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FIGURAS DE LINGUAGEMFIGURAS DE LINGUAGEM
1ª PARTE
Por: Suzete Beppu
FIGURAS DE LINGUAGEMFIGURAS DE LINGUAGEM
A linguagem possibilita-nos exprimir não só nossa compreensão de mundo (ideias, conceitos, opiniões...), mas também nosso mundo psíquico (emoções e “estado de espírito”).
Quando dizemos, por exemplo, “Aquele restaurante é um chiqueiro”, estamos afirmando que o lugar é sujo e, simultaneamente, revelando que o lugar nos causa repulsa, nojo.
Às diferentes possibilidades de usar a linguagem para revelar nosso mundo psíquico damos o nome de recursos estilísticos.
METÁFORAMETÁFORA
Emprego de uma palavra ou expressão com um sentido diferente do usual, a partir de uma comparação subentendida entre os dois elementos – transferência de sentido.
Ex.: “O amor é pássaro rebelde que ninguém pode aprisionar”. (A. T. Rodrigues)
Ex.: “Veja bem, nosso caso / É uma porta entreaberta.” (Luís Gonzaga Junior)
METÁFORAMETÁFORA
COMPARAÇÃOCOMPARAÇÃO A comparação se estabelece por meio de palavras
ou expressões comparativas presentes no enunciado (como, semelhante a, igual a, que nem, tal qual...), por isso sua estrutura tem sempre a seguinte forma geral:
Tal qual A = { como } = B Semelhante Ex.:“Agora... quero ver esses bacana aí pegá
condução, ficá amassado pra ir trabaiá, ficá nos ônibus que nem sardinha pra podê ganhá salário mínimo; quero vê.”
(Frase ouvida em um ônibus em São Paulo)
Ex.: “Minha dor é inútil Como uma gaiola numa terra onde não há pássaros.”
(Fernando Pessoa)
COMPARAÇÃOCOMPARAÇÃO
PROSOPOPEIAPROSOPOPEIA Consiste em atribuir a seres
inanimados características de seres animados, ou em atribuir características humanas a seres irracionais.
Ex.: “O bonde, cuspindo e engolindo gente, mergulhava nas saborosas entranhas de Belém, macias de mangueiras, quintais com bananeiras espiando por cima do muro, uma normalista, feixes de lenha à porta da taberna [...]”. (Dalcídio Jurandir)
ANTÍTESEANTÍTESE
Consiste no uso de palavras (ou expressões) de significados opostos, com a intenção de realçar a força expressiva de cada uma delas.
Ex.: “Era o porvir – em frente do passado, / A liberdade – em face à escravidão”. (Castro Alves)
PARADOXOPARADOXO
Também chamada de oximoro, consiste no emprego de ideias contraditórias em um só pensamento. A ideia é de contradição. O paradoxo sugere o absurdo, o que não acontece com a antítese.
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. (Luiz Vaz de Camões)
PARADOXOPARADOXO
METONÍMIAMETONÍMIA Substituição (troca) de uma palavra por
outra, quando entre ambas existe uma proximidade de sentidos que permite essa troca.
Exemplos:
“Pedro comeu vários pratos e ainda saiu falando mal”. (o continente pelo conteúdo)
“Tenho lido Machado de Assis e Graciliano Ramos”. (o autor pela obra)
“Era difícil resistir aos encantos daquela doçura”. (o abstrato pelo concreto)
“O brasileiro tenta encontrar uma saída para suportar a crise”. (o singular pelo plural)
SINÉDOQUESINÉDOQUEFigura pela qual se usa uma palavra
em lugar de outra, tendo em vista uma relação de contiguidade (todo pela parte e vice-versa).
Exemplos: “Ele tem duzentas cabeças de gado
em sua fazenda”. (a parte pelo todo)
“Itumbiara varre bandidos da cidade.” (o todo pela parte)
SINESTESIASINESTESIA Consiste no emprego de palavra ou
expressão que associa sensações captadas por sentidos diferentes.Exemplos:
“Como um perfume a tudo perfumava. / Era um som feito luz, eram volatas / Em lânguida espiral que iluminava / Brancas sonoridades de cascatas...” (Cruz e Sousa)
“ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho / e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada”. (Ferreira Gular)
CATACRESECATACRESE
Ocorre quando na falta de uma palavra específica para designar determinado objeto, utiliza-se uma outra a partir de alguma semelhança conceitual
Ex.: “A cabeça da ponte está se movendo”.
IRONIA / ANTÍFRASEIRONIA / ANTÍFRASE
Figura por meio da qual se enuncia algo, mas o contexto permite ao leitor (ou ouvinte) entender o oposto do que se está afirmando.
Ex.: “Parabéns pela sua grande ideia: conseguiu estragar tudo”.
PRETERIÇÃOPRETERIÇÃO
Consiste em fingir a omissão de falas que, de fato, estão sendo expostas.
Ex.: “Nem vamos falar dos gastos, do tempo perdido, das decepções... Basta citar a falsidade da documentação apresentada.”
ANTONOMÁSIAANTONOMÁSIA É a designação de uma pessoa não
pelo seu nome, mas pela qualidade ou circunstâncias que o tornaram famoso:
Ex.: O poeta dos escravos, expressão
usada para designar Castro Alves.
Cidade Maravilhosa, é um modo de se referir ao Rio de Janeiro.
FIGURAS DE LINGUAGEMFIGURAS DE LINGUAGEM
2ª parte
Por Suzete Beppu
ANÁFORAANÁFORA
Consiste na repetição de um vocábulo (ou expressão) no início de uma sequência de frases.
Ex.: “Se você cantasse Se você gemesse Se você tocasse”. (Carlos Drummond de Andrade)
HIPÉRBOLEHIPÉRBOLE
Exagero intencional, com a finalidade de intensificar a expressividade e, assim, impressionar o ouvinte ou o leitor.
Ex.: “Ele morreu de rir ao ouvir a piada”.
Ex.: “Rios te correrão dos olhos, se chorares”. (Olavo Bilac)
GRADAÇÃOGRADAÇÃO
Caracteriza-se por uma série de palavras ou expressões em que a carga semântica é gradativamente intensificada ou atenuada.
Ex.: “Oh! Não aguardes que a madura idade,/ Te converta essa flor, essa beleza / Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada”. (Gregório de Matos)
EUFEMISMOEUFEMISMOFigura por meio da qual se procura suavizar, tornar menos chocantes palavras ou expressões normalmente desagradáveis, dolorosas ou constrangedoras.
Ex.: Consoada,Quando a indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável) talvez eu tenha medo.Talvez sorria, ou diga:- Alô, iniludível!O meu dia foi bom, pode a noite descer.(A noite com seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,A mesa posta,Com cada coisa em seu lugar.
(Manuel Bandeira, Nova Fronteira)
EUFEMISMOEUFEMISMO
ANACOLUTOANACOLUTO Consiste em uma inesperada mudança de
rumo na construção sintática de um enunciado.
Ex.: “O filme que eu vi ontem, eu achei que você ia adorar”.
Ex.: “Meu filho, não admito que falem mal dele”
Ex.: “O homem daqui, seu conceito de felicidade é muito mais subjetivo”. (Rachel de Queiroz)
ALITERAÇÃOALITERAÇÃO
Consiste em dispor, em sequência, um conjunto de palavras nas quais uma consoante (ou consoantes semelhantes) se repete (m), criando um efeito de sonoridade.
Ex.: “Velho vento vagabundo! No teu rosnar sonolento leva ao longe este lamento”.
(Cruz e Sousa)
PLEONASMOPLEONASMO Consiste em intensificar o significado
de um elemento textual por meio da redundância, isto é, da repetição da ideia já expressa por esse elemento.
Ex.: “Vi, claramente visto, o lume vivo”. (Luiz Vaz de Camões)
Ex.: “E ri meu riso e derramar meu pranto”. (Vinícius de Moraes)
ASSONÂNCIAASSONÂNCIA
Consiste em dispor, em sequência, um conjunto de palavras nas quais um som vocálico se repete, criando um efeito sonoro expressivo.
Ex.: “Sou um mulato nato No sentido lato Mulato democrático do litoral”
(Caetano Veloso)
ANADIPLOSEANADIPLOSE Figura que consiste em repetir no começo de
um verso ou frase a última palavra da frase ou verso anterior.
Ex.:Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,É verdade, Senhor, que hei delinquido,Delinquido vos tenho e ofendido,Ofendido vos tem minha maldade. Maldade que encaminha à vaidade, Vaidade que todo me há vencido. Vencido quero ver-me e arrependido, Arrependido a tanta enormidade.Arrependido estou de coração,De coração vos busco, dai-me os braços,Abraços que me rendem vossa luz. Luz que claro me mostra a salvação, A salvação pretendo em tais abraços, Misericórdia, amor, Jesus, Jesus.
POLISSÍNDETOPOLISSÍNDETO Consiste no emprego repetitivo da
conjunção (geralmente e ou nem) entre as orações de um período ou entre os termos de uma oração.
Ex.: “[...] Comíamos. Como uma horda de seres vivos, cobríamos gradualmente a terra. Ocupados como quem lavra a existência, e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre, e come. Comi com a honestidade de quem não engana o que come: comi aquela comida e não o seu nome”. (Clarice Lispector)
SILEPSESILEPSE (concordância ideológica) – consiste
em estabelecer a concordância entre palavras levando em conta as ideias que elas exprimem, e não sua forma gramatical:
Silepse de gênero: concordância de ideias entre uma palavra / expressão de forma feminina (mas de sentido masculino) e uma outra palavra / expressão de forma masculina.
Ex.: “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito”. (Guimarães Rosa)
SILEPSESILEPSE Silepse de número: concordância
ideológica entre uma palavra / expressão no singular e uma outra no plural.
Ex.: “O pobre povo da terra vivia quase como índios”. (Rachel de Queiroz)
Silepse de pessoa: concordância entre uma palavra /expressão em uma determinada pessoa gramatical e uma palavra / expressão em outra pessoa.
Ex.: Os milhões de brasileiros vivemos, sofremos e amamos neste solo, sob este céu.
ONOMATOPEIAONOMATOPEIA
É um recurso que consiste em reproduzir, por meio de palavras, determinados sons, ruídos.
Ex.: “A gente tirava a roupa inteirinha,
trepava no barranco e tichbum – baque gostoso do corpo na água” (João Antônio)
“Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me então”. (Clarice Lispector)
ASSÍNDETOASSÍNDETO
Caracteriza-se pela ausência da conjunção coordenativa entre termos ou oração.
Ex.: “Se o estúpido negar – insisto, falo, discuto...” (Aluísio Azevedo)
APÓSTROFEAPÓSTROFE
Consiste na interpelação de uma pessoa ou de um ser fictício ou não.
Ex.: “Deus! ó Deus! onde estás que não
respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus?” (Castro Alves)
ELIPSEELIPSEÉ a omissão, a não colocação de um
termo que o contexto permite ao leitor ou ouvinte identificar com certa facilidade.
ZEUGMAZEUGMA
Ocorre quando o termo omitido em um enunciado foi utilizado anteriormente, e se encontra subentendido.
Ex.: “Poupa tempo, dinheiro e algo igualmente precioso: sua paciência”.
PLENONASMOPLENONASMO
Consiste em intensificar o significado de um elemento textual por meio da redundância, isto é, da repetição da ideia já expressa por esse elemento.
Ex: “Vi, claramente visto, o lume vivo”. (Luiz Vaz de Camões)
Ex: “E ri meu riso e derramar meu pranto”. (Vinícius de Moraes)
HIPÉRBATO HIPÉRBATO
Caracteriza-se pela inversão da ordem natural e direta dos termos da oração, ou da ordem natural das orações no período.
Ex.: É a vaidade, Fábio, nesta vida,Rosa, que da manhã lisonjeada,Púrpuras mil, com ambição dourada,Airosa rompe, arrasta presumida.
(Gregário de Matos)
ANÁSTROFEANÁSTROFE
Aplica-se somente à inversão da ordem normal dos termos numa frase (palavras vizinhas – determinante e determinado).
Ex.: "Nação porque reencarnaste, /Povo porque ressuscitou / Ou tu, ou o de que eras a haste - Assim se Portugal formou."(Fernando Pessoa, Mensagem, "Os castelos", Viriato)
ParanomásiaParanomásiaConsiste no emprego de palavras parecidas, numa mesma sentença, gerando uma espécie de trocadilho.
Ex.:
“Neologismo”“Beijo pouco, falo menos ainda.Mas invento palavrasQue traduzem a ternura mais fundaE mais cotidiana.Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:Teadoro, Teodora”.
Ex.:Ex.:
“O homem fardado tentava a todo custo explicar à mulher que ela estava infringindo a lei. Como não lhe dera ouvidos, levou-a ao xadrez, infligindo-a as mais duras provações, desde engraxar suas botas até lavar os banheiros dos detentos.”
Infringir= desrespeitar, cometer infração. Infligir= submeter, aplicar castigo.
QUIASMOQUIASMOCruzamento de um par de
elementos, de tal modo que o último passa para o lugar do primeiro e este, para o lugar daquele.
Ex.: O espelho reflete sem falar;
◦ O marido fala sem refletir.