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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial Geografia da população

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APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

Geografia da população

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© Editora Positivo Ltda., 2013Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.

DIRETOR-SUPERINTENDENTE:

DIRETOR-GERAL:

DIRETOR EDITORIAL:

GERENTE EDITORIAL:

GERENTE DE ARTE E ICONOGRAFIA: AUTORIA:

ORGANIZAÇÃO: EDIÇÃO DE CONTEÚDO:

EDIÇÃO:ANALISTA DE ARTE:

PESQUISA ICONOGRÁFICA:EDIÇÃO DE ARTE:

CARTOGRAFIA:ILUSTRAÇÃO:

PROJETO GRÁFICO:EDITORAÇÃO:

CRÉDITO DAS IMAGENS DE ABERTURA E CAPA:

PRODUÇÃO:

IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

CONTATO:

Ruben Formighieri

Emerson Walter dos Santos

Joseph Razouk Junior

Maria Elenice Costa Dantas

Cláudio Espósito GodoyEliane Regina FerrettiCarina MerlinLuiza Angélica GuerinoRosana FidelixTatiane Esmanhotto KaminskiEmanoela do NascimentoAngela Giseli de SouzaLuciano Daniel Tulio / Thiago Granado Souza / Talita Kathy BoraJack Art / Priscila SansonO2 ComunicaçãoSinal Gráfico / Rosemara Aparecida Buzeti© iStockphoto.com/DNY59; © Shutterstock/Denton Rumsey; © Shutterstock/Jezper; © Shutterstock/BibiDesign; © Dreamstime.com/Alexey ArkhipovEditora Positivo Ltda.Rua Major Heitor Guimarães, 17480440-120 Curitiba – PRTel.: (0xx41) 3312-3500 Fax: (0xx41) 3312-3599Gráfica Posigraf S.A.Rua Senador Accioly Filho, 50081300-000 Curitiba – PRFax: (0xx41) 3212-5452E-mail: [email protected]@positivo.com.br

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@GEO1376O Brasil e o pré-sal:

formação, localização

e impactos

@GEO1376

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

F387 Ferretti, Eliane Regina.Ensino médio : modular : geografia : geografia da população / Eliane Regina Ferretti ;

ilustrações Jack Art, Priscila Sanson. – Curitiba : Positivo, 2013.: il.

ISBN 978-85-385-7165-0 (livro do aluno)ISBN 978-85-385-7166-7 (livro do professor)

1. Geografia. 2. Ensino médio – Currículos. I. Art, Jack. II. Sanson, Priscila. III. Título.

CDU 373.33

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SUMÁRIOGeografia da população

Unidade 1: Estrutura demográfica

Teorias demográficas 5

Estrutura da população e pirâmide etária 8

Unidade 2: Indicadores demográficos

Principais indicadores demográficos 14

IDH 19

Desnutrição e obesidade 20

Unidade 3: População e trabalho

Distribuição da população nas atividades econômicas 25

Distribuição dos rendimentos 26

Empregados, desempregados e inativos 29

Unidade 4: Ocupação e uso do solo

Distribuição geográfica da população 34

Diferentes formas de ocupação do espaço geográfico:

rural e urbano 37

Dinâmica populacional (migrações) 40

O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção de diversas formas. As ilustrações, diagramas e figuras contribuem para a construção correta dos conceitos e estimulam um envolvimento ativo com temas de estudo. Sendo assim, fique atento aos seguintes ícones:

Fora de escala numérica

Imagem ampliada

Representação artística

Formas em proporção

Escala numérica

Imagem microscópica

Coloração artificial

Coloração semelhante ao natural

Fora de proporção

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“As pessoas são levadas a deslocarem-se pelas perspectivas

de melhor acesso ao trabalho, educação, direitos civis e políti-

cos e assistência médica. A maioria dos migrantes acaba por

conseguir uma situação melhor – por vezes, muito melhor –

do que aquela que tinham antes de se deslocarem.”

Fonte: PROGRAMA das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD.

Relatório de Desenvolvimento Humano 2009. Ultrapassar barreiras:

mobilidade e desenvolvimento humanos. p. 62. Disponível em: <http://hdr.undp.

org/en/media/HDR_2009_PT_Complete.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2010.

Estrutura demográfica 1

Geografia da população4

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O crescimento ou a diminuição da população, quer seja de um município, de um estado, de uma região ou de um país, estão relacionados ao crescimento vegetativo ou natural e à taxa de migração.

O comportamento demográfico é tema de estudos, debates e planejamento, visando à organização social, à dinâmica demográfica, à oferta dos serviços públicos e da infraestrutura necessária para a população, além da exploração dos recursos naturais.

Essa preocupação está presente desde a Antiguidade, mas somente com o desenvolvimento do capitalismo é que o crescimento demográfico passou a ser mais sistematicamente estudado. Para esse estudo, foram desenvolvidas teorias demográficas, com o intuito de compreender a dinâmica populacional e planejar as ações governamentais.

Teorias demográficas

Com a Revolução Industrial, no final do século XVIII, ocorreu intensa migração do campo para a cidade (êxodo rural), principalmente na Europa. Embora precárias, as condições de higiene e saneamento das cidades eram melhores que as encontradas no campo, fato que propiciou uma queda nas taxas de mortalidade nas áreas urbanas.

Com essa redução, houve crescimento populacional, fazendo com que alguns pesquisadores da época se dedicassem ao seu estudo. Entre eles, destacou-se Thomas Robert Malthus, pastor da Igreja Anglicana, que publicou em 1798 a obra Ensaio sobre o princípio da população, expondo a sua teoria demográfica – teoria malthusiana.

Malthus baseou-se em estudos que realizou sobre a evolução do crescimento da população e a produção de alimentos, concluindo que o crescimento da população mundial se daria em um ritmo mais acelerado que o da produção alimentar.

Ele afirmava que, se não houvesse guerras, epidemias, catástrofes naturais, que fizessem aumentar a taxa de mortalidade, a população dobraria a cada 25 anos. Esse crescimento ocorreria em progressão geométrica (por exemplo, 2, 4, 8, 16, etc.). Em compensação, a pro-dução de alimentos ocorreria em progressão aritmética (por exemplo: 2, 4, 6, 8, 10, 12, etc.), pois os espaços de cultivos não poderiam ser expandidos, limitando assim a capacidade de produção.

Segundo essa teoria, as perspectivas do crescimento populacional eram sombrias, pois, em um determinado momento, a quantidade de alimentos produzida seria insuficiente para alimentar a população que continuaria a crescer, contribuindo para o aumento da miséria e da fome.

Durante o século XIX, a população da Inglaterra passou de 9 para 40 milhões de habitantes. E, contrariando as previsões de Malthus, a população não enfrentou o quadro de fome indicado por ele. O equívoco de Malthus foi não considerar a evolução tecnológica na produção de alimentos, que refletiu em aumentos reais da produção. Thomas Robert Malthus

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GEOGRAFIA

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Após a década de 1950, resgataram-se teorias demográficas que eram baseadas nas ideias de Malthus, devido ao elevado crescimento da população mundial, que foi mais intenso nos países subde-senvolvidos. Vários fatores contribuíram para esse crescimento, tais como: a melhoria dos serviços de saneamento básico e dos serviços médicos e sanitários (vacinas, distribuição de remédios, campanhas de vacinação, remédios com preços mais acessíveis e atendimentos em postos de saúde). Esses proce-dimentos contribuíram para uma significativa redução na taxa de mortalidade, principalmente a infantil. Essa redução e a manutenção de elevadas taxas de natalidade resultaram em um significativo aumento da população, cujo ápice ocorreu na década de 1960 e ficou conhecido como explosão demográfica.

O resgate das ideias de Malthus deu origem à teoria neomalthusiana, que explicava que a po-breza, a fome e a miséria eram decorrentes de uma população numerosa. Assim, a solução estaria no controle demográfico. Para os neomalthusianos, os gastos realizados com uma população crescente impediam o crescimento econômico e a possibilidade da melhoria de vida e da renda per capita dos países considerados pobres, condenando-os ao subdesenvolvimento e/ou à pobreza crônica.

Assim, os neomalthusianos propunham o planejamento familiar, isto é, o controle de natalidade por meio de programas incentivados pelos governos.

Com essa premissa, muitos países implantaram rigorosos programas de controle de natalidade. Esterilização e distribuições de anticoncepcionais foram os métodos mais adotados, que efetivamente reduziram a natalidade.

As críticas a essa teoria residem no superdimensionamento do crescimento demográfico, impondo, exclusivamente a esse fator, a culpa pela pobreza, miséria e fome da população dos países subdesen-volvidos. Sob esse enfoque, a relação de dependência econômica e tecnológica entre os países pobres e os ricos não teria importância, o que não é verdade.

Com base na teoria neomalthusiana, desenvolveu-se uma corrente denominada ecomalthusiana, que prioriza a relação do rápido crescimento populacional e o uso dos recursos naturais, enfocando os prejuízos impostos ao ambiente. Essa corrente expõe que a biodiversidade da região intertropical está em perigo, devido à alta concentração populacional e à falta de planejamento ambiental, os quais alteram os ecossistemas mais frágeis. As soluções apontadas por esses estudiosos é a preservação ambiental e o controle populacional, delineados nos programas de planejamento ambiental que os países devem praticar.

Planejamento familiar ainda não é universal

Washington, 12/5/2010, (Agência de Notícias Inter Press Service – IPS) – Cerca de cem milhões de mulheres tomam pílula anticoncepcional no mundo, enquanto subsistem certos setores sociais que não a aceitam como

método de controle da natalidade e outros que a querem, mas não têm acesso a ela.

O debate sobre o uso da pílula gira em torno de saber se incentiva a promiscuidade, quanto contribuiu para reduzir o crescimento populacional, se os efeitos secundários justificam sua conveniência e se a Igreja Católica finalmente a abençoará.

Na década de 1960, as mulheres tinham, em média, mais de três filhos nos Estados Unidos. Nos anos 1980, esse índice caiu para menos de dois. A pílula anticoncepcional foi o “primeiro meio pelo qual as mulheres tiraram o avental, aumentaram suas ambições e avançaram com entusiasmo para uma nova era”, segundo a revista Time. “Foi o primeiro medicamento criado para que pessoas sadias tomassem com regularidade”, acrescentou. Seu principal inventor foi um conservador católico que pesquisava um tratamento para a infertilidade, disse a revista, por ocasião do 50.° aniversário da comercialização desse anticoncepcional oral.

A pílula “aumenta as opções das mulheres porque possibilita que exerçam seu direito de decidir quantos e quando querem ter filhos”, disse Thoraya Ahmed Obaid, diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). “Também ampliou as possibilidades educacionais e de emprego das mulheres, melhorando sua contribuição para a família, a sociedade e as nações”, disse Obaid à IPS. O planejamento familiar é um dos

Geografia da população6

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grandes êxitos mundiais em matéria de desenvolvimento. No entanto, mais de 200 milhões de mulheres carecem de métodos anticoncepcionais modernos nas nações pobres.

Em 1950 havia cerca de 2,5 bilhões de pessoas. No final deste ano serão 6,8 bilhões, e para 2020 a projeção é de cerca de 7,5 bilhões. O crescimento da população diminuiu, passando de 18,9% em 1950 para 10,7% em 2010. A previsão é de que continue a mesma tendência e que em 2020 seja de 8,7%. Cerca de 190 milhões de mulheres engravidam por ano, um terço delas sem planejamento, segundo o UNFPA. Quase 50 milhões de grávidas abortam anualmente, das quais 19 milhões em condições precárias, o que causa a morte de aproxi-madamente 68 mil.

Cerca da metade das mulheres do mundo carecem de métodos anticoncepcionais modernos, afirmou Donald Collins, que trabalhou na junta da Federação de Planejamento Familiar dos Estados Unidos. A situação persis-te, 50 anos depois que a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos aprovou a pílula. Muitos bebês nasceram depois de 1960 sem estarem planejados. A população aumentou de três bilhões de pessoas para quase sete bilhões. [...]

Existem cerca de 215 milhões de mulheres nas nações em desenvolvimento que desejam saber sobre planeja-mento familiar, mas não podem ter acesso a ele, disse Kreinin. “A comercialização da pílula anticoncepcional foi inovadora há 50 anos porque, pela primeira vez, as mulheres tiveram mais controle sobre seu corpo”, afirmou à IPS. Mas resta muito a fazer. “As mulheres precisam contar com diferentes métodos anticoncepcionais, incluída a pílula, bem como receber assistência médica de qualidade”, respondeu Kreinin ao ser consultada sobre se este é um direito legítimo.

DEEN, Thalif. Planejamento familiar ainda não é universal. Disponível em: <http://www.ips.org/ipsbrasil.net/nota.php?idnews=5869>. Acesso em: 1 abr. 2010.

Com base no texto, responda às questões propostas:

1. Qual o tema central do texto?

2. A pílula anticoncepcional foi o “primeiro meio pelo qual as mulheres tiraram o avental, aumentaram suas ambições e avançaram com entusiasmo para uma nova era”, segundo a revista Time. O que significa essa afirmação?

3. Em sua opinião, o planejamento familiar auxilia no controle da natalidade? Justifique.

Contrapondo-se ao neomalthusianismo, surgiu a teoria reformista, que afirmava que uma po-pulação numerosa e jovem era consequência do subdesenvolvimento, da pobreza e da fome. Isto é, considerava-se que a miséria era a principal causa do intenso crescimento populacional, pois o sistema capitalista, para sobreviver, exigia um volume excedente de população. Com base nessas ideias, os reformistas defendiam as reformas socioeconômicas, principalmente nas áreas de educação e saúde, o que possibilitaria a melhoria do padrão de vida dessa população pobre, diminuindo sua exclusão no mercado de trabalho.

GEOGRAFIA

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Para essa teoria, o ritmo de crescimento populacional só diminuiria no momento em que os contin-gentes de excluídos do mercado de trabalho qualificado, devido à falta de programas de educação e saúde, tivessem melhor qualidade de vida. Essa situação somente ocorreria quando houvesse melhora do padrão de vida.

Há, ainda, a teoria da transição demográfica, que expõe que o crescimento populacional passa por determinadas fases com tendência a se estabilizar em razão da diminuição das taxas de natalidade e mortalidade. Essa teoria foi formulada no final da década de 1920.

Estrutura da população e pirâmide etária

É necessário o conhecimento da estrutura da população para que os governos de um município, estado e/ou um país planejem as ações governamentais para minimizarem os problemas e melhorarem as condições de vida dessa população.

Assim, a população pode ser estruturada:

por número de habitantes, gênero (sexo) e faixa etária: dados obtidos por meio de recensea-mento e, geralmente, expressos em um gráfico denominado pirâmide etária;

pela distribuição da população economicamente ativa (PEA) nos setores primário, secundário e terciário da economia;

pela distribuição de renda;

pelo desenvolvimento socioeconômico.

A população pode ser dividida por grupos de idades e gêneros, pois, assim, pode-se avaliar sua tendência de crescimento, isto é, qual faixa etária é predominante, as necessidades de investimento no setor de saúde, educação, geração de empregos, entre outros. Os limites entre os grupos de jovens, adultos e idosos variam conforme a decisão de cada país. Normalmente o grupo etário de até 19 anos é considerado jovem; de 20 a 59 anos, adulto; e acima de 60 anos, idoso.

A estrutura da população pode ser visualizada em gráfico específico, chamado de pirâmide etária (ou pirâmide de idades), que retrata a quantidade de habitantes distribuídos por faixa etária e por sexo. A análise desse gráfico permite avaliar o comportamento da estrutura populacional em relação ao crescimento vegetativo e a expectativa de vida.

Observe as pirâmides etárias a seguir:

Fonte: U.S. Census Bureau. Disponível em: <http://www.census.gov/population/international/data/idb/country.php>. Acesso em: 8 jun. 2010.

Pirâmide

etária e

análise

demográfica

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Hospital em Adis Abeba, Etiópia

Escola em Teferi Ber, Etiópia

Hospital em  Villejuif, França

Ao serem analisadas as pirâmides da França e da Etiópia, podem-se identificar algumas ca-racterísticas de cada país. Pirâmides com bases mais estreitas, como a da França, indicam menor quantidade de jovens, com predomínio de adultos, e vértices mais largos indicam a presença de idosos na população, fato que caracteriza um país como desenvolvido. As pirâmides de bases

mais largas e topos estreitos indicam predomínio de jovens e baixa expectativa de vida, respectiva-mente, caracterizando um país subdesenvolvido, como é o caso da Etiópia.

O predomínio de adultos identifica maior pro-porcionalidade entre a base e o vértice, isto é, entre o grupo de jovens e o de idosos. Esse equi-líbrio indica que o país está em processo de tran-sição demográfica, apresentando maior população economicamente ativa, com uma expectativa de vida mais alta.

O predomínio de idosos indica elevada expecta-tiva de vida e a necessidade de investimentos em programas de seguridade social, isto é, diferentes benefícios aos trabalhadores, entre eles o de apo-sentadoria.

Mas o que determina a diferença entre as pirâ-mides etárias da França e da Etiópia?

Não é somente o formato que as diferencia; o fator determinante é a discrepância na qualidade de vida desses dois países. Na Etiópia há preca-riedade dos serviços de saúde e educação, falta de saneamento básico e alimentação deficiente. Na França, a oferta dos serviços públicos, no setor de saúde e educação, é mais condizente com as necessidades da população, contribuindo para um melhor padrão de vida.

Isso não significa, necessariamente, que tudo funcione precariamente na Etiópia e perfeita-mente na França. Ambos os países apresentam setores administrativos bem estruturados e se-tores com problemas.

A análise da pirâmide etária fornece carac-terísticas do país em questão, mas deve-se ter em mente a história da população representada, para que se explique alguma anomalia no estudo histórico dessa estrutura populacional.

Como exemplo, podem-se citar as pirâmides etá-rias dos países europeus durante a Segunda Guerra Mundial e na década seguinte. Durante a guerra, a taxa de natalidade desses países foi muito baixa, pois a situação não favorecia uma condição de vida adequada e muitos casais não tiveram filhos. Houve também redução da quantidade de habitantes nas faixas etárias acima de 20 anos, principalmente os homens que estavam na guerra. Após a guerra, a

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GEOGRAFIA

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taxa de natalidade aumentou significativamente e a base da pirâmide se alargou em muitos países europeus. Esse fenômeno ficou conhecido como baby boom.

Portanto, os conflitos armados, intensa imigração (pessoas que chegam a uma região, um país, estado ou município) por diversas causas, influenciam na forma da pirâmide etária.

Observe as pirâmides etárias do Brasil em 1980, 1991, 2000 e 2010.

A forma da pirâmide etária brasileira se alterou nos 30 anos que estão representados. A pirâmide de 1980 apresentava base larga e vértice estreito, caracterizando o predomínio de jovens. A de 1991, apesar da redução da largura da base e do aumento de população nas faixas etárias de 5 até 14 anos, continuou com o vértice estreito. A pirâmide de 2000 tem um formato diferente das anteriores, com aumento da faixa etária de 15 a 19 anos, base um pouco mais estreita e vértice um pouco mais largo. A de 2010 apresenta um equilíbrio das faixas etárias entre 10 e 29 anos e o topo mais largo.

Observando essa evolução, percebe-se que o Brasil está em um período de transição demográ-fica e, aos poucos, deixará de ser um país de jovens e entrará em um processo de envelhecimento populacional.

Fontes: IBGE. Características da população. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/demograficas.html>. Acesso em: 13 jun. 2010.IBGE. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/>. Acesso em: 13 jun. 2010.

Evolução da estrutura da população brasileira por faixa etária e gênero

10 Geografia da população

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Observe a pirâmide etária do Brasil de 2000 e a estimativa para 2020 e responda às questões propostas.

1- Estimativa Fonte: IBGE. Brasil em números 2009. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. p. 69.

1. Como estava a estrutura da população brasileira em 2000?

2. Como poderá ficar a estrutura da população brasileira na estimativa para 2020?

3. Tendo por base a faixa etária considerada jovem (até 19 anos), há alteração de comportamento entre as duas pirâ-mides?

4. Tendo por base a faixa etária considerada adulta (de 20 a 59 anos), há alteração de comportamento entre as duas pirâmides?

5. Tendo por base a faixa etária considerada idosa (acima de 60 anos), há alteração de comportamento entre as duas pirâmides?

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GEOGRAFIA

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1. (UNIMONTES – MG) Sobre as tendências no perfil de crescimento da população mundial, assinale a alternativa incorreta.

a) O despovoamento assombra as sociedades em envelhecimento do hemisfério norte, fato que pode exercer efeitos sérios nas próximas déca-das.

b) O maior crescimento populacional ocorrerá em cidades, tornando gigantesca a escala da urbanização em curso, o que exigirá melhor gestão desses espaços.

c) Os jovens sempre foram em número maior que o dos mais velhos, mas há alguns anos a situação vem se invertendo, provocando pro-blemas para os países que fazem poucos in-vestimentos no setor de proteção social.

d) O índice médio de fertilidade subiu nos últi-mos 50 anos, o que indica que o maior cres-cimento populacional vai ocorrer nos países desenvolvidos, no hemisfério sul.

2. (UFJF – MG) O comércio mundial cresceu cerca de 20% nos últimos 4 anos. Segundo dados di-vulgados pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), o PIB per capita cresceu 3,7% na América Lati-na, 3% na África e 6,2% na Ásia. Nos países de-senvolvidos, a média foi de 1,9% entre 2003 e 2006. Tudo isso gerou mais divisas e proporcio-nou melhorias no padrão de vida, especialmente de populações de países emergentes como Bra-sil, Índia e China. Com mais dinheiro, eles estão comendo mais e melhor, isso significou intensi-ficação da demanda mundial principalmente de carnes e derivados de leite.Fonte: Galileu Especial Vestibular 2009. São Paulo: Globo, 2008.

A afirmativa de que a melhoria das condições de vida gera o aumento da fome mundial e a atual crise dos alimentos corresponde a um diagnós-tico baseado em pressupostos da teoria popu-lacional

a) darwiniana.

b) malthusiana.

c) marxista.

d) ortodoxa.

e) reformista.

3. (UESC – BA)

A análise do gráfico e os conhecimentos sobre o crescimento demográfico, estrutura etária e teo-rias demográficas possibilitam concluir que:(01) o gráfico comprova a teoria de Malthus, que

projetou a estabilização do crescimento de-mográfico mundial a partir do século XX.

(02) a estabilização do crescimento demográfico na América do Norte, verificado entre 1900 e 1970, decorre da implantação de políticas antinatalistas pelo governo norte-america-no.

(03) a estrutura etária da população mundial vem se modificando, sendo um dos fatores responsáveis, por isso a Revolução Sanitá-ria, que ocorreu de forma heterogênea nos diversos continentes.

(04) a explosão demográfica é uma realidade in-questionável, exceto na Europa, onde as ta-xas de crescimento declinaram, nas últimas décadas.

(05) a África é o único continente do planeta onde a evolução do crescimento demográ-fico é contínua, graças às políticas adotadas pelos governos de incentivo à natalidade e aos padrões religiosos, que não permitem o controle de natalidade.

4. (FUVEST – SP) As previsões catastrofistas dos “neomalthusianos” sobre o crescimento demo-gráfico e sua pressão sobre os recursos naturais não se confirmaram, notadamente, porque:

a) o processo de globalização permitiu o acesso voluntário e universal a meios contraceptivos eficazes, impactando, sobretudo, os países em desenvolvimento.

Geografia da população12

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b) a nova onda de “revolução verde”, propicia-da pela introdução dos transgênicos, afastou a ameaça de fome epidêmica nos países mais pobres.

c) as ações governamentais e a urbanização im-plicaram forte queda nas taxas de natalida-de, exceto em países muçulmanos e da África Subsaariana, entre outros.

d) o estilo de vida consumista, maior responsável pela degradação dos recursos naturais, vem sendo superado desde a Conferência Rio-92.

e) os fluxos migratórios de países pobres para aqueles ricos que têm crescimento vegetativo negativo compensaram a pressão sobre os re-cursos naturais.

5. (UFRJ) Quando o reverendo Thomas Malthus, mi-nistro da Igreja Anglicana (1766-1834), publicou sua obra Ensaio sobre o princípio de população, a Inglaterra experimentava as transformações da Primeira Revolução Industrial. Naquele momen-to, a população mundial era constituída de apro-ximadamente 1 bilhão de habitantes e a pobreza e a fome eram fatos preocupantes. Atualmente estamos vivendo a Terceira Revolução Industrial e a população mundial passa dos 6 bilhões de habitantes, diante de um quadro global de gran-des desigualdades socioeconômicas e ameaças ao ambiente.

Para Malthus, naquela época, a pobreza e a fome seriam resultados do desequilíbrio entre o ritmo de crescimento da população e a capacidade de produção de alimentos.

Hoje, para os novos malthusianos, que adotam um discurso alarmista, a redução do crescimento das populações nos países periféricos reduziria o número de pobres e famintos, assim como dimi-nuiria a pressão da população sobre os recursos que a natureza pode oferecer.

a) A partir do texto explique por que a previsão de Malthus não se concretizou.

b) Apresente uma crítica ao discurso neomalthu-siano alarmista.

6. (UEL – PR) Leia os textos I e II e responda à questão.

Texto IThomas Malthus (1766-1834) assegurava que, se a população não fosse de algum modo contida, dobraria de 25 em 25 anos, crescendo em pro-

gressão geométrica, ao passo que, dadas as con-dições médias da terra disponíveis em seu tempo, os meios de subsistência só poderiam aumentar, no máximo, em progressão aritmética.

Texto II

A ideia de um mundo famélico assombra a hu-manidade desde que Thomas Malthus previu que no futuro não haveria comida em quanti-dade suficiente para todos. Organismos inter-nacionais – Organização das Nações Unidas, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacio-nal – chamaram a atenção para a gravidade dos problemas decorrentes da alta dos alimentos. O Banco Mundial prevê que 100 milhões de pes-soas poderão submergir na linha que separa a pobreza da miséria absoluta devido ao encare-cimento da comida.(Adaptado: FRANÇA, R. O fantasma de Malthus. Veja. 23 abr.

2008.)

Com base nos textos I e II e nos conhecimentos sobre o tema da fome no mundo, considere as afirmativas.

I. Nas previsões sobre o problema da fome, contidas nos textos I e II, estão excluídas considerações sobre a heterogeneidade so-cioespacial desse problema na escala mun-dial.

II. No texto I, a explicação sobre as causas da escassez de alimentos baseia-se em uma combinação de fatores dentre os quais está ausente a evolução da produtividade no se-tor primário da economia.

III. No texto II, o crescimento populacional que culminará no aumento de 100 milhões de pessoas pobres no mundo é apontado como o responsável pela expansão da fome.

IV. No texto II, para os organismos internacio-nais, as previsões de Malthus se confirma-ram, pois a atual expansão do número de fa-mélicos se deve à insuficiência estrutural da produção mundial de alimentos.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.

b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.

c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

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GEOGRAFIA

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Indicadores demográficos2

Principais indicadores demográficos

Para o entendimento da questão demográfica, é necessário o conhecimento de alguns conceitos básicos que envolvam essa temática.

A população absoluta de um município, estado, país ou uma região é o número total de habitan-tes. Já a população relativa é a relação entre o total de habitantes de um município, estado, país ou uma região e sua área territorial, determinando, assim, sua densidade demográfica. Observe, no mapa a seguir, a densidade demográfica por países.

Luci

ano

Dan

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ulio

Fontes: IBGE. Atlas geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro, 2007. p. 71; ONU. Departamento de Economia e Desenvolvimento Social. The World Prospects: the 2010 Revision. Disponível em: <http://esa.un.org/undp/wpp/Excel-Data/population.htm>. Acesso em: 9 dez. 2011. Adaptação.

Densidade demográfica por países

Geografia da população14

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A densidade demográfica é calculada a partir da fórmula:

Densidade demográfica = número total de habitantes

área (km2)

Os países podem ser classificados como populosos, quando são analisados em relação ao número total de habitantes, como a China e a Índia, que possuem mais de um bilhão de habitantes. Também podem ser considerados povoados, quando possuem muitos habitantes por quilômetro quadrado, como Mônaco, que tem mais de 16 000 habitantes por quilômetro quadrado.

A taxa de natalidade é calculada a partir do número de nascidos vivos e a população total em um ano, em um determinado município, estado, país ou uma determinada região. O resultado é fornecido em ‰ (por mil).

Taxa de natalidade = nascimentos ano . 1 000

população absoluta

O quociente entre o número de mortes ocorrido e a população total em um ano é denominado taxa de mortalidade, em um determinado município, estado, país ou uma determinada região. O resultado é fornecido em ‰ (por mil).

Taxa de mortalidade = mortes ano . 1 000

população absoluta

A taxa de mortalidade pode ser calculada tendo em vista um grupo específico, como a taxa de mortalidade infantil primária, calculada em relação ao total de crianças de até um ano de vida. Para esse cálculo, consideram-se somente crianças de até um ano, pois o sistema imunológico ainda está se formando e, portanto, nesse período a criança fica mais suscetível a doenças. A taxa de mortalidade infantil secundária contabiliza o número de mortes das crianças de 1 a 5 anos de idade.

A taxa de mortalidade é um indicador social relevante, pois retrata as condições socioeconômicas da população estudada. Quanto maior esse índice, piores são as condições de vida da população ana-lisada, principalmente a infantil, pois nessa fase da vida a criança deve ter boa alimentação e viver em um ambiente que proporcione boas condições de higiene. A falta de higiene, tanto no ambiente quanto no manuseio dos alimentos, é um dos fatores que eleva consideravelmente a taxa de mortalidade no grupo de crianças de até um ano de idade.

Processo de

transição

demográfica

e a dinâmica

populacional

@GEO1078

Exemplos dos

diferentes

tipos de

povoamento

@GEO1488

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GEOGRAFIA

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Observe o quadro a seguir e responda às questões.

PaísPopulação

(em milhões – 2010)

Densidade demográfica

(hab/km2 – 2010)

Taxa de natalidade

(‰ – 2009)

Taxa de mortalidade

(‰ – 2009)

Andorra 85 116 181 Sem dado Sem dado

Brasil 190 755 799 22,4 16 6

Canadá 33 889 747 3 11 7

Cingapura 4 836 691 6 812 8 5

China 1 354 146 433 141 14 7

Federação Russa 140 366 561 8 11 15

França 62 636 580 114 12 9

Índia 1 214 464 312 369 22 8

Japão 126 995 411 336 8 9

Mônaco 31 109 15 554 Sem dado Sem dado

Nova Zelândia 4 303 497 16 14 7

Fonte: IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/paisesat/main.php>. Acesso em: 8 dez. 2011.

1. Em 2009, o Brasil teve 16‰ de taxa de natalidade e 6‰ de taxa de mortalidade. O que esses dados significam?

2. Qual a situação do Brasil em relação aos demais países que constam na tabela?

3. Qual país apresenta a maior taxa de natalidade? E de mortalidade?

4. O que representa ter taxa de mortalidade mais alta nessa relação de países?

Outro conceito importante no estudo da população é a taxa de fecundidade, que indica a estimativa do número de filhos que cada mulher poderia ter durante seu período fértil. Nos países desenvolvidos, essa taxa é inferior a dois filhos por mulher e, em muitos dos países subdesenvolvidos, mais de cinco filhos por mulher.

Geografia da população16

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Observe o mapa a seguir que retrata a taxa total de fecundidade no período de 2005 a 2010.Lu

cian

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Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório de desenvolvimento humano 2009: ultrapassar barreiras – mobilidade e desenvolvimento humanos. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2009. p. 191-194. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2009_PT_Complete.pdf>. Acesso em: 22 out. 2010. Adaptação.

Taxa de fertilidade por país – 2005 a 2010

O crescimento vegetativo ou natural é calculado pela diferença da taxa de natalidade e a taxa de mortalidade ocorrida em um ano. Mas, para a determinação do crescimento populacional, é considerada também a taxa de migração, definida pela diferença entre os emigrantes (que saem do município, estado, país ou da região) e os imigrantes (os que chegam).

O quadro a seguir apresenta os países mais populosos do mundo em 2010 e a projeção para 2020.

Países mais populosos em 2010 e estimativa de 2020

PaísPopulação total em 2010

(em milhões)País

Projeção de população total

para 2020 (em milhões)China 1 341 335,0 China 1 387 792,0

Índia 1 224 614,0 Índia 1 386 909,0

EUA 310,3 EUA 337,1

Indonésia 239,8 Indonésia 262,5

Brasil 194,9 Brasil 210,4

Paquistão 173,5 Paquistão 205,3

Nigéria 158,4 Nigéria 203,8

Bangladesh 148,6 Bangladesh 167,2

Federação Russa 142,9 Federação Russa 141,0

Japão 126,5 México 125,9

México 113,4 Japão 124,8

Fonte: ONU. Departamento de Economia e Desenvolvimento Social. World population prospects: the 2010 revision. Disponível em: <http://www.un.org/esa/populations>. Acesso em: 8 dez. 2011.

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GEOGRAFIA

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As informações indicam que o crescimento acelerado da população não encontra respaldo no crescimento econômico dos países subdesenvolvidos. Assim, para as próximas décadas, os estudiosos preveem a marginalização e a exclusão de milhões de pessoas do mercado de trabalho.

Se a estimativa é de crescimento populacional acelerado nos países subdesenvolvidos, na grande maioria dos países desenvolvidos está ocorrendo a diminuição do ritmo de crescimento da população, o que poderá gerar a estagnação e até mesmo um crescimento negativo, isto é, redução da população.

Tanto a perspectiva de crescimento acelerado quanto a de estagnação e crescimento negativo são preocupantes. O contingente populacional de excluídos e marginalizados econômica e socialmente está sujeito a participar de conflitos internos, como a participação na luta dos sem-terra, sem-teto, entre outros; de engrossarem o volume populacional que vive em condições precárias nas grandes cidades; e de imigrantes ilegais, principalmente para os países que estão com taxa de crescimento negativa e, portanto, tendo falta de mão de obra. Isto não significa, necessariamente, melhoria na qualidade de vida, pois os imigrantes ilegais não recebem os mesmos benefícios trabalhistas e de salários que os trabalhadores que estão legalmente no país.

Em relação ao Brasil, o crescimento populacional é significativo, mas já houve um ritmo de cresci-mento demográfico muito mais acelerado do que o atual e, segundo as projeções, este deverá diminuir no decorrer do século XXI.

Observe o quadro a seguir que apresenta a evolução da população absoluta no Brasil. Os dados são dos recenseamentos oficiais.

População brasileira

Ano População Diferença1872 9 930 478 –

1890 14 333 915 4 403 437

1900 17 438 434 3 104 519

1920 30 635 605 13 197 171

1940 41 236 315 10 600 710

1950 51 944 397 10 758 082

1960 70 992 343 19 047 946

1970 94 508 583 23 516 240

1980 121 150 573 26 641 950

1991 146 917 459 25 766 886

2000 169 590 693 22 673 234

2010 190 755 799 21 165 106

2020* 209 705 328 18 549 529

2050* 238 162 924 28 457 596

O primeiro recenseamento brasileiro foi realizado no século XIX, em 1872, que contabilizou 9 930 478 habitantes. A partir desse momento, a obtenção de dados foi sendo desenvolvida com a finalidade de conhecer as características da população brasileira.

O Brasil foi um país essencialmente agrário até a década de 1930, com uma população predominante-mente rural. A partir dessa década, o processo de industrialização e urbanização intensificou-se, trazendo mudanças significativas no crescimento demográfico. Na década de 1960, o Brasil deixou de ser um país rural.

Na década de 1950, grande parte da população deixou o campo, migrando para as cidades, prin-cipalmente nas da Região Sudeste, a qual estava passando por uma intensa industrialização. Ocorreu também migração para a Região Centro-Oeste, devido à construção de Brasília. A melhoria nos serviços urbanos oferecidos nas cidades, como os de saúde pública (campanhas de vacinações, acesso a hospitais e postos de saúde, etc.), a ampliação da rede de saneamento básico, de água tratada, disseminação de hábitos de higiene e limpeza, contribuiu para diminuir a taxa de mortalidade.

Esse panorama colaborou para o aumento do crescimento vegetativo, em virtude da redução da taxa de mortalidade e manutenção da taxa de natalidade.

O crescimento vegetativo diminuiu a partir da década de 1960. O uso de métodos contraceptivos (pílulas, ligamento de trompas e deferentectomia [antiga vasectomia]), a integração da mulher no

* EstimativaFontes: IBGE. Sinopse do Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/tabelas_pdf/Brasil_tab_1_4_pdf>. Acesso em: 8 dez. 2010; IBGE. Taxas e projeções 1980-2050. Disponível em: <FTP://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_Projecoes_Populacao/Revisao_2000_Projecoes_1980_2050/>. Acesso em: 8 dez. 2011.

Geografia da população18

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mercado de trabalho, maiores índices de escolaridade e o aumento da expectativa de vida são fatores que influenciaram a redução na taxa de natalidade.

Mas as reduções das taxas de natalidade e de mortalidade e o aumento da expectativa de vida não se deram de forma homogênea nem na mesma velocidade em todo o território brasileiro. Em algumas regiões, a redução ocorreu de forma mais rápida do que em outras, refletindo-se diretamente na expectativa de vida. Na Região Sul, em 2010, a expectativa de vida era de 75,2 anos e, no Nordeste, era menor (70,4 anos).

Observe o quadro a seguir.

Evolução da expectativa de vida ao nascer – Brasil e grandes regiões – 1950/2010

Brasil e regiões 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

Brasil 43,3 48,0 52,7 62,6 66,9 70,4 73,1

Norte 44,3 52,6 54,1 60,7 66,9 69,5 72,2

Nordeste 35,9 40,0 43,3 58,2 62,8 67,2 70,4

Sudeste 48,0 53,1 57,4 64,8 68,8 72,0 74,6

Sul 52,7 57,5 60,0 66,0 70,4 72,7 75,2

Centro-Oeste 50,3 52,9 57,6 62,8 68,6 71,8 74,3

Fontes: IBGE. População idosa no cenário nacional: transição demográfica. Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/profissional/acesso_rapido/gtae/saude_pessoa_idosa/brasil_indicadores_demograficos_e_envelhecimento.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2010; IBGE. Síntese dos Indicadores Sociais 2010. Disponível em: <http://ibge.gov.br/home/estatistica/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010/default_tab.shtm>. Acesso em: 8 dez. 2011.

Apesar da redução da taxa de mor-talidade, no Brasil, ainda é considera-da alta a taxa de mortalidade infantil pelos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Observe o gráfico ao lado:

IDH

Para uma análise mais aprofundada das condições de vida de uma população e para caracterizar determinado país como desenvolvido ou subdesenvolvido, são necessárias mais informações além dos indicadores demográficos, como os indicadores sociais e os econômicos. A Organização das Na-ções Unidas (ONU) divulga anualmente o Índice do Desenvolvimento Humano (IDH), desenvolvido por Mahbub ul Haq (economista paquistanês) com a colaboração de Amatya Sen (economista indiano e ganhador do Nobel de Economia em 1998), baseado nos seguintes componentes:

Brasil: taxa de mortalidade infantil 1990/2010

Fonte: IBGE. Síntese dos Indicadores Sociais 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010/default_tab.shtm>. Acesso em: 8 dez. 2011.

60

50

40

30

20

10

Por

mil n

ascid

os v

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1990 1995 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2010

Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório de desenvolvimento humano 2011: sustentabilidade e equidade. Um futuro melhor para todos. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2011. p. 173.

O Índice de

Desenvolvimento

Humano e suas

dimensões

@GEO2040

Ensino Médio | Modular 19

GEOGRAFIA

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O IDH considera a longevidade, isto é, expectativa de vida ao nascer; a educação, por meio do índice de analfabetismo e da taxa de escolaridade para todos os níveis de ensino; além da renda, indicada pelo RNB per capita em dólar PPC (paridade de poder de compra), que equilibra as diferenças entre o custo de vida dos países, permitindo a comparação entre diferentes moedas e economias.

O RNB per capita de cada país deve ser convertido em dólares PPC (no Brasil, a taxa de câmbio real em dólar que corresponde à PPC é mais baixa que a taxa de câmbio corrente), pois o poder de compra de US$ 1,00 não é igual em todos os países.

O valor do IDH varia entre zero e 1 e é dividido em quatro classes. Países com:

desenvolvimento humano muito elevado;

desenvolvimento humano elevado;

desenvolvimento humano médio;

desenvolvimento humano baixo.

O IDH tornou-se um índice de referência utilizado mundialmente. No Brasil, o governo federal utiliza--o para definir o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e os dados estão disponíveis no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.

Pesquise sobre a evolução do IDHM do seu município. Para isso, utilize o site do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Siga as instruções e identifique os indicadores que compõem esse índice para o seu muni-cípio. Elabore um relatório com as considerações sobre a situação de desenvolvimento humano do município, observando a situação de cada indicador. Insira o mapa que você vai gerar no site do Atlas.

Pesquise so

Desnutrição e obesidade

Um dos fatores que contribuem para o aumento e/ou a manutenção da taxa de mortalidade infantil é a desnutrição.

Desnutrição, segundo o Ministério da Saúde, é uma con-dição que envolve uma deficiência ou um excesso de um ou mais nutrientes essenciais para a saúde humana. Pode ser causada por uma alimentação insuficiente em calorias e nutrientes, pela ingestão de alimentos não compatíveis com as necessidades energéticas da pessoa ou pode ser desencadeada por outras doenças, como verminoses, ano-rexia, câncer, intolerância a algum alimento, entre outros.

Além dessas possíveis causas, há outros fatores que con-tribuem pra a desnutrição. O desmame precoce, as precárias condições sanitárias, a baixa renda e a indisponibilidade da maioria dos alimentos também são fatores que comprometem

a saúde das crianças, contribuindo, assim, para o aumento da taxa de mortalidade infantil.

Uma porcentagem representativa de subnutridos significa maiores gastos em saúde para o país, tanto em tratamento quanto em internação, sendo mais difícil para essas pessoas conseguirem emprego, devido ao baixo rendimento tanto es-colar quanto profissional. Isso contribui para o agravamento dos problemas socioeconômicos, que podem intensificar o quadro de desnutrição, criando, assim, um círculo vicioso.

Outro problema que afeta a área da saúde e a população é a obesidade. Segundo o Ministério da Saúde, a obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de gordura corporal, mas nem sempre o aumento de peso está relacio-nado à obesidade.

Geografia da população20

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A complicação é que o número de crianças e adultos obesos está aumentando nos países subdesenvolvidos e, principalmente, nos desenvolvidos. A obesidade já é con-siderada como um problema de saúde pública e, segundo a OMS, ela é tão preocupante quanto a desnutrição, pois muitos serviços (públicos ou privados) ofertados estão sendo adaptados para essa realidade, como catracas maiores, a

largura dos acentos nos meios de transportes, entre outras situações, pois a porcentagem de obesos no mundo prati-camente se iguala à dos subnutridos.

Segundo a OMS, pesquisas informam que os Estados Unidos já possuem cerca de 30% de obesos e que essa porcentagem pode ser maior, pois os critérios de identificação da obesidade utilizados não são muito rígidos.

No Brasil, desde a década de 1970, o governo investiu em pesquisas nacionais. O IBGE realizou pesquisa em 1974-75 (Pesquisa Nacional de Despesa Familiar – Endef), 1989 (Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – PNSN), 1997-98 (Pesquisa de Padrões de Vida – PPV) e em 2002- -03 (Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF), coletando dados que auxiliaram na avaliação de subnutrição e de obesidade nos últimos 25 anos. Os estudos coletaram dados da extensão, gravi-dade e concentração da fome, hábitos alimentares, orçamentos familiares, gênero, peso e altura.

Os estudos consideraram que, em relação às crianças, aproximadamente 20% a 32% dos adultos eram obesos, presentes em todas as regiões do Brasil, mas o índice mais alto de obesidade estava na Região Sul. Em relação à desnutrição, os índices mais altos estavam na Região Nordeste. Tanto a obesidade quanto a desnutrição estavam presentes nas cidades e nas zonas rurais.

Dos resultados obtidos nos quatro grandes estudos, verificou-se que os índices de desnutrição diminuíram em todas as regiões brasileiras, indicando uma evolução favorável nos indicadores sociais. Além disso, as pesquisas revelaram que na década de 1970 as taxas de subnutrição eram maiores que as de obesidade e, no final de década de 1980, a obesidade já tinha ultrapassado a subnutrição e estava crescendo significativamente.

Pesquise sobre a desnutrição e obesidade: causas, consequências para a pessoa e para os órgãos públicos. Elabore um relatório apresentando o texto, os gráficos e/ou mapas e entregue ao professor na data solicitada.

1. (UFES) Com o índice de natalidade em queda e uma expectativa de vida que atinge os 77 anos, a Europa está se tornando um continente de idosos. Na maioria dos países europeus o cres-cimento vegetativo caiu vertiginosamente uma vez que o número de nascimentos por mulher não supera o valor mínimo necessário para repor a população que morre.

a) Explique dois fatores que contribuíram para a queda do índice de natalidade na Europa.

b) Explique uma das consequências decorrentes do envelhecimento da população europeia.

2. (UFAC) Sobre o crescimento da população brasi-leira, é correto afirmar que:

a) a variação nas taxas de natalidade e de morta-lidade não refletiu no crescimento da popula-ção.

b) não houve uma redução gradual nas taxas de fecundidade, ou seja, da redução do número de filhos por mulher.

c) a inserção da mulher no mercado de traba-lho permitiu que as famílias aumentassem o número de filhos em razão das facilidades em educar.

Ensino Médio | Modular 21

GEOGRAFIA

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d) todas as Unidades da Federação entre 1980 e 2000 tiveram aumento de população, em al-guns casos chegando a triplicar, como aconte-ceu com o Acre.

e) Entre o primeiro recenseamento oficial do Brasil, realizado em 1872, até o Censo de 2000, ve-rificou-se o aumento constante da população brasileira, que chegou a crescer dez vezes no século XX (1901-2000).

3. (UFC – CE) As análises das populações humanas utilizam-se de indicadores numéricos interpretados à luz de teorias demográficas às vezes divergentes. Interesses político-econômicos também orientam estas análises e direcionam as ações governamen-tais relativas ao crescimento da população. As ques-tões a seguir dizem respeito aos conceitos e teorias demográficas, às políticas públicas e ao processo de envelhecimento da população brasileira.

a) Defina: I. taxa de natalidade. II. taxa de mortalidade. III. crescimento vegetativo. IV. crescimento demográfico.

b) Cite duas das principais teorias demográficas que procuram explicar as razões e os efeitos do crescimento populacional.

c) Nomeie uma ação governamental relaciona-da a políticas de natalidade implementadas a partir de meados do século XX nos países: I. desenvolvidos; II. subdesenvolvidos.

d) Apresente duas das principais consequências do envelhecimento da população brasileira, eviden-ciado, na atualidade, pela pirâmide etária.

4. (PUCPR) A partir do texto abaixo, considere as afirmativas e marque a alternativa correta:

Os censos populacionais produzem informações imprescindíveis para a definição de políticas pú-blicas e tomada de decisões para investimento, sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo, e constituem a única fonte de referência sobre a situação de vida da população nos municípios e em seus recortes internos, como distritos, bairros e localidades, rurais ou urbanas, cujas realidades dependem de seus resultados para serem conhecidas e terem seus dados atualizados.

Fonte: IBGE, 2008

I. Na década de 1950, países subdesenvolvidos apresentaram alto grau de crescimento de-mográfico. Esse fato está diretamente relacio-nado aos avanços da medicina devido à des-coberta de novas vacinas que promoveram melhores condições de vida nesses países.

II. A partir da década de 1980, vários países do continente europeu registraram, em deter-minados períodos, um crescimento natural negativo. Isso se deu porque as taxas de mor-talidade superaram as de natalidade.

III. A Revolução Industrial provocou uma dimi-nuição no crescimento populacional, pois foi um momento de grande recessão e atritos entre os países europeus.

IV. Atualmente, a migração em massa da popu-lação europeia para as Américas tem provo-cado um crescimento demográfico maciço no Brasil e, consequentemente um esvazia-mento em países como Portugal e Itália.

V. O século XX foi marcado por um declínio nas taxas de natalidade e mortalidade em vários países. Esse fenômeno se deu por causa da urbanização, do acesso à informação e tam-bém devido às mudanças do papel da mu-lher no mercado de trabalho.

a) I, II e III.

b) II, III e IV.

c) I, IV e V.

d) III, IV e V.

e) I, II e V.

5. (UEMS) Entre os países mais populosos estão Indonésia, Brasil, Japão e Bangladesh. Entre os mais povoados, encontram-se Holanda, Bélgica e Ja-pão. O critério para a classificação de um país como populoso e povoado refere-se, respectivamente, a:

a) taxas de natalidade e mortalidade.

b) taxas de natalidade e expectativa de vida.

c) índices de saúde e morbidez.

d) densidade demográfica e movimentos migra-tórios.

e) população absoluta e população relativa.

6. (UFLA – MG) Para o entendimento da dinâmica populacional como um todo, buscou-se a cons-trução de conceitos que expressassem suas espe-cificidades. Estão corretas as definições apresen-tadas a seguir, exceto:

Geografia da população22

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a) População urbana: parcela da população in-dicada em porcentagem que habita nas áreas urbanas. Apesar do esforço da ONU para pa-dronizar o que é zona rural e urbana, os crité-rios mudam de nação para nação.

b) Densidade demográfica: número de habitan-tes de um país por quilômetro quadrado. É obtido por conta simples: divide-se a popula-ção pela área.

c) Crescimento demográfico: aumento médio do número de indivíduos de um país, expresso em porcentagem. Resulta do saldo entre os nascimentos e as mortes (crescimento vegeta-tivo) mais o saldo entre imigrantes e emigran-tes (crescimento migratório).

d) Expectativa de vida: estimativa anual dos fi-lhos nascidos vivos que cada mulher teria du-rante o período reprodutivo (15 a 49 anos). Só entram nessa conta bebês nascidos vivos. O indicador reflete a tendência de crescimento ou queda da população do país.

7. (PUC-Rio) O estudo geográfico da população costuma enfatizar três dimensões: o crescimen-to, a estrutura e as migrações. Essas dimensões estão interligadas e em interação.

Crescimento Estrutura

Migrações

Adaptado de João Rua e outros in Para ensinar Geografia.

Assinale a opção que não evidencia a ligação en-tre, pelo menos, duas dimensões citadas.

a) As pirâmides etárias dividem a população por grupos de idades: os jovens, os adultos e os idosos.

b) A população cresce pela diferença entre as ta-xas de natalidade e de mortalidade, deduzido ou acrescentado o saldo migratório.

c) Quando a população apresenta alta taxa de natalidade, ocorre um predomínio de popula-ção jovem.

d) Quando há uma baixa natalidade e a expecta-tiva de vida ao nascer é alta, passa a haver um predomínio de população adulta e velha.

e) Quando uma área perde população por emi-gração, perde grande parte de seu contingen-te masculino.

8. (UNICAMP – SP) O índice de mortalidade infan-til é um dos indicadores do grau de desenvol-vimento de um país, juntamente com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), sendo este composto pelos índices de expectativa de vida, escolaridade e Produto Nacional Bruto (PNB) per capita. Observe os gráficos a seguir e responda às questões:

a) Além dos índices que compõem o IDH, indi-que outros dois fatores que exercem uma in-fluência positiva na queda dos índices de mor-talidade infantil.

b) Compare, analisando os dados do IDH e PNB per capita, as taxas de mortalidade infantil de Cuba e Bolívia.

Ensino Médio | Modular 23

GEOGRAFIA

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População e trabalho3A população pode ser estruturada segundo as atividades econômicas distribuídas pelos seguintes

setores da economia:

Setor primário: atividades relacionadas à extração de matéria-prima para a transformação em produtos primários, envolvendo a agropecuária, a caça, a pesca, os extrativismos vegetal, animal e mineral não industrializados.

Setor secundário: envolve atividades do setor industrial, como a produção de bens de consu-mo, máquinas e equipamentos, geração de energia e construção civil. Esse setor processa os produtos primários e também distribui essas mercadorias em forma de atacado.

Setor terciário: são atividades que envolvem o comércio em geral e a prestação de serviços pessoais ou comunitários, a terceiros, como nas áreas da saúde e da educação, profissionais liberais, entre outros.

Prestação de serviço na área de saúde em Salvador, BA

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Agricultura em Sapezal, MTPu

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Devido ao desenvolvimento tecnológico, há pesqui-sadores que incluem, no setor terciário, o quaternário, que envolve as atividades desenvolvidas para auxiliar os demais setores, como a biotecnologia, a automatização das atividades industriais e a informatização.

Os trabalhadores que mantêm vínculos empregatícios com empresas ou instituições, com direito a uma série de benefícios previstos na legislação trabalhista, estão incluídos no setor formal da economia. O setor formal gera o Produto Interno Bruto (PIB), a renda per capita, entre outros indicadores socioeconômicos.

A dinâmica

do processo

produtivo e o

emprego

@GEO1902

Geografia da população24

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A economia informal envolve atividades exercidas em qualquer setor da economia, sem a for-malização da empresa, isto é, a empresa não tem um registro e não paga impostos e taxas.

A população que trabalha no setor formal é denominada população economicamente ativa (PEA). No Brasil, essa população corresponde aos trabalhadores entre 16 e 64 anos, que estão trabalhando ou desempregados a menos de um ano, com exceção dos estudantes e das pessoas que trabalham em atividades domésticas não remuneradas.

A população economicamente não ativa (ou inativa – PEI) é aquela formada por pes-soas que não exercem atividades produtivas, como estudantes, aposentados, pensionistas, rentistas e outros.

Para essa análise, evita-se utilizar a participação da população no setor secundário, pois essa informação não reflete a produtividade desse setor. Há diversidade de tipos de indústrias e há indústrias que são mais automatizadas que outras. Assim, se a informação for que determinado país tem 35% da sua população trabalhando no setor secun-dário da economia, ela não revela a produtividade desse setor, pois esses trabalhadores podem estar empregados em diversos tipos de indústrias.

Distribuição da população nas atividades econômicas

A economia mundial passou por transformações quanto à distribuição da população nos setores que a compõem, com crescimento considerável do setor terciário. Atualmente, devido às intensas trocas comerciais e de informações, os serviços e as transações comerciais aumentaram, ficando cada vez mais sofisticados, especializados e eficientes. As atividades ligadas ao turismo, às telecomunicações, à informática e a conglomerados financeiros, entre outros, empregam um número cada vez maior de trabalhadores.

A distribuição da população economicamente ativa de um país pelos setores da economia revela a sua estrutura eco-nômica, o grau de desenvolvimento e indica o estágio de urbanização em que se encontra.

A análise da distribuição da população economicamente ativa nos setores da economia pode ser feita tendo por base o setor primário.

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Colheita de algodão em Benha, no Egito

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Colheita de soja em Primavera do Leste, MT

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GEOGRAFIA

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O gráfico a seguir apresenta a evolução da população economicamente ativa no Brasil.

O Brasil, até meados do século XX, era um país exportador de bens primários. A distribuição da população por atividade econômica estava concentrada no setor primário. Com os processos de indus-trialização e urbanização, houve crescimento dos setores secundário e terciário.

Atualmente, mais da metade da população brasileira economicamente ativa se encontra no setor terciário. Porém, ao contrário dos países desenvolvidos, no setor terciário brasileiro ainda não predo-minam os serviços especializados e sofisticados, realizados com mão de obra qualificada. Devido a essa situação, muitos especialistas não identificam como um crescimento efetivo do setor terciário e, sim, admitem que esse setor se apresenta “inchado”.

Nas áreas urbanas há a convivência de serviços altamente especializados com outros que são prestados por trabalhadores com pouco ou sem nenhum preparo. Um bom exemplo são as atividades domésticas realizadas, muitas vezes, por trabalhadores sem nenhuma qualificação profissional. De outro lado, há as atividades informatizadas, administradas por trabalhadores altamente especializados.

Esse aumento da participação da população no setor terciário também está relacionado ao desem-prego que vem se mantendo alto, tendo alcançado valores mais significativos nas principais regiões metropolitanas, onde milhares (em algumas regiões metropolitanas chegam a milhões) de pessoas tentam sobreviver prestando serviços ou abrindo pequenos comércios.

Distribuição dos rendimentos

A população também é estruturada conforme a distribuição da renda, e essa análise demonstra o percentual da população em relação aos rendimentos. Quando há a concentração da renda nacional em uma pequena parcela da população, há indícios de subdesenvolvimento. Países desenvolvidos possuem uma distribuição mais equilibrada dos rendimentos.

A distribuição de renda entre os países e também dentro de um mesmo país é preocupação cons-tante e antiga, pois retrata o nível de desenvolvimento desse país.

O Coeficiente de Gini é um índice internacional utilizado para retratar a desigualdade da distribuição de renda de um determinado país. Esse coeficiente foi desenvolvido por Corrado Gini (matemático italiano), em 1912.

Esse índice varia entre zero e um. Quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade de distri-buição de renda de um país. Quanto mais próximo de um, maior é a concentração de renda. Portanto, o resultado zero representa a igualdade ideal; e um, a desigualdade máxima.

Fonte: IPEA. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br/>. Acesso em: 9 dez. 2011.

Evolução da população economicamente ativa brasileira – total

Geografia da população26

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Com base no mapa que representa o Coeficiente de Gini, responda às questões propostas.

1. Qual a classe que tem maior representação?

2. Que países possuem o Coeficiente de Gini mais baixo? O que isso significa? Consulte um atlas para localizar os países.

3. Que países possuem o Coeficiente de Gini mais alto? O que isso significa?

4. Congo apresenta o IDH mais baixo (0,28) e tem o Coeficiente de Gini de 0,44 (classe de 0,40 a 0,44). O Brasil está no grupo de países de desenvolvimento humano elevado, com 0,71 de IDH, mas tem o Coefi-ciente de Gini de 0,53 (classe de 0,50 a 0,54). O que isso significa?

5. Quais países estão na classe do Brasil?

Fontes: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório de desenvolvimento humano 2011: sustentabilidade e equidade. Um futuro melhor para todos. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2011. p. 141-144; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório de desenvolvimento humano 2010: a verdadeira riqueza das nações. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2010. p. 160-163. Adaptação.

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Coeficiente de Gini

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GEOGRAFIA

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O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2009 (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD) indica que, no Brasil, os 10% mais ricos recebem 43% da renda nacional; e os 10% mais pobres, apenas 1,1%.

O Coeficiente de Gini no Brasil é de 0,53. Esse índice é inferior apenas ao de Honduras (0,57), África do Sul (0,578), Bolívia (0,57), Colômbia (0,585), Angola (0,586), Haiti (0,595) e Comores (0,643).

Estudiosos apontam o sistema tributário e os preços inflacioná-rios (os reajustes não são repassados totalmente aos salários) como os principais responsáveis pela má distribuição de renda no país. Esses dois fatores influenciam os baixos salários e a dificuldade de acesso a bens imóveis, tanto na área rural quanto na urbana. Se os preços dos produtos aumentam, sem que o mesmo índice seja repassado aos salários, aumentam o lucro dos empresários e dimi-nuem o poder aquisitivo dos trabalhadores, concentrando a renda.

O sistema tributário esquematiza a arrecadação de impos-tos, tanto diretos quanto indiretos. O imposto direto é o que incide sobre a renda e sobre as propriedades de cada cidadão, tendo percentuais diferenciados segundo as faixas de renda

e a quantidade de propriedades. O governo federal distribui o que arrecada com esse tipo de imposto entre os programas de saneamento básico, de financiamento da aquisição da casa própria, melhorias nas escolas e nos hospitais, entre outros. O imposto indireto incide nos preços dos produtos que a população utiliza diariamente. Os valores desses impostos são cobrados independentemente da faixa de renda do cidadão. Esse tipo de imposto “pesa” mais no orçamento de quem ganha menos. Nos países subdesenvolvidos, a ênfase de arrecadação são os impostos indiretos; e nos desenvolvidos, os impostos diretos.

Os resultados desse estudo indicam que a origem da pobreza no Brasil está na má distribuição de renda e não, necessaria-mente, na falta de recursos; e os programas do governo federal de combate à pobreza não são eficazes, pois visam apenas ao crescimento econômico. O ideal seria desenvolver programas que objetivassem, além do crescimento econômico, a melhor distri-buição de renda e também o crescimento da renda per capita.

A desigualdade da distribuição de renda ocorre também entre as regiões brasileiras. Observe o mapa a seguir.

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004-2009. Disponível em: <http://noticias.r7.com/economia/noticias/renda-media-do-brasileiro-cresce-2-2-em-2009-puxada-por-empregos-com-carteira-20130908.html>. Acesso em: 30 set. 2010. Adaptação.

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Renda média dos brasileiros ocupados por região – 2009

Geografia da população28

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Além da inflação e do sistema tributário, a discriminação pro-fissional das mulheres também influencia na má distribuição de renda. No Brasil, há discriminação em relação à mulher, pois, mesmo exercendo as mesmas funções que os homens, ou mesmo com nível de escolaridade média superior ao dos homens, sua remuneração, muitas vezes, é inferior, além de ocuparem cargos mais baixos.

Essa discriminação é proibida por lei, mas ainda há empresas que solicitam o teste de gravidez para a contratação e evitam contratar mulheres recém-casadas ou com filhos pequenos. A falta de creches e de escolas de Educação Infantil dificulta ainda mais a vida das mulheres trabalhadoras de baixa renda.

O trabalho infantil também é uma realidade brasileira, apesar de a legislação proibir que menores de 16 anos trabalhem, exceto a participação de maiores de 14 e menores de 16 anos no projeto Menor Aprendiz.

Nas áreas urbanas, o número de crianças entre 10 e 14 anos que trabalham é elevado. A grande maioria não recebe salário nem tem assegurados seus direitos tra-balhistas, pois são vendedores ambulantes, engraxates, cuidadores de carros, ou seja, servem ao trabalho infor-mal. Essas crianças normalmente abandonam a escola ou têm um rendimento escolar abaixo da média, o que afeta a qualificação necessária para ingressarem dignamente no mercado de trabalho e melhorar suas perspectivas de futuro.

Em uma sociedade com grande concentração de renda e disparidades socioeconômicas, o trabalho infantil é visto como saída para melhorar o rendimento da família. Observe o gráfico a seguir sobre o percentual de crianças e adolescentes trabalhando no Brasil.

Observa-se que, apesar de o percentual diminuir, ainda con-tinua alta a participação de crianças e adolescentes no mercado de trabalho. Dados do IBGE indicam que a situação para grande parte das crianças e adolescentes é difícil, pois pertencem às

famílias que sobrevivem com renda mensal inferior a um salário mínimo e possuem pais analfabetos ou semialfabetizados. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) vem desenvolvendo campanhas mundiais pela não utilização de mão de obra infantil.

Fonte: PESQUISA Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – 2007, 2008 e 2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhorendimento/pnad2009/tabelas_pdf/sintese_ind4_2_2.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2011.

Brasil: trabalho infantil. Crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos ocupados – % sobre a faixa etária

Empregados, desempregados e inativos

A PEA envolve os trabalhadores ocupados e a população desocupada.A PEA ocupada pode atuar como:

Empregados: pessoas que cumprem uma jornada de trabalho para um ou mais empregadores e recebem salário, que pode ser pago em dinheiro ou de outra forma, em troca de moradia, de ali-mentação, etc. Os trabalhadores empregados podem ter registro ou não em carteira de trabalho.

Autônomos: trabalhadores que desenvolvem uma determinada atividade e não têm empregados. Empregadores: pessoas que exercem uma atividade econômica, donos de empresa com um ou

mais empregados. Ocupados não remunerados: são trabalhadores que exercem atividades sem remuneração em empre-

sas beneficentes, religiosas, ou como aprendiz e/ou estagiário.

Ensino Médio | Modular 29

GEOGRAFIA

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A PEA desocupada é composta de trabalhadores que estão desempregados, mas que estão procurando efetivamente outro emprego.

Já a PEI envolve as pessoas incapacitadas para o trabalho, as que não querem trabalhar, os desempregados que não estão procurando emprego (o IBGE identifica essas pessoas como desalentados, isto é, os desempre-gados que não procuram emprego há mais de um mês), os estudantes, as pessoas que desenvolvem atividades domésticas sem remuneração e também os aposentados, os pensionistas, os detentos e os trabalhadores que estão na economia informal.

A quantidade de desempregados é um indicador importante que retrata a situação socioeconômica da popu-lação de determinado país. A taxa de desemprego é a relação entre a quantidade de pessoas desocupadas que estão procurando trabalho e a quantidade de trabalhadores ativos em um determinado período de referência.

O desemprego é uma preocupação mundial, principalmente entre os jovens, os quais, mesmo com boa escolaridade, dificilmente conseguem colocação no mercado de trabalho. O problema é sério em muitos países, tanto os desenvolvidos quanto os subdesenvolvidos. Para diminuir a quantidade de desempregados, muitos deles adotam medidas, como a redução da jornada semanal de trabalho, fixação do valor do salário mínimo baixo para estimular a oferta de emprego, entre outros.

Observe a tirinha da Mafalda e resolva as questões propostas.

1. Qual a relação que Mafalda faz com o desemprego e o dedo indicador?

2. Alguém da sua família já ficou desempregado?

3. Como ficou a situação da sua família em razão do desemprego?

4. Em sua opinião, o que poderia ser feito para reduzir a taxa de desemprego?

Nas últimas décadas, a tendência à globalização, interação e integração das atividades comerciais e as fusões das empresas geraram uma situação que aumenta a taxa de desemprego: o desemprego estrutural.

Em todo o mundo, funções foram eliminadas pela automação industrial, pela robótica, pelas fusões empresariais, pela introdução de novas tecnologias, como a informática. Além disso, a redução do número de funcionários foi essencial para que empresas conseguissem manter seus níveis de com-petitividade, diminuindo seus custos operacionais. Muitos países têm uma legislação trabalhista que obriga o empregador a ter encargos sociais muito altos e, como a demissão também é onerosa, muitas empresas não contratam novos funcionários para a vaga que está em aberto.

Fonte: QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

Geografia da população30

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Assim, muitas empresas passaram a terceirizar parte de suas atividades, reduzindo o custo social, pois esses trabalhadores não são funcionários e recebem pelos serviços prestados.

No Brasil, a PEA ocupada tem aumentado e a população desocupada vem diminuindo. Observe o quadro a seguir, que representa a condição de ocupação de pessoas de 10 anos ou mais de idade.

Na década de 1990, a abertura econômica trouxe a modernização para o setor secundário da economia (automação industrial e a informatização administrativa) e para o sistema bancário, além da fusão entre empresas ou o desaparecimento de outras, devido à concorrência. Esses fatores contribuíram para a elevação da taxa de desemprego, principalmente o desemprego estrutural.

Nesse panorama, muitas pessoas, não só os menos qualificados e com menor nível de escolaridade, encontram dificuldades em arrumar colocação no mercado de trabalho, cada vez mais restrito e exigente. Atualmente, um diploma universitário não é garantia de emprego. O Ensino Superior faz diferença, mas não oferece a certeza de colocação profissional. Assim, os futuros profissionais se especializam cada vez mais para se diferenciar nesse mercado de trabalho altamente concorrencial.

A falta de crescimento econômico e o desemprego obrigam a população a procurar alternativas para so-breviver. Dessa forma, o subemprego tem sido a condição alternativa de sobrevivência. As atividades desen-volvidas nessas condições não são cadastradas nem recolhem impostos, sendo difícil mensurar a participação na economia brasileira. Grande parte da economia informal está centrada no setor terciário da economia.

O desemprego conjuntural ou cíclico é transitório, mas não menos preocupante. Predomina em períodos de crises econômicas, pois resulta da gestão política e econômica, quando os bancos reduzem os créditos, não estimulam os investimentos, os preços aumentam e, em consequência, o poder de compra dos assalariados diminui. Nesse caso, reduz-se muito a produção e os trabalhadores são dispensados.

Brasil: PEA – total

CONDIÇÃO DE ATIVIDADE DE OCU-

PAÇÃO NA SEMANA DE REFERÊNCIA

PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS DE IDADE (1 000 PESSOAS)

BRASIL NORTE NORDESTE SUDESTE SULCENTRO- -OESTE

2006

População em idade ativa 156 284 11 815 42 089 68 054 23 242 11 084

Economicamente ativas 97 528 7 193 25 549 42 351 15 446 6 989

Ocupadas 89 318 6 684 23 432 38 274 14 523 6 405

Desocupadas 8 210 509 2 117 4 077 923 584

Não economicamente ativas 58 755 4 622 16 540 25 703 7 795 4 095

2007

População em idade ativa 159 362 12 135 42 878 69 318 23 703 11 328

Economicamente ativas 98 716 7 296 25 741 42 723 15 678 7 278

Ocupadas 90 659 6 729 23 616 38 857 14 767 6 689

Desocupadas 8 057 567 2 125 3 866 911 588

Não economicamente ativas 60 502 4 829 17 099 26 533 7 999 4 043

2008

População em idade ativa 160 561 12 231 44 124 68 919 23 710 11 578

Economicamente ativas 99 500 7 340 26 546 42 712 15 437 7 466

Ocupadas 92 395 6 863 25 549 39 397 14 675 6 910

Desocupadas 7 106 477 1 996 3 314 761 5 5761 061

Não economicamente ativas 61 061 4 891 17 578 26 207 8 273 4 111

2009

População em idade ativa 162 807 12 422 44 827 69 781 24 026 11 751

Economicamente ativas 101 110 7 536 26 735 43 452 15 744 7 643

Ocupadas 92 689 6 889 24 367 39 592 14 802 7 040

Desocupadas 8 421 647 2 368 3 860 943 603

Não economicamente ativas 61 697 4 886 18 092 26 329 8 282 4 108

Fonte: PESQUISA Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – 2007 e 2009.

Ensino Médio | Modular 31

GEOGRAFIA

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1. (UDESC) Sobre a população feminina e sua parti-cipação no mercado de trabalho, assinale a alter-nativa incorreta.

a) Chama a atenção a maior participação no mercado de trabalho das mulheres da Re-gião Sul, onde também são verificadas as maiores taxas de ocupação da população feminina.

b) O aumento da escolaridade feminina, a que-da da fecundidade, as novas oportunidades oferecidas pelo mercado e as mudanças nos padrões culturais são as principais causas do aumento da participação feminina no merca-do de trabalho.

c) As mulheres vêm aumentando sua partici-pação no mercado de trabalho nos últimos anos.

d) A volta ao lar já é uma realidade absoluta para a maioria das mulheres trabalhadoras nas grandes cidades brasileiras, fruto do desem-prego e das desigualdades salariais entre ho-mens e mulheres.

e) As mulheres ainda hoje fazem parte da maio-ria que estão à procura de emprego.

2. (FURG – RS) Os estudiosos da Geografia eco-nômica têm como uma das preocupações pesquisar o desequilíbrio do desenvolvimen-to social e econômico entre os diversos paí-ses intrínsecos à globalização produtiva e do capital da Revolução Técnico-científica. Para a Geografia econômica, qual o conceito de Ren-da per capita?

a) O total da riqueza monetária e cultural de um país (renda nacional) multiplicado pelo núme-ro de seus habitantes.

b) O total da riqueza de uma região de um país (renda regional) subtraído do número de seus habitantes.

c) O total da riqueza (renda nacional) dividido pelo número de seus habitantes.

d) O total da riqueza monetária e dos recursos naturais de um país (renda regional) dividido pelo número de seus habitantes.

e) O total da riqueza de um lugar de uma região de um país (renda localizada) somado ao nú-mero de seus habitantes.

3. (CEFET – SC) Observe as figuras e sua legenda, para responder à questão.

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COMO NOSSOS AVÓS: Ontem como hoje, desempregados ven-dem maçãs nas proximidades de Wall Street (Disponível em: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2031/artigo104574-1.htm. Acesso em: 21 out. 2008.)

É correto afirmar:a) A crise econômica mundial foi provocada pelo

terrorismo internacional, que mobilizou os re-cursos orçamentários americanos na guerra do Afeganistão.

b) Com a atual crise econômica mundial, deve-mos ter um aumento imediato na oferta de empregos, medida que provocará a queda no consumo, garantindo a produção de bens.

c) A crise econômica mundial atual pode gerar um grande número de desempregados, tal como em 1929, caso não sejam tomadas me-didas estatais urgentes.

Geografia da população32

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d) A imagem do jovem desempregado não deve ser repetida em países como o Brasil, que es-tão totalmente protegidos da dinâmica eco-nômica global baseada na especulação.

e) Ao contrário de 1929, o mundo tende a su-perar a crise econômica com a diminuição da participação do estado na economia.

4. (UNCISAL) Observe a charge para responder à questão.

A charge faz referência à:

a) situação de pobres e ricos.

b) distância entre as classes sociais.

c) moradia e ao saneamento básico.

d) marginalização e ao racismo.

e) falta de ética e de solidariedade.

5. (UFPI) A análise de dados demográficos e socioe-conômicos permite conhecer a realidade quanti-tativa e qualitativa da população:

a) ( ) Todos os países densamente povoados são necessariamente populosos.

b) ( ) O descompasso entre as condições socioeco-nômicas da população e os recursos disponí-veis caracteriza uma área superpovoada.

c) ( ) A teoria de Malthus tinha como princípio bá-sico a erradicação da pobreza e da fome com medidas de controle da natalidade, casamento tardio e número de filhos com-patível com os recursos dos pais.

d) ( ) Um país subdesenvolvido tem uma estru-tura etária jovem, originada por um baixo crescimento vegetativo.

6. (UFCG – PB) O setor terciário da economia é cons-tituído pelo comércio e os serviços – transporte, educação, saúde, comunicação, sistema financei-ro, entre outros, que se distribuem quantitativa e qualitativamente de maneira diferenciada entre os lugares, regiões e países. Tanto nos países de-senvolvidos quanto nos subdesenvolvidos que co-nheceram processos de modernizações das suas

economias e dos seus territórios – a exemplo do Brasil – o setor terciário é o que mais emprega a mão de obra ativa e se impõe nas paisagens urbanas através da presença de lojas, shoppings centers, universidades e centros de pesquisas, transportadoras, escritórios, agências de viagem e publicidade, bancos, consultórios, clínicas, hos-pitais, bem como, no caso dos países subdesen-volvidos, feiras, comércio ambulante, pequenos serviços (terciário inferior), entre outros.

Sobre a espacialidade do setor terciário da eco-nomia nos países desenvolvidos e subdesenvolvi-dos, assinale (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as falsas.

( ) A intensa e contínua modernização da pro-dução industrial e da agropecuária nos países de capitalismo avançado transferiu boa parte da mão de obra para o setor terciário. Nesses países, esse setor econômico é dominado por atividades e serviços modernos, exigentes de trabalhadores com elevada qualificação.

( ) As cidades do Rio de Janeiro, Guadalajara, Miami, Yokohoma e Liverpool, por exem-plo, concentram os serviços financeiros e comandam a financeirização dos territórios do Brasil, México, EUA, Japão e Inglaterra, respectivamente.

( ) O Brasil é um exemplo de país subdesenvol-vido em que a expansão do terciário inferior está relacionada com o desemprego estru-tural provocado pela reestruturação tecno-lógica do seu parque industrial e de setores do terciário moderno.

( ) Nos países desenvolvidos e subdesenvol-vidos, o crescimento do terciário superior (pesquisa, operações financeiras, serviços de comunicação, informação, educação, entre outros) independe da dinâmica eco-nômica e da demanda por bens e serviços dos setores primários e secundários.

( ) A cidade de Campina Grande – PB, por seu porte de “oásis high tech” (serviços do terci-ário moderno), polariza uma fração de ter-ritório, que excede os limites do estado da Paraíba, como também tem nesses serviços um dos fatores de dinamização de sua eco-nomia urbana.

A sequência correta é:

a) F, V, F, V e F. b) V, V, V, V e F.

c) F, F, V, V e F. d) V, F, V, F e V.

e) V, V, F, F e V.

Ensino Médio | Modular 33

GEOGRAFIA

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Ocupação e uso do solo4

Distribuição geográfica da população

A população mundial atingiu, segundo a ONU, 7 bilhões de habitantes. Observe o gráfico a seguir, que apresenta o crescimento e a estimativa da população mundial de 1950 a 2050.

Fonte: U. S. Census Bureau, International Data Base. World Population: 1950-2050.

Crescimento da população mundial 1950/2050

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A distribuição dessa população não ocorre de forma equitativa nos continentes. A Ásia é o conti-nente mais populoso, concentrando mais de 60% da população mundial e é também o mais povoado, com aproximadamente 80 habitantes/km2. A Oceania tem a menor população, portanto, é o continente menos populoso e o menos povoado, desconsiderando-se a Antártica, que possui somente bases científicas, o que não caracteriza habitantes permanentes.

O quadro a seguir apresenta as informações comparativas entre os continentes.

Quadro comparativo dos continentesIndicadores África América Ásia Europa Oceania

Número de países1 53 35 45 48 14

Área (km²)1 30 283 779 42 028 106 44 555 317 10 366 825 8 543 220

População (milhões)2 1 022,2 934,6 4 164,2 738,1 36,5

Densidade (hab/km²)2 34 22,5 93 71 4

População urbana (%) (2010)2 40,0 80,5 42,2 72,8 70,2

Fontes: 1- Calendário Atlante de Agostini, 2009. / 2- ONU. Divisão de população. Disponível em: <http://esa.un.org/wup2009/unup/p2k0data.asp>. Acesso em: 12 dez. 2011.

Geografia da população34

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Há, no mundo, grandes vazios demográficos (áreas de baixa densidade demográfica), como as áreas de-sérticas, muito frias, com florestas, e também há áreas densamente povoadas. Ocorrem, ainda, desigualdades na distribuição espacial da população dentro dos países, como nos desenvolvidos, onde a população se concentra quase que integralmente nas áreas urbanas.

Diversos fatores influenciam a irregular distribuição da população no espaço geográfico, tanto em nível mundial quanto regional ou local.

Entre os fatores físicos, a disponibilidade de água é um dos principais. Grande parte da população se instala em áreas próximas às grandes massas líquidas e, portan-to, as planícies concentram mais de 50% da população mundial. Os rios e suas planícies são áreas ocupadas há milênios, como os rios Nilo, Mekong e Ganges, entre outros.

Há também regiões que possuem mais de um fator físico limitante para a ocupação, como as áreas próxi-mas aos polos, que aliam o clima frio e a duração do dia e da noite. Nessas regiões, a duração do dia e da noite é diferente das regiões intertropicais. Durante o inverno, ocorre o período de baixíssima luminosidade, denominado seis meses noite, no qual a luminosidade do dia ocorre por minutos e o Sol não ultrapassa a linha do horizonte. Já no verão, ocorre o período de seis meses dia, no qual o Sol permanece acima da linha do horizonte e o período de baixa luminosidade ocorre por minutos.

Os fatores econômicos também têm uma participação importante na distribuição da população, pois algumas atividades econômicas necessitam de determinadas matérias-primas para serem desenvolvidas e, ainda, maior ou menor quantidade de mão de obra.

O Brasil tem 22,4 habitantes/km2, mas a distribuição demográfica é irregular, apresentando vazios demográficos, como parte da Região Norte, com 4,1 hab/km2, e áreas altamente ocupadas, como a Região Sudeste. Observe o gráfico abaixo.

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http:www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=10&uf=00>. Acesso em: 12 dez. 2010.

Densidade demográfica do Brasil e grandes regiões (hab./km2) – 2010

Planície do Rio Nilo no Cairo, Egito

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GEOGRAFIA

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A concentração ocorre nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste e, no interior dessas regiões, as maiores densidades estão na faixa litorânea. Observe o mapa a seguir.

A população indígena também não está bem distribuída no território brasileiro. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), atualmente vivem em aldeias cerca de 800 mil indígenas, distribuídos em 683 terras indígenas, correspondendo a 0,4% do total da população brasileira. Há, ainda, entre 100 e 190 mil indígenas vivendo em outros locais.

As sociedades indígenas estão concentradas (aproximadamente 70% do total) na Amazônia Legal. Observe o mapa da página seguinte, que representa as sociedades indígenas as quais estão delimi-tadas (com relatório antropológico e limites aprovados pela Funai), homologadas (com demarcação homologada pelo Presidente da República), regularizadas (com registro no cartório de registro de imóveis e na Secretaria de Patrimônio da União) e declaradas (com relatório antropológico e limites reconhecidos pelo Ministério da Justiça).

Homologadas: Aprovadas pela

autoridade competente.

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Fonte: IBGE. Sinopse do Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/sinopse/default_sinopse.shtm>. Acesso em: 12 dez. 2011. Adaptação.

Brasil: densidade demográfica

36 Geografia da população

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Diferentes formas de ocupação do espaço geográfico: rural e urbanoDiferentes formas de ocupação do

Há duas formas principais de ocupar o espaço geográfico: rural e urbano. Essas duas formas foram se estruturando ao longo da história da humanidade e, conforme o período histórico analisado, as áreas rurais e urbanas tinham funções e proporções diferentes das atuais.

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Propriedade rural em Barra do Piraí, RJ

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Fonte: FUNAI. Disponível em: <http://mapas.funai.gov.br/dados/pdf/brasil_05_2011.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2011. Adaptação.

Terras indígenas brasileiras

GEOGRAFIA

37Ensino Médio | Modular

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Nos espaços rurais, predominam as paisagens com áreas de uso da agropecuária, de reflorestamentos, com vegetação, natural ou secundária, linhas de transmissão de energia, es-tradas, residências não aglomeradas, entre outros elementos.

A estrutura da área rural varia conforme as características do ambiente, como solo, relevo, clima e vegetação, e também as características socioculturais, como tipos e técnicas de cultivo e estilos das moradias. A diferenciação ocorre ainda pelas atividades econômicas praticadas na zona rural, que pertencem ao setor primário, tais como: a agricultura, a pecuária e o extrativismo.

Propriedade rural em Alberta, Canadá

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Apesar desse predomínio de atividade econômica, há regiões que apresentam indústrias, as chamadas agroindús-trias. São indústrias que utilizam matéria-prima de origem agropecuária, podendo estar localizada ou não na área rural. As agroindústrias podem ser alimentícias (grãos beneficia-dos, sucos, açúcar, óleo comestível, etc.), de produtos em geral (látex, frutas em conserva, etc.), energéticos (mini-destilarias de álcool) e de produtos não alimentícios para o mercado interno (couro, fibras, lã, etc.).

As atividades econômicas desenvolvidas na área rural exigem amplos espaços e, portanto, as casas são mais dis-tantes uma das outras. Há extensas áreas ocupadas pela agricultura e/ou pela pecuária e também pelo extrativismo.

A área urbana possui paisagens bem diferentes das exis-tentes na área rural, com propriedades menores, casas mais próximas e, nas médias e grandes cidades, há a verticalização nas áreas centrais ou próximas.

As atividades econômicas praticadas nas cidades estão classificadas nos setores secundário (indústrias) e terciário, tanto no comércio, com lojas, shoppings e supermercados, entre outros, e na prestação de serviços (escolas, universi-dades, teatros, hospitais, clubes, etc.).

As cidades foram se estruturando ao longo da evolução da sociedade humana e nem sempre tiveram as mesmas funções que possuem atualmente. Estudiosos estimam que os primeiros núcleos sociais ocorreram há cerca de 5 mil anos, quando a sociedade passou da condição de nômade para a de sedentária, concentrando-se nos vales dos rios, como os rios Tigre e Eufrates (Iraque), o Rio Nilo (Egito) e o Rio Amarelo (China), onde estão localizadas as cidades mais antigas, encontradas em escavações arqueológicas.

As primeiras cidades tinham a função política, admi-nistrativa e, às vezes, religiosa. Com o desenvolvimento da atividade comercial, as cidades foram incorporando mais essa função, sendo denominadas burgos.

No período das Grandes Navegações, os burgos cresce-ram e enriqueceram, devido a uma série de fatores, como o crescimento da produção artesanal, incremento dos serviços urbanos oferecidos, como educação, saúde, transporte, entre outros. Durante e após a Revolução Industrial, houve um período de intensa urbanização, isto é, da transferência das pessoas que residiam na área rural para as cidades. Essa transferência, chamada êxodo rural, ocorreu, principalmente, devido à evolução das técnicas agrícolas, substituindo a mão de obra do campo pela força mecânica.

À medida que a população registrava significativo crescimento, novas cidades foram se formando e as já existentes também foram crescendo. De uma forma geral, há cidades de todas as formas e todos os tamanhos no mundo, com transporte coletivo eficiente ou precário, etc. Mas todas apresentam um ritmo de vida mais intenso que na área rural. As cidades pequenas ainda mantêm um ritmo de vida mais calmo, mas, nas cidades grandes, o ritmo de vida é tão intenso que algumas dessas cidades não diminuem esse ritmo à noite, nos finais de semana, e até mesmo em feriados, com muitas atividades funcio-nando normalmente.

Além do ritmo, há outros elementos que as médias e grandes cidades do mundo possuem em comum: a vertica-lização. Isto é, grandes e altos edifícios, tanto residenciais quanto comerciais, shopping centers, entre outros.

Pesquise se no município onde você mora ainda existe área rural. Se existir, pesquise sobre a estrutura fundiária (tamanho das proprieda-des), produtos produzidos e se há agroindústrias. Você poderá consultar o site da prefeitura do seu município ou o site da Secretaria Estadual da Agricultura. Elabore um relatório com os dados coletados e apresente para o seu professor na data solicitada.

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Pesquis

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A função de uma cidade está relacionada com a atividade econômica, isto é, aquela que proporciona a maior fonte de renda. Nas cidades se desenvolvem inúmeras atividades econômicas ao mesmo tempo e, portanto, essas funções estão interligadas.

Quanto às funções, as cidades podem ser:

religiosas: Fátima (Portugal), Aparecida do Norte (Brasil), Meca (Arábia Saudita), Jerusalém (Israel), etc.

político-administrativas: Brasília (Brasil), Ottawa (Canadá), Canberra (Austrália), Washington (EUA), Londres (Reino Unido), etc.

industriais: Colônia (Alemanha), Cubatão (Brasil), Córdoba (Argentina), etc.

portuárias: Roterdã (Países Baixos), Santos e Para-naguá (Brasil), Valparaíso (Chile), Liverpool (Reino Unido), etc.

turísticas ou de lazer: Cancún (México), Toledo (Espanha), Ouro Preto (Brasil), Las Vegas (EUA), Lisboa (Portugal), etc.

múltiplas funções: São Paulo (Brasil), Paris (França), Tóquio (Japão), etc.

Além da classificação quanto às funções, as cidades podem ser identificadas quanto à sua origem. Podem ser espontâneas, quando se formaram por razões que a his-tória da ocupação daquele local definiu, como aquelas que estão próximas a rios, de um entreposto comercial, de uma encruzilhada, local de parada de uma rota comercial, etc.

As cidades podem se formar a partir de um planeja-mento e são chamadas cidades planejadas. Brasília é um exemplo de cidade planejada. O local, a estrutura de ruas e praças, de bairros, a distribuição das atividades comerciais dentro da cidade, a sua função são definidos no projeto. Muitas dessas cidades crescem e descaracterizam o projeto original.

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Parte antiga da cidade de Jerusalém

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Maringá, PR, exemplo de cidade planejada

GEOGRAFIA

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Conceituar com exatidão o que é uma cidade é difícil, pois nem todos os países adotam o mesmo conceito. Para a ONU, cidade é uma localidade com mais de 20 000 habitantes. Na Islândia, uma lo-calidade de 300 habitantes já é considerada cidade e, na Dinamarca, é necessário ter 250 habitantes.

O Brasil utiliza o critério político-administrativo e toda sede de município é considerada uma cidade. O município deverá ter a população superior a 10 000 habitantes, 10% devem ser eleitores, o centro urbano deve ter mais de 200 casas e a arrecadação de impostos de, pelo menos, cinco milésimos da arrecadação do estado (Lei Complementar n.º 01, de 09/11/67).

O Brasil é mais rural do que se imagina

Não existe país com mais “cidades” que o Brasil. Eram 5 507 quando houve o último Censo Demográfico (2000). A menor, União da Serra, no nordeste gaúcho, tinha apenas 18 habitantes. E não é uma exceção: são 90 as “cidades” com menos de 500 habitantes. Mas, lugar com tão poucos moradores poderia ser mesmo considerado uma cidade?

No mundo todo não, mas no Brasil os critérios de definição do que é uma cidade são meramente adminis-trativos: toda sede de município é considerado uma cidade, independente da densidade demográfica ou outros critérios funcionais. Mesmo que só tenha quatro casas, nas quais residem três famílias de agricultores e uma de madeireiro (como é o caso de União da Serra, citada acima). De um total de 5 507 sedes de município existentes em 2000, havia 1 176 com menos de 2 mil habitantes, 3 887 com menos de 10 mil, e 4 642 com menos de 20 mil, todas com estatuto legal de cidade idêntico ao que é atribuído aos núcleos que formam as regiões metropolitanas. E todas as pessoas que residem em sedes, inclusive em ínfimas sedes “distritais”, são oficialmente contadas como urbanas.

Em outras partes do mundo, não existe um único critério para se definir o que é cidade e sim uma combinação de critérios estruturais e funcionais. Critérios estruturais são, por exemplo, a localização, o número de habitantes, de eleitores, de moradias, ou, sobretudo, a densidade demográfica.

Vale lembrar que também não é verdadeiro o critério que torna agropecuária sinônimo de rural e vice-versa; assim, uma comunidade rural não necessariamente é agricultora. Critério funcional é a existência de serviços in-dispensáveis à urbe. Um exemplo ilustrativo é o caso de Portugal, onde a lei determina que uma vila só possa ser elevada à categoria de cidade se, além de contar com um mínimo de 8 mil eleitores, também oferecer pelo menos metade dos seguintes dez serviços: 1) hospital com permanência; 2) farmácias; 3) corporação de bombeiros; 4) casa de espetáculos e centro cultural; 5) museu e biblioteca; 6) instalações de hotelaria; 7) estabelecimentos de ensino preparatório e secundário; 8) estabelecimentos de ensino pré-primários e creches; 9) transportes públicos; urbanos e suburbanos; 10) parques e jardins públicos. Se tomássemos por base os critérios lusitanos, no Brasil existiriam, na melhor das hipóteses, umas 600 cidades.

Além da questão da densidade demográfica e também pelo fato de ter ainda muitas áreas intocadas pelas artifi-cialidades do ambiente totalmente urbano, o Brasil é mais rural do que oficialmente se calcula, se considerarmos que há níveis intermediários entre o que é campo e o que é cidade. [...]

VEIGA, José Eli da. O Brasil é mais rural do que se imagina. In: INSTITUTO sociambiental (ISA). Almanaque Brasil socioambiental: uma nova perspectiva para entender a situação do Brasil e a nossa contribuição para a crise planetária. São Paulo: ISA, 2007. p. 63. Adaptação.

Dinâmica populacional (migrações)

Nos últimos 500 anos, a história da humanidade foi marcada por intensos movimentos popula-cionais, influenciando a atual configuração da população de muitos países, bem como sua economia, sociedade e cultura.

Geografia da população40

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Mas o que desencadeia a migração? Vários são os motivos, sendo que a pobreza, as crises econômicas, a instabilidade política, as catástrofes naturais e as guerras estão na lista das principais causas.

Muitos países, como os localizados na América, foram co-lonizados por imigrantes advindos da Europa, principalmente. No século XIX, a migração de um país para outro era intensa. As pessoas se dirigiam aos países que estavam recebendo imigrantes, em busca de melhores condições de vida, pois praticamente não havia restrição de saída da terra natal e de entrada no país escolhido. O Brasil, a Nova Zelândia, os Estados Unidos são exemplos de países que receberam grande número de imigrantes.

No decorrer do século XX, a facilidade de transfe-rência de população foi se alterando e diversos países foram estruturando normas que restringiram a entrada dos imigrantes. Isso ocorreu devido a vários fatores, como crises econômicas e políticas, diminuição da oferta de trabalho e de terras, economias com crescimento lento ou em desaceleração, entre outros. A restrição de entrada de imigrantes por parte de um determinado país indica uma tentativa de proteção à população da concorrência da mão de obra estrangeira.

Houve também os regimes autoritários que impuseram restrições de emigração, em uma tentativa de evitar a evasão

populacional. Pode-se citar, como exemplo, Cuba e países do Leste Europeu, que adotaram o regime socialista.

O desenvolvimento das economias capitalistas, na América do Norte e na Europa, principalmente, foram os grandes polos de atração populacional na segunda metade do século XX. Entre as décadas de 1960 e 1980, milhões de pessoas deixa-ram seus países de origem para se estabelecerem em países industrializados, devido às crises econômicas enfrentadas.

A ONU considera migração o deslocamento populacional que envolve mudança de local de residência, podendo ser tempo-rária, de longa duração ou permanente. As regiões que atraem a população, como os países desenvolvidos, são chamadas polos de atração (pull factors) e as regiões que possuem significativa saída de população, como os países subdesenvolvidos, são chamadas polos de expulsão (push factors).

A pessoa que sai de um país, estado, município ou uma região de forma temporária ou definitiva é chamada emi-grante. A pessoa que entra em um país, estado, município ou uma região para residir temporária ou definitivamente é chamada imigrante.

Assim, uma mesma pessoa é considerada emigrante no país de onde sai e imigrante no país aonde chega. Nesse caso, a migração é considerada internacional ou externa, pois o deslocamento ocorre entre países.

O mapa a seguir retrata o fluxo migratório mundial.

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Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório de desenvolvimento humano 2009: ultrapassar barreiras – mobilidade e desenvolvimento humanos. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2009. p. 24. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2009_PT_Complete.pdf>. Acesso em: 22 out. 2010. Adaptação.

Principais fluxos migratórios no mundo

Ensino Médio | Modular 41

GEOGRAFIA

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A imigração ilegal é um dos principais problemas enfrentados por muitos países, originando a xenofobia e o racismo. Os Estados Unidos continuam sendo polo de atração, tanto de imigrantes latino-americanos quan-to asiáticos. E muitos entram no país de forma ilegal, passando pelas fronteiras com o México (no caso dos latino-americanos) e pelas cidades da costa oeste (no caso dos asiáticos). Esses imigrantes se concentram em determinadas cidades, fortalecendo as comunidades já existentes, como em Nova Iorque, São Francisco, Boston,

Miami, entre outras. Miami é considerada a mais latina das cidades dos Estados Unidos, devido à concentração de hispânicos, em especial, os cubanos que fugiram do regime socialista.

Consideram-se os Estados Unidos um polo de atração, pois as condições de vida da sua população são melhores que as oferecidas pelo México, considerado um polo de expulsão.

O mapa a seguir retrata a região de fronteira entre os EUA e o México, identificando o IDH das áreas próximas.

IDH da zona fronteiriça dos Estados Unidos e do México – 2000

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Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório de desenvolvimento humano 2009: ultrapassar barreiras – mobilidade e desenvolvimento humanos. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2009. Página 10. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2009_PT_Complete.pdf>. Acesso em: 22 out. 2010. Adaptação.

A Europa Ocidental também recebeu milhões de imigrantes provenientes, principalmente, do norte e do sul da África, da Índia e da Turquia. Essa população foi a mão de obra do pós- -guerra e das décadas de 1960 e 1970. Devido à crise econômi-ca ocorrida no final da década de 1970, esse fluxo migratório diminuiu consideravelmente. Na década de 1980, voltou a aumentar, intensificando-se na década de 1990, principalmente com os imigrantes oriundos dos países do Leste Europeu.

No Oriente Médio, no período entre as décadas de 1970 e 1990, os países produtores de petróleo incentivaram a imi-gração para a implementação dos grandes polos petrolíferos. Houve aumento significativo do fluxo migratório proveniente, principalmente, do sul da Ásia, norte da África e de países árabes muçulmanos.

O Alto Comissariado das Nações Unidas não identifica o refugiado como imigrante, pois o refugiado tem a intenção de retornar ao seu país de origem quando a situação se resolver. Portanto, para a ONU, refugiados são todas as pessoas que temem perseguição por causa da sua fé, etnia, nacionalidade; por pertencerem a certo grupo social; ou por causa de suas opiniões políticas e que se encontram fora do seu território natal. Essas pessoas solicitam o reconhe-cimento da condição de refugiados e ficam sob a proteção da ONU temporariamente.

Além dessas causas que caracterizam as migrações ex-ternas, atualmente ocorre uma situação que se intensificou com a globalização: a fuga de cérebros ou brain drain. Pessoas altamente qualificadas e cientistas são atraídos por altos sa-

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lários, maiores benefícios, tanto para o seu campo de atuação quanto para si próprios, e se fixam em outros países. Isso ocorre mais nas áreas de biotecnologia, farmácia, medicina aplicada, telecomunicações e informática.

Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão são os polos de atração desses profissionais, porque é onde se concentram as mais importantes universidades, há produção de alta tecnologia e concentram a mão de obra mais qualificada e especializada em cada área. Para isso, buscam esses pro-fissionais em todos os países, ricos ou não, para integrarem suas equipes de trabalho.

O Brasil recebeu intenso fluxo de imigrantes nos séculos XIX e XX e, segundo estimativas, o fluxo envolveu cinco milhões de imigrantes, representando aproximadamente 3,5% da população total.

Os imigrantes que se instalaram na Região Sul do Brasil vieram por motivos definidos pelo governo federal: ocupar e colonizar a porção meridional, que até o início do século XX se encontrava desocupada, para desestimular a intenção dos países vizinhos de se apossarem dessa região.

Na década de 1820, o governo do Império estimulou a vin-da de famílias europeias, principalmente italianos, alemães, eslavos e portugueses, que foram assentados em pequenas propriedades doadas pelo governo. Esses imigrantes pro-duziram alimentos para o mercado interno, diferentemente do restante do Brasil, que tinha na grande propriedade mo-nocultora a característica predominante de uso e ocupação do território. Essa forma de organização territorial permitiu a formação de um sólido mercado interno e uma estrutura agrária baseada na pequena propriedade produtora familiar.

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Hospedaria dos imigrantes em São Paulo em 1890

Em 1850, o tráfico de escravos foi proibido, elevando o preço da mão de obra escrava, e a mão de obra imigrante se tornou alternativa mais atraente para as fazendas de café da Região Sudeste. O cultivo do café foi responsável pela introdução da mão de obra estrangeira assalariada e livre e pela expansão da fronteira agrícola para a porção oeste do estado de São Paulo, embora calcada na monocultura exportadora. O café influenciou também a implantação de ferrovias e rodovias para o escoamento da produção, e esse

fato provocou o crescimento urbano em virtude da forma-ção de povoados e vilas ao longo dos eixos ferroviários e rodoviários e, ainda, a expansão da cidade de São Paulo.

Nem todos os imigrantes que chegaram ao Brasil nesse período se instalaram nas fazendas de cafés ou lá perma-neceram. Muitos ficaram nas cidades em desenvolvimento, principalmente em São Paulo, concentrando-se em alguns bairros, onde alteraram a paisagem e influenciaram o modo de vida da população local. Como exemplo, podem-se citar os bairros da Mooca, Brás, Bexiga e Barra Funda.

No início do século XX, os imigrantes contribuíram para a formação da classe operária no Brasil. Nesse período, a situação política e econômica europeia deixou de ser fator de repulsão e a lavoura cafeeira, embora desse sinais de superprodução, ainda necessitava de grandes contingentes de mão de obra. Assim, o governo federal incentivou a chegada de imigrantes japoneses, que en-frentavam problemas econômicos e acelerado processo de industrialização, fato que contribuiu para a desorga-nização da produção agrária tradicional, além de já ser, na época, um país populoso.

Os imigrantes japoneses, devido à dificuldade de adap-tação em relação à língua e à cultura, fecharam-se em suas colônias e concentraram-se em determinadas regiões, como interior do Amazonas, de São Paulo e do Paraná. Dedicaram- -se à policultura, ao cultivo de hortifrutigranjeiros e origina-ram o cinturão verde, que abasteciam com esses produtos a região metropolitana de São Paulo.

Em 1929, a crise na Bolsa de Nova Iorque afetou os produto-res de café do Brasil, além de outros produtos para a exportação, como o cacau e o açúcar, provocando a falência de muitos produtores e empresários. Na década de 1930, o processo de industrialização brasileiro se intensificou, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Com isso, as indústrias influen-ciaram o processo de urbanização e necessitavam de mão de obra pouco qualificada, o que desencadeou a intensificação do movimento populacional interno, principalmente do Nordeste para o Sudeste.

No período pós-guerra, o Brasil voltou a receber um fluxo mais intenso de imigrantes, devido às dificuldades enfren-tadas pelos países de origem, principalmente os europeus. Esse fluxo se dirigiu, basicamente, para as cidades, com destaque para São Paulo.

Desde o final do século XX, o Brasil vem enfrentando problemas com a imigração ilegal, principalmente de chine-ses, coreanos, bolivianos e argentinos, tendo como principal entrada a fronteira com o Paraguai.

Além de ser considerado um polo de atração de imigrantes (em menor intensidade nas últimas décadas), o Brasil também é classificado como um polo de expulsão. Milhares de bra-

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sileiros já deixaram o Brasil, desde a década de 1990, para tentar melhores condições de vida em outros países, tendo em vista os problemas enfrentados, principalmente em relação aos salários e ao alto desemprego. Segundo o Itamaraty, os principais destinos dos emigrantes brasileiros são os Estados Unidos, o Paraguai e o Japão.

Nos Estados Unidos, a grande maioria dos emigrantes desempenha funções menos qualificadas e ocorre o predo-mínio de entrada ilegal, e os principais destinos são Nova

Iorque, Boston e Miami, onde há colônias de brasileiros. No Paraguai, os brasiguaios (como são chamados os imigrantes brasileiros) trabalham na agropecuária e muitos são pro-prietários ou arrendatários. Devido à necessidade de mão de obra, o Japão incentivou os descendentes diretos que viviam em outros países a retornarem. Embora as condições de trabalho no Japão fossem exaustivas, o salário permitia que os dekasseguis juntassem dinheiro para melhorar de vida nos países onde residiam.

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Propriedade agrícola no Paraguai

Além dos deslocamentos populacionais entre países, há outros que ocorrem dentro de um mesmo país, chamado de deslocamento intrarregional. No Brasil, esses deslocamentos estão relacionados aos ciclos econômicos que ocorreram ao longo da história e, mais recentemente, aos processos de industrialização e urbanização e ao desenvolvimento do setor agroindustrial.

Com a intensificação do processo de industrialização, ocor-reu intenso fluxo do Nordeste para o Sudeste a partir da década de 1940. Muitos imigrantes vieram em busca de melhores condições de vida e trabalho, devido às precárias condições socioeconômicas que o Sertão Nordestino enfrentava e en-frenta até hoje. Mas nem sempre os imigrantes conseguiam trabalho para sobreviver em uma região tão diferente da região em que viviam. O maior problema era a falta de qualificação e escolarização, que caracterizava os nordestinos como mão de obra com pouco preparo para trabalho. E, para sobreviverem, desempenhavam as funções que exigiam pouca qualificação e, portanto, o salário era muito baixo, o que contribuía para que as condições de vida continuassem precárias.

Nas décadas de 1980 e 1990, o fluxo migratório para o Sudeste diminuiu, tendo em vista o desaquecimento da economia e do redirecionamento parcial dessa corrente migratória para outros polos regionais nordestinos.

Embora o fluxo migratório nos fins do século XX tenha ocor-rido em várias direções do interior do Brasil, São Paulo, ainda hoje, é um dos locais que mais recebem imigrantes internos.

Além dessas causas, a Marcha para o Oeste, iniciativa do governo federal para ocupar a Região Centro-Oeste, é confi-gurada como uma das principais causas que gerou intenso fluxo migratório inter-regional. A construção de Brasília foi o grande polo de atração na década de 1950.

O governo federal, com a iniciativa de expandir as fron-teiras agrícolas para as regiões Centro-Oeste e Norte, in-centivou a ocupação dessas regiões, nas décadas de 1960 e 1970. A distribuição de terras para pequenos proprietários e a introdução das agroindústrias exportadoras (principalmen-te de soja) e da pecuária extensiva criaram um novo vetor migratório: do sul em direção a Mato Grosso, Rondônia e porção sul do Amazonas.

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Indústria de embalagem de bambu no Japão

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Segundo o Censo de 2000, o IBGE detectou que o Nor-deste continua sendo o principal ponto de partida do fluxo migratório inter-regional, com o predomínio do destino para a Região Sudeste. Mas o recenseamento também apontou um saldo migratório no sentido Sudeste-Nordeste. Possivel-

mente, essa inversão ocorra pela volta de nordestinos que obtiveram sucesso na Região Sudeste.

Observe o mapa a seguir, que representa os fluxos mi-gratórios brasileiros em 2000.

Além das migrações inter-regionais, há os deslocamentos populacionais que envolvem as cidades e o campo. Sob esse aspecto, podem ser identificados os seguintes movimentos populacionais:

campo-cidade: também conhecido como êxodo rural; devido à mecanização da produção, busca de empregos com melhor remuneração, entre outros, a população deixa o campo e se estabelece nas ci-dades; esse movimento populacional altera o perfil de um país, pois, se houver a transferência de um grande contingente de população, o país passa a ser mais urbano.

cidade-cidade: a principal causa desse movimento

populacional é o emprego e, portanto, está ligado à criação ou ao desenvolvimento de polo econômico.

campo-campo: a transferência da população de uma área de campo para outra está relacionada à expansão da fronteira agrícola do país. No Brasil, a migração de significativos contingentes populacio-nais, nas décadas de 1970 e 1980, da Região Sul para as regiões Norte e Centro-Oeste, exemplifica esse tipo de migração.

cidade-campo: representa o trabalhador ambulan-te que reside nas periferias das cidades e se desloca para o campo para trabalhar, principalmente, no pe-ríodo das colheitas, chamado de boia-fria.

Migrações internas

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Fonte: IBGE. Malha municipal digital do Brasil: situação em 1997. Rio de Janeiro: IBGE, 1999. Adaptação.

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Brasil: migração inter-regional – 2000

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1. (UESPI) Sobre o fenômeno representado no mapa abaixo, é correto afirmar que se trata:

(Fonte da figura: L’economie internacionale en mouvement.)

1) do ritmo das atividades econômicas oriundas do relaxamento dos controles burocráticos e militares em alguns países do leste europeu.

2) da intensificação atual de grandes ondas de migração para a Europa, desencadeadas, so-bretudo, pelos desequilíbrios econômicos en-tre sociedades ricas e pobres.

3) da intensificação de fluxos demográficos cau-sados pelo recrudescimento das rivalidades étnicas, políticas e nacionais nos países do Oeste da Europa.

Está(ão) correta(s):

a) 1 apenas. b) 2 apenas.

c) 2 e 3 apenas. d) 1 e 3 apenas.

e) 1, 2 e 3.

2. (UEMS) “Países tipicamente de imigração até a primeira metade do século XX, como o Brasil, no mesmo ritmo com que suas economias entraram em crise, tornaram-se países de emigração. Pela observação dos fluxos migratórios no mundo contemporâneo, fica evidente a relação crise--expansão econômica, com países mais pobres exportando força de trabalho para países mais ricos, seja nas chamadas ‘semiperiferias’ – com Argentina e Brasil exportando para peruanos e bolivianos, Nigéria e África do Sul para outros países africanos e os países do Golfo para india-nos e paquistaneses – seja nos países centrais, como magrebinos na França, turcos na Alema-nha e latino-americanos na Espanha.”

(HAESBAERT, Rogério e PORTO-GONÇALVES, Carlos W. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Ed. da UNESP, 2006)

A respeito da problemática exposta no texto, é correto afirmar que:a) os movimentos migratórios, na atualidade, ca-

racterizam-se pela diminuição dos preconcei-tos e tensões étnico-culturais se comparados àqueles ocorridos nos séculos XVIII e XIX.

b) os migrantes das chamadas periferias que se dirigem aos países centrais mais ricos, geral-mente, encontram reações preconceituosas e mesmo xenófobas.

c) as crises econômicas e produtivas ocorridas nos países centrais, nos últimos anos, provo-caram a mudança de direção dos fluxos mi-gratórios em sentido Norte-Sul.

d) os Estados Unidos possuem políticas de aber-tura aos imigrantes, por isso recebem anu-almente um grande número de mexicanos e latino-americanos de forma geral.

e) os fluxos migratórios ocorridos atualmente são mais intensos no sentido Norte-Sul, ou seja, do centro para a periferia.

3. (UNCISAL) Todos os anos, entre 2,5 milhões e 4 milhões de migrantes cruzam fronteiras internacio-nais sem autorização. Mais de 60% dos imigrantes de hoje vivem nas regiões mais ricas do mundo: Estados Unidos e Canadá, Europa, Japão e Austrália.

(Global Commission, UNPD e Secex. Adaptado)

A partir dessas informações e de seus conheci-mentos, analise algumas causas das migrações internacionais. I. Pobreza extrema: de acordo com a ONU, a mi-

séria atinge sul da Ásia e na América Latina. II. Desemprego: a taxa no Oriente Médio e no

norte da África é elevada, o dobro da dos pa-íses industrializados.

III. Educação: nas nações mais pobres, quase meta-de dos adultos são analfabetos, enquanto que nas ricas, o analfabetismo é quase inexistente.

IV. Qualidade de vida: a expectativa de vida em países pobres, devido aos avanços na medici-na, é de 70 anos e nos ricos, de 90.

É correto o que se afirma em:

a) I, II, III e IV.

b) I e II, apenas.

c) I, III e IV, apenas.

d) I, II e III, apenas.

e) II e IV, apenas.

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4. (UFBA) Os deslocamentos populacionais fazem par-te da história da humanidade, tendo sido responsá-veis pela formação dos diversos povos e, em certa medida, dos próprios elementos culturais que os ca-racterizam. Os grupos étnicos existentes só podem ser entendidos a partir da análise das migrações, considerando-se os choques e as assimilações cultu-rais dos povos ao longo da história. Com os deslo-camentos populacionais, extensas regiões da Terra foram sendo ocupadas e colonizadas. O continen-te americano é um bom exemplo desse processo. Atualmente, as migrações internacionais tornaram--se um fenômeno nunca antes registrado em qual-quer outra etapa da evolução humana. Milhares de pessoas cruzam as fronteiras entre os países todos os anos em busca de emprego, melhores salários, oportunidades de estudo, ou fugindo da violência de guerras e perseguições políticas e religiosas.

LUCCI, E. A; BRANCO, A. L.; MENDONÇA, C. Território e socie-dade no mundo globalizado: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 351).

A partir da análise do texto e dos conhecimentos sobre globalização e migrações, pode-se afirmar: (01) As migrações internacionais, na atualidade,

ocorrem, sobretudo, partindo dos países do Sul subdesenvolvidos para os do Norte de-senvolvidos ou de países do Terceiro Mundo mais pobres para outros vizinhos com eco-nomias mais dinâmicas.

(02) O período que antecedeu a Segunda Guer-ra Mundial registra grandes fluxos migra-tórios, preferencialmente das áreas então consideradas superpovoadas – Europa e Ásia – para as regiões consideradas como vazios demográficos – Estados Unidos, Canadá, Argentina, Brasil e outros.

(04) A França recebe todos os anos uma legião de norte-africanos oriundos, principalmente, da Líbia e do Egito, fugitivos das secas da África Subsaariana, e trabalhadores de outros países, como paquistaneses, indianos e jamaicanos.

(08) O fluxo migratório para a União Europeia (UE) e os Estados Unidos deverá diminuir nas próximas décadas, em razão do aumento das taxas de natalidade e do rejuvenescimento das populações dos países industrializados.

(16) O crescimento das migrações Sul/Sul se deve principalmente à criação, pela econo-mia globalizada, de ilhas de prosperidade em regiões subdesenvolvidas, a exemplo da política migratória bem sucedida das mo-narquias petrolíferas do Golfo Pérsico.

(32) Os imigrantes muitas vezes enfrentam a rejeição da população e a repressão das autoridades, a exemplo do que ocorre na Europa e nos Estados Unidos, entretanto o Brasil, na contramão dessa tendência, tem sido condescendente com os trabalhadores bolivianos e paraguaios.

(64) Os trabalhadores japoneses, nisseis, che-garam ao Brasil em migrações sucessivas a partir da segunda década do século passa-do e, atualmente, representam a maior co-munidade de estrangeiros do país.

5. (UTFPR) Os imigrantes brasileiros enviaram US$ 7 bilhões ao país a partir dos EUA em 2006, segundo estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) obtido pelo ”Financial Times“. Assim, os brasileiros só perdem para os mexi-canos (US$ 23 bilhões em 2006) no ranking de remessas de latino-americanos para seus países de origem. Sem o dinheiro enviado pelos imi-grantes, entre 8 milhões e 10 milhões de famílias viveriam abaixo da linha da pobreza.

http://clipping.planejamento.gov.br/noticias.asp?NOT Cod=343070

Considerando as características dos movimentos demográficos atuais, analise as afirmações abaixo:

I. A fronteira mexicana e a Costa Oeste norte- -americana revelam-se as principais portas de entrada dos imigrantes ilegais, assim como os países do Mediterrâneo o são para a Europa.

II. Imigrantes geralmente são essenciais para as economias desenvolvidas, pois servem como mão de obra barata e com poucos benefícios sociais e econômicos.

III. Apesar do surgimento de uma classe local de extrema direita, fortemente xenófoba e racis-ta, nos países ricos, o imigrante do Terceiro Mundo pode ter papel importante na rever-são do envelhecimento daquelas populações.

IV. Na realidade, o impacto da imigração ilegal pode ser sentido no elevado índice de desem-prego dos países centrais, que é maior que nos países subdesenvolvidos, pois concorrem com os baixos salários pagos aos clandestinos.

Estão corretas:a) apenas I. b) apenas I e II. c) apenas I, II e III.d) todas as afirmações.e) nenhuma das afirmações.

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6. (CEFET – PB) Com base em seus conhecimentos sobre os movimentos migratórios mundiais e com a ajuda do mapa abaixo, marque a alterna-tiva incorreta:

Fontes: ONU/International Migration Report/2002, CDE e Trends in International Migration/2001.

a) Os países desenvolvidos são o principal desti-no dos estrangeiros provenientes da China, do México, da Índia e da Indonésia.

b) A chegada de migrantes de países ou regiões pobres não constitui um problema para os pa-íses ricos; pelo contrário, esses países necessi-tam dessa força de trabalho.

c) Os refugiados são imigrantes que têm de dei-xar a região de origem em virtude de desastres ambientais, conflitos ou perseguições.

d) A partir dos anos 1980, nações que ante-riormente eram fornecedoras de imigrantes, como Itália, Grécia e Portugal, passam a rece-ber estrangeiros.

e) O principal destino dos imigrantes do Norte da África é a Europa Ocidental.

7. (UERJ) Cerca de 200 milhões de pessoas (3% da população mundial) não vivem em seus países de ori-gem. Do ponto de vista do nível de desenvolvimento do país de origem e do país de destino, distinguem--se na atualidade três tipos de fluxos migratórios, identificados no mapa com os números 1, 2 e 3.

Identifique dois desses movimentos populacionais e aponte a característica principal do perfil do traba-lhador migrante que participa de cada um deles.

Adaptado de: Enciclopédia do estudante: geografia geral. São Paulo: Moderna, 2008.

8. (UFAM) O rápido processo de urbanização pelo qual o mundo passou desde a Revolução Industrial criou alguns fenômenos na rede urbana. Sobre a urbanização, qual das alternativas abaixo está INCORRETA:

a) Conurbação é o fenômeno que define a fusão entre duas ou mais cidades.

b) A área metropolitana é o conjunto formado pela metrópole e pelas cidades vizinhas.

c) O conceito de megacidade está associado ao número de habitantes de uma cidade.

d) Tóquio, Londres e Nova York são consideradas cidades globais.

e) Um país é considerado urbanizado quando sua população rural ultrapassa a população urbana.

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