folhetim um ultimo pulsar
TRANSCRIPT
Era noite na tribo Ariquém. Todos os indígenas
repousavam em suas redes dentro de suas
malocas,que,especialmente naquela noite,estavam frescas
e bem arejadas.A Lua brilhava bem alto no céu,e as
estrelas da meia-noite tremeluziam,pequenas,porém com
uma luz intensa.
Araras azuis soavam seus cantos doces pela copa
das árvores.Os micos dormiam apoiados pelos rabos,e
relaxavam recostados sobre o colo uns dos outros.Pirarucus
e Tambaquis enormes repousavam bem ao fundo da
grande lagoa de águas cristalinas ao lado da aldeia.
Uma doce índia Ariquém saíra de sua maloca para
tomar um pouco de ar fresco sob o orvalho que caía sobre
as folhas de uma seringueira.Estava um clima muito
agradável ,próprio para um passeio noturno pela aldeia.
Essa índia chamava-se Jandira.Ela caminhou por
entre as ocas,passou pela imensa oca do cacique,que
dormia com suas duas esposas no centro da construção,e
por fim chegou bem próximo ao rio,que ali formava um
enorme lago.
A doce índia atentou-se à uma linda e cheirosa
orquídea que crescia em uma árvore próxima.Ela foi até
mais perto da árvore para colher uma flor.Ao tocar as
pétalas dessa flor,sentiu uma estranha sensação nos pés e
se abaixou para verificar o que era.Instantaneamente,uma
flecha zuniu sobre seus ouvidos.
Jandira era uma índia guerreira,acostumada com
batalhas e combates,por isso percebeu que aquilo não era
um simples acidente.Esgueirou-se para a moita mais
próxima,e tentou espiar o que a atacara.Porém,ela
somente conseguiu ver algo vermelho,uma espécie de
glóbulos flutuantes,que emitiam uma luz bruxuleante e
estavam repletos de raiva.Esses estranhos círculos foram
focados mais atenciosamente por Jandira,que se espremia
entre os ramos daquela planta.
Ela percebeu que aqueles círculos fantasmagóricos
eram na verdade olhos,que a focavam a todo
momento.Os olhos estavam vidrados nela,e se
aproximavam cada vez mais.A índia ficou abismada com
aquela situação.Não havia escapatória.Possuída pelo
medo e pelo estresse daquele momento,Jandira tentou
alongar-se para a árvore ao lado,onde talvez teria uma
chance.Tentou.
Uma outra flecha zuniu no ar,porém desta vez a
atingiu no braço direito,e imediatamente começou a
sangrar.A lâmina super afiada transpassou sua carne e
atingiu diretamente um nervo de seu braço,irrompendo
uma moléstia insuportável em seu cerne.Doeu em sua
alma.Conhecia aquele veneno,pois ela mesma o fabricara
várias vezes para usá-lo em combate.Ela sempre colhia
uma espécie de lírio púrpura que nascia em um local
específico da floresta,e o tratava com todo o carinho para
produzir um néctar negro e letal,em que ela embebia sua
lança com esse mais mortífero veneno.Somente restava à
Jandira um grito;que saiu de seus lábios mais fino do que o
pio de um Bugio,porém com a força do mais firme Pau-
Brasil.
Adiantara em algo.Os índios acenderam suas tochas
e saíram de suas malocas em busca do local do grito.
Aquipati,o cacique da tribo,foi quem encontrou
Jandira,caída abaixo de uma grande seringueira às
margens do lago.Porém,esforçando-se muito,Jandira
conseguiu sussurrar alguns resquícios de palavras,ouvidas
com atenção pelo cacique:"Cuidado com os olhos
vermelhos vindos das matas de Jati".
Então,a doce índia desfaleceu nos braços do
cacique,soltou seu último pulsar,sua última lágrima caiu,e
toda a sua alma abandonou aquele corpo.Taicanam,a
deusa das estrelas,abraçava Jandira no céu,e a tornara
mais uma de suas filhas.Iniciara-se naquele momento o
período mais triste da história daquela tribo,onde muitos
mistérios assolariam os Ariquéns por muitos tempos.
Durante muitos dias,a tribo Ariquém chorou a
morte de Jandira.Todos os índios reuniram-se ao redor de
uma grande fogueira no centro da tribo,cantavam
lindas e tristes canções ,oravam com todo o coração.
Guanani,o pajé,decorou toda a mortalha da
índia Jandira com ervas medicinais frescas que ele
mesmo colheu ;acomodou levemente inúmeras
flores,retiradas do interior das
floresta.Orquídeas,lavandas,lírios selvagens,begônias e
lindas margaridas esculpiam as curvas frágeis do corpo
da índia;que fora colocado especialmente abaixo da
grande seringueira,de onde acreditava-se ser solo
sagrado.
Irrompia daquele lugar uma intensa
magia,completada por todas as súplicas à Tambatajá,o
deus de amor.Naquele dia,a Lua brilhava mais forte,e
sua luz exibia um tom azulado que entristecia ainda mais
o momento,mas nada traduzia o medo que se abatia
sobre os indígenas.
Acabados os ritos,poucos dias depois,vários
ariquéns começaram a buscar pistas e rastros de quem
poderia ser o assassino de Jandira.Dividiram-se em trios e
adentraram fundo nas matas,esperando encontrar algo
ou alguém útil.
O próprio Aquipati,o cacique,resolveu
ajudar.Junto com ele foram seus dois filhos:
Manauana,sua filha mais velha,bonita como a onça
pintada e feroz como a mesma,e melhor amiga de
Jandira;e Cati,seu filho caçula,rápido como um jaguar e
arisco como um sagui.O trio embrenhou-se pelas matas
e poucas horas depois encontrou algo estranho em uma
clareira.
Haviam,escondidas no chão,algumas flores
púrpuras,despedaçadas e secas.Estavam
ali,aparentemente,a alguns dias.À sua volta,um
pilão,uma cuia,e uma pasta negra,grudenta,que
Aquipati julgou como um veneno e resolveu colher
cuidadosamente um pouco para levar ao pajé.
Pouco mais à frente,o trio viu algumas marcas
de pés,que os indígenas não reconheceram como da
tribo ariquém. Resolveram seguir as pegadas marcadas
na lama e durante uma hora elas os levariam mata
adentro em uma caminhada maçante seguindo o
rastro.
Chegaram a uma caverna,escondida sob inúmeros
ramos e cipós,com fungos enormes agarrados à rochedos
imensos,que pareciam rachaduras na vegetação densa.
O cacique e seus filhos resolveram entrar.Removeram
alguns cipós verdes que impediam a passagem e
passaram por um vão que daria na boca da
caverna.Pularam um riacho que corria tranquilo e manso
por ali.Diante das luzes do crepúsculo que se
formavam,acharam melhor acender as
tochas,friccionando dois gravetos que acharam por ali,
com pedaços de peles embebidas com óleos naturais
incinerantes que os próprios ariquéns produziam.
O fogo iluminava o lugar,que,agora, aparecia
claramente à sua frente.O trio ficou perplexo perante
as minuciosidades que se encontravam ali:Reconheceram
inúmeros insetos que se abrigavam no solo e se escondiam
entre as rochas encharcadas e, temendo as chamas,
fugiam de sua visão. Viram trilhas de formigas e cupins que
se formavam em várias paredes,além de inúmeros
morcegos barulhentos e aranhas penduradas em suas
teias.Agradeceram a Tupã por tudo aquilo que viram.
Foi Cati quem percebeu uma faca bem afiada
caída no chão,rente às pegadas;e,avisando seu
pai,recolheu-a e a guardou em uma bolsa que trazia
consigo no peito.
Pingava sucessivamente uma água cristalina que,ao
escorrer do teto,formava estranhas formações rochosas, as
chamadas estalactites e estalagmites,que cresciam de cor
vermelha e azul diante do pretume da caverna.Nas
paredes,ao aproximar-se da rocha,viam-se inúmeros pontos
dourados tremeluzindo cravados nas paredes.Eram pepitas
de ouro.Por outro lado,diamantes e rubis também estavam
nas paredes do local,e a sala estava toda decorada com
eles.Observando mais de perto,Cati reparou que havia ali
uma flor de beleza singular,ímpar,que parecia crescer
sozinha em meio à todas aquelas rochas.Ele pretendia levá-
la para Manauana,e se aproximou para colhê-la.Ao tocá-
la,ouviu um barulho muito estranho vindo da outra sala,e
resolveu se certificar que não havia acontecido nada.
Em um movimento incrivelmente rápido,o índio
acabou por desviar de um golpe desferido com uma
faca,que viera da escuridão atrás de seu corpo.Aquelas
lâminas lancinantes quase mataram Cati,e no mesmo
instante ele percebeu que aquilo que havia acontecido
com Jandira estava prestes a acontecer com ele.Esguio
como um sagui,o índio conseguiu se esgueirar por entre
duas formações rochosas e esconder-se, por alguns
segundos, atrás delas.
Cati já conseguia ver o outro lado da caverna,onde
estavam seu pai e sua irmã,porém,ao cruzar com uma
poça d'água no chão,o índio viu refletido pela água(agora
iluminada pela luz de sua tocha) um rosto
medonho,feminino,e com feições
indígenas.Entretanto,aquele rosto não pertencia à um índio
de sua tribo,e seus olhos...Oh!Estavam brilhando vermelhos
como sangue!Aquela criatura estava sedenta por
morte,via-se isso em seu rosto; desfigurado pela água,que
se mexia com cada gota que caía.
O índio ariquém virou-se para ver melhor aquele
rosto.Era a assassina de Jandira.
Cati estarreceu-se de medo.Ficou
estonteado,paralisado.Apesar de estar com sua vítima nas
mãos,a assassina ficou imóvel,chocada por ter sido
descoberta.Agora,os dois se olhavam,cara-a-cara,e não
desviavam o olhar por nada.Queriam estar preparados
para tudo.
A goteira principal,bem próxima a Cati,parecia
contar todo aquele tempo de combate visual em que
permaneciam os dois.O índio esperava pela ajuda de seu
pai,e a índia calculava qual seria seu próximo
movimento,mas não esperou muito mais.Avançou com
tudo para cima de Cati,sempre com os olhos brilhantes,cor
de sangue.
O guerreiro desviou-se agilmente dos primeiros
golpes,mas a fúria de sua adversária desconcertou-o por
várias vezes.Tudo o que mais queria era vingar a morte de
Jandira,a mais bela das índias ariquéns.
Nada se comparava à técnica de Cati,porém nem
todo o seu treinamento foi suficiente.Em um movimento
preciso,a índia assassina acabou por derrubá-lo,que caiu
com tudo em uma rocha.
O barulho fenomenal chegou aos ouvidos do
cacique,que foi correndo ver seu filho.Mas já era
tarde.Chegando à outra sala da caverna,Aquipati
deparou-se com uma cena de um combate:As poças
d'água misturavam-se com algumas gotas de sangue de
Cati,que não se encontrava mais ali.
Manauana desabou em lágrimas.Alguém havia
levado seu irmão,e provavelmente seria o assassino de
Jandira.Estava tudo perdido.Agora,ela calculou que ele
seria morto e devorado em um
ritual antropofágico.Sua força seria absorvida junto com
sua vida,e ela nunca o veria mais.
Desolada,ela procurou consolo com seu pai,que a
acolheu com um carinhoso abraço.Via-se o sofrimento em
seu rosto.Os dois resolveram voltar para tribo em busca de
alguma ajuda,pois o medo os impedia de continuar.Apesar
de desacreditado,Aquipati acendeu uma centelha de
esperança em seu coração.
Mal sabia ele que Cati ainda vivia,e naquele exato
momento era carregado para bem longe dali.O índio
ariquém chegara em um local repleto de magia,onde
luzes bruxuleantes alumbravam aquele pedaço de
selva,carregado pela índia daqueles olhos cor de sangue.
Cati ficou dias desacordado. Enfim, abriu os olhos, e
viu que um grupo de estranhas o olhava. Eram todas
mulheres, indígenas, destacadas pelo brilho vermelho em
seus olhos.Ao centro do grupo,estava a assassina de
Jandira.
O índio Ariquém lutou desesperado para sair dali,
porém isso não adiantara em nada.Cati estava sobre um
catre gélido de bambu,onde permanecia preso pelas
mãos e pés com fortes amarras de couro.A assassina deu
um passo na direção de Cati,que gritava muito por socorro
e logo debruçou-se sobre o índio para alcançar seu olvido
esquerdo.O índio debatia-se como uma lebre que fora
capturada,porém a índia tratou logo de acalmá-lo:
-Acalme-se. Agora você está seguro conosco.
Mas quem seriam elas?O que queriam com ele?Cati,
controlando um pouco sua ira, resolveu perguntar:
-Qual é seu nome, assassina de Jandira?O que seu
clã quer com o povo Ariquém?Por que matar Jandira?
-Relaxe estrangeiro, já disse que não o
machucaremos. Colabore conosco e sairá são e salvo
dessa turbulência. -Disse uma das guerreiras indígenas.
Então, uma voz aparentemente conhecida de Cati
surgiu da escuridão junto com um corpo feminino bastante
conhecido. Ela fraquejava e falhava em meio aos sussurros
de sua dona, mas continuou:
-Cati!Eu estou aqui!-Disse a índia, imersa em suas
lágrimas-Não se preocupe. Agora tudo está bem!
O guerreiro reconheceu a voz como de Jandira, mas
não poderia ser ela. Estava morta!Ele a havia sepultado!
-Antes de qualquer coisa, deixe-nos falar sobre nós-
Uma das índias começou a explicar a situação - Somos
uma organização feminina autointitulada C.I. A, sigla para
clã das indígenas anônimas.
Cati estremeceu-se por completo. A índia prosseguiu:
-Nós não matamos Jandira-No exato momento, a
índia dita como morta saiu detrás de uma sombra daquele
cômodo.Cati estremeceu-se novamente.
-Mas como?Perguntou o índio
A própria Jandira continuou:
-Há alguém que, na verdade, deseja a minha morte.
E esse alguém é da aldeia Ariquém. Seu nome, você
conhece muito bem: Aquipati- A índia terminou seu
pensamento com uma mágoa presa em sua garganta.
Agora, Cati já havia sido solto pela chefe do
grupo,que o aconchegara próximo à Jandira.Ao receber
essa notícia arrasadora,o índio desabou sobre os braços de
Jandira,que confortou-o com um amor fenomenal.Seu
pai...Um assassino!Ele não poderia acreditar!Quanta
maldade!Ele resolveu se certificar:
-Não pode ser!Não!-Falou o guerreiro
-Na verdade, aquele falso cacique nem seu pai é.
Aquipati sumiu com seu verdadeiro pai, cujo nome era Iora
(Guerreiro de Tupã).Ninguém percebeu o sumiço,pois
Aquipati construiu toda uma falsa história acerca do sumiço
de seu pai.Já a índia que era sua mãe,grávida de
Iora,acabou se apaixonando pelo temível Aquipati.Você
nasceu três meses depois de sua mãe se apaixonar.
E Jandira continuou:
-Após seu nascimento, Aquipati começou a
demonstrar que queria assumir o comando da tribo. Porém,
já havia alguém em tal posto.Espantosamente,no outro
dia,o antigo cacique foi encontrado morto no leito do
lago,e todos concluímos que ele morrera afogado
enquanto pescava.Logo,foi feita uma competição para a
escolha de um novo cacique.Como era de se
esperar,Aquipati ganhou a competição e tornou-se o mais
novo chefe dos Ariquém.
A chefe do clã completou:
-Quando o pequeno Cati completara cinco anos
nascera no mesmo mês a mais bela de todas as
índias: Manauana. A linda indiazinha rendeu alguns longos
meses de alegria,até que Jandira nascera em outra
maloca,que Aquipati julgou como sendo mais bonita que
sua própria filha,por isso deveria morrer.Por vários anos o
cacique foi controlado pelo amor em Manauana,mas na
semana em que Jandira completou dezoito anos,Aquipati
atacou.
-Porém, Jandira já sabia de toda essa história e,
amparada por nossa corporação conseguiu mantê-la a
salvo.Estamos infiltradas em mais de três tribos diferentes,e
fazemos a defesa da paz nessas diversas
etnias.Autodenominadas C.I.A.(Clã das índias
anônimas),trabalhamos sempre à espreita,sem revelar
nossa identidade.E é por isso que salvamos Jandira.
-As vezes,o anonimato é essencial- Exclamou uma
das índias.
A própria chefe prosseguiu:
-Conseguimos simular um assassinato misterioso de
Jandira antes que o mesmo fosse executado por Aquipati.
-Mas e o funeral de Jandira?Como vocês
conseguiram fantasiar aquela mortalha, o corpo, e
enganar todos nós?Tudo estava tão real!-Indagou Cati
Jandira respondeu enérgica:
-Precisávamos enganar Aquipati,pois só assim
poderíamos tramar um golpe.Mas necessitávamos de sua
ajuda,então armamos tudo para raptar-te sem que o
cacique perceba.Agora que você está aqui,vamos ao que
interessa.
As índias levaram Cati para uma sala um pouco
maior e mais aconchegante, formando posteriormente,
uma imensa roda para tramar um plano que derrubasse
Aquipati de seu trono do mal.Começou-se uma centrada
conversa para decidirem o futuro do plano.Uma das índias
sugeriu:
-Certamente, ele deve possuir capangas.
-Então, devemos nos atentar para isso e bolar um
jeito de capturá-los sem que os outros Ariquéns se
machuquem.
E permaneceram assim por toda a noite; até que,
ao final da reunião, todos os detalhes estavam acertados.
A proposta vencedora era a de dar um pequeno susto no
cacique, e esperava-se que o mesmo fugisse para sempre
da tribo.Porém,sabia-se que seria uma tarefa árdua,e
decidiu-se também que as índias lutariam com unhas e
dentes para defender o povo Ariquém e a
C.I.A.;logo,poderiam utilizar de qualquer artifício para isso.
Mas antes,precisava-se descobrir quem eram os
anônimos capangas de Aquipati,de quem não se sabia
nada até o momento,e Cati ofereceu-se para voltar à
aldeia com esse propósito único.O índio despediu-se das
índias anônimas e de Jandira,roubando-lhe singelamente
um gracioso e curto beijo.A pura índia corou
instantaneamente,mas agradeceu-o com outro beijo,dessa
vez um pouco mais meloso e apaixonado,retribuindo toda
a sua coragem e destreza,declarando-se para Cati:
-Espero encontrar-te novamente na próxima lua
minguante,e Jaci há de nos abençoar- A índia
parou,curvou-se um pouco para observar a lua, e esticou
as mãos em súplica à deusa do amor. Algumas límpidas
lágrimas caíram-lhe do rosto, e iluminadas pela luz do luar,
apresentavam-se como diamantes. Jandira deu um suspiro
profundo, e continuou: - Até breve, meu amor. Que
Caapora acampe seus guardiões ao seu lado, pois tenha
certeza que ficarei suplicando por ti. Adeus.
Cati também buscou algumas palavras, mas foi
censurado pelo indicador de Jandira, que, tocando seus
lábios, selou toda aquela cena romântica. O índio também
se emocionou profundamente, e novamente beijou-a com
todo o coração. Naquele momento, emergiu do chão uma
névoa gelatinosa, de aparência gasosa, que envolveu o
casal que selava sua paixão. A fumaça prateada
transformou-se em um escarlate intenso ao circundá-los na
altura do coração, e transpassou a carne dos dois,
findando-se com uma chuva de minúsculos pontos
vermelhos, que retornaram à relva do solo úmido da
floresta que se encerrava ali.
A alma daquelas duas criaturas havia tornado-se
apenas uma, por interseção de Tupã. O casal agora era
fruto do amor do deus.
Assim sendo, o índio foi embora cumprir sua missão
na tribo Ariquém, sendo o único representante masculino
da C.I.A., porém deixando parte de si naquele local com
Jandira.Agora, casal era mais um ideal para motivar as
índias,que naquele momento estavam em festa.
Logo que chegou aos arredores da tribo, Cati podia
ouvir os cânticos indígenas e alguns outros sons da aldeia,
que se misturavam com os da floresta. Ele tratou de sujar-se
um pouco para simular que passara longos dias perdidos
na floresta, e não desconfiarem de nada.
Ao pisar no solo arenoso, já fora da floresta, na
clareira que a tribo se instalara, o guerreiro foi recebido
fervorosamente pelos índios de olhares curiosos e
agradecidos.
-“Tupã havia de ter cuidado desse nosso filho!”-
Pensou uma das matriarcas da tribo-“Ele nos devolveu-o
são e salvo”
Do rosto de Cati,caíram lágrimas e mais
lágrimas,que traçavam um caminho pela pele barrenta do
índio e tornavam a cena ainda mais sentimental.Não havia
ninguém ali que não se emocionara com o reencontro do
jovem índio com sua irmã Manauana.
Mesmo sabendo que ela não era de seu sangue
,Cati retribuiu-lhe todos os carinhos e risadas,lembrando de
toda a vida que viveram juntos,e agora sentia-se unido
fortemente com ela.Não por sangue,mas por alma.
Poucas horas depois, já estava quase ao meio-dia, o
céu não guardava nenhuma nuvem, e os dois irmãos de
alma recolheram-se à sua maloca, para acertarem um
assunto delicado a respeito de Jandira.
Cati contou-a toda a história,desde o início,e
confortou-a quando deu a triste notícia de que Aquipati,o
pai de Manauana,era um assassino maléfico.A índia corou
e deixou rolar mais uma boa quantidade de lágrimas até
acalmar-se.Logo,ela já estava decidida a ajudar sua
grande amiga,mesmo que isso custasse a vida de seu
pai.Pelo menos era isso que ela aparentava naquele
momento.
Aquipati não estava na tribo há dias, segundo
Manauana contou a Cati. Ele saíra para pescar e até
aquele momento não voltara.
A garota atualizara-se sobre o plano da C.I.A. e
prometeu a Cati manter segredo. Posteriormente, os dois
saíram em busca dos capangas de Aquipati, mesmo sem
almoçar um beiju cozido e alguns Tambaquis assados na
folha de banana, pois não queriam perder tempo na
procura.
Logo que adentraram na densa floresta, uma
curiosa formação intrigou a dupla: Em meio às folhas
úmidas e à terra da floresta, encontrava-se, além de larvas
e alguns outros insetos, um rudimentar relógio de sol feito de
bambu. Examinando-se bem, poder-se-ia notar que haviam
inscritos ali as iniciais C-O-B-R-A, o que ticou a curiosidade
de Cati, que ficou a traquinar certos significados para
aquela inscrição, mas foi rapidamente interrompido por
Manauana:
-Não temos mais tempo, temos que prosseguir!-disse
a índia, já arrastando Cati pelo braço.
Àquela altura, o índio já conseguira desvendar o
“C”de clã e o “A” final de Aquipati, e isso já era prova
suficiente para encontrar o clã de seu inimigo; mas
guardou essa valiosa informação para si.
Nas redondezas do lago, a dupla ouviu um
murmúrio baixo vindo detrás de uma formação arbustiva e
Cati foi logo se antecipando a investigar o que era.
Cautelosamente, afastou alguns ramos e viu que ali se
encontravam três índios, homens, despidos de qualquer
adorno, que estavam preparando-se para o banho.
Restava-lhes apenas o cocar, cuja aparência imponente
lhes conferia o título de bons caçadores.
Ao entrarem no leito do rio, retiraram os cocares e
Oh!Havia marcado em cada uma de suas cabeças, sem
exceção, um relógio de sol inscrito em um círculo que
ostentava as iniciais C-O-B-R-A. Com os cocares, até
desfarçavam-se as marcas, porém ao retirá-los era visível
que suas cabeças nuas estavam ocupadas por estranhas
inscrições.
Felizmente, Cati carregava consigo quatro agulhas
afiadas e embebidas com um sonífero, que com uma
precisão felina o índio atirou nos braços dos capangas, que
caíram adormecidos no lago.O guerreiro Ariquém
aproximou-se e retirou as flechas dos rivais.Agora somente
faltava o resto do clã.
A mais nova dupla foi logo tratar de adormecer os
outros componentes do grupo rival,sempre preocupando-
se em certificar que não era um índio comum.Cati
especializara-se em derrubar os cocares,enquanto
Manauana aplicava nos índios a agulha com o veneno
sonífero.
Logo,pela tarde, os dois presumiram que já haviam
adormecido todos do grupo,exceto o líder,que ainda não
aparecera na aldeia desde que saira supostamente para
pescar.Agora,faltava voltar à sede da CIA e convocar as
índias.
Buscando não deixar rastros, eles caminharam mais
algumas horas e pelo pôr do sol já estavam debaixo da
centenária sequoia onde se situava a organização.
Conseguiram explicar sucintamente o que ocorrera e como
liquidaram os rivais,capangas de Aquipati.
Mas havia um empecilho: Onde estaria o chefe do
grupo?Por que ele sumira por tanto tempo?
Atentando-se a isso,as índias,Manauana e Cati
prepararam-se para invadir a tribo e capturar Aquipati.Elas
agruparam-se em grupos de dez,e pintaram os rostos com
tinta de vagalumes púrpuros(Dando aos mesmos uma
coloração vermelho vívida e superbrilhante no
escuro).Logo,Cati descobrira o segredo dos olhos
vermelhos.
Jandira vestiu-se de alvo,para passar-se por um espírito
enviado de Tupã e Cati armou-se com um arco de
jequitibá preciso e várias flechas embebidas com veneno.
A silenciosa floresta as guardaria,e em breve acabar-
se-ia o império de Aquipati.Já era hora da lua cheia
quando os grupos de combatentes da CIA apontaram
sobre os ramos da enorme seringueira sagrada próxima ao
rio.Em posição de ataque,de cócoras e pouco curvadas
como um cágado,pareciam centenas de minúsculos
vagalumes dançantes em acasalamento,em um frenesi
incessante que seria quase que uma valsa mórbida.
Foi Jandira quem dera a ordem para avançarem,
soltando um pio digno do mais belo rouxinol de toda a
floresta. As índias avançaram silenciosamente, sorrateiras e
ariscas como um legítimo puma, e de início não
encontraram resistência de ninguém da tribo. Era de se
estranhar que o local parecia um cemitério de almas, pois
além da fúnebre luz da lua que precariamente iluminava o
local, não se escutava nenhum movimento, não havia
ventos, e muito menos água flutuando vaporizada no céu,
que estava límpido e um pouco violeta. A floresta parecia
ter parado para acompanhá-las naquela missão.
Prosseguiram por mais alguns metros,entretanto,ao
passar pela maloca do cacique,um grupo composto de
quatro ou cinco índias foi surpreendido pelo próprio
Aquipati,que parecia ter emergido das trevas para atacá-
las,junto com mais três capangas,que acabaram por
imobilizá-las e posteriormente degolá-las.O insólito barulho
que foi produzido pelo rompimento dos ossos à altura do
pescoço foi suficiente para alertar as outras combatentes
da CIA,junto com os capangas de Aquipati,que saíram das
ocas aos montes e bufando assim como búfalos.
Curiosamente, nenhum deles era da tribo Ariquém, e
exceto por Aquipati, Jandira, Cati e Manauana, mais
ninguém era daquele local, provando assim a influência do
maléfico cacique sobre as tribos da região. Aliás,
Manauana também sumira naquele momento.
Com unhas e dentes, Jandira e suas companheiras de
clã lutaram para se defender, e apesar de não estarem em
menor número, ao final de dez minutos de luta, a metade
das mesmas já haviam padecido com flechas cravadas
nas costas, algumas com costelas saindo pelo ventre,
outras com ferimentos profundos no pescoço e cabeça,
revelando assim tamanha brutalidade demoníaca por
parte dos capangas de Aquipati.A batalha tornara-se uma
total carnificina para os dois lados,contudo.Muitos
combatentes inimigos também dormiam o sono eterno
pisoteados,mortos com flechadas no peito,no meio dos
olhos,ou agonizavam com o veneno da Orquídea da morte
aplicado com minúsculos espinhos pelas índias da CIA.
Enquanto isso,um grupo pequeno(cujos integrantes
eram somente Cati e mais três índias)avançava
rapidamente por entre aquela batalha
mortal.Finalmente,alcançaram a maloca de
Aquipati,donde o mesmo controlava,assentado naquilo
que chamou de trono,feliz com tudo aquilo que acontecia.
Os olhos de Cati brilharam cada vez mais fortes e
vermelhos,quase da cor do próprio sangue.Àquela altura,a
tinta dos vagalumes já saíra com o suor que descia de seu
cabelo.Ao chegar de encontro ao temível cacique,o
guerreiro Ariquém já reunia uma força exorbitante,tanto
que conseguira em um só golpe afastar dois capangas de
Aquipati que o impediam.Enfim,estava cara-a-cara com o
monstro.
-Que lindo o salvador Ariquém, sua coragem me
impressiona-disse Aquipati, sarcástico.
Ao mesmo momento em que falava, o denominado
rei Aquipati retirava de cima de uma mesilha ao seu lado
um arco de cedro e mais um conjunto de flechas com as
pontas púrpuras de veneno.Armou uma delas no arco e
lançou-a,que o índio guerreiro tratou de se
esquivar.Porém,imediatamente uma saraivada de dezenas
de outras flechas flamejantes furaram o teto de palha da
maloca e uma delas acabou por acertar Cati,que já
mirava à esquerda do peito do rival.A seta do salvador
também foi lançada e atingiu de raspão bem na orelha de
Aquipati.
Por outro lado,Cati não tivera a mesma sorte.
Do outro lado da tribo,Jandira sentia um
extremamente desconfortável aperto no coração,que
batia cada vez mais rápido.Ela sentiu que algo de errado
sucedia-se com Cati e estava disposta a salvá-lo nem que
fosse com a sua própria vida.Instaurava-se ali a mais
desesperada luta pelo amor de todos os romances,que
infelizmente ainda não tinha desfecho certo,e o mesmo
ainda pendia para o lado ruim.
Jandira correu o máximo que podia,ao mesmo tempo
que um grito ensurdecedor foi ouvido na direção da
maloca de Aquipati.
-Cati!!!!!!!!!!-gritou Jandira,tropeçando em suas próprias
lágrimas
Agora era questão de vida ou morte.
Curiosamente, Cati não foi atingido com gravidade
por todo aquele mar de flechas. Mas instantaneamente
zuniu cortando o ar como uma verdadeira bala uma única
e solitária flecha, disparada por um arqueiro desconhecido,
que fugira assim que soltara a corda de disparo. De tão
rápida, quase à velocidade do som, a flecha não foi
sentida por ninguém até que alcançasse o alvo: Cati.
Em um momento, o índio encontrava-se são e
salvo, um segundo depois, havia uma flecha envenenada
cravada em seu peito. O jovem caiu com o impacto.
Jandira aumentou o volume de lágrimas a rolar de seus
olhos assim que viu seu amado naquele estado.
Aquipati olhava aquilo tudo com tamanho
gosto e afeito que quase aplaudia o drama teatral que
fora formado. O chão de Jandira estava prestes a desabar
com a dor que Cati sofria, revelada pelos espasmos que ele
sentia e pelo agonizante choro que os mesmos
provocavam. Agora, menos de um minuto depois,
chegariam mais índias ao local para tentar algum socorro
ao índio, mas acreditava-se veemente que poucas
chances lhe restavam. As lágrimas de Jandira misturavam-
se ao sangue que incessantemente jorrava da ferida
aberta no peito do índio, o que agora se tornava uma
solução lúgubre e mortificante, com um aroma pouco
agradável.
Mas isso pouco importava para Jandira perante
a vida de seu amado, e de sua boca somente saiam
sonoros “Eu te amo!”, saídos com clamor do fundo do
coração da índia. Agora, ela já o beijava fervorosamente,
mas não obtivera nenhuma resposta por parte do índio,
que continuava a agonizar no chão.
Somente lhe restara um último pulsar.
E faleceu nos braços de sua amada.
Ouviu-se então uma tensa gargalhada fúnebre
que dirigia-se à Jandira,e posteriormente uma voz que
ecoou:
-Que pena amorzinho, tão bonito, forte e viril,
jovem, e alguém tão cruel tira-lhe a vida!-pausou-se por um
momento. Agora já se poderia ver uma simples e difusa
silhueta feminina, que se aproximava e continuara a falar -
É interessante como choras por alguém que amas. Ah!Ò
amor, como és inútil.
Jandira agora ficara corada de raiva, e foi
preciso segurá-la para a mesma não avançar contra o
vulto que emergia da escuridão. Mais lágrimas rolaram de
seu rosto. Agora, a mulher oculta pelas sombras começava
a aproximar-se rápida e ferozmente, com todo o ódio que
despejara na flecha que atirara em Cati dobrado para
liquidar com sua rival. “Se eu não posso tê-lo,que ninguém
mais possa ser feliz por ele”,pensou a maligna mulher.
A guerreira ariquém estava provocando Jandira
a ponto de a mesma abandonar tudo o que estava
acontecendo naquele momento para refurtar as palavras
daquela assassina.
Ela havia se esquecido de tudo. Seus amigos,
família,da própria tribo,mas não conseguia parar de pensar
em seu amor,que desfalecia no chão.Pensou em
correr,escapar,mas parecia que o chão a prendia ali,par
que ficasse e acabasse com o mal pela raiz.
Aquipati assistia a tudo fervorosamente, quase
aplaudindo a encenação.
O resto da tribo esperava aflita o suceder dos fatos.
Não queriam interferir naquela luta que se travara.
As adversárias se encararam. A floresta parou para
ouvi-las. Instaurou-se um silêncio mórbido no local. Parecia
que o próprio Tupã despertara de seu sono somente para
acompanhar tudo.
Agora, formava-se um círculo de centro situado no
copo de Cati. Elas pareciam competir pela alma do índio,
que já jazia morto no chão. Foi Jandira que avançou
primeiro. Ela necessitava saber quem era aquela mulher
que se escondia nas sombras, e não podia esperar
mais.Armou-se somente com os punhos e os dentes e foi ao
combate,cravando logo uma dentada nos ombros da
rival,que caiu no chão,surpreendida com o rompante de
Jandira.Ao caírem atracadas no chão,as duas levantaram
uma nuvem densa de poeira,que impossibilitava os
presentes de verem o rosto da assassina,idem a situação de
Jandira.
A oculta índia reagiu, mesmo com o ombro direito
jorrando sangue, conseguiu desferir um soco no rosto de
Jandira, desequilibrando-a e golpeando-a com a ponta de
uma flecha. A guerreira desabou marcando o fim da
batalha.
A nuvem de poeira ainda não se dissipara.
De relance, via-se que a dupla assassina comemorava
seu feito com fervor, orgulhando-se do que havia feito.
E estava feito. Jandira desabara bem ao lado de
Cati,não morta,mas desacordada por hora.
A nuvem de poeira persistia.
A nuvem de poeira persistia.
A nuvem de poeira persistia.
Passados mais alguns segundos, ouviu-se a batida
fervorosa de um coração incessante. UM não: DOIS!
Algo agarrara a índia oculta pela poeira e a derrubara,
fazendo-a cair e bater com a cabeça.
A nuvem de poeira começava a se dissipar.
Mais sangue agora coloria o chão de púrpura,
misturando-se á poeira,que baixava cada vez mais.Da
poeira,surgia uma cena nem um pouco agradável,quase
catastrófica,a não ser por um fato inédito.
Jandira jazia morta no chão, com a mão esquerda
rigidamente agarrada ao tornozelo de Jandira e o rosto
petrificado com uma expressão mista de dor, tristeza e paz.
Dor por ter que sofrer tanto por Cati,tristeza por tudo ter que
acabar assim e paz por estar ao lado de seu amor.
Sua outra mão repousava sobre as mãos geladas de
Cati,que também estava morto,porém com uma expressão
menos aterrorizante que a de MANAUANA,que também
encontrava-se dentre a lista dos mortos,com as mãos de
Jandira presas em seu corpo,revelando assim que ela,a
irmãzinha de Cati o matara e depois Jandira,acabando de
vez com os planos de Tupã para os dois.Seus lábios
travaram-se em um “O” bem visível,que revelava estar
surpresa segundos antes de morrer e seus olhos estavam
visando um infinito estrelado que ela nunca mais chegaria
a ver.
Mas Aquipati ainda reinava nobremente em seu
improvisado trono de madeira,mas por pouco
tempo.Naquele instante,todas as atenções voltaram-se
para a imponente maloca onde o falso cacique apreciava
tudo,mas as mesmas foram atraídas por um grito de
espanto proferido pelo próprio Aquipati:
-Mas como?
E de trás de seu trono, emergiu Iora, o verdadeiro pai
de Cati; velho, mas com toda a vitalidade de um jovem,
para desferir um golpe certeiro que acabara por acertar
Aquipati bem no coração, fazendo-o cair morto no chão.
Agora haviam mais quatro mortos acrescentados ao
saldo final. Contabilizava-se as vidas perdidas para tentar
salvar a aldeia Ariquém do maléfico Aquipati,incluindo Cati
e Jandira,o casal que seria lembrando para sempre como
os salvadores do povo das florestas.Tupã os acolheria em
seus braços e todos os dias eles estariam lá no
céu,juntos,brilhando e intercedendo por nós,pedindo-nos
proteção,nos guiando.Junto deles,todos os outros da aldeia
Ariquém,formando uma linda constelação denominada
Anhum,em homenagem a todos que morreram pela vida
da tribo.
Certamente que muitos e muitos anos mais se
passariam na vida daquela tribo:Iora morrera de causas
naturais.Aquipati fora substituído por outro cacique,que
regia sabiamente a tribo.Guanani deixara o posto de pajé
para seu primogênito,que sabia como ninguém as artes da
cura e do amor.
Aliás,foi o amor que uniu os dois principais personagens
dessa história,e é ele quem rege o universo,pregando às
vezes peças que nem ao menos imaginávamos.Quando
olhares para o céu e veres que uma estrela brilhas ao seu
olhar,saiba que Cati e Jandira estarão lá intercedendo por
você,até que seja dado seu ÚLTIMO PULSAR de vida.