familia birman

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Outra característica importante de ser ressaltado na atualidade foram as mudanças na ordem familiar, gerando efeitos sobre os processos de subjetivação. Principalmente com a inserção da mulher no mercado de trabalho se desvinculando daquela única função de mãe e de gestora do espaço familiar, como das análises de Freud sobre o núcleo familiar da modernidade. Além disso, pode-se notar que a constituição e manutenção do laço conjugal passou a ser regulado unicamente no registro do desejo, não mais havendo uma obrigação social, conforme expõe Birman (2007). Tais fatos passaram a afetar o investimento dos agentes familiares sobre as crianças e jovens. Antes o investimento materno era amplamente dirigido à criança, hoje este investimento é alargado pela inserção feminina no social. Segundo Birman (2007), essa nova organização familiar gerou um contexto de “desnarcisação”, tendo como causa este processo de esvaziamento da função materna. O investimento do corpo infantil ficou à mercê da ausência das figuras parentais e de um certo anonimato em outras figuras, como as babás, as creches e escolas maternais. Portanto, a constituição narcísica ficou abalada, gerando um impacto sobre a potencialidade de simbolização das crianças, marcada por uma experiência de vazio. A criança passa a ficar em segundo plano, nesta nova construção biopolítica da família. O autor esclarece que houve um deslocamento da onipotência (sua majestade o bebê) a uma fragilidade narcísica. Esta fragilidade narcísica recai na imagem corporal, pois a ausência do olhar das figuras parentais gera uma escassez de investimento narcísico sobre a criança, o que acarreta uma precariedade na constituição de sua imagem de corpo próprio, permitindo uma fragmentação da experiência corporal.

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Page 1: Familia Birman

Outra característica importante de ser ressaltado na atualidade foram as mudanças na ordem familiar, gerando efeitos sobre os processos de subjetivação. Principalmente com a inserção da mulher no mercado de trabalho se desvinculando daquela única função de mãe e de gestora do espaço familiar, como das análises de Freud sobre o núcleo familiar da modernidade. Além disso, pode-se notar que a constituição e manutenção do laço conjugal passou a ser regulado unicamente no registro do desejo, não mais havendo uma obrigação social, conforme expõe Birman (2007). Tais fatos passaram a afetar o investimento dos agentes familiares sobre as crianças e jovens. Antes o investimento materno era amplamente dirigido à criança, hoje este investimento é alargado pela inserção feminina no social.

Segundo Birman (2007), essa nova organização familiar gerou um contexto de “desnarcisação”, tendo como causa este processo de esvaziamento da função materna. O investimento do corpo infantil ficou à mercê da ausência das figuras parentais e de um certo anonimato em outras figuras, como as babás, as creches e escolas maternais. Portanto, a constituição narcísica ficou abalada, gerando um impacto sobre a potencialidade de simbolização das crianças, marcada por uma experiência de vazio. A criança passa a ficar em segundo plano, nesta nova construção biopolítica da família. O autor esclarece que houve um deslocamento da onipotência (sua majestade o bebê) a uma fragilidade narcísica. Esta fragilidade narcísica recai na imagem corporal, pois a ausência do olhar das figuras parentais gera uma escassez de investimento narcísico sobre a criança, o que acarreta uma precariedade na constituição de sua imagem de corpo próprio, permitindo uma fragmentação da experiência corporal.