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Flora da Reserva DuckeGuia de identificação das plantas vasculares de uma
floresta de terra-firme na Amazônia Central
INPA-DFID
Manaus - Amazonas - Brasil
1999
http://curupira.inpa.gov.br/projetos/ducke
Resumo ilustrado de conteúdo
Apresentação
O Guia à Flora da Reserva Ducke pretende propiciar ao "não botânico"
meios de facilmente identificar plantas vasculares em uma floresta de terra-
firme na Amazônia Central. Apenas caracteres vegetativos foram utilizados na
construção das "chaves" de identificação, de forma a permitir que as espécies
possam ser reconhecidas em qualquer época do ano, independentemente dos
períodos de floração e frutificação. Cada espécie está ilustrada por algumas
fotografias, tiradas de partes da planta viva, seguindo padrões e escalas, e
permitindo a confirmação da identificação, através da comparação com a
planta que se deseja identificar no campo. Os termos técnicos são definidos
na parte inicial do livro (glossário), que também inclui meios de reconhecer as
plantas no nível de família. As espécies estão organizadas por famílias, e para
cada uma são apresentados também fotos das flores e dos frutos e uma pequena
introdução, que podem atrair o público menos especializado, mas com inter-
esse em conhecer um pouco da flora amazônica.
Esta publicação é fruto de um trabalho em equipe, composta por mateiros,
estudantes e pesquisadores, além da colaboração imprescindível de botânicos
de diversas instituições brasileiras e estrangeiras. Em cinco anos de intenso
trabalho de campo, foi possível dobrar o número de espécies conhecidas para
a Reserva, considerada já anteriormente uma das áreas de floresta amazônica
floristicamente melhor conhecidas.
Nessas páginas são apresentados alguns exemplos das unidades principais
do livro: introdução, glossário, chaves de identificação no nível de família, e o
guia da família Passifloraceae (do maracujá). As partes do guia e o seu manuseio
são explicados em "Como Usar o Guia".
O Guia à Flora da Reserva Ducke está sendo impresso e estará disponível
no setor de publicações do INPA a partir do final de julho de 1999.
Os editores
Convênio de Cooperação Técnica:Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) &
Department for International Development (DFID)
José Eduardo L. da S. RibeiroMichael J.G. Hopkins
Alberto VicentiniCynthia A. Sothers
Maria Auxiliadora da S. CostaJoneide M. de Brito
Maria Anália D. de SouzaLúcia Helena P. Martins
Lúcia G. LohmannPaulo Apóstolo C.L. Assunção
Everaldo da C. PereiraCosmo Fernandes da Silva
Mariana R. MesquitaLilian C. Procópio
© 1999 Projeto Flora da Reserva Ducke (INPA-DFID)
Flora da Reserva DuckeGuia de identificação das plantas vasculares de uma
floresta de terra-firme na Amazônia Central.
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IntroduçãoFloresta Tropical ÚmidaAmazôniaDiversidadeDistribuição geográficaReserva Florestal DuckeAmbientesO Projeto da Flora da ReservaMetodologia da floraOs BotânicosIdentificando PlantasPublicações úteisComo usar o guiaTaxonomiaClassificação das AngiospermasHábitoRamificaçãoTroncoAnatomia do cauleRitidomaCasca internaCheirosExsudatosFolhaFolhas compostasFormas das folhasEstípulas, ócrea e estipelasPecíoloRamosPlantas e formigasGalhasSaprófitasErvas terrestresPlantas dependentes de suporteÁrvores, arvoretas e arbustosFamílias difíceis com folhas simplesGuia rápidoZamiaceaeGnetaceaeAnnonaceae
MyristicaceaeLauraceaeHernandiaceaePiperaceaeAristolochiaceaeMenispermaceaeSabiaceaeUlmaceaeMoraceaeCecropiaceaeUrticaceaePhytolaccaceaeNyctaginaceaeCactaceaeAmaranthaceaeCaryophyllaceaeDilleniaceaeOchnaceaeCaryocaraceaeTheaceaeMarcgraviaceaeQuiinaceaeClusiaceaeElaeocarpaceaeTiliaceaeSterculiaceaeBombacaceaeMalvaceaeLecythidaceaeFlacourtiaceaePeridiscaceaeLacistemataceaeViolaceaeTurneraceaePassifloraceaeCucurbitaceaeCapparaceaeEricaceaeSapotaceaeEbenaceae
Conteúdo do livroApenas os capítulos em azul estão disponibilizados nesta apresentação.
4StyracaceaeTheophrastaceaeMyrsinaceaeAnisophyllaceaeConnaraceaeRosaceaeChrysobalanaceaeRhabdodendraceaeAs sub-famílias de LeguminosaeLeguminosae: MimosoideaeLeguminosae: CaesalpinioideaeLeguminosae: PapilionoideaeProteaceaeLythraceaeThymelaeaceaeMyrtaceaeOnagraceaeMelastomataceaeMemecylaceaeCombretaceaeRhizophoraceaeOlacaceaeOpiliaceaeLoranthaceae, Eremelopidaceae,
Viscaceae e RafflesiaceaeCelastraceaeHippocrateaceaeAquifoliaceaeIcacinaceaeDichapetalaceaeEuphorbiaceaeRhamnaceaeVitaceaeErythroxylaceaeHumiriaceaeHugoniaceaeMalpighiaceaeVochysiaceaePolygalaceaeSapindaceaeBurseraceaeAnacardiaceae
SimaroubaceaeMeliaceaeRutaceaeOxalidaceaeAraliaceaeApiaceaeLoganiaceaeGentianaceaeApocynaceae e AsclepiadaceaeDuckeodendraceaeSolanaceaeConvolvulaceaeBoraginaceaeVerbenaceaeLamiaceaeScrophulariaceaeGesneriaceaeAcanthaceaeBignoniaceaeLentibulariaceaeRubiaceaeAsteraceaeTriuridaceaeArecaceaeCyclanthaceaeAraceaeRapateaceaeXyridaceaeCommelinaceaeEriocaulaceaeThurniaceaeCyperaceaePoaceaeBromeliaceaeHeliconiaceae e StrelitziaceaeCostaceae e ZingiberaceaeMarantaceaeSmilacaceaeDioscoreaceaeBurmanniaceaeOrchidaceae
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As plantas constituem a base da pirâmide davida, usando água, dióxido de carbono e aenergia do sol para produzir açúcares. Todasas outras formas de vida dependem direta ouindiretamente delas. Muitas espécies deinsetos, mamíferos e aves se alimentam defolhas, flores ou frutos, outras, como oscarnívoros, se alimentam desses herbívoros, eainda existem fungos e insetos que sealimentam de plantas mortas no processo dedecomposição. Sem plantas quase nenhumaoutra forma de vida da floresta sobreviveria.Além de fornecer alimento, as plantascompõem os ambientes, providenciandoespaço físico, superfícies onde a comida podeser procurada, locais e material para ninhos.Em todos os sentidos a vida na floresta dependedas plantas.
Muitos animais têm relações estreitascom plantas. Espécies de borboleta, porexemplo, têm plantas específicas comoalimento. Algumas flores podem ser polini-zadas por uma ou poucas espécies de animais.Para estes animais é muitas vezes importantereconhecer as plantas hospedeiras e eles têmórgãos sensoriais para identificá-las. Aopesquisador ou naturalista é também muitoimportante saber bem a identidade das plantasestudadas. Erros de identificação implicamerros de conhecimento e confundem nossoentendimento dos processos que ocorrem nanatureza.
Segundo as idéias modernas de taxo-nomia, cada planta pertence a uma espécie etodos os indivíduos de cada espécie são maisparecidos e mais relacionados entre si do quecom qualquer outro indivíduo de outra espécie.Num nível hierárquico mais alto as espéciespodem ser agrupadas em gêneros, compostosde espécies relacionadas, gêneros em famílias,
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Introdução
O dossel na madrugada, visto da torre de observação da Reserva.
famílias em ordens, e assim sucessivamenteaté reino. Esse sistema de classificação deverefletir a árvore genealógica das espécies.Sabemos que esta filogenia é o resultado demilhões de anos de evolução e que as espéciesmudam ao longo do tempo, pois enquanto no-vas aparecem, outras são extintas. Assim, osistema de classificação atual reflete aorganização da vida do passado até o presentemomento da história da vida.
A floresta amazônica é caracterizadapor alta diversidade biológica, mas aindapouco se sabe sobre as espécies que acompõem e suas relações filogenéticas.Muitas áreas nunca foram exploradas botani-camente, espécies novas ainda estão sendodescobertas e não existem meios práticos paraa identificação das espécies. Em função dissoa sistemática de diversos grupos taxonômicosé confusa e para muitas espécies é necessárioo apoio de um especialista, ou a consulta domaterial tipo para confirmar uma identificação.Flores e frutos são necessários para utilizar astradicionais chaves de identificação, mas asplantas não possuem flores e frutos durantetodo o ano e muitas têm floração supra-anual,ou seja, florescem de dois em dois, três emtrês, quatro em quatro anos ou mais.
A intenção deste livro é ajudar qualquerpessoa que tenha interesse em identificarplantas em uma floresta de terra firme naAmazônia Central. Por utilizar apenascaracteres vegetativos e de fácil reconhe-cimento, este guia fornece meios hojeindisponíveis para a identificação das espécies.Esperamos com isso facilitar e incentivarpesquisas na Amazônia, assim como contribuirpara a conservação de suas florestas, atravésde um uso racional e sua valorização, pelomelhor conhecimento.
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Floresta tropical úmida ocorre em uma faixaentre 30 graus de latitudes Norte e Sul emtodos os continentes. Quando a quantidadede chuva é mais ou menos 1500 mm por ano,com uma estação seca menor que seis meses,a vegetação normal é floresta tropical úmida.Atualmente a maior extensão dessas florestasocorre na bacia do rio Amazonas, enquantoas florestas tropicais em outras partes domundo estão bastante ameaçadas e jásofreram grandes reduções. A floresta atlânticacobre hoje 5% de sua área pré-colonização.Na Amazônia a destruição da florestaprimária, cada vez mais crescente, foi deaproximadamente 12% de 1970 a 1997.
A diversidade das florestas tropicaisúmidas é a maior do planeta. Em cada hec-tare de florestas existem aproximadamente 300espécies de árvores com mais de 10 cm dediâmetro à altura do peito (DAP). Issorepresenta um número maior do que todas asespécies de árvores da Europa inteira. Essasárvores e as outras plantas não incluídas nessenúmero sustentam milhares de espécies deanimais. Em geral os estudos mostram que adiversidade dessas florestas é maior naAmazônia e Ásia e relativamente menor naÁfrica. A estrutura dessas florestas é parecida,mas floristicamente são bem diferentes. Quasenenhuma espécie ocorre em mais de umcontinente e a maioria dos gêneros é tambémrestrita a uma dessas áreas. O clima semelhanteentre essas áreas geográficas é responsável pelasimilaridade dessas florestas.
Além de ser formada pelo clima, aprópria floresta gerencia o clima. Sem atranspiração da floresta a quantidade de chuvaseria muito menor, provocando secas efacilitando incêndios. O crescimento históricoe atual do deserto na África pode ser atribuído
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Floresta Tropical Úmida
à destruição da floresta. A Amazônia ainda foipouco alterada, se comparada a outras áreascom grandes extensões de floresta, mas o futurodo seu clima pode mudar muito se a floresta fordestruída.
As espécies nativas da floresta amazônicasão ainda pouco conhecidas. Até hoje aproxi-madamente 20 espécies são mundialmenteconhecidas e utilizadas por madeireiros, e poucassão conhecidas como frutíferas ou por suaspropriedades medicinais. Os caboclos eameríndios, que moram dentro ou perto dafloresta, conhecem muito bem as espécies úteis,mas esse conhecimento é em geral restrito e poucodivulgado, de forma que muitas outras espéciessão desconhecidas da maioria da população. Semdúvida, muitos usos das plantas nativaspermanecem desconhecidos e talvez continuempara sempre, com a diminuição das florestas e adescaracterização das populações tradicionais.
A única possibilidade de conhecer maissobre esses recursos é através de um melhorconhecimento da floresta, e o único meio paraconseguir isso é pela identificação das espécies.
Estimativa da proporção do número de espéciesde plantas nas várias regiões do mundo.
ÁSIA
AUSTRÁLIA
PACÍFICO
ÁFRICA
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Distribuição histórica das florestas tropicais úmidas.
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A região amazônica pode ser geograficamentedefinida pelas bacias hidrográficas dos rios quedesembocam no rio Amazonas e na sua foz,na costa leste do Brasil. Compreende uma áreade aproximadamente 7 milhões de km2, queinclui todos os estados brasileiros da regiãoNorte e grande parte dos países vizinhos entreas Guianas e a Bolívia.
No Brasil, uma delimitação políticadenominada Amazônia Legal inclui os estadosdo Pará, Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia,Acre e parte dos estados do Mato Grosso,Tocantins e Maranhão.
Floristicamente, a floresta amazônicaocorre em terras baixas, em locais com elevadapluviosidade, e sua extensão exata é ilustradapela distribuição geográfica do gênero Hevea(Euphorbiaceae), que não é restrito à baciaamazônica propriamente dita.
A história da formação da baciaamazônica começou há mais de dois bilhõesde anos, quando África e América do Sul aindaformavam um único continente. A depressãoque corresponde à bacia amazônica começoua se originar numa zona fraca do escudo Pré-cambriano, do qual são testemunhos hoje o es-cudo do Brasil Central ao sul e o escudo dasGuianas ao norte. Nessa época a drenagemera o inverso de hoje, de leste para oeste.Quando a América do Sul começou a se separarda África, a parte oeste da Amazônia drenavapara o oceano Pacífico, mas a parte leste jádrenava para o novo oceano Atlântico. Foiapenas com o soerguimento dos Andes, àmedida que África e América do Sul seseparavam, que a drenagem atual da baciacomeçou a se formar. Inicialmente supõe-seque houve a formação de um grande mar inte-rior, que rompeu na região de Óbidos (uma áreaelevada e a parte mais estreita da bacia), e orio Amazonas achou sua direção atual.
Os rios que drenam áreas velhas e compouca variação altitudinal têm águas compoucos sedimentos, como o rio Negro de águasnegras e ácidas e o Tapajós de águas claras.Os rios que drenam águas andinas sãobarrentos, carreando muitos sedimentoserodidos das montanhas, e são denominadosrios de água branca. Todos os rios da Amazôniasofrem grandes mudanças de nível ao longodo ano, diretamente, pela época das chuvas,ou indiretamente, pelo bloqueio do rio maioronde desembocam. Na região de Manaus a
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Amazôniaenchente é de até 10 m, sendo que os riosficam cheios em maio-junho e mais secos entrenovembro-dezembro. Ao longo dos rios eigarapés menores ocorrem formações vegeta-cionais tolerantes a inundação periódica,denominadas igapó, quando em rios de águaescura ou clara, e várzea, quando em rios deágua branca. Essas formações cobremaproximadamente 15% da área da Amazônia.Além do igapó e da várzea, outras unidadesda paisagem podem ser reconhecidas pelafisionomia: savanas, campinas e campina-ranas, florestas de bambu e a floresta de terrafirme que recobre a maior parte da região.
Historicamente a várzea é maisutilizada, devido à fertilidade dos solos,renovada com a deposição anual de nutrientescarreados pelas enchentes, e por causa dafacilidade de acesso pelos rios. A floresta deterra firme é em geral menos conhecida emenos utilizada, mas por outro lado essaformação tem maior biodiversidade e é muitomais extensa.
Bacia amazônica.
Amazônia Legal brasileira.
Distribuição do gênero Hevea.
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A Amazônia é a região de maior bio-diversidade do mundo. Algumas hipótesesrelacionam eventos geoclimáticos pretéritospara explicar o grande número de espéciesencontrado na região, assim como os padrõesde distribuição das espécies, endemismos ea conseqüente delimitação de provínciasfitogeográficas distintas. Não são eventoscontraditórios, mas complementares, aindaque sujeitos a muita discussão.
A teoria dos refúgios supõe que duranteo Quaternário, em períodos glaciais maissecos e frios, a floresta amazônica foifragmentada, formando refúgios em áreas demaior pluviosidade, separados por vegetaçãonão florestal como o cerrado. As populaçõesde organismos assim fragmentadas teriamtido processos evolutivos divergentes. Nasfases interglaciais, quando o clima ficou maisúmido, a floresta entrou novamente emcontato, havendo um aumento da diversidadepelas novas espécies originadas no processode isolamento. Se isso ocorreu diversasvezes, os refúgios estariam localizados emáreas com grande número de espéciesendêmicas. As áreas não florestais, coloni-zadas durante a expansão da floresta porespécies oriundas dos refúgios, congregariamespécies de regiões distintas. Esse processoteria participação nos atuais padrões dedistribuição das espécies. A localização dosrefúgios tem recebido diversas críticas, umexemplo disso é que as atuais concentraçõesde endemismo podem apenas refletir áreasde grande intensidade de coleta.
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Diversidadeestas da região Sul, e permitido que diver-gências evolutivas fossem acumuladas aolongo do tempo. Com a regressão do lago, asfloras isoladas teriam se expandido, havendouma confluência de distribuições geográficasdistintas na Amazônia Central. Num processosemelhante, transgressões marinhas emperíodos interglaciais teriam bloqueado avazão normal do rio Amazonas e ocasionadoa inundação de grandes áreas, isolando as flo-ras ao norte e ao sul do rio Amazonas.
A grande riqueza de espécies da regiãode Manaus concentra-se em poucos gêneroscom muitas espécies simpátricas. Issofortalece as hipóteses da expansão e retraçãoda floresta, uma vez que esses eventosgeoclimáticos aconteceram numa escalageológica recente e, conseqüentemente, asdiferenças produzidas pelo isolamento devemestar refletidas num grande número deespécies pertencentes ao mesmo gênero.
Além desses eventos pretéritos, fatoresatuais contribuem para a diversidade dafloresta amazônica. Em geral as florestas daAmazônia Ocidental são consideradas maisricas em espécies que as da Amazônia Orien-tal, devido à maior pluviosidade. À altadiversidade são também correlacionadosoutros fatores, como a pequena sazonalidadeclimática e a alta qualidade do solo. A regiãode Manaus apresenta alta riqueza de espécies,semelhante a áreas da Amazônia Ocidental,no entanto os solos são menos férteis, há umaestação seca bem definida e chove menos.Assim, a região de Manaus corresponderia auma área de refúgio, conclusão baseada naalta taxa de endemismo local, mas a altadiversidade estaria relacionada também àconfluência de regiões fitogeográficasdistintas. A alta diversidade associada àpresença de espécies de diferentes provínciasfitogeográficas torna a região de Manaus degrande importância para conservação.
Região inundada durante astransgressões marinhas.
Área aproximada do lagoAmazonas.
Localizaçãohipotética dosrefúgios comdestaque ao daregião de Manaus(em vermelho).
No Pleistoceno tardio e início doHoloceno, um grande lago interior, o lagoAmazonas, teria inundado grande parte dabacia amazônica devido aos movimentostectônicos que teriam provocado o bloqueioda vazão normal do rio Amazonas. Esselago teria separado a flora amazônica daregião Oriental-Norte da Ocidental-Norte e
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A "mata de terra-firme", fisionomicamenteúnica em imagens espaciais, não é florística eestruturalmente homogênea. Padrões dedistribuição geográfica, comuns a váriasespécies, definem províncias fitogeográficasdistintas. Assim, existem grandes diferençasentre a composição florística da AmazôniaOriental à Ocidental e, dentro de cada umadessas áreas, entre o norte e o sul do divisorformado pelos rios Solimões-Amazonas.Algumas áreas, como a região de Manaus,apresentam grande número de espéciesendêmicas.
Algumas espécies têm ampla distribuiçãoneotropical, da Amazônia à América Central,ou ainda em toda a América do Sul tropical.Poucas espécies têm distribuição disjunta naAmazônia e Mata Atlântica. A maioria dasespécies ocorre apenas na Região Amazônica.As espécies da região de Manaus, onde há umaconfluência dessas regiões fitogeográficas,apresentam os seguintes padrões de distribuição:Amazônia Ampla, Amazônia Sul ou Norte, Cen-tral-Oriental, Central-Ocidental, Central-Guianas ou, ainda, endêmicas da AmazôniaCentral. Devemos levar em consideração quea Amazônia é uma região com grandes lacu-nas de coleta e, conseqüentemente, a distri-buição de muitas espécies é incompleta.
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Sul-Ocidental
Ocidental
Norte-Ocidental
Roraima
Manaus
Madeira-Xingu
Atlântica
Jari-Trombetas
Províncias fitogeográficas da Amazônia.
Distribuição geográficaPrincipais padrões de distribuição
geográfica encontrados para as espécies daregião de Manaus
Densidade de coleta dogênero Inga na AmazôniaLegal, ilustrando as áreasbem coletadas e as grandeslacunas de coletasexistentes na região (asisolinhas correspondem aáreas com 5 ou maiscoletas).
AmazôniaCentral-Guianas
eAmazônia Sul
AmazôniaAmpla
eAmazôniaCentral-Sul
AmazôniaCentral-Ocidental
eAmazônia
Central-Guianas
AmazôniaCentral-Norte
eAmazônia
Central-Oriental
Neotropical
DisjuntaAmazônia-
Mata Atlântica
Oliveira, A.A. & Daly, D. 1999. Geographicdistribution of tree species occurring in theregion of Manaus, Brazil: Implications forregional diversity and conservation. Biodiversityand Conservation.
Nelson et al. 1990 Nature 345:714-716
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EstaçãoEcológica deAnavilhanas
Reservas do ProjetoDinâmica Biológica
de FragmentosFlorestais
Rio Negro
Rio Solimões
Manaus
Reserva Ducke
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A Reserva Florestal Ducke pertence aoInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia(INPA) desde 1963. No início da década de50 foram feitas as primeiras coletas botânicasno local. Até 1972 a área foi destinada aexperimentos silviculturais e foram realizadosplantios de espécies com importânciaeconômica, ocupando menos de 2% da áreatotal. Posteriormente a área foi declaradaReserva Biológica e a cobertura vegetalmantida intacta. Devido à proximidade comManaus, constitui hoje uma das áreas dafloresta amazônica melhor estudadas. Aspesquisas, no entanto, ficaram concentradasna porção noroeste da Reserva, numa áreaque corresponde a aproximadamente 1/5 daárea total, onde se situam os alojamentos ehá um sistema de trilhas.
A Reserva tem uma área de 100 km2
(10 x 10 km) e está situada na periferia deManaus. Com o crescimento da cidade, aReserva já pode ser considerada uma áreaverde urbana, mas ainda não está comple-tamente isolada da floresta contínua.
Reserva Florestal Ducke
A Reserva possui um alojamento para pesquisadores eestudantes e uma torre de observação, onde funcionauma estação meteorológica. As pesquisas sãorealizadas na porção noroeste da Reserva, onde há umsistema de trilhas. A grande maioria da área continuapouco explorada. As fotografias das plantas incluídasneste guia foram tiradas de indivíduos fichados emapeados nesse sistema de trilhas. Essas plantassomam aproximadamente 5000 indivíduos e 1200espécies. Na maioria dos casos foram coletadas férteis eidentificadas por especialista, estando o materialdepositado em diversos herbários.
RESER
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Imagem Landsat 1995 (Inpe)
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A cobertura vegetal dentro da Reserva é poucoalterada. Até 1991, alterações na paisagem, visíveisem imagens de satélite, representavam apenas 5%da área total. Nos últimos anos a cidade chegouaos limites sul e oeste da Reserva, hoje adjacenteao bairro Cidade de Deus. Apenas no limite leste aReserva continua ligada à floresta contínua, masassentamentos recentes nessa área contribuirãopara o completo isolamento, transformando a áreanum grande fragmento florestal urbano. A caça e oextrativismo de pouco impacto são atividadescomuns no local, mas o principal problema estárelacionado ao crescimento desordenado dacidade de Manaus, onde é freqüente a ocorrênciade invasões em áreas verdes urbanas, com totaldestruição da floresta. A Reserva esteve muitoameaçada durante a produção deste guia. Espera-mos contribuir para sua conservação e de umaforma geral para a valorização de áreas verdes emManaus, estimulando pessoas, pesquisadores ounão, a conhecer melhor a flora através deste livro.As imagens abaixo mostram a diminuição do verdena cidade de Manaus nos últimos dez anos.
O relevo é ondulado com uma variação altitudinalde 80 m entre os platôs originais e as partes maisbaixas. O platô original (marrom-escuro no mapa)permanece em poucos locais, predominando apaisagem dissecada. No sentido norte-sul, o platôcentral (cota de 120 m.s.n.m. no mapa) é o divi-sor de águas entre duas bacias hidrográficas. Aoeste desse platô drenam os afluentes do igarapédo Tarumã (Barro Branco, Acará e Bolívia), cujafoz encontra o rio Negro nas proximidades daPonta Negra, a única praia urbana de Manaus.Para leste drenam os igarapés do Tinga, Uberê eIpiranga, que são afluentes do igarapé doPoraquequara. Este é afluente direto do rioAmazonas a jusante de Manaus. À exceção deum pequeno igarapé na porção sudoeste daReserva, que nasce no ambiente urbano e têmágua poluída, os demais corpos d'água nascemdentro da área e têm água limpa, negra ou clara.
RELEVO E HIDROGRAFIA FRAGMENTO FLORESTAL URBANO
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1988
1995
Ig.Acará
Ig.Bolívia
Ig. Ipiranga
Ig.Uberê
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ingaIg. Barro Branco 1
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Rodovia Manaus-Itacoatiara (AM-10). O acessoà base científica da Reserva fica no km 26.
1997
Imagens Landsat fonte: INPE através do GISLAB-INPA.
140 m.s.n.m.
120 m.s.n.m.
100 m.s.n.m.
80 m.s.n.m.
60 m.s.n.m.
Alojamento
Acampamento do Acará
Base Sabiá 3
Base Sabiá 1
Base Sabiá 2
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A vegetação da Reserva é floresta de terra-firme. O termo "terra-firme" se aplica a todasas florestas que não são sazonalmenteinundadas pela cheia dos rios, diferenciadasassim das florestas de várzea e igapó. Numaescala mais detalhada, diferentes habitatspodem ser reconhecidos dentro do que sechama terra-firme. Assim, na Reserva ocorremquatro tipos de floresta de "terra firme", alémda vegetação secundária das bordas earredores. A estrutura e a florística dessasformações são definidas principalmente pelotipo de solo e relevo: platô, vertente,campinarana e baixio. Nos platôs os solos sãoargilosos (latossolo amarelo-álico), sedimentosmais antigos, e nas partes mais baixas arenosos(podzóis e areias quartzosas). Alguns autoresatribuem os solos arenosos, situados nos valese nas partes baixas das encostas, às antigaspraias e fundos de lago, possivelmente da últimafase interglacial, quando o rio Negro estavapoucos metros acima do nível atual. Não é
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nas áreas mais altas; solo argiloso bem drenado (latossolo amarelo-álico), pobre em nutrientes;
dossel 35-40 m, muitas árvores emergentes(> 45 m), como o angelim (Dinizia excelsa);
é a floresta com maior biomassa; no sub-bosque, muitas palmeiras acaules como apalha-branca (Attalea attaleoides) e Astrocaryumsciophilum.
difícil reconhecer os diferentes ambientes, masa floresta de vertente é de difícil delimitação.Ocorrendo em solos areno-argilosos, a vertentecorresponde a um gradiente, fisionomicamentemais semelhante ao platô nas partes mais altas,onde o solo é argiloso, e à campinarana naspartes mais baixas, onde o solo é areno-argiloso.
As formações abertas representammenos de 1% da área da Reserva. Neste guiadenominamos áreas alteradas os locais ondea vegetação é cortada freqüentemente e ondese encontram praticamente apenas ervasruderais. Capoeiras são áreas alteradas, masjá com uma estrutura florestal, apresentamdiferentes estágios de sucessão e variamtambém conforme a floresta original.Algumas áreas de campinarana alterada sãocomumente denominadas de campina, poisapresentam estrutura aberta como as cam-pinas, mas a composição é tipicamente deespécies pioneiras.
Ambientes
Solo argiloso
Solo arenoso
Platô Vertente Campinarana Baixio
FLORESTA DE PLATÔ
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sobre a paisagem colinosa dissecada; solos argilosos nas partes mais altas a areno-argilosos nas mais baixas;
dossel 25-35 m; poucas árvores emergentes; a vertente representa uma zona de transição. Naspartes mais baixas é fisionomicamente maisparecida à campinarana, sem no entanto apresentaras espécies que a caracterizam, e nas partes maisaltas é mais semelhante ao platô. Algumas espéciesno entanto só ocorrem neste ambiente.
FLORESTA DE VERTENTE
FLORESTA DE BAIXIO
Nas planícies aluviais ao longo dos igarapés (fundode paleo-lago);
solo arenoso, encharcado com as chuvas, comacúmulo de sedimentos;
dossel 20-35 m, com poucas árvores emergentes; muitas raízes superficiais e árvores com raízesescoras e adventícias; muitas palmeiras arbóreas como patauá(Oenocarpus bataua) e buriti (Mauritia flexuosa); sub-bosque denso: palha-vermelha (Attaleamicrocarpa, palmeira acaule com pecíolosavermelhados), muitas ervas de áreas encharcadascomo Rapateaceae, Marantaceae e Cyclanthaceae;
a fisionomia do baixio varia muito de acordo como nível e tempo de encharcamento. Em áreas maisencharcadas e abertas pode ficar completamentedominada por palmeiras arbóreas, que em locaismais drenados não dominam a paisagem. Emalgumas áreas pode ocorrer inundação periódicae algumas espécies típicas de igapó e várzea podemser encontradas.
FLORESTA DE CAMPINARANA
nas paleo-praias, entre áreas de baixio e vertente; solo de areia-branca (areias quartzosas); grande acúmulo de serrapilheira; dossel 15-25 m e poucas árvores de grande porte; menor biomassa e menor diversidade; alta densidade de epífitas, principalmente sobreindivíduos de macucu (Aldina heterophylla);
alta penetração de luz; sub-bosque denso de arvoretas e arbustos;palmeiras pouco importantes na fisionomia geral;
às vezes com muitas bromélias terrestres.
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De 1974 a 1988 foram feitas inúmerasexpedições botânicas por toda a Amazôniabrasileira, através de uma colaboração entreo INPA, o Jardim Botânico de Nova York(NYBG) e o Museu Goeldi de Belém (MG),num projeto chamado Flora da Amazônia.Foram coletadas mais de 60 mil amostras deplantas, contribuindo muito para o conhe-cimento da flora amazônica. Objetivandotrabalhar mais intensamente numa áreamenor, fazendo coletas sistemáticas eproduzindo monografias dos grupos taxo-nômicos amostrados, nasceu a idéia da "Florada Reserva Ducke".
A Reserva foi escolhida por constituiruma das áreas de floresta amazônica melhoramostrada, pois desde a década de 50 sãofeitas coletas botânicas no local, e, principal-
O Projeto da Flora da Reservamente, pela sua localização na Amazônia Cen-tral, na confluência entre diferentes regiõesfitogeográficas (ver p. 05).
Idealizado principalmente pelos Drs.Marlene de Freitas da Silva, Ghillean T. Prancee William Rodrigues em 1987, o projeto teveinício apenas em 1993, quando foi aprovado ofinanciamento pelo British Department for In-ternational Development (então Overseas De-velopment Agency � ODA) em convênio decooperação técnica com o INPA, na Coorde-nação de Pesquisas em Botância.
Inicialmente o projeto tinha doiscomponentes com objetivos distintos e eradenominado de Projeto Flora e Vegetação daAmazônia Central. O componente vegetação,objeto de estudo do Dr. Bruce Nelson,objetivava utilizar o sensoriamento remoto paraa interpretação das unidades da paisagem naAmazônia Central. Este pesquisador deu inícioao projeto em 1992, levantando as coletasrealizadas na Reserva Ducke e contratando JoséEduardo L. S. Ribeiro, que deu início às novascoletas e fez a análise preliminar da flora daReserva Ducke. O componente flora obje-tivava: intensificar as coletas e produzir umalista das espécies de plantas vasculares (check-list); produzir as monografias para as famíliasde plantas encontradas (flórula); elaborarchaves para famílias e gêneros baseadas emcaracteres vegetativos (guia). Em 1993, coma chegada do Dr. Mike Hopkins, coordenadorda parte britânica, a proposta inicial de umachave para famílias e gêneros foi estendida paraum estudo mais detalhado, utilizando informa-ções de material vivo em campo, que culminounesta publicação.
Tratamentos taxonômicos de todas asfamílias incluídas neste guia foramproduzidos pelos pesquisadores de diversasinstituições brasileiras e estrangeiras,constituindo a "Flórula da Reserva Ducke".A publicação, destinada principalmente abotânicos, inclui descrições detalhadas defamília, gêneros e espécies, citações de
sinônimos e discussões sobre problemas taxonômicosencontrados, e ilustrações. Além disso, inclui chaves deidentificação, que permitem ter mais certeza na escolha denomes, especialmente entre espécies muito parecidas, porutilizarem caracteres de flores e frutos, que são maisconservativos (menos variáveis).
Cosmo Fernandes (Toshiba) coletando uma Araceae.O trabalho de campo contou com o auxílio de umaexperiente equipe de mateiros, que reconhecemmuitas plantas, inclusive famílias, gêneros e espécies,utilizando os caracteres incluídos neste guia.
Bignoniaceae
Ribeiro, J.E.L.S et al. 1994 Reserva FlorestalDucke: diversidade e composição daflora vascular . Acta Amazonica 24(1/2).19-30
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MET
OD
OLO
GIA
No final de 1993 foi decidido realizar umintenso trabalho de campo, não apenas paraencontrar novas espécies e melhorar a coleçãojá existente, mas também para coletarcaracteres de material vivo para a elaboraçãodo guia. O objetivo inicial de produzir umguia no nível de gênero foi também estendidopara uma publicação ilustrada e para identifi-cação no nível de espécie. A nova propostado guia também não se restringia às árvores,incluindo todas as plantas vasculares encontra-das. Para o guia ficou decidido tambémutilizar fotografias das partes diagnósticas dasplantas vivas, com confirmações das identi-ficações pelos especialistas.
Através desses planos, o programa decampo começou da seguinte maneira: usandoa listagem das espécies já depositadas noherbário, foi preparada uma pasta comfotocópias das espécies de cada família, comanotações úteis para identificação e com ma-terial bibliográfico das espécies. Com estapasta, mateiros e pesquisadores procuraramencontrar, fichar e marcar no campo pelomenos cinco indivíduos de cada espécie. Asplantas lenhosas foram etiquetadas com umnúmero único e mapeadas com um sistema depiquetes também numerados, colocados nastrilhas e plotados num mapa da área delevantamento (ver p. 06). A amostragem foiao acaso, nas trilhas já existentes, procurando-se caminhar por todos os ambientes da Reserva.Aproximadamente 5000 indivíduos e 1200espécies de plantas foram marcadas naReserva, porém apenas na porção noroeste,onde fica o sistema de trilha. Informações decampo, especialmente de hábito, tronco, cascae aspectos da folha fresca, foram coletadas.As plantas marcadas foram visitadas perio-dicamente, objetivando coletar todas asespécies com flores e frutos para confirmar aidentificação e ter material testemunhodepositado em herbário. Todos os dados foramcolocados no computador usando um programade banco de dados. Ao mesmo tempo, coletasaleatórias de plantas em flor ou fruto foramfeitas, e estas plantas também foram etiqueta-das. Uma amostra do material coletado foienviada ao especialista da família paraconfirmação de identificação. Coletas geraisforam também realizadas em outras áreas,como nos limites da Reserva junto aos igarapés
Metodologia da florado Acará, Tinga, Ipiranga, Bolívia e nas trêsbases Sabiá (ver p. 06).
Logo no início do programa ficou óbvioque o número de espécies registradas naReserva iria aumentar. Assim, um aumentode aproximadamente 80% foi encontrado paratodas as famílias, especialmente para formasde vida pouco amostradas, como epífitas elianas.
Durante o processo contínuo do tra-balho de campo, cada pesquisador tomouconta de um grupo de famílias. Elestrabalharam principalmente fazendo coletasde informações de várias fontes. A fonte maisimportante foi o conhecimento dos assistentestécnicos do projeto, os mateiros. Após muitosanos trabalhando na floresta em várias projetos,e com vários botânicos, os mateiros apren-deram muito sobre as espécies da floresta.Sem o conhecimento dos mateiros esse projetonão teria atingido seus objetivos. Elesconhecem as características das plantas vivase reconhecem famílias no campo com muitafacilidade, através de caracteres que oespecialista, por utilizar material seco deherbário, não tem a oportunidade de observar.Durante o projeto muitos especialistas devárias instituções brasileiras e internacionaisrealizaram visitas e acompanharam ospesquisadores no campo, observando asplantas marcadas. Alguns visitantes seenvolveram bastante na confecção dos guiasdas famílias de sua especialidade.
Esperamos que os meios de identi-ficação usados neste livro sejam uma síntesede informação. De um lado, o mais cientifi-camente atualizado possível; de outro, o maisprático, usando as características mais úteispara a pessoa que deseja reconhecer plantasno campo.
Alberto Vicentini e Lúcia Lohmann anotandodetalhes do tronco.
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Equipe do Projeto INPA/DFID
BO
TÂ
NIC
OS D
A F
LO
RA
Os Botânicos
Michael HopkinsJosé Eduardo Lahoz da S. RibeiroAlberto VicentiniCynthia Anne SothersMaria Auxiliadora da S. CostaJoneide Mouzinho de BritoMaria Anália Duarte de SouzaLúcia Helena P. Martins
Lúcia Garcéz LohmannMarina Theresa V. de A. CamposLílian da Costa ProcópioMariana Rabello MesquitaPaulo Apóstolo da Costa Lima AssunçãoEveraldo Pereira da CostaCosme Fernandes da SilvaZoraide Almeida Pinheiro
Jardin botaniqueGenève
Alain Chautems
Royal BotanicalGardens, Kew
Ghillean PranceSimon MayoTerry PenningtonLulu RicoGwyllam LewisSandy AtkinsBrian StannardDavid SimpsonDavid FrodinSue ZmartzyRay HarleyDaniella ZappiVanessa Plana
University of BergenCornelius C. Berg
University of UtrechtPaul MaasHiltje Maas
University of MainzConnie Ott
Universidade deGeissen
Heike E.C. Küchmeister
University of WaagingenTun van Leeuwenberg
Missouri BotanicalGarden
Suzanne RennerRandy EvansHenk van der WerffCharlotte TaylorRosa Ortiz
Smithsonian InstitutionPedro Acevedo
Universidad deAntioquia
Riccardo Callejas
Botanical ResearchInstitute of Texas
John Pipoly
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Ires de Paula MirandaMaria Lúcia AbsyAldaléa Sprada TavaresJosé Mauro MiralhaMaria das Graças G. Vieira
Bruce Walker NelsonCarlos Alberto FreitasMaria de Lourdes SoaresJosé Augusto da Silva
New York BotanicalGarden
Douglas DalyScott MoriCarol GracieAndrew HendersonMichael NeeJohn D. Mitchell
University of MichiganWilliam R. Anderson
Marie Selby BotanicalGardenBruce Holst
UNESP Rio ClaroAntônio FurlanReinaldo Monteiro
Universidadede São Paulo
José Rubens PiraniAlexandre OliveiraRafaela ForzzaCinthia KameyamaLílian MaltaFabiana GomesAlice CorreaRita BalthasarMaria Ana Farinaccio
Universidade Federaldo Paraná
William Rodrigues
Universidade Técnica doAmazonas
Marlene Freitas da Silva
Museu GoeldiRicardo Secco
UNESP-IBILCEPaulo Windisch
Universidade Federal de Viçosa
Rita Maria Okano
IBGE BrasíliaTarcísio Filgueiras
Fundação CETECGilberto Pedralli
CENARGEN BrasíliaTaciana Cavalcanti
Jardim Botânicodo Rio de Janeiro
Gustavo MartinelliHaroldo Cavalcante deLimaÂngela Fonseca VazNilda Marquette FerreiraGeisa FerreiraMaria do CarmoMarquesRegina Andreata
Instituto de Botânicade São Paulo
Jefferson PradoInês CordeiroGerlene EstevesLúcia RossiSueli NicolauMaria Lúcia KawasakiRosângela BianchiniMaria das GraçasWanderleyMaria Cândida Mamede
Universidade Estadual deCampinas
Volker BittrichMaria do Carmo Amaral
Universidade Estadual de Feira de SantanaAna Maria Giuliette
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IDEN
TIF
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ND
O P
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S
O ser humano sempre deu nomes às plantas.Cada cultura já teve seu próprio sistema declassificação e de nomenclatura, possibilitandoa comunicação e, conseqüentemente, o usodas plantas. A disseminação desta informaçãoentre culturas distintas foi sempre difícil, poisas classificações e os nomes das espécies eramdiferentes. As plantas na Amazônia têm nomesvulgares, mas muitas vezes o mesmo nome seaplica a espécies diferentes, dependendo daregião e também da pessoa que o utiliza. Hojeem dia existe um sistema internacional denomenclatura, baseado em uma classificaçãoque reflete a filogenia das plantas. É muitoimportante que as identificações de plantassejam corretas e de acordo com este sistema,para que as pessoas, ao se comunicarem sobreas espécies com que trabalham, estejam sereferindo às mesmas entidades biológicas.
Este livro foi elaborado para a identi-ficação das plantas vasculares da ReservaDucke e pode ser usado também em outrasflorestas de terra-firme na Amazônia. Nestecaso deve-se ter mais cuidado, pois muitasespécies não estarão representadas. Umnovato em botânica ou um novato naAmazônia terá dificuldades em identificar asplantas imediatamente. Da mesma forma queao aprender qualquer assunto, é essencial umperíodo de treinamento para se familiarizarcom o material e com a terminologia utilizada.Procuramos providenciar as informaçõesessenciais para a identificação de umamaneira didática e com grande flexibilidadenos meios de se chegar à identificação correta.As primeiras tentativas de um iniciante podemser frustrantes, mas esperamos que com umpouco de prática seja possível reconhecer ospadrões detectados na natureza, que procura-mos ilustrar neste livro. Pessoas que já usaramguias de plantas em outros lugares terão menosdificuldade para usar este, assim como aquelasque têm experiência com guias de aves.
Um pouco de equipamento é essencialpara o botânico. O problema mais sério é quemuitas plantas têm folhas a 30 m ou maisacima do solo e, assim, o acesso é difícil.
Profissionais podem subir ou usar podão,espingarda ou estilingue para conseguir folhas.Normalmente pode-se achar folhas caídas nochão, mas no mínimo é necessário umbinóculo para checar se a folha encontradapertence à planta que se deseja identificar.Erros de identificação podem ser muitas vezesdevidos à confusão causada por coletas mistas.Para ver detalhes nas folhas, uma lupa de bolsocom aumento de 10 vezes é essencial. Semlupa é muito difícil distinguir glândulas eformas de pubescência, por exemplo. Umalupa de maior aumento pode ser útil, mas nãoé muito prática na mata.
Para usar este guia, um outro equipa-mento importante é um facão ou terçado.As características da casca interna são muitoimportantes na identificação, como porexemplo a presença de exsudatos, cores,espessuras e odores. Infelizmente, dessaforma a planta fica danificada, aumentandoa probabilidade de infecção por microorga-nismos. Existem tintas especiais para cobrirferimentos em plantas, geralmente utilizadospor profissionais que fazem podas, e querecomendamos utilizar.
O mais importante ao identificarplantas é a forma de pensar. As plantas têmmilhares de características, muitas das quaisse repetem em várias espécies. Assim, acombinação de caracteres de uma plantapode imediatamente sugerir uma identi-ficação ao botânico com experiência, maspode ser muito difícil para este explicar porque determinado nome apareceu na suamente. Certas plantas, ou grupos de plantas,têm um "jeitão". Aprender "jeitões" é umprocesso pessoal que vem com a experiênciaprática. Neste livro procuramos providenciaratalhos para reconhecer esses "jeitões", masnada substitui a experiência individual. Àsvezes é bom apenas olhar uma planta, deixarsua mente assimilar o "jeitão" e associá-locom identificações já feitas, ou procurar oscaracteres que mais chamem atenção. Coma prática esse processo se torna quaseautomático.
Identificando Plantas
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Depois da linha vermelha as famílias aparecem emordem filogenética, segundo o sistema de classi-ficação de Cronquist.
Existem ainda dois índices de busca rápida. Umpara localização alfabética das espécies, apresentadona última página do livro. Na página que antece àspáginas de família, depois da faixa vermelha, há umíndice para localização de espécies com caracte-rísticas marcantes.
Páginas de famílias(identificação no nível de espécie)
Como usar o guia
GUIA DAS PLANTASVASCULARES DARESERVA DUCKE
A intenção do guia é permitir ao botânico eao não-botânico identificar qualquer plantavascular que ocorra na Reserva. Por isso, aidentificação é baseada nas partes vegetativasdas plantas, uma vez que estas na maioria dotempo se encontram sem flores ou frutos. Amaioria dos guias, especialmente chavespublicadas em tratamentos taxonômicos, usacaracteres de flores ou frutos, além de muitostermos difíceis para um novato entender.
Acreditamos que o não-botânico achará estelivro mais fácil de utilizar, mas não supomosque seja possível identificar nenhuma plantaimediatamente. Termos técnicos são utilizadose na maioria dos casos definidos na parteinicial do livro. Ao aprender como funcionaeste guia e onde encontrar a informaçãonecessária, esperamos que as pessoas possamidentificar plantas rapidamente e comsegurança.
Nas páginas iniciais sem tarjas coloridas na margem,são apresentados uma introdução geral à flora, ao guiae à Reserva Ducke (até p. 23), e um glossário dos termostécnicos utilizados com dicas de ocorrência doscaracteres nas famílias (até p. 95).
GLOSSÁRIO
Este glossário tem a função de ajudar a entenderos termos técnicos usados no livro, fornecendodicas para decidir a qual família pode pertenceruma planta que se deseja identificar.
O glossário dispõe de páginas com informaçõesgerais sobre taxonomia, seguidas da caracteri-zação das várias partes das plantas, inicialmenteas maiores (hábito, troncos) e depois as menores(partes das folhas). Nessas páginas são explicadosos termos mais usados no guia, indicando quaisas famílias ou gêneros com característicasparticulares.
Os botânicos utilizam muitos termos técnicos eexiste uma literatura extensiva definindo cada um.Procuramos providenciar as informações quefacilitem ao não-botânico o entendimento dostermos utilizados e a conseqüente identificação.Em alguns casos a descrição das estruturas permitiu
fugir de termos botânicos, mas em outros isso foiimpossível. Não nos preocupamos em semprefornecer o termo botanicamente correto. Enten-demos que botânicos podem ficar irritados comessa falta de acuidade na terminologia, masacreditamos que o não-profissional pode ficar maisconfuso com termos difíceis. Além disso, o livro foiescrito por muitas pessoas e cada uma pode teraplicado os termos de maneira um pouco diferente,principalmente porque muitos são subjetivos pordefinição.
Para usar o glossário consulte o índice nas páginasiniciais. Sugerimos aos usuários que utilizem oglossário para se familiarizarem com os termostécnicos e os caracteres vegetativos utilizados nesteguia. Esperamos, assim, que o usuário não esqueçade observar os caracteres de campo, porque naausência deles pode ser impossível identificar uma
Introdução e glossário
PARTES DO GUIA
Para identificação
Diagramas de família
Nas páginas com uma tarja vermelha na margem sãoapresentados diagramas para identificação da família
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DIAGRAMAS DE FAMÍLIA
Folhas simples
Diagramas de família
Através desses diagramas pode-se rapidamenteidentificar no nível de família. A chave não éconclusiva, mas reduz o número de famíliaspossíveis, tornando a busca limitada a poucasfamílias com características semelhantes. Depoisde chegar em um grupo pequeno de famílias: vá até as páginas de cada família e tente encontrar
a espécie certa; se a busca for inconclusiva, tente napróxima família;
planta. Isso acontece quando se coleta uma plantae se tenta identificá-la depois. É freqüente nestecaso que se esqueça, por exemplo, de verificar as
DIAGRAMAS
características do tronco, a presença de exsudatosetc., limitando dessa forma as possibilidades deidentificação.
Os diagramas deste livro são formas de mostraragrupamentos de caracteres, segundo uma ordemhierárquica. Todos os diagramas seguem a mesmalógica. A hierarquia é definida pela posição da caixa,cor de fundo (tons mais escuros são subgrupos detons mais claros) e pelo tamanho da letra do título.
Esse, que corresponde ao(s) caractere(s) quedefine(m) o agrupamento, fica sempre no alto ecentralizado na caixa. Os diagramas não sãodicotômicos, podendo apresentar mais de umaopção de escolha no mesmo nível hierárquico.
ou tente achar outras dicas úteis para diminuirainda mais o número de famílias. Para isso procureno glossário a página explicatória da(s) caracte-rística(s) que definem, no diagrama, o grupo defamílias escolhido.
Os diagramas de família são organizados primeira-mente pelo hábito.
Folhas opostas simples
Látex branconos ramos
ApocynaceaeAsclepiadaceaeAsteraceae
Folhas alternas
Margem serreada
SterculiaceaeEuphorbiaceae
Lianas
Arbustos e árvores
A cor de fundo definea hierarquia.
O título no alto dacaixa é a tomada dedecisão, o tamanho daletra também define ahierarquia.
Folhas compostas
Opostas Alternas
Página 88
Página 89 Página 90
Ervas terrestres
Epífitas
Hemiepífitas,parasitas e
hemiparasitas
Lianas
Página 86Página 85
Página 87Página 86
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Diagrama de grupos
PÁGINAS DAS FAMÍLIAS
As páginas das famílias são organizadas conforme ailustração abaixo: introdução, flores e frutos, guiaaos grupos e páginas das espécies. Esta é a seqüênciapadrão da informação de cada família. Existemvariações em função do tamanho de cada uma e
aquelas muito complexas apresentam informaçõesadicionais. Famílias pequenas, ao contrário, têmpáginas mais simples. Para a identificação dasespécies pode-se iniciar diretamente no guia aosgrupos ou nas páginas das espécies.
Busca de característicasmarcantes
Retângulos coloridos na margem daspáginas ímpares funcionam como índicesde busca rápida para localização eidentificação de espécies com caracteresmenos freqüentes (exceções), e que porisso se destacam. O índice é apresentadona página que antece a primeira família,depois dos diagramas para identificar nonível de família (p. 94).
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Flores e frutosAs fotos de flores e frutos têm o objetivo apenas de ilustrar essas estruturas, pois nãohá fotos para todas as espécies. Podem ajudar na identificação, mas é necessárioconfirmar se uma planta identificada através dessas fotos concorda com os caracteresvegetativos apresentados nas páginas das espécies. Em famílias pequenas podemaparecer no meio da introdução e em famílias grandes podem estar agrupadas emdiagramas segundo caracteres de fácil reconhecimento, como cor, tamanho etc.
Páginas de grupos (identificando espécies)
Índice alfabético das famíliasA tarja colorida na margem das páginas pares permitea busca alfabética das famílias, através do índiceapresentado na última página do livro.
IntroduçãoInformações sobre diversidade, distri-buição geográfica, caracteres importantes,ecologia e usos.
O diagrama de grupos tem por objetivo ajudar o usuário, em famíliascom muitas espécies, a escolher o grupo durante a identificação.Famílias pequenas não têm este diagrama. Funcionam da mesmamaneira que todos os diagramas apresentados no guia. As caixas decores mostram a ocorrência dos caracteres, os tons mais escuros indicamsubdivisões dos mais claros. Em Chrysobalanaceae, por exemplo,grupos 1 até 5 têm folhas com pêlos (caixas cinza); entre eles, grupo 1se destaca pela presença de domácea, e os outros são diferenciadospela cor e quantidade de pubescência. Grupos 6 e 7 têm folhasglabras (caixa bege), e os dois grupos diferem no formato do ápice dafolha. O diagrama não é sempre dicotômico, às vezes fornece maisque duas possibilidades de escolha, como os grupos 3, 4 e 5 noexemplo. Escolher o grupo que achar mais provável e ir para a páginacorrespondente. Para algumas famílias, diagramas com outroscaracteres, que não aqueles utilizados nos agrupamentos, possibilitamoutra forma de identificação.
21Páginas de grupos (identificando espécies)
Em geral os grupos têm no máximo 10 espécies, ocupandoduas páginas opostas. Nessas páginas são colocadas asinformações de cada espécie, agrupadas por um ou maiscaracteres vegetativos em comum. Em geral procuramosjuntar as espécies que podem ser mais confundidas entresi. Cada uma ocupa um quadrado correspondente a umsexto da página e as definições dos agrupamentos aparecemno centro, na caixa de cor mais escura. Os grupos sãonumerados e podem ser reconhecidos pela cor. Asinformações que os definem aparecem na caixa centraljunto com o respectivo número. Às vezes os grupos podemser subdivididos por outros caracteres, e as definições destessubgrupos aparecem em caixas menores também na partecentral das páginas. Não são numerados e são reconhecidospela tonalidade, mais clara ou mais escura, da cor quedefine o grupo todo. Quando os subgrupos estão presentes,a tonalidade da caixa das espécies é a mesma do subgrupoao qual pertencem. Assim, ao se tentar identificar umaespécie, é possível chegar num grupo pequeno depossibilidades, como se estivesse seguindo uma chavedicotômica. No entanto, é importante lembrar que osagrupamentos não são exclusivos. Checar em outros gruposse a identificação não parecer correta. O guia não precisaser usado necessariamente segundo a lógica estabelecida.É possível apenas olhando as imagens reconhecer espécies,especialmente aquelas que apresentam algum caractereparticular.
Em algumas páginas podem aparecer DICA DE CAMPO ouinformações adicionais, em caixas de borda azul no lugarda caixa de espécies. Se a informação contida nessas caixasfor adicional ao grupo, têm a mesma cor de fundo quedefine o mesmo. Se a dica aparecer numa caixa de cordistinta, em fundo branco, a informação é adicional àfamília como um todo.
A caixa das espécies inclui um texto pequeno que chamaa atenção dos caracteres diagnósticos à identificação, juntocom o nome científico, nome regional mais usado, quandohouver, freqüência e distribuição nos ambientes da Reserva.A distribuição geográfica da espécie é a última informaçãodo texto, que deve ser entendida levando em consideraçãoa falta de conhecimento sobre isso (p. 05).
Para cada espécie são apresentadas também imagens, querepresentam partes da planta úteis em identificação:
� venação: tirada da face inferior e central da folha, folíoloou foliólulo, dependendo da família. A foto é apresentadaem tamanho real. Assim, ao se tentar identificar uma espécie,dobrar uma folha ao meio, procurando complementar aoutra metade da imagem, e conferir se corresponderiamaos dois lados de uma mesma folha.� ritidoma: parte do tronco para ilustrar o aspecto dacasca externa. Corresponde a um quinto do tamanho real(o comprimento maior da foto corresponde a 18 cm detamanho real).
� corte: tirada de uma secção da casca cortada, mostrandoa textura, coloração e exsudatos, quando presentes, dacasca e do alburno. Corresponde a metade do tamanhoreal.
� folha e/ou folíolo: imagem digitalizada de uma folha oufolíolo seco. A escala varia com o tamanho da folha e onúmero pequeno que aparece perto da imagem correspondeem mm ao tamanho real. A cor da folha seca é um caractereimportante.
Quando necessário outras fotos mostram outros caracteresúteis. Em geral as fotos pequenas, ao lado da imagem da
Dica decampo(adicional)
folha ou folíolo, representam detalhes como glândulas,pêlos e escamas. Tipicamente, a escala corresponde aoaumento de uma lupa de bolso (2-5 x), mas procure checarnas páginas de cada família as escalas utilizadas.
Procure ser flexível ao interpretar fotos e textos. As imagensrepresentam um ou poucos indivíduos e, por isso, nãoincluem toda a variação existente. Para ter certeza daidentificação, faça de forma que esta não possa ser rejeitadae que as imagens não sejam muito diferentes da plantaque se deseja identificar.
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Definiçãode grupo
Definição desubgrupo
Caixas de tomada de decisão
Venação emtamanho real
Ritidoma1/5 do real
Detalhesde lupade bolso(2x doreal)
Corte1/2 do real
Ápice doramo(adicional)
Pecíolo(adicional)
Tamanhoda folhaem mm
Folha secadigitalizada
Textodiagnóstico
Caixa de espécie
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ÁrvoresChrysobalanaceaeMyristicaceae (maioria)Annonaceae (Bocageopsis)Connaraceae (Connarus)Rubiaceae (Chimarrhis)Euphorbiaceae (Crotonlanjowensis eAdenophaedra grandifolia)
LianasBignoniaceae(Callichlamys, Tynanthus)Hippocrateaceae(Prionostemma)Ericaceae (Psammisia)
Vermelha
Psammisiaguianensis
Prionostemmaaspera
Licaniacaudata
Couepiaguianensis
Connarusperrottetii
Connaraceae
Iryantheraparadoxa
Iryantheraelliptica
Myristicaceae
SEIVA
E abundante em:HumiriaceaeLinaceaeEuphorbiaceae (Alchorneopsis)MeliaceaeMyristicaceaeEm diversas lianas
Incolor
ExsudatosExsudatos são os líquidos liberados quando aplanta é cortada. Aqui são apresentados osexsudatos do tronco, classificados em quatrogrupos. Exsudatos se originam de vasos oudutos na casca viva e/ou alburno egeralmente são secretados rapidamente apóso corte. Algumas vezes saem lentamenteformando gotas ou gotículas, comum emSapotaceae e Leguminosae. Em Euphorbiaceaee Papilionoideae podem sair em camadasdistintas da casca viva, formando anéis (ver p.44). A quantidade pode variar de escassa,quando a lesão fica apenas com gotasesparsas; mediana, quando não chega a cobrir
totalmente a lesão; ou abundante, quandorecobre o corte. Pode variar também com aestação do ano. Observamos que a quantidadediminui bastante na estação seca, estando atéausente em famílias usualmente reconhecidaspela presença de látex, como Sapotaceae eMoraceae. O exsudato pode ser fluido,quando o líquido escorre e normalmente temrápida aparição (seiva e látex), ou pegajoso,quando semelhante à cola (gomas, resinas elátex), ou ainda viscoso, quando denso egrosso porém não pegajoso (látex). Em algunscasos pode provocar reações alérgicas, comoa resina de espécies de Anacardiaceae.
LÁTEX
É uma emulsão de diversas substâncias insolúveisem um líquido aquoso, que contém açúcares, gomas,alcalóides, óleos essenciais etc. Em função disso,látex é sempre opaco e geralmente branco, mas podeser amarelo, vermelho, marrom ou alaranjado. Podeser fluido, pegajoso ou viscoso. Quando pegajoso émais líquido que as resinas e gomas, mas não
apresenta partes translúcidas ou brilhantes (comoverniz) e solidifica. As partículas em suspensão nolátex funcionam normalmente como proteçãoquímica e física das partes lesionadas, contra o ataquede insetos, fungos ou microorganismos. Látex é maisevidente em Sapotaceae, Moraceae, Clusiaceae,Euphorbiaceae e Apocynaceae.
LaranjaMyristicaceaeRutaceae (Zanthoxyllum)
Em Myristicaceae pode ficarvermelha por oxidação.
Virola theiodora
Myristicaceae
Cecropiaceae(Pourouma spp.)
Bignoniaceae(Arrabidaea trailii)
Amarela
Pourouma minor
Cecropiaceae
Alchorneopsisfloribunda
Euphorbiaceae
Osteophloeumplatyspermum
Myristicaceae
É o "sangue" da planta, uma solução nutritivatransportada pelos vasos do floema (casca viva). Égeralmente incolor e translúcida, mas pode serlevemente colorida. Difere dos demais exsudatos pelaconsistência fluida e aquosa. Seivas nunca sãopegajosas e depois de expostas ao ar podem tornar-seviscosas lembrando gelatina. Em algumas plantas o
corte da casca/alburno muda de cor devido à exsudação,parecendo o efeito de oxidação (ver p. 46). Em Licaniaheteromorpha (Chrysobalanaceae) logo após o corteouve-se um som, semelhante ao produzido quando seabre uma garrafa de refrigerante com gás, produzidopela entrada de ar no floema. Algumas espécies sãoconhecidas por isso como "chiadoras".
EX
SU
DA
TO
S
Hippocrateaceae Ericaceae
Chrysobalanaceae
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Apocynaceae (+/- todas)Clusiaceae (poucas)Euphorbiaceae (algumas)Moraceae (maioria)Sapindaceae (algumas)Sapotaceae (maioria)Asclepiadaceae (todas)
Só nos ramosApocynaceae (Aspidosperma)
Só nas folhasOlacaceaeEuphorbiaceae (Glycidendron)
Moraceae (muitas)Sapotaceae (poucas)Gnetaceae
CremeClusiaceae (poucas)Euphorbiaceae (poucas)Moraceae (algumas)Sapotaceae (algumas)
Branco
Alaranjado
Clusiaceae (em algumas espéciesfica vermelho depois de oxidado)
Só nos ramosApocynaceae (Aspidospermumspruceanum)Euphorbiaceae (Anomalocalyx)
Café-com-leite a marrom
Vermelho
Só nos ramosApocynaceae (Aspidospermadesmanthum)
Clusiascrobiculata
Clusiaceae
Ficus cremersii Naucleopsisternstroemiiflora
Maquiracalophylla
Moraceae
Caraipa rodriguesii
Clusiaceae
Clusiaceae (Vismia spp.) Moraceae (algumas)
Vismia cayennensis Vismia guianensis
Clusiaceae
Clusiaceae (maioria)Moraceae (algumas)Sapotaceae (poucas)
Amarelo
Calophyllum aff.brasiliense
Clusia insignis Garciniamadruno
Moronobeacoccinea
Tovomitacaloneura
Tovomitachoisyana
Clusiaceae
Pouteriawilliamii
Pouteriastipulifera
Pouteriadurlandii
Pouteriaerythrochrysa
Sapotaceae
Perebea mollis
Moraceae
Clusiaspathulaefolia
Tovomitaweddelliana
Clusiaceae
Ambelaniaduckei
Himatanthussucuuba
Tabernaemontanamuricata
Apocynaceae
Brosimumrubescens
Brosimum utile
Moraceae
Heveaguianensis
Mabeaspeciosa
Nealchorneayapurensis
Euphorbiaceae
Pouteriavernicosa
Pouteriareticulata
Pouteriaopposita
Manilkarahuberi
Elaeolumanuda
Sapotaceae
Paulliniaclathrata
Paullinia sp. 2
Sapindaceae
EX
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DA
TO
S
24
Os gêneros arbóreos apresentam estípulas intrapeciolares, que nas espécies de lianas são em geral caducas ou escondidaspelo indumento, à exceção de Hiraea, que possui estípulas fundidas com o pecíolo parecendo estipelas.
Todas as espécies têm estípulas interpeciolares, e essa característica permite o reconhecimentoda família vegetativamente. A forma das estípulas é fundamental no reconhecimento de gênerose espécies. São em geral completamente fundidas, parecendo uma pequena folha, mas podemser bífidas, trífidas ou fimbriadas.
Apresenta estípulas interpeciolares com-pletamente livres, o que é raro emRubiaceae, e as folhas em geral têm amargem serrilhada.
Malpighiaceae
Rubiaceae
Psychotriapolycephala
Henriqueziaverticillata
Spermacoceexilis
Psychotriapoeppigiana
Sabiceaamazonensis
Psychotriamapourioides
Quiinaceae Vochysiaceae
Sterigmapetalum possuifolhas verticiladas (4porverticilo) e possui estípulasinterpeciolares caducas,podendo ser confundidacom Rubiaceae.
Estípulas, ócrea e estipelasSão apêndices em geral laminares (folhasmodificadas), que se formam aos pares, um decada lado da base do pecíolo das folhas.Estípulas são em geral simétricas na forma, demodo que em cada par uma corresponde aoespelho da outra. Podem ser livres, ou adnadas,quando soldadas ao pecíolo parcial outotalmente. Podem também ser concrescidas,quando fundidas entre si. Neste caso, sãodenominadas interpeciolares (entre pecíolos defolhas diferentes) quando formadas por duasestípulas de folhas diferentes do mesmo nó. Seconcrescidas, mas formadas pela união das duasestípulas da mesma folha, são denominadas deintrapeciolares. Ainda, quando duas estípulasintrapeciolares se unem de ambos os ladosformando um anel de tecido que circunda
completamente o ramo ao redor do nó, essaestrutura é denominada de ócrea. Ócrea só ocorreem plantas com folhas alternas. Estípulas sãoterminais quando aparecem no ápice dos ramosprotegendo a gema terminal. Estipelas sãopequenas escamas ou lâminas que aparecem nabase da lâmina de algumas espécies com folhassimples, ou na base dos folíolos de algumasespécies de folhas compostas.
Estípulas são muito úteis em identificação,principalmente no reconhecimento de famílias.Algumas famílias são caracterizadas pelapresença de estípulas, que podem ser completa-mente ausentes em outras. Muitas vezes aestípula é caduca, mas deixa uma cicatriz, cujaforma e posição são importantes caracteres.
Lacunaria jenmaniQuiina negrensis
As estípulas são caducas. Em Qualea eRuizterania deixam aparente duas glândulaslaterais na base do pecíolo.
Rhizophoraceae
Pterandra arboreaByrsonimaduckeana
Byrsonimaincarnata
Byrsonima crispa Hireae schultesii
Estipela formadapelas estípulas
adnadas aopecíolo
EM PLANTAS COM FOLHAS SIMPLES E OPOSTAS
EST
ÍPU
LA
S
Vochysiarufescens
25EM PLANTAS COM FOLHAS SIMPLES E ALTERNAS
As estípulas são intra-peciolares, persistentes ebem evidentes. Em geralsão triangulares e têm es-trias longitudinais.
Erythroxylaceae
Estípulas pequenas e poucoevidentes, porque geralmentesão caducas, ocorrem tam-bém em Lacistemataceae,Rosaceae e Violaceae entreoutras. Na primeira podemdeixar cicatrizes evidentes.
OutrasFlacourtiaceae
Estípulas caducas.
Caseariajavitensis
Caseariamanausensis
Chromolucumarubriflora
Ecclinusaguianensis
Presentes apenasem Ecclinusa e Chro-molucuma, sepa-rando esses dos de-mais gêneros, quenão têm estípulas.
Sapotaceae
Euphorbiaceae
Presentes na maioria das espécies, masem geral muito pequenas e pouco evi-dentes.
Micrandraspruceana
Senefelderamacrophylla
Conceveibamartiana
Sempre presentes, mas persistentes apenas em Sauvagesia, nosoutros gêneros caducas deixando cicatriz anular proeminente.
Ochnaceae
Cespedesiasprucei
Cespedesiaspathulata
Ourateacoccinea
Sauvagesiaelata
Passifloraceae
São lianas quepossuem gavinhas.As estípulas são àsvezes glandulosas.
Moraceae e CecropiaceaeEstípulas terminais cônicas, caducas, mas que deixam uma ci-catriz muito evidente.
Coussapoaasperifolia
Cecropiapurpurascens
Brosimumlactescens
Ficushebetifolia
Goupia glabra
Celastraceae
Apenas Goupia apresentaestípulas, pequenas e bemevidentes em ramos jovens.
Passifloraquadriglandulosa
Dichapetalaceae
Presente apenas emDichapetalum, que éum gênero de lianas.
Dichapetalumspruceanum
É a maior família dentre aquelas com folhas alter-nas e estípulas. As estípulas são pequenas einconspícuas, freqüentemente caducas, sendomais evidentes em ramos jovens.São ramificadas em algumasespécies de Hirtella.
Licaniasprucei
Hirtellahispidula
Hirtelladuckei
Parinariexcelsa
Licaniaimpressa
Chrysobalanaceae
EST
ÍPU
LA
S
Erythroxylummucronatum
Em algumasespécies asestípulasficamgrudadas nopecíolo.
26
Gavinha deBauhinia sp. 3
Paullinia cupana
Serjaniapaucidentada
Paullinia sp. 1 Cupaniascrobiculata
Leguminosae
Na Reserva o único gênero de lianas com gavinhas é Bauhinia (Caesalpinioideae) não associadas às folhas(pareadas por causa da falta de crescimento entre elas, não devido à duplicação).
Paullinia sp. 4 Paullinia sp. 5Serjaniacircumvallata
Paullinia cf.grandifolia
Paulliniastipularis
LIANAS COM FOLHAS COMPOSTAS
Machaerium sp. 3Clitorialeptostachya
Dalbergiamultiflora
Clitoria sp. Piptadenia minutifloraMachaeriumhoehneanum
Dioclea megacarpa
Bauhiniacupreonitens
Paullinia rugosa
Sapindaceae
Em Sapindaceae, o crescimento anômalo ocorre emSerjania. Gavinhas aos pares ou furcadas podem sairregularmente dos ramos ou na inflorescência.
LIA
NA
S
27
Ramos circulares ou quadrangulares, com 4 (ou 8) grupos de floema em forma de cruz. Ramo externo e internósbem delimitados, às vezes, estriados. Algumas espécies têm cheiro forte. Folhas com primeira divisão em três,com um dos folíolos substituído por uma gavinha.
Bignoniaceae
Pyrostegia cinereaLeucocalanthaaromatica
Arrabidaea chica Schlegelia paraense
Arrabidaea prancei
Distictis pulverulenta Memora flavida Cydista aequinoctialis
Stizophyllum riparium Arrabidaea chica Pleonotoma jasminifolia
Arrabidaea triplinervia Tynanthus panurensis
LIA
NA
S
28
Descendentes, que nascem na copae enviam raízes ao chão
Exceto as espécies de Araceae, as demais são lenhosas.
ARBUSTOS E ARVORETAS ESCANDENTES
Sobre o tronco ou ramos com raízes aéreas reconhecíveis
Estão incluídas aqui epífitas verdadeiras, hemi-parasitas e parasitas verdadeiras, plantas encontra-das sobre outras (forófitos no caso de epífitas ehospedeiros no caso das hemiparasitas e parasitas)sem contato direto com o solo em nenhuma faseda vida. As hemiparasitas parecem epífitas por
Plantas encontradas sobre outras (forófitos)conectadas com o solo através de raízes em algumafase da vida. Algumas hemiepífitas lenhosas podemser confundidas com lianas. Quando fica difícilreconhecer as raízes como tal, podem serreconhecidas pela ausência de crescimento em
Arbustos ou arvoretas que inicialmente crescem atécerta altura e depois se apóiam em plantas vizinhas.Não possuem estruturas específicas para subir(gavinhas, crescimento em espiral etc.) e geralmentepermanecem no sub-bosque. Muitas vezes é difícilreconhecê-las como árvores, arbustos ou lianas.Algumas espécies com esta forma de vida têm P
LA
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Parasitas, parecendo flores ou frutos da plantahospedeira
Hemiparasitas, parecendo ramos da plantahospedeira (sem raízes reconhecíveis)
Plantas dependentes de suporteEPÍFITAS, HEMIPARASITAS E PARASITAS
possuírem folhas verdes, mas apresentam estruturasque penetram no hospedeiro (os haustórios), deonde retiram água e nutrientes. As parasitasverdadeiras não apresentam folhas e as partesvegetativas ficam dentro do hospedeiro e só podemser reconhecidas quando com flores ou frutos.
Em jardins de formigas
LoranthaceaeViscaceae
AraceaeBromeliaceaeCactaceaeGesneriaceaeOrchidaceae
PteridophytaRubiaceae (Hillia)Solanaceae (Markea)Marcgraviaceae (Souroubea)
Rafflesiaceae (específicas em Leguminosae)
AraceaeBromeliaceaeGesneriaceae
OrchidaceaePiperaceaeSolanaceae
HEMIEPÍFITAS
espiral ao redor do tronco do forófito ou degavinhas, pela ramificação das raízes próximo aosolo e/ou pelo grande número de raízes agrupadas.Em relação às descendentes, o caule é geralmentemais grosso no ápice.
Ascendentes, subindo pelo troncocom o auxílio de raízes
reprodução vegetativa quando o caule não apoiadoencosta no chão emitindo raízes.
Acanthaceae (Ruelia sprucei)Lauraceae (Ocotea boissieriana)
Leguminosae:Papilionoideae (Clitoria)Caesalpinioideae (Senna)
Em geral são plantas herbáceas ousublenhosas.
Bignoniaceae (Schlegelia - folhas carnosas)Gesneriaceae (Drymonia - folhas carnosascom máculas vermelhas)Melastomataceae (folhas trinervadas)
Folhas simples e opostas Mata-pau
ClusiaceaeMoraceae (Ficus,somente algumasespécies)Cecropiaceae
Clusiaceae (látex - venação obscura)
Folhas simples e opostasOutras
AraceaeEricaceaePteridophyta
Cyclanthaceae (folhas bífidas)
Venação paralela
Moraceae (estípula terminal e látex)Cecropiaceae (estípula terminal esem látex)Ericaceae (venação palmada e seivavermelha)Marcgraviaceae (ramos pendentes,venação obscura ou veia marginalou submarginal presente)
Folhas simples e alternas
Outras
Araceae (comnumerosas raízesfinas, lenticeladas eem geral aromáticas)
29
Folhas simples
LIANAS
FOLHAS ALTERNAS
ConvolvulaceaeAnnonaceae (Annona haematantha)Dichapetalaceae (folhas ásperas)Icacinaceae (Casimirella, Pleurisanthes)Menispermaceae (Telitoxicum)Olacaceae (Cathedra acuminata)Solanaceae (Solanum sendtnerianum)
LIA
NA
S
Venação pinada e sem caracteresdos outros grupos Dichapetalaceae
EuphorbiaceaePassifloraceaeSterculiaceaeVitaceaeCucurbitaceaePolygalaceae (nainserção do pecíolo)
Glândulas no pecíoloou base da folhaPecíolo com bainha ou ócrea
(ou cicatriz)Piperaceae
Margem serreadaSterculiaceaeEuphorbiaceaeDilleniaceaePassifloraceaeVitaceae
Com gavinhasCucurbitaceaePassifloraceaeSmilacaceaeVitaceae[Rhamnaceae]
Folhas compostas Folhas pinadasConnaraceaeLeg: Caesalpinioideae(Senna)Leg: Papilionoideae (Derris,Machaerium, Dalbergia)Sapindaceae (Serjania ePaullinia)
Leg: Caesalpinioideae (Bauhinia)
Bilobadas ou unifolioladas
Leg: Mimosoideae (Acacia, Mi-mosa, Piptadenia, Entada)
Folhas bipinadas
Folhas trifoliadas ou ternadas
Leg: Papilionoideae (Mucuna,Clitoria, Dioclea, Centrosema)VitaceaeSapindaceae (Serjania)Connaraceae
HEMIEPÍFITASFOLHAS COM VENAÇÃO PARALELA (Monocotiledôneas)
Arecaceae (Desmoncus - flagelos com espinhos recurvados)Marantaceae (Ischnosiphon)Cyclanthaceae (folhas bífidas)Cyperaceae (Scleria - folhas finas cortantes)Orchidaceae (Vanilla)
SAMAMBAIAS (PTERIDOPHYTA)Lygodium volubile Salpichlaena
Algumas hemiepífitas podem ser confundidascom lianas (ver na página anterior)
Algumas lianas quando jovens podem ser reconhe-cidas como arbustos, como, por exemplo, algumas
espécies de Dilkea (Passifloraceae) e Doliocarpus(Dilleniaceae).
Pulvino ou pecíolo articuladoRhamnaceae
29
Venação palmada ou trinérvia na baseDioscoreaceaeAristolochiaceaeHernandiaceaeCucurbitaceaePassifloraceaeEuphorbiaceae
MenispermaceaeRhamnaceaeSterculiaceaeVitaceaeEricaceae (folhas carnosas)[Olacaceae]
Polygonaceae
DichapetalaceaeMenispermaceae
FOLHAS OPOSTAS
Venação pinada, e sem oscaracteres dos outros grupos
Asteraceae (Mikania)Combretaceae (Combretum)HippocrateaceaeMalpighiaceae (poucas)Verbenaceae (Petrea - folhas ásperas)
Loganiaceae (Strychnos - comgavinhas)Melastomataceae (Adelobotrys,Clidemia, Leandra, Tococa)Acanthaceae (Mendoncia)
Venação obviamentepalmada ou trinérvia na
base da folha
Folhas simples
Apocynaceae
Folhas com pêlos glandulares(ver com lupa)
Ramos com entrenósdistintos e "articulações"
Gnetaceae PiperaceaeAcanthaceae
Látex branco nos ramosAsclepiadaceaeAsteraceae
Apocynaceae
Glândulas na folha ou pecíoloMalpighiaceaeAsclepiadaceae
Estípula interfoliar
Rubiaceae Apocynaceae
Folhas compostas com gavinhaBignoniaceae (maioria)
30
Folhas imparipinadasÀs vezes plantas imparipinadas podem ter algumas folhas trifolioladas.
Árvores, arvoretas e arbustosFOLHAS COMPOSTAS
Folhaspalmadas
AraliaceaeBombacaceae
Leg: Caesalpinioideae (Hymenaea,Macrolobium, Peltogyne, Bauhinia)Leg: Mimosoideae (Inga)
Verbenaceae (Vitex)Bignoniaceae (Tabebuia)
Folhas bifolioladas e alternas
Folhas alternas
Folhastrifolioladas
FO
LH
AS C
OM
PO
STA
SFolhas opostas
Caryocaraceae (margem serreada)ConnaraceaeLeg: Papilionoideae (Bocoa ealgumas Swartzia)Euphorbiaceae (Hevea - látex)Sapindaceae (Allophylus)RutaceaeSimaroubaceae[Cochlospermaceae]
Folhas alternas
Verbenaceae (Vitex)Folhas opostas
Folhas bipinadas
Folhas unifolioladas e alternas
Burseraceae (Protium unifoliolatum)Leg: Papilionoideae (Andira unifoliolata eOrmosia grandiflora)Bombacaceae
Quiinaceae (Touroulia)Leg: Papilionoideae (Taralea,Platymiscium)
Folhas opostas
Folhas opostas
Folhas alternas
Leg: Mimosoideae (maioria)Leg: Caesalpinioideae(Dimorphandra)
Em Zanthoxylum (Rutaceae) eTrichilia (Meliaceae), a organiza-ção dos folíolos é muito variável equase todas as possibilidades ocor-rem.
Folhas alternas e paripinadas
MeliaceaeSapindaceaeLeg: Mimosoideae (Inga)
Leg: Caesalpinioideae (maioria)Simaroubaceae (Simaba)Rutaceae (pontos translúcidos na folha)
Atenção
Crescimentoindeterminado da folha
Leg: Papilionoideae (Dipteryx)Meliaceae (Guarea)
Leg: Caesalpinioideae (poucas)Leg: Papilionoideae (poucas)Meliaceae (Trichilia)RutaceaeSapindaceaeSimaroubaceae
AnacardiaceaeBurseraceaeConnaraceae (Connarus)Leg: Caesalpinioideae (poucas)Leg: Papilionoideae (maioria)MeliaceaeRutaceaeSabiaceaeSimaroubaceae
Pelo menos o último par defolíolos opostos (ou subopostos)
Todos os folíolos alternos
As frondes são em geral dissectadas, ou parecem folhasmultipinadas. Não podem ser confundidas com as angiospermas.
Samambaias (Pteridophyta)Freqüentemente dividida, parece pinada ou às vezesbífida; não pode ser confundida com outras famílias.
Palmeiras (Arecaceae)
Folhas alternas
Bignoniaceae (Jacaranda)Leg: Mimosoideae (Parkia nitida)
31
FO
LH
AS S
IMP
LES E
OP
OSTA
S
FOLHAS SIMPLES E OPOSTAS (OU VERTICILADAS)
Margem
Margens serreada ou denteada
Elaeocarpaceae (Sloanea pubescens)Monimiaceae SiparunaceaeQuiinaceaeVerbenaceae (Lantana e Stachytarpheta)Violaceae
MyrtaceaeMemecylaceaeApocynaceaeVochysiaceaeSapotaceae
Veia intra-marginalou marginal
Domáceas
Tufos de pêlos nas axilas dasnervuras secundárias
Melastomataceae (venaçãotrinérvia ou palmada)Rubiaceae (Duroia)
Estruturas abrigando formigas
Euphorbiaceae (Sandwithia)
Monimiaceae e SiparunaceaeLauraceae (poucas espécies)Verbenaceae (Lantana)Myrtaceae
Odor forte Outras
Verbenaceae (Aegiphila)Violaceae (poucas)Memecylaceae
Melastomataceae
Venação "tipo Clusia"
ClusiaceaeVochysiaceaeMyrtaceaeMemecylaceae
Venação
Venação palmada
Estípulas interpeciolares
Estípulas intrapeciolares
Estípulas(ou cicatrizes)
Loganiaceae (Potalia)RubiaceaeQuiinaceaeRhizophoraceaeViolaceae (caducas)
Malpighiaceae (Byrsonima)Rubiaceae (Capirona)ViolaceaeVochysiaceae
Pecíolo espessado na base e/ou no ápice
ElaeocarpaceaeEuphorbiaceae (Sandwithia guianensis)Violaceae
Pontuações na lâmina Glândulas na axila da folha, nopecíolo ou na base da lâmina
Glândulas
VochysiaceaeMalpighiaceae (Glandonia)
Myrtaceae (translúcidas)Clusiaceae (Vismia, látex ala-ranjado)Monimiaceae e Siparunaceae
Folhas alternas e opostasno mesmo ramo Rubiaceae
QuiinaceaeRhizophoraceaeApocynaceae (látex)Sapotaceae (látex)VerbenaceaeProteaceae (sub-verticiladas)
ElaeocarpaceaeLauraceae (Aiouea e Licaria)
Folhas verticiladas
LátexApocynaceae (maioria das espécies)ClusiaceaeSapotaceae (maioria)Nyctaginaceae
Folhas opostasalternadas com folhas
verticiladas
Folhas ásperas
Verbenaceae (Petrea)Monimiaceae
31
É uma família pantropical com ca. 500 espécies,mais da metade incluída no gênero Passifloraque é predominante na América tropical, compoucas espécies na Ásia. Dos 5 gênerosamericanos, 3 ocorrem na Reserva, com umaespécie de Ancistrothyrsus, 3 de Dilkea e 16 dePassiflora.
PA
SSIF
LO
RA
CEA
E
32
Holm-Nielsen, L.B. et al. 1988. Passifloraceae. Flora of Ecuador, 31.
Killip, E.P. 1938. The American species of Passifloraceae. Publ. Field. Mus. Nat. Hist. Bot.Ser., 19: 1-613.
Vanderplank, J. 1996. Passion Flowers (2nd. edition). MIT Press.
didas com Theophrastaceae (Clavija), mas aúnica espécie dessa família encontrada naReserva é bem diferente. As flores de Dilkeaparecem uma versão simples de Passiflora, comquatro pétalas.
Ancistrothyrsus tessmannii, a únicaespécie desse gênero, tem gavinhas simplesno estado vegetativo, mas é muito interessanteo fato de a inflorescência se desenvolver naprópria gavinha.
Na identificação das espécies, quandoférteis, a presença e cor dos verticilos são muitoimportantes, junto com a forma das brácteasflorais. Em material estéril a disposição dasglândulas quase sempre identifica a espéciecom confiança.
As flores produzem néctar, e a poliniza-ção por beija-flores, abelhas, borboletas emorcegos é conhecida. Provavelmente todosesses meios de polinização ocorrem naReserva.
O fruto é parecido com uma bola decouro, raramente alongado (Dilkea), comsementes envolvidas numa polpa viscosa efreqüentemente deliciosa. Provavelmente assementes são dispersadas por mamíferos epássaros.
O gênero Passiflora é conhecido noBrasil como "Maracujá", e mundialmente como"passion flower", nome originado da semelhançadas partes da flor com os eventos da paixão deCristo.
Passiflora edulis e algumas outrasespécies são amplamente cultivadas pelosfrutos, e muitas outras são cultivadas comoornamentais, pelas suas lindas flores. Atual-mente existem muitos híbridos cultivados.
Passifloraceae
Passiflora quadriglandulosa, androginóforo e verticilos dacorona.
Passiflora hexanocarpa
São lianas freqüentemente lenhosas, comfolhas alternas e gavinhas saindo da axila dafolha. São de fácil reconhecimento, talvezconfundidas apenas com Vitaceae (gavinhasaindo do lado oposto da folha) ou Cucurbita-ceae (gavinha saindo ao lado da folha).
A maioria das espécies de Passiflora temglândulas secretoras na folha e especialmenteno pecíolo. As flores são muito vistosas,pentâmeras, com um padrão de organização daspeças reprodutivas único: os cinco estames e oestilete, este dividido apicalmente em três partes,suspensos num androginóforo; na base aparecemvários verticilos de estaminódios, a corona.Esses estaminódios e as pétalas tipicamentemostram cores bem destacadas, variando debrancas, azuis a vermelhas. Várias espéciestêm brácteas foliares grandes e vistosas.
Espécies de Dilkea podem ser lianas ouarbustos, aparentemente flexíveis dentro de cadaespécie. Na Reserva foram encontradas semprecomo lianas quando adultas. As gavinhas,quando ocorrem, são robustas e lenhosas; nãotêm glândulas, e são freqüentemente confun-
FLORES VERMELHASFLORES BRANCAS
FLORES AZUIS
Passiflora laurifolia
Passiflora aff. quadriglandularis
PA
SSIF
LO
RA
CEA
E
33
FRUTOS
Dilkea sp. 1 Passiflora acuminata Passiflora edulisDilkea johannesii
Dilkea sp. 1
Passiflora nitida
Passiflora auriculata
semente
Passiflora edulis Passiflora faroana
Dilkea retusaDilkea sp. 1
Ancistrothyrsustessmannii
Passiflora candida
Dilkea johannesii
Passifloraacuminata
Passiflora coccinea Passifloraquadriglandulosa
Passiflora auriculata Passiflora aff. auriculata
FLORES ESVERDEADAS
Passiflora nitida Passiflora aff. riparia
Folhas trinervadas na base ecom glândulas na lâmina ou
dentes na margem
PA
SSIF
LO
RA
CEA
E
34A DISTRIBUIÇÃO DAS GLÂNDULAS
Com glândulas na lâmina e/ou margem e/ou pecíolo
Folhas grandes e pilosas.
(Dilkea spp.)
Sem glândulas
Folhas glabras, com glândulas nopecíolo
4455
33
Lâmina
Passiflora auriculataPassiflora aff. auriculataPassiflora acuminataPassiflora laurifoliaPassiflora aff. variolata
Base do pecíolo
Passiflora acuminata (pequena)Passiflora coccineaPassiflora quadriglandulosa
Primeiro terçodo pecíolo
Passiflora auriculataPassiflora aff. auriculataPassiflora aff. variolata
Junção lâmina-pecíolo
Passiflora faroanaPassiflora hexagonocarpaPassiflora cf. spinosa
Ápice do pecíolo
Passiflora aff. ripariaPassiflora nitidaPassiflora aff. quadriglandularisPassiflora quadriglandulosaPassiflora candidaPassiflora edulisPassiflora aff. alataPassiflora laurifolia
Margem
Passiflora aff. ripariaPassiflora nitidaPassiflora coccineaPassiflora candidaPassiflora quadriglandulosaPassiflora aff. variolataPassiflora faroanaPassiflora edulis
Glândulas na junçãopecíolo-lâmina
22[Ancistrothyrsus tessmanniinão tem glândulas mas tempêlos glandulares.]
11
Glândulas triangulares,situadas na junção da lâminacom o pecíolo.
Dilkea spp. Folhas comforma distinta. Glândulasausentes, mas com lenticelasno pecíolo. Gavinhasramificadas.11
PA
SSIF
LO
RA
CEA
E
Dilkea retusa. Lianalenhosa escandente.
Folhas marcadamenteobovadas, com ápice
truncado até retuso, comapículo. Venação
destacada. Rara. Baixio.Amazônia.
Dilkea johannesii.Liana escandente
lenhosa. Folhas maislineares, com ápice mais
apiculado. Venaçãopouco destacada. É a espécie deDilkea mais coletada na Reserva.
Ocasional. Platô. AmazôniaCentral.
Dilkea sp. 1. Liana lenhosaescandente. Folhas maiscoriáceas que nas outras
espécies e menos alongadas.Venação muito destacada.
Rara. Baixio. Amostras dessemorfotipo são conhecidas do
alto Rio Negro ao Pará.
Passiflora cf. spinosa. Lianalenhosa. Folhas coriáceas; quandojovens com glândulas no pecíolo,
parecendo P. candida, mas ausentesem folhas maduras. Face adaxial
brilhante. Pode serconfundida com Dilkea se
não for observada aglândula (que é menor que
nas outras espécies dogrupo). Rara. Platô.
Passiflora hexagonocarpa. Lianalenhosa. Folhas membrano-
cartáceas. Glândulas situadas noângulo entre a veia central e a
secundária basal, amarelasquando jovens; sem outras na
lâmina. Venação inconspícua.Face abaxial pouco pubescente
e esbranquiçada. Adaxial opaca.Ocasional em platô e
campinarana. Amazônia Central.
35
245
155
135230
190
Gavinha trífida
folha jovem
folha adulta
22
Dilkea na Reserva são sempre lianas. Em outros lugarespodem ser arbustos e freqüentemente confundidas comTheophrastaceae. Dilkea é confuso taxonomicamentee os nomes usados aqui são provisórios.
Passiflora coccinea.Liana herbácea oulenhosa. Glândulasgrandes na base dopecíolo, e outras pequenas nasestípulas e na margem da lâmina,no fundo das indentações e noápice dos dentes. Lâminapubescente nas duas faces.Freqüente. Capoeira. Ampladistribuição, principalmente naparte sul da Amazônia.
Folhas 3-nervadas na base.Margem geralmente dentada.Face abaxial geralmentepubescente e macia.
Margem dentada e com glândulas. Lianaslenhosas ou herbáceas.
Glândula peciolar alada com formadistinta, como duas conchas; lâmina comglândulas presentes, grandes e circulares.
PA
SSIF
LO
RA
CEA
E
36
Passifloraquadriglandulosa.Liana herbácea oulenhosa. Parecidacom P. coccinea mas as folhas sãomais lisas na face adaxial efreqüentemente (em folhas novas)com um par de glândulas, na basedo pecíolo. Margem menosserreada. A folha é às vezeslobada. Rara. Áreas alteradas.Guianas à Bolívia.
Passiflora aff. auriculata. Lianalenhosa. Folhas membrano-cartáceas, pouco pubescentes aglabras (P. auriculata éconspicuamente pubescente).Nervuras secundárias nãoatingindo a margem, semapículos. Ocasional,ocorrendo perto de água.Amazonas e Pará.
Passiflora faroana. Liana lenhosa.Folhas coriáceas, visivelmentepubescentes e maciasabaxialmente; adaxial muitobrilhante, com nervuras terciáriasimpressas. Glândulas presentesna margem da lâmina. Venaçãoforte. Rara. Campinaranaaberta. Encontrada somente emcampinas na Amazônia Centrale no Pará.
150170
140100
Passiflora auriculata. Liana lenhosaou herbácea. Folhas levementetriangulares, com as duasveias laterais terminando emmúcron. Lâminapubescente, muito variávelem tamanho. Freqüente.Áreas alteradas e clareiras.Ampla distribuição nosNeotrópicos, mas muitovariável, tal variação não bementendida.
377
33
Folhas predominantementeglabras, com venaçãodestacada. Glândulasfreqüentemente presentes namargem.
Glândulas no ápice do pecíolo, grandes eglobosas.
Glândulas pequenas e pouco proeminentes,na base do pecíolo e espalhadas na lâmina.Lâmina freqüentemente lanceolada; ápicefreqüentemente mucronado.
PA
SSIF
LO
RA
CEA
E
Passiflora aff. riparia. Lianalenhosa. Parecida com P. nitida,
mas as nervuras terciárias sãopredominantementereticuladas, lâmina
envernizada e muito coriácea.Nervuras secundárias com
glândulas terminaisinconspícuas. Margem nãodentada. Ritidoma distinto,
suberoso. Rara. Baixio.
Passiflora nitida. (Maracujá-de-cheiro). Liana herbácea oulenhosa. Folhas cartáceas a
coriáceas, opacas aenvernizadas. Nervurasterciárias distintamente
percurrentes, retas eoblíquas. Secundárias com
glândulas terminais umpouco proeminentes. Margemlevemente dentada. Freqüente.
Capoeira. Bacia Amazônica.
Passiflora laurifolia. Lianaherbácea ou lenhosa. Folhascartáceas a coriáceas. Lâmina
envernizada. Glândulasinconspícuas, menores que em P.
nitida e P. aff. riparia. Estípulacom glândulas. Ocasional.Capoeira. América Central,
Guianas e Trinidad, Venezuela aoPeru e Brasil.
Passiflora acuminata. Lianaherbácea ou lenhosa. Folhas mais
largas e coriáceas que em P. aff.variolata. Venação menos destaca-
da que em P. laurifolia. Folhas maislargas e coriáceas que em P. aff.
variolata. Freqüente.Platô. BaciaAmazônica.
Passiflora aff. variolata. Lianaherbácea ou lenhosa. Folhas
distintamente lanceo-alongadas,com venação fortemente
broquidódroma. Ocasional.Capoeira.
37
155
150
137140
105
44
Folhas grandes (> 15 cm),cartáceas a coriáceas, glabrasou pilosas. Pecíolo com ousem glândulas no ápice.
Passiflora aff.quadriglandularis.Liana herbácea. Folhasmembrano-cartáceas, envernizadas,glabras. Uma espécie bem distinta, aúnica na Reserva com mais de um par deglândulas no pecíolo e com ramos tri-angulados, helicoidais, com entrenósalados. Ocasional. Capoeira. Ocorre naregião de Manaus.
Passiflora edulis. (Maracujá-peroba). Liana lenhosa,cultivada na Reserva.A única espécie comfolhas digitadas, masinteiras quandojovem, parecida comP. nitida. Lâmina cartácea,margem serreada. Nativa dasAméricas e amplamente cultivada.
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100
Passiflora candida. Liana lenhosa.Folhas pilosas, ovadas, muitomaiores que nas outras espécies ecom um padrão de venação bemdiferente, com veias secundáriasproeminentes na face abaxial.Margem com glândulas pequenas,mas conspícuas. Ocasional.Capoeira e platô. AmazôniaCentral.
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LO
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CEA
EAncistrothyrsus tessmannii. Lianalenhosa. Folhas sem glândulas, mascom escamas pequenas e amarelas,abundantes, por toda a planta.Também densamente pilosa: pêlosramificados, estrelados e hirsutos.Folhas jovens às vezesglabras. Rara. Baixioe vertente. AmazôniaCentral, Colômbia ePeru.
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165
350
55
Um gênero monotípico, muito pouco conhecido e rara-mente coletado. Foi originalmente colocado emFlacourtiaceae, e depois mudado para Passifloraceae. Temvários caracteres únicos faltando nos outros gêneros, in-cluindo os pêlos ramificados, e as escamas amarelas naface inferior da folha, porém o tronco e o corte parecemmuito com os de Dilkea.Não foi visto florescendo na Reserva, mas ela produzflores na gavinha, um hábito também visto em algumasSapindaceae.
ANCISTROTHYRSÙS
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Passiflora foetida,com folhas
lobadas,pubescentes e
dentadas.Ruderal em
áreasperturbadas.
Muitasvariadades
ocorrem entre osEstados Unidos e o
Brasil.
Passiflora cirrhifolia. Folhasdigitadas e dentes alongadosna base dos folíolos. Ocorre
próximo de rios e igarapés.Amazônia Central e Guianas.
OUTRAS ESPÉCIES DE PASSIFLORACEAE CONHECIDAS NA ÁREA
Benson, W.W., K.S. Brown & L.E. Gilbert. 1975. Coevolution of plants and herbivores:Passion Flower Butterflies. Evolution 29: 659-680.
Espécies de Passiflora são hospedeiras de borboletas do gênero Heliconius. Dizem que a melhor maneira de achar umindivíduo de Passiflora é achar uma fêmea de Heliconius e seguí-la na busca de plantas para desovar. A presença deglândulas pode estar ligada com a proteção pelas formigas contra as borboletas. Também, as glândulas podem parecerovos frescos de outras borboletas (ver P. aff. quardriglandularis), fazendo com que a fêmea evite a planta pensando quejá está ocupada. Tem sido especulado que a variação na forma da folha pode ter a relação com espécies se disfarçando,como um meio de tornar-se diferente das outras espécies presentes no mesmo ambiente.
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PASSIFLORACEAE E BORBOLETAS
Um par de Heliconis sp. copulando. Uma lagarta de Heliconius sp. comendo Passiflora nitida.
125
103
Passiflora costata.Parecida com P. candida e
foi coletada perto daReserva. Tem as folhas
menores, mais orbiculares,com ápice retuso e margem
inteira. Ocorre mais emigapó.
Passiflora micropetala.Folhas triangulares e
ápice truncado. Coleta-do em Manaus.
175
55
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