fôlego#18

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Entre riscos e conquistas, Rosier Alexandre superou desafios do montanhismo e tornou-se o pri- meiro nordestino a pisar no topo do maior pico das Américas Gabriela Gomes e Raquel Maia Coincidência ou não, Rosier Alexandre nasceu justamente onde se localiza o ponto mais alto do Ceará, no município de Monsenhor Tabosa. Desde a infância, guardava verda- deiro fascínio por altitudes. “Quando criança, já ficava im- pressionado com mirantes e altas montanhas. Imaginava e depois desenhava tudo no ca- derno”, relata. Formou-se em Marketing, mas nunca deixou de lado o desejo de escalar os mais altos e gelados montes do mundo. Entre dezembro de 2004 e janeiro de 2005, Alexandre colocou seu sonho em práti- ca: organizou uma expedição ao Aconcágua (Cordilheira dos Andes), a segunda mon- tanha mais alta da terra com 6.962 metros de altura. Apesar de não ter chegado ao topo, o montanhista estabeleceu um novo recorde Norte/Nordeste de altitude, chegando a 6.700 metros. No ano seguinte, orga- nizou uma segunda expedição e, no dia 16 de janeiro de 2006, abriu a bandeira cearense no cume do Gigante dos Andes. Foi o primeiro montanhista do N/NE e um dos poucos brasi- leiros a conquistar o podero- so e temido “Ackon-Cahuac”, ou “sentinela de pedra”, como chamavam os Incas. Hoje, aos 40 anos, Rosier Alexandre é um dos montanhistas mais des- temidos do país e divide suas experiências sobre o esporte que também encara como um lazer, seu maior e mais desa- fiante hobby. O início “Minha primeira grande aventura foi no território ar- gentino, onde escalei o Cer- ro Vallecitos, uma montanha com 5.500 metros de altitude. Quando consegui chegar ao cume, no dia 31 de dezembro de 2004, deslumbrei-me com uma paisagem encantadora e tinha o coração quase explo- dindo de emoção. A preparação foi feita no Brasil. Como aqui não tem grandes montanhas, foi um pouco difícil. Com objetivo de superar as dificuldades, eu me preparo fisicamente de forma impecável para, quan- do partir para a montanha, a resistência à altitude seja a máxima possível”. Fascínio “O que me atrai no monta- nhismo são três coisas básicas: primeiro, a paisagem. Quanto mais alto o lugar, mais bonito o mirante a ser observado. Em segundo, as reflexões. As mon- tanhas são lugares relaxan- tes para pensar na vida, não existe lugar melhor para ler do que no pico de uma montanha. Lá, você está livre de todas as modernidades que nos pertur- bam. A terceira, e mais inte- ressante, é a administração da expedição. Você aplica isso na sua vida profissional, a parte administrativa de uma aventu- ra dessas é fundamental, não há lugar para erros. A questão emocional con- ta bastante. Já cheguei a ficar quase oito dias sem ter nenhu- ma notícia da minha família e nem ela de mim. A saudade é sempre constante. Mas sinto que, quando saio de mais uma aventura, venho renovado físi- ca e psicologicamente”. O Aconcágua “A expedição feita para o Aconcágua (localizado nos Andes argentinos) foi muito difícil, por se tratar de uma montanha muito alta e ge- lada e por nós não estarmos acostumados àquele clima, nem ao frio extremo e nem a altitudes tão elevadas. Antes de encarar uma aventura como essa, é im- portante, primeiro, que haja uma adaptação a grandes al- titudes. É assim que eu faço: antes de escalar a montanha principal, passo alguns dias escalando uma montanha menor para iniciar o proces- so de aclimatação, momento em que o corpo vai se expon- do a estas novas condições e começa a se adaptar. A adaptação é importantíssima e vem aliada ao planejamen- to. Quando ele é bem feito, consegue-se chegar ao ponto final com segurança. É assim que se deve trabalhar, visan- do ao êxito na expedição que é chegar ao objetivo final, porém com segurança”. A conquista e a meta “Inicialmente, eu queria es- calar o Pico da Neblina, maior montanha do território brasi- leiro, tendo como maior difi- culdade a sua localização, no meio da floresta amazônica. Terminei deixando esse pro- jeto de lado e resolvi escalar o Aconcágua, com 6.962 me- tros de altitude. Fui a 6.700 metros de altitude, mas não consegui chegar ao cume. Voltei para o Brasil e passei mais um ano me preparando. No final de 2005 retornei ao Aconcágua e no dia 16 de ja- neiro de 2006 consegui pôr os pés no cume da montanha e abrir a bandeira cearense. Eu tenho um projeto de escalar as maiores monta- nhas de cada continente (são sete). Já escalei várias aqui na América do Sul, mas existem outras em continentes como Antártida, Europa, Oceania e da África que fazem parte dos meus objetivos atuais. Sem falar no Everest (Ásia), que é o maior de todos os de- safios”. FÔLEGO JORNAL-LABORATÓRIO SOBPRESSÃO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIFOR MAI/JUN 2009 ANO 6 N° 18 Saiba mais... Picos mais altos dos continentes Ásia Monte Everest 8.844m América do Sul Aconcágua 6.962m América do Norte Monte McKinley 6.194m África Kilimanjaro 5.892m Europa Monte Elbrus 5.642m Antártida Maciço Vinson 4.892m Oceania Pirâmide Carstensz 4.884m O desafio de chegar ao topo Planejamento e segurança Desafiando geladas montanhas, Rosier alcançou suas metas e chegou ao pico, abrindo a ban- deira cearense no ponto mais alto das américas FOTO: ARQUIVO PESSOAL Site de Rosier Alexandre www.rosier.com.br [email protected] (85) 3246.2310 Serviço Rosier Alexandre no topo de mais uma conquista, a 6.088 de altitude FOTO: ARQUIVO PESSOAL Diversos riscos podem sur- gir quando o atleta escala mon- tanhas de elevadas altitudes. A melhor forma de evitá-los é por meio de um bom planejamen- to administrativo da excursão e um bom preparo físico. Den- tre os problemas que podem surgir, os mais comuns são os edemas pulmonar ou cerebral e as quedas. “Cerca de 80% das mortes acontecem nas desci- das. O montanhista gasta toda a energia para chegar ao cume e acaba esquecendo a volta, tor- nando-a muito perigosa”, alerta Rosier Alexandre, que conside- ra também as avalanches como perigosos obstáculos no cami- nho do montanhista. De acordo com ele, “em esca- lada de alta montanha, o ideal é subir cerca de 300 a 400 me- tros por dia, não se deve passar disso. O pensamento deve ser o de ganhar altura com responsa- bilidade. Se em apenas um dia você subir 500 a 600 metros de altitude, o risco de ser surpreen- dido por um edema é grande”. Quando consegui chegar ao cume, des- lumbrei-me com uma paisagem encantado- ra e tinha o coração quase explodindo de emoção. Montanhista Rosier Alexandre

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Page 1: Fôlego#18

Entre riscos e conquistas, Rosier Alexandre superou desafi os do montanhismo e tornou-se o pri-meiro nordestino a pisar no topo do maior pico das Américas

Gabriela Gomes e Raquel Maia

Coincidência ou não, Rosier Alexandre nasceu justamente onde se localiza o ponto mais alto do Ceará, no município de Monsenhor Tabosa. Desde a infância, guardava verda-deiro fascínio por altitudes. “Quando criança, já fi cava im-pressionado com mirantes e altas montanhas. Imaginava e depois desenhava tudo no ca-derno”, relata. Formou-se em Marketing, mas nunca deixou de lado o desejo de escalar os mais altos e gelados montes do mundo. Entre dezembro de 2004 e janeiro de 2005, Alexandre colocou seu sonho em práti-ca: organizou uma expedição ao Aconcágua (Cordilheira dos Andes), a segunda mon-tanha mais alta da terra com 6.962 metros de altura. Apesar de não ter chegado ao topo, o montanhista estabeleceu um novo recorde Norte/Nordeste de altitude, chegando a 6.700 metros. No ano seguinte, orga-nizou uma segunda expedição e, no dia 16 de janeiro de 2006, abriu a bandeira cearense no cume do Gigante dos Andes. Foi o primeiro montanhista do N/NE e um dos poucos brasi-leiros a conquistar o podero-so e temido “Ackon-Cahuac”, ou “sentinela de pedra”, como chamavam os Incas. Hoje, aos 40 anos, Rosier Alexandre é um dos montanhistas mais des-temidos do país e divide suas experiências sobre o esporte que também encara como um lazer, seu maior e mais desa-fi ante hobby. O início

“Minha primeira grande aventura foi no território ar-gentino, onde escalei o Cer-ro Vallecitos, uma montanha com 5.500 metros de altitude. Quando consegui chegar ao cume, no dia 31 de dezembro de 2004, deslumbrei-me com

uma paisagem encantadora e tinha o coração quase explo-dindo de emoção.

A preparação foi feita no Brasil. Como aqui não tem grandes montanhas, foi um pouco difícil. Com objetivo de superar as dificuldades, eu me preparo fisicamente de forma impecável para, quan-do partir para a montanha, a resistência à altitude seja a máxima possível”.

Fascínio“O que me atrai no monta-

nhismo são três coisas básicas: primeiro, a paisagem. Quanto mais alto o lugar, mais bonito o mirante a ser observado. Em segundo, as refl exões. As mon-tanhas são lugares relaxan-tes para pensar na vida, não existe lugar melhor para ler do que no pico de uma montanha. Lá, você está livre de todas as modernidades que nos pertur-bam. A terceira, e mais inte-ressante, é a administração da expedição. Você aplica isso na

sua vida profi ssional, a parte administrativa de uma aventu-ra dessas é fundamental, não há lugar para erros.

A questão emocional con-ta bastante. Já cheguei a fi car quase oito dias sem ter nenhu-ma notícia da minha família e nem ela de mim. A saudade é sempre constante. Mas sinto que, quando saio de mais uma aventura, venho renovado físi-ca e psicologicamente”.

O Aconcágua “A expedição feita para o Aconcágua (localizado nos Andes argentinos) foi muito difícil, por se tratar de uma montanha muito alta e ge-

lada e por nós não estarmos acostumados àquele clima, nem ao frio extremo e nem a altitudes tão elevadas. Antes de encarar uma aventura como essa, é im-portante, primeiro, que haja uma adaptação a grandes al-titudes. É assim que eu faço: antes de escalar a montanha principal, passo alguns dias escalando uma montanha menor para iniciar o proces-so de aclimatação, momento em que o corpo vai se expon-do a estas novas condições e começa a se adaptar. A adaptação é importantíssima e vem aliada ao planejamen-to. Quando ele é bem feito, consegue-se chegar ao ponto final com segurança. É assim que se deve trabalhar, visan-do ao êxito na expedição que é chegar ao objetivo final, porém com segurança”.

A conquista e a meta“Inicialmente, eu queria es-calar o Pico da Neblina, maior montanha do território brasi-leiro, tendo como maior difi-culdade a sua localização, no meio da floresta amazônica. Terminei deixando esse pro-jeto de lado e resolvi escalar o Aconcágua, com 6.962 me-tros de altitude. Fui a 6.700 metros de altitude, mas não consegui chegar ao cume. Voltei para o Brasil e passei mais um ano me preparando. No final de 2005 retornei ao Aconcágua e no dia 16 de ja-neiro de 2006 consegui pôr os pés no cume da montanha e abrir a bandeira cearense.

Eu tenho um projeto de escalar as maiores monta-nhas de cada continente (são sete). Já escalei várias aqui na América do Sul, mas existem outras em continentes como Antártida, Europa, Oceania e da África que fazem parte dos meus objetivos atuais. Sem falar no Everest (Ásia), que é o maior de todos os de-safios”.

FÔLEGOJORNAL-LABORATÓRIO SOBPRESSÃO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIFOR MAI/JUN 2009 ANO 6 N° 18

Saiba mais...

Picos mais altosdos continentesÁsiaMonte Everest8.844m

América do SulAconcágua6.962m

América do NorteMonte McKinley 6.194m

ÁfricaKilimanjaro 5.892m

EuropaMonte Elbrus 5.642m

AntártidaMaciço Vinson4.892m

OceaniaPirâmide Carstensz4.884m

O desafio dechegar ao topo

Planejamento e segurança

Desafi ando geladas montanhas, Rosier alcançou suas metas e chegou ao pico, abrindo a ban-deira cearense no ponto mais alto das américas FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Site de Rosier [email protected](85) 3246.2310

Serviço

Rosier Alexandre no topo de mais uma conquista, a 6.088 de altitude FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Diversos riscos podem sur-gir quando o atleta escala mon-tanhas de elevadas altitudes. A melhor forma de evitá-los é por meio de um bom planejamen-to administrativo da excursão e um bom preparo físico. Den-tre os problemas que podem surgir, os mais comuns são os edemas pulmonar ou cerebral e as quedas. “Cerca de 80% das mortes acontecem nas desci-das. O montanhista gasta toda a energia para chegar ao cume e acaba esquecendo a volta, tor-

nando-a muito perigosa”, alerta Rosier Alexandre, que conside-ra também as avalanches como perigosos obstáculos no cami-nho do montanhista.

De acordo com ele, “em esca-lada de alta montanha, o ideal é subir cerca de 300 a 400 me-tros por dia, não se deve passar disso. O pensamento deve ser o de ganhar altura com responsa-bilidade. Se em apenas um dia você subir 500 a 600 metros de altitude, o risco de ser surpreen-dido por um edema é grande”.

Quando consegui chegar ao cume, des-lumbrei-me com uma paisagem encantado-ra e tinha o coração quase explodindo de emoção.

Montanhista

Rosier Alexandre

Page 2: Fôlego#18

SOBPRESSÃOMAIO / JUNHO DE 20092 FÔLEGO

Caderno Fôlego - Fundação Edson Queiroz - Universidade de Fortaleza - Diretora do Centro de Ciências Humanas: Profa. Erotilde Honório - Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Eduardo Freire - Disciplina Jornalismo Especializado I - Professor Orientador: Alejandro Sepúlveda - Projeto Gráfi co: Prof. Eduardo Freire - Diagramação: Felipe Goes - Supervisão gráfi ca: Francisco Roberto - Impressão: Gráfi ca Unifor - Tiragem: 500 exemplares - Editores Adjuntos: Diego Benevides, Raquel Maia, Gabriela Gomes e Renata Maia

Sugestões, comentários e críticas: [email protected]

A certifi cação olímpica inter-nacional da Pista de Atletismo da Unifor faz dela um espaço voltado para a formação de atletas e a realização de eventos esportivos

Mara Rebouças

O Atletismo é uma modalidade esportiva milenar, organizada pelos gregos por volta dos anos 700 a.C, nos Jogos Olímpicos. A atividade continuou a ser prati-cada pelos romanos e encantou a América. O esporte, hoje pra-ticado mundialmente, também encontra no Ceará um espaço de referência internacional, a Pista de Atletismo da Unifor.

Maria Neidiane, praticante de salto triplo e salto em dis-tância, relata ter começado o atletismo “como uma brinca-deira”, por meio de convite de amigas para fazer um teste na escolinha de esportes. Ela é um exemplo de esportista que ini-ciou a carreira na pista de atle-tismo da Unifor. Segundo ela, “eram os três primeiros colo-cados que iriam se classifi car”, porém, mesmo tendo alcança-do somente a quarta colocação, foi chamada para treinar, gra-ças ao bom desempenho que obteve na prova. A atleta, 14, que já participou de campeo-natos como o Brasileiro Mirim e o Brasileiro 2008 da catego-ria Menor, alcançou a segunda colocação no Norte-Nordeste de Menores e o terceiro lugar no Salto em Distância.

Afonso Silva é outro atleta da Unifor da categoria Menor que foi encaminhado ao teste de iniciação pelo seu professor de Educação Física. O esportis-

ta foi aprovado e hoje integra o Centro Nacional de Treina-mento de Atletismo Unifor/Caixa (CNTA), assim como Mateus Hermínio Lima (Salto Triplo e Salto em Distância) e Ingrid Lemos, que pertencem à mesma categoria (Arremesso de Peso e Arremesso de Disco). Lorayna Targino (100 metros) e Maria Girleane (200 e 400 metros) também são atletas treinadas pela Universidade.

A Divisão de Atividades Desportivas (DAD) promove, anualmente, um calendário de eventos em parceria com a Fe-deração Cearense de Atletismo (FCAt) e a Confederação Brasi-leira de Atletismo (CBAt). São os campeonatos Menor, Juve-nil, Adulto, Cearense Sub-23, cursos básicos de arbitragem, festivais de aniversário da Fe-deração, encontros científi cos e outras atividades e eventos, inclusive de relevância interna-cional, como o Grande Prêmio Sul-Americano de Atletismo.

Disciplina e metodologiaO professor da iniciação em

atletismo da Escola de Espor-tes da Unifor, Wiliam Macêdo, destaca a importância das ati-vidades aplicadas, obedecendo a “uma metodologia de acordo com o princípio de não queimar etapas”. De acordo com ele, a aplicação de jogos facilita a per-manência da criança no esporte até a adolescência e a fase adul-ta. Lorayna e Neidiane são cita-das pelo professor como “duas adolescentes que estão se des-tacando na categoria Mirim”.

Conforme o coordenador técnico do Centro de Atletismo da Universidade de Fortale-za, professor Marco de Lazari,

a capacitação de esportistas visa a representar o Ceará em competições nacionais, com “atletas de alto rendimento” e habilitá-los a participar de olimpíadas. A iniciativa tem por objetivo também alcançar o profi ssionalismo, incenti-vando a permanência de atle-tas “aqui no Ceará, na Unifor, onde há estrutura capacitada para isso”, afi rma Lazari.

De acordo com o presiden-te da Federação Cearense da Atletismo (FCAt), professor Américo Ximenes, os atletas que vêm competir em Fortale-za “fi cam impressionados com a qualidade da pista de atle-tismo, do material, dos imple-mentos, das barreiras”.

Quanto aos critérios de cer-tifi cação internacional, o pro-fessor Américo explica que um deles é a metragem, ou seja “os pisos internacionais têm uma regulagem, que garante a espe-cifi cação, além da própria quali-dade do material”. O da pista de atletismo da Unifor foi fabricado pela empresa Mondo América, dos Estados Unidos. Trata-se da “mesma (empresa fabricante) das últimas quatro e das próxi-mas quatro olimpíadas”, relata o professor Américo.

A pista do Centro de Atletis-mo da Unifor é a única do Ce-ará e do Nordeste certifi cada pela Federação Internacional de Atletismo. “A pista é muito boa. Daqui, saem excelentes resultados para os atletas. Já faz alguns anos que os melho-res do Brasil participam de competições nela, principal-mente dos Grand Prix”, avalia o técnico da Seleção Brasileira de Arremesso de Dardos, João Paulo Alves da Cunha.

Unifor prepara novos atletas

O site da Confederação Brasi-leira de Atletismo (CBAt) in-forma que a pista de Atletismo, para ser ofi cial, deve atender a todas as dimensões ofi ciais de-terminadas nas Regras Ofi ciais de Competição da Associação Internacional de Federações de Atletismo (em inglês, Interna-tional Association of Athletics Federations, ou IAAF) que são detalhadas no Manual para Instalações de Atletismo. Atu-almente, recomenda-se unica-

mente a construção de pistas com piso sintético e com oito raias.

Para competições interna-cionais, além da certifi cação de aprovação do piso, o estádio deverá possuir também a cer-tifi cação classe 1 ou classe 2 da IAAF. A pista de atletismo da Unifor possui certifi cado relati-vo à segunda classe.

Site da CBAt: www.cbat.org.br

Saiba mais...

Classificação das pistas de atletismo

GP Caixa de Atletismo foi mais um dos importantes eventos na-cionais sediados pela Universi-dade de Fortaleza FOTO: LÉO ANDRADE

Page 3: Fôlego#18

SOBPRESSÃO3MAIO / JUNHO DE 2009 FÔLEGO

Mulheres fogem da malhação ao lado dos homens e ganham academias de ginástica exclusivas para elas, em ambiente descontra-ído e cheio de feminilidade

Thiago Barreira

Uma linha imaginária separa a sala da recepção do resto da academia. Do lado de cá, qual-quer um pode fi car. Lá dentro, no entanto, a história não é a mesma. “A partir daqui, ho-mem não pode passar, a não ser com permissão da gente”, revela Luciana Caetano, geren-te da Contours Express, uma academia de ginástica exclusi-va para mulheres.

A diferença entre o tipo de academia onde Luciana traba-lha e o usual não é, contudo, apenas a permissão ou não para a entrada de homens. A gerente conta que o tipo de treinamento desenvolvido ali também é bem especial. “Trabalhamos com circuitos de 30 minutos. As alunas vão de uma máquina para outra orientadas pela música, e não

pelo número de repetições que fazem”, explica.

O método, esclarece a pro-fessora de Educação Física que trabalha na Contours, Aman-da Maia, vem ao encontro da-queles que ela avalia serem os maiores objetivos das mulhe-res em uma atividade física. “Enquanto o homem busca o aumento da massa muscular, a mulher geralmente busca apenas a tonifi cação muscular, ou seja, o enrijecimento”, afi r-ma. A percepção de Amanda é complementada pela gerente Luciana, para quem 90% das clientes buscam a academia para emagrecer.

CiúmesAlém do treinamento di-

ferenciado, as mulheres que buscam uma academia só para elas têm outros motivos para o fazer. Dentre eles, a gerente da Contours aponta o ciúme do namorado ou ma-rido. “70% delas é por causa disso”, revela.

Uma das clientes da acade-mia que também passa por isso é Luciana Brandão. Ela traba-lha em uma construtora, junto

do marido. “Ele não queria que eu frequentasse uma academia mista, então tive que vir para uma exclusiva de mulheres”, conta Luciana.

Apesar de não ter sido uma escolha sua, ela parece ter gos-tado da ideia. “Vim porque ele quis, mas acabei gostando e agora não trocaria de jeito nenhum”, enfatiza. Luciana conta que em nenhuma outra academia se sentiria tão con-fortável durante a malhação. “Há algumas posições que são constrangedoras. Além disso, quando a gente tem um furo na malha, por exemplo, aqui não tem problema. Numa aca-demia mista é chato. O mes-mo acontece quando você está menstruada. Eu nunca iria para uma academia normal nessas condições. Aqui nós já nos conhecemos. Viramos uma família”, conta.

Como ela, outra que procu-rou uma academia exclusiva para mulheres por causa de ciúmes foi a estudante de Psi-cologia Patrícia Brasil. No caso dela, foi o ex-noivo que a fez ir. Patrícia frequenta a Curves, outra academia deste ramo.

Exclusividade para o público feminino Assim como a Contours, a

Curves também trabalha com o método de circuitos de 30 minutos. A diferença é que lá os aparelhos são hidráulicos, o que, segundo a gerente Marcela Inácio, é uma grande vantagem. “O impacto do exercício é reduzido e, por ter que fazer esforço tanto na ida quanto na volta do exercício, a aluna acaba trabalhando uma quantidade maior de múscu-los simultaneamente. Isso faz com que a meia hora valha, na realidade, por uma hora e meia de atividade”, explica.

Essa possibilidade é apontada pela professo-ra Rejane Macêdo como o principal motivo para ter escolhido a Curves. “Eu trabalho dois turnos, então precisava de uma atividade que desse resultado, mas que não tomasse muito tempo. Foi exatamente o que encontrei aqui”, afirma Rejane, que já está há um ano e meio nesse ritmo.

Patrícia Brasil, que, além de ser estudante univer-sitária, trabalha em uma empresa de consultoria de recursos humanos, também foi beneficiada pela proxi-midade da academia com a sua faculdade. “Tenho pouco tempo. Como estudo na Unifor, aproveito para vir di-reto para cá depois da aula e já ‘me livro’”, explica.

Saiba mais...

30 minutos para ficar em forma

Uma academia para mulheres guarda, até no seu aspecto físi-co, muitas diferenças em rela-ção às outras. Para quem nunca entrou em um ambiente desses, a primeira coisa que chama a atenção é a ausência de espe-lhos. Tanto a Contours quanto a Curves não contam com se-quer um espelho na sua sala de malhação. O motivo apontado pelas gerentes é o mesmo. Elas dizem que não há uma preocu-pação com a aparência por par-te das alunas enquanto estão treinando. A gerente da Con-tours, Luciana Caetano, explica que uma academia usual é tam-bém um ambiente de paquera e que suas alunas, geralmente já com mais de 30 anos, não bus-cam isso.

As diferenças não param por aí. A Contours conta com vestiários equipados com água quente e secadores de cabelo.

No que diz respeito à limpeza, o branco das paredes e do chão também chama a atenção.

Na Curves, a gerente Mar-cela Inácio se mostra atenta à questão. “As meninas se inco-modam com aparelhos suados, então tentamos evitar que isso ocorra”, diz ela. “Gostamos de manter sempre um ambiente agradável”, explica, mostran-do a parede cor de rosa. “Por isso também mudamos a deco-ração de tempos em tempos”, conclui. No dia em que foi feita esta reportagem, o tema da de-coração era o Dia das Mães.

Mimos para clientes especiais

Só para mulheres: academias femininas garantem uma malhação mais à vontade, sem preocupações com a presença masculina FOTO: WALESKA SANTIAGO

Academia Contours Express:Av. Abolição 3038, A. Meireles3246.1881

Curves Academia:Rua Firmino Rocha Aguiar, 1825Guararapes - 3241.1008

Serviço

Page 4: Fôlego#18

SOBPRESSÃOMAIO / JUNHO DE 20094 FÔLEGO

Ex-jogador de futebol, Ser-ginho Amizade conta como o Jornalismo o ajudou a superar a tristeza do fi m de sua carreira no esporte profi ssional

Thiago Barreira

“Você sabe o que é uma pes-soa ser chamada de Amizade? Faz a gente pecar de inveja”. É esse o comentário que Afon-sinho, companheiro de Bota-fogo, tem a fazer sobre Sérgio Rêdes, o Serginho Amizade, na contracapa de seu livro intitu-lado “Nem tudo é futebol”. Ca-rioca de 61 anos, descendente de portugueses e torcedor do Vasco por causa dessas ori-gens, Serginho marcou época no Botafogo, no Fortaleza e no Ceará e, atualmente, é cronista do jornal O Povo.

Como muitos outros brasilei-ros, Sérgio Rêdes apaixonou-se pelo futebol ainda criança. Sua história também se aproxima à de muitos outros jogadores no que diz respeito à profi ssiona-lização. Não tinha família rica, por isso, viu no futebol um meio de ganhar a vida. Mas as seme-lhanças cessam aqui.

Estudou no colégio Salesia-no até os 14 anos, quando teve de escolher entre o colégio e o futebol. Foi na escola que desco-briu uma habilidade não muito típica da imagem que se tem co-mumente de um praticante des-se esporte: lá, ele percebeu que em seus genes habitava também a paixão pela escrita. Com dez anos, Serginho já escrevia para o jornal do colégio. Levou a in-fância assim, fazendo gols e de-pois escrevendo sobre eles. Não por acaso, foi no jornalismo que ele ancorou seu barco quando encerrou sua carreira.

O fi m da carreiraA transição, no entanto, não

foi assim tão fácil. Como ele mesmo admite, depois que um jogador deixa os campos, passa por um período muito difícil. “Ex-atleta mendiga reconhe-cimento. Eu era acostumado a jogar para 50 mil pessoas. Tudo isso mudar de um dia para o ou-tro? Ninguém se prepara para isso”, revela Serginho. Ele diz que conhece casos de ex-jogado-res que recorreram às drogas e à bebida para suprir essa perda. “O jogador sente falta do reco-nhecimento do público. Nesse momento, a maior felicidade vem quando alguém o reconhe-ce na rua”, conta.

Sérgio chegou ao Fortaleza

em 1971, depois de atuar tam-bém no arquirrival Ceará, e se apaixonou pela capital alencari-na, onde mora até hoje. Ele tam-bém sentiu a amargura do fi m. “Pirei”, resume. “Nesse tempo (logo depois de se aposentar) eu acendia duas velas: uma para Deus, outra para o diabo. Passei um período sentindo saudades do passado e tentando me inte-ressar por outra atividade”. A volta por cima

Foi justamente na outra pai-xão de infância que Sérgio, nas suas palavras, “redescobriu a po-esia da vida”. Depois de desistir do futebol profi ssional em 1979, Serginho até deu uma chance à carreira de técnico, chegando a comandar o Ferroviário por algu-mas partidas. Mas foi com a cola-boração à imprensa fortalezense que ele conseguiu encontrar uma nova carreira.

Foi assim que, 25 anos depois de abandonar os campos, em 1994, Serginho Amizade foi con-

vidado para escrever crônicas no jornal O Povo. Três anos depois, lançou seu livro, uma coletânea de seus melhores textos. Hoje, já empenhado em sua nova ocupa-ção, faz faculdade de Jornalismo e atua como consultor de conteúdo para a TV Unifor.

Não é mais a bola que movi-menta o ex-craque dos campos. Na sua coluna semanal, apesar de falar quase que exclusivamente do futebol, pode-se perceber – e ele confi rma para quem quiser ouvir – que o foco de sua prosa não é em esquemas táticos nem em estatísticas, mas nas pessoas que fazem o esporte.

Como diz o título do seu livro, nem tudo para ele é futebol. Ao menos não do jeito que a mídia às vezes discute sobre o esporte, reduzindo-o a números frios e sem expressão. Aliás, o fascínio dele pelos personagens que com-põem o jogo social o faz planejar voos mais altos na carreira jor-nalística. “Às vezes, me pego com uma vontade de escrever sobre os tipos (personagens) de Fortale-za”, revela. Quando fala disso, seu entusiasmo afl ora. Sua inspiração ascende ao máximo no momento em que ele se põe a falar sobre um desses tipos: o Feijão com Banha, que, apesar de ser um catador de lixo anônimo, para ele, é matéria-prima do bom jornalismo.

Da história dele, ele mesmo extrai a moral: “se pudesse dar só um conselho para a juven-tude, seria amar”, exclama. Vindo de alguém que faz o que ama e ama fazê-lo como ele, é uma redundância.

Serginho Amizade ainda faz jus ao apelido que o consagrou FOTO: WALESKA SANTIAGO

“Redescobri a poesia no jornalismo”, diz ex-craque do futebol

Sérgio Rêdes

Ex-atleta mendiga reconhecimento. Eu era acostumado a jogar para 50 mil pessoas. Tudo isso mudar de um dia para o outro? Ninguém se prepara para isso.

Artigo

No futebol cearense, persona-lidades fi caram imortalizadas na memória de suas equipes. O nome de Alcides Santos é eter-namente lembrado pela equi-pe tricolor porque denomina o campo do Pici, onde o Fortaleza realiza seus treinos e competi-ções. O desportista participou da fundação do time e da his-tória da organização do futebol cearense. Waldemar Cabral Ca-racas era funcionário de escri-tório da então Rede de Viação Cearense (RVC) e apaixonado por futebol. No início do sécu-lo XX, ele tomou importantes decisões pelo então Ferroviá-rio Foot-ball Club. Já um antigo presidente do Ceará Sporting Club, Meton de Alencar Pinto, fi cou imortalizado na memória da equipe alvinegra, como o mascote do time, o Vozão.

Charles Miller trouxe o fute-bol para o Brasil e José Silveira o introduziu no Ceará com a pri-meira bola ofi cial para o estado, incluindo as regras do jogo. Ten-do surgido como uma civilizada forma de educar o físico, o fu-tebol restringia o direito de ser boleiro aos jovens da elite. Mas isso não durou muito tempo. De acordo com o escritor João Má-ximo, em seu artigo “Brinque-do de Menino Rico”, um garoto simples que jogava com uma laranja, em um calçadão do Rio de Janeiro, transformou em pla-téia um grupo de jogadores do respeitado English Team, da In-glaterra, ao subjugar e dominar a “bola” como se ela tivesse sido feita para lhe obedecer.

O CearáDe acordo com o jornalista

Blanchard Girão, por volta dos anos 1920, o presidente do Ceará Sporting Club, Meton de Alencar Pinto, recebia os atletas do Amé-rica Foot-ball Clube, tratando-os como “meus netinhos”. O vovô pedia muito treino para que eles atuassem bem contra o Fortale-za, que era, já naqueles tempos, o grande rival do alvinegro.

A fundação do Ceará aconte-ceu na Rua do Trilho, hoje Tristão Gonçalves, na residência de Luís Esteves. Em 2004, foi demolida para a construção do Metrofor. Como primeiro presidente, foi escolhido o comerciante Gilbe-to Gurgel.

O FerroviárioDécada de 1930: rotina difícil

e de muito trabalho com horas extras noturnas nas ofi cinas do

Urubu, da RVC. Os mecânicos boleiros se dividiam todas as tardes, no intervalo do trabalho, entre os times Matapastos e Ju-rubeba. Posteriormente, forma-ram o Ferroviário Football Club, algum tempo depois chamado Ferroviário Atlético Club.

Entre o escudo do Ferroviário e o do São Paulo existem gran-des semelhanças e não é por mera coincidência. Trata-se re-almente de inspiração no trico-lor paulista. Waldemar Caracas trouxe uniformes do São Paulo para os boleiros do Ferroviário .

Até a década de 1970, o Fer-rão era justifi cadamente repre-sentado por uma Maria Fumaça. No entanto, veio a idéia de criar um mascote para a equipe coral e associá-la a garra, raça e de-terminação. Com a sede próxi-ma às águas do mar da Barra do Ceará, a inspiração coral elegeu o Peixe ou o Tubarão, para mas-cote do time.

O FortalezaTambém fazem parte da

história do Fortaleza Sporting Club nomes da comunicação. O jornalista e ex-presidente do time, José Raimundo Costa, o denominou “Clube da Garota-da”. Fazia-se necessária a escolha de um mascote para identifi car a garra dos esportistas e a dedi-cação da garotada do Fortaleza a perseguir títulos como feras. Daí, o jornalista Vicente Alencar elegeu o Leão como mascote, a pedido do também jornalis-ta Sílvio Carlos, considerado o “Papa” do time, pelas iniciativas em prol da equipe.

A escolha das cores azul, ver-melho e branco do Fortaleza foi infl uenciada pelo contexto his-tórico da época. A Belle Époque fazia os cearenses se vestirem e falarem como franceses.

As partidas de futebol na capital cearense aconteciam, a princípio, em praças da ci-dade, como a da Estação. Essa realidade atestava a democra-tização do futebol, pois este deixava de ser um privilégio de meninos “bem-nascidos” para se transformar em um esporte de todos.

Mara Rebouças

Futebol cearense:lembrança e tradição

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SOBPRESSÃO5MAIO / JUNHO DE 2009 FÔLEGO

O cinema se encarrega de levar a vida de grandes lutadores às te-las. Halder Gomes nos conta sobre as afi nidades dessas artes e a sua paixão pelas duas

Diego Benevides

“Por que quer lutar?”, pergun-tou a introspectiva Adrian a Rocky Balboa, em “Rocky – Um Lutador” (1976). “Porque não canto nem danço”, respondeu o lutador. “Hoje, eu sou mais um cineasta que luta”, defi ne-se o cearense Halder Gomes sobre sua predileção: cinema e artes marciais. Essas duas artes se encontram reveladas nos fi lmes sobre esporte, com personagens memoráveis, que conseguem o reconhecimento do público e da crítica.

Halder Gomes é diretor, ro-teirista, produtor, ator, pintor, lutador, entre outras funções que já exerceu em sua vida. Especialista em taekwondo, Halder tem um grande histó-rico quando o assunto é arte marcial, sendo também faixa azul em jiu jitsu, além de ter experiência com boxe. Por isso, é comum ele ser questionado por amigos e conhecidos como ele pode ser bom tanto lutando quanto fi lmando. A paixão por essas duas artes aparentemente diferentes surgiu, segundo o ci-neasta, na mesma época, após o encantamento causado por um fi lme do Bruce Lee dos anos 70, cujo nome não recorda.

A luta e o cinema desper-taram de imediato o inte-resse de Halder, porém seu primeiro contato foi com a luta. “Enquanto adolescente, é mais fácil fazer arte marcial

Cinema e lutas, duas paixões

No cinema, as histórias dos grandes lutadores são retrata-das com uma carga dramática muito forte. Halder ressalta que isso acontece principalmente porque o treinamento referen-cia a integridade física dos atle-tas, que possuem corpo e mente expostos no ringue, palco para o espetáculo. “Você não está lutando para vencer, está lutan-do para apanhar menos e bater mais. Quando você coloca sua integridade física de uma forma que pode te levar à morte, isso já dá um sentimento especial que transcende o esporte. A his-tória de qualquer lutador não é fácil. Ela é sempre dramática, sempre com muito sofrimento, com treinamento doloroso”, explica o cineasta. O momento da luta é quando o atleta tem a chance de trazer seu valor e co-nhecimento ao público, fruto do sofrimento dos treinamen-

tos, alimentação equilibrada e dedicação.

É por aguçar a curiosidade dos espectadores e criar nar-rativas que se dão bem em bi-lheteria e crítica, que o cinema continua produzindo fi lmes de luta. As diferenças das produ-ções orientais e ocidentais ainda são visíveis, mas Hollywood se adequa cada vez mais às gran-des coreografi as e violência vis-tas nos fi lmes tailandeses, por exemplo. Até animações como “Kung Fu Panda” (2008) tam-bém abordam a luta. “A luta passou a ser tão importante nas cenas de ação que se o Homem-Aranha não souber lutar, ele não é o Homem-Aranha”, diz o lutador e cineasta.

Halder já realizou fi lmes no Brasil e no exterior exercendo diversas funções. Roteirizou e dirigiu os curtas “Loucos de Fu-tebol”, que mostra a paixão da

“A luta é um prato cheio para o cinema”

Halder Gomes une as duas paixões em um só trabalho FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Halder Gomes

Quando você coloca sua integridade física de uma forma que pode te levar à morte, isso já dá um sentimento especial que transcende o esporte. A história de qualquer lutador não é fácil.

Lutador e cineasta

Filmes de luta mostram o drama dos atletas, divulgam o esporte, garantem a bilheteria no cinema e rendem prêmios aos produtores FOTO: DIVULGAÇÃO

torcida pelo time Fortaleza, e também as comédias “O Astista Contra o Cabra do Mal” e “Cine Holiúdy”. Em Hollywood, diri-giu o terror “The Morgue” e o fi lme de luta “Sunland Heat”, além de outras produções in-ternacionais. Mesmo com sua vasta experiência como cineas-ta, Halder ainda pretende levar uma história escrita e dirigida por ele mesmo às telas. “Ainda tenho muita vontade de fazer um curta sobre o drama de um lutador já fora da idade de com-petição, com sequelas e mazelas da profi ssão, que tenta recome-çar do zero”, revela o cineasta. O roteiro está pronto, mas, se-gundo Halder, falta tempo para realizá-lo. Assim como requer tempo para se tornar um astro da luta, um fi lme também não fi ca pronto da noite para o dia. Daí tiramos a afi nidade que há entre as duas artes.

do que cinema. Eu não sabia quando o cinema ia entrar na minha vida e como ia ser e nem onde”, conta. E foi com a dedicação às artes marciais que Halder teve a oportuni-dade de trabalhar como du-blê de fi lmes de luta em Los Angeles. “As coisas andavam em paralelo, mas chegou uma hora que os dois caminhos se encontraram. Então, o cinema me levou para a arte marcial e a arte marcial me levou para o cinema”, lembra.

Aos 42 anos, Halder não mantém mais uma rotina de treinamento como tinha antes, mas sempre que pode procura estar em contato com o espor-te. “Hoje, quando eu treino, eu o faço em alta performan-ce, não me conformo em trei-

nar por brincadeira. Ou treino para sair na porrada com a mo-lecada, ou não resolve os meus problemas”, revela o cineasta.

Esporte e CinemaO esporte sempre esteve

registrado no cinema. Atual-mente, é comum Hollywood seguir a linha de histórias de grandes personagens que são imortalizados na indústria do espetáculo. O que aconteceu com a franquia “Rocky” tam-bém se repetiu em fi lmes como “Menina de Ouro” (2004), de Clint Eastwood, e “O Lutador” (2008), de Darren Aronosfky. Nos três casos, acompanhamos a história de vida de lutadores que mostram o sofrimento dos treinamentos e o longo cami-nho que deve ser trilhado para

alcançar o reconhecimento.Rocky Balboa é o herói da

vizinhança. O que ele busca é a ascensão e a valorização do seu corpo e de seus princípios, mas não somente pelos seus conhecidos. Maggie Fitzgerald, interpretada por Hilary Swank em “Menina de Ouro”, carrega o peso da idade inadequada e do sexo feminino, porém re-vela um grande talento para o boxe. Ela precisa de um trei-nador para não somente con-seguir os seus objetivos, mas também aprender a lidar com as perdas da vida. Em “O Luta-dor”, Mickey Rourke é Randy “O Carneiro” Robinson, atleta popular da luta-livre nos anos 80, que não possui a mesma resistência corporal que antes, além da idade avançada. Ele

participa de lutas ordinárias para tentar reviver o glamour da sua época de glória e não encontra motivações em sua vida fora dos ringues.

Para Halder Gomes, a luta é um prato cheio para as nar-rativas cinematográfi cas. O cineasta ressalta que as artes marciais mexem com o instin-to de sobrevivência, mesmo que obedeça às regras do boxe, da luta livre, etc. “A luta, em si, como um argumento cinema-tográfi co é muito forte. Uma luta, qualquer que seja, tem os três atos no cinema muito bem defi nidos e você pode construir essa história para ter uma revi-ravolta muito surpreendente, com a garantia muito grande de que você vai conseguir fazer isso”, conta.

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SOBPRESSÃOMAIO / JUNHO DE 20096 FÔLEGO

Caminhar, alongar e respirar corretamente são opções efi cazes para quem procura meios de se exercitar buscando saúde e quali-dade de vida

Renata Maia

Segundo dados fornecidos em 2007 pela Organização Mun-dial da Saúde (OMS), 70% da população mundial é seden-tária e a falta de atividade fí-sica regular é responsável por 54% do risco de morte por en-farto e 50% por derrame cere-bral. Isso se deve ao fato de, após a Revolução Industrial, as máquinas terem passado a realizar funções que antes eram desempenhadas pelos seres humanos, acostuman-do as pessoas a uma vida me-nos ativa. Ao contrário dessa realidade, nossos ancestrais praticavam atividades físicas constantemente para sobre-viver. É o que conta o profes-sor de Educação Física norte-americano Bob Anderson, em seu livro Alongue-se, hoje na 24ª edição.

Antes de qualquer ativi-dade física, o alongamento – movimentos para o au-mento do comprimento da fibra muscular - é essencial, pois prepara a musculatura

para uma demanda de carga extra. Também é responsável por fazer com que o músculo atinja um comprimento ide-al, para que não sofra danos durante a prática de ativida-des físicas, como as lesões músculo-esqueléticas; esti-ramento muscular, alonga-mento exagerado das fibras musculares; e a contratura, contração errada de um gru-po de fibras musculares.

Associado às atividades de alongamento, o professor de Fisioterapia da Universi-dade de Fortaleza (Unifor), Alessandro Façanha, desta-ca a importância de se em-pregar uma prática respira-tória correta. Segundo ele, durante a respiração, ocorre um relaxamento da muscu-latura e um aumento da ex-tensibilidade do músculo. O diafragma, músculo potente da respiração, muitas vezes funciona de forma errônea, causando fadiga muscular. “O ideal, antes de começar qualquer atividade física, é ver se sua capacidade cardio-respiratória e as condições hemodinâmicas (condições de movimento e pressão da circulação sanguínea) estão bem”, explica o professor.

A estudante de Enferma-gem Eloires de Souza iniciou a prática de atividades físicas

aliadas ao alongamento por questões estéticas e também por preocupação com a saú-de. Para ela, o alongamento antes e depois das atividades físicas é fundamental para evitar dores musculares e também por ser uma manei-ra de aprender a respirar de modo correto. “Como sou da área de Saúde, vejo que, a partir do momento em que você respira corretamente, o seu cérebro recebe mais oxi-gênio e, então, você desen-volve todas as atividades bem melhor”, acrescenta Eloires.

Cada atividade de alonga-mento previne ou combate lesões de forma específica, por isso é necessária a orien-tação de um profissional, fi-sioterapeuta ou educador fí-sico, antes de iniciar a prática do exercício. “Existem, hoje em dia, vários tipos de alon-gamento: o pilates, o yoga e o alongamento tradicional que é feito dentro de sala de aula”, aponta Alex da Silva Alves, educador físico e pro-fessor de ginástica da Acade-mia Unifor. Ele explica que o alongamento tradicional, ensinado em salas de aula, é voltado para evitar o encur-tamento muscular e que o pi-lates, além de prevenir esse encurtamento, também tra-balha a força muscular.

Atividades alternativaspara saúde e bem-estar

Caminhada proporciona saúde e bem-estar a pessoas de todas as idades. No desta-que: alongamento é o preparo correto antes do exercício FOTO: WALESKA SANTIAGO

Os benefícios da caminhadaA caminhada, associada ao alon-gamento e ao ritmo respiratório correto, pode prevenir ou com-bater problemas como diabetes, colesterol alto, excesso de peso, problemas cardíacos e circula-tórios, dores nas articulações e má postura. O estudante Alex-sandro Melo pratica caminha-das diariamente como meio de preparação para as provas físi-cas dos concursos públicos que pretende prestar. Ele diz que não procurou orientação médi-ca antes de iniciar a atividade, apenas segue as recomendações de um educador físico. Melo diz ainda que o alongamento é primordial para evitar pos-síveis lesões que o deixariam impossibilitado de participar dos testes físicos dos concursos. “É importante em tudo, para a saúde principalmente”, opina ele sobre a importância do alon-gamento.

O educador físico Alex da Sil-va explica que a caminhada deve ser praticada em locais que não tenham buracos ou desníveis,

para evitar futuras lesões. O praticante de caminhadas deve usar tênis adequados, com um bom amortecedor, para preve-nir problemas nas articulações do joelho.

A consultora de marcas Nad-ja Andrade conta que já pra-ticou várias atividades físicas diferentes, como hidroginásti-ca, ginástica aeróbica e muscu-lação. Ela, então, consultou um médico ortomolecular e fez uma série de exames. Uma das alter-nativas para encontrar o equi-líbrio do organismo por meio de tratamentos alternativos ou medicamentos naturais feitos em farmácias de manipulação é a busca de um médico orto-molecular. Com o resultado da consulta, Nadja aderiu à cami-nhada como o melhor meio de perder peso e conseguir maior disposição para as atividades do cotidiano.

O médico orientou a consul-tora de marcas para alongar-se antes e depois da caminhada, a fi m de evitar dores muscula-

res, e ter um cuidado especial com seu ritmo respiratório, não excedendo seu limite. A cami-nhada pode, entre outros be-nefícios, auxiliar na redução da taxa de colesterol e de açúcar no sangue, benefi ciar a oxigenação, contribuir para o emagrecimen-to, fortalecer os músculos, regu-lar a circulação sanguínea, au-mentar a imunidade do corpo e até melhorar a auto-estima.

Existem algumas iniciativas para combater o sedentarismo em prol de uma vida mais sau-dável, como é o caso do movi-mento “O Dia Mundial da Ati-vidade Física”, comemorado sempre no primeiro domingo de abril. Em São Paulo, o even-to foi realizado pelo oitavo ano consecutivo. Outras cidades brasileiras também aderiram ao movimento, como Sobral, no interior do Ceará. Além do Brasil, outros países também comemoram o Dia Mundial da Atividade Física, entre eles Estados Unidos, Portugal e Argentina.

Saiba mais...

Dicas para uma posturacorreta durante a caminhada

1. Manter o tórax em posição normal, sem inclinações para frente ou para trás.

2. Manter as mãos um pouco abertas e um pouco fechadas,como se estivesse segurando uma borboleta.

3. Contrair o abdomen, deixan-do-o estável, paraproteger e alinhar a coluna.

4. Movimentar os quadris de forma espontâneae nunca para os lados.

5. Manter a respiração suave, profunda e regular paraque o coração bata ritimada-mente.

6. Tocar o chão sempre com o calcanhare com os dedos fechados.

7. Centralizar a cabeça nos om-bros e focar o olhar no horizon-te. Orientar a cabeça, o queixo e o olhar em linha reta. 8. Relaxar os ombros e evitar incliná-los para frenteou para os lados.

9. Posicionar os braços para baixo, levemente dobradose movimentá-los suavemente. 10. Pisar no chão seguindo a ordem calcanhar, arco e dedose só então mudar para o próxi-mo passo.

Fonte: www.ortopediaesaude.org.br

FOTO: RONALDO PINTO

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SOBPRESSÃO7MAIO / JUNHO DE 2009 FÔLEGO

A cearense Tita Tavares, 33, colecionou mais um feito iné-dito na história do Supersurf. Em competição no Guarujá (SP), a tetracampeã brasileira conseguiu a histórica marca de 100 vitórias em 121 baterias disputadas na competição. A conquista de Tita é mais um título na carreira vitoriosa da cearense, que já tem vários recordes. Dentre eles estão: mais etapas vencidas (14), maior número de vice-campeonatos (7) e mais fi nais disputadas (21), além de já ter conquistado o Supersurf quatro vezes.

Estádio PV pronto para 2010Em reunião entre a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado,

foi defi nido um novo orçamento para a reforma do estádio Presiden-te Vargas (PV), interditado desde fevereiro de 2008. O projeto sofreu forte redução orçamentária. O Governo Federal, que iria contribuir com R$20 milhões para as obras, irá ceder apenas R$5 milhões, de acordo com a Prefeitura. O Estado mantém o repasse de R$20 milhões para a reforma. Com R$ 6 milhões em caixa garantidos pela Prefeitura, totalizam-se R$31 milhões. Com isso, a reforma do PV fi cará modesta, sem demolição. Mesmo sem a previsão para o início das obras, o Governo e a Prefeitura asseguram que o estádio fi cará pronto no início de 2010.

Fórmula 1 diminuirá seus custosA Federação Internacional de Automobilismo (FIA) determi-

nou um novo teto orçamentário para as equipes de Fórmula 1. Na temporada de 2010, os gastos dos times não poderão passar de 40 milhões de libras (cerca de R$ 130 milhões). O teto orçamentário será monitorado pela nova Comissão de Custos, que será criada para assegurar a obediência às normas das equipes. A notícia não foi recebida com muito agrado pelos chefes das equipes. Segundo eles, a diminuição dos gastos irá desvalorizar a categoria de elite do au-tomobilismo. Afi rmam que não é possível ope-rar com apenas 20 ou 25 milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões). Outra novidade está no grid que, a partir de 2010, contará com 26 veículos, e não mais 24.

Bola com chip: fi m das polêmicasA Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) apresentou sua nova

bola com chip, desenvolvida desde 2005 pela Penalty e pela 3RCorp, e que deve ser uma realidade ainda em 2009. A intenção é acabar com lances polêmicos na modalidade. Através de um sistema que envolve oito antenas, seis câmeras e um palm (que serve para o juiz receber informações), a bola com chip pretende fazer com que a dúvida de se uma bola foi para fora ou não vire coisa do passado. A bola tem outras funcionalidades, como deter-minar velocidades de saques e ataques - no futuro, pretende-se até mesmo mostrar o posicionamento dos atletas. No total, o pro-jeto custou cerca de US$ 2 milhões, tudo bancado pela Penalty.

A fera está de voltaApós três meses parado, Michael Phelps retornou às piscinas.

Depois de ter conseguido a marca de 8 medalhas de ouro em uma única Olimpíada, o maior campeão da história dos jogos voltou bem abaixo do que se esperava. Sem competir desde agosto de 2008, Phelps espera retomar a forma física o quanto antes. A confi rmação é de que irá competir nos 50m e nos 100m livre, provas em que o bra-sileiro César Cielo foi ouro e bronze, respectivamente, em Pequim. Isso faz parte do novo plano do campeão norte-americano, que visa à vitória nas olimpíadas de Londres, em 2012. Desde que foi suspenso pela Federação Americana, após ser fl agrado usando maconha em uma festa, Phelps tenta a todo custo melhorar a sua imagem. Só resta esperar e conferir o que um dos homens mais rápidos das piscinas irá mostrar.

100 vezes Tita

SprintAcupuntura: umaopção de tratamento

Finas agulhas são penetradas em lugares estratégicos do corpo. Depois, é só relaxar e esperar que os resultados apareçam. Mas, o que pa-rece simples assusta muitas pessoas

Rachel Lorrayne

Confesso que, desde a infância, a ideia de ter agulhas cravadas em meu corpo me assusta. Em cam-panhas de vacinação, chegava a fazer escândalos. Quando mais velha, eram os exames de san-gue que me assustavam. Se eu já temia uma agulha, a ideia de ter várias delas furando a minha pele era um grande desafi o.

Logo de início, a consulta difere da que é realizada pelos médicos praticantes da Medi-cina Ocidental, nas perguntas e no modo de avaliar o paciente. Para os chineses, o universo é regido por duas forças antagô-nicas: o Yin e o Yang. Para que haja equilíbrio, elas devem estar em harmonia. A doença aconte-ce quando um ou outro está em excesso. O diagnóstico, portan-to, é dado a partir da observação dessas relações.

A primeira sessão de acupun-tura pode ser realizada quando o especialista defi ne, através do que foi diagnosticado, quais pontos serão trabalhados no tratamento. No meu caso, além de uma sensação de incômodo nas costas e da dor que sinto em um braço, ganhei há alguns dias uma lesão na mão esquerda por estalar os dedos.

Entrei na sala. Um ambien-te agradável. Ao fundo tocava uma música instrumental bem baixinho. Tudo projetado para que o paciente consiga relaxar enquanto as agulhas pequenas e fi nas agem no organismo.

A primeira pergunta que fi z foi a inevitável: “Dói?!” A médica Vanessa Dutra me tranquilizou afi rmando que não. “A inserção

das agulhas é quase indolor, em-bora algumas vezes o paciente tenha a sensação de um ‘choque’, chamado Qi (pronuncia-se Tchi), que é desejável para o sucesso do tratamento”, explica ela.

O primeiro procedimento realizado foi a esterilização dos locais onde seriam inseridas as agulhas. No total, foram 11. Uma na mão esquerda, outra na direi-ta. Seis espalhadas pelos braços. Uma no pé esquerdo, outra no direito e uma na testa, entre as sobrancelhas.

A escolha desses pontos va-ria. “O paciente pode chegar com uma dor de cabeça e eu tratar com uns pontos, e outra pessoa chega com a mesma dor e os pontos são diferentes. Vai de acordo com o organismo, com as emoções e outras queixas que vêm em conjunto”, esclarece.

Aquela sensação (o Qi), ex-plicada pela médica, aconteceu em quatro pontos, que, segun-

do ela, eram os que iriam sur-tir mais efeito levando-se em consideração os problemas por mim relatados.

Resultado A parte que eu mais temia,

a dor provocada pelas agulhas, passou. Depois disso, apenas tentei relaxar até o momento do resultado, que não tardou. Mais ou menos meia hora depois as agulhas foram retiradas. Não senti uma diferença sequer. Mais tarde, senti uma dormência, ain-da refl exo do Qi.

“É só isso? Um choquezinho e uma dormência?” Não. Na verdade, logo depois, quando comecei a me mexer, notei que meu corpo estava mais relaxado, como se os músculos estivessem descontraídos. Senti uma dupla sensação de alívio. Por ter cum-prido o desafi o e encontrado na acupuntura mais uma forma de tratamento das minhas dores.

Acupuntura: a melhor opção quando aliada à medicina ocidental FOTO: DIVULGAÇÃO

Como funciona a acupunturaSegundo a médica Vanessa Du-tra, os pontos da acupuntura são comprovadamente locais de terminações nervosas, por isso a rápida resposta após a primeira sessão. A sensação de bem-estar está ligada à liberação de endor-fi na, substância produzida pelo próprio organismo e que tem função analgésica.

Vanessa garante que a acu-puntura pode ser aplicada em qualquer pessoa. Além de ser efi caz no tratamento de doen-ças, é também efi ciente na ma-nutenção da saúde, atuando na imunidade do organismo e no tratamento de doenças re-lacionadas ao trato respirató-

rio, digestivo, endocrinológico, ginecológico e osteomuscular. Hoje, porém, está crescendo o número de pessoas que procu-ram a acupuntura por questões emocionais, como insônia, an-siedade, depressão.

A crescente busca por uma vida saudável foi o que levou a bancária Fernanda Negreiros a procurar a acupuntura. Há seis anos ela sofre com reações ad-versas causadas por remédios alopatas que usa para se curar de depressão. “Ao mesmo tempo que ajudam, os medicamentos me dão sono, arritmia cardíaca e enxaqueca”, conta. Fernanda não deixou o tratamento alopa-

ta, mas uniu a ele a acupuntura. Sua meta é deixar de tomar os remédios, alcançando, assim, uma melhora na qualidade de vida. “Estou me sentindo bem melhor da depressão e da an-siedade. A sensação é de relaxa-mento, saio com mais ânimo”, garante. Mesmo sendo muitos os benefícios que a acupuntura promete, a médica explica que o tratamento é mais efi caz quan-do associado à medicina oci-dental e deve ser feito com ati-vidade física, boa alimentação e respiração correta. “A medicina ocidental é boa, a oriental tam-bém. As duas juntas fi cam ainda melhores”, conclui.

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SOBPRESSÃOMAIO / JUNHO DE 20098 FÔLEGO

Passeio sobre duas rodas

Febre em Fortaleza, o ciclismo noturno costuma recrutar cerca de 200 pessoas por passeio, unindo um batalhão de bicicletas em aventura pela cidade

Jordânia Tarelov

A noite cai e ciclistas começam a chegar de locais próximos ao bairro Água Fria. O ponto de encontro é o estacionamento de um supermercado localizado na avenida Washington Soares. Pequenos grupos se formam ocupando vários espaços do local. Alguns aproveitam para ir comprar água, enquanto ou-tros começam um aquecimento pedalando em círculos. Muitos deles chegam de carro. Na par-te traseira do veículo, é possí-vel ver um transbike, acessório usado para carregar uma ou mais bicicletas.

São 20h e os batedores com coletes luminosos passam api-tando: é o aviso de que o ciclis-mo noturno vai começar. Esse tipo de passeio é um fenômeno que está virando febre em Forta-leza. Atualmente, existem mais de cinco grupos espalhados pela cidade. O passeio dura em mé-dia três horas e a velocidade mé-dia das pedaladas é de 22 km/h para que todos possam acompa-nhar o ritimo sem difi culdade.

O grupo Subway reune-se há cerca de quatro anos para pedalar, sempre às segundas e quartas-feiras à noite. A inicia-tiva para a formação do grupo foi do analista tributário da Receita Federal, Marcelo Facó, que resolveu reunir alguns ami-gos para começar a praticar

passeios ciclísticos. Inicialmen-te, o encontro contava com, no máximo, cinco pessoas. Até que o grupo foi crescendo e hoje chega a recrutar cerca de 200 participantes.

Descobrindo a cidadeEnquanto praticam seu es-

porte preferido, os ciclistas ainda podem desfrutar de pai-sagens incríveis e conhecer um pouco mais sobre a cidade onde moram. O trajeto do passeio só é decidido na hora. Pode ser ao Centro da cidade, à Praia do Futuro ou à Aldeota. “Pedalar à noite é poder prestar atenção em detalhes da arquitetura da cidade, observação que não era possível ser feita andando de ônibus ou de carro”, relata Bru-no Nogueira, 22, estudante de Arquitetura e Urbanismo.

Bruno conta que não se limi-tou a fazer os passeios apenas nas segundas e quartas. Ele se reúne nos fi nais de semana com integrantes do grupo para des-cobrir novos trajetos e conhe-cer novos lugares. Para ele, que também pratica boxe, o ciclismo noturno virou um hobby. “A di-ferença entre os dois esportes é a questão do ar livre, de você conhecer lugares da cidade com gente legal. O diferencial é a dis-posição que dá. É muito bom quando você chega em casa e vai estudar, por exemplo”, avalia.

Para quem vai iniciar o pas-seio, não é necessário ter bici-cleta. Ela pode ser alugada com o capacete por R$ 20 a R$ 30. É recomendado também que o praticante use roupas leves, estilo dryfi t, que não absorvam a transpiração. A garrafi nha de água é um item básico.

Prática esportivae novas amizades

Ciclismo noturno: com segurança, exercício proporciona boa forma física, passeios pela cidade, lazer e aventura a praticantes de qualquer idade FOTO: MILLENE HAEER

Novas amizades são formadas nos intervalos dos passeios FOTO: MILLENE HAEER

O Ciclismo noturno é um óti-mo esporte para quem procura saúde e integração de grupo. Muitos acabam formando ciclos de amizades e até reencontran-do antigos amigos. Parte dos praticantes descobriu o passeio por meio de conhecidos ou da família. Outros, viram aque-le turbilhão de bicicletas e se encantaram, como é o caso do representante comercial Gui-lherme Maia, 60. “Eu já estava à procura de uma atividade física. Um dia passei de carro, cruzei com o grupo, parei e perguntei como funcionava aquilo”, lem-bra. Na segunda-feira seguin-te, Guilherme já estava com sua bicicleta. Comprou porque já sabia que era esse o esporte que procurava. Hoje, ele pratica com toda sua família e com os diversos novos amigos.

Berinha Noronha é amiga de

Ediney Pimenta. Os dois estu-daram juntos no ensino médio e perderam o contato depois que cada um entrou na faculdade. Hoje, o ciclismo noturno pro-moveu o reencontro dos dois, que agora se reúnem também nos fi nais de semana para fa-zer trilhas. “Vi o grupo e resolvi participar. Foi quando reencon-trei Ediney. Já o Marcos, eu co-nhecia da faculdade mas não tí-nhamos muito contato, fi camos amigos depois dos passeios”, acrescenta.

Já o batedor do grupo, João Marcos, conta que, além de ter feito muitas amizades, conse-guiu alcançar sua melhor forma física. “Estamos praticando um esporte e desenvolvendo saúde. Chega uma época da vida em que você constitui família, se dedica só ao trabalho e perde contato com outras as pessoas”conta.

Com o aumento da violência nas grandes cidades, os pra-ticantes viram a necessidade de pedalar em grupo, pois, se-gundo eles, pedalar sozinho seria correr riscos desneces-sários. Por causa disso, o gru-po Subway é organizado com carros de apoio e batedores, que são pessoas responsáveis por guiar e ajudar os outros ciclistas. Já os carros de apoio servem para acompanhar e resgatar os praticantes que não conseguirem completar o trajeto.

Além dessas medidas de segurança, os ciclistas tam-bém apontam o capacete como um dos itens obrigató-rios para a prática do esporte sem riscos. Alguns dos prati-cantes usam, ainda, lanternas que ajudam a visibilidade do ciclista e a identifi cação de quem está fora do grupo. O engenheiro João Marcos, 29, um dos batedores do grupo, conta que o trabalho não é fácil. “A gente, que tem mais experiência, se dispõe a fazer um passeio não tão agradá-vel, mas necessário. A bicicle-ta custa caro e andar só é um risco muito grande”, enfatiza.

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Exercício com segurança

Loca BikeRua dos Tabajaras, 580-APraia de Iracema Fone: (85) 32318825

Serviço