folha de são paulo,26 de abril de 2015

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DIRETOR DE REDAÇÃO: OTAVIO FRIAS FILHO ANO 95 H DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 H N O 31.434 EDIÇÃO SÃO PAULO H CONCLUÍDA À 0H04 H R$ 5,50 UM JORNAL A SERVIÇO DO BRASIL folha.com.br Desde 1921 Veja como entrar em contato com o serviço ao assinante, as editorias e a ombudsman fale.folha.com.br FALE COM A FOLHA EDITORIAIS Opinião A2 Leia “Falta pedir descul- pas”, acerca de balanço da Petrobras, e “Casuís- mo à queima-roupa”, so- bre projeto que altera o Es- tatuto do Desarmamento. CIRCULAÇÃO 383.503/dia (impressos + digitais) AUDIÊNCIA 38.312.371 visitantes únicos/mês Manobras fiscais batem recorde sob gestão Dilma Adotado desde FHC, artifício usa verba de benefícios sociais para cobrir contas O governo usa recursos da Caixa Econômica Federal destinados a benefícios so- ciais para cobrir suas contas desde o governo FHC. Mas foi sob Dilma que a manobra rompeu a casa do bilhão. Segundo dados da insti- tuição financeira, o banco chegou a ter deficit de R$ 3,6 bilhões em dezembro de 2013 só com seguro-desemprego. Já na gestão do tucano FHC, o maior valor negativo foi de R$ 918 milhões em maio de 2000 com o paga- mento desse benefício. Sob Lula (PT), o rombo mais expressivo foi de R$ 750 milhões no final de 2007 para pagar abono salarial. É responsabilidade do Te- souro repassar esses valores ao banco, mas o órgão tem atrasado as transferências. Segundo o Tribunal de Con- tas da União, a manobra da gestão Dilma (PT) é crime. O governo nega qualquer irregularidade. Para o sena- dor Aécio Neves (PSDB-MG), a decisão do TCU justificaria um pedido de impeachment contra a presidente. Poder A4 Revista que completa 7 anos retrata a evolução de corpo e mente de 7 modelos Pág. 46 FEITIÇO DO TEMPO Palmeiras e Santos, que fazem hoje a primeira final do Paulista, apostaram na renovação, ao contrário de São Paulo e Corinthians, am- bos com as mesmas equipes que os levaram à Libertado- res. O Palmeiras contratou técnico e 20 jogadores. No Santos, seis titulares do Bra- sileiro-2014 saíram. Esporte D1 FINAL RENOVADA Incentivo fiscal dá a ricos ânimo para doações, diz Soros O megainvestidor George Soros afirmou em visita ao Rio que mudança na legisla- ção fiscal incentivaria bilio- nários a fazer doações. Nos EUA, disse ele, metade do salário pode ser destinada à filantropia e abatida do IR. Sua fundação, que gastou R$ 2,5 bi em 2014, atua con- tra os “efeitos danosos da guerra às drogas”. Mercado B8 Pablo Saborido ATMOSFERA Cotidiano C2 Ventos do mar trazem nuvens a SP Mínima 17ºC Máxima 24ºC Maio de 2000, com pagamento de seguro-desemprego Novembro de 2007, com pagamento de abono salarial Dezembro de 2013, com pagamento de seguro-desemprego FHC R$ 918 mi LULA R$ 750 mi DILMA R$ 3,6 bi Fonte: Caixa Palmeiras x Santos 16h, Band e Globo (para SP) e SporTV PEDALADAS NA CAIXA Valor máximo do deficit em um mês em cada governo Terremoto mata mais de 1.800 no Nepal Um terremoto de magni- tude 7,8 atingiu o Nepal nes- te sábado (25), deixou ao menos 1.800 mortos, des- truiu centenas de casas e prédios históricos e causou uma avalanche no Everest. Ocorrido às 11h56 (3h11 em Brasília), foi o pior tre- mor a atingir a nação asiáti- ca em mais de 80 anos. Fez vítimas também em Bangla- desh, Índia, China e Tibete. São milhares de feridos. O epicentro do terremoto foi a 77 km de Katmandu. Um grupo de brasileiros es- tava na região da avalan- che. O Itamaraty diz não ter informações sobre vítimas do país. Mundo A13 e A14 Mundo A15 Catástrofe afeta cultura riquíssima de país muito pobre ANÁLISE IGOR GIELOW Narendra Shrestha/EFE Indonésia confirma que executará outro brasileiro O brasileiro Rodrigo Gu- larte, 42, sentenciado à morte na Indonésia por trá- fico de drogas, foi notifica- do oficialmente neste sába- do (25) de que será executa- do. Pelas leis locais, esse é o último passo burocrático para que, em um prazo de 72 horas, aconteça a execução. A defesa de Gularte, que tentará uma última apela- ção, busca provar que ele sofre de esquizofrenia. Se consumada, será a 2 a execução de um brasileiro na Indonésia neste ano — Marco Archer foi fuzilado em janeiro, também por trá- fico de drogas. Cotidiano C3 Amizade de 50 anos sobreviveu a críticas ferozes FERNANDA MONTENEGRO Bárbara Heliodora, tive es- petáculos desancados por você. Muitas vezes você esta- va certa: não era bom. Isso não abalava nossa relação. Eu a vi uma semana antes da sua morte. Querida amiga, louvo a coragem da sua per- severança. Ilustríssima Pág.9 FERNANDA MONTENEGRO, 85, é atriz NEPAL CHINA Everest Epicentro TREMORES Katmandu Equipe de resgate tira homem de escombros de prédio destruído na capital, Katmandu Vera Valdez, 78, que nos anos 50 foi manequim de Coco Chanel

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diario de Brasil abril 2015

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  • DIRETOR DE REDAO: OTAVIO FRIAS FILHO ANO 95 H DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 H NO 31.434 EDIO SO PAULO H CONCLUDA 0H04 H R$ 5,50

    U M J O R N A L A S E R V I O D O B R A S I L folha.com.brDesde 1921

    Veja como entrar em contato comoservio ao assinante, as editorias e aombudsman fale.folha.com.br

    FALE COM A FOLHA

    EDITORIAIS Opinio A2Leia Falta pedir descul-pas, acerca de balanoda Petrobras, e Casus-mo queima-roupa, so-bre projeto que altera o Es-tatuto do Desarmamento.

    CIRCULAO383.503/dia (impressos + digitais)AUDINCIA38.312.371 visitantes nicos/ms

    Manobrasfiscais batemrecorde sobgestoDilmaAdotadodesdeFHC, artifciousa verbadebenefcios sociais para cobrir contas

    OgovernousarecursosdaCaixa Econmica Federaldestinados a benefcios so-ciais para cobrir suas contasdesde o governo FHC. Masfoi sobDilmaqueamanobrarompeu a casa dobilho.Segundo dados da insti-

    tuio financeira, o bancochegoua terdeficitdeR$3,6bilhesemdezembrode2013s comseguro-desemprego.J na gesto do tucano

    FHC, omaior valornegativofoi de R$ 918 milhes emmaio de 2000 com o paga-mento desse benefcio.

    Sob Lula (PT), o rombomais expressivo foi de R$750milhesno finalde2007para pagar abono salarial. responsabilidadedoTe-

    souro repassar esses valoresao banco, mas o rgo tematrasado as transferncias.Segundo oTribunal de Con-tas da Unio, a manobra dagestoDilma (PT) crime.O governo nega qualquer

    irregularidade. Para o sena-dorAcioNeves (PSDB-MG),adecisodoTCU justificariaumpedidode impeachmentcontra a presidente. Poder A4

    Revista quecompleta 7 anosretrata a evoluode corpo e mentede 7 modelos Pg. 46

    FEITIO DOTEMPO

    Palmeiras e Santos, quefazem hoje a primeira finaldo Paulista, apostaram narenovao, ao contrrio deSoPauloeCorinthians,am-bos comasmesmas equipesque os levaram Libertado-res. O Palmeiras contratoutcnico e 20 jogadores. NoSantos, seis titularesdoBra-sileiro-2014saram. Esporte D1

    FINALRENOVADA

    Incentivo fiscal da ricos nimo paradoaes, diz SorosO megainvestidor George

    Soros afirmou em visita aoRioquemudanana legisla-o fiscal incentivaria bilio-nrios a fazer doaes. NosEUA, disse ele, metade dosalrio pode ser destinada filantropia e abatida do IR.Sua fundao, que gastouR$ 2,5 bi em 2014, atua con-tra os efeitos danosos daguerra s drogas.Mercado B8

    Pablo Saborido

    ATMOSFERA Cotidiano C2Ventosdomar trazemnuvensaSPMnima17C Mxima24C

    Maio de 2000,com pagamento deseguro-desemprego

    Novembro de 2007,com pagamento deabono salarial

    Dezembro de 2013,com pagamento deseguro-desemprego

    FHCR$ 918mi LULAR$ 750mi DILMAR$ 3,6 bi

    Fonte: Caixa

    Palmeiras xSantos16h, Band eGlobo(para SP) e SporTV

    PEDALADAS NA CAIXAValor mximo do deficit em umms em cada governo

    Terremotomatamais de 1.800noNepalUm terremoto de magni-

    tude7,8atingiuoNepalnes-te sbado (25), deixou aomenos 1.800 mortos, des-truiu centenas de casas eprdios histricos e causouuma avalanche no Everest.

    Ocorrido s 11h56 (3h11em Braslia), foi o pior tre-mor a atingir a nao asiti-ca em mais de 80 anos. Fezvtimas tambmemBangla-desh, ndia, China e Tibete.Somilhares de feridos.

    O epicentro do terremotofoi a 77 km de Katmandu.Umgrupo de brasileiros es-tava na regio da avalan-che. O Itamaraty diz no terinformaes sobre vtimasdo pas. Mundo A13 e A14 Mundo A15

    Catstrofe afetacultura riqussimadepasmuitopobre

    ANLISE IGOR GIELOW

    Narendra Shrestha/EFE

    Indonsia confirmaqueexecutaroutrobrasileiroO brasileiro Rodrigo Gu-

    larte, 42, sentenciado morte na Indonsia por tr-fico de drogas, foi notifica-do oficialmente neste sba-do (25) de que ser executa-do. Pelas leis locais, esse oltimo passo burocrticoparaque,emumprazode72horas, aconteaaexecuo.

    A defesa de Gularte, quetentar uma ltima apela-o, busca provar que elesofre de esquizofrenia.Se consumada, ser a 2a

    execuo de um brasileirona Indonsia neste ano Marco Archer foi fuziladoem janeiro, tambmpor tr-fico de drogas. Cotidiano C3

    Amizade de 50anos sobreviveua crticas ferozes

    FERNANDA MONTENEGRO

    BrbaraHeliodora, tivees-petculos desancados porvoc.Muitasvezesvocesta-va certa: no era bom. Issono abalava nossa relao.Euaviumasemanaantesdasua morte. Querida amiga,louvo a coragemda sua per-severana. Ilustrssima Pg.9FERNANDAMONTENEGRO, 85, atriz

    NEPAL

    CHINA

    Everest

    Epicentro

    TREMORES

    Katmandu

    Equipe de resgate tira homem de escombros de prdio destrudo na capital, Katmandu

    Vera Valdez, 78,que nos anos 50foi manequim deCoco Chanel

  • ab

    PUBLICADO DESDE 1921 - PROPRIEDADE DA EMPRESA FOLHA DA MANH S.A.

    U M J O R N A L A S E R V I O D O B R A S I L

    Presidente: LUIZ FRIASDiretor Editorial: OTAVIO FRIAS FILHOSuperintendentes: ANTONIO MANUEL TEIXEIRA MENDES E JUDITH BRITOEditor-executivo: SRGIO DVILAConselho Editorial: ROGRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, MARCELO COELHO,JANIO DE FREITAS, CLVIS ROSSI, CARLOS HEITOR CONY, CELSO PINTO,ANTONIO MANUEL TEIXEIRA MENDES, LUIZ FRIAS E OTAVIO FRIAS FILHO (secretrio)Diretoria-executiva: MARCELO BENEZ (comercial), MURILO BUSSAB (circulao),MARCELO MACHADO GONALVES (financeiro) E EDUARDO ALCARO (planejamento e novos negcios)

    EDITORIAIS [email protected]

    Apublicaodobalanode2014da Petrobras apenas o primeiropasso da longa caminhada de re-construodaempresadepois dociclodedesgraaaque foi subme-tida de 2004 a 2012: imprudnciainaceitvel, incompetnciadesco-munal e corrupo voraz.O prejuzo do perodo monta a

    R$ 50,8 bilhes, dos quais R$ 6,2bilhes ligam-se diretamente aosdesviossistemticospraticadosnasprincipaisdiretoriasdaestataloclculobaseou-seemdepoimentosdaOperaoLavaJatoqueaponta-rampropinade3%noscontratos.OsR$44,6bilhes restantesde-

    corremdeerrosgrosseirosnopla-nejamento e na execuo de pro-jetos e, emmenormedida, depio-ras nas condies demercadoaqueda do preo do petrleo, porexemplo, reduzovalor de investi-mentos realizadosemexplorao.Oestouronoscustosnoserela-

    ciona apenas com am gesto daltimadcada,porm.Por certooclimade euforia irresponsvel e ousopolticodaestatalnosmanda-tospetistascontaminaramocorpodirigente.Perdeu-seanoodedi-ligncianotratododinheiroalheio.Tambmbvioqueaspropinas

    incentivaramtalconduta.Projetosfaranicosecustos foradecontro-le, que resultamdoambientedeli-

    tuosoquevigorounaempresa,ago-ra se disfaram nas ineficincias.Vencida a etapa do balano, a

    empresa precisa reformular seuplanodenegciosa fimdepreser-varcaixae reduziroendividamen-to, que chega a quase cinco vezesageraode lucrooperacionaloideal menos de trs vezes.O presidente da Petrobras, Al-

    demirBendine, indicaqueser fir-mena reestruturao.Cogitam-secortesexpressivosnos investimen-tos, gestomais inteligentedeati-vos (inclusivecomvendaseparce-rias com o setor privado) e polti-ca financeira mais conservadora.Tambmsodesejveismudan-

    as nas regras de explorao dopr-sal e na poltica de contedonacional,quesobrecarregamaem-presa sem que ofeream em trocabenefciostangveisparaaceleraraexploraodoscamposdepetrleo.No fosse por um aspecto dos

    maisrelevantes,seriapossvelafir-mar que a longa crise comea aser superada. Bendine, que che-gou ao comando da Petrobras so-mente neste ano, agiu bemaope-dir desculpas edeclarar-se enver-gonhado.Falta, agora, queos res-ponsveispolticospelomaior es-cndalodecorrupoemgestodahistrianacional tenhamade-cncia de fazer omesmo.Nadaaconteceuporacaso.Oex-

    presidenteLulaeapresidenteDil-maRousseffquedirigiuoConse-lhodeAdministraodaPetrobrasde2003a2010tmodeverdeex-plicar ao pas como se consumoutamanhodesastreemsuasgestes.

    Falta pedir desculpasBalano da Petrobras registraprejuzo bilionrio provocadopor anos de inpcia ecorrupo; Lula e Dilmaainda devem explicaes

    Emaomotivadaantespelo in-teressedefinanciadoresdecampa-nha do que pelo bem pblico ouporanlisesestatsticas, achama-dabancadadabala instalounaC-mara dos Deputados uma comis-so especial com vistas a desfigu-rar o Estatuto do Desarmamento.A estratgia centra esforos na

    aprovao do projeto de lei 3.722,que facilita a compradearmasnopas. As mudanas sugeridas in-cluem a reduo da idade mni-ma para aquisio (de 25 para 21anos), a liberaodapropaganda(hoje permitida apenas empubli-caes especializadas) e o regis-tropormeiodaPolciaCivil, enoapenas da Polcia Federal.Os defensores da proposta sus-

    tentamquea forte restrioven-dadearmasnolevouquedadoshomicdios.De fato,a taxade2012(dado mais recente) foi de 29 por100mil habitantes, praticamenteo mesmo ndice de 2003, um anoantesda implantaodoestatuto.Essacomparao,contudo,des-

    consideraqueataxadehomicdioscresceu mdia anual de 4% de1980 a 2003. Ignora tambm que,nosprimeirosanosdevignciadalegislao, emmeioacampanhaspblicas, diminuiu o nmero deassassinatospor armade fogo.Osdados so do Mapa da Violncia,a partir de informaes oficiais.Vencido esse argumento, afir-

    ma-se que cidados de bem ar-madoscobemasmortesocasiona-das por criminosos. O raciocnio,entretanto, no resiste elevadaquantidadedeassassinatosmoti-vados por desavenas banais, co-mo rixas e brigas de casal.Levantamento do Conselho

    Nacional do Ministrio Pblico(CNMP) acerca de homicdios co-metidos nos anos de 2011 e 2012mostra que, em 9 das 16 localida-desanalisadas,osassassinatosporimpulsooumotivoftil respondempor mais de 50% dos casos commotivaoesclarecida.NoEstadodeSoPaulo, a fatia chegaa83%.Commaisarmasemcirculao,

    fcil prever oaumentodeconfli-tos interpessoaiscomfinal trgico.Se o Estatuto do Desarmamen-

    to contribui para no mnimo in-terromper o avano dos homic-dios, ele no basta para enfrentarapragadaviolncia. Por outro la-do, a soluonovirpormeiodesimples iniciativas legislativas, in-cluindo a proposta de reduo damaioridade penal e a recm-pro-mulgada Lei do Feminicdio.Essepopulismopenalnosilu-

    de parte de umapopulao acua-da pela criminalidade, mas tam-bm negligencia problemas maiscomplexosecruciais,comoasps-simas condiesprisionais, a ine-ficincia das polcias e o fracassoda poltica de combate s drogas.

    Casusmo queima-roupa

    A presidente Dilma far vi-sita oficial aos EUA neste anoque pode revitalizar as rela-es comerciais entre os doispases.Essaquestomais im-portanteparaaeconomiabra-sileira do que pode parecer.Aretomadadasexportaes

    de produtos industrializados fundamental para o reequi-lbrio das contas externas doBrasil, e o maior mercado pa-ra esses produtos so os EUA,maior economia do mundo emaiores importadores dema-nufaturados.A visita aWashington pode

    servir de catalisadorparaumarevisoprofundadasnossasre-laes comerciais, que nos l-timos anos priorizarampasesemergentes em detrimento detratadosde livrecomrciocomos pasesmais desenvolvidos.Outrospasesbuscaramca-

    minhos diferentes, como asnaesandinas,queesto for-mando a Aliana do Pacficocom os EUA e asiticos.A estratgia comercial bra-

    sileira dos ltimos anos veiocombinada com polticas deproteo indstria, como fe-chamento de mercados e exi-gnciasdecontedonacional.Elas elevaram o custo de pro-duoediminuramonveldeeficincia e competio.Aomesmotempo,nossaba-

    lana comercial se beneficioumuitodoaumentodopreodascommodities alimentado pelaextraordinria demanda chi-nesa,oqueacaboudandosus-tentao poltica comercialde favorecer os emergentes.Outra consequncia do

    boom das commodities foia apreciao do real, que re-duziu aindamais a competiti-vidade brasileira no exterior.Esseprocessotodocomeou

    a esgotar-se quando a Chinadesacelerou e reduziu sua de-manda por commodities, fra-gilizandoaindamaisnossoco-mrcio, j abalado pela perdade competitividade e produti-vidade da indstria.Mas as grandes mudanas

    em curso na economia mun-dial abremnovasoportunida-desparaoBrasil reverocomr-ciocomomundo.Vivemosumprocesso de recuperao eco-nmica dos EUA e, emmenorgrau, da Europa, que so osmaioresmercados importado-res do mundo e que aumen-tam a demanda por bens in-dustrializados. Esse processoleva a um fortalecimento glo-bal do dlar, que, juntamentecom a crise econmica brasi-leira,desvalorizao real e favo-rece as exportaes.Em resumo, h hoje no

    mundooportunidadeclarapa-raoBrasil superar restriesaacordos internacionais eabrircanaismais fluidos de comr-cio com os EUA e a Europa vi-sando ganhos de competitivi-dadeeprodutividadeemseto-res capazes de competir.umprocessoquepodeaju-

    dar a reequilibrar a economiaembasesmais saudveis, comoaumentodaparticipaodaindstrianasexportaesenaeconomia total. A viagem aosEUA,portanto, almdeconsi-deraes geopolticas, temgrande potencial econmico.HENRIQUEMEIRELLES escreve aosdomingos nesta coluna.

    Viagemeconmica

    H E N R I Q U E M E I R E L L E S

    SO PAULO - Jonathan Gottschallparecenutrir predileopor serumestranho no ninho. um professorde literatura inglesaque tenta levarumpoucodebiologia,mais especi-ficamente,dedarwinismo,paraseucampo de estudos. Obviamente, anovidade no muito bem recebi-daporseuspares.Mais recentemen-te, ele resolveu tornar-se um luta-dordeMMA.Eraonico intelectual,onicocommaisde35anoseoni-co casado a treinar no ginsio.Gottschall entrou no octgono e

    sobreviveuparaescreverumlivro.The Professor in the Cage (o pro-fessor na gaiola), em que ele relatasuaexperincia,semnospoupardosdetalhessanguinolentos,eaproveitaparanos fazermergulharnomundodos duelos, lutasmarciais, esportescoletivos edas torcidas.Oautornose restringeaosHomines sapientes.Suas incurses incluemgrandespri-matas e pequenas formigas.Paranodesmerecerafamadede-

    terminista,Gottschall tentamostrarqueesportesso,pelomenosdemo-

    graficamente, coisa de homens (e,quanto mais violento, mais mascu-lino).Elecitaumestudoenvolvendo50 culturas diferentes que avaliou aparticipao de homens e mulhe-resemesportes:80%dasatividadeseramexclusivamentemasculinas;dototal, homensparticipavamde95%damodalidadesemulheres,de20%.Talvezmais polmico, Gottschall

    sugerequeosesportes,notadamenteosdeluta,mastambmosimplesatode torcer por um time,mais ajudamacontrolaraviolncianasociedadedoqueapromovem.Denovo,quemdascartasabiologia.Anaturezaprdiga em substituir combates po-tencialmenteletaisporenfrentamen-tossemirritualizadosemqueaspar-tes tm oportunidade de medir for-as. Omais fraco ganha porque po-de pular fora ainda vivo, e o maisforte, porque leva o prmio corren-do riscosmenores quenumcomba-te total. Ns, humanos, ao inventaresportes, s levamos essa [email protected]

    MMA e violnciaH L I O S C HWA R T S M A N

    BRASLIA - O Senado aprovou aadoodovotodistritalnaseleiesparavereador.Oprojeto, queaindaprecisa passar pela Cmara, mudaa formacomoosbrasileiros elegemseus representantes mais locais.O texto divide as cidades com

    mais de 200 mil habitantes em de-zenasde redutos,que realizamelei-es separadas. O princpio quecadabairropasseaescolherumni-co vereador para chamar de seu.Osdefensoresdamudanadizem

    que ela aproxima a populao dospolticos e reduz o custo das cam-panhas, porque os candidatos pas-samapedirvotosemumasregio.Almde sermais simples, o sis-

    tema majoritrio de fato aproximaos representantes dos representa-dos e permite que a campanha sejamenoscustosae,portanto,maisde-mocrtica, sustentaosenador JosSerra (PSDB-SP),autordaproposta.Os argumentos so fortes, mas

    omitemmuitosproblemasdomode-lo.Ovotodistrital valorizaospolti-cos de perfil paroquial, que atuam

    como despachantes de pedidos, edesestimulaaatuao independen-te em relao ao Executivo.Secadacomunidadeselegerum

    vereador,suaschancesdecontinuarno cargo dependero diretamentedaquantidadedeasfalto, postesdeluzoubicasdguaqueo local rece-ber durante seumandato.Isso tende a tornar a adeso aos

    prefeitos quase obrigatria, preju-dicando a sobrevivncia de quemfaz oposio e fiscaliza o uso do di-nheiro pblico. Os polticos que de-fendemminorias ou categorias pro-fissionais, como a dos professores,tambm tendema sumir domapa.Outroproblemaareduodasal-

    ternativas. Em 2012, os paulistanospuderam escolher entre 1.227 can-didatosmesmoassim,muita gen-te ficou na dvida diante da urna.Novotodistrital, oeleitor spode

    escolher entre candidatos que mo-ram em seu reduto. E quem pensardiferente da maioria dos vizinhosver seu voto ir para o lixo, porquesumintegranteda lista sereleito.

    Um bairro, um vereadorB E R N A R D O M E L L O F R A N C O

    RIODEJANEIRO-Naprimeirame-tade do sculo 20, alguns hotis ti-nham outros nomes, mas no im-porta. Tal comooCorcovado, oPode Acar e os oitis do Bulevar 28deSetembro, soespecialidadesdacasa, coisas nossas.Rezamascrnicasquetudocome-

    oucomoHotelLeblon,cujacarcaasofreuvriasdiagramaes.Naque-le tempo, o Leblon era to inacess-vel quanto o CongoBelga. No se iaao Leblon: partia-se para o Leblon.Eram espeluncas desoladoras,

    mas que cumpriam as suas finali-dades. Surgiramento dois eventosimportantes:aplulaanticoncepcio-nalea indstriaautomobilsticana-cional. Deus fez ou ajudou a fa-zer as duas, mas foi o diabo queas juntou.Ahotelariadaquelasbandasvirou

    uma instituio to forte queapare-ceu uma figura famosa na crnicapolicialdacidade:oLimadosHotis,personagemmais oumenosmtico,composto de uma poro de gente

    que se tornou annima, com exce-o do prefeito Negro de Lima. L,o carioca pecava contra a castidadee comia amulher do prximoqueeramquase todas.O dia 25 de abril de 1969 impor-

    tantenasociologiadacidade.Nessadata foi assinado o decreto n 2.792,que estabelece normas para o fun-cionamento e fiscalizao dos es-tabelecimentos afins: No cabe aohospedeiro a obrigao de investi-gar o estado civil ou a inteno doscasais ou pares que procuram hos-pedagem,mas de sua responsabi-lidade tomar providncias a fim deevitar o favorecimento da prostitui-o, da corrupo de menores, deatentados pblicos ao pudor ou daperturbaodaordemeda tranqui-lidade pblicas.Nuncaumpargrafo foi toaben-

    oado por hospedeiros e hospeda-dos.Ummoralistapoderiacomentar: a esbrnia!Os sbios encararamodecreto em seu artigo 9, pargrafo12, soboutrongulo:acivilizao!

    Alta rotatividadeC A R L O S H E I T O R C O N Y

    abA2 opinio H H H DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

  • DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 H H H opinio A3ab

    OPINIO (25.ABR, PG. A2) A char-ge saiu publicada sem assinatu-ra. Seu autor JooMontanaro.

    PODER (21.ABR, PG. A6) Diferente-mente do publicado na colunaUm renascer da poltica, de Ja-nio de Freitas, a fbrica da Mer-cedes-Benz em So Bernardo do

    Campo (SP) tem cerca de 10 milfuncionrios, no 750.

    ILUSTRADA (18.ABR, PG. E2) Dife-rentementedopublicadonaseoCurto-Circuito, a campanha fei-tapelasmodelos IsabeliFontanaeJeisaChiminazzo foi para amarcaMorenaRosa,noparaaRosaCh.

    ERRAMOS [email protected]

    Cincoanosatrs,DilmaRousseffdeu esperanas quando criticou adiplomacia brasileira, que, naque-le momento, acabava de se absterem uma votao da ONU pela con-denao das violaes de direitoshumanos no Ir. Na poca, ela ti-nhaacabadode ser eleitapresiden-te da Repblica do Brasil.No endosso o apedrejamento

    [demulheres].Discordodeprticasque tm caractersticas medievais.No h nuances possveis. No fa-rei concesses nesse assunto, dis-se ela emdezembro de 2010. Dilmaacrescentou: Minha posio novaimudarquandoeuchegar aopo-der. Discordo de como o Brasil vo-tou. No ms passado, a presiden-te DilmaRousseff fez exatamente oque disse que no faria.Talvez seja por isso que eu me

    senti to perturbada pelo fato de,namais recentesessodoConselhodeDireitosHumanosdaONU,oBra-sil ter se abstido de votar a resolu-o que renovou o mandato do re-lator especial para o Ir, uma reso-luo que o Brasil apoiava desdeque ela foi apresentada, em 2011.Muitos defensores dos direitos

    humanos no Ir, entre os quais eume incluo, pediramacriaodessemandato. A renovao assinala apreocupaodacomunidade inter-nacional, assegurandoque a situa-odosdireitoshumanosno Ir se-ja monitorada de perto.Ao mesmo tempo em que o go-

    verno iraniano vem tentando sola-par o trabalho do relator especial,Ahmed Shaheed, e no lhe permi-tiu visitar o pas umanica vez nosltimos quatro anos, Shaheed vemdocumentandocomeficciaogran-de nmero de abusos dos direitoshumanos cometidos no pas.ComoShaheed informounolti-

    moms, o Ir opas quemais exe-cutaprisioneirosporhabitante,com753execues em2014, omaiorn-mero em 12 anos. Amaioria por cri-mesque,pela lei internacional,nojustificam a pena demorte.Pelo menos 12 presos podem re-

    ceber sentenasdeapedrejamento.A presso internacional acirrada a nica razo pela qual os apedre-jamentos no so implementadosdesde2010.Masoutros castigosde-plorveis continuamsendousados,como aoites, amputaes e enfor-camentos pblicos.Alm disso, como Shaheed aler-

    tou em seu mais recente relatrio,novas leis propostas podem agra-var a discriminao j inaceitvelcontra as mulheres iranianas. Ho-je, por exemplo, um marido podeimpedir sua mulher de ter um em-prego, e as mulheres nem sequerpodemassistir aumjogodaseleo

    iraniana de futebol no estdio.H pelo menos 50 mulheres de-

    fensoras dos direitos humanos napriso.Advogadoseadvogadas, co-mo eu, que defendem ativistas en-frentam um destino semelhante.Meus colegas Abdolfattah Solta-

    ni e Mohammad Seifzadeh estocumprindo pena de priso por seutrabalho de defesa dos direitos hu-manos.Asautoridades iranianas fe-charam nossa organizao, o Cen-tro de Defensores dos Direitos Hu-manos, que era amaior ONG de di-reitos humanos do pas.Por que, ento, a presidente Dil-

    ma se apressou a retirar seu apoio manuteno do relator especial?OBrasil justificousuaabstenodi-

    zendoqueocompromisso renova-do do Ir com o sistema de direitoshumanosdeveserreconhecido,emespecialaaceitaodamaioriadasrecomendaesfeitasduranteapar-ticipao do pas no segundo cicloda Reviso Peridica Universal.Somente avanos mensurveis

    na situao dos direitos humanosno Ir teriam justificado a mudan-a de voto do Brasil, e isso algoque Teer at agora vem mostran-do que no se dispe a fazer.A diplomacia brasileira assumiu

    umcompromissocomopovoirania-no, e os defensores dos direitos hu-manos esperam que o Brasil cobredo Ir o cumprimento de suas pro-messas.ComoogovernoDilmapre-tende fazer isso?Esperamosque,nofuturo, as posies assumidas peloBrasil sejambaseadasemfatos,noapenas em promessas vazias.

    SHIRIN EBADI, 67, Prmio Nobel da Paz de 2003, advogada e ativista dos direitos humanos no Ir

    Traduo de CLARA ALLAIN

    Nos ltimos tempos, ruas alaga-das e torneiras secas compem odueto de sustos e queixas quemar-caramavidadoshabitantesdeSoPaulo.Paraazardapopulao,comconsequncias danosas para suasvtimas. Chuvas fortes e escoamen-to fraco geram duas constataes.Aprimeiraparadoxal:obrascon-

    sideradas imprescindveis contrainundaes nemmesmo foram ini-ciadas. A segunda semostroumaiscomplexa:aquiealihouveobras in-suficientes.Notiveramcapacitaopara recolher a precipitao mdiadoperododaschuvas. Exemplogri-tante na cidade comomaior nme-ro de carros deste pas foi enorme oprejuzodosveculosnaufragados.Em outro plano, o drama da fal-

    ta de guapotvel subproduto danegligncia. Chega a causar preju-zo Sabesp, com o consumo dimi-nudo.Emperodosde secaprolon-gada, h consumo crescente degua potvel para fins estranhos sede humana.Aquele,porm,quesofrerpreju-

    zo por falta de gua tem duplo di-reito: o de reclamar o reparo inte-gral do dano sofrido e a satisfaointegraldacobranacontraopoderpblico, gerado pela insuficinciado fornecimento.Somatrias que no podem es-

    capar da atenta e ininterrupta ava-liao de cada segmento interessa-do. Verificao que passou desper-cebida da autoridade pblica nosltimos tempos.Da a pergunta dos habitantes

    ofendidos: temos de sofrer as con-sequncias ou podemos atribuir oprejuzo municipalidade e cobrardela?Tantopelasaesomitidasco-mo pela inpcia administrativa.Aprimeira respostapodeparecer

    desalentadora. Embora no seja anica, a chuva, forte ou fraca, umfenmeno da natureza. Assim, es-tranha responsabilidade dos ho-mens e punibilidade deles e deseusagentes,oquecomplicaacons-tatao do dano.Nem por isso eis o centro do

    problemasemisentaropoderp-blico do cumprimento de seus de-veres essenciais, quandooprejuzose refira vida, sade e aos bensdos cidados. gua, portanto.Odadomais evidentedurante as

    chuvas foi o de que o municpio

    nestaeemoutrasadministraesfoi omissoemprever, situar e evitardanosmais graves, at na derruba-da de rvores.Nesses casos, todo direito se re-

    sumeaumacondioessencial: ca-beaopoderpblico impediroagra-vamento de efeitos danosos da na-tureza. Garantir a limpeza de buei-ros, sarjetasevaletas.Preservar sis-temas de escoamento de superfcieousubterrneoessenciais. Cessar aomisso que dura anos.Cabe ao municpio o dever de

    aparar e limpar as rvores dos lo-gradouros pblicos, verificando opeso das guas, a fora do vento.Enfim, preservando sua conserva-oe firmeza.Quandooescoamen-tonoda responsabilidadeexclu-sivadomunicpio, estedevedenun-ciarefeitosqueultrapassemsuares-ponsabilidade direta e reclamar aparticipao de outros rgos p-blicos que possam contribuir parao bem da populao atingida.Em suma, as responsabilidades

    no controle dos efeitos danaturezaincluemaatuaodopoder consti-tudo. Este o exclusivoatuadordobenefcio do povo, em tudo quantose refiragua.a leidavida,maisimportante que a lei escrita.

    WALTER CENEVIVA, 86, advogado. Foi professorde direito civil da PUC de So Paulo

    Dilma Rousseff e o recuo no Ir

    guas de Deus e dos homens

    S H I R I N E B A D I

    WA LT E R C E N E V I VA

    Recm-eleita, Dilma criticoua absteno da diplomaciabrasileira quanto violaode direitos no Ir. Agora queest no poder, faz concesses

    Cabe ao poder pblicoimpedir o agravamento deefeitos danosos da natureza,como as chuvas, e cessar aomisso que dura anos

    Fido

    Nesti

    A seo recebe mensagens pelo e-mail [email protected], pelo fax (11) 3223-1644 e no endereoal. Baro de Limeira, 425, So Paulo, CEP 01202-900. A Folha se reserva o direito de publicar trechos.

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    GREVE DOSPROFESSORES

    %

    TOTAL*:mensagens

    PETROBRAS

    %LAERTE

    %

    ASSUNTOS MAISCOMENTADOS DA SEMANA

    *Soma das mensagens enviadas para a Folha

    Total de comentrios no siteda Folha de .abr a .abr:.

    PetroloO relatrio apresentado pe-

    la Petrobras vulnervel a con-testaes por estar inconsisten-te. H necessidade premente dese aprofundar na conferncia doindigitado relatrio, para quese traga a pblico a veracidade.Ademais, para que a Petrobrasseja realmente passada a limpo,comopropala a presidente DilmaRousseff (Comobalano, Petro-bras vira a pgina e acerta pas-so, afirmaDilma, Mercado,25/4), imperioso que o dinheirodesviado seja devolvido integral-mente e todos os responsveis,sem exceo, sejampunidos.JOO CARLOS GONALVES PEREIRA,advogado (Lins, SP)

    HEnto no propaganda con-

    trria da oposio, no impli-cncia da elite branca e dos co-xinhas. So nmeros oficiaisfalando bemalto e claro de er-ros e safadezas,m-f em-cons-cincia. S a parte reconhecidada corrupo (R$ 6,2 bilhes) noprejuzo da Petrobras seria o PIBde umhipotticomunicpio bra-sileiro na centsima posio. Oensurdecedor silncio das hosteslulopetistas muito conveniente.BOLVAR SILVA (So Paulo, SP)

    HOs empresrios, responsveis

    por obras de infraestrutura emi-lhares de emprego, na cadeia, amaior parte inocente. E os polti-cos corruptos, que os obrigaramapagar para poder trabalhar, sol-tos. Onde h justia? Senado eCmara (Calheiros e Cunha) sus-peitos e investigados. A quemobedecem?Graas a 1964 fomosa oitava economia domundo. De-camos para qual posto em 2015?MARLI MIRA HOELTGEBAUM (So Paulo, SP)

    DengueIntrigante o quase lacnico

    comentrio do leitor Sergio Ta-keoMiyabara relativo icaridina(Painel do Leitor, 25/4). Aps a re-portagem Dengue assusta bair-ros da regio central que desco-nheciamadoena (Cotidiano,24/4), procurei o repelente basea-do nessa substncia e a respos-ta foi a de sempreest em falta.O assuntomerece uma investiga-o, explicao, soluo.SERGIO UMBERTO PAGANONI (So Paulo, SP)

    Hlio SchwartsmanAFolhano pode marque-

    tear ser pluralista enquantoconcede imunidade diplom-tica paraHlio Schwartsmanpanfletar seus dogmasmateria-listas, semoferecer um contra-ponto, comopede o seu Manualde Redao. O fenmeno daconscincia aponta para o dua-lismo, assimpensa John Ecles,Nobel demedicina emneurofi-siologia, emostrampesquisas dadivision of perceptual studiesdaVirginia University. Cerca de50%das faculdades demedicinanos EstadosUnidosministramaulas de medicina e espirituali-dade para ensinar as novas des-cobertas, almdaUSP e daUni-fesp, no Brasil.ZALMAN GIFT (So Paulo, SP)

    HComo sempre,muito bem fun-

    damentados os argumentos deHlio Schwartsman (Custo deoportunidade, Opinio, 24/4).VITAL ROMANELI PENHA (Machado, MG)

    Greve dos professoresOeditorial Mestres indisci-

    plinados (Opinio, 25/4) no correto comaApeosp e a gre-ve dos professores estaduais. Em-bora reconhea que nossos sal-rios so ruins e que precisamosser valorizados, utiliza falsos da-dos fornecidos pela Secretaria daEducao, deixando de cumpriro compromisso de publicar as in-formaes salariais corretas en-viadas pela Apeoesp. O jornal as-socia aos professores atos violen-tos que aApeoesp sempre conde-nou. Nossasmanifestaes sopacficas. Nosso foco a conquis-ta das reivindicaes. O jornal de-veria questionar o governador e osecretrio da Educao sobre porque no apresentampropostasque possam levar ao fimda greve.Emvez de adotar um lado, o jor-nal deveria promover umdebateentre as partes sobre a questo.MARIA IZABEL AZEVEDO NORONHA, presidente daApeoesp (So Paulo, SP)

    HDeplorvel a atuao de pro-

    fessores emgreve na tentativa deinvadir a Secretaria de Educao(Professores devemmanter gre-ve aps quebra-quebra, Coti-diano, 24/4). AApeoesp, enti-dade da qual pediminha desfi-liao, deveria se preocupar comos alunos semaula hmais de 40dias e ter atitudesmais sensatas.NILZAMARIAMENDES DE JESUS,professora aposentada (Capo Bonito, SP)

    BNDESEm8/8/2010, aFolha publicou

    Doze grupos ficam com57%derepasses do BNDES, emque in-formava que as chaves do cofredo BNDES estavamnamo da Pe-trobras, da Eletrobras e de 10 gru-pos, que ficavam com57%dosR$ 168 bilhes das transaes de2008 at junho de 2010. L esta-vam:AndradeGutierrez, Camar-go Corra, Odebrecht etc. Os sub-sdios giravamem torno de R$ 9bilhes. Em 7/2/2010, aFolha pu-blicou Governo federal intensi-fica negcios comempreiteiras,dando conta que a candidata Dil-ma via combons olhos as tran-saes. Na reportagem, asmes-mas empreiteiras e as notriascontribuies eleitorais. Que tal aLava Jato apanhar o BNDES?JOS RONALDO CURI, advogado (So Paulo, SP)

    ChargeEsclareo a Beni Sutiak (Pai-

    nel do Leitor, 24/4) e a quem seofendeu commeu comentrioque no defendo que as pessoassejamobrigadas a gostar de char-ges (ou opinies alheias)eudesgosto de vrias semnecessa-riamenteme sentir ofendido.GERALDOOLIVEIRA CORDEIRO JNIOR(So Paulo, SP)

  • EF

    poderDOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 A4

    Tente outra vezConvencidade queMiguel Reale Jr. sustentar a te-

    sedequeomandatoanteriornopodeserusadoparapediro impeachmentdeDilmaRousseff,abancadadoPSDBnaCmaratentaconvencerAcioNevesacontra-tarpareceresdeoutrosjuristas.AideiasubmeteraIvesGandraMartins,SrgioFerraze JosEduardoAlckminpedidodeaberturadeprocessopreparadopelacoorde-nao jurdicada sigla, que temcomobase aomissonosdesviosdaPetrobraseapedalada fiscalde2014.

    Plural 1 Ives Gandra as-sina, juntamente comoutrosconstitucionalistas de peso,como Jos Afonso da Silva,Seplveda Pertence eDalmoDallari, cartadeapoio indi-cao de Luiz Edson FachinaoSupremoTribunalFederal.

    Plural 2 O manifesto daAcademia Brasileira de Di-reito Constitucional, envia-doaos senadores, dizqueFa-chincumpreplenamenteosrequisitos constitucionais denotrio saber jurdico e mo-ral ilibadaeumdemocra-ta de esprito republicano.

    VacinasParaafastarasu-posta ligao de Fachin como PT, o texto cita frase do ad-vogado emquediz queno um integrante da poltica.A carta atesta que, se apro-vado pelo Senado, o gachojulgarcomprecisotcnicae absoluta independncia.

    Famlia Nas visitas quetem feito a senadores, o indi-cadoporDilmaaoSTF temsi-dosempreacompanhadope-lamulher, adesembargadoradoTribunal de Justia doPa-ran Rosana Fachin.

    Alta... Fachin assinou nagesto Lula pelo menos doiscontratos comempresas el-tricascontroladaspelogover-no, no valor total de R$ 340mil. O primeiro, em 2003, foiparaprestarserviosdeadvo-cacia para Itaipu Binacionalpordoisanos,porR$250mil.

    ... voltagem Em 2008,seu escritrio foi contratadopor Furnas por R$ 90mil pa-ra produzir pareceres pararespaldar a resciso do con-tratodearbitragemcelebra-dos comaEPE (EmpresaPro-dutora de Energia Eltrica).

    Superstar Os deputadosda CPI da Petrobras pediramao juiz SrgioMoro colabora-o numa proposta de mo-dernizao da lei penal bra-sileira que pretendem apre-sentar ao fim dos trabalhos.

    Anticido 1 Em meio queda de brao com o pre-sidente da Cmara, Eduar-doCunha(PMDB-RJ),opresi-dente do Senado, Renan Ca-lheiros (PMDB-AL), ameaacolocaremvotaoumapau-ta indigesta para o governonas prximas semanas.

    Anticido 2 O peemede-bista quer acelerar a discus-so da autonomia do BancoCentral, a limitaodadvidalquidadaUnioeatprojetode Jos Serra (PSDB-SP) quederruba a exigncia de par-ticipaomnimade 30%daPetrobras em consrcios deexplorao do pr-sal.

    Quem pisca O objetivodo Senado avanar ante aCmara, fortalecer a imagemdeindependnciadoLegisla-tivo e manter o governo Dil-ma a reboque do Congresso.

    Bompara...Aestratgiado PSDB na disputa da Pre-feitura deSoPaulo em2016inclui negociar a retirada deCelso Russomanno (PRB),hoje favorito, do preo.

    ... ambas aspartes?Di-rigentes dopartido admitemconvidarodeputado federal,cujo partido integra o gover-nodeGeraldoAlckmin, paraservicenachapadocandida-to tucano, ainda indefinido.

    Por dentro O ex-presi-dente da comisso de licita-esdaCPTMReynaldoDina-marco, denunciado sob sus-peitadeenvolvimentonocar-tel, ocupou diretoria na Se-cretariaPlanejamentodogo-vernopaulistaporquatrome-ses em2010,nagestoSerra.

    Diante de R$ 6 bilhes pelo ralo, o Brasilexige dois pedidos de desculpas. Quem tercoragemde falar primeiro: Lula ouDilma?DO SENADOR ACIO NEVES (MG), presidente nacional do PSDB, sobre oprejuzo estimado com a corrupo no balano da Petrobras de 2014.

    O triplo ou nadaOdeputado Zequinha Sarney (PV-MA) discutia a pau-

    ta de votao na semana passada com colegas da Cma-ra. Quando o grupo se deparou comvrios projetos de leique aumentamas penas previstas para crimes no cdigopenal, o deputado sugeriu:Por economia processual, esses projetos que entu-

    siasmam tanto a tal bancada da bala poderiam ser reu-nidos emums...Sob o olhar curioso de colegas, completou, com ironia:Ficam todas as penas triplicadas, qualquer que se-

    ja o crime!

    d com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA

    PAINELfolha.com/painelVERA MAGALHES

    STFGrupo faz lobbypela aprovaode Luiz Fachinem vaga na cortePg. A9 h

    CONCESSORdio de ex-deputado suspensa apsaluguel a igrejaPg. A11 h

    DIMMI AMORADE BRASLIA

    O governo federal usa re-cursos da Caixa EconmicaFederalparaopagamentodebenefcios sociaisdesdeogo-verno Fernando HenriqueCardoso (1995-2002),mas foino governo Dilma Rousseffque a prtica aumentou demaneira mais acentuada.Dados fornecidos Folha

    pela Caixa ajudam a enten-der comoamanobra, conhe-cida como pedalada umadiamento de despesas doTesouroNacional, comajudadobancopblicose tornouuma ameaa jurdica para aadministrao petista.Segundoentendimentodo

    TCU (Tribunal de Contas daUnio), o artifcio configuraemprstimo da Caixa a seucontrolador, vedadopela Leide Responsabilidade Fiscal.O rgo encaminhou a de-

    ciso ao Ministrio PblicoFederal para que avalie se hcrime nessa manobra. O se-nadorAcioNeves(PSDB-MG)aventou at a possibilidadedepedir impeachmentdeDil-maporcausadaspedalads.Emsuadefesa,ogovernoafir-ma que a prtica antiga.OsnmerosdaCaixa, rela-

    tivos ao pagamento do segu-ro-desempregoedoabonosa-larial, mostram que, de fato,houvecasosnosgovernosan-terioresemqueosmontantesrepassados pelo Tesouro fo-ram insuficientes para o pa-gamento dos programas.No entanto, as propores

    dos ltimos anos so indi-tas. Na virada de 2013 para2014, por exemplo, o bancofederal apresentava umdefi-citdeR$4,3bilhescomopa-gamentodessesbenefciosdeamparo ao trabalhador.A pedido da Folha, a Cai-

    xaenviouonmerodemesesemquehouvedeficitsde1999a 2014, e omaior valor nega-tivo em algumdessesmeses.Entre 1999 e 2002, no go-

    verno FHC, o maior deficit,em valores corrigidos, foi ode R$ 918 milhes em maiode 2000, com o seguro-de-semprego.Namaiorpartedoscasososdeficitsmensaisnochegavam a R$ 100milhes.Nos dois mandatos do ex-

    presidente Luiz Incio Lulada Silva, de 2003 a 2010, osdeficitscaram.Orombomaisexpressivo, de R$ 750 mi-lhes, ocorreu emnovembrode2007,comoabonosalarial.

    DIMENSES natural que haja desca-

    samentosocasionaisentreosrepasses do Tesouro CEF easdespesas efetivasafinal,o dinheiro transferido combase em uma estimativa danecessidadededesembolsos,quepodesermaioroumenor.Oquechamouaatenodo

    TCU foi a frequncia e as di-mensesdosdeficitsdoslti-mos anos, permitindo ao Te-souro mostrar despesas me-norese,portanto,contasapa-rentementemais favorveis.De novembro de 2012 a de-

    zembrode2014,houvedeficittodos os meses no pagamen-

    Aumentodaprtica apartir de2013alarmouoTCUe foi apontadopelaoposio comomotivopara impeachment

    Deficit no pagamento de benefcios sociais forammenores no governo FHC

    Manobras fiscaisnaCaixacresceramnogovernoDilma

    to do seguro-desemprego, eos valores passaram casados bilhes. Em 2013, houvems com deficit de R$ 3,6 bi-lhesnosegurodesemprego.No ano passado, o Banco

    Central comeoua investigaressas transaes e determi-nouqueelaspassassemasercontabilizadas como dvida

    pblica. O TCU pediu expli-caes a 17 autoridades. Ca-so seja confirmada, a irregu-laridade pode levar reco-mendao de rejeio dascontas do ano passado dapresidente Dilma Rousseff.O governo nega que essas

    operaes sejam emprsti-mos,alegandoquese tratade

    contratosdeservioemqueos valores representam flu-xos financeiros entre o ban-co e os ministrios, ora posi-tivos, ora negativos.Almdoseguro-desempre-

    go e do abono salarial, a Cai-xa Econmica paga benef-cios como aposentadorias,penses e Bolsa Famlia.

    AS PEDALADAS NA CAIXAManobras existem desde , mas explodiram em !"#

    BenefciosRepasses

    CAIXAPaga benefciosaos cidados

    CIDADORecebe segurodesemprego eabono salarial

    TESOUROTodo oms, repassa verba Caixa para o pagamentode benefcios

    MaquiagemPara fechar suascontas e parecer emmelhor sadefinanceira, o governoatrasa esses repassese por alguns dias aconta fica deficitria

    PoupanaA Caixa, ento,usa recursosprprios para ospagamentos

    COMO

    OPR

    OBLEMA O que o TCU dizEm votao recente, o Tribunal de

    Contas da Unio condenou amanobra, dizendo que ela fere aLei de Responsabilidade Fiscal, epediu explicaes s autoridadesresponsveis em

    O que o governo dizNo nega que pode ter errado, masafirma que isso acontecia desde ogoverno FHC

    SEGURO DESEMPREGO

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    Valor mximo do dficit no ano, em Rmilhes*

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    *Valores corrigidos pelo IGP-M at maro de !" Fonte: Caixa

  • DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 H H H poder A5ab

    EXECUTIVO PAGOU OBRA APEDIDO DE LULA, DIZ VEJAPreso na Lava Jato, o ex-presi-dente da OAS Lo Pinheiro pa-gou reforma em um stiodfolha.com/no1621183

    IMPEACHMENT SERDECIDI-DOCOMCAUTELA, DIZ ACIOSegundo o presidente do PSDB,deciso ser tomada de formaconjunta com a oposiodfolha.com/no1621252

    PF BUSCAR PIZZOLATO NASEMANA QUE VEMPreso na Itlia, ex-diretor do BBcondenado no mensalo devechegar em Braslia at sexta (1)dfolha.com/no1621197

    VamosmostraraoTCUque equivocadoconsiderar essastransaes comoemprstimos. Seesses pagamentos debenefcios fossemfeitos por umaempresa, porexemplo, eogovernodeixassede fazer odepsito, isso seriaumemprstimo?JAILTON ZANONdiretor jurdico da Caixa

    DE BRASLIA

    O diretor jurdico da Cai-xa Econmica Federal, Jail-ton Zanon, afirmou que obanco j apresentou sua de-fesa ao TCU (Tribunal deContasdaUnio)mostrandoos dados sobre o deficit eque, mesmo com a mudan-a de padro, eles no po-dem ser considerados em-prstimos.

    Vamos mostrar ao TCUque equivocado consideraressas transaes como em-prstimos. Se esses paga-mentos de benefcios nofossem feitos por um bancoe sim por uma empresa, porexemplo, eogovernodeixas-se de fazer odepsito e a em-presa pagasse ao benefici-rio, isso seria um emprsti-mo?, argumenta Zanon.

    De acordo com o diretorjurdico,mesmoemperodosem que houve vrios mesesseguidos de deficit em algu-ma das contas, em nenhumdessesmeses os valores fica-ramnegativospormaisde30dias, por exemplo.

    Ele afirma que os valoresdeficitrios tambm no ti-

    Paradirigentedobanco, transaesnosoemprstimosResponsvel pela reajurdica, Jailton Zanondiz que Caixa j fezsua defesa aoTCU comdados sobre o deficit

    OUTRO LADO

    veramimpactonascontasdobanco, j que so pequenosem relao ao volume detransaes da Caixa.

    VOLUME DE RECURSOSEm relao ao aumento

    dos valores, Zanon afirmouque necessrio considerarque o volume de recursosdessas contas tambm, emmdia, 3,8 vezes superior aodo comeodadcadapassa-dadevido ao crescimentodonmero de beneficirios.

    A Folha pediu entrevistaaoex-presidentedaCaixanoperodo entre 1999 e 2002,EmlioCarazzai,masnoob-teve resposta.

    Noltimodia 17, o Planal-to escalou os ministros JosEduardo Cardozo (Justia) eLus Incio Adams (Advoca-cia-Geral da Unio) para re-bater a deciso do TCU queconsiderou irregulares asmanobras feitas pelo gover-noDilmaRousseffnoprimei-ro mandato.

    Os dois negaram que sejairregular o fato de o governoterutilizadobancospblicospara cobrir despesas quede-veriamter sidopagas comre-cursos do Tesouro.

    Afirmaramquenohouveilegalidade porque no setratou de operaes finan-ceiras, uma vez que repre-sentam meros contratos deprestao de servios.

    GOVERNO FHCOs ministros ainda disse-

    ram que essas medidas soadotadas desde 2001, aindano governo do ex-presiden-te Fernando Henrique Car-doso (PSDB).

    Jos Eduardo Cardozo fezduras crticas ao posiciona-mentode lderesdaoposioque apontaramadeciso doTCUcomonovoelementopa-ra justificar a aberturadeumprocessode impeachmentdapresidente Dilma.

    H um desespero com-pulsivo para tentar encon-trar [algo] para justificar umpedido de impeachment,afirmou Cardozo.

  • abA6 poder H H H DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

    RANIER BRAGONDE BRASLIA

    Protagonistas de umadasmaiores rivalidades dahistria brasileira, GetlioVargaseCarlosLacerdapo-dem,enfim,convergirpoli-ticamente.Aaproximao,38anosapsamortedol-timodeles,obviamentein-voluntria.PTBeDEM,queestudam

    agorasefundiremumani-ca legenda, derivam, res-pectivamente, do campopoltico do presidente quese matou com um tiro nopeito em 1954 e do panfle-trio jornalista, rival figadale piv da crise que culmi-nou no suicdio de Vargas.OPTBfoicriadoem1945,

    nocampodaesquerda, sobforte influnciadoentodi-tador, que via naquele anoruir o seu Estado Novo.Nas duas dcadas se-

    guintes, a sigla reuniu asbases proletrias do var-guismo.Acabouextintanoano seguinte ao golpe de1964, tendo a maior partede seus quadros migradopara o MDB, o partido deoposioaoregimemilitar.O fimdobipartidarismo,

    no fim dos anos 70, levouos varguistas, em larga es-cala, para o PDT de LeonelBrizola (1922-2004), afilha-do poltico de Vargas. Eletentou recriar o PTB, masacabou perdendo na Justi-a a sigla para uma sobri-nha do ex-ditador, Ivete.Embora tenhapassadoa

    trilhar caminhosqueguar-dam pouca similaridadecomovarguismocomooapoioaFernandoCollordeMellonosanos90, soba li-deranadopolmicodepu-tadoRoberto Jefferson,oPTB sempre reivindicou aheranadeGetlioVargas.J o DEM vemde uma li-

    nhagem de direita que re-monta UDNdeCarlos La-cerda, sigla de oposio aVargas.Naditadura,aUDN

    enfim,

    JUNTOS60anos depois, DEMePTB ensaiamumaunio quecolocaria nomesmobalaioherdeiros polticos dosantagnicosGetlio Vargas e CarlosLacerda

    desaguou, conforme o siste-madebipartidarismoimplan-tado pelos militares, na Are-na,asigladeapoioaoregime.Com o ocaso da ditadura,

    partedaArenavirouPDS,par-tido que patrocinou a fracas-sada candidatura presiden-cial de PauloMaluf em 1985.PolticosdoPDScontrrios

    a Maluf acabaram saindo ecriandooPFL,que tevepapelpreponderanteatavitriadeLula, em2002.Ento,passoua minguar. Em 2007, mudoude nome. Virou oDEM.Talvez estejam querendo

    recriar a Frente Ampla, iro-nizaodeputadoeex-ministroMiroTeixeira(PDT-RJ).Ele fazreferncia pouco efetiva erelativamentefugazunioan-tiditadura de Lacerda (apsrompercomosmilitares)comseusantigosadversrios JooGoulart (1919-1976) e Jusceli-no Kubitschek (1902-1976).Quando mudou do PFL

    paraoDEM,opartido jsina-lizouuma inflexodadireitapara o centro. E temos tam-bmalgumas razesno [anti-go] PSD [da ala varguistamais elitizada], afirmaode-putadoRodrigoMaia (RJ), ex-presidente do DEM.O novo partido, que man-

    teria o nomePTB e onmerodoDEM,25, tenderiaaseabri-gar na oposio ao governoDilma.Oobjetivo temrelaozero com precedentes hist-ricos: busca-seapenasmaiormusculatura no Congresso eem futuras eleies.Tanto numa como noutra

    legendahresistncias,oquepode barrar a histrica con-vergncia.OgovernistaJovairArantes (GO), lderdabanca-da do PTB na Cmara, e ooposicionista Ronaldo Caia-do (GO), lder do DEMno Se-nado, fazem coro: Essa fu-sono tempnemcabea.Mas tambm no chega a

    ser uma rivalidade do nvelVargas e Lacerda.

    OMBUDSMANA ombudsman est em frias

    UH/Folhapress Acervo UH/Folhapress

    Getlio numdiscurso para estudantes em SP, em 1952O jornalista membro da UDN Carlos Lacerda, em 1952

  • DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 H H H poder A7ab

    PETROLO

    JOO PEDRO PITOMBODE SALVADOR

    Umaentidade ligadaaoex-deputado federal Luiz Arg-lo (SD-BA), investigado naOperao Lava Jato e presodesde o dia 10, captou R$ 2,1milhes de estatais e empre-sas privadas via Lei Rouanetparapromover festas juninasno interior da Bahia.Batizado de Transbaio, o

    projetoaprovadonoMinist-rio da Cultura em 2012 e 2013envolvia viagens num tremcultural para 54 convida-dos do ex-deputado embala-do por bandas de forr.Tambmpromoveushows

    com distribuio de gratuitade ingressos, cirurgias e con-sultas mdicas nas cidadesonde o veculo passou amaioria delas redutos eleito-raisdoex-deputado, incluin-do sua terra natal.O patrocnio d direito s

    empresas parceiras a abaterat 100% do valor doado noImposto de Renda.Em 2012, o projeto teve

    prestaodecontas rejeitadapeloMinistriodaCultura.AscontasdoTransbaiode2013ainda esto sob anlise.A responsvelpeloprojeto

    aAssociaodos CriadoresdaRegiodeEntreRios, cujasede fica na fazenda RanchoAlegre, da famlia de Arglo.A entidade foi declarada deutilidade pblica em projetodo ex-deputado baiano.

    PATROCINADORESEntreaspatrocinadorasdo

    Transbaio est a Arbor As-sessoria Contbil empresade propriedade de Meire Po-za, contadora do doleiro Al-berto Youssef que desde oanopassadocolaboracomasinvestigaes da Lava Jato.Procurada pela Folha, a

    contadora nega ter patroci-nadooprojeto viaMinistriodaCulturaeacusaYoussefdeter usado indevidamente osdados de sua empresa (leiatexto ao lado).Tambm patrocinaram o

    Transbaio via Lei Rouanetas estatais Chesf, Caixa Eco-nmica Federal e as empre-sas privadas Vale, M. DiasBranco e Grupo Petrpolis.Petrobras, Banco do Bra-

    sil, Banco do Nordeste e go-verno da Bahia injetaramdi-nheirodiretamentenoproje-to, semas contrapartidas fis-cais via Lei Rouanet.Ementrevistas imprensa

    e vdeos institucionais, o ex-deputado Arglo apresenta-va-se como idealizador ecoordenador do Transbaio.Quandooprojeto foi regis-

    tradonoMinistriodaCultu-ra,aentidadeeradirigidaporJuelisia Santana de Souza,

    queat2011 foisecretriapar-lamentar do ex-deputado.

    CONTAS REJEITADASAexecuodoTransbaio

    em 2012 e 2013 movimentou13cidadesdo interiorbaiano.Em 2012, o projeto bancoushows de artistas popularescomo Zez di Camargo e Lu-ciano, Banda Calypso e Chi-clete com Banana.Em 2013, um ano antes da

    eleio, a programao deshowsfoi trocadaporchama-das aes de cidadania.Um vdeo institucional do

    Transbaio estima a realiza-o de 20 mil atendimentosmdicose 2.000cirurgiaspe-lo Transbaio.Mas a execuodoprojeto

    teveaprestaodecontas re-jeitadapeloMinistriodaCul-tura em 2012, que alega quehouve m execuo do pro-jeto pelo proponente porno ter atendido o quesitodemocratizaodoacesso.Segundooministrio,aen-

    tidade havia apresentado oprojeto como totalmentegratuitoparaapopulaodebaixa renda.Contudo, em ofcio envia-

    do aps o evento, os respon-sveispeloTransbaio infor-maram que o evento seriasomentepara convidados,o que contraria as regras dalei federal de incentivo.A rejeio de contas pode-

    rresultarnaexignciadede-voluo de recursos, segun-do oministrio.

    Empresa de contadorado doleiroAlbertoYoussef consta entre aspatrocinadoras, assimcomoVale e Caixa

    Projeto associado a LuizArglo tambmpromoveu shows, cirurgias e consultasmdicas naBA

    Entidade ligadaaex-deputadopresocaptouR$2miparafestas juninas DE SALVADOR

    Contadora do doleiro Al-berto Youssef entre 2012 e2013, Meire Poza afirmou es-tarboquiabertaeindigna-dapor saberquesuaempre-sa consta como doadora derecursos do Transbaio.Pozaalegaque suaempre-

    sa de pequeno porte e notemrecursosparaapoiarpro-jetos culturais.Questionadosobreopatro-

    cnio ao projeto, oMinistriodaCulturaapresentouumdo-cumento assinado por Mar-cos Oliveira de Carvalho, en-to presidente da entidade,que aponta a empresa Arborcomo doadora.Tambm apresentou com-

    provantededepsitodeR$60mil na conta do Transbaio.Noforamexigidosdocumen-tosassinadosporMeirePoza.O advogado de Alberto

    Youssef, Antnio FigueredoBasto, afirma que desconhe-ce qualquer atuao de seuclientenoprojetoTransbaioedestacouquesomenteapro-prietriadaAborConsultoria,Meire Poza, pode respondersobre a empresa dela.Omar Geha, advogado de

    LuizArglo, afirmouquenocomentaria o caso, argumen-tandoquenenhumanegocia-ododeputadocomYoussefenvolveu recursos pblicos.Porquatrodias seguidos, a

    Folha tentoufalarcomoatualpresidente da Associao deCriadores de Entre Rios, Ot-vioOliveira deCarvalho,masno obteve sucesso.Por telefone, funcionrios

    confirmaram que a entidadefuncionana fazendaRanchoAlegre,depropriedadeda fa-mlia do ex-deputado.

    OUTRO LADO

    Contadora se dizindignada pordoao aprojeto

    Junior Pinheiro - 11.abr.15/Folhapress

    Oex-deputado Luiz Arglo aps ser preso e levado a Curitiba

  • abA8 poder H H H DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

    DE SO PAULO

    A jornalista Vera Guima-res Martins, 57, teve esten-didoporumano seumanda-to como ombudsman daFo-lha. Seusegundoperodovaise encerrar emabril de 2016.O mandato anual e podeser renovado trs vezes.Vera a 11 ombudsman

    do jornal desde que o cargofoi criado, em 1989.Cabe a ela escrever uma

    crtica interna diria, que distribuda aos jornalistas,encaminhar as queixas eapontamentos dos leitores eescrever uma coluna sema-nal, publicadaaosdomingosem Poder.O momento mais difcil

    nesse primeiro ano, segun-do ela, foram sem dvida aseleies presidenciais. Apolarizao aguda do anopassado tornou os leitoresextremamente sensveis e osnimos inflamados, afirma.Outrodesafio, deacompa-

    nhar melhor os meios digi-tais, ainda se impe. As de-

    Vera GuimaresMartins a 11 pessoa a exercer a funo naFolha, primeiro jornal a criar o cargo no pas, em 1989

    Ombudsman temmandato renovado pormais umanoEduardo Knapp - 25.abr.2014/Folhapress

    A ombudsman da Folha, Vera Guimares Martins, que trabalha no jornal desde 1990

    realizou 5.316 atendimentos,96% deles por email.Apesar de considerar fun-

    damental, por um lado, ocontato como leitor pelas re-dessociais,Veraacredita,poroutro, que elas produzemmuito calor e pouca luz. Pa-ra uma troca mais produtivade ideias ou para abordarquestesmultifacetadas, elaprefere as colunas domini-cais e o contato direto com oleitor que a procura.

    FUSOSobre a integrao das

    plataformas da Folha, a jor-nalista diz que o site levouvantagem, do ponto de vistado contedo publicado. Ocontedodigitalmelhorou eganhou musculatura com aadeso dos profissionaismais experientes do impres-so, embora ainda tenha er-ros demais.J o impresso, segundo a

    ombudsman, perdeu o dife-rencial que tinha e no con-seguiu criar outro.Seu espao continua en-

    colhendo, e a cobertura se-lecionada e com maior pro-fundidadeanaltica, alterna-tiva cogitadahalgunsanos,ainda no aconteceu, afir-ma a jornalista, que atual-mente est em frias e volta-r a publicar a coluna na se-gunda quinzena de maio.

    1 Caio Tlio Costa

    2Mario Vitor Santos

    3 Junia N. De S

    4Marcelo Leite

    5 Renata Lo Prete

    6 Bernardo Ajzenberg

    7Marcelo Beraba

    8 MrioMagalhes

    9 Carlos E. L. Da Silva

    10 Suzana Singer

    EX-OMBUDSMANS

    TOCITADAh tantosmeses, a cri-seaindanocomeou.Oquepareceestar s avessas e de pernas para oalto, osproblemasentreosPoderes,a inversodeDilma,osdesarranjosdogoverno,e tudoomais, sopeda-os desarticulados do que pode vira ser a crise. Depende de que essaspartes,ouasprincipais, seassociemnamesma direo em que configu-remumaafrontaordeminstitucio-nal. Antes disso, crise uma forade expresso usada sem cerimniacomo tudomais no Brasil atual.O quanto se est distante do pon-

    to de fervura, no d para estimar.Certa a gerao continuada de fa-tores prprios da elaborao de cri-se.Osquaisseapresentam,ameuver,de forma sem precedente entre ns.Ouaomenosdesdemuitasdcadas.O governo Dilma tem sua prpria

    situaocrtica, feitadacombinaodesequilibrada de dificuldades ad-ministrativasedificuldadescomsuadeslealbaseparlamentar.Alutapar-tidria/ideolgica, emque sum la-do tem tido voz, difundiu a interpre-tao de que a realidade perturba-da do governo a crise. No , noentanto,sequerocausadordasmais

    retumbantes confrontaes no m-bito doCongresso. Como Judicirio,apesardodesagradonoSupremope-la demora na indicao do novomi-nistro, o relacionamentodo governono tem e no teve embate algum.No Congresso, Senado e Cmara

    vivem condies muito diferentes,embora conduzidos pelo mesmopartido, oPMDB.AforaAcioNevese mais dois ou trs oposicionistasexcitados, a quietude do Senadolembra uma sala de cinema duran-te filme romntico.RenanCalheirosfaz uma hbil fuso de pronuncia-mentos prprios de presidente comos pessoais, espicaandoDilma e ogoverno, reagindoaopresidentedaCmaraouatacandooprocurador-geral da Repblica,mas sem susci-tar problemas de fato.Ainda que Renan Calheiros rece-

    besse expresses de solidariedadeaoaparecerentreosprocessadosna

    LavaJato, suaexaltaonodeuemhostilidade entre o Senado e a Pro-curadoria Geral da Repblica, nemhouveataquesaoSupremoporacei-tar oprocesso. mais oumenos issoque se passa tambmna relao deRenanedoSenadocomDilmaecomogoverno.OproblemarealdeRenane dos senadores com Eduardo Cu-nha. E no foi provocado por eles.A Cmara est em uma espcie

    de rebeliobranca. Iniciadaa ideiade Eduardo Cunha, to repetidaquantoequivocada,dequeaCma-ra umpoder independente, quan-do parte do Congresso. Na prti-ca,a independnciarevelouserumadesconexo geral.

    A chamada base aliada desinte-grou-se.AbancadadoPMDBaban-donou a linha do partido e passoua orientar-se por Eduardo Cunha.Os pequenos partidos, integrassemouno abase governista, quase to-dos servemaCunha.Apautade vo-taes no tem conexo com o go-verno: segue, declarada e estrita-mente, o decidido por Eduardo Cu-nha. O colgio de lderes, como aMesa Diretora, apenas endossa asdecises do presidente. As comis-ses se criam e so compostas pordeciso de Eduardo Cunha.Ao findar a semana, duas novas

    demonstraesdequeadesconexo mesmo geral. Uma, a atitude su-perior de Eduardo Cunha de avisarao presidente do Senado e do Con-gresso que, se o projeto da terceiri-zao no for submetido com pres-tezavotaodossenadores, todosos projetos originrios do Senado

    iro para o freezer na Cmara.A outra demonstrao: a banca-

    dadoPSDBaderiu linhaCunhae,por seu lderCarlosSampaio, fez sa-ber que at quarta-feira apresentaopedido formalde impeachmentdeDilma, contra a posio da cpulapeessedebista.O rebeladoSampaioadotou tambma ideiade indepen-dncia: Opedidode impeachmentdaCmaraeabancada tem inde-pendncia para decidir. Como noPMDB, fim da direo partidria.AreaodeEduardoCunhasua

    inclusonosprocessadosdaLavaJa-to foi, e continua, muito mais fortequeadeRenanCalheiros.Nofinaldasemanaeledivulgoumaisumaideiade alterao dos poderes judiciais:no caso, um projeto de retirada, doSupremo para a primeira instncia,dosprocessoscontraparlamentares.Soluo, emcausaprpria, para en-caminhar os processos prescrioe invalidar a ao da ProcuradoriaGeral daRepblica.Eduardo Cunha, sem dvida, vai

    se mostrando um fenmeno polti-co. E a sua Cmara, a Casa que ge-ra e dissemina os fatores capazesde levar crise verdadeira.

    Acasada criseJ A N I O D E F R E I T A S

    A Cmara faz um tipo derebelio branca; segue,declarada e estritamente, oque Eduardo Cunha decide

    COLUNISTAS DA SEMANA segunda: Ricardo Melo, tera: Janio de Freitas, quarta: Elio Gaspari, quinta: Janio de Freitas, sexta: Reinaldo Azevedo, sbado: Demtrio Magnoli, domingo: Elio Gaspari e Janio de Freitas

    DE SO PAULO

    A Folha realiza a partirdestasegunda(27)mudanasem sua apresentao aos lei-toresdesuaedio impressa.O noticirio econmico dojornal passa a ser publicadono primeiro caderno, junta-mente com as notcias inter-nacionais e de poltica.Asmodificaesvisamoti-

    mizar o espao e tornar apauta da Folha mais seleti-va, demaneira a atender umleitor cada vez mais exigen-te e como tempomaisdispu-tado por outras fontes de in-formaoedeentretenimen-to e pelas redes sociais.A atual crise econmica,

    que tambmatinge a rea depublicidadedo jornal, acele-rou um projeto que j vinhasendodiscutido internamen-te, de selecionar melhor osassuntosa serempublicadosnaFolha, diz SrgioDvila,editor-executivo do jornal.Embora Mercado deixe de

    circular todos os dias como

    JosimarMelo, PauloTiefenthaler e LgiaMesquita estreiamcomo colunistas emdiferentes sees

    Nesta segunda, noticirio econmico passa para o primeiro caderno; gastronomia ser publicada pela Ilustrada

    Folhamudaapresentaodeversoimpressa

    um caderno separado, o Fo-lhainvest continua circulan-dossegundas-feirase incor-pora a seoTec, quepassa aser veiculada no mesmo dia,nomais s teras.

    O noticirio gastronmicodeComida interrompidoco-mocadernoeser incorpora-do Ilustrada s quartas.Tambm nesta seo, os

    colunistasAlexandraForbes

    (alta gastronomia), Alexan-dra Corvo (vinhos), SandroMacedo (cervejas) e o es-treante Paulo Tiefenthaler(cozinha amadora) iro al-ternar textosmensais no im-

    pressoe,nocasodos trspri-meiros, quinzenais nas ver-ses digitais.A jornalista Luiza Fecarot-

    taestreiacomocrticagastro-nmica da Folha, e Josimar

    Melo iniciaumacolunaquin-zenalnocadernoTurismo. JNinaHorta continua a escre-ver suacrnicasemanal,masnasversesdigitaisdo jornal.O mesmo ocorre com a colu-naquinzenaldoescritor JooPaulo Cuenca.Na Ilustrada, a coluna de

    TV passa a ser assinada porLgia Mesquita Keila Jime-nez deixa o jornal.EmEsporte, a seoPainel

    FC passa a ser publicada emnovoformatosomenteaoss-bados.Nosoutrosdiasda se-mana, as informaes da se-o estaro na edio digitaldo jornal. O colunista FbioSeixas tambmpassaaescre-ver apenas na edio digital.Na seo Mundo, os colu-

    nistas Alexandre Porto, JuliaSweig, Leonardo Padura,MarcosTroyjo eMatiasSpek-tor deixamde serpublicadosno jornalepassamparaaFo-lha na internet.OcolunistaClvisRossi se-

    gue na edio impressa compublicao s segundas (eno mais s teras), quintase domingos.AcolunaVaivmdasCom-

    modities, de Mauro Zafalon,passa a ser publicada s ter-as e aos sbados na edioimpressado jornal, edequar-taasextanasversesdigitais.

    mandas do jornalismo im-pressomonopolizamamaiorparte domeu trabalho e tor-nam invivel acompanhar odinmico e gigantesco con-

    tedo do site com a mesmadedicao.O leitor digital, porm, re-

    corre menos mediao daombudsman, ela ressalta.

    Sua demanda menos a deapontar erros ou criticar ru-mos emais adeopinar sobrea prpria notcia.Emumano,aombudsman

    () Pgina semanal em Folhainvest( ) Pgina semanal em Cotidiano(!) Pgina semanal em Ilustrada(") Circula na Grande So Paulo e nolitoral do Estado(#) Circula na Grande So Paulo,no Rio de Janeiro e emBraslia($) CirculamensalmentenaGrandeSoPaulo, emBraslia enoRiodeJaneiro;nocirculanomsde janeiro(%) Circulamensalmente naGrande So Paulo, em Braslia e noRio de Janeiro(&) Circula no penltimo domingode cadams

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    ESTELITA HASS CARAZZAIDE CURITIBA

    Temerosos de uma poss-vel resistncia do Senado aoadvogadoLuizEdsonFachin,indicadopelapresidenteDil-ma Rousseff ao STF (Supre-mo Tribunal Federal), juris-tas e polticos do Paran for-maram um movimento deapoio sua indicao.

    O principal objetivo con-vencer os congressistas, es-pecialmente da oposio, aapoiarem seu nome. A no-meao de Fachin dependeda aprovao do Senado.

    Fachin, quenasceunoRioGrande do Sul, mas fez car-reira no Paran, tem sidoquestionadosobre suaproxi-midade com o PT. Ele decla-rou voto em Dilma em 2010,foi advogado da Itaipu Bina-cional e j seposicionoua fa-vor da reforma agrria.

    Apreocupao que o ad-vogado seja vtima da cri-se poltica da presidente Dil-ma,emespecialcomoPMDB.

    ummomentodelicado;as foras polticas esto acir-radas. Por isso a articulaotem que ser feita, diz a pro-curadora Maria Tereza UilleGomes, que integra o grupo.

    O presidente do Senado,RenanCalheiros (PMDB-AL),que anda emrusgas comDil-ma, j sinalizou que a apro-vaodeFachinpodenoserfcil, e disse a interlocutores

    que aCasano aceitaria nin-gum com a digital do PT.

    Por isso, o grupo, de cercade 20 pessoas, tem contata-do senadores, governadores,ministros e juzes para refor-aroextraordinriocurrcu-lo de Fachin.

    Um dos que integra a for-a-tarefa o governador doParan, o tucanoBetoRicha.

    Euodefendoabertamen-te. Fachin unanimidade noParan, afirmou Folha.

    Ele j conversou com pelomenos cinco senadores doPSDB, inclusive Acio Neves(MG). Enviou uma carta a to-dos os parlamentares em de-fesa do advogado, e ligou pa-ragovernadores, fomentandoumamobilizaopr-Fachin.

    O grupo tem feito uma es-pecialmovimentaonaban-cada ruralista, quedesconfiadoposicionamentodeFachinquanto reforma agrria.

    Tinha um diz-que-disse,esse tipo de fofoquinha,mas algo lastimvel, diz o se-cretriodaAgriculturadoPa-ran,NorbertoOrtigaraou-tro que est na fora-tarefa.Se no fosse algum com

    Preocupao quegacho seja vtimada crise poltica vividapela presidente, emespecial comoPMDB

    Juristas e polticos conversamcomsenadores,ministrose juzes para defender advogado indicadoporDilma

    GrupodoParan fazlobbyparaaprovarFachinnoSupremo

    boa qualificao, ele no te-ria nem sido indicado.

    Deputados tmpropagan-deadoumprojetode lei, con-cebido por Fachin, que pre-tende introduzirnaConstitui-ogarantiasaoprodutor ru-ral. Sua participao na c-maradearbitragemdaSocie-dadeRuralBrasileiratambmtem sido destacada, comoprovadesua imparcialidade.

    Ele tem um conhecimen-to fantstico, umaalta quali-ficao, diz o presidente doTJ-PR, Paulo Vasconcelos.

    Advogados e magistradoscomatuaonoParanrefor-amqueFachin jamais sepo-sicionou,profissionalmente,de forma partidria.

    Eu no quero acreditarque um conflito de mnimadimenso [entre Dilma e suabase aliada] possa sacrificarumnomedamaior importn-cia para o STF, diz o juristae advogado Ren Dotti. Se-riaalgoabsolutamente injus-to, porque ele no nenhummilitante. um pensador.

    uma campanha, afir-maodeputado federalSrgioSouza (PMDB-PR). Outroschamam o movimento deparanista o Estado teveumministronoSTF,em1894.Noqueroacreditar queumconflito demnima

    dimensopossasacrificar umnomedamaior importnciapara o STF. SeriaabsolutamenteinjustoREN DOTTIjurista e advogado

  • abA10 poder H H H DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

    O socilogo Adalberto Cardoso, diretor do Instituto de Estudos Sociais e Polticos da UERJ

    Zo Guimaraes/Folhapress

    ELEONORA DE LUCENADE SO PAULO

    A Operao Lava Jato estexpondo o corao do capi-talismo brasileiro, que in-teiramente corrupto. Ela fereinteresses empresariais epo-lticosqueusamoEstadoemseubenefcio.Quemdefendeoimpeachmenthojequerqueessa limpezaacabe. Por isso,o impeachmentserveaoscor-ruptores e corruptos.A viso do socilogo

    Adalberto Cardoso, 53, dire-tordoInstitutodeEstudosSo-ciais e Polticos da Universi-dade Estadual do Rio de Ja-neiro. Para ele, ingenuida-de no identificar interessesexternos na crise poltica.Cardoso afirma que o pro-

    jeto sobre terceirizao levaas relaes de trabalho paraosculo19.Masmobilizaesmudaramaqualidadedode-bate sobre o tema, afirma, evotar a favor damudana naCLT suicdio poltico.

    HComoosr.avaliaosdesdobra-mentos da crise poltica apsa priso do tesoureiro do PT?Acorrupo umaprtica

    empresarial antiganoBrasil.Vivemos hoje parte de umprocesso de limpeza e, espe-ro, de correo dessa heran-a de conluio entre o pblicoe o privado. As elites e vriosagentessociaisnosabemse-parar pbico e privado.OEs-tadosempre funcionouaser-vio das elites econmicas.Quando h um amplo com-batecorrupo,opotencialde crise grande.O que a Lava Jato est ex-

    pondoa formacomoocapi-talismo se organiza no pas.Eleconstitudode forasca-pazes de corromper os pode-res pblicos para que a suaatividade possa caminhar.Existe uma simbiose grandeentreagnciasestataisegran-descorporaesegruposeco-nmicos, que usam o Estadocomo agente seu.A Lava Jato est mexendo

    comprofundosinteressesem-presariais e polticos. Aque-lesqueclamampeloimpeach-mentestoquerendoimpedirqueessa limpezacontinue.Oimpeachment hoje serve aoscorruptores e aos corruptos.A histria recente mostra

    que h umcerto vis na aoanticorrupo. S petista ouprximo ao PT vai para ca-deia. H uma profunda revi-so do que o nosso capita-lismo, e o agente desse pro-cesso o governo. Nenhumoutrogoverno jamais fez isso.

    Como avalia as posies queapontam interesses externosnesseambiente,especialmen-te sobre Petrobras e pr-sal?Seria ingenuidade achar

    quenoh interesses interna-cionais envolvidos. Trata-seda segunda maior jazida doplaneta. O impeachment in-teressa s foras que queremmudanasnaPetrobras:gran-des companhias de petrleo,agentes nacionais que tm aganhar com a sada da Petro-brasdaexplorao.Partedes-ses agentes quer tirarDilma.

    H ao coordenada de fora?No acredito em teorias

    internacionais da conspira-o. Mas no h dvida queh financiadores desses mo-vimentos de direita que cha-mampessoaspararua.Asfai-xas tm a mesma tinta, mes-mosdizeres,ascamisetassoiguais, os enfeites. Algumest bancando. Interessa adeterminadas foras inter-nacionais a desestabilizaopoltica do pas. O Brasil estse tornando independenteem petrleo. obvio que osEUAesto olhandopara isso.

    ComovaaodoCongresso?Eduardo Cunha est agin-

    do como manda Maquiavel:fazendo maldades de umavez. Em parte porque no sa-be se h sustentabilidade pa-ra essa agenda que resolveuabrir: reduodamaioridadepenal, terceirizao, armas.

    Mas os protestos contra oprojeto de terceirizao noprovocaramum recuo?Cunha percebeu que co-

    meteu um erro. Uma coisa tirar da gaveta temas conser-vadores da agenda dos cos-tumes aborto, maioridadepenal. diferente de mexerem direito das pessoas, prin-cipalmente no direito dotrabalho. A CLT, que tem 72anos, faz parte do que o Bra-sil.Foiumaconquista, frutode lutas, greves ao longo dedcadas. Trabalhadores nas-cem sabendo do direito.O projeto leva as relaes

    de trabalho para o sculo 19,ummomento na histria queno havia proteo para tra-balhador. Cunha tocou numpontomuito sensvel de umamaneira muito atabalhoada;gerou a reao.

    Porquehouverecuonoamploapoio ao projeto? um suicdio poltico pa-

    ra qualquer partido [apoiar oprojeto]. No caso do PMDB, mais grave porque ele foi opatrono da Constituio de1988. O projeto um tiro nopeito da Constituio, poisdestri direitos sociais e dotrabalho.Ocustoparaospar-tidos ser muito alto se issopassar, e isso foi percebido.[O deputado] Paulinho daFora (PDT-SP) deu um tirona cabea com esse projeto.

    Com os protestos, o projetotemmenoschancedepassar?No tenho dvida. Houve

    mudana na qualidade dodebate.Asociedadereagiu.ACUT, os sindicatos e partidosconseguirambotarmais gen-tenaruanoquenosprotestos

    SOCILOGO DIZ QUE LAVA JATO FERE INTERESSESDOS QUE USAMO ESTADO EM SEU BENEFCIO E QUEIMPEDIMENTO DE DILMA FREARIA ESSE PROCESSO

    ENTREVISTA ADALBERTO CARDOSO

    Impeachment hojeserve aos corruptose aos corruptores

    de 12 de maro. Polticos queno levaremissoemconside-rao esto dando tiro no p.

    Essamobilizaopodevirarojogo e galvanizar a esquerda?Noparlamento, umapos-

    sibilidade real. O presidentedo Senado disse que a lei co-mo est nopassa. OPMDBumpartidodealgumamanei-ra comprometido comcausassociais e no abdicou inteira-mente da sua histria. Abrirmo disso um risco alto.

    Oprojeto da terceirizao vaifracassar?Metade da Cmara com-

    posta de empresrios, queapoiamoprojeto e tmmuitoaganhar comele.Eleprecari-za relaesde trabalhoegerareduo de custos. Vai haverpressomuito grandedo lob-by empresarial e financeiro.Mas haver tambm povo narua fazendo barulho. Polticopreocupado com sua sobre-

    vivncia ouve a rua. Polticopreocupado com sua reelei-o ouve quem paga campa-nha. Issovaicriarumatensosria no Congresso.

    Comoanalisa o futurodoPT?Tudovaidependerdospr-

    ximosmeses. Seaquestodoimpeachmentevoluiroqueno consideroo cenriomaisprovveloPT vai sofrer umrevs que levar anos para serefazer. H um outro cenriode sangramento contnuode Dilma, com ela ficandototalmente submissa ao Con-gresso, um esvaziamento dapresidncia. O cenrio maisprovvel de uma crise nes-teano,estabilizaoem2016,retomada em 2017 e o Brasilchegar bombando em 2018,como aconteceu em 2010.

    ComLula?A tentativa hoje destruir

    governo, PT e Lula. O que es-t em jogo um processo de

    desconstruo de uma alter-nativa eleitoral de esquerda.O PT paga um preo alto porfazer o que os partidos de es-querda fazem: distribuiode renda, melhoria de vidaparaosmaispobres, reduoda desigualdade.

    A liderana do ex-presidenteLula foi abalada?Ningum est imune ao

    processo de desconstruo.

    Mas Lula Lula. Hoje ele so-fre as consequncias do des-soramento do projeto do PTem funo da crise econmi-ca e poltica. Se o cenrio daretomada se concretizar, Lulapode voltar a ser o que era.

    Qual sua viso sobre Acio?Aciovoltoucomaagenda

    do impeachment, que partedo PSDB estava abandonan-do, por duas razes. Primei-ro, porque Eduardo Cunhatomou a dianteira da agendada oposio e de direita demaneira muito eficiente nosltimos meses. Em segundolugar,porqueosque foramsruasnaqueledomingocome-aramachamarAciodeca-go, porque ele no vinha[s ruas]. A nica bandeiraque ele tem nesse debate ado impeachment.

    Leia a ntegra emfolha.com/no1621134

    Cunhapercebeuquecometeuumerro [...]ACLT foiumaconquista, frutodelutas, greves [...]Eoprojetodaterceirizao levaasrelaesde trabalhoparaosculo 19

    OEstadobrasileiro semprefuncionou a serviodas eliteseconmicas [...]Humcerto vis naao anticorrupo.Spetista ouprximoaoPTvaipara a cadeia

  • DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 H H H poder A11ab

    Jorge Arajo/Folhapress

    Casa que sedia o estdio da emissora, emSantana, SoPaulo

    Jorge Arajo/Folhapress

    Casa que deveria abrigar rdio, emSo Jos dos Campos (SP)

    Jorge Arajo/Folhapress

    Antenas daRdio Vida na serra de Itapeti, emMogi das Cruzes

    TRS ENDEREOSA concesso da Rdio Vida para So Jos dos Campos, mas uma antena a transmite de Mogi, e a sede em So Paulo

    GRACILIANO ROCHAENVIADOA SO JOS DOS CAMPOS EMOGI DAS CRUZES

    Emumadeciso indita, aJustiaFederalmandouinter-romper as transmisses daRdio Vida por alugar a suaprogramao para uma igre-ja evanglica.A juza federal Flvia Seri-

    zawa e Silva tambm deter-minou o bloqueio dos bensdo ex-deputado Carlos Apo-linrio, dono da emissora, edopastor JuanribePagliarin,lder da Comunidade CristPaz e Vida, que arrendava ardio. Cabe recurso.Trata-se da primeira deci-

    so judicial emumaofensivamovidapeloMinistrioPbli-co Federal contra o milion-rio mercado de aluguel deemissorasumaprticadis-seminada pelo pas, mas ve-tadapeloCdigoGeraldeTe-lecomunicaes, que probeo arrendamento de emisso-rasderdioeTV,quesocon-cesses do poder pblico.Embora a deciso seja de

    27 de maro, a rdio conti-nuavaoperandonormalmen-tena frequncia96.5,atase-manapassada,porqueaindano havia sido notificada. Obloqueio das contas banc-rias foiefetivadoporquea ju-za incluiuosdadosdoex-de-putado e do pastor no siste-ma do Banco Central.H pelo menos quinze

    emissoras de So Paulo queadotam a prtica, segundo aFolhaapurou.Deacordocomum dos contratos anexadosaos autos, a Rdio Vida foialugada por R$ 300 mil porms entre janeiro de 2009 edezembrode2013R$18mi-lhes em cinco anos.No ano passado, o aluguel

    foireajustadoparaR$480mil.Mas a parceria entre o pastoreoex-deputadochegouaofimemmarode2014,depoisqueas transmisses foram inter-rompidas e os equipamentosde transmisso, lacrados nocurso de uma outra ao quecorrenaJustiaFederaldeMo-

    gi das Cruzes (SP).Um componente funda-

    mental para aumentar as re-ceitas do aluguel de rdios apaulistanizaodasemis-sorasuma srie de estrata-gemas que permitem trans-formarpequenasconcessesde alcance limitado no inte-rior empotnciasda radiodi-fuso na capital.Segundoaaocivilpbli-

    camovidapeloprocuradorJe-fersonAparecidoDiascomfo-co no aluguel da emissora, aRdioVida ampliou, semau-torizao daAnatel (AgnciaNacional de Telecomunica-es), de 30kW para 100 kWsuapotnciade transmisso.

    SEDENo endereo da periferia

    de So Jos dos Campos on-deaRdioVidadeveria estarsediada, segundo a outorgaoriginal, no h nada quelembre o funcionamento deuma rdio, comaexceodeuma antena nos fundos deum quintal.Na casa que deveria abri-

    gar os estdios e a operaodaemissoravivesomenteumcasal que toma conta dapro-priedade do ex-deputado.A sedede fato ficanumso-

    bradoemSantana, zonanor-te da capital paulista, amaisde 90 km de distncia.Isso s possvel porque a

    RdioVidainstalouumtrans-missorclandestino, segun-dooMinistrioPblicoFede-ral no alto da serra de Ita-peti,emMogidasCruzes,per-mitindoqueo sinal chegasse Grande So Paulo.A antenana serramotivou

    a deciso da Justia de MogidasCruzesquesuspendeuastransmisses no ano passa-do e levou ao fim do aluguelda Rdio Vida pela Paz e Vi-da. Apolinrio conseguiu re-verter a medida na Justia.Aquestovoltou tonana

    nova ao civil pblica, ago-ra com nfase na questo doaluguel da programao.H dupla usurpao de

    bempblicopelaRdioVida,queampliousemautorizaosua potncia [...] e transferiuseu sistema irradiante paraMogi de forma a atingir todaa Grande So Paulo; e [tam-bm] alugou sua concessomediante vultoso ganho fi-nanceiro, escreveu a juza.

    Valor do contrato eradeR$480mil porms;para turbinar receitas,emissoras do interiormigrampara a capital

    Deciso indita atinge emissora deex-deputado, que pode recorrer

    Aluguel paraigreja causasuspensoderdiodeSP

    DE SO PAULO

    Ex-presidente da Assem-bleia Legislativa de So Pau-lo, Carlos Apolinrio admiteter arrendado sua rdio paraaComunidadeCristPazeVi-da. Ele defende-se dizendoquemais de 2.000 emissorasdo pas segundo sua esti-mativasocontroladasporigrejas, seguradorasebancosque pagam aluguel para osconcessionrios.O procurador entendeu

    que uma concesso no po-deria ser arrendada, algocompletamente sem funda-mento jurdico, disse.Se a tese dele fosse verda-

    deira, no poderia ter a rdioBradesco, que um banco,noumardio.Qualcrimeeucometi, sepaguei todosos im-postos? crime ganhar di-nheiro?,questionouApolin-rio, frisandoquenotemcon-tratos comopoder pblico.Oua lei valepara todasas

    2.000 rdios e televises quearrendamhorrio ouno va-le. Agora, o nico que sofreuessa sano foi o CarlosApo-linrio, prosseguiu.O ex-deputado tambm

    contestaaalegaodequete-nha mudado ilegalmente olocal de outorga, em So Jo-sdosCampos,paraSoPau-lo.Eleafirmaquehpelome-

    nos dezesseis rdios do inte-rior paulista que hoje estoinstaladas na capital.Segundo ele, a antena na

    serrado Itapeti, emMogi dasCruzes, que permite rdioalcanar a capital e a regiometropolitana, legal.Eu consegui uma autori-

    zao da Justia para a ante-na emMogi, eu no estava lde bobo alegre, no, disse.Oex-deputadosedissecas-

    tigado injustamentepeloblo-queio dos seus bens: Essaaocvelmedeixousemumtosto no bolso. Estou arru-mandodinheiro emprestadoparapagardvidae funcion-rio. Voc no sabe o sufocoque estou passando.AFolhanoconseguiuen-

    contrar o pastor evanglicoJuanribePagliarin,daComu-nidade Crist Paz e Vida, pa-ra comentar o caso. (GR)

    OUTRO LADO

    Ex-deputadodefendearrendamentode suaemissoraenegaprtica ilegal

    Jorge Arajo/Folhapress

    O ex-deputado CarlosApolinrio em entrevista

  • abA12 poder H H H DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

    A crise da Petrobras abriu umatemporada de oportunidades nomercado mundial de energia, comempresaseconcessesvenda.Pa-ra os americanos e europeus, a La-va Jatomostrouque esse umcam-po minado por propinas e ligaesperigosas. Para a China, esses ris-cossodesprezveis.Ela jomaiorparceiro comercial do Brasil, preci-sa de petrleo e vem expandindosuapresenanaAmricaLatina.Hpoucoos chineses socorreramaPe-trobras comumemprstimodeUS$3,5 bilhes.Essa poderia ser uma situao

    virtuosa,masemseusnegcioscoma China o governo brasileiro traba-lhade forma incompetente,pensan-do mais em marquetagens. Em2004, quando o presidente Hu Jin-tao visitou Braslia, deram-lhe umintrpretequetransformouumapro-

    messa de comrcio em anncio deinvestimento.Em2011adoutoraDil-mafoiChinaedesuacomitivasaiuanotciadequeaempresaFoxconninvestiria US$ 12 bilhes em seisanos produzindo iPhones e iPadsmais baratos em Pindorama. Loro-ta.Passaram-sequatroanos, aFox-conn beneficiou-se com incentivose doaes de terrenos, investiume-nos de US$ 2 bilhes, produz iPho-nes e iPads,masparaosbrasileiroseles continuam a ser os mais carosdomundo.Quem jnegociou comogoverno

    e empresas chinesas ensina: Elessentam para conversar sabendo o

    que querem. Ns sentamos sem sa-ber sequer o que queremos. O go-verno brasileiro j lidou com o queLula chamou de deciso ideolgi-ca. Foi assim que decidiu associara Petrobras a uma empresa chine-sanoprojetodeumgasodutodemilquilmetros entre o Esprito SantoeaBahia.A iniciativa foi tocadaporuma empresa de fachada.Opiordosmundosseriaumcasa-

    mentodepetrocomissrioscomoPe-dro Barusco com mandarins seme-lhantesaZhouYongkang.Ocompa-nheiroZhoufoiumdoshomensmaispoderosos daChina e comeou a vi-da nomundo do petrleo. Embreveele ir a julgamento, e seu filho estna cadeia. A Petrobras estimou quea corrupo custou-lhe R$ 6,2 bi-lhes. Mixaria. O governo chins jconfiscou US$ 14,5 bilhes de Zhou,sua famlia e seus comparsas.

    A boa notcia que Pequimquer fazer negcios com oBrasil, a m que eles nofazemperguntas incmodas

    AChinano feirodaPetrobrasE L I O G A S P A R I

    Juliana Freire

    DILMA

    O grande argumento que acom-panhou o convite a Michel Temerpara assumir a coordenao pol-tica do governo foi o de que, que-la altura, se ele recusasse o cargo,o governo acabaria.Era exagero,mas, antes de aca-

    bar, deve comear. Como ensina oprofessor Delfim Netto, para fun-cionar, um governo precisa fazer oseguinte:Voc tem que abrir a quitanda

    sseisdamanh, colocarosasbe-ringelas nobalco e conferir o cai-xa para ver se h troco paraas fre-guesas.

    ACIO

    O senador Acio Neves baixaro tom em relao ao impedimentoda doutora Dilma. Resta saber oque colocar no balco do PSDB.Desde que a doutora sequestrou-lhe a agenda econmica, Aciotransformou-seno trombonedaor-questra, fazbarulhocompoucame-lodia.

    EREMILDO, O IDIOTA

    Comoapoiodaoposio, oCon-gresso resolveudarR$867milhesaos partidos polticos. A doutoraDilma sancionou o mimo e conti-nua prometendo um aperto fiscal.Eremildoum idiotae fezacon-

    ta.CadabrasileiroadultodoarR$6,50aosmaganos.Nonada,no nada, o preo de dois litros deleite, com direito a troco.A hora de servio do trabalha-

    dor que ganha um salrio mnimovale R$ 3,58.

    MUDANA DE CLIMA

    Parlamentares que pareciamzumbis quando se falava da Lis-ta do Janot, adquiriram uma no-va vida. Circulam sorridentes porBraslia.Isso sedeve, emparte, consta-

    tao de que o Ministrio Pblicoe a Polcia Federal esto batendocabeas por causa do ritual de to-mada de depoimentos.Quemdeve,notemedepoimen-

    to, temedilignciase investigaes.

    ASTROLOGIA

    Os astrlogos do Planalto acre-ditam que a mar de impopulari-dadedadoutoraDilmacomeouarefluir.Elasairiadooitavocrculodo in-

    ferno, onde ficam os mentirosos,para o stimo, o dos criadores deconflitos sociais.

    LOGO QUEM

    Lula ensinou: O mundo preci-sa acabar com o preconceito con-tra a frica.Preconceituoso seria o sujeito

    que, ao ver ruas limpas na capitaldaNambia, diz o seguinte: Estousurpreso porque para quem chegaemWindhoeknoparece que estnumpasafricano.Suaspalavras,em 2003.

    RAVENSBRUCK

    SaiunosEstadosUnidosumbe-lo livro contando a histria docampo de extermnio de Ravens-bruck, onde Olga Benrio, a mu-lher de Luiz Carlos Prestes, foimandada para a cmara de gsem 1942. Era um campo s demu-lheres. Como ficavadentro daAle-manha, pouco lembrado. A jor-nalista SarahHelm conta sua his-tria com emoo e olho femini-no. Nele talvez haja uma novida-de: os servios de informaes in-gleses impediramque comunistasdo porto de Southampton resga-tassem Olga do navio que a leva-va a Hamburgo. A empresa Sie-mens ainda no se desculpou porter mantido no campo uma fbri-ca movida a trabalho escravo.Assim a vida. Filinto Mller, o

    chefedepolciadeGetlioVargas,ficou com a conta da deportaode Olga, grvida de sete meses,mas a deciso foi tomada numareunioministerial, onde ele tinhavoz, mas no tinha voto. O minis-tro da Justia Vicente Rao assinoucom Getlio o ato de expulso deOlga.Mais: a deportao foi asse-guradapelo SupremoTribunal Fe-deral.Servio: Ravensbruck est na

    rede por US$ 5,99.

    O juiz Srgio Moro esqueceu-sedo versinho: A vida uma arte,errar faz parte. Desde novembroele se transformou numa esperan-a de correo e rigor. Botou ma-ganos na cadeia, desmontou asempulhaes do governo, da Pe-trobras e das empreiteiras. Tomou

    centenas de providncias, masdeu-se mal quando prorrogou apriso de Marice Correa de Lima,cunhada do comissrio Joo Vac-cari Neto. Aceitou a prova de umvdeo obtido pela Polcia Federal,endossada pelo Ministrio Pbli-co, na qual ela foi confundida com

    Giselda, sua irm.Desde o primeiromomento o ad-

    vogado de Marice disse que a se-nhora mostrada no vdeo er