felizmente há luar!

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ESCOLA PROFISSIONAL AGOSTINHO ROSETA Pólo de Albufeira Trabalho de Pesquisa Curso Profissional de Técnico de Turismo 13 de Fevereiro de 2012 11.º Ano de Escolaridade Ano Lectivo 2011/2012 Disciplina: Português Módulo 11 – Textos de Teatro II Felizmente Há Luar! Luís de Sttau Monteiro

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O presente trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Português e visa concretizar as competências desenvolvidas ao longo do Módulo 11 – Textos de Teatro II, permitindo apresentar com rigor e exactidão os principais conteúdos relativos ao estudo da obra Felizmente Há Luar! de Luís de Sttau Monteiro.

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Page 1: Felizmente Há Luar!

ESCOLA PROFISSIONAL AGOSTINHO ROSETA

Pólo de Albufeira

Trabalho de Pesquisa

Curso Profissional de Técnico de Turismo 13 de

Fevereiro de 2012

11.º Ano de Escolaridade Ano

Lectivo 2011/2012

Disciplina: Português Módulo 11 – Textos

de Teatro II

Felizmente Há Luar!Luís de Sttau Monteiro

Page 2: Felizmente Há Luar!

Nome dos Discentes: Nome da Docente

responsável

Ana Cláudia Véstia, N.º2 pela disciplina:

André Santos, N.º4 Prof.ª Ivone de

Almeida e Sousa

12.º Ano Turma TT

Índice

1. Introdução...........................................................................................3

2. Biografia do Autor...............................................................................4

3. Bibliografia do Autor...........................................................................5

4. Características do Texto Dramático....................................................6

5. Influência Brechtiana..........................................................................7

6. A Acção................................................................................................9

7. O Espaço (Físico, Social e Psicológico)...............................................9

7.1. Espaço Físico....................................................................................9

7.2. Espaço Social..................................................................................10

7.3. Espaço Psicológico..........................................................................10

8. Tempo da História.............................................................................11

9. Tempo da História.............................................................................12

10.Paralelo entre o Tempo da História e o Tempo da Escrita................14

11.Resumo da Obra................................................................................17

11.1...................................................................................................Acto I

17

11.2..................................................................................................Acto II

18

12.Características da Obra.....................................................................19

13.Personagens......................................................................................20

14.Universo Simbólico............................................................................21

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 2

Page 3: Felizmente Há Luar!

15.Elementos Paratextuais.....................................................................23

15.1...........................................................................................Didascálias

23

15.2...........................................................................................Linguagem

23

16.Conclusão..........................................................................................24

17.Bibliografia........................................................................................25

1. Introdução

O presente trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de

Português e visa concretizar as competências desenvolvidas ao longo do

Módulo 11 – Textos de Teatro II, permitindo apresentar com rigor e

exactidão os principais conteúdos relativos ao estudo da obra Felizmente

Há Luar! de Luís de Sttau Monteiro.

A obra Felizmente Há Luar! de Luís de Sttau Monteiro, que retrata a

situação de Portugal nos alvores da revolução liberal de 1820, pode ser

interpretada como uma metáfora política do país durante os anos 60.

Partindo dos factos históricos e de personagens que tiveram um

papel de relevo nesses acontecimentos da vida política do país no século

XIX, o autor denuncia o regime ditatorial do Estado Novo. Aliás, esta crítica

não passou despercebida à censura, que rapidamente apreendeu a obra,

proibindo sempre a sua encenação.

Se o texto de Sttau Monteiro pode ser visto como intemporal, na

medida em que mostra a necessidade de o homem ser um agente

transformador da sociedade que não pode acomodar-se a situações de

injustiça e de repressão, por outro lado, é certo que esta obra, actualmente,

não terá a mesma “eficácia didáctica”, como afirma José Oliveira Barata,

uma vez que os factos referidos remetem para um contexto histórico muito

situado no tempo.

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 3

Page 4: Felizmente Há Luar!

As profundas transformações que a sociedade portuguesa sofreu nas

últimas décadas obrigam o leitor/espectador dos nosso dias a munir-se de

referentes históricos, culturais e sociais sem os quais a compreensão da

mensagem pode sair coarctada.

2. Biografia do Autor

Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro, nasce a 3 de Abril de 1926,

em Lisboa, e morre a 23 de Julho de 1993, em Lisboa. Foi dramaturgo,

ficcionista, encenador e romancista, formou-se em Direito (exercendo a

advocacia por pouco tempo), mas optou pelo jornalismo. De descendência

espanhola, viveu, durante a juventude, em Inglaterra, o que lhe facilitou o

contacto com movimentos de vanguarda da literatura anglo-saxónica e que

foram fundamentais na sua formação intelectual.

Nos anos 70 do século XX, Sttau Monteiro trabalhou como jornalista,

tendo colaborado com o Diário de Notícias e com o Expresso e, na década

seguinte, colaborou como guionista de uma novela televisiva.

Iniciou a sua carreira literária com a narrativa Um Homem Não

Chora, obra saudada como uma revelação da ficção portuguesa

contemporânea, a que se seguiu um romance de grande êxito, Angústia

para o Jantar.

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 4

Page 5: Felizmente Há Luar!

Situado na geração neorrealista, foi sobretudo pela sua obra

dramática que viria a ser reconhecido, recebendo com Felizmente Há

Luar!, em 1962, o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de

Escritores. Essa peça histórica, que recorda a revolta do general Gomes

Freire de Andrade, foi proibida pela censura tendo sido representada no

nosso país apenas em 1978. 

As suas sátiras sobre a ditadura e a guerra colonial tornaram-no

objeto de perseguição política, chegando a ser preso pela Pide após a

publicação das peças de teatro A Guerra Santa e A Estátua.

Homem essencialmente de teatro, Sttau Monteiro foi ainda autor de

uma adaptação da novela O Barão, de Branquinho da Fonseca, e de várias

traduções de autores dramáticos como Shakespeare ou Ibsen.

3. Bibliografia do Autor

De espírito disperso, mas combativo e com uma enorme capacidade

imaginativa, dedica-se à escrita, primeiro como jornalista – na revista

Almanaque – em actividades publicitárias,mais tarde como romancista e

drmaturgo.

Em 1960, incentivado pelo seu amigo José cardoso Pires, publica a

sua primeira obra Um Homem não chora, a que se seguiu Angústia para o

Jantar, em 1961, obras denunciadoras dos comportamentos típicos da

burguesia do seu tempo e onde é já visível o seu humor mordaz.

Em 1961, publica Felizmente Há Luar!, sempre estimulado pelos

seus amigos do meui literário e artístico (José Cardoso Pires, augusto

Abelaira, Alexandre O’Neill, José Cutileiro, Vasco Pulido Valente, Batista-

Bastos, João Abel Manta, Nikias Skapinakis).

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 5

Page 6: Felizmente Há Luar!

Declaradamente opositor ao regime fascista e sempre defensor da

liberdade, sai de Portugal entre 1962 e 1967, continuando, no entanto, a

escrever de forma compulsiva e sempre satirizando a ditadura portuguesa

e a sua acção política. Todos os anos, pela Primavera (1963), O Barão

(1965), Auto da Barca do Motor Fora de Borda (1966) e Duas Peças em um

Acto – A Guerra e A Estátua (1967) continuaram a dar-lhe problemas com a

censura, tendo mesmo Luís Sttau Monteiro voltado à prisão.

Como jornalista e já ligado ao Diário de Lisboa, que dirige até 1979,

escreve as Redacções da Guidinha, no suplemento A Mosca.

Em 1968, publica a obra As Mãos de Abraão Zacut, a sua primeira

peça levada a cena, em 1969, no Teatro-Estúdio de Lisboa.

Em 1971, publicou Sua Excelência e é já reconhecida a sua

importância no panorama literário e sobretudo teatral de Portugal.

4. Características do Texto Dramático

Tratando esta sequência do estudo de um texto dramático, alguns

aspectos devem ser considerados, embora de uma forma muito breve.

O texto dramático é entendido como aquele que se integra na forma

literária do drama e implica uma comunicação direta das personagens

entre si e com os recetores do enunciado. Serve, com frequência, o teatro,

que tem como objetivo específico a representação e o espetáculo. Por isso o

texto teatral obriga à concentração dos elementos essenciais do texto

dramático em linhas de força que garantam um ritmo vivo e uma

progressão capaz de prender a atenção do espectador. O teatro permite

uma comunicação específica entre autor, ator e público; entre as

personagens da obra; entre o placo e a plateia. O conflito ou o drama

oferece-se à contemplação do espectador.

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 6

Page 7: Felizmente Há Luar!

O texto dramático distingue-se da sua transformação em teatro como

espetáculo (representação). A representação é o ato de apresentar ao

espectador uma ação fictícia. E enquanto a narrativa permite que o

narrador transmita uma certa história ou ação, a representação teatral

presentifica a mesma história através do cenário, da luz, do som, das

atitudes, dos gestos, das palavras, entre outras.

Ou seja, nesta arte directa que é o teatro, aparece a sociedade

recriada em arte diante dos olhos do espectador que, assim, desfruta do

espectáculo resultante da leitura/interpretação do encenador e dos actores

e que é apenas isso – uma leitura possível entre outras (e nem sempre

coincidente com a do autor do texto).

Na sua dupla função – função lúdica e função catártica – o texto

dramático contribui de forma extraordinária para o enrequecimento

cultural da sociedade, veiculando mensagens, valores universais, moldando

caracteres, fazendo agir.

5. Influência Brechtiana

Felizmente Há Luar! é um texto que sofre influências da concepção

dramatúrgica de Brecht, uma vez que pretende levar o leitor/espectador a

pensar sobre o que vê e ouve. Aquilo que é apresentado deve suscitar-lhe

uma tomada de posição.

Para este dramaturgo alemão (1898-1956), o teatro tem um papel

decisivo no processo de transformação da sociedade.

Ele designa por teatro épico o tipo de texto que valoriza a narração e

que recusa a ilusão. Para atingir esse objectivo, socorre-se do efeito de

distanciação. O actor nunca deve abandonar a atitude do narrador e deve

manter uma certa distância emocional em relação à personagem que

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 7

Page 8: Felizmente Há Luar!

encarna. A sua função é apenas a de apresentar os acontecimentos ao

público, a quem cabe assumir uma atitude activa na representação teatral.

O leitor/espectador é testemunha do que lhe é narrado. A

personagem que o acto mostra deve ser encarada como uma terceira

pessoa. O actor “não deve transformar-se na personagem descrita”, como o

próprio Brecht afirma. Não se pretende, portanto, que haja uma simbiose

entre o actor e a personagem.

O actor tem de conseguir fazer com q eu o espectador se distancie

dos acontecimentos e das personagens, como um historiador que reage

racionalmente. O leitor/espectador não deve identificar-se com o que lhe é

apresentado, deve compreender que aquilo que está a assistir não pode

voltar a acontecer. Esta concepção não-aristotélica da arte dramática apela

a uma atitude crítica, estando-lhe subjacente uma intenção didática e

pedagógica.

Assim, pretende-se que o leitor/espectador compreenda que a

sociedade tem de mudar e que os factos apresentados funcionam como

uma fábula histórica ou parábola teatral: o exemplo do passado serve para

reflectir sobre o presente.

A encenação e o trabalho dos actores devem suscitar o espírito

crítico do público e a sua capacidade de avaliar o que é narrado.

Na senda do teatro brechtiano, este efeito de distinção, ou seja, esta

nova concepção de texto dramático, deve ser visto como um jogo entre o

texto, a música, a luz e os adereços.

De facto, em Felizmente Há Luar! esta intenção didáctica é

perfeitamente perceptível e o que na obra contribui para a criação daquilo

a que Sttau Monteiro apelidou de “apoteose trágica” está intimamente

relacionado com o carácter de determinadas personagens, com a sua

movimentação em cena, com alguns elementos simbólicos e com o cenário.

Quanto às personagens, é de destacar o carácter grandioso de

Matilde, que a faz suportar um sofrimento lancinante e a conduz a uma

evolução que culminará na tomada de consciência da importância da sua

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Page 9: Felizmente Há Luar!

luta. O grito final de Matilde, carregado de esperança, é um apelo à luta e

traduz a compreensão do seu novo papel agora que o general foi morto.

Também a personagem Gomes Freire de Andrade, pela nobreza do

seu carácter e pela grandeza do seu sacrifício, contribui para a criação

desse tom apoteótico, reforçado ainda pela forma como o seu destino

encerra os dois actos: primeiro, a sua prisão e, no final, a sua morte. É

assim que, ao longo do texto, esta figura, apesae de ausente fisicamente,

vai ganhando heroicidade. Gomes Freire é um herói que vai sendo

construído à medida que o poder o vai aniquilando.

Para adensar esta atmosfera apoteótica, coincidente com o final dos

actos, o autor joga com elementos simbólicos, com o som e com a luz. Por

isso, o rufar dos tambores, ameaçadores e que impoem o silencio; os sinos

a tocar o rebate, anunciando as prisões e acentuando o clima de medo; os

efeitos luminosos; a agitação das personagens; o clarão da fogueira e o luar

são elementos fundamentais para reiterar o ambiente épico de esta peça

está imbuída.

Também os grupos de populares que, na rua, manifestam o seu

desespero e que, amedrontados, fogem às autoridades, são uma forma de

sublinhar a intencionalidade do autor , que coloca estes aglomerados num

espaço despojado, de modo a que a atenção do pública não se disperse,

focalizando-se unicamente nas falas e gestos das personagens.

6. A Acção

Felizmente Há Luar!, recria em dois atos a tentativa frustrada de

revolta liberal de outubro de 1817, reprimida pelo poder absolutista do

regime de Beresford e Miguel Forjaz, com o apoio da Igreja. Ao mesmo

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Page 10: Felizmente Há Luar!

tempo, chama a atenção para as injustiças, a repressão e as perseguições

políticas no tempo de Salazar, nos anos 60 do século XX (tempo de escrita).

A ação na obra, centra-se na figura do general Gomes Freire de

Andrade e da sua execução: da prisão à fogueira, com descrições da

perseguição dos governos do Reino, da revolta desesperada e impotente da

sua esposa e da resignação do povo que a “miséria, o medo e a ignorância”

dominam. Gomes Freire de Andrade “está sempre presente embora nunca

apareça” e, mesmo ausente, condiciona a estrutura interna da peça e o

comportamento de todas as outras personagens.

A defesa da liberdade e da justiça, atitude de rebeldia, constitui a

hybris (desafio) desta tragédia. Como consequência, a prisão dos

conspiradores provocará o sofrimento (pathos) das personagens e

despertará a compaixão do espectador.

O crescendo trágico, representado pelas diversas tentativas

desesperadas para obter o perdão, acabará, em clímax, com a execução

pública do general e dos restantes presos.

Este desfecho trágico conduz a uma reflexão purificadora (cathársis)

que os opressores pretendiam dissuasora, mas que despertou os oprimidos

para os valores da liberdade e da justiça.

7. O Espaço (Físico, Social e Psicológico)

7.1. Espaço Físico

Com algumas referências a espaços físicos concretos da cidade

de Lisboa como cenário do desenrolar da acção e moviementação das

personagens, o autor confere ao texto Felizmente Há Luar! maior

verosimilhança.

Constata-se, assim, a referência a espaços como: Campo de

Ourique, Cais do Sodré, Rato, S. Julião da Barra e Campo de

Sant’Ana.

No entanto, o espaço físico não e essencial para o desenrolar

da acção. Aliás, as suas poucas referências permitem ao

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 10

Page 11: Felizmente Há Luar!

leitor/espectador perceber que a acção de Felizmente Há Luar!

ocorre em Lisboa, mas poderia ocorrer em qualquer outro lugar,

sendo a tónica o facto de se querer mudar algum acontecimento num

tempo preciso – um hoje ou amanhã por analogia a um ontem.

Convém, contudo, salientar que se trata essencialmente de um

espaço exterior, a rua.

O espaço interior é aquele onde se definem os contornos da

actuação do poder (é, portanto, o seu espaço) e é perceptível apenas

pelas características cénicas. Tal como o espaço da prisão, na

referência ao Forte de S. Julião da Barra, local onde o general Gomes

Freire de andrade foi preso e onde permaneceu, em condições pouco

dignas, até morrer. É a esse espaço interior que acorrem os delatores

e, mais tarde, Matilde a quem é recusada a entrada.

É, ainda, de referir que quando Matilde aparece em cen pela

primeira vez, se encontra em casa, “para os lados do Rato”, e é nesse

espaço que se movimenta subjugada pelo sofrimento e falando

sozinha.

Há, ainda, um outro espaço mais do que referido é sugerido.

Trata-se, supostamente, da Igreja onde o Principal Sousa recebe

Matilde.

7.2. Espaço Social

É o espaço priviliegiado em Felizmente Há Luar!. É um espaço

marcado pelos contrastes entre o poder e o povo, povo esse que vive

nas ruas- espaço aberto, de liberdade, mas onde prevalece a miséria

e até a repressão da polícia sempre anunciada pelo rufo dos

tambores. É os espaço da cidade de Lisboa, cidade onde o

descontentamento é grande e onde a presença das fogueiras, que

relembram a acção do Santo Ofício, é constante. É, pois, o espaço da

opressão e da violência.

7.3. Espaço Psicológico

Trata-se de um espaço que se concentra na personagem de

Matilde de Melo e apenas perceptível quando esta presentifica as

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Page 12: Felizmente Há Luar!

suas vivências com Gomes Freire de Andrade: são memórias da sua

relação, da sua intimidade construída com base no amor e respeito

mútuos, vivências de uma felicidade que ela não quer acreditar que

tenha terminado, muito embora nos apareça como um passado.

8. Tempo da História

A acção desenrola-se no século XIX, mais especificamente em 1817,

época conturbada política e socialmente, e que antecede a Revolução

Liberal.

O rei D. João VI encontra-se no Brasil, para onde a Corte tinha ido na

sequência das Invasões Francesas.

Sente.se no país o descontentamento e a agitação social. O país,

marcado por profundas desigualdades, fruto de uma hierarquização forte

das classes, atravessava também uma grave crise económica. O povo vive

miseravelmente e o governo de Lisboa mostra-se incapaz de resolver esta

situação. A interferência britânica e a opressão do poder, agravam ainda

mais o descontentamento e um sentimento nacional antibritânico começa a

ganhar força.

Os governadores do Reino tentam, através da repressão e do medo,

pôr o fim a esta conjuntura.

Por esta ocasião, as sociedades secretas assumem um papel crucial,

pois polarizam o descontentamento social e político que alastrava por todo

o país.

O general Gomes Freire de Andrade, grão-mestre da Maçonaria,

constituía uma ameaça aos privilégios do Conselho de Regência, e, como

tal, é apontado como líder de um movimento conspirativo que prentendia

libertar o país do poder tirânico e do domínio inglês, e exigir o regresso do

rei a Lisboa.

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Page 13: Felizmente Há Luar!

9. Tempo da História

É o tempo que é verdadeiramente o objecto da intencionalidade do

autor – o final da década de 50 e o início de 60, época marcada pela

instabilidade e por alguma contestação social e política.

Portugal, país colonista há longas décadas, experimentava, por esta

altura, as primeiras manifestações de revolta nas colónias africanas,

impondo uma guerra que nada dizia aos jovens que eram obrigados a partir

para África para lutar em nome de um país passadista, de regime

totalitário. A esperança trazida pelas eleições de 1958, com a candidatura

do General Humberto Delgado e os ares de mudança pareceram animar a

sociedade portuguesa, mas rapidamente a ditadura, que não estava nada

interessada em perder o poder, controlou esta manifestação de desejo de

mudança.

O país miserável, rural, fechado ao resto do mundo e, por isso,

parado no tempo, que era Portugal, assim continuou. Uma sociedade

marcada pela intensa miséria e em que as perspectivas de melhores

condições de vida eram reduzidas, senão nulas, abriram as portas à

migração e muitos foram os que partiram, sobretudo para a Europa, na

tentativa de abraçarem as oportunidades que no país lhes eram negadas.

Não é, pois, de estranhar que alguns jovens tenham saído do país em busca

de uma outra vida, escapando até à questão do recrutamento militar.

Nesta alltura, a contestação no meio estudantil era já visível e a onda

de descontentamento crescia. A falta de liberdade de expressão e a

opressão cada vez mais evidente do poder político, agora a operar com um

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 13

Page 14: Felizmente Há Luar!

polícia política – a PIDE – especialista em perseguir e torturar, deixaram

marcas incontornáveis na sociedade da época.

No entanto, a oposição ao regime existia e fazia-se através do Partido

Comunista Português que actuava clandestinamente e ia mantendo

nalgumas cidades europeias, nomeadamente Paris, ligações importantes

com os exilados políticos.

Aqueles que ousavam manifestar o eu descontentamento iam sendo

controlados e feitos prisioneiros, o mesmo acontecendo àqueles que,

através da sua arte (literatura, música, artes plásticas, teatro,…) tentaram

apontar o dedo ao regime.

Enganar a censura tornou-se uma arte desenvolvida entre os

diferentes artistas portugueses desta época que laboriosamente tentavam

comunicar, criando uma linguagem de subentendidos, metafórica.

Todo este clima de opressão e suspeição é acentuado pela forte

ligação do regime político à Igreja, o que tornava a sociedade portuguesa

ainda mais tradicional e controlada.

Felizmente Há Luar! surge, então, neste contexto sem contudo ter,

como diz o próprio autor, um “intuito político imediato”. Tornou-se, no

entanto, e muito rapidamente, um êxito logo censurado pelo regime

salazarista.

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Page 15: Felizmente Há Luar!

10. Paralelo entre o Tempo da História e o Tempo da Escrita

Felizmente Há Luar!, tem como cenário o ambiente político dos

inícios do século XIX: em 1817, uma conspiração, encabeçada pelo general

Gomes Freire de Andrade, que pretendia o regresso do Brasil do rei D. João

VI e que se manifestava contrária à presença inglesa, foi descoberta e

reprimida com muita severidade: os conspiradores, acusados de traição à

pátria, foram queimados publicamente e Lisboa foi convidada a assistir.

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 15

Page 16: Felizmente Há Luar!

Luís de Sttau Monteiro marca uma posição, pelo conteúdo

fortemente ideológico, e denúncia a opressão vivida na época em que

escreveu a obra (1961), precisamente sob a ditadura de Salazar.

O recurso à distanciação história e à descrição das injustiças

praticadas no início do século XIX em que decorre a ação permitiu-lhe,

assim, colocar também em destaque as injustiças do seu tempo e a

necessidade de lutar pela liberdade.

Em Felizmente Há Luar!, podemos, neste paralelismo entre duas

épocas, observar:

Tempo da História

Século XIX - 1817

Tempo da Escrita

Século XX – 1961

Agitação social que levou à revolta liberal de 1820 – conspirações internas; revolta contra a presença da Corte no Brasil e a influência do exército britânico;

Agitação social dos anos 60 –conspirações internas; principal irrupção da guerra colonial;

Regime absolutista e tirânico; Regime ditatorial de Salazar; Classes sociais fortemente

hierarquizadas; Classes dominantes com medo de

perder privilégios;

Maior desigualdade entre abastados e pobres;

Classes exportadoras, com reforço do seu poder;

Povo oprimido e resignado; A “miséria, o medo e a

ignorância”; Obscurantismo, mas “felizmente

há luar”;

Povo reprimido e explorado; Miséria, medo e analfabetismo; Obscurantismo, mas crença nas

mudanças;

Luta contra a opressão do regime absolutista;

Manuel, “o mais consciente dos populares”, denuncia a opressão e a miséria.

Luta contra o regime totalitário e ditatorial;

Agitação social e política com militantes antifascistas a protestarem;

Perseguições dos agentes de Beresford;

As denúncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento que, hipócritas e sem escrúpulos, denunciam;

Censura à imprensa;

Perseguição da PIDE; Denúncias dos chamados “bufos”,

que surgem na sombra e se disfarçam, para colher informações e denunciar;

Censura;

Severa repressão dos conspiradores;

Processos sumários e pena de morte;

Prisão e duras medidas de repressão e de tortura;

Condenação em processos sem provas;

Execução do general Gomes Freire, em 1817;

Posterior a “Felizmente Há Luar!” – Execução do general Humberto

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 16

Page 17: Felizmente Há Luar!

Delgado em 1965.

Em Felizmente Há Luar!, percebe-se, facilmente, que a história serve

de pretexto para uma reflexão sobre os anos 60, do século XX. Sttau

Monteiro, também ele perseguido pela PIDE, denuncia assim a situação

portuguesa, durante o regime de Salazar, interpretando as condições

históricas que anos mais tarde contribuíram para a “Revolução dos

Cravos”, a 25 de abril de 1974. Tal como a agitação e conspiração de 1817,

em vez de desaparecer com medo dos opressores, permitiu o triunfo do

liberalismo em 1836, após uma guerra civil, também a oposição ao regime

vigente nos anos 60, em vez de ceder perante a ameaça e a repressão,

resistiu e levou à implantação da democracia.

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Page 18: Felizmente Há Luar!

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 18

Page 19: Felizmente Há Luar!

11. Resumo da Obra

11.1. Acto I

A acção começa com um grupo de populares que manifestam o

seu descontentamento, nas ruas de Lisboa, denunciando a miséria

que os assola. Do grupo, destacam-se Manuel, Rita, Vicente e o

Antigo Soldado. Através da sua conversa pode constatar-se o seu

desespero, bem como a consciência da sua impotência para mudar a

situação em que vivem.

Ao ouvirem ao longe o som dos tambores, começam a falar de

Gomes Freire, considerando-o como a única pessoa capaz de os

libertar da opressão do regime vigente, aqui representado pelo

Conselho de Regência: D. Miguel Forjaz, o representante da nobreza;

Principal Sousa, representante da Igreja; Beresford, representante

das forças protectoras inglesas.

O grande respeito pela figura do generak Gomes Freire, bem

com9o a esperança que nele depositam, são bem evidentes em todos

os populares, excepto em Vicente, que revoltado com a sua condição,

ataca o general, dixendo ser este igual a todos os outros poderosos

que nunca se preocupam com o povo. Hipócrita e sem escrúpulos,

alia-se aos poderosos a troco de uma recompensa (cargo de chefe da

polícia), não hesitando em denegrir a imagem de Gomes Freire,

fornecendo informações sobre uma alegada conspiração contra o

poder.

Igualmente delatores e acusadores da duposta conjura são

Andrade Corvo e Morais Sarmento, oficiais medíocres, mas

ambiciosos, que não se importam de mostrar o seu “patriotismo” e

contribuir para a condenação do general, que acaba por ser preso e

posteriormente executado. Para d. Miguel Forjaz, Gomes Freire é um

problema pelas ideias liberais que defende e por ser idolatrado pelo

povo; para Baresford, o general é um problema, pois +e um

excelente militar, muito querido junto dos soldados e, por isso,

poderia pôr em risco o seu papel de organizador e comandante do

Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro Página 19

Page 20: Felizmente Há Luar!

exército português; para o Principal Sousa é um problema, uma vez

que defende ideias modernas da Maçonaria, sendo, deste modo, um

“inimigo de Deus”.

11.2. Acto II

Este acto começa igualmente com os populares como pano de

fundo e, à imagem do acto I, Manuel destaca-se, manifestando o seu

desespero – à situação de miséria denunciada no início da peça,

acrescenta, agora, a falta de esperança motivada pela acusação do

general Gomes Freire de Andrade e consequente prisão no Forte de

S. Julião da Barra.

Neste acto, Rita, mulher de Manuel, mostra-se solidária com

Matilde que aparece desesperada em busca do apoio, após a

detenção do seu marido. Rita mostra-se igualmente preocupada com

o que possa acontecer a Manuel e dá-lhe conselhos.

Mais uma vez, os polícias aparecem a exercer a sua autoridade

como os defensores da ordem pública, dispersando o povo.

Ao entrar em palco, num monólogo, Matilde de Melo, “a

companheira de todas as horas”, demonstra estar transtornada pelos

acontecimentos vividos e com ironia defende ideias diferentes (que

vão contra a sua própria consciência) das que caracterizam quer o

general quer ela própria.

António de Sousa Falcão, “o inseparável amigo”, aparece para

apoiar Matilde e ambos tentam, por todos os meios, evitar o que já se

apresentava como inecitável – a execução do general. É através das

falas de Matilde que são denunciados os vícios do poder totalitário

defendido pelo Conselho de Regência. As arbitrariedades do poder

político, do poder judicial e mesmo do poder religioso são

evidenciadas emotiva e fortemente por esta figura feminina que

domina todo o acto II.

É também esta personagem quem denuncia a passividade dos

Populares, que apenas conseguem demonstrar o seu

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descontentamento, pois encontram-se completamente neutralizados

pela ignorância, miséria e falta de liberdade geradas pela repressão

do regime.

Neste acto, onde o antipoder é uma realidade, aparece, ainda,

com a personagem Frei Diogo de Melo, a voz dos padres que não

aceitam o colaboracionismo da Igreja e que erguem a sua voz em

defesa dos justos. É ele quem dá notícias do general a Matilde, não

deixando de o elogiar.

O acto II termina de uma forma apoteótica: Matilde, depois de

aparentar algum descontrolo emocional (fala com Gomes Freire como

se estivesse diante dele, parece tocar-lhe fazendo gestos habituais

como o apertar dos botões da farda, depede-se dele), evidencia uma

enorme lucidez ao exaltar os valores da liberdade e ao incentivar à

luta.

12. Características da Obra

Personagens psicologicamente densas e vivas;

Comentários irónicos e mordazes;

Denúncia da hipocrisia da sociedade;

Defesa intransigente da justiça social;

Teatro épico: oferece-nos uma análise crítica da sociedade,

procurando mostrar a realidade em vez de a representar, para

levar o espectador a reagir criticamente e a tomar uma posição;

Intemporalidade da peça remete-nos para a luta do ser humano

contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça e todas as

formas de perseguição;

Preocupação com o homem e o seu destino;

Luta contra a miséria e a alienação;

Denúncia a ausência de moral;

Alerta para a necessidade de uma superação com o surgimento de

uma sociedade solidária que permitia a verdadeira realização do

homem.

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13. Personagens

Gomes Freire de Andrade – figura carismática, acredita na justiça

e luta pela liberdade. Considerado um “estrangeirado”, revela-se

simpatizante das novas ideias liberais, tornando-se para os governantes um

elemento perturbador e perigoso. O povo elege-o como símbolo da luta pela

liberdade, o que é incómodo para os “reis do Rossio”.

D. Miguel Forjaz – primo de Gomes Freire, prepotente, assustado

com transformações que não deseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio,

desumano e calculista.

Principal Sousa – fanático, corrompido pelo poder eclesiástico e

odeia os Franceses.

Beresford – poderoso, mercenário, interesseiro, calculista, trocista e

sarcástico.

Vicente – manipulador, sarcástico, falso humanitarista, movido pelo

interesse da recompensa material, adulador no momento oportuno,

hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado, capaz de recorrer à

traição para ser promovido socialmente.

Manuel – Assume algum protagonismo por dar início aos dois atos,

com as mesmas indicações cénicas: a mesma posição em cena, como única

personagem intensamente iluminada. Denuncia a opressão a que o povo

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tem estado sujeito e a incapacidade de conseguir a libertação e de sair da

miséria em que se encontra.

Sousa Falcão – sofre junto de Matilde perante a condenação do

general. Assume as mesmas ideias de justiça e de liberdade, mas não teve a

coragem do general.

Matilde de Melo – corajosa. Exprime romanticamente o amor; reage

violentamente perante o ódio e as injustiças; afirma o valor da sinceridade;

desmascara o interesse, a hipocrisia. Ora desanima, ora se enfurece, ora se

revolta, mas luta sempre.

14. Universo Simbólico

Os símbolos adquirem em Felizmente Há Luar! uma dimensão

fundamental para a compreensão da mensagem. Eles ajudam a decifrar

sentidos implícitos, contribuem para descobrir o sentido global do texto, as

intenções do autor e permitem a construção de novos caminhos

interpretativos. Decifrar a linguagem simbólica é um desafio para o leitor,

mas também um estímulo à leitura.

Os elementos que na obra adquirem uma carga simbólica mais rica

são a saia verde; o título e os elementos que lhe estão associados: a lua e a

noite, a fogueira e o lume; a moeda de cinco réis e os tambores.

A Moeda de cinco réis:

A miséria do povo, a esmola;

O compromisso que o povo tem para com o General;

É como uma medalha de honra para Matilde;

É símbolo da fé que o povo tem no General;

Mostra que povo não luta porque não pode;

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A traição da igreja (à semelhança de Judas, a igreja vende-

se em nome do dinheiro e do poder).

A Fogueira:

Por D. Miguel:

Símbolo de purificação, limpeza;

Quem não está connosco, está contra nós, é preciso afastar;

Semelhança com a Santa Inquisição.

Por Matilde e Sousa Falcão:

Profecia de mudança;

Purificação, redenção, chama da esperança;

Renascimento, advento.

A Saia Verde:

Em vida:

Esperança;

Liberdade - Paris, Revolução Francesa;

Pureza, Inocência - neve branca;

Após a Morte:

A alegria do reencontro;

A esperança de que a morte do General não seja em vão;

A esperança da mudança.

O Título

Por D. Miguel:

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“Felizmente há luar” para se verem melhor as execuções e

para que o medo conseguido seja maior a abranja mais

pessoas;

A Lua: monotonia, falta de liberdade de ação e expressão;

Tal como a lua, os regimes déspotas só sobrevivem se os

mais fortes estiverem controlados. Brilham com a luz dos

outros.

Por Matilde:

O luar permite que mais gente veja a fogueira, mais gente

vença o medo, mais gente se revolte e se una para mudar;

O luar aumenta a amplitude da purificação. Mais irão

percorrer em direção à luz, à liberdade, ao conhecimento, à

justiça, à democracia.

Os Tambores

Criadores de tensão dramática;

Prenúncio de tragédia;

Exercem um fascínio sobre a população.

15. Elementos Paratextuais

15.1. Didascálias

As didascálias (ou indicações cénicas) são texto secundário que

serve de suporte ao texto dramático (fala de personagens). As

didascálias que encontramos entre parenteses dão-nos indicações

sobre a expressão corporal da personagem, os seus sentimentos e

emoções, o seu movimento em palco, a entrada e saída. Também

indicam os destinatários dos atos de fala, o tom de voz, as mudanças

de luz, o som. As didascálias laterais acompanham as palavras das

personagens e ajudam à sua caracterização, esclarecendo a forma

como falam, revelando as intenções do que está a ser dito, para que

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as palavras sejam bem interpretadas (sobretudo pelo leitor). A peça é

rica de marcações com referências concretas (sarcasmo, ironia,

escárnio, indiferença, galhofa, adulação, desprezo, entre outras).

15.2. Linguagem

Natural, viva e maleável, utilizada como marca

caracterizadora e individualizadora de algumas das

personagens;

Uso de frases em latim, como conotação irónica, por

aparecerem aquando da condenação e execução;

Frases incompletas por hesitação ou interrupção;

Marcas características do discurso oral;

Recurso frequente à ironia e ao sarcasmo.

16. Conclusão

Na obra Felizmente Há Luar! de Luís de Sttau Monteiro, trata-se de

uma obra muito datada que, no entanto, aponta para a defesa de valores

comuns a todos os homens e em todos os tempos. É o caso da defesa da

liberdade, da rejeição da injustiça, da valorização da solidariedade, do

elogio da dignidade, do repúdio da servidão.

Assim, podemos considerar que Felizmente Há Luar!, apesar de ter

perdido alguma “eficácia didáctica imediata”, é uma obra universal e

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intemporal, pois mantém pertinentes e actuais muitos dos temas que lhe

estão subjacentes.

Neste sentido, e, para além, obviamente, do seu valor literário, a sua

leitura por jovens em plena formação parece inteiramente pertinente.

17. Bibliografia

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