francisco rebolo. em 1958, em uma das vezes que fez parte...

54
60 Cavalcanti, Candido Portinari, Ismael Nery e Tarsila do Amaral. Mais tarde adquiriu trabalhos de Volpi, Bonadei, Benack, Clóvis Graciano e Francisco Rebolo. Em 1958, em uma das vezes que fez parte do júri do Salão Paulista de Belas Artes, idealizado e organizado por Gomes Cardin, premiou junto com os demais jurados, um trabalho do artista Manabu Mabe, sendo este o primeiro prêmio de importância do artista. O convívio e o trabalho no Instituto dos Arquitetos deram a oportunidade de Rodolpho Ortenblad Filho participar de exposições e eventos de arquitetura. Um desses foi o Congresso Internacional de Arquitetura em Cuba, ocorrido em 1963. O IAB organizou uma comissão de arquitetos para assistir e participar deste congresso. Entre eles estavam: Rodolpho Ortenblad Filho, Marino Barros, Jorge Wilheim, Paulo Mendes da Rocha e Ruy Ohtake. Ortenblad fez duas apresentações: uma referente às novas leis de zoneamento de São Paulo, onde se regulamentou o limite de 4 vezes a área do terreno para construção (ele era a favor desta lei e a comparou com o que havia acontecido em Copacabana, que sem o limite de construção fechou toda sua orla com prédios encostados uns nos outros); e uma segunda, que tratou sobre o clima brasileiro e o uso do brise-soleil. Revista Acrópole A 1ª edição da revista Acrópole é datada de maio de 1938, sob a direção de Roberto Corrêa de Brito. Durante sua direção, a revista

Upload: others

Post on 04-Oct-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

60

Cavalcanti, Candido Portinari, Ismael Nery e Tarsila do Amaral. Mais

tarde adquiriu trabalhos de Volpi, Bonadei, Benack, Clóvis Graciano e

Francisco Rebolo. Em 1958, em uma das vezes que fez parte do júri do

Salão Paulista de Belas Artes, idealizado e organizado por Gomes

Cardin, premiou junto com os demais jurados, um trabalho do artista

Manabu Mabe, sendo este o primeiro prêmio de importância do artista.

O convívio e o trabalho no Instituto dos Arquitetos deram a oportunidade

de Rodolpho Ortenblad Filho participar de exposições e eventos de

arquitetura. Um desses foi o Congresso Internacional de Arquitetura em

Cuba, ocorrido em 1963. O IAB organizou uma comissão de arquitetos

para assistir e participar deste congresso. Entre eles estavam: Rodolpho

Ortenblad Filho, Marino Barros, Jorge Wilheim, Paulo Mendes da Rocha

e Ruy Ohtake. Ortenblad fez duas apresentações: uma referente às

novas leis de zoneamento de São Paulo, onde se regulamentou o limite

de 4 vezes a área do terreno para construção (ele era a favor desta lei e

a comparou com o que havia acontecido em Copacabana, que sem o

limite de construção fechou toda sua orla com prédios encostados uns

nos outros); e uma segunda, que tratou sobre o clima brasileiro e o uso

do brise-soleil.

Revista Acrópole

A 1ª edição da revista Acrópole é datada de maio de 1938, sob a

direção de Roberto Corrêa de Brito. Durante sua direção, a revista

61

apresentava obras de variadas vertentes, refletindo um panorama

eclético da arquitetura. Foi em 1952, a partir do número 174, que Max

M. Gruenwald se tornou o novo diretor da revista e a arquitetura

moderna teve um peso muito maior em suas páginas. Com

periodicidade muito regular, a Acrópole foi publicada mensalmente de

maio de 1938 a dezembro de 1971, sendo que alguns números tiveram

publicação bimestral. A revista era dedicada ao tema de arquitetura,

com a intenção de informar e mostrar o desenvolvimento da arquitetura

contemporânea no país53. Durante o período em que Roberto A. Corrêa

de Brito foi seu diretor geral, a revista publicava, principalmente, projetos

recentemente construídos, reservando poucos espaços à reprodução de

textos. Posteriormente, com a entrada de Max M. Gruenwald foram

reservados espaços para textos com temas específicos, geralmente

publicados em série, além de textos complementares aos projetos

publicados. Apesar desta reforma, a linha editorial não sofreu uma

mudança profunda, pois a ênfase continuou a ser dada à publicação de

projetos arquitetônicos.

53 “Em números, a revista de Roberto Corrêa Brito publicou a maioria dos projetos do Estado de São Paulo, 88,86%. (...) A revista de Max Grunwald, também publicou a maioria dos seus projetos do Estado de São Paulo (78,91%), ‘por força da circunstância’, segundo Manfredo Grunwald, já que havia grande dificuldade em conseguir projetos de outros Estados, por causa da necessidade de viagens e outras questões que dificultavam esse processo. Nessa fase, há um predomínio de obras vinculadas ao movimento moderno, e a publicação de projetos públicos passa a aumentar, enquanto diminuíam as obras privadas”. OLLERTZ, Aline. Morte e vida de uma revista de arquitetura.

62

Entre 1953 e 1955 (edições 182 à 200), o arquiteto Rodolpho Ortenblad

Filho foi diretor da revista Acrópole. Foi um período breve, “mas

determinante na história da revista, que começou a reproduzir textos

lendários de Rino Levi e Gregori Warchavchik, além de organizar uma

atualização da obra de um bom número de profissionais atuantes em

São Paulo”54. Além de reproduzir textos sobre arquitetura brasileira,

Ortenblad redigia pequenos artigos onde comentava sobre projetos e

livros referentes à arquitetura estrangeira. Na edição de nº 180, datada

de outubro de 1953, Ortenblad comenta sobre uma residência projetada

por Frank Lloyd Wrigth no Estado de Michigan, onde destaca que a casa

contempla: “todos os princípios pelos quais Wright debate e as inúmeras

idéias de que foi pioneiro. O plano livre, horizontalidade das elevações,

janelas contínuas, sabedoria no emprego dos materiais e a riqueza das

texturas (...). Os grandes beirais, as lareiras generosas, as janelas de

canto (tão deturpadas nas casas pseudo-modernas), os forros

inclinados, enfim, um vocabulário arquitetônico criado por ele e

composto com tal sabedoria que o conjunto transpira humanidade e

sentido eclético”.55 Na edição de n. 183, de janeiro de 1954, Ortenblad

faz menção sobre a importância dos “mestres e pioneiros do movimento

54 IRIGOYEN, Adriana. Da Califórnia a São Paulo: referências norte-americanas na casa moderna paulista 1945-1960 (op. cit.), p. 90. 55 ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. A modulação do espaço interno é transmitida ao exterior: a harmonia resultante é intencional, p. 451-453.

Residência em Michigan, vista externa e detalhe da lareira. Arquiteto Frank Lloyd Wright. Fonte: ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. A modulação do espaço interno é transmitida ao exterior: a harmonia resultante é intencional. Acrópole, n. 180, out. 1953, p. 451

63

moderno” (Neutra, Gropius, Mies, Aalto e Wright) a partir da

apresentação do livro Built in U.S.A: Post-war Architecture de Henry-

Russel Hitchcock e Arthur Drexler (Museu de Arte Moderna de Nova

York, 1953), enfatizando a qualidade da arquitetura que estava sendo

produzida no país norte-americano e comunicando aos leitores que

alguns dos projetos apresentados neste livro poderiam ser vistos

durante a II Bienal de São Paulo, fazendo parte da representação

americana. Ortenblad termina o texto dizendo: “Esperamos que a

análise dos mesmos seja proveitosa aos nossos arquitetos tão

arraigados nos princípios estabelecidos por Le Corbusier. Por menor

que seja a influência que venhamos a receber, sempre será um sopro

de ar fresco revigorante no ambiente já viciado de academismos

decadentes e arquiteturas fáceis”.56 Em dezembro de 1957, mesmo

Ortenblad não sendo mais seu diretor, a edição nº 230 da revista

publicou um texto onde o arquiteto apresenta a residência Joseph Staller

(Califórnia) de Richard Neutra, onde destaca o uso dos materiais e o tipo

de “estrutura de grande beleza e simplicidade, na qual cada detalhe se

justifica e cada material desempenha uma função de acordo com suas

características naturais”.57

56 ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. Sobre arquitetura pós guerra, p. 120-121. 57 ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. A arquitetura de Richard Neutra, p. 56-57.

Residência em Michigan, detalhe do corredor. Arquiteto Frank Lloyd Wright. Fonte: ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. A modulação do espaço interno é transmitida ao exterior: a harmonia resultante é intencional. Acrópole, n. 180, out. 1953, p. 451

64

No final de 1971 saiu o número 390-391, o volume derradeiro da revista

Acrópole. Os anunciantes rarearam e não foi mais possível manter a

publicação.

Concursos e projetos institucionais

A seguir serão apresentados os projetos de caráter institucional que

Rodolpho Ortenblad Filho desenvolveu durante sua carreira. Como já foi

mencionado, infelizmente o acervo do arquiteto se limita apenas aos

projetos que foram publicados em periódicos da época, de onde

Ortenblad arquivou somente as páginas correspondentes aos seus

trabalhos. Em algumas dessas páginas nem se quer estava anotado o

nome e data da publicação, o que tornou bastante difícil e trabalhoso

consultar o exemplar original.

Esses projetos foram na maioria das vezes desenvolvidos em parceria

com outros arquitetos, como é o caso do Clube Alto de Pinheiros e do

projeto para o concurso Cosipa, desenvolvidos com o arquiteto José

Luiz Fleury de Oliveira; do projeto para o Colégio Nossa Senhora das

Dores, feito com os arquitetos e colegas de turma, Carlos Lemos e

Marino Barros; e dos edifícios administrativos para a Indústria Helca,

projetados em parceria com o arquiteto Paulo Renan Mamede, que

também colaborou nos projetos para a residência Baltazar Fidélis e

Joaquim Renato Freire (apresentadas no próximo capítulo).

65

1. Colégio Nossa Senhora das Dores, Uberaba

Co-autores Carlos Lemos e Marino Fernandes Barros Uberaba MG 1952 Não construído Publicações: Acrópole, n. 175, maio de 1953

Em parceria com os arquitetos Carlos Lemos e Marino Barros, que se

formaram na mesma turma de Ortenblad, e por intermédio de uma

conhecida de Marino Barros, os três jovens arquitetos desenvolveram

este projeto no início do ano de 1952. O projeto, não construído, deveria

prever a ampliação das áreas de ensino do Colégio Nossa Senhora das

Dores na cidade de Uberaba, Minas Gerais.

Além de uma capela, já existia no terreno um edifício linear de salas de

aula, que acabou servindo de “régua” para a implantação dos dois novos

edifícios, também lineares, que abrigariam as novas instalações.

Aproveitando o desnível do terreno, os edifícios do ginásio e da

administração foram colocados em paralelo com o edifício existente. Na

parte posterior do terreno foi disposto o auditório, implantado

perpendicular em relação aos demais blocos e com características

formais e construtivas que diferem da linearidade e horizontalidade do

restante do conjunto, contraste que, como já foi comentado

anteriormente, é bastante peculiar no modernismo de Le Corbusier e

dos arquitetos cariocas. Atrás da capela foi colocado o convento com

Colégio Nossa Senhora das Dores, planta e corte do Auditório, Uberaba MG, 1952. Arquitetos Carlos Lemos, Marino Barros e Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Acrópole, n. 175, maio de 1953

66

planta em “H”. Os prédios são interligados por passarelas cobertas e

entremeados por pátios ajardinados.

O primeiro edifício, colocado logo na frente do conjunto, abriga os

departamentos administrativos e os setores que já funcionavam no

colégio (serviços sociais, cursos para noivas e apartamentos para

hóspedes). Concebido em dois pavimentos, seu térreo, sob pilotis, se

integra com o jardim. Com estrutura independente, as fachadas frontal e

posterior possuem grandes aberturas em vidro. O prédio intermediário,

já existente, foi interligado aos demais blocos pela passarela coberta.

O terceiro edifício era destinado para o ginásio, colégio, curso de música

e internato. Como solução acústica e tomando partido do desnível do

terreno, as salas de música foram colocadas no subsolo, por onde se

teria acesso em nível pela calçada que vem do auditório. As salas de

aula ficaram no pavimento térreo (acessado pelas passarelas) e no

primeiro andar, enquanto que o segundo pavimento foi destinado aos

dormitórios.

O pavimento inferior, aberto para o auditório e para o jardim, está parte

sob pilotis e parte sob os muros em pedra que fecham as áreas do

vestiário e do conservatório. Esses fechamentos em pedras, diferentes

da ortogonalidade restante do edifício, são em formatos curvos que

fogem dos ângulos retos do projeto.

67

Colégio Nossa Senhora das Dores, proposta de implantação, Uberaba MG, 1952. Arquitetos Carlos Lemos, Marino Barros e Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Acrópole, n. 175, maio de 1953

68

Colocado no nível dos demais edifícios e acessado pela marquise, os

pavimentos térreo e superior abrigam as salas de aula e mantém o

conceito funcionalista moderno com as salas colocadas lado a lado,

voltadas para as faces externas do edifício e acessadas por um único

corredor central. Também no centro da planta, mas em sentido oposto

ao corredor foram colocados a escada e bloco de sanitários. Esta

escada em curva sobe até o terceiro pavimento onde foi destinado para

o grande dormitório das alunas internas que ocupa apenas metade do

andar.

O convento, também interligado aos demais edifícios, inclusive à capela

existente, pela marquise, foi projetado em forma de “H” o que contrubui

para a formação de dois pequenos pátios (um deles deveria ser

totalmente fechado e de uso exclusivo das noviças, conforme as regras

do convento). Seguindo o desnível do terreno, foi colocado um

pavimento inferior para os departamentos de serviços. No nível térreo,

sob pilotis, foram colocados alguns dormitórios e as salas de estudos,

costura e conferências de uso das freiras e noviças. Nos dois andares

superiores foram colocados os demais dormitórios, todos voltados para

as faces externas do edifício e um único corredor central no pavimento.

Por último o auditório, que foi colocado próximo da escola de música

podendo ser acessado pela comunidade também pela rua lateral ao

terreno. Foi projetado com uma sequência de pilares/vigas de concreto

em formato curvo que difere das linhas retas do restante do conjunto.

Colégio Nossa Senhora das Dores, perspectiva e desenhos esquemáticos do Convento, Uberaba MG, 1952. Arquitetos Carlos Lemos, Marino Barros e Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Acrópole, n. 175, maio de 1953

69

Colégio Nossa Senhora das Dores, perspectiva e plantas do Edifício de salas de aula, Uberaba MG, 1952. Arquitetos Carlos Lemos, Marino Barros e Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Acrópole, n. 175, maio de 1953

3º Pavimento 2º Pavimento

Pavimento Inferior Pavimento térreo

70

Colégio Nossa Senhora das Dores, Plantas pavimento térreo e pavimentos superiores do Convento, Uberaba MG, 1952. Arquitetos Carlos Lemos, Marino Barros e Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Acrópole, n. 175, maio de 1953

71

2. Clube Alto de Pinheiros

Co-autor José Luiz Fleury de Oliveira Alto de Pinheiros, São Paulo SP 1960 Reformado

Em 1954 Ortenblad havia mudado seu escritório para o Edifício

Califórnia na Rua Barão de Itapetininga, região central da cidade de São

Paulo. Neste mesmo edifício o ainda estudante da Faculdade de

Arquitetura da Universidade de São Paulo, José Luiz Fleury de Oliveira,

ocupava uma sala que era de seu pai atendendo seus primeiros

clientes. Desse encontro, Ortenblad e Fleury de Oliveira iniciaram uma

parceria que resultou no desenvolvimento de alguns projetos e

participação em concursos.

Em 1960 – também por haver amigos em comum que eram sócios do

clube – foram convidados para desenvolver o Plano Diretor para o

projeto do Clube Alto de Pinheiros. Fizeram um projeto onde eram

contemplados a piscina, a quadra de tênis, os vestiários, o salão de

festas e a sede social. A implantação foi obedecida e a princípio só não

foi construído o salão de festas. 58

58 ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. Depoimento à autora, 01 dez 2009.

OLIVEIRA, José Luiz Fleury de. Depoimento à autora, 26 nov. 2009.

Clube Alto de Pinheiros, antiga sede e atual lanchonete, São Paulo SP, 1960. Arquitetos Rodolpho Ortenblad Filho e José Luiz Fleury de Oliveira. Fotos Sabrina Souza Bom Pereira, 26 jan. 2010

72

Depois de duas eleições, a nova diretoria do clube não deu andamento

ao projeto original e contratou o arquiteto Fábio Penteado para propor

um novo edifício para a Sede Social. A antiga sede, projetada por

Ortenblad e Fleury de Oliveira ainda existe e abriga a lanchonete do

clube. Recentemente sofreu uma reforma cujo projeto é de autoria do

arquiteto Francisco Segnini Jr, que é um dos membros da atual diretoria

do clube. Segnini fez questão de seguir o mesmo padrão nos materiais,

caixilharia e linguagem, mantendo a identidade original da edificação.59

59 SEGNINI JR, Francisco. Depoimento à autora, 26 de janeiro de 2010.

73

3. Complexo Industrial Cosipa

Co-autor José Luiz Fleury de Oliveira Cubatão SP 1960 Não construído Publicação: Acrópole, n. 241

Durante o desenvolvimento do projeto para o Clube Alto de Pinheiros,

Rodolpho Ortenblad Filho e José Luiz Fleury de Oliveira elaboraram um

projeto para participar do concurso promovido pela Siderúrgica Cosipa

para seu complexo industrial na cidade de Cubatão.

O 1º lugar do concurso ficou para o projeto de Plinio Croce e Roberto

Aflafo, sendo que Ortenblad e Fleury de Oliveira ficaram em segundo

lugar. O projeto contemplava um edifício para abrigar as instalações de

operação, um edifício para a área administrativa e um terceiro, que foi

chamado de casa de hóspedes para o complexo industrial.

O edifício industrial e o edifício administrativo foram projetados em

estrutura de aço modulada, com vedações em bloco de concreto e tijolo

aparentes. A modulação foi usada para que houvesse flexibilidade de

usos e fácil ampliação desses edifícios caso houvesse necessidade. O

edifício administrativo possuía corredor central, que, segundo os

Complexo Industrial Cosipa, vista da Casa de Hóspedes, 2º lugar no concurso, 1960. Arquitetos Rodolpho Ortenblad Filho e José Luiz Fleury de Oliveira. Fonte: Acrópole, n. 241

74

arquitetos-autores, “facilitava o controle e favorecia a intercomunicação

entre os vários departamentos”.60

Já a residência para hóspedes foi colocada no ponto mais alto do

terreno, onde a vista se abria para todo o complexo industrial. O

pavimento térreo, de planta retangular que ultrapassava os limites da

cobertura quase quadrada abrigava, entre paredes “cegas” erguidas em

pedras, o setor de serviços do lado esquerdo e um jardim do lado direito

– também rodeado por paredes em pedras – de onde se tinha vista pelo

pavimento superior. Dessa forma, chegava-se pelo pavimento térreo

com pé-direito duplo que era protegido por uma cobertura sustentada

sobre pilotis. No centro havia o pátio e a escada que dava acesso ao

pavimento superior. Este pavimento, que obedecia ao formato da

cobertura, abrigava as suítes e a área social da grande residência que

estavam separadas e ao mesmo tempo conectadas pelo pátio central,

de onde se tinha a vista para o jardim do pavimento térreo.

60 Acrópole, n. 241, p. 12.

Complexo Industrial Cosipa, plantas e corte da Casa de Hóspedes, 2º lugar no concurso, 1960. Arquitetos Rodolpho Ortenblad Filho e José Luiz Fleury de Oliveira. Fonte: Acrópole, n. 241

75

Complexo Industrial Cosipa, vista e plantas do Edifício Administrativo, 2º lugar no concurso, 1960. Arquitetos Rodolpho Ortenblad Filho e José Luiz Fleury de Oliveira. Fonte: Acrópole, n.241

76

4. Sesi de Sorocaba

Sorocaba SP 1967 Construído

Em 1967, Ortenblad foi convidado para elaborar o projeto para as

futuras instalações do Serviço Social da Indústria na cidade Sorocaba.

“Na época o diretor do Sesi já conhecia meu trabalho e me convidou

para fazer o projeto.”61

O programa era bastante diversificado e devia prever espaços para

ambulatórios médico e odontológico; delegacia regional; escola primária

e noturna; centros de aprendizados domésticos (corte e costura, arte

culinária e cozinha experimental); e um centro social para prática de

esportes, jogos de salão e festividades sociais.

O terreno destinado ao complexo, com 9.700m², foi doado pela

prefeitura e possuía um desnível acentuado – formando uma grota – e

uma nascente na sua parte mais baixa. Desta maneira, na parte mais

alta do terreno foi colocado o edifício onde funcionariam o ambulatório e

a delegacia. Um outro edifício idêntico a este foi colocado em paralelo,

mas em nível mais baixo que o primeiro, onde foram previstos o centro

social e a escola. Em um terceiro nível foi colocado o ginásio de esporte,

no sentido perpendicular aos edifícios anteriores. E na parte mais baixa

61 ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. Depoimento à autora, 01 dez. 2009.

Sesi, Sorocaba SP, 1967. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fotos do arquivo pessoal do arquiteto

77

do terreno foi colocada a piscina, aproveitando a água da nascente que

ali existia para abastecê-la.

Tomando partido do desnível acentuado do terreno, os três edifícios

foram colocados em diferentes níveis e foi criado um “grande subsolo”

que os interligava. Assim, as áreas do ambulatório e da delegacia eram

acessadas em meio nível pela sua parte posterior e ocupavam mais um

andar acima. Descendo outro meio nível, chegava-se ao “grande

subsolo” onde estavam as áreas destinadas para o centro social e

escola.

A escola ainda ocupava o único andar acima deste subsolo e que podia

ser acessado também em nível pelo térreo. Continuando pelo subsolo,

chegava-se por fim, ao Ginásio de esportes pelo nível da quadra. O

Ginásio com pé-direito triplo alcançava em altura a cobertura do edifício

dos ambulatórios e da delegacia, mantendo o mesmo gabarito entre os

dois edifícios e fechando todo o conjunto.

78

Sesi, corte transversal e plantas Ambulatório e Delegacia, Sorocaba SP, 1967. Arquivo pessoal Rodolpho Ortenblad Filho. Redesenho da autora.

79

Sesi, plantas Centro Social e Escola, Sorocaba SP, 1967. Arquivo pessoal Rodolpho Ortenblad Filho. Redesenho da autora.

80

Sesi, plantas Ginásio, Sorocaba SP, 1967. Arquivo pessoal Rodolpho Ortenblad Filho. Redesenho da autora.

81

5. Faculdade de Histologia da Universidade de São Paulo

Atual Instituto de Ciências Biomédicas Cidade Universitária da USP, São Paulo SP 1967 Construído

Conforme o depoimento do próprio arquiteto, Rodolpho Ortenblad Filho

foi indicado pelo professor responsável pela Faculdade de Histologia da

Universidade de São Paulo para desenvolver o anteprojeto do edifício

que sediaria este curso. 62 Na época havia um departamento dentro da

Cidade Universitária que fiscalizava os projetos e obras da instituição

(Fundusp – Fundo de Construções da USP, atual Coesf). O coordenador

era o arquiteto Paulo Camargo e Ortenblad foi contratado para

desenvolver o anteprojeto e supervisionar o projeto estrutural dos dois

edifícios. Os projetos executivos foram desenvolvidos pelo arquiteto

João Roberto Leme Simões, da antiga Fundusp.

Segundo Ortenblad, a principal exigência do contratante, a Fundusp, era

contemplar os edifícios com grande flexibilidade para futuras 62 “Em 1967 foi feito um programa para construção dos prédios principais da USP no Butantã. O coordenador era o arquiteto Paulo Camargo e eu fui indicado por um companheiro meu de pesca submarina (...), o Prof. Junqueira. Ele era o catedrático da cadeira de Histologia e me convidou para fazer o projeto do prédio da Histologia. Hoje funciona o Instituto de Ciências Biomédicas; como o projeto era muito versátil, seu uso pode ser modificado. O partido é interessante, eu organizei com a estrutura totalmente independente, que tinha tubulações visitáveis horizontais e verticais; como era um terreno em dois níveis, o prédio com laboratórios ficou na parte superior, é o maior, ligado através de uma passarela com o prédio mais embaixo de aulas teóricas” ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. Depoimento à autora, 01 dez. 2009.

Faculdade de Histologia da USP (atual Instituto de Ciências Biomédicas), São Paulo SP, 1967. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fotos do arquivo pessoal do arquiteto

82

modificações e ampliações. Como o terreno era em desnível, foram

feitos dois blocos em dois diferentes níveis que foram ligados por uma

passarela. O edifício maior, disposto na cota mais alta do terreno,

abrigava a administração e os laboratórios; o edifício mais baixo foi

projetado para receber as salas de aula. As salas foram fechadas com

divisórias removíveis, garantindo a solicitada flexibilidade dos espaços.

Os dois edifícios possuem o mesmo partido arquitetônico e estrutural e,

por imposição da Fundusp – mas com total apreço e aprovação do

arquiteto –, foram construídos em concreto aparente. Assim, todos os

pilares, vigas, lajes e fechamentos laterais foram concebidos de tal

material e técnica construtiva. No pavimento térreo de ambos os

edifícios, a cada doze metros foram colocados pórticos, cujos pilares

foram deslocados das extremidades da viga, que alcançam toda a

largura dos edifícios. As faces externas dos pórticos são inclinadas

(tanto nos pilares quanto nas vigas), evitando o uso excessivo de

materiais nos pontos menos solicitados da peça e proporcionando

leveza ao conjunto. Nas extremidades destas peças estruturais foram

apoiados os beirais vazados (formando um tipo de pérgula em forma de

grelha), que se repetem em todos os pavimentos superiores e na

cobertura. Esses beirais vazados, além de suportar os pilares e vigas

dos pavimentos superiores, também protegem os grandes panos de

vidro das fachadas frontais e posteriores. As lajes foram apoiadas por

um sistema de inúmeras vigotas que acompanham a grelha dos beirais.

Faculdade de Histologia da USP (atual Instituto de Ciências Biomédicas), São Paulo SP, 1967. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fotos da autora,13 jul. 2010

83

Com exceção das fachadas laterais, que são totalmente vedadas por

painéis em concreto armado aparente, as outras duas e maiores faces

dos edifícios foram fechadas com caixilhos de alumínio e vidro. No

pavimento térreo, recuado em relação aos superiores, os caixilhos foram

colocados entre os pilares dos pórticos; nos pavimentos superiores, as

aberturas são totais, alcançando todo o comprimento dos edifícios, uma

vez que os pilares ficaram externos. As diversas instalações – elétrica,

ar condicionado, hidráulica e captação de águas pluviais – foram

deixadas aparentes, o que facilita na manutenção.

As plantas bastante funcionalistas foram desenhadas a partir da

modulação estrutural, tendo sido colocadas as caixas de circulação

vertical no centro da planta de ambos os prédios. O projeto original

sofreu alterações apenas na disposição das salas – o que já era previsto

pelo arquiteto – atendendo às novas necessidades da instituição. Os

edifícios ainda existem, mas não estão em bom estado de conservação.

Faculdade de Histologia da USP (atual Instituto de Ciências Biomédicas), detalhe dos elementos estruturais São Paulo SP, 1967. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Foto da autora,13 jul. 2010

84

Plantas do Edifício para salas de aula da Faculdade de Histologia da USP (atual Instituto de Ciências Biomédicas, onde essas salas são usadas como laboratórios), São Paulo SP, 1967. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Coesf

85

Corte longitudinal do Edifício para salas de aula da Faculdade de Histologia da USP (atual Instituto de Ciências Biomédicas, onde essas salas são usadas como laboratórios), São Paulo SP, 1967. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Coesf

Corte transversal dos Edifícios da Faculdade de Histologia da USP (atual Instituto de Ciências Biomédicas), São Paulo SP, 1967. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Coesf

86

Planta do Subsolo do Edifício para laboratório da Faculdade de Histologia da USP (atual Instituto de Ciências Biomédicas), São Paulo SP, 1967. Arquiteto Rodolpho

Ortenblad Filho. Fonte: Coesf

87

Planta do pavimento térreo do Edifício para laboratório da Faculdade de Histologia da USP (atual Instituto de Ciências Biomédicas), São Paulo SP, 1967. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Coesf

88

Planta do pavimento superior do Edifício para laboratório da Faculdade de Histologia da USP (atual Instituto de Ciências Biomédicas), São Paulo SP, 1967. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Coesf

89

Capítulo II – Projetos residenciais

Residências particulares

Neste capítulo serão apresentados dez projetos residenciais projetados

por Rodolpho Ortenblad Filho – alguns também construídos por ele –

para clientes particulares e cinco projetos residenciais projetados para o

setor imobiliário, todos realizados no período que vai de 1952 até 1970.

Os projetos apresentados estão presentes no acervo pessoal do

arquiteto e nas publicações da época que puderam ser encontradas em

pesquisa.

Ortenblad tinha por hábito entregar todos os desenhos para seus

clientes ou para a construtora responsável pela execução da obra e,

com o passar dos anos, foi se desfazendo dos desenhos que ainda

guardava, mantendo apenas aqueles que haviam sido publicados em

revistas e jornais. Dessa maneira, todo o acervo no momento disponível

sobre seus projetos está sendo apresentado nesta dissertação.

90

O estudo mais aprofundado de seus projetos residenciais tem como

objetivo reconhecer os princípios projetuais deste arquiteto, presentes

em uma obra que se desenvolveu entre os anos de 1948 e 1970.

Esta trajetória foi dividida em dois períodos, de duração muito diferente:

o primeiro está circunscrito entre os anos de 1948 e 1950 – logo após

sua formatura, portanto ainda em uma fase imatura – e apresenta uma

arquitetura fortemente impregnada de características da arquitetura

moderna carioca do período heróico protagonizado por Lucio Costa,

Oscar Niemeyer, Affonso Reidy, Jorge Machado Moreira, Attílio Correa

Lima e outros; o segundo período – posterior à sua viagem aos Estados

Unidos e Europa – se estende pelo restante de sua vida profissional,

indo de 1952 (ano que retornou de sua viagem) até 1970 (data do último

projeto de sua autoria encontrado); nesta fase é flagrante a influência da

arquitetura residencial norte-americana do pós-guerra, em especial as

assinadas por Frank Lloyd Wright e Richard Neutra. Os elementos

brutalistas presentes no edifício da Faculdade de Histologia da USP são

por demais circunstanciais para se configurar uma fase, mas são nítidas

as preocupações funcionalistas nos programas não residenciais.

A análise do acervo a seguir focará, portanto, os projetos residenciais de

Rodolpho Ortenblad Filho, levantando suas principais características e

recorrências para relacioná-as com a arquitetura moderna paulista em

voga naquele momento. Esses projetos serão apresentados em ordem

cronológica, de acordo com o ano em que foram desenvolvidos.

91

1. Residência Leopoldo Raimo

Rua Capitão Antônio Rosa, Jardim Paulistano, São Paulo SP 1952 Demolida

Esta casa foi projetada e construída em um terreno plano e de esquina

com frente para a Rua Capitão Antônio Rosa, onde Rodolpho Ortenblad

Filho projetou algumas outras casas, inclusive a sua própria. O terreno

medindo 10,00m x 23,50m era considerado pequeno pelo arquiteto, que

fez o possível para tentar adequar o projeto à baixa condição financeira

do cliente.

Por se tratar de um terreno de esquina, a entrada de automóvel e

serviços foi colocada na sua parte posterior, tendo acesso pela rua

lateral Dr. Ferreira da Rosa. Acoplados ao volume da garagem foram

colocadas as dependências de empregada e a área de serviço,

separados do corpo da casa por um pátio de serviço. A entrada social se

dá pela Rua Capitão Antônio Rosa através de um hall por onde se

chega a sala de estar e a escada de acesso ao pavimento superior. As

salas de estar e jantar se voltam para o jardim. A planta bastante

compacta foi dividida no sentido longitudinal, onde do lado da escada

ficaram as áreas que necessitam de instalações hidráulicas (cozinha e

sanitários) e o lado oposto ficou destinado para as áreas de estar no

pavimento térreo e de repouso no pavimento superior.

Residência Leopoldo Raimo, vistas principal e para a rua lateral, São Paulo SP, 1952. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Foto Arquivo pessoal do arquiteto

92

O pavimento superior avança sobre o inferior nas faces da casa que

ficaram voltadas para as ruas e sua cor branca valoriza a sensação de

suspensão deste pavimento em relação ao pavimento térreo, revestido

com tijolos aparentes, que lhe dá aparência de maior solidez. Mesmo

estando a garagem e as dependências de serviço em um bloco

separado da casa, os dois volumes parecem ser um só quando vistos

frontalmente, pois a garagem se alinha em altura com a parede de tijolos

do pavimento térreo. Os caixilhos – sempre muito bem detalhados por

Ortenblad63 – foram projetados como grandes painéis de madeira,

ocupando todo o pé-direito e divididos em três partes iguais no sentido

horizontal; contam com duas folhas fixas de madeira nas partes superior

e inferior; na faixa central foram usadas duas folhas que corriam lado a

lado, sendo uma com venezianas e outra com fechamento em vidro.

Este sobrado foi concebido com estrutura de concreto moldada ”in loco”

e fechamentos em tijolo aparente no pavimento térreo e alvenaria no

pavimento superior. O telhado em quatro águas manteve os beirais com

o madeiramento aparente e fechado em toda sua volta por uma tabeira

que reforça suas linhas. As telhas usadas foram de cimento-amianto

(seu uso era permitido na época) o que permitia fazer a cobertura com

pouca inclinação, sendo quase imperceptível do nível da rua.

63 Desenhos de Rodolpho Ortenblad Filho e Oswaldo Bratke ilustraram artigo sobre detalhamento de esquadrias. ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. Portas e janelas de correr a beira-mar, p. 322-323.

Detalhe de uma porta de correr projetada por Rodolpho Ortenblad Filho. Acrópole, n. 286, set. 1962

93

Residência Leopoldo Raimo, plantas, São Paulo SP, 1952. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Arquivo pessoal do arquiteto. Redesenho da autora.

94

2. Residência Olavo Quintela

Jardim Paulistano, São Paulo SP 1952 Existente, com alterações

No que diz respeito à volumetria da fachada e uso dos materiais, este

outro sobrado possui várias semelhanças com a casa projetada para

Leopoldo Raimo, mas o terreno maior e as melhores condições

financeiras do proprietário em relação ao cliente anterior permitiram o

uso de algumas soluções que seriam recorrentes em seus projetos

futuros, como o uso de pérgulas e iluminação conseguida pela diferença

da altura das lajes na sala – solução bastante utilizada por Frank Lloyd

Wright e Richard Neutra.

Sendo o terreno igualmente de esquina, o acesso de automóvel e

serviços foi colocado no limite direito do terreno, sendo que as

dependências de empregada são um prolongamento da cobertura que

protege o veículo. Toda esta área ficou separada do volume principal da

casa por um pátio de serviço.

A casa é acessada por um hall estrategicamente localizado quase no

centro da planta, dividindo-a em duas partes: à direita ficam o escritório,

a cozinha, os banheiros – reunindo os ambientes servidos com

instalações hidráulicas – e a escada de acesso ao pavimento superior; à

esquerda foram dispostas as áreas sociais (pavimento térreo) e de

repouso (pavimento superior). No térreo, as salas de estar e jantar

Residência Olavo Quintela, fachada principal e sala de estar com vista para o pátio social, São Paulo, 1952. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Foto do arquivo pessoal do arquiteto

95

formam um grande ambiente integrado, onde os pilares demarcam os

espaços para cada uso. A sala de estar – com fachada cega para rua –

e a sala de jantar – com fachada cega para os fundos – se abrem

lateralmente para um pátio disposto no lado esquerdo do terreno e

coberto com vigotas de concreto.

O espaço resultante lembra muito algumas soluções do arquiteto Rino

Levi, em especial as presentes nas residências Milton Guper, de 1951, e

Castor Delgado Perez, de 1958, ambas em São Paulo, onde jardins

dispostos em pátios e fechados superiormente com pérgulas se

articulam de forma franca com salas, praticamente dobrando ou

triplicando seu tamanho quando as portas envidraçadas estão abertas.

Se levarmos em conta que este projeto de Rodolpho Ortenblad Filho é

contemporâneo aos de Rino Levi, se têm a medida de quanto sua obra

está atualizada em relação às melhores soluções residenciais do

período.64

Segundo Ortenblad, as vigotas de concreto usadas no jardim, além de

sombrear o pátio deixando-o mais fresco, tinham ainda a finalidade

complementar de aumentar a segurança do imóvel, já que as salas eram

fechadas apenas com grandes painéis de vidro. Ainda na sala,

Ortenblad projetou duas lajes com alturas diferentes, que formavam um

64 Ver ANELLI, Renato; GUERRA, Abilio; KON, Nelson. Rino Levi – arquitetura e cidade.

Residência Olavo Quintela, pátio social coberto com vigotas de concreto, São Paulo, 1952. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Foto do arquivo pessoal do arquiteto

96

vão por onde se infiltrava a luz natural no meio do ambiente, garantindo

uma sensação mais agradável.

No pavimento superior foram colocados os dois dormitórios dos filhos,

divididos por armários e voltados para a rua frontal ao terreno. Em frente

ao hall da escada foi disposto um espaço multiuso, que acabou sendo

usado como sala de costura. A suíte do casal se volta para o pátio

social, enquanto os banheiros se voltam para o pátio de serviço.

Diversas decisões de projeto se assemelham às soluções presentes na

Residência Leopoldo Raimo: os caixilhos são grandes painéis em

madeira acoplados na fachada; o pavimento térreo foi construído em

tijolo aparente (este material se manteve aparente também no interior da

sala) e recuado em relação ao pavimento superior, com o conseqüente

efeito de suspensão; o telhado em duas águas e com pouca inclinação

mantém o beiral com o madeiramento aparente. Este projeto, com

cercas baixas que apenas delimitavam a frente do terreno, possui um

paisagismo bastante exuberante. Ortenblad, na maioria das casas que

fez, também projetou os jardins.

Residência Olavo Quintela, detalhe da iluminação entre as lajes da sala, São Paulo, 1952. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Foto do arquivo pessoal do arquiteto

97

Residência Olavo Quintela, plantas, São Paulo, 1952. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Arquivo pessoal do arquiteto. Redesenho da autora.

98

3. Residência Alfredo e Clemância Assad

Jardim América, São Paulo SP 1952 Demolida Publicações: Acrópole, n. 191, ago. 1954; World’s Contemporary House, n. 5, 1954; Casa e Jardim, n. 52, maio 1959.

Após o término da reforma da casa de seu pai, Rodolpho Ortenblad,

uma amiga da família ficou muito bem impressionada com o resultado

final do projeto desenvolvido por Ortenblad Filho. Este, ainda estudante

na ocasião, foi convidado pela Sra. Clemância Assad para desenvolver

o projeto de uma casa para sua família. Na época, Ortenblad Filho já

estava com sua viagem aos Estados Unidos e Europa marcada e não

pode atender ao convite de imediato, mas a amiga de seus pais,

dizendo não ter pressa, afirmou que aguardaria por sua volta.

Assim, ao retornar de sua longa viagem ao exterior, Ortenblad acabou

desenvolvendo o projeto desta residência, que foi construída na Rua

México. Também neste projeto a entrada de automóvel e serviço foi

posicionada no lado direito do terreno. A garagem e dependências de

empregados foram colocadas no fundo do lote, em dois pavimentos.

Ortenblad comenta que preferia manter as áreas de empregados junto

ao corpo da casa, gerando um volume único, mas na maioria das vezes

seus clientes não aceitavam esta solução e ele era obrigado a criar um

anexo para comportar essas áreas.

Residência Alfredo e Clemância Assad, vistas frontal e lateral, São Paulo SP, 1952. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Foto José Moscardi. Acrópole, n. 191, ago. 1954

99

A entrada social foi colocada no mesmo lado que a entrada de serviço e

coberta por uma laje vazada que cobre toda a largura do corredor

lateral. O hall de entrada servia também de distribuição a todos os

outros ambientes do térreo e de acesso ao pavimento superior. A série

de salas articuladas em forma de “L” rodeia o pátio social; este é

separado do jardim voltado para a rua por uma parede de elementos

vazados, que serve de apoio para uma longa marquise que liga o

terraço da sala ao orquidário posicionado no fundo de lote.

As grandes aberturas das salas de jogos e estar – voltadas para a rua

principal – são protegidas por dois painéis de elementos vazados e por

um pequeno jardim espremido entre os caixilhos e os painéis, resultando

em maior privacidade e segurança para esses ambientes.

No andar superior, com volumetria que avança sobre o pavimento térreo

na fachada frontal, a suíte do casal e quarto de vestir se voltam para

frente do lote, dividindo uma grande varanda; uma segunda varanda, um

pouco recuada em relação à maior, foi colocada à frente ao banheiro, o

que possibilitou recuar o caixilho, que recebeu o mesmo tratamento dos

demais. Outros dois dormitórios com um banheiro em comum se voltam

para o pátio social, assim como uma segunda suíte, que mesmo

estando mais no fundo do lote também se abre para o mesmo pátio.

Com exceção de um, todos os banheiros estão voltados para o pátio de

serviço no fundo da casa; o outro banheiro, a copa, a rouparia e a

Residência Alfredo e Clemância Assad, vista do pátio social, São Paulo SP, 1952. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Foto José Moscardi. Acrópole, n. 191, ago. 1954

100

escada estão posicionados ao lado do acesso do automóvel; com tal

disposição, todos os usos de serviço são iluminados e ventilados pelos

espaços externos menos qualificados.

Como já é característico em seus projetos, Ortenblad usou tijolo

aparente nas paredes do pavimento térreo e manteve o volume do

pavimento superior com pintura branca.

Esta casa foi publicada nas revistas brasileiras Acrópole e Casa e

Jardim e na japonesa Contemporany Houses, ao lado de projetos ícones

da arquitetura moderna brasileira: a Casa de Vidro, de Lina Bo Bardi, a

Casa das Canoas, de Oscar Niemeyer, e a Casa Oscar Americano, de

Oswaldo Bratke.

101

Residência Alfredo e Clemância Assad, plantas, São Paulo SP, 1952. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Acrópole, n. 191, ago. 1954. Redesenho da autora.

102

4. Residência da Fazenda Santa Cecília, Uchôa

Uchôa SP 1955 Existente, bom estado de conservação Publicação: Visão, 8 nov. 1957; Revista de Engenharia Mackenzie, 1966. Premiação: 2º prêmio Governo do Estado no VII Salão Paulista de Arte Moderna

De todos os projetos de Rodolpho Ortenblad Filho, este parece ser o

que mais demonstra a influência de Frank Lloyd Wright, fato

reconhecido pelo próprio arquiteto em depoimento. Essa liberdade na

aplicação de alguns conceitos do arquiteto norte-americano se explica

pela presença de dois fatores determinantes: o grande terreno

disponível, uma vez que a casa é a sede de uma fazenda; e o cliente ser

ele próprio e a família.

Todo o programa foi resolvido em um único pavimento em forma de

catavento, construído sobre um grande patamar, que eleva o nível da

casa em dois metros e meio acima da cota da piscina. Assim, a

garagem e as áreas de serviço são acessadas em nível pela parte

posterior da residência, enquanto que a entrada principal é acessada

por uma larga escadaria.

Após subir esta larga escadaria – na verdade, trata-se de duas escadas,

anguladas em 90º entre si, que convergem para um retângulo comum

na parte superior – chega-se a uma grande varanda, fechada ao fundo

por uma parede de pedra que isola, em seu outro lado, a área destinada

ao abrigo de automóveis. Do lado esquerdo desta varanda se encontram

Residência da Fazenda Santa Cecília, Uchôa SP, 1955. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fotos do acervo pessoal do arquiteto

103

dois dormitórios destinados aos hóspedes da família, com um banheiro

em comum.

Do lado direito da varanda de entrada estão as salas de estar e jantar,

que se encontra no cotovelo do “L” formado pelo corpo principal da

casa, desconsiderando a “hélice” correspondente aos quartos de

hóspedes. Em uma das alas temos a área de repouso, com um corredor

central articulando cinco dormitórios – dois conjuntos de dois dormitórios

com um banheiro em comum e a suíte principal no fundo. Na outra

ponta do “L”, voltada para a parte posterior, temos a ala que concentra

as atividades de serviço – cozinha, copa e área de serviços separados

dos dois dormitórios de empregada, que compartilham o banheiro único,

por um pátio interno.

A fachada alterna painéis modulares, que ora são caixilhos de madeira,

ora são em tijolos aparentes, ora são em alvenaria em cor branca. Todo

o volume da sala foi feito em tijolo, madeira e grandes panos de vidro,

onde o telhado avança por toda a varanda através de um grande beiral,

todas elas características da arquitetura organicista de Wright.

A pouca inclinação do telhado foi possível graças ao uso de telhas de

cimento amianto que, segundo o arquiteto, permanece em perfeito

estado até hoje, assim como todos os caixilhos que foram projetados por

ele.

Residência da Fazenda Santa Cecília, vistas da parede de fechamento da varanda e sala de jantar em construção, Uchôa SP, 1955. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fotos do acervo pessoal do arquiteto

104

Rodolpho Ortenblad Filho recebeu com este projeto o 2º prêmio

Governo do Estado no VII Salão Paulista de Arte Moderna pelo “seu

esforço de adequação da obra às possibilidades materiais do local”.65 O

motivo do prêmio está amplamente justificado, pois grande parte dos

materiais usados nesta residência foi de fato retirada do próprio local ou

da região. Na época existia uma olaria na fazenda que fazia tijolos

“grandes e de boa qualidade”.66 Os pisos foram feitos com arenito rosa

vindo de Araraquara. O Amendoim – madeira utilizada nos forros – era

adquirido em toras de uma fazenda vizinha e tratado no canteiro por um

mestre de obra português “muito competente e perfeccionista”.67 Os

vigamentos foram feitos em madeira Ypê, também adquiridos na região.

Para esta casa, Ortenblad também projetou os móveis, que foram

executados pelo mesmo mestre de obra português. A casa conserva

seu projeto original e ainda é usada pela família.

65 Premiação publicada no Caderno de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo de um jornal da época. Ortenblad guardou apenas o recorte, sem identificação do jornal. 66 ORTENBLAD FILHO, Rodolpho. Depoimento à autora, 21 maio 2009. 67 Idem, ibidem.

Residência da Fazenda Santa Cecília, vistas da salas de estar, Uchôa SP, 1955. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fotos do acervo pessoal do arquiteto

105

Residência da Fazenda Santa Cecília, vistas varanda, Uchôa SP, 1955. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fotos do acervo pessoal do arquiteto

Residência da Fazenda Santa Cecília, fachadas, Uchôa SP, 1955. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Acervo pessoal do arquiteto. Redesenho da autora

106

Planta Residência da Fazenda Santa Cecília, Uchôa SP, 1955. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Acervo pessoal do arquiteto. Redesenho da autora

107

5. Residência Arnaldo Melão

Jardim Paulistano, São Paulo SP 1956 Existente, com alterações Publicações: Acrópole, n. 235, maio 1958; Casa e Jardim, n. 81, out. 1961; Folha da Manhã, São Paulo, 29 jun. 1958 Premiação: Medalha de Ouro – VII Salão Paulista de Arte Moderna

Esta casa, por contar com um terreno com dimensões generosas (23m x

30m), foi implantada praticamente no centro do lote, possibilitando o uso

de pátios ajardinados em quase todo seu redor. A garagem – também

acessada pela lateral direita do terreno, como em outros projetos de

Otenblad – foi posicionada mais à frente do lote, criando um pátio de

serviço entre ela e o setor de serviços da casa.

O volume principal da casa foi modulado em três partes, sendo que o

hall de entrada – acessado por uma grande pérgula que atravessa todo

o recuo frontal desde o alinhamento do terreno – divide o primeiro terço

da modulação com áreas de serviço (copa, cozinha e banheiro) e

escada que sobe ao pavimento superior. Um recurso usado neste

projeto, e que se repetiu em alguns outros, foi a engenhosa colocação

de um corredor que liga cozinha e sala de jantar sob o patamar da

escada, ficando assim “escondido” a passagem, de uso restrito aos

empregados. As salas – acessadas pelo lado esquerdo do hall de

entrada – ocupam generosamente os outros dois terços da planta térrea;

Residência Arnaldo Melão, fachada principal, São Paulo SP, 1956. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Foto José Moscardi. Fonte: Acrópole, n. 235, maio 1958

108

a sala de visitas e terraço se voltam para o pátio da frente do lote e as

salas de jantar e estar para o pátio do fundo.

No pavimento superior, a escada chega em um corredor central de

distribuição, conectando três dormitórios voltados para a fachada

principal e um quarto, voltado para a lateral. As aberturas dos três

sanitários foram discretamente voltadas para o fundo do terreno.

A planta é dividida por quatro linhas de pilares em concreto moldados “in

loco”, que se revelam na modulação das fachadas frontal e posterior. No

pavimento superior, grandes caixilhos de madeira vão de pilar a pilar,

formando uma grande faixa mais escura superior. Sobre os pilares, as

vigas da cobertura avançam até o limite dos beirais, uma característica

presente em outros projetos de Ortenblad, mas também nos de seu

parceiro eventual, arquiteto José Luiz Fleury de Oliveira. Os painéis de

fechamento do pavimento superior se mantiveram brancos enquanto

que o pavimento térreo e muros foram executados em pedras

aparentes.

Residência Arnaldo Melão, pátio social (jardim frontal), São Paulo SP, 1956. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Foto José Moscardi. Acrópole, n. 235, maio 1958

109

Residência Arnaldo Melão, plantas, São Paulo SP, 1956. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Arquivo pessoal Rodolpho Ortenblad Filho. Redesenho da autora

110

6. Residência Carlos Barros

Alto de Pinheiro, São Paulo SP 1956 Demolida Publicações: Acrópole, n. 270, maio 1961; Acrópole, n. 315, mar. 1965

Esta casa projetada e construída no Bairro de Alto de Pinheiros foi

implantada, segundo o arquiteto, “de maneira que fossem vedados os

ventos frios do quadrante suleste. Salas e dormitórios abrem para o

norte, devidamente protegidos por terraço, beirais e pergolados”.68

Dessa maneira a face lateral da residência ficou voltada para a rua,

enquanto que os ambientes de estar e repouso ficaram voltados para o

jardim.

A solução de acesso à residência é peculiar e inventiva: um corredor

lateral em relação ao terreno, mas posicionado na parte posterior da

casa rotacionada em 90º, congrega os acessos sociais e de serviço. Por

este corredor se acessa o hall social, localizado em sua área mediana, a

copa e o pátio de serviço, que, por sua vez, permite o acesso às

dependências de serviços e empregados bem ao fundo, situado em área

separada do bloco principal da residência. O abrigo de automóvel –

posicionado lateralmente em relação ao corredor de entrada – permite

acesso direto ao escritório locado ao lado das áreas sociais, mas que

desta pose ser isolado a qualquer momento por divisória tipo “biombo”. 68 Acrópole, n. 315, p. 45.

Residência Carlos Barros, vista para Rua Prof. Fonseca Rodrigues, São Paulo SP, 1956. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Foto José Moscardi. Fonte: Acrópole, n. 270, maio 1961

111

O volume visto em planta foi modulado em cinco partes no sentido

transversal e em duas partes no sentido longitudinal. Em solução similar

à já vista em outros projetos, a metade direita do volume – levando em

conta o sentido longitudinal – foi destinada, no pavimento térreo, para o

hall de entrada e distribuição, escada e setor de serviço (cozinha, copa,

despensa e lavabo), e no pavimento superior aos sanitários, quartos de

vestir, circulação e terraço de serviço. Ou seja, todos os espaços e

ambientes de menor importância do ponto de vista dos familiares foram

voltados para o fundo da casa (ou lateral direita do lote, se levarmos em

consideração a rua).

Na metade esquerda do volume se encontram os ambientes sociais

(térreo) e os dormitórios (pavimento superior), todos orientados para o

jardim e para o quadrante norte. A modulação no sentido transversal

divide os usos do setor social e dimensiona os dormitórios do pavimento

superior.

Do hall de entrada é possível acessar todos os setores da residência: no

térreo, à esquerda, está o escritório (que também pode ser acessado

pela garagem); à frente, está a sala íntima; a primeira porta à direita

acessa o setor de serviço; a porta seguinte leva às áreas sociais; ainda

à direita está localizada a escada de acesso ao pavimento superior. O

hall cumpre assim a função de distribuir e interligar todos os ambientes

da residência, que foram tão rigidamente divididos e separados por

setores de acordo com cada uso específico (serviço, estar e repouso).

Residência Carlos Barros, vista para Rua Prof. Fonseca Rodrigues e vista da varanda e pérgula, São Paulo SP, 1956. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fotos José Moscardi. Fonte: Acrópole, n. 270, maio 1961

112

Em relação aos materiais, no pavimento térreo foi usada litocerâmica

nas poucas paredes e grandes fechamentos em vidro (um tipo de

cerâmica cujo desenho se assemelha com tijolos de barro). No

pavimento superior as superfícies se mantiveram brancas.

Existe uma sobreposição entre as modulações de planta e de estrutura.

Neste projeto os pilares ficaram totalmente embutidos nas paredes e

somente as vigas de madeira, que sustentam a cobertura, se

mantiveram aparentes, marcando visualmente a modulação, que é

reiterada pelos pilares de concreto – dispostos no mesmo eixo da

estrutura da casa – que sustentam a pérgula situada entre a varanda e a

piscina. A cobertura da casa, praticamente plana, revela-se em beirais

elegantes e parece apoiar-se exclusivamente nas vigas de madeira.

113

Residência Carlos Barros, plantas, São Paulo SP, 1956. Arquiteto Rodolpho Ortenblad Filho. Fonte: Acrópole, n. 270, maio de 1961. Redesenho da autora.