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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF 16, 17 e 18 de abril de 2013 GESTÃO DE RISCOS E RESPOSTA A DESASTRES NATURAIS: A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO DAS CIDADES Celso Santos Carvalho Thiago Galvão

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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF – 16, 17 e 18 de abril de 2013

GESTÃO DE RISCOS E RESPOSTA A DESASTRES NATURAIS: A ATUAÇÃO DO

MINISTÉRIO DAS CIDADES

Celso Santos Carvalho Thiago Galvão

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Painel 19/071 Melhor prevenir que remediar: a atuação coordenada do Governo Federal em gestão de riscos e resposta a desastres naturais

GESTÃO DE RISCOS E RESPOSTA A DESASTRES NATURAIS:

A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO DAS CIDADES

Celso Santos Carvalho Thiago Galvão

RESUMO Os deslizamentos de encostas, as inundações e enxurradas representam os fenômenos naturais que produzem o maior número de mortes e danos entre a população das nossas cidades. Como o município é o ente federado a quem foi atribuído, pela Constituição Federal, a competência pela política urbana, ele é o principal responsável por instituir uma política de desenvolvimento urbano que contemple o gerenciamento dos riscos. Esta política é apoiada pela União, por meio de políticas e programas que articulam a produção habitacional, a provisão de infraestrutura, a implantação de obras de segurança em encostas, a execução de obras de macrodrenagem, além do reassentamento das famílias instaladas em áreas de risco. No Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres, o Ministério das Cidades centra sua atuação no Eixo de Prevenção, a partir da execução de obras de contenção de encostas e de macrodrenagem em áreas de alto risco de deslizamentos e inundações. Atua ainda no apoio à melhoria do planejamento urbano por meio da elaboração de cartas geotécnicas de aptidão à urbanização, que fornecerão diretrizes para o incremento da segurança nos novos loteamentos. Neste artigo apresentam-se os programas do Ministério das Cidades voltados para o apoio aos municípios e estados na área da prevenção de desastres naturais, envolvendo, entre outros aspectos, a descrição dos programas, os recursos investidos, os resultados obtidos até dezembro de 2012, as formas de seleção dos municípios beneficiados e os avanços e desafios envolvidos na implantação de ações públicas baseadas no pacto federativo.

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1 INTRODUÇÃO

Conforme já apresentado e discutido no artigo que inicia este painel, os

principais desastres naturais que atingem as cidades brasileiras são os

deslizamentos de encostas, entendido aqui no seu sentido mais amplo, englobando

os fenômenos geológicos e geotécnicos correlatos como quedas de blocos de rocha,

escorregamentos em rocha, rupturas de taludes de solo, rupturas de margens de

rios, corridas de massas e os vários fenômenos erosivos, e as inundações e

enxurradas.

Os deslizamentos inserem-se no grupo dos desastres naturais, como as

erupções vulcânicas, tsunamis e terremotos, porque ocorrem na crosta terrestre

independentemente da ação humana, devido à fragilização natural das encostas por

ocasião de episódios de chuvas intensas e prolongadas que saturam as camadas de

solo, diminuindo sua resistência.

Esses processos podem assumir grandes proporções, mas essas

situações são relativamente raras nas condições geológicas prevalecentes no País.

No entanto, formas inadequadas de ocupação urbana nas áreas de média ou alta

declividade contribuem de maneira decisiva para o aumento do porte e da

frequência de ocorrência dos deslizamentos: a ocupação desordenada de morros,

com execução de cortes e aterros precários, depósitos de lixo e o lançamento de

esgotos e águas pluviais nos taludes podem transformar áreas naturalmente

estáveis em setores de risco extremamente elevado.

Da mesma forma, as enchentes - fenômenos que ocorrem nos cursos

d´água causados pelas variações naturais do regime pluviométrico – são

potencializadas com a canalização extensiva dos córregos e rios e com a

impermeabilização das bacias hidrográficas, criando assim áreas de alto risco de

inundação em regiões inicialmente seguras.

O fato dos desastres associados a esses processos estarem associados

a causas naturais e a causas devidas à ação antrópica faz com que também sejam

chamados, talvez com mais propriedade, de desastres sócio-ambientais.

No Brasil, a componente social desses desastres é particularmente

importante. A vulnerabilidade das nossas cidades aos desastres naturais está

associada à nossa incapacidade histórica – característica do processo de

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urbanização brasileiro - de prover moradia adequada para toda a população e

promover um ordenamento territorial que imponha o interesse social sobre o

interesse privado dos proprietários de terras.

Sem alternativa de moradia legal, as classes populares tiveram que optar

pela autoconstrução em terrenos públicos ou privados com menor valor de mercado

em função das restrições à ocupação legal, ocupando os morros e áreas de maior

declividade, e potencializando os riscos de deslizamentos, bem como e as margens

dos cursos d´água, aumentado os riscos de inundações.

Nas condições brasileiras portanto, uma ação consequente de prevenção

de desastres naturais urbanos não pode prescindir de um combate efetivo ao déficit

habitacional, que deve se desenvolver em conjunto com ações de planejamento

urbano e com a execução de intervenções – obras de engenharia e reassentamento

seletivo de moradias – que reduzam os riscos existentes a níveis aceitáveis.

Nas ações do governo federal, o combate ao déficit habitacional encontra-

se contemplado no Programa de Habitação, particularmente no Programa Minha

Casa Minha Vida e no Programa de Urbanização de Assentamentos Precários.

O déficit quantitativo – necessidade de novas moradias – é objeto do

Programa Minha Casa Minha Vida, que viabiliza recursos e condições subsidiadas

de financiamento para atender com uma nova moradia 3 milhões de famílias de

baixa e média rendas até 2014 .

O déficit qualitativo – necessidade de melhorias urbanas em bairros

precários, incluindo a eliminação das situações de risco – é tratado pelo Programa

de Urbanização de Assentamentos Precários incluído no PAC. Neste programa o

governo federal repassa recursos do Orçamento Geral da União e viabiliza recursos

de financiamento para estados e municípios. Conta atualmente com 5.280

operações envolvendo R$ 26,3 bilhões em recursos orçamentários e de

financiamento, em ações que beneficiam 2,6 milhões de famílias.

Assim, nas condições geradas pelo processo de urbanização brasileiro,

os programas habitacionais assumem um papel essencial na prevenção de

desastres naturais. Dessa forma, a política de prevenção de riscos, nos vários níveis

de governo, deve articular-se com as políticas setoriais capazes de atacar

estruturalmente a maior responsável pela existência de áreas de risco, que é a falta

de alternativas de moradia legal e segura para as camadas populares.

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A prevenção de riscos deve associar-se, portanto a uma política

habitacional que contemple a provisão de novas moradias (com subsídio suficiente

para torná-las acessíveis aos mais pobres) e a urbanização dos assentamentos

precários, da forma como a União está fazendo. Mas deve apoiar-se também em uma

nova política fundiária urbana – e esta é competência constitucional do Município –

que implante os instrumentos do Estatuto da Cidade (Zonas Especiais de Interesse

Social, Edificação Compulsória e o IPTU progressivo no tempo) voltados para a

concretização da função social da propriedade e a consequente ampliação da oferta

de terra urbanizada para a provisão habitacional de interesse social.

Nunca é demais ressaltar que políticas de prevenção de risco baseadas

única e exclusivamente na remoção extensiva das favelas, sem considerar a

necessidade de reassentamento das famílias em condições adequadas, estão

fadadas ao fracasso, pois não consideram a principal causa do risco que é

justamente a necessidade habitacional.

No entanto, as políticas habitacional e fundiária urbana não tem

condições de, isoladamente, responder ao desafio de construção de cidades mais

seguras, pois é preciso atuar também de forma urgente e emergencial no quadro de

risco já instalado na cidade. Para isso, é necessária uma política complementar de

gerenciamento de riscos, com um conjunto de medidas estruturais e não estruturais

que permitam reduzir paulatinamente os níveis de risco existentes (começando é

claro pelas situações mais graves) e proteger a população por ocasião da ocorrência

dos acidentes naturais. Este é o objetivo principal do Plano de Gestão de Riscos e

Resposta a Desastres do governo federal, objeto deste Painel.

Neste plano, parte importante das ações de prevenção ficou a cargo do

Ministério das Cidades, encarregado de planejar, propor, fomentar e executar a nova

política de desenvolvimento urbano, em consonância com os estados e municípios.

Neste artigo, pretende-se apresentar e discutir as principais ações de

prevenção de desastres naturais urbanos incluídas no plano do governo federal,

envolvendo: (a) o processo e os resultados da execução de obras de contenção de

encostas e de macrodrenagem; e, (b) a concepção e elaboração de um novo

instrumento de planejamento urbano, a carta geotécnica de aptidão à urbanização

frente aos desastres naturais.

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2 PREVENÇÃO DE RISCOS DE DESLIZAMENTOS POR MEIO DA EXECUÇÃO DE OBRAS DE CONTENÇÃO DE ENCOSTAS

A ação de apoio à execução de obras de contenção de encostas em

áreas de alto risco de deslizamento está a cargo do Departamento de Assuntos

Fundiários e Prevenção de Riscos da Secretaria Nacional de Acessibilidade e

Programas Urbanos do Ministério das Cidades.

Esta ação foi incluída no PAC 2 – Programa de Aceleração do

Crescimento, fase 2 – no período de 2010/2011, um pouco antes do início da

elaboração do PPA 2012-2015.

Nesta primeira fase, foram habilitados para receber recursos não

onerosos do Orçamento Geral da União os municípios com registro de ocorrência de

graves acidentes de deslizamentos de encostas com ao menos uma vítima fatal.

Para identificá-los foram utilizados os resultados das pesquisas e do monitoramento

realizados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT,

entidade de pesquisa técnico-científica que é referência nacional nesta área. A

Figura 1 apresenta a distribuição dos municípios habilitados nesta fase do programa.

Figura 1. Municípios com registro de mortes por escorregamentos entre 1988 a março de

2011. Fonte: Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT.

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No processo de seleção, todas as prefeituras e governos estaduais dos

municípios habilitados foram convidados a apresentar propostas por meio de carta

consulta encaminhada à Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos.

As propostas apresentadas foram analisadas quanto ao enquadramento no

programa, tendo sido verificado se a proposta atendia efetivamente a um setor de alto

risco de deslizamento de encosta, se este setor localizava-se em área com ocupação

urbana e se a obra proposta poderia resolver o problema de risco existente.

Após essa análise de enquadramento, os prefeitos e governadores foram

convidados para discutir suas propostas com as secretarias do Ministério das Cidades

e da Casa Civil da Presidência da República, responsável na época pelo Programa de

Aceleração do Crescimento. Neste processo foi construído um pacto federativo

envolvendo a definição de quem seria responsável pela execução de planos, projetos

e obras em cada município (a prefeitura ou o governo do estado), qual o montante de

recursos seria destinado a cada município e em qual modalidade do programa.

Propostas para as quais já havia um projeto básico pronto ou em

elaboração receberam recursos para obras de contenção e quotas de unidades

habitacionais para promover o reassentamento das moradias que interferiam com as

obras. As demais receberam recursos para elaboração de projetos ou de planos

municipais de redução de risco, que lhes permitiam elaborar o mapeamento de riscos

no município e os projetos das obras consideradas prioritárias nesses planos.

Nesse processo de pactuação, foram definidos também os prazos para

apresentação dos documentos técnicos e institucionais à CAIXA (instituição

mandatária da União responsável pela operação dos contratos) necessários para a

assinatura dos Termos de Compromisso entre o proponente e a União, bem como os

prazos para início efetivo das obras e serviços, com o desembolso da primeira parcela

dos recursos. Observa-se que no programa, os executores recebem os recursos à

medida que executam as obras e serviços contratados.

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Dessa seleção resultaram 115 operações contratadas, sendo 32 na

modalidade elaboração de planos municipais de redução de risco (R$ 7,2 milhões), 43

na modalidade de elaboração de projetos de estabilização (R$ 32,4 milhões) e 40 (R$

555,3 milhões) na modalidade de execução de obras de contenção de encostas,

envolvendo um volume total de recursos do Orçamento Geral da União de R$ 595

milhões.

As figuras 2, 3 e 4 apresentam os municípios atendidos nesta fase do

programa nas diversas modalidades, em que se observa que os estados que tiveram

o maior número de municípios atendidos são Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco,

Minas Gerais e Santa Catarina, resultado que é coerente com a distribuição dos

municípios apresentada na Figura 1.

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Figura 2. Municípios atendidos com recursos para execução de obras de contenção de

encostas.

UF Município Repasse

AL Maceió R$ 8.287.272,36

AM Manaus R$ 5.232.823,60

BA Salvador R$ 20.624.099,58

ES Vitória R$ 2.331.239,78

MG Belo Horizonte R$ 31.922.665,54

MG Contagem R$ 4.168.221,59

MG Coronel Fabriciano R$ 1.349.618,84

MG Juiz de Fora R$ 16.448.729,14

MG Nova Lima R$ 2.501.859,60

PE Abreu e Lima R$ 5.086.060,44

PE Cabo de Santo Agostinho R$ 2.009.232,33

PE Camaragibe R$ 6.122.831,83

PE Jaboatão dos Guararapes R$ 6.676.974,35

PE Olinda R$ 19.142.115,43

PE Paulista R$ 1.989.739,34

PE Recife R$ 26.770.482,16

PE São Lourenço da Mata R$ 2.000.000,00

RJ Angra dos Reis R$ 2.089.195,63

RJ Niterói R$ 8.912.403,88

RJ Nova Friburgo R$ 7.555.019,26

RJ Nova Friburgo R$ 36.949.929,58

RJ Queimados R$ 3.392.468,11

RJ Rio de Janeiro R$ 71.540.795,75

RJ Teresópolis R$ 44.649.987,89

RJ Volta Redonda R$ 4.240.437,66

SC Blumenau R$ 13.813.919,51

SC Florianópolis R$ 9.808.550,15

SC Jaraguá do Sul R$ 5.397.533,60

SP Embu R$ 1.993.392,65

SP Guarulhos R$ 4.800.000,00

SP Mauá R$ 22.504.859,94

SP Osasco R$ 12.037.756,46

SP Santo André R$ 21.716.666,87

SP Santos R$ 6.131.131,00

SP São Bernardo do Campo R$ 22.557.470,87

SP São José dos Campos R$ 7.155.215,12

SP São Paulo R$ 69.684.344,28

SP São Vicente R$ 6.073.603,43

SP Sumaré R$ 3.730.624,91

SP Taboão da Serra R$ 5.931.173,35

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Figura 3. Municípios atendidos com recursos para elaboração de projetos de estabilização

UF Município Repasse

AL Maceió R$ 287.500,00

BA Salvador R$ 2.500.000,00

ES Vitória R$ 1.284.200,00

MG Contagem R$ 375.000,00

MG Juiz de Fora R$ 1.150.000,00

MG Belo Horizonte R$ 1.155.000,00

MG Nova Lima R$ 309.000,00

MG Betim R$ 310.643,90

MG Barbacena R$ 375.000,00

MG Sabará R$ 400.000,00

MG Brumadinho R$ 367.043,75

MS Corumbá R$ 500.000,00

PE Camaragibe R$ 945.000,00

PE Cabo de Santo Agostinho R$ 967.712,96

PE Paulista R$ 220.220,00

PE Recife R$ 2.500.000,00

PE Olinda R$ 1.434.072,20

PE Jaboatão dos Guararapes R$ 2.000.000,00

RJ Barra Mansa R$ 495.000,00

RJ Rio de Janeiro R$ 375.000,00

RJ Angra dos Reis R$ 1.000.000,00

RJ Belford Roxo R$ 1.183.350,00

RJ Nova Friburgo R$ 762.000,00

RJ São João de Meriti R$ 1.052.000,00

RJ Queimados R$ 75.000,00

RJ Petrópolis R$ 805.000,00

RJ Magé R$ 420.000,00

RJ Niterói R$ 375.000,00

SC Jaraguá do Sul R$ 617.500,00

SC Brusque R$ 347.329,70

SC Blumenau R$ 1.000.000,00

SP Embu R$ 660.000,00

SP Itapecerica da Serra R$ 330.000,00

SP Jandira R$ 375.000,00

SP Francisco Morato R$ 375.000,00

SP Taboão da Serra R$ 415.000,00

SP Itaquaquecetuba R$ 424.386,92

SP Guarujá R$ 1.000.000,00

SP Cubatão R$ 1.000.000,00

SP Osasco R$ 1.085.000,00

SP São Vicente R$ 375.000,00

SP Santos R$ 375.000,00

SP Santana de Parnaíba R$ 375.000,00

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Figura 4. Municípios atendidos com recursos para elaboração de planos municipais de redução de riscos

O processo de seleção direcionou os recursos para os municípios mais

vulneráveis, tendo sido utilizado o critério de registro de acidentes graves porque

não se dispunha ainda de um mapeamento de risco sistemático no País, o que

começou a ser implantado em 2012 conforme discutido em outro artigo deste Painel.

Além disso, priorizou as áreas de alto risco com ocupação urbana precária,

UF Município Repasse

BA Salvador R$ 300.000,00

ES Cachoeiro de Itapemirim R$ 150.000,00

ES Colatina R$ 150.000,00

ES Vitória R$ 250.000,00

ES Serra R$ 180.000,00

MG Belo Horizonte R$ 300.000,00

MG R$ 1.169.999,88

MS Corumbá R$ 150.000,00

PE Paulista R$ 148.000,00

RJ Duque de Caxias R$ 300.000,00

RJ Angra dos Reis R$ 150.000,00

RJ Barra Mansa R$ 150.000,00

RJ Maricá R$ 100.000,00

RJ Nova Friburgo R$ 450.000,00

RJ São João de Meriti R$ 200.000,00

RJ Petrópolis R$ 250.000,00

RJ Queimados R$ 100.000,00

SC Florianópolis R$ 300.000,00

SP Embu R$ 200.000,00

SP Sumaré R$ 200.000,00

SP Mauá R$ 300.000,00

SP Cotia R$ 108.000,00

SP Itapecerica da Serra R$ 110.000,00

SP Várzea Paulista R$ 150.000,00

SP Jandira R$ 150.000,00

SP Francisco Morato R$ 150.000,00

SP Carapicuíba R$ 141.725,00

SP Diadema R$ 250.000,00

SP Taboão da Serra R$ 125.000,00

SP Caieiras R$ 100.000,00

SP Santana de Parnaíba R$ 150.000,00

SP Santos R$ 300.000,00

Barbacena, Betim,

Brumadinho, Contagem,

Coronel Fabriciano, Ipatinga,

Itabira, Juiz de Fora, Nova

Lima, Poços de Caldas,

Sabará

12

pois estes são os setores mais afetados por deslizamentos. Finalmente, por se tratar

de um programa baseado na transferência de recursos federais para que as

atividades sejam realizadas pelos estados e municípios, a seleção foi realizada por

meio de um pacto federativo, em que se apoiou a capacitação técnica dos

proponentes por meio de recursos para elaboração de projetos e planos,

viabilizando sua participação nas próximas seleções de obras.

Exemplos que ilustram a gravidade das situações tratadas no programa

são apresentados na Figura 5.

Camaragibe (PE) Rio de Janeiro (RJ)

São Bernardo do Campo (SP) Florianópolis (SC)

Jaboatão dos Guararapes (PE) Juiz de Fora (MG)

Figura 5. Exemplos de setores de risco selecionados para a execução de obras de contenção de encostas.

13

O processo de seleção dessas operações ocorreu entre maio de 2010 e o

início de 2011. Os proponentes, em sua maioria prefeituras municipais,

necessitaram de 6 a 10 meses para preparar a documentação institucional e técnica

necessária para a contratação das operações junto à CAIXA, que foram assinadas

ao longo do 2º semestre de 2011.

Tendo em consideração as dificuldades operacionais enfrentadas pelas

prefeituras para realizar os processos licitatórios, principalmente em ano de eleições

municipais (2012), foi acordado um prazo de 2 anos para o efetivo início das obras,

medido pelo primeiro desembolso por parte do governo federal. Findo esse prazo,

que se encerra entre julho e novembro de 2013, os contratos não iniciados deverão

ser rescindidos e os recursos direcionados para novas propostas.

Em dezembro de 2012, cerca de 7 a 10 meses do encerramento do prazo

de 24 meses para início das operações, 42% das operações (medido em volume de

recursos financeiros) encontrava-se iniciada. O recurso total liberado nesta data –

um bom indicador da execução da carteira – atingiu R$ 62 milhões, correspondendo

a 10,5% de execução.

A equipe de analistas de infraestrutura do Ministério das Cidades tem

buscado acelerar o processo por meio do monitoramento constante e da realização

de reuniões periódicas com os técnicos das prefeituras e da CAIXA visando à

resolução das pendências que impedem o início ou atrapalham o andamento das

obras. Os resultados obtidos até o momento permitem inferir que a grande maioria

das operações atenderá ao prazo limite para início efetivo.

Exemplos de obras finalizadas, pertencentes à operação de execução de

obras a cargo da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, são apresentados na

Figura 6.

Figura 6. Rua Eliseu Visconde, Rio Comprido, Rio de Janeiro. Fonte: Fundação GeoRio.

14

Paralelamente à execução dessa primeira carteira, foi realizado em 2012

o segundo processo de seleção para operações de contenção de encostas no

âmbito do PAC, já sob a égide do Plano de Gestão de Riscos e Resposta a

Desastres do Governo Federal.

Esta seleção foi direcionada para os municípios pertencentes a regiões e

bacias hidrográficas que concentram os maiores indicadores registros de acidentes

de deslizamentos de encostas, inundações e enxurradas. Buscou-se neste processo

articular as ações de contenção de encostas, macrodrenagem e controle regional de

cheias num mesmo território, de maneira a propiciar um efetivo salto no nível de

segurança geral de toda a região.

O processo de seleção, cujos critérios foram apresentados no artigo inicial

deste mesmo painel, levou à definição de 170 municípios inseridos em regiões

críticas, conforme apresentado na Figura 7.

Figura 7. Regiões selecionadas para a execução de obras de contenção de encostas, macrodrenagem e controle de cheias na 2ª seleção do PAC 2.

15

Buscando superar as dificuldades encontradas pelas prefeituras

municipais na execução das operações da 1ª carteira de operações, e considerando

que esta proposta envolvia a ação coordenada regional, o processo de seleção

nesta fase apoiou-se fortemente nos Governos Estaduais.

Coube aos governos estaduais articular as demandas dos municípios e

trazê-las para discussão com o governo federal no âmbito do Comitê Gestor do

PAC. De forma pactuada foram definidos os locais em que seriam executadas as

obras, o tipo de obra prioritário, a distribuição dos recursos, a necessidade de

recursos para projetos e o ente federado (estado ou município) que seria

responsável pela operação.

Para permitir o aumento substancial de recursos para as regiões

prioritárias, nesta seleção não foi exigida a existência prévia de projetos básicos.

Assim as intervenções contratadas envolveram em alguns casos apenas a execução

de obras, para aqueles setores de risco para os quais o tomador do recurso já

contava com projetos (vários deles elaborados na primeira fase do programa),

enquanto que para outras áreas de risco selecionadas os recursos foram

direcionados para operações que contemplam tanto a elaboração dos projetos

básicos quanto a execução das obras decorrentes.

Convém ressaltar que nesta seleção já foi possível contar, para diversos

municípios, com os mapas de risco elaborados pela CPRM, o que permitiu verificar

se as áreas propostas pelas prefeituras e estados para cada intervenção

correspondiam efetivamente a áreas de alto risco.

As operações de contenção de encostas selecionadas nesta fase, que

envolveram um volume total de recursos do Orçamento Geral da União de R$ 1,5

bilhão, são apresentadas no quadro da Figura 8.

Até 31 de dezembro de 2012 todos os contratos das operações da

segunda fase de seleção foram assinados nas agências locais da CAIXA e os

tomadores encontram-se preparando os processos licitatórios. Nestas operações já

será possível utilizar o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC)

instituído pela Lei nº 12.462 de 5 de agosto de 2011, em particular o regime de

Contratação Integrada, em que o processo licitatório é realizado com base em

anteprojeto e em orçamento de referência elaborado a partir de metodologias

expeditas, sendo o projeto básico responsabilidade da empresa vencedora da

16

licitação. Espera-se que este regime inovador permita acelerar os prazos de

execução das intervenções, sem diminuir o necessário controle na utilização dos

recursos públicos.

Figura 8. Operações definidas na 2ª seleção do PAC.

UF Município Executor Repasse

AM Manaus Estado R$ 25.094.151,00

BA Salvador Estado R$ 156.282.174,00

MG Belo Horizonte Prefeitura R$ 40.000.000,00

MG Betim Prefeitura R$ 30.000.000,00

MG Contagem Prefeitura R$ 40.000.000,00

MG Governador Valadares Prefeitura R$ 12.000.000,00

MG Juiz de Fora Prefeitura R$ 40.000.000,00

MG Estado R$ 15.820.000,00

MG Estado R$ 11.150.000,00

MG Ouro Preto Estado R$ 35.000.000,00

MG Ibirité Estado R$ 34.950.000,00

MG Cataguases Estado R$ 25.000.000,00

MG Muriaé Estado R$ 25.000.000,00

MG Timóteo Estado R$ 15.660.000,00

MG Nova Lima Estado R$ 15.620.000,00

MG Além Paraíba Estado R$ 15.000.000,00

MG João Monlevade Estado R$ 14.360.000,00

MG Santa Luzia Estado R$ 13.280.000,00

MG Sabará Estado R$ 10.000.000,00

PE Abreu e Lima Prefeitura R$ 14.960.152,00

PE Cabo de Santo Agostinho Prefeitura R$ 21.609.070,00

PE Camaragibe Prefeitura R$ 7.246.385,00

PE Jaboatão dos Guararapes Prefeitura R$ 50.000.000,00

PE Olinda Prefeitura R$ 50.000.000,00

PE Paulista Prefeitura R$ 11.075.334,00

PE Recife Prefeitura R$ 150.000.000,00

RJ Petrópolis Estado R$ 60.200.000,00

RJ Nova Friburgo Estado R$ 96.200.000,00

RJ Sumidouro Estado R$ 4.900.000,00

RJ Teresópolis Estado R$ 40.200.000,00

RJ Rio de Janeiro Prefeitura R$ 96.474.400,00

RJ Rio de Janeiro Prefeitura R$ 123.756.000,00

RJ Rio de Janeiro Prefeitura R$ 83.490.000,00

RJ Rio de Janeiro Prefeitura R$ 45.432.000,00

SP São Paulo Prefeitura R$ 74.840.621,00

Manhumirim, Lajinha, Ervália,

Sabinópolis e Diogo de Vasconcelos

Ewbank da Câmara, Matias Barbosa e

Visconde do Rio Branco

17

3 PREVENÇÃO DE RISCOS DE INUNDAÇÕES POR MEIO DA EXECUÇÃO DE OBRAS DE MACRO DRENAGEM

O planejamento, fomento e concepção do programa de prevenção de

riscos de inundações urbanas por meio de intervenções de macrodrenagem é

responsabilidade da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério

das Cidades. Da mesma forma que no programa de contenção de encostas, os

planos, projetos e obras são executados por estados e municípios.

No PPA 2008-2011, esta ação fazia parte do Programa de Saneamento

Ambiental, passando a integrar o Programa de Gestão de Riscos e Resposta a

Desastres Naturais no PPA 2012-2015, ocasião em que o Governo Federal propôs

integrar num único programa de gestão de riscos, as ações dispersas por vários

programas de apoio a municípios na área de desenvolvimento urbano.

A partir da sua inclusão no programa de gestão de riscos, a ação de apoio

à execução de obras de macrodrenagem passou a desenvolver-se sob a lógica da

prevenção de desastres, articulada com a ação de prevenção de desastres de

deslizamentos de encostas, concentrando os recursos nas regiões e bacias

hidrográficas com maiores registros de acidentes, conforme apresentado

anteriormente na Figura 7.

O processo de elaboração do pacto com estados e municípios para

seleção de intervenções, executores, recursos e modalidade de atendimento foi

desenvolvido em conjunto com a ação de contenção de encostas e de acordo com

os mesmos procedimentos já relatados no item 2 deste artigo.

As operações para execução de obras de macrodrenagem, envolvendo

recursos não onerosos e de financiamento, contratadas antes da inclusão da ação

no programa de gestão de riscos, atingiram o valor de R$ 4,5 bilhões. Na primeira

seleção do PAC 2, quando a ação passou a integrar o plano de gestão de riscos,

foram selecionadas mais 89 operações, com um valor total de repasse e

financiamento de R$ 4,6 bilhões. Na 2ª seleção do PAC 2, realizada ao longo de

2012, foram selecionadas mais 47 operações, envolvendo R$ 6,0 bilhões em

repasse e financiamento. No total, a carteira de obras de macrodrenagem do

Ministério das Cidades compreende 345 operações envolvendo recursos

orçamentários e de financiamento de R$ 15,1 bilhões.

18

4 PREVENÇÃO DE DESASTRES NATURAIS NO ÂMBITO DO PLANEJAMENTO URBANO

Além de intervir com obras nas áreas de risco já existentes, o plano de

gestão de riscos prevê o apoio para os municípios incorporarem em suas ações de

planejamento urbano a componente de prevenção de desastres.

Este aspecto essencial da política de prevenção foi adotado pela Lei

12.608 de 10 de abril de 2012 que em seu Artigo 21 estabeleceu que os municípios

que forem incluídos no cadastro de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência

de desastres naturais devem a elaborar a carta geotécnica de aptidão à

urbanização.

A carta geotécnica é um novo instrumento de planejamento urbano que

define a aptidão dos terrenos à urbanização considerando a probabilidade de

ocorrência dos desastres naturais. Com base nessa carta o município pode

estabelecer diretrizes para a expansão urbana, evitando, por exemplo, incluir no

perímetro urbano as regiões naturalmente suscetíveis aos desastres naturais. Este

mesmo instrumento, quando elaborado em escala adequada de maior detalhe, deve

definir diretrizes para a aprovação dos novos parcelamentos de solo por parte da

prefeitura, de maneira a garantir que os novos bairros sejam projetados de forma a

diminuir o risco de ocorrência dos desastres.

A metodologia de elaboração da carta geotécnica de aptidão à

urbanização frente aos desastres naturais foi desenvolvida pelo Ministério das

Cidades em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, tendo contado

com a colaboração de consultores de todo o País. Em síntese, ela prevê as

seguintes atividades:

Elaboração de carta imagem, base cartográfica e modelo digital de

terreno da área a ser mapeada, em escala 1:10.000 ou maior.

Levantamento de informações básicas de geologia, geomorfologia,

pedologia e uso e ocupação do solo, nas escalas existentes.

Elaboração de carta de suscetibilidade preliminar para cada tipo de

processo do meio físico, por meio da definição das principais variáveis

do meio físico associadas à probabilidade de ocorrência do processo

em análise.

19

Elaboração da carta de suscetibilidade definitiva, instrumento que

define, para cada tipo de processo destrutivo, as regiões do terreno

que apresentam baixa, média ou alta probabilidade de ocorrência de

desastre. A carta definitiva deve ser obtida a partir da calibração da

carta preliminar por meio da comparação com inventário de desastres

ocorridos na região e.

Elaboração da carta de aptidão à urbanização, definindo as regiões

onde a ocupação urbana de caráter permanente deve ser evitada (pois

correspondem a áreas de elevada suscetibilidade natural à ocorrência

de desastres), as áreas onde a ocupação urbana deve ser incentivada

(áreas de reduzida probabilidade de ocorrência de desastres) e as

áreas onde a ocupação deve ser feita de forma cuidadosa, para evitar

que se produzam áreas de alto risco em regiões onde exista baixa ou

média probabilidade de ocorrência de desastres nas condições

naturais.

As cartas geotécnicas deverão ser utilizadas pelas prefeituras para

análise e aprovação dos novos loteamentos, evitando que haja novos lotes urbanos

em áreas de elevada suscetibilidade natural à ocorrência de desastres e

estabelecendo diretrizes para que os lotes e as construções nas áreas de média

suscetibilidade natural apresentem condições adequadas de segurança para os

seus futuros moradores.

No PPA 2012-2015 foram previstos recursos orçamentários para a

elaboração das cartas geotécnicas por meio da Ação nº 2040.20NN – Planejamento

e monitoramento da ocupação urbana em áreas suscetíveis a inundações,

enxurradas e deslizamentos.

Serão elaboradas inicialmente cartas geotécnicas para os municípios que,

além de pertencerem às regiões e bacias hidrográficas com maiores registros de

desastres naturais (mostrados anteriormente na Figura 7), apresentam as maiores

taxas de crescimento populacional, gerando em consequência maior demanda pela

produção de novos loteamentos e conjuntos habitacionais.

Os municípios para os quais serão elaboradas as cartas geotécnicas de

aptidão à urbanização são apresentados na Figura 9.

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UF Município UF Município

BA LAURO DE FREITAS RJ PETROPOLIS

CE CAUCAIA RJ PIRAI

ES CARIACICA RJ PORCIUNCULA

ES VILA VELHA RJ SANTO ANTONIO DE PADUA

MA BACABAL RJ SAO JOSE DO VALE DO RIO PRETO

MA GRAJAU RJ SAPUCAIA

MA TRIZIDELA DO VALE RJ SUMIDOURO

MA VITORIA DO MEARIM RJ TERESOPOLIS

MG ALEM PARAIBA RJ VALENCA

MG BETIM RS ALTO FELIZ

MG CARATINGA RS ELDORADO DO SUL

MG CATAGUASES RS ESTRELA

MG ERVALIA RS IGREJINHA

MG EWBANK DA CAMARA SC ALFREDO WAGNER

MG FREI INOCENCIO SC ANTONIO CARLOS

MG GOVERNADOR VALADARES SC ARARANGUA

MG IBIRITE SC BALNEARIO CAMBORIU

MG JOAO MONLEVADE SC BLUMENAU

MG JUIZ DE FORA SC BOTUVERA

MG MANHUACU SC BRUSQUE

MG MANHUMIRIM SC CAMBORIU

MG MATIAS BARBOSA SC CRICIUMA

MG MURIAE SC FLORIANÓPOLIS

MG NOVA LIMA SC GASPAR

MG SABARA SC ILHOTA

MG OURO PRETO SC ITAJAI

MG SANTA LUZIA SC ITAPEMA

MG TIMOTEO SC ITUPORANGA

MG VISCONDE DO RIO BRANCO SC JOSE BOITEUX

PE ABREU E LIMA SC LUIZ ALVES

PE CABO DE SANTO AGOSTINHO SC NAVEGANTES

PE CAMARAGIBE SC NOVA TRENTO

PE IPOJUCA SC NOVA VENEZA

PE JABOATAO DOS GUARARAPES SC PALHOCA

PI BARRAS SC PRESIDENTE GETULIO

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PI CAMPO MAIOR SC RIO FORTUNA

PI ESPERANTINA SC RODEIO

PR ALMIRANTE TAMANDARE SC SÃO JOSÉ

PR CAPITAO LEONIDAS MARQUES SC TAIO

PR FAZENDA RIO GRANDE SC TIMBO

PR PINHAIS SP CAIEIRAS

PR SAO JOSE DOS PINHAIS SP CAMPO LIMPO PAULISTA

PR UNIAO DA VITORIA SP EMBU-GUACU

RJ APERIBE SP ITAPECERICA DA SERRA

RJ BARRA DO PIRAI SP ITAPEVI

RJ BARRA MANSA SP ITU

RJ CAMPOS DOS GOYTACAZES SP JUNDIAI

RJ GUAPIMIRIM SP MAIRIPORA

RJ ITABORAI SP RIBEIRAO PIRES

RJ ITAPERUNA SP RIO GRANDE DA SERRA

RJ MAGE SP SANTANA DE PARNAIBA

RJ NOVA FRIBURGO SP SAO BERNARDO DO CAMPO

RJ NOVA IGUACU SP SOROCABA

Figura 9. Municípios selecionados para elaboração de cartas geotécnicas de aptidão à urbanização frente aos desastres naturais.

5 CONCLUSÕES

No programa de gestão de riscos e resposta a desastres do governo

federal, a maior parte das ações de prevenção foi atribuída ao Ministério das

Cidades, por meio da Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos e

da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, havendo ainda a participação do

Ministério da Integração Nacional responsável pelas intervenções voltadas para o

controle de cheias de caráter regional e para o controle da erosão fluvial na

Amazônia, não discutidas neste artigo.

Em relação às intervenções a cargo do Ministério das Cidades, cabe

inicialmente ressaltar a magnitude dos recursos disponibilizados para os

investimentos: R$ 2,1 bilhões de reais para obras de contenção de encostas e R$

15,1 bilhões para obras de macrodrenagem urbana. Esses números atestam a

importância que o governo federal atribui à prevenção de desastres naturais para a

melhoria da segurança da nossa população.

22

Outra questão importante diz respeito os municípios beneficiados, que

foram selecionados por meio de critérios exclusivamente técnicos. Assim foi possível

atender aos municípios mais vulneráveis, que apresentaram os maiores registros de

desastres naturais nos últimos 10 anos.

As intervenções de prevenção de desastres são executadas pelos

municípios e estados, com o controle e fiscalização da CAIXA, entidade mandatária

da União encarregada de garantir a correta aplicação dos recursos. A União, além

de viabilizar os recursos (orçamentários e de financiamento), implementou um

processo de discussão com os demais entes a respeito de todas as questões

relevantes do programa: concepção das obras; definição dos valores a serem

investidos; locais que serão beneficiados; ente executor; necessidade de prover

apoio técnico por meio de recursos para elaboração de planos e projetos, etc. Neste

sentido, este caso merece ser analisado como um exemplo da concretização do

Pacto Federativo, em que políticas, programas e ações são desenvolvidas de forma

articulada e compartilhada entre a União, Estados e Municípios.

Finalmente é forçoso reconhecer que os prazos de execução das

intervenções ainda são demasiadamente longos, incompatíveis com a urgência que

a prevenção de desastres naturais em áreas de alto risco requer. Além da carência

de projetos por parte dos municípios e estados, as dificuldades que a legislação

coloca para as contratações públicas explicam parte importante dos prazos

excessivos. Neste sentido, a possibilidade de utilização do Regime Diferenciado de

Contratações Públicas, e em especial do seu Regime de Contratação Integrada,

pode se revelar uma forma eficaz de superar essas dificuldades, diminuindo o prazo

de execução das obras sem alterar o grau de controle atualmente existente sobre o

uso dos recursos públicos.

Conforme discutido neste artigo, a prevenção de desastres não se

resume à execução de obras de segurança em áreas de alto risco, sendo necessário

também modificar a forma de construção das nossas cidades para que estas sejam

menos vulneráveis aos desastres naturais. Para apoiar as prefeituras nesta tarefa

que diz respeito ao planejamento urbano, atividade de competência exclusiva do

Município, o plano de gestão de riscos tratou do desenvolvimento de um novo

instrumento de planejamento urbano – a carta geotécnica de aptidão à urbanização

– que visa a assegurar que a expansão urbana das nossas cidades seja feita de

forma compatível com a potencialidade e fragilidade do meio físico.

23

Neste sentido, cartas geotécnicas, desenvolvidas com o apoio das

Universidades Federais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ouro Preto e

Pernambuco, estão sendo elaboradas para os 106 municípios pertencentes às

regiões de maior risco de desastres naturais que apresentam as maiores taxas de

crescimento populacional.

Com as atividades apresentadas neste artigo, o Ministério das Cidades

contribui para a implantação do Plano de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres

do governo federal, desenvolvendo suas ações de forma compartilhada com

governos estaduais e prefeituras, viabilizando recursos, fomentando a assistência

técnica e promovendo a capacitação dos órgãos locais de prevenção de desastres.

6 REFERÊNCIA

Lei 12.608 de 10 de abril de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC; autoriza a criação de sistema de informações e monitoramento de desastres; altera as Leis nos 12.340, de 1o de dezembro de 2010, 10.257, de 10 de julho de 2001, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.239, de 4 de outubro de 1991, e 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm. Acesso em: 13 de março de 2013.

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AUTORIA

Celso Santos Carvalho – Especialista em Infraestrutura do governo federal, Diretor de Assuntos Fundiários e Prevenção de Riscos da Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos do Ministério das Cidades.

Endereço eletrônico: [email protected]

Thiago Galvão – Gerente de Projetos de Áreas de Risco da Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos do Ministério das Cidades.