciar aos sistemas de ensino

particularmente aos professores subsiacutedios agrave elaboraccedilatildeo eou

re-elaboraccedilatildeo do curriacuteculo visando agrave construccedilatildeo do projeto

pedagoacutegico em funccedilatildeo da cidadania do aluno (BRASIL 1997)

Nos PCNs satildeo incluiacutedos aleacutem das aacutereas curriculares claacutessicas

(Liacutengua Portuguesa Matemaacutetica Ciecircncias Naturais Histoacuteria

Geografia Arte Educaccedilatildeo Fiacutesica e Liacutenguas Estrangeiras) o

tratamento de questotildees da sociedade brasileira como aquelas

ligadas a Eacutetica Meio Ambiente Orientaccedilatildeo Sexual Pluralidade

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214

Cultural Sauacutede Trabalho e Consumo ou outros temas que se

mostrem relevantes

Baseando-se nessa premissa e com base nas inovaccedilotildees

trazidas pelos PCNs que propotildee ecircnfase em competecircncias e

habilidades metodologia de projetos de aprendizagem

contextualizaccedilatildeo temas transversais o Projeto Ciclo Verde foi

implantado da Escola Joseacute Clarindo Filho sob a Idealizaccedilatildeo e

coordenaccedilatildeo da Professora Rejane Silva Bioacuteloga Licenciada e

professora haacute 20 anos da rede municipal do Cabo de Santo

Agostinho ndash PE

A temaacutetica Geral adotada no ano de 2012 foi a

Valorizaccedilatildeo as Relaccedilotildees Eacutetnicorraciais na formaccedilatildeo da

Sociedade O Homem o Meio e a Cultura

O Projeto da horta medicinal surgiu com o propoacutesito de

resgatar o uso das plantas medicinais e de proporcionar um

recurso didaacutetico para o ensino de Ciecircncias bem como utilizar

uma aacuterea que se encontrava sem uso na escola Fig(1)

Segundo Macleod e Maurer (2010) o crescimento do uso das

ervas medicinais pode ter como objetivo no trabalho elaborado

a uniatildeo do uso das plantas medicinais agraves aulas de ciecircncia de

maneira que a aplicaccedilatildeo do conhecimento sobre a utilizaccedilatildeo

das plantas contribuiacutesse para a dinacircmica das aulas

Os educandos nesse contexto se mostraram muito

satisfeitos com a criaccedilatildeo da horta os mesmos participaram da

implantaccedilatildeo da horta e tambeacutem fazem a manutenccedilatildeo dos

canteiros

Como forma de explorar os conhecimentos dos alunos

acerca dos temas trabalhados na praacutetica na horta foram

explanadas questotildees sobre o resgate cultural da utilizaccedilatildeo de

plantas medicinais educaccedilatildeo ambiental uso de agrotoacutexicos

bem como foram explicados os objetivos da construccedilatildeo da

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215

horta no ambiente escolar Em conjunto com os professores da

escola foi realizado um mutiratildeo para recolhimento de garrafas

PET para serem reutilizadas para produccedilatildeo de mudas

fortalecendo a ideia de sustentabilidade e sobre a importacircncia

da reciclagem

Figura 1 Vista do antes e depois da construccedilatildeo da Horta de

Plantas Medicinais Escola Joseacute Clarindo Gomes Cabo de

Santo Agostinho ndash PE 2012

Atribuem ao contato com a terra e com as plantas o que

mais gostam e outros responderam que estatildeo satisfeitos pois

tecircm livre acesso e podem utilizar as plantas ali disponiacuteveis

Utilizada como recurso pedagoacutegico a horta escolar auxilia

na construccedilatildeo do conhecimento dando vida as aulas de

ciecircncias e das mais diversas disciplinas incentivando a

interdisciplinaridade e atuando no resgate da cultura popular da

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regiatildeo Sendo assim um dos veiacuteculos mais eficientes para a

difusatildeo do conhecimento sobre plantas medicinais e aromaacuteticas

estaacute na escola Alguns trabalhos (MOTOMIYA et al 2004) jaacute

demonstraram o sucesso da divulgaccedilatildeo desses

conhecimentos bem como o sucesso das hortas na

comunidade escolar

A horta na escola permite um aprendizado interdisciplinar

para o aluno segundo Pires Lima e Braga (2013) a horta

escolar integra as diversas fontes e explora os recursos de

aprendizagem ao proporcionar ldquopossibilidades para o

desenvolvimento de accedilotildees pedagoacutegicas por permitir praacuteticas

em equipe explorando a multiplicidade das formas de

aprenderrdquo Nesse sentido os educandos se sentem mais

interessados no processo de aprendizagem jaacute que os limites

do espaccedilo fiacutesico que lhe confere a sala de aula satildeo substituiacutedos

por um ambiente natural (PIRES LIMA BRAGA 2013)

Quando emitiram suas opiniotildees sobre as aulas que foram

dadas na horta de plantas medicinais os educandos

responderam que facilitam o aprendizado pois eles

aprenderam coisas novas Natildeo foram os assuntos dados na

aula que satildeo novos e sim a forma de ensinar que sai do

tradicional Fig (2) Assim pode-se considerar que uma aula

aliada a recursos didaacutetico-pedagoacutegicos se torna mais

motivadora e menos cansativa permitindo o entendimento dos

conteuacutedos com base na realidade do que quando comparada

com a aula expositiva tradicional

A horta de plantas medicinais aleacutem de se mostrar como

um excelente recurso didaacutetico para o ensino de ciecircncias

tambeacutem desempenha um papel importantiacutessimo dentro da

comunidade escolar pois aleacutem de permitir a articulaccedilatildeo entre

conhecimentos teoacutericos e praacuteticos disponibiliza plantas

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medicinais para uso pessoal sendo que nesse sentido pode

ser apresentada como uma proposta rica para se entender

melhor a respeito das plantas medicinais na sua utilizaccedilatildeo pois

segundo Macleod Maurer (2010) ldquoo conhecimento da maneira

correta de utilizar as plantas medicinais eacute essencial ao homemrdquo

Figura 2 Aulas praacuteticas utilizando a Horta Medicinal como

recurso didaacutetico Escola Joseacute Clarindo Gomes Cabo de Santo

Agostinho ndash PE 2012

As aulas aliadas a recursos didaacutetico-pedagoacutegicos no

processo de ensino-aprendizagem satildeo importantes para que o

aluno assimile o conteuacutedo trabalhado desenvolvendo

criatividades e habilidades

Na horta foram trabalhados temas sobre educaccedilatildeo

ambiental e reciclagem partir do exemplo das garrafas pet

utilizadas para confecccedilatildeo de mudas os canteiros como uma

forma de aproveitar alguns materiais reciclaacuteveis

Os educandos tecircm consciecircncia de que o conhecimento

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natildeo estaacute soacute nos livros mas tambeacutem no contato com a natureza

Nesta conjuntura o professor deve ter formaccedilatildeo e competecircncia

para utilizar os recursos didaacuteticos que estatildeo ao seu alcance e

muita criatividade ou ateacute mesmo construir juntamente com

seus alunos pois ao manipular esses objetos a crianccedila tem a

possibilidade de assimilar melhor o conteuacutedo

Serrano (2003) coloca que o grande desafio do

descompasso entre teoria e praacutetica que os temas transversais

tecircm enfrentado poderaacute ser rompido a partir do momento em que

os projetos forem simples objetivos ajustados agrave vivecircncia do

cotidiano casa-escola-comunidade do aluno desenvolvidos

interdisciplinarmente com uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica por

parte dos docentes e o rompimento com o modelo educacional

cartesiano dando espaccedilo para o questionamento e a reflexatildeo

que satildeo proacuteprios desses temas

A abordagem interdisciplinar atende a esta demanda

sem anular a importacircncia da disciplinaridade do conhecimento

De toda forma conveacutem natildeo esquecer que para que haja

interdisciplinaridade eacute preciso que haja disciplinas As

propostas interdisciplinares surgem e desenvolvem-se

apoiando-se nas disciplinas a proacutepria riqueza da

interdisciplinaridade depende do grau de desenvolvimento

atingido pelas disciplinas e estas por sua vez seratildeo afetadas

positivamente pelos seus contatos e colaboraccedilotildees

interdisciplinares (SANTOMEacute 1998)

Diante dessa problemaacutetica a horta escolar torna-se um

elemento capaz de desenvolver temas envolvendo educaccedilatildeo

ambiental e cultural pois aleacutem de conectar conceitos teoacutericos e

praacuteticos auxiliando o processo de ensino e aprendizagem se

constitui como uma estrateacutegia capaz de auxiliar no

desenvolvimento dos conteuacutedos de forma interdisciplinar

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219

distribuiacutedos em assuntos trabalhados por temas transversais

4 CONCLUSOtildeES

A horta inserida no ambiente escolar pode contribuir de

forma significativa para a formaccedilatildeo integral do aluno tendo em

vista que o tema engloba diferentes aacutereas de conhecimento e

pode ser desenvolvido durante todo o processo de ensino

aprendizagem atraveacutes de vastas aplicaccedilotildees pedagoacutegicas com

situaccedilotildees reais envolvendo educaccedilatildeo ambiental e cultural

Alguns obstaacuteculos no entanto precisam ser

ultrapassados para que iniciativas interdisciplinares sejam

consolidadas como eacute a Horta de Plantas Medicinais como um

curriacuteculo elaborado de forma a contemplar as realidades locais

e regionais enfrentar em sala de aula os problemas locais

sempre considerando que estes envolvem aspectos

indissociaacuteveis (histoacutericas sociais ambientais econocircmicas e

eacuteticas) buscar desenvolver uma postura criacutetica e reflexiva nos

alunos incentivo por parte dos supervisores escolares de

discussotildees e planos de trabalhos em grupo (professores de

todas as disciplinas) uma vez que natildeo haacute continuidade em

accedilotildees isoladas falta de haacutebito dos professores de exercitarem

a praacutetica de aulas ministradas no exterior das salas de aula

Nesse sentido pode-se concluir que as aulas praacuteticas

aliadas a um bom ensino por parte dos professores satildeo de

fundamental importacircncia para que novas habilidades e atitudes

possam ser desenvolvidos pelos alunos somado a isso tem-se

que a horta escolar assume um papel importante no resgate da

cultura da regiatildeo sendo assim eacute imprescindiacutevel incentivar a

utilizaccedilatildeo de materiais com caracteriacutesticas locais As plantas

medicinais foram de suma importacircncia para o resgate e

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valorizaccedilatildeo da cultura popular da comunidade na qual a escola

estaacute inserida tornando-se um instrumento importante para se

ter como recurso didaacutetico para o ensino de ciecircncias

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HORTA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTURA POPULAR E RECURSO DIDAacuteTICO PARA O ENSINO DE CIEcircNCIAS

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EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

223

CAPIacuteTULO 13

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL

AMIOTROacuteFICA

Jeacutessyka Samara de Oliveira MACEDO 1

Giovanna Gabrielly Custoacutedio MACEcircDO 1 Priscilla Anne Catro de ASSIS 2

1Graduanda do curso de Enfermagem UFCG-CES 2 OrientadoraProfessora da UASUFCG-CES

samarajessykahotmailcom

RESUMO A Esclerose Lateral Amiotroacutefica (ELA) conhecida tambeacutem como doenccedila do neurocircnio motor acomete segmentos neurais corticoespinhais Apresenta duas versotildees baacutesicas similares quanto ao decorrer da patologia tendo contudo suposiccedilotildees etioloacutegicas diferentes ELA familiar correspondendo de 5 a 10 dos portadores da patologia e ELA esporaacutedica presente em 90 a 95 dos casos Os fatores de desenvolvimento das degeneraccedilotildees ocasiadas no decorrer da doenccedila natildeo satildeo claros sabe-se entretanto que a origem da patologia estaacute relacionada a exposiccedilatildeo de indiviacuteduos suceptiacuteveis geneticamente a fatores de desencadeamento como por exemplo aos metais pesados Assim etiologicamente as distintas versotildees da doenccedila indicam que a ELA familiar tem origem na maioria dos casos a partir de uma heranccedila autossocircmica dominante estabelecida pela mutaccedilatildeo de genes envolvendo por exemplo a enzima antioxidante superoacutexido dismutase 1 (SOD1) enquanto que a ELA esporaacutedica estaria associada a fatores de risco que determinem o seu desenvolvimento como os metais pesados No Brasil estima-se que cerca de 12 mil indiviacuteduos possuam a patologia e que semanalmente de 8 a 10 brasileiros sejam diagnoacutesticos como portadores dela O diagnoacutestico da ELA eacute determinante para sua fatalidade por ocorrer tardiamente impossibilita as

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

224

chances de sobrevida dos indiviacuteduos acometidos fazendo com que na maioria dos casos os cuidados sejam apenas paliativos Palavras-chave Doenccedilas Neurodegenerativas Esclerose Lateral Amiotroacutefica Metais Pesados

1 INTRODUCcedilAtildeO

A divisatildeo do sistema nervoso acontece apenas de

maneira didaacutetica uma vez que todas as suas partes estatildeo

intimamente relacionadas De maneira geral o sistema nervoso

apresenta trecircs divisotildees embrionaacuteria anatocircmica e funcional Na

divisatildeo embrionaacuteria as vesiacuteculas primordiais datildeo nome as suas

partes originadas no sistema nervoso central a divisatildeo

anatocircmica eacute marcada pela presenccedila de dois segmentos de

utilizaccedilatildeo apenas esquemaacutetica sistema nervoso central e

sistema nervoso perifeacuterico (AIRES 2012 MACHADO 1998)

Nos criteacuterios de divisatildeo funcional pode-se dividir o

sistema nervoso em visceral e somaacutetico Para controle de

ambos um iacutentimo relacionamento entre componentes aferentes

ndash conduzem aos centros nervosos impulsos originados em

receptores perifeacutericos ndash e eferentes ndash responsaacuteveis por conduzir

as respostas formuladas pelos centros nervosos a partir de

estiacutemulos ndash eacute fundamental (MACHADO 1998 SILVERTHORN

2010)

A comunicaccedilatildeo entre as vias aferentes e eferentes satildeo

realizadas atraveacutes de sinapses podendo ser diferenciadas em

quiacutemicas (atraveacutes de neurotransmissor) e eleacutetricas (por meio de

junccedilotildees comunicantes) Mediante estas comunicaccedilotildees

informaccedilotildees satildeo repassadas entre neurocircnioneurocircnio

neurocircnioceacutelulas natildeo neuronais (efetuadoras) e

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

225

neurocircnioceacutelulas secretoras (glacircndulas) (AIRES 2012

MACHADO 1998)

O movimento voluntaacuterio dos muacutesculos esqueleacuteticos por

exemplo acontece graccedilas agrave comunicaccedilatildeo entre um neurocircnio

motor somaacutetico localizado na medula espinhal e as fibras

musculares Para que o movimento mais simples ocorra eacute

necessaacuterio que um potencial de accedilatildeo chegue ao terminal

sinaacuteptico e libere acetilcolina (Ach) na fenda sinaacuteptica a partir

deste neurotransmissor seraacute gerada uma cascata de

mecanismos que culminaratildeo na contraccedilatildeo muscular Estas

comunicaccedilotildees celulares ocorrem devido a propagaccedilatildeo do

potencial de accedilatildeo estabelecido com sublimidade em razatildeo da

bainha de mielina uma camada de substacircncias lipoproteicas

que funcionam como um isolante eleacutetrico ao longo do axocircnio

neuronal (BALDO 2010)

Assim como este simples exemplo do movimento

voluntaacuterio as demais funccedilotildees fisioloacutegicas possuem algo em

comum a percepccedilatildeo de estiacutemulos o processamento desta

informaccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo de uma eventual resposta agrave ela

realizados por intermeacutedio do sistema nervoso central Sem

estas etapas seria impossiacutevel ao ser humano estabelecer

algum contato com o ambiente que o cerca e ateacute mesmo com

si proacuteprio ou seja manter a homeostasia corporal Para a

percepccedilatildeo dos estiacutemulos o neurocircnio sensitivo eacute a peccedila

fundamental jaacute que conduz a informaccedilatildeo da periferia ateacute o

sistema nervoso central (SNC) onde a informaccedilatildeo eacute

interpretada Uma resposta agrave informaccedilatildeo eacute entatildeo enviada

atraveacutes dos neurocircnios motores ateacute o oacutergatildeo-alvo atraveacutes de

neurotransmissores (AIRES 2012 MACHADO 1998)

Qualquer alteraccedilatildeo miacutenima neste processo seja atraveacutes

de algum comprometimento neuronal ou por exacerbaccedilatildeo na

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

226

liberaccedilatildeo de neurotransmissores poderaacute acarretar o processo

que denominamos de doenccedilas neurodegenerativas estas tecircm

como sintomas principais ataxias (deficiecircncia no movimento) e

demecircncias As doenccedilas neurodegenerativas mais comuns satildeo

Alzheimer resultado da degeneraccedilatildeo de neurocircnios

encontrados no coacutertex cerebral Parkinson causada pela morte

de neurocircnios localizados na substacircncia negra cerebral

Esclerose Muacuteltipla derivada da degeneraccedilatildeo da bainha de

mielina de neurocircnios sensitivos e motores e a ELA (Esclerose

Lateral Amiotroacutefica) resultante da morte dos neurocircnios

motores predominantemente de segmentos corticoespinhais

(enceacutefalo tronco cerebral e medula espinhal) (CIEcircNCIA EM

CENA 2016)

A Esclerose Lateral Amiotroacutefica eacute uma doenccedila letal cuja

causa eacute a degeneraccedilatildeo neuronal no segmento corticoespinhal

Tambeacutem eacute conhecida como doenccedila do neurocircnio motor por

causar alteraccedilotildees principalmente no sistema motor entretanto

seus efeitos natildeo se resumem a apenas alteraccedilotildees motoras

mas possuem abrangecircncia sistecircmica (CIEcircNCIA EM CENA

2016)

A Esclerose Lateral Amiotroacutefica afeta dois tipos de

neurocircnios motores os superiores e os inferiores Os neurocircnios

motores superiores satildeo responsaacuteveis por regular atraveacutes de

comunicaccedilotildees celulares (sinapses) a atividade dos neurocircnios

motores inferiores que quando ativados permitem a contraccedilatildeo

muscular voluntaacuteria Os neurocircnios motores inferiores do

segmento do tronco cerebral controlam os movimentos da face

boca garganta e liacutengua enquanto que os neurocircnios inferiores

da medula controlam os movimentos voluntaacuterios das demais

partes do corpo O sinais e sintomas da ELA estatildeo relacionados

ao segmento neuronal acometido O acometimento dos

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

227

neurocircnios motores superiores tem como resultado ataxia e

presenccedila de reflexos anormais como o reflexo de Babinski

contudo os reflexos tendiacuteneos vivos permanecem preservados

ao atingir os neurocircnios motores inferiores agrave niacutevel medular os

sinais encontrados satildeo ataxia fasciculaccedilotildees atrofia atonia e

arreflexia enquanto que o acometimento dos neurocircnios

motores inferiores do segmento do tronco cerebral resultam em

disfagia e disartria Desde o surgimento dos primeiros sintomas

a patologia oferece ao portador uma expectativa de vida de trecircs

a quatro anos contudo uma vez que a doenccedila tenha iniacutecio no

segmento bulbar a expectativa de vida diminui (ABRELA

2016)

Diversos fatores tem sido alvo de estudos cientiacuteficos afim

de relacionaacute-los ao desenvolvimento da Esclerose Lateral

Amiotroacutefica contudo ainda natildeo existe definiccedilatildeo exata da sua

etiologia Atualmente a teoria etioloacutegica mais aceita eacute a da

multifatoriedade esta associa a teoria geneacutetica agrave ambiental A

teoria geneacutetica diz que o desenvolvimento da ELA estaacute ligado a

uma alteraccedilatildeo no gene SOD ndash responsaacutevel pela expressatildeo da

enzima cobrezinco superoacutexido dismutase ndash levando a lesatildeo

neuronal devido ao acuacutemulo de superoacutexidos Por outro lado a

teoria ambiental se baseia no fato de que a exposiccedilatildeo de

indiviacuteduos susceptiacuteveis a determinados agentes seria a causa

da doenccedila Os metais pesados relacionam-se intimimamente agrave

segunda teoria sendo assim tem recebido grande atenccedilatildeo

como fator de desenvolvimento estes satildeo caracterizados pela

alta bioacumulaccedilatildeo natildeo sendo possiacutevel sua eliminaccedilatildeo raacutepida

e eficaz apoacutes a intoxicaccedilatildeo Seus principais efeitos toacutexicos no

organismo do homem relacionam-se em sua maioria ao

sistema nervoso central (NORDON ESPOacuteSITO 2009

ROCHA 2009)

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

228

Tendo em vista a influecircncia dos agentes ambientais

como um dos principais causadores do desenvolvimento da

ELA o presente artigo de revisatildeo bibliograacutefica tem o objetivo de

relacionar o surgimento da Esclerose Lateral Amiotroacutefica aos

fatores ambientais sobretudo a exposiccedilatildeo a metais pesados

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Foi realizada uma busca nas bases de dados Google

Acadecircmico SciELO LILACS e MEDLINE por artigos no periacuteodo

de 1989 a 2016 aleacutem do embasamento teoacuterico em acervo

bibliograacutefico Os descritores utilizados foram Esclerose Lateral

Amiotroacutefica Metais Pesados e Doenccedilas Neurodegenerativas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Estudos experimentais permitem relacionar o

desenvolvimento da Esclerose Lateral Amiotroacutefica a associaccedilatildeo

entre fatores geneacuteticos e a exposiccedilatildeo deste indiviacuteduo jaacute

marcado geneticamente a agentes de desencadeamento das

degeneraccedilotildees determinadas pela patologia (ABRELA 2016)

Segundo a Associaccedilatildeo Brasileira de Esclerose Lateral

Amiotroacutefica (2016) a teoria geneacutetica encontra-se baseada no

fato de que mutaccedilotildees na enzima antioxidante superoacutexido

dismutase 1 (CuZnSOD1) no cromossomo 21 levariam ao

acuacutemulo do iacuteon superoacutexido este iacuteon entatildeo acumulado

possibilitaria a formaccedilatildeo de radicais livres (peroxidonitrila e

hidroxila) que em excesso levariam a morte do neurocircnio motor

A teoria etioloacutegica relacionada a enzima CuZnSOD1 eacute a mais

estudada entretanto atualmente aleacutem do SOD1 outros genes

estatildeo sendo objetos de estudo em relaccedilatildeo aos fatores

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

229

desencadeantes para o desenvolvimento da ELA como o

Apoliproteiacutena E (ApoE)

Em condiccedilotildees normais a CuZnSOD eacute formada por 153

aminoaacutecidos dispostos em duas subunidades com um aacutetomo

de cobre e um de zinco em cada uma delas Eacute encontrada

predominantemente no citoplasma de ceacutelulas eucarioacuteticas

aleacutem de estar presente tambeacutem nos peroxissomos nuacutecleo e

espaccedilo intermembranas mitocondrial (BERTINI 1998

HALLIWELL GUTTERIDGE 1989 VALENTINE DOUCETTE

POTTER 2005)

A CuZnSOD estaacute relacionada a conversatildeo de superoacutexido

(O2-) um dos radicais livres mais reativos (NETO 2009) em

peroacutexido de hidrogecircnio (H2O2) para consequentemente a

accedilatildeo da peroxidase glutationa e da catalase originar aacutegua

(H2O) Inicialmente acreditava-se que a perda da funccedilatildeo desta

enzima seria o fator desencadeante para a ocasionar a

patologia contudo no momento sabe-se que um ganho toacutexico

na sua accedilatildeo seria o fator primordial para o desenvolvimento da

doenccedila (OSKARSSON HORTON MITSUMOTO 2015)

Quando mutada a CuZnSOD parece desencadear

fatores que acarretam as seguintes desordens neuronais o

transporte anteroacutegrado axonal eacute prejudicado dificultando a

ampla distribuiccedilatildeo dos componentes celulares sintetizados haacute

formaccedilatildeo de inclusotildees proteicas dificultando o devido

funcionamento de organelas podendo ainda agregar-se na

matriz mitocondrial dos neurocircnios e inibir a cadeia respiratoacuteria

comprometendo a produccedilatildeo de ATP em virtude do deacuteficit

energeacutetico mesmo havendo liberaccedilatildeo de neurotransmissores

em quantidades normais fatores como a excitotoxicidade

poderatildeo ser desencadeados por falhas no bloqueio de

receptores necessariamente quando relacionados ao

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

230

neurotransmissor glutamato caracterizando uma das principais

possibilidades para o mecanismo de desenvolvimento da ELA

(SHAW 2005 VALENTINE DOUCETTE POTTER 2005)

Cerca de 5 a 10 dos casos da ELA envolvem o tipo

familiar da patologia repassada na grande parte dos casos por

uma heranccedila autossocircmica dominante envolvendo mutaccedilotildees no

gene 21q22 do cromossomo 21 responsaacutevel por codificar a

enzima antioxidante superoacutexido dismutase A mutaccedilatildeo da

enzima geralmente se daacute pela substituiccedilatildeo do aminoaacutecido

valina presente na quarta posiccedilatildeo da proteiacutena pelo aminoaacutecido

alanina (ABRELA 2016 SHAW 2005)

Aleacutem da ELA familiar 1 relacionada a mutaccedilotildees no gene

responsaacutevel pela SOD1 outros genes alterados foram

associados a distintas versotildees da ELA familiar (SHAW 2005

BOILLEacuteE 2006) A tabela abaixo caracteriza as versotildees da ELA

familiar tiacutepica quanto as suas alteraccedilotildees geneacuteticas e outras

propriedades

Tabela 1 Caracteriacutesticas da forma tiacutepica da ELA familiar Subtipo Locus Proteiacutena

alterada Hereditariedade Iniacutecio do

desenvolvimento

ELA1 21q221 SOD1 Dominante adulta

ELA3 18q21 desconhecida Dominante adulta

ELA6 16q12 desconhecida Dominante adulta

ELA7 20p13 desconhecida Dominante adulta

Fonte Modificado de Shaw (2005) e Boilleacutee (2006)

Existe ainda outro tipo de ELA a ELA esporaacutedica As

razotildees para o seu desenvolvimento entretanto encontram-se

ainda menos fundamentadas Diversos fatores de risco estatildeo

associados a esta versatildeo da patologia contemplando de 90 a

95 dos casos existentes A multifatoriedade quanto ao

desenvolvimento da Esclerose Lateral Amiotroacutefica encontra-se

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

231

baseada na interaccedilatildeo gene-ambiente Esta relaccedilatildeo ainda natildeo

foi totalmente esclarecida contudo teoricamente exposiccedilotildees

ambientais associadas agrave suscetibilidade seria o gatilho para a

ocorrecircncia da doenccedila evidecircncias indicam que a suscetibilidade

poderaacute aumentar a partir de variaccedilotildees nos genes SLCOIB1 e

TPMP responsaacuteveis por codificar respectivamente a proteiacutena

transportadora OATP1B1 e a enzima tiopurina metiltransferase

aleacutem do gene PMP22 relacionado com a produccedilatildeo da proteiacutena

mielina perifeacuterica 22 Estudos quanto a influecircncia dos metais

pesados como fator ambiental satildeo controversos sabe-se

entretanto que os niacuteveis de metais pesados como o chumbo

(Pb) estatildeo aumentados em indiviacuteduos com a doenccedila (ABRELA

2016 GENETICS HOME REFERENCE 2016 NETO 2008

OSKARSSON HORTON MITSUMOTO 2015)

Quimicamente os metais pesados compotildeem na tabela

perioacutedica elementos de elevadas massa e nuacutemero atocircmico

Estes metais natildeo satildeo encontrados em sua forma pura na

natureza mas associados a outros elementos quiacutemicos sob a

forma de minerais e rochas Satildeo amplamente reconhecidos por

obterem um alto poder de reatividade e toxicidade por serem

facilmente absorvidos pelos organismos e principalmente por

sua elevada bioacumulaccedilatildeo No ambiente satildeo encontrados

com certa frequecircncia sob a forma antroacutepica e natural por esta

razatildeo podem entrar em contanto com diversas espeacutecies

inclusive os humanos (PAVANELLO MUCINHATO 2016

ROCHA 2009 RUPPENTHAL 2013)

Apoacutes estabelecido o contato com os seres humanos

atraveacutes da exposiccedilatildeo a solos inalaccedilatildeo de ar e consumo de

alimentos e aacutegua contaminados pelos metais estes podem ser

excretados sem nem mesmo serem percebidos desde que em

quantidades pequenas ou causar danos graviacutessimos agrave sauacutede

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

232

dos indiviacuteduos atingidos podendo levar a morte Os metais

pesados de maior interesse para as aacutereas das ciecircncias da

sauacutede satildeo o chumbo mercuacuterio e caacutedmio sobretudo por

apresentarem elevados nuacutemeros de intoxicaccedilotildees (LEITE

SILVA CUNHA 2015 ROCHA 2009)

Os danos agrave sauacutede satildeo causados especialmente pelo

fato dos metais pesados natildeo permitirem que o organismo os

metabolize gerando a acumulaccedilatildeo destas substacircncias Por natildeo

fazerem parte das substacircncias naturais do corpo o acuacutemulo

destes metais acarreta inuacutemeras disfunccedilotildees de tecidos e

oacutergatildeos do indiviacuteduo afetado Consequentemente diversos

processos bioquiacutemicos os datildeo afinidade por oacutergatildeos especiacuteficos

como eacute o caso do caacutedmio mercuacuterio e chumbo O caacutedmio eacute

comum em casos de contaminaccedilatildeo solar e eacute ingerido pelos

humanos principalmente sob as formas inalatoacuteria e digestoacuteria

seu acuacutemulo eacute geralmente nos rins provocando toxicidade

renal O mercuacuterio por sua vez eacute altamente lipossoluacutevel e sua

ingestatildeo se daacute atraveacutes da inalaccedilatildeo podendo ser absorvido

ainda atraveacutes da pele Devido a sua lipossolubilidade este

metal possui a capacidade de atravessar a barreira

hematoencefaacutelica e causar lesotildees no sistema nervoso central

fazendo com que os indiviacuteduos intoxicados apresentem

alteraccedilotildees como anormalidades nos reflexos alucinaccedilotildees

irritabilidade perda de memoacuteria confusatildeo mental coma e

morte O chumbo eacute absorvido atraveacutes das vias inalatoacuterias e

digestoacuteria e eacute caracterizado por afetar principalmente as

formaccedilotildees oacutesseas podendo apresentar tambeacutem efeitos sobre

diversos sistemas orgacircnicos como o sistema nervoso aleacutem de

acarretar como consequecircncias distuacuterbios hematoloacutegicos renais

e ateacute hipertensatildeo arterial Na intoxicaccedilatildeo por chumbo haacute a

inibiccedilatildeo da desidratase do aacutecido delta-aminolevuliacutenico (ALA-D)

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

233

deixando os substratos aacutecido delta-aminolevuliacutenico (ALA)

coproporfirinogecircniocoproporfirina III (CPIII) e PPIX acumulados

nos tecidos do organismo humano assim tratando-se do

sistema nervoso as accedilotildees caracteriacutesticas deste metal tendem

agrave degeneraccedilatildeo segmentar das lacircminas de mielina e

degeneraccedilatildeo axonal aleacutem destes efeitos neurotoacutexicos do

metal inclui-se tambeacutem a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas gliais nas

massas cinzenta e branca Seus efeitos sobre o sistema nevoso

incluem encefalopatia aguda vascular ou crocircnica

arteriosclerose cerebral epilepsia neuropatia perifeacuterica

alteraccedilatildeo da habilidade psicomotora alteraccedilatildeo do soacutecio-

emotivo e alteraccedilatildeo da funcionalidade sensorial (ASMUS 2016

BJOumlRN 1992 MOREIRA MOREIRA 2004 ROCHA 2009

RUPPENTHAL 2013 SADAO 2002)

Assim como o chumbo metais como o selecircnio (Se)

caacutedmio (Cd) e o cromo (Cr) estatildeo em estudos de correlaccedilatildeo agrave

doenccedila juntamente ao chumbo o caacutedmio o cromo e o cobalto

estatildeo inclusos como possiacuteveis intoxicantes respiratoacuterios

canceriacutegenos e mutagecircnicos Os metais citados anteriormente

com exceccedilatildeo do selecircnio estatildeo presentes na composiccedilatildeo do

cigarro e desta maneira associados agrave nicotina satildeo

responsaacuteveis por causar stress oxidativo incluindo o fumo

como fator em estudo para o desenvolvimento da ELA A partir

disto formulou-se a Teoria do stress oxidativo tida como via

central para o surgimento de doenccedilas do neurocircnio motor e

bastante associada a aspectos comuns entre os diversos riscos

ambientais em estudo Aleacutem dos metais pesados fatores como

o aminoaacutecido beta-metil-amino-L-alanina (BMAA) vem

recebendo grande atenccedilatildeo assim como o neurotransmissor

glutamato este aminoaacutecido relaciona-se ao processo de

neuroexcitotoxicidade e seria o responsaacutevel por lesionar o

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

234

coacutertex motor do ceacuterebro de macacos e Chamorros o BMAA eacute

produzido por cianobacteacuterias Estaria relacionado natildeo apenas

ao desenvolvimento da ELA mas encontrou-se aumentado no

ceacuterebro de seis pacientes com o complexo ELAParkinson

doenccedila de Alzheimer e outras doenccedilas neurodegenerativas

(ABRELA 2016 FDA 2012 OSKARSSON HORTON

MITSUMOTO 2015)

Os diagnoacutesticos da ELA estatildeo preacute-estabelecidos a partir do

El Escorial World Federation of Neurology Possui diferentes

subclassificaccedilotildees a depender da quantidade de segmentos

comprometidos por exemplo nas extremidades desta

reparticcedilatildeo temos a forma definida ou tiacutepica ocorrendo quando

haacute disfunccedilatildeo de neurocircnios motores superiores neurocircnios

motores inferiores da regiatildeo bulbar e de outras duas regiotildees

espinhais e a forma suspeita da doenccedila marcada por

comprometimento de neurocircnios motores inferiores em duas ou

trecircs regiotildees De maneira geral o diagnoacutestico inclui a

demonstraccedilatildeo de envolvimento dos NMS junto a sinais de

comprometimento dos NMI Atualmente natildeo haacute indicaccedilatildeo de

um exame especiacutefico para diagnoacutestico da ELA contudo o

eletroneuromiograma possui utilizaccedilatildeo fundamental podendo

associar-se a exames laboratoriais e de neuroimagem aleacutem do

uso de ressonacircncia magneacutetica para distinguir o

comprometimento predominante nos neurocircnios motores

superiores eou inferiores Como natildeo haacute um meacutetodo padratildeo

para a detecccedilatildeo a demora para o diagnoacutestico da doenccedila eacute

comum fazendo com que exista uma meacutedia de 12 meses desde

o aparecimento de sintomas ateacute o diagnoacutestico Para que o

tempo entre estes eventos seja menor torna-se necessaacuterio a

implantaccedilatildeo de formas diferenciais de diagnoacutestico estando

relacionadas a solicitaccedilatildeo de exames de acordo com a

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

235

disfunccedilatildeo presente dentre estes destaca-se o diagnoacutestico

diferencial relacionado a neuropatia motora pura com auto-

anticorpos (ABRELA 2016)

Infelizmente a ELA natildeo tem cura Seu tratamento consiste

apenas em medidas paliativas que prolonguem a expectativa

de vida e retardem o desenvolvimento da doenccedila Atualmente

drogas inibidoras da excitotoxicidade ndash relacionada

principalmente ao neurotransmissor glutamato ndash como o

Riluzole vecircm apresentando efeito beneacutefico quanto ao

prolongamento da vida ainda que por poucos meses Aleacutem do

Riluzole que constitui o tratamento especiacutefico da ELA eacute

necessaacuteria uma abordagem multidisciplinar associada aos

sintomas concomitantes da doenccedila O sistema de sauacutede

puacuteblico brasileiro o SUS disponibiliza este medicamento de

forma gratuita desde 2015 investindo R$ 76 milhotildees para sua

aquisiccedilatildeo atendendo um consumo meacutedio mensal de cerca de

1427 mil comprimidos aleacutem de investir em outras formas

terapecircuticas para o tratamento dos sintomas acarretados pela

doenccedila como a fisioterapia (ABRELA 2016 BRASIL 2015)

A prevalecircncia da doenccedila no mundo eacute de 3 a 8 casos

para cada 100000 habitantes tendo uma incidecircncia anual de

2100000 indiviacuteduos No Brasil de 8 a 10 indiviacuteduos satildeo

diagnosticados com a patologia semanalmente estimando-se

segundo o Instituto Paulo Gontijo (2016) que cerca de 12 mil

brasileiros possuam a doenccedila (PEREIRA 2006 ABNEURO

2014)

Um estudo realizado no ano de 1998 ndash cuja publicaccedilatildeo

ocorreu soacute em 2000 ndash demonstrou as caracteriacutesticas

epidemioloacutegicas da ELA no Brasil A anaacutelise dos dados contidos

neste estudo permitiu confimar a predominacircncia dos casos da

ELA esporaacutedica quando comparados a ELA familiar

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

236

(DIETRICH-NETO et al 2000) A tabela a seguir reuacutene os dados

epidemioloacutegicos no que se refere agraves principais formas cliacutenicas

da doenccedila

Tabela 2 Dados epidemioloacutegicos da ELA no Brasil

Sexo Formas cliacutenicas

Feminino Masculino ELA esporaacutedica

ELA familiar

Ndeg 184 259 403 26

415 585 91 59

TOTAL 443 Fonte DIETRICH-NETO et al 2000 no estudo 14 casos foram

desconsiderados

4 CONCLUSOtildeES

O crescimento populacional e o avanccedilo industrial e

tecnoloacutegico tem gerado impasses preocupantes como o

armazenamento inadequado dos resiacuteduos Esta atitude eacute a

principal causa da contaminaccedilatildeo do solo e principalmente dos

mananciais e da fauna aquaacutetica existente por metais pesados

O estudo da relaccedilatildeo existente entre o desenvolvimento da

Esclerose Lateral Amiotroacutefica e os fatores ambientais

sobretudo os metais pesados deixa um alerta importante sobre

os agravos que a contaminaccedilatildeo ambiental por metais pesados

pode acarretar Eacute evidente que a preocupaccedilatildeo sobre esta

contaminaccedilatildeo aumenta consideravelmente quando relacionada

a um paciente portador de ELA e a indiviacuteduos geneticamente

predispostos ao seu desenvolvimento contudo a exposiccedilatildeo de

indiviacuteduos saudaacuteveis aos metais pesados traz consequecircncias

similarmente graves agrave sauacutede

EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

237

Ademais passos importantes como o mapeamento

geneacutetico de indiviacuteduos supostamente predispostos a doenccedila

deve ser levado em consideraccedilatildeo na tentativa de lidarmos

melhor com o desenvolvimento da patologia aleacutem disso

medidas de armazenamento adequado e fiscalizaccedilatildeo deste

processo eacute imprescindiacutevel tanto para aumentar a sobrevida de

pacientes portadores de ELA como tambeacutem para oferecer

melhores condiccedilotildees de vida agrave populaccedilatildeo saudaacutevel

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EXPOSICcedilAtildeO A METAIS PESADOS COMO FATOR DESENCADEANTE DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTROacuteFICA

239

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COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

240

CAPIacuteTULO 14

EXPOSICcedilAtildeO AO CHUMBO DURANTE A GRAVIDEZ E SUAS COMPLICACcedilOtildeES NO

DESENVOLVIMENTO EMBRIONAacuteRIO UMA REVISAtildeO DE LITERATURA

Arthur ALEXANDRINO 1

Ana Elisa Barboza de SOUZA 1

Priscilla Anne Castro de ASSIS 2

Graduandos do curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Educaccedilatildeo e Sauacutede - CESUFCG 2 OrientadoraDocente do Curso de Bacharelado em Enfermagem do

CESUFCG arthurlima12345hotmailcom

RESUMO A produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos eacute bastante antiga e no Brasil essa produccedilatildeo chega a nuacutemeros alarmantes O aumento desses materiais tornou-se um problema agrave sauacutede puacuteblica aleacutem de gerar impactos ambientais e soacutecio- econocircmicos a populaccedilatildeo Dentre esses resiacuteduos os metais pesados apresentam propriedades bioacumulativas e tem efeito teratogecircnico podendo comprometer vaacuterios sistemas do corpo Dentre eles destaca-se o chumbo que pode causar seacuterios danos Acerca da problemaacutetica este trabalho tem como objetivo revisar a literatura cientiacutefica sobre os acometimentos causados pela exposiccedilatildeo aos metais pesados a falta de informaccedilatildeo da populaccedilatildeo sobre os teratoacutegenos aleacutem de mostrar como o chumbo age no organismo informar os paracircmetros de controle esquematizar suas trocas nos organismos mecanismos de toxidade e discutir meios preventivos Consta de revisatildeo da literatura dos uacuteltimos dez anos utilizando as bases de dados CAPES SciELO PubMed e BVS Os resultados apontam que os teratoacutegenos causam complicaccedilotildees embrionaacuteriasfetais como a maacute formaccedilatildeo

COMPLICACcedilOtildeES Agrave SAUacuteDE DE MULHERES NO PERIacuteODO GESTACIONAL EM DECORREcircNCIA DA CONTAMINACcedilAtildeO PELO CHUMBO UMA REVISAtildeO DA

LITERATURA

241

congecircnita anomalias retardo mental e aborto A falta de informaccedilatildeo sobre o assunto pode influenciar para o aparecimento desses acomentimentos Os resultados tambeacutem mostram como ocorre a absorccedilatildeo distribuiccedilatildeo e excreccedilatildeo do chumbo no organismo os paracircmetros para o controle bioloacutegico da exposiccedilatildeo e a troca desse metal no metabolismo aleacutem de mostrar um dos mecanismos de toxidade e trazer medidas de prevenccedilatildeo agrave sua exposiccedilatildeo Palavras-chave Resiacuteduos soacutelidos Metais pesados Chumbo

1 INTRODUCcedilAtildeO

Os primeiros relatos de produccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos

estaacute relacionado aos nocircmades da eacutepoca que deixavam para

traacutes seus rastros de lixo (DEUS BATTISTELLE SILVA 2015)

Com o teacutermino da Revoluccedilatildeo Industrial as industrias

aumentaram seus iacutendices de produtividade e

consequentemente a geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos oriundos dos

seus processos produtivos A partir da deacutecada de 70 que esse

assunto comeccedilou a ser abordado de forma aprofundada em

encontros mundiais como a ECO 92 no Rio de Janeiro virando

palco de discursatildeo em todo o mundo visto que se tratava de

um impacto ambiental em niacutevel global (DEUS BATTISTELLE

SILVA 2015)

Com o passar dos anos foi feita a correlaccedilatildeo da geraccedilatildeo

desses materiais com seacuterios danos agrave sauacutede puacuteblica mas

apesar dos nuacutemeros de produccedilatildeo crescentes ateacute os dias atuais

grande parte desses resiacuteduos continuam tendo uma disposiccedilatildeo

final inadequada constituindo um grande desafio para a

administraccedilatildeo puacuteblica (URBAN 2016 FERRI CHAVES

RIBEIRO 2015)

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O Brasil tem em meacutedia uma produccedilatildeo diaacuteria de 189 mil

toneladas de resiacuteduos soacutelidos em que esses satildeo descartados

em lixotildees aterros controlados e aterros sanitaacuterios

(MANNARINO FERREIRA GANDOLLA 2016) Para Pereira e

Lange (2011) a alternativa mais sensata para esses resiacuteduos

soacutelidos seria a implantaccedilatildeo de aterros sanitaacuterios unidades de

compostagem e na remediaccedilatildeo de lixotildees em todo o Brasil bem

como na busca de soluccedilotildees financeiras para municiacutepios de

pequeno porte

Os resiacuteduos soacutelidos satildeo aqueles em estados soacutelidos e

semi-soacutelidos provenientes de atividades de origem hospitalar

industrial agriacutecola domeacutestica de varriccedilatildeo de serviccedilos e

aqueles oriundos de equipamentos e instalaccedilotildees de controle de

poluiccedilatildeo e os de sistemas de tratamento de aacutegua (JULIATTO

CALVO CARDOSO 2011)

A lei ndeg 12305 de dois de agosto de 2010 que instituiu

a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos estabelece as

diretrizes relativas agrave gerenciaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos e a

gestatildeo integrada a responsabilidade do poder puacuteblico dos

geradores e dos instrumentos econocircmicos aplicaacuteveis tendo

como norteamento os conceitos que estatildeo em atuaccedilatildeo nos

paiacuteses desenvolvidos principalmente os da Europa

(MANNARINO FERREIRA GANDOLLA 2016)

A presente lei eacute tambeacutem responsaacutevel pela classificaccedilatildeo

desse resiacuteduos sendo um dos subtipos os resiacuteduos perigosos

que apresentam risco significativo agrave sauacutede puacuteblica e agrave

qualidade ambiental visto que esses resiacuteduos apresentam

algumas caracteriacutesticas como teratogenicidade

carcinogenidade mutagenicidade reatividade inflamabilidade

toxidade patogenicidade e corrosividade (BRASIL 2010)

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243

Um exemplo bastante claro desses resiacuteduos perigosos

satildeo os metais pesados que satildeo bioacumulativos isto eacute uma

vez ingeridos inalados ou tido contato deacutermico natildeo satildeo mais

eliminados e acabam depositando-se em locais especiacuteficos do

organismo gerando um comprometimento das suas funccedilotildees

podendo vir a causar danos agrave sauacutede desse indiviacuteduo (DUTRA

BERVIAN 2016)

Os tipos de metais pesados com maior poder de toxidade

satildeo o Mercuacuterio (Hg) Arsecircnio (As) Cromo (Cr) Chumbo (Pb)

Caacutedmio (Cd) e o Niacutequel (Ni) poreacutem o Chumbo (Pb) tem um

maior efeito teratogecircnico atravessando a barreira placentaacuteria

podendo vir a causar maacute formaccedilotildees congecircnitas prematuridade

eou retardo mental (OLIVEIRA et al 2016)

Os metais pesados podem ser encontrados em todos os

tipos de objetos aos quais temos um constante contato como

tintas enlatados pilhas aparelhos eletrocircnicos lacircmpadas

plaacutesticos cosmeacuteticos tintura de cabelo esmaltes entre outros

(OLIVEIRA et al 2016)

Neste contexto comprendendo os problemas que esses

metais pesados podem ocasionar agrave sauacutede das pessoas eacute

oportuno trazer informaccedilotildees atuais sobre esses elementos Por

isso o presente trabalho tem por objetivo revisar a literatura

cientiacutefica apresentar informaccedilotildees recentes sobre o tema os

mecanismos bioloacutegicos dos seus efeitos teratogecircnicos

causados pela exposiccedilatildeo aos metais pesados com ecircnfase nas

alteraccedilotildees no desenvolvimento embrionaacuterio causadas pelo

chumbo

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244

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Foi realizada uma busca nas seguintes bases de dados

Portal de Perioacutedicos CAPES SciELO (Scientific Electronic

Library Online) PubMed (MEDLINE) e Biblioteca Virtual em

Sauacutede (BVS) empregando para a consulta dessas bases os

seguintes descritores Resiacuteduos Soacutelidos (Solid Waste) Metais

Pesados (Metals Heavy) Chumbo (Lead) e Gestantes

(Pregnant Women) Essa pesquisa utilizou artigos cientiacuteficos

publicados nos uacuteltimos dez anos e que abordassem os idiomas

portuguecircs e inglecircs Os resultados estatildeo apresentados

textualmente e com a utilizaccedilatildeo de figuras para uma melhor

sistematizaccedilatildeo ao alcance do objetivo proposto

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os teratoacutegenos satildeo elementos capazes de causar

alguma alteraccedilatildeo na funcionalidade ou estrutura corpoacuterea no

embriatildeo ou feto podendo ser classificados em agentes

quiacutemicos fiacutesicos bioloacutegicos ou ambientais (ALEXANDRINO et

al 2016)

As sequelas a esses agentes dependem de alguns

fatores como tempo de exposiccedilatildeo ao agente poder de

absorccedilatildeo do tecido metabolismo materno e fetal transferecircncia

placentaacuteria do metal pesado e o periacuteodo gestacional em que

houve a exposiccedilatildeo ao teratoacutegeno (RODRIGUES et al 2011

TORALLES et al 2009)

No Brasil 3 a 5 das gestaccedilotildees apresentam fetos com

maacutes formaccedilotildees congecircnitas anomalias retardo mental doenccedilas

geneacuteticas deformidades aborto e esses acometimentos satildeo

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relacionados a interaccedilotildees complexas da matildee com fatores

ambientais em que acaba expondo o feto ao perigo (HESS

TREVISAN 2008 SILVA FELISMINO DANTAS 2008) As

maacutes formaccedilotildees geralmente satildeo diagnosticadas antes do

nascimento sendo a segunda maior causa de morte infantil no

Brasil (SILVA FELISMINO DANTAS 2008)

O retardo mental (RM) estaacute relacionado a funcionalidade

adaptativa que o indiviacuteduo tem para realizar com eficiecircncia as

atividades do dia a dia podendo ser de origem extriacutenseca

como as causadas por metais pesados como terem a sua

origem geneacutetica Aleacutem disso esses indiviacuteduos acabam

apresentando alteraccedilotildees comportamentais desenvolvimento

lento e dificuldade para realizar certas tarefas (PAICHECO et

al 2010)

Um aspecto relevante dessas alteraccedilotildees no

desenvolvimento gestacional consiste na falta de informaccedilotildees

sobre os agentes teratogecircnicos principalmente nas

comunidades que apresentam um baixo niacutevel educacional e

socioeconocircmico em que as mulheres graacutevidas acabam se

expondo a esses agentes de maneira inconsciente (BRITO et

al 2010)

Salles et al (2008) apresentaram dados que

correlacionam o grau de escolaridade renda famiacuteliar ao

aparecimento de alteraccedilotildees morfoloacutegicas em embriotildees

causados pela exposiccedilatildeo agrave teratoacutegenos

A figura 1 mostra que o grupo de gestantes com ensino

meacutedio completo satildeo as mais acometidas com alteraccedilotildees

morfoloacutegicas nos seus embriotildees Enquanto as gestantes que

tem um grau de escolaridade inferior satildeo as menos afetadas

Uma das possiacuteveis justificativas seria o contato com agentes

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246

teratogecircnicos que as matildees com escolaridade menor natildeo teriam

acesso (GUERRA et al 2008)

Figura 1 Grau de escolaridade de gestantes que apresentaram fetos com maacute formaccedilotildees

Fonte (SALLES et al 2008)

Adicionalmente Salles et al(2008) demonstraram que o

grupo de gestantes mais acometidas por problemas de

alteraccedilotildees morfoloacutegicas em seus fetos foram as que tem mais

de um salaacuterio como renda pessoal como pode ser observado

na Figura 2

0

5

10

15

20

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Figura 2 Renda familiar das gestantes que apresentaram fetos com maacute formaccedilotildees

Fonte (SALLES et al 2008)

Uma das fontes mais importantes de agentes

teratogecircnicos consiste nos elementos descartados nos lixotildees

aterros controlados ou sanitaacuterios (RIGUETTI et al 2015)

Como exemplo do estudo de Celere et al (2007) que encontrou

niacuteveis elevados de metais pesados em um aterro sanitaacuterio

O contato dos metais pesados com o organismo pode

danificar qualquer tipo de atividade bioloacutegica justificando as

diversas sequelas que os mesmos podem gerar em um

indiviacuteduo Apesar dos sistemas enzimaacuteticos serem susceptiacuteveis

a esses elementos o acesso e a sensibilidade entre os

diferentes oacutergatildeos e tecidos estaacute relacionado com a limitaccedilatildeo

das estruturas anatocircmicas e com a competiccedilatildeo dos metais

pelos siacutetios de ligaccedilatildeo nesses locais (LEITE SILVA CUNHA

2015 CASERTA 2013)

Um dos metais pesados comumente encontrado na

natureza eacute o chumbo sendo este um dos elementos mais

reativos jaacute descrito O seu efeito toxicoloacutegico eacute relatado a mais

36

47

17

Um salaacuterio

Mais de umsalaacuterio

Menos de umsalaacuterio

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248

de trecircs mil anos e sua interaccedilatildeo com problemas em crianccedilas eacute

conhecida a mais de 100 anos (JURUENA 2009)

O chumbo compartilha algumas propriedades

observadas em outros metais pesados mas tambeacutem apresenta

caracteriacutesticas proacuteprias A sua capacidade de inibir ou imitar a

accedilatildeo do caacutelcio a formaccedilatildeo de complexos estaacuteveis com ligantes

contedo enxofre foacutesforo nitrogecircnio ou oxigecircnio

nas membranas celulares satildeo alguns dos mecanismos de accedilatildeo

deste metal pesado (LEITE SILVA CUNHA 2015 CASERTA

2013)

As principais fontes de exposiccedilatildeo ao Pb satildeo as industrias

que fazem uso ou descartam esse metal alguns alimentos e

bebidas medicamentos brinquedos aparelhos eletrocircnicos

plaacutestico etc (CAPITANI PAOLIELLO ALMEIDA 2009)

Adicionalmente produtos de beleza possuem uma

concentraccedilatildeo significativa desse metal que podem ser

encontrados em esmaltes tinturas de cabelo fixadores de

perfume e maquiagem de maneira geral sendo as mulheres o

puacuteblico de maior exposiccedilatildeo (COUTINHO et al 2012)

A Norma Regulamentadora NR778 que foi alterada pela

portaria SSST 2494 disponibiliza a taxa para se fazer o

controle bioloacutegico da exposiccedilatildeo ao chumbo (CLARK

OLIVEIRA CLARK 2010) A Tabela 1 apresenta os paracircmetros

de referecircncia para a exposiccedilatildeo ao chumbo na qual o maacuteximo

permitido de 60 microg100 ml de sangue e de 100 microgg creatinina

na urina Acima desses valores os efeitos do chumbo podem

gerar diferentes resultados dentre estes alterar o

desenvolvimento gestacional de um embriatildeo ou feto

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Tabela 1 Paracircmetros para o controle bioloacutegico da exposiccedilatildeo ao chumbo

Material da

amostra

Valores de

Referecircncia

Iacutendice bioloacutegico

maacuteximo permitido

Sangue Ateacute 40 microg100 ml 60 microg100 ml

Urina Ateacute 50 microgg

creatinina

100 microgg creatinina

Fonte (CLARK OLIVEIRA CLARK 2010)

Para Rezende Amaral e Tanus-Santos (2009)o chumbo

apresenta um alto poder de absorccedilatildeo principalmente pelas vias

respiratoacuterias e gastrointestinal onde eacute distribuiacutedo por todo o

corpo e pode causar paralisia intestinal dor abdominal anemia

e afetar o sistema nervoso central sendo acumulado nos

tecidos mineralizados aleacutem de apresentar um baixo niacutevel de

excreccedilatildeo A quantidade de Pb encontrada livre no sangue pode

alertar para alteraccedilotildees orgacircnicas causadas pela exposiccedilatildeo ao

chumbo de forma direta ou indireta

Quando absorvido pelo organismo 99 do chumbo se

liga aos eritroacutecitos por ateacute 5 semanas e logo apoacutes seratildeo

dispersos nos tecidos moles como rins fiacutegado pulmotildees e

sistema nervoso O 1 restante do metal absorvido continua

livre no plasma (REZENDE AMARAL TANUS-SANTOS

2009) A Figura 3 abaixo mostra o esquema da absorccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e excreccedilatildeo desse metal no organismo

A Figura 4 mostra o esquema simplificado da troca do

chumbo nos organismos Nesta imagem a espessura das setas

representa diferentes taxas de transferecircncia do chumbo no

organismo (CAPITANI 2009)

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Figura 3 Absorccedilatildeo distribuiccedilatildeo e excreccedilatildeo do chumbo no

organismo

Fonte REZENDE AMARAL TANUS-SANTOS 2009

Figura 4 Esquema simplificado da troca de chumbo nos

organismos

Fonte CAPITANI 2009

A absorccedilatildeo do chumbo pode se daacute atraveacutes da ingestatildeo

contato ou inalaccedilatildeo Ao alcanccedilar o sangue ele apresentaraacute

diferentes velocidades no fluxo de transferecircncia para os

diversos oacutergatildeos podendo classificar essas trocas em troca

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lenta troca intermediaacuteria troca raacutepida e troca muito raacutepida

conforme descrito por Capitani (2009)

Orgatildeos importantes como o ceacuterebro fiacutegado assim como

a medula apresentam um fluxo raacutepido entre as concentraccedilotildees

do chumbo no plasma com o acumulado em seus tecidos

Entretanto o acuacutemulo desse metal pesado estaacute relacionado

com alteraccedilotildees estrutural de desenvolvimento e

comportamental em fetos e crianccedilas sendo um dos possiacuteveis

causadores do autismo por exemplo (LEAL et al 2015)

Estudos demonstram que um dos mecanismos de

toxicidade do chumbo eacute a troca do zinco presente em proteiacutenas

regulatoacuterias com domiacutenio Dedo de zinco pelo chumbo

Algumas dessas proteiacutenas satildeo reconhecidas como reguladoras

de genes supressores de tumor e reguladoras do processo

transcricional gecircnico Neste contexto a funcionalidade dessas

proteiacutenas ficam alteradas sendo este um dos mecanismos

aceitos para o potencial teratogecircnico deste metal pesado com

mostra a Figura 5 (NELSON COX 2006)

Figura 5 Estrutura baacutesica de proteiacutenas reguladoras da

transcriccedilatildeo gecircnica com domiacutenio Dedo de Zinco

Fonte NELSON COX 2006

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A ingestatildeo de alimentos com uma taxa caloacuterica

balanceada a diminuiccedilatildeo da idade reprodutiva o controle ao

tabagismo e do uso de medicamentos satildeo praacuteticas preventivas

em que apresentam relaccedilatildeo direta no desenvolvimento do

embriatildeofeto (SILVA FELISMINO DANTAS 2008)

Para Clark Oliveira e Clark (2010) outra medida de

prevenccedilatildeo agrave exposiccedilatildeo dos metais pesados em especial o

chumbo eacute a substituiccedilatildeo desse metal por outros metais com

menor poder toacutexico sem falar no isolamento das atividades que

fazem manipulaccedilatildeo do mesmo

A engenharia de seguranccedila tambeacutem prever meacutetodos

com o intuito de evitar a exposiccedilatildeo das pessoas ao metal

fazendo uso de boas praacuteticas de trabalho associadas ao uso de

Equipamentos de Proteccedilatildeo Individuais (EPI) como luvas

uniformes e maacutescaras que utilizam filtro quiacutemico assim como

tambeacutem se devem treinar as pessoas para se tomar os devidos

cuidados quanto ao metal aleacutem de discutir os sintomas de

intoxicaccedilatildeo para que os mesmos saibam procurar a ajuda

correta O local de armazenamento de aacutegua potaacutevel deve ser

bem protegido e o ambiente de trabalho deve se mostrar

sempre limpo devendo ser realizada por aspersatildeo uacutemida

(CLARK OLIVEIRA CLARK 2010)

4 CONCLUSOtildeES

A presente revisatildeo bibliograacutefica possibilitou informar

sobre os dados atuais da geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos no Brasil

destacando os metais pesados como uma classe de perigo por

estar associados com diversas alteraccedilotildees anatomorfoloacutegicas e

comportamentais em humanos Uma populaccedilatildeo de risco agrave

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esses elementos satildeo as gestantes devidos esses elementos

serem altamente reativos com potencial teratogecircnico podendo

acarretar seacuterios riscos ao embriatildeo como maacute formaccedilatildeo

congecircnita retardo mental e ateacute mesmo o aborto

Adicionalmente foi observado que o conhecimento e a

conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia de evitar determinados

produtos especialmente durante a gestaccedilatildeo eacute de grande

importacircncia em que suas principais fontes satildeo os alimentos

bebidas medicamentos aparelhos eletrocircnicos plaacutesticos e

produdos de beleza em geral aleacutem disso a pesquisa

apresentou os paracircmetros de referecircncia de exposiccedilatildeo ao

chumbo e os mecanismos de absorccedilatildeo distribuiccedilatildeo e excreccedilatildeo

desse metal no organismo Essa revisatildeo tambeacutem possibilitou

observar o fluxo de transferecircncia desse metal em diferentes

velocidades dependendo do tecido em questatildeo mostrou um

dos mecanismos de toxidade desse metal uma vez que o Pb

tem mais afinidade que o zinco em proteiacutenas regulatoacuterias com

domiacutenio Dedo de zinco aleacutem de trazer medidas de prevenccedilatildeo

agrave exposiccedilatildeo desses metais em especial o chumbo

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ALEXANDRINO J S NOUR G F A LIMA R C A PINTO M C O MELO C N M Repercussotildees neuroloacutegicas nos fetos expostos a drogas liacutecitas durante a gestaccedilatildeo uma reflexatildeo teoacuterica SANARE-Revista de Poliacuteticas Puacuteblicas v 15 n 1 2016 BRASIL Lei Federal nordm 12305 - Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos altera a Lei no 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (DOU) 03 de ago 2010 BRITO V R S SOUSA F S GADELHA F H SOUTO R Q REGO A R F FRANCcedilA I S X Malformaccedilotildees congecircnitas e fatores de risco materno em Campina Grande-Paraiacuteba Revista Rene v 11 n 2 p 27-36 2010

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LITERATURA

256

de plantas medicinais Revista Brasileira de Plantas Medicinais v 13 n 3 p 359-366 2011 SALLES L J LEITE L M M PIGOZZO C M CAMPOS M C COVA V F Levantamento de concepccedilotildees sobre teratogecircnese e seus agentes em uma amostra de gestantes no bairro da liberdade-SSABA Revista Virtual v 4 n 1 p 55-69 2008 SILVA M FELISMINO D C DANTAS I C Malformaccedilotildees fetais estudo retrospectivo na maternidade da fundaccedilatildeo assistencial da Paraiacuteba no municiacutepio de Campina Grande Revista de Biologia e Ciecircncias da Terra v 8 n 1 p 231-239 2008 TORALLES M B TRINDADE B M C FADUL L C PEIXOTO JUacuteNIOR C F SANTANA M A C C ALVES C A importacircncia do Serviccedilo de Informaccedilotildees sobre Agentes Teratogecircnicos Bahia Brasil na prevenccedilatildeo de malformaccedilotildees congecircnitas anaacutelise dos quatro primeiros anos de funcionamento Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 n 1 p 105-110 2009 URBAN R C Iacutendice de adequaccedilatildeo do gerenciamento de resiacuteduos soacutelidos urbanos como ferramenta para o planejamento aplicaccedilatildeo no estado de Satildeo Paulo Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 21 n 2 p 367-377 2016

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

257

CAPIacuteTULO 15

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES

NANOESTRUTURADOS DE CeO2

Carlos Christiano Lima dos SANTOS1

Rayanne Rilka Pereira da SILVA2

Francisco Ceacutelio ADRIANO3 Maria Soraya Pereira Franco ADRIANO 4

Poliana Sousa EPAMINONDAS5

1 Graduando do curso de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental UNINASSAU 2 Graduanda do curso de EnfermagemUFCG 3 Mestrando em Engenharia Universidade Potiguaacute 4Professora

do Escola Teacutecnica de Sauacutede UFPB 5 OrientadoraProfessora do IFPB Sousa carloschristiano10gmailcom

RESUMO O ciclo natural de alguns elementos como nitrogecircnio carbono e enxofre sofreu ldquoalteraccedilatildeordquo devido agrave accedilatildeo antroacutepica Essas alteraccedilotildees ao longo de milhares de anos trouxeram riscos diretos agrave existecircncia e agrave sobrevivecircncia dos seres vivos da Terra O desequiliacutebrio deste sistema natural autoregulado conduz ao acuacutemulo na atmosfera de substacircncias nocivas agrave vida fazendo nascer a necessidade de uma accedilatildeo de prevenccedilatildeo ou de saneamento artificial que seja capaz de assegurar a manutenccedilatildeo da qualidade do ar do planeta Como resposta a essa realidade espera-se que o avanccedilo da nanociecircncia e da nanotecnologia estimule uma nova revoluccedilatildeo industrial que promova o crescimento econocircmico e sustentaacutevel deste seacuteculo Na cataacutelise o grande potencial dos nanomateriais estaacute relacionado com a alta atividade cataliacutetica exibida por esses materiais em funccedilatildeo da alta relaccedilatildeo entre as variaacuteveis superfiacutecie volume quando as partiacuteculas adquirem diacircmetro abaixo de 5 nm Uma das suas principais aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas mais difundidas atualmente eacute a utilizaccedilatildeo de catalisador automotivo para controle de emissotildees veiculares utilizando uma tecnologia estabelecida poreacutem em contiacutenuo

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

258

desenvolvimento e que vem sendo aplicada em paiacuteses que apresentam uma poliacutetica de controle de emissotildees a partir de fontes moacuteveis Neste trabalho uma revisatildeo sobre as propriedades caracteriacutesticas e aplicaccedilotildees de nanopartiacuteculas de oacutexido de ceacuterio (IV) eacute apresentada com ecircnfase na cataacutelise automotiva Palavras-chave Cataacutelise automotiva Nanoestruturas Ceacuteria

1 INTRODUCcedilAtildeO

A queima de combustiacuteveis foacutesseis em todo mundo eacute a

principal causa das emissotildees de dioacutexido de carbono (CO2) o

principal gaacutes de efeito estufa O setor de transportes eacute entre as

fontes de emissatildeo de gases de efeito estufa a que cresce mais

rapidamente muitas vezes em uma taxa superior ao produto

interno bruto dos paiacuteses em desenvolvimento (DIacuteAZ COacuteNSUL

et al 2004 MARTINS et al 2003)

Com a globalizaccedilatildeo da economia a competitividade

tornou-se condiccedilatildeo essencial agrave sobrevivecircncia de qualquer

induacutestria inclusive as de ceracircmicas tradicionais Dois dos

principais fatores que determinam a competitividade de um

produto satildeo a qualidade e a eficiecircncia do processo produtivo

O uacutenico caminho para o domiacutenio do processo produtivo

eacute a garantia da qualidade e a busca por novas tecnologias Tais

fatores geraram uma evoluccedilatildeo da pesquisa de novos materiais

ceracircmicos ao longo destes anos (MARTINS et al 2003)

Nos uacuteltimos anos a nanotecnologia tem recebido muita

atenccedilatildeo da comunidade cientiacutefica principalmente depois da

descoberta dos nanotubos de carbono por Iijima (1991) haacute mais

de duas deacutecadas Com isso a siacutentese de nanomateriais tem

sido de grande interesse para cientistas e engenheiros por

causa de duas importantes contribuiccedilotildees o entendimento dos

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

259

conceitos fundamentais envolvidos e as suas potenciais

aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas (IIJIMA 1991 GARNER HEPPELL

2005)

Estruturas nanomeacutetricas podem apresentar diferentes

propriedades quando comparadas com outros materiais em

escalas de dimensotildees maiores Este argumento juntamente

com o potencial das aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas desses

nanomateriais tem sido responsaacutevel por um investimento da

ordem de trilhotildees de doacutelares por parte de governos e

induacutestrias em todo o mundo Em anos recentes na literatura

tem sido descrita com sucesso a preparaccedilatildeo de diversas

nanoestruturas como PbS PbO2 Pb3O4 PbO CuO Cu2O Cu

Se CdS Bi2S3 SnS2 ZnO e CeO2 atraveacutes de vaacuterias rotas de

siacutenteses (SANTOS 2013)

O oacutexido de ceacuterio (IV) eacute um importante material de

aplicaccedilatildeo industrial e de grande interesse em muitas aplicaccedilotildees

cientiacuteficas e tecnoloacutegicas Ele se estabelece como um dos

oacutexidos mais importantes onde sua estrutura apresenta um

grande leque de interesses para o progresso da nanociecircncia e

nanotecnologia devido a propriedades cataliacutetica eletrocircnica

magneacutetica e microbioloacutegica muito desejaacuteveis por razotildees sociais

e econocircmicas (SANTOS 2013 DEUS et al 2013)

Esses nanomateriais com dimensotildees inferiores a 100

nm satildeo cada vez mais utilizados como agentes cataliacuteticos

automotivos com o objetivo de reduzir a emissatildeo de poluentes

na atmosfera a atraveacutes de novos processos economicamente

mais favoraacuteveis (KEYSON et al 2008 DEUS et al 2013)

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

260

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Em virtude da quantidade crescente e da complexidade

de informaccedilotildees nas mais diferentes aacutereas tornou-se

imprescindiacutevel o desenvolvimento de artifiacutecios no contexto da

pesquisa cientificamente embasada capazes de delimitar

etapas metodoloacutegicas mais concisas e de propiciar aos

profissionais melhor utilizaccedilatildeo das evidecircncias elucidadas em

inuacutemeros estudos Nesse cenaacuterio a revisatildeo bibliograacutefica

emerge como uma metodologia que proporciona a siacutentese do

conhecimento e a incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados

de estudos significativos na praacutetica (SOUZA SILVA

CARVALHO 2010)

Este estudo constitui-se de uma revisatildeo integrativa

realizada entre julho e novembro de 2016 no qual foi executada

uma consulta por artigos cientiacuteficos nas bases de dados

Elservier ScienceDirect Web of Science SciELO entre outras

Foram incluiacutedos nessa revisatildeo estudos relevantes das

propriedades cataliacuteticas de estruturas nanoparticuladas do

oacutexido de Ceacuterio (IV) aplicadas no setor automotivos

Dessa forma essa obra apresenta importantes

estrateacutegias utilizadas em setores de transportes e industriais

para a reduccedilatildeo das emissotildees de gases de efeito estufa atraveacutes

da utilizaccedilatildeo de tecnologias mais eficientes e que atendam a

exigecircncia por processos limpos

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O ar tal como a aacutegua e o solo eacute um recurso

indispensaacutevel na Terra Atraveacutes de ciclos naturais seus

constituintes satildeo consumidos ou reciclados A atmosfera tem

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

261

assim uma certa capacidade depuradora que em condiccedilotildees

naturais garante a eliminaccedilatildeo dos materiais nela

descarregados pelos seres vivos O desequiliacutebrio nestas

condiccedilotildees promove o acuacutemulo de gases nocivos na atmosfera

necessitando de accedilotildees preventivas e urgentes capazes de

controlar essas emissotildees em niacuteveis aceitaacuteveis Os oacutexidos de

nitrogecircnio (NOx) de enxofre (SOx) de carbono (COx) provecircm

de fontes naturais tais como atividade vulcacircnica queima de

biomassa (fundamentalmente queima de florestas provocada

por fontes naturais) e atividade bacteriana Poreacutem o traacutefego

automobiliacutestico assim como a combustatildeo em caldeiras e

fornos constituem as principais fontes de formaccedilatildeo destes

oacutexidos que satildeo considerados importantes contaminantes

ambientais devido agrave sua participaccedilatildeo na chuva aacutecida

responsaacutevel pela destruiccedilatildeo das florestas no ldquosmogrdquo

fotoquiacutemico que eacute intensamente irritante aos olhos e agraves

mucosas e principalmente nos gases de efeito estufa

Catalisadores automotivos configuram a maior aplicaccedilatildeo

de catalisadores heterogecircneos no mundo O mercado atual de

catalisadores automotivos abrange aproximadamente 22 do

mercado mundial de catalisadores heterogecircneos que

corresponde a 9 bilhotildees de doacutelares Assim eacute indiscutiacutevel a

importacircncia ambiental e econocircmica desses catalisadores Num

passado recente que se estende aos nossos dias leis

governamentais riacutegidas estabelecendo prazos para a adoccedilatildeo

de tecnologias de minimizaccedilatildeo de emissotildees veiculares

promovem o desenvolvimento de materiais nunca antes

necessaacuterios em cataacutelise tendo em conta o meio hostil da

exaustatildeo de automoacuteveis (DIacuteAZ-COacuteNSUL et al 2004

MARINHO 2011)

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

262

Os catalisadores satildeo utilizados nos automoacuteveis e nas

induacutestrias com o propoacutesito de diminuir a emissatildeo de gases

poluentes oriundos de motores automotivos como tambeacutem de

processos de combustatildeo em caldeiras fornos entre outros

(FINO et al 2006 IRFAN GOO KIM 2008 MARINHO 2011)

O catalisador atraveacutes de processos especiacuteficos acelera

reaccedilotildees quiacutemicas transformando poluentes nocivos (COx NOx

e CxHy entre outros) em compostos menos danosos agrave sauacutede e

ao meio ambiente Essa transformaccedilatildeo para os gases NOx natildeo

ocorre espontaneamente mas pode ser realizada utilizando

catalisadores especiacuteficos Vaacuterios sistemas cataliacuteticos satildeo

estudados para o abatimento de NOx a maioria eacute baseada em

metais nobres em zeoacutelitas modificadas com metais de

transiccedilatildeo e em compostos de oacutexidos mistos (GARCIA 2003

ZHANG et al 2006 ZHU THOMAS 2009 KEYSON et al

2008)

Por sua vez os compostos de ceacuterio nanoestruturados

satildeo considerados uma alternativa viaacutevel na substituiccedilatildeo destes

materiais devido a sua boa relaccedilatildeo custo benefiacutecio quanto a

propriedades como estabilidade teacutermica em altas

temperaturas menor custo grande versatilidade e excelente

propriedade redox A estrutura fluorita cuacutebica de face centrada

daacute a esses oacutexidos a capacidade de acomodar uma grande

concentraccedilatildeo de defeitos promovendo propriedades do estado

soacutelido que satildeo relativamente faacuteceis de controlar e modificar

mediante substituiccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica originando

perfis cataliacuteticos muito interessantes Esses soacutelidos satildeo

mecacircnica e quimicamente estaacuteveis a altas temperaturas e em

determinadas condiccedilotildees de reaccedilatildeo apresentam propriedades

condutoras e dieleacutetricas importantes (SANTOS 2013)

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

263

Muitas satildeo as rotas de siacutentese utilizadas para a obtenccedilatildeo

de nanocompostos precipitaccedilatildeo sonoquiacutemica hidrotermal

microemulsatildeo transformaccedilatildeo mecanoquiacutemica decomposiccedilatildeo

teacutermica meacutetodos sol-geacuteis siacutentese solvotermal aleacutem do meacutetodo

hidrotermal de micro-ondas (SANTOS 2013 ROY HEGDE

MADRAS 2009) A utilizaccedilatildeo de cada teacutecnica iraacute depender do

tipo de produto a ser sintetizado considerando as seguintes

variaacuteveis estado de oxidaccedilatildeo pureza tamanho de partiacutecula

reprodutibilidade rendimento e possibilidade de produccedilatildeo em

larga escala

Muitos aditivos foram estudados para melhorar a

estabilidade teacutermica do sistema evitando a perda de aacuterea

especiacutefica dos oacutexidos Al2O3 e CeO2 bem como a coalescecircncia

da fase metaacutelica (ROY HEGDE MADRAS 2009 MARINHO

2011 SANTOS 2013)

31 CEacuteRIO E SEUS COMPOSTOS

O Ceacuterio (IV) apresenta como uacutenicos compostos binaacuterios

seus oacutexidos anidros (CeO2) hidratados (CeO2-nH2O) e

fluoretos ( CeF4) Oacutexido de ceacuterio (IV) apresenta a cor branca

quando puro podendo ser obtido atraveacutes do aquecimento em

ar de ceacuterio metaacutelico do seu oacutexido trivalente Ce2O3 do hidroacutexido

Ce(OH)3 ou a partir de qualquer sal de Ce3+ de oxiaacutecidos como

oxalato carbonato nitrato em atmosfera de ar ou oxigecircnio O

CeO2 nH2O obtido da reaccedilatildeo entre uma base e o iacuteon Ce4+

apresenta-se como um precipitado de cor levemente amarela

Uma alternativa para a siacutentese do oacutexido de ceacuterio (IV) com alto

grau de pureza e rendimentos entre 95 e 98 eacute atraveacutes da

oxidaccedilatildeo do sal Ce(NO3)3 por KMnO4 em temperaturas

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

264

elevadas (SANTOS 2013) conforme a reaccedilatildeo a seguir

(Equaccedilatildeo 1)

6 Ce(NO3)3 + 2KMnO4 + 8 H2O rarr 6CeO2 + 2MnO2 + KNO3 +

16 H2O Eq (1)

Compostos de ceacuterio (IV) devido ao seu elevado

potencial de oxidaccedilatildeo apresentam propriedades como alta

mobilidade de oxigecircnio na rede cristalina e alta afinidade por

compostos com grandes quantidades de oxigecircnio nitrogecircnio e

enxofre muito importantes em diversas aacutereas tecnoloacutegicas

(KEYSON et al 2008)

Dentre os vaacuterios meacutetodos de siacutenteses jaacute citados

anteriormente o meacutetodo hidrotermal de micro-ondas apresenta-

se como um dos mais viaacuteveis para a obtenccedilatildeo de

nanoestruturas com dimensatildeo nanomeacutetrica envolvendo baixo

consumo de energia (baixas temperaturas) e pequenos

intervalos de tempo de siacutentese tornando-se muito atrativo e

promissor auxiliando no estabelecimento de mecanismo de

crescimento para novas rotas de siacutentese verde (DEUS et al

2013) A despeito de sua versatilidade uma pequena ressalva

pode ser feita ao seu desempenho o fato da cineacutetica de

cristalizaccedilatildeo possuir baixa velocidade quando as temperaturas

de processamento satildeo inferiores a 300 ordmC condiccedilotildees estas

desejadas para processos ldquosoft chemistryrdquo (KEYSON et al

2008 SANTOS 2013)

32 CATAacuteLISE

A partir da deacutecada de 70 visando minimizar a presenccedila

desses poluentes na atmosfera alguns paiacuteses do primeiro

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

265

mundo estabeleceram legislaccedilotildees restritivas agraves emissotildees de

CO NOx e hidrocarbonetos esse fato motivou o

desenvolvimento do catalisador automotivo Atualmente eacute

difundido mundialmente o uso dos catalisadores do tipo ldquothree-

wayrdquo (GUTIEacuteRREZ-ORTIZ et al 2006 HE 2012)

Esse catalisador utiliza como suporte um material

ceracircmico (cordierita) em forma de colmeia Nesse suporte eacute

depositado o material cataliacutetico composto por alumina de alta

aacuterea especiacutefica sobre a qual satildeo adicionados elementos ativos

tais como a platina (Pt) o palaacutedio (Pd) o roacutedio (Rh) e

promotores como o oacutexido de ceacuterio (CeO2) aleacutem de outros

elementos como o niacutequel (Ni) o zircocircnio (Zr) o baacuterio (Ba) e o

lantacircnio (La) Basicamente o efeito cataliacutetico destes

catalisadores se deve aos metais nobres auxiliados pelo CeO2

Os demais elementos funcionam como estabilizadores

estruturais ldquotrapsrdquo para contaminantes (DOMINGOS

LONGHINOTTI MACHADO 2003 GUTIEacuteRREZ-ORTIZ et al

2006 HE 2012 BRIGANTE SCHULZ 2012)

Estima-se que aproximadamente 50 milhotildees de carros

sejam produzidos anualmente e que mais de 700 milhotildees estatildeo

em utilizaccedilatildeo no mundo inteiro Tais nuacutemeros mostram que o

uso de catalisadores para purificar os gases de escape eacute

absolutamente necessaacuterio e indispensaacutevel Os catalisadores

mais empregados atualmente para essa finalidade satildeo os

conhecidos como catalisadores tipo trecircs vias (CTV) Este tipo

de catalisador eacute constituiacutedo por vaacuterios componentes dentre os

quais se destacam a) metais nobres (exemplo Pt Pd e Rh)

que atuam como siacutetio ativo durante as reaccedilotildees de reduccedilatildeo b)

alumina que devido a sua alta aacuterea superficial atua como um

excelente suporte c) oacutexidos metaacutelicos (ex oacutexido de ceacuterio

lantacircnio niacutequel zircocircnio e baacuterio) que tecircm papel de promotores

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

266

ou estabilizadores Duas das principais funccedilotildees dos

catalisadores CTV satildeo oxidar hidrocarbonetos e monoacutexido de

carbono (CO) a dioacutexido de carbono (CO2) e reduzir os NOx a

nitrogecircnio (N2) (DOMINGOS LONGHINOTTI MACHADO

2003 GUTIEacuteRREZ-ORTIZ et al 2006 FERNANDEZ et al

2006 MASUI et al 2002 PEREIRA 2015)

Nestes processos o CeO2 atua como armazenador de

oxigecircnio e como estabilizador teacutermicoestrutural conforme

Equaccedilotildees 2 a 6

CeO2 + xCO rarr CeO2-x + xCO2 (2)

CeO2 + CxHy rarr CeO2-(2x +05y) + xCO2 + 05yH2O (3)

CeO2-x + xNO rarr CeO2 + 05xN2 (4)

Essas reaccedilotildees acontecem simultaneamente sendo

necessaacuterio manter a relaccedilatildeo entre os poluentes e o oxigecircnio

proacutexima ao ponto estequiomeacutetrico Assim o CeO2 tem a funccedilatildeo

de fornecer oxigecircnio de sua proacutepria rede cristalina quando a

mistura estaacute com falta de oxigecircnio por outro lado quando haacute

excesso de oxigecircnio esta superfiacutecie eacute reoxidada (Equaccedilotildees 5 e

6) Aleacutem dessa funccedilatildeo reguladora de oxigecircnio a presenccedila de

CeO2 tambeacutem evita que os catalisadores CTV percam a

eficiecircncia em altas temperaturas pois ela inibe desloca as

transiccedilotildees de fase de outros materiais (FERNANDEZ et al

2006 PEREIRA 2015 MASUI et al 2002)

CeO2 rarr CeO2-x + 05xO2 (5)

CeO2-x + 05xO2 rarr CeO2 (6)

As principais reaccedilotildees que ocorrem nesses catalisadores

satildeo a oxidaccedilatildeo do CO e dos hidrocarbonetos e a reduccedilatildeo do

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

267

NOx tendo em vista que as reaccedilotildees de oxidaccedilatildeo e de reduccedilatildeo

satildeo realizadas de forma simultacircnea sendo necessaacuterio manter

a relaccedilatildeo entre os poluentes e o O2 proacutexima ao ponto

estequiomeacutetrico Assim utilizam-se sensores de O2 que

controlam o teor deste gaacutes em regiotildees proacuteximas ao catalisador

Estes procedimentos resultam numa inerente oscilaccedilatildeo do teor

de oxigecircnio na mistura reacional a qual eacute minimizada pela

presenccedila do oacutexido de ceacuterio no sistema A funccedilatildeo do CeO2 eacute

fornecer oxigecircnio da sua proacutepria rede cristalina quando a

mistura estaacute rica ou seja com falta de O2 sendo este oacutexido

posteriormente reoxidado quando a mistura se encontra em

condiccedilotildees pobres ou seja com excesso de oxigecircnio (HE 2012

BRIGANTE SCHULZ 2012 DARROUDI 2013 MASUI et al

2002)

33 DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA

A vida uacutetil de um catalisador pode ser definida como o

periacuteodo de tempo em que a reaccedilatildeo da qual participa gera

produto(s) com rendimento(s) e caracteriacutesticas de qualidade

iguais ou superiores aos especificados no projeto do reator

Uma vez na forma ativa os catalisadores possuem

atividade suficiente para que se atinjam as especificaccedilotildees de

desempenho necessaacuterias a sua aplicaccedilatildeo (ISHIHARA et al

2003 GARCIA 2003) No entanto ao longo de sua utilizaccedilatildeo

o catalisador sofre um processo de desativaccedilatildeo caracterizado

pela contiacutenua reduccedilatildeo da atividade

O estudo da desativaccedilatildeo de catalisadores vem ganhando

crescente importacircncia pois se trata de um problema que

impacta a atratividade econocircmica de praticamente todos os

empreendimentos de transformaccedilatildeo e beneficiamento ao redor

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

268

do mundo Os custos envolvidos incluem natildeo somente a

aquisiccedilatildeo do catalisador para a reposiccedilatildeo do inventaacuterio mas

tambeacutem todos aqueles relacionados agrave interrupccedilatildeo da produccedilatildeo

representando por isso valores bastante significativos Embora

seja um fenocircmeno inerente ao processamento cataliacutetico a

desativaccedilatildeo e os seus efeitos podem em alguns casos ser

minimizados controlados ou ateacute mesmo revertidos Desta

forma torna-se possiacutevel um melhor planejamento econocircmico

da produccedilatildeo permitindo a reduccedilatildeo dos custos e riscos

relacionados a paradas natildeo programadas das unidades

industriais decorrentes de uma eventual desativaccedilatildeo

descontrolada (ISHIHARA et al 2003 GARCIA 2003

DARROUDI 2013 MASUI et al 2002)

De modo geral as legislaccedilotildees referentes agraves emissotildees

automotivas prevecircem verificaccedilotildees perioacutedicas do niacutevel de

emissotildees dos motores da frota circulante

O envelhecimento ou desativaccedilatildeo eacute um fenocircmeno

inerente a todos os catalisadores utilizados em processos

quiacutemicos No caso dos catalisadores automotivos a queda de

atividade eacute um processo complexo que envolve varias

modalidades de desativaccedilatildeo sendo essas de natureza teacutermica

quiacutemica e mecacircnica (ISHIHARA et al 2003 GARCIA 2003

HE 2012 BRIGANTE SCHULZ 2012)

34 DESATIVACcedilAtildeO TEacuteRMICA

A exposiccedilatildeo a altas temperaturas resultantes do mal

funcionamento dos motores pode ocasionar uma seacuterie de

alteraccedilotildees nos catalisadores automotivos Essas podem ocorrer

a niacutevel da alumina dos metais preciosos dos oacutexidos e tambeacutem

da cordierita As aluminas de transiccedilatildeo agrave partir de 850 degC se

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

269

desidratam sofrendo transformaccedilotildees de fase segundo a

sequumlecircncia γrarr δrarr θrarr α Estas transformaccedilotildees envolvem a

perda de aacuterea especiacutefica e da estrutura porosa (BURTIN et al

1987 BRUNELLE et al 1987)

Algumas vezes o ceacuterio tambeacutem eacute citado como um agente

estabilizador da alumina no entanto ele somente atua em

curtos tempos de exposiccedilatildeo e a altas temperaturas (BURTIN et

al 1987 BRUNELLE et al 1987 MORTERRA et al 1995)

Tem sido observado que adiccedilatildeo de Ce e La a estes

sistemas tambeacutem contribui para a diminuiccedilatildeo da velocidade de

sinterizaccedilatildeo dos metais nobres Esses elementos natildeo alteraram

o mecanismo deste processo mas somente interferem na sua

velocidade A accedilatildeo destes elementos terras raras ainda natildeo eacute

clara mas acredita-se que eles inibam a difusatildeo superficial dos

agregados metaacutelicos nos microdomiacutenios onde estes

estabilizadores se encontram localizados Outro importante

aspecto a ser considerado eacute que a exposiccedilatildeo a altas

temperaturas acarreta o crescimento dos cristais do sistema

CeO2 - ZrO2 resultando na diminuiccedilatildeo da aacuterea especiacutefica do

material Esse processo natildeo intervem no fornecimento de

oxigecircnio do sistema pois o oxigecircnio fornecido eacute oriundo do

interior do sistema (ldquobulkrdquo) ele pode acarretar o

encapsulamento dos metais nobres (BURTIN et al 1987

BRUNELLE et al 1987 MORTERRA et al 1995 KANG

SONG LEE 2003 BRIGANTE SCHULZ 2012)

A exposiccedilatildeo a altas temperaturas promove tambeacutem

uma seacuterie de reaccedilotildees indesejaacuteveis entre os elementos

constituintes dos conversores cataliacuteticos Por exemplo o

proacuteprio CeO2 quando exposto a altas temperaturas em

atmosfera redutora pode formar tambeacutem o aluminato de ceacuterio

o qual natildeo eacute capaz de armazenar O2

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

270

Uma possibilidade de diminuir esse tipo de problema eacute

atraveacutes de siacutenteses da ceacuteria (CeO2) nas mais diferentes

temperaturas (a partir de 800 ordmC) fazendo todo

acompanhamento dessas siacutenteses atraveacutes de anaacutelises

termogravimeacutetricas e promovendo os mais diversos testes

cataliacuteticos como envelhecimento cataliacutetico em altas

temperaturas (KANG SONG LEE 2003 HE et al 2012

DARROUDI 2013)

35 DESATIVACcedilAtildeO QUIacuteMICA

Uma das causas mais frequumlentes de desativaccedilatildeo dos

catalisadores automotivos refere-se ao resultado da interaccedilatildeo

entre os contaminantes presentes no combustiacutevel ou no motor

que se depositam sobre a superfiacutecie do catalisador Neste

contexto atualmente destacam-se como as mais relevantes as

desativaccedilotildees referentes ao enxofre presente na gasolina e a

proveniente de aditivos do oacuteleo lubrificante (KOBAYASHI

YAMADA KAYANO 2001 GARCIA 2003 DARROUDI 2013)

36 DESATIVACcedilAtildeO POR ENXOFRE PROVENIENTE DO

COMBUSTIacuteVEL

Toda a gasolina comercialmente produzida conteacutem

compostos organossulfurados em concentraccedilotildees que podem

atingir ateacute 1000 ppm Durante a combustatildeo estes compostos

satildeo convertidos a SO2 e a SO3 os quais podem reagir com o

suporte ou com os siacutetios ativos tornando o catalisador menos

ativo ou completamente inativo

O SO3 formado pode ser quimissorvido na superfiacutecie da

γ-Al2O3 gerando um sulfato de alumiacutenio Esse sal que eacute um

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

271

material de baixa densidade provoca alteraccedilotildees na aacuterea

superficial da alumina levando agrave desativaccedilatildeo do catalisador

Aleacutem disso o SO3 pode reagir tambeacutem com o oacutexido de ceacuterio

(IV) e outros oacutexidos de terras raras Em temperaturas acima de

500 degC este enxofre armazenado eacute novamente emitido como

uma mistura de SO2 e SO3 (MORTERRA et al 1995

KOBAYASHI YAMADA KAYANO 2001)

Os metais nobres satildeo sensiacuteveis ao envenenamento por

compostos sulfurados A extensatildeo da inibiccedilatildeo pelo enxofre estaacute

relacionada agrave natureza do metal A influecircncia do S na reduccedilatildeo

do NO eacute mais relevante no caso dos catalisadores de Pt e Pd

do que para os de Rh O efeito do SO2 eacute tambeacutem funccedilatildeo da

natureza da moleacutecula a ser eliminada A oxidaccedilatildeo do propeno

e do monoacutexido de carbono eacute inibida pelo dioacutexido de enxofre

(NEYESTANAKI et al 2004 MORTERRA et al 1995

SILVA VIANA MOHALLEM 2009)

4 CONCLUSOtildeES

A comparaccedilatildeo do desempenho fotocataliacutetico de

semicondutores deve ser efetuada de maneira controlada e

criteriosa levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees

experimentais Aleacutem de suas propriedades individuais a

atuaccedilatildeo dos iacuteons de ceacuterio como dopantes na formaccedilatildeo de

oacutexidos mistos com outros semicondutores agrega aos

fotocatalisadores caracteriacutesticas vantajosas que satildeo de grande

importacircncia para uma melhora na eficiecircncia do processo de

fotocataacutelise heterogecircnea

De maneira geral compostos de ceacuterio satildeo empregados

preferencialmente em sistemas heterogecircneos Assim o

desenvolvimento de materiais com melhores propriedades

ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

272

superficiais tais como maior aacuterea superficial porosidade e

morfologia da partiacutecula contribuiu para ampliar as

possibilidades do emprego da ceacuteria em sistemas em escala

industrial e sua aplicaccedilatildeo no processo de fotocataacutelise

heterogecircnea em tecnologias ambientais na degradaccedilatildeo de

compostos poluentes Apesar de promissor o emprego de

desses materiais requer maior niacutevel de exploraccedilatildeo levando-se

em consideraccedilatildeo como uma de suas caracteriacutesticas

relevantes sua menor energia de ldquoband-gaprdquo

Estas alternativas na modulaccedilatildeo das partiacuteculas dos

fotocatalisadores juntamente com estrateacutegias de dopagem e

utilizaccedilatildeo de oacutexidos mistos abrem uma nova perspectiva para

os processos de fotocataacutelise heterogecircnea

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

273

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ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

274

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ESTUDO DA DESATIVACcedilAtildeO CATALIacuteTICA AUTOMOTIVA EM CATALISADORES NANOESTRUTURADOS DE CeO2

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AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

276

CAPIacuteTULO 16

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE

LODOS DE ESGOTOS

Fernanda Patricio do MONTE1

Andreacute Luiz Muniz BRITO2

Wilton Silva LOPES3 Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOS4

1Doutoranda em Engenharia Ambiental UEPB 2Graduando do curso de Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental UEPB 3 Professor do DESAUEPB 4 OrientadoraProfessora do CCBSUEPB

Fernandamonte20gmailcombr

RESUMO O tratamento dos esgotos domeacutesticos produz lodos com altos teores de microrganismos patogecircnicos e soacutelidos orgacircnicos putresciacuteveis Embora apenas 2 dos esgotos tratados correspondam a lodos sua produccedilatildeo eacute abundante 1000 Ls de esgotos produzem 60 t de lodosdia que devem ser tratados antes de sua disposiccedilatildeo final A biodigestatildeo anaeroacutebia eacute usada para desidratar lodos estabilizar a mateacuteria orgacircnica e produzir biogaacutes com alto conteuacutedo de metano (55-70) de interesse biotecnoloacutegicoeconocircmico que pode ser reciclado como fonte de energia na proacutepria ETE diminuindo custos O uso agriacutecola dos biosoacutelidos sem patoacutegenos recicla nutrientes (N e P) A metanogecircnese pode ser acelerada com preacute-tratamento dos lodos (pH alcalino) como testado no presente trabalho O uso de NaOH para atingir pH 10 11 e 12 mostrou que exopoliacutemeros recalcitrantes podem liberar proteiacutenas e carboidratos facilmente biodegradaacuteveis apoacutes 48 horas Concentraccedilotildees iniciais de 9109 mgL de proteiacutenas e 1702 mgL de carboidratos chegaram apoacutes 48 h agrave pH 10 11964 mgL e 7577 mgL em pH 11 atingiram 97328 mgL e 22022 mgL e em pH 12 a 239241 mgL e 59060 mgL (concentraccedilotildees 216 e 294 vezes maiores do que a inicial no

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

277

lodo natildeo hidrolisado) Portanto a hidroacutelise alcalina se mostra simples econocircmica e de elevada importacircncia na recuperaccedilatildeo de energia dos lodos Palavras-chave Lodo de esgoto Preacute-tratamento alcalino

Biogaacutes

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente expansatildeo demograacutefica e o desenvolvimento

tecnoloacutegico trazem consigo o aumento do consumo de aacutegua

potaacutevel e a maior produccedilatildeo de aacuteguas residuaacuterias que quando

natildeo tratadas ou mal tratadas e descartadas no ambiente

poluem as aacutereas receptorascausam desequiliacutebrios ecoloacutegicos

e limitam os usos desse recurso pelo homem (TUNDISI 2003)

Os esgotos sanitaacuterios ou ldquoaacuteguas residuaacuterias

domeacutesticasrdquosatildeo provenientes das residecircncias apoacutes a utilizaccedilatildeo

da aacutegua para o banho lavagem de roupas louccedilas e descarga

do vaso sanitaacuterio entre outras atividades Eacute uma mistura

formada por 99 de aacutegua e aproximadamente 1 de mateacuteria

orgacircnica (fezes urina etc) e inorgacircnica (areia sais - fosfatos

nitratos sulfato - ferro caacutelcio silte entre outros) Esse 1

causa grandes prejuiacutezos ambientais e agrave sauacutede publica por

apresentarem em sua composiccedilatildeo substacircncias toacutexicas metais

pesados e microrganismos patogecircnicos em concentraccedilotildees

elevadas (mais de 109-1010 partiacuteculas100 mL) (METCALF amp

EDDY 2003)

Um sistema de tratamento de esgoto reuacutene as operaccedilotildees

de coleta gradeamento decantaccedilatildeo em caixa de areia

sedimentaccedilatildeo em decantador primaacuterio (natildeo obrigatoacuterio)

seguido de tratamento secundaacuterio e posteriormente de

tratamento terciaacuterio dos efluentes para adequaacute-los ao destino

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

278

final escolhido O objetivo principal do tratamento dos esgotos

eacute a transformaccedilatildeo eou remoccedilatildeo do material putresciacutevel e a

destruiccedilatildeo eou a diminuiccedilatildeo dos microrganismos patogecircnicos

O tratamento bioloacutegico secundaacuterio eacute comumente

utilizado como processo central para remoccedilatildeo de mateacuteria

orgacircnica e patoacutegenos na maioria das Estaccedilotildees de Tratamento

de Esgotos Domeacutesticos (ETEs) ao redor do mundo

(aproximadamente 90) e no Brasil (MARTIacuteN et al 2015)

O tratamento bioloacutegico estimula a produccedilatildeo de biomassa

microbiana e satildeo esses microrganismos em crescimento

contiacutenuo que biodegradam ou biodigerem a mateacuteria orgacircnica

dos esgotos que lhe serve de alimento estabilizando-a ao

transformaacute-la em um material menos putresciacutevel e denso que

forma os lodos que se separam da fase aquosa por

sedimentaccedilatildeo decantaccedilatildeo ou flotaccedilatildeo Os processos

bioloacutegicos satildeo uma alternativa interessante nos aspetos

teacutecnicos e econocircmicos para uma efetiva reduccedilatildeo dos

compostos predominantes no esgoto

Os esgotos apresentam naturalmente lodos

denominados de primaacuterios que sedimentam durante o

tratamento e que concentram microrganismos e poluentes

retirados por sedimentaccedilatildeo da fase liacutequida Ademais os

processos bioloacutegicos secundaacuterios geram lodos denominados

lodos secundaacuterios constituiacutedos em sua maior parte por mateacuteria

orgacircnica em degradaccedilatildeo e uma biomassa de microrganismos

que se reproduzem no reator bioloacutegico como produto de seu

metabolismo que consiste justamente na biodegradaccedilatildeo da

mateacuteria orgacircnica putresciacutevel dos esgotos O lodo secundaacuterio eacute

um material semi-soacutelido e pastoso rico em mateacuteria orgacircnica

aacutegua e microrganismos muito deles patogecircnicos que foram

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

279

retirados da fase liacutequida dos esgotos e concentrados no lodo

(TEZEL et al 2011)

Nos lodos secundaacuterios a concentraccedilatildeo de soacutelidos totais

varia entre 08 e 12 e os 98 restante correspondem agrave

aacutegua sendo que essas porcentagens estatildeo condicionadas ao

tipo de tratamento bioloacutegico aplicado Cerca de 59 a 88 dos

soacutelidos eacute mateacuteria orgacircnica com 50 a 55 de carbono 25 a 30

de oxigecircnio 10 a 15 de nitrogecircnio 6 a 10 de hidrogecircnio 1

a 3 de foacutesforo e 05 a 15 de enxofre O resiacuteduo seco possui

minerais como quartzo ou calcita com ferro caacutelcio potaacutessio e

magneacutesio Agraves vezes conteacutem metais pesados como cromo

niacutequel cobre zinco chumbo caacutedmio e mercuacuterio Os altos

teores de metais pesados e microrganismos patogecircnicos

incluindo bacteacuterias viacuterus protozoaacuterios e helmintos satildeo as

causas principais da alta periculosidade do lodo (TEZEL et al

2011 TIAGY amp LO 2013)

Nos sistemas de tratamento bioloacutegicos dos esgotos os

lodos aumentam em quantidade passando de lodos primaacuterios

oriundos dos esgotos para lodos secundaacuterios produzidos como

parte do tratamento das aacuteguas residuaacuterias Em sistemas

aerados o valor meacutedio da produccedilatildeo de lodo seco eacute em torno dos

175 kg por ano por equivalente habitante que corresponde agrave

23979 kg por dia de lodo pastoso com 20 de mateacuteria soacutelida

para cada 100000 habitantes (FERNANDES 1999)

Um exemplo da quantidade de lodos que pode ser

formada em uma ETE eacute a produccedilatildeo na ETE de BarueriSP de

grande porte localizada na regiatildeo metropolitana de Satildeo Paulo

dados para 2013 indicaram a geraccedilatildeo de 400 toneladas de

lodos por dia provenientes de esgotos domeacutesticos com uma

vazatildeo de 13000 litros por segundo produzidos por uma

populaccedilatildeo de 44 milhotildees de pessoas Em 2016 a produccedilatildeo

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

280

aumentou para aproximadamente 500 toneladas por dia para

uma vazatildeo de 20 milhotildees de litros de esgotos por mecircs

Considerando uma ETE pequena da mesma regiatildeo como a de

SuzanoSP com 07 milhotildees de habitantes com vazotildees de

1000 litros por segundo a produccedilatildeo diaacuteria de lodos eacute de 60

toneladas (GONCcedilALVES 2007 LEITE 2016)

Apesar do lodo gerado nas ETEs corresponder somente

1 a 2 do volume de esgoto tratado verifica-se nos

exemplos anteriores o grande volume produzido na ETEs Sua

quantidade e sua periculosidade tornam seu gerenciamento e

tratamento bastante complexos e de alto custo e se forem mal

executados podem comprometer os benefiacutecios ambientais e

sanitaacuterios esperados com o tratamento dos esgotos Portanto

a avaliaccedilatildeo de alternativas de tratamento e disposiccedilatildeo final do

lodo gerado deve contemplar agraves interaccedilotildees entre os aspectos

teacutecnico econocircmico ambiental e legal tornando-se uma questatildeo

de grande preocupaccedilatildeo para as empresas de saneamento

puacuteblicas ou privadas (AMANATIDOU et al 2015 PEDROZA et

al 2010)

Tradicionalmente os lodos foram (e ainda satildeo)

destinados para o uso agriacutecola ou depositados em aterros

sanitaacuterios incinerados ou descartados no mar praacutetica esta

proibida desde 1999 pelas normas de proteccedilatildeo ambiental

tambeacutem sua disposiccedilatildeo em aterros estaacute bastante limitada e

proibida nos Estados Unidos e na Europa desde 2002

Entretanto no contexto da reciclagem desses resiacuteduos o lodo

deixa de ser um problema para ser um produto com valor

econocircmico que pode gerar energia (gaacutes metano) disponibilizar

nutrientes e metais importantes para serem recuperados e

reciclados com o uso de diversas teacutecnicas jaacute existentes (VAN

HAANDEL amp LETINGA 1994)

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

281

O tratamento dos lodos busca reduzir seu volume

melhorar suas caracteriacutesticas estabilizando a mateacuteria orgacircnica

putresciacutevel e reduzir ou ateacute eliminar os microrganismos

patogecircnicos para minimizar os problemas ambientais e de

sauacutede puacuteblica que podem causar sua disposiccedilatildeo ambiental

inadequada (VAN HAANDEL amp SOBRINHO 2006) Esse

tratamento pode ser feito por um ou vaacuterios dos seguintes

processos adensamento estabilizaccedilatildeo condicionamento

desidrataccedilatildeo e disposiccedilatildeo final (APPELS et al 2008) O

tratamento escolhido com mais frequecircncia para os lodos no

Brasil eacute a digestatildeo anaeroacutebia (DA) por permitir a diminuiccedilatildeo da

quantidade da aacutegua com a consequente reduccedilatildeo do volume

por sua vez o ambiente anaeroacutebio do digestor estimula e dirige

a biodegradaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica sob condiccedilotildees anaeroacutebias

e anoacutexicas onde predominam microrganismos fermentadores

A mateacuteria orgacircnica seraacute transformada em um resiacuteduo estaacutevel e

em biogaacutes com alto conteuacutedo de metano (55 ndash 70) de alto

interesse biotecnoloacutegico e econocircmico (ABE et al 2011)

A geraccedilatildeo de biogaacutes e sua aplicaccedilatildeo na produccedilatildeo de

energia eleacutetrica para uso na proacutepria ETE pode reduzir em mais

de 50 os gastos com energia nessa ETE permitindo ateacute sua

autosustentabilidade energeacutetica ao longo do tempo Dessa

forma um resiacuteduo que seria um problema pode se transformar

em soluccedilatildeo agriacutecola (ao ser transformado em biosoacutelido) e

energeacutetica beneficiando o homem e o meio ambiente ao evitar

descartes de alto impacto aleacutem de reciclar recursos que podem

se tornar escassos em um futuro proacuteximo e de diminuir os

custos operacionais do tratatemento (SIMONETI 2006

THOMAS-SOCCOL et al 2000)

O biogaacutes (metano) eacute um dos produtos da fermentaccedilatildeo da

mateacuteria orgacircnica que ocorre por accedilatildeo de bacteacuterias anaeroacutebias

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

282

de diversos grupos taxonocircmicos presentes nos esgotos e sua

formaccedilatildeo acontece ao longo do processo de metanogecircnese

(geraccedilatildeo de metano) atraveacutes de reaccedilotildees metaboacutelicas

(bioquiacutemicas) sequenciadas (sintroacuteficas) denominadas

hidroacutelise acidocircgenese acetogecircnese e metanogecircnese Sendo a

formaccedilatildeo de metano o uacuteltimo passo dessa cadeia metaboacutelica

(SANTOS 2009)

A eficiecircncia da produccedilatildeo do biogaacutes em digestores

anaeroacutebios pode ser diminuiacuteda pelo retardo de qualquer uma

das etapas anteriores A digestatildeo anaeroacutebia em reatores

convencionais apresenta justamente limitaccedilotildees que

restringem ou retardam a produccedilatildeo de metano por causa dos

longos tempos de retenccedilatildeo celular (TRC) no reator de 20 a 30

dias devido agraves lentas taxas de crescimento dos

microrganismos Essa demora se reflete na baixa eficiecircncia da

biodigestatildeo dos soacutelidos orgacircnicos que constituem 30 a 50 do

peso seco do lodos se for uma digestatildeo anaeroacutebia mesofiacutelica

agrave 35 - 37 0C (STRONG et al 2011)

Os fatores limitantes estatildeo geralmente associados ao

estaacutegio inicial da fermentaccedilatildeo na fase de hidroacutelise na qual

microrganismos hidroliacuteticos do lodo secretam exoenzimas

(hidrolases) que hidrolisam ou quebram as macromoleacuteculas

orgacircnicas complexas que estatildeo na forma de material

particulados em moleacuteculas mais simples e de mais faacutecil

biodegradaccedilatildeo (VAN HAANDEL amp LETINGA 1994

ABELLEIRA-PEREIRA et al 2015) Entretanto alguns lodos

ricos em mateacuteria orgacircnica contecircm grandes moleacuteculas de

poliacutemeros complexos formados por carboidratos e proteiacutenas de

elevado peso molecular que as bacteacuterias hidroliacuteticas

metabolizam lentamente

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

283

O sistema de lodos ativados eacute um dos tratamentos

bioloacutegicos secundaacuterios dos esgotos domeacutesticos que produz

quantidades elevadas de poliacutemeros complexos e recalcitrantes

agrave biodegradaccedilatildeo O tratamento aeroacutebio no reator sob agitaccedilatildeo

contiacutenua estimula o crescimento da biomassa microbiana que

usa a mateacuteria orgacircnica como fonte de nutrientes o processo

favorece a proliferaccedilatildeo de bacteacuterias produtoras de

exopoliacutemeros que iratildeo participar da formaccedilatildeo de flocos

bioloacutegicos os quais satildeo compostos pelos microrganismos

filamentosose pelos os produtores de substacircncias polimeacutericas

extracelulares (EPS) que as excretam para o meio externo

(CHO et al 2013)

Os flocos retecircm partiacuteculas orgacircnicas que misturadas com

os EPS atraem uma biota diversificada formada por outras

bacteacuterias protozoaacuterios e pequenos vermes que se alimentam

da mateacuteria orgacircnica particulada e dissolvida transformando

esses materiais em biomassa microbiana que seraacute decantada

na proacutexima etapa do tratamento separando assim os lodos

ricos em EPS do liquor correspondente agrave fase liacutequida Estes

EPS satildeo uma mistura de biopoliacutemeros constituiacutedos por

polissacariacutedeos proteiacutenas aacutecidos nucleacuteicos substacircncias

huacutemicas e lipiacutedios O conjunto eacute relativamente recalcitrante e as

dificuldades de sua degradaccedilatildeo bioloacutegica (hidroacutelise) retardam o

desempenho da continuaccedilatildeo da digestatildeo

anaeroacutebiametanogecircnica (CARREgraveRE et al 2010)

Para melhorar o desempenho do processo de digestatildeo

anaeroacutebia foi proposto o preacute-tratamento do lodo promovendo a

hidroacutelise dos EPS e de outros recalcitrantes A aplicaccedilatildeo de preacute-

tratamento no lodo busca acelerar a lise celular ou seja a

hidroacutelise do material liberado incluindo os EPS com importante

papel na disponibilizaccedilatildeo de proteiacutenas carboidratos e lipiacutedios

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

284

de mais faacutecil biodegradaccedilatildeo As macromoleacuteculas uma vez

hidrolisadas aumentam a quantidade de substacircncias orgacircnicas

soluacuteveisdenominadas genericamente como aacutecidos graxos

volaacuteteis (AGV) que satildeo formados nas fases de acetogecircnese e

acidogecircnese no processo de produccedilatildeo de metano (DOGAN amp

SANIN et al 2009)

O aumento da taxa de reaccedilatildeo resulta na reduccedilatildeo do

tempo de retenccedilatildeo celular e maior velocidade do processo

bioquiacutemico de produccedilatildeo de biogaacutes Por sua vez o aumento da

eficiecircncia da metanogecircnese eacute mais lucrativo para uma ETE por

exemplo ao gerar energia para uso proacuteprio e vender os

excedentes com retorno para ser aplicado na manutenccedilatildeo e

melhorias da ETE

Diversos meacutetodos de preacute-tratamento podem acelerar a

hidroacutelise do lodo mecacircnicos (KOPP et al 1997) teacutermicos

(ABELLEIRA-PEREIRA et al 2015 VALO et al 2004)

quiacutemicos (TIAN et al 2014) e bioloacutegicos (BARJENBRUCH amp

KOPPLOW 2003) Alguns estudos utilizam meacutetodos

combinados de preacute-tratamentos Apoacutes sua aplicaccedilatildeo foi

observado aumento na taxa diaacuteria de produccedilatildeo do gaacutes metano

e consequente reduccedilatildeo dos soacutelidos volaacuteteis (DOGAN amp

SONIN 2009 LI et al 2015 RANI et al 2012 YUNQUIN et

al 2009)

O emprego de qualquer um dos meacutetodos citados para

tratar os lodos e acelerar a metanogecircnese apresenta impacto

significativo nos custos Para os tratamentos mecacircnicos fiacutesicos

e bioloacutegicos as despesas proveacutem da demanda de energia para

o funcionamento de equipamentos ou para a geraccedilatildeo de calor

enquanto que para os tratamentos quiacutemicos os custos satildeo

originaacuterios das substancias quiacutemicas a serem usadas Sendo

assim dentre outros fatores eacute necessaacuterio que se atente para

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

285

os custos potenciais de instalaccedilatildeo operaccedilatildeo e manutenccedilatildeo na

escolha da tecnologia a ser empregada (BORGES amp

CHERNICHARO 2009)

Nesse contexto o presente trabalho tem por objetivo

investigar o aumento da solubilizaccedilatildeo do lodo de esgoto gerado

em um sistema de lodo ativado submetido a um preacute-tratamento

quiacutemico alcalino sob diferentes condiccedilotildees de pH e tempo de

reaccedilatildeo

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O lodo utilizado no experimento foi produzido em um

sistema de lodo ativado que utiliza esgotos domeacutesticos

coletados de um poccedilo de visita da rede coletora de esgotos de

Campina GrandePB localizado na EXTRABES Esse lodo teve

a concentraccedilatildeo de soacutelidos totais (ST) ajustada para 20 gL

por adensamento em cones Imhoff seguindo recomendaccedilotildees

de Bi et al (2014) que perceberam que a eficiecircncia de

liberaccedilatildeo de PO4-3 e NH4

+ diminuiacutea com o aumento da

concentraccedilatildeo de soacutelidos constatando que valores na faixa de

20 ndash 30 gL proporcionam maior liberaccedilatildeo de PO4-3 e NH4

+ A

explicaccedilatildeo mais provaacutevel para isso eacute o fato de que em baixas

concentraccedilotildees de lodo haacute maior teor de aacutegua o que pode

resultar no aumento da lixiviaccedilatildeo de material intracelular na fase

aquosa

As principais caracteriacutesticas desse lodo satildeo as

seguintes pH 721 ST 20 gL carbono orgacircnico dissolvido

(COD) 2015 mgL foacutesforo total (PT) 1097 mgL e nitrogecircnio

total Kjedhal (NTK) 218 mgL

Para aplicaccedilatildeo do preacute-tratamento quiacutemico alcalino foi

selecionado o hidroacutexido de soacutedio (NaOH) por ser um aacutelcali

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

286

altamente eficiente na solubilizaccedilatildeo das partiacuteculas orgacircnicas de

lodos (CHO et al 2013) Dosagens de 005 g NaOHg ST 01

g NaOHg ST e 025 g NaOHg ST foram adicionadas em 100

mL de lodo para ajustar os valores de pH em 10 11 e 12

respectivamente A mistura foi mantida sob agitaccedilatildeo agrave 200

rpm em mesa agitadora (New BrunswickScientific mod G 33)

com os tempos de tratamento de 025 h 05 h 1h 3h 6h 9

h 15 h 24 h 36 h e 48 h agrave temperatura ambiente de 25 ordmC Ao

final de cada tempo de tratamento o pH da soluccedilatildeo lodo-aacutelcali

foi neutralizado com HCl seguido da centrifugaccedilatildeo do lodo agrave

3480 rpm por 30 minutos e o sobrenadante foi filtrado atraveacutes

de um microfiltro em fibra de vidro (GF-2 diacircmetro 47 mm)

tamanho de poro de 045 microm

O efeito do preacute-tratamento alcalino foi avaliado

comparativamente nas amostras do lodo sem tratamento e com

tratamento (lodo hidrolisado) analisando os paracircmetros

Carbono Orgacircnico Dissolvido (COD) Soacutelido Dissolvido e suas

fraccedilotildees (SD) Nitrogecircnio Total Kjedhal (NTK) soluacutevel Foacutesforo

Total (PT) soluacutevel proteiacutenas e carboidratos (Produtos

Microbianos Soluacuteveis - SMP) As teacutecnicas usadas para a

determinaccedilatildeo seguiram o Standard Methods for the

Examination of Water and Wastewater (APHA 2012) exceto

proteiacutenas e carboidratos que foram quantificadas pelo meacutetodo

de Bradford et al (1976) e Dubois et al (1956)

respectivamente

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

As Figuras (1) e (2) apresentam o comportamento

dos resultados obtidos para os paracircmetros carboidratos e

proteiacutenas soluacuteveis no lodo natildeo hidrolisado e no lodo

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

287

hidrolisado no decorrer dos tempos de tratamento O

tempo zero na ldquoFig (1) e (2) representa a concentraccedilatildeo de

carboidrato e proteiacutena do lodo natildeo hidrolisado nas

respectivas dosagens de NaOH respectivamente

Figura 1 Valores de carboidrato soluacutevel do lodo sem e com hidroacutelise

Fonte Proacuteprio autor

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

288

Figura 2 Valores de proteiacutena soluacutevel do lodo sem e com hidroacutelise

Fonte Proacuteprio autor

Proteiacutenas e carboidratos soluacuteveis satildeo as moleacuteculas mais

comuns de particulados orgacircnicos nos polimeacutericos

extracelulares secretados durante a lise celular e apresentam

aumento significativo de suas concentraccedilotildees apoacutes o preacute-

tratamento do lodo As Figuras (1) e (2) mostram o

comportamento das concentraccedilotildees de proteiacutenas e carboidratos

no decorrer do tempo do preacute-tratamento O lodo sem

tratamentoapresetava concentraccedilatildeo de 9109 mgL para

proteiacutena e 1702 mgL para carboidrato Apoacutes 48 horas de

tratamento as concentraccedilotildees de proteiacutena e carboidrato em pH

10 chegaram a 11964 mgL e 7577 mgL em pH 11 atingiram

valores de 97328 mgL e 22022 mgL e em pH 12 a 239241

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

289

mgL e 59060 mgL obtendo concentraccedilatildeo de proteiacutena e

carboidrato 216 e 294 vezes maior do que a concentraccedilatildeo do

lodo natildeo hidrolisado respectivamente

Esses resultados satildeo muito satisfatoacuterios quando

comparados aos de Cho et al (2013) que tambeacutem utilizaram

lodo de esgoto realizando a hidroacutelise alcalina e a combinaccedilatildeo

da hidroacutelise alcalina com a teacutermica obtendo valores de

concentraccedilotildees 21 e 41 vezes maiores do que aquelas do lodo

natildeo hidrolisado no caso do uso da hidroacutelise alcalina enquanto

que na hidroacutelise alcalina combinada com a teacutermica foram

obtidas concentraccedilotildees de proteiacutenas e carboidratos 24 e 58

vezes maior quando comparado ao lodo natildeo hidrolisado

A solubilizaccedilatildeo do lodo ocorreu pela desintegraccedilatildeo da

estrutura do floco e facilitou a extraccedilatildeo de susbstacircncias

polimeacutericas extracelulares o que resultou na melhora dos niacuteveis

de proteiacutena e carboidrato soluacutevel De forma geral as proteiacutenas

satildeo transformadas em aminoaacutecidos e entatildeo degradadas a

aacutecidos orgacircnicos de baixo peso molecular amocircnia e dioacutexido de

carbono Os carboidratos satildeo convertidos em monossacariacutedeos

(accediluacutecares simples) e a seguir em aacutecidos de cadeias curtas pela

acidogecircnese e os aacutecidos orgacircnicos produzidos satildeo convertidos

a gaacutes metano na metanogecircnese

4 CONCLUSOtildeES

A reciclagem de nutrientes metais e energia eacute de

extrema importacircncia na preservaccedilatildeo ambiental na atualidade

com a explosatildeo demograacutefica mundial e as mudanccedilas climaacuteticas

que alteram os ciclos de chuva e seca ao redor do mundo

Os mais vulneraacuteveis satildeo as regiotildees semiaacuteridas como o

nordeste do Brasil com alta variabilidade do ciclo hidroloacutegico e

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

290

solos pobres assentados sobre o basamento de rochas

cristalinas preacute-cambricas Nessas regiotildees o reuso dos recursos

naturais reciclaacutevei eacute indispensaacutevel para a sustentabilidade

ambiental e das pessoas que ali vivem e de onde tiram seu

sustento

Nesses ambientes o manejo dos esgotos sanitaacuterios e

seus lodos considerado um grande problema gerencial pode

ser soluccedilatildeo para satisfazer diferentes necessidades

importantes no contexto de convivecircncia com a regiatildeo

Tecnologias modernas de tratamento dos esgotos permitem

recuperar a aacutegua e reusaacute-la em usos menos nobres como

fertirrigaccedilatildeo rural e urbana piscicultura (obtenccedilatildeo de alimento

proteacuteico) recarga de aquiacuteferos descargas de banheiros

lavagens de aacutereas externas etc

O mesmo ocorre com os lodos produzidos ao longo do

tratamento dos esgotos que gerados em grandes quantidades

constituem uma biomassa putresciacutevel e com elevadas

concentraccedilotildees de microrganismos patogecircnicos de alto risco

ambiental e agrave sauacutede publica Mas os lodos apresentam

nutrientes e se transformados em biosoacutelidos fertilizam os solos

rasos e aumentam sua capacidade de formar agregados e de

reter mais aacutegua Ainda tratados por processos anaeroacutebios

geram biogaacutes com mais de 70 de metano Vaacuterios paiacuteses

europeus aproveitam esse biogaacutes para gerar energia eleacutetrica e

suprir as necessidades da proacutepria Estaccedilatildeo de Tratamento de

Esgotos diminuindo significativamene os custos Portanto

aumentar a eficiecircncia da produccedilatildeo de biogaacutes eacute importante nos

sistemas de tratamento aneroacutebios dos lodos

Os resultados da presente pesquisa demonstraram que

o preacute-tratamento alcalino do lodo de esgoto eacute altamente

eficiente para a degradaccedilatildeo e ruptura das ceacutelulas de

AUMENTO DA PRODUCcedilAtildeO DE BIOGAacuteS (METANO) A PARTIR DA SOLUBILIZACcedilAtildeO DE LODOS DE ESGOTOS

291

microrganismos presentes nos mesmos e promovem a

solubilizaccedilatildeo do material orgacircnico recalcitrante como as

paredes celulares e os exopoliacutemeros produzidos pelas mesmas

bacteacuterias aumentando a disponibilidade de moleacuteculas mais

facilmente biodegradaacuteveis para produccedilatildeo de metano A

hidroacutelise alcalina foi mais efetiva quando utilizada a dosagem

de 025 g NaOHg ST apoacutes 48 horas de tratamento evidenciado

ser esse meacutetodo efetivo e de baixo custo aleacutem de simples o

qual permitiria seu uso em escala real nas ETEs da regiatildeo

semiaacuterida do Brasil

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VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

295

CAPIacuteTULO 17

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS DE INSOLACcedilAtildeO

NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE ndash PB

Karla Simone Maia da SILVA 1

Maria Caroline Rodrigues BEZERRA 1

Patriacutecia Maria de Freitas e SILVA 2

Heronides dos Santos PEREIRA 3 1 Graduandas do curso de Farmaacutecia Universidade Estadual da Paraiacuteba 2 Professora do

Departamento de Farmaacutecia da Universidade Estadual da Paraiacuteba 3 Professor Doutor Orientador do Departamento de Farmaacutecia Universidade Estadual da Paraiacuteba

Email karlasimonemsgmailcombr

RESUMO O ser humano estaacute interligado ao tempo e clima respondendo de maneiras diferentes agraves mudanccedilas climaacuteticas e variaccedilotildees sazonais A radiaccedilatildeo solar ou insolaccedilatildeo num determinado comprimento de onda atua na formaccedilatildeo da Vitamina D no organismo e para exercer as diversas funccedilotildees O presente trabalho teve como principal objetivo correlacionar os dados laboratoriais de Vitamina D registrados nos Centro de Hematologia e Laboratoacuterio de Anaacutelises Cliacutenicas ndash LTDA (Hemoclin) nos meses de Setembro de 2015 a Agosto de 2016 com Insolaccedilatildeo do municiacutepio de Campina Grande neste mesmo periacuteodo Realizou-se um estudo do tipo agregado-observacional a partir dos dados contidos nos prontuaacuterios de 1641 pacientes de ambos os sexos e faixas etaacuterias e pocircde-se entatildeo analisar usando metodologias estatiacutesticas a associaccedilatildeo entre as meacutedias da vitamina D e Insolaccedilatildeo No grupo de pacientes estudados prevaleceu o sexo feminino com 7727 (n=1268) e 5686 (n=933) tiveram seus resultados dentro da normalidade (Suficiecircncia) Em relaccedilatildeo agraves correlaccedilotildees atraveacutes do Coeficiente de Pearson Deficiecircncia de Vitamina D com Insolaccedilatildeo obteve r= -0536187801897428 (correlaccedilatildeo negativa

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

296

e fraca) Insuficiecircncia de Vitamina D com Insolaccedilatildeo r= 0252892920149656 (correlaccedilatildeo positiva fraca) e Suficiecircncia com Insolaccedilatildeo r= -045390334977587 (correlaccedilatildeo negativa e fraca) Conclui-se com esta pesquisa que os resultados obtidos natildeo foram relativamente significantes e necessita de novos estudos para buscar corroborar e reafirmar os padrotildees encontrados Palavras-chave Vitamina D Insolaccedilatildeo Clima

1 INTRODUCcedilAtildeO

No desenvolvimento histoacuterico a ideia de clima eacute

inseparaacutevel das preocupaccedilotildees bioloacutegicas O corpo humano

responde agraves mudanccedilas climaacuteticas incomuns e variaccedilotildees

sazonais principalmente atraveacutes do aumento da atividade

nervosa das mudanccedilas abruptas do sistema de

termorregulaccedilatildeo e do balanccedilo de calor do corpo e atividade

cardiovascular (SETTE RIBEIRO 2011)

A vida eacute categoricamente ligada ao tempo e ao clima ou

agraves suas condiccedilotildees meteoroloacutegicas por isso se observa cada

vez mais a procura de informaccedilotildees referentes a dados

meteoroloacutegicos e estudos climatoloacutegicos (NUNES MENDES

2012) Os possiacuteveis impactos na sauacutede das populaccedilotildees

humanas decorrentes de processos consequentes agrave mudanccedila

climaacutetica global tecircm sido objeto de atenccedilatildeo por instituiccedilotildees

acadecircmicas e governos nacionais (CONFALONIERI 2008)

Sabe-se que apesar da intensa inter-relaccedilatildeo entre clima

e sauacutede a influecircncia do primeiro sobre o segundo depende de

vaacuterios fatores sendo os principais envolvendo a variabilidade

climaacutetica e a vulnerabilidade aos efeitos do clima Segundo

Confalonieri (2003) a variabilidade climaacutetica eacute uma propriedade

do clima responsaacutevel por oscilaccedilotildees naturais nos padrotildees

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

297

climaacuteticos a niacutevel local regional e global Jaacute a vulnerabilidade

aos efeitos do clima pode ser definida por Nunes e Mendes

(2012) como o grau de suscetibilidade ou incapacidade de

resposta de indiviacuteduos ou sistemas aos efeitos adversos da

mudanccedila climaacutetica incluindo-se a variabilidade climaacutetica e os

eventos extremos ou seja eacute a capacidade de um indiviacuteduo se

aclimatar em novos ambientes

Entre as variaacuteveis climaacuteticas que mais interferem nas condiccedilotildees

de conforto estatildeo a temperatura do ar a umidade do ar a

pressatildeo atmosfeacuterica e a radiaccedilatildeo solar Assim pode-se afirmar

que a sauacutede energia e o conforto humano satildeo mais afetados

pelas variaccedilotildees meteoroloacutegicas do que qualquer outro elemento

do meio ambiente (PAGNOSSIN 2001)

A Radiaccedilatildeo Solar ou Insolaccedilatildeo consiste em um espectro

contiacutenuo de radiaccedilatildeo eletromagneacutetica que dependendo do

comprimento de onda (λ) apresenta divisotildees (radiacao

ultravioleta (UV) (100-400nm) visivel (400-780nm)) e

infravermelho (gt780 nm)) ao entrar em contato com a pele

provoca reaccedilotildees quiacutemicas e morfoloacutegicas naquele local

(BALOGH et al 2011)

Essencial para a produccedilatildeo da vitamina D que eacute tida

como um hormocircnio esteroidal que tem como principais funccedilotildees

a regulaccedilatildeo da homeostase do caacutelcio na formaccedilatildeo e

reabsorccedilatildeo oacutessea que eacute mantida ao interagir com as

paratireoides rins e intestinos A 25(OH)D por meio da

produccedilatildeo endoacutegena acontece a partir da exposiccedilatildeo da pele a

luz solar e a exoacutegena eacute obtida por fontes alimentares ricos na

mesma Existe em vaacuterias formas mas as principais satildeo a

vitamina D2 (ou ergocalciferol) produzida em membranas de

fungos e invertebrados e a vitamina D3 (ou colecalciferol)

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

298

produzida no nosso organismo atraveacutes da epiderme (ALVES et

al 2013 ARNSON AMITAL SHOENFELD 2007)

Em relaccedilatildeo a 25(OH) D endoacutegena sua via metaboacutelica se

inicia a partir da ativaccedilatildeo do seu precursor o 7-

desidrocolesterol na camada superficial da pele que seraacute

fosforilado em colecalciferol apoacutes a exposiccedilatildeo solar o

colecalciferol eacute entatildeo hidroxilado em 25-hidroxivitamina D por

diferentes isoformas de 25-hidroxilase (CYP2C11 CYP2J3

CYP2R1 CYP3A2 CYP27A1) no fiacutegado podendo ser

armazenada no tecido adiposo Assume papel de metaboacutelito

intermediaacuterio por ser mais estaacutevel e ter uma maior duraccedilatildeo que

a forma ativa O calcitriol ou 125-di-hidroxivitamina D

(125(OH)2D) representa a forma ativa e eacute resultante de uma

hidroxilaccedilatildeo presidida pela 1-α-hidroxilase (CYP27B1)

expressada no rim esse se torna o ponto mais importante do

metabolismo pois o Hormocircnio Paratireoacuteideo (HPT) eacute

responsaacutevel por induzir a atividade da CYP27B1 enquanto que

a concentraccedilatildeo seacuterica de caacutelcio estaacute alta e 125(OH)2D diminui

sua expressatildeo A 125(OH)2D atua por meio de um receptor

nuclerar (RVD) nas ceacutelulas-alvo a ligaccedilatildeo entre eles induz uma

heterodimerizaccedilatildeo com o receptor de retinoide X (RRX) essa

junccedilatildeo faz com que ocorra a ligaccedilatildeo em aacutereas especiacuteficas do

DNA (BELLAN PIRISI SAINAGHI 2015 LICHTENSTEIN et

al 2013 FROTA 2012)

Segundo Castro (2011) para que todo esse processo

ocorra de ativaccedilatildeo da vitamina D faz-se necessaacuterio que o

indiviacuteduo receba a luz direta ou seja receber a radiaccedilatildeo

ultravioleta B (UVB) em comprimentos de onda (λ) especiacuteficos

entre 290 e 315 nanocircmetros Ao analisar a posiccedilatildeo do eixo em

que a Terra translaciona o Sol observa-se que quanto mais

distante uma localidade estiver da linha do Equador maior seraacute

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

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a diferenccedila de comprimentos de onda ou seja a luz teraacute uma

camada espessa para atravessar principalmente a radiaccedilatildeo

ultravioleta (CASTRO 2011)

Com isso nota-se atualmente que existam cerca de 1

bilhatildeo de pessoas em todo mundo com deficiecircncia ou

insuficiecircncia da vitamina D no organismo Nos Estados Unidos

Canadaacute e Europa aproximadamente de 20 a 100 dos idosos

um grupo de risco apresentam a deficiecircncia da vitamina E no

Brasil local considerado um paiacutes com quantidade suficiente de

radiaccedilatildeo alguns estudos demonstraram que haacute um elevado

grau de hipovitaminose D Alguns fatores podem influenciar nas

concentraccedilotildees seacutericas da vitamina no organismo como a

quantidade de melanina na pele o uso do filtro solar as

vestimentas utilizadas os niacuteveis de poluiccedilatildeo e ateacute o tecido

adiposo do indiviacuteduo (DINIZ et al 2012 FROTA 2012)

As consequecircncias da deficiecircncia da 25(OH)D estaacute na

desmineralizaccedilatildeo oacutessea em que estaacute presente um metabolismo

do caacutelcio e do foacutesforo errocircneo ocasionando em crianccedilas e

adultos quadros de raquitismo e osteomalacia A deficiecircncia da

vitamina ainda pode causar fraqueza muscular que nas

crianccedilas pode levar a dificuldade de se manter em ortostatismo

e em idosos aumenta a frequecircncia de quedas aumentando o

risco de fraturas (UNGER 2009)

Segundo Maeda et al (2014) a Sociedade de

Endocrinologia Norte-Americana sugere os seguintes valores

de referecircncia para 25(OH)D3

Deficiecircncia le 20 ngmL

Insuficiecircncia 21-29 ngmL

Ideal ge 30 ngmL

Diante o exposto o presente trabalho teve como principal

objetivo correlacionar os dados laboratoriais de Vitamina D

VARIACcedilAtildeO SAZONAL DA VITAMINA D E SUA CORRELACcedilAtildeO COM OS NIacuteVEIS

DE INSOLACcedilAtildeO NO MUNICIacutePIO DE CAMPINA GRANDE - PB

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registrados nos Centro de Hematologia e Laboratoacuterio de

Anaacutelises Cliacutenicas ndash LTDA (Hemoclin) nos anos de 2015 a 2016

com Insolaccedilatildeo do municiacutepio de Campina Grande neste mesmo

periacuteodo

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Realizou-se um estudo do tipo transversal a partir dos

dados contidos nos prontuaacuterios dos pacientes atendidos num

laboratoacuterio cliacutenico pocircde-se entatildeo analisar usando

metodologias estatiacutesticas a associaccedilatildeo entre a quantificaccedilatildeo

da vitamina D e Insolaccedilatildeo

A pesquisa foi realizada no Centro de Hematologia e

Laboratoacuterio de Anaacutelises Cliacutenicas ndash LTDA ndash Hemoclin em

Campina Grande Paraiacuteba que se encontra numa Latitude de

07ordm 13 50 S e Longitude de 35ordm 52 52 W estando a 551m do

niacutevel do mar a Fig (1) mostra a representaccedilatildeo da cidade via

sateacutelite

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Figura 1 Imagem de Sateacutelite de Campina Grande

Fonte Google Earth

A coleta de dados foi feita a partir dos exames de

Vitamina D adquiridos dos prontuaacuterios dos pacientes atendidos

em que constituiu de 1641 pacientes de ambos os sexos e faixa

etaacuterias durante o periacuteodo de Setembro de 2015 a Agosto de

2016 e valores de Insolaccedilatildeo foram coletados a partir do banco

de dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

(Embrapa)

Apoacutes o levantamento dos dados foi realizada a anaacutelise

da Correlaccedilatildeo de Pearson por meio do Microssoft Office Excel

2016 e posteriormente criaccedilatildeo de tabelas e graacuteficos pelo

mesmo programa e seratildeo submetidos agrave anaacutelise estatiacutestica

atraveacutes do programa IBM SPSS Statistics 21

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21 Coeficiente de Pearson

O coeficiente de correlaccedilatildeo de Pearson (r) ou coeficiente

de correlaccedilatildeo produto-momento ou o r de Pearson mede o grau

da correlaccedilatildeo linear entre duas variaacuteveis quantitativas Eacute um

iacutendice adimensional com valores situados ente -10 e 10

inclusive que reflete a intensidade de uma relaccedilatildeo linear entre

dois conjuntos de dados

Expresso pela foacutermula

Para interpretar os resultados este coeficiente

normalmente eacute representado pela letra r onde

r= 1 Significa uma correlaccedilatildeo perfeita positiva entre as

duas variaacuteveis

r= -1 Significa uma correlaccedilatildeo negativa perfeita entre

as duas variaacuteveis isto eacute se uma aumenta a outra

sempre diminui

r= 0 Significa que as duas variaacuteveis natildeo dependem

linearmente uma da outra No entanto pode existir uma

outra dependecircncia que seja natildeo linear

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Realizou-se uma pesquisa com os dados laboratoriais de

1641 pacientes no Centro de Hematologia e Laboratoacuterio de

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Anaacutelises Cliacutenicas ndash LTDA e foram divididos por mecircs analisado

e posteriormente classificados no resultado obtido em

Insuficiecircncia Deficiecircncia e Suficiecircncia e os valores de Insolaccedilatildeo

foram coletados no banco de dados da EMBRAPA Foi

realizado o caacutelculo do Coeficiente de Pearson e obteve-se a

correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis acima citadas A Tab (1) mostra

a distribuiccedilatildeo mensal dos dados em estudo

Tabela 1 Relaccedilatildeo das meacutedias de Vitamina D e Insolaccedilatildeo referentes a Setembro de 2015 a Agosto de 2016

Meses Deficiecircncia Insuficiecircncia Suficiecircncia Insolaccedilatildeo

Setembro 1618 2515 3779 80

Outubro 1668 2626 3880 85

Novembro 1751 2610 3878 92

Dezembro 1723 2567 3991 -

Janeiro 1775 2538 4136 50

Fevereiro 1604 2635 4239 -

Marccedilo 1860 2594 3976 38

Abril 1718 2571 3922 56

Maio 1782 2538 3952 57

Junho 1610 2639 4192 72

Julho 1843 2577 3965 71

Agosto 1738 2558 3863 80

Fonte Dados da pesquisa Obs Onde possui um traccedilo (-) nos valores de Insolaccedilatildeo eacute porque a

EMBRAPA natildeo tinha seu dados

No grupo de pacientes estudados prevaleceu o sexo

feminino com 7727 (n=1268) em relaccedilatildeo ao sexo masculino

com 2273 (n=373) Os resultados obtidos da Vitamina D

foram classificados de acordo com os valores de referecircncia em

Deficiecircncia (le 20 ngmL) Insuficiecircncia (21-29 ngmL) e

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Suficiecircncia Ideal (ge 30 ngmL) A Fig (2) apresentada abaixo

mostra que os pacientes do estudo tiveram 5686 (n=933)

tiveram seus resultados dentro da normalidades ou seja

estavam com a vitamina suficiente no organismo 3193

(n=524) insuficientes e 1121 (n=184) deficiecircncia da mesma

Figura 2 Distribuiccedilatildeo dos resultados obtidos da Vitamina D dos pacientes em estudo

Fonte Dados da Pesquisa

Segundo Castro (2011) a vitamina D jaacute eacute reconhecida

como importante para o metabolismo do organismo na

comunidade acadecircmica devido ao aumento expressivo de

estudos nessa aacuterea sobre a fisiologia e o seu impacto no

sistema hormonal que influencia na sauacutede dos indiviacuteduos

nesse sentido observa-se independente de idade etnia e de

localizaccedilatildeo geograacutefica as pessoas apresentam niacuteveis da

vitamina baixos e necessitem fazer algum tipo de reposiccedilatildeo

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Sabe-se que a Insolaccedilatildeo estaacute relacionada com a

produccedilatildeo da 25 (OH) D foi correlacionado neste estudo os

resultados adquiridos da vitamina com os dados de Insolaccedilatildeo

Nos pacientes que mostraram resultados para Deficiecircncia de

Vitamina D quando correlacionados com a Insolaccedilatildeo atraveacutes

do Coeficiente de Pearson obteve-se o seguinte valor de r= -

0536187801897428 que quer dizer que a correlaccedilatildeo eacute negativa

e fraca ou seja o valor da reta decresce sendo inversamente

proporcional (Fig 3)

Figura 3 Correlaccedilatildeo entre as meacutedias de Insolaccedilatildeo e Deficiecircncia de Vitamina D

Fonte Pesquisa direta 2016

Para Maeda (2014) indiviacuteduos que possuem uma baixa

exposiccedilatildeo ao sol ou seja aqueles com baixa insolaccedilatildeo natildeo

produzem a vitamina D cutacircnea os tornando uma populaccedilatildeo de

deficientes da mesma Ao comparar com o nosso estudo

explica por que os dados natildeo estatildeo relacionados entre si por

que um independe do outro

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Para os pacientes que apresentaram Insuficiecircncia de

Vitamina D ao serem correlacionados com a Insolaccedilatildeo o valor

obtido de r= 0252892920149656 estaacute relacionado a uma

correlaccedilatildeo positiva poreacutem fraca isto eacute as duas variaacuteveis estatildeo

interligadas entre si formando uma reta crescente (Fig 4)

Figura 4 Correlaccedilatildeo entre as meacutedias de Insolaccedilatildeo e Insuficiecircncia de Vitamina D

Fonte Pesquisa direta 2016

Um estudo realizado por Maia Maeda e Marccedilon (2007) diz

que pessoas que utilizam algum tipo de fotoproteccedilatildeo como

roupas eou protetor solar se expotildeem ao sol mesmo que em

pequenas quantidades pois encontram-se num paiacutes tropical

Nessa perspectiva esse resultado da figura acima entra nesse

sentido os pacientes se expuseram a pequenas quantidades

de insolaccedilatildeo e tiveram uma baixa produccedilatildeo da 25(OH)D

Acreditava-se que a produccedilatildeo da Vitamina D estava

diretamente relacionada com a quantidade de Insolaccedilatildeo

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absorvida pelo organismo esse estudo mostrou o contraacuterio

quando feita a correlaccedilatildeo dos resultados dos pacientes que

apresentaram os resultados para Suficiecircncia (valores ideais)

com a Insolaccedilatildeo obteve-se o valor de r= -045390334977587

quando feita a interpretaccedilatildeo eacute uma correlaccedilatildeo de caraacuteter

negativa e fraca ou seja as variaacuteveis apresentadas nesse

estudo natildeo satildeo dependentes uma da outra formando uma reta

decrescente (Fig 5)

Figura 5 Correlaccedilatildeo entre as meacutedias de Insolaccedilatildeo e Suficiecircncia de Vitamina D

Fonte Pesquisa direta 2016

Um estudo realizado por Raimundo etal (2010) foi relatado

que tambeacutem natildeo houve uma correlaccedilatildeo significativa 25(OH)D

seacuterica e a insolaccedilatildeo (r=0204) nesse caso houve uma

correlaccedilatildeo positiva e fraca entrando em contradiccedilatildeo com o

presente estudo Premaor (2006) expotildee que a praacutetica de

exposiccedilatildeo a luz solar natildeo eacute tatildeo comum o que faz com que

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alguns consensos recomendem a suplementaccedilatildeo da vitamina

ou procure a mesma em fontes alimentares como este estudo

natildeo determinou quem fazia uso de suplementaccedilatildeo ou natildeo

supotildee-se que esses pacientes natildeo tecircm acesso a insolaccedilatildeo e

utilizam Vitamina D por via oral mantendo os resultados ideais

4 CONCLUSOtildeES

Atualmente a importacircncia do hormocircnio conhecido como

vitamina D no metabolismo do caacutelcio e na manutenccedilatildeo da

massa oacutessea estaacute bem estabelecida A quantidade de estudos

sobre vitamina D tem aumentado muito e a cada dia descobre-

se mais benefiacutecios para a otimizaccedilatildeo dos niacuteveis de vitamina D

no organismo A hipovitaminose D eacute bastante frequente em

nosso paiacutes e devem ser considerados indiviacuteduos em risco de

deficiecircncia de vitamina D os idosos pacientes com

osteoporose histoacuterias de quedas e fraturas obesos graacutevidas e

lactentes pacientes em uso de medicaccedilotildees que interfiram no

metabolismo da vitamina D (como glicocorticoides

anticonvulsivantes antifuacutengicos) portadores de siacutendromes de

maacute-absorccedilatildeo hiperparatiroidismo primaacuterio insuficiecircncia renal

ou hepaacutetica doenccedilas granulomatosas e linfomas Seu

diagnoacutestico diferencial se torna importante pois apesar de

apresentar grande morbidade sua correccedilatildeo eacute faacutecil e barata

Tendo em vista que em um periacuteodo relativamente curto

de dados coletados natildeo foi encontrada uma relaccedilatildeo tatildeo

significativa entre as variaacuteveis abre-se o espaccedilo para que um

periacuteodo maior de dados seja analisado buscando corroborar e

reafirmar os padrotildees encontrados

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ALVES Maacutercia et al Vitamina Dndashimportacircncia da avaliaccedilatildeo laboratorial Revista Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo [sl] v 8 n 1 p32-39 jan 2013 Elsevier BV httpdxdoiorg101016jrpedm201212001 ARNSON Y AMITAL H SHOENFELD Y Vitamin D and autoimmunity new aetiological and therapeutic considerations Annals Of The Rheumatic Diseases [sl] v 66 n 9 p1137-1142 15 mar 2007 BMJ httpdxdoiorg101136ard2007069831 BALOGH Tatiana Santana et al Proteccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo ultravioleta recursos disponiacuteveis na atualidade em fotoproteccedilatildeo Anais Brasileiros de Dermatologia Rio de Janeiro v 86 n 4 p732-742 2011 BELLAN Mattia PIRISI Mario SAINAGHI Pier Paolo Osteoporose na artrite reumatoide papel do sistema vitamina Dhormocircnio paratireoacuteideo Revista Brasileira de Reumatologia [sl] v 55 n 3 p256-263 maio 2015 Elsevier BV httpdxdoiorg101016jrbr201410007 CASTRO Luiz Claudio Gonccedilalves de O sistema endocrinoloacutegico vitamina D Arquivos Brasileiros de Endocrinologia amp Metabologia [sl] v 55 n 8 p566-575 nov 2011 FapUNIFESP (SciELO) httpdxdoiorg101590s0004-27302011000800010 CONFALONIERI Ulisses Eugenio Cavalcanti Variedade climaacutetica vulnerabilidade social e sauacutede no Brasil Terra Livre Satildeo Paulo ano 19 v I n 20 p 193-204 2003 CONFALONIERI UEC Mudanccedila climaacutetica global e sauacutede humana no Brasil PARCERIAS ESTRATEacuteGICAS BRASIacuteLIADF N27 DEZEMBRO 2008 p Disponiacutevel em lthttpseercgeeorgbrindexphpparcerias_estrategicasarticleviewFile333327gt Acesso em 08112016] DINIZ Herculano Ferreira et al Insuficiecircncia e deficiecircncia de vitamina D em pacientes portadores de doenccedila renal crocircnica Jornal Brasileiro de Nefrologia Satildeo Paulo v 34 n 1 p58-63 mar 2012 FapUNIFESP (SciELO) httpdxdoiorg101590s0101-28002012000100009 FROTA Karine de Holanda Ponto de corte para adequaccedilatildeo da concentraccedilatildeo seacuterica de 25 hidroxivitamina D em adultos e idosos estudo de base populacional - ISA- capital 2012 71 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Nutriccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 LICHTENSTEIN Arnaldo et al Vitamina D accedilotildees extraoacutesseas e uso racional Revista da Associaccedilatildeo Meacutedica Brasileira[sl] v 59 n 5 p495-506 set 2013 Elsevier BV httpdxdoiorg101016jramb201305002

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MAIA Marcus MAEDA Sergio Setsuo MARCcedilON Carolina Correlaccedilatildeo entre fotoproteccedilatildeo e concentraccedilotildees de 25 hidroxi-vitamina D e paratormocircnio Anais Brasileiros de Dermatologia Rio de Janeiro v 82 n 3 p0-0 jun 2007 FapUNIFESP (SciELO) httpdxdoiorg101590s0365-05962007000300004 MAEDA Sergio Setsuo et al Recomendaccedilotildees da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnoacutestico e tratamento de hipovitaminose D Arquivos Brasileiros de Endocrinologia amp Metabologia Satildeo Paulo v58 n5 p411 -433 jul 2014 FapUNIFESP (SciELO) httpdxdoiorg1015900004-270000003388 NUNES BBS MENDES PC CLIMA AMBIENTE E SAUacuteDE UM RESGATE HISTOacuteRICO Instituto de Geografia UFU Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Geografia CAMINHOS DE GEOGRAFIA - revista online Uberlacircndia v 13 n 42 p 258ndash269 Junho de 2012 PAGNOSSIN Elaine Medianeira BURIOL Galileo Adeli GRACIOLLI Michele de Araujo Influecircncia dos Elementos Meteoroloacutegicos no Conforto Teacutermico Humano Bases Biofiacutesicas Bases Biofiacutesicas Revista Disciplinarum Scientia Santa Maria v 2 n 1 p149-161 2001 PREMAOR Melissa Orlandin FURLANETTO Tania Weber Hipovitaminose D em adultos entendendo melhor a apresentaccedilatildeo de uma velha doenccedila Arquivos Brasileiros de Endocrinologia amp Metabologia Satildeo Paulo v 50 n 1 p25-37 fev 2006 FapUNIFESP (SciELO) httpdxdoiorg101590s0004-27302006000100005 RAIMUNDO Fabiana Viegas et al Variaccedilatildeo Sazonal de Niacuteveis de 25-Hidroxivitamina D Seacuterica e Ingestatildeo Dieteacutetica de Vitamina D em Crianccedilas e Adolescentes com Baixa Estatura Revista do Hospital das Cliacutenicas de Porto Alegre Porto Alegre v 30 n 3 p209-213 2010 SETTE D M RIBEIRO H INTERACcedilOtildeES ENTRE O CLIMA O TEMPO E A SAUDE HUMANA INTERFACEHS Revista de Sauacutede meio ambiente e sustentabilidade Vol 6 Nordm 2 Artigo Agosto de 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwrevistasspsenacbrindexphpITFarticleviewFile196192gt Acesso em 08112016 UNGER Marianna Duarte Determinaccedilatildeo dos niacuteveis seacutericos de vitamina D em uma amostra de indiviacuteduos saudaacuteveis da populaccedilatildeo brasileira 2009 123 f Tese (Doutorado) - Curso de Medicina Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009

CONDICcedilOtildeES DE TRABALHO E VULNERABILIDADE SOCIAL PERCEPCcedilAtildeO DOS RESPONSAacuteVEIS TEacuteCNICOS DE SERVICcedilOS DE ALIMENTACcedilAtildeO NO BAIRRO

VILA ESPERANCcedilA SAtildeO LUIacuteS-MA BRASIL

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CAPIacuteTULO 18

CONDICcedilOtildeES DE TRABALHO E VULNERABILIDADE SOCIAL PERCEPCcedilAtildeO DOS RESPONSAacuteVEIS TEacuteCNICOS DE SERVICcedilOS DE

ALIMENTACcedilAtildeO NO BAIRRO VILA ESPERANCcedilA SAtildeO LUIacuteS-MA BRASIL

Eulaacutelia Cristina Costa de CARVALHO12

Milena Maacuteria Silva ASSUNCcedilAtildeO 1

Adenilde Nascimento MOUCHRECK 34

1 Mestranda em Sauacutede e Ambiente UFMA 2 Componente Teacutecnico da Vigilacircncia Epidemioloacutegica Hospitalar HUUFMA - UMI 3 Professora do Departamento de Quiacutemica UFMA

4 OrientadoraProfessora do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede e AmbienteUFMA email laliacristina1hotmailcom

RESUMO Introduccedilatildeo Existem fatores que sofrem influecircncia das condiccedilotildees de vida de cada indiviacuteduo e seu ambiente de vivecircncia cotidiana gerando a percepccedilatildeo ambiental do indiviacuteduo o estilo de vida o ambiente fiacutesico o ambiente social e endoacutegenos tanto geneacuteticos como adquiridos durante a vida Objetivo Conhecer a percepccedilatildeo dos responsaacuteveis teacutecnicos de estabelecimentos de alimentaccedilatildeo sobre as condiccedilotildees de trabalho e sua relaccedilatildeo com a vulnerabilidade social Metodologia Eacute uma pesquisa quanti-qualitativa com uso da epidemiologia descritiva anaacutelise de conteuacutedo e uso do Atlas de Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros Foi realizada no bairro Vila Esperanccedila no municiacutepio de Satildeo Luiacutes - MA com 10 estabelecimentos de alimentaccedilatildeo sendo 4 restaurantes e 6 lanchonetes no periacuteodo de Marccedilo a Agosto de 2016 Resultados caracterizou-se os participantes da pesquisa e obteve-se a percepccedilatildeo destes responsaacuteveis teacutecnicos como a maioria dos entrevistados (7) atribuiu valor ao saneamento baacutesico e ou melhoria na estrutura fiacutesica do estabelecimento ndash

CONDICcedilOtildeES DE TRABALHO E VULNERABILIDADE SOCIAL PERCEPCcedilAtildeO DOS RESPONSAacuteVEIS TEacuteCNICOS DE SERVICcedilOS DE ALIMENTACcedilAtildeO NO BAIRRO

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interferem diretamente na qualidade do serviccedilo oferecido agrave populaccedilatildeo e na seguranccedila agrave sauacutede portanto a percepccedilatildeo foi correta em 70 dos entrevistados Conclusatildeo Os entrevistados observam sua realidade a partir de suas perspectivas individuais e a maioria tem consciecircncia de fatores abrangentes e influenciaacuteveis na condiccedilatildeo de seu trabalho e que a vulnerabilidade social a que estatildeo sujeitos os proporciona estas condiccedilotildees Palavras-chave Sauacutede Ambiental Vigilacircncia em Sauacutede Puacuteblica Vulnerabilidade Social 1 INTRODUCcedilAtildeO

Existe uma interaccedilatildeo entre o ser humano e o ambiente

em que ele vive esta interaccedilatildeo entre os diferentes fatores

determinantes exoacutegenos e endoacutegenos participantes deste

processo explica por que a resposta agraves exposiccedilotildees ambientais

pode variar consideravelmente de um indiviacuteduo para outro

destacando-se quatro grupos destes fatores o estilo de vida o

ambiente fiacutesico o ambiente social e endoacutegenos atributos

individuais tanto geneacuteticos como adquiridos durante a vida

(HOLLANDER STAATSEN 2003) Todos estes fatores sofrem

influecircncia das condiccedilotildees de vida de cada indiviacuteduo e seu

ambiente de vivecircncia cotidiana que gera de fato a percepccedilatildeo

ambiental do indiviacuteduo

Ainda segundo o autor citado acima ldquoa sauacutede ambiental

deve ser parte de uma abordagem integrada multidisciplinar e

multisetorial para as aacutereas urbanas desfavorecidas

incorporando poliacuteticas sobre aspectos socioeconocircmicos

geograacuteficos e ambientais dos bairrosrdquo (HOLLANDER

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STAATSEN 2003) somando-se ao processo de urbanizaccedilatildeo e

globalizaccedilatildeo

A inseguranccedila alimentar pode ser detectada nesse

processo e estaacute relacionada com a vulnerabilidade social por

resultar de uma combinaccedilatildeo de fatores que prejudicam o bem-

estar das pessoas famiacutelias e comunidade conforme a

exposiccedilatildeo a determinados riscos e sobretudo associados aos

determinantes sociais de sauacutede (renda escolaridade

habitaccedilatildeo saneamento baacutesico etc) (SEADE 2006)

A definiccedilatildeo de vulnerabilidade social inserida neste

contexto corresponde ao acesso agrave ausecircncia ou agrave insuficiecircncia

de ldquoativosrdquo que podem ser evidenciados pelo instrumento

chamado Iacutendice de Vulnerabilidade Social (IVS) constituindo-

se num instrumento de identificaccedilatildeo das falhas de oferta de

bens e serviccedilos puacuteblicos no territoacuterio nacional O IVS possui trecircs

dimensotildees IVS Infraestrutura Urbana IVS Capital Humano e

IVS Renda e Trabalho ldquoEssas dimensotildees correspondem a

conjuntos de ativos recursos ou estruturas cujo acesso

ausecircncia ou insuficiecircncia indicam que o padratildeo de vida das

famiacutelias encontra-se baixo sugerindo no limite o natildeo acesso e

a natildeo observacircncia dos direitos sociaisrdquo segundo o Atlas de

Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros (IPEA 2015

p13)

Jaacute a seguranccedila alimentar e nutricional eacute baseada na

realizaccedilatildeo do direito de todos ao acesso regular e permanente

a alimentos de qualidade em quantidade suficiente sem

comprometer o acesso a outras necessidades essenciais e

tendo como base praacuteticas alimentares que promovam sauacutede e

respeitem os aspectos culturais de um povo e que sejam social

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econocircmica e ambientalmente sustentaacuteveis segundo Valente

(2002) Este conceito estaacute em consonacircncia com a Lei Orgacircnica

de Seguranccedila Alimentar e Nutricional ndash LOSAN (Lei nordm 11346

de 15 de setembro de 2006) (BRASIL 2006 COSTA

PASQUAL 2006)

A percepccedilatildeo ambiental do indiviacuteduo eacute decorrente do

valor atribuiacutedo ao seu conhecimento sobre sauacutede ambiental e

ao dano ambiental cuja definiccedilatildeo do Art 3ordm da Lei 6 9381981

eacute uma alteraccedilatildeo adversa das caracteriacutesticas do meio ambiente

as quais podem causar prejuiacutezo agrave sauacutede seguranccedila e o bem-

estar da populaccedilatildeo bem como as atividades sociais e agrave abiota

(BANCO MUNDIAL 2004)

Nessa perspectiva a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees

higienicossanitaacuterias de serviccedilos de alimentaccedilatildeo se apresenta

como uma importante ferramenta para o planejamento e a

execuccedilatildeo de accedilotildees que possam intervir na promoccedilatildeo e

manutenccedilatildeo da sauacutede Percebendo-se a importacircncia de

conhecer a percepccedilatildeo dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos de

estabelecimentos em Satildeo Luiacutes ndash MA sobre suas condiccedilotildees de

trabalho e sua relaccedilatildeo com a vulnerabilidade social houve o

despertar para realizar uma pesquisa com este enfoque nesta

cidade O municiacutepio de Satildeo Luiacutes estaacute dividido em 7 (sete)

Distritos Sanitaacuterios para atender e viabilizar as accedilotildees de gestatildeo

municipal sendo identificados com nomes de alguns bairros

Centro Bequimatildeo Cohab Coroadinho Itaqui-Bacanga

Tirirical e Vila Esperanccedila O distrito sanitaacuterio eacute uma unidade

operacional das accedilotildees do Sistema Uacutenico de Sauacutede ndash SUS

O bairro Vila Esperanccedila nomeia o maior Distrito Sanitaacuterio

de Satildeo Luiacutes ndash MA e abrange uma parte da Zona Urbana e toda

a Zona Rural portanto a perspectiva de constatar a condiccedilatildeo

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higienicossanitaacuteria de estabelecimentos de alimentaccedilatildeo nesta

localizaccedilatildeo deu-se a partir desta nomeaccedilatildeo do bairro ao Distrito

Sanitaacuterio e a relaccedilatildeo da acessibilidade da comunidade aos

serviccedilos de sauacutede atraveacutes da boa nutriccedilatildeo e seguranccedila

alimentar

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Eacute uma pesquisa com abordagem quanti-qualitativa com

uso da epidemiologia descritiva e do meacutetodo inqueacuterito

epidemioloacutegico segundo Lopes e Lima (2013) Foi realizada no

bairro Vila Esperanccedila que estaacute localizado na regiatildeo da ilha de

Satildeo Luiacutes entre a aacuterea industrial e zona rural ao lado da BR 135

nos Kilocircmetros 4 e 5 ocupa uma aacuterea de 297 hectares e possui

2300 famiacutelias e aproximadamente 10 mil habitantesEstatildeo

instaladas pequenas e meacutedias empresas no periacutemetro do bairro

Vila Esperanccedila (Wikimapia 2010) Participaram deste estudo

10 estabelecimentos de alimentaccedilatildeo que funcionam nesta

localidade e que aceitaram participar da pesquisa durante os

meses de Marccedilo a Agosto de 2016 sendo 4 restaurantes e 6

lanchonetes Este estudo faz parte de um projeto que verifica a

vulnerabilidade do acesso aos serviccedilos de sauacutede neste Distrito

Sanitaacuterio sendo submetido ao Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa com

aprovaccedilatildeo sob o Parecer n 945413 e fez uso de Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido ndash TCLE Para a localizaccedilatildeo

e seleccedilatildeo dos estudos foram considerados o estudo de

publicaccedilotildees nacionais e internacionais e perioacutedicos indexados

impressos e virtuais especiacuteficas da aacuterea (livros monografias

dissertaccedilotildees e artigos) sendo pesquisados ainda dados em

base de dados eletrocircnica considerando para anaacutelise as

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palavras-chave Higiene Alimentar Sauacutede Ambiental

Seguranccedila Alimentar Vigilacircncia em Sauacutede Puacuteblica

Vulnerabilidade Social

Para a anaacutelise de conteuacutedo segundo Laurence Bardin

utilizou-se abordagem quantitativa e qualitativa sendo

quantitativa quando o enfoque da pesquisa eacute demonstrar a

frequecircncia das caracteriacutesticas que se repetem no texto e a

abordagem qualitativa ocorre quando o enfoque da pesquisa

ldquoconsidera a presenccedila ou ausecircncia de uma determinada

caracteriacutestica de conteuacutedo ou conjunto de caracteriacutesticas num

determinado fragmento da mensagemrdquo segundo Lima (1993)

A teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo segundo a Laurence Bardin

deveraacute ser composta por 3 grandes etapas a preacute-anaacutelise a

exploraccedilatildeo do material e o tratamento dos resultados e

interpretaccedilatildeo (BARDIN 1977) A pesquisa tambeacutem utilizou

dados secundaacuterios obtidos em consulta na plataforma Altas de

Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros disponiacutevel no

site do Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA) 2015

O Atlas eacute um software de consulta ao Iacutendice de Vulnerabilidade

Social (IVS) que reflete 16 indicadores atraveacutes de trecircs

dimensotildees infraestrutura urbana capital humano e renda e

trabalho cujo valor para estas dimensotildees pode variar entre 0 e

1 Quanto mais proacuteximo a 1 maior eacute a vulnerabilidade social de

um municiacutepio Para o presente estudo trabalhou-se com os

dados do ano de 2010 que foram formatados e processados no

programa Excel e analisados por meio de estatiacutestica descritiva

de frequecircncia e pelo Programa Epi Info 7 versatildeo 715 quando

necessaacuterio E para avaliar a percepccedilatildeo dos donos ou

responsaacuteveis teacutecnicos sobre suas condiccedilotildees de trabalho

utilizou-se a classificaccedilatildeo 1 Percepccedilatildeo correta quando a

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resposta abordava o objetivo da definiccedilatildeo de ambiente de

trabalho saudaacutevel (aquele que natildeo ocasiona danos agrave sauacutede

humana) 2 Percepccedilatildeo parcialmente correta quando na

resposta havia menccedilatildeo sobre aspectos que contribuem com a

promoccedilatildeo do alimento seguro como condiccedilotildees de higiene e

limpeza entre outras 3 Percepccedilatildeo incorreta quando a

resposta natildeo tinha a menor relaccedilatildeo com a definiccedilatildeo ou com

aspectos correlatos ao proposto por condiccedilotildees de trabalho em

ambiente adequado

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A qualidade dos produtos finais depende diretamente da

habilidade teacutecnica e consciecircncia sanitaacuteria pois alimentos

danificados ou contaminados podem atingir o consumidor e

causar-lhe danos agrave sauacutede segundo Figueiredo e Ribeiro

(2013)

Para caracterizar os donos ou responsaacuteveis teacutecnicos dos

estabelecimentos de alimentaccedilatildeo participantes desta pesquisa

(10) utilizou-se as variaacuteveis idade sexo escolaridade

capacitaccedilatildeo teacutecnica e nuacutemero de refeiccedilotildees fornecidas

diariamente pois haacute influecircncia na renda destes profissionais

Quanto a idade houve variaccedilatildeo de 22 anos a 66 anos

sendo que apenas dois participantes tecircm a mesma idade 45

anos e quanto ao sexo 5 satildeo do sexo feminino e 5 do sexo

masculino As idades dos dez participantes da pesquisa podem

ser observadas na Tabela 1

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Tabela 1 ndash Frequecircncia da idade dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos em dez serviccedilos de alimentaccedilatildeo no periacuteodo de marccedilo a agosto de 2016 na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo

Fonte Pesquisa do Autor 2016

Quanto a meacutedia das idades nas 10 observaccedilotildees

obtivemos o valor de 387 anos como meacutedia e moda igual a 45

anos segundo anaacutelise estatiacutestica atraveacutes do Epi Info 7

Quanto ao niacutevel de escolaridade houve o predomiacutenio do ensino

meacutedio completo em 80 dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos

(8) conforme Tabela 2

Idade dos Donos ou Responsaacuteveis Teacutecnicos

Frequecircncia

22 28 29 30 34 35 45 53 66

1 1 1 1 1 1 2 1 1

100 100 100 100 100 100 200 100 100

Total 10 1000

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Tabela 2 - Frequecircncia da escolaridade dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos em dez serviccedilos de alimentaccedilatildeo no periacuteodo de marccedilo a agosto de 2016 na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo

Escolaridade dos Donos ou Responsaacuteveis Teacutecnicos Frequecircncia

Analfabeto Ensino Fundamental Ensino Meacutedio

1 1 8

100 100 800

Total 10 1000

Fonte Pesquisa do Autor 2016

Quanto a meacutedia da idade x escolaridade obtivemos pela

aplicaccedilatildeo do meacutetodo estatiacutestico ANOVA um p-value = 000000

valor significativo estatisticamente (p lt 005) o que nos permite

afirmar que existe uma diferenccedila significativa entre as meacutedias

das idades e do niacutevel escolar e que o entrevistado mais velho eacute

tambeacutem o que possui o menor niacutevel de escolaridade fato que

evidencia um dos aspectos da vulnerabilidade social no

municiacutepio de Satildeo Luiacutes e corrobora com os estudos de Toacutertora

e seus colaboradores (2005) quanto a contaminaccedilatildeo das matildeos

em diferentes atividades profissionais pois ocorre mais em

profissionais que natildeo satildeo da aacuterea da sauacutede e com baixo niacutevel

escolar

A qualidade higienicossanitaacuteria eacute fator de seguranccedila

alimentar e tem sido amplamente estudada e discutida Para

que se tenha esta qualidade e seguranccedila alimentar a

capacitaccedilatildeo teacutecnica dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos pelos

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estabelecimentos de alimentaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel pois os

demais manipuladores de alimentos poderatildeo ser treinados para

que de forma efetiva possam fornecer alimentos seguros e

saudaacuteveis agrave comunidade aleacutem de obedecerem agraves Resoluccedilotildees

RDC nordm 27502 e RDC 21604 que diz respeito ao regulamento

teacutecnico de procedimentos operacionais padronizados aos

estabelecimentos produtores industrializadores de alimentos e

ao o regulamento teacutecnico de boas praacuteticas para serviccedilo de

alimentaccedilatildeo respectivamente Podemos verificar o nuacutemero de

estabelecimentos de alimentaccedilatildeo com donos ou responsaacuteveis

teacutecnicos devidamente capacitados na Tabela 3 abaixo

Tabela 3 - Frequecircncia da capacitaccedilatildeo teacutecnica dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos em dez serviccedilos de alimentaccedilatildeo no periacuteodo de marccedilo a agosto de 2016 na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo

Capacitaccedilatildeo teacutecnica dos Donos ou Responsaacuteveis Teacutecnicos

Frequecircncia

Natildeo possui capacitaccedilatildeo teacutecnica Possui capacitaccedilatildeo teacutecnica

5 5

500 500

Total 10 1000

Fonte Pesquisa do Autor 2016

Apenas 50 (5) dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos dos

estabelecimentos de alimentaccedilatildeo possuem capacitaccedilatildeo

teacutecnica isto eacute estatildeo devidamente habilitados para trabalhar na

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manipulaccedilatildeo dos alimentos e respeitam as normas da RDC

21604 os demais natildeo possuem capacitaccedilatildeo teacutecnica

Outro aspecto observado nos estabelecimentos de

alimentaccedilatildeo foi a renda diaacuteria arrecadada pois sofre oscilaccedilatildeo

eacute obtida de acordo com o nuacutemero de refeiccedilotildees fornecidas e

causa influecircncia na qualidade do serviccedilo Destacamos o fato de

apenas 1 estabelecimento de alimentaccedilatildeo fornecer mais de 100

refeiccedilotildees diaacuterias nesta localidade o que faz com que sua

movimentaccedilatildeo orccedilamentaacuteria seja maior em relaccedilatildeo aos demais

estabelecimentos e que pode ajudar na melhoria do

estabelecimento fiacutesico-estrutural e na seguranccedila alimentar

propriamente dita Podemos verificar o nuacutemero de refeiccedilotildees

fornecidas pelos estabelecimentos de alimentaccedilatildeo na Tabela 4

Tabela 4 - Frequecircncia do nuacutemero de estabelecimentos que fornecem mais de 100 refeiccedilotildees diariamente em dez serviccedilos de alimentaccedilatildeo no periacuteodo de marccedilo a agosto de 2016 na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo

Estabelecimentos que fornecem mais de 100 refeiccedilotildees diariamente Frequecircncia

Sim Natildeo

1 9

100 900

Total 10 1000

Fonte Pesquisa do Autor 2016

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No Brasil assim como no estado do Maranhatildeo e no

municiacutepio de Satildeo Luiacutes o saneamento baacutesico se encontra com

serviccedilos insuficientes e com grande desigualdade de

distribuiccedilatildeo O saneamento baacutesico eacute uma accedilatildeo composta pelo

abastecimento de aacutegua esgotamento sanitaacuterio drenagem

urbana limpeza urbana e tratamento do lixo Ratificamos esta

conjectura conforme dados de Stevanim (2016) com a origem

deste problema sendo mais comum em locais com saneamento

baacutesico deficiente e que ocorre em aacutereas mais pobres e

afastadas A educaccedilatildeo e a oferta do trabalho tambeacutem satildeo

reflexos de serviccedilos insuficientes nestes locais Podemos

constatar a condiccedilatildeo de vulnerabilidade social no Brasil e em

Satildeo Luiacutes ndash MA a partir das dimensotildees infraestrutura urbana

capital humano e renda e trabalho na Tabela 5

Tabela 5 ndash Iacutendice de Vulnerabilidade Social no Brasil e na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo segundo o Atlas de Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros (2010)

Fonte IPEA 2015

COD IBGE

IVS (2010)

IVS Infraestrutura Urbana (2010)

IVS Capital Humano (2010)

IVS Renda e Trabalho (2010)

Brasil -- 0326 0295 0362 032 Satildeo Luiacutes (MA) 211130 0372 0498 0291 0327

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O Iacutendice de Vulnerabilidade Social - IVS (2010) do Brasil

foi menor comparado ao do municiacutepio Satildeo Luiacutes ndash MA e

juntamente com ele o IVS de infraestrutura urbana e o IVS

renda e trabalho apenas o IVS capital humano do Brasil foi

maior que o de Satildeo Luiacutes ndash MA O IVS corresponde aos 16

indicadores que o geram neste 3 dimensotildees o IVS de

infraestrutura urbana diz respeito agrave mobilidade e saneamento

baacutesico aleacutem de disponibilidade de serviccedilosambientes estaacute

associado ao Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal ndash

IDHM no que se refere a longevidade O IVS capital humano

diz respeito agrave trajetoacuteria educacional das famiacutelias e ao capital

familiar aleacutem de aspectos sociais diversos de exclusatildeo social

relaciona-se com a educaccedilatildeo no IDHM O IVS renda e trabalho

diz respeito agrave inserccedilatildeo precaacuteria no mercado de trabalho

insuficiecircncia de renda (trabalho informal trabalho infantil eou

desocupaccedilatildeo) e renda per capita ambos correspondem agrave

dimensatildeo renda no IDHM segundo pesquisadores do IPEA

(2015)

O IVS de infraestrutura urbana em Satildeo Luiacutes ndash MA eacute

considerado de alta vulnerabilidade social o IVS capital

humano de Satildeo Luiacutes ndash MA eacute considerado de baixa

vulnerabilidade social e o IVS renda e trabalho eacute de meacutedia

vulnerabilidade social Estes dados devem ser observados

juntamente com o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Municipal ndashIDHM visto que possibilita observar o espaccedilo

territorial em que estamos inseridos formular poliacuteticas puacuteblicas

e exige do poder puacuteblico o acesso da populaccedilatildeo aos direitos

sociais baacutesicos

Para o municiacutepio de Satildeo Luiacutes em 2010 o IDHM foi de

0768 - considerado alto desenvolvimento De modo geral as

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trecircs dimensotildees do IVS apresentaram reduccedilatildeo mas no

Nordeste principalmente nos estados do Maranhaumlo de

Alagoas Pernambuco e alguns locais do territoacuterio baiano

continuam com alta vulnerabilidade social (IPEA 2015) Veja

este iacutendice no Brasil Satildeo Luiacutes ndash MA e na Regiatildeo Metropolitana

(RM) da Grande Satildeo Luiacutes todos considerados de meacutedia

vulnerabilidade social na Tabela 6

Tabela 6 - Iacutendice de Vulnerabilidade Social - Renda e Trabalho no Brasil e na cidade de Satildeo Luiacutes Maranhatildeo segundo o Atlas de Vulnerabilidade Social nos Municiacutepios Brasileiros (2010)

Fonte IPEA 2015

O IVS reflete o binocircmio produccedilatildeo consumo pois esta

relaccedilatildeo gera degradaccedilatildeo ambiental sobre os recursos naturais

(mateacuteria-prima aacutegua energia etc) perda da qualidade de vida

por condiccedilotildees inadequadas de moradia eou trabalho poluiccedilatildeo

em geral e desequiliacutebrio em todos os mecanismos que

sustentam a vida na terra tendo-se a produccedilatildeo industrial como

progresso teacutecnico-cientiacutefico e importacircncia na relaccedilatildeo da

sociedade com o ambiente segundo Dias (2000) apud Pitton

(2009) Nesta perspectiva deu-se o estudo qualitativo da

percepccedilatildeo dos donos ou responsaacuteveis teacutecnicos dos

Lugar COD IBGE

IVS Renda e Trabalho (2010)

Brasil -- 032

Satildeo Luiacutes (MA) 211130 0327 RM Grande Satildeo Luiacutes -- 0342

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estabelecimentos de alimentaccedilatildeo sobre suas condiccedilotildees de

trabalho e vulnerabilidade social

Estudo dos Aspectos Quantitativos e Qualitativos da Fala

dos Entrevistados

Descriccedilatildeo da fala dos 10 entrevistados (100) sobre suas

condiccedilotildees de trabalho e vulnerabilidade social 9 (90)

entrevistados relataram que sua condiccedilatildeo de trabalho eacute boa e

1(10) relatou que eacute regular Abaixo algumas destas falas

Entrevistado 1

ldquoConsidero boa pois apesar dos obstaacuteculos consegue

trabalhar Para melhorar falta saneamento baacutesico por parte

das autoridadesrdquo

Entrevistado 2

ldquoConsidero regular Natildeo acha melhor devido agrave concorrecircnciardquo

Entrevistado 5 e Entrevistado 7

ldquoConsidero boa pois o fornecimento de aacutegua energia e o

recolhimento do lixo satildeo regulares e falta melhoria na

estrutura do estabelecimentordquo

Entrevistado 10

ldquoConsidero boa porque eacute sua uacutenica fonte de renda no

momentordquo

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Conclusotildees quantitativas da anaacutelise do conteuacutedo

(Laurence Bardin 1977)

Elencou-se as palavras que se repetem e que melhor

caracterizam a situaccedilatildeo abordada pela pesquisadora

4 entrevistados mencionaram a melhoria na estrutura do

estabelecimento

3 entrevistados mencionaram o fornecimento de aacutegua luz e

recolhimento de lixo regulares

1 entrevistado mencionou a falta de saneamento baacutesico

1 entrevistado mencionou o fato de natildeo pagar aluguel

1 entrevistado mencionou divisatildeo das responsabilidades

1 entrevistado mencionou o fato ser sua uacutenica fonte de renda

1 entrevistado mencionou a concorrecircncia do setor dos gecircneros

alimentiacutecios

Conclusotildees qualitativas da anaacutelise do conteuacutedo (Laurence

Bardin 1977)

Elencou-se a mensagem destacada no fragmento do

discurso que melhor retrata a situaccedilatildeo estudada apoacutes anaacutelise

e interpretaccedilatildeo no contexto da pesquisa

A maioria dos entrevistados (7) atribuiacuteram valor ao

saneamento baacutesico e ou melhoria na estrutura fiacutesica do

estabelecimento ndash elementos que interferem diretamente na

qualidade do serviccedilo oferecido agrave populaccedilatildeo e na seguranccedila agrave

sauacutede portanto a percepccedilatildeo foi correta em 70 dos

entrevistados

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Apenas 2 entrevistados atribuiacuteram valor agrave renda e 1

entrevistado enfatizou a concorrecircncia ndash elementos que

interferem diretamente e indiretamente respectivamente na

qualidade do serviccedilo contatando-se assim uma percepccedilatildeo

parcialmente correta em 20 dos entrevistados pois a renda

interfere na qualidade e seguranccedila alimentar e percepccedilatildeo

incorreta em 10 dos entrevistados visto que a concorrecircncia

deveria ser um fator de estiacutemulo para a sua melhoria

Os entrevistados observam sua realidade a partir de

suas perspectivas individuais apesar da maioria ter consciecircncia

de fatores abrangentes e influenciaacuteveis na condiccedilatildeo de seu

trabalho no tocante da percepccedilatildeo ambiental e que a

vulnerabilidade social a que estatildeo sujeitos os proporciona estas

condiccedilotildees

4 CONCLUSOtildeES

A urbanizaccedilatildeo e a globalizaccedilatildeo satildeo apontadas como

mudanccedilas efetivas no estilo de vida da sociedade atual visto

que houve um aumento do consumo de alimentos em locais

puacuteblicos por conta de a populaccedilatildeo estar trabalhando longe de

suas residecircncias e consequentemente do aumento da

transmissatildeo de doenccedilas por alimentos que interfere no

desenvolvimento socioeconocircmico e sobrecarrega o sistema

puacuteblico de sauacutede

Sendo a higiene e a fiscalizaccedilatildeo dos alimentos

considerados um setor fundamental da sauacutede puacuteblica pois

atinge vaacuterios setores e populaccedilotildees da sociedade e satildeo

decorrentes da perspectiva ampliada de sauacutede e da

necessidade de atendimento agraves demandas sociais para a

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construccedilatildeo de novas poliacuteticas de seguranccedila alimentar a partir

do processo de higiene alimentar em estabelecimentos de

alimentaccedilatildeo que mais se enquadram no eixo renda e trabalho

na dimensatildeo que pode ser retratada no contexto da

Vulnerabilidade Social visto que a seguranccedila alimentar e a boa

nutriccedilatildeo satildeo considerados determinantes para garantia da

sauacutede e a corresponsabilidade dos cidadatildeos eacute de suma

importacircncia e ela evolui com a melhoria da educaccedilatildeo e da

renda

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BANCO MUNDIAL Environment matters Resumen anual Washington D C jun 2003 jul 2004 BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 1977 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as condiccedilotildees para a promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia seccedilatildeo 1 p 18055 20 set 1990 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Lei nordm 8078 de 11 de setembro de 1990 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo do consumidor e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1990a 12 set1990 BRASIL Resoluccedilatildeo RDC nordm 275 de 21 de outubro de 2002 Dispotildee sobre o regulamento teacutecnico de procedimentos operacionais padronizados aos estabelecimentos produtores industrializadores de alimentos e a lista de verificaccedilatildeo das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo em estabelecimentos produtores industrializadores de alimentos Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 23 out 2003 _____ Resoluccedilatildeo RDC 216 de 15 de setembro de 2004 Dispotildee sobre o regulamento teacutecnico de boas praacuteticas para serviccedilo de alimentaccedilatildeo Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 16 set 2004 _____ Ministeacuterio da Sauacutede (MS) PORTARIA n 2914 de 12 de dezembro de 2011 Dispotildee sobre os procedimentos de controle e de vigilacircncia da qualidade da aacutegua para o consumo humano e seu padratildeo de qualidade COSTA C PASQUAL M Participaccedilatildeo e poliacuteticas puacuteblicas na seguranccedila alimentar e nutricional no Brasil Participaccedilatildeo popular nas poliacuteticas

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VILA ESPERANCcedilA SAtildeO LUIacuteS-MA BRASIL

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ambiental de escolares de uma aacuterea rural do Municiacutepio de Bandeirantes Rev Salusvita Bandeirantes v 26 n 2 p 75-85 2007 PANETTA J C O manipulador fator de seguranccedila e qualidade dos alimentos Rev Higiene Alimentar v 12 n 5 p 8-12 1998 PIOVESAN F Direitos humanos e o direito constitucional internacional 14 ed rev e atual Satildeo Paulo Saraiva 2013 PITTON S E C Prejuiacutezos ambientais do consumo sob a perspectiva geograacutefica In CORTEZ A T C and ORTIGOZA S A G Orgs Da produccedilatildeo ao consumo impactos socioambientais no espaccedilo urbano (on line) Satildeo Paulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2009 146 p PLANO MUNICIPAL DE SEGURANCcedilA ALIMENTAR E NURICIONAL ndash PLAMSAN 2014- 2017 Cacircmara intersetorial de seguranccedila alimentar em Satildeo Luiacutes ndash CAISAN MUNICIPAL SECRETARIA MUNICIPAL DE SEGURANCcedilA ALIMENTAR - SEMSA Francisca de Fatima Ribeiro (Org) Satildeo Luiacutes 2014 RESOLUCcedilAtildeO ndash RDC Nordm 217 DE 21 DE NOVEMBRO DE 2001 AGEcircNCIA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA ndash ANVISA Publicada no DOU em 16122001 Disponiacutevel em lthtppwwwambientespgovbrwp-contentuploadsceaResAnvisa217-01pdfgt Acesso em 23 ago 2014 SILVA JUNIOR E A Manual de Controle Higiecircnico-Sanitaacuterio em Serviccedilos de Alimentaccedilatildeo7 ed Satildeo Paulo Varela 2014 STEVANIM L F Aacutegua de beber Radis Comunicaccedilatildeo e Sauacutede n 168 p 27-29 2016 TOacuteRTORA J C O MARTINS P R COSTA C R M Contaminaccedilatildeo microbiana nas matildeos de pessoas com diferentes atividades profissionais JEM v 88 n 6 p 10-15 2005 VALENTE F L S O direito humano agrave alimentaccedilatildeo desafios e conquistas Satildeo Paulo Cortez Editora 2002 VILA ESPERANCcedilA Disponiacutevel em lthtppwwwwikimapiaorg20077042ptVila-Esperancagt Acesso em 17 jul 2015

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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CAPIacuteTULO 19

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E

CHIKUNGUNYA

Emanuelle Cassiano Agripino Santos Queiroga de LUCENA1

Amanda Rayssa Mendes de SOUZA 2

Eridyan Alves CASADO2 Fabiana Rocha Lima XAVIER3

Bruna Arauacutejo PIRES34

1 Fisioterapeuta Residente em Sauacutede da Famiacutelia e Comunidade FCMPB 2Graduandas do curso de Fisioterapia FCMPB 3 Professora do curso de Fisioterapia FCMPB 4

OrientadoraProfessora do curso de Fisioterapia FCMPB emanuellefisioterapiapbhotmailcom

RESUMO A sauacutede apresenta fatores importantes que expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do paiacutes atraveacutes dos niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo verificados pormeio da alimentaccedilatildeo moradia saneamento baacutesico meio ambiente trabalho renda educaccedilatildeo transporte lazer e o acesso aos bens e serviccedilos essenciais entre outros Nas doenccedilas infecciosas emergentes encontram-se aquelas transmitidas por mosquitos como o Aedes que satildeo os arboviacuterus da Dengue Zika e Chikungunya O objetivo deste trabalho eacute trazer atualizaccedilotildees destes arboviacuterus desde a sua histoacuteria ateacute possiacuteveis recomendaccedilotildees principalmente em sequelas importantes ocasionados por eles Estes viacuterus tecircm se apresentado de maneira mais agressiva ocasionando siacutendromes neuroloacutegicas graviacutessimas como a microcefalia a siacutendrome de Guillain-Barreacute entre outras aleacutem de artralgias com longa duraccedilatildeo A comunidade cientiacutefica busca vaacuterias respostas para compreender o mecanismo de accedilatildeo desses arboviacuterus e o percurso fisiopatoloacutegico que tem levado ao aparecimento de siacutendromes e sequelas Uma quantidade

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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maior de produccedilatildeo cientiacutefica se faz necessaacuteria para buscar vacinas e tratamento adequado para estas doenccedilas Enquanto natildeo se obteacutem todas as respostas ressalta-se a importacircncia de se investir na prevenccedilatildeo de focos dos mosquitos bem como por exemplo cuidando e tratando dos pacientes acometidos por siacutendromes como microcefalia em bebecircs de gestantes contaminadas pelo viacuterusZika promovendo uma melhor qualidade de vida para estes indiviacuteduos Palavras-chaveArboviacuterus Zika Chikungunya

1 INTRODUCcedilAtildeO

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda a

educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e serviccedilos

essenciais(BRASIL 1990) Ainda de acordo com a Lei 808090

o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) deve atuar nas accedilotildees de

vigilacircncia (sanitaacuteria epidemioloacutegica e sauacutede do trabalhador)

aleacutem de desenvolver accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

que engloba a assistecircncia farmacecircutica

A vigilacircncia da sauacutede pode ser considerada um modelo

de sauacutede que serve como pilar ordenador da maneira de agir

em sauacutede Os determinantes sociais os riscos ambientais

epidemioloacutegicos e sanitaacuterios satildeo variaacuteveis envolvidas na

origem desenvolvimento e continuidade dos problemas de

sauacutede Logo nesse modelo os problemas satildeo interpretados e

afrontados de forma intersetorial e conjunta pelos agentes

sociais Eacute necessaacuterio entender que para melhorar a qualidade

de vida e promover a sauacutede de um indiviacuteduo eacute preciso interferir

no contexto em que ele se insere e agir no espaccedilo em que ele

vive(CAMPOS 2003)

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

333

Um dos importantes desafios atuais da sauacutede puacuteblica no

Brasil eacute combater diagnosticar e tratar as doenccedilas infecciosas

emergentes e reemergentes como os arboviacuterus transmitidos por

mosquitos e que causam a Dengue (DENV) Zikae

Chikungunya (CHIKV) Segundo Tauil (2014) essas arboviroses

satildeo resultados da ocupaccedilatildeo urbana desorganizada da

ausecircncia de saneamento baacutesico do aumento indiscriminado da

produccedilatildeo de embalagens descartaacuteveis e de pneus da falta de

coleta e destinos adequados para o lixo bem como da

destruiccedilatildeo do meio ambiente e das condiccedilotildees de habitaccedilatildeo e

de haacutebitos de famiacutelias e comunidades que interferem na

existecircncia de focos e no modo de transmissatildeo aleacutem da

capacidade de adaptaccedilatildeo do vetor agraves novas condiccedilotildees

ambientais

A doenccedila viral que se prolifera mais rapidamente pelo

mundo atualmente eacute a Dengue transmitida pelo mosquito

Aedes (Ae) aegypti No uacuteltimo quinquecircnio a incidecircncia

aumentou 30 vezes atingindo novos paiacuteses e na presente

deacutecada se espalhou nas pequenas cidades e aacutereas rurais

Especula-se que 50 milhotildees de infecccedilotildees por dengue ocorram

a cada ano e que cerca de 25 bilhotildees de pessoas vivam em

paiacuteses onde a dengue eacute endecircmica (BRASIL 2014b)

A Febre de Chikungunya eacute uma arbovirose transmitida

pelas fecircmeas dos mosquitos Ae Aegypti e Ae Albopictus

infectados pelo viacuterus Chikungunya (CHIKV) da famiacutelia

Togaviridae e do gecircnero Alphavirus A princiacutepio o viacuterus era

encontrado em regiotildees tropicais e subtropicais da Aacutefrica no sul

e sudeste da Aacutesia e em ilhas do Oceano Iacutendico Seu nome que

eacute provindo da liacutengua makonde e significa ldquoaquele que se

curvardquo caracteriacutestica comum dos acometidos pelo viacuterus O

primeiro caso de Chikungunya documentado nas Ameacutericas foi

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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em 2013 no Caribe e logo em seguida foi confirmada a

ocorrecircncia no Oiapoque (cidade brasileira) Ateacute outubro de

2014 foram registrados 828 casos no Brasil sendo somente 39

vindos do exterior Curiosamente parece ter havido duas

introduccedilotildees virais diferentes nas Ameacutericas pois o genoacutetipo viral

que foi isolado no Oiapoque e no Caribe natildeo eacute o mesmo que o

estudado na Bahia (BRASIL 2014ordf DONALISIO FREITAS

2015)

O viacuterus Zika foi identificado inicialmente no Brasil em abril

de 2015 A denominaccedilatildeo do viacuterus eacute devido ao local de origem

de sua identificaccedilatildeo em 1947 Macacos sentinelas utilizados no

monitoramento da febre amarela na floresta Zika em Uganda

foram identificados com o viacuterus Cerca de 20 das pessoas

infectadas pelo viacuterus Zika apresentam manifestaccedilotildees cliacutenicas

da doenccedila No geral a evoluccedilatildeo da doenccedila eacute beneacutevola e os

sintomas somem de forma espontacircnea apoacutes 3 a 7 dias Poreacutem

a dor nas articulaccedilotildees pode continuar por quase um mecircs

Formas graves e atiacutepicas satildeo raras mas quando ocorrem

podem excepcionalmente evoluir para oacutebito como identificado

no mecircs de novembro de 2015 pela primeira vez na histoacuteria

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS 2016)

o principal modo de transmissatildeo descrito do viacuterus eacute pela picada

doAedes Outras possiacuteveis formas de transmissatildeo do viacuterus Zika

precisam ser avaliadas com mais profundidade com base em

estudos cientiacuteficos Todavia satildeo cada vez maiores as

evidecircncias de que a transmissatildeo do viacuterus por via sexual eacute

possiacutevel e mais comum do que se pensava anteriormente

Mediante a eclosatildeo atual do surto do viacuterus da Zika e da

Chikungunya o aumento dos casos de Siacutendrome de Guillain-

Barreacute no Brasil bem como o aumento no nuacutemero de crianccedilas

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

335

com microcefalia e a escassez de dados a respeito dessas

doenccedilas faz-se necessaacuterio o desenvolvimento de pesquisas a

respeito do tema bem como criar estrateacutegias para que esses

usuaacuterios sejam tratados de forma a melhorar a sua qualidade

de vida O objetivo desta pesquisa eacute atualizar por meio de

artigos cientiacuteficoso contexto histoacuterico as novas descobertas e

recomendaccedilotildees sobre as doenccedilas transmitidas pelos arboviacuterus

como tambeacutem alertar sobre as possiacuteveis sequelas ou

siacutendromes que a Zika e a Chikungunya podem trazer aos seres

humanos

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Trata-se de um estudo exploratoacuterio por meio de uma

pesquisa do tipo revisatildeo bibliograacutefica Segundo Gil (2008) a

pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida a partir de material

preexistente composto principalmente de livros e artigos

cientiacuteficos Ele ainda afirma que este tipo de pesquisa se torna

indispensaacutevel em estudos com teor histoacuterico Dentro dos

criteacuterios de inclusatildeo foram selecionados artigos

eletronicamente disponiacuteveis publicados no periacuteodo entre 2010

agrave 2016 e encontrados nas bases de dados Scientific Electronic

Library Online (Scielo) Biblioteca Virtual e Sauacutede (BVS)

Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

(Medline) Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Centro Latino-Americano e do Caribe de

Informaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede (Bireme) aleacutem de

informaccedilotildees do Portal do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e do Google

Acadecircmico A coleta de informaccedilotildees ocorreu no periacuteodo entre

os meses de setembro e outubro do ano de 2016 Os

Descritores de Ciecircncias da Sauacutede (Decs) utilizados foram

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

336

Arboviacuterus Zika Chikungunya Foram eliminados do estudo

artigosque natildeo atendiam ao objeto de estudo que estavam fora

do periacuteodo temporal estabelecido repetidos nas bases de

dados e natildeo disponiacuteveis na iacutentegra Para uma melhor

compreensatildeo foi realizada uma busca manual por meio da

consulta a todos os livros relacionados com o tema disponiacuteveis

na biblioteca do campus I da Faculdade de Ciecircncias Meacutedicas

da Paraiacuteba (FCMPB) localizada no municiacutepio de Joatildeo Pessoa

Apoacutes o levantamento da literatura o primeiro passo foi

desenvolver um fichamento para organizar o material Em

seguida os artigos obtidos passaram por uma releituraafim de

obter uma anaacutelise interpretativa e coordenada com o objetivo

preacute-estabelecido e com isso os materiais encontrados foram

compilados em seus aspectos histoacutericos e conceituais

3- RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O combate aos mosquitos do gecircnero Aedes acontece

desde os primoacuterdios confirmado por Requena-Zuacutentildeiga

Mendoza-Uribe e Guevara-Saravia (2016) que cita na literatura

a primeira apariccedilatildeo do mosquito no Egito em 1762 por

Linnaeus Segundo Zara (2016) na metade do seacuteculo XX o

mosquito teve um combate sistematizado e intenso no Brasil

que tendia diminuir o iacutendice de casos de febre amarela urbana

O controle dos vetores versava na extinccedilatildeo mecacircnica de

criadouros se natildeo fosse obtido sucesso desta forma utilizava

larvicidas e outros inseticidas para tratar os criadouros Entre os

anos de 1958 e 1973 no Brasil houve a extinccedilatildeo do mosquito

por duas vezesNo entanto em 1976 ressurgiram dados do

vetor no paiacutes produzido por falhas na vigilacircncia epidemioloacutegica

e pelo crescimento da populaccedilatildeo Depois desses

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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acontecimentos o mosquito ainda hoje se mostra como uma

preocupaccedilatildeo nacional pois encontra-se presente em todos os

estados do Brasil ou seja distribuiacutedo em cerca de 4523

municiacutepios

As duas espeacutecies principais do Aedes satildeo Aedes

aegypti e Aedes albopictus que aleacutem de serem vetores da

Dengue satildeo de outras arboviroses como Chikungunya Zika e

febre amarela e se mostra presente em todo o paiacutes Suas

similaridades satildeo notaacuteveis poreacutem o comportamento e as

diferenccedilas de ambos satildeo decisivos para a dinacircmica de

transmissatildeo das doenccedilas propagaccedilatildeo dos viacuterus e dispersatildeo da

espeacutecie (ZARA 2016)

De acordo com Requena-Zuacutentildeiga Mendoza-Uribe e

Guevara-Saravia (2016) as fecircmeas do mosquito Ae aegypti

satildeo antropofiacutelicas hematofaacutegicas e se adaptam com facilidade

a diversos meios Zara (2016) acrescenta que houve mais

abundancia e migraccedilatildeo do mosquito nas cidades devido a essa

facilidade de adaptaccedilatildeo E diz tambeacutem que a fecircmea faz vaacuterias ingestotildees

de sangue durante o ciclo gonadotroacutefico o que aumenta a sua

aptidatildeo de se infectar e de transmitir os viacuterus tornando o

mosquito um vetor eficaz A parada temporaacuteria no

desenvolvimento da maturaccedilatildeo dos ovos devido agraves condiccedilotildees

ambientais desfavoraacuteveis permite a conservaccedilatildeo do ciclo na

natureza durante as mudanccedilas climaacuteticas sazonais tendo em

vista que a durabilidade dos ovos chega ateacute 492 dias na seca

eclodindo mediante contato com a aacutegua Zara (2016) comenta

em sua obra que a etiologia do mosquito tem como predomiacutenio

ambientes urbanos mas especificamente regiotildees domiciliares

onde existe uma ampla variedade de lugares abandonados a

ceacuteu aberto que podem ser utilizados para deposito de aacutegua

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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provenientes da chuva e que culminam para a facilidade de sua

reproduccedilatildeo que eacute atraveacutes do deposito de ovos

Donaliacutesio e Freitas (2015) afirmam que o Ae albopictus

tem origem na Aacutesia onde em 2005 foram observadas

mutaccedilotildees na proteiacutena E1 do envelope viral na variante ECSA

que possibilitaram melhor adaptaccedilatildeo viral se contradizendo

com Honorio et al (2015) que diz que foi em 2006 nas Ilhas da

Reuniatildeo que uma epidemia resultou em mutaccedilotildees virais

levando a uma transmissibilidade mais eficaz pelo Ae

Albopictus De acordo com Zara (2016) o Ae albopictus eacute capaz

de suportar baixas temperaturas e ao contraacuterio do Ae Aegypti

demonstra preferecircncias por ambientes rurais semi silvestres e

silvestres em semelhanccedila com o Ae Aegypti as fecircmeas satildeo

antropofiacutelicas hematofaacutegicas e na ausecircncia de seres

humanos alimentam-se de neacutectar e de sangue de animais

silvestres Sua reproduccedilatildeo acontece em depoacutesitos naturais No

ano de 1986 no estado do Rio de Janeiro aconteceu o primeiro

registro de Ae Albopictus em seguida em Minas Gerais e em

Satildeo Paulo e em 1987 no Espiacuterito SantoEm 2014 foi relatada

presenccedila do Ae Albopictusem 3285 municiacutepios brasileiros e

sua inexistecircncia em quatro estados Sergipe Acre Amapaacute e

Roraima

31 DENGUE

Na deacutecada atual no Brasil houve a circulaccedilatildeo viral

simultacircnea e com alternacircncia no predomiacutenio dos sorotipos virais

da Dengue DENV1 DENV2 e DENV3 No segundo semestre

de 2010 ocorreu a introduccedilatildeo do DENV4 a partir da regiatildeo

Norte seguida por uma raacutepida dispersatildeo para diversas

Unidades da Federaccedilatildeo (UF) ao longo do 1ordm semestre de 2011

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

339

A circulaccedilatildeo concomitante dos diversos sorotipos vem definindo

o cenaacuterio de hiperendemicidade da doenccedila responsaacutevel pelos

altos niacuteveis de transmissotildees atuais A sucessatildeo de sorotipos

predominantes determinou ciclos de grande transmissatildeo de

Dengue no paiacutes que atingiram seus picos em 2002 (DENV3)

2008 (DENV2) e 2010 (DENV1) e que foram responsaacuteveis por

cerca de 50 dos registros dessa doenccedila nessa deacutecada

(BRASIL 2014b)

A Dengue eacute uma virose febril aguda que pode

apresentar um vasto espectro cliacutenico enquanto a maioria dos

pacientes se recupera apoacutes evoluccedilatildeo cliacutenica leve e

autolimitada uma pequena parte progride para doenccedila grave

Eacute a mais importante arbovirose que afeta o homem

constituindo-se em seacuterio problema de sauacutede puacuteblica mundial

Ocorre e eacute difundida especialmente nos paiacuteses tropicais e

subtropicais onde as condiccedilotildees do meio ambiente beneficiam

o desenvolvimento e a propagaccedilatildeo do Aedes aegypti e do

Aealbopictus Normalmente a primeira manifestaccedilatildeo da

dengue eacute a febre alta (39 a 40degC) de iniacutecio abrupto que

geralmente dura de 2 a 7 dias acompanhada de cefaleacuteia

mialgia artralgia prostraccedilatildeo astenia dor retro-orbital

exantema e prurido cutacircneo Anorexia naacuteuseas e vocircmitos satildeo

comuns No periacuteodo de esfervescecircncia da febre geralmente

entre o 3ordm e o 7ordm dia da doenccedila pode ocorrer o aumento da

permeabilidade capilar em paralelo com o aumento dos niacuteveis

de hematoacutecrito o que marca o iniacutecio da fase criacutetica da Dengue

A diminuiccedilatildeo do nuacutemero de leucoacutecitos progressiva seguida por

uma raacutepida diminuiccedilatildeo na contagem de plaquetas precede o

extravasamento de plasma Derrame pleural e ascite podem ser

clinicamente identificados de acordo com o grau do

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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extravasamento e o volume de fluidos infundidos (BRASIL

2014b)

32 CHIKUNGUNYA

Silva e Milagres (2015) juntamente com Brasil (2014a) e

Donalisio e Freitas (2015) descrevem que a origem do viacuterus

consistia em regiotildees tropicais e subtropicais da Aacutefrica no sul e

sudeste da Aacutesia e em ilhas do Oceano Iacutendico e os primeiros

relatos de casos que apresentavam como sintomas artrite

exantema e febre aparentando ser CHIKV foram ditos no ano

de 1770 poreacutem soacute foi descoberto na sorologia de um paciente

com hipertermia na Tanzacircnia em 1950 Apoacutes isso foram

surgindo vaacuterios surtos por todo o mundo gerando grandes

epidemias

Segundo Valle Pimenta e Aguiar (2016) a Organizaccedilatildeo

Panamericana de Sauacutede (OPAS) lanccedilou em 2004 um alerta

dirigido a todo o territoacuterio das Ameacutericas O Brasil aumentou a

vigilacircncia epidemioloacutegica e enviou meacutedicos para o Caribe

visando qualificaacute-los para discernir os sinais e sintomas de

infecccedilatildeo por Chikungunya dos demais viacuterus O viacuterus chegou ao

Brasil em setembro de 2014 onde foi confirmada a transmissatildeo

do viacuterus Chikungunya entre os brasileiros Jaacute de acordo com

Donalisio e Freitas (2015) e com Acosta-Reyes Navarro-

Lechuga e Martiacutenez-Garceacutes (2015) a OPAS lanccedilou em 9 de

dezembro de 2013 um alerta para o continente americano pois

o primeiro caso de Chikungunya documentado nas Ameacutericas foi

somente em 2013 em Satildeo Martiacuten no Caribe mas confirmando

o que Valle Pimenta e Aguiar (2016) afirmaram logo em

seguida foi confirmada a ocorrecircncia no Oiapoque (cidade

brasileira) em setembro de 2014

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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Ainda paraDonalisio e Freitas (2015) ateacute outubro de

2014 foram registrados 828 casos no Brasil sendo somente 39

vindos do exterior Poreacutem Honorioet al (2015) apresenta dados

divergentes onde o mesmo alega que em 2014 foram

confirmados 2772 casos de CHIKV que foram distribuiacutedos em

Amapaacute (5606 dos casos) Bahia (4379) Distrito Federal

(007) Mato Grosso do Sul (003) Roraima (03) e Goiaacutes

(003) Curiosamente parece ter havido duas introduccedilotildees

virais diferentes nas Ameacutericas pois o genoacutetipo viral que foi

isolado no Oiapoque e no Caribe natildeo eacute o mesmo que o

estudado na Bahia (BRASIL 2014a DONALISIO FREITAS

2015)

Casos de transmissatildeo vertical podem ocorrer quase que

exclusivamente durante o periacuteodo de intraparto em gestantes

virecircmicas e muitas vezes provoca infecccedilatildeo neonatal grave

Pode ocorrer transmissatildeo por via transfusional (transfusatildeo

sanguiacutenea) todavia eacute rara se os protocolos forem observados

(BRASIL 2014a) Conforme Silva e Milagres (2015) os

mosquitos contraem o viacuterus Chikungunya de um ser jaacute

infectado passa por um periacuteodo de incubaccedilatildeo cerca de dez

dias e apoacutes isso as fecircmeas dos mosquitos Ae aegypti e Ae

Albopictussereminfectadas encontram-se aptas a transmitir o

viacuterus para um novo hospedeiro

Haacute diversos achados na literatura sobre a classificaccedilatildeo

cliacutenica da Febre Chikungunya eacute comum a todos que apoacutes o

periacuteodo de incubaccedilatildeo a doenccedila pode ser dividida em trecircs fases

que satildeo essas fase aguda subaguda e crocircnica O aspecto

cliacutenico da Febre Chikungunya constitui-se depois do periacuteodo

de incubaccedilatildeo que dura de trecircs a sete dias apoacutes a picada do

mosquito o indiviacuteduo evolui com quadros hiperteacutermicos

associados agrave dor articular intensa e debilitante cefaleia mialgia

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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e exantema Apesar das similaridades com os sintomas da

dengue a febre Chikungunya ganha destaquepela

poliartriteartralgia simeacutetrica presente em cerca de 80 dos

acometidos geralmente melhorando em ateacutedez dias mas que

tambeacutem pode durar meses ou anos

Segundo Manieroet al (2016) a apresentaccedilatildeo dos sinais

e sintomas da febre Chikungunya acontece mais intensamente

em crianccedilas e idosos ainda que possa se desenvolver em

qualquer indiviacuteduo independente de idade ou sexo Silva e

Milagres (2015) e Brasil (2014a) concordam que 3 a 28 das

pessoas infectadas com o viacuterus natildeo apresentam sintomas

iacutendice baixo em relaccedilatildeo a outras arboviroses poreacutem os

sintomas podem permanecer por meses e ateacute anos em pessoas

sintomaacuteticas Brasil (2014a) acrescenta que os sintomas mais

frequentes no sexo feminino satildeo exantema vocircmitos

sangramento e uacutelceras orais e nos extremos da idade satildeo dor

articular edema e maior duraccedilatildeo da hipertermia

Brasil (2014a) e Manieroetal (2016) concordam que a

fase aguda dura em meacutedia sete dias e se caracteriza com iniacutecio

suacutebito apresentando sintomas como hipertermia exacerbada

exantema prurido fadiga e poliartralgia atingindo

principalmente as pequenas e grandes articulaccedilotildees e Silva e

Milagres (2015) acrescentam a esses sintomas cefaleacuteiae

mialgia Dados mais especiacuteficos sobre a fase aguda satildeo

trazidos por Brasil (2014a) os quaisrelatam que a febre pode

ser contiacutenua ou intermitente geralmente acima de 39ordmC e

existem registros de bradicardia relativa associada

A poliartralgia tem alta incidecircncia nos pacientes da fase

aguda A dor eacute poliarticular geralmente simeacutetrica e acomete

grandes epequenas articulaccedilotildees abrangendo mais comumente

as regiotildees distaisEdemas tambeacutem satildeo comuns na fase aguda

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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e normalmente estatildeo associados agravetenossinovite Tambeacutem tem

se observado dor ligamentar e mialgia prevalentes em braccedilos

e coxas O exantema geralmente eacute macular ou maculopapular

cercade 50 dos pacientes satildeo acometidos abrange o tronco

e as regiotildees distais podendo atingir a face e aparece em meacutedia

de dois a cinco dias apoacutes se iniciar a hipertermia O prurido se

apresenta em frac14 dos acometidos epode ser generalizado ou

localizado na regiatildeo palmo-plantar

A fase subaguda eacute uma progressatildeo da fase aguda como

visto em Brasil (2014a) nesta fase a pirexia desaparece

podendo haver um aumento da intensidade de poliartralgia

incluindo poliartrite distal exacerbaccedilatildeo da dorarticular nas

regiotildees anteriormente acometidas e tenossinovitehipertroacutefica

subaguda em punhos e tornozelos Tambeacutem pode ser visto

astenia prurido generalizadoe exantema maculopapular em

tronco membros e regiatildeo palmo-plantar como na primeira fase

O surgimento de lesotildees purpuacutericas vesiculares e bolhosas

podem acontecer Doenccedila vascular perifeacuterica fraqueza fadiga

e sintomasdepressivos pode acometer parte dos pacientes

A fase crocircnica tambeacutem eacute melhor descrita por Brasil

(2014a) onde o mesmo afirma que a prevalecircncia desta fase tem

uma imensa variedade na literatura chegando a acometer mais

de 50 dos pacientes que tiveram a fase aguda sintomaacutetica

podendo durar meses ou anos A fase tem como fator de risco

idade avanccedilada a partir de 45 anos comorbidades articulares

jaacute existentes e maior intensidade das lesotildees articulares na fase

aguda O sintoma mais comum nesta fase eacute a poliartralgia

persistentes que consiste em dor com ou sem edema limitaccedilatildeo

de movimentos deformidade e inexistecircncia de eritema Existem

registros de dor aleacutem das regiotildees jaacute acometidas nas regiotildees

sacroiliacuteaca lombossacra e cervical Alguns casos evoluem com

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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artropatia destrutivasemelhante agrave artrite psoriaacutesica ou

reumatoide Outros sinais e sintomas que podem ocorrer

durante a fase crocircnica satildeo alopecia bursite tenossinovite

disestesiasparestesias dor neuropaacutetica fenocircmeno de

Raynaud alteraccedilotildees neuroloacutegicas (encefalite

meningoencefalite mielite siacutendrome Guillain-Barreacutedistuacuterbios

do sono alteraccedilotildees da memoacuteria deacuteficit de atenccedilatildeo alteraccedilotildees

dohumor turvaccedilatildeo visual e depressatildeo

A infecccedilatildeo pelo CHIKV apresenta muitas similaridades

com dengue O periacuteodo de incubaccedilatildeo varia de 1 a 12 dias -

meacutedia de 4 dias - acompanhado por febre alta suacutebita dores

agudas e persistentes nas articulaccedilotildees cefaleacuteia fotofobia

mialgia e rash cutacircneo Em cerca de 25 das pessoas

atingidas a infecccedilatildeo eacute assintomaacutetica Natildeo haacute vacinas

preventivas e tratamento etioloacutegico disponiacutevel sendo o vetor o

uacutenico elo vulneraacutevel na cadeia de transmissatildeo da doenccedila

(TAUIL 2014)

33 ZIKA

A associaccedilatildeo entre a infecccedilatildeo pelo viacuterus Zika e os efeitos

adversos para a gestaccedilatildeo e os fetos incluindo a microcefalia

complicaccedilotildees neuroloacutegicas e a siacutendrome de Guillain-Barreacute tem

trazido preocupaccedilotildees para a comunidade cientiacutefica visto que o

viacuterus pode ser transmitido sexualmente (OMS 2016) Natildeo haacute

evidecircncias ateacute o momento de transmissatildeo do viacuterus Zika por

meio do leite materno assim como por urina e saliva (BRASIL

2015)

O viacuterus da Zika tem ocasionado patologias antes jamais

associadas a este viacuterus como a siacutendrome de Guillian-Barreacute e a

microcefalia em receacutem-nascidos de gestantes que tiveram

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

345

contato com o viacuterus em qualquer momento da gestaccedilatildeo

principalmente aquelas que desenvolveram a doenccedila

exantemaacutetica de forma aguda em que foram excluiacutedos outras

hipoacuteteses diagnoacutesticas (BRASIL 2015)

Este novo olhar sobre a iacutentima relaccedilatildeo entre o ZIKA e a

microcefalia se deu em outubro de 2015 quando uma meacutedica

com atuaccedilatildeo no Nordeste do Brasil despertou para o aumento

da demanda do nuacutemero de casos de microcefalia em sua cliacutenica

e notificou o Ministeacuterio da Sauacutede A partir daiacute comeccedilou um

caminho rumo ao desconhecido e a assustadora incidecircncia de

casos que a cada dia cresce ateacute o presente momento de uma

infecccedilatildeo emergente no Brasil causada por um flaviviacuterus e

transmitida por um mosquito jaacute endecircmico no paiacutes o Ae Aegypti

que foi prontamente apontado como um possiacutevel culpado A

maioria dos casos identificados ateacute hoje satildeo encontrados no

Brasil contudo a comunidade internacional em especial a

Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede prontamente se inseriu na

discussatildeo dos casos (CAMARGO 2016)

Cientistas brasileiros pesquisaram o viacuterus do Zika

originaacuterio da Aacutefrica e o viacuterus que circula no Brasil e constataram

que o viacuterus que estaacute no paiacutes eacute mais agressivo que o africano

pois nesta pesquisa realizada com miniceacuterebros (extraiacutedos de

ceacutelulas-tronco adultas de dentes de leite de crianccedilas saudaacuteveis

que apoacutes alguns processos em laboratoacuterio se transformaram

em miniceacuterebros) infectados apresentaram diminuiccedilatildeo da

espessura da camada que corresponderia agravequela que proveacutem

do coacutertex cerebral a camada mais superficial do ceacuterebro e mais

afetada nos bebecircs com microcefalia causada por Zika Mesmo

mantendo quase 90 de equivalecircncia geneacutetica com o viacuterus

africano pode-se dizer que o Zika brasileiro jaacute possui

caracteriacutesticas bem diversas visto que no experimento foi

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

346

possiacutevel perceber que em miniceacuterebros de chimpanzeacute ele natildeo

alterou as ceacutelulas que originam o coacutertex indicando que o viacuterus

brasileiro eacute mais agressivo e provavelmente mais adaptado a

se duplicar em ceacutelulas humanas (CUGOLA et al 2016)

Apesar de serem pesquisas iniciais elas respondem questotildees

sobre o porquecirc da maioria dos casos correlacionados entre

microcefalia e Zika apresentarem-se em maior nuacutemero no

Brasil

Sobre a microcefalia pode-se afirmar que eacute uma

malformaccedilatildeo congecircnita em que natildeo ocorre o desenvolvimento

cerebral de forma adequada Caracteriza-se por um periacutemetro

cefaacutelico inferior ao esperado para a idade e sexo e a depender

de sua etiologia pode derivar de malformaccedilotildees estruturais do

ceacuterebro ou de uma seacuterie de fatores com diversas origens tipo

substacircncias quiacutemicas e agentes bioloacutegicosinfecciosos

(bacteacuterias viacuterus e radiaccedilatildeo) Apoacutes a confirmaccedilatildeo deste de

diagnoacutestico o bebecirc deveraacute ser inserido num programa

multiprofissional de estimulaccedilatildeo precoce o mais raacutepido

possiacutevel tendo em vista o desenvolvimento da indepecircndencia

funcional e qualidade de vida destas crianccedilas (BRASIL 2015)

O Ministeacuterio da Sauacutede estaacute investigando todos os casos

informados pelos estados de microcefalia e outras alteraccedilotildees

do sistema nervoso central e a possiacutevel relaccedilatildeo com o viacuterus

Zika e outras infecccedilotildees congecircnitas jaacute que a microcefalia pode

ter por causa diversos agentes infecciosos como Siacutefilis

Toxoplasmose Outros Agentes Infecciosos Rubeacuteola

Citomegaloviacuterus Herpes Viral aleacutem do ZIKA Ateacute 16 de julho

de 2016 foram confirmados 1709 casos de microcefalia e

outras alteraccedilotildees do sistema nervoso sugestivos de infecccedilatildeo

congecircnitasendo que 267 casos foram confirmados por criteacuterio

laboratorial especiacutefico para oZika O ministeacuterio considera que

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

347

houve infecccedilatildeo pelo Zika na maior parte das matildees que tiveram

bebecircs com diagnoacutestico final de microcefaliaOs casos

confirmados de microcefalia englobam 595 municiacutepios

espalhados por todos os estados brasileiros (BRASIL 2016)

Diante tudo isso que foi exposto acima na condiccedilatildeo

epidemioloacutegica em que o Brasil se encontra acaba-se natildeo

dando importacircncia as rotinas simples do dia a dia Esquece-se

do queparece trivial mas que eacute de fundamental importacircncia no

combate ao mosquito e as suas consequumlecircncias catastroacuteficas na

vida humana que satildeo as medidas de profilaxia a saber manter

bem tampados caixas toneacuteis e barris de aacutegua coletar o lixo em

sacos plaacutesticos amarrados e manter a lixeira fechada colocar

garrafas de plaacutestico e vidro com a boca virada para baixo limpar

as calhas evitando o acuacutemulo de aacutegua nas lajes encher os

pratinhos ou vasos de plantas com areia ateacute a borda guardar

os pneus em locais cobertos lavar com frequumlecircncia e com aacutegua

e sabatildeo os recepientes utilizados para guardar aacutegua pelo

menos uma vez por semana Estas por sua vez devem ser

orientadas por todos os profissionais de sauacutede e praticadas por

toda a populaccedilatildeo

4 CONCLUSOtildeES

O relato histoacuterico e conceitual retrata o aparecimento dos

arboviacuterus sua transmissatildeo atraveacutes de um vetor que pode ser o

Aedes aegypti e albopictus entre outros Ao longo dos anos

sucederam vaacuterios fatores ambientais de destruiccedilatildeo

desmatamento desenfreado urbanizaccedilatildeo crescente estas

foram atitudes que favoreceram ao adoecimento do ser humano

pelos mosquitos contaminados que se adaptaram ao habitat do

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

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homem moderno e urbano jaacute que as florestas tecircm sido

dizimadas

Hoje o mundo e principalmente o Brasil tem sofrido com

a Dengue a Zika e a Chikungunya e suas novas e assustadoras

consequecircncias atraveacutes do aparecimento de siacutendromes e

patologias jamais associadas as mesmas como a microcefalia

a siacutendrome de Guillain-Barreacute poliartralgias entre outras ainda

nem descobertas Na tentativa de descobrir o que estaacute

acontecendo cientistas tem realizado pesquisas com objetivo

de obter respostas importantes sobre a etiologia fisiopatologia

o percurso patoloacutegico dessas doenccedilas para entender o

comportamento dos arboviacuterus que levaram ao aparecimento de

uma microcefalia em bebecircs de gestantes contaminadas

A cada dia surgem novas pesquisas e novas perguntas

apesar de ter-se avanccedilado bastante desde as uacuteltimas

epidemias Eacute possiacutevel distinguir os principais sinais e sintomas

e fazer as diferenciaccedilotildees necessaacuterias entre a Dengue Zika e

Chikungunya bem como conhecer melhor o tipo de arboviacuterus

da Zika e Chikungunya que circula no Brasil o qual eacute mais

agressivo do que aquele que apareceu em outros locais no

mundo contudo ainda haacute muitas perguntas sem respostas que

precisam da continuidade e da intensificaccedilatildeo das pesquisas no

meio cientiacutefico para poder encontrar vacinas que protejam o ser

humano dos arboviacuterus eou tratamentos que possam bloquear

a accedilatildeo dos mesmos ou medicaccedilotildees que tragam a cura

Enquanto esta realidade natildeo chega cabe aos

profissionais de sauacutede cuidar da melhor forma possiacutevel dos

pacientes tanto com medidas profilaacuteticas contra o

aparecimento de focos do mosquito quanto proporcionando

tratamento e qualidade de vida aos pacientes acometidos por

alguma dessas doenccedilas como a microcefalia em bebecircs atraveacutes

UMA REVISAtildeO HISTOacuteRICA E EPIDEMIOLOacuteGICA DOS PRINCIPAIS ARBOVIacuteRUS DENGUE ZIKA E CHIKUNGUNYA

349

da estimulaccedilatildeo precoce e o uso de recursos terapecircuticos nas

artralgias por exemploEacute de extrema importacircncia que o cuidado

seja ofertado por uma equipe multiprofissional e que todos os

atores envolvidos (profissionais e usuaacuterios) estejam engajados

na prevenccedilatildeo dessas arboviroses

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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350

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EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

351

CAPIacuteTULO 20

EFEITOS DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

Catarina Noacutebrega LOPES1

Grace Kelly Gomes LEAL1

Marina Mousinho de Pontes DAMACENO 1

Cynthia Germoglio Farias de MELO2

1 Graduandas do curso de Medicina FCM-JP 2OrientadoraProfessora daFCM-JP catariinalopeshotmailcom

RESUMO Este estudo tem como objetivo discutir os efeitos das drogas teratogecircnicas e de outros agentes que possam causar lesotildees e atrofias no sistema nervoso dos embriotildees e feto Trata-se de uma revisatildeo bibliograacutefica baseada na literatura especializada atraveacutes de consulta a artigos cientiacuteficos selecionados atraveacutes de busca no banco de dados do Scielo e da BVS a partir das fontes Medline e Lilacs Os estudos encontrados mostram que alguns faacutermacos bacteacuterias fungos e ateacute mesmo a radiaccedilatildeo ao entrarem em contato com a mulher durante o periacuteodo gestacional podem causar efeitos teratogecircnicos severos ao sistema nervoso do embriatildeo Essas alteraccedilotildees satildeo ocasionadas geralmente durante o periacuteodo de organogecircnese ou durante as 12 primeiras semanas gestacionais Dessa forma resulta-se em problemas comportamentais cognitivos psicoloacutegicos morfofisioloacutegicos e afetam tambeacutem o trabalho de parto As sequelas podem se expressar logo apoacutes o nascimento ou ao logo da vida do indiviacuteduo Nesse estudo as categorias dos faacutermacos foram divididas e correlacionadas aos efeitos teratogecircnicos no sistema nervoso como vaacuterios antibioacuteticos importantes tais como estreptomicinas causando anomalias no VIII par de nervos craniais ou tambeacutem alguns dos anticonvulsivantes como o aacutecido valproacuteico que causam defeitos principalmente no

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

352

tubo neural do embriatildeo E logo em seguida foi-se segregado vaacuterios outros agentes que acarretam doenccedilas nervosas como a siacutefilis congecircnita seguido dos perigos da radiaccedilatildeo Palavras-chave Faacutermacos teratogecircnicos Sistema Nervoso Embriotildees Fungos Bacteacuterias Radiaccedilatildeo

1 INTRODUCcedilAtildeO

De origem ectodeacutermica o sistema nervoso tem sua

maior parte derivada do tubo neural e cristas neurais Dessa

maneira uma placa neural comeccedila a se desenvolver e dar

origem a um sulco longitudinal intitulado posteriormente por

sulco neural e que eacute delimitado de ambos os lados pelas pregas

neurais Com isso no final da terceira semana as pregas

neurais devido ao crescimento celular comeccedilam a se

aproximar da linha meacutedia unindo-se na zona das futuras

veacutertebras cervicais e assim forma-se o tubo neural que

desenvolve todo o sistema nervoso central (SNC) e tambeacutem a

cavidade que se encontra no seu interior seraacute o sistema

ventricular do enceacutefalo (MOORE et al 2016)

A accedilatildeo dos teratoacutegenos no feto ou embriatildeo eacute dependente

de diversos aspectos como etapa de desenvolvimento o

periacuteodo de organogecircnese o qual eacute representado da terceira a

oitava semana de vida embrionaacuteria sendo o mais criacutetico

posteriormente a este periacuteodo os impactos satildeo manifestados no

sistema nervoso central afetando ainda o crescimento fetal

Assim se estabelece uma associaccedilatildeo entre dose e efeito as

alteraccedilotildees anormais crescem agrave medida que se impulsiona a

dose do agente o que pode gerar desde nenhum efeito ateacute

danos funcionais malformaccedilotildees ateacute morte fetal (BARNESS

2010)

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

353

A teratogenicidade morfoloacutegica fetal estaacute relacionada agrave

exposiccedilatildeo ao longo do periacuteodo de organogecircnese ou durante as

primeiras 12 semanas de gestaccedilatildeo A siacutendrome perinatal eacute

caracterizada por sintomas fiacutesicos e comportamentais

percebidos imediatamente apoacutes o nascimento ocasionados em

decorrecircncia da administraccedilatildeo de faacutermacos proacuteximos a ou

durante o trabalho de parto sendo esses na maioria das vezes

de curta duraccedilatildeo As sequelas comportamentais satildeo atribuiacutedas

agrave possibilidade de anormalidades neurocomportamentais ao

longo da vida das crianccedilas expostas intra-uacutetero a drogas

teratogecircnicas (HALES 1996)

Teratoacutegeno comportamental eacute todo e qualquer faacutermaco

que atua sobre o sistema nervoso central materno agindo

tambeacutem sobre o sistema nervoso central do embriatildeo ou feto

acarretando agravos no desenvolvimento neuroloacutegico e

neurocomportamental (SOARES P 2003)

Aleacutem dos faacutermacos outros agentes ambientais tecircm

provocado teratogenicidade no sistema nervoso de fetos e

embriotildees tais como viacuterus protozoaacuterios bacteacuterias e fungos A

radiaccedilatildeo tambeacutem tem ocasionado efeitos teratogecircnicos para o

feto A radiaccedilatildeo ionizante na qual inclui partiacuteculas alfa e beta e

alguma radiaccedilatildeo eletromagneacutetica raios gama e raios-X podem

alterar direta ou indiretamente a estrutura normal de uma ceacutelula

viva Estudos natildeo tecircm consistentemente encontrado uma

relaccedilatildeo causal entre a exposiccedilatildeo preacute-natal aos campos

eletromagneacuteticos e defeitos congecircnitos aborto espontacircneo ou

leucemia infantil (NAKAGAWA et al 1997) Nesse sentido as

mulheres graacutevidas devem ser aconselhadas a realizar o exame

diante da necessidade

O objetivo do estudo foi fazer um levantamento de

algumas das mais evidentes drogas e outros agentes que

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

354

causam teratogenicidade no sistema nervoso dos embriotildees

podendo assim esclarecer o funcionamento do faacutermaco e dos

causadores de doenccedilas no corpo humano e seus perigos para

o embriatildeo

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Este estudo constitui-se de uma revisatildeo da literatura

realizada no mecircs de outubro de 2016 no qual se sucedeu uma

consulta aos bancos de dados da Scielo e da BVS a partir das

fontes Medline e Lilacs As palavras-chave utilizadas na busca

foram faacutermacos teratogecircnicos sistema nervoso embriotildees

fungos bacteacuterias e radiaccedilatildeo

Os criteacuterios de inclusatildeo para os estudos encontrados

foram os efeitos de drogas teratogecircnicas no sistema nervoso

dos embriotildees e os efeitos dos agentes como bacteacuterias fungos

e radiaccedilotildees

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Faacutermacos com atividade teratogecircnica

Diferentes faacutermacos podem ser utilizados durante a

gestaccedilatildeo No entanto estes podem atuar como agentes

tetogecircnicos tais como os antibioacuteticos anticonvulsivantes

anticoagulantes antineoplaacutesicos entre outros Muitos trabalhos

tem correlacionado a accedilatildeo destes faacutermacos no

desenvolvimento do sistema nervoso A tabela 1 abaixo retrata

de forma resumida a accedilatildeo de alguns faacutermacos no SNC bem

como em outras regiotildees no embriatildeo e feto

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

355

Tabela 1 Relaccedilatildeo dos faacutermacos com suas consequecircncias no

organismo

CONSEQUEcircNCIAS

ANTIBIOacuteTICOS

Estreptomicinas

Podem provocar anomalias do VIII par de nervos cranianos (ramos vestibular e coclear) levando agrave perda do equiliacutebrio e audiccedilatildeo aleacutem de maior ocorrecircncia de hemorragias fetais

Miconazol

Causam embriotoxicidade malformaccedilotildees no cracircnio olho palato espinha e veacutertebras

ANTICOAGULANTES Varfarina Hipoplasia de cartilagem nasal epiacutefises

pontilhadas defeitos do sistema nervoso central hemorragias meniacutengeas abortos

ANTITIREOIDEANAS Iodetos inorgacircnicos

Podem provocar aumento da tireoide e cretinismo ( perturbaccedilatildeo grave do desenvolvimento fiacutesico intelectual)

ANTICONVULSIONANTES Aacutecido valproico

Defeitos de fechamento de tubo neural microcefalia espinha biacutefida aleacutem de cardiopatias anomalidades faciais e retardo mental

Trimetadiona e parametadiona

Podem provocar retardo mental retardo de crescimento intra-uterino malformaccedilotildees cardiovasculares urinaacuterias e de membros alteraccedilotildees na face fenda palatina

ANTINEOPLASICO Aminopterina Anencefalia meningocele hidrocefalia fendas

labiais e palatina

Ciclofosfamida

Age interferindo o funcionamento normal do DNA aleacutem de provocar ligaccedilatildeo cruzada dos seus filamentosforte agente imunossupressor e defeitos no sistema nervoso central

ANTIEMEacuteTICO Talidomida

Defeitos de reduccedilatildeo de membros (Ameacutelia focomelia hipoplasia) anomalias de face (olhos e ouvidos) cardiopatias anomalias renais atresiaanal defeitos de tubo neural e anomalias toraacutecicas

TRANQUILIZANTES Carbonato de liacutetio

Podem causar anomalias congecircnitas sendo as mais destacadas a espinha biacutefida meningocele hidrocefalia hipotireoidismo com boacutecio cardiomegalia

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

356

Fonte Elaborada pelos autores (JOBIM E MDA SILVA J E P KRUMEL C F MACHADO C P H LACAZ C DA SILVA et al)

Outros agentes com atividade teratogecircnica

Assim ainda podemos trazer agrave tona alguns agentes (natildeo

faacutermacos) que causam deformidades e influenciem no mau

desenvolvimento do Sistema Nervoso de um embriatildeo Como jaacute

discutido durante o desenvolvimento do embriatildeo os trecircs

primeiros meses satildeo o periacuteodo mais criacutetico pois eacute onde comeccedila

a desenvolver a parte histoloacutegica do corpo Dessa forma

diversas toxinas que entram em contato com o embriatildeo podem

causar seacuterias alteraccedilotildees na conformaccedilatildeo dos tecidos sendo o

sistema nervoso um dos mais modificados Sabe-se a eficaacutecia

da barreira placentaacuteria mas ela natildeo consegue impedir a

entrada de alguns teratoacutegenos ambientais agentes virais e

bacterianos e dos faacutermacos como explicitado anteriormente

Eacute muito comum nas infecccedilotildees congecircnitas o complexo

de TORCH (Toxoplasmose outras infecccedilotildees Rubeacuteola

Citomegaloviacuterus e Herpes simples) que satildeo infecccedilotildees

transmitidas da matildee para o feto via vilosidade coriocircnica

hematoacutegena ou materno-fetais A TORCH eacute uma siacutendrome

caracterizada por microcefalia surdez coriorretinite

hepatosplenomegalia e trombocitopenia

Toxoplasmose Congecircnita

Classificada como uma doenccedila infecciosa que resulta da

transferecircncia transplacentaacuteria do Toxoplasma gondii para o

concepto decorrente de infecccedilatildeo primaacuteria da matildee durante a

gestaccedilatildeo ou por casos recidivantes mais agudos de infecccedilatildeo

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

357

preacutevia em matildees imunodeprimidas Segundo Jobime

colaboradores (2004) a toxoplasmose congecircnita tem

prevalecircncia de um para cada 300 nascimentos

A gestante tem seu sistema imunoloacutegico modificado

durante este periacuteodo contribuindo para que quando infectada

a doenccedila seja pouco manifesta para ser reconhecida pelos

meacutedicos e pela proacutepria paciente e com isso causa seacuterios

danos ao feto como lesotildees e malformaccedilotildees muito intensas

como microcefalia hidrocefalia meningite como cegueira e

atraso mental pode ter encefalite (inflamaccedilatildeo na parte do

sistema nervoso central que compreende ceacuterebro cerebelo e

medula alongada)como mostrado na Fig (1) Algumas dessas

infecccedilotildees soacute se manifestam quando o indiviacuteduo atinge certa

idade como coriorretinitetoxoplasmaacutetica que eacute perceptiacutevel

apenas na fase da adolescecircncia ou adulta existe tambeacutem os

casos de morte do embriatildeo (COOK 2000)

Figura 1 Toxoplasmose congecircnita ndash Hidrocefalia

Fontehttpwwwmdsaudecom201008toxoplasmose-gravidez-

toxoplasmosehtml

Citomegaloviacuterus

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

358

O Citomegaloviacuterus (CMV) pertence agrave famiacutelia dos herpes

viacuterus a mesma dos viacuterus da catapora do herpes simples do

genital e do herpes zosterQuando haacute a penetraccedilatildeo do CMV no

organismo uma seacuterie de manifestaccedilotildees cliacutenicas podem ocorrer

mas eacute importante dizer que varia a cada indiviacuteduo saindo de um

discreto mal-estar e febre comuns nas gripes e resfriados ateacute

doenccedilas graves que interferem no bom funcionamento do

aparelho digestivo dos pulmotildees do sistema nervoso central e

da retina (MUSSI-PINHATA et al 1999)

Nas pessoas saudaacuteveis a infecccedilatildeo inicial costuma ser

assintomaacutetica Algumas poreacutem desenvolvem um quadro

parecido com o da mononucleose infecciosa O importante de

frisar eacute que uma vez infectadas o Citomegaloviacuterus nunca mais

abandona o organismo ficando instalado de forma latente e

qualquer baixa nas condiccedilotildees imunoloacutegicas do hospedeiro

pode reativar a infecccedilatildeo

A infecccedilatildeo por Citomegaloviacuterus durante a gravidez eacute a

mais comum estaacute em segundo lugar como causa de defeitos

mentais em alguns paiacuteses ficando atraacutes apenas da Siacutendrome

de Down Com isso essa infecccedilatildeo pode afetar o embriatildeo

causando surdez neurossensorial retardo no aparelho

psicomotor disacuidade visual microcefalia coriorretinite

calcificaccedilatildeo periventricular hipoacusia espasticidade

epilepsia

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

359

Varicela

Quando uma mulher tem uma infecccedilatildeo por varicela

durante as primeiras 20 semanas de gravidez haacute uma chance

de 2 que o bebecirc teraacute um grupo de defeitos chamado siacutendrome

de varicela congecircnita que inclui cicatrizes defeitos de muacutesculo

e osso malformados e membros paralisados tamanho pequeno

da cabeccedila cegueira convulsotildees e retardo mental Esta

siacutendrome eacute raramente vista se a infecccedilatildeo ocorre apoacutes 20

semanas de gravidez

Rubeacuteola Congecircnita

A siacutendrome da Rubeacuteola congecircnita consiste em uma

triacuteade caracterizada por cataratas defeitos cardiacuteacos surdez

sensorioneural Existem diversas anomalias que satildeo

classificadas em trecircs categorias

Temporaacuterias baixo peso quando nasce

hepatosplenomegalia puacuterpura trombocitopenia lesotildees oacutesseas

meningoencefalite hepatite anemia hemoliacutetica pneumonia

linfadenopatia

Permanentes Surdez sensorioneural defeitos cardiacuteacos

(estenose pulmonar perifeacuterica estenose valvular pulmonar

duto arterioso patente defeito no septo ventricular defeitos

oculares (retinopatia cataratas microftalmia glaucoma miopia

severa) outros defeitos (microcefalia diabetes mellitus

defeitos da tireoacuteide anormalidades dermatogliacutepticas

Desenvolvimento Surdez sensorioneural retardo

mental diabetes mellitus patologias na tireoide

Os bebecircs que nascem com rubeacuteola congecircnita Fig (2)

podem transmitir a doenccedila atraveacutes das secreccedilotildees respiratoacuterias

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

360

e urina por cerca de um ano e por isso devem ser mantidos a

distacircncia de outras crianccedilas que ainda natildeo tenham sido

vacinadas (COSTA et al 2013)

Isso eacute importante e porque as crianccedilas soacute podem ser

vacinadas apoacutes os 12 meses de vida recebendo reforccedilo da

dose entre os quatro e os seis anos Assim se o bebecirc for

diagnosticado com esta siacutendrome ele natildeo pode frequentar a

creche nem a escolinha ateacute completar um ano de idade ou ateacute

que os meacutedicos consigam comprovar que ela jaacute natildeo eacute capaz de

transmitir o viacuterus (COSTA et al 2013)

Figura 2 Crianccedila portadora de rubeacuteola congecircnita

Fontehttpalertasaudecomcolaboracoesa-rubeola-o-sarampo-alemao

Herpes simples

A principal manifestaccedilatildeo do herpes simplex uma

infecccedilatildeo causada por viacuterus eacute a presenccedila de pequenas

vesiacuteculas agrupadas que podem aparecer em qualquer parte do

corpo Fig (3) mas que em geral surgem nos laacutebios e nos

genitais Nos laacutebios elas se localizam preferencialmente na

aacuterea de transiccedilatildeo entre a mucosa e a pele e de um lado soacute da

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

361

boca embora na primeira infecccedilatildeo possam ocorrer quadros

mais extensos

Em geral a erupccedilatildeo dura em torno de sete a 10 dias e

entatildeo o viacuterus entra em estado de dormecircncia permanecendo

nos neurocircnios dos gacircnglios sensoriais No indiviacuteduo que jaacute teve

varicela quando haacute comprometimento da imunidade por

doenccedilas estresse ou medicamentos que baixam a resistecircncia

o viacuterus pode ser reativado e causar o cobreiro e natildeo a

cataporaA irrupccedilatildeo das lesotildees cutacircneas eacute precedida por

alguns sintomas locais como coceira ardor agulhadas

formigamento mas em torno de uma semana o problema

desaparece

Apoacutes a infecccedilatildeo o viacuterus se aloja em estruturas do

sistema nervoso chamadas gacircnglios sensoriais Nestas

estruturas o viacuterus permanece em estado de latecircncia

(dormecircncia) por toda a vida Quando as defesas do portador

ficam comprometidas o viacuterus pode se multiplicar e voltar a se

manifestar Estresse irradiaccedilatildeo ultravioleta (sol) outras

infecccedilotildees virais doenccedilas e medicamentos que reduzem a

defesa imunoloacutegica satildeo condiccedilotildees capazes de reativar o herpes

simplex

Sendo assim o feto quase sempre eacute infectado com o

viacuterus herpes simplex durante excreccedilatildeo viral do colo do uacutetero ou

do trato genital inferior O viacuterus tanto pode invadir o uacutetero apoacutes

as membranas terem sido rompidas como feto pode entrar em

contacto com o viacuterus durante o parto Dessa maneira a infecccedilatildeo

de receacutem-nascido pode tomar uma das trecircs formas doenccedila

disseminada com a participaccedilatildeo dos principais oacutergatildeos infecccedilatildeo

localizada (onde a participaccedilatildeo se limita ao sistema nervoso

central olhos pele ou mucosa) ou assintomaacutetica

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

362

Siacutefilis Congecircnita

Durante a segunda metade da gestaccedilatildeo quando a

graacutevida nunca fez o tratamento para a siacutefilis ou quando

comeccedilou o tratamento menos de quatro semanas antes do

parto a siacutefilis congecircnita pode aparecer por meio da passagem

da bacteacuteria pela barreira placentaacuteria causando anormalidades

para o desenvolvimento do bebecirc como a surdez e a cegueira

mas tambeacutem pode ser responsaacutevel por problemas como

aborto espontacircneo prematuridade ou baixo peso ao

nascimento (BEHRMAN et al 2009)

Na maior parte dos casos os bebecircs nascem sem

quaisquer sintomas de infecccedilatildeo pela siacutefilis poreacutem ateacute aos dois

anos de idade podem surgir sinais precoces como algumas

manchas brancas e vermelhas com descamaccedilatildeo da derme

pele muito amarelada coriza com secreccedilotildees avermelhadas

alteraccedilotildees visuais e dificuldade para aumentar de peso

Apoacutes o segundo ano de vida podem ainda surgir

sintomas mais graves como alteraccedilotildees nos ossos e dificuldade

para aprender caracterizando a siacutefilis congecircnita tardia Assim

a forma que existe para evitar a siacutefilis congecircnita eacute a precauccedilatildeo

ou seja eacute importante que a graacutevida faccedila todas as consultas de

preacute-natal onde satildeo feitos exames de sangue importantes para

identificar possiacuteveis infecccedilotildees que podem afetar o bebecirc durante

a gestaccedilatildeo (SONDA et al 2013)

Acredita-se que o feto natildeo pode ser infectado com siacutefilis

no iniacutecio da gravidez porque uma camada citotrofoblaacutestica de

ceacutelulas nas vilosidades coriocircnicas da placenta impede que o

espiroquete passe de sangue materno para fetal Esta camada

celular desaparece no sexto mecircs

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

363

Uma vez que o espiroqueta geralmente natildeo atinge o

conceito durante o primeiro trimestre geralmente natildeo eacute uma

causa de aborto No entanto tem havido um relato de

endometrite sifiliacutetica causando aborto no primeiro trimestre

como uma potencial causa infecciosa de morbidade fetal no

iniacutecio da gestaccedilatildeo

Zika Viacuterus

Enquadrado como um Flaviviacuterus transmitido pelo

mosquito Aedes aegypti que tambeacutem transmite outras duas

doenccedilas a dengue e a chikungunya a doenccedila nunca trouxe

maiores complicaccedilotildees a quem foi infectado Poreacutem no ano de

2015 segundo relatoacuterio do Ministeacuterio da Sauacutede houve indiacutecios

da relaccedilatildeo entre o Zika Viacuterus e a microcefalia congecircnita que eacute

quando a gestante eacute infectada e contamina o feto afetando o

desenvolvimento do ceacuterebro e do cracircnio do bebecirc (NUNES et al

2016)

Eacute importante registrar a evoluccedilatildeo do desenvolver do

viacuterus sendo primeiramente isolado em Uganda no ano de

1947 na Floresta Zika o que sucedeu a denominaccedilatildeo

Passando uma meacutedia de 62 anos (ateacute 2013) sem muito

destaque (ficando com evidecircncias soroloacutegicas em humanos nos

paiacuteses como Tanzacircnia Egito Serra Leoa Iacutendia Malaacutesia

Filipinas Tailacircndia Vietnatilde Indoneacutesia entre outros) em 2014

na Ilha de Paacutescoa identificou-se novamente a Zika (AGEcircNCIA

BRASIL 2006)

Eacute tanto que em paiacuteses como Canadaacute Alemanha Itaacutelia

Japatildeo Estados Unidos e Austraacutelia tecircm casos recentes de Zika

Viacuterus de forma ldquoimportadardquo ou seja pessoas que foram

infectadas em outros paiacuteses e que retornaram aos seus locais

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

364

de origem vatildeo levando consigo a doenccedila pois os sintomas da

doenccedila normalmente se apresentam no indiviacuteduo apoacutes 10 dias

da picada do mosquito e sua fase aguda dura de quatro a sete

dias

Tem-se a hipoacutetese de que o viacuterus Zika pode ser

transmitido da gestante para o feto mas ainda natildeo foi

confirmada A falta de evidecircncias cientiacuteficas quanto a isso faz

com que a transmissatildeo do viacuterus da matildee para o bebecirc ainda seja

vista como uma suspeita e natildeo uma constataccedilatildeo

Contudo o viacuterus Zika jaacute foi encontrado no liacutequido

amnioacutetico assim como no ceacuterebro de fetos mas os estudos

ainda satildeo recentes e foram feitos em poucas crianccedilas o que

torna uma incoacutegnita esse tipo de transmissatildeo assim como se

ela pode ocorrer em todos os casos (NUNES et al 2016)

Relacionando o viacuterus a um comprometimento nervoso do

embriatildeo a microcefalia eacute uma condiccedilatildeo em que a cabeccedila da

pessoa apresenta um tamanho menor Fig (3) do que o

tamanho meacutedio da cabeccedila de crianccedilas do mesmo sexo e faixa

etaacuteria Essa condiccedilatildeo se daacute devido ao crescimento insuficiente

do ceacuterebro durante a gravidez ou apoacutes o nascimento do bebecirc

Pelo nuacutemero de casos de microcefalia ter crescido junto

do surto do viacuterus Zika haacute a suspeita de que os dois fatos

estejam ligados pois ainda foi possiacutevel analisar que muitas

matildees que deram agrave luz a crianccedilas com microcefalia

apresentaram manchas vermelhas no corpo associada a um

quadro de febre no iniacutecio da gestaccedilatildeo sendo essas duas

caracteriacutesticas sintomas da infecccedilatildeo do viacuterus Zika (PINTO

JUNIOR et al 2015)

Aleacutem disso geralmente os bebecircs que nascem com

microcefalia apresentam caracteriacutesticas fiacutesicas parecidas

Dessa maneira pelos bebecircs recentemente nascidos no Brasil

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

365

com microcefalia terem apresentados fisionomias parecidas a

suspeita de que o contaacutegio do Zika viacuterus estaacute relacionado aos

casos de microcefalia aumentou (PINTO JUNIOR et al 2015)

Figura 3 Crianccedila com microcefalia

Fontehttpwwwvaltervieiracombrnoticiabrasil52608governo-priorizara-

no-minha-casa-familia-de-crianca-com-microcefalia

Fungos afetando o Sistema Nervoso

Entre as micoses existentes a

granulomatosecriptocoacutecica eacute a que mais comumente gera

agravos ao sistema nervoso Os casos relatados pelo

acometimento da mesma ainda satildeo poucos (cerca de 80)

devido agrave semelhanccedila sintomatoloacutegica com a tuberculose ou a

lues

Em 50 dos casos relatados a infecccedilatildeo pela levedura

possuiacutea localizaccedilatildeo meniacutengea sendo a inflamaccedilatildeo quase

sempre localizada com pequenos cistos ou granulomas A

infecccedilatildeo meniacutengea acarreta por contiguidade a aacuterea

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

366

superficial da corticcedila cerebral gerando sintomas

sintomatoloacutegicos de meningo-encefalite No entanto raros

grandes granulomas podem chegar a produzir sintomatologia

de tumor intracraniano No que se refere aos sintomas em si

nas formas meniacutengeas o fator inicial perceptiacutevel eacute a cefaleia a

qual passa a se intensificar cada vez mais acompanhada de

vocircmitos e rigidez de nuca Jaacute quando ocorre lesatildeo encefaacutelica

observa-se distuacuterbios psiacutequicos paralisias e paresias ou outros

sintomas focais Aleacutem disso em alguns casos podem ocorrer

sinais de hipertensatildeo intracraniana (LACAZ 1945)

Radiaccedilatildeo

A radiaccedilatildeo ionizante eacute uma onda eletromagneacutetica que

interage com a mateacuteria transferindo sua energia aos eleacutetrons

de seus aacutetomos Segundo Santos (2008) a radiaccedilatildeo ionizante

ao atingir o tecido age sobre os aacutetomos e moleacuteculas

provocando sua divisatildeo em iacuteons isto eacute aacutetomos ou grupos de

aacutetomos com sinais eleacutetricos contraacuterios o que significa que os

tecidos podem sofrer alteraccedilotildees em sua estrutura quiacutemica No

organismo humano essa accedilatildeo ionizante age prioritariamente

sobre os cromossomos com rupturas perda ou com

recombinaccedilotildees anormais e seus efeitos manifestam-se durante

a divisatildeo celular causando assim a evoluccedilatildeo anormal ou a

morte celular (WILLIAMS 2010)

Assim existem categorias de efeitos que a radiaccedilatildeo

pode causar como os efeitos determiniacutesticos estocaacutesticos e

aqueles teratogecircnicos e hereditaacuterios Para Savarego e Damas

(2007) quando um organismo recebe repetidas doses de

radiaccedilatildeo a parte que natildeo foi regenerada pode ter os seus

danos aumentados e o mais importante ocorre no DNA

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

367

Tambeacutem segundo a portaria 453 em seu item (429)

requisitos especiacuteficos para radiodiagnostico meacutedico

procedimentos de trabalho onde descreve que deve ser evitada

a realizaccedilatildeo de exames radioloacutegicos com exposiccedilatildeo do

abdocircmen ou pelve de mulheres graacutevidas ou que possam estar

graacutevidas a menos que existam fortes indicaccedilotildees cliacutenicas

O embriatildeo em desenvolvimento tambeacutem eacute composto de

ceacutelulas que se dividem rapidamente No sistema nervoso essas

ceacutelulas satildeo chamadas de neuroblasto que iratildeo desempenhar

um papel fundamento na formaccedilatildeo de estruturas do sistema

nervoso central e perifeacuterica Assim um embriatildeo sofre serias

consequecircncias com a exposiccedilatildeo aos raios-x De acordo com

Savarego e Damas (2007) os efeitos satildeo uma consequecircncia

geneacutetica da exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo pois ele eacute observado apoacutes o

nascimento embora tenha ocorrido na fase embrionaacuterio-fetal

Os efeitos intrauterinos envolvem a produccedilatildeo de malformaccedilotildees

em embriotildees que se encontram em desenvolvimento

O embriatildeo eacute mais suscetiacutevel aos efeitos da radiaccedilatildeo

durante a organogecircnese (duas a oito semanas apoacutes a

concepccedilatildeo) e no periacuteodo fetal precoce (9 a 15 semanas apoacutes a

concepccedilatildeo) Durante a organogecircnese estaacute acontecendo a

formaccedilatildeo do sistema neroso a partir do tubo neural Os efeitos

da exposiccedilatildeo podem ser teratogecircnicos carcinogecircnicos ou

mutagecircnicos e estatildeo diretamente relacionados com o niacutevel de

exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo Estimativas de risco para efeitos

teratogecircnicos (natildeo cancerosos) e carcinogecircnicos foram

calculadas em bombas atocircmicas e sobreviventes nucleares

uso precoce da imagem diagnoacutestica em mulheres graacutevidas e

estudos em animais

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

368

Os efeitos teratogecircnicos ocasionados pela radiaccedilatildeo

variam de acordo com a dose da radiaccedilatildeo e a quantidade de

semanas do embriatildeo que podemos dividir em fases Fig (4)

Figura 4 Fases e efeitos da radiaccedilatildeo

Fonte Elaborada pelos autores

Na primeira fase os embriotildees que foram expostos e

conseguem se implantar no endomeacutetrio tem seu

desenvolvimento normal igual a um que natildeo foi exposto agrave

radiaccedilatildeo esse efeito eacute conhecido como ldquotudo ou nadardquo E na

ultima fase um embriatildeo de termo tem risco de morte apenas

quando eacute exposto a uma dose de radiaccedilatildeo de 200 Gy

Riscos da radiaccedilatildeo ionizante durante a gravidez

O embriatildeo eacute mais suscetiacutevel aos efeitos da radiaccedilatildeo

durante a organogecircnese (duas a sete semanas apoacutes a

concepccedilatildeo) e no periacuteodo fetal precoce (8 a 15 semanas apoacutes a

concepccedilatildeo) Os efeitos da exposiccedilatildeo podem ser teratogecircnicos

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

369

carcinogecircnicos ou mutagecircnicos e estatildeo diretamente

relacionados com o niacutevel de exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo Estimativas

de risco para efeitos teratogecircnicos (natildeo cancerosos) e

carcinogecircnicos foram calculadas em bombas atocircmicas e

sobreviventes nucleares uso precoce da imagem diagnoacutestica

em mulheres graacutevidas e estudos em animais

Dessa maneira quando uma radiaccedilatildeo ionizante atinge

uma ceacutelula animal ela quebra as ligaccedilotildees quiacutemicas dentro das

moleacuteculas e constitui novas ligaccedilotildees O grau do dano sofrido

pela ceacutelula por essas mudanccedilas dependeraacute de quais moleacuteculas

foram alteradas e da natureza destas alteraccedilotildees pois os danos

acumulados no DNA celular por exemplo podem causar

cacircncer

4 CONCLUSOtildeES

As drogas facilmente ultrapassam barreiras dentro do

organismo humano A barreira hematoencefaacutelica eacute uma delas

por exemplo Dessa mesma forma tambeacutem podem cruzar

facilmente a barreira placentaacuteria uma membrana que separa o

sangue da matildee do sangue do bebecirc Devido agrave imaturidade

metaboacutelica da crianccedila ou do feto cada impacto de efeitos que

a matildee recebe transmite aos bebecircs muacuteltiplos impactos Por isso

eacute importante a administraccedilatildeo correta e o acompanhamento

meacutedico para ingestatildeo dos medicamentos pois os embriotildees

recebem as consequecircncias das escolhas maternas muito mais

intensas Faz-se necessaacuterio tambeacutem que as futuras matildees

comecem a fazer o preacute-natal assim que tiverem a gravidez

confirmada ou antes de completarem trecircs meses de gestaccedilatildeo

pois alguns exames feitos durante o preacute-natal satildeo importantes

EFEITO DE AGENTES TERATOGEcircNICOS NO SISTEMA NERVOSO DE EMBRIOtildeES E FETOS

370

para detectar problemas como doenccedilas que possam afetar a

crianccedila ou o seu desenvolvimento no uacutetero

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ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

372

CAPIacuteTULO 21

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

Thainaacute Rodrigues EVANGELISTA1

Ana Liacutegia Duarte Viana GADELHA1

Liacutecia Pereira COURAS1 Milene Rodrigues EVANGELISTA2

Cynthia Germoglio Farias de MELO3

1 Graduandos do curso de Medicina FCM-PB 2Graduando do curso de Fisioterapia FPB-PB 3Poacutes Graduanda da UFPBProfessora da FCM-PBOrientadora

Thainaevangelista3gmailcom

RESUMO O ZIKA VIacuteRUS (ZIKV) eacute um arboviacuterus integrante da famiacutelia Flaviridae e do gecircnero Flaviviacuterus que apresenta o RNA de cadeia simples como seu material geneacutetico Ele eacute transmitido principalmente atraveacutes de um vetor um artroacutepode hematoacutefago no entanto tambeacutem pode ser passado de forma direta de pessoa para pessoa atraveacutes do ato sexual da amamentaccedilatildeo ou por via perinatal segundo relato de casosA maioria dos indiviacuteduos infectados pelo ZIKV satildeo assintomaacuteticas no entanto uma minoria pode apresentar sintomas que podem durar de poucos dias ateacute uma semana Ademais foi notificado alguns casos de Guillain-Barreacute poacutes surto de ZIKV O estudo realizado tem o objetivo de agrupar informaccedilotildees acerca do viacuterus Zika incluindo sua origem estrutura transmissatildeo vetor doenccedila causada e a relaccedilatildeo entre ela e as maacutes-formaccedilotildees congecircnitas que afetam os receacutem-nascidos Para tanto utiliza um referencial baseado na pesquisa bibliograacutefica exploratoacuteria por meio das bases de dados Scielo e Pubmed tendo como recorte temporal os anos de 2015 e 2016 selecionado assim apoacutes anaacutelise qualitativa um total de 13 artigos publicados em Portuguecircs ou Inglecircs A partir disso foi encontrado alteraccedilotildees embrioloacutegicas neuroloacutegicas e oftaacutelmicas em receacutem-nascidos diagnosticados com microcefalia notificados a partir de estudo de casos Logo

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

373

torna-se imprescindiacutevel a prevenccedilatildeo da transmissatildeo do Virus sobretudo em gestantes evitando possiacuteveis alteraccedilotildees em receacutem-nascidos Palavras-chaveZika viacuterus Alteraccedilotildees embrioloacutegicas

Microcefalia

1 INTRODUCcedilAtildeO

O viacuterus Zika (ZIKV) pertence agrave famiacutelia Flaviridae e ao

gecircnero Flaviviacuterus sendo por isso semelhante do ponto de

vista evolutivo agrave outros arboviacuterus causadores de doenccedilas nas

quais o mosquito eacute o vetor como o viacuterus da dengue da febre-

amarela e do Nilo Ocidental Trata-sedeum viacuterus com genoma

de aacutecido ribonucleico (RNA) de cadeia simples com polaridade

positiva e possivelmente de estrutura parecida com os demais

flaviviacuterus isto eacute possui um invoacutelucro viral lipiacutedico com proteiacutenas

de superfiacutecie (designadas E e M) acopladas (PINTO JUacuteNIOR et

al 2015)

Esse viacuterus apresenta duas regiotildees natildeo-codificantes e

uma longa fase de leitura a qual codifica uma poliproteiacutena

Essa por sua vez eacute clivada por proteases da ceacutelula hospedeira

para formar proteiacutena C do capsiacutedeo o precursor de membrana

(prM) a proteiacutena E do envelope e sete proteiacutenas natildeo

estruturais denominadas N1 a N7 A proteiacutena E do envelope eacute

o principal determinante antigecircnico ou seja a principal porta de

entrada do viacuterus que tem como funccedilatildeo a ligaccedilatildeo e a fusatildeo da

membrana agrave ceacutelula infectada (NUNES et al 2016)

Segundo Nunes e colaboradores (2016) o RNA viral eacute

transcrito e traduzido para sua replicaccedilatildeo a partir da exposiccedilatildeo

aciacutedica nos lisossomos e consequente fusatildeo entre o envolope

do viacuterus e as membranas celulares Dessa maneira ocorre a

constituiccedilatildeo de novas partiacuteculas virais

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

374

O viacuterus Zika foi destacado a partir de uma amostra de

soro de um macaco da espeacutecie Rhesus que estava servindo de

objeto de estudo vigilacircncia da febre-amarela em 1947 em

Uganda na floresta de Zika motivo pelo qual denominaram o

viacuterus com o nome da floresta Provavelmente esse viacuterus surgiu

nesta regiatildeo em torno de 1920 dando origem a duas linhagens

a primeira eacute africana ndash possivelmente sendo subdividida em

duas ndash a outra eacute asiaacutetica que surgiu a partir da migraccedilatildeo do

agente etioloacutegico na deacutecada de 1940 Essa uacuteltima originou os

casos de transmissatildeo autoacutectone que foram registrados no Brasil

(PINTO JUNIOR et al 2015)

A transmissatildeo do ZIKV geralmente ocorre por meio de

mosquitos da famiacutelia Culicidae e do gecircnero Aedes em especial

o Aedes aegypti responsaacutevel pela transmissatildeo em ambiente

urbano (FREITAS et al 2016) Jaacute em ambiente rural a

transmissatildeo acontece pelo Aedes albopictus Em ambas as

espeacutecies o viacuterus aloja-se em suas glacircndulas salivares onde ele

se multiplica sem afetar o inseto e permanece durante todo o

seu ciclo de vida (NUNES et al 2016)

De acordo com Freitas et al (2016) os referidos

artroacutepodes hematoacutefogos transmitem o viacuterus para os animais

reservatoacuterios atraveacutes de sua picada quando estatildeo

contaminados A transmissatildeo inter-humana direta

provavelmente se daacute por relaccedilatildeo sexual sendo tambeacutem

registrado transmissatildeo perinatal de arboviacuterus como o viacuterus da

dengue (DENV) da chikungunya do Nilo Ocidental e da Febre-

amarela Tem sido relatado tambeacutem transmissatildeo de DENV e

viacuterus do Nilo Ocidental por meio do aleitamento materno Haacute

ainda algumas evidecircncias de transmissatildeo de ZIKV atraveacutes de

leito materno e de transmissatildeo perinatal

Segundo Nunes et al (2016) os primeiros casos de

infecccedilatildeo do ZIKV em humanos foram descritos na Nigeacuteria e na

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

375

Tanzacircnia respectivamente em 1952 e 1954 O viacuterus se

disseminou posteriormente para o continente asiaacutetico e

acomunidade internacional somente passou a reconhecer o

potencial epidecircmico do viacuterus Zika a partir de 2005 e sobretudo

apoacutes o surto de 2007 na Microneacutesia (ilha Yapno Paciacutefico) e o de

20122013 na Polineacutesia Francesa

Em fevereiro de 2014 foram reportados pela primeira

vez nas Ameacutericas casos da doenccedila na Ilha de Paacutescoa (territoacuterio

Chileno no Oceano Paciacutefico) provavelmente associado ao

surto na Microneacutesia e na Polineacutesia Francesa Em 2015 foi

confirmada a circulaccedilatildeo do viacuterus na regiatildeo Nordeste do Brasila

partir de isolamento viral em casos suspeitos de dengue

(PINTO JUNIOR et al 2015)

Segundo ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE (OMS

2015) em outubro de 2015 foi confirmado casos de transmissatildeo

autoacutectone do viacuterus zika em 14 estados brasileiros Alagoas

Bahia Cearaacute Maranhatildeo Mato Grosso Paraacute Paraiacuteba

Pernambuco Piauiacute Rio de Janeiro Rio Grande do Norte

Roraima e Satildeo Paulo

O Estado da Bahia foi pioneiro na identificaccedilatildeo do viacuterus

Zika em abril de 2015 por meio da teacutecnica de RT-

PCRrealizadas por pesquisadores da Universidade Federal da

Bahia (UFBA) em oito amostras essas de origem da regiatildeo de

CamaccedilariBA Em seguida a FiocruzPR e o Instituto Adolfo

LutzSP identificaram no total nove casos provenientes de

NatalRN e SumareacuteSP respectivamente Os casos foram

ratificados pelo Instituto Evandro ChagasSVSMS referecircncia

nacional (BRASIL 2016)

Segundo Boletim Epidemioloacutegico nordm 34 do Ministeacuterio da

Sauacutede (MS)foi notificado ateacute Setembro de 2016 200465

casos de febre pelo ZIKV doenccedila de notificaccedilatildeo compulsoacuteria

no Paiacutes Dentre as regiotildees a maior incidecircncia se encontra na

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

376

regiatildeo Sudeste (83151) seguido pelo Nordeste (74190)

Centro-Oeste (29875) Norte (11928) e por fim Sul (1321)

Em relaccedilatildeo agraves gestantes foram registrados 16473 possiacuteveis

casos

Ainda em 2016 conforme MS foram confirmados

laboratorialmente 3 oacutebitos por ZIKV sendo 2 no Rio de Janeiro

e 1 no Espiacuterito Santo

Cerca de 80 das pessoas infectadas pelo ZIKV satildeo

assintomaacuteticas no entanto quando presentes os sintomas

podem durar de poucos dias ateacute uma semana (NUNES et al

2016) Entre os sintomas mais frequentes pode-se enfatizar a

febre hiperemia conjuntival enxantemamaculopapular

seguido de mialgia eou artralgia dor retrorbital edema de

extremidades e um pouco menos frequente presenccedila de

linfadenopatia (BRASIL 2015)

Conforme dados de surtos anteriores formas graves da

doenccedila satildeo raras razatildeo pela qual eacute atiacutepico ocorrerem

hospitalizaccedilotildees e oacutebitos Deve-se suspeitar do diagnoacutestico de

Zika quando dois ou mais sintomas (incluindo febre rash

artralgia ou conjuntivite) estatildeo presentes durante ou no periacuteodo

de ateacute duas semanas de estada em aacuterea endecircmica pelo viacuterus

(NUNES et al 2016)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo apoacutes a picada do mosquito varia

entre 3 a 12 dias Geralmente a febre eacute baixa poreacutem jaacute houve

relato de febre em torno de 39ordmC Podem ainda ocorrer outros

sinais e sintomas tais como anorexia prurido naacuteuseas

vocircmitos e vertigem (PINTO JUacuteNIOR et al 2015)

De acordo com o mesmo autor o diagnoacutestico de ZIKV

pode ser realizado atraveacutes de RT-PCR(avaliaccedilatildeo de RNA viral)

extraiacutedo preferencialmente ateacute o sexto dia de doenccedila e direto

do soro do doente Ademais pode ser encontrado a partir do

terceiro dia de doenccedila anticorpos IgM devendo ser

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

377

pesquisados no soro agudo e covalescente a presenccedila de

anticorpos IgG

Conforme Freitas et al (2016) haacute dificuldade na

identificaccedilatildeo do nuacutemero de casos reportados no Brasil devido a

falta de avaliaccedilatildeo comercial do teste soroloacutegico Isso dificulta

tambeacutem o diagnoacutestico diferencial principalmente em regiotildees

que haacute incidecircncia concomitante de outros arboviacuterus como

DENV e Chikungunya

De acordo com Pinto Juacutenior et al (2015) apesar de ser

considerada uma doenccedila com evoluccedilatildeo benigna no Brasil tecircm

se registrado muitos casos de Siacutendrome de Guillain-Barreacute

(SGB) que surgiram apoacutes o desenvolvimento do quadro cliacutenico

da infecccedilatildeo Essa associaccedilatildeo de ambas doenccedilas ainda carece

de comprovaccedilatildeo por meio de estudos analiacuteticos

CosoanteSalge et al (2016) haacute tambeacutem outra importante

associaccedilatildeo cogitada primeiramente pelo Brasil que analisou a

ligaccedilatildeo numeacuterica entre a maacute-formaccedilatildeo congecircnita a doenccedila da

matildee e o ambiente frequentado pela graacutevida relacionando

assim a ocorrecircncia de microcefalia em receacutem-nascidos e a

contaminaccedilatildeo da placenta pelo ZIKV

Por meio da implantaccedilatildeo de uma forccedila tarefa nacional foi

possiacutevel estudar os primeiros 35 casos de neonatos com

microcefalia de oito estados brasileiros que foram notificados de

agosto a outubro de 2015 Em todos eles as matildees residiam ou

visitaram aacutereas infectadas pelo viacuterus durante a gestaccedilatildeo 25

(71) dos receacutem-nascidos revelaram microcefalia severa 17

(49) eram portadores de uma anormalidade neuroloacutegica e 27

que realizaram exames de neuro-imagem apresentaram

anormalidades Nenhum deles apresentavam ligaccedilatildeo com

exames soroloacutegicos positivos para outros processos infecciosos

(siacutefilis toxoplasmose rubeacuteola citomegaloviacuterus e herpes

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

378

simples) ou perfil geneacutetico familiar alterado (SALGE et al

2016)

A maacute formaccedilatildeo congecircnita dos receacutem-nascidos resultante

da infecccedilatildeo pelo viacuterus da Zika pode ser resultado de uma

inflamaccedilatildeo na placenta que interrompe a produccedilatildeo de

neuropeptiacutedios e fatores de crescimento necessaacuterios para o

ceacuterebro normal em desenvolvimento Desse modo a resposta

da placenta a sinais de perigo afetaraacute no desenvovimento fetal

(MOR 2016)

Tambeacutem foi observado em crianccedilas nascidas com

microcefalia apoacutes o surto de ZIKV pigmentaccedilatildeo macular e

foveal perda reflexiva atrofia neurorretiniana bem como

alteraccedilotildees oculares fundoscoacutepicas na regiatildeo macular

(VENTURA et al 2016)

Diante do exposto a presente pesquisa tem como

objetivo buscar evidecircncias disponiacuteveis na literatura acerca do

ZIKV a fim de identificar analisar reunir e sintetizar as

alteraccedilotildees embrioloacutegicas causadas pelo Zika viacuterus

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O presente trabalho tem como finalidade o ato de

indagar de buscar e de integrar informaccedilotildees acerca das causas

e consequecircncias da doenccedila causada pelo zika viacuterus entre os

receacutem-nascidos Para tanto utiliza um referencial baseado na

pesquisa bibliograacutefica exploratoacuteria atraveacutes da qual realiza um

levantamento utilizando base de dados nacionais e

estrangeiras detectando consensos e polecircmicas na literatura

daqueles que jaacute pesquisaram o assunto

Com esta finalidade foi efetuada uma revisatildeo das

publicaccedilotildees na aacuterea de sauacutede atraveacutes de artigos nas bases de

dados da Scielo ePubmed tendo como acesso os meses de

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

379

outubro e novembro de 2016 Os artigos foram selecionados

devido agrave sua publicaccedilatildeo recente visto que o tema a ser tratado

eacute muito novo logo as uacuteltimas pesquisas satildeo mais confiaacuteveis

O periacuteodo dos artigos para pesquisa foi de 2015 a 2016

Este recorte temporal foi operado devido ao fato de nesse

periacuteodo a doenccedila em estudo se mostra como um grande risco

para a populaccedilatildeo sobretudo para os receacutem-nascidos gerados

apoacutes o surto de ZIKV sendo portanto um problema de sauacutede

puacuteblica

Foi utilizado um total de 13 artigos sendo trecircs em forma

de boletim informativo do Estado com conteuacutedo acerca do

quadro epidemioloacutegico Estes foram submetidos a uma primeira

leitura para que houvesse uma compreensatildeo global dos

estudos e para caracterizaacute-los quanto ao ano de publicaccedilatildeo

meacutetodo utilizado e paiacutes em que foram realizados

Em seguida foi feita uma anaacutelise qualitativa do

conteuacutedo Foram escolhidos apenas aqueles cujo texto

completo estava disponiacutevel os quais haviam sido publicados

em portuguecircs ou em inglecircs e que apresentavam descritores

como doenccedilas e anormalidades congecircnitas infecccedilotildees por

arboviacuterus infecccedilotildees pelo zika viacuterus microcefalia infecccedilotildees

oculares virais sintomas do ZIKV

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Defeitos ao receacutem-nascido devido infecccedilatildeo viral natildeo eacute

exclusivo ao Zika viacuterus Tem-se conhecimento haacute muitos anos

do viacuterus da Rubeola e Citomegaloviacuterus (CMV) por exemplo

que representam um risco durante a gravidez A importacircncia

desses viacuterus satildeo bem estabelecidas uma vez que possui a

capacidade de atravessar a placenta e infectar o feto afetando

com isso o seu desenvolvimento normal Contudo haacute muitos

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

380

outros viacuterus que natildeo atravessam a placenta e portanto natildeo

atigem o feto mas eles desencadeiam uma resposta

inflamatoacuteria na matildee e na placenta (MOR 2016)

De acordo com Mor (2016) durante a gravidez normal a

placenta tem a capacidade de produzir e secretar moleacuteculas

que iratildeo influenciar o desenvolvimento fetal Isso eacute ainda mais

criacutetico durante o primeiro trimestre quando grande parte dos

fatores de crescimento pode vir da placenta porque o fluxo

sanguiacuteneo materno para a placenta soacute comeccedila a partir da 10ordf

semana de gestaccedilatildeo

O desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC)

inicia-se na fase de gastrulaccedilatildeo por volta do 14ordm dia

embrionaacuterio Nessa fase ocorre um espessamento da

membrana ectodeacutermica que daraacute origem a placa neural A partir

daiacute dois grandes processos vatildeo seguir de forma sequencial a

formaccedilatildeo do tubo neural e o desenvolvimento do prosenceacutefalo

(NUNES et al 2016)

A microcefalia eacute definida como um desenvolvimento

anormal do ceacuterebro Ela eacute caracterizada por um periacutemetro

cefaacutelico inferior para o esperado para a idade e sexo

Atualmente o MS considera Receacutem-nascido (RN) com

microcefalia quando este possui um periacutemetro cefaacutelico para

meninos inferior a 319 e para meninas 315 cm (BRASIL

2016)

Em relaccedilatildeo ao ZIKV foi observado por meio de meacutedicos

do nordeste brasileiro um suacutebito aumento na incidecircncia de

crianccedilas microcefaacutelicas apoacutes a entrada do Viacuterus no Paiacutes Assim

foi proposto uma possiacutevel relaccedilatildeo entre infecccedilatildeo intrauterina

pelo Zika viacuterus e microcefalia Entretanto essa relaccedilatildeo de

causa e efeito ainda necessita ser comprovada O certo eacute que

a entrada do viacuterus no SNC onde ocorre a quebra da proteccedilatildeo

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

381

da barreira hematoencefaacutelica jaacute foi previamente demonstrado

em experimentos com animais (NUNES et al 2016)

No Brasil foram descritos os primeiros dois casos de

microcefalia em RN relacionados ao ZIKV No estado da

Paraiacuteba duas gestantes que apresentaram sintomas

relacionados agrave infecccedilatildeo por viacuterus Zika tiveram diagnoacutestico fetal

de microcefalia atraveacutes de ultrassonografia Aleacutem disso o

liacutequido amnioacutetico das gestantes foram analisados sendo

detectado a presenccedila de RNA viral do ZIKV por meio da teacutecnica

de RT-PCR em ambos os casos (SALGE et al 2016)

No Brasil foram confirmados 1749 casos de microcefalia

e outras alteraccedilotildees do sistema nervoso ateacute julho de 2016

Desse total de casos confirmados 272 tiveram confirmaccedilatildeo por

criteacuterio laboratorial especiacutefico para o viacuterus Zika Embora o MS

ressalta que isso natildeo representa adequadamente a relaccedilatildeo de

microcefalia com o viacuterus uma vez que o MS considera que a

maior parte das matildees que tiveram bebecircs diagnosticados com

microcefalia foram infectadas pelo ZIKV (BRASIL 2016)

Em especiacutefico no estado da Paraiacuteba ateacute julho de 2016

encontrava-se 249 casos de microcefalia eou malformaccedilotildees

sugestivos de infecccedilatildeo congecircnita em investigaccedilatildeo Aleacutem disso

155 casos referidos jaacute foram confirmados (BRASIL 2016)

A infecccedilatildeo das gestantes pelo ZIKV pode ocorrer em

qualquer trimestre gestacional Aleacutem disso natildeo existe

evidecircncias que esse grupo seja mais susceptiacutevel agrave infecccedilatildeo

pelo ZIKV ou que elas apresentem maior gravidade quando

contraem a infecccedilatildeo nesse periacuteodo (SALGE et al 2016)

Em estudo realizado em 13 casos de microcefalia (Tab

(1)) todos os pacientes apresentaram desproporccedilatildeo

craneofacial com microcefalia (Fig (1)) tinham cracircnios com

aspecto de telescoacutepio com a substituiccedilatildeo dos ossos sobretudo

na regiatildeo frontal e occipital A porccedilatildeo craniana anterior mostrou

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

382

uma forma de diamante Aleacutem disso foi encontrado em todos os

casos manto cortical significativamente diminuiacutedo e substacircncia

branca juntamente com hipoplasia do corpo caloso aleacutem de

lisencefalia aumento do espaccedilo subaracnoacuteideo e na maioria

dos casos houve calcificaccedilotildees grosseiras envolvendo a

transiccedilatildeo cortical subcortical e gacircnglios basais onde um caso

apresentou calcificaccedilatildeo na regiatildeo periventricular Ainda 8

casos apresentaram aumento do plexo coroacuteide e 5 pacientes

septaccedilatildeo intraventricular (CAVALHEIRO et al 2016)

Figura 1 Cracircnio MRI com desproporccedilatildeo craneofacial aumento do espaccedilo subaracnoacuteideo e hipoplasia do corpo caloso O tronco cerebral cerebelo e medula espinal estatildeo preservados

Fonte CAVALHEIRO et al 2016

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

383

Tabela 1 Achados neuroradioloacutegicos em 13 casos de microcefalia provavelmente secundaacuterio a infecccedilatildeo por Zika viacuterus

Caracteriacutesticas radioloacutegicas

Nuacutemero de

casos (13)

Desproporccedilatildeo craneofacial (microcefalia)

13

Cracircnio telescoacutepico com substituiccedilatildeo de ossos

13

Diminuiccedilatildeo do manto cerebral 13

Aumento do espaccedilo subaracnoacuteideo 13

Lisencefalia 13

Ventriculomegalia 13

Hipoplasia do corpo caloso 13

Calcificaccedilotildees grosseiras envolvendo a transiccedilatildeo cortical subcortical e gacircnglios basais

12

Aumento do plexo coroacuteide 8

Septaccedilatildeo intraventricular 5

Calcificaccedilatildeo periventricular 1

Atrofia do tronco cerebral 0

Atrofia cerebelar 0

Atrofia espinal 0

Esquizencefalia 0

Fonte Adaptado de Cavalheiro et al 2016

Outro estudo conforme Aragatildeo et al (2016)apresentou

seis de 23 crianccedilas com teste positivo para anticorpos IgM do

ZIKV no fluido cerebroespinal Essas apresentaram

calcificaccedilotildees em RMN e TC em regiotildees especiacuteficas tal como

junccedilatildeo entre o coacutertex e substacircncia branca subcortical

associada com malformaccedilotildees do desenvolvimento cortical As

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

384

calcificaccedilotildees se expotildee de maneira mais puntiforme entretanto

em alguns casos calcificaccedilotildees de maneira linear ou mesmo

grosseira tambeacutem estatildeo presentes

Foi tambeacutem observado que o lobo frontal em todas as

crianccedilas estava entre os lobos mais afetados Aleacutem disso foi

relatado outras malformaccedilotildees como hemimegaloencefalia

substacircncia cinzenta heterotoacutepicaperiventricular

ventriculomegalia aumento da cisterna magna anormalidades

do corpo caloso (hipoplasia ou hipoagenesia) hipoplasia

cerebelar e tronco cerebral e aumento do espaccedilo

subaracnoacuteideo supratentorial (ARAGAtildeO et al 2016)

De acordo com Ventura et al (2016) foi observado

ainda achados oftaacutelmicos em trecircs crianccedilas com diagnoacutestico de

microcefalia no periacuteodo posterior ao surto de ZIKV no Brasil

Estas crianccedilas apresentaram calcificaccedilotildees cerebrais por meio

de Tomografia Computadorizada (TC) e presumiacutevel infecccedilatildeo

intrauterina de ZIKV Uma das matildees relatou exantema

maculopapulare artralgia durante o primeiro trimestre

Toxoplasmose rubeacuteola citomegaloviacuterus herpes simples siacutefilis

e HIV foram descartados em todos os casos maternos e infantis

referidos seguindo assim os criteacuterios do MS para infecccedilatildeo

vertical do viacuterus Zika

Matildees e filhos tiveram examinaccedilatildeo ocular por meio de

biomicroscopia e fundoscopia As matildees natildeo tinham lesotildees

oculares poreacutem as crianccedilas tinham alteraccedilatildeo ocular unilateral

envolvendo exclusivamente a regiatildeo macular Todas as trecircs

crianccedilas apresentavam pigmentaccedilatildeo macular grosseira e perda

do reflexo foveal Embora uma dessas crianccedilas apresentava

ainda uma atrofia neuroretinal macular (Fig 2) bem definida

(VENTURA et al 2016)

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

385

Figura 2 Atrofia severa neuroretinal macular em crianccedila com microcefalia

Fonte VENTURA et al 2016

Na tabela (2) encontra-se reunida as alteraccedilotildees

encontradas em artigos cientiacuteficos os quais obedeciam os

criteacuterios de inclusatildeo da presente pesquisa

Tabela 2 Alteraccedilotildees embrioloacutegicas em crianccedilas com microcefalia possivelmente secundaacuterio ao viacuterus Zika

Caracteriacutesticas

Diminuiccedilatildeo do periacutemetro cefaacutelico (microcefalia) Zonas de calcificaccedilatildeo cerebral

Hemimegaloencefalia

Ventriculomegalia

Substacircncia cinzenta heterotoacutepicaperiventricular Aumento da cisterna magna

Hipoplasia ou hipoagenesia do corpo caloso Aumento do espaccedilo subaracnoacuteideo supratentorial

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

386

Hipoplasia cerebelar e tronco cerebral

Aumento do plexo coroacuteide

Septaccedilatildeo intraventricular

Atrofia neurorretinal macular

Pigmentaccedilatildeo macular grosseira

Perda do reflexo foveal

Fonte Adaptado de VENTURA et al ARAGAtildeO et al CAVALHEIRO et al 2016

4 CONCLUSOtildeES

A partir do exposto pode-se relacionar os casos de

microcefalia e a contaminaccedilatildeo da placenta pelo viacuterus Zika Aleacutem

disso haacute relato de casos em todos os estados do Paiacutes mais

Distrito Federal e acompanhado de possiacuteveis complicaccedilotildees

fato que amplifica a magnitude do problema e incita discussotildees

sobre accedilotildees preventivas para combate agrave transmissatildeo da viacuterus

bem como as tentativas de eliminaccedilatildeo dos vetores e o uso de

repelentes principalmente para mulheres graacutevidas

Sob essa oacutetica vale destacar as alteraccedilotildees causadas

pelo viacuterus isto eacute as variaccedilotildees anormais neuroloacutegicas e

oftalmaacuteticas as quais afetam o desenvolvimento adequado do

feto Tais alteraccedilotildees deixam sequelas que podem interferir

diretamente no conviacutevio social a longo prazo dos indiviacuteduos

afetados pelo ZIKV

No Brasil visto a grande amplitude desse problema haacute

a necessidade de maior mobilizaccedilatildeo cientiacutefica poliacutetica e social

Tal circunstacircncia tem o propoacutesito de minimizar a seriedade

dessas dificuldades no tocante agrave transmissatildeo e aos tratamentos

relevantes agraves mulheres graacutevidas no preacute-natal e aos receacutem-

nascidos que tiveram sequelas relacionadas ao ZIKV Portanto

essa conjuntura representa um caso de Sauacutede Puacuteblica

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

387

Diante disso a relaccedilatildeo entre os casos de microcefalia e

a epidemia de viacuterus Zika bem como suas possiacuteveis

complicaccedilotildees gera a necessidade de esforccedilos da comunidade

cientiacutefica no tocante ao aumento de pesquisas tal como estudo

de casos supracitados Com isso pode-se ter maior

conhecimento acerca da accedilatildeo do ZIKV no organismo humano

bem como suas accedilotildees tanto no organismo materno quanto no

fetal

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ARAGAtildeO M F V et al Clinical features and neuroimaging (CT and MRI) findings in presumed Zika virus related congenital infection and microcephaly restrospective case series study BMJ v353 n1901 p1-10 abr 2016 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede ndash Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Boletim Epidemioloacutegico Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede v47 n34 2016 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Boletim Microcefalia 1749 casos confirmados no Brasil Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede Jun 2016 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Zika viacuterus-informaccedilotildees sobre a doenccedila e investigaccedilatildeo de siacutendrome exantemaacutetica no nordeste Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2015 Acesso em 06 de nov 2016 Disponiacutevel em lthttpportalsaudesaudegovbrindexphpcidadaoprincipalagencia-saude24769-microcefalia-1-749-casos-confirmados-no-brasilgt CAVALHEIRO S et al Microcephaly and Zikavirus neonatal neuroradiologicalaspectsChildrsquosNervous System v32 p1057-1060 jun 2016 FREITAS B P et al Ocular Findings in Infants With Microcephaly Associated With Presumed Zika Virus Congenital Infection in Salvador Brazil JAMA Ophthalmol v134 n5 p 529-535 fev 2016 MOR G Placental Inflammatory Response to ZikaViacuterus may Affect Fetal Brain Development American Journal of Reproductive Immunology v75 p421-422 2016 NUNES M L et al Microcephaly and Zika virus a clinical and epidemological analysis of the current outbreak in Brazil J Pediatria v92 n3 p230-240 fev 2016 SALGE A K M et al Infecccedilatildeo pelo viacuterus Zika na gestaccedilatildeo e microcefalia em receacutem-nascidos revisatildeo integrativa de literatura Rev Eletr Enf (Internet) 2016 Acesso em 01 de Nov de 2016 Disponiacutevel em lthttpdxdoiorg105216reev1839888gt

ALTERACcedilOtildeES EMBRIOLOacuteGICAS PROVOCADAS PELO ZIKA VIacuteRUS

388

ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE (OMS) Weekly epidemiological record OMS v90 n45 p 609-616 nov 2015 PINTO JUacuteNIOR V L et al Viacuterus Zika Revisatildeo para Cliacutenicos Acta Med Port v28 n6 p760-765 nov-dez 2015 VENTURA C V et al Zika neurological and ocular findings in infant without microcephaly The Lancet v387 p2501-2502 jun 2016 _____ Zika virus in Brazil and macular atrophy in a child with microcephaly The Lancet v387 p228 jan 2016

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

389

CAPIacuteTULO 22

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS

NORMATIVOS

Thaynnaacute Batista de ALMEIDA 1

Lucas Brasileiro de Oliveira GOMES 1

Petruacutecio Arauacutejo REGES 1

Jeacutessika Saraiva de Arauacutejo PESSOA1 Cleacutesia Oliveira PACHUacute 2

1 Graduandos de Direito e 2 Professora doutora da Universidade Estadual da Paraiacuteba clesiapachuhotmailcom

RESUMO O direito a sauacutede no Brasil estaacute previsto no artigo 6ordm da Carta Magna de 1988 estando elencado portanto no rol de direitos socais Com isso a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil abarcou a Sauacutede como sendo obrigaccedilatildeo do Estado em compromisso e efetividade Tal panorama possibilitou a criaccedilatildeo de inuacutemeras leis infraconstitucionais que tecircm por objetivo assegurar e promover a sauacutede para todos As leis anti-tabaacutegicas por exemplo visam diminuir a morbidade causada pelo uso do cigarro que cresce de forma vertiginosa todos os anos restringindo publicidade e locais de utilizaccedilatildeo de tais produtos O Brasil foi e a ainda eacute um dos principais precursores nos projetos de combate a epidemia tabaacutegica tanto no sentido normativo quanto nas accedilotildees de sauacutede foram promovidas pelos governos desde a deacutecada de 80 No inicio do seacuteculo XXI por exemplo o paiacutes foi um dos principais atores na formulaccedilatildeo da convenccedilatildeo-quadro para o controle do tabaco documento de cooperaccedilatildeo internacional que visava o combate as morbidades causadas pelo cigarro Varias leis surgiram nos paiacutes apoacutes a ratificaccedilatildeo desse tratado e regulamentaccedilatildeo desse tratado Destarte as leis anti-tabaacutegicas objetivam promover

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

390

aleacutem da diminuiccedilatildeo da quantidade de mortes causadas pelos derivados do tabaco ambientes saudaacuteveis para todos Palavras-chave Cigarro Ambientes Leis

1 INTRODUCcedilAtildeO

O artigo 6ordm da Carta Magna de 1988 apresenta o rol de

direitos socais incluindo o direito agrave sauacutede Neste direito o

tabagismo se apresenta como importante problema de sauacutede

puacuteblica da espeacutecie humana ocupando o fumo ativo a 1ordf causa

preveniacutevel de morte no mundo

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede afirma ser o tabagismo uma

pandemia em vista causar a morte no mundo de cinco milhotildees

de pessoas por ano em resposta as doenccedilas promovidas pelo

tabaco Tal dado corresponde a cerca de seis mortes a cada

segundo Da totalidade de mortes ocorridas quatro milhotildees satildeo

do sexo masculino e um milhatildeo do sexo feminino Estima-se

que no ano de 2025 seratildeo 10 milhotildees de mortes decorrentes

do uso do tabaco se natildeo houver mudanccedila nas prevalecircncias

atuais de tabagismo

O cigarro mata mais que a soma de outras causas evitaacuteveis

de morte como a cocaiacutena heroiacutena aacutelcool incecircndios suiciacutedios

e AIDS nos paiacuteses desenvolvidos Natildeo se pode esquecer que

23 da populaccedilatildeo estaacute em paiacuteses pobres e nesses a fome e a

desnutriccedilatildeo satildeo a principal causa de morte tambeacutem evitaacutevel

(SELLING 2009)

A presente pesquisa qualitativa descritiva teve como fonte

de dados a legislaccedilatildeo brasileira e internacional acerca do

consumo de cigarros como desafio da sauacutede puacuteblica mundial

Assim objetivou-se investigar a sauacutede como direito social por

meio de leis anti-tabaacutegicas no Brasil e seus aspectos

normativos

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

391

11 O direito social agrave sauacutede e o dever do Estado em asseguraacute-

lo

O direito social pode ser compreendido como aquele que

promove condiccedilatildeo de vida digna e bem estar social para

populaccedilatildeo A sauacutede estando inclusa significa que o Estado natildeo

deve tatildeo somente assegurar ao cidadatildeo o acesso a serviccedilos de

sauacutede hospitalar mas tambeacutem deve promover medidas que

reduzam niacuteveis de morbidade respeitando a dignidade da

pessoa humana Tal perspectiva soacute eacute possiacutevel em paiacuteses com

estrutura decorrente de Estado democraacutetico de direito ideologia

essa base para construccedilatildeo da Carta Magna brasileira de 1988

(SELLING 2009)

Ademais por ser considerado um direito fundamental a

inclusatildeo da sauacutede no rol de direitos sociais marcou a transiccedilatildeo

do Brasil de um estado de constitucionalismo liberal para um

estado de constitucionalismo social pois impotildee dever ao

Estado e exige dele o respeito agraves liberdades individuais

(BORGES 2011)

As leis anti-tabaacutegicas satildeo um bom exemplo da promoccedilatildeo da

sauacutede como direito social Isso porque medidas tomadas pelo

governo para diminuiccedilatildeo das morbidades causadas pelo uso do

cigarro natildeo incluem tatildeo somente medidas de tratamento

hospitalar para dependentes da nicotina mas tambeacutem

envolvem accedilotildees que visam prevenir que natildeo fumantes tambeacutem

sejam acometidos por doenccedilas Aleacutem da sensibilizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo para diminuir o nuacutemero de novos usuaacuterios Com isso

o Estado democraacutetico de direito cumpre sua funccedilatildeo no papel

promotor da sauacutede como direito fundamental respeitando a

dignidade da pessoa humana

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

392

12 A promoccedilatildeo do direito a sauacutede no Brasil Aspectos

normativos acerca da legislaccedilatildeo anti-tabaacutegica

Segundo dados disponibilizados pela Organizaccedilatildeo Mundial

da Sauacutede (OMS) por ano morrem em media 5 milhotildees de

pessoas em todo o mundo tendo como causa direta ou indireta

o consumo dos produtos fumiacutegenos derivados do tabaco Essa

mesma organizaccedilatildeo estima que caso a atual taxa de consumo

seja mantida pelas proacuteximas trecircs ou quatro deacutecadas os

fumantes hoje jovens se tornaratildeo adultos tabagistas de meia-

idade onde a epidemia proveniente do tabaco seraacute responsaacutevel

por 10 milhotildees de mortes anualmente Destas 70 seratildeo em

paiacuteses em desenvolvimento no Brasil seratildeo 200 mil mortes por

ano provenientes do tabagismo (BORGES 2011)

O Brasil teve um papel influente no combate agrave epidemia

tabagista que teve vertiginoso crescimento no seacuteculo XX A

primeira lei que visava o combate a epidemia tabagista foi

promulgada no paiacutes no ano de 1996 e objetivava restringir a

propaganda nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo de produtos derivado

do tabaco Em 1999 houve a propositura da Convenccedilatildeondash

Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) proposto pela

Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede sendo utilizado como

instrumento subsidiaacuterio para entendimento do contexto histoacuterico

internacional e adequaccedilatildeo da legislaccedilatildeo brasileira acerca da

regulamentaccedilatildeo dos pontos de venda locais de utilizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo dos produtos fumiacutegenos sendo ratificado pelo

Brasil no ano de 2003

A Convenccedilatildeo-Quadro surgiu como forma das instituiccedilotildees

internacionais de sauacutede pressionaram entes estatais a adequar

seus ordenamentos juriacutedicos as realidades alarmantes de

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

393

morbidade pelo consumo de tabaco A necessidade urgente de

evitar mortes provenientes da fumaccedila do cigarro considerado

como maior causa de morte evitaacutevel do mundo (WHO 2015)

Nessa vertente a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede estudou a

mateacuteria por longos anos e constatou a necessidade de um

documento de cooperaccedilatildeo internacional que atrelasse os

paiacuteses membros a um compromisso de ordem mundial para

regulamentaccedilatildeo dos produtos derivados do tabaco no mercado

interno e externo Almejando a reduccedilatildeo dos nuacutemeros de novos

dependentes quiacutemicos como tambeacutem a quantificaccedilatildeo de

cidadatildeos afetados pelas doenccedilas ocasionadas pelo fumo ativo

ou passivo

Neste contexto ao visualizar o extraordinaacuterio esforccedilo de tais

organizaccedilotildees induacutestrias tabagistas comeccedilaram a utilizar

escusamente de sua influecircncia poliacutetica econocircmica e

tecnoloacutegica para neutralizar tais atitudes Esses documentos

tentavam provar que a regulamentaccedilatildeo proposta era

desnecessaacuteria alegando que o fumo passivo e ativo natildeo

causariam enfermidades graves Tentou-se usar o argumento

da arrecadaccedilatildeo tributaacuteria de vaacuterios paiacuteses seria afetada e que

a induacutestria tabagista gera milhares de empregos que seriam

igualmente afetados (BORGES 2011)

A soluccedilatildeo encontrada foi a regulamentaccedilatildeo desses produtos

uma vez que o grande poderio econocircmico dessa induacutestria e

ldquobenefiacuteciosrdquo trazidos por elas natildeo justifica a morte de milhares

de pessoas de jovens menores de idade que tornam-se

viacutetimas faacuteceis do maquinaacuterio publicitaacuterio formulado com foco

nessa faixa etaacuteria os induzindo ao consumo e tornando-os

assiacuteduos usuaacuterios por toda a vida desse produto Vale

mencionar gastos alarmantes com sauacutede puacuteblica atrelados no

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

394

tratamento da dependecircncia quiacutemica agrave nicotina e para sanar

determinados males cliacutenicos (grifo nosso)

A Convenccedilatildeo-Quadro originou o Decreto de 1ordm de agosto de

2003 ao Decreto nordm 1012 (28 de outubro de 2005) e ao

Decreto nordm 5658 (02 de janeiro de 2006) que aprovam e

promulgam a Convenccedilatildeo-Quadro para o Controle do Tabaco

adotada pelos paiacuteses membros da Organizaccedilatildeo Mundial de

Sauacutede em 21 de maio de 2003 e assinada pelo Brasil em 16 de

junho de 2003 aleacutem de criar medidas que orientem a sua

efetivaccedilatildeo com a Comissatildeo Nacional para Implementaccedilatildeo da

Convenccedilatildeo-Quadro para o Controle do Tabaco e de seus

Protocolos (INCA2016)

Aleacutem disso o documento em questatildeo originou diversas

Portarias Resoluccedilotildees e Leis como a Lei nordm 10167 (27 de

dezembro de 2000) que altera a Lei nordm 929496 restringindo a

publicidade de produtos derivados do tabaco a afixaccedilatildeo de

pocircsteres paineacuteis e cartazes na parte interna dos locais de

venda proibindo-a consequentemente em revistas jornais

televisatildeo raacutedio e outdoors Proiacutebe a propaganda por meio

eletrocircnico inclusive Internet a propaganda indireta contratada

tambeacutem denominada merchandising e a propaganda em

estaacutedios pistas palcos ou locais similares e proiacutebe o patrociacutenio

de eventos esportivos nacionais e culturais

Acerca de proibiccedilotildees a Lei nordm 12546 (14 de dezembro de

2011) alterou os artigos 2ordm e 3ordm da Lei no 9294 de 15 de julho

de 1996 que dispotildee sobre as restriccedilotildees ao uso e agrave propaganda

de produtos fumiacutegeros bebidas alcooacutelicas medicamentos

terapias e defensivos agriacutecolas nos termos do sect 4deg do art 220

da Constituiccedilatildeo Federal (INCA 2016)

O objetivo desta pesquisa eacute analisar a evoluccedilatildeo histoacuterica das

leis anti tabaacutegicas no Brasil tendo especial atenccedilatildeo as normas

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

395

posteriores a ratificaccedilatildeo da convenccedilatildeo-quadro para o controle

do tabaco Objetiva-se tambeacutem compreender a lei 1254611

que tem por objetivo a promoccedilatildeo de ambientes saudaacuteveis de

conviacutevio para todos fumantes ou natildeo-fumantes

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

A pesquisa aqui apresentada seraacute realizada de maneira

qualitativa descritiva e foi realizada atraveacutes de fontes

doutrinaacuterias e legislativas e dados de documentos cuja feitura

foi entre os anos de 1996 a 2014 nos principais oacutergatildeos de sauacutede

como da Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) e

o Instituto Nacional do Cacircncer (INCA)

Tambeacutem foram utilizados dados relacionados ao nuacutemero de

mortes e doenccedilas causadas em decorrecircncia do cigarro por meio

do fumo passivo ou ativo aleacutem de documentos que versam

acerca das atividades realizadas pelo governo e instituiccedilotildees

para diminuiccedilatildeo do nuacutemero de usuaacuterios bem como formas

utilizadas para cumprimento das legislaccedilotildees que foram citadas

em especial aquelas que versam acerca do consumo de

produtos derivados do tabaco em ambientes puacuteblicos e

privados sendo excluiacutedo desse estudo documentos que

remetem a demais atividades da sauacutede

A Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 foi

utilizada como documento base para o estudo da sauacutede como

direito social e as legislaccedilotildees decretos portarias e resoluccedilotildees

infraconstitucionais deram base ao estudo acerca das formas

de normativas de combate a epidemia do tabaco A Convenccedilatildeo-

Quadro para o Controle do Tabaco norma do direito

internacional que foi ratificada pelo Brasil e estudos realizados

por instituiccedilotildees internacionais tambeacutem foram utilizados de

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

396

forma subsidiaacuteria para dar embasamento ao estudo das

legislaccedilotildees correlatas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 A evoluccedilatildeo das leis anti-tabaacutegicas no Brasil

As primeiras medidas que visavam agrave diminuiccedilatildeo do nuacutemero

de usuaacuterio do cigarro no Brasil aconteceram na deacutecada de 80

Iniciou-se com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 7488 de 1986 que

criava o dia nacional de combate ao fumo Nessa eacutepoca foram

divulgados os primeiros estudos acerca dos malefiacutecios

causados pelo uso contiacutenuo dos derivados do tabaco Poreacutem tal

medida visava apenas campanhas de conscientizaccedilatildeo entre

usuaacuterios e populaccedilatildeo mais jovem principal alvo da induacutestria

tabagista Medidas mais severas foram tomadas em outros

paiacuteses fato que no Brasil soacute foi concretizados nas deacutecadas

seguintes (INCA 2016)

Na mesma eacutepoca foi promulgada a Portaria Interministerial nordm

3257 datada de 22 de setembro de 1988 que recomendava

medidas restritivas com relaccedilatildeo ao uso do cigarro nos

ambientes de trabalho Foi nesse periacuteodo que leis

antitabagistas visavam a proteccedilatildeo da sauacutede do trabalhador Tal

lei viria a ser ampliada com a lei 1254611 que promove os

ambientes livres de fatores que conduzem a dependecircncia

quiacutemica

Na deacutecada de 90 aleacutem da continuaccedilatildeo das campanhas de

conscientizaccedilatildeo novas leis foram promulgadas a exemplo a

Lei nordm 9294 que restringia a propaganda dos produtos

derivados do tabaco nos principais veiacuteculos de comunicaccedilatildeo e

proibia o uso do cigarro em ambientes puacuteblicos O texto da lei

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

397

estaacute em consonacircncia com termos do sect 4deg do art 220 da

Constituiccedilatildeo Federal que preceitua

Art 220 A manifestaccedilatildeo do pensamento

a criaccedilatildeo a expressatildeo e a informaccedilatildeo sob

qualquer forma processo ou veiacuteculo natildeo

sofreratildeo qualquer restriccedilatildeo observado o

disposto nesta Constituiccedilatildeo

sect 4ordm A propaganda comercial de tabaco

bebidas alcooacutelicas agrotoacutexicos

medicamentos e terapias estaraacute sujeita a

restriccedilotildees legais nos termos do inciso II do

paraacutegrafo anterior e conteraacute sempre que

necessaacuterio advertecircncia sobre os

malefiacutecios decorrentes de seu uso

(BRASIL 2012)

No ano 2000 a Lei nordm 9294 foi alterada e restringia a

publicidade do tabaco natildeo soacute nos meios midiaacutetica como

tambeacutem em paineacuteis e cartazes que ficavam localizados nos

pontos de venda a propaganda na internet em locais puacuteblicos

como estaacutedios e palco e ainda vedava o patrociacutenio para

grandes eventos e produccedilotildees Essa importante inovaccedilatildeo

objetiva combater as novas tentativas da induacutestria tabagista de

se valer de certos atributos para divulgaccedilatildeo de seu produto A

internet nova ferramenta agrave eacutepoca da lei tornou-se um novo

veiacuteculo para divulgaccedilatildeo e promoccedilatildeo de produtos fumiacutegenos

aleacutem de estar mais acessiacutevel ao puacuteblico mais jovem

Em 2002 foi promulgado a Resoluccedilatildeo da Agecircncia Nacional

de Vigilacircncia Sanitaacuteria nordm 304 de 07 de novembro de 2002 que

proiacutebe a produccedilatildeo importaccedilatildeo comercializaccedilatildeo propaganda e

distribuiccedilatildeo de alimentos na forma de cigarros charutos

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

398

cigarrilhas ou qualquer outro produto derivado do tabaco aleacutem

de proibir o uso de embalagens de alimentos que simulem as

embalagens de cigarros ou que utilizem nomes de marcas

pertencentes a produtos derivados do tabaco

Essa resoluccedilatildeo foi de suma importacircncia visto o design da

carteira de cigarros se basearem em embalagens de perfumes

de grandes marcas o que a torna mais atrativa e chamativa

para o puacuteblico Proibir a venda de produtos em forma de cigarro

tem por objetivo desestimular o uso em crianccedilas por exemplo

tendo em vista que guloseimas eram vendidas na forma de

cigarros Outra importante legislaccedilatildeo foi a Resoluccedilatildeo da

Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria nordm 335 de 21 de

novembro de 2003 que dispotildee sobre a inserccedilatildeo das conhecidas

advertecircncias que estatildeo no verso das carteiras de cigarros e que

contecircm advertecircncias acompanhadas de imagens sobre os

perigos agrave sauacutede que o uso dos derivados do tabaco pode trazer

32 A Convenccedilatildeo-Quadro e a Lei 1254611 na promoccedilatildeo dos

ambientes saudaacuteveis

O Brasil na atualidade eacute o segundo maior exportador mundial

de produtos derivados do tabaco Mesmo assim foi a principal

lideranccedila na Convenccedilatildeo-Quadro e coordenou a Convenccedilatildeo em

trecircs dos quatro anos da sua elaboraccedilatildeo O paiacutes possui a

legislaccedilatildeo mais completa relacionada ao controle do tabagismo

O cumprimento efetivo das normas da Convenccedilatildeo-Quadro

promulgado pelo Decreto nordm 565806 proclama a legislaccedilatildeo

brasileira no controle do tabaco Lei nordm 929496 Previsatildeo de

proibiccedilatildeo da publicidade em torno do tabaco e restriccedilotildees ao uso

deste em locais puacuteblicos e privados somados a qualquer tipo de

promoccedilatildeo do tabaco instigante ao consumir do tabaco por

adolescentes

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

399

A legislaccedilatildeo brasileira por meio da promulgaccedilatildeo da lei

125462011 tem como principal escopo a proibiccedilatildeo total de

qualquer forma de propaganda dos produtos derivados de

tabaco no acircmbito do ponto de venda em qualquer veiacuteculo de

comunicaccedilatildeo em massa ou outro meio qualquer alusatildeo a eles

veda locais fechados puacuteblicos e privados do cigarro pois

anteriormente existiam aacutereas destinadas a fumantes dentre

outras disposiccedilotildees taxativas contra o cigarro e seus similares

(BRASIL 1996 BRASIL 2011)

Destarte a lei 125462011 impotildee restriccedilotildees mais riacutegidas

com relaccedilatildeo ao uso do tabaco em locais puacuteblicos e privados

legislaccedilatildeo anterior permitia o uso em locais especiacuteficos

fumodromos A lei promulgada em 2011 expressa o uso

proibido em qualquer espaccedilo proibiccedilatildeo da publicidade indutora

de venda e a proibiccedilatildeo da venda para menores de 18 anos

Poreacutem em nosso paiacutes o aspecto normativo eacute extremamente

rico a execuccedilatildeo desses dispositivos aconteceu em 2014 Apoacutes

trecircs anos da norma promulgada ocorreu a regulamentaccedilatildeo

pela presidente da federaccedilatildeo no ano de 2014

A regulamentaccedilatildeo prevecirc por exemplo penalidades em caso

de desrespeito a lei (BRASIL 2012) A efetividade de sua

aplicaccedilatildeo deve ser requerida pelo cidadatildeo brasileiro Uma vez

que ela ainda natildeo foi regulamentada em todo o territoacuterio

nacional

As leis restringem o uso e a venda do tabaco corroborando

com a ratificaccedilatildeo da Convenccedilatildeo-Quadro Neste contexto

possibilita o paiacutes reduzir o nuacutemero de dependentes do tabaco

de 34 no ano de 1989 para 19 no ano de 2006 e 12 na

atualidade A legislaccedilatildeo denota Poliacutetica Puacuteblica eficaz e sua

efetividade dependeraacute da atuaccedilatildeo dos cidadatildeos em absorver e

exigirem o cumprimento das normas O Ministeacuterio da Sauacutede

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

400

voltado para promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia agrave sauacutede

desempenhou papel ativo e crucial para ratificaccedilatildeo brasileira da

CQCT (BORGES 2011)

Estudo promovido pelas organizaccedilotildees de sauacutede tendo por

base a engenharia mecacircnica dos fluidos comprovou que natildeo

haacute efetiva proteccedilatildeo ao separar fumantes de natildeo-fumantes em

um mesmo recinto A fumaccedila proveniente da combustatildeo se

dissipa no ar com enorme facilidade tornando quase que

impossiacutevel uma ventilaccedilatildeo capaz de proteger os natildeo-fumantes

do fumo passivo

Mesmo um potente sistema de ventilaccedilatildeo e exaustatildeo natildeo eacute

eficiente para a total inibiccedilatildeo dos resiacuteduos provenientes dos

fumiacutegenos em combustatildeo Por conta da espessura e elevada

densidade das partiacuteculas desprendidas da queima do mesmo

tanto da ponta incandescente do cigarro como pela fumaccedila

expelida do fumante

REHVA (2004) posiciona-se da seguinte maneira a respeito

dos ambientes livres de fumo

A primeira prioridade no controle da

qualidade do ar eacute sempre remover a fonte

dos poluentes ou seja tratando-se de

assegurar boa qualidade do ar nada pode

ser comparado agrave proibiccedilatildeo do fumo

Mesmo o melhor sistema de ventilaccedilatildeo

possiacutevel natildeo resultaraacute na reduccedilatildeo dos

compostos quiacutemicos nocivos da fumaccedila do

tabaco a um niacutevel de zero absoluto Mas

dependendo do sistema escolhido eacute

possiacutevel reduzir a concentraccedilatildeo dos

compostos contaminados a uma fraccedilatildeo do

niacutevel original Deve-se considerar que o

princiacutepio da ldquoconcentraccedilatildeo maacutexima

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

401

permitidardquo eacute praacutetica comum em muitas

aacutereas quanto se trata da qualidade do ar

Poreacutem natildeo existe ldquoconcentraccedilatildeo maacutexima

permitidardquo baseada na sauacutede para a

poluiccedilatildeo tabagiacutestica ambiental

(REHVA 2004 P13 P14)

Desse modo a completa vedaccedilatildeo do fumo em ambientes

fechados semi-abertos inclusive os ldquofumoacutedromosrdquo eacute a uacutenica

maneira segura atualmente de proteger as pessoas do fumo

passivo que potencializa as causas das ldquodoenccedilas-gatilhordquo

como tambeacutem eleva o risco para obtenccedilatildeo de males crocircnicos

associados agrave exposiccedilatildeo agrave fumaccedila do tabaco

Nesse vieacutes seguindo uma tendecircncia mundial de sauacutede

puacuteblica a ediccedilatildeo da lei 1254611 e o Decreto 826214 tornou-

se um novo marco no tocante ao ordenamento juriacutedico

brasileiro Disciplinando a total proibiccedilatildeo dos ldquofumoacutedromosrdquo

aacutereas para fumantes ou quaisquer outros ambientes puacuteblicos e

privados fechados ou semi-abertos de qualquer interferecircncia

toacutexica da fumaccedila dos derivados do tabaco e demais fumiacutegenos

Permitindo apenas o uso apenas na rua a ceacuteu aberto ou em

residecircncias privadas salvo os casos permitidos em lei como

exemplificado os lugares de culto caso o ato de fumar faccedila

parte do ritual dentre outras disposiccedilotildees reguladas por esses

dois instrumentos legais (BORGES 2011)

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

402

4 CONCLUSOtildeES

O tabagismo eacute uma epidemia que atinge o globo A criaccedilatildeo

da Convenccedilatildeo-Quadro para o Controle do Tabaco que

regulamenta os ambientes livres de tabaco foi de suma

importacircncia para o controle do tabagismo e a reduccedilatildeo dos

niacuteveis de morbimortalidade causada pelo tabaco

O Brasil desempenhou papel de destaque na elaboraccedilatildeo e

coordenaccedilatildeo da Convenccedilatildeo e antes da elaboraccedilatildeo deste jaacute

contava com legislaccedilatildeo relacionada ao tema Esse conjunto de

Poliacuteticas Puacuteblicas voltadas para controlar a epidemia do

tabagismo foi elaborada e efetivada por meio do trabalho

conjunto dos Ministeacuterios da Sauacutede Desenvolvimento Agraacuterio

Justiccedila Educaccedilatildeo e Trabalho e Emprego

As medidas anti-tabaacutegicas garantem o direito social agrave

sauacutede devendo ser assegurado pelo Estado e permite a

aplicaccedilatildeo do Princiacutepio da Reserva do Possiacutevel que protege a

inviolabilidade do direito agrave vida e agrave sauacutede qualificada como

direito subjetivo inalienaacutevel assegurado a todos pela proacutepria

Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Assim apenas eacute possiacutevel privilegiar

o respeito indeclinaacutevel agrave vida e sauacutede humanas

A responsabilidade pela efetivaccedilatildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas

prima por prevalecer agrave vida Em contrapartida ao interesse

financeiro e secundaacuterio do Estado entendendo uma vez

configurado esse dilema razotildees de eacutetica juriacutedica impotildeem uma

soacute e possiacutevel opccedilatildeo aquela a privilegiar o respeito indeclinaacutevel

agrave vida e sauacutede humanas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANVISA- AGEcircNCIA NACIONAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA Consulta Puacuteblica n 29 de 2 de abril de 2007 Dispotildee sobre funcionamento das

A SAUacuteDE COMO DIREITO SOCIAL AS LEIS ANTI-TABAacuteGICAS NO BRASIL E SEUS ASPECTOS NORMATIVOS

403

salas destinadas exclusivamente para o uso de cigarros cigarrilhas charutos cachimbos ou de qualquer outro produto fumiacutegeno derivado do tabaco que produza fumaccedila ambiental do tabaco (FAT) nos recintos coletivos puacuteblicos ou provados Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 3 abr 2007 BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Senado Federal 2014 BRASIL Lei nordm 9294 de 15 de julho de 1996 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder executivo Brasiacutelia DF 15 jun 1996 BRASIL Lei nordm 12546 de 14 de dezembro de 2011 Diaacuterio Oficial da Repuacuteblica Federativa do Brasil Poder executivo Brasiacutelia DF 1996 BORGES Renata de Lacerda Antunes O tabaco no Rio Grande do Sul anaacutelise da cadeia agroindustrial e dos possiacuteveis impactos das poliacuteticas derivadas da Convenccedilatildeo-Quadro para o Controle do Tabaco sobre a economia fumageira Trabalho de Conclusatildeo de curso em Economia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS Porto Alegre 2011 CQTC Convenccedilatildeo-Quadro para o Controle do TabacoInstituto Nacional de Cacircncer ndash Rio de Janeiro INCA 2011 INCA Instituto Nacional do Cacircncer Rio de Janeiro ndash 2016 REHVA ndash FEDERATION OF EUROPEAN HEATING AND AIR-CONDITIONING ASSOCIATIONS Brussels Ventilation and smoking reducing the exposure to ETS in buildings 2004 144p SELLING M F A ventilaccedilatildeo e a poluiccedilatildeo tabagiacutestica ambiental ndash argumentaccedilatildeo cientiacutefica para o estabelecimento de leis de ambientes interiores livres de fumo 2009 120f Tese (Doutorado em Engenharia Mecacircnica) ndash Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2009 WHO WORLD HEALTH ORGANIZATION Philippines WHO report on the global tobacco epidemic 2015 ndash Bianual ISBN 978 92 4 150912 1

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

404

CAPIacuteTULO 23

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO

AUTISMO

Giovanna Gabrielly Custoacutedio MACEcircDO 1

Jeacutessyka Samara de Oliveira MACEDO 1 Priscilla Anne Castro de ASSIS 2

1Graduanda do curso de Enfermagem UFCG 2 Professora Doutora da UASUFCG cmacedogiovannahotmailcom

RESUMO O transtorno do espectro autista (TEA) ou simplesmente autismo eacute uma desordem no desenvolvimento do sistema neuroloacutegico de maneira geral haacute desvios na comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo social e uso da imaginaccedilatildeo estes aspectos formam A Triacuteade de Deficiecircncias caracterizam o autismo A siacutendrome afeta cerca de 2 milhotildees de pessoas somente no Brasil Seu diagnoacutestico natildeo eacute simples uma vez que as mesmas caracteriacutesticas podem ser encontradas em outras siacutendromes ou alteraccedilotildees psicoloacutegicas O tratamento para o TEA ocorre apenas de maneira paliativa tanto na melhora dos sintomas quanto na estimulaccedilatildeo do autoconhecimento e limitaccedilotildees pelo proacuteprio portador para o primeiro aspecto o medicamento Risperidona auxilia na diminuiccedilatildeo das crises de irritaccedilatildeo agressividade e agitaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao segundo dois meacutetodos satildeo usuais o TEACCH (Tratamento e educaccedilatildeo para crianccedilas com autismo e com distuacuterbios correlatos da comuniccedilatildeo) e o ABA (Anaacutelise aplicada do comportamento) A etiologia do Transtorno do Espectro Autista estaacute relacionada agrave associaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e fatores ambientais a teoria de origem geneacutetica eacute complexa e explica de 20 a 25 dos casos de TEA a partir dela diversas razotildees relacionam-se ao desenvolvimento da siacutendrome as principais incluem hereditariedade mutaccedilotildees geneacuteticas e a Siacutendrome do

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

405

Cromossomo X-Fraacutegil jaacute em relaccedilatildeo aos fatores ambientais os metais pesados as infecccedilotildees virais e bacterianas encontram-se associadas Palavras-chave Fatores ambientais Autismo DNA

1 INTRODUCcedilAtildeO

O transtorno do espectro autista comumente chamado

de autismo eacute uma desordem no desenvolvimento do sistema

neuroloacutegico caracterizado por prejuiacutezos no desenvolvimento de

habilidades sociais e de comunicaccedilatildeo padrotildees

comportamentais restritos e repetitivos aleacutem de um

processamento sensorial diferenciado (VAN HEIJST GEURTS

2015)

Segundo a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (2016) o

iacutendice atual de incidecircncia do autismo no mundo eacute de uma a

cada cem pessoas ou uma a cada 68 crianccedilas afetando cerca

de 1 da populaccedilatildeo mundial ao passo que segundo a Revista

Autismo (2010) no Brasil o TEA atinge aproximadamente 2

milhotildees de pessoas e somente em 2015 150 mil novos casos

foram diagnosticados

O autismo apresenta graus variados de alteraccedilotildees

anatocircmicas e comportamentais onde dificuldades na fala ou na

aprendizagem ansiedade irritabilidade agressividade

automutilaccedilatildeo depressatildeo e uma total falta de empatia podem

ser caracteriacutesticas encontradas nesses portadores (MANDY et

al 2014)

Uma vez que parte das caracteriacutesticas apresentadas por

um autista tambeacutem podem ser observadas em outras

siacutendromes ou alteraccedilotildees psicoloacutegicas o diagnoacutestico desse tipo

de transtorno natildeo se daacute de maneira simplificada A

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

406

determinaccedilatildeo do transtorno eacute realizada com base na avaliaccedilatildeo

cliacutenica do paciente sendo necessaacuterio a presenccedila do distuacuterbio

em trecircs domiacutenios para confirmaccedilatildeo do autismo na interaccedilatildeo

social na comunicaccedilatildeo e por fim na apresentaccedilatildeo de

interesses restritos e padrotildees estereotipados do

comportamento (LAI BARON-COHEN 2015)

Apesar dos inuacutemeros estudos este transtorno continua

sem cura utilizando-se somente do tratamento paliativo como

uma forma de auxiliar natildeo apenas na melhora dos sintomas

como tambeacutem na estimulaccedilatildeo do autoconhecimento para o

entendimento das potencialidades e limitaccedilotildees pelo proacuteprio

autista (HAPPE RONALD PLOMIN 2006)

Estudos anatofuncionais mostraram que diversas

regiotildees cerebrais estatildeo envolvidas no autismo dentre estas

podemos citar o sistema liacutembico a amiacutegdala aacutereas preacute-frontais

e cerebelo Schmahmann e Sherman (1998) foram os pioneiros

a associar alteraccedilotildees no cerebelo com o desenvolvimento do

autismo sendo este oacutergatildeo responsaacutevel pela cronologia do

raciociacutenio apresenta-se atrofiado em portadores da siacutendrome

(GESCHWIND STATE 2015)

O niacutevel de hipoplasia do cerebelo estaacute diretamente ligado

a capacidade de exploraccedilatildeo que um autista iraacute apresentar A

reduccedilatildeo pronunciada do verme cerebelar nas zonas de Larsell

VI e VII satildeo as principais causas do comprometimento dos

autistas na exploraccedilatildeo do local em que se encontram (HOWLIN

MOSS 2012)

Aleacutem das alteraccedilotildees no cerebelo estruturas ovais

denominadas de olivas encontradas sobressaindo-se na

superfiacutecie anterior do bulbo tambeacutem apresentam alteraccedilotildees

anatocircmicas nos portadores do transtorno gerando prejuiacutezos

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

407

nas conexotildees entre o cerebelo e o tronco encefaacutelico (MANDY

MURIN SKUSE 2014)

A etiologia do autismo eacute complexa e multifatorial sendo

resultado da interaccedilatildeo entre o material geneacutetico do indiviacuteduo e

fatores ambientais Estudos geneacuteticos utilizando a teacutecnica de

Microarray tem sido realizados como ferramenta para a

varredura do genoma de portadores do autismo visando a

descoberta de grupos de genes estatisticamente comprovados

e relevantes para o autismo e seus subtipos As alteraccedilotildees no

material geneacutetico jaacute relacionadas com a susceptibilidade ao

autismo incluem variaccedilotildees em nucleotiacutedeos simples

denominadas de Polimorfismos de nucleotiacutedeos uacutenicos (Single

nucleotide polymorphisms) (KANDEL et al 2014)

Estudos anteriores comprovaram que essas alteraccedilotildees

em nucleotiacutedeos simples estatildeo organizadas em sequecircncias

repetidas ou filamentos formando os denominados

polimorfismos de nuacutemero de coacutepia (Copy number

polymorphisms) Os estudos sugerem que as variaccedilotildees nessas

sequecircncias repetidas como o nuacutemero de repeticcedilotildees e as

alteraccedilotildees nucleotiacutedicas presentes sejam a base da

predisposiccedilatildeo geneacutetica que levaraacute ao desenvolvimento do

autismo (LAI et al 2013)

Aleacutem dos fatores ambientais infecccedilotildees virais e

bacterianas preacute-natais como as causadas por sarampo

rubeacuteola viacuterus da herpes papeira varicela e citomegaloviacuterus

tambeacutem satildeo fatores que contribuem para o desenvolvimento do

autismo (LAI et al 2013) Adicionalmente fatores como idade

paterna parto preacute-maturo processos neuroinflamatoacuterios graves

durante a gestaccedilatildeo disfunccedilatildeo mitocondrial e distuacuterbios

bioquiacutemicos satildeo fatores de risco para o desenvolvimento do

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

408

autismo assim como o uso de antidepressivos obesidade

diabetes e tabagismo (MANDY MURIN SKUSE 2014)

Ademais o ar poluiacutedo conteacutem vaacuterios componentes

toacutexicos que apresentam elevado grau de neurotoxicidade e

efeitos adversos no feto durante o periacuteodo intrauterino sendo

essas partiacuteculas transportadas ao citoplasma induzem o

estresse oxidativo e dano mitocondrial nas ceacutelulas Produtos

quiacutemicos encontrados no ar poluiacutedo exposiccedilatildeo a metais

pesados e a outras moleacuteculas encontradas no ambiente uma

vez ingeridos inalados absorvidos pela pele ou ateacute injetados

na gestante podem ultrapassar a membrana placentaacuteria e

alcanccedilar o feto interferindo no seu desenvolvimento e

principiando o desenvolvimento de patologias (HOWLIN

MOSS 2012 TORDJMAN et al 2014)

Uma vez que a interferecircncia do meio ambiente pode

levar ao desencadeamento da siacutendrome do espectro autista o

presente trabalho tem como objetivo geral discutir sobre os

fatores ambientais relacionados ao seu desenvolvimento

associaacute-los aos geneacuteticos e discutir como os mesmos

interferem no metabolismo celular durante o periacuteodo de

desenvolvimento embrionaacuterio

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O levantamento bibliograacutefico foi realizado atraveacutes da

leitura de artigos cientiacuteficos dissertaccedilotildees e teses disponiacuteveis

em banco de dados como Science Direct Scopus Web of

Science Scielo e Google Acadecircmico Inicialmente foram

pesquisados comunicaccedilotildees cientiacuteficas que descrevessem as

caracteriacutesticas gerais do autismo como meacutetodos de diganoacutestico

e tratamento e posteriormente foram pesquisados os possiacuteveis

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

409

mecanismos moleculares e genes associados ao

desenvolvimento da siacutendrome

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943 pelo

meacutedico Leo Kanner Kanner agrupou comportamentos

caracteriacutesticos manifestados por onze crianccedilas enumerando

um conjunto de aspectos que teoricamente definiriam o

distuacuterbio Em 1944 Hans Asperger descreveu na Aacuteustria

aspectos semelhantes aos ditos por Kanner (PEREIRA 1999

SOUSA SANTOS 2005 MELLO et al 2013)

Na caracterizaccedilatildeo Kanner chamou atenccedilatildeo para trecircs

peculiaridades fundamentais profunda dificuldade para com o

contato afetivo com outras pessoas obsessatildeo pela

manutenccedilatildeo do ldquomesmo estado das coisasrdquo (sameness) e

preferecircncia por objetos manuseados com precisatildeo Em 1979

Lorna Wing e Judith Gould realizaram um estudo

epidemioloacutegico com todas as crianccedilas de uma aacuterea do sul de

Londres formulando a partir do estudo A Triacuteade de Deficiecircncias

que caracterizavam o autismo desvios na comunicaccedilatildeo

interaccedilatildeo social e uso da imaginaccedilatildeo na triacuteade contudo

possiacuteveis variaccedilotildees nas condiccedilotildees de inteligecircncia podem ir do

retardo mental a niacuteveis acima da meacutedia (PEREIRA 1999

MELLO 2007 AWARES 2014)

A dificuldade de comuniccedilatildeo inclui gestos expressotildees

faciais linguagem corporal ritmo e modulaccedilatildeo da linguagem

verbal a dificuldade de sociabilizaccedilatildeo por sua vez associa-se

aleacutem da dificuldade do relacionamento com outras pessoas

propriamente dita agrave incapacidade de compartilhar sentimentos

gostos e emoccedilotildees e a dificuldade de discriminaccedilatildeo entre

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

410

pessoas Comportamentos 410esponsaacuteve e ritualiacutesticos ligam-

se agrave dificuldade do uso da imaginaccedilatildeo incluindo a falta de

aceitaccedilatildeo das mudanccedilas e dificuldades em processos criativos

(MELLO 2007)

Assim como outros transtornos do

neurodesenvolvimento a etiologia do Transtorno do Espectro

Autista estaacute relacionado agrave associaccedilatildeo entre fatores geneacuteticos e

fatores ambientais Apesar de inuacutemeras alteraccedilotildees de caraacuteter

geneacutetico ndash mais de mil ndash serem identificadas como fatores

potencias ao desenvolvimento da patologia estas explicam

apenas 20 a 25 dos casos de TEA De maneira geral a

herdabilidade do autismo apresenta-se em cerca de 90

indicando o papel central dos genes na sua fisiopatologia

Algumas suposiccedilotildees quanto ao peso geneacutetico do autismo satildeo

feitas de acordo com estudos jaacute comprovados por exemplo

quando comparados o diagnoacutestico de autismo em gecircmeos

monozigoacuteticos e dizigoacuteticos a condordacircncia de diagnoacutestico estaacute

presente em 92 nos primeiros gecircmeos e apenas 10 nos

segundos seguindo esta linha de raciociacutenio encontra-se uma

estimativa aproximada da contribuiccedilatildeo geneacutetica de ter o

transtorno quando se possui um parente afetado (BAILEY et al

1995 MILES 2011 SILVA 2015)

Ainda que o autismo seja altamente hereditaacuterio sua

origem geneacutetica eacute complexa uma vez que seu modelo de

transmissatildeo natildeo relaciona-se a um gene principal envolvido

estudos apontam que anomalias em quase todos os

cromossomos jaacute foram associadas ao autismo (GESCHWIND

2008 FLEISCHER 2012) Mutaccedilotildees numa famiacutelia de

proteiacutenas entretanto vem dando base para a patologia

molecular do autismo em camundongos defeitos moleculares

no gene que codifica as proteiacutenas da famiacutelia Shank (shank 1

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

411

shank 2 e shank 3) estariam associados ao modelamento da

siacutendrome (COUTINHO BOSSO 2015) A famiacutelia de proteiacutenas

Shank estaacute relacionada agrave manutenccedilatildeo das sinapses e agrave

perpertuaccedilatildeo do efeito do neurotransmissor glutamato poacutes-

sinapse por ser um dos principais neurotransmissores

excitatoacuterios o comprometimento da accedilatildeo da sinapse

glutamateacutergica pela mutaccedilatildeo da proteiacutena Shank sujeita o

sistema nervoso a disfunccedilotildees podendo desempenhar

importante papel para a fisiopatologia do autismo (CORDEIRO

VALLADA 2005 GUYTON HALL 2011)

Aleacutem disso a idade paterna e a Siacutendrome do

Cromossomo X-Fraacutegil tambeacutem estatildeo associadas ao autismo a

idade partena avanccedilada estaacute relacionada ao aumento do

nuacutemero de mutaccedilotildees na linhagem das ceacutelulas germinativas

justificando o desenvolvimento da siacutendrome em filhos de pais

mais velhos (GESCHWIND 2008) Num sequenciamento de 18

triacuteades (matildee pai e filho) a idade paterna foi relacionada agrave

materna estando esta tambeacutem associada ao nuacutemero de

mutaccedilotildees contudo quando analisadas em conjunto a idade

paterna manteve-se significante enquanto a materna natildeo

relacionou-se da mesma maneira (RIBAS CUNHA 2013) A

Siacutendrome do Cromossomo X-Fraacutegil por sua vez resultante de

mutaccedilotildees no gene Fragile Mental Retardation 1 (FMR-1) onde

haacute insuficiecircncia da expressatildeo de uma proteiacutena essencial para

as funccedilotildees cerebrais normais afeta 1 em cada 1000 indiviacuteduos

e possui incidecircncia variaacutevel em casos de autismo de 0 a 20

quanto as manifestaccedilotildees cognitivas da Siacutendrome do

Cromossomo X-Fraacutegil haacute retardo mental de moderado a severo

e comportamento autiacutestico (OLIVEIRA et al 2004)

Cerca de doze genes jaacute foram relacionados com o

autismo mas acredita-se que eacute a interaccedilatildeo dos genes com

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

412

determinados fatores ambientais que regulam a sua expressatildeo

gecircnica e funcionalidade Cerca de 10-15 dos autistas

apresentam uma causa geneacutetica identificaacutevel como a jaacute

mencionada Siacutendrome do Cromossomo X-fraacutegil e a Siacutendrome

de Angelman por exemplo onde o autismo faz parte das

caracteriacutesticas dessas siacutendromes (RAPIN TUCHMAN 2009

VOINEAGU 2011 GRONBORG 2013)

Aproximadamente 354 marcadores geneacuteticos foram

localizados em oito regiotildees dos cromossomos 2 4 7 13 16

19 e 22 relacionados ao autismo claacutessico e obtidos a partir de

uma ampla triagem de todo o genoma (CARVALHEIRA

VERGANI BRUNONI 2004) Em particular o braccedilo pequeno

do cromossomo dois e sete e alguns genes do cromossomo

quinze satildeo os de maior frequecircncia (RAPIN TUCHMAN 2009)

Nos cromossomos 2 e 7 os portadores apresentaram os mais

severos comprometimentos da linguagem (GARDIA

TUCHMAN ROTTA 2004)

Aleacutem destes o cromossomo 15 encontra-se relacionado

ao autismo a partir de uma disfunccedilatildeo na via GABAeacutergica no

intervalo 15q11-q13 deste cromossomo encontram-se os

genes que codificam as subunidades β3 α5 e ɣ3 do receptor

gabamineacutergico ainda nesta regiatildeo diversos marcadores do

autismo tambeacutem satildeo encontrados Sabe-se que o niacutevel de

GABA principal neurotransmissor inibitoacuterio do sistema nervoso

encontra-se elevado no plasma de crianccedilas autistas indicando

que haja possivelmente uma accedilatildeo compensatoacuteria derivada de

uma hiposensibilidade de um dos subgrupos dos receptores

gabamineacutergicos levando o neurotransmissor a uma maior

interaccedilatildeo com outros subgrupos do seu receptor e

consequentemente a alteraccedilotildees complexas nas funccedilotildees

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

413

GABAeacutergicas ao longo do ceacuterebro dos portadores da siacutendrome

(SOLIacuteS-ANtildeES DELGADO-LUENGO HERNAacuteNDEZ 2007)

A tabela 1 apresenta os principais candidatos a genes

associados ao autismo nos cromossomo sete e quinze

Tabela 1 Genes candidatos nos cromossomos 7 e 15

Gene Nome Localizaccedilatildeo Referecircncias

HOXA1

Homeobox A1

7p15-p142

Hong et al (1995)

Ingram et al (2000)

RELN

Reelina

7q22

Hong et al (2000)

IMGSAC (2001)

ST7RAY1

Supressatildeo da

tumorigenicidade

7q311

Zenklusen et al (1995) IMGSAC (2001)

IMMP2L

Peplicase 2-like da membrana

mitocondrial interna

7q31

IMGSAC (2001)

WNT2

Local de integraccedilatildeo MMTV do membro familiar 2 do tipo

wingless

7q31

IMGSAC (2001)

Wassik et al (2001b)

FOXP2SPCH1

Forkhead box P2 Transtorno da fala e

da linguagem 1

7q31

Hust et al (1990)

Folstein e Mankoski

(2000ordf) Lai et al (2000)

IMGSAC (2001)

Newbury e Monaco (2002)

Newbury et al (2005)

UBE3A

Ubiquitina-proteiacutena ligase E3A

15q11-q13

Kishino et al (1997) Nurmi et al (2001) Jiang et al

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

414

(2004) Samaco et al (2005)

Fonte TUCHMAN e RAPIN 2009

Mutaccedilotildees no locus 7p31 do cromossomo sete foram

identificadas como sendo as 414esponsaacuteveis pelo transtorno de

fala-linguagem (SPCH1) observado nos indiviacuteduos portadoras

da siacutendrome (VOINEAGU et al 2011) Outro gene associado ao

autismo eacute o gene da Reelina (RELN) na posiccedilatildeo 7q22 que

codifica uma proteiacutena reguladora da migraccedilatildeo dos neurocircnios

piramidais corticais dos interneurocircnios e Ceacutelulas de Purkinje

durante o desenvolvimento embrionaacuterio do sistema nervoso

central (ZERBO et al 2015)

O gene WNT2 codifica uma proteiacutena sinalizadora

existente no desenvolvimento embrionaacuterio de diversos oacutergatildeos e

do sistema nervoso central estando associada com as

alteraccedilotildees cerebelares observadas em autistas (ZERBO et al

2015) Eacute no cerebelo onde satildeo encontrados os maiores

neurocircnios do sistema nervoso central denominados Ceacutelulas de

Purkinje satildeo ceacutelulas piriformes grandes com aacutervores

dendriacuteticas bem desenvolvidas ramificando-se entre a camada

molecular ateacute a superfiacutecie do coacutertex cerebelar estando seus

axocircnios como as uacutenicas fibras eferentes do coacutertex cerebelar

Em pessoas com a siacutendrome do espectro autista essas ceacutelulas

estatildeo em nuacutemero reduzido (KANDELE et al 2014)

Segundo a Agecircncia de Proteccedilatildeo Ambiental dos Estados

Unidos (United States Environmental Protection Agency)

partiacuteculas neurotoacutexicas presentes na poluiccedilatildeo do ar satildeo fatores

de risco para o desenvolvimento do autismo (KALKBRENNER

2010 RAZ et al 2013 ROBERTS 2013)

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

415

A exposiccedilatildeo acentuada a partiacuteculas oriundas da

combustatildeo do diesel alguns metais e compostos orgacircnicos

como o cloreto de metileno tricloroetileno e estireno aleacutem dos

ftalatos podem contribuir para o desenvolimento do autismo

especialmente nas gestantes que estatildeo ainda no primeiro

trimestre da gravidez sobretudo as primeiras semanas

gestacionais do desenvolvimento embrionaacuterio satildeo

determinantes para o desenvolvimento de maacute formaccedilotildees

desenvolvimento de siacutendromes parto prematuro e ateacute aborto

No autismo componentes ambientais contribuem para o

desenvolvimento da siacutendrome os fatores ambientais

relacionados com o autismo satildeo classificados em fatores de

risco antes do periacuteodo gestacional fatores de risco no periacuteodo

gestacional e fatores de risco poacutes-natal sendo os uacuteltimos mais

determinantes no primeiro ano de idade (MANDY et al 2014

GESCHWUIND STATE 2015) Estas partiacuteculas citadas

anteriormente apresentam a capacidade de penetrar nas

ceacutelulas tornando-se muitas vezes moleacuteculas sinalizadoras

que controlam a transcriccedilatildeo gecircnica seja como ativadores ou

como repressores de genes especiacuteficos (STONER 2014

GRONBORG 2013)

Segundo Silva (2015) conforme citado por Roullet et al

(2013) e Smith e Brown (2014) a expoxiccedilatildeo a teratoacutegenos

como o aacutecido valproacuteico e a talidomida durante o terceiro

simestre gestacional contribuiria significativamente para o

nascimento de indiviacuteduos portadores do TEA A partir deste

pressuposto eacute possiacutevel perceber que os fatores geneacuteticos

sozinhos natildeo explicam por completo a etiologia do TEA

Os metais pesados como o chumbo por exemplo satildeo

exemplos de substacircncias encontradas no meio ambiente que

poderiam levar ao desenvolvimento do TEA ou mesmo agrave

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

416

complicaccedilotildees deste quadro principalmente no periacuteodo

gestacional e nos primeiros anos de vida Lidsky e Schneider

(2005) apresentaram em seu artigo o caso de duas crianccedilas

que desenvolviam-se nos padrotildees considerados normais ateacute

que por intoxicaccedilaccedilatildeo de chumbo apresentaram

posteriormente um quadro de autismo (caso 1) e de sintomas

semelhantes ao do autismo (caso 2) O primeiro caso relata

uma crianccedila que desenvolvia-se dentro da normalidade mas

aos 15 meses foi detectado um elevado niacutevel de chumbo em

sua corrente sanguiacutenea caracterizando uma intoxicaccedilatildeo Este

niacutevel permaneceu aumentando gradativamente ateacute os 26

meses onde a crianccedila comeccedilou a perder a habilidade da fala e

consequentemente apresentou atrasos em todas as aacutereas ndash

exceto a aacuterea motora Aos trecircs anos a crianccedila apresentava

Incapacidade de Desenvolvimento Global e aos 4 Autismo No

segundo caso a crianccedila desenvolvia-se normalmente ateacute

apresentou o quadro de intoxicaccedilatildeo por chumbo aos 3 anos

quadro este que perdurou ateacute os 5 anos onde a crianccedila

comeccedilou a apresentar dificuldades nas atividades de memoacuteria

processamento de informaccedilotildees e raciociacutenio espacial do jardim

de infacircncia Aos 7 o processo de deterioraccedilatildeo ficou mais

acentuado e pocircde ser observada grande perda da linguagem

receptiva e expressiva aleacutem de dificuldades de concentraccedilatildeo

A crianccedila do caso 2 foi diagnosticada com Transtorno Global do

Desenvolvimento mas natildeo chegou a apresentar o autismo

propriamente

O diagnoacutestico se daacute basicamente pela avaliaccedilatildeo do

quadro cliacutenico uma vez que natildeo existem exames laboratoriais

para a detecccedilatildeo (MELLO 2007) Apoacutes eliminadas as suspeitas

de outras doenccedilas que tenham as caracteriacutesticas do autismo e

confirmada a presenccedila da siacutendrome por um profissional da

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

417

medicina intervenccedilotildees satildeo utilizadas como forma de

tratamento As mais usuais envolvem o meacutetodo TEACCH

(Tratamento e educaccedilatildeo para crianccedilas com autismo e com

distuacuterbios correlatos da comuniccedilatildeo) e o ABA (Anaacutelise aplicada

do comportamento) o primeiro refere-se a um programa

individualizado onde a organizaccedilatildeo do ambiente fiacutesico atraveacutes

de rotinas visa o desenvolvimento da independecircncia da crianccedila

com autismo o segundo por sua vez introduz habilidades por

etapas visando que a crianccedila tenda a repetir os ensinamentos

que iniciam-se geralmente por uma instruccedilatildeo (MELLO 2007)

Ainda para o tratamento o sistema puacuteblico de sauacutede brasileiro

disponibiliza desde 2015 o primeiro medicamento para o

autismo o Risperidona a droga auxilia na diminuiccedilatildeo das crises

de irritaccedilatildeo agressividade e agitaccedilatildeo com o fornecimento

gratuito do faacutermaco cerca de 19 mil portadores seratildeo

beneficiados por ano aleacutem do medicamento instituiccedilotildees como

Unidades Baacutesicas de Sauacutede Rede Psicossocial e os Centros

Especializados em Reabilitaccedilatildeo realizam accedilotildees de

acompanhamento identificaccedilatildeo estimulaccedilatildeo precoce

habilitaccedilatildeoreabilitaccedilatildeo e intervenccedilotildees educativas voltadas aos

portadores da siacutendrome do espectro autista (BRASIL 2014)

4 CONCLUSOtildeES

O nuacutemero de pessoas diagnosticadas com autismo tem

aumentado nos uacuteltimos anos A siacutendrome apresenta origens

geneacuteticas e ambientais associadas a mais de doze

cromossomos que apresentam mutaccedilotildees ou alteraccedilotildees na

regulaccedilatildeo da sua expressatildeo gecircnica contribuindo

potencialmente para o desenvolvimento do TEA A exposiccedilatildeo

de graacutevidas a fatores ambientais tais como infecccedilotildees

bacterianas ou virais o uso de medicamentos e a exposiccedilatildeo a

ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

418

agentes poluentes presentes no ar foram descritos como

fatores de risco para o desenvolvimento da siacutendrome

especialmente durante o primeiro trimestre da gestaccedilatildeo ateacute o

primeiro ano de vida da crianccedila

Tendo em vista os fatores ambientais como

desencadeantes de inuacutemeras patologias do

neurodesenvolvimento como o TEA faz-se necessaacuterio a

implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que fiscalizem a atividade

industrial sobretudo as que utilizam compostos toacutexicos em seus

produtos ndash como eacute o caso do chumbo presente em baterias

por exemplo Tal atitude seria contribuinte para a diminuiccedilatildeo

dos inuacutemeros casos de intoxicaccedilatildeo da populaccedilatildeo por estes

compostos nocivos eacute preciso ainda investir em atividades

inclusivas para a populaccedilatildeo autista potencializando a

qualidade de vida dos portadores da siacutendrome como tambeacutem

de seus familiares Eacute imprescindiacutevel o investimento em estudos

adicionais para fortalecer os conhecimentos jaacute descritos quanto

ao autismo principalmente no que se refere a relaccedilatildeo do meio

ambiente no desenvolvimento da patologia de modo a elucidar

os aspectos da siacutendrome ainda desconhecidos

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ASSOCIACcedilAtildeO DE FATORES AMBIENTAIS E GENEacuteTICOS NO DESENVOLVIMENTO DO AUTISMO

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PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE

ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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CAPIacuteTULO 24

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA

APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

Roberta Milena Moura RODRIGUESsup1

Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOSsup2 Wilton Silva LOPESsup2

1Mestranda do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental UEPB

2Orientadores Professores do Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Ciecircncia e Tecnologia Ambiental UEPB

robertamilena_rmhotmailcom

RESUMO Teacutecnica de separaccedilatildeo de misturas e identificaccedilatildeo de componentes a cromatografia foi inventada em 1850 Destacou-se no iniacutecio do seacuteculo XX quando o botacircnico russo Mikhail Semenovich Tswett estudando pigmentos vegetais desenvolve a cromatografia liacutequido-soacutelido em coluna seca para separar clorofila de carotenos Atualmente dispotildee-se de vaacuterios tipos de cromatografia destacando-se cromatografia gasosa (CG) e liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) utilizadas acopladas a um espectrocircmetro de massas como detector ldquoPadratildeo ourordquo por reunir caracteriacutesticas de velocidade (resultados em minutos) alta resoluccedilatildeo eficiecircncia seletividade e detectabilidade (CG analisa gases liacutequidos e soacutelidos MM 2-1200 capacidade miacutenima de detecccedilatildeo de 10-12g separa ateacute 200 componentes por amostra CLAE analisa liacutequidos e soacutelidos MM 32 ndash 4x106 separa mais de 50 componentes capacidade miacutenina de detecccedilatildeo 10-9g) Fornece informaccedilotildees estruturais e massa molar uacutetil para anaacutelises nas aacutereas de sauacutede (controle de qualidade de ativos e foacutermulas farmacecircuticas) alimentos (identificaccedilatildeoquantificaccedilatildeo de substacircncias bioloacutegicas) e

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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preservaccedilatildeo ambiental (anaacutelises de toacutexicos e materiais reciclaacuteveis - aacutecidos graxos volaacuteteis em lodos intermediaacuterios na produccedilatildeo de biogaacutes recuperando energia de resiacuteduos contaminantes de solos e aacuteguas) A validaccedilatildeo dos meacutetodos de CG e CLAE eacute fundamental para assegurar a qualidade metroloacutegica e confiabilidade dos resultados Apresenta-se nesse trabalho uma metodologia de validaccedilatildeo para anaacutelises por CG e CLAE de substacircncias nas aacutereas de sauacutede alimentos e meio ambiente Palavras-chaveCromatografia gasosa e liacutequida Espectrocircmetro de massas Validaccedilatildeo

1 INTRODUCcedilAtildeO

A cromatografia eacute uma das teacutecnicas analiacuteticas mais

versaacutetil e abrangente da atualidade O termo cromatografia tem

raiacutezes gregas de ldquochromardquo cor e ldquografeinrdquo grafia Tornou-se

relevante no iniacutecio do seacuteculo XX quando Mikhail Semenovich

Tswett durante estudos sobre a clorofila de plantas

demonstrou pela primeira vez a adsorccedilatildeo como um meacutetodo de

separaccedilatildeo de componentes quiacutemicos de uma mistura (analitos)

Eacute um meacutetodo fiacutesico-quiacutemico de separaccedilatildeo que envolve a

distribuiccedilatildeo diferencial dos analitos misturados em um sistema

heterogecircneo bifaacutesico caracterizado por uma fase estacionaacuteria e

uma fase moacutevel Entre as teacutecnicas cromatograacuteficas modernas

mais utilizadas estatildeo a cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia

(CLAE) e a cromatografia gasosa (CG) Na cromatografia

gasosa a fase moacutevel eacute um gaacutes e a fase estacionaacuteria eacute a coluna

na cromatografia liacutequida a fase moacutevel eacute um solvente e a fase

estacionaacuteria eacute constituiacuteda de partiacuteculas soacutelidas empacotadas

em uma coluna a qual eacute atravessada pela fase moacutevel

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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Teacutecnicas cromatograacuteficas satildeo aplicadas em diversas

aacutereas como na sauacutede por ser uma poderosa ferramenta

analiacutetica para o controle de qualidade de substacircncias

farmacoloacutegicas ativas por apresentar elevada exatidatildeo nos

resultados alta confiabilidade na identificaccedilatildeo e na

quantificaccedilatildeo dos compostos e na determinaccedilatildeo da

porcentagem do princiacutepio ativo assim como na quantificaccedilatildeo

das impurezas Ainda permite a determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo

ou formulaccedilatildeo de um novo produto o estudo de sua

estabilidade e degradaccedilatildeo O controle de qualidade se beneficia

ao usar uma teacutecnica que permite resultados em curto tempo (em

geral 1 a 20 minutos) com alta precisatildeo e exatidatildeo

(NASCIMENTO 2011)

CLAE eacute usada em diversas anaacutelises de alimentos como

por exemplo para quantificar pigmentos naturais

(424arotenoides) dos quais depende a cor das frutas dos

vegetais e de outros como a gema de ovo a pele e o muacutesculo

de alguns peixes Sua importacircncia tambeacutem estaacute relacionada agrave

funccedilotildees bioloacutegicas nos humanos como atividade proacute-vitamiacutenica

A fortalecimento do sistema imunoloacutegico diminuiccedilatildeo do risco

de doenccedilas degenerativas (cacircncer e cardiovasculares

degeneraccedilatildeo macular e catarata) Por essas e outras funccedilotildees

a determinaccedilatildeo da composiccedilatildeo de 424arotenoides em

alimentos eacute de extrema importacircncia mundial onde CLAE e

variantes cromatograacuteficas fornecem seguranccedila na anaacutelise

(SENTANIN AMAYA 2007)

Na aacuterea de meio ambiente a cromatografia eacute usada para

detecccedilatildeo de nanocontaminantes endoacutecrinos em aacuteguas naturais

e residuais (esgotos e seus lodos) lixiviados de resiacuteduos

soacutelidos assim como produtos metaboacutelicos intermediaacuterios de

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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microrganismos em reatores bioloacutegicos de tratamento de

esgotos ou de outros resiacuteduos tendo em vista que os processos

bioloacutegicos secundaacuterios de tratamento de esgotos se

desenvolveram enormemente nas uacuteltimas deacutecadas e que

homens e mulheres usam cada vez mais entre outras

substacircncias hormocircnios seja como ativadores anaboacutelicos e

estimulantes ou como anticoncepcionais que satildeo

descarregados nos esgotos Por sua vez o lodo gerado por

sedimentaccedilatildeo dos soacutelidos dos esgotos municipais ao longo de

seu tratamento nas ETAs (Estaccedilotildees de Tratamento de Esgoto)

apresenta composiccedilatildeo quiacutemica complexa de difiacutecil

biodegradaccedilatildeo no ambiente assim como possui carga elevada

de microrganismos patogecircnicos com altos riscos agrave sauacutede

puacuteblica e ao ambiente quando despejados na natureza ou

aplicados no solo como biofertilizantes se natildeo foram antes

adequadamente acondicionadas para tal fim

Embora os lodos possuam entre 80 a 90 de seu peso

em aacutegua os restantes 10 a 20 satildeo mateacuteria orgacircnica ali

incluiacutedos os microrganismos e sais inorgacircnicos e metais que

podem ser reaproveitados ou reciclados assim apesar de

todos os problemas que esse resiacuteduo pode causar eacute uma fonte

valiosa de nutrientes como nitrogecircnio e foacutesforo e de metais e

sais diversos Por sua vez a energia contida na massa orgacircnica

pode ser biodegradada em reatores simples e econocircmicos

(biodigestores anaeroacutebios) que funcionam em condiccedilotildees

apropriadas que estimulam o crescimento de bacteacuterias

fermentadoras metanogecircnicas que produzem biogaacutes com alto

teor de metano (meacutedia de 70) recuperando parte da energia

contida nessa biomassa e gerando valor econocircmico de um

resiacuteduo perigoso e rejeitado mas muito valorizado em diversos

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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paiacuteses pelo seu conteuacutedo energeacutetico Em algumas ETEs a

produccedilatildeo de biogaacutes e sua transformaccedilatildeo em energia eleacutetrica

permite diminuir o consumo de eletricidade em quase 50

(LEITE 2016)

Dentre os diversos meacutetodos desenvolvidos para anaacutelises

da composiccedilatildeo de faacutermacos alimentos e substacircncias diversas

em matrizes ambientais a cromatografia liacutequida e a gasosa

com detector espectrocircmetro de massas se destacam por

oferecerem alta eficiecircncia A validaccedilatildeo da teacutecnica para

substacircncias especiacuteficas deve garantir que o meacutetodo atenda agraves

exigecircncias das aplicaccedilotildees analiacuteticas assegurando a

confiabilidade dos resultados e evidenciando que a metodologia

eacute exata reprodutiacutevel e flexiacutevel na faixa especiacutefica que a

substacircncia seraacute analisada

Nesse contexto o presente trabalho objetivou realizar

uma revisatildeo bibliograacutefica sobre o tema ldquoPrinciacutepios aplicaccedilotildees

e validaccedilatildeo das cromatografias liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE)

e gasosa (CG) para aplicaccedilotildees em anaacutelises das aacutereas de

sauacutede alimentos e meio ambienterdquo

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O estudo consiste em uma revisatildeo bibliograacutefica com

base na leitura anaacutelises e discussatildeo de artigos cientiacuteficos

manuais dissertaccedilotildees de mestrado e teses de doutorado anais

de congressos e seminaacuterios relacionados com a sauacutede

alimentos e a engenharia sanitaacuteria e ambiental sobre o tema

base de cromatografia liquida de alta eficiecircncia (CLAE) e

gasosa (CG) Objetiva evidenciar a importacircncia de validar os

meacutetodos de ambas as teacutecnicas quando acopladas a um

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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espectrocircmetro de massas para anaacutelises de compostos

quiacutemicos de importacircncia na sauacutede alimentos e meio ambiente

Foram utilizados bancos de dados da SciELO (Scientific

Electronic Library Online) e da CAPES (Coordenaccedilatildeo de

Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior)

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A cromatografia liacutequida claacutessica teve seu iniacutecio no final

do seacuteculo XIX e seu maior avanccedilo ocorreu na deacutecada de 70 do

seacuteculo passado Existem hoje vaacuterios tipos de cromatografias

cromatografia em papel em camada delgada (CCDTLC) em

fase gasosa (CG) e cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia

(CLAE) (COUTO 2015)

Dentre as teacutecnicas cromatograacuteficas mais utilizadas estatildeo

a cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) e a

cromatografia gasosa (CG) O objetivo principal das

cromatografias liacutequida e gasosa eacute separar individualmente os

diversos constituintes de uma mistura de substacircncias para

identificar quantificar ou obter a substacircncia pura para os mais

diversos fins A separaccedilatildeo ocorre pela migraccedilatildeo da amostra por

uma fase estacionaacuteria (a coluna) por intermeacutedio de um fluido (a

fase moacutevel) apoacutes a amostra ser injetada no sistema

cromatograacutefico a seguir os componentes da amostra se

distribuem entre as duas fases e devido ao efeito retardante da

fase estacionaacuteria viajam mais lentamente que a fase moacutevel o

equiliacutebrio de distribuiccedilatildeo de componentes entre as duas fases

determina a velocidade de migraccedilatildeo de cada um desses

componente atraveacutes do sistema A identificaccedilatildeo das

substacircncias que estatildeo eluindo da coluna cromatograacutefica pode

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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ser feita pelo espectrocircmetro de massas que se destaca como

detector A combinaccedilatildeo dos dois meacutetodos (cromatografia

liacutequida ou gasosa com espectrometria de massas) reduz a

possibilidade de erro (ARGENTON 2010)

A validaccedilatildeo adequada da metodologia assegura a

qualidade metroloacutegica dos ensaios e a confiabilidade teacutecnica

dos resultados Validar um processo equipamento sistema ou

metodologia eacute tornar legiacutetimo atraveacutes do estabelecimento de

documentaccedilotildees tudo que envolve o processo de produccedilatildeo e

controle de qualidade desde as condiccedilotildees do ambiente ateacute os

insumos e mateacuterias-primas que entram em sua composiccedilatildeo

Em outras palavras validar significa garantir que o produto seja

fabricado sempre da mesma forma com a mesma qualidade e

dentro dos limites de toleracircncia preacute estabelecidos

rigorosamente (ATHAIDE 2000 MORETTO SHIB 2000

EMANUELLI 2000 NICOLOacuteSI 2003)

Os paracircmetros determinados na validaccedilatildeo satildeo limite de

detecccedilatildeo limite de quantificaccedilatildeo precisatildeo linearidade

seletividade sensibilidade e exatidatildeo e descritos a seguir

Limite de detecccedilatildeo (LD) Segundo resoluccedilatildeo ANVISA

RE nordm 899 de 29 de maio de 2003 limite de detecccedilatildeo eacute a menor

quantidade do analito presente em uma amostra que pode ser

detectado poreacutem natildeo necessariamente quantificado sob as

condiccedilotildees experimentais definidas O limite de detecccedilatildeo eacute

estabelecido por meio da anaacutelise de soluccedilotildees de concentraccedilotildees

conhecidas e decrescentes do analito ateacute o menor niacutevel

detectaacutevel no caso de meacutetodos instrumentais (CLAE CG

absorccedilatildeo atocircmica) a estimativa do limite de detecccedilatildeo pode ser

feita com base na relaccedilatildeo de 3 vezes o ruiacutedo da linha de base

Pode ser determinado pela equaccedilatildeo LD = (DPa IC) x 3 (em

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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que Dpa eacute o desvio padratildeo do intercepto com o eixo do Y de

no miacutenimo 3 curvas de calibraccedilatildeo construiacutedas contendo

concentraccedilotildees proacuteximas ao suposto limite de quantificaccedilatildeo IC

eacute a inclinaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo)

INMETRO DOQ-CGCRE-008de 2006 considera o limite

de detecccedilatildeo do equipamento (LDE) como a concentraccedilatildeo do

analito que produz um sinal de trecircs a cinco vezes a razatildeo

sinalruiacutedo do equipamento O limite de detecccedilatildeo do meacutetodo

(LD) eacute determinado como a concentraccedilatildeo miacutenima de uma

substacircncia medida e declarada com 95 ou 99 de confianccedila

de que a concentraccedilatildeo do analito eacute maior que zero O LD eacute

definido por meio da anaacutelise completa de uma dada matriz

contendo o analito O procedimento de determinaccedilatildeo do LD eacute

aplicado a uma grande variedade de amostras desde a aacutegua

reagente (branco) ateacute aacuteguas residuaacuterias todas contendo o

analito O LD pode variar em funccedilatildeo do tipo da amostra Eacute

fundamental assegurar que todas as etapas de processamento

do meacutetodo analiacutetico sejam incluiacutedas na determinaccedilatildeo desse

limite de detecccedilatildeo

Limite de quantificaccedilatildeo (LQ) segundo ANVISA RE nordm

899 de 29 de maio de 2003 eacute a menor quantidade do analito

em uma amostra que pode ser determinada com precisatildeo e

exatidatildeo aceitaacuteveis sob as condiccedilotildees experimentais

estabelecidas O limite de quantificaccedilatildeo eacute um paracircmetro

determinado principalmente para ensaios quantitativos de

impurezas produtos de degradaccedilatildeo e eacute expresso como

concentraccedilatildeo do analito (por exemplo porcentagem pp ou pV

partes por milhatildeo) na amostra O limite de quantificaccedilatildeo eacute

estabelecido atraveacutes da anaacutelise de soluccedilotildees contendo

concentraccedilotildees decrescentes do analito ateacute o menor niacutevel

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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determinaacutevel com precisatildeo e exatidatildeo aceitaacuteveis Pode ser

expresso pela equaccedilatildeo LQ = (Dpa x 10) IC (em que Dpa eacute o

desvio padratildeo do intercepto com o eixo do Y de no miacutenimo 3

curvas de calibraccedilatildeo construiacutedas contendo concentraccedilotildees do

analito proacuteximas ao suposto limite de quantificaccedilatildeo IC eacute a

inclinaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo) Tambeacutem pode ser

determinado por meio do ruiacutedo neste caso determina-se o

ruiacutedo da linha de base e considera-se como limite de

quantificaccedilatildeo aquela concentraccedilatildeo que produza relaccedilatildeo sinal-

ruiacutedo superior a 101

Para INMETRO DOQ-CGCRE-008 de 2006 o limite de

quantificaccedilatildeo eacute a menor concentraccedilatildeo do analito que pode ser

determinada com um niacutevel aceitaacutevel de exatidatildeo e precisatildeo

Pode ser considerado como a concentraccedilatildeo do analito

correspondente ao valor da meacutedia do branco mais 5 6 ou 10

desvios-padratildeo Eacute tambeacutem denominado ldquoLimite de

Determinaccedilatildeordquo que na praacutetica corresponde ao padratildeo de

calibraccedilatildeo de menor concentraccedilatildeo (excluindo o branco) Este

limite apoacutes ter sido determinado deve ser testado para

averiguar se a exatidatildeo e a precisatildeo conseguidas satildeo

satisfatoacuterias

Precisatildeo Segundo ANVISA RE nordm 899 de 29 de maio

de 2003 a precisatildeo eacute a avaliaccedilatildeo da proximidade dos

resultados obtidos em uma seacuterie de medidas de uma

amostragem muacuteltipla de uma mesma amostra Esta eacute

considerada em trecircs niacuteveisrepetibilidade (precisatildeo intra-

corrida) concordacircncia entre os resultados dentro de um curto

periacuteodo de tempo com o mesmo analista e mesma

instrumentaccedilatildeo a repetibilidade do meacutetodo eacute verificada por no

miacutenimo 9 (nove) determinaccedilotildees contemplando o intervalo

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linear do meacutetodo ou seja 3 (trecircs) concentraccedilotildees baixa meacutedia

e alta com 3 (trecircs) reacuteplicas cada ou miacutenimo de 6 determinaccedilotildees

a 100 da concentraccedilatildeo do testeprecisatildeo intermediaacuteria

(precisatildeo inter-corridas) concordacircncia entre os resultados do

mesmo laboratoacuterio mas obtidos em dias diferentes com

analistas diferentes eou equipamentos diferentes Para a

determinaccedilatildeo da precisatildeo intermediaacuteria recomenda-se um

miacutenimo de 2 dias diferentes com analistas diferentes

reprodutibilidade (precisatildeo inter-laboratorial) concordacircncia

entre os resultados obtidos em laboratoacuterios diferentes como em

estudos colaborativos frequentemente aplicados agrave

padronizaccedilatildeo de metodologia analiacutetica A precisatildeo de um

meacutetodo analiacutetico pode ser expressa como o desvio padratildeo ou

desvio padratildeo relativo (coeficiente de variaccedilatildeo) de uma seacuterie de

medidas A precisatildeo pode ser expressa como desvio padratildeo

relativo (DPR) ou coeficiente de variaccedilatildeo (CV) segundo a

equaccedilatildeo DPR = (DP CMD) x 100 (onde DP eacute o desvio

padratildeo e CMD a concentraccedilatildeo meacutedia determinada) O valor

maacuteximo aceitaacutevel deve ser definido de acordo com a

metodologia empregada a concentraccedilatildeo do analito na amostra

o tipo de matriz e a finalidade do meacutetodo natildeo se admitindo

valores superiores a 20

Segundo INMETRO DOQ-CGCRE-008 de 2006 eacute um

termo geral para avaliar a dispersatildeo de resultados entre ensaios

independentes repetidos de uma mesma amostra de amostras

semelhantes ou padrotildees em condiccedilotildees definidas Eacute

normalmente determinada para circunstacircncias especiacuteficas de

mediccedilatildeo e as duas formas mais comuns de expressaacute-la satildeo por

meio da repetitividade e a reprodutibilidade sendo

frequentemente expressas pelo desvio-padratildeo Repetitividade

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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e reprodutibilidade satildeo comumente dependentes da

concentraccedilatildeo do analito e deste modo devem ser determinadas

para um diferente nuacutemero de concentraccedilotildees e em casos

relevantes a relaccedilatildeo entre precisatildeo e a concentraccedilatildeo do analito

deve ser estabelecida

Linearidade Segundo ANVISA RE nordm 899 (29 de maio

de 2003) eacute a capacidade de uma metodologia analiacutetica de

demonstrar que os resultados obtidos satildeo diretamente

proporcionais agrave concentraccedilatildeo do analito na amostra dentro de

um intervalo especificado se recomenda que a linearidade seja

determinada pela anaacutelise de no miacutenimo 5 (cinco) concentraccedilotildees

diferentes O criteacuterio miacutenimo aceitaacutevel do coeficiente de

correlaccedilatildeo reg deve ser igual a 099

Para INMETRO DOQ-CGCRE-008 2006 linearidade eacute

a habilidade de um meacutetodo analiacutetico em produzir resultados

diretamente proporcionais agrave concentraccedilatildeo desse analito em

amostras de uma dada faixa de concentraccedilatildeo A quantificaccedilatildeo

requer que se conheccedila a dependecircncia entre a resposta medida

e a concentraccedilatildeo do analito e a linearidade eacute obtida por

padronizaccedilatildeo interna ou externa e formulada como expressatildeo

matemaacutetica usada para o caacutelculo da concentraccedilatildeo do analito a

ser determinado na amostra real A equaccedilatildeo da reta que

relaciona as duas variaacuteveis eacute y = ax + b (onde y eacute a resposta

medida ndash absorbacircncia altura ou aacuterea do pico etc x eacute a

concentraccedilatildeo a eacute a inclinaccedilatildeo da curva de calibraccedilatildeo que

equivale agrave sensibilidade e b eacute a interseccedilatildeo com o eixo y quando

x eacute igual a 0) A linearidade de um meacutetodo pode ser observada

pelo graacutefico dos resultados dos ensaios em funccedilatildeo da

concentraccedilatildeo do analito ou entatildeo calculada a partir da equaccedilatildeo

da regressatildeo linear determinada pelo meacutetodo dos miacutenimos

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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quadrados O coeficiente de correlaccedilatildeo linear reg eacute

frequentemente usado para indicar o quanto pode ser

considerada adequada a reta como modelo matemaacutetico e deve

ser igual a 090

Seletividade Segundo ANVISA RE nordm 899 de 29 de

maio2003 eacute a capacidade que o meacutetodo possui de medir

exatamente um composto em presenccedila de outros componentes

tais como impurezas produtos de degradaccedilatildeo e componentes

da matriz Para anaacutelise qualitativa (teste de identificaccedilatildeo) eacute

necessaacuterio demonstrar a capacidade de seleccedilatildeo do meacutetodo

entre compostos com estruturas relacionadas o que deve ser

confirmado pela obtenccedilatildeo de resultados positivos

(preferivelmente em relaccedilatildeo ao material de referecircncia

conhecido) em amostras contendo o analito comparando-as

com resultados negativos obtidos com amostras que natildeo

conteacutem o faacutermaco mas compostos estruturalmente

semelhantes Em meacutetodos cromatograacuteficos eacute preciso tomar

precauccedilotildees para garantir a pureza dos picos cromatograacuteficos

usando testes de pureza de pico (por exemplo com auxilio de

detector de arranjo de fotodiodos ou espectrometria de massas)

que satildeo interessantes para demonstrar que o pico

cromatograacutefico eacute atribuiacutedo a um soacute componente

Para INMETRO DOQ-CGCRE-008 (2006) uma amostra

consiste dos analitos a serem medidos da matriz e de outros

componentes que podem ter algum efeito na mediccedilatildeo mas que

natildeo se quer quantificar A especificidade e a seletividade estatildeo

relacionadas ao evento da detecccedilatildeo e um meacutetodo que produz

resposta para apenas um analito eacute denominado especiacutefico um

meacutetodo que produz respostas para vaacuterios analitos mas que

pode distinguir a resposta de um analito da de outros eacute

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

434

chamado seletivo entretanto os termos especificidade e

seletividade satildeo frequentemente utilizados indistintamente ou

com diferentes interpretaccedilotildees

Sensibilidade Segundo INMETRO DOQ-CGCRE-008

(2006) sensibilidade eacute um paracircmetro que evidencia a variaccedilatildeo

da resposta em funccedilatildeo da concentraccedilatildeo do analito Pode ser

expressa pela inclinaccedilatildeo da reta de regressatildeo de calibraccedilatildeo

que eacute determinada simultaneamente com os testes de

linearidade Pode ser expressa pela equaccedilatildeo S = dxdc (onde

dx eacute variaccedilatildeo da resposta e dc eacute a variaccedilatildeo da concentraccedilatildeo)

Exatidatildeo ANVISA RE nordm 899 (2003) define exatidatildeo de

um meacutetodo analiacutetico como a proximidade dos resultados

obtidos pelo meacutetodo em estudo em relaccedilatildeo ao valor verdadeiro

A exatidatildeo eacute calculada como porcentagem de recuperaccedilatildeo da

quantidade conhecida do analito adicionado agrave amostra ou

como a diferenccedila porcentual entre as meacutedias e o valor

verdadeiro aceito acrescida dos intervalos de confianccedila A

exatidatildeo do meacutetodo deve ser determinada apoacutes o

estabelecimento da linearidade do intervalo linear e da

especificidade do mesmo sendo verificada a partir de no

miacutenimo 9 (nove) determinaccedilotildees contemplando o intervalo

linear do procedimento ou seja 3 (trecircs) concentraccedilotildees baixa

meacutedia e alta com 3 (trecircs) reacuteplicas cada Pode ser expressa pela

seguinte equaccedilatildeo E = (CME CT) x 100 (onde CME eacute a

concentraccedilatildeo meacutedia experimental e CT eacute a concentraccedilatildeo

teoacuterica)

Para INMETRO DOQ-CGCRE-008 (2006) a exatidatildeo do

meacutetodo eacute definida como a concordacircncia entre o resultado de um

ensaio e o valor de referecircncia aceito como convencionalmente

verdadeiro Os processos geralmente utilizados para avaliar a

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

435

exatidatildeo de um meacutetodo satildeo uso de materiais de referecircncia

comparaccedilotildees interlaboratoriais e ensaios de recuperaccedilatildeo A

exatidatildeo quando aplicada a uma seacuterie de resultados de ensaio

seraacute uma combinaccedilatildeo de componentes de erros aleatoacuterios e

sistemaacuteticos

A seguir se apresentam resultados de vaacuterios artigos

cientiacuteficos relacionados ao tema base

Bieniek et al (2011) estudando a validaccedilatildeo por

cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia aplicada ao doseamento

de clozapina em nanopartiacuteculas polimeacutericas utilizaram CLAE

com detector de arranjo de fotodiodos (comprimento de onda

de 278 nm) com coluna c18 eluiacuteccedilatildeo isocraacutetica com acetonitrila-

tampatildeo fosfato 50 mm pH 38 (6040 vv) e fluxo de 15 mlmin

seguiu legislaccedilotildees internacionais vigentes no paiacutes e mostrou-se

adequada para a faixa de concentraccedilatildeo da clozapina entre 10

ndash 320 microgml Destaca-se que clozapina eacute um dos mais eficazes

neuroleacutepticos conhecidos usa-se no tratamento de sintomas

psicoacuteticos das esquizofrenias e em portadores de transtornos

bipolares e tambeacutem para tratar distuacuterbios do pensamento

emocionais e comportamentais em pacientes com doenccedila de

Parkinson quando falha o tratamento convencional sendo

importante a dosagem correta

Seguindo a tendecircncia mundial de estudar o valor

nutricional e efeitos associados agrave sauacutede dos pigmentos de

frutas Sentanin e Amaya (2007) utilizaram CLAE para analisar

quantitativamente os principais 435arotenoides presentes em

trecircs cultivares de mamatildeo (Formosa Golden e Sunrise) e trecircs

cultivares de pecircssego (Xiripaacute Coral e Diamante) Para cada

cultivar analisaram-se 5 (cinco) lotes durante o ano para

mamatildeo e durante uma safra para pecircssego A pureza dos

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

436

padrotildees isolados foi de 90 para β-criptoxantina 97 para β-

caroteno e 98 para licopeno e violaxantina As curvas

apresentaram linearidade passaram pela origem e os pontos

tiveram coeficientes de variaccedilatildeo menor que 5 as

concentraccedilotildees encaixaram-se agraves esperadas nas amostras os

coeficientes de correlaccedilatildeo permaneceram muito proacuteximos do

valor 10 sendo 09794 para licopeno 09968 para

violaxantina 09919 e 09934 para β-caroteno e 09993 para β-

criptoxantina Os trecircs cultivares de mamatildeo apresentaram

composiccedilatildeo parecida com as meacutedias dos conteuacutedos totais de

licopeno β-criptoxantina e β-caroteno variando de 185 a 239

82 a 117 e 05 a 12 microgg -1 respectivamente Em relaccedilatildeo ao

pecircssego os cultivares Coral e Xiripaacute tiveram niacuteveis muito baixos

de 436arotenoides o cultivar Diamante teve um teor total meacutedio

de 64 microgg -1 de β-criptoxantina o 436arotenoide principal Os

autores concluiacuteram que as variedades de mamatildeo estudadas

contecircm licopeno β-criptoxantina e β-caroteno como principais

436arotenoides com mais elevadas concentraccedilotildees do primeiro

e 436arotenoides bastante proacuteximas entre si Os cultivares de

pecircssego contecircm β-criptoxantina β-caroteno e violaxantina

como principais 436arotenoides sendo o primeiro majoritaacuterio

Jaacute duas variedades de pecircssego (Coral e Xiripaacute) tecircm

composiccedilatildeo de 436arotenoides muito semelhantes mas com

teores muito inferiores os encontrados no cultivar Diamante

Com esses dados as propriedades nutricionais e ldquocurativasrdquo

desses cultivares podem ser diferentes facilitando eventuais

escolhas de suas diferentes variedades para diferentes tipos de

dietas

Mesquita et al (2013) trabalharam com a validaccedilatildeo de

meacutetodo de cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia (CLAE) para

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

437

a determinaccedilatildeo de sete AGV ndash aacutecidos foacutermico aceacutetico

propiocircnico butiacuterico isobutiacuterico valeacuterico e isovaleacuterico de

composiccedilatildeo de C1 ateacute C5 todos intermediaacuterios da digestatildeo

anaeroacutebia em amostras ambientais Utilizaram uma coluna de

troca iocircnica HPX-87H (Bio-Rad3000x78 mm) a 55ordmC com

volume de injeccedilatildeo de 10 microL e fase moacutevel (001molL-1 H2SO4)

no modo isocraacutetico com uma vazatildeo de 06 mLmin-1 Os AGV

foram analisados no comprimento de onda de 210 nm com

detector UV-Vis com arranjo de diodos (DAD ndash Shimadzu SPD-

M20A) em um tempo total de anaacutelise de 35 min Os criteacuterios de

validaccedilatildeo foram limites de detecccedilatildeo e de quantificaccedilatildeo que

ficaram na faixa de 50 a 10mgL-1e 15 a 30mgL-

1respectivamente linearidade (comprovada para todos os

aacutecidos) repetitividade e sensibilidade (muito boa para a maioria

dos aacutecidos) efeito de matriz (efeito de supressatildeo observado

para o aacutecido isobutiacuterico) e exatidatildeo (85 a 104) Os autores

concluiacuteram que o meacutetodo de cromatografia liacutequida de alta

eficiecircncia proposto para a anaacutelise dos sete AGV em amostras

de efluentes anaeroacutebios foi devidamente validado segundo os

criteacuterios de limite de detecccedilatildeo limite de quantificaccedilatildeo faixa de

trabalho linearidade precisatildeo (repetitividade) sensibilidade

seletividade e exatidatildeo O meacutetodo apresentou boa

repetitividade uma vez que a pior condiccedilatildeo obtida para o aacutecido

isovaleacuterico resultou em coeficiente de variaccedilatildeo de 164 Aleacutem

disso o meacutetodo apresentou boa seletividade para os sete AGV

testados agrave exceccedilatildeo do aacutecido isobutiacuterico para qual o efeito de

matriz pareceu mais pronunciado Jaacute o efeito de matriz pareceu

ser menos interferente para o aacutecido propiocircnico A exatidatildeo do

meacutetodo tambeacutem foi comprovada e variou de 85 a 104 Sendo

assim as condiccedilotildees operacionais adotadas para as anaacutelises

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

438

cromatograacuteficas se mostraram adequadas e vaacutelidas para a

determinaccedilatildeo quantitativa de AGV em amostras de efluentes

anaeroacutebios

Mulat e Feilberg (2015) objetivaram estabelecer um

meacutetodo raacutepido e simples de cromatografia gasosa acoplada a

espectrocircmetro de massas (CGEM) para a determinaccedilatildeo do

enriquecimento isotoacutepico de acetato e concentraccedilatildeo de aacutecidos

graxos de cadeia curta (AGV natildeo derivados) em amostras de

digestores anaeroacutebios de biogaacutes por injeccedilatildeo de liacutequido direto de

amostras aquosas acidificadas A preparaccedilatildeo da amostra

envolveu acidificaccedilatildeo centrifugaccedilatildeo e filtraccedilatildeo da soluccedilatildeo

aquosa seguida pela injeccedilatildeo direta dessa soluccedilatildeo aquosa

sobrenadante sobre uma coluna polar Com a preparaccedilatildeo da

amostra e as condiccedilotildees de CGEM utilizadas obteve-se

cromatogramas bem resolvidos com picos de AGV obtidos em

curto tempo Boa recuperaccedilatildeo (966-1023) bem como

detecccedilatildeo de baixas concentraccedilotildees (4-7 mol L) e limites de

quantificaccedilatildeo (14-22 nmol L) foram obtidos para todos os seis

AGV estudados Boa linearidade foi atingida para a

concentraccedilatildeo e mediccedilatildeo do enriquecimento do isoacutetopo com

coeficientes de regressatildeo maior do que 09978 e 09996

respectivamente O meacutetodo mostrou boa precisatildeo intra- e inter-

dia com um desvio-padratildeo relativo inferior a 6 para a

determinaccedilatildeo da relaccedilatildeo de (TTR) de ambos acetato de [2- (13)

C] e [U- (13) C] acetato Ele tambeacutem tem uma boa precisatildeo intra

e inter-dia com um desvio padratildeo relativo inferior a 6 e 5

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de amostras de soluccedilatildeo

e de biogaacutes em digestor padratildeo respectivamente A

acidificaccedilatildeo de amostras de biogaacutes com aacutecido oxaacutelico com o

pH baixo requerido para a protonaccedilatildeo dos AGV permite a

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

439

extraccedilatildeo de AVG de cadeias curtas em especial acetato a partir

da matriz da amostra complexa Aleacutem disso o aacutecido oxaacutelico foi

a fonte de aacutecido foacutermico que foi produzida no injetor ajustado a

uma temperatura elevada O aacutecido foacutermico produziu e impediu

a adsorccedilatildeo de aacutecidos graxos e cadeia curta na coluna

eliminando a distorccedilatildeo de picos e picos fantasmas A

aplicabilidade do meacutetodo de CGEM validado para a

determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de acetato e o seu

enriquecimento isotoacutepico 13C em amostras de digestores

anaeroacutebios foi testado e os resultados demonstram a

adequabilidade do presente meacutetodo para identificar as vias

metaboacutelicas envolvidas na degradaccedilatildeo e na produccedilatildeo de

acetato

4 CONCLUSOtildeES

O meacutetodo da cromatografia liacutequida de alta eficiecircncia e o

meacutetodo de cromatografia gasosa acoplados a um

espectrocircmetro de massas como detector satildeo ferramentas

analiacuteticas eficazes que reduzem a possibilidade de erro A

validaccedilatildeo dos meacutetodos eacute fundamental para sua credibilidade

assegurando a confianccedila dos resultados de acordo com

ANVISA e INMETRO Tornam-se assim passiacuteveis de aplicaccedilatildeo

em anaacutelises na aacuterea de alimentos sauacutede e meio ambiente se

atenderem aos paracircmetros de validaccedilatildeo (exatidatildeo linearidade

limite de detecccedilatildeo limite de quantificaccedilatildeo precisatildeo

seletividade sensibilidade)

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

PRINCIacutePIOS APLICACcedilOtildeES E VALIDACcedilAtildeO DAS CROMATOGRAFIAS LIacuteQUIDA E GASOSA PARA APLICACcedilOtildeES EM ANAacuteLISES NAS AacuteREAS DE SAUacuteDE

ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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ALIMENTOS E MEIO AMBIENTE

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lthttpwwwengenhariaearquiteturacombrblogciencias-da-vidap=378gt Acesso em 27 set 2016 NICOLOacuteSI M Validaccedilatildeo de meacutetodos analiacuteticos Controle de Contaminaccedilatildeo 20035412-21 SENTANI M A AMAYA D B R Teores de carotenoacuteides em mamatildeo e

pecircssego determinados por cromatografia liacutequida de alta eficiecircnciaCiecircnc

Tecnol Aliment Campinas 27(1) 13-19 jan-mar 2007

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

442

CAPIacuteTULO 25

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA

DISLIPIDEMIA

Kamila Sabino BATISTA 1

Nadia Elisabeth Aburto FIERRO 2

Nataacutelia Sufiatti de Holanda CAVALCANTI 2 Jailane de Souza AQUINO 3

1 Mestranda em Ciecircncias da Nutriccedilatildeo PPGCN UFPB 2 Nutricionistas pela UFPB 3 OrientadoraProfessora Doutora do DN e do PPGCN UFPB

kamilasabino10hotmailcom

RESUMO A dislipidemia eacute um dos atuais problemas de sauacutede puacuteblica mais prevalentes e eacute caracterizada por alteraccedilotildees no metabolismo lipiacutedico Seu controle pode ser exercido atraveacutes da inclusatildeo de fibras dieteacuteticas na alimentaccedilatildeo e modificaccedilotildees no estilo de vida As frutas tropicais e seus subprodutos agroindustriais satildeo promissoras fontes de fibras dieteacuteticas Neste sentido objetivou-se fazer uma revisatildeo de literatura utilizando bases de dados Pubmed Scielo Science Direct e Google acadecircmico sobre a influecircncia da atividade prebioacutetica das fibras dieteacuteticas provenientes de subprodutos de frutas tropicais sobre o tratamento da dislipidemia em publicaccedilotildees entre os anos de 2008 a 2016 Verificou-se que fibras dieteacuteticas oriundas de frutas tropicais partes de frutas e subprodutos de frutas podem modular a microbiota intestinal com consequente produccedilatildeo de aacutecidos graxos de cadeia curta e regulaccedilatildeo do metabolismo lipiacutedico As pesquisas com frutas eou partes de frutas testadas obtiveram respostas satisfatoacuterias em relaccedilatildeo agrave melhora do perfil lipiacutedico Mesmo havendo evidecircncias da atividade prebioacutetica das fibras dieteacuteticas de frutas tropicais e sua influecircncia sobre o tratamento da dislipidemia haacute uma

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

443

escassez de pesquisas sobre os subprodutos agroindustriais de frutas e novos estudos devem ser estimulados com a finalidade de introduzi-los posteriormente na alimentaccedilatildeo humana e diminuir consequentemente a poluiccedilatildeo ambiental visando uma produccedilatildeo sustentaacutevel Palavras-chave Dislipidemia Microbiota intestinal Subprodutos de frutas

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil eacute o terceiro maior produtor mundial de frutas

tropicais frescas e processadas (IBRAF 2016ordf) Entretanto o

aumento da demanda de beneficiamento dessa produccedilatildeo

frutiacutecola aumentou a geraccedilatildeo de subprodutos agroindustriais

que muitas vezes satildeo descartados de forma inadequada

causando problemas ambientais (SOUSA CORREIA 2010)

Os subprodutos podem apresentar maior quantidade de

nutrientes principalmente de fibras dieteacuteticas do que o

conteuacutedo total apresentado originalmente por algumas frutas

(MYODA et al 2010 FRACASSETTI et al 2013) As FD satildeo

carboidratos complexos considerados componentes bioativos

presentes nas frutas que podem apresentar efeito prebioacutetico no

intestino (SLAVIN 2008 CANDELA et al 2010)

Investigaccedilotildees cientiacuteficas relatam que as frutas e seus

subprodutos podem apresentar accedilatildeo prebioacutetica que contribui no

tratamento das dislipidemias atraveacutes da modulaccedilatildeo da

microbiota intestinal produccedilatildeo de aacutecidos graxos de cadeia curta

(AGCC) e melhora do metabolismo lipiacutedico (ARORA SHARMA

FROST 2011 KACZMARCZYK MILLER FREUND 2012

LAYDEN et al 2013)

A dislipidemia eacute uma das Doenccedilas Crocircnicas Natildeo

Transmissiacuteveis (DCNT) mais prevalentes na populaccedilatildeo

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

444

mundial sendo considerada um problema de sauacutede puacuteblica

decorrente da alteraccedilatildeo do metabolismo lipiacutedico (XAVIER et al

2013) que pode ser controlada por meio de uma dieta

adequada (RIDEOUT et al 2010)

Considerando tais aspectos o presente estudo foi

realizado com o objetivo de elaborar uma revisatildeo da literatura

sobre a influecircncia da atividade prebioacutetica de fibras dieteacuteticas

oriundas de subprodutos agroindustriais de frutas tropicais

sobre o tratamento da dislipidemia

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O levantamento bibliograacutefico foi realizado mediante

busca de artigos cientiacuteficos nos idiomas inglecircs e portuguecircs

publicados entre os anos de 2008 a 2016 nas bases de dados

Pubmed Scielo Science Direct e Google acadecircmico

Considerou-se a originalidade a relevacircncia o rigor e a

adequaccedilatildeo do desenho experimental Foram utilizados na

busca os seguintes descritores em inglecircs (fruit tropical fruits

by-product residue waste dietery fiber prebiotic gut

microbiota e dyslipidemia) e em portuguecircs (frutas frutas

tropicais subproduto resiacuteduo resiacuteduos fibra dieteacutetica

prebioacutetico microbiota intestinal e dislipidemia)

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O desenvolvimento de muitas doenccedilas crocircnicas natildeo

transmissiacuteveis (DCNT) na populaccedilatildeo brasileira estaacute associado

agrave transiccedilatildeo alimentar dos uacuteltimos anos que caracteriza-se pelo

aumento do consumo de alimentos ultraprocessados com baixo

teor de nutrientes e muito caloacutericos (oacuteleos e gorduras vegetais

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

445

gordura animal accediluacutecar e refrigerantes e bebidas alcooacutelicas) e

de produtos de origem animal (carnes leite e derivados e ovos)

pela baixa ingestatildeo de frutas verduras e legumes (LEVY et al

2012 SOUZA et al 2013) concomitantemente agrave inatividade

fiacutesica (GOMES 2014)

A dislipidemia tambeacutem chamada de dislipidemia

aterogecircnica (TENENBAUM FISMAN 2012) pois seus

componentes satildeo fatores de risco para o desenvolvimento da

doenccedila arterial coronariana (DAC) eacute uma DCNT decorrente da

alteraccedilatildeo do metabolismo lipiacutedico Caracteriza-se pela

elevaccedilatildeo dos niacuteveis plasmaacuteticos de Colesterol Total (CT)

Lipoproteiacutena de Baixa Intensidade (LDL-c) e Trigliceriacutedeos

(TG) assim como pela reduccedilatildeo das concentraccedilotildees plasmaacuteticas

da Lipoproteiacutena de Alta Intensidade (HDL-c) sendo que estas

alteraccedilotildees podem ou natildeo estar associadas (XAVIER et al

2013)

O controle da dislipidemia pode ser realizado por meio de

cuidados dieteacuteticos associados a mudanccedilas no estilo de vida e

praacutetica de exerciacutecios fiacutesicos sendo em alguns casos tambeacutem

necessaacuterio o tratamento farmacoloacutegico Todavia a alimentaccedilatildeo

adequada eacute reconhecida como a intervenccedilatildeo mais importante

na prevenccedilatildeo e tratamento da dislipidemia (RIDEOUT et al

2010) fazendo-se necessaacuterio reduzir o consumo de alimentos

fontes de colesterol aacutecidos graxos saturados aacutecidos graxos

trans e accediluacutecares simples e aumentar a ingestatildeo de fibras

alimentares (XAVIER et al 2013)

Estudos tecircm relacionado o consumo de frutas tropicais

com a prevenccedilatildeo de DCNT como dislipidemias doenccedilas

cardiovasculares cacircncer e outras patologias relacionadas ao

envelhecimento (VIUDA-MARTOS et al 2010 PRAKASH et

al 2012 PAHUA-RAMOS et al 2012 QUIROacuteS-SAUCEDA et

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

446

al 2014) principalmente porque as frutas apresentam

numerosos fitoquiacutemicos com potencial atividade bioloacutegica

chamados de compostos bioativos (CBAs) Os CBAs mais

comuns presentes nos frutos tropicais satildeo as fibras dieteacuteticas

(FD) vitaminas C e E carotenoacuteides compostos fenoacutelicos e

minerais (AYALA-ZAVALA et al 2011) As frutas exoacuteticas

exibem conteuacutedo importante do FD dentre as que apresentam

maior teor de fibra inclui goiaba (30 g100g) carambola (278

g100g) mamey (Pouteria sapota) (30 g100g) manga (310

g100g) sapoti (531 g100g) e framboesas (650 g 100 g)

(AYALA-ZAVALA et al 2011)

O Brasil eacute o terceiro maior produtor de frutas com

aproximadamente 43 milhotildees de toneladas produzidas ao ano

onde 47 satildeo comercializadas na forma in natura e 53 das

frutas satildeo processadas (IBRAF 2016b) O beneficiamento da

produccedilatildeo frutiacutecola incide na elevaccedilatildeo da geraccedilatildeo de

subprodutos agroindustriais (cascas e caroccedilos ou sementes)

cerca de 39000 toneladas anualmente que contribui

significativamente com a poluiccedilatildeo do meio ambiente por natildeo

apresentarem um destino sustentaacutevel (SOUSA CORREIA

2010) A depender da fruta os principais subprodutos gerados

no processamento satildeo casca caroccedilo ou sementes e o bagaccedilo

Esses subprodutos possuem em sua composiccedilatildeo FD

vitaminas minerais e compostos antioxidantes importantes

para as funccedilotildees fisioloacutegicas (SOUSA et al 2011) e podem ser

introduzidos em produtos alimentares como fontes de CBAs

O Codex Alimentarius Commission (2012) define a fibra

dieteacutetica como poliacutemeros de carboidratos com dez ou mais

unidades monomeacutericas que natildeo satildeo hidrolisados por enzimas

endoacutegenas no intestino delgado dos humanos Para que uma

FD exerccedila atividade prebioacutetica deve atender efetivamente a

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

447

trecircs criteacuterios (I) resistecircncia a acidez gaacutestrica e a hidroacutelise por

enzimas de mamiacuteferos e absorccedilatildeo gastrointestinal (II)

substrato de fermentaccedilatildeo por micro-organismos intestinais

pertencentes a microbiota humana e (III) estimulaccedilatildeo seletiva

do crescimento eou atividade de bacteacuterias intestinais

(principalmente bifidobacteacuterias e lactobacilos) associados com

a sauacutede e bem-estar (CANDELA et al 2010

PUSHPANGADAN et al 2014)

Quanto agrave solubilidade em aacutegua as fibras dieteacuteticas satildeo

classificadas em soluacuteveis e insoluacuteveis As fibras dieteacuteticas

insoluacuteveis (FDI) como a celulose a lignina e algumas

hemiceluloses e mucilagens contribuem para o aumento do

volume do bolo fecal reduccedilatildeo do tempo de tracircnsito intestinal

retardo da absorccedilatildeo de glicose e retardo da

hidroacutelise do amido satildeo encontradas em maior quantidade no

farelo de trigo nos cereais integrais e seus produtos nas raiacutezes

e nas hortaliccedilas (BARACHO et al 2012 CUPERSMID et al

2012 PORFIacuteRIO HENRIQUE DE ABREU REIS 2014)

As fibras dieteacuteticas soluacuteveis (FDS) incluem a maioria das

pectinas gomas mucilagens e hemiceluloses que satildeo

encontradas em frutas farelo de aveia cevada e leguminosa e

comprovadamente satildeo responsaacuteveis pelo aumento do tempo

de tracircnsito intestinal diminuiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico ao

retardo da absorccedilatildeo de glicose diminuiccedilatildeo da glicemia poacutes-

prandial e reduccedilatildeo do colesterol sanguiacuteneo devido agraves suas

propriedades fiacutesicas que conferem viscosidade ao conteuacutedo

luminal (AYALA-ZAVALA et al 2011 KACZMARCZYK

MILLER FREUND 2012)

A ingestatildeo de fibra alimentar recomendada para os

indiviacuteduos saudaacuteveis eacute de 15 a 30 gdia sendo 75 das fibras

insoluacuteveis e 25 soluacuteveis A recomendaccedilatildeo diaacuteria de

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

448

prebioacuteticos ainda natildeo estaacute estabelecida mas a quantidade de

5 a 10 g pode ser recomendada para manutenccedilatildeo da microbiota

normal e de 125 a 20 g para recuperaccedilatildeo das bifidobacteacuterias

(SBNPE SBCM ABN 2011)

Na literatura cientiacutefica haacute poucos trabalhos que analisam

os efeitos fisioloacutegicos das FD advindas de frutas e dos seus

subprodutos agroindustriais in vitro e in vivo (modelos

experimentais humanos ou animais) No Quadro (1) pode-se

observar algumas pesquisas com frutas eou seus subprodutos

e os principais efeitos sobre a sauacutede Na Figura (1) estaacute a

distribuiccedilatildeo percentual dos estudos sobre os efeitos fisioloacutegicos

de frutas partes da fruta e subprodutos de frutas sobre agrave sauacutede

Quadro 1 Efeitos fisioloacutegicos de fibras dieteacuteticas oriundas de frutas e subprodutos de frutas

Tipo de estudo

Fruta subprodut

o

Principais resultados

Referecircncia

In vivo (ratas Wistar)

Cacau (Theobroma cacao L

uarrBifidobacterium e Lactobacillus uarr produccedilatildeo de AGCC e darrpH cecal e fecal

Massot Cladera et al 2015

In vitro Pitaya (Hylocereus undatus (Haw))

Oligossacariacutedeos da Pitaya uarrresistecircncia a acidez gaacutestrica uarrcrescimento de Lactobacillus e bifidobacteacuterias

Wichienchot Jatupornpipat Rastall 2010

In vitro e in vivo

Maccedilatilde (Malus domestica)

In vitro pectina de maccedilatilde uarrBifidobacterium

Shinohara et al 2010

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

449

(homens saudaacuteveis)

e Lactobacillus em fezes de adultos In vivo ingestatildeo das maccedilatildes uarrbifidobacteacuterias Lactobacillus e Streptococcus (incluindo Enterococcus) nas fezes darr C perfringens enterobacteacuterias e Pseudomonas uarrconcentraccedilotildees fecais do AGCC aceacutetico

In vivo (ratos Wistar lactantes e poacutes-lactantes)

Pupunha vermelha (Bactris gasipaes Kunth)

Lactantes darrpeso corporal darrCT uarrHDL Poacutes-lactantes darrtrigliceriacutedeos uarrHDL

Carvalho et al 2013

In vitro Subprodutos de tacircmara (caroccedilos) (Phoenix dactylifera L varMedjoul) e maccedilatilde (bagaccedilo) (Malus

Fermentaccedilatildeo in vitro por bacteacuterias colocircnicas produziu AGCC (formiato succinato acetato propionato e butirato)

Gullon et al 2015a

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

450

domestica var rayada)

In vitro Subproduto (casca) de romatilde (Punica granatum)

A fermentaccedilatildeo in vitro por bacteacuterias do coacutelon gerou os aacutecidos aceacutetico propiocircnico e butiacuterico

Gullon et al 2015b

In vivo (hamsters Golden Syrian machos)

Casca de abacaxi (Ananas comosus L Merr)

Modulaccedilatildeo das atividades de enzimas bacterianas fecais darrconteuacutedos de amocircnia no ceco e nas fezes uarrconcentraccedilatildeo no ceacutecum de AGCC

Huang Tsai Chow 2014

In vivo (ratos Wistar)

Casca de maracujaacute (Passiflora edulis)

Efeito positivo na produccedilatildeo de AGCC poreacutem natildeo houve alteraccedilatildeo na microbiota intestinal

Da Silva et al 2014

In vivo (indiviacuteduos sedentaacuterios)

Casca de maracujaacute (Passiflora edulis)

darr Glicemia e CT Miranda et al 2015

In vivo (ratos Wistar)

Casca de maracujaacute (Passiflora edulis)

uarrHDL-c darrglicemia darrTG darrCT

Barbalho et al 2012

Fonte Pesquisa direta 2016

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

451

Figura 2 Percentual de estudos sobre os efeitos fisioloacutegicos de frutas partes da fruta e subprodutos de frutas agrave sauacutede

Fonte Pesquisa direta 2016

Pode-se perceber que a maioria das pesquisas

encontradas avaliaram os efeitos fisioacutelogicos de frutas e partes

de frutas e que satildeo escassos os trabalhos com subprodutos de

frutas tropicais Assim ainda haacute muito a se averiguar sobre os

efeitos fisioloacutegicos e o potencial probioacutetico dos subprodutos

agroindustriais gerados das diversas frutas tropicais que satildeo

produzidas processadas e comercializadas internamente e

externamente

Dominguez-Bello et al (2011) dizem que a dieta eacute um

dos determinantes mais importantes da diversidade microbiana

no trato gastrointestinal (TGI) humano e as diferentes

populaccedilotildees microbianas afetam o desempenho fisioloacutegico do

hospedeiro Uma microbiota intestinal saudaacutevel eacute composta

principalmente pelos gecircneros Bifidobacterium spp e

40

40

20

Frutas Partes da fruta Subproduto de fruta

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

452

Lactobacillus spp que natildeo possuem agentes patogecircnicos

conhecidos produzem vasta gama de agentes antimicrobianos

e fermentam principalmente hidratos de carbono (Delgado et

al 2010)

Cultrone et al (2015) e Candela et al (2010) ressaltam

que a microbiota intestinal exerce uma contribuiccedilatildeo

fundamental para o equiliacutebrio da energia humana e nutriccedilatildeo

pois interfere na capacidade do hospedeiro para metabolizar

polissacariacutedeos natildeo digeriacuteveis regular o armazenamento de

gordura e a biossiacutentese de vitaminas essenciais gerar aacutecidos

graxos de cadeia curta no metabolismo de aminoaacutecidos na

biossiacutentese de metaboacutelitos secundaacuterios e no metabolismo de

co-fatores e vitaminas

A degradaccedilatildeo das FD envolve uma forte sintonia

metaboacutelica entre os diversificados micro-organismos que

constituem a microbiota intestinal (CANDELA et al 2010) A

fermentaccedilatildeo bacteriana das FD gera muitos produtos finais

entre eles os AGCC (BESTEN et al 2013) que ao serem

absorvidos pelos enteroacutecitos constituem fonte de energia

importante para o epiteacutelio do coacutelon acessam agrave circulaccedilatildeo portal

e tem impacto sobre o metabolismo lipiacutedico regulam a siacutentese

de lipiacutedios e colesterol no fiacutegado (CANDELA et al 2010)

A fermentaccedilatildeo das FD pelas bacteacuterias endoacutegenas pode

ainda causar a diminuiccedilatildeo do pH intestinal devido a produccedilatildeo

de AGCC e o aumento da capacidade de neutralizaccedilatildeo do

bicarbonato Valores mais baixos de pH alteram a composiccedilatildeo

da microbiota intestinal e impedem o crescimento excessivo de

bacteacuterias patogecircnicas sensiacuteveis ao pH como

Enterobacteriaceae e Clostridia (BESTEN et al 2013)

Ademais o consumo equilibrado de fibras pode

beneficiar a sauacutede do trato intestinal atraveacutes do aumento do

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

453

volume fecal pela absorccedilatildeo de aacutegua (HU et al 2012)

Rodriacuteguez-Cabezas et al (2010) ressaltam que as fibras

dieteacuteticas tem capacidade de prender a aacutegua em sua estrutura

tridimensional facilitando a excreccedilatildeo fecal e com consequente

efeito laxante

Entretanto ainda haacute controveacutersias entre quais das

fraccedilotildees das fibras dieteacuteticas FDS ou FDI apresenta maior

impacto sobre a sauacutede Na metanaacutelise realizada por Wu et al

(2015) que incluiu dezoito estudos de coorte com 672408

participantes confirmaram que a ingestatildeo de fibras dieteacuteticas

soluacutevel ou insoluacutevel (em especial as oriundas de cereais e

frutas) apresenta similar efeito que estaacute inversamente

associado com o risco de DAC Poreacutem Barbalho et al (2012)

afirmaram que a casca de maracujaacute possui FDS tais como

mucilagem e pectinas que formam um gel viscoso ao reter aacutegua

e este reduz a sensaccedilatildeo de fome o excesso de

pesoobesidade os niacuteveis plasmaacuteticos de CT TG e LDL-c e

aumenta a excreccedilatildeo do colesterol e sais biliares nas fezes e os

niacuteveis de HDL-c

4 CONCLUSOtildeES

Mediante a revisatildeo apresentada foi observado que

muitos estudos apontam efeito beneacutefico da utilizaccedilatildeo de fibras

dieteacuteticas sobre o metabolismo lipiacutedico Haacute evidecircncias

cientiacuteficas que as fibras dieteacuteticas provenientes de frutas e de

seus subprodutos (cascas e caroccedilos ou sementes) podem

exercer atividade prebioacutetica na microbiota intestinal

colaborando com a regulaccedilatildeo do metabolismo gliciacutedico e

lipiacutedico Contudo ainda haacute poucas pesquisas realizadas com os

subprodutos de frutas tropicais obtidos diretamente da

INFLUEcircNCIA DA ATIVIDADE PREBIOacuteTICA DAS FIBRAS DIETEacuteTICAS DE SUBPRODUTOS DE FRUTAS TROPICAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

454

agroinduacutestria e o potencial prebioacutetico de suas fibras dieteacuteticas e

os possiacuteveis efeitos sobre a dislipidemia Dessa forma novos

estudos devem ser estimulados com a finalidade de introduzir

subprodutos de frutas na alimentaccedilatildeo humana e

consequentemente reduzir a poluiccedilatildeo ambiental visando uma

produccedilatildeo sustentaacutevel

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SUSTENTABILIDADE

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

459

CAPIacuteTULO 26 CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES

VALORATIVAS E ATITUDINAIS

Camilla Vieira de FIGUEIREDO 1

Italo de Oliveira GUEDES 1

Heloiacutesa Baacuterbara Cunha MOIZEacuteIS 1 Anderson Mesquita do NASCIMENTO 2

1 Graduando do curso de Psicologia UFPB 2 OrientadorDoutorando em Psicologia Social UFPB

camillafigueirhotmailcom

RESUMO A problemaacutetica ambiental eacute um fenocircmeno crescente que em grande dimensatildeo remete a incidecircncia dos comportamentos do homem sobre o meio ambiente e os recursos naturais Alguns estudos sugerem que altas porcentagens da populaccedilatildeo mundial admitem que estes problemas estatildeo entre os mais graves constituindo-se portanto como uma problemaacutetica social Eacute nesse sentido que torna-se importante ampliar o conhecimento acerca das condutas humanas e pensar formas de intervenccedilatildeo para mudanccedila de comportamentos uma vez que evidecircncias empiacutericas da psicologia tem apontado que os problemas ambientais apresentam como causa a maacute adaptaccedilatildeo dos indiviacuteduos ao meio ambiente Assim aacutereas como a Psicologia Social e Ambiental tecircm sido chamadas a dirimir tais questotildees investigando temas como a preocupaccedilatildeo ambiental sustentabilidade atitudes ambientais e valores humanos sendo estes uacuteltimos construtos psicoloacutegicos considerados preditores consistentes de condutas proacute-ambientais Nessa direccedilatildeo partindo de uma abordagem qualitativa de leitura e anaacutelise o presente capiacutetulo tem por objetivo discutir a problemaacutetica ambiental a partir de estudos previamente realizados no acircmbito da psicologia no intuito de elucidar a

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

460

relevacircncia desses estudos socioambientais teoacutericos que contribuem para o entendimento das condutas ambientais e por conseguinte como estas podem ser desenvolvidas e potencializadas Pensa-se que estudos futuros devem fornecer soluccedilotildees praacuteticas para trabalhar com atitudes e valores fomentando comportamentos proacute-ambientais e sustentaacuteveis nos indiviacuteduos Palavras-chave Preocupaccedilatildeo ambiental Psicologia Social

Comportamento sustentaacutevel

1 INTRODUCcedilAtildeO

Pode-se dizer que haacute uma compreensatildeo crescente por

parte dos seres humanos de que suas accedilotildees tecircm incidido sobre

o ambiente natural e agravado a problemaacutetica ambiental

Assim alguns estudos sugerem que porcentagens

consideraacuteveis de pessoas em todo o mundo entendem que os

problemas ambientais estatildeo entre os problemas sociais mais

relevantes (DUNLAP 1991 DUNLAP GALLUP GALLUP

1993) pois influenciam a qualidade de vida de todos agrave medida

em que atingem ricos e pobres indistintamente e de diferentes

maneiras (PESSOA et al no prelo) Reconhece-se ainda que

estes conflitos estatildeo apenas em seu iniacutecio e que com o passar

dos anos atingiratildeo iacutendices cada vez mais alarmantes (DUNLAP

SAAD 2001)

Nesse sentido a literatura tem apontado que a questatildeo

ambiental apresenta como causa a maacute adaptaccedilatildeo do homem

ao ambiente (COELHO GOUVEIA MILFONT 2006) o que

imprescinde a Psicologia de investigar e intervir sobre tais

comportamentos Esta aacuterea vem agregando ao longo dos anos

evidecircncias de sua importante contribuiccedilatildeo por meio de estudos

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

461

e achados empiacutericos tomando os processos e construtos

psicoloacutegicos como uma via para entender explicar e interferir

nas condutas socioambientais do homem

O objetivo deste trabalho portanto eacute discutir a

problemaacutetica ambiental a partir de estudos realizados em

Psicologia Social nestes destaca-se o papel das atitudes

ambientais e dos valores humanos como explicadores de

condutas proacute-ambientais Acrescente-se evidenciar como o

comportamento sustentaacutevel eacute influenciado por essas variaacuteveis

psicossociais

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Partindo de uma abordagem qualitativa de leitura e

anaacutelise o presente trabalho se propocircs a discutir agrave luz da

Psicologia Social e Ambiental acerca da problemaacutetica

ambiental de alguns construtos psicoloacutegicos explicadores de

condutas proacute-ambientais bem como sobre a importacircncia de

potencializar comportamentos sustentaacuteveis

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Preocupaccedilatildeo Ambiental

Os estudos sobre comportamentos frente ao meio

ambiente obtiveram grande intensificaccedilatildeo a partir da deacutecada de

1970 possibilitando compreender o porquecirc de algumas

pessoas desenvolverem afinidades com ambientes naturais

enquanto outras sentirem-se mais conectadas ou ateacute mais ldquoagrave

vontaderdquo em ambientes artificiais ou construiacutedos (SCHULTZ et

al 2004) Assim a forma como o indiviacuteduo se identifica e se

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

462

posiciona frente ao ambiente tem implicaccedilotildees em atitudes e

comportamentos proacute-ambientes e consequentemente na

qualidade de vida das geraccedilotildees presentes e futuras

Os psicoacutelogos tecircm sido desafiados a entender e explicar

os aspectos que estruturam esse tipo de identificaccedilatildeo assim

como a investigar os elementos que interferem no niacutevel de

contato entre as pessoas e a natureza Esse incentivo ratificou

ainda mais a necessidade de pesquisas sobre a preocupaccedilatildeo

ambiental sendo em sua definiccedilatildeo caracterizada como uma

atitude especiacutefica em relaccedilatildeo a comportamentos

ambientalmente relevantes ou ateacute como uma orientaccedilatildeo de

valor mais abrangente

A preocupaccedilatildeo ambiental entatildeo tornou-se uma

temaacutetica essencial por se deter na explicaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

uma relaccedilatildeo saudaacutevel entre o ser humano e o meio ambiente

Explorar esse construto eacute um passo importante para entender

como as pessoas se relacionam com a natureza e como agem

sobre ela O conceito de preocupaccedilatildeo ambiental portanto tem

sido tratado como uma avaliaccedilatildeo ou uma atitude em relaccedilatildeo a

um fato ao proacuteprio comportamento do indiviacuteduo ou ao

comportamento de outrem o que repercutiraacute como

consequecircncias para o meio ambiente (WEIGEL 1983)

Diante desse apanhado Stern (1992) identificou quatro

diferentes orientaccedilotildees de valor Na primeira destas a

preocupaccedilatildeo ambiental representa uma nova maneira de

pensar o chamado Novo Paradigma Ambiental (NEP)

(DUNLAP VAN LIERE 1978) A segunda orientaccedilatildeo por sua

vez estaacute ligada ao altruiacutesmo antropocecircntrico em que as

pessoas se preocupam com a qualidade ambiental

principalmente porque elas creem que um ambiente degradado

representa uma ameaccedila para a sua sauacutede

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

463

Em seguida a terceira orientaccedilatildeo estaacute relacionada aos

interesses proacuteprios diante da preocupaccedilatildeo ambiental

Baldassare e Katz (1992) por exemplo encontraram a partir

de seus estudos que as ameaccedilas pessoais percebidas

causadas pela deterioraccedilatildeo do ambiente satildeo um fator

importante para o comportamento ambientalmente

responsaacutevel Finalmente como uacuteltima orientaccedilatildeo Stern (1992)

identificou uma visatildeo que assume a preocupaccedilatildeo ambiental

como em funccedilatildeo de algo mais profundo e abstrato como

crenccedilas religiosas subjacentes ou valores poacutes-materialiacutesticos

A associaccedilatildeo da preocupaccedilatildeo ambiental com uma

atitude geral para com a orientaccedilatildeo de valor ou ambiente

fomentou o desenvolvimento de diversos instrumentos de

mediccedilatildeo (WEIGEL 1983) No entanto apenas dois satildeo

frequentemente utilizados sendo eles a Escala Ecoloacutegica de

Atitudes (MALONEY WARD 1973) e a Escala do Paradigma

Ambiental (DUNLAP VAN LIERE 1978)

Tem sido sugerido que pessoas mais jovens mais

pautadas por ideologias poliacuteticas liberais e que vivem em aacutereas

urbanas satildeo mais preocupadas ambientalmente (VAN LIERE

DUNLAP 1980) No entanto essas declaraccedilotildees devem ser

feitas com grande cautela pois as relaccedilotildees entre fatores

sociodemograacuteficos e preocupaccedilatildeo ambiental se mostram fracas

(SAMDAHL ROBERTSON 1989) Aleacutem disso verificou-se

tambeacutem que a partir da deacutecada de 80 as pessoas mais velhas

tecircm mudado suas atitudes e estatildeo mostrando iacutendices mais

elevados de preocupaccedilatildeo ambiental (BALDASSARE KATZ

1992)

Outro fator que estaacute atrelado a uma fraca relaccedilatildeo entre a

preocupaccedilatildeo ambiental e comportamentos ambientalmente

responsaacuteveis seria a falta de conhecimento Simmons e Widmar

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

464

(1990) concluiacuteram que a falta de conhecimento eacute uma barreira

substancial para a reciclagem entre as pessoas com atitudes de

conservaccedilatildeo positivas ou seja os indiviacuteduos que estatildeo mais

ativamente envolvidos em questotildees ambientais tendem a se

comportar de forma mais favoraacutevel em relaccedilatildeo ao meio

ambiente

Nessa direccedilatildeo um construto apontado na literatura que

tem se mostrado consistentemente determinante para os

comportamentos vinculados a preocupaccedilatildeo ambiental satildeo os

valores humanos (VAN LIERE DUNLAP 1980) sendo

comprovado que estatildeo relacionados com a vontade de agir de

maneira proacute-ambiental Stern e seus colaboradores (1995)

logo propuseram que as pessoas com uma orientaccedilatildeo de valor

social altruiacutesta priorizam ldquoum mundo em paz e igualdaderdquo Por

outro lado as pessoas que orientam-se por valores de

orientaccedilatildeo egoiacutesta levam em consideraccedilatildeo os custos e

benefiacutecios para si enquanto os indiviacuteduos que seguem uma

orientaccedilatildeo de valor biosfeacuterica tecircm em conta os custos e

benefiacutecios para os ecossistemas ou para a biosfera Desse

modo depreende-se que cada indiviacuteduo age de acordo com a

orientaccedilatildeo valorativa priorizada

Natildeo obstante percebe-se que poucos estudos

examinaram a associaccedilatildeo entre a preocupaccedilatildeo ambiental e

comportamentos ambientalmente responsaacuteveis talvez porque

tal associaccedilatildeo soacute pode ser prevista em certas condiccedilotildees Stern

e Oskamp (1987) chegaram agrave conclusatildeo de que a preocupaccedilatildeo

ambiental se correlaciona com comportamentos

ambientalmente responsaacuteveis apenas se a atitude e o

comportamento satildeo mensurados pelo mesmo niacutevel de

464onceitua464dade e se o mesmo eacute faacutecil de executar

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

465

O comportamento sustentaacutevel eacute influenciado por vaacuterios

fatores dos quais a preocupaccedilatildeo ambiental eacute apenas um

desses Outros fatores que influenciam este tipo de

comportamento satildeo o conhecimento (STERN 1992) a norma

pessoal (HOPPER NIELSEN 1991) a responsabilidade

ambiental ou pessoal (VAN LIERE DUNLAP 1980) aleacutem das

ameaccedilas de sauacutede percebidas (BALDASSARE KATZ 1992)

Hines Hungerford e Tomera (1987) propuseram

diferentes estrateacutegias para aumentar o comportamento

ambientalmente responsaacutevel constatando que as estrateacutegias

mais eficazes satildeo combinadas com os seguintes fatores

conhecimento sobre os problemas ambientais discussatildeo sobre

as soluccedilotildees alternativas para esses problemas o

desenvolvimento da anaacutelise de problemas e capacidade de

resolvecirc-los discussotildees de valor e treinamento de habilidades

Estes autores ainda apontam que estrateacutegias que requeiram

recursos incentivos informaccedilotildees e feedbacks aumentam a

frequecircncia do comportamento desejado

No acircmbito da sustentabilidade eacute necessaacuterio a promoccedilatildeo

de estrateacutegias que intensifiquem comportamentos proacute-

ambientais e que aliem o desenvolvimento com a

sustentabilidade visto que seacuterios problemas ambientais tecircm

sido vivenciados nos uacuteltimos tempos

No que concerne agrave psicologia esta tem despendido

esforccedilos no conhecimento de construtos explicativos para a

problemaacutetica ambiental tais como as atitudes ambientais e os

valores humanos e consequentemente no desenvolvimento

de praacuteticas que minimizem essas questotildees Para favorecer o

entendimento os construtos mencionados seratildeo explicitados

no toacutepico que segue

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

466

32 Atitudes Ambientais e Valores Humanos

Os problemas ambientais podem ser definidos como

comportamentos humanos mal adaptados (COELHO

GOUVEIA MILFONT 2006) e por essa razatildeo a psicologia

tem sido considerada como uma aacuterea de importacircncia central

para dirimir tais questotildees Nesse sentido as pesquisas

psicoloacutegicas recentes tecircm buscado elementos essenciais da

psicologia social como as atitudes e os valores humanos a fim

de explicar a relaccedilatildeo entre estes e compreender de que modo

influenciam nas condutas ambientais dos indiviacuteduos

Concretamente o estudo dos valores e das atitudes

pode oferecer contribuiccedilotildees significativas sobretudo na

elaboraccedilatildeo e desenvolvimento de intervenccedilotildees que promovam

comportamentos proacute-ambientais sustentaacuteveis educando os

mais jovens para tornarem-se cidadatildeos ambientalmente

responsaacuteveis (GOUVEIA et al 2015) Nessa direccedilatildeo faz-se

fundamental conceituar esses construtos que neste trabalho

seratildeo considerados sob uma perspectiva teoacuterica funcionalista

Conforme Milfont (2009) abordagens funcionais para

construtos psicoloacutegicos satildeo recorrentes havendo uma praacutetica

comum e inveterada por estabelecer condiccedilotildees funcionais para

o estudo das atitudes (KATZ 1960) e dos valores (GOUVEIA et

al 2008) por exemplo Contudo eacute recente este

empreendimento em relaccedilatildeo agraves atitudes ambientais tendo sido

realizado pelo proacuteprio Milfont em estudo de 2009

As atitudes de modo geral podem ser definidas de

variadas maneiras Poreacutem parece haver um consenso razoaacutevel

por 466onceitua-las como um julgamento avaliativo sobre um

objeto particular especiacutefico em termos de atributos (por

exemplo bom-mau agradaacutevel-desagradaacutevel) (AJZEN 2001)

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

467

Seguindo esta linha Eagly e Chaiken (1993) definiram as

atitudes como ldquouma tendecircncia psicoloacutegica que se expressa

atraveacutes da avaliaccedilatildeo de uma entidade particular com algum

grau de favor ou desfavorrdquo Esta colocaccedilatildeo eacute considerada como

a definiccedilatildeo contemporacircnea de atitudes (ALBARRACIacuteN

JOHNSON ZANNA 2005)

Do mesmo modo eacute possiacutevel localizar na literatura vaacuterias

significaccedilotildees para atitudes ambientais (ver DUNLAP JONES

2003 SCHULTZ et al 2004) nas quais alguns autores tecircm

utilizado ldquopreocupaccedilatildeo ambientalrdquo como sinocircnimo (DUNLAP

JONES 2003) enquanto outros tecircm feito a diferenciaccedilatildeo

desses termos (SCHULTZ et al 2005) Tendo em conta a

definiccedilatildeo de Eagly e Chaiken (1993) jaacute mencionada Milfont

(2007) propocircs um conceito novo e mais parcimonioso para as

atitudes ambientais ldquosatildeo uma tendecircncia psicoloacutegica para

avaliar os ambientes naturais e construiacutedos e os fatores que

afetam a sua qualidade com algum grau de favor ou desfavorrdquo

Assim as atitudes ambientais podem remeter a atitudes em

relaccedilatildeo a todos os objetos externos da proacutepria realidade

(MILFONT 2009) e o termo ldquoambienterdquo pode caracterizar

ambientes tanto construiacutedos pelo homem quanto naturais

Nessa direccedilatildeo no que concerne agrave estrutura das atitudes

a visatildeo mais amplamente reconhecida eacute o modelo dos trecircs

componentes (BRECKLER 1984) que assume que estas satildeo

constituiacutedas pelos elementos cognitivo afetivo e

comportamental (intenccedilatildeo de se comportar) No que tange as

atitudes ambientais poreacutem os estudos mais contemporacircneos

tecircm apontado uma natureza multidimensional e hieraacuterquica

(MILFONT DUCKITT 2006) Inicialmente isto implica dizer

que os modos de ver das pessoas sobre o ambiente natural satildeo

diversos mas podem ser operacionalizados enquanto

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

468

dimensotildees ou construtos psicoloacutegicos Em seguida significa

que eacute possiacutevel avaliar a forma como estas diferentes dimensotildees

se relacionam e se agrupam isto eacute como se constituem

hierarquicamente (MILFONT 2009) Esse caraacuteter

multidimensional e hieraacuterquico das atitudes ambientais

expressa suas estruturas horizontal e vertical respectivamente

A estrutura horizontal das atitudes ambientais cobre pelo

menos doze dimensotildees (MILFONT DUCKITT 2006) sendo

elas 1 Apreciaccedilatildeo da natureza 2 Apoio agraves poliacuteticas

intervencionistas de conservaccedilatildeo 3 Movimento de ativismo

ambiental 4 Conservaccedilatildeo motivada pela preocupaccedilatildeo

antropocecircntrica 5 Confianccedila na ciecircncia e tecnologia 6

Fragilidade ambiental 7 Alteraccedilatildeo da natureza 8

Comportamento pessoal de conservaccedilatildeo 9 Dominacircncia

humana sobre a natureza 10 Utilizaccedilatildeo humana da natureza

11 Preocupaccedilatildeo ecocecircntrica e 12 Apoio agraves poliacuteticas de

crescimento populacional Estas dimensotildees baseiam-se em

dois fatores (Preservaccedilatildeo e Utilizaccedilatildeo) que compotildeem a

estrutura vertical das atitudes ambientais (MILFONT 2009) e

refletem respectivamente um posicionamento geral de que o

meio ambiente deve ser preservado protegido da destruiccedilatildeo

proveniente da accedilatildeo dos humanos ou por outro lado que estes

tecircm o direito de utilizar o ambiente para ganho proacuteprio

Sob uma oacutetica funcionalista Milfont (2009) coloca que as

anaacutelises claacutessicas das funccedilotildees das atitudes foram realizadas

originalmente por Smith Bruner e White (1956) e Katz (1960)

Tendo em conta as similaridades entre estas abordagens as

funccedilotildees das atitudes podem ser sintetizadas em trecircs propoacutesitos

principais (MAIO OLSON 2000) 1 Ajudar a compreender o

mundo de modo que auxiliam as pessoas a resumirem

informaccedilotildees encontrarem significado no mundo e se

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

469

adaptarem ao ambiente 2 Expressar os valores baacutesicos

facilitando a interaccedilatildeo social e o autoconceito e 3 Melhorar e

manter a autoestima ajudando os indiviacuteduos a lidarem com

ansiedades ocasionadas por conflitos internos

Esta perspectiva funcionalista das atitudes eacute utilizada

como base para a formulaccedilatildeo de uma abordagem funcional

para as atitudes ambientais Assim Milfont (2009) definiu que

estas contribuem para que os indiviacuteduos simplifiquem o

conhecimento sobre os objetos do ambiente natural e

construiacutedo proporcionando uma espeacutecie de resumo desse

ambiente expressem seus valores estabelecendo a identidade

social e mantenham a autoestima protegendo-os de conflitos

psiacutequicos gerados pela ameaccedila de condiccedilotildees ambientais

Portanto de modo amplo as atitudes ambientais estatildeo

relacionadas com a escolha residencial (por quecirc pessoas

preferem casas a apartamentos por exemplo) preferecircncias

cecircnicas (por quecirc indiviacuteduos preferem viver em ambientes rurais

a urbanos para citar) convicccedilotildees que os sujeitos tecircm sobre si

e sobre o mundo julgamentos que os indiviacuteduos realizam sobre

fenocircmenos naturais entre outros

Em resumo como atesta Milfont (2009) as atitudes

ambientais efetuam as funccedilotildees de compreensatildeo

autoexpressatildeo e defesa contra conflitos gerados pelo meio

ambiente Desse modo considera-se que essa perspectiva

funcional pode fornecer importantes explicaccedilotildees sobre o

comportamento humano e em vista disso pode facilitar a

promoccedilatildeo de intervenccedilotildees que desenvolvam atitudes proacute-

ambientais e favoreccedilam mudanccedilas comportamentais Portanto

seu entendimento pode auxiliar os psicoacutelogos ambientais a

refletir formas de o homem equilibrar a conservaccedilatildeo do

ambiente com a necessidade de exploraacute-lo para sobreviver

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

470

Como mencionado inicialmente outro construto

psicoloacutegico que tem sido apontado como importante para a

compreensatildeo das atitudes e comportamentos inclusive

aqueles envolvidos na relaccedilatildeo pessoa-ambiente satildeo os valores

(PESSOA et al no prelo) De maneira geral os valores satildeo

compreendidos como concepccedilotildees acerca do que eacute desejaacutevel

sendo internalizados pelos indiviacuteduos e sociedades de modo a

servir como criteacuterios que guiam as accedilotildees humanas e

influenciam os julgamentos escolhas e atitudes dos mesmos

(GOUVEIA 2013) Eacute nessa direccedilatildeo portanto que muitas

pesquisas tecircm objetivado explicar possiacuteveis relaccedilotildees entre

valores humanos e comportamentos proacute-ambientais (PESSOA

et al no prelo)

Apesar de existirem diferentes abordagens sobre

valores uma teoria mais recente e que tem se mostrado mais

parcimoniosa e integradora eacute a Teoria Funcionalista dos

Valores Humanos proposta por Gouveia (2013) Sua

pertinecircncia tem sido testada em diferentes contextos

socioculturais recebendo suporte em mais de 50 paiacuteses

incluindo o Brasil Natildeo bastasse aleacutem de embasar estudos

empiacutericos e experimentais esta teoria tem fundamentado

intervenccedilotildees praacuteticas sobretudo no acircmbito escolar-

educacional evidenciando resultados significativos no

desenvolvimento de comportamentos proacute-ambientais Eacute

conveniente mencionar alguns exemplos de projetos voltados

ao ensino e extensatildeo a que foram dados prosseguimento e

finalizaccedilatildeo ldquoPromovendo sensibilizaccedilatildeo ambiental a partir do

conhecimento e dos valores humanosrdquo (2013) e ldquoEducaccedilatildeo e

valores promovendo comportamento proacute-ambientalrdquo (2014)

ambos executados por estudantes de Psicologia da

Universidade Federal da Paraiacuteba

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

471

Gouveia (2013) postula entatildeo que os valores servem a

duas funccedilotildees psicoloacutegicas principais a saber 1 Guiam os

comportamentos das pessoas (tipo de orientaccedilatildeo) e 2

Expressam cognitivamente as necessidades humanas (tipo

motivador) A primeira funccedilatildeo eacute representada por trecircs tipos de

orientaccedilatildeo pessoal central e social e a segunda eacute composta

por dois tipos de motivadores materialista (pragmaacutetico) e

idealista (humanitaacuterio) Por meio da combinaccedilatildeo das duas

funccedilotildees principais dos valores o autor derivou seis subfunccedilotildees

valorativas (interativa normativa suprapessoal existecircncia

experimentaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) e estabeleceu cinco

pressupostos baacutesicos (1) considera-se a natureza benevolente

dos seres humanos (2) os valores satildeo individuais (3) os

valores correspondem a necessidades humanas (4) os valores

expressam um propoacutesito em si (5) os valores natildeo mudam o

que varia satildeo as prioridades valorativas

Considerando esta perspectiva funcional para as

atitudes ambientais e os valores eacute possiacutevel estabelecer um

viacutenculo entre esses construtos inclusive na prediccedilatildeo de

variaacuteveis comportamentais Assim atraveacutes do entendimento

das funccedilotildees dos valores eacute possiacutevel identificar que atitudes

podem expressar determinado valor especiacutefico De acordo com

Milfont (2009) os valores sociais subjazem as atitudes de

preservaccedilatildeo e os pessoais as de utilizaccedilatildeo Este autor aponta

que as atitudes de preservaccedilatildeo satildeo explicadas por valores do

tipo motivador humanitaacuterio (por exemplo beleza

conhecimento maturidade) e sugere que os valores sociais

(como afetividade convivecircncia e apoio social) satildeo capazes de

explicar as atitudes de preservaccedilatildeo

Em contraste Gouveia et al (2015) argumentam que as

atitudes de utilizaccedilatildeo podem ser explicadas por valores do tipo

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

472

motivador materialista (sauacutede estabilidade pessoal e

sobrevivecircncia) diretamente relacionados com ausecircncia de

preocupaccedilatildeo ambiental Estas satildeo algumas evidecircncias

empiacutericas que podem auxiliar na compreensatildeo de como as

atitudes e os valores se relacionam e podem servir como base

para a estruturaccedilatildeo de intervenccedilotildees que incitem e desenvolvam

comportamentos sustentaacuteveis Este uacuteltimo construto seraacute

melhor explorado no toacutepico a seguir

33 Comportamento Sustentaacutevel

A importacircncia do comportamento sustentaacutevel vem

ganhando cada vez mais espaccedilo dentro das discussotildees acerca

do meio ambiente Depois da constataccedilatildeo nos anos 70 de que

os recursos naturais natildeo satildeo inesgotaacuteveis organizaccedilotildees

ligadas ao assunto passaram a discutir sobre a importacircncia de

fomentar padrotildees sustentaacuteveis de crenccedilas valores

comportamentos e atitudes que promovam a preservaccedilatildeo dos

bens naturais visto que como jaacute evidenciado anteriormente os

problemas ambientais podem ser compreendidos como

ocasionados por comportamentos mal adaptados dos seres

humanos (MALONEY WARD 1973) Dessa maneira a

psicologia ganha muita forccedila dentro dessa discussatildeo e passa a

ser vista como um importante agente para tratar tais problemas

Apesar da forccedila que toda essa discussatildeo ganha eacute

importante a princiacutepio conceituar o que realmente eacute o

comportamento sustentaacutevel Gouveia e seus colaboradores

(2015) trazem que os comportamentos proacute-ambientais ou de

conservaccedilatildeo podem ser conceituados como um conjunto de

accedilotildees deliberadas e efetivas que respondem a atitudes

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

473

favoraacuteveis e requerimentos sociais em benefiacutecio do ambiente

resultando na proteccedilatildeo de recursos naturais

Essa definiccedilatildeo estaacute ligada agrave capacidade ou habilidade que

o sujeito possui para resolver problemas ou seja formas

especiacuteficas de apresentar accedilotildees concretas ou resultados que

nesse caso dizem respeito a accedilotildees que sejam efetivas na

proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo de recursos naturais (GOUVEIA et al

2015) Essas accedilotildees surgem como forma de haacutebitos (haacutebito de

fechar o chuveiro enquanto se ensaboa no banho haacutebito de

desligar as lacircmpadas quando natildeo houver pessoas naquele

ambiente etc) que resultam em accedilotildees de proteccedilatildeo ambiental

onde esses haacutebitos potencializam os comportamentos

automaacuteticos fazendo com que uma seacuterie de condutas sejam

assumidas e realizadas de maneira automaacutetica (CORRAL-

VERDUGO 2001)

Aliado aos conceitos reportados anteriormente eacute

importante trazer o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

que diz respeito agrave importacircncia de satisfazer as necessidades da

geraccedilatildeo atual sem trazer grandes prejuiacutezos capazes de

comprometer as geraccedilotildees futuras de satisfazerem suas

proacuteprias necessidades ou seja estaacute relacionado agrave forma como

os frutos do desenvolvimento seratildeo partilhados entre as

geraccedilotildees (WCED 1987)

Diversos estudos acerca dos comportamentos proacute-

ambientais se pautam nas disposiccedilotildees atitudinais e nos valores

humanos como explicadores desse tipo de conduta Poreacutem eacute

importante trazer para a discussatildeo acerca dos comportamentos

sustentaacuteveis a importacircncia do impacto das emoccedilotildees na

propagaccedilatildeo ou inibiccedilatildeo de tal comportamento conhecendo ateacute

que ponto a emoccedilatildeo gerada por determinado ambiente pode

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

474

incidir na necessidade de uma accedilatildeo concreta de preservaccedilatildeo

(DURAacuteN et al 2007)

Nesse sentido variados estudos vecircm mostrando

resultados bastantes consistentes acerca das emoccedilotildees como

uma importante variaacutevel relacionada agraves condutas proacute-

ambientais destacando-se as emoccedilotildees morais a afinidade

emocional com a natureza e o medo ecoloacutegico como as trecircs

categorias emocionais que se mostram mais relevantes para

fomentar os comportamentos sustentaacuteveis (KALS MAES

2002) Esses achados entatildeo evidenciam que o

comportamento proacute-ambiental natildeo estaacute ligado somente a

avaliaccedilotildees e decisotildees cognitivas confirmando a importacircncia

das emoccedilotildees sobretudo do sentimento de culpa por colaborar

com o desperdiacutecio e seus efeitos maleacuteficos para o meio-

ambiente (KALS MAES 2002)

Alguns estudos tambeacutem trazem o conflito temporal entre

interesses de curto e de longo prazo como uma importante

variaacutevel que apresenta relaccedilatildeo direta com os problemas

ambientais (MILFONT GOUVEIA 2006) Arnocky Milfont e

Nicol (2013) afirmam que a decisatildeo de se comportar de maneira

sustentaacutevel requer um foco em benefiacutecios futuros em

consequecircncia de benefiacutecios imediatos ou seja reduzir a

preocupaccedilatildeo com recompensas imediatas eacute um bom

mecanismo para se promover comportamentos sustentaacuteveis

Essas evidecircncias contribuem para diversas intervenccedilotildees

que tecircm como objetivo a preservaccedilatildeo do meio ambiente Os

achados mostram assim que em campanhas publicitaacuterias de

conscientizaccedilatildeo ambiental por exemplo eacute importante buscar

minimizar as perdas imediatas ao inveacutes de falar somente de

consequecircncias futuras

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

475

A perspectiva temporal portanto deve ser mostrada

como uma maneira de fazer com que os sujeitos consigam

valorizar os ganhos natildeo imediatos Eacute comum que as pessoas

por exemplo priorizem os gastos financeiros excessivos que

ocorrem no presente em relaccedilatildeo aos ganhos ambientais e de

qualidade de vida que ocorreratildeo em um futuro mais distante

fazendo dessa forma com que diversos comportamentos

sustentaacuteveis natildeo sejam adotados por natildeo serem atraentes

(ARNOCKY MILFONT NICOL 2013)

Nessa direccedilatildeo depreende-se que o comportamento

sustentaacutevel pode ser influenciado por diversas variaacuteveis

(valores atitudes emoccedilotildees perspectiva temporal) o que faz

com que sua modificaccedilatildeo se torne mais complexa e passe por

intervenccedilotildees em diversas instacircncias Assim a percepccedilatildeo

construiacuteda eacute de que eacute imprescindiacutevel a elaboraccedilatildeo de estudos

teoacuterico-praacuteticos que abordem a preocupaccedilatildeo ambiental e a

sustentabilidade relevantes temaacuteticas que quando exploradas

sob a oacutetica da Psicologia Social e Ambiental podem ser

compreendidas transculturalmente e portanto fomentadas

efetivamente

4 CONCLUSOtildeES

Os problemas ambientais colocam em seacuterias ameaccedilas a

vida em todo o planeta logo estas questotildees transcendem as

fronteiras nacionais e mesmo continentais e prestam-se para

uma perspectiva transcultural Por meio das temaacuteticas

abordadas eacute possiacutevel notar a grande contribuiccedilatildeo que a

Psicologia Social e Ambiental vem dando no que se refere a

essas problemaacuteticas Desse modo faz-se necessaacuterio que haja

um empenho dos oacutergatildeos puacuteblicos no financiamento de verbas

CONCEPCcedilOtildeES TEOacuteRICAS ACERCA DA CONDUTA PROacute-AMBIENTAL BASES VALORATIVAS E ATITUDINAIS

476

destinadas a pesquisas nessa aacuterea e a promoccedilatildeo de programas

de conscientizaccedilatildeo que tenham um alcance amplo da

populaccedilatildeo sobretudo o acircmbito infantil para que estas condutas

favoraacuteveis ao meio ambiente sejam incorporadas e se tornem

naturais

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NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

479

CAPIacuteTULO 27

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

Ceciacutelia Neta Alves Pegado GOMES 1

Claacuteudia Maria Alves PEGADO 2

Elaine Cristine Alves PEGADO 3

1 Doutoranda do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Modelos de Decisatildeo e Sauacutede UFPB 2 Professora do Instituto Federal do TocantinsIFTO 3 Professora das Faculdades Integradas de

PatosFIP

RESUMO A mudanccedila climaacutetica eacute a maior ameaccedila sanitaacuteria do seacuteculo XXI e a prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede em especial os renais tem um efeito adverso sobre o meio ambiente Objetivou-se identificar na literatura a importacircncia da sustentabilidade na Nefrologia Neste artigo descrevemos as principais possiacuteveis intervenccedilotildees na praacutetica cliacutenica que amenizariam estes efeitos adversos desde a prevenccedilatildeo da doenccedila renal ateacute o tratamento desta com foco na gestatildeo de resiacuteduos conservaccedilatildeo da aacutegua e reduccedilatildeo da emissatildeo de carbono Demonstramos tambeacutem os benefiacutecios paralelos na melhoria da qualidade do cuidado renal como tambeacutem na reduccedilatildeo de custos com consequente sustentabilidade ambiental e financeira no eixo de cuidado renal Palavras-chave Sustentabilidade Nefrologia Resiacuteduos

1 INTRODUCcedilAtildeO

A mudanccedila climaacutetica eacute a maior ameaccedila sanitaacuteria do

seacuteculo XXI poreacutem a prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede tambeacutem

tem um significativo impacto ambiental No contexto do cuidado

renal este caminho de ida e volta eacute uma realidade O importante

impacto ambiental e financeiro gera a necessidade de se tomar

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

480

atitudes para inserir a sustentabilidade na aacuterea o que deu

origem a pulsante a Nefrologia Verde (http

wwwgreenerhealthcareorg) agraves vezes chamada Diaacutelise

Verde ou Ecoloacutegica

Como defende Pinto-Coelho (2009) a sustentabilidade eacute

o equiliacutebrio entre accedilotildees economicamente viaacuteveis socialmente

justas e ambientalmente corretas sejam elas praticadas por

indiviacuteduos ou por empresas

E a Educaccedilatildeo Ambiental segundo Guimaratildees (2010)

pode ser pensada como importante domiacutenio da promoccedilatildeo da

sauacutede Bem como no favorecimento e ferramenta da gestatildeo

ambiental Educaccedilatildeo esta que na Lei 979599 no Art 1o

afirma-se que ldquoentendem-se por educaccedilatildeo ambiental os

processos por meio dos quais o indiviacuteduo e a coletividade

constroem valores sociais conhecimentos habilidades

atitudes e competecircncias voltadas para a conservaccedilatildeo do meio

ambiente bem de uso comum do povo essencial agrave sadia

qualidade de vida e sua sustentabilidaderdquo

Nesta linha de pensamento eacute uma transformaccedilatildeo na

praacutetica cliacutenica necessaacuteria em todos os componentes do cuidado

renal insumos ( aacutegua energia e materiais) efluentes e resiacuteduos

pois haacute espaccedilo para utilizaccedilatildeoreutilizaccedilatildeo sustentaacutevel de

todos estes aspectos do processo da Terapia Renal Substitutiva

(TRS)

O fornecimento de hemodiaacutelise usa aacutegua um recurso

natural finito em vastas quantidades uma sessatildeo de

hemodiaacutelise com duraccedilatildeo de 4h utiliza 120 litros de aacutegua Aleacutem

disto o processo de purificaccedilatildeo da aacutegua comumente utilizado

em cliacutenicas de hemodiaacutelise eacute a osmose reversa que em

funccedilatildeo de aspectos teacutecnicos costuma gerar grande desperdiacutecio

pois rejeita 23 da aacutegua tratada Somando-se a aacutegua

necessaacuteria para limpeza da maacutequina de diaacutelise um volume total

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

481

aproximado de 500 litros de aacutegua da rede satildeo necessaacuterios por

pacientesessatildeo de 4 horas

Ademais as aacuteguas residuais geradas pela hemodiaacutelise

podem ter impacto no meio ambiente devido agrave sua alta

condutividade e salinidade

A nossa civilizaccedilatildeo eacute a civilizaccedilatildeo dos resiacuteduos

Integrado a este universo temos a questatildeo dos Resiacuteduos de

Serviccedilos de Sauacutede (RSS) que satildeo

ldquoresiacuteduos soacutelidos dos estabelecimentos prestadores de

serviccedilo de sauacutede em estado soacutelido semi-soacutelido

resultantes destas atividades Satildeo tambeacutem considerados

soacutelidos os liacutequidos produzidos nestes estabelecimentos

cujas particularidades tornem inviaacuteveis o seu lanccedilamento

em rede puacuteblica de esgotos ou em corpos drsquoaacutegua ou

exijam para isso soluccedilotildees teacutecnica e economicamente

inviaacuteveis em face agrave melhor tecnologia disponiacutevelrdquo

(BRASIL 2003 p 32)

No mundo satildeo feitas 2 milhotildees de hemodiaacutelise por ano e

cada sessatildeo produz aproximadamente 25 kg de resiacuteduos

soacutelidos cliacutenicos dos quais 38 satildeo de plaacutestico Isso equivale a

uma estimativa de 390 kg por ano Que compara com 617 kg

por ano produzido por um paciente Um ambulatoacuterio contiacutenuo

padratildeo Diaacutelise peritoneal Nenhuma estimativa Resiacuteduos de

papelatildeo e de polietileno substancialmente Associados agrave

embalagem

Aleacutem disto Os resiacuteduos cliacutenicos devem ser incinerados

e este processo eacute caro e produz outras emissotildees incluindo

dioxinas compostos canceriacutegenos produzidos por incineraccedilatildeo

de PVC

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

482

A emissatildeo de carbono da diaacutelise eacute definida como a

quantidade de gases de efeito estufa produzidos direta e

indiretamente pelas atividades da unidade de diaacutelise

geralmente expressa em toneladas equivalentes de dioacutexido de

carbono (CO 2) A contribuiccedilatildeo do cuidado renal para essas

emissotildees eacute desconhecida contudo o uso racional da aacutegua

pode diminuir as emissotildees de carbono

A inclusatildeo de medidas de sustentabilidade na avaliaccedilatildeo

Tecnologias meacutedicas permitiraacute aos meacutedicos e Pacientes para

escolher tratamentos clinicamente eficazes Perfis ambientais

oacuteptimos Os meacutedicos natildeo devem ser Esperado para tomar tais

decisotildees em um paciente individual base Em vez disso essas

consideraccedilotildees devem ser incorporadas Nas poliacuteticas que

determinam a provisatildeo de cuidados de sauacutede tais como

Poliacutetica Nacional

Seja nos EUA (2002) ou nos paiacuteses europeus (2004) a

conferecircncia acerca da sustentabilidade na sauacutede (CLIMED

CLIMED EUROPE) serve como um indicador de tendecircncias

tanto para instituiccedilotildees de sauacutede como induacutestria farmacecircutica

de equipamentos e energeacutetica agrave medida que discute tambeacutem

demandas de produtos ecossustentaacuteveis em cada mercado

O objetivo deste estudo foi identificar na literatura a

importacircncia da sustentabilidade na Nefrologia Em um esforccedilo

para identificar estrateacutegias para reduzir seu impacto ambiental

e financeiro

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

483

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Trata-se de um estudo de revisatildeo narrativa da literatura

que satildeo apropriadas para descrever e discutir o

desenvolvimento ou o ldquoestado da arterdquo de um determinado

assunto sob o ponto de vista teoacuterico ou contextual A pergunta

norteadora deste estudo foi Quais os espaccedilos em que a

sustentabilidade ambiental pode se insere no exerciacutecio da

Nefrologia

A busca de artigos incluiu pesquisa em bases eletrocircnicas

LILACS MEDLINE e busca manual de citaccedilotildees nas

publicaccedilotildees inicialmente identificadas As bases eletrocircnicas

pesquisadas foram LILACS (Literatura Latino Americana e do

Caribe em Ciecircncias de Sauacutede) e literatura internacional em

Ciecircncias da Sauacutede (MEDLINE) Na base MEDLINE foi utilizada

palavra-chave em inglecircs enquanto na LILACS foram utilizadas

palavras-chaves em portuguecircs inglecircs e espanhol O periacuteodo de

abrangecircncia foi sem restriccedilatildeo Para a busca dos artigos

utilizamos os descritores padronizados pelos Descritores em

Ciecircncias da Sauacutede a saber Nefrologia Sustentabilidade

Resiacuteduos Ao final foram 52 combinaccedilotildees entre os descritores

para obtenccedilatildeo do maacuteximo de referecircncias possiacuteveis Os tiacutetulos e

os resumos de todos os artigos identificados na busca

eletrocircnica foram revisados Quando possiacutevel os estudos que

pareceram preencher os criteacuterios para sua inclusatildeo foram

obtidos integralmente Com base nesta accedilatildeo foi criada uma

lista de artigos para serem incluiacutedos no estudo

Os resumos foram compilados e direcionados segundo

os objetivos para a construccedilatildeo do artigo Os criteacuterios de inclusatildeo

foram serem artigos de pesquisa que versassem sobre

sustentabilidade em nefrologia

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

484

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

A atuaccedilatildeo da Nefrologia Verde perpassa todos os

segmentos do cuidado renal desde a prevenccedilatildeo da doenccedila ateacute

a Terapia Renal Substitutiva (TRS) na forma das oportunidades

de sustentabilidade em diaacutelise como vemos na Fig (1)

Fig 1 Atuaccedilatildeo da Nefrologia Verde

Fonte Baseado em CONNOR MORTIMER TOMSON (2010)

Prevenccedilatildeo de doenccedila

No acircmbito da prevenccedilatildeo da doenccedila renal com a melhoria

dos meacutetodos diagnoacutesticos e da acessibilidade agrave TRS como por

exemplo o uso da estimativa da Taxa de Filtraccedilatildeo Glomerular

(eTFG) na rotina cliacutenica para o diagnoacutestico da Doenccedila Renal

Crocircnica (DRC) aumentou o nuacutemero de encaminhamentos para

os serviccedilos de nefrologia e por conseguinte os custos

financeiros e de emissatildeo de carbono associados aos cuidados

Prevenccedilatildeo da doenccedila

Empoderamento do paciente e autocuidado

Cuidados simplificados

Sustentabilidade em diaacutelise

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

485

renais Portanto deve-se voltar para a prevenccedilatildeo da doenccedila

renal para se obter benefiacutecios de sauacutede e assim prevenir eou

reduzir estes custos

A prevenccedilatildeo deve ocorrer a niacutevel individual mas de forma

amplificada com Poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede (PPS) para

combater as causas subjacentes da doenccedila - modificando os

determinantes sociais econocircmicos e ambientais de sauacutede

Empoderamento do paciente e autocuidado

O empoderamento do paciente eacute um componente

necessaacuterio reconhecido na gestatildeo bem-sucedida das doenccedilas

crocircnicas Estrateacutegias para capacitar os pacientes e ensinar-lhes

quando e como aceder aos cuidados de sauacutede satildeo vitais para

a transformaccedilatildeo em sauacutede com baixa emissatildeo de carbono

Serviccedilos inovadores que capacitem os pacientes tais

como cliacutenicas telefocircnicas teleconsultorias devem ser

combinadas com ferramentas que promovam o

empoderamento do paciente como a ONTODRC uma forma de

representaccedilatildeo do conhecimento (ontologia) para a prevenccedilatildeo

da DRC na atenccedilatildeo primaacuteria em construccedilatildeo no Projeto de

Doutorado da primeira autora deste artigo Os pacientes

habilitados satildeo proativos e reativos por exemplo aqueles que

realizam TRS domiciliar requerem menos profissionais

reduzindo os custos dos cuidados que recebem

Reduzir a necessidade de medicamentos atraveacutes da

adoccedilatildeo de estilo de vida mais saudaacutevel com foco em reduzir as

emissotildees associadas agrave medicaccedilatildeo

Cuidados renais simplificados ( o ldquopensamento

magrordquo)

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

486

Sempre que possiacutevel os cuidados devem ser

simplificados Reduccedilotildees das atividades de menor valor e

priorizaccedilatildeo das atividades de maior valor com tomadas de

decisatildeo estrateacutegicas para associar-se a impactos ambientais

positivos seleccedilatildeo de intervenccedilotildees padronizadas uso de

consultorias virtuais e registros eletrocircnicos etc Exemplos

incluem a melhoria da seguranccedila do paciente no tempo de

espera nos serviccedilos de ambulatoriais e a reduccedilatildeo de resiacuteduos

de gastos de energia e de combustiacuteveis para a locomoccedilatildeo do

paciente

Sustentabilidade em diaacutelise

A hemodiaacutelise tambeacutem usa grandes quantidades de

energia e aacutegua da rede e produz grandes volumes de plaacutesticos

e resiacuteduos de embalagens Aqui noacutes descrevemos algumas

possiacuteveis intervenccedilotildees detectadas na leitura dos artigos

selecionados Para uma abordagem praacutetica utilizamos o

seguinte diagrama Fig (2) dos processos de uma hemodiaacutelise

para inserir as intervenccedilotildees em cada espaccedilo

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

487

Figura 2 Anaacutelise Global do Processo de Hemodiaacutelise

Fonte BURG SILVEIRA 2006

Reduccedilatildeo de emissotildees de carbono

Reduzir as emissotildees de carbono em todos os aspectos

do cuidado renal Por exemplo mais de 1 milhatildeo de pacientes

recebem hemodiaacutelise no mundo todo necessitando ao menos

trecircs vezes por semana de viagens (geralmente de carro) ateacute o

centro de diaacutelise com consumo de combustiacutevel emissor de

dioacutexido de carbono

Oportunidades para Melhorar a Sustentabilidade

Diaacutelise

Conservaccedilatildeo da Aacutegua

A aacutegua rejeitada do sistema de osmose reversa Fig (3)

eacute de alta qualidade normalmente atende aos criteacuterios para a

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

488

aacutegua potaacutevel (embora permaneccedila legalmente inaceitaacutevel para

beber) Natildeo representa risco de infecccedilatildeo pois natildeo entra em

contato com o paciente ou dialisador Estrateacutegias simples para

reciclar aacutegua de rejeiccedilatildeo para usos alternativos (tais como

lavanderia Saneamento alimentaccedilatildeo de caldeira de baixa

pressatildeo higienizaccedilatildeo de sanitaacuterios e limpeza de paacutetios

internos) satildeo rentaacuteveis e bem-sucedidas no aspecto ambiental

FAISSAL (2010)

Figura 3 Esquema simplificado produccedilatildeo de aacutegua por

osmose reversa

Fonte FARIA et al (2016)

Segundo FARIA et Al os resultados tanto do ponto de

vista microbioloacutegico quanto fiacutesico-quiacutemico mostraram-se

satisfatoacuterios para classificaccedilatildeo da aacutegua em vaacuterios

procedimentos de reuso ao dar atendimento agraves quatro classes

de reuso sugeridas pela ABNT NBR 1396997 Recomenda-se

atenccedilatildeo ao paracircmetro fluoreto cujo valor mostrou-se igual ao

limite imposto pela norma

Connor et all relataram que o tratamento de dialisado

gasto para uso em irrigaccedilatildeo poderia resultar em economia de

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

489

custos de 20-30 em comparaccedilatildeo Para a dessalinizaccedilatildeo da

aacutegua do mar

Os custos financeiros variam de unidade para unidade e

Pode determinar se um projeto de conservaccedilatildeo de aacutegua eacute

viaacutevel Ao realizar uma anaacutelise custo-benefiacutecio um nuacutemero de

paracircmetros devem ser considerados capital investido e custos

de manutenccedilatildeo e o volume de Aacutegua Na maioria dos casos os

custos traratildeo grandes economias

No contexto do impacto ambiental observa-se que a

reduccedilatildeo da descarga de aacuteguas residuais atraveacutes da reciclagem

da aacutegua reduz a poluiccedilatildeo por efluentes da hemodiaacutelise manteacutem

a qualidade da aacutegua pelo risco evitado e reduz a emissatildeo do

carbono

Outras Oportunidades para Reduzir

Reutilizaccedilatildeo do Dialisador Uma Aacuterea de Incerteza

A sustentabilidade da reutilizaccedilatildeo do dialisador natildeo eacute

clara o uso de germicidas tais como formaldeiacutedo e aacutecido

peraceacutetico no processo de descontaminaccedilatildeo levanta

questionamentos problemas de desperdiacutecio de aacutegua gastos de

energia com o aquecimento de aacutegua e vapores quiacutemicos (tal

como aacutecido hipocloacuterico) Ademais que o processo de

desinfecccedilatildeo tambeacutem aumenta o uso de resiacuteduos descartaacuteveis

(como maacutescaras luvas aventais e tiras de teste)

Gerenciamento de Resiacuteduos Cliacutenicos

Grande parte dos resiacuteduos gerados a partir de produtos

de diaacutelise e as suas embalagens se enquadram na categoria de

desperdiacutecio Como a praacutetica de uso uacutenico do dialisador e

regimes de diaacutelise mais frequentes satildeo cada vez mais comum

em todo o mundo eacute necessaacuterio avanccedilar na gestatildeo de resiacuteduos

de diaacutelise

Serviccedilos renais devem desenvolver estrateacutegias

sustentaacuteveis de gestatildeo de resiacuteduos A segregaccedilatildeo efetiva na

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

490

fonte eacute vital e exige educaccedilatildeo e espaccedilo extra para garantir que

os resiacuteduos (por exemplo embalagens) quando possiacutevel sejam

reciclados

Oportunidades dentro do Ambulatoacuterio

Estudos demonstraram o valor da telemedicina na

hemodiaacutelise e diaacutelise peritoneal sugerindo por exemplo

atraveacutes de consultas telefocircnicas que esses modelos podem

engendrar o empoderamento entre os pacientes Devem ser

incorporadas particularmente aqueles que incentivam a

atividade para apoiar o cuidado virtual em suas diferentes

formas

Estes oferecem aos pacientes e cliacutenicos um nuacutemero De

benefiacutecios incluindo um maior acesso aos cuidados de sauacutede

Maior continuidade dos cuidados capacitaccedilatildeo do paciente e

Economia de tempo

Hemodiaacutelise domiciliar versus Hemodiaacutelise no

Serviccedilo de Nefrologia

Um trabalho preliminar sugere que a hemodiaacutelise em

casa eacute menos prejudicial ao meio ambiente do que a

hemodiaacutelise no centro aleacutem de ser mais rentaacutevel e oferecer

uma melhor qualidade de vida Os dados relativos ao

transporte agrave energia e agrave aacutegua evidenciam que a hemodiaacutelise

domiciliar produz menos emissotildees (0207 toneladas de dioacutexido

de carbono) do que Hemodiaacutelise (1404 toneladas) por doente

por ano Essa discrepacircncia foi explicada pela ausecircncia de

emissotildees relacionadas agrave viagem do paciente de casa para o

Serviccedilo de Nefrologia Contudo outros estudos satildeo

necessaacuterios para conferir robustez a esta tese

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

491

Poluiccedilatildeo ambiental versus Cuidados renais

Esta relaccedilatildeo eacute bilateral tanto os cuidados ambientais

otimizam os cuidados renais quanto o inverso eacute verdadeiro Por

exemplo solventes presentes em nosso dia-a-dia usados para

fabricar tintas adesivos eletrocircnica automotiva computadores e

equipamentos meacutedicos aceleram a progressatildeo da DRC

existente e pode contribuir para a sua iniciaccedilatildeo Do mesmo

modo metais como caacutedmio mercuacuterio e chumbo natildeo satildeo

biodegradaacuteveis tambeacutem satildeo nefrotoacutexicos

Os Co-Benefiacutecios de Sauacutede dos Estilos de Vida com

Baixo Carbono

A adoccedilatildeo de iniciativas de estilo de vida com baixo teor

de Ser encorajados tanto ao niacutevel da assistecircncia individual ao

paciente E atraveacutes de uma defesa mais ampla Tais estrateacutegias

podem incluir A promoccedilatildeo de viagens activas (caminhadas

ciclismo) Modificaccedilotildees alimentares (reduccedilatildeo do consumo de

Carne e aumento do consumo de alimentos Alimentos) Os co-

benefiacutecios de sauacutede destas estrateacutegias contribuiratildeo Reduccedilatildeo

da hipertensatildeo obesidade e diabetes - os condutores

predominantes da epidemia de doenccedila renal doenccedila

O custo da Nefrologia Verde

Dentro do cuidado renal o potencial para um retorno

rentaacutevel Sobre um investimento eacute real Argumentamos

portanto que Investimento em iniciativas verdes natildeo eacute apenas

acessiacutevel Mas representa bom senso empresarial (e

ambiental)

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

492

5 CONCLUSOtildeES

A Nefrologia ocupou-se sempre com a relaccedilatildeo do meio

ambiente na causalidade das nefropatias agora os Serviccedilos de

Nefrologia devem agir para reduzir o impacto ambiental da sua

proacutepria praacutetica Muitas das intervenccedilotildees necessaacuterias devem

provir de aprendizagem partilhada e a determinaccedilatildeo das

melhores praacuteticas em curso para a identificaccedilatildeo de estrateacutegias

eficazes deve se tornar uma prioridade de pesquisa

Conclui-se que idealmente previne-se a doenccedila se natildeo

obtiver ecircxito educa-se o paciente para o autocuidado e insere-

se no atendimento ambulatorial a virtualidade o prontuaacuterio

eletrocircnico etc se mesmo assim a doenccedila progredir para a

necessidade dialiacutetica deve-se intervir em todos os passos de

um processo de diaacutelise para reduzir os gastos de aacutegua e energia

aleacutem de reciclar efluentes e resiacuteduos

A aacutegua eacute um aspecto vital na hemodiaacutelise Usando aacutegua

sabiamente pelas abordagens mencionadas nos ajudaraacute a

Conservar esse precioso recurso Sensibilizaccedilatildeo para este

Conceito entre nefrologistas eacute o primeiro passo crucial para

Alcanccedilar este objetivo A Sociedade Internacional de Nefrologia

E outras sociedades regionais ou nacionais podem Papel de

lideranccedila na promoccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo Iniciativa para

reduzir nosso impacto em nosso planeta

Reconhecendo o problema da gestatildeo de resiacuteduos Diaacutelise

pode levar a economias de centenas de milhotildees de doacutelares e

para a reutilizaccedilatildeo e reciclagem de centenas de toneladas De

resiacuteduos plaacutesticos por ano em escala mundial com

consideraacuteveis Financeira e ecoloacutegica

NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

493

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NEFROLOGIA VERDE SUSTENTABILIDADE NO CUIDADO RENAL

494

Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia Guimaratildees 111f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ensino de Ciecircncias) ndash Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia Tecnologia do Rio de Janeiro IFRJ Niloacutepolis 2010 GONCcedilALVES RT et al A capacitaccedilatildeo como instrumento para o adequado gerenciamento de resiacuteduos de serviccedilos de sauacutede ICTR2004 Acesso em 11 nov 2016 Disponiacutevel em httpswwwipenbrbibliotecacdictr2004ARQUIVOS20PDF0404-024pdf MANO E B PACHECO Ellen B V E BONELLI Claacuteudia M C Meio ambiente poluiccedilatildeo e reciclagem Satildeo Paulo Edgard Blucher 2005 360p PINTO-COELHO R M Reciclagem e desenvolvimento sustentaacutevel no Brasil Belo Horizonte Recoacuteleo 2009 340p

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

495

CAPIacuteTULO 28

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS ESCOLAS

PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

Joatildeo Henrique Constantino Sales SILVA1

Damiana Justino ARAUacuteJO2

Vecircnia Camelo de SOUZA3 Gilvaneide Alves de AZEREDO4

1 Graduando do curso de Bacharelado em Agroecologia UFPB 2Graduanda do curso de Licenciatura em Ciecircncias Agraacuterias UFPB 3 Colaboradora Professora do DCBS ndash CCHSA

UFPB 4 OrientadoraProfessora do DA ndash CCHSAUFPB joaoagroecologiaoutlookcom

RESUMO A exploraccedilatildeo desordenada dos ecossistemas como florestas e matas nacionais levou a uma destruiccedilatildeo imensuraacutevel da vegetaccedilatildeo nativa e da diversidade de espeacutecies Este trabalho tem como finalidade descrever a experiecircncia vivenciada no decorrer de um projeto de extensatildeo (Probex2016) que teve como seu principal objetivo aproximar os alunos das escolas puacuteblicas no Brejo Paraibano discentes do Curso Teacutecnico em Agropecuaacuteria (CAVN) e servidores da UFPB num trabalho de educaccedilatildeo ambiental envolvendo a produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas de diferentes espeacutecies florestais As atividades do projeto ocorreram nas imediaccedilotildees do Campus III ndash UFPB Com os discentes do Curso Teacutecnico foram realizadas no Bosque do Futuro algumas praacuteticas ecoloacutegicas No local satildeo plantadas mudas de espeacutecies florestais nativas no iniacutecio de cada semestre letivo durante o Trote Verde Ateacute o momento jaacute foram produzidas em torno de 750 mudas de 12 espeacutecies florestais nativas que foram e estatildeo sendo doadas agrave comunidade externa atraveacutes de eventos locais e projetos de urbanizaccedilatildeo Os conceitos trabalhados e as praacuteticas ecoloacutegicas desenvolvidas foram importantes para

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despertar nos estudantes a necessidade de preservarmos o meio na busca de um maior equiliacutebrio ambiental Palavras-chave Educaccedilatildeo ambiental Espeacutecies florestais

Discentes

1 INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil se destaca com seus grandes biomas

sobretudo a Mata Atlacircntica e a Amazocircnia como um dos paiacuteses

possuidores de maior biodiversidade do mundo abrangendo

milhotildees de hectares de florestas tropicais Eacute necessaacuterio que a

populaccedilatildeo se conscientize sobre o valor ambiental e

socioeconocircmico da biodiversidade que constitui um dos

maiores patrimocircnios da naccedilatildeo Felizmente a consciecircncia a

respeito da problemaacutetica ambiental cresceu significativamente

nos uacuteltimos anos Assim questotildees como desmatamento

manejo sustentaacutevel e conservaccedilatildeo de florestas passaram a ter

grande destaque inclusive na miacutedia internacional (NARDELLI

2001)

Entretanto para Lima (2013) o debate e as poliacuteticas

ambientais nos anos recentes tecircm assumido um perfil

conservador hegemonizado por orientaccedilotildees econocircmicas e

teacutecnicas que estatildeo longe de responder aos desafios colocados

Por isso os problemas ambientais crescem em escala

geomeacutetrica ainda que a questatildeo ambiental ganhe atenccedilatildeo

crescente Assiste-se cada vez mais a situaccedilotildees onde a

hegemonia da razatildeo capitalista promove a inversatildeo dos valores

e das prioridades humanas motivadas pela emancipaccedilatildeo e pela

dignidade humana Atraveacutes desses processos tende-se a

substituir os princiacutepios e valores fundamentais agrave vida humana e

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da natureza por outros valores e premissas associados agrave sua

mercantilizaccedilatildeo e objetificaccedilatildeo

Cumpre notar que a simples presenccedila de aacutervores no

contexto urbano por si soacute natildeo eacute suficiente para manifestaccedilatildeo

de todos os efeitos beneacuteficos sobre o ambiente da cidade No

que diz respeito agrave funccedilatildeo esteacutetica ao sombreamento e agrave

mitigaccedilatildeo das ilhas de calor eacute necessaacuteria a elaboraccedilatildeo e

execuccedilatildeo de um plano de arborizaccedilatildeo no qual as atividades de

plantio e manutenccedilatildeo sejam coerentes com o clima e as

condiccedilotildees arquitetocircnicas e urbaniacutesticas da cidade (SAtildeO

PAULO 2005 CARNEIRO et al 2007 MASCARO DIAS

GIACOMIN 2008 SIEBERT 2008)

Nas uacuteltimas deacutecadas com o acelerado ritmo de

degradaccedilatildeo ambiental e a crescente atenccedilatildeo dada aos

problemas ambientais tem sido comum o incentivo agrave produccedilatildeo

de mudas nativas em vaacuterias regiotildees do Brasil (MACEDO 1993

BIONDI amp LEAL 2008 VILELLA amp VALARINI 2009) Neste

contexto a principal estrutura de apoio ao plantio de novas

aacutervores eacute o horto ou viveiro de mudas que natildeo soacute oferece

plantas para canteiros e praccedilas mas pode ainda contribuir para

iniciativas puacuteblicas e privadas de recuperaccedilatildeorestauraccedilatildeo

ambiental especialmente o reflorestamento Aleacutem disto estes

espaccedilos tecircm grande potencial para o desenvolvimento de

atividades de educaccedilatildeo ambiental e de apoio ao ensino de

ciecircncias (MENDES amp TONSO 2005 VARGAS 2007)

Segundo Paiva (2000) um viveiro eacute um espaccedilo

estruturado com suas proacuteprias caracteriacutesticas onde haacute a

produccedilatildeo manejo e proteccedilatildeo de mudas ateacute que estas tenham

idade e tamanho suficientes para resistirem em condiccedilotildees reais

de campo Viveiros Florestais satildeo aacutereas com um conjunto de

benfeitorias e utensiacutelios em que se empregam teacutecnicas visando

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obter o maacuteximo da produccedilatildeo de mudas (MACEDO 1993) Um

viveiro florestal pode ser considerado um Viveiro Educador

(BRASIL 2008) quando aleacutem da produccedilatildeo de mudas existe a

intenccedilatildeo de utilizaacute-lo como espaccedilo de aprendizagem

(MARANHAtildeO 2006 LEMOS MARANHAtildeO 2008)

Aprender com a vida realizar tudo que for uacutetil e

proveitoso para preservaccedilatildeo da natureza eacute questatildeo primordial

para se construir a ldquoeducaccedilatildeo ambientalrdquo adequada e com

resultados Lembremos que essa educaccedilatildeo deve ser promovida

nos trecircs estaacutegios da vida infantil juvenil e adulta (MARQUES

amp DIAS 2013) A escola estaacute presente como agente formador

de opiniotildees e transformadora de accedilotildees sendo responsaacutevel pela

sociedade Ao inserir a Educaccedilatildeo Ambiental em seu curriacuteculo

ela fortalece e sensibiliza a comunidade escolar sobre as

questotildees ambientais (XAVIER amp SILVA 2011)

Eacute importante a inserccedilatildeo de um projeto de Educaccedilatildeo

Ambiental nas escolas buscando a formaccedilatildeo de uma

sociedade consciente em face do atual paradigma de

desenvolvimento sustentaacutevel Pode ser conferido ao ensino um

aspecto mais dinacircmico e participativo buscando oportunidade

de aprendizado e reflexatildeo sobre o meio ambiente e a relaccedilatildeo

que o ser humano tem com o mesmo demonstrando e fazendo-

os compreender que fazem parte de um todo maior (SANTOS

2011)

Diante do exposto o Projeto de Extensatildeo Interagindo

com a Ecologia produccedilatildeo de mudas de espeacutecies nativas

visando a conscientizaccedilatildeo ambiental realizado no Campus III ndash

UFPB vem dando aos estudantes a oportunidade de praticarem

a ecologia

Nesta perspectiva o trabalho tem como objetivo geral

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relatar a experiecircncia vivenciada junto aos discentes das escolas

puacuteblicas do Brejo Paraibano discentes do Curso Teacutecnico em

Agropecuaacuteria do Coleacutegio Agriacutecola Vidal de Negreiros (CAVN) e

servidores da UFPB num trabalho de educaccedilatildeo ambiental

envolvendo a produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas e vaacuterias

praacuteticas ecoloacutegicas com diferentes espeacutecies florestais E como

objetivos especiacuteficos podem ser elencados

1 Beneficiamento de sementes florestais

2 Confecccedilatildeo de carpotecas e espermatecas visando sua

posterior exposiccedilatildeo em eventos

3 Realizaccedilatildeo de minicursos e oficinas sobre produccedilatildeo de

mudas em eventos internos durante a Expotec e a IX Semana

do ServidorUFPB

4 Realizaccedilatildeo de Trilha Ecoloacutegica com o corpo docente da

instituiccedilatildeo em um fragmento de mata pertencente ao Campus

III UFPB

5 Sensibilizar com todas estas atividades o puacuteblico

envolvido quanto agrave necessidade urgente de preservamos o

meio ambiente

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

Este relato de experiecircncia faz parte de um projeto de

extensatildeo denominado Probex2016 da UFPB envolvendo a

comunidade escolar de um Coleacutegio em Bananeiras discentes

do Coleacutegio Agriacutecola Vidal de Negreiros UFPB Bananeiras

docentes servidores e discentes de outros cursos de

graduaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo

Uma das atividades desenvolvidas neste projeto

envolveu o Coleacutegio Antocircnio Coutinho de Medeiros cuja vivecircncia

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500

foi dividida em dois encontros realizados no mecircs de

Setembro2016

Foi realizado tambeacutem como atividade do projeto o

beneficiamento de sementes da espeacutecie florestal

ldquo500imbauacutebardquo com a equipe de voluntaacuterios do projeto Essa

praacutetica contou com a participaccedilatildeo de 15 discentes da

graduaccedilatildeo e curso teacutecnico Parte dos frutos da 500imbauacuteba

foram coletados no municiacutepio de GuarabiraPB parte no distrito

de Roma pertencente agrave BananeirasPB Incialmente foi

agendado com a equipe as datas e horaacuterios dos encontros para

a realizaccedilatildeo dessa atividade que tinha por objetivo retirar as

sementes dos frutos (beneficiamento) e sua posterior seleccedilatildeo

Tambeacutem foram confeccionados trecircs modelos de

carpotecasespermatecas reaproveitando utensiacutelios

domeacutesticos a exemplo das taacutebuas de cortar carne que ao

receberem borrifadas de tinta spray metallik dourado (350 ml)

na parte superior e revestimento com folha de jornal na parte

inferior ganharam caracteriacutesticas de rusticidade e sofisticaccedilatildeo

em suas superfiacutecies

Durante a Exposiccedilatildeo Tecnoloacutegica ldquoExpotecrdquo do CAVN

foi ministrado o minicurso intitulado ldquoGerminaccedilatildeo de Sementes

e Produccedilatildeo de Mudas de Espeacutecies Nativasrdquo As atividades do

minicurso ocorreram nas imediaccedilotildees do Viveiro de Produccedilatildeo de

Mudas e no Setor de Agricultura do CCHSA onde ocorreu o

primeiro contato com os participantes para explicar os objetivos

propostos do minicurso Inicialmente houve uma dinacircmica para

que todos ali presentes se conhecessem e para que os

ministrantes tomassem conhecimento do puacuteblico que estava ali

Aleacutem dessas accedilotildees ocorreu a realizaccedilatildeo de uma Trilha

Ecoloacutegica durante a IX Semana do Servidor que contou com a

participaccedilatildeo de docentes teacutecnicos administrativos e servidores

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da instituiccedilatildeo E tambeacutem em outubro do decorrente ano uma

oficina como atividade da programaccedilatildeo da Semana do Servidor

intitulada ldquoProduccedilatildeo de Mudas Nativasrdquo A oficina dividiu-se em

dois momentos sendo o primeiro deles no mini auditoacuterio do

CCHSA e o segundo no Viveiro de Produccedilatildeo de Mudas do

Campus

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

1 Produccedilatildeo de mudas com discentes do Coleacutegio

Antocircnio Coutinho de Medeiros

Ao chegarem ao Campus IIIBananeiras os estudantes

do Coleacutegio Antocircnio Coutinho foram conduzidos a conhecer o

Setor de Agricultura e o ambiente ao redor visando identificar

algumas espeacutecies arboacutereas sendo elas nativas eou exoacuteticas

Nesse momento foi explicado o conceito de espeacutecies nativas e

exoacuteticas fazendo uso de estrateacutegias trazidas a partir do

conhecimento dos alunos bem como de sua comunidade de

origem

Em seguida no gramado do paacutetio da universidade foram

explanadas algumas etapas que satildeo cruciais no processo de

produccedilatildeo de mudas atraveacutes de uma linguagem de simples

compreensatildeo para um melhor entendimento dos discentes Em

seguida com a ajuda da equipe de voluntaacuterios e das

professoras presentes os estudantes padronizaram em termos

de tamanho os saquinhos de feijatildeo arroz accediluacutecar e materiais

semelhantes (1 kg) e fizeram furos na parte inferior dos sacos

estes oriundos do restaurante universitaacuterio de onde foram

coletados Posteriormente os discentes foram levados ateacute o

Viveiro de Produccedilatildeo de Mudas do CCHSA aonde preencheram

os saquinhos com o substrato enriquecido em mateacuteria orgacircnica

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Foram produzidas como ato simboacutelico

aproximadamente 100 mudas de quatro espeacutecies florestais

nativas com os discentes de faixa etaacuteria de 8-10 anos do

Coleacutegio Antocircnio Coutinho de Medeiros Dentre as espeacutecies

produzidas tem-se o Chichaacute e a Timbauacuteba Ao final da praacutetica

cada estudante levou consigo uma muda nativa com idade e

tamanho de ser plantada no quintal de casa ou em qualquer

outro lugar adequado para o plantio conforme as orientaccedilotildees

que receberam Alguns deles chegaram a relatar inclusive que

as mudas doadas no ano anterior jaacute passam de 15 m de altura

aproximadamente

2 Beneficiamento de sementes florestais

Os frutos ficaram armazenados na cacircmara fria sala

climatizada capaz de propiciar uma longevidade maior agraves

sementes armazenadas garantindo a sua qualidade e o seu

potencial germinativo Apoacutes o armazenamento por seis meses

em emebalagens de 50 kg os frutos foram retirados da cacircmara

para o ambiente externo dando iniacutecio ao seu beneficiamento

Durante a praacutetica foi necessaacuterio fazer uso de algumas

ferramentas manuais a exemplo do martelo e da marreta que

auxiliaram na quebra dos frutos

De imediato foi perceptiacutevel que o fruto apresentava uma

substacircncia oleaginosa que dificultava a retirada da semente e a

abertura do fruto Apoacutes a retirada das sementes os resiacuteduos do

beneficiamento como cascas sementes furadas e demais

partes dos frutos foram despejadas nas composteiras

orgacircnicas do Setor de Agricultura do CCHSA Em seguida no

Laboratoacuterio de Sementes do CCHSA ocorreu uma seleccedilatildeo das

sementes retirando as sementes com danos fiacutesicos ou

apresentando sinais patogecircnicos pois a qualidade das

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sementes eacute fundamental para a produccedilatildeo de mudas com boa

qualidade fisioloacutegica Dessa forma o lote de sementes

apresentaraacute maior pureza fiacutesica e consequentemente melhor

qualidade

Apoacutes a seleccedilatildeo manual as sementes foram

armazenadas em recipientes de garrafas pet visto que satildeo

utensiacutelios simples e praacuteticos no armazenamento de sementes

por apresentar uma boa vedaccedilatildeo Em seguida as garrafaslote

de semente foram alocadas nas estantes da cacircmara fria do

CCHSA

3 Confecccedilatildeo de carpotecas e espermatecas

Esses quadros expositivos com frutos e sementes

denominados pela equipe de carpoteca e espermateca podem

ser utilizados como ferramenta decorativa em ambientes

internos O objetivo da carpoteca foi expor frutos e sementes de

espeacutecies florestais aos discentes que visitaram o Stand da

Coordenaccedilatildeo de Meio Ambiente durante a Exposiccedilatildeo

Tecnoloacutegica do Coleacutegio Agriacutecola Vidal de Negreiros

Expotec2016

Cada semente ou fruto exposto nas carpotecas ldquoFig

(1)rdquo recebeu uma plaquinha de identificaccedilatildeo para facilitar o

reconhecimento das mesmas pelos visitantes Cada exemplar

(fruto eou semente) foi aderido agraves taacutebuas com cola de contato

multiuso Durante a Expotec foi dada ecircnfase agrave importacircncia no

manejo da coleta de frutos e sementes florestais

recomendando evitar a colheita de todas as sementes

produzidas pelas aacutervores matrizes permitindo assim que a

espeacutecie possa continuar disseminando-se de forma natural

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Figura 1 Carpotecaespermateca e produccedilatildeo de mudas

durante o minicurso da Expotec2016

Fonte Elaborada pelo autor

4 Minicurso Germinaccedilatildeo de Sementes e Produccedilatildeo de

Mudas de Espeacutecies Nativas (Expotec)

Durante o minicurso sobre produccedilatildeo de mudas foram

explicados alguns conceitos baacutesicos inerentes agrave produccedilatildeo de

mudas colheita dos frutos e sementes beneficiamento

armazenamento os fatores que influenciam na germinaccedilatildeo de

sementes os meacutetodos de superaccedilatildeo de dormecircncia o preparo

do substrato a composiccedilatildeo do substrato os materiais

necessaacuterios semeadura irrigaccedilatildeo e tratos culturais Durante a

parte teoacuterica houve momentos para discussatildeo sobre o assunto

apresentado para que os participantes tirassem todas as

duacutevidas sobre o tema trabalhado

Um dos temas abordados foi a problemaacutetica das

sementes transgecircnicas na qual a discussatildeo foi conduzida pelos

participantes onde puderam posicionar-se sobre o assunto

expondo suas visotildees de forma holiacutestica Entre os materiais

usados na exposiccedilatildeo dos conteuacutedos um em especial chamou

a atenccedilatildeo do puacuteblico por exibir uma seacuterie de mais de 80

espeacutecies arboacutereas nativas onde alguns tinham noccedilatildeo da

existecircncia delas e outros nunca ouviram sequer falar Aleacutem da

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sala de aula os participantes puderam visitar tambeacutem o

Laboratoacuterio de Sementes onde realizaram os procedimentos

para fazer um teste de germinaccedilatildeo com sementes florestais

Os participantes do minicurso fizeram tambeacutem o

processo de escarificaccedilatildeo nas sementes duras para permitir a

entrada de aacutegua na semente e confeccionaram os saquinhos

reaproveitados provenientes de embalagens plaacutesticas de

feijatildeo arroz accediluacutecar (1 kg) coletados no restaurante

universitaacuterio Logo depois preencheram os saquinhos com o

substrato enriquecido em mateacuteria orgacircnica e bateram

levemente a parte inferior dos saquinhos no chatildeo com o intuito

de acomodar bem o substrato dessa forma favorecendo um

melhor enraizamento do vegetal Diante do que foi exposto na

parte teoacuterica do minicurso os participantes puderam vivenciar

os conteuacutedos ministrados na praacutetica

5 Oficina Produccedilatildeo de Mudas Nativas (Semana do

servidor)

Em relaccedilatildeo a oficina realizada na Semana do Servidor o

principal objetivo foi aproximar os docentes teacutecnicos

administrativos e servidores da instituiccedilatildeo com a problemaacutetica

em questatildeo o desmatamento de nossas matas e florestas

nacionais Com duraccedilatildeo de quatro horas a oficina contou com

a ressemeadura de saquinhos jaacute preenchidos mas que natildeo

haviam germinado anteriormente Nesse uacuteltimo momento

muitos relataram em suas trocas de experiecircncias as espeacutecies

florestais que jaacute tinham conhecimento sendo algumas delas

presentes no quintal na calccedilada ou na comunidade rural onde

habitam

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6 Trilha Ecoloacutegica

Durante a Trilha Ecoloacutegica ldquoFig (2)rdquo foi possiacutevel

identificar algumas espeacutecies florestais nativas a exemplo da

Madeira Nova e o Coaccedilu (Triplaris surinamensis Cham) Algo

que chamou a atenccedilatildeo dos participantes foi a presenccedila de

algumas espeacutecies exoacuteticas que predominam as margens do

trajeto a exemplo da Mangueira (Mangifera indica L) e da

Jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam) A trilha monitorada

teve duraccedilatildeo de aproximadamente trecircs horas e contou com a

participaccedilatildeo de quatro guias os quais dividiram o puacuteblico em

dois grandes grupos com o objetivo de minimizar o impacto

ambiental no fragmento de mata uma vez que realizaram dois

percursos diferentes

Figura 2 Oficina de Produccedilatildeo de Mudas Nativas e Trilha

Ecoloacutegica durante a IX Semana do Servidor ndash UFPB

Fonte Richeacutelita Mendes 2016

As orientaccedilotildees baacutesicas foram previamente repassadas

aos participantes que se inscreveram na atividade a exemplo

do local de concentraccedilatildeo para a largada os trajes

recomendados e kit de primeiros socorros No local de

concentraccedilatildeo (Quadra Esportiva do CAVN) foi feito um

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alongamento e aquecimento atraveacutes do projeto Ginaacutestica

Laboral do CCHSACAVN melhorando dessa forma o

condicionamento fiacutesico dos participantes Em seguida foi

realizada uma breve apresentaccedilatildeo do trajeto a ser percorrido

os pontos de parada para fotografia e as caracteriacutesticas do

fragmento de mata atlacircntica que haacute no Campus III

Ao longo do percurso os participantes foram capazes de

coletar alguns resiacuteduos soacutelidos que encontraram pelo caminho

entre eles os mais predominantes sacolas plaacutesticas e garrafas

pet O primeiro ponto de parada foi em um dos poccedilos de

captaccedilatildeo de aacutegua onde foi possiacutevel discutir um pouco sobre o

processo histoacuterico da mata Mais adiante houve uma pausa

para fotografias numa formaccedilatildeo rochosa que tornou o cenaacuterio

gracioso No caminho foram encontrados alguns frutos secos

de espeacutecies florestais como a Sapucaia e o Jatobaacute Este uacuteltimo

conteacutem uma polpa amarelada que pode ser utilizada na

alimentaccedilatildeo humana Nesse momento alguns participantes

acrescentaram que jaacute haviam degustado da farinha do Jatobaacute

Os participantes ansiavam por aventura e sugeriram um

percurso mais desafiante de modo que os fizesse testar seus

limites Atendendo ao pedido dos participantes os monitores

seguiram o trajeto sugerido que trouxe exploraccedilotildees aleacutem do

que havia sido planejado Essa vivecircncia aleacutem de resultar numa

percepccedilatildeo mais ampla da importacircncia do meio ambiente para

os servidores possibilitou que os mesmos tivessem um contato

iacutentimo com a natureza Visto que muitos deles passam a maior

parte do tempo em ambientes fechados diante de telas de

computadores rotineiramente Ao final do percurso todos se

sentiram imensamente satisfeitos e sugeriram que essa

atividade se repetisse com mais frequecircncia nas imediaccedilotildees do

CCHSA

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7 Praacuteticas ecoloacutegicas no Bosque do Futuro

No Campus III Bananeiras haacute um espaccedilo denominado

ldquoBosque do Futurordquo aonde anualmente satildeo plantadas mudas

de diferentes espeacutecies florestais nativas durante o trote verde

Este evento eacute uma accedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Meio Ambiente e

ocorre no CCHSA envolvendo a participaccedilatildeo dos calouros de

diferentes cursos e visa agrave educaccedilatildeo ambiental por meio da

sensibilizaccedilatildeo dos alunos para a temaacutetica em questatildeo Apoacutes o

plantio de diferentes espeacutecies arboacutereas nessa aacuterea de

aproximadamente dois ha as mudas transplantadas requerem

alguns tratos culturais

Dessa forma foi realizado um conjunto de praacuteticas

ecoloacutegicas no Bosque que objetivou atraveacutes de algumas accedilotildees

proporcionar as condiccedilotildees favoraacuteveis garantindo um melhor

desempenho das mudas plantadas no local Essa praacutetica

contou com a participaccedilatildeo de uma turma de 18 estudantes do

Curso Teacutecnico em Agropecuaacuteria (Proeja)CAVN na disciplina

de Silvicultura

A praacutetica de coroamento consistiu na retirada de plantas

espontacircneas que competiam por luz aacutegua e nutrientes com as

mudas sendo realizada uma capina num raio de 1 metro em

torno das espeacutecies florestais a praacutetica de tutoramento consistiu

na alocaccedilatildeo das estacas que tecircm como objetivo evitar o

tombamento das mudas atraveacutes da accedilatildeo do vento e outras

intempeacuteries O uso da cobertura morta fez-se necessaacuterio visto

que a mesma reteacutem a umidade do solo propiciando as

condiccedilotildees favoraacuteveis para o enraizamento e absorccedilatildeo de

nutrientes pelas mudas florestais Aleacutem disso a mateacuteria seca

iraacute decompor-se no proacuteprio local mantendo o equiliacutebrio da

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ciclagem de nutrientes a cobertura usada no colo de cada

planta foi o capim do gecircnero Brachiaria o qual cobre

predominantemente o solo local

A praacutetica com adubaccedilatildeo orgacircnica teve por objetivo

melhorar a qualidade do solo o adubo utilizado foi de origem

animal (esterco bovino previamente curtido) e foi espalhado e

incorporado ao solo proacuteximo das mudas disponibilizando

macro e micronutrientes para as plantas e consequentemente

alterando as propriedades fiacutesico-quiacutemicas do solo Enquanto

que a praacutetica com adubaccedilatildeo verde fundamentou-se no

potencial de algumas plantas leguminosas atuarem na

recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas enriquecendo o solo

sobretudo com nitrogecircnio Muitas leguminosas formam uma

massa volumosa que quando incorporada ao solo melhora sua

estrutura aleacutem de disponibilizar nutrientes

Durante as atividades praacuteticadas no Bosque do Futuro

ldquoFig (3)rdquo foi contabilizada uma variedade de aproximadamente

42 espeacutecies de 150 mudas nativas na aacuterea Mediante as

praacuteticas realizadas a exemplo do coroamento tutoramento uso

de cobertura morta e adubaccedilatildeo orgacircnica as mudas

apresentaram maior desenvolvimento aleacutem da contribuiccedilatildeo no

processo de sucessatildeo ecoloacutegica no local O espaccedilo

denominado bosque do futuro eacute uma aacuterea de aprendizagem

muacuteltipla voltada para a educaccedilatildeo ambiental e estaacute sendo

construiacuteda com empenho de estudantes e professores do

CCHSA

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Figura 3 Doaccedilatildeos de mudas para os discentes do Coleacutegio

Antocircnio Coutinho de Medeiros e praacutetica no Bosque do Futuro

com discentes do Curso Teacutecnico (CAVN)

Fonte Elaborada pelo autor

Essas praacuteticas satildeo de grande importacircncia por

possibilitarem e recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e

consequentemente a recuperaccedilatildeo de parte da nossa flora e

fauna Aleacutem de contribuir no aprimoramento acadecircmico no

acircmbito humano social e agraacuterio

Segundo Ferro et al (2012) a recuperaccedilatildeo de aacutereas

degradadas eacute muito antiga problemas como o assoreamento

dos rios inundaccedilotildees e deslizamentos causados pela

degradaccedilatildeo florestal natildeo satildeo recentes no entanto soacute

recentemente esta adquiriu um caraacuteter de uma aacuterea de

conhecimento os programas de recuperaccedilatildeo deixam de ser

mera aplicaccedilatildeo de praacuteticas agronocircmicas ou silviculturais para

assumir a tarefa de reconstruccedilatildeo dos processos ecoloacutegicos A

importacircncia da recuperaccedilatildeo adveacutem da necessidade de

retenccedilatildeo do solo contenccedilatildeo da erosatildeo manutenccedilatildeo da

biodiversidade e da beleza cecircnica (FELFILI amp SILVA JUacuteNIOR

2001)

Esta accedilatildeo ambiental eacute uma forma de mostrar aos

estudantes a importacircncia de manter uma aacuterea revitalizada no

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511

Campus proporcionando benefiacutecio ambiental no local a partir

do desenvolvimento das mudas no ldquoBosque do Futurordquo Todo

esse contato com a flora nativa e com a natureza de modo

geral proporcionou conhecimentos teoacuterico-praacuteticos aos

estudantes envolvidos que compreenderam a importacircncia de

se manejar adequadamente um ecossistema e a preservar a

natureza mediante as praacuteticas realizadas com diferentes

espeacutecies florestais nativas

O projeto continua em andamento e ateacute o momento

foram produzidas aproximadamente 750 mudas nativas as

quais podem ser conferidas na Tabela (1)

Tabela 1 Espeacutecies vegetais utilizadas na produccedilatildeo de mudas

no decorrer do projeto

Nome popular Nome cientiacutefico

Jatobaacute Hymenaea courbaril L

Madeira Nova Pterogyne nitens Tull

Chichaacute Sterculia striata A St Hil amp Naldin

Timbauacuteba Enterolobium contortisiliquum (Vell) Morong

Saboneteiro Sapindus saponaria L

Canafiacutestula Cassia brasiliana Lam

JucaacutePau Ferro Caesalpinia feacuterrea Mart Ex Tul

Paineira Ceiba speciosa (St-Hill) Ravena

Gruapuruvuacute Schizolobium parahyba (Vell) Black

Olho de Cabra Ormosia arboacuterea (Vell) Harms

Tento Adenanthera pavonina L

Sombreiro Clitoria fairchildiana RA Howard

Pata-de-vaca Bauhinia forficata Linn

Fonte Elaborada pelo autor

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

512

4 CONCLUSOtildeES

O interesse por parte dos estudantes em relaccedilatildeo agraves

atividades em campo foi crescente refletindo de forma positiva

no aprendizado e na adoccedilatildeo de uma nova postura na sua vida

cotidiana Essas vivecircncias natildeo soacute aproximaram os discentes

com a natureza como tambeacutem os docentes teacutecnicos

administrativos e servidores da instituiccedilatildeo (UFPB) que

acompanharam e se envolveram nessas atividades

Se quisermos garantir a sobrevivecircncia do planeta eacute

necessaacuterio promover a mudanccedila de comportamento Neste

sentido devemos praticar tudo aquilo que jaacute estamos fadados

a ouvir cuidar do nosso espaccedilo fiacutesico do nosso lar

denunciando participando executando accedilotildees que conduzam agrave

preservaccedilatildeo do meio ambiente em prol desta geraccedilatildeo e das

que ainda estatildeo por vir

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BIONDI D LEAL L Caracterizaccedilatildeo das plantas produzidas no horto municipal da Barreirinha ndashCuritibaPR Revista da Sociedade Brasileira de Arborizaccedilatildeo Urbana Piracicaba v3 n2 p 20-36 2008 BRASIL Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Articulaccedilatildeo Institucional e Cidadania Ambiental Viveiros educadores plantando a vida Brasiacutelia DF MMA Departamento de Educaccedilatildeo Ambiental 84p 2008 CARNEIRO D P Q et al Ilhas de calor no campus da UNICAMP Revista Ciecircncias do Ambiente On - Line Campinas v 3 n 2 p 43-48 2007 FELFILI JM SILVA JUNIOR MC de Biogeografia do bioma cerrado estudo fitofisionocircmico da chapada do Espigatildeo Mestre de do Satildeo Francisco Brasiacutelia UnB Departamento de Engenharia Florestal Cap 6 p 35-36 2001 FERRO P D SOUZA A A de CALDEIRA D R M Avaliaccedilatildeo do Desenvolvimento de Espeacutecies Arboacutereas em Recuperaccedilatildeo de Mata de

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

513

Ripaacuteria In Congresso de Gestatildeo Ambiental 3 Anais GoiacircniaGO Brasil 2012 LEMOS G N MARANHAtildeO R R Viveiros educadores plantando vida Brasiacutelia DF Ministeacuterio do Meio Ambiente 2008 LIMA G F da C Educaccedilatildeo Ambiental e Mudanccedila Climaacutetica convivendo em contextos de incerteza e complexidade Revista Ambiente amp Educaccedilatildeo v18 n1 p91-112 2013 MACEDO A C Produccedilatildeo de mudas em viveiros florestaisespeacutecies nativas Satildeo Paulo Fundaccedilatildeo Florestal17-18 p 1993 MARANHAtildeO R Implementaccedilatildeo de bosques e viveiros de espeacutecies nativas do cerrado nos espaccedilos escolares limites e potencialidades Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade de Brasiacutelia 2006 MARQUES M D DIAS L S Reflexotildees a cerca da educaccedilatildeo ambiental conscientizada em accedilotildees efetivas e praacuteticas In FOacuteRUM AMBIENTAL DA ALTA PAULISTA v 9 n 6 p 36-532013 MASCARO J J DIAS A P A GIACOMIN S D Arborizaccedilatildeo puacuteblica como estrateacutegia de sustentabilidade urbana In Seminaacuterio Internacional do Nuacutecleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo (NUTAU 2008) 2008 Satildeo Paulo Espaccedilo Sustentaacutevel inovaccedilotildees em edifiacutecios e cidades Disponiacutevel em lthttptellususpnetuspbrnutauCDgt 8 pAcesso em 04112016 MENDES D G TONSO S A construccedilatildeo e funcionamento de um viveiro de mudas nativas como um processo de educaccedilatildeo socioambiental In Congresso Interno de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da Unicamp 8 Campinas Anais 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwprpunicampbrpibiccongressosxiiicongressocdromhtmlgt Acesso em 04112016 NARDELLI A M B Sistemas de certificaccedilatildeo e visatildeo de sustentabilidade no setor florestal brasileiro 2001 121f Tese (Doutorado em Ciecircncia Florestal) - Universidade Federal de Viccedilosa Viccedilosa MG 2001 PAIVA HN GOMES JM Viveiros Florestais Viccedilosa Universidade Federal de Viccedilosa 69p 2000 SANTOS M B MORIYA M R Educaccedilatildeo Ambiental nas Escolas Municipais e Estaduais do Municiacutepio de Batayporatilde ndash MS Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul Unidade Universitaacuteria de Ivinhema 2011 SAtildeO PAULO Secretaria do Verde e do Meio Ambiente Manual Teacutecnico de Arborizaccedilatildeo Urbana 2ed Satildeo Paulo Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo p48 2005 SIEBERT A F Arborizaccedilatildeo Urbana - Conforto Ambiental e Sustentabilidade O caso de Blumenau ndash SC In Seminaacuterio Internacional

SEMEANDO O VERDE UMA PROPOSTA DE EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL PARA AS

ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS PB

514

do Nuacutecleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo (NUTAU 2008) 2008 Satildeo Paulo Espaccedilo Sustentaacutevel inovaccedilotildees em edifiacutecios e cidades Disponiacutevel em lthttptellususpnetuspbrnutauCDgt p6 Acesso em 04112016 VARGAS E T Um viveiro de mudas como ferramenta para o ensino de ecologia botacircnica e educaccedilatildeo ambiental 2007 102 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ensino de Ciecircncias e Matemaacutetica) ndash Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Belo Horizonte Belo Horizonte 2007 VILELLA A L A VALARINI G A Manual informativo para produccedilatildeo de mudas em viveiros florestais Americana Consoacutercio PCJ 40 p 2009 XAVIER R M SILVA R F da Produccedilatildeo de Mudas Nativas Sustentaacuteculo para a Educaccedilatildeo Ambiental In ENCONTRO DE ENSINO PESQUISA E EXTENSAtildeO Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Cidade Universitaacuteria de Dourados - CP 351 - CEP 79804-970 - DOURADOS ndash MS 2011

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

515

CAPIacuteTULO 29

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

Magnollya Moreno de Arauacutejo LELIS 1

Kelly Teles OLIVEIRA 2

Renata Peixoto de OLIVEIRA 3 Itamara da Costa SOUSA 4

1 Mestre em Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel UFCA 2 Mestranda em Sauacutede da crianccedila URCA 3 Especialista em cliacutenica meacutedica CUSC 4 OrientadoraMestre em

Enfermagem URCA e-mail magnollyamorenohotmailcom

RESUMO O Brasil apresenta uma nova configuraccedilatildeo do padratildeo demograacutefico com significativo aumento do nuacutemero de idosos e parte desta faixa etaacuteria vem sendo excluiacuteda do conviacutevio social Objetivou-se evidenciar o estado da arte quanto a importacircncia do grupo de convivecircncia e sua relaccedilatildeo com a sustentabilidade social Realizou-se uma revisatildeo integrativa da literatura com uma pesquisa eletrocircnica realizada nas bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede ( LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE) Utilizou-se os DESCs ( Descritores em Ciecircncias da Sauacutede) ldquoGrupos de Convivecircncia para Idososrdquo ldquoCentros Comunitaacuterios para Idososrdquo e ldquoSustentabilidaderdquo Buscou-se os artigos cientiacuteficos publicados no periacuteodo de 2005 a 2015 que estivessem disponiacuteveis na iacutentegra e que fossem publicados em inglecircs portuguecircs e espanhol De um total de 20 estudos 11 compuseram a amostra deste estudo relativos a imprtancia do grupo de convivecircncia e centro comunitaacuterio para idosos Observou-se que nenhum estudo foi encontrado quando foi feito a busca tripla dos descritores Assim evidencia-se a necessidade de mais pesquisas que abordem a relaccedilatildeo Precisa-se planejar e implementar poliacuteticas que melhorem a qualidade de vida dos idosos Tem-se os grupos de idosos

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

516

como uma estrateacutegia imprescindiacutevel para que se tenha um futuro sustentaacutevel por despertar para atitudes e pensamentos que culminam em um futuro melhor para todos Palavras-chave Grupo de convivecircncia Sustentabilidade

Grupo de idosos

1 INTRODUCcedilAtildeO

Nos uacuteltimos anos o Brasil vem apresentando uma nova

configuraccedilatildeo do padratildeo demograacutefico percebido pela reduccedilatildeo da

taxa de crescimento populacional e por transformaccedilotildees

importantes na composiccedilatildeo de sua estrutura etaacuteria com um

significativo aumento do nuacutemero de idosos O censo do IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2010) aponta que

entre os anos de 1999 a 2009 o percentual de idosos passou

de 91 para 113 com projeccedilatildeo de crescimento para 283

em 2020 e aumentando para 641 em 2050

Apesar desta realidade o envelhecimento ainda eacute algo

que muitas pessoas tecircm medo de enfrentar pois apesar de se

constituir um estaacutegio do desenvolvimento humano vivenciam-

se um conjunto de perdas e ganhos Associada a velhice vem

a ideacuteia de incapacidade doenccedila afastamento e dependecircncia

(NERI e SOMMERHALDER 2001) enfatizada principalmente

apoacutes a Revoluccedilatildeo Industrial e o desenvolvimento do capitalismo

passando a significar decadecircncia sendo assim excluiacuteda e

marginalizada

Assim a velhice eacute encarada como algo feio e ruim vista

com preconceitos de inutilidade dependecircncia e ldquoconjunto de

doenccedilasrdquo o que faz com que essa populaccedilatildeo se exclua e seja

excluiacuteda encontrando dificuldades para interaccedilatildeo social

inclusive com seus familiares sentindo-se na maioria das vezes

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

517

sozinhos e abandonados Esses fatores desencadeiam altos

niacuteveis de ansiedade e depressatildeo comprometendo a qualidade

de vida deste grupo etaacuterio (BORGES et al 2013 MINGHELLI

et al 2013 e FRUTUOSO 1999) Carneiro (2007) acrescenta

afirmando que as deficiecircncias em habilidades sociais parecem

constituir um fator de vulnerabilidade para a baixa qualidade de

vida e para a depressatildeo em indiviacuteduos da terceira idade

Eacute de fundamental importacircncia que esse panorama mude

Encontra-se na sustentabilidade social uma das principais

dimensotildees da sustentabilidade defendida por Maia e Pires

(2011) e Sachs (2002) a possibilidade de mudanccedila atraveacutes de

accedilotildees que visem melhorar a qualidade de vida desta populaccedilatildeo

O termo sustentabilidade refletia anteriormente para conceitos

econocircmicos e ecoloacutegicos (SARTORI et al 2014 LOZANO

2012 e AYRES 2008) Hoje vai mais aleacutem reflete a

necessidade das pessoas em manter-se sem comprometer a

existecircncia e a permanecircncia de outras pessoas com accedilotildees que

diminuam as desigualdades sociais ampliem os direitos e

garantam acesso aos serviccedilos que possibilitem agraves pessoas o

pleno direito agrave cidadania (MENDES 2009) Obedece a um dos

princiacutepios fundamentais para o desenvolvimento sustentaacutevel

propostos no relatoacuterio Brundtland (ou nosso futuro comum) o

da equidade social Compreende o respeito agrave diversidade

empoderamento de grupos excluiacutedos socialmente incentivo agrave

resoluccedilatildeo paciacutefica de conflitos e convivecircncia saudaacutevel com a

famiacutelia e sociedade

Como estrateacutegia desta sustentabilidade social tem-se

nos grupos de convivecircncia para idosos uma alternativa para

inseri-lo no conviacutevio social ocupando espaccedilo e posiccedilatildeo perante

a sociedade e melhorando seu conviacutevio familiar

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

518

Interagir socialmente sobretudo com amigos da mesma

geraccedilatildeo possibilita ao idoso construir novos laccedilos de relaccedilatildeo e

favorece o bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e social (NERI e

SOMMERHOLDER 2001 e MONTEIRO 2001) As pessoas

que tecircm maior contato social vivem mais e com melhor sauacutede

quando comparadas agraves pessoas com menor contato social

(DRESSLER 1997 apud ALMEIDA et al 2010) A pobreza de

relaccedilotildees sociais tem sido considerada um fator de risco agrave

sauacutede tatildeo danoso quanto o fumo a pressatildeo arterial elevada a

obesidade e a ausecircncia de atividade fiacutesica (BOWLING et Al

2003)

Como mencionado os autores afirmam os benefiacutecios

dos grupos de convivecircncia para idosos Eacute importante tambeacutem

conhecer o que os idosos que vivenciam experiecircncias nestes

grupos pensam a cerca deste assunto uma vez que a sua

percepccedilatildeo como sujeitos do processo contribui para o

aprimoramento de praacuteticas e poliacuteticas que funcionem em seu

benefiacutecio

Leite (2002) ao ouvir idosos em seu estudo sobre a

importacircncia dos grupos da terceira idade estes informaram um

resgate da vaidade do prazer da satisfaccedilatildeo e da alegria de

poder estar com as outras pessoas podendo realizar diversas

atividades e ao mesmo tempo conversar sorrir danccedilar contar

piadas fortalecer laccedilos e fazer novas amizades Boht (2012)

acrescenta que ao pesquisar sobre a percepccedilatildeo de velhice na

voz de idosos inseridos em grupos de terceira idade encontrou

que os idosos afirmam que este eacute um espaccedilo de construir e

fortalecer viacutenculos de amizade e se constitui em um local de

diversatildeo Rizzolli e Darlan (2010) tambeacutem enriquecem o

assunto quando encontraram relatos positivos de idoso a cerca

da contribuiccedilatildeo das experiecircncias vivenciadas nos grupos no

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

519

que concerne a desenvolvimento das atividades diaacuterias e

reconhecimento pelos familiares e sociedade em geral

Embora a literatura enfatize a importacircncia da

manutenccedilatildeo da qualidade de vida do idoso e das medidas

disponiacuteveis para contribuir para a melhora desta satildeo escassos

os estudos que investigam os benefiacutecios dos grupos de

convivecircncia (MINGHELLI et Al 2013) bem como a percepccedilatildeo

que os idosos tecircm a cerca destes grupos

Acreditamos que este estudo traraacute grande contribuiccedilatildeo

por despertar para a necessidade de conhecer a percepccedilatildeo

deste grupo como ferramenta base para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas

que assegurem o aumento da longevidade e favoreccedilam a

garantia da felicidade satisfaccedilatildeo pessoal e a inserccedilatildeo social

Diante disto surge o objetivo desta pesquisa eacute investigar

o estado da arte da produccedilatildeo cientiacutefica no que diz respeito agrave

importacircncia do grupo de convivecircncia para idosos e sua relaccedilatildeo

com a sustentabilidade social Partimos do pressuposto de que

esses grupos trazem grandes melhorias e mudanccedilas positivas

na vida dos idosos ao desenvolverem a auto-confianccedila a auto-

estima favorecer o relacionamento familiar e intergeracional

promover sauacutede melhorar o desenvolvimento das funccedilotildees

diaacuterias aumentar a valorizaccedilatildeo e o respeito pela sociedade

3 MATERIAIS E MEacuteTODO

Utilizou-se como meacutetodo de pesquisa a revisatildeo

integrativa que segundo Silveira (2005) emerge como uma

metodologia que proporciona a siacutentese do conhecimento e a

incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados de estudos

significativos para a praacutetica

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

520

Seguiram-se as etapas da elaboraccedilatildeo da revisatildeo

integrativa propostas por Souza Silva e Carvalho (2010)

Elaboraccedilatildeo da pergunta norteadora busca na literatura coleta

de dados anaacutelise criacutetica dos estudos incluiacutedos discussatildeo dos

resultados e apresentaccedilatildeo da revisatildeo integrativa Este rigor

metodoloacutegico eacute necessaacuterio para que o produto oriundo da

revisatildeo integrativa possa trazer contribuiccedilotildees relevantes tanto

para a ciecircncia e como para a praacutetica cliacutenica

A questatildeo norteadora da pesquisa foi qual o estado da

arte da produccedilatildeo cientiacutefica no que diz respeito a importacircncia do

grupo de convivecircncia para idosos e sua relaccedilatildeo com a

sustentabilidade

Os dados foram coletados no mecircs de janeiro de 2016 e

seguiu duas etapas Inicialmente realizou-se busca na base de

dados na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede ( LILACS) e na Medical Literature Analysis and

Retrieval Sistem on-line (MEDLINE) Utilizou-se os Descritores

em Ciecircncias da Sauacutede (DeCS) ldquoGrupos de Convivecircncia para

Idososrdquo ldquoCentros Comunitaacuterios para Idososrdquo e

ldquoSustentabilidaderdquo

Os criteacuterios de inclusatildeo (filtros) obedecidos foram 1-

literaturas disponiacuteveis na iacutentegra 2- artigos originais 3- artigos

publicados em portuguecircs inglecircs e espanhol 4- publicaccedilotildees nos

uacuteltimos 10 anos

Iniciou-se a busca pelos descritores de forma isolada e

posteriormente foi feita uma busca nas bases realizando o

cruzamento dos termos atraveacutes do operador boleano AND

Num segundo momento foi realizado uma leitura criacutetico-

reflexiva dos estudos na iacutentegra excluindo aqueles que natildeo

tinha relaccedilatildeo direta com a temaacutetica abordada ou apresentavam

duplicidade

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

521

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Foram encontrados 29 artigos listados pela base de

dados referentes ao termo ldquoCentro de convivecircncia para idososrdquo

09 foram descartados sendo 03 por apresentarem-se repetidos

e 06 por natildeo terem relaccedilatildeo com a temaacutetica Ao utilizar o

descritor ldquoCentros comunitaacuterios para idososrdquo encontrou-se 20

artigos publicados poreacutem natildeo foram incluiacutedos jaacute que eram

repetidos Ao pesquisar o descritor ldquosustentabilidaderdquo 86

estudos foram encontrados sendo todos descartados por natildeo

obedecer aos criteacuterios de inclusatildeo devido agrave falta de relaccedilatildeo

direta com a temaacutetica E como resultado relevante quando se

buscou ldquoCentro de convivecircncia para idososrdquo and

ldquoSustentabilidaderdquo e ldquoCentros comunitaacuterios para idososrdquo and

ldquoSustentabilidaderdquo nenhum estudo foi encontrado Assim

evidencia-se pouco interesse em desenvolver artigos que

abordem o tema apesar do crescente envelhecimento

populacional o que eacute extremamente preocupante

Durante a revisatildeo das publicaccedilotildees alguns aspectos

foram identificados como relevantes no processo de anaacutelise dos

conteuacutedos Para anaacutelise das informaccedilotildees foi realizada a

organizaccedilatildeo do conteuacutedo encontrado quanto ao ano base de

dados e essecircncia do conteuacutedo recomendaccedilotildeesconclusotildees dos

autores descritos no Quadro 1

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

522

Quadro 1- Apresentaccedilatildeo dos artigos selecionados

Ano Referecircncia Conteuacutedo Recomendaccedilotildees e Conclusotildees

2008 LILACS Conhecimento sobre HIVAIDS nos grupos de convivecircncia

Necessidade de aprimoramento dos programas de sauacutede puacuteblica

2008 LILACS Caracterizaccedilatildeo dos idosos

Necessidade de direcionamento das accedilotildees

2009 LILACS Consequecircncias sociais e de sauacutede com o aumento do nuacutemero de idosos

Necessidade de poliacutetica eficaz

2010 LILACS Qualidade de vida e depressatildeo em idosos participantes e natildeo participantes de grupos de convivecircncia

Mais grupos de convivecircncia

2010 LILACS Identificar condiccedilotildees de sauacutede de idosas que frequentam o grupo de convivecircncia

As idosas que participam de grupos tecircm melhor percepccedilatildeo de sauacutede

2011 LILACS Associaccedilatildeo da atividade fiacutesica e a capacidade fiacutesica de idosos participantes de

Importacircncia da atividade fiacutesica desempenhada pelos grupos

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

523

um grupo de convivecircncia

2012 LILACS Associaccedilatildeo entre condiccedilotildees de sauacutede e niacutevel de atividade fiacutesica em idosos participantes e natildeo participantes de grupos

Melhor percepccedilatildeo do estado de sauacutede e manutenccedilatildeo apoacutes participaccedilatildeo nos grupos

2013 LILACS Siacutendrome da fragilidade e suas relaccedilotildees com a capacidade e desempenho funcional em idosos que frequentam um grupo de convivecircncia

A fragilidade compromete a funcionalidade dos idosos o que pode ser melhorado com a participaccedilatildeo em grupo de convivecircncia

2014 MEDLINE Prevenccedilatildeo de quedas e acidentes domeacutesticos atraveacutes da atividade fiacutesica em participantes de um centro de convivecircncia nos EUA

Diminuiccedilatildeo do iacutendice de quedas e melhora do equiliacutebrio em idosos

2013 MEDLINE Avaliar o efeito atividades desenvolvidas em centros de

Os centros de convivecircncia satildeo locais propiacutecios para promoccedilatildeo da

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

524

convivecircncia com foco na mudanccedila do estilo de vida no controle da Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica (EUA)

mudanccedila no estilo de vida sendo um ponto importante de disseminaccedilatildeo

2011 MEDLINE Atividades desenvolvidas em Centros de convivecircncia e a prevenccedilatildeo de quedas e fraturas em idosos

Evidencia-se que uma intervenccedilatildeo de prevenccedilatildeo queda multifatorial oferecidos em centros de idosos e prestados por pessoal treinado pode ser beneacutefico para melhorar a comportamentos que possam contribuir para diminuir o risco de quedas e fraturas em idosos

Fonte Pesquisa direta 2015

O quantitativo de referecircncias por ano encontrado mostra

um percentual igual de 90 das publicaccedilotildees nos anos de 2009

2012 e 2014 Jaacute nos anos de 2008 2010 2011 e 2013 as

publicaccedilotildees foram de 181 Natildeo foram encontradas

publicaccedilotildees no periacuteodo de 2004 a 2007 A base de dados da

LILACS possui 728 dos artigos indexados e 272 na

MEDLINE

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

525

Com relaccedilatildeo a essecircncia do conteuacutedo estudado nas

referecircncias e as suas produccedilotildees no conhecimento encontramos

que 875 das referecircncias investigam as relaccedilotildees sociais de

qualidade de vida e de sauacutede nos grupos de convivecircncia 125

das referecircncias analisam os dados sociodemograacuteficos dos

idosos que frequentam o grupo Verifica-se assim algo de suma

importacircncia nestes dados o interesse pelos autores em

destinar esforccedilos em pesquisas que objetivem identificar os

benefiacutecios dos grupos de convivecircncia para idosos nas relaccedilotildees

sociais e de sauacutede com consequente melhoria na qualidade de

vida como enfatizado por Benedetti (2008) e Almeida (2010) ao

afirmarem que a participaccedilatildeo nos grupos de convivecircncia

contribui para a melhor percepccedilatildeo do estado de sauacutede menor

ocorrecircncia de depressatildeo e melhoria na qualidade de vida para

os idosos

Assim a formaccedilatildeo de grupos de convivecircncia para idosos

deve ser estimulada e discutida como poliacutetica de sauacutede puacuteblica

para que contemplem suas necessidades recomendaccedilatildeo feita

por todos (100) os autores encontrados nesta revisatildeo sobre

grupos de idosos Lazarotto et al (2008) demonstrando a

necessidade de programas de sauacutede puacuteblica para idosos Veras

(2008) acrescenta que poliacutetica puacuteblica brasileira deveria

priorizar a manutenccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos

com monitoramento das condiccedilotildees de sauacutede com accedilotildees

preventivas e diferenciadas de sauacutede e de educaccedilatildeo com

cuidados qualificados e atenccedilatildeo multidimensional e integral

A ausecircncia de estudos abordando a relaccedilatildeo dos grupos

de convivecircncia e centros comunitaacuterios para idosos com a

sustentabilidade eacute intrigante A sustentabilidade na sua

dimensatildeo social enfatiza o desenvolvimento de accedilotildees que

possibilitem melhorar a qualidade de vida das pessoas reduccedilatildeo

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

526

das desigualdades sociais garantir dos direitos e acesso agrave

serviccedilos que garantam o pleno direito agrave cidadania Natildeo estaacute

ligada apenas a questotildees ambientais ecoloacutegicas e econocircmicas

como muitos indiviacuteduos pensam o que talvez justifique a

carecircncia de estudos na aacuterea

Assim os grupos de convivecircncia para idosos eacute uma

alternativa para inseri-lo no conviacutevio social ocupando espaccedilo e

posiccedilatildeo perante a sociedade e propiciando seu conviacutevio

familiar Rizolli e Sudy(2010) conceituam grupo de convivecircncia

como espaccedilos nos quais o conviacutevio e a interaccedilatildeo com e entre

os idosos permitem a construccedilatildeo de laccedilos simboacutelicos de

identificaccedilatildeo e onde eacute possiacutevel partilhar e negociar os

significados da velhice delineando novos modelos paradigmas

de envelhecimento e construccedilatildeo de novas identidades sociais

Corrobora com essa ideacuteia Campos (1994) ao evidenciar que a

presenccedila dos idosos nos grupos de convivecircncia leva a um

aprendizado uma vez que compartilham ideacuteias experiecircncias e

tambeacutem ocorre reflexatildeo sobre o cotidiano da vida destas

pessoas

Eacute necessaacuterio a adequaccedilatildeo a esta nova dinacircmica

demograacutefica para enfrentar os problemas dela decorrentes

Deve-se pensar no planejamento e desenvolvimento de

poliacuteticas que sejam resolutivas e que melhorem a qualidade de

vida dos idosos uma vez que a responsabilidade eacute de toda a

sociedade

4 CONCLUSOtildeES

Os resultados encontrados evidenciam a necessidade de

mais estudos que abordem a relaccedilatildeo de grupos de convivecircncia

para idosos como estrateacutegia de sustentabilidade uma vez que

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

527

estamos diante de uma inversatildeo demograacutefica e precisamos

prevenir e enfrentar da melhor forma os problemas delas

decorrentes Precisa-se planejar e implementar poliacuteticas que

melhorem a qualidade de vida dos idosos Os grupos de idosos

eacute uma estrateacutegia imprescindiacutevel

Por meio da presente revisatildeo integrativa foi possiacutevel

visualizar aleacutem das evidecircncias de estrateacutegias eficazes

provenientes de pesquisas envolvendo o envelhecimento ativo

a necessidade de intensificar esforccedilos segundos os artigos

analisados nesta temaacutetica

Eacute necessaacuterio ainda esclarecer agrave sociedade as dimensotildees

da sustentabilidade para que aumentem os estudos na aacuterea

como tambeacutem para que viabilizem o desenvolvimento de

atitudes e accedilotildees sustentaacuteveis

No estudo eacute niacutetido que as estrateacutegias de promoccedilatildeo da

sauacutede satildeo vitais para o envelhecimento ativo onde a formaccedilatildeo

de Grupos de convivecircncia por exemplo favorece a autonomia

do ser idoso atraveacutes de um cuidado especiacutefico que prioriza a

qualidade de vida Assim enfermeiros e idosos devem atuar em

uma relaccedilatildeo interpessoal baseada na comunicaccedilatildeo e em

princiacutepios eacuteticos

Apesar das publicaccedilotildees estarem aumentando nos

uacuteltimos anos no que se refere aos estudos sobre

envelhecimento ativo faz-se necessaacuteria a realizaccedilatildeo de outras

pesquisas na aacuterea de enfermagem Essas poderatildeo ressignificar

a produccedilatildeo cientiacutefica jaacute produzida adequando-a aos inuacutemeros

cenaacuterios sobre o processo de envelhecimento e as dimensotildees

da sustentabilidade visto que segundo esta revisatildeo integrativa

haacute poucos estudos especiacuteficos na aacuterea incluindo estudos

interdisciplinares que envolvam a temaacutetica

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

528

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ALMEIDA E Comparaccedilatildeo da qualidade de vida entre idosos que participam e idosos que natildeo participam de grupos de convivecircncia na cidade de Itabira-MG Rev Bras Geriatr Gerontol v13 n 3 p 435-44 AYRES R U Statiscal measures of unsustainability EcologicalEconomic v 16 n 3 2008 BENEDETTI Tacircnia Condiccedilotildees de sauacutede e niacutevel de atividade fiacutesica em idosos participantes e natildeo participantes de grupos de convivecircncia de Florianoacutepolis Rev Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v17 n 8 p 2087-2093 2012 BOHT J L Percepccedilatildeo da velhice na voz dos idosos inseridos em grupos da terceira idade Rev PsiqCuidFund v 2 n 4 p 3043-3051 out- dez 2012 BORGES L J Fatores associados a sintomas depressivos em idosos Estudo em Floripa Rev Sauacutede Puacuteblica v47 n4 p 701-7102013 BOWLING A RAVI AM MISTARG A LIMA B Letrsquos ask them a nationalsurvey of definitions of quality of life and its enhancement among people aged 65 and over Int J AgingHum v56 n 4 p 269-306 Dev 2003 CARNEIRO R S FALCONE E CLARK C PRETTE Z Qualidade de vida apoio social e depressatildeo em idosos relaccedilatildeo com habilidades sociaisPsicologia Reflexatildeo e Criacutetica v 20 n 2 2007 SOUZA M T SILVA M D CARVALHO R Revisatildeo integrativa O que eacute e como fazer Rev Einstein v 8 n 1 p 102-106 Satildeo Paulo 2010 COMISSAtildeO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CMMAD) Nosso futuro comum Rio de Janeiro Fundaccedilatildeo Getulio Vargas 1988 FRUTUOSO D A terceira idade na universidade Rio de Janeiro RJ Aacutegora da Ilha 1999 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE) Siacutentese de Indicadores Sociais Uma anaacutelise das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira 2010 [Internet] Rio de Janeiro 2010 [citado 2010 Dez 28] Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaocondicaodevidaindicadoresminimossinteseindicsociais2010default_tabshtm Acesso em10 de out de 2010 LAZZAROTTO A KRAMER A S TOIN M CAPUTO P O conhecimento de HIVaids na terceira idade estudo epidemioloacutegico no Vale do Sinos Rio Grande do Sul Brasil Rev Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v13 n 6 p 1833-1840 2008

GRUPO DE CONVIVEcircNCIA COMO FERRAMENTA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL

529

LEITE T M Mudou mudou tudo na minha vida experiecircncia de idosos em grupos de convivecircncia no municiacutepio de IjuiacuteRS Rev Eletrocircnica de Enfermagem v 4 n 1 p 18-25 2002 LOZANO R Towards better embedding sustainability into companiessystems an analysis of voluntary corporate iniciatives JournalofCleanerProduction v 25 n2 2012 MAIA GA PIRES P S Uma compreensatildeo da sustentabilidade por meio dos niacuteveis de complexidade das decisotildees organizacionais Rev Adm Mackenzie v 12 n 3 ediccedilatildeo especial Satildeo Paulo SP maiojun 2011 MENDES J M G Dimensotildees da sustentabilidade Revista das Faculdades Santa Cruz v 7 n 2 jul-dez 2009 MINGHELLI B TOMEacute B NUNES C NEVES A SIMOtildeES A Comparaccedilatildeo dos niacuteveis de ansiedade e depressatildeo entre idosos ativos e sedentaacuterios Rev Psiq Cliacutenv 40 n 2 p 71-76 2013 MONTEIRO P P Envelhecer histoacuterias encontros transformaccedilotildees Belo Horizonte Autecircntica 2001 NERI A L SOMMERHALDER C As vaacuterias faces do cuidado e do bem-estar do cuidador In Neacuteri A L (Ed) Cuidar de idosos no contexto da famiacutelia questotildees psicoloacutegicas e sociais Campinas Aliacutenea2001 p 9-62 RIZZOLLI D SURDI A C Percepccedilatildeo dos idosos sobre grupos de terceira idade Rev Bras Geriat Geront Rio de Janeiro v13 n 2 p 225-233 2010 SACHS I Caminhos para o desenvolvimento sustentaacutevel Rio de Janeiro Garamond 2002 SARTORI S Sustentabilidade e Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel uma taxonomia no campo da literatura Rev Ambiente e Sociedade v 17 n 1 jan-mar 2014 SERNACHE E R Fet alFatores associados ao tabagismo em idosos residentes na cidade de Londrina Brasil Rev Bras Geriatr Gerontol v13 n2 p 277-288 2010 SILVESTRE J A O envelhecimento populacional brasileiro no setor sauacutede Arq Geriat Gerontol v 0 n1 1996 VERAS R Envelhecimento populacional contemporacircneo demandas desafios e inovaccedilotildees Rev Sauacutede Puacuteblica v43 n 1 mar p 548-554 2009

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

530

CAPIacuteTULO 30

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS

DA BAIXADA MARANHENSE

Milena Maacuteria Silva ASSUNCcedilAtildeO1

Eulaacutelia Cristina Costa de CARVALHO1 Zulimar Maacuterita Ribeiro RODRIGUES2

Antonio Cordeiro FEITOSA3 1 Mestranda em Sauacutede e Ambiente PPGSAUFMA2 Professora PPGSAUFMA

3OrientadorProfessor PPGSAUFMA milenaufmayahoocombr

RESUMO O crescimento acelerado da populaccedilatildeo vem acarretando aumento da demanda por recursos naturais e causando impactos socioambientais negativos cujo equacionamento exige accedilotildees sustentaacuteveis Na Baixada Maranhense tais impactos interferem no desenvolvimento de parte da populaccedilatildeo dos municiacutepios da regiatildeo implicando em vulnerabilidade social Neste estudo abordam-se as condiccedilotildees de Desenvolvimento Humano e de Vulnerabilidade Social nos municiacutepios da Baixada Maranhense consistindo em pesquisa exploratoacuteria descritiva e bibliograacutefica considerando dados e informaccedilotildees publicadas e disponibilizadas nas diferentes fontes que abordam a temaacutetica estudada formatados e processados em planilha do programa Excel e analisados por meio de estatiacutestica descritiva de frequecircncia A regiatildeo da Baixada Maranhense estaacute inserida na porccedilatildeo norte do Estado do Maranhatildeo possuindo populaccedilatildeo predominantemente rural em processo acelerado de urbanizaccedilatildeo As condiccedilotildees de vulnerabilidade social e de desenvolvimento humano da

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

531

Baixada Maranhense evidenciam o processo de crescimento econocircmico da regiatildeo e contribuem para ampliar a visatildeo da sociedade acerca da problemaacutetica regional mediante a caracterizaccedilatildeo dos seus impactos positivos e negativos e da necessidade de implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas efetivas para incrementar os impactos positivos e mitigar os impactos negativos

Palavras-chaves Desenvolvimento Humano Vulnerabilidade Social Baixada Maranhense

1 INTRODUCcedilAtildeO

Dentre os vaacuterios desafios sociais e ambientais surgidos

ao longo dos anos o crescimento desordenado a degradaccedilatildeo

do meio e a falta de poliacuteticas puacuteblicas se destacam como fatores

responsaacuteveis pelos inuacutemeros impactos socioambientais

negativos Considera-se esta realidade proveniente de modelos

econocircmicos incapazes de assegurar a qualidade ambiental e o

bem-estar da populaccedilatildeo gerando seacuterias consequecircncias para a

qualidade do ambiente e da vida em sociedade

Os avanccedilos em tecnologia educaccedilatildeo e geraccedilatildeo de

renda configuram uma promessa sempre crescente de vida

mais longa mais saudaacutevel e mais segura (AGUNA e

KOVACEVIC 2011) No cocircmputo geral a globalizaccedilatildeo

propiciou grandes progressos no desenvolvimento humano

sobretudo em muitos paiacuteses do Hemisfeacuterio Sul No entanto

tambeacutem se vive uma atualidade globalizada com sentimento

generalizado de precariedade particularmente concernente

aos meios de subsistecircncia agrave seguranccedila pessoal ao ambiente

e agrave poliacutetica mundial (ALKIRE CONCONI e SETH 2014)

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

532

No Brasil os modelos econocircmicos adotados no decorrer

da histoacuteria tecircm provocado fortes concentraccedilotildees de renda e

riqueza tendo como consequecircncia o aumento das

desigualdades entre segmentos sociais (MINISTEacuteRIO DA

SAUacuteDE 1995) Nota-se hoje por exemplo o crescimento

desmedido e descontrolado de muitas cidades que se tornaram

pouco saudaacuteveis para se viver devido natildeo soacute agrave poluiccedilatildeo

proveniente de emissotildees toacutexicas mas tambeacutem ao caos urbano

aos problemas de transporte e agrave poluiccedilatildeo visiva e acuacutestica

(FRANCISCO 2015)

No Estado do Maranhatildeo invariavelmente as cidades

crescem sem planejamento adequado o que possibilita a

acentuaccedilatildeo dos aspectos negativos como ausecircncia de

saneamento baacutesico violecircncia urbana baixos indicadores

sociais dentre outros As discussotildees sobre os novos modelos

de gestatildeo municipal colocaram em pauta a complexidade das

condiccedilotildees de vida nas cidades pois eacute no espaccedilo urbano que

ocorre a maior densidade populacional com a correspondente

demanda por recursos naturais (RODRIGUES 2013) e

infraestrutura

Diante deste contexto surgiu a preocupaccedilatildeo em

conhecer a realidade dos municiacutepios maranhenses por meio do

estudo de indicadores Este trabalho analisou o Iacutendice de

Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e Iacutendice de

Vulnerabilidade Social (IVS) nos municiacutepios da Baixada

Maranhense buscando compreender as suas caracteriacutesticas

2 AacuteREA DE ESTUDO

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

533

A Baixada Maranhense possui uma aacuterea de 17750356

ha e constitui uma das sete regiotildees ecoloacutegicas do Maranhatildeo

(SOUZA e PINHEIRO 2007) estando situada na porccedilatildeo

centro-norte da aacuterea de transiccedilatildeo entre a Amazocircnia e o

Nordeste Brasileiro (SILVA e MOURA 2004)

Possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 518 mil

habitantes distribuiacutedos em 21 municiacutepios (Figura 1) Sua

importacircncia ecoloacutegica no cenaacuterio estadual eacute tatildeo significativa

que o Governo do Maranhatildeo a partir do decreto nordm 11900 de

11 de junho de 1991 e reeditado em 05 de outubro de 1991

transformou o territoacuterio dos 21 municiacutepios e da Ilha dos

Caranguejos em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental (CARVALHO

NETA 2004)Essa importacircncia poreacutem tem reconhecimento

internacional fato que pode ser confirmado pela sua inserccedilatildeo

na Convenccedilatildeo sobre Zonas Uacutemidas de Importacircncia

Internacional (Convenccedilatildeo de RAMSAR) no ano de 1992

(IBAMA 2002) (Figura 1)

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

534

Figura 1 Localizaccedilatildeo dos municipios da Baixada Maranhense

e a Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental

Fonte IMESC 2016

O clima eacute quente e uacutemido caracterizado por duas

estaccedilotildees bem definidas uma chuvosa que abrange o periacuteodo

de janeiro a junho e outra seca de julho a dezembro Segundo

IBANtildeES (1999) a vaacuterzea maranhense eacute formada pela invasatildeo

em terras baixas das aacuteguas dos cursos inferiores dos rios

Pericumatilde Turiaccedilu e Mearim com seus dois grandes afluentes

o Pindareacute e o Grajauacute

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

535

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratoacuteria e descritiva

conciliada com a pesquisa bibliograacutefica realizados a partir da

abordagem quantitativa O estudo exploratoacuterio eacute caracterizado

pela utilizaccedilatildeo de meacutetodos amplos e versaacuteteis como

levantamentos em fontes secundaacuterias (bibliograacuteficas

documentais entre outros) levantamentos de experiecircncia

estudos de casos selecionados e observaccedilatildeo informal

(MATTAR 1996)

O tipo descritivo eacute a anaacutelise das caracteriacutesticas de um

determinado fenocircmeno eou relaccedilatildeo entre variaacuteveis por meio

da utilizaccedilatildeo de teacutecnicas padronizadas de coletas de dados

(GIL 1999) A pesquisa bibliograacutefica considerada uma fonte de

coleta de dados secundaacuteria pode ser definida como

contribuiccedilotildees culturais ou cientiacuteficas realizadas no passado

sobre um determinado assunto tema ou problema que possa

ser estudado (CERVO e BERVIAN 2002)

O trabalho foi realizado mediante o uso dados

secundaacuterios disponiacuteveis no censo demograacutefico do IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica) no IMESC

(Instituto Maranhense de Estudos Socioeconocircmicos e

Cartograacuteficos) na plataforma Atlas do Desenvolvimento

Humano no Brasil 2013 e na plataforma Atlas da

Vulnerabilidade Social2015

O Atlas eacute um software de consulta livre ao Iacutendice de

Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e Iacutendice de

Vulnerabilidade Social (IVS) que abrange todos os municiacutepios

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

536

brasileiros discriminando os estados o Distrito Federal e as 20

Regiotildees Metropolitanas (RM) (FJP IPEA e PNUD 2013)

O IDHM reuacutene as dimensotildees longevidade educaccedilatildeo e

renda com escala de variaccedilatildeo entre 0 e 1 Quanto mais proacuteximo

de 1 maior o desenvolvimento humano de uma unidade

federativa municiacutepio regiatildeo metropolitana ou UDH A

classificaccedilatildeo geral eacute compreendida atraveacutes dos cinco

intervalos conforme (Figura 2)

Figura 2 Faixas do Iacutendice de Desenvolvimento

Humano Municipal

Fonte Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013

O IVS avalia as dimensotildees infraestrutura urbana capital

humano e renda com escala de variaccedilatildeo entre 0 e 1 Quanto

mais proacuteximo a 1 maior eacute a vulnerabilidade social de uma

populaccedilatildeo A classificaccedilatildeo geral eacute compreendida atraveacutes dos

cinco intervalos conforme (Figura 3)

Figura 3 Faixas do Iacutendice de Vulnerabilidade Social

Fonte Atlas da Vulnerabilidade Social nos municiacutepios brasileiros

2015

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

537

Os iacutendices foram avaliados para os 21 municiacutepios da

Baixada Maranhense com os dados relativos ao ano de 2010

(IBGE 2010) formatados e processados em planilha eletrocircnica

do programa Excel e analisados por meio de estatiacutestica

descritiva de frequecircncia

Apoacutes a anaacutelise dos dados foram elaboradas tabelas para

ranqueamento e melhor visualizaccedilatildeo dos iacutendices comparando

os municiacutepios entre si e posteriormente a interrelaccedilatildeo dos dois

iacutendices

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

41 Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)

O Maranhatildeo eacute considerado um dos estados mais pobres

da federaccedilatildeo brasileira com imensa maioria de sua populaccedilatildeo

vivendo na zona rural ou em aacutereas perifeacutericas dos centros

urbanos O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) do

Maranhatildeo eacute 0639 segundo dados de 2010 o que situa essa

Unidade Federativa (UF) na faixa de Desenvolvimento Humano

Meacutedio (IDHM entre 0600 e 0699) A dimensatildeo que mais

contribui para o IDH foi a Longevidade com iacutendice de 0757

seguida da Renda com iacutendice de 0612 e de Educaccedilatildeo com

iacutendice de 0562 (FJP IPEA e PNUD 2013)

Os dados socioeconocircmicos permitem constatar que o

Maranhatildeo eacute o estado com maior percentual de pessoas vivendo

em situaccedilatildeo de extrema pobreza 258 (17 milhotildees de

pessoas) Os 30 municiacutepios com menor IDHM no Maranhatildeo

concentram 112 da populaccedilatildeo extremamente pobre do

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

538

Estado Nestas unidades administrativas em meacutedia 471 da

populaccedilatildeo de cada municiacutepio estaacute em situaccedilatildeo de extrema

pobreza (IMESC 2015)

Ressalta-se que dentre dos 30 municiacutepios maranhenses

com menores IDHMacutes 3 se encontram na Baixada

Maranhense satildeo eles Cajari Pedro do Rosaacuterio e Conceiccedilatildeo

do Lago-Accedilu (Figura 4) Mediante esta realidade o Governo do

Estado criou o ldquoPlano de Accedilotildees Mais IDHrdquo com objetivo

sistematizar um conjunto de informaccedilotildees socioeconocircmicas e

ambientais capazes de refletir a situaccedilatildeo dos municiacutepios

Figura 4 Percentual de Extrema Pobreza dos 30 municiacutepios com menor IDHM no Maranhatildeo com destaque para os 3 municiacutepios da Baixada Maranhense

Fonte IMESC 2015

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

539

Para o Censo Demograacutefico de 2010 a regiatildeo da Baixada

Maranhense possui uma populaccedilatildeo predominantemente rural

com exceccedilatildeo dos municiacutepios de Pinheiro Viana Satildeo Bento

Santa Helena e Arari que apresentam a populaccedilatildeo urbana

como mais expressiva (Tabela 1)

Tabela 1 Populaccedilatildeo nos municiacutepios da Baixada Maranhense

Municiacutepios

Populaccedilatildeo (hab)

Total Rural Urbana

Pinheiro 78162 31675 46487

Arari 28488 11005 17483

Matinha 21885 13002 8883

Viana 49496 22581 26915

Satildeo Bento 40736 17228 23508

Peri Mirim 13803 10135 3668

Satildeo Joatildeo Batista 19920 14576 5344

Vitoacuteria do Mearim 31217 16406 14811

Satildeo Vicente Ferrer 20863 15432 5431

Anajatuba 25291 18276 7015

Olinda Nova do

Maranhatildeo

13181 7200 5981

Santa Helena 39110 19532 19578

Igarapeacute do Meio 12550 6343 6207

Presidente Sarney 17165 12877 4288

Palmeiracircndia 18764 15305 3459

Bela Vista do Maranhatildeo 12049 6879 5170

Penalva 34267 17674 16593

Monccedilatildeo 31738 19979 11759

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

540

Cajari 18338 14054 4284

Pedro do Rosaacuterio 22732 16842 5890

Conceiccedilatildeo do Lago-Accedilu 14436 7567 6869

Fonte Censo Demograacutefico (IBGE 2010)

Na Baixada Maranhense os municiacutepios com maior

populaccedilatildeo urbana possuem os maiores IDHM`s (0602 a 0637)

sendo classificado como IDHM ldquoMeacutediordquo com exceccedilatildeo de Santa

Helena e todos os demais municiacutepios que possuem IDHM

ldquoBaixordquo (0512 a 0599) O municiacutepio de Matinha merece

destaque pois natildeo possui populaccedilatildeo urbana expressiva poreacutem

estaacute entre os municiacutepios com o IDHM meacutedio (Tabela 2)

Tabela 2 Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal dos

Municiacutepios da Baixada Maranhense (2010)

Municiacutepios IDHM

Pinheiro 0637

Arari 0626

Matinha 0619

Viana 0618

Satildeo Bento 0602

Peri Mirim 0599

Satildeo Joatildeo Batista 0598

Vitoacuteria do Mearim 0596

Satildeo Vicente Ferrer 0592

Anajatuba 0581

Olinda Nova do Maranhatildeo 0575

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

541

Santa Helena 0571

Igarapeacute do Meio 0569

Presidente Sarney 0557

Palmeiracircndia 0556

Bela Vista do Maranhatildeo 0554

Penalva 0554

Monccedilatildeo 0546

Cajari 0523

Pedro do Rosaacuterio 0516

Conceiccedilatildeo do Lago-Accedilu 0512

Fonte Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013

Percebe-se pela anaacutelise da tabela 2 que 100 dos

municiacutepios da Baixada Maranhense ainda natildeo alcanccedilaram a

medida ideal do IDHM que eacute acima de 0700 (alta) 76 dos

municiacutepios possuem IDHM baixo e 24 meacutedio As cidades

maranhenses com alto IDHM (0700 e 0799) satildeo Satildeo Luiacutes

(0768) Imperatriz (0731) Paccedilo do Lumiar (0724) e Satildeo Joseacute

de Ribamar (0708)

Os iacutendices referidos permitem inferir que a Baixada

Maranhense eacute uma regiatildeo com deacuteficit social pois as dimensotildees

que o IDHM avalia satildeo reflexos das poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas

da Sauacutede Educaccedilatildeo e Economia Os baixos indicadores

sociais interferem diretamente na qualidade de vida da

populaccedilatildeo minimizando o desenvolvimento humano e

aumentando a vulnerabilidade social

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

542

42 Iacutendice de Vulnerabilidade Social (IVS)

Examinando a vulnerabilidade pelo prisma do

desenvolvimento humano chama-se a atenccedilatildeo para o risco de

deterioraccedilatildeo futura das circunstacircncias e das conquistas

individuais comunitaacuterias estaduais e nacionais o que justifica

a emergecircncia de poliacuteticas puacuteblicas e outras medidas tendentes

a prevenir ameaccedilas e a reforccedilar o processo de desenvolvimento

humano (PNUD 2014) A vulnerabilidade eacute definida como o

estado de indiviacuteduos ou grupos que por alguma razatildeo tecircm sua

capacidade de autodeterminaccedilatildeo reduzida podendo

apresentar dificuldades para proteger seus proacuteprios interesses

devido a deacuteficit de poder inteligecircncia educaccedilatildeo recursos forccedila

ou outros atributos (BARCHIFONTAINE 2006)

Dos estados da regiatildeo Nordeste o Maranhatildeo apresenta

o segundo maior percentual (954) de municiacutepios nas duas

faixas (alta e muita alta) de maior vulnerabilidade social O

iacutendice de Vulnerabilidade Social no Maranhatildeo eacute 0521 segundo

dados de 2010 o que situa o estado na faixa de vulnerabilidade

social muita alta (IVS entre 0501 e 1) A dimensatildeo que mais

contribui para o IVS foi o Capital Humano com iacutendice de 0534

seguida da Infraestrutura Urbana com iacutendice de 0526 e de

Renda e Trabalho com iacutendice de 0503 Segundo dados do

IPEA (2015) no Maranhatildeo 788 dos municiacutepios se encontram

na faixa da muito alta vulnerabilidade social

Entre os municiacutepios da Baixada Maranhense 95 satildeo

classificados com muito alta vulnerabilidade social incluiacutedos na

faixa do IVS com valores entre 0501 e 1 (Tabela 3)

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

543

Tabela 3 Iacutendice da Vulnerabilidade Social dos Municiacutepios da

Baixada Maranhense (2010)

Municiacutepios IVS

Pinheiro 0475

Arari

0503

Vitoacuteria do Mearim 0516

Viana 0559

Matinha 0565

Santa Helena 059

Satildeo Bento 0601

Peri Mirim 0602

Cajari 0633

Olinda Nova do

Maranhatildeo

0635

Satildeo Vicente Ferrer 0644

Palmeiracircndia 0664

Conceiccedilatildeo do Lago-Accedilu 0669

Bela Vista do Maranhatildeo 067

Monccedilatildeo 067

Satildeo Joatildeo Batista 0673

Penalva 0673

Igarapeacute do Meio 0675

Anajatuba 0677

Presidente Sarney 0715

Pedro do Rosaacuterio 074

Fonte Atlas da Vulnerabilidade Social 2015

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

544

Apenas o municiacutepio de Pinheiro estaacute inserido na faixa de

alta vulnerabilidade com valor de 0475 que caracteriza-o como

uacutenico municiacutepio da Baixada Maranhense com o ldquomelhorrdquo Iacutendice

de Vulnerabilidade Social lembrando que possui o maior IDHM

da Baixada Maranhense (0637) Logo podemos inferir que o

IDHM possui similaridades com o IVS A dimensatildeo que mais contribui para

o IDHM do municiacutepio eacute Longevidade com iacutendice de 0771 seguida de Renda com iacutendice de

0579 e de Educaccedilatildeo com iacutendice de 0579

Os municiacutepios piores ranqueados foram Pedro do

Rosaacuterio Presidente Sarney e Anajatuba com respectivamente

074 0715 e 0677 classificados como vulnerabilidade ldquoMuito

Altardquo

As noccedilotildees de ldquovulnerabilidade socialrdquo tecircm sido cada vez

mais utilizadas no Brasil e no mundo por pesquisadores e

gestores de poliacuteticas sociais num esforccedilo de ampliaccedilatildeo do

entendimento das situaccedilotildees tradicionalmente definidas como

de pobreza buscando exprimir uma perspectiva ampliada

complementar agravequela atrelada agrave questatildeo da insuficiecircncia de

renda (IPEA 2015)

Entende-se que entre o IDHM e IVS existem

consonacircncias nas dimensotildees avaliadas portanto os dois

iacutendices se complementam para anaacutelise para realidade

socioeconocircmica dos municiacutepios da Baixada Maranhense

Propondo-se a interrelaccedilatildeo dos iacutendices estudados pode-se

inferir que 76 dos municiacutepios da Baixada Maranhense tecircm

inversotildees expressivas e preocupantes pois possuem o IVS

maior que o IDHM Somente os municiacutepios de Pinheiro Arari

Matinha Viana e Vitoacuteria do Mearim apresentam IDHM maior

que o IVS (Figura 1)

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

545

Figura 1 Comparaccedilatildeo entre IDHM e IVS dos Municiacutepios da

Baixada Maranhense (2010)

Fonte Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013) e Atlas da

Vulnerabilidade Social (2015)

5 CONCLUSOtildeES

A anaacutelise paralela dos iacutendices IDHM e IVS dos

municiacutepios da Baixada Maranhense proporcionou uma visatildeo

mais qualificada do contexto socioeconocircmico da regiatildeo Na

realidade a contribuiccedilatildeo de ambos estaacute em mudar o enfoque

os iacutendices puramente econocircmicos como o PIB para avaliar o

desenvolvimento humano e a vulnerabilidade em suas muacuteltiplas

formas

Os iacutendices estudados avaliam importantes dimensotildees

das condiccedilotildees socioeconocircmicas e de infraestrutura disponiacuteveis

ou natildeo para melhorar a qualidade de vida das pessoas Com a

anaacutelise proposta para a Baixada Maranhense pode-se afirmar

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Fre

qu

ecircn

cia

IDHM (2010)

IVS (2010)

VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

546

que 80 dos municiacutepios possuem IDHM baixo e 95

possuem muita alta vulnerabilidade social demonstrando

claramente que o quadro geral precisa ser revertido

Compreende-se que eacute por meio do estudo dos iacutendices

como IDHM e IVS dentre outros ocorre agrave identificaccedilatildeo dos

principais problemas e prioridades nos municiacutepios Diante deste

contexto vale lembrar que para a melhoria de vida da

populaccedilatildeo natildeo se deve considerar apenas a dimensatildeo

econocircmica mas tambeacutem as caracteriacutesticas sociais culturais

poliacuteticas e ambientais que influenciam a qualidade da vida

humana

A anaacutelise dos indicadores e iacutendices ainda que tenham

limitaccedilotildees metodoloacutegicas e avaliativas pode subsidiar o

planejamento de poliacuteticas puacuteblicas para beneficiar a regiatildeo

Logo a anaacutelise dos iacutendices municipais contribui para a

identificaccedilatildeo dos pontos mais criacuteticos ou ainda propor como

meta maior a inversatildeo do cenaacuterio atual de alta vulnerabilidade

social e baixo desenvolvimento humano

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VULNERABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO HUMANO EM MUNICIacutePIOS DA BAIXADA MARANHENSE

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DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

549

CAPIacuteTULO 31

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

Anderson da Silva VIEIRA1

Deacutebora Gomes Moreira da SILVA2

Mirian Crisleine Santos de OLIVEIRA2 Moabe Pina da SILVA3

Giovanna Pontes VIDAL4

1Autor Aluno da faculdade Mauriacutecio de Nassau do curso de Fisioterapia 2Co-autor Aluno da Faculdade Mauriacutecio de Nassau do curso de Fisioterapia3Co-Orientador Graduaccedilatildeo e

Mestrado em Ciecircncias Bioloacutegicas pela UFPB Professor da Faculdade Mauriacutecio de Nassau4 Orientadora Fisioterapeuta com poacutes-graduaccedilatildeo em fisioterapia Hospitalar e em Fisioterapia

Dermato-funcional mestranda em Efectividad Clinica pela Universidade de Medicina de Buenos Aires Docente da Faculdade Mauricio de Nassau Joatildeo Pessoa

qdvprojetogmailcom

RESUMOA fibromialgia (FM) eacute uma siacutendrome reumaacutetica de dor difusa crocircnica acompanhada de sintomas somaacuteticos como fadiga tender points transtornos do humor do sono e da cogniccedilatildeo Essa afecccedilatildeo afeta cerca de 5 da populaccedilatildeo mundial e eacute particularmente encontrada em mulheres O diagnoacutestico eacute baseado na condiccedilatildeo cliacutenica e o tratamento predispotildee o controle do quadro aacutelgico por meio de intervenccedilotildees globais de abordagem interdisciplinar nos acircmbitos fiacutesico farmacoloacutegico cognitivo-comportamental e educacional A fibromialgia eacute tambeacutem caracterizada por dor muscular crocircnica e generalizada e por problemas fiacutesicos e emocionais que afetam diretamente a capacidade funcional e a qualidade de vida O presente estudo foi dividido em duas etapas na primeira foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica e a segunda etapa pesquisa de campo onde o objetivo foi analisar a predisposiccedilatildeo a fibromialgia em estudantes de sauacutede A pesquisa teve como meacutetodo um questionaacuterio contendo informaccedilotildees sobre avaliaccedilatildeo da dor e predisposiccedilatildeo a fibromialgia (em anexo) e a palpaccedilatildeo

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

550

dos pontos gatilhos conforme o esquema corporal (em anexo) A identidade dos participantes foi preservada Os resultados encontrados foi a prevalecircncia em mulheres e a predisposiccedilatildeo em 3 da amostra e 97 deles tem algum problema como ansiedade fadiga dor muscular estresse ou problemas psicogecircnicos Apesar disto sugere-se a realizaccedilatildeo de pesquisas com amostra amplificada para maiores conclusotildees sobre o referido tema Palavras-chave Fibromialgia Estresse Tender points

1 INTRODUCcedilAtildeO

A fibromialgia (FM) eacute uma siacutendrome reumaacutetica de dor

difusa crocircnica acompanhada de sintomas somaacuteticos como

fadigatender points transtornos do humor do sono e da

cogniccedilatildeo (CHAKR 2014) O nome da patologia tem origem nos

termos fibra do latim (tecido fibroso) mio do grego (referente

aos muacutesculos) e algia originaacuterio do grego (algos) que significa

dor (MILANE 2012)

Essa afecccedilatildeo afeta cerca de 5 da populaccedilatildeo mundial e

eacute particularmente encontrada em mulheres (TERZI 2015) O

diagnoacutestico eacute baseado na condiccedilatildeo cliacutenica e o tratamento

predispotildee o controle do quadro aacutelgico por meio de intervenccedilotildees

globais de abordagem interdisciplinar nos acircmbitos fiacutesico

farmacoloacutegico cognitivo-comportamental e educacional

A fibromialgia eacute tambeacutem caracterizada por dor muscular

crocircnica e generalizada com durabilidade maior que trecircs meses

causando problemas fiacutesicos e emocionais que afetam

diretamente na capacidade funcional e na qualidade de vida

(LORENA 2015)

Segundo Ferreira (2011) desde 1990 foi adotado como

padratildeo de identificaccedilatildeo pela comunidade cientiacutefica

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

551

internacional especializada a presenccedila de pelo menos trecircs

meses consecutivos de dor generalizada e dor agrave palpaccedilatildeo com

cerca de 4 kg de pressatildeo pela ponta do dedo em no miacutenimo 11

de 18 pontos preacute-definidos O achado cliacutenico importante eacute a

presenccedila de locais dolorosos em determinados siacutetios

anatocircmicos chamados de tender points Estes pontos

dolorosos natildeo satildeo geralmente conhecidos pelos pacientes e

normalmente natildeo se situam na zona central de dor por eles

referida (PROVENZA 2004)

Existe tambeacutem outra patologia a siacutendrome da dor

miofascial (SDM) que se apresenta com uma desorganizaccedilatildeo

regional neuromuscular que se caracteriza pela presenccedila de

locais sensiacuteveis nas bandas musculares tensascontraiacutedas

ocorrendo dor em queimaccedilatildeo peso ou dolorimento agraves vezes

em pontadas diminuiccedilatildeo da forccedila muscular limitaccedilatildeo da

amplitude de movimento e em alguns casos fadiga muscular

produzindo dor referida em aacutereas distantes ou adjacentes

(BATISTA 2012)

Com alguns sintomas similares a FM a SDM diferencia-

se por acometer muacutesculos faacutescias ligamentos tecidos pericap-

sulares tendotildees e bursas e tambeacutem dor muscular em regiotildees

enduradas onde estatildeo presentes bandas de tensatildeo palpaacuteveis

e pontos extremamente dolorosos os pontos gatilhos (PG) Os

PG (trigger-points) natildeo podem ser confundidos com os tender-

points vistos na siacutendrome da FM pois satildeo palpaacuteveis e dolorosos

no local da palpaccedilatildeo mas tambeacutem podem irradiar dor para

outros pontos (BATISTA 2012) A fibromialgia tem dentre

outras causas o estresse que pode ser entendido como um

conjunto de reaccedilotildees psicofisioloacutegicas e comportamentais

complexas cuja origem estaacute na necessidade de o organismo

estabelecer a homeostase interna frente a uma situaccedilatildeo

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

552

ameaccediladora Sendo assim esse desequiliacutebrio surge quando o

organismo necessita responder a alguma demanda que

ultrapassa sua capacidade adaptativa (RAMIRO 2014)

Os cursos universitaacuterios e o iniacutecio da atividade

profissional satildeo desencadeantes e geradores de estresse

podendo comprometer a sauacutede e a qualidade de vida dos

estudantes Nessas fases a competiccedilatildeo a carga horaacuteria as

atividades curriculares e extracurriculares aleacutem das

responsabilidades inerentes agrave profissatildeo interferem no sistema

emocional dos jovens (PEREIRA 2015) Muitos estudantes

enfrentam situaccedilotildees de ansiedade no contato com o paciente

ateacute porque a racionalidade cientiacutefica presente na formaccedilatildeo dos

cursos de sauacutede natildeo valoriza aspectos subjetivos do cotidiano

acadecircmico (MOREIRA 2015)

Diante dos assuntos exposto e levando em consideraccedilatildeo

o alto niacutevel de estresse presente nos estudantes de sauacutede o

presente estudo objetivou averiguar a presenccedila de diagnoacutestico

ou predisposiccedilatildeo a esta afecccedilatildeo neste grupo populacional

2 MATERIAIS E MEacuteTODO

No presente estudo o levantamento de dados se deu ataveacutes

da realizaccedilatildeo de pesquisa bibliograacutefica utilizando para esta

etapa artigos cientiacuteficos publicados em bases de dados on-line

biblioteca virtual em sauacutede (BVS) lilacs cielo pubmed aleacutem de

livros e dissertaccedilotildees que abordam os temas em estudo

A outra etapa consistiu em uma pesquisa de campo com

a palpaccedilatildeo de pontos dolorosos (tender points) e com aplicaccedilatildeo

de questionaacuterio semi-estrutuirado para aleacutem da dor relacionar

sintomas pisicosomaacuteticos como estresse depressatildeo cefaleia

prurido entre outros (BRAGA 2012) O grupo estudado foi

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

553

composto por 31 estudantes dos cursos de sauacutede da Faculdade

Mauriacutecio de Nassau-JP sendo 23 do sexo feminino e 8 do sexo

masculino com idades entre 18 a 38 anos questionados no mecircs

de Outubro de 2016

Para anaacutelise dos dados os resultados foram analisados

de forma descritiva e quantitativa utilizando-se o Programa

Excel para as representaccedilotildees graacuteficas

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Primeira etapa revisatildeo bibliograacutefica

A fibromialgia eacute uma siacutendrome dolorosa caracterizada

por diversos fatores dentre eles o estresse O estresse eacute

entendido como um grupo de reaccedilotildees psicofisioloacutegicas e

comportamentais complexas cuja origem estaacute na necessidade

do organismo estabelecer a homeostase interna diante uma

situaccedilatildeo ameaccediladora O desequiliacutebrio acontece quando o

organismo precisa responder a alguma demanda que

ultrapassa sua capacidade adaptativa Mudanccedilas significativas

desencadeiam necessidades de adaptaccedilatildeo do organismo e

como consequecircncia exercem papel importante na patogecircnese

do estresse Na FM pode-se afirmar que o conjunto de seus

sintomas ultrapassa a capacidade adaptativa do organismo

(RAMIRO 2014)

As formas de prevenccedilotildees primaacuterias para a FM ainda satildeo

desconhecidas (BRAGA 2012) Mas satildeo conhecidos os

fatores de risco associados a estados de dor croacutenica

generalizada sexo idade fadiga prejuiacutezos cognitivos

depressatildeo e ansiedade (BRAGA 2012 RAMIRO 2014)

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

554

O conhecimento destes fatores de riscos torna possiacutevel

a intervenccedilatildeo precoce e as prevenccedilotildees secundaacuteria e terciaacuteria

evitando o agravamento da FM e o desenvolvimento de

complicaccedilotildees (BRAGA 2012)

Para Martinez (2013) o impacto da FM eacute global e

envolve questotildees pessoais como dificuldade para a execuccedilatildeo

de tarefas (profissionais ou cotidianas) inseguranccedila no

desempenho pessoal diminuiccedilatildeo da qualidade no trabalho -

com consequente influecircncia na vida profissional familiar social

e mesmo na renda familiar Jaacute Letieri (2013) diz que a FM

envolve principalmente trecircs aacutereas os aspectos da sauacutede fiacutesica

(sistema musculoesqueleacutetico) os mecanismos de regulaccedilatildeo da

dor (sistema neuroendoacutecrino) e os fatores envolvidos ao bem-

estar psicoloacutegico e agrave sauacutede mental do indiviacuteduo

Natildeo existe um tratamento especiacutefico para FMos que

estatildeo disponiacuteveis para essa enfermidade satildeo apenas

parcialmente eficazes e concentram-se no aliacutevio dos sintomas

e cura a exemplo de outras doenccedilas reumaacuteticas ainda eacute

elusiva (STIVAL 2014)O tratamento para a FM eacute geralmente

confiado ao uso de farmacoloacutegicas com o fim de aliviar a dor

minimizar a depressatildeo e melhorar a qualidade de vida mas

essa terapia apresenta limitaccedilotildees e pode trazer efeitos

colaterais indesejados (LETIERE 2013)

Buscar medidas vaacutelidas de tratamento que diminuam

limitaccedilotildees funcionais e o impacto da fibromialgia sobre a

qualidade de vida dos pacientes tem sido fundamental Seu

tratamento estaacute direcionado principalmente para a minimizaccedilatildeo

dos sintomas e principalmente as dores

Exerciacutecios fiacutesicos vem mostrando beneacuteficios em

pacientes com FM pois aleacutem de melhorar a resistecircncia

cardiorrespiratoacuteria e muscular haacute evidencias de que ele

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

555

tambeacutem promova alteraccedilotildees importantes nos circuitos neurais

que modulam a dor (REBUTINI 2013) A fisioterapia tambeacutem

tem sido de grande importacircncia na melhora da dor e na

qualidade de vida dos pacientes tanto no trabalho como em

casa e tambeacutem com a diminuiccedilatildeo de outros sintomas que

causam desconforto

Segundo Rebutini (2013) exerciacutecios aeroacutebicos no

tratamento de pacientes com fibromialgia satildeo os mais

utilizadosDentre eles podemos citar caminhada nataccedilatildeo

bicicleta e atividades em grupos vem mostrando bons

resultados

Aleacutem da eficaacutecia dos exerciacutecios outras formas de

tratamento terapecircutico satildeo usados um deles eacute a estimulaccedilatildeo

eleacutetrica nervosa transcutacircnea (TENS) na qual eacute utilizada no

local da dor de grande intensidade podendo ser associada a

injeccedilatildeo de analgeacutesico (MARQUES 2007)

Outro recurso de grande importacircncia no tratamento da

fibromialgia eacute a terapia manual quando aplicada a teacutecnica da

quiropraxia obtendo uma melhora da mobilidade flexibilidade e

minimizaccedilatildeo da dor (MARQUES 2007)Para garantir uma boa

manutenccedilatildeo da sauacutede e da qualidade de vida eacute preciso que o

indiviacuteduo mantenha em bom niacutevel as quatro capacidades fiacutesicas

relacionadas agrave sauacutede aptidatildeo cardiovascular forccedila e

resistecircncia muscular flexibilidade e composiccedilatildeo corporal

adequada (SANTOS 2014)

32 Segunda etapa pesquisa de campo

A avaliaccedilatildeo dos tender points foi realizada seguindo os

criteacuterios preliminares para o diagnoacutestico de fibromialgia de

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

556

acordo com Coleacutegio Americano de Reumatologia A palpaccedilatildeo

foi realizada nos pontos como mostra a figura 1 abaixo

Figura 1Tender Points

Fontehttpviversemdorcomprincipais-dorfibromialgia-e-dores-disfuncionais

Satildeo caracteriacutesticos da fibromialgia a dor devido agrave

pressatildeo digital (4 kg) em aacutereas simeacutetricas do corpo e com

localizaccedilatildeo bem estabelecida bilateralmente ou seja em pelo

menos 11 de 18 pontos dolorosos preacute-estabelecidos como

ponto occipital cervical inferior trapeacutezio supra espinhoso

segunda costela epicocircndilo lateral gluacuteteo trocacircnter maior e

joelho medialmente

A figura 2 mostra o percentual dos pontos de acordo com

a palpaccedilatildeo nos estudantes levando em consideraccedilatildeo que foi

avaliado conforme as informaccedilotildees anteriores

Figura 2 Percentual de pontos dolorosos

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

557

Fonte Pesquisa direta 2016

Observou-se que 97 dos estudantes apresentaram

entre 1 a 6 tender points e que 3 apresentou entre 7 a 11

pontos dolorosos na palpaccedilatildeo

Foi aplicado tambeacutem um questionaacuterio para que aleacutem da

dor analisar o histoacutericos de depressatildeo ansiedade sono natildeo

reparador fadiga cefaleia siacutendromes funcionais da bexiga e do

intestino parestesias equimoses prurido entre outros que

compotildeem sinais cliacutenicos para o diagnoacutestico

O questionaacuterio foi extraiacutedo de Braga (2012) e foi

aplicado nos estudantes de sauacutede O questionaacuterio baseava-se

em dois momentos no primeiro analisava o iacutendice da dor

generalizada onde colhia o local em que o estudante teve dor

na ultima semana e dava a uma pontuaccedilatildeo de 0 a 19

dependendo do nuacutemero de aacutereas dolorosas No segundo

momento foi analisado a gravidade dos sintomas fadiga sono

natildeo reparador sintomas cognitivos e sintomas somaacuteticos (dor

abdominal cefaleia dor muscular e articular etc) tambeacutem

considerando a ultima semana o qual recebia outra pontuaccedilatildeo

dependendo dos sintomas apresentados

97

3

1 a 6

7 a 11

Ndeg Tender

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

558

No final da pesquisa individual observava-se o estudante

preenchia os criteacuterios de diagnoacutestico da FM se as 3 condiccedilotildees

seguintes estivessem presentes primeiro o Iacutendice da Dor

Generalizada (IDG) for le 7 e Escala de Gravidade dos Sintomas

(EGS) ge 5 ou IDG 3-6 e EGS ge 9 segundo se os sintomas

presentes a um niacutevel semelhante durante pelo menos 3 meses

e terceiro a ausecircncia de outra doenccedila que possa explicar a dor

(BRAGA 2012)

Os resultados estatildeo abaixo como apresenta a figura 3

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

559

Figura 3 Anaacutelise de IDG

Fonte Pesquisa direta 2016

Sendo assim 81 dos estudantes apresentaram

nuacutemero inferiores de acordo com a pesquisa e 19

apresentaram nuacutemeros iguais ou maiores de acordo com a

pesquisa indicando a fibromialgia E desses 19 a prevalecircncia

foi de mulheres 67 e de homens 33 A Figura 4 mostra onde

foi o iacutendice positivo

Figura 4 Anaacutelise de IDG e EGS

Fonte Pesquisa direta 2016

81

19IDG 3-6 e EGS ge 9 NEGATIVO

IDG 3-6 e EGS ge 9 POSITIVO

86

14

IDG 3-6

EGS ge 9

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

560

3

81

16PALPACcedilAtildeO EQUESTIONAacuteRIOPOSITIVOS

PALPACcedilAtildeO EQUESTIONAacuteRIONEGATIVOS

APENAS UM POSITIVO

De acordo com Terzi (2015) a FM afeta cerca de 5 da

populaccedilatildeo mundial e eacute particularmente encontrada em

mulheres (TERZI 2015) O estudo revela que a predisposiccedilatildeo

foi maior em mulheres Segundo Braga (2012) satildeo fatores de

risco o sexo o feminino eacute 5 a 9 vezes mais afetado do que o

sexo masculino a idade (comeccedila entre os 20 e os 50 anos) e

afirma ainda que crianccedilas e jovens tambeacutem podem sofrer de

FM mas durante a idade escolar a probabilidade eacute igual em

ambos os sexosDesses 19 14 tiveram o EGS ge 9 e 86

IDG de 3-6 de acordo com a pontuaccedilatildeo apresentada

Ao analisar a palpaccedilatildeo e o questionaacuterio observou que

81 tiveram o questionaacuterio e a palpaccedilatildeo negativa 16 tiveram

apenas um criteacuterio positivo e 3 tiveram os dois criteacuterios

positivos a figura 5 apresenta melhor estes dados

Figura 5 Criacuteterios positivos e negativos no questionaacuterio

Fonte Pesquisa direta 2016

De acordo com a pesquisa observou-se que desses

estudantes apenas 3 apresenta predisposiccedilatildeo a FM e 16

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

561

pode apresentar tambeacutem pelo fato de apresentarem um dos

criteacuterios de diagnoacutesticos positivos Embora a maioria dos

estudantes tenham os criteacuterios de avaliaccedilatildeo negativos 97

deles tem problemas como ansiedade fadiga dor muscular

estresse ou problemas psicogecircnicos Esses sinais cliacutenicos de

acordo com Goes (2014) podem afetar a capacidade em

realizar tarefas diaacuterias simples causando um impacto negativo

na qualidade de vida

4 CONCLUSOtildeES

Constatou-se que apenas 3 dos estudantes

apresentam predisposiccedilatildeo agrave Fibromialgia e 16 podem

apresentar tambeacutem pelo fato de apresentarem um dos criteacuterios

de diagnostico positivo que futuramente pode aumentar ou

diminuir esses sintomas precisando ser monitorados Apesar

da maioria dos estudantes apresentarem criteacuterios de avaliaccedilatildeo

negativos 97 deles relataram problemas de sauacutede peculiares

agrave patologia referida como ansiedade fadiga dor muscular

stress ou problemas psicogecircnicos A pesquisa constatou

tambeacutem que a predisposiccedilatildeo foi maior em mulheres natildeo

excluindo a possibilidade de homens apresentarem essa

sintomatologia

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

562

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RAMIRO F S JUacuteNIOR I L SILVA R C B MONTESANOA F T OLIVEIRA N R C DINIZ R E A S ALAMBERT P A PADOVANI R C - Investigaccedilatildeo do estresse ansiedade e depressatildeo em mulheres com fibromialgia um estudo comparativo Revista Brasileira de Reumatologia Satildeo Paulo vol54 ndeg1 2014 REBUTINI V Z GIARETTA M T SILVA J R MAYORK A K S ABAD C C C - Efeito do treinamento resistido em paciente com fibromialgia Estudo de casoMotriz Revista educaccedilatildeo fisica Rio Claro-SP vol19 ndeg2 2013 SANTOS M R MORO C MC VOSGERAU D SR - Protocolo para avaliaccedilatildeo fiacutesica em portadores de siacutendrome de fibromialgia Revista Brasileira de Reumatologia Satildeo Paulo vol54 ndeg 2 2014 SEVERINO A J - Metodologia do trabalho cientiacutefico 23 ed Satildeo Paulo Cortez 2007 TERZI R TERZI H KALE A - Avaliaccedilatildeo da relaccedilatildeo entre siacutendrome preacute-

menstrual e dismenorreia primaacuteria em mulheres com fibromialgia Revista

Brasileira de Reumatologia Satildeo Paulo vol55 ndeg4 2015

DIAGNOacuteSTICO E PREDISPOSICcedilAtildeO A FIBROMIALGIA EM ESTUDANTES DE SAUacuteDE

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MEIO AMBIENTE

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CAPIacuteTULO 32

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Joseacute Murilo Gomes de LIMAsup1

Roberta de Sousa MELO sup2 Eduardo da Silva GUIMARAtildeES sup3

Jaqueliny Rodrigues Soares GUIMARAtildeES4

Mestrando em Educaccedilatildeo Fiacutesica na UNIVASFsup1 Professora Doutora do Colegiado de Educaccedilatildeo Fiacutesica da UNIVASFsup2 Professor Mestre do Depde Educaccedilatildeo Fiacutesica da URCAsup3

Enfermeira Mestre da Secretaria de Sauacutede de Juazeiro do Norte4

murilogomeslimayahoocombr

RESUMO A vaquejada estaacute fortemente vinculada agrave tradiccedilatildeo nordestina ao mesmo tempo em que tem passado por diversas transformaccedilotildees em sua estrutura e se configurado como temaacutetica importante nos debates poliacuteticos atuais Diante disso este estudo tem como objetivo refletir as tensotildees em torno desta praacutetica a partir de uma relaccedilatildeo que consideramos crucial para compreendermos os sentidos e significados atribuiacutedos agrave vaquejada a relaccedilatildeo NaturezaCultura Compreendemos que as posturas contraacuterias e favoraacuteveis agrave praacutetica podem ser aprofundadas a partir dessa dicotomia inaugurada na modernidade e constituinte do processo civilizador que lhe foi inerente Para o alcance do objetivo proposto foi utilizada uma metodologia qualitativa baseada na anaacutelise de conteuacutedo de artigos publicados em base de dados nacionais tendo como palavras chave ldquovaquejadardquo ldquoculturardquo e ldquonatureza consideramos ainda frente a celere discussatildeo contemporacircnea a revisatildeo de material natildeo tratado em especial as narrativas veiculadas em reportagens aleacutem da legislaccedilatildeo sobre o tema os artigos e as narrativas revisados na busca foram submetidos a teacutecnica da anaacutelise de conteuacutedo Compreendemos e concluiacutemos considerando a transversalidade do estudo que essas reflexotildees podem colaborar com uma perspectiva criacutetica dos interesses e estrateacutegias poliacuteticas por meio das quais as ideias

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de natureza e cultura tecircm sido alocadas em nossos modos de organizaccedilatildeo social Palavras-chave vaquejada natureza cultura

1 INTRODUCcedilAtildeO

Partiremos do argumento de que os embates acerca da praacutetica da vaquejada podem ser potencialmente estudados a partir da tensatildeo Natureza versus Cultura Trata-se de uma dicotomia que estaacute no cerne do projeto da Modernidade e do processo civilizatoacuterio que lhe foi inerente Inaugurou-se nessa configuraccedilatildeo o controle racional das coisas da natureza

Veremos entatildeo que os discursos e narrativas em torno dessa praacutetica tecircm constantemente acionado essa dicotomia tanto na sua defesa quanto nos posicionamentos que lhes satildeo contraacuterios

A vaquejada eacute uma festa tradicional e popular no sertatildeo nordestino uma atividade de origem brasileira considerada uma das praacuteticas mais relevantes do ciclo do gado Nos uacuteltimos anos esta atividade vem se modernizando e se profissionalizando e passou a ser classificada como esporte Tem o poder de atrair um grande puacuteblico aleacutem de gerar renda para muitos municiacutepios

A Associaccedilatildeo Brasileira de Vaquejada (ABVAQ) organizaccedilatildeo oficial que regulamenta a praacutetica define-a como atividade recreativa-competitiva com caracteriacutesticas de esporte na qual dois vaqueiros tecircm o objetivo de alcanccedilar e emparelhar um boi entre seus cavalos e conduzi-lo ateacute o local indicado onde o animal deve ser derrubado1

Este esporte originaacuterio da pecuaacuteria tem sido ao longo dos tempos associado a atributos como coragem valentia ousadia firmeza forccedila por exigir de seus praticantes uma

1 Site da associaccedilatildeo wwwabvaqcombr

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performance de risco e acionar emoccedilotildees associadas ao enfrentamento do perigo Uma expressatildeo usual desse universo para definir tais caracteriacutesticas constituintes tanto do fiacutesico quanto do ethos do vaqueiro eacute aquela que diz que ldquotem que ter sangue nos olhosrdquo para ldquocorrer vaquejadardquo

Na vaquejada satildeo atribuiacutedas funccedilotildees distintas a dois vaqueiros (vaqueiro puxador e vaqueiro batedor de esteira) que a cavalo deveratildeo demonstrar suas habilidades na derrubada de um boi puxando-o pela cauda dentro dos limites de uma demarcaccedilatildeo (faixa) desenhada na pista com cal apropriada para a queda Vence a dupla que obtiver maior nuacutemero de pontos

A Associaccedilatildeo Brasileira de Vaquejada pretende padronizar as regras da vaquejada em todo o Brasil estabelecendo normas de realizaccedilatildeo dos eventos que assegurem o bem-estar animal aleacutem de definir procedimentos e diretrizes que garantam o bom andamento do esporte atraveacutes do controle e prevenccedilatildeo sanitaacuterio-ambientais higiecircnico-sanitaacuterias e de seguranccedila em geral Satildeo definidos os seguintes conceitos

a) vaquejada ndash atividade recreativo-competitiva com caracteriacutesticas de esporte na qual dois vaqueiros tecircm o objetivo de alcanccedilar e emparelhar o boi entre os cavalos conduzi-lo ateacute o local indicado onde o animal deve ser derrubado b) vaqueiro-puxador ndash competidor responsaacutevel por entrelaccedilar o rabo do boi entre as matildeos e derrubaacute-lo na faixa c) vaqueiro-esteireiro ndash competidor responsaacutevel direcionar o boi e condicionaacute-lo ateacute o local da faixa emparelhando-o com o vaqueiro-puxador aleacutem de entregar o rabo do boi ao vaqueiro-puxador d) faixa ndash linhas paralelas com distacircncia de 9m entre uma e outra onde o boi deve ser derrubado e) valeu o boi ndash expressatildeo que caracteriza o ecircxito do competidor f) zero ndash expressatildeo que caracteriza a ausecircncia de ecircxito do competidor g) parque de vaquejada ndash

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arena onde acontece a vaquejada h) brete ndash local onde ficam os bovinos antes de correr i) curral de espera ndash local onde ficam os bovinos antes ou depois da corrida j) rodiacutezio ndash forma de organizaccedilatildeo do evento que estabelece o nuacutemero de competidores que estatildeo na pista naquele momento k) disputa final ndash fase onde seratildeo definidos os vencedores da vaquejada

A vaquejada para muitos amantes do esporte eacute um

ldquoestilo de vidardquo influenciando na forma de se vestir na forma de falar com dialetos e expressotildees que representam esta manifestaccedilatildeo cultural Este estilo tambeacutem se exprime no gosto musical predominantemente no forroacute e na muacutesica sertaneja Existe um estilo de forroacute composto por muacutesicas que abordam o universo da vaquejada com letras inspiradas nas histoacuterias e situaccedilotildees vividas pelos vaqueiros A propoacutesito os shows de bandas musicais desse estilo tornaram-se elementos incorporados agraves atuais festas de vaquejada Assim de uma praacutetica primordialmente caracterizada pela relaccedilatildeo do vaqueiro com o ambiente e o animal a atividade foi permeada por novos haacutebitos e padrotildees de consumo

Cabe dizer que a vaquejada eacute por si soacute uma praacutetica em que a relaccedilatildeo NaturezaCultura aparece premente jaacute em seus primoacuterdios realizava-se pela capacidade do indiviacuteduo em controlar a natureza muitas vezes hostil o meio inoacutespito e em domar o animal num processo de subjetivaccedilatildeo em que o ldquoeurdquo se afirmava pelo domiacutenio e pela racionalizaccedilatildeo dessas condiccedilotildees e desses elementos da natureza Eacute importante destacar tambeacutem que as regras e coacutedigos que orientam a praacutetica foram e continuam sendo modificadas no decorrer do tempo

Na busca pelo reconhecimento da vaquejada como desporto e atividade cultural vaacuterias alteraccedilotildees foram realizadas com a elaboraccedilatildeo de regras mais especificas para diminuir os riscos fiacutesicos tanto para os vaqueiros como para os animais (cavalos e bois) medidas como a utilizaccedilatildeo de areia nas arenas para amortecer a queda a criaccedilatildeo do protetor de

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cauda para evitar ou diminuir o risco de contusatildeo machucar ou danificar a cauda do animal a proibiccedilatildeo do uso de espora para natildeo feri-lo O uso da tecnologia para o avanccedilo deste esporte eacute algo que tambeacutem deve ser mencionado materiais de proteccedilatildeo estatildeo sendo desenvolvidos e exigidos em suas competiccedilotildees oficiais

Apesar das medidas em prol do bem estar animal a vaquejada continua sendo considerada por vaacuterias pessoas como uma praacutetica associada agrave barbaacuterie

Existem de um lado perspectivas que a defendem e incentivam sobretudo por meio de narrativas que enaltecem sua relevacircncia histoacuterica e cultural sua importacircncia em termos de atividade de lazer e tambeacutem econocircmica e de outro lado argumentos pela sua extinccedilatildeo imbuiacutedos de classificaccedilotildees que a colocam como uma praacutetica primitiva e cruel em referecircncia aos maus tratos e aos efeitos fiacutesicos e psicoloacutegicos causados aos animais envolvidos Diante disso o presente estudo trataraacute de refletir sobre os sentidos e significados da vaquejada e as tensotildees existentes em torno dela Articula uma temaacutetica que tem suscitado debates significativos e acalorados em diversas esferas do cotidiano desde as redes sociais ateacute os espaccedilos de grandes decisotildees poliacuteticas

Apresentamos neste momento algumas questotildees norteadoras das nossas reflexotildees como satildeo articulados os discursos a favor e contra a legalidade da praacutetica da vaquejada particularmente no que diz respeito agrave tensatildeo Natureza versus Cultura Como se daacute a relaccedilatildeo entre a praacutetica da vaquejada pensada enquanto vivecircncia cultural e enquanto experiecircncia que problematiza padrotildees civilizatoacuterios Como esses embates podem ser refletidos a partir da legislaccedilatildeo existente acerca da vaquejada

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3 MATERIAIS E MEacuteTODO

Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo uma vez que se concentra em significados atribuiacutedos pelos indiviacuteduos em suas interaccedilotildees Nesse sentido

A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos descrevendo a complexidade do comportamento humano Fornece anaacutelise mais detalhada sobre a investigaccedilatildeo haacutebitos atitudes tendecircncias de comportamentos etc (LAKATOS E MARCONI 2008 p269)

Para a realizaccedilatildeo deste estudo foi realizado um

levantamento de publicaccedilotildees cientiacuteficas dedicadas ao tema da vaquejada na tentativa de sistematizar informaccedilotildees importantes acerca do desenvolvimento dessa praacutetica precisamente no que diz respeito agrave sua trajetoacuteria histoacuterica Num segundo momento e com o intuito de reconhecermos os debates e disputas em torno da temaacutetica nos dedicamos a uma anaacutelise de mateacuterias recentes sobre o assunto assim como nos concentramos no teor da legislaccedilatildeo sobre a vaquejada A pesquisa tambeacutem se concentrou ndash embora utilizando-as como fontes de observaccedilotildees secundaacuterias ndash postagens em redes sociais e os debates acerca das polecircmicas envolvendo a vaquejada que foram travados nesses espaccedilos

Os dados foram sistematizados a partir do mecircs de setembro Importante destacar que no decorrer do processo de levantamento e organizaccedilatildeo das informaccedilotildees frequentemente surgiam novos elementos visto que nesse periacuteodo ocorreram decisotildees significativas no cenaacuterio poliacutetico acerca da legalizaccedilatildeo da atividade Isso faz perceber a atualidade e a relevacircncia dessa discussatildeo para a nossa sociedade sobretudo por suscitar problemas que ainda persistem natildeo obstante as transformaccedilotildees pelas quais ela passou

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O meacutetodo utilizado para a anaacutelise das informaccedilotildees foi o de anaacutelise de conteuacutedo orientado pela definiccedilatildeo de CHIZZOTI (2006 p98) de acordo com a qual ldquoO objetivo da anaacutelise de conteuacutedo eacute compreender criticamente o sentido das comunicaccedilotildees seu conteuacutedo manifesto ou latente as significaccedilotildees expliacutecitas ou ocultasrdquo Seguimos os principais procedimentos que satildeo geralmente adotados quando se utiliza esse tipo de metodologia organizaccedilatildeo categorizaccedilatildeo descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados obtidos A anaacutelise dos dados se fez agrave luz do referencial teoacuterico utilizado

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Vaquejada e negociaccedilotildees da natureza e da cultura

A literatura referente ao tema da vaquejada ainda natildeo eacute vasta Ainda assim existem trabalhos que satildeo referecircncia sobre o assunto sobretudo os que levantam seus aspectos histoacutericos e que ao discorrerem acerca das configuraccedilotildees e transformaccedilotildees pelas quais a vaquejada passou impulsionam reflexotildees importantes para os nossos objetivos

Segundo Cascudo (1976) a origem da vaquejada estaacute ligada agrave inserccedilatildeo da pecuaacuteria no Brasil Uma vez que neste periacuteodo ainda natildeo existiam cercas nas fazendas do sertatildeo nordestino os animais eram marcados (ferrados) e soltos na caatinga para alimentar-se e depois de algum tempo os coroneacuteis convocavam peotildees (vaqueiros) que montados a cavalos vestidos com gibotildees de couro entravam nas matas fechadas cheias de galhos secos e espinhos onde perseguiam laccedilavam e capturavam o gado

Nos meses de junho e julho durante o inverno na regiatildeo Nordeste o vaqueiro tinha a funccedilatildeo de sair em busca das reses com o objetivo de selecionaacute-las para comercializaccedilatildeo Esses animais eram criados soltos na mata pois natildeo havia cercas

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entre as antigas fazendas de gado (CASCUDO 1956 apud Da SILVA E AZEVEDO 2014 p63)

Este procedimento chamava-se ldquoapartaccedilatildeordquo que tinha como objetivo capturar as reses no mato para depois selecionar as que iriam para a comercializaccedilatildeo para serem vendidas nas feiras e mercados da cidade As reses que ficavam na fazenda passavam pelo processo de engorda Nesta atividade alguns vaqueiros se destacavam entre os demais pela sua bravura e habilidade pois conseguiam capturar os animais mais difiacuteceis principalmente os filhotes que eram selvagens e nasciam na caatinga sem o contato humano jaacute que alguns se reproduziam no mato A partir desta praacutetica de manejo com o gado os patrotildees comeccedilaram a organizar torneios e disputas nos quais os vaqueiros poderiam mostrar suas habilidades enquanto os coroneacuteis faziam apostas entre si Para Cascudo (1976) e Bezerra (1978)

A vaquejada era de fato uma brincadeira da qual todos os vaqueiros participavam sem buscar conquistar grandes precircmios financeiros A recompensa pelos patrotildees agravequeles que se destacavam nas derrubadas do boi no chatildeo se dava atraveacutes de carneiros gados e outros utensiacutelios de pequeno valor financeiro (apud AIRES 2008 p84)

Com o decorrer do tempo as vaquejadas foram

ganhando novas formas os fazendeiros comeccedilaram a organizar competiccedilotildees de vaquejada e os vaqueiros passaram a ter que pagar uma quantia em dinheiro para ter direito a participar das disputas Os vencedores comeccedilaram a ser premiados como afirma Da Silva e Azevedo (2014 p63)

Pequenos fazendeiros de diferentes aacutereas do Nordeste comeccedilaram a promover um novo tipo de vaquejada Nesta os vaqueiros pagavam uma quantia em dinheiro isto eacute uma espeacutecie de inscriccedilatildeo para participarem da disputa O dinheiro

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era usado para a organizaccedilatildeo do evento e para comprar os precircmios para os vencedores Com o passar dos anos os cavalos nativos que eram utilizados pelos vaqueiros foram substituiacutedos por animais de raccedila e o local onde os vaqueiros estavam acostumados a correr atraacutes das reses era de terra batida e cascalho Este foi substituiacutedo por uma superfiacutecie de areia com limites definidos e regulamento

Houve nesses termos novos processos de regramento

e novos sujeitos passaram a agenciar a relaccedilatildeo do vaqueiro com o animal e o meio conferindo novos sentidos e significados quanto ao ldquodomar a naturezardquo Assim as referecircncias teoacutericas aqui apresentadas nos indicam que a relaccedilatildeo Natureza versus Cultura que demarca o universo da vaquejada tem sido historicamente perpassada por intenccedilotildees e interesses diversos Eacute um domiacutenio fabricado e reinventado por accedilotildees distintas e sujeitos igualmente muacuteltiplos

Com a evoluccedilatildeo deste esporte e sua modernizaccedilatildeo os cavalos nativos foram substituiacutedos por animais considerados de melhor geneacutetica As arenas de vaquejadas foram recebendo melhores estruturas e estas passaram a ser realizadas em parques construiacutedos especificamente para os espetaacuteculos Estes eventos foram conquistando grandes puacuteblicos e movimentando muito dinheiro Ganharam mais visibilidade passando a fazer parte da programaccedilatildeo oficial de eventos locais com divulgaccedilotildees da agenda de atividades ao mesmo tempo em que aumentaram as propagandas das festas em outdoors assim como em paacuteginas da internet dedicadas exclusivamente agrave vaquejada na televisatildeo e nas raacutedios locais Com ares de um grande investimento financeiro teve origem a vaquejada que hoje conhecemos tendo sido transformados mais uma vez os interesses e intuitos em torno dessa relaccedilatildeo em que a ldquonatureza selvagemrdquo eacute domada pelo sujeito vaqueiro Novas negociaccedilotildees portanto tecircm ocorrido em torno da arena NaturezaCultura Ao se estipularem novos regramentos e dada a forma de ldquoespetacularizaccedilatildeordquo adquirida pela vaquejada

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modifica-se tambeacutem o estatuto da interaccedilatildeo entre vaqueiro e natureza sendo as apresentaccedilotildees organizadas de modo que essa mesma interaccedilatildeo seja atrativa para o puacuteblico

Desta forma podemos dividir a evoluccedilatildeo da vaquejada em trecircs momentos a) a vaquejada como atividade pecuaacuteria em que os vaqueiros utilizavam de suas habilidades forccedila e bravura no manejo do gado como as pegas de boi no mato neste aspecto tinha como finalidade a sobrevivecircncia b) a vaquejada como atividade de lazer em que os patrotildees e familiares reuniam os vaqueiros em suas fazendas para realizarem disputas com pequenas premiaccedilotildees para os vencedores e neste aspecto tinha como finalidade o divertimento c) a vaquejada como atividade esportiva grandes eventos com grandes premiaccedilotildees atraindo um enorme puacuteblico e vaqueiros de vaacuterios lugares (cidades e estados) tendo como finalidade o espetaacuteculo

No meu sertatildeo derrubada no fechado derrubada no mato era a soluccedilatildeo comum usual costumeira O derrubar no limpo terreiros e paacutetios de fazenda era divertimento folguedo vadiaccedilatildeo permissiacutevel nos finais da ldquoapartaccedilatildeordquo como espetaacuteculo e precircmios aos dias de campo esgotante e aacutesperos (CASCUDO 1969 p 25)

Como podemos observar nesta citaccedilatildeo a derrubada do

boi no mato pela cauda era a soluccedilatildeo para capturar o animal sendo assim uma praacutetica habitual que fazia parte da rotina dos vaqueiros atividade comum do seu trabalho cotidiano Jaacute a derrubada do boi pela cauda no ldquolimpordquo nas proximidades das fazendas era uma forma de entretenimento uma brincadeira popular que representava um costume tradicional da regiatildeo uma forma de lazer que praticada logo apoacutes o teacutermino do horaacuterio de trabalho

Sendo assim essa praacutetica foi deixando de ser uma atividade do labor mesmo porque com o passar do tempo os bovinos foram sendo criados em espaccedilos cercados e natildeo mais

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soltos no mato de modo que a derrubada de boi pela cauda tornou-se uma atividade de lazer e natildeo mais atividade comum da pecuaacuteria Este lazer foi se modernizando ganhando puacuteblico regras envolvendo grandes premiaccedilotildees e se ganhando contornos de espetaacuteculo Cabe aqui considerarmos que essas transformaccedilotildees natildeo deixam de configurar o ldquoprocesso racionalizanterdquo pelo qual a vaquejada passou com seus novos regramentos e difusatildeo das novas habilidades com a natureza e ao qual podemos acrescentar as diferenciaccedilotildees entre o tempo do trabalho e o tempo de lazer Ou seja esse processo foi inerentemente o de transformaccedilatildeo das percepccedilotildees e sentidos da relaccedilatildeo do vaqueiro com a natureza

32 Natureza versus Cultura e processos civilizadores

Dado esse recorte teoacuterico realizado no intuito de mostrar caracteriacutesticas histoacutericas da vaquejada e de como ela esteve - e continua - alicerccedilada sobre negociaccedilotildees da relaccedilatildeo natureza e cultura faz-se importante uma referecircncia ao trabalho de Norbert Elias (1993) que questiona e problematiza o projeto moderno de isolar o domiacutenio da natureza (o inato) do domiacutenio da cultura da poliacutetica da accedilatildeo humana por fim Eacute sobretudo em sua obra intitulada O Processo Civilizador que encontramos fundamentos para as reflexotildees que trazemos neste estudo Em sua tentativa de subverter dicotomias erigidas no advento da modernidade (dentre as quais podemos exemplificar naturezacultura racionalirracional razatildeoemoccedilatildeo) o autor coloca que a natureza longe de ser reduzida a um domiacutenio antagocircnico agrave cultura foi capaz de exercer um papel fundamental na consolidaccedilatildeo das normas sociais num determinado periacuteodo histoacuterico ao dedicar-se agrave anaacutelise das mudanccedilas histoacutericas que se configuram no que vem a chamar de ldquoprocesso civilizadorrdquo Elias demonstra a intensidade com que essa trajetoacuteria estaacute atrelada a uma transformaccedilatildeo da conduta e da afetividade dos indiviacuteduos

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A mobilidade poliacutetica da natureza em Elias se faz claramente quando ele contempla a mudanccedila lenta de comportamento e da vida afetiva dos povos ocidentais que se daacute a partir do enfraquecimento do sistema feudal em favor de novas estruturas que iratildeo caracterizar a sociedade de corte o que segundo ele permitiu a configuraccedilatildeo de um movimento em direccedilatildeo ao controle do natildeo-racional e portanto do que fazia parte do domiacutenio da natureza Nesse caso especiacutefico as emoccedilotildees e afetividades que na perspectiva da racionalidade moderna representavam pulsotildees que deveriam ser domesticadas e abrandadas pelo indiviacuteduo de modo a atender as regras de conduta e civilidade que estavam se configurando

Elias ressalta que durante a Idade Meacutedia a grande ameaccedila consistia nos atos de violecircncia fiacutesica A Sociedade Cortesatilde ao contraacuterio atraveacutes de seu monopoacutelio estaacutevel de forccedila protegia o indiviacuteduo contra esses ataques suacutebitos e contra a presenccedila da violecircncia fiacutesica em sua vida

ldquoO campo de batalha foi em certo sentido transportado para dentro do indiviacuteduo Parte das tensotildees e paixotildees que antes eram liberadas diretamente na luta de um homem com outro teraacute agora que ser elaborada no interior do ser humano () Os impulsos os sentimentos apaixonados que natildeo podem mais se manifestar diretamente nas relaccedilotildees entre pessoas frequumlentemente lutam natildeo menos violentamente dentro delas contra essa parte supervisora de si mesmardquo (Elias 1993 p203)

Tem-se aiacute um processo de subjetivaccedilatildeo que exige um

exerciacutecio de autocontrole o domiacutenio de si mesmo e da sua proacutepria natureza Eacute justamente nesse processo que o autor percebe os mecanismos atraveacutes dos quais a natureza (emoccedilatildeo pulsotildees afetivas) e racionalidade se imbricam A natureza natildeo se isola portanto na esfera do inato mas decisivamente toma parte nos arranjos sociais e poliacuteticos De forma semelhante compreendemos que o universo da vaquejada reflete bem as

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disputas que se firmam em torno da relaccedilatildeo entre essas duas esferas ainda que se pretendam diacutespares Nas divergecircncias que envolvem a praacutetica a relaccedilatildeo entre natureza e cultura tem sido constantemente mobilizada pode-se dizer mesmo que eacute o cerne de boa parte das argumentaccedilotildees dissidentes que se constroem em torno dela Tanto nas narrativas favoraacuteveis como nas contraacuterias agrave praacutetica ambas natureza e cultura satildeo categorias invocadas sem que no entanto se excluam por completo

Ainda no que tange aos processos civilizatoacuterios destrinchados por Elias e que entendemos que podem ser referenciados na compreensatildeo da loacutegica da vaquejada de suas dinacircmicas podemos tomar como foco o proacuteprio processo de desportivizaccedilatildeo pelo que a atividade passou A propoacutesito o autor tambeacutem tematiza o esporte compreendendo sua gecircnese a partir da loacutegica e da dinacircmica dos processos civilizadores descritos acima Nesse sentido o esporte se configurou como um campo de disciplinamento dos instintos e das pulsotildees e portanto dos elementos atribuiacutedos agrave ldquonaturezardquo Ocorreram mudanccedilas em relaccedilatildeo agraves suas configuraccedilotildees originais de modo a adaptaacute-lo agraves mudanccedilas que estavam surgindo na sociedade Ou seja a desportivizaccedilatildeo enquanto um processo tambeacutem social atendeu aos apelos civilizatoacuterios da sociedade de corte de incorporar regras e coacutedigos que garantissem a domesticaccedilatildeo do corpo e de seus impulsos sobretudo para o controle da violecircncia maacutecula primordial num processo de racionalizaccedilatildeo e psicologizaccedilatildeo Da mesma forma o processo de esportivizaccedilatildeo recente da vaquejada a tornou relativamente menos violenta e com menos riscos tanto para os seus praticantes como para os animais Ao menos foram essas as premissas que justificaram o processo Essas mudanccedilas se deram ao mesmo tempo em que se argumentou o abrandamento de praacuteticas tidas como brutais e portanto anticivilizatoacuterias Contudo veremos que essas tentativas natildeo foram suficientes para abrandar os entraves acerca da praacutetica nem os posicionamentos desfavoraacuteveis

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Existe uma querela constitucional envolvendo a praacutetica da vaquejada Com base em argumentos como o de Silva (2007) os praticantes admiradores e defensores das vaquejadas afirmam o valor cultural dessa atividade aleacutem de reconhececirc-la como atrativa para o incremento do turismo e apontar seus benefiacutecios na movimentaccedilatildeo da economia local e geraccedilatildeo de empregos Esse tipo de abordagem frequentemente destaca que a praacutetica estaacute amparada pelo art 215 sect 1ordm da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que diz que ldquoo Estado garantiraacute a todos o pleno exerciacutecio dos direitos culturais acesso agraves fontes da cultura nacional apoiaraacute e incentivaraacute a valorizaccedilatildeo e a difusatildeo das manifestaccedilotildees culturaisrdquo e que ldquoO Estado protegeraacute as manifestaccedilotildees das culturas populares indiacutegenas e afro-brasileiras e de outros grupos participantes do processo civilizatoacuterio nacionalrdquo Ao mobilizar a dimensatildeo cultural essas perspectivas valorizam o domiacutenio da expressatildeo e accedilatildeo humanas as atribuiccedilotildees de significado feitas pelos indiviacuteduos que participam da praacutetica A importacircncia da vaquejada para a realidade social e para a vida dos sujeitos se constitui assim como um argumento conflituoso em relaccedilatildeo aos discursos que apontam seus malefiacutecios sobretudo quanto aos princiacutepios de defesa da vida animal aspecto que tambeacutem faz parte das definiccedilotildees e poliacuteticas de sustentabilidade

Por outro lado o art 225 sect 1ordm VII qual incumbe ao Poder Puacuteblico proteger a fauna e a flora sendo vedadas na forma da lei as praacuteticas que coloquem em risco sua funccedilatildeo ecoloacutegica provoquem a extinccedilatildeo de espeacutecies ou submetam os animais agrave crueldade Nesse caso eacute a natureza que eacute evocada Importante notar entretanto que esses discursos aparentemente antagocircnicos heranccedila dos jogos dicotocircmicos modernos na verdade se tocam mutuamente se fazem simultacircneos e complementares Verificamos aiacute uma mobilizaccedilatildeo da natureza no seio das relaccedilotildees sociais e vice-versa Natureza e Cultura dialogam assim na esfera do poliacutetico do cotidiano Eacute nesse sentido que nos orientamos teoricamente pelo trabalho de Elias conforme jaacute foi referenciado visto que essas diferentes

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ecircnfases ainda que ambivalentes fazem parte de uma mesma configuraccedilatildeo social e portanto de dinacircmicas civilizatoacuterias pelas quais aprendemos a definir limites de toleracircncia A vaquejada traz esses conflitos de modo muito expliacutecito ateacute que ponto determinadas praacuteticas de manipulaccedilatildeo da natureza podem ser justificadas em nome da cultura Ou ainda sob quais modos a natureza pode ser utilizada de modo a ofuscar aspectos sociais relevantes Assim as coisas da natureza natildeo aparecem desvencilhadas da histoacuteria tampouco eacute um elemento ausente das definiccedilotildees poliacuteticas que pautam a vida dos indiviacuteduos Sob inspiraccedilatildeo dos processos descritos por Elias percebemos a agecircncia da natureza ao mesmo tempo em que a reconhecemos enquanto elemento apropriado pela cultura

No dia 06 de Outubro de 2016 ocorreu mais uma disputa judicial envolvendo a praacutetica O Supremo Tribunal Federal promoveu o debate e dividiu opiniotildees entre apoiadores e criacuteticos da competiccedilatildeo Nesta data foi realizado o julgamento final que teve iniacutecio em agosto de 2015 sobre o projeto de lei estadual do Cearaacute nordm 152992013 que visa regulamentar a vaquejada como praacutetica desportiva e cultural estabelecer as regras para realizaccedilatildeo e fixar os criteacuterios para a competiccedilatildeo obrigando os organizadores a adotarem medidas de seguranccedila para os vaqueiros o puacuteblico e os animais

Para aleacutem de outras questotildees natildeo menos importantes chamou-nos a atenccedilatildeo o teor de algumas dessas medidas que visam a assegurar a integridade fiacutesica dos envolvidos inclusive dos animais o que nos leva a lembrar que a monitoraccedilatildeo e prevenccedilatildeo de riscos foi tambeacutem um exerciacutecio crucial nos projeto civilizatoacuterio descritos por Elias Conforme vimos tal cuidado passou a fazer parte dos processos de psicologizaccedilatildeo e racionalizaccedilatildeo pelos quais a violecircncia fiacutesica tornou-se abjeta Aqui de forma parecida a as ameaccedilas aos corpos satildeo algo a se evitar de modo a natildeo ameaccedilar o esforccedilo de retirar o caraacuteter de crueldade ao qual a vaquejada tem sido associada Nesse caso a capacidade de administrar esses riscos eacute tida como uma forma de adequar agrave praacutetica agraves referecircncias de civilidade

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580

Ao mesmo tempo ao focar no bem-estar de todas as vidas envolvidas as medidas parecem enaltecer a harmonizaccedilatildeo entre o humano e o animal (o que configura inclusive outra dicotomia edificada a partir dos projeto civilizatoacuterio moderno) Por outro lado houve quem reconhecesse em alguns dos comentaacuterios de redes sociais que parte significativa do problema da degradaccedilatildeo ambiental deve-se ao fato do homem natildeo se reconhecer parte da proacutepria natureza sobre a qual atua (no que se reflete a dinacircmica moderna de separaccedilatildeo entre os domiacutenios do humano e da natureza conforme jaacute foi suficientemente dito aqui) Esse eacute um aspecto que tambeacutem aparece nos argumentos que defendem o bem-estar animal natildeo reconhecer-se no animal submetido agraves praacuteticas de crueldade eacute justamente tornar-se desumano

Ainda em 2013 foi declarada no Superior Tribunal Federal (STF) uma accedilatildeo direta de inconstitucionalidade pela Procuradoria Geral da Repuacuteblica (PGR) a fim de obter a suspensatildeo desta lei estadual Nesse caso recorre-se aos laudos recursos amparados pelo saber cientiacutefico (elemento primordial da racionalidade moderna) como forma de apontar o caraacuteter cruel e abjeto da praacutetica Novamente a natureza eacute acionada num plano de discussotildees cujas diretrizes satildeo fundamentalmente humanas e portanto sociais

Os ministros do STF analisaram e julgaram inconstitucional a lei estadual do Cearaacute que regulamentava a vaquejada como praacutetica esportiva e cultural A decisatildeo foi acirrada com apenas um voto de diferenccedila seis votos a cinco Votaram a favor da regulamentaccedilatildeo da praacutetica os seguintes ministros Edson Fachin Gilmar Mendes Teori Zavascki Luiz Fux e Dias Toffoli Contraacuterios os ministros Marco Aureacutelio Mello relator do processo Roberto Barroso Rosa Weber Celso de Mello Ricardo Lewandowisk e Caacutermen Luacutecia O argumento principal destes ministros reforccedilou a adjetivaccedilatildeo da vaquejada como uma praacutetica baacuterbara e cruel pela qual os animais satildeo expostos a maus-tratos e agressatildeo impondo sofrimento agrave espeacutecie e ferindo deste modo princiacutepios constitucionais de preservaccedilatildeo do meio ambiente Para o grupo a

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581

proteccedilatildeo ao meio ambiente deveria se sobrepor ao valor cultural da praacutetica

Segundo Marcos Lima vice-presidente da ABVAQ satildeo mais de 700 provas por ano apenas no estado do Cearaacute movimentando cerca de R$ 14 milhotildees de reais ao passo que em todo o Brasil satildeo cerca de 4 mil vaquejadas realizadas o que movimenta aproximadamente 600 milhotildees de reais As festas chegam a reunir 60 mil pessoas por dia de prova ldquoA vaquejada eacute algo que estaacute na nossa cultura haacute mais de 100 anos Haacute uma forte geraccedilatildeo de empregos algo em torno de 600 mil pessoas que dependem de certa forma da economia que a vaquejada movimentardquo ele complementa

Haacute nessa declaraccedilatildeo a referecircncia a uma relaccedilatildeo do homem nordestino com a natureza e o meio ambiente que traz importantes impactos para a sua sobrevivecircncia no que o comentarista destaca inclusive o caraacuteter histoacuterico dessa relaccedilatildeo Nesse caso a tradiccedilatildeo e a histoacuteria justificam a praacutetica E se num comentaacuterio anterior desfavoraacutevel agrave vaquejada o narrador referiu-se a recursos legitimados pelo saber cientiacutefico (os laudos que certificavam as agressotildees aos animais) nesta uacuteltima declaraccedilatildeo o comentarista igualmente se utiliza de instrumentos apoiados na racionalidade apontando por exemplo a adequabilidade da praacutetica agraves exigecircncias sanitaacuterias em vigor A obediecircncia agraves regras portanto torna-se uma justificativa para que esse modo de relacionar-se com a natureza seja aceito

A decisatildeo do STF teve grande repercussatildeo nas redes sociais Foram vaacuterias postagens e publicaccedilotildees a respeito da questatildeo gerando bastante polecircmica e discussotildees acaloradas inclusive com xingamentos e ameaccedilas entre os usuaacuterios das redes No dia 11 de outubro de 2016 cinco dias apoacutes a decisatildeo ocorreram diversas manifestaccedilotildees nas ruas de vaacuterias cidades do Brasil em que trabalhadores da vaquejada e simpatizantes protestaram contra a proibiccedilatildeo da atividade no Cearaacute Jaacute no dia 25 do mesmo mecircs ocorreu em Brasiacutelia um ato a favor da praacutetica Vaqueiros criadores donos de parques profissionais da aacuterea

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artistas e amantes da vaquejada de todas as regiotildees do paiacutes se reuniram na Esplanada dos Ministeacuterios durante todo o dia em defesa da legalizaccedilatildeo da atividade Aleacutem de uma grande cavalgada aconteceram atos poliacuteticos shows musicais e apresentaccedilatildeo de proposta de regularizaccedilatildeo da vaquejada ao senado Essas manifestaccedilotildees mostram mais uma vez a articulaccedilatildeo entre natureza e cultura enquanto um objeto eminentemente poliacutetico visto que eacute um dos fundamentos de todo projeto de sociedade Sobre esta proposta os senadores votaram e aprovaram no

dia 01 de novembro deste ano o Projeto de Lei da Cacircmara (PLC

242016)2 que define a vaquejada o rodeio e expressotildees artiacutestico-

culturais como manifestaccedilatildeo cultural nacional e de patrimocircnio

cultural imaterial A proposta foi enviada para votaccedilatildeo de urgecircncia

pelo Plenaacuterio e segue agora para sanccedilatildeo presidencial Os

parlamentares destacaram a tradiccedilatildeo e a importacircncia das

vaquejadas e rodeios para a economia regional principalmente

nordestina afirmando que a praacutetica vem se aperfeiccediloando

reduzindo significativamente os possiacuteveis sofrimentos dos animais

Esse foi um importante passo para a regulamentaccedilatildeo da

Vaquejada

4 CONCLUSOtildeES

O estudo trata de questotildees que ao mesmo tempo em que se configuram como problemas antigos natildeo deixam de ser urgentes Natildeo podemos por exemplo compreender as premissas dos significados atuais de sustentabilidade sem refletirmos sobre a maneira como convocamos a relaccedilatildeo naturezacultura em nossa realidade social do mesmo modo que sabemos que o estiacutemulo a esse debate varia imensamente

2Disponiacutevel em httpswww25senadolegbrwebatividadematerias-materia125802 ltAcesso em 13 nov 2016gt

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583

de acordo com as forccedilas poliacuteticas que gerenciam nosso cotidiano

Conforme foi sugerido no desfecho do toacutepico anterior toda forma de organizaccedilatildeo social articula de acordo com os princiacutepios que deseja reafirmar ou das transformaccedilotildees que pretende estimular a relaccedilatildeo entre natureza e cultura Como pudemos ver esses satildeo domiacutenios intercambiaacuteveis sendo igualmente apropriados nos projetos de sociedade Cabe-nos portanto um olhar criacutetico a respeito de como essas duas esferas tecircm sido negociadas nesses processos

Natildeo podemos aprofundar essas discussotildees sem estarmos atentos a nossos mecanismos de racionalizaccedilatildeo da natureza o que jaacute se traduz como um aspecto propriamente histoacuterico e cultural Afinal sabemos que muitos discursos e praacuteticas opressoras e de reproduccedilatildeo de desigualdades continuam sendo edificados a partir de argumentos biologizantes do mesmo modo que graves conflitos gerados no plano das interaccedilotildees humanas seguem pensados como se fossem ldquonaturaisrdquo

Vemos a necessidade de a partir dessas reflexotildees analisarmos criticamente o que tem orientado nossos projetos civilizadores nossa compreensatildeo dos mecanismos pelos quais graves problemas sociais satildeo mantidos e que agentes e interesses poliacuteticos tecircm se beneficiado deles Por fim avaliar as formas como temos nos apropriado e significado ldquoculturardquo e ldquonaturezardquo e de que as accedilotildees pelas quais esses significados satildeo operacionalizados tecircm impactado nosso cotidiano

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ABVAQ Associaccedilatildeo Brasileira de Vaquejada Acesso em 5 de maio de 2016 Disponiacutevel em httpwwwabvaqcombr AIRES Francisco Janio Filgueira O ldquoespetaacuteculo do cabra machordquo um estudo sobre o vaqueiro nas vaquejadas no Rio Grande do Norte Natal RN 2008 CAcircMARA CASCUDO Luiacutes da A vaquejada nordestina e sua origem Natal Fundaccedilatildeo Joseacute Augusto 1976

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CHIZZOTTI Antonio Pesquisa em ciecircncias humanas e sociais Satildeo Paulo Cortez 2006 Da SILVA Gilnara Karla Nicolau AZEVEDO Francisco Fransualdo Consumo versus cultura a vaquejada utilizada como instrumento para a reproduccedilatildeo do capital em macaiacuteba-RN Revista de Geografia (UFPE) V 31 No 3 2014 ELIAS Norbert O Processo Civilizador Rio de Janeiro Jorge Zahar vol 1 e 2 1993 LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Metodologia qualitativa e quantitativa In Metodologia Cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 2008 NORONHA Daisy Pires FERREIRA Sueli Mara S P Revisotildees de literatura In CAMPELLO Bernadete Santos CONDOacuteN Beatriz Valadares KREMER Jeannette Marguerite (orgs) Fontes de informaccedilatildeo para pesquisadores e profissionais Belo Horizonte UFMG 2000 SILVA Thomas de Carvalho A praacutetica da Vaquejada agrave luz da Constituiccedilatildeo Federal Revista acircmbito juriacutedico 2007 STF NAtildeO ACOMPANHOU EVOLUCcedilAtildeO DA VAQUEJADA Disponiacutevel em httpg1globocomcearanoticia201610stf-nao-acompanhou-evolucao-da-vaquejada-diz-associacao-no-cearahtml

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EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL

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CAPIacuteTULO 33

A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS ESCOLAS

PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB

Damiana Justino ARAUacuteJO1

Joatildeo Henrique Constantino Sales SILVA2

Vecircnia Camelo de SOUZA3 Gilvaneide Alves de AZEREDO4

1 Graduanda do curso de Licenciatura em Ciecircncias Agraacuterias UFPB 2Graduando do curso de Bacharelado em Agroecologia UFPB 3 Colaboradora Professora do DCBS - CCHSA UFPB

4 OrientadoraProfessora do DA - CCHSAUFPB damianaaraujo18gmailcom

RESUMO O ensino de botacircnica tem se mostrado um desafio

para os educadores das escolas puacuteblicas diante da falta de

motivaccedilatildeo dos discentes e da complexidade de termos teacutecnicos

que envolvem esta ciecircncia A quantidade de sinoniacutemias assusta

os discentes e a carecircncia de aulas praacuteticas faz com que os

alunos odeiem essa aacuterea de conhecimento desestimulando-os

a cada diaA falta de contextualizaccedilatildeo do conteuacutedo e falta da

conexatildeo entre a botacircnica e o meio onde os estudantes estatildeo

inseridos satildeo motivos reais que levam os estudantes a ter

aversatildeo pela Botacircnica Este trabalho visa relatar a experiecircncia

obtida em duas escolas puacuteblicas de Bananeiras e Solacircnea PB

mediante o Projeto ldquoProlicenrdquo da UFPB intitulado ldquoBotacircnica

como instrumento de educaccedilatildeo ambientalrdquo cujas metas satildeo

aproximar os estudantes com o meio ambiente onde estatildeo

inseridos fazendo com que associem o conteuacutedo com praacuteticas

de educaccedilatildeo ambiental levando-os a observar e a refletir sobre

o seu papel na natureza A partir de diversas aulas praacuteticas e

dinacircmicas em sala de aula pode-se concluir que o contato dos

A BOTAcircNICA E A EDUCACcedilAtildeO AMBIENTAL CAMINHANDO JUNTAS NAS ESCOLAS PUacuteBLICAS DE BANANEIRAS E SOLAcircNEA-PB

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discentes com os vegetais e a natureza como um todo

proporcionam a participaccedilatildeo efetiva dos discentes nas aulas de

Botacircnica aumentando o seu interesse com o surgimento de

perguntas tornando-os seres ativos e conscientes capazes de

compreender a importacircncia dos vegetais e sua necessidade de

preservaccedilatildeo

Palavras-chaves Escolas puacuteblicas Natureza Prolicen

1 INTRODUCcedilAtildeO

A definiccedilatildeo de Botacircnica segundo Santos (2006) pode

ser algo extremamente simples De forma geral e sucinta a

Botacircnica pode ser entendida como ldquoo ramo da Biologia que trata

da vida das plantasrdquo Em outras palavras ela tem o interesse em

estudar todos os aspectos ndash morfoloacutegicos fisioloacutegicos

classificatoacuterios geneacuteticos etc ndash de um ser vivo que eacute

basicamente pluricelular eucarioacutetico e que realiza fotossiacutentese

No Ensino Fundamental e Meacutedio o ensino de Botacircnica eacute

pouco valorizado e vem sendo marcado por uma seacuterie de

problemas entre os mais evidentes estaacute a falta de interesse do

educando pelo conteuacutedo que ocorre devido a falta da relaccedilatildeo

diretamente do ser humano com as plantas As dificuldades em

se ensinar e consequentemente em se aprender Botacircnica

tornam a ldquoCegueira botacircnicardquo mais evidente tanto entre os

estudantes quanto professores (STANSKI et al 2012) Desse

modo a aquisiccedilatildeo do conhecimento em Botacircnica eacute prejudicada

natildeo somente pela falta de estiacutemulo em observar e interagir com

as plantas como tambeacutem pela precariedade de equipamentos

meacutetodos e tecnologias que possam ajudar no aprendizado

(ARRUDA amp LABURUacute 1996 CECCANTINI 2006)

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No Brasil o ensino da Botacircnica apresenta-se ainda

voltado para exposiccedilatildeo didaacutetica dos conteuacutedos o que vem a

desmotivar e dificultar o aprendizado dos alunos Normalmente

para o ensino desse conteuacutedo natildeo satildeo utilizados

procedimentos que permitam o contato dos alunos com os

vegetais o que tornam maiores as dificuldades em se ensinar

e consequentemente em se aprender Botacircnica Faz-se

necessaacuterio desenvolver accedilotildees com alunos na interface com o

ensino e a pesquisa qualificando o processo de aprendizagem

e visando ao acreacutescimo de conhecimentos sobre a flora e suas

diversificaccedilotildees Segundo Figueiredo et al (2012) o estudo de

Botacircnica eacute muitas vezes realizado sem referecircncias agrave vida do

aluno O que se aprende na escola normalmente eacute uacutetil para se

fazer provas e a vida fora da escola eacute outra coisa

Atualmente a botacircnica eacute trabalhada nos diferentes niacuteveis

de educaccedilatildeo no intuito de desenvolver habilidades para

compreensatildeo do papel das plantas na natureza A botacircnica eacute

de suma importacircncia uma vez que tambeacutem envolve temas de

niacuteveis globais como preservaccedilatildeo de biomas e ecossistemas

Entretanto o ensino e o aprendizado desta aacuterea na educaccedilatildeo

baacutesica tem sido tema de discussotildees sendo salientadas as

dificuldades existentes natildeo soacute para os alunos mas tambeacutem

para os professores (Costa 2015)

Muggler et al (2006) afirmam que em geral as pessoas

natildeo percebem que o meio ambiente eacute resultado do

funcionamento integrado de seus vaacuterios componentes e

portanto a intervenccedilatildeo sobre qualquer um deles estaraacute

afetando o todo Carrillo e Biondi (2007) verificaram em

atividades de educaccedilatildeo ambiental nas escolas rurais que os

alunos tecircm uma visatildeo segmentada a respeito do meio

ambiente assim como uma marcada dissociaccedilatildeo entre o

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ambiente natural e construiacutedo Assim os educandos e

educadores devem reconhecer a importacircncia de trabalhar com

o ambiente local inserindo a Educaccedilatildeo Ambiental no cotidiano

escolar como praacutetica que contribuam para que os indiviacuteduos

possam compreender refletir e atuar sustentavelmente no meio

em que estatildeo inseridos formando cidadatildeos criacuteticos e ativos

perante as diversas situaccedilotildees do cotidiano que englobam as

questotildees ambientais (PROENCcedilA 2010)

Educaccedilatildeo Ambiental eacute um tema amplamente debatido na

atualidade juntamente com a ideia de ldquosustentabilidaderdquo E

para a garantia de uma relaccedilatildeo sustentaacutevel da sociedade com

o ambiente o desenvolvimento de praacuteticas de educaccedilatildeo

ambiental coloca-se como estrateacutegia para a reversatildeo de

processos de degradaccedilatildeo assim como na construccedilatildeo de

valores conhecimentos habilidades atitudes e competecircncias

voltadas para a conservaccedilatildeo do meio ambiente (PESSOA et al

2013)

Torna-se imprescindiacutevel adotar novas estrateacutegias de

ensino que estimulem o corpo discente a aprender Botacircnica e

a perceber que esta ciecircncia faz parte de sua vida cotidiana

Aulas praacuteticas que envolvam os estudantes satildeo de extrema

importacircncia pois eacute a partir do contato direto com a natureza

seja na construccedilatildeo de uma horta escolar no plantio poda

produccedilatildeo de mudas acompanhamento do crescimento

observaccedilatildeo e experimentaccedilatildeo sobre os oacutergatildeos das plantas

suas utilidades e suas funccedilotildees que o alunado despertaraacute o

interesse e aprenderaacute o conteuacutedo

Diante do exposto este trabalho visa relatar a

experiecircncia obtida em duas escolas puacuteblicas de Bananeiras e

Solacircnea PB mediante o Projeto ldquoProlicenrdquo da UFPB intitulado

ldquoBotacircnica como instrumento de educaccedilatildeoambientalrdquo

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2 MATERIAIS E MEacuteTODO

O trabalho teve iniacutecio no mecircs de julho de 2016 em duas

escolas puacuteblicas localizadas em Bananeiras e em Solacircnea Em

Bananeiras a Escola Municipal de Ensino Fundamental Antocircnio

Coutinho de Medeiros e em Solacircnea a Escola Estadual Alfredo

Pessoa de Lima (POLO) Inicialmente foram contactadas as

referidas instituiccedilotildees de ensino para apresentar e explicar os

objetivos do projeto e apoacutes anuecircncia de ambas deu-se iniacutecio

a sua execuccedilatildeo As etapas deste trabalho podem ser assim

divididas

Atividade 1 Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio sobre os

conhecimentos preacutevios dos discentes sobre Botacircnica

Antes de dar iniacutecio as aulas propriamente ditas sobre os

vegetais foi aplicado previamente um questionaacuterio junto aos

discentes contendo perguntas abertas e fechadas visando

avaliar os conhecimentos destes com relaccedilatildeo ao ensino de

Botacircnica

Atividade 2 Aula sobre a importacircncia dos vegetais

A partir do questionaacuterio analisado abordou-se o tema

ldquoimportacircncia dos vegetaisrdquo em sala de aula com recortes de

plantas selecionadas e que foram entregues aos alunos para

que eles procedessem a colagem em cartazes e discutissem

em grupo sobre elas

Essa aula que versava sobre a importacircncia dos vegetais

tambeacutem foi dada na horta de uma das escolas aonde foi

colocada para os alunos a existecircncia da diversidade vegetal

em nosso planeta alguns conceitos baacutesicos cujo assunto foi

debatido pelos alunos em uma conversa informal e participativa

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Atividade 3 Aula raiz e caule

Foram dadas aulas tambeacutem sobre a morfologia vegetal

dos oacutergatildeos vegetativos raiz e caule Na aula sobre raiz foram

levados para a sala de aula diferentes tipos de raiacutezes tuberosas

(mandioca batata doce) ou natildeo (raiz axial ou fasciculada de

plantas coletadas na proximidade das escolas)

Em ambas as escolas foi preparada uma dinacircmica em

sala de aula dividindo-se a turma em duas equipes visando

trabalhar o tema caule e tambeacutem raiz Foram levados vaacuterios

potes de plaacutestico identificados com os nomes dos oacutergatildeos

vegetativos e reprodutivos e diferentes tipos de raiacutezes caules

e misturado a esses exemplaresflores frutos e sementes para

que os alunos nesta dinacircmica pudessem identificar e levar

para o referido pote cada oacutergatildeo vegetal presente na mesa

Atividade 4 Aula sobre folha

A aula sobre folha foi iniciada com um questionamento

aos discentes sobre a importacircncia e as funccedilotildees desse oacutergatildeo

vegetativo para em seguida se fazer uma explanaccedilatildeo geral

sobre a folha (caracteriacutesticas funccedilotildees tipos de folha

importacircncia nos processos fisioloacutegicos) Foi tambeacutem

confeccionado pelos discentes um aacutelbum de folhas sendo

estas coletadas pelos proacuteprios alunos no entorno da escola

Para o desenvolvimento desta atividade foram utilizadas

cartolinas papel ofiacutecio e giz de cera Na montagem do aacutelbum

as cartolinas e os papeacuteis foram recortados em tamanhos iguais

e grampeados Embaixo do papel colocou-se a folha do

vegetal e sobre o papel o aluno passava lentamente o laacutepis de

cera atingindo toda a superfiacutecie da folha da planta ateacute surgir um

desenho semelhante agrave folha verdadeira mostrando todas as

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suas divisotildees Em seguida os alunos informaram no referido

desenho o nome de cada parte constituinte da folha

Atividade 5Aula sobre flor

A aula sobre flor foi desenvolvida a partir da seguinte

pergunta quais satildeo as partes de uma planta Aleacutem de citarem

todas as suas partes mencionaram tambeacutem algumas partes da

folha como peciacuteolo e nervuras Quando foi falado flor esta foi

destacada e foi feita a seguinte pergunta qual a principal funccedilatildeo

da flor A partir daiacute foram abordados diferentes conceitos como

oacutergatildeo reprodutivo gametas masculino e feminino ovaacuterio oacutevulo

polinizaccedilatildeo etc Os discentes tambeacutem puderam dissecar

diferentes tipos de flores fazendo a colagem de suas estruturas

no papel e identificando-as em seguida cada parte constituinte

desse oacutergatildeo reprodutivo

Atividade 6 Visita dos discentes da Escola Antocircnio Coutinho

Bananeiras PB ao Campus III

Os alunos desta Escola do municiacutepio de Bananeiras

devido a pequena distacircncia entre a UFPB e a escola foram

conduzidos pelos professores bolsistas e voluntaacuterios a UFPB

Campus III Bananeiras para conhecer o Setor de Agricultura

Atividade 7 Aula sobre produccedilatildeo de mudas no Viveiro do

CCHSA

A atividade relacionada com a produccedilatildeo de mudas de

espeacutecies nativas contou com a participaccedilatildeo de discentes da

Escola Antonio Coutinho do Ensino Fundamental I no Setor de

Agricultura do Campus III BananeirasPB atividade essa que

foi dividida em dois dias No primeiro dia antes de iniciar a

praacutetica no viveiro eles foram conduzidos pelo Setor de

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Agricultura aonde lhes foram apresentados diferentes tipos de

caule aacutervores existentes no local com foco nas nativas e por

uacuteltimo a ldquomandalardquo onde eles puderam ver uma produccedilatildeo

integrada de peixes aves hortaliccedilas No segundo dia os

alunos ao chegarem ao Viveiro tambeacutem pertencente ao Setor

de Agricultura foram recepcionados pelos bolsistas e

voluntaacuterios do Projeto Na ocasiatildeo lhes foi explicado sobre a

importacircncia de se produzir aacutervores florestais nativas Foram

apresentadas aos discentes diversas sementes florestais para

que os mesmos se familiarizassem com as mesmas antes da

semeadura Foram explicados aos discentes sobre alguns

conceitos que envolvem a produccedilatildeo de mudas tais como

preparaccedilatildeo de substrato recipientes escarificaccedilatildeo da

semente dormecircncia irrigaccedilatildeo etc

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Apoacutes a anaacutelise dos questionaacuterios aplicados junto aos

discentes verificou-se na escola do Ensino Meacutedio que 69 jaacute

tinham ouvido falar em Botacircnica enquanto que na escola do

Ensino Fundamental (4ordm e 5ordm anos) 100 nunca tinham ouvido

falar o que eacute compreensiacutevel pela idade dos estudantes e pela

quadro de disciplinas que envolvem a grade curricular dessa

seacuterie Quando foi perguntado aos estudantes do ensino meacutedio

sobre o que entendiam por educaccedilatildeo ambiental 62 natildeo

responderam e 38 disseram ldquoRespeito pelo meio ambiente

conscientizaccedilatildeo e conservaccedilatildeo do meio ambienterdquo Na turma

do ensino fundamental 100 natildeo respondeu Devido a estas

lacunas existentes seja no ensino meacutedio eou fundamental e

pela importacircncia da Botacircnica no nosso dia a dia foi dada uma

aula sobre a importacircncia dos vegetais O assunto foi debatido

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em sala de aula com imagens de plantas recortadas entregues

aos alunos para que eles procedessem a colagem em cartazes

e discutissem o assunto com os colegas Os alunos debateram

em grupo relatando as funccedilotildees das plantas e suas utilidades

para o homem e para o planeta como um todo Nos cartazes

as utilidades das plantas foram divididas em alimentaccedilatildeo

vestuaacuterio decoraccedilatildeo ornamentaccedilatildeo sauacutede cosmeacuteticos

utensiacutelios e meio ambiente

Na aula sobre a importacircncia das plantas as monitoras

conduziram os discentes para uma horta pertencente a uma das

escolas e na ocasiatildeo os discentes relataram que a Botacircnica

utiliza termos e palavras difiacuteceis de compreender tornando o

assunto pouco interessante De acordo com Luna et al (2016)

algumas razotildees histoacutericas e culturais criaram um ensino da

botacircnica descritivo com exagerada densidade leacutexica pouco

atrativa e difiacutecil ensino-aprendizado Poreacutem foi passado para

os alunos que o seu estudo eacute importante pois o nosso planeta

necessita das plantas e que elas satildeo importantes para a nossa

existecircncia

As aulas sobre raiz e caule tiveram inicio levantando-se

questotildees aos alunos a exemplo de o que eacute uma raiz eou

caule Alguns alunos natildeo responderam outros disseram natildeo

saber enquanto alguns poucos demonstraram natildeo estar

interessados na aula Respondendo a essa questatildeo foi

explicado aos alunos que tanto a raiz quanto o caule satildeo oacutergatildeos

considerados vegetativos pois se relacionam com funccedilotildees de

absorccedilatildeo fixaccedilatildeo conduccedilatildeo de nutrientes e de aacutegua etc Fez-

se uso de uma pequena planta para demonstraccedilatildeo e nesse

momento os alunos foram questionados sobre a importacircncia

de ambos os oacutergatildeos Em relaccedilatildeo ao caule uns afirmaram que

essa estrutura eacute importante para ldquosegurar as folhasrdquo enquanto

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outros aluna ressaltaram a importacircncia econocircmica do caule

sendo essa uma estrutura comestiacutevel de algumas plantas Em

seguida foi repassado para os alunos que existem diferentes

tipos de caule e que estes estatildeo separados em trecircs grupos

aeacutereo subterracircneo e aquaacutetico dando exemplos de cada tipo e

as partes que constituem o caule Como forma de estimular a

participaccedilatildeo dos estudantes bem como de avaliar a

aprendizagem desses foi desenvolvida em sala uma dinacircmica

visando diferenciar os oacutergatildeos vegetativos e reprodutivos

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica sobre os oacutergatildeos vegetativos

e reprodutivos foram levados para a sala de aula potes de

plaacutestico com as denominaccedilotildees de raiz caule flor fruto e

semente ldquoFig (1)rdquo vaacuterios tipos de raiacutezes (batata doce

beterraba cenoura raiz simples) e vaacuterios tipos de caule (batata

inglesa cebola alho caule de gramiacutenea (colmo) gengibre

flores e alguns frutos Todo esse material foi misturado para que

os alunos durante a dinacircmica separassem cada item e

colocassem no pote respectivo e para aquele que natildeo se

enquadrava em nenhum dos potes deixava-se de fora

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596

Figura 1 Dinacircmica em sala de aula sobre oacutergatildeos vegetais

Fonte Elaborada pelo autor

Em uma das turmas do ensino meacutedio os alunos foram

divididos em dois grupos Cada grupo teve que separar os

diferentes oacutergatildeos das plantas e colocaacute-las nos respectivos

recipientes Os monitores misturaram sobre a mesa frutos

(laranja limatildeo manga etc) flores sementes raiacutezes e caules

de forma intencional para averiguar a reaccedilatildeo dos discentes E

as equipes discutiam entre si dizendo que tal item natildeo

pertencia a nenhum dos potes

Os grupos de alunos deram iniacutecio agrave separaccedilatildeo de cada

item e durante a dinacircmica eram feitas observaccedilotildees por parte

dos monitores quando da colocaccedilatildeo de cada oacutergatildeo no pote No

caso da cenoura batata doce e a raiz comum e no caso do

caule aeacutereo de uma planta herbaacutecea e caule de gramiacutenea os

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597

discentes se sentiam seguros ao colocar no pote determinado

oacutergatildeo entretanto as maiores duacutevidas foram com o alho cebola

e batata inglesa Pocircde-se perceber que a duacutevida quanto ao alho

e cebola decorreu do fato de ambos apresentarem uma

estrutura diferente daquelas que os alunos tinham em mente do

que era caule jaacute com relaccedilatildeo agrave batata inglesa essa duacutevida

ocorreu devido ao fato de os discentes acharem ela semelhante

a batata doce e pelo fato de jaacute terem conhecimento naquela

ocasiatildeo de que a batata doce era uma raiz Dessa forma

devido a essa semelhanccedila segundo os alunos entre ambas

pairou esta duacutevida em relaccedilatildeo aonde se encaixava a batata

inglesa em termos de oacutergatildeo da planta Durante as discussotildees

sobre essa questatildeo alguns alunos fizeram questionamentos

eou afirmaccedilotildees como por exemplo ldquose a batata doce eacute raiz a

batatinha tambeacutem eacuterdquo E questionamentos como ldquopor que a

batata doce eacute raiz e a batatinha eacute caulerdquo

Em uma das turmas como natildeo houve divisatildeo em grupos

diante da pequena quantidade de alunos estes apesar de

indecisos colocaram os frutos no pote como sendo caule Na

turma em que houve a competiccedilatildeo houve um empate em

relaccedilatildeo ao nuacutemero de erros e acertos e apenas um integrante

do segundo grupo se recusou a colocar os frutos nos potes

afirmando que laranja e limatildeo eram frutos e natildeo poderiam ser

classificados como caules nem como raiacutezes dando a vitoacuteria ao

seu grupo

Durante a visita ao Campus III numa aacuterea denominada

ldquoMandalardquo os discentes tiveram a oportunidade de ver

diferentes culturas jaacute instaladas nesta aacuterea de plantio e

puderam tambeacutem verificar e diferenciar os diferentes tipos de

raiacutezes e caules existentes na aacuterea como tambeacutem na praccedila

dentro do Campus Ali em uma roda de conversa foi iniciada

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598

uma aula praacutetica e interativa sobre os oacutergatildeos vegetativos (raiz

e caule) responsaacuteveis pela fixaccedilatildeo da planta ao solo e pela

sustentaccedilatildeo da copa folhas flores e frutos Puderam visualizar

os mais variados tipos de caules aeacutereos com formatos

diferentes Foi destacada para os discentes a importacircncia do

caule como oacutergatildeo de conduccedilatildeo de seiva e armazenamento

aleacutem da sua importacircncia econocircmica Embora muitas vezes

possa passar despercebido as plantas estatildeo presentes em

praticamente todos os ambientes que habitamos por vezes ateacute

junto de nossos lares temos uma folhagem que apreciamos por

embelezar e perfumar o ambiente tornando-o mais agradaacutevel

de conviver (SEMPREBON amp SANTOS 2016)

A aula sobre folha foi iniciada com um questionamento

aos alunos sobre a sua importacircnciafunccedilatildeo na planta Na

ocasiatildeo alguns responderam ldquopara fazer sombrardquo e um outro

falou ldquoque natildeo servia para nadardquo Neste momento o

questionamento foi direcionado para este aluno com a seguinte

pergunta vocecirc jaacute ouviu falar em fotossiacutentese A partir de sua

resposta que foi sim foi perguntado o que ele sabia sobre o

assunto e ele respondeu o seguinte ldquoo sol bate na planta pra

ela crescerrdquo Foi perguntado para este aluno em qual parte da

planta o sol atinge de forma mais eficiente E todos

responderam ldquofolhardquo Entatildeo a primeira pergunta foi reformulada

da seguinte forma qual a importacircncia da folha para a planta E

eles responderam ldquofotossiacutentese e respiraccedilatildeordquo Posteriormente

essas respostas foram complementadas de maneira

simplificada pelos monitores Ao teacutermino dessa explanaccedilatildeo e

utilizando vaacuterias folhas colhidas pelos proacuteprios estudantes na

escola foram mostrados os diferentes tipos de folhas e as

partes que constituem cada tipo Posteriormente foi

desenvolvida em sala de aula uma atividade (foi dito aos

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599

discentes que essa atividade valeria um ponto para a disciplina

de Biologia) e isto fez com que eles ficassem mais

concentrados e demonstrassem maior interesse pela atividade

Na pesquisa realizada por Bizotto et al (2016) foi possiacutevel notar

que para grande parte dos alunos as aulas de botacircnica no

Ensino Meacutedio eram desinteressantes natildeo levando a qualquer

tipo de reflexatildeo mais elaborada e demandando quantidade

substancial de memorizaccedilatildeo de termos e nomes de grupos

taxonocircmicos

Segundo Arrais et al (2014) a transmissatildeo de

conhecimentos em biologia especialmente em botacircnica eacute

prejudicada natildeo somente pela falta de estiacutemulo em observar e

interagir com as plantas como tambeacutem pela ausecircncia de

condiccedilotildees baacutesicas que possam auxiliar no aprendizado

Nessa atividade os discentes confeccionaram

individualmente um aacutelbum de folhas contendo desenhos dos

mais variados tipos encontrados e no desenho destacaram as

suas principais partes ldquoFig (2)rdquo

Figura 2 Confecccedilatildeo de aacutelbum de folhas

Fonte Elaborada pelo autor

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600

Observou-se durante as aulas que nos momentos em

que houve exposiccedilatildeo do conteuacutedo e praacutetica logo em seguida

houve uma maior participaccedilatildeo dos alunos e estes

demonstraram maior interesse pelo assunto discutido e

consequentemente maior aprendizagem ao contraacuterio do que

se observa quando haacute apenas a exposiccedilatildeo teoacuterica

Eacute fundamental dinamizar e utilizar recursos

metodoloacutegicos multivariados capazes de proporcionar

inclusive o contato direto com as plantas em seu ecossistema

natural destacando as suas funccedilotildees os seus aspectos

ecoloacutegicos a sua distribuiccedilatildeo a diversidade e caracteriacutesticas

morfoloacutegicas dentre outros aspectos que geralmente satildeo

colocados de forma maccedilante na teoria e natildeo satildeo vistos na

praacutetica Ressaltamos neste caso as dificuldades que os alunos

podem apresentar quando apenas um recurso didaacutetico eacute

utilizado e a importacircncia de levar em consideraccedilatildeo as

diferentes percepccedilotildees que cada recurso pode proporcionar

facilitando tanto oensino quanto a aprendizagem (Melo et al

2012)

No viveiro os alunos receberam as sementes das

seguintes espeacutecies florestais madeira nova (Pterogynenitens)

timbauacuteva (Enterolobium contortisiliquum) e saboneteira

(Sapindus saponaria) estas espeacutecies iriam ser semeadas

poreacutem necessitavam de escarificaccedilatildeo cujo processo foi

efetuado com lixa meacutetodo que consiste em promover a ruptura

do tegumento a fim de facilitar a entrada de aacutegua e permitir a

germinaccedilatildeo daquelas sementes que apresentam dormecircncia

condiccedilatildeo que dificulta ou impede a germinaccedilatildeo Para o

desenvolvimento desta praacutetica foram reutilizados sacos

plaacutesticos de 1kg de arroz feijatildeo e accediluacutecar recolhidos no

restaurante universitaacuterio do CCHSA UFPB Estes sacos foram

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601

perfurados na base visando o escoamento da aacutegua para evitar

encharcamento durante o processo de irrigaccedilatildeo Durante essa

atividade todos os alunos demonstraram interesse de modo

que todos participaram do inicio ao fim

Concluiacuteda esta fase do trabalho os discentes encheram

os saquinhos com o substrato previamente preparado (terra +

esterco) na proporccedilatildeo 31 e apoacutes enchimento ldquoFig (3) os

discentes procederam a irrigaccedilatildeo dos mesmos e quando todos

ficaram bem molhados os alunos foram orientados a fazer

orifiacutecios em torno de 2cm de profundidade no substrato para

proceder a semeadura das sementes E soacute depois que todos os

recipientes foram semeados eacute que procedeu-se o fechamento

dos orifiacutecios com terra garantindo dessa forma que cada

saquinho fosse semeado apenas uma vez Ao teacutermino desta

praacutetica cada aluno recebeu uma muda de uma espeacutecie florestal

cultivada no Viveiro da Universidade

Figura 3 Produccedilatildeo de mudas no Viveiro do CCHSA UFPB

Bananeiras

Fonte Elaborada pelo autor

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602

Em seu trabalho Matos et al (2015) observou que as

praacuteticas tornaram as aulas mais proveitosas facilitando a

comunicaccedilatildeo entre os alunos e tambeacutem entre o professor e os

alunos pois esta parceria e troca de conhecimento contribui

para a assimilaccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento em Botacircnica

Jaacute de acordo com Albino et al (2016) nossos alunos necessitam

de aulas mais instigantes e que estudos in loco de alguns

conteuacutedos melhora o aprendizado pelo fato de colocar o aluno

diretamente em contato com seu objeto de estudo Segundo

ele os alunos ficaram surpresos quando souberam na palestra

que o sabonete utilizado no banho vem do conhecimento

botacircnico deixando a aula mais dinacircmica despertando a

curiosidade dos mesmos Ainda segundo esse autor a

utilizaccedilatildeo de imagens criativas comparar de forma sucinta o

conteuacutedo com a rotina dos alunos em seu dia-a-dia instigar os

mesmos haacute falarem um pouco sobre o conhecimento popular

que eles herdaram de seus familiares e levar para sala de aula

um pouco de ciecircncia

4 CONCLUSOtildeES

Foi percebido que o ensino de Botacircnica nas escolas

enfrenta grandes obstaacuteculos ao ser repassado e assimilado

pelos discentes Para esta situaccedilatildeo eacute importante avaliar a

didaacutetica de ensino pois eacute notoacuteria a falta de entendimento pelos

alunos com relaccedilatildeo aos conteuacutedos sugerindo-se que novas

metodologias com aulas teoacuterico-praacuteticas sejam dadas para

estimular o aprendizado dos estudantes Foram observadas

que as praacuteticas desenvolvidas atuam positivamente para o

aprendizado dos discentes sendo perceptiacutevel o aumento do

interesse dos alunos nas aulas

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603

Conclui-se que o contato dos discentes com os vegetais

e a natureza como um todo proporcionam a participaccedilatildeo efetiva

dos discentes nas aulas de Botacircnica aumentando o seu

interesse com o surgimento de perguntas tornando-os seres

ativos e conscientes capazes de compreender a importacircncia

dos vegetais e sua necessidade de preservaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ALBINO AMFIALHO SNSILVA M do CCL de GOMES AJM LIMA RA O transmitir da botacircnica de uma forma multidisciplinar em uma escola puacuteblica de Porto Velho-RO South American Journal of Basic Education Technical and Technological v3 n1 2016 ARRAIS M G M SOUSA G M MARSUA M L A O ensino de botacircnica Investigando dificuldades na praacutetica docente Revista da SBEnBio n7 p 5409-5418 2014 ARRUDA SM LABURUacute CE Consideraccedilotildees sobre a funccedilatildeo do experimento no ensino de Ciecircncias Pesquisa em Ensino de Ciecircncias e Matemaacutetica Satildeo Paulo n5 p14-24 1996 BIZOTTO F M GHILARDI-LOPES N P SANTOS CMD A vida desconhecida das plantas concepccedilotildees de alunos do Ensino Superior sobre evoluccedilatildeo e diversidade das plantas Revista Electroacutenica de Ensentildeanza de latildes Ciencias v15 n3 p394-411 2016 CARRILLO A C BIONDI DA conservaccedilatildeo do papagaio-da-cara-roxa (Amazona brasiliensis) no estado do Paranaacute - uma experiecircncia de educaccedilatildeo ambiental no ensino formal Revista Aacutervore v31 n1 p113-122 2007 CECCANTINI G Os tecidos vegetais tecircm trecircs dimensotildees Revista Brasileira de Botacircnica Satildeo Paulo v29 n2 p335-337 2006 CONCEICcedilAtildeO R A MONERO T S RODRIGUES C E Subsiacutedios metodoloacutegicos para o Ensino de Ciecircncias - Uma experiecircncia praacutetica Revista Visatildeo Acadecircmica Goiaacutes 2011 COSTA R MV ROCHA L D A da LEMOS J R Botacircnica Dificuldade de

aprendizado dos alunos do 7deg ano em escolas da rede municipal de Santa Quiteacuteria

Maranhatildeo Acta Tecnoloacutegica v10 n 1 73-79 2015

FIGUEIREDO J A COUTINHO F A AMARAL F C O ensino de botacircnica em uma abordagem ciecircncia tecnologia e sociedade Revista de Ensino de Ciecircncias e Matemaacutetica v3 n3 p488-498 2012 LUNA RR ENO EG de J CAMINHA IS LIMA RA A paroacutedia musical como estrateacutegia de ensino e aprendizagem em ciecircncias

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604

naturais South American Journal of Basic Education Technical and Technological v3 n1 2016 MATOS GMA MAKNAMARA M MATOS ECAPRATA AP Recursos didaacuteticos para o ensino de botacircnica uma avaliaccedilatildeo das produccedilotildees de estudantes em universidade sergipana Holos v5 p213-230 2015 MELO EA ABREU FF ANDRADEAB ARAUJO MIO A aprendizagem de botacircnica no ensino fundamental dificuldades e desafios Scientia Plena v8 n10 2012 MUGGLER C C SOBRINHO F A P MACHADO V A Educaccedilatildeo em solos princiacutepios teoria e meacutetodos Revista Brasileira de Ciecircncia do Solo v30 p733-740 2006 PESSOA C S LIMA R A BRAGA A G S A relaccedilatildeo da botacircnica com a educaccedilatildeo ambiental nas aulas de campo em ciecircncias naturais In CONGRESSO NACIONAL DE BOTAcircNICA 54 Resumos Belo Horizonte 10-15 de Novembro de 2013 PROENCcedilA M de S Estudando a fauna e a flora nativas e exoacuteticas no ensino de ciecircncias possibilidades para a educaccedilatildeo ambiental 2010 82p (Dissertaccedilatildeo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ensino de Ciecircncias e Matemaacutetica) - Universidade Luterana do Brasil ndash ULBRA SANTOS F S A Botacircnica no Ensino Meacutedio Seraacute que eacute preciso apenas memorizarnomes de plantas In C C Silva (Org) Estudos de histoacuteria e filosofia dasciecircncias Subsiacutedios para aplicaccedilatildeo no ensino Satildeo Paulo EditoraLivraria da Fiacutesica 2006p 223-243 SEMPREBON SS SANTOS E G dos Trabalhando conceitos botacircnicos com demonstraccedilotildees uma anaacutelise das aulas de estaacutegio nos terceiros anos do ensino meacutedio Salatildeo do Conhecimento v2 n2 2016 STANSKI C NOGUEIRA M K F de S RODRIGUES A R FAprendizagem significativa no ensino de botacircnica por meio de multimodos In SIMPOSIO NACIONAL DE ENSINO DE CIENCIA E TECNOLOGIA 3 Anais Ponta Grossa PR 2012

605

CONGRESSO NACIONAL DE SAUacuteDE E MEIO AMBIENTE

Os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana

evoluindo com sauacutede

O CONGRESSO NACIONAL DE SAUacuteDE MEIO AMBIENTE estaacute

destinado a estudantes e profissionais da aacuterea sauacutede (nutriccedilatildeo farmaacutecia

enfermagem fisioterapia educaccedilatildeo fiacutesica) e aacutereas afins e tem como

objetivo de proporcionar por meio de um conjunto de palestras mesa

redonda e apresentaccedilotildees de trabalhos subsiacutedios para que os

participantes tenham acesso agraves novas exigecircncias do mercado e da

educaccedilatildeo no contexto atual E ao mesmo tempo reiterar o intuito

Educacional Bioloacutegico e Ambiental de inserir todos que formam a

Comunidade Acadecircmica para uma Educaccedilatildeo soacutecio-ambiental para a

Vida

Foram abordados diversos temas durante o evento entre eles Os

desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana COMO

PROMOVER O BEM-ESTAR Promoccedilatildeo da sauacutede e alimentaccedilatildeo

adequada e saudaacutevel Promoccedilatildeo da sauacutede e alimentaccedilatildeo adequada e

saudaacutevelrdquo Doenccedilas no adulto com raiacutezes na crianccedila Atuaccedilatildeo da

esteacutetica no processo de envelhecimento nos ciclos da vida A fisioterapia

no processo de amadurecimento humano uma abordagem prospectiva

Impactos na sauacutede e no envelhecimento causados por substacircncias

quiacutemicasdisruptores endoacutegenos Interdisciplinaridades as ciecircncias da

sauacutede e as engenharias sanitaacuterias e ambiental permitindo o homem viver

com sauacutede em ambientes saudaacuteveis Aspectos multiprofissionais do

cuidado em sauacutede da crianccedila e o adolescente Cuidar do outro eacute o

reflexo do meu cuidado por mim Exerciacutecio superestimado Adinacircmica

utilizada pelo nosso corpo para sabotar seu emagrecimento

Diante da grandiosa contribuiccedilatildeo dos artigos aprovados os livros

frutos desse Evento SAUacuteDE E MEIO AMBIENTE os desafios da

interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana NUTRICcedilAtildeO E SAUacuteDE

os desafios da interdisciplinaridade nos ciclos da vida humana e

tecnologia e ODONTOLOGIA os desafios da interdisciplinaridade

contribuiratildeo para o conhecimento dos alunos da aacuterea de Ciencias

bioloacutegicas e Sauacutede

606

Este livro foi publicado em 2017

Rua Eng Lourival de Andrade1405- Bodoncongoacute

Campina Grande-PB 58430-030 Fone (83) 33214575

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