geografia 2
TRANSCRIPT
CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 27
*MÓDULO 1*
Geologia – Planeta Terra
Movimento e choque
Os terremotos são consequência direta de um dos
fenômenos mais antigos da Terra: a lenta movimentação
das placas tectônicas. Essas imensas camadas sólidas,
que sustentam o território de países, continentes e
oceanos, deslizam sobre o magma, o material em estado
líquido pastoso que compõe o interior do planeta. Como
uma casca de ovo rachada, as placas formam a Iitosfera,
parte dura e externa da Terra. Há milhões de anos, as
placas tectônicas se movem alguns milímetros por ano:
vão uma contra a outra, distanciam-se ou movem-se lado
a lado. Esse movimento é a origem de diversos
fenômenos geológicos, como os terremotos, os vulcões,
a formação de cadeias de montanhas, como os Andes, e
até mesmo os tsunamis, as enormes ondas que arrasam
populações litorâneas.
O movimento tectônico faz com que os limites das
placas se engatem, como botões de uma camisa, o que
provoca acúmulo de energia. Com o passar de décadas
e séculos, pedaços das placas não sustentam tanta
energia acumulada e racham de repente, causando os
abalos sísmicos. O foco dos tremores ocorre entre 10 e
800 quilômetros de profundidade, já nas rochas
superiores do manto terrestre. Os mais rasos costumam
causar maior impacto na superfície, derrubando edifícios,
pontes e provocando pânico. As regiões mais vulneráveis
a terremotos são justamente as que ficam no limite das
placas, como toda a costa oeste da América e leste da
Ásia. Grandes tragédias da história foram causadas por
terremotos no Chile, Equador, Colômbia, na Califórnia
(EUA), no Japão e na Nova Zelândia.
A placa do Pacífico, mais pesada, é forçada a
mergulhar sob a placa Sul-Americana, que se enruga,
criando cordilheiras como os Andes. A placa que fica por
baixo acaba se fundindo ao magma, que pode subir à
superfície em forma de vulcões. É por isso que as áreas
ao redor da placa do Pacífico formam o Cinturão de
Fogo, região que concentra não só terremotos como a
maioria dos vulcões do planeta, como os do Chile, Peru,
México, Japão e Filipinas. O mesmo fenômeno que forma
os Andes na América do Sul cria a fossa das Marianas
no leste da Ásia. A placa do Pacífico se afunda sobre
outra placa oceânica, a das Filipinas, formando uma
região em que o mar ultrapassa 11 quilômetros de
profundidade.
________________________________________________ *Anotações*
EDITORA ABRIL
*1* PLACA DA AMÉRICA DO NORTE E DO CARIBE
Com 70 milhões de quilômetros quadrados, seu
deslocamento horizontal em relação à placa do Pacífico
cria uma fronteira turbulenta. Em um dos limites, na
Califórnia, está a falha de San Andreas, famosa pelos
terremotos arrasadores.
*2* PLACA EURO-ASIÁTICA OCIDENTAL
Com 60 milhões de quilômetros quadrados, sustenta a
Europa, parte da Ásia, do Atlântico Norte e do mar
Mediterrâneo.
*3* PLACA EURO-ASIÁTICA ORIENTAL
Em seu movimento para o leste, esse bloco de 40
milhões de quilômetros quadrados se choca contra a
placa das Filipinas e com a do Pacífico.
*4* PLACA DAS FILIPINAS
Essa placa de “apenas” 7 milhões de quilômetros
quadrados concentra em seus limites quase a metade
dos vulcões ativos do planeta.
*5* PLACA INDO-AUSTRALIANA
O bloco de 45 milhões de quilômetros quadrados que
sustenta a Índia, a Austrália e a Nova Zelândia ruma
velozmente para o norte.
*6* PLACA DA ANTÁRTIDA
É o bloco que dá suporte à Antártida e a uma parte do
Atlântico Sul, em um total de 25 milhões de quilômetros
quadrados.
*7* PLACA DA ÁFRICA
No meio do Atlântico, uma falha submersa abre
caminho para o magma do manto inferior, fazendo com
que esse bloco se afaste progressivamente da placa
Sul-Americana e cresça de tamanho. Atualmente, tem
65 milhões de quilômetros quadrados.
*8* PLACA SUL-AMERICANA
Como o Brasil está bem no meio desse bloco de 32
milhões de quilômetros quadrados, sente pouco os
efeitos de terremotos e vulcões. No centro do
continente, a placa mede 200 quilômetros de
espessura.
*9* PLACA DE NAZCA
A cada ano, essa placa de 10 milhões de quilômetros
quadrados no leste do oceano Pacífico fica 10
centímetros menor pelas trombadas com a placa Sul-
Americana. Esta desliza por cima da placa de Nazca,
colocando vulcões em atividade e elevando mais as
montanhas dos Andes.
*10* PLACA DO PACÍFICO
Com cerca de 70 milhões de quilômetros quadrados,
está em constante renovação na região do Havaí, onde
o magma sobe e cria ilhas vulcânicas.
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Os terremotos são consequência direta de um dos
fenômenos mais antigos da Terra: a lenta
movimentação das placas tectônicas. Há centenas
de milhões de anos, as placas se aproximam,
distanciam-se uma da outra ou deslizam lado a lado,
fazendo com que suas bordas se engatem. Com o
passar do tempo, pedaços das placas não sustentam
a energia acumulada e racham de repente,
provocando os abalos sísmicos. Por isso, as regiões
mais vulneráveis a terremotos são as que ficam no
limite das placas, como toda a costa oeste da
América e leste da Ásia.
O movimento das placas também cria a maior parte
dos vulcões. Quando uma placa continental encontra
uma placa oceânica, como ocorre com a placa Sul-
-Americana e a do Pacífico, a oceânica é forçada a
mergulhar sob a primeira. Acaba se fundindo ao
magma, que pode subir à superfície na forma de
vulcões. Por isso, as áreas ao redor da placa do
Pacífico formam o Cinturão de Fogo, região que
concentra não só terremotos como também a maioria
dos vulcões do planeta.
A superfície da Terra, chamada de crosta terrestre
ou litosfera, é apenas uma fina camada do planeta,
com cerca de 100 quilômetros. Abaixo dela, há o
manto terrestre, com quase 3.000 quilômetros de
espessura, formado por rochas pastosas a uma
temperatura que vai de 100 ºC a 3.500 ºC. O núcleo
tem mais 3.000 quilômetros de materiais densos,
como ferro e níquel, a mais de 4.000 ºC de
temperatura.
Até 200 milhões de anos atrás, as placas tectônicas
formavam um único continente, a Pangeia. Esse
continente foi se dividindo – ao ritmo de poucos
centímetros por ano. No decorrer de milhões de
anos, formou-se o relevo que conhecemos hoje. As
maiores cordilheiras da Terra, como a dos Andes e a
do Himalaia, foram formadas pelo choque das placas
tectônicas.
Com o passar dos milhões de anos, a ação do Sol,
da chuva e da água do mar fragmenta e decompõe
as rochas. Esse processo, chamado de
intemperismo, dá origem ao solo e à água.
A erosão faz o material decomposto das rochas
preencher depressões, que se transformam nas
bacias sedimentares. O solo dessas bacias se
formou com o lento e contínuo acúmulo de
sedimentos de rochas mais antigas e materiais
orgânicos.
________________________________________________ *Anotações*
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para as questões de 1 a 3.
Tragédia anunciada
Geólogos sabiam que a terra ia tremer no Haiti. E é provável que, nos próximos anos, mais terremotos sacudam o país, como já ocorreu sucessivas vezes no século XVIII
Durante 30
segundos do dia
12 de janeiro de
2010, a terra
tremeu no Haiti e
destruiu 70% dos
prédios de Porto
Príncipe, a
capital. O
terremoto, de
magnitude 7 na
escala Richter,
agravou ainda
mais a miséria
do Haiti, o país
mais pobre da
América. Foram semanas de caos, saques e falta de
água. Ao fim de um mês, mais de 150.000 pessoas
tinham morrido. O pior é que um tremor desses já havia
acontecido antes – e os geólogos sabiam que ele estava
prestes a se repetir.
O Haiti ocupa o terço ocidental da ilha de HispanioIa,
que repousa sobre a fronteira de duas placas tectônicas
– a placa do Caribe e a Norte-Americana. As duas se
distanciam entre si cerca de 2 centímetros por ano. A
placa Norte-Americana se desloca para o oeste e a do
Caribe, para o leste. Nesse movimento, alguns pontos
ficam presos uns aos outros, como botões esticados
numa camisa, acumulando energia. Quando as placas
cedem, a energia é liberada, provocando um imenso
tremor. Isso já ocorreu diversas vezes no Haiti. O país
viveu grandes terremotos em 1751, 1761 e 1770, e
depois disso entrou num período relativamente calmo.
Pelo que se viu em janeiro, essa calmaria das placas
tectônicas acabou.
A tragédia no Haiti teve duas agravantes. A primeira é
que o epicentro foi a apenas 15 quilômetros da zona
central de Porto Príncipe, que tem quase 3 milhões de
habitantes. A segunda é que contribuiu para elevar o
número de vítimas: as construções da cidade não
estavam preparadas para terremotos e o país não tinha
planos de emergência. Dois meses depois do terremoto
do Haiti, um sismo mais forte, de 8,5 graus, sacudiu o
Chile. Apesar da destruição de casas, pontes e viadutos,
o número de mortos foi bem menor que o do Haiti – cerca
de 500 pessoas. Prova de que o Chile está mais bem
preparado para as surpresas da natureza.
Superinteressante, São Paulo, fev. 2010.
FRED DUFOUR / AFP
Terremoto no Haiti em janeiro de 2010: o abalo destruiu 70% dos prédios da
capital e deixou mais de 150.000 mortos
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INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO
O epicentro foi a 10 km de profundidade, e foi liberada energia equivalente a 32 milhões de TNT ou 25 bombas nucleares
.1. (AED-SP)
Por que os geólogos previam que haveria um terremoto
no Haiti?
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.2. (AED-SP)
Que movimento de placas tectônicas iniciou o terremoto?
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.3. (AED-SP)
Quais fatores aumentaram a tragédia iniciada com o
tremor?
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.4. (ENEM-MEC)
A tragédia do Haiti não é apenas produto de uma
natureza insondável. É o resultado da incúria humana; da
corrupção; da miséria material; e da tirania. Eis a tese
apresentada em ensaio fundamental para entender a
contabilidade macabra dos desastres naturais. Foi
publicado em 2005 por Matthew Kahn em revista do
prestigiado MIT. Observando e comparando 73 países
(pobres, médios e ricos), a conclusão de Kahn é
arrepiante: os grandes desastres naturais distribuem-se
equitativamente pelo globo. O que não se distribui
equitativamente pelo globo é o número de mortos: países
com um PIB per capita de US$ 2.000 apresentam uma
média de 944 mortos por ano. Países com um PIB per
capita de US$ 14.000, uma média de 180 mortes. Entre
1980 e 2000, a Índia teve 14 grandes terremotos.
Morreram 32.117 pessoas. No mesmo período, os
Estados Unidos tiveram 18 grandes terremotos.
Morreram 143 pessoas. A disparidade dos mortos
também é imensa entre países democráticos e não
democráticos. O número de mortos em países
democráticos é, mostra Kahn, incomparavelmente inferior
aos mortos anônimos dos regimes ditatoriais/autoritários.
Adaptado de João Pereira Coutinho, O terremoto
da pobreza, Folha de S. Paulo, 19/1/2010.
Conforme o texto, qual afirmação está correta?
(A) O número de mortos por terremoto na Índia entre
1980 e 2000 é até 300% maior que nos Estados
Unidos no mesmo período.
(B) Nos países pobres, onde se constrói sem
planejamento e segurança, os terremotos são mais
comuns.
(C) Países ricos e democráticos são os que, segundo
Matthew Kahn, apresentaram menos terremotos
entre 1980 e 2000.
(D) Existe uma relação diretamente proporcional entre
PIB per capita e mortes decorrentes de terremotos.
(E) Seguindo os cálculos de Khan, a cada 1.000 dólares
de aumento do PIB per capita, há 63 menos mortes
decorrentes de terremotos por ano.
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.5. (INEP-MEC)
Com base na tabela abaixo, analise as afirmações a
seguir.
Era Anos
(aprox.)
Evolução
geológica
Evolução
biológica
4 bilhões
Surgem as
rochas mais
antigas
3,5 bilhões
Primeiros
vestígios de
vida
Pré-
Cambriana
1,8 bilhão Oxigênio
na atmosfera
400 milhões
Primeiras
árvores
gimnospermas
300 milhões
Florestas são
soterradas e
começam a virar
carvão mineral
Répteis
aparecem
220 milhões
A Pangeia
começa
a se dividir
Surgem
dinossauros
e aves
Mesozoica
145 milhões
Formação de
diversas bacias
sedimentares
65 milhões Extinção dos
dinossauros
60 milhões
O Himalaia
e os Alpes
ganham forma
Primeiros
primatas
Cenozoica
4 milhões Surgimento dos
hominídeos
1,8 milhão
Primeiros
utensílios
de pedra
20 mil anos
Término
da última
Idade do Gelo
Extinção
da megafauna
I. Existem bacias sedimentares originadas há
menos tempo que espécies de répteis, aves e
dinossauros.
II. O surgimento dos Alpes favoreceu a extinção
dos grandes mamíferos.
III. Os primeiros humanos chegaram ao território
brasileiro há cerca de 1,8 milhão de anos.
IV. Não havia vertebrados quando a Pangeia
começou a se dividir.
V. Durante o período de existência dos
dinossauros, o monte Everest não existia.
Quais dessas afirmações são verdadeiras?
(A) I, ll e lV.
(B) I e ll.
(C) l e V.
(D) lll e IV.
(E) Nenhuma está correta.
********** ATIVIDADES 2 **********
C2 Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
.6. (ENEM-MEC)
O desenho do artista uruguaio Joaquín Torres-García
trabalha com uma representação diferente da usual da
América Latina. Em artigo publicado em 1941, em que
apresenta a imagem e trata do assunto, Joaquín afirma:
“Quem e com que interesse dita o que é o norte e o sul?
Defendo a chamada Escola do Sul porque, na realidade,
nosso norte é o Sul. Não deve haver norte, senão em
oposição ao nosso sul. Por isso colocamos o mapa ao
revés, desde já, e então teremos a justa ideia de nossa
posição, e não como querem no resto do mundo. A ponta
da América assinala insistentemente o Sul, nosso norte.”
TORRES-GARCÍA, J. Universalismo constructivo.
Buenos Aires: Poseidón, 1941 (com adaptações).
O referido autor, no texto e imagem acima,
(A) privilegiou a visão dos colonizadores da América.
(B) questionou as noções eurocêntricas sobre o mundo.
(C) resgatou a imagem da América como centro do
mundo.
(D) defendeu a Doutrina Monroe expressa no lema
“América para os americanos”.
(E) propôs que o sul fosse chamado de norte e vice-
-versa.
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*Anotações*
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H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
.7. (ENEM-MEC)
Observe os quadrinhos.
QUINO. Toda Mafalda. 5.ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 221.
Os quadrinhos relacionam-se a um momento histórico
que marcou o século XX. Considerando o contexto
geopolítico, é correto afirmar que o momento em
destaque refere-se
(A) ao avanço da ideologia socialista nos países
ocidentais, que sobrepôs a cultura consumista do
capitalismo.
(B) à decadência dos grandes grupos econômicos nos
países ricos após a crise da bolsa de Nova York em
1929.
(C) à equiparação de poder existente entre o líder do
bloco capitalista (Estados Unidos) e o líder socialista
(União Soviética) durante a Guerra Fria.
(D) à ascensão do capitalismo nos países periféricos
após o fim do socialismo e o equilíbrio criado entre
Estados Unidos e os países da América Latina.
(E) ao declínio da influência soviética, após a queda do
Muro da Vergonha, em Berlim.
H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
.8. (ENEM-MEC)
O texto refere-se a uma propaganda veiculada pelo
governo de um estado brasileiro.
Terra virgem. Terra que precisa ser possuída. Agora.
Urgente. Terra que dá arroz, algodão, soja, feijão, milho e
tudo mais. Terra que é veio sem fim de amianto, níquel,
ouro, diamante, cristal de rocha, manganês, mica –
minérios que todo mundo está de olho neles. Terra que
engorda gado bom o ano inteiro. Terra para você
trabalhar toda a vida e ganhar sempre. Trabalhar, ganhar
e viver no conforto. Quem busca lucro e paz o negócio é
Goiás. Matéria-prima farta, mão de obra barata. Energia
elétrica à vontade. Estradas asfaltadas. Crédito fácil e a
longo prazo. (...)
Revista Realidade/Amazônia, Editora Abril.
A propaganda refere-se
(A) ao processo de colonização desencadeado por
ingleses e portugueses no continente americano
durante os séculos XVIII e XIX.
(B) à expansão das fronteiras agrícolas incentivadas
pelo governo nos anos de 1970.
(C) à ocupação do planalto central durante a colonização
portuguesa no Brasil.
(D) à política de criação e desenvolvimento da Amazônia
Legal no Brasil.
(E) ao incentivo de ocupação do Nordeste, no século
XX.
.9. (ENEM-MEC)
Quando acontece uma seca, no Nordeste toda a
estrutura sofre, mas o peso maior é suportado pelos que
estão embaixo. A seca, na verdade, é o colapso da
produção agrícola e esse colapso se traduz em fome [...]
quando ocorre, se lança mão de uma ajuda de
emergência [...] mas é preciso estar preparado [...]. É
preciso que esses projetos não fiquem sendo
manipulados pelos grupos locais.
Celso Furtado. In: OLlVA, Jaime; GIANSANTI, Roberto. Temas
da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999, p. 196.
Levando em consideração o texto, sobre o problema da
seca no Nordeste brasileiro, é correto afirmar que
(A) os projetos para evitar as secas têm sido
implantados corretamente pelos políticos locais.
(B) o pequeno agricultor foi beneficiado pela ajuda dos
vários níveis de governo e das elites locais.
(C) a manipulação do dinheiro público pela elite local
provoca a chamada indústria da seca.
(D) a dinâmica climática leva as secas ao Nordeste, mas
permite o desenvolvimento agrícola.
(E) existem projetos permanentes de ajuda aos
agricultores, mantidos pelos grupos locais, uma vez
que as secas são previsíveis.
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*MÓDULO 2*
Natureza brasileira – Biodiversidade
Beleza sob risco
A serra do Mar é uma cadeia de montanhas antigas
que se estende por cerca de 1.000 quilômetros do
Espírito Santo a Santa Catarina. Ela corre mais ou
menos paralelamente à costa brasileira. Em algumas
regiões, suas montanhas são mais próximas ao mar,
como em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, ou Ubatuba,
litoral norte de São Paulo. Em outras, como no sul de
São Paulo, a serra fica mais distante, dando espaço para
uma planície com dezenas de quilômetros entre o mar e
as montanhas. A altura dos morros varia de 1.200 a
2.000 metros, tornando as áreas capazes de abrigar
diversos tipos da mata Atlântica. O conjunto de morros
recebe nomes diferentes em cada região, como serra do
Tabuleiro, em Santa Catarina, serra da Graciosa, no
Paraná, serra da Bocaina ou dos Órgãos, no Rio de
Janeiro.
Uma das regiões mais belas do Brasil, a serra do Mar
é também um local perigoso. O solo das encostas é uma
camada fina, de 1 a 2 metros de terra e fragmentos de
rocha que se desprenderam do maciço rochoso. Quando
chove, a água se infiltra nas frestas das rochas que estão
expostas, tornando a base escorregadia. A água da
chuva também fica retida nos arbustos e árvores, que
muitas vezes passam de 5 metros de altura. Como a
maioria deles tem raízes curtas, a vegetação acaba
fazendo peso sobre as rochas, potencializando o
deslizamento. Quanto maior o declive das montanhas,
mais raso é o solo, pois o material decomposto por
intemperismo das rochas é rapidamente levado, pela
ação da chuva ou mesmo do vento, para as regiões mais
baixas. Por isso, no pico das montanhas a rocha costuma
ficar exposta, como o Dedo de Deus, no Rio de Janeiro,
e o Marumbi, no Paraná. O relevo íngreme faz da serra
do Mar a região com o maior risco de erosão em todo o
Brasil (veja o mapa abaixo). Esse fenômeno natural, que
ocorre há milhões de anos, é potencializado pelo corte
das árvores e pela construção de casas nas encostas.
Sem a cobertura vegetal para absorver e reter a água,
a erosão (ou seja, o transporte de terra morro abaixo) se
multiplica, alterando o relevo e causando mais
deslizamentos. A lama erodida acaba em rios – que
deixam de ter água cristalina e ganham tons de lama. Por
isso, quando o crescimento das grandes cidades chega à
serra, o resultado nem sempre é harmônico. No verão,
época de mais chuvas no Sul e no Sudeste, a água leva
o solo, as árvores e muitas casas.
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A serra do Mar é a região brasileira mais propensa à
erosão. O solo das montanhas é uma camada fina,
de 1 a 2 metros de terra, sobre uma rocha maciça e
lisa. Os deslizamentos acontecem nas épocas de
chuva porque a água torna as rochas mais lisas e faz
a vegetação e as construções pesar sobre a rocha.
Os rios que cortam a Amazônia formam a bacia
hidrográfica do Amazonas, a maior do mundo, onde
circula cerca de 60% da água doce do Brasil. Esses
rios são formados pela água que desce da
cordilheira dos Andes, do planalto das Guianas e do
planalto central. O principal deles, o rio Amazonas,
percorre, dos Andes até o oceano Atlântico, 7.000
quilômetros.
A Amazônia é a região mais poluidora do Brasil. Dos
mais de 2 bilhões de gases do efeito estufa que o
Brasil emite a cada ano, cerca de 60% vêm de lá.
Isso ocorre por causa do desmatamento, que libera
na atmosfera o carbono que constitui as plantas.
Outro motivo é a geração de energia por meio de
termelétricas movidas, sobretudo, a óleo diesel. Esse
tipo de fonte energética é muito mais poluidor que as
hidrelétricas.
O desmatamento da Amazônia diminuiu nos últimos
anos. Em 2004, 27.000 quilômetros quadrados da
floresta foram derrubados. Entre agosto de 2007 e
julho de 2008, a taxa havia caído para menos da
metade: 12.000 quilômetros quadrados. Mesmo
assim, a situação ainda preocupa. Estima-se que
17% da vegetação amazônica já tenha sido
desmatada. As áreas mais propensas à exploração
humana são as bordas da floresta: Rondônia, o norte
de Mato Grosso, o sul do Pará e o norte do
Maranhão, que formam o que os ambientalistas
chamam de Arco do Desmatamento. Quase 80% das
áreas que sofreram desmatamento se situam a até 5
quilômetros das estradas.
A transposição do rio São Francisco consiste em
desviar parte da água do maior rio do Nordeste por
meio de dutos e canais. Essa água alimentaria rios
menores e açudes que secam durante a estiagem na
região do semiárido. O empreendimento pode dar
mais um empurrão à agricultura nordestina, que vem
crescendo com a exportação de frutas. Mas a obra
de transposição é alvo de críticas. Opositores dizem
que o projeto trará grandes impactos ambientais à
região.
________________________________________________ *Anotações*
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para as questões 1 e 2.
Filme antigo
A cada verão, a falta de planejamento no Brasil causa desastres que poderiam ser evitados
Enchente em São Paulo: entre o fim de 2009 e o início de 2010, a cidade registrou o maior índice de chuvas em dez anos
MAURÍCIO LIMA / AFP
Todos os anos, chuvas de verão derrubam pontes,
fecham estradas, deixam milhares de brasileiros
desabrigados, matam. Em seguida, autoridades partem
em romaria para os locais afetados, fazem discursos
compadecidos e prometem verbas ou obras
emergenciais, como se tivessem sido colhidas de
surpresa pela catástrofe. Na virada de 2010, 126
pessoas morreram no Rio de Janeiro, em São Paulo e no
Rio Grande do Sul, os estados mais atingidos pela
chuva. Entre eles, a cidade de Angra dos Reis, no Rio de
Janeiro, é o caso mais dramático e, também, o retrato
mais preciso do conjunto de fatores que desencadeia
esse tipo de tragédia. Ali, morreram 52 pessoas na virada
do ano, vítimas de deslizamentos de encostas. Tudo era
previsível. Na bela região em torno da baía de Angra,
com suas 365 ilhas e mais de 2.000 praias, chove quase
o dobro da média do Rio de Janeiro, e a instabilidade das
encostas é conhecida. Em 2002, 39 pessoas morreram
em Angra num deslizamento com características
semelhantes às de agora. Apesar disso, nunca foi feito
um mapa geológico para verificar quais terrenos são
impróprios para construção.
É verdade que, do começo de dezembro até a
primeira semana de janeiro, caiu o dobro de água do que
se esperava. Foi o maior índice em dez anos. Mas não é
essa a principal explicação para o que aconteceu na
cidade, que experimentou um vertiginoso crescimento
populacional a partir dos anos 1970. A construção da
Rodovia Rio-Santos aumentou o fluxo de turistas, e
grandes obras, como a usina nuclear de Angra 1,
levaram multidões de trabalhadores à região. A
população do município teve um crescimento de quase
três vezes a média brasileira no período. E num local
onde o problema de espaço é crônico. Espremida entre a
serra e o mar, a cidade não tem para onde crescer.
Casas e casebres foram se aglomerando no pé dos
morros e, quando não havia espaço, em cima deles.
Hoje, 60% dos moradores vivem em áreas de encosta,
uma área que, há muito tempo se sabe, tem alto risco de
deslizamento.
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Em Ilha Grande, morreram 31 pessoas soterradas.
Elas estavam na pousada Sankay e em cinco outras
residências engolidas por uma avalanche na madrugada
do dia 1.º de janeiro. A pousada tinha licença de
funcionamento da prefeitura, mas não a licença
ambiental do estado. Mesmo se tivesse, o risco de
deslizamento da encosta não teria sido analisado. As
casas atingidas no morro da Carioca, no centro de Angra,
onde morreram 21 pessoas, tampouco tinham licença.
Antes da tragédia, porém, a prefeitura dispunha de um
programa para levar saneamento e iluminação pública
para aquela área, como se não houvesse um grave
problema de segurança. Como se não bastasse, existe
um impressionante histórico de corrupção nos órgãos
responsáveis pela fiscalização da ocupação do solo em
Angra dos Reis. Entre 2006 e 2007, 44 funcionários da
prefeitura, do governo estadual e do Ibama foram presos
por vender pareceres técnicos favoráveis às construções.
Veja, 13/1/2010 (adaptado).
.1. (AED-SP)
Os deslizamentos nas encostas de Angra dos Reis eram
previsíveis? Por quê?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
.2. (AED-SP)
De acordo com o texto, o que aconteceu com a
população de Angra dos Reis nos últimos anos?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
.3. (INEP-MEC)
Com base na figura abaixo, analise as afirmações a
seguir.
INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO
I. A figura mostra três formas comuns de relevo
brasileiro: várzea (vale), montanha e planície.
II. Nas cidades brasileiras, é comum as populações
mais pobres ocuparem a várzea, área menos
valorizada e sujeita a enchentes.
III. As áreas mais baixas, na várzea do rio,
abrigaram diversas cidades antigas e medievais
na Europa e na Ásia.
Quais afirmações estão corretas?
(A) I e II, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) Nenhuma está correta.
(E) Todas estão corretas.
.4. (ENEM-MEC)
Ministério do Meio Ambiente. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação.
Analisando-se os dados do gráfico acima, que remetem a
critérios e objetivos no estabelecimento de unidades de
conservação no Brasil, constata-se que
(A) o equilíbrio entre unidades de conservação de
proteção integral e de uso sustentável já atingido
garante a preservação presente e futura da
Amazônia.
(B) as condições de aridez e a pequena diversidade
biológica observadas na Caatinga explicam por que
a área destinada à proteção integral desse bioma é
menor que a dos demais biomas brasileiros.
(C) o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pampa, biomas mais
intensamente modificados pela ação humana,
apresentam proporção maior de unidades de
proteção integral que de unidades de uso
sustentável.
(D) o estabelecimento de unidades de conservação deve
ser incentivado para a preservação dos recursos
hídricos e a manutenção da biodiversidade.
(E) a sustentabilidade do Pantanal é inatingível, razão
pela qual não foram criadas unidades de uso
sustentável nesse bioma.
.5. (FUVEST-SP)
Numa casa localizada em uma encosta, o terreno
onde é construída a moradia fica completamente
encharcado em épocas de chuvas, em razão das águas
que descem do telhado e do talude adjacente. A encosta
assim exposta, sujeita à alta taxa de infiltração, põe a
casa em risco, pelo risco de deslizamentos em períodos
de chuva. É possível atenuar os deslizamentos nos
morros por meio de microdrenagem, um sistema de
canaletas e tubulações. Calhas são instaladas no telhado
da casa para recolher a água da chuva, e o excedente de
água é conduzido para uma canaleta ao pé do talude.
Manual de Ocupação de Morros na Região
Metropolitana de Recife (adaptado).
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 35
Sobre o sistema de microdrenagem, é incorreto afirmar
que:
(A) A maioria dos deslizamentos acontece na época das
chuvas porque a água pesa sobre a terra, que não
consegue se sustentar sobre as rochas e desliza.
(B) A água que cai dos telhados das casas aumenta a
possibilidade de deslizamentos.
(C) A drenagem contém a água da chuva nos morros,
como faz a vegetação em encostas ainda não
ocupadas pelo homem.
(D) Os sistemas de microdrenagem podem vir
acompanhados de outras obras de pavimentação,
como calçadas e escadarias nos morros.
(E) Cada casa precisa ter canaletas de drenagem
conectadas ao sistema principal.
.6. (INEP-MEC)
Em janeiro de 2008, o Ministério do Meio Ambiente
divulgou uma relação contendo os 36 municípios
apontados como os campeões no desmatamento da
Amazônia. Na lista, estão 19 municípios de Mato Grosso,
12 do Pará, quatro de Rondônia e um do Amazonas. As
informações sobre o desmatamento na Amazônia
demonstram, em uma primeira análise, que sua
ocorrência é predominante, sobretudo, nas regiões:
(A) de expansão da fronteira agrícola e da atividade
pecuária.
(B) de forte expansão urbana e industrial.
(C) com elevados índices de crescimento da indústria da
construção civil.
(D) com maior potencial de consumo local da madeira.
(E) nas áreas de fronteira com o Peru e a Colômbia.
.7. (ENEM-MEC)
O gráfico abaixo mostra a área desmatada da Amazônia,
em km2, a cada ano, no período de 1988 a 2008.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente.
As informações do gráfico indicam que
(A) o maior desmatamento ocorreu em 2004.
(B) a área desmatada foi menor em 1997 que em 2007.
(C) a área desmatada a cada ano manteve-se constante
entre 1998 e 2001.
(D) a área desmatada por ano foi maior entre 1994 e
1995 que entre 1997 e 1998.
(E) o total de área desmatada em 1992, 1993 e 1994 é
maior que 60.000 km2.
********** ATIVIDADES 2 **********
H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
.8. (ENEM-MEC)
Uma característica do mundo atual é a formação de
blocos com o objetivo de integração. Por exemplo, a UE
(União Europeia), o Nafta (integrando Estados Unidos,
Canadá e México) e o Mercosul (envolvendo Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai).
A principal característica da formação dos blocos citados
no texto é de natureza
(A) religiosa.
(B) política.
(C) econômica.
(D) geográfica.
(E) social.
H10 Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.
.9. (ENEM-MEC)
No Brasil [...] os escravos foram os ombros, as costas
e as pernas que fizeram andar a Colônia e, mais tarde, o
Império. Foram o ventre que gerou uma imensa
população mestiça e o seio que amamentou os filhos dos
senhores. Deixaram uma herança profunda: em 500 anos
de história, o Brasil teve três séculos e meio de regime
escravocrata contra apenas um de trabalho livre.
Eduardo Bueno. Brasil: uma história. 2.ª ed.
São Paulo: Ática, 2003, p. 118-119.
Analisando o fragmento, é correto afirmar que
(A) o Brasil é fruto de um processo de exploração e
miscigenação relacionado com a escravização de
africanos.
(B) a cultura africana enraizou-se na Colônia brasileira e
tornou-se padrão dominante a partir do século XVI.
(C) em 150 anos de trabalho livre, o negro ascendeu
socialmente, anulando as consequências da
escravidão.
(D) por meio do sacrifício dos africanos e indígenas
escravizados, o Brasil adquiriu status de nação
desenvolvida.
(E) a escravidão de africanos foi a única forma de
trabalho compulsório existente na época colonial.
CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________
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*MÓDULO 3*
Recursos naturais – Água
A globalização da água
Você já ouviu falar de água virtual? Não se trata de
nenhum líquido que corre entre os sites da internet, mas
aquela água que consumimos sem saber quando
compramos roupas, alimentos e qualquer outro produto
industrializado. A água virtual, somada à água consumida
diretamente por um indivíduo ou uma população, recebe
o nome de pegada hídrica. A pegada hídrica leva em
conta não apenas a água agregada aos produtos, mas
também o volume poluído na cadeia produtiva.
Nem todos os países deixam uma pegada hídrica
equivalente à disponibilidade de água em seu território. A
razão desse descompasso nas contas é a importação de
bens: as nações pobres em água compram do
estrangeiro alimentos e produtos industriais e, com eles,
importam – na forma de água virtual – o recurso coletado
de bacias hidrográficas de outras regiões do globo.
A Jordânia, por exemplo, retira a cada ano apenas 1
bilhão de metros cúbicos de água de seus rios e
aquíferos. Mas consome até sete vezes mais água (na
forma virtual) contida nos produtos que importa. É por
esse mecanismo que os chineses afetam as bacias
hidrográficas brasileiras quando compram nosso frango
e, no sentido inverso, os brasileiros consomem parte da
água das bacias chinesas em cada eletroeletrônico made
in China. A globalização, que tornou interdependentes os
mercados espalhados pelo planeta, reforçou, também, o
comércio internacional de água virtual.
Entre 1997 e 2001, o comércio internacional transferiu
de um país a outro algo em torno de 1 trilhão de metros
cúbicos de água virtual por ano, apenas em produtos
agropecuários. Se incluirmos aí os produtos industriais, o
fluxo anual de água virtual superou o 1,6 trilhão de
metros cúbicos.
Desse total, 61% do volume viaja invisivelmente em
grãos, e outros produtos vegetais, animais e derivados
representam 17%. Os produtos industriais utilizam 22% –
ou seja, 88% da água virtual transferida entre nações diz
respeito diretamente à alimentação da humanidade.
O Brasil está entre os maiores exportadores de água
virtual do mundo, ao lado dos Estados Unidos, do
Canadá e da França. Mas, como todas as demais
nações, também importamos água virtual. No saldo final
– a diferença entre exportação e importação –, algumas
ganham mais do que transferem. Os EUA, por exemplo,
perderam entre 1997 e 2001 mais de 53 bilhões de
metros cúbicos por ano. Já a Alemanha ganhou 35
bilhões. No mesmo período, o Brasil exportou a cada ano
67,8 bilhões de metros cúbicos – 97% na forma de
produtos agropecuários – e teve um saldo negativo de
quase 45 bilhões de metros cúbicos.
O comércio de água virtual tem um lado bom e outro
nem tanto. O aspecto positivo é que essa transferência
de água entre as nações alivia a escassez hídrica nos
países mais carentes de mananciais. A exportação,
nesse caso, funciona como uma espécie de instrumento
de democratização do bem natural. Por outro lado, a
produção de mais alimentos para vender a outras nações
exerce pressão sobre os mananciais dos países
exportadores.
INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO
CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 37
A água utilizada pelas residências, para as pessoas
matarem a sede ou tomarem banho, significa apenas
10% do consumo mundial. Os restantes 90% são
utilizados em processos industriais e no campo.
Cerca de 70% do que é extraído dos rios e aquíferos
se destina à produção agropecuária.
Chama-se água virtual a quantidade hídrica
consumida em produtos industrializados e alimentos.
Desse modo, a água virtual pode ser exportada na
forma de produtos. A soma da água virtual, da água
de consumo residencial e daquela que foi poluída
durante o consumo ganha o nome de pegada
hídrica.
As chuvas acima da média na região Sudeste do
Brasil, no início de 2010, relacionam-se ao fenômeno
climático EI Niño. Trata-se do aquecimento anormal
(3 ºC a 7 ºC acima da média) nas águas da
superfície do oceano Pacífico próximas à costa da
América do Sul, combinado com o enfraquecimento
dos ventos alísios. Em vez da velocidade habitual de
15 metros por segundo (m/s) de leste para oeste, os
ventos sopram a 2 m/s. Isso faz com que a água
aquecida na região equatorial não seja levada em
direção à Indonésia, como normalmente ocorre. As
massas de ar quentes e úmidas acabaram chegando
ao Sudeste brasileiro.
Os mananciais são rios, lagos, represas e lençóis
freáticos que asseguram a água para o
abastecimento público. Merecem um cuidado
especial, já que, quando malconservados, exigem
gastos muito maiores no tratamento de água. Em
grandes metrópoles, a explosão da população
provocou a construção de casas até mesmo em
áreas de mananciais protegidas por leis ambientais.
O vaso sanitário é o campeão do consumo
doméstico. Mais da metade do consumo residencial
se dá com o chuveiro, a descarga e com simples
vazamentos. Somente em São Paulo, a água que
escorre por canos antigos ou malconservados
poderia abastecer mais de 2 milhões de pessoas.
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para as questões de 1 a 3.
Líquido de comer
O consumo doméstico representa apenas 10% do total. A maior parte dos gastos de água ocorre na produção de alimentos
Bastam 50 litros de água por dia para que uma
pessoa mantenha a higiene, mate a sede e prepare as
refeições. Mas, quando se inclui no cálculo a água
necessária para produzir os alimentos básicos que
chegam à nossa mesa, cada cidadão precisa de muito
mais – algo em torno de 3.600 litros por dia. Isso significa
que, no decorrer de um ano, uma pessoa precisa de mais
de 1 milhão de litros, cerca de dois quintos do volume de
uma piscina olímpica. Mas a água que se usa em casa,
aquela que sai de torneiras e chuveiros, representa uma
pequena parcela de tudo o que cada cidadão consome –
no total, apenas 10% do consumo mundial. Para o
consumidor doméstico, os restantes 90% vêm na forma
de água invisível, dissolvida nos mais diferentes produtos
e atividades. A agricultura e a pecuária são, de longe, as
atividades responsáveis pela maior parte do consumo de
água. Cerca de 70% do que é extraído dos rios e
aquíferos se destina à produção agropecuária. Para
garantir safras de arroz, trigo e leite, o homem reduziu a
vazão de grandes rios.
Considere o seguinte café da manhã reforçado: uma
xícara de café, um copo de leite, uma fatia de pão, outra
de queijo, um ovo quente e um copo de suco de laranja.
Quem ingerir essa refeição consumirá indiretamente mais
de 600 litros de água – o volume utilizado para irrigar as
plantações de café, de laranja e de trigo e para matar a
sede do gado que deu o leite e alimentar com ração a
ave que botou o ovo. Se nosso convidado para o café da
manhã estiver usando uma camiseta de algodão e um
tênis de couro, a dívida para com as fontes hídricas
mundiais subirá mais 10.000 litros. Isso sem contar a
água empregada na fabricação da mesa e das cadeiras
da sala, a eletricidade consumida pela geladeira na qual
os alimentos foram conservados, o combustível utilizado
no transporte dos alimentos do campo para as prateleiras
do supermercado etc. Enfim, tudo o que a sociedade
moderna consome, de alimentos e ligas metálicas a
eletricidade e petróleo, só existe porque a água foi
utilizada, como matéria-prima ou como insumo, na
produção do bem ou do serviço.
Superinteressante, São Paulo, dez. 2009.
.1. (AED-SP)
Em que atividade é gasta a maior parte da água doce do
mundo?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
.2. (AED-SP)
Ao todo, quanto de água um cidadão necessita por dia,
em média?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
.3. (AED-SP)
É correto afirmar que a água é uma matéria-prima?
Justifique sua resposta.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 38
.4. (FUVEST-SP)
Observe os dados contidos na tabela a seguir:
UFSCar 2004 – Adaptado de Pearson apud Sene & Moreira, 2002 e World Bank Atlas, 2000.
Considere as afirmações:
I. Geleiras e neve são a segunda fonte de água
potável mais utilizada pelo homem.
II. Duas regiões chamam atenção pela pouca
disponibilidade de água e presença de climas
áridos: o Oriente Médio e o norte da África.
III. As chamadas águas de superfície representam
uma fração mínima da água doce disponível no
mundo.
São corretas as afirmações:
(A) I e ll, apenas. (D) I, II e III.
(B) l e lll, apenas. (E) n. d. a.
(C) ll e lll, apenas.
.5. (ENEM-MEC)
A situação atual das bacias hidrográficas de São
Paulo tem sido alvo de preocupações ambientais: a
demanda hídrica é maior que a oferta de água e ocorre
excesso de poluição industrial e residencial. Um dos
casos mais graves de poluição da água é o da bacia do
alto Tietê, onde se localiza a região metropolitana de São
Paulo. Os rios Tietê e Pinheiros estão muito poluídos, o
que compromete o uso da água pela população.
Avalie se as ações apresentadas abaixo são adequadas
para se reduzir a poluição desses rios.
I. Investir em mecanismos de reciclagem da água
utilizada nos processos industriais.
II. Investir em obras que viabilizem a transposição
de águas de mananciais adjacentes para os rios
poluídos.
III. Implementar obras de saneamento básico e
construir estações de tratamento de esgotos.
É adequado o que se propõe
(A) apenas em I. (D) apenas em II e III.
(B) apenas em II. (E) em I, II e III.
(C) apenas em I e III.
.6. (INEP-MEC)
Consumo mundial de água por setor, segundo a renda dos países (em%)
O consumo de água é maior:
(A) Na agricultura mundial, devido à produção de
biocombustíveis.
(B) Nos domicílios que na agricultura, nos países de
industrialização tardia.
(C) No setor domiciliar, em países de renda média com
altos índices de urbanização.
(D) Na indústria que na agricultura, em países da
primeira revolução industrial.
(E) Na agricultura, em países com uso intensivo do solo
e de renda elevada.
.7. (INEP-MEC)
INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO
Fonte: Veja, 10/2/2010.
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O verão 2009/2010 bateu recordes de índices
pluviométricos no Sudeste brasileiro, com sérias
consequências para a população da região. No
infográfico apresentado, podemos observar as principais
causas desse excesso de chuva. De acordo com os
mecanismos descritos, não podemos afirmar que:
(A) O fenômeno do EI Niño tem relação com a oscilação
de temperatura do oceano Pacífico.
(B) A média de temperatura de São Paulo em 2010
excedeu em 1,4 grau a média considerada normal
para o estado.
(C) A grande evaporação das águas do Atlântico
contribui para a alta pluviosidade.
(D) A umidade que chegou a São Paulo foi gerada em
diversas regiões, exceto na Amazônia, que se situa
muito distante da região Sudeste.
(E) As chuvas que caíram no inverno também
contribuíram, indiretamente, para o aumento da
pluviosidade no verão.
.8. (ENEM-MEC)
Os ingredientes que compõem uma gotícula de
nuvem são o vapor de água e um núcleo de
condensação de nuvens (NCN). Em torno desse núcleo,
que consiste em uma minúscula partícula em suspensão
no ar, o vapor de água se condensa, formando uma
gotícula microscópica, que, devido a uma série de
processos físicos, cresce até precipitar-se como chuva.
Na floresta Amazônica, a principal fonte natural de
NCN é a própria vegetação. As chuvas de nuvens baixas,
na estação chuvosa, devolvem os NCNs, aerossóis, à
superfície, praticamente no mesmo lugar em que foram
gerados pela floresta. As nuvens altas são carregadas
por ventos mais intensos, de altitude, e viajam centenas
de quilômetros de seu local de origem, exportando as
partículas contidas no interior das gotas de chuva. Na
Amazônia, cuja taxa de precipitação é uma das mais
altas do mundo, o ciclo de evaporação e precipitação
natural é altamente eficiente.
Com a chegada, em larga escala, dos seres humanos
à Amazônia, ao longo dos últimos 30 anos, parte dos
ciclos naturais está sendo alterada. As emissões de
poluentes atmosféricos pelas queimadas, na época da
seca, modificam as características físicas e químicas da
atmosfera amazônica, provocando o seu aquecimento,
com modificação do perfil natural da variação da
temperatura com a altura, o que torna mais difícil a
formação de nuvens.
Paulo Artaxo et al. O mecanismo da floresta para fazer
chover. In: Scientific American Brasil, ano 1, n.º 11,
abr./2003, p. 38-45 (com adaptações).
Na Amazônia, o ciclo hidrológico depende
fundamentalmente
(A) da produção de CO2 oriundo da respiração das
árvores.
(B) da evaporação, da transpiração e da liberação de
aerossóis que atuam como NCNs.
(C) das queimadas, que produzem gotículas
microscópicas de água, as quais crescem até se
precipitarem como chuva.
(D) das nuvens de maior altitude, que trazem para a
floresta NCNs produzidos a centenas de quilômetros
de seu local de origem.
(E) da intervenção humana, mediante ações que
modificam as características físicas e químicas da
atmosfera da região.
.9. (ENEM-MEC)
O aquífero Guarani,
megarreservatório
hídrico subterrâneo da
América do Sul, com
1,2 milhão de km2, não
é o “mar de água doce”
que se pensava existir.
Enquanto em algumas
áreas a água é
excelente, em outras, é
inacessível, escassa ou
não potável. O aquífero
pode ser dividido em
quatro grandes compartimentos. No compartimento
Oeste, há boas condições estruturais que proporcionam
recarga rápida a partir das chuvas e as águas são, em
geral, de boa qualidade e potáveis. Já no compartimento
Norte-Alto Uruguai, o sistema encontra-se coberto por
rochas vulcânicas, a profundidades que variam de 350 m
a 1.200 m. Suas águas são muito antigas, datando da
Era Mesozoica, e não são potáveis em grande parte da
área, com elevada salinidade, sendo que os altos teores
de fluoretos e de sódio podem causar alcalinização do
solo.
Scientific American Brasil, n.º 47, abr./2006 (com adaptações).
Em relação ao aquífero Guarani, é correto afirmar que
(A) seus depósitos não participam do ciclo da água.
(B) águas provenientes de qualquer um de seus
compartimentos solidificam-se a 0 ºC.
(C) é necessário, para utilização de seu potencial como
reservatório de água potável, conhecer
detalhadamente o aquífero.
(D) a água é adequada ao consumo humano direto em
grande parte da área do compartimento Norte-Alto
Uruguai.
(E) o uso das águas do compartimento Norte-Alto
Uruguai para irrigação deixaria ácido o solo.
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********** ATIVIDADES 2 **********
C4 Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
.10. (ENEM-MEC)
Depois de lutar contra a exploração capitalista, os
trabalhadores têm agora que lutar contra a falta dela. Do
sistema de exploração passiva para uma situação de
exclusão porque os grandes centros capitalistas
precisam cada vez menos do trabalho...
Adaptado de KURZ, R. O Colapso da Modernização.
São Paulo: Paz e Terra, 1992.
Ao mencionar, no texto, a situação de exclusão dos
trabalhadores, o autor refere-se
(A) ao crescimento dos governos socialistas que,
tomando para o Estado as empresas privadas,
despedem os trabalhadores para empregar
funcionários públicos.
(B) ao crescimento de forças sindicais muito mais
representativas dos interesses das empresas do que
dos direitos dos trabalhadores.
(C) à redução da participação da mão de obra nas
indústrias como resultado da utilização de
tecnologias modernas de produção.
(D) ao contrato de aumento salarial para uma parte dos
trabalhadores em troca da demissão dos operários
mais qualificados.
(E) aos baixos salários pagos aos trabalhadores,
impossibilitados de competir com as máquinas.
H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
.11. (ENEM-MEC)
O texto trata de um exemplo da atual distribuição
espacial das indústrias.
(...) Um carro esporte Mazda é desenhado na
Califórnia, financiado por Tóquio; o protótipo é criado em
Worthing (Inglaterra) e a montagem é feita nos Estados
Unidos e no México, usando componentes eletrônicos
inventados em Nova Jersey e fabricados no Japão (...)
ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. In O trabalho
na Economia Global. CARMO, Paulo Sérgio do,
Coleção Polêmica. Editora Moderna, 1998.
A principal característica das indústrias, abordada no
texto, é
(A) a centralização de todos os setores da indústria em
áreas de grande disponibilidade de matérias-primas.
(B) a dispersão dos setores da indústria para países da
América do Sul com grande mercado consumidor.
(C) a concentração dos setores da indústria em países
ricos, de alta tecnologia e mão de obra barata.
(D) a descentralização dos setores da indústria como
resultado da ampliação dos meios de transporte e
comunicação, barateando os custos.
(E) a independência dos setores industriais, dificultando
a globalização.
.12. (ENEM-MEC)
(...) O cidadão norte-americano desperta num leito
construído segundo padrão originário do Oriente
Próximo, mas modificado na Europa setentrional, antes
de ser transmitido à América. Sai de baixo de cobertas
feitas de algodão, cuja planta se tornou doméstica na
Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro
domesticados no Oriente Próximo; ou de seda cujo
emprego foi descoberto na China. Todos esses materiais
foram fiados e tecidos por processos inventados no
Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos
mocassins que foram inventados pelos índios das
florestas do leste dos EUA e entra no quarto de banho
cujos aparelhos são uma mistura de invenções europeias
e norte-americanas, uma e outras recentes (...)
LlNTON, Ralph. O Homem: Uma Introdução à Antropologia.
8.ª ed. São Paulo: Martins, 1971.
Pode-se afirmar que os diversos produtos destacados no
texto foram
(A) incorporados e consumidos apenas nos países ricos.
(B) incorporados sucessivamente por diversos povos ao
longo do tempo.
(C) criados por muitos povos e industrializados apenas
nos Estados Unidos.
(D) incorporados apenas pelo cidadão norte-americano.
(E) a superioridade dos EUA com relação ao conforto
dos cidadãos.
________________________________________________
*Anotações*
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*MÓDULO 4*
Meio ambiente – Aquecimento global
Fenômeno útil
Muita gente até se arrepia quando ouve falar em
efeito estufa. E não é de frio – até porque o efeito estufa
está relacionado a calor –, mas de susto mesmo. Afinal,
sempre se diz que ele é o grande vilão do aquecimento
global. Mas uma coisa precisa ficar clara: é graças a ele
que existe vida em nosso planeta. O efeito estufa é um
fenômeno natural que faz com que a temperatura média
do globo se conserve nos limites necessários para a
manutenção da vida, em torno de 14,5 ºC. Ele ocorre
graças a gases como o carbono, que existem
naturalmente na atmosfera e impedem a dissipação para
o espaço de parte da radiação vinda do Sol que é
absorvida e refletida pela Terra (veja o infográfico
abaixo). O problema é que, devido à ação do homem –
sobretudo por meio da emissão de gases poluentes e da
queima de florestas –, esse benéfico cobertor atmosférico
está se transformando num forno.
Há tempos o uso maciço de combustíveis fósseis
(carvão e petróleo) e a utilização predatória da terra
(desmatamentos, queimadas, depósitos de lixo) vêm
liberando na atmosfera uma imensa quantidade de gases
que retêm calor. Acredita-se que, por isso, a temperatura
do planeta tem aumentado progressivamente.
Essa foi a principal conclusão do 4.º Painel
lntergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC),
divulgado pela ONU em 2007. A principal evidência que
sustentou o relatório foi a relação direta entre o aumento
da temperatura global e o aumento da concentração de
CO2 na atmosfera. Rebatendo o relatório do IPCC, outros
cientistas afirmam que a Terra já teria passado por
diversas mudanças climáticas no decorrer dos séculos,
independentemente da ação do homem. Mesmo assim,
fenômenos explícitos, como o derretimento de geleiras e
a morte de ursos-polares em blocos de gelo
despedaçados, contribuíram, em 2007, para um alarme
generalizado sobre o aquecimento global.
Soluções para estancar o problema consistem em
utilizar aparelhos e equipamentos que consumam menos
energia, cortar a emissão de carbono das queimadas de
florestas e o uso de combustíveis fósseis. Nesse sentido,
um exemplo bem-sucedido foi a redução da emissão
mundial de gases clorofluorclorados (CFC), que
atacavam a camada de ozônio. Estudos recentes já
apontam uma redução significativa no tamanho do
buraco.
Fonte: Guia do Estudante – Geografia, Vestibular + ENEM 2009.
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O efeito estufa é um fenômeno natural que faz com
que a temperatura média do globo se conserve nos
limites necessários para a manutenção da vida, em
torno de 14,5 ºC. Ele ocorre graças a gases como o
carbono, que existem naturalmente na atmosfera e
impedem a dissipação para o espaço de parte da
radiação vinda do Sol que é absorvida e refletida
pela Terra. O problema é que, devido à ação do
homem – sobretudo por meio da emissão de gases
poluentes e da queima de florestas –, esse benéfico
cobertor atmosférico está se transformando num
forno.
Os clamores sobre o aquecimento global ganharam
eco em 2007, quando o derretimento de geleiras e as
imagens de ursos-polares em blocos de gelo
despedaçados deram sinais evidentes de que o
planeta estava esquentando. O 4.º Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC),
daquele ano, vinculou o aumento da temperatura
global ao aumento da concentração de CO2 na
atmosfera.
Entre o fim de 2009 e o começo de 2010, o IPCC
sofreu um revés quanto à validade de suas
informações. A liberação de uma série de e-mails
trocados por cientistas da Unidade de Pesquisa
Climática de East Anglia, na Grã-Bretanha, mostrou
que eles exageravam nos números sobre o aumento
da temperatura.
Os cientistas que negam o aquecimento global ou
seus riscos afirmam que não há base científica para
prever, com antecedência de décadas, como será o
clima da Terra. Defendem também a ideia de que
não se pode confiar nos dados climáticos que
mostram o aquecimento global: eles foram
influenciados pela opinião pessoal dos cientistas.
Também acreditam ser muito difícil provar a
responsabilidade do homem: o clima seria muito
mais influenciado pelas glaciações, pelo vulcanismo,
pela quantidade de nuvens e por fenômenos
astronômicos, como as manchas solares.
A maior parte do carbono da atmosfera é captada
não pelas florestas, mas pelos oceanos. Quando se
combina com a água do mar, o dióxido de carbono
se transforma em ácido carbônico, dissolve-se no
mar e forma carbonatos. Esses materiais constituem
animais marinhos e também se depositam
lentamente no fundo do mar, formando, com a
passagem do tempo, as rochas calcárias.
________________________________________________ *Anotações*
********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para as questões 1 e 2.
O desafio de crescer sem poluir
As nações emergentes assumem o posto de vilãs do aquecimento global
Quando se fala em aquecimento global, logo vem ao
debate a importância de diminuir a poluição dos gases de
efeito estufa. Dióxido de carbono, óxido nitroso e metano,
os principais gases que prendem o calor na atmosfera,
são liberados tanto por plantas e animais quanto pela
indústria, pelos sistemas de transporte e por grande parte
das usinas de energia elétrica. O esforço em cortar as
emissões é mais polêmico para nações emergentes e
populosas que estão se desenvolvendo, como a Índia e,
principalmente, a China. Esses dois países se esforçam
para crescer e acabar com a miséria. Segundo a Unicef,
a China tem pelo menos 100 milhões de miseráveis e a
Índia, cerca de 250 milhões – uma população maior que
a do Brasil. Tirar esse enorme contingente da miséria é
um desafio dos governos que, à primeira vista, vai contra
a luta pelo corte das emissões de carbono na atmosfera.
Quanto mais a economia crescer, mais a população vai
consumir – e consumir implica emitir carbono na
atmosfera.
Desde os anos 1990, quando começaram as pressões
pela redução da poluição, as emissões na China
aumentaram 40%. Analistas preveem que só em 2050
poderá ser possível falar de uma redução concreta dos
gases de efeito estufa. Com 1,3 bilhão de habitantes, a
China ganhou recentemente o posto de o país mais
poluidor do mundo, ocupando a posição que por décadas
foi dos Estados Unidos. Apesar disso, cada chinês, em
média, polui muito menos que um europeu ou um
americano. São 6 toneladas anuais de CO2, ante 25
toneladas de cada pessoa que mora nos Estados Unidos.
Atualmente, a China tem mais de 70% de sua
produção de energia baseada na queima de carvão
mineral – uma das formas mais poluidoras. Mas, aos
poucos, o país está migrando para fontes limpas e
renováveis. Até 2020, os chineses pretendem ter pelo
menos 15% da energia produzida com fontes renováveis.
Seus esforços para produzir energia eólica e solar a
preços baixos estão impressionando o mundo. O objetivo
de gerar 5.000 megawatts de energia eólica não só foi
batido como ultrapassado: hoje já passou de 12
gigawatts. Em 2010, a capacidade eólica da China deve
ultrapassar a da hidrelétrica de Itaipu, que é de 14
gigawatts.
Tomando esse caminho, a China se tornará uma das
“economias de baixo carbono”. Trata-se dos países que,
mesmo atingindo níveis altos de riqueza e consumo,
liberam pouco carbono na atmosfera. A economia de
baixo carbono é uma tendência antiga, que começou na
década de 1970. Com a crise do petróleo de 1973, os
países perceberam que era perigoso depender apenas
desse combustível, e quem conseguisse criar outras
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formas de energia estaria em vantagem. O melhor
exemplo de economia de baixo carbono é a Dinamarca.
O país reduziu drasticamente sua dependência em
relação ao petróleo importado ao investir em eficiência
energética e em fontes renováveis, como energia eólica,
solar e de biomassa. Hoje, a Dinamarca não depende
mais do petróleo árabe para movimentar carros, fábricas
e iluminar residências.
Folha de S. Paulo, 27/3/2010.
.1. (AED-SP)
Quais os planos da China com relação à energia
sustentável?
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___________________________________________________
.2. (AED-SP)
O que são as economias de baixo carbono?
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.3. (INEP-MEC)
“O governo das Maldivas quer comprar terrenos no
exterior para transferir a população das ilhas ameaçadas
pela elevação do nível do mar. As Maldivas, paraíso
tropical de ilhas e atóis de coral localizado no oceano
Índico, a 600 quilômetros da costa da Índia, estão com
seus dias contados: segundo as previsões da ONU, o
nível do mar deverá subir 59 centímetros até 2100.”
Com relação aos fenômenos climáticos que preocupam a
população das Ilhas Maldivas, considere as seguintes
afirmações:
I. A preocupação do governo das Maldivas
cresceu diante dos alertas emitidos pelos
cientistas que defendem a tese do aquecimento
global e sua intensificação pelas ações
humanas.
II. Considerando uma escala de tempo geológico, a
elevação do nível dos oceanos é um fenômeno
cíclico na história da Terra, nos últimos 35.000
anos.
III. Algumas regiões do mundo podem ser
beneficiadas pelo mesmo mecanismo climático
que prejudicaria as Maldivas. É o caso das áreas
de altas latitudes da Sibéria russa, do Canadá e
do Alasca.
São corretas:
(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) Il e III, apenas.
(E) II, apenas.
.4. (ENEM-MEC)
A atmosfera terrestre é composta pelos gases
nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), que somam cerca de
99%, e por gases traços, entre eles o gás carbônico
(CO2), vapor de água (H2O), metano (CH4), ozônio (O3) e
o óxido nitroso (N2O), que compõem o restante 1% do ar
que respiramos. Os gases traços, por serem constituídos
por pelo menos três átomos, conseguem absorver o calor
irradiado pela Terra, aquecendo o planeta. Esse
fenômeno, que acontece há bilhões de anos, é chamado
de efeito estufa. A partir da Revolução Industrial (século
XIX), a concentração de gases traços na atmosfera, em
particular o CO2, tem aumentado significativamente, o
que resultou no aumento da temperatura em escala
global. Mais recentemente, outro fator tornou-se
diretamente envolvido no aumento da concentração de
CO2 na atmosfera: o desmatamento.
BROWN, I. F.; ALECHANDRE, A. S. Conceitos básicos sobre clima,
carbono, florestas e comunidades. A. G. Moreira & S. Schwartzman.
As mudanças climáticas globais e os ecossistemas brasileiros.
Brasília: Instituto de Pesquisa Ambiental
da Amazônia, 2000 (adaptado).
Considerando o texto, uma alternativa viável para
combater o efeito estufa é
(A) reduzir o calor irradiado pela Terra mediante a
substituição da produção primária pela
industrialização refrigerada.
(B) promover a queima da biomassa vegetal,
responsável pelo aumento do efeito estufa devido à
produção de CH4.
(C) reduzir o desmatamento, mantendo-se, assim, o
potencial da vegetação em absorver o CO2 da
atmosfera.
(D) aumentar a concentração atmosférica de H2O,
molécula capaz de absorver grande quantidade de
calor.
(E) remover moléculas orgânicas polares da atmosfera,
diminuindo a capacidade delas de reter calor.
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.5. (INEP-MEC)
Observe a ilustração abaixo:
Fonte: Scientific American Brasil, edição 68, jan./2008, p. 55.
Os mercados de carbono surgiram de negociações na
Conferência de Kyoto, em 1997. Sobre eles é correto
afirmar que:
(A) As empresas poluidoras serão obrigadas a pagar
pesadas multas estabelecidas pela ONU.
(B) Empresas de países desenvolvidos que estejam
poluindo acima dos limites estabelecidos poderão
compensar essas emissões financiando projetos de
redução de emissões de CO2 em empresas de
países menos desenvolvidos – como mostram as
figuras da parte inferior da ilustração.
(C) Empresas muito poluidoras terão suas produções
cortadas pelo governo – como mostram as figuras da
parte superior.
(D) Os créditos bancários fornecidos às empresas de
todos os países signatários da Conferência de Kyoto
serão inversamente proporcionais às emissões de
CO2 geradas.
(E) Os créditos concedidos a quem cortar emissões de
CO2 só ocorrem entre empresas de um mesmo país.
.6. (INEP-MEC)
Leia o gráfico a seguir que apresenta a relação entre
população e emissões de CO2 per capita.
Fonte: Scientific American Brasil. Como deter o aquecimento global. São Paulo: Ediouro, Segmento-Duetto, 2007. Edição Especial.
De acordo com o gráfico e o Painel lntergovernamental
sobre as Alterações Climáticas (IPCC), é correto afirmar
que:
(A) a Ásia, com 6 bilhões de habitantes, é a região de
maior emissão de CO2 per capita do mundo
moderno.
(B) as elevadas emissões de dióxido de carbono são
provenientes da queima de combustíveis fósseis.
(C) há uma relação diretamente proporcional entre
população total e a emissão de dióxido de carbono.
(D) os países da Oceania emitem pequena quantidade
de CO2 porque preservam suas florestas.
(E) os países menos desenvolvidos emitem CO2 devido
ao baixo padrão tecnológico de suas indústrias.
********** ATIVIDADES 2 **********
H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações socioespaciais.
.7. (ENEM-MEC)
A crise de 1929 e dos anos subsequentes teve sua
origem no grande aumento da produção industrial e
agrícola, nos EUA, ocorrido durante a Primeira Guerra
Mundial, quando o mercado consumidor, principalmente
o externo, conheceu ampliação significativa. O rápido
crescimento da produção e das empresas valorizou as
ações e estimulou a especulação, responsável pela
“pequena crise” de 1920-21. Em outubro de 1929, a
venda cresceu nas Bolsas de Valores, criando uma
tendência de baixa no preço das ações, o que fez com
que muitos investidores ou especuladores vendessem
seus papéis. De 24 a 29 de outubro, a Bolsa de Nova
York teve um prejuízo de US$ 40 bilhões. A redução da
receita tributária que atingiu o Estado fez com que os
empréstimos ao exterior fossem suspensos e as dívidas,
cobradas; e que se criassem também altas tarifas sobre
produtos importados, tornando a crise internacional.
RECCO, C. História: a crise de 29 e a depressão do capitalismo.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br (com adaptações).
Os fatos apresentados permitem inferir que
(A) as despesas e prejuízos decorrentes da Primeira
Guerra Mundial levaram à crise de 1929, devido à
falta de capital para investimentos.
(B) o significativo incremento da produção industrial e
agrícola norte-americana durante a Primeira Guerra
Mundial consistiu num dos fatores originários da
crise de 1929.
(C) a queda dos índices nas Bolsas de Valores pode ser
apontada como causa do aumento dos preços de
ações nos EUA em outubro de 1929.
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(D) a crise de 1929 eclodiu nos EUA a partir da
interrupção de empréstimos ao exterior e da criação
de altas tarifas sobre produtos de origem importada.
(E) a crise de 1929 gerou uma ampliação do mercado
consumidor externo e, consequentemente, um
crescimento industrial e agrícola nos EUA.
H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
.8. (ENEM-MEC)
O fim do século XX foi marcado pelo surgimento de
novas tecnologias, diferentes fontes de energia e um
avanço sem precedentes nas telecomunicações.
Com relação às transformações causadas por esse
avanço tecnológico, julgue as afirmações:
I. A grande maioria da população mundial se
beneficia de novas tecnologias como a
informática e as telecomunicações.
II. Os avanços tecnológicos evidenciam o poder
dos países ricos, que continuam se beneficiando
da expansão econômica de suas empresas nos
países mais pobres.
III. A população dos países subdesenvolvidos se
beneficia das novas tecnologias, na medida em
que geram melhor distribuição de renda.
IV. A incorporação de novas tecnologias como o
computador, a robótica e as telecomunicações
aumenta a produtividade das indústrias.
Podem ser consideradas corretas as afirmações
(A) I e II, somente.
(B) II e III, somente.
(C) II e IV, somente.
(D) III e IV, somente.
(E) I e III, somente.
H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
.9. (ENEM-MEC)
A robótica, como tecnologia moderna nas indústrias,
pode libertar o homem de tarefas insalubres e perigosas
que afetam a saúde. Ainda que os robôs tenham trazido
uma importante contribuição para o desenvolvimento
industrial, também ocasionaram um crescente aumento
do desemprego mundial. Um dos setores industriais que
mais utiliza robôs é o
(A) automobilístico.
(B) pesqueiro.
(C) de mineração.
(D) de construção civil.
(E) da indústria química.
.10. (ENEM-MEC)
Um operário desenrola o arame, outro o endireita, um
terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia
nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para
fazer uma cabeça de alfinete, requerem-se 18 operações
distintas (...) Pode-se considerar que cada operário
produzia 4.800 alfinetes diariamente. Se, porém,
tivessem trabalhado independentemente um do outro (...)
certamente cada um deles não teria conseguido fabricar
20 alfinetes por dia, e talvez nenhum (...)
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações.
O texto descreve uma nova forma de trabalho que surgia
no final do século XVIII, caracterizado como
(A) industrial individual.
(B) artesanal individual.
(C) manufaturado em série.
(D) artesanal em série.
(E) manufaturado individual.
________________________________________________ *Anotações*