fernando pessoa - o poeta enigma

Download Fernando Pessoa - O Poeta Enigma

If you can't read please download the document

Upload: fabio-lemes

Post on 06-Jun-2015

16.249 views

Category:

Technology


3 download

TRANSCRIPT

  • 1. FERNANDO PESSOA

2. FERNANDOPESSOAS 3. Biografia 4. Contexto Histrico 5. Heternimos 6. ALBERTOCAEIRO 7. A L B E R T O CAEIRO 8. Mestre dos Mestres - Nasceuem Lisboa, em 1889;- Morreu em 1915, tuberculoso. 9. - Linguagem simples;- Inimigo do misticismo. 10. Busca a natureza 11. Pastorismo de Pastorismo Alberto Caeirorcade- Pastoreia idias, - Fuga para um sensaes;eldorado, situada - Recusa a evaso,numa utopia; a fuga; -Fuga da realidade. - Seu bucolismo introspectivo. 12. H metafsica bastante em no pensar em nada.O que penso eu do mundo? Sei l o que penso do mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso.Que idia tenho eu das cousas? Que opinio tenho sobre as causas e os efeitos? Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma E sobre a criao do Mundo? No sei. Para mim pensar nisso fechar os olhos E no pensar. correr as cortinas Da minha janela (mas ela no tem cortinas). 13. O mistrio das cousas? Sei l o que mistrio! O nico mistrio haver quem pense no mistrio. Quem est ao sol e fecha os olhos, Comea a no saber o que o sol E a pensar muitas cousas cheias de calor. Mas abre os olhos e v o sol, E j no pode pensar em nada, Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos De todos os filsofos e de todos os poetas. A luz do sol no sabe o que faz E por isso no erra e comum e boa. 14. Metafsica? Que metafsica tm aquelas rvores? A de serem verdes e copadas e de terem ramos E a de dar fruto na sua hora, o que no nos faz pensar, A ns, que no sabemos dar por elas. Mas que melhor metafsica que a delas, Que a de no saber para que vivem Nem saber que o no sabem?Constituio ntima das cousas... Sentido ntimo do Universo... Tudo isto falso, tudo isto no quer dizer nada. incrvel que se possa pensar em cousas dessas. como pensar em razes e fins Quando o comeo da manh est raiando, e pelos lados[das rvores Um vago ouro lustroso vai perdendo a escurido. 15. Pensar no sentido ntimo das cousas acrescentado, como pensar na sade Ou levar um copo gua das fontes. O nico sentido ntimo das cousas elas no terem sentido ntimo nenhum. No acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro Dizendo-me, Aqui estou! (Isto talvez ridculo aos ouvidos De quem, por no saber o que olhar para as cousas, No compreende quem fala delas Com o modo de falar que reparar para elas ensina.) 16. Mas se Deus as flores e as rvores E os montes e sol e o luar, Ento acredito nele, Ento acredito nele a toda a hora, E a minha vida toda uma orao e uma missa, E uma comunho com os olhos e pelos ouvidos. Mas se Deus as rvores e as flores E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e rvores e montes e sol e luar; Porque, se ele se fez, para eu o ver, Sol e luar e flores e rvores e montes, Se ele me aparece como sendo rvores e montes E luar e sol e flores, que ele quer que eu o conhea Como rvores e montes e flores e luar e sol. 17. E por isso eu obedeo-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si prprio?), Obedeo-lhe a viver, espontaneamente, Como quem abre os olhos e v, E chamo-lhe luar e sol e flores e rvores e montes, E amo-o sem pensar nele, E penso-o vendo e ouvindo, E ando com ele a toda a hora 18. Rascunho do Poema O Guardador de Rebanhos 19. RICARDO REIS 20. R I C A R D O REIS 21. Poeta beira-rio - Nasceu no Porto, em 1887; - Formou-se em Medicina; - Defendia a Monarquia por no concordar com a Repblica; - Auto-exilou-se no Brasil. 22. - Estudioso da cultura clssica; - Fora Humanstica de ver o mundo; - Universo de odes; - O rio a metfora chefe de sua poesia; - Neoclssico; - Carpe diem horaciano; - o avesso do mundo de Caeiro. 23. Ode VIVem sentar-te comigo Ldia, beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e no estamos de mos enlaadas. (Enlacemos as mos.)Depois pensemos, crianas adultas, que a vida Passa e no fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao p do Fado, Mais longe que os deuses. 24. Desenlacemos as mos, porque no vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer no gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassosegos grandes.Sem amores, nem dios, nem paixes que levantam a voz, Nem invejas que do movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. 25. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos, Se quise'ssemos, trocar beijos e abraos e carcias, Mas que mais vale estarmos sentados ao p um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o.Desenlacemos as mos, porque no vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer no gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassosegos grandes.Sem amores, nem dios, nem paixes que levantam a voz, Nem invejas que do movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. 26. Amemo-nos tranqilamente, pensando que podamos, Se quisssemos, trocar beijos e abraos e carcias, Mas que mais vale estarmos sentados ao p um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o.Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento - Este momento em que sossegadamente no cremos em nada, Pagos inocentes da decadncia. 27. Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-s de mim depois Sem que a minha lembrana te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaamos as mos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianas.E se antes do que eu levares o bolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-s suave memria lembrando-te assim - beira-rio, Pag triste e com flores no regao. 28. LVARO DE CAMPOS 29. L V A R O DE CAMPOS 30. Poeta beira-mar - Nasceu em Tavira, em 1890; - Engenheiro naval formado na Esccia; -Viveu na inatividade, por jamais se sujeitar a ficar confinado num escritrio, batendo ponto. 31. - Poeta futurista; - Homem do sculo XX, das fbricas, energia eltrica, das mquinas, velocidade; - um inadaptado s condutas sociais; 32. - A cidade corresponde para lvaro de Campos o que a natureza significa para Alberto Caeiro;- Emoo e lucidez. pus em lvaro de Campos toda a emoo Fernando Pessoa 33. Poema em Linha RetaNunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos tm sido campees em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes no tenho tido pacincia para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridculo, absurdo, Que tenho enrolado os ps publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando no tenho calado, tenho sido mais ridculo ainda; 34. Eu, que tenho sido cmico s criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moos de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angstia das pequenas coisas ridculas, Eu verifico que no tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheo e que fala comigo Nunca teve um ato ridculo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi seno prncipe - todos eles prncipes - na vida... Quem me dera ouvir de algum a voz humana 35. Que confessasse no um pecado, mas uma infmia; Que contasse, no uma violncia, mas uma cobardia! No, so todos o Ideal, se os oio e me falam. Quem h neste largo mundo que me confesse que uma[vez foi vil? prncipes, meus irmos, Arre, estou farto de semi-deuses! Onde que h gente no mundo? Ento sou s eu que vil e errneo nesta terra? 36. TEMTICA 37. - Um dos casos mais complexos da literatura mundial; - Inslita personalidade e obra desconcertante; - Absorveu o passado lrico portugus e repercutiu as grandes inquietaes presentes no incio do sculo XX; - Vinte e sete mil e quinhentos e quarenta e trs textos; 38. Viagem de Pessoa: Simbolismo SaudosismoPaulismoInterseccionismoSensacionalismoCubismoFuturismo 39. Projeto Filosfico: Cosmoviso - Tenta reconstruir o mundo a partir de um nada, sem nenhum pr-conceito; - Multiplica-se em quantas caricaturas que compuserem ou compem a humanidade; - Soma-se a viso e verdade de cada uma delas; - Antepassados, contemporneos e vindouros para aprender a sentir com eles, ser um eu- cidade, eu-humanidade. 40. Projeto Filosfico: Cosmoviso- Para isso se despersonificava, desintegrava seu ego; - Se habilita ver o um mundo como os outros vem; - Heternimos: sujeitos por quais possvel conhecer a complexidade do real. 41. Heternimos- Mscaras para FP ocultar-se dentro delas para melhor se revelar; - Esconder para revelar e revelar para despistar; - Poesia ortnima heternima tambm? - Fernando Pessoa ortnimo seria mais um fingimento? 42. lvaro de Campos: O verdadeiroFernando Pessoa? - lvaro de Campos reflete toda a complexidade que Fernando Pessoa apresenta; - Contm traos e influncias dos demais heternimos:Odes e carpe diem - Ricardo ReisMar e nostalgia - Fernando Pessoa - moderno, contemporneo, vive no mundo que Fernando Pessoa viveu e das suas propostas estticas. 43. Alberto Caeiro; Mestre de poesia? - Meramente poeta, volta-se para a natureza; - O poeta autntico assim procede desde tempos imemoriais; - Sua poesia resvala na prosa; - Para ser mestre da poesia era preciso que ele no fosse poeta; - Mestre da poesia porque seus textos enfrentavam o perigo de no ser poesia; - mestre por fingir-se natural; sua poesia no natural, deseja-se que ela seja. 44. Alberto Caeiro; Mestre de poesia? - Finge-se natural para no ser um modelo de poeta, mas mestre que aponta a direo; - Rejeitava-se com poeta: Eu nem sequer sou poeta: vejo - Condenado priso da linguagem, poeta procura em vo alcanar a irredutvel essncia das coisas. 45. FernandoPessoa: Mestre de si prprio 46. Produzido porFbio Rodrigues LemesContato: [email protected]