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II CONINTER Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013 FOTOGRAFIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: O CASO DO FRIGORÍFICO ANGLO DE PELOTAS/ RS MICHELON, FRANCISCA F.; GONZÁLEZ, ANA M.S.; SERRES, JULIANE C.P.; CÔRREA, CELINA B.; LIMA, PAULA G.; NEUBERT, SUÉLEN. 1.Universidade Federal de Pelotas. Departamento de Museologia, Conservação e Restauro. Rua Sinval Brauner Penteado, 104. Areal. Pelotas/RS. 96077-700 [email protected] 2. Universidade Federal de Pelotas. PPG em Memória Social e Patrimônio Cultural. Rua General Argolo, 365 / 301. Centro. Pelotas/RS. 96015-160 [email protected] 3. Universidade Federal de Pelotas. Departamento de Museologia, Conservação e Restauro. Rua Santa Cruz 1470 / 1008. Centro. Pelotas/RS. 96015-160 [email protected] 4. Universidade Federal de Pelotas. Departamento de Tecnologia da Construção Al. Pablo Neruda, 1774. Las Acácias. Pelotas/RS. 96083-480 [email protected] 5. Universidade Federal de Pelotas. Centro de Artes Rua Uruguaiana, 106 Laranjal. Pelotas/RS. 96090-550 [email protected] 6. Universidade Federal de Pelotas. Graduação em Conservação e Restauro Rua Ceslau Mário Biezanko, 51, Areal. Pelotas/RS. 96080-420. [email protected] RESUMO Em Pelotas, cidade ao sul do Rio Grande do Sul, o remanescente da segunda maior unidade do Frigorífico Anglo no Brasil, instalada em 1943, foi parcialmente adquirido pela Universidade Federal de Pelotas, em final de 2005. As obras de adaptação da extinta fábrica para uso da instituição ocasionaram a perda da maioria dos elementos identificadores do trabalho que ali se dava. Soma-se a esse fato a falta de documentação e ambos instauram um silêncio sobre a trajetória dessa indústria, que se trai pela manifesta importância que os depoimentos de ex-funcionários revelam. Quando fotografias são empregadas durante a tomada dos depoimentos, inúmeros elementos afloram. Pretende-se verificar a factibilidade de, em um estudo comparativo com as fotografias da unidade de Fray Bentos, conseguir identificar o espaço e os significados do complexo industrial e tecnológico que constitui a cultura patrimonial social, técnica, arquitetônica e estética dessa grande fábrica, única do grupo inglês Vestey Brothers no Rio Grande do Sul. Embora menor do que as plantas industriais dos frigoríficos de capital estadunidense Swuift, Armour e Wilson, foi capaz de traçar uma história de forte impacto regional. Enquanto fenômeno vivo, a memória dessa indústria persiste e demanda suportes onde amparar-se. Palavras-chave: Fotografia. Memória Social. Patrimônio Industrial. Frigorífico Anglo. Pelotas.

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II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

FOTOGRAFIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: O CASO DO FRIGORÍFICO ANGLO DE PELOTAS/ RS

MICHELON, FRANCISCA F.; GONZÁLEZ, ANA M.S.; SERRES, JULIANE C.P.; CÔRREA, CELINA B.; LIMA, PAULA G.; NEUBERT, SUÉLEN.

1.Universidade Federal de Pelotas. Departamento de Museologia, Conservação e Restauro.

Rua Sinval Brauner Penteado, 104. Areal. Pelotas/RS. 96077-700 [email protected]

2. Universidade Federal de Pelotas. PPG em Memória Social e Patrimônio Cultural.

Rua General Argolo, 365 / 301. Centro. Pelotas/RS. 96015-160 [email protected]

3. Universidade Federal de Pelotas. Departamento de Museologia, Conservação e Restauro. Rua Santa Cruz 1470 / 1008. Centro. Pelotas/RS. 96015-160

[email protected]

4. Universidade Federal de Pelotas. Departamento de Tecnologia da Construção

Al. Pablo Neruda, 1774. Las Acácias. Pelotas/RS. 96083-480 [email protected]

5. Universidade Federal de Pelotas. Centro de Artes Rua Uruguaiana, 106 – Laranjal. Pelotas/RS. 96090-550

[email protected]

6. Universidade Federal de Pelotas. Graduação em Conservação e Restauro

Rua Ceslau Mário Biezanko, 51, Areal. Pelotas/RS. 96080-420. [email protected]

RESUMO Em Pelotas, cidade ao sul do Rio Grande do Sul, o remanescente da segunda maior unidade do Frigorífico Anglo no Brasil, instalada em 1943, foi parcialmente adquirido pela Universidade Federal de Pelotas, em final de 2005. As obras de adaptação da extinta fábrica para uso da instituição ocasionaram a perda da maioria dos elementos identificadores do trabalho que ali se dava. Soma-se a esse fato a falta de documentação e ambos instauram um silêncio sobre a trajetória dessa indústria, que se trai pela manifesta importância que os depoimentos de ex-funcionários revelam. Quando fotografias são empregadas durante a tomada dos depoimentos, inúmeros elementos afloram. Pretende-se verificar a factibilidade de, em um estudo comparativo com as fotografias da unidade de Fray Bentos, conseguir identificar o espaço e os significados do complexo industrial e tecnológico que constitui a cultura patrimonial social, técnica, arquitetônica e estética dessa grande fábrica, única do grupo inglês Vestey Brothers no Rio Grande do Sul. Embora menor do que as plantas industriais dos frigoríficos de capital estadunidense Swuift, Armour e Wilson, foi capaz de traçar uma história de forte impacto regional. Enquanto fenômeno vivo, a memória dessa indústria persiste e demanda suportes onde amparar-se.

Palavras-chave: Fotografia. Memória Social. Patrimônio Industrial. Frigorífico Anglo. Pelotas.

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1. INTRODUÇÃO

O que se busca apresentar neste estudo é uma reflexão sobre os usos da fotografia

aplicada à pesquisa do patrimônio industrial. Os resultados e a metodologia podem,

inicialmente, não se diferenciar do uso da fotografia para o estudo de qualquer outra

manifestação patrimonial. No entanto, a proposta é compreender como tal recurso de registro

visual opera particularmente quando se está diante de um fato que relaciona cultura material e

trabalho industrial. A contribuição que se pretende é, portanto, adicionar alguns exemplos ao

campo de estudo do patrimônio industrial urbano, enfatizando qualidades específicas dos

acervos e arquivos fotográficos como significativos contributos a esse campo. Igualmente, a

presente escrita não se furta em evidenciar certos contornos que destacam o potencial

inerente da fotografia como suporte de memória social. De qualquer modo, o texto focaliza a

reflexão sobre um caso particular: o remanescente do extinto Frigorífico Anglo de Pelotas e

acentua como a existência de fotografias do local no passado ilustra trajetórias comuns às

indústrias nas cidades. Assim, o texto se organiza no sentido de oferecer ao leitor, com vistas

a esclarecer o procedimento metodológico do uso da fotografia, os conceitos que fundam o

trabalho e o contexto da indústria que configura o seu campo de empiria e para dar concretude

ao objeto da pesquisa, inicia-se apresentando um breve resumo da trajetória desta fábrica.

Conclui-se com o estudo aplicado de fotografias sobre um importante elemento desta

paisagem industrial que se perdeu inelutavelmente e cuja compreensão é retomada pela

imagem: a rampa de acesso à sala da matança.

2.MEIO SÉCULO DE MUDANÇAS: SOCIEDADE ANÔNIMA FRIGORÍFICO ANGLO DE PELOTAS

A fundação do Frigorífico Anglo em Pelotas deu-se em um contexto no qual o Rio

Grande do Sul estava sendo o foco para o investimento do capital estrangeiro aplicado à

indústria da carne. Esse panorama, já consolidado na Argentina e Uruguai era condizente

com as possibilidades geográficas do Estado e já vinha se conformando em âmbito nacional,

inserido e contemplado pelas políticas voltadas para a industrialização do país. Sobretudo, na

primeira metade do século XX, foi a exportação a mola propulsora da fundação de vários

frigoríficos no país. Entre o início do século e a Primeira Guerra várias unidades foram

instaladas, inclusive no Rio Grande do Sul. A historiadora Célia Araújo em seu estudo sobre o

Frigorífico Anglo de Barretos registrou que o primeiro frigorífico brasileiro pertenceu à

Companhia Frigorífica e Pastoril e foi fundado em 1913 (2003, p. 26-27) com capital

exclusivamente brasileiro. A Companhia Frigorífica e Pastoril de Barretos, ainda segundo a

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autora, pertencia ao mesmo grupo que detinha a Companhia Mecânica e Importadora de São

Paulo, fundadora do Frigorífico de Santos entre 1917 e 1918. Em 1917 a Brazilian Meat

Company fundou o Frigorífico de Mendes no Rio de Janeiro, então pertencente ao Grupo

Vestey Brothers, também detentores da Anglo Brazilian Meat Company que em seguida viria

a adquirir o frigorífico de Barretos. Essa também foi a história do Frigorífico Anglo de Pelotas.

Nessas primeiras décadas do século passado, a indústria frigorífica buscava

instalar-se nas regiões onde já havia se estabelecido o comércio da carne por razões

estratégicas naturais e edificadas pelo homem: locais de criação de gado com condições de

transporte para escoar a produção aos portos marítimos. Nesse período, mesmo os mais ricos

empresários brasileiros não puderam frear a tomada de mercado pelos poderosos grupos

estrangeiros, sobretudo o trust estadunidense, no Rio Grande do Sul majoritariamente dono

dos frigoríficos Swift, Armour e Wilson.

Na cidade de Pelotas, sede do Banco Pelotense cujo escopo era o financiamento da

pecuária, havia condições de formar uma sociedade mantenedora de um Frigorífico capaz de

garantir melhores preços para os pecuaristas e inserir a produção no mercado exportador. Em

decorrência da iniciativa fundou-se a “Companhia Frigorífica Rio Grande” que elaborou os

Estatutos do Frigorífico. Enquanto isso, os frigoríficos estadunidenses instalavam unidades

produtivas com tecnologia frigorífica trazida da América do Norte. O principal investidor dessa

iniciativa foi o Banco Pelotense que, segundo Lagemann (1985, p.108) teve “[...] participação

direta na modernização da indústria da carne como maior acionista da Companhia Frigorífica

Rio Grande”. No entanto, o projeto de instalação do Frigorífico Rio Grande deu-se entre os

anos de 1915 e 1919 (LAGEMANN, idem, p.119) quando a economia gaúcha estava

ascendendo. Justamente no ano seguinte sobreveio a primeira grande crise do Banco

Pelotense que fez os acionistas revisarem o investimento e decidirem pela venda do

Frigorífico (idem, p.108). O que aconteceu em Barretos ocorreu, igualmente, em Pelotas

quando em1921 a The Rio Grande Meat Company entabulou a compra do Frigorífico

recentemente inaugurado.

Utilizando as mesmas instalações já feitas, a empresa manteve o frigorífico em

funcionamento com baixa produtividade até 1926, quando o fechou e assim ficou por 15 anos,

até que, em pleno Segundo Conflito, com a demanda do mercado exterior por, especialmente,

carne enlatada, o grupo inglês ativou a unidade de Pelotas. Assim, em 1942 iniciaram as

obras de construção e adequação do novo Frigorífico, que se estenderam por 20 meses,

empregando centenas de trabalhadores na execução do projeto de aterro e drenagem da

região alagadiça e na edificação das sólidas estruturas do prédio principal e adjacentes. Em

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17 de dezembro de 1943 o Frigorífico foi inaugurado, anunciado como a “[...] maior realização

industrial desta cidade” (Diário Popular, 17/12/1943, p.8). O projeto do complexo previa o

abate de mil bois por dia, concomitante a quinhentos suínos, quinhentos ovinos e mil aves. A

produção diária incluía as conservas de legumes e frutas. Ao longo do tempo, em seus seis

hectares de extensão, prédios foram sendo modernizados, adaptados e construídos para

otimizar ou implantar novos processamentos e produtos. Nos anos de 1940 foi um grande

complexo e manteve-se assim, até o seu fechamento nos anos de 1991 a 93, quando o Grupo

Vestey Brothers encerrou a atividade com frigoríficos na América do Sul.

3. FOTOGRAFIA E TRABALHO: OS ARQUIVOS SOBRE OS

FRIGORÍFICOS ANGLO

No que tange a relacionar fotografia com trabalho, observa-se estreita ligação desde o

século XIX, e é frequente que as fotografias permitam identificar muitos sujeitos da história do

trabalho: uma análise acurada pode encontrar pistas sobre as experiências desses sujeitos,

os seus fazeres e as formas de adaptação às transformações tecnológicas. No entanto,

encontrar essa visualidade disponível não é fato recorrente. Uma boa parte do que pode ser

encontrado hoje deriva dos próprios arquivos das fábricas que por decorrências diversas,

chegaram às instituições de memória.

No Brasil, o grupo Vestey Brothers não deixou arquivos, ou se deixou, tanto na

unidade de Pelotas como de Barretos não foram parar em uma instituição de memória. Assim,

formar um acervo visual dessas fábrica tem sido o trabalho de coleta sistemático, em geral,

com ex-trabalhadores. A diferença para a unidade de Fray Bentos é de essência.

O complexo do Frigorífico Anglo de Fray Bentos teve o seu apogeu na primeira metade

do século XX e possui dois arquivos principais com fotografias: o primeiro, parcialmente

identificado, pertencente ao Museo de La Revolución Industrial e o segundo,o Archivo

Nacional de la Imagen del Sodre. Em ambos, reside importante registro das sucessivas fases

da indústria da carne no Uruguai. O primeiro contém significativas imagens sobre o

processamento do extrato de carne e produção do guano pela Liebig’s Extract of Meat

Company Limited . No entanto, em ambos os arquivos é possível encontrar nas fotografias

uma cronologia imanente, lógica e representativa da história da industrialização da carne no

Uruguai.

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Nesse país, no qual o desenvolvimento da pecuária foi decisivo na sua organização

social e econômica (SENA, 2012, p.49), a industrialização da carne decidiu os rumos da

pecuária, do uso do território e, inclusive, da conformação social da população fabril. Assim, o

impacto do frigorífico Anglo no Uruguai sobressaiu-se em relação a sua história na Argentina e

no Brasil, exercendo destacada influência sobre a sua história econômica e social. Pode

residir aí, em parte, a justificativa para que as companhias tenham gerado, e as comunidades,

guardado, um volume de documentos tão grande sobre a indústria da carne. Fato é que se

encontra referência visual ao período da fábrica Liebig’s Extract of Meat Company Limited do

final do século XIX a 1924, ano em que foi arrendada pelo Grupo Vestey Brothers e mudou

seu nome para Frigorífico Anglo del Uruguay (EL OBSERVADOR, 2011, p. 18). A história

desta fábrica estendeu-se até 1968 (DOUREDJIAN, 2009, p. 17), com farta documentação,

inclusive fotográfica. Referências sobre a planta industrial do Frigorífico, que já iniciou com

capacidade para processar 1600 bois e 4000 ovelhas por dia (BERNHARD, 1970, p.20), são

fartas em ambos os arquivos, assim como as fotografias nas fichas dos empregados

evidenciam que a mão de obra do Frigorífico, entre 1924 e 1934, foi majoritariamente de

imigrantes (búlgaros, poloneses, gregos, iugoslavos, armênios, italianos, tchecoslovacos,

húngaros, ingleses, lituanos, romenos, entre outros). Até 1937, havia 44 nacionalidades

predominantes na origem dos trabalhadores da unidade Anglo uruguaia. Pode-se dizer que

foram os processos migratórios a base da formação da classe trabalhadora nesta região

uruguaia e, sobretudo, da mão de obra do Anglo nesse país (TAKS, 2009, p.211).

A história dessa grande empresa estendeu-se até dezembro de 1967, quando o grupo

encerrou as atividades do Frigorífico Anglo do Uruguai. Para evitar uma catástrofe social, o

governo uruguaio comprou a planta de Fray Bentos e a deixou sob a administração da

Companhia Frigorífico Nacional (Frigonal). Em 1969, o Ministério da Agricultura e Alimentação

britânico proibiu a importação de carnes do Uruguai, alegando um surto de febre aftosa no

rebanho deste país (idem, p.54), tornando, decisivamente insolvente a administração da

Frigonal. A planta industrial deixada pelo Anglo já era antiquada e desaparelhada,

comprometendo a rentabilidade da fábrica e diminuindo a sua competitividade no mercado.

Assim, a municipalidade de Fray Bentos assumiu o frigorífico e sem conseguir sustenta-lo por

mais tempo, permaneceu a atividade de matadouro que também minguou até o fechamento

total em 1971 (DOUREDJIAN, 2009, p. 17). Um breve lapso de atividade sobreveio em 1979,

quando uma empresa árabe arrendou a planta industrial e tentou fazê-la funcionar, sem

sucesso (CAMPADÓNICO, 2000, p.101). Nesse período em que o complexo agoniza as

tentativas de reativação, os documentos minguam, sobretudo os visuais.

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A visualidade do lugar será retomada quando o complexo fabril é declarado

Monumento Histórico Nacional do Uruguai e, sobretudo, com a fundação do Museo de la

Revolución Industrial, em 2005. Agora inseridas em um contexto memorial, as fotografias e

demais documentos reapresentam o passado com outros sentidos e ativam a ideia de obter

da UNESCO a declaração do sistema como patrimônio da humanidade.

Não menos importante é o acervo sobre o Anglo depositado na fototeca do Archivo

Nacional de la Imagen del SODRE. A referida fototeca participa da missão do arquivo em

reunir e sistematizar coleções de fotografias sobre o país. Várias exposições tem sido

promovidas por este setor e, eventualmente, são editados catálogos. No entanto, no curso da

pesquisa diretamente no acervo da instituição, não se obtiveram os dados da procedência do

ilustrativo conjunto de fotografias sobre o trabalho no frigorífico. Há no setor um acervo com

mais de 100 mil negativos, sendo a maioria em suporte de vidro. As coleções que retratam o

país no século XIX são elucidativas de vários aspectos da sociedade uruguaia. Dentre suas

imagens, consta um conjunto de positivos em papel sobre o Frigorífico Anglo de Fray Bentos,

em fase de digitalização. Em acordo com a sua missão de disponibilizar o acervo à pesquisa,

logrou-se o empenho do Archivo em digitalizar e ceder para esse trabalho importante

quantidade de imagens, sobre as quais se está dando o exercício do método, exemplificado

neste ensaio. Ainda que sem datação e descrição, as imagens cedidas têm sido fundamentais

para compreender o frigorífico dos anos de 1920, ou seja, aquele adquirido pelo grupo Vestey

Brothers dos investidores gaúchos.

No entanto, sobre o frigorífico da cidade de Pelotas, a realidade é outra. Silenciar a

memória, no caso específico desta indústria, não é um processo tão árduo, mesmo com uma

comunidade grande de ex-operários no entorno, mesmo com parte do complexo reavivado

por novo uso. Já não havia documentação, objetos e máquinas quando o espólio da fábrica foi

adquirido pela UFPel e a aquisição não foi feita com o propósito da salvaguarda. O complexo

não está na relação dos imóveis do inventário do patrimônio cultural de Pelotas, apesar do

conjunto apresentar uma característica que foi determinante para o ingresso de vários outros

imóveis nesta relação: a cobertura de cimento penteado, característica das construções dos

anos de 1940 e 50. Portanto, nem na prefeitura encontrou-se documentação sobre o

frigorífico. O que se vem fazendo, concomitante às entrevistas, é a busca por qualquer

documento que se possa reproduzir, inclusive fotografias. Contudo, no presente, a totalidade

dos entrevistados é de ex-operários, o que reduz, por diversas razões, a possibilidade de se

encontrar registro fotográfico da fábrica e do trabalho. A maioria das fotografias encontrada

apresenta o time de futebol dos operários e cenas externas. E é justamente neste vácuo de

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informação visual que as fotografias do Anglo de Fray Bentos despontam como um reflexo do

que pode ter ocorrido e sido o local e a vida fabril na unidade de Pelotas.

4. AS FOTOGRAFIAS DOS FRIGORÍFICOS ANGLO EM FRAY

BENTOS E PELOTAS

Entre as fotografias do Frigorífico Anglo de Fray Bentos depositadas na fototeca do

Archivo Nacional de la Imagen há uma série que registra o processo do trabalho desde a

entrada do rebanho nos currais da quarentena até o ingresso da carcaça na câmara frigorífica.

Como já foi dito anteriormente, estas imagens estão em processo de digitalização e não

contém informações sobre data e descrição. No entanto, as próprias cenas registradas

indicam elementos que auxiliam na identificação do período em que as fotografias foram

feitas. Por outro lado, em uma publicação recente de um projeto de restauro e revitalização do

imponente prédio das câmaras frias do complexo, os arquitetos proponentes registram que

quando a empresa Saladero Liebig´s foi adquirida pelo grupo Vestey Brothers e transformada

em Frigorífico Anglo do Uruguai, o prédio foi construído, com a mais recente tecnologia de

conservação pelo frio que havia (PIAZZA; DELGROSSO, 2011, p.15-16). Também nesse

período entre 1921 e 1923 foram construídas as novas áreas: de processamento da carne, a

nova graxaria e a sala de máquinas para os compressores de amoníaco. Assim, essas

fotografias, pela forma como estão dispostos os elementos na cena, pelos ângulos de tomada

e enquadramento, pela pose das pessoas que figuram nelas, registram o trabalho nas áreas

novas e devem ter sido feitas pela própria empresa. Tanto a fotografia aporta importância para

o investimento feito no Frigorífico Anglo, como resulta um sinalizador afirmativo do capital

empregado para as construções descritas. Na década de 1920 a frigorificação já tinha atingido

um nível de industrialização que era capaz de especificar e regrar todas as etapas produtivas

do processamento da carne e é isso o que esse conjunto apresenta.

No entanto, ainda que se considere que a celeridade desta indústria tenha

determinado mudanças progressivas em todas as muitas etapas do trabalho ao longo de sua

trajetória, verifica-se que no momento em que o Frigorífico Anglo se estabelece no antigo

saladeiro, as construções específicas deste último são mantidas. As novas construções estão

diretamente ligadas aos produtos que seriam destinados ao congelamento e à produção de

conservas.

Comparando as matérias publicadas no Almanach de Pelotas do ano de 1919, quando

é edificado o Frigorífico Sulriograndense e a já citada matéria sobre a inauguração do

Frigorífico Anglo em 1943, percebe-se que fato semelhante ocorreu em Pelotas. Quando o

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grupo Vestey Brothers adquiriu o frigorífico da Companhia Frigorífica Rio Grande, as

instalações eram novas e deveriam seguir os mesmos princípios e empregar a mesma

tecnologia usada em Fray Bentos, uma vez que a competitiva indústria da carne era dominada

pelos gigantes estrangeiros, entre eles, o grupo inglês, dono do Anglo. Assim, comparando as

fotografias publicadas no Almanach de Pelotas e a mais antiga que se encontrou do complexo

do Anglo, verifica-se que algumas construções foram mantidas e que o investimento maior

esteve no conjunto que hoje é ocupado pela UFPel e no qual havia as câmaras frias e

frigoríficas. A tecnologia construtiva empregada nos prédios da unidade pelotense,

seguramente pertence a uma época posterior ao do prédio de Fray Bentos. Supõe-se que se

assemelham porque o edifício de Fray Bentos teve sua edificação totalmente concluída no

ano de 1929. Assim, uma década separa a construção de um e outro. Mesmo assim,

observa-se como em Pelotas a sala do abate foi construída em prédio contíguo ao das

câmaras, formando um conjunto comunicado internamente entre o abate, o processamento

da carcaça e das vísceras e o congelamento. No caso de Fray Bentos, o congelamento e o

abate/processamento davam-se em prédios distintos, comunicados com uma conexão aérea

que permitia por um sistema de roldanas o deslocamento da carcaça da área de

processamento até o prédio frigorífico (PIAZZA; DELGROSSO, 2011, p.19). Só este dado já

indica que o complexo de Pelotas foi constituído com o aproveitamento do que havia do antigo

frigorífico, mas dentro de princípios então atuais para a industrialização da carne, sendo, sob

este aspecto, diverso daquele de Fray Bentos.

Um dos elementos essenciais e indicadores da indústria da carne era a sala de abate.

Durante as entrevistas já realizadas pela presente pesquisa, soube-se que a sala de abate foi

totalmente remodelada na década de 1960, possivelmente para atender às exigências de

inspeção sanitária. A fiscalização sanitária iniciava, desde o período em que foi construído o

frigorífico nos anos de 1940, na verificação dos animais quando chegavam os rebanhos,

portanto os currais estavam previstos como itens essenciais dos matadouros. O ingresso no

abate se fazia após essa verificação e durante o percurso até a sala, o animal ingressava na

rampa de acesso, onde era banhado por aspersão e imersão. A rampa deveria ter, como

ainda deve, paredes de alvenaria com dois metros de altura, revestidas de cimento liso,

completamente fechadas, com aclive determinado, porteiras e piso de paralelepípedo,

colocados de modo a impedir o escorregamento do animal. No final da rampa o espaço

afunilava dando ingresso na seringa que antecedia o abate. Dado o aclive necessário, a

rampa costumava ser longa. Na figura 1 que apresenta a fotografia mais antiga obtida até o

momento sobre o complexo de Pelotas, vê-se a rampa. Para melhor identificação, o elemento

foi apontado com uma seta vermelha. Identificando-se a rampa nesta imagem, já se sabe

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onde era a sala da matança. Portanto a rampa assinala o início do processamento e indica no

prédio a disposição inicial do fluxo do trabalho.

Na fotografia da figura 2, realizada antes das reformas para uso da universidade, esse

elemento foi registrado. Observa-se a inclinação e os demais aspectos das duas rampas (para

o gado bovino e suíno) e as indicações obrigatórias da época. Evidente que essa rampa e

qualquer indício já foram suprimidos do local. Como se observa na fotografia era uma

construção volumosa que ocupava extensa área longitudinal, portanto, em uma intervenção

não conservacionista, seria esperado que fosse eliminada.

No frigorífico uruguaio está rampa ainda existe, no entanto, foi encurtada e em algum

momento, anterior à patrimonialização do complexo, a área foi coberta e os acessos

emparedados. Mesmo alterada, pode-se acompanhar o percurso do animal. Por outro lado,

vê-se na figura 3 como foi mantida a sala da matança. Em Fray Bentos, estando neste local é

possível compreender o processo da industrialização até meados dos anos de 1970, assim

como supor o ambiente de trabalho, o convívio entre os trabalhadores e o sistema e ritmo

produtivos. Contudo, são as fotografias que aguçam a imaginação, tais como esta da figura 4,

que informa sobre situações que se tornariam impraticáveis, ou como a presença de

aprendizes crianças na sala do processamento, como a vestimenta dos operários.

Figura 1: Fotografia do Frigorífico Anglo de Pelotas entre 1950 e 60.

Fonte: Acervo pessoal de Fabio Kellermann Schramm.

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Figura 2: Fotografia das rampas de acesso à sala do abate.

Fonte: Fotografia de Gilberto Carvalho, 2006/7. Acervo do fotógrafo.

Figura 3 – Fotografia da sala da matança no Frigorífico Anglo de Fray Bentos. A grande sala contém todos os elementos que participavam do abate e processamento da carcaça. Fonte: Fotografia de Francisca Michelon, 2013. Acervo da autora.

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Figura 4 – Fotografia da sala de processamento da carne do Frigorífico Anglo de Fray Bentos. As carcaças estão suspensas pelas noras, nos trilhos, o couro já foi retirado. Fonte: Coleção do Archivo Nacional de la Imagen del SODRE

5. UMA GRANDE VONTADE DE MEMÓRIA, À TÍTULO DE

CONCLUSÃO Como já se sabe do exposto na introdução, desde o final do ano de 2005, parte da extinta

planta industrial do Frigorífico Anglo de Pelotas é ocupada pela Universidade Federal de

Pelotas. No conjunto onde se localizavam os prédios do abate, câmaras frigoríficas e

processamento do animal abatido há faculdades e setores da administração central. A

reforma não objetiva manter elementos e contornos do extinto frigorífico e, informalmente,

sabe-se que o contorno externo não foi alterado porque demandaria muito investimento para

fazê-lo. Assim, no seu interior o prédio encontra-se significativamente alterado. O local onde

se situa o memorial, pela exposição da técnica construtiva, ainda é a visão mais

esclarecedora da função destas construções. No entanto, entre a compra da planta por outro

frigorífico, ainda nos anos de 1990 e a aquisição pela UFPel, algumas pessoas conseguiram

fotografar a fábrica. Depois que a UFPel adquiriu parte do conjunto, outras pessoas

fotografaram os prédios sem intervenções e o conjunto remanescente.

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Exulta-se o fato de que observando fotografias tomadas em 1997 e no presente, de

ângulos semelhantes, nota-se como o conjunto ainda é reconhecível. E internamente, se

importante área foi definitivamente extinta, ao menos parte das câmaras frias podem ser

localizadas e se pode observar os materiais empregados na construção de prédios frigoríficos

na década de 1940. Ou seja, mesmo diante de um fenômeno de apagamento das evidências

dessa, que pode ter sido a fábrica mais longeva e produtiva da cidade no período em que

esteve ativa, ainda há o que guardar e o que mostrar. As histórias contadas pelos ex-operários

asseveram essa possibilidade.

Em uma pálida tentativa de informar sobre os prédios históricos da Universidade e sobre o

local onde o transeunte se encontra, a administração colocou um conjunto de painéis com

fotos e textos sobre tais edifícios que pertencem ao patrimônio dessa Universidade, sendo

que um desses se refere ao prédio do Frigorífico Anglo. Todavia, tanto as informações

disponíveis sobre a parte da estrutura preservada e deixada aparente, como o próprio painel,

são insuficientes para esclarecer o percurso da fábrica, os impactos que exerceu sobre a

cidade e o significado que a existência dos prédios de indústrias extintas ainda têm

primeiramente para a comunidade que habita as imediações do local e, em segundo

momento, para a cidade e a região. E o fato não diz respeito, apenas, à quantidade de

informação passível de ser veiculada em tão exíguos suportes, mas ao conteúdo desta

informação, inexpressivo e desinteressante e que apresenta essa empresa sem ênfase e

história, silenciando, equivocadamente, um processo vivo, de mudanças, que se reatualiza e

se recria pela memória de alguns milhares de pessoas que trabalharam ou tiveram parentes e

amigos que trabalharam no Frigorífico. A empresa surgiu em um período no qual já não havia

mais o investimento da vila operária. Mesmo assim, os operários do frigorífico foram

situando-se no campo vazio que o rodeava, construindo progressivamente, parcas casas para

sua moradia. A posse destes terrenos vicinais ocorreu espontaneamente e acabou gerando

uma vila, hoje denominada Vila da Balsa. Com os moradores dessa Vila, a Universidade atua

mediante alguns projetos. Outra parte de ex-funcionários da empresa ou seus descendentes

habitam setores diversos da cidade. Igualmente, é uma população numerosa, embora uma e

outra não se encontrem, ainda, quantificada.

Portanto, o que se analisa é a possibilidade de considerar o remanescente da planta

industrial do Frigorífico Anglo de Pelotas, adquirida pela Universidade Federal de Pelotas,

patrimônio industrial e por fim, defender que o seu uso encontre soluções de assim mantê-la.

Assim sendo apresentam-se os dados já levantados pela pesquisa em andamento1, da qual

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se origina este estudo, confronta-se o desenlace do Frigorífico Anglo de Pelotas com o do

Frigorífico Anglo de Fray Bentos, no Uruguai, que encerrou suas atividades quase duas

décadas antes do que o brasileiro. Observa-se no percurso de ambos as relações que

mantiveram com as cidades nas quais se localizaram. Por fim, as entrevistas realizadas são a

fonte para a análise desse espaço como um lugar de memória, juntamente com as

informações advindas dos demais suporte de memória, inclusive da fotografia.

Objetiva-se que ao final do trabalho se possa oferecer possibilidades em garantir o lugar

memorial que se percebe nesse sítio, de fazê-lo compreensível para quem o vive e de

estabelecer circunstâncias viáveis de visitação e reconhecimento para receber quem já viveu

nele. Esse fraco remanescente da planta industrial do Frigorífico Anglo de Pelotas, se

municiado de diferentes e várias formas de apresentação, pode conquistar a comunidade e

deverá vir a ser tido como um patrimônio industrial da cidade, o que de fato é. Ainda que não

se possas sugerir um espaço museal, tal como o que se implantou dentro do complexo de

Fray Bentos pode-se almejar que a memória do lugar se apresente de outras formas. E para

isso, a fotografia muito tem a contribuir.

Referências

ARAÚJO, Célia Regina Aielo. Perfil dos operários do Frigorifico Anglo de Barretos – 1927/1935. 2003. [s.n.] Tese (Mestrado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Estadual de Campinas, Campinas/SP. BERNHARD, Guillermo. Los monopolios y la industria frigorífica. Montevideo: Ediciones de la Banda Oriental, 1970. 100p. Inaugura-se hoje o Frigorífico Anglo. Diário Popular. Pelotas, 17/12/1943, p.8. DOUREDJIAN, Alberto. Sobre inmigrantes y frigoríficos: el Anglo y los trabajadores (1924-1954). Montevideo: Tradinco S.A., 2009, 304 p. EL OBSERVADOR. Historias del Bicentenario. Montevideo, 2011. LAGEMANN, Eugênio. O Banco Pelotense e o sistema financeiro regional. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985. 251 p. SENA, Leonardo Gómez. Huellas y paisajes de la ganadería en El território uruguayo. In Revista Labor & Engenho. v.6, n.1, p. 49-72, 2012. TAKS, Javier. La clase trabajadora y las obreras del Anglo. Revista Encuentros: Uruguay: p. 211-230, 2009.

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CAMPODÓNICO, Gabriela. El Frigorífico Anglo: Memoria urbana y social en Fray Bentos. In:http://www.unesco.org.uy/shs/fileadmin/templates/shs/archivos/anuario2000/7- campodonico.pdf. Acesso em 07 de jul. 2012.

Agradecimentos pela permissão de uso das imagens: ao Fabio Kellermann Schramm ao fotógrafo Gilberto Carvalho ao Archivo Nacional de la Imagen del SODRE ao Museo Nacional de la Revolución de Fray Bentos