futuro jardim botânico
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GAZETA DE PIRACICABA10 CIDADE PIRACICABA, SEXTA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2014
ELENI DESTRO
Especial para a Gazeta
Um cadastro georreferen-ciado das árvores daEsalq/USP (Escola Supe-
rior de Agricultura Luiz de Quei-roz/Universidade de São Paulo)é o primeiro passo para transfor-mar o campus em jardim botâ-nico. Mais de 5.000 árvores es-tão em processo final de mapea-mento que servirá para orientaras técnicas de manejo das espé-cies e, assim, sua conservação epreservação. A informação é doprofessor das disciplinas de silvi-cultura urbana e gestão ambien-tal urbana Demóstenes Ferreirada Silva Filho, que acompa-nhou a reportagem da Gazetaem uma visita ao parque daEsalq, tema de hoje da série Bol-sões Verdes.
“Esse levantamento é a basepara transformar o campus emum jardim botânico, é a estrutu-ra para isso. Um jardim botâni-co é um museu vivo”, observaDemóstenes. O engenheiro flo-restal Flávio Henrique Mendes,aluno de mestrado de Demóste-nes, é um dos responsáveis pe-lo trabalho. “Foram cadastradasas que estão próximas das ruase dos departamentos e as árvo-res maiores”, conta ele.
O professor chama a atençãopara o desenho paisagístico doparque, que tem o nome de Par-que Phillipe Westin Cabral deVasconcelos. Ele foi projetadoem estilo inglês pelo arquitetopaisagista Arsênio Puttemans,em 1905, e é um dos mais anti-gos que ainda conserva sua for-ma original no Brasil. “Ele é for-mado por maciços que escon-dem a paisagem e, de repente,se abrem, descortina-se essapaisagem. Você anda pelo par-que e a paisagem vai se modifi-cando”, explica.
TRILHA
E toda ação que tenha como ob-jetivo a conservação do parquee de suas espécies são bem-vin-das. Conservação e informaçãocaminham lado a lado com in-formação. A Gazeta pode con-
tar com a companhia dos ex-perts Demóstenes e Mendes nopasseio pelo parque, mas é per-feitamente possível conhecer asprincipais árvores de lá em umpasseio autoguiado.
Isso graças ao projeto Trilhasdo Parque da Esalq (www.esalq.usp.br/trilhas/), que aponta
uma série de percursos com aintenção de facilitar o reconhe-cimento e identificação das es-pécies. As trilhas estão divididasem tópicos com informações so-bre as espécies e um mapa como local em que elas se encon-tram. O visitante pode conhe-cer diferentes tipos de palmei-
ras, árvores de madeira de lei,frutíferas, medicinais, úteis e gi-mnospermas (araucárias, cipres-tes etc).
Pau-brasil, chichá, pau-jacaré(espécie da Amazônia), a frutífe-ra juá, o pinheiro de Madagas-car, jequitibás, sapucaias sãoapenas algumas das espécies
existentes nos dez hectares deparque.
RARAS
Entre as mais incríveis estão asumaúma, da Amazônia. Háduas no campus, que medemquase 30 metros e têm 49 anos,e são as únicas que ele tem co-nhecimento na cidade. A belezaimpressiona. Da família das pai-neiras, ao contrário delas, aindaconserva espinhos mesmo de-pois de adultas. Demóstenesconta que os índios a utilizampara se comunicarem, batendoem seu tronco.
Muita gente passa ao seu lado,com pressa, e não nota a sua be-leza. A agathis, ou pinheiro daNova Zelândia, é outra espécierara do campus. Há quatro e amaior mede cerca de 18 metros.“Essa deve ter mais ou menos60 anos”, arrisca Demóstenes.
Com sua sombra, a beleza desuas flores vermelhas, o flam-boyant ganhou o título de árvo-re-símbolo da escola. E uma,em especial, ganha destaque pe-la posição que ocupa, do ladoesquerdo de quem olha o pré-dio principal de frente. E ela me-rece ocupar o posto que ocupana escola, fundada em 1901, há113 anos. “Essa é a segunda oua terceira árvore dessa espécieplantada no campus”, revelaDemóstenes.
Gramado central é o principal ponto da Esalq; projeto paisagístico inglês possibilita variedade de paisagens
A sumaúma, da Amazônia; no detalhe, seus espinhos
Frutos do juá, árvore que se destaca pela sombra
Detalhes do tronco de uma das árvores de pau-brasil
Futuro jardim botânicoFlamboyant é a árvore-símbolo da Esalq; este exemplar é ainda mais especial por ser a segunda ou terceira árvore plantada na Escola, que foi fundada em 1901, há 113 anos
Alameda das palmeiras
Cadastro de espécies é o 1º passo para transformar parque em unidade de preservação
Bolsões Verdes/EsalqFotos: Christiano Diehl Neto