genero sexualidade e educacao uma visao pos estruturalista
TRANSCRIPT
Guacira Lopes Louro
Cadeira: Sociedade, Educação e CulturaProfessora: Raquel Giofanni
Ministrado por : Jonas Dias de Britto Filho (BRITTO FILHO, J.D.)
Volta RedondaJulho - 2016
DA AUTORA:
Guacira Lopes Louro é doutora em Educação, professora titular aposentadada Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul epesquisadora do CNPq. Coordena o GEERGE (Grupo de Estudos deEducação e Relações de Gênero) desde 1990. Tem publicado vários artigosnessa perspectiva. É autora do livro “Prendas e antiprendas- Uma Escola deMulheres (Porto Alegre, Editora da Universidade, 1987)” (1).
DA OBRA:
Gênero, sexualidade e Educação: uma perspectiva pós-estruturalista.1.ed.São Paulo:Vozes, 1997; O livro é dividido em sete capítulos : A emergência do‘gênero’, Gênero, sexualidade e poder, A construção escolar das diferenças, Ogênero da docência, Práticas educativas feministas:proposições e limites,Uma epistemologia feminista (1).
Neste trabalho, autora inicia sua fala fazendo uma observação de que para o assunto desperteresistência ao dialogo a aqueles que não tenham uma visão mais desapegada de préjulgamentos. Em seguida, a autora faz uma síntese dos principais movimento desenvolvidos apartir do século XIX, no Ocidente, referente aos movimentos feministas libertários em formade ações coletivas (movimentos sociais organizados), obras literárias e cinematográficas entreoutras.
O sufragismo foi uma conquista para as mulheres ao direito do voto sendo esse direitoestendido rapidamente a diversos países no Ocidente, o que proporcionou outros direitos taiscomo direito a profissionalização mais abrangente. Verdade é que as primeiras beneficiadasnesse processo foram mulheres de classe média e brancas. A esse processo deu-se o nome deprimeira onda.
Na década de 60, tendo como marco 1968, o movimento de emancipação feminina entra nocampo da discussão teórica propriamente dita quando daí travam-se as primeiras discussões doconceito de gênero.Como fruto desse processo, entra em cena o meio acadêmico através de mulheres estudiosas,docentes, pesquisadoras que com sua paixão política tem-se o chamado Estudos da Mulher,Aparecem algumas obras que hoje são chamados de clássicos a saber:
Le deuxième sexe – Simone Beavoir (1949),The feminine Mystíque – Betty Friedman (1963),Sexual Politics – Kate millet (1969),
Ainda que a mulher ao longo de toda a historia tenhadesempenhado papeis fora do lar (camponesas, operarias,professoras, enfermeiras), suas atividades sempre foram encaradascomo sendo atividades de apoio, denegrindo o mérito de seuexercício em relação as atividades desenvolvidas por homens.
Como qualquer movimento social, o movimento social delibertação feminina, além de conquistas sociais importantes,também gerou em contrapartida alguns “guetos” onde apesar dediscutir a inclusão da mulher na sociedade através da integraçãoem muitos casos houve o exagero de excluir tudo aquilo que nãofosse exclusivamente tocante a problemática feminina
GÊNERO - O Termo Gênero foi usado pela primeira vez pelopsicólogo e sexologista John Money onde é creditada aexpressão papel de gênero (gender role) em 1955. "A expressão papel degênero é usada para significar tudo o que a pessoa diz ou faz paraevidenciar a si mesma como garoto ou homem, como garota oumulher, respectivamente (3).
SEXO – Foi Robert Stoller em 1968 que conceituou sexo comoreferindo-se aos aspectos anatômicos, morfológicos e fisiológicos(genitália, cromossomos sexuais, hormônios) da espécie humana (3);
SEXUALIDADE - Sexualidade humana representa o conjunto decomportamentos que concernem à satisfação da necessidade e dodesejo sexual. Igualmente a outros primatas, os seres humanosutilizam a excitação sexual para fins reprodutivos e para a manutençãode vínculos sociais, mas agregam o gozo e o prazer próprio e do outro(4) .
Os estudos feministas majoritariamente mantiveram a questão dacondição da mulher como sendo sempre uma relação de poder domacho dominador sobre a fêmea dominada e subjugada.
Posteriormente foi observado que a “dominação” masculina tem umum alto custo para o homem.
O movimento gay e o movimento de mulheres lésbicas vemdemonstrando que há uma complexidade muito grande nasrelações de Gênero dentro da sociedade. Seguindo essa linha depensamento FOUCAULT, 1987, escreve “O poder deveria serconcebido mais comua “uma estratégia”. Ele não seria, portanto, umprivilegio que alguém possui (e transmite) ou do qual alguém se“apropria”.
Em nosso dia a dia, em concordância com FOUCAULT, as relaçõessociais são permeadas de negociações, com avanços e recuos.
Marcadores sociais foi o termo empregado por DeborahBritzman, Professora e Psicanalista americana, (1996),para sinalizar as diferenças e desigualdades sociais, taiscomo gênero, classe, sexualidade, aparência física,nacionalidade, etnia...
Terry Eagleaton (1983)(5), filosofo e critico literáriobritânico, postula: “ A mulher é o oposto, o outro, dohomem: É o não homem, o homem a que falta algo...”
A partir da inserção de novos debates no movimentofeminista, este, experimentou uma primeira crise quandoa questão dos direitos das mulheres não brancas, dasmulheres lesbicas, acentuou a complexidade dos debatesaté então circunscritos a questão da mulher branca declasse media de países desenvolvidos.
Apesar da complexidade das relações entre os diversos gruposinseridos no movimento feminista, Joan Scott historiadora Norteamericana, (1988)(6) ,aponta para o equivoco de estabelecer-se aquestão como somente “diferença-igualdade “ e sim reinvidicarigualdade universal entre homens e mulheres (social, política eeconômica).
Por outro lado Robert Connell (1995, p.190), afirma que a construçãoda masculinidade é um projeto tanto coletivo como individual nosentido de que esse é um processo que esta continuamente setransformando, afetando e sendo afetado por inúmeras instituiçõese praticas. Sendo assim, afirma: O que é ser “normal” e o que é ser“diferente”?
Ainda, Stuart Hall (1992, pag. 6) Teórico Social e Sociologojamaicano (1932 – 2014) (7), propôs: “As sociedades da modernidadetardia (...) são caracterizadas pela “diferença”; elas são atravessadaspor diferentes divisões e antagonismos sociais que produzem umavariedade de diferentes “posições de sujeito” – isto é, de identidades– para indivíduos.
A escola, tal qual a conhecemos, é um produto , primeiro tutelado pelaIgreja Católica Apostólica Romana em sua aliança com o poder doestado e mais recentemente pelo próprio estado, que com pequenasvariantes sempre foi e ainda o é governado pelas elites nacionais àserviço de interesses internacionais.
Assim sendo ela, a escola reflete em seu ambiente todas as praticas desegregação, classificação e hierarquização.
É nesse ambiente que através de símbolos próprios (Quadrosinspiradores, Crucifixos, Imagens de mártires Santificados ou não,
os meninos e meninas, pobres e ricos, brancos e negros recebem asprimeiras instruções, fora do ambiente familiar de como se moldar-secomo futuros cidadão(a)s.
Apesar de chamar-se um espaço democrático, o local dos meninos edas meninas são previamente demarcados assim como asbrincadeiras. Porém tais demarcações não ibidem que meninosinvadam os espaços das meninas.
Ainda dentro dos modelos escolares existem os de cunho militar(colégios militares), Aplicação (escolas de formação sob tutelade Universidades), estas servem como verdadeiros laboratóriosdidáticos além de poder oferecer espaço para pratica docente emcursos de licenciatura e de formação de professores dos ensinosfundamental 1 e 2; colégios de viés religioso (seminários) dentreoutros.
Foucault apontava para a “fabricação” de indivíduos pela escola. Commodos e pensamentos moldados previamente para serem objetos einstrumentos no exercício social.
SEXISMO - Via de regra os alunos e alunas são divididos em suas tarefaspor gênero. Cabe aos meninos as atividades mais “brutas” e “agitadas”,renegando as meninas atividades mais “dóceis” e quando isso foge aregra acende-se o sinal de alerta por um “desvio” de conduta do(a)menino(a).
Um dos sinais menos evidentes de segregação dás-se no trato entrealunos e alunas. Quando(a) um professor(a) expressa sempre nomasculino mesmo quando há meninas no grupo.
Até a imagem da Liberdade, eternizada por Eugene Delacroix em suapintura intitulada “A Liberdade Guinado o Povo” (slide 14) vemos umamulher desnuda e libertária ou (libertina?) seduzindo, levando o povo(homens),conduzindo-os ao sacrifício...
HOMOFOBIA - A homofobia nas escolas, assim como noseio das famílias, ou é combatida de modo a descartar o(a)jovem homossexual, ou simplesmente ignora. Finge quenão existe abrindo caminho para que os próprios aluno(a)sperpetuem com “brincadeiras” ofensivas.
RACISMO – Livros didáticos, abordam em fabulas ou emrelatos históricos o Índio como preguiçoso e indolente,não afeito ao trabalho. Ao negro como forte e adaptado aotrabalho, porém desprovido de habilidades intelectuais,tendo a sua subserviência quase como sendo umacondição natural de sua existência.
Alguns desses valores ainda soam em cantos de casas emesmo dentro de escolas entre alunos e até proferidos porprofissionais de educação.
Figura 1 – Tabela de Genero e Identidade Sexual
1) http://pedagogiaaopedaletra.com/resenha-genero-sexualidade-educacao/ em 13 de julho de 2016;
2) LOURO, Lopes Guaciara; Gênero, sexualidade e Educação: uma perspectiva pós-estruturalista.1.ed. São Paulo:Vozes, 1997;
3) https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A9nero_(sociedade) em 13 de julho de 2016;
4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Sexualidade_humana em 13 de julho de 2016,
5) http://www.fronteiras.com/conferencistas/terry-eagleton em 13 de julho de 2016 ;
6) https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#tbs=lr:lang_1pt-BR&q=joan+scottem 13 de julho de 2016;
7) https://pt.wikipedia.org/wiki/Stuart_Hall; em 13 de julho de 2016;
Este trabalho é composto de 17 (dezessete) slides , foi apresentadocomo atividade acadêmica da cadeira de Sociologia no curso deLicenciatura em Fisica do IFRJ campus Volta Redonda – RJ em Julho de2016, está disponibilizado em com livre acesso e pode ser reproduzidoe compartilhado, para tanto, solicita-se que seja informado a fonte(http://www.slideshare.net/JonasDiasdeBrittoFil )e autor. Todos ostextos são de construção própria, tendo como base a interpretaçãolivre da bibliografia consultada (slide 17).
Autor: Jonas Dias de Britto Filho;
Referencia autoral: BRITTO FILHO, J.D.
Contatos: E-mail: [email protected]; SKIPE: dbritto2
Perguntas?