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16 FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS, ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE FRANCA FACEF ESTRATÉGIAS DE MARKETING NOS SUPERMERCADOS DE FRANCA Arlete Eni Granero FRANCA 2000

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16

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS,

ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE FRANCA

FACEF

ESTRATÉGIAS DE MARKETING NOS SUPERMERCADOS

DE FRANCA

Arlete Eni Granero

FRANCA

2000

17

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS,

ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE FRANCA

FACEF

ESTRATÉGIAS DE MARKETING NOS SUPERMERCADOS

DE FRANCA

Arlete Eni Granero

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação Stricto Sensu, para

obtenção do título de Mestre em

Administração, na área de

concentração Gestão Empresarial,

sob orientação do Prof. Dr. Celso

Cláudio de Hildebrand e Grisi

FRANCA

2000

18

INTRODUÇÃO

Esse estudo visa dar uma abordagem geral das estratégias de marketing, mais

especificamente, de promoção de vendas e merchandising, que são utilizadas, por quatro

redes do setor supermercadista que atuam na cidade de Franca no estado de São Paulo.

A busca pelo aprimoramento tecnológico e a carência de se desenvolver

técnicas modernas, individuais e mensuráveis, no atendimento do consumidor, fizeram do

marketing, uma das áreas de maior importância dentro de uma empresa.

O varejo brasileiro passa por um processo de transformação jamais vivido pela

economia brasileira. Após a abertura de mercado, aumentou significativamente o grau de

competição, seguido por processos de fusões e aquisições.

Esse novo cenário exige uma administração profissional para atingir melhores

resultados, impulsionando as empresas a construírem novos caminhos e mecanismos para

administrarem seu negócio com maior eficiência.

Nessa concorrência acirrada, as estratégias de promoção de vendas e

merchandising passam a ganhar maior importância e utilização. Dentro de uma estratégia

de "preço baixo", a promoção fica, muitas vezes, atrelada à divulgação de preços baixos

em determinados itens do mix de produto. Essa estratégia baseia-se no fato de o

consumidor dirigir-se àquela loja em função do estímulo apresentado (preço baixo) e

adquirir produtos que tragam para o supermercadista, rentabilidade média positiva. (Costa

e Talarico, 1996)

Os principais estudos de estratégias de marketing em supermercados abordam,

na maioria dos casos, exemplificações de grandes hipermercados, ou descrição de

investimentos vultosos, em grandes cidades e capitais do Brasil. Com relação à efetiva

implantação de promoção de vendas e merchandising, no setor supermercadista de médio

19

porte, e sua aplicação nas cidades do interior, o assunto é pouco explorado e abordado,

basicamente, em artigos de revistas especializadas do setor.

Dada a importância do assunto, este trabalho procura contribuir para avaliação

de aspectos importantes a serem considerados nas estratégias de promoção de vendas e

merchandising, em supermercados de médio e grande porte. Centrando-se na preocupação

da eficácia das promoções em relação ao poder de aquisição dos consumidores, a evolução

dos valores de compra e as implicações destas ações na vida dos indivíduos e das empresas

como fatores importantes do marketing global onde a realidade estudada assume a

proporção do tamanho da cidade, perfil e cultura do consumidor do interior paulista.

Pretende-se verificar, neste estudo, a utilização de instrumentos de promoção

de vendas e de merchandising como estratégias de comunicação para fortalecimento da

atividade competitiva dessas organizações.

Para responder a esse objetivo, o estudo é iniciado, abordando uma revisão

bibliográfica sobre o setor supermercadista e o esquema conceitual que justifica a

promoção de vendas e o merchandising. Posteriormente, o método a ser utilizado é

estabelecido, seguido da apresentação dos resultados e conclusão.

20

1 ANÁLISE DO SETOR SUPERMERCADISTA

1.1 EVOLUÇÃO DOS SUPERMERCADOS NO BRASIL

1.1.1 CONCEITO

A Nielsen Serviços de Marketing (Nielsen, 1997 a) classifica o setor varejo de

alimentos no Brasil em:

Auto-serviço: são lojas que, além de serem

classificadas como alimentares, tenham como

característica fundamental o checkout, ou seja, o balcão

na saída da loja, com caixa registradora, terminal de

ponto-de-venda (PDV), máquina de calcular, máquinas

de somar ou qualquer outro equipamento que permita a

soma e conferência das compras. Além disso, deverá

ter carrinhos ou cestas à disposição dos fregueses. A

maioria dos produtos, nesses estabelecimentos, são

dispostos de maneira acessível, permitindo aos

fregueses se auto-servirem. Tradicionais são as lojas

onde é necessária a presença do vendedor ou

balconista.

Supermercados e hipermercados são instituições distintas que se

caracterizam pela utilização do auto-serviço: são definidas por Moreira et al (1996):

Supermercados. Ponto de venda a varejo, superfície de

pelo menos 400 m2. Grande sortimento de itens

alimentares e de uso doméstico diário, localizado na

21

zona urbana. Grandes lojas do tipo self-service de baixo

custo, baixa margem de lucro e grande volume de

vendas.

Hipermercados. Ponto de venda de varejo. Grande

sortimento de produtos, localizado em vias de fácil

acesso por automóvel e grande estacionamento.

Enormes lojas que combinam supermercado e varejo de

desconto e de depósito; além de alimentos, oferecem

móveis, eletrodomésticos, roupas e muitos outros

produtos.

1.1.2 EVOLUÇÃO DO SETOR

A importância dos supermercados vem aumentando significativamente,

tornando-se, nos últimos trinta anos, um dos setores mais expressivos da economia

brasileira. Atribui-se o sucesso do setor ao empenho dos trabalhadores que acreditaram na

oportunidade oferecida pelo auto-serviço. Desde então, o setor não pára de crescer.

O primeiro supermercado, Lojas Americanas, surgiu em 1952, no Rio de

Janeiro; e o segundo, em 1953, foi o supermercado Disco, na mesma cidade. Os

supermercados respondiam por apenas 30% de participação de mercado do abastecimento

nacional de alimentos e afins. Em 1969, o setor supermercadista contava com 2 200 lojas e

faturava 3,8 bilhões de cruzeiros. Trinta anos depois, segundo o 28º Relatório Anual de

Supermercados, de Supermercado Moderno, 13 462 estabelecimentos respondem por 80%

dos R$ 59,8 bilhões movimentados pelo setor.

Rojo (1998) afirma que não houve crescimento significativo do setor, na

década de 60, devido à crise que o país atravessava após o governo do Presidente Juscelino

Kubitschek. O Milagre Econômico, promovido pelos militares (I Plano Nacional de

Desenvolvimento – 1972/1974), alterou esse quadro, na década de 70, fazia parte de seu

planejamento o desenvolvimento da rede de distribuição de alimentos, resultando em uma

participação de mercado de 26% para 74% na década de 80. Nesse momento, inicia-se a

22

concorrência crescente no setor, com a inauguração dos hipermercados. Durante a década

de 80, o país atravessava uma crise econômica que abalava todos os setores da economia,

conseqüência de vários planos governamentais sem êxito. Em virtude disso, o setor

supermercadista obteve um pequeno e lento crescimento de 13,5%. Sua participação, em

distribuição de alimentos, passou de 74% para 85% nos anos 90.

Para Rojo (1998, p. 87) a Associação Brasileira de Supermercados apresenta a

concorrência nesse mercado:

Anos 70. O I Plano Nacional de Desenvolvimento

(1972-1974) incorporou entre suas metas para a área de

abastecimento a expansão das redes de supermercados.

Além das empresas brasileiras, o Carrefour instalou-se

no país, reconhecendo o potencial desse mercado. O

crescimento do setor coincide com o milagre brasileiro.

Durante essa década, foram instalados os primeiros

hipermercados no país. O setor cresceu na mesma

proporção que a competitividade interna.

Anos 80. A década de 80 foi de grande dificuldades

para a maioria dos brasileiros. A rentabilidade do setor

vinha diminuindo, incorporando condições comerciais

cada vez mais difíceis com os fornecedores. Vários

planos governamentais colocaram o setor em

dificuldades, inclusive em termos de imagem junto ao

consumidor. Acirraram-se as condições de

concorrência. Crescer nesse mercado tornou-se ainda

mais difícil. Muitas redes de lojas apresentaram

dificuldades financeiras nesse período.

Anos 90. Com um clima ainda de incerteza e recessão

no início da década, a palavra de ordem – enxugar as

estruturas – também foi seguida pelos supermercados.

Tratava-se de reduzir os custos, aumentar a

produtividade e a eficiência. Tendem a crescer os

investimentos na qualificação de pessoal e atualização

23

dos equipamentos. A concorrência entre os

supermercados torna-se acirrada como nunca, a disputa

pelo mercado é muito forte e agressiva. A ênfase em

serviços é crescente, mas a sensibilidade a preços é

muito forte, o que pressiona mais ainda a rentabilidade.

A participação dos supermercados, no abastecimento nacional de alimentos e

artigos de higiene e limpeza, tem aumentado ano após ano. Hoje, os supermercados

respondem por 85% de participação de mercado, de todo o abastecimento de gêneros

alimentícios e afins. (Ângelo e Silveira, 1997)

Atualmente, o mix dos supermercados sofreu total alteração. Foram incluídos

itens não alimentícios. A seção de perecíveis responde por 66% do faturamento da loja.

Inúmeros produtos de décadas passadas desapareceram ou foram substituídos. A banha,

por exemplo, perdeu espaço para óleos vegetais. Outros produtos mudaram o seu público

consumidor devido ao preço. O bacalhau, que era um produto extremamente barato e

consumido por classes sociais menos favorecidas, hoje, em virtude dos preços elevados, é

consumido pelas classes sociais A e B. (ABRAS, 1999)

Durante anos, a definição do mix de produtos era baseada na experiência dos

compradores. Até o início da década de 80, os pedidos eram tirados manualmente.

Algumas redes usavam seis vias: três para emissão de nota fiscal e as outras três para fluxo

de pagamento. No início dos anos 80, isso passou a ser feito em cartão porta-punch

(perfurados), inseridos em mainframes (computadores de grande porte), nas grandes redes.

Relatórios pormenorizados de giro de estoque, margem bruta e rentabilidade traduziram-se

em rotina com o progresso da tecnologia nos anos 90. Hoje, as grandes redes utilizam-se

do EDI (Troca Eletrônica de Informações), que propicia ganhos com a reposição

automática de mercadorias. (ABRAS, 1999)

Conforme cita Kasper (1991), na década de 80, os testes do detergente em pó

Omo, realizados em cinemas, passaram a ser realizados em supermercados. Também

evoluíram as técnicas de merchandising. Dá-se início à informatização dos grupos Pão de

Açúcar e Bom Preço, os pioneiros em adotar o PDV informatizado, em uma época em que

o código de barras estava em fase de desenvolvimento e os equipamentos eram muito

caros. Surge, com o auto-serviço, a necessidade de estimular a compra, fator que colabora

para o fortalecimento da parceria indústria-supermercado.

24

Em 1989, conforme dados da EAN do Brasil (Associação Brasileira de

Automação), havia, em nosso país, apenas duas lojas com caixas equipadas com leitura

óptica e somente 3 200 produtos marcados com códigos de barras1.

Após 1994, conforme Rojo (1998), o Plano Real fomentou o aumento da

concorrência e o setor, como todos os outros da economia brasileira, viu-se obrigado a

obter vantagem competitiva, com custos baixos, margens reduzidas e preço final

competitivo, frente a concorrentes globais, redes internacionais que adentraram o país. O

consumidor, com perfil alterado, mais exigente e mais informado, passou a buscar

supermercados com variedade de produtos a preços reduzidos, obtidos em sua estrutura

administrativa através de investimento tecnológico. Inicialmente, a automação dos

supermercados ocorreu em maior número na frente de loja, ou seja, nos checkouts, 65% já

a utilizam. Conforme pode ser visto no gráfico, a seguir, no ano de 1997, as empresas

apresentavam vários departamentos automatizados como: controle de estoque,

departamento pessoal, contas, contabilidade.

1 Automasoft, ano 4, n. 27, dezembro de 1999, p.7

25

Figura 1 - Nível de automação dos supermercados brasileiros no ano de 1997

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro (1991, 1995 e 1997).

Apesar da crise em todos os setores da economia brasileira, devido à abertura

de mercado, aumento da concorrência, além de outros fatores, o setor supermercadista

apresenta crescimento, em seu volume de vendas, de 62,4% de 1990 para 1997 (Rojo,

1998, p. 88).

Tabela 1 - Evolução das vendas de supermercados- faturamento anual em US$ bilhões.

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

Faturamento 28,7 25,7 26,9 28,1 37,5 43,7 46,5 46,6

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro (1991, 1995 e 1997).

Conforme o autor, em 1998, o setor apresentou aumento real no faturamento de

5,98%, representando R$ 55,5 bilhões em vendas brutas, e participação do PIB (Produto

Interno Bruto) de 6,1%.

Em um ano de tantos acontecimentos turbulentos, como: a falta de dinheiro no

bolso do consumidor, aumento do desemprego, a crise asiática e a moratória russa e o

65

26 24

62

24

0

10

20

30

40

50

60

Leitura óticano check-out

(cód de barras)

Recepçãoinformatizada

demercadorias

Sugestãoautomática de

pedidos

Contabilidadee tesouraria

informatizada

Processos a-b-c-d estão

integrados

26

reflexo sofrido na América Latina, a explicação para o bom desempenho do setor deve-se

às estratégias adotadas. Dentre elas, a que mais se destaca é o aumento do número de itens

oferecidos por loja. No ano anterior, um supermercado trabalhava com 5 236 itens, em

média, e um hipermercado com 15.705. Em 1998, subiu respectivamente para 6 092, 16%

a mais; e 21 636, 38% a mais. Com a diversificação do mix, as empresas do setor

conquistaram vendas de outros segmentos do varejo. (Morita, 1999)

Figura 2 - Desempenho das empresas segundo os supermercadistas (1997-98)

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro (1991, 1995 e 1997).

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Péssimas

Ruins

Boas

Ótimas

27

Figura 3 - Perspectivas da empresa para os supermercadistas (1998-9)

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro (1991, 1995 e 1997).

Tabela 2 - Evolução do setor* % das vendas do setor supermercadistas no Brasil.

1989 20

1990 - 18,4

1991 - 10,5

1992 4,9

1993 4,4

1994 12

1995 14

1996 2,6

1997 - 0,27

1998 5,98

1999** - 2

*Porcentagem em relação

ao ano anterior

** Estimativa

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro (1991, 1995 e 1997).

0 10 20 30 40 50 60 70

Muito acima doesperado

Acima doesperado

Dentro doesperado

Abaixo doesperado

Muito abaixo doesperado

28

Figura 4 - Evolução dos supermercados no Brasil

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing - Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro (1991, 1995 e 1997)

Para o consultor e economista Rabello:

Matematicamente, o resultado do período é quase zero,

uma vez que a renda per capita dolarizada do brasileiro

hoje, US$ 3.630, é equivalente à de 1995, US$ 3.609,

mas o processo cultural iniciado é valioso.

Financeiramente, nós pioramos: estamos produzindo

menos, mais endividados e vulneráveis com as dívidas

internas e externas dos setores público e privado.

Cultural e politicamente, porém, nós estamos melhores

hoje.(ABRAS, 1999)

Na opinião de Barrizelli:

O forte crescimento verificado no setor

supermercadista indica uma recuperação das vendas

perdidas na última recessão, no início da década de 90.

Tomando 1993 como base, verificamos um crescimento

acumulado até 1995 de 27,7%, o que isoladamente

representou um forte crescimento em um prazo

26

74

84 85

70

80

90

29

relativamente curto. Mas, na verdade, significou uma

recuperação de perdas, pois, comparando o ano de 1989

com o de 1997, as vendas do setor são praticamente

iguais. O crescimento populacional do período, que

influencia o resultado final das vendas, foi de um

crescimento de 13,8% no período de 1989 a 1999. Com

uma população maior, o setor está vendendo

exatamente a mesma coisa, isso significa uma perda de

venda per capita. (ABRAS, 1999)

Figura 5 - Renda Per Capita brasileira

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro (1991, 1995 e 1997).

O setor supermercadista é, hoje, um dos mais importantes da economia

brasileira. Contribui, segundo dados da ABRAS, com cerca de 666 mil empregos diretos e

dois milhões de empregos indiretos (Supermix, 1999, p. 32), fornece alimentos à

população, além de promover ponto de convivência social. O que mais contribuiu para o

fortalecimento do setor foi a visão de futuro dos empresários, que investiram e

promoveram o crescimento sozinhos, já que as multinacionais chegaram apenas

recentemente ao Brasil.

3000

3100

3200

3300

3400

3500

3600

3700

3800

1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998

30

1.2 EVOLUÇÃO DOS SUPERMERCADOS DE FRANCA

Em 1969, existiam, na cidade de Franca, 279 estabelecimentos do ramo de

secos e molhados – armazéns e mercearias de bairro. O primeiro supermercado de Franca,

Áurea, localizado à rua Major Claudiano, 1780, na praça central da cidade, foi inaugurado

em 1969. Posteriormente, com suas instalações ampliadas, transferiu-se para um prédio

próprio na rua Campos Salles, 1823, também no centro. (FRANCA em números, 1969)

No dia primeiro de maio de 1971, inaugurou-se o Supermercado Granero

localizado na avenida Presidente Getúlio Vargas, 581. Em 1972, Franca já contava com

seis supermercados situados no Centro e no bairro da Estação. No ano de 1976, o número

de supermercados foi ampliado para vinte e oito: localizados no Centro, sete lojas; no

bairro Cidade Nova e no bairro Vila Nova, quatro em cada; na Vila Aparecida e no bairro

da Estação, três lojas; no bairro Jardim Francano, duas lojas; e nos bairros São José, Jardim

Âgela Rosa, Vila Nicácio, Vila Santa Cruz e Vila Chico Júlio uma loja.

Hoje, existem no perímetro urbano, aproximadamente, 400 estabelecimentos

de auto-serviço, de variado porte. Algumas lojas foram extintas, como o precursor Áurea e

as tradicionais redes da cidade, Dário e Ideal. Contamos com uma filial da cadeia nacional

Pão de Açúcar, uma da rede Sé Supermercados, a recém inaugurada Savegnago (rede do

interior), sete lojas dos Supermercados Granero, Serv Bem e Peg Leve com cinco lojas

cada, Supermercados Lopes com três lojas, Pedigoni, com duas lojas, Cecílio

Supermercados com uma loja, e inúmeros estabelecimentos de pequeno porte, com um

estabelecimento apenas, localizados nos bairros e periferia da cidade. (ACIF – Associação

do Comércio e Indústria de Franca, 1999)2

1.3 TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO

2 O mapa da cidade de Franca está inserido nos anexos p.152.

31

A década de 90 é marcada pela automação do varejo brasileiro. Em lugar da

velha caixa registradora, o comércio, principalmente, os supermercados, passou a usar

computadores, balanças integradas, scanners, e todas as informações obtidas no checkout

tornaram-se primordiais para a gestão do negócio. O PDV representa uma das mais

significativas revoluções a que pudemos assistir nos últimos tempos na área econômica.

Sua importância se dá ao fato de: a posse da informação sobre a circulação de produtos,

uma questão vital nas relações econômicas, passa, graças ao PDV, das mãos da indústria

para as do varejo. A utilização dessas informações, acumuladas pelo PDV, a respeito de

cada produto é, para o marketing, a base que estrutura toda a operação de planejamento.

(Ângelo, 1994)

Segundo o autor, essas repercussões atingem especialmente o campo da

publicidade. A opção da publicidade segmentada e personalizada surge de uma informação

precisa e vital: quem compra o quê?

A EAN (Associação Brasileira de Automação Comercial) previa que no final

do ano de 1999, 17 500 lojas fossem automatizadas, 500 mil produtos codificados e

34 500 empresas, associadas. Atualmente, a associação conta com 20 mil empresas

associadas, ocupando o 4º lugar no ranking mundial, perdendo para o Japão (94 mil), a

Alemanha (87 mil) e a China (32 mil); o que prova o nível de evolução da automação

comercial no Brasil. (ABRAS, 1999)

A somatória dos efeitos de movimentos importantes ocorridos na década de 90:

o fim da reserva de mercado, a internacionalização do varejo, a estabilidade da economia e

a globalização, mudou radicalmente o perfil do varejo brasileiro, como a criação de

superlojas. Os supermercados triplicaram a variedade de itens; o índice de perdas foi

dividido por três e a margem operacional baixou de 12% para 6%, deixando claro que

houve ruptura de operação. O varejo teve que triplicar os itens e diminuir as margens de

lucro em 10 anos. Essa mudança só foi possível com a automação da frente e retaguarda da

loja. (APAS, 1999)

De acordo com pesquisa da AFRAC (Associação dos Fabricantes e

Revendedores de Equipamentos de Automação Comercial), em 1996, aconteceu um boom

nas vendas de sistemas de automação, justamente no período de consolidação do Plano

Real. Até então, o varejo estava preocupado em informatizar a frente de loja para diminuir

as filas no checkout. Mas, com a inflação alta e o ganho financeiro fácil, os empresários

não viam necessidade de investir no controle de estoque. Com a estabilidade da moeda,

32

nível elevado de estoque deixou de ser sinônimo de investimento. Diminuir o nível de

perdas, abastecer a loja com o mix de produtos certo e aumentar o capital de giro passaram

a ser primordiais para a sobrevivência do varejo. Atualmente, há a necessidade de

conhecer seus clientes para oferecer o produto certo no momento certo. A fidelização é

uma onda forte e a capacidade para a absorção desses dados encontra-se no checkout. A

prática comprova que 85% das informações necessárias para gerir o negócio são obtidos na

frente de caixa. (AFRAC, 1999)

O futuro do setor supermercadista depende, necessariamente, da implantação

de tecnologia e profissionalização. Independente do seu porte, o varejista deverá inserir-se

nesse contexto ou será extinto do mercado. (Rojo,1998)

A automação do supermercado torna-se essencial para garantir desde a

eficácia na transação até a produção e gerenciamento e composição de data base em

marketing, sem a qual será impossível traçar um preciso perfil dos clientes, com

preferências, hábitos e freqüência de compras e tíquete médio. (Nielsen, 1999)

Mesmo em um setor altamente competitivo, grande parte do varejo ainda não

utiliza os benefícios da automação. Segundo dados da Nielsen (1999), somente 32% dos

supermercados automatizados utilizam informações do PDV para retaguarda. A tecnologia

está disponível, mas falta informação.

A automação não traz benefícios apenas para o varejo. Segundo Rojo (1998), o

ECR - Resposta Eficiente ao Consumidor, conceito que tem sido amplamente utilizado

pelos varejistas nos Estados Unidos, a partir dos anos 90, visando trazer maior

tranqüilidade, eficiência e produtividade no sistema de distribuição, com a conseqüente

satisfação do consumidor. As metas do ECR são consumidores mais satisfeitos, estoques

reduzidos, cadeia de distribuição mais ágil, produção otimizada, preços e custos menores.

Será necessário oferecer uma loja virtual ao seu consumidor, conforme destaca

a 4° Pesquisa Internet Brasil, realizada pelo IBOPE, em junho de 1999, que mostra a

existência de 3,3 milhões de pessoas com acesso à Internet. Aponta, ainda, que 47%

acessam a rede de sua própria casa e 37% do seu trabalho. De acordo com o IBOPE,

26,5% dos internautas brasileiros têm menos de 20 anos de idade, constituindo um

potencial enorme de consumo eletrônico quando se tornarem adultos economicamente

ativos, já que, para essa geração, comprar pela Internet é natural como comprar picolé na

cantina da escola.

33

Conforme Rojo (1998), é tão grande o poder do comércio eletrônico, via

internet, que poderá até mesmo fazer padecer o EDI, sistema de transações eletrônicas,

altamente dispendioso, tornando-se viável somente para grandes corporações. Nos Estados

Unidos, apenas 20% das empresas top de mercados automatizaram suas transações por

esse sistema.

Segundo Wilson Tanaka, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de

Gêneros Alimentícios (SINCOVAGA), o caminho das pedras para o pequeno varejista é a

especialização. Saber escolher e ser o melhor em um único nicho de mercado. Apenas

permanecerá, no mercado, quem souber discernir um segmento carente e supri-lo

eficazmente. (ABRAS, 1999)

Os supermercados aprenderam a focar mais seu

público-alvo. Antes a segmentação do mercado não era

tão clara. Hoje, as lojas têm sua cara conforme a região

em que estão localizadas. (Ascar)3

Para ALOE, consultor associado do Centro de Tecnologia do Varejo do

SENAC-SP (1998), o ponto crucial do pequeno varejo será quebrar o círculo vicioso que

hoje o caracteriza:

Não investe em marketing porque não tem dinheiro.

Não tem dinheiro porque não dispõe de recursos

humanos e tecnológicos para administrá-lo. Carece

desses recursos porque não ganha o suficiente para

mantê-los. Não ganha porque não vende. Não vende

porque não faz marketing.

1.4 COMPETITIVIDADE DO SETOR

A competitividade do setor reside na preocupação em desenvolver o

encantamento do cliente, atingindo a excelência no atendimento ao consumidor, durante e

após a venda; e o crescimento do processo de qualidade, com o objetivo de criar valores e

diferir da concorrência, são fatores relevantes à sua sobrevivência. A crescente

3 Superhiper, n. 292, dezembro 1999, p. 20.

34

competitividade, difundida no setor supermercadista, exige a busca de vantagem

competitiva, que visa ao aumento de produtividade, redução de margens de lucro, preços

atrativos e a conseqüente satisfação do consumidor. (Ângelo e Silveira, 1996)

Outro fator de grande relevância é direcionar os esforços da loja com o foco no

cliente, isto é, dirigir suas ações mercadológicas com o intuito de satisfazê-lo plenamente;

e ainda mais, ouvi-lo, compreendê-lo e adaptar-se às suas necessidades, como, por

exemplo, a mudança efetuada no layout de loja, referente à área destinada a produtos

perecíveis que, há 10 anos, representava 30% do espaço e hoje ocupa em torno de 60% da

área de venda. (APAS, 1999)

Existe, no setor, uma carência no que se refere à pesquisa de mercado, no

desenvolvimento de métodos sistemáticos na coleta de dados, melhorando a precisão e

minimizando a margem de erro. A necessidade de se progredir, nesse aspecto, é a efetiva

utilização da informação na tomada de decisões dentro da empresa.

O fator de melhoria no que se refere ao atendimento a clientes, e na qualidade

de gestão do supermercado se deve à informatização, que torna possível a compreensão, a

análise, a utilização e a difusão das informações geradas pela automação, e o seu total

aproveitamento na gestão. (Ângelo, 1994)

Figura 6 - Número de supermercados informatizados no Brasil

Fonte: Rojo, 1998, p. 123

15 41 92203

504

1654

0

500

1000

1500

2000

91 92 93 94 95 96

15 41 92203

504

1654

0

500

1000

1500

2000

91 92 93 94 95 96

35

Figura 7 - Percentual de empresas com lojas informatizadas

Fonte: Rojo, 1998, p 123.

Figura 8 - Percentual de lojas não informatizadas, segundo o número médio de checkouts.

Fonte: Rojo, 1998, p. 123.

Tabela 3 - Número de lojas automatizadas.

1994 203

1995 504

1996 1 654

1997 2 036

1998 2 724

Fonte: Rojo, 1998, p. 123.

100

51

100

75

0

20

40

60

80

100

95 96

20 Maiores300 Maiores

0

10

20

30

40

50

60

70

Até 4checkouts

Entre 5 e9checkouts

Entre 10 e 19checkouts

Acima de 20chekouts

Acima de 20checkouts

36

Ganharam maior importância os recursos humanos, pois funcionários bem

treinados podem prestar melhores serviços, o que é uma vantagem competitiva. Como

exemplos dessa iniciativa, social temos a criação de grupos e associações de funcionários,

treinamento e desenvolvimento gerencial sob o âmbito de relacionamento humano,

comunicação no trabalho, liderança, administração; benefícios como creches, cesta básica,

assistência médica e odontológica etc. (Ângelo, 1994)

Figura 9 - Grau de satisfação dos funcionários de supermercados com sua profissão

.

Fonte: Rojo, 1998, p.125.

Figura 10 - Treinamento para funcionários de supermercados

.

Fonte: Rojo, 1998, p.126.

19

73

815

79

6

31

67

20

10

20

30

40

50

60

70

80

Caixa Balconista Gerente

Muito SatisfeitoSatisfeitoInsatisfeito

0

10

20

30

40

50

60

70

Não receberam treinamento 35% Já receberam treinamento 65%

37

1.5 ESTRATÉGIAS DE MARKETING

Os supermercados apresentam um alto nível de aplicação de técnicas de

marketing e estratégias de marketing. Isso pode ser constatado desde a simples visão

externa das lojas, até a distribuição de mercadorias, sua disposição interna, o nível de

treinamento de pessoal, a utilização do processamento eletrônico de dados para

controle de estoques, acompanhamento de desempenho de produtos etc. A estratégia de

promoção de vendas, técnicas de merchandising, a adoção de marcas diferentes para

caracterizar tipos de lojas diferentes, são exemplos da tecnologia de marketing aplicada

pelos supermercados no Brasil. (Ângelo, 1994)

1.5.1 DIFERENCIAÇÃO DO SEGMENTO

Uma loja diferencia-se da concorrência se puder ser única sob algum aspecto

valioso para seu público alvo, colocando o produto em uma posição diferente da de seus

concorrentes, quando o valor agregado do ponto de diferenciação tem significado para o

mercado-alvo.

A diferenciação é um dos tipos de vantagem competitiva que uma empresa

pode ter. É importante avaliar até que ponto a concorrência consegue diferenciar-se do seu

rival. Diferenciação não é apenas preço baixo. Permite ir além, fazer com que seu público

pague até um valor acima do estimado, como por um prêmio pelo benefício oferecido pela

loja, além da conquista da lealdade do consumidor.

Essa singularidade de ações implica custos, pois, exige a execução de funções

com maior qualidade que a desenvolvida pela concorrência. A diferenciação vem através

da criação de valor para o consumidor, que influenciará seus critérios de compra. (Rojo,

1998)

Algumas das estratégias adotadas pelos supermercadistas estão ilustradas nas

figuras seguintes.

38

Figura 11 - Ações dos supermercadistas para acompanhar as tendências do mercado

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro

(1991, 1995 e 1997).

Figura 12 - Utilização de práticas de mercado

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro (1991, 1995 e 1997).

95

84

83

75

57

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pesquisa de preçosna concorrência

Feiras e eventos

Visitas às lojas desua cidade

Orientação comentidades do setor

Pesquisa junto aconsumidores

0 10 20 30 40 50 60

Procedimento para medir falta demercadorias

Promoções cooperadas comfornecedores

Programas para consumidoresfrequentes

39

Figura 13 - Estratégias de crescimento que os supermercadistas pretendiam adotar para o

ano de 1999.

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro

(1991, 1995 e 1997).

A fusão ou aquisição de novas lojas (ABRAS, 1998), aplicada como estratégia

de crescimento (26%), segue as tendências econômicas vistas em todos os setores do país

(figura abaixo).

Figura 14 - Estratégias de crescimento de empresas com faturamento acima de R$500

milhões/ano.

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro (1991, 1995 e 1997).

O grupo português Sonae comprou a rede paranaense Mercadorama, a rede

Real do Rio Grande do Sul, e os hipermercados Big, em 1998, tornando-se a quinta maior

rede do Brasil. A Royal Ahold, grupo holandês, associou-se ao grupo pernambucano Bom

57

1713

7 6

0

10

20

30

40

50

60

Melhorar lojasexistentes

Abrir lojas c/mesmo formato

Fusões eaquisições

Abrir lojas c/outro formato

Outros

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Melhorar lojasexistentes

Abrir lojas c/mesmo formato

Fusões eaquisições

Abrir lojas c/outro formato

40

Preço e adquiriram a rede Supermar na Bahia, ocupando o terceiro lugar no ranking. O

Carrefour, líder brasileiro (faturamento de sete bilhões de reais), adquiriu o Eldorado de

São Paulo, os 23 supermercados da rede Lojas Americanas e Lojas Planaltão (centro-

oeste). O português Jerônimo Martins dono da rede Sé, aliou-se à americana Wal-Mart; e

Abílio Diniz, do Pão de Açúcar adquiriu a rede Peralta e Barateiro da capital e litoral

paulista. (ABRAS, 1999)

A concentração do setor, nas mãos de apenas algumas redes, na maioria

multinacionais, vem aumentando. No ano de 1997, as cinco maiores redes detinham 27,5%

do mercado, passando para 32% em 1998, movimentando 52 bilhões de dólares. (Naiditch,

1999)

Tabela 4 - Concentração do setor

CLASSIFICA-

ÇÃO

EMPRESA SEDE FATURAMENTO

BRUTO

1998 1997

1 1 Carrefour Com. Ind. Ltda SP 7 003 209 734

2 2 Cia Bras. de Distribuição SP 5 470 301 723

3 3 Bom Preço S/A Supermercado

NE

PE 2 410 158 000

4 4 Casas Sendas Com. E Ind. S/A RJ 1 912 801 201

5 9 Sonae Distribuição Brasil S/A RS 1 541 286 366

6 6 Nacional Central Distr. Alim.

Ltda.

RS 899 878 393

7 5 Paes Mendonça S/A RJ 829 215 000

8 Wal-Mart Brasil SP 783 257 547

9 8 Cia. Zaffari Co. e Ind. RS 656 248 490

10 11 Sé S/A Comércio e

Importação

SP 582 522 282

Fonte: ABRAS (Supermix, n. 47, 1999, p. 32)

41

Tabela 5 - Algumas das estratégias que ajudaram o setor a vender mais em 1998

Tipo de Loja Total de Lojas Faturamento Total

(R$)

Aumento do

Faturamento (R$)

Contribuição em

%

Aberta aos

Domingos

1.146 18.069.510.416 929.209.513 5,14

24 horas 69 6.594.698.238 277.652.687 4,25

Delivery 59 8.019.494.990 81.021.068 1,0

Fonte: Supermercado Moderno, 1999.

Tabela 6 - Participação no faturamento por tipo de loja (em %)

Tipo de Loja 1997 1998

Loja de Variedade Limitada 0,41 0,41

Loja de Conveniência 0,50 0,53

Supermercados 71,53 68,61

Hipermercados 24,15 26,52

Clubes de Compras 3,41 3,93

Fonte: Supermercado Moderno, 1999.

Conforme o quadro acima, a participação dos supermercados, no faturamento

geral, caiu de 71,53% em 1997 para 68,61% em 1998. Boa parte das vendas desse tipo de

loja foi atacada pelos hipermercados, cuja fatia era de 24,15% e subiu para 26,52%, devido

ao número de itens oferecidos. As lojas de conveniência cresceram 0,03%, em comparação

com o ano de 1997, chegando a 0,53%. Os clubes de compras, que antes contribuíam com

3,41%, passaram a 3,93%, as lojas de variedade limitada permaneceram estáveis em

0,41%.

1.5.2 SELEÇÃO DE MERCADO-ALVO

Selecionar é colocar, em ordem de prioridade, os segmentos que se deseja

trabalhar. As decisões de seleção de mercado determinam o número de segmentos

42

escolhidos e o planejamento desenvolvido para o produto ou serviço, o seu preço, a gestão

distribuição e logística e a comunicação integrada de marketing, para atingi-los.

1.5.3 POSICIONAMENTO E IMAGEM

O posicionamento utiliza o marketing para incentivar pessoas no mercado-alvo

a formar uma imagem mental de um produto em especial. O reposicionamento é a

mudança de posição relativa do produto nas mentes do mercado-alvo.

Em alguns mercados, as mudanças ocorrem tão rapidamente que é necessário

implantar um posicionamento dinâmico, com ajustes freqüentes para acompanhar as

mudanças ambientais de marketing.

Existem várias formas de posicionar seu produto ou serviço: contra o principal

concorrente; de acordo com os valores do público no mercado-alvo; de acordo com quando

e onde ele é utilizado; de acordo com seus benefícios; utilizar as diferenças entre o produto

e o concorrente etc. (Boone e Kurtz, 1998)

O conceito de imagem do varejo compõe-se no conjunto de crenças de que os

consumidores, ou outros públicos têm a respeito do varejista. Os produtos, os empregados,

os preços, a localização, a comunicação integrada de marketing, os serviços e operações,

unem-se para passar, ao seu público-alvo, uma imagem específica do varejo que também é

apoiada na atmosfera, elementos que compõem o projeto físico do espaço interno e externo

do varejo, como: a luz, a música, a fragrância e outros estímulos sensoriais. (Rojo, 1998)

1.5.4 RENTABILIDADE DO SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO

Embora sejam movimentados, anualmente, bilhões de dólares em

supermercados, a rentabilidade é pequena, segundo Rojo (1998). Pequenas variações na

eficiência da gestão empresarial podem ser determinantes na diferença entre lucro e

prejuízo.

A Tabela, a seguir, mostra a estrutura básica dos lucros e perdas de um

supermercado em nosso país.

43

Tabela 7 - Lucros e perdas de um supermercado

Contas Em %

Vendas 100,00

Impostos sobre Vendas 19,75

Custo Líquido da Mercadoria 60,25

Margem Bruta 20,00

Despesas Operacionais 17,00

Lucro Líquido antes do IR 3,00

Imposto de Renda + Contribuições 1,50

Lucro Líquido 1,50

Fonte: Nielsen Serviços de Marketing – Estrutura e Comportamento do Varejo Brasileiro (1991, 1995 e 1997).

Figura 15 - Distribuição das contas:

Fonte: Rojo, 1998, p.89

despesas operacionais17,0lucro 1,5%

impostos 34,2

custo da mercadoria47,3%

44

45

1.5.5 AMBIENTE POLÍTICO, SOCIOECONÔMICO E NATURAL

A influência do ambiente natural é percebida pelas diferentes condições

climáticas, que ocorrem em regiões diferentes do Brasil. O fator sócioeconômico é

influenciado pelo nível de renda da população, taxas de emprego, desemprego,

desenvolvimento ou retração da economia etc. O ambiente político age com políticas

governamentais que irão mudar de alguma forma a economia do país. (Ângelo, 1997)

1.5.6 MERCADOS

São grupos identificáveis de consumidores com poder aquisitivo que estão

dispostos e têm capacidade de pagar por um produto ou serviço. A conseqüente análise

desse mercado gera oportunidades de investimentos, através de segmentação de mercado,

para descobrir as características de seus clientes e satisfazê-los com produtos e serviços

que superem as expectativas do seu público. (Moreira et al,1996)

1.5.7 CONCORRÊNCIA

Kasper (1991) conceitua a concorrência como sendo de dois tipos: direta, por

meio de lojas de auto-serviço, e hipermercados com supermercados convencionais, e a

concorrência indireta, que se dá nas seções e departamentos de outros tipos de comércio,

como por exemplo: a seção de carnes se um supermercado concorre com um açougue.

O supermercadista não possui controle sobre fatores externos, muitas vezes

complexos e de natureza imprevisíveis, ele pode contar com um conjunto de ferramentas

que o ajuda a enfrentar esses fatores. São chamadas de variáveis controláveis: linha de

produtos; decisão relativa à área de vendas; localização; ambientação e decoração; política

de preços; decisões de layout e merchandising; política promocional; comunicação na

empresa supermercadista; atendimento no auto-serviço; serviços adicionais. (Ângelo,

1997)

46

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DEFINIÇÃO DE MARKETING

“É uma atividade humana dirigida a satisfazer necessidades e desejos através

do processo de troca.” (Kotler, 1986, p. 33)

“Micromarketing é o desempenho das atividades

destinadas a realizar objetivos de uma organização,

partindo das necessidades do consumidor ou cliente e

dirigindo-lhes um fluxo de bens e serviços a partir de

um fabricante ou produtor. Macromarketing é um

processo social que dirige o fluxo econômico de bens e

serviços dos produtores aos consumidores de maneira

que iguale eficazmente a oferta e a demanda e realize

os objetivos da sociedade.” (MC Carthy, Perreaut,

1997, p. 22)

Sandhusen (1998) define marketing como o processo de planejar a concepção,

o preço, a promoção e a distribuição de bens e serviços para criar trocas que satisfaçam os

objetivos individuais e organizacionais.

A importância do marketing está intrinsecamente relacionada ao

gerenciamento de assuntos que abordam a totalidade dos negócios da empresa. Relaciona-

se com todos os departamentos da organização, tais como clientes, fornecedores e outros

públicos em geral. Não existe um padrão a ser instituído. Cada plano deve ser elaborado

personalizadamente, aplicável única e exclusivamente à empresa que o desenvolveu com

características singulares de produto, perfil do público destinado, estrutura e objetivos da

empresa. (Boone e Kurtz, 1998)

47

Seu peso, nos dias de hoje, é produzido pela interação ativa de várias forças

impulsoras: acordos de comércio, necessidades e desejos do mercado, tecnologia, melhoria

dos transportes e comunicações, custos, qualidade, crescimento da economia mundial,

aproveitamento das oportunidades de alavancagem; e restritivas, que compreendem a

miopia administrativa, a cultura organizacional e os controles nacionais. (Kootler e

Armstrong, 1993)

Suas responsabilidades abrangem, conforme Kother (1988),

• pesquisar novas oportunidades de mercado;

• conhecer o perfil do consumidor alvo;

• identificar novos produtos que agreguem valor vantajoso e supere a

concorrência;

• desenvolver e aplicar serviços e relacionamento personalizado aos clientes;

• aplicar corretamente as ferramentas propaganda e promoção de vendas;

• decifrar, analisar as pesquisas de mercado realizadas;

• travar relacionamento com pessoas que estão rotineiramente em contato

com os clientes.

Porter (1990) define como metas do marketing: criar valor para o cliente e

vantagem competitiva, sem perder o foco. No quadro extremamente competitivo em que se

encontram as instituições, torna-se vital a importância da presença do marketing nas

tomadas de decisões em: pesquisa de mercado, alterações dos produtos, marcas,

embalagens, preços e descontos, canais de distribuição, propaganda, vendas, promoção de

vendas e merchandising, relações públicas, atendimento pós-venda, serviços prestados aos

clientes.

2.2 LOCALIZAÇÃO DA PROMOÇÃO DE VENDAS E MERCHANDISING NO

COMPOSTO DE MARKETING

Devido à concorrência obstinada, em um mercado globalizado e cada vez mais

competitivo, onde as empresas buscam ações de efeitos e resultados imediatos, constata-se

o crescimento da promoção de vendas e merchandising, assumindo importantes papéis na

comercialização e divulgação de produtos. Há casos em que o volume de verbas

empregado supera o destinado à outras ações da comunicação. (Costa e Talarico, 1996)

48

A urgência de resultados faz com que a empresa utilize, de forma excessiva e

indistinta, a promoção e o merchandising, acreditando que suas ações serão positivas para

resolver todos os problemas. Isso não é verdade, às vezes, os problemas estão na estrutura

da empresa como: produto obsoleto, erros de posicionamento, distribuição e vendas;

embalagem sem atratividade e outros que não serão solucionados através da promoção e

sim de uma reorganização estrutural ou mudança de cultura da organização.

A promoção de vendas faz parte do arsenal de ferramentas de marketing, cujos

resultados serão obtidos através de uma ação planejada, ou seja, uma pré-avaliação dos

problemas existentes e definição de objetivos.

De Simoni (1997) indica sua utilização para solução de problemas, com os

seguintes objetivos:

• Resultados a curto prazo: aumento das vendas, bloqueio da concorrência,

aumento do giro de produto;

• Resultados a médio prazo: fixação de imagem, aumento de participação de

mercado;

• Resultados a longo prazo: desenvolver a fidelidade de marca.

A promoção de vendas e o merchandising, portanto, já

não podem ser considerados, somente como soluções

de emergência, visando unicamente a vendas, sem um

planejamento de marketing anterior que caracterize as

reais necessidades de um produto e defina os objetivos

e as metas a serem atingidos. Devem ser encarados

como soluções estratégicas, empurrando (push) o

produto para o consumidor e atraindo-o (pull) para a

compra através dos benefícios oferecidos ou

prometidos. (Costa e Talarico, 1996, p. 14)

49

2.3 COMPOSTO DE MARKETING QUATRO “Ps”, QUATRO “As”,

QUATRO “Cs”

Citado por MC Carthy e Perreault (1997), os quatro “Ps” constituem a

combinação efetiva de todos os elementos do marketing inter-relacionados ao meio

ambiente, sendo: produto, estratégia de distribuição, preço e comunicação, com o intuito

de atender a necessidades de um público específico, utilizadas desde a concepção do

produto até sua colocação no mercado, incluindo o trabalho de pós-venda e atendimento ao

consumidor. Cada estratégia constitui uma variável no composto. Sua classificação é

utilizada para estudo e análise e a combinação efetiva dessas variáveis determina o grau de

sucesso do marketing. Os quatro “As”: análise, adaptação, ativação e avaliação,

constituindo a interação da empresa com o meio ambiente e os quatro “Cs”: cliente,

conveniência, custo e comunicação, complementam esse estudo.

2.3.1 QUATRO “Ps”

2.3.1.1 PRODUTO

A constituição positiva de um produto é dada no momento em que atende às

necessidades do consumidor-alvo. Atende pela qualidade e padronização nas suas

características e acabamentos; modelos, tamanhos e cores, expectativas do consumidor e

sua atratividade física como: embalagem, marca, design e serviço. (MC Carthy e Perreault,

1997)

Conforme os autores Boone e Kurtz (1998) a palavra produto significa mais do

que um bem serviço ou idéia. Seu conceito é amplo e leva em conta a satisfação de todas

as necessidades do consumidor em relação a um bem, serviço ou idéia.

50

2.3.1.2 PONTO DE DISTRIBUIÇÃO

Para Manzo (1996) a distribuição física e os canais de distribuição asseguram

quantidades suficientes do produto para atender ao desejo do consumidor ou ás

necessidades do revendedor, nos locais que permitam seu rápido escoamento. Cuidam dos

transportes, da armazenagem, dos atacadistas e varejistas.

O produto ou serviço só tem valor se for colocado ao alcance do seu público-

alvo. A escolha do ponto de distribuição está relacionada à escolha do canal de

distribuição: atacado, varejo, distribuidor; ao transporte e à armazenagem.

2.3.1.3 PREÇO

O preço deve ser estipulado de acordo com o que o consumidor aceita pagar,

ajustado às condições de custo de fabricação, portanto, é determinado pelo mercado

consumidor. Para sua elaboração, deve considerar-se o produto colocado na fábrica, no

cliente, no atacadista, varejista ou distribuidor, preço líquido com desconto ou bruto sem

desconto; desconto por quantidade, condição de pagamento etc.

51

2.3.1.4 PROMOÇÃO

A promoção é o elo de comunicação entre compradores e vendedores.

Compreende a publicidade, a propaganda, a venda pessoal, as relações públicas, a

promoção de vendas e o merchandising.

Os quatro “Ps” estão inter-relacionados. O produto busca a satisfação de

necessidades e desejos dos consumidores; o ponto significa levar o produto do produtor ao

consumidor; o preço, o ajuste da fabricação à determinação do mercado e a promoção

deve comunicar, ao consumidor, a existência do produto, seus benefícios, estimular e

realizar a venda. (MC Carthy e Perreault,1997)

Atualmente, as mudanças ocorrem muito rapidamente. A resposta de marketing

deve acompanhar essa transformação mercadológica gerada a partir de novas tecnologias,

expectativas do cliente, novos mercados, diferentes canais de comunicação etc. O

consumidor atual é mais informado e tem um leque maior de opções para fazer sua escolha

de consumo. Para adequar o mix de marketing a uma gestão mais ampla, foram

adicionados quatro processos aos quatro Ps, constituindo uma gerência universal, aplicável

a qualquer produto ou serviço. Os oito processos universais do marketing segundo Nickels

e Wood (1999) são:

1- Busca e análise ambiental.

2- Pesquisa e análise de marketing.

3- Segmentação, seleção de grupo alvo e posicionamento.

4- Desenvolvimento de produto e diferenciação.

5- Determinação de valor e preços.

6- Gerenciamento de canais e da cadeia de valor.

7- Comunicação integrada de marketing.

8- Construção de relacionamento.

2.3.2 QUATRO “As”

Os quatro “As” foram desenvolvidos por Raimar Richers (apud Cobra, 1988

a), que avalia a interação do composto de marketing com o meio ambiente e seu resultado

prático dentro da empresa em função dos objetivos determinados.

52

2.3.2.1 ANÁLISE

A análise utiliza a pesquisa de mercado e o sistema de informação em

marketing para identificar forças vigentes no mercado e sua interação com a empresa.

2.3.2.2 ADAPTAÇÃO

A adaptação é a adequação da linha de produtos ou serviços da empresa,

através da apresentação física do produto: embalagem, design e a marca; do preço; da

assistência ao cliente, em relação ao meio ambiente, averiguados na análise.

2.3.2.3 ATIVAÇÃO

A ativação é a seleção dos canais de distribuição, a entrega e a armazenagem, a

venda pessoal; e a comunicação e divulgação: a propaganda, a promoção de vendas, as

relações públicas e, o merchandising.

2.3.2.4 AVALIAÇÃO

A avaliação é a auditoria de marketing. Avalia e controla resultados.

2.3.3 QUATRO “Cs”

Os quatro “Cs” constituem um método desenvolvido pela Young & Rubicam4,

usando um algoritmo que combina o perfil socioeconômico do consumidor com respostas a

vinte e dois tipos de estilos de vida. Considera: cliente, conveniência, custo e

comunicação. (Moreira et al, 1996)

4 Agência de propaganda.

53

2.4 COMPOSTO DE COMUNICAÇÃO PROMOCIONAL

2.4.1 ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO

A comunicação oferece ferramentas de trabalho que possibilitarão solucionar,

reduzir ou amenizar problemas originados no composto mercadológico.

As estratégias de comunicação: propaganda, publicidade, relações públicas,

venda pessoal, promoção de vendas e merchandising têm como objetivo a divulgação do

produto ou serviço, informação e desenvolvimento da necessidade de consumo,

atratividade, fidelização de um produto, fortalecimento ou criação da imagem, persuasão

do público à decisão de compra. Cada estratégia tem suas características e peculiaridades

próprias e deverá ser utilizada de acordo com as necessidades e objetivos da empresa ou

produto. Por exemplo: se a empresa necessita criar e desenvolver conceito, consciência do

produto a médio prazo, criar imagem institucional, as ferramentas mais adequadas são a

propaganda e a publicidade; agora, se a empresa necessita de um retorno de vendas rápido,

a estratégia a ser utilizada é a promoção de vendas e o merchandising no ponto de venda,

ou, se ocorrerem os dois objetivos, empregar a comunicação integrada, utilizando todo o

composto de marketing.

Para que a empresa possa utilizar, com eficiência, essas ferramentas, ela deverá

definir previamente o que deve comunicar, para onde comunicar e para quem comunicar.

2.4.2 TIPO, SEGMENTO DO PRODUTO

Segundo Costa e Talarico (1996) as características, a classificação, o destino e

a categoria a que pertence o segmento, limitam ou ampliam as possibilidades de definição

de objetivos e adoção de estratégias, da escolha dos tipos de mensagens e linguagem e até

dos veículos e horário para atingir o público.

54

2.4.3 MERCADO DE ATUAÇÃO

Define-se mercado como:

Um grupo identificável de consumidores com poder

aquisitivo que estão dispostos e têm capacidade de

pagar por um produto ou serviço. Grupo de todos os

compradores, existentes ou em potencial de um

produto. Conjunto de pessoas, consumidores

efetivos ou em potencial, considerado de acordo

com sua classe social, sexo, idade, hábitos, cidade

ou regiões. (Moreira et al, 1996, p. 242)

Os produtos que atuam no mercado consumidor, normalmente, são divulgados

através da propaganda e da mídia de massa, com o objetivo de atingir o maior número de

pessoas. Produtos do mercado industrial utilizam-se da propaganda e da publicidade para

fortalecimento de imagem e conceito; e promoção de vendas para vendas diretas com

catálogos, folhetos etc. (Costa e Talarico, 1996)

2.4.4 ESTRATÉGIAS DE INDUÇÃO E CONDUÇÃO

Segundo os autores, empurrar, induzir os distribuidores à aceitação e compra

em maior quantidade de seu produto, divulgação em parceria, desenvolvimento de

promoção de vendas dirigida a esse determinado público motivando esforços de

vendedores e utilizando propaganda em veículos dirigidos é conduzir o público

consumidor a procurar o produto nos distribuidores, persuadindo-o direta ou indiretamente

a comprar o seu produto. Saber qual das duas estratégias e, em que momento devem ser

adotadas, depende da avaliação sistemática do contexto mercadológico onde a empresa

está inserida.

55

2.4.5 GRAU DE CONHECIMENTO E ACEITAÇÃO DO PRODUTO

PELO SEU PÚBLICO-ALVO

Descobrir, através de pesquisas, em que estágio e nível de intensidade o

público-alvo se encontra em relação àquele produto (conhecimento, aceitação,

preferência, fidelidade e imagem), a empresa optará pela estratégia mais adequada a

conduzir, modificar e transformar as reações desses públicos para atingir os seus objetivos.

2.4.6 FASE DO CICLO DE VIDA EM QUE O PRODUTO SE

ENCONTRA

Dependendo da fase do ciclo de vida em que o produto se encontra, a empresa

deverá escolher a estratégia a ser adotada.

Na fase de introdução, o produto precisa tornar-se conhecido, necessitando de

promoção de vendas de experimentação, merchandising no ponto de venda para torná-lo

atrativo e diferenciado, incentivo aos vendedores para motivá-los a oferecer e vender.

No estágio de crescimento, é possível atrair mais clientes e fortalecer os

relacionamentos com os consumidores já existentes, através do uso da propaganda e do

marketing direto para esclarecer os pontos de diferenciação e aumentar o valor da marca.

É possível defender o produto, no estágio da maturidade, das pressões

competitivas por meio da propaganda e da promoção de vendas, com o objetivo de tornar

claro para o consumidor o benefício oferecido e o valor da marca. Nessa fase, as

estratégias de propaganda visam atingir consumidores que mudam de marca ou a

abandonam, e utilizar o marketing direto para obter fidelização.

Já no estágio do declínio, existem três estratégias a serem adotadas. A primeira

é demonstrar nova utilização do produto ou informar sua melhoria. A segunda estratégia é

o seu reposicionamento, ou seja, direcionar o produto para um diferente perfil de

consumidor, ou ainda uma outra classe social. A terceira é a utilização da promoção de

vendas e do marketing direto para escoar o estoque distribuído e tirar o produto de linha.

(Costa e Talarico, 1996)

56

2.4.7 CARACTERÍSTICAS DAS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO

Apesar de ter objetivos comuns, as estratégias de comunicação apresentam

particularidades distintas que permitem sua utilização diferenciada, para a solução de

problemas a critério da empresa.

2.4.7.1 PROPAGANDA

Propaganda é a apresentação de venda impessoal, estabelecida em um nível

predeterminado, visando a um público, dentro de um período especificado de tempo, paga

por um patrocinador identificável. (Costa e Talarico, 1996)

Os autores afirmam que, na luta das instituições pela atenção do consumidor e

a obtenção de vantagem competitiva no mercado global, a propaganda é de total

importância, pois desempenha papel de agente persuasor e formador de comportamentos.

Sua utilização é vital em todas as fases do ciclo de vida do produto, mas sozinha, pode não

ser suficiente. É necessário coordenar seu uso com as outras técnicas de comunicação.

2.4.7.2 PUBLICIDADE

Publicidade são atividades para promover uma empresa ou seus produtos, pela

inserção de notícias gratuitas na mídia. Caracterizada, basicamente, por ações de relações

públicas diretamente relacionadas à promoção de um produto ou serviço. (Costa e

Talarico, 1996)

2.4.7.3 PROMOÇÃO DE VENDAS

A promoção de vendas, conforme os autores Costa e Talarico (1996), se

constitui de incentivos de curto prazo para motivar a compra ou venda de um produto ou

serviço. Contribui para o valor da marca, reforça o posicionamento e convida o público-

alvo a continuar comprando.

57

2.4.7.4 MERCHANDISING

Merchandising é a ação promocional ligada a presença física do produto.

Consiste em toda e qualquer implementação feita no ponto de venda com o material de

comunicação, visando aumentar o resultado da propaganda dirigida ao produto. (Costa e

Talarico, 1996)

2.4.7.5 VENDA PESSOAL

Conforme Moreira et al (1996), venda pessoal é a apresentação oral, a

conversação com um ou mais compradores em potencial, com o objetivo de venda.

Atualmente, as empresas utilizam o método de venda consultiva. Os

vendedores agem em parceria, fornecendo informações e ajudando na resolução de

problemas dos clientes. Na venda consultiva, os vendedores são fonte de conhecimento e

idéias e não apenas da venda de produtos. Ao oferecerem algo mais que a venda, os

vendedores iniciam relacionamentos de prazos mais longos com seus clientes.

2.4.7.6 RELAÇÕES PÚBLICAS

Criação de boas relações com os vários públicos da empresa, através de

obtenção de publicidade favorável, a criação de uma imagem corporativa e o controle e

afastamento de rumores, histórias ou eventos desfavoráveis. Incluem relações com a

imprensa, com a publicidade do produto, com comunicações corporativas, lobbying5 e

aconselhamentos. (MC Carthy e Perreault, 1997)

5 Atividade de influência e pressão política junto ao poder executivo.

58

2.4.7.7 DESIGN

Engloba o formato, a cor, a embalagem, a utilização e a aplicabilidade do

produto; influi, decisivamente, na aceitação e preferência do produto pelo consumidor.

(Moreira et al, 1996)

2.5 COMPOSTO DE PROMOÇÃO DE VENDAS E MERCHANDISING

2.5.1 PROMOÇÃO DE VENDAS

A promoção de vendas define-se por si própria: é uma

técnica de promover vendas. Promover implica

fomentar, ser a causa, dar impulso, fazer avançar,

provocar, diligenciar, desenvolver, originar, favorecer

etc. (De Simoni, 1997, p. 9)

A força da promoção de vendas, em desenvolver e manter relacionamentos

com o público-alvo, distribuidores e funcionários, torna-se, cada vez mais, parte

indispensável no planejamento de estratégias da comunicação integrada de marketing. (MC

Carthy e Perreault, 1997)

Apesar de seu potencial, a promoção de vendas não estará habilitada a resolver

problemas estruturais e organizacionais de um produto inadequado. A expectativa dos

resultados apresentados pela promoção de vendas limita-se a um período determinado, pois

uma promoção de vendas com um período demasiadamente longo viria a prejudicar a

imagem da empresa e do produto, a médio e longo prazo.

A promoção de vendas apresenta uma diversidade de técnicas como: cupons,

sorteios, prêmios, abatimentos, displays, programas de uso freqüente, promoções de preços

etc. A escolha está intrinsecamente relacionada ao produto, ao público-alvo e à estratégia

da comunicação integrada de marketing. (De Simoni, 1997)

Conforme Costa e Talarico (1996), a promoção de vendas classifica-se em:

promoção de persuasão, que motiva e estimula diretamente a ação de compra do produto; e

59

a promoção institucional, que trabalha a imagem do produto e da empresa, no sentido de

difundi-lo, propagá-lo.

2.5.1.1 OBJETIVOS

De Simoni (1997) define como objetivos:

• Fornecer informações.

• Aumentar a demanda.

• Diferenciar um produto.

• Acentuar o valor de um produto.

• Equilibrar as vendas.

2.5.1.2 PÚBLICOS

Conforme Costa e Talarico (1996), público é qualquer grupo que tenha

interesse real ou potencial na forma com que a organização alcança seus objetivos.

Interferem, de forma direta ou indireta. Participa, influencia e é, para ele, que o

planejamento de marketing é direcionado. O público de uma empresa ou de um produto

não é apenas o consumidor, ou seu usuário. São todos os grupos de pessoas que estão

envolvidas no processo mercadológico: os funcionários, os acionistas, os fornecedores, a

imprensa, os sindicatos, os grupos de interesses, os intermediários, as autoridades, os

consumidores etc.

2.5.1.3 CLASSIFICAÇÃO DE PÚBLICO EM RELAÇÃO À COMPRA E À VENDA

Segundo Costa e Talarico (1996):

a) Públicos aos quais são dirigidos esforços que não visam vendas: são

aqueles que a empresa dirige seus esforços de marketing sem o objetivo de

vender, são públicos que precisam ser lapidados no sentido de agir ou deixar

60

de agir, conforme os interesses da empresa. Integram esse público: o

congresso, as assembléias e as câmaras, o governo, os veículos de

comunicação, os fornecedores, os funcionários da empresa etc.

b) Públicos ativos no processo de vendas: participam no processo de venda

direta ou indiretamente. A empresa concentra esforços mercadológicos e

obtém, como conseqüência, a compra e a venda de produtos de maneira

imediata, ou ajudam nesse objetivo a médio e a longo prazo.

c) Públicos que atuam antes do processo de venda: são os funcionários que

ocupam cargos de tomada de decisão que deverão se empenhar, mostrando

seu melhor desempenho, apresentando resultados tanto em produtividade

como na qualidade de serviço. Também são considerados os fornecedores e o

seu relacionamento com a empresa que deve direcionar suas ações, visando

obter quantidades, qualidade de negociação, melhores negociações de preços

e prazos de pagamento.

d) Públicos cuja ação ocorre durante o processo de venda: esse público será o

responsável pela realização da venda. É dividido em público interno,

representado pela equipe de vendas da empresa; e público externo, que são

distribuidores e público-alvo (usuários e consumidores).

Os públicos finais podem ainda ser classificados em relação ao seu

comportamento no processo de compra em: iniciadores, influenciadores, decisores,

executores e consumidores.

Cada grupo será alvo, em conjunto ou individualmente, dos esforços de

marketing e de promoção, tendo em vista sua importância em determinado momento da

compra, para alcançar os objetivos almejados pela empresa.

2.5.1.4 TIPOS DE PROMOÇÃO DE VENDAS

Cada tipo de promoção de vendas poderá ser aplicado, sem distinção por

indústrias, distribuidores e atacadistas, varejo ou prestadoras de serviço, direcionada para

os consumidores finais, os atacadistas, a equipe de vendas, os funcionários, a equipe de

distribuição do produto etc.

61

É uma ferramenta atual e permite atualização constante, aproveitando-se de

novas opções e alternativas da tecnologia, de mudanças comportamentais, e dos inúmeros

canais promocionais alternativos que aparecem a cada dia. (Costa e Talarico, 1996)

Conforme De Simoni (1997), os principais tipos de promoção de vendas estão

descritos abaixo:

1) Concursos/ sorteios - Evento promocional que dá, aos consumidores, a chance

de ganhar algo, como: dinheiro, viagens ou bens, por sorte ou através de um esforço extra.

2) Competições – Participantes concorrem a ganhar prêmios, competindo através

de seleção de seus predicados, habilidades, testes de inteligência.

3) Brindes – Instrumento utilizado para reforço de vendas, na determinação dos

brindes, os fatores importantes para identificação e análise são: adequação dos brindes,

efeito sobre as recompras, lucro líquido, custo do brinde e remessa.

4) Bônus/ bonificações – Forma difundida para intervir a curto prazo, no preço

do produto, sem mexer na sua embalagem. São distribuídos por meio de diversos canais

para aqueles consumidores que possuírem a prova de compra do produto.

5) Ofertas de devolução em dinheiro (abatimentos) - Ofertas de devolução de

parte do preço de compra de um produto, após a compra para consumidores que enviam

uma “prova de compra” para o fabricante.

6) Incentivos – Recursos motivadores que têm por objetivo estimular a venda ou

compra de produtos e serviços

7) Exposições

8) In pack gift – prêmio que está misturado ao produto.

9) In / on pack – Mensagens promocionais ou de resposta direta impressas na

embalagem são caracterizadas como on pack; já aquelas coladas dentro da embalagem, são

in pack.

9) Feiras

10) Jubileus/ efemérides – solenidade do qüinquagésimo aniversário.

11) Acontecimentos

12) Eventos – Ocorrências projetadas para comunicar mensagens ao público-

alvo, tais como conferências com a imprensa, grandes inaugurações etc.

62

13) Ações cooperativas – Promoção realizada, cooperativamente, com a

participação do canal de vendas, ou decorrente de esforços cooperados de dois ou mais

produtos.

14) Desfiles

15) Festivais/ gincanas

16) Patrocínios

17) Copas/ jogos

18) Congressos/ painéis

19) Workshops/ fóruns

20) Seminários/ simpósios

21) Convenções

22) Container premium –Embalagem reutilizável oferecida como brinde na

compra do produto.

23) Peças de PDV (Ponto-de-venda)

24) Painéis traseiros – Promoção, utilizando o verso da embalagem de

determinados produtos e transformando-se em uma peça que pode ser usada pelo

comprador como presente, brinde. Normalmente, o painel traseiro é usado para formar

jogos, permitir recortes em que o consumidor faz armações de aviões, barcos etc.

25) Neak pack premium – Brinde entregue ao consumidor por ocasião de compra

e que nada tem a ver com o produto adquirido. O objetivo é conquistar boa vontade e

simpatia.

26) Exibitécnica – É a técnica de expor, dispor e exibir produtos.

27) Self liquidating – Tipo de promoção em que o brinde ou prêmio entregue tem

seu custo pago pelos consumidores; freqüentemente, esse premium é exclusivo, só

podendo ser obtido através de participação na promoção. Técnica que permite, à empresa,

estabelecer um prêmio de valor comercial consistente, exigindo do consumidor não apenas

um número preestabelecido de compras, mas também determinada contribuição em

dinheiro que consiga cobrir o ônus maior sustentado pela empresa.

28) Demonstrações – Colocação de um produto ou serviço em contato direto com

o consumidor, a fim de que o mesmo seja testado.

29) Degustações

30) Amostragens – Oferta de uma quantidade grátis de um produto para

experimentação, ela pode ser entregue porta a porta, enviada pelo correio, distribuída em

63

lojas. Seu objetivo é estimular a experimentação que pretende causar aumento de vendas

do produto.

31) Gimmicks/ atrativos/ animações – Item gerador de impacto, geralmente

tridimensional, inserido em uma mala direta.

32) Treinamento

33) Materiais de apoio a vendas

34) Literatura

35) Coleções

36) Trocas

37) Premiuns – Brinde. Materialização do plus, aquele objeto ou serviço que é

dado ao consumidor que cumpre determinada condição da promoção.

38) Gifts/ bandeds in-or-on packages – Artifício de venda em que se juntam dois

ou mais produtos, sendo que um deles é de interesse efetivo no processo de venda e os

outros são apresentados como brindes. Oferta de um grupo de produtos por preço inferior à

somatória de preços individuais.

39) Vendas condicionadas

40) Sampling – Processo de distribuição de produtos como amostras grátis para

que sejam avaliados pelo público-alvo. Os locais e as áreas geográficas são selecionados,

conforme as características desejadas (classe social, sexo, idade) para aquele tipo de

produto.

41) Cuponagens – Mensagem que estimula o preenchimento e o envio de um

recorte de jornal ou revista.

42) Remarcações

43) Liquidações

44) Descontos – Oferecido a intermediários como compensação por atividades

promocionais.

45) Ofertas – Diminuição de preço dada ao total dos produtos oferecidos para

venda no mercado interno, em dado período.

46) Ofertas de conveniência – tipo de promoção que propõe o produto sob uma

condição de compra mais conveniente e atrativa. Oferta pelo mesmo preço por quantidade

maior de mercadoria, este tipo de oferta atrativa obriga a criação de formatos especiais de

embalagem, para conter a quantidade de produto.

64

47) Ofertas de fulfillment – Complementação da venda efetuada com a

apresentação de um produto complementar.

48) Ofertas de up-grade – Consiste em um aumento de vantagens em troca de um

pequeno preço adicional.

49) Ofertas para item adicional – Tipo de oferta inovadora para aumentos de

vendas unitárias por pedido; esse tipo de oferta é dirigido a compradores por catálogos a

fim de estimular o pedido por telefone.

50) Vales-brindes – Induz o consumidor a guardar ou colecionar vales que

acompanham os produtos e que poderão ser trocados posteriormente por brindes.

2.5.2 MERCHANDISING

2.5.2.1 DEFINIÇÃO

Existem inúmeras definições de merchandising, algumas estão citadas abaixo6:

Merchandising é a operação de planejamento necessária para se colocar no

mercado o produto ou serviço certo, no lugar certo, no tempo certo, em quantidades certas

e a preço certo. (AMA apud De Simoni, 1997, p. 50)7

De Simoni (1997) lista em sua obra algumas definições de merchandising

como toda a forma de atividade e prestação de serviços, planejada e improvisada, para ser

executada em nível de loja e com a cooperação do logista, de forma a aumentar, com

rentabilidade mútua, a rotação dos produtos; todo esforço despendido, quer pelo logista,

revendedor ou varejista em si, ou pelo próprio fornecedor (fabricante ou distribuidor) ou

por ambos em conjunto, em função do ponto de venda, objetivando fazer com que o

produto chegue o mais depressa possível às mãos do consumidor, aumentando a

rentabilidade do fabricante e do revendedor da mercadoria, qualquer que seja ele; toda a

forma de atividade e prestação de serviços, planejada ou improvisada, aproveitando áreas

de oportunidade, executada nas lojas, que tem por objetivo acelerar a rotação do produto;

conjunto de prestação de serviços e atividades executadas no ponto-de-venda, 6 Simoni De, J. Promoção de Vendas. Makron: São Paulo, 1997. p.50-51. 7 AMA – American Marketing Association.

65

desenvolvido pela indústria e pelo varejo, e dirigidos para o consumidor, explorando ao

máximo sua presença no ponto-de-venda e acelerando a comercialização do bem, idéia ou

serviço.

Joaquim Caldeira da Silva, reconhecido como uma das maiores autoridades no

assunto, define merchandising como :

O planejamento e a operacionalização de atividades que

se realizam em estabelecimentos comerciais,

principalmente em lojas de varejo e auto-serviço, como

parte do complexo mercadológico de bens de consumo,

tendo como objetivo expô-lo ou apresentá-lo de

maneira adequada a criar impulsos de compra na mente

do consumidor ou usuário, tornando mais rentáveis

todas as operações nos canais de marketing.8

Merchandising engloba todas essas definições. Funciona, na realidade, como a

operacionalização das ações de marketing. O marketing idealiza e decide, o merchandising

executa, por isso, é chamado de estratégia de marketing. O seu campo de ação é o ponto-

de-venda, onde a ação será implementada. Compreende a ação de escolha do produto a ser

produzido, como tamanho, aparência, formato, embalagem, cores, quantidades a serem

fabricadas ou compradas, época de produzir ou comprar, preços a serem estabelecidos etc.

O marketing define o que e onde vender e o merchandising como e por que vender, com

maior giro. A atividade de merchandising está mais próxima das funções do gerenciamento

de produtos que das atividades de comunicação. Também é representado por atividades

próximas às vendas, com ações de exibição dos produtos na fase da realização da venda.

2.5.2.2 TIPOS DE MERCHANDISING

2.5.2.2.1 NO PONTO-DE-VENDA

8 Joaquim Caldeira Silva apud Antonio R.Costa, Edison G. Talarico. Marketing Promocional, p.185

66

É considerado o verdadeiro merchandising. Sua ação é de apoio e reforço à

ação mercadológica de um produto. Aproxima o produto do consumidor e aumenta a sua

rotatividade.

O merchandising se utiliza da promoção de vendas, assim como da

propaganda, como meio de efetivação da sua estratégia. A mais simples operação do

merchandising é a exibitécnica que é a exposição, a exibição de produtos.

Uma das formas de utilização é a exposição ou ponto promocional que

constitui, em forma de exposição fora do local habitual, diferenciando-se das formas

convencionais pela sua arrumação e visualização atrativa. A exposição promocional segue

algumas regras como: dar destaque aos produtos, expô-los em local de grande fluxo, passar

ao consumidor a idéia de vantagem e benefício, destacar o produto no ambiente em que

está inserido, mostrar quantidade do produto, passar ao consumidor a idéia de que o

produto está indo até ele pela sua arrumação, beleza.

A utilização dessa ação estratégica beneficia o consumidor, o distribuidor e o

produto, pois os resultados são comprovadamente positivos. A ação aumenta as vendas do

produto, o seu giro, transforma o ambiente de venda em local agradável e dinâmico,

facilita a memorização da marca e, conseqüentemente, sua fidelização; atrai o consumidor;

amplia a fidelidade à loja, proporcionando maiores vendas e lucros.

2.5.2.2.2 FORA DO PONTO-DE-VENDA

Antigamente, eram chamadas de propaganda alternativa. Essas ações não

visam à venda, e sim ao reforço da imagem do produto, fazer com que o público memorize

a marca do produto e da empresa. Os recursos utilizados são: faixa de rua, placas, balão de

ar quente, adesivos, toalhas de praia, guarda-sóis, camisetas, sacolas, mochilas, canetas etc.

(Costa e Talarico, 1996)

2.5.2.2.3 ELETRÔNICO

Costa e Talarico (1996) afirmam ser incorreto chamar de merchandising

exposição comercializada da marca ou de produtos em novelas, filmes, peças teatrais ou

67

em espaços editoriais dos veículos de comunicação, em eventos, esportivos ou outros,

programas de auditório etc; apesar de aceito nos meios publicitários, a terminologia correta

para essa atividade é Tie-in.

Conforme os autores, constituem ações de grande efeito, mas o excesso de

utilização vem causando no consumidor um alto índice de rejeição, por sentir-se forçado a

ver um comercial em momento indesejável.

O seu emprego tem como objetivo: aumentar o uso do produto, fortalecer sua

imagem, colocar a utilização do produto na rotina das pessoas, associar a imagem do ator

que apresenta o produto, aumentar a divulgação e o impacto da informação, posicionar a

marca.

Para se conseguir eficácia, nessa ação, é necessário:

• aparecer na cena de maneira sutil, com a maior discrição possível, de forma

a fazer parte do roteiro. Não utilizar textos longos nem mostrar o produto

em excesso;

• mostrar o produto na forma correta de uso e consumo, de forma a passar

credibilidade ao consumidor;

• não mencionar o nome do produto em filmes e novelas, apenas mostrá-lo.

No entanto, pode ser mencionado e distribuído em programas de auditório;

• escolher o personagem com o mesmo perfil do público alvo, tomando

cuidado para que nenhum fato negativo da vida real desse artista seja

associado à imagem do produto.

68

2.5.3 PROMOÇÃO DE VENDAS E MERCHANDISING NO CICLO DE

VIDA DO PRODUTO

2.5.3.1 CONCEITO DE CICLO DE VIDA DO PRODUTO

Constitui o resultado das vendas e lucros de um produto no mercado, dividido

em quatro fases: introdução, crescimento, maturidade e declínio. Nem todos os produtos

passam por todas as fases. Alguns fazem sucesso imediatamente, passando para a fase de

crescimento; outros são introduzidos e não prosperam, sendo retirados, rapidamente, do

mercado, e ainda existem exemplos de produtos que se mantêm por muito tempo na fase de

maturidade.

Conforme os autores, é difícil definir, na prática, em qual fase se encontra um

produto e em que momento ele está mudando de uma fase para outra.

O conhecimento das fases do ciclo de vida de um produto fundamenta-se na

percepção e no entendimento do que acontece com o produto no mercado, através de

pesquisa, interpretação e análise das variáveis mercadológicas que delimitam a conduta e

inspiram as alterações e significado das posturas, das habilidades e procedimentos que a

empresa define empregar com o objetivo de obter prosperidade, sua substituição ou

retirada. (Costa e Talarico, 1996)

2.5.3.2 FASES DO CVP: AÇÕES DE PROMOÇÃO E MERCHANDISING

2.5.3.2.1 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

Consiste na constatação de oportunidades de mercado, de necessidades e

desejos não satisfeitos, gerando alternativa de desenvolvimento de um produto para sanar

essa necessidade, ou modificar e adequar um produto já existente. É importante quantificar

esse nicho mercadológico e avaliar suas vantagens e desvantagens. Desenvolver o produto,

planejar suas ações de marketing e iniciar seu lançamento.

2.5.3.2.2 INTRODUÇÃO OU LANÇAMENTO

69

Essa fase ocorre lentamente. O produto precisa ser aceito pelo seu público, sua

venda é pequena, e os compradores, normalmente, são pessoas inovadoras, que

experimentam produtos novos. Conseqüentemente, não existem lucros. O objetivo de

marketing é a implantação do produto no mercado, através de conquista de canais de

distribuição. Os investimentos em comunicação são altos, a mensagem da comunicação é

informativa. A promoção de vendas e o merchandising, têm, como tarefa, ajudar a divulgar

o produto e conseguir sua aceitação. Trabalhar no processo de formação de imagem e

marca, motivar os vendedores a mostrar o produto para torná-lo conhecido. Abrir frentes

de venda no varejo. Para o consumidor, as ações devem encorajá-lo à experimentação para

conhecimento e aceitação do produto, destacando seus atributos e diferenciais para a

formação da imagem juntamente com a propaganda e publicidade.

Ações indicadas para essa fase: (Costa e Talarico, 1996, p. 193)

a) Criação de material de apoio diferenciado destinado à força de vendas:

b) broadside, catálogos, manuais, mostruários, folhetos etc.

c) distribuição de amostras;

d) convenção de vendas, com o objetivo de informar os vendedores e

distribuidores sobre a utilização e benefícios do produto, divulgar os

objetivos de marketing, comunicação, treinamento da equipe para obtenção

de resultados positivos, aceitação e compra, formação de estoques nos

distribuidores e bom relacionamento;

e) programa de incentivo motivacional dirigido à força de vendas;

f) participação em feiras, exposições e outros eventos do setor;

g) promoção, no ponto-de-venda, realizada por promotores uniformizados,

explicando, ao consumidor, os benefícios do produto.

h) teste, degustação em vários locais;

i) exposição do produto, no ponto-de-venda, apoiado em material

promocional de comunicação e de colocação do produto como: displays,

cartazes, folhetos, bandeirolas, balcões, faixa de gôndola etc.

j) Preço promocional de lançamento para alavancar penetração de mercado.

2.5.3.2.3 CRESCIMENTO

70

As vendas crescem rapidamente, ocorre um nível de aceitação maior do

produto, a recompra. A produção do produto aumenta e começa a surgir lucro. Surgem

concorrentes, o objetivo de marketing é aumentar a rede de distribuição. O investimento,

em comunicação, continua para sustentar e fortalecer a marca do produto, o preço pode ser

reduzido em razão do aumento de demanda e da competitividade.

A mensagem da comunicação é persuasiva e seu esforço, principalmente da

promoção de vendas e do merchandising, visa aumentar o conhecimento da marca,

estimular vendedores a atingir metas, estimular distribuidores a aumentar seus estoques e

auxiliá-los no giro, dar continuidade ao processo de experimentação do produto, bloquear a

ação da concorrência.

Ações mais indicadas nessa fase: (Costa e Talarico, 1996, p. 194)

a) demonstração e experimentação nos pontos-de-venda;

b) incentivo ao vendedor do distribuidor com material de apoio;

c) participação em feiras e exposições;

d) bonificação e descontos por volume ao distribuidor;

e) distribuição de amostras em novos mercados;

f) manutenção da exposição nos pontos-de-venda anteriores e novos;

g) programas de incentivo, concursos e premiações para a força de vendas,

manutenção da exposição do produto no ponto-de-venda; com abordagem

nos novos pontos-de-venda e aqueles que ainda não foram cobertos, com

abordagem e explicação do produto;

h) início de ações de desconto para o consumidor;

i) ações de distribuição de brindes para o consumidor.

2.5.3.2.4 MATURIDADE

Ocorre um equilíbrio nas vendas, a imagem do produto está sedimentada, o

produto conseguiu um alto índice de aceitação e conhecimento, definindo seu público,

lucro alto, propiciado pela economia de escala, canais de distribuição cobertos, posição

estável do produto. A mensagem da comunicação é competitiva. Os esforços em marketing

são realizados com o objetivo de manter e prolongar indefinidamente essa fase. A empresa

deve investir em pesquisa e desenvolvimento para descobrir novas versões e utilizações do

71

produto para conquistar o mercado, cada vez mais exigente, buscando mais qualidade e

menor preço.

Algumas estratégias de marketing podem ser adotadas, tais como: reposicionar

o produto no mercado (novos segmentos de públicos); ampliar ou mudar a linha de

produto, modernizando-o, melhorando sua qualidade, acompanhando tendências,

modificando estilos e design, alterando o composto mercadológico.

As ações de promoção de vendas e merchandising mais indicadas são: (Costa e

Talarico, 1996, p. 197)

a) concursos e programas de incentivo para vendedores do distribuidor,

brindes e ações de sorteio conjuntas para o vendedor e o consumidor, além

de exposição diferenciada no ponto-de-venda;

b) ações de bonificação, descontos por volume, assessoria e promoções

cooperadas para o distribuidor, além de brindes e material de ponto-de-

venda útil como luminosos, displays, folhetos, catálogos, manuais etc.;

c) programas de incentivo, concursos e prêmios para vendedores do produtor,

com o objetivo de abertura de novos pontos-de-venda;

d) sorteios, concursos, brindes, receitas, pacotes promocionais, cuponagem,

experimentação das novas formas de uso e consumo no ponto-de-venda e

para públicos multiplicadores, dirigidos ao consumidor e ao usuário. Ações

de fidelização devem ser iniciadas.

2.5.3.2.5 DECLÍNIO

O declínio do produto pode ocorrer por fatores ambientais, tecnológicos,

mudanças de comportamento do público-alvo, decisão da empresa em tirar o produto de

linha, ou falha no composto mercadológico em não executar alguma das fases anteriores

com efetividade.

A empresa poderá revitalizar o produto, criando novas formas de usos;

reposicionando o produto a uma classe social diferente da proposta anteriormente ou retirar

o produto do mercado por considerar desnecessário qualquer esforço para reanimá-lo.

Não são recomendados esforços de promoção de vendas e merchandising nessa

fase. O único tipo de ação que poderá ser utilizada será oferecer ao distribuidor produto

com alta margem de lucratividade, para ser repassado ao consumidor para ajudar a

72

“desovar” estoques e fazer caixa para o novo lançamento, com divulgação apenas no

ponto-de-venda.

Ações de promoção de vendas e merchandising recomendadas: (Costa e

Talarico, 1996, p. 197)

a) pacotes promocionais com brindes e descontos para o consumidor;

b) bonificações e descontos para o distribuidor;

c) redução acentuada de preço para o consumidor.

d) premiação por volume de colocação de pedidos para a força de vendas do

produtor;

73

Quadro 1 - Promoção de vendas e Merchandising no Ciclo de vida do produto.

Introdução

Situação Esforços de marketing Promoção de vendas/

Merchandising

Desconhecido Comunicação integrada Demonstração

Sem imagem Torná-lo conhecido Experimentação

Pouca venda Ampliar vendas Destaque no PDV

Distribuição limitada Provocar aceitação Preços promocionais

Sem lucro Ampliar distribuição Estimular vendedor

Altos investimentos Criar imagem, posicionar Convencer distribuidor

Crescimento

Situação Esforços de marketing Promoção de vendas/

Merchandising

Pouco conhecido Sedimentar imagem Demonstração

Imagem crescente Complementar conhecimento Experimentação

Vendas aumentadas Totalizar vendas Ações com benefícios

adicionais

Distribuição ampliada Ocupar mercado Destaque no PDV

Início de lucro Atingir participação Embalagens promocionais

Altos investimentos Combater concorrentes Conquistar novos

distribuidores

Surgimento de concorrentes Completar distribuição -

- Propaganda / promoção de

vendas

74

Maturidade

Situação Esforços de marketing Promoção de vendas/

Merchandising

Imagem sedimentada Manter participação Concursos/ sorteios

Totalmente conhecido Revitalizar imagem Experimentação

Vendas estabilizadas Novos usos/ aplicações Estimular novas formas de

consumo, receitas etc.

Distribuição completa Combater concorrentes Banded-pack (estoque)

Concorrentes agressivos Novos canais de PDV Programas de incentivo a

vendedores

Mercado ocupado Manter margem de lucro Ações com benefícios

adicionais

Novas tecnologias Novos mercados/ públicos Exposição promocional no

PDV

Riscos de envelhecimento Modificar e ampliar produtos Conquistar novos

distribuidores

Declínio

Situação Esforços de marketing Promoção de vendas/

Merchandising

Vendas em queda forte Preparar substituição Reduzir preço

Queda de imagem Desovar estoque Bonificar distribuidor

Produto obsoleto Fazer caixa Descontos em quantidade

(leve 3 pague 2)

Perda de participação - -

Queda rápida dos lucros - -

Fonte: Costa e Talarico, 1996, p. 198-9.

75

2.6 PLANEJAMENTO PROMOCIONAL

As atividades de promoção de vendas e merchandising fazem parte de um

contexto mercadológico, moldado a partir de um planejamento estratégico de marketing.

Das informações advindas da análise e interpretação do ambiente de marketing

e do composto de marketing do produto, resulta a elaboração do plano de promoção de

vendas e merchandising, com objetivos pré-definidos e metas previstas para períodos

promocionais.

Qualquer tipo de ação de promoção de vendas e merchandising, mesmo as

emergenciais, devem fazer parte de um contexto maior, o planejamento estratégico, a fim

de alterar situações, conquistar objetivos e estratégias relacionadas a produto, público-alvo,

mercado etc. (Costa e Talarico, 1996)

2.6.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Fundamenta-se na definição de objetivos de maior abrangência de uma

organização, de estratégias a serem adotadas para se alcançar os objetivos almejados e de

como alocar recursos para implantar essas estratégias. Sua abordagem é genérica, global e

de longo prazo, aproximadamente cinco anos. O plano de marketing está subordinado ao

planejamento estratégico. (Cobra, 1996)

2.6.2 PLANO DE MARKETING

2.6.2.1 CONCEITO

É um documento de informação e orientação que estabelece as metas previstas

pela empresa para o período de um ano, define os programas de ação e determina o uso de

recursos e as responsabilidades dos vários setores, integrando-os para um mesmo fim.

(Costa e Talarico, 1996, p. 206)

76

2.6.2.2 ESTRUTURA DO PLANO DE MARKETING

O planejamento de marketing assume o formato, de acordo com as

necessidades do produto e o mercado de atuação.

• A oportunidade consiste na definição, análise da situação e objetivos a serem

alcançados.

• Marketing Estratégico: levantamento de informações sobre elementos básicos

como consumidor, seu perfil, desejos e necessidades, hábitos de consumo,

estilo de vida, iniciador, decisor, comprador ou usuário do produto; o

mercado, o seu histórico, dimensão, sazonalidade, tecnologia, segmentação,

características gerais dos quatro Ps em relação ao mercado, projeções;

aspectos legais, requisitos básicos para industrialização, comercialização,

fixação de preços, comunicação, órgãos governamentais envolvidos e o

posicionamento do produto.

• Marketing Tático: é o detalhamento das informações referentes ao produto e

ao seu preço, como será a divulgação para o público-alvo e a distribuição, a

curto, médio e longo prazo.

• Ação e Controle: implementação das ações decididas; ajustes do produto em

relação ao mercado; controle dos resultados financeiros; análise de equilíbrio,

pontos fracos, fortes, ameaças e oportunidades e a programação, com listagem

de todas as ações principais, datas e pessoas responsáveis.

2.6.3 PLANO DE COMUNICAÇÃO

Costa e Talarico (1996) definem Plano de Comunicação como um conjunto de

estudos, análises e estabelecimentos de objetivos que devem ser atingidos através das

ações de comunicação, definição das formas existentes neste campo para atingir esses

objetivos, ou seja, das estratégias específicas de comunicação e, a elaboração dos planos de

cada uma dessas estratégias (propaganda, publicidade/relações públicas e assessoria de

imprensa, promoção de vendas/ de persuasão ou institucional e de merchandising)

77

denominados planos de ação. Faz parte de um plano de marketing, como o plano de

vendas, de distribuição etc.

Conforme os autores, o Plano de Comunicação definirá onde a empresa quer

chegar, como chegar, quando chegar e através de que estratégias alcançar os resultados.

Geralmente, o Plano de Comunicação segue um modelo que poderá sofrer variações e

adequações relativas a produto e a mercado, a saber:

• resumo da análise da situação (Plano de marketing), incluindo os pontos

fracos, fortes, ameaças e oportunidades;

• definir o público que a comunicação deseja atingir em primeiro e segundo

lugar;

• levantamento dos objetivos, definidos no Plano de marketing, para público-

alvo e mercado;

• definir estratégias a serem utilizadas para alcançar os objetivos;

• definir a operacionalização das estratégias;

• planos complementares, se houver, com outros elementos de comunicação

a serem utilizados.

2.6.4 PLANO DE PROMOÇÃO DE VENDAS E MERCHANDISING .

2.6.4.1 PROMOÇÃO DE PERSUASÃO

a) Objetivos gerais do plano de marketing a serem atingidos através das ações

de promoção de vendas e merchandising.

b) Estratégias e tipos de promoção de vendas a serem utilizados.

c) Público que se pretende atingir com a ação.

d) Descrever o roteiro da promoção: o tipo mais adequado ao produto e ao

público e que atenda ao objetivo traçado; tema ou conceito que se quer

passar ao público; justificar as razões da escolha desse tipo de promoção e

do tema; público primário e secundário a quem é dirigida a promoção,

traçando seu perfil e o volume que se pretende atingir; objetivos específicos

da ação, citar quais queremos atingir e que ajudarão no alcance dos

78

objetivos do plano de marketing e comunicação; detalhar a mecânica da

ação, qual a ação, quando ocorrerá, em que período, onde será

implementada, quais os canais e pontos de venda; como envolver o público,

quais critérios e requisitos para poder participar e quem não poderá

participar; quais os prêmios, descontos, prazos, benefícios que serão

oferecidos ao público, como serão distribuídos, de que forma serão

entregues e até que data; descrever e quantificar os recursos humanos

necessários para a ação; descrever, minuciosamente, o regulamento, com

regras, normas; divulgação, criação de peças e materiais promocionais,

distribuição, mídia; controle e avaliação; custos, levantamento de

orçamentos de todos os itens envolvidos, adequando-os à verba destinada e

à administração e desembolso através da montagem de um cash flow9.

2.6.4.2 PROMOÇÃO INSTITUCIONAL

a) Objetivos gerais do plano de marketing a serem atingidos através das ações

de promoção de vendas e merchandising.

b) Estratégias e tipos de promoção de vendas a serem utilizados.

c) Público que se pretende atingir com a ação.

d) Descrever o roteiro da promoção: o tipo mais adequado ao produto e ao

público e que atenda ao objetivo traçado; tema ou conceito que se quer

passar ao público; justificar as razões da escolha desse tipo de promoção e

do tema; público primário e secundário a quem é dirigida a promoção,

traçando seu perfil e o volume que se pretende atingir; objetivos específicos

da ação, citar quais queremos atingir e que nos ajudarão a alcançar objetivos

pré-determinados.

e) Planejamento organizacional: especificar todo o processo da ação, a saber:

- local geográfico e espaço físico para a realização e acomodação;

- data, hospedagem, transporte de pessoas e equipamentos;

- equipamentos necessários;

- tema;

9 Previsão das necessidades financeiras. Fluxo de caixa.

79

- recursos audiovisuais;

- materiais e serviços;

- recursos humanos.

f) Divulgação, criação de peças e materiais promocionais, distribuição, mídia;

controle e avaliação; custos, levantamento de orçamentos de todos os itens

envolvidos, adequando-os à verba destinada e à administração e desembolso

através da montagem de um cash flow. (Costa e Talarico, 1996)

80

3 A PESQUISA

3.1 METODOLOGIA

São muitos os conceitos sobre pesquisa. Lakatos e Marconi (1995) afirmam

que os estudiosos ainda não chegaram a um consenso sobre o assunto.

A definição de pesquisa, segundo o Webster's International Dictionary (Apud

Lakatos e Marconi, 1995):

É uma indagação minuciosa ou exame crítico e

exaustivo na procura de fatos e princípios; uma

diligente busca para averiguar algo. Pesquisar não é

apenas procurar a verdade, é encontrar respostas para

questões propostas utilizando métodos científicos.

Ander-Egg, citado por Lakatos e Marconi (1995, p. 15), de forma mais

generalizante, afirmam que:

A pesquisa é um procedimento reflexivo sistemático,

controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos

ou dados, relações ou leis em qualquer campo do

conhecimento.

Especificamente na disciplina de marketing, Mattar (1996) define uma

pesquisa como sendo uma investigação controlada, empírica e crítica de dados com o

objetivo de descobrir e (ou) descrever fatos e (ou) de verificar a existência de relações

presumidas entre fatos (ou variáveis) referentes ao marketing de bens, serviços e idéias, e

ao marketing como área de conhecimento de administração.

81

A importância da metodologia, portanto, na prática da pesquisa e do trabalho

científico, é garantir, por meio do processo, sua qualidade e confiabilidade. No presente

capítulo, são apresentadas as considerações metodológicas, com o objetivo de justificar os

procedimentos adotados.

Sendo assim, o método a ser utilizado no presente trabalho compreende as

seguintes etapas:

• revisão bibliográfica, pela qual o tema e problema pesquisados foram

fundamentados;

• pesquisa de campo, investigando, pelo método de estudo de casos, quatro

empresas situadas na cidade de Franca que efetivamente se utilizam de

estratégias de promoção de vendas e merchandising;

• análise dos dados primários obtidos junto às empresas que representam o

estudo de caso com quatro unidades;

• apresentação das conclusões obtidas pela investigação.

3.1.1 A PESQUISA

A revisão teórica, realizada no capítulo anterior, apontou para um ambiente

competitivo, no qual as organizações com maiores chances de sucesso são aquelas com

maior capacidade de aprendizagem individual e organizacional.

Assim, o conceito de Marketing como mencionado anteriormente, surge desse

contexto, no qual as organizações buscam obter vantagens competitivas sustentáveis,

aprendendo dos mercados e oferecendo, como resultado, uma oferta de alto valor para seus

parceiros e superior à que ofereceriam em uma relação de transação. Esta aprendizagem é

operacionalizada, segundo a bibliografia revisada, por meio do conhecimento e da

experimentação que se desenvolvem em estratégias de promoção de vendas e

merchandising, visando relacionamentos de longo prazo.

E, dessa forma, a literatura sugere que, para entregar valor de forma inovadora

e contínua para o mercado - onde se privilegia relacionamento de longo prazo - parece ser

necessária a estruturação de organizações de aprendizagem: uma organização que seja

capaz de captar a informação, disseminá-la entre as áreas funcionais, interpretá-la através

de um consenso em relação ao seu sentido e significado para o negócio e memorizá-la,

82

facilitando seu acesso e sua recuperação na execução da atividade de marketing ou nos

ensejos de novas aprendizagens.

3.1.1.1 O PROBLEMA DE PESQUISA

A primeira fase do planejamento de uma pesquisa científica consiste na correta

identificação do problema de pesquisa. Selltiz et al (1974) comentam que, em uma

pesquisa científica, o primeiro passo deve consistir em tornar o problema concreto em

explícito. Segundo os autores: "a pesquisa sempre começa com alguma forma de pergunta

ou problema."

No referencial teórico, procurou-se caracterizar, a partir de diferentes fontes

bibliográficas, elementos que caracterizam as estratégia de promoção de vendas e

merchandising. Dessa forma, revela-se necessário, em primeiro lugar, confirmar a

presença dessas características nos casos em estudo.

Considerando-se as condições requeridas à aprendizagem organizacional

presentes nas relações de longo prazo, buscou-se também abordar, no referencial teórico,

esses elementos para, a partir de agora, buscá-los nos casos a ser investigados, de maneira

a identificar a relevância de cada estratégia de marketing. Esses elementos, nas dimensões

de cultura e clima, identificadas por Day (1994), Slater e Narver (1995), dão origem ao

problema que se pretende investigar:

Quais instrumentos de promoção de vendas e merchandising,

caracterizadores da aprendizagem organizacional, são relevantes à implantação de

estratégias de marketing?

3.1.2 OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS

OBJETIVO GERAL

Pretende-se verificar, neste estudo, a utilização de instrumentos de promoção

de vendas e de merchandising como estratégias de comunicação, para fortalecimento da

atividade competitiva dessas organizações.

83

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apoiada nos trabalhos de Day (1994) e Slater e Narver (1995), a pesquisa tem

como objetivos específicos: caracterizar as principais estratégicas de promoção de venda

utilizadas nas organizações em estudo; examinar as razões da utilização das estratégias de

promoção de vendas e merchandising pelos supermercados e identificar efeitos de médio

prazo relativos à fixação de imagem.

3.1.3 O DELINEAMENTO DA PESQUISA

Tomando como referência as etapas de um delineamento de pesquisa proposto

por Mattar (1996), o projeto de pesquisa de campo a ser efetuado, neste trabalho, será

compreendido pelas seguintes etapas:

• determinação do tipo de pesquisa;

• determinação das hipóteses da pesquisa;

• a escolha do método de coleta de dados;

• a escolha dos casos;

• a elaboração do instrumento de coleta de dados; e

• a definição dos profissionais a serem entrevistados.

Cada uma dessas etapas será discutida a seguir.

3.1.3.1 DETERMINAÇÃO DO TIPO DE PESQUISA

Existem, na literatura, diferentes classificações dos tipos de pesquisas. Na

opinião de Boyd e Westfall (1979), qualquer classificação se torna arbitrária, uma vez que

existem muitas bases para classificá-las.

No Quadro 2, são apresentadas várias classificações de tipos de pesquisa e seus

respectivos autores, incluindo a época em que foram propostos.

84

As abordagens de pesquisa podem ser classificadas basicamente em três

categorias: exploratória, descritiva ou causal. Aaker et al (1995) afirmam que estas

categorias diferem em função do propósito e das perguntas das pesquisas, bem como da

precisão com que as hipóteses são formuladas e dos métodos de coleta de dados usados.

A pesquisa exploratória, ainda segundo esses autores, deve ser usada quando se

está buscando informações de natureza geral do problema, referentes às possíveis decisões,

às possíveis alternativas e às variáveis relevantes que precisam ser consideradas no

problema. As hipóteses, na pesquisa exploratória, também são vagas e insuficientemente

definidas ou, simplesmente, não existem.

A pesquisa descritiva tem como objetivo oferecer uma acurada fotografia de

algum aspecto do ambiente. Neste caso, as hipóteses geralmente existem, entretanto, são

especulativas. Em geral, os relacionamentos estudados não serão causais por natureza.

Mesmo assim, terão utilidade no que se refere a predições.

As pesquisas causais são aplicadas para mostrar que uma variável causa ou

determina o valor de outras variáveis. Devido à necessidade de provar a causalidade, nesse

tipo de abordagem, as questões de pesquisa e as hipóteses relevantes são muito específicas.

O presente trabalho tem natureza exploratória, cujo resultado esperado é o

aprofundamento do nível do conhecimento relacionado aos problemas verificados nas

estratégias de marketing utilizadas pelos supermercados de Franca. Espera-se encontrar

fundamentos mais precisos para associação entre marketing e as organizações em estudo.

85

Quadro 2 - Classificações dos tipos de pesquisa

CLASSIFICAÇÃO AUTOR

Exploratória

Descritiva

Causal (ou relações causais)

SELLTZ e outros (1959)

CHURCHILL (1979)

GREEN e TULL (1966)

Exploratórias

Conclusivas: descritivas

Causais

Performance- monitoração

COX e GOOD (1976)

Exploratórias

Conclusivas: estudos estatísticos

Casos

Estudos experimentais

BOYD e WESTFALL (1973)

Método histórico

Abordagem inferencial

Abordagem experimental

LUCK, WALES e TAYLOR (1974)

Método qualitativo

Método quantitativo

KIRK e MILLER (1986)

Experimental

Ex-post facto

KERLINGER (1973)

Levantamentos amostrais

Estudos no campo

Experimentos no campo

Experimentos em laboratório

FESTINGER e KATZ (1959)

Exploratório

Descritivo

Experimental

DRAKE e MILLER (1969)

Fonte: Mattar Fauze N. (1996).

86

3.1.4 HIPÓTESES DO ESTUDO

Para se prestarem de guias ao raciocínio do pesquisador, Shelltiz et al (1987)

sugerem a conveniência da formulação de hipóteses aos empreendimentos investigatórios.

Entretanto, como as hipóteses em estudos exploratórios são definidas de maneira mais

vaga (Aaker et al), as hipóteses levantadas para a condução do presente estudo não devem

ser confundidas com hipóteses estatísticas, características de estudos descritivos e dotados

de preocupações inferenciais. Dada a natureza exploratória da presente investigação, as

hipóteses formuladas prestam-se, na qualidade de enunciados meramente provisórios, a

fornecer as direções dos trabalhos de coleta e análise dos dados.

Nesse sentido, foram formuladas as seguintes hipóteses:

HIPÓTESE PRINCIPAL: Os supermercados da cidade de Franca utilizam-se

sempre dos mesmos instrumentos de promoção de vendas e merchandising como estratégia

de comunicação.

HIPÓTESES SECUNDÁRIAS:

H1=As estratégias de promoção de vendas utilizadas pelos supermercados

nessa cidade estão restritas a poucos tipos.

H2=As estratégias de promoção de vendas, utilizadas pelos supermercados

nessa cidade, não guardam sincronia com os objetivos de marketing desses supermercados.

H3= As estratégias de promoção de vendas são implementadas, no ponto de

venda, desprovidas de articulações com os objetivos e estratégias de marketing do

supermercado.

H4=Os supermercados não utilizam a promoção de vendas, visando obter

resultados de imagem.

87

3.1.5 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS

Lakatos e Marconi (1995) afirmam que, ao se colocar o problema e as

hipóteses, deve ser feita também a indicação das variáveis dependentes e independentes.

Na opinião das autoras, elas devem ser definidas com clareza e objetividade e de forma

operacional.

Com o objetivo de operacionalizar os conceitos caracterizadores da estratégia

de Marketing de Promoção de Vendas e Merchandising, importa definir as variáveis,

relacionando-as aos objetivos da pesquisa, às hipóteses formuladas e às perguntas que

compõem o questionário.

O Quadro seguinte sintetiza o esforço de relacionar os objetivos da pesquisa às

respectivas hipóteses, às variáveis que as operacionalizam e às questões que as mensuram.

88

Quadro 3 - Objetivos, Hipóteses, Variáveis e Questões

OBJETIVOS

ESPECÍFICOS

HIPÓTESE VARIÁVEIS QUESTÕES

• Caracterizar as

principais

estratégias de

promoção de

vendas utilizadas

nas organizações

em estudo.

H1= As

estratégias de

promoção de

vendas utilizadas

pelos

supermercados

nessa cidade estão

restritas a poucos

tipos.

V1. Tipos de promoção

utilizadas pelos

supermercados.

V2. Patrocínio da promoção

utilizada.

V3. Freqüência de uso de

cada tipo de promoção.

V4. Duração média das

promoções realizadas.

1. Quais foram as promoções realizadas por seu supermercado

nos últimos 6 meses? (descrever detalhadamente, identificando os

produtos a marcas a que se referem)

2. Quem arcou com os custos dessas promoções? Apenas a

empresa? Houve participação do supermercado nestes custos?

3. Com que freqüência essas promoções são feitas em seu

supermercado? Favor identificar essa duração por produto ou

marca.

4. Qual a duração dessa promoção? Favor identificar essa duração

por produto/marca.

89

H2= As

estratégias de

promoção de

vendas utilizadas

pelos

supermercados

nessa cidade não

guardam sincronia

com os objetivos

de marketing

desses

supermercados.

• Examinar as

razões da

utilização das

estratégias de

promoção de

vendas e

merchandising,

pelos

H3= As estratégias

de promoção de

vendas são

implementadas no

ponto de venda

desprovidas de

articulações com

os objetivos e

V5. Objetivos de cada

promoção.

V6. Critério para definição

da promoção.

V7. Articulação do objetivo

da promoção com os

5. Que objetivos tiveram cada uma dessas promoções? E, por

favor, descreva os objetivos que o supermercado definiu para

cada uma dessas promoções.

6. Quais foram os critérios utilizados pelo supermercado para

realizar cada uma dessas promoções? Descreva esses critérios em

relação ao tipo de promoção, resultado esperado, duração do

evento, período de realização e custos envolvidos).

90

supermercados.

• Identificar efeitos

de médio prazo

relativos à fixação

de imagem.

estratégias de

marketing do

supermercado.

H4= os

supermercados

não utilizam a

promoção de

vendas visando

obter resultados

de imagem.

objetivos de marketing do

supermercado.

V8. Resultado das ações na

imagem do supermercado.

V9. Análise e utilização das

informações.

V10. Relacionamento com o

cliente.

7. Como a informação obtida nas ações de promoção de vendas é

interpretada? ( cupons, checkouts, etc)

8. Quais ações são realizadas para melhorar o relacionamento

com o cliente?

9. Como os objetivos dessa promoção se articularam com os

objetivos de marketing do supermercado? (aumentar vendas,

aumentar o giro de estoque, aumentar margem, fidelizar clientes,

etc).

10. Quais os resultados diretos de aplicação das ações de

promoção de vendas sobre a imagem do supermercado?

11. Existe relação entre as promoções realizadas e os objetivos do

supermercado para instruções ou o aperfeiçoamento de sua

imagem?

3.1.6 MÉTODO DE COLETA DE DADOS

Os dados de uma pesquisa podem ser coletados mediante uma variedade de

métodos. Entretanto, em função dos objetivos da pesquisa, alguns métodos se tornam mais

apropriados que outros (Aaker et al, 1995).

As pesquisas exploratórias utilizam métodos bastante amplos e versáteis.

Mattar (1996) afirma que os métodos mais adequados compreendem: levantamento em

fontes secundárias e fontes primárias.

Aaker et al (1995) apresentam um quadro onde relacionam os métodos de

coleta de dados à categoria da pesquisa, em função de seus objetivos. Os métodos

assinalados são tidos como os mais adequados para cada categoria, embora outros possam

ser, simultaneamente, utilizados.

Para os autores, os dados secundários são dados já disponíveis, porque foram

coletados por algum outro propósito que não se relaciona ao problema de pesquisa em

questão. O autor cita como exemplos de fontes de dados secundários: os sistemas de

informações da empresa; os bancos de dados de outras organizações, incluindo fontes do

governo, tais como as instituições responsáveis por censos ou estudos e relatórios de

associações comerciais; fontes de dados de sindicatos.

Os dados primários são coletados, especificamente, para o problema de

pesquisa em questão. Uma variedade de métodos que incluem pesquisas qualitativas,

levantamentos e experimentos podem ser aplicados. Em pesquisas exploratórias, os

métodos qualitativos como os mais adequados para obtenção de dados primários, como

pode ser observado no quadro que se segue. (Aaker et al,1995)

92

Quadro 4 – O Método de Coleta de Dados e a Categoria de Pesquisa

Categoria de Pesquisa

Método de Coleta de Dados Exploratória Descritiva Causal

Fontes Secundárias

Sistemas de Informação X

Bancos de dados de outras

organizações

X

Serviços de sindicatos X

Fontes Primárias

Pesquisa Qualitativa X

Levantamentos X

Experimentos X

Fonte: Aaker et al (1995)

A pesquisa qualitativa é utilizada para prover dados mais profundos. Dados

qualitativos são coletados para descobrir mais sobre situações que não podem ser

facilmente observada ou medida, tais como: sentimentos, pensamentos ou comportamentos

(Aaker et al, 1995).

Os métodos qualitativos citados por eles para cumprir os objetivos de

pesquisas exploratórias são as entrevistas individuais e em grupo e estudos de caso. Mattar

(1996) acrescenta a estes os levantamentos de experiências e a observação formal.

As entrevistas individuais são aquelas, em profundidade, conduzidas face a

face com o respondente, em que o assunto da pesquisa é explorado em detalhes. Aaker e

outros (1995) destacam dois tipos básicos de entrevistas em profundidade: entrevistas não

diretivas e entrevistas semi-estruturadas:

• Não-diretivas - Neste caso, é dado ao entrevistado o máximo de liberdade

para responder dentro dos limites dos tópicos de interesse do entrevistador.

É feito um roteiro básico, mas as questões podem ser alteradas, de acordo

com a entrevista. O sucesso desse método depende: (1) do estabelecimento

93

de um relacionamento de relaxamento e empatia entre entrevistador e

entrevistado; (2) da habilidade de sondagem para esclarecer e elaborar

respostas interessantes sem viesar o conteúdo da resposta; (3) da habilidade

de guiar a discussão de volta ao tópico de interesse e sempre buscando as

razões que estão por trás dos comentários. Esse tipo de sessão dura entre

uma e duas horas e pode ser gravada, com a permissão do entrevistado, para

interpretação posterior.

• Semi-estruturadas ou entrevistas individuais focadas - Neste caso, existe

uma lista formal de perguntas a serem feitas a todos os entrevistados, de

forma que uma lista específica de tópicos ou sub-áreas sejam cobertas.

Entretanto, o ritmo, a exatidão das palavras e o tempo alocado para cada

questão ficam a critério do entrevistador. Esse tipo de entrevista depende

muito da habilidade do entrevistador para manter sua credibilidade e uma

atmosfera harmoniosa de compreensão. Além disso, a entrevista deve ser

mantida o mais curta possível, pedindo ao entrevistado para apontar pessoas

de sua equipe para fornecerem dados complementares.

A discussão em grupo ou focus group é outro importante método de coleta de

dado qualitativo muito aplicado em pesquisas exploratórias. Trata-se de um processo para

obtenção de idéias ou soluções de um problema de um grupo de respondentes. A ênfase

desse método, segundo Aaker et al (1995), está no resultado da interação do grupo quando

discutindo uma série de tópicos introduzidos por um moderador. Cada participante, em um

grupo de cinco a doze pessoas, é encorajado a expressar suas visões sobre cada tópico,

bem como reagir ou argumentar sobre as visões dos outros.

Levantamentos de experiências, segundo Mattar (1996), são as entrevistas

individuais ou em grupo, realizadas com especialistas ou conhecedores do assunto.

Entrevistas individuais devem ser feitas quando o número de especialistas for pequeno e

com experiências variadas. Entrevistas em grupo são utilizadas quando esse número for

grande e com experiências assemelhadas. Essas entrevistas, tanto individuais quanto em

grupos, caracterizam-se, pela informalidade e pouca estruturação. É comum o pesquisador

dispor apenas de um roteiro dos assuntos abordados.

94

A observação informal é outro método citado por Mattar (1996) como

adequado para pesquisas exploratórias e envolve a capacidade natural de observação

contínua de objetos, comportamentos e fatos que ocorrem ao redor do pesquisador. O

processo de observação utilizado no dia-a-dia é chamado de observação informal não

dirigida e a percepção e retenção do que é observado é muito pequena e vai depender dos

interesses individuais e da capacidade de percepção do observador. Acrescenta que, para a

sua utilização em pesquisas exploratórias, a observação deverá ser informal e dirigida, pois

deverá estar centrada unicamente em observar objetos, comportamentos e fatos de

interesse para o problema em estudo, mesmo que obtidos informalmente.

O estudo de caso é outro método indicado por pesquisadores como qualitativo

e apropriado para as pesquisas exploratórias. Por ser um método de especial interesse para

esse trabalho, será explorado mais detalhadamente.

3.1.6.1 O MÉTODO DE CASO

“O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida

quando os pesquisadores procuram responder às

questões como e por quê certos fenômenos ocorrem,

quando há pouca possibilidade de controle sobre os

eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre

fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro

de algum contexto de vida real”. (Godoy, 1995 a, p. 26)

O método de caso é um dos métodos disponíveis para a pesquisa qualitativa.

Mattar (1996) afirma que se trata de uma descrição aprofundada e análise de uma situação

específica, como forma de aprofundar o conhecimento de problemas não suficientemente

definidos. Segundo o autor, é um método muito produtivo para estimular a compreensão e

sugerir hipóteses e questões para a pesquisa. O autor reforça que, sendo um método de

pesquisa exploratória, seu objetivo é gerar hipóteses e não verificá-las, além de possibilitar

a ampliação dos conhecimentos sobre o problema em estudo.

95

Campomar (1991) reforça os argumentos anteriores, afirmando que o estudo

intensivo de um caso permite a descoberta de relações que não seriam encontradas de outra

forma. O autor declara que, como método de pesquisa social empírica, pode ser o

instrumento mais apropriado para lidar com a complexidade do fenômeno organizacional,

pois permite uma investigação que retém as características mais expressivas dos fatos da

vida real, incluindo processos organizacionais e gerenciais.

Thiollent (1987), explica que o arcabouço teórico é um guia para o pesquisador

andar pelos labirintos e quebra-cabeças da investigação. Essa estratégia evita o problema

da questão metodológica que diz que a pesquisa pode ser levada a um excesso de

empirismo (observação sem teoria) ou excesso de formalismo (teorias formalizadas sem

observação do real).

Mattar (1996) apresenta três características do método de estudo de caso:

• A primeira é que os dados podem ser obtidos em tal nível de profundidade

que permitem caracterizar e explicar detalhadamente os aspectos singulares

do caso em estudo, bem como apontar semelhanças e diferenças quando

comparado com outros casos estudados;

• A segunda é a atitude receptiva do pesquisador que deve ser caracterizada

pela busca de informações e geração de hipótese e não por conclusões e

verificações;

• A terceira é a capacidade do pesquisador para reunir, numa interpretação

unificada, inúmeros aspectos do objeto pesquisado.

Boyd e Stach, citado por Campomar (1991), argumentam que o estudo de casos

envolve análise intensiva de um número relativamente pequeno de situações e, às vezes, o

número de casos estudados reduz-se a um. É dada ênfase à completa descrição e ao

entendimento do relacionamento dos fatores de cada situação, não importando o número

dos envolvidos.

O autor sugere que as análises em pesquisas, que utilizam o método de estudos

de casos, sejam feitas, principalmente, por analogias, contendo comparações com teorias,

modelos e outros casos. Segundo o autor, as conclusões devem ser específicas, com

possíveis inferências, desde que não estatísticas. Além disso, tanto as limitações gerais

96

inerentes ao método, como as específicas da própria pesquisa, devem estar claramente

expostas.

Devido à natureza do problema de pesquisa do presente trabalho

(exploratório), a pesquisa qualitativa revelou-se como mais adequada para coletar os

dados primários necessários para o alcance dos objetivos propostos, e o método de coleta

de dados foi o de estudos de casos.

3.1.6.2 A ESCOLHA DOS CASOS

Mattar (1996) afirma que não existem regras para a escolha dos casos

pesquisáveis. Para o autor, a experiência indica, em determinadas situações, que alguns

tipos são mais adequados que outros. Por exemplo:

• Casos que reflitam comportamentos ou desempenhos extremados: estudar

um caso de sucesso e outro de insucesso; um caso de empresa bem-sucedida e

de uma mal-sucedida no mesmo ramo empresarial;

• Casos que reflitam mudanças e, particularmente, mudanças abruptas:

estudar uma agência de um grande banco que vinha tendo um péssimo

resultado e que em pouco tempo passa a ter um ótimo desempenho sem que

as causas sejam conhecidas;

• Casos em que reconhecidamente houve ou não, exposições a determinadas

condições: o estudo de dois produtos de uma mesma empresa um dos quais

ficou exposto a condições comerciais especiais (tais como descontos e

promoções de vendas) e outro não.

Shelltiz et al (1974) também afirmam que, em estudos exploratórios, casos que

apresentam nítidos contrastes ou que tenham aspectos salientes são mais úteis. Assim, em

vez de trabalhar casos médios, em que a percepção de pequenas diferenças tende a ser

difícil, procura-se trabalhar com casos extremos, no sentido de exagerar as diferenças que

possam existir, e daí tirar hipóteses explicativas para o fato.

Assim, a escolha dos casos seguiu os seguintes critérios:

97

(a) são as maiores e mais representativas lojas de supermercado da cidade.

Foram considerados como objeto de estudo: o tamanho de loja em metros

quadrados, o número de checkouts, o nível de informatização e o número

de itens comercializados,

(b) são reconhecidamente grandes redes nacionais e locais que fazem uso

constante de ferramentas de marketing pertinentes ao estudo;

(c) inexistência de estudos sobre o setor supermercadista na cidade de Franca.

Sendo assim, as unidades escolhidas no estudo de casos foram:

PEDIGONI SERV

PÃO DE AÇÚCAR

SÉ SUPERMERCADOS

SUPERMERCADOS GRANERO

3.1.7 O INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Mattar (1996) afirma que o método de coleta de dados pode envolver o exame

de registros existentes, a observação da ocorrência do fato, entrevistas estruturadas ou não-

estruturadas (semi-estruturadas, na concepção de Aaker et al, 1995). A coleta de dados dos

casos escolhidos foi realizada por meio de entrevistas semi-estruturadas com a utilização

de um formulário que atende aos principais tópicos de interesse da pesquisa.

Lakatos e Marconi (1995) diferenciam um questionário de um formulário,

sendo o primeiro um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de

perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em

geral, é enviada pelo entrevistador por correio ou fax e devolvido depois de preenchido

pelo entrevistado da mesma forma. O segundo é caracterizado pelo contato face a face

entre pesquisador e entrevistador.

3.1.7.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DOS FORMULÁRIOS

98

Os formulários apresentam uma série de vantagens e desvantagens levantadas

por Lakatos e Marconi (1995).

VANTAGENS DO USO DE FORMULÁRIOS

• Pode ser utilizado em quase todo segmento da população: alfabetizados,

analfabetos, populações heterogêneas etc., porque seu preenchimento é

feito pelo entrevistador;

• Oportunidade de estabelecer rapport 10devido ao contato pessoal;

• Presença do pesquisador, que pode explicar os objetivos da pesquisa,

orientar o preenchimento do formulário e elucidar significados de

perguntas que não estejam muito claras;

• Flexibilidade para adaptar-se à necessidades de cada situação, podendo o

entrevistador reformular itens ou ajustar o formulário à compreensão de

cada informante;

• Obtenção de dados mais complexos e úteis;

• Facilidade na aquisição de um número representativo de informantes, em

determinado grupo;

• Uniformidade dos símbolos utilizados, pois é preenchido pelo próprio

pesquisador.

DESVANTAGENS DO USO DO FORMULÁRIO

• Menos liberdade nas respostas, em virtude da presença do entrevistador;

• Risco de distorções pela influência do aplicador;

• Menos prazo para responder às perguntas, não havendo tempo para pensar,

elas podem ser invalidadas;

• Mais demorado, por ser aplicado a uma pessoa de cada vez;

• Insegurança das respostas, por falta do anonimato;

10 Relacionamento caracterizado pela harmonia, pela sintonia e afinidade entre as pessoas.

99

• Pessoas possuidoras de informações necessárias podem estar em

localidades muito distantes, tornando a resposta difícil, demorada e

dispendiosa.

3.1.7.2 APRESENTAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO FORMULÁRIO

Lakatos e Marconi (1995) alertam quanto à estruturação das perguntas em um

formulário. Segundo as autoras, as perguntas devem ser feitas de acordo com o método de

coleta de dados preestabelecido: pode seguir um roteiro de perguntas ou formulário, se o

método for padronizado ou semi-estruturado, na concepção de Aaker et al (1995); pode

deixar o informante falar à vontade e depois, ajudá-lo com outras perguntas, entrando em

maiores detalhes.

As autoras reforçam ainda que, para não confundir o entrevistado, as perguntas

devem ser feitas uma de cada vez e, primeiro, as que não tenham probabilidade de ser

recusadas. Deve-se permitir ao informante restringir ou limitar suas informações. Toda

pergunta que sugira resposta deve ser evitada.

A maioria dos autores contemporâneos que escrevem sobre metodologia de

pesquisa apresentam sugestões para a elaboração de um bom instrumento de coleta de

dados, sugestões estas que se aplicam tanto para questionários quanto para formulários.

Aaker et al (1995) sugerem alguns passos a serem seguidos:

• Planejar o que medir. Nesta fase, o autor sugere que o pesquisador revisite

os objetivos da pesquisa, as hipóteses e variáveis e decida o que deve ser

perguntado para cada uma das variáveis;

• Formular as questões para a obtenção das informações necessárias;

• Decidir sobre a ordem, a melhor formulação das questões e a apresentação

do formulário;

• Testar o questionário em relação a omissões e ambigüidades;

• Corrigir os problemas e testar novamente, se for necessário.

100

O formulário utilizado para a coleta dos dados dos estudos de casos, foi

desenvolvido seguindo as recomendações acima. Como se decidiu por um método de

coleta de dados semi-estruturado, foram elaboradas questões abertas sobre cada tópico a

ser abordado. O Quadro 3 a seguir demonstra a coerência entre os objetivos, as hipóteses,

as variáveis e as questões desenvolvidas para coletar informações.

As questões foram distribuídas em três partes:

• a primeira foi composta de questões que procuram identificar a estratégia

de marketing e os elementos que a caracterizam;

• a segunda parte foi composta por questões que procuram identificar a

relevância dos elementos de cultura caracterizadores de uma empresa na

implantação de estratégias de promoção de vendas e merchandising;

• a terceira foi composta por questões que procuram identificar a utilização

da promoção de vendas e merchandising como solução estratégica para

atingir objetivos de médio prazo.

101

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 PÃO DE AÇÚCAR

O Grupo Pão de Açúcar institui exemplo de crescimento e execução de um

trabalho de qualidade em suas lojas.

Enfrentou, na década de 80 e início da década de 90, uma das maiores crises de

sua história; de origem familiar, administrativa e estrutural muito ineficiente, construiu

uma imagem negativa junto ao seu público-alvo.

Segundo Abílio Diniz11, dirigente e sócio da empresa, “Nós simplesmente

tínhamos perdido a eficiência e produtividade, e tomamos consciência disso”.

O compromisso da empresa, desde então prima com a qualidade, a eficiência e

a produtividade. O Grupo Pão de Açúcar conseguiu superar a crise, e apresentou os

melhores índices indicadores de desempenho do setor.

Figura 18 - Mostra a evolução das vendas/m2 do Grupo Pão de Açúcar, em comparação

com a média das 300 maiores empresas de supermercados:

0

200

400

600

800

1000

1200

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

Pão de AçúcarOutros

102

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

Pão de Açúcar 578 515 686 886 1.058 1.167 1.079 865

Outros 561 536 567 590 672 759 761 705

Pão de açúcar/

Outros

1,03 0,96 1,21 1,50 1,57 1,54 1,42 1,23

Fonte: Rojo, 1996, p.106

Conforme dados da Figura 18, podemos observar que, no início dos anos 90, a

venda média/m2 do Grupo Pão de Açúcar mostrava-se inferior à média do setor. A partir

de 1992, o grupo alcança um período acelerado de crescimento das vendas/m2, atingindo

níveis de 50 a 60% superiores às médias das 300 maiores empresas do setor.

Em 1997, devido ao aumento da concorrência e à estabilidade das vendas, todo

o setor supermercadista sofre uma redução nas vendas/m2. A área de vendas em m2 das

maiores empresas cresceu em razão da abertura de novas lojas, de 9,4% de 3,7 milhões de

m2 para 4,1 milhões de m2 (Rojo, 1998, p. 107).

No período de reestruturação do grupo, as alternativas encontradas foram as

seguintes:

4.1.1 REDUÇÃO NO NÚMERO DE LOJAS

Através de análise de desempenho de 549 lojas, apenas 216 permaneceram.

Foram eliminadas as lojas com marca Minibox e Jumbo, passando o grupo a atuar com as

marcas Pão de Açúcar, Pão de Açúcar Superlojas, Extra, Superbox e Eletro. A Figura 19

mostra a evolução do número de lojas Pão de Açúcar.

11 ABRAS. Pioneirismo, marca do Pão de Açúcar. Superhiper, ago. 1996, p. 102-114.

103

Figura 19 - Evolução do número de lojas do grupo Pão de Açúcar

Fonte: Rojo, 1996, p. 108

O faturamento da rede foi afetado devido à redução do número de lojas. Com a

inauguração de lojas maiores, o volume de vendas foi elevado.

Figura 20 - Evolução de vendas do grupo Pão de Açúcar em R$ (bilhões) – valor presente

de 1997.

Fonte: Rojo, 1996, p. 109

O Grupo Pão de Açúcar, respondendo a objetivos de expansão, adquiriu várias

redes de supermercados, nos anos de 1997 e 1998, obtendo maior participação de mercado.

As redes adquiridas foram: o Freeway no Rio de Janeiro; Mambo, Millo’s e Pamplona em

São Paulo e SAB em Brasília; a Rede Barateiro, com 32 lojas em São Paulo; a Rede

Peralta, com 38 lojas em São Paulo e litoral.

0

100

200

300

400

500

600

89 90 91 92 93 94 95 96 97

Pão de Açúcar

00,5

11,5

22,5

33,5

4

90 91 92 93 94 95 96 97

VENDAS DO GRUP

104

Reestruturação

O escritório central voltou a ser na Av. Brigadeiro Luiz Antônio. A empresa

trocou a maior parte de seus diretores, reorientando a nova equipe para a eficiência e

produtividade. Reduziu o número de funcionários de 42 800 para 17 500

A partir de 1992, o grupo apresenta uma melhoria crescente na

venda/funcionário do grupo Pão de Açúcar em relação à média dos outros supermercados,

apontando progresso no desempenho da empresa.

Figura 21- Evolução de vendas em R$/funcionário do grupo Pão de Açúcar em

comparação com a média das 300 maiores empresas de supermercados – valor

presente 1997.

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

Pão de Açúcar 9 839 8 765 10 489 12 133 13 515 15 499 15 333 15 426

Outros 7 689 7 741 8 312 8 231 9 339 10 828 11 237 11 118

Pão de Açúcar/Outros 1,28 1,13 1,26 1,47 1,45 1,43 1,36 1,39

Fonte: Rojo, 1996, p. 109

02.0004.0006.0008.000

10.00012.00014.00016.000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997

Pão de AçúcarOutrosPão Açúcar/Outros

105

4.l.2 IMAGEM

O grupo Pão de Açúcar concentrou seus esforços para a recuperação da sua

imagem. O quadro apresentado contava com clientes insatisfeitos e funcionários

desmotivados. O objetivo era reconquistar o cliente novamente e fidelizá-lo.

A estratégia utilizada, inicialmente, foi destacar os pontos fortes da empresa,

como hortifrutícolas, que já possuíam preços competitivos e qualidade; a melhoria da

qualidade dentro das lojas e o reposicionamento com campanhas de propaganda na mídia.

4.1.3 LIDERANÇA MAIS PRESENTE

A liderança tornou-se mais presente, com visitação às lojas e contato com

funcionários e consumidores, o que proporcionou resgate à credibilidade do grupo e à

motivação dos funcionários.

4.1.4 SAC

O grupo Pão de Açúcar foi a primeira empresa a contratar um ombudsman,

Vera Giangrande, para atender a seus clientes. A empresa desenvolve um grande esforço

de pesquisa para ouvir clientes e atender a suas necessidades, sendo uma das empresas

mais reconhecidas pelo trabalho feito junto a seus consumidores.

Figura 22 - Manifestações espontâneas de clientes Pão de Açúcar

Fonte: Rojo, 1996, p. 110

sugestões

elogios

queixas

Fatia 4

106

Figura 23 - Reclamações mais comuns.

Fonte: Rojo, 1996, p. 111

4.1.5 VALORIZAÇÃO DO QUADRO DE FUNCIONÁRIOS

Funcionários motivados e satisfeitos comprometem-se com o objetivo da

organização.

O Pão de Açúcar criou, também, o ombudsman como um canal de

comunicação entre funcionários e direção. Os contatos costumam ter soluções rápidas. Na

maioria das vezes são coisas, aparentemente simples, que podem modificar muito a rotina

do trabalho. Com base nas queixas dos clientes e manifestações dos funcionários, foram

intensificados os cursos de treinamento da equipe, com o foco no atendimento ao cliente.

4.1.6 TECNOLOGIA

No ano de 1995, foi completada a implantação da automação comercial em

todas as lojas da empresa, com equipamentos de leitura óptica na frente de caixa,

informatização da retaguarda e programas especialmente projetados para as necessidades

da empresa.

Os investimentos incluíram modernização dos centros de distribuição da

empresa e melhoria no sistema logístico, com intensificação de operações paletizadas. O

Pão de Açúcar é uma das empresas que tem investido bastante na implantação dos

conceitos de ECR (Efficient Consumer Response) e Gerenciamento de Categorias.

atendimentoOutrosPreço altoFaltas Prod. ProblemasProblemas na loja

107

Um dos primeiros supermercados brasileiros a interagir com fornecedores por

intermédio da troca eletrônica de informações (EDI), o grupo apresentou ao mercado em

janeiro de 2000, o Pd@Net, uma evolução do EDI tradicional que permitirá a negociação

online com a indústria, fazendo uso da internet. O sistema consumiu investimentos de R$ 4

milhões e já está funcionando com 30 fornecedores. (Super Varejo, 2000, p. 8)

4.1.7 ABERTURA DE CAPITAL

O Pão de Açúcar foi a primeira empresa do setor a negociar suas ações na

bolsa de valores, em setembro de 1995.

4.1.8 RENTABILIDADE

A empresa investiu em seu reposicionamento de lojas, orientação para

funcionários e clientes, tecnologia e métodos de trabalho. Os resultados de todo esse

trabalho refletiram-se na rentabilidade da empresa.

Figura 24 - Lucro líquido do Pão de Açúcar (em US$ milhões)

Fonte: Rojo, 1996, p.112. -100-50

050

100150200

90 91 92 93 94 95 96 97

108

Figura 25 - Rentabilidade das vendas (em %)

Fonte: Rojo, 1996, p. 113

A empresa passou por uma melhoria a partir dos anos 90, resultado de um

esforço desenvolvido em busca de eficiência e produtividade.

O grupo Pão de Açúcar prevê investir R$ 700 milhões no ano 2000, superando

em R$ 100 milhões os recursos de 1999, em abertura e reforma de lojas, tecnologia da

informação, logística e distribuição, e deve gerar 8 mil empregos diretos (Super Varejo,

2000, p. 8).

Hoje a empresa está presente em 11 Estados, opera 350 lojas e emprega 38,5

mil pessoas. A empresa estima abrir de 46 a 50 novas unidades e reformar 140. (Super

Varejo, 2000, p. 8)

4.1.9 LOJA DE FRANCA

O Pão de Açúcar está presente na cidade de Franca com uma loja localizada na

Avenida Ismael Alonso & Alonso, 2901 telefone 724 0955, bairro São José.

Antigo Superbox, a loja possui 2 000 metros quadrados de área de vendas, 13

checkouts. Opera 100% informatizado, o que facilita o controle de lucratividade, possui um

amplo estacionamento. Atua com setores de mercearia, hortifrutícola, padaria, bazar e

açougue. A concentração dos esforços era no giro de estoques devido às margens

financeiras, atualmente, está atrelado à satisfação do consumidor, à rentabilidade da loja

pela sua metragem, ao giro alto devido à margens reduzidas de lucro. As estratégias de

preço baixo, prazo maior, apresentam bons resultados.

-4-3-2-1012345

90 91 92 93 94 95 96 97

109

4.1.10 RESULTADOS

A caracterização das principais estratégias de promoção do grupo Pão de

Açúcar, listadas abaixo (quatro tipos), testadas e comprovadas pela hipótese um: “As

estratégias de promoção de vendas utilizadas pelos supermercados, nessa cidade, estão

restritas a poucos tipos”; apresentam restrição em relação ao número de promoções (50

tipos) analisadas nesse estudo.

As promoções realizadas durante os últimos 6 meses foram relativas a:

a) Preço, com amplitude nacional, apresentando diferenciais em uma extensa

linha de produtos, aproximadamente duzentos, envolvendo básicos e

supérfluos, de diferentes marcas, conforme a negociação do departamento

de compra e/ou em resposta à concorrência. Divulgados, quinzenalmente,

através da televisão, rádio, carros com auto-falante, cartazes próximos a loja

e panfletagem na cidade toda; além de material de merchandising,

distribuído em toda a loja. A duração antecede os dias de pagamento, onde

ocorre o maior pico de vendas. Os objetivos são: gerar tráfego intenso,

combater concorrência. Os resultados são mensurados, a cada mês, e

avaliados, comparativamente, aos meses anteriores. Normalmente, as metas

estabelecidas são alcançadas tem-se verificado um percentual de

crescimento.

b) Hortifruti, amplitude nacional, com o objetivo de atrair o público em um

único dia da semana, caracterizado como baixo fluxo de clientes, promove

cerca de 50 produtos de hortifrutigranjeiros a preços imbatíveis, divulgados

também pela mídia, a freqüência é semanal e a duração é de um dia. São

utilizados como material de suporte: faixas, splash, destacando preço dos

produtos, exibitécnica. Nos resultados apresentados, nota-se mudança do

tráfego, giro do estoque.

c) Cartão Mais Você, com amplitude nacional, estabelece programa de

relacionamento com seus clientes, através de data base, com parceria com

fornecedores que premiam clientes que se associam ao programa e a cada

fase de participação. Esse programa teve início no primeiro semestre e ainda

110

está em vigor. O objetivo é que seja permanente, possibilitando

estreitamento de relações entre empresa e cliente. Ao passar pelo caixa, o

atendente apresenta o programa e convida o cliente a preencher o cadastro.

O cliente que aceita e preenche ganha um brinde (kit com produtos

variados) e recebe o cartão Mais Você, que é um cartão de Relacionamento.

A cada compra realizada, o cliente apresenta o cartão à operadora que

automaticamente cadastrará a compra. O objetivo é conhecer e aproximar-

se do cliente. O Cliente Mais, participa de promoções específicas, como

recebimento de cupons no ato da compra para concorrer a sorteios de

prêmios como a Promoção Tramontina; o lançamento da Revista Sabor, que

apenas os Clientes Mais a receberam gratuitamente em sua casa, etc. Os

resultados apresentados até o momento apresentam comunicação dirigida ao

target, implantação do marketing one-to-one, além da inovação por um dos

primeiros Cartões de Relacionamento do país.

d) Sempre inovando a comunicação e o marketing, o Grupo Pão de Açúcar,

acaba de lançar o projeto de merchandising Super Mídia, iniciativa que

abrange as 270 lojas das marcas Pão de Açúcar, Barateiro e Extra, em todo

o país. O projeto consiste em abrir aos anunciantes espaço para

merchandising nos carrinhos, sinalizadores, terminais de gôndola,

separadores de compra, no piso, estacionamento, painéis na área externa etc.

Transitam pelas lojas 50 milhões de pessoas, e os nossos fornecedores

estarão expondo suas marcas em um ambiente propício para a compra.

O Grupo estabelece uma parceria com seus fornecedores no intuito de oferecer

promoções continuamente.

A hipótese 2 não foi verificada e comprovada nessa loja, pois “as estratégias

de promoção de vendas utilizadas pelos supermercados nessa cidade guardam sincronia

com os objetivos de marketing desses supermercados”. Os objetivos do Grupo: posicionar-

se frente aos consumidores como um supermercado que oferece o melhor serviço, com

qualidade e preço baixo; aumentar o volume de vendas; manter a competitividade frente à

concorrência; convergir-se aos objetivos das estratégias de promoções realizadas como:

gerar tráfego intenso; combater concorrência.

111

A hipótese 3 não foi comprovada nessa loja do grupo Pão de Açúcar, pois

verificou-se que as estratégias de promoção de vendas, implementadas no ponto de venda,

são articuladas aos objetivos do planejamento de marketing da empresa feito para a rede e

para cada loja.

O relacionamento com o cliente é prioridade e está inserido em todas ações

realizadas pelo grupo. O Serviço de Atendimento ao Consumidor pode ser acessado em

seu site www.paodeacucar.com.br, no site amelia.com.br, e nos telefones com

discagem gratuita: 0800-115060 ou 8860400.

O site amélia.com.br, que constitui uma parceria entre Pão de Açúcar, Eletro

on line, Extra, Bothanica Paulista, Flores on line e Flower Gallery abastece o consumidor

em gêneros alimentícios e eletro-eletrônicos, além de uma gama de variedades e

informações.

O Grupo conta com a Pesquisadora Pão de Açúcar, que é uma dona de casa

que fica de olho em todas as oportunidades que garantirão uma compra mais econômica

para o consumidor.

Igualmente, a hipótese 4 não é verdadeira, pois o grupo atende a objetivos

preestabelecidos, implementando estratégias de promoção de vendas, visando a obtenção

de resultados positivos de imagem. Todas as promoções realizadas e os objetivos

estabelecidos à implementação das mesmas estão intrinsecamente relacionados ao seu

posicionamento frente ao público alvo, relativos a melhoria de imagem12.

4.2 SUPERMERCADOS SÉ

O Grupo Português Jerônimo Martins (Supermercados Sé) reflete sucesso em

seus esforços em busca da qualidade. Possui atualmente 46 lojas distribuídas na capital e

interior de São Paulo.

Constitui, como empresa inovadora na busca de administração enxuta,

pequenos níveis hierárquicos, empenhados em melhorar a qualidade e aumentar a

eficiência.

112

4.2.1 O DESEMPENHO E PROFISSIONALIZAÇÃO DO SÉ

Em 1997, o Sé contava com 23 lojas, ocupando a 11ª posição do ranking

nacional do setor.

Figura 26 - Evolução do número de lojas do Sé Supermercados

Fonte: Rojo, 1996, p. 114

O resultado apresentado, pela empresa, mostra desenvolvimento crescente em

vendas, como apresenta na Figura 26.

Figura 27 - Evolução de vendas do Sé Supermercados em R$ (milhões) – valor presente

de 1997.

Fonte: Rojo, 1996, p. 115

12 Informações obtidas através de entrevista com o Gerente da loja de Franca, Sr. Luiz, concedida no dia 3 de dezembro de 1999.

0

5

10

15

20

25

90 91 92 93 94 95 96 97

0100200300400500600

90 91 92 93 94 95 96 97

113

4.2.2 PRODUTIVIDADE DO SÉ

Com a abertura de sete lojas, em 1997, houve um pequeno aumento no número

de funcionários, indicando um aumento de produtividade.

Figura 28 - Evolução do número de funcionários do Sé Supermercados (milhares)

Fonte: Rojo, 1996, p.116.

O Sé Supermercados apresenta níveis elevados de vendas por metros

quadrados em relação às empresas do setor, mas o indicador de venda por funcionário é

semelhante ao registrado entre outras empresas.

Figura 29 - Evolução de vendas em R$/m2 em comparação com a média das 300 maiores

empresas do setor – valor presente 1997.

Fonte: Rojo, 1996, p. 116

00,5

11,5

22,5

33,5

4

90 91 92 93 94 95 96 97

0200400

600800

10001200

90 91 92 93 94 95 96 97

SéOutrosSé/Outros

114

Figura 30 - Evolução de vendas em R$/funcionário Sé Supermercados em comparação

com média das 300 maiores empresas de supermercados – valor presente de

1997.

Fonte: Rojo, 1996, p. 116

4.2.3 ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR

O Sé é um dos pioneiros, no Brasil, na colocação de urnas de sugestões em

todas as suas lojas. Conta também com o “cliente secreto”, que são pessoas que recebem

um checklist e vão fazer observações em todo o atendimento, inclusive o da concorrência.

Figura 31 - Manifestações espontâneas de clientes do Sé - 1996.

Fonte: Rojo, 1996, p. 118

4.2.4 FUNCIONÁRIOS

Desde 1994, o Sé realiza trabalhos através de times de qualidade, com cerca de

10 pessoas que se reúnem periodicamente para discutir problemas dos funcionários e

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

90 91 92 93 94 95 96 97

SéOutrosSé/Outros

InformaçõesElogiosSugestõesReclamações

115

clientes. O resultado desse trabalho é muito positivo, a equipe se mostra mais empenhada

em buscar as soluções.

4.2.5 RENTABILIDADE

Busca pela melhoria em tecnologia, atendimento aos clientes, participação e

treinamento dos funcionários.

Figura 32 - Lucro Líquido do Sé Supermercados (em milhões)

Fonte: Rojo, 1996, p. 119

Figura 33 - Lucro líquido sobre vendas do Sé Supermercados ( em %).

Fonte: Rojo, 1996, p. 119

4.2.6 O QUE O SÉ OFERECE

A Rede Sé oferece preços altamente competitivos e promoções agressivas,

conquistadas através de parceria com os fornecedores; higiene e limpeza de todas as

dependências, itens permanentemente avaliados pela Diretoria da Empresa; rede

-5

0

5

10

15

90 91 92 93 94 95 96

-1-0,5

00,5

11,5

22,5

33,5

90 91 92 93 94 95 96

116

totalmente automatizada através de caixas registradoras, equipadas com leitores óticos,

preenchimento automático de cheques, pagamento eletrônico com cartões bancários e

ainda terminais eletrônicos de consulta de preços, tornando a compra mais rápida e segura;

atendimento ao cliente por funcionários treinados e voltados para a total satisfação dos

clientes; super Clube SÉ – cartão, para clientes, que garante, sem burocracia, o

recebimento de cheque e oferece prazos de pagamento sem juros; variedade de produtos:

mais de 15 000 itens a disposição; convênio com Empresas para compra pelos seus

funcionários; as Lojas do SÉ aceitam tickets, vales e cupons de alimentação; cartões de

Crédito Diners, Visa, Credicard MasterCard, Sollo e American Express, aceitos em todas

as lojas, facilitando a operação para o cliente e proporcionando prazo de pagamento; e

Cartões de débito bancário como Banco 24 Horas, Itaú, Bradesco e Visa Electron, podem

ser utilizados em todas as lojas, substituindo o preenchimento de cheques e seu respectivo

custo de talão.

4.2.7 A LOJA DE FRANCA

O Sé conta com uma filial em Franca, inaugurada em 8 de março de 1993,

localizada na avenida Rio Negro, 1 100, no Franca Shopping, telefone 724 4022. Possui

3.000 metros quadrados de área de vendas, 17 checkouts, informatização de frente de caixa

e retaguarda. Oferece mercearia, padaria, açougue, peixaria, lanchonete, bazar e amplo

estacionamento.

4.2.8 RESULTADOS

A caracterização das principais estratégias de promoção do Sé, listadas abaixo

(quatro tipos), testadas e comprovadas pela hipótese 1: “As estratégias de promoção de

vendas utilizadas pelos supermercados nessa cidade estão restritas a poucos tipos”;

apresentam restrição em relação ao número de promoções (50 tipos), analisadas nesse

estudo.

117

Semanalmente, ocorre, na loja, promoção de Preço, com amplitude regional,

apresentando cerca de 50 itens, divulgados através de rádio, panfletagem em toda a cidade,

além de material de merchandising distribuído em toda a loja. Os objetivos são: atrair

fluxo de clientes, gerar tráfego intenso, combater concorrência. Os resultados são

mensurados mensalmente, e avaliados, comparativamente, aos meses anteriores,

respondendo a metas preestabelecidas pela diretoria.

Nos últimos seis meses, não foram realizadas promoções com sorteio de

brindes, as grandes campanhas ocorreram há cerca de 1 ano, a saber:

• Sé na Faixa / novembro de 1998: sorteio de vales compras de R$300,00 a

R$500,00. A loja que tivesse seu cliente sorteado arcava com os custos, pois

a amplitude da promoção foi nacional.

• Sé na Faixa / abril de 1999: sorteio de viagens, a loja matriz arcava com a s

despesas.

• 9 carros 0 km/ maio de 1999: a matriz arcou com os custos, mas houve

participação de empresas fornecedoras que davam bonificações em

mercadorias.

• A empresa também realiza eventos diferenciados em cada loja, com o

objetivo de aumentar o número de clientes e aumentar o valor do ticket

médio. São eventos com a comunidade, por exemplo: caminhada da terceira

idade, cursos de culinária em parceria com fornecedores, comitê de clientes

2 vezes ao ano, apoio a entidades assistenciais sem participação

governamental, eventos em datas comemorativas.

Normalmente, as campanhas de promoção de vendas realizadas são custeadas

pela própria loja ou cooperadas com fornecedores, através de bonificações.

A freqüência das campanhas, geralmente anuais, em datas comemorativas,

aniversário da rede com duração de 4 meses; e as promoções tipo preço são realizadas,

semanalmente e com duração também semanal ou com a finalização dos estoques.

Todas as promoções realizadas respondem ao objetivo de atrair mais clientes

para a loja e aumentar as vendas.

Os critérios visam a compra de produtos até um valor determinado, o que gera

o recebimento de um cupom que deverá ser preenchido corretamente conforme as regras

118

estipuladas e depositado na urna do supermercado. O resultado pode ser por meio de

sorteio ou concurso, entregando em público o prêmio prometido. O objetivo é aumentar o

volume de compra e combater a concorrência.

Os objetivos da organização estão relacionados à melhoria e ao

aperfeiçoamento de imagem em relação ao público-alvo 13; as estratégias de promoção têm

como objetivos aumento de fluxo, vendas e lucratividade, apresentando-se sincronizados.

A hipótese 2 não se comprova, pois verificou-se que as estratégias de

promoção de vendas utilizadas guardam sincronia com os objetivos de marketing desse

supermercado.

A hipótese 3 não se comprova, pois o estudo mostra articulações existentes

entre os objetivos e as estratégias de marketing e as estratégias de promoção

implementadas no supermercado.

A hipótese 4 não se comprova, pois o Sé utiliza as estratégias de promoção,

fundamentadas na melhoria da sua imagem.

O Sé possui cartão próprio, fornecidos, aos clientes, mediante o preenchimento

de um formulário com dados pessoais para aquisição do mesmo. Através desse cadastro, o

Sé mantém relacionamento com seus clientes, enviando mala-direta com promoções,

tablóides.

As ações realizadas para melhorar o relacionamento com os clientes contam

com o SAC em todas as lojas e através de telefone gratuito (0800-149011), através do

[email protected], onde o cliente é ouvido; programa de ações promocionais

sempre oferecendo benefícios aos consumidores; treinamento e reciclagem dos

funcionários, e o site www.sesupermercados.com.br, visando melhorar cada vez mais seu

relacionamento com os clientes.

Essas ações, visando relacionamento, respondem à metas da organização em

fidelizar clientes, objetivando o aumento das vendas. Antes da mudança da economia, a

concentração dos esforços era no giro de estoques e margens financeiras, atualmente, esses

procedimento tiveram que ser substituídos por outros de maior eficiência interna, como

maior variedade e maior rentabilidade.

O Sé Supermercados possui um banco de dados dos seus clientes. As práticas

realizadas pela loja referente a esse cadastro: exploração do perfil de consumo dos clientes,

119

direcionamento de campanhas de promoção de vendas como, por exemplo, promoção

dirigida a estudantes. Todos os cadastros, formulários, cupons preenchidos pelos clientes

são remetidos à central em São Paulo, para análise e aproveitamento das informações.

Os cupons preenchidos pelos clientes são utilizados para alimentação do banco

de dados e, posteriormente, explorados via mala direta, com o objetivo de fidelização do

cliente, informação institucional, estreitamento de relacionamento.

As ações utilizadas para fidelização de clientes:

- atendimento diferenciado;

- qualidade dos produtos;

- higiene e limpeza da loja; e

- variedade no mix de produto.

O Sé possui o programa Comitê do Cliente, em que os clientes mais assíduos

(maiores freqüentadores da loja) são convidados pelo gerente de cada loja, para uma

reunião informal. Os clientes que possuem o Cartão Sé são convidados a debater temas

para melhoria da loja, críticas, sugestões etc; e, no final, esses convidados recebem uma

cesta de produtos como agradecimento da participação do evento.

4.3 SUPERMERCADOS GRANERO

O Supermercado Granero é uma empresa familiar, fundada pelo imigrante

espanhol Antonio Granero Lopes, jovem empreendedor, que fundou seu primeiro empório

de secos & molhados em 1935, auxiliado pelos seus filhos que se tornaram sócios: Antonio

Granero Martins, Eurípedes Granero Martins, Francisco Granero Martins e Jair Granero

Martins; expandiram seu negócio, e possuíam, em 1969, três mercearias.

O primeiro Supermercado Granero foi inaugurado, em 1º de maio de 1970, na

avenida Presidente Vargas, 581.

O sucesso foi enorme, e em um curto espaço de tempo, abriram quatro filiais:

no centro, na rua Major Claudiano, nº1684; na Estação, rua Francisco Marques nº 390; no

13 Informações obtidas através de entrevista, com a Sra. Renata Aparecida Silva, departamento de atendimento ao consumidor, concedida no dia 17 de agosto de 2000.

120

bairro Santa Rita, na rua Ângelo Pedro nº 3043 e na avenida Brasil nº 1080, no bairro Vila

Aparecida.

Em 1992, os Supermercados Granero abriram mais duas lojas, localizadas

atualmente na avenida Moacir Vieira Coelho nº 849; e avenida Dr. Abraão Brickimann nº

1291.

As lojas possuem de 8 a 13 checkouts, com área de vendas de 500 a 1 000 m2.

Não possui frente de caixa automatizada, apenas recebimento de mercadorias, contas a

pagar e tesouraria estão informatizadas. Apenas as lojas da rua Major Claudiano e da

avenida Brasil possuem estacionamento.

Atualmente, o grupo conta com sete lojas, uma máquina de beneficiar arroz,

empacotadora de cereais e farináceos, torrefação de café e envasadora de óleo de soja;

todos comercializados com marca própria, somente nas lojas Granero na cidade de Franca.

O Grupo Supermercados Granero emprega 350 funcionários diretos,

estendendo seus benefícios às suas famílias. Conta com plano de modernização e

informatização em todas as suas lojas. Oferece mercearia, padaria, açougue, lanchonete,

bazar.

Como função social, o Grupo Supermercados Granero é mantenedor da Casa

da Prece, onde diariamente 100 famílias recebem a palavra de Deus e o alimento do dia,

pois são distribuídos sopas, pães e leite à população carente. No inverno, são doados

agasalhos e cobertores e no natal cesta de alimentos e brinquedos.

4.3.1 RESULTADOS

O planejamento estratégico e a operacionalização da campanha de propaganda

e promoção de vendas é realizado internamente. O acompanhamento das ações da

concorrência é realizado, semanalmente, através de pesquisa de preços.

As ações da concorrência que mais preocupam são as referentes à extensão do

horário de funcionamento.

Os investimentos em Comunicação são estruturados a partir de uma verba

preestabelecida, levando em consideração os resultados obtidos em campanhas anteriores.

São utilizados os meios de comunicação: TV, jornal, rádio, folhetos.

121

A rede está em fase de implantação da automação na frente de caixas. No

momento, possui recepção de mercadorias, contabilidade e tesouraria informatizados.

A caracterização das principais estratégias de promoção, listadas abaixo,

testadas e comprovadas pela hipótese 1: “As estratégias de promoção de vendas utilizadas

pelos supermercados nessa cidade estão restritas a poucos tipos” ; apresentam restrição em

relação ao número de promoções (50 tipos) analisadas nesse estudo.

No último semestre, as promoções realizadas foram:

• Preço, com um grande número de itens. O custo dessa promoção é arcado

pela rede, despesa rateada entre as filiais. O objetivo é atrair o público e

combate a concorrência.

• Prazo, em resposta à concorrência, oferecendo prazos de pagamento para

seus clientes (cheque pós-datado).

• Sorteio de prêmios / 2º semestre de 1999: promoção realizada em parceria

com fornecedores, através de bonificação de produtos. Foi estipulado um

valor mínimo de compra para que o consumidor recebesse um cupom, que

deveria ser preenchido corretamente e depositado na urna localizada dentro

do supermercado, e aguardar as datas dos sorteios de prêmios. O período da

promoção foi de 6 meses, com datas de sorteios semanais (todos os

sábados), culminando no melhor prêmio na última data do sorteio (o carro),

sendo que os todos os cupons estariam concorrendo a todos os prêmios. O

resultado da campanha foi de melhoria na imagem e aumento do fluxo

dentro das lojas. As ações de merchandising utilizadas pelo supermercado:

sinalização da loja; sinalização de produtos em promoção; bandeirola;

cartaz ponto de venda; cartazes de oferta; etiquetas de preço.

A hipótese 2 foi comprovada, pois verificou-se que as estratégias de promoção

de vendas utilizadas não guardam sincronia com os objetivos de marketing desse

supermercado devido à inexistência de um planejamento.

Não existe um planejamento que determine os objetivos de marketing do

grupo. As campanhas de promoção de vendas são realizadas, aleatoriamente, e contribuem

para aumentar as vendas .

122

Nesse sentido, a hipótese 3 foi comprovada, pois o estudo mostra articulações

inexistentes entre os objetivos as estratégias de marketing e as estratégias de promoção

implementadas no supermercado.

O Granero não possui SAC, não possui linha de discagem direta, não possui

site na Internet, nem ao menos divulga seu e-mail para comunicação com clientes e

fornecedores.

O Granero possui um banco de dados dos seus clientes. Utiliza as informações

para conceder crédito, prazo em cheque pós-datado. Os cupons respondidos pelos clientes

são guardados para conferência por um período de 8 meses e depois são destruídos. As

estratégias utilizadas para fidelização de clientes consistem em oferecer variedade,

atendimento, higiene e preço.

No seu ponto de vista, o jornal de ofertas agrada e atrai o consumidor,

considerado a melhor mídia14.

A hipótese 4 foi comprovada, pois não se utilizaram as estratégias de promoção

fundamentadas na melhoria da sua imagem.

4.4 SUPERMERCADOS PEDIGONI-SERV

O Supermercado Pedigoni-Serv é uma empresa familiar com duas lojas na

cidade de Franca localizadas: matriz na avenida Brasil 282, com dois mil metros quadrados

de área de vendas, 15 checkouts, estacionamento para 70 carros e filial à rua Antônio B.

Pinto, 3695, com mil metros quadrados de área de venda, 6 checkouts e estacionamento

para 30 carros.

As duas lojas possuem 100% de automação comercial, com frente de caixa e

retaguarda informatizados. Oferece mercearia, padaria, açougue, lanchonete, bazar.

4.4.1 RESULTADOS

123

O acompanhamento das ações da concorrência é realizado semanalmente

através de pesquisa de preços. As ações da concorrência que mais preocupam são

condições de pagamento e preço. Os investimentos em Comunicação são estruturados a

partir de uma verba preestabelecida. São utilizados os meios de comunicação: TV, jornal e

rádio.

Os tipos de promoção de vendas realizadas pelo Pedigoni Serv:

• oferta de preços;

• prazo de condições de pagamento;

• panfletagem;

• jornal de ofertas; e

• carro com alto falante na rua.

As ações de merchandising utilizadas pelo supermercado:

• sinalização da loja;

• sinalização de produtos em promoção;

• bandeirola;

• cartaz ponto de venda;

• cartazes de oferta; e

• etiquetas de preço.

Nos últimos seis meses, a promoção realizada foi a de preço, onde entraram em

oferta, aproximadamente 100 produtos, tomando cuidado em promover itens diferentes,

quinzenalmente, com a duração, de aproximadamente, quinze dias ou enquanto durassem

os estoques. O custo da promoção foi rateado entre a empresa e os seus fornecedores.

A caracterização das principais estratégias de promoção, testadas e

comprovadas pela hipótese 1: “As estratégias de promoção de vendas utilizadas pelos

supermercados nessa cidade estão restritas a poucos tipos” ; apresentam restrição em

relação ao número de promoções (50 tipos) analisadas nesse estudo.

14 Informações obtidas através de entrevista com os proprietários da rede, concedida em 5 de fevereiro de 2000, Sr. Antonio Granero Martins e Jair Granero Martines.

124

A hipótese 2 foi comprovada, pois verificou-se que as estratégias de promoção

de vendas utilizadas não guardam sincronia com os objetivos de marketing, desse

supermercado, devido à inexistência de um planejamento.

Não existe um planejamento que determine os objetivos de marketing do

grupo. As campanhas de promoção de vendas são realizadas, aleatoriamente, e contribuem

para aumentar as vendas .

Nesse sentido, a hipótese 3 foi comprovada, pois o estudo mostra articulações

inexistentes entre os objetivos e as estratégias de marketing e as estratégias de promoção

implementadas no supermercado.

O Pedigoni Serv não possui SAC, não possui linha de discagem direta, não

possui site na Internet, nem ao menos divulga seu e-mail para comunicação com clientes e

fornecedores.

Possui um banco de dados dos seus clientes. Utiliza as informações para

conceder crédito, prazo em cheque pós-datado. Os cupons respondidos pelos clientes são

guardados para conferência por um período de 8 meses e depois são destruídos. As

estratégias utilizadas para fidelização de clientes consistem em oferecer variedade,

atendimento, higiene e preço.

No seu ponto de vista, o jornal de ofertas agrada e atrai o consumidor,

considerado a melhor mídia.

A hipótese 4 foi comprovada, pois não se utilizaram as estratégias de promoção

fundamentadas na melhoria da sua imagem.

Os objetivos dessas promoções e da organização são: incrementar as vendas,

captação de novos clientes, satisfação do mesmo, facilidade de aquisição de produtos.

Os critérios são o planejamento da compra, a fixação de preços, a elaboração

do material de apoio e divulgação, o apoio da equipe de venda.

Os cupons, os cadastros ou os formulários preenchidos pelo consumidor em

promoções são guardados por 30 dias e depois destruídos.

A aplicação das ações de promoções refletem a imagem do grupo em oferecer

sempre preços bons, e atendimento15.

15 Informações obtidas através de entrevista, com o proprietário Sr. Paulo Cedílio Pedigoni e pelo gerente Sr. Luiz Carlos dos Santos, concedida nos dias 3 de dezembro de 1999 e 17 de agosto de 2000.

125

CONCLUSÃO

A apuração das ações de marketing implementadas, no ponto de venda,

constituem tema oportuno, tanto para o setor supermercadista quanto para as indústrias,

haja vista que o cenário econômico formou um consumidor mais exigente, exposto a uma

oferta crescente de produtos. Captar sua atenção, no ponto-de-venda, torna-se o maior

desafio mercadológico.

Através dos resultados obtidos nas entrevistas, observou-se que os gerentes

perceberam, através de observação nas suas lojas, que os consumidores levam, no ato da

compra, da comparação entre marcas à decisão, aproximadamente 30 segundos. Esse

tempo é precioso para o varejista e o fabricante, e chamar a atenção de maneira eficaz é

fator decisivo para o sucesso. Por esse motivo, a utilização das ferramentas de Promoção

de vendas e Merchandising estão presentes em todos os trabalhos de marketing do setor

supermercadista.

Sem um bom planejamento de Promoção de Vendas e Merchandising, corre-se

o risco de ver o seu supermercado desprezado em meio à profusão de concorrentes que

compõem hoje o ambiente econômico.

Os avanços tecnológicos e o fortalecimento de grandes grupos, por intermédio

de fusões e aquisições, possibilitam a existência de cadeias de lojas com diferenciais cada

vez menores. O crescimento e a profissionalização do setor aumenta, a cada dia, a

influência da loja na decisão de compra. A longo prazo, a diversificação das mídias

alternativas deve dificultar a transmissão da mensagem publicitária.

Uma das maneiras de enfrentar essas dificuldades da nova realidade é

incrementar a eficiência das ações no ponto-de-venda, onde se inserem as ações de

promoção de vendas. Nessa questão, não basta apenas a quantidade de ações, mas a

126

qualidade. Compreender a promoção certa para cada perfil de loja, produto e consumidor,

individualmente.

As promoções de preço apenas não bastam, embora ainda muito utilizadas.

Conforme resultados obtidos nas entrevistas, nosso consumidor, hoje, vê, no preço justo,

apenas uma obrigação do supermercadista. O que atrai são: os serviços, o atendimento, a

oferta variada de produtos e o uso racional da área de vendas, onde a maioria dos

consumidores decidem a compra. Seduzir esse consumidor de forma mais sofisticada

torna-se fundamental.

Outros tipos de promoção de vendas estão sendo utilizadas como: ação de

demonstradora, concurso, brinde e presente, pacote com desconto, quantidade grátis,

cupom etc. Isso se deve ao fato de que o consumidor pós-real quer muito mais que preço.

Ele quer ser agradado e gratificado. A promoção de vendas tipo leve 3 pague 2 mostra-se

um pouco enfraquecida. As tendências do mercado retomam as funções originais da

promoção, como: aumento do fluxo, incremento do volume de vendas, estimular a

experimentação e recompra, agilizar escoamento de estoques, prolongar vida útil de

produtos em declínio, presentear o consumidor, despertando-o para a existência da loja.

A globalização da promoção e do merchandising torna acessível, ao Brasil,

todos os recursos tecnológicos e formas de incrementar as vendas de produtos no ponto-de-

venda. Cada vez mais, reduz-se a distância que nos separa dos E.U.A., que são mestres na

área, embora seja incomparável a facilidade que eles têm de concretizar, em escala

industrial, concepções de displays e outros materiais de PDV que, no Brasil, ainda

esbarram na questão do custo e desenvolvimento.

As redes de supermercados norte-americanas há muito tratam o merchandising

no ponto-de-venda como unidades de negócio. Na própria estrutura administrativa, há

diretores e gerentes de merchandising para criar padrões de comercialização de espaço

dentro de suas lojas, onde a exploração organizada de espaços resulta em uma importante

fonte de receita. (ABRAS, 1999)

A filosofia do aproveitamento e da administração dos espaços é uma prática

comum às grandes redes, mas ainda não preocupa as empresas locais em estudo. Essa

prática foi observada no Grupo Pão de Açúcar, no Projeto de Merchandising Super Mídia

e também no Sé Supermercados. No entanto, o processo de achatamento vivido pelo setor,

exige que as empresas de todos os tamanhos saibam vender seus espaços, um dos produtos

mais valiosos que possuem.

127

A aplicação das estratégias de promoção de vendas e merchandising nos

supermercados, de maneira efetiva, apresenta solução para problemas de curto e longo

prazo. Para os problemas de curto prazo, apresenta aumento das vendas, diferencial frente

à concorrência e aumento significativo no giro do produto. A longo prazo, a fixação de

imagem, a obtenção de market share (participação de mercado), aumento da preferência da

marca e conseqüente fidelização.

A promoção de vendas e o merchandising são, para o supermercadista,

soluções estratégicas que divulgam o supermercado para o consumidor, atraindo-o para a

compra através dos benefícios oferecidos.

Dentre os quatro supermercados analisados, o Pão de Açúcar e o Sé realizam

um planejamento de marketing efetivo, onde caracterizam as reais necessidades do seu

público alvo e definem os objetivos e metas a serem atingidos. Esse planejamento é

realizado por profissionais capacitados para desempenhar o melhor trabalho, visando

alcançar o melhor nível de qualidade e produtividade. As redes locais Granero e Pedigoni

Serv realizam um trabalho empírico, com campanhas de promoção de preço constantes,

com o objetivo de melhorar os níveis de vendas, e principalmente, combater a

concorrência. Utilizam a promoção como arma estratégica, já que não possuem os mesmos

recursos financeiros que as redes líderes de mercado. Os resultados obtidos, na maioria das

vezes, não são mensurados com presteza.

As quatro lojas analisadas participam de ações de promoções de vendas e

merchandising junto a fornecedores de forma passiva.

O material de merchandising, observado nos supermercados, mostra o

investimento das redes nacionais em peças próprias da loja. O investimento das redes

locais em material de PDV não é periódico. As peças que envolvem o ambiente da loja,

geralmente, são fornecidas pelos fabricantes dos produtos, e são muito bem aceitos em

todas as redes.

É inegável a influência da promoção de vendas sobre o giro do produto.

Produto promovido gira com facilidade e rapidez.

A competitividade atual exige que a realização de toda e qualquer ação de

marketing seja realizada de forma planejada para que se alcance os objetivos propostos.

As ações de promoção de vendas e merchandising constituem potencial

diferenciado para a competitividade das redes locais. Sem a utilização dessas práticas, o

128

supermercadista não conseguirá a atratividade de fluxo de clientes necessária para

manutenção da loja.

A principal deficiência observada, tanto nas lojas nacionais como nas locais, é

que a informação adquirida, no PDV, é muito pouco utilizada para a fidelização. Não se

realiza um trabalho eficaz para obter um íntimo e personalizado relacionamento com o

cliente. As lojas realizam campanhas de prêmios, sorteios, mas o consumidor está cansado

de preencher centenas de cupons, está desacreditado, conforme depoimentos obtidos na

pesquisa. Prefere o benefício imediato no momento da sua compra. Foi observado o início

desse trabalho pelo Pão de Açúcar com a implantação do Cartão Mais.

Muitos pequenos varejistas acreditam que um cliente voltará a comprar, em sua

loja hoje, somente porque ele fez isso ontem. Sabe-se que isso não é mais verdade. Cabe ao

pequeno e ao médio supermercadista, preocuparem-se sempre com o aprimoramento de

seus negócios, visando proporcionar maior satisfação a seus clientes para conseguir

fidelidade.

As empresas de maior porte (Pão de Açúcar e Sé Supermercados), de certa

forma, confirmaram o que a literatura havia dito, ou seja, conforme Porter (1990), os

consumidores de hoje buscam algo mais, chamado valor, o qual eles podem definir de

várias maneiras: qualidade elevada, opções de escolha, serviços, conveniência.

Usualmente, valor surge como uma combinação de fatores. Significa que os

supermercadistas precisam perguntar a seus clientes como eles definem valor e então

definir um mix de produtos e serviços, bem como uma estratégia de preços apropriada -

livrando-se da tentação de focar apenas preços baixos, ofertas e promoções repetitivas

como as únicas ferramentas na conquista do consumidor.

Analisando de forma conjunta, os dados resultantes da revisão bibliográfica e

aqueles auferidos durante as entrevistas revelam um quadro harmônico, no que tange ao

amadurecimento das estratégias de promoção no Brasil. De fato, notam-se as dificuldades

manifestadas pelo pequeno e médio varejista, no que se refere a um claro entendimento do

processo sistemático de marketing.

Foi verificada a constatação da hipótese principal em estudo, independente do

porte "os supermercados da cidade de Franca utilizam-se sempre dos mesmos instrumentos

de promoção de vendas e merchandising como estratégia de comunicação.” Fatores como

a dificuldade de avaliação objetiva do retorno de ações de promoções por parte de alguns

129

dirigentes possibilitam o surgimento de resistências à aceitação do conceito de marketing

diferenciado, dotado de objetivos comerciais.

A hipótese secundária 1: foi constatada nos resultados apresentados pelas

quatro lojas estudadas. “As estratégias de promoção de vendas utilizadas pelos

supermercados nessa cidade estão restritas a poucos tipos”; no estudo, são analisados 50

tipos.

A hipótese secundária 2: “As estratégias de promoção de vendas utilizadas

pelos supermercados nessa cidade não guardam sincronia com os objetivos de marketing

desses supermercados” não foi comprovada nas lojas Pão de Açúcar e Sé. Nas lojas

Supermercados Granero e Pedigoni Serv, foi comprovada pela inexistência de um

planejamento sistemático de marketing nas duas redes.

A hipótese secundária 3: “As estratégias de promoção de vendas são

implementadas no ponto de venda desprovidas de articulações com os objetivos e

estratégias de marketing do supermercado” e a hipótese secundária 4: “Os supermercados

não utilizam a promoção de vendas visando obter resultados de imagem “ não foram

verificadas nas lojas Pão de Açúcar e Sé. Nas lojas Supermercados Granero e Pedigoni

Serv, foram comprovadas pela inexistência de um planejamento sistemático de marketing

nas duas redes.

O grande interesse demonstrado pelos teóricos do assunto, constatado através

da profusão da literatura a respeito, bem como a credulidade de grande parte dos

profissionais entrevistados quanto à percepção de resultados positivos das atividades de

promoção executadas, permitem antever um horizonte essencialmente favorável ao

desenvolvimento da promoção de vendas e merchandising no Brasil.

A conjugação de todo esse otimismo, por parte das comunidades acadêmica e

empresarial, parece encontrar eco na crescente disposição da esfera mercadológica, o

consumidor. O resultado, ao que esse estudo indica, tende a ser uma parceria múltipla, na

qual todos podem ser beneficiados.

130

RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Atualmente, o setor supermercadista brasileiro tem apostado muito na

implantação de estratégias de marketing. As estratégias de promoção de vendas vão

aumentando sua participação no composto de marketing utilizado.

Sendo o estudo exploratório; não permite inferências estatísticas para qualquer

universo. Recomenda-se que sejam abordados em futuros estudos, a análise da percepção

que os consumidores possuem em relação aos incentivos de promoção de vendas

oferecidos pelos supermercadistas de grande, médio e pequeno porte, assim como o estudo

do gerenciamento de espaço, técnica bastante difundida nos Estados Unidos.

Espera-se, enfim, que as proposições anteriores possam ser futuramente

estudadas, a fim de analisar profundamente o comportamento do consumidor em relação às

estratégias de marketing aplicadas com efetividade.

131

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141

ANEXO

ÉTICA E RESPEITO AO PÚBLICO

PRINCÍPIOS ÉTICOS QUE REGEM A PROMOÇÃO NO BRASIL16

Baseando-se no Código Internacional da Promoção de Vendas, redigido e

aprovado no congresso da Câmara Internacional de Comércio realizado em maio de

1973, no Rio de Janeiro, a AMPRO (Associação de Marketing Promocional) criou o

Código de Ética da Promoção de Vendas para o Brasil, estabelecendo as seguintes

recomendações para aplicação dos seus princípios conceituais, os quais devem ser

obedecidos por todos os públicos, quando da realização de ações promocionais:

Legalidade. Todas as promoções de vendas devem estar de acordo com a lei.

Estes princípios são estabelecidos para complementar os controles legais e não para

substituí-los.

Honestidade na competição. Todas as promoções de vendas devem seguir os

princípios de honestidade na competição, balizando-se pelo respeito aos concorrentes,

naturalmente aceito no mundo dos negócios e em respeito à lei.

Interesses do consumidor. Todas as ações de marketing promocional devem

ser honestas, respeitando a integridade do consumidor e devem ser vistas como tal.

Nenhum promotor, agente intermediário, receptor comercial, ou qualquer pessoa engajada

na promoção deve abusar da boa fé do consumidor ou explorar as técnicas, meios e

instrumentos promocionais em seu detrimento.

Satisfação do consumidor. Todas e quaisquer ações promocionais devem ser

planejadas e implementadas de tal maneira a evitar frustrações dos consumidores.

16 Transcrição de Costa, Talarico, 1996. p. 239-244.

142

Imparcialidade. Todas as mecânicas, planos e projetos promocionais que

envolvem competições devem prever total imparcialidade no julgamento, sem preconceito

de raça, credo ou religião, permitindo a todos os participantes, indistintamente,

eqüanimidade de participação.

Interesse público. As promoções de vendas não podem conflitar com o

interesse público, evitando-se ser demasiadamente provocante, conter estímulo à violência

ou comportamento anti-social, prejuízo para a propriedade ou causar incômodo ou insulto

a qualquer cidadão.

Veracidade. A apresentação da promoção deve ser clara, honesta, fácil de

entender, contendo sempre todos os dados principais de participação àqueles a quem se

destina.

Limitações. Todo e qualquer fato que possa interferir na decisão de participar

ou não de uma promoção deve ser claramente comunicado ao interessado, e de tal maneira

que este possa avaliar antes de se submeter a qualquer compra de bens, idéias ou serviços.

Privacidade. A privacidade do consumidor deve ser protegida e as promoções

devem ser implementadas, respeitando o direito dos consumidores a terem razoável

privacidade, evitando-se que estes tenham quaisquer problemas ou aborrecimentos. O

promotor não pode fazer uso do nome, endereço e imagem do consumidor na divulgação

dos resultados das promoções, sem sua expressa autorização, salvo nos casos em que

claramente fique estabelecido que, ao participar da promoção, ele autoriza

automaticamente o uso de seu nome e imagem. Promotores que usam listagens contendo

nomes de consumidores devem assegurar que essas listagens sejam corretas, eliminando o

nome do consumidor que requisitar sua exclusão.

Administração de listagens. Prestadores de serviços que recebem a

incumbência de administrar cadastros dos promotores devem manter total

confidencialidade da listagem.

Crianças e jovens. É considerada criança ou jovem aquele que tem menos de

16 anos de idade. As ações promocionais não devem tomar vantagem da sua ingenuidade,

credibilidade ou grau de experiência. Cuidados devem sempre ser tomados para se evitar

quaisquer riscos emocionais, morais ou físicos para as crianças, assim como as promoções

não devem oferecer produtos promocionais inadequados para distribuição a crianças e

jovens. Quando as ações promocionais podem gerar conflitos entre crianças e pais ou

143

tutores, o regulamento deve exigir que estes aprovem por escrito a participação da criança.

Tudo deve ser feito para que a promoção não estimule a criança ou o jovem a constranger

seus pais, tutores, responsáveis ou terceiros, assumindo uma posição socialmente

condenável.

Segurança. As promoções devem ser sempre norteadas pela mais absoluta

segurança. Cuidados devem sempre ser tomados nos casos das promoções ou do material

promocional distribuído ou dirigido a adultos, quando estiverem sujeitos a serem desviados

para crianças. Avisos de segurança devem ser mencionados em todas e quaisquer peças ou

materiais promocionais sempre que necessário.

Usos de produtos e atrativos promocionais. Promotores não devem oferecer

produtos e atrativos promocionais que possam ofender a moral dominante ou que, no

contexto da promoção, possam ser considerados socialmente indesejáveis, ou levantem

dúvidas quanto sua restrição legal.

Amostras grátis. Cuidados especiais devem ser tomados na distribuição de

amostras grátis, respeitando-se a privacidade daqueles a quem se destina e assegurando-se

que crianças ou outros consumidores vulneráveis sejam resguardados do seu recebimento,

quando se tratar de amostras destinadas exclusivamente a adultos.

Exageros. Consumidores e receptores comerciais não devem ser persuadidos a

superestimar e supervalorizar ações que envolvam produtos e atrativos promocionais.

Cuidados especiais devem ser tomados quando estes não podem examinar a mercadoria

antes de adquiri-la.

Preços, ofertas, vantagens, descontos. As ofertas, as condições de vantagens

e os descontos, assim como as condições de preço e pagamento devem assegurar

informações suficientemente claras, corretas, precisas, sem sugerir dubiedade de

interpretações pelos consumidores, e obedecendo-se rigidamente à legislação do País.

Ofertas “grátis”. Ofertas não devem ser tituladas como grátis se houver

quaisquer custos diretos ao consumidor, salvo no caso das taxas abaixo discriminadas, e

mediante prévio esclarecimento aos participantes:

• custo de postagem – correio etc.;

• custos de frete ou entrega de mercadorias promocionais; e

• custos de despesas de viagens do ganhador para recebimento da oferta

grátis.

144

O uso da expressão grátis ou similar e correspondente só é permitido nos casos

em que a promoção não transfere nenhum custo ao consumidor em relação ao prometido

gratuitamente.

São proibidas as promoções em que o promotor procura recuperar o custo de

uma oferta grátis:

• impondo taxas que normalmente não cobrariam;

• inflacionando quaisquer despesas incidentes sobre postagens, fretes etc.;

• alterando a composição, qualidade ou aumentando os preços normais dos

produtos que devem ser adquiridos durante a promoção.

Quando uma oferta grátis é apresentada em uma embalagem e o consumidor

precisa fazer outra compra para adquiri-la, particular cuidado deve ser tomado pelo

promotor para assegurar que a necessidade desta compra adicional seja claramente

informada.

Quando dois ou mais itens são oferecidos e apenas um é grátis, particular

cuidado deve ser tomado para assegurar que o consumidor entenda plenamente qual é o

produto oferecido gratuitamente e qual ele deverá pagar.

Quando amostras são distribuídas gratuitamente deve estar claro ao

consumidor que não é necessário pagar por elas, nem há compromisso dele para sua

aceitação, assim como, nos casos de amostras que demandem retorno ao promotor, não

deverão ser exigidas quaisquer despesas de remessa e devolução, com os custos totalmente

assumidos pelo promotor.

Disponibilidade de produtos promocionais. Em todas as circunstâncias em

que há um limite máximo de quantidade de produtos promocionais oferecidos, o promotor

deverá claramente mencionar esse fato, assim como o material promocional não deverá

superestimar a chance de ganho dos participantes. O promotor deve tomar todas as

precauções para evitar desapontamentos aos consumidores.

Administração. Toda e quaisquer promoções devem ser administradas com

recursos adequados quer estejam sob a supervisão própria do promotor, quer sejam feitas

pelo seu agente intermediário, que deve tomar as precauções necessárias para assegurar

que não haja razões para reclamações de consumidores. Ao receber a delegação dos

145

promotores para administrar suas promoções, o agente intermediário assume

responsabilidade de administração como se fosse o próprio promotor, nas medidas do seu

envolvimento e limites de contratação.

O agente intermediário deve controlar convenientemente e honestamente as

promoções que representa, administrando-as corretamente.

4.1.1 Legislação específica17

Lei nº 5.768, de 20-12-1971

4.1.1.1.1 Regulamentada pelo Decreto nº 70.951, de 9-8-1972, esta lei

disciplina realização de concursos e sorteios com distribuição de prêmios, vinculada à

compra de produtos e serviços. São as seguintes as normas nela contidas:

1- A distribuição de prêmios, com objetivos promocionais, através de sorteio, vale-brinde,

concurso ou operação assemelhada, depende de prévia autorização do Ministério da

Fazenda.

2- Só podem obter autorização pessoas jurídicas que exerçam atividade comercial,

industrial ou de compra e venda de bens imóveis.

3- É necessário, para a obtenção, comprovar quitação de impostos federais, estaduais e

municipais, bem como o INPS.

4- A concessão é feita em caráter precário e por prazo determinado.

5- O valor total dos prêmios não poderá exceder 5% da média mensal da receita

operacional.

6- Esta média será calculada sobre os meses anteriores ao pedido em número igual ao de

meses que durará a operação.

7- 10% dos valores dos prêmios prometidos serão destinados a pagamento da Taxa de

Distribuição de Prêmios.

8- O prazo para entrega dos prêmios é de 30 dias da data do sorteio, no caso de vale-

brinde será contra a apresentação deste.

9- Quando o prêmio, passados 180 dias da data do sorteio, não for reclamado, caducará o

direito e o seu valor será recolhido, no prazo de 10 dias, ao Tesouro Nacional.

17 Transcrição de Costa, Talarico, 1996. p. 259-261.

146

10- Não se podem cobrar royalties, aluguel de marca ou outra qualquer vantagem sobre o

concurso ou sorteio.

11- Os prestadores de serviço não podem distribuir prêmios.

12- Não podem ser objeto de promoção desta espécie:

a) medicamentos;

b) combustíveis, lubrificantes e derivados de petróleo;

c) armas, munições, explosivos e fogos de artifício ou estampido;

a) fumo;

b) bebidas alcoólicas.

1- Não serão autorizados planos que:

a) estimulem jogos de azar;

b) proporcionem lucro imoderado;

c) permitam sua transformação em fonte de renda;

d) promovam distorções no mercado ou eliminem a concorrência;

e) impliquem deseducação da infância;

f) envolvam a organização de coleções de quaisquer espécie e gênero;

g) emitam impressos de qualquer tipo imitando os símbolos nacionais e o papel-moeda;

h) importem na aquisição de bens com valor inferior a 40% do maior salário mínimo

vigente;

i) vinculem a distribuição de prêmios aos resultados da Loteria Esportiva;

j) não assegurem igualdade de tratamento aos participantes;

k) seja considerado inviável pelo Ministério da Fazenda.

1- Nenhum prêmio pode ser distribuído quando for subordinado à compra de ingressos em

qualquer espécie de espetáculo.

2- O promotor não pode pleitear do ganhador qualquer tipo de taxa, emolumento,

contribuição ou tributo.

3- Os prêmios obrigatoriamente têm que consistir em:

a) mercadorias de produção nacional;

b) títulos de crédito admitido pelo Ministério da Fazenda;

c) residências situadas no país em zona urbana;

d) viagem de turismo interno;

e) bolsas de estudo no país.

147

1- O promotor terá que comprovar, à autoridade competente, a propriedade dos prêmios

oito dias antes do sorteio ou concurso e, no caso de vale-brinde, antes do início da

promoção.

2- É proibida a conversão dos prêmios em dinheiro.

3- Os sorteios obedecerão aos resultados da Loteria Federal.

4- Os consórcios não podem distribuir prêmios, segundo Portaria do Ministério da

Fazenda nº GB 92, de 9-4-1970.

A Instrução Normativa nº 31, de 21-8-1972, fixa normas complementares ao

decreto regulamentador; a Instrução normativa nº 35, de 13-9-1972, disciplina a tramitação

dos pedidos, e a Instrução Normativa nº 28, de 21-8-1973, implanta os certificados de

autorização.

OUTRAS LEIS QUE INTERFEREM NA PROMOÇÃO DE VENDAS E

MERCHANDISING 18

DECRETO LEI Nº 7.903, DE AGOSTO DE 1945 (ABORDA A

CONCORRÊNCIA DESLEAL)

Nesse diploma legal, a concorrência desleal é classificada como o “uso de

meios e métodos incorretos para modificar a relação normal de competição.”

Código de Propriedade Industrial – Lei nº 5.772, de 21-12-1971

Este código protege os direitos de propriedade industrial, estabelecendo as

regras e os privilégios para os denominados modelos de utilidade, modelo e desenho

industrial considerados novos. Pelo seu enunciado, garante o direito a patente de

display, embalagem e outras peças promocionais que contenham as características

nele previstas, por um prazo de dez anos, após os quais cairão em domínio público

18 Transcrição de Costa, Talarico, 1996. p. 261-264.

148

(art. 24). Os artigos citados a seguir, além do de nº 24, relacionam-se, diretamente,

com as atividades promocionais.

A Propriedade Industrial

O Código da Propriedade Industrial protege os direitos e propriedade

industrial através da concessão de privilégios para modelo de utilidade, modelo e

desenho industrial considerados novos (art. 6º) e que são interpretados desta forma

pelo legislador:

“Art. 10. Para os efeitos deste Código, considera-se modelo de utilidade toda

disposição ou forma nova obtida ou introduzida em objetos conhecidos, desde que se

prestem a um trabalho ou uso prático.

§1º A expressão objeto compreende ferramentas, instrumentos de trabalho ou

utensílios.

§2º a proteção é concedida somente à forma ou à disposição nova que traga

melhor utilização à função a que o objeto ou parte de máquina se destina.

Art. 11. Para os efeitos deste Código, considera-se:

1. modelo industrial toda forma plástica que possa servir de tipo de fabricação

de um produto industrial e ainda se caracterize por nova configuração

ornamental;

2. desenho industrial toda disposição ou conjunto novo de linhas ou cores

que, com fim industrial ou comercial, possa ser aplicado à ornamentação de

um produto, por qualquer meio normal, mecânico ou químico, singelo ou

combinado.

Art. 12. Para os efeitos deste Código, considera-se ainda modelo ou

desenho industrial aquele que, mesmo composto de elementos conhecidos, realize

combinações originais, dando aos respectivos objetos aspecto geral com

características próprias.”

149

Restrição no imposto sobre renda, no que se refere à promoção19

A Lei nº 4 506, de 30-11-1964, regulamentada pelo Decreto de 10-5-1966,

estabelece a admissão de desconto no imposto de renda devido da empresa, a título de

despesa de propaganda na distribuição de amostras: “desde que contabilizadas por

seu valor real, tenham a sua saída documentada por notas fiscais e, a cada ano, esse

valor não ultrapasse 5% da receita bruta obtida na venda do produto.”

Portaria Interministerial nº45, de 5-3-1996 (íntegra)

Os ministros de Estado da Fazenda e da Justiça, no uso das atribuições que

lhes confere o art. 18, inciso V, alínea b, da medida provisória nº1 302, de 9-2-1996,

resolvem:

Art. 1º A partir de 14 de maio de 1996, serão transferidas para o Ministério

da Justiça as competências atribuídas ao Ministério da Fazenda pela Lei nº 5 768, de 20

de dezembro de 1971, pelo art. 14 da lei nº 7 291, de 19 de dezembro de 1984 e pelos

Decretos-leis nº 6 259, de 10 de fevereiro de 1944 e 204, de 27 de fevereiro de 1967,

ressalvadas as do Conselho Monetário Nacional.

Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Pedro Sampaio Malan

Nelson Azevedo Jobim

Portaria nº 163, de 12-12-1995, do INMETRO (íntegra)

O presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial – INMETRO, no uso de suas atribuições, em conformidade com o

disposto nas alíneas a e c, respectivamente, dos itens 4.1 e 4.2, ambos da Resolução

19 Alterada pela Lei nº 9 249, de 26-12-1995, item 6.2, inc.VII, que inclui as despesas com brindes como não sendo mais dedutíveis a título de despesa de propaganda.

150

CONMETRO nº11, de 12-10-1988 e tendo em vista o acordado pelo Grupo Mercado

Comum do MERCOSUL, resolve:

Art. 1º É permitida a inclusão nas embalagens de brinde ou vale-brinde, de

natureza diferente do produto nelas contido, desde que mantida a quantidade líquida

nominal existente antes da promoção.

Art. 2º Quando o brinde estiver anexado ao exterior da embalagem, as

informações de caráter obrigatório relativas ao produto em comercialização devem

estar perfeitamente visíveis.

Art. 3º Nos casos em que o brinde referir-se a uma quantidade do produto

em comercialização, tanto a sua quantidade nominal, quanto a parcela do produto

referente ao brinde devem ser, ambas claramente declaradas na embalagem.

Parágrafo Único: para efeito da verificação quantitativa, considerar-se-á o

somatório dos valores nominais.

Art. 4º Esta portaria revoga a de nº 139, de 14-10-1983 e demais

disposições em contrário.

Júlio César Carmo Bueno

Presidente do INMETRO

151

MAPA DA CIDADE DE FRANCA - SP

Fonte: Guia SEI 2000, p. s/n.

152