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FACULDADE DE FISIOTERAPIA MAYRA SHANKARA MISAKI RODRIGUES RAYANA GILDA SCHARRA DE SOUZA A INFLUÊNCIA DA SHANTALA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR, NO COMPORTAMENTO, NA INTERAÇÃO CUIDADOR-BEBÊ E NO AMBIENTE DE LACTENTES DE 1 A 6 MESES Juiz de Fora 2011

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FACULDADE DE FISIOTERAPIA

MAYRA SHANKARA MISAKI RODRIGUES RAYANA GILDA SCHARRA DE SOUZA

A INFLUÊNCIA DA SHANTALA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR, NO COMPORTAMENTO, NA INTERAÇÃO CUIDADOR-BEBÊ E NO AMBIENTE DE

LACTENTES DE 1 A 6 MESES

Juiz de Fora 2011

FACULDADE DE FISIOTERAPIA

MAYRA SHANKARA MISAKI RODRIGUES RAYANA GILDA SCHARRA DE SOUZA

A INFLUÊNCIA DA SHANTALA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR, NO COMPORTAMENTO, NA INTERAÇÃO CUIDADOR-BEBÊ E NO AMBIENTE DE

LACTENTES DE 1 A 6 MESES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientadora: Professora Drª. Jaqueline da Silva Frônio Co-orientadora: Professora Drª. Maria Alice Junqueira Caldas

Juiz de Fora 2011

Rodrigues, Mayra Shankara Misaki.

A influência da Shantala no desenvolvimento motor, no comportamento, na interação cuidador-bebê e no ambiente de lactentes de 1 a 6 meses / Mayra Shankara Misaki Rodrigues, Rayana Gilda Scharra de Souza. – 2011.

88 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)—Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011.

1. Massagem. 2. Desenvolvimento Infantil. 3. Relações Mãe-Filho. I.

Souza, Rayana Gilda Scharra de II. Título. CDU 615.82

AGRADECIMENTOS

Com imensa gratidão:

À orientadora Jaqueline Frônio, por toda atenção e carinho, por nos ensinar a

projetar e realizar este trabalho, e por mostrar que para se concretizar um estudo é

necessário muita dedicação e amor.

À co-orientadora Maria Alice, que sempre se mostrou disposta, trazendo sua visão

qualitativa e descontraindo os momentos de reuniões.

À minha colega Rayana, por sua enorme contribuição, nada seria possível sem o

seu apoio, serei eternamente agradecida por tudo isso!

Ao Luiz Cláudio, por ensinar a compreender o mundo da estatística.

À Tia Érica, que sempre contribuiu para a realização deste estudo, me motivando

desde o início e posteriormente nos ensinando a construir o banco de dados.

À equipe da coleta por toda dedicação: Ana Paula, Clarice, Mariana e Pollyanny.

A toda a minha família e amigos que sempre me apoiaram, me motivaram, me

deram tanto amor e carinho e sempre entenderam a importância deste momento na

minha vida.

A todos os pais e lactentes que, com enorme prazer, nos receberam em suas casas

e contribuíram de forma essencial dedicando momentos de suas vidas para as

avaliações e para a realização da massagem Shantala.

A todos que de alguma maneira participaram dessa conquista.

Mayra Shankara Misaki Rodrigues

AGRADECIMENTOS

A Deus, autor da vida, sem Ele nada seria possível. Aos meus pais, por todo o apoio e por me ensinarem o valor do saber. Ao meu amor, Rafael, por estar ao meu lado em todos os momentos sempre com tanto carinho. À vovó Dila, em memória, por todas as suas orações. À Mayra, pela dedicação ao nosso trabalho. À Jaqueline e à Alice por acreditarem em nós e nos orientaram neste percurso. Ao Luiz Cláudio pela sua ajuda no universo dos números. E à Érica, por todas as suas contribuições, sempre disposta a nos ajudar. À nossa equipe: Ana Paula, Clarice, Mariana e Pollyanny, pelo empenho e competência na realização da coleta. Às mães dos lactentes por nos receberem e nos emprestarem um pouco de seus pequeninos. E a todos, familiares e amigos que contribuíram de alguma forma para que esse sonho pudesse ser concretizado.

Rayana Gilda Scharra de Souza

RESUMO

O desenvolvimento de uma criança é influenciado pelo ambiente externo, o

qual oferece oportunidades e estímulos para que ela adquira novas experiências e

habilidades, e desenvolva total ou parcialmente o seu potencial genético. A

massagem é citada como um recurso que pode gerar benefícios no

desenvolvimento, mas não existem evidências suficientes comprovando os mesmos.

Neste sentido, este estudo surgiu com o objetivo de verificar se há associação do

uso da massagem Shantala com o desenvolvimento motor, comportamento, vínculo

cuidador-bebê e oportunidades de estímulos no ambiente domiciliar de lactentes de

um a seis meses de idade. A amostra foi composta por 12 lactentes no grupo

controle e 6 no grupo experimental, sendo que nesse último as mães realizaram a

Shantala dos 45 dias até os 4 meses de idade. Aos 4 e 6 meses de idade, os

cuidadores responderam o Affordances in the Home Enviroment for Motor

Development Infant Scale (AHEMD-IS) e o Questionário Comportamental e de

Vínculo, enquanto uma avaliadora cegada avaliou o desenvolvimento motor do

lactente através da Alberta Infant Motor Scale (AIMS). Para análise foram utilizados

os testes não paramétricos: Mann-Whitney, Qui-quadrado (2) ou Exato de Fischer,

quando necessário, e considerado um nível de significância α=0,05. Não foi

encontrada diferença estatisticamente significativa entre as variáveis testadas,

porém os valores referentes ao desempenho na AIMS (Escore Bruto e Percentil

Exato), no AHEMD-IS e no Vínculo Cuidador-Bebê foram superiores no grupo

experimental. O escore Comportamento dos lactentes do grupo experimental aos 4

meses de idade foi superior em relação ao grupo controle e aos 6 meses de idade

foi inferior, sugerindo que os efeitos da massagem neste aspecto perduram apenas

enquanto essa é realizada e que há uma fase de ―síndrome de abstinência‖ que

ocorre pela falta de continuidade da aplicação da massagem. Sugere-se que a

massagem Shantala pode influenciar positivamente o desenvolvimento, o

comportamento, a interação cuidador-bebê e as oportunidades de estímulos no

ambiente domiciliar de lactentes a termo de um a seis meses de idade.

Palavras-Chaves: Massagem. Desenvolvimento Infantil. Ambiente. Comportamento

Infantil. Interação mãe-filho. Desempenho sensório-motor.

ABSTRACT

A child’s development is influenced by external environment, which provides

opportunities and stimuli for the child to acquire new experiences and skills, and to

fully or partially develop his/her genetic potential. Massage is cited as a resource that

can improve development, but there is insufficient evidence proving its benefits.

Thus, this study was developed in order to verify if there is association between the

use of Shantala massage and motor development, behavior, caregiver-infant

bonding, and opportunities for stimulation in the home environment of infants from

one to six months old. The sample consisted of 12 infants in the control group and 6

in the experimental group, where, in the latter one the mothers administered

Shantala massage to the infants from 45 days until 4 months of age. At 4 and 6

months of age, caregivers responded to the Affordances in the Home Environment

for Motor Development - Infant Scale (AHEMD-IS) assessment, and the Behavioral

and Bonding Questionnaire, while a blinded evaluator assessed the motor

development of infants with the Alberta Infant Motor Scale (AIMS). For analysis were

used nonparametric tests: Mann-Whitney, chi-square (2) or Fisher exact, when

necessary, and considered a significance level of α=0.05. There was no significant

difference between tested variables, but the values of AIMS performance (Raw Score

and Centile Ranking), AHEMD-IS and Caregiver-Infant Bond were higher in the

experimental group. The Behavior score of infants in the experimental group at 4

months of age was higher than in the control group, and at 6 months of age was

lower, suggesting that the effects of massage in this aspect persist only while it is

ongoing, and that there is a "withdrawal" stage that occurs due to lack of continuity in

the application of massage. It can be suggested that Shantala massage may

positively influences the development, behavior, caregiver-infant interaction, and

opportunities for stimulation in the home environment of infants born at term from one

to six months of age.

Key Words: Massage. Child Development. Environment. Child Behavior. Mother-

Child Relations. Psychomotor Performance.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características dos participantes por grupo quanto ao sexo, classificação socioeconômica (ABEP), aleitamento materno ao 4º e 6º mês (frequência absoluta e relativa), idade da mãe, anos de estudo com aproveitamento da mãe e renda per capita (média e desvio-padrão).......................................................................................

33 Tabela 2. Associação entre os desempenhos na AIMS (Escore Bruto e

Percentil Exato) entre os grupos (Teste de Mann-Whitney).....................................................................................

34 Tabela 3. Associação entre os desempenhos no AHEMD-IS (Escore

Total, Escores Dimensões) entre os grupos (Teste de Mann-Whitney).....................................................................................

35 Tabela 4. Associação entre os desempenhos no Questionário

Comportamental e de Vínculo (Escore Comportamento e Escore Vínculo Cuidador-Bebê) entre os grupos (Teste de Mann-Whitney)...........................................................................

35

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 11

2 OBJETIVO............................................................................................. 14

2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................ 14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................. 14

3 METODOLOGIA ................................................................................... 15

3.1 DESENHO DE ESTUDO ...................................................................... 15

3.2 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES E CASUÍSTICA ............................. 15

3.2.1 Critérios de inclusão ............................................................................. 16

3.2.2 Critérios de exclusão ............................................................................ 16

3.3 VARIÁVEIS ESTUDADAS E CONCEITOS........................................... 17

3.3.1 Variáveis independentes ....................................................................... 17

3.3.2 Variáveis dependentes ......................................................................... 18

3.3.3 Variáveis de controle ............................................................................ 20

3.3.4 Variáveis moderadoras.......................................................................... 20

3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DOS DADOS ............................. 21

3.5 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS ............................. 24

3.5.1 Análise estatística.................................................................................. 24

4 ARTIGO CIENTÍFICO............................................................................ 26

REFERÊNCIAS.................................................................................... 40

ANEXOS ............................................................................................... 43

APÊNDICES ......................................................................................... 63

11

1 INTRODUÇÃO

Da interação entre o meio ambiente e a natureza ocorre o processo de

desenvolvimento de uma criança. A natureza ou genética é considerada um fator

intrínseco e o ambiente um fator extrínseco, o qual oferece oportunidades e

estímulos para que o lactente adquira novas experiências e habilidades, e possa

desenvolver total ou parcialmente o seu potencial genético. Sendo assim, todo o

desenvolvimento, inclusive o cerebral, é influenciado pelo ambiente, de maneira que

um ambiente mais rico em estímulos vai determinar a formação de uma rede mais

densa de sinapses se comparado a um ambiente menos estimulante. Nesse

contexto, os primeiros anos do bebê são cruciais, pois as conexões que não se

formarem nesta fase, podem não se formar mais tarde (BEE, 2003).

A estimulação tátil na forma de massagem atua como mais um estímulo

externo ao lactente, favorecendo o seu desenvolvimento. Um dos tipos de

massagem para bebês, originou-se no sul da Índia, numa região chamada Kerala, e

foi transmitida à população pelos monges, tornando-se, posteriormente, uma

tradição repassada de forma natural de mãe para filha. Em meados de 1970, o

obstetra francês Frédérick Leboyer trouxe esta técnica para o ocidente e a batizou

com o nome Shantala, em homenagem à mulher indiana que ele observou, em

Calcutá, Índia, massageando delicadamente todo o corpo do seu bebê (LEBOYER,

2009).

A Shantala estimula o contato diário entre a mãe e o seu bebê, e neste

momento especial, a mãe entrega ao seu filho os múltiplos benefícios da massagem.

As indianas acreditam que o ato de massagear seus bebês se relaciona com o que é

ser uma boa mãe e um bom pai (LEBOYER, 2009).

A literatura traz como efeitos da Shantala a melhora do desenvolvimento

psicomotor, do sono, das cólicas, da amamentação do bebê, do vínculo mãe-filho e

dos níveis de estresse no bebê (BRÊTAS, 1999; CRUZ e CAROMANO, 2005; CRUZ

e CAROMANO, 2007; DOREN et al., 2007; FOGAÇA et al., 2005; LIMA, 2004;

VICTOR e MOREIRA, 2004).

Dois estudos utilizaram a massagem Shantala e tiveram como objetivo

ensinar a terapia à mãe, ao pai ou ao cuidador da criança em forma de oficinas

divididas em etapas (BRÊTAS, 1999; VICTOR e MOREIRA, 2004). No estudo de

12

Victor e Moreira (2004), houve a avaliação desta experiência através dos relatos dos

cuidadores, que avaliaram as sensações ao massagear o seu bebê. Foram

encontradas, nos depoimentos, reações semelhantes de satisfação, amor e carinho

para com os bebês e manifestado o desejo de partilhar o aprendizado com outras

pessoas, comprovando a melhora do vínculo cuidador-bebê, porém não foi utilizado

um método que avaliasse o desenvolvimento motor do lactente. Já Brêtas (1999),

apesar de afirmar em sua conclusão que a massagem foi benéfica em relação ao

vínculo cuidador-bebê, não utilizou instrumentos que pudessem verificar melhor e

comprovar estes benefícios, tendo apenas sido ensinada a Shantala aos cuidadores

e retiradas suas conclusões a partir desta experiência.

Outro estudo desenvolvido também com a Shantala teve como objetivo

avaliar os níveis de cortisol antes e depois da massagem em bebês saudáveis.

Foram medidos os níveis de cortisol salivar em onze bebês com idade entre quatro e

seis meses, antes e depois de receberem a massagem. Os níveis de cortisol

encontrados após a massagem foram relacionados com o amadurecimento mais

rápido do ritmo circadiano, melhorando os ciclos de sono e vigília dos lactentes

(FOGAÇA et al., 2005). Em outro estudo, realizado em um centro de educação

infantil, baseado em troca de vivências e experiências de formação continuada,

foram oferecidos recursos aos professores para que modificassem a sua maneira de

interagir com os alunos, aperfeiçoando a sua maneira de cuidar e educar. Entre os

recursos, estava a técnica Shantala que, aplicada pelos professores em crianças de

0 a 4 anos, mostrou resultados positivos na aprendizagem dessas. Esses resultados

foram obtidos através dos relatos dos professores e da autora (OLIVEIRA, 2009).

Pelo levantamento bibliográfico, realizado entre janeiro de 2010 e maio de

2011, (utilizando como palavras-chaves: Shantala, massagem em bebês, massagem

terapêutica, nas bases de dados LILACS, IBECS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane,

SciELO e GOOGLE Acadêmico) foi encontrado apenas um estudo que avaliou mais

detalhada e sistematicamente os possíveis efeitos da Shantala no desenvolvimento

psicomotor, onde foram acompanhados 3 lactentes e 2 crianças, todos com

Síndrome de Down e idade entre 0 a 36 meses. Foi utilizado como critério de

inclusão não ter recebido nenhuma intervenção fisioterapêutica, terapêutica

ocupacional ou outra forma de estimulação. Os participantes receberam a

massagem por 120 dias e foi utilizado um check list, baseado na escala de

desenvolvimento motor de Britta Holle (HOLLE, 1979), aplicado no início da

13

pesquisa, 60 dias após e no final dos 120 dias, além de um questionário com

perguntas sobre a qualidade do sono e dos movimentos da criança e a respeito do

relacionamento familiar, elaborado pelo pesquisador. Como resultados significativos

foram observados: melhor interação das famílias com as crianças e melhor

aceitação das limitações de suas crianças, aperfeiçoamento dos movimentos dessas

crianças e uma aquisição mais rápida dos movimentos esperados para sua faixa

etária, além de um sono mais tranquilo (LIMA, 2004). Porém, este estudo não

apresentou um grupo controle, desta forma, não fornece evidências suficientes para

que seja afirmado que os resultados foram decorrentes exclusivamente da utilização

da massagem Shantala.

Dos estudos brasileiros analisados foram encontrados cinco que utilizaram a

massagem Shantala em lactentes e crianças (BRÊTAS, 1999; FOGAÇA et al., 2005;

LIMA, 2004; OLIVEIRA, 2009; VICTOR e MOREIRA, 2004) e apenas um dedicou

atenção especial ao desenvolvimento motor dos participantes (LIMA, 2004). A

maioria dos artigos encontrados em literatura internacional e nacional utilizava

apenas o termo massagem terapêutica para bebês, e se tratavam em grande parte

de revisões da literatura (CRUZ e CAROMANO, 2007; DOREN et al., 2007;

FIGUEIREDO, 2007; FORBES, 2006; KULKARNI et al., 2010; MAINOUS, 2002).

Desta forma, pode-se notar que esta prática terapêutica ainda é pouco

investigada no Brasil e seus possíveis efeitos são verificados de forma pouco

sistemática. Neste sentido, este estudo surgiu com o objetivo de avaliar mais

detalhadamente os possíveis efeitos da Shantala sobre o desenvolvimento motor e

sobre a interação cuidador-bebê, avaliar a massagem como um estímulo

influenciador do ambiente e os demais benefícios na rotina do lactente.

14

2 OBJETIVO

2.1 OBJETIVO GERAL

Verificar se há associação do uso da Shantala com o desenvolvimento motor,

comportamento, vínculo cuidador-bebê e oportunidades de estímulos no ambiente

domiciliar de lactentes, de 1 a 6 meses de idade que receberam a massagem

Shantala, quando comparados aos seus controles.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Verificar se:

- O desempenho motor dos lactentes que receberam a Shantala é superior ao dos

lactentes que não receberam (controles), segundo a Alberta Infant Motor Scale -

AIMS;

- Há diferença entre os grupos em relação ao comportamento dos lactentes (sono,

cólicas, amamentação e choro) e ao vínculo cuidador-bebê;

- As oportunidades de estímulos ambientais dos lactentes que receberam Shantala

são mais favoráveis do que de seus controles, segundo o Affordances in the Home

Enviroment for Motor Development - Infant Scale – AHEMD-IS.

15

3 METODOLOGIA

3.1 DESENHO DE ESTUDO

Esta pesquisa se classifica como estudo longitudinal, intervencionista, caso-

controle, quantitativo, com avaliadores cegados, com lactentes entre 1 e 6 meses de

idade, em que o grupo experimental recebeu a massagem Shantala, de forma

sistematizada, entre 1 e 4 meses de idade.

3.2 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES E CASUÍSTICA

Nos meses de maio a agosto de 2010, foram convidados a participar do

estudo os responsáveis por lactentes, de ambos os sexos, com idades entre 1 e 4

meses, usuários de duas Unidades Básicas de Saúde da cidade de Juiz de Fora.

A amostra foi composta por um grupo controle e um grupo experimental. Para

compor o grupo experimental (Shantala), foram convidadas as mães de lactentes

com 30 dias completos ou menos, até que se atingisse o número de 10 díades mãe-

bebê. Aqueles lactentes que já tinham ultrapassado essa idade foram convidados a

participar do grupo controle. Durante os meses de recrutamento (maio a agosto

2010), a mãe que não estava aderente ao programa de Shantala foi excluída do

estudo.

Os lactentes do grupo experimental receberam a massagem Shantala de

forma sistematizada, desde os 45 dias até os 4 meses de idade, e foram avaliados

aos 4 e 6 meses de idade. O recrutamento deste grupo foi feito antes que o lactente

completasse 30 dias, para que fosse possível realizar o treinamento em tempo hábil.

O grupo controle foi inicialmente composto por 20 lactentes, pareados com os

participantes do grupo experimental quanto ao sexo e ao nível socioeconômico, que

também foram avaliados aos 4 e 6 meses de idade. Os lactentes deste grupo não

receberam a massagem Shantala enquanto fizeram parte do estudo.

16

Todos os responsáveis pelos lactentes, que aceitaram participar da pesquisa,

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (APÊNDICE 1).

A seleção dos participantes não foi aleatória e foi realizada com base nos

critérios descritos a seguir.

3.2.1 Critérios de inclusão

Grupo experimental: crianças que não apresentaram intercorrências que

poderiam levar a alterações no desenvolvimento e que estavam com 30 dias

completos ou menos.

Grupo controle: crianças que não apresentaram intercorrências que poderiam

levar a alterações no desenvolvimento e que estavam com 4 meses completos ou

menos. Para cada participante do grupo experimental, eram incluídos dois

participantes no grupo controle segundo o pareamento descrito acima (sexo e nível

sócio-econômico).

3.2.2 Critérios de exclusão

Crianças nascidas com menos de 37 semanas, peso inferior a 2500g, Apgar

do quinto minuto inferior a 8, e que apresentaram algum comprometimento

neurológico, alterações sensoriais, cardiorrespiratórias e ortopédicas, anomalias

congênitas ou síndromes e/ou que participassem de algum programa de intervenção

ou follow up. Para o grupo experimental, também foram excluídos os participantes

que não aderiram ao protocolo de realização da Shantala e, consequentemente,

seus pares do grupo controle também foram excluídos.

17

3.3 VARIÁVEIS ESTUDADAS E CONCEITOS

3.3.1 Variáveis independentes

3.3.1.1 Shantala

A Shantala é uma massagem que deve ser realizada pela mãe ou pelo

cuidador, sendo que este deve estar sentado ao chão, com as pernas esticadas,

coluna ereta e braços livres. O bebê deve estar despido e apoiado sobre as pernas

da mãe/cuidador, este deve conversar com ele durante a massagem, de forma

verbal e não verbal, mantendo sempre que possível contato com os olhos do

lactente.

É orientada a utilização de óleo de origem vegetal e natural. O bebê não deve

sentir frio e, para que isso não ocorra, orienta-se aquecer o óleo, realizar a

massagem em um ambiente aquecido e em um horário adequado, de acordo com as

estações. A massagem é composta por uma sequência de manobras de

deslizamento superficial e torceduras, começando pelo peito e continuando nos

braços, mãos, barriga, pernas, pés, costas e rosto. Para finalizar a massagem são

realizados três exercícios para relaxamento da cintura escapular e pélvica.

Recomenda-se dar um banho no bebê após a massagem, para completar o

relaxamento e para retirar o excesso de óleo. A Shantala não deve ser realizada

após a alimentação e sim entre as refeições, podendo ser na parte da manhã ou na

parte da tarde, também não se deve realizá-la quando a criança estiver com fome,

frio ou algum tipo de infecção (ANDRADE et al., 2003; LEBOYER, 2009). Toda a

técnica e sequência de aplicação da Shantala podem ser encontradas no livro

―Shantala: uma Arte tradicional: Massagem para Bebês‖ (LEBOYER, 2009), que é

ricamente ilustrado. Com base neste material, foram confeccionados uma cartilha e

um guia ilustrativos que foram fornecidos e utilizados pelos participantes do grupo

experimental (APÊNDICES 2 e 3).

18

3.3.1.2 Idade do lactente na avaliação motora, comportamental e do ambiente

Foi computada em meses, considerando as idades de 4 e 6 meses, permitindo

uma variabilidade de 7 dias para mais ou para menos.

3.3.2 Variáveis dependentes

3.3.2.1 Alberta Infant Motor Scale (AIMS) - (ANEXO 1):

É uma escala observacional, de fácil aplicabilidade e baixo custo, que se

propõe a avaliar e acompanhar o desenvolvimento motor global de lactentes de 0 a

18 meses de idade e é composta de 58 itens que descrevem o desenvolvimento da

movimentação espontânea e de habilidades motoras em quatro posições básicas:

prono (21 itens), supino (9 itens), sentado (12 itens) e de pé (16 itens). Cada item

corresponde a uma posição adotada pelo lactente e deve ser pontuado como

observado (O) ou não observado (NO), de acordo com critérios que avaliam a

postura, a distribuição de peso, e os movimentos espontâneos antigravitacionais

para cada postura. Ao final da avaliação as respostas obtidas são anotadas em uma

folha de registro (Score Sheet) formada por desenhos que correspondem aos itens

avaliados, seguindo uma ordem crescente de aparecimentos esperados e

complexidade, da esquerda para direita. Para cada item observado (O) atribui-se um

ponto, que deve ser somado aos itens que ficaram à esquerda do primeiro item

observado. A pontuação obtida em cada uma das posturas deve ser somada,

chegando-se à pontuação total. Desta forma, obtêm-se o Escore Bruto (Raw Score)

que deve ser convertido para Índices Percentis (Centile Ranks) e comparado às

curvas normativas para cada idade, através do gráfico que acompanha a escala

(PIPER e DARRAH, 1994).

19

3.3.2.2 Affordances in the Home Environment for Motor Development (AHEMD-IS) -

(ANEXO 2)

O AHEMD-IS (Affordance in the Home Environment for Motor Development –

Infant Scale) é um questionário desenvolvido pelos Laboratórios de

Desenvolvimento Motor do Instituto Politécnico Viana do Castelo (Portugal) e da

Texas A&M University (EUA) em colaboração com o Laboratório de Pesquisa em

Desenvolvimento Neuromotor - Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP

(Brasil) e está em processo de validação no Brasil, o que permite torná-lo mais

adequado ao perfil de nossas crianças. O questionário visa avaliar de forma simples,

rápida e eficaz as oportunidades (affordances) presentes no contexto do ambiente

domiciliar para o desenvolvimento motor (GABBARD et al., 2008; RODRIGUES &

GABBARD, 2007a.; RODRIGUES & GABBARD, 2007b). O roteiro deve ser

preenchido pelos próprios pais ou cuidador principal da criança.

O AHEMD-IS é constituído por quatro seções distintas: caracterização

familiar; espaço físico da residência; atividades diárias; e brinquedos e materiais

existentes. Todas as 48 questões específicas sobre as oportunidades (affordances)

presentes na casa foram formuladas com clareza para serem respondidas pelos

pais, sendo divididas em questões dicotômicas (sim ou não), de escala de Likert

(nunca/às vezes/quase sempre/sempre), e de descrição de materiais com imagens

ilustrativas dos brinquedos. As questões foram agrupadas em cinco subescalas:

espaço interior, espaço exterior, variedade de estimulação; materiais de motricidade

fina e materiais de motricidade grossa (Projecto AHEMD, 2010).

O escore de uma dimensão é calculado pela soma dos pontos obtidos para

todas as questões dentro de cada dimensão. Um escore total é obtido pela soma

dos escores das três dimensões. Serão consideradas as pontuações obtidas pelo

AHEMD-IS como um todo (amplitude de 0 – 167 pontos) e em cada uma das suas

três dimensões: espaço físico (amplitude de 0 – 16 pontos), variedade de

estimulação (0 – 25 pontos) e brinquedos (0 – 126 pontos), sendo esta última a que

mais contribui para a composição da pontuação total (75,45%). Para a análise e

comparação entre os grupos, será utilizado o Escore Bruto do AHEMD-IS total e de

suas dimensões.

20

3.3.2.3 Questionário Comportamental e de Vínculo

Foi elaborado um roteiro com questões fechadas e abertas, baseado na

experiência dos autores e em artigos relacionados ao tema (HABIB e MAGALHÃES,

2007; VICTOR e MOREIRA, 2004), o qual foi preenchido pela mãe/cuidador

principal do lactente no momento das avaliações. Consta de perguntas relacionadas

ao sono, à alimentação, à irritabilidade, às cólicas e à interação cuidador–bebê

(APÊNDICE 4), sendo dividido basicamente em duas dimensões, comportamento

(questões 1 a 5) e vínculo cuidador-bebê (questões 6 a 8). Para efeito de análise

dos dados do presente estudo, foi criado um sistema de pontuação para cada uma

das dimensões, considerando apenas as questões fechadas. As questões abertas

não serão analisadas no presente estudo. Baseado neste sistema cada item recebe

pontuação de zero até o número de opções de respostas correspondentes a ele,

sendo considerado o maior valor como a melhor resposta possível. Com isto, o

escore de uma dimensão é calculado pela soma dos pontos obtidos para todos os

itens dentro daquela dimensão. O escore total da dimensão comportamento pode

variar de 0 a 14 pontos e o da dimensão vínculo cuidador-bebê de 0 a 8 pontos,

sendo que quanto maior a pontuação, melhor o comportamento do lactente e a

interação cuidador-bebê, segundo a avaliação do cuidador.

Assim que foi autorizado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFJF sob

parecer nº 096/2010 (ANEXO 3), foi realizado um estudo piloto com três mães para

treinamento da equipe e realização de possíveis ajustes no roteiro. Não foram

necessárias alterações em razão das perguntas serem de fácil entendimento e

fornecerem as informações adequadas aos objetivos do estudo.

3.3.3 Variáveis de controle

As variáveis de controle, utilizadas no pareamento entre os grupos, foram

registradas em um cartão de registro dos dados individuais coletados (APÊNDICE 5)

sendo elas, sexo do bebê e nível socioeconômico. Foi utilizado o Critério de

21

Classificação Econômica Brasil (CCEB) (ANEXO 4), que corresponde a uma

classificação em classes econômicas, segundo o Levantamento Socioeconômico

2008 do IBOPE, o qual estima o poder de compra das famílias urbanas brasileiras.

Considera posse de bens de consumo e grau de instrução do chefe da família para

classificar as famílias em classes de A a E (A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E), em que

A é considerada a classe com maior poder aquisitivo e E a classe de menor poder

aquisitivo (ABEP, 2010). No pareamento, poderia haver uma diferença de classe de

um nível acima e um nível abaixo entre os pares, considerando as subclasses

existentes.

3.3.4 Variáveis moderadoras

Também foram registradas no cartão de registro as variáveis moderadoras:

idade da mãe, renda mensal familiar, número de moradores da casa, renda per

capita, número de irmãos, estado civil da mãe (casada, solteira, divorciada e viúva),

convívio com o pai do lactente (nunca, quase nunca, quase sempre e sempre),

escolaridade da mãe (em anos de estudo com aproveitamento).

A variável aleitamento materno (exclusivo ou não, no quarto e sexto mês), por

ser de importante relevância foi incluída com a pesquisa já em andamento e obtida

ao final da coleta de dados.

3.4 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS

Para treinamento da equipe que avaliou os lactentes por meio da Alberta

Infant Motor Scale (AIMS) foram realizadas quatro etapas: teórica, treinamento

prático, piloto e cálculo do índice de concordância (ICC). O ICC, calculado com base

em 10 avaliações, foi de 0,99. Para a aplicação do AHEMD-IS foi feita a leitura e

discussão do material relacionado. Como este é preenchido pelos

pais/responsáveis, não foi calculado índice de concordância, sendo realizada

apenas uniformização na conduta da equipe quanto às instruções passadas para os

22

pais e esclarecimentos permitidos diante de possíveis dúvidas que poderiam surgir

durante o preenchimento do mesmo.

A equipe que ensinou a Shantala às mães/cuidadores recebeu o seguinte

treinamento:

- 1ª etapa: leitura e discussão do material relacionado à aplicação da Shantala;

- 2ª etapa: realização da massagem em alguns lactentes que pertencem ao

ambulatório de Pediatria do HU/CAS, cujas mães permitiram;

- 3ª etapa: confecção do material instrucional: uma cartilha (APÊNDICE 2) com a

descrição detalhada da sequência da massagem com base no livro ―Shantala: uma

Arte tradicional: Massagem para Bebês‖ de Leboyer (2009), e um guia ilustrativo

(APÊNDICE 3) com fotos da sequência da massagem feitas durante a 2ª etapa,

sendo o uso autorizado pelas mães, através do Termo de Autorização para

Utilização de Imagem (APÊNDICE 6);

- 4ª etapa: estudo piloto: foi realizado com três díades cuidador-bebê, sendo que

para duas díades o ensino da Shantala foi realizado no domicílio e para outra no

HU/CAS, pelo fato desta já frequentar o serviço de fisioterapia e por seu domicílio

ser de difícil acesso. Foram realizadas quatro visitas para ensinar a massagem e

fornecido na primeira visita, um vidro com óleo vegetal, uma cartilha e um guia

ilustrativo. A sequência da massagem foi dividida em duas etapas, sendo assim,

essa foi ensinada nas duas primeiras visitas e as outras duas foram realizadas para

observar a mãe/cuidador realizando a massagem completa e as pesquisadoras

corrigindo as manobras e esclarecendo as dúvidas. Apenas em uma díade a quarta

visita não foi realizada devido a problemas pessoais da mãe/cuidador. Foi solicitado

às mães/cuidadores lerem o material e darem um retorno para as pesquisadoras a

respeito da linguagem e ilustrações do material desenvolvido. Os retornos foram de

que o material encontrava-se com boa qualidade, fácil compreensão, sendo

suficiente para relembrar as manobras da massagem e solucionar dúvidas;

- 5ª etapa: revisão dos procedimentos, inclusive do Questionário Comportamental e

de Vínculo, mesmo sem sugestões dos entrevistados e das mães/cuidadores o

material foi revisado, porém não foi necessário realizar modificações.

Após estas etapas, foi iniciada a fase de coleta de dados. Para o grupo

experimental, foi recomendada a realização da Shantala em todos os dias da

semana até o quarto mês, mas foi considerado aderente ao programa quando esta

foi realizada, em média, pelo menos 4 dias por semana. As díades mãe-bebê que

23

não estavam aderentes foram excluídas e substituídas por outra díade, assim como

seus controles.

Foram realizadas visitas ao domicílio dos lactentes que fizeram parte do

grupo experimental para o treinamento das mães e acompanhamento da aplicação

da Shantala. Nas duas primeiras semanas, foram realizadas aproximadamente 4

visitas, com um intervalo de 3 a 4 dias entre elas, com o objetivo de ensinar à mãe a

prática da Shantala. Após esse período, foram feitas duas visitas nas duas semanas

seguintes, duas visitas a cada quinze dias e mais uma após um mês, para

acompanhamento da aplicação da massagem. Uma última visita foi realizada com o

lactente aos 6 meses, nos dois grupos (experimental e controle), para finalizar a

pesquisa e para agradecimentos, totalizando 12 visitas no grupo experimental e 3 no

grupo controle. Nessa última visita foram fornecidas informações sobre o

desenvolvimento motor do lactente e como ele evoluiu nas duas avaliações.

Também foram dadas orientações às mães/cuidadores dos lactentes que

apresentaram desenvolvimento abaixo do esperado (percentil 10) segundo a AIMS e

os mesmos foram reavaliados após o término do período de coleta de dados até que

seu desenvolvimento estivesse adequado para a idade ou fosse iniciada a

intervenção fisioterapêutica.

As aplicações da AIMS, do AHEMD-IS e do Questionário Comportamental e

de Vínculo foram realizadas também no domicílio dos participantes dos dois grupos

da amostra, aos 4 e 6 meses de idade de cada lactente. Essas avaliações foram

feitas por uma equipe treinada que desconhecia a que grupo o lactente pertencia

(cegados). A escolha do período de realização da massagem e das avaliações foi

baseada principalmente nos seguintes aspectos: a recomendação do autor

(LEBOYER, 2009) de que a massagem seja realizada até o lactente começar a rolar,

o que acontece por volta do quarto/quinto mês; após os quatro meses algumas

mães podem ter dificuldades em realizar a massagem devido ao retorno ao trabalho;

por esta ser uma fase de rápida aquisição de controle motor voluntário; e por ter-se

interesse em verificar se os possíveis efeitos da massagem são continuados,

respeitando o período disponível para a realização da pesquisa (um ano de duração

por se tratar de um TCC).

Para a realização do programa de Shantala foram fornecidos às mães,

durante a primeira visita, o guia ilustrativo, a cartilha, um vidro com óleo vegetal e

um diário com folhas para registro do tempo de duração da massagem, dificuldades

24

encontradas ao realizar a técnica, comportamento do lactente e os dias em que foi

realizada, para ser preenchida (APÊNDICE 7). Também foi solicitado que fossem

registrados os dias e motivos para não realização da Shantala.

No grupo experimental, após o lactente completar quatro meses, a aplicação

ou não da Shantala foi opcional, sendo que aqueles que continuaram deveriam

registrar no diário os dias em que a mesma foi realizada.

3.5 PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DOS DADOS:

3.5.1 Análise estatística

Os dados individuais coletados e registrados no cartão e instrumentos

utilizados (APÊNDICE 4 e 5, ANEXO 1 e 2) foram arquivados no programa SPSS

14.0.

Para permitir maior confiabilidade dos achados, para a análise estatística,

algumas variáveis foram agrupadas em categorias:

o idade da mãe, em anos: até 20 anos ou acima de 20 anos;

o renda mensal familiar, correspondendo a soma dos salários de todos os

residentes do domicílio: até R$1.000,00 ou acima de R$1.000,00;

o número de moradores da casa: até 4 ou acima de 4 pessoas;

o presença de irmãos: sim ou não;

o estado civil da mãe: reside com companheiro ou não;

o convívio com o pai: sim ou não;

o anos de estudo com aproveitamento da mãe: até 8 anos ou acima de 8 anos;

o classificação econômica segundo a ABEP: classes A, B, C, D ou E;

o percentis obtidos na escala AIMS: abaixo do percentil 10 ou maior ou igual ao

percentil 10. Esse ponto de corte da AIMS foi escolhido, pois representa o

limiar para o desenvolvimento adequado, segundo recomendação dos

autores (DARRAH et al., 1998).

25

Para a análise dos dados obtidos no AHEMD-IS foram utilizados o escore

total do questionário e o escore total de cada dimensão, não sendo feitas

categorizações para esta variável.

Como alguns dos dados não satisfizeram os critérios de normalidade, para a

análise estatística, foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney,

considerando um nível de significância α=0,05. Esse teste comparou as variáveis

dependentes entre os grupos (Escore Bruto e o Percentil Exato da AIMS; Escore

Total e de cada dimensão do AHEMD-IS; e os escores de cada dimensão do

Questionário Comportamental e de Vínculo). Para comparação das outras variáveis

entre os grupos, foi utilizado o teste Qui-quadrado (2) ou Exato de Fischer, para as

variáveis categóricas, e o Levene’s Test, para as variáveis contínuas.

Os resultados, a discussão e a conclusão serão apresentados em formato de

artigo (Capítulo 4), que será enviado para possível publicação na Revista Brasileira

de Crescimento e Desenvolvimento Humano e será adequado às normas do

periódico após sugestões da banca.

26

4 ARTIGO CIENTÍFICO

SHANTALA E DESENVOLVIMENTO MOTOR, COMPORTAMENTO, INTERAÇÃO

CUIDADOR-BEBÊ E AMBIENTE DE LACTENTES DE 1 A 6 MESES

Introdução

O desenvolvimento de uma criança é influenciado pelo ambiente externo, o

qual oferece oportunidades e estímulos para que o lactente adquira novas

experiências e habilidades, e possa desenvolver total ou parcialmente o seu

potencial genético. Um ambiente mais rico em estímulos vai determinar a formação

de uma rede mais densa de sinapses se comparado a um ambiente menos

estimulante. Nesse contexto, os primeiros anos do bebê são cruciais, pois as

conexões que não se formarem nesta fase, podem não se formar mais tarde (BEE,

2003).

A estimulação tátil na forma de massagem atua como mais um estímulo

externo ao lactente. Um dos tipos de massagem para bebês originou-se no sul da

Índia e foi transmitida à população pelos monges, tornando-se uma tradição

repassada de mãe para filha. Em meados de 1970, o obstetra francês Frédérick

Leboyer trouxe esta técnica para o ocidente e a batizou com o nome Shantala, em

homenagem à mulher indiana que ele observou, em Calcutá, massageando o seu

bebê (LEBOYER, 2009).

A Shantala estimula o contato diário entre a mãe e o seu bebê, e neste

momento, a mãe entrega ao seu filho os múltiplos benefícios da massagem

(LEBOYER, 2009). A literatura traz como efeitos da Shantala a melhora do

desenvolvimento psicomotor, do sono, das cólicas, da amamentação do bebê, do

vínculo mãe-filho e dos níveis de estresse no bebê (CRUZ e CAROMANO, 2005;

CRUZ e CAROMANO, 2007; DOREN et al., 2007; FOGAÇA et al., 2005; LIMA,

2004; VICTOR e MOREIRA, 2004).

27

Victor e Moreira (2004) ensinaram a massagem Shantala na forma de oficinas

de trabalho a pais e cuidadores que, no final dos encontros, relataram melhora no

vínculo com seus bebês. Fogaça e colaboradores (2005) analisaram os níveis de

cortisol de lactentes que receberam a Shantala e relataram melhora nos ciclos de

sono e vigília.

Foi encontrado apenas um estudo que avaliou sistematicamente os possíveis

efeitos da Shantala no desenvolvimento psicomotor, onde foram acompanhados 3

lactentes e 2 crianças, todos com Síndrome de Down e idade entre 0 a 36 meses.

Os participantes receberam a massagem por 120 dias e foi utilizado um check list,

baseado na escala de desenvolvimento motor de Britta Holle (HOLLE, 1979), além

de um questionário com perguntas sobre a qualidade do sono e dos movimentos da

criança e a respeito do relacionamento familiar, elaborado pelo pesquisador. Foram

observados: melhor interação das famílias com as crianças e melhor aceitação das

limitações de suas crianças, aperfeiçoamento dos movimentos dessas crianças e

uma aquisição mais rápida dos movimentos esperados para sua faixa etária, além

de um sono mais tranquilo (LIMA, 2004). Porém, este estudo não apresentou um

grupo controle, desta forma, não fornece evidências suficientes para que seja

afirmado que os resultados foram decorrentes exclusivamente da utilização da

massagem Shantala.

Dos estudos brasileiros analisados foram encontrados cinco que utilizaram a

massagem Shantala em lactentes e crianças (BRÊTAS, 1999; FOGAÇA et al., 2005;

LIMA, 2004; OLIVEIRA, 2009; VICTOR e MOREIRA, 2004) e apenas um dedicou

atenção especial ao desenvolvimento motor dos participantes (LIMA, 2004). A

maioria dos artigos encontrados em literatura internacional e nacional utilizava

apenas o termo massagem terapêutica para bebês, e se tratavam em grande parte

de revisões da literatura (CRUZ e CAROMANO, 2007; DOREN et al., 2007;

FIGUEIREDO, 2007; FORBES, 2006; KULKARNI et al., 2010; MAINOUS, 2002).

Desta forma, pode-se notar que esta prática terapêutica é pouco investigada

em bebês a termo e seus possíveis efeitos são verificados de forma pouco

sistemática. Neste sentido, este estudo surgiu com o objetivo de avaliar os possíveis

efeitos da Shantala sobre o desenvolvimento motor, avaliar a massagem como um

estímulo influenciador do ambiente e os demais benefícios na rotina do lactente.

28

Métodos

Trata-se de um estudo do tipo longitudinal, quantitativo, intervencionista,

caso-controle e com avaliadores cegados.

Foi realizada capacitação prévia e estudo piloto pelas pesquisadoras para que

estivessem aptas a ensinar a massagem. Nesse momento, também foram

confeccionados o Guia e a Cartilha Ilustrativos, baseados na leitura de Leboyer

(2009).

Para participar do estudo, foram convidados os responsáveis por lactentes, de

ambos os sexos, com idades entre 1 e 4 meses, usuários de duas Unidades Básicas

de Saúde da cidade de Juiz de Fora – MG. Os lactentes com 30 dias completos ou

menos foram incluídos no grupo experimental (Shantala) e aqueles que já tinham

ultrapassado essa idade, no grupo controle. Foram utilizados como critérios de

exclusão, crianças nascidas com menos de 37 semanas, peso inferior a 2500g,

Apgar do quinto minuto inferior a 8 e crianças que apresentaram qualquer alteração

ou intercorrência pré, peri e pós natal que pudesse afetar o desenvolvimento

neuromotor e/ou que participassem de algum programa de intervenção ou follow up.

As mães dos lactentes, que eram as cuidadoras principais, assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e forneceram as seguintes

informações: identificação do lactente e alguns dados pessoais (nome, endereço,

telefone, data de nascimento do lactente, idade materna, estado civil e escolaridade

da mãe), aleitamento materno, presença de irmãos, convívio com o pai, renda

mensal familiar, número de moradores da casa e itens do Critério de Classificação

Econômica Brasil (CCEB) (ABEP, 2010). O CCEB considera posse de bens de

consumo e grau de instrução do chefe da família para classificar as famílias em

classes de A a E (subclasses: A1, A2, B1, B2, C1, C2 e ainda as classes: D e E), em

que A é considerada a classe de maior poder aquisitivo e E a de menor poder

aquisitivo. O pareamento dos grupos foi feito a partir do sexo e do CCEB,

considerando todos os níveis das classes, podendo haver uma diferença de um nível

acima ou um nível abaixo entre os pares. Posteriormente, foi feito o agrupamento

considerando as classes A a E, sem as subclasses. Ao final, a amostra foi de 12

participantes para o grupo controle e 6 para o grupo experimental.

29

No grupo experimental, foram realizadas visitas regulares ao domicílio pelas

pesquisadoras para o treinamento das mães e acompanhamento da aplicação da

Shantala, sendo que na primeira visita eram fornecidos às mães o Guia e a Cartilha

Ilustrativos, o óleo e o diário para registro da realização da massagem. A mãe foi

orientada a realizar a Shantala com óleo e em ambiente aquecido, com bebê

despido e apoiado sobre as pernas da mãe, esta deveria conversar com ele durante

a massagem, de forma verbal e não verbal, mantendo sempre que possível contato

com os olhos do lactente. A massagem é composta por uma sequência de

manobras de deslizamento superficial e torceduras, começando pelo peito e

continuando nos braços, mãos, barriga, pernas, pés, costas e rosto. Para finalizar

são realizados três exercícios para relaxamento da cintura escapular e pélvica. Ao

término recomenda-se dar um banho no bebê para completar o relaxamento e para

retirar o excesso de óleo. A Shantala não deve ser realizada quando a criança

estiver com fome, frio ou algum tipo de infecção (ANDRADE et al., 2003; LEBOYER,

2009). Foi solicitada a realização da massagem em todos os dias da semana dos 45

dias até o 4º mês de vida, sendo considerada aderente as díades que realizavam em

média 4 vezes por semana. As díades mãe-bebê que não estavam aderentes foram

excluídas e substituídas por outra díade, assim como seus controles.

Os lactentes dos dois grupos foram avaliados, em seu domicílio, aos 4 e 6

meses de idade. Os avaliadores treinados e cegados aplicavam a Alberta Infant

Motor Scale – AIMS (PIPER e DARRAH, 1994), enquanto o responsável respondia o

questionário Affordance in the Home Environment for Motor Development Infant

Scale – AHEMD-IS (GABBARD et al., 2008; RODRIGUES & GABBARD, 2007a;

RODRIGUES & GABBARD, 2007b) e o Questionário Comportamental e de Vínculo,

desenvolvido pelas pesquisadoras.

Para avaliar o desenvolvimento motor foi utilizada a AIMS, desenvolvida por

Piper e Darrah (1994), que é uma escala observacional, de fácil aplicabilidade e

baixo custo, que se propõe a avaliar e acompanhar o desenvolvimento motor global

de lactentes de 0 a 18 meses de idade e é composta de 58 itens que descrevem o

desenvolvimento da movimentação espontânea e de habilidades motoras em quatro

posições básicas: prono (21 itens), supino (9 itens), sentado (12 itens) e de pé (16

itens). A pontuação obtida em cada uma das posturas deve ser somada, chegando-

se à pontuação total. Desta forma, obtêm-se o Escore Bruto (Raw Score) que deve

ser convertido para Índices Percentis (Centile Ranks). A equipe que avaliou os

30

participantes recebeu treinamento realizado em quatro etapas: teórica, prática piloto,

treinamento prático e cálculo do índice de concordância (ICC), baseado em 10

avaliações, obtendo 0,99.

O instrumento utilizado para avaliar as oportunidades presentes no contexto

domiciliar para o desenvolvimento motor foi o AHEMD–IS. Trata-se de um

questionário desenvolvido pelos Laboratórios de Desenvolvimento Motor do Instituto

Politécnico Viana do Castelo (Portugal) e da Texas A&M University (EUA) em

colaboração com o Laboratório de Pesquisa em Desenvolvimento Neuromotor -

Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP (Brasil) e que está em processo de

validação no Brasil, o que permite torná-lo mais adequado ao perfil de nossas

crianças (GABBARD et al., 2008; RODRIGUES & GABBARD, 2007a; RODRIGUES

& GABBARD, 2007b).

O AHEMD-IS é constituído por quatro seções distintas: caracterização

familiar; espaço físico da residência; atividades diárias; e brinquedos e materiais

existentes. Todas as 48 questões específicas sobre as oportunidades (affordances)

presentes na casa foram formuladas com clareza para serem respondidas pelos

pais, sendo divididas em questões dicotômicas (sim ou não), de escala de Likert

(nunca/às vezes/quase sempre/sempre), e de descrição de materiais com imagens

ilustrativas dos brinquedos (Projecto AHEMD, 2010). E ainda recomenda que o

roteiro seja preenchido pelos próprios pais ou pelo cuidador principal da criança.

Foram consideradas as pontuações obtidas pelo AHEMD-IS total (amplitude de 0 –

167 pontos) e em cada uma das suas três dimensões: espaço físico (amplitude de 0

– 16 pontos), variedade de estimulação (0 – 25 pontos) e brinquedos (0 – 126

pontos), sendo esta última a que mais contribui para a composição da pontuação

total (75,45%).

Os responsáveis pelos lactentes também preenchiam no momento da

avaliação o Questionário Comportamental e de Vínculo, desenvolvido pelas

pesquisadoras, composto por um roteiro com questões fechadas e abertas, baseado

na experiência dos autores e em artigos relacionados ao tema (HABIB e

MAGALHÃES, 2007; VICTOR e MOREIRA, 2004). Consta de perguntas

relacionadas ao sono, à alimentação, à irritabilidade, às cólicas e à interação

cuidador–bebê, sendo dividido basicamente em duas dimensões, comportamento e

vínculo cuidador-bebê. Para efeito de análise dos dados do presente estudo, foi

criado um sistema de pontuação para cada uma das dimensões, considerando

31

apenas as questões fechadas. Baseado neste sistema cada item recebe pontuação

de zero até o número de opções de respostas correspondentes a ele, sendo

considerado o maior valor como a melhor resposta possível. Com isto, o escore de

uma dimensão é calculado pela soma dos pontos obtidos para todos os itens dentro

daquela dimensão. O escore total da dimensão comportamento pode variar de 0 a

14 pontos e o da dimensão vínculo cuidador-bebê de 0 a 8 pontos, sendo que

quanto maior a pontuação, melhor o comportamento do lactente e a interação

cuidador-bebê, segundo a avaliação do cuidador.

Para verificar se outros aspectos além da Shantala influenciavam no

desenvolvimento motor, as seguintes variáveis foram testadas quanto à semelhança

entre os grupos: idade da mãe, renda mensal familiar, número de moradores da

casa, renda per capita, número de irmãos, estado civil da mãe, convívio com o pai

do lactente, aleitamento materno (exclusivo ou não, no quarto e sexto mês), sexo do

bebê e escolaridade da mãe (em anos de estudo com aproveitamento).

Os dados individuais coletados e os obtidos através dos instrumentos

utilizados foram posteriormente arquivados no programa SPSS 14.0. Para permitir

maior confiabilidade dos achados, para a análise estatística, algumas variáveis

foram agrupadas em categorias: idade da mãe, em anos: até 20 anos ou acima de

20 anos; renda mensal familiar, correspondendo à soma dos salários de todos os

residentes do domicílio: até R$1.000,00 ou acima de R$1.000,00; número de

moradores da casa: até 4 ou acima de 4 pessoas; presença de irmãos: sim ou não;

estado civil da mãe: reside com companheiro ou não; convívio com o pai: sim ou

não; anos de estudo com aproveitamento da mãe: até 8 anos ou acima de 8 anos;

classificação econômica segundo a ABEP: classes A, B, C, D ou E; percentis obtidos

na escala AIMS: abaixo do percentil 10 ou maior ou igual ao percentil 10. Esse ponto

de corte da AIMS foi escolhido, pois representa o limiar para o desenvolvimento

adequado, segundo recomendação dos autores (DARRAH et al., 1998).

Para a análise dos dados obtidos no AHEMD-IS foram utilizados o escore

total do questionário e o escore de cada dimensão, não sendo feitas categorizações

para esta variável.

Como alguns dos dados não satisfizeram os critérios de normalidade, para a

análise estatística, foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney,

considerando um nível de significância α=0,05, para comparar as variáveis

dependentes entre os grupos (experimental e controle). Para comparação das outras

32

variáveis entre os grupos, foi utilizado o teste Qui-quadrado (2) ou Exato de Fischer,

para as variáveis categóricas, e o Levene’s Test, para as variáveis contínuas.

Resultados

Foram recrutados 17 participantes para o grupo experimental e 26 para o

grupo controle. No grupo experimental, 3 participantes foram excluídos por não

aderirem ao programa, 1 por apresentar fator de risco durante a coleta de dados e 7

desistiram. No grupo controle, 2 foram excluídos por erro nos dados de identificação,

11 porque seus pares do grupo experimental foram excluídos e 1 por mudar de

cidade antes da segunda avaliação. Portanto, chegou-se a uma amostra final de 6

participantes no grupo experimental e 12 no grupo controle. As características da

amostra estão descritas na Tabela 1. As variáveis sexo e classificação

socioeconômica (ABEP) foram pareadas e nas outras variáveis não foram

encontradas diferenças significativas entre os grupos (Qui-quadrado (2) ou Exato de

Fischer). A idade da mãe variou entre 20 e 46 anos no grupo experimental e entre

15 e 39 anos no grupo controle. O número de anos de estudo com aproveitamento

da mãe variou entre 5 e 16 anos no grupo experimental e entre 4 e 11 anos no grupo

controle. A renda per capita (em reais) da família variou entre 30 a 500 reais no

grupo experimental e entre 83,33 e 500 reais no grupo controle e a mensal variou,

respectivamente, entre 200 a 1600 reais e entre 500 e 2500. O número de pessoas

que residem no domicílio ficou entre 3 a 7 pessoas nos dois grupos e o número de

irmãos do lactente entre 0 a 3 e 0 a 2, respectivamente, no grupo experimental e

controle. No grupo experimental todos os lactentes conviviam com o pai e no grupo

controle apenas um lactente não. Quatro mães viviam com o companheiro, no grupo

experimental e duas não, já no grupo controle, nove viviam com o companheiro e

três não viviam.

Durante o protocolo da massagem Shantala (de 45 dias a 4 meses de idade)

no grupo experimental, a média de realização da massagem foi 5,17 vezes por

semana, variando entre 4 e 6. Após os 4 meses, apenas duas mães continuaram a

realizar a massagem, porém com uma frequência média de 1,16 e 2,1 vezes por

semana.

33

Tabela 1 - Características dos participantes por grupo (experimental e controle) quanto ao sexo, classificação socioeconômica (ABEP), aleitamento materno ao 4º e 6º mês (frequência absoluta e relativa), idade da mãe, anos de estudo com aproveitamento da mãe e renda per capita (média e desvio-padrão).

Variáveis Grupo experimental Grupo controle p-valor (teste utilizado)

Sexo

Masculino 4 (66,7%) 8 (66,7%) 1 (Fisher)

Feminino 2 (33,3%) 4 (33,3%)

ABEP

B 1 (16,7%) 2 (16,7%)

0,682 (2) C 2 (33,3) 6 (50%)

D 3 (50%) 3 (25%)

E 0 (0%) 1 (8,3%)

Aleitamento ao 4º mês

Exclusivo 3 (50%) 3 (25%)

0,325 (2) Não exclusivo 3 (50%) 6 (50%)

Não amamenta 0 3 (25%)

Aleitamento ao 6º mês

Exclusivo 2 (33,3%) 1 (8,3%)

0,223 (2) Não exclusivo 4 (66,7%) 8 (66,7%)

Não amamenta 0 (0%) 3 (25%)

Idade da mãe (anos) 29,50 ± 9,77 25,67 ± 6,61 0,321 (Levene)

Anos de estudo da mãe 10,17 ± 3,82 8,08 ± 2,28 0,253 (Levene)

Renda per capita (reais) 218,43 ± 194,82 267,17 ± 122,05 0,117 (Levene)

Para comparar os desempenhos na AIMS, no AHEMD-IS e no Questionário

Comportamental e de Vínculo, dos participantes do grupo experimental e do grupo

controle, foi realizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney e não foram

encontradas diferenças estatisticamente significativas. Os valores encontrados

podem ser visualizados nas Tabelas 2, 3 e 4. Nas variáveis Percentil Exato da AIMS

aos 4 meses para os dois grupos, Percentil Exato da AIMS aos 6 meses para os

dois grupos, AHEMD-IS Espaço Físico aos 4 e 6 meses no grupo Shantala, AHEMD-

IS Brinquedos aos 4 meses no grupo controle e AHEMD-IS Brinquedos aos 6

34

meses nos dois grupos, foram encontrados altos desvios padrões gerando grandes

dispersões nos resultados. Apesar de não ter sido encontrada diferença

estatisticamente significativa, os participantes do grupo experimental apresentaram,

em quase todas as variáveis, desempenho superior aos participantes do grupo

controle.

Foram feitas análises univariadas com as seguintes variáveis moderadoras:

escolaridade da mãe, renda mensal familiar, convívio com o pai, estado civil da mãe,

número de irmãos, número de moradores da casa, porém, devido ao pequeno

número de participantes os achados foram inconsistentes, não permitindo

verificação das possíveis interferências destas variáveis moderadoras nos

resultados. Desta forma, estes dados não serão apresentados.

Tabela 2 - Associação entre os desempenhos na AIMS (Escore Bruto e Percentil Exato) entre os grupos (Teste de Mann-Whitney).

Variáveis Grupos Média ± DP p-valor

Escore Bruto AIMS 4 Meses Shantala 13,83 ± 3,43 0,371

Controle 12,25 ± 3,08

Escore Bruto AIMS 6 Meses Shantala 25,33 ± 6,31 0,221

Controle 22,00 ± 4,33

Percentil Exato AIMS 4 Meses Shantala 35,97 ± 23,73 0,260

Controle 25,35 ± 23,87

Percentil Exato AIMS 6 Meses Shantala 39,93 ± 29,37 0,281

Controle 24,90 ± 21,19

DP= desvio-padrão

35

Tabela 3 - Associação entre os desempenhos no AHEMD-IS (Escore Total, Escores Dimensões) entre os grupos (Teste de Mann-Whitney).

Variáveis Grupos Média ± DP p-valor

AHEMD-IS Pontuação Total 4 Meses

Shantala 41,17 ± 17,15 0,399

Controle 31,83 ± 8,37

AHEMD-IS Pontuação Total 6 Meses

Shantala 44,00 ± 14,75 0,222

Controle 33,67 ± 8,37

AHEMD-IS Espaço Físico 4 Meses

Shantala 7,17 ± 5,00 0,775

Controle 6,50 ± 2,11

AHEMD-IS Espaço Físico 6 Meses

Shantala 7,50 ± 5,21 0,850

Controle 6,00 ± 1,65

AHEMD-IS Atividades 4 Meses Shantala 18,00 ± 2,37 0,257

Controle 16,33 ± 2,64

AHEMD-IS Atividades 6 Meses Shantala 18,17 ± 2,40 0,167

Controle 16,50 ± 2,36

AHEMD-IS Brinquedos 4 Meses

Shantala 16,00 ± 2,90 0,348

Controle 9,00 ± 6,80

AHEMD-IS Brinquedos 6 Meses

Shantala 18,33 ± 10,67 0,301

Controle 11,17 ± 7,37

DP= desvio-padrão Tabela 4 - Associação entre os desempenhos no Questionário Comportamental e de Vínculo (Escore Comportamento e Escore Vínculo Cuidador-Bebê) entre os grupos (Teste de Mann-Whitney).

Variáveis Grupos Média ± DP p-valor

Escore Comportamento 4

Meses

Shantala 9,17 ± 2,99

0,777 Controle 8,75 ± 2,99

Escore Comportamento 6

Meses

Shantala 9,33 ± 1,63

0,418 Controle 9,83 ± 3,22

Escore Vínculo Cuidador-Bebê

4 Meses

Shantala 7,17 ± 0,41

0,236 Controle 6,33 ± 1,37

Escore Vínculo Cuidador-Bebê

6 Meses

Shantala 7,33 ± 0,52

0,918 Controle 7,17 ± 0,94

DP= desvio-padrão

36

Discussão

O presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da massagem

Shantala no desenvolvimento motor, no ambiente domiciliar, no comportamento e no

vínculo cuidador bebê de lactentes a termo de 1 a 6 meses de idade. Desta forma,

os resultados podem acrescentar considerações importantes a respeito deste tema,

visto que a literatura existente é insuficiente, principalmente, em âmbito nacional e

quando se trata de lactentes a termo. Para a discussão dos dados, não foi

encontrada bibliografia que utilizasse os instrumentos aqui empregados, sendo que

o AHEMD-IS ainda está em processo de validação no Brasil. Logo, o embasamento

para a discussão foi feito de forma indireta com estudos que investigaram os

aspectos aqui analisados por meio de outros instrumentos de avaliação.

Apesar de não terem sido encontradas diferenças estatisticamente

significativas nas variáveis testadas, os valores referentes ao desempenho na AIMS

(Escore Bruto e Percentil Exato), no AHEMD-IS e no Vínculo Cuidador-Bebê foram

superiores no grupo experimental, o que pode sugerir que existem benefícios para o

desenvolvimento motor, para o ambiente domiciliar e para a relação mãe-bebê de

lactentes que recebem a técnica de massagem Shantala.

Esses achados corroboram os de Kulkarni e colaboradores (2010), que em

seu artigo de revisão sobre massagem terapêutica citam haver melhoras no

desenvolvimento neuromotor e na interação mãe-filho em estudos que, em sua

maioria, empregaram a massagem em lactentes prematuros. Outro artigo de revisão

também indicou melhora do desenvolvimento neurosensorial em bebês prematuros

ou hospitalizados que recebiam a massagem Shantala (DOREN et al., 2007).

Porém, não há estudos que avaliem a possível associação entre a Shantala, ou

outra técnica de massagem, e a qualidade de estimulação presentes no ambiente

domiciliar de lactentes.

A diferença nas médias encontrada no Percentil Exato da AIMS aos 4 e 6

meses nos participantes do presente estudo pode indicar a associação positiva da

técnica de massagem Shantala com o desenvolvimento motor. Esses resultados vão

ao encontro dos de Lima (2004), realizado com lactentes e crianças com Síndrome

de Down, em que os participantes mostraram aumento no ritmo de aquisição das

habilidades motoras após iniciar a Shantala.

37

Os valores superiores encontrados na pontuação total do AHEMD-IS aos 4 e

6 meses, podem sugerir que as mães do grupo experimental, com a realização da

massagem, tornaram-se mais perceptivas às necessidades de seus bebês e, com

isso, puderam oferecer mais oportunidades de estímulos a eles. Verificou-se que o

que mais contribuiu para essa diferença foram as Dimensões Brinquedos e

Atividades.

A realização da massagem é uma oportunidade de contato a mais que a mãe

tem com seu filho durante o dia, isso pode ser reforçado pelos valores superiores no

grupo Shantala dos escores referentes ao Vínculo Cuidador-Bebê, com 4 e 6 meses.

Notou-se também que, aos 6 meses, a diferença dessa variável entre os grupos

diminuiu, fato que possivelmente pode ser explicado pela realização opcional da

massagem após os 4 meses, sendo que apenas duas mãe continuaram a realizar a

massagem até os 6 meses de idade, mas com frequências muito baixas (em média

1,16 e 2,1 vezes por semana). O achado do presente estudo vai ao encontro dos de

Victor e Moreira (2007), que referem melhora da relação cuidador-bebê de

participantes de oficinas de Shantala. Em um estudo de revisão, Cruz e Caromano

(2007) também afirmam que dentre os efeitos da massagem os mais referidos são o

fortalecimento do vínculo cuidador-bebê e a diminuição dos níveis de estresse do

lactente.

Nota-se que as mães não incorporaram a prática da Shantala em seu

cotidiano, visto que enquanto a realização da massagem era recomendada e

acompanhada de forma sistemática pelo protocolo de estudo, elas mostraram-se

satisfeitas, porém, quando a sua realização passou a ser opcional (após os 4 meses

de idade), a maior parte do grupo interrompeu ou teve uma frequência muito baixa.

Estes achados alertam para possíveis adaptações necessárias à técnica que

considerem aspectos regionais e culturais específicos do Brasil, como por exemplo,

a postura de realização da massagem, a disponibilidade de tempo livre dos

cuidadores e a existência de grandes alternâncias climáticas entre as épocas do

ano, em alguns locais.

O escore Comportamento dos lactentes do grupo experimental aos 4 meses

de idade foi superior em relação ao grupo controle, corroborando os achados de

Cruz e Caromano (2007), Figueiredo (2007) e Kulkarni e colaboradores (2010), que

referenciaram melhora do comportamento, dentre eles o sono e a diminuição do

estresse, em lactentes que recebiam massagem. Ferber e colaboradores (2002),

38

também encontraram melhora do ritmo circadiano, influenciando os ciclos sono-

vigília de lactentes a termo que recebiam massagem à noite antes de dormirem.

Esses achados também corroboram os de Doren e colaboradores (2007) que

referiram, dentre os resultados dos estudos por eles analisados, melhora da

amamentação, do sono e diminuição dos hormônios de estresse nos bebês. Cruz e

Caromano (2005) também relatam que a massagem diminui as cólicas e acalma o

bebê.

Um aspecto a ser considerado é o fato de que nenhum participante do grupo

Shantala deixou de ser amamentado nos seis primeiros meses (de forma exclusiva

ou não), enquanto que no grupo controle ¼ dos participantes não eram mais

amamentados desde os 4 meses. Devido ao pequeno número de participantes, não

foi possível verificar se este achado foi decorrente da maior percepção e

conscientização destas mães quanto às necessidades de seus filhos. O estudo de

revisão de Doren e colaboradores (2007) aponta melhoras na amamentação como

um dos benefícios da massagem, o que aumenta a possibilidade dos resultados

terem sido decorrentes de uma mudança de postura das mães que praticaram a

Shantala.

Aos 6 meses de idade o escore Comportamento dos lactentes do grupo

experimental foi inferior aos do grupo controle, o que pode indicar que,

diferentemente dos outros aspectos aqui investigados, os benefícios da massagem

no comportamento perduram apenas enquanto a mesma estava sendo empregada,

não sugerindo efeitos a médio/longo prazo após sua interrupção. Relembrando que

apenas duas mães continuaram a realizar a massagem após os 4 meses e com uma

frequência semanal muito baixa, uma das possíveis hipóteses para o achado é que

os lactentes do grupo experimental podem ter adaptado seu organismo para receber

aquela intensidade de estimulação, devido às mudanças fisiológicas, de

funcionamento e de ativação de diferentes áreas do sistema nervoso central que

ocorrem com a massagem, levando-os a sentir falta da mesma. Isto pode ter gerado

uma mudança comparável ao que se observa nos casos de ―síndrome de

abstinência‖ (REIS et al., 2010), fazendo com que houvesse piora nos aspectos

comportamentais, influenciando a qualidade do sono, a alimentação e a irritabilidade

desses lactentes. Estudos anteriores afirmam que a massagem gera importantes

benefícios sobre os mecanismos fisiológicos do organismo (COSTA et al., 2010;

39

DOREN et al., 2007; ELSA et al., 2008; FERBER et al., 2002; FOGAÇA et al., 2005;

TALARICO e SILVA, 2008).

O acompanhamento regular dos participantes do grupo experimental, a

proposição de um protocolo de realização da massagem com frequência mínima, a

existência de um grupo controle pareado, o cegamento das avaliações e a

confecção dos manuais ilustrativos (Guia e Cartilha) podem ser considerados pontos

positivos do presente estudo. Contudo, houveram algumas limitações como a

dificuldade da adesão ao programa de Shantala, o que gerou muitas desistências ao

longo da pesquisa, acarretando um pequeno número da amostra e a interrupção da

mesma após os 4 meses. Isto e o fato de ter sido proposta a realização da

massagem por um período de apenas 2 meses e meio (de 45 dias a 4 meses de

idade) no grupo experimental pode ter influenciado os resultados, pois foi observada

grande instabilidade dos dados, podendo ser esses os motivos de não terem sido

encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.

Desta forma, sugere-se a realização de estudos posteriores, com amostras

maiores e mais estáveis para comprovar estatisticamente ou não os resultados aqui

encontrados. Também seria interessante a realização da Shantala por um período

mais longo e a avaliação do desenvolvimento motor a longo prazo. Outros estudos

poderiam investigar, de forma qualitativa, o impacto da massagem, no ambiente

domiciliar dos lactentes. Caso seja comprovada cientificamente, esta técnica poderia

ser acrescentada às práticas do Sistema Único de Saúde já existentes, dentro da

Política Nacional das Práticas Integrativas e Complementares (BRASIL, 2006), pois

trata-se de uma técnica de baixo custo e fácil aplicabilidade, podendo ser

implementada, por exemplo, na rede de atenção primária à saúde. Apesar disto,

deve-se dar atenção especial a aspectos da técnica que podem dificultar a adesão

dos cuidadores, sendo alguns decorrentes, inclusive, de diferenças culturais e

climáticas, como a necessidade de realização da massagem no lactente totalmente

despido, independente da estação, e a permanência da mãe na postura sentada em

postura ereta e com os membros inferiores alongados para colocação do bebê sobre

os mesmos, situação comum na cultura indiana, mas não na brasileira.

Sugere-se que a massagem Shantala pode influenciar positivamente o

desenvolvimento, o comportamento, a interação cuidador-bebê e as oportunidades

de estímulos no ambiente domiciliar de lactentes a termo de 1 a 6 meses de idade,

sendo necessário estudos adicionais para confirmação ou não dos achados.

40

REFERÊNCIAS

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43

ANEXOS

ANEXO 1: ALBERTA INFANT MOTOR SCALE (AIMS)

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ANEXO 2: AFFORDANCES IN THE HOME ENVIRONMENT FOR MOTOR DEVELOPMENT - INFANT SCALE (AHEMD - IS)

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ANEXO 3: PARECER DO CEP (n. 096/2010)

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ANEXO 4: ABEP

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA (ABEP): Critério de classificação econômica Brasil 2010. Disponível em: < www.abep.org>. Acesso

em: 14 de março de 2010

60

61

62

63

APÊNDICES APÊNDICE 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Universidade Federal de Juiz de Fora

Faculdade de Medicina Departamento de Fisioterapia

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O Sr. (a) .......................................................................................................está sendo convidado (a) a participar como voluntário (a) da pesquisa ―A INFLUÊNCIA DA SHANTALA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR, NO COMPORTAMENTO, NA INTERAÇÃO CUIDADOR-BEBÊ E NO AMBIENTE DE LACTENTES DE 1 A 6 MESES". Neste estudo pretendemos verificar se há associação do uso da massagem Shantala com o desenvolvimento motor, o comportamento (choro, alimentação, cólica e sono), o vínculo cuidador-bebê e o ambiente domiciliar de lactentes com idade de 1 a 6 meses. Este estudo busca avaliar os efeitos da Shantala de forma detalhada, pois há uma pequena quantidade de estudos brasileiros que contemplam esta técnica, e destes estudos, poucos avaliaram os benefícios causados por esta prática. Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos: será composto por dois grupos, um grupo controle e um grupo de intervenção. Para o grupo de intervenção será ensinada a massagem Shantala pelas pesquisadoras ao cuidador principal, que receberá material instrutivo e ilustrativo para ajudá-lo a realizar a massagem. A Shantala tem duração de aproximadamente 30 minutos e pode ser realizada todos os dias da semana, mas pede-se que ela seja feita no mínimo quatro vezes na semana. Esta etapa da aplicação da massagem será realizada de um a quatro meses de idade do bebê, período após o qual fica a critério do cuidador do bebê continuar ou não a realizar esta prática. O grupo controle será formado por lactentes que não receberão a massagem Shantala. Uma equipe previamente treinada irá ao domicílio dos participantes do grupo controle e do grupo de intervenção, quando estes estiverem com quatro e seis meses de idade, quando aplicará um questionário ao cuidador e observará a movimentação do bebê na postura de barriga para cima, de barriga para baixo, sentada e de pé, para avaliar o desenvolvimento, o comportamento e o ambiente dos bebês. Esta equipe não saberá a qual grupo o bebê pertence. As pesquisadoras e a equipe que fará as avaliações serão previamente treinadas sobre orientação da Drª. Jaqueline Silva Frônio (Professora da Faculdade de Fisioterapia / UFJF).

Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira ou qualquer ganho de material (brindes, indenização, etc.). Os procedimentos a serem realizados oferecem risco mínimo à integridade física e psíquica do bebê, sendo ele equivalente aos riscos habituais a que o bebê está sujeito durante o tempo que brinca em casa e as atividades do cotidiano. Apesar disto, havendo acidentes comprovadamente relacionados à realização dos testes, os pesquisadores se comprometem a tomar as devidas providências.

64

Você será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento, interromper a participação a qualquer momento ou negar-se a responder quaisquer questões ou a fornecer quaisquer informações que julgue prejudicial a sua integridade física, moral ou social. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo pesquisador.

A equipe responsável coloca-se à disposição para qualquer esclarecimento sobre o que está sendo ou será realizado com a criança e sobre a pesquisa, podendo esta ser contatada pessoalmente no endereço: Faculdade de Fisioterapia - Centro de Ciências da Saúde -Campus Universitário da UFJF- Bairro Martelos, CEP: 36036-330, ou pelos seguintes telefones: __________ (Mayra), ________ (Rayana) ou ____________ (Drª. Jaqueline). Os pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Seu nome ou material não será liberado sem a sua permissão. Você não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5 anos, e após esse tempo serão destruídos. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida a você. Eu, ____________________________________________, portador do documento de Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos do estudo: ―A INFLUÊNCIA DA SHANTALA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR, NO COMPORTAMENTO, NA INTERAÇÃO CUIDADOR-BEBÊ E NO AMBIENTE DE LACTENTES DE 1 A 6 MESES‖, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 2010.

Assinatura participante

Assinatura pesquisador

Assinatura testemunha Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o

65

CEP- COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - UFJF PRÓ-REITORIA DE PESQUISA / CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF JUIZ DE FORA (MG) - CEP: 36036-900 FONE: (32) 2102-3788 / E-MAIL: [email protected] Pesquisador Responsável: Professora Drª. Maria Alice Junqueira Caldas Endereço: _________________________________________________ CEP: ____________ – Juiz de Fora – MG Fone: (32) ____________/E-mail: __________________

66

APÊNDICE 2:

Cartilha Ilustrativa - Massagem para bebês

Shantala

Contatos: Rayana – ____________________ Mayra – ____________________

67

Objetivo da Cartilha

Olá pais e cuidadores, esta cartilha tem por objetivo auxiliá-los na realização da massagem Shantala. Toda vez que tiverem

alguma dúvida podem consultar essas páginas e também relembrar a sequência e as manobras desta massagem.

O seu bebê

Seu bebê deve estar totalmente despido para receber a massagem, mas não deve sentir frio, por isso você precisa escolher

um horário do dia que seja mais quente em sua casa. A massagem não pode ser feita após a alimentação, você deve dar

um intervalo de no mínimo 1 hora após as mamadas. Com o relaxamento o seu bebê pode fazer xixi durante a massagem,

portanto, coloque um pano mais grosso entre você e o bebê (uma toalha de banho dobrada, por exemplo), e se isso

acontecer você pode continuar fazendo a massagem e se achar necessário troque o pano.

Ambiente

Para realização da Shantala você deve escolher um local da sua casa que seja quentinho ou que bata sol, e que você possa

sentar de forma confortável. A massagem também pode ser realizada ao ar livre, utilizando o calor do sol, mas isso é mais

recomendado para época de verão, tendo sempre cuidado com o sol, pois este é muito forte nesta estação do ano.

O Óleo

Para realizar a massagem você deve utilizar óleo aquecido em banho-maria. Para aquecer coloque o vidro com o óleo em

uma panela ou frigideira com água e deixe a água ferver por aproximadamente 1 minuto. Depois retire o vidro com o óleo da

panela ou frigideira e leve para o local onde vai ser realizada a massagem. A quantidade de óleo utilizada deve ser suficiente

para que as suas mãos deslizem com facilidade sobre a pele do bebê. O óleo deve ser colocado em suas mãos e não

diretamente na pele do bebê.

68

Orientações e sua postura

Para realização da massagem suas unhas devem estar curtas, pois ambas as

mãos são utilizadas a todo momento, e também porque a pele do seu bebê é

muito sensível, e unhas grandes podem arranhá-lo sem querer. Com este

mesmo objetivo, você deve retirar anéis, pulseiras e o relógio.

Para começar a massagem você deve estar sentada, com as pernas esticadas,

ombros relaxados e costas retas, encostadas em algum local. Você pode se

sentar no chão sobre um tapete, ou na cama, ou em um local que achar

apropriado e confortável.

Coloque o óleo aquecido ao seu lado. E sobre as suas pernas coloque uma

toalha mais grossa ou um pano confortável, que seja grosso ou que possa ser

dobrado ao meio. Você vai colocar o seu bebê sobre este pano, lembre-se que

ele pode fazer xixi.

Converse com o seu bebê durante a massagem, principalmente com o olhar,

pois o silêncio ajuda a concentração. Sempre que puder olhe diretamente nos

olhos dele. Esteja sempre atento e pense no que esta fazendo.

A Shantala pode ser feita pela manhã e pode ser repetida à tarde, antes do sono,

porém a nossa recomendação é que você faça pelo menos uma vez ao dia.

Os movimentos da massagem devem ser feitos de forma lenta e ritmada, e cada

movimento deve ser repetido de 4 a 5 vezes. Depois da massagem é um

momento apropriado para dar o banho em seu bebê, pois assim ele completa o

relaxamento da massagem.

Em cada parte do corpo que for massagear, não esqueça de colocar óleo em

suas mãos.

69

A sequência da massagem Shantala

O peito

Primeiro tempo: Coloque o óleo em suas mãos e espalhe. Coloque as

mãos no peito do bebê e deslize cada uma delas para os lados, é um

movimento de abertura. Retorne as mãos ao centro e depois volte para

os lados. Suas mãos trabalham juntas, em direções opostas, por todo o

peito e barriga.

Segundo tempo: Agora suas mãos trabalham uma de cada vez. Coloque

uma de suas mãos um pouco acima da perna esquerda do seu bebê e deslize

até o ombro contrário dele (direito). Depois com a outra mão faça o mesmo do

outro lado, indo do lado direito até o ombro esquerdo.

70

Os braços

Primeiro tempo: Aqui você deve virar o seu bebê de lado,

encaixando-o entre suas pernas.

Com uma de suas mãos segure o punho do seu bebê e com a

outra mão forme um bracelete no ombro dele, e aos poucos

deslize a sua mão por todo o braço do bebê até encontrar a

outra mão.

Agora, a mão que estava segurando o punho vai realizar o

movimento, assim você vai revezando a mão que faz o

movimento de deslizamento.

Segundo tempo: Agora, abrace o braço do seu bebê na altura do ombro

com as duas mãos, lado a lado, formando dois braceletes. Realize um

movimento de rosca, como se você torcesse o braço, as suas mãos deslizam

em direção contrária e para cima. Desta forma deslize por todo o braço do

bebê, indo do ombro até o punho.

71

A mão

O outro braço e a outra mão

Usando os seus polegares, massageie a palma da

mão, indo até o início dos dedos. Depois deslize a

palma da sua mão por toda a mão do seu bebê, indo

até as pontas dos dedos.

Agora, vire o seu bebê para o outro lado e

massageie o braço e a mão que ainda não

foram massageados.

72

A barriga

Primeiro tempo: Coloque o seu bebê deitado de

barriga para cima novamente. Aqui as suas mãos

trabalham uma de cada vez. Deslize a sua mão a partir

da parte baixa do peito até embaixo da barriga, uma mão

após a outra, como se quisesse esvaziar a bexiga do seu

bebê.

Segundo tempo: Agora, com uma de suas mãos segure os tornozelos do seu

bebê, mantendo as pernas esticadas, e com o seu antebraço que está livre,

deslize sobre a barriga do bebê, indo do alto para baixo.

73

As pernas

Primeiro tempo: Assim como você fez com os braços, segure o tornozelo

do seu bebê com uma mão e com a outra forme um bracelete na coxa e

deslize até encontrar a outra mão. Troque de mão e deslize novamente,

sempre alternando as mãos.

Segundo tempo: Agora realize o mesmo movimento de

rosca/torção que foi feito no braço, deslizando da coxa até o

tornozelo.

74

O pé

Primeiro tempo: Usando os seus polegares massageie toda a planta do

pé, indo do calcanhar até o início dos dedos.

Segundo tempo: Agora usando a palma da sua mão, deslize ela por todo o

pé do seu bebê, do calcanhar até o final dos dedos. Aqui termina a massagem

da perna, agora massageie a outra perna e o outro pé.

75

A outra perna e o outro pé

As costas

Para você massagear as costas do seu bebê, coloque o de bruços

sobre as suas pernas, de forma que ele fique com a cabeça e as

pernas livres.

Agora, massageie a perna e o pé que

ainda não foram massageados

76

Primeiro tempo: Coloque as suas mãos sobre as costas do bebê, na

altura dos ombros e realize o movimento de deslizamento, para frente e

para trás cruzando as mãos, deslizando até o bumbum.

Segundo tempo: agora, com uma mão espalmada no bumbum

do bebê, e a outra mão espalmada na nuca, deslize a mão que

está na nuca até o bumbum.

77

O rosto

Terceiro tempo: aqui, com uma mão segure os

tornozelos do bebê, mantendo as pernas esticadas,

e com a outra mão, deslize da nuca até os pés,

passando pelas coxas, pernas e indo até os

calcanhares.

Primeiro tempo: usando os seus polegares, deslize do centro da testa

para as laterais, contornando as sobrancelhas, e a seguir retorne para o

meio e repita o movimento.

Observação: nesta parte do corpo você não precisa utilizar óleo.

78

Terceiro tempo: coloque os polegares nos olhos fechados da criança, deslize com eles ao lado do

nariz pelas bochechas, dirigindo para as bordas externas da boca, parando embaixo das bochechas.

Se os olhos estiverem abertos, os seus polegares deverão fechá-los com delicadeza e suavidade.

79

Os dois braços

Com as suas mãos, segure as mãos do bebê e cruze os braços dele

sobre o peito, abra-os novamente e torne a cruzá-los, alternando os

braços, cada vez um vai por cima.

Um braço e uma perna

Segure um dos tornozelos do seu bebê e o punho do lado oposto, de modo que a

perna e o braço se cruzem. Isto quer dizer que o pé do bebê tentará tocar o

ombro oposto, enquanto o punho tentará tocar a nádega do lado oposto. Em

seguida reconduza às pernas a posição inicial (abrindo) e recomece (cruzando).

Torne a abrir. Repita com o outro lado da mesma forma.

A massagem do rosto terminou, agora você vai realizar alguns exercícios próximos aos da yoga para que seu bebê relaxe ainda mais.

80

As duas pernas (Padmasana)

Segure os dois tornozelos do bebê cruzando as pernas de modo a trazê-las para a barriga. Depois abra as pernas, torne a

fechar de novo, cruzando as pernas, alternando a perna que fica em cima cada vez que o exercício se repetir.

Este exercício chama-se lótus, mas é mais conhecido como posição de Buda.

Ao cruzar os braços sobre o peito, você libera no bebê toda a tensão nas costas. E, desse modo, libera a caixa torácica e a

respiração. Ao cruzar um braço com uma perna, você libera qualquer tensão na coluna vertebral. Ao cruzar as pernas sobre a

barriga, no Padmasana, você provoca a abertura e o relaxamento das articulações da bacia.

81

O banho

Terminada a massagem, esse é o momento ideal para o banho, deixe a criança flutuar na água, assim o banho vai completar o

trabalho da massagem, dando bem-estar e completo relaxamento ao bebê.

82

Quando você não deve fazer a massagem em seu bebê?

Você não deve fazer a massagem em seu bebê quando ele estiver nas seguintes situações:

Com febre;

Com diarréia;

Com vômito,

Com alguma infecção (garganta, ouvido,...) ou gripe;

Sobre alguma área do corpo que esteja com ferida aberta ou inchada;

Quando estiver com fome ou com a barriga cheia;

Quando estiver com frio;

Sobre o local onde tomou vacina injetável (com agulha), por 48 horas ou enquanto ele manifestar desagrado ao ser

massageado (observar se tem reação à vacina, como a febre);

E quando o seu bebê estiver com algum mal estar ainda não identificado.

Quando tudo voltar à normalidade, você já pode voltar a fazer a massagem em seu bebê. As situações onde ele estiver com cólica

ou pequenas irritações, não são motivos para não realizar a massagem.

83

APÊNDICE 3:

Guia ilustrativo da massagem Shantala

Projeto: A influência da Shantala no desenvolvimento motor, no comportamento, na interação cuidador-bebê e no ambiente de lactentes de 1 a 6 meses.

Acadêmicas de Fisioterapia: Mayra Shankara e Rayana Scharra

84

Peito

1. Deslizar do centro para os lados.

2. Deslizar de baixo para cima, cruzando de um lado para outro.

Braço Direito

3. Com uma mão no punho, deslizar a outra do ombro até o punho. Alternar as mãos.

Braço Direito

4. Bracelete com as duas mãos, fazer o movimento de rosca (torção) do ombro até o punho.

Mão Direita 5. Deslizar os polegares do punho até os dedos.

6. Deslizar a palma da sua mão sobre a palma da mão da criança.

Braço esquerdo

7. Com uma mão no punho, deslizar a 8. Bracelete com as duas mãos, fazer o outra do ombro até o punho. Alternar movimento de rosca (torção) do ombro as mãos. até o punho.

Mão Esquerda

9. Deslizar os polegares do punho até os dedos.

Mão Esquerda

10. Deslizar a palma da sua mão sobre a palma da mão da criança.

Barriga

11. Deslizar do peito em direção à barriga, 12. Deslizar com o antebraço do peito alternando as mãos. em direção à barriga.

Perna Direita

13. Segurar o calcanhar com uma mão, deslizar 14. Bracelete com as duas mãos, fazer movimento de rosca (torção), a outra mão da coxa em direção ao calcanhar. da coxa até o calcanhar. Alternar as mãos. Pé Direito

16. Com os polegares, deslizar debaixo 17. Com a mão deslizar sobre o pé. para cima até os dedos do pé.

Perna Esquerda

18. Segurar o calcanhar com uma mão, deslizar a outra mão da coxa em direção ao calcanhar. Alternar as mãos.

Perna Esquerda

19. Bracelete com as duas mãos, fazer movimento de rosca (torção), da coxa até o calcanhar.

Pé Esquerdo

20. Com os polegares, deslizar debaixo 21. Com a mão deslizar sobre o pé. para cima até os dedos do pé.

Costas

22. Movimento de vai e vem, deslizando da nuca até o bumbum.

23. Com a mão espalmada sobre o bumbum, deslizar a outra mão da nuca até o bumbum. .

Costas

25. Segurar os pés, esticando as pernas e deslizar da nuca até encontrar a outra mão.

Rosto

26. Deslizar do centro para os lados. 27. Com os polegares na bochecha deslizar contornando o nariz até o centro da testa, e voltar.

Rosto

28. Descer a partir dos olhos até o lado de fora da boca.

Os Dois Braços

29. Cruzar os braços, abrir e cruzar novamente alternando os braços.

Um Braço e Uma Perna

30. Cruzar uma perna com a mão oposta. Fazer o mesmo com a outra perna.

As Duas Pernas

31. Cruzar as pernas, alternando-as.

86

APÊNDICE 4: QUESTIONÁRIO COMPORTAMENTAL E DE VÍNCULO

Questionário Comportamental e de Vínculo

1. Como você avalia, em geral, a qualidade do sono do seu bebê:a) Ruim; b) Razoável;

c) Boa; d) Ótima.

2. Com que frequência o seu bebê acorda durante a noite?

a) Nunca; b) Às vezes;

c) Quase sempre; d) Sempre.

3. Em relação à alimentação, o seu bebê:

a) Tem muitas dificuldades para se alimentar; b) Tem um pouco de dificuldades para se alimentar; c) Alimenta-se bem; d) Alimenta-se muito bem.

4. Com que frequência o seu bebê costuma ficar irritado ou chora sem causa aparente ao longo do dia:

a) Nunca; b) Às vezes;

c) Quase sempre; d) Sempre.

5. Como você avalia as cólicas que seu bebê teve nos primeiros três

meses de vida: a) Pouco; b) Razoável; c) Muito.

6. Você reserva alguma parte do dia para brincar ou conversar com o bebê?

( ) Não ( ) Às vezes ( ) Sim

7. Você costuma tocar e conversar com o seu bebê?a) Nunca; b) Às vezes;

c) Quase sempre; d) Sempre.

8. Quando você está com o seu bebê, nos momentos como brincadeiras e cuidados cotidianos, você costuma pensar em outros afazeres domésticos ou problemas? Com que frequência:

( ) Nunca ( ) Às vezes ( ) Quase sempre ( ) Sempre

9. Você sente alguma dificuldade na rotina de cuidados com seu bebê? ( ) Não ( ) Sim Qual(is)?______________________________________________________

89

10. Como você se sente quando está com o bebê? _________________________________________________________________

88

APÊNDICE 5: CARTÃO DE REGISTRO DOS DADOS INDIVIDUAIS COLETADOS Cartão de registro dos dados individuais coletados: 1. IDENTIFICAÇÃO: Data: / / Grupo: ( ) Shantala

( ) Controle Nome do lactente: ____________________________________________________ Sexo: ( ) F ( )M Idade: _____________________________________________________________ Endereço:___________________________________________________________ Telefone: ___________________________________________________________ Data de nascimento: __________________________________________________ Cuidador principal: ___________________________________________________ Parentesco com o lactente:______________________________________________ AIMS

Avaliação/data/idade

Escore Bruto

Índice Percentil

AHEMD-IS

Avaliação/data/idade

Escore

Pontuação

2.CARACTERÍSTICAS DO LACTENTE: Presença de irmãos: ( ) Não ( ) Sim Quantos?___________________ Ordem de nascimento:_____________________ Aleitamento materno no quarto mês: ( ) Não amamenta ( ) Não exclusivo ( ) Exclusivo Aleitamento materno no sexto mês: ( ) Não amamenta ( ) Não exclusivo ( ) Exclusivo

89

O lactente convive com o pai? ( ) Não ( ) Sim ( ) Quase nunca ( ) Quase sempre ( ) Sempre 3. CARACTERÍSTICAS DA FAMÍLIA: Idade do cuidador:__________________ Estado civil do cuidador: ( ) Solteira ( ) Divorciada ( ) Casada ( ) Viúva ( ) União conjugal estável

Posse de itens Quantidade de itens

0 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores 0 1 2 3 4

Rádio 0 1 2 3 4

Banheiro 0 4 5 6 7

Automóvel 0 4 7 9 9

Empregada mensalista 0 3 4 4 4

Maquina de lavar 0 2 2 2 2

Vídeo Cassete e/ou DVD

0 2 2 2 2

Geladeira 0 4 4 4 4

Freezer (independente ou geladeira duplex)

0 2 2 2 2

Grau de Instrução do Chefe da Família

Analfabeto/ Primário Incompleto Analfabeto/ Até a 3ª Série Fundamental

0

Primário Completo/ Ginasial Incompleto

Até 4ª Série Fundamental 1

Ginasial Completo/ Colegial Incompleto

Fundamental Completo 2

Colegial Completo/ Superior Incompleto

Médio Completo 3

Superior Completo Superior Completo 4

Classe Econômica (ABEP): Total de pontos: ____________ A1( ) A2( ) B1( ) B2( ) C1( ) C2( ) D( ) E( )

CLASSE A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E

PONTOS 42-46 35-41 29-34 23-28 18-22 14-17 8-13 0-7

Renda familiar (soma dos salários R$): _______________ Número de moradores na mesma residência:______________________________

90

Escolaridade do cuidador: ( ) 1º grau incompleto ( ) 1º grau completo ( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo Anos de estudo:_____________________ Observações:________________________________________________________

91

APÊNDICE 6: TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA UTILIZAÇÃO DE IMAGEM

Autorização para Utilização de Imagem

Eu, ________________________________________________________________, RG_____________________, responsável pelo menor _______________________, autorizo a utilização das fotos tiradas durante o treinamento da massagem Shantala para o projeto intitulado A INFLUÊNCIA DA SHANTALA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR, NO COMPORTAMENTO, NA INTERAÇÃO CUIDADOR-BEBÊ E NO AMBIENTE DE LACTENTES DE 1 A 6 MESES, apenas para fins científicos e didáticos.

Juiz de Fora, ____________________________de 2010

92

APÊNDICE 7: DIÁRIO DA MASSAGEM

Instruções: Você irá anotar aqui todas as vezes que fizer a massagem em seu bebê. Anotando

a data, o dia da semana, o horário em que começou e o horário em que terminou a massagem.

Vai anotar também se teve alguma dificuldade ao realizá-la, e em qual etapa você teve essa

dificuldade. Também anotará as reações do seu bebê durante a massagem e, por fim, se

naquele dia aconteceu algo fora da sua rotina, como algum acontecimento familiar ou algo

que possa ter desviado a sua atenção durante a massagem ou ter alterado o comportamento do

bebê. Procure fazer a anotação logo depois que terminar a massagem para que você não se

esqueça.

Data:

Dia da semana:

Início:

Término:

Teve dificuldades com a massagem? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, em qual etapa? ( ) Peito ( ) Braços ( ) Mãos ( ) Barriga

( ) Pernas ( ) Pés ( ) Costas ( ) Rosto

( ) Os dois braços ( ) Um braço, uma perna

( ) As duas pernas

Reação que a criança teve a maior parte do tempo durante a massagem:

( ) Calmo ( ) Sorrindo ( ) Agitado/Irritado ( ) Chorando ( ) Dormindo

Algo aconteceu fora da rotina habitual? ( ) não ( ) sim: ______________________

______________________________________________________________________

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Data:

Dia da semana:

Início:

Término:

Teve dificuldades com a massagem? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, em qual etapa? ( ) Peito ( ) Braços ( ) Mãos ( ) Barriga

( ) Pernas ( ) Pés ( ) Costas ( ) Rosto

( ) Os dois braços ( ) Um braço, uma perna

( ) As duas pernas

Reação que a criança teve a maior parte do tempo durante a massagem:

( ) Calmo ( ) Sorrindo ( ) Agitado/Irritado ( ) Chorando ( ) Dormindo

Algo aconteceu fora da rotina habitual? ( ) não ( ) sim: _____________________

______________________________________________________________________

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